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Ano 78 – n o 109 – maio-agosto 2015 100 anos de história sem fronteiras Irmãs Paulinas

O Cooperador Paulino – 109

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Ano 78 – no 109 – maio-agosto 2015

100 anosde história sem fronteiras

Irmãs Paulinas

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cooperador paulino setembro/dezembro 20122335cooperador paulino maio/agosto 2012cooperador paulino setembro/dezembro 2011 33cooperador paulino setembro/dezembro 2011 333333

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3janeiro/abril 2015

A caminho, Filhas de São Paulo

The quick brown fox jumps over the lazy dog

Oração

Tiago Alberione, Roma, 1961

A mulher está a caminho.É algo admirável, verdadeiro dom do Espírito Santo, que a religiosa

esteja associada ao zelo sacerdotal.

Inserida, dessa forma, na Igreja, a Filha de São Paulo é, segundo a sua missão, elevada a uma dignidade e atividade bem mais altas do que se pode imaginar.A caminho!

Segundo a motivação do nosso Pai São Paulo:“Lanço-me para a frente”.

A caminho!Vocês atingiram todos os continentes: enquanto passam de uma nação à outra ou sobrevoam montanhas, ou sulcam oceanos, não falem daquilo que foi feito.A caminho para a eternidade.

Avante!A caminho, Filhas de São Paulo,levem a verdade na caridade. Penso-as centenas de milhares...A caminho para a santidade.

Vocês vivem no mundo, mas não são do mundo.Atuam no mundo, mas esperam a recompensa no céu.Portadoras do Cristo...

Membros vivos e operantes da Igreja...Avante! Levem a verdade na caridade!

Page 4: O Cooperador Paulino – 109

O cooperador paulino4

O Cooperador PaulinoPublicação quadrimestral da Família Paulina

Ano 78 – Nº 109Maio – Agosto de 2015ISSN 1413-1595

O Cooperador Paulino é uma revista fundada pelo bem-aventurado Tiago Alberione em 1918. Sua missão é servir o Evangelho, a cultura hu-mana e a catequese do povo de Deus na cultura da comunicação, bem como informar sobre a vida, espiritualidade e atividade missionária da Família Paulina, que procura manter viva, no mundo moderno, a obra evangelizadora do apóstolo Paulo.

Editora: Pia Sociedade de São Paulo (Paulus)Presidente: Pe. Valdir José de Castro, sspJornalista responsável: Pe. José Dias Goulart, ssp / MTB 20.698/SPEditor: Pe. Sílvio Ribas, sspCo-editora desta edição: Ir. Luzia Sena, fspRevisores: Pe. Zolferino Tonon, sspManoel Gomes da Silva Filho, postulante paulinoProjeto gráfico: Pia Sociedade Filhas de São Paulo/PaulinasDiagramação: Família Cristã/PaulinasCapa e fotos: Arquivo Paulinas

Equipe de redação:Ir. Cintia Giacinti Barbon, apIr. Inês Creusa do Prado, sjbpIr. Luzia M. de Oliveira Sena, fspIr. Terezinha Lubiana, pddm

Colaboraram:Ir. Anna Maria Parenzan, fspIr. Helena Corazza, fspIr. Iris Pontim, fspIr. Joana T. Puntel, fspIr. Letícia Pilecco, fspIr. Maria Antonieta Bruscato, fspIr. Maria Goretti de Oliveira, fspIr. Miriam Rotta, fspIr. Vera Ivanise Bombonatto, fspCleusa ThewesIsmar de Oliveira SoaresMaria da Paz Alves da Cunha

Impressão:Paulus GráficaVia Raposo Tavares, Km 18,5São Paulo-SP

Tiragem:14.000 exemplares

Redação:O Cooperador PaulinoCaixa Postal 70001031-970 São Paulo – SP

Página na internet:www.paulinos.org.br

Endereço eletrônico:[email protected]

ocooperador

Sumário

06 Centenário

14 Família Paulina

16 Perfil

Recado de PauloPaulo e Paulinas,

a formação de lideranças

Caminhar com a Igreja

23

8

30

EspecialUma grande luz, na passagem do século...

Espiritualidade20

28 Palavra e comunicação

34 Testemunho

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O tempo correu veloz. Os anos passaram rapidamente. Mas quem viveu, percorreu, passo a passo, os caminhos da fé e do amor, da luta e da construção. Nem um minuto foi perdido nessa longa jornada de 100 anos. Ela começou pequena, quase invisível, como uma semente

de mostarda. A pobreza era sua casa, e a confiança em Deus seu alimento. Depois cresceu, cresceu e a semente se tornou árvore com ramos frondosos, folhas aveludadas e frutos saborosos.

Foi assim que a Congregação das Irmãs Paulinas foi gerada há 100 anos na pequena cidade de Alba, no norte da Itália. Nasceu do coração de dois gigantes da fé e do amor: Pe. Tiago Alberione e Irmã Tecla Merlo. Ambos admirados pela coragem e altruísmo e venerados como fiéis seguidores de Jesus Cristo. Suas vidas são modelos e inspiração para quem deseja galgar os degraus da santidade e anunciar o Evangelho com os modernos meios de comunicação.

A Pia Sociedade Filhas de São Paulo, nome oficial das Irmãs Paulinas, é uma Congregação religiosa, presente em 50 países, nos cinco continentes. Seus mais de dois mil membros vivem no hoje o ideal de vida e de missão de Alberione e de Tecla. Através das múltiplas formas de comunicação levam a mensagem de Jesus ao coração das pessoas e da sociedade. No viver e no agir elas se inspiram no grande apóstolo das gentes, São Paulo. A vida de Paulo, seu amor intenso por Jesus Cristo e seu zelo incansável que o faziam dizer “meu viver é Cristo” e “fiz-me tudo para todos” são modelo, inspiração e guia para a vida e a missão de cada irmã Paulina.

Parte da história dos 100 anos dessas mulheres corajosas e criativas, que vivem em comunidade, organizam e administram Editoras de livros e de revistas, evangelizam com a música e a canção, con-duzem livrarias e centros de estudos e de formação, levam a mensagem da verdade e do bem a todas as pessoas... é narrada nas páginas desta edição de O Cooperador Paulino.

Aqui, leitor/a amigo/a, você vai encontrar um pouco do grande ideal que alimenta a vida e a missão das Irmãs Paulinas. Fragmentos das realizações de Deus através da ação simples e constante de pessoas que acreditaram que valia a pena consagrar sua existência ao serviço do Evangelho, para que outras pessoas tivessem vida e vida abundante, como ensina Jesus.

Lendo estas páginas, faça você também uma oração para que as Irmãs Paulinas continuem a ser, hoje e amanhã, os anéis de uma cadeia de graças que continue, nos séculos futuros, sem nunca ser interrompida.

Irmã Maria Antonieta Bruscato

Superiora Provincial - Brasil

100 anos de história sem fronteiras

Editorial

Irmãs Paulinas

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O cooperador paulino6

Centenário

Nos passos de Paulo, Alberione e Tecla

Irmã Anna Maria ParenzanSuperiora Geral das Filhas de São Paulo

1915-2015: cem anos de vida tem a Con-gregação das Filhas de São Paulo, nascida do coração de um grande profeta, o Bem-

-aventurado Tiago Alberione, com a colaboração iluminada e sapiente de uma pequena-grande mulher, Teresa Merlo, Tecla na Congregação.

Padre Alberione estava muito consciente da contribuição insubstituível que ela daria à nascen-te família religiosa: algumas décadas depois, defini-rá “dia de bênção” aquele 27 de junho de 1915 em que, na igreja de São Damião, encontrou a jovem Teresa. Um encontro que fez soar a hora de Deus e favoreceu a concretização daquela vocação total-mente nova (cf. AD, 109-110). Um encontro que tornou mais explícito aquele “passo definitivo” da intuição alberioniana: “Escritores, técnicos e pro-pagandistas, mas religiosos e religiosas [homens e mulheres…], para dar maior unidade, continuida-de e maior sobrenaturalidade ao apostolado” (cf. AD, 17, 24). Uma intuição que se desenvolvia em sintonia com a reflexão sobre a potencialidade da

mulher para a evangelização. Pe. Alberione dirá, em janeiro de 1938: “Desde 1910… vós, Filhas de São Paulo, fostes pensadas, desejadas, preparadas, nascidas, crescidas, até hoje”.

As Irmãs Paulinas celebram 100 anos de fideli-dade ao Evangelho vivido e comunicado ao mun-do através das múltiplas formas e linguagens da comunicação.

