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Francisco J. B. Sá O casarão dos Infelizes FRANCISCO J. B. SÁ O CASARÃO DOS INFELIZES. [Digite texto] Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

O casarão dos infelizes

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NESSA OBRA,O casarão dos Infelizes,1987,a segunda em ordem cronológica criada pelo autor, focaliza uma casa ,no passado residência e refúgio de retirantes nordestinos, que seria ocupada mais tarde por uma família complexa vivendo emoções e sentimentos conflitantes, palco também de estranhos e fantásticos fenômenos paranormais! É indiscutível a presença indireta do Escritor e autor nas experiências ali relatadas. Um livro forte, de contexto cultural interpretador da realidade brasileira dos anos de pós-guerra, traz também - fortes conotações que incentivam à pesquisa dos fenômenos paranormais como uma decorrência de efeitos psicológicos em grupo ou em família. Interessante, profundo e de uma certa maneira um tanto apavorante!Vale a pena ler e analisar!

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Francisco J. B. Sá O casarão dos Infelizes

FRANCISCO J. B. SÁ

O CASARÃO DOS INFELIZES.

1ª EDIÇÃO[Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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Francisco J. B. Sá O casarão dos Infelizes

2013

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COLABORADORES

Ao

Frei Albino Aresi que testou a veracidade destes fatos. e

Gerson Barreto que organizou e promoveu o seu primeiro grande lançamento.

Aos retirantes nordestinos que a cada ano

de seca renovam o seu calvário.

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Homenageados

Aos meus maravilhosos filhos

Wladimir e Alan Delano.

A minha querida Angélica que amou esta obra.

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O Autor.Francisco J.B. Sá é Escritor.Formado em engenharia mecânica pela Universidade Federal do Ceará,1970.Pós-graduado em Administração pela Universidade Gama Filho,RJ,1993.Extensão em Antropologia pela UFBA,2008-2012.

Escreveu:

- A marca de Caim,1995

- O casarão dos infelizes,1987,1ªEdição.

-O Romance da Torre,1ªEdição1996 e 2ªEdição2006.

-Uma Torre Além do Tempo, A Colmeia de Almas, 1ªEdição1999 e

2ªEdição 2013.

-Amor e Crime na Bahia do século XVII, 2005.

-Fundou e dirigiu de 1964 a 1970, o jornal estudantil, O PERIQUITO ,um vespertino de natureza política,dirigido para a luta contra a Ditadura Militar.

-Fundou e dirige de 1996 até hoje, o periódico A GAZETA.Umperiódico á serviço da Cultura

O casarão dos Infelizes é um conto parapsicológico baseado nas fortes experiências familiares de uma criança atormentada por fenômenos paranormais.

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ÍNDICESinopse............................................................................................ 8

1ª Parte: A Origem e o Tempo.

Capítulo I – O Escritório............................................................10

Capítulo II – A Casa de Yedda....................................................25

Capítulo III – O Trem dos Desgraçados.......................................

Capítulo IV – O Retiro dos Monges...............................................

Capítulo V - Um vulto ao Luar....................................................

Parte Final: O Casarão dos Infelizes.Capítulo VI – A Orgia....................................................................

Capítulo VII– O Tesouro da Morta..............................................

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SINOPSEAté que ponto a nossa percepção é completa em relação aos fenômenos que nos cercam?

Quem garante que esta percepção não se altera sob os efeitos das emoções?

Ou haveria outra visão associada ao sexto-sentido que possibilitaria a penetração da mente em outras dimensões?

Seria essa outra dimensão o sobrenatural que comumente está presente nas denominadas evocações espirituais?

Quando todas estas questões forem respondidas estaremos no limiar da verdadeira história do homem e terá terminado a sua pré-história.

Em O casarão dos Infelizes o leitor terá a oportunidade de desvendar e participar de situações que poderão responder as questões acima consideradas e viver o drama social dos retirantes nordestinos cuja tragédia se acentuava pelo despreparo dos governos da época,assistenciais,sem visão social e beneficiários da indústria da seca.

Os fatos que narramos aqui surgiram da experiência real de uma criança, que talvez o leitor a considere anormalmente precoce, mas que poderíamos defini-la como dolorosa,e por isso marcante,em um contexto onde passado e presente parecem se entrelaçar e se confundir fazendo com que o mundo dos vivos encontre o mundo dos mortos.

A narrativa se contextualiza em um ambiente marcado por efeitos de escândalos comerciais e empresariais que agravam um singular contexto familiar.Por isso decidimos manter em sigilo os verdadeiros nomes dos protagonistas,os locais e as circunstâncias envolvendo pessoas e organizações.Por sua autenticidade,como palco de fenômenos paranormais,o livro pode ser utilizado para fins de pesquisa.

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1ªParte:

A Origem e o Tempo.

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Capítulo I

O Escritório.Hoje a lembrança destes fatos ainda me doem e sinto um arrepio ao evocar as imagens que marcaram de forma tão dantesca os anos verdes de minha vida.

Meu nome é Tássio de Alencar e Silva e ao lembrar estes acontecimentos de minha infância procuro um referencial para justificá-los afim de que possa transmitir às gerações futuras com precisão,as lições advindas de minha vida infantil.Mas não o encontro!Patético tento defini-lo como imagens alucinatórias de uma criança em crescimento.Outras vezes,reflito perplexo e parto para análises metafísicas em que os acontecimentos que me atingiram e a minha família se entrelaçam em um feixe de cenários grotescos e apavorantes decorrentes da atitude impensada dos adultos.Não sei porque milagre não quis me vingar de tudo,tornando-me uma pessoa dolorida na idade adulta e ressentido com que os adultos fizeram de minha vida.Mas,eis o milagre!A quem agradeço?À minha índole ou a alguma dádiva da natureza ou de Deus que me fez,em um momento de reflexão,se não compreender pelo menos não deixar que o mundo dos adultos ceifasse o meu desenvolvimento sadio e voltado para a sanidade e o equilíbrio?

Chego quase a incorporar os personagens, muitos deles retirados de dentro da minha alma com um esforço sobre humano, gigantesco,para permitir que me desenvolvesse livre de “demônios” que assolam aqueles que vivem a vida com tal intensidade ainda na infância.

Me pergunto-se estes efeitos se limitaram a atuar em mim,tão somente,ou se atingiram de diversas formas,os mais próximos,deixando-os à mercê dos “fantasmas” que me assombraram no passado?

Talvez estas linhas tenham sido- a Dádiva e a Promessa,o resgate de uma vida que se descortinou diferente dos demais ambientando-a nas crônicas,nos livros

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e na ciência.Sobretudo criando as condições terapêuticas para a criação de um lar,de uma família de amor,tão diferente do que assisti em meus jovens anos!

Dentre todas as imagens mesmo dos “fantasmas”,sobrepujando o perfil inesquecível das pessoas que conviveram comigo em minha infância,avulta em primeiro lugar a singular figura de Américo Silva,paradoxal,inquieto,sorridente e mordaz.

Por isso não posso me esquecer dele e sua imagem deve ocupar o primeiro plano desta narrativa,sentado por trás da escrivaninha,sorridente,galhofeiro e mordaz,a verdadeira imagem do executivo satisfeito.Sua branca e bem passada e engomada camisa de colarinhos impecáveis chamava a atenção,transmitindo uma imagem de homem impecável,eficaz e eficiente na tarefa de conduzir sua empresa e sua equipe.

Naquele tempo os escritórios comerciais gozavam da liberdade da falta de paredes e divisões que hoje separam os homens delimitando seu “status” social e profissional.

A dois metros trabalhava Jane,compenetrada,esguia e elegante diante de uma máquina de escrever antiga que ela manuseava sem parar.

Seu busto protuberante e pernas e coxas em posição,dentro das medidas certas para a época,salientava-se por cima da linha do contorno mais alto da máquina que utilizava,transformando seu “sex-appeal” em ponto de convergência dos olhares masculinos que a cercavam e dos clientes que eventualmente atravessavam o balcão que dava para movimentada Rua S.Paulo,via de acesso ao centro da cidade,ocupado pela praça principal,que ficava a alguns quarteirões da Atalaia Co.

Seu cabelo doirado e cintilante chamava a atenção porque emoldurava um lindo e primaveril rosto ornamentado por lindos olhos azuis e uma testa alta e intelectual,dando-lhe uma forte presença feminina.

Atrás de Américo Silva e de Jane sentados lado a lado,Julio Monte se escondia qual um rato de óculos,observando os movimentos dos colegas e do chefe sem

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perder de vista as pernas bem torneadas da jovem que se descobriam propositalmente,sempre que o vestido cinza subia além do nível certo,oferecendo a imagem mais profunda de seus joelhos trabalhados artisticamente pela natureza.

Júlio Monte era a própria imagem do espião anônimo e devassador das intimidades, dos assuntos da firma e da vida particular dos colegas, que a cada dia ele conhecia mais e mais com a infalível ajuda de sua perspicácia natural.

Armara um círculo de relações cuja complexidade ultrapassaria a concepção de qualquer mortal comum. Originário como Américo Silva de uma família rural que se mudara para o Recife quando Caruaru não mais atendia às suas aspirações de caixeiro ambicioso,seu horizonte ultrapassava em muito ao de seus conterrâneos.Queria ser rico de qualquer maneira,nem que tivesse que roubar ou destruir quem quer que fosse em seu caminho.Entretanto este propósito e esta determinação ele não demonstrava,só ele o sabia!

Quando chegou ao Recife, a cidade grande o estonteara e o desorientara ao ponto de,durante algum tempo,desvincular-se um pouco de suas ambições.Foi então que surgiu o emprego da ATALAIA CO.

Fizera concurso para datilógrafo e, fora aprovado, mas, após seis meses nesta função viera a promoção de escriturário e conferidor de documentos de cargas aéreas,a qual ele se dedicara de maneira decidida e competente.Coroou sua ascensão chegando a tesoureiro,quando passou a controlar todo o movimento financeiro da firma e até os vales retirados pelo gerente.

Ao chegar já encontrou Américo Silva,gerente-geral,que controlava a Filial de Recife e multiplicava com recursos de gerência e talento admirável,o lucro da empresa.

A ambição,a falta de escrúpulos nas manobras comerciais com pessoas e instituições que se relacionavam com a ATALAIA CO. não tardaram a uni-los para aquela finalidade

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Não demorou e os dois eram parceiros nas inúmeras jogadas comerciais e bancárias que colocavam a seus pés,os gerentes das demais filiais e dos bancos que se perdiam naquela época em conjecturas que os levassem a aplicações volumosas de recursos financeiros que surgiam no período de após-guerra.

O quarto-ano depois da IIªGuerra Mundial caracterizava-se como um período frutífero para os investimentos.As companhias cresciam,a cana-de-açúcar e a cera-de-carnaúba,produzidas em larga escala,cada vez mais abarrotavam os mercados europeus e americanos,gerando mais e mais riquezas que compensavam as deficiências dos rendimentos da frágil agricultura nordestina,antiquada,colonial,de subsistência e periodicamente devastada pelas secas cíclicas,das quais a Seca de 1915 fora a mais arrasadora das estiagens.

Os americanos se foram,mas,após utilizarem o Nordeste brasileiro como base estratégica para seus pousos na África,deixaram uma infra-estruturar de aeroportos os quais,embora com contornos de simplicidade exterior,ofereciam grandes oportunidades ao desenvolvimento dos vôos domésticos e comerciais.

Tal situação favorecia às empresas que direta e indiretamente estavam relacionadas com o tráfego aéreo,já que o país,como ainda hoje,não possuía uma rede rodoviária eficiente e sua rede ferroviária,caminhava àquela época para o sucatamento.

Américo Silva era um expoente financeiro sem escrúpulos quando exercia as atividades de gerente-comercial.Conhecia muito bem a praça,apesar de possuir irrisório lastro cultural.Sua desenvoltura,carisma,palavra fácil e simpatia natural atraiam as atenções dos diretores,expectadores distantes de sua atuação espetacular e geradora de lucros surpreendentes.

Quando Adália,a segunda-secretária,trouxera sua irmã Hidalga,juntaram-se a Américo Silva,Júlio Monte e Jane sem saber quanta ambição e espírito de grandeza caracterizaria aquele grupo.

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Por que a história aproxima pessoas tão semelhantes em seus objetivos ocultos?Uma Lei Social?Seria por acaso que alguém os convidara para que constituíssem em grupo tão harmonioso,ao mesmo tempo,tão competitivo, impetuoso e escandaloso?

Algum diretor se arriscaria sob sua liderança a formar tal grupo pondo em risco a sua própria segurança funcional?Uma equipe tão singular?Suas contratações visaram ímpeto e tirocínio comercial e obedeceram a um caráter essencialmente aleatório.Nenhum deles se conhecia ou conheciam aos demais.

A quem devemos culpar ou responsabilizar? A Deus ou ao Diabo?Se foi Deus, teríamos que considerar o Ser Supremo dialético, pois criaria condições críticas e surpreendentes para dali extrair seus objetivos excelsos!Se foi o Diabo que ardilosamente juntou aquele grupo,só poderíamos classificá-lo como intrometido e pervertido sabichão,atuando de forma estratégica em uma seara que não era a sua.

Seria a casualidade,pois é dela,deste contexto que favorece ao caos que surgem os trunfos e as tragédias que escapam à compreensão humana,sempre perplexa diante de seus resultados imprevistos, e terminam por comprometer a vida de inocentes,crianças e adultos indefesos os quais,dependem para sobreviver,das complexas atividades dos adultos.

Adália sentindo-se apoiada em Jane de quem se tornara colaboradora,aproximou-a de Hidalga,que com ela se identificava e se caracterizara sobretudo,pela falta de escrúpulos,pela capacidade de utilizar a sedução cercada da farisaica humildade dos servis.

Não tardou que Adália,Jane e Hidalga passassem a ser controladas por Julio Monte,expoente e controlador do dinheiro e veículo das maiores ambições.

Ele de sua parte,encontrou nelas a equipe ideal para pressionar,competir e ter acesso a Américo Silva, astuto e ambicioso, mas sem muito treinamento na arte de acompanhar, monitorar e entender os seus funcionários.

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Eram todos originários da classe-média rural e se lançavam à cidade grande movidos pelo ideal de enriquecer a qualquer custo. Tinham, portanto, o mesmo caráter e origem social!

O Escritório ficava na confluência de duas movimentadas ruas da cidade maurícia,artéria centrais repletas de lojas e bazares sortidos,de bugigangas que costumam ser devoradas pelos fregueses incautos e pela multidão de turistas que acorriam ao Recife procurando o calor e o relaxamento das maravilhosas e paradisíacas praias de Boa Viagem e Piedade.

Naquela tarde o expediente se prolongara porque o Sr.Papa,o Diretor- Superintendente estava na terra e queria conferir os “conhecimentos”, documentos de recebimento de mercadorias.Ele decidira ir adiante,queria ver o balanço,as faturas,as notas fiscais e os livros contábeis.

Sr.Pappa era um destes italianos competentes e muito experiente que criara organizações com respeito e relativa honestidade,mas,se os lucros fossem altos ele fecharia os olhos para muita coisa que pudesse ser considerada imoral!

Vira em Américo Silva um gerente local promissor e sorria de suas piadas engraçadas e pornográficas, as quais enxovalhavam e animavam os jantares noturnos no Estoril,restaurante à beira-mar,onde as águas tocavam quase nas mesas de refeição sob luares inesquecíveis junto a um mar que parecia de prata.

Américo Silva sempre recepcionava Sr.Papa e sua comitiva neste restaurante quando ele vinha inspecionar a firma.Também às suas amantes,naturalmente nas horas mais adiantadas e calmas,onde livre das obrigações gerenciais não pudesse ser incomodado.Ele era um amante e um sedutor do tipo,que dava de presente a esposa uma jóia e igualmente presenteava uma amante de forma idêntica.Não atinava para estas coincidências que punham em risco sua dupla vida,confusa,atropelada e inconseqüente.

- O Américo merece ser ajudado,apoiado,Celini!Eu gosto do Américo!Ele nos encanta com suas piadas e nos engorda com seus jantares maravilhosos.E que jantares!E depois,nunca vi gostar tanto de “mulher-dama” e ser tão querido por elas.Repetia sorrindo e satisfeito,revelando a faceta oculta de italiano [Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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simpatizante das noitadas e dos bacanais.Gargalhava gostosamente,porque a Flial do Recife enriquecia a olhos vistos.

Celini obediente,balançava a cabeça afirmativamente e não esquecia suas obrigações:

- Sr.Pappa já providenciei o aumento dele!Vai ficar bem!E para paparicar o chefe dizia,ainda: - Ele merece!Ele merece!..E sorria galhofeiro.

Enquanto isso,Celini batia com o cachimbo no encosto da cadeira,observando o chefe sorridente.

O Sr.Pappa voltava a lembrá-lo:

- Lembre-se da equipe,também.E principalmente de Jane,de Jane,(suspiros de paixão)repetia avermelhado,risonho e entusiasmado,quase histérico.

- A carne é fraca,não é Sr.Pappa?A mulher é linda,parece uma estátua grega do período clássico!

Pappa olhava enciumado para Celini,que então passava de zombeteiro a humilde e rastejante servidor dos poderosos,quedando-se silencioso e desconfiado.

As inspeções e auditorias geralmente terminavam em orgias cheias de encanto e despudor,que se estendiam até às primeiras horas da madrugada.Com jogos sexuais entre parceiros dos dois sexos ou do mesmo sexo que escandalizariam os militantes gays das passeatas hodiernas.

Adália e Hidalga saiam cedo,os pais velhinhos e religiosos não entenderiam!...Jane ficava com o Américo até às 03:00h da madrugada e depois ia dormir com Julio Monte que pouco se importava com Neline,a esposa,quer ela viesse a saber ou não...Trazia a mulher e os filhos debaixo dos pés!Sob a mais cruel das ditaduras domésticas.

- O Sr.Pappa está aí?A palavra e o aviso funcionava como um toque de alerta e de mobilização dentro de casa..E a pobre mulher calava-se tranqüila e adormecia sob terrível bafo de cachaça e cheiro de camarão que eram exalados [Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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das entranhas de Julio Monte e impregnavam o quarto,sempre que ele retornava às altas horas da noite.Mas o pior eram os peidos,que chegavam muitas vezes a acordá-la!Todo este pesadelo só terminava nas primeiras horas do amanhecer.E assim a vida da filial de Recife da ATALAIA prosseguia em ritmo alucinante.

- Roupa suja se lava em casa,dizia o Celini quando descobria algum deslize dos funcionários.E completava: - Não dando prejuízo,tudo bem!...Para ele,moral e decência eram o resultado do Balanço Final da firma.

Geralmente na segunda-feira,após o encerramento da inspeção,Sr.Pappa oferecia um almoço de despedida e encerramento aos funcionários e seus familiares,e em seguida viajava de volta para S.Paulo,naqueles bimotores sacolejantes que invariavelmente,terminavam fazendo algum pouso imprevisto em alguma cidade da costa da Bahia,como Camamu e Porto Seguro,em seu vacilante trajeto para S.Paulo.

Naquele tempo Américo tinha apenas dois filhos,e Tássio,o filho mais velho observava durante os almoços,o quanto D.Lia,a esposa,era mais culta e socialmente mais bem preparada até na”socila”,que os demais.E como sorria esquiva e desconfiada,sempre que Jane solícita,sentava-se ao seu lado e falava o tempo todo das qualidades de Américo,como homem e como chefe.

Quando fazia isto sua voz afinava-se e adqueria um tom meio feminino e meio infantil,quase inaudível aos ouvidos dos presentes,cercado de suspiros abafados e comovidos.Seus olhos imitavam o pôster de Sta.Luzia,pura,incólume e mártir das causas mais excelsas.

- É meu pai,dizia Jane,de olhos brilhantes.Neste ponto o busto empinava.E completava -que cabeça para negociar e gerenciar,insistia,olhando zarolha,como sempre acontecia ao beber.Fixando os olhos trocados em D.Lia: - A senhora tem muita sorte,ter um marido assim!

D.Lia ouvia e observava discreta,previdente e enciumada das observações da moça.Era evidente que a criança via que ela não simpatizava com a secretária

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do marido.Ele era um menino sensível,que lia o tempo todo,e por isso D.Lia orgulhosa do filho,dizia sorridente aos amigos:

- No aniversário dele dêem livros,presentes de livros.Adora ler e estudar!A criança ouvia o que a mãe dizia,e fazia que não ouvia.Ela era uma professora competente que não exercia a profissão em face da exigência do marido de mantê-la em casa.

