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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL MARIA CRISTINA FEROLLA O CUIDADO COM A APARÊNCIA EM MULHERES BENEFICIÁRIAS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: empoderamento e desenvolvimento local Belo Horizonte 2018

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO SOCIAL,

EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL

MARIA CRISTINA FEROLLA

O CUIDADO COM A APARÊNCIA EM MULHERES

BENEFICIÁRIAS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA:

empoderamento e desenvolvimento local

Belo Horizonte

2018

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MARIA CRISTINA FEROLLA

O CUIDADO COM A APARÊNCIA EM MULHERES

BENEFICIÁRIAS DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA:

empoderamento e desenvolvimento local

Dissertação apresentada ao Colegiado do

Programa de Pós-Graduação em Gestão

Social, Educação e Desenvolvimento Local

como requisito parcial para obtenção do título

de mestre.

Área de concentração: Inovações sociais e

desenvolvimento local.

Linha de pesquisa: Educação e

desenvolvimento local

Orientadora: Profª Drª Wânia Maria Araújo

Belo Horizonte

2018

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Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras –

Bibliotecário Júlio Ferreira Gomes – CRB 6 – 3227.

F387c Ferolla, Maria Cristina

O cuidado com a aparência em mulheres beneficiarias do programa bolsa

família: empoderamento e desenvolvimento local. / Maria Cristina Ferolla. –

2018.

136f.

Orientadora: Profa. Dra. Wânia Maria Araújo

Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2018. Programa de pós-

graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local.

Inclui bibliografias.

1. Mulheres - Cuidados com a beleza. 2. Programa Bolsa Família (Brasil). 3.

Gestão social. I. Araújo, Wânia Maria. II. Centro Universitário UNA. III. Título.

CDU: 658.114.8

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NOTA INTRODUTÓRIA

No Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento

Local do Centro Universitário UNA, as dissertações de mestrado se orientam pelas seguintes

normas aprovadas por seu Colegiado:

Para os elementos textuais:

1. A Introdução deve trazer o tema, problema, questão central da pesquisa, hipótese

(facultativa), objetivo geral, objetivos específicos, justificativas e o plano de capítulos;

2. O primeiro capítulo deve trazer uma revisão teórica na área temática da pesquisa, dentro

de um recorte de tempo. É esperado que esse capítulo seja apresentado na forma de um

artigo de revisão, contendo: título, subtítulo, nomes e filiação institucional dos autores (o/a

mestrando/a e o/a orientador/a), resumo, palavras-chave, abstract, keywords, introdução,

desenvolvimento, conclusão, referências, notas, anexos e apêndices;

3. O segundo capítulo deve trazer o relato da pesquisa realizada pelo/a mestrando/a. É

esperado que esse capítulo seja apresentado na forma de um artigo científico, contendo:

título, subtítulo, nomes e filiação institucional dos autores (o/a mestrando/a e o/a

orientador/a), resumo, palavras-chave, abstract, keywords, introdução, discussão teórica,

metodologia, análise dos dados e/ou discussão dos resultados, considerações finais,

referências, notas, anexos e apêndices;

4. O terceiro capítulo deve trazer o produto técnico derivado da revisão teórica e da pesquisa

realizada pelo/a mestrando/a, sua proposta de intervenção na realidade. É esperado que

contenha: título, subtítulo, nomes e filiação institucional dos autores (o/a mestrando/a e

o/a orientador/a), resumo, palavras-chave, abstract, keywords, introdução, discussão para

introduzir o produto técnico e contextualização, descrição detalhada do produto técnico,

considerações finais, referências, notas, anexos e apêndices;

5. Por último, o/a mestrando/a deve trazer as considerações finais da dissertação;

6. Ficam mantidos os elementos pré-textuais e pós-textuais de praxe em dissertações e teses;

7. Alguma flexibilidade em relação a essa estrutura pode ser considerada, mas é

indispensável que o/a mestrando/a apresente pelo menos uma das suas partes na forma de

um artigo.

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RESUMO

Este estudo tem como principal objetivo analisar os padrões de beleza na sociedade

contemporânea, suas diferentes formas de imposição ás mulheres ao longo do tempo e como

pode chegar a influir nas condições de vulnerabilidade social. As mulheres que participaram

desta pesquisa são beneficiárias do Programa Bolsa Família, atendidas na Clínica de Estética

de uma instituição de ensino superior, localizada no município de Formiga. Para compreender

a forma como a imposição de padrões de beleza alcança estas mulheres foi feita uma breve

diacronia para situar como tais padrões foram se transformando ao longo do tempo como

consequência das mudanças nos contextos sociais, políticos, econômicos, culturais das

sociedades. A intenção foi percorrer alguns momentos históricos para identificar os padrões

de beleza de cada época e perceber como as mulheres foram alvo das determinações do

próprio conceito de beleza como se o gênero feminino fosse o depositário dos ideais de beleza

de cada momento no tempo. Estes padrões pré-estabelecidos, durante décadas, estereotiparam

mulheres e as fizeram submeter-se a diversos procedimentos estéticos na busca de alcança-

los. Diante do exposto, é necessário pensar em ações que contribuam para a desconstrução de

conceitos que vêm ao longo de décadas aprisionando mulheres, visto que são ideais de beleza

impostos por uma sociedade machista, que afetam a autoestima feminina trazendo

consequências negativas para sua saúde física e psíquica. Para a realização deste estudo

delineado como qualitativo, foi realizada pesquisa bibliográfica em bases de dados eletrônicos

para o levantamento de artigos, dissertações e teses relativos ao tema desta pesquisa a partir

das palavras chave: Padrão de Beleza, Autoestima, Empoderamento Feminino, Bolsa Família,

Gestão Social, Desenvolvimento Local e seus equivalentes em inglês. Além disso, realizou-se

dez entrevistas com mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família que foram atendidas

na Clínica Escola de Estética do Centro Universitário de Formiga – UNIFOR-MG. A partir da

análise dos dados coletados, foi elaborada uma proposta de ação extensionista com os

profissionais da estética e da psicologia para acompanhar as mulheres atendidas na Clínica de

Estética da Unifor em suas reflexões sobre o ―ser mulher‖ em condições de vulnerabilidade

social a partir da perspectiva da gestão social.

PALAVRAS CHAVE: Autoestima. Bolsa Família. Empoderamento. Gestão Social. Mulher.

Padrão de beleza.

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ABSTRACT

This study has as main objective to analyze the standards of beauty in contemporary society,

its various forms of imposing women over time and how you can get the work under the

conditions of social vulnerability. The women who participated in this survey are

beneficiaries of the Family allowance program, served on Aesthetic clinic of a higher

education institution, located in the municipality of Ant. To understand how the imposition of

standards of beauty reaches these women was made a brief diachrony locating how such

patterns have been changing over time as a result of changes in social, political, economic

contexts, cultural societies. The intention was to traverse some historic moments to identify

patterns of beauty of each season and understand how women were the subject of the

determinations of the very concept of beauty like the female gender was the depositary of the

ideal of beauty of each moment in time. These pre-set standards for decades, estereotiparam

women and made them undergo various cosmetic procedures in seeking to reach them. On the

above, it is necessary to think of actions that contribute to the deconstruction of concepts that

come along decades trapping women, since they are ideals of beauty imposed by a sexist

society that affect the female self-esteem bringing negative consequences for your physical

and mental health. It is necessary also that esthetic professionals operate in order to contribute

to formation of happy and self-confident individuals who seek not only follow tax standards

of beauty, but the health and physical and emotional well-being. To complete this study

outlined and qualitatively, was carried out bibliographical research in electronic databases for

the removal of articles, dissertations and theses related to the topic of this research from the

keywords: standard of beauty, Self-esteem, female empowerment, Family, Social

management, Local development and their equivalents in English. In addition, ten interviews

with women beneficiaries of the Family allowance program which were met at the clinic

School of aesthetics of the Centro Universitário de Formiga-UNIFOR-MG. The interviews

were analyzed by categories (I'll check if the categories are proper coinciding with the chapter

2 because I think your set of categories are organized there otherwise), namely,

empowerment: psychological, social and political; From the analysis of the data collected,

was an elaborate proposal for extensionists action with the professionals of aesthetics and

psychology to accompany women met at the clinic of aesthetic Unifor in his reflections on the

"woman" in conditions of social vulnerability from the perspective of social management.

KEYWORDS: Self esteem. Bolsa Família. Empowerment. Social Management. Woman.

Beauty pattern.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Categorias de Análise .............................................................................................. 54

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Lista de siglas e abreviaturas

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

ODM Objetivos do Milênio

ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

ONU Organização das Nações Unidas

PBF Programa Bolsa Família

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

WEPs Women's Empowerment Principles (Tradução Forum de Princípios

de Empoderamento)

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Dedico a Deus que me conduziu a

trilhar este caminho e colocou anjos que me

sustentaram nesta caminhada;

Aos meus pais, que com seu exemplo

de amor, trabalho e garra, me ensinaram a

persistir, mesmo nos momentos de extrema

fraqueza. A dedicação e simplicidade deles

proporcionaram condições para que eu

estivesse aqui. Dentre tantas outras

oportunidades que me concederam na vida,

meu eterno reconhecimento e gratidão;

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Agradecimentos

À estimada professora Drª Wânia Maria de Araújo pelo sorriso largo, apoio e pela

confiança em mim depositada ao longo deste percurso, me orientando de forma carinhosa e

precisa neste árduo caminho, presente de forma suave, acreditando em mim, quando nem eu

acreditava ser capaz, minha eterna gratidão.

À professora Dra Matilde Meire Miranda Cadete, esta mestre maravilhosa, que me

acompanhou nesta trajetória, sempre com uma palavra carinhosa, positiva e me empoderando

a cada momento, reafirmando minha capacidade. Pela sua ajuda nesta caminhada, levarei sua

competência, seu exemplo de eximia mestre, que não perdeu a doçura, simplicidade e acima

de tudo, o amor pelo próximo.

À professora Dra. Alexandra do Nascimento Passos, pela gentileza de contribuir de

forma importante no exame de qualificação. A qual me proporcionou uma melhor

investigação e correlação entre gênero, padrão de beleza e gestão social, com seus valiosos

questionamentos. Deixo também minha gratidão, você também colaborou com meu

empoderamento e com minha chegada até aqui. Mestre suave, eficiente, nos faz crescer de

forma harmoniosa. Você foi outro anjo protetor. Obrigada por ter feito parte de forma tão

especial desta minha caminhada.

Aos meus professores e colegas de mestrado pela convivência e troca diária que

proporcionaram meu enriquecimento pessoal e acadêmico. Diante de tantas trocas felizes, ou

não, saio com certeza que valeu a pena, que não foi em vão, que hoje sou uma pessoa e uma

cidadã melhor!

Às mulheres maravilhosas que me confiaram e compartilharam suas experiências,

sentimentos e possibilitaram a realização desse estudo, meu carinho e reconhecimento. Muito

Obrigada!

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"Amar a si mesmo é o começo de um romance

para toda a vida."

(Oscar Wilde)

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SUMARIO1

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 13

CAPÍTULO 1: Empoderamento feminino, uma reflexão do padrão de beleza

estereotipado em mulheres de baixa renda .......................................................................... 18

1.1 Introdução ............................................................................................................... 19

1.2 Metodologia ............................................................................................................ 20

1.3 Discussão teórica .................................................................................................... 21

1.3.1 A centralidade da aparência ............................................................................. 21

1.3.2 Beleza: história e o ideal de beleza .................................................................. 22

1.3.3 Tratamentos estéticos ....................................................................................... 27

1.3.4 Empoderamento ............................................................................................... 28

1.3.4.1 Empoderamento psicológico......................................................................... 31

1.3.4.2 Empoderamento social .................................................................................. 31

1.3.4.3 Empoderamento político ............................................................................... 31

1.4 Autoestima .............................................................................................................. 32

1.5 Mulheres de baixa renda ......................................................................................... 32

1.6 O Programa Bolsa Família ...................................................................................... 35

1.7 Gestão social ........................................................................................................... 36

1.8 Políticas públicas e igualdade de gênero ................................................................ 37

1.9 Considerações finais ............................................................................................... 39

1.10 Referências............................................................................................................ 40

CAPÍTULO 2: A Percepção da autoimagem das mulheres beneficiárias do PBF

frente ao padrão de beleza estabelecido ............................................................................... 48

2.1 Introdução ............................................................................................................... 49

2.2 Metodologia ............................................................................................................ 50

2.2.1. Considerações sobre a coleta de dados ........................................................... 52

2.3 Análise e discussão dos resultados ......................................................................... 53

2.3.1 Padrão de beleza, autoimagem, autoestima, qualidade de vida e

empoderamento psicológico ................................................................................................. 54

2.3.2 Relação entre autoestima, educação e aprimoramento pessoal: o

empoderamento social .......................................................................................................... 63

1 Este trabalho foi revisado de acordo com as novas regras ortográficas aprovadas pelo Acordo

Ortográfico assinado entre os países que integram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em

vigor no Brasil desde 2009. E foi formatado de acordo com a ABNT NBR 14724 de 17.04.2011

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2.3.3 Padrão de beleza e bem estar; desigualdade social e poder; vulnerabilidade

social e empoderamento político ......................................................................................... 71

2.4 Considerações finais ............................................................................................... 74

2.5 Referências.............................................................................................................. 76

CAPÍTULO 3: Abordagem interdisciplinar no empoderamento feminino .......... 82

3.1 Introdução ............................................................................................................... 83

3.2 Desigualdade social e gênero .................................................................................. 86

3.3 Pobreza, gênero e politicas públicas: empoderamento para o desenvolvimento local

no contexto da emancipação feminina ...................................................................................... 87

3.4 Empoderamento, igualdade social .......................................................................... 91

3.5 Gestão Social: a construção do empoderamento feminino e o desenvolvimento

local .......................................................................................................................................... 94

3.6 Projeto de extensão ―Empoderamento Feminino a partir da Gestão Social‖ ........ 96

3.7 Proposta de projeto de extensão ―Pelas Trajetórias de Mulheres Construindo um

Espaço de Reflexão‖ ................................................................................................................. 97

3.7.1 Objetivos .......................................................................................................... 97

3.7.1.1. Objetivo geral .............................................................................................. 97

3.7.1.2 Objetivos específicos .................................................................................... 97

3.7.3 Metodologia ..................................................................................................... 98

3.8 Considerações finais ............................................................................................. 100

3.9 Referências............................................................................................................ 101

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 107

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 110

APÊNDICES ............................................................................................................. 127

APÊNDICE A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DA

RESOLUÇÃO 466/2012 ........................................................................................................ 127

APÊNDICE................................................................................................................ 130

APÊNDICE B: ROTEIRO DE ENTREVISTA.......................................................... 130

ANEXO ...................................................................................................................... 134

ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO .................................................... 134

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INTRODUÇÃO

A dedicação das mulheres a sua estética corporal é algo antigo, se verificarmos o

contexto histórico; já na antiguidade, o universo feminino sempre estava associado à beleza;

deusas, sacerdotisas, musas, mães-terra e as diversas figuras mitológico-religiosas jamais

deixaram de possuir, entre os requisitos principais, a beleza.

A beleza vem, ao longo da história, sendo discutida, transformada e cultuada, sempre

relacionada aos valores sociais de cada época. O conceito de belo é um tanto complexo, pois

fundamenta uma categoria do espírito, sendo aplicado a todos os objetos que nos transmitem

beleza, como um corpo humano, componentes da natureza, uma paisagem, uma atitude de

alguém que admiramos. Mas afinal o que é "beleza"? É, antes de tudo, a própria sensação, e

"belo" é o que desencadeia a tal sensação. A ideia de "belo" sempre esteve intimamente

ligada à ideia de "bem" e de "bom", como evidencia Umberto Eco em História da Beleza. O

autor constata que em várias épocas históricas correlacionou-se uma tênue ligação entre o

Belo e o Bom (ECO, 2010).

Segundo a sabedoria popular, beleza é algo subjetivo, influenciado pelos gostos

pessoais de cada um e difere de pessoa para pessoa. Como descrito pelo filósofo escocês

David Hume, "A beleza não é uma qualidade inerente às coisas. Ela existe apenas na mente de

quem as contempla, e cada mente percepciona uma beleza diferente" (HUME, 1987, p. 231)2.

Diante disso, é possível afirmar que o belo é algo de difícil catalogação, por depender de

vários e diferentes fatores. Dessa forma, o belo e, mais especificamente, a beleza feminina são

aqui tomados como ponto de partida para a compreensão das imposições de padrões de beleza

ao feminino ao longo da história. Ao tomar a beleza feminina como ponto de partida, tornou-

se inevitável discorrer sobre o corpo feminino, bem como sobre os riscos para a integridade

psicofísica das pessoas que se submetem a intervenções, inclusive cirúrgicas, para alcançar os

padrões de beleza impostos pela sociedade e terem os corpos ―perfeitos‖. O sofrimento das

mulheres em nome de um tipo de beleza preestabelecida é tão antigo como a humanidade, não

sendo exclusivamente um fenômeno contemporâneo. O que acontece nos dias atuais já

acontecia, conforme assinalam Lisboa e Suenaga (2006, p. 1):

A beleza é representada como um dever cultural, sobre influências da mídia e da

moda, onde o corpo é transformado em mercadoria e o objeto de desejo o corpo

padrão, ou, a beleza padrão. Entende-se que o padrão de beleza ideal é mutável e que

a busca por este, quando não concretizado, pode acarretar graves consequências ao

ser humano.

2 Tradução livre.

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O trecho anterior evidencia o problema da mulher enquanto escrava das imposições

sociais em torno da beleza feminina, imposições criadas por uma sociedade machista.

A ideia de beleza sempre foi relacionada ao sexo feminino: anjo e diabo, exaltados e

condenados, reverenciados e maltratados, salvação e perdição ao mesmo tempo, a mulher tem

sido, e continua a ser considerada a materialização mais próxima do conceito de beleza. No

mundo ocidental, dominado por modelos de vida e de pensamento patriarcais, a mulher lutou,

tantas vezes sem sucesso, para ser o que efetivamente quer ser e é, para viver sua própria

individualidade e poder vivenciar um mundo em que ser pessoa, ser mulher, ser bela, não

insinuasse ser o que os outros definissem que fosse.

O século XX, pode-se dizer que consolida progressivamente ideais quase

inalcançáveis de saúde e perfeição e, por consequência, o esmagamento das mulheres. Ano

após ano a "beleza" afirma-se cada vez mais como sinônimo de "superpoder". É este o século

das grandes pressões e opressões, as quais, para as mulheres, muitas vezes vem com uma ideia

de crescente independência e autonomia, que podem se revelar como uma ilusão. A mulher

vive continuamente obrigada a responder a padrões, expectativas novas. Devido a isso que,

por outro lado, o desgaste e confusão sempre maiores às quais a mulher é sujeita determinam,

psicológica e antropologicamente, o desejo louco e descomedido de corresponder cada vez

mais a modelos ideais inalcançáveis, principalmente fisicamente, que juntam estilo de vida e

imagem exterior.

É nesta perspectiva que no presente trabalho analisarei a interferência da

autopercepção da imagem feminina frente aos padrões de beleza impostos com o objetivo de

trazer reflexões sobre a interferência histórica da beleza na subjetividade feminina, suas

consequências na autoestima, comportamento e qualidade de vida da mulher, bem como os

reflexos disso na presença ou ausência do empoderamento.

A construção da auto percepção é influenciada pelo meio no qual o individuo está

inserido. Vivendo em uma sociedade marcada por uma ideia de superioridade masculina, as

mulheres são as maiores vítimas da baixa autoestima. Além disso, existem outras interseções

na auto percepção feminina como gênero, raça e classe que, em relação às mulheres negras,

pobres e periféricas, por exemplo, observa-se que são duplamente penalizadas. Por isso, a

autoestima deve ser analisada também de acordo com o contexto social, idade, raça, peso etc.

Frente a isso, as mídias se tornam potencializadoras da imposição de padrões de beleza

o que, consequentemente, contribui para a baixa autoestima feminina. Na mídia, não há

representatividade positiva para as mulheres que se distanciam do padrão, pois estas entram

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no ciclo de crescente cobrança referente a si próprias, para se encaixarem nos estereótipos.

Esses padrões acabam por influenciar de forma bastante negativa as suas autoestimas.

Muitas mulheres sofrem de baixa autoestima. Isso influencia na vida pessoal,

profissional e social. Este trabalho poderá conferir visibilidade a esses problemas, que são

muitas vezes deixados de lado, considerados como fútil e sem importância. Com efeito,

restabelecer a autoestima das mulheres é de extrema importância para que elas consigam lutar

pela igualdade de gênero em todas as esferas de sua vida. É necessário que se sintam nas

mesmas condições de desfrutar postos de trabalho contribuindo para uma sociedade mais justa

e harmônica.

Trabalho num Centro Universitário, referência de ensino de nível superior no

município de Formiga-MG, desde agosto de 2012, como docente do Curso de Bacharelado em

Estética. Em 2014, iniciei meu trabalho de supervisão em atendimento na Clinica Escola da

referida instituição, onde são realizados procedimentos estéticos faciais e corporais destinados

à comunidade. Tais procedimentos são oferecidos de forma gratuita e, entre as mulheres

atendidas, estão aquelas beneficiadas pelo Programa Bolsa Família – PBF. No contato diário

com estas pessoas, em especial com as mulheres beneficiadas pelo PBF, comecei a receber

relatos que me chamaram muito atenção pela complexidade e pela maneira que elas me

relatavam seus sentimentos positivos e/ou negativos e como isso interferia na qualidade de

vida delas. Nestes relatos, comecei a perceber que o padrão de beleza imposto socialmente e a

autopercepção destas mulheres lhes traziam angústia e sentimentos de baixa autoestima e

autocondenação, fato até então visto por mim como futilidade. Os relatos no início, meio e

final dos procedimentos eram alterados de forma significativa, quando se sentiam melhores

consigo mesmas. Por que as mulheres são tão escravizadas pelo padrão de beleza imposto?

Porque não ter a aparência das modelos magras, altas e com pele e cabelos bem cuidados, as

faz sofrer tanto e a se autopenalizar?

Diante deste quadro comecei a refletir sobre a complexidade da subjetividade feminina

e os valores sociais impostos ao longo da história que se internalizam e as escravizam. Frente

a estas inquietações, começo a ler e pesquisar sobre o tema: beleza, poder, autoestima e suas

interferências na qualidade de vida destas mulheres.

Em agosto de 2016, inicio um Mestrado em Educação, Gestão Social e

Desenvolvimento Local, no Centro Universitário UNA, que me possibilita um melhor

entendimento sobre as variáveis que estava estudando. Neste momento, começo a desvendar

estas variáveis e a necessidade de contribuir de alguma forma para a desconstrução dos

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valores enraizados e internalizados pelas mulheres e construídos por uma sociedade machista

que as aprisiona.

A relevância deste estudo se apresenta pela intenção de abrir mais espaço para reflexão

e discussão sobre como os padrões de beleza pré-estabelecidos podem interferir na

subjetividade feminina e sua influência no comportamento das mulheres, em sua autoestima e

qualidade de vida. Como forma de gestão social pretende-se analisar os fatores que

aprisionam as mulheres e as impedem de tomar posse de suas vidas e decisões. Com isso,

busca-se um melhor enfrentamento a todo tipo de violência que lhes é imposta. E assim

colaborar para uma mudança de atitude e tratar da necessidade de se libertarem de valores que

contribuem para a baixa autoestima, visto que, interferem de forma negativa em sua qualidade

de vida e no meio social em que vivem.

Assim, essa pesquisa teve como principal objetivo analisar se a melhora da imagem

obtida após a realização de procedimentos estéticos nas mulheres beneficiárias do Programa

Bolsa Família do município de Formiga/MG contribuiu para o seu empoderamento e para o

desenvolvimento local de suas comunidades. São ainda os objetivos específicos:

a. Identificar como o padrão de beleza interfere na percepção da imagem

feminina e caracterizar a relação entre percepção da imagem e padrão de beleza da

sociedade contemporânea;

b. Analisar a relação entre a melhora na autoestima, aprimoramento pessoal e sua

influência no desenvolvimento social, cultural e econômico das mulheres beneficiárias

do Programa Bolsa Família do município de Formiga-MG;

c. Verificar a relação entre padrão de beleza da sociedade contemporânea e o

empoderamento feminino;

d. Enunciar as mudanças ocorridas após os procedimentos estéticos.

e. Propor, como produto técnico, a elaboração de uma proposta de ação

extensionista com equipe multidisciplinar no Centro Universitário de Formiga.

A estrutura da dissertação consiste em três capítulos, no formato de três artigos

científicos, atendendo à decisão do colegiado sobre a nova estrutura do trabalho de conclusão

do curso.

Neste arranjo, o primeiro artigo apresenta uma revisão teórica sobre as alterações dos

padrões de beleza ao longo da história e suas influências na imagem e comportamento

feminino até os dias atuais. O artigo tratará também das variáveis que são importantes para

que melhor se compreenda o tema estudado como autoestima, baixa renda, Programa Bolsa

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Família, empoderamento. Finaliza-se esse capítulo com o tema gestão social e

desenvolvimento local no contexto da importância do tema para o empoderamento da mulher.

O segundo artigo apresenta os resultados da pesquisa desenvolvida com mulheres

beneficiárias do programa Bolsa Família que passaram por procedimentos estéticos no

município de Formiga. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com tais mulheres a

partir das quais se identificou a percepção delas frente ao padrão de beleza pré-estabelecido,

seus sentimentos e seu reflexo em suas atitudes e qualidade de vida, bem como a interferência

destes fatores na presença ou ausência do empoderamento feminino analisado à luz dos

preceitos da gestão social e do desenvolvimento local.

A partir dos relatos coletados pelas entrevistas surgiu então o terceiro artigo na forma

de um produto técnico. Este se constitui em uma proposta de ação extensionista voltadas para

as mulheres beneficiárias do PBF. A ideia é tornar possível a estas mulheres um espaço de

encontro e reflexão sobre sua condição de ser mulher. Espera-se que tais ações possam

oferecer contribuições para o debate sobre a percepção dessas mulheres e a necessidade de

desconstrução das imposições de uma sociedade machista que as escravizam e

dificulta/impedem o empoderamento feminino. Espera-se também contribuir para desenvolver

uma maior reflexão sobre a violência que as mulheres sofrem ao serem estereotipadas a partir

de padrões de beleza impostos ao longo de décadas.

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Capítulo 1: Empoderamento feminino, uma reflexão do padrão de beleza

estereotipado em mulheres de baixa renda

Maria Cristina Ferolla3

Wânia Maria Araújo4

Resumo

Este estudo tem como objetivo analisar como o padrão de beleza interfere na percepção da

imagem, na autoestima e sua influência no empoderamento feminino das mulheres

beneficiadas pelo Programa Bolsa Família. Será apresentada uma breve contextualização

sobre algumas questões para um melhor entendimento do tema como beleza, empoderamento,

autoestima, mulheres de baixa renda, Programa Bolsa Família, gênero, gestão social e

desenvolvimento local. Os padrões de beleza pré-estabelecidos durante décadas, levaram as

mulheres a se submeterem a diversos procedimentos estéticos na busca de alcançá-lo. Para

tais procedimentos é necessário investimento financeiro, não acessível às mulheres de baixa

renda. Para a realização deste estudo foi realizada uma pesquisa bibliográfica. Este

levantamento foi executado em bases de dados eletrônicas: Scielo, Google Acadêmico, Lilacs,

sendo priorizados estudos realizados de 2010 a 2017. Esta pesquisa bibliográfica visa a

contribuir com a produção de conhecimentos sobre a importância da autopercepção da

imagem. Os artigos, dissertações, teses e capítulos de livros consultados abordam o tema da

violência psicológica produzida nas mulheres pela busca de alcançar os padrões de beleza

impostos, bem como os reflexos negativos em sua autoestima, qualidade de vida e no seu

empoderamento. Por meio desta pesquisa, foi possível concluir que a mulher vem, ao longo

da história, sendo escravizada por padrões estéticos pré-estabelecidos, na maioria das vezes

inatingíveis para a grande maioria dos indivíduos. É necessário publicizar estas reflexões para

que se possa pensar em ações que contribuam para a rejeição de modelos de beleza impostos

durante toda a vida para que as mulheres possam participar de forma efetiva em processos

decisórios de toda ordem, mas em especial, aqueles que digam respeito a si mesmas e as suas

comunidades.

