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O cenário da educação nacional, o cidadão e a soberania nacional Faculdade de Enfermagem Aula inaugural 4 de setembro de 2017 André Lázaro Professor da Faculdade de Comunicação Social/Uerj Pesquisador da Flacso-Brasil, Diretor da Fundação Santillana

O cenário da educação nacional, o ... - Enfermagem UERJ · uma evolução de 1,5 p.p. no período de 2004 a 2014, sendo que, durante o biênio 2013-2014, o indicador se estabilizou

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O cenário da educação nacional, o

cidadão e a soberania nacional

Faculdade de Enfermagem Aula inaugural 4 de setembro de 2017

André Lázaro

Professor da Faculdade de Comunicação Social/Uerj

Pesquisador da Flacso-Brasil, Diretor da Fundação Santillana

Roteiro

1. Cenário: o Plano Nacional de Educação

2. Desafios persistentes: desigualdades, valores e bem comum

3.Universidade e autonomia

4. Globalização e a soberania nacional

Plano Nacional de Educação 2014-2024

• Vinte metas: políticas de universalização 4 a 17 anos, parâmetros de qualidade, valorização docente, gestão democrática, formação de mestres e doutores;

• Financiamento: de 7% a 10% do PIB para educação;

• Sistema Nacional de Educação e Conferências

Números da Educação brasileira 2015

Plano Nacional de Educação: Meta 8

• Elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos, de modo a alcançar, no mínimo, 12 anos de estudo no último ano de vigência deste Plano, para as populações do campo, da região de menor escolaridade no País e dos 25% mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE.)

• Nota: A população brasileira na faixa etária de 18 a 29 anos englobava, em 2013, um contingente de 38.367.179 pessoas, o que representava pouco mais de 19% do total da população do País. SANTOS, 2016.

Evolução da escolaridade média (em anos de estudo) da população entre 18 e 29 anos e projeção de crescimento – Brasil

SANTOS, 2016

Escolaridade média (em anos de estudo) da população de 18 a 29 anos entre os 25% mais pobres e projeção de crescimento

Brasil (2004-2024)

SANTOS, 2016

Escolaridade média para a população na faixa etária de 18 a 29 anos por grupos de renda – Brasil

SANTOS, 2016

Plano Nacional de Educação: Meta 12

• Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas matrículas, no segmento público.

Estatísticas gerais da educação superior, por

categoria administrativa – Brasil – 2016

INEP: Censo da Educação Superior 2016. Brasília, 2017

Evolução das taxas bruta e líquida 2001-2015

INEP: Censo da Educação Superior 2016. Brasília, 2017

Desigualdades: renda e raça/cor

CORBUCCI, Paulo Roberto. DESIGUALDADES NO ACESSO DOS JOVENS BRASILEIROS À EDUCAÇÃO SUPERIOR. In: IPEA, 2016.

CORBUCCI, Paulo Roberto. DESIGUALDADES NO ACESSO DOS JOVENS BRASILEIROS À EDUCAÇÃO SUPERIOR. In: IPEA, 2016.

INEP: Censo da Educação Superior 2016. Brasília, 2017

INEP: Censo da Educação Superior 2016. Brasília, 2017

Taxa bruta de matrículas na graduação, por rede de ensino – Brasil – 2004-2014

Fonte: Monitoramento PNE: Elaborado pela Dired/Inep com base em dados da Pnad/IBGE.

Número de matrículas em cursos de graduação, por categoria administrativa - Brasil – 2005-2015

fonte: Censo da Educação superior 2015

Número de matrículas em cursos de graduação-setor público 2005-2015

fonte: Censo da Educação Superior 2015

Universidade e autonomia

Na Constituição Federal:

Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Na Constituição do Estado do Rio de Janeiro:

Art. 309 - A Universidade do Estado do Rio de Janeiro, organizada sob forma de fundação de direito público, goza de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, para o exercício de suas funções de ensino, pesquisa e extensão.