Naquele tempo apaixonada ainda por Américo Silva,mas já marcada por suas aventuras,fechava os olhos a estas peraltices do marido,na esperança de que ele mudasse,se transformasse!Quem sabe,se tivesse uma filha,que era o sonho do Américo,ele talvez viesse a mudar.Era a sua esperança!

D.Armênia,sua tia,mulher perspicaz e inteligente,que mais fizera “trancinhas” ao tempo do namoro do casal para que eles casassem,sempre que passava os dias com ela,advertia:

- Lia,cuida de tua profissão!faz um concurso.Olha o dia de amanhã!

- Olha Tia Armênia,o Américo acha que mulher é para o lar.E encerrava a conversa.Parecia até que conhecia o Américo mais do que a própria Lia e sabia mais coisas sobre a vida dele do que a própria esposa.

D.Lia se casara na casa de um tio rico e sem escrúpulos e D.Armênia assistira e participara de todos os detalhes do seu complexo e imprevisível casamento com Américo Silva.Na época proprietário de uma imensa casa de comércio e baluarte na condução e colocação de seus irmãos em lugares promissores da cidade grande.E assim ela saiu como a maioria das moças de classe-média,do convento e colégio de freiras,dividida em sua vocação religiosa,mas terrivelmente apaixonada por Américo Silva.Galã,carismático,comerciante próspero ainda jovem,já com um passado matrimonial e filhos,que só depois ela viria,desapontada saber. Uma verdadeira armadilha cuja máquina fora azeitada e mobilizada por seus parentes próximos no intuito de dar-lhe um –“magnífico casamento”.

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Seus pais ainda vivendo no interior,entregaram confiantes a filha a este tio e a estas tias,selando seu destino,em um casamento imprevisível com um homem em tudo diferente de suas origens,de seus sonhos e de seu ideal.Um homem que não era mau!Fôra vitimado por uma vida e uma criação,cheia de carências e infortúnios,uma orientação paternal,cruel ainda em sua infância e pelo terrível contexto das secas cíclicas do Nordeste brasileiro,responsáveis pela agudização dos dramas de nosso povo em um país,cuja história foi sempre marcada por políticos corrutos,inescrupulosos e exploradores de seu povo.

Os dias iam passando,com o Américo subindo na ATALAIA CO., e a casa sempre cheia de gente,com o Tássio fugindo para a casa dos tios e avós,onde sentia mais tranqüilidade.

Quando reclamava que não gostava de tapetes e cortinas que o faziam espirrar,D.Lia brincava com ele e o apelidava de S.Francisco de Assis,o Santo que abominava a riqueza e o luxo e se identificava com os pobres!

Flávio,o mais novo,não largava os pais!Dócil,alegre e infantil,era completamente diferente do irmão,inclusive com uma característica de não se concentrar muito no que fazia ou no estudo,que transformava a vida de D.Lia em um inferno para que o menino estudasse..Ficava empolgado com a inteligência do irmão,e quando Tássio falava,ele escutava atentamente.Sempre perguntando-lhe tudo o que não sabia,enquanto o mais velho explicava de forma erudita e detalhada,como era o seu estilo,preocupado talvez inconscientemente em preparar o irmão e informa-lo de coisas que ele não atinava.

A diferença entre ambos era pouco mais de dois anos,mas quem não soubesse,juraria que era maior!O futuro demonstraria,que tal era a diferença entre ambos,que o que Tássio tinha de intelectual,sonhador,Flávio tinha de esperto e astucioso!

Na manhã de 1º de julho de 1950 Américo entrou radiante em casa.Como era seu costume,passara pela banca do “Jão Lemos” e soubera da nova!Fora premiado na Loteria Federal!

[Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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Também não parava de comprar bilhetes.Isto era todo o dia!Além disso,jogava no bicho e era assíduo cliente da Loteria Federal.

D.Lia,as vezes dizia: - Américo,você está gastando demais com jogo!E ele respondia:

- Besteira Lia se necessitar de dinheiro adianto um vale lá na firma.Não esqueça que sou o gerente!Julgava que como gerente e gerador de lucros para a firma,ele podia pegar o dinheiro que bem quisesse e entendesse.Uma forma caipira de por em prática o móvel de posse,o “job” que deve orientar os executivos em seu ambiente de negócios.

Na manhã que ficou rico,premiado em cento e cinqüenta milhões de cruzeiros na Loteria,deu um almoço de estouro,no qual estiveram presentes os parentes de D.Lia,como a Antonina e o Marcondes,que eram noivos e moravam defronte da residência dos Silva,na Rogério Junior,uma rua de classe-média B,repleta de meninos que batiam bola todas as tardes nas calçadas,e bola-de-meia nas ruas, onde figuras do bairro idolatradas pela molecada como,o Babá,que foi um astro no Flamengo,do Rio,e o Zé Urbano,um dos maiores goleiros do Nordeste,aprenderam futebol nestas pelejas.

A rua que fervilhava de meninos preparando cerol e empinando pipas,invariavelmente “explodia” em tumultos e brigas por causa destas atividades,jogos infantis de gravuras Eucalol que inundavam os lares ou tampinhas cheias de sabão nos jogos de calçada.\bocas quebradas,dentes deslocados na boca os meninos entravam em casa aos berros pedindo socorro aos pais desesperados.Américo e D.Lia,ciosos da educação dos filhos não conseguiam mantê-los em casa,porque junto com o Erlânio,filho da empregada,se envolviam em brigas desesperadas,se afastando dos estudos e muitas vezes envolvendo os pais nas disputas de rua.

Américo Silva tinha pavor à rua.Os meninos lançavam bolas pelas janelas das casas,as brigas nas calçadas por pipas e cerol eram constantes.Invariavelmente,quando fazia a sesta de almoço,Américo furava uma bola por semana,na ponta dos ferros do seu portão,toda a vez que a bola

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entrava de casa a dentro!Depois sorrindo e assobiando se deitava para dormir até as 14:00h quando foltava para a ATALAIA. Enquanto os meninos na calçada choravam e gritavam desesperados porque viram o objeto de sua felicidade,a bola de borracha,estourada nos ferrões.

O episódio mais forte a envolver Américo Silva ocorreu em um dia em que ele se deparou ao voltar para casa,com o Erlânio,sangrando por tudo quanto era beiço,de um murro que um tal “cara-de-gato” muito mais velho e forte do que o menino,tinha lhe aplicado.

Américo não pensou duas vezes largou o paletó para lá e atravessou a rua.

Cara-de-gato era quase de sua altura,lá por um metro e oitenta,cheio de força e juventude,mas Américo aplicou-lhe logo uma rasteira e um soco na cara,o e rapaz saiu direto para o pronto socorro!Nem sequer voltou para saber o ocorrido.Logo depois ele,se sentaria na mesa,e fez uma excelente refeição com duas cervejas e uma travessa de “baião-de-dois”.Saindo em seguida,célere,assobiando como era seu hábito,para a ATALAIA CO. como se nada tivesse acontecido.Não media as conseqüências de seus atos e os efeitos que depois cabia a D.Lia apaziguar,pagar as despesas e reconciliar as partes.

Era ela que ficava para resolver os impasses,diplomática,prometia que o filho da empregada não andaria mais nas ruas e os vizinhos que a consideravam em um patamar social muito mais alto,terminavam por se aquietar.

Na manhã que festejou a sorte na loteria,ele e o Marconde tomaram um porre de loucos,no que foram acompanhados pelo Ubiratã,irmão de D.Lia,que também ficara de porre.Lá pelas tantas,o Marconde sonhou que uma velha estava correndo em cima do muro,e o ameaçava com um cabo-de-vassoura!Gritou em convulções,e morto de bêbado.A Antonina pensou que o noivo ia morrer,gritou,Américo Silva e o Ubiratã gritaram também,as crianças choravam.D.Lia tentava acalmar e gritava: - Calma gente,foi só um pesadelo!Mas não adiantava.Depois de vomitar muito o Marconde se acalmou e a festa foi encerrada.

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Na verdade,o Marcondes era outro”pau-d´água”,bebia cachaça como ninguém pode imaginar e tirava gosto com farinha de mandioca!Nada sentia,até que a cirrose o apanhou lá pelos cinqüenta anos e o levou,de vez!

Entretanto ele era um químico muito competente, um bom amigo,jovial,sincero e sempre pronto para ajudar!

O Ubiratã,era outro pau-d´água,Mas tinha o pavio curto!Quando bebia,trincava os dentes e se pudesse acabava com os inimigos,que ele fizera aos montes,lá pelo interior,quando ia aos casamentos e sem avisar,tirava logo a noiva para dançar! Confiava no prestígio político e nas amizades do pai,funcionário público e agricultor próspero,político,naquelas terras,àquele tempo,frias e distantes de tudo!Toda questão,toda querela,o Ubiratã se metia.Parecia um advogado em potencial,mas que nunca gostou de estudar!Conheceu vários colégios e inadvertidamente,sempre o pai recebia um leve convite para transferir o filho,que além de não estudar,chamava para briga até professores!

Toda esta vida agitada,junto com o Marconde e o Américo,seu cunhado e companheiro de farras,não o impedia de se reunirem e “bebericarem” até que o Américo se abraçasse cantando e discutindo tudo que constituía a boa-vida que iam levando.

Invariavelmente,as tias velhas apareciam para almoçar com o casal e o Américo transformava aquela visita em brincadeira e para isto utilizava pequenos goles de cachaça e instigação de questões entre as velhas,que acabavam por se engafinhar por causa de dívidas entre elas ou pequenas coisas como empréstimos de galinhas poedeiras que nunca voltavam ou ninhadas de patos ou pintos,que nunca eram divididos equitativamente.O Américo sorria que caía no chão chorando de tantos relatos.Depois ele apaziguava as tias e ia deixa-las em casa quando brigavam até terminar a visita.

Os dois casais,o Américo e D.Lia e o Marconde e a Antonina,eram como irmãos!O futuro faria com que esta amizade desaparecesse como tinha nascido,ficando apenas,o aspecto formal.

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Quando Maria,a filha mais velha dos Silva nascera,o Marcondes foi o padrinho,e como a Antonina já era madrinha do Tássio,a amizade atingiu seu ponto máximo.Agora eram compadres e tudo corria qual “um mar-de-rosas”.

A loteria veio retirar os Silva da tranqüila madorna de membros da classe-média e transportá-los para o mundo dos novos ricos,cheio de surpresas,alegrias e decepções que são o contexto da vida!

Não tardou que o Américo comprasse uma nova casa,uma velha residência em estilo colonial nos arredores do Recife,cercado por um terreno de cerca de dez mil metros quadrados.

D.Lia se opôs de início.Achou a casa velha demais,muito rica e carente de reformas.No entanto Américo Silva não se fez de rogado,reformou-a sob o pretexto de que necessitava de mais “status” e que no futuro lotearia os terrenos periféricos,enquanto no presente,as crianças poderiam brincar sem limitações naquele paraíso natural,repleto de árvores seculares,samambais,e flores naturais que brotavam aqui e ali,lianas que iam do chão até o teto mais alto das árvores de quase trinta metros de altura.

As frutas,mamoeiros,jambos,cajueiros eram e profusão!Bananeiras surgiam de depressões onde a água se acumulava e goiabas e cajus enchiam o solo das matas que o cercavam.Pois era quase impossível saber quantos cajueiros e goiabeiras brotavam de todos os locais que cercavam a casa.

Na verdade,Américo preparava um contexto para receber toda a Diretoria mais alta da ATALAIA CO.

Os viajantes que vendiam para a firma,os comandantes e pilotos que transportavam mercadorias pelo Brasil inteiro.Enfim,o seu círculo de amizades que ultrapassava muito o que D.Lia considerara que seria aceitável.

Ataúlfo,o antigo dono,queria vendê-la porque estava em apertos e queria se livrar da imagem da morte trágica de sua esposa ocorrida recentemente!Encontrou em Américo alguém que tinha tanta pressa em gastar o que ganhava como gastava mais e mais dinheiro.Tal precipitou e consumou a transação.

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Na verdade vinte dias depois da sorte na loteria foi comprada a casa,quando quase que instantaneamente começou a reforma para um modelo tipo “bungalow” inglês e os Silva logo se mudaram.Havia euforia em todos os seus atos e os pais de D.Lia que visitara o casal se assustaram com tantos gastos e a profusão de almoços e visitas,regadas a vinho e outras bebidas nos encontros inicias na Casa dos Silva.

Américo festejou à sua maneira particular bebendo tal quantidade de vinho que comentada pelo pai de D.Lia,fê-lo descrever, que não sabia o que era aquele” rio” que surgia de sua rede armada em uma das inúmeras varandas de sua casa,em um dia que bateu a sua porta para entrar no casarão.Ele que era um senhor sóbrio,de hábitos simples e criado pelos frades que o educaram.

D.Lia comprou tudo novo e não faltaram as mesas de “ping-pong” para as crianças que logo atraíram a molecada da vizinhança e o primo Atílio que era como um irmão para o Tássio.

D.Lia logo começou uma seleção dos moleques da vizinhança que poderiam brincar com o Tássio e o Flávio, e na verdade seus escrúpulos eram tão grandes e o espírito de elite tão pronunciado,que em um bairro de classe-média só ficou mesmo o primo Atílio.Ninguém sobrou mais para conviver com os dois meninos na grande Mansão dos Silva.D.Lia mal viu sua renda e seu status alterar-se e logo tratou de retornar aos hábitos e padrões que se apegava freneticamente.Este era seu lado negativo,em uma senhora cheia de qualidades excelsas e educação refinada.Caráter e senso de justiça inigualável.

A nova residência tinha aumentado em muito o círculo de amizade do casal e não raro,os domingos ficavam lotados de caras novas.Havia sempre caras novas!

Americo Silva e D.Lia adoravam isso!Quando Tássio retornou da casa dos avós onde passara as férias do fim-de-ano,notou que a atmosfera do lar tinha se transformado,desaparecendo a euforia inicial dos pais,com D.Lia cada vez mais cismada com o marido e olhando desconfiada para os cantos da rica e velha residência.

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CAPÍTULO II

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A CASA DE YEDDA.

O casarão dos Silva dava de perto para uma rua quase deserta e não calçada.Na verdade,apenas seu jardim lateral gramado,cujo tapete verde contrastava com a sua branca silueta,a separava desta rua deserta,onde a areia atolava todos os carros que ali passavam.Quem quisesse entrar de carro na residência tinha que vir pelo portão principal da Rua do Rei,frontal e cerca de quatrocentos metros da parte lateral e cheia de janelas, daquela antiga casa colonial.Ora isso a tornava mais e mais inacessível.

Além das inúmeras mangueiras e cajueiros que enchiam o lado direito da casa,Américo mandara fazer um jardim gramado,e plantou várias mudas de coqueiros anães que não tardariam a dar cocos verdes em profusão,alimentando os “drinks” e os pileques que ele e suas visitas se entregavam nos fins-de-semana e nas visitas noturnas que se prolongavam até meia-noite e uma hora da madrugada.

O lado esquerdo da casa grande guardava ainda o aspecto e os traços marcantes do tempo, de velha mansão colonial que fora outrora.

Uma velha e estreita estrada de blocos irregulares se estendia a procura da Rua do Rei,distando cerca de quatrocentos a quinhentos metros da residência como uma Via Apia para a saída lateral da residência,onde pairava um imenso e portentoso portão de acesso para carros e caminhões da ATALAIA CO.que às vezes pernoitavam sob a proteção do casarão.

Este imenso portão a isolava do mundo exterior!Reforçando a imagem de isolamento,de distância que ao cair da noite transformava a vivenda em uma mansão misteriosa.lúgrube e distante,que desaparecia entre a verdura quase fechada das árvores,um um quadro fantástico e de aspecto sobrenatural.

À direita e a esquerda daquela via antiga,rústica e estreita de paralepípedos,o terreno era cheio de cabaceiras,carrapateiras e um capinzal que parecia um tapete verde de perder de vistas.Eram inúmeras neste sítio,as plantas

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medicinais,como a costela-de-adão,o pega-pinto que servia para tratamento renal,o quebra-pedra de utilização idêntica,o boldo-da-índia,e até o hortelã.

Américo Silva era um sonhador mas sua mente habilidosa para ganhar dinheiro e criar projetos fantásticos não era igualmente eficiente para materializá-los,organizar seu crescimento,monitorá-losesobretudo mantê-los!Isto porque sua paixão pelas mulheres e a “boa e doce vida” terminava sempre por fazê-lo jogar fora tudo que poderia ter sido o arrimo da esposa e dos filhos como se aquilo fosse uma característica de uma cultura ou de um traço genético herdado.

D.Lia por sua parte não se preocupava muito em economizar.Tinha também,como ele,as ilusões da juventude que criam nas moças de classe-média aquela permanente ilusão de serem ricas!Gostava de gastar também,de consumir além de suas posses,pois a infância e a juventude de disciplinada contenção em um colégio de freiras,criara nela a disposição e a certeza de que não nascera para vida ascética.

Quando interna no período de estudante,até as velas que consumia para estudar eram apagadas precocemente e poupadas até o último toco,porque ela sofria os terrores do remorso de que pudesse estar desperdiçando os parcos recursos que seus pais ganhavam com tanta luta e dificuldade,naquele tempo.Este escrúpulo ela mantivera por muito tempo,principalmente por causa do pai honesto funcionário público e de sua característica consciente e responsável.

Depois com melhores tempos ela foi relaxando aquela atitude e os primeiros desastres financeiros do marido foram esquecidos quando começaram os tempos da ATALAIA CO.,desaparecendo completamente de sua memória quando o marido ficou rico com o prêmio da loteria.Afinal,ninguém é de ferro,e o ser humano,embora consciente de suas limitações foi feito para a felicidade,mas aí reside um dos momentos de maior perigo no curso da vida,o ufanismo de que afinal aportou no “paraíso” para sempre!..

No entanto ao chegar na Rua do Rei,D.Lia nunca simpatizara de todo,com a nova residência.Na esquina contígua,havia um “cabaret” ou castelo,uma casa

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de mulheres-dama,que desenvolvia suas atividades de maneira assídua e ininterrupta por noites seguidas acompanhadas de músicas tristes que caracterizavam em muito o contexto infeliz da vida das perdidas.

D.Yedda,a proprietária,não perdia tempo na exploração da mais antiga das profissões e D.Lia sempre desconfiava que o marido fazia trânsito por ali,após os serões da firma.Olhava para lá coitada,com tanta repugnância que chegava ao exagero.

- Ora,comentava ela,o Américo deveria ter visto que esta casa fica quase em cima de um “cabaret”.É verdade,que é em outra quadra,mas,aqui ainda é muito deserto e isto pode atrair gente ruim!E como tinha razão!

Com o tempo ela foi associando as desconfianças do marido à promiscuidade da casa de Yedda,aos bacanais e festins que lá ocorriam.

Yedda por sua vez,se deprimia quando olhava para o lado da casa de D.Lia,pois era infeliz demais para suportar aquele “paraíso cojugal” que ela considerava,o feliz lar de D.Lia e Américo.

Olhar o purgatório,quando se está no inferno,é bem mais doloroso do que se pode pensar!

Como a felicidade mesmo incompleta, é transitória neste mundo de mortais, veremos que, em seus sofrimentos, aqueles destinos em breve se comparariam.

Quando a tarde caía, D.Lia sentia alguma coisa diferente na casa.E quando ouvia as tristes canções da Casa de Yedda,se entristecia e caía em profunda melancolia que se transformava pouco a pouco em depressão.

Canções tristes!Porque melancólicas são as canções dos bordéis que cantam a queda das meretrizes e suas vidas de servidão humana.

Naquele tempo o ciúme do marido,o rancor por morar tão perto daquele “cabaret”,faziam da triste e elegante senhora uma pessoa enraivecida e cheia de preconceitos para com as meretrizes.

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É muito difícil a prática da caridade com os infelizes,quando se sabe,ou se supõe, que eles podem ser a causa de nossa infelicidade!

Esta desagradável proximidade,cercada por um círculo de preconceitos sociais e religioso tão significantes,depois dos ciúmes justificados de Américo foram aos poucos criando uma repugnância da parte dela com a nova residência,ao ponto de fazer com que julgasse sentir uma tristeza mórbida,sempre que a noite se aproximava!

A noite sempre despertou no homem moderno o pavor remanescente do tempo em que seus ancestrais se escondiam, trêmulos e apavorados pelo assédio das feras no interior das cavernas ainda na alvorada do homem.

Tássio assistia esta transformação com pesar e melancolia, e foi assim que começou a viver os dramas íntimos pelos quais passava a alma de sua mãe.Suas lágrimas,suas suspeitas justificadas até certo ponto,da conduta desleal do marido ocupavam a maior parte de seu tempo em casa!

