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O ACERVO DO MEMORIAL DA INCLUSÃO: TESTEMUNHOS “DA INVISIBILIDADE À CIDADANIA” CRISMERE GADELHA 1 LARA SOUTO SANTANA 2 CARLA GRIÃO DA SILVA 3 BRUNA DE SOUZA PITTERI 4 Introdução Como foi que entrei no movimento? A Ilda Mitiko anunciou no jornal que ia ter um grande Encontro. Nunca tinha saído sozinha, nem nada. Aí falei pra minha mãe e pro meu pai que eu vou nesse Encontro. Aí eles me ajudaram. Esse Encontro era pra comemorar esse Dia Internacional, quer dizer, o Ano Internacional. Tinha umas mil pessoas. Cida Fukai 5 O trecho acima é a abertura de uma das setenta entrevistas filmadas e realizadas pelo projeto Memórias, parte integrante do museu histórico denominado Memorial da Inclusão: Os Caminhos da Pessoa com Deficiência (doravante Memorial da Inclusão) -- ação da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência - SEDPcD, do governo do estado de São Paulo --, idealizado e executado por militantes do segmento das pessoas com deficiência, colaboradores da SEDPcD e convidados. Ali, Cida Fukai está se referindo a uma das reuniões preparatórias, transcorrida no ano de 1980, para a organização das ações reivindicatórias das pessoas com deficiência para o ano de 1981, Ano Internacional das Pessoas Deficientes - AIPD. O Memorial da Inclusão é um centro de exposições e de acervo de documentos escritos, iconográficos, áudios e audiovisuais sobre o movimento social das pessoas com deficiência no Brasil; está localizado no térreo da SEDPcD, instalada no Memorial da América Latina. O objetivo principal deste trabalho é apresentar o acervo de entrevistas em mídia audiovisual do Memorial da Inclusão, a ideia original, o processo de gravação, a elaboração do roteiro, a edição e seus diferentes usos. Para tanto, se faz necessário um breve histórico da constituição do Memorial da Inclusão, do ponto de vista de sua motivação original e da oportunidade de sua concretização, enquadrando-se na vertente da Sociomuseologia, para a qual a função social do museu é a educação, o museu como possível agente de transformação 1 UNICAMP. Mestre em Antropologia Social. 2 FFLCH/USP. Mestre em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês. 3 UFOP. Graduada em Museologia. 4 UNIFESP. Graduada em História. 5 Aparecida Akiko Fukai (Cida Fukai). Entrevista Filmada realizada em 04/10/2010. Projeto Memórias, Memorial da Inclusão: os Caminhos da Pessoa com Deficiência / Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência/SP. In: Vou em qualquer lugar sozinha:2010.

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O ACERVO DO MEMORIAL DA INCLUSÃO:

TESTEMUNHOS “DA INVISIBILIDADE À CIDADANIA”

CRISMERE GADELHA1

LARA SOUTO SANTANA2

CARLA GRIÃO DA SILVA3

BRUNA DE SOUZA PITTERI4

Introdução

Como foi que entrei no movimento? A Ilda Mitiko anunciou no jornal que ia ter um

grande Encontro. Nunca tinha saído sozinha, nem nada. Aí falei pra minha mãe e pro

meu pai que eu vou nesse Encontro. Aí eles me ajudaram. Esse Encontro era pra

comemorar esse Dia Internacional, quer dizer, o Ano Internacional. Tinha umas mil

pessoas. Cida Fukai5

O trecho acima é a abertura de uma das setenta entrevistas filmadas e realizadas pelo

projeto Memórias, parte integrante do museu histórico denominado Memorial da Inclusão: Os

Caminhos da Pessoa com Deficiência (doravante Memorial da Inclusão) -- ação da Secretaria

dos Direitos da Pessoa com Deficiência - SEDPcD, do governo do estado de São Paulo --,

idealizado e executado por militantes do segmento das pessoas com deficiência, colaboradores

da SEDPcD e convidados. Ali, Cida Fukai está se referindo a uma das reuniões preparatórias,

transcorrida no ano de 1980, para a organização das ações reivindicatórias das pessoas com

deficiência para o ano de 1981, Ano Internacional das Pessoas Deficientes - AIPD.

