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Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015 ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015 O CHAPÉU: CONTADOR DE HISTÓRIAS EM FLORENÇA THE HAT: THE NARRATOR OF HISTORY IN FLORENCE Gabriela Poltronieri Lenzi 1 (Universidad de Salamanca - Espanha) E-mail: <[email protected]> Resumo: O presente estudo busca expressar a relevância que o chapéu teve como elemento de moda na região de Florença, Itália, tanto social, quanto econômica, simbólica e distintiva. Por meio da memória coletiva das pessoas que desenvolviam ou desenvolvem trabalhos relacionados à chapelaria nessa localidade, pode-se mapear a história do elemento, bem como de seu ofício, e as possíveis causas de seu semidesuso. Palavras-chave: Chapéu. Chapelaria. Quase desaparecimento do chapéu. Abstract: This study aims at expressing the relevance that the hat had as a fashion element in the region of Florence, Italy, in social, economic, symbolic and distinctive terms. Through the collective memory of those who developed or still develop work related to hatmaking in that place, it is possible to trace the history of the element, as well as of the craft, and the likely causes of its almost disuse. Keywords: Hat. Hatmaking. Almost disappearance of the hat. 1 INTRODUÇÃO Durante séculos, o chapéu foi considerado integrante essencial da composição indumental, tanto feminina quanto masculina. Para Laver (1989), no princípio, o acessório era utilizado para proteger. Como exemplo, têm-se os últimos povos paleolíticos da era glacial que sentiram a necessidade de se aquecer para sobreviver. À primeira vista, é simples compreender a funcionalidade e a proteção advindas do chapéu. Porém, no que se refere ao chapéu como um elemento de moda, esse, além da funcionalidade que possui, é um objeto de adorno, carregado de simbolismo e forte peso estético. Leventon (2009) pondera que, desde a Idade Média, de modo especial as mulheres usavam chapéus de diversas formas. O autor também considera o chapéu um forte indicador temporal, funcional e também identitário, tanto de gênero como de personalidade. No entanto, com o passar do tempo e com as mudanças da moda, o chapéu 1 Doutoranda em Ciências Sociais - Programa de Antropologia da Universidad de Salamanca. Diretores da Dissertação de Mestrado: Dr. Ángel Baldomero Espina Barrio e Dr. Mario Helio Gomes de Lima.

O CHAPÉU: CONTADOR DE HISTÓRIAS EM FLORENÇA · expõe a metodologia adotada e, finalmente, no terceiro, por meio das interpretações dos relatos colhidos, se apresenta como o

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ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

O CHAPÉU: CONTADOR DE HISTÓRIAS EM FLORENÇA

THE HAT: THE NARRATOR OF HISTORY IN FLORENCE

Gabriela Poltronieri Lenzi1 (Universidad de Salamanca - Espanha) E-mail: <[email protected]>

Resumo: O presente estudo busca expressar a relevância que o chapéu teve como elemento de moda na região de Florença, Itália, tanto social, quanto econômica, simbólica e distintiva. Por meio da memória coletiva das pessoas que desenvolviam ou desenvolvem trabalhos relacionados à chapelaria nessa localidade, pode-se mapear a história do elemento, bem como de seu ofício, e as possíveis causas de seu semidesuso. Palavras-chave: Chapéu. Chapelaria. Quase desaparecimento do chapéu. Abstract: This study aims at expressing the relevance that the hat had as a fashion element in the region of Florence, Italy, in social, economic, symbolic and distinctive terms. Through the collective memory of those who developed or still develop work related to hatmaking in that place, it is possible to trace the history of the element, as well as of the craft, and the likely causes of its almost disuse. Keywords: Hat. Hatmaking. Almost disappearance of the hat.

1 INTRODUÇÃO

Durante séculos, o chapéu foi considerado integrante essencial da composição indumental, tanto

feminina quanto masculina. Para Laver (1989), no princípio, o acessório era utilizado para proteger.

Como exemplo, têm-se os últimos povos paleolíticos da era glacial que sentiram a necessidade de se

aquecer para sobreviver.

À primeira vista, é simples compreender a funcionalidade e a proteção advindas do chapéu.

