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O ACERVO DO MEMORIAL DA INCLUSÃO:
TESTEMUNHOS “DA INVISIBILIDADE À CIDADANIA”
CRISMERE GADELHA1
LARA SOUTO SANTANA2
CARLA GRIÃO DA SILVA3
BRUNA DE SOUZA PITTERI4
Introdução
Como foi que entrei no movimento? A Ilda Mitiko anunciou no jornal que ia ter um
grande Encontro. Nunca tinha saído sozinha, nem nada. Aí falei pra minha mãe e pro
meu pai que eu vou nesse Encontro. Aí eles me ajudaram. Esse Encontro era pra
comemorar esse Dia Internacional, quer dizer, o Ano Internacional. Tinha umas mil
pessoas. Cida Fukai5
O trecho acima é a abertura de uma das setenta entrevistas filmadas e realizadas pelo
projeto Memórias, parte integrante do museu histórico denominado Memorial da Inclusão: Os
Caminhos da Pessoa com Deficiência (doravante Memorial da Inclusão) -- ação da Secretaria
dos Direitos da Pessoa com Deficiência - SEDPcD, do governo do estado de São Paulo --,
idealizado e executado por militantes do segmento das pessoas com deficiência, colaboradores
da SEDPcD e convidados. Ali, Cida Fukai está se referindo a uma das reuniões preparatórias,
transcorrida no ano de 1980, para a organização das ações reivindicatórias das pessoas com
deficiência para o ano de 1981, Ano Internacional das Pessoas Deficientes - AIPD.
O Memorial da Inclusão é um centro de exposições e de acervo de documentos escritos,
iconográficos, áudios e audiovisuais sobre o movimento social das pessoas com deficiência no
Brasil; está localizado no térreo da SEDPcD, instalada no Memorial da América Latina.
O objetivo principal deste trabalho é apresentar o acervo de entrevistas em mídia
audiovisual do Memorial da Inclusão, a ideia original, o processo de gravação, a elaboração do
roteiro, a edição e seus diferentes usos. Para tanto, se faz necessário um breve histórico da
constituição do Memorial da Inclusão, do ponto de vista de sua motivação original e da
oportunidade de sua concretização, enquadrando-se na vertente da Sociomuseologia, para a
qual a função social do museu é a educação, o museu como possível agente de transformação
1 UNICAMP. Mestre em Antropologia Social. 2 FFLCH/USP. Mestre em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês. 3 UFOP. Graduada em Museologia. 4 UNIFESP. Graduada em História. 5 Aparecida Akiko Fukai (Cida Fukai). Entrevista Filmada realizada em 04/10/2010. Projeto Memórias, Memorial
da Inclusão: os Caminhos da Pessoa com Deficiência / Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com
Deficiência/SP. In: Vou em qualquer lugar sozinha:2010.
social. Em seguida, é apresentado o acervo de entrevistas filmadas, organizado pelo Projeto
Memórias, assim como os diferentes modos como tal acervo é disponibilizado para a sociedade,
seus desdobramentos, especialmente no interior das ações educativas no ambiente
museológico.
Memorial da Inclusão - “Nada sobre nós, sem nós”
Segundo Sassaki, o lema “nada sobre nós, sem nós” significa que
As pessoas com deficiência estão dizendo: “Exigimos que tudo que se refira a nós
seja produzido com a nossa participação. Por melhores que sejam as intenções das
pessoas sem deficiência, dos órgãos públicos, das empresas, das instituições sociais
ou da sociedade em geral, não mais aceitamos receber resultados forjados à nossa
revelia, mesmo que em nosso benefício” (SASSAKI, 2007:8).
No artigo “Nada sobre nós, sem nós: da integração à inclusão”, Sassaki (2007) traça a
evolução histórica do lema, que se prefigura como reivindicação de participação na vida social,
em meados dos anos 1930, nos Estados Unidos da América, em manifestação pública de
pessoas com deficiência física impedidas de se empregarem no mercado de trabalho.