O Memorial da Inclusão é um centro de exposições e de acervo de documentos escritos,

iconográficos, áudios e audiovisuais sobre o movimento social das pessoas com deficiência no

Brasil; está localizado no térreo da SEDPcD, instalada no Memorial da América Latina.

O objetivo principal deste trabalho é apresentar o acervo de entrevistas em mídia

audiovisual do Memorial da Inclusão, a ideia original, o processo de gravação, a elaboração do

roteiro, a edição e seus diferentes usos. Para tanto, se faz necessário um breve histórico da

constituição do Memorial da Inclusão, do ponto de vista de sua motivação original e da

oportunidade de sua concretização, enquadrando-se na vertente da Sociomuseologia, para a

qual a função social do museu é a educação, o museu como possível agente de transformação

1 UNICAMP. Mestre em Antropologia Social. 2 FFLCH/USP. Mestre em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês. 3 UFOP. Graduada em Museologia. 4 UNIFESP. Graduada em História. 5 Aparecida Akiko Fukai (Cida Fukai). Entrevista Filmada realizada em 04/10/2010. Projeto Memórias, Memorial

da Inclusão: os Caminhos da Pessoa com Deficiência / Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com

Deficiência/SP. In: Vou em qualquer lugar sozinha:2010.

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social. Em seguida, é apresentado o acervo de entrevistas filmadas, organizado pelo Projeto

Memórias, assim como os diferentes modos como tal acervo é disponibilizado para a sociedade,

seus desdobramentos, especialmente no interior das ações educativas no ambiente

museológico.

Memorial da Inclusão - “Nada sobre nós, sem nós”

Segundo Sassaki, o lema “nada sobre nós, sem nós” significa que

As pessoas com deficiência estão dizendo: “Exigimos que tudo que se refira a nós

seja produzido com a nossa participação. Por melhores que sejam as intenções das

pessoas sem deficiência, dos órgãos públicos, das empresas, das instituições sociais

ou da sociedade em geral, não mais aceitamos receber resultados forjados à nossa

revelia, mesmo que em nosso benefício” (SASSAKI, 2007:8).

No artigo “Nada sobre nós, sem nós: da integração à inclusão”, Sassaki (2007) traça a

evolução histórica do lema, que se prefigura como reivindicação de participação na vida social,

em meados dos anos 1930, nos Estados Unidos da América, em manifestação pública de

pessoas com deficiência física impedidas de se empregarem no mercado de trabalho.

Se considerarmos as quatro eras das práticas sociais em relação a pessoas com

deficiência – exclusão (antiguidade até o início do século 20), segregação (décadas

de 20 a 40), integração (décadas de 50 a 80) e inclusão (década de 90 até as próximas

décadas do século 21) --, este lema tem a cara da INCLUSÃO. Mas se levarmos em

conta o conceito de PARTICIPAÇÃO PLENA, o lema teve a sua semente plantada em

1962, em plena era da INTEGRAÇÃO, e germinada a partir de 1981 graças ao Ano

Internacional das Pessoas Deficientes. (SASSAKI, 2007:8-9. Os grifos e caixa alta do

autor).

A Organização das Nações Unidas, em 1976, proclamou o ano de 1981 como o Ano

Internacional das Pessoas Deficientes – AIPD (Resolução nº 31/123). No Brasil, no final da

mesma década, pessoas com deficiência de todos os estados se mobilizaram para que elas

próprias apresentassem ao país as demandas que lhes garantisse “igualdade e participação

plena”, lema do AIPD.

O movimento social das pessoas com deficiência, ainda pouco estudado nas ciências

humanas no Brasil, a partir do AIPD participou mais ativa e diretamente de todas as conquistas

legais do segmento, incluindo os trabalhos na Constituinte Nacional e as referências ao

segmento na Constituição de 1988, os trabalhos de elaboração da Convenção sobre os Direitos

da Pessoa com Deficiência (2006), primeiro tratado internacional alçado no Brasil à condição

de Emenda Constitucional, e aos trabalhos e debates relativos ao Estatuto da Pessoa com

Deficiência, que em 2015, evoluiu para Lei Brasileira da Inclusão.

