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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - GESTÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS O CAPITAL INTELECTUAL : ESTUDO DE CASO NA RÁDIO NOVO TEMPO-FM EDUARDO BRAFF Biguaçu (SC), julho de 2008.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - GESTÃO

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

O CAPITAL INTELECTUAL : ESTUDO DE CASO NA RÁDIO NOVO TEMPO-FM

EDUARDO BRAFF

Biguaçu (SC), julho de 2008.

EDUARDO BRAFF

O CAPITAL INTELECTUAL : ESTUDO DE CASO NA RÁDIO NOVO TEMPO-FM

Monografia apresentada ao Curso de Ciências Contábeis na Universidade do Vale do Itajaí, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas a Gestão como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. M. Sc. Francisco Eugênio Pereira

Biguaçu (SC), julho de 2008.

RESUMO

O propósito desse trabalho foi identificar e mensurar o capital intelectual nas suas três esferas

de atuação. Buscou-se evidenciar a importância de se investir nesse segmento. Logo no inicio, optou-

se por fazer uma revisão nos princípios contábeis e seus conceitos, onde se expôs as convenções,

postulados, contabilidade financeira e gerencial com o objetivo de direcionar a contabilidade

tradicional em frente a esse conceito moderno. Após, fez-se uma analise dos ativos intangíveis e suas

formas de mensuração. Abordou-se também o Goodwill, sua natureza e forma de mensuração.

Apresentou-se o capital intelectual, seus modelos de mensuração e sua forma de composição.

Quanto ao estudo de caso, esse foi realizado na Rádio Novo Tempo - FM, onde foi aplicado o método

proposto por Edvinsson e Malone, que permitiu a identificação e a melhor visualização do capital

intelectual. Na aplicação desse modelo foi possível identificar os investimentos em capital humano,

capital estrutural e analisar o capital de clientes.

Palavas-Chave: Ativo Intangível, Capital Intelectual, Investimentos, Capital Estrutural, Capital Humano e Capital de Clientes..

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – EVIDENCIAÇÃO DO ATIVO TANGÍVEL EM RELAÇÃO AO INTANGÍVEL.................... 47

FIGURA 2– EVIDENCIAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL ............................................................... 48

FIGURA 3– NAVEGADOR DO CAPITAL INTELECTUAL.................................................................... 51

FIGURA 4– NAVEGADOR SKANDIA................................................................................................... 53

FIGURA 5- GRÁFICO EVOLUTIVO DO CAPITAL ESTRUTURAL...................................................... 63

FIGURA 6- GRÁFICO EVOLUTIVO DO CAPITAL HUMANO.............................................................. 65

FIGURA 7– ÁRVORE EXPLICATIVA DO CAPITAL INTELECTUAL ................................................... 72

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1– FUNÇÕES DA INFORMAÇÃO GERENCIAL CONTÁBIL. ............................................. 25

QUADRO 2– CONTABILIDADE FINANCEIRA E CONTABILIDADE GERENCIAL ............................. 27

QUADRO 3– CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS CONTABILIDADES FINANCEIRA E GERENCIAL................................................................................................................................................................ 28

QUADRO 4- EVOLUÇÃO DO CAPITAL ESTRUTURAL...................................................................... 62

QUADRO 5- EVOLUÇÃO CAPITAL HUMANO .................................................................................... 65

QUADRO 6- PESQUISA DE NÍVEL DE SATISFAÇÃO DOS COLABORADORES............................. 66

QUADRO 7- EVOLUÇÃO DOS CLIENTES.......................................................................................... 68

QUADRO 8- BALANÇO PATRIMONIAL 2003 A 2007 RÁDIO NOVO TEMPO – FM 96.9.................. 70

QUADRO 9- DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO RÁDIO NOVO TEMPO – FM. PERÍODO DE: 2003 A 2007. ................................................................................................................ 71

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................6

1.1 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA ..............................................................7 1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ...................................................................................7 1.3 OBJETIVOS..............................................................................................................8 1.3.1 Objetivo Geral.........................................................................................................8 1.3.2 Objetivos Específicos............................................................................................8 1.4 SUPOSIÇÕES OU HIPÓTESES ..............................................................................9 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................9

2 CONTABILIDADE FINANCEIRA...................................................................................11

2.1 CONCEITO .............................................................................................................11 2.2 OBJETIVOS E FINALIDADE ..................................................................................12 2.3 PRINCÍPIOS, POSTULADOS E/OU CONVEÇÕES CONTÁBEIS. ........................12 2.4 BALANÇO PATRIMONIAL......................................................................................15 2.4.1 Conceito................................................................................................................15 2.5 ATIVO .....................................................................................................................16 2.5.1 Conceito................................................................................................................16 2.5.2 Ativo Circulante....................................................................................................17 2.5.3 Ativo Permanente.................................................................................................18 2.5.4 Ativo Permanente Intangível...............................................................................19 2.6 PASSIVO ................................................................................................................20 2.6.1 Conceito................................................................................................................20 2.6.2 Classificação ........................................................................................................20 2.6.3 Avaliação ..............................................................................................................22

3 CONTABILIDADE GERENCIAL....................................................................................23

3.1.1 Conceitos..............................................................................................................23 3.1.2 Características e Finalidades..............................................................................24 3.1.3 Contabilidade Gerencial x Contabilidade Financeira .......................................26

4 ATIVO INTANGÍVEL......................................................................................................29

4.1 CONCEITO .............................................................................................................29 4.2 CLASSIFICAÇÃO ...................................................................................................29 4.3 CRITÉRIOS DE RECONHECIMENTO DOS ATIVOS INTANGÍVEIS ....................30 4.4 PRINCIPAIS TIPOS DE ATIVOS INTANGÍVEIS....................................................35

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4.4.1 Gastos de implementação e pré-operacionais..................................................35 4.4.2 Marcas e nomes de produtos .............................................................................36 4.4.3 Pesquisa e desenvolvimento (P&D) ...................................................................37 4.4.4 Patentes ................................................................................................................37 4.4.5 Direitos Autorais ..................................................................................................37 4.4.6 Franquias e Licenças...........................................................................................38

5 - GOODWILL..................................................................................................................39

5.1.1 Introdução.............................................................................................................39 5.1.2 A natureza do Goodwill .......................................................................................39 5.1.3 Uma visão do Goodwill........................................................................................42 5.1.4 Mensuração do Goodwill.....................................................................................42 5.1.5 Tratamento contábil do Goodwill .......................................................................43

6 CAPITAL INTELECTUAL ..............................................................................................45

6.1.1 Introdução.............................................................................................................45 6.1.2 Conceitos..............................................................................................................45 6.1.3 Composição..........................................................................................................48 6.1.4 Modelos do Capital Intelectual ...........................................................................49

7 METODOLOGA DA PESQUISA....................................................................................55

1.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA......................................................................55 1.2 ESTUDO DE CASO................................................................................................57 1.3 UNIDADE DE ANÁLISE..........................................................................................57 7.1.1 Caracterização da Entidade ................................................................................57 7.1.2 Instrumentos ........................................................................................................58 7.1.3 Procedimentos Metodológicos...........................................................................58

8 APLICAÇÃO PRÁTICA .................................................................................................60

8.1 IDENTIFICAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL.....................................................60 8.1.1 Capital Intelectual Estrutural ..............................................................................60 8.1.2 Capital Intelectual Humano.................................................................................63 8.1.3 Pesquisa de Satisfação dos Colaboradores .....................................................66 8.1.4 Capital Intelectual de Clientes...............................................................................67 8.1.5 Contabilização do Capital Intelectual.................................................................69

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................74

9.1 GENERALIDADES .................................................................................................74 9.2 QUANTO AO ALCANÇE DOS OBJETIVOS PROPOSTOS...................................74

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9.3 LIMITAÇÕES DE PESQUISA.................................................................................75 9.4 RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS...........................................76

REFERÊNCIAS.................................................................................................................77

1 INTRODUÇÃO

No contexto da história em que se vive e nas rápidas mudanças políticas,

sociais e principalmente econômicas do mundo globalizado, torna-se imprescindível

a busca por profissionais capacitados que tenham aptidão e disposição para

aprender e se superar pela busca de excelência.

Com as mudanças na economia mundial das últimas décadas deu-se origem

a economia globalizada, que é característica de um período de transição da

passagem de uma sociedade industrial para a sociedade do conhecimento. Até

então os recursos utilizados,capital e trabalho, uniram-se com o conhecimento

humano, então formando o capital intelectual e suas maneiras de mensuração.

O capital intelectual é objeto de estudo de vários profissionais que estão

empenhados em desenvolverem técnicas para sua mensuração, uma vez que se

tornou complexa a sua avaliação. Sabendo disso, as empresas estão empenhadas

em identificar o seu patrimônio intelectual. Com a concorrência cada vez mais

acirrada e sem fronteiras, vence a empresa que tiver a melhor estratégia e os

profissionais mais capacitados para enfrentar os desafios propostos.

O conhecimento faz a diferença em todas as áreas da vida, inclusive tratando-

se de aplicá-lo em benefício à sociedade. É possível sentir as benesses do

conhecimento na vida diária, desde simples abridor de garrafa até um complexo

sistema de automação industrial.

Por meio da busca do conhecimento, agregam-se valores a bens e serviços

que antes não se dispunha ou era considerada laboriosa a sua execução.

As organizações cientes que o conhecimento faz toda a diferença entre o

sucesso e o fracasso, estão investindo em atualização e capacitação profissional

para se projetarem no mercado e alcançarem o sucesso desejado. Seus

funcionários cada vez mais treinados e recebendo uma gama de benefícios, estão

prontos para transformar a produtividade em inovação.

É evidente a extração pelas empresas do conhecimento dos seus

colaboradores para a busca de soluções práticas para seu produto ou serviço. Existe

um constante aperfeiçoamento nas técnicas empregadas em seus processos.

O exemplo é o setor de informática, onde a busca do conhecimento traz

constantes inovações e agregam valores para a sociedade. Também no ramo da

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medicina o conhecimento é fundamental para a cura das pessoas. Por fim a

contabilidade também é um campo onde o conhecimento deve ser aplicado gerando

novas técnicas e fortificando as existentes.

1.1 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA

O desenvolvimento das organizações e das pessoas acontece a partir da

modernização tecnológica e o perfil dos recursos humanos existentes. A partir desse

fundamento é possível compreender que o crescimento das empresas estão ligados

aos instrumentos utilizados no gerenciamento e no processo de tomada de decisão.

O capital intelectual constitui-se num conjunto de fatores e poderá

proporcionar vantagens aos seus colaboradores e consequentemente a empresa

pelos resultados alcançados a partir da colaboração da força de trabalho.

O trabalho elaborado preconiza avaliar o capital intelectual na Rádio Novo

Tempo - FM, verificar a sua composição bem como, conhecer os benefícios voltados

ao desenvolvimento da organização e das pessoas, além de identificar a geração de

resultado e os seus reflexos na continuidade dos negócios.

Acreditando ser essa filosofia um instrumento capaz de proporcionar

vantagens competitivas para as organizações e considerando o aprendizado

adquirido nos trabalhos de pesquisa do curso de ciências contábeis, pode-se afirmar

que esse estudo irá contribuir para o alcance do resultado da organização bem

como a manutenção das atividades.

1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

O ativo intangível tem difícil mensuração, se tornando complexa a sua

visualização, entretanto a filosofia do capital intelectual preconiza melhorias a partir

de investimentos e modernização e no desenvolvimento das pessoas, onde

benefícios e aspectos intangíveis proporcionam valores imensuráveis para as

empresas.

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A partir dessa complexidade os contadores e a legislação brasileira não

costumam dar a devida atenção ao registro desse fato, dificuldade essa que nos

leva a questionar:

1 - É possível mensurar o capital intelectual da Rádio Novo Tempo - FM?

2 - Qual a importância do capital intelectual para a força de trabalho da Rádio

Novo Tempo - FM?

3 - Que valor representa o capital intelectual no balanço da Rádio Novo

Tempo – FM?

1.3 OBJETIVOS

Com a realização deste trabalho, busca-se atingir os seguintes objetivos

propostos:

1.3.1 Objetivo Geral

Identificar o capital intelectual na Rádio Novo Tempo - FM, o registro contábil

e o seu reflexo na força de trabalho.

1.3.2 Objetivos Específicos

Como objetivos específicos pretendem-se:

1 - Identificar o capital intelectual na estrutura patrimonial;

2 - Avaliar a importância do capital intelectual para a força de trabalho;

3 - Conhecer a estrutura organizacional da empresa;

4 - Mensurar o valor do capital intelectual no balanço da Rádio Novo Tempo –

FM.

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1.4 SUPOSIÇÕES OU HIPÓTESES

Por se tratar de um estudo de caso e de uma pesquisa qualitativa optou-se

pela antecipação de algumas suposições, respostas antecipadas a definição do

problema.

A mensuração do capital intelectual vem dos programas de benefícios

concedidos pela organização aos seus colaboradores.

A importância do capital intelectual é a manutenção dos processos adotados

a sua devida compreensão pelos colaboradores.

Acredita-se que até 70% do capital intelectual da rádio esteja registrado no

balanço patrimonial.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Nesta parte da pesquisa será demonstrado o conteúdo de todo o trabalho,

bem como os capítulos que irão compor a monografia.

No capítulo primeiro, apresenta-se a Introdução, justificativa do tema,

definição do problema, objetivos geral e específicos e as respectivas suposições,

onde contempla uma abordagem sintetizada da influência do capital intelectual no

mundo globalizado, a tradução do comportamento humano em benefícios e as

possíveis vantagens competitivas para a sociedade e as organizações.

O capítulo segundo apresentar os fundamentos da pesquisa, os conceitos de

contabilidade, objetivos e princípios, balanço patrimonial, ativos e passivos.

O terceiro capítulo compreende a contabilidade gerencial, onde evidenciam

alguns conceitos, objetivos, características, finalidades, e faz um paralelo entre a

contabilidade financeira, ou seja, a contabilidade tradicional.

No quarto capítulo intitulado como Ativo Intangível, procura-se conceituá-lo e

explicar suas diversas formas de classificação, também quanto aos critérios para o

seu reconhecimento, após lista-se alguns dos principais intangíveis.

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O quinto capítulo conceitua de forma rápida o Goodwill, sua natureza,

mensuração e o tratamento contábil.

No sexto capítulo intitulado como Capital Intelectual busca-se uma

abordagem sobre o assunto. Faz-se menção dos conceitos, das formas de

classificação, áreas de atuação, modelos de mensuração, avaliação e composição.

O sétimo capítulo trata da metodologia aplicada na elaboração do referido

trabalho, onde se pode verificar de que forma se caracterizou a pesquisa e o estudo

de caso.

No oitavo capítulo se desenvolve o estudo de caso na sua parte prática,

aplicado na Rádio Novo Tempo – FM.