Se considerarmos as quatro eras das práticas sociais em relação a pessoas com
deficiência – exclusão (antiguidade até o início do século 20), segregação (décadas
de 20 a 40), integração (décadas de 50 a 80) e inclusão (década de 90 até as próximas
décadas do século 21) --, este lema tem a cara da INCLUSÃO. Mas se levarmos em
conta o conceito de PARTICIPAÇÃO PLENA, o lema teve a sua semente plantada em
1962, em plena era da INTEGRAÇÃO, e germinada a partir de 1981 graças ao Ano
Internacional das Pessoas Deficientes. (SASSAKI, 2007:8-9. Os grifos e caixa alta do
autor).
A Organização das Nações Unidas, em 1976, proclamou o ano de 1981 como o Ano
Internacional das Pessoas Deficientes – AIPD (Resolução nº 31/123). No Brasil, no final da
mesma década, pessoas com deficiência de todos os estados se mobilizaram para que elas
próprias apresentassem ao país as demandas que lhes garantisse “igualdade e participação
plena”, lema do AIPD.
O movimento social das pessoas com deficiência, ainda pouco estudado nas ciências
humanas no Brasil, a partir do AIPD participou mais ativa e diretamente de todas as conquistas
legais do segmento, incluindo os trabalhos na Constituinte Nacional e as referências ao
segmento na Constituição de 1988, os trabalhos de elaboração da Convenção sobre os Direitos
da Pessoa com Deficiência (2006), primeiro tratado internacional alçado no Brasil à condição
de Emenda Constitucional, e aos trabalhos e debates relativos ao Estatuto da Pessoa com
Deficiência, que em 2015, evoluiu para Lei Brasileira da Inclusão.
Mesmo em face do intenso trabalho do segmento – que representa 45 milhões de
brasileiros (Censo IBGE, 2010) – a visibilidade social das pessoas com deficiência é ainda
precária, inclusive nos estudos sobre os movimentos sociais. Crespo, protagonista do AIPD, em
entrevista sobre a história do movimento social das pessoas com deficiência no Brasil e autora
da tese “Da invisibilidade à construção da própria cidadania” (CRESPO, 2009), interpreta
Eu entendo o movimento a partir mesmo do final de 79, 80 quando, junto com o
restante da população brasileira, alguns segmentos começaram se organizar, como
as mulheres, negros, homossexuais, e aí as pessoas com deficiência também. Mas o
gozado é que, a gente fala, os “deficientes”, o “movimento dos deficientes”, na
literatura sobre os movimentos sociais é o etecetera. (História do Movimento Político
das Pessoas com Deficiência no Brasil, s/a.)
No Brasil, a fonte bibliográfica sobre o tema é restrita; a produção acadêmica foi iniciada
pelos próprios militantes (SILVA, 1987; CRESPO, 2000, 2009; NASCIMENTO, 2001;
SILVA, 2002; PAULA, 2008; NALLIN, 1994). Estes pesquisadores e o movimento social no
Brasil estiveram inspirados nos chamados Disability Studies, que consistem num campo de
estudos interdisciplinares que ganhou projeção mundial, tendo origem no contexto anglo-saxão,
em meados da década de 1960. A proposta principal desse movimento intelectual é a de que a
deficiência não é uma tragédia individual cuja solução seja exclusivamente médica; ela tem
dimensão social e política. Nessa perspectiva as políticas públicas voltadas para o tema devem
gerar debates que desconstruam preconceitos e retirem da deficiência a noção de “doença”,
“degeneração” e “desvio” e a situam na perspectiva de uma condição -- como mulheres, negros,
gays, indígenas e outras minorias, ou seja, “romper com o silêncio instituído para quem foi
subalternizado, um movimento no sentido de romper com a hierarquia” (RIBEIRO, 2017:90).
