O Conceito Clássico Da Arte

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  • 7/25/2019 O Conceito Clssico Da Arte

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    - O CONCEITO CLSSICO DA ARTE

    AARTECOMOOFCIO

    A feitura de objetos estticos tem sido quase universal nodiscorrer da histria humana! "esde o a#arecimento do homemmoderno$ durante o #er%odo #aleol%tico su#erior$ e a belaefloresc&ncia da arte das cavernas nos #er%odos auri'nacianos ema'dalenianos$ foram relativamente #oucos os #ovos que$ emtodas as #ocas$ n(o #rodu)iram artefatos que hoje #odemosa#reciar esteticamente como coisas de bele)a$ muito embora j*

    n(o conhe+amos nem aceitemos os valores que eles #romoviam!"urante toda a ,istria$ as obras de arte eram artefatos

    fabricados #ara #romover al'um valor ulterior e n(o$ comoa'ora$ feitos #red#uamente #ara serem obras de arte$ #araserem a#reciados esteticamente$ como aqueles que sobrevive-ram do #assado #odem ser a#reciados de#ois de retirados doseu conte.to e e.#ostos em museus! /e f0ssemos adotar oconceito de obra de arte! su'erida #elo 1rofessor 2rmson$ 3um

    artefato destinado$ em #rimeiro lu'ar$ 4 considera+(o esttica3(1) , ter%amos de e.cluir a maioria dos #rodutos de arte queherdamos do #assado! 5 #ro#or+(o que e.aminamos a obra dearte do #assado$ a #artir da caverna mais anti'a$ verificamos que$#or variados que fossem os seus usos$ de um modo 'eral$ todasas obras de arte eram feitas com uma finalidade! 2m fetichem*'ico$ um tem#lo #ara honrar os deuses e 'lorificar acomunidade$ uma est*tua #ara #er#etuar a memria de um

    homem 67rcia8 ou #ara asse'urar-lhe a imortalidade 6E'ito8$um #oema #ico #ara #reservar as tradi+9es da ra+a ou ummastro tot&mico #ara real+ar a di'nidade de um cl( : eramtodos artefatos$ manufaturados #ara um fim diferente do quehoje denominar%amos esttico! O seu motivo$ n(o raro$ eraservirem de ve%culos a valores que ao de#ois se #erderam noesquecimento! Eram essencialmente 3utens%lios3$ no mesmosentido em que o s(o! uma armadura$ os arreios de um cavalo ou

    objetos de servi+o domstico$ ainda que o #ro#sito a queservissem n(o fosse$ necessariamente$ material!

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    Isso n(o quer di)er que o im#ulso esttico fosse ino#erantena maior #arte da histria do homem! Em seu livro The Biologyof Arts 6;8$ em que estuda o com#ortamento ima'ineiro dos'randes s%mios e suas rela+9es com a arte humana$ o "r!

    "esmond Morris sustenta que$ desde os #rimeiros est*diosevolutivos$ moviam o homem motivos estticos ao lado dos#ro#sitos m*'ico : reli'iosos ou utilit*rios! Isto corroborado#elo 1rofessor 1aul /! ?in'ert$ uma das maiores autoridades emarte #rimitiva$ que mostra como$ no desenvolvimento dos of%ciosutilit*rios como os t&.teis$ a cer@mica$ a cestaria$ a metalur'ia$ oentalho na #edra ou o entalho na madeira$ funcionava o im#ulsoesttico$ indu)indo os homens #rimitivos$ #or vaidade ou #ara

    'ranjear estima$ ou mesmo$ de fato$ #or sim#les #ra)er$ atrabalharem os seus artefatos com maior habilidade$ aembele)arem-nos decorativamente e a darem-lhes umaredundante bele)a de formas em rela+(o 4s suas necessidades#uramente #r*ticas e que as transcendia 68! Mas a fun+(oesttica raro ou nunca se a#resentava s e aut0noma! Adistin+(o hoje familiar entre as 3belas-artes3 e as artes Bteis ouindustriais s se tornou #reeminente no decurso do sculo

    DIII na Euro#a$ e foi$ de certo #onto de vista$ um dos #rimeirossintomas da e.#uls(o 'radativa da 3arte3 da estrutura inte'radada sociedade! Em #ocas #assadas n(o e.istia o conceito das3belas-artes3 todas as artes eram artes de uso! E quando$ no#assado$ os homens jul'avam as suas obras de arte a#reciavam-nas #ela e.cel&ncia do seu lavor e #ela sua efic*cia na consecu+(odos #ro#sitos #ara os quais tinham sido criadas! Essa atitude e.#osta com admir*vel concis(o no di*lo'o de 1lat(o Hippias

    Major, em que ocorre a defini+(o #ro#osta da bele)a como3efic*cia #ara al'um bom #ro#sito3!

    O anti'o conceito 're'o : e romano : da arte elucidativo#orque torna inteli'%vel essa atitude$ que #redominou durante'rande #arte da histria humana! Em contraste com a nossa$ aatitude dos 're'os e romanos em rela+(o 4 arte era eminentemente#r*tica e houve #ouco esteticismo consciente na Anti'idade$#elo menos at o sur'imento dos conhecedores$ no sculo de

    Au'usto 6GG A!"!-;H "!C!8! Como disse E! E! /ies$ que

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    escreveu sobre literatura 're'aJ 31ara os 're'os do quintosculo$ a frmula de L'art pour l'art 6a arte #ela arte8 teria sidomonstruosa ou sim#lesmente ininteli'%vel!3 As artes erama#reciadas e.atamente como quaisquer outros #rodutos da

    indBstria humana : #ela sua efic*cia na #romo+(o dos objetivos#ara os quais tinham sido feitas! Alm disso$ as belas-artes$ comohoje lhes chamamos$ estavam mais Intimamente inte'radas navida da anti'a cidade soberana do que o est(o na comunidademoderna$ em que uma aborda'em esttica ainda restrita e aeleva+(o das artes a um #edestal cultural lhes enfraqueceu ainflu&ncia direta na vida da maioria$ dilatando o abismo entre o'osto inculto e o que denominamos 'osto 3requintado3! Ka

