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O Cavalo Branco O CAVALO BRANCO De que se fala no APOCALIPSE, CAPÍTULO 19 Por Emanuel Swedenborg Traduzido do latim por Levindo C. de La Fayette Introdutor da Nova Jerusalém no Brasil. 1

O Cavalo Branco

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O Cavalo Branco1O CAVALO BRANCO De que se fala no APOCALIPSE, CAPÍTULO 19Por Emanuel SwedenborgTraduzido do latim por Levindo C. de La Fayette Introdutor da Nova Jerusalém no Brasil.Em João, o Verbo, quanto ao sentido espiritual ou interno, é assim descrito no Apocalipse: “Vi o céu aberto, e eis, um Cavalo Branco, e Aquele que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro, e em justiça julga e combate. Seus olhos, como uma chama de fogo, e sobre Sua Cabeça, muitos Diademas; te

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O C a v a l o B r a n c o

O CAVALO BRANCO

De que se fala no

APOCALIPSE, CAPÍTULO 19

Por

Emanuel Swedenborg

Traduzido do latim por Levindo C. de La FayetteIntrodutor da Nova Jerusalém no Brasil.

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Em João, o Verbo, quanto ao sentido espiritual ou interno, é assim descrito no Apocalipse:

“Vi o céu aberto, e eis, um Cavalo Branco, e Aquele que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro, e em justiça julga e combate. Seus olhos, como uma chama de fogo, e sobre Sua Cabeça, muitos Diademas; tendo um Nome escrito que ninguém conhece senão Ele Mesmo, e trajando uma vestimenta tinta de sangue; e chama-se o Nome Seu: O Verbo de Deus. E os exércitos que estão nos céus O seguiam sobre cavalos brancos, vestidos de fino linho branco e limpos. E tem, sobre a Sua vestimenta e sobre Sua coxa, Nome escrito: Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 19:11-14, 16).

O que encerra cada uma dessas coisas, só é possível sabê-lo pelo sentido interno. É evidente que todas, sem exceção, são Representativas e Significativas, a saber, o Céu aberto, o Cavalo branco, Aquele que estava montado sobre ele julgando e combatendo em justiça, seus olhos como uma chama de fogo, muitos diademas sobre a Sua cabeça, o Nome que ninguém exceto Ele conhece, a vestimenta tinta de sangue e que Ele trajava, os exércitos que estão nos Céus e que O seguiam sobre cavalos brancos, vestidos de linho branco e limpo, e o Nome escrito sobre a Sua vestimenta e sobre a Sua coxa. Diz-se claramente que é o Verbo, e que é o Senhor Mesmo o Verbo, porquanto se diz: Seu Nome chama-se o Verbo de Deus, e depois: “Ele tem, sobre a Sua vestimenta e sobre a Sua coxa, nome escrito: Rei dos reis e Senhor dos senhores”.

Segundo a interpretação de cada palavra, é evidente que aqui o Verbo é descrito quanto ao sentido Espiritual ou interno. O Céu aberto representa e significa que o sentido interno do Verbo é visto no Céu e, por conseguinte, no mundo pelos que, e para os quais, o céu é aberto. O cavalo que é branco representa e significa o entendimento do Verbo quanto aos seus interiores; que o Cavalo tem essa significação, veremos na continuação. Aquele que estava montado nele, é o Senhor quanto ao Verbo, ensina o Verbo, coisa que é evidente, e que por isso se diz: Seu Nome se chama o Verbo de Deus. Ele é chamado Fiel julgando em justiça, segundo o Bem, e é chamado Verdadeiro e combatendo em justiça, segundo o Vero, porque o Senhor Mesmo é a Justiça. Seus olhos como uma chama de fogo, significam o Divino Vero segundo o Divino Bem de seu Divino Amor. Sobre a Sua cabeça muitos diademas, significa todos os bens e todos os veros da fé. Tendo um Nome escrito que ninguém conhece senão Ele Mesmo, significa que nenhum outro exceto Ele e aquele a quem Ele o revela não vê qual é o Verbo no sentido interno. Trajando uma vestimenta tinta de sangue, significa o Verbo na letra, ao qual se fez violência. Os exércitos nos Céus que O seguiam sobre cavalos brancos, significam os que estão no entendimento do Verbo quanto aos interiores; vestidos de fino linho branco e limpo, significa os mesmos no vero segundo o bem. O Nome escrito sobre a Sua vestimenta e sobre a Sua coxa, significa o bem e o vero e a sua qualidade.

Por estas coisas e pelas que precedem e as que seguem, é evidente que, aí, se prediz que para o último tempo da Igreja o Sentido Espiritual ou interno do Verbo será aberto; ora, o que deve suceder então aí também está escrito, nos versículos 17-21. Que tais coisas são significadas por essas palavras, não há necessidade de se mostrar aqui, pois cada uma dessas coisas foi mostrada nos Arcanos Celestes; por exemplo, que o Senhor é o Verbo, porque Ele é o Divino Vero (n. 2533, 2803, 2894, 5272, 7678). Que o Verbo é o Divino Vero (n. 4692, 5075, 9987). Que se diz

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que Ele está montado sobre um cavalo julgando e combatendo em Justiça, porque o Senhor é a Justiça; que o Senhor é chamado Justiça, porque Ele salvou o gênero humano por Seu próprio poder (n. 1813, 2025, 2026, 2027, 9715, 9809, 10019, 10152); e que a Justiça é o Mérito que pertence ao Senhor, Somente, (n. 9715, 9979). Que os olhos como uma chama de fogo significa o Divino Vero que vem do Divino Bem do Divino amor, é porque os olhos significam o Entendimento e o Vero da fé (n. 2701, 4403–4421, 4523–4534, 6923, 9051, 10569); e a Chama de fogo, o bem do amor (n. 934, 4906, 5215, 6314, 6832). Que os diademas que estavam sobre a Sua cabeça significam todos os bens e todos os veros da fé (n. 114, 3858, 6335, 6640, 9863, 9865, 9868, 9873, 9905). Que tendo um Nome escrito que ninguém conhece senão Ele Mesmo significa que nenhum outro senão o Senhor e aquele a quem Ele o revela não vê qual é o Verbo no sentido interno, é porque o Nome significa a qualidade da coisa (n. 144, 145, 1754, 1896, 2009, 2724, 3006, 3237, 3421, 6674, 9310). Que trajando uma vestimenta tinta de sangue significa o Verbo na letra ao qual se fez violência, é porque a vestimenta significa o vero que reveste o bem (n. 1073, 2576, 5248, 5319, 5954, 9212, 9216, 9952, 10536); mormente o vero nos últimos, por conseguinte o Verbo na letra (n. 5248, 6918, 9158, 9212), é porque o Sangue significa a violência feita ao vero pelo falso, (n. 374, 1005, 4735, 5476, 9127).

Que os exércitos nos céus O seguiam sobre cavalos brancos significa os que estão no entendimento do Verbo quanto aos interiores, é porque os exércitos significam os que estão nos veros e nos bens do Céu e da Igreja (n. 3448, 7236, 7988, 8019); e o Cavalo, o entendimento (n. 3217, 5321, 6125, 6400, 6401, 6534, 7024, 8146, 8381); e o branco, o vero que está na luz do Céu, por conseguinte o vero interior (n. 3301, 3993, 4007, 5319). Que vestidos de fino linho branco e limpo significa os mesmos no vero segundo o bem, é porque o fino linho ou o estofo de linho significa o vero de origem celeste, isto é, o vero segundo o bem (n. 5319, 9469).