Desde o início da luta os ativistas do segmento vêm guardando documentos sobre sua
luta com a esperança de formação de um acervo documental e expositivo. Com a criação da
Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência - SEDPcD, do Governo do estado de São
Paulo, em 2008, colaboradores ligados ao movimento social apresentaram o antigo projeto ao
Executivo da SEDPcD. Com apoio e incentivo da primeira secretária de Estado dos Direitos da
Pessoa com Deficiência6, o Memorial da Inclusão se apresentou como forma inovadora na
condução dos campos funcionais da SEDPcD (Decreto nº 52.841, 27/03/2008), a saber,
relativos à “promoção da realização dos estudos, debates e pesquisas sobre a vida e a realidade
da pessoa com deficiência e seus familiares” e à “conscientização dos diversos setores da
sociedade sobre problemas, necessidades, potencialidades e direitos das pessoas com
deficiência”.
6 Dra Linamara Rizzo Battistella, empossada até a presente data.
Seguindo o lema “nada sobre nós, sem nós”, a equipe envolvida com a montagem da
exposição (recorte cronológico e temático, seleção dos documentos, títulos, definição e
significado da logomarca, etc.) foi formada por pessoas com e sem deficiência ligadas ao
movimento social.
O Memorial da Inclusão foi inaugurado no dia 3 de dezembro de 2009, Dia Internacional
da Pessoa com Deficiência, com sede no andar térreo da SEDPcD, contando com doze paineis,
com aproximadamente 700 documentos (escritos, iconografia e audiovisuais). No ano seguinte,
o Memorial da Inclusão inicia o projeto Memórias realizando entrevistas filmadas com os
precursores do movimento.
Em 2010, os autodenominados jurássicos do movimento social da pessoa com
deficiência, entre eles aqueles que colaboram com o Memorial da Inclusão, já sinalizavam a
importância de no ano seguinte realizar-se comemorações relativas aos 30 anos do Ano
Internacional das Pessoas Deficientes. Como parte das comemorações, houve o lançamento do
livro 30 Anos do AIPD: Ano Internacional das Pessoas Deficientes 1981-2011 (SÃO PAULO,
2011), integralmente narrado por protagonistas das conquistas de direitos das pessoas com
deficiência, incluindo as entrevistas realizadas pelo Projeto de História Oral (denominado
Memórias na exposição permanente e no site do Memorial da Inclusão). Esta obra já se
apresenta, portanto, como um desdobramento do registro de história oral.
Voltaremos ao projeto Memórias no último tópico do artigo, detalhando inclusive os
seus usos nas ações educativas do Memorial da Inclusão e os demais desdobramentos; antes,
porém, gostaríamos de apresentar uma breve explanação da opção por socializar a história do
movimento social da pessoa com deficiência no Brasil por meio da linguagem museal.
A perspectiva museológica pareceu aos militantes do movimento social das pessoas com
deficiência um formato apropriado de educação em direitos humanos pelos diferentes modos
de apresentação e diversidade das linguagens colocadas em ação -- imagens, documentos,
áudios, audiovisuais, objetos –, bem como a especificidade da prática educativa.
História oral, Sociomuseologia e a função educativa dos museus
Nossas lembranças permanecem coletivas e nos são lembradas por outros, ainda que
se trate de eventos em que somente nós estivemos envolvidos e objetos que somente
nós vimos. Isto acontece porque jamais estamos sós. (HALBWACHS, 2003:30).
No Brasil, a história oral cristaliza-se no período pós-ditadura militar, uma vez que a sua
prática está imbricada com a democracia, em que os indivíduos podem se expor e dar opiniões
a respeito da sociedade (MEIHY, 2010b); no âmbito acadêmico, “foi problemática a admissão
da história oral (...), onde se percebiam resistências ou indiferenças” (FERREIRA,1998).
Com o seu uso, grupos minoritários e discriminados encontraram espaço para evidenciar suas
palavras, permeados por diferentes experiências e pontos de vista (MEIHY, 1996).
No plano internacional, a história oral flui nos anos 1960 motivada pela contracultura
combinada com os avanços tecnológicos. Os espaços culturais, naquele momento,
representados em grande parte por museus surgidos a partir das grandes coleções reais,
eclesiásticas e particulares, começaram a enfrentar uma concorrência de preferências de seus
públicos com os meios de comunicação em massa e passaram a vivenciar manifestações contra
sua representação de poder político e cultural.