Porém, no que se refere ao chapéu como um elemento de moda, esse, além da funcionalidade que

possui, é um objeto de adorno, carregado de simbolismo e forte peso estético. Leventon (2009) pondera

que, desde a Idade Média, de modo especial as mulheres usavam chapéus de diversas formas. O autor

também considera o chapéu um forte indicador temporal, funcional e também identitário, tanto de gênero

como de personalidade. No entanto, com o passar do tempo e com as mudanças da moda, o chapéu

1 Doutoranda em Ciências Sociais - Programa de Antropologia da Universidad de Salamanca. Diretores da Dissertação de Mestrado: Dr. Ángel Baldomero Espina Barrio e Dr. Mario Helio Gomes de Lima.

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passou a ser considerado um elemento ainda mais importante, sendo conhecido como um dos símbolos

mais característicos de distinção e de comunicação.

Sabe-se que, no último século, esse elemento de moda com grande apelo social, identitário e

omunicativo entrou em processo gradativo de desuso.

Para Sombrereros (2011, s/p.),

El sombrero ha cambiado sustancialmente su configuración a lo largo del tiempo, al igual que las restantes prendas de vestir, sucediendo lo mismo con los procedimientos utilizados por los sombrereros, los artesanos especializados en su elaboración. Aunque el nombre parece derivarse de una de sus funciones en los países cálidos (hacer sombra) ha tenido muy variados usos y significaciones sociales en las distintas épocas y países.2

O chapéu constituiu o foco da pesquisa ora apresentada que estudou não somente o

desaparecimento do chapéu em si, mas especialmente do ofício de chapeleiro, que desaparece

gradativamente, juntamente com o objeto. Nessa direção, segundo Longoni (2003, p. 41), “La semi-

scomparsa del cappello ha provocato, ovviamente, la progressima riducione dell’ aparato produtivo”3.

Desde 2007, iniciou-se um processo de observação e coleta de relatos e experiências das

pessoas ligadas a esse antigo ofício – a chapelaria –, na região de Florença, ocasião em que se

reconheceu a relevância desse elemento, tanto social quanto econômica, nessa região.

Ao visualizar a confecção de um chapéu, ainda de maneira artesanal, com a tradicional técnica,

sentiu-se um profundo desejo de compreender melhor o que existia nesse ofício, não somente pelo valor

estético do chapéu, mas porque vê-lo, nos dias atuais, foi como entrar em uma máquina do tempo.

Destaca-se que a região de Florença4, na Itália, mais especificamente Signa, teve a chapelaria

e a palha trançada como principais fontes econômicas desde o século XVIII5, conforme Longoni (2003,

p. 73): “(...) la cappelleria di questa regione era stata nel Settecento un’attività fiorente (...).”6

2 O chapéu mudou substancialmente sua configuração com o decorrer do tempo, assim como outras peças do vestuário, acontecendo o mesmo com os procedimentos utilizados pelos chapéus, os artesãos especializados na sua elaboração. Mesmo que o nome pareça derivar-se de uma de suas funções em seus países Cálidos (fazer sombra), teve muitos variados usos e significados sociais nas distintas épocas e países. (Tradução da Mestra) 3 “O semidesaparecimento do chapéu provocou, obviamente também, uma progressiva redução do aparato produtivo”. (Tradução da Mestra) 4 Florença é uma Província Toscana que também é a capital. É composta por 44 comunes, entre as quais uma, especialmente Signa, tem uma forte história com a chapelaria até hoje e onde se pode encontrar o Museo della Paglia e dell’intreccio. 5 Para Fancelli (1997, pp. 10-11), têm-se resquícios da chapelaria antes, mas foi em 1718 que Domenico Michelacci, nascido em Bolonha, se transferiu para Signa, onde cultivou o grão que, futuramente, ficou conhecido como a “famosa palha de Florença”. 6 A chapelaria dessa região foi uma atividade florente no ano de 1700 (...). (Tradução da Mestra)

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O presente artigo apresenta esse estudo em três subtítulos, além da introdução, seguidos pela

conclusão. O primeiro consiste em uma revisão bibliográfica da localidade de Florença, especialmente

Signa, onde a chapelaria de palha teve considerável valor econômico e social. Na sequência, o segundo

expõe a metodologia adotada e, finalmente, no terceiro, por meio das interpretações dos relatos colhidos,

se apresenta como o ofício e o elemento são vistos e sentidos por essa comunidade nos dias de hoje,

bem como as hipóteses de seu semidesaparecimento.

Portanto, buscou-se, por meio desse estudo, relatar e compreender não só a história dessa

localidade e das pessoas que nela vivem, contada por meio desse elemento de moda, o chapéu, mas

também como o seu semidesaparecimento influenciou a quase extinção do ofício.

