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II Conferência IESE “Dinâmicas da Pobreza e Padrões de Acumulação Económica em Moçambique” O Complexo Extractivo-Energético e as Relações Económicas entre Moçambique e a África do Sul Carlos Nuno Castel-Branco Conference Paper Nº16

O Complexo Extractivo-Energético e as Relações Económicas ... · • Os quadros também mostram que o fluxo de investimento é muito irregular e descontínuo, assemelhando-se

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II Conferência IESE “Dinâmicas da Pobreza e Padrões de Acumulação Económica

em Moçambique”

O Complexo Extractivo-Energético e

as Relações Económicas entre Moçambique e a África do Sul

Carlos Nuno Castel-Branco

Conference Paper Nº16

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O C l O C l E t tiE t ti E étiE étiO C l O C l E t tiE t ti E étiE étiO Complexo O Complexo ExtractivoExtractivo--EnergéticoEnergético eeas Relações Económicas entre as Relações Económicas entre

O Complexo O Complexo ExtractivoExtractivo--EnergéticoEnergético eeas Relações Económicas entre as Relações Económicas entre ççMoçambique e a África do SulMoçambique e a África do Sul

ççMoçambique e a África do SulMoçambique e a África do Sul

Carlos Nuno CastelCarlos Nuno Castel--BrancoBrancocarlos.castelcarlos.castel--branco@[email protected]

Carlos Nuno CastelCarlos Nuno Castel--BrancoBrancocarlos.castelcarlos.castel--branco@[email protected]

II Conferência doInstituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE)Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE)

“Dinâmicas da Pobreza e Padrões de Acumulação Económicaem Moçambique”

Grupo Temático I: “Padrões de acumulação económica e o papel da indústria extractiva”M t 22 23 d Ab ilMaputo, 22 e 23 de Abril

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Estrutura da ApresentaçãoEstrutura da Apresentação

• Traços dominantes da base produtiva e de acumulação em Moçambiqueç q

• Evidência• Conclusões

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Traços Dominantes da Base Produtiva e de Acumulação em Traços Dominantes da Base Produtiva e de Acumulação em MoçambiqueMoçambiqueMoçambiqueMoçambique

• O Complexo Extractivo-Energético (CExEn) regional – Definição nuclear: indústrias extractivas e directamente relacionadas (fornecedores ç (

de bens e serviços industriais e os processadores das matérias-primas)– Definição dinâmica do CExEn (ligações económicas, sociais e institucionais mais

amplas):amplas):Modo de acumulação e opções de desenvolvimento

Comportamento macroeconómico:Estrutura e sustentabilidade do crescimento e do empregoo Estrutura e sustentabilidade do crescimento e do emprego

o Impacto nos outros sectores – externalização de custos

o Apropriação, retenção e distribuição da riqueza

Como é q e a economia é financiadao Como é que a economia é financiada

Finanças e investimento (incluindo investimento cruzado entre corporações)

Implicações institucionais – políticas e dinâmicas de incentivos

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Traços Dominantes da Base Produtiva e de Acumulação em Traços Dominantes da Base Produtiva e de Acumulação em MoçambiqueMoçambiqueMoçambiqueMoçambique

• A penetração do CExEn na economia de Moçambique e o seu papel estruturante do modo de acumulação:estruturante do modo de acumulação:– Trabalho migratório e a reprodução da força de trabalho;– Serviços de transporte e o financiamento da balança de pagamentos– Estrutura energética da região e reservas energéticas de longo prazo– Uma economia de extracção com rendas e as possibilidades de ISI

• Mudanças nas formas de domínio do CExEn pós-apartheid– Da exportação de serviços para a exportação de bens (recursos naturais) e

serviços energéticos: o IDE e a reestruturação da base produtivaserviços energéticos: o IDE e a reestruturação da base produtiva– Uma economia de extracção sem rendas e a liquidação da ISI– Globalização do CExEn – China e Brasil e a nova contenda/disputa sobre ÁFrica