Vários seminários e encontros que reuniram pensadores de áreas correlatas à cultura e
representantes dos museus debateram principalmente a “função educativa” dos espaços
culturais e a consideração destes como “meios de comunicação”, pela urgência de programar
ações que levassem o público de volta a esses espaços (SARRAF, 2013).
No âmbito científico surgiu uma nova vertente da Museologia: a Nova Museologia. Esse
movimento apresentava oposição à sua base tradicional, em que as coleções eram o centro de
atuação e existência dos museus passando a entender como centro as pessoas, o público. Da
Nova Museologia, desdobra-se a Sociomuseologia que dota o museu da missão de ser meio
facilitador de desenvolvimento e transformação social. Toma para si esta tarefa, com base nas
ciências sociais, procurando fomentar por meio de atividades pedagógicas e educacionais,
práticas reflexivas sobre o patrimônio cultural (MOUTINHO, 2009).
Desta forma, os museus, os arquivos, a academia, entre outros passam a manifestar certa
ansiedade expressa na busca de entendimento para promover debates em torno do diálogo com
a sociedade e o compartilhamento do conhecimento, potencializando e fortalecendo a dimensão
do uso e interpretação da memória, assim como a valorização da experiência de diferentes
sujeitos através da história oral. Para tanto, é importante salientar que para BRUNO (2000), a
memória é a matéria-prima com a qual a Museologia estabelece a sua cadeia operatória
(salvaguarda e comunicação).
As narrativas então que afloram dessas memórias através da história oral, presentes nos
museus, espaços culturais e servindo de matéria-prima, mais do que informar sobre um
determinado acontecimento, fazem emergir uma visão de mundo (BOSI, 2003:19), pois é
necessário não só considerar a maneira como elas se relacionam com objetos e demais
elementos, mas como percebem a vida. Ao narrar as lembranças aos outros, redes simbólicas
de afeto são criadas e fortalecem a construção de identidade entre grupos que se ligam pelo
compartilhamento de eventos comuns.
Neste sentido, o trabalho desenvolvido através do Projeto Memórias do Memorial da
Inclusão, com depoimentos orais de narrativas de lideranças e protagonistas do movimento
social das pessoas com deficiência, potencializa um discurso horizontal e colaborativo que
considera a pessoa como centro de atuação desse espaço, ideia oriunda da Sociomuseologia.
Para além disso, refletir sobre o espaço de representação do segmento de pessoas com
deficiência no Memorial da Inclusão é assumir uma estratégia comunicativa de memórias,
outrora e ainda hoje, muitas vezes silenciadas e negligenciadas por ativações de salvaguarda e
compartilhamento. Essas narrativas vão compondo a função social e educativa do memorial
como um dos meios possíveis de aproximação, de trocas de conhecimento, favorecendo
iniciativas de mudanças e atentas ao meio social e à riqueza da diversidade humana.
Projeto Memórias, ação educativa no Memorial da Inclusão e desdobramentos
O Memorial da Inclusão é um conjunto de ações. São quatro tipos de exposição:
permanente ou de longa duração, exposições temporárias, exposições itinerantes e exposição
virtual. Como mencionado, o recorte cronológico da exposição de longa duração toma como
marco histórico o Ano Internacional das Pessoas Deficientes (AIPD) – 1981 e as pautas do
movimento social em torno do AIPD e traça as estratégias de mobilização das pessoas com
deficiência e modos de ação política de reivindicação de direitos. No centro da exposição de
longa duração são montadas as exposições temporárias, com proposta de curadoria inversa, cujo
tema dialogue com a exposição permanente, e ofereça acessibilidade comunicacional. A
exposição virtual é uma reprodução da exposição de longa duração, oferecendo todos os
documentos com acessibilidade e em três idiomas (Português, Espanhol e Inglês).