O nono e último capítulo, estão contempladas as considerações finais, onde

procurou-se confirmar ou não as questões propostas pela pesquisa, seus objetivos,

as limitações para o desenvolvimento e proposta para novos trabalhos.

2 CONTABILIDADE FINANCEIRA

Neste capítulo será abordado o conceito de contabilidade e seus objetivos, os

princípios que a regem e também apresentar a estrutura do balanço patrimonial com

suas respectivas demonstrações.

2.1 CONCEITO

A contabilidade é uma ciência social que é aplicada como uma ferramenta de

controle que auxilia na tomada de decisão e retrata a realidade financeira e

econômica de uma empresa numa determinada data.

Para Gouveia (1981,1993), a contabilidade pode ser considerada uma arte

que consiste em registrar todas as transações existentes numa organização que

possam ser demonstradas monetariamente, e também de informar os reflexos

dessas transações dentro das empresas demonstrando a sua situação econômico-

financeira.

Para Santos, et al. (2003), “a contabilidade, entre as classificações cientificas

existentes, enquadra-se como uma ciência factual, tendo em vista que apresenta as

características necessárias para ser considerada uma ciência”.

Segundo Marion (1998, p. 27), a contabilidade é o grande instrumento que auxilia a administração na tomada de decisão. Na verdade coleta todos os dados econômicos, mesurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou de comunicados, que contribuem sobremaneira para tomada de decisões.

Segundo os autores (Santos, et al. 2003), Iudícibus e Marion (2002),o objeto

formal de estudo da contabilidade pretende analisar e estudar o patrimônio das

entidades nos seus aspectos qualitativos e também os quantitativos.

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2.2 OBJETIVOS E FINALIDADE

Os objetivos da contabilidade são os de suprir e informar os usuários, sejam

eles internos ou não a situação econômica e financeira da entidade.

Nessa ótica, fica bem claro, que os objetivos consistem em fornecer aos

usuários um conjunto básico de informações de forma bem estruturada que

indiscutivelmente atenda a todos os grupos com as suas necessidades e que os

relatórios apresentados sejam de utilidade no processo de tomada de decisão e do

planejamento estratégico da empresa, conforme mencionam os autores. (FIPECAFI

19995), Iudícibus (2006), Iudícibus e Marion (2002), Padoveze (2000).

Segundo (Santos, et al 2003) o principal fim da contabilidade é assegurar o

controle do patrimônio e apresentar relatórios com informações necessárias para a

identificação das variações patrimoniais, assim o American Institute of Certified

Public Accountants - AICPA (1973 apud Iudícibus 2006 p.22) destaca a função da

contabilidade.

A função fundamental da contabilidade (...) tem permanecido inalterada desde os seus primórdios. Sua finalidade é prover os usuários dos demonstrativos financeiros com informações que os ajudarão a tomar decisões. Sem dúvida, tem havido mudanças substanciais nos tipos de usuários e nas formas de informação que têm procurado. Todavia, esta função dos demonstrativos financeiros é fundamental e profunda. O objetivo básico dos demonstrativos financeiros é prover informação útil para a tomada de decisões econômicas.

2.3 PRINCÍPIOS, POSTULADOS E/OU CONVEÇÕES CONTÁBEIS.

Os princípios e postulados servem como referenciais para o desenvolvimento

contábil de forma padronizada. Por meio deles pode-se entender o funcionamento

da contabilidade e discernir o que é correto ou não.

Os referidos autores (Santos, et al 2003) vêm falando que os princípios

fundamentais da contabilidade são utilizados por todas as entidades independente

do seu segmento.

Gouveia (1993 p.367) faz o seu conceito sobre os princípios.

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Em expressão bastante resumida, princípios fundamentais de contabilidade, também conhecidos por princípios de contabilidade geralmente aceitos, representam um conjunto de conceitos, princípios e procedimentos desenvolvidos pela teoria contábil e utilizados como elementos disciplinadores na escrituração de eventos e transações, e na elaboração de demonstrações financeiras.

O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) unificou os princípios

fundamentais de contabilidade em nível nacional, editaram a Resolução n 750, de

dezembro de 1993, elencando os seguintes princípios fundamentais:

• Entidade;

• Continuidade;

• Oportunidade;

• Registro pelo valor original;

• Atualização monetária;

• Competência;

• Prudência.

Conforme (Iudícibus 2006), (Gouveia 1993) e (Marion 1998) os Princípios

Fundamentais de Contabilidade podem ser caracterizados dessa maneira:

• Princípio da Entidade: Caracteriza-se pela separação do patrimônio

da entidade e de seus sócios pessoas físicas, não deve ser

confundido entre eles ficando bem claro o que pertence a entidade e

aos sócios.

• Princípio da Continuidade: Enfatiza que a continuidade da empresa

gera expectativa que no futuro a entidade continuará exercendo as

suas atividades, sem um prazo definido para o encerramento.

• Princípio da Oportunidade: Este princípio versa sobre a importância

de se registrar os fatos contábeis e suas variações patrimoniais no

momento de sua ocorrência independente das causas em que se

originou.

• Princípio do Registro Pelo Valor Original: Exalta a necessidade do

registro dos componentes patrimoniais serem contabilizados pelo valor

original da transação.

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• Princípio da Atualização Monetária: Busca atualizar o patrimônio

líquido com um valor justo reconhecendo os efeitos do poder aquisitivo

da moeda nacional.

• Princípio da Competência: Menciona o dever de se classificar as

despesas e as receitas incorridas independente do seu pagamento ou

recebimento no exercício social corrente.

• Princípio da Prudência: Faz referência ao se estipular sempre o

menor patrimônio líquido, dando preferência a maiores passivos,

gerando menor resultado e consequentemente formando uma reserva

extra-contábil.

Para (Iudícibus 2006) os Postulados e as Convenções Contábeis se definem

da seguinte forma:

• Postulado da Entidade: Embora exista uma relação entre a empresa

e os acionistas a contabilidade é focada para a entidade na tentativa de

separar os patrimônios.

• Postulado da Continuidade: Declara que a empresa é um organismo

vivo que está em plena atividade por um longo período de tempo até

que surjam evidências em contrario.

• Convenção da Objetividade: Menciona que nas operações relevantes

deve ser dada a preferência para aquelas que possuírem documentos

e critérios objetivos, ou que possa ser comprovado por profissionais da

área reunidas para fins de pesquisa ou na entidade que tiver

autoridade sobre os princípios contábeis.

• Convenção da Materialidade: O contador deverá levar em conta se é

de interesse ou não a informação para o usuário, levando em conta

sempre o custo beneficio.

• Convenção do Conservadorismo: Para a avaliação do patrimônio

devem-se priorizar os que gerarem maior passivo sempre reduzindo os

valores dos bens e direitos.

• Convenção da Consistência: Fala dos processos da entidade que

devem ser feitos de maneira padronizada adotando sempre o mesmo

critério para que tenha uma tendência das escriturações de fácil

compreensão.

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2.4 BALANÇO PATRIMONIAL

O objetivo desse fundamento é demonstrar os grupos utilizados no balanço

patrimonial, ativo e passivo, e suas ramificações.

2.4.1 Conceito

O balanço patrimonial é uma demonstração contábil, que informa os usuários

a situação econômica e financeira da entidade numa determinada data. Para Marion

(1998 p.53), “reflete a posição financeira em determinado momento, normalmente no

fim do ano ou de um período prefixado”.

Segundo o FIPECAFI (1995), a maior finalidade do balanço patrimonial é de

trazer os resultados da entidade de maneira organizada, e apresenta-los de forma

que se possa avaliar a situação econômica e financeira em determinada data.

Conforme Santos, et al.( 2003 p.77)

Essa demonstração tem por finalidade evidenciar, de forma qualitativa e quantitativa, a situação patrimonial e financeira da empresa e dos atos consignados na escrituração contábil. Essa demonstração deve ser estruturada de acordo com os preceitos da Lei n 6.404/76 (art. 178) e segundo os Princípios Fundamentais de Contabilidade.

O Balanço Patrimonial é uma demonstração contábil, obrigatória, sendo uma apresentação sintética e ordenada do saldo monetário de todos os valores integrantes do patrimônio da companhia, em determinada data, num sentido estático.

Para (Marion 1998) o balanço patrimonial é composto por três elementos:

• Ativo;

• Passivo;

• Patrimônio Líquido.

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2.5 ATIVO

Esta seção tratará sobre os ativos suas classificações e conceitos, tentando

abordar suas características.

2.5.1 Conceito

Ativo compreende um conjunto de bens e direitos de uma determinada

entidade.

Conforme Santos, et al. (2003), ativos são controlados pelas empresas e têm

a capacidade de gerar fluxos de caixas futuro, agrupa os bens da entidade e seus

direitos representados em moeda proveniente de somas que terceiros devem à

organização.

Gouveia (1981 p.8) descreve o seguinte sobre os ativos: “o ativo representa

todos os bens, direitos e valores a receber de uma entidade”.

O ativo pode ser considerado como um resultado proveniente do esforço de

pesquisa da entidade de modo contínua, por ótima organização e por fatores

intangíveis não ligadas as transações do mundo exterior. Pode-se dizer que o ativo é

composto pelos recursos econômicos, especificando a qualidade da posse pelas

empresas. Também há uma definição interessante sobre o ativo classificando como

recursos controlados pelas empresas e que tem o poder de gerar, mediata ou

imediatamente fluxos de caixa.

O teste do ativo consiste em trazer vantagens e benefícios imediatos ou

futuros e transformá-los em entradas líquidas no caixa ou gerar economia de saídas

de caixa. Deve ser considerado modernamente quanto a sua controlabilidade por

parte das empresas e subsidiariamente quanto a sua propriedade.

Ativos são recursos econômicos colocados para a finalidade do negócio

dentro de uma determinada data, sendo agregados de potencial de serviços

disponíveis ou os benefícios para as operações da empresa. (Iudícibus 2006)

Segundo Iudícibus e Marion (2002 p.143), o ativo tem sido definido de várias maneiras, sendo a mais tradicional a do tipo “... ativo é o conjunto de bens e diretos à disposição da administração...” ou

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variantes como “... ativos são os meios conferidos à administração para gerir a entidade...” e parecidas.

Para Marion (1998 p.66) “as contas do ativo são agrupadas de acordo com a

sua rapidez de conversão em dinheiro: de acordo com o grau de liquidez (a

capacidade de se transformar em dinheiro mais rapidamente)”.

2.5.2 Ativo Circulante

Ativo circulante se caracteriza pela sua rápida conversão em dinheiro, e

compreende um conjunto de bens que estão de fácil acesso a disposição da

entidade.

Para Gouveia (1993 p.150) “O termo ativo circulante diz respeito ao processo

de transformar dinheiro em mais dinheiro, através de sua aplicação no negócio da

empresa, dentro do seu ciclo operacional”.

Segundo Iudícibus (2006 p.223), o ativo circulante é: “Disponibilidade ou outros ativos normalmente identificados como os que se espera sejam transformados em dinheiro, vendidos ou consumidos durante o ciclo operacional normal da empresa”.

Fica evidente que os autores mencionados acima afirmam que no ativo

circulante estão os direitos mais líquidos da empresa, dessa forma (Santos, et al.

2003) também mencionam que no ativo circulante são classificados os bens e

direitos que poderão ser transformados em dinheiro durante o ciclo operacional da

empresa, além das despesas do exercício seguinte.

Segundo (Santos, et al. 2003), (FIPECAFI 1995) e (Gouveia 1993) a

subdivisão do ativo circulante consiste em três grupos. São eles:

• Disponibilidades.

• Direitos realizáveis.

• Despesas do exercício seguinte.

Disponibilidades: Onde são feitos os registros do dinheiro disponível no

caixa, valores em contas bancárias, aplicações financeiras de curtíssimo prazo,

valores em trânsito de qualquer natureza. Esses recursos financeiros estão à

disposição da empresa imediatamente.

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Direitos Realizáveis: Nesse grupo se classifica os bens e direitos que irão se

realizar até o final do próximo exercício social. Nos direitos realizáveis as origens

dos recursos provem das vendas a prazo de mercadorias ou serviços a clientes, ou

mesmo de qualquer transação que geram valores a receber.

Despesas do Exercício Seguinte: Essas despesas são tratadas como

despesas que foram pagas, mas ainda não incorridas no exercício social corrente.

Consiste em pagamentos antecipados, cujos benefícios ou a prestação de serviços à

empresa se darão durante o próximo exercício social.

2.5.3 Ativo Permanente

O ativo permanente se caracteriza pelo registro dos bens disponíveis na

empresa que não estão destinados à venda.

Dessa forma Gouveia (1981,1993), (Marion 1998) exemplificam que no grupo

do ativo permanente estão alocados os bens de posse da entidade que não estejam

nos planos venda, pelo menos dentro de um tempo previsível, dando uma conotação

que esses bens foram adquiridos pela empresa sem a intenção de comercialização.

Conforme NBC-T 3.2 – (Do Balanço Patrimonial apud Iudícibus e Marion 2002

p.191) conceitua ativo permanente assim: “São os bens e direitos não destinados à

transformação direta em meios de pagamento e cuja perspectiva de permanência da

entidade ultrapasse um exercício”.

Conforme (Santos, et al. 2003) neste grupo de contas do balanço são

classificados todos os bens com permanência duradoura que se destinam a

manutenção e funcionamento da entidade. Ainda integram o imobilizado os bens

que não estão em operação, tais como, construções em andamento, incorporações

em andamento etc.

O autor supracitado ainda faz menção que os bens classificados no

permanente podem ser divididos dessa forma:

• Bens Tangíveis: São aqueles que possuem corpo físico, como

terrenos, prédios, máquinas, equipamentos, móveis, veículos, etc. Por

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fim, são bens que se pode tocar e de fácil visualização.

• Bens Intangíveis: São os que seu valor não está na propriedade física,

mas nos direitos de propriedade que são conferidos de forma legal aos

seus detentores, tais como patentes, direitos autorais, marcas etc.

O Ativo Permanente está dividido em três categorias segundo (FIPECAFI

1995), (Santos, et al. 2003).

• Investimentos

• Imobilizado

• Diferido

Investimentos: São contabilizadas as participações permanentes em outras

sociedades, também os diretos de qualquer natureza que não possam ser

contabilizados no ativo circulante e no ativo realizável a longo prazo,

imobilizado ou diferido. Têm-se como exemplo as participações em

controladas, participações em outras empresas, imóveis para revenda e obras

de arte e antiguidade.

Imobilizado: Se classifica os bens e direitos que seu objeto fim seja o da

manutenção da empresa e suas atividades, pode-se ter bens corpóreos como

móveis ou imóveis e também os incorpóreos, tais como o goodwill, direito de

exploração de processo de indústria, marca de comercio etc.