( bl f Af i )(scramble for Africa)

4

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Traços Dominantes da Base Produtiva e de Acumulação em Traços Dominantes da Base Produtiva e de Acumulação em MoçambiqueMoçambiqueMoçambiqueMoçambique

• Desindustrialização da economia nacional, definida com base em cinco características fundamentais:– Especialização crescente em actividades de natureza extractiva

(carvão, gás, areais pesadas ou minerais, florestas, actividades agrícolas primárias – tabaco óleos vegetais para biocombustíveis florestas – e pescas)primárias tabaco, óleos vegetais para biocombustíveis, florestas e pescas)

– Perca de ligações, articulações e qualificações e, por consequência, de capacidades de substituir importações e fornecer bens e serviços diversificados à economia nacional e de adicionar valor a jusante de produtos primários; produção economia nacional, e de adicionar valor a jusante de produtos primários; produção substituída por representação comercial de “marcas” internacionais, sem sequer incluir capacidade de fornecer assistência técnica; mercado doméstico mas subdesenvolvido e mais “elitista”subdesenvolvido e mais elitista

– Emprego centrado em torno de actividades extractivas ou serviços, com crescente perca de qualificações e experiência industrial e contracção de oportunidades de emprego;emprego;

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Traços Dominantes da Base Produtiva e de Acumulação em Traços Dominantes da Base Produtiva e de Acumulação em MoçambiqueMoçambiqueMoçambiqueMoçambique

– Fragilidades macroeconómicas:Sustentabilidade do crescimento

o Base: recursos não renováveis

o Volatilidade

o Dependência do mercado externo (de natureza oligopolista) e de dinâmicas de acumulação sobre as quais as políticas e estratégias nacionais não têm impacto

o Fraqueza das articulações domésticas impõe fortes limites para: o crescimento, o valor acrescentado, a criação de novas oportunidades, a emergência de economias de diversificação (horizontal e vertical), a expansão rápida do emprego e a retenção de riqueza

o Debilidade da base fiscal (impacto de incentivos fiscais e da necessidade de desviar recursos para estabilização e compensação)

o Pressões sobre a balança de pagamentos: alta elasticidade das importações relativamente ao investimento (incapacidade de substituir importações) volatilidade das exportações fraca retenção de recursos (incapacidade de substituir importações) , volatilidade das exportações, fraca retenção de recursos (debilidade da base fiscal + repatriamento de lucros + outros custos do investimento estrangeiro), sujeição ao alto risco dos mercados internacionais de capital (comportamento de “manada”);

Incapacidade de mobilizar recursos de forma sustentável – dependência externa para financiar despesa pública e importações não relacionadas com mega IDEdespesa pública e importações não relacionadas com mega IDE

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Traços Dominantes da Base Produtiva e de Acumulação em Traços Dominantes da Base Produtiva e de Acumulação em MoçambiqueMoçambiqueMoçambiqueMoçambique

– Sustentabilidade intergeracional do desenvolvimento – o que é que as futuras gerações vão herdar de nós?gerações vão herdar de nós?

A questão ambientalO problema das opções alternativas a recursos não-renováveis

o Onde se extraem recursos não-renováveis há outros modos de vida. Será sempre a extracção de recursos não-renováveis a melhor opção? A curto prazo e a longo prazos, qual é o impacto nas oportunidades de vida e desenvolvimento e na reprodução e valorização da riqueza natural das pessoas, comunidades e regiões afectadas?

o Se os recursos são não-renováveis, quais são as oportunidades depois de se esgotarem?

o Dadas as pressões ambientais, dado o incremento dos custos de extracção e da energia, e dado a tendência para o esgotamento destes recursos, a tendência tecnológica e produtiva aponta para aceleração das taxas de substituição do uso destes recursos na produção – qual é o impacto disto nas novas gerações que venham a herdar, de nós, um modo de vida estruturado em torno do CExEn?