Palavras Chave: Autoestima. Bolsa Família. Empoderamento feminino. Gestão Social.

Padrão de beleza.

Abstract

This study aims to analyze how the standard of beauty interferes with the perception of the

image, on self-esteem and your influence on female empowerment of women benefited by the

Bolsa Família Program. A brief background about some questions for a better understanding

of the topic as beauty, empowerment, self-esteem, women of low income Family allowance

program, gender, social management and local development. The pre-established standards of

beauty for decades, led women to submit to various cosmetic procedures in seeking to achieve

it. To such procedures is necessary financial investment, not accessible to low-income

women. To carry out this study was conducted a literature search. This survey was performed

in electronic databases: Scielo, Lilacs, Google Scholar being prioritized studies from 2010 to

2017. This bibliographical research aims to contribute to the production of knowledge about

3Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local

(GSEDL) do Centro Universitário UNA de Minas Gerais. 4 Wânia Maria Araújo Profª. do Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e

Desenvolvimento Local (GSEDL) do Centro Universitário Una de Minas Gerais

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the importance of the self-perception of the image. The articles, dissertations, theses and

chapters of books consulted cover the theme of psychological violence produced in women by

seeking to achieve the beauty standards taxes as well as negative reflexes in your self-esteem,

quality of life and in your empowerment. Through this research, it was possible to conclude

that the woman coming, throughout history, being enslaved by pre-established aesthetic

standards, mostly unattainable for most individuals. It is necessary to publicizar these

thoughts to think of actions contributing to the rejection of beauty models taxes throughout

life so that women are able to participate effectively in decision-making processes of all

kinds, but in particular, those that relate to themselves and their communities.

KeyWords: Self-esteem. Bolsa Família. Female empowerment. Social Management.

Standard of beauty.

1.1 Introdução

Na sociedade contemporânea, a beleza é sinônima de perfeição, de aceitação social

(FARIAS, 2017). Estar dentro do padrão de beleza atual, é sinônimo de sucesso e felicidade.

As mulheres que conseguem se mostrar belas para a sociedade, o que vai além de se sentir

bela, são as que conseguem ser vistas como belas destacam-se frente às outras e mostram

poder. Sendo assim, as que conseguem ser vistas socialmente pela perspectiva deste padrão,

são invejadas pelas próprias mulheres e percebidas como aquelas que possuem realização e

felicidade, como por exemplo, um grande amor, o melhor emprego, sucesso pessoal,

aceitação e admiração social. Com efeito, diante de tantas conquistas advindas através da

beleza reconhecida socialmente, muitas mulheres fazem verdadeiras ―loucuras‖ para adquiri-

la a qualquer preço, na busca de uma imagem social favorável (BEKEMBALL; CALAZANS,

2011).

A aparência pode ser considerada atualmente um dos fatores de inclusão ou exclusão

na sociedade. Esta exclusão social interfere negativamente na aceitação de si próprio, traz

graves distorções na percepção da imagem e leva a baixa autoestima. Segundo Debord (1997,

p.16), ―o espetáculo é a afirmação da aparência e a afirmação de toda vida humana [...] como

simples aparência‖. A percepção que o indivíduo tem de si próprio interfere diretamente em

suas relações interpessoais, em sua saúde, autoestima e bem estar. Diante disso, uma

avaliação ruim da própria imagem pode refletir de forma negativa na percepção de si próprio

e trazer distorções psíquicas desfavoráveis à qualidade de vida e bem estar (MIRANDA et al,

2017).

Neste contexto, as mulheres de baixa renda enfrentam um desafio maior, pois elas não

possuem acesso aos procedimentos estéticos que, em geral, têm custos financeiros altos, e

tampouco alcançam o padrão de beleza imposto pela sociedade machista e amplamente

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divulgado pelas mídias. Isto significa estar fora das oportunidades e do alcance do sucesso

pessoal, o que interfere na autoestima e no desenvolvimento psicossocial dessas mulheres.

A mídia é utilizada para divulgar os padrões de beleza impostos pela sociedade e que,

na maior parte das vezes, não são atingíveis pelas mulheres. As revistas e campanhas

publicitárias impõem um estereótipo padrão: mulheres jovens, brancas, magras e de pele lisa.

Em decorrência disto, as mulheres do mundo real são acometidas por problemas de

autoestima e auto aceitação por não se encaixarem neste padrão. São mais penalizadas aquelas

que estão mais distantes do padrão, como as mulheres negras, as lésbicas, as gordas, as

pobres, as da terceira idade, as portadoras de deficiência física e todas aquelas que possuem

alguma característica que as distancia deste padrão imposto. A determinação de um

―parâmetro‖ ou padrão de beleza tem um peso em nossa cultura, configurando-se como uma

estratégia de poder, produtora de discursos qualificados como verdadeiros e convincentes,

logo, socialmente ―aceitos‖ por indivíduos sujeitados (FOUCAULT, 1979). A determinação

de uma norma de beleza é então analisada como um efeito das relações de poder. Conforme

Foucault (1979), estes efeitos do poder são disseminados em toda rede de relações sociais,

onde nada ou ninguém consegue ficar alheio.

Este capítulo tem como objetivo analisar, por meio de pesquisa bibliográfica como o

padrão de beleza interfere na percepção da imagem, na autoestima e sua influência no

empoderamento feminino das mulheres beneficiadas pelo Programa Bolsa Família no

município de Formiga, MG. São também objetivos deste capítulo identificar como o padrão

de beleza interfere na percepção da imagem feminina, analisar a relação entre a melhora na

autoestima e as possíveis relações com a gestão social e o desenvolvimento local.

1.2 Metodologia

Este capítulo foi construído por meio de uma revisão da literatura realizada para o

levantamento de dados. Este levantamento foi executado em bases de dados eletrônicas:

Scielo, Google Acadêmico, Lilacs no período de agosto de 2017 a março de 2018.

As palavras-chaves utilizadas para realização da busca foram: Autoestima, Bolsa

Família, Empoderamento feminino, Gestão Social e Padrão de beleza, e seus equivalentes em

inglês, sendo priorizados estudos realizados de 2010 a 2018.

Foram identificados artigos, teses e dissertações que versam sobre a temática aqui em

questão: cuidado com a aparência, história da beleza, empoderamento feminino, política de

assistência social, Programa Bolsa família, mulheres como chefes de família entre outros. Este

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levantamento permitiu identificar os autores clássicos que corroboram para a discussão destes

temas, bem como a seleção de livros e artigos mais recentes que debatem tais temáticas.

A pesquisa pretende elucidar e compreender os fatores que influenciam na percepção

das mulheres de si próprias frente ao padrão de beleza estabelecido. A pesquisa também

pretende elucidar quais as influências comportamentais que esta autopercepção positiva ou

negativa gera e o impacto na vida das mulheres que se sentem distantes do padrão de beleza.

1.3 Discussão teórica

1.3.1 A centralidade da aparência

As imagens femininas divulgadas pelas mídias, em sua maioria, seguem o padrão das

mulheres magras, depiladas, cuidadas por esteticistas, sem marcas ou rugas, além de serem

brancas (CARNEIRO; FERREIRA, 2014). Os maiores inimigos na busca pela aparência ideal

são o envelhecimento e a gordura (NOVAES, 2014).

Segundo Sibilia (2010), na contemporaneidade, o objeto de veneração são os corpos

que demandam uma diversidade de cuidados. A visibilidade e a veneração dos corpos

constituindo-se o ―aparecer para ser‖ necessitam de técnicas cada vez mais sofisticadas. Essas

técnicas são apresentadas pelo mercado da beleza e fazem com que as pessoas submetam-se a

diversos procedimentos de modelagem corporal para ter o corpo desejado para si e perante os

outros.

Entretanto, nem todos conseguem atingir o objetivo de alcançar corpos jovens e

magros. Para se sentirem admirados, todas e todos almejam ter corpos assim. Técnicas

corporais como a depilação, inclusive a laser; tratamentos dermatológicos (a exemplo da

carboxiterapia); tratamentos faciais (Correntes Elétricas, Peelings, Radiofrequência), dentre

outros, são oferecidos em Centros de Estética e atendem geralmente, às classes sociais com

alto poder aquisitivo.

Os comportamentos são guiados por uma moralidade, visto que a pessoa vigia a si

própria, é também vigiada pelo olhar do outro e pela mídia. A beleza presume o olhar do

outro. É através da invasão do olhar do outro sobre o corpo, que esta se faz sentida,

principalmente se considerarmos o espetáculo como forma de estabelecimento dos laços

sociais (NASCIMENTO; SILVA, 2014).

É necessário fortalecer a reivindicação do direito e da autonomia das mulheres sobre

seus corpos e também reivindicar mudanças nos valores que continuam oprimindo-as,

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aprisionando-as a padrões estéticos pré-estabelecidos ao longo da história. Diante deste

contexto, faz-se necessário alimentar discussões neste sentido e fomentar o desenvolvimento

de estudos a fim de problematizar relações entre padrões de beleza pré-estabelecidos e suas

implicações na aceitação e satisfação das mulheres com seus corpos, seus reflexos na

autoestima e no empoderamento feminino.

Discussões precisam ser travadas em torno dessas temáticas, principalmente em

espaços como instituições educacionais (do ensino fundamental ao superior) para fomentar

um debate sobre a necessidade de políticas públicas que promovam maiores acessos à

informação no sentido de libertar as mulheres destes padrões que muitas vezes as levam à

depressão e à exclusão social, por não conseguirem atingi-lo. Essas experiências vividas por

elas tocam em questões como o imaginário feminino, a aceitação da própria imagem e a

melhoria da qualidade de vida.

Eco (2004) compreende que o homem cria o belo a partir de sua própria imagem e

semelhança, nas representações de si próprio. É a partir desta perspectiva que Eco (2010)

destaca que no século XX as disputas entre as belezas provocantes e questionadoras do

futurismo, do surrealismo e do cubismo de Picasso são chamadas a dialogar com a diplomacia

pacificadora da ―beleza do consumo‖.

E eis que, ao fim e ao cabo, aqueles que visitam uma exposição de arte de

vanguarda, que compram uma escultura ―incompreensível‖ ou que participam de um

happening vestem-se e penteiam-se segundo os cânones da moda, usam jeans ou

roupas assinadas, maquiam-se segundo o modelo de beleza proposto pelas revistas

de capas cintilantes, pelo cinema, pela televisão, ou seja, pelos mass media (ECO,

2010, p. 418).

Segundo Gomes (2002), a beleza, ao longo do tempo, representa uma construção

histórica do humano, e por isso, sua associação a determinadas características de classe, idade

ou etnia interfere na nossa sensibilidade, que se altera de acordo com a cultura vigente. Diante

do exposto, não há como ignorar a importância social da imagem. Em uma sociedade

imagética, na qual que o sujeito é definido por sua aparência, não há como desconsiderar o

sofrimento psíquico decorrente de todas as regulações sociais que incidem sobre o corpo-

sobretudo o feminino (NOVAES, 2011, p.477).

1.3.2 Beleza: história e o ideal de beleza

O padrão de beleza pode variar conforme o contexto histórico e cultural. Cada

sociedade teve, ao longo do tempo, um ideal de beleza que de acordo com Mauss (1974 apud

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GOLDENBERG, 2005, p. 68) poderia ser por meio da ―imitação prestigiosa: os indivíduos

imitam atos, comportamentos e corpos que obtiveram êxito e que viram-se bem-sucedidos‖.

Para remontar o histórico da beleza e os padrões de beleza, toma-se como uma das

referências a obra ―Beleza do Século‖ (FAUX, 2000). Segundo Faux, (2000) o belo é um

conceito que vem mudando ao longo da história e por isso varia a cada época. Isto implica em

dizer que, ao longo da história, houve a construção de ideais de beleza. A história evidencia

bem este conceito mutável do belo.

No Egito antigo, Nefertiti era considerada bela porque tinha a pele dourada graças a

um preparado de ocre amarelo; já a face era realçada com uma mistura ocre vermelha. Os

olhos sempre muito maquiados com kajal, sobrancelhas bem definidas e as veias têmporas

aparentes e azuis. Os cabelos considerados belos eram pretos e lisos. Quem não os tinha desse

modo, usava peruca com franja, confeccionada de seda ou crina de cavalo e com fios de ouro.

Já na Grécia antiga, a beleza era sinônima de harmonia, a maquiagem quase não

existia e o que era valorizado eram as sobrancelhas marcadas que formavam um único arco

(FAUX, 2000).

Chegando a Idade Média, ocorre uma mudança radical nas sobrancelhas. Estas já não

deveriam se tocar, e sim ser separadas e delicadas. As características femininas deveriam

seguir algumas características pré-estabelecidas, como ter uma boca pequena e vermelha, a

testa redonda e grande e longos cabelos loiros. Para conseguir uma testa perfeita, muito

valorizada para os padrões da época, a mulher deveria depilar polir e branquear a testa com

algumas substâncias como, por exemplo, o sulfureto de arsênico, cal viva, unguentos feitos de

cinza de ouriço, sangue de morcego, asas de abelhas, mercúrio e baba de lesma. Os cabelos

loiros eram conseguidos com uma decocção de lagartos verdes no óleo de noz, enxofre e

ruibarbo. Já o corpo deveria ser muito branco e delicado, ombros ligeiramente caídos, busto

comprido, membros longos, quadris arrebitados, ventre arredondado e uma cintura muito fina

(FAUX, 2000).

No Renascimento, a beleza feminina vem representando a maternidade e o ócio, com

formas arredondadas, seios grandes, coxas grossas e quadris largos. A beleza é sinal de fartura

(SILVA, 2011). Sendo assim, a beleza no Renascimento não continua a tendência da idade

Média. De magras na Idade Média, a beleza feminina no Renascimento mostrou mulheres

com formas arredondadas. O artista Botticelli retratou bem este tipo de beleza feminina do

Renascimento.

Durante o período da Reforma e da Contra-Reforma, a maquiagem era realizada de

forma marcante. As mulheres reagiram às normas impostas pela igreja como, por exemplo, o

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comprimento de seus vestidos. Nesse período, a fartura não era mais valorizada. Um

preparado a base de Carbonato de Chumbo era usado para pintar a pele e torná-la bastante

branca, as maçãs do rosto eram evidenciadas com ruge, preparado este chamado Alvaidade.

Outra característica importante, eram as pintas falsas de tafetá, feitas no rosto com diferentes

simbologias de acordo com seus significados: a pinta apaixonada era colocada sob a

sobrancelha, já para esconder alguma imperfeição como acne, era colocada na ponta do nariz

e chamada descarada. Já próxima à boca significava beijoqueira. Neste período, ocorreu a

inauguração do primeiro salão para senhoras de Paris, precisamente no ano de 1635. Nesta

época, os recursos para a beleza eram precários e perigosos, como por exemplo, a maquiagem,

que era extremamente tóxica e corroía suas faces aos poucos ao longo do uso (XAVIER,

2006).

No século XVIII, as pinturas faciais, como a Alvaidade, ficam mais evidentes,

abusando-se ainda mais do ruge. ―Já foi belo cobrir a pele de alvaiade, para torná-la muito

branca, ou passar horas no sol para bronzeá-la, alisar os cabelos com soda cáustica ou

encrespa-los com enxofre‖ (MATTAR, 2004, p.1). Também ocorreu a valorização das

cabeleiras, erguendo-se verdadeiros monumentos; a duquesa de Chartres usou em sua cabeça

uma peruca com um boneco que representava seu filho nos braços da ama-de-leite, sob o

olhar de um papagaio vigiado por um negrinho em 1778.

De forma lenta e gradual, o ideal de beleza vai se modificando com rostos menos

maquiados, cabelos presos apenas por um simples laço de fita ou simplesmente soltos, os

corpos voltam a ser redondos, os seios pequenos e elevados, rostos delicados e com o queixo

fino e o nariz curto (XAVIER, 2006).

Já no Romantismo a mulher ideal procurava mostrar toda a angústia do amor, todos os

sonhos e sofrimentos através de uma pele muito pálida, olhar perdido. Para obter a palidez, as

mulheres costumavam passar cremes de açafrão ou tinta azul no rosto e bebiam sucos

apropriados. Para conseguirem o olhar parado ingeriam drogas como a beladona, o estramônio

e a atropina (OLIVEIRA, 2012).

Em 1900, a peça chave era o espartilho, com a cintura extremamente fina, o pescoço

longo e, na face uma maquiagem natural. No século XIX, na belle époque, época do

Iluminismo, as mulheres retiravam cirurgicamente duas costelas para utilizarem espartilhos,

de largura muito pequena para diminuir o tamanho da cintura, até apenas 40 centímetros, o

que era considerado belo (BEKEMBALL; CALAZANS, 2011).

Nos anos 1920, as mulheres abandonaram o espartilho e cortaram os cabelos muito

curtos, pleiteando liberdade e novas ideias. Neste período, o processo de industrialização já

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estava amadurecido e a falta de mão de obra acabou por gerar a necessidade de recrutamento

de mulheres para trabalharem nas fábricas como operárias. As curvas tipicamente femininas

não eram mais valorizadas e as mulheres utilizavam bandagens para fazer desaparecer quadris

e seios. A beleza era andrógina.

Na década de 1930, o padrão da época seguia a estrela de Hollywood Jean Harlow,

com seus cabelos loiros platinados e suas sobrancelhas redesenhadas muito finas e arqueadas.

Período que teve seu fim já nos anos 1940, com a Segunda Guerra mundial e o surgimento de

Marilyn Monroe, com sua finíssima cintura e seus cabelos platinados (OLIVEIRA, 2012).

Os anos 1950 foram marcados por um padrão de mulher que deveria, acima de tudo,

cuidar do marido e do lar com a extrema elegância trazida por Dior. Sinônimos de beleza e

elegância, as atrizes Audrey Hepburn e Grace Kelly ainda apresentavam certa ingenuidade,

assim como Brigitte Bardot (XAVIER, 2006).

Ao final da década de 1950, o conceito de beleza deixou de ser uma dádiva dos céus

ou da natureza, este deveria ser conquistado pelo esforço individual com dietas, ginásticas. Os

produtos estéticos buscavam soluções para as correções das imperfeições da pele, do cabelo.

Este realinhamento foi acompanhado pelo crescimento do parque industrial e comercial

relacionado aos produtos cosméticos. O estabelecimento das indústrias de cosméticos, a

criação de uma rede de lojas e de revistas especializadas em moda e beleza, marcou um

grande crescimento no setor (SIMILI, 2014).

Nos anos 1960, a referência era o visual da modelo Twiggy, de cabelos curtíssimos,

olhos pintados para parecerem extremamente grandes, pose de menina e muito magra. Ícone

de beleza e estilo, Twiggy ostentava as medidas de 1,67m de altura e 41quilos colocados em

evidência. Inserem-se pela primeira vez na moda o padrão de magreza extrema, padrão este

que se mantém até os dias de hoje (CAMARGOS, 2017).

Ocorreu o desenvolvimento dos mecanismos científicos da cosmética para que todas

as mulheres pudessem usufruir dos prestígios da beleza. Junto a esta ―revolução‖ surgiram os

primeiros congressos internacionais e o desenvolvimento dos produtos de beleza pela

indústria cosmética que agregaram novos significados à estética feminina, fundamentada pelo

imperativo de que era necessário ―não ser, mas sentir-se bela‖, ou seja, era preciso que as

mulheres se sentissem felizes com a própria aparência (SIMILI, 2014).

Já nos anos 1970, havia uma mistura de mulheres de ar romântico com cabelos lisos e

longos enfeitados com penas e também as rockeiras, os punks que com seu estilo agressivo

procuravam chocar a sociedade com suas roupas rasgadas e piercings. Junto a isso, também

na década de 1970, a atriz estadunidense Jane Fonda determinou um padrão feminino: com o

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olhar colocado na balança praticava exercícios físicos intensos para alcançar a magreza

(SANTOS; GARCIA; SANTOS, 2015).

Nos anos 1980 a estrela foi Madonna. Exagero na maquiagem, cabelo e formas

definidos para o corpo, considerados como perfeitos para aquela época. A moda dessa época

é o look da Madonna (SANTOS; GARCIA; SANTOS, 2015).

Já nos anos 1990, o visual da top model Kate Moss, com um corpo magro e

andrógeno, surge como a nova proposta de corpo a ser seguido, bem diferente das top models

da década anterior. Seu rosto quase sem maquiagem e seu corpo magérrimo é o desejo

feminino. Os músculos e as formas definidas cultivadas nos anos 1970 e 1980 saem de moda

(MAIA, 2014).

Na atualidade, as musas marcadas em cada época deixam de ser referência, e cada uma

pode parecer com si própria, desde que sejam altas magras e tenham a pele jovem

(PINHEIRO; FIGUEIREDO, 2014). Para alcançar o padrão de beleza atual, muitas mulheres,

se necessário, submetem-se a vários sacrifícios, pondo em risco até a saúde para atingi-lo.

Junto a isso, o sucesso ou fracasso em sua vida pessoal passa a ser demonstração do corpo e

da beleza (SANT‘ANNA, 2012). Conforme assinala Sant‘anna (2014, p. 136), é ―a beleza

atribuindo direitos, coroando estatutos e, acima de tudo, permitindo poderes, foi assim que

começou o estreitamento das relações entre poder e aparência‖.

Acima de tudo, ser bela é um agente de constatação determinante de sucesso,

prosperidade e de superioridade, agente esse que centra o seu sentido no parecer e é formador

de uma subjetividade real (NOVAES; ROSA, 2016). Na formação da subjetividade feminina,

o empoderamento produzido pela aparência é um dos poderes proporcionados pela beleza que

coloca as mulheres em destaque e socialmente aceitas e admiradas (NASCIMENTO; SILVA,

2014).

Ao longo do tempo, em busca de um determinado padrão estético, diversas sociedades

realizaram tentativas de aprimoramento das características físicas. É nesse cenário, em busca

do conceito de perfeito, que a mulher é encontrada como o gênero mais adepto às

modificações, o que muitas vezes é o oposto do ideal de saúde.

O corpo feminino é valorizado, desejado, buscado e comercializado pela mídia, através

de suas diversas áreas a partir do século XX. A grande exploração das mulheres é expressa

por meio das modelos femininas que são as divulgadoras da imagem corporal correta que

criam um padrão seguido como conceito de saudável, com medidas corporais obrigatórias. As

modelos super magras ditam a moda e servem de padrão de beleza para mais de dois bilhões

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de mulheres. O culto a este corpo magérrimo, difundido pela mídia, ―assassina‖ a autoestima

e a autoimagem de crianças e adultos, inclusive homens (CURY, 2005).

O início do século XXI é marcado por um ideal corporal e comportamental marcado

por três recursos mais destacados são: dinheiro, tempo e dor (SIBILIA, 2010). Com efeito, a

beleza, o consumo e o sacrifício se entrelaçam e se confundem com a almejada felicidade e

saúde. Estar dentro dos padrões de beleza seria a garantia de sucesso em todos os âmbitos da

vida profissional, sexual, amorosa, o que poderia gerar bem-estar e satisfação.

Na sociedade contemporânea, a ideia de feminilidade e a ideia de ―supermulher‖

andam juntas. Essas ideias se personificam naquelas mulheres que administram o espaço

doméstico, cuidam dos filhos e marido, têm uma vida sexual ativa e, além disso, cuidam de

seu corpo e sua saúde. Fazem atividade física e dieta balanceada, usam bons cosméticos,

realizam os mais diversos tratamentos estéticos. São antenadas às tendências e a moda,

buscam atingir o ideal de beleza, estudam e trabalham (CARNEIRO; FERREIRA, 2014).

Com efeito, a ideia de felicidade, ligada diretamente à beleza, e, portanto, ao consumo,

não necessariamente nesta ordem, é alimentada por uma indústria que, além de oferecer a

solução, é também a que provoca, inflama as insatisfações. O mercado vende problemas e

soluções. Logo, para sentir-se melhor é necessário consumir.

1.3.3 Tratamentos estéticos

Conforme relatado por Abdala (2004) são vários os produtos e serviços que prometem

tornar as pessoas mais bonitas e são direcionados a gerenciar a impressão que a aparência nos

causa. Entretanto, de forma consciente ou não as mulheres buscam as oportunidades

vinculadas à beleza, como por exemplo, sucesso, elogios, amores, a melhora na aceitação da

própria imagem ou do autoconceito. A beleza está vinculada a inúmeras recompensas sociais,

servindo como incentivadora da vaidade física no mundo contemporâneo.

O consumo de produtos estéticos atrelados à vaidade física pode ser aumentado ou

equilibrado, dependendo do nível de envolvimento das pessoas com os produtos, dependendo

também das demandas e recompensas sociais relativas a esse processo. Para evitar

sentimentos desfavoráveis, como o descontentamento e a baixa autoestima, as opções de

embelezamento disponíveis no mercado compreendem cosméticos, exercícios, tratamentos

estéticos, dietas dentre outras (STREHLAU; CLARO; LABAN NETO, 2010).

De acordo com Strehlau; Claro; Laban Neto (2010), em uma capital brasileira, foi

realizado um estudo que mostrou que quanto maior a vaidade da mulher, maior a utilização de

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cosméticos, tratamentos domésticos de beleza e disposição para a realização de procedimentos

cirúrgicos5.

Segundo Gomes e Damazio (2009), a estética como atividade profissional tem por

objetivo corrigir diversas disfunções, além de manter ou realçar a beleza, através de

tratamento específico.

Dentre as várias alterações dermatológicas e estéticas estão as rugas, as manchas, a

flacidez da pele, a gordura localizada, a celulite, entre outras condições provenientes do

envelhecimento (COIMBRA; URIBE; OLIVEIRA, 2014). Os avanços da ciência e tecnologia

oferecem diversos recursos disponíveis para amenizar e/ou prevenir os efeitos do

envelhecimento (MEYER; RONZIO, 2010).

O uso da técnica não ficou restrito nas demandas das dores, mas no bem estar físico, e

na vaidade do indivíduo que se preocupa com a qualidade de vida e visa melhoras no seu bem

estar. A estética, de acordo com as diversas pesquisas, tem se destacado por proporcionar a

melhoria do corpo, face, saúde, bem-estar, autoestima entre outras variáveis (CERVI, 2014).

A estética tem uma competência de inovar técnicas capazes de retardar o envelhecimento

físico e mental (CRUZ; BARCELOS, 2016).

1.3.4 Empoderamento

O termo empoderamento, foi criado a partir da tradução do inglês empowerment, que

traduz os seguintes significados: as pessoas possam assumir o controle de suas vidas,

capacidade de desenvolver e a fazer coisas e decidir suas próprias agendas (SCHEFLER,

2013).