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Mesmo em face do intenso trabalho do segmento – que representa 45 milhões de

brasileiros (Censo IBGE, 2010) – a visibilidade social das pessoas com deficiência é ainda

precária, inclusive nos estudos sobre os movimentos sociais. Crespo, protagonista do AIPD, em

entrevista sobre a história do movimento social das pessoas com deficiência no Brasil e autora

da tese “Da invisibilidade à construção da própria cidadania” (CRESPO, 2009), interpreta

Eu entendo o movimento a partir mesmo do final de 79, 80 quando, junto com o

restante da população brasileira, alguns segmentos começaram se organizar, como

as mulheres, negros, homossexuais, e aí as pessoas com deficiência também. Mas o

gozado é que, a gente fala, os “deficientes”, o “movimento dos deficientes”, na

literatura sobre os movimentos sociais é o etecetera. (História do Movimento Político

das Pessoas com Deficiência no Brasil, s/a.)

No Brasil, a fonte bibliográfica sobre o tema é restrita; a produção acadêmica foi iniciada

pelos próprios militantes (SILVA, 1987; CRESPO, 2000, 2009; NASCIMENTO, 2001;

SILVA, 2002; PAULA, 2008; NALLIN, 1994). Estes pesquisadores e o movimento social no

Brasil estiveram inspirados nos chamados Disability Studies, que consistem num campo de

estudos interdisciplinares que ganhou projeção mundial, tendo origem no contexto anglo-saxão,

em meados da década de 1960. A proposta principal desse movimento intelectual é a de que a

deficiência não é uma tragédia individual cuja solução seja exclusivamente médica; ela tem

dimensão social e política. Nessa perspectiva as políticas públicas voltadas para o tema devem

gerar debates que desconstruam preconceitos e retirem da deficiência a noção de “doença”,

“degeneração” e “desvio” e a situam na perspectiva de uma condição -- como mulheres, negros,

gays, indígenas e outras minorias, ou seja, “romper com o silêncio instituído para quem foi

subalternizado, um movimento no sentido de romper com a hierarquia” (RIBEIRO, 2017:90).

Desde o início da luta os ativistas do segmento vêm guardando documentos sobre sua

luta com a esperança de formação de um acervo documental e expositivo. Com a criação da

Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência - SEDPcD, do Governo do estado de São

Paulo, em 2008, colaboradores ligados ao movimento social apresentaram o antigo projeto ao

Executivo da SEDPcD. Com apoio e incentivo da primeira secretária de Estado dos Direitos da

Pessoa com Deficiência6, o Memorial da Inclusão se apresentou como forma inovadora na

condução dos campos funcionais da SEDPcD (Decreto nº 52.841, 27/03/2008), a saber,

relativos à “promoção da realização dos estudos, debates e pesquisas sobre a vida e a realidade

da pessoa com deficiência e seus familiares” e à “conscientização dos diversos setores da

sociedade sobre problemas, necessidades, potencialidades e direitos das pessoas com

deficiência”.

6 Dra Linamara Rizzo Battistella, empossada até a presente data.

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Seguindo o lema “nada sobre nós, sem nós”, a equipe envolvida com a montagem da

exposição (recorte cronológico e temático, seleção dos documentos, títulos, definição e

significado da logomarca, etc.) foi formada por pessoas com e sem deficiência ligadas ao

movimento social.

O Memorial da Inclusão foi inaugurado no dia 3 de dezembro de 2009, Dia Internacional

da Pessoa com Deficiência, com sede no andar térreo da SEDPcD, contando com doze paineis,

com aproximadamente 700 documentos (escritos, iconografia e audiovisuais). No ano seguinte,

o Memorial da Inclusão inicia o projeto Memórias realizando entrevistas filmadas com os

precursores do movimento.

Em 2010, os autodenominados jurássicos do movimento social da pessoa com

deficiência, entre eles aqueles que colaboram com o Memorial da Inclusão, já sinalizavam a

importância de no ano seguinte realizar-se comemorações relativas aos 30 anos do Ano

Internacional das Pessoas Deficientes. Como parte das comemorações, houve o lançamento do

livro 30 Anos do AIPD: Ano Internacional das Pessoas Deficientes 1981-2011 (SÃO PAULO,

2011), integralmente narrado por protagonistas das conquistas de direitos das pessoas com

deficiência, incluindo as entrevistas realizadas pelo Projeto de História Oral (denominado

Memórias na exposição permanente e no site do Memorial da Inclusão). Esta obra já se

apresenta, portanto, como um desdobramento do registro de história oral.