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Evidência Evidência –– trabalho migratóriotrabalho migratório

2580

Transferências dos Mineiros: valor (em US$ milhões) e proporção das receitas nacionais em moeda externa (%)

2060

70

15

40

50

%)

$ milli

on)

5

10

20

30

(%

(US$

00

10

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Remittances Share of total revenueFonte: Anuário estatístico

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Evidência Evidência –– serviços de transportesserviços de transportes

25120

Contribuição dos transportes ferro-portuários para as receitas nacionais em moedaexterna: em valor (US$ milhões) e em proporção das receitas totais (%)

15

20

80

100

10

15

40

60

(%)

(US$

mill

ion)

520

40

001990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Transport revenue Share of total revenueFonte: Anuário estatístico

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Evidência Evidência –– declínio do papel da exportação de força de trabalho e declínio do papel da exportação de força de trabalho e serviçosserviçosserviçosserviços

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Receitas de transportes ferro-portuários e transferências dos trabalhadores migrantes na África do Sulcomo proporção das receitas nacionais em moeda externa (%)

18

21

12

15

6

9

0

3

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 20061990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Share of transports Share of remittances Fonte: Anuário estatísticop

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Evidência Evidência –– comércio, integração regional e reprodução do padrão comércio, integração regional e reprodução do padrão e modo de acumulação económicae modo de acumulação económicae modo de acumulação económicae modo de acumulação económica

• Os três quadros anteriores mostram o declínio acentuado do peso relativo das duas formas dominantes de estruturação do modo de relativo das duas formas dominantes de estruturação do modo de acumulação em Moçambique pelo CExEn sul-africano (trabalho migratório e transportes ferro-portuários).

• Dado que o contributo nominal (em valor) do trabalho migratório e dos transportes ferro-portuários não diminui (embora tivesse flutuado significativamente) a explicação para a redução rápida do seu peso significativamente), a explicação para a redução rápida do seu peso relativo está no crescimento rápido de outros factores – nomeadamente as exportações dos mega projectos associados com o CExEn e com forte participação de capital sul africanoforte participação de capital sul-africano.

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Evidência Evidência –– comércio, integração regional e reprodução do padrão comércio, integração regional e reprodução do padrão e modo de acumulação económicae modo de acumulação económicae modo de acumulação económicae modo de acumulação económica

• Uma visão de integração assente na liberalização comercial e do investimento dentro da SADC e a reprodução da divisão de trabalho investimento dentro da SADC e a reprodução da divisão de trabalho. Alex Erwin (Ministro sul-africano) e a importância das infra-estruturas de transporte e energia:– Centro industrial – África do Sul – em rápida expansão, requerendo matérias

primas em especial madeiras e fibras sintéticas, e mais energia;– Infra-estruturas de transporte e energia ligam África do Sul com o resto da regiãop g g g

Indústria sul-africana expande

Ganhos de competitividade da indústria sul-africana são partilhados na região

Potenciam novos grandes projectos na região (indústria extractiva e energética)– Potenciam novos grandes projectos na região (indústria extractiva e energética)– Criam incentivo para penetração do grande capital privado no domínio da infra-

estrutura de transporte e energia

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Evidência Evidência –– comércio, integração regional e reprodução do padrão comércio, integração regional e reprodução do padrão e modo de acumulação económicae modo de acumulação económicae modo de acumulação económicae modo de acumulação económica

• Integração regional como instrumento de hegemonia do CExEn na região – o domínio do grande capital extractivo e oligopolista bem como região o domínio do grande capital extractivo e oligopolista, bem como a promoção da malha industrial integrando a região no “mercado doméstico” sul-africano.