Uma rica herança

Desde os inícios a Congregação foi marcada pela audácia e criatividade missionária que lhe são características. As diversas fundações, na Itália e no exterior (Brasil, Argentina, Estados Unidos), praticamente obrigaram as primeiras Filhas de São Paulo a inventar um novo modo de viver a vida religiosa, baseado sobre forte senso de responsabi-lidade, sólida interioridade, intensa vida de oração e profundo sentido de pertença.

A expansão ocorreu na humildade, sem convites particulares das autoridades religiosas. As primeiras

HÁ 100 ANOS... A CAMINHO

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7maio/agosto 2015

residências eram todas pobres, de acordo com as orientações do Fundador: “Começar do estábulo de Belém para seguir o Mestre Divino até o Cal-vário…”. E não foi apenas uma expansão geográ-fica, mas também apostólica. Paulinos e Paulinas acolheram com grande coragem os instrumentos de comunicação em rápida evolução, e os adota-ram para que a Palavra pudesse “correr com a ve-locidade da luz”.

Não podemos esquecer o quanto Irmã Tecla Merlo apoiou o impulso apostólico do Funda-dor: a fundação de “Famiglia Cristiana”, em Alba, no Natal de 1931, os inícios do apostolado do cinema em 1948, o financiamento dos cinquen-ta Documentários Catequéticos em 1951, o de-senvolvimento das bibliotecas e das livrarias, o apostolado catequético, bíblico e ecumênico. As Filhas de São Paulo acionavam máquinas tipográ-ficas e dirigiam automóveis quando ainda quase não se via nenhuma mulher ao volante. Muitíssi-mos foram, e continuam sendo, os movimentos, as exposições, as semanas bíblicas, catequéticas e marianas. Desde os inícios era viva em Padre Al-berione a aspiração à unidade e universalidade, concretizada nos anos 60, com uma expressão original e ecumênica, o centro “Ut Unum Sint” [Que todos sejam um].

Com a fantasia da caridade

Também hoje a “fantasia da caridade” permeia toda a atividade, e seria impossível traçar os per-cursos apostólicos que as Filhas de São Paulo rea- lizam nas 50 nações dos cinco continentes, onde estão presentes.

É uma criatividade que leva a valorizar, median-te o Evangelho, canções, músicas, vídeos, desenhos,

programas radiofônicos e televisivos, sites na inter-net e social network…

As comunidades, muitas vezes multiculturais e internacionais, são pequenas luzes, no ambiente em que vivem e nas igrejas locais, que irradiam o Evangelho com o testemunho da vida, a elabora-ção dos conteúdos, a abertura corajosa ao digital e às novas tecnologias, o serviço nas livrarias, as di-versas formas de difusão, de animação e educação, especialmente no uso das mídias.

Elevai a vossa voz

Dizia o Bem-aventurado Tiago Alberione, no cinquentenário de fundação: “Agora chegastes em todos os continentes… A vossa palavra ressoa por todos os lugares; continuai elevando sempre mais a vossa voz. Ensinai!”.

Sentimo-nos impulsionadas, também, pelos con-tínuos convites do papa Francisco, a fazer ressoar a Palavra, a ser uma Congregação “em saída” para le-var aos homens e às mulheres de hoje a consolação de Deus, para elaborar conteúdos que toquem o coração, façam vibrar, aqueçam a vida das mulheres e dos homens, “despertem” a sociedade.

E sentimo-nos interpeladas a ser comunidades atraentes, que testemunham um modo diferente de agir e de viver, que são sinais evangélicos entre o povo.

Irmã Tecla gostava muito de repetir que, se ti-vesse mil vidas, dedicaria todas ao Evangelho. Nós somos uma parte dessas “vidas”, e auguramos, de todo o coração, que seu testemunho seja luz para aquelas jovens que o Senhor ‒ temos certeza ‒ continuará a chamar, para que vivam e comuni-quem o seu Filho com todos os instrumentos, as formas e as linguagens da comunicação.

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O cooperador paulino8

Especial

Irmã Iris Pontim, fsp, e Irmã Maria Goretti de Oliveira, fsp

As Filhas de São Paulo surgiram em uma noite de grande luz, na passagem do século 19 para o século 20.

Uma grande luz, na passagem do século...

191515 de junho - Fundação das Filhas de São Paulo em Alba, Itália

193121 de outubro – Início de Paulinas no Brasil com a chegada de Ir. Dolores Baldi, em São Paulo (SP)

8 de dezembro – Publicação do N0 0 da Revista Família Cristã no Brasil

1934

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9maio/agosto 2015

Tiago Alberione, com apenas 16 anos, e ainda estudante no seminário menor de Alba, na noite de 31 de dezembro de

1900, que marcou a passagem do século 19 ao século 20, atendendo ao pedido do papa Leão XIII, para que se rezasse pelo novo século, per-maneceu por longo tempo em oração diante do Santíssimo, exposto na catedral de Alba (Itália).

Ele mesmo conta que nessa noite “uma luz es-pecial veio-lhe da Hóstia; compreendeu melhor o convite de Jesus: ‘Vinde a mim todos...’ (Mt 11,28)”. Sentiu ecoar em sua mente e em seu coração os apelos do papa sobre os novos meios de comuni-cação usados para o mal, da necessidade de fazer o Evangelho penetrar na cultura, na vida do povo..., e intuiu que devia preparar-se para “fazer alguma coisa por Deus e pelos homens do novo século”.

Alberione começou a sonhar com uma orga-nização leiga de escritores, técnicos e livreiros católicos. Mais tarde intuiu que, para dar mais unidade, estabilidade, continuidade e espírito sobrenatural ao apostolado, esses “operários do Evangelho” deveriam ser religiosos e religiosas, “pessoas que amassem a Deus com toda a mente, com todas as forças e com todo o coração”.

Anos depois, já sacerdote, em 20 de agosto de 1914, deu início à Escola Tipográfica Pequeno Operário, primeiro núcleo da Sociedade de São Paulo (Congregação dos Padres e Irmãos Pauli-

nos). E, em 1915, em breve encontro com Tere-sa Merlo, falou-lhe de uma nova instituição de jovens que viveriam como religiosas e trabalha-riam na divulgação do Evangelho através da boa imprensa. Inicialmente, fariam um trabalho de costura para os soldados – era época da Primeira Guerra Mundial. Então, convidou Teresa para di-rigir o ateliê de costura que abrira em Alba, jun-to com outras jovens desejosas de consagrar-se a Deus. Enquanto elas trabalhavam, Pe. Alberione e seu diretor espiritual, cônego Francisco Chie-sa, davam-lhes formação religiosa e as prepara-vam para o futuro. Era apenas o começo de uma missão que se realizaria através de novos meios e formas inéditas de evangelização.

Em dezembro de 1918, atendendo ao pedido de Dom José Castelli, bispo de Susa (Turim), de reativar o jornal semanal diocesano La Valsusa, in-terrompido durante a guerra, Pe. Alberione envia a esta cidade algumas de suas jovens para assumir a redação, impressão e distribuição do periódico diocesano. Um grande quadro do Apóstolo Paulo, presente no local de trabalho, motivou as pessoas do lugar a chamar as jovens empreendedoras de Filhas de São Paulo, nome que permanece até hoje.

Em 22 de julho de 1922, algumas dessas jovens se consagram a Deus, professando os votos reli-giosos de pobreza, castidade e obediência (na foto, à esquerda). Entre elas está Teresa Merlo que, em

193510 de maio - Início das publicações Paulinas no Brasil com o livro Mês de Maio, de Pe. Afonso Muzzarelli, sj

193613 de junho Comunidade e Livraria em Porto Alegre (RS)

194628 de maio – Comunidade e Livraria no Rio de Janeiro (RJ)

194827 de março Comunidade e Livraria em Belo Horizonte (MG)

19494 de março Comunidade e Livraria em Curitiba (PR)

Paulinas de Taipé (Taiwan)

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homenagem à primeira discípula de São Paulo, recebe o nome de Tecla. Nessa mesma data, Pe. Alberione a nomeia Superiora Geral da nascente Congregação. Em homenagem ao Divino Mes-tre recebe o apelativo de Mestra e, por ser a pri-meira, será chamada também de Primeira Mestra.

Graças à fé e à obediência de Mestra Tecla, não obstante as inúmeras dificuldades, a obra de Al-berione seguia crescendo, estendendo-se pelos cinco continentes. Atualmente as Filhas de São Paulo estão presentes em 50 países.

Consciente do chamado de Deus e de sua pro-messa “estarei convosco todos os dias até o fim dos séculos”, as Filhas de São Paulo de ontem e de hoje alimentam sua vocação-missão na Eucaristia, pois entendem que somente em Jesus-Hóstia recebem luz, alimento, conforto e vitória sobre o mal.