O empoderamento é uma das ferramentas que atua, no sentido de desenvolver

planejamento estratégico de políticas de combate à pobreza, objetivando desenvolver o

conceito de sujeitos sociais. A partir desse conceito, busca-se apresentar possibilidades aos

indivíduos para exercerem sua cidadania, através de suas organizações, para poderem atuar

em defesa de seus direitos sociais, podendo chegar, inclusive, a influenciar as ações dos

governos na distribuição dos serviços e recursos públicos (SCHEFLER, 2013). O

empoderamento feminino, na sociedade contemporânea, tem avançado, mas ainda prescinde

de assumir de fato a presença feminina na política, na gestão, seja ela pública ou privada.

5 No artigo consultado não há referência sobre o local da realização da pesquisa, ou seja, não se

menciona qual capital brasileira o estudo foi realizado.

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O termo empoderamento é aqui entendido como a possibilidade dos indivíduos

tomarem decisões livremente e escolherem seus próprios destinos, numa clara associação com

a conquista da cidadania (FRIDEMANN, 1996). No caso específico do empoderamento

feminino, o que se objetiva é a conquista de novos mecanismos de convivência que

desarticulem as relações patriarcais e o poder dominante dos homens, garantindo às mulheres

o controle de suas vidas (MOREIRA, 2012).

O Brasil, embora seja organizado politicamente como uma república federativa, possui

estados laicos, apresenta sólidas características das tradições cristãs, herdadas de uma cultura

europeia desde o século XVI. O papel secundário atribuído e herdado pelas mulheres muito se

apoia nestas tradições (CARVALHO, 2016).

A compreensão de que o Deus cristão não possui gênero é algo recente. A

representação da mulher nas sagradas escrituras as coloca como procriadoras submissas e

razão de todo pecado. O legado deixado ao homem os coloca como mantenedores da prole, da

conquista do mercado de trabalho e do exercício do poder (CARVALHO, 2016).

No início era o Verbo, mas o Verbo era Deus, e Homem. O silêncio é o comum das

mulheres. Ele convém à sua posição subordinada e secundária. Ele cai bem em seus

rostos, levemente sorridentes, não deformados pela impertinência do riso barulhento

e viril. Bocas fechadas, lábios cerrados, pálpebras baixas, as mulheres só podem

chorar, deixar as lágrimas correrem como a água de uma inesgotável dor [...]. O

silêncio é um mandamento reiterado através dos séculos pelas religiões, pelos

sistemas políticos e pelos manuais de comportamento (PERROT, 2005, p. 9).

Dessa forma, perante o Deus (homem), as mulheres foram podadas e silenciadas.

Além da religião, vários são os fatores que influenciam os valores sociais, como os próprios

sistemas políticos vigentes e as normas de conduta da mulher em sociedade.

Diante deste contexto, não se pode deixar de relatar o discurso religioso desde Adão e

Eva até os dias atuais, que endossa a designação do papel do homem e da mulher, reforçando

o corpo feminino como um objeto de desejo, mas também de medo, pecado, intriga e desvio

(TOLDY, 2010). Neste universo é perceptível que todas estas manifestações/apropriações do

corpo são protagonizadas por homens. Cria-se um sistema binário, de opostos, onde se

determina uma hierarquização em que um dos pares é sempre superior e o outro inferior.

Diante destas e tantas outras colocações, a médica e antropóloga Esteban (2004, p.115-

116) assinala que ―os corpos femininos estão falando, atuando, comunicando, expressando e

materializando em diferentes visões de mundo, que nem sempre coincidem com o que se diz

sobre elas‖. Com efeito, as mulheres foram inseridas em um discurso cuja construção não

participaram e agora, pouco a pouco, elas aliam teorizações a movimentos sociais, buscam

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galgar progressos em termos de conquista de direitos e de reconhecimento social (GHISLENI;

LUCAS, 2016).

Entende-se que, a construção pela autonomia e empoderamento da mulher, parte

primeiramente da igualdade entre gêneros, para que a mulher ascenda em sua perspectiva

familiar e social. A autonomia, neste sentido, representa, para mulheres de baixa renda, a

independência financeira, psicológica e social para participar de diversos ambientes que

socialmente lhes foram proibidos (MARTINS; SILVA, 2017).

A inserção das mulheres na sociedade e sua conquista de cidadania têm o sentido de

sanar uma dívida histórica. Significa valorizar suas lutas e reivindicações para inseri-las nos

processos decisórios, no combate à discriminação, no combate ao machismo, no combate à

dupla jornada de trabalho. Haja vista que, para redesenhar um traçado novo de cidadania, faz-

se necessário o reconhecimento público das diferenças de gênero, não só do feminino, mas em

geral (GALEOTTI, 1995). Só assim, será possível galgar novos horizontes para classes

excluídas historicamente, visando uma sociedade mais equilibrada e com uma melhor

qualidade de vida.

O acesso à cidadania tem sido pleiteado pelas feministas e pelos movimentos sociais

indicadores do combate à injustiça e à exclusão social. Entretanto, sabe-se que, ante as marcas

de discriminação e subalternidade presentes no universo feminino, o acesso à cidadania requer

a desconstrução da supremacia do paradigma patriarcal e a construção de novas práticas, no

sentido de criar um imaginário de vida cotidiana que proporcione a valorização de cada

pessoa como ser humano, independente de gênero, etnia e classe. Neste processo de

desconstrução e construção, faz-se necessário a ressignificação do espaço das mulheres, com

visibilidade e poder, como sujeitos políticos protagonistas, defensores e praticantes dessa

concepção (OLIVEIRA, 2005).

Para Fridemann (1996) são destacados três pilares do empoderamento: o social, o

psicológico e o político, que constituem uma tríade intermitente. Assegura-se que, para as

mulheres, essa tríade de empoderamento constitui uma ―rede social de relações de

empoderamento que tem um potencial extraordinário para a mudança social‖ (FRIDEMANN,

1996, p.125).

Fridemann (1996) afirma ainda que a ação coletiva ativa o processo de

empoderamento social, psicológico e político das mulheres, através da mobilização social, da

inserção as bases de poder, das discussões a temas como divórcio, aborto, a paz, o ambiente, o

trabalho e o custo de vida.

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1.3.4.1 Empoderamento psicológico

O empoderamento psicológico é manifestado através da autopercepção do indivíduo

que gera um comportamento autoconfiante. Assegurado muitas vezes como resultado de ações

bem sucedidas nos domínios do campo social ou político, o empoderamento pode ser firmado

também a partir de um trabalho intersubjetivo.

O sentimento de pertencimento, o restabelecimento da autoestima, o pertencimento a

um grupo, a valorização de cada indivíduo interferem na autoimagem. A relação do aumento

da autoestima está diretamente interligada: à mudança de mentalidade dos integrantes do

grupo em relação às suas capacidades, à apreensão da realidade, à participação no processo

decisório, ao ingresso à qualificação, as oportunidade e ampliação de suas capacidades de

trabalho e à agregação de renda. Esses fatores influenciam no posicionamento das mulheres

no âmbito familiar e na comunidade (OLIVEIRA, 2005).

1.3.4.2 Empoderamento social

O empoderamento social se estabelece quando há acesso à informação, ao

conhecimento, à participação em organizações sociais, aos recursos financeiros e refere-se

também ao acesso a outras técnicas laborais. As mulheres empobrecidas geralmente não têm

acesso à educação, muitas cursaram apenas os primeiros anos e por necessidades que

envolvem motivos econômicos acabaram abandonando os estudos para exercer práticas

domésticas e servir à família. A partir do momento que constituíram família, as dificuldades

de acesso à educação se ampliam devido à proibição dos maridos, priorizando a casa e o

cuidado com dos filhos (OLIVEIRA, 2005).

O empoderamento social possibilita o acesso à renda, à participação e qualificação.

Formando sujeitos críticos e conscientes da sua importância no processo de transformação, na

busca por inclusão social, por cidadania (LISBOA, 2008).

1.3.4.3 Empoderamento político

O empoderamento político se fundamenta no processo de tomada de decisão, tanto em

estruturas formais quanto informais e também na participação das formulações de políticas

que afetam a sociedade da qual os indivíduos fazem parte. O empoderamento atua na

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valorização de cada pessoa, na construção do coletivo, no compromisso com os outros, com

as questões sociais (LISBOA, 2008).

1.4 Autoestima

Autoestima pode se descrita como uma avaliação que a pessoa faz de si própria, na

qual sugere um julgamento de valor, que é determinado por um componente

predominantemente afetivo, expresso numa atitude de aprovação/desaprovação em relação a

si mesmo (ROSENBERG, 1965 apud ROMANO; NEGREIROS; MARTINS, 2007).

Strehlau; Claro; Laban Neto (2010) verificaram que quanto maior a vaidade da mulher, maior

a relação entre sua autoestima e o corpo.

Como autoestima relaciona-se à avaliação que uma pessoa faz de si, pode-se deduzir,

que, quanto menor for a autoestima de um indivíduo, maior a possibilidade desta pessoa

avaliar como insatisfatória sua aparência, preocupar-se mais em melhorá-la e buscar produtos

ou serviços de embelezamento para aumentar sua autoestima (AVELAR; VEIGA, 2013).

1.5 Mulheres de baixa renda

Discursos médicos, filosóficos, religiosos e científicos já afirmaram que a

inferioridade feminina ocorria em função de diferenças biológicas, naturais, isto é, a

inferioridade estava determinada no próprio corpo dos indivíduos. Entretanto, estudos de

gênero defendem que a inferioridade que se confere às mulheres se deve a imposições

culturais e históricas que, fundamentalmente, podem imputar as diferenças entre o masculino

e o feminino (SILVA; GOMES, 2015).

Esta posição é cada vez mais buscada em estudos feministas para defender a ideia de

que a maneira como os indivíduos são socializados é que os leva a internalizar

comportamentos de submissão, insegurança, medo e fragilidade, no caso das mulheres, ou, de

outro lado, ousadia, coragem, arrojo, no caso dos homens (SILVA, 2014).

A situação das mulheres e o papel que desempenham na sociedade diante dos homens

são desvantajosos. Isto se torna mais evidente quando a análise é efetuada em países menos

desenvolvidos onde a desigualdade social tende a ser maior. Neste contexto, as mulheres

quase sempre ocupam cargos inferiores, recebem salários menores, executam funções menos

reconhecidas e têm pouca representatividade frente ao poder político. Esta situação torna-se

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mais limitadora no caso das mulheres pobres, pois temos duas importantes variáveis de

exclusão: gênero – o feminino – e classe – os pobres (SILVA; GOMES, 2015).

Gênero e classe social são os dois princípios primários da estratificação social.

Segundo Silva (2014), a distinção de gênero é anterior a de classe. Nos estudos sociológicos,

as distinções de classe recebem maior atenção, constituindo-se em um mecanismo unânime de

estratificação social.

Quanto à definição de ―classe pobre‖ não há um único conceito que dê conta da

diferença que a singulariza. A pobreza é um grupo relativo, tornando impossível configura-la

em uma única classificação ou a um único registro, o que leva à redução do seu significado

social e simbólico.

Não existe unanimidade no que caracteriza um consumidor de baixa renda. Prahalad

(2005) e Karnani (2011) consideraram a posição do indivíduo na pirâmide econômica, sendo

os pobres os indivíduos com renda diária igual ou inferior a US$ 2,00. No Brasil, para definir

os consumidores de baixa renda, são utilizados tanto a renda familiar mensal, como a classe

social, na qual a pessoa se enquadra. Estes fatores caracterizariam a baixa renda. Segundo

Grossi, Motta, Hor-Meyll (2009) e Barbosa; Hor-Meyll; Motta (2009) os consumidores de

baixa renda são definidos pela renda familiar mensal de até três salários mínimos.

A baixa renda e as situações adversas inerentes a ela desencadeiam a sensação de

ausência de poder (FUSTAINO; YAMAMOTO, 2009). Foi constatado que o sentimento de

baixo ou ausência de poder e de baixa autoestima estão presentes em consumidores de baixa

renda, combinados ao sentimento de inferioridade e de exclusão social provocado pela

limitação de recursos financeiros (CHAUVEL; SUAREZ, 2009; FUSTAINO; YAMAMOTO,

2009; BARBOSA; HOR-MEYLL; MOTTA, 2009).

Outro importante fator que é necessário refletir são dois conceitos importantes, as

dimensões da extrema pobreza e a feminização da extrema pobreza. Através da leitura dos

indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), podemos apontar

cinco dimensões da pobreza: a) vulnerabilidade; b) acesso ao Conhecimento; c) acesso ao

trabalho; d) escassez de recursos; e e) desenvolvimento infantil. Cada uma dessas cinco

dimensões representa o entendimento da multidimensionalidade deste conceito, que vai além

da renda, mas a necessidade de acesso aos serviços básicos e a geração de oportunidades

(CARVALHO, 2017).

Através de uma análise da literatura disponível apresentadas sobre a

multidimensionalidade da extrema pobreza, é possível discutir em torno de seis definições do

que seja a feminização da pobreza: a) aumento da proporção de mulheres entre as pessoas

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pobres; b) aumento da proporção de pessoas em famílias pobres chefiadas por mulheres; c)

aumento absoluto na incidência ou na intensidade da pobreza entre as mulheres; d) aumento

nos diferenciais de incidência ou de intensidade da pobreza entre mulheres e homens; e)

aumento na incidência ou na intensidade da pobreza entre as pessoas de famílias chefiadas por

mulheres; f) aumento nos diferenciais de incidência ou de intensidade da pobreza entre as

pessoas de famílias chefiadas por mulheres e de famílias chefiadas por homens

(CARVALHO, 2107).

A partir da Constituição de 1988 e seu artigo 3º, que coloca como objetivos

fundamentais da República, entre outros, ―erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as

desigualdades sociais e regionais‖, a pauta da superação da pobreza está em alta. Entretanto, o

desafio de enfrentar o tema da pobreza e da extrema pobreza iniciou, efetivamente, em 2003,

com a criação do Programa Bolsa Família pelo então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva,

representando a primeira incursão das políticas sociais centradas na pobreza.

No Brasil, as questões relacionadas à pobreza e à desigualdade sendo muito

conhecidas e reconhecidas, apenas em meados da década de 1990 as camadas excluídas

tornaram-se o público-alvo de políticas sociais específicas, por meio da profusão de políticas

focadas em transferência de renda aos mais pobres como tática de combate à pobreza

(LAVINAS et al., 2014).

Ao analisarmos desigualdades de gênero e empoderamento das mulheres pobres e

extremamente pobres, podemos dizer que o programa Bolsa Família (PBF) pauta-se pela

articulação de três dimensões essenciais à superação da fome e da pobreza: 1) Promoção do

alívio imediato da pobreza, por meio da transferência direta de renda à família; 2) Reforço ao

exercício de direitos sociais básicos nas áreas de saúde e educação, por meio do cumprimento

das condicionalidades, o que contribui para que as famílias consigam romper o ciclo da

pobreza entre gerações; e 3) A coordenação de programas complementares que têm por

objetivo o desenvolvimento das famílias, de modo que os beneficiários e beneficiárias do

programa Bolsa Família consigam superar a situação de vulnerabilidade e pobreza

(CARVALHO, 2017).

Buscar de forma insistente e exaustiva a autonomia e o empoderamento das mulheres

extremamente pobres é um fator decisivo para libertá-las da vivencia por diversas gerações no

ciclo de pobreza. Oferecer às mulheres o acesso a oportunidades econômicas, em destaque à

renda mínima e à educação, são fatores determinantes para que possam acessar as

oportunidades, transpondo um importante obstáculo à erradicação da pobreza (PASSOS,

2017).

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Para se alcançar o empoderamento das mulheres é necessário combater a pobreza,

fortalecer sua inclusão a trabalhos com remuneração adequada, oferecer o acesso a educação e

capacitação profissional, combater a desigualdade de gênero, dentre outras.

1.6 O Programa Bolsa Família

Estabelecido na segunda metade do primeiro mandato do presidente Luís Inácio Lula

da Silva (2003-2006), o Programa Bolsa Família – PBF – é um dos programas do Governo

Federal que faz parte de uma rede de políticas sociais de enfrentamento à pobreza iniciada

com a Constituição de 1988, momento em que se inicia no Brasil a formulação e a

implementação das Políticas Sociais. A partir dessa década, a construção de um sistema de

proteção social é assegurada pelo Estado como um direito constituído (SILVA; GOMES,

2015). Embora seja considerado como um importante projeto social, também é um dos mais

controvertidos por seus opositores, visto como mero marketing político.

O Programa Bolsa Família é uma forma de transferência de renda, para indivíduos em

situação de vulnerabilidade social. Geralmente o benefício é solicitado por mulheres,

consolidando seu lugar de chefe de família (MARTINS; SILVA, 2017). Os programas de

Transferência de Renda são requisitados por mulheres pertencentes às classes sociais menos

favorecidas e estão incluídos na Política Social de Assistência Social para subsidiar famílias

em situação de pobreza (MARTINS; SILVA, 2017).

Cabral (2013) levantou dados que sinalizam as mães como responsáveis pelo beneficio

(89,2%) na maioria das famílias. Cerca de (55,5%) só trabalhavam no lar, sendo que cerca de

70% possuem baixa escolaridade e são analfabetas funcionais.

Conforme relatado por Moreira (2012), a detenção do cartão Bolsa Família

proporciona autonomia e autoestima às mulheres, pois a maioria delas nunca possuiu uma

conta bancária ou visitou uma agência bancária. De acordo com Moreira (2012), este fator

valoriza e legitima as mulheres como cidadãs. A partir dessa reflexão, se demonstra que a

melhoria nas condições de vida, a inclusão social, a educação e a qualificação indicam

reflexos de empoderamento individual e relacional das mulheres (GOMES; COSTA, 2015).

O objetivo elementar do programa é a superação da pobreza, e posteriormente fazer

com que as famílias beneficiadas adotem obrigações com a educação e com a saúde. Desta

maneira, terão acesso a serviços públicos que garantam os seus direitos básicos e também na

assistência social (MDS, 2015).

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O PBF não tem a pretensão de assumir a resolução para todos os problemas sociais, já

que assinala também a importância do incentivo às discussões acerca do papel das mulheres

em seu contexto familiar para estimulá-las à inserção em oportunidades de empregos. Diante

disto, ocorre um debate entre duas vertentes ―uma que critica o reforço dos papéis maternos

pelo programa e outra que realça os benefícios da titularidade feminina para o

empoderamento das mulheres‖ (ITABORAI, 2015, p.6).

1.7 Gestão social

A gestão social tem raízes nos movimentos sociais, camponeses e operários, cujo

objetivo era o de democratizar as relações sociais e incentivar práticas de cidadania, busca o

desenvolvimento de processos decisórios e uma cogestão participativa e coletivizada. Inicia-

se aqui, uma das primeiras ideias, que é fundante na concepção de gestão social (BELFIORE,

2013). ―A gestão social tem um compromisso com a sociedade e com os cidadãos, de

assegurar, por meio de políticas e programas públicos, o acesso efetivo aos bens, serviços e

riquezas societárias. Por isso mesmo precisa ser estratégica e consequente‖ (BRANT

CARVALHO, 1999, p. 28).

A gestão social está fundamentada na gestão das ações públicas para combater as

lacunas e necessidades dos cidadãos, cujos retornos se dão no âmbito das políticas sociais.

Sendo de responsabilidade do Estado, distribuir e redistribuir a proteção social (BRANT

CARVALHO, 1999). Para Tenório (2013) a gestão pública em seu conceito inicial está

pautada nos processos decisórios socializados, ou seja, coletivos e comunitários. Quando se

atribuí, à Gestão Pública, um forte fundo gerencial, como nos países latino-americanos,

verifica-se um distanciamento do conceito inicial de gestão pública.

Diante disso, é de responsabilidade do Estado adotar seu papel como regulador da

sociedade e cumprir o controle social para assegurar o acesso, a qualidade da prestação de

serviços e os direitos dos cidadãos. Da participação desses sujeitos depende a governança, ou

seja, a competência mais ampla de gestão das políticas de governo e do controle de seus

efeitos (LESSA, 2013).

O conceito de gestão social ultrapassa a esfera da gestão de políticas públicas estatais,

e vem sendo amplamente discutido e usado pela sociedade civil e por organizações não

governamentais, que possuem caráter público não estatal (BELFIORE, 2013).

O papel imprescindível que exerce o Estado, na implantação de políticas públicas, e na

governança é fundamental para que se possa alcançar a qualidade de vida e o bem estar de

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todos os cidadãos (BELFIORE, 2013). Frente a isso, a gestão social vem como uma

ferramenta para colaborar com planejamentos e ações do Estado para combater questões que

impossibilitam um bom andamento da implantação e gerenciamento das politicas públicas no

âmbito social.

A Gestão Social refere-se fundamentalmente à governança das políticas e programas

sociais públicos; intervém na qualidade de bem estar ofertada pela nação; na cultura política

impregnada no fazer social; nas prioridades inscritas na agenda pública; nos processos de

tomada de decisão e implantação de políticas e programas sociais; nos processos de adesão

dos sujeitos implicados. A Gestão Social guarda, assim, um caráter retotalizador no conjunto

das variáveis, constrangimentos, oportunidades, processos e projetos políticos que dão direção

e forma a gestão das ações sociais públicas (BRANT CARVALHO, 2013, p. 43).

1.8 Políticas públicas e igualdade de gênero

A disparidade de gênero, em muitas situações, não consegue ser combatida com o

desenvolvimento econômico. Em alguns setores do desenvolvimento social, é necessária a

adoção de políticas públicas específicas para atenuar as desigualdades existentes entre homens

e mulheres no campo da educação, do trabalho, da economia e da política (BANCO

MUNDIAL, 2011).

Na sociedade contemporânea houve mudanças estruturais impulsionadas pelas

inovações tecnológicas, que têm provocado novos arranjos dentro de instituições antigas

como a família, o ambiente acadêmico e as organizações profissionais. Tais mudanças

também estabelecem novos padrões de comportamento, dentre eles, mudanças significativas e

novos padrões de comportamento das mulheres do século XXI (RODRIGUES; MELO;

LOPES, 2016). Nesta conjuntura, Villas Boas (2010, p. 35) afirma que ―a cada geração, novos

padrões de comportamento vão se tornando aceitáveis. A sociedade evolui e com isso

diminuem as diferenças entre o que as mulheres podem fazer e o que está reservado aos

homens‖.

Segundo Louro (1997, p. 40) ―se as sociedades são e serão sempre constituídas por

sujeitos diferentes, que buscam serem politicamente iguais, suas múltiplas diferenças talvez

possam ser motivo de trocas, negociações, solidariedades e disputas‖. Então relações

fundamentadas no respeito às diferenças, que buscam a cooperação e a soma de talentos, pode

gerar uma sociedade mais igualitária que fomente discussões/ações para a quebra de

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paradigmas e de velhos modelos sociais que aprisionam e oprimem pessoas como mulheres,

idosos, crianças etc.

No cenário contemporâneo as mulheres têm sido responsáveis por mudanças no

mundo do trabalho bem como nos novos arranjos familiares. A mulher tem sido igualmente

responsável pelos aportes financeiros dentro do ambiente familiar Com grande frequência a

figura do provedor é encontrada na figura feminina. (RODRIGUES; MELO; LOPES, 2016).

A imagem feminina tem se destacado como figura exemplar e também como modelo

de adaptação, de conquistas, sobressaindo frente aos grandes desafios. Muitos filhos têm

enxergado na mulher a figura vitoriosa na carreira profissional, ela se torna referência para

estes, quando forem fazer suas escolhas profissionais (SHUMBA; NAONG, 2012).

Mota e Silva (2011) evidenciam que a transformação de postura da mulher está

interligada a questões culturais, sociais e a representação forte da sua figura para a sociedade.

Melo e Lopes (2012) creem que essa nova postura da mulher frente ao mercado de trabalho

tem contribuído para o seu processo de empoderamento. Para De Felipe et al. (2014, p. 2)

―essa transformação, faz com que a mulher desenvolva a consciência da existência da

desigualdade entre gêneros, perpetuada culturalmente e, assim, busque formas de alterá-la‖.

De acordo com Pinto, Nunes e Fazenda (2014) o peso e o valor de homens e mulheres

variam em distintas sociedades, mas, o homem geralmente tem um valor mais expressivo que

as mulheres. Diante disto, as relações de gênero determinam uma distribuição desigual de

autoridade, de poder e de prestígio entre os indivíduos de acordo com o seu sexo (TORRES

et. al. 2017).

Neste contexto, é possível verificar que a igualdade de gênero tem impactos positivos

na produtividade devido ao aprimoramento das habilidades femininas e talentos. As mulheres

representam mais de 40% da mão de obra e participam das atividades econômicas;

representam cerca de 50% dos estudantes universitários do mundo (BANCO MUNDIAL,

2011).

Diante do exposto, admite-se que as ações que busquem as transformações sociais

devem levar em conta as modificações nas formas de distribuição de riqueza e nos processos

de alocação dos sujeitos na estrutura social (SCALON, 2011).

Neste contexto, observa-se que a igualdade de gênero tem relação direta com a

economia e com os padrões de progresso, particularmente nos resultados do desenvolvimento

e formulação de políticas públicas que obrigatoriamente impõem uma participação igualitária

no seu processo e formulação.

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Refletir sobre o comportamento dos padrões de desigualdade de gênero é importante,

porque algumas destas desigualdades se mantêm mesmo com o avanço do processo de

desenvolvimento. A igualdade é um direito humano fundamental e tem importância

instrumental, pois colabora para a eficiência econômica e a aquisição de diversos resultados

substanciais de desenvolvimento, que não se atenta somente como processo econômico, mas

também como instrumento de ampliação de liberdades (BANCO MUNDIAL, 2011).

Verifica-se que, quando mulheres e homens não têm oportunidades igualitárias para

serem social e politicamente ativos e de influir nas leis e nas tomadas de decisão, as

instituições e políticas tendem a beneficiar constantemente os interesses hegemônicos de uma

sociedade. Assim, diminuem-se as chances de tratar as limitações institucionais e as falhas do

mercado que sustentam desigualdades de gênero, eternizando sua existência (BANCO

MUNDIAL, 2011).

A promoção da igualdade entre homens e mulheres comprova ser um aspecto relevante

das políticas sociais e econômicas, impondo ações que incentivem a participação igualada de

homens e mulheres em todas as instâncias (COMISSÃO EUROPEIA, 2008).

1.9 Considerações finais

Diante das reflexões aqui apresentadas, verificou-se que beleza não é algo fútil, sendo

um fator importante para a subjetividade feminina. A autoestima feminina está diretamente

ligada a uma auto percepção positiva da imagem e é influenciada pelo padrão de beleza

vigente.

Muitas mulheres são acometidas pelo sentimento de baixa autoestima o que interfere

na vida pessoal, profissional e social delas. Dar visibilidade a esses problemas, que na maioria

das vezes são vistos como questões fúteis e sem relevância, é algo importante não só para as

mulheres, mas para a sociedade como um todo. O debate, a reflexão são maneiras para chamar

a atenção do tema, bem como para trabalhar em prol da quebra dos estereótipos de beleza que

aprisionam mulheres. Foi possível perceber que a cada década, conforme os interesses

econômicos, os valores sociais impõem às mulheres um padrão de beleza, desde o Egito

antigo até as modelos magérrimas da atualidade.

A autoestima positiva é essencial para o empoderamento feminino. Observa-se que,

para as mulheres de baixa renda, a relação entre o padrão de beleza e uma auto percepção

positiva é algo mais difícil, geralmente sua aparência não está próxima ao padrão de beleza

imposto pela mídia. Muitas vezes, para o alcance deste padrão estereotipado, são necessários

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procedimentos estéticos caros, sendo assim, elas não o fazem e não conseguem alcançar o

padrão estipulado. Além disso, somam-se a outros fatores negativos como: pobreza, baixo

nível educacional, subempregos. Todos estes fatores interferem de forma negativa em sua

autoestima.