Dívida pública

Globalização e soberania

a globalização como fábula

A máquina ideológica que sustenta as ações preponderantes da atualidade é feita de peças que se alimentam mutuamente e põem em movimento os elementos essenciais à continuidade do sistema. Damos aqui alguns exemplos. Fala-se, por exemplo, em aldeia global para fazer crer que a difusão instantânea de notícias realmente informa as pessoas. A partir desse mito e do encurtamento das distâncias – para aqueles que realmente podem viajar – também se difunde a noção de tempo e espaço contraídos. É como se o mundo se houvesse tornado, para todos, ao alcance da mão. Um mercado avassalador dito global é apresentado como capaz de homogeneizar o planeta quando, na verdade, as diferenças locais são aprofundadas. Há uma busca de uniformidade, ao serviço dos atores hegemônicos, mas o mundo se torna menos unido, tornando mais distante o sonho de uma cidadania verdadeiramente universal. Enquanto isso, o culto ao consumo é estimulado. Fala-se, igualmente, com insistência, na morte do Estado, mas o que estamos vendo é seu fortalecimento para atender aos reclamos da finança e de outros grandes interesses internacionais, em detrimento dos cuidados com as populações cuja vida se torna mais difícil.

a globalização como perversidade De fato, para a grande maior parte da humanidade a globalização está

se impondo como uma fábrica de perversidades. O desemprego crescente torna-se crônico. A pobreza aumenta e as classes médias perdem em qualidade de vida. O salário médio tende a baixar. A fome e o desabrigo se generalizam em todos os continentes. Novas enfermidades como a SIDA se instalam e velhas doenças, supostamente extirpadas, fazem seu retorno triunfal. A mortalidade infantil permanece, a despeito dos progressos médicos e da informação. A educação de qualidade é cada vez mais inacessível. Alastram-se e aprofundam-se males espirituais e morais, como os egoísmos, os cinismos, a corrupção. A perversidade sistêmica que está na raiz dessa evolução negativa da humanidade tem relação com a adesão desenfreada aos comportamentos competitivos que atualmente caracterizam as ações hegemônicas. Todas essas mazelas são direta ou indiretamente imputáveis ao presente processo de globalização.

uma outra globalização

Todavia, podemos pensar na construção de um outro mundo, mediante uma globalização mais humana. As bases materiais do período atual são, entre outras, a unicidade da técnica, a convergência dos momentos e o conhecimento do planeta. É nessas bases técnicas que o grande capital se apóia para construir a globalização perversa de que falamos acima. Mas, essas mesmas bases técnicas poderão servir a outros objetivos, se forem postas ao serviço de outros fundamentos sociais e políticos. Tais novas condições tanto se dão no plano empírico quanto no plano teórico. Considerando o que atualmente se verifica no plano empírico, podemos, em primeiro lugar, reconhecer um certo número de fatos novos indicativos da emergência de uma nova história. O primeiro desses fenômenos é a enorme mistura de povos, raças, culturas, gostos, em todos os continentes. A isso se acrescente, graças aos progressos da informação, a “mistura” de filosofias, em detrimento do racionalismo europeu. (...)Trata-se da existência de uma verdadeira sociodiversidade, historicamente muito mais significativa que a própria biodiversidade. No plano teórico, o que verificamos é a possibilidade de produção de um novo discurso, de uma nova metanarrativa, um novo grande relato. Esse novo discurso ganha relevância pelo fato de que, pela primeira vez na história do homem, se pode constatar a existência de uma universalidade empírica. A universalidade deixa de ser apenas uma elaboração abstrata na mente dos filósofos para resultar da experiência ordinária de cada homem. De tal modo, em um mundo datado como o nosso, a explicação do acontecer pode ser feita a partir de categorias de uma história concreta. É isso, também, que permite conhecer as possibilidades existentes e escrever uma nova história

Bibliografia citada

• CORBUCCI, Paulo Roberto. Desigualdades no acesso dos jovens brasileiros à educação superior. In: IPEA, 2016.