    7rcia anti'a$ a vida se vivia muito mais no #lano social do queacontece conosco! As ocu#a+9es e #reocu#a+9es #rivadasdesem#enhavam uma #arte relativamente #equena na e.ist&nciatotal do 're'o comum da era cl*ssica! A arte deles tinha tambmuma fun+(o eminentemente social! K(o se escrevia #oesia #araser lida em casa #elos #oucos que #orventura a a#reciassem! Os#oemas #icos nacionais eram b%blia e manual no sistema edu-cativo! Cantavam-se #oesias em todas as reuni9es sociais e

    em todas as cerim0nias reli'iosas$ e a #oesia era uni com#le-mento essencial dos 'randes certames atlticos! Re#resentava--se o drama sob os aus#%cios do Estado nas festividades reli-'iosas nacionais$ a que assistiam todos os cidad(os!

    Acom#anhante essencial da #oesia$ a mBsica tinha #resen+aasse'urada em todos os acontecimentos sociais e reli'iosos$ na#a) e na 'uerra$ como entretenimento e nas mais sriasatividades da vida do homem! Fa)ia #arte do curr%culo

    educativo aceito! As cidades$ mais do que os indiv%duos$encomendavam e com#ravam as 'randes est*tuas e quadros! A#oesia e as artes foram$ muito sim#lesmente$ a mais im#ortanteinflu&ncia na anti'a 7rcia #ara modelar a vida do indiv%duo e aestrutura da sociedade! 1or conse'uinte$ os 're'os avaliavamas obras de arte #ela nature)a da influ&ncia que se lhesatribu%a! O Bnico outro critrio comumente a#licado era o do lavor!Kuma #oca sem m*quinas$ as #essoas tinham #rofunda

    consci&ncia dos #adr9es de e.ecu+(o! As obras de arte$ como os

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    outros #rodutos da indBstria humana$ eram a#reciadas #elo n%velde trabalho que revelavam!

    Os filsofos se interessavam #rinci#almente #or discutir asartes em rela+(o 4 sua fun+(o educativa e ao seu im#acto social!Lul'avam #elos resultados! Mostrava-se uma obra de arte efica)#ara a sua finalidade e era boa essa finalidade Onde oscritrios tcnicos e morais entravam em conflito$ os Bltimos tinham#reced&ncia : como aconteceu$ #or e.em#lo$ quando 1lat(o#ro#0s que se e.#ur'asse ,omero$ n(o #orque certos trechosn(o fossem #oticos$ sen(o #orque$ no seu entender$ os trechosmais #oticos eram os mais vi'orosos e$ #ortanto$ mais #eri'osaera a sua influ&ncia (Repblica, N! iii$ PHb8! A distin+(o entreas qualidades estticas e o efeito total de uma obra de arte n(oacudia de #ronto 4 mente 're'a$ se que che'ava a acudir!

    /2MQRIO! As obras de arte s(o consideradas artefatosfabricados com um #ro#sito! Re#utam-se bem sucedidas deacordo com a sua efic*cia #ara o #ro#sito que levam e com aestima+(o desse #ro#sito! Essa atitude tende a obscurecer oscritrios estticos e substitu%-los #ela efici&ncia tcnica de um

    lado e$ de outro$ #ela a#recia+(o moral ou social dos efeitos! O#9e-se 4 cren+a moderna nos #adr9es estticos inde#endentes ou3aut0nomos3$ #elos quais se devem avaliar as obras de arte!

    UMA TEORIA SCIO-ECONMICA DA ARTE

    /ustentou-se$ #or esses motivos$ que os 're'os n(o tinhamuma #alavra #ara si'nificar 3arte3 ou 3artista3 em nosso sentido e

    que lhes faltava o conceito dela! Antes da era da #rodu+(o #elam*quina$ manufatura era sin0nimo de indBstria de oficina!Considerava-se o artista um manufator entre os demais$ numtem#o em que se conferia alto #r&mio 4 habilidade dotrabalhador! Este era comumente desi'nado #elo nome deoficial (techites) ou art%fice (!e"iourgos)# Assim$ 1lat(o serefere ao escultor F%dias como a um 3art%fice3 no #in*culo da sua#rofiss(o e$ #ortanto$ autoridade no que correto e a#ro#riado

    na feitura de uma escultura dos deuses (Hippias Major, >

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    utilidade$ nesse caso a utilidade de um sa#ato #intado inferior4 de um sa#ato real! Assim tambm o #oeta descreve qualquercoisa$ tudo$ sem ter$ todavia$ conhecimento tcnico de nada! Foi#rinci#almente #or esse motivo que 1lato n(o conse'uiu

    conformar-se com a utili)a+(o dos #oetas na instru+(o eeduca+(o dos jovens e lhes considerava as obras inferiores aosmanuais tcnicos e cientif%cos$

