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O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA dezembro de 2010

O Brasil como um dos Polos na nova rede de negócios na América Latina

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O relatório expõe de forma concisa a importância de integrar o continente e de projetar o Brasil como líder regional na tarefa de coordenar os esforços para envolver cada vez mais a região no cenário global.

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O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 1

O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA d e z e m b r o d e 2 0 1 0

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O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA d e z e m b r o d e 2 0 1 0

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Índice 5

Prólogo 6

Resumo executivo 8

O cenário global 10

Oportunidades para uma nova arquitetura na América Latina 14

O Brasil como um dos polos de investimentos e negócios da região 22

O caso do setor financeiro e seu papelna rede de negócios 36

Crescimento sem artificialismos: uma evoluçãopara o Brasil, uma visão para a região 44

Os benefícios estratégicos de uma redede negócios fortalecida na América Latina 48

Condições necessárias para o sucesso 52

O papel da BRAiN 62

ÍNDICE01

02

03

04

05

06

07

08

09

10

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6 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 7

O presente relatório resume a visão e as propostas desenvolvidas du-rante o chamado Projeto Ômega, o qual articulou uma percepção so-bre o fortalecimento da rede de negócios na América Latina e o papel do Brasil na mesma, levando à criação da BRAiN (Brasil Investimen-tos e Negócios) como o veículo para catalisar sua implementação.

O Projeto Ômega foi desenvolvido entre setembro de 2008 e maio de 2009 por iniciativa e sob a liderança e financiamento da ANBID (hoje ANBIMA), da BM&FBovespa e da FEBRABAN, com o apoio do Boston Consulting Group e a participação ativa dos setores público e privado. Tendo surgido a partir do envolvimento de seus ideali-zadores no BEST (Brazil Excellence in Securities Transactions), uma iniciativa pública e privada voltada a promover o mercado de capitais brasileiro no exterior, o projeto é uma evolução de ideias sobre o valor de iniciativas em parceria entre governo e instituições privadas. Durante o curso do Projeto Ômega, aos idealizadores se juntaram ainda outras entidades de mercado que ajudaram a fundar a BRAiN: Banco Bradesco, Banco do Brasil, Banco Santander, Banco Votorantim, BTG Pactual, CETIP, Citibank, Fecomercio, HSBC e Itaú-Unibanco.

Durante o projeto aproximadamente 300 pessoas de mais de 70 ins-tituições públicas e privadas foram envolvidas, com a participação de formadores de opinião de diversos setores. O projeto foi apresentado para diretorias e executivos de empresas, entidades de classe, econo-mistas e técnicos de renome, assim como para autarquias e represen-tantes das esferas federal, estadual e municipal do governo, incluindo o Ministério da Fazenda, o Banco Central do Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, as prefeituras de São Paulo e do Rio de Janeiro e seus respec-tivos governos estaduais. A interação com os mais variados setores durante o processo deixou claro que enfocar as discussões somente no setor financeiro seria pouco compatível com o tamanho e a diver-sidade da América Latina e do Brasil - o desenvolvimento da região e a situação internacional geraram uma visão emergente mais ampla e abrangente. Como resultado, desenhou-se a visão multissetorial da América Latina como uma rede regional de negócios fortemente in-terconectada aqui exposta, hoje apoiada pela BRAiN.

Mais informações sobre esta visão e a BRAiN estão disponíveis no site (www.brainbrasil.org).

01 PRÓLOGO“EstE é um projEto quE vEm na hora cErta para o país.”henrique meirelles, presidente do Banco central do Brasil

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8 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 9

02 RESUMO ExECUTIVO

O setor de serviços em geral, e o segmento financeiro em par-ticular, são catalisadores essenciais para a concretização de uma rede regional na América Latina. A região experimenta uma janela de oportunidade na qual é possível concretizar uma visão multissetorial abrangente. Um setor financeiro desenvolvido é vital para catalisar a formação desta rede, atraindo investidores externos, trazendo liquidez de capitais e financiando o crescimento de toda a região. A força e a solidez do sistema bancário e do mercado de capitais de alguns dos países latino-americanos servem de ponto de partida nessa caminhada.

A visão de uma rede de negócios com o Brasil como um de seus polos não requer movimentos artificiais de liberalização e exposição imprudentes. Não é preciso ser inconsistente com o perfil dos países

da região, com economias sólidas, diversificadas e com crescente projeção internacional. Por exemplo, não se trata de um

projeto que requer total conversibilidade cambial ou vantagens fiscais. A visão é de uma economia com rápida capacidade de recuperação, adaptável e di-versificada, com um setor de serviços internacio-nalizado que suporte a projeção das multilatinas e gere benefícios para os diversos setores da econo-

mia e da sociedade da América Latina como um todo.

Uma rede regional mais forte na América Latina deve trazer grandes benefícios para todos os paí-

ses da região. O maior acesso aos capitais internacionais deve potencializar o crescimento local. As empresas da

região terão condições mais favoráveis para se expandirem e se internacionalizarem, criando demanda por serviços inter-

nacionalizados e gerando empregos em toda a economia.

Sem esforços coordenados o sucesso não é garantido. Outros países com potencial semelhante ou maior perderam sua janela de oportuni-dade. O sucesso requer uma ação coordenada, estratégica, público-pri-vada, de longo prazo e em múltiplas frentes que incluem a simplificação do sistema tributário e das regulações burocráticas, o desenvolvimento da educação e o aumento da cooperação internacional e dos governos com a iniciativa privada.

A BRAiN foi criada para ajudar a catalisar as mudanças necessárias para a formação desta rede regional na América Latina, tendo o Bra-sil como um dos polos regionais. A BRAiN busca preencher a atual lacu-na de coordenação entre os representantes dos setores público e privado – tarefa que já é cumprida por entidades equivalentes em outros polos. Este relatório é um dos primeiros aportes da entidade e tem como objetivo cristalizar a visão de uma rede de negócios na América Latina e promover o diálogo com todos os que compartilham desta visão para a região.

As principais regiões do mundo estão estruturadas em redes de negócios. Redes são formadas por quatro tipos de polos, de acordo com seu escopo de atuação: globais, regionais, locais e especializados1. América do Norte, Europa e Ásia concentram a maior parte da atividade econômica global e já se estruturam em redes de negócios articuladas, com diversos tipos de polos. Esta configuração está, no entanto, sofren-do mudanças. As regiões mais desenvolvidas estão passando por pro-fundas crises e transformações que criam um novo entorno de desafios e oportunidades para a América Latina e o Brasil, em especial.

A América Latina tem a oportunidade de transformar e aperfeiçoar sua ainda incipiente arquitetura de rede. A região possui tamanho e potencial de crescimento que vêm chamando a atenção de todo o mundo, porém os vínculos entres seus polos de negócios locais são mui-tas vezes intermediados pelos grandes polos globais de Nova Iorque e Londres. Este é o momento para a América Latina alavancar seu grande potencial e suas importantes vantagens estratégicas, como seu peso no comércio internacional e suas multilatinas2, para criar uma rede mais conectada entre países, minimizando intermédios ao acesso aos capi-tais e gerando novas oportunidades de negócios, renda e emprego por meio de vínculos diretos fortalecidos com outras redes regionais. Vários países na região já começaram este processo, mas ainda falta percorrer um caminho significativo que requer esforços consistentes por parte da América Latina e do Brasil. O momento é agora.

O Brasil reúne as qualidades necessárias para se tornar também um dos polos desta nova arquitetura regional. O País tem um pa-pel importante no continente e deve crescer com vigor na próxima década, fortalecendo seus vínculos com os países vizinhos e com o mundo. Nossa visão é consolidar o Brasil como um dos polos regio-nais de investimentos e negócios com conectividade global que, junto com os outros países da região, atue na criação de uma rede regional fortalecida e mais conectada com o mundo. Esta visão é factível mas ambiciosa e, para atingi-la, o Brasil deverá explorar suas vantagens para superar diversos desafios como o excesso de burocracia e a infra-estrutura pouco competitiva. É vital que o País mantenha e reforce os fundamentos sólidos de sua economia e de sua regulação, dando as bases para a expansão internacional de suas empresas.

1 Classificação de polos desenvolvida durante o Projeto Ômega2 Empresas multinacionais originárias da América Latina, com proporção significativa de negócios em outros países

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10 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 11

03 O CENÁRIO GLOBAL

as principais rEgiõEs do mundo EstãoEstruturadas Em rEdEs dE nEgócios

litam o intercâmbio de capitais, negócios e pessoas de toda a sua região com as demais e com outros polos regionais e globais. Exemplos de polos regio-nais são Dubai, Hong Kong e Cingapura.

• Polos locais concentram os fluxos de investi-mentos e negócios em seus países ou mercados. Isso abrange não apenas os fluxos propriamente ditos mas também a presença de uma estrutura viabilizadora que inclui mercados organizados de serviços, produtos, capitais e trabalho. É impor-tante frisar que a presença desse tipo de polo não implica em menor crescimento de outras cidades ou regiões do país, que se beneficiam tanto direta quanto indiretamente dos fluxos de investimento

canalizados pelo polo. Como exemplos podem-se citar Paris, Milão, Tóquio, Mumbai, São Paulo, Rio de Janeiro, Santiago e Cidade do México.

• Polos especializados atuam como referência in-ternacional para um tipo de produto, de serviço ou de segmento específico. São os casos de Zurique (seguros), Chicago (trading de commodities), Vale do Silício (tecnologia) e Mumbai (outsourcing de TI).

Regiões como América do Norte, Europa, Ásia e Oriente Médio, que concentram grande parte da atividade econômica global, já se estruturaram em redes com diversos tipos de polos convivendo de maneira sinérgica. (veja Diagrama 1)

O mundo está cada vez mais integrado. Fluxos de capitais, de pessoas, de conhecimentos, de investimentos e de negócios intensificam-se entre os países, aproximando nações e culturas. Empresas e pessoas em Londres investem em companhias latino-americanas. Executivos de toda a América Latina fazem MBAs nos Estados Unidos. Profissio-nais de todo o planeta participam de eventos em Pequim ou Hong Kong. As decisões de negócio de filiais asiáticas, latino-americanas e de todo o mundo passam pelas sedes das empresas em Londres, Nova Iorque ou outros grandes centros de negócios globais.

Essa integração não é, no entanto, um movimento homogêneo no qual todos os países se aproximam simultaneamente. As distâncias geográfica, cultural e econômica interferem muito. Essas diferenças ainda norteiam a lógica por trás da formação de redes regionais inte-gradas que pautam os fluxos de investimentos e negócios pelo globo.