Que o Nome escrito sobre a Sua vestimenta e sobre a Sua coxa significa o vero e o bem e a sua qualidade, é porque a vestimenta significa o vero, e o nome a qualidade, como observado acima, e que a coxa significa o bem do amor (n. 3021, 4277, 4280, 9961, 10488). Que Rei dos reis e Senhor dos senhores é o Senhor quanto ao Divino Vero e quanto ao Divino Bem; que o Senhor é chamado Rei segundo o Divino Vero (n. 3009, 5068, 6148); e que Ele é chamado Senhor segundo o Divino Bem (n. 4973, 9167, 9194). Sendo assim vê-se qual é o Verbo no sentido espiritual ou interno, e que nele não há palavra alguma que não signifique algum espiritual, isto é, alguma coisa pertencente ao Céu e à Igreja.

&2. Nos Proféticos do Verbo, o Cavalo é muitas vezes nomeado, mas até agora ninguém soube que o Cavalo significa o Entendimento, e o Cavaleiro o Inteligente; e isso, talvez, porque pareça estranho e surpreendente que tal seja a significação do Cavalo no sentido espiritual e, por conseguinte, no Verbo; mas a verdade é que se pode ver que isso é assim por muitas passagens, de que somente referirei aqui as seguintes. Na profecia de Israel sobre Dan:

“Dan será uma serpente sobre o caminho, uma víbora sobre a vereda, que morde os calcanhares do Cavalo, e faz cair seu cavaleiro por detrás” (Gn 49:17,18).

O que significa esse Profético sobre uma das Tribos de Israel, ninguém o compreenderá, exceto se souber o que é significado pela Serpente, depois o que é significado pelo Cavalo e pelo Cavaleiro. Ninguém ignora que seja um espiritual que está aí encerrado; o que é significado por cada uma dessas expressões, pode-se ver

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nos Arcanos Celestes (n. 6398, 6399, 6400, 6401), onde esse Profético é explicado. Em Habacuque: “Deus, cavalgas sobre Teus cavalos. Teus carros (são) a salvação; fizeste pisar o mar pelos cavalos Teus” (Hc 3:8,15); que os cavalos aqui significam um espiritual, é evidente, por isso que tais coisas se dizem de Deus; de outro modo, que poderiam significar essas palavras, que Deus cavalga sobre Seus cavalos, e que Ele faz pisar o mar por Seus cavalos? Em Zacarias: “Nesse dia, haverá sobre as campainhas dos cavalos: Santidade a Jeová.” (Zc 14:20); e igualmente no mesmo: “Nesse dia, palavra de Jeová, ferirei todo cavalo de estupor, e seu cavaleiro de desvario, e sobre a casa de Jeová abrirei os olhos meus, e todo cavalo dos povos ferirei de cegueira” (12:4-5); aí se trata da devastação da Igreja, que tem lugar quando não há mais entendimento de vero algum; isso é descrito assim pelo cavalo e pelo cavaleiro; de outro modo, que significaria ferir de estupor todo cavalo e de cegueira todo cavalo dos povos? Que teria isso em comum com a Igreja? Em Jó: Deus a privou de sabedoria e não lhe deu entendimento; a seu tempo ela se levanta ao alto; ri-se do cavalo, e do que vai montado nele (Jó 39:17, 18,19 e seguintes); que aqui pelo cavalo é significado o Entendimento, é bastante evidente; o mesmo sucede em Davi, onde se diz: “Cavalga sobre a palavra da verdade” (Salmos 45:5); e em muitos outros lugares. Ainda mais, quem poderá saber de onde vem que Elias e Eliseu foram chamados Carros de Israel e seus cavaleiros, e porque o criado de Eliseu viu uma montanha repleta de cavalos e de carros de fogo, se não souber o que significam os carros e os cavaleiros, e o que Elias e Eliseu representaram? Pois Eliseu disse a Elias: “Meu Pai, meu Pai, Carros de Israel e seus cavaleiros!” (2Rs 2:11-12). E o rei Jeoás disse a Eliseu: “Meu Pai, meu Pai, Carros de Israel e seus cavaleiros!” (2Rs 13:14)

E a respeito do criado de Eliseu, diz-se: Jeová abriu os olhos do criado de Eliseu, e ele viu, e eis, a montanha (estava) repleta de cavalos e de carros de fogo ao redor de Eliseu (2Rs 6:17). Se Elias e Eliseu foram chamados Carros de Israel e seus Cavaleiros, é porque um e outro representaram o Senhor quanto ao Verbo, e que os carros significam a Doutrina segundo o Verbo, e os cavaleiros a Inteligência. Que Elias e Eliseu representaram o Senhor quanto ao Verbo, pode-se ver nos Arcanos Celestes (n. 5247, 7643, 8029, 9372); depois também, que os carros significam a doutrina segundo o Verbo (n. 5321, 8215).

&3. Se o cavalo significa o Entendimento, isso não vem de outra parte senão dos Representativos no Mundo Espiritual. Lá aparecem muitas vezes cavalos e cavaleiros e também carros; e lá, todos sabem que eles significam os Intelectuais e os Doutrinais; lá, quando alguns espíritos pensavam segundo seu Entendimento, vi muitas vezes que eles apareciam como montando cavalos; assim se representava a sua meditação perante os outros, sem que eles o soubessem. Há também lá um lugar onde se reúnem em grande número os que pelo Entendimento pensam e falam a respeito dos Veros da Doutrina; e quando outros lá entram, eles vêem toda essa planície cheia de carros e cavalos; e os noviços, que se surpreendem por isso, aprendem que essa aparência vem do pensamento intelectual dos que lá estão; esse lugar se chama a Assembléia dos Inteligentes e dos Sábios.

Vi também lá cavalos deslumbrantes de luz e carros de fogo, quando alguns espíritos tinham sido arrebatados ao céu; era um indício que então eles tinham sido instruídos nos veros da doutrina celeste, e se tornaram inteligentes, e era por isso que eles tinham sido assim arrebatados. Vendo isso, acudiu-me ao espírito o que foi significado pelo carro de fogo e pelos cavalos de fogo sobre os quais Elias foi arrebatado ao céu, e o que foi significado pelos cavalos e pelos carros de fogo vistos

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pelo servo de Eliseu, quando seus olhos foram abertos.

&4. Que os carros e os cavalos tenham significado tais coisas, é o que muito bem se sabia nas Igrejas Antigas, porque essas Igrejas eram Igrejas Representativas, e que entre os que faziam parte delas a Ciência das Correspondências e das Representações era a ciência principal. A significação do Cavalo, no que é o Entendimento, passou dessas Igrejas para os sábios dos paises circunvizinhos, e até mesmo a Grécia daí vem que eles quando descreveram o sol, como tivessem feito dele o deus da sabedoria e da inteligência, eles lhe atribuíram um carro e quatro cavalos de fogo. E quando eles descreveram o deus do mar, como o mar significa as ciências que vêm do Entendimento, eles também lhe deram cavalos. E quando descreveram a origem das ciências que procedem do Entendimento, eles supuseram um cavalo alado que com uma patada fez jorrar uma fonte perto da qual habitavam nove Virgens, que são as ciências, porque eles tinham aprendido das Antigas Igrejas que pelo Cavalo era significado o Entendimento; pelas asas, o vero espiritual, pelo casco do pé, o científico procedente do entendimento, e pela Fonte, a doutrina de onde derivam as ciências. Pelo cavalo de Tróia, outra coisa não foi significada senão um artifício sugerido pelo seu entendimento para derrubar muralhas. Mesmo hoje, quando se descreve o entendimento segundo o costume recebido desses antigos, comumente ele é representado pelo cavalo alado, ou Pégaso; designa-se a doutrina por uma Fonte e as ciências por Virgens (as musas); mas quase não há pessoa alguma que saiba que o Cavalo, no sentido místico, significa o Entendimento; sabe-se menos ainda que esses Significativos passaram, por derivação, das Igrejas Antigas Representativas aos Gentios.