Sensitivo,ele captava estes sentimentos e também se angustiava.Passou também olhar a casa de Yedda e julgar que o pai poderia estar lá,todos os dias após o trabalho,o que era um exagero evidente...Mas algo lhe dizia que havia um certo exagero da mãe naquela avaliação.Apiedava-se dela e admirava-se como o irmãozinho nada se ligava e percebia.Foi nesta época que D.Lia aprofundou as suas cismas,achando que o casarão tinha qualquer coisa de sobrenatural.As vezes percorria os banheiros e achava que abriam os chuveiros de supetão!Outras vezes ouvia crianças chorando,bebês,em uma casa que as crianças já passavam dos cinco anos de idade.Vultos começaram a ser vistos por ela ao cair da noite e seus apelos deixavam o marido insatisfeito e inquieto!

Estava criado o ambiente propício a esta fenomenologia já que os dois pólos sensitivos,mãe e filho,estavam ativados,ligados e postados favoravelmente aos eventos desta natureza.

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Capítulo III

O Trem dos Desgraçados. A composição cortava célere a planície sertaneja e bamboleante levando a carga humana sofredora.

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Os miseráveis eram aos milhares, homens,mulheres,velhos e crianças que se lançavam em direção ao Recife vindo Agreste pernambucano, na esperança de alívio da fome e da miséria!

Nos primeiros vagões iam os que conseguiram reunir alguma coisa além da roupa do corpo, esfarrapada e remendada. Nos vagões intermediários iam os pingentes mais necessitados e cheios de pequenas doenças,que muitas vezes eram responsáveis pelo fedor nauseabundo que acompanhava o Trem dos Desgraçados.

Nos últimos elementos da composição, juntamente com os animais de carga,gaiolas de passarinhos, algum gado remanescente da tragédia secular,vinham os maltrapilhos e miseráveis retirantes nordestinos vitimados pela terrível seca do Quinze. (1915)

O tradicional e secular drama fizera naquele ano uma verdadeira raspagem nos contingentes humanos que povoavam os sertões do Ceará,Pernambuco,Sergipe,Bahia,Alagoas,Rio Grande do Norte e Paraíba.O gado quase que desaparecera em sua totalidade e milhares de crianças perderam a vida antes dos três meses de idade.A Zona da Mata estava sendo invadida por flagelados que vinham do Agreste e do Cariri.

Os miseráveis párias humanos olhavam para além das janelas dos carros azuis da Rede como esperassem que seus semelhantes compreendessem que eles desejavam sobreviver apesar daquele calvário.

Cada olhar era um raio de esperança em direção ao homem metropolitano que não entendia aquilo tudo,aquela invasão de maltrapilhos.

Às vezes as barreiras sociais são cortinas fechadas à observação e ao entendimento entre os homens, e os que os exploram tratam de fortificar esta divisão e separar os homens por fúlgidos conceitos para justificar a dominação em um país em que a estrutura agrária durante quinhentos anos só serviu a este propósito,e que gerações de políticos transformaram este sofrimento em uma verdadeira indústria da seca.

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Quando o trem passava nas estações fazendo paradas regulamentares, nem os fiscais se arriscavam a subir nas plataformas,limitando-se a tocar suas sinetas mandando prosseguir.

Quem tentava descer era empurrado de volta para aquele amontoado de corpos macilentos que se espremiam, pisando sobre as próprias fezes ou se machucando mutuamente dentro da maior e mais triste promiscuidade.

As almas mais caridosas se reuniam nas estações do Grande Recife e Fortasleza ou arrecadavam algum dinheiro com os expectadores e os viajantes,entregando pelas janelas, o resultado daquela coleta minguada.

Os pobres,como condenados a um purgatório terrestre, estendiam as mãos amareladas cheias de veias azuis e muitos deles ao receber as esmolas retiravam os chapéus em sinal de respeito só devido a reis e papas, quando gritavam fraquinhos na proporção que as forças permitiam-lhes:

- Deus pague o auxílio e que te dê muitos anos de vida e felicidade!Era isso que eles sonhavam também para si,o tanto quanto sinceramente desejavam aos outros!

E lá ia o Trem dos Desgraçados a mexer-se, a chiar em suas rodas,apitando,apitando e lançando-se em direção à estação seguinte,procurando o Recife e as demais capitais do Nordeste também minguando pela falta de água e de bens extintos pela seca,pela estiagem cruel que se repetia em ciclos naturais.Ela,o Trem dos Desgraçados se escondia ao longe,por trás dos canaviais que tomavam um lado e outro da composição e reaparecia apitando e fumegando a toda vcelocidade como uma serpente sinistra daquele flagelo na espécie humana.

Marieta,Julinha,Maria e Severino se espremiam nos últimos vagões,encostados uns nos outros,sonolentos pela noite mal dormida e ansiosos por chegar.

A raçãozinha de pirão de milho já terminara e as esmolas não tinham chegado àquela composição.

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Severino abraçava a esposa com Julinha de dois anos no colo, e rezava sem parar:

- Nossa Senhora,São Francisco de Canindé, ajudem-nos a chegar vivos a ao Recife que eu rezo trinta terços sem parar antes de comer o primeiro prato de comida do dia.

Marieta reclamava: - Ora Severino,quem dixe que eu vou rezar nada de uma pôrra!Vou é comer o primeiro prato e a primeira migalha que aparecer.Ixe homem,tu é doido varrido.Primeiro a barriga,depois a reza!

E completava: - Tu acha que Deus sabe que a gente existe?Já perdemos tudo e eu estou com o pulmão inutilizado. Abre os olhos home e dexe de falar e dizer tanta besteira!

O pobre e crédulo homem, criado dentro da religião e das igrejas que completavam no campo, a tarefa de manter submissos os homens ao seus senhores feudais,balançava a cabeça para lá e para cá,como se estivesse reaprendendo e censurando a esposa incrédula,desesperada e revoltada.

Marieta era uma dessas mulheres sertanejas,curtidas ao sol,que saía de manhã cedo quase em jejum para capinar até se apoiar no cabo da enxada.Esquelética pelo sofrimento e o maltrato que os senhores em quase sua totalidade mantém os meeiros sem opção,tinha quase um metro e oitenta de altura,olhos verdes faiscantes,rosto de ossos laterais preeminentes,denunciando sua origem mestiça,artérias à mostra no pescoço e nos braços ainda em plena juventude.

Só tinha mesmo cabeça em cima daquele corpo esguio e cheio de pelancas como quem fora gerada gorda e formosa e perdera as carnes pelo sofrimento e pela necessidade.

Seus olhos verdes, traço dominante sob a testa arredondada, que mais parecia uma face de cabaça murcha pela ação do sol e do vento,era o indício de uma alma forte e presente,rebelde de Deus e dos homens!

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Francisco J. B. Sá O casarão dos Infelizes

Fizera tudo para salvar a família da inanição, quando a seca se abatera sobre o Agreste.Apanhara água á distância de dez quilômetros de casa dentro de um grotão que só herói era capaz de escapar.

Muitas vezes,deixando Maria em casa mexendo o angu ou carregando Julinha nas costas quando pequena,já não podia mais caminhar.Descia o grotão com a criança e subia com a menina agarrada à sua cintura equilibrando a lata d água na cabeça.

Transportando aquela água barrenta, oscilando de lá para cá,ferindo os pés nos seixos que se acumulavam nos caminhos tortuosos do Sertão, havia momentos que parecia que iam despencar despenhadeiro abaixo. E lá reiniciavam o retorno de dez quilômetros sob um sol escaldante e pedregosa de terra seca até à casinha de taipa,onde morcegos habitavam no teto e barbeiros se infiltravam,muitas vezes com suas picadas,dizimando legiões de nordestinos pela Doença de Chagas.

À noite,quando Severino retornava da faina e voltava com um tatu,um preá-do-mato,e ultimamente com nada,ela coitada,desesperada,ainda cumpria religiosamente seus deveres matrimoniais!

Antes,quando ainda havia esperança,tinha sido assim. Rezava, não praguejava, e sentada com o marido no banquinho tosco que ficava fora de casa,olhava a paisagem de fogo ressequida e então comentava:

- Vamo embora dessa desgraça Severino,isto aqui é o inferno!Do jeito que vai,vamo tudo é morrê de fome e sede!

Severino acendia o cachimbinho de barro e humildemente dizia:

- Fica quieta muié!Deus vai ajudá!Tô chegando a vinte pele-de- tejuassu,O que vai dar para gente sair das terras do Cel.Raimundo e pegar a composição para o Recife.Ouvi dizer que lá tão abrindo muitos asilos para retirantes e o governo tá sustentando o sertanejo inté passar esta desgraça de seca.

[Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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Aí então ela se levantava,tossindo e cuspindo raias de sangue que cobria com a terra,apressada para o marido não ver!..

- Pois vamo logo,senão eu não agüento!Nem eu nem a menina que está emagrecendo demais cada dia que passa.

Os olhos se enchiam de lágrimas quando ela passava as mãos pela cabeça da criança que brincava com os ossinhos na porta irregular da cabana.

Aquilo tudo tinha fortes cores de tragédia e o fenômeno que se repetia há quinhentos anos ceifava vidas e trucidava homens através dos tempos,foi aos poucos revoltando,tornando-a descrente de tudo,chegando a tornar impossível qualquer relação amistosa entre ela e o Criador,a quem ela responsabilizava pela tragédia.

Era demais para que ela pudesse entender a complexa realidade que enfeixava a responsabilidade dos governantes,das instituições com aquele quadro terrível e doloroso de extinção!A responsabilidade social não é identificada em um povo ou um homem em estágio religioso ou teológico como era o Nordeste brasileiro do século passado e o Brasil até a Obra –Os Sertões,de Euclides da Cunha que divisou etnias,responsabilizou governantes e chocou os padrões da insípida república que surgia de um Império vacilante e decadente.

Os governos estaduais e municipais eleitos à bico-de-pena pelos latifundiários e donos de terras,se alinhavam a um Governo Federal,no Rio,alienado de tudo e perdido nas lutas entre Minas e S.Paulo pelo domínio da arena do café com leite.A indústria da seca era uma extensão,um complemento do mecanismo de poder que oprimia não só os nordestinos,mas a todo o povo brasileiro ao longo do início do século,durante a queda da República Velha e do Estado Novo presedido por Vargas.

Depois de alguns dias pelas calçadas de Recife,Marieta começou a ter febre alta,delirando sem parar,dizendo coisas que feriam os ouvidos dos

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Severinos,dos Mororós,dos Lopes que se acotovelaram com eles no último vagão ao longo da longa viagem do Agreste até o Litoral.

Aquilo tudo soava como heresia aos ouvidos dos crédulos e pobres retirantes.

Às vezes ela segurava as mãos do marido como se esforçasse para sobreviver à fome,à sede e ao calor implacáveis que deixavam seus olhos faiscantes,salientando mais ainda seu estado doentio.

Marieta caminhava para morte com sérias lesões físicas e psíquicas comprometendo todo o edifício que a vida lhe propiciara para a sobrevivência.Ela era protagonista de um contexto que ao se agudizar atingia sobretudo os inocentes,grandes vítimas destas tragédias.

- Ela não bota amanhã!Diziam os outros, colocando as mãos em sua testa porejaste.Bom mesmo era chamar um padre para lhe dar a Extrema-Unção!

Mas Severino paciente ia molhando uns trapinhos e colocando nos braços,na testa e no peito de Marieta,enquanto rezava e rezava sem parar.

Quando o caminhão levou as três famílias que estavam no saguão da estação de trem para o casarão da Rua do Rei,a febre de Marieta tinha cedido e ela tossindo,fraca,já falava normal e conseguira se sentar.

Os poderes públicos se limitavam ao assistencialismo precário.Cediam galpões ou casarões como aquele,sombrios e afastados onde os miseráveis se abrigavam,e quando muito as irmãs de caridade e os frades da Ordem de S.Francisco se encarregavam de colher esmolas ou arranjar algum trabalho para as famílias.

Quando a seca ia embora,davam sementes,e com o que tinham reunido voltavam para suas terras,como meeiros dentro de um sistema de escravidão que se repetia até a próxima seca,que hoje ainda subsiste limitando o aproveitamento das águas represadas e ampliando o poder político dos que se alinham ao latifúndio improdutivo.[Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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O fenômeno atingia e atinge contingentes humanos diversos.Mesmo nas cidades do Nordeste brasileiro,muitos imigrantes estrangeiros foram tratados com pouca diferença,estabelecendo linhas de comércio fracas,na espera de dias melhores.mais operosos e de uma cultura muitas vezes menos submissa,estes estrangeiros conseguiam se situar melhor do que os retirantes.

O caso de Joaquim de Sá Aragão,cidadão judeu e português,que chegou ao Sobral,CE,vindo de Portugal no fim do século dezenove,foi um desses casos de estrangeiros imigrantes que se confundiam com retirantes e que teve outro destino.

Vinha solteiro com algum dinheiro e experiência de agricultor em Portugal.Ao chegar durante o Quinze,só encontrou gente morrendo,terra seca e gado moribundo.Sem ninguém para trabalhar e roça para plantar.

Comprava o gado que morria, estirava o couro e vendia a carne por um terço do preço. Logo ficaria rico!

Quando a família de Severino e Marieta se instalou no casarão da Rua do Rei, com clima ameno,água de coco abundante,além das frutas e esmolas de pessoas caridosas,não tardaram a melhorar de ânimo e saúde.

No entanto tal não aconteceu com Marieta que não acompanhou a recuperação dos demais.A tosse prosseguia e a magreza aumentava.

Veio o Dr.Leandro Moura que era muito atencioso com os retirantes e não cobrava nada.Diagnosticou tuberculose!

Os demais se afastaram dela.Ficou dormindo em um quartinho dos fundos,sem o marido e sem os filhos.Onde passava horas sentada olhando para o pé-de-limão que dava os galhos quase na janela de seu quarto.

Não deixava nunca seu cigarrinho de palha e também não se conformava com seu estado.

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A meio-dia e ao cair da tarde quando as pessoas se recolhiam para as refeições,ela saía a andar devagarzinho,passeando,tossindo e caminhando com aquele passo de marreca que era a sua principal característica.

O marido se afastava com medo de pegar tuberculose e ela não podia tomar a filhinha nos braços.Era uma tísica!Chamavam-na assim,porque além de doente,era agressiva e antipática.Olhava todo o mundo com ódio estampado no rosto,desespero e rebeldia em relação a Deus e aos homens.

Apegou-se ao casarão da Rua do Rei e confessava para Maria que era única que ainda chegava perto dela:

- Eu gosto daqui!Olhe a minha sorte,depois de escapar de uma miséria daquelas,fico tuberculosa.Eu sou é filha do Diabo e não de Deus!

- Tem paciência criatura,o doutor disse que se tu tiver repouso,vai melhorar.Vai ficar boa!

Ela sorria incrédula,fumando e cuspindo sem parar.

Mas tu tens que deixar este cigarro desgraçado,ele está te matando!Repetia Maria insistente.

- Que morra!De que vale uma vida dessas?Não posso dormir com meu marido,não posso tomar minha filhinha nos braços.Todo mundo foge de mim como o Diabo da Cruz!

- Santo Deus Marieta,exortava Maria,tu dexe jeito vai morrer e vai pro inferno!Não tem paciência,não reza,não sacrifica nem o cigarro.E saía de lá se benzendo e chorando.

Em meio aos inúmeros retirantes que ali se alojavam,existia uma pequena figura singular.Chamava-se Jesuíno!

Clarinho,pálido,só andava de camisola branca com três botãozinhos na frente.passava o dia brincando e mexendo com tudo que era retirante.Davam-lhe caixinhas de fósforo e ele as colocava em cima de um caminhãozinho de madeira e molas de arco-de-barrica,enquanto ia pelo [Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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meio da casa gritando “slogans” que ouvira de motoristas nas estradas de Garanhuns.

Todo o mundo era louco por ele que irradiava uma aura benéfica,sempre sorrindo e dizendo palavras de conforto para os que se queixavam de reumatismo como a velha Carminha e o velho Aristeu.

Às vezes sentava-se de camisola no muro externo do casarão e quem passava ouvia dele:

- Uma esmolinha para a tísica!Uma esmolinha para os retirantes!Uma esmolinha para a tísica que está morrendo de inanição e não tem dinheiro para comprar remédios!

Quem passava dava sempre,porque a beleza que irradiava da pobre criança chamava á atenção e enternecia os corações.

Quando a latinha enchia dava ao Aristeu para ir trocar na bodega de Seu Gerônimo,e de novo,ficava “sol à pino”,sentadinho no muro,pedindo aos que passavam para o almoço:

- Uma esmolinha para a “tísica”!Uma esmolinha pros flagelados da seca!

Quando não estava entregue a esta tarefa passava horas seguidas e esquecidas debaixo do limoeiro,brincando com os bonequinhos feitos de sabugo de milho,feliz da vida,na sua pobreza e inocência dos seis anos.

Marieta chegava na janela de seu quarto e ele se levantava com um pouco de medo olhando disfarçado para ela.

- Marieta sai desta janela senão tu vai piorar!Gritava a criança.Então ela sorria compreensiva.Era só para quem ela sorria,ainda!

O menino retirava dois limões escolhidos e bem amarelinhos e devagar ia chegando perto dela e estendendo a mão lentamente.Ia deixando que as frutas escorregassem para aquela mão cheia de veias azuis salientes,trêmula,pálidas e magérrimas que mais pareciam mãos de um cadáver.[Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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- Olha cobra,menino!Brincava a “tísica”.E sorrindo,falava com a voz já fraca: - Obrigado pelos limões.Que Deus lhe pague!

Entrava resmungando palavras ininteligíveis, tossindo e tossindo...Ele saía correndo,arrodeando a casa grande e chegando devagarinho como era seu jeito dizia no ouvido de Maria:

- Marieta ta tossindo de novo!Dei uns limões a ela para fazer chá!Ela vai morrer!Ela vai morrer!

Maria ouvia a criança falar e começava a chorar.Então gritava lá de dentro para D.Carminha ouvir:

- D.Carminha,olha o chá de Marieta,ta tossindo de novo!

- Já vou,gritava a velha e ia toda corcunda se segurando nas paredes de tanta dor reumática.Pegava os limões que Marieta colocara na soleira da porta,ia cortando e lavando às pressas em uma velha bacia,para fazer o chá.

Quando Marieta tomava o chá,parava de tossir e adormecia fraquinha que dava dó.

- Tá cada vez pior!Murmuravam baixinho de uma porta a outra do casarão.E quando Marieta dormia,imensa,magérrima,esticada no colchão de palha jogado no cimento,Jesuino vinha devagarinho e parava na porta do quarto,observando ternamente:

Ali ficava triste,parado,com a mãozinha segurando na porta entreaberta olhando a “tísica” que dormia gemendo e gemendo.

Geralmente esta cena demorava de quinze a vinte minutos e logo depois,os gemidos cessavam e Jesuíno ia saindo de lá devagarinho,e lá estava de novo brincando debaixo do limoeiro,a sua sombra refrescante,onde o odor do limão maduro se confundia com o cheiro das romãs e das flores de caju que existiam por todo o canto prometendo uma safra de arrombar!

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Mal terminara a floração dos cajueiros e as primeiras castanhas apontavam nos inúmeros pés que cercavam o casarão,Marieta começou a morrer.De nada adiantavam mais os xaropes e os chás-de-limão que lhe davam.

Antes de morrer,tinha crises de asfixia que deixavam-na toda roxa,e mesmo sem forças,ela praguejava sem cessar e lançava olhares terríveis para os moradores que se aproximavam pela curiosidade,ato que nunca tinham feito por caridade enquanto ela vivia isolada e tinham um terrível e apavorante medo dela e da doença.

Severino,o marido,chorava e dizia:

-Se eu fosse rico,tinha mandado pru sanatório e ela tinha se curado!E desatava a chorar e se maldizer da vida.

Jesuíno corria do limoeiro para a janela,subia e ficava lá olhando a moribunda com piedade.

Marieta sem sangue,Marieta pálida como cera,que sentia frio e tiriricava sem parar na agonia da morte.E agoniada jogava a cabeça de um lado para o outro.Esta agonia durou um dia e uma noite!

Quando os primeiros albores da alvorada entraram pelas portas e janelas da frente do casarão e os passarinhos começaram a orquestra matutina nas goiabeiras,cajueiros e romãzeiras,ela foi se aquietando,suspirando em ciclos cada vez menores.Via-se que diminuía a atividade pulmonar.Até que se imobilizou,quando duas lágrimas rolaram pelo rosto sofrido e macilento,onde uma forte estrutura óssea se salientava.