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Evidência Evidência –– investimento directo estrangeiroinvestimento directo estrangeiro

8 000 000 0008,500,000,000

Investimento privado aprovado em Moçambique por fonte e por ano (US$)

6,000,000,0006,500,000,0007,000,000,0007,500,000,0008,000,000,000

3 500 000 0004,000,000,0004,500,000,0005,000,000,0005,500,000,000

1,500,000,0002,000,000,0002,500,000,0003,000,000,0003,500,000,000

0500,000,000

1,000,000,000

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Empréstimos Investimento Directo Estrangeiro

Investimento Directo Nacional Total

Fonte: CPI

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Evidência Evidência –– investimento directo estrangeiroinvestimento directo estrangeiro

4 92 3 4 7

1100%

Investimento privado aprovado em Moçambique por fonte e por ano (% do investimento privado total)

2025

15 14 3023

17

34

24

37

14

24 30 18

13

2517 13 14 15 13

413 9 9 4 9 7

12

70%

80%

90%

82

2448

48 70

50%

60%

70%

68

51

35 39

6170 73

66 6474

58

74

59

82

67 6469

2920%

30%

40%

29

0%

10%

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Empréstimos Investimento Directo Estrangeiro Investimento Directo Nacional Fonte: CPI

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Evidência Evidência –– estrutura e tendências do investimento privadoestrutura e tendências do investimento privado

• Os dois quadros anteriores mostram que investimento privado nacional não só é completamente marginal como também só nos anos de fluxos não só é completamente marginal, como também só nos anos de fluxos de investimento muito pequenos é que o IDN adquire alguma relevância

• Obviamente, o investimento estrangeiro é completamente dominante e o funcionamento da economia financeira regional – incluindo em Moçambique – é muito marcada pelo padrão de investimento estrangeiro Por exemplo dados do Banco de Moçambique indicam que estrangeiro. Por exemplo, dados do Banco de Moçambique indicam que nos últimos 3 anos o sector financeiro tem sido o terceiro maior destino de IDE em Moçambique (depois dos recursos minerais e indústria transformadora)transformadora)

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Evidência Evidência –– investimento directo estrangeiroinvestimento directo estrangeiro

8,250,000,000

Investimento privado aprovado em Moçambique por ano (1990-2007), por fonte e com referência asectores determinantes dos picos de investimento (em US$)

6,000,000,000

6,750,000,000

7,500,000,000 RefinariaPetroquímica,Biocombustíveis,Carvão de Moatize

3,750,000,000

4,500,000,000

5,250,000,000Mozal II,Ferro e Aço, Madeiras, Turismo

1,500,000,000

2,250,000,000

3,000,000,000

Açucareiras,Cervejas,Refrigerantes,Cimento,

Mozal I

Motraco,Açucareiras,Cervejas,Refrigerantes,Tabaco,Madeiras

Areias Pesadas

0

750,000,000

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Madeiras

Investimento directo nacional Investimento directo estrangeiro

Empréstimos Investimento privado total

Fonte: CPI

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Evidência Evidência –– investimento directo estrangeiroinvestimento directo estrangeiro

100

Investimento directo estrangeiro aprovado por sector seleccionado em Moçambique(% do investimento directo estrangeiro total)

Areias pesadasCarvão

70

80

90 Mozal I e II

Gas natural

Areias pesadas

50

60

70

20

30

40

0

10

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Mineral Resources IndústriaAgro-indústrias TurismoAgricultura e pescas Transportes e comunicações

Fonte: CPI

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Evidência Evidência –– estrutura e tendências do investimento privadoestrutura e tendências do investimento privado

• Os dois quadros anteriores mostram que a alocação de investimento privado é dominada:privado é dominada:– Pelas dinâmicas do IDE...– ...Que são focadas no CExEn e outras indústrias de natureza oligopolista.

• Os quadros também mostram que o fluxo de investimento é muito irregular e descontínuo, assemelhando-se ao de uma grande empresa e não ao de uma economia Isto é sinal de investimento estar concentrado não ao de uma economia. Isto é sinal de investimento estar concentrado em poucos projectos muito grandes, o que contribui para confirmar a hipótese de excessiva especialização e concentração do padrão de investimento e acumulação económica.