    Kuma ocasi(o em que as suas artes mec@nicas haviam atin'idoum n%vel elevad%ssimo de bele)a formal e 'osto$ evidente queos 're'os mal tinham che'ado ao mais remoto ind%cio daa#recia+(o esttica como valor ou 3bem3 distinto$ que merecesseser cultivado #or si mesmo! Ko caso das be-las-artes$ como di) o1rofessor ?! "! Ross em seu livro Aristotle 6;$ #! >;H8J31ode-se #resumir que o seu uso seja a contem#la+(o esttica$mas n(o e.iste nenhuma #rova manifesta de que Aristteles

    jul'asse ser esse um fim em si mesmo C;8$3 Essa curte)a devistas estranhamente ilustrada era v*rias discuss9es da3bele)a3 dos artefatos! Ko Hippias Major, o #om#oso #ol%mato,%#ias levado$ cora dificuldade$ a admitir que se a 3adequa+(oao #ro#sito3 o ciitrio da e.cel&ncia$ uma concha de so#a$feita de madeira$ mais bela do que outra$ feita de ouro$ #orquese adequa melhor 4 sua tarefa! Kos Me"orabilia, enofontere#resenta /crates sustentando que um cesto dur*vel deestrume #ode ser uma coisa bonita e um escudo mal feito deouro$ uma coisa feia que as casas mais 3belas3 s(o as que semostram quentes no inverno$ frias no ver(o e 4 #rova deladr9es! 6Ka anti'a Atenas os donos das casas eramamea+ados #or ladr9es que o#eravam abrindo um buraco na#arede da casa!8 enofonte acrescenta um re#aro$ curioso en(o e.#licadoJ 3As #inturas e decora+9es coloridas das #aredesnos #rivam$ cuidava ele$ de um #ra)er maior do que o que nos#ro#orcionam!3 Mas no #r#rio ar'umento a efici&ncia o BnicocritrioJ uma coisa #ode chamar-se bela (&alo) com refer&ncia aum #ro#sito e o contr*rio com refer&ncia a outro! Kin'umco'ita de saber se a colher de #au ou a colher de ouro mais bem feita 6o #ro#sito de uma colher servir #ara comere n(o #ara ser contem#lada com #ra)er8 ou se o cesto de estru-

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    me ou a casa de cam#o de /crates foram constru%dos de modoque a'radem ao olhar! Essa teori)a+(o se tornar* ine.#lic*velse tradu)irmos a #alavra em tela : to &alo : #or 3belo3! E uma#er#le.idade semelhante sur'ir* se considerarmos o teche

    're'o como equivalente a 3arte3! O que fica dito mostra que osconceitos 're'os de 3arte3 e 3bele)a3 diferiam dos nossos!

    A #alavra 're'a teche 6da qual derivamos 3tcnica38 denotavauma habilidade ou of%cio! Mas os 're'os n(o a consideravama#enas como habilidade manual cultivada se'undo re'ras n(oes#ecific*veis de tradi+(o oficinal$ sen(o como um ramo doconhecimento$ uma forma de ci&ncia #r*tica! 1ois eramsens%veis 4 conveni&ncia de converter tcnicas herdadas emsistemas de re'ras e mtodos que #udessem ser comunicados eensinados$ mais ou menos como o crescimento da indBstria fabrilnos tem#os modernos acarretou a redu+(o$ at onde foi #oss%vel$das velhas habilidades de artesanato a sistemas es#ecific*veis de#er%cia industrial! Ko #ronunciamento cl*ssico$ #ortanto$ Aristtelesdefine teche 6tradu)ido #ara 3arte38 como 3a ca#acidade defabricar ou fa)er al'uma coisa com urna correta com#reens(o dos#rinc%#ios envolvidos3! Ka ordem do conhecimento teche vinhade#ois da 3ci&ncia3$ o conhecimento terico de #rinc%#ios ecausas$ como os que di)em res#eito 4 Matem*tica e 4 Filosofia$ eda 3sabedoria #r*tica3$ #or intermdio da qual colocamos emordem de valor os diversos 3bens3 dos v*rios of%cios e #rofiss9es!

    A memria$ #ela qual o homem difere dos animais$ #ossibilita oacBmulo e a transfer&ncia da e.#eri&ncia de 'era+(o #ara 'era+(oe da e.#eri&ncia herdada$ esclarecida #ela com#reens(o$ #rovmteche# Teche est* sem#re diri'ida #ara al'um fim ulterior 6of im da Medicina a saBde$ etc!8 e n(o buscada #or simesma! A 3ci&ncia3$ #or outro lado$ re#resenta o #uro amor doconhecimento #or si mesmo! O que n(o encontramos al'umasu'est(o de que #ossa e.istir valor no cultivo da e.#eri&ncia$incluindo a e.#eri&ncia esttica$ #or ela mesma 6 l8! Esta foi umadas idias mais destacadas da idade rom@ntica!

    Ka tica 6U$ G8 Aristteles distin'uiu duas classes de teche,

    os of%cios #elos quais fae"os al'uma coisa (pra&to), e osof%cios #elos quais costru"os al'uma coisa (poieto)# E.em#los

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    dos #rimeiros seriam a A'ricultura e a Medicina$ e dos Bltimos$ aEscultura e o fabrico de sa#atos! Ka Metafsica 6Hb G8 mas nenhuma constitui umfirn em si mesma : os seus valores s(o derivativos (*t# ;;H=b8$ restauram as ener'ias do homem #ara o trabalho! Ka$oltica 6viu$ V8 Aristteles enumera os usos que a mBsica #odeter na educa+(o$ como #assatem#o le'%timo e como recrea+(o

    do trabalho! Ele e.trema destes o #ra)er mais elevado da mBsicacomo em#re'o ideal do la)er #ara ser cultivado #or si mesmo e$como tal$ o considera um constituinte da meta su#rema dafelicidade! Como j* tivemos a)o de notar$ esta a maiora#ro.ima+(o com que to#amos nos escritos cl*ssicos 're'os damoderna no+(o de uma e.#eri&ncia esttica que a si #r#ria se

    justifica!