Fluxos de investimentos e negócios tendem a criar redes fortemen-te integradas. Algumas das cidades dentro dessas redes emergem como polos destes fluxos, com um grau maior ou menor de conectivi-dade com os demais. Podemos segmentar estes polos em quatro tipos conforme seu papel na rede de negócios global:

• Polos globais, hoje limitados a Nova Iorque e Londres, possuem forte conectividade com as diferentes regiões do globo e seus polos, tornando-se verdadeiros hubs para fluxos internacionais de investi-mento e negócios, fornecendo todos os tipos de serviços e produtos para o mundo.

• Polos regionais viabilizam e estimulam o desenvolvimento de co-nexões entre os diversos países de uma região, provendo os mais diversos tipos de produtos e serviços para estes países. Ao fazê-lo aumentam os fluxos de investimentos e negócios entre os países e, por consequência, o grau de cooperação dos mesmos. Estes polos faci-

DIAGRAMA 1O globo está estruturado em torno de regiões com conexões

articuladas - exemplo da indústria financeira

Fonte: Entrevistas com experts; Pesquisa na imprensa; análise BCG

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12 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 13

A configuração destas redes é, porém, fluida e está em constante evo-lução. Estados Unidos, Reino Unido e os países na Zona do Euro têm passado recentemente por profundas crises e transformações. Os enca-deamentos dessas crises desde 2008 – da crise de liquidez nos bancos norte-americanos à crise de dívida soberana da Grécia – têm impactado as perspectivas de crescimento de seus países. Aspectos estruturais de suas economias3 não apontam para soluções no curto prazo e preceitos regulatórios estão sendo revistos para diminuir a fragilidade a outras crises4. Ao mesmo tempo, e para surpresa de muitos, grande parte da América Latina tem resistido a esses movimentos com grande capaci-dade de adaptação, com modelos prudenciais sólidos moldados pelas diversas crises enfrentadas nas últimas três décadas.

O impacto desigual destas crises sobre as diferentes regiões do mundo tem deslocado fluxos de investimentos e negócios dos países mais atingidos para outras regiões e, assim, criado um entorno de opor-tunidades para aceleração do desenvolvimento de polos e redes de investimentos e negócios em regiões como Ásia, Oriente Médio e, em particular, na América Latina.

“os cEntros gloBais Estão sE movimEntando E, portanto, não podEmos considErar o jogo ganho. prEcisamos Encará-lo como um incEntivo à compEtitividadE.”Fábio Barbosa, presidente da FEBraBan

3 Por exemplo, a adoção do Euro em diversos países4 Por exemplo, as regulações financeiras dos EUA

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14 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 15

04 OPORTUNIDADES PARA UMA NOVA ARqUITETURA NA AMÉRICA LATINAa rEgião tEm a oportunidadE dE transFormar E apErFEiçoar a ainda incipiEntE arquitEtura dE sua rEdE

Diferentemente da América do Norte, da Europa e da Ásia, a América Latina apresenta uma rede de negócios ainda incipiente, com uma arquitetura fortemente vinculada aos grandes polos globais. Os polos de investimentos e negócios da região são essencialmente locais e focados em suas economias domésticas, interagindo entre si e com o mundo por meio de centros como Nova Iorque e Londres. Mesmo as operações de câmbio são intermediadas pelo dólar. Essa arquitetura dificulta e torna as operações regionais pouco eficientes.

É fato que nas últimas décadas houve importantes avanços em prol da cooperação regional: o desenvolvimento de acordos comerciais e de investimento, como o Mercosul e o Pacto Andino, e a regionalização de operações de diversas multilatinas estão transformando a região (veja Diagrama 2). No entanto, a América Latina ainda não conta com polos regionais como Hong Kong, Dubai ou Cingapura. Tampouco ob-teve uma evolução perceptível na harmonização regulatória ou no de-senvolvimento de uma infraestrutura regional – como há muito tempo ocorre na Europa.

O momento nunca foi tão favorável para a América Latina rever sua arquitetura regional. Em uma conjuntura mundial de pequeno cresci-mento e grandes incertezas, a América Latina desponta como uma região atraente, com vantagens estratégicas e oportunidade para de-senvolver uma nova topologia de negócios:

DIAGRAMA 2Número de multilatinas com operações em cada região

do mundo por país de origem em 2007

Fonte: Sites e relatórios anuais das empresas; pesquisa na imprensa análise BCG

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• A região tem um PIB combinado de US$ 3,5 trilhões, comparável ao da China e superior ao da Rússia, ao da Índia e ao do Leste Europeu (veja Diagrama 3).

• A região tem recursos naturais abundantes e grande peso no comercio internacional de commo-dities, sendo responsável por quase metade da pro-dução de soja e de açúcar do mundo, 40% do cobre e da prata e cerca de 20% do ferro, da bauxita, do zinco e do ouro.

• A população total da região é de 440 milhões de pessoas, sendo menor do que a da China e a da Índia somente e superando os Estados Unidos e a Zona do

DIAGRAMA 3A América Latina é uma região muito importante, com grande

potencial de crescimento econômico

capitalização e liquidez para enfrentar grandes desafios financeiros, e operam dentro de marcos regulatórios reconhecidamente melhor dese-nhados para evitar crises5.

• Por fim, a expansão das multilatinas, multinacionais latino-ameri-canas com grande presença regional e internacional (veja novamente o Diagrama 2) e do comércio entre os países cria momentum para uma maior integração regional.

Entendemos que a América Latina pode redefinir sua arquitetura re-gional de investimentos e negócios, criando uma rede com vínculos diretos mais fortes entre seus países e com outras redes regionais (veja Diagrama 4). A região deve configurar uma verdadeira rede mul-

5 Por exemplo, a obrigação de ter reservas maiores do que as indicadas pelo Índice de Basileia

PIB2009

(US$ T)

População2009(M)

Market capDec. 09 1

(US$ T)

Crédito/PIB 2 (%)

Variaçãoreal do PIB

(%)

2009

2010 E

3,5

437

4,0

2,2

4,9

1.3353,3

3,6

1,2

141

1,7

0,73

1160,7

0,3

1,3 1,3

1.1660,6

1,332

146 150249

154

-2,6 -2,5-5,2 -4,9 -4,0

Importância comparada com outros emergentes

1. Bulgária, Croácia, República Checa, Estônia, Hungria, Lituânia, Letônia, Macedônia, Polônia, Romênia, Eslováquia, Eslovênia. 2. Crédito privado, estimativas EIU. Dados agregados para área do Euro não disponíveiss, número exibido da Europa Ocidental. 3. MICEx, maior bolsa RussaFonte: World Federation of Exchanges; The Economist Intelligent Unit; Bolsas de valores individuais

AméricaLatina

AméricaLatina

Europado Leste1

R. UnidoChina EUARússia JapãoÍndia Área do Euro

Potencial de crescimento econômico

Euro. Esse fato representa um enorme potencial de consumo, mão de obra e desenvolvimento.

• As taxas de crescimento históricas e previstas da região são consistentemente superiores à média glo-bal e à dos países desenvolvidos (veja Diagrama 3).

• Cinco países já têm grau de investimento: Brasil, México, Colômbia, Chile e Peru, cujos PIBs somados representam 80% do PIB da região.

• Num momento em que grandes bancos globais mostraram-se vulneráveis, os bancos do continen-te permaneceram sólidos, apresentando níveis de

DIAGRAMA 4Estrutura de rede atual e alvo na América Latina

Fonte: Entrevistas e Workshops projeto Omega

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“a Brain é como uma grandE pEdra jogada no cEntro dE um lago: sEus EFEitos vão muito além do impacto no ponto inicial – o mErcado dE capitais – Espalhando-sE por ondas quE movimEntam toda a supErFíciE da atividadE Econômica.” abram szajman, presidente da Fecomercio

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20 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 21

tipolar, distanciando-se do modelo atual, radial, em que todos os polos locais dependem diretamente dos serviços oferecidos pelos grandes polos globais de Londres e Nova Iorque. A força dessa rede depende da força de cada um de seus membros, e seu impacto deve crescer junto com a competitividade de cada um deles.

Há vários desafios a serem superados, no entanto:

• A região ainda não conta com sistemas de pagamentos interligados (como os existentes no norte da Europa) e ainda existem obstáculos para o desenvolvimento de um mercado de capitais regional mais representativo e forte do que as bolsas locais individuais (criando uma rede de co-trading como a NOREx, por exemplo).

• A malha aérea da região é pouco densa, fazendo com que viagens frequentemente demandem múltiplas escalas.

• As principais universidades da região ainda focam em parcerias e in-tercâmbios com instituições principalmente europeias, deixando opor-tunidades de maior integração dentro da região em segundo plano.

• Os países da região têm feito esforços limitados para simplificar e harmonizar suas regulações, um movimento que precisa ser reforçado.

• A infraestrutura de transportes e comunicação dentro da região pre-cisa ser otimizada e melhor integrada.

A superação desses desafios e de outros deve criar as condições para que a região, enfim, passe a abrigar polos de atuação regional com distintos perfis e graus de especialização.

Vários países da América Latina já se movimentam para fortalecer seus polos de investimentos e negócios. As bolsas do Chile, do Peru e da Colômbia já firmaram parceria. O Chile vem alavancando principal-mente sua estabilidade macroeconômica e a qualificação da sua mão de obra para posicionar-se como sede para empresas de terceirização de TI e processos, e também como melhor local para headquarters re-gionais. O Panamá tenta consolidar-se como centro especializado em investimentos off-shore. O Uruguai busca tornar-se um polo off-shore e de serviços, desenvolvendo centros universitários e de tecnologia.

Ainda resta muito a ser feito, mas o momento é agora – a janela de oportunidade não ficará indefinidamente aberta. Outros polos como Nova Iorque, Londres, Madri e Miami já percebem o valor estratégico da região e buscam atendê-la de forma remota, à procura de oportu-nidades de crescimento. O Brasil, com sua relevância econômica, pode ser um dos grandes catalisadores desta nova arquitetura.

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22 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 23

05 O BRASIL COMO UM DOS POLOS DE INVESTIMENTOS ENEGÓCIOS DA REGIãOpaís rEúnE as qualidadEs nEcEssárias para sE tornar tamBém um dos polos catalisadorEs da nova arquitEtura rEgional

O Brasil é o quinto maior país em extensão e população do mundo. O País já é um dos principais polos da América Latina aos olhos de diver-sas multinacionais que nele estabeleceram suas sedes regionais, bem como de investidores internacionais que participam em seus mercados de capitais. Nos últimos 15 anos, o Brasil passou por um processo de transformação, atingindo estabilidade macroeconômica e maturidade institucional, bases fundamentais para uma maior projeção internacio-nal. As conquistas nesse período foram inúmeras: o País controlou a inflação, consolidou uma democracia madura, acumulou amplas reser-vas internacionais, abriu seu mercado interno para o mundo, adotou um regime monetário sólido, reforçou suas instituições e seu arcabouço regulatório e foi reconhecido com o investment grade, entre diversas outras vitórias.

