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O ciclo hidrológico em áreas cobertas pela floresta tropical A propósito do processo de formação das nuvens tipo "Cumulus esfarrapadus" Resumo A formação das nuvens do tipo "cumulus esfarra- p&dus" nas áreas cobertas pela floresta tropical. na Amazônia, é a evidência observável da interferência déste tipo de cobertura vegetal no comportamento do ciclo hidrolá9ico. A partir da observação direta e sen- sível do fenômeno. concluiu-se que certa percentagem da água da chuva é evaporada a:1tes que esta atinja o solo; sendo, portanto, a transpiração foliar e a evapo- ração du água da chuva antes que atinja o solo. for· mas normais de adição de umidade para a atmosfera que envolve a floresta trcpical. O processo de forma- ção das ·nuvens do tipo "cumulus esfarrapadus" é de- duzido teoricamente, à espera de informações quantita- tivas que lhe garanta a validade. A observação diretã ·do fenômeno, em to- das suas fases, possibilitou a elaboração de um esquema tentativa, visando a sua compre- ensão. Os registros específicos, envolvendo a microclimatologia florestal são escassos pa- ra a Amazônia, razão pela qual as proposições que se seguem devem ser consideradas como especulatórias. O estudo do papel da cobertura vegetal como elemento interferen te no comportamen- to atmosférico não tem sido negligenciado tanto pelos ecologistas como pelos climatolo- gistas. Richards (1952) & Geiger (1957), auto- res clássicos em ecologia tropical e microcli- matologia, respectivamente, abordam o assun- to com propriedade, mas sem a profundidade desejada, em virtude da carência de registros diretos e específicos para tal, especialmente no caso da Floresta Tropical (pelo menos até a ocasião em que os citados autores editaram suas obras). Mais recentemente, estudos ecológicos têm se preocupado com o problema, definindo, para algumas áreas florestais, parâmetros as- ( •) - Geógrafo do Projeto RADAMBRASIL. ACTA AMAZONICA 11(2) : 325.333. 1981 Antonio Giacomini Ribeiro(*) saciados à estrutura física do ar, sob e ime- diatamente acima da cobertura florestal - Odum, et ai. (1970); Bayton (1963): Kiese (1971); Eber (1971); Molchanov (1971). entre outros. No entanto, a extrapolação dos dados observados nas áreas extra-amazônica é um tanto quanto arriscada, pois a circulação at- mosférica regional estabeleceria pré-condições para a organização estrutural da baixa atmos- fera. A Floresta Amazônic a, pela sua extensão e tipo de estratificação, gera modificações am- bientais de espetacular magnitude, se compa- rada com outras áreas climato-botânicas do globo, especialmente na baixa troposfera. O balanço hídrico em áreas florestadas da Amazônia não pode ser seguramente avaliado pelas técnicas usuais de cálculo que levam em conta a evapotranspiração potencial, pois a evaporação direta do solo é desprezível, sen- do substituída pela evaporação da águ a da chuva antes que esta atinja o solo. Portanto, a evapotranspiração foliar e a evaporação da água da chuva, antes que atinja o solo, são as formas normais de adição de umidade para a atmosfera que recobre a Floresta Tropical, sem desprezar a evaporação direta das super- fícies líquidas dos lagos, rios e igarapés. A gênese das nuvens do tipo Cumulus esfarrapadus expressaria as alteraçõe& da es- trutura higrotérmica da atmosfera. desde o iní- cio de uma chuva até algum tempo após. Faz-se necessário esclarecer que o pro- cesso a ser descrito pressupõe a ausência de fort e circulação horizontal, caracterís. tica pe- culiar do Sistema de Circulação Equatoriaf. assim como estas observaçõ.es têm maior va- para pancadas de chuva com duração -325

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O ciclo hidrológico em áreas cobertas pela floresta tropical A propósito do processo de formação das nuvens tipo "Cumulus esfarrapadus"

Resumo

A formação das nuvens do tipo "cumulus esfarra­p&dus" nas áreas cobertas pela floresta tropical. na Amazônia, é a evidência observável da interferência déste tipo de cobertura vegetal no comportamento do ciclo hidrolá9ico. A partir da observação direta e sen­sível do fenômeno. concluiu-se que certa percentagem da água da chuva é evaporada a:1tes que esta atinja o solo; sendo, portanto, a transpiração foliar e a evapo­ração du água da chuva antes que atinja o solo. for· mas normais de adição de umidade para a atmosfera que envolve a floresta trcpical. O processo de forma­ção das ·nuvens do tipo "cumulus esfarrapadus" é de­duzido teoricamente, à espera de informações quantita­tivas que lhe garanta a validade.