A sociedade contemporânea abre demanda para discussões sobre a importância do

empoderamento feminino e a ligação deste com o desenvolvimento econômico dos países.

Entretanto, ainda há forte resistência ao tema, devido aos valores e práticas machistas. É

necessária a produção de conteúdo acadêmico e midiático feminista para contribuir no

processo educativo da sociedade de ruptura com os padrões estéticos, comportamentais,

ocupacionais impostos às mulheres.

Conclui-se que ainda há muito a se investigar sobre a relação entre a imagem

feminina, suas exigências sociais contemporâneas, somadas a sua subjetividade, frente a

valores culturais internalizados e o empoderamento no universo feminino. Também se faz

necessária a presença de dados mais robustos que dizem respeito às questões da mulher ao

longo da História e à interferência de seu empoderamento no desenvolvimento local.

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CAPÍTULO 2: A percepção da autoimagem das mulheres beneficiárias do

PBF frente ao padrão de beleza estabelecido

Maria Cristina Ferolla6

Wânia Maria Araújo7

Resumo

Este capítulo tem como objetivo apresentar dados relativos à pesquisa de campo, momento em que

ocorreu a escuta das mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família em relação a percepção da

autoimagem, as possíveis interferências na sua autoestima e seu reflexo no empoderamento feminino.

Trata-se de um estudo qualitativo descritivo realizado no ano de 2018, por meio de entrevistas

semiestruturadas junto às mulheres beneficiárias do PBF em Formiga. Os dados coletados foram

categorizados em três grupos para se processar a análise. São eles: 1) sentimentos frente à

autoimagem, 2) relação entre baixa renda, autoestima, educação, aprimoramento pessoal e

empoderamento social e 3) relação entre baixa renda, autoestima, educação e empoderamento político.

A pesquisa apontou que estar satisfeita com a autoimagem pode também ter ligação com o estado de

alegria e felicidade consigo própria. Isto pode refletir diretamente na autoestima positiva e pode estar

interligado com a vontade de melhorar, gerando vontade de fazer algo positivo em suas vidas.

Consequentemente, isto pode contribuir para o empoderamento psicológico, social e político. O estudo

sinaliza que é necessário criar metodologia e politicas publicas que se fundamentem no modelo

colaborativo interdisciplinar para trabalhar os pilares do empoderamento.

Palavras chave: Corpo. Empoderamento. Mulher. Programa Bolsa Família.

Abstract

This chapter aims to present data on field research, at which point the women beneficiaries of the

listening Program Bolsa Familia about the perception of self-image, the possible interference on your

self-esteem and your reflection in the female empowerment. This is a qualitative descriptive study

carried out in the year 2018, by means of semi-structured interviews with women beneficiaries of

GMP in Ant. The collected data were categorized into three groups to process the analysis. They are:

1) feelings in front of self-image, 2) relationship between low income, self-esteem, education, personal

and social empowerment, improvement and 3) relationship between low income, self-esteem,

education and political empowerment. From the search results it was verified the importance of

listening and approximate these women, since they are subject to standards of beauty, since antiquity.

Unattainable standards every time, that lead to dissatisfaction with the appearance and feelings of

sadness and low self-esteem. The research pointed to be satisfied with the self-image can also have

connection with the State of joy and happiness with itself. This may reflect directly on positive self-

esteem and can be connected with the desire to improve, creating desire to do something positive in

their lives. Consequently, this may contribute to the psychological, social and political empowerment.

The study indicates that it is necessary to create methodology and public policies that based on

collaborative interdisciplinary model to work the pillars of empowerment.

KEYWORDS: Body. Empowerment. Woman. Family Grant Program.

6 Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local

(GSEDL) do Centro Universitário UNA de Minas Gerais. 7 Wânia Maria Araújo Profª. do Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e

Desenvolvimento Local (PPG GSEDL) do Centro Universitário Una

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2.1 Introdução

A determinação de um ―parâmetro‖ ou padrão de beleza tem um peso em nossa

cultura, configura-se como uma estratégia de poder, produtora de discursos qualificados como

verdadeiros, convincentes e, consequentemente, socialmente ―aceitos‖ por indivíduos

sujeitados. A determinação de uma norma de beleza é então, analisada como um efeito das

relações de poder. Conforme Foucault (1979), estes efeitos do poder são disseminados em

toda rede de relações sociais, onde nada ou ninguém consegue ficar alheio.

Diante dessa disseminação de padrões de beleza, os efeitos do poder também são aí

assimilados socialmente com discursos presentes na sociedade que são enunciados como

forma de organizar a realidade. Materializa-se cada vez mais nos sujeitos uma verdade sobre

beleza no padrão normativo vigente, corroborando para o aumento das desigualdades entre

homens e mulheres, visto que, as mulheres ficam submetidas a padrões de beleza impostos,

por uma sociedade patriarcal e machista. Nem todas as mulheres conseguem atingir este

padrão preestabelecido o que passa a se configurar como um fator de inclusão ou exclusão

social.

A imagem corporal pode ser definida como percepções e pensamentos que são

construídos através de valores culturais, sociais e pode levar a um sentimento de uma

desigualdade de oportunidades nos indivíduos que tem uma percepção negativa de si próprio.

Como assinala Debord (1997, p.14), ―o espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma

relação social entre pessoas, mediada por imagens‖.

Esta pesquisa pretende refletir sobre padrões de beleza de uma sociedade para um

melhor entendimento das interferências na auto percepção da imagem, frente a estes padrões

preestabelecidos e os efeitos psicossociais em mulheres de baixa renda. Com efeito,

correlacionará questões relativas ao padrão de beleza com a auto percepção, autoestima e

empoderamento de mulheres de baixa renda.

Este estudo coaduna com a ideia de que grande parte das dificuldades encontradas ao

longo da história nas relações entre homens e mulheres sustenta-se e tem raízes na

desigualdade de gênero. Aos homens a valorização do trabalho, da força e da virilidade. Às

mulheres a valorização histórica da beleza, maternidade, reprodução, sensualidade e sedução.

A partir do século XX, a imagem assume de forma relevante uma função enquanto mediadora

cultural, sendo de grande importância sua apresentação e visibilidade.

É necessário fomentar discussões sobre o tema a partir de levantamento de dados

científicos para serem aplicadas em ações de intervenção, como políticas sociais, por

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exemplo, nas diversas áreas da saúde física e psíquica. Também se faz necessário, propiciar

espaços de reflexão para que seja proporcionada às mulheres uma melhor aceitação frente as

suas características individuais. Desenvolver ferramentas que contribuam para instigar o

pensar e quebrar paradigmas culturais que escravizam, para que haja a valorização do

indivíduo como um todo.

Diante deste cenário, a questão norteadora desta pesquisa se constitui como a relação

na melhora da autoestima de mulheres de baixa renda beneficiadas pelo programa Bolsa

Família, submetidas a procedimentos estéticos corporais e faciais contribui para o seu

empoderamento e para o desenvolvimento local de suas comunidades.

Desde a antiguidade até os dias atuais as mulheres são valorizadas pela sua beleza,

sendo este valor cultuado historicamente, as agraciando com poder e admiração social.

Entretanto, as que não se encaixam neste padrão vigente de cada época, podem ser excluídas

socialmente e penalizadas com sentimentos de tristeza e baixa autoestima. Sentimentos que

interferem na qualidade de vida, no desenvolvimento psicossocial. Para as mulheres de baixa

renda, isto torna-se mais cruel, pois além de não possuir recursos para realizar procedimentos

estéticos que as proporcionariam chance de alcançar o padrão de beleza vigente, geralmente

só alcançados com recursos estéticos e cirurgias, ainda são acrescidas questões como

desigualdade de gênero, pobreza e baixa escolaridade. Todos estes fatores somados podem

interferir de forma negativa na sua autoestima e no seu desenvolvimento. As mulheres são

peças fundamentais para que ocorra o desenvolvimento das comunidades onde vivem, visto

que são em grande número chefes de família. Empoderar as mulheres, especialmente as de

baixa renda, que se constituem em uma parcela significativa da população é importante para o

desenvolvimento local.

2.2 Metodologia

Para esta pesquisa de natureza qualitativa os dados foram coletados por meio de

entrevistas semiestruturadas com mulheres beneficiárias do PBF que passaram por

procedimentos estéticos na Clinica Escola do UNIFOR, recrutadas através de amostragem em

cadeia ou bola de neve (snowball sampling).

Segundo Vinuto (2014) o tipo de amostragem nomeado como bola de neve é uma

forma de amostra não probabilística, que utiliza cadeias de referência, por exemplo, quando

um individuo é selecionado pelo pesquisador para participar da pesquisa, ele indica um ou

mais possíveis participantes para compor a amostra e assim sucessivamente. Portanto não é

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possível determinar a probabilidade de seleção de cada participante na pesquisa, mas é muito

proveitoso quando se quer estudar grupos específicos, altamente especializados e difíceis de

serem acessados ou estudados.

Essas dificuldades são encontradas nos mais variados tipos de população, mas em

especial nos três tipos que seguem: as que contêm poucos membros e que estão

espalhados por uma grande área; os estigmatizados e reclusos; e os membros de um

grupo de elite que não se preocupam com a necessidade de dados do pesquisador.

[...] a amostragem em bola de neve também pode ser utilizada quando a pergunta de

pesquisa estiver relacionada a questões problemáticas para os entrevistados, já que

os mesmos podem desejar não se vincular a tais questões (VINUTO, 2014, p. 204).

Levando-se em consideração as questões éticas da pesquisa, os entrevistados foram

convidados a participar das entrevistas por livre e espontânea vontade, após leitura e

assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)8. Após o aceite de cada

convidado para participar da pesquisa foi agendada a entrevista, no horário e local que o

entrevistado indicou como melhor, sendo-lhe garantido o sigilo total sobre seu nome e

responderam apenas as questões que se sentiram a vontade.

Foram realizadas um total de dez entrevistas até a ocorrência de saturação teórica. Os

critérios de inclusão na amostra era que as participantes fossem mulheres, beneficiárias do

Programa Bolsa Família; que tivessem passado por procedimentos estéticos na Clinica Escola

do UNIFOR, no município de Formiga, entre o ano de 2017 e 2018.

Para a entrevista semiestruturada foi utilizado um roteiro de questões fundamentada

por temas específicos ligados aos objetivos de pesquisa com registro de todas as falas. A

entrevista com roteiro aconteceu mediante uma relação fixa de perguntas9 em que a ordem e

redação permaneceram iguais para todas as entrevistadas. A duração média das entrevistas foi

de 30 minutos e o período de realização aconteceu entre os meses de junho e julho de 2018.

Registra-se também que os nomes das participantes da pesquisa foram mantidos em

sigilo e cada uma foi identificada com um número pela ordem da realização da entrevista.

Dessa forma, no momento da análise e utilização de seus discursos serão chamadas sempre

como participante 1, 2, 3 e assim sucessivamente.

A pesquisa, em todas as suas fases, obedeceu aos fundamentos da Resolução CNS

466/2012 e da 510/2016, sendo que a coleta de dados só foi iniciada após a aprovação do

8 Conferir Apêndice A.

9 Conferir Apêndice B.

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projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o CAAE nº

57385216.0.0000.513210

.

2.2.1. Considerações sobre a coleta de dados

Ao escolher este tema, comecei o trabalho de divulgação da pesquisa a partir do

convite às mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família – PBF –, que já conhecia pela

convivência diária, visto que as acompanho diariamente em seu procedimentos estéticos

realizados na Clínica de Estética da UNIFOR. Diante do convite feito para participarem me

deparei com uma certa resistência que não esperava, o que me surpreendeu. Neste momento

parei e analisei as várias falas que escutei ao fazer o convite e explicar como seria feita a

entrevista. Dentre as falas relato algumas que considero relevantes: ―Dra, mas falar com a

senhora, eu não sirvo, tenho pouco estudo, não posso participar, escrevo errado”; “Gravar?

Nossa, falo errado, não sei conversar direito; acho que não posso ajudar não entendo as

coisas direito, cabeça ruim [...]”.

Após várias tentativas e negativas, percebi que minha abordagem deveria mudar,

expliquei com uma linguagem bastante acessível, expliquei o tema, como elas faziam parte e

eram importantes na sociedade e escutá-las seria muito importante. Escutei frases como ―será

que servimos para alguma coisa, mesmo?”. Ali já comecei a perceber como a falta de acesso

a educação influencia de forma negativa na autoestima e já é forte fator indicativo de

exclusão.

Houve o contato com todas as mulheres que passaram por procedimentos estéticos na

clinica Escola da UNIFOR. Atende-se a cada semestre uma média de quinze mulheres, mas as

que se colocaram a disposição para participar foram dez.

Diante dos relatos e falas coletados percebi como é complexa a variável gênero

correlacionada com as variáveis da pobreza, do baixo nível de escolaridade, da auto percepção

do padrão de beleza e da autoestima. Nas conversas realizadas elas relatam que começam a

trabalhar cedo, porque precisam contribuir desde já com o orçamento doméstico. Outra

consideração importante é que na maioria das vezes é necessário olhar alguém doente ou o

idoso da família, sendo estas as prioridades. A educação fica como um sonho para os filhos

realizarem. Geralmente constituem família cedo, pois a maternidade acontece precocemente,

dificultando ainda mais sua qualificação no que se refere à educação formal. Nas falas como

descrito no inicio deste tópico sentem-se incapazes, mas consideram que é assim mesmo.

10

Conferir Anexo A.

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2.3 Análise e discussão dos resultados

Ao final das entrevistas e de suas transcrições, os dados coletados foram decodificados

posteriormente as leituras flutuantes, seletivas e analíticas e por meios de convergências,

foram distribuídas em categorias de análise que foram processadas pelo método de análise de

conteúdo, de acordo com os pressupostos de Bardin (2011) que a define como:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por

procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens

indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos

relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

[...]. Esta abordagem tem por finalidade efetuar deduções lógicas se justificadas,

referentes à origem das mensagens tomadas em consideração (o emissor e o seu

contexto, ou, eventualmente, os efeitos dessas mensagens). O analista possui sua

disposição (ou cria) todo um jogo de operações analíticas, mais ou menos adaptadas

à natureza do material e à questão que procura resolver. Pode utilizar uma ou várias

operações, em complementaridade, de modo a enriquecer os resultados, ou aumentar

a sua validade, aspirando assim a uma interpretação final fundamentada (BARDIN,

2011, p. 48).

Assim, a análise de dados foi efetuada através da Análise de Conteúdo, que visa

pesquisar através do conjunto das falas dos participantes pontos comuns para compreensão do

objeto estudado (BARDIN, 2011). A análise do conteúdo pode ser definida como um

conjunto de instrumentos de cunho metodológico em constante aperfeiçoamento, que se

aplicam a discursos (conteúdos e continentes) extremamente diversificados (BARDIN, 2011,

p.15).

Bardin (2011) define descrição analítica expondo as prováveis aplicações da análise de

conteúdo como um método de categorias que consente a classificação dos componentes do

significado da mensagem em espécie de gavetas. Uma análise de conteúdo não deixa de ser

uma análise de significados, ao contrário, ocupa-se de uma descrição objetiva, sistemática e

quantitativa do conteúdo retirada das comunicações e sua respectiva interpretação (BARDIN,

2011).

As categorias de análise foram divididas da seguinte forma e contemplarão os critérios

enunciados no QUADRO 1:

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Quadro 1- Categorias de Análise Categorias de análise Critérios orientadores da análise dos dados

1 Padrão de beleza,

autoimagem, autoestima,

qualidade de vida e

empoderamento

psiciológico

Como o padrão de beleza interfere na autopercepção da imagem e na

qualidade de vida;

Após os procedimentos estéticos houve melhora na auto percepção da

imagem;

A melhora na percepção da imagem interfere de que forma em sua,

autoestima, qualidade de vida e empoderamento psicológico;

A melhora na percepção da autoimagem após os procedimentos

estéticos, melhorou a autoestima;

O sentimento de sentir-se bela, as empodera;

2 Relação entre autoestima,

baixa renda, educação e

aprimoramento pessoal,

empoderamento social

A melhora da autoestima frente ao padrão de beleza, interfere no

aprimoramento pessoal e reflete no empoderamento social;

A melhora na autoestima interfere na renda feminina e em seu

potencial de trabalho;

Mulheres, padrão de beleza, autoestima, auto percepção tem

correlação direta com o empoderamento feminino;

3 Correlacionar padrão de

beleza e bem estar,

desigualdade e

vulnerabilidade social e

empoderamento político.

A melhora na autoimagem, reflete na autoestima. Interfere na

responsabilidade social e leva ao empoderamento político;

A melhora n autoimagem frente ao padrão de beleza as faz sentir

incluídas nos locais onde vivem, isto as conscientiza de sua responsabilidade

social.

A responsabilidade dos vários setores da sociedade como: mídia e as

campanhas publicitárias, arte, moda, instituições educacionais, diante de

padrões de beleza imposto ao longo de décadas as mulheres;

O debate e a reflexão para combater praticas machistas, como as

mulheres serem colocadas como ideais de beleza e submissão;

.

Fonte: Elabora pela autora (2018)

2.3.1 Padrão de beleza, autoimagem, autoestima, qualidade de vida e empoderamento

psicológico

Neste primeiro momento será relatado algumas características das mulheres

entrevistadas: sete delas estavam na idade entre trinta e cinquenta anos; três acima de

cinquenta anos; cinco trabalham fora e cinco não trabalham; nove são casadas e uma

separada. Quanto ao grau de escolaridade uma é analfabeta, quatro possuem ensino

fundamental completo e cinco delas possuíam ensino médio incompleto; cinco recebem ajuda

do companheiro. Todas moram em bairros periféricos da cidade.

Todas as entrevistadas disseram estar insatisfeitas com a aparência e nove delas

relataram quadro de tristeza, desânimo e depressão.

―Insatisfeita com a aparência. Manchas e cravos, triste, J.S.C‖

Insatisfeita com a aparência. Muitas rugas e linhas de expressão,

triste [...]”. (P.l).

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―Não estar satisfeita com a própria aparência. Pelo tratamento ser

gratuito, porque não teria como pagar. Manchas na pele,

envelhecimento precoce” (P.3)

“Não estar satisfeita com a aparência. Meu rosto estava horrível, pele

preta, manchada e com rugas” (P.6)

“Não estar satisfeita com aparência” (P.4)

“Não estar satisfeita com a aparência. Não estava satisfeita com as

manchas na pele” (P.2)

―algum acontecimento desagradável. Melhorar a aparência para

oportunidade de trabalho‖ (P.7)

―não estar satisfeita com a aparência. Pela quantidade de cravos,

espinhas e manchas vermelhas nas bochechas sentia um grande

desconforto‖ (P.8)

―Não estar satisfeita, pelo tratamento ser gratuito, nunca teria como

pagar. Incomodava com as linhas rugas e pálpebras caídas” (P.9)

“Não estar satisfeita com aparência” (P.10)

A partir da exposição destes dados torna-se claro que as participantes da pesquisa

mostraram-se insatisfeitas com a aparência. Como compreender tamanha insatisfação? Em

busca de respostas para essa questão à reflexão em torno de da construção social do corpo se

faz necessária. Na obra ―A Sociologia do Corpo‖ Le Breton (2007) realizou uma revisão dos

clássicos da antropologia e sociologia que abordaram o tema em suas obras, demonstrando

que a ―corporeidade é socialmente construída‖ (LE BRETON, 2007, p. 19), sendo o corpo o

―efeito de uma elaboração social e cultural‖ (LE BRETON, 2007, p. 26). Le Breton (2007)

sinaliza que ―A sociologia do corpo constitui um capítulo da sociologia especialmente

dedicado à compreensão da corporeidade humana como fenômeno social e cultural, motivo

simbólico, objeto de representações e imaginários‖ (LE BRETON, 2007, p. 7).

Para Miranda et.al (2017) há uma relação entre corpo e estética, visto que os padrões

de beleza culturalmente instituídos balizam a percepção corporal, entretanto esta relação

estética pode estar submetida ao discurso da saúde como meio de justificar ou atenuar ações

que objetivam modelar o corpo por meio de dietas, exercícios físicos, procedimentos

cirúrgicos, medicações.

Estes mesmos autores, apontam que o culto ao corpo está associado e fundamentado

em uma condição do ―ser saudável‘ e não do ser simplesmente ‗belo‖. Nossas vidas são

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modeladas também, a partir de um corpo idealizado próprio de cada época e de cada contexto

social. A mulher está vinculada a beleza desde os primórdios da humanidade e sempre

atrelada a padrões de cada época. Segundo, Sant‘Anna (2014) já em 1893 as medidas

anatômicas femininas, eram motivo de preocupação: a mulher ideal deveria ter 83-70-91 cm

(busto-cintura-quadris). Atualmente estamos sob a égide de um corpo ‗saudável‘ como uma

forma para atingir o sucesso, a felicidade, o reconhecimento social exatamente por atender

padrões socialmente.

A sociedade moderna é perpassada por estereótipos de gêneros, produtora de um

padrão masculino e feminino rígido, o qual determina corpos e comportamentos particulares

para cada um desses. As mulheres são os alvos históricos destes padrões, sendo mais

vulneráveis a estes. Sendo assim, as respostas das participantes da pesquisa sobre a

insatisfação com suas aparências pode dizer respeito a esta imposição de padrões sociais em

torno do corpo e do que é considerado belo e aceitável.

Vivemos numa sociedade marcada pela individualidade de caráter narcisista, pelo

culto às aparências e pela transformação do corpo em mercadoria (como algo que pode ser

oferecido e comprado). A mídia pode ser considerada a grande massificadora destes padrões

de comportamentos para se apropriar do corpo belo e saudável, aquele que se encaixa no

padrão estético que deve ser perseguido (SOUZA, 2017).

O indivíduo já não é mais visualizado como um ser humano, mas como um simples

objeto de modelagem social. A oratória da alma foi trocada pela do corpo sob a égide da

moral do consumo (LE BRETON, 2007). Na atualidade é possível a percepção de uma nova

divisão binaria, transferindo o dualismo alma e corpo, para uma oposição do próprio homem

ao corpo. O corpo então não estaria unido ao homem, seria um objeto que não estaria ligado a

este, podendo ser moldado, modificado e modelado. Entretanto, ao transformar o corpo

também se mudaria o homem, ficando então, neste sentido, o corpo equivalente ao homem

(LE BRETON, 2007).

A procura pela felicidade é então comandada pela produção e modelagem do corpo e

pela busca da beleza ideal. Contudo, a agregação da conquista do corpo ideal à felicidade,

sucesso e bem-estar pode ser uma prática perigosa. Os padrões corporais disseminados pela

mídia são inatingíveis para a maioria da população, originando um incansável, doloroso e

muitas vezes decepcionante processo de ―(re)construção do corpo‖.

A modificação do corpo concebe uma conquista social para o indivíduo, estabelecendo

laços sociais entre grupos que possuem as mesmas práticas, com um sentimento de pertença e

de afastamento de outras pessoas que não apresentem as características de beleza pré-

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estabelecidas. Estabelece uma supervalorização do corpo em detrimento do próprio indivíduo.

Neste contexto as mulheres de baixa renda são novamente excluídas, por não terem acesso a

essa modificação corporal, visto que para isto é necessário alto recurso financeiro.

Para isto há um trabalho sincronizado no qual a mídia assume seu papel mediador de

divulgadora em massa de padrões, hábitos e ideais de beleza, felicidade e bem estar. Sendo o

corpo idealizado, dentro deste padrão:

A indústria corporal através dos meios de comunicação encarrega-se de criar desejos

e reforçar imagens, padronizando corpos. Corpos que se vêem fora de medidas,

sentem-se cobrados e insatisfeitos. O reforço dado pela mídia em mostrar corpos

atraentes, faz com que uma parte de nossa sociedade se lance na busca de uma

aparência física idealizada (RUSSO, 2005, p. 81).

A mídia colabora de forma massificadora para estereotipar corpos e Santaella (2004, p.

126) afirma que, [...] as representações nas mídias e publicidade [...] têm o mais profundo

efeito sobre as experiências do corpo. São elas que nos levam a imaginar, a diagramar, a

fantasiar determinadas existências corporais, nas formas de sonhar e de desejar que propõem.

Assim, a mídia vem influenciando os conceitos sociais, reforçando e determinando

uma cultura de corpos perfeitos, determinando padrões para todas as mulheres brasileiras e se

colocando em uma posição de suposto saber na construção de práticas e hábitos alimentares

disseminados como saudáveis. Diante disso, as mulheres ficam presas em ―campos de

concentração‖ administrados por elas mesmas (WOLF, 1992).

Diversos estudos sobre a perspectiva de gênero na exposição da figura feminina

(MIRANDA-RIBEIRO; MOORE; 2002; MOTA-RIBEIRO; 2003; SWAIN, 2001; NOVAES;

VILHENA, 2003; MATOS; LOPES, 2008) compreenderam algumas relações entre as revistas

consideradas ―femininas‖ e a construção de discursos nos quais os corpos de mulheres

tornam-se muito visuais ao reforçar conceitos de beleza, magreza, sedução, além da ampla

disseminação de produtos (EVANGELISTA; BAPTISTA, 2017).

Os corpos assumem papéis representativos e o próprio sujeito tenta modificar-se a

todo tempo para a integração desse corpo na sociedade. O corpo na sociedade contemporânea

tem grande valor mercadológico e sua exibição quando fundamentada nos princípios de

beleza estabelecida, são admirados, invejados, venerados por homens e mulheres, não

interessando qual ou quais os sacrifícios ou riscos, o individuo expos para consegui-lo. Vale a

pena a ―qualquer preço‖ (SOUZA, 2017).

O domínio da perfeição da imagem corporal qualifica o indivíduo como vencedor,

digno de prestígio social, venerado por seus pares – o corpo como ―carro chefe‖ de quem o

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apresenta (ZOVIN; MARCELLOS, 2017). Para Soares (2004, p. 1), ―o corpo vigoroso, altivo,

autônomo é o primeiro sinal de um mundo em estruturação‖. A autora adiciona ―território

construído por liberdades e interdições, e revelador de sociedades inteiras, o corpo é a

primeira forma de visibilidade humana‖.

O discurso midiático apresenta a analogia entre saúde e beleza, isso pode desencadear

repercussões nas representações e vivências dos indivíduos (VAN DEN BERG et al., 2007;

DALLEY; BUUNK; UMITC, 2009). Essa ideologia é ampliada pelos programas de TV,

livros, revistas, blogs que abordam assuntos relativos à estética corporal agregada à saúde. A

diversidade sociocultural e as transformações tecnológicas transformaram o acesso à

informação e propiciaram repercussões subjetivas, individuais ou coletivas que devem ser

entendidas (MIRANDA et.al, 2017).

Para Cabeda (2004), a representação do corpo na contemporaneidade é uma máquina

frágil, que pode ser aperfeiçoada pelas técnicas da ciência e tecnologia, tendência fortalecida

pelos imaginários sociais que cultuam a juventude eterna. Especialmente, o corpo feminino é

esculpido pelas máquinas cirúrgicas, equipamentos de bodybuilding e softwares para correção

estética. O resultado disso não é um individuo ―sem idade‖ (SCHULER; SILVA, 2006), mas

pessoas com a mesma idade, no que se refere à aparência.

Frente a isso as mulheres de um modo geral, e em especial as participantes da

pesquisa, são os alvos históricos deste aprisionamento, trazendo-lhes sentimentos de baixa

autoestima e depressão, principalmente aquelas que por motivos econômicos não fazem parte

desta ―maravilhosa‖ roda-viva de sonhos, imposta socialmente como verdade, poder e

felicidade. Como assinalou uma das entrevistadas ―queria ter dinheiro, para fazer todas as

intervenções, silicone... tudo.‖ (P3).