Até os confins do mundoO Brasil foi o primeiro país, fora da Itália, a

receber os benefícios da obra de Alberione. Em 1931, Irmã Dolores Baldi (na foto, à direita), com 21 anos de idade, e Ir. Estefanina Cillario (na foto, à esquerda), com apenas 19, chegam ao Brasil, sen-do acolhidas pelas Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, do Colégio Madre Cabrini, na Vila Mariana, em São Paulo. Sem conhecer o idioma local, sem recursos materiais, apoiadas somente na fé e na confiança em Deus, essas co-rajosas pioneiras do Evangelho iniciam a missão em terras brasileiras.

Paulinas no Brasil: um chamado, uma missão

As Irmãs Paulinas no Brasil vivem, atualmente,

em 23 comunidades religiosas e realizam a mis-são própria da Congregação: evangelizar com os meios de comunicação. Sob a marca Paulinas pu-blicam e difundem livros, revistas, cds, dvds, man-têm uma rede de livrarias, oferecem formação na área da comunicação e da bíblia, promovem cursos no âmbito religioso e humano, prestam serviços à população carente.

A seguir, breve descrição dessa gama de obras, atividades, iniciativas e serviços oferecidos por Paulinas.

As 34 livrarias Paulinas, presentes nas principais cidades do País, são a vitrine da Congregação. Fi-éis à indicação do Fundador, Pe. Tiago Alberione,

195810 de janeiro – Início do Apostolado do Rádio (Rádio Cambiju, Curitiba - PR)

11 de maio – Centro Catequé-tico em São Paulo (SP)

12 de dezembro – Comuni-dade e Livraria em Maringá (PR)

195427 de março Comunidade e Livraria em Salvador (BA)

195628 de novembro Comunidade e Livraria no Recife (PE)

19616 de abril Comunidade e Livraria em Fortaleza (CE)

196216 de fevereiro – Comunidade e Livraria em Brasília (DF)

16 de junho – Comunidade na Cidade Regina em São Paulo

Especial

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11maio/agosto 2015

as livrarias Paulinas são centros de difusão da fé e da cultura, espaço de encontro e de diálogo, lugar onde se vive e se anuncia o Evangelho de Jesus, através do testemunho e do serviço de irmãs dedicadas e de co-laboradores comprometidos com o Reino.

Paulinas Editora, com um catálogo de mais de dois mil títulos e um parque gráfico próprio, evangeliza e promove a fé e a cultura, através da publicação de obras de autores de renome nacional e internacional.

Família Cristã, FC online, Super+ e revista Diálogo constituem o Grupo Revistas. A Família Cristã, na ver-são impressa e digital, acompanha as famílias, através de uma publicação dinâmica, formativa e informativa. A revista Super+, voltada para o público infantoju-venil, traz assuntos pautados pelo calendário escolar, aborda temas que estimulam a leitura, o conhecimen-to e despertam a criatividade de seus leitores. A revista Diálogo subsidia os educadores comprometidos com uma educação que inclui o Ensino Religioso como elemento integrante do sistema educacional brasileiro e a religião como um elemento fundamental da cul-tura e da experiência humana.

Por meio da gravadora Paulinas COMEP, a Palavra se torna som, poesia, música, canção e chega a milhões de pessoas, levando mensagem de fé, esperança, luz, verdade e paz.

Paulinas Multimídia, através da imagem e do som, dedica-se à produção e distribuição de filmes religio-sos, pastorais, educativos e musicais em dvd. Busca valorizar a riqueza de nossa cultura e proporcionar subsídios para a formação integral da pessoa humana.

Paulinas Rádio Produções atinge todos os estados do Brasil e países da América e da África, com o pro-grama “Bíblia, Deus com a gente” e outras produções afins, entre as quais o programa “Nos Passos de Paulo”,

198218 de outubro Inauguração do SEPAC (Serviço à Pastoral da Comunicação) em São Paulo (SP)

19906 de janeiro– Abertura do Serviço de Animação Bíblica –

SAB, Belo Horizonte (MG)

4 de abril – Comunidade e Livraria em Porto Velho (RO)

199518 de junho – Comunidade e Livraria em Manaus (AM)

30 de junho – Livraria em Maceió (AL)

27 de setembro – Publicação do n0 0 da revista Diálogo

8 de dezembro – 10 programa da TV (Rede Vida)

199725 de janeiro – Lançamento do site Paulinas Online

20 de fevereiro – Abertura de Paulinas Multimídia

14 de maio – Livraria em João Pessoa (PB)

19656 de abril – Comunidade e Livraria em Niterói (RJ)

197920 de agosto – Comunidade e Livraria em São Luís (MA)

31 de agosto – Comunidade São Paulo em São Paulo (SP)

25 de setembro – Comunidade do Instituto Alberione, COMEP, São Paulo (SP)

198514 de janeiro – Comunidade e Livraria em Belém (PA)

23 de outubro – Comunidade Rainha dos Apóstolos em São Paulo (SP)

198622 de maio – Livraria em São Miguel Paulista (SP)

198731 de junho – Comunidade de e Livraria em Vitória (ES)

199125 de março – Comunidade em Canoas (RS)

199214 de abril – Comunidade Teresa Merlo em São Paulo (SP)

26 de outubro – Centro Social Tecla Merlo, no Grajaú (SP)

199425 de março – Livraria em Natal (RN)

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O cooperador paulino12

200325 de abril – Livraria em Madureira (RJ)

27 de abril – Padre Tiago Alberione é declarado Bem-Aventurado

11 de dezembro – Livraria em Teresina (PI)

200515 de junho - Lançamento

do site Ciberteologia

200610 de janeiro – Livraria em Cuiabá (MT)

08 de dezembro – Lançamento da revista infanto-juvenil Super+

20079 de junho – Início no Brasil da Associação dos Cooperadores Paulinos ligados às Irmãs Paulinas

201215 de agosto – Livraria em Joinville (SC)

26 de novembro – Livraria em Guarulhos (SP)

26 de novembro – Início da Web Rádio Paulinas

20 de agosto – Lançamento do site Cibercatequese

201320 de fevereiro - Lançamento do novo Portal Paulinas

4 de abril – Lançamento da Web TV Paulinas

4 de abril - Início do Curso Bíblia em Comunidade (EAD)

5 de fevereiro – Abertura Centenário de Fundação das Irmãs Paulinas

15 de junho – Celebração do Centenário de Fundação das Irmãs Paulinas

transmitido diariamente, ao vivo, desde o Estúdio do SEPAC (Serviço à Pastoral da Comunicação), pela Rádio 9 de Julho AM 1600. Paulinas atua tam-bém através da web rádio e web tv.

Os departamentos de Promoção, Divulgação e Marketing Paulinas, com boas e múltiplas peças e atividades promocionais, fazem chegar ao povo a boa mensagem.

As Irmãs Paulinas oferecem ainda diversos ser-viços, entre eles o SEPAC, surgido em 1982. Seu objetivo é o de refletir sobre os processos comu-nicacionais e formar agentes na área da pastoral da comunicação.

O Serviço de Animação Bíblica (SAB), com sede em Belo Horizonte (MG), visa o aprofundamento da experiência e vivência da Palavra de Deus. Com o Projeto Bíblia em Comunidade, curso presencial e a distância, o SAB capacita as pessoas a se torna-rem multiplicadoras da Palavra.

O Centro Administrativo dá suporte a todas as unidades de Paulinas nas diferentes áreas: adminis-trativas, legais, recursos humanos, informática...

O Centro Social Tecla Merlo é a expressão socio-educativa de Paulinas. Através de programas e ati-vidades educativas, culturais, lúdicas e assistenciais, o Centro atende crianças, adolescentes, jovens e famílias em situação de risco, contribuindo para o crescimento integral do ser humano.

Missão tão vasta e comprometedora só pode subsistir se alicerçada em sólida formação humana, espiritual e intelectual. Por isso as Irmãs Paulinas cultivam profunda espiritualidade centrada em Je-sus Cristo Caminho, Verdade e Vida, alimentam-se diariamente da Palavra e da Eucaristia, vivem em comunidades fraternas e estão abertas a aprender sempre.

2015

200215 de junho – Lançamento da revista Família Cristã On line

201414 de abril – Reinauguração da livraria em Niterói (RJ)

199915 de junho – Comunidade e Livraria em Goiânia (GO)

200010 de novembro – Livraria em Aracaju (SE)

200926 de junho – Livraria em Macapá (AP)

29 de novembro – Inauguração da Central Paulinas em São Paulo

Especial

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cooperador paulino setembro/dezembro 201222

Jovem,Comunicar-se hoje em dia é uma das tarefas mais simples e corriqueiras.