Diferido: A contabilização ocorre quando as aplicações de recursos da

empresa irão contribuir para a formação de mais de um exercício social. Serão

amortizadas por apropriação todas as despesas operacionais que contribuíram

no período de tempo para a formação do resultado da companhia.

2.5.4 Ativo Permanente Intangível

Os ativos intangíveis se caracterizam por sua não visualização. Kohler (apud

Iudícibus 2006 p.225) definiu os intangíveis como “um ativo de capital que não tem

20

existência física, cujo valor é limitado pelos direitos e benefícios que

antecipadamente sua posse confere ao proprietário”.

Como se pode observar os ativos intangíveis são mensurados no balanço,

porém, não se pode tocá-los ou visualizá-los como matéria, são invisíveis. Dessa

maneira Iudícibus e Marion (2002 p.152) relatam o intangível “são bens que não se

podem tocar pegar, que passaram a ter grande relevância a partir das ondas de

fusões e incorporações na Europa e nos Estados Unidos”. Assim o intangível se

tornou de extrema importância para as empresas e é complexa a sua mensuração.

2.6 PASSIVO

Nesse conteúdo será conceituado o Passivo, divisões e sua forma de

avaliação.

2.6.1 Conceito

Passivo é um conjunto de obrigações com diversos prazos de vencimento que

uma determinada entidade tem com terceiros.

Iudícibus e Marion (2002), Marion (1998), Santos et al. (2003), Gouveia

(1981), definem que o passivo compreende as obrigações da companhia, inclusive

os empréstimos contraídos para aplicação no ativo permanente,

2.6.2 Classificação

Sua classificação se dá por quatro grupos de contas ordenadas conforme a

sua exigibilidade, sendo o último o patrimônio líquido onde se pode dizer que estão

alocadas as reservas da entidade.

21

Nessa perspectiva, os autores Iudícibus e Marion (2002), Marion (1998),

Santos, et al. (2003), Gouveia (1981), mencionam que o passivo se divide em

quatro:

• Passivo Circulante;

• Exigível a Longo Prazo;

• Resultados do Exercício Futuro;

• Patrimônio Líquido.

E se referem a sua caracterização dessa maneira:

Passivo Circulante: É composto pelas obrigações da entidade cuja

liquidação ocorra dentro do exercício social seguinte, ou de acordo com o ciclo

operacional, se este for superior a esse prazo. Podem representar valores fixos ou

variáveis, vencidos ou a vencer, em uma data ou em diversas datas. Tem como

característica algumas contas:

• Fornecedores;

• Salários a Pagar;

• Encargos Sociais a Recolher;

• Impostos a Recolher;

• Imposto de Renda e Provisões;

• Empréstimos Bancários;

• Outras Obrigações.

Como se pode ver o passivo circulante é compreendido pelas obrigações de

vencimento a curto prazo.

Exigível a Longo Prazo: Nesse grupo as obrigações são registradas quando

seu vencimento for superior ao ciclo operacional, ou após o exercício social

seguinte.

Resultados do Exercício Futuro: São classificadas nesse grupo as receitas

de exercícios futuros, diminuídas dos custos correspondentes. Essas receitas geram

um acréscimo nos ativos da entidade que ocorre antes da execução do contrato,

geralmente proveniente de vendas ou prestação de serviços.

Patrimônio Líquido: É representado pela diferença entre o ativo e o passivo,

que vem a ser o valor contábil pertencente aos sócios ou acionistas, o capital

próprio.

É dividido nos seguintes subgrupos:

22

• Capital Social;

• Reservas de Capital;

• Reservas de Lucros;

• Lucros ou Prejuízos Acumulados.

Capital Social: É o investimento aplicado na entidade pelos sócios ou

acionistas, estabelecido anteriormente no estatuto social.

Reservas de Capital: Representam valores recebidos pela organização e

que não componham o resultado da empresa como receitas. São formadas pelas:

1. Contribuição de subscritores de valores mobiliários da empresa,

quando estas não forem destinadas à integralização do capital social;

2. Doações ou subvenções.

Reservas de Lucros: Representado pelos lucros obtidos pela empresa que

serão retidos com a intenção de proteger os direitos dos acionistas e

credores.

Lucros ou Prejuízos Acumulados: É composto pelo saldo residual dos

lucros ou prejuízos líquidos das destinações para reservas de lucros e dos

dividendos propostos.

2.6.3 Avaliação

Os registros no passivo devem obedecer ao princípio da competência, mesmo

que ainda não se tenha a devida comprovação por meio de documentos, já se deve

reconhecê-los e calculá-los mediante provisão. No balanço, o passivo será avaliado

nos seguintes critérios:

1. As obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou calculáveis, serão

registrados pelo valor atualizado até a data do balanço;

2. As obrigações em moeda estrangeira serão convertidas em moeda

nacional conforme a taxa de câmbio existente na data do balanço;

3. As obrigações que necessitam serem reavaliadas mediante correção

monetária serão atualizadas até a data do balanço.

3 CONTABILIDADE GERENCIAL

Neste capítulo será efetuado uma abordagem da contabilidade gerencial de

forma que possa demonstrar seus conceitos, finalidade e diferenciá-la da

contabilidade financeira.

3.1.1 Conceitos

A contabilidade gerencial visa atender os administradores para uma melhor

gestão da empresa baseado em relatórios confiáveis e completos que possam

ajudar na tomada de decisão. Nessa ótica, Atkinson et al. (2000 p.36), conceitua a

contabilidade dessa maneira: “é o processo de identificar, mensurar, reportar e

analisar informações sobre eventos econômicos das empresas”.

Sobre o conceito de contabilidade gerencial, Padoveze (2000), descreve que

é um processo de identificação que mensura, faz análises, prepara, interpreta e

comunica as informações financeiras que a administração utilizará para realização

do seu planejamento, avalia os controles internos para assegurar e contabilizar o

uso de maneira apropriada dos recursos disponíveis.

Crepaldi (2004 p.20) faz sua referência sobre a contabilidade gerencial como:

Contabilidade Gerencial é o ramo da contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumentos aos administradores de empresas que os auxiliem em suas funções gerenciais. É voltada para a melhor utilização dos recursos econômicos da empresa, através de um adequado controle dos insumos efetuados por um sistema de informação gerencial.

O autor faz menção que a contabilidade de custos está ligada a contabilidade

gerencial e evidencia que a contabilidade de custos vem desempenhando um papel

importante na tomada de decisões, trazendo controles e auxiliando os

administradores na formação de preços de seus produtos.

24

3.1.2 Características e Finalidades

A característica principal da contabilidade gerencial é que ela é voltada ao

administrador dando suporte nos processos como um todo, executando bem o seu

papel de controladoria.

Nesse sentido (Padoveze 2000 p. 29) descreve que “a contabilidade gerencial

é vista como uma parte integral do processo de gestão, com informações sendo

disponibilizadas em tempo real diretamente para a administração”.

Pode ser caracterizada, superficialmente, como uma técnica especial de

procedimentos contábeis conhecidos e tratados na contabilidade financeira, de

custos, na análise financeira de balanços etc. Mas, inserido num grau mais analítico

em seus detalhes ou em forma de apresentação diferenciada, que auxilia os

gerentes nas suas decisões.

A contabilidade gerencial está unicamente voltada para a administração das

empresas, procurando fornecer as informações necessárias que se encaixem de

maneira válida e efetiva no modelo decisório do administrador. De maneira geral,

todo o procedimento, técnica, informação ou relatório contábil feitos sob medida

recai na contabilidade gerencial. (Iudícibus, 1998)

Conforme os autores citados a cima, pode-se notar que a contabilidade

gerencial está estritamente direcionada as necessidades dos administradores.

Marion (1998, p.29), cita que “Contabilidade gerencial está voltada para fins internos,

procura suprir os gerentes de um elenco maior de informações, exclusivamente para

a tomada de decisões”.

Visto a grande necessidade da informação que os controles internos trazem

para a entidade, Atkinson (2000 p. 45), divide-os em quatro áreas:

• Controle operacional;

• Custeio de produtos e do cliente;

• Controle administrativo;

• Controle estratégico.

Controle Operacional: Controla e informa os funcionários e a administração

sobre as tarefas e processos que estão sendo desempenhadas, para se ter a

certeza que os objetivos propostos serão alcançados.

25

Custeio de Produtos e do Cliente: Relaciona os custos dos produtos para

sua fabricação e comercialização, para que seja possível atender as

necessidades do mercado.

Controle Administrativo: Busca a informação do desempenho dos

administradores e ajuda a empresa na tomada de decisão.

Controle Estratégico: Controla a competição do mercado tanto no aspecto

financeiro como o tecnológico, preconizando o aperfeiçoamento das

atividades.

Diante dessas divisões, Atkinson (2000 p. 45), faz a diferenciação da posição

da informação gerencial contábil da seguinte forma:

Controle operacional Fornece informação (feedback) sobre a eficiência e a

qualidade das tarefas executadas.

Custeio do produto e do cliente

Mensura os custos dos recursos para se produzir,

vender e entregar um produto ou serviço aos

clientes.

Controle administrativo

Fornece informação sobre o desempenho de

gerentes e de unidades operacionais.

Controle estratégico Fornece informações sobre o desempenho financeiro

e competitivo de longo prazo, condições de mercado,

preferências dos clientes e inovações tecnológicas.

Intangível, Capital Intelectual, Goodwill, Inovações Tecnológicas.

QUADRO 1– FUNÇÕES DA INFORMAÇÃO GERENCIAL CONTÁBIL. Fonte: Adaptado de Atkinson et al. (2000 p. 45) – Grifo e complemento do autor.

Este trabalho de pesquisa se enquadra no aspecto do controle estratégico,

visto que o objeto de estudo é o capital intelectual, dessa maneira o trabalho busca

abordar as três divisões do capital intelectual que são: clientes, colaboradores e

estrutural. Acredita-se que o controle estratégico poderá ajudar no desenvolvimento

do tema proposto.

26

3.1.3 Contabilidade Gerencial x Contabilidade Financeira

Nesta parte dos fundamentos serão demonstradas as principais diferenças

entre a contabilidade financeira e a gerencial.

Warren, Reeve e Fess (2003 p.3) destacam as principais diferenças entre a

contabilidade gerencial e a financeira:

As informações da contabilidade financeira são relatadas em demonstrativos financeiros úteis para pessoas ou instituições “de fora” ou externas à empresa. Exemplos de tais usuários incluem acionistas, credores, instituições governamentais e público em geral. Na medida em que a administração usa esses demonstrativos financeiros para dirigir operações atuais e planejar operações futuras, as duas áreas contábeis sobrepõem-se. Por exemplo, no planejamento de operações futuras, a administração frequentemente começa por avaliar os resultados já contidos nas demonstrações financeiras. A demonstração financeira, objetiva e periodicamente, relata os resultados das operações e a condição financeira da empresa de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade.

As informações da contabilidade gerencial incluem dados históricos e estimados usados pela administração na condução de operações diárias, no planejamento de operações futuras e no desenvolvimento de estratégias de negócios integradas. As características da contabilidade gerencial são influenciadas pelas variadas necessidades da administração.

Por esse ponto de vista fica evidente que o autor menciona que a

contabilidade financeira é desenvolvida orientada pelos princípios fundamentais de

contabilidade, o que não ocorre com a gerencial, uma vez que o desenvolvimento

dos relatórios é para uso interno da entidade. O contador é o responsável em passar

as informações para a gerência conforme a necessidade, sempre priorizando as

informações de maior relevância. A contabilidade gerencial é desenvolvida

paralelamente à financeira.

O autor ainda exemplifica as diferenças entre a contabilidade gerencial e a

contabilidade financeira através do quadro a seguir:

27

Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial

Relatórios

Gerenciais

Usuários Externos e Administração

Demonstrações

Financeiras

Usuários: Administração

Objetivo Objetivo e subjetivo Características: Preparados de acordo com

as necessidades gerenciais Preparadas conforme os princípios fundamentais de contabilidade (PFCs)

Preparadas Periodicamente

Preparados periodicamente ou quando

necessário

Entidade Empresarial Entidade empresarial ou segmento

QUADRO 2– CONTABILIDADE FINANCEIRA E CONTABILIDADE GERENCIAL Fonte: Warren et al. (2003 p.2).

Ao se analisar o quadro pode-se dizer que a contabilidade gerencial se

distingue da financeira pelo aspecto que a última é formalizada para os clientes

externos e atende aos princípios contábeis. Nessa visão Atkinson et al. (2000 p.38),

exemplifica de maneira mais detalhada as características básicas conforme o quadro

abaixo:

28

Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial

Clientela: Externa – Acionistas,

credores, autoridades tributárias.

Clientela: Interna – Funcionários,

administradores, executivos.

Propósito: Reportar o desempenho

passado às partes externas; contratos

com proprietários e credores.

Propósito: Informar decisões internas

tomadas pelos funcionários e gerentes;

feedback e controle sobre desempenho

operacional; contratos com proprietários

e credores.

Data: Histórica, atrasada. Data: Atual, orientada para o futuro.

Restrições: Regulamentada – dirigida

por regras e princípios fundamentais da

contabilidade e por autoridades

governamentais.

Restrições: Desregulamentada –

sistemas e informações determinadas

pela administração para satisfazer

necessidades estratégicas e

operacionais.

Tipo de Informação: Somente para

mensuração financeira.

Tipo de Informação: Mensuração física

e operacional dos processos, tecnologia,

fornecedores e competidores.

Natureza da Informação: Objetiva,

auditável, consistente, precisa.

Natureza da Informação: Mais subjetiva

e sujeita a juízo de valor, válida,

relevante, acurada.

Escopo: Muito agregada; reporta toda a

empresa.

Escopo: Desagregada; informa as

decisões e ações locais.

QUADRO 3– CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS CONTABILIDADES FINANCEIRA E GERENCIAL. Fonte: Atkinson et al. (2000 p.38).

Esse quadro define bem as diferenças entre as duas contabilidades. Seus

propósitos são diferentes, não possui as mesmas restrições, o público alvo não são

os mesmos, em fim percebe-se que elas têm alguma ligação, mas não são

consideradas da mesma maneira. A contabilidade gerencial é orientada para o futuro

enquanto a financeira busca o passado.

4 ATIVO INTANGÍVEL

Neste capítulo será conceituado o ativo intangível, bem como a sua forma de

mensuração.

4.1 CONCEITO

Ativo intangível é considerado como algo que não se pode tocar

fisicamente, mas pode ser visto e mensurado. Conforme Schimidt e Santos (2002

p.14), “podem-se definir ativos intangíveis como recursos incorpóreos controlados

pela empresa capazes de produzir benefícios futuros”.

A palavra intangível vem do latim tangere que significa tocar, por meio

dessa definição fica claro que intangível se refere ao que não se pode tocar.