&5. Como pelo Cavalo Branco é significado o Entendimento do Verbo quanto ao sentido espiritual ou interno, todas as coisas que foram mostradas sobre o Verbo e sobre esse Sentido nos Arcanos Celestes, vão agora seguir; porque, nesta obra tudo que está no Gênesis e no Êxodo foi explicado segundo o sentido espiritual ou interno do Verbo.

DO VERBOE de seu Sentido Espiritual ou Internosegundo os Arcanos Celestes

&6. Da necessidade e da excelência do Verbo. Pela luz natural nada se sabe a respeito do Senhor, do Céu e do Inferno, da Vida do homem depois da morte, nem dos Divinos Veros pelos quais o homem possui a vida espiritual e eterna (n. 8944, 10318, 10319, 10320). Pode-se ficar convencido disso por este fato que muitos homens, e entre eles Eruditos, não crêem nessas coisas, apesar de terem nascido em países onde existe o Verbo, e que por Ele foram instruídos a respeito (n. 10319). Foi necessário que houvesse alguma Revelação do Céu, pois o homem nasceu para o Céu (n.1775). É por isso que de todo tempo tem havido Revelação (n. 2895). Das diversas espécies de Revelações que se sucederam nesta terra (n. 10355, 10632). Entre os Antiqüíssimos, que viveram antes do Dilúvio, no tempo que se chama Século de Ouro, a Revelação era imediata, e por conseguinte o Divino Vero estava inscrito em seus corações (n. 2896). Nas Antigas Igrejas que existiram depois do Dilúvio, houve uma Palavra Histórica e Profética (n. 2686, 2897). A respeito dessas Igrejas, ver a Nova Jerusalém e Sua Doutrina Celeste (n. 247). A parte Histórica era

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denominada as Guerras de Jeová e a parte Profética, os Enunciados (n. 2897). Essa Palavra era semelhante à nossa Palavra quanto à Inspiração, mas acomodada para essas Igrejas (n. 2897); Moisés faz menção dela (n. 2686, 2897), mas essa Palavra se perdeu (n. 2897). Tem havido também Revelações Proféticas entre outros povos, como podemos ver pelas palavras Proféticas de Balaão (n. 2898).

A Palavra é Divina em todas e em cada uma das coisas que ela contém (n. 639, 680, 10321, 10637). A Palavra é Divina e Santa quanto a cada acento e a cada iota, segundo a experiência (n. 9349). Como hoje se explica que a Palavra foi inspirada quanto a cada iota (n. 1886).

A Igreja está especialmente onde há a Palavra, e onde por Ela o Senhor é conhecido e os Divinos Veros são revelados (n. 3857, 10761). Contudo, nem por isso são da Igreja os que nasceram onde há a Palavra, e onde por Ela o Senhor é conhecido, mas são da Igreja os que são regenerados pelo Senhor por intermédio dos Veros tirados da Palavra; são os que vivem segundo os Veros que ela contém, por conseguinte os que vivem uma vida de amor e de fé (n. 6637, 10143, 10153, 10578, 10645, 10829).

&7. O Verbo é compreendido somente pelos que são ilustrados. O racional humano não pode compreender os Divinos, nem mesmo os Espirituais, se ele não for ilustrado pelo Senhor, (n. 2196, 2203, 2.209, 2654). Assim são unicamente os ilustrados os que compreendem o Verbo (n. 10323). O Senhor dá aos que são ilustrados a faculdade de entender os veros, e de discernir os que parecem estar em contradição (n. 9382, 10659). O Verbo no sentido da letra não é semelhante a si próprio e às vezes parece que se contradiz (n. 9025). E por isso é que os que não foram ilustrados podem explicá-lo e virá-lo de modo a confirmar toda sorte de opinião e de heresia, e a proteger todo amor mundano e corporal (n. 4783, 10330, 10400). São ilustrados segundo o Verbo os que o lêem segundo o amor do vero e do bem, mas não os que o lêem segundo o amor da reputação, do lucro, da honra, e assim segundo o amor de si (n. 9382, 10548, 10549, 10551). São ilustrados os que estão no bem da vida e por conseguinte na afeição do vero (n. 8694). São ilustrados aqueles cujo Interno foi o Verbo, por conseguinte os que podem ser elevados na luz do céu quanto ao seu homem Interno (n. 10400, 10402, 10691, 10694). A ilustração é uma abertura atual dos interiores que pertencem à mente, e também uma elevação na luz do Céu (n.10330). O Santo influi do Interno, isto é, do Senhor pelo Interno, nos que consideram o Verbo como Santo, e isso sem que o saibam (n. 6789). Os que são conduzidos pelo Senhor são ilustrados e vêem os veros na Palavra, mas não os que são conduzidos por si próprios (n. 10638). Os que são conduzidos pelo Senhor são os que amam o vero porque é o vero, e esses são também os que gostam de viver segundo os Divinos Veros (n. 10578, 10645, 10829). O Verbo é vivificado no homem segundo a vida de seu amor de sua fé (n. 1776). As coisas que vêm da própria inteligência não têm a vida em si próprias, porque nada de bem procede do próprio do homem (n. 8941, 8944). Os que muito se confirmaram em uma Doutrina falsa não podem ser ilustrados (n. 10640).

É o entendimento que é ilustrado nos n. 6608 e 9300. O entendimento é o recipiente do vero (n. 6222, 6608, 10559); sobre cada Doutrina da Igreja há idéias, que pertencem ao entendimento e, por conseguinte, ao pensamento segundo os quais o Doutrinal é percebido (n. 3310, 3825). As idéias do homem, enquanto ele vive no mundo, são naturais porque o homem pensa então no natural; mas a verdade é que idéias espirituais foram encerradas nessas idéias naturais nos que estão na afeição do vero pelo vero, e é nessas idéias espirituais que o homem vem

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depois da morte (n. 3310, 5510, 6201, 10237, 10240, 10551). Sem as idéias do entendimento e do pensamento que provêm delas, não há percepção alguma sobre qualquer coisa (n. 3825). As idéias sobre as coisas de fé são abertas na outra vida; e lá, elas são vistas pelos Anjos tais quais elas são, e então o homem é unido aos outros segundo essas idéias, tanto quanto elas procedam da afeição que pertence ao mar (n. 1869, 3310, 5510, 6200, 8885). É por isso que a palavra só é compreendida pelo homem racional; porque crer em alguma coisa sem a idéia do assunto e sem a intuição da razão, é somente reter de memória um vocábulo destituído de toda vida de percepção e de afeição, o que não é crer (n. 2553). O sentido literal da Palavra é o que é ilustrado nos nos 3619, 9824, 9905, 10548.