Diante desta beleza pré-determinada a um padrão inatingível, o ilustrador N. Lamm,

reconhecido mundialmente por seus trabalhos com medidas corporais, desenvolveu um

gráfico comparativo entre as medidas de Barbie e de uma jovem comum, as duas

hipoteticamente com a mesma idade, verificou que além das proporções inatingíveis da

boneca, a moça teria um pescoço tão fino que mal suportaria o peso da sua cabeça. Comparar

uma mulher real à Barbie esmaga (no sentido mais profundo da palavra) o que foi criado pela

natureza (ZOVIN; MARCELLOS, 2017).

Também corroborando com estas reflexões Goldenberg (2002) descreve no que resulta

o aprisionamento estético individual e coletivo feminino:

O culto à beleza, juventude e ―boa forma física‖, o temor à velhice e o horror à

gordura, alimentados pela proliferação de imagens de corpos jovens, magros e cada

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vez mais musculosos e desnudos, que se intensificou nas últimas décadas do século

XX, entram no século XXI como fenômenos que atingem um número sem

precedentes de homens e mulheres, permanentemente insatisfeitos com suas

aparências. [...] A mídia adquiriu um imenso poder de influência, expandiu o

consumo de produtos de beleza, generalizou a paixão pela moda e tornou a aparência

física responsabilidade de cada indivíduo, que não deve mais aceitar seu corpo tal

como ele é, como ―obra da natureza divina‖, mas sim procurar corrigir suas

―imperfeições‖ (GOLDENBERG, 2002, p. 112).

Quando por algum motivo, como envelhecimento, alterações estéticas, dentre outras,

possa se estabelecer a visão de ―perda‖ de beleza, pode ocorrer uma perda de autoestima, pois

ela geralmente está ligada a forma como o indivíduo, vê seu corpo e isso tem valor

significativo para os indivíduos em geral (ONESKO; MACUCH; CORTEZ, 2017).

Nas falas das mulheres entrevistadas esta constatação se estabelece, visto que elas

relataram o sentimento de tristeza associada a insatisfação da aparência:

―Triste. Estava sentindo desanimadas, triste e feia” (P.1)

―Muito triste. Filhos falava para se cuidar” (P.2)

―Tristeza, desânimo, chorando” (P.3)

“Triste. Sentia com baixa autoestima. Ficava deprimida, me sentia

feia, pele ruim e envelhecida. Sentia feia em relação as outras

mulheres, ficava deprimida, interferia no ânimo para sair” (P.4)

―Triste. Ficava olhando a pele de mulheres sem mancha, queria ter a

pele igual. Sentimento porque minha pele é assim? Ficava

incomodada com as pessoas olhando. Estavam olhando para minha

mancha. Impressão que a gente não está se cuidando” (J.M.C.F)

―Sentia feia, triste. Parecia ter 100 anos”(P.6)

―Não gostava de olhar para o espelho. Não gostava de si própria.

Sentia chateada, magoada. Marido e mãe falavam” (P.7)

―Triste, antes parecia condenada, vergonha de tudo, de andar,

aparecer” (P.10)

Apenas uma mulher, mesmo não estando satisfeita com a aparência, não apresentava

sentimento de tristeza, ―Normal, sinto feliz do jeito que é” (P.9)

A procura por um padrão estético determinado socialmente ganha grande espaço na

vida humana, sendo responsável por uma grande parcela da economia e do tempo dos

indivíduos. Ocorre uma grande luta pessoal na busca do corpo ideal, pois a estética corporal

passou a ter diversos valores associados a este. O corpo assume um papel cultural que integra

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o sujeito a um grupo e os difere dos demais. Ter um corpo ―perfeito‖, ―bem delineado‖, ―em

boa forma‖ consagra o homem e concebe a vitória sobre a natureza, o domínio além do seu

corpo, o controle de sua própria existência. Em uma cultura, onde as pessoas são classificadas

a partir da forma física, a aparência é fator fundamental para o reconhecimento social do

indivíduo (GARRINI, 2007).

Ainda nesta reflexão, o padrão de beleza estabelecido pela mídia e pelo mercado – o

que inclui a publicidade, a moda, as telenovelas, artistas e brinquedos para meninas – é

inserido no cotidiano feminino e internalizado como um modelo aspiracional e colabora para

a formação da subjetividade e da autoestima das mulheres (MORENO, 2013).

A imagem corporal é um aspecto central no desenvolvimento psicológico e

interpessoal (ALVES et al., 2009). Para McKay, Mikosza e Hutchins (2005), pois é percebida

como uma imagem psíquica edificada a partir de um corpo físico, através da assimilação de

significados simbólicos, construídos socialmente e em transformação constante. Uma imagem

corporal positiva colabora para uma melhor qualidade das relações interpessoais, maior

segurança em relação ao corpo, e uma percepção favorável sobre a própria personalidade

(BARBOSA; MATOS; COSTA, 2011).

A percepção que o indivíduo tem de si próprio está diretamente ligada a suas relações

interpessoais, sua saúde, autoestima e bem estar (MIRANDA et.al, 2017). Diante disso, uma

avaliação negativa da autoimagem pode proporcionar repercussões psíquicas ocasionando

distúrbios como a depressão, anorexia e bulimia (FERNANDES, 2007; ALVES et al., 2009;

SECCHI, 2013; RECH, ARAUJO, & VANAT, 2010). Isso reitera o conteúdo das

entrevistadas quando relacionaram a tristeza com a aparência que consideraram não estar

adequadas aos padrões sociais impostos.

As autoimagens são o resultado das observações, em que a pessoa faz dela mesmo,

objeto da sua própria observação (VAZ-SERRA, 1986). De acordo com Vaz-Serra (1986,

p.5) a autoestima pode ser considerada ―[...] como um dos constituintes do autoconceito mais

importantes e com maior impacto na prática‖. E completa que este conceito é percebido como

o processo avaliativo que o indivíduo faz das suas qualidades ou dos seus desempenhos. É,

deste modo, o constituinte afetivo do autoconceito, em que o sujeito faz julgamentos de si

próprio, integrando à sua identidade sentimentos valorativos do ―bom‖ e do ―mau‖. O motivo

de autoestima é universal, na medida em que os aspectos positivos de cada indivíduo são

geralmente realçados (VAZ-SERRA, 1986, p.84).

A autoestima compõe um dos elementos categóricos mais importantes do bem estar

psicológico e do funcionamento social do indivíduo, constituindo o componente avaliativo do

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autoconceito. A percepção de si, diz respeito aos atributos e capacidades que o indivíduo

possui ou deseja possuir, representando o aspecto cognitivo e o comportamento constitui a

apresentação de si próprio, significa, as estratégias empregadas para comunicar aos outros a

imagem positiva de si mesmo (SAUSEN et.al, 2017).

A autoestima é traduzida pela literatura como a avaliação que o indivíduo faz de si

mesmo, conferindo um valor de si, sendo acatado como um importante indicador de saúde

mental (ASSIS; AVANCI, 2004; MOSQUERA et al., 2006; BANDEIRA; HUTZ, 2010). Para

Bandeira et al. (2005), a autoestima está inteiramente conectada ao desempenho na interação

social, o que se confirma também com outros autores (MOSQUERA et al, 2006;

BANDEIRA; HUTZ, 2010).

Deste modo, compreende-se a autoestima e a autoimagem como características da

subjetividade humana que exibem um relevante papel na forma como uma pessoa se relaciona

com outras e consigo mesma, na composição de sua identidade. Os termos subjetividade e

identidade expõem uma abundante sobreposição de seus conceitos, consentindo que sejam

inter-relacionados (WOODWARD, 2014). Segundo Woodward (2014) a subjetividade está

relacionada com a forma como o indivíduo compreende a si mesmo, abarcando os

sentimentos e pensamentos do sujeito. Já a identidade indica as posições ostentadas pelo

sujeito no contexto social onde a subjetividade é vivida, a partir das interações feitas através

da linguagem e da cultura.

Diante do exposto na literatura, das respostas das mulheres participantes desta

pesquisa e da correlação entre o sentimento de bem estar e autoestima, percebe-se que os

relatos coletados indicam que após os procedimentos estéticos houve melhora na aparência,

na autoestima. Fato que desencadeou o empoderamento psicológico e uma atitude de pro

atividade em relação às suas vidas como enunciado a seguir em suas falas:

― Senti-me mais feliz em relação a minha aparência, (P.1)

―Sim, antes sentia vergonha da aparência, hoje sinto bem comigo

mesma. Aumenta a autoestima, sente-se bem. As pessoas percebem a

melhora. Estimula a buscar novas oportunidades na vida” (P.2)

―Sinto mais feliz, radiante e mais bem comigo mesma. Fico mais feliz

com meu rosto, com meu esposo. Autoestima melhora em tudo. Para

sair com o esposo, sente segura. Relaciona melhor” (P.3)

―Sente-se mais bonita. Autoestima elevada. Uma grande

transformação. Melhorou muito a aparência. Vontade de olhar no

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espelho. Marido elogiou, pele bonita. Muito mais feliz em relação a

sua aparência” (P.4)

―Melhora na autoestima, nó! Maquiagem fica melhor. Se sente mais a

vontade. Me senti mais feliz, sente bem” (P.5)

―Rosto melhorou, marido e filhos falam. Antes sentia horrível, agora

sente-se bem. Melhora a convivência, bem melhor” (P.6)

―Prazer em olhar no espelho, sem aquelas manchas horríveis no

rosto. Tem mais ânimo para sair. Não gostava de tirar fotos. Hoje

gosta. Estou me amando, coisa que eu não fazia. Hoje não aceita

ninguém falar de qualquer jeito. O esposo acorda de manhã e passa a

mão no rosto. Uma coisa que não fazia. Sonhando mais,

possibilidades futuras. Sente mais segura e capaz” (P.7)

―Sinto muito feliz. Aprendi a fazer o uso do protetor solar e não ficar

tanto tempo no sol e a cuidar mais da pele. Minha autoestima

melhorou, os cuidados com a pele, e tudo que aprendi me ajuda a

cada dia. Me sinto mais bonita e também mais feminina. A

maquiagem realça mais, até sem ela me sinto bem. Me sinto mais

vaidosa e me vejo bonita”,(P.8)

―Sim, o artesanato. Vê que a pessoa não pode ficar na mesmice.

Estudo na internet, ajuda” (P.9)

―Mudou tudo, muito acomodada, do serviço pra casa. As, passeia,

vontade que os outros te vejam. Abre portas para outras coisas:

emprego, aceitação, família e social. Virei outra, não preocupa com

que as pessoas de fora vão falar, cresci como pessoa. Grande melhora

na autoestima. Antes estava desestimulada, não comprava nada. Hoje

tenho ânimo, seleciono melhor as coisas, cuida da

alimentação”.(P.10)

Nesta perspectiva, este estudo visualizou a existência de uma relação entre autoestima

elevada e empoderamento individual. Ao desenvolvê-lo, os indivíduos irão perceber um maior

sentimento de controle sobre a forma como lidam com a própria vida, permitindo também o

desenvolvimento de recursos que lhes admitam agir com maior autonomia frente às

adversidades (KLEBA; WENDAUSEN, 2009). Segundo, Horochovski e Meirelles (2007), o

empoderamento individual sofre interferência de aspectos subjetivos como a autoestima, só

podendo ser adquirido a partir da garantia de recursos de poder (como a autoestima e o

sentimento de devir).

O estudo evidenciou que a melhora na autoestima, pode estar diretamente relacionada

ao empoderamento psicológico, conforme respostas das entrevistadas. Empoderamento aqui

percebido como investimento nas possibilidades individuais e coletivas de aprendizado, como

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reconhecimento da capacidade de cada indivíduo de viver a vida em suas diferentes etapas,

lidando com as possibilidades e limitações estabelecidas por eventuais enfermidades

(CARVALHO; GASTALDO, 2008).

Para Casimiro (2011, pg.11), o empoderamento feminino sugere,

O poder de escolher, ter autonomia, equaciona a possibilidade ou não que as

mulheres têm de tomada de decisão, enquanto mulheres com direitos e deveres, na

família, na comunidade ou na sociedade. Define, por isso um caminho próprio, e

não imposto, que reconheça e respeite o caminho das mulheres, no seu processo de

procura de melhores condições de vida, para si, para suas famílias e para suas

comunidades.

Este estudo buscou evidenciar que autoestima e autoimagem positivas podem atuar

como molas propulsoras para as mulheres beneficiárias do PBF a conquistar o seu

empoderamento para enfrentar as várias violências sofridas – imposições da mídia em torno

de um corpo ideal, machismo, desigualdade salarial, entre outras – por elas em seu cotidiano.

Deste modo, propõe refletir sobre a relação entre autoestima e empoderamento para o

enfrentamento das diversas questões culturais que aprisionam as mulheres e as impedem de

assumir papeis e locais que lhe são de direto, dificultando seu processo de empoderamento.

2.3.2 Relação entre autoestima, educação e aprimoramento pessoal: o empoderamento

social

Atualmente estereótipos de beleza impostos às mulheres por décadas têm sido

questionados. Padrões estes, produzidos e massificados pela indústria cultural. Esta veicula de

forma intensa e incessante a cada época imagens e discursos que contribuem para divulgar o

padrão estético vigente em cada momento histórico. Tais padrões acabam por se configurar

como uma ferramenta de inclusão ou exclusão social.

Frente ao padrão de beleza estereotipado, a indústria cultural tem muita interferência

nessa conformação, disponibilizando uma variedade de imagens de musas, competições de

beleza, maquiando e reparando imperfeições do corpo. Com tais características já

estabelecidas, mulheres negras, gordas, homossexuais, velhas, pobres e as que não podem

comprar determinados produtos oferecidos deparam-se com as barreiras para alcançar a

beleza e a aceitação social (EVANGELISTA; BAPTISTA, 2017).

E a beleza, quando tornada obrigação, dói. Seja porque não estimula as mulheres a

perceber que seus corpos são valiosos não pelo que de belo neles se pode observar

mas simplesmente porque estão neles. Seja porque faz com que interiorizem uma

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mensagem que afirma como mais importante não seu desejo pelo outro mas o desejo

de ser desejada (GOELNER, 1999, p. 56).

A indústria cultural conforme Baptista (2013) garante felicidade e sublimação,

entretanto, os prazeres não podem ser atingidos, visto que a mesma cria a sensação de

complementação e as necessidades são infinitas. Desta forma, o corpo das mulheres caminha

junto às dietas, as cirurgias reparadoras, cosméticos, tratamentos pós-cirúrgicos e neste

contexto o corpo precisa de cuidados e atenções diárias, para isso, produtos específicos são

oferecidos. Cultuando uma beleza hegemônica, burguesa e edificada em padrões extremos e

que coloca a mulher em uma posição de dependência.

Evidentemente que as mulheres não são meros objetos sobre os quais dimensionam-

se padrões estéticos e comportamentais. Elas interagem com esses padrões,

aprendendo de diferentes maneiras as representações de beleza e feminilidade eleitas

para seu tempo, reconhecendo-se nelas ou não, assumindo-as ou não (GOELNER,

1999, p 57).

Esta cultura hegemônica imposta influencia de forma negativa no bem estar, na

subjetividade e na autoestima. Diante de uma busca infinita a um padrão inatingível é

necessário trabalhar a libertação destas mulheres e gerar a aquisição de valores que as

possibilitem alcançar um bem estar físico e psicológico.

Para Baptista (2013) a aparência, ―representa uma desumanização em níveis

avançados de desenvolvimento com perda significativa de autonomia por parte do homem,

haja vista que ele se perde como ser genérico‖ (BAPTISTA, 2013, p. 185). Frente o

depoimento que se segue a participante enuncia que a melhora na aparência por ela sentida a

impulsiona a buscar novas oportunidades, como se assim se sentisse mulhere novamente:

“Sim, antes sentia vergonha da aparência, hoje sente bem consigo

mesma. Aumenta a autoestima, sente-se bem. As pessoas percebem

melhora. Estimula a buscar novas oportunidades na vida.”

As mulheres de baixa renda em seus enfrentamentos diários vivem diversos desafios

como: desigualdade de gênero, pobreza, baixo nível de escolaridade, discriminação salarial

dentre outros, além do padrão de beleza imposto. Questões estas que as impedem de

desenvolver suas capacidades e influenciam de forma negativa no seu empoderamento social.

Dentre as questões relevantes para o empoderamento social feminino está a discussão

sobre gênero e trabalho. Após quarenta anos de inserção maciça da força de trabalho feminina

no mercado contemporâneo, como resultado do movimento feminista e das políticas públicas,

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esperava-se que as desigualdades pudessem ter sido diminuídas, mas as pesquisas e análises

assinalam para resultados contrários, seja em termos de caracterização do trabalho feminino e

sua quantificação na França e no Brasil (ABREU; HIRATA; LOMBARDI, 2016).

Os estudos científicos de maneira geral chamam atenção para o fato de que as

desvantagens femininas no mercado de trabalho só podem ser compreendidas por meio de

uma análise de gênero interseccionada com classe, etnia, nacionalidade e geração. O conceito

de interseccionalidade busca contemplar eixos de poder como ―raça‖, etnia, classe e gênero

(PIZZINATO, et.al 2017). Para Moore (2000), ―raça‖, etnia e gênero são exemplos de

aspectos relevantes da vida social humana, em permanente intersecção, assim como são

marcadores significativos das diferenças sociais. Os posicionamentos das pessoas em relação

aos aspectos étnicos raciais ou de gênero, na conjunção das diversas formas discursivas,

surgem na formação do processo de subjetivação, tanto individual quanto coletivo.

Para Blackwell e Naber (2002) as questões de interseccionalidade entre gênero e

―raça‖ estão, na maioria das vezes, correlacionadas em formas de opressão, reveladas em

relações assimétricas de poder. Os autores discutem que a opressão pode potencializar tanto o

aumento da violência racista como da discriminação de gênero, dentre outras.

Essas discriminações, desigualdades e vulnerabilidades têm interferência direta no

desenvolvimento social, impedindo o progresso econômico, enfraquecendo a vida

democrática, ameaçando a união social e interferindo negativamente na formação dos seres

humanos e na eleição de seus valores morais (SOUZA, 2017).

Segundo Souza (2017) para corrigir estas distorções e possibilitar uma sociedade mais

igualitária é necessário implantar valores como a autoestima e a igualdade de oportunidades.

Através de algumas políticas sociais que atuam nesse sentido, tais como: a alfabetização de

adultos, a prevenção e o combate à violência contra a mulher e a valorização dos idosos. Estas

possuem, entre os seus objetivos, promover a autoestima das pessoas e gerar oportunidades

como forma de habilitar pessoas para enfrentarem situações desfavoráveis e alcançar maior

nível de desenvolvimento (ZAGURSKI, 2016).

Zagurski (2016) sugere nesta linha de ideias, investir no ser humano, em suas

particularidades pessoais, em especial a autoestima e fomentar oportunidades que contribuem

para seu desenvolvimento. As políticas públicas que valorizam as pessoas e restabelecem sua

autoestima reforçam sua capacidade de resposta e resiliência às adversidades. Indivíduos que

tem autoconfiança e autoconhecimento são mais preparados para enfrentar situações de crise e

não migrar para a violência, a indigência, o vício. Diante disso, é necessário oferecer

possibilidades para que as pessoas se capacitem para fazerem escolhas almejáveis em termos

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de desenvolvimento econômico e social. Reforçando a questão da autoestima, da

autoconfiança as mulheres de baixa renda sinalizam a importância destes sentimentos

conforme os depoimentos a seguir:

“[...] Autoestima melhora tudo (P.3)‖.

―Mudou tudo, muito acomodada do serviço pra casa. Sai passeia,

vontade que os outros te vejam. Abre portas para outras coisas:

emprego, aceitação, família e social. Virei outra, não preocupa o que

as pessoas de fora vão falar, cresci como pessoa. Grande melhora na

autoestima. Antes estava desestimulada, não comprava nada. Hoje

tenho ânimo, seleciono melhor as coisas, cuida da alimentação.”

Outra relevante questão verificada nas falas das participantes da pesquisa é a

importância da educação para as mulheres de baixa renda, visto que todas têm um baixo nível

de escolaridade, todas apontam a importância da educação formal para o desenvolvimento

pessoal, estando nos desejos de todas elas.

“Sonho em voltar a estudar, pelo menos um técnico, ter uma

profissão. Essencial conhecimento, ninguém tira” (P.10).

“Concluir uma faculdade. Hoje o que me impede é minha condição”

(P.1).

“Sim. Melhorar e aprender cada dia mais. Fazer uma faculdade

engenharia Civil, Estética ou Arquitetura” (P7).

Para o exercício dos direitos dos cidadãos, a educação é um bem essencial para que

desenvolvimento humano e econômico. Como direito social assegurado no art. 6º da

Constituição brasileira de 1988, cabe ao Estado ofertá-la a todas as pessoas por meio de

políticas públicas (art. 205 da CF). Indivíduos analfabetos e/ou com baixa escolaridade em

sua grande maioria têm baixa autoestima e sentem-se incapazes para buscar novas

oportunidades, sendo muitas vezes estigmatizados e discriminados: ―O sentimento de

opressão e de inferioridade, a vergonha, o estigma por não saber ler e escrever e o temor do

preconceito são condições geradoras de baixa autoestima‖ (TRAVERSINI, 2009, p. 577-595).

Louro (1998) relata a escola como um agente reprodutor de valores e desigualdades

referentes às diferenças entre homens e mulheres, constituindo-se como um local não apenas

de aprendizado, mas de produção e fabricação de indivíduos. Conforme descreve a autora, ―os

sentidos necessitam estar aguçados para que sejamos capazes de ver, ouvir, sentir as múltiplas

formas de constituição dos sujeitos implicadas na concepção e no fazer cotidiano escolar‖

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(LOURO, 1998, p. 59). O grande desafio dos educadores é trabalhar essas diferenças e as

implicações que elas exercem sobre os sujeitos, desconfiando do ―natural‖, provocando o

questionamento e instituindo possibilidades para sair dessa lógica de reprodução. Gênero já

está nas escolas, como defende Louro (1998, p.59), pois é uma ―categoria imersa nas

instituições sociais‖. É importante pensar se as relações acerca da diferenciação de gênero são

aparentes, reforçadas ou veladas dentro da escola; perpetuando tradições e emudecendo

diferenças, fomentando espaço para discriminações e a falta de representatividade das

minorias, como mulheres, negros, pobres, etc.

O sonho citado repetidamente nas falas das mulheres beneficiárias do PBF que

participaram da pesquisa foi o acesso à educação:

―Desejo estudar, mas dou preferência aos filhos,” (P.2)

―Aperfeiçoar na área de computador, ― (P.3)

―Vontade de voltar a estudar. Cabeça não ajuda dificuldade de

aprendizado. Tem problemas de saúde”, (P.4)

― Fazer Direito”, (P.7)

“Artesanato, já faço terço. Agora está estuando para fazer

bonecas”, (P.9)

As mulheres, mesmo após garantirem seus direitos básicos como o voto, a saída do

ambiente doméstico e a conquista do mercado de trabalho continuam a ser comandadas pelo

mito da beleza. As mulheres se libertaram da simbólica feminilidade referente ao âmbito

doméstico, o mito da beleza invadiu esse terreno perdido, expandindo-se enquanto a mística

definhava, para assumir sua tarefa de controle social (WOLF, 1992, p. 12-13).

Para discutir relações de gênero, pobreza e invisibilidade na perspectiva aqui relatada,

precisamos compreender algumas questões históricas. É necessário contextualizar fatos sócio-

histórico-culturais para situar o formato social vigente registrado e arquitetado por homens

que elaboraram as narrativas dos grandes feitos na política, nas guerras, na construção de

civilizações, nas revoluções, na filosofia, na arquitetura social (ROCHA et al. , 2017).

Ao voltar no tempo e relembrar alguns momentos, salta aos olhos a sociedade grega

onde a mulher não fazia parte dos processos políticos, juntamente com os escravos, ocupando

assim, uma posição inferior aos homens que desfrutavam da democracia. Já na Idade Média a

aquisição de terras é que garantia o poder sendo este desempenhado pela igreja católica que

em seus ensinamentos pregava a inferioridade e submissão da mulher em relação ao homem.

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Observa-se assim que a história da humanidade foi permeada por situações onde a mulher foi

mantida longe do poder político e econômico, o que consequentemente contribuiu para sua

posição de desvantagem social e sujeição aos homens (SANTA RITA, 2006).

No decorrer da história é possível constatar que o percurso da mulher foi bastante

restrito e apagado, de maneira geral, não lhe sendo permitidos espaços nas decisões e vida

públicas. Essas constatações nos remetem à composição da ordem vigente nas sociedades

ocidentais, onde o saber científico também foi elaborado por homens, os quais formularam as

questões e as responderam denominando-as para o todo, homens brancos, pertencentes a

classe privilegiada. Estes possuidores de certa competência ―excepcional‖, os quais em todo o

tempo acabam por atribuir a esse mundo social conceitos e regras que são impostos e válidos

para todos (LOURO, 1997).

Soares (2004) apresenta que os comportamentos são levados por regras construídas a

partir da cultura, as condutas estão interligadas às formas de dominação do corpo. Ocorre

rotineiramente o processo de educação do corpo. As imposições contemplativas da

visibilidade corporal, fundadas na variedade cultural, apresentam-se nas obrigações de

reparações corporais, controle do peso, alimentação e o alcance de um corpo que se aproxima

do que pode ser apreciado pelo olhar coletivo.

Frente a essas constatações percebe-se como a divisão dos gêneros interfere tanto na

vida de indivíduos do sexo masculino como do feminino que são construídos segundo uma

ordem binária imposta: mulher-homem, já determinando nossas correspondentes funções

sociais e símbolos a serem acionados para expressar nossa feminilidade e/ou masculinidade

(ROCHA et al., 2017).

Desta forma, entender a estrutura diferenciadora dos sexos analisando como o gênero

determina, influência, taxa, molda, a vida de todos em padrões de representações de

feminilidade e masculinidade no campo histórico-cultural, é necessária para produzir

interpretações sobre a contemporaneidade, pois é analisando, aprimorando e entendendo a

complexa estrutura desta ―ordem‖ dos sexos estabelecida que podemos desconstruí-la

(ROCHA et al. , 2017). ―Alguém já afirmou que a desigualdade não se improvisa, é

construção de séculos de dominação. A sua desconstrução é, da mesma forma, um desafio

sempre presente aos sujeitos políticos‖ (OLIVEIRA, BARROS, SOUZA, 2010, p. 20).

As mulheres de baixa renda sofrem com as desigualdades de gênero como, por

exemplo, as que trabalham estão em subempregos e dá preferência a família a seus ideais.

Assim, propõe-se pensar as relações de gênero, como se manifestam, representam os corpos,

bem como se originam de uma construção cultural e política, situada em um tempo e espaço,

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que constrói padrões desiguais, remodelados de diferentes maneiras. Segundo Spivak (2010,

p. 11):

Os sistemas econômicos, como o capitalismo, colonialismo, imperialismo,

liberalismo, quaisquer que sejam, defendem a unificação de sujeitos e de identidades

que esses possam assumir. Os interesses de qualquer sistema de dominação na

classificação estática dos sujeitos visam essa simplificação como oportunidade de

regulamentação e controle das pessoas. No caso da nossa sociedade,

caracteristicamente machista, a reprodução, manutenção e legitimação de certos

estereótipos ‗politicamente corretos‘ destinados às mulheres, configuram como

estratégia de reafirmação do poder dos homens sobre o corpo e desejo feminino.