Voltaremos ao projeto Memórias no último tópico do artigo, detalhando inclusive os

seus usos nas ações educativas do Memorial da Inclusão e os demais desdobramentos; antes,

porém, gostaríamos de apresentar uma breve explanação da opção por socializar a história do

movimento social da pessoa com deficiência no Brasil por meio da linguagem museal.

A perspectiva museológica pareceu aos militantes do movimento social das pessoas com

deficiência um formato apropriado de educação em direitos humanos pelos diferentes modos

de apresentação e diversidade das linguagens colocadas em ação -- imagens, documentos,

áudios, audiovisuais, objetos –, bem como a especificidade da prática educativa.

História oral, Sociomuseologia e a função educativa dos museus

Nossas lembranças permanecem coletivas e nos são lembradas por outros, ainda que

se trate de eventos em que somente nós estivemos envolvidos e objetos que somente

nós vimos. Isto acontece porque jamais estamos sós. (HALBWACHS, 2003:30).

No Brasil, a história oral cristaliza-se no período pós-ditadura militar, uma vez que a sua

prática está imbricada com a democracia, em que os indivíduos podem se expor e dar opiniões

a respeito da sociedade (MEIHY, 2010b); no âmbito acadêmico, “foi problemática a admissão

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da história oral (...), onde se percebiam resistências ou indiferenças” (FERREIRA,1998).

Com o seu uso, grupos minoritários e discriminados encontraram espaço para evidenciar suas

palavras, permeados por diferentes experiências e pontos de vista (MEIHY, 1996).

No plano internacional, a história oral flui nos anos 1960 motivada pela contracultura

combinada com os avanços tecnológicos. Os espaços culturais, naquele momento,

representados em grande parte por museus surgidos a partir das grandes coleções reais,

eclesiásticas e particulares, começaram a enfrentar uma concorrência de preferências de seus

públicos com os meios de comunicação em massa e passaram a vivenciar manifestações contra

sua representação de poder político e cultural.

Vários seminários e encontros que reuniram pensadores de áreas correlatas à cultura e

representantes dos museus debateram principalmente a “função educativa” dos espaços

culturais e a consideração destes como “meios de comunicação”, pela urgência de programar

ações que levassem o público de volta a esses espaços (SARRAF, 2013).

No âmbito científico surgiu uma nova vertente da Museologia: a Nova Museologia. Esse

movimento apresentava oposição à sua base tradicional, em que as coleções eram o centro de

atuação e existência dos museus passando a entender como centro as pessoas, o público. Da

Nova Museologia, desdobra-se a Sociomuseologia que dota o museu da missão de ser meio

facilitador de desenvolvimento e transformação social. Toma para si esta tarefa, com base nas

ciências sociais, procurando fomentar por meio de atividades pedagógicas e educacionais,

práticas reflexivas sobre o patrimônio cultural (MOUTINHO, 2009).

Desta forma, os museus, os arquivos, a academia, entre outros passam a manifestar certa

ansiedade expressa na busca de entendimento para promover debates em torno do diálogo com

a sociedade e o compartilhamento do conhecimento, potencializando e fortalecendo a dimensão

do uso e interpretação da memória, assim como a valorização da experiência de diferentes

sujeitos através da história oral. Para tanto, é importante salientar que para BRUNO (2000), a

memória é a matéria-prima com a qual a Museologia estabelece a sua cadeia operatória

(salvaguarda e comunicação).

As narrativas então que afloram dessas memórias através da história oral, presentes nos

museus, espaços culturais e servindo de matéria-prima, mais do que informar sobre um

determinado acontecimento, fazem emergir uma visão de mundo (BOSI, 2003:19), pois é

necessário não só considerar a maneira como elas se relacionam com objetos e demais

elementos, mas como percebem a vida. Ao narrar as lembranças aos outros, redes simbólicas

de afeto são criadas e fortalecem a construção de identidade entre grupos que se ligam pelo

compartilhamento de eventos comuns.

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Neste sentido, o trabalho desenvolvido através do Projeto Memórias do Memorial da

Inclusão, com depoimentos orais de narrativas de lideranças e protagonistas do movimento

social das pessoas com deficiência, potencializa um discurso horizontal e colaborativo que

considera a pessoa como centro de atuação desse espaço, ideia oriunda da Sociomuseologia.

