O Capitão Fracasso 40

1 O Captião Fracasso | Capítulo 40

O Capitão Fracasso

Novela deEvana Ribeiro

Livremente baseada em

Le Capitaine Fracasse, The Fortunes and Misfortunes of the Famous Moll

Flanders e Arlequim, il servitore di due patroni

Capítulo 40


CENA 01. RUA. EXT. DIA

CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO ANTERIOR. TODOS OS

PRESENTES EM SILÊNCIO ABSOLUTO; LÁGRIMAS ROLAM PELO

ROSTO DE BEATRIZ.

OFICIAL 1 – Bem, a senhora está presa pelo assassinato/

BEATRIZ – Espere aí! Pode me prender, mas a acusação

pela morte do meu irmão é absolutamente injusta!

OFICIAL 1 – Enfim; queira nos acompanhar para prestar

os devidos esclarecimentos.

PASCOAL – Não, por favor... Ela pode explicar tudo em

liberdade.

OFICIAL 2 – E o senhor também deveria ir, está em

sérios problemas por acobertá-la.

BEATRIZ – Não, não prenda Pascoal. [T] Ele só estava

fazendo isso sob minhas ordens, ele não tem culpa de

nada.

OFICIAL 1 – Bem, chega de conversa; vamos.

BEATRIZ VAI EMBORA, LADEADA PELOS OFICIAIS. DEPOIS DE

ALGUNS PASSOS, PÁRA E OLHA PARA TRÁS.

BEATRIZ – Pascoal, vá avisar a Clarice o que aconteceu!

Vá logo!


OS OFICIAIS COMEÇAM A APRESSÁ-LA E ELA SEGUE CAMINHO.

PASCOAL TIRA UM LENÇO DO BOLSO E SECA AS LÁGRIMAS QUE

AINDA NÃO CAÍRAM, ENQUANTO SEGUE RUMO À CASA DE

PANTALEÃO.

CORTA PARA

CENA 02. CASA DE PANTALEÃO. SALA. INT. DIA

PANTALEÃO, CLARICE E ESMERALDA CONTINUAM ESPERANDO.

PANTALEÃO – Meu Deus, o que aconteceu com esse

homem?

ESMERALDA – Será que ele ainda está se perfumando?

[ri]

PANTALEÃO – Não faz gracinha, Esmeralda!

ESMERALDA – Está certo, vou ficar calada.

UM CRIADO ENTRA, VINDO DA ANTESALA.

CRIADO – Senhor Pantaleão, o senhor Pascoal quer lhe

falar.

PANTALEÃO – E onde está ele que não entrou ainda?

CRIADO – Vou chamar.


O CRIADO SE RETIRA E VOLTA INSTANTES DEPOIS, COM

PASCOAL, QUE NÃO CONSEGUE DISFARÇAR O NERVOSISMO.

PANTALEÃO – E Guilherme?

PASCOAL – Guilherme?

PANTALEÃO – Sim, Guilherme. Resolveram vir para o

casamento a prestação?

PASCOAL – Caríssimos, eu não sei como dizer isso...

PANTALEÃO – Diga com a boca...

ESMERALDA LEVA AS MÃOS À BOCA, ABAFANDO O RISO.

PASCOAL – Guilherme está morto.

PANTALEÃO – De novo?

PASCOAL – Não, ele morreu de uma vez só; e já faz

alguns meses e/

PANTALEÃO – Espere, espere aí, que história é essa de

morreu já faz alguns meses? Quem seria o cidadão que

tem convivido conosco durante esses meses?

CLARICE SAI DA SALA SEM SER NOTADA, E ESMERALDA VAI

ATRÁS DELA.


PASCOAL – Quem estava aqui era dona Beatriz,

disfarçada como o irmão.

PANTALEÃO – Não, não é possível.

PASCOAL – Estávamos vindo para cá quando os oficiais

de polícia chegaram e a prenderam.

PANTALEÃO – [grita] E eu ia permitir que minha filha

se casasse com uma mulher?

CORTA PARA


CLARICE SAI CORRENDO PELA RUA DESERTA E VAI PARAR NA

FRENTE DO ESCRITÓRIO DE SÍLVIO. BATE DESESPERADAMENTE À

PORTA. SONOPLASTIA: Love Story – Taylor Swift.