Parecia uma estátua de cera onde a estrutura óssea lhe dava um aspecto impressionante. O aspecto de uma grade ou uma jaula que tivesse durante algum tempo,sob terrível sofrimento aprisionado um ser de dor.

Severino,Maria e Julinha choravam copiosamente,alto,de forma desesperada,enquanto seguravam uma vela nas mãos da morta.

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Maria gritava desesperada:

- Se ao menos tivesse chamado o padre!

- Ora,ela não queria ver padre,nem reza,de forma alguma.Respondeu Severino se defendendo.e adoçou: - Deus agora se encarrega dela!Sofreu muito e era uma ótima mãe e esposa!E chorando muito continuou:

- Só vi gostar de uma coisa na vida,foi este casarão!Dizia que isto aqui era o céu.Veja só!Com todo aquele sofrimento e isolamento!

-Ela olhava para mim quando estava morrendo como se estivesse se despedindo.Disse Jesuíno,mais pálido ainda pela emoção que dominava o ambiente do velório.Então a velha Carminha dizia grosseira:

- Vai te deitar Jesuíno.Não pregou o olho desde que a finada começou a agonizar...

E todos olhavam para o menino de olhos brilhantes que não chorava e demonstrava uma profunda compreensão da morte.

- Ele não derramou uma lágrima!Disse o João Quirino,carregador de água do casarão.

- Ele é assim mesmo!Observou Carminha.E continuou: - É mais forte do que qualquer um de nós!

A criança pálida e magrinha continuava rondando o corpo de Marieta e olhava-a com um profundo olhar de tristeza.

De repente saiu correndo e deitou-se no pobre catre que lhe servia de leito,enquanto ia puxando os trapinhos que o agasalhavam,enquanto adormecia.

Ao ,no dia seguinte,às seis horas da manhã,o casarão estava com as portas abertas e os homens tinham jogado cal no quarto da morta,e,em seguida tinham enterrado o colchão no fundo do quintal,lá para os lados dos

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limites do casarão com as demais casa que começavam a surgir no quarteirão imenso da Rua do Rei.

Marieta fora enterrada muito cedo,enquanto a criança corria inquieta da cozinha para a ante-sala e de lá para o iotão,como se estivesse procurando alguma coisa.Retornava freqüentemente para olhar o quarto da morta,e então escutou o que os homens que lá estiveram trabalhando,conversaram:

- Ela era doida por este menino.Gostava mais dele do que da filha Julinha,dizia o João Quirino.

- E ele por ela,dizia o Leôncio que completava: - Já viu como ele está inquieto?Correndo de um lado para o outro?É procurando a finada!

- É mesmo,confirmava o homem que trazia uma placa de carreteiro no chapéu.

Nos dias que se seguiram,Jesuíno silenciou.Corria pouquinho e passava os dias de baixo do limoeiro.De repente,erguia-se,ia até á janela do quarto da morta e dizia:

-Marieta,tu ainda está aí?Eu sei!Eu sinto que tu ta aí!E voltava sorrindo para dentro de casa,correndo.

Um certo dia a velha Carminha estava lavando roupa lá no oitão do casarão,quando a dor nas cadeiras se agravou.Neste instante Jesuíno foi se aproximando silencioso.Parou pálido diante da mãe,de olhos brilhantes e ansioso, olhando a água que se despejava naquela tina grande,observou:

- Mãe,eu vi a Marieta neste instante!

- Ai,já não chegam estas dores e você me vem com esta conversa besta,menino!Marieta já morreu e ta inté de “osso branco”...

- Mas eu vi,observou a criança insistente e seguro de si.

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Estava muito assustada e se encostava na parede da sala sem querer que eu chegasse perto dela!

- Quando me viu foi se afastando com as mãos apoiadas na parede,entrou no quarto do Seu Jão Quirino e de D.Chica Bandeira.Depois eu entrei lá procurei por ela no corredor,debaixo da cama,mas ela não estava mais lá!..Cadê ela,mãe?!Quando a gente moor,não desaparece?Por que a Marieta continua por aqui,mãe?Me diz..E insistia sem sucesso.

- Vai brincar,menino!Dexe esta conversa sem pé nem cabeça!Exclamou D.Carminha apavorada.

Enquanto isso Jesuíno balançara a cabeça e pulara a calçada alta gritando:

- Eu vi mãe!Marieta ainda está aqui,não enterraram ela,não!

D.Carminha benzeu-se e olhou para os céus batendo três vezes na boca:

- Este menino tem cada coisa esquisita.Onde pode,onde já se viu alguém morrer e andar por aí para todo o mundo ver?!Nunca acreditei nisso.Marieta ta no outro mundo,bem longe daqui.

E a vida do casarão continuava sua rotina imperturbável,com retirantes chegando e outros morrendo,enquanto outros,sabendo de notícias de chuva em suas terras,no longínquo sertão,iam embora para não mais voltar.

No ano seguinte ao terrível terrível ano seco do Quinze, às vezes chegavam sacos de mantimentos,feijão,farinha de mandioca e rapadura,que as senhoras da sociedade traziam de esmola para seus famintos e necessitados moradores.

Outras vezes elas vinham visitar os retirantes percorriam suas dependências em silêncio sepulcral,sem falar ou dar atenção a ninguém,importantes,distantes e frias,posudas,olhando para os cantos,apontando os telhados e em seguida,comentando alguma coisa entre

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elas.Iam aos fundos e anotavam.Jesuíno sempre as acompanhava,escondidinho,para que não lhe vissem.Em seguida corria para dizer à mãe que elas cheiravam muito!

No dia seguinte vinha um homem fardado em amarelo e cáqui,com máscara e tubo nas costas e a criança o acompanhava em todos os cantos onde ele ia.Gostava mais quando ele ligava a máquina que trazia pendurada no pescoço e saía um pó branco que se espalhava.

Um dia ele condenou a fossa lá embaixo e pregou um papel na porta dos fundos.Jesuíno corria sem parar atrás do homem e disparava na risada quando ele ligava a máquina e a pressão fazia o pó sair impregnando tudo!

Entretanto ficou muito triste porque o homem demorava muito aparecer e quando vinha era depois de meses.Ficava então privado da diversão mais interessante que conhecia.

Durante estes intervalos, estas esperas,amarrava uma caixa e com uma corda presa nesta e um caniço,repetia os gestos e a operação que o guarda sanitário fazia:

- Fu!Fu!Fu!Fu e lá se ia fazendo aquelas fisionomias tristes e sofridas dos retirantes,sorrir de satisfação e de rara e extrema sensação de alegria.Eram momentos de refrigério e paz!Uma pausa para esquecer seus tristes destinos de marginalizados.Verdadeiros párias de Deus!

Naquela escuridão de tristeza,pobreza,infelicidade,dores,fome e desesperança,aquela criança era como uma luz que dissipava as trevas.

Se alguém sentia dores ele corria para o meio do matagal aflito e de lá voltava com uma raiz ou folha de mastruce ou cidreira virgem para fazer um chá.

- Jesuíno,vê se acha uma raiz de “quebra-pedra”,te dou cinqüenta centavos,gritava Seu Raimundo “Bêbado”.Ele atendia,mal ouvia o chamado,voltando em seguida com a dita raiz que aliviava as dores de rins

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estraçalhados com a imensa quantidade de cachaça que o homem ingeria para esquecer a sua dor.Às vezes,muito doente,bebia mesmo em jejum!

- Toma cinqüenta centavos,menino!

- Precisa não,Seu Raimundo,não deu nenhum trabalho.Corria Jesuíno para não receber o dinheiro.Mas,D.Carminha passava na frente e dizia:

- Me dá os cinqüenta centavos Raimundo,que dá para comprar sabão para lavar os trapinhos dele.

Jesuíno baixava a cabeça e se encostava na parede pelo lado de fora,olhando a mãe com aquele olhar de profunda tristeza,aparentemente reprovando-a.Nestes momentos D.Carminha tinha se acostumado a não encará-lo,pois dele emanava um forte sentimento de reprovação que lhe cortava a alma,enquanto os olhos cintilavam de uma forma que a deixava tonta e sem jeito.Seu olhar era tão forte que a mãe não sustentava vê-lo nos olhos.Sua percepção era tão aguda e a precocidade tão grande que a mãe se atemorizava diante e sua expressão de olhar.Isto fugia à compreensão dos retirantes.

- Este menino é um santo,dizia Seu Raimundo “Bêbado”,quando a mãe se afastava.Vive aqui para servir todo o mundo,brincando alegre com uns sabuguinhos e pedindo esmolas naquele sol que dá dó:

- É um santinho,dizia Maria,largando o ferro de engomar para o lado e com os olhos cheios de lágrimas,relembrando:

- Marieta era louca por ele!Ele vive dizendo que vê a finada aqui.Ah!Se fosse eu que a visse!Será que ela está bem no outro mundo?

João Quirino mascando fumo,sentado na soleira da porta da cozinha,cuspia e dizia:

- Comadre Marieta sofreu muito.Deus teve pena dela.E Maria tomando o ferro,enquanto o soprava e reunia uma pilha de roupas para passar,completava melancólica: - Mas homem,ela morreu revoltada com

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Deus!Não aceitava deixar a filha e morrer daquele jeito!Disse isto baixando a voz propositalmente.Nisto Jesuíno que estava brincando debaixo do limoeiro gritou:

- Maria,Maria,aos berros.Maria,o velho Jesuíno e Severino que estavam capinando,correram para lá,para ver o que a criança tinha encontrado e estava aos prantos:

- Marieta debruçou-se ali na janela e quando olhei para ela,sumiu.Depois de fazer uma careta horrível e grelar os olhos para mim.Completou chorando:

- Eu to com medo.Ela não gosta mais de mim.Está com raiva de todo o mundo!

Os homens se entreolharam e D.Carminha foi carregando o filho,aos prantos para o outro lado do casarão onde uma brisa calma trazia dos cajueiros um forte cheiro de castanhas e de goiabas maduras.

Na verdade crença ou experiência,os nativos da Polinésia asseguram e muitas tribos indígenas da America asseveram que os mortos se tornam mais perigosos e piores do que quando eram vivos!Essa crença e essas versões sobre tal dimensão do homem,é uma página obscura da Antropologia e entra em choque com as versões e os valores das religiões ocidentais.

- Mas que conversa besta é essa,menino!perguntou a mãe com enérgica ignorância com a criança.Eu te castigo se tornares a dizer que viu a Marieta.

- Mas eu vi,mãe!Repetiu a criança apavorada,conflitada pela ignorância da mãe.E insistiu: - Quando eu gritei,ela sumiu.

Seu João Quirino foi saindo e cochichou no ouvido de Carminha:

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- Dexe o menino em paz!Estas coisas existem mesmo.E depois ele vivia conversando com a falecida,pode ter pegado uma impressão forte.Criança é assim.E completou:

- Quem sabe,disse isso se benzendo,se ela não se liga no pequeno?

Seu Raimundo “Bêbado” foi chegando,também fedendo à cachaça e com os olhos vermelhos,observou:

- Dona do Carmo não brinque com estas coisas.Marieta era louca por esta criança.Quem sabe não resolveu ficar por aqui?E completou:

- Este casarão está ficando mal-assombrado!Se eu começar a ver alguma coisa,por Deus que vou me mandar!Quer ver homem “se obrar”,me faça ver uma alma!Não agüento,não!É só do que tenho medo nesta vida!

Nos dias que se seguiram a conversa pegou e só se ouvia os retirantes sentados do lado de fora no calçadão de pedra contando histórias de “visagens” e dizendo que o menino estava vendo a finada Marieta.

Jesuíno já não brincava no limoeiro como lhe era usual e começou a ficar triste e emagrecer.Apareceu uma tosse de garganta e toda noite D.Carminha passava as horas da madrugada insone,passando banha-de- galinha e enrolando o pescoço da criança.Dormia a maior parte do dia e ninguém o via mais pedindo esmolas na calçada.

Triste e calado pelos cantos ele foi definhando,tossindo e um dia veio o doutor,novamente.Examinou o menino,ouviu a respiração dele e chamou D.Carminha:

- A criança está “tísica”!Tem que ser isolada e vá dando este medicamento,logo.Abriu a bolsa e foi dando a amostra grátis do remédio contra a tuberculose.

D.Carminha foi abraçando o filho e por todos os lados o pranto era geral.

Instalaram Jesuino no quarto de Marieta,em um colchão de palha, do mesmo tipo do que usaram para finada.Colocaram uma coberta ao alado e [Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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os bonequinhos de sabugo que ele gostava tanto e brincava horas e horas falando por eles e simulando movimentos como se fossem vivos.

Quando os cajus amadureceram, amarelaram e começaram a cobrir o solo do casarão,espargido aquele cheiro aromático misturado com resina e orégano,cujo odor estava espalhado por debaixo das árvores atingindo suas frondes mais altas,o chão dos terrenos periféricos do casarão se transformavam em um verdadeiro tapete de topázio alimentando os retirantes famintos.Jesuíno começou a morrer!

Não mais se erguia.Tossia seguidamente e pedia a D.Carminha que o colocasse sentado em um caixote,perto da janela.

Então acompanhava com os olhos semicerrados e tristes de criança,o limoeiro amado parte daquela maravilha tropical que o cercava,em oposição à tragédia de sua doença irreversível.

Então dizia para a mãe:

- Ontem eu sonhei com Marieta,ela tava com um frade ao lado dela.Ele trazia a finada presa por uma corda no pescoço como se fosse um cabrito!

- Pára menino,tu inda tá com essa impressão na cabeça?!Dizia desesperada e chorando a pobre mulher.

- Ela me disse que vem me buscar antes do fim do ano!

-D.Carminha desatava a chorar,e resolveu transferir o filho para o seu próprio quarto.Houve um protesto geral dos retirantes,mas o quarto de Marieta,onde estivera Jesuíno,foi fechado e nunca mais ninguém entrou lá.

Uma tristeza começou a tomar conta de todos com a doença da criança e com aquela casa.Sempre que podiam,juntavam uns trocados e tratavam de ir embora o mais cedo possível.

Um dia,quando os sinos do Natal começaram a repicar fora do casarão,chegaram as senhoras da sociedade,com uma cesta grande de frutas,bananas,laranjas e uns saquinhos de mantimentos.No meio das [Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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frutas vinha uns brinquedos que foram distribuídos entre os meninos dos Severinos,dos Bartolomeus e dos Queiroz!

Jesuíno piorava e a febre aumentava debilitando-o.Era uma sombra do que fora.mal abria os olhos durante o dia, e à noite,a tosse se acentuava deixando todos acordados de pena da criança.

Véspera de dia-de-ano a criança arquejou a noite toda.Quem chegava se debulhava de lágrimas pelo sofrimento do pequeno,que já arroxeava e apresentava tonalidades escuras nosa pulsos e ao redor da boca.

Antes da meia-noite um grito foi ouvido no quarto do oitão.Era D.carminha que pedia socorre e chorava desesperada.

A criança se imobilizara e o corpo esfriava, enquanto ele arquejava baixinho, quase imperceptível. Alguém entrou com o Pe.Alberto da Paróquia da Piedade,e,mal ele deu a Extrema-Unção,Jesuíno entregou a alma a Deus,sereno,frágil,deixando muitos prantos e muita saudade.

Choraram os velhos, os jovens, e até os “pivetes” sentados nos fios de pedra das calçadas próximas do casarão.

E quando o caixãozinho azul passou pelas ruas vizinhas,ouvia-se prantos dentro das casas e multidões de crianças curiosas,mas de fisionomias entristecidas quedavam-se desoladas.

Durante o enterro,o Pe.Alberto comparou Jesuíno ao Menino-Jesus e disse que ele tinha nascido naquele ambiente do casarão para amenizar a dor dos retirantes e o sofrimento dos miseráveis!Fôra uma criança de luz!Uma Entidade do mais próximo séquito de Jesus!”Um exemplo de amor por seus semelhantes. Nascera pobre como Jesus para atender e alegrar aqueles que viviam na escuridão do sofrimento e da penúria.”

As pessoas que davam esmolas e passavam no beco arenoso ao lado da casa,não o faziam mais para não reverem o local onde Jesuíno com uma latinha enferrujada,estendia um apelo aos transeuntes por esmolas para a “tísica” e os retirantes.[Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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“Seu” Gerônimo mudou a barraca para o outro lado do quarteirão para não mais se lembrar da figura da criança.

Mas,mesmo assim,às vezes parava e parecia-lhe que via Jesuíno colocando aquela mão pálida na borda do balcão,pedindo para trocar por cédulas,as inúmeras moedas que recebia de esmolas.

- Parece que estou vendo,dizia,conversando com o Raimundo “bêbado”.Ele enchia aquela latinha duas vezes até o meui-dia e vinha caminhando silencioso.De repente,eu escutava sua voz de criança: - “Seu” Jerônimo troca estas moedinhas dos pobres por uma moeda maior ou por cédula!É prá comprar remédios para a “Tísica” e comida pus retirante!

Então “Seu” Raimundo “bêbado” se emocionava até que as lágrimas rolassem por seu rosto macilento, tostado de sol e enrugado que mais parecia um pergaminho.

Raimundo “Bêbado” enchia o copo de “amarelinha” e quando a água brava descia,ele exclamava:

- Ave,que esta derruba inté defunto!Cuspia longe e olhando “seu” Jerônimo nos olhos,observava:

- Sabe “Seu” Jerônimo,é porisso que eu bebo.A vida de pobre é assim mesmo.Você acha que se Jesuíno fosse filho de rico,teria morrido?Botavam logo em um dos melhores sanatórios e a criança se recuperava.Agora aquele casarão só dá tristeza!Mal entro lá depois da labuta diária de pedreiro e uma tristeza toma conta de mim que acabo adoecendo.

- Vá lá “Seu” Raimundo,tome um banho,reze a Ladainha de Nossa Senhora e durma inté amanhã.Vai pegar na colher sem tristeza e esquecer um pouco este “Vale de Lágrimas”!Eu por mim vou fechar dedo,hoje.Tô doido por dentro,com estas coisas todas.

Na verdade,aquela criança era a Luz e a alegria aqui,nesta barraca e prá todo o canto que olho,a vejo!Senão,quem vai acabar doido,sou eu mesmo![Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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A vida é assim – Uma Viagem triste e cruel!Que vou fazer?É entregar a Deus!

“Seu” Raimundo saía cambaleando,conversando só,batendo ao longo do muro longo que limitava o Casarão pelo lado direito e quando passava em frente do lugar que Jesuíno pedia esmolas,parava e ficava oscilando para lé e para cá,morto de bêbado.De repente,desatava no choro e sentava-se no fio de pedra.Agarrava finalmente no sono,naquela posição e,quando a lua imensa e branca apontava lá para o lado do portão que isolava a casa grande da Rua do Rei,ele levantava-se e entrando pelo lado esquerdo da moradia dos retirantes,empurrava a porta de pedaços de caixotes,que ce3dia dramática,misteriosa,e espectral.

Cambaleante, lá ia exalando a cachaça que impregnava até os corredores e em seguida, estirava-se no chão à corpo todo,sobre a esteira que D.Carminha deixara para ele.Enquanto ia adormecendo,falava baixinho para seus botões:

Oh Deus!Duas mortes por tuberculose em menos de três meses!Vai ver que serei o próximo!Como mal,trabalho demais,cheiro a “catinga” do cimento todo o dia e ainda tenho que beber para esquecer a vida!E adormecia, pensando que em vez de construção para levantar,tinha um lindo jardim para cuidar,e as flores,orquídeas,violetas e rosas brotavam ao seu redor soltando um perfume inebriante...

A noite tomava conta do Casarão dos Infelizes enquanto os “caborés” piavam lá nas cabaceiras e o vento castigava os cajueiros que vinham de lá para cá, enquanto sombras fantasmagóricas pareciam desfilar no silêncio que cercava a casa devido a quietude decorrente de seu isolamento.Os coqueiros agitavam-se violentamente,fornecendo um único ruído além dos pios dos caburés e corujinhas que ali vinham se agasalhar.Lá no quintal,o galo cantou,pensando que o luar era o dia que ia chegando e D.Carminha triste e trêmula passou a mão na esteira ao seu lado procurando inutilmente o filhinho que se fora!E não o achando desatou em choro

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convulsivo. Os outros retirantes colocaram a cabeça para fora de seus trapinhos e sentiram a tristeza invadi-los.

Maria começou a chorar baixinho e “Seu” Jão Quirino abraçou D.Chica Bandeira para abafar o soluço que veio à garganta e que não podia sair, “porque homem não podia chorar!”

D.Carminha em prantos acordando,desta vez,todo o mundo:

- Meu Deus não me dexe muito tempo neste Vale de Lágrimas!Tome conta de meu filhinho que foi a única coisa bonita que tive nesta vida,mas não demore muito,pois não agüento mais...

