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neuza-teixeira
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poema
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o coração;
Esse o segredo das lágrimas,
Nas asas da viração
Mas deixemos o passado,
Suas penas, suas dores,
Deixemos auras melhores
Nos manda o porvir de além,
Qual no meio do oceano,
Após longínqua viagem,
Ao nauta fragrante aragem
Da Pátria falar-lhe vem.
Em que mago encantamento
Esta dita a alma me embebe!
Só quem o sente o concebe;
Não se exprime este prazer!
Bem hajas, cândida virgem!
De aspirações todo cheio,
O amor fizeste nascer!
Adeus pois, passado triste,
Longas horas de amargura;
Adeus, paz da sepultura,
Sem encantos para mim;
Adeus sofrimentos vagos,
Adeus, febris pensamentos;
Esperam-me outros momentos,
Que o amor surgiu enfim.
Acorda pois, ó minha alma,
Chegou enfim a tua festa;
E qual se adorna a floresta
Da manhã ao grato alvor,
Veste também tuas galas,
O teu mais florido manto
E leva um sentido canto
Ao sol da vida, ao amor!
Julho de 1859.
Nota do Autor. — Em vez de — enfim — antes lhe devera chamar — rebate
falso. A ser mais de que um sonho, não passou de um desejo. Não se deve
portanto tirar ilações arrojadas porque seriam falsas.
Repara: — a imóvel crisálida
Já se agitou inquieta,
Cedo, rasgando a mortalha,
Ressurgirá borboleta.
Que misteriosa influência
A metamorfose opera!
Um raio de Sol, um sopro
Ao passar, a vida gera.
Assim minha alma, ainda ontem
Crisálida entorpecida,
Já hoje treme, e amanhã
Voará cheia de vida.
Onde vai o teu pensamento
Quando, os olhos elevando,
Segues das aves ligeiras
Esse harmonioso bando?
Que te dizem os gorjeios
Dessas pobres foragidas,
Que vão procurar ao longe
Outras selvas mais floridas?
Acaso temes, como elas,
As nuvens negras, pesadas,
E os ventos que descem rápidos
Das altas serras nevadas?