O Brasil é destaque por seu mercado interno em franca expansão – impulsionado pelo aumento da renda e pela ascensão de uma “nova” classe média – e por sua posição cada vez mais relevante no comércio internacional – além do celebrado destaque no comércio de diversas commodities, exporta-se cada vez mais produtos sofisticados como aviões, carros e equipamentos industriais (veja Diagrama 5). Nas últi-mas décadas, o País atingiu posição de evidência crescente no globo e na região, representando hoje quase metade da população e da economia dos principais países da América Latina (veja Diagrama 6).

A economia brasileira tem potencial reconhecido, tendo se mostrado adaptável e com rápida capacidade de recuperação às crises financeiras que impactaram o mundo e podendo se tornar uma das cinco maiores do mundo na próxima década.

DIAGRAMA 5Crescimento do consumo e da produção de commodities são destaques brasileiros no cenário internacional

Consumo da população brasileira crescendo aceleradamente

Brasil é um grande produtor mundial de commodities

Consumo per capita no Brasil Share da produção mundial (2006)

6.000Café

Etanol

Açucar

Soja

Carne

Ferro

Bauxita

Petróleo

Zinco

Ouro

Cobre

Prata

BrasilResto da

América Latina

AgribusinessM

inerais

Resto do mundo

4.000

2.000

02000 2002 2004 2006 2008

+16%

33%

33%

30%

24%

17%

17%

12%

3%

2%

2%

1%

0%

29%

1%

14%

20%

10%

3%

14%

11%

19%

17%

40%

42%

38%

38%

56%

56%

73%

80%

74%

87%

79%

82%

59%

57%

Fonte: The Economist Intelligence Unit, CEPAL, USGS, FAO

DIAGRAMA 6Brasil possui grande relevância dentro da América Latina

População dos 7 maiores países da América Latina (2009, M hab.)

PIB nominal das 7 principais economias da América Latina (2009, US$ M)

Brasil (43%)

México (24%)

Venezuela (9%)Venezuela (6%)

México (24%)

Brasil (42%)

Argentina (8%)Argentina (9%)

Colômbia (6%) Colômbia (10%)

Chile (4%) Chile (4%)

Peru (3%) Peru (6%)

1.573 194

875111

32528

30940

23146

16317

127 30

Fonte: The Economist Intelligence Unit

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24 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 25

Mesmo com sua crescente visibilidade internacional e sua economia cada vez mais sólida, o Brasil ainda pode ir além. Acreditamos que o País seja uma peça fundamental para catalisar as transformações ne-cessárias na topologia e na arquitetura de negócios da América Latina – transformações essas que irão alicerçar a continuidade dos processos de expansão e fortalecimento das economias latino-americanas.

Nesse sentido, identificamos três alavancas de oportunidade para que o País continue expandindo seu posicionamento (veja Diagrama 7):

• O crescimento ininterrupto do mercado local, apoiado pelo estímulo ao aumento de sua com-petitividade, esforço que já é e continuará sendo base de desenvolvimento do País.

• O reforço e a ampliação das conexões regionais dentro da própria América Latina. Dadas as proxi-midades geográfica, cultural e comercial de seus pa-íses, é natural que a região caminhe para uma maior integração econômica. O Brasil tem condições de ser um dos polos e catalisadores desta rede mais inte-grada, atuando como uma plataforma para operação na América Latina e também colaborando para que a

DIAGRAMA 7Três alavancas delineiam a visão da BRAiN

região acesse outros mercados do mundo.

• O desenvolvimento de projeção e conexões glo-bais. É cada vez mais importante que o Brasil reforce sua posição dentro da rede global de negócios, firman-do laços mais próximos com polos como Paris, Cin-gapura e Hong Kong. Estes polos são vitais dentro da rede de negócios global, mas hoje têm fluxos diretos de investimentos e negócios relativamente limitados com o Brasil se comparado com fluxos com polos glo-bais como Nova Iorque e Londres. Maior conectividade global permitirá ao Brasil e à América Latina acesso mais amplo e direto à poupança existente no mundo.

Essas três alavancas compõem as linhas gerais do que a BRAiN propõe para consolidar o Brasil como um dos polos regionais com conectividade global da nova rede de investimentos e negócios da Amé-rica Latina (veja novamente Diagrama 7).

Após todos os avanços que o Brasil tem vivido, torná-lo um polo regional de investimentos e negócios é um próximo passo natural. O País não deve buscar tornar-se um polo especializado, no entanto, pois este movi-mento ignoraria seu peso e sua vocação como um país de economia diversificada.

PolosGlobais

PolosInternacionais Polos regionais Centros especializados

PolosLocais

Desenvolver o mercado local reforçando a competitividade do ecossistema

Aumentar a conectividade com polos internacionais

Catalisar a criação de uma rede regional

Brasil

Fonte: Entrevistas e Workshops projeto Omega

qUADRO AO que a visão do Brasil como polo significa para a região

A visão articulada pela BRAiN – “tornar o Bra-sil um dos polos regionais com conectividade global da nova rede de investimentos e negó-cios na América Latina” – pode ser desdobrada em diversos componentes e exemplos que ajudam a tornar tangível o que a instituição almeja para a região:

• Melhoria das condições para a interna-cionalização das empresas. Com acordos, harmonização regulatória e menores barreiras para operações internacionais em geral, a re-gião deverá naturalmente se tornar berço de um número cada vez maior de multinacionais e, ao mesmo tempo, se tornar um destino cada vez mais atraente para abrigar operações de multinacionais de outros continentes.

• Reforço da exportação de serviços. Para isso, a região deve contar com infraestrutura e regulações modernas e eficientes. Com isso, setores diversos como serviços profissionais (auditoria, consultoria, assessoria jurídica...), tecnologia e outsourcing de processos poderão desenvolver-se na região, oferecendo serviços para clientes de todo o mundo de maneira competitiva.

• Capacidade de formação e atração de talen-tos com experiência e nível internacionais. É necessário, ao mesmo tempo, oferecer as con-dições de vida e mobilidade para atrair talentos

de outros países e estabelecer uma rede de uni-versidades voltada para o mundo, com redes de parcerias e intercâmbios reforçadas regional e globalmente.

• Regionalização e reforço do sistema finan-ceiro em todos os seus segmentos. Mercados de capitais mais fortes e com maior presença de empresas e de ativos internacionais, junto com bancos e seguradoras latinas operando em toda a região, são elementos vitais para apoiar o desenvolvimento de uma rede regional.

• Estrutura moderna de transporte. Esta é uma condição crítica para qualquer rede de ne-gócios, especialmente em transporte aéreo, es-timulando fluxos de executivos e profissionais. Isso depende de aeroportos maiores, mais nu-merosos e eficientes, que, junto com regulação e acordos mais modernos, estimulem uma ma-lha aérea de maior densidade, com mais linhas e voos diretos entre países da América Latina.

• Maior destaque para o turismo de negócios. Além da necessidade de reforçar a malha aérea, a visão passa também por maior disponibilidade de estruturas como hotéis e centros de conven-ções de ponta na região. O país deveria ser um destino atraente para sediar feiras cada vez mais relevantes e eventos globais e regionais de mul-tinacionais, ajudando a atrair negócios e a incre-mentar a visibilidade global da região.

A visão da BRAiN coloca o Brasil como um polo de desenvolvimento diversificado que contribui com a articulação de uma rede latino-ame-ricana, atrai investimentos e gera empregos em toda a região.

Essa visão pode ser desdobrada em múltiplos componentes (veja qua-dro A para exemplos concretos da visão em várias dimensões).

Page 14: O Brasil como um dos Polos na nova rede de negócios na América Latina

26 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 27

DIAGRAMA 8O Brasil possui lacunas de competitividade quando comparado aos principais polos do mundo

Economía real

INDICADOR

Global

EUA UK HKG FRA CIN EAU SUI ALE JAP COR BRA

Regional Especialista Local

Relevância econômicaRisco paísConcentração FS da região

Transporte aéreoInternet banda largaQualidade de vidaSegurança

Atração de estrangeirosExperiência no exterior Formação local (finanças)Mão-de-obra (não-FS)

Facilidade de abrir negócioNível de corrupção percebido

Regulação financeiraIncentivos a invest. estrang.

Impostos (% PIB)Complexidade dos impostos

Entidade dedicada

Infraestrutura e qualidade de vida

Força de trabalho

Burocracia

Regulação

Impostos

Governança

1. Melhores 33% dos países do ranking global 2. Piores 33% países do ranking global / Fonte: EIU; World Competitiveness Yearbook (WCY) – IMD; OECD; Bacen; World Bank; Euromonitor; GMI; GMAC; World Economic Forum; Ease of Doing Business; Unesco

Melhores 1 Médios Piores 2

Esta é uma visão ambiciosa, no entanto, e o cami-nho rumo à visão do Brasil como polo regional de investimentos e negócios é longo: o país apresenta significativas lacunas de competitividade quando comparado aos principais polos do mundo (veja Diagrama 8).

O sistema tributário excessivamente complexo é um dos desafios mais importantes enfrentados pelo

Brasil hoje. Proliferam múltiplos impostos e contri-buições com distintas bases de cálculo e esferas de incidência (federal, estaduais ou municipais), geran-do carga de trabalho e custos desproporcionais que prejudicam diretamente as empresas. Companhias no Brasil gastam 2.600 homens-hora preenchendo im-postos, um esforço 26 vezes maior do que o de em-presas similares em países como o Reino Unido, que gastam cerca de 100 homens-hora na mesma tarefa.

Page 15: O Brasil como um dos Polos na nova rede de negócios na América Latina

28 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 29

O excesso de burocracia, que não se restringe ao sistema tributário, afeta as mais diversas atividades produtivas. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) estimou o custo da burocracia para a indústria no Estado em R$ 46 bilhões por ano. Um exemplo claro são as operações de câmbio, prejudicadas pela legislação que, apesar de avanços recentes, ainda impõe uma série de distorções que impactam os mercados de câmbio, aumentando os custos de transações de em-presas com o exterior. Operações do dia a dia de negócios, como criar e fechar empresas, contestar contratos, importar e exportar são dificulta-das e encarecidas por procedimentos complexos que envolvem múlti-plas instâncias de aprovação e execução (veja Diagrama 9).