A observação diretã ·do fenômeno, em to­das suas fases, possibilitou a elaboração de um esquema tentativa, visando a sua compre­ensão. Os registros específicos, envolvendo a microclimatologia florestal são escassos pa­ra a Amazônia, razão pela qual as proposições que se seguem devem ser consideradas como especulatórias.

O estudo do papel da cobertura vegetal como elemento interferente no comportamen­to atmosférico não tem sido negligenciado tanto pelos ecologistas como pelos climatolo­gistas. Richards (1952) & Geiger (1957), auto­res clássicos em ecologia tropical e microcli­matologia, respectivamente, abordam o assun­to com propriedade, mas sem a profundidade desejada, em virtude da carência de registros diretos e específicos para tal, especialmente no caso da Floresta Tropical (pelo menos até a ocasião em que os citados autores editaram suas obras).

Mais recentemente, estudos ecológicos têm se preocupado com o problema, definindo, para algumas áreas florestais, parâmetros as-

( •) - Geógrafo do Projeto RADAMBRASIL.

ACTA AMAZONICA 11(2) : 325.333. 1981

Antonio Giacomini Ribeiro(*)

saciados à estrutura física do ar, sob e ime­diatamente acima da cobertura florestal -Odum, et ai. (1970); Bayton (1963): Kiese (1971); Eber (1971); Molchanov (1971). entre outros. No entanto, a extrapolação dos dados observados nas áreas extra-amazônica é um tanto quanto arriscada, pois a circulação at­mosférica regional estabeleceria pré-condições para a organização estrutural da baixa atmos­fera.

A Floresta Amazônica, pela sua extensão e tipo de estratificação, gera modificações am­bientais de espetacular magnitude, se compa­rada com outras áreas climato-botânicas do globo, especialmente na baixa troposfera.

O balanço hídrico em áreas florestadas da Amazônia não pode ser seguramente avaliado pelas técnicas usuais de cálculo que levam em conta a evapotranspiração potencial, pois a evaporação direta do solo é desprezível, sen­do substituída pela evaporação da água da chuva antes que esta atinja o solo. Portanto, a evapotranspiração foliar e a evaporação da água da chuva, antes que atinja o solo, são as formas normais de adição de umidade para a atmosfera que recobre a Floresta Tropical, sem desprezar a evaporação direta das super­fícies líquidas dos lagos, rios e igarapés.

A gênese das nuvens do tipo Cumulus esfarrapadus expressaria as alteraçõe& da es­trutura higrotérmica da atmosfera. desde o iní­cio de uma chuva até algum tempo após.

Faz-se necessário esclarecer que o pro­cesso a ser descrito pressupõe a ausência de forte circulação horizontal, caracterís.tica pe­culiar do Sistema de Circulação Equatoriaf. assim como estas observaçõ.es têm maior va­lid~de para pancadas de chuva com duração

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in ferior a meia hora, tempo suficiente e neces­sário para estabelecer o encadeamento das si­tuações que ora se propõe.

As nuvens tipo Cumulus esfarrapadus, também conhecidas como fiapo de algodão ou barba-de-bode, surgiriam após uma seqüência de situações envolvendo três momentos : an-

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é esquemático. baseando-se mais na lógica do processo que em dados realmente observados

e medidos (o mesmo ocorrendo com os esque­mas seguintes). salvo o gradiente térmico ver­tical (linha contínua) que se aproxima dos re­gistros apresentados por Bayton ( 1963), ape-

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sar de exagerados . As linhas ponti lhadas re· presentam a turbulência convectiva, típica pa­ra o horário considerado (de 10 a 17 horas).