4.2 CLASSIFICAÇÃO

O ativo intangível tem várias classificações. Para cada tipo de transação que

se gere, ou se reconheça um intangível, é possível classificá-lo. Conforme o que

Schimidt e Santos (2002 p.14), mencionam que os ativos intangíveis podem ser

classificados pelos seguintes elementos:

• Gastos de implementação e pré-operacionais;

• Marcas e nomes de produtos;

• Pesquisa e desenvolvimento;

• Goodwill;

• Diretos de autoria;

• Patentes;

• Franquias;

• Desenvolvimento de software;

• Licenças

30

• Matrizes de gravação

• Certos investimentos de longo prazo.

4.3 CRITÉRIOS DE RECONHECIMENTO DOS ATIVOS INTANGÍVEIS

Esta seção visa expor as diferentes formas de se reconhecer os ativos

intangíveis de acordo com a Comissão de Valores Imobiliários (CVM), Normas

Internacionais de Contabilidade e os princípios geralmente aceitos pelos Estados

Unidos. Schimidt e Santos (2002) comentam as distinções dos ativos intangíveis de

acordo com as normas abaixo:

Ativos Intangíveis - Normas Brasileiras de acordo com a Comissão de Valores

Imobiliários (CVM).

• Reconhecimento dos ativos intangíveis na consolidação: As

normas brasileiras não fazem menção sobre o tratamento dos ativos

intangíveis, nem mesmo existe um grupo no balanço patrimonial que

identifique separadamente esses ativos. São classificados no ativo

diferido conforme o art. 179, inc. V, da Lei das Sociedades por Ações,

assim como os gastos incorridos com implementações pré-

operacionais, desenvolvimentos de software, pesquisa e

desenvolvimento de produtos etc.

• Ativos intangíveis adquiridos separadamente: Quando o ativo for

adquirido de modo separado, deverá ser contabilizado pelo custo da

aquisição e classificado no balanço patrimonial de acordo com a

natureza no imobilizado.

• Ativos intangíveis adquiridos como parte de uma combinação de negócios: Na ocasião da aquisição dos ativos intangíveis por

combinação de negócios pelas Normas Brasileiras, não podem ser

contabilizados de forma independente, tais itens irão compor o valor do

ágio ou deságio na aquisição dos investimentos.

31

Ativos Intangíveis – Normas Internacionais - International Accounting

Standards Board (IASB)

• Reconhecimento dos ativos intangíveis na consolidação: Estão

descritos nos parágrafos 18,19 e 20 do International Accounting

Standards (IAS) e requer que a entidade demonstre que o item:

1. Se enquadre na definição de ativo intangível

2. São prováveis os benefícios futuros para a entidade

3. O seu valor pode ser mensurado com confiança.

• Ativos intangíveis adquiridos separadamente: No caso de ser

comprado separadamente, pode-se mensurar seu custo de forma

confiável. O custo do ativo intangível é o preço de aquisição incluindo

os impostos que houver, e também as despesas incorridas para se

colocar em funcionamento.

• Ativos intangíveis adquiridos como parte de uma combinação de negócios: Se for adquirido em combinação de negócios o custo será

baseado pelo seu valor justo na data da aquisição. Deve-se refletir

cuidadosamente para se determinar o valor justo de um ativo intangível

quando adquirido em forma de combinação de negócios. Sua

mensuração deve ser de modo confiável para se realizar o

procedimento do reconhecimento desse ativo separadamente. Por não

existir um mercado regulador para os ativos intangíveis, seu custo

reflete o valor da transação na data da aquisição.

Ativos Intangíveis – Normas Norte Americanas – United States Generally

Accepted Accounting Principles – US-GAAP.

• Apresentação dos Intangíveis nas demonstrações financeiras: As

normas Americanas determinam que os ativos intangíveis sejam

consolidados e apresentados separadamente no balanço patrimonial.

Porém as normas não se opõem ao fato de separação dos ativos em

grupos e formas detalhadas, as despesas operacionais e as perdas

com Impairment de ativos intangíveis será apresentada da

demonstração do resultado do exercício. Schimidt e Santos (2002 p.18)

“o teste de Impairment, de acordo com o pronunciamento Financial

32

Accounting Standards (FAS) 142, representa a confrontação do valor

justo do ativo intangível com o valor registrado contabilmente”.

• Ativos intangíveis adquiridos separadamente: De acordo com o

parágrafo 9 do FAS 142, um ativo intangível que tenha sido adquirido

de forma individual ou coletivamente, desde que não sejam adquiridos

em forma de combinação de negócios, será inicialmente classificado

como um ativo e mensurado com base no seu valor justo.

O custo do grupo de ativos adquiridos na transação, exceto em uma combinação de negócios, será alocado aos ativos individuais adquiridos baseado em seu valor justo relativo e não gerará goodwill. Já os ativos intangíveis adquiridos em uma combinação de negócios são inicialmente reconhecidos e mensurados de acordo com o pronunciamento FAS 141.

De acordo com o parágrafo 10 do FAS 142, os custos de desenvolvimento interno, manutenção ou restauração de ativos inatingíveis (incluindo goodwill) que não são especificamente identificáveis, com vida útil indeterminada, ou que aumentam com a continuidade do negócio e relacionam-se com a entidade inteira, serão reconhecidos como despesas quando incorridos, ou seja, os ativos intangíveis desenvolvidos internamente não capitalizados.

• Determinação da vida útil de um ativo intangível: A vida útil de um

ativo intangível é calculada sobre o período o qual se estima que este

contribua direta ou indiretamente, na produção de fluxos de caixa

futuros para a empresa.

Schimidt e Santos (2002 p.19,20) A estimativa de vida útil é baseada na análise de todos os fatores pertinentes, em especial:

A expectativa de uso do ativo pela entidade;

A expectativa de vida útil de outro ativo ou grupo de ativos com a qual a vida útil do ativo intangível possa estar relacionada, tais como: direitos de exploração de minérios em relação à exaustão desses ativos;

Qualquer condição contratual, regulamentada ou legal, que possa limitar sua vida útil;

Qualquer condição contratual, regulamentada ou legal, que capacite a renovação ou extensão da vida útil contratual ou legal de um ativo sem custo substancial, ou seja, existem evidências que dão suporte

33

à renovação ou extensão e elas podem ser feitas com sucesso sem modificações materiais nas condições e termos existentes;

O efeito da obsolescência, demanda, competição e outros fatores econômicos, tais como: estabilidade de uma indústria, conhecimento tecnológico avançado, legislação que resulta em uma incerteza ou mudança na regulamentação do ambiente e expectativa de mudanças nos canais da distribuição;

O nível de despesas com manutenção necessário para obter fluxo de caixa futuro esperado do ativo, por exemplo, um nível material de manutenção em relação ao valor registrado do ativo pode sugerir uma vida útil muito limitada.

Caso não existam condições legais, regulamentares, contratuais, competitivas, econômicas ou outros fatores que limitem a vida útil de um ativo intangível, para fins de publicação da entidade, a vida útil deverá ser considerada indefinida. O termo indefinida não significa infinita.

• Ativos intangíveis sujeitos a amortização: No parágrafo 12 do FAS

142, determina que um ativo intangível definitivamente reconhecido

pela contabilidade deverá ser amortizado sobre sua vida útil. Se o ativo

intangível tiver uma vida finita, mas não conhecida sua duração, o

método padrão de amortização será o de acompanhar o período no

qual se está gozando dos benefícios gerados por ele.

• Ativos intangíveis não sujeitos a amortização: Segundo o parágrafo

16 do FAS 142, quando for determinado que um ativo intangível não

possa ser mensurado a sua vida útil então ele não deverá ser

amortizado, mas será preciso passar pelo teste anual do Impairment.

Se, em relação a um ativo intangível que não está sendo amortizado, posteriormente se determina que ele tenha vida útil finita, será aplicado o teste de Impairment de acordo com o parágrafo 17. Esse ativo intangível será então amortizado proporcionalmente a sua vida útil remanescente estimada e contabilizado da mesma forma que outros ativos intangíveis que são sujeitos à amortização. Schimidt e Santos (2002, p.21).

• Ativos intangíveis adquiridos em uma combinação de negócios:

Segundo o parágrafo 39 do FAS 141, um ativo intangível será reconhecido separadamente do goodwill se ele surgir por meio de um contrato ou outro direito legal, sem considerar se esses ativos são

34

transferíveis ou separáveis da entidade adquirida ou de outros direitos e obrigações.

Se um ativo intangível adquirido não surgir de um direto contratual ou legal, o FAS 141 determina que ele seja reconhecido como um ativo separadamente do goodwill somente se for separável, isto é, ele pode ser separado ou dividido da entidade adquirida e vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado. Schimidt e Santos (2002, p.22,23).

Segundo Schimidt e Santos (2002, p23), os principais ativos intangíveis que

apresentam o critério contratual ou legal são:

A) Marcas e nomes de produtos;

B) Serviços de marcas e certificação de marcas;

C) Cor única, formato, ou desenho da embalagem no comércio de

vestuário;

D) Nomes de domínio na internet;

E) Contratos de não-ocorrência;

F) Solicitações ou pedidos de produção não atendidos;

G) Contrato de relacionamentos com clientes;

H) Ativos intangíveis relacionados a jogos, óperas e balé;

I) Ativos intangíveis relacionados a livros, revistas, jornais e

outros trabalhos literários;

J) Ativos intangíveis relacionados com trabalhos musicais, tais

como composições, sons líricos e jingles de publicidade;

K) Ativos intangíveis relacionados a pinturas e fotografias;

L) Ativos intangíveis relacionados a material visual e audiovisual,

incluindo filmes, vídeos musicais e programas de televisão;

M) Licenças, royalties e contratos de paralisação;

N) Propaganda, construção, gerenciamento, serviço ou

fornecimento de contratos;

O) Contratos de alugueis;

P) Permissão para construção;

Q) Contratos de franquia;

R) Direitos de operação e transmissão (rádio e televisão);

S) Direitos de exploração de água, ar, recursos minerais e

recursos florestais;

35

T) Tecnologia patenteada;

U) Software de computação;

V) Segredos comerciais, tais como fórmulas secretas, processos

e receitas.

Ativos que apresentam o critério de separabilidade:

A) Relação de clientes;

B) Relacionamento com clientes não contratual;

C) Tecnologia não patenteada;

D) Base de dados.

O referido autor destaca os métodos de reconhecimento dos ativos

intangíveis fazendo menção das Normas Brasileiras, Internacionais e Americanas

expondo e interpretando o que cada uma delas tem a dizer. Como se pode ver as

três são muito parecidas, mas as Normas Americanas se aprofundam mais na

questão e são mais detalhadas do que as Normas Brasileiras.

4.4 PRINCIPAIS TIPOS DE ATIVOS INTANGÍVEIS

4.4.1 Gastos de implementação e pré-operacionais

Esses gastos são realizados quando a entidade pretende lançar um produto

ou construir um imóvel dessa maneira Schimidt e Santos (2002, p.25), definem

gastos de implementação e pré-operacionais:

Os gastos de implementação e pré-operacionais são provenientes de novos empreendimentos em uma entidade existente, ou que surgem em sua constituição, ambos incorridos antes do inicio de suas operações, visando atender basicamente ao princípio da confrontação das despesas e evitar a distorção do lucro dos primeiros anos, uma vez que eles normalmente são substanciais. Contudo, a normalização dos lucros não é fundamento teórico correto para o diferimento de custos, ou seja, esses gastos somente devem ser diferidos se satisfizerem aos critérios de reconhecimento de ativos.

O referido autor cita ainda, que conforme as normas brasileiras, esses gastos

são classificados no ativo diferido conforme o art. 179, inciso V, da Lei das

36

Sociedades por Ações. Nas normas americanas, os gastos são debitados em uma

conta chamada “Custo de Organização”, como um ativo no balanço patrimonial. As

normas internacionais dizem que esses custos só poderão ser capitalizados se estes

contribuírem para a colocação do ativo em operação.

4.4.2 Marcas e nomes de produtos

É o que se identifica ou se distingue uma entidade ou produto particular,

marcas como a Coca-Cola, Marlboro, IBM, McDonalds, Disney, Sony, Kodak, Nike

entre outras se tornam de fácil identificação com o produto na cabeça dos

consumidores o que ocasiona a possibilidade de venda.

Esses ativos são direitos que foram concedidos para alguém de modo geral,

ou por um período de tempo determinado. Surgem pela decorrência dos valores

investidos em propaganda, incluem seu nome comercial, símbolo, desenhos e logo

tipos que são utilizados para sua identificação.

As normas brasileiras a classificam como ativo imobilizado, amortizadas de

acordo com a perda de valor do capital investido na aquisição. Os Estados Unidos

fornecem proteção por um número indefinido de renovações a cada período de 20

anos. Seu tratamento contábil das marcas é de registrar diretamente como despesa

as que foram desenvolvidas internamente, exceto as despesas com taxas jurídicas e

demais envolvidas no registro.

Nas normas internacionais, as marcas, nomes comerciais, títulos de

propriedade gerada internamente, não deverão ser classificadas como ativos

intangíveis, uma vez que a despesa gerada com esses intangíveis não permite que

seja feita a identificação da parcela referente ao desenvolvimento. (Schimidt e

Santos. 2002 p. 26 e 27).

37

4.4.3 Pesquisa e desenvolvimento (P&D)

São os gastos incorridos para se gerar novos produtos ou aperfeiçoar os

produtos já existentes ou então reduzir os custos operacionais com o objetivo de

alcançar benefícios futuros.

Segundo as normas brasileiras, os gastos com as pesquisas e o

desenvolvimento, devem ser lançados no ativo diferido. Nas normas americanas, o

tratamento contábil refere-se que sejam lançados como despesas quando incorridas,

exceto quando a atividade for contratada. As normas internacionais também se

referem de igual modo da americana, que não devem ser classificadas como

intangíveis e sim como despesas quando incorridas. (Schimidt e Santos 2002, p. 28

e 29).

4.4.4 Patentes

O tratamento contábil é igual ao dado nas Marcas e devem ser contabilizados

no ativo imobilizado conforme as normas brasileiras. As internacionais dizem que se

estas patentes forem geradas internamente não poderão ser classificadas como

ativo intangível. Nas norte americanas, a patente é garantida pelo governo por um

período de 17 anos, e quando for comprada de terceiros devem ser capitalizadas,

caso contrário, devem ser então reconhecidas como despesas. (Schimidt e Santos

2002, p. 32 e 33).

4.4.5 Direitos Autorais

Pelas normas brasileiras, os direitos autorais quando desenvolvido

internamente deverão ser contabilizados como despesas incorridas. Somente serão

capitalizados se forem adquiridos de terceiros. As normas internacionais dizem que

38

os direitos autorais devem ser alocados diretamente ao resultado do exercício, mas

se adquiridos de terceiros devem ser capitalizados e amortizados conforme a vida

útil. Nas normas americanas o tratamento contábil dado é igual ao das normas

internacionais e brasileiras. (Schimidt e Santos 2002, p. 33,34 e 35).