CORTA PARA

CENA 04. ESCRITÓRIO DE SÍLVIO. INT. DIA

SÍLVIO ESTÁ EM PÉ JUNTO DE UMA ESTANTE, EXAMINANDO OS

LIVROS QUE ESTÃO ALI COMO SE QUISESSE ESCOLHER UM. OUVE

AS BATIDAS NA PORTA.

SÍLVIO – Já vai! [T] Que desespero...


ELE ABRE A PORTA E FICA PARALISADO POR UM INSTANTE, SEM

REAÇÃO ALGUMA AO VER CLARICE ALI, CHORANDO.

SÍLVIO – O que você está fazendo aqui?

CLARICE – Pelo amor de Deus, não me manda embora,

só ouve. [T] Eu nunca mais vou ser obrigada a casar com

quem não quero, não tem mais segredo nenhum a ser

guardado.

SÍLVIO – Que segredo?

CLARICE – Eu ia casar com minha prima. A irmã do

Guilherme.

SÍLVIO FICA OLHANDO PARA CLARICE, SURPRESO E COM UM

QUASE SORRISO NO ROSTO.

SÍLVIO – Então... Era verdade?

CLARICE – O que era verdade? Você já sabia? Quem te

contou?

SÍLVIO – É... Acho que isso não importa muito.

CLARICE – Se não te contei nada antes, foi porque ela

me fez jurar que guardaria o segredo, só isso. [T] Me

perdoa?

ELE A ABRAÇA E FAZ UM CARINHO EM SEUS CABELOS.


SÍLVIO – Você é quem tem de me perdoar por tudo o que

falei naquele dia; fui muito cruel com você. [T] Mas isso

acabou.

CLARICE – Para sempre.

ELES SE BEIJAM.

CORTA PARA

CENA 05. ALBERGUE. QUARTO DE ARTHUR E ISABELLE. INT.

DIA

ARTHUR ESTÁ SENTADO EM UMA POLTRONA, CABISBAIXO,

MUITO ABATIDO. OSÉIAS ANDA EM CÍRCULOS PELO LUGAR.

ARTHUR – Só tem um lugar onde ainda não procuramos.

OSÉIAS PÁRA DE CAMINHAR E VAI PARA PERTO DO AMIGO.

OSÉIAS – Qual?

ARTHUR – O cemitério.

OSÉIAS – Como?

ARTHUR – Eu não queria pensar nessa possibilidade,

mas é a única coisa que passa pela minha cabeça agora!


OSÉIAS – Ah, não! Não podemos perder as/

ESMERALDA ENTRA INTEMPESTIVAMENTE.

ESMERALDA – Aconteceu uma desgraça!

OSÉIAS – Esmeralda!

ARTHUR – Que outra desgraça pode ter acontecido?

ESMERALDA – Dona Beatriz Rasponi foi presa. E a culpa é minha!

EM OSÉIAS, ASSUSTADO; E ESMERALDA, QUASE CHORANDO,

CORTA PARA

CENA 06. ESTRADA. EXT. DIA

FERNANDO E AGUSTIN ESTÃO EM PÉ DO LADO DE FORA DO

ACAMPAMENTO. DANIELA SAI.

AGUSTIN – Finalmente!

DANIELA – Achou que eu ia sair à rua desarrumada?

Posso estar em um momento ruim, mas ainda tenho minha

vaidade.

AGUSTIN – Está linda como sempre. Ninguém vai

desconfiar de uma mulher como você.

FERNANDO – Muito bem, o que faremos agora?


AGUSTIN – Vou levar vocês à alfaiataria. Daniela finge

passar mal e enquanto se ocupam de socorrê-la, você pega

os tecidos bordados em ouro e o que mais achar de valor.

Estarei do lado de fora esperando os objetos e você, dona

Daniela, trate de ser bem convincente!

DANIELA – Vou tentar.

AGUSTIN – [firme] Vai conseguir.

OS TRÊS ENTRAM NO CARRO E AGUSTIN VAI GUIANDO O

VEÍCULO.

CORTA PARA

CENA 07. SOLAR BRONKHART. EXT. DIA

TOMADA DE LOCALIZAÇÃO.

CORTA PARA

CENA 08. CHALÉ. QUARTO. INT. DIA

ISABELLE ESTÁ DEITADA NA CAMA, ENCOLHIDA, PARALISADA.

ESTÁ SUANDO E PARECE SENTIR MUITA DOR.


ISABELLE – [com a voz fraca] Sarah... [tenta falar mais

alto] Sarah!