&8. O Verbo só é compreendido pela Doutrina segundo o Verbo. A Doutrina da Igreja deve ser segundo o Verbo (n. 3464, 5402, 6832, 10763, 10765); o Verbo sem a Doutrina não é compreendido (n. 9025, 9409, 9424, 9430, 10324, 10431, 10582). A verdadeira Doutrina é um farol para os que lêem o Verbo (n. 10400). A Doutrina real deve ser dada pelos que estão na ilustração vindo do Senhor (n. 2510, 2516, 2519, 9424, 10105). O Verbo é compreendido por intermédio de uma Doutrina feita por alguém que foi ilustrado (n. 10324). Os que estão na ilustração fazem para si uma doutrina segundo o Verbo (n. 9382, 10659). Diferença entre os que ensinam e aprendem segundo a Doutrina da Igreja, e os que ensinam e aprendem segundo o único sentido da letra do Verbo; qual é essa diferença (n. 9025). Os que estão no sentido literal do Verbo sem uma doutrina, não chegam a entendimento algum sobre os veros Divinos (n. 9409, 9410, 10582). Eles cometem muitos erros (n. 10431). Os que estão na afeição do vero pelo vero, quando ficam adultos e que podem ver por seu entendimento, não permanecem simplesmente nos Doutrinais de sua Igreja, mas examinam atentamente segundo o Verbo se eles são veros (n. 5402, 5432, 6047). De outro modo, cada um teria o vero segundo um outro, ou segundo o solo natal, seja ele judeu ou grego nato (n. 6047). Contudo as coisas que se tornaram coisas de fé pelo sentido literal do Verbo não devem ser extintas, exceto depois de uma completa intuição, (n. 9039).

A verdadeira Doutrina da Igreja é a Doutrina da caridade e da fé (n. 2417, 4766, 10763, 10764). O que faz a Igreja, não é a Doutrina da fé, mas é a vida da fé, que é a caridade (n. 809, 1798, 1799, 1834, 4468, 4677, 4766, 5826, 6637). Os Doutrinais nada são, se não se conforma a sua vida com eles; e cada um pode ver que eles são para a vida e não para a memória, e por conseguinte que eles não são simples coisas de pensamento (n. 1515, 2049, 2116).

Hoje, nas Igrejas, há a Doutrina da fé, e não a da caridade; e a Doutrina da caridade foi confinada na ciência que se chama Teologia moral (n. 2417). A Igreja seria uma, caso fosse reconhecido o pós-homem da Igreja segundo a vida, por conseguinte, segundo a caridade (n. 1285, 1316, 2982, 3267, 3445, 3451, 3452). Quanto à Doutrina da caridade, ela sobrepuja a Doutrina da fé separada da caridade (n. 4844). Os que não têm noção alguma da caridade estão na ignorância a respeito das coisas celestes, n. 2435. Os que apenas têm a Doutrina da fé, e não a da caridade, caem em erros, de que também se fala (n. 2383, 2417, 3146, 3325, 3412, 3413, 3416, 3773, 4672, 4730, 4783, 4925, 5351, 7623 a 7627, 7752 a 7762, 7790, 8094, 8316, 8530, 8765, 9186, 9224, 10555).

Os que estão somente na Doutrina da fé, e não na vida da fé, que é a caridade, foram outrora denominados Incircuncisos ou Filisteus (n. 3412, 3413, 3463, 8093, 8313, 9340). Entre os Antigos, houve a Doutrina do amor para com o Senhor e da caridade para com o próximo, e a Doutrina da fé estava ao seu serviço (n. 2417,

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3419, 4844, 4955). A Doutrina feita por um homem ilustrado pode depois ser confirmada pelos

racionais e pelos científicos, e assim ela é compreendida mais plenamente, e é corroborada (n. 2553, 2719, 2720, 3052, 3310, 6047). Sobre este assunto se vêem muitas coisas em A Nova Jerusalém e a sua Doutrina (n. 51). Os que estão na fé separada da caridade querem que se creia simplesmente nos doutrinais da Igreja, sem nenhuma intuição racional (n. 3394).

Compete a um homem ajuizado, não confirmar o dogma, mas ver se ele é verdadeiro antes de ser confirmado; e é o que fazem os que estão na ilustração (n. 1017, 4741, 7012, 7680, 7950). A luz da confirmação é uma luz natural não espiritual, podendo existir até nos maus (n. 8780). Todas as coisas, até os falsos, podem ser confirmados até o ponto de parecerem vivos (n. 2482, 2490, 5033, 6865, 8321).

&9. No Verbo há um sentido espiritual, que é denominado Sentido Interno. Não é possível saber o que é o sentido espiritual ou interno do Verbo, a não ser que se saiba o que é a Correspondência (n. 2895, 4322). Todas as coisas em geral e em particular, até as menores que existem no mundo natural, correspondem às coisas espirituais e, por conseguinte as significam (n. 1886 a 1889, 2987 a 3003, 3213 a 3227). Os espirituais, aos quais correspondem os naturais, aparecem no natural sob uma outra face, de sorte que não é possível distingui-los (n. 1887, 2395, 8920). Dificilmente se encontrará alguém que saiba onde está o Divino na Palavra, quando, entretanto, o Divino está em seu Sentido interno e espiritual, cuja existência é hoje ignorada (n. 2899, 4989). O místico da Palavra não é outra coisa senão o que contém o seu Sentido interno ou espiritual, no qual se trata do Senhor, da Glorificação de Seu humano, de Seu Reino e da Igreja, e não das coisas naturais que estão no mundo (n. 4923). Os proféticos, em um grande número de passagens, não são compreendidos, e não são por conseguinte de uso algum, sem o sentido interno; tal foi mostrado por exemplos nos nos 2608, 8020 e 8393. Assim é o que é significado pelo Cavalo Branco, no Apocalipse (n. 2760 e seguintes). Sobre o que é significado pelas Chaves do Reino dos Céus dadas a Pedro, ver no prefácio do capítulo 22 do Gênesis, e n. 9410) .O que é significado pela carne, o sangue, o pão e o vinho na Santa Ceia (n. 8682). O que é significado pelos proféticos de Jacó sobre seus filhos (Gênesis 49; n. 6306, 6333–6465). O que é significado por muitos proféticos sobre Judá e Israel, proféticos que não tem relação com essa nação e que não apresentam coincidência segundo o sentido da letra (n. 6333, 6361, 6415, 6438, 6444). Além de muitos outros exemplos (n. 2608). Ainda mais, pode-se ver o que é a correspondência na obra “O Céu e o Inferno” (n. 87–115 e 303–310). Sobre o sentido interno ou espiritual da Palavra, em geral (n. 1767–1777, 1869–1879). Há um Sentido interno em todas e em cada uma das coisas da Palavra (n. 1143, 1984, 2135, 2333, 2395, 2495, 2610. Esse Sentido não aparece no sentido da letra, mas está por dentro dele (n. 4442).