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Evidência Evidência –– investimento directo estrangeiroinvestimento directo estrangeiro

• Dados do Banco de Moçambique e do CPI indicam que:– Capital sul-africano ou baseado na África do Sul participa em 25%-30% dos projectos de Capital sul africano ou baseado na África do Sul participa em 25% 30% dos projectos de

investimento privado em Moçambique com participação de capital estrangeiro;– O peso do IDE sul-africano tem sido mantido relativamente constante à volta de 35% do

IDE total em Moçambique. A África do Sul tem, também, liderado no que diz respeito à ç q , , q porigem dos capitais – tendo sido o primeiro nos últimos anos da década de 1990, e em 4 dos últimos 8 anos desta década;

– Capital sul-africano está envolvido nos mega-projectos e outros projectos de grande envergadura: Mozal I e II, Sazol, areias pesadas de Chibuto, Petroquímica de Nacala, corredor de Maputo, parque transfronteiriço do Limpopo, assim como em biocombustíveis. Capital sul-africano é igualmente dominante numa série de indústrias com carácter oligopolista: cervejas refrigerantes açucareirascarácter oligopolista: cervejas, refrigerantes, açucareiras...

– Brasil subiu para o segundo lugar no que diz respeito à origem do IDE, por causa do carvão de Moatize; e a Austrália, com fortes interesses nas areais pesadas e alumínio, tem-se situado entre a 3ª e 4ª lugar;se situado entre a 3 e 4 lugar;

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Evidência Evidência –– comércio e balança comercialcomércio e balança comercial

250

Comércio entre Moçambique e a África do Sul (US$ milhões)

0

-500

-250

-750

-10001990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Mozambique's exports Mozambique's imports Trade balanceFonte: Anuário estatístico e Relatório Anualdo Banco de Moçambique

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Evidência Evidência –– conta de capitais, comercial e balança globalconta de capitais, comercial e balança global

1,000

Défice comercial, conta de capitais e dinâmicas de investimento (US$ million)

PPI e investimentoPRE:

t bili ã

AID e investimentoprivado (IDE, com

Mega projectose instabilidade

0

500

PPI e investimentomassivo

Incapacidade demanter investimento.Endividamento

estabilizaçãoe ajustamentoestruturalAJUDA EXTERNAcom perca líquidade capitais

p ( ,Mozal I, Açucareiras,etc.)

e instabilidadenos fluxos, AID

-500

1 500

-1,000

El ti id d d t õ

IV Congresso da Frelimocrítica o padrão de

-2,000

-1,500

1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Elasticidade das exportaçõesrelativamente ao investimentoaumenta – mega projectios. Mas receitas não ssão retidasna economia.

crescimento assente emgrandes projectos e comcentro de acumulação restrito aoEstado

Capital account Balance of trade Overall balanceFonte: Anuário estatístico e Relatório Anualdo Banco de Moçambqiue

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Evidência Evidência –– conta comercial e investimento directo estrangeiroconta comercial e investimento directo estrangeiro

800

1,000

IDE, empréstimos externos e balança comercial (US$ milhões)

Padrão de fluxo de recursos é tãoI l f d

200

400

600

Irregular como se fosse o de umaGrande empresa

-200

0

200

-800

-600

-400

-1,200

-1,000

1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Foreign borrowing FDI Trade balance Fonte: Anuário estatístico e RelatórioAnual do Banco de Moçambique

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EvidênciaEvidência –– taxataxa de de coberturacobertura das das importaçõesimportações

90

Taxa de cobertura das importações com e sem mega projectos (em %)

Mozal I e II e Sazol

60

70

80

Mozal I operação

em operação

40

50Mozal II construção

10

20

30Mozal I construção

0

10

1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

C b t d i t õ j t F t A á i t tí ti R l tó i A l

24

Cobertura das importações com mega projectos

cobertura das importações sem mega projectos

Fonte: Anuário estatístico e Relatório Anualdo Banco de Moçambique

Page 26: O Complexo Extractivo-Energético e as Relações Económicas ... · • Os quadros também mostram que o fluxo de investimento é muito irregular e descontínuo, assemelhando-se

Evidência Evidência –– conta corrente e estrutura do investimento e produçãoconta corrente e estrutura do investimento e produção