Nossos logins nos conectam a um mundo interativo, cheio de novidades.

Mas será que a quantidade de amigos da sua rede social realmente

corresponde à da realidade?

Novos horizontes o esperam! Adicione ao seu ambiente virtual laços reais

de amizade para anunciar o Evangelho conosco, Padres e Irmãos Paulinos,

e curtir novas experiências, caminhando ao lado do Pai e lançando as redes

rumo a uma jornada de fé e profunda entrega espiritual!

Senhor, em atenção

à tua palavra, vou lançar as redes.

(Lc 5,5)

Entre em contato conosco:Serviço de Animação Vocacional

Padres e Irmãos PaulinosCaixa Postal 2.534

CEP: 01031-970 – São Paulo – [email protected]

rumo a

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O cooperador paulino14

The quick brown fox jumps over the lazy dog

Família Paulina

Carinhosamente chamadas pelo povo de Irmãs Paulinas, a Pia Sociedade Filhas de São Paulo, nome oficial da Congregação, pertence à Família Paulina, que é composta por cinco congregações religiosas, quatro institutos seculares e uma associação de cooperadores leigos.

Irmã Iris Pontim, fsp, e Irmã Maria Goretti de Oliveira, fsp

Pensou-nos família

Família Paulina: “é o resultado de inúmeras orações”, explica o Fundador. E se pode-ria comparar a um curso de água, o qual,

à medida que corre, se avoluma com as águas que provêm da chuva, do degelo e de muitas pe-quenas fontes. Reunidas assim, as águas depois se dividem e são canalizadas para a irrigação de

férteis planícies, produção de energia, calor e luz (cf. Abundantes Divitiae – AD, 5).

Esta imagem nos remete à grande abertura ao mundo que as Irmãs Paulinas e demais congrega-ções e institutos têm em muitos aspectos como: no estudo, acompanhando os tempos e as novas formas de pensar e as tecnologias; na espirituali-

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15maio/agosto 2015

“Todas as Congregações e Institutos juntos formam a Família Paulina; todos têm a mesma origem, o mesmo espírito e possuem fins convergentes para a única

missão: comunicar Jesus Cristo ao mundo.”

dade, profundamente evangélica, centrada em Je-sus Mestre, Caminho, Verdade e Vida e encarnada nas realidades atuais; na ação, que abarca todas as situações vividas pelo povo. E tudo o que reali-zam, todas as questões que tratam são iluminadas à luz do Evangelho (cf. AD, 65).

Como nasceu a Família Paulina – A noite que separou o século 19 do século 20 foi decisiva para a missão específica e o espírito particular em que nasceria e viveria a Família Paulina. Houve ado-ração na Catedral (Alba), depois da missa solene da meia-noite, diante de Jesus exposto. Os semi-naristas do curso de Filosofia e Teologia estavam livres para permanecer em oração o tempo que quisessem. Alberione fazia parte desse grupo e as-sim conta: “Uma luz especial veio da Hóstia”, e compreendeu melhor o convite de Jesus, escrito na porta do sacrário: “Vinde a mim todos...”. Pa-receu-lhe entender o coração do papa Leão XIII, os convites da Igreja, a missão verdadeira do sacer-dote. Pareceu-lhe evidente o que o professor José Toniolo [1845-1918] dizia a respeito do dever de ser apóstolos de hoje, usando os meios emprega-dos pelos adversários da Igreja. Naquele momen-to, sentiu-se profundamente obrigado a preparar--se para fazer algo pelo Senhor e pelas pessoas do novo século com as quais viveria. (cf. AD, 13-18).

Membros da Família Paulina – Congregações religiosas: Sociedade de São Paulo (Paulinos); Pia Sociedade Filhas de São Paulo (Paulinas); Pias Discípulas do Divino Mestre (Discípulas); Irmãs de Jesus Bom Pastor (Pastorinhas); Congregação Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos (Apos-tolinas). Institutos seculares: Nossa Senhora da Anunciação (Anunciatinas); São Gabriel Arcanjo (Gabrielinos); Jesus Sacerdote; Santa Família. E a Associação dos Cooperadores Paulinos.

Missão, unidade e finalidade – O Bem-aven- turado Tiago Alberione explica a missão de cada congregação: A Sociedade de São Paulo e as Filhas de São Paulo têm a mesma finalidade: o anúncio do Evangelho com os meios de co-municação. As Pias Discípulas do Divino Mestre oferecem ao povo de Deus o fruto da própria dedicação à missão Eucarística, Sacerdotal e Li-túrgica. O carisma das Irmãs de Jesus Bom Pastor é servir o povo de Deus no ministério pastoral, nas paróquias e dioceses. As Irmãs da Rainha dos Apóstolos, por meio de sua ação pastoral, des-pertam a consciência de que todos, pelo batismo, são vocacionados e ajudam os batizados na des-coberta e vivência da própria vocação e missão.

Os Gabrielinos e as Anunciatinas são leigos e leigas consagrados(as) que exercem sua missão no ambiente familiar e social em que vivem. O Instituto Jesus Sacerdote destina-se a sacerdotes e bispos diocesanos que aspiram viver a espiritu-alidade e missão paulina. O Instituto Santa Fa-mília tem como finalidade a santificação da vida conjugal e familiar, e ajudar os casais a testemu-nharem o Evangelho no ambiente onde vivem e atuam.

Alberione, além das congregações religiosas e dos institutos, fundou uma associação de leigos e leigas estreitamente ligados à missão e à espiritu-alidade de suas fundações: os Cooperadores Pau-linos. Os membros dos Institutos seculares e da Associação dos Cooperadores vivem a espiritua-lidade da Família Paulina e realizam a missão de evangelizar, especialmente através do testemu-nho de fé no próprio ambiente familiar e social.

Segundo o Padre Alberione, todas as Con-gregações e Institutos juntos formam a Família Paulina; todos têm a mesma origem, o mesmo espírito e possuem fins convergentes para a única missão: comunicar Jesus Cristo ao mundo.

Alberione

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Perfil

Irmã Miriam Rotta, irmã Letícia Pilecco e Maria da Paz Alves da Cunha

Com o entusiasmo que sempre a carac-terizou, Irmã Miriam Rotta, gaúcha de Espumoso (RS), conta um pouco de

sua história de missionária paulina:“Meu sonho e minha formação à vida missio-

nária iniciaram aos 8 anos de idade. Nosso páro-co era um missionário italiano e tinha um gran-de amigo, também padre, que era missionário em Moçambique. Sempre que recebia notícias desse

amigo, comunicava à comunidade e despertava em todos nós o desejo de ser missionário.

Meus pais também foram os meus grandes edu-cadores da vida missionária. Quase todos os dias levavam seus filhos a fazer um gesto de ajuda, parti-cularmente aos mais carentes da nossa terra. Assim, posso dizer que a vida de oração, feita em família e na comunidade, e os gestos concretos de caridade foram os grandes despertadores para que eu sentisse

Irmã Miriam RottaUma vida missionária

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“Obrigada, irmã, porque deixaste a tua terra e a tua família para me dar a Palavra de Deus, que eu tanto desejava”

e me dispusesse a viver a vida missionária.Tambem marcou-me profundamente na ado-

lescência a passagem de uma Irmã Paulina que ficou hospedada em nossa casa. Ela dizia-nos que estava ali para levar o Evangelho de casa em casa. Desde aquela época comecei a querer levar o Evangelho de casa em casa.

Naquele tempo a ideia que eu tinha a respeito da vida missionária era que, para ser missionária, deveria deixar o próprio país. Entrando na Con-gregação compreendi que todo lugar é espaço de missão, e o importante é ter a convicção de que somos enviadas(os) para comunicar Jesus Cristo e o seu imenso amor pelas pessoas.

Força da convicção - Parti para as missões fora do Brasil motivada por um apelo interior que me estimulava a oferecer–me para colaborar nas muitas necessidades apostólicas da Congregação. Em 1970, quando me propuseram ir para Portu-gal, fiquei decepcionada, porque sempre desejei ir anunciar Jesus a quem não o conhecia. Mas, outra vez compreendi que também os povos evangelizados precisam de nova evangelização.

Este passo dado nunca mais me fez parar: de Portugal fui enviada a Macau, que pertence à China. Nesse tempo estive visitando Timor Les-te, Bali e Ilha das Flores, na Indonésia; depois vivi na Rússia e, atualmente, coordeno a missão em Angola, Moçambique e África do Sul. Todas es-tas terras nas quais trabalhei tornaram-se minha

pátria por adoção. Em cada país em que chego sinto-me em casa, amo e sinto-me amada por cada povo, apesar da minha pobreza e de todas as minhas fragilidades. Tenho consciência de ser um simples instrumento nas mãos do Pai.