&10. O Sentido Interno do Verbo é principalmente para os Anjos, e é também para os homens. Para que se saiba o que é o Sentido Interno, aqui se dirá em resumo qual ele é, e de onde vem. No Céu se pensa e se fala de modo diferente do mundo; por isso, quando o homem lê o Verbo, os Anjos que estão perto do homem o percebem espiritualmente, enquanto que os homens o entendem naturalmente. Daí, os Anjos estão no Sentido Interno, enquanto que os homens estão no Sentido Externo; contudo, esses sentidos fazem um por correspondência. Que os Anjos não

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só pensam espiritualmente, como também falam espiritualmente, depois também, que eles estão no homem, e que a sua conjunção com o homem existe pela Palavra, vê-se na obra “O Céu e o Inferno”, onde se trata da Sabedoria dos Anjos do Céu (n. 265–275); de sua Linguagem (n. 234–245); de sua conjunção com o homem (n. 291–302); e da Conjunção pelo Verbo (n. 303–310).

A Palavra é compreendida pelos Anjos nos Céus de modo diferente dos homens nas terras; o sentido interno ou espiritual é para os Anjos, e o sentido externo ou natural para os homens (n. 1887, 2395). Os Anjos percebem a Palavra no sentido interno e não no sentido externo; segundo a experiência daqueles que do Céu falaram comigo, quando eu lia a Palavra (n. 1769–1772). As idéias do pensamento dos Anjos também as suas palavras são espirituais, enquanto que as idéias e as palavras dos homens são naturais, por isso o sentido interno, que é espiritual é para os Anjos; ilustrado pela experiência (n. 2333). Entretanto o sentido literal da Palavra serve de meios para as idéias espirituais dos Anjos, do mesmo modo que as palavras da linguagem fazem para o sentido da coisa no homem (n. 2143). As coisas que pertencem ao sentido interno da Palavra caem em coisas que pertencem à luz do Céu, e assim na percepção angélica (n. 2618, 2619, 2629, 3086). As coisas que os Anjos percebem da palavra lhes são por isso mesmo preciosas (n. 2540, 2541, 2545, 2551). Os Anjos não compreendem uma só palavra do sentido literal da Palavra (n. 64, 65, 1434, 1929). Eles também não sabem os nomes de pessoas e de lugares que estão no Verbo (n. 1434, 1888, 4442, 4480). Os nomes não podem entrar no céu, nem serem lá enunciados (n. 1876, 1888). Todos os Nomes na Palavra significam coisas e são mudadas no Céu em idéias da coisa que eles significam (n. 768, 1888, 4310, 4442, 5225, 5287, 10329). Os Anjos pensam mesmo abstratamente das pessoas (n. 6613, 8343, 8985, 9007). Quanto é elegante o Sentido interno do Verbo, mesmo quando ele só se compõe de simples Nomes; provado por exemplos tirados do Verbo, (n. 1224, 1888, 2395). E mesmo uma série de muitos Nomes exprime no Sentido interno uma só coisa (n. 5095). Todos os Números no Verbo significam também coisas (n. 482, 487, 647, 648, 755, 813, 1963, 1988, 2075, 2252, 3252, 4264, 6175, 9488, 9659, 10217, 10253). Os espíritos percebem também a Palavra no Sentido interno, conforme os seus interiores tenham sido abertos para o Céu (n. 1771). O sentido literal do Verbo, que é natural, se transforma imediatamente em sentido Espiritual nos Anjos, porque há correspondência (n. 5648). E isso, sem que eles entendam e sem que conheçam o que há no sentido da letra ou no sentido externo (n. 10215). Assim o sentido da letra ou sentido externo está somente no homem, e não vai mais longe (n. 2015).

Há um Sentido Interno do Verbo e também um Sentido Íntimo ou Supremo; sobre esses dois Sentidos, ver os n. 9407, 10604, 10614, 10627. Os Anjos espirituais, isto é, os que estão no Reino espiritual do Senhor, percebem a Palavra no sentido interno; e os Anjos celestes, isto é, os que estão no Reino celeste do Senhor, percebem a Palavra no sentido íntimo (n. 2157, 2275).

O Verbo é para os homens, e também para os Anjos; ele foi acomodado para uns e para outros (n. 7381, 8862, 10322). É o Verbo que une o Céu e a Terra (n. 2310, 2493, 9212, 9216, 9357). Pelo Verbo há conjunção do Céu com o homem (n. 9396, 9400, 9401, 10452). É por isso que o Verbo é chamado Aliança (n. 9396), porque a aliança significa a conjunção (n. 665, 666, 1023, 1038, 1864, 1996, 2003, 2021, 6804, 8767, 8778, 9396, 10632). Há um Sentido Interno no Verbo, porque o Verbo desceu do Senhor pelos três Céus até o homem (n. 2310, 6397); e assim ele foi acomodado para os Anjos dos três Céus e também para os homens (n. 7381, 8862). Daí é que o Verbo é Divino (n.2899, 4989); e que ele é Santo (n. 10276), e

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que é Espiritual (n. 4480), e que foi inspirado pelo Divino (n. 9094). E isso é a Inspiração (n. 9094).

O homem que foi regenerado está realmente no Sentido interno do Verbo, ainda que não o saiba, pois nele foi aberto o homem Interno, ao qual pertence a percepção espiritual (n. 10400); mas nele o Espiritual do Verbo influi nas idéias naturais e se apresenta assim naturalmente, porque, quando ele vive no mundo, pensa, quanto à percepção, no homem natural (n. 5614). Daí, nos que são ilustrados, a luz do vero vem de seu Interno, por conseguinte do Senhor pelo Interno (n. 10691, 10694). É também por esse caminho que o Santo influi nos que consideram como santo (n. 6789). Como o homem regenerado está, na realidade, no sentido Interno do Verbo, isso é estar em seu santo, ainda que ele o ignore, eis porque depois da morte ele vem por si próprio nesse sentido, e não está mais no sentido da letra (n. 3226, 3342, 3343). As idéias do homem interno são espirituais, mas o homem, quando vive no mundo, não as nota, porque eles estão em seu pensamento natural, a que elas dão a faculdade racional (n. 10237, 10240, 10551). Mas o homem, depois da morte, vem nessas idéias, que são suas, porque elas são as próprias idéias de seu espírito, e então não só ele pensa, como também fala segundo essas idéias (n. 2470, 2478, 2479, 10568, 10604). Daí é que se disse que o homem regenerado não sabe que ele está no Sentido espiritual do Verbo, e que a ilustração lhe vem daí.