Virando-se,deitou cobrindo os pés,a cabeça como fazia desde que Marieta morrera e o filho vivia dizendo que via a morta.

- Vixe,exclamou,adormecendo e pensando – Se a “Tísica”puxa o lençol dos pés agora...Eu dava um pulo de morrer...Santa Maria Mãe de Deus...rogai...por nós...que e adormeceu profundamente.

CAPÍTULO IV

O RETIRO DOS MONGES

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Quando a Seca do Quinze encerrou sua trágica passagem pelo Nordeste do Brasil,tinha deixado cadáveres de homens por tudo quanto era canto.

E nem Euclides da Cunha em seu livro – Os Sertões – teria avaliado o o grau de heroísmo dos nordestinos diante da tragédia que se abatera sobre nossa terra.Então ele diria: - “O Nordestino é antes de tudo um herói!”E não apenas “um forte” como o caracterizou em sua Obra inesquecível e primeira avaliação próxima do real ao analisar uma etnia,um povo,dentre outros povos,que o Poder desconhecia até seu magnífico trabalho de interpretação do povo brasileiro,quinze anos antes desta tragédia.

Américo Silva nascera em 1915,enquanto seus pais muito pobres,olhavam ao redor e perguntavam para si mesmo,se aquela criança teria futuro neste país e nesta terra!

Cresceu sacrificado como criança,de pais sertanejos que vigiavam seu crescimento,sorriam de sua esperteza e astúcia com apenas doze anos e o empurravam de casa para fora afim de arranjar trabalho entre “cassacos”que abriam estradas e açudes para esperar a volta das águas!

- Não sustento mais homem,um dia o pai lhe gritou,despedaçando seu coração diante da ignorância daquele homem honesto,filho de imigrantes e perdido de desespero diante da calamidade natural!

Forjou-se homem antes do tempo e aprendeu tudo que representava esperteza e astúcia,disfarçando sua dor,a dor de seu nascimento dentro de uma frieza e mordacidade inigualável!Queria ser forte como um furacão e esperto diante de todos e principalmente das mulheres que cada dia se seduziam por sua crescente e influente beleza masculina de um metro e oitenta e três e sua pelo rosada e viril que avermelhava a o sorrir pare elas e sem querer foi se deixando,também,dominar-se por elas.Sem orgulho e muito brio pessoal,ele trazia uma chama de caridade e piedade em sua alma,inigualáveis,principalmente,quando via alguém sofre e padecer por falta de dinheiro ou de alimentos que ele aprendera a conquistar

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utilizando todas as formas de comerciar,dentro e fora da Ética,que ninguém lhe ensinara mas,que o mundo o moldara!

Ao mesmo tempo que crescia e se tornava homem,preparando-se para invadir o Recife,meta fantasiosa e milagreira de sua juventude sofrida,armava um plano fantástico para enriquecer e livrar sua família,pais e irmãos da terrível calamidade que ssolara o Sertão desde seu nascimento.

A Seca contara com um apoio irrisório do Poder Público ao sofrido povo nordestino.

A Guerra de 14 continuava devastando a Europa,causando o transtorno, a infelicidade e a pobreza da Civilização!

No Brasil,tanto a Guerra de 14 como a Revolução bolchevique de dezessete na Rússia,tiveram pequeno eco. Mas a conjugação de fatores mundiais e nacionais deixaria o Nordeste à míngua!

Foram-se as Marietas,os Jesuínos aos montes pelas calçadas das estações da Rede,no Sertão e nos inúmeros casarões por estes rincões afora.

Algumas almas caridosas se davam,se dividiam,penalizadas por tanto sofrimento.Naquele tempo não havia uma ONU.A imprensa era fraca!Os poderosos responsáveis pela gestão do país se colocavam de forma cômoda, jogando a culpa de tudo na natureza!Nada assumiam!Nada os pressionava. Os efeitos da tragédia se espalhavam ceifando vidas e nos olhos de um sul de imigrantes alemães e italianos que se instalavam sob a sombra do Poder público, fazia com que muita gente apoiada nas ideologias racistas que vingavam na Europa,julgar que uma sub-raça desaparecia por força do “Poder Divino”.

Mas se Poder Divino interferia estava sacramentado no heroísmo que fazia com que se pusessem de pé logo que a tragédia recuava e as primeiras chuvas se resolviam.

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A caridade de pessoas bondosas que se davam,se dividiam,amparava-os,penalizados que ficavam por tanto sofrimento.

Conta-se que lá para os lados da Serra de Baturité,no Ceará,vivia uma senhora bondosa,de inigualáveis qualidades de liderança,que ela exercia sob o manto matriarcal.E quando os retirantes batiam á sua porta,D.Isabel de Alencar ia aos baús e retirava seus vestidões e até as roupas que usava no dia a dia para dar aos pobres.Pobres que enchiam o terreiro de sua casa mendigando algumas migalhas e roupas velhas.Ficara conhecida por tirar do marido até escondido,para dar aos pobres provenientes da terra árida a oitocentos ou a mil metros abaixo da Serra fértil e abundante em água e alimentos.

E enquanto as cidades eram invadidas por milhares de retirantes,o Governo ia abrindo açudes e frentes de trabalho com os minguados recursos que vinham do Rio de Janeiro,àquela época,a capital da República.

Era visível,tanto quanto hoje,a superficialidade das medidas governamentais que se baseavam na estratégia de favorecer latifundiários gerando a famigerada –“Indústria da Seca!

Lá pelos idos de 1920 – O casarão da Rua do Rei estava fechado e caindo aos pedaços.Ninguém se aproximava e quem o fazia,sentia arrepios!

Contavam-se coisas extraordinárias e completavam que – a casa era marcada pela tristeza e pela tragédia!E o Botequim de “Seu” Jerônimo se encarregava de ser o centro de difusão do drama das vidas que tinham trânsito por lá e pelas fantásticas e sobrenaturais ocorrências que diziam ter presenciado e que continuavam assolando o casarão.

D.Zito era o Prior da Ordem dos Capuchinhos e andava pelo recife,louco para conseguir um local afim de fazer um retiro para os frades.Um local isolado,bonito e tranqüilo!Não queria perturbação durante a meditação.

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Rodou pelo Recife todo e não encontrou nada!Ao entrar em contato com o Secretário de Obras da Prefeitura – ofereceram-lhe o casarão da Rua do Rei,abandonado e fechado desde que os retirantes do Quinze tinham-se ido de volta para o Sertão.

D.Zito foi acompanhado da referida autoridade,homem de poucas palavras e que não dava muitas explicações.

Dr.Bento,o secretário levou-o em um fordzinho 1920 que fumaçava por todos os lados e achou de querer ter acesso ao casarão pela esquerda de sua entrada principal cuja rua não era calçada..Atolaram o carro e enquanto não vinham os ajudantes da prefeitura foram até à casa.

D.Zito não se impressionou muito com o estado geral da residência,só achou-a muito mal cuidada,com o mato crescendo por todo o lado,mas no restante ao abrirem seus interiores observaram que não havia goteiras e apenas colchões velhos espalhados por salas e quartos.Algumas dependências da casa estavam fechadas com trancas de madeira.

- Temos coisas piores na Itália!Observou o monge entusiasmado. E em seguida: - Fico com a casa!Os senhores nos ajudam com alguns homens para a limpeza.

Dr.Bento concordou,mas fez uma observação: - Aqui correm umas histórias um tanto fantásticas sobre esta casa.Dizem que á noite ouvem-se lamentações e vê-se vultos andando pelas calçadas!Mas eu acho que tudo isto é fantasia e crendices devido à solidão do lugar.É muito mais impressão devido a solidão do local e as lembranças das condições de inanição e tuberculose que levou muita gente por aqui,há cinco anos,durante a Seca do Quinze.

Isto deve ter sugestionado a vizinhança supersticiosa.Mas,remendou,se Frei Beto quiser eu lhe mando alguns homens para limpeza geral e capinagem completa e a casa terá outro astral.Outro aspecto!

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- Se for possível, dê uma capinagem nos jardins e uma caiação naquelas partes cheias de mofo!Observou o Frei Zito,entusiasmado e animado com o achado e mostrando a sua face principal de negociador e de habilidade para barganhar.

-Desculpe senhor,mas isto fica por conta da Ordem.Não estamos autorizados a gastar muito nestas casas.É de utilidade pública,mas não para a finalidade que se propõe.

Frei Zito concordou e fechou o negócio. Foi saindo feliz e conversando animadamente com o funcionário da prefeitura,que estava feliz também por livrar-se de um imóvel problemático por conservação,pelo menos pelo tempo que durasse o retiro dos Monges.

A verdade é que no dia 1º de fevereiro de 1920 os frades se instalaram no Casarão da Rua do Rei para iniciarem um retiro longo,cinco anos depois das dantescas cenas que levaram, dezenas de nordestinos pela inanição e pela terível epidemia de tuberculose.

Além dos frades, havia também padres seculares, e seminaristas. Desadaptados com a vida religiosa,cheios de lembranças recentes de sua vidas familiares e muitos deles se esforçando com a ajuda de Frei Zito para se adaptarem aos rigores da nova vida.

Após um certo tempo,o aspecto da casa melhorara,porque os frades plantaram muitas hortas nos quintais que ficavam por trás da vivenda,melhoraram os jardins que a cercavam pelos lados.

O limoeiro que ficava no canto direito do casarão se mantinha inclinado em virtude da carga de limões e do vento que açoitava aquele ponto a todo instante e a toda hora.Seus galhos pareciam amarelos de tantos limões maduros.Um local aprazível cercado em algumas horas do dia por uma brisa amena,também,acompanhando as áreas debaixo dos cajueiros e entrando de oitão a dentro,o que fazia com que os quintais do casarão apesar da solidão e da extensão,fossem locais aprazíveis para ficar,armar redes e meditar.[Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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Ao começar o retiro,os padres se reuniam em grupos de dez ou quinze membros,debaixo dos cajueiros e perto do limoeiro para lerem o Evangelho e discutirem temas da Ordem ou outros assuntos religiosos.

Frei Zito prolongou o retiro por mais algumas semanas além do tempo previsto,satisfeito com o ânimo geral e normalmente ficava acordado até as onze da noite lendo o breviário com uma lâmpada de querosene que inundava todo o oitão com uma luz branca e suave.

Em uma dessas noites de oração,cochilou um pouco e senhor de seus sentidos percebeu que nitidamente alguém corria ao redor de sua cadeira.Abriu os olhos,colocou os óculos em posição certa,e despertando reiniciou a leitura de seu breviário.No entanto estava inquieto,porque lhe parecia que uma criança corria seguidamente ao redor de sua cadeira.

Novamente percebeu com nitidez movimentos infantis ao seu redor.Desta vez não estava dormindo.

Um garoto de pouco mais de seis anos passava por sua frente,sorrindo sempre e se escondera por trás do tronco do limoeiro,lá adiante,algumas braças de onde ele se encontrava orando.

D.Zito não era dado a visões e atribuiu aquela impressão á figura do Menino-Jesus em face de sua evocação contínua,ao longo do retiro!

Esfregou os olhos e caindo de sono pegou com uma mão o breviário e com a outra a velha lâmpada á querosene.Pendurou a cadeira nas costas e foi caminhando em direção á calçada alta que ficava do outro lado do jardim,logo ali depois dos coqueiros.

- Ah,exclamou: O sono está me pegando Frei Francisco,que caminhava em direção ao Prior para ajudá-lo a subir os batentes que davam do jardim para a entrada da casa.Você acredita que que eu estava ali debaixo do cajueiro lendo o breviário e acho que vi o Menino-Jesus!E desatou a rir.Aliás,os dois riam muito e o |Pe.Mello ouvindo os dois conversarem [Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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sobre a visão de Pe.Zito veio juntar-se a eles trazendo uma garrafa de vinho.Vinha sorrindo porque estava atento e ouvira o assunto da “Aparição do Menino-Jesus.”

- O que foi,Frei Zito?

- Eu estava contando para o Pe.Francisco que o sono faz misérias com a gente!Dizem que o sono é ladrão!

- É isto mesmo,Frei Zito,concordou o Pe.Mello.E continuou – mas que sonho maravilhoso,esse do Frei Zito – Quem me dera ver também o Menino-Jesus!

- Olhe Pe.Mello,não comece a conversar isso por aí,Eu estou dizendo apenas,o que o sono é capaz de fazer com gente!

Logo depois estavam fechando as portas e se preparando para dormir.Mas antes que se recolhessem em suas celas,Pe.Francisco chamou Frei Zito de forma reservada e confessou uma grave preocupação:

- Sabe Frei Zito,ando preocupado com Pe.Gildo.Anda muito triste,calado,cabisbaixo,conflitado mesmo.Depois que chegou aqui,ele diz que retornou a dúvida sobre sua vocação sacerdotal.Confessou-me que continuamente lembra-se de sua prima Narlene,de quem foi noivo antes de entar no seminário.Contou-me que que ela casou-se com um caixeiro-viajante e está morando em S.paulo,mas que é muito infeliz!Não sabe se está sofrendo por sua situação ou culpando-se de não ter se casado com a moça,entrando para o seminário.Por último chegou uma notícia de que ela estava se apaixonando por outra mulher!Veja só D.Zito!Na verdade esta história de homem com homem e mulher com mulher pareaece mesmo uma coisa da espécie,asseverou Pe.Mello.

- Para já com esta visão idiota,onde já se viu que pessoas do mesmo sexo possam constituir família,Pe.Francisco.Isto é coisa do demônio!Depravação!

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- Não Frei Zito,eu me formei em Antropologia na França antes de entra para a vida religiosa e acho que pode ser!

- Pode ser o que,Pe.Francisco.Repito,não conversemos mais sobre esta história!Benzeu-se e ia tomando o caminho do aposento,quando Pe.Francisco insistiu: - Necessitamos rezar pelo pobre |Pe.Gildo,D.Zito.A situação ea crise individual é bem mais grave do que possamos imaginar!

- Amanhã procurarei o Pe.Gildo para conversar!E lhe retorno sobre o motivo de suas preocupações.Boa noite!

No dia seguinte,,após o primeiro almoço,os padres se reuniram debaixo do cajueiro que ficava do lado esquerdo do Casarão,e os frades se instalaram do lado direito nos jardins próximo ao limoeiro.A manhã estava linda!Os pássaros ficavam a beliscar mamões maduros que se apinhavam nos mamoeiros.e que mamões!

Uma das características das frutas dos quintais do casarão era o tamanho dos mamões,das atas,das goiabas e dos cajus!Parecia que o terreno era diferente dos terrenos limítrofes das áreas que cercavam ou que tinham proximidade com a imensa casa da Rua do Rei.Ninguém vira no Recife,frutas tão suculentas e de beleza incomparável.

Levas de pássaros naquela manhã se encarregavam de manter cercando o retiro dos frades,com uma orquestra natural que fazia bem aos ouvidos,aos sentidos e às almas!Tudo concorria para levá-los à sonolência e a uma distração e desligamento quase completo.

Bandos de andorinhas enchiam os terrenos e rolinhas beliscavam as pedrinhas que existiam por ali em profusão.O vento agitava os coqueirais e as samambaias que subiam peãs depressões e pequenas elevações mais para adiante onde os cajueiros terminavam e começava a mata que atingia quase trinta metros de altura,com lianas e trepadeiras que desciam artisticamente,dando vontade a qualquer um,de largar tudo e contemplar aquela maravilha natural.

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O murmúrio do vento nos coqueirais provocava os ouvidos de forma melodiosa inclinando ao repouso,ao relaxamento e á meditação.Havia luz em profusão e os padres contritos se concentravam em suas orações,ou,discutiam em grupos de dois ou três,temas mais profundos que abalavam suas vidas religiosas.

De repente,Pe.Gildo se ergueu entre os demais!Afastou-se do grupo caminhando até o oitão da casa com o breviário fechado,debaixo do braço,como se estivesse passeando mais apressado em direção aos mangueirais e se afastando dos locais do retiro.Ia aparentemente distraído,asrrancando as folhas e mordendo-as seguidamente.Seu aspecto era melancólico e ao passar por um grupo liderado por D.Zito saudou-os:

-Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

O Pe.Gildo faz esta saudação erguendo uma das mãos entretanto não interrompeu seu passeio solitário.

- Eu não sabia que o problema era tão sério assim,Frei.Ambrósio,disse Frei Zito preocupado,sentindo na passagem furtiva do padre angustiado,as ondas de tristeza que irradiavam de Pe.Gildo.

- O que,perguntou Frei Ambrósio,levantando a vista do breviário e ao mesmo tempo cofiando a barba.

- Trata-se da situação do PE.Gildo,disse D.Zito franzindo a testa diante do que ele considerava um grave e difícil problema existencial.

- E qual é o problema?

- Existencial,ético e afetivo!Não consegue retirar de sua cabeça a imagem de sua prima Narlene que amou muito a vida toda e sentiu a chaga reabrir-se por ter tomado contato com seu casamento infeliz e pelos rumores de que ela esta se inclinando por outra mulher!

Acha,que se tivesse casado com ela,teria feito a moça feliz e nada disto estaria acontecendo!

[Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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- Eu já acho que não Fri.Zito,porque se existe esta inclinação dela pelo mesmo sexo,mas tarde ela deixaria ele por uma mulher!

- Pode ser!Pode ser,nunca se sabe!Que podemos fazer por ele?

E o frade analista frio dos comportamentos humanos continuou: - Frei Zito,também do lado dele,nunca deveria ter sido religioso!Ambos os caminhos foram errados.O dele e o dela!

- Dizem por aí,que há países do mundo que homem casa com homem e mulher com mulher,observou D.Zito se lembrando das colocações antropológicas de Pe.Francisco,mas eu acho que quando isto acontecer,a depravação é tão grande que o mundo estará perto do fim!

E voltando-se para a situação do Pe.Gildo,Exclamou D.Zito: - Coitado!Precisamos fazer com que ele veja as coisas de outra forma.Santos e santos sofreram problemas semelhantes.Até S.Lucas,em sua Missão,nunca pode esquecer completamente a sua meia-irmã,que faleceu prematuramente em sua juventude.

- Mas a moça está viva,D.Zito.Advertiu Frei Ambrósio.

-É,o problema existe,mas é plenamente superável.Alertou D.Zito otimista,crente e seguidor do celibato e esquecido dos males que podem afetar o homem e a sociedade com a separação radical do homem da mulher,sua companheira natural e veículo da multiplicação da espécie.

Talvez um trabalho discreto e saparado,secreto mesmo com ambos.Ele e ela dentro de contextos de confissão incomunicáveis entre ambos!Quem sabe!Vendo-a feliz ele pode até melhorar!

- É uma idéia concordou Frei Ambrósio,enquanto se erguia e se dirigia para o local mais remoto onde se encontrava o Pe.Gildo.

Este estava imerso em meditação,agarrado ao breviário,como se estivesse em êxtase.Ao ver o Frei Ambrósio que se aproximava,virou-se e

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cumprimentou-o demonstrando desaprovação por sua aproximação.Apesar disso falou com delicadeza:

- Como vai Frei Ambrósio?O que lhe traz aqui?

- Bom,respondeu lacônico o frade que se aproximava, penetrando-o com olhar inquisidor e de águia que era a sua característica.Foi então que pode aquilatar e contemplar pela primeira vez,o o precário estado do Pe.Gildo.Indagou: - E o senhor padre,como vai?

- Eu estou nas mãos de Deus,Frei Ambrósio.Disse isto enquanto lágrimas copiaosas iam correndo por sua face.Sérios problemas vocacionais me assaltam,me atormentam,me afligem.Agora estou carregando o madeiro e sentindo a profundidade dos espinhos que cingem a minha testa.

- Que deus o ilumine irmão!Jesus o amparará,desde que não se desespere e aceite o calvário.Ele aceitou e venceu!Observou dogmático o Frei Ambrósio.

Então,para sua surpreza,o Pe.Gildo rodou sobre os calcanhares e exclamou:

- Mas Ele não tinha o amor recalcado e conflitante que eu estou vivendo!

- Conflitante não,mas profundo,sim!Rebateu Frei Ambrósio.E completou retumbante:- Deixou todos que amava por sua Missão que redundaria em um amor maior!

- A questão central,é que este amor me maltrata,me dilacera as entranhas e está em contradição com minha vocação!Lembrou o atormentado Pe.Gildo atraindo para si a misericórdia e a preocupação do frade a sua frente.

Então Frei Ambrósio tomando-se de visível compaixão pelo outro,perguntou:

- Este amor tem possibilidade de se realizar,meu irmão?

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- Sim,talvez!Talvez,não!Respondeu o Pe.Gildo angustiado.