2 A HISTÓRIA DO CHAPÉU EM FLORENÇA

Uma parte da região da Província de Florença, que fica situada na Toscana, Itália, teve relevante

influência da chapelaria em sua economia, de tal forma que, ainda hoje, o ramo de vestuário e moda é

uma das principais fontes econômicas da região. Algumas comunes pertencentes à Província de

Florença foram marcadas economicamente pela confecção do chapéu 7 . Todavia, Signa, uma das

comunes que compõe essa província, possui considerável crédito no tema, pois, nela, diversas fábricas

se instalaram, conforme Comune Signa (2014).

Comercialmente, Signa teve duas importantes iniciativas que deixaram profunda marca econômica

e social na região: as peças e esculturas em terracota e o experimento de Domenico Michelacci, que

consiste em um novo método de cultivação da palha, nascendo, nessa comunidade, os famosos chapéus

denominados di paglia de Firenze8 que são apreciados em todo o mundo (COMUNE SIGNA, 2014).

O comércio da palha na região, segundo Bruckmann (1987), foi documentado em 1341, e, em

1574, foi atestada a existência de chapeleiros de palha como uma categoria laborativa.

No século XVII, de acordo com Ganugi (2006), os navicellai (Benelli), que eram os homens que

faziam, através do rio Arno, o transporte fluvial de mercadorias entre Pisa e Florença, também

conhecidos como os moradores da localidade da palha de trigo, vestiam os chapéus de palha trançada

típicos da região. Naquela época, a arte do trançado de Signa já era notada pela sua genialidade e

7 É o caso de Campi Bisenzio e San Piero a Ponti, que foram locais investigados por esta pesquisa. 8 Chapéus de palha de Florença. (Tradução da Mestra)

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cuidado, embora a palha usada não possuísse qualidade, motivo pelo qual os chapéus ainda não eram

tão conceituados quanto se tornaram posteriormente.

A respeito da palha utilizada para a confecção dos chapéus em Florença, Fancelli (1997, pp. 10-

11) explica que, em 1718, Domenico Michelacci, nascido em Bolonha, se transferiu para Signa, onde

cultivou o grão que, posteriormente, ficou conhecido como a “famosa palha de Florença”. Ferrari (2003)

complementa a explicação sobre a palha afirmando que, para conseguir chegar ao resultado desejado,

Michelacci fez experimentos durante quatro anos, conseguindo, então, selecionar um tipo ideal de trigo,

juntamente com o tipo ideal de terra e condições climáticas. Assim, segundo Ganugi (2006), em 1735,

Signa conseguiu uma palha fina e lúcida, iniciando, assim, todo o processo que levou à implantação de

laboratórios também para a confecção dos chapéus que eram vendidos, especialmente, no exterior.

Ainda conforme Ganugi (2006, p. 8), por volta do final do século XVIII, durante o período da

primeira Revolução Industrial, a região desenvolveu fortemente sua economia por meio dos chapéus,

tanto que a palha nela produzida já não era suficiente:

Ebbe inizio dunque una vera e propria industria locale che occupò gran parte della populazione. Fu così che, nell’epoca della rivoluzione industriale inglese, la produzione industriale dei cappelli diventò così fiorente de rendere necessaria anche l’importazione della paglia di vari paesi stranieri.9

Castronovo (1980), por sua vez, ressalta que houve, inclusive, uma liberação de taxas para a

importação da palha, pois Signa não conseguia mais abastecer a demanda. A exportação de chapéus

para a Inglaterra atingiu o montante de 100.000 scudi em 1771. O artesanato e a indústria doméstica

formavam, nesse período, a principal mão-de-obra do setor (Figura 1).

9 Deu-se início a uma verdadeira e própria indústria local que ocupou grande parte da população. Foi assim que, na época da Revolução Industrial inglesa, a produção industrial do chapéu se tornou tão forte a ponto de ser necessária a importação da palha de países estrangeiros. (Tradução da Mestra)

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Figura 1 - Mulheres em Signa, anos de 1940, trabalhando em casa para a empresa de chapéus Rugi

Fonte: Imagem cedida por: Archivio Fotografico del gruppo Archeologico Signese.