O projeto Memórias encontra-se disponível na exposição de longa duração, na
exposição virtual e no canal do Memorial da Inclusão no youtube. Os entrevistados são pessoas
que estiveram envolvidas com importantes momentos das conquistas do segmento: durante o
AIPD, na Constituinte Nacional, na formação dos Conselhos de Direitos, na formação e atuação
das instâncias nacionais e internacionais de representação, e outras realizações. Os vídeos
disponíveis, de três a sete minutos, são edições das entrevistas completas, com duração média
superior a 40 minutos cada. O roteiro, a aplicação das entrevistas bem como a edição foram
realizadas por historiador especialista no campo da história oral.
As entrevistas privilegiaram o diálogo com os colaboradores, considerando as
memórias e subjetividades de cada um. Nesse processo de intervenção e mediação,
deu-se a construção das narrativas relativas às vivências pessoais e às experiências
do grupo formado em torno da identidade comum a todos, essencialmente marcada
pela invisibilidade e pela busca da inclusão.
Para a realização desse registro, foi elaborado um roteiro com perguntas sobre a
infância, formação, envolvimento na militância, atuação durante o AIPD, vivência
em relação à questão da deficiência e percepção quanto às conquistas e ao caminho
trilhado. Apesar da existência desse roteiro inicial, o que prevaleceu, no momento do
encontro, foi o respeito ao modo de os entrevistados tratarem os assuntos sugeridos
e a importância que deram a eles. Desse modo, a proposta foi descobrir os temas
relevantes nas diversas histórias de vida, sem precisar trazer à tona fatos históricos
preestabelecidos. (GADELHA, C; CRESPO, L; RIBEIRO, S. In: SÃO PAULO,
2011:19-21).
Para a edição das entrevistas, a seleção privilegiou os temas nos quais o entrevistado
demonstrou ter se inserido com maior relevância e envolvimento. Os títulos dos vídeos são, de
forma geral, expressões do próprio entrevistado, aproveitadas como representativas do modo
como o entrevistado percebe sua contribuição às conquistas do segmento: “fazer história é
caminhar juntos”, “vou em qualquer lugar sozinha”, “participação política”, “lutar junto:
participar”, “Constituinte”, “se tenho direito vou atrás”, “ocupar o espaço”, “conviver com a
diversidade”, “reabilitação social”, “cidadã de direitos”, “’não somos inúteis’”, “lutar é
obrigação”, entre outros.
Os visitantes espontâneos do Memorial da Inclusão têm à disposição a exposição
permanente, a qual conta com a Sala dos Sentidos (abaixo apresentada) e totem de transmissão
dos vídeos do projeto Memórias, e a exposição temporária em cartaz (com permanência de um
a três meses), na qual o educativo do museu fica à disposição do visitante. Para grupos
agendados -- prioritariamente discente e docente dos ensinos fundamental, médio,
profissionalizante e superior, e também profissionais de atendimento direto ao público usuário
do primeiro, segundo e terceiro setor --, o educativo oferece também sala para transmissão de
entrevistas pré-selecionadas do projeto Memórias e bate-papo sobre os conteúdos abordados
durante a visita.
Ação educativa. Com o objetivo de promover a conscientização a respeito dos direitos
da pessoa com deficiência, as ações educativas do Memorial da Inclusão procuram alinhar
diferentes linguagens, teóricas e práticas, a fim de proporcionar ao visitante experiências que
sejam sensíveis à temática de direitos humanos e inclusão.
O diálogo foi estabelecido como base das ações educativas do Memorial da Inclusão,
pois se estabelece uma relação de troca entre o educador e o visitante. No momento em que os
visitantes compartilham conhecimentos e experiências anteriores a visita, isto permite que o
educador trabalhe e favoreça o acesso aos conteúdos do museu, estabelecendo pontes entre
esses saberes. Assim, nesse processo de comunicação, o visitante se torna ator central da ação,
atuando ativamente na construção do processo de aprendizagem, em consonância com o
educativo (MARANDINO, 2008).
As ações do Memorial da Inclusão são construídas em três principais momentos: a
exploração sensorial, a apreciação artística e a discussão histórica. Essas três linguagens
possibilitam que o conhecimento prévio dos visitantes seja desenvolvido e complementado a
partir da apresentação de novos saberes, que dizem respeito ao discurso assumido pelo
Memorial da Inclusão em torno dos direitos humanos, respeito à diferença e a inclusão social.