A disponibilidade limitada de profissionais com capacidade de atuar em mercados globais é outro desafio. A população, incluindo universitá-rios, tem experiência internacional e fluência em línguas estrangeiras limitada - o volume de exames TOEFL no País representa menos de 1% do número de graduados em cursos superiores (veja Diagrama 10). A já citada burocracia também agrava o problema de talentos do país, difi-cultando a mobilidade de pessoas com processos lentos e complexos para a emissão de vistos e de documentação permanente.

A infraestrutura pouco competitiva do País reduz sua atratividade como polo regional: o transporte de cargas sofre em todos os mo-dais, com portos, ferrovias e rodovias deficientes – em uma pes-quisa do World Economic Forum que avaliou 139 países em 2010, o sistema rodoviário brasileiro foi considerado o 35º pior e o sistema portuário o 17º pior do mundo. Esta infraestrutura diminui a compe-titividade, especialmente nas exportações industriais e de commodi-ties. A malha aérea pouco densa aliada ao trânsito e aos conhecidos problemas de segurança nas grandes cidades agrava a dificuldade de atrair talentos, centros de decisão de empresas e eventos de grande porte para o País. A infraestrutura de telecomunicações também está longe do ideal, sendo cara e de qualidade aquém à de países desenvol-vidos, fragilizando especialmente os setores de tecnologia e serviços.

A imagem do País, desalinhada com a de um centro de negócios, é outro desafio importante. Apesar do crescente destaque que o Brasil e sua economia atingiram, a imagem há muito estabelecida do País como pouco mais que um destino turístico ainda perdura (veja Diagrama 11). Transformar o Brasil em um polo regional demanda uma percepção alinhada com o novo posicionamento de polo de negócios.

A segurança jurídica do País precisa ser reforçada. A alteração constan-te de normas e as disparidades de decisões judiciais sobre uma mesma matéria geram imprevisibilidade e insegurança institucionais. Além dis-so, a lentidão do sistema judiciário brasileiro em temas contratuais, tra-balhistas e outros é um grande entrave para a atração de investimentos externos e para a economia como um todo.

DIAGRAMA 9Burocracia em diversas atividades dificulta a realização de negócios no Brasil

CingapuraHong Kong

EUAFrançaMéxico

Reino UnidoCoréia

Em. ÁrabesAlemanhaColômbia

JapãoChile

Brasil

4 6 8 8 8 9 9 9 9 10 13 14 15

0,60,8 1,0 1,1 1,2 1,5 1,5 1,8 1,9 3,0 4,0 4,5 5,1

3667 13 13 14 15 18 20 23 27 120

314152552536367798896109176

241417202925374085118133145

1691011162127283175103112

JapãoCingapura

Reino UnidoHong KongAlemanha

CoréiaEUA

MéxicoFrança

ColômbiaBrasilChile

Em. Árabes

FrançaCoréia

CingapuraHong Kong

Reino UnidoAlemanha

EUAJapãoSuiça

MéxicoChile

ColômbiaBrasil

Dias para abrir um negócio

Ranking

Anos para fechar um negócio

Documentos para comércio exterior1

1. Soma dos documentos necessários para se realizar Exportações e ImportaçõesFonte: World Bank: Ease of doing business research, MD – World Competitiveness Yearbook

Ranking Ranking

DIAGRAMA 10Universitários com pouco trânsito internacional

% de estudantes universitários1 com experiência acadêmica internacional

Hong Kong

Em. Árabes

Suiça

Alemanha

França

Japão

Reino Unido

México

Chile

Brasil

Argentina

EUA

21,3

6,7

5,3

3,1

2,5

1,4

1,2

1,0

1,0

0,4

0,4

0,3

0% 2 4 6 22

1.Fluxo anual médio de alunos entre 2005 e 2008 durante formação superiorFonte: Unesco- Global Education Digest 2008

Page 16: O Brasil como um dos Polos na nova rede de negócios na América Latina

30 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 31

DIAGRAMA 11Imagem do Brasil no exterior desalinhada com a de um polo regional de investimentos e negócios

Brasil se projeta fortemente nas dimensões de esporte e lazer...

... mas tem imagem abaixo da média internacional nas dimensões de negócio

Itália

Irã Nigéria

Melhor país

Pior país

Média

França Canadá CanadáJapão Suiça

Turismo1 Cultura2 Hospitalidade3 Governo5Inovação

de produto4Investimento e Imigração6

Irã Irã Irã Irã

1. Perguntas: Interesse em visitar o pais, É rico em beleza natural e monumentos históricos e cidades excitantes 2. Tem sucesso em esportes e tem herança cultural, Tem cultura contemporânea 3.Tem hospitalidade, Gostaria de ter amigos desse país, Uma pessoa bem qualificada poderia ser um empregado valioso 4. Contribui o país com a ciência e a tecnologia, Impacto das pessoas que compram produtos brasileiros, Tem idéias de avançada 5.Tem governo honesto que respeita os direitos, Responsabilidade com a paz e a segurança, Preocupação com a pobreza e o meio ambiente 6.qualidade de vida no país, Você está aberto a morar por um período prolongado, Tem boas qualificações educacionais, Tem negócios interessantesNota: pesquisa realizada entre 50 paísesFonte: The Anholt-GfK Roper Nation Brands IndexSM 2008 50 country Report

Não existem, entretanto, apenas problemas. Além dos desafios pode-mos apontar também uma série de vantagens competitivas claras que podem ajudar a propelir o País à posição de um polo regional:

A economia brasileira, cada vez mais dinâmica, é talvez a principal e mais elementar das fortalezas do País. Já mencionamos a força de seu mercado interno e sua relevância dentro da América Latina e dentro dos mercados globais de commodities. Além de mais relevante e dinâmica, a economia está também cada vez mais robusta e capaz de recuperar-se nas crises – em 2009, o PIB brasileiro permaneceu estável enquanto o PIB mundial encolhia 2% sob o efeito da crise e, em 2010, o PIB do país deve crescer 6% ou mais, a despeito de efeitos continuados da cri-se no mundo. Dinamismo e robustez ajudam a colocar o Brasil em uma posição de destaque no cenário de investimentos global.

Um setor financeiro sólido, apoiado na prudência da regulação e auto-regulação financeiras no país é uma vantagem competitiva que vem ajudando a proteger o Brasil de choques financeiros. Essa regulação financeira atua como alicerce de um sistema bancário sólido

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32 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 33

(95% das recomendações do Comitê de Basileia já estão implantadas e níveis de capitalização acima dos padrões internacionais), diverso (com presença relevante de bancos locais e internacionais) e inovador (com sistemas de pagamentos, custódia e liquidação que são re-ferência mesmo para países desenvolvidos, veja Diagrama 12). Uma base regulatória sólida e confiável para o setor financeiro permite que a economia real se desenvolva sem medo de choques financeiros. Por isso, essa base deve ser prezada e reforçada.

O Brasil tem mercado de capitais desenvolvido, de grande rele-vância na América Latina e no mundo. Isto é benéfico tanto pelo fi-nanciamento da expansão – local e internacional – das empresas por intermédio do mercado de ações, quanto pela possibilidade dos mer-cados de derivativos ajudarem – se bem utilizados – as empresas a superarem incertezas e volatilidades por meio de hedging. Além disso, os mercados de capitais também ajudam a atrair os investimentos e olhos do mundo para o Brasil, auxiliando sua projeção global.

DIAGRAMA 12A regulação brasileira já cumpre várias das recomendações do G30 para estabilidade financeira

• Regulação e supervisão prudencial de bancos

• Supervisão consolidada de outras IFs

• Supervisão de fundos mútuos “money market”

• Supervisão de capitais privados

• Entidades patrocinadas pelo governo

• Padrões regulatórios de governança e gestão de risco

• Padrões regulatórios cíclicos de capital requerido

• Padrões para gerenciamento de risco de liquidez

• Contabilidade de valor justo

• Estrutura regulatória

• Papel do banco central

• Coordenação internacional

• Confiança em mercados de créditos securitizados

• Reforma de agências de rating

• Supervisão de mercados OTC e de CDS

• Mecanismo de resolução para IFs

• Transparência de produtos estruturados

Cobertura da regulação prudencial Supervisão da regulação prudencial

Maior transparência nos mercados

Reforço em padrões regulatórios

N/A

N/A

Fonte: G30 Jan/2009

A ser desenvolvida Já existente

N/A

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34 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 35

DIAGRAMA 13Brasil já é sede de diversas empresas com operações em todo o mundo

Fonte:Thomson Financials

Apesar de dificuldades ainda existentes no sistema educacional, o Brasil já conta com universidades de destaque internacional, como a Uni-versidade de São Paulo. Estas instituições possuem destaque na Améri-ca Latina e no mundo na produção de conhecimento e na formação de profissionais de qualidade e já recebem estudantes de todo o planeta – acelerando a atração de talentos internacionais para o País.

A existência de diversas empresas brasileiras multinacionais ou em processo de internacionalização (veja Diagrama 13) ajuda a pavimentar o caminho para uma projeção mais ampla do País, identificando barreiras, criando expertise nacional sobre outros mercados, reforçando a imagem do País como um local onde campeões globais surgem e, finalmente, crian-do precedentes e exemplos fortes de internacionalização bem-sucedida. Além das grandes multinacionais brasileiras, reconhecidas mundialmente como líderes em seus segmentos, o País já é também sede de dezenas de multilatinas nos mais diversos setores, de têxtil a equipamentos industriais.

A cultura brasileira, aberta, inclusiva e receptiva, estimula a aber-tura do País para o mundo e o intercâmbio de pessoas, ajudando a atrair talentos internacionais, ao mesmo tempo em que evita conflitos étnicos e terrorismo.

Alavancando e reforçando as vantagens mencionadas, pode-se solu-cionar os desafios e incrementar a competitividade e a projeção in-ternacional do País, beneficiando todos os seus setores econômicos.

Page 19: O Brasil como um dos Polos na nova rede de negócios na América Latina

36 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 37

06 O CASO DO SETOR FINANCEIRO E SEU PAPEL NA REDE DE NEGÓCIOS

o sEtor dE sErviços, Em EspEcial o sEgmEnto FinancEiro, é um catalisador EssEncial para concrEtizar uma rEdE rEgional mais FortE

A despeito do impacto das recentes crises no setor de serviços finan-ceiros de países desenvolvidos, este segmento tem cada vez mais se expandido e atingido novos níveis de destaque no Brasil e na região. Foi neste contexto que surgiu o Projeto Ômega, em 2008.

quando surgiu, a ideia inicial do projeto era entender e começar a preencher as lacunas que faltavam para que o Brasil se tornasse um centro financeiro internacional. Seus idealizadores – a ANBIMA, a BM&FBovespa e a FEBRABAN – já trabalhavam juntos no BEST (Brazil Excellence in Securities Transactions), uma iniciativa pública e privada voltada a promover o mercado de capitais brasileiro no exterior. O BEST provou o valor de iniciativas em parceria entre múltiplas insti-tuições privadas e representantes do governo. Com base nessa expe-riência, as três instituições resolveram criar em conjunto um projeto ambicioso para concretizar a visão do estabelecimento de um centro financeiro, dando início a um processo amplo e inclusivo de desenho de uma visão que durou quase todo o ano de 2009.