Em consonância com Ganugi (2006), a manufatura da palha e da confecção de chapéus sofreu

diversos processos, inclusive o da troca de moda. Novas empresas paralelas foram criadas para suprir

tal necessidade, como o de clareamento ou coloração da palha. Expedições para França e Alemanha

também se fizeram fundamentais para estudos de novos modelos. Graças às novas técnicas de cores e

modelos, o mercado para os chapéus de Florença se abriu ainda mais, sendo que, em 1822, as

exportações cruzaram oceanos. As artesãs podiam ganhar, também, pela inovação no trançar da palha.

Nesse momento, as mulheres que faziam dessa atividade somente um trabalho part-time, passaram a

dedicar todo seu tempo a essa arte.

Entretanto, com a crise americana de 1875 e as imitações dos trançados toscanos em diversos

países da Europa, a exportação sofreu uma diminuição considerável na região. Alguns anos mais tarde,

a China começou a reproduzir as tranças de palha com um preço bem mais competitivo. Isso, aliado à

introdução de novos materiais para a fabricação dos chapéus, provocou a queda da moda dos chapéus

de palha masculinos. Com esses acontecimentos, ocorreu, em 1896, na região da Toscana, “uma das

primeiras greves da história social da Itália contemporânea”, do que resultou um decreto enviado pelo

Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio de Roma para investigar as condições de trabalho dos

artesãos da palha (trançados e chapéus). (Figura 2)

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Figura 2 - Decreto do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio de Roma, para investigar as condições de trabalho dos artesãos da palha (trançados e chapéus)

Fonte: Lunardi e Mancini (2003, pp. 7-8).

Naquele momento, a indústria do chapéu e da trança contava com 84.556 trabalhadores, sendo

4.398 homens e 80.160 mulheres. Superada a crise, a região iniciou novas técnicas de trançar e lançou

um chapéu até hoje conhecido e tradicional na Toscana: o canotto (Figura 3).

Figura 3 - Canotto – Típico chapéu da região de Florença, Itália, em exposição no Museo della Paglia e dell’intreccio di Signa

Fonte: A Mestra.

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A partir de então, a indústria chapeleira seguiu se desenvolvendo e prosperando até depois da

Primeira Guerra Mundial, quando, lentamente, foi atingindo o seu declínio, estimulado pelo semidesuso

do objeto.

Na Província de Florença, ainda hoje, é possível encontrar empresas chapeleiras, no entanto, em

menor escala. As empresas do ramo criaram, em 1986, um consórcio chamado Il Cappello di Firenze,

(CONSORZIO, 2014). Antigas empresas de chapelaria, nos dias atuais, já na quarta ou quinta geração, unem-

se para criar eventos, difundir a arte da região e trocar experiências. A esse respeito, Fulceri (2014, s/p.) assim

se manifesta:

Oggi più che in passato le aziende hanno l’obbligo di tutelare i valori storici del proprio brand presentandosi al pubblico con ricettività creativa, artistica e manageriale. Con spirito d’aggregazione a livello territoriale, si è costituito nel maggio del 1986 il Consorzio ‘il Cappello di Firenze’ nell’ambito Sezione Paglia e Cappello dell’Associazione Industriale di Firenze. La sua missione è quella di tutelare la lavorazione artigianale del cappello fiorentino e supportare le aziende nella promozione e commercializzazione dei prodotti sui mercati internazionali. L’anima del Consorzio sono le aziende e la loro fede nei valori storici dell’antica arte di fare cappelli. Nel nostro paese l’industrializzazione di quest’arte è condotta da famiglie coraggiose e spesso ambiziose, ammaliate dalla cura per il dettaglio e dalla passione creativa.10

Sobre a quantidade de empresas de chapelaria existentes em Signa desde o seu início, século

XVI, até o seu apogeu, séculos XVII, XVIII e XIX, não existem relatos ou documentos que comprovem

tais dados, segundo o Museo della Paglia e dell'Intreccio Domenico Michelacci (2014) e a Comune di

Signa e Camera di Commercio da mesma cidade.

Quanto ao cenário atual das fábricas de chapéu e de magazines que trabalham com artigos para

produzir chapelaria, foi possível visualizá-lo com a ajuda do Museo della Paglia e dell'Intreccio Domenico

Michelacci (2014) e da Comune di Signa e Camera di Commercio. Assim sendo, é possível afirmar que,

atualmente, existem, aproximadamente, 17 empresas no ramo da chapelaria na localidade de Signa.