0

Defice da conta corrente (excluindo saldos dos rendimentos e transferências correntes) com e sem mega projectos (US$ milhões) 

‐693 ‐735 ‐715 ‐681

‐792

‐536 ‐558 ‐533

825 828

‐622

‐760

‐588

‐369

803

‐660

‐796‐693 ‐735 ‐715 ‐681

‐792

‐536 ‐558 ‐533

‐771

‐544

‐778‐750

‐500

‐250

‐848 ‐864792

‐864 ‐825

‐982

‐828 ‐803 ‐796‐848 ‐864

792‐864

8‐838 ‐866

‐953‐1,011

‐1,250

‐1,000

‐1,790 ‐1,816

2 000

‐1,750

‐1,500

‐2,061

‐2,250

‐2,000

1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

fi d jFonte: Anuário estatístico e Relatório Anual do

Defice da conta corrente com mega projectos

Defice da conta corrente sem mega projectos

Banco de Moçambique

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Evidência Evidência –– exportações, importações e investimento privadoexportações, importações e investimento privado

• Os cinco quadros anteriores mostram cinco características centrais da base produtiva de Moçambique:– Primeiro, a elevada elasticidade das importações relativamente ao investimento, o que

é um sinal claro da incapacidade de substituir importações e articular actividades e ligações produtivas (verticalmente e horizontalmente). Exemplo disto é o facto de que mais de 40% das importações de Moçambique vem da África do Sul e que nos mais de 40% das importações de Moçambique vem da África do Sul, e que nos períodos de pico de investimento a estrutura das importações originadas na África do Sul se concentra em equipamento e matérias-primas industriais e materiais e equipamento de construção.É sintomático, também, que uma elevada proporção das importações de Moçambique vindas da África do Sul consiste em energia eléctrica.Portanto, o défice comercial com a África do Sul não é apenas revelador das diferenças de competitividade; é sobretudo revelador das diferenças de estrutura produtiva e comercial. Moçambique não compete, em vez disso depende, de importação de capacidade produtiva.Segundo a elasticidade das exportações relativamente ao investimento aumentou por – Segundo, a elasticidade das exportações relativamente ao investimento aumentou por efeito quase exclusivo dos mega projectos;

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Evidência Evidência –– exportações, importações e investimento privadoexportações, importações e investimento privado

– Terceiro, excluindo os mega projectos, a capacidade de sustentar importações está, em 2007, ao nível em que se encontrava no ano em que terminou a guerra, o que indica a incapacidade de diversificar exportações e substituir importações

– Quarto, a economia Moçambicana está a parecer-se cada vez mais com a economia colonial na fase anterior ao “boom” industrial da década de 1960 –desarticulada, diminuto mercado doméstico, exporta o que produz e importa o que consome

– Quinto se não fosse pelos fluxos de ajuda externa (US$ 1 3 biliões em 2008 para Quinto, se não fosse pelos fluxos de ajuda externa (US$ 1.3 biliões em 2008 para financiar despesa pública) e se não fosse pelo facto de que investimento estrangeiro é superior a 90% do investimento privado, a economia já teria voltado para o estado de aguda crise anterior ao PRE.p g

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Evidência Evidência –– conta corrente e mega projectosconta corrente e mega projectos

0

Défice da conta corrente com mega projectos, excluindo e includindo o impacto dos mega projectos no saldo da conta de rendimentos (US$ milhões)

‐400

‐200

‐800

‐600

‐1,200

‐1,000

‐1,400

1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Defice da conta corrente com mega projectos incluindo saldo da conta de rendimentos. Fonte: Anuário estatístico e Relatório Anualdo Banco de Moçambique

Defice da conta corrente com mega projectos excluindo saldo da conta de rendimentosdo Banco de Moçambique

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Evidência Evidência –– conta corrente e mega projectosconta corrente e mega projectos

250

0

Conta corrente: com mega projectos (incluindo e excluindo saldo da conta de rendimentos) e sem mega projects (US$ milhões)

-750

-500

-250

-1 500

-1,250

-1,000

-2,000

-1,750

1,500

-2,2501987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Defice da conta corrente sem mega projectos

Defice da conta corrente com mega projectos incluindo saldo da conta de rendimentos.