Para além disso, refletir sobre o espaço de representação do segmento de pessoas com

deficiência no Memorial da Inclusão é assumir uma estratégia comunicativa de memórias,

outrora e ainda hoje, muitas vezes silenciadas e negligenciadas por ativações de salvaguarda e

compartilhamento. Essas narrativas vão compondo a função social e educativa do memorial

como um dos meios possíveis de aproximação, de trocas de conhecimento, favorecendo

iniciativas de mudanças e atentas ao meio social e à riqueza da diversidade humana.

Projeto Memórias, ação educativa no Memorial da Inclusão e desdobramentos

O Memorial da Inclusão é um conjunto de ações. São quatro tipos de exposição:

permanente ou de longa duração, exposições temporárias, exposições itinerantes e exposição

virtual. Como mencionado, o recorte cronológico da exposição de longa duração toma como

marco histórico o Ano Internacional das Pessoas Deficientes (AIPD) – 1981 e as pautas do

movimento social em torno do AIPD e traça as estratégias de mobilização das pessoas com

deficiência e modos de ação política de reivindicação de direitos. No centro da exposição de

longa duração são montadas as exposições temporárias, com proposta de curadoria inversa, cujo

tema dialogue com a exposição permanente, e ofereça acessibilidade comunicacional. A

exposição virtual é uma reprodução da exposição de longa duração, oferecendo todos os

documentos com acessibilidade e em três idiomas (Português, Espanhol e Inglês).

O projeto Memórias encontra-se disponível na exposição de longa duração, na

exposição virtual e no canal do Memorial da Inclusão no youtube. Os entrevistados são pessoas

que estiveram envolvidas com importantes momentos das conquistas do segmento: durante o

AIPD, na Constituinte Nacional, na formação dos Conselhos de Direitos, na formação e atuação

das instâncias nacionais e internacionais de representação, e outras realizações. Os vídeos

disponíveis, de três a sete minutos, são edições das entrevistas completas, com duração média

superior a 40 minutos cada. O roteiro, a aplicação das entrevistas bem como a edição foram

realizadas por historiador especialista no campo da história oral.

As entrevistas privilegiaram o diálogo com os colaboradores, considerando as

memórias e subjetividades de cada um. Nesse processo de intervenção e mediação,

deu-se a construção das narrativas relativas às vivências pessoais e às experiências

do grupo formado em torno da identidade comum a todos, essencialmente marcada

pela invisibilidade e pela busca da inclusão.

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Para a realização desse registro, foi elaborado um roteiro com perguntas sobre a

infância, formação, envolvimento na militância, atuação durante o AIPD, vivência

em relação à questão da deficiência e percepção quanto às conquistas e ao caminho

trilhado. Apesar da existência desse roteiro inicial, o que prevaleceu, no momento do

encontro, foi o respeito ao modo de os entrevistados tratarem os assuntos sugeridos

e a importância que deram a eles. Desse modo, a proposta foi descobrir os temas

relevantes nas diversas histórias de vida, sem precisar trazer à tona fatos históricos

preestabelecidos. (GADELHA, C; CRESPO, L; RIBEIRO, S. In: SÃO PAULO,

2011:19-21).

Para a edição das entrevistas, a seleção privilegiou os temas nos quais o entrevistado

demonstrou ter se inserido com maior relevância e envolvimento. Os títulos dos vídeos são, de

forma geral, expressões do próprio entrevistado, aproveitadas como representativas do modo

como o entrevistado percebe sua contribuição às conquistas do segmento: “fazer história é

caminhar juntos”, “vou em qualquer lugar sozinha”, “participação política”, “lutar junto:

participar”, “Constituinte”, “se tenho direito vou atrás”, “ocupar o espaço”, “conviver com a

diversidade”, “reabilitação social”, “cidadã de direitos”, “’não somos inúteis’”, “lutar é

obrigação”, entre outros.