São fábricas que produzem chapéus mesclados com empresas que fornecem matéria-prima para a

10 “Hoje, mais que no passado, as empresas têm a obrigação de tutelar os valores históricos da própria marca, apresentando-se ao público com receptividade criativa, artística e administrativa. Com espírito de agregar, na esfera territorial, constituiu-se, em maio de 1986, o Consórcio ‘O chapéu de Florença’ no âmbito da palha e do chapéu da Associação Industrial de Florença. A sua missão é tutelar o trabalho artesanal do chapéu florentino e apoiar as empresas na promoção e comercialização dos produtos no mercado internacional. A alma do Consórcio são as empresas e a fé nos valores históricos da antiga arte de fazer o chapéu. No nosso país, a industrialização dessa arte é conduzida por famílias corajosas e muito ambiciosas, enfeitiçadas pelo cuidado dos detalhes e pela paixão criativa.” (Tradução da Mestra)

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produção do chapéu. Isso quer dizer que não existem 17 fábricas de chapéus, mas 17 empresas no ramo

de chapelaria.

3 METODOLOGIA

O estudo amparou-se no método qualitativo, pois, com base em Álvarez-Gayou (2003, p. 33),

entende-se que “En la investigación cualitativa no interesa la representatividad; una investigación puede

ser valiosa si se realiza en un solo caso (estudio de caso), en una família o en un grupo cualquiera de

pocas personas.”11 Esse entendimento igualmente se sustenta no fato de que existe hoje, em Florença,

na Itália, um reduzido número de pessoas do chapéu, tanto as que guardam as antigas técnicas, bem

como as que armazenam as histórias.

Para a coleta de dados, optou-se pela entrevista dirigida indireta, cujo modelo, para Guber

(2001), cabe plenamente no marco interpretativo, para quem opta pela observação participante (caso

desta pesquisa), já que seu valor não é baseado em seu caráter referencial e, sim performativo.

Realizaram-se as entrevistas em dois períodos distintos, contando com a participação de seis

pessoas das localidades de Campi Bisenzio, San Piero a Ponti e Signa, da região da Província de

Florença: Giulia, Lucia, Gian Piero, Anna Maria, Giuseppe e Emirena, sendo esta última integrante do

Museo della Paglia e del’Intreccio Domenico Michelacci di Signa, bem como filha de chapeleiros que

trançavam palha da região. Realizou-se a primeira parte das entrevistas em dezembro de 2013 e a

segunda em final de janeiro e fevereiro de 2014. Os registos foram feitos com o auxílio de câmeras

fotográficas, vídeo e diário de campo.

Da mesma forma, se utilizou um recurso da História denominado memória coletiva, apresentado

por Halbwachs (2006) como fonte de pesquisa, pois muitas pessoas do chapéu não conviveram

diretamente com o adorno, mas o têm guardado em suas mentes por meio de histórias contadas de pais

para filhos, de geração para geração, ou por terem convivido com ele durante uma pequena parte de sua

vida. Para Halbwachs (2006), o caráter livre, espontâneo, quase onírico da memória, é excepcional,

sendo que lembrar, na maioria das vezes, tem o poder de reconstruir, repensar, refazer, com imagens e

ideias de hoje, as experiências obtidas no passado.

Tendo em vista o exposto por Halbwachs (2006), o trabalho de campo buscou reviver os contos

das pessoas e dos chapéus na região de Florença. Para tanto, se fizeram visitas à localidade – Província

11 Na investigação qualitativa, não interessa a representatividade; uma investigação pode ser valiosa se realizada en um somente caso (estudo de caso), em uma família ou em um grupo qualquer de poucas pessoas.” (Tradução da Mestra)

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de Florença, na Itália – e, em distintos momentos. A “expedição” começou na região de Florença, entre

os dias 16 a 22 de dezembro de 2013, quando se deu início a alguns novos contatos e se fez o resgate

de outros antigos, pois se viveu, aproximadamente, 3 anos, desde 2007, nessa mesma região, onde se

conheceu a chapelaria e, de modo amador, se faziam pesquisas sobre o assunto. Por isso, se conheciam

alguns entrevistados, razão pela qual se dedica um conhecimento mais denso sobre o chapéu e também

sobre o ofício nessa localidade. Conviver com elas em um maior período também contribuiu para

interpretá-las melhor, assim como revisitar os locais antigos e rever antigos objetos. Cada uma das vezes

que se pôde rever as pessoas, elas se recordaram de algum detalhe ou de algum dado que haviam

perdido. Assim como menciona Halbwachs (2006, p. 30), “nossas lembranças permanecem coletivas e

nos são lembradas por outros, ainda que se trate de eventos em que somente nós estivemos envolvidos

e objetos que somente nós vimos.”