ALGUNS INSTANTES DE SILÊNCIO. SEM OBTER QUALQUER

RESPOSTA, ISABELLE SE LEVANTA, FAZENDO GRANDE ESFORÇO.

PELA EXPRESSÃO FACIAL, AS DORES PARECEM TER AUMENTADO

COM O MOVIMENTO. DÁ ALGUNS PASSOS FRACOS EM DIREÇÃO À

PORTA ATÉ ALCANÇAR A MAÇANETA. DÁ UMA OLHADA PARA

TRÁS E VÊ A MANCHA DE SANGUE NO LENÇOL. ASSUSTADA,

GIRA A MAÇANETA, MAS A PORTA NÃO SE ABRE. DE REPENTE

SARAH ABRE A PORTA E ACERTA O ROSTO DE ISABELLE, QUE DÁ

UM GEMIDO DE DOR.

SARAH – O que é isso? Quem mandou? [T] Não diga que

está tentando fugir.

ISABELLE – Eu preciso de um médico!

SARAH – Precisa coisa nenhuma.

SARAH PEGA ISABELLE PELOS BRAÇOS, COM VIOLÊNCIA; A

MOÇA TENTA SE SOLTAR, MAS PARECE ESTAR FRACA DEMAIS

PARA FAZÊ-LO E É JOGADA COM FORÇA NA CAMA. ELA COMEÇA

A CHORAR.

ISABELLE – Pelo amor de Deus, por que você está

fazendo isso comigo, Sarah? [T] Meu filho...


SARAH – Ah, seu filho... Ele não está mais aí com você?

Ótimo, eu ia odiar fazer isso na frente de crianças.

E COMEÇA A DESFERIR VÁRIOS TAPAS NO ROSTO DE ISABELLE,

QUE TENTA SE DEFENDER, SEM MUITO SUCESSO.

ISABELLE – Pare, pare, Sarah, por favor!

SARAH – Isso tudo é o que você merece por ter feito eu

me sentir a pior das mulheres! Ninguém me elogiava,

ninguém sequer olhava para mim por sua culpa. Tudo sua

culpa!

ISABELLE – Eu não fiz nada!

SARAH – Ah, fez. Você nasceu! A sua mãe, aquela

rameira, veio parar na minha companhia e te trouxe

junto...

FURIOSA, ISABELLE CRAVA AS UNHAS NO ROSTO DE SARAH.

ISABELLE – Não ouse falar assim da minha mãe, você

não sabe nada.

SARAH – E você sabe? Sabe quem é o seu pai?

ISABELLE NÃO RESPONDE; PARECE TER SIDO ATINGIDA. SARAH

RECUA UM POUCO E A OBSERVA BEM.


SARAH – Agora eu bem que gostaria de te jogar no meio

da rua só para que as pessoas vissem e rissem da sua

desgraça. Mas Sérgio deu ordens expressas para que você

não saísse daqui...

ELA SE APROXIMA NOVAMENTE DE ISABELLE, PEGA SUA MÃO

DIREITA E TIRA DELA UM ANEL DE AMETISTA, QUE COLOCA EM

SEU DEDO. ADMIRA A JOIA POR UM INSTANTE.

SARAH – Agora ela fica bem melhor em mim. Aqui

dentro não vai precisar mesmo...

ISABELLE – [baixinho] Eu nunca fiz nada contra você.

Mas devia ter feito.

SARAH SAI DO QUARTO, RINDO.

CORTA PARA

CENA 09. MILLSHIRE. EXT. DIA

TAKES DA RUA DA ALFAIATARIA. MOVIMENTO MEDIANO.

SONOPLASTIA: Jogo 1 – Edu Lobo

CORTA PARA



O CARRO DE DANIELA PÁRA EM UMA RUA DESERTA, PRÓXIMA A

UMA ESQUINA.

AGUSTIN – Desçam aqui, os dois. Eu vou dar mais uma

volta e paro ao lado da loja.

FERNANDO – Está bem.

AGUSTIN – E façam tudo exatamente como

combinamos, entenderam?

DANIELA E FERNANDO SAEM DO CARRO E SE SEPARAM. O

CARRO SE AFASTA DEVAGAR.

CORTA PARA


SÍLVIO E CLARICE ESTÃO AOS BEIJOS EM UM SOFÁ. MUITO

CLIMA; SÍLVIO COMEÇA A DESABOTOAR O VESTIDO DELA. DE

REPENTE PÁRA E SE AFASTA UM POUCO.