    A tend&ncia #ara #ensar nas belas-artes em fun+(o de umateoria 'eral da #rodu+(o esbo+a-se com suma clare)a em 1lat(oquando$ no Ba+uete 6>Vc8$ ele discute a #alavra poiesis 6daqual deriva 3#oeta38$ #alavra que$ ori'inalmente$ si'nifica3construir3 ou 3fa)er3 no sentido mais lato! 3Toda causa3$ di)ele$ 3de uma coisa que #assa do n(o ser #ara o ser poiesis, desorte que as atividades manufatureiras em todos os ramos daindBstria s(o formas depoiesis e todos os art%fices e oficiais s(o

    poietai 6#oetas8! Entretanto$ n(o se chamam #oetas$ mas recebemoutros nomes$ e de toda a poiesis s a #arte que se refere 4mBsica e aos versos se distin'ue #or ser chamada #elo nome querealmente #ertence a todas! 1ois s esta comumente sedenomina #oesia e s os que se ocu#am dessa #arte da

    poiesis s(o denominados #oetas!3 O ar'umento se destina a#rovar que$ a des#eito da distin+(o de nomes$ artistas e #oetasest(o em i'ualdade de condi+9es com os demais manufatoresno que se refere 4 sua atividade #rodutiva! A classifica+(o formaldas belas-artes$ feita #or 1lat(o$ se encontra no ofista 6>=V8! Ele

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    distin'ue a constru+(o divina (poiesis) como a constru+(o deal'uma coisa #artindo do nada 6isto -, cria+(o8 e a constru+(ohumana de al'uma coisa tirada de outra coisa qualquer! Tanto a

    poiesis divina quanto a humana #odem consistir na constru+(o de

    coisas reais ou na constru+(o de ima'ens e a#ar&ncias! Os deusescriaram coisas reais 6homens$ animais$ #lantas$ etc!8 do nada$ ecriam ima'ens dessas coisas$ como nos sonhos e nas mira'ens!Kos #rodutos dos of%cios industriais os seres humanos criamcoisas reais mas na #oesia$ na #intura e nas outras artes 3que#ro#orcionam #ra)er3 criam simulacros ou ima'ens de coisas reais!Essas ima'ens t&m as a#ar&ncias de coisas sem a realidade es(o$ #ortanto$ em ess&ncia$ uma ilus(o e um en'ano! Kessas

    condi+9es$ a atividade do aicista uma 3es#cie de jo'o a quefalta seriedade3 (Repblica, L# .$ =>b8!

    Talve) seja$ inevit*vel que os filsofos que fa)em disserta+9essobre as belas-artes subordinadas a uma teoria social ouecon0mica da indBstria em 'eral che'uem ao #onto em que sev&em em tremendas dificuldades #ara descobrir justifica+9esra)o*veis #ara a estima em que t(o freqentemente s(o tidasas artes ou #ara a#resentar ra)9es #or que elas n(o devam serdis#ensadas como triviais redund@ncias das srias #reocu#a+9esda vida 68W "esde o tem#o dos 're'os$ esse '&nero de #onto devista$ se bem que raras ve)es e.#resso abertamente$ e.erceuinflu&ncia muito mais #rofunda sobre o car*ter do #ensamentoeuro#eu acerca das artes do que sobre qualquer outra dentreas #rinci#ais culturas!

    /2MQRIO! 2m enfoque sociol'ico$ que subordine a teoria da

    arte a uma teoria da manufatura ou da indBstria tende aa#equenar a im#ort@ncia das belas-artes e a trat*-las como frivo-lidade social! Al'umas teorias sociol'icas da arte visam a#enasa 'enerali)a+9es factuais a res#eito dos ca#richos do 'osto$ aes#cie de coisas que as #essoas em v*rias ocasi9es e lu'aresconsideraram$ de fato$ como belas e os critrios de jul'amentoart%stico que$ de fato$ a#licaram! Ka medida em que era socio-l'ico o seu enfoque$ a teoria 're'a #artilhava com as teorias

    mar.istas modernas do desejo de a.aliar as atividades art%sticas

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    em fun+(o da contribui+(o que se #resume que #restem 4 so-ciedade e 4 reali)a+(o de um ideal mais am#lo de valor social!

    APNDICE 1

    A 1O/IXYO/OCIAN"OARTI/TA

    A teoria da arte que domina raras ve)es se encontrar*cabalmente e.#ressa nesse #er%odo! Isso est* im#l%cito nasatitudes #r*tcas em rela+(o 4s obras de arte e na situa+(o socialdo artista! Zuando$ #or e.em#lo$ a arte considerada um of%cioou ramo da indBstria de oficina$ a #osi+(o do artista na sociedadee a estima que lhe concedida corres#onder(o 4 atitude social

    #ara com os trabalhadores e art%fices! Em cone.(o$ #ortanto$ coma atitude scio-econ0mica e.em#lificada em 'rande #arte da teoriada arte 're'a$ faremos breve a#anhado da #osi+(o social doartista na medida em que esta variou com as mudan+as sofridas#elo conceito de arte desde a Anti'idade cl*ssica at ?illiamMorris!