Os visitantes espontâneos do Memorial da Inclusão têm à disposição a exposição

permanente, a qual conta com a Sala dos Sentidos (abaixo apresentada) e totem de transmissão

dos vídeos do projeto Memórias, e a exposição temporária em cartaz (com permanência de um

a três meses), na qual o educativo do museu fica à disposição do visitante. Para grupos

agendados -- prioritariamente discente e docente dos ensinos fundamental, médio,

profissionalizante e superior, e também profissionais de atendimento direto ao público usuário

do primeiro, segundo e terceiro setor --, o educativo oferece também sala para transmissão de

entrevistas pré-selecionadas do projeto Memórias e bate-papo sobre os conteúdos abordados

durante a visita.

Ação educativa. Com o objetivo de promover a conscientização a respeito dos direitos

da pessoa com deficiência, as ações educativas do Memorial da Inclusão procuram alinhar

diferentes linguagens, teóricas e práticas, a fim de proporcionar ao visitante experiências que

sejam sensíveis à temática de direitos humanos e inclusão.

O diálogo foi estabelecido como base das ações educativas do Memorial da Inclusão,

pois se estabelece uma relação de troca entre o educador e o visitante. No momento em que os

visitantes compartilham conhecimentos e experiências anteriores a visita, isto permite que o

educador trabalhe e favoreça o acesso aos conteúdos do museu, estabelecendo pontes entre

esses saberes. Assim, nesse processo de comunicação, o visitante se torna ator central da ação,

atuando ativamente na construção do processo de aprendizagem, em consonância com o

educativo (MARANDINO, 2008).

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As ações do Memorial da Inclusão são construídas em três principais momentos: a

exploração sensorial, a apreciação artística e a discussão histórica. Essas três linguagens

possibilitam que o conhecimento prévio dos visitantes seja desenvolvido e complementado a

partir da apresentação de novos saberes, que dizem respeito ao discurso assumido pelo

Memorial da Inclusão em torno dos direitos humanos, respeito à diferença e a inclusão social.

Exploração sensorial. Sala dos Sentidos, um dos recursos utilizados pelo educativo em

suas ações: uma sala escura, com objetos presos às suas paredes e sons que preenchem o

ambiente. É um convite à exploração sensorial, especialmente do tato e da audição. A reflexão

e debate em torno da experiência dos sentidos circunscreve a diversidade de possibilidades de

conhecer e de estar no mundo, contribuindo para a desconstrução da percepção da deficiência

como uma existência sobre a qual falta, há a uma ausência, um a menos: de um ou mais sentidos.

Apreciação Artística faz-se presente por meio da interação com as obras e/ou

instalações das exposições temporárias trazendo à discussão o direito de acesso à arte e,

especialmente, a oportunidade de apreciação e informação sobre a acessibilidade

comunicacional e tecnologias assistivas.

Debate histórico. Durante a visita à exposição de longa duração, o diálogo e o debate é

estimulado com questionamentos acerca de conceitos como “acessibilidade”, “inclusão”,

“direitos” e “movimentos sociais” e a importância deles para a construção e desenvolvimento

social e cidadão. Embora temas contemporâneos, observa-se nos jovens a dificuldade em

identificar em seus cotidianos o(s) lugar(es) de realização ou negação, social e política, de tais

garantias, fundamentos ou atitudes. O diálogo com o visitante oferece instrumental para a

reflexão sobre os direitos humanos a partir da história de uma minoria social, a das pessoas com

deficiência, luta iniciada pelo direito a ter direitos – da invisibilidade à cidadania. Ou, dito de

outra forma, as informações históricas socializadas pela exposição, quando debatidas sobre os

diferentes modos de pensar e refletir a exclusão social têm gerado no visitante a tomada de

consciência de que a deficiência é uma condição, como gênero ou etnia e, portanto, trata-se de

uma relação entre pessoas de direitos. Se a percepção inicial do visitante tem como foco a

deficiência, há um desvio para a percepção com foco na pessoa. Neste momento o visitante

compreende os direitos da pessoa com deficiência como Direitos Humanos e reconhece na

reflexão e debate sua própria inserção como cidadão de direitos.