• INEP: Censo da Educação Superior 2016. Brasília, 2017.

• SANTOS, Robson. Os desafios da meta 8 do PNE : juventude, raça/cor, renda e territorialidade.Brasília: Inep, 2016.

Fontes: Cenário da Educação

• Anuário Brasileiro da Educação Básica 2017: https://www.todospelaeducacao.org.br//arquivos/biblioteca/anuario_brasileiro_da_educacao_basica_2017_com_marcadores.pdf

• INEP: Monitoramento do PNE 2016: http://download.inep.gov.br/outras_acoes/estudos_pne/2016/relatorio_pne_2014_a_2016.pdf

• Observatório da Equidade 2014: http://www.acaoeducativa.org.br/desenvolvimento/wp-content/uploads/2014/11/CDES_Relat%C3%B3rio_de_Observa%C3%A7%C3%A3o_5_2014.pdf

Fontes: Universidade • ANPEd GT Educação superior: http://www.anped.org.br/grupos-de-trabalho/gt11-

pol%C3%ADtica-da-educa%C3%A7%C3%A3o-superior

• Bibliografia diversa sobre o tema: http://marxismo21.org/a-crise-da-universidade/

• Boaventura Souza Santos: http://www.ces.uc.pt/pt

• Estudos interdisciplinares: http://www.eisu.ihac.ufba.br/

• Flacso: GEA: http://flacso.org.br/?page_id=7785

• Grupo de estudos sobre universidade: http://www.ufrgs.br/geu/home.php

• IPEA: Dimensões da experiência juvenil brasileira e novos desafios às

• políticas públicas. Brasília : Ipea, 2016. P. 153 a 176. http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=27571

• Movimento Universidade popular: http://www.universidadepopular.org/site/pages/pt/em-destaque.php

• Rede Universitas: http://www.redeuniversitas.com.br/

• Simon Scwartzman: http://www.schwartzman.org.br/sitesimon/?page_id=542&lang=pt-br

Globalização

• SANTOS, Milton. Por uma outra globalização.

• https://www.geledes.org.br/free-download-milton-santos-por-uma-outra-globalizacao/

• IANNI, Octávio; http://www.uff.br/revistaeconomica/v1n1/octavio.pdf

Distribuição absoluta e percentual na linha de Cursos Participantes por Categoria Administrativa e por Modalidade de Ensino,

segundo a Grande Região – Enade/2016 – Enfermagem

30.325 estudantes em IES Privadas e 5.356, em IES Públicas

Análise do setor privado ABRAES: Programas de Inclusão e o Ensino Superior no Brasil: O Impacto do Programa

Universidade Para Todos - Prouni no Desempenho dos Alunos no ENADE. Brasilia, 2014.

11.5 O regime da oferta de vagas das universidades públicas é concentrador de renda.

O custo por aluno de uma vaga de universidade pública é substancialmente superior e apresenta menor impacto nos resultados do ENADE. Além de, em geral, já estar associado a um maior nível de renda familiar, maior escolaridade dos pais, e estudo fundamental e médio cursado em escola privada. Existe uma questão importante de que a universidade pública tem um papel preponderante na pesquisa científi ca hoje no Brasil, e que este custo estaria sendo contabilizado neste número. De toda forma, a expansão do sistema via aumento de oferta de vagas públicas não encontra suporte em termos de resultados no desempenho dos alunos. Este é um nível de gasto que poderia ser revisto, com a realocação de recursos públicos de maneira mais efi ciente para a sociedade.

IPEA: Políticas Sociais: acompanhamento e análise | BPS | n. 23 | 2015, p. 224.

Investimento público em educação

O investimento público total em educação apresentou uma evolução de 1,5 p.p. no período de 2004 a 2014, sendo que, durante o biênio 2013-2014, o indicador se estabilizou em aproximadamente 6,0% do PIB. Em valores monetários, o investimento público apresentou um crescimento real de 130,4% nesse mesmo período,

totalizando R$ 343,8 bilhões em 2014.