    A sociedade 're'a baseava-se numa aristocracia de cidad(ossobre#osta a um cor#o de artes(os e mercadores$ de ori'em

    estran'eira$ com uma #o#ula+(o escrava que e.ecutava os ti#osmais 'rosseiros de trabalho manual e os servi+os domsticos! Aconce#+(o da di'nidade do trabalho n(o fa)ia #arte da filosofia're'a! O cidad(o nascido livre que reali)asse al'um trabalhomanual descia da sua di'nidade$ mais ou menos como descia dasua o getle"a que$ nos tem#os vitorianos$ se dedicasse ao3comrcio3! Assim sendo$ os artistas$ considerados uma classe detrabalhadores art%fices$ n(o ocu#avam lu'ar elevado na escala

    social! Em Hist/ria ocial !a Arte 6;

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    re#resentam al'uns dos mais famosos artistas 're'os comoe.c&ntricos$ homens de enormes rique)as e not*veis #elaarro'@ncia! "e um modo 'eral$ todavia$ o artista na Anti'idadeera tratado corno um trabalhador e foi essa a sua #osi+(o durante

    toda a Idade-Mdia! A #oesia e a teoria 6mas n(o a #r*tica8da mBsica se inclu%am entre as 3Artes Niberais3$ atividadesa#ro#riadas a um homem culto e a um cavalheiro a escultura e a#intura #ertenciam 4s 3artes srdidas3 e aqueles que as#raticavam$ classificados entre os trabalhadores manuais ouart%fices$ eram membros$ freqentemente$ das 'uildas deartes(os! Em Sru.elas se associavam aos ourives$ em Sru'esaos a+ou'ueiros$ em Floren+a aos botic*rios e comerciantes de

    es#eciarias (speiali)# Com o #assar do tem#o$ os artistasor'ani)aram confraternidades #r#rias! A o"pagia !ei $ittori,dedicada a /(o Nucas$ florentina e aut0noma$ data de ;

    Ka Renascen+a modificou-se a #osi+(o social do artista$quando se #0s em evid&ncia o seu conceito como erudito oucientista! 2ma das #rinci#ais inten+9es do livro influente deNeonardo$ $aragoe, com as com#licadas com#ara+9es entre#intores e #oetas$ resumia-se em #rovar que a #intura e a es-cultura eram 3artes tericas3$ mais assuntos do intelecto do queof%cios manuais! Isto e.#lica a &nfase dada a coisas como a#ers#ectiva$ as teorias matem*ticas da #ro#or+(o e o acom-#anhamento de saber histrico e cl*ssico que se cuidavam ne-cess*rios a um #intor histrico! A #artir desse tem#o se conferiu

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    #reemin&ncia ao conteBdo 3filosfico3 das artes visuais e 4nature)a #redominantemente intelectual da a#recia+(o$ co-municando uma tend&ncia racionalista e intelectual 4 teoria daarte que vi'oraria nos sculos se'uintes! O sur'imento da

    conce#+(o das belas-artes no sculo DIII incentivou o divrciodo artista com os art%fices e oficiais nos cam#os utilit*rios!

    Mais ou menos cm fins do sculo I$ o Movimento das Artes eOf%cios na In'laterra tentou #rovocar uma restaura+(o artificial dasitua+(o medieval e$ ao mesmo tem#o$ im#rimiu um si'nificado#r*tico a v*rias teorias sociol'icas da arte$ cujas ramifica+9esse estenderam de maneira im#ortante #elo sculo ! A #rinci#alins#ira+(o do movimento #artiu de ?illiam Morris$ que deu efeito#r*tico 4s idias #or ele lar'amente hauridas em Rusin! Afilosofia de Morris baseava-se$ em #arte$ numa ideali)a+(o daIdade-Mdia$ de que ele com-#artiu com Rusin$ 1u'in$ aFraternidade 1r-Rafaelista e muitos outros artistas e #ensadoresdo seu tem#o$ e foi$ em #arte$ uma tentativa de fu'ir 4 sord%ciados #rimrdios da era industrial$ restabelecendo o rel'io edescobrindo uma alternativa #ara a #rodu+(o fabril! Morris n(oacom#anhou Rusin at o fim em sua cren+a de que$ resultando aboa arte necessariamente do #ro#sito moral elevado ecarecendo a m*quina de consci&ncia$ a indBstria da m*quina inca#a) de #rodu)ir obras de arte! Adotou$ #orm$ como ess&nciade suas doutrinas socialistas$ a convic+(o de que a rai) do malsocial no seu tem#o se encontraria na se#ara+(o entre otrabalho e a ale'ria$ entre a arte e o of%cio! Ko seu entender$ osistema social e as condi+9es de trabalho que resultavam da#rodu+(o em massa$ mais do que a m*quina #ro#riamente dita$3fa)iam com que a vida se tornasse cada dia mais feia3!Re#udiava$ #or conse'uinte$ a idia das 3belas-artes3 como coisa4 #arte na cate'oria dos arti'os de lu.o e definia a arte como 3ae.#ress(o da ale'ria do homem no trabalho3! Insistindo em que aatividade esttica deve abran'er todo o conjunto da vida dohomem$ fe) da reinsti%ui+(o do ideal do artesanato universal o seuem#enho! O seu medievalismo se enquadrava nesse #lano dereforma social #orque ele acreditava que a Idade-Mdia$ maisdo que qualquer outro #er%odo da histria euro#ia$ ilustrou a

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    fus(o da arte com a vida e a universalidade do artesanato$ emque ele via a salva+(o da sociedade contem#or@nea!

    As suas doutrinas$ com efeito$ eram muito mais que um retrocesso!,* enorme diferen+a entre uma sociedade em que o artista oart%fice que acerta de ser #erito na confec+(o de quadros ouesculturas em lu'ar de sa#atos ou mveis$ e uma sociedade$como a que Morris ambicionava$ em que todos os art%fices ter(oas atitudes do artista! 1or via de re'ra$ o artista um homemcom uma voca+(o! Reali)a-se na sua arte e ainda que n(o lo'reale'ria e felicidade ao #ratic*-la$ #elo menos n(o conse'ue serfeli) sem ela! Em 'eral$ o artista continuar* a #raticar a sua artemesmo que as condi+9es econ0micas lhe #receituem ocontr*rio! Ora$ nem tudo isso se a#lica ao oficial ou ao art%ficeem 'eral! Alm disso$ como vimos$ na Anti'idade cl*ssica e naIdade-Mdia o artista-artes(o n(o a#licava #adr9es estticosconscientes 4 sua obra$ mas se tinha na conta de um honestoart%fice que #unha toda a sua #er%cia numa tarefa reali)ada comum #ro#sito! Zuando se enunciam$ os #adr9es estticosim#l%citos no conceito das belas-artes n(o #odem seruniversalmente im#ostos a todos os artes(os! / uma#resun+(o em favor do funcionalismo seria ca#a)$ mais uma ve)$de trans#or o abismo!