4.4.6 Franquias e Licenças

As franquias e licenças são direitos concedidos geralmente por terceiros

(detentores), às entidades que se especializem na sua utilização. O tratamento

contábil dado ao registro de franquias é bem definido por Schimidt e Santos (2002,

p.34).

Nas normas brasileiras os pagamentos periódicos relacionados a contratos de franquias devem ser registrados como despesa. Porém, se houver algum pagamento antecipado suportado pelo franqueado, para obter direto à utilização da marca do direito de venda de produtos, ou outros necessários à concretização do contrato, os mesmos deverão ser ativados e amortizados de acordo com o período contratado.

As normas internacionais mencionam que esses gastos com desenvolvimento

interno, devem ser reconhecidos diretamente como despesas, porém, se a franquia

for adquirida de terceiros, deve-se capitalizá-la e amortizá-la conforme sua vida útil

contratada. Pelas normas norte americana, as franquias são registradas em uma

conta denominada de “Franquias e Licenças” somente quando envolver custos que

são identificáveis na aquisição. (Schimidt e Santos 2002, p. 34 e 35).

5- Goodwill

5.1.1 Introdução

Este capítulo tem por finalidade uma abordagem sobre goodwill visto que o

assunto é extenso e complexo, optou-se por fazer apenas o estabelecimento de

alguns aspectos em relação a sua, natureza, mensuração e tratamento contábil.

Schimidt e Santos (2002) caracterizam o Goodwill como os intangíveis dos

intangíveis, pela sua natureza, sua característica de não ser separável do negócio, e

muitos o tem como objeto de estudo. Nessa perspectiva Canning (1929:38 apud

Schimidt e Santos 2002, p.36) afirmaram que:

Contadores, escritores de contabilidade, economistas, engenheiros e os tribunais, todos eles têm tentado definir Goodwill, discutir a sua natureza e propor formas de mesurá-lo. A mais surpreendente característica dessa imensa quantidade de estudos é o número e variedade de desacordos alcançados.

Como se pode ver, desde 1929, já se buscava uma definição para Goodwill.

Schimidt e Santos (2002) mencionam que essa situação ainda perdura nos dias de

hoje. Essa situação ocorre porque o valor do Goodwill está interligado a outros ativos

intangíveis, existindo uma linha de separação de outros intangíveis.

5.1.2 A natureza do Goodwill

A natureza do goodwill vem sendo discutida por muitos estudiosos, todos têm

o seu ponto de vista. Nessa ótica Schimidt e Santos (2002, p.42) comentam sobre a

natureza dessa forma:

A natureza do goodwill, embora discutida há mais de um século por inúmeros estudiosos, conforme visto anteriormente, é muito controvertida, pois o valor do goodwill está intimamente ligado a outros intangíveis não identificáveis.

40

O referido autor faz a relação de alguns fatores e condições que podem

contribuir para o seu surgimento. São eles:

• Know-how;

• Propaganda eficiente;

• Localização geográfica;

• Habilidade administrativa fora dos padrões comuns;

• Treinamento eficiente dos empregados;

• Relações públicas favoráveis;

• Legislação favorável;

• Crédito proeminente;

• Condições monopolísticas;

• Processos secretos de fabricação;

• Fraqueza na administração dos concorrentes;

• Clientela estabelecida, tradicional e contínua;

• Prestígio e renome do negócio;

• Tecnologia de ponta;

• Boas relações com empregados;

• Associação favorável com outras companhias.

Nessa linha de pensamento Catlett e Olson (1968:18 apud Schimidt e Santos

2002, p.43) se referem ao Goodwill como um termo de origem inglesa que é usado

para expressar o excesso do valor pago na aquisição de uma empresa sobre o valor

justo do seu patrimônio líquido, que se justifica pelos seguintes fatores:

• Administração superior;

• Organização de vendas proeminente;

• Fragilidade administrativa dos concorrentes;

• Processos de fabricação diferenciados;

• Bom relacionamento com empregados;

• Propaganda eficaz;

• Disponibilidade de linhas de crédito;

• Treinamento de empregados;

• Associação favorável com outras entidades;

• Localização estratégica;

• Descoberta de talentos ou recursos;

41

• Legislação e condições favoráveis de tributos, entre outros.

Esses elementos possuem valores econômicos e são conhecidos como

goodwill, mas pelo fato de ser intangível, ausência de custos, dificuldade de

mensuração e subjetividade a contabilidade não tem registrado esse valor.

Por sua vez, Copyngton (1923, apud Martins, 1972:74) classifica o goodwill da

seguinte forma:

Goodwill Comercial – criado em função da entidade toda, independente das pessoas ou proprietários.

Goodwill Pessoal – decorrente de uma ou várias pessoas que integram a entidade, sejam elas proprietária (s) ou administradora (s).

Goodwill Profissional – desenvolvido por uma classe profissional que cria a imagem que a distingue dentro da sociedade, propicia condições de alta remuneração, como no caso dos médicos, advogados e contadores em alguns países.

Goodwill Evanescente – característico de certos produtos que a moda cria e, portanto, possuem curta duração.

Goodwill de Nome ou Marca Comercial – ocasionado pelo nome da entidade que produz o produto ou pela marca sob o qual é comercializado. Distingue-se do anterior pela durabilidade.

Já Paton e Paton (apud Martins 1972: 73) classificam o goodwill dessa forma:

Goodwill Comercial – decorrente de serviços colaterais, como: equipe amável de vendedores; entregas convenientes; facilidade de crédito; espaço físico apropriado para serviços de manutenção; atributo de qualidade do produto em relação ao preço; atitude e hábito do consumidor como fruto de nome comercial e marca tornados proeminentes em função da propaganda persistente; localização da entidade.

Goodwill Industrial – função de altos salários, baixa rotatividade de empregados, oportunidades internas satisfatórias para acesso às posições hierárquicas superiores, serviço médico, sistema de segurança adequado, quando esses fatores contribuem para a boa imagem da entidade e redução do custo unitário da produção gerado pela força de trabalho que opera nessas condições.

Goodwill Financeiro – oriundo da atitude de investidores, fontes de financiamento e de crédito em função de a entidade possuir sólida situação para cumprir suas obrigações e manutenção de sua imagem, ou, ainda, captar recursos financeiros que lhe permitam

42

aquisições de matéria-prima ou mercadorias em melhores termos e preços.

Goodwill Político – é aquele que surge em decorrência de um bom relacionamento com o Governo.

5.1.3 Uma visão do Goodwill

O goodwil pode ser analisado de várias formas. Pela diferença do preço de

aquisição, consolidações ou no valor atual.

Segundo Iudícibus (1997:205 apud Schimidt e Santos 2002, p.45) o goodwill

pode ser analisado pelas seguintes perspectivas:

• A diferença entre o preço pago na aquisição de um negócio em relação

ao preço praticado de mercado e dos seus ativos líquidos;

• Nas consolidações, a diferença de valor pago pela investidora pela sua

participação nos ativos da investida;

• Valor atual dos lucros que se desejavam para o futuro, menos os

custos de oportunidade (goodwill subjetivo).

O referido autor ainda destaca como surge o verdadeiro goodwill:

Somente surgirá se os ativos e passivos das entidades adquiridas forem avaliados por algum tipo de mercado. Caso contrário, o goodwill será uma mistura de “goodwill puro” e de outras diferenças de avaliação.

Por conseguinte, goodwill é aquele “algo a mais” pago sobre o valor de mercado do patrimônio líquido das entidades adquiridas, devido a uma expectativa (subjetiva) de lucros futuros além de seus custos de oportunidade, resultante da sinergia existente entre os ativos da entidade.

5.1.4 Mensuração do Goodwill

A mensuração do goodwill sempre foi tida como o ponto de controvérsia entre

os estudiosos da área, e tem ao longo dos anos sofrido mudanças.

43

Corroborando com esse pensamento Schimidt e Santos (2002 p. 45,46)

afirmam que o goodwill tem sofrido ao longo dos anos variações na sua mensuração

que serão identificadas a seguir:

Por meio de avaliação de atitudes favoráveis em relação à entidade. Nesse enfoque, o goodwill resulta de relações negociais vantajosas, boas relações com funcionários e atitudes favoráveis de clientes, que podem originar-se de uma localização estratégica, nome, reputação etc. Esse enfoque pressupõe que, quando é pago um valor superior aos valores individuais dos ativos líquidos de uma entidade, avaliado a valor de mercado, exclusive o goodwill, essa diferença representa o pagamento pelos atributos anteriores expostos, que foram gerados pelos proprietários anteriores;

Por meio do valor presente de lucros superiores. Segundo Hendriksen e Breda (1999:392), este é o enfoque predominante na literatura contábil e também o mais antigo. Nesse sentido, o goodwill representa o valor presente dos lucros futuros esperados, acima daquilo que poderia ser considerado retorno normal, também denominado de superlucros;

Por meio de uma conta geral de avaliação. Nesse enfoque, o goodwill é considerado simples conta de fechamento. Todos os ativos possuem valor para a entidade em função do fluxo futuro de benefícios que serão gerados. Portanto, se houver aumento da expectativa de fluxos futuros de caixa, deve-se aumentar o valor dos ativos que geraram tal aumento, e qualquer valor que subsista sem ser alocado é registrado como goodwill. Quanto mais ativos forem identificados, menor será seu valor e, no limite, ele desaparecerá, substituído por ativos tangíveis e intangíveis identificados.

5.1.5 Tratamento contábil do Goodwill

O tratamento contábil dado ao goodwill não é igual em todos os países, mas

prevalece na maioria o critério da amortização.

Dessa forma Schimidt e Santos (2000) fazem menção das diferentes formas

de tratamento contábil do goodwill nos diversos países. A maioria contabiliza-o como

um ativo sujeito a amortização ou fazem baixas do seu valor diretamente contra o

patrimônio líquido.

Iudícibus (1997:213-214 apud Schimidt e Santos 2000, p.48) cita que, pode-

se relacionar algumas considerações ao tratamento contábil dado ao goodwill, são

elas:

44

• Manter intacto seu valor;

• Diminuí-lo do patrimônio líquido (lucros acumulados);

• Amortizar o goodwill em certo número de anos.

Conforme o autor supracitado, manter intacto seu valor, significa que o

goodwill é um ativo que tem vida útil indefinida ou não determinável com exatidão.

Segundo Chambers (1966:211 apud Schimidt e Santos 2000, p.48), a

diminuição direta do patrimônio líquido se justifica porque o goodwill não tem uma

existência individual mensurada.

A amortização do goodwill em certos números de anos parece ser o critério

mais adequado segundo Iudícibus (1997:214 apud Schimidt e Santos 2000, p.48).

Nessa ótica pode-se avaliar que o critério mais utilizado pelos contadores é o

da amortização baseada na vida útil do ativo, quando este for passível de

mensuração.

O próximo capitulo abordará o conceito de capital intelectual e suas diversas

formas de mensuração e avaliação.

6 CAPITAL INTELECTUAL

Neste fundamento será abordado o conceito de capital intelectual,

composição e seus modelos de mensuração, baseado nos autores que mais se

aperfeiçoaram no assunto.

6.1.1 Introdução

O capital intelectual é muito abrangente, envolve a organização como um

todo, atua em diversas áreas proporcionando as pessoas envolvidas no trabalho e

as que se beneficiam dele oportunidades de se desenvolver, e cada dia buscarem a

qualidade no que se faz.

O assunto ainda é complexo de ser entendido, mas alguns autores se

especializaram e pesquisaram as formas de se classificar e avaliar o capital

intelectual. Fundamentado em Edvinsson e Malone (1998), Stewart (1998) e klein

(1998) pretende-se evidenciar as três formas do capital intelectual que são: Capital

Humano, Capital Estrutural e Capital de Clientes. Na seqüência se pretende expor

alguns conceitos.

6.1.2 Conceitos

O conceito do Capital Intelectual ainda se difere entre os autores, mas na

essência apresenta o mesmo conteúdo.

Edvinsson e Malone (1998) fazem uma pergunta: “O que é Capital

Intelectual?”, segundo os autores ainda não se tem uma definição, ela é muito

ilusória, mas vendo a necessidade, nos últimos anos grupos de pessoas começaram

e equacionar esse desafio, e tentaram encontrar uma definição que fosse

padronizada.

46

Nesse aspecto conforme Edvinsson o representante da SEC (Securities and

Exchange Comission, Comissão de Valores Mobiliários nos Estados Unidos), define

o Capital Intelectual não somente como sendo a capacidade humana, mas inclusive

o nome de produtos, marcas registradas e até ativos que foram contabilizados pelo

valor do custo original que no decorrer do tempo se transformaram em bens de

grande valor. Outros pesquisadores indicam que o Capital Intelectual consiste em

fatores como liderança tecnológica, treinamento constante dos empregados até a

rapidez com que se atende um pedido. Segundo o Professor de Administração de

Empresas, Thomas Jhonson da Universidade Estadual de Portland (Oregon), o

Capital Intelectual está escondido no mais profundo dos mais misteriosos

lançamentos contábeis.

Os autores Edvinsson e Malone (1998), Stewart (1998) e klein (1998) são

unânimes em afirmar que o Capital Intelectual é encontrado em várias situações: no

atendimento aos clientes, na estrutura física da empresa, no contato com

fornecedores, na forma da administração tratar a importância do negócio, nos

produtos, marcas, patentes que geram a força necessária para fazerem seu nome

ecoar pelo mercado, no investimento e treinamento da força de trabalho, todos

esses fatores somados formam o Capital Intelectual.

Segundo Edvinsson e Malone (1998, p.40), “O Capital Intelectual é a posse

de conhecimento, experiência aplicada, tecnologia organizacional, relacionamento

com clientes e habilidades profissionais [...] que resultem em vantagens

competitivas”.

Na definição de Capital Intelectual, Brooking (1996:12-13 apud Antunes 1999)

define-o desse modo:

Uma combinação de ativos intangíveis, frutos das mudanças nas áreas da tecnologia da informação, mídia e comunicação, que trazem benefícios intangíveis para as empresas e que capacitam o funcionamento das mesmas.

Visto por essa ótica, Padovezi (2000, p.8 apud Sena 2007, p.37) relata que o

Capital Intelectual pode ser considerado como um mix que abrange os

conhecimentos técnicos e oportuniza a entidade uma separação em frente aos seus

concorrentes, lhe proporcionando recursos econômicos maiores do que se

alcançaria se não disponibilizasse de tais habilidades.

47

Os autores citados acima definem que a entidade pode ser representada

como uma árvore, ou seja, a parte visível (galhos, folhas, frutas, tronco) pode-se

dizer que é representada pelas informações existentes nos relatórios contábeis.