Verifica-se o quanto estes padrões sociais como a divisão de gênero nos atingem, de

alguma maneira, gerando comportamentos que perpetuam valores patriarcais e legitimam o

poder por meio da subordinação e controle das mulheres, dominam os espaços, funções

sociais, estabelecendo uma ordem dominante. Este poder de uma sociedade machista imposto

para as mulheres desde a antiguidade até os dias de hoje impedem seu desenvolvimento e

aprimoramento de seus talentos, colaborando de forma negativa para seu empoderamento.

Diante disso, as relações desiguais se estabelecem socialmente, constituídas pelo

discurso nos campos de forças culturais simbólicas e se reproduzem automaticamente. Mesmo

com a conquista das mulheres em relação ao direito ao voto, ao mercado de trabalho, às leis

contra a violência, ainda continuam esses estereótipos de aparência, comportamento ditados a

cada época, que reforçam as desigualdades e dificuldades na vida de uma mulher, criando e

recriando novos formatos de dominação ao decorrer dos tempos, para manutenção da

submissão feminina (ROCHA et al.,2017).

Nesta perspectiva é necessário construir caminhos, alternativas para que as mulheres

possam se empoderar para transpor diversas questões que as escravizam. Para tanto, é

necessário criar possibilidades para que ocorra seu aprimoramento pessoal e a abertura de

novas possibilidades. Pois é através do aprimoramento pessoal como educação, capacitação

técnica, melhores empregos que as mulheres conseguirão ocupar espaços de visibilidade

social e respeito para que seu empoderamento social se estabeleça de forma sólida.

A presente pesquisa apontou, que no quesito aprimoramento técnico há uma

dificuldade destas mulheres em buscar oportunidades e desenvolver suas habilidades

sozinhas, mesmo com o aumento da autoestima. Após os procedimentos estéticos, com a

melhora na autoestima de todas participantes, conforme seus relatos, apenas duas

participantes conseguiram fazer algo para sua capacitação individual:

“fiz um curso na brigada de incêndio‖(P.8),

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“de artesanato pela internet” (P.9),

Frente a isso, se faz necessário pensar que diante de tantos fatores a serem vencidos

por estas mulheres, sua transposição de pessoas vitimizadas – situação esta imposta e

favorecida diante séculos de dominação masculina-. Para cidadãs ativas é necessário criar

condições em seu entorno para que se possa promover o desenvolvimento de seus talentos

para seu empoderamento e com isso promover o desenvolvimento local de suas comunidades.

Para que ocorra o empoderamento destas mulheres, questões como escolaridade, etnia,

renda e trabalho são fatores essenciais. Segundo Assis e Santos (2017) o processo de

empoderamento através do trabalho é também demonstrado em contextos em que as mulheres

devem transpor as fronteiras de gênero, classe e raça/etnia/nacionalidade historicamente

traçadas. A pesquisa demonstra que além do baixo nível de escolaridade, metades das

mulheres estão fora do mercado de trabalho, outro dado relevante que aponta que as que estão

com alguma ocupação formal estão em subempregos, com baixos salários e sem

representação decisória. A questão financeira também é apontada por elas como fator decisivo

para sua qualificação, pois dão preferencia para os filhos como relato de alguns participantes:

“Mas preferência para os filhos. Está na realidade,” (P.3).”

―Concluir uma faculdade. Hoje o que me impede é minha condição

financeira, (P.1),”

Diante disso, as mulheres de baixa renda têm grandes desafios a superar, necessitando

da participação de toda sociedade. É necessário criar em seu entorno condições favoráveis

para que ocorra o desenvolvimento de ações correlacionadas que colaborem para o

empoderamento psicológico, social e político destas mulheres. Para a criação de ações

estratégicas e sua implantação a interferência do Estado e da sociedade civil é necessária, para

que seu empoderamento se estabeleça em função de sua capacitação técnica, através da

melhora de seu nível de escolaridade e a conquista de melhores condições de trabalho e renda.

Criar condições para que estas mulheres transponham estas barreiras e sejam incluídas

nas oportunidades reais do mercado é tarefa complexa, as instituições de politicas publicam

inclusivas, para combater a dívida histórica que a sociedade tem para com as mulheres é fator

importante para esta conquista.

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2.3.3 Padrão de beleza e bem estar; desigualdade social e poder;

vulnerabilidade social e empoderamento político

O desafio da ditadura do estereótipo de beleza é algo urgente para as mulheres. A

beleza almejada é a que seja real, diversificada, despadronizada e que fique ao alcance de

todas, respeitando as individualidades e as valorizando enquanto sujeitos completos e felizes.

Na atualidade as discussões sobre felicidade antecedem e influenciaram o debate

referente à temática do bem-estar. A felicidade estava correlacionada com virtude desde os

princípios budistas, aristotélicos e catolicistas (SANCHES, 2015; ETIZIONI, 2015). Pode-se

dizer que conforme os preceitos destas correntes de pensamento, as pessoas buscam a

felicidade através do pensamento racional, do treinamento mental e dos hábitos de

comportamento virtuosos em relação aos outros. Os estudos atuais apontam que existe uma

preocupação acerca do quanto as pessoas se sentem bem ou estão felizes (CAZELLA et.al,

2017).

Na área das Ciências Sociais, a importância do tema ocasionou estudos sobre a

qualidade de vida principalmente depois dos anos 1950 (LAND, 1975) e levaram a pesquisas

acerca do bem-estar. O bem-estar passa a ser percebido como importante para o pleno

funcionamento das potencialidades humanas (RYAN; DECI, 2001; SIQUEIRA; PADOVAM,

2008). Ela tem base na concepção de eudaimônica de Aristóteles, expressando que provém da

ação em direção ao desenvolvimento dos potenciais únicos das pessoas (RYFF, 1989;

WATERMAN, 1993) e se intitula bem-estar físico e psicológico.

Existem várias teorias que amparam o conceito de bem-estar físico e psicológico.

Entre elas destacam as que tratam dos fenômenos da individuação (JUNG; BRAY; GINIS,

2008), do desenvolvimento humano (ERICKSON, 1959; NEUGARTEN, 1973), da saúde

mental (JAHODA, 1958), da maturidade (ALLPORT, 1961), do funcionamento completo

(ROGERS, 1961) e da ato realização (MASLOW, 1968).

Nesse sentido, as concepções teóricas de bem-estar físico e psicológico estão

embasadas sobre formulações acerca do desenvolvimento humano e dimensionadas em

capacidades para enfrentar os desafios da vida (KEYES; SHMOTKIN; RYFF 2002). Elas são

constituídas por teorias humanista-existenciais, do desenvolvimento humano e da saúde

mental.

Os dados da pesquisa indicaram que junto com a melhora da autoestima pode existir

um sentimento de felicidade e bem estar que se reflete em sua qualidade de vida, pois muitas

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começaram a se cuidar mais após os procedimentos estéticos, após a melhora na avaliação da

autoimagem. Esta confirmação se faz nos relatos a seguir:

―..Quer cuidar mais de si própria”, (P.2)

“Se cuidando mais, com mais vontade se cuidar. Esta fazendo

hidroterapia. Pretende se cuidar mais”, (P.3)

―Acadêmia e massagem. Cuidar mais, tem mais vaidade, (P.4)

―Diminuiu o cigarro, passou para 08 por dia”, (P.7)

―Hoje faço academia, frequento clube e saio mais de casa para

passear”, (P.8)

―Mudou muito, todo mundo pergunta. Antes tinha vergonha, agora

tenho coragem de andar”, (P.10)

“Sinto mais feliz, radiante e mais bem comigo mesma. Fico mais

feliz com meu rosto, com meu esposo. Autoestima melhora em tudo.

Para sair com o esposo, sente segura. Relaciona melhor”, (P.3)

A pesquisa deixou pistas em torno do fato de que beleza pode gerar poder psicológico,

pois as participantes da pesquisa relataram ter mais segurança e atitude após passar pelos

procedimentos estéticos com consequente melhora a autoimagem. Entender a relação histórica

do poder social que a beleza confere às mulheres é fundamental para que se possa desenvolver

práticas que anulem esta escravidão cultural entre beleza feminina e padrão de beleza

estereotipado. Historicamente, a partir do século XIX, os corpos passaram a ser visualizados a

partir de suas diferenças. Weeks (2003) apresenta que nesse período o corpo passou a ser

avaliado por sua apresentação anatômica, dividido entre masculino e feminino. Essa maneira

de perceber o corpo é o inicio para tratar as relações de gênero, as quais não podem ser

avaliadas separadamente: sendo construções históricas que sofrem interferência da cultura.

Weeks (2003) pondera o gênero não como uma categoria analítica, mas como um conceito

que anuncia as relações de poder (EVANGELISTA; BAPTISTA, 2017).

É necessário combater as desigualdades sociais, pois, entre outras questões, as

mulheres de baixa renda são também vítimas dessa desigualdade face à desigualdade salarial,

desigualdade de gênero, entre outras. Frente a isso é necessário refletir sobre a desigualdade

para vislumbrar possibilidades de empoderar estas mulheres. O Brasil é o quarto País mais

desigual em distribuição de renda da América Latina, segundo o relatório sobre as cidades

latino-americanas elaborado pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos

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Humanos (ONU-Habitat) em 2012. No quesito distribuição de renda, ficamos atrás somente

de Guatemala, Honduras e Colômbia. Mais de 20% da população vive em situação de pobreza

ou indigência, percentual maior do que no Uruguai, na Argentina, no Chile, no Peru, na Costa

Rica e no Panamá (ZAGURSKI, 2016).

A desigualdade social e econômica no Brasil serão combatidas através do

desenvolvimento e implantação de políticas públicas, para possibilitar uma melhor

distribuição de renda e equiparar oportunidades. Os indivíduos que ficam excluídos destas

oportunidades, em sua maioria, não desenvolvem de modo pleno suas capacidades, não

conseguem fazer opções almejáveis em termos sociais e são mais vulneráveis. Entre as

políticas públicas que procuram propiciar oportunidades e capacitar sujeitos para fazer

escolhas, sobressaem aquelas que investem na autoestima e na igualdade de oportunidades,

conforme a teoria moral elaborada por John Rawls (ROCHA et.al , 2017).

Combater a desigualdade social através da implantação de politicas públicas corrobora

para retirar indivíduos que vivem em situação de vulnerabilidade social. O desenvolvimento

humano se fundamenta na ampliação das escolhas, a vulnerabilidade humana emana de uma

restrição das escolhas fundamentais para o desenvolvimento humano: em questões como

saúde, educação e de domínio sobre os recursos materiais e de segurança pessoal. Alguns

exemplos relevantes sãos: as mulheres economicamente independentes tendem a ser menos

vulneráveis do que as que dependem de outros para o seu sustento; os trabalhadores

analfabetos e não qualificados são mais vulneráveis do que as pessoas com mais educação,

pois possuem menos opções de trabalho. As famílias profundamente endividadas tendem a ser

mais vulneráveis à exploração e menos capazes de se proteger na adversidade (ZAGURSKI,

2016). As mulheres Beneficiárias do Programa Bolsa Família encontram-se em situação de

vulnerabilidade social em vários quesitos como baixa escolaridade, pobreza, baixa

qualificação dentre outros. Para empoderar estas mulheres são necessárias combater as

desigualdades e fomentar o desenvolvimento de seus talentos, conforme relatado por Deneulin

e Shahani (2009). O termo ―empoderamento‖ (empowerment) é comum nas Ciências Sociais,

nos Estudos Culturais, na Economia e na Psicologia, como o processo através do qual as

pessoas, individualmente ou agrupados socialmente, expandem a capacidade de conduzir suas

próprias vidas em função do modo como desenvolvem a sua inteligência sobre suas

potencialidades e de sua participação na sociedade. Entretanto, mais do que aumentar a

autonomia e o poder pessoais, o empoderamento abarca uma tomada de consciência coletiva

por grupos minoritários e/ou marginalizados contra a opressão social das elites e a

dependência política.

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A pesquisa enuncia pelos relatos coletados que as mulheres não apresentam a

consciência da importância de sua participação nas decisões coletivas dos locais onde vivem,

das dez mulheres entrevistadas apenas uma começou a participar da Associação de seu bairro,

as outras nove não participam de nenhum processo decisório coletivo de seu bairro ou da sua

cidade. Senso assim, o aumento da autoestima e o empoderamento psicológico não

proporcionou o empoderamento político, mas pode ser considerado um pré-requisito para que

ele ocorra. A pesquisa aponta que apesar de ter ocorrido empoderamento psicológico não

houve empoderamento político.

2.4 Considerações finais

Entender o conceito de beleza para as mulheres nos faz pensar na relevância da relação

entre corpo feminino e gênero na atualidade, visto que o corpo é um lugar de intervenções,

disciplinas, cuidados e também violências. O arquétipo corporal apresentado nas revistas é de

mulher branca, jovem, magra e com poder aquisitivo razoável, modernizando e reproduzindo

padrões explorados pela indústria cultural (EVANGELISTA; BAPTISTA, 2017).

As percepções das mulheres frente ao padrão de beleza estereotipado inatingível e sua

autoimagem nos faz perceber através das falas das participantes desta pesquisa a

complexidade e a força desta internalização, pois todas as mulheres estavam insatisfeitas com

sua aparência.

Na primeira fala das mulheres no ato da entrevista já é percebido a insatisfação com a

autoimagem e seu sentimento de tristeza, depressão, desanimo. A relação entre imagem

positiva de si próprio ou negativo pode interferir diretamente no sentimento de bem estar e

qualidade de vida, gerando sentimentos de insegurança e tristeza.

Após a realização dos procedimentos estéticos, todas relataram melhora na aparência,

sentimento de felicidade, autoestima elevada. A melhora da autoestima pode contribuir para o

que se considera como empoderamento psicológico.

As mulheres participantes desta pesquisa relataram que a melhora da autoestima,

provocada pela melhora da aparência, gerou a vontade de fazer algo para si mesma, um

sentimento de pro atividade. Mas apenas duas relataram ter feito alguma capacitação após os

tratamentos estéticos. Ou seja, para gerar o empoderamento social são necessárias ações

conjuntas em seu entorno para que possam realizar ações que levem ao seu empoderamento

social. Diante disso, a melhora da autoestima frente ao padrão de beleza, influencia e é pré-

requisito para o aprimoramento pessoal e reflete no empoderamento social; mas é necessário

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que se criem condições para que elas transformem seus sonhos e atitudes em realidade.

Sozinhas poucas conseguiriam desenvolver o empoderamento social, visto que nenhuma delas

conseguiu criar melhores condições de trabalho e renda. Além disso, duas relataram perda do

emprego devido a crise atual no país. Fatores externos desfavoráveis como a crise econômica,

social e política pela qual passa o país interfere de forma negativa para que essas mulheres

consigam transpor tantas dificuldades e se empoderar.

A revisão da literatura, como também as falas destas mulheres sinalizam a

complexidade de anos de dominação e submissão, sendo necessário um trabalho árduo na

sociedade pela mídia, publicidade, arte, moda, instituições educacionais públicas e privadas,

bem como o Estado; para fomentar o debate e a reflexão para contribuir na eliminação das

práticas machistas de obediência e invisibilidade social, nas quais as mulheres são colocadas

criadas por uma cultura hegemônica edificada e a serviço dos homens.

Como fatores que interferem de maneira negativa no empoderamento feminino estão a

falta de acesso a educação, a pobreza e uma visão crítica em relação ao contexto em que

vivem e suas possibilidades de ação para transformá-lo. Para as mulheres beneficiárias do

Programa Bolsa Família que participaram desta pesquisa, a família está acima de tudo e sua

responsabilidade maior está relacionada a este cuidado. As outras instâncias de suas vidas, são

como são e, de acordo com a visão delas está dentro da normalidade. Há um estado de apatia e

conformismo frente às desigualdades estabelecidas visto que não têm as ―armas‖ para o

enfretamento de tantas violências sofridas, dentre elas, a submissão aos padrões estéticos

estabelecidos e veiculados como narrativas válidas e correntes na sociedade contemporânea.

Diante dos limites da pesquisa, entre os quais o número de mulheres participantes e da

imensa diversidade de pessoas no cenário mundial que vivenciam diariamente diversas formas

de violências relacionadas às situações de pobreza e vulnerabilidade social nas quais estão

inseridas, é necessário ampliar a investigação para o levantamento de lacunas que a pesquisa

não consegue responder. Entretanto o estudo apontou pistas importantes como o fato de que a

avaliação positiva da imagem interfere na autoestima feminina, em seu bem estar físico e

psicológico; a complexidade do tema beleza e sua influência no empoderamento feminino.

Além disso, propõe reflexões sobre a interferência do padrão de beleza e sua influencia no

bem estar, na qualidade de vida e no empoderamento psicológico. Aponta também que é

necessário criar ações que propiciem o empoderamento social e político para que o

empoderamento feminino realmente se concretize e possa contribuir para o desenvolvimento

local. Oferece subsídios para a reflexão de algumas lacunas como a desigualdade de gênero e

trabalho, baixa renda, baixo nível educacional, falta de capacitação técnica, entre outras que

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se sanadas podem colaborar de forma substancial para o desenvolvimento de estratégicas que

potencializarão o empoderamento feminino e gerarão riqueza e renda nas comunidades em

que se estabelecer.

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CAPÍTULO 3: Abordagem interdisciplinar no empoderamento feminino

Maria Cristina Ferolla11

Wânia Maria Araújo12

Resumo

Gênero, baixo nível escolaridade e renda são fatores presentes na exclusão social e compõem, de

forma expressiva, os pré-requisitos para a situação de vulnerabilidade social. As mulheres de baixa

renda acumulam estes pré-requisitos e compõem uma grande fatia dos indivíduos nesta situação. Junto

a isso, ainda somam-se questões internalizadas, fomentadas por uma sociedade de valores machistas

que acompanham as mulheres desde a antiguidade. Para o enfretamento da exclusão social das

mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família que vivenciam situações de vulnerabilidade social,

apresenta-se uma proposta de ações extensionistas para um Centro Universitário do interior de Minas

Gerais. Esta proposta contempla uma equipe interdisciplinar para atuar junto a essas mulheres com

vistas a pensar ações que possibilitem incitar nestas mulheres seu potencial para o desenvolvimento

local das comunidades onde residem. Este artigo tem como objetivo apresentar esta proposta de um

projeto de extensão direcionado às mulheres de baixa renda, beneficiárias do Programa Bolsa Família

que são atendidas na Clínica de Estética do referido Centro Universitário. A equipe interdisciplinar

formada com profissionais da Psicologia e Estética convidará estas mulheres para participarem de

Rodas de Conversa, dinâmicas e atividades que visam ao desenvolvimento do pensar e refletir sobre

sua situação em relação aos diversos aprisionamentos femininos de que são vítimas ao longo de suas

trajetórias. A troca de experiências e a discussão de temas propostos por elas podem contribuir para a

compreensão sobre seus direitos e o seu empoderamento em suas comunidades. Esta proposta do

projeto de extensão foi desenvolvida a partir de uma pesquisa realizada com mulheres beneficiárias do

Programa Bolsa Família em torno de questões referentes ao padrão de beleza socialmente imposto, a

percepção da autoimagem destas mulheres, suas interferências na autoestima e no empoderamento

delas. Empoderar as mulheres pode corroborar para o desenvolvimento local.

Palavras chave: Desenvolvimento Local. Empoderamento. Gestão Social. Interdisciplinaridade.

Mulheres de baixa renda. Programa Bolsa Família..

Abstract

Gender, low education and income are factors present in social exclusion and, significantly, the

prerequisites for the situation of social vulnerability. Low-income women accumulate these

prerequisites and make up a large share of individuals in this situation. Next to that, there are still

issues internalized, encouraged by a society of macho values that accompany women since ancient

times. To counter social exclusion of women in receipt of Family allowance program to experience

situations of social vulnerability, presents a proposal for extension actions to a University Center of

Minas Gerais. This proposal includes an interdisciplinary team to work with these women to think

actions that make it possible to encourage these women your potential for local development of the

communities where they reside. This article aims to present this proposal for an extension project

targeted at low-income women, beneficiaries of the family allowance program are met at the clinic of

aesthetic of the University Center. The interdisciplinary team formed with professionals of psychology

and Aesthetics will invite these women to participate in Conversation wheels, dynamics and activities

aimed at the development of the think and reflect on your situation in relation to the various women's

imprisonments suffered along their trajectories. The exchange of experiences and discussion of themes

proposed for them can contribute to the understanding of your rights and your empowerment in their

communities. This proposal of the extension project was developed from a research conducted with

11

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local

(GSEDL) do Centro Universitário UNA de Minas Gerais. 12

Wânia Maria Araújo Profª. Doutora Orientadora do Programa de Pós-Graduação em Gestão Social,

Educação e Desenvolvimento Local (GSEDL) do Centro Universitário UNA de Minas Gerais

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women beneficiaries of the Family allowance program around issues related to socially imposed

standard of beauty, the perception of self-image of these women, their interference in the self-esteem

and empowerment of them. Empowering women can corroborate for local development.

KEYWORDS: Low-income women. Family Fellowship Program. Empowerment. Social

Management. Local development. Interdisciplinarity.

3.1 Introdução

Embora se verifique avanços significativos nos indicadores de desenvolvimento

humano no Brasil seus efeitos sobre as desigualdades sociais não se reproduzem na mesma

escala. Isso significa uma estrutura maior dos mecanismos de reprodução das desigualdades

atrelados às questões históricas, sociais, culturais e políticas da construção da sociedade

brasileira. É necessário, destacar que as dimensões das desigualdades sociais no Brasil

ultrapassam critérios de ordem excepcionalmente material e emanam, sobretudo, de padrões

culturais e práticas sociais, historicamente enraizadas que denotam um modo de vida em

sociedade (SOUZA, 2017).

Um dos grandes desafios na agenda de desenvolvimento brasileiro é o enfrentamento

das desigualdades sociais. E neste contexto, a questão social passa essencialmente pela

avaliação dos impactos das políticas públicas implementadas nas últimas décadas, com

objetivo de verificar avanços ou gargalos nas condições de vida, das populações em situação

de vulnerabilidade social, e dentre elas, gênero e baixa renda são relevantes (ZAGURSKI,

2016).

A abordagem interdisciplinar já é uma ação constante no meio acadêmico cientifico e

quando se trata de abordar temas que envolvem mulheres e questões de gênero, é inevitável

que se pense em uma perspectiva interdisciplinar. As diferenças de gênero tal como abordadas

pela filosofia, história, educação, ciências sociais, psicologia, literatura e direito, por exemplo,

demostram a complexidade do tema (FREITAS; OLIVEIRA, 2017).

Há vários estudos que apresentam reflexões e análises das características e

representações do corpo ao longo do tempo tornando possível observar que variam de

sociedade para sociedade. A preocupação com o corpo demostra uma necessidade científica

de aprofundar os estudos referentes às distintas sociedades e surge da necessidade de

compreender as rupturas culturais que se processam em relação aos estereótipos sobre o

corpo, principalmente o feminino (EVANGELISTA; BAPTISTA, 2017).

De acordo com Evangelista; Baptista (2017) a mídia é usada para construir modos de

viver: esse conjunto que dissemina ideologias e cria consciências coletivas conforme foi

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nomeado por Adorno e Horkheimer (1998) como Indústria Cultural. A indústria cultural lança

uma grande quantidade de publicidade sobre as mulheres. Revistas designadas

particularmente para esse público projetam conceitos de feminilidade, beleza e aparência

física.

O Brasil ao assumir as inovações conceituais propostas pela Conferência Mundial

sobre a Mulher, comprometeu-se em seguir a transversalidade no âmbito das políticas e das

ações públicas como tática de ascensão de igualdade de gênero e empoderamento das

mulheres. Assim, reconhece a desigualdade entre homens e mulheres como uma constatação

da não obediência aos direitos humanos e do estabelecimento de uma ―agenda de gênero‖

empenhada com a participação social na construção de temas e propostas formuladas pelos

movimentos feministas e suas diferentes vertentes (FARAH, 2004).

Entretanto, Lemos (2005) acredita que mais do que criar políticas públicas, que

atendam às necessidades das mulheres, como prática isolada, estas deveriam inserir em todo o

processo de planejamento e formulação de ações, a perspectiva de gênero, no sentido de

considerar a diversidade de situações vividas por estas mulheres. Para isso, é relevante se ter

um olhar transversal sobre as questões de gênero ao elaborar planos de governo e políticas

públicas. Propiciar às mulheres a capacidade de assumir protagonismo e autonomia é

fundamental, uma vez que se tem observado uma multiplicidade de propostas, programas e

ações alternativas para os problemas sociais contemporâneos, advindos das opressões de

gênero e de suas disparidades e iniquidades como: a injustiça, as violências, a pobreza,

ignorância e a insalubridade (LAGARDE, 1996 apud LISBOA, 2010, p. 4).

Calvelli; Loreto e Silva (2014) evidenciam que em algumas políticas públicas, como

aquelas ligadas aos aspectos produtivos, a inclusão desta transversalidade não é tão simples,

uma vez que há uma divisão do trabalho entre os sexos, estando atividades de produção

ligadas aos homens e as atividades de reprodução atreladas às mulheres, na perspectiva do

Estado.

Em 2014, segundo o relatório da Organização das Nações Unidas – ONU – em estudo

sobre o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH – de 188 países, o Brasil ficou em 75º

lugar. No relatório consta que ―Sustentar o progresso humano é reduzir as vulnerabilidades e

reforçar a resiliência‖, o que evidencia a necessidade de requerer as escolhas das pessoas e

resguardar os resultados positivos da elevação do índice de desenvolvimento humano. Diante,

disso o referido relatório assinala que a vulnerabilidade social ameaça o desenvolvimento

humano, a menos que seja combatida de forma sistemática, pela mudança de políticas

públicas e normas sociais (ZAGURSKI, 2016).

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Alguns avanços foram observados em função do processo de redemocratização e da

composição de espaços de participação com representação da sociedade civil e das instâncias

do poder público acatando a paridade de gênero. Entretanto, a normatização de direitos não

asseguram, a priori, a ampliação da autonomia e o empoderamento das mulheres. Questões

sociológicas agregadas a trabalho, à renda, à saúde, à violência, à sexualidade, ao corpo, entre

outras temáticas, devem também ser consideradas (ROCHA et.al 2017).

O desafio consiste nas palavras de Sen (2000), em aumentar e realçar o que conceitua

como ―papel ativo da condição de agente das mulheres‖. Ou seja, para o efetivo

empoderamento e autonomia, é necessário criar as condições para que as mulheres adotem a

sua condição de agente social, tanto no que diz respeito à eliminação das iniquidades ou

injustiças que prejudicam o seu bem-estar, quanto no reconhecimento de que seu bem-estar é

também associado à independência econômica e emancipação social. Reconhecer suas

liberdades de escolhas de forma que possam trabalhar fora do âmbito doméstico, ―ter direitos

de propriedade, ser alfabetizada e participar como pessoas instruídas nas decisões dentro e

fora da família‖, algo que Sen (2000) denomina como ―intitulamentos das mulheres‖ .

Diante deste cenário, percebe-se a necessidade de uma mudança significativa em todas

as esferas da sociedade e inclusive das próprias mulheres, pois são criadas envoltas em

valores patriarcais, replicando práticas culturais machistas já internalizadas, passadas de

geração a geração. A transposição destes valores que vem durante toda uma vida sendo

perpetuados de geração a geração não é tarefa fácil, mas é possível quebrar antigos

paradigmas e criar valores igualitários entre homens e mulheres, para que estas se empoderem

verdadeiramente. Os relatos colhidos nesta pesquisa sinalizam como o aprisionamento

feminino está presente em várias questões como a beleza, a submissão a padrões estéticos, a

baixa autoestima, o baixo grau de escolaridade e a baixa renda. Pelo expressivo número que

as mulheres representam na força de trabalho e no consumo, a necessidade de empoderá-las é

algo essencial para que haja desenvolvimento local.