Escolheu-se relatar os eventos de maneira que pudessem expressar não somente o que se viu,

mas também o que se sentiu nas entrevistas, os sinais, os gestos, a forma de falar… e onde o chapéu

estaria em cada contexto. Uma parte relevante dos entrevistados era pessoas idosas que se

emocionaram ao contar as suas histórias por meio desse objeto e ofício. Por esse motivo, com base em

Velasco e Díaz (2009), optou-se pela plena observação participante e incorporada à ação.

4 RESULTADOS DA PESQUISA

Percebeu-se, por meio desta investigação, que não somente o chapéu em si entrou em

semidesuso, mas muito da sua história foi esquecida. Nesse sentido, a presente pesquisa não tratou

somente do chapéu, mas, especialmente, das pessoas do chapéu, das suas histórias e lembranças, pois,

conforme Von Boehn (1951), um objeto de inegável matiz social, marcador de tendências e distinção de

classe, seria absurdo – se não estúpido – esquecê-lo.

Por meio dos relatos colhidos, diversas hipóteses sobre o declínio do chapéu foram lançadas.

Todavia, o evento mais mencionado foi o Pós Segunda Guerra Mundial. Durante essa Guerra, mesmo o

chapéu sendo usado, seu mercado e seu ofício ficaram imobilizados pela falta de giro econômico, como

ocorreu com muitos bens supérfluos. Segundo Von Boehn (1951, p. 160), tem-se que a moda Italiana

Topolino,

Moda creada y lanzada en la Italia de Duce Mussolini, que universaliza y perpetúa el nombre de topolino dado originalmente a un tipo de automóviles de igual procedencia. (…) Algunos han querido ver en el topolino reminiscencias clásicas, de resurrección del coturno y otras bellas cosas antiguas… Mas !ay! mucho más serio parece que estas modas y modos de calzado (topolinos, sandalias, talon o punta o ambas cosas

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al descubierto, suelas de madera, de corcho y demás excesos12.

O chapéu surgiu nesse período de Guerra, quando os calçados tinham salto e solas de madeira.

Um dos entrevistados contou que, durante a Guerra, para sobreviver, foi preciso readaptar-se, utilizando

as ferramentas com que já trabalhavam, mas produzindo elementos considerados mais necessários: “- (…)

I cappelli con le forme praticamente si smise di farli e fu fatto le mezze zeppe per sostituire il pallame, cioè

la zeppa e la mezza zeppa di legno per sostituire diciamo il cuoio con il legno, perchè anche li c’era la

penuria di materie prime, di cuoio, di tutto (…) Mancava tutto in questo periodo.” 13 (VON BOEHN, 1951, p.

162)

No decorrer os estudos, foi possível observar algumas divergências entre a teoria e a prática em

si. Conforme revisão teórica sobre o acessório e seu quase desuso, teve início o seu processo de declínio

nos anos de 1930 e, segundo Von Boehn (1951, p. 162), “la derrota del sombrero se inició, lentamente,

más que como una tendencia, como un capricho pasajero, a partir de 1932 o 1934 (…) para lucir el

peinado.”14. Além disso, o chapéu já não era mais tratado como um acessório necessário a partir dos

anos de 1960.15 De acordo com as entrevistas realizadas na região Toscana, o chapéu, até os anos de

1980, teve seu período de “ouro”, renascendo por alguns anos após a Segunda Guerra, quando ainda

era muito usado e também consumido. Segundo uma entrevistada, “- Il periodo più d’oro diciamo anni

settanta, ottanta (…)”16, o que também foi mencionado por dois entrevistados. Os pontos contraditórios

entre a teoria e a prática talvez ocorram, pois a história da moda busca pontos gerais de todos os lugares

do mundo e, aqui, trata-se de um local específico. Assim sendo, possíveis variações podem ocorrer,

como clima, costumes regionais, gostos estéticos, valores simbólicos, entre outros.