Nesse processo, aproximadamente 300 pessoas de mais de 70 institui-ções públicas e privadas foram envolvidas, além de líderes e formado-res de opinião. O projeto foi apresentado para diretorias e executivos de empresas, entidades de classe e economistas tanto no Brasil como em outros países da região, assim como para autarquias e representantes das esferas federal, estadual e municipal do governo brasileiro.

Ouvindo os mais variados setores durante esse abrangente processo de consulta e discussão, percebeu-se que o foco exclusivo ao setor finan-ceiro era pouco compatível com o tamanho e diversidade da economia do Brasil e da região. O desenvolvimento do País e a situação interna-

Page 20: O Brasil como um dos Polos na nova rede de negócios na América Latina

38 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 39

cional criaram uma janela de oportunidade para uma visão mais ampla e abrangente: a visão multissetorial do Brasil como parte de uma rede regional de investimentos e negócios mais forte e conectada, a qual é hoje defendida pela BRAiN e está exposta nesse relatório.

Essa visão mais ampla, porém, não altera o fato de que o setor de serviços financeiros é parte integrante e fundamental da mesma. O crescimento do Brasil nos últimos anos tem sido apoiado por um segmento financeiro robusto, em expansão e em processo de internacionalização. Este mercado forte serve como plataforma para uma maior inserção internacional do Brasil no cenário de investimentos regional e global, e ajuda o país a pavi-mentar o caminho para a construção de uma rede regional mais integrada.

O setor financeiro é um exemplo de como o aperfeiçoamento é neces-sário para a formação de um polo regional latino-americano. Os quatro principais pilares de serviços financeiros no Brasil ainda têm um longo caminho para se tornarem realmente internacionalizados e verdadeira-mente compatíveis e capazes de apoiar e catalisar a visão do Brasil como um dos polos de uma rede regional latino-americana (veja Diagrama 14):

• O sistema bancário deve continuar o processo de internacionalização já iniciado. Este movimento é vital para assegurar a conectividade da rede latino-americana e a projeção internacional do Brasil como polo, além

DIAGRAMA 14quatro pilares de FS devem continuar se desenvolvendo para visão do Brasil como polo regional

de assegurar as oportunidades de crescimento futuro dos bancos da re-gião, dado o alto grau de penetração já atingido em alguns dos principais mercados latinos. O foco inicial na América Latina permite que os bancos da região melhor apóiem a expansão regional das multilatinas por meio de produtos e serviços financeiros diferenciados, compondo uma oferta integrada de serviços como cash management e project finance em nível regional. O sistema bancário também pode auxiliar o desenvolvimento do País como polo construindo uma maior conectividade global para poten-cializar o financiamento de companhias, tanto distribuindo ativos quanto captando recursos em outros polos. Isso depende do reforço dos vínculos institucionais com empresas de outros polos e das redes de distribuição (por exemplo, através de broker dealers) em polos hoje pouco visados pelos bancos brasileiros, especialmente na Ásia.

• O Brasil deve tornar seu mercado de capitais uma plataforma de entra-da de investimentos para toda a região, permitindo que papéis – ações, debêntures, derivativos – de toda a América Latina possam ser negocia-dos no mercado brasileiro e vice-versa. O Diagrama 15 mostra como a

Bancos

Regional

Conexões

Local

Mercados de capitais

Asset Management Seguros

Internacionalização de bancos na

América Latina

Penetração do mercado local

Distribuição no varejo e desenvolvimento de novos produtos

Polo regional de ações e futuros

Polo regional de gestão de recursos

Aprofundamento RV, multi-mercados, ativos

alternativos

Internacionalização de seguros

e resseguros na América Latina

Penetração do mercado local

Reforço da inserção do Brasil na rede internacional de centros financeiros(imagem, rede de distribuição internacional, vínculos institucionais, câmbio...)

Fonte: Workshops projeto Omega

DIAGRAMA 15A Bolsa de São Paulo conta com poucas empresas estrangeiras listadas,

se comparada com bolsas de outros polos regionais e globais

1. Destas, apenas 2 de capital estrangeiro; outras 7 são empresas nacionais com sede no exteriorFonte: WEF; EIU; The Economist; Bloomberg

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40 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 41

bolsa do país ainda possui pouca presença de empresas internacionais. Alterar este quadro é vital para que o Brasil atue como um polo regional.

• O segmento de asset management latino-americano também deve se fortalecer e se regionalizar. O fortalecimento destes mercados deve acontecer pelo aumento da penetração e da força da gestão de ativos tradicionais já existentes, como ações e renda fixa, e também pela ampliação do uso de ativos alternativos, como Private Equity e Venture Capital. Já a regionalização deste setor deve ocorrer atraindo para a América Latina a gestão de ativos latino-americanos hoje re-alizada principalmente através de centros internacionais em outras localidades. A gestão destes ativos dentro da região tira a intermedia-ção do acesso à poupança e capitais globais e gera empregos de alto valor agregado.

• O setor de seguros, a exemplo do setor bancário deve, no médio e no longo prazo, se internacionalizar. Isto ocorrerá tanto como um movimento paralelo à internacionalização dos bancos por intermédio do modelo de Bancassurance quanto por meio de movimentos das seguradoras independentes para garantir crescimento e competitivi-dade. Este movimento também beneficiará a maior integração das economias e companhias latino-americanas, permitindo a oferta ali-nhada de produtos de seguro, especialmente o project insurance para viabilizar o crescimento regional das companhias.

O aperfeiçoamento desse setor trará investimentos e capital para o Brasil e para a região, financiará o crescimento dos países e de suas empresas, gerará empregos de alto valor agregado, melhorará a ima-gem e a visibilidade da região como destino de negócios, fortalecerá a rede de serviços diretos e indiretos e fomentará a inovação e o conhecimento (veja Diagrama 16). A infraestrutura – aeroportos, hotéis, telecomunicações – e a formação de talentos demandados por um se-tor de serviços financeiros mais forte e internacionalizado são também viabilizadores importantes para o desenvolvimento de outros serviços como turismo (especialmente de negócios) e serviços profissionais (como outsourcing, serviços legais e consultoria).

Este desenvolvimento deve e pode ser realizado de maneira orgânica e controlada, evitando o excesso de exposição e foco externos que contribuíram para a propagação das recentes crises internacionais em diferentes países e regiões.

DIAGRAMA 16Internacionalização do setor de serviços financeiros

pode beneficiar a economia como um todo

EXPANSÃO DO SETOR FINANCEIRO POTENCIAIS BENEFÍCIOS

Agronegócio

Indústria

Comércio

Infraestrutura

Derivativos mais próximos às necessidades da realidade agrícola

• Maior liquidez para contratos locais e regionais• Contratos relativos às safras brasileiras• Tamanhos menores de contratos

Produtos regionais mais sofisticados

• Project finance• Cash management

Maior disponibilidade de capitala menor custo

Produtos de trade finance com escopo regional e internacional

Diversificação de fontes de financiamento

• Private Equity• Investment banking

Redução dos riscos de sazonalidade e de volatilidade

• Proteção de negócios locais e regionais

Suporte à realização de investimentos de grande porte e à expansão internacional das empresas brasileiras

Financiamento do crescimento e possibilidade de acelerações

Redução dos riscos de comércio exterior, aceleração de crescimento e simplificação dos processos

Financiamento de obras chave em nível nacional e regional para melhorar fluxo de bens e pessoas

Fonte: Entrevistas com experts

Page 22: O Brasil como um dos Polos na nova rede de negócios na América Latina

42 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 43

“o sEtor FinancEiro tEm grandE potEncial para contriBuir com EstE procEsso, com todos os sEus sEgmEntos tEndo papéis importantEs nEsta visão.”marcelo giufrida, presidente da anBima

Page 23: O Brasil como um dos Polos na nova rede de negócios na América Latina

44 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 45

07 CRESCIMENTO SEM ARTIFICIALISMOS: UMA EVOLUçãO PARA O BRASIL, UMA VISãO PARA A REGIãOa viaBilização da proposta da Bra n não rEquEr movimEntos artiFiciais

O caminho que a América Latina deve seguir para reforçar sua rede regional de investimentos e negócios, bem como a visão do que será ao atingir essa meta, encaixam-se dentro da evolução natural dos pa-íses na região. Trata-se de um caminho coerente, condizente com os progressos já conquistados e alinhados aos que ainda virão.

A visão de polos regionais condiz com a consolidação de uma economia diversificada. Diversos pontos vistos nos capítulos anterio-res correspondem a melhorias que já vêm ocorrendo gradativamente, aprimorando a competitividade em áreas como infraestrutura básica e tecnológica, regulamentação fiscal, disponibilidade de talentos e me-lhora da situação para empresas em todos os setores da economia. Operações regionais são facilitadas, seja para empresas locais seja para operações de multinacionais, o que tende a proporcionar maior capacidade de adequação econômica.

Essa visão traz benefícios diretos para a economia dos países como um todo. A internacionalização dos setores de serviços gera centenas de milhares de empregos de alto valor agregado diretos em segmentos como serviços financeiros, out-sourcing e consultoria, com alta capa-cidade de gerar renda e desenvolver profissionais altamente especia-lizados. O impacto vai muito além, no entanto. O incremento da com-petitividade do Brasil e dos outros países da região como plataforma para realizar negócios e o fortalecimento das vias de financiamento das empresas, especialmente o mercado de capitais, devem acelerar o crescimento econômico, podendo levar à geração de milhões de empregos adicionais em toda a região.

Essa visão não pressupõe qualquer movimento artificial que pos-sa gerar desequilíbrios econômicos ou desviar os países de sua trajetória já positiva, ou mesmo liberalizar de forma pouco prudente o mercado. Nesse sentido, a visão exposta pela BRAiN para o Brasil e para a América Latina segue alguns direcionamentos chave:

NÃO superexpor a economia e o setor financeiro. No auge de sua superexposição, em 2008, estima-se que os três maiores bancos da Islândia detinham uma dívida até seis vezes maior do que o valor do PIB nacional. A crise subsequente foi uma consequência natural de se elevar excessivamente a dependência da economia ao setor financeiro. Uma economia que deixa setores reais em segundo plano para focar-se no financeiro torna-se rapidamente vulnerável e insus-tentável. Essa opção é profundamente destoante da visão da BRAiN. O setor financeiro pode e deve ser utilizado para estimular a economia real e nessa visão encaixa-se o desenvolvimento de uma rede regio-nal fortalecida.