Frei Ambrósio contra atacando acrescentou: - O sacerdócio é um calvário PE.Gildo,não sabia disso?

Jesus desapegou-se dos amores menores,de sua mãe,de sua prima Madalena,de seus irmãos e amigos pela Missão de salvar almas!Amava a todos,mas amava muito mais a Humanidade!

- Louvo a sua grandeza,Frei.Tentarei imitá-lo.Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!Exclamou o Pe.Gildo suspirando e suando por todos os poros,angustiado,procurando uma saída para o celibato,sem cair nas tentações da carne que muitas vezes,assaltam os sacerdotes conflitados de hoje,que por sua vez,descem na escala humana para aquém dos símios que respeitam seus filhotes e ,os filhotes de seus congêneres,colocando-se bem acima do seu primo,o dito “Homo sapiens sapiens”,que se considera,o “Rei da Criação!”

- Louvado seja,disse o Frei Ambrósio,se afastando pra deixar que o padre reflitisse o quem sabe,viesse a sair daquela crise.

Enquanto se afastava,cofiava reflexivo a longa barba já branca,porejada de lágrimas pelo drama do companheiro.Olhava para o local de onde tinha vindo e acompanhava com o olhar a trilha que o atormentado padre tomara,logo depois que se separaram,há bem pouco tempo.

Na hora do almoço,o animado clima do retiro contrastava com a seriedade do Pe.Gildo.Ele comeu muito pouco e afastou-se para sua cela.Lá encostou a porta atrás de si e ajoelhou-se diante do crucifixo.

Lá estava Jesus Crucificado,Jesus Sofrimento Cristo Dor,Cristo Serenidade!Ele era Dor,era sofrimento,mas não tinha serenidade!

Conflitava-se em decepcionar os pais velhos e deixar a batina para vir a procurar a prima narlene.Se a encontrase,infeliz como estavam,na certa se lançariam ardentemente nos braços um do outro,julgava ele,frustado e

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ansioso.Iria destruir uma família,um lar,separar um casal que quem sabe,mais tarde poderia se entender,ter filhos e prosseguir na vida!

Novamente olhou o Cristo esperando uma resposta e lá estava o Cristo Sofrimento,o Cristo Dor,mas o Cristo realidade!Onde estava o caminho da serenidade,perguntou para si e para o Cristo.

E não tardou que a resposta esperada se manifestasse devagarinho dentro de sua alma:

- É preciso esquecer,é preciso renunciar ao amor de Narlene,enquanto é tempo!

- Mas como,argumentou consigo próprio.Repetia gerando a questão!

Então ergueu-se suando ás bicas e tentando se libertar daquela imagem de mulhar que o provocava desde os dias de sua juventude.Mas ela voltava sempre!Em todos os instantes,nos seus pensanentos,em seus sonhos,em seus devaneios,de maneira voluntária e exuberante como nunca!Sentia-se dilacerado pela volúpia de possuí-la.Possuiria Narlene nem que fossem juntos para o inferno!Não suportaria aquela ausência por muito mais tempo!Estava chegando aos seus limites de resistência e de fé religiosa!

De repente uma força descontrolada começou a se desprender dele em conseqüência da rejeição dos suaves e harmoniosos sentimentos de amor e fraternidade emanados de sua relação espiritual com o Cristo,sintetizados naquela proposta de renúncia extrema.Sentiu-se só dentro do casarão,já que os padres tinham saído da mesa de refeições para o repouso em suas celas ou passeavam pelas calçadas que cercavam-no.

Sua mente atormentada começou a perceber vibrações e movimentos da porta,como se fossem provocados por uma brisa que tivesse penetrado naquele recinto.Então a porta da cela começou a mover-se por si própria,enquanto a cama iniciava um ranger ao seu lado,como se houvesse alguém deitado rolando para lá e para cá.Fechou a cela e deitou-se no chão,de tal maneira que ficou de bruços como estivesse em queda para a

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cerimônia de ordenação.Ao redor de si tudo parecia vibrar e girar,como se uma energia imensa,profunda e misteriosa tivesse impregnado os móveis,os lençóis,as prateleiras,os utensílios e os quadros que existiam nas paredes.Ele ouvia ruídos estranhos e podia vislumbrar figuras que se encostavam na parede e giravam murmurando entre si em coro.

Então,gritou desesperado:

- Estou ficando louco meus irmãos,socorram-me em Nome de Deus!

Os padres correram em direção à cela do pobre Pe.Gildo,mas encontraram-na travada por dentro.Bateram e naão tiveram resposta.

Dentro da cela,o Pe.Gildo via tudo ao seu redor vibrar com mais intensidade,sob os efeitos das forças liberadas por seu espírito sensitivo e perturbardo!Ele mesmo acionara,inconscientemente,todos os movimentos ao seu redor.

Neste instante no clímax daquela angustiante e misteriosa experiência ele ouviu ou pensou que tinha ouvido,a voz rouca e espectral de uma mulhar que gritava aos seus ouvidos:

- Te mata,padre!Te mata!Resolve tudo!

- Não gritou o padre infeliz!Isto é terível e contra as leis de Deus!

- Há!Há!Há!Gargalhou a voz de mulhar dentro de sua mente!De que vale a vida!

- És tu,narlene?Perguntou o infeliz obsedado!

- Sim,respondeu a voz gutural.Sou a tua Narlene!Eu te amo e também te desejo!

- Não é possível!Pareces um espírito!E esta voz?Tu morrestes?Estarei sendo vítima de alucinações?Nenhuma resposta.

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Os cadernos e o breviário que estavam na escrivaninha foram lançados ao chão e a janela do quarto abriu-se com tal violência que parte dela rompeu-se e cacos de madeira rolaram para dentro e para fora do quarto!

D.Zito que ficara de fora da casa viu o Pe.Gildo sair pela janela carregando um objeto nas mãos,dando gargalhadas e gritando desesperado:

- Narlene!Narlene,tu finalmente és minha!

O Prior tentou seguir o padre alucinado,mas esse corria tão velozmente em direção ao matagal que ninguém,nenhum ser humano normal poderia acompanhá-lo.

Gritou desesperado pedindo ajuda aos mais novos,porque era doente do coração e já estava sentindo dores no peito e cansaço anormal,dentro daquele vexame!Mas foi entrando em casa, e viu a luta dos padres tentando arrombar a porta da cela em que há poucos instantes se debatia o tresloucado Pe.Gildo

Pe.Isídoro,um holandês de quase dois metros de altura se preparava para arrombar a porta.Mas viu simultaneamente,que ele se lançara sobre a porta que cedera sobre imenso impacto do choque provocado pelo gigantesco sacerdote!

Ao mesmo tempo lá fora todos ouviram o grito macabro que cortou os ares,pegando-os desprevenidos e patéticos!

Alguns padres saltaram pelas janelas,enquanto outros tentavam juntar os objetos lançados contra as paredes sem explicação,em um cenário patético de interrogações,terror e mistério!

D.Zito corajosamente acompanhou o grupo que corria matagal à dentro,na procura do pobre e desesperado Pe.Gildo.Paradoxalmente tinham tomado direção oposta àquela que tomara o padre acometido do terrível desespero de há pouco.O Prior percebendo isso,tomou a esquerda do casarão,cuja trilha ele julgava que teria seguido,na verdade,o fugitivo.[Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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Não demorou muito e ao dobrar a esquina da casa que dava para os jardins laterais,deparou-se sozinho,com o mais terrível e macabro quadr4o de sua vida!

Pendurado em uma forquilha de um dos inúmeros de um velho cajueiro,pendia na ponta de uma corda,com a face transtornada e arroxeada,debatendo-se como uma presa em uma armadilha mortal,sob intensas convulsões,o pobre padre infeliz!

D.Zito sentiu que as forças lhe faltavam e caiu sobre os joelhos em pranto convulsivo.Os outros padres estancaram em sua busca,diante da figura do moribundo que balançava para lá e para cá,em seus últimos estertores.Em alguns minutos,não apresentava nenhum sinal de vida!

Chegaram pessoas das residências vizinhas e foram estes vizinhos que desceram o padre enforcado,porque os padres correram a socorrer D.Zito que arquejava e tossia em um sofá velho,na maior sala do casarão.

Ninguem poderia imaginar a vergonha,o pavor ea tristeza que se abatera simultaneamente sobre o Prior e as Ordens envolvidas com o infeliz Retiro dos Monges!

Apenas um adulto e um corajoso adolescente ajudaram a descer o corpo do infeliz Pe.Gildo.

Uma semana inteira foi ocupada e movimentada por sucessivos interrogatórios e perguntas indiscretas,por policiais que naquele tempo e naquela região,não compreendiam como um padre podia cometer um suicídio.

Realizada a perícia e constatada a autenticidade da ocorrência,cujo autor fora mesmo o próprio Pe.Gildo,SOS padres enveergonhados e tristes assistiram sua remoção para o necrotério.O cadáver demorou cerca de uma semana na geladeira para evitar uma exumação,porqueo Inspetor Freitas insistia com interrogatórios procurando e suspeitando de outras possibilidades.

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Estranhamente,a perícia constatou que de maneira como ele se enforcara,as características do laço,poderia ter havido interferência de outra pessoa,que induzira o infeliz sacerdote a materializar o sinistro.Paradoxal!Incompreensível!

Por outro lado,a polícia argumentava sempre,que uma superestrutura de conceitos religiosos impediriam-no de cometer o suicídio,apesar dos depoimentos dos padres em favor de uma versão decorrente de depressão emocional!

O suicídio do Pe.Gildo colocou os padres e monges uma incrível situação,vexatória,e,enquanto o infeliz não foi enterrado,os comentários mais odiosos caíam em uma chuva de infâmias sobre os inocentes companheiros que participaram do Retiro dos Monges cujo recinto e contexto fora o casarão da Rua do Rei.

É impossível avaliar as lesões que um drama dessa natureza pode provocar na psique das pessoas envolvidas em acontecimento desta natureza. Muitos padres tiveram que se tratar porque sérios distúrbios nervosos acomenteram-os.

D.Zito foi hospitalizado com sérios problemas cardíacos e veio a falecer – seis meses depois!E mais uma vez,o casarão ficou fechado e abandonado por décadas,acrescentando a outras tristes cenas do passado,mais esta,a do enforcamento do infeliz Pe.Gildo desesperado pelo conflito sentimental de que fora vítima,e quem sabe,talvez por forças que insistiam misteriosamente permanecer naquele recinto.

Depois da ocorrência muitos vizinhos afirmavam, que acordavam à noite com gargalhadas macabras em seus arredores,gritos lancinantes,vozes angustiadas e satânicas que provinham do Grande casarão abandonado!

A existência deste inconveniente fenômeno nunca explicado,a tragédia do suicídio do Pe.Gildo,apavorara e afastara as pessoas.Muitos vizinhos se mudaram para outros locais indo morar para sempre longe dali!

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Aquela casa de amargura após a mortandade da seca de 1915 e da tragédia da morte do sacerdote ficou fechada até 1945 quando Ataulfo Cardoso comprou-a pela bagatela de R$ 2.500,00 inclusive com direitos extensivos aos terrenos periféricos.

Ataulfo não conhecia o passado da casa nem sequer seus alicerces,se eram sólidos ou não.Como os demais,impressionou-se pela paisagem maravilhosa que o cercava,pelo tamanho de suas dependências arejadas que faziam da casa um verdadeiro paraíso tropical.

Durante os cinco anos que se seguiram a esta compra e durante o período que residiu com sua família não fez qualquer benfeitoria.

A casa vivia entregue aos filhos rapazes, libertinos que não que não se interessavam por sua aparência e se entregavam a um trânsito freqüente entre esta e a Casa de Yedda,que a este tempo já se instalara na quadra vizinha.para lá levavam mulheres perdidas e realizavam verdadeiros bacanais que terminavam em orgias degradantes.

A este tempo,duas mulheres-dama se acidentaram no casarão e foram levadas ainda com vida para o hospital mas,vieram a falecer.No entanto,o fato que marcou de maneira forte este período foi o suicídio de D.Enelma,a esposa de Ataulfo.

Ataulfo começou uma relação com sua irmã na fazenda do Pedrão lá para os lados de Escada,uma propriedade da família,e no dia que a esposa soube,ateou fogo nas vestes dentro do banheiro.

O abandono do marido, e devassidão dos filhos,desinteressados pelo drama da mãe,foi decisivo.

Este episódio nunca foi completamente esclarecido,pois a suicida era conhecida como pessoa de espírito religioso e foi surpreendente para todos que viesse a cometer tão tresloucado gesto.

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Parecia existir no casarão um estigma que atingia sobretudo pessoas religiosas,as quais,de uma maneira ou de outra,deveriam possuir uma maior defesa contra este tipo de coisa.

A entidade que muitos suspeitavam lá existir,qualquer coincidência ou qualquer que fosse tal estranha causa das tragédias,atingia sempre aqueles que pareciam estarem protegidos por valores religiosos,quando atuava como um fator de desmoralização das defesas morais e religiosas dos ocupantes permanentes ou acidentais do velho casarão.

Estes quedavam-se perplexos diante de tais ocorrências,e se postavam cada vez mais como se estivessem diante de forças incontroláveis!

Coincidências?Obsessões?

Eu desafio o leitor a analisar e descobrir a verdadeira causa do fenômeno!

O episódio do trágico falecimento de uma senhora tão religiosa como D.Nelma,alguém que era coincida pela Fé e pelas sucessivas novenas de santos que rezava e atraía a vizinhança no casarão,desarmava as pessoas diante dos acontecimentosa do casarão.

Ataulfo logo tratou de vender a casa e se mudar também,emparedando o banheiro onde se dera o sinistro.

Ao evento trágico e macabro deste falecimento uma verdadeira tempestade de boatos,relatosa conversas sinistras juntaram-se ao perfil solitário do casarão.Mesmo porque os curiosos e oportunistas estavam ativos,pois surgira um boato que antes de morrer D.Enelma mandara sua empregada Norma,de confiança,enterrar suas jóias em um lugar qualquer dos terrenos do casarão.Tratava-se de uma coleção fabulosa de peças de ouro e se dizia que até diamantes estavam entre elas.Verdade ou não,o certo é que à noite,vultos eram vistos escavando o quintal,evidentemente interessados no precioso tesouro da morta.E os fundos do casarão ficaram cheios de crateras singulares que comprovavam estas buscas pelos amigos do alheio ou a presença de pretensos videntes que de velas acesas e livros

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de S.Cipriano à tiracolo assombravam as noites misteriosas do casarão da Rua do rei,á procura da fabulosa “botija” que nunca foi encontrada.

Norma,se é que cumpriu o desígnio da patroa,o fez de forma magistral,

Esta versão das jóias enterradas nos leva a crer que a tão benquista senhora e reconhecida como de elevados princípios religiosos talvez praticasse rituais que vários vizinhos diziam ter ás vezes surpreendido durante altas horas da noite liberados por ambas,a criada e a patroa.

Esta família infeliz e de vida tão irregular residiu durante cinco anos no casarão da Rua do rei,só se mudando quando a casa foi comprada por Américo Silva em 1950.

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CAPÍTULO V

Um Vulto ao Luar.

Dizem os conhecedores e entendidos dos chamados fenômenos paranormais ou fenômenos espirituais, que quando alguém vive muito tempo em um ambiente ou se relaciona de maneira estreitamente afetiva com os objetos que o rodeiam – o recinto fica impregnado pela presença de seu corpo astral.Este corpo astral seria o seguinte e imediato corpo do ser humano ou do animal,logo depois de sua morte.que para muitos os animais inferiores não o possuem.Entretanto aqueles que negam esta circunstância colocando o homem como centro da natureza e da Criação,contra-atacam dizendo que - homens e animais são originados da mesma matéria inerte que os gerou e por isso este estágio evolutivo também está presente em ambos!

Talvez seja por isso que existem as chamadas casas mal assombradas que povoam a imaginação de muitas pessoas crédulas e que tem sido nos últimos tempos objeto de pesquisas parapsicológicas ou metapsíquicas nos grandes centros de estudo do mundo para este assunto,como as Universidades de Duke,EUA,Universidade da Califórnia,USA na década de 60,Universidade de Nova delhi,Índia e Universidade de Estalingrado na Rússia.

De todos os relatos de que tenho conhecimento e cujas circunstâncias me despertaram interesse como pesquisador desta dimensão do Homo sapiens,figura a experiência de Elka Sommer,artista sueca,radicada nos EUA,na década de 60 residindo em S.Francisco da Califórnia.

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Por vários anos a artista foi surpreendida ao chegar de suas temporadas de trabalho,por relatos de amigos e de pessoas que freqüentavam,se hospedavam em sua casa na sua ausência,ou mesmo que cuidavam de sua linda,espaçosa residência ajardinada,de dois andares,mezaninos e jardins que a cercavam com encanto e cuidados especiais.

Estas pessoas coincidiam em seus relatos com relação a um ponto:

-A presença ou um vulto de um homem que aparecia por vezes sentado diante da piscina,ou ouvindo música em sua sala ou living,diante da lareira.Esta presença era acompanhada de batidas,movimentos incessantes de arrastar móveis e cadeiras das posições originais,pancadas fortes no andar de cima e nas paredes laterais da casa,mudança de posições de objetos em vários cômodos da grande e linda mansão!

Descreviam-no como de idade avançada,trajando calça azul-marinho e blusa branca de mangas compridas.

Ele simplesmente limitava-se a desconhecer a presença de moradores,como se sua presença ali é que fosse o fato mais natural.

Ele ocupava a Casa dos Sommers como se fosse sua!

Ora tais ocorrências começaram a ter seu efeito imediato – as pessoas se afastaram da residência e ninguém pedia mais à Elka e seu marido,que em sua ausência lhes permitisse lá ficar.

Quando seus amigos começaram a se afastar da casa por causa do “fantasma”,Elka Sommer resolveu apelar para o Centro de Pesquisas Parapsicológicas que na década de 60 ainda funcionava na Universidade da Califórnia.

Foi enviado um “sensitivo”!Aparelhos sofisticados acompanharam este técnico no assunto.Isto foi depois que o marido da artista,engenheiro eletricista e eletrônico,armou dispositivos tentando detectar a presença de ondas ou forças eletromagnéticas no ambiente,mas sem resultados.

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Os técnicos da Universidade após armarem vários circuitos que detectavam campos magnéticos,colocaram o “sensitivo” nas posições críticas onde os fenômenos se verificaram,nas horas em que eles se davam e apavoravam os transeuntes.”O sensitivo” era uma jovem de dezoito anos considerada apta a perceber estes fenômenos.

Logo ela indicou que estava diante de uma presença astral, a figura de um homem de meia-idade para uma idade avançada,portando uma mancha escura do lado esquerdo do peito.Tal mancha identifcou como sendo o resultado de uma morte por infarto decorrente de uma doença do coração.A aparição era de um homem, que vivera toda a vida à serviço dos outros,segundo sua versão!

Acrescentara em seu laudo técnico,que a referida entidade,se considerava sem dúvida alguma,o verdadeiro proprietário da casa de Elka Sommer pois residira vários anos antes na mesma residência,lá falecendo de morte súbita.Ela transmitiu que ele afirmara – Que se os atuais moradores não a abandonassem,ele incendiaria e destruiria a casa!

Quando o laudo foi entregue à artista, ela respondeu : - Diga-lhe que daqui não saio,pois a verdadeira proprietária da casa – Sou eu e meu marido!Nós adoramos a nossa casa e não nos desfaremos dela por causa desta presença ou qualquer ameaça!Ela,a aparição –É que deveria sair,na visão de Elka Sommer!

Então as experiências se continuaram e os pesquisadores lhe advertiram que a casa poderia ser palco de fenômenos perigosíssimos,os quais poderiam variar de “polterguesters até a disseminação de doenças transmissíveis pelo meio fluido controlado pela entidade.

Eu tomei conhecimento destes relatos através de um artigo da “Readers Digest” no início de 1963, e antes de 1970 ouvi através da Rádio Uirapuru,de Fortaleza,CE,que a Casa de Elka Sommer tinha incendiado de maneira inexplicável!E o que era mais interessante,os técnicos não conseguiram precisar com segurança a origem do acidente.Não situando-o

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na área elétrica,nem em forma de combustão originada por meios químicos.Um Enigma?!Teria sido combustão espontânea?!A partir de uma desorganização atõmica nos elétrons que compõem a matéria sob a ação de um agente caótico imaterial?Talvez!

Estaria a entidade citada pelos técnicos da Universidade da Califórnia relacionada com as ocorrências?Ou,se trataria de outra coincidência?