Reconheço que, apesar dos muitos anos de vida missionária, ainda tenho muito que apren-der. Cada povo com a sua cultura, seus valores, dificuldades, pobrezas e riquezas, ensina-me o valor de cada pessoa e da cada país.

Não é preciso que falemos muito de Jesus, bas-ta mostrarmos como ele está presente em cada cultura, que ele é o Salvador de todos. O nosso Deus, que se fez humano, é aquele que nos salva, nos dá dignidade e nos torna seus filhos.

A minha realização pessoal é de ser uma mis-sionária Paulina. Grande é a minha alegria quan-do, na publicação da Bíblia, de um livro, um dvd, cd, ou numa exposição de livros, numa paróquia ou na livraria, posso oferecer a Palavra de Deus. E mais comovedor ainda é ouvir dizer: “Há muito tempo que eu procurava a Bíblia, só agora, que tenho 73 anos, posso comprá-la e lê-la. Obrigada, irmã, porque deixaste a tua terra e a tua família para me dar a Palavra de Deus, que eu tanto de-sejava”.

Tenho 78 anos de idade, mas ainda sinto o vigor da juventude que Deus me concede todos os dias. Eu também digo como a Irmã Tecla, cofundadora da Congregação das Irmãs Paulinas: ‘Desejaria ter mil vidas para comunicar o Evangelho’”.

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Perfil

Irmã Letícia Pilecco faz parte da congrega-ção das Filhas de São Paulo desde 1953, data em que ingressou na comunidade de Porto

Alegre (RS). Oriunda de uma família numerosa, quatro mulheres e sete homens, da cidade de São João de Polêsine (RS), Irmã Letícia conta que sua família era muito religiosa. Rezava o terço e ou-tras orações todas as noites. Ela gosta de lembrar seu primeiro encontro com as Irmãs Paulinas:

“A primeira paulina que eu conheci foi Irmã Jandira Del Bem, acompanhada por uma jovem aspirante; ela foi à minha cidade para renovar as assinaturas da revista Família Cristã, e também apresentava muitos livros.

Era jovem ainda, mas fiquei encantada com a ale-gria da irmã e da aspirante e, mesmo sem entender muito, gostei da forma como elas explicaram a mis-são de levar a Palavra de Deus a todas as famílias. E me convidaram a fazer parte desta Congregação. O convite da aspirante – ‘vamos, que vale a pena!’ – me deixou muito entusiasmada”.

A missão paulina - Atualmente, Irmã Letí-cia continua agradecendo a Deus o chamado a exercer a missão paulina. Conta com alegria a

experiência de sua primeira viagem apostólica, em Santa Cruz do Sul (RS):

“Viajamos seis horas para chegar; sentíamo-nos como Jesus que ia de cidade em cidade. Visitamos todas as famílias de Santa Cruz, sem excluir ne-nhuma. Renovamos as assinaturas da revista Fa-mília Cristã, e à família que ainda não a assinava, nós a apresentávamos. Tínhamos clara a impor-tância de que a revista deveria chegar a cada lar. Também apresentávamos livros, especialmente a Bíblia. Era como a visita de Maria: entregar a Pa-lavra de Deus a todas as pessoas.

Participei da realização de semanas bíblicas em muitas cidades do país. Realizávamos cursos bí-blicos, palestras; fazíamos exposições de livros e concluíamos sempre com um desfile de carros alegóricos, com encenações bíblicas. Por isso, me alegrei muito quando o papa Francisco começou a insistir que ‘a Igreja deve sair das sacristias e ir ao povo’.”

Hoje tudo mudou, mas Irmã Letícia faz seu trabalho de evangelização, com o mesmo entu-siasmo, na livraria de Porto Velho (RO). Ela re-corda a expressão do Fundador, Tiago Alberione, que “é preciso acompanhar os tempos”.

Irmã Letícia Pilecco

Alegria de ser Paulina

“Era como a visita de Maria: entregar a Palavra de Deus a todas as pessoas”

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Maria da Paz Alves da Cunha (foto à esquerda), nascida em Caruaru (PE), em 1945, conheceu muito cedo a

responsabilidade de educar uma família sozinha. Aos 27 anos ficou viúva com 6 filhos. Selma (foto à direita), a mais velha, com 9 anos, e Evilmário, o mais novo, com 9 meses.

Desde 1968, Maria da Paz assina a revista Fami-lia Cristã. Recorda que os temas sobre família e espiritualidade foram a primeira escola para seu lar, que ela considera “a primeira igreja”. Sempre buscou para sua família a melhor formação, tanto cristã quanto em outros âmbitos.

A partir de 1972, quando ficou viúva, sentiu mais fortemente a necessidade de transmitir uma boa orientação aos seus filhos. “O peso da res-ponsabilidade pelo duplo papel de ser mãe e pai, me causava grande angústia. Mas os conteúdos da revista Família Cristã, além de orientar, me da-

vam forças na árdua caminhada da educação dos filhos. Tinha muito medo de que algum deles tri-lhasse caminhos errados.”

Maria da Paz nunca voltou a se casar. Dedicou sua vida à educação dos filhos.

Selma, a filha mais velha, gosta de lembrar que “ainda muito pequena, acho que nem lia, mas já folheava a revista Família Cristã e sentia um gran-de prazer naquele folheá-la. Não sei expressar ao certo o sentimento, mas algo me prendia àquela revista e me dava muito prazer”. E confirma a preocupação da mãe em sua formação. “Aos 12 anos, ganhei meu primeiro livro: O problema é a amizade, do Padre Zezinho, e aos 14 anos ganhei o segundo livro: Tenho pressa de crescer, também do Padre Zezinho.”

Selma atualmente é Cooperadora Paulina para o Evangelho, vive a espiritualidade e atua na mis-são paulina.

Maria da Paz Alves da Cunha“Minha casa, a primeira igreja”

“Os conteúdos da revista Família Cristã, além de orientar, me davam forças na árdua caminhada da educação dos filhos”

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O trinômio inteligência, vontade, coração é característico da antropologia do Pe. Alberione. Ele considera a pessoa em todas as dimensões (cognitiva, volitiva e afetiva), relacionando-a com a totalidade do mistério de Jesus Cristo, Cami-nho, Verdade e Vida.

A expressão forças físicas engloba a dimensão material da pessoa: corpo, sentidos, dons, apti-dões particulares, identidade sexual. Tudo o que faz parte da pessoa é energia vital que deve ser santificada e posta a serviço da missão.

Natureza e graça são duas expressões que de-vem estar em harmonia. Natureza é o conjunto

Espiritualidade

Parte integrante da Família Paulina, o ca-risma das Irmãs Paulinas, concebido pelo Bem-aventurado Tiago Alberione com

a colaboração da venerável Irmã Tecla Merlo, constitui uma unidade inseparável, em que os di-versos aspectos que compõem a vida e a missão estão, todos eles, fundamentados e centrados em Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, forman-do um único projeto: viver e comunicar inte-gralmente o mistério de Cristo, no espírito do apóstolo Paulo e sob o olhar de Maria, Rainha dos Apóstolos.

Os verbos viver e comunicar expressam o compromisso de seguir Jesus e de anunciá-lo a todos na cultura da comunicação. Nosso dis-cipulado inspira-se no apóstolo Paulo. Por isso, definimos nossa espiritualidade como “paulina”, mas, o seu verdadeiro centro é Jesus Cristo, como foi para Paulo.

Maria é invocada por nós como Rainha dos apóstolos. Ela é presença materna que nos guia na missão de comunicar Jesus ao mundo. Ela nos ensina a “gerar e formar” Cristo nas pessoas, às quais somos enviadas.

Espiritualidade que unifica a vida e a missãoNossa comunicação com Deus Trindade não

está desligada das outras atividades da vida, mas é um modo de ser que envolve toda a pessoa: “in-teligência, vontade e coração, forças físicas, tudo para um total amor a Deus e ao próximo, em vista da missão”

Tudo nasce de Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, e para ele tudo converge.

Irmã Vera Ivanise Bombonatto, fsp

Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida

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de realidades que fazem parte da criação: nutrir--se, respirar, movimentar-se, descansar, crescer, reagir aos estímulos, comunicar-se. Graça é o conjunto de realidades salvíficas que Deus nos oferece gratuitamente: sua Palavra, a Eucaristia, os sacramentos e sacramentais.