    "e um #onto de vista #r*tico$ o movimento de Morris estavafadado ao malo'ro$ visto que nunca e.istiu qualquer #ossibilidadeecon0mica real de reintrodu)ir a indBstria da oficina$ em lar'aescala$ em substitui+(o 4 #rodu+(o fabril ou deter$ de al'umaforma$ a #rodu+(o em massa #elas m*quinas! K(o obstante$ o

    movimento e.erceu consider*vel influ&ncia$ mormente noestran'eiro! Ka Qustria acarretou o estabelecimento das?erst(tte e$ na Alemanha$ foi o #recursor da tend&ncia estticaque se cristali)ou na Sauhaus! Em lu'ar da idia de Morris doartesanato universal$ a nova consci&ncia esttica encontroue.#ress(o nas tentativas de melhorar o #adr(o esttico dosarti'os fabricados #ela m*quina$ encomendando-se a artistas odesenho de #rotti#os #ara a #rodu+(o em massa! Ka

    Alemanha$ o arquiteto Sehrens foi em#re'ado em ;

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    di*rio que fossem$ ao mesmo tem#o$ funcionalmente eficientes ebela e harmoniosamente afei+oados! O arquiteto finland&s Alvar

    Aalto$ em colabora+(o com sua es#osa Aino Marsio$ desenhou aoutrora #o#ular mob%lia Arte! 2ma das metas centrais da

    Sauhaus era reunir a arte e o of%cio e adestrar artistas--art%ficesque introdu)issem os #rinc%#ios do bom desenho esttico nos#rodutos da indBstria$ ada#tando o desenho aos novos materiaisda idade moderna e aos novos mtodos de manufatura! Metasal'o semelhantes ins#iraram as Ome'a ?orsho#s$ fundadasna In'laterra #or Ro'er Fr^ em ;

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    a#ro#riar e.atamente 4 tarefa que lhe cabe e.ecutar$ essa coisaser* bela! Trata-se de uma teoria que tem uma histria muitocom#rida e que j* foi #o#ular%ssima$ sobretudo em cone.(o com aarquitetura e as artes Bteis$ nos #rimeiros dec&nios do #resente

    sculo! Infeli)mente$ a teoria amb%'ua! 1ode ser inter#retadaem v*rios sentidos diferentes$ que nem sem#re se conservaramdistintos uns dos outros! Os #rinci#ais si'nificados a que a teoriadeu ori'em s(o os se'uintesJ

    ;! 1or defini+(o$ a ada#ta+(o ao #ro#sito fa) #arte dosi'nificado da #alavra 3belo3! 1or conse'uinte$ quandodi)emos que uma coisa bela queremos di)er que elafoi bem feita #ara um determinado fim$ mas n(oim#licamos$ necessariamente$ que ela boa de se olharou que #ossui bele)a de a#ar&ncia no sentido esttico!

    >! Os e.em#los de ada#ta+(o intencional dos meios aosfins$ como a teleolo'ia manifesta na nature)a ou aada#ta+(ofuncional$ s(o chamados 3belos3 #orque a a#reens(odesse ti#o

    de intencionalidade nos #ro#orciona #ra)er intelectualsemelhante ao que nos d* um #roblema #reciso de.adre) ou uma ele'ante demonstra+(o matem*tica!Essa bele)a do #ro#sitointelectualmente a#reendido n(o envolve necessariamente$nateoria$ a bele)a #erce#t%vel da a#ar&ncia!

    ! 1or outro lado$ #ode-se sustentar que o funcionalismo no sentido da adequa+(o a um #ro#sito #retendido uma'arantia de bele)a visual!

    G! Ou #ode sustentar-se que a adequa+(o a um #ro#sito s ser* 'arantia de bele)a se a adequa+(o forvis%vel e a#arente 6#or e.em#lo$ a forma 3aerodin@mica38!

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    V! A adequa+(o ao #ro#sito co!i45o de que al'umacoisa seja bela$ mas n(o $ em si mesma$ 'arantia debele)a!

    "isso se colhe$ #ortanto$ que h*$ nas v*rias formas da teoriafuncionalista$ uma ant%tese im#l%cita entre a bele)a visual e abele)a intelectualmente a#reens%vel! O #rimeiro sentido dofuncionalismo retrocede 4 Anti'idade cl*ssica! Ko Hippias Major,como vimos$ 1lat(o discutiu as defini+9es de bele)a como3adequabilidade3 e 3utilidade3 6isto $ ada#ta+(o eficiente a um#ro#sito a#rovado8! Tais defini+9es voltam a ser discutidas #or

    Aristteles nos T/pica 6;>a = e ;Va ;8! Kos Me"orabilia deenofonte /crates sustenta que os cor#os humanos e todas ascoisas que os homens usam 3s(o considerados belos e bons comrefer&ncia aos objetivos que eles se destinam a servir3! Kessasdiscuss9es$ n(o se co'ita da bele)a visual$ da atratividade daforma e.terior!$ As discuss9es elucidam as ila+9es da #alavra're'a &alos 63belo38! K(o se afirma que$ #or ser bem #rojetada#ara servir ao #ro#sito a que se destina$ uma coisa bela naa#ar&ncia! Ka verdade$ est* e.#ressamente declarado nosMe"orabilia que a mesma coisa #ode ser &alos no queconcerne a um #ro#sito e n(o &alos no que se refere a outro!