Fui um observador distante do fenômeno, mas em 1977, ocupei com minha família uma casa de acampamento de uma Companhia de Eletricidade e sou obrigado a dizer que sempre fui um partidário de levar o trabalho às horas mais altas da noite!

Dentro de casa,com meus dois filhos dormindo em berços de grade e muito pequenos,com minha esposa e outros ocupantes dormindo em leitos de quartos na parte anterior da residência,testemunhei movimentos e deslocamentos de objetos que classifico de fantásticos e sem nenhuma interferência de terceiros,tanto pela hora como por minha presença,frente à frente do fenômeno.

Revestido de curiosidade científica,e preocupado com a segurança da família,assisti e ouvi pregarem um prego no chão,atrás do berço de meu filho mais velho,sem que eu visse quem o fazia!Diante do fenômeno,só havia – Eu e meu filho dormindo em seu berço de criança!De repente,um elefante de borrachaum brinquedo,ornamentado pela minha esposa no canto do quarto das crianças que eu entrara para ver o fenômeno,foi deslocado sem que ninguém o tocasse,pairando em cima da cama de meu filho mais novo,que estava dormindo no quarto dos fundos com a babá.Eram meia-noite e cinco quando se deu a ocorrência e eu estava esperando um telefonema de trabalho vindo de um operador noturno em uma das muitas estações que coordenava.

Segundo os vizinhos,o antigo morador falecera antes de nossa chegada na casa.E muitos comentavam coisas e coisas sobre o antigo e falecido proprietário.

[Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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Não nego que durante o tempo que servi a esta Companhia e residir com minha família nesta casa,temia muito que ocorresse com a residência o que acontecera com a casa de Elka Sommer na Califórnia,e me dei por feliz quando terminei meu contrato e me desliguei da Companhia,da casa e do ambiente.Pensava sobretudo – na segurança da minha esposa e de meus filhos!

Julgo que fatos desta natureza merecem ser pesquisados e esclarecidos à luz de uma nova visão da natureza e da psicologia profunda do Homo sapiens.Esterilizada de dogmas,preconceitos religiosos,fantasias e manias de qualquer natureza,excluindo-se também,as patologias que apresentam igualmente,presença de comportamentos estranhos e “visões” de qualquer natureza.

E no Casarão da Rua do Rei teria sido o espectro de Marieta que não admitia a visão do sofrimento à luz da religiosidade e por isso teria atingido sobretudo,pessoas religiosas com as tragédias descritas?

Quando os Silva mudaram-se para o casarão da Rua do Rei em 1950 tendo o adquirido de Ataulfo Cardoso,aparentemente desconheciam o passado da casa!Américo Silva estava em uma fase de vida que se caracterizava pela euforia e esperançoso que Deus o presenteasse depois da sorte na Loteria,com uma filha,que era o seu sonho máximo.Tudo isso aconteceria sistematicamente durante o ano de 1950!Mas ao lado destes felizes eventos,algo mais ocorreria?Veremos na narrativa que se desdobra adiante.

X X X

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2ª Parte:

O Casarão dos Infelizes.

- Imagine Carúzu...conversava Américo Silva,despreocupado,folgazão e gozador estirado em uma rede de cordas,com seu empregado de

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confiança,um afro brasileiro e nordestino de quase sua altura,ombros largos e que tecia também despreocupado um trança com palhas de coqueiros sorrindo das piadas do patrão.

Enquanto ia falando tirava baforadas seguidas de seu cachimbo à fumo inglês.

-...Papai assustou-se esta semana em que veio dormir por aqui!

- O velho é seguro,”Seu” Américo!A coisa não deve ter sido brincadeira,não!observou o Carúzu,fazendo aquele ar de riso desconfiado,de quem também botava crença no relato.E continuou: - Ele não tem medo de nada,nem de ladrão dentro da noite!E continuou fazendo a trança e escutando o patrão.

- Mas olhe aqui Carúzu,insistiu Américo Silva;ele me contou que quarta-feira passada,quando eu estava em S.Paulo com a Lia,chegara lá pelas seis horas da tarde e resolveu deitar-se cedo,com as galinhas!

Armou sua rede na sala-de-jantar e tirou logo uma pestana até meia-noite.Lá para as tantas,ele contou que o acordaram arrancando com toda força o lençol de cima de suas pernas e jogando-o em seguida,no meio da sala,à uma distãncia de quase três metros!Veja só!Dá para acreditar que não tenha tido um pesadelo e ele mesmo fez isso?!

- Tibes,”seu” Américo,isto é conversa para mim,que serei o próximo a vigiar esta casa quando o senhor e D.Lia viajarem?

- Que nada cortou Américo, isto é impressão ou pesadelo de velho,Carúzu!Eu nunca vi nada aqui e estou deixando a Lia e os meninosa viajarem para Garanhuns para trazer a Jane para dormir comigo,aqui!Vais ver que noitadas vamos fazer!E como era seu jeito debochado,exclamou e ameaçou: - Eu tiro as calcinhas da primeira alma que aparecer!..

Quando disse isso,Carúzu largou a trança de palha de coqueiros de tanto rir.O ajudante balançava a cabeça para lá e para cá,discreto,sem [Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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falar,porque ao mesmo tempo que ouvia essa história,observou que D.Lia ia chegando de mansinho,vestindo um “tahier” cinza,muito elegante,justo,usando sapatos altos como era seu hábito e sem qualquer ruído,coisa que só ela sabia fazer quando queria se aproximar sem ser notada.Silenciosa,circunspecta e desconfiada,pressentindo que o marido estava planejando uma das suas,foi falando mais alto e com a voz um pouco trêmula pela contenção da emoção:

- Américo,disse já constrangida,aquela “quenga” que você colocou como sua secretária está no telefone,chamando-o.Vá lá atenda!

Enquanto Américo resmungava reclamando o tratamento dado a Jane,ia defendendo a “seriedade e a honestidade” da secretária.DLia sentou-se na rede ajeitando a saia e os “bobs” no cabelo ornamentado e se dirigiu a Carúzu:

- Escuta aqui Carúzu,que serviços é esse que estão fazendo no Escritório,que vai às três horas da madrugada todos os dias, e entra pelos Domingos e feriados?

- Não sei,D.lia respondeu Carúzu,desconfiado.Sr.Américo é quem sabe!Ele,”Seu” Júlio Monte,Adália,D.Jane e D.Hidalga.E completou: - A senhora sabe que sou apenas um carregador e ajudante de “Seu” Américo.Não sei nada de negócios da ATALAIA CO. a não ser dos recebimentos e das entregas.

- E amigo de farras,também!Acrescentou D.Lia.

- Não,eu juro que nunca vi “Seu”Américo farrear com ninguém.E completou: - A senhora já viu pobre farrear com rico?Eu só faço é dirigir e acompanhar “Seu” Américo no trabalho de conferir os “conhecimentos” até altas horas da noite.

- Não tem problema não,eu vou acabar sabendo com o Leonardo que não mente e é de família amiga de meu pai.Ele me conta tudo!E encerrou a conversa.

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- D.Lia já está desconfiada da “coisa”,falou Caruzu,baixinho.

Pensou alto e foi saindo para retirar uma mudas de coqueiro para plantar do outro lado da casa.E continuava resmungando: - O que eu quero é estar bem longe quando a bomba estourar!Se ela soubesse da fila de homens atrás de D.Jane!E olhando para a copa do velho cajueiro,com “Seu” Américo na frente!

Quinze minutos depois voltava o Américo Silva,assoviando e fumando cachimbo,apressado e vermelho de excitação.

- O que foi,Lia?Foi indagando e sentando-se logo ao lado da esposa,na rede de corda que se elasticou e ganhou espaço debaixo do cajueiro.

- Afaste-se de mim!Exclamou D.Lia grosseira,enquanto arqueava as sobracelhas bem cuidadas.

Quando fazia este gesto lembrava Libertad Lamarque,artista argentina dos anos 50!Afaste-se!Saia daqui logo,”seu” porco,e baixava a voz dizendo mais alguma coisa que não queria que ouvissem nas imediações.Pensa que não sei da “senvergonhice” com esta “quenga” da Jane?

- Mas Lia,a moça é direita!Defendia Américo Silva.Toda mulher bonita que entra no Escritório você acha que eu “como”!Dizia isto com o ar mais sério possível,desarmando qualquer interlocutor.

- Eu vou sair daqui,Dizia d.lia.Olhe que o Carúzu bem que pode se aproximar!Mude estes gestos e este português!E pensava infeliz,coitada,como gostaria de ter casado com um homem intelectual,de linguagem elevada e gestos nobres!Ah,Deus!Exclamava a pobre senhora: - Como a vida é enganosa!completava com lágrimas nos olhos.E ia adiante se lastimando: - Se não fossem estes filhos!

Américo já estava cochilando, enquanto a brisa agitava farfalhando as folhas do grande cajueiro. O cachimbo tinha rolado do bolso para a rede e ele roncava forte e em sono profundo!

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Então D.Lia sentiu-se solitária e mesmo cheia de desapontamento e desconfianças do marido,ruída pelos ciúmes de Jane,olhava para a Casa de Yeeda,a prostituta e as lágrimas corriam e corriam.Como sou infeliz!Dizia para si mesma. Se não fossem estes filhos!repetia seguidamente.

A noite caía lançando seu manto escuro em torno do Casarão, que,branco,alvíssimo,parecia afundar-se dentro daquela nuvem de verdura escurecida que eram os inúmeros e imensos cajueiros e os mangueirais que o cercavam.

“Assim foram-se os anos de pena que vivi ao teu lado,a recordar que tu fostes meu primeiro amor...Recordo quando a noite abriu seu manto...”

Era a triste canção que vinha da casa de Yeda que espargia mais e mais solidão dentro do crepúsculo que se infiltrava dentre as árvores do Casarão,ferindo os seus ouvidos,enquanto lhe reabria as inúmeras chagas recém-fechadas de seus anos de casada...

Mais e mais lágrimas rolavam dos olhos de D.Lia:

- Parece que esta “puta”,dizia,levantando o punho fechado,sabe que eu fico assim toda noite,quando ouço esta música!..

Américo dormia à sono solto,rosado,precocemente rosado,calvo e imenso ao lado da esposa cortada de frustrações de uma vida sem encantos e cheia de desilusões ao seu lado.

Estava quase escuro, e Chica,que chegara muito jovem na Casa dos Silva,vindo da terra de D.Lia,uma morena escura e de olhos muito vivos, acendeu as luzes do oitão onde repousava o casal.De repente lá do fundo do Quintal veio o ruído de alguém se deslocando ou andando em aproximação,roçando por entre as goiabeiras,sutilmente.D.Lia enxugou as lágrimas rapidamente e fungando olhou sentada na rede tentando divisar se era Caruzu que esta se aproximando.

Atrás deles escorando-se por trás do tronco do grande cajueiro onde estava armada a rede,Tássio,o filho mais velho do casal foi se [Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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chegando.Aproximou-se devagarzinho como era seu hábito.Viu toda a cena;o pai dormindo despreocupado e a mãe chorando muito sob o efeito da triste canção e das pungentes recordações...

- É você,meu filho?Perguntou D.Lia sempre fungando e procurando disfarçar.

A criança parou e jogou com a palma da mão queimada pelo sol,o cabelinho escuro e liso para trás enquanto piscava os olhos repetidamente como era seu hábito quando se emocionava com alguma coisa.

- Chorando, mainha?

- Não, filhinho, fale baixo para não acordar seu pai.Ele está muito cansado de tanto trabalho lá na ATALAIA,sem falar nos serões...Na hora do jantar eu o desperto!

Ergueu-se devagarzinho da rede e pegando a criança pela mão foi perguntando:

- Onde está o Flávio?

-Está brincando lá debaixo do limoeiro velho, respondeu Tássio sem retirar o olhar dos movimentos da mãe, disfarçando não vê-la em lágrimas!

-Vá lá chamá-lo, não gosto que fique sozinho.Disse D.Lia olhando os arredores do imenso terreno como desconfiasse da escuridão que se formava debaixo dos cajueiros e das cabaceiras.

- Eu estava lá com ele,até agora.Falou Tássio ciente de si,com aquele precoce ar de adulto que as crianças fazem para se identificar com os pais ou julgando que eles gostariam eles que fossem assim...

E continuou o diálogo com as mãe: - A senhora está com medo de alguma coisa?

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-Não,filho,é que esta casa me entristece e para cada lugar que olho parece que há vultos se movendo.E a Chica me disse - que pela madrugada ouve uma verdadeira orquestra na cozinha!É gente batendo em panelas,arrastando mesa,abrindo o fogão,como a vida da casa já estivesse começado naquele horário.Disse isso sem ver que Américo despertara com a conversa da mãe com o filho e sorria calmamente,tirando suas conclusões.Seu olhar sonolento já era crítico e o riso era transmitido através de lábios típicos de ironia quando ouvia alguma coisa que desprezasse ou ridicularizasse.

- Dormiu,eh?Observou D.Lia vendo o marido se mexer,procurando o cachimbo.

-Ah,que sono bom eu tirei!Exclamou Américo.Também tenho trabalhado muito! Dizia isso procurando impressionar o filho que o observava sério, tentando descobrir a causa do silêncio e do sofrimento da mãe.

DLia se trancara como era seu hábito quando desconfiava do marido.

Então a criança compreendeu tudo baixando a cabeça e com o lábio a tremer movido pela emoção.

Pai e filho entraram lado a lado no casarão conversando, enquanto a mãe descia a calçada em procura de Flávio,o filho mais novo que estava brincando debaixo do limoeiro velho carregado de limões: - Flávio,você está aí meu filho?

Flávio já abandonara o local e arrodeando a casa pelos fundos dava gritos debaixo do chuveiro despreocupado de tudo e de todos.

Então D.Lia retornou só e dirigiu-se para a porta da frente do living que dava para o jardim bem cuidado e com jatos de água a regar as plantas,os crotos e as margaridas e açucenas que pontilhavam aqui e ali junto aos boas-noites que começavam a abrir em profusão.

Ao entrar dirigiu-se para um dos janelões e ficou mirando as estrelas que começavam a despontar dentro da noite em um céu azul de veludo claro [Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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que prometia um luar maravilhoso tão comum naquela estação e naquele local.Não tardaria e um luar de prata realmente viria iluminar toda área frontal,as calçadas e a parte dos jardins que ficava ao lado.

Américo puxou uma cadeira de balanços e sentou-se do lado do jardim na parte da calçada que ficava daquele lado,e,enquanto se balançava ia dizendo piadas com o Carúzu que lhe mostrava as mudas de coqueiro que tinha plantado.

- Vão dar uns coqueirais, ”Seu” Américo.Exclamou sorrindo sem ligar para as piadas e a gozação do patrão.

-Bacana,Carúzu,exclamou Américo.E completou: - Nos dez anos de Tássio vamos fazer uma festança,comer muito camarão e caranguejos com cachaça e água de coco!

- “Seu” Américo é terrível!Pensa logo na pinga!Ia fofando a terra com satisfação em redor dos coqueiros recém-plantados.

Flávio e Tássio cercavam-no enquanto ele plantava as mudas e conversavam,também,animadamente com o rapaz.

De repente Tássio se afastou e parou silencioso,olhando a lua que se erguia no horizonte,apontando por cima dos muros,muito branca,lá para os lados da Rua do Rei.Quedou-se silencioso e sensível,diante do majestoso panorama que se descortinava sob o magnífico luar nordestino.

Sem prestar atenção aos movimentos do irmão,continuava a caminhar com as mãos unidas,como era seu hábito.Sensível e sério ao contemplar a enorme lua que se erguia no horizonte.Quando chegou á extremidade da calçada,parou completamente absorto e totalmente desligado do ambiente.De onde estava podia ver a mãe na janela,com o queixo apoiado na mão a contemplar os arredores e a saída da lua.A paisagem era magnífica!

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Observou que ela olhava agora,fixamente para o oitão à sua esquerda onde estivera deitada na rede com o pai horas antes,e voltou-se para o luar,de novo.

Fixou a silueta da mãe,como tentasse interpretar a razão daquela concentração que ele pressentia superar o êxtase do luar,D.Lia não afastava o olhar do cajueiro,à cerca de cem metros dali.A paisagem era toda de prata e as “malacachetas”,quartzo das pedras que calçavam os arredores do casarão davam uma impressão de que o chão estava coberto de estralas a cintilar!

A criança contemplou o luar e suspirou repleto de sensibilidade cósmica:

- Meu Pai,és maravilhoso!A Tua lua embeleza nossas noites e as estrelas enfeitam o Vosso céu azul celeste!Como eu te amo!E enquanto pronunciava estas palavras sua pele se eriçava toda sob efeito das correntes eletrizantes e invisíveis que começam a tomar o ambiente.

Caruzu gritou: - Eh,está começando a fazer frio aqui!E tratou de sair do jardim.Américo se mexeu para retirar a cadeira da calçada onde estivera minutos antes.

Tássio sentia-se arrebatado e seu coração começou a pulsar em ritmo mais acelerado,enquanto suas mãos e seus pés esfriavam.

Toda paisagem pareceu começar a vibrar sob um suave ritmo que vinha do luar e com as vibrações que chegavam até eles e que emanavam também da criança em direção à família.

Américo gritou da calçada:

- Aqui está fazendo frio mesmo,vamos entrar Caruzu,chama os meninos para entrarem juntos.Eu vou soltar o King para dar uma patrulhada nos arredores.Já deveria ter feito isso!

Neste exato momento D.Lia disparou um grito alucinante de terror,alterando e rompendo a quietude que envolvia o ambiente:

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- Américo,Américo venha cá rápido!

Américo Silva assustado com o grito da esposa,saiu correndo para a janela onde ela se encontrava.Nú da cintura para cima,de calças de pijamas e chinelos como era seu hábito quando descansava em casa.

- O que foi,Lia?Perguntou angustiado.Está nervosa de novo?

D.Lia tremia dos pés à cabeça e não escondia sua face transtornada pelo terror.Com a palma da mão direita tampava o rosto para encobrir a visão e com a outra mão apontava o cajueiro onde momentos antes estivera calmamente com o marido.

- Olha lá,exclamou,debaixo do cajueiro,pendurado nos galhos,perto da rede.

- O que é Lia,eu só vejo a rede!

Tássio do lugar onde se encontrava foi se virando lentamente para o ponto que a mãe apontava.

- Tem um vulto de preto ali,pendurado,balançando,rodopiando.Insistia D.Lia apavorada.

-Que história é esta Lia!Você está nervosa,de novo!É essa história que meteu na cabeça com relação a Jane e eu!

- Não Américo,insistia a pobre senhora.Tem um homem de preto ali,enforcado e balançando!

- Não consigo ver nada,repetia Américo ao lado de Carúzu que correra para ficar junto ao casal.

-Nada também, exclamou Carúzu.Não vejo nada!

Tássio agora estava voltado inteiramente para o lado do cajueiro, atrás da pilastra que dominava a casa pelo lado direito.Ouvia tudo que a mãe dizia e foi observando com mais atenção as sombras que se projetavam sob o efeito do luar no ponto que D.Lia indicava.[Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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De repente,começou a ver a figura escura rodopiando entre as sombras do cajueiro.Seus olhos arregalaram-se e ele gritou de onde estava para o pai incrédulo diante da visão da mãe:

- É verdade!É mesmo!Mainha tem toda a razão!O que é aquilo meu pai?E completou de chofre, apavorando os expectadores do drama familiar: - É um padre enforcado!.. Seu coração começou a bater forte:Tum...Tum...Tum...E ele voltando-se para a lua que se erguia majestosa no espaço,já bem acima do horizonte,indiferente àquele drama familair,começou a rezar o Pai Nosso.E enquanto rezava,as lágrimas corriam sob o efeito da visão que se projetava do passado do Casarão,testemunha do trágico passamento do infeliz Pe.Gildo.

-Mainha vai ficar louca!Disse para si mesma a criança,e,observou que enquanto ia terminando a oração,a figura ia sumindo lá nas sombras,deixando apenas a rede de cordas a balançar para La e para cá nos galhos pendidos da majestosa árvore testemunha silenciosa daquele passado dantesco.

Então ouviu o pai abraçando a mãe e dizendo:

- Olhe,vou lá para mostrar para você que ali não há coisa alguma.

- Vá só!disse D.Lia apavorada e foi virando o rosto.Eu não brinco com estas coisas,Américo.Eu já vi com meus olhos,é o bastante.Esta casa é mal-assombrada!

Américo balançava a cabeça e dizia:

- É nervosismo!Só nervosismo!E tossia também nervoso,levando a mão à boca.