CLARICE – O que há?


SÍLVIO – Está tudo perfeito demais para ser verdade.

Tem certeza de que Guilherme não vai ressuscitar de novo

e querer casar com você?

ELA RI.

CLARICE – Bobo! Nem Guilherme, nem ninguém vai

poder fazer isso, nunca mais.

ELES SE OLHAM, SORRINDO.

CLARICE – Não acredita ainda?

E CLARICE PUXA O RAPAZ NOVAMENTE CONTRA SI, ELES SE

BEIJAM, MUITO APAIXONADOS.

CORTA PARA

CENA 12. ALBERGUE. QUARTO DE ESMERALDA. INT. DIA

ESMERALDA E OSÉIAS ENTRAM NO QUARTO DELA, ABRAÇADOS.

A MOÇA ESTÁ DESOLADA.

ESMERALDA – Seu Horácio vai me matar, me deserdar

e me matar de novo quando voltar e vir o que eu fiz.


OSÉIAS – E/

ESMERALDA – E se for me recriminar, pode ficar

calado. Já estou me sentindo mal o suficiente.

OSÉIAS – Eu não ia dizer nada... Talvez a culpa nem

tenha sido sua. Uma mulher disfarçada de homem ia ser

descoberta mais cedo ou mais tarde, não acha?

ESMERALDA – É, pode ser...

CORTA PARA

CENA 13. CASA DE PANTALEÃO. SALA. INT. DIA

PANTALEÃO E PASCOAL INQUIETOS, ANDANDO DE UM LADO A

OUTRO. CONVERSA INICIADA.

PASCOAL – Foi ela! Só pode ter sido.

PANTALEÃO – Ela quem?

PASCOAL – Daniela. Foi amante de seu Guilherme por

um tempo, agora está casada com Fernando, que foi

namorado de dona Beatriz. Talvez, com medo de que eles

se juntassem de novo...

PANTALEÃO – E ainda envolver minha filha nessa

história. Só por isso eu devia deixar Beatriz apodrecer em

Newgate!

PASCOAL – Não, pelo amor de Deus!


PANTALEÃO – Mas como eu sou muito bonzinho,

obviamente não farei isso. [T] E Clarice?

PASCOAL – Não vi para que lado ela foi.

PANTALEÃO – Pobrezinha, deve ter ido para o quarto.

Foi um choque tão grande... E você, vai para Newgate?

PASCOAL – Vou; mas antes preciso encontrar aquela

mulher. Ela tem de pagar pelo que fez.

PASCOAL OLHA PARA PANTALEÃO, MUITO SÉRIO. FICAM SE

ENCARANDO POR UM LONGO INSTANTE.

PANTALEÃO – Pois então vá.

PASCOAL – Eu vou!

PANTALEÃO – Está esperando o que, criatura?

PASCOAL – O dinheiro. Ou o senhor acha que vou para

Newgate sem nenhum tostão?

ELE ESTENDE A MÃO, ESPERANDO QUE PANTALEÃO DÊ

DINHEIRO.

CORTA PARA



CLARICE TERMINA DE SE VESTIR E SÍLVIO A OBSERVA,

ENCOSTADO À ESCRIVANINHA. ELE SORRI, MAS ELA FICA SÉRIA

DE REPENTE.

SÍLVIO – O que houve agora?

CLARICE – Não podemos esquecer de Beatriz.

SÍLVIO – Que coisa, eu já tinha esquecido.

CLARICE – O que pode acontecer com ela na cadeia?

SÍLVIO – Ela pode ser condenada à morte.

Provavelmente, vai.

ELA AGARRA O NAMORADO, DESESPERADA.

CLARICE – Pelo amor de Deus, isso não pode acontecer!

Nós precisamos salvar minha prima, Sílvio...

NO PÂNICO DE CLARICE,

CORTA PARA

CENA 15. NEWGATE. EXT. DIA

TAKE DE LOCALIZAÇÃO DO PRESÍDIO.

CORTA PARA


CENA 16. PRESÍDIO DE NEWGATE. CELA. INT. DIA

LOCAL PRATICAMENTE ESCURO; APENAS ALGUNS FIOS DE LUZ

ENTRAM POR PEQUENAS FRESTAS NA JANELA. BEATRIZ ESTÁ

ENCOLHIDA EM UM CANTO DA CELA, SOZINHA, CABISBAIXA.