Com efeito, embasado no resultado da pesquisa em estudo, foi desenvolvido uma

proposta de projeto de extensão no Centro Universitário de Formiga – UNIFOR –

fundamentada nas práticas interdisciplinares com os profissionais que atuam na área Estética,

que engloba uma equipe multidisciplinar composta de profissionais diversos da área da saúde

como: Esteticistas, Farmacêuticos, Nutricionistas, Fisioterapêutas, dentre outros e da

Psicologia para uma maior proximidade e conhecimento das vivências destas mulheres para

melhor discutir, junto a elas, ações que possam melhorar a sua qualidade de vida e promover o

seu empoderamento.

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3.2 Desigualdade social e gênero

A dura realidade vivenciada no decorrer da história pelas mulheres em seu dia a dia,

com subempregos, salários menores, violência doméstica, desde a idade antiga até os tempos

atuais, tem sido tarefa árdua e ainda precisa ser superada. O universo feminino foi imposto

um período brutal de submissão, dominado por homens ao longo da história. As imposições

sociais a que as mulheres foram submetidas ao longo do tempo geraram comportamentos de

subordinação e exclusão, constituindo uma realidade complexa que hoje demanda politicas

públicas que possibilitem a emancipação feminina (VERGARA; SILVA; SPOLAVORI,

2015).

Goelner (1999) expõe que há vários anos permanece uma mesma construção para os

aspectos corporais da mulher, o corpo magro está ligado ao belo, enquanto o gordo precisa ser

eliminado. Para a autora, a beleza retratada está aportada em padrões estéticos clássicos, que

agrupou dimensões corporais proporcionais e harmoniosas com a espetacularização do

erotismo na sociedade capitalista.

Além do corpo perfeito, para ser bela, é necessário ter qualidades capazes de seduzir

e chamar para si o olhar do outro. Ser bela é ser atraente e sensual. E também

feminina: graciosa, virtuosa, submissa ao ponto de não ameaçar os conceitos

tradicionalmente demarcados para cada sexo (GOELNER, 1999, p. 49).

Diante de construções históricas tão profundas relacionadas à submissão das mulheres

e seus corpos a padrões estéticos e comportamentais a institucionalização de políticas públicas

configura-se como uma das ferramentas para o combate das disparidades de gênero, exclusão

social e das desigualdades. A ausência do empoderamento feminino e a exclusão social

comprometem o desenvolvimento das potencialidades femininas e interfere de forma negativa

no desenvolvimento dos países.

Estudos assinalam que a inclusão das mulheres junto aos homens nas esferas de poder

é necessária para a implantação de práticas e ações para a promoção da igualdade de gênero,

ou seja, relações mais igualitárias de trabalho para as mulheres, como também, estratégias que

proporcionem o desenvolvimento do gênero feminino.

Na atualidade, já é sabido que é necessário emancipar as mulheres, sendo foco de

inúmeras discussões e debates em todo mundo. Essa emancipação propicia uma mudança

ideológica e comportamental da sociedade. Viabilizar e promover debates que permitam as

mulheres visualizarem e compreenderem seus direitos, estarem cientes do papel que elas têm

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a desempenhar para o estabelecimento da igualdade entre homens e mulheres é tema de

grande interesse mundial (COUTO; SOUSA, 2010). .

Promover condições para a emancipação feminina e a igualdade de gênero é uma

importante ação para combater as inúmeras formas de violência contra a mulher. Que vão

além da violência doméstica, pois estão nas desigualdades salariais, no assédio sexual e moral,

no uso do corpo da mulher como objeto nas campanhas publicitárias, no tratamento desumano

que muitas recebem nos serviços de saúde, o tráfico nacional e internacional de mulheres e

meninas (ZAGURSKI, 2016).

As políticas de proteção e segurança são essenciais para o enfrentamento à violência,

mas é preciso avançar tanto em políticas de prevenção como na ampliação de

políticas que articuladamente trabalhem para uma reversão da dependência

financeira, elevação da autoestima das mulheres, fortalecimento da capacidade de

representação e participação na sociedade, enfim, criem condições favoráveis de

autonomia pessoal e coletiva (BRASIL, 2003, p. 48.).

3.3 Pobreza, gênero e politicas públicas: empoderamento para o desenvolvimento local

no contexto da emancipação feminina

No Brasil o debate sobre pobreza e gênero apresentou-se de forma acentuada na

década de 1970, quando foi criada a expressão ―feminização da pobreza‖ para apresentar um

quadro de declínio das condições econômicas das mulheres integradas com as mudanças

demográficas, como a expansão da chefia feminina no País (IBGE, 2014)

É necessário entender que a luta contra as desigualdades de gênero na política está

inserida numa grande estratégia governamental de desenvolvimento e de promoção de

políticas sociais de combate à pobreza, que objetivam potencializar a geração de

oportunidades e ao enfrentamento das desigualdades que ainda permanecem na sociedade na

sociedade brasileira (BRASIL, 2015).

A desigualdade causa impacto negativo no desenvolvimento de um país porque não

possibilita o desenvolvimento dos recursos humanos disponíveis e afeta as externalidades

positivas advindas da maior igualdade entre homens e mulheres (DEVIÁ; JERABEK, 2016).

O desenvolvimento econômico tem provado ser insuficiente para diminuir as dispari-

dades de gênero, sendo indispensável à adoção de políticas públicas específicas para abrandar

as desigualdades existentes entre homens e mulheres no campo da educação, do trabalho, da

economia e da política (BANCO MUNDIAL, 2011). As políticas públicas devem ser

compreendidas como um processo extenso e aplicado de resolução de problemas no âmbito da

tomada de decisão governamental (HOWLETT; RAMESH; PERL, 2013) ou como entidades

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que ―tratam do conteúdo concreto e do conteúdo simbólico de decisões políticas, e do

processo de construção e atuação dessas decisões‖ (SECCHI, 2013, p. 1) do qual as políticas

de combate à desigualdade fazem parte.

Diversas políticas sociais redistributivas e de compensação de desigualdades foram

implementadas no Brasil no período 2008-2015 para retificar as distorções que não foram

eliminadas pelo desenvolvimento econômico. Dentre as políticas implantadas neste período,

a de redução das disparidades de gênero é uma delas, visando a reduzir as desigualdades entre

homens e mulheres. (BRASIL, 2013, 2015).

Sua importância é observada ao revelar que a igualdade de gênero tem impactos na

produtividade, as mulheres com suas aptidões e talentos, participam das atividades

econômicas e representam mais de 40% da mão de obra e cerca de cinquenta por cento dos

estudantes universitários do mundo (BANCO MUNDIAL, 2011).

A ascensão da igualdade entre homens e mulheres e da autonomia das mulheres

encontra-se estabelecida pelos Objetivos do Milênio – ODM – proclamados em 2000 pelas

Nações Unidas e entre os dezessete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS –

estabelecidos na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável –

Rio+20 (NAÇÕES UNIDAS, 2000-2015).

A inclusão de uma agenda social fundamentada em direitos está ligada à tradição de

defesa dos direitos humanos das Nações Unidas que instiga os cidadãos a participar dos

processos de tomada de decisões e de implementação de políticas sociais que lhes permitam

fazer satisfazer a seus direitos (BIELSCHOWSKY, 2009).

Nesse sentido, os Planos Nacionais de Políticas para as Mulheres (BRASIL, 2008,

2013) foram lançados para a ampliação da perspectiva de gênero nas ações desenvolvidas

pelo Estado e também pelo reconhecimento governamental de que as políticas de promoção

da igualdade e de valorização das diversidades são necessárias para combater injustiças,

dominação, exclusão e desigualdades. Neste contexto o papel do estado é fundamental.

Nenhum governo é legítimo a menos que demonstre igual consideração pelo destino

de todos os cidadãos sobre os quais afirme seu domínio e aos quais reivindique

fidelidade. A consideração igualitária é a virtude soberana da comunidade política –

sem ela o governo não passa de tirania (DWORKIN, 2005. p. IX).

No decorrer da história, observa-se que as mulheres vêm conquistando gradualmente

seus direitos, uma vez que, inicialmente, eram excluídas de muitas garantias sociais. Porém,

segundo Bandeira (2004), as políticas públicas, na maior parte das vezes, quando são

elaboradas e dirigidas às mulheres, não levam em consideração a perspectiva de gênero em

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sua dimensão política, com objetivo de garantir ao segmento feminino maior equidade e

igualdade nos diversos lugares sociais (PEREZ, 2017).

Para conceituar as diferenças que são construídas socialmente entre homens e

mulheres, que, na maioria das vezes, são vistas como naturais, é necessário pensar na análise a

concepção de gênero. Conforme Scott e Cordeiro (2006):

Gênero é utilizado para designar relações sociais entre os sexos. Seu uso rejeita

explicações biológicas, como aquelas que encontram um denominador comum, para

diversas formas de subordinação feminina, nos fatos de que as mulheres têm

capacidade de dar à luz e de que os homens têm uma força muscular superior. Em

vez disso, o termo ‗gênero‘ torna-se uma forma de indicar‗construções culturais‘ –a

criação inteiramente social de ideias sobre os papéis adequados aos homens e às

mulheres. É uma maneira de se referir às origens exclusivamente sociais das

identidades subjetivas dos homens e das mulheres (SCOTT; CORDEIRO, 2006, p.

6).

Scott (1999) define gênero enquanto categoria útil não somente para entender o

cotidiano feminino, pois, além disso, é necessária uma melhor compreensão da história dos

homens, das relações entre homens e mulheres e das relações dos homens e das mulheres

entre si; viabilizando uma análise mais significativa sobre as desigualdades e hierarquias

sociais.

Ao debater sobre transversalidade de gênero em particular no campo das políticas

públicas, pode-se pensar, segundo Bandeira (2005, p. 5), que consiste em ―[...] elaborar uma

matriz que permite orientar uma nova visão de competências (políticas, institucionais e

administrativas) e uma responsabilização dos agentes públicos em relação à superação das

assimetrias de gênero, nas e entre as distintas esferas do governo‖. Assim sendo, através da

política de transversalidade de gênero seria provável reorganizar as políticas públicas, de

modo que a ação do Estado como um todo fosse a base da política para as mulheres.

Nesse contexto, como debate Felisberto (2012), a igualdade de gênero, particularmente

no que se refere a papéis e espaços sociais, se encontra ainda em construção, mesmo perante a

nova configuração da mulher na sociedade. Isso nos fundamenta para promover a discussão e

a reflexão exaustiva pela complexidade do tema e a necessidade de se construir novas práticas

e valores para que as mulheres ocupem o papel que lhes é de direito, saindo da condição de

cidadãs vitimizadas para indivíduos com direitos iguais aos homens, para construção de uma

sociedade mais justa e prospera.

Na busca pelo enfrentamento das diversas violências sofridas pelas mulheres ao longo

da história, o padrão de beleza estereotipado a cada época é sem dúvida um aprisionamento

que as mulheres devem se libertar, pois isso coloca em risco sua saúde física e psíquica.

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Trabalhar o empoderamento feminino das mulheres de baixa renda significa também criar

meios para que esse processo de desenvolvimento se estabeleça de forma real.

Na classificação do índice sintético Global Gender Gap Index (GGI), revelado pelo

Fórum Econômico Mundial (2016) com aproximadamente 150 países o Brasil ostentou a 79ª

posição no geral, a 86ª posição no indicador ―empoderamento político feminino‖ e a 120ª

posição no indicador ―mulheres no parlamento‖.

Em função disso, é necessária a criação e implantação de politicas públicas,

instituições e profissionais a serviço deste grupo, visto que o Estado já reconhece

mundialmente à necessidade de empoderar as mulheres para que o desenvolvimento local

aconteça.

Dentre os ODS encontra-se o objetivo de alcançar à igualdade de gênero e empoderar

todas as mulheres e meninas. Mediante ações que afiancem a participação completa e efetiva

das mulheres e a equidade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de

decisão na vida política, econômica e pública e a adoção de políticas sólidas e legislação

aplicável com essa finalidade (NAÇÕES UNIDAS, 2000- 2015).

É necessário que a sociedade e principalmente as mulheres, contribuam para

aprovação de novas leis que apoiem e deem condições a essas mulheres de enfrentarem as

diversas formas de violência sofridas por elas em seu dia da dia. Neste sentido, para que

ocorra essa participação, é necessário promover o desenvolvimento humano, como: o acesso à

educação, a capacitação profissional, valorização do trabalho, dentre outros. Também é

necessário que haja ações que favoreçam o fortalecimento psicológico destas mulheres para

seu empoderamento se estabeleça.

Entretanto, só a criação de leis somente não institui por si só uma garantia de

empoderamento, mas sua existência sem dúvida elimina barreiras, o que pode contribuir para

que as mulheres hoje ―desempoderadas‖ tenham acesso a recursos e possam desenvolver suas

capacidades. A inserção destas mulheres, fazendo parte e sendo responsáveis pelos processos

decisivos é importante para que ocorra o desenvolvimento local (AZEVEDO, 2017). A

representatividade destas mulheres na construção de políticas públicas para o público

feminino é fundamental, assim, essas politicas públicas terão maior possibilidade para que se

possa combater de forma mais assertiva as lacunas existentes. A participação das mulheres em

todas instâncias de definição, implantação e monitoramento de políticas públicas para o

combate a desigualdade de gênero, a pobreza, a baixa escolaridade, a sua capacitação

profissional, será elemento constitutivo das estratégias de empoderamento. A viabilidade

desta participação será possível com o desenvolvimento de suas capacidades, com a melhora

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em seu nível de escolaridade, com a oferta a estas mulheres de oportunidades de

conhecimento para promover seu empoderamento psicológico, político e social.

No campo da informação, outra maneira de viabilizar processos de empoderamento é

promover o acesso à informação não apenas às mulheres quanto aos seus direitos, mas

também com informações sobre questões como cidadania e sobre a importância da sua

participação nos processos decisórios coletivos. Uma das formas para manter o poder e as

distanciarem dos processos decisórios coletivos, como indivíduos inoperantes, é a falta de

informação e transparência. Um dos elementos essenciais para o empoderamento é o acesso às

informações de maneira clara e objetiva. O acesso à informação possibilita os indivíduos a

assumirem posturas proativas e saírem da condição de ―beneficiário‖, vulnerável a cidadãos

participativos.

A literatura científica também já sinaliza a complexidade do tema ao apontar os fatores

gênero, pobreza, baixa escolaridade das mulheres contribuindo para o seu aprisionamento,

vulnerabilidade e dificuldade em assumir e decidir sobre sua própria vida, bem como a

dificuldade de sua participação nos processos decisórios políticos. Com efeito, não é possível

que as mulheres enfrentem sozinhas tantos desafios.

3.4 Empoderamento, igualdade social

Em 20 de abril de 2017, o Insper, em São Paulo, recebeu o Fórum WEPs, promovido

pela Rede Brasil do Pacto Global e a ONU Mulheres para debater com representantes do setor

privado o papel das empresas em defender o empoderamento das mulheres. O evento contou

com a participação de 200 pessoas e ficou evidente que implementar um plano para eliminar a

desigualdade no mundo corporativo, além de promover uma transformação significativa na

sociedade como um todo, também é bastante interessante para os negócios (XAVIER, 2017).

Para Lasch (2014) o espaço privado tem se tornado um lugar legítimo de intervenção

do Estado e a política um novo dispositivo para a ―gestão da pobreza‖ (SPOSATI, 1988). A

presença do Estado, como mediador, inclusive no espaço privado é necessária. Sendo também

necessária para o combate às injustiças sociais, através das politicas publicas desenvolvidas e

implantadas objetivando a diminuição da pobreza, das desigualdades para o desenvolvimento

humano e crescimento dos países.

Segundo Xavier (2017) ao reafirmar a importância do empoderamento feminino para a

economia e para o desenvolvimento local, menciona alguns dados. ―Uma pesquisa

da McKinsey Global Institute mostrou que o desenvolvimento das mulheres no mercado de

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trabalho pode acrescentar até US$ 12 trilhões ao PIB mundial até 2025‖, revelou a

representante do ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman. A seguir, ela alertou que nenhum

país pode ser orgulhar de já ter alcançado a equiparação salarial e que 95% dos cargos de

diretoria das empresas ainda são homens. ―A gente sabe, mas não faz e, no atual ritmo de

progresso, a igualdade de gênero no trabalho não será atingida antes de 2095. Temos que

apressar o passo‖. Segundo a representante da ONU, a cultura organizacional de uma empresa

interfere em seu quadro de funcionários, sua cadeia de valor e as comunidades onde atua,

sendo fundamental o envolvimento do setor privado, onde estão 80% dos empregos e os

maiores recursos financeiros (GASMAN, 2009).

A Secretária Executiva da Rede Brasil do Pacto Global da ONU, Beatriz Martins

Carneiro, destacou que as mulheres estão subaproveitadas no poder e na tomada de decisões,

recebem salários desiguais por trabalho igualitário e ainda sofrem diversos tipos de violência

e discriminação. Também fazem 2,5 vezes mais trabalhos não remunerados. Ela ainda

evidenciou a importância de medir, documentar e publicar os progressos conquistados, um

dos sete WEPs (Forum de Princípios de Empoderamento) ou seja, os Princípios do

Empoderamento Feminino na sigla em inglês. ―Ao fazer isso, as empresas dão luz a essa

questão, conseguem visualizar as desigualdades e se tornam mais preparadas para enfrentar os

desafios da promoção da igualdade‖ ( XAVIER, 2017).

Para melhor entender esta dominação masculina é necessário refletir sobre o ―poder‖.

No decorrer da história da humanidade, o termo ―poder‖ suscita diversas interpretações, pois

pode estar associado a eventos negativos, como, por exemplo, a história da escravidão.

Somente após muitos séculos, as pessoas deram o verdadeiro sentido ao poder e das variadas

formas de seu uso no que diz respeito à vida social, aos relacionamentos entre pessoas, às

organização.

Diversos autores escreveram sobre poder, e a dois pontos que todos têm em comum :

relacionamento e influência. Bourdieu (1989, p. 7) define poder como sendo ―um estado de

autoridade onde há invariavelmente a dinâmica (relação de poder) entre dominador e

dominado‖. Para o autor, qualquer relação humana tem vínculos com a natureza simbólica

(poder simbólico) que, mesmo sem perceber, fatalmente acaba influenciando na equidade, na

conduta do indivíduo e nas relações – sejam elas de esferas de cunho religioso ou linguístico –

ou até mesmo nas relações e nos símbolos estabelecidos na cultura organizacional

(BOURDIEU, 1989). es e às nações.

Neste contexto também se insere o conceito de ―empoderamento‖ que remete à palavra

―poder‖, em destaque no que diz respeito às relações sociais (KRAUSZ, 1991). O

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empoderamento detêm diversos significados, podendo expressar controle, emancipação e até

mesmo busca de poder social ou político. Empowerment ―é um conjunto de procedimentos

que visam a interação e o envolvimento das pessoas com o trabalho e que as impulsionam a

tomar iniciativas e a interferir com ações no processo produtivo‖ (HERRENKOHL, JUDSOS;

HEFFNER, 1999, p. 375). O poder pode gerar autoritarismo, entretanto pode proporcionar

valorização e crescimento profissional.

Segundo Lisboa (2010, p. 7), ―empoderamento é o mecanismo pelo qual as pessoas, as

organizações e as comunidades tomam controle de seus próprios assuntos, de sua própria

vida, de seu destino, tomam consciência da sua habilidade e competência para produzir, criar

e gerir‖.

Conforme descreve Fialho et al. (2018) o empoderamento consiste fundamentalmente

em autonomia, atuando como uma máquina pela qual as organizações ou até mesmo os

indivíduos tomam controle dos seus assuntos, destino, competências e habilidades. No quesito

empoderamento e gênero, Prá (2006, p. 40) esclarece empoderamento da mulher e inclui nas

relações de poder que ―o empoderamento da mulher se refere ao poder e às relações dentro da

sociedade que se entrecruzam com o gênero, a classe social, a raça, a cultura e a história‖.

Ao averiguar a distribuição desigual de poder e de controle pelos grupos na sociedade

atual, o empowerment comunitário reivindicaria a redistribuição desse arranjo. É um processo

que inicia como parte do enfrentamento de fatores referentes à estrutura de poder presentes na

esfera micro e macrossocial, o que logo implica a redistribuição do poder. Sendo esta

redistribuição é processo e resultado da ascensão de empoderamento.

O processo de empoderamento tem espaço na esfera pessoal, intersubjetiva e política,

em um processo contínuo, o que denota que o empoderamento só é presumível quando

conhece e transcorrem todas essas esferas e reconhece as relações recíprocas entre

macroestruturas e sujeitos individuais e coletivos (CARVALHO, 2004). No lugar de

proporcionar o aumento do poder em um indivíduo, o que já não seria alcançável se

avaliarmos os atravessamentos diversos de poder sobre ele, o poder é ajuizado como passível

de redistribuição pelos grupos. A existência de uma experiência subjetiva de empoderamento,

não é ignorada, mas esta é sempre abarcada em um contexto político amplo partindo da

premissa de que a desconstrução das relações sociais de poder pode ocorrer através da

educação libertadora e emancipatória.

Segundo Paulo Freire a educação libertadora e emancipatória podem remeter a um

processo simplista e individual de transformação. Mesmo que as pessoas consigam

desenvolver níveis de independência, transformações maiores são necessárias para se falar em

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empoderamento (FREIRE; SHOR, 2011). Frente a essa ressalva, os autores entendem o termo

como empoderamento de classe social: ―Indica um processo político de classes dominadas

que buscam a própria liberdade da dominação‖ (FREIRE; SHOR 2011, p. 189).

De acordo com Gonçalves; Marinho (2016), para Freire é fundamental entender o

processo de empoderamento como amplo e não individual. Para que se compreenda o

processo de empoderamento em um sentido largo é necessário que os processos de

empoderamento sejam políticos, contextualizados e visem a mudanças sociais.

Ainda de acordo com Gonçalves; Marinho (2016) outro importante conceito de

empoderamento também pode ser bastante forte para a concepção e avaliação de práticas que

visem promover a autonomia e a superação de desigualdade de poder em que as mulheres se

encontram. A tradição latino-americana dos estudos de gênero, ou feminista, sinaliza alguns

fatores que induziram à intensificação da aplicação do conceito de empoderamento: a

transmissão do debate teórico sobre o poder nas experiências de base de mulheres (LEÓN

1997) e o planejamento de estratégias para o desenvolvimento das mulheres na década de

1980 (ROWLANDS, 1997).

Na luta pela cidadania por indivíduos historicamente estigmatizados, a necessidade de

ampliar seus horizontes para as mobilizações coletivas leva outros/as autores/as a se

posicionarem sobre o papel do Estado no cuidado. Podemos assegurar que no Brasil a

perspectiva politizada e setorizada que responde às demandas específicas de grupos em

desvantagem, como mulheres e idosos, são relativamente jovens (SANTOS; FERRAZ, 2017).

As políticas que têm como objetivo o atendimento a mulheres em situação de violência

precisam articular medidas que atendam às necessidades de educação e ascensão à saúde

física e mental das mulheres e seus filhos menores isenta de violência; acesso e inserção

profissional, por meio da capacitação profissional; e outras medidas de elevação de

autoestima que permitam a saída do ciclo de opressão (ZAGURSKI, 2016).

3.5 Gestão Social: a construção do empoderamento feminino e o desenvolvimento local

Nas últimas décadas a gestão social assume importante papel acerca de sua aplicação

em políticas sociais e ambientais, nas organizações do terceiro setor, no combate à pobreza,

no desenvolvimento territorial, na edificação de uma gestão mais colaborativa e democrática

(LEITE; ANDRADE, 2013).

A gestão social pode colaborar para a emancipação e autonomia dos indivíduos, estes

são elementos fundamentais para o funcionamento do desenvolvimento local. Na sociedade

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contemporânea o desenvolvimento não é mais tratado como meta meramente econômica. Está

lenta transformação iniciada nas décadas de 60 e 70, não se mistura ou confunde a

crescimento ou progresso econômico, assim sendo, abarcam dimensões maiores à plena

realização da dignidade humana, como educação, saúde, sociedade civil e política.

Foi neste contexto, que se firmou a existência de um novo direito, o direito aos

desenvolvimentos, que hoje ocupa um lugar relevante e central no sistema internacional de

direitos humanos (ANJO FILHO, 2013).

Assim sendo, o desenvolvimento na sua amplitude, deixou de ser objeto de estudo

apenas da economia, mas hoje é tratado como um tema interdisciplinar, que envolve vários

aspectos como: jurídicos, políticos, sociológicos e culturais, além de suas particularidades

pelas diversas questões ideológicas que circulam ao redor do tema. O tema desenvolvimento é

dinâmico e evolui conforme contexto histórico social (FURTADO, 1980) .

O desenvolvimento pressupõe mudanças dinâmicas e um processo de mobilidade

social continua, ocorrendo um transposição de uma estrutura social para outra e a ascensão do

nível econômico, cultural e intelectual de toda uma população local (GRAU, 1981).

Para que isso ocorra, é necessária a atuação do estado na viabilização das reformas

estruturais necessárias, na politica dos países subdesenvolvidos, sendo pré-requisito para que

o desenvolvimento aconteça, sendo fundamental a participação do estado como coordenador

do planejamento. Tendo como foco modificar as estruturas sócias econômicas e a distribuição

e descentralização de renda, promovendo a interação com a população no âmbito social e

politico (BERCOVICI, 1988).

Neste contexto, a gestão social, a interdisciplinaridade venha colaborar de forma

relevante para o desenvolvimento local, conforme verificado na literatura. A Gestão Social

segundo Fischer (2007) pode ser conceituada como um ato relacional

de comando e regulação de processos em função da mobilização ampla de atores na

tomada de decisão, chamado de agir comunicativo que culmine em parcerias intra e inter

organizacionais, através da valorização de estruturas descentralizadas e participativas, tendo

como norte o equilíbrio entre a racionalidade em relação a fins e em relações a valores,

almejando alcançar um bem coletivamente planejado, viável e sustentável a médio e longo

prazo.

A participação efetiva da interdisciplinaridade na gestão social, e sua integração com

áreas diversas do conhecimento é uma realidade no combate das diversas demandas sociais

estabelecidas. Frente a isso apresentamos algumas considerações sobre o conceito de

interdisciplinaridade.

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Segundo Leff (2000) a interdisciplinaridade pode ser compreendida como um processo

de inter-relação de processos, conhecimentos e práticas que transborda e transcende o campo

da pesquisa e do ensino no que se refere especificamente às disciplinas científicas e suas

prováveis articulações (LEFF, 2000). Apresentando assim:

[...] a noção de interdisciplinaridade se aplica tanto a uma prática multidisciplinar

(colaboração de profissionais com diferentes formações disciplinares), assim como

ao diálogo de saberes que funciona em suas práticas, e que não conduz diretamente à

articulação de conhecimentos disciplinares, onde o disciplinar pode referir-se à

conjugação de diversas visões, habilidades, conhecimentos e saberes dentro de

práticas (LEFF, 2000, p.22).