Um ponto relevante, presente na Região de Florença, que remete ao chapéu, a sua história e ao

seu quase desaparecimento é o Museo della Paglia e dell'Intreccio Domenico Michelacci que conserva

12 “Moda criada e lançada na Itália de Duce Mussolini, que universaliza e perpetua com o nome de ‘Ratinho’, dado originalmente a um tipo de automóvel de igual procedência. (…) Alguns quiseram ver no ‘Ratinho’ reminescências clássicas, da ressurreição do coturno e outras belas coisas antigas … Mas, cuidado! muito mais sério, parece que estas modas e modos de calçados (ratinhos, sandálias, salto ou ponta ou ambas as coisas, solas de madeira, de cortiça e demais excessos.” (Tradução da Mestra) 13 - (...) o chapéu e as formas de chapéu, praticamente paramos de fazer; então eram feitas meia solas para substituir a pele, quero dizer, o salto e a meia sola de madeira para substituir o couro com a madeira, porque ali vivíamos a penúria de matérias-primas, de couro, de tudo (…). Faltava tudo naquele período. (Tradução da Mestra) 14 A derrota do chapéu teve seu início, lentamente, mais que como tendência, como uma capricho passageiro, a partir de 1932 ou 1934 (…) para aparecer o penteado. (Tradução da Mestra) 15 Nessa década o chapéu não é caracterizado como um adereço de moda frequente, e sim o cabelo solto, segundo o livro de Laver (1989) A roupa e a moda. 16 O período de ouro do chapéu foi nos anos de 1970, 1980. (Tradução da Mestra)

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muitos objetos históricos desse oficio os quais possuem forte ligação social com a localidade. Um

acessório de tal valor simbólico e estético, de tamanha importância para a indumentária e economia até

determinado período, quando seu uso era dinâmico e interativo – sim, pois o chapéu interagia com as

pessoas diretamente – hoje, já aposentado, merece um local de destaque. Dentro do museu, o chapéu

se transforma. De acessório passa a ser um objeto. Da cabeça passa para uma vitrine, onde é admirado

como elemento distante. O museu tem essa característica: congelar os objetos no tempo. Render um

atributo a algo que passou pelas pessoas, mas já não pertence a essa realidade. O chapéu se tornou

tão saudoso quanto no conto de Aurélio Buarque de Holanda, O chapéu de meu Pai. No conto, o chapéu

é abandonado pela cabeça “falecida” de seu pai. No museu, o chapéu é abandonado pelas “cabeças”

vivas que andam de lá para cá, sem a companhia diária dele.

Para Serén (2006, p. 135),

Ficam, a nu, os espaços da produção e o labirinto de um taylorismo sempre útil, de uma circulação que se queria instrumental. Resta substituir a arqueologia industrial pela arqueologia da memória. Hoje, mais do que nunca, essa memória é capital a haver, pois o homem mexe-se num mundo progressivamente fantasmático e virtual onde a sua natureza se afunda sobre camadas de uniformização e homogeneização sócio-mundial. Então a reconversão destes espaços em museus de uma história que, ela também, constituiu o homem e o fez herdeiro deste patrimônio.

Ainda quanto ao museu, Signa – situada na Região de Florença – nele concentra a arte da antiga

chapelaria presente na cidade, nas tranças de palha, na qualidade dessa palha, na confecção do chapéu

e tudo o que cerca a história do objeto.

No decorrer do trabalho de campo, percebeu-se que o “chapéu”, em Florença, hoje carrega a

necessidade de manter uma identidade para essa memória local, sendo o museu uma espécie de templo,

onde as memórias e objetos de outros tempos são guardados e expostos. A identidade desse lugar

passa de ofício ou de elemento em pleno movimento tanto social e econômico para uma memória ou

recordação, ou seja, a memória do chapéu e de seu ofício passa a ser a identidade desse local, e não a

profissão e o acessório em si.

Certamente não se pode dizer que o chapéu está em seu completo desuso. Absolutamente não,

como menciona Longoni (2003, p. 41): “Il prodotto circola in mercati particolari o, come si usa dire, ‘di

nicchia’”17. Todavia, suas “aparições”, hoje, são ligadas a centros tradicionalistas, como rodeios, centros

de umbanda, por exemplo, conforme afirma Miño (2010) ou, como mencionou uma entrevistada, é

17 O produto circula em mercados especiais ou em mercados de nicho. (Tradução da Mestra)

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preciso personalidade e um ambiente adequado para usá-lo.