NÃO tornar o País um paraíso fiscal ou um centro off-shore. Regu-lações excessivamente flexíveis, com tributação reduzida e privilégios ímpares de confidencialidade, podem facilitar a atração de fundos, mas enfraquecem práticas prudenciais. Por qualquer ângulo que se veja, isso está longe do ideário da BRAiN de polo regional. Ainda que a regulação tributária do Brasil e de outros países seja um aspecto pas-sível de aperfeiçoamento, o objetivo é potencializar a competitividade de todos os setores da economia local de forma sustentável.

NÃO criar uma zona franca para finanças. Alguns polos, como o Centro Internacional de Finanças de Dubai (DIFC), estabelecem facili-dades de entrada e saída de recursos – zonas francas com tributos bas-tante reduzidos para promover o mercado de capitais local. A BRAiN acredita que o Brasil e a América Latina já atraem capital de forma sustentável e possuem uma economia suficientemente abrangente para poderem tornar-se um polo regional sem necessidade de uma zona franca e dos efeitos negativos que dela advêm.

NÃO imprimir conversibilidade total da moeda como précondição para o desenvolvimento da plataforma de negócios no País. A conversibilidade não é condição sine qua non para a visão de uma rede regional. O mais importante para a materialização da visão é uma regulação cambial simples e eficiente que permita maior eficiência nas operações com o mundo.

NÃO tornar a economia dolarizada. O movimento de adoção do dó-lar americano como moeda oficial não é compatível com países de economia diversificada e de macroeconomia estável. Atualmente, as poucas vantagens de tal movimento, como a eliminação do risco de (des)valorização cambial, o controle da inflação e a redução das taxas de juros locais já estão sendo atingidas gradualmente pelos países da

i

Page 24: O Brasil como um dos Polos na nova rede de negócios na América Latina

46 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 47

região sem necessidade de adoção do dólar. Estas vantagens seriam mais que contrabalanceadas pelas inúmeras desvantagens da dolari-zação, a exemplo da perda de controle sobre a política monetária, da sujeição a problemas estruturais na economia-mãe da moeda adota-da, e da irrevogabilidade da decisão, entre outras. A adoção de um processo de dolarização da economia é, na opinião da BRAiN, contrária à trajetória de evolução econômica do Brasil e da região.

NÃO tornar as sociedades excessivamente alavancadas. A expe-riência recente dos Estados Unidos e Irlanda apontam para excessiva alavancagem como um dos fatores que contribuíram de forma funda-mental para a recente crise financeira. Um grau de alavancagem um pouco maior ou menor não afeta o estabelecimento do polo regional, seja positivamente ou negativamente. Porém, um grau excessivo de alavancagem poderia ameaçar a economia real e, por consequência, a visão de uma América Latina mais forte e conectada.

Baseando-se em movimentos naturais para a evolução do país e da região e evitando artificialismos, cremos que a emergência do Brasil como um dos polos regionais de investimentos e negócios irá apoiar e catalisar o crescimento de toda a América Latina.

“acho a proposta aBsolutamEntE pErFEita porquE nós não quErEmos um modElo hipErtroFiado, dE supErmErcado FinancEiro ou zona Franca. não quErEmos nEnhum artiFicialismo. o quE quErEmos é um modElo Enraizado no dEsEnvolvimEnto do Brasil E da rEgião.” luciano coutinho, presidente do BndEs

Page 25: O Brasil como um dos Polos na nova rede de negócios na América Latina

48 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 49

08 OS BENEFÍCIOS ESTRATÉGICOS DE UMA REDE DE NEGÓCIOS FORTALECIDA NA AMÉRICA LATINA

todos os paísEs da rEgião ganhariam com a maior conEctividadE rEgional

Uma rede de negócios mais interligada na América Latina potencializa o crescimento e a geração de negócios e serviços de alto valor agre-gado na região e, junto com eles, empregos e renda.

O potencial de crescimento da América Latina no médio prazo tende, no entanto, a ser limitado por suas baixas taxas de investimento e de poupança. Apesar de alguns países, como Chile, terem maior pou-pança, é chave para a região sua capacidade de atrair investimentos externos em volume e qualidade suficientes para viabilizar todo o seu potencial de crescimento. A América Latina não tem, todavia, essa ca-pacidade de atração bem desenvolvida, estando, por exemplo, pouco conectada às nações na Ásia e no Oriente Médio, as quais têm atual-mente grande parte dos estoques e da geração de riqueza do mundo.

O acesso da América Latina ao capital de outras regiões ainda depen-de muito dos fluxos intermediados principalmente por Nova Iorque e Londres. Uma maior integração regional permitiria que investidores interessados na região, tanto em mercados de capitais quanto em investimentos diretos, aplicassem seus recursos em múltiplos países com muito mais facilidade, com a região atuando mais como um gran-de mercado conectado com alinhamento de requerimentos para aces-so a cada país, a exemplo de operações, equipes e licenças.

Maior conectividade aumentaria não apenas a atratividade intrínseca da região para os investidores externos mas também o impacto e o alcance das redes de distribuição de ativos e a promoção de inves-timentos da região: as redes internacionais dos bancos passariam a funcionar como canais para investir em toda a região, atraindo capitais

para todos os países. As agências de promoção dos diversos países passariam a, além de promover seus próprios países como destinos atraentes, mostrá-los como parte de uma rede de investimentos inte-grada, assim promovendo também a região como um todo. A criação de vínculos institucionais com investidores de outras regiões, como fundos soberanos, também seria simplificada pela visão de uma Amé-rica Latina mais unida.

Não somente a região teria mais capacidade de atrair os investimentos estrangeiros dos quais necessita, mas seus mercados de capitais locais seriam fortalecidos. Empresas de setores pouco líquidos em sua bolsa local ganhariam com o aumento da liquidez e do volume de recursos investidos em um mercado que abarcasse a região e não apenas um país individual. As empresas já listadas ganhariam em valor e empre-sas que hoje ainda não conseguem abrir capital poderiam passar a ter acesso a esta importante fonte de recursos.

O aumento da relevância e da conectividade dos mercados de capitais ampliaria os mercados disponíveis para o segmento latino-americano de asset management, tanto na variedade de ativos disponíveis para investimento quanto no universo de clientes acessíveis, viabilizando seu crescimento e seu fortalecimento.

Os benefícios advindos da expansão do setor financeiro são potencial-mente significativos para a economia da região como um todo, porém as vantagens de uma maior integração regional vão muito além do mercado financeiro e seus benefícios para a economia real.

As operações regionais das empresas de todos os setores seriam be-neficiadas com a harmonização de marcos regulatórios, a criação de sistemas e registros integrados e as melhorias de infraestrutura e ser-viços necessários para esta visão. Isto não apenas aumentaria a atra-tividade da região para a expansão e a instalação de novas operações de grandes multinacionais, mas também reduziria os custos transacio-nais e possibilitaria a geração de ganhos de escala nas multilatinas, tornando a região uma plataforma de internacionalização ainda mais atraente para que empresas iniciem sua expansão fora de seus mer-cados de origem, gerando as bases para sua expansão global futura.

Com a expansão internacional e a diminuição de barreiras aumentaria a competição entre as companhias da região, beneficiando os consu-midores e estimulando o contínuo desenvolvimento das capacitações das empresas latinas, conduzindo a uma melhoria da produtividade das economias a longo prazo.

Maior conectividade na América Latina também significa melhoria da es-trutura de transporte aéreo, bem como maior facilidade para o trânsito de pessoas. Isto não facilitaria apenas a vida dos executivos das empresas com operações cada vez mais integradas na região, mas também forta-

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50 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 51

leceria o apelo do turismo regional, tanto de lazer quanto de negócios.

O desenvolvimento de talentos da região também ganharia força com esta maior integração. A maior proximidade dos países e a integração das operações regionais das empresas aliadas à maior facilidade para os fluxos de profissionais entre os diferentes países, devem em si gerar uma maior exposição in-ternacional dos profissionais na região, tão vital nos dias de hoje. A maior conectividade regional deve ir além, no entanto – as universidades dos diversos pa-íses devem passar a ter mais intercâmbios entre si, bem como maior foco no estudo da região, de suas

DIAGRAMA 17Internacionalização gera empregos em toda a economia

economias e empresas. Isto aumentaria a exposição internacional de profissionais desde sua formação, tornando-os melhor preparados para operar fora de seus países de origem e gerenciar negócios com al-cance internacional – na região e no mundo.

Todos estes movimentos – o fortalecimento dos mercados financeiros, a integração regional das em-presas, o fortalecimento da educação e do sistema de transporte internacional – reforçam os setores de serviços dos países, criando um círculo virtuoso de geração de empregos e riqueza que começa nas empresas que se internacionalizam, e gera resulta-dos em toda a economia (veja Diagrama 17).

CRESCIMENTO E INTERNACIONALIZAÇÃO

EMPREGOS DIRETOS

• Funções corporativas• Produtos e serviços• Funções de suporte

EMPREGOS NAS INDÚSTRIAS DE SUPORTE

• TI / Telecom• Mídia• Transporte aéreo• Construção civil

CRESCIMENTO DE EMPREGO NA ECONOMIA GERAL

• Serviços públicos• Indústria e comércio• Impostos

SERVIÇOSPROFISSIONAIS

• Contadores• Consultores• Auditores• Publicitários• Advogados

ENTRETENIMENTO, CULTURA, EDUCAÇÃO...

• Escolas• Esporte• Cinemas• Teatro• Turismo

Fonte: Entrevistas com experts; City of London “Financial Services Clustering and its significance for London”

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09 CONDIçõES NECESSÁRIASPARA O SUCESSO

é nEcEssário Foco Em EsForços coordEnados

Nos capítulos anteriores exploramos como a concretização de um polo re-gional de negócios e investimentos no Brasil faz parte da evolução natural do País e da região. Entretanto, essa concretização não está garantida. Outros países com potencial – como Alemanha e Japão – deixaram passar suas janelas de oportunidade de participarem mais ativamente das redes de investimentos e de negócios internacionais. Hoje, Frankfurt e Tóquio atuam apenas como polos locais, reduzindo a capacidade da economia de se diversificar e atrair investimentos e negócios (veja Diagrama 18).