OUVEM-SE PASSOS ECOANDO NO CORREDOR. ELA ERGUE A

CABEÇA, SOBRESSALTADA, E VÊ UM OFICIAL TRAZENDO OUTRA

PRISIONEIRA. ACOMPANHA A CENA COM OLHAR TRISTE;

LÁGRIMAS CORREM POR SEU ROSTO.

CORTA PARA

CENA 17. MILLSHIRE. EXT. DIA

TAKE DE LOCALIZAÇÃO.

CORTA PARA


FRENTE DA LOJA DE TECIDOS. FERNANDO ENTRA E DANIELA, DO

OUTRO LADO DA RUA, ESPERA PARA ATRAVESSAR. DEPOIS DE

UNS INSTANTES, ATRAVESSA CALMAMENTE E CAI BEM NA

PORTA DA LOJA. ALGUMAS PESSOAS VÃO ACUDI-LA.


PESSOA 1 – Socorro, alguém acode! Tem uma mulher

desmaiada aqui!

PESSOA 2 – [dando tapinhas] Moça, acorde...

PESSOA 1 – Será que ela morreu?

OUTRA PESSOA TOMA O PULSO DELA E TENTA AUSCULTAR SEU

CORAÇÃO.

PESSOA 3 – Parece que está viva.

PESSOA – Mas é melhor chamar o médico. Onde mora o

médico?

NAS PESSOAS AINDA TENTANDO REANIMAR DANIELA, INERTE,

CORTA PARA

CENA 19. LOJA DE TECIDOS. INT. DIA

FERNANDO OBSERVANDO OS TECIDOS E OUTRAS PESSOAS

DENTRO DA LOJA, COMPRANDO OU SÓ OBSERVANDO OS

PRODUTOS. TODOS SÃO ATRAÍDOS PELA CONFUSÃO NA RUA E

CORREM PARA VER. SOZINHO, FERNANDO PEGA ALGUNS ROLOS

DE TECIDO E UM SACO DE TECIDO E SAI COM UM POUCO DE

PRESSA. OLHA EM VOLTA, MEIO DESCONFIADO. UM DOS


POPULARES OLHA PARA O LADO, O VÊ TENTANDO FUGIR COM O

PACOTE, QUASE CHEGANDO AO CARRO DE AGUSTIN E CHAMA O

DONO DA LOJA, O PUXANDO PELA GOLA DA CAMISA.

DONO DA LOJA – Pega ladrão!

NO MESMO INSTANTE, AS PESSOAS QUE ESTAVAM CERCANDO

DANIELA SE ESPALHA E COMEÇA A CORRER ATRÁS DE

FERNANDO, QUE JOGA OS TECIDOS DENTRO DO CARRO E SE

JOGA PARA DENTRO DO VEÍCULO, FICANDO COM AS PERNAS

PENDURADAS. AGUSTIN COMEÇA A CORRER COM O CARRO E

DANIELA ABRE OS OLHOS.

DANIELA – [baixinho] Ai, meu Deus... Eles vão ser

pegos!

O POVO COMEÇA A CORRER ATRÁS DO CARRO, DANDO VOLTAS

EM TORNO DE UM CHAFARIZ; ATÉ QUE UM DOS HOMENS

CONSEGUE PEGAR FERNANDO PELAS PERNAS E O PUXA,

FAZENDO COM QUE ELE CAIA COM O ROSTO NO CHÃO. O CARRO

SEGUE EM DESABALADA CARREIRA ATÉ SUMIR DE CENA. AO

VER A CENA, LEVANTA, SOBRESSALTADA.

DANIELA – [em pânico] Fernando! Você se machucou?

PESSOA 1 – Conhece esse homem?


DANIELA – Eu? É... Como explicar...

ELA OLHA EM VOLTA, COMO SE PROCURASSE O CARRO. COMO

NÃO O ENCONTRA, SE LARGA NO CHÃO, DESOLADA.

PESSOA 2 – Me parece bem óbvio: esses dois são

ladrões!

DANIELA – [levanta, irritada] Espere aí!

PESSOA 2 – Espere aí a senhora!

E DANIELA É SEGURA POR DUAS PESSOAS. DO OUTRO LADO,

FERNANDO TAMBÉM ESTÁ DETIDO. ELES SE OLHAM, SEM

ESCONDER O DESAPONTAMENTO.

[Fim do capitulo]

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