Exploração sensorial. Sala dos Sentidos, um dos recursos utilizados pelo educativo em
suas ações: uma sala escura, com objetos presos às suas paredes e sons que preenchem o
ambiente. É um convite à exploração sensorial, especialmente do tato e da audição. A reflexão
e debate em torno da experiência dos sentidos circunscreve a diversidade de possibilidades de
conhecer e de estar no mundo, contribuindo para a desconstrução da percepção da deficiência
como uma existência sobre a qual falta, há a uma ausência, um a menos: de um ou mais sentidos.
Apreciação Artística faz-se presente por meio da interação com as obras e/ou
instalações das exposições temporárias trazendo à discussão o direito de acesso à arte e,
especialmente, a oportunidade de apreciação e informação sobre a acessibilidade
comunicacional e tecnologias assistivas.
Debate histórico. Durante a visita à exposição de longa duração, o diálogo e o debate é
estimulado com questionamentos acerca de conceitos como “acessibilidade”, “inclusão”,
“direitos” e “movimentos sociais” e a importância deles para a construção e desenvolvimento
social e cidadão. Embora temas contemporâneos, observa-se nos jovens a dificuldade em
identificar em seus cotidianos o(s) lugar(es) de realização ou negação, social e política, de tais
garantias, fundamentos ou atitudes. O diálogo com o visitante oferece instrumental para a
reflexão sobre os direitos humanos a partir da história de uma minoria social, a das pessoas com
deficiência, luta iniciada pelo direito a ter direitos – da invisibilidade à cidadania. Ou, dito de
outra forma, as informações históricas socializadas pela exposição, quando debatidas sobre os
diferentes modos de pensar e refletir a exclusão social têm gerado no visitante a tomada de
consciência de que a deficiência é uma condição, como gênero ou etnia e, portanto, trata-se de
uma relação entre pessoas de direitos. Se a percepção inicial do visitante tem como foco a
deficiência, há um desvio para a percepção com foco na pessoa. Neste momento o visitante
compreende os direitos da pessoa com deficiência como Direitos Humanos e reconhece na
reflexão e debate sua própria inserção como cidadão de direitos.
Desconstruir a ideia que se tem a respeito da deficiência é tarefa difícil, quando se tem
uma visão assistencialista e biomédica ainda fortes e enraizadas na sociedade. Parte-se, então,
primeiro da desconstrução do conceito de normalidade para tornar mais palpável a discussão
sobre o que é, afinal, deficiência. O Memorial da Inclusão adota o conceito de deficiência da
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotado pelo Brasil em 2008, e que
tem suas raízes no Disability Studies. Ela reconhece que:
A deficiência é um conceito em evolução e (...) resulta da interação entre pessoas com
deficiência e as barreiras devidas às atitudes e ao ambiente que impedem a plena e
efetiva participação dessas pessoas na sociedade em igualdade de oportunidades com
as demais pessoas.
A definição representa uma guinada paradigmática com relação aos modelos
predominantes de abordagem sobre a deficiência – caritativo, assistencialista, biomédico. O
modelo social de deficiência, tributário da ação direta das pessoas com deficiência na cena
pública em prol dos direitos humanos, compreende que o problema não está na pessoa ou na
sua deficiência, mas no modo como a sociedade se organiza e desconsidera a diversidade
humana. Neste sentido é a dimensão social que leva à exclusão; as barreiras – institucionais,
atitudinais e de acessibilidade – que geram a exclusão e não a deficiência. Este cidadão dotado
de direitos, ativo social e historicamente, e pertencente a uma diversidade humana abrangente,
desafia o padrão do que é considerado normal.
Dessa forma, o educativo procura promover o diálogo com outros segmentos da
sociedade considerados minorias ao propor a discussão a respeito do que é inclusão. Assim, “ao
ter como objetivo a diversidade de experiências, há a consequente quebra de uma visão
universal” (RIBEIRO. 2017:61).