Porém, a parte oculta que está abaixo do solo (raízes) é representada pelo Capital

Intelectual que dá vida à organização. A figura abaixo representa essa idéia.

FIGURA 1 – EVIDENCIAÇÃO DO ATIVO TANGÍVEL EM RELAÇÃO AO INTANGÍVEL. Fonte: Adaptado de Lopes (2001, p.65).

Consolidando a demonstração acima, Edvinsson e Malone (1998, p. 28-29)

fazem o seguinte comentário:

O valor oculto de uma empresa é o sistema de raízes daquela árvore. Para que a árvore floresça e produza frutos, ela precisa ser alimentada por raízes fortes e sadias. E da mesma maneira que a qualidade do fruto de uma árvore depende de seu conjunto de raízes, a qualidade da organização empresarial da companhia e a solidez de seu capital financeiro constituem igualmente uma função de seus valores ocultos. Cuide dessas raízes e a empresa florescerá; permita que elas sequem ou se tornem avariadas e a empresa, não importando quão sólida pareça, irá finalmente entrar em colapso e morrer.

48

6.1.3 Composição

Nesta seção apresenta-se a composição do Capital Intelectual e suas

diferentes formas de classificação.

Segundo Edvinsson e Malone (1998, p. 31-33), define que o Capital

Intelectual se divide em três, Capital Humano, Capital Estrutural e Capital de

Clientes. E apresenta-o conforme a (figura 2) abaixo:

• Capital Humano: Toda a capacidade, conhecimento, habilidade e

experiência individuais dos empregados e gerentes;

• Capital Estrutural: São os sistemas informatizados, a imagem da

empresa, bancos de dados exatos, os conceitos organizacionais e a

documentação, propriedade intelectual, patentes, marcas registradas e

direitos autorais;

Capital de Clientes: É o relacionamento da empresa com seus clientes, mede

a solidez, lealdade, medidas de satisfação, longevidade, sensibilidade a preços, o

bem estar financeiro dos clientes de longa data.

FIGURA 2 – COMPOSIÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL

Fonte: Adaptado de Edvinsson e Malone (1998, p.47). FIGURA 2– EVIDENCIAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL Fonte: Adaptado de Edvinsson e Malone (1998, p.47).

49

O capital estrutural se ramifica em mais três. São eles:

• Capital Organizacional: Abrange o investimento da empresa em

sistemas, instrumentos e filosofia operacional que agilizam o fluxo de

conhecimento pela organização.

• Capital de Inovação: Refere-se à capacidade de renovação e aos

resultados da inovação sob a forma de direitos comerciais amparados

por lei.

• Capital de Processos: É constituído por aqueles processos, técnicas

(ISSO 9000) e programas direcionados aos empregados, que

aumentam e ampliam a eficiência da produção ou prestação de

serviços.

Para Stewart (1998, p.67-70), o Capital Intelectual pode ser encontrado em

três lugares: pessoas, estruturas e clientes.

O capital humano se torna de grande importância porque é a fonte de

inovação, e renovação. O estrutural ajuda o humano a se desenvolver através das

condições físicas proporcionadas para criação de valor. O cliente é avaliado pelo

relacionamento da entidade com seus clientes e os fornecedores que levarão

adiante o nome da empresa.

Conforme os autores supracitados é possível identificar o Capital Intelectual

nas pessoas, na estrutura física das empresas e principalmente no relacionamento

que a entidade mantém com os clientes e fornecedores. Esses conjuntos de fatores

invisíveis aos registros da contabilidade formam o que as entidades mais têm de

valioso, o Capital Intelectual.

6.1.4 Modelos do Capital Intelectual

O objetivo dessa sessão é demonstrar alguns dos principais modelos de

mensuração do Capital Intelectual.

A mensuração do ativo do conhecimento desperta curiosidade em muitas

pessoas. Nessa ótica Stewart (1998, p199) descreve o seguinte:

50

A avaliação da aquisição e uso dos ativos do conhecimento desperta grande interesse e grande ceticismo. Até as pessoas que condenam a inadequação da contabilidade praticada atualmente preocupam-se com medidas não-comprovadas, possivelmente subjetivas e não-financeiras nos relatórios anuais. Os demonstrativos de resultados das empresas são suficientemente confusos com valor do patrimônio, encargos de reestruturação e outros itens, que muitos alegam já não descrever claramente o desempenho financeiro.

Contudo, se misturar medidas de capital intelectual com dados financeiros seria uma abordagem incorreta, um erro ainda maior seria não usá-las. O capital intelectual depende definitivamente de se encontrar alternativas rigorosas de acompanhá-lo, correlacionadas a resultados financeiros.

Diante dessas definições podem-se apresentar as formas de mensuração são

elas:

• Modelo de Stewart - Navegador do Capital Intelectual;

• Razão entre o Valor de Mercado e o Valor Contábil;

• Modelo de Edvinsson e Malone – Skandia.

1. Modelo de Stewart – Navegador do Capital Intelectual

O modelo designado de Navegador por Stewart (1998) demonstra que uma

empresa não é avaliada somente por um aspecto, mas por vários pontos de vista

(rentabilidade, fluxo de caixa, retorno sobre vendas, ativos), do mesmo modo que a

contabilidade financeira analisa os índices do balanço para retratar o desempenho

financeiro. A contabilidade do capital intelectual deve analisar o desempenho da

empresa por vários aspectos.

O autor ainda se refere que por se criar tantas medidas não-financeiras a

empresa corre o risco de se emaranhar com tantos papéis e posteriormente não

conseguindo obter as informações que realmente eram de importância. Três

princípios devem nortear uma entidade na escolha das medidas a adotar.

• Mantenha a simplicidade: utilizar no máximo três medidas para cada

item, capital humano, estrutura e clientes, além do valor que dê a idéia

do todo;

51

• Avalie o que é estrategicamente importante: Se a entidade

comercializa produtos já conhecidos no mercado e de confiabilidade,

não se preocupe com novos pedidos de patentes;

• Avalie as atividades que produzem riqueza intelectual: Focalizar os

itens que leve ao capital intelectual.

O modelo proposto por Stewart (1998, p.218-219) se refere a um gráfico

circular com um formato de radar e várias linhas tracejadas desde o centro até a

extremidade contendo uma escala que permitirá criar índices de avaliação dos

elementos que compõem o capital intelectual.

Abaixo, a figura 3 demonstra o gráfico elaborado por stewart (1998, p. 219)

onde “O interior do polígono mostra os resultados atuais; e a parte externa revela o

que você deseja”.

FIGURA 3– NAVEGADOR DO CAPITAL INTELECTUAL Fonte – Adaptado de Stewart (1998, p. 219).

52

2. Razão entre o Valor de Mercado e o Valor Contábil

A razão de mercado se dá pela lei da oferta e da procura. Segundo Stewart

(1998), quem define o quanto vale um produto é quem está comprando e não quem

está vendendo. Um produto vale o quanto alguém quiser pagar por ele. Sendo assim

uma empresa valerá o quanto o mercado de ações determina.

Essa média é a mais simples, mas também considerada a pior segundo o

autor para a mensuração do capital intelectual. A razão entre o valor de mercado e o

valor contábil pode ser representada dessa maneira:

Valor de Mercado = Capital Intelectual

Valor Contábil

Analisando esse conceito, todo o excedente do valor de mercado depois de

dos ajustes contábeis é considerado um intangível. No exemplo que Stewart (1998,

p.201) relata que a Microsoft estava avaliada em US$85,5 bilhões e seu valor

contábil é US$6,9 bilhões, então seu capital intelectual é US$78,6 bilhões. Essa

metodologia apresenta três problemas conforme Stewart:

Primeiro: O mercado de ações é volátil e responde, muitas vezes, de forma bastante enfática, a fatores inteiramente fora do controle da gerência;

Segundo: Há indícios de que tanto o valor contábil quanto o valor de mercado, em geral são subestimados;

Terceiro: Embora seja gentil afirmar que a Microsoft possui US$78,6 bilhões em ativos intangíveis, o que isso quer dizer? O que eu, um gerente ou investidor, tenho a ver com essa informação?

“Uma forma de aumentar a confiabilidade e a utilidade da diferença entre o

valor de mercado e o valor contábil é analisar a razão entre os dois valores, não os

números absolutos”. Stewart (1998, p202).

3. Modelo de Edvinsson e Malone – Skandia

Segundo (Antunes 1999) a Skandia está na quarta posição dos maiores

grupos financeiros do mundo, atuando na área de serviços financeiros e seguros na

Suécia. Foi o primeiro grupo a apresentar relatórios que continha avaliação do

53

capital intelectual o que provocou grande interesse nos meios acadêmicos e

empresariais. O modelo desenvolvido foi motivado pela visão dos seus diretores,

sobretudo de jan Carendi e de Leif Edvinsson no inicio dos anos oitenta.

Conforme Edvinsson e Malone (1998), o capital intelectual se divide em três:

o humano, estrutural e de clientes. A grande questão é: como mensurá-los e

apresentá-los de forma clara que o observador externo possa compreender de uma

maneira rápida e evidente as informações ali contidas? Fazendo uma comparação

com uma forma mais tradicional de navegação, o capital intelectual também

necessita de um mapa que capte todo o valor da empresa que permita a qualquer

pessoa navegar e entender o que está exposto.

figura 4 apresenta o modelo Skandia.

FIGURA 4– NAVEGADOR SKANDIA Fonte – Adaptado de Edvinsson e Malone (1998, p.60).

O detalhamento do navegador segundo Edvinsson e Malone (1998, p. 60-61)

descreve que ele não é composto por categorias de capital, mas por cinco áreas de

foco:

54

• Foco Financeiro: Inclui o balanço patrimonial, busca o passado da

entidade uma medida exata de onde ela estava num momento

específico;

• Foco no Cliente: Avalia uma categoria distinta do capital intelectual;

• Foco no Processo: Corresponde a avaliação do capital estrutural;

• Foco na Renovação e Desenvolvimento: Capital estrutural voltada para

o futuro.

• Foco Humano: É o capital do conhecimento onde se habilita a interagir

com as outras áreas do capital intelectual.

No próximo capítulo será demonstrada a metodologia utilizada para a

composição desse trabalho.

7 METODOLOGA DA PESQUISA

A metodologia é uma técnica aplicada ao desenvolvimento de trabalhos

científicos de pesquisa, que proporciona ao pesquisador a segurança necessária

para a realização dos processos.

Para Barros e Lehfeld (2000), a metodologia busca estudar e avaliar os vários

métodos disponíveis e ainda identifica as limitações ou não em nível das implicações

de suas utilizações, tornando-se um estudo para a busca da melhor maneira de

abordagem em determinados problemas no estado atual de nossos conhecimentos.

Lakatos e Marconi (1991) definem que método é um conjunto de atividades

sistemáticas e também racionais que permite alcançar um objetivo com maior

economia e segurança tornando os conhecimentos válidos e verdadeiros.

Segundo Barros e Lehfeld (2000), os métodos científicos são as formas mais

seguras que o homem inventou para o controle do movimento das coisas que

cercam um fato e a compreensão adequada dos fenômenos.

Outro conceito sobre método é bem expresso por Magalhães (2005, p.226)

“Metodologia seria, portanto, o estudo ou a ciência do caminho”.

Cervo e Bervian (1996, p.20) descrevem o seguinte: “O método é a ordem

que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um fim

desejado”.

Ainda na busca do conceito, Ruiz (1985, p.131) define método como: “O

conjunto de etapas e processos a serem vencidos ordenadamente na investigação

dos fatos ou na procura da verdade”.

1.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa é uma importante ferramenta para a solução de problemas por

meio do emprego de processos científicos.

Para Ander-Egg (1978:28 apud Lakatos e Marconi 1991, p.155), a pesquisa é um procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento. A pesquisa por tanto é um

56

procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento cientifico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais.

Segundo Cervo e Bervian (1996) existem vários tipos de pesquisa, sendo que

duas vamos abordar nesse estudo: bibliográfica e a descritiva.

A pesquisa bibliográfica constitui na busca por publicações impressas e

também eletrônicas, materiais esses de fácil acesso ao público. Cervo e Bervian

(1996) definem a pesquisa bibliográfica como referências teóricas publicadas em

documentos buscando conhecer e analisar as contribuições culturais ou cientificas

do passado que existe sobre um determinado assunto, tema ou problema.

Para Lakatos e Marconi (1991), a pesquisa bibliográfica contribui para definir e

resolver não somente os problemas já conhecidos, mas também ajuda na

exploração de novas áreas onde não se tem plena compreensão das dificuldades.

A pesquisa bibliográfica também é definida por Barros e Lehfeld (2000, p.70)

assim: “’É a que se efetua tentando-se resolver um problema ou adquirir

conhecimentos a partir do emprego predominante de informações advindas de

material gráfico, sonoro e informatizadas”.

A pesquisa descritiva ocorre no comportamento humano buscando conhecer os

problemas da sociedade. Conforme Cervo e Bervian (1996) “A pesquisa descritiva

desenvolve-se, principalmente, nas Ciências Humanas e Sociais, abordando aqueles

dados e problemas que merecem ser estudados e cujo registro não consta de

documentos”.

Cervo e Bervian (1996) afirmam: “A pesquisa descritiva observa, registra,

analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”.

Para Barros e Lehfeld (2000), esse tipo de pesquisa jamais deve haver a

interferência do pesquisador. Ele terá que descrever o objeto da pesquisa,

procurando descobrir com que freqüência ocorre o fenômeno, qual sua natureza,

característica, causas, relações e ligações com outros fenômenos.

57

1.2 ESTUDO DE CASO

É uma técnica de pesquisa, tendo como principal objetivo um estudo

aprofundado de uma unidade, baseando-se em fatos reais.

Segundo Barros e Lehfeld (2000) o estudo de caso se divide em dois:

históricos organizacionais, quando se pretende examinar uma instituição e

observacionais, que está ligada a pesquisa qualitativa.

Chizotti (1991 apud Barros e Lehfeld, 2000, p.95) caracteriza o estudo de caso como: uma modalidade de estudo nas Ciências Sociais, que se volta à coleta e ao registro de informações sobre um ou vários particularizados, elaborando relatórios críticos organizados e avaliados, dando margem a decisões e intervenções sobre o objeto escolhido para investigação (uma comunidade, uma organização, uma empresa etc.).

1.3 UNIDADE DE ANÁLISE

O objeto de análise desse estudo é conhecer o capital intelectual da Rádio

Novo Tempo - FM, por meio dos processos utilizados na entidade.

7.1.1 Caracterização da Entidade

A Rádio Novo Tempo 96.9 FM, com sede no município de Florianópolis,

Santa Catarina, desenvolve seus trabalhos há 10 anos, levando todos os dias ao ar

programas de fins religiosos e sociais, visando o bem estar dos ouvintes.