&11. No Sentido Interno ou Espiritual do Verbo há Arcanos inúmeros. O Verbo, em seu Sentido Interno, contém coisas inúmeras que ultrapassam a concepção humana (n. 3085, 3086). Há até coisas inefáveis e inexplicáveis (n. 1965), que só se apresentam aos Anjos e que só eles compreendem (n. 167). O Sentido Interno do Verbo contém os Arcanos do Céu, que se referem ao Senhor e a Seu Reino nos Céus e nas terras (n. 1–4, 937). Esses Arcanos não se mostram no sentido da letra (n. 937, 1502, 2161). Muitas coisas que, nos profetas, aparecem como sem nexo, se apresentam, no Sentido interno, ligadas entre si em uma ordem admirável (n. 7153, 9022). Não há uma única Palavra, nem mesmo um só iota, que possa ser cortado do Sentido literal do Verbo em sua língua original, sem que não haja interrupção no Sentido Interno; e por isso é que pela Divina Providência do Senhor, o Verbo foi conservado tão inteiro quanto a todo acento (n. 7933). Há coisas inúmeras em cada particularidade do Verbo (n. 6617, 6620, 8920); e em cada Palavra (n. 1869). Há inúmeras coisas na Oração Dominical, e em cada uma de suas expressões (n. 6619); e nos preceitos do Decálogo, no sentido externo dos quais há entretanto coisas que foram conhecidas de cada Nação sem revelação (n. 8867, 8900). Do céu me foi mostrado que em cada traço de letra do Verbo, na língua original, há o santo; ver, na obra “O Céu e o Inferno”, o n. 260, onde são explicadas as palavras do Senhor:

“Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido.” (Mateus 5:18)

No Verbo, particularmente no Verbo profético, há duas expressões que parecem designar uma mesma coisa: mas uma se refere ao bem e a outra se refere ao vero (n. 683, 707, 2516, 8339). No Verbo, os bens e os veros foram ligados de um modo admirável, e essa conjunção é unicamente manifesta a quem conhece o Sentido interno (n. 10554). E assim no Verbo e em cada uma de suas coisas há o Casamento Divino e o Casamento Celeste (n. 683, 793, 801, 2173, 2516, 2712, 5138, 7022); o Casamento Divino, que é o Casamento do Divino Bem e do Divino Vero, assim no Céu o Senhor em Quem só existe lá esse Casamento (n. 3004,

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3005, 3009, 5138, 5194, 5502, 6343, 7945, 8339, 9263, 9314). Por Jesus é também significado o Divino Bem, e por Cristo o Divino Vero, e assim por um e pelo outro o Casamento Divino no Céu (n. 3004, 3005, 3009). Em cada uma das coisas do Verbo, em seu Sentido Interno, há esse Casamento, por conseguinte o Senhor quanto ao Divino Bem e ao Divino Vero (n. 5502). O Casamento do Bem e do Vero segundo o Senhor no Céu e na Igreja, é o que se chama Casamento Celeste (n. 2508, 2618, 2803, 3004, 3211, 3952, 6179). Assim, sob esta relação, o Verbo é como se fosse Céu (n. 2173, 10126). O Céu é comparado ao Casamento, no Verbo, segundo o casamento do Bem e do Vero lá (n. 2758, 3132, 4434, 4835).

O Sentido Interno é a Doutrina real mesma da Igreja (n. 9025, 9430, 10400). Os que compreendem o Verbo segundo o Sentido interno conhecem a verdadeira Doutrina mesma da Igreja, porque o Sentido interno a contém (n. 9025, 9430, 10400). O interno do Verbo é também o Interno da Igreja, e igualmente o Interno do Culto, (n. 10460). O Verbo é a Doutrina do Amor para com o Senhor e da Caridade para com o próximo (n. 3419, 3420).

O Verbo, na letra, é como uma nuvem; e no Sentido Interno, ele é uma Glória, (ver prefácio do Gênesis 18 e n. 5922, 6343) onde estas palavras são explicadas: “Que o Senhor deve vir nas nuvens do Céu com Glória”. A “Nuvem” também, no Verbo, significa o Verbo no Sentido da letra, e a Glória o Verbo no sentido interno (ver prefácio do Gênesis 18, e n. 4060, 4391, 5922, 6343, 6752, 8106, 8781, 9430, 10551, 10574). As coisas que estão no Sentido da letra são, em relação às que o sentido interno encerra, como esses traços grosseiramente projetados ao redor de um cilindro ótico polido, pelos quais se apresenta contudo no cilindro uma bela imagem de homem (n. 1871). Os que não querem e não reconhecem senão o sentido externo da letra são representados no mundo espiritual por uma velha decrépita; mas os que querem e reconhecem ao mesmo tempo o Sentido interno são representados por uma Virgem decentemente vestida (n. 1774). O Verbo em todo complexo é a imagem do Céu, porque o Verbo é o Divino Vero, e o Divino Vero faz o Céu e o Céu se assemelha a um Homem, e que sob esta relação o Verbo é como a imagem de um Homem (n.1871). Ver na obra “o Céu e o Inferno”, que o “o Céu em um só complexo se assemelha a um Homem” (n. 59–67); e que “o Divino Vero procedente do Senhor faz o Céu” (n. 126–140, 200–212). O Verbo se apresenta perante os Anjos com beleza e encanto (n. 1767, 1768). O sentido da letra é como o corpo e o sentido interno é como a alma desse corpo (n. 8943). Daí, o Verbo tem a vida pelo Sentido interno (n. 1405, 4857). O Verbo é puro no Sentido interno, e não aparece assim no sentido da letra (n. 2362, 2395). As coisas que estão no sentido da letra são santas pelas coisas internas (n. 10126, 10728).

Nos Históricos do Verbo, há também um Sentido Interno, mas ele está por dentro desses históricos (n. 4889). Assim, os Históricos do Verbo, como também os Proféticos, contêm Arcanos do Céu (n. 755, 1659, 1709, 2310, 2333). Os Anjos os percebem, não historicamente, mas dogmaticamente, porque eles os percebem espiritualmente (n. 6884). Os Arcanos interiores que estão nos Históricos se apresentam menos claramente ao homem do que os que estão nos proféticos; e isso, porque a mente se acha em intuição e em intuição a respeito dos Históricos (n. 5176, 6597).

Qual é, além disso, o Sentido interno do Verbo, mostrado (n. 1756, 1984, 2004, 2663, 3033, 7089, 10604, 10614). E ilustrado por comparações (n. 1873).

&12. O Verbo foi escrito por Correspondências e assim por Representativos. O Verbo, quanto ao Sentido da letra, foi escrito por puras Correspondências, assim por

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coisas que representam e significam os espirituais pertencentes ao Céu e à Igreja (n. 1404, 1408, 1409, 1540, 1619, 1659, 1709, 1783, 2179, 2763, 2899). Foi feito isso por causa do Sentido Interno em cada uma das coisas do Verbo (n. 2899). Assim, por causa do Céu, porque os que estão no Céu compreendem o Verbo, não segundo o Sentido de sua letra, que é natural, mas segundo o Sentido interno, que é espiritual (n. 2899). O Senhor falou por Correspondências, Representativos e Significativos, porque Ele falava segundo o Divino (n. 9048, 9063, 9086, 10126, 10728). Assim o Senhor falou diante do mundo e ao mesmo tempo diante do Céu (n. 2533, 4807, 9048, 9063, 9086). As coisas que o Senhor pronunciou atravessaram todo o Céu (n. 4637). Os históricos do Verbo são Representativos, as palavras são Significativos (n. 1540, 1659, 1709, 1783, 2686).