DIAGRAMA 18Países deixaram passar janelas de oportunidade para uma maior inserção na rede de negócios global

Fonte: Entrevistas com experts; Pesquisa na imprensa

Para que tenha sucesso, o País deve se concentrar em fortalecer deter-minados pré-requisitos e diferenciais:

• Ampliar o escopo e a efetividade dos acordos bilaterais e regionais será sempre parte vital de qualquer esforço para incrementar a coopera-ção entre países diversos. É importante que os acordos busquem sempre um escopo mais amplo do que a simples liberalização do comércio de bens, incluindo também medidas para incentivar o comércio de serviços e a mobilidade de talentos e capitais.

• Definir um maior alinhamento regulatório regional, com regras contábeis, tarifárias e exigências de documentação e informação simi-lares é um passo importante para simplificar as operações regionais de companhias e investidores na América Latina, beneficiando o fluxo de negócios na região. Além do alinhamento, é importante que a regula-ção dos países da região continue evoluindo na direção de uma maior abertura ao mundo. Dado que muitas das regulações existentes ainda foram desenhadas para uma América Latina que buscava principal-mente evitar a fuga de capitais, um risco que cada vez mais faz parte só do passado das principais economias na região.

• Facilitar a regionalização do setor bancário, simplificando a ex-pansão de bancos locais entre os diversos países da região. Isso criaria valor ao permitir a oferta de produtos e serviços financeiros alinhados em toda a região para as multilatinas. Além disto, seria possível disse-minar na região iniciativas que se mostram positivas em um ou outro país, como expansão de canais alternativos para baixa renda, gestão tecnológica avançada e sofisticação de produtos de mercado de capi-tais e asset management.

• Imprimir uma maior harmonização em mercados de capitais, ampliando o acesso a ativos internacionais no mercado brasileiro e vice-versa. Esse movimento traria novas opções de investimento a to-das as bolsas e aos mercados de balcão da região, o que projetaria internacionalmente os mercados latino-americanos e atrairia novos investidores e capitais.

• Incentivar o desenvolvimento de produtos inovadores relevan-tes à região. Em particular, os recursos naturais da América Latina tornam a região um centro em potencial para produtos financeiros baseados em commodities, biocombustíveis e carbono.

• Reforçar fóruns e entidades de colaboração regional, bem como comissões internacionais. Isto catalisaria uma maior integração regio-nal, além das diversas iniciativas já mencionadas. A criação de ins-tituições como a BRAiN em outros países da América Latina e uma maior participação em entidades como a Federación Latinoamericana de Bancos (Felaban), por exemplo, permitiriam maior diálogo e ali-nhamento sobre a forma de endereçar questões-chave para a criação

“a crisE intErnacional mostrou uma nova américa latina, mais sólida Edinâmica. EstE continEntE pujantE E promissor mErEcE tamBém sE dotar dE um sEtor FinancEiro mais intEgrado a sErviço das Economias da rEgião.”ricardo lagosEx-presidente de chile

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54 O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA O BRASIL COMO UM DOS POLOS NA NOVA REDE DE NEGÓCIOS DA AMÉRICA LATINA 55

da rede regional. Como exemplo pode-se citar a harmonização de regulações (prudenciais, de disclosure, tributárias e para a abertura de subsidiárias), de sistemas de pagamentos, de câmbio e outros que precisam se comunicar de maneira consistente.

• Estabelecer conexões com outros polos. As instituições do Brasil e da América Latina já possuem vínculos fortes com Nova Iorque, Lon-dres e Chicago, mas têm a oportunidade de criar laços com centros de geração de negócios e captação de recursos como Paris, Tóquio, Cingapura e Hong Kong (veja Diagrama 19).

DIAGRAMA 19Potenciais polos para criação de conexões institucionais

1. Excluindo JapãoFonte: BCG Global Wealth Market-Sizing Database, 2008; International Monetary Fund, 2008

• Apoiar a expansão de multilatinas e atrair centros de decisão de multinacionais de todo o planeta, criando um ambiente regional glo-balmente competitivo. Isto se alinha a projetos já existentes, como a agência Investe SP, do Governo do Estado de São Paulo, que tem como objetivos desenvolver a indústria local e fomentar o comércio exterior.

• Minimizar a complexidade tributária. Como mencionado no capí-tulo anterior, a complexidade do sistema tributário é uma das grandes barreiras para se fazer negócios no Brasil. É necessário refinar o sis-tema, por exemplo identificando tributos redundantes, racionalizando a documentação exigida e simplificando e consolidando impostos e contribuições sobre atividades de serviço.

• Reduzir a burocracia de negócios. Isso não significa enfraquecer os padrões legais e regulatórios, mas sim melhorar processos para otimizar a já mencionada alta energia despendida com burocracia por empresas. Como exemplo de um projeto específico nesse eixo, pode-se buscar reduzir a quantidade de documentos, o número de dife-rentes reguladores e autoridades envolvidos e os prazos necessários para abrir e fechar negócios por meio da criação de uma central para operações de pessoas jurídicas.

• Ampliar a infraestrutura urbana de transportes, reduzindo o trânsito e melhorando a qualidade de vida para atrair talentos internacionais. Assim como as melhorias na infraestrutura aérea, no Brasil esse mo-vimento também se alinha a esforços do PAC, Copa 2014, Olimpíadas 2016 e outros planos tanto dos estados quanto dos municípios de São Paulo e do Rio de Janeiro.

• Expandir a infraestrutura de transporte aéreo com a ampliação da capacidade aeroportuária brasileira, a modernização dos principais aero-portos, a melhoria das ligações rodoviárias e metroviárias aos aeroportos nas grandes cidades, o aumento de frequências de voos na América Latina, a melhoria nos procedimentos de imigração e a redução de filas. No Brasil, projetos governamentais incluídos no PAC e a preparação para a Copa de 2014 devem atuar sobre diversos desses itens.

• Aprimorar a infraestrutura de telecomunicações, aumentando a co-bertura e a velocidade e reduzindo custos, especialmente de banda larga. Isso ampliaria a interconectividade com a região e com o mundo e favore-ceria o desenvolvimento de setores de alto valor agregado, intensivos em tecnologia e conhecimento no País.

• Melhorar a segurança urbana, uma das principais lacunas apontadas nos diagnósticos comparativos entre polos internacionais. Isso requer esforços amplos de todas as esferas governamentais e da sociedade.

• Fortalecer serviços profissionais que reforcem e viabilizem o polo regio-nal de investimentos e negócios. No caso específico do ambiente para ser-viços profissionais como outsourcing de serviços de TI e business processes,

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isso só será possível assegurando-se um entorno regulatório que ofereça condições competitivas e de segurança para esses tipos de operação, além de se incentivar a formação de profissionais moldados para esses setores.

• Investir na formação de uma rede universitária de alta conectivi-dade e qualidade na região, incentivando intercâmbios especialmente entre países da América Latina. Assim, criar-se-ia na região um polo de talentos de nível internacional prontos para o mercado de trabalho global.

• Estudar e implementar políticas que facilitem a mobilidade de ta-lentos tanto para a região quanto dentro dela, como o processo de obten-ção de vistos e de documentação permanente para estrangeiros.

• Ampliar a fluência em línguas estrangeiras, principalmente inglês e, no caso do Brasil, espanhol, revendo os currículos dos diferentes níveis de ensino e incentivando o estudo extracurricular de idiomas.

• Ampliar e divulgar opções de cultura e lazer, direcionadas não so-mente a turistas mas principalmente a moradores dos grandes centros urbanos brasileiros.

• Finalmente, não deixar de lado a imagem dos países da região, a qual precisa ser comunicada no exterior de forma focada e condizente com o novo posicionamento. O Brasil projeta uma imagem forte em dimensões de lazer, mas não atingiu imagem de negócios compatível com seu porte como polo, mesmo com esforços de entidades como Embratur, APEx, BEST, Rio 2016 e Investe SP e mesmo já tendo recebi-do seu terceiro investment grade. Essa imagem precisa ser ativamen-te moldada via campanhas específicas e um maior alinhamento entre os diversos esforços de promoção do Brasil no exterior.

No caso do Brasil, já existe um grande número de projetos em anda-mento, conduzidos tanto pelo setor público quanto pelo privado, que podem contribuir para o desenvolvimento das condições para que o País se torne um dos polos da região (veja Diagrama 20). Falta, porém, uma visão do todo, de como melhor aproveitar sinergias e esforços. Dadas a escala e a amplitude das mudanças necessárias, é de vital importância um profundo e contínuo diálogo entre os diversos se-tores privados e públicos, pois a concretização do Brasil como polo de uma nova rede não surgirá de forma espontânea através de uma imensidão de iniciativas multidirecionais e não coordenadas. O esforço demanda um grau de alinhamento e eficiência que ainda não existe. A tarefa exige o envolvimento coordenado de empresas e das diver-sas esferas governamentais – federal, estaduais e municipais – para acelerar a execução de uma pauta de projetos centrada nas múltiplas oportunidades e objetivos convergentes mostrados aqui.

DIAGRAMA 20No Brasil diversas iniciativas públicas já contribuem para

o desenvolvimento do país como um polo da região

Programa do Governo Federal

Governos estaduais e setor privado

Iniciativa dos governos estadual e municipal

Investe SP: agência público-privada

Planejamento de metas da prefeitura de São Paulo

Planejamento da prefeitura do Rio de Janeiro

• Elevar qualidade e aumentar capacidade da infraestrutura brasileira

• Elevar qualidade e capacidade do sistema de transporte (aéreo, portuário e ferroviário)• Modernizar estádios de futebol• Reestruturar trânsito de ruas e avenidas

• Divulgar imagem institucional da cidade

• Desenvolver indústria local e fomentar comércio exterior• Divulgar São Paulo como destino internacional para negócios• Promover políticas públicas favoráveis a negócios• Elevar infraestrutura tecnológica, logística e de mão-de-obra• Estimular atividade turística

• Revitalizar centro e elevar segurança das ruas• Ampliar extensão do metrô• Modernizar espaço de eventos e exposições• Ampliar áreas verdes e espaços para lazer• Realizar atuações pontuais para diminuir trânsito na cidade

• Revitalizar a zona portuária e distritos industriais• Estimular indústria de serviços

Fonte: Governo brasileiro, Candidatura Rio 2016, Governo Estado de São Paulo, Prefeitura de São Paulo, Prefeitura do Rio de Janeiro, mídia

“a visão dEstE projEto é mais ampla, EngloBando todo o sEtor produtivo E gErando EnormEs BEnEFícios para o país E para a rEgião.”Edemir pinto, presidente da Bm&FBovespa

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DIAGRAMA 21Pré-requisitos e diferenciais em grandes polos

Principais lições aprendidas dos estudos de caso

Pré-

requ

isito

sDi

fere

ncia

is

NYC LON SGP HKG DUB PAR

Comércio e estabilidade macroeconômica são chave

Infraestrutura desenvolvida está no caminho crítico

Talentos podem ser atraídos do exterior

Fluência em inglês é uma vantagem competitiva significativa

Desenvolvimento do polo pode ser um objetivo público/privado comum

Pró-atividade do governo é crucial para o desenvolvimento de um polo

Impostos baixos podem ser uma vantagem competitiva

Regulação favorável aos negócios é um requisito importante

Porto seguro em uma região arriscada pode ser um atrativo importante

Foco em inovação é chave para sustentar vantagem competitiva

Estratégias regionais e de nicho como complementares e sinérgicas

Crescimento do mercado interno nutre o estabelecimento de um polo

Zona off-shore pode ser um ponto de partida para um polo

Fonte: Entrevistas com experts

Além disso, uma análise sobre os polos estabelecidos atualmente permite articular diversas lições sobre pré-requisitos e diferenciais (veja Diagrama 21 e quadro B). qualquer país ou região que busque desenvolver seus polos e uma arquitetura de rede mais conectada precisa tê-las em mente.