Vocação é a resposta ao chamado do Pai, em Jesus Cristo, na força do seu Espírito. É a consci-ência de ser escolhida e enviada com uma missão específica, na Igreja e na sociedade.

A espiritualidade vivida pelas Irmãs Paulinas abrange toda a pessoa; não apenas o espírito, também o corpo, as relações sociais e públicas, a condição de mulheres consagradas, membros da Igreja e cidadãs do mundo. Supera-se assim toda a sorte de dualismo entre alma e corpo, espírito e matéria, ser e fazer. A espiritualidade unifica os diversos elementos da nossa resposta ao chamado de Deus. Neste sentido é um princípio unifica-dor da vida e da missão.

Espiritualidade que se torna anúncio de Jesus Cristo

De Jesus Cristo, centro da vida, da história e do universo, tudo tem início, e para ele tudo con-verge, na continuidade e na força da sua promes-

sa: “não temais, eu estou convosco, daqui quero iluminar”.

Respondendo ao seu chamado de amor, nos colocamos na escola do Mestre, meditamos seus ensinamentos, alimentamo-nos da Palavra e da Eucaristia. Na celebração eucarística e na hora de adoração cotidiana, fortalecemos nossa fé e discernimos os caminhos da história. Tudo nasce da experiência profunda de Deus Trindade e do conhecimento da realidade social e eclesial, con-templada e discernida na oração, na vivência da espiritualidade que se torna testemunho e anún-cio de Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida.

A meta do nosso caminho de discipulado é a mesma do apóstolo Paulo: “Não sou mais eu que vivo; é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). So-mos chamadas a caminhar, cada dia, rumo a essa meta, evitando os perigos de parar, desviar ou es-tagnar, cedendo à tentação da mediocridade, do conformismo e da acomodação.

Na celebração do centenário de fundação da nossa Congregação, olhamos com gratidão para nossa história e com esperança para o futuro. Agradecemos a Deus pelas pessoas que nos pre-cederam e lembramos, particularmente, da vene-rável Tecla Merlo, mulher forte, que percorreu, com fé audaz e profética, um caminho novo de síntese vital e de santidade, vividas no anúncio do Evangelho na cultura da comunicação.

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Somos chamadas a viver no seguimento de

Jesus Mestre Caminho,

Verdade e Vida

e enviadas a servir às comunidades

pela oração e a animação litúrgica.

[email protected]

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Recado de Paulo

No seguimento de Jesus Cristo, as Paulinas trilham os passos do Apóstolo Paulo procurando ter e formar uma nova mentalidade na sociedade.

Paulo e Paulinas, a formação de lideranças

Irmã Helena Corazza, fsp

Ao olharmos a prática apostólica de Paulo Apóstolo, podemos identificar algumas marcas do formador de lideranças que

vai ao encontro das pessoas onde elas se encon-tram. Este homem apaixonado por Jesus Cristo deixou-se tocar pelo Espírito e pela realidade. Ele entendeu que o apelo do Evangelho é para todos – “judeus e gregos, escravos e livres” (Gl, 3,28) –, e que ninguém realiza a missão sozinho, por isso, dedicou-se a formar comunidades e lideran-

ças. Paulo organizou comunidades, visitou-as pes-soalmente e enviou cartas e mensageiros, ou seja, missionários continuadores da missão.

As Irmãs Paulinas, inspiradas pela vida e missão do Apóstolo Paulo, atuam na formação de lide-ranças na sociedade contemporânea. Agem com a paixão de quem faz a experiência do Ressuscitado e partem em missão, formando líderes e comu-nidades missionárias, pois no coração do carisma paulino está o anúncio do “Cristo todo para o ho-

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mem todo”, conforme Alberione. O testemunho das Irmãs revela seu amor apaixonado na forma-ção de lideranças nas áreas da Bíblia e da Comu-nicação. Essa missão se realiza nas livrarias Paulinas e nos dois centros de animação e pastoral: Serviço de Animação Bíblica (SAB), localizado em Belo Horizonte (MG), e o Serviço à Pastoral da Co-municação (SEPAC), sediado em São Paulo (SP). A seguir, os testemunhos de Irmã Romi Auth e Irmã Rosana Pulga, que atuam na área bíblica, e de Irmã Joana Puntel, comprometida na pastoral da comunicação.

Comunicação por cartas e mensageirosIrmã Romi Auth encontra na experiência de

Paulo inspiração e sentido para sua missão no campo bíblico. Ela afirma: “Vejo que a minha ex-periência tem muito a ver com a de Paulo, é claro, salvando as devidas proporções: o encontro pessoal

de Paulo com Jesus no caminho de Damasco. Fo-ram 14 anos de oração, estudo, aprofundamento da experiência e ensinamentos de Jesus; ao longo de anos de evangelização, Paulo despertou e formou discípulos e discípulas de Jesus, alguns o seguiram mais de perto, integrou-os em sua equipe interna. Transformou em centros de irradiação missioná-ria cidades importantes como Antioquia, Éfeso, Corinto e Roma, nas quais permaneceu por mais tempo para dar assistência às comunidades. Deu continuidade ao trabalho iniciado escrevendo car-tas e enviando seus companheiros de missão.

É nessa obra maravilhosa do Apóstolo Paulo que eu me espelho: a minha experiência pesso-al de encontro com o Deus da Palavra; a oração e o discernimento; a elaboração do projeto ‘Bíblia em Comunidade’; a formação de uma equipe in-terna: Irmãs e colaboradores-funcionários; equipe externa: assessores que colaboram nos conteúdos,

Recado de Paulo

Celebração do centenário de Paulinas. Irmãs, colaboradores e cooperadores paulinos

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Participantes do curso Bíblia em Comunidade, Visão Global da Bíblia, Belo Horizonte (MG)

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voluntários: cooperadores paulinos para o Evange-lho; integrar no processo da caminhada cada turma de cursistas com a confiança que animou Paulo: ‘... aquele que começou em vós a boa obra, há de levá--la à perfeição até o dia de Jesus Cristo’ (Fl 1,6), e termino com ele: ‘Por tudo dai graças’ (1Ts 5,18)”.

Paulo, formador de comunidades missionáriasComo missionário, o Apóstolo Paulo mantém

seu olhar interior sempre atento ao Espírito. Ele e Timóteo estavam em Trôade, preparando-se para irem à Bitínia, quando teve uma visão: à sua fren-te estava de pé um macedônio que lhe suplicava: “vem para a Macedônia e ajuda-nos!” Depois des-sa visão, Paulo e seus companheiros partiram ime-diatamente para a Macedônia, pois estavam con-vencidos de que Deus acabava de chamá-los para o anúncio do Evangelho (cf. At 16, 9-10).

Da mesma forma, o Bem-aventurado Tiago Al-berione, fundador da Família Paulina, sempre ad-vertia os seguidores do seu carisma comunicacional: “sede São Paulo hoje!”, afirma Ir. Rosana Pulga, grande missionária da Palavra de Deus, e pergunta: “por que sua insistência nesse tema?” Ela mesma responde: “por ter compreendido que São Paulo foi um grande missionário e formador de comu-nidades missionárias”. E testemunha: “Os meus 56 anos de vida consagrada, dedicados a evangelizar por meio da comunicação da Palavra, quase todos foram vividos na promoção do Mês da Bíblia, das Semanas Bíblicas, dos cursos de formação bíblica e da Lectio Divina, e a escrever livros para as comuni-dades. Hoje posso afirmar que me sinto verdadeira formadora de comunidades missionárias”.

A comunicação, “eixo” articulador da formação e das pastorais

São Paulo, como homem do seu tempo e inseri-do na cultura greco-romana, tinha uma percepção atenta, e em suas pregações e cartas incorporava as realidades do cotidiano e da cultura de seu tempo. Ele sabia criar empatia e estabelecer um universo comum para que as pessoas pudessem compreen-der a mensagem do Evangelho na própria cultura. Servia-se de metáforas e de imagens conhecidas, uma vez que a linguagem é fundamental para a

comunicação e para ajudar as pessoas a crescerem. Em suas cartas Paulo confessa que a realidade de todas as Igrejas constituía uma de suas preocupa-ções cotidianas: “Quem fraqueja, sem que eu tam-bém me sinta fraco? Quem cai, sem que eu tam-bém me sinta com febre?” (2Cor 11,28).