Quando Tássio viu o pai com uma faca na mão se dirigindo ao local da visão,correu atrás e percebeu que o Carúzu vinha logo em seguida trazendo o Flávio pela mão,enquanto portava um porrete na outra.Em alguns segundos estavam todos debaixo do velho cajueiro pisando a areia fria e branca.[Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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- Ela viu foi a rede pendurada e girando e pensou que fosse o vulto.Disse o Carúzu muito seguro de si.Américo Silva confirmou com a cabeça:

- A Lia é muito nervosa e chega até ter visões!

- Quem está por aqui,gritava o Flávio brincando com um cipó.Apareça que eu quero rebentar!Carúzu e Américo sorriam fazendo coro.Flávio também sorria alegre e brincalhão,como sempre seria,desde que a coisa já tivesse passado.

Tássio silenciara.testemunha muda da incredulidade dos outros três e da infelicidade da mãe vítima da apavorante visão que ele também captara.

- Minha mãe não é nervosa,não!Observou corajosamente a criança.

- Isso é que dá criança criada com vó!Toda vez que que um adulto diz uma besteira,que os mais velhos falam alguma coisa,ele repete.Tássio calou-se.A grosseria do pai lhe feria muito.Pois,a insinuação era de que ele fosse medroso e efeminado.

- Eu não sou medroso!Eu não sou molePensou.Quando mainha gritou eu plhei e vi muito bem o homem de preto,balançando para lé e para cá no galho do cajueiro!Ela viu e eu também!Quando eu comecei a rezar,foi sumindo,sumindo,mas estava lá!

Enquanto o grupo se dispersava ele foi também se afastando e dizendo para seus botões:

- Se eu fosse medroso,quando painho e mainha saíssem para o cinema e quando eu fico sou com o Flávio nesta casa,deveria correr de medo.Mas eu enfrento tudo e só durmo quando eles chegam.Não falo nada e não digo nada das coisas que vejo nesta casa.

E enquanto D.Lia se deitava com um pano no rosto chorando,Américo gritava: - Chica bota o jantar!Estou com fome e estes meninos também!Lia não quer nada,tomou um calmante e vai descansar.

Tássio,esquecendo de tudo gritou para o irmão:

- Flávio,vamos brincar no jardim!

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-Vamos Tátá,tratando-o pelo apelido que o chamaria pelo resto da vida.

- Eu acho que o painho deveria vender esta casa.Falou Tássio pensativo e colocando as mãos atrás da cabeça.

- Que nada,aqui é tão bom!Observou Flávio,pulando os canteiros de Boa-noite que chegavam até o meio fio da calçada que contornava o Casarão.E continuou: - Não entra ladrão não,irmão! O King fica solto e late a noite toda!

- Não é ladrão,observou o Tássio.É coisa diferente,irmão.E para não assustar o irmão,foi mudando de assunto.Pois percebeu que caçula ainda não atinara a natureza do fenômeno ou dos fenômenos que aconteciam ao seu redor.Tássio sabia que aquilo que aparecia e sumia de repente,não podia ser ladrão.Tratava-se de algo novo,alguma bem diferente das coisas concretas que podia tocar,verificar ou até quebrar.

E completou para o irmão: - Amanhã nos vamos desenterrar uma botija!

- O que é isto? sobressaltou-se Flávio.

- Dinheiro que os mortos enterraram. Flávio continuou perplexo.

-Onde é isso,eu quero já arrancar!E como era o seu jeito,exclamou:

Quero logo.Falou isto colocando as mãos nos bolsos.

Tássio fez mistério.Baixou o tom de voz e disse: -Quem foi que disse que é brincadeira?Fez uma careta e o irmão sismou,com medo!

- É pra ter medo mesmo!É coisa de “fantasma”!

- Onde está,irmão?

- Ali,disse Flávio com uma voz meio cavernosa: - Debaixo do velho limoeiro!

-E quem foi que ti disse?

-Olhe Flávio,você promete que não diz a ninguém,eu te conto!

- Juro!

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- Esta semana eu sonhei que tinha dinheiro enterrado ali.No sonho era uma mulher alta e magérrima,toda cheia de veias azuis nos braços,chegando perto de minha cama e dizendo:

- Menino desinterra meu dinheiro senão eu não sossego!Jesuino me deu e eu,com pena de gastar enterrei e não comprei o remédio...Por isso morri!

Aí,Flávio arregalou os olhos apavorado e ficou com cara de quem quer chorar.

- Foi mesmo,Tatá?!

-Foi do jeito que eu estou lhe dizendo!Mas não conta para ninguém!

- Tem uma picareta e uma enxafda lá atrás da porta no quarto de bagunça.Amanhã cedo a gente vai cavar e encontrar!Disse Flávio decidido.

- Tem que ser logo,amanhã!Disse Flávio amedrontado.Senão ela volta para me aperrear de noite.

A essa altura os dois meninos já estavam debaixo do limoeiro velho e ambos estavam morrendo de medo!Flávio e Tássio marcaram com uma pedra o local da “botija”.

- Anuam disse para mim,lá no Sertão,que a alma fica aperreando a gente se não tirar logo o dinheiro enterrado.

Tássio agora controlava o medo e transmitia isto ao irmãozinho.

Foi então que ao subir os batentes da sala de jantar,sujos de terra e suados ouviram Chica chamá-los para o jantar.O Flávio reclamava de Chica,dizia que ela o azunhava quando lhe dava banho,inventava que a moça puxava seu cabelo,berrava aos prantos,em direção à mãe para ver se D.Lia a repreendia.Mas era um choro mentiroso e teatral!D.Lia sabia das artimanhas do garoto quando era hora do banho e ou quando ia para a escola.E apesar de dengá-lo,piscava o olho para a Chica abrir o chuveiro e mandar sabão no moleque!

Quando o pequeno não conseguia nada com aquele barulho,chegava perto da mãe e dizia,confidenciando, que a Chica o tinha deixado na cama antes que ele dormisse e pulara o muro para dançar em um baile noturno na

[Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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noite anterior!D,Lia já encontrara os sapatos de Chica em cima do muro e sabia que em parte,a história de Flavio era verdadeira!Mas ela nunca sairia,sem que Marta Luiza tivesse em casa para cuidar dos dois.

Aí a Chica sorria, porque na hora de fugir para as noitadas – ela fazia mesmo!Por estas e outras a moça sonhava que viesse uma menina para o casal e ela já se candidatara para se livrar de Flávio para que outra o cuidasse!Queria cuidar da filha que “Seu” Américo queria e sonhava tanto!

Enquanto isso na ATALAIA CO, firma em que Américo gerenciava,as coisas se complicavam.Américo Silva chegava tarde e dizia que fazia serões envolvendo toda a equipe mas a contabilidade de S.Paulo,na Matriz informava que o lucro e a produtividade da empresa caía.Também a Liquidez da Filial de Recife caía,aonde estava indo o dinheiro?Américo sofria pressões e respondia com festas na sua casa e teve uma que compareceram mais de quarenta pilotos de aeronaves!Duas araras lindas foram dadas de presente a Sr,Pappa!Ambas,Américo mandou buscá-las em Belém do Pará.Acalmou um pouco mas – Celini e Sr.Pappa resolveram contratar um engenheiro economista para fazer um estudo dos fluxos de peças para manutenção das aeronaves e outra equipe para implantar Métodos.A matriz apertava os tentáculos e Américo perdia o sono!

Enquanto isso Jane,Adália e Hidalga luxavam.carros novos,jantares em locais sofisticados,Américo se dividindo em acampanhá-las e tentando segurar as despesas da ATALAIA CO.

O engenheiro apareceu em Recife!Cara feia para ele.Desconfiança.Ele fechou-se em uma sala e haja a pedir dados ao Almoxarifado.Os dois almoxarifes foram avisados de que tinham de atender em tudo,o que o engenheiro pedisse.Seu trabalho trascorria sob uma imensa tensão!Jane colocou sua mesa dentro de sua sala e passou a trazer-lhe cafezinhos e depois avançou audaciosamente e quis pintar suas unhas e fazer seu cabelo!O rapaz colocou sua mesa de volta ao local original,o que decepcionou-a e à Américo que tinha planejado a investida!

Ninguém sabia qual teria sido seu primeiro relatório para a Matriz e o que ele estava concluindo com tantos gráficos.A tensão subia.Julio Monte foi chamado `a Matriz e aproveitou a oportunidade para atacar e culpar Américo Silva dos problemas![Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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Américo chegava em casa e começava a rezar até tarde da noite!D.Lia fazia gemadas e sopa,cercando-o de todo carinho e disparando no choro toda vez que Américo chegava em casa quase desesperado!

- Estão querendo me derrubar,La na firma Lia,mas não vai ser assim e colocava sua faca na cintura,a velha arma dos tempos de juventude no interior.

Estes acontecimentos na ATALAIA CO coincidiram com a experiência de D.Lia e Tássio em relação ao vulto ao Luar e a tensão em casa tornou-se uma constante!O paraíso começou a se tumultuar,escurecer ao lado do pavor que D.Lia transmitia em relação à casa!

- Eu vou é enlouquecer nesta casa apavorante!Que horas você vai trabalhar hoje à noite,Américo?

- Lá para as 11:00 h da noite!O Leonardo vem me buscar e vamos direto para o aeroporto porque vai chegar avião com muita carga!Mas fique calma,não existe nada,tudo é nervosismo seu!E foi assoviando em direção ao banheiro como se nada estivesse acontecendo lá pela firma,com todos aqueles problemas e ameaças de lhe tirarem o emprego,como nada estivesse perturbando a pobre mulher verdadeiramente apavorada com tudo que estava acontecendo em sua casa.

Flávio sentou-se do lado do pai e Tássio se aproximou e sentiu que uma onda e tristeza fluía da mãe.

Falou baixinho e juntando as mãos exclamou: - Que casa maldita,S.Francisco vai nos tirar desta casa nem que seja para sermos pobres!Isto mesmo,para sermos pobres.Assim meu pai não vai mais ter dinheiro para farrear com prostitutas e secretárias e minha mãe vai poder sossegar!Não é necessário ser rico para ser feliz.É possível ser pobre e se ser feliz!

Foi caminhando em direção à sala e viu que Flavio tinha se sentado ao lado do pai e jantava tranquilamente.Américo comia em uma bandeja cheia de baião-de-dois coberta com azeite.Ao seu lado uma cerveja gelada.

- Chica vai comprar mais duas garrafas de cerveja “Faixa Azul” ali no Accioly!vai logo que eu quero tiraruma soneca antes de ir para o trabalho!

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Tássio se entristecia pela indiferença do pai em relação ao sofrimento da mãe!

- Ele vai é atrás de Jane!

E começou devagarzinho a tomar a sopa quente pelos cantos dos pratos!

As portas começaram a bater e o vento assoviava violento lá fora.Tornando a casa mais e mais fria e lúgrube.

Carúzu foi chegando em silêncio e depois falou bem alto,pensando que D.Lia já estava dormindo em seu quarto.

- A noite está boa para “trabalhar”,não é “Seu” Américo? E saiu sorrindo desvergonhadamente.

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A Orgia. A gente vai vendo a vida se desenvolver como um turbilhão e não sabe como certos acontecimentos podem se ligar de uma forma muitas vezes misteriosa. E assim as almas sensíveis vão sendo atingidas de diversas maneiras inexplicáveis. A História nos demonstra que a volúpia e a violência coincidem na maioria das vezes na vida das pessoas.

As notícias de S.Paulo eram confusas.Dizia-se que Sr.Pappa se desgostara da CIA e entregara a Cellini o comando para investigar o que acontecia com a empresa.Cellini por sua vez colocava a responsabilidade de tudo em Américo Silva e sua Equipe.Todavia a alta Direção da empresa,o “staff” de assessores ia mais fundo na questão por causa do Relatório do engenheiro que apontava irregularidas no fluxo de compra e estoque de peças em outros pontos da ATALAIA CO.

Se não fosse esta análise,baseada em cálculos,gráficos e estimativas, Sr.Pappa teria imediatamente solicitado a demissão de Américo Silva.

Sr.Pappa interrogava Cellini e dizia :

- Se a causa fosse Américo e sua Equipe não estaríamos com problemas em outras filiais.

- Sr.Pappa,o que quero dizer é – que na Filial do Recife há um elo importante deste processo de decadência da firma.O que nós não sabemos,mas vamos saber ainda...

- É bom,Cellini.Apresse-se.Não volto lá enquanto não descobrir de que se trata.

Cellini matutava e se preparava para uma viagem à Filial do Recife onde as coisas pareciam piores.

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Neste ínterim começou na Matriz e adjacências uma onda de reação ao trabalho do engenheiro Rômulo e seu relatório que balançara a tranquilidade do “staff”,e cujos dados revelando desvios de peças de manutenção de aviões,ausência de registros compatíveis com o caixa dos famosos “conhecimentos”,documentos que registravam o trânsito das mercadorias transportadas pela ATALAIA CO.

Dr.Rômulo era um jovem idealista,casado,com dois filhos pequenos e apaixonado pela esposa Aleia.Como o clima da ATALAIA CO. se complicava ele pensou em se demitir.Um dia chegou em casa e disse para a esposa: - Querida não me deixam trabalhar!

Mas como você pode fazer isto,foi meu parente na ATALAIA CO. o Ciro,influente e competente que arranjou este emprego!Você se lembra como você estava antes deste emprego?Ele diz que a empresa é de alto nível e você sai com esta?

- Esta companhia é confusa,quando criei o trabalho em vez das coisas melhorarem para mim – pioraram!Parece que estão contra e se defendendo diante da regularização daquilo que representa a alma do lucro da empresa!

-Então estão roubando,meu querido!

- Pode ser!Só sei que meu Relatório provocou um impacto terrível na vida da empresa e estou temendo até por minha própria vida.

- Não exagere,querido!Nem demonstre isso para os superiores.Se eles sentirem que você está assim,lhe demitem.

- Não podem,a não ser que queiram se desfazer de mim e de meu trabalho em proveito do “rombo” que está à caminho!

O clima da ATALAIA CO. se ramificava inquietando famílias e tornando na Filial do Recife,onde foi detectado as primeiras anormalidades, quase um estado de caos,de tensão e desespero dos diretores.

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Américo depois do encontro com Cellini e da visita do engenheiro e as notícias de seu impactante relatório, resolveu se esquecer temporariamente do que estava acontecendo.

D.Lia tomou conhecimento apenas superficial do que estava acontecendo,achava àquele tempo,que a situação do marido era revestida de imensa solidez comercial e gerencial.Se iludia com as visitas e as encenações de Sr.Pappa e Cellini que pretendiam manter “máscaras” saudáveis,até que aquele mistério da ATALAIA CO. com forte presença na filial de Recife se esclarecesse por completo.Não tinham outro gerente tão dinâmico para lá colocar e Américo tinha um passado de soerguimento da firma na capital maurícia que o tornava quase insubstituível.Onde estaria o centro do problema?

O mistério da origem do drama da ATALAIA CO.que complicava a vida de Américo Silva,era acompanhado de crescente paralelismo com os acontecimentos do casarão.

O pai de Américo Silva lhe pediu que não o convidasse mais para tomar conta de sua casa quando viajasse para S.Paulo com a esposa.Segundo ele,na noite em que desfizera sua rede de dormir na Sala de jantar da casa para retornar à sua residência,apavorado,foi porque- vira um cão preto,parecendo um lobo todo eriçado,ameaçando-o durante toda a madrugada!Sr.Alípio,o pai de Américo,nem de longe sabia das visões de D.Lia e de Tássio,tampouco do drama profissional da ATALAIA CO. que ia apertando o cerco em torno de Américo.Era um homem honesto que não gostava de histórias fantasiosas e nem acreditava em “fantasmas”.Vivia no Amazonas,dormindo e vivendo em igarapés,trabalhava pouco ou quase nada,mas os filhos já não necessitavam que ele trabalhasse para sustentar a família.Se alguma coisa aparecia na sua residência que assustasse as pessoas,ele era o primeiro a estar lá para desfazer o medo ou o equívoco.Mas no casarão ele cismou e se apavorou.

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Carúzu era o único que Américo ainda contava para vigiar e proteger a casa,mas estava também desconfiado dos acontecimentos no Casarão da Rua do Rei.

No dia de Corpus Christi todos estavam em casa descansando,menos Américo que estava na ATALAIA.As crianças brincavam alegremente nos pátios!D.Lia se concentrara em uma leitura da Obra de Jorge Amado,um novo escritor comunista que apesar de suas origens escolares em colégio de freiras e de sua quase opção pelo hábito de religiosa,ela esquecia e idolatrava as obras do escritor baiano.

Fazia questão de confessar baixinho,para que ninguém pudesse ouvir,senão o interlocutor admirado por sua predileção literária em favor de um escritor negado pelo poder de Vargas,e rejeitado por grandes círculos católicos: - O Jorge Amado é comunista,mas é um grande escritor!Adoro as obras deste baiano!Como gostaria que o Tássio ou Flávio tivessem como homem,o perfil dele!Vocês já leram seu novo romance – “ Capitães de Areia”.É lindo!

Quando D.Lia fechou o livro e se ergueu para dar uma olhada na janela,o Carúzu vinha afogueado comentando o que acontecera ao King,o cão.que vigiava a casa.

- Ele partiu em direção às cabaceiras!Juro que viu alguma coisa!Latiu,pulou até à metade do tronco e caiu estafado,depois,coisa que nunca vi neste cachoro,recuou com o rabo entre as pernas,medroso e assustado com alguma coisa!É a terceira vez que ocorre isso e eu não sei o que acontece.Vou lá examino tudo,nem “timbu”,nem cobra,nem raposa,nada existe naquelas cabaceiras.Ele se posta diante e volta a rosnar,como se no pé da árvore,alguém ou alguma coisa que não se vê de jeito nenhum,o desafiasse.De novo parte a latir e investe feito um trem expresso,em uma velocidade imensa.Daqui instantes retorna ganindo e asssustado!Ele parece que vê alguma coisa que o assusta ou incomoda.Vou pedir ao “Seu” Américo para botar abaixo aquelas cabaceiras.Aquele lugar é mal assombrado!Quando me aproximo,fico todo arrepiado,os cabelos parecem [Digite texto]Frei Albino Aresi,psicólogo,parapsicólogo e Diretor da Mens Sana.Grã-Cruz da ONU.Juntamente com Dra.Cristina Cabral,psicóloga formada pela Universidade Federal da Bahia,em 1985,analisaram e provaram a autenticidade destes fatos,recomendando a edição do Livro-O casarão dos Infelizes.

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que querem sair de minha cabeça!E esclamou: - Oh!casa complicada!Em cada canto é uma novidade que assusta a gente!Se não gostasse tanto da família ia pedir para ir me embora.

D.Lia ouviu tudo e apavorada começou a olhar para os lados das cabaceiras,enquanto King rodopiava e se punha de pé na coleira presa pela corda que Carúzo lhe prendera.

Chica chegou na porta,de avental e olhos arregalados.Se benzeu,não disse uma palavra e entrou pálida de medo!A coisa começava a pegar e aterrorizar a família toda.

Ele vendo D.Lia que saira para a calçada externa em virtude da história que ele contara em ton elevado para a Chica,calou-se.Mas insistiu:

- Carúzu,você deveria dizer ao Américo,mesmo!Só assim ele se decide em sair e vender esta casa!

Carúzu só fazia aquele sorriso fraco e desconfiado das pessoas amigas mais submissas.

- Quem sou eu D.Lia para dizer isso ao “Seu” Américo?Perco o emprego e ainda a amizade do melhor patrão que já tive... Só Deus resolve esta pretensão para a senhora!Esta casa são os olhos e o coração de “Seu” Américo.E saiu com o King para o outro lado da casa para acalmar o cão que continuava a rosnar e tentava se soltar de qualquer maneira para jogar-se em direção às cabaceiras.

A noite caía. A falta de Américo em casa deixava D.Lia tensa e enraivecida!A noite...que para ela no Casarão era sempre inquietante e trazia uma novidade desagradável,estendia seu manto negro.

O que fazer,pensava ela e se dirigia para o pequeno santuário no interior de seu quarto,para rezar.

As crianças já se preparavam para jantar.Carúzu fechara as portas e o cão latia e rosnava ao redor da casa.O vento açoitava os arredores e uma

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escuridão se ampliou sobre as matas do oitão,enquanto corujas piaram nas partes mais altas dos cajueiros.

A imensa casa branca parecia afundar e desaparecer nas sobras das árvores que a cercavam.Tudo concorria,o silêncio,o vento,uma janela que batia descuidada nos fundos,para que se sentisse imerso na solidão do casarão da Rua do Rei.

Chica e Marta Luíza colocaram as crianças para dormir e D.Lia recolheu-se ao seu quarto insone e preocupada com Américo que não chegava.

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