Para que houvesse pelo Verbo comunicação e conjunção com os Céus, ele não podia ser escrito em um outro estilo (n. 2899, 6943, 9481). Quão grosseiramente se enganam os que menosprezam o Verbo por causa do estilo na aparência simples e pouco polido, e que pensam que eles teriam recebido o Verbo se ele tivesse sido escrito em um outro estilo (n. 8783). O modo de escrever e o estilo, entre os Antiqüíssimos, eram também por Correspondências e Representativos (n. 605, 1756, 9942). Os sábios antigos se deliciavam com o Verbo por causa dos representativos e significativos contidos nele, provados pela experiência, (n. 2592, 2.593). Se o homem da Antiqüíssima Igreja tivesse lido o verbo, ele teria visto claramente as coisas que estão no Sentido interno, e obscuramente as que estão no Sentido externo (n. 4493). Os filhos de Jacó foram levados para a terra de Canaã, porque nessa terra todos os lugares, desde os tempos antiqüíssimos, se tornaram representativos (n. 1585, 3686, 4447, 5136, 6516); e por conseguinte para que lá fosse escrita uma Palavra, na qual esses lugares deviam ser mencionados por causa do Sentido Interno, (n. 3686, 4447, 5136, 6516). Contudo, a Palavra foi mudada quanto ao Sentido Externo por causa dessa Nação, mas não quanto ao Sentido Interno (n. 10453, 10461, 10603, 10604). Muitas passagens do Verbo referidas sobre essa Nação, devem entretanto ser entendidas segundo o Sentido Interno, e não segundo a letra (n. 7051). Como essa Nação representava a Igreja, e como a Palavra foi escrita nela e fala dela, por isso os Divinos Celestes foram significados pelos Nomes de suas personagens; assim, por Ruben, Simeão, Levi, Judá, Efraim, José, e os outros; eis porque por Judá, no sentido interno, é significado o Senhor quanto ao Amor Celeste, e Seu Reino Celeste (n. 3654, 3881, 5583, 5782, 6362–6381).

Para que se saiba o que são e quais são as Correspondências e os Representativos na Palavra, se dirá também alguma coisa a respeito.

Todas as coisas que correspondem representam também, e por conseguinte significam, sendo que as Correspondências e as Representações são um (n. 2179, 2896, 2987, 2989, 2990, 3002, 3225).

Os que são as Correspondências e as Representações; mostrado pela experiência e por exemplos (n. 2763, 2987–3002, 3213–3226, 3337–3352, 3472–3485, 4218–4228, 9280). A Ciência das Correspondências e das Representações foi a principal Ciência entre os Antigos (n. 3021, 3419, 4280, 4749, 4844, 4964, 4966, 6004, 7229, 10252); especialmente entre os Orientais (n. 5702, 6692, 7097, 7779, 9391, 10252, 10407); no Egito mais do que nos outros países (n. 5702, 6692, 7097, 7779, 9391, 10407); e também entre os gentios; por exemplo, na Grécia e em outras

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partes, (n. 2762, 7729). Mas hoje ela esta no número das Ciências inteiramente perdidas, particularmente na Europa (n. 2894, 2895, 2994, 3630, 3632, 3747, 3748, 3749, 4581, 4966, 10252). Contudo essa Ciência ultrapassa todas as Ciências, pois sem ela não se compreende a Palavra, ignora-se o que significam os Ritos da Igreja Judaica de que se fala na Palavra, não se sabe qual é o Céu, nem o que é o Espiritual, nem como o Influxo espiritual atua no natural, nem como o influxo da alma atua no corpo, nem muitas outras coisas (n. 4280) e nos lugares citados acima.

Todas as coisas que aparecem entre os Espíritos e os Anjos são Representativos segundo as Correspondências (n. 1971, 3213–3226, 3475, 3485, 9481, 9574, 9576, 9577).

Os Céus estão repletos de Representativos (n. 1521, 1532, 1619). Os Representativos são tanto mais belos e mais perfeitos, quanto eles estão mais interiormente nos Céus (n. 3475). Os Representativos lá são aparências reais, porque eles são produzidos pela Luz do Céu, que é o Divino Vero; e esse Vero é o essencial mesmo da existência de todos (n. 3485).

Se todas essas coisas, em geral e em particular, que estão no Mundo Espiritual são representadas no mundo natural, é porque o Interno se reveste de coisas que lhe convém no Externo, e pelas quais ele se torna visível e se manifesta (n. 6275, 6284, 6299). Assim o Fim se reveste de coisas que lhe convém para que possa existir como a Causa numa esfera inferior, e depois para se fixar como Efeito em uma esfera ainda mais inferior; e quando pela Causa o Fim se torna Efeito, ele se torna visível ou se manifesta diante dos olhos (n. 5711). Isto ilustrado pelo Influxo da alma no corpo, a saber, em que no corpo a alma se reveste de coisas pelas quais tudo que ela pensa e quer pode se apresentar visivelmente e se manifestar; por isso o pensamento, quando influi no corpo, é representado por gestos e afeições que correspondem (n. 2988). As afeições que pertencem à mente são manifestamente representadas na face por suas diferentes expressões, tanto que podem ser vistas (n. 4791–4805, 5695).

Sendo assim, é evidente que, em todas as coisas da natureza, em geral e em particular, há interiormente ocultos uma Causa e um Fim vindo do Mundo Espiritual, (n. 3562, 5711), pois as coisas que estão na natureza, são os últimos efeitos nos quais estão contidos anteriores (n. 4240, 4939, 6275, 6284, 6299, 9216). Os Internos são as coisas que são representadas, e os Externos que representam (n. 4292). O que são, além disso, as Correspondências e as Representações, pode ser visto na obra “O Céu e o Inferno”, onde se trata da correspondência de todas as coisas do Céu com todas as do homem (n. 103–115); e dos Representativos e das Aparências no Céu (n. 170–176).

Como todas as coisas na Natureza são representativas das Espirituais e das Celestes, por isso é que, nos tempos Antigos, houve Igrejas nas quais todos os externos, que eram Ritos, foram representativos; por essa razão essas Igrejas foram chamadas Igrejas Representativas (n. 519, 521, 2896). A Igreja entre os Filhos de Israel foi instituída Igreja Representativa (n. 1003, 2179, 10149). Nela todos os Ritos eram Externos que representavam Internos pertencentes ao Céu e à Igreja (n. 4288, 4874). Os Representativos da Igreja e do Culto cessaram quando o Senhor veio ao mundo e Se manifestou, porque o Senhor abriu os Internos da Igreja, e porque todas as coisas dessa Igreja no Sentido supremo se referiam a Ele (n. 4832).

&13. Do Sentido literal ou Externo do Verbo. O Sentido literal do Verbo é conforme as aparências no mundo (n. 589, 926, 1832, 1874, 2242, 2520, 2533, 2719, 2720); e ao alcance dos simples (n. 2533, 9048, 9063, 9086). O Verbo no sentido da letra é

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natural (n. 8783); e isso, porque o que é Natural é o último, em que as coisas espirituais e celestiais encontram seus limites, e sobre o qual eles subsistem, como uma casa sobre seu alicerce e que de outro modo o Sentido Interno sem o Externo seria como uma casa sem alicerces (n. 9360, 9430, 9824, 9433, 10044, 10436).

Por ser o Verbo tal, contém tanto o sentido espiritual quanto o sentido celeste (n. 9407); e sendo assim, ele é o Santo Divino no sentido da letra, quanto a tudo o que ele encerra em geral e em particular, até cada iota (n. 639, 680, 1869, 9198, 10351, 10637).

As leis promulgadas para os Filhos de Israel, apenas de ab-rogadas, são sempre o Santo Verbo, por causa do sentido interno que está nelas (n. 9211, 9259, 9349). Entre as leis, os Juízos e os Estatutos para a Igreja Israelita ou Judaica, que era uma Igreja Representativa, há algumas que ainda estão em vigor em um e em outro sentido, o Externo e o Interno; há algumas que devem ser inteiramente observadas segundo o Sentido externo; há algumas que podem ser postas em uso caso se julgue conveniente, e há as que são inteiramente ab-rogadas; ver quais são (n. 9349). O Verbo é Divino, mesmo quanto às coisas que foram ab-rogadas, por causa das coisas celestiais que estão encerradas em seu sentido interno (n. 10637).