A exemplo do Apóstolo Paulo e inspirada por ele, Ir. Joana Puntel (foto acima), comprometida na evangelização e formação de lideranças na área da comunicação, especialmente através do SEPAC, testemunha: “Vivo, apaixonadamente, a experi-ência carismática de formar lideranças no mundo da comunicação. Como Paulo, alicerçada em Jesus Mestre e comunicador, sigo os passos de Alberio-ne que, já em 1958, dizia para as Filhas de São Paulo: ‘O vosso apostolado visa formar uma men-talidade nova na sociedade, o que significa dar-lhe uma orientação nova’. Considerando que a co-municação é o ‘eixo’ articulador de todas as pasto-rais, sinto que desenvolvo o carisma e a pertença à Igreja, contribuindo para a formação de lideranças que levem ao diálogo entre fé e cultura. Para isto é necessário abrir-se continuamente aos sinais dos tempos que exigem mudança de mentalidade, es-pecialmente na área da comunicação”.

O carisma da comunicação requer pessoas apai-xonadas pelo Reino e, ao mesmo tempo, com os pés no chão da vida dos irmãos para compreender sua mentalidade e valores, e tê-los em conta no momento do anúncio. Dessa forma, no seguimen-to de Jesus Cristo, as Paulinas trilham os passos do Apóstolo procurando ter e formar uma nova mentalidade na sociedade.

Recado de Paulo

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Palavra e comunicação

Nos inícios do século 20, uma jovem mulher foi chamada a levar adiante um grupo de mulheres consagradas para evangelizar, servindo-se dos meios de comunicação. Seu nome? Tecla Merlo.

Irmã Helena Corazza, fsp, e Irmã Joana T. Puntel, fsp

Pensar em Tecla Merlo, a mãe da congre-gação, é pensar numa mulher que acre-ditou e antecipou os tempos da emanci-

pação da mulher, sobretudo, na Igreja. Todos os escritos e testemunhos demonstram a grande fé que animou e sustentou a vida de Teresa Merlo, escolhida pelo Bem-aventurado Tiago Alberione para ser a “Primeira Mestra” das Paulinas e a mãe da congregação, conforme ele mesmo afirma.

Tecla acreditou sem ter visto. Fez a experiên-cia de tantos apóstolos e profetas. Escolhida por Alberione para guiar a congregação das Filhas de São Paulo e ser a primeira superiora geral, iniciou sua missão acreditando na palavra do Fundador, que a convidou para ajudá-lo a concretizar o ca-risma da evangelização com a comunicação, tendo a mulher como protagonista. E a palavra “protago-nista”, ocupar o primeiro lugar, é aqui empregada no sentido positivo, de alguém que sabe tomar a iniciativa, sendo sujeito de processos.

Se olharmos o contexto social, em relação à mulher no final do século 19 e início do sécu-lo 20, perceberemos que sua função está pra-ticamente reduzida ao espaço privado da casa, como esposa e mãe. (E aqui não vai nenhum juízo de valor, sobre a importância dessa missão da mulher, mas quer sinalizar um lugar novo na sociedade.) Na época, as próprias religiosas atu-avam nos conventos, hospitais, escolas e obras assistenciais.

Com a Revolução Industrial, mudanças cul-turais acontecem e passa-se a discutir o papel da mulher na sociedade, o emprego em diversos ambientes, paridade salarial, acesso à cultura. Os movimentos emancipatórios femininos avançam na Europa, Estados Unidos e também na Itália. A própria Igreja entra nessa discussão sociológica e cria a “Organização católica feminina”, que se difunde através das paróquias, com grande resul-tado e adesões.

Tecla, a mulher no espaço público

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Alberione está nesse meio, participando de congressos, e vai amadurecendo sua visão sobre a mulher, carregando-a de espírito profético que caracterizará suas fundações femininas. Marcan-do esse novo lugar, no campo da cultura, ele diz: “A mulher de hoje deve formar o homem de hoje; ir em auxílio das necessidades de hoje, deve servir-se dos meios de hoje”; e escreve o livro “A mulher associada ao zelo sacerdotal”.

É neste contexto histórico (1915) que começa uma congregação onde a mulher se torna prota-gonista de um novo modo de servir à Igreja e ao povo. A jovem Tecla, que, como catequista, tinha por missão educar na fé, e em sua vida profissio-nal, seu ateliê de costura, muda o rumo de sua vida. Chamada a levar adiante um grupo de mu-lheres consagradas a Deus, na vida religiosa, para evangelizar servindo-se dos meios atuais, muda radicalmente seu modo de atuar e inaugura uma nova forma de vida religiosa, não mais dedicada ao espaço privado, lançando-se no espaço públi-co. O fato de as irmãs assumirem a redação do jornal La Valsusa, escrevendo, compondo, impri-mindo e difundindo o jornal, até escandalizava as pessoas da época, acostumadas a ver as irmãs nos conventos educando, cuidando da saúde, rezando.

Essa mudança do lugar da mulher consagra-da no exercício de uma missão voltada ao espa-ço público, o da comunicação, representou, sem dúvida alguma, uma grande mudança cultural também na vida religiosa, que as Irmãs Pauli-nas foram assumindo gradualmente, inseridas no contexto das grandes mudanças do mundo.

Para Tecla, coube a missão de formar as Filhas de São Paulo no campo espiritual, intelectual e apostólico. “Para iniciá-las no apostolado especí-fico: algo inusitado para aquele tempo e, sob o ponto de vista puramente humano, difícil; no en-tanto, sob a sua direção, formaram-se as escrito-ras, as conferencistas, as técnicas, as propagandis-tas, as especializadas em cinema e rádio”, palavras de Alberione no livro Abundantes Divitiae, n. 236.

A celebração de 100 anos de Paulinas marca uma presença expandida em 50 países, incluin-do todos os continentes e culturas. Ao lado dessa presença significativa, o desafio de afirmar a pre-sença pública no mundo das comunicações.

Irmãs Paulinas – gravadora COMEP

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Caminhar com a Igreja

Compromisso com uma renovada postura comunicativa, nos espaços da Igreja e da sociedade civil

Ismar de Oliveira Soares

Irmãs Paulinas

Privilégio e agradecimento: ser amigo e ser reconhecido pela amizade que se consolidou na ventura da participação

conjunta em sucessivos projetos comunicativos, ao longo dos últimos 35 anos. Esta é a razão deste texto-homenagem às Irmãs Paulinas, por ocasião da celebração dos 100 anos da sua fundação.

Participação das Paulinas: da UCBC à SIGNIS

Pontuando a trilha que tive o privilégio de percorrer, nas últimas quatro décadas, contando sempre, no mesmo cenário, com a presença das Irmãs Paulinas, recordo-me, em primeiro lugar, do entusiasmo de um grupo de jovens Filhas de São Paulo, na busca de caminhos para consoli-dar a UCBC – União Cristã Brasileira de Co-municação Social –, especialmente entre os anos de 1970 e inícios de 1990. Todas demonstravam reconhecer que a UCBC – nascida em 1969,

por decisão de um grupo de jornalistas católi-cos – necessitava ser fortalecida, em benefício de um novo olhar sobre a prática comunicativa, no Brasil.

Para a consecução dos objetivos da UCBC, foi de vital importância a presença das Irmãs na própria diretoria da entidade, na promoção anual dos Congressos Brasileiros de Comunicação So-cial e na publicação dos livros resultantes dos de-bates ali promovidos, assim como no desenvolvi-mento, por duas décadas, dos cursos de Leitura Crítica da Comunicação.

Igualmente, de forma intensa e decisiva, as Paulinas fizeram-se presentes na articulação da rede que passou a reunir as emissoras radiofôni-cas católicas (RCR) e, mais recentemente, na criação de SIGNIS, herdeira dos organismos re- presentados pelas siglas OCIC (voltada para a área do cinema) e UNDA (voltada para o rádio e a televisão), no Brasil.

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Ismar de Oliveira Soares

a serviço desta ideia, oferecendo minha contri-buição à Província e ao Editorial, ao lado de um grupo muito dedicado de irmãs.

É importante lembrar que a instalação do SEPAC, em sua primeira sede, na Rua XV de no-vembro, no coração da cidade de São Paulo, em 1982, foi precedida por um noviciado, na Rua Piassanguaba, sede do centro editorial Paulinas, em São Paulo (SP), local em que foram pensadas as primeiras ações do novo organismo. Nesse es-paço e nesse momento foi desenhado um curso a distância para as próprias irmãs, sobre a comuni-cação e seus contextos, enquanto se elaborava o primeiro curso de difusão, para o público exter-no, sobre Comunicação e Poder, oferecido numa

Em âmbito latino-americano, convivemos com as Irmãs Paulinas na implementação das atividades da UCLAP – Unión Católica Latino-americana de Prensa –, ao longo da década de 1990, contribuindo com a Igreja numa reflexão destinada a repensar a comunicação como teo-ria e como prática social. Tudo isso, certamente, colaborou para o êxito de sua mais significativa experiência no campo da formação para a co-municação: o SEPAC (Serviço à Pastoral da Co-municação).