O aquecimento, que se faz do dossel em direção ao solo, provocaria a estrutura típica de inversão térmica: no sub-bosque o ar frio, no estrato arbóreo o ar quente e, imediata­mente acima do dossel, o ar mais quente.

Nesta fase do processo a fotossíntese é intensa, havendo abundante fornedmento de umidade para a troposfera, por evapotranspi­

ração foliar, abastecendo pela base, as nuvens Cumulus e Cumulus nimbus, que iniciam sua formação logo pela manhã.

siTUAÇÃO n - Durante a Chuva (Fig. 2, 3 e 4)

É conhecida na Amazônia a capacidade que tem a chuva de resfria·r a baixa troposfe­

. ra, tanto que, de modo geral, o período mais chuvoso (dezembro a maio) é considerado po­

pularmente como "inverno".

As transformações que a estrutura ·térmi­

ca vertical, ao nível da floresta, sofre com a presença da precipitação pluviométrica, nesta fase, e na seguinte, são especulatórias, não baseadas em dados efetivamente medidos, re­

presentando apenas sua evolução hipotética.

Acima do dossel, o ar tornar-se-ia mais

frio que na etapa anterior, pois a insolação é interrompida pela cobertura da nuvem pluvial, a turbulência é intensa e o próprio contato -do ar com a água precipitada, provocariam o res­

friamento desta camada; comprimindo-se en­tre 0 estrato arbóreo e o sub-bosq~e, ficaria

uma camada de ar quente.

A umidade relativa seria muito elevada ao nível do dossel (ar mais frio); pouco eleva­

da entre o estrato arbóreo e o sub-bosque, aumentando nesta faixa. Entretanto, a cama­da que apresentaria maior umidade específi­

ca seria o estrato arbóreo, justamente onde o maior IAF (índice de área foliar) reteria a maior

parte da água precipitada.

O ciclo ...

A densidade da floresta e a intensidade da precipitaQão determinam a velocidade de penetração da água pluvial através da mesma. Ricnards ( 1952) informa os resultados de pes­quisas efetuadas no sul do Brasil: em condi­ções de floresta tropical, 50% da chuva atin­ge o pluviômetro a 1 ,5m do s:::>lo, se esta for branda e, se for mais intensa, cerca de 60% atinge o recipiente e mais 10% atinge o solo através dos troncos das árvoFes.

SITUAÇÃO m - Após a Chuva (Fig. 5, 6 e 7)

A estrutura vertical da temperatura, após a chuva, tenderia a uma uniformização no in­terior da floresta. Para que isso ocorra, tor­nar-se-ia necessária a difusão do ar quente que, durante a chuva, estaria entre o dossel e o sub-bosque. Esta difusão s~a feita ao nível do dossel, justamente onde a -umidade relativa seria mais elevada, completando-se ao término da chuva.

A difusão do ar quente, por ascenção, pro­vocaria o aumento da capacidade de absor­ção de umidade ao nível do dossel, onde ocor­reria um choque com o ar frio e, a conseqüen-_ te condensação, que se verificaria em volume suficiente para tornar-se visível, sob a forma de nuv~ns do tipo "Cumulus esfarrapadu~" .

No sue-bosque, o ar tornar-se-ia mais frio que antes e durante a chuva, pois é quando es­ta cessa sobre a área, que este estrato rece­beria a maior carga d'água.

. O estrato arbóreo tornar-se-ia menos quen­te e o resfriamento atingiria também a cama­da ocupada pelos "Cumulus esfarrapadus ". O espaço entre o topo destas nuvens e a base dos Se e Cu caracterizar-se-ia pelo aumento da temperatura, provocada por inversão térmi­ca convectiva.

A evaporação dos "Cumulus esfarrapa­dus" ocorreria rapidamente , ccasionada pela camada de inversão térmica e reforçada pela liberação do calor latente de evaporação, que. alimentaria pela base a referida camada de Cu e Se, desaparecendo totalmente após cer­ca de uma hora após a chuva.