Desconstruir a ideia que se tem a respeito da deficiência é tarefa difícil, quando se tem

uma visão assistencialista e biomédica ainda fortes e enraizadas na sociedade. Parte-se, então,

primeiro da desconstrução do conceito de normalidade para tornar mais palpável a discussão

sobre o que é, afinal, deficiência. O Memorial da Inclusão adota o conceito de deficiência da

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Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotado pelo Brasil em 2008, e que

tem suas raízes no Disability Studies. Ela reconhece que:

A deficiência é um conceito em evolução e (...) resulta da interação entre pessoas com

deficiência e as barreiras devidas às atitudes e ao ambiente que impedem a plena e

efetiva participação dessas pessoas na sociedade em igualdade de oportunidades com

as demais pessoas.

A definição representa uma guinada paradigmática com relação aos modelos

predominantes de abordagem sobre a deficiência – caritativo, assistencialista, biomédico. O

modelo social de deficiência, tributário da ação direta das pessoas com deficiência na cena

pública em prol dos direitos humanos, compreende que o problema não está na pessoa ou na

sua deficiência, mas no modo como a sociedade se organiza e desconsidera a diversidade

humana. Neste sentido é a dimensão social que leva à exclusão; as barreiras – institucionais,

atitudinais e de acessibilidade – que geram a exclusão e não a deficiência. Este cidadão dotado

de direitos, ativo social e historicamente, e pertencente a uma diversidade humana abrangente,

desafia o padrão do que é considerado normal.

Dessa forma, o educativo procura promover o diálogo com outros segmentos da

sociedade considerados minorias ao propor a discussão a respeito do que é inclusão. Assim, “ao

ter como objetivo a diversidade de experiências, há a consequente quebra de uma visão

universal” (RIBEIRO. 2017:61).

No momento final da visita, o relato oral é apresentado. O educativo compreende que

os visitantes já se apropriaram minimamente da proposta de reflexão desse espaço museal. Para

além da análise, o testemunho permite uma aproximação com o sujeito histórico que, no

momento da visita às exposições, estava “afastado” do público na figura do coletivo. A

individualização de uma memória cria relação com aquele que ouve, além de oportunizar ao

visitante conhecer o protagonismo da pessoa com deficiência, agente histórico participativo,

com voz ativa e ações assertivas relativas à garantia de direitos, seja no ambiente público, seja

na vida privada.

Um dos relatos mais expressivos do projeto Memórias é o de Cida Fukai. Ela relata,

conforme a epígrafe do artigo, como entrou para o movimento social, como os pais a ajudaram

a ir para a reunião sobre o AIPD, e sua surpresa em ver a quantidade de pessoas presentes. Mais

do que isso, ela fala do preconceito: “Por exemplo, eu vou em qualquer lugar sozinha. As

pessoas falam assim: ‘cadê a pessoa responsável por ela?’” No testemunho, uma briga com o

Extra:

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Ano passado eu briguei com o Extra. Eu estava no Extra Brigadeiro, aí na hora que

eu fui sair eu tava quase chegando na calçada, aí, de repente, a minha cadeira

enroscou em alguma coisa, pelo menos foi o que eu pensei, né. Aí eu olho pra trás,

um segurança lá segurando a minha cadeira: “Ô, cara, o que você quer?” “Você não

pode andar sozinha aí!” Eu falei: “Faça o favor de me soltar!”. “Não porque eu não

posso deixar você sair daqui”. Nisso, ajuntou um monte de gente pra assistir a briga.

E ele segurando a minha cadeira. Falei: “Olha, moço, você me viu chegando sozinha

e eu vou embora sozinha”. “Não. Eu não consigo acreditar que você esteja sozinha”.

(Vou em qualquer lugar sozinha:2010).

Cida Fukai é pessoa com deficiência física, possui uma lesão cerebral (paralisia cerebral

- PC). Essa lesão comprometeu os movimentos do corpo, a coordenação muscular e a fala, no

entanto, mesmo com uma cadeira de rodas manual, ela consegue se locomover sozinha. O relato

de Cida Fukai traz o debate sobre a independência e a autonomia da pessoa com deficiência.

No entanto, mesmo colocando em prática as duas condições no espaço público, o segurança do

estabelecimento declara não acreditar que ela estivesse sozinha e assume a posição de protetor.

O que está em jogo é o paradigma que alicerça a ação do segurança. Para ele a pessoa com

deficiência é, naturalmente, dependente e incapaz.