Criação e o desenvolvimento do SEPACFalar do SEPAC é colocar sob os holofotes a

genuína vocação das Irmãs Paulinas para a área da educomunicação. Trata-se, sem dúvida, de uma das experiências latino-americanas mais longevas e exitosas no campo da formação para o enten-dimento e a prática de processos comunicati-vos numa linha de superação do funcionalismo midiático, em favor de uma proposta dialógica, solidária e participativa.

O SEPAC resultou ou representou a confluência de sonhos internos e externos ao Instituto, unindo as expectativas dos que imaginavam ser necessária a criação de um organismo que desse conta de for-mar agentes culturais para a área da educação para a comunicação e que estivesse, igualmente, a ser-viço do recém-concebido campo da pastoral da comunicação. Com alegria, coloquei-me

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das salas da Paróquia São Judas e que teve, entre seus palestrantes, o bispo Dom Cândido Padin e os jornalistas Regina Festa e Carlos Eduardo Lins da Silva.

Recordo-me que na linha do que hoje de-nominamos de educomunicação, o SEPAC ofe-receu, em seus primeiros anos de atividade, entre 1982 e 1984, com o patrocínio da AEC – As-sociação de Educação Católica –, uma assessoria aos colégios interessados em introduzir a comu-

nicação em suas práticas. Um total de dez escolas tomaram parte. Foram implementadas as ações intercolegiais, numa perspectiva crítica e fazendo uso de procedimentos comunicativos dialógicos (como as “feiras de comunicação”, substituindo as “feiras de ciências”).

Sem dúvida, a ação mais incisiva do SEPAC, com repercussão na vida de toda a Igreja, no Brasil, tem sido o Curso Teórico Prático de Es-pecialização em Comunicação, realizado a partir de convênios, inicialmente com a Universidade São Francisco (de Bragança Paulista) e, na se-quência, com a PUC/SP. A iniciativa mantém, desde seu início, a mesma estrutura pedagógica modular, agregando à teoria o exercício prático do fazer comunicativo, reunindo interessados em comunicação das mais diferentes partes do Brasil. Estatísticas recentemente levantadas para pesquisa acadêmica indicam que, de 1990 a 2014, foram apresentadas e aprovadas 462 monografias. Somando os alunos da especialização com os que participaram de cursos livres de curta dura-ção (nível de extensão cultural), nos 30 anos de sua existência, o SEPAC manteve contato com um total aproximado de 52 mil cursistas, em sua maioria educadores ou agentes pastorais.

Outros tantos mantiveram contato com o SEPAC a partir de suas publicações, com des- taque, em seus inícios, para os livros sobre leitura crítica da comunicação e, mais recentemente, para os manuais sobre como usar os recursos da informação para produzir comunicação a partir de uma perspectiva dialógica e solidária.

Profissionalismo da produção midiática: Família Cristã

O profissionalismo na prática comunicativa tem distinguido a presença das Irmãs Paulinas na área da produção midiática. Não falam de si ou de suas obras. Falam das coisas do povo, à luz do pensa- mento cristão. É o que se pode verificar analisan-do a política editorial Família Cristã. Sem proseli- tismo, usando uma linguagem jornalística acessível ao grande público, a revista tem sabido manter-se

Caminhar com a Igreja

Curso de Pós-graduação – SEPAC

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coerente com as visões mais atualizadas da Igreja sobre os temas da contemporaneidade.

O mesmo compromisso e profissionalismo es-tão presentes nas práticas midiáticas voltadas para o rádio, o audiovisual e a indústria fonográfica.

Contribuição com a CNBB Outro importante setor que conta com a efe-

tiva presença das Irmãs Paulinas tem sido o da assessoria aos serviços de comunicação, em âm-bito diocesano, regional e nacional. Em Brasília, por anos seguidos, a Igreja vem testemunhando a presença das Irmãs Paulinas em funções de coordenação, quer na área da assessoria de im-prensa quer no próprio Setor de Comunicação Social da CNBB. Coube a uma Irmã Paulina, por exemplo, a iniciativa de criar e implementar, a partir de 1980, a Equipe de Reflexão do Setor de Comunicação, acompanhando e liderando um grupo de especialistas de renome nacional, em importantes momentos para as políticas de comunicação do país e para a pastoral da comu-nicação, no espaço da Igreja. Boa parte das reu- niões da Equipe de Reflexão ocorreu na sede do SEPAC, em São Paulo.

Tem sido também significativa a colaboração das Paulinas com o episcopado em períodos em que os bispos promovem ações de impacto para a vida pastoral, como ocorreu no caso da Cam-panha da Fraternidade sobre a Comunicação para a Justiça e a Paz, com a elaboração de um texto-base que já apontava para a necessidade de mudanças profundas no pensamento da institui- ção (1989) e, ainda, na preparação cuidadosa de

textos que subsidiaram a formulação de docu-mentos vitais para a história da pastoral da co-municação, como o documento sobre Igreja e Comunicação (1996) e o próprio Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil (2014). No caso do Diretório, três Irmãs Paulinas compuseram a equipe de redação do documento.

Educomunicação: Protagonismo e colaboração interinstitucional

Finalizo meu testemunho/homenagem à Con-gregação das Filhas de São Paulo, na certeza de que padre Alberione e Irmã Tecla Merlo devem sentir-se orgulhosos de suas discípulas em ter-ras brasileiras, especialmente por permanecerem permanentemente atentas e sintonizadas com os momentos de transformação pelos quais passam as próprias teorias e práticas da comunicação. É o caso do recém-identificado campo da educomu-nicação. Nesse sentido, as Paulinas foram além, ao abrigar o novo conceito, colocando-se a serviço de sua difusão e de seu debate, em nível nacional. Foi o que ocorreu com o apoio dado, durante aproximadamente uma década, à publicação da revista Comunicação & Educação, da ECA/USP e, mais recentemente, com a criação de uma coleção de livros sobre o tema da Educomuni-cação. Em setembro de 2013, o SEPAC acolheu o IV Encontro Brasileiro de Educomunicação, recebendo com simpatia e profissionalismo os gestores e pesquisadores da área, vindos de todos os rincões do país.

Este é meu testemunho, minha homenagem e minha gratidão.

O profissionalismo na prática comunicativa tem distinguido a presença das Irmãs Paulinas na área da produção midiática. Não falam de si ou de suas obras. Falam

das coisas do povo, à luz do pensamento cristão

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Testemunho

Cleusa Thewes

É de significativa relevância, abrangência e cuidado, a presença de Paulinas no que se refere à formação humana e religiosa da

família brasileira. Impulsionadas pelo convite do Mestre: “Ide e evangelizai”, as Irmãs Paulinas dei-xaram o berço italiano, cruzaram o oceano e vieram cumprir sua missão evangelizadora no Brasil.

Iniciaram sua vida no Brasil como verdadeiras andarilhas de Deus, de casa em casa. As famílias as receberam, tal qual um anjo enviado. Nas visitas do-miciliares, elas ouviram dores e ofertaram conforto. E como não podia deixar de ser, adotaram a família brasileira com amorosidade e intenção evangeliza-dora.

As publicações de Paulinas, abertas e sensíveis às necessidades dos pais e dos filhos, em sua missão evangelizadora, contribuem, e muito, para a forma-ção familiar, para a saúde dos afetos e dos valores morais e espirituais de todos.

As Paulinas identificam as necessidades da socie-

dade e suas fragilidades com visão apostólica. Indo ao encontro das famílias com os recursos da atuali-dade, introduzem novos meios de formação familiar na sociedade brasileira. Fazem uso de recursos tec-nológicos atuais para chegar aos lares: falam, cantam, criam multimídias, inventam revistas, editam livros, ocupam espaços na mídia e ampliam as redes de comunicação e formação com o mundo familiar. Entram nas redes sociais e expandem a mensagem de Jesus na comunidade e no ambiente doméstico.

Deste modo, levam orientação cristã e saúde aos lares através de livros, revistas, cds, dvds, multimídias, com visão psicossocial e dimensão espiritual. Im-possível dimensionar a cura e a ressonância destes veículos nas mentes, nos corações e na vida da so-ciedade brasileira.

As Paulinas, eternas andarilhas de Deus, levam sempre, em suas malas peregrinas, os segredos do amor de Jesus.

A família brasileira agradece seu cuidado!

Bem- aventuradas as andarilhas de Deus (Alberione)

A presença de Paulinas na formação da família brasileira

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