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Fig. 2 - Situação 11 - Durante a chuva.

Em contraposição, passado este tempo, é nítido o aumento de volume dos Se e Cu, on­de o primeiro passa a dominar ~Fig . 8).

A ocorrência das nuvens tipo u Cumulus esfarrapadus" seria tanto maior quanto maior fosse a área da floresta tropical densa . Em floresta tropical aberta aparece em bancos re·

328-

duzidos e em áreas de campo e desmatamen­tos (inclusive cultivados). praticamente ine­xiste.

A dinâmica que gera o processo respon­sável pela formação destas nuvens seria res­ponsável, em última análise, pelo retardamen­to do ciclo hidrológico nas áreas florestadas

Ribeiro

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O ciclo . . - 329

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da Amazônia, fazendo com que o mesmc cor­po d'água precipite várias vezes antes de in­corporar-se aos lençóis subterrâneos, aos rios e igarapés. Convém lembrar o papel ecofisio­lógico da própria floresta, como um todo au­mentando este retardamento, ao constituir-se em impedimento físico ao escoamento super­ficial e subsuperficial, assim como ao provo-

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Como conseqüência climática deste fato, percebe-se que o tipo de cobertura vegetal se­ria de fundamental importância para determi­nar o comportamento da precipitação, em seu

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Fig . 7 - Quinze minutos após o término da chuva. os .. cumulus esf arrapadus" aparecem com menos freqüência.

O ciclo -331

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Fig 8 - As nuvens do tipo "cumulus esfarrapadus" e "strato-cumulus" surgem após 30 ou 40 minutos do tér· mino da precipitação pluviométrica.

volume e rítmo, desde que prevaleçam as con· dições de circulação regional anteriormente descritas.

Na ausência da floresta, a água precipita· da escoaria imediatamente em direção aos talvegues, caracterizando um regime fluviomé· trico torrencial: vazantes acentuados e cheias catastróficas, além de provocar terríveis da· nos através da erosão do solo e o assvreamen· to dos rios; igarapés e lagos.

Esta pequena contribuição ao conhe.ci· mento de um dos múltiplos fatores que regem a estrutura do ciclo hidrológico na Amazônia . busca alertar para a necessidade de pesqui­sarem-se os diferentes níveis de organização climática, do zonal ao micro-climático; da gê· nese do fenômeno pluvial às conseqüências de seu impacto.

A experiência tem mostrado que as pes­quisas climatológicas na reg1ao devem aten­tar para os seguintes aspectos:

332-

- necessidade de investigações que tenham como ponto de partida uma série de regis­tros, em escala temporal e espacial, com­

patíveis com a natureza das questões mi ­croclimáticas da floresta tropical amazô­nica;

necessidade de levar-se em consideração a circulação atmosférica regional, mesmo

em estudos de microclimatologia flores­tal, uma vez que esta é pré-condição para definir a entrada de energia no sistema climático em foco;

- necessidade de maior integração ecológi­ca aos estudos climáticos aplicados na

Amazônia, considerando-os correlativamcn­

te com a distribuição espacia l da vege­tação.

Tais providências podem constituir-se em ponto de partida válido para futuras' previsões e generalizações quanto ao comportamento cli-

Ribeiro

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mático e hidrológico da região. elementos · es­senciais ao planejamento do desenvolvimento econômico e social.

SUMMARY

The formation of "cumulus esfarrapadus" type clouds in areas covered by tropical forest in the Ama· zon Basin is lhe obsenieable evidence ot the interfe· rence ot this type ot vegetation cover in the progres· sion ot the hydrologic cycle .

Starting with direct and sensible observatioo ot the phenomenon, it is concluded that a certain perr.E,n· tage ot rainwater evaporates betore hitting the ground; foliar transpiration and evaporation ot rainwater before attaining the soil being. therefore. the normal forms of increased atmospheric humidity that lnvolve the t rop;. vai. _forest.

The process of cloud formation of the type "cumu· lus esfarrapadus" is theoretically deduced, to await quantitative data to confirm its validity .

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(Aceito para publicação em 07 /06/79)

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