No momento final da visita, o relato oral é apresentado. O educativo compreende que
os visitantes já se apropriaram minimamente da proposta de reflexão desse espaço museal. Para
além da análise, o testemunho permite uma aproximação com o sujeito histórico que, no
momento da visita às exposições, estava “afastado” do público na figura do coletivo. A
individualização de uma memória cria relação com aquele que ouve, além de oportunizar ao
visitante conhecer o protagonismo da pessoa com deficiência, agente histórico participativo,
com voz ativa e ações assertivas relativas à garantia de direitos, seja no ambiente público, seja
na vida privada.
Um dos relatos mais expressivos do projeto Memórias é o de Cida Fukai. Ela relata,
conforme a epígrafe do artigo, como entrou para o movimento social, como os pais a ajudaram
a ir para a reunião sobre o AIPD, e sua surpresa em ver a quantidade de pessoas presentes. Mais
do que isso, ela fala do preconceito: “Por exemplo, eu vou em qualquer lugar sozinha. As
pessoas falam assim: ‘cadê a pessoa responsável por ela?’” No testemunho, uma briga com o
Extra:
Ano passado eu briguei com o Extra. Eu estava no Extra Brigadeiro, aí na hora que
eu fui sair eu tava quase chegando na calçada, aí, de repente, a minha cadeira
enroscou em alguma coisa, pelo menos foi o que eu pensei, né. Aí eu olho pra trás,
um segurança lá segurando a minha cadeira: “Ô, cara, o que você quer?” “Você não
pode andar sozinha aí!” Eu falei: “Faça o favor de me soltar!”. “Não porque eu não
posso deixar você sair daqui”. Nisso, ajuntou um monte de gente pra assistir a briga.
E ele segurando a minha cadeira. Falei: “Olha, moço, você me viu chegando sozinha
e eu vou embora sozinha”. “Não. Eu não consigo acreditar que você esteja sozinha”.
(Vou em qualquer lugar sozinha:2010).
Cida Fukai é pessoa com deficiência física, possui uma lesão cerebral (paralisia cerebral
- PC). Essa lesão comprometeu os movimentos do corpo, a coordenação muscular e a fala, no
entanto, mesmo com uma cadeira de rodas manual, ela consegue se locomover sozinha. O relato
de Cida Fukai traz o debate sobre a independência e a autonomia da pessoa com deficiência.
No entanto, mesmo colocando em prática as duas condições no espaço público, o segurança do
estabelecimento declara não acreditar que ela estivesse sozinha e assume a posição de protetor.
O que está em jogo é o paradigma que alicerça a ação do segurança. Para ele a pessoa com
deficiência é, naturalmente, dependente e incapaz.
O objetivo do Memorial da Inclusão em finalizar o roteiro da visita ao museu com a
apresentação das entrevistas com os ativistas do segmento é de trazer ao visitante temas
apresentados durante a visita, porém ditos e vividos pelas próprias pessoas com deficiência. A
independência e autonomia exemplificada por Cida Fukai em situação cotidiana de participação
social, considerando ser a PC uma condição de significativo comprometimento físico, dá ao
visitante a oportunidade de (re)ver sua percepção sobre os direitos e as capacidades das pessoas
com deficiência; e, também, compreender não apenas as pautas motivadoras da mobilização
das pessoas com deficiência da década de 1980, como também o significado do conceito de
deficiência acima citado. O episódio vivido por Cida Fukai (entre outros narrados pelos
entrevistados do projeto Memórias), na atitude do segurança, demonstra ser a deficiência uma
resultante “da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras devidas às atitudes (...)
que impedem a plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade”.
Após a apresentação do(s) vídeo(s) do projeto Memórias e o debate com os visitantes os
educadores conseguem perceber que questões aguçaram o olhar dos visitantes, e se eles
conseguem estabelecer relação com o contexto histórico, trabalhado anteriormente durante a
visita.
Desdobramentos.
A memória é
“uma construção do passado, mas pautada em emoções e vivências; ela é flexível, e
os eventos são lembrados à luz da experiência subsequente e das necessidades do
presente” (FERREIRA,2002:8 ).