    Encontramos um #aralelo dessa atitude na defini+(o do belocomo o que quer que se #ossa considerar um bom e.em#lo doseu '&nero$ defini+(o e.#licitamente #ro#osta #elo esteta franc&sCharles Nalo 6;PHH-;H8$ onde ele di)$ #or e.em#lo$ que

    um mdico #ode falar numa 3bela Blcera3$ n(o estar* querendodi)er que a Blcera seja bela #ara os olhos$ sen(o que ume.em#lo e.celente de Blcera t%#ica e que no reconhecimento disso#odemos sentir #ra)er intelectual! 2ma variante desseconceito 6K![ G acima8 seria sustentar que uma coisa belaquando "aifesta"ete um bom e.em#lo da sua es#cie!

    Embora fosse muito sens%vel ao #ra)er intelectual deriv*veldo reconhecimento da ada#ta+(o teleol'ica$ Aristteles o

    distin'uia claramente da bele)a visual da forma! Em seu livro sobrehistria natural$ o 6e $artibus Ai"aliu" 6=GVa8$ confessa que se

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    #ro#9e escrever sobre todas as es#cies de animais$ at os maisi'nbeis! 1ois se bem estes sejam re#u'nantes aos sentidos$ aorevelarem a #er%cia da nature)a 4 contem#la+(o intelectual$#ro#orcionam indi)%vel #ra)er aos que s(o filosficamente

    #ro#ensos a reconhecer os elos causais e t&m ca#acidade #arafa)&-lo! 3/eria$ com efeito$ estranho e #arado.al3$ _du) ele$3encontrarmos #ra)er na vis(o das suas formas atravs da nossaa#ari+(o da habilidade tcnica do artista e n(o havermos satisfa+(oainda maior da vista dos objetivos$ isto $ se formos ca#a)es dediscernir-lhes as causas teleol'icas!3

    "urante o sculo DIII$ os ind%cios de ada#ta+(o teleol'ica$de ordem e re'ularidade na nature)a$ inter#retados como sinais$da inten+(o divina$ estavam estreitamente li'ados 4 no+(o debele)a! O filsofo Thomas Re%d 6;H;-

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    entre a bele)a e o sentimento e a emo+(o! Manifestou-se na#rima)ia conferida 4 bele)a natural sobre a bele)a da arte e$es#ecificamente$ na im#ort@ncia atribu%da 4 a#recia+(o intelectualdo sistema ordenado das leis da nature)a ou das ada#ta+9es

    teleol'icas no mundo or'@nico! Conquanto o interesse do sculoDIII #ela ordem intencional como #rova da teleolo'ia divinaestivesse muito distante da idia medieval de uma ordem e3harmonia3 "ate"9ticas, que simboli)avam a nature)a divina$ambas favoreciam$ em suas a#lica+9es estticas$ um conceito%ntelectualista da bele)a! O conceito de `ant da3intencionalidade sem intui+(o3 im#rimiu novo feitio 4 teoria!

    A distin+(o entre essa bele)a intelectual e a bele)a visual daa#ar&ncia e.terior nem sem#re foi mantida! Em seu $hilosophical=+uiry 6;HVH8$ Sure #ronunciou uma #alavra de cautela aoescreverJ 3"i)-se que a idia de uma #arte estar bem ada#tada#ara res#onder 4 sua finalidade uma causa de bele)a ou$ narealidade$ a #r#ria bele)a! \!!! ] Ka elabora+(o dessa teoriareceio que a e.#eri&ncia n(o tenha sido suficientementeconsultada!3 Menos cauteloso$ o enciclo#edista franc&s "iderotdisse$ em seu *ssai sur =a peiture 6;HHV8J 3O belo ser humano aquele que a nature)a afei+oou #ara o #ro#sito de reali)ar$ omais facilmente #oss%vel$ as duas 'randes fun+9esJ aauto#reserva+(o individual e a #ro#a'a+(o da es#cie!!!3 interessante notar que essa teoria funcional da bele)a humanafoi refutada h* muito tem#o num di*lo'o socr*tico$ > Ba+uete,atribu%do a enofonte$ em que /crates afirma que seria rid%culosu#0-lo mais belo do que o formoso mancebo Critbulo #orque osseus olhos #rotuberantes #ossu%am um @n'ulo maior de vis(o$#orque as suas narinas simiescas estavam melhor ada#tadas #aracheirar o ar$ e assim #or diante! Os 're'os #ossu%am umasensibilidade altamente desenvolvida 4 bele)a vis%vel da formahumana e somente sob esse as#ecto colocavam a bele)a vis%vel4 frente do funcionalismo! Ko sculo DIII$ o #intor ,o'arth$ queescreveu uma outrora famosa A9lise !a belea 6;HH>8$concordava em que$ nos objetos Bteis$ a adequa+(o ao #ro#sito uma qualidade estticaJ 3Zuando um navio nave'a bem$ osmarinheiros chamam-lhe uma bele)a as duas idias t&m esse ti#o