Com sua antena localizada na base do Morro da Cruz, na capital

Florianópolis, conta com modernos equipamentos de transmissão numa potência de

35.000 Watts.

Hoje, a Rádio Novo Tempo é a mais potente operando no Estado de Santa

Catarina, alcançando 37 municípios e uma população estimada de 1,6 milhões de

habitantes. Integrante da Rede Novo Tempo de Rádios, com 17 emissoras

espalhadas pelo país.

58

Em agosto de 2007, foi apontada pelo IBOPE, líder em audiência cristã na

grande Florianópolis, atingindo o perfil dos consumidores mais cobiçados do

mercado com alto poder de compra e decisão.

Possui dois estúdios de última geração. Um para locução e o outro para

gravação de programas. Conta com dois locutores para a programação local,

divididos na parte da manhã e tarde. À noite entra em cadeia nacional.

A estrutura organizacional conta com um diretor administrativo, gerente

financeiro, departamento comercial e locução.

Organiza campanhas de cunho social, como o projeto “Vida Por Vidas” que

estimula a doação de sangue. Também promove o “Mutirão de Natal” que recolhe

alimentos, roupas e distribui às pessoas carentes.

Na grade de programação há espaço para empresas oferecerem

oportunidade de trabalho, ajudando os ouvintes que necessitam de uma

oportunidade de emprego. Veicula músicas, notícias, informações e os mais

variados programas.

7.1.2 Instrumentos

Para solução das questões de pesquisa propostas, foram implementados os

seguintes instrumentos durante a realização do estudo de caso:

1 - Inspeção documental na entidade;

2 – Entrevistas com a força de trabalho;

3 – Leituras de relatórios;

4 – Averiguação dos controles existentes;

7.1.3 Procedimentos Metodológicos

Para solução das questões de pesquisa propostas, foram implementados os

seguintes procedimentos durante a realização do estudo de caso:

1 – Conhecer os processos;

2 – Conhecer a estrutura da Rádio Novo Tempo - FM;

59

3 – Pesquisa de procedimentos relativa ao capital intelectual;

4 – Balanços e demonstrações contábeis;

5 – Relatórios econômicos e financeiros;

6 – Entrevistas;

7 – Procedimentos internos.

8 APLICAÇÃO PRÁTICA

Nesta parte do trabalho apresenta-se o estudo de caso realizado sobre o

capital intelectual na Rádio Novo Tempo – FM, identificando o seu registro na

estrutura patrimonial, bem como a sua percepção e importância pela força de

trabalho, suas divisões e composições.

8.1 IDENTIFICAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL

A Rádio Novo Tempo – FM busca o desenvolvimento constante das pessoas

com quem se relaciona, principalmente seus colaboradores e clientes. Procura

proporcionar aos seus funcionários um ambiente que lhe forneçam as condições

necessárias, para se desempenhar as atividades de forma que se alcance as metas

propostas.

Também é visível o investimento na estrutura da empresa, onde se busca a

atualização e as condições necessárias que a tornam um diferencial no segmento.

Seus estúdios de última geração proporcionam a segurança e a capacidade para o

desenvolvimento das atividades do dia-a-dia.

Seus clientes formam uma parceria, algo muito importante na área da

comunicação. São clientes representativos na sociedade local e também a nível

nacional. Dão credibilidade ao nome da rádio, com grande poder para influenciar as

pessoas.

As três áreas do capital intelectual estão bem representadas na Rádio Novo

Tempo - FM, de forma que serão apresentas abaixo com mais detalhes.

8.1.1 Capital Intelectual Estrutural

A Rádio Novo Tempo - FM investe em estrutura e a utiliza para que se tenha

um resultado sobre esse investimento. Seu patrimônio representava em dezembro

de 2007 aproximadamente R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais).

61

Com todos os investimentos na parte estrutural, pode-se dizer que esse

capital contribui diretamente para a atividade fim da empresa, permitindo o

desenvolvimento dos trabalhos e propiciando o bem-estar dos colaboradores que

dispõe de ótima estrutura para o desenvolvimento das suas tarefas.

A organização se fortalece quando aplica cifras significativas em sua

estrutura, e os frutos desse investimento se transforma em resultados, pela

satisfação do cliente e da força de trabalho. Além disso, uma empresa bem

estruturada tem a capacidade de se projetar no mercado, e se fazer conhecida

buscando a solidez necessária para o seu crescimento.

No alto do morro da cruz, na cidade de Florianópolis-SC, está situada a

antena de transmissão de alta capacidade, enviando o sinal para a grande

Florianópolis e região. Seus estúdios de última geração estão no município de São

José-SC, onde é desenvolvida toda a programação que veicula no período diurno. A

estrutura ainda conta com a Rede Novo Tempo que no período noturno entra em

cadeia nacional.

Carrega no seu currículo a marca “Novo Tempo” de propriedade da Igreja

Adventista do Sétimo Dia, o que a torna muito conhecida no meio cristão e no ramo

da comunicação.

Pelo fato de se tornar essencial uma antena, por motivos lógicos, surge ai

uma oportunidade de auferir receita proveniente desse bem. Algumas empresas

também do ramo da comunicação, necessitam de um espaço para colocarem suas

antenas (menores em relação a da rádio), e utilizam a torre para fixá-las e pagam

aluguel por esse direito.

Por meio de pesquisas, nos balanços patrimoniais dos anos de 2003 a 2007

buscou-se uma relação dos investimentos efetuados em capital estrutural, no

decorrer desses cinco anos analisados.

Capital Estrutural 2007 2006 2005 2004 2003

Imobilizado 891.881,02 876.094,29 959.519,14 930.116,05 962.620,55

Edifícios Em Formação - 5.595,25 - - -

62

Terrenos 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00 100.000,00

Edifícios 11.149,74 3.903,45 41.975,05 44.014,33 46.053,61

Moveis e Utensílios 6.550,25 7.447,49 10.901,90 4.115,47 5.151,31

Maquinas e Equipamentos 53.322,18 78.744,08 106.607,99 126.888,88 158.118,28

Equipamentos de Informática 8.203,80 12.195,00 11.104,92 6.413,87 5.493,37

Marcas e Patentes 565.000,00 565.000,00 565.000,00 565.000,00 565.000,00

Software - 115,00 707,50 1.367,50 1.417,50

Aluguel Antena 147.655,05 103.094,02 123.221,78 82.316,00 81.386,48QUADRO 4- EVOLUÇÃO DO CAPITAL ESTRUTURAL Fonte: Balanço Patrimonial dos anos de 2003 a 2007 fornecidos pela Rádio Novo Tempo.

Na ótica dessa demonstração é possível verificar os investimentos efetuados

no capital estrutural. Percebe-se que a estrutura é bem fortificada e que realmente

se torna fundamental para o desenvolvimento das atividades.

O item que mais chama atenção no quadro 4 é o aluguel da antena.

Comparando o ano de 2007 com 2003 o crescimento foi de 81,42% o que gera

receita para a entidade, provando que a rádio se beneficia em muito com seu capital

estrutural.

A diminuição nos demais índices (exceto Marcas e Patentes, Terrenos), se dá

por conta da baixa e alienação de vários bens que estavam na relação nos anos

anteriores a 2007.

Na seqüência apresenta-se o gráfico evolutivo do capital estrutural.

63

Capital Estrutural

800.000,00

850.000,00

900.000,00

950.000,00

1.000.000,00

Ano

Imobilizado

Imobilizado 891.881,02 876.094,29 959.519,14 930.116,05 962.620,55

2007 2006 2005 2004 2003

FIGURA 5- GRÁFICO EVOLUTIVO DO CAPITAL ESTRUTURAL Fonte: Balanço Patrimonial de 2003 a 2007 da Rádio Novo Tempo.

Como se pode perceber, os investimentos nos cinco anos analisados no

capital estrutural da Rádio Novo Tempo, demonstram uma ordem decrescente,

sendo que os maiores investimentos ocorreram entre os anos de 2003 a 2005,

sendo reduzido nos anos de 2006 e 2007.

Na próxima seção irá se abordar o capital humano sua composição, evolução

e importância para a organização.

8.1.2 Capital Intelectual Humano

No ponto de vista da entidade, o capital humano tem a maior relevância no

conjunto do capital intelectual. Sobre essa perspectiva a organização desenvolve

suas atividades e busca alcançar as metas propostas.

64

A administração acredita que para manter a força de trabalho comprometida

com o desempenho das atividades da organização, é necessário o investimento em

capacitação, proporcionando o suporte necessário para o desenvolvimento

profissional e intelectual.

Pelos os fundamentos acima os colaboradores dispõem de benefícios que

lhes são concedidos em forma de complemento salarial, sua característica é de

reembolso de despesas onde serão comprovados por meio dos gastos realizados

pelos funcionários, tais como:

Custeio de aluguel, combustível, seguro de vida, despesas de educação,

despesas médicas etc. Cabe destacar na saúde o plano empresarial da Unimed-

Florianópolis que da todo o suporte médico necessário, além do custeio a educação

concedendo auxilio até o nível do terceiro grau e espacializações, tanto para o titular

como os dependentes. Beneficia com 100% (Cem por cento) o aluguel estendendo

esse para toda a família do colaborador.

O quadro 5 abaixo representa os investimentos em capital humano nos

últimos cinco anos, como segue:

Capital Humano

2007 2006 2005 2004 2003

Benefícios 107.177,31 116.778,91

116.697,87

92.807,84

84.323,46

Remuneração 75.571,07 88.208,31 95.593,13 70.704,08 61.159,44Auxilio Despesas Locativas 7.833,38 6.875,40 6.189,68 6.029,83 6.286,15 Auxilio. IR S/ Despesas Locativas 88,76 - - 200,67 133,50

Utilidade Educacional 3.497,36 1.913,50 234,46 2.666,75 2.281,08 Auxilio. Manutenção de Veículos 400,00 1.197,00 150,00 - 694,14 Reembolso Despesas Manutenção de Veículos 5.820,00 8.385,00 8.530,00 10.130,00 8.965,86

Convênio Saúde 3.002,79 2.721,38 3.351,38 2.551,05 1.920,79

Seguro de Carros 493,50 - - - -

Seguro de Vida em Grupo 600,40 647,80 518,35 - 253,64

Uniformes 86,18 1.322,84 407,98 - 290,00

Vale Refeição - 574,32 - - -

Refeitório 1.080,43 - - - -

65

Atividades Sociais 2.492,60 1.607,05 1.318,76 308,46 186,36 Conservação e Manutenção de Residências Alugadas 2.800,06 - - - 1.477,00

Residências Funcionários 214,00 - - - -

Cursos e Treinamentos 3.196,78

3.326,31 404,13

217,00

675,50

QUADRO 5- EVOLUÇÃO CAPITAL HUMANO Fonte - Balanço Patrimonial dos anos de 2003 a 2007 fornecidos pela Rádio Novo Tempo.

O quadro acima demonstra a composição dos gastos efetuados com

benefícios no período 2003 a 2007 no capital humano na Rádio Novo Tempo – FM.

O gráfico a seguir demonstra as variações nos cinco anos.

Capital Humano

-

50.000,00

100.000,00

150.000,00

ANO

Benefícios

Benefícios 107.177,31 116.778,91 116.697,87 92.807,84 84.323,46

2007 2006 2005 2004 2003

FIGURA 6- GRÁFICO EVOLUTIVO DO CAPITAL HUMANO Fonte: Balanço Patrimonial de 2003 a 2007 da Rádio Novo Tempo.

Analisando o quadro 5 pode-se verificar que os investimentos no capital

humano se concentram na remuneração, auxilio aluguel e na área educacional. A

remuneração teve um crescimento de 27,10% no ano de 2007 comparado a 2003. O

investimento em aluguel também segue a tendência de crescimento que chega à

casa dos 24,61% se comparado a 2003. Os auxílios em educação e saúde estão

entre os itens que tiveram o maior crescimento, 53,32% e 56,33% respectivamente,

quando comparados a 2003.

66

Treinamento de pessoal é a palavra “chave” no convívio da Rádio Novo

Tempo - FM. Esse foi sem dúvida o item que obteve o maior investimento dos

últimos cinco anos. Comparado com 2003, o crescimento chega a 373,25%, fator

que contribuiu diretamente para a qualificação da força de trabalho.

8.1.3 Pesquisa de Satisfação dos Colaboradores

O sucesso da Rádio Novo Tempo - FM pode ser medido pela satisfação dos

colaboradores. Uma empresa que prioriza pessoas tende a ser mais competitiva.

Com os investimentos no capital humano é possível agregar conhecimentos,

técnicas e qualificação aos serviços prestados, fazendo com que os clientes

respeitem a “marca” e não vá procurar a concorrência.

Por meio de entrevistas com a força de trabalho, onde foi aplicado um

questionário contendo 5 perguntas, foi possível avaliar alguns aspectos que

resultaram no nível de satisfação dos colaboradores, quanto às condições de

trabalho, benefícios e plano de carreira. O quadro 6 demonstra o resultado da

entrevista.

Questões % Você sente-se valorizado? 80

Você pretende continuar trabalhando na rede Novo Tempo? 100

Indicaria a rádio para algum amigo trabalhar? 100

Acha que os benefícios atuais são suficientes? 80

Está satisfeito trabalhando na Rádio Novo Tempo - FM? 100

NÍVEL DE SATISFAÇÃO: 92 QUADRO 6- PESQUISA DE NÍVEL DE SATISFAÇÃO DOS COLABORADORES. Fonte: Autor

A pesquisa aplicada demonstra que 80% dos colaboradores sentem-se

valorizados pela organização, o que se pode considerar um índice de boas

67

proporções. 100% desejam permanecer no trabalho e buscar um plano de carreira

na rede Novo Tempo, que abrange toda a América do Sul; persebe-se que 100%

dos colaboradores indicariam a rádio para um amigo como opção de trabalho; 80%

dos entrevistados acham que os benefícios que recebem atualmente são suficientes

para sua manutenção; e 100% dos colaboradores estão de modo geral satisfeitos

com as condições que a rádio proporciona para o desenvolvimento das atividades.

O resultado dessa pesquisa demonstra que o nível de satisfação geral é de

92%, demonstrando que o investimento no capital humano é essencial para se ter

uma equipe de trabalho motivada e unida, que resulta em benefícios para a empresa

e também para a própria equipe.

Na próxima seção irá se abordar o capital de clientes.

8.1.4 Capital Intelectual de Clientes

O cliente é de fato o mais importante patrimônio da organização. Sem ele,

não há crescimento e tudo o que se produz torna-se sem resultado. A força de uma

empresa pode ser atribuída aos seus clientes por ser um canal de consumo e

sustentação do negócio.