Fonte: Anuário estatístico e Relatório Anual do Banco de Moçambique

g p j

Defice da conta corrente com mega projectos

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Evidência Evidência –– aproximando o contributo real dos mega projectosaproximando o contributo real dos mega projectos

2,000

Mega projectos e balança de pagamentos: exportações, importações, transferências financeiras diversas e respectivossaldo (US$ milhões)

1,000

1,500

0

500

-500

0

-1,0001998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

ExportaçõesImportações Fonte: Anuárioo estatístico e Relatório Anual doçTransferências financeiras diversasSaldo comercialRecursos retidos (salários, outros custos operacionais, etc.)

Banco de Moçambique

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Evidência Evidência –– o que é que os mega projectos de facto dão à o que é que os mega projectos de facto dão à economia?economia?economia?economia?

• Os três quadros anteriores mostram, em relação a apenas dois mega projectos (Mozal e Sazol) o seguinte:projectos (Mozal e Sazol), o seguinte:– Primeiro, o potencial de mobilização de recursos para a economia nacional é

grande– Segundo, que este potencial não é realizado pelo nível de transferências de

recursos financeiros para fora da economia (lucros e outros “custos” relacionados com o investimento) que os mega projectos conseguem realizar e pela dimensão d i ti fi i d b fi idos incentivos fiscais de que beneficiam

– Terceiro, como resultado, os mega projectos contribuem muito pouco para a economia, dado que pouco mais pagam do que as suas importações, o financiamento do repatriamento lucros e outros “custos” de investimento, e o financiamento dos custos operacionais. Aliás, o relatório do Banco de Moçambique de 2007 indica que enquanto os mega projectos absorvem acima de 55% do IDE l t 9% d IDE i tid M biIDE, eles representam apenas 9% do IDE reinvestido em Moçambique;

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Evidência Evidência –– o que é que os mega projectos de facto dão à o que é que os mega projectos de facto dão à economia?economia?economia?economia?

– Quarto, aplicando uma tarifa fiscal semelhante à praticada por alguns outros países da região sobre o capital exportado pelos mega projectos:

O Estado poderia aumentar as suas receitas fiscais em US$ 320 milhões em 2007, aumentando em mais de 50% as suas receitas fiscais. Esta cifra poderia chegar aos US$ 420 milhões em 2008 por causa de novos mega projectos (se estes tiverem sido concretizados)A título de comparação, a totalidade de apoio geral dos doadores ao orçamento de Estado (GBS) em 2008 rondou os US$ 450 milhões.

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ConclusõesConclusões

• Mega projectos (incluindo a extracção de recursos naturais) fazem parte da realidade, dinâmicas e tendências da economia nacionalNã ã i l t Ch lh i l t é di ã f d • Não são irrelevantes. Chamar-lhes irrelevantes é dizer para não fazermos nada com eles. De facto, são relevantes porque estruturam dinâmicas produtivas e políticas centrais do modo de acumulação em Moçambique.

• A questão é como maximizar o seu contributo para a economia nacional através do desenvolvimento de ligações, a mais imediata das quais é relacionada com ligações fiscais.

• A mobilização de recursos, através da tributação, por exemplo, não é um fim em si, mas permite criar o espaço fiscal necessário para promover a alteração do padrão de acumulação e reprodução económica em Moçambique, nomeadamente padrão de acumulação e reprodução económica em Moçambique, nomeadamente através da diversificação e articulação da base produtiva (incluindo a promoção da substituição de importações e desenvolvimento do mercado doméstico), do alargamento da base social e regional de acumulação e da geração de novas alargamento da base social e regional de acumulação e da geração de novas oportunidades e opções para além da exploração de recursos naturais.

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