As entrevistas filmadas do projeto Memórias, apropriadas pelas ações educativas do
museu e base do livro comemorativo dos 30 anos do AIPD, já referido, e do documentário “Da
invisibilidade à cidadania: os caminhos da pessoa com deficiência” (s/d), têm sido uma
excelente fonte de conhecimento e estímulo para as jovens lideranças do movimento social da
pessoa com deficiência. Em outubro e novembro de 2017, o Memorial da Inclusão, a
Defensoria Pública do Estado de São Paulo e a Secretaria Nacional da Pessoa com Deficiência
promoveram um evento denominado Encontro de Gerações, reunindo 130 pessoas com
deficiência. Esse evento promoveu o encontro de veteranos (os “jurássicos”) do movimento
social e jovens militantes, tendo utilizado os vídeos do projeto Memórias para estimular o
debate entre as duas gerações. Alguns veteranos convidados já entrevistados pelo Memorial da
Inclusão tiveram a oportunidade de debater com os jovens os testemunhos já registrados.
Tratando-se de um encontro de cunho nacional, o Memorial da Inclusão teve a oportunidade
de gravar novas entrevistas para o projeto Memórias, com lideranças veteranas de outros
estados que ainda não compunham o acervo de história oral do Memorial da Inclusão.
Considerações finais
O Memorial da Inclusão, enquanto espaço de educação não-formal, oferece ao público
visitante, experimentação, informação, contextualização histórico-social, reflexão e debate
acerca dos direitos humanos, especialmente os direitos das pessoas com deficiência. Com
relação aos grupos agendados, de forma geral, os assuntos tratados são demandas provenientes
da educação formal, circunscrevendo a problemática da inclusão, da acessibilidade e do respeito
à diversidade.
Enquanto espaço museal idealizado, concebido, executado e apoiado por ativistas dos
direitos das pessoas com deficiência – que ao narrar a história desse movimento social,
contextualiza as pautas do passado e as pautas do tempo presente --, está inserido no contexto
da história contemporânea das minorias sociais, fazendo uso da história oral, cuja memória
advém de testemunhos dos próprios ativistas. Neste sentido, a experimentação, a informação, a
contextualização histórico-social e a reflexão, acima referidos, trazem a marca do vivido pelas
próprias pessoas com deficiência, a singularidade de sua ação enquanto sujeito.
O acervo do projeto Memórias, para além de fonte historiográfica, sobre a qual o
presente artigo não traçou reflexão, ele tem se mostrado como rico material na condução das
diretrizes da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, especialmente
relacionados ao combate às barreiras atitudinais, os preconceitos, pré-conceitos ou imaginário
social sobre a deficiência e a pessoa com deficiência.
É neste sentido que o Memorial da Inclusão se apresenta como espaço de educação não-
formal, considerando ainda que, por meio de suas atividades, os educadores provocam seus
visitantes para que eles reflitam não somente sobre o tema central do espaço, mas sobretudo
sobre a sociedade da qual fazem parte.
Referências Bibliográficas
BOSI, Ecléa. O Tempo Vivo da Memória: Ensaios de Psicologia Social. 3. ed. São Paulo: Ateliê
Editorial, 2003.
BRUNO, Maria Cristina Oliveira. Museologia: a luta pela perseguição ao abandono. Tese
(Livre-Docência) – Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo,
2000.
CRESPO, Ana Maria Morales. Informação e deformação: a pessoa com deficiência na mídia
impressa. Dissertação de Mestrado, Departamento de Jornalismo e Editoração da escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.
CRESPO, Ana Maria Morales. Da invisibilidade à construção da própria cidadania. Os
obstáculos, as estratégias e as conquistas do movimento social das pessoas com deficiência no
Brasil, através das histórias de vida de seus líderes. Tese de Doutorado em História Social,
Departamento de História Social da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
Da Invisibilidade à Cidadania: os Caminhos da Pessoa com Deficiência. Secretaria dos Direitos
da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo. São Paulo: Co-Produção TV Cultura e
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