Toda a empresa busca por clientes fiéis que levem adiante o nome da

entidade e que consumam seus produtos ou serviços. No caso da Rádio Novo

Tempo, não é diferente, torna-se de maneira especial pelos seus dois tipos de

clientes, os ouvintes e os anunciantes.

Pode-se medir o nível de satisfação dos “clientes ouvintes”. Segundo

pesquisas do IBOPE feita em março de 2008, a Rádio Novo Tempo é líder de

audiência no segmento cristão, o que comprova a preferência dos ouvintes. Outro

fator importante apontado pela pesquisa é que os ouvintes são fiéis e não escutam

outra rádio, muito menos ficam mudando de estação em determinado tempo.

Primeiro se agrada os ouvintes, depois em conseqüência se busca os

anunciantes, esses sim, trazem a receita que a entidade necessita. Com o resultado

da pesquisa que aponta a rádio como líder de audiência no seu segmento, ficou

mais fácil atrair os clientes que se interessam em atingir o público da Novo Tempo.

68

No quadro 7 pode-se ver a evolução do quadro de clientes e os valores

auferidos mediante a prestação do serviço de comerciais.

Ano 2007 2006 2005 2004 2003

Total de Clientes 65 73 80 53 37

Valor Serviços 218.847,43 242.643,17 309.727,43 209.556,55 195.950,90 QUADRO 7- EVOLUÇÃO DOS CLIENTES Fonte: Balanço Patrimonial dos anos de 2003 a 2007 fornecidos pela Rádio Novo Tempo.

Analisando o quadro 7 percebe-se que o ano de 2005 foi o maior em números

de clientes cadastrados, após, foi se estabilizando por causa dos tipos de contratos

e política aplicada nesse setor. Dentre os clientes que fazem parte da carteira da

rádio, pode-se destacar que 10 são fixos, que todo o mês durante todos os anos

analisados anunciaram seus produtos e serviços, os outros trabalham mais no nível

de contrato pré-determinado com duração de poucos meses.

Entre os principais clientes no momento estão: Banco do Brasil S/A,

Supermercados Angeloni, BESC, Supermercados Bisteck, Prefeitura Municipal de

Florianópolis, CELESC entre outros. Com essas parcerias firmadas a rádio se

beneficia no aspecto de credibilidade, já que essas empresas têm grande influência

na sociedade.

Para a emissora ter na carteira de clientes esses nomes de “peso” faz a

diferença, por meio deles se consegue patrocínio para eventos, investimentos pela

receita auferida de comerciais. Esses fatores contribuem para a qualidade das

programações atraindo a peça fundamental o ouvinte.

A Rádio Novo Tempo - FM desenvolve uma boa relação com seus clientes

procurando sempre satisfazê-los e atendê-los da melhor maneira possível. Nos

eventos sempre há um espaço para os anunciantes exporem seus produtos. Essa

parceria se torna saudável, visto que muitas empresas estão unidas com a emissora

nos projetos de assistência social, como o “Mutirão de Natal” que visa atender e

alegrar um pouco mais a vida das pessoas na época das festas de fim de ano.

A seguir será demonstrada a contabilização do capital intelectual.

69

8.1.5 Contabilização do Capital Intelectual

A contabilidade da Rádio Novo Tempo de Florianópolis é elaborada na filial, e

após o balanço fechado, os saldos são enviados para a matriz em Curitiba para

serem consolidados com as outras emissoras do sul do Brasil.

Não é destacada a contabilização do capital intelectual em uma conta própria,

porém, grande parte do capital intelectual está distribuído no balanço patrimonial

pelas contas que compõe as despesas operacionais, entre outras.

Os gastos relativos ao capital intelectual estão inclusos nos grupos de contas

do permanente, pessoal, administrativas e gerais na Demonstração do Resultado do

Exercício. A entidade não possui um balanço social, o que não permite a fácil

visualização dos componentes do capital intelectual.

O quadro 8 demonstra o balanço patrimonial dos últimos cinco anos da Rádio

Novo Tempo.

ATIVO

2007 2006 2005 2004 2003

Circulante 156.501,25

112.898,29

102.562,43

74.286,63

44.724,32

Disponível 138.947,28

76.722,43

30.298,10

40.625,55

30.585,19

Aplicações Financeiras - - - - -

Contas a Receber 17.553,97

36.175,86

72.264,33

33.139,31

14.139,13

Estoques - - - - - Despesas Antecipadas - - - 521,77 - Realizável a Longo Prazo - - - - - Realizável a Longo Prazo - - - - -

Permanente 744.225,97

773.000,27

836.297,36

847.800,05

881.234,07

Investimentos - - - - - Imobilizados

70

744.225,97 773.000,27 836.297,36 847.800,05 881.234,07 Diferido - - - - -

Total do Ativo 900.727,22

885.898,56

938.859,79

922.086,68

925.958,39

PASSIVO

Circulante 20.768,29

5.939,63

6.412,94

2.377,75

5.197,81

Contas a Pagar 19.058,59

4.243,87

4.648,57 818,46

3.119,29

Provisões 1.709,70

1.695,76

1.764,37

1.559,29

2.078,52

Fundos em Confiança - - - - - Receitas Antecipadas - - - - - Exigível a Longo Prazo - - - - - Exigível a Longo Prazo - - - - -

Patrimônio Liquido 879.958,93

879.958,93

932.446,85

919.708,93

920.760,58

Patrimônio Social 879.958,93 879.958,93 932.446,85 919.708,93 920.760,58

Total do Passivo 900.727,22

885.898,56

938.859,79

922.086,68

925.958,39

QUADRO 8- BALANÇO PATRIMONIAL 2003 A 2007 RÁDIO NOVO TEMPO – FM 96.9 Fonte: Departamento Contábil da Fundação Maranata de Comunicação Social.

Como se pode verificar no quadro 8, não estão expressos de forma ordenada

os investimentos em capital intelectual, para se chegar neles é preciso uma pesquisa

mais detalhada. O que se percebe sãos os investimentos em patrimônio, uma área

do capital intelectual.

Abaixo no quadro 9 é apresentado a Demonstração do Resultado do

Exercício. Nota-se que os investimentos em capital intelectual já estão mais visíveis,

é possível identificá-los nos grupos de contas de pessoal e assistência social. Na

área de clientes, os valores podem ser identificados na receita de serviços.

71

2007 2006 2005 2004 2003

Receitas Operacionais 234.155,63 251.470,89 315.879,66 213.008,60 201.238,53

Prestação de Serviços 218.847,43 242.643,17 309.727,43 209.556,55 195.950,90

Doações Recebidas 5.435,00 2.135,00 2.180,00 2.100,00 2.144,19

Outras Receitas Operacionais 9.873,20 6.692,72 3.972,23 1.352,05 3.143,44

Despesas Operacionais 405.215,43 395.706,50 486.076,78 401.669,00 310.569,36

Pessoal 134.030,91 151.509,41 153.536,45 123.102,61 101.634,74

Administrativas e Gerais 228.090,50 206.125,91 304.402,88 268.983,22 191.062,17

Educação, Assistência Social. 43.094,02 35.180,44 28.137,45 9.583,17 17.872,45

Outorgamentos - 2.890,74 - -

Resultado Operacional S/ Subvenção

(171.059,80)

(144.235,61)

(170.197,12)

(188.660,40)

(109.330,83)

Subvenções Liquidas Recebidas 60.500,00 60.700,00 66.983,00 104.000,00

29.751,17

Resultado Operacional C/ Subvenção

(110.559,80)

(83.535,61)

(103.214,12)

(84.660,40)

(79.579,66)

Não Operacionais 110.559,80 31.047,69 115.952,04 83.608,75 80.975,52

Receitas Não Operacionais 150.342,34 104.129,58 123.721,78 83.739,36 84.987,14

Despesas Não Operacionais 39.782,54 73.081,89 7.769,74 130,61 4.011,62

Resultado do Exercício - (52.487,92) 12.737,92

(1.051,65)

1.395,86

QUADRO 9- DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO RÁDIO NOVO TEMPO – FM. PERÍODO DE: 2003 A 2007. Fonte: Departamento Contábil da Fundação Maranata de Comunicação Social.

Para a melhor visualização do capital intelectual presente na rádio, será

apresentado sob a ótica da metáfora da árvore, exposto por Edvinsson; Malone

(1998:28), que os investimentos no capital intelectual correspondem a uma parte

72

invisível de mensuração, geralmente não expressa em balanços tradicionais e nas

Demonstrações do Resultado do Exercício.

FIGURA 7– ÁRVORE EXPLICATIVA DO CAPITAL INTELECTUAL Fonte: Adaptado de Edvinsson; Malone (1998:28)

Analisando a figura 7 verifica-se os lucros e prejuízos que a emissora auferiu

no decorrer dos cinco anos analisados, percebe-se que a Rádio Novo Tempo - FM

vem recuperando seu resultado. O fato do ano de 2007 aparecer com o saldo zero,

corresponde a uma exigência do Ministério Público que rege sobre as fundações.

Na parte visível foi possível a identificação das subvenções, patrimônio,

resultado do exercício e as demais despesas que são expressas na Demonstração

do Resultado do Exercício (DRE). Na invisível estão alocados os gastos incorridos

com os benefícios a empregados, receitas que provém do aluguel do patrimônio e o

total das prestações de serviços aos clientes.

73

Os investimentos em capital intelectual da Rádio Novo Tempo - FM estão

representados na esfera inferior da árvore, ou seja, abaixo do solo formando as

raízes que fornecem vida para o desenvolvimento dos frutos.

O próximo capítulo contemplará as considerações finais, e se foram

alcançados os objetivos propostos, também as conclusões sobre os resultados

obtidos. Procura-se responder também as questões de pesquisa indagadas e se

essas foram ou não atendidas.

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na medida em que os avanços tecnológicos se desenvolvem, e a competição

global se intensifica, surge o quadro da necessidade de transformação constante,

em que as organizações terão que decidir em crescer, ou ficarem estagnadas no

tempo. Somente com investimentos em tecnologia e mão de obra qualificada é que

se pode subsistir a essa “guerra” de concorrência.

Diante deste cenário, é imprescindível que as empresas invistam em capital

intelectual, para que por meio dele seja possível alcançar as metas propostas.

Mediante esse desafio, faz-se necessária a sua mensuração e a identificação da sua

composição.

9.1 GENERALIDADES

A pesquisa realizada buscou identificar o capital intelectual, com relação ao

capital estrutural, humano, clientes da Rádio Novo Tempo FM, possibilitando a

mensuração no balanço patrimonial e a sua importância para a força de trabalho.

A fundamentação teórica está apresentada no capítulo dois, seguida dos

aspetos metodológicos utilizados com o propósito de conduzir a pesquisa

desenvolvida, bem como os resultados representados no estudo de caso onde

identifica a parte visível e invisível do capital intelectual no balanço patrimonial da

empresa em estudo.

9.2 QUANTO AO ALCANÇE DOS OBJETIVOS PROPOSTOS

Julga-se ter alcançado o objetivo geral, quando foram identificados os

investimentos nas três áreas do capital intelectual, também seus registros contábeis

inseridos nos balanços patrimoniais, assim como foi possível visualizar esse reflexo

na força de trabalho. Quanto aos objetivos específicos para se alcançar o primeiro

75

objetivo foi preciso fazer uma pesquisa nas demonstrações contábeis da entidade,

entrevista com o pessoal de Recursos Humanos e do Setor Contábil, a fim de se

aprofundar nas rotinas e processos desenvolvidos internamente.

O alcance do segundo objetivo teve como principal característica o estudo

detalhado dos balanços patrimoniais e das demonstrações dos resultados do

exercício. Analisou-se um período de cinco anos que compreendeu 2003, 2004,

2005, 2006 e 2007. Através dessa pesquisa foi possível identificar os investimentos

no capital intelectual, já registrado nos balanços, porém não evidenciados de forma

conjunta que pudesse ser expressa para o entendimento dos usuários.

Para a melhor visualização da composição do capital intelectual, previsto no

terceiro objetivo foi utilizada a metáfora da árvore de Edvinsson e Malone (1998),

onde se pode observar a parte oculta e a visível do capital intelectual.

Através das análises realizadas nas demonstrações contábeis, montou-se

uma tabela evidenciando os investimentos no capital estrutural, humano e os valores

relativos aos serviços prestados para os clientes, que formam em parte o capital de

clientes. Por meio deste método foi possível identificar as mutações ocorridas nos

anos em questão, e apresentá-las em forma de gráficos que demonstram essas

variações.

Chega-se a conclusão que o quarto objetivo foi alcançado pelo método de

entrevista com a força de trabalho, a qual relatou seu nível de satisfação com a

entidade em 92% conforme mostra o quadro 6.

Julga-se que o investimento em capital intelectual traz benefícios para os

colaboradores, uma vez que proporciona melhores condições de trabalho e também

provoca mudanças de comportamento, tornado-as mais produtivas. Pode-se

constatar que pessoas felizes são mais comprometidas e estão dispostas a

colaborar com a missão da empresa.

9.3 LIMITAÇÕES DE PESQUISA

Esta seção expressa as dificuldades e os problemas enfrentados para o

desenvolvimento do trabalho de pesquisa. A seguir serão relacionadas algumas

dificuldades encontradas.

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O fator preponderante do maior obstáculo enfrentado é a falta de tempo para

se aprofundar num assunto tão complexo e ainda novo.

O fato de não se ter a certeza do valor correto de mensuração e sim uma

suposição, a torna complexa o seu desenvolvimento, visto que os dados encontram-

se “espalhados” pelo balanço.

Por não se ter um estudo completo do potencial de seus clientes, o que

ocasionou certo problema na mensuração do capital de clientes.

A seguir serão apresentadas as recomendações para futuros trabalhos nessa

área.

9.4 RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

Nesta subdivisão se propõem algumas recomendações para futuros

trabalhos. Visto que o assunto é muito abrangente e extremamente complexo, e

percebendo que o referido trabalho de maneira alguma esgota o assunto, faz-se

necessário pesquisas mais aprofundadas que abordem de outras formas o capital

intelectual. Na seqüência, sugerem-se algumas recomendações:

• Pesquisar e analisar o capital intelectual na ótica estrutural, para se

obter maior entendimento e implementar os métodos de mensuração;

• Aprofundar no potencial dos clientes, o que eles podem trazer de

benefício para a entidade, ou seja, o que a organização ganha em

trabalhar com esses clientes ou fornecedores;

• Aprofundar novos conhecimentos (bibliografia) não pesquisados nesse

trabalho;

• Buscar novos métodos de mensuração do capital humano.

O referido trabalho permitiu a expansão dos conhecimentos, visando

colaborar um pouco mais ao entendimento do que vêm a ser o capital intelectual,

suas áreas de atuação, seus benefícios para a organização e seus reflexos na força

de trabalho, bem como proceder na identificação e composição.

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REFERÊNCIAS

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