Os entrevistados também foram questionados sobre um possível retorno do chapéu atualmente,

tendo sido possível constatar diferentes respostas. No entanto, a maioria considera que, de qualquer

modo, mesmo que não tão frequente quanto eram, as aparições dos chapéus estão ainda presentes, só

não como complemento indumentário como foi até os anos de 1980, assim como também afirma o autor

Longoni (2003)

Portanto, por meio das entrevistas, foi possível constatar que o chapéu é primeiramente visto

como símbolo de distinção para os que estudam o adorno. Porém, muda sua colocação na lista de

significados quando observado pelo ângulo do seu criador e feitor. O chapéu construtor de casas e de

sonhos é visto nessa localidade como a cabeça, responsável por diversos progressos, tanto pessoais

como coletivos, materiais e impalpáveis.

5 CONCLUSÃO

Por meio de um elemento tão simbólico e, por um longo período, necessário para a composição

da indumentária, pôde-se compreender a relação entre o chapéu e seu ofício na contribuição do sistema

de moda e da economia da região estudada.

Florença e Signa possuem fortes laços com a chamada l’arte del intreccio e di fare i cappelli que,

há 300 anos, compõe a rotina das pessoas que lá vivem. As habilidades toscanas de cuidado, qualidade,

bem como a criatividade e a dedicação ao artesanato, fazem da região um pequeno porta-joias de obras

manuais. Basta observar somente o principal ponto da cidade, Il Duomo – Santa Maria del Fiore, para

compreender que o esmero nele retratado representa esse grupo. Esse zelo com a beleza e com a

estética reverbera em todos os labores presentes. Dessa maneira, com o chapéu não poderia ser

diferente! O chapéu está presente na região, antes mesmo de a própria moda Florentina ser lançada e

considerada como uma capital de estilo. Esse acontecimento se deu após a Segunda Guerra Mundial,

sendo Florença uma das cidades italianas referência no tema. Nesse momento, o talento da região foi

declarado para o mundo todo, tendo seu enfoque na manualidade, no capricho, no apreço ao belo…

características já presentes na chapelaria da localidade muitos anos antes. Não se pode dizer que o

chapéu originou isso. Certamente não, mas ele serviu como antecedente de um passado carregado de

talentos manuais e cuidados, juntando a moda ao artesanato. Todavia, o artesanato nada é sem mãos

talentosas, cabeças criativas e corações emocionados. Esses artesãos, os detentores do ofício,

transformam suas ideias e sentimentos em produtos palpáveis, além de serem os guardiões da história

e das técnicas. Técnicas que fazem, até hoje, a região de Florença ter o ramo vestuário e têxtil como um

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de seus pilares econômicos. Ainda que a chapelaria tenha sofrido o declínio e as mudanças com o passar

dos anos, o chapéu ainda é presente nessa região. Prova disso são algumas fábricas centenárias que lá

ainda se encontram.

Atualmente, muitos profissionais que trabalharam com a chapelaria no seu período de ouro

encontram-se aposentados, sendo muito difícil de serem encontrados. Porém, mesmo já idosos,

guardam histórias preciosas tanto para a história da chapelaria, quanto para a localidade em questão,

bem como as técnicas do ofício. Muitos lamentam saudosamente a sua juventude da qual o chapéu foi

companheiro e protagonista. Eles mencionam, também, os costumes da época, aos quais o acessório

era totalmente ligado como elemento necessário à indumentária, manifestando sua opinião sobre a moda

e a estética “muito mais bonita” daqueles anos. Os mais jovens, que são herdeiros dessas empresas

ligadas ao chapéu, não deixam de serem nostálgicos quando o assunto é o acessório. Contam histórias

de um tempo que, muitas vezes, nem presenciaram, mas que fazem parte das suas histórias, das

histórias de suas famílias. É possível perceber que o amor ao chapéu já estava neles antes mesmo de

nascerem. Quanto ao seu retorno nos costumes e na moda, baseando-se nas pesquisas realizadas,

acredita-se, sim, em uma reaproximação mais efetiva do objeto aos usuários. Quanto ao seu uso ser um

hábito diário na composição da indumentária, é uma hipótese aberta. Todavia, a moda possui essas

particularidades de fazer um elemento ir e vir.

Em Florença, o chapéu é visto, até hoje, como o responsável pela riqueza e desenvolvimento da

região, um motivo de orgulho para a localidade. Portanto, o valor simbólico do acessório nessa localidade foi

maior que adornar ou proteger. Foi o pão de cada dia, o dinheiro do fim do mês, as paredes da casa, a taça

de vinho, a roupa dos filhos. O chapéu formou pessoas e deformou as mãos das mulheres que trançavam as

palhas desde cedo.

REFERÊNCIAS

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