A interdisciplinaridade não sugere só a integração como a multidisciplinaridade, mas a

interação das disciplinas, de seus conceitos e diretrizes, de sua metodologia, de seus

procedimentos, suas informações na organização do ensino. Corrobora com a ideia de

trabalhar as diferenças, buscando, a partir disso, novos caminhos epistêmicos e metodológicos

como forma de entender e agregar conhecimentos sobre as mais diversas áreas do saber

(AZEVEDO; ANDRADE, 2007).

Assim sendo, a criação de um projeto de extensão para trabalhar o pensar, para refletir

sobre o que o pensar revela sobre a condição de ser mulher, para orientar ações que possam,

inclusive, ser pautadas nos princípios da gestão social e da interdisciplinaridade para

contribuir no combate à submissão feminina ao padrão de beleza estereotipado e aos diversos

valores até então praticados por uma cultura machista. Refletir sobre formas de transpor essas

práticas patriarcais pode ser considerada uma ferramenta de inovação social e melhora na

qualidade de vida destas mulheres.

3.6 Projeto de extensão “Empoderamento Feminino a partir da Gestão Social”

O projeto busca desenvolver o pensar e refletir sobre as vivencias e os aprisionamentos

das mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família atendidas na Clínica de Estética do

Centro Universitário de Formiga - UNIFOR, bem como propiciar momentos de troca de

informações relativas aos temas considerados relevantes para tais mulheres por meio de rodas

de conversas, dinâmicas e palestras.

A formação de uma equipe interdisciplinar é uma estratégia possível para que o

empoderamento feminino se estabeleça e possa colher seus frutos. Pensando nisso, foi

elaborada esta proposta de criação de um projeto de extensão, constituído por profissionais da

Estética e da Psicologia. Este projeto visa trabalhar de forma a criar um ambiente favorável

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para que as mulheres de baixa renda beneficiárias pelo Programa Bolsa Família possam, junto

com a equipe, expor e refletir sobre as diversas questões vivenciadas por elas e sobre ações

que possam promover seu empoderamento. Apresentar os diversos tipos de empoderamento, o

papel das políticas públicas que contemplam a capacitação técnica, o desenvolvimento local, a

inserção profissional, o acesso à informação e ao conhecimento, a oportunidade à educação

tão importante para enfrentar essa complexa realidade e combater essa dívida histórica com as

mulheres. A criação e implantação do projeto de extensão interdisciplinar é uma oportunidade

para que as reflexões tenham espaço e se possam criar alternativas de ação em relação as suas

realidades para que essas mulheres ocupem o lugar que lhes é de direito como cidadãs.

Os encontros com as mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família, no Centro

Universitário de Formiga estão previstos para serão realizados quinzenalmente com a

participação dos profissionais do curso de Estética e Psicologia segundo agenda prévia

estabelecida em conjunto com as mulheres participantes e a equipe profissional. A divulgação

será feita no Clinica Escola de Estética e Psicologia e nos murais do Centro Universitário. Os

custos relacionados abaixo serão arcados pela instituição.

3.7 Proposta de projeto de extensão “Pelas Trajetórias de Mulheres Construindo um

Espaço de Reflexão”

3.7.1 Objetivos

3.7.1.1. Objetivo geral

Desenvolver o refletir e questionar sobre o aprisionamento histórico das

mulheres frente às imposições dos padrões de beleza e suas implicações na sua

qualidade de vida e no empoderamento das mulheres beneficiárias pelo Programa

Bolsa Família.

3.7.1.2 Objetivos específicos

Reunir com as mulheres do Programa Bolsa Familia que frequentam o Centro

de Estética do UNIFOR para o exercício do pensar sobre suas trajetórias de vida;

Realização de Rodas de Conversa com as mulheres beneficiárias do PBF para

refletir sobre o seu cotidiano, para trocas de experiências sobre suas trajetórias e para

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que elas possam identificar o que desejam pensar e refletir em torno de sua condição

de ser mulher;

Efetuar dinâmicas que colaborem para o pensar, questionar, agir frente as

adversidades sofridas;

Compartilhar ideias sobre as diferentes formas de enfretamento das lutas

diárias femininas;

Identificar possibilidades de incitar o exercício da cidadania para que possam

conhecer a importância da participação dos cidadãos de direito, como elas, na

construção de politicas públicas atuais, em especial as de enfretamento das demandas

femininas como: salários desiguais, submissão a padrões estéticos impostos por uma

sociedade machista, violência domestica, baixo nível de escolaridade etc.

Proporcionar espaço para reflexões sobre a importância de empoderar e

participar de forma consciente dos processos a respeito da construção de politicas

públicas sociais para mulheres, idosos, negros, e ou pessoas em vulnerabilidade social.

3.7.3 Metodologia

O projeto será desenvolvido no Centro Universitário de Formiga/MG – UNIFOR com

mulheres beneficiárias do programa Bolsa Família qu são atendidas na Clinica Escola da

entidade.

Será desenvolvida uma agenda em conjunto as mulheres participantes e os

profissionais integrantes do projeto para organização dos encontros. Os temas dos encontros

serão definidos numa primeira reunião e poderão ser alterados com o passar do tempo, visto

que as mulheres participantes podem identificar novos interesses por novas informações e

reflexões. A partir dos temas sugeridos pelas mulheres participantes é que os temas que esta

pesquisa enuncia como importantes como: empoderamento, educação e capacitação técnica,

construção social do gênero feminino e masculino, violências sofridas pelas mulheres em seu

dia a dia poderão ser trazidos para as reflexões nas Rodas de Conversa e Dinâmicas a serem

desenvolvidas.

A Roda de Conversa é uma modalidade de metodologia participativa muito utilizada

para promover uma cultura de reflexão sobre os direitos humanos. Diante deste conceito ,

procura-se instigar a participação e a reflexão, através adoção de uma postura de escuta e a

circulação da palavra, como também o uso de dinâmicas de grupo conduzidas por um(a)

facilitador(a), o diálogo entre os participantes é estimulado. Segundo Afonso e Abade (2008)

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definem Roda de Conversa: ―É uma proposta dialógica que visa relacionar cultura e

subjetividade‖.

Segundo Oliveira; Araújo-Jorge; Carvalho (2107) a educação Freireana apresenta o

diálogo problematizador como uma forma de aguçar a criatividade, pois o individuo age

problematizando o que vê, ouve e percebe-se no mundo e desta maneira aprende,

desenvolvendo a autonomia e o desejo de transformação. O homem crítico está inserido em

um contexto social, dele participa, nele aprende e nele se liberta. (FREIRE, 2008). Para o

desenvolvimento de uma prática pedagógica inovadora, facilitador e mulheres participantes,

integram-se em um processo de troca que favorece o conhecimento, a conscientização, a

superação e, sobretudo, o desejo de transformação pessoal e coletiva (BERBEL, 2012).

Geralmente na fase inicial é aplicada uma técnica de relaxamento e integração do

grupo, na qual os facilitadores buscam atingir o objetivo de deixar as participantes confiantes

e seguras. Isto facilita a integração do grupo e que as pessoas narrem suas histórias e as

sugestões de quais caminhos poderiam ser percorridas para o enfrentamento das diversas

demandas femininas e corroborar para seu empoderamento. Afonso e Abade (2008) ressaltam

que a sensibilização é um momento crucial, uma vez que chama lembranças, sentimentos e

ideias e se for realizada de maneira compartilhada no grupo, traz resultados melhores.

Outro importante instrumento é a dinâmica de grupo sendo utilizada como técnica de

socialização e aprendizagem dos indivíduos. Frente a isso, é necessário entender o que vêm a

ser um grupo. Alguns autores asseguram que para existir um grupo deve haver comunicação

entre seus membros e objetivos comuns, sendo assim, para existir um grupo é necessária a

interação entre duas ou mais pessoas, essa comunicação se dá através das necessidades. A

formação de um grupo é viabilizada em função de seus objetivos, que são diferentes dos

objetivos individuais, que se comprometem, fundamentalmente, na ajuda entre seus membros

(ALCANTARA; SILVA; CUNHA, 2017).

A dinâmica de grupo tem como objetivo facilitar o entendimento das pessoas para que

ela seja uma ferramenta de capacitação na aprendizagem. Atualmente, a dinâmica de grupo é

empregada no campo da gestão de pessoas, na expansão de treinamento, desenvolvimento e

de habilidades em relações humanas, entre outras. Está prática torna interessante porque o

indivíduo é sociável por natureza e apenas vive, ou sobrevive, em função de seus inter-

relacionamentos grupais. A partir do nascimento, o sujeito participa de diferentes grupos, em

uma constante exposição entre a procura de sua identidade particular, coletiva e social

(ZIMERMAN; OSORIO, 1997)

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Este projeto tem como objetivo colaborar para impulsionar o empoderamento

feminino, através da discussão e reflexão das questões que aprisionam as mulheres. Neste

contexto, o empoderamento feminino coligado ao empreendedorismo auxilia e impulsiona a

economia e contribuem para o desenvolvimento de uma sociedade onde estão inseridas.

A Entidade das Nações Unidas para igualdade de gênero e empoderamento das

mulheres - ONU MULHERES (2016) estimula o empoderamento feminino com o objetivo de

inserir as mulheres em todos os níveis e atividades econômicas. O projeto condiciona que o

empoderamento pode: construir economias fortes; estabelecer sociedades mais estáveis e

justas; atingir objetivos ligados à sustentabilidade e direitos humanos reconhecidos

internacionalmente; melhorar a qualidade de vida das pessoas e comunidades além de

impulsionar operações de metas e negócios.

A literatura cientifica aborda que o empoderamento das mulheres tende a criar redes

sociais, exercer o poder em favor de outras mulheres, gerar inclusão profissional e social,

arquitetar oportunidades por meio de relacionamentos discursivos com homens, trabalhar a

questão da inovação social e inclusão social nos processos de inovação social, aumentar a

confiança e autoestima, gerar renda para proporcionar uma vida melhor para suas famílias,

trabalhar para combater as desigualdades envolvidas no capitalismo competitivo, colaborar

para reduzir a pobreza, incentivar as atividades empresariais femininas, e as mulheres carecem

conquistar seu espaço e buscar seu potencial máximo para conquistar a capacidade de tomada

de decisão e o empoderamento (DUMINELLI; TOPANOTTI; YAMAGUCHI, 2017)

3.8 Considerações finais

A responsabilidade da sociedade como um todo por grupos em vulnerabilidade social,

em especial as mulheres, é cada dia mais clara para sociedade contemporânea.

Nós mulheres e a sociedade como um todo tem vivido dias árduos convivendo com

casos de violência doméstica, feminicídios, remuneração salarial baixa, assédio, estupro,

dentre tantas outras. O enfrentamento das inúmeras violências sofridas pelas mulheres, não é

tarefa para amadores, é necessário capacitar para empoderar. Nesta perspectiva visualiza-se

que é necessário apoiar essas mulheres para a criação de politicas públicas com a participação

delas para o enfrentamento destas violências, bem como a participação de toda sociedade.

A sociedade precisa reconhecer a mulher como sujeito de direitos e de escolhas e

colaborar, através de informações consistentes, claras e objetivas alternativas que promovam

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101

seu empoderamento para decisões sobre o seu corpo, sua profissão, sua maternidade, sua

opção sexual ou quaisquer escolhas que venham assumir.

A formação de uma equipe interdisciplinar para trabalhar os diversos aspectos da

subjetividade feminina favorece uma abordagem que considera a mulher em todos os seus

aspectos. As diferentes percepções dos profissionais integrantes do projeto poderá propiciar a

abordagem de questões apresentadas pelas mulheres beneficiárias do PBF a partir de

diferentes perspectivas e juntas poderão pensar alternativas sobre caminhos possíveis para o

enfretamento de seus dilemas cotidianos e, quem sabe, poderão sentir-se empoderadas para

tais enfrentamentos.

É importante refletir e compreender as amarras a que foram submetidas historicamente

por serem mulheres pelas imposições de valores culturais machistas sobre si mesmas e seus

corpos. Reflexões podem contribuir para a disseminação de valores que ressaltem as mulheres

como cidadãs de direito, direito à inclusão social real, à conquista da igualdade de gênero, à

participação nos processos decisórios, à inclusão política, à equiparação salarial. O ao

reconhecimento do seu lugar na sociedade. A ruptura com os velhos paradigmas de submissão

e o fortalecimento dos valores de respeito e igualdade entre os gêneros. É preciso que se

entenda o contexto histórico do papel social da mulher até os dias atuais para que se possa

situar a origem e os valores que as levaram a este quadro de vulnerabilidade.

O projeto de extensão, com seus integrantes de áreas distintas, integradas com as

mulheres beneficiárias do PBF poderá se constituir como um espaço para a reflexão de

informação de importantes temas pra a construção de indivíduos emancipados. Estando

fundamentada com referenciais teóricos críticos e reflexivos, presentes no processo de

construção do conhecimento colaborando para que as mulheres se apropriem de seu poder e

consigam se emancipar.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O aprisionamento da mulher a um padrão de beleza estereotipado, sua submissão e sua

invisibilidade nos processos decisórios e políticos tem início desde os primórdios da

sociedade. Ao longo do tempo ocorreram mudanças socioculturais, entre elas um

reposicionamento do feminino na sociedade e, consequentemente, a luta pelo reconhecimento

de uma representação social não cunhada pelo patriarcado. O feminismo vem há décadas

reivindicando a libertação das mulheres dos diversos aprisionamentos praticados por uma

sociedade hegemônicamente machista, com valores e práticas perpassados pelo machismo.

Tais aprisionamentos veem mudando ao longo dos anos, apresentando-se com roupagens

diferentes, mas se mantém presente nos dias atuais, como uma realidade mundial, sendo mais

violento nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento.

Neste contexto através de pactos internacionais o Brasil implementa politicas públicas

contra os diversos tipos de violências praticadas contra as mulheres. Para enfrentar situações

como violência doméstica, pobreza, baixo nível educacional, subempregos e baixos salários,

além de uma desigualdade avassaladora frente aos homens, corada por anos de obediência e

submissão, o empoderamento das mulheres é ferramenta reconhecida por organismos

internacionais como a ONU, a ODS, dentre outras. O empoderamento feminino consiste em

ações que possibilitem às mulheres a compreensão de que podem ocupar espaços na

sociedade, podem desempenhar atividades, podem escolher como se comportarão, podem

decidir quem desejam ser como cidadãs e assumem um papel protagonista nas decisões que

irão conduzir suas vidas, libertando de valores culturais machistas. Sendo assim, a presença e

participação das mulheres nas esferas de poder, nos processos decisórios e sua inserção

politica, são fatores que irão viabilizar seu empoderamento e favorecer a implantação de

politicas publicas voltadas para as demandas femininas e corroborar com o desenvolvimento

dos locais onde elas vivem. Órgãos governamentais mundiais, já reconhecem a importância

do empoderamento feminino para a geração de riquezas e o desenvolvimento dos países. Nas

conferencias mundiais de órgãos como a ONU e o Banco Mundial a questão do combate das

desigualdades de gênero e ações que promovam o empoderamento feminino são assuntos em

pauta. A cobrança destes órgão, através de acordos internacionais, para que o Estado assuma

seu papel, através de politicas inclusivas de combate a pobreza, desigualdade e melhora nos

índices de desenvolvimento humano, principalmente nos países em desenvolvimento e

subdesenvolvidos.

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Este trabalho teve como objetivo geral analisar como o padrão de beleza estereotipado

e sua interferência na percepção da autoimagem feminina e seus reflexos na autoestima e em

seu empoderamento. Foi realizada uma pesquisa junto a mulheres benfeiciárias do PBF

atendidas em uma Clínica Escola de Estética do UNIFOR/MG. Esta pesquisa contou com a

realização de entrevistas semiestruturada com tais mulheres para o levantamento de dados em

torno da questão central desta pesquisa.

Após a análise das entrevistas, foram verificadas as seguintes considerações: o padrão

de beleza interfere diretamente na auto percepção feminina, todas as participantes da pesquisa

estavam insatisfeitas com a aparência. Uma avaliação negativa da imagem interfere

diretamente na autoestima das mulheres e pode levar a quadros de depressão, desânimo e

contribuir, inclusive, para que a exclusão social seja composta por mais um elemento: a

aparência.

Todas as mulheres após os procedimentos estéticos relataram uma avaliação positiva

da imagem, descrevendo sentimentos de felicidade e vontade de fazer algo, sentimentos estes

que coadunam com autoestima elevada. Isto, ao mesmo tempo que confirma a incorporação

dos valores estéticos estereotipados provoca uma reflexão em torno das demais sensações que

acometem estas mulheres após alguns cuidados estéticos. Oito delas descreveram sentimentos

que denotam empoderamento psicológico. Visto que o empoderamento psicológico é

manifestado através auto percepção do indivíduo que gera um comportamento autoconfiante

e está ligado a autoestima elevada, as mulheres descrevem estes sentimentos após passarem

por procedimentos estéticos e visualizarem melhora na imagem e com consequente melhora

na autoestima. Dentre estas mulheres duas mencionaram ações relativos ao empoderamento

social que, por sua vez, está ligado também ao aprimoramento técnico do individuo. O

empoderamento social se estabelece quando há acesso à informação, ao conhecimento, à

participação em organizações sociais e aos recursos financeiros. Ocorre nos níveis

educacionais e refere-se também ao acesso a outras técnicas laborais. Duas mulheres após se

sentirem mais autoconfiantes e com a autoestima melhorada, conforme relatado na entrevista

buscaram melhorar seu nível de capacitação técnica através de cursos realizados manifestando

atitudes de empoderamento social após o empoderamento psicológico.

Apenas uma mulher apresentou características de empoderamento político ao buscar a

Associação de Bairro do local onde mora e relatou que após os procedimentos estéticos,

sentiu melhor consigo mesma, viu que é necessário participar das decisões de sua

comunidade. Esta ação é um indicador de empoderamento político, visto que este tipo de

empoderamento que atua na valorização de cada pessoa, na construção do coletivo, no

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compromisso com os outros, com as questões sociais (LISBOA, 2008). Esta mulher foi a

única a indicar em seus depoimentos os três tipos de empoderamento: psicológico, social e

político. Esta manifestação foi verificada através de melhora em sua autoestima e ao assumir

uma postura mais segura frente a vida, procurar fazer um curso de capacitação técnica na

brigada de Incêndio e participar das reuniões da Associação de Bairro descrevendo que

visualizou a importância de colaborar.

Um dado relevante é que nove participantes descreveram como sonho a vontade de

estudar, de melhorar e se capacitar profissionalmente, mas não conseguiram transformar

sonhos em atitudes reais. Dentre as dificuldades apresentadas em maior escala a noção de

cidadania e participação nos processos coletivos é para elas a mais distante. As entrevistadas

têm baixa escolaridade aliada a limitações de ordem econômica e de baixa autoestima como

fatores que dificultam seu empoderamento. Ainda, apresentam sentimentos de depressão,

angústia, tristeza afetando seu bem estar físico e psicológico, interferindo de forma negativa

em sua qualidade de vida. Neste contexto, o empoderamento feminino é uma forma de libertar

essas mulheres e promover sua emancipação proporcionando melhores condições de trabalho,

igualdade, renda e educação, para construção de valores que as libertem de tantos

aprisionamentos históricos edificados por homens, inclusive da beleza preestabelecida e da

submissão feminina.

Como produto técnico dessa pesquisa apresentou-se uma proposta de projeto de

extensão interdisciplinar com objetivo de refletir e pensar sobre as questões femininas, vividas

ao longo da história de mulheres beneficiárias do PBF com o apoio de uma equipe

interdisciplinar para estabelecer uma comunicação direta, horizontal com profissionais de

diferentes áreas como: psicologia, saúde e beleza, levando em conta a complexidade da

subjetividade feminina para provocar reflexões em torno da necessidade de alternativas para o

enfrentamento das diversas violências históricas sofridas.

A pesquisa não pretende esgotar o assunto sobre o tema. E sugere que novas

pesquisas sejam realizadas para entender melhor a subjetividade feminina e sua influência em

seu empoderamento.

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110

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APÊNDICES

APÊNDICE A: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido da Resolução

466/2012

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Programa: Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e

Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA, Belo Horizonte/MG

Título: O Cuidado com a Aparência em mulheres beneficiárias do Programa

Bolsa Família: empoderamento e desenvolvimento local

Nome da Pesquisadora Orientadora: Profª. Drª. Wania Maria Araújo

Nome da Pesquisadora Aluna: Maria Cristina Ferolla

Natureza da pesquisa: você está sendo convidado a participar desta

pesquisa para fins acadêmicos, com a qual se pretende conhecer quais

os sentimentos que levaram as mulheres, beneficiadas pelo programa

bolsa família, a procurar procedimentos estéticos e as mudanças

ocorridas após o final do tratamento. É esperado que este estudo

contribua com as pesquisas na área de gestão social e

desenvolvimento local por meio da produção de conhecimentos que

possibilitem uma abordagem sobre a interferência da auto percepção

da imagem no comportamento e atitudes femininas, levando ao

fortalecimento feminino, sob a visão delas, após terem passado por

procedimentos estéticos em um município de Minas Gerais.

Participantes da pesquisa: participarão desta pesquisa dez mulheres,

beneficiadas pelo programa bolsa família que foram atendidas na Clínica

Escola do Centro Universitário de Formiga nos anos de 2017 e 2018.

Envolvimento na pesquisa: Ao participar deste estudo a Sra permitirá que a

pesquisadora colabore para o levantamento de informações, contribuindo para

o fortalecimento do conhecimento e a melhora no atendimento e

desenvolvimento de ações dos atores sociais envolvidos (mulheres,

profissionais de saúde, professores, governo, dentre outros) a fim de provocar

reflexões e intervenções para um melhor enfrentamento das questões que

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podem interferir no empoderamento feminino. A Sra tem a liberdade de

recusar a participar e ainda se recusar a continuar participando em qualquer

fase da pesquisa sem qualquer prejuízo. Sempre que quiser poderá pedir mais

informações sobre a pesquisa através do telefone da pesquisadora do projeto,

e, se necessário através do telefone do Comitê de Ética em Pesquisa. A

pesquisadora se compromete a divulgar os resultados obtidos.

Sobre as entrevistas: Todas as informações coletadas serão tratadas com

sigilo e reserva, em relação a citação das fontes das opiniões e fatos

coletados. Nossa entrevista consiste em uma conversa, onde algumas

perguntas serão feitas para orientarem os assuntos abordados e será

registrado pela pesquisadora. Exclusivamente para fins dessa pesquisa,

tomando-se os devidos cuidados para não expor os entrevistados a quaisquer

formas de constrangimentos.

Riscos e desconforto: Todos os procedimentos dessa pesquisa foram

aprovados pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário UNA, e

obedecem, integralmente, aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres

Humanos, conforme Resolução n.466/2012 e 510/2016 do Conselho Nacional

de Saúde. Os possíveis riscos, para os entrevistados, encerram no mínimo de

constrangimento, inerente à situação de ser pesquisado e dar entrevistas.

Porém, isso pode ser revelado, uma vez que eles têm o direito de recusar-se a

participar ou suspender a sua participação a qualquer momento da pesquisa.

Forma de Acompanhamento e Assistência: caso você queira nos procurar

ou tirar dúvidas, colocamo-nos a sua inteira disposição. Pode também nos

telefonar caso queira saber em que momento se encontra nosso trabalho.

Confidencialidade: Todas as informações coletadas neste estudo são

estritamente confidenciais, ou seja, ficarão em segredo. Somente a

pesquisadora e a orientadora terão conhecimento dos dados, que serão

utilizados apenas para fins científicos, preservando a identidade dos sujeitos, e

para nenhum outro fim.

Forma de Acompanhamento e Assistência: durante a entrevista, você terá

orientação e assistência da pesquisadora em campo. Ao longo de toda

pesquisa e depois do seu término, você poderá entrar em contato com os

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pesquisadores ou Comitê de Ètica da UNA, pelos telefones aqui fornecidos.

Benefícios: A participação e colaboração nessa pesquisa não é passível de

remuneração nem de oferecimento de qualquer benefício direto por parte da

pesquisadora ou de sua orientadora. Contudo, os resultados dessa pesquisa

serão divulgados e disponibilizados, após seu término, permitindo, como se

espera, contribuir com a oferta de ferramentas que colaborem para o

empoderamento feminino.

Pagamento: Sua participação e colaboração nessa pesquisa ocorrerá de

forma totalmente voluntária, sem nenhum tipo de remuneração financeira

envolvida, ou quaisquer outras formas de benefícios materiais.

Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre

para participar desta pesquisa. Portanto preencha, por favor, o quadro a seguir.

Obs.: Não assine esse termo se ainda tiver dúvida a respeito.

Consentimento Livre e Esclarecido Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, manifesto meu consentimento em participar da pesquisa. Declaro que recebi cópia deste termo de consentimento, e autorizo a realização da pesquisa e a divulgação dos dados obtidos neste estudo. Assinatura do Participante da Pesquisa: _______________________________________________________________ Nome do Participante da Pesquisa: _______________________________________________________________ Assinatura da Pesquisadora Aluna: _______________________________________________________________ Assinatura da Pesquisadora Orientadora: Contatos: Pesquisadora Orientadora: Profª.Drª Wânia Maria Araújo– email: [email protected] Pesquisador Aluno: Maria Cristina Ferolla– (37) 99860 2489 – email: [email protected] Comitê de Ética em Pesquisa: Rua Guajajaras, 175, 4º andar, Belo Horizonte/MG, CEP 30.180-100. Telefone do Comitê: (31)3508-9110. [email protected]

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APÊNDICE

APÊNDICE B: ROTEIRO DE ENTREVISTA

Grau de Escolaridade, _____1grau _____2grau _____ 3grau _____

_____ Outros

5.1- Você fez algum curso ou voltou a estudar após o tratamento

estético

APÊNDICE A – ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM AS MULHERES BENEFICIADAS PELO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

Tema. O Impacto Social na Melhora da Aparência em

Mulheres de Baixa Renda

Entrevista

Nome (iniciais).

Idade. Filhos. Qtos

Renda Familiar.

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

___________________________________________

Estado Civil. _____Solteira _____Casada____ Separada____

Divorciada _____ Outros ______

Há quanto tempo _____________________________________

Recebe ajuda do companheiro __________________________

Perguntas

1- Motivos que a levaram a procura dos tratamentos estéticos

_____Não esta satisfeita com a aparência

_____ Pelo tratamento ser gratuito

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_____Sentimento de tristeza e desânimo

_____ Algum acontecimento desagradável

_____ Outros

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

2- Qual seu sentimento antes do tratamento estético.

_____ Muito Feliz

_____ Feliz

_____ Normal

_____ Triste

_____ Outros

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

3 – Trabalha fora ______ Sim _______ Não

3.1- Qual seu Ofício

____ Mesmo emprego

____ Mudou de emprego

____ Não trabalha

Se mudou de emprego. Qual o motivo.

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

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4- Profissionalmente você tem algum desejo.

________ Sim ________ Não

4.1 Se sim, relate para mim

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

4.2- Ocorreu alguma mudança em sua vida após o tratamento

estético.

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

5- O que gosta de fazer para se divertir

_____ Eventos sociais e Bares

_____ Esportes

_____ Igreja

_____ Eventos Culturais

_____ Outros

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

5.1- Mudou após o tratamento estético.

_____________________________________________

_____________________________________________

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_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

6- 6. Você participa de algum conselho, associação ou algo semelhante

no seu bairro ou onde você trabalha ou frequenta. Se sim, qual a

frequência.

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

6.1- Foi antes ou depois do tratamento estético

______ Antes

______ Depois

6.2- Se a reposta foi depois. O que a levou a decisão desta

participação

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

Formiga _____/______/______

Entrevistado

Entrevistador

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ANEXO

ANEXO A – Parecer Consubstanciado

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