O que ainda faltava nesse contexto é uma entidade única que assuma a missão de catalisar as ações em prol desta visão do Brasil como um polo de investimentos e negócios da América Latina – o papel da BRAiN.

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qUADRO BPré-requisitos e diferenciais à relevância de um polo

A análise de diferentes países sugere pré-requisitos para pólos de negócio

• Liberdade de comércio e estabilidade macroeconômica. Todos os polos estão in-seridos nos fluxos comerciais mundiais e têm fundamentos macroeconômicos sólidos.

• Infraestrutura. Estrutura básica é neces-sária para negócios. Hong Kong e Cingapura são economias pequenas que cresceram ao desenvolver suas infraestruturas.

• Fluência em Inglês. A língua é global-mente usada para intermediações, além de ser língua oficial de pólos regionais e globais como Nova Iorque, Londres, Hong Kong e Cingapura.

• Atratividade para talentos do exterior. Talentos externos suprem deficiências de oferta e ampliam a visão de empresas, como mostram Londres, Nova Iorque, Dubai e Hong Kong.

• Proatividade do governo. Em polos re-gionais e globais, todas as esferas do go-verno comprometem-se ativamente com o aumento da competitividade da região.

• Ação coordenada entre os setores pú-blico e privado. Estratégias e ações de-vem ser compartilhadas pelos setores, a exemplo de associações multisetoriais em Londres e Dubai.

A análise sugere também diferenciais não mandatórios que podem beneficiar um pólo

• Impostos baixos. Baixos tributos são atrati-vos, como mostram Cingapura e Hong Kong, mas aplicam-se mais a polos menores, me-nos diferenciados e com menor atração or-gânica.

• Segurança em regiões de alto risco per-cebido. Cingapura, Hong Kong e Dubai são vistos como portais seguros para investimen-tos em destinos de maior risco na região.

• Zona off-shore. Dubai usou essa estraté-gia como ponto de partida, mostrando uma opção para regiões com menos relevância global inicial.

• Crescimento do mercado interno. Nova Iorque é exemplo de economia interna ro-busta que levou ao estabelecimento natural de um polo.

• Regulação favorável a negócios. Londres tem se destacado sobre Nova Iorque por sua regulação mais simples e seu sistema jurídico menos litigioso. Cingapura e Hong Kong tam-bém têm legislações desenhadas para atrair in-vestimentos e negócios, ainda que prudentes.

• Foco em inovação. Inovação é chave para sustentar vantagens competitivas, particularmente nos principais polos glo-bais como Nova Iorque e Londres.

• Estratégias regionais e de nicho. Cin-gapura atua tanto como polo especializado de asset management quanto como polo regional da Ásia. Os dois pilares reforçam-se mutuamente.

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10 O PAPEL DA BRAIN

a associação Foi criada para ajudar a catalisar as mudanças nEcEssárias para quE o Brasil atuE com os paísEs latino-amEricanos no FortalEcimEnto dE uma rEdE dE nEgócios na rEgião

A BRAiN é uma entidade criada para articular e catalisar a implementa-ção da visão do Brasil como um dos polos de investimentos e negócios que fortalecerá a conexão entre países na América Latina. Nesse sen-tido é fundamental que os países da região criem também iniciativas similares para promover o desenvolvimento do seu posicionamento por intermédio da coordenação de esforços públicos e privados e da conformação de uma rede de colaboração regional.

Atuando em cinco eixos permanentes (veja Diagrama 22), a BRAiN é uma associação privada com envolvimento direto do setor público. É resultante do Projeto Ômega, um processo de diagnóstico e discussão junto a diversos representantes dos setores público e privado que du-rou quase 18 meses.

A grande maioria dos interlocutores envolvidos no projeto demonstrou significativa receptividade à ideia de desenhar uma visão de rede de investimentos e negócios mais interconectada na América Latina que tenha o Brasil atuando como um de seus polos, que seja coerente com a trajetória do País no longo prazo, que trace um caminho evolucioná-rio e que promova sua projeção e sua competitividade globais.

Com a visão desenhada, estabeleceu-se um plano de ação para apoiar a evolução do Brasil rumo a esse novo patamar. Dada a escala e a am-plitude das mudanças necessárias e a importância do contínuo diálogo entre diversos setores, ficou evidente que seria mandatório refletir so-bre uma instância permanente para alinhar, catalisar e coordenar estes esforços que ajudam a desenhar o futuro do Brasil.

Identificou-se durante o Projeto Ômega que vários outros polos de sucesso estruturaram entidades dedicadas a promover sua posição e competitividade no cenário internacional:

DIAGRAMA 22Eixos permanentes de atuação da BRAiN

EIXOS DESCRIÇÃO

Cooperação

Competitividade

Inteligência

Imagem

Talentos

• Divulgar os benefícios de se estabelecerem polos regionais no Brasil e nos demais países da América Latina • Catalisar projetos de integração regional e global

• Mapear e articular propostas para melhorar a competitividade do Brasil como plataforma de negócios

• Mapear e divulgar o progresso do Brasil vs. outros polos• Monitorar tanto métricas globais quanto projetos específicos

• Ajudar a projetar uma imagem de país adequada a um polo internacional de investimentos e negócios

• Apoiar iniciativas de educação e pesquisa• Promover a atração, a educação e a retenção de capital humano compatíveis com a ambição do Brasil como polo de negócios

• Em Londres, foi criada a TheCityUK, um comitê de promoção de serviços financeiros e profissionais britânicos nos âmbitos nacional e internacional. A instituição é uma estrutura independente e politica-mente neutra formada por stakeholders públicos, como a Prefeitura de Londres (City of London), e privados, como líderes das principais instituições de serviços financeiros e profissionais do país. Por meio de estudos, eventos e interações entre os diversos stakeholders, a TheCityUK suporta esforços para desenvolver o ambiente britânico para negócios nacionais e internacionais.

• Em Paris, foi desenvolvido o consórcio dedicado Paris Europlace que inclui conjuntamente membros do governo, instituições financeiras e grupos industriais, com dois objetivos principais: promover Paris como

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polo regional e aumentar sua competitividade no cenário global. A Paris Europlace coordena diversas atividades, como road-shows e promoção, grupos de trabalho e apoio a pesquisas acadêmicas. Em paralelo, o Paris Europlace colabora com clusters patrocinados pelo governo que têm os objetivos de estabelecer Paris como uma plata-forma europeia de informações financeiras, facilitar o desenvolvimen-to e a capitalização de start-ups, promover pesquisas e inovações em setores como hedging de riscos e indexação climática, desenvolver educação de nível internacional e criar elos com inovações sociais por meio de parcerias em tópicos como investimentos socialmente res-ponsáveis e finanças sustentáveis.

• Em Nova Iorque a entidade privada FSR (Financial Services Roun-dtable) é formada apenas por empresas do setor financeiro e, apesar de fornecer conselhos ao governo, é pouco integrada com esferas públicas. A menor coordenação entre os setores público e privado tem propiciado oportunidades para outros se firmarem como opções diferenciadas. Enquanto nos EUA uma rigidez regulatória por vezes excessiva prejudica o potencial e encarece os custos para todos os participantes, a abordagem racionalizada de Londres reduz a litigiosi-dade em seu ambiente. O resultado é que em 2005 obteve-se quatro vezes mais capital com IPOs de empresas estrangeiras em Londres do que em Nova Iorque.

• O governo da Rússia aprovou em 2009 incentivos ao desenvolvi-mento de um polo em Moscou para aumentar o intercâmbio comer-cial, em rublos, com os países da ex-URSS.

• A China iniciou em 2009 medidas com a meta de incentivar o de-senvolvimento de xangai como um polo internacional fortalecido para apoiar o país em seu caminho para tornar-se a segunda economia do mundo por volta de 2020.

• Na América Latina também existem iniciativas semelhantes para via-bilizar a criação de uma rede regional. Santiago, no Chile, já tem cami-nhado neste sentido ao declarar sua ambição e planos de se tornar um polo de serviços regionais, inclusive em mercados de capitais. A criação, em 2007, da entidade público-privada chamada Consejo Consultivo del Mercado de Capitales alinha-se aos objetivos de atrair investidores com novos produtos e de fazer melhorias na regulamentação.

E quanto ao Brasil? Como produto do diálogo estabelecido durante o Projeto Ômega, foi criada a BRAiN – Brasil Investimentos & Negócios – com o objetivo de apoiar as instituições que já estão construindo o futuro do Brasil, mapeando as oportunidades, coordenando a elabo-ração de estudos e propostas, articulando os movimentos conjuntos e

promovendo a interlocução entre os setores público e privado. Temos a participação abrangente e efetiva de instituições públicas e privadas, representativas de diversos setores da sociedade, e contamos com o patrocínio de várias entidades privadas do País.

A BRAiN está profundamente honrada com a confiança e o apoio de-positados por todos os seus patrocinadores e apoiadores nessa visão e na própria instituição. Estamos comprometidos com a tarefa de articu-lar a implementação dessa visão, um projeto de longo prazo, ambicio-so, porém viável, com benefícios para todos os setores.

queremos contar com o apoio e o diálogo de todos. Esse é um pro-jeto para o País e para a América Latina e só será verdadeiramente bem-sucedido com o envolvimento de toda a sociedade. A BRAiN e a concretização de sua visão só têm a ganhar com esforços de outros países rumo à criação de uma rede de negócios na América Latina.

“Esta é uma proposta amBiciosa quE Está à altura do potEncial E do patamar quE o Brasil atingiu hojE BasEado no vigor E na divErsidadE dE nossa Economia.”maria helena santana, presidente da cvm

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