O objetivo do Memorial da Inclusão em finalizar o roteiro da visita ao museu com a

apresentação das entrevistas com os ativistas do segmento é de trazer ao visitante temas

apresentados durante a visita, porém ditos e vividos pelas próprias pessoas com deficiência. A

independência e autonomia exemplificada por Cida Fukai em situação cotidiana de participação

social, considerando ser a PC uma condição de significativo comprometimento físico, dá ao

visitante a oportunidade de (re)ver sua percepção sobre os direitos e as capacidades das pessoas

com deficiência; e, também, compreender não apenas as pautas motivadoras da mobilização

das pessoas com deficiência da década de 1980, como também o significado do conceito de

deficiência acima citado. O episódio vivido por Cida Fukai (entre outros narrados pelos

entrevistados do projeto Memórias), na atitude do segurança, demonstra ser a deficiência uma

resultante “da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras devidas às atitudes (...)

que impedem a plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade”.

Após a apresentação do(s) vídeo(s) do projeto Memórias e o debate com os visitantes os

educadores conseguem perceber que questões aguçaram o olhar dos visitantes, e se eles

conseguem estabelecer relação com o contexto histórico, trabalhado anteriormente durante a

visita.

Desdobramentos.

A memória é

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“uma construção do passado, mas pautada em emoções e vivências; ela é flexível, e

os eventos são lembrados à luz da experiência subsequente e das necessidades do

presente” (FERREIRA,2002:8 ).

As entrevistas filmadas do projeto Memórias, apropriadas pelas ações educativas do

museu e base do livro comemorativo dos 30 anos do AIPD, já referido, e do documentário “Da

invisibilidade à cidadania: os caminhos da pessoa com deficiência” (s/d), têm sido uma

excelente fonte de conhecimento e estímulo para as jovens lideranças do movimento social da

pessoa com deficiência. Em outubro e novembro de 2017, o Memorial da Inclusão, a

Defensoria Pública do Estado de São Paulo e a Secretaria Nacional da Pessoa com Deficiência

promoveram um evento denominado Encontro de Gerações, reunindo 130 pessoas com

deficiência. Esse evento promoveu o encontro de veteranos (os “jurássicos”) do movimento

social e jovens militantes, tendo utilizado os vídeos do projeto Memórias para estimular o

debate entre as duas gerações. Alguns veteranos convidados já entrevistados pelo Memorial da

Inclusão tiveram a oportunidade de debater com os jovens os testemunhos já registrados.

Tratando-se de um encontro de cunho nacional, o Memorial da Inclusão teve a oportunidade

de gravar novas entrevistas para o projeto Memórias, com lideranças veteranas de outros

estados que ainda não compunham o acervo de história oral do Memorial da Inclusão.

Considerações finais

O Memorial da Inclusão, enquanto espaço de educação não-formal, oferece ao público

visitante, experimentação, informação, contextualização histórico-social, reflexão e debate

acerca dos direitos humanos, especialmente os direitos das pessoas com deficiência. Com

relação aos grupos agendados, de forma geral, os assuntos tratados são demandas provenientes

da educação formal, circunscrevendo a problemática da inclusão, da acessibilidade e do respeito

à diversidade.

Enquanto espaço museal idealizado, concebido, executado e apoiado por ativistas dos

direitos das pessoas com deficiência – que ao narrar a história desse movimento social,

contextualiza as pautas do passado e as pautas do tempo presente --, está inserido no contexto

da história contemporânea das minorias sociais, fazendo uso da história oral, cuja memória

advém de testemunhos dos próprios ativistas. Neste sentido, a experimentação, a informação, a

contextualização histórico-social e a reflexão, acima referidos, trazem a marca do vivido pelas

próprias pessoas com deficiência, a singularidade de sua ação enquanto sujeito.

O acervo do projeto Memórias, para além de fonte historiográfica, sobre a qual o

presente artigo não traçou reflexão, ele tem se mostrado como rico material na condução das

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diretrizes da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, especialmente

relacionados ao combate às barreiras atitudinais, os preconceitos, pré-conceitos ou imaginário

social sobre a deficiência e a pessoa com deficiência.

É neste sentido que o Memorial da Inclusão se apresenta como espaço de educação não-

formal, considerando ainda que, por meio de suas atividades, os educadores provocam seus

visitantes para que eles reflitam não somente sobre o tema central do espaço, mas sobretudo

sobre a sociedade da qual fazem parte.

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