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    de cone.(o!3 Mas e.tremava a bele)a intelectual da bele)a visualque a'rada aos olhos e aos sentidos$ #ro#ondo como frmula'eral #ara a Bltima a sua ser#entina 3linha de bele)a3$ que$ aoseu #arecer$ combinava o m*.imo de var iedade com a

    unidade! Ko terceiro de tr&s 6i9logos filosficos$ o Sis#oSerele^ 6;=PV-;HV8$ idealista$ verberou a idia da bele)asensual e buscou redu)ir o 3encanto fu'a)3$ o je e sais +uoi dosanti'os estetas franceses$ 4 a#recia+(o intelectual da ordem ouada#ta+(o teleol'ica! A ordem$ a simetria e a #ro#or+(o$assevera ele$ s e.istem em rela+(o ao #ro#sito : e si'nificamuma coisa num cavalo e outra coisa numa cadeira ou num vestido!O encanto da simetria e da #ro#or+(o a'rada$ #ortanto$

    finalmente ao es#%rito que a#recia a #erfei+(o de um objeto emfun+(o do seu #ro#sito! 3Disto que sem o #ensamento n(o #odehaver finalidade nem des%'nio e sem a finalidade n(o #ode haveruso e sem o uso n(o e.iste #ro#riedade nem juste)a de#ro#or+(o$ da qual se ori'ina a bele)a!3

    "iscutia-se$ 4s ve)es$ se um homem que to#asse com ummecanismo como o de um rel'io reconheceria nele um beloe.em#lo de ada#ta+(o$ ainda que i'norasse o #ro#sito a queservia o mecanismo$ e esse ti#o de considera+(o ins#irou$ semdBvida$ a teoria metaf%sica da bele)a$ de `ant$ que seria uma3intencionalidade sem inten+(o3! Em nosso tem#o nos a+odem 4mente al'uns mecanismos 3de confec+(o3 de Mareei "ucham#$com#licados mecanismos que n(o as#iram 4 bele)a visual mas#arecem e.em#los de intricada ada#ta+(o mec@nica$ se bem n(osirvam a #ro#sito nenhum! /er* talve) si'nificativo que tais objetosfossem constru%dos no conte.to de uma teoria 3antiarte3$ queesti'mati)ava os tradicionais valores estticos das belas-artes!

    A moderna filosofia do funcionalismo retrocede$ #elo menos$ ata dcada de ;PG$ quando o escultor norte-americano ,oratio7reenou'h aludiu$ numa carta a Emerson$ 4 rela+(o entre aforma e a fun+(o! A idia foi retomada mais tarde #elo arquitetoNouis /ullivan$ que$ em ?i!ergarte hats 6;

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    /omente quando di)emos 3a forma e a fun+(o s(o uma s3estamos levando o fato #uro e sim#les 4 esfera do #ensamento363On Architecture3$ electe! @ritigs, ;P

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    A insufici&ncia do funcionalismo como teoria esttica com#letaficou #rovada #ela avalancha de montonas e srdidas estruturasque desfi'uraram o ambiente moderno$ demonstrando #or umatriste e.#eri&ncia que o desenho #ode ser ada#tado 4 fun+(o de

    ser economicamente #lanejado sem lo'rar bele)a nemdi'nidade! A e.#eri&ncia condu)iu$ nas dcadas de ;

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    e8peri2cia co"u" !os !esehistas a pr9tica, !epois !esatisfeitos os re+uisitos !a a!e+ua45o, geral"ete ai!a fica"uita coisa para se escolher etre propor47es +ue parece"agra!9.eis e as +ue parece" !esagra!9.eis#

    Em vista dessa nova filosofia$ #o#ulari)aram-se os cursos de"esenho S*sico nas escolas de arte$ mais ou menos nos meadosdo sculo$ #ara os que #raticavam as belas-artes e os queestudavam as artes comerciais! Keles se concebeu a nova arte do3desenhista3 e ministrou-se instru+(o no sentido de #rodu)irdesenhistas que se #udessem em#re'ar na indBstria e namanufatura! O 3desenhista3 moderno #ouco ou nada tem emcomum com o artista-art%fice anti'o e medieval$ visto que ele seocu#a$ #rimordialmente$ de #lanejar a a#ar&ncia de objetos queser(o feitos 4 m*quina #or outros$ ao #asso que o velho artista-art%fice n(o se ocu#ava #rimordialmente da qualidade esttica$ masda e.ecu+(o e da utilidade dos objetos feitos #or ele ou #or seusassistentes! 1or outro lado$ o desenhista comercial moderno #oucotem em comum com o #raticante tradicional das belas-artes$ visto quelhe falece o elemento do artesanato$ quase sem#re im#ortante #araeste Bltimo! O arquiteto moderno talve) esteja mais #r.imo dessanova conce#+(o do 3desenhista3 que do conceito mais anti'o do3mestre de obras3 ou 3administrador de obras3!

    /2MQRIO! A ada#ta+(o intricada$ econ0mica ou ele'ante ao#ro#sito #ode ser intelectualmente a#reciada e considerada comoum ramo da bele)a intelectual! Mas j* n(o se acredita que isso'aranta que uma coisa assim #rojetada ter* uma bela a#ar&ncia! Kasartes Bteis 6mas n(o #resumivelmente nas belas-artes8 a

    adeqabilidade ao #ro#sito uma condi+(o restritiva$ que n(oasse'ura a bele)a da a#ar&ncia!

    Afian+am al'uns filsofos que$ se uma coisa parecer bem #rojetada#ara um #ro#sito a#rovado$ ser* bela em virtude desse fato$tenha ou n(o sido realmente assim #rojetada! "i)$ #or e.em#lo$ L!O! 2rmsonJ 3/e uma coisa #arece ter uma caracter%stica desej*velde outro #onto de vista$ o fato de #arec&-lo motivo a#ro#riadode a#recia+(o esttica !3 1or e.em#lo$ se um avi(o$ um automvel

    es#orte ou um cavalo de corridas$ um objeto$ enfim$ votado 4velocidade$ parecer velo)$ ser*$ #ortanto$ belo e dever* ser

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    a#reciado esteticamente! Eis a% uma doutrina que n(o! seriase'uida #or muitos!