Qual é o Verbo no sentido da letra, se ele não for compreendido ao mesmo tempo quanto ao sentido interno, ou, o que é o mesmo, segundo a verdadeira doutrina tirada do Verbo (n. 10402). Heresias surgem em número imenso do Sentido da letra sem o sentido Interno, ou sem a doutrina real tirada do Verbo (n. 10400). Os que estão nos externos sem estarem nos Internos não suportam os Interiores do Verbo (n. 10694). Os judeus encaixam-se nesta descrição e ainda o são nos dias hoje (n. 301–303, 3479, 4429, 4433, 4680, 4844, 4847, 10396, 10401, 10407, 10694, 10701, 10707).

&14. O Senhor é o Verbo. No sentido do Verbo, trata-se unicamente do Senhor, e aí são descritos todos os estados da Glorificação de Seu Humano, isto é, da União com o Divino Mesmo, e ao mesmo tempo todos os estados da subjugação dos infernos, e da ordenação de todas as coisas que estão nos infernos e nos Céus (n. 2249, 7014). Assim, nesse sentido, se descreve toda a vida do Senhor no mundo, e desse modo o Senhor está continuamente presente entre os Anjos (n. 2523). Conseqüentemente o Senhor Só, está no íntimo do Verbo, e daí é que vem o Divino e o Santo do Verbo (n. 1873, 9357). Estas Palavras do Senhor, que tudo que foi Escrito d’Ele se cumpriu, significam todas as coisas que estão no Sentido íntimo foram cumpridas (n. 7933).

O Verbo significa o Divino Vero (n. 4692, 5075, 9987). O Senhor é o Verbo, porque Ele é o Divino Vero (n. 2533). O Senhor é o Verbo, porque também o Verbo vem d’Ele e trata d’Ele (n. 2859), e que ele trata do Senhor Só no Sentido íntimo, assim o Senhor Mesmo está nesse sentido (n. 1873, 9357); e porque em todas e em cada uma das coisas do Verbo há o Casamento do Divino Bem e do Divino Vero, casamento que está no Senhor Só (n. 3004, 3005, 3009, 5138, 5194, 5502, 6343, 7945, 8339, 9263, 9314). O Divino Vero é o real único, e aquilo em que Ele está, vindo do Divino, e o substancial único (n. 5272, 6880, 7004, 8200). E como o Divino Vero procedendo do Senhor como Sol no Céu é lá a Luz, e que o Divino Bem é lá o Calor, e como por eles todas as coisas lá existem, do mesmo modo que existem no mundo pela luz e pelo calor todas as coisas, que também estão em suas substancias e atuam por elas, e que o mundo natural existe pelo Céu ou pelo mundo espiritual, é evidente que todas as coisas que foram criadas, o foram pelo Divino Vero, por conseguinte pelo Verbo, de acordo com estas palavras em João: “No

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princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e Deus era o Verbo! E por Ele foram feitas todas as coisas que foram feitas. E o Verbo Carne foi feito.” (João 1:1–3,14; n. 2803, 2894, 5272, 6880). Para mais particularidades sobre a criação de todas as coisas pelo Divino Vero, assim pelo Senhor, ver na obra “O Céu e o Inferno” (n. 137); e mais plenamente no Artigo em que se trata do Sol no Céu, no fato que ele é o Senhor e que ele é o Seu Divino Amor (n. 116–125); e no Artigo em que se mostra que o Divino Vero é a Luz e o Divino Bem o Calor, que procedem desse Sol no Céu, (n. 126–140).

Pelo Verbo há, por intermédio do Sentido interno, conjunção do Senhor com o homem (n. 10375). Há conjunção por todas e por cada uma das coisas do Verbo, e daí é que o Verbo é admirável mais do que qualquer outro escrito (n. 10632–10634). Desde que o Verbo foi escrito, o Senhor fala por ele com os homens (n. 10290). Além do que já foi referido, pode-se ver na obra “O Céu e o Inferno” sobre a conjunção do Céu com o homem pelo Verbo (n. 303–310).

&15. Dos que são contra o Verbo. Dos que desprezam, blasfemam e profanam o Verbo (n. 1878). A qualidade destes na outra vida (n. 1761, 9222). Eles têm a sua relação com as viscosidades do sangue (n. 5719). Quantos perigos resultam da profanação do Verbo (n. 571, 582). Quão nocivo é confirmar pela Palavra os princípios do falso, e conseqüentemente os princípios que favorecem o amor de si e o amor do mundo (n. 589). Os que não estão na afeição do vero pelo vero rejeitam inteiramente as coisas que pertencem ao Sentido Interno do Verbo, e sentem repulsa por elas; provado pela experiência sobre os seus semelhantes no Mundo dos espíritos (n. 5702). De alguns, na outra vida, que procuravam rejeitar inteiramente os interores do Verbo; eles foram privados da racionalidade (n. 1879).

&16. Quais são os Livros do Verbo. Os livros do Verbo são todos os que têm o Sentido Interno; mas os que não o têm não são o Verbo. Os livros do Verbo, no Antigo Testamento, são: Os cinco Livros de Moises; o Livro de Josué; o Livro dos Juízes; os dois Livros de Samuel; os dois Livros dos Reis; os Salmos de Davi; os Profetas: Isaías, Jeremias, as Lamentações, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias. No Novo Testamento, os Quatro Evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas, João; e o Apocalipse. Os outros Livros não têm o sentido interno (n. 10325).

O livro de Jó é um livro Antigo, no qual há, é verdade, um sentido interno, mas esse sentido não é em série (n. 3540, 9942).

&17. Diversas outras coisas a respeito do Verbo. A palavra “Verbo” na língua hebraica, significa várias coisas; como discurso, pensamento da mente, tudo o que existe realmente e também alguma coisa (n. 9987). As palavras significam os Veros (n. 4692, 5075); elas significam os Doutrinais (n. 1288). As Dez palavras significam todos os Divinos Veros (n. 10688).

No Verbo, especialmente no Verbo Profético, há duas expressões de uma mesma coisa; uma se refere ao bem e a outra ao vero, que assim são conjuntos (n. 683, 707, 2516, 8339). Só pelo Sentido interno do Verbo é que se pode saber que expressão se refere ao bem, e que expressão se refere ao vero, porque há palavras particulares para exprimirem coisas que pertencem ao bem, e palavras particulares para exprimirem as que pertencem ao vero (n. 793, 801); e isso é tão determinante que se reconhece pelo único emprego das palavras, se se trata do bem ou do vero (n. 2722). Às vezes também uma das expressões envolve o comum, e a outra

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expressão implica um certo particular específico que vem daquele comum (n. 2212). Há no Verbo uma espécie de reciprocidade; disso se fala no n. 2240. A maior parte das coisas, no Verbo, têm também o sentido oposto (n. 4816). O sentido interno segue de um modo atributivo o seu sujeito (n. 4502).

Aqueles que colocaram seu prazer no Verbo, na outra vida recebem o calor do céu em que está o amor celeste, de acordo com a qualidade e o grau de seu prazer do amor (n. 1773).

FIM DO CAVALO BRANCO.