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PROJETO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA - INCRA / IICA
ASSESSORIA AO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO LOCAL VERSÃO PRELIMINAR
CONSULTOR: MANOEL VITAL DE CARVALHO FILHO
ABRIL DE 1999
RIO GRANDE DO NORTE
2
INDICE
APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................................................................3
O DESENVOLVIMENTO LOCAL.......................................................................................................................................5
A GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL ..............................................................................................................8
GERAÇÃO DE OCUPAÇÃO E RENDA..............................................................................................................................9
ASSESSORIA AO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO LOCAL ...........................................................................11
PROPOSTA DE CAPACITAÇÃO : GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL...............................................17
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................................................23
3
APRESENTAÇÃO
O PCT INCRA/IICA iniciou suas atividades no RN em meados de 1997 com o objetivo de
assessorar o INCRA na elaboração de Planos de Desenvolvimento para os assentamentos e realizar um
trabalho visando a integração destes nos seus respectivos municípios.
A ação do PCT era dedicada a concepção de uma proposta de assessoria ao processo
gradativo de construção do desenvolvimento local. Esta construção deveria se dar de maneira
integradora ( assentamentos, comunidades rurais e urbanas ), de forma participativa, educativa,
capacitadora, geradora de autonomia, transformadora e, flexível o suficiente para propiciar sua
replicação em diversas situações.
Com base nisso , a partir de uma consulta a Superintendência do INCRA, algumas
organizações governamentais , não governamentais, movimento sociais e estudiosos, foram
selecionados dois municípios: Baraúna e Carnaubais, para se dar início ao trabalho.
Os municípios estavam localizados em regiões próximas, com grande concentração de Projetos
de Assentamento mas com características diferenciadas. Isso facilitava a realização da experiência, ao
mesmo tempo em que a enriquecia com a diversidade típica de cada região e com a possibilidade de
influência no seu entorno.
A idéia era que estes municípios servissem de laboratórios para a gestação da proposta, e
futuramente, vitrine e locus de capacitação.
Em um dos municípios, Baraúna , a experiência avançou e proporcionou um leque de
informações que a partir de sua análise está sendo possível apresentar esta primeira aproximação de
uma proposta de intervenção que articula assentamentos e comunidades rurais em torno da construção
do Desenvolvimento Sustentável Local.
Os estudos, reflexões e oficinas desenvolvidos ao longo desse período foram fundamentados
em documentos de alguns autores que através do IICA aprofundaram suas reflexões. Destes podemos
citar: Carlos Jara, Tânia Bacelar, Horácio Martins e Sérgio Buarque.
4
Não se pretende com este texto fazer uma discussão teórica sobre desenvolvimento,
sustentabilidade ou pedagogia. O que se deseja, é contribuir para que cada vez mais tenhamos
elementos concretos, oriundos de uma realidade vivida e refletida, que nos ajude a construir a utopia de
viver a cidadania.
Iniciamos abordando de forma simples e objetiva a temática do desenvolvimento local para em
seguida tecer alguns comentários sobre a gestão desse “novo” desenvolvimento. Com a crescente onda
de desemprego que assola o planeta e cai com todo o peso da responsabilidade sobre os municípios,
não poderíamos deixar de enfatiza-lo como um dos principais ponto a ser tratado quando trabalhamos o
local. Por fim, aprofundamos a reflexão no processo de assessoria ao desenvolvimento que culmina
com a apresentação da proposta de capacitação para construção do desenvolvimento local sustentável.
Este é um ensaio que precisa ser melhorado.
5
O DESENVOLVIMENTO LOCAL
Historicamente, o desenvolvimento tem sido reduzido ao seu aspecto econômico, como
progresso ou crescimento da produção de riquezas. Nas últimas décadas, acrescentou-se o aspecto
social e humano a concepção de desenvolvimento, prevalecendo, porém, a aceitação de que sem
crescimento econômico é impossível o bem estar social. Esta concepção foi interpretado nos países
periféricos de modo que justificava o sacrifício das classes trabalhadoras: colaborar para fazer crescer a
economia e posteriormente repartir os benefícios. Como se sabe, o resultado não tem sido esse.
O Brasil foi um dos países que mais cresceu no período posterior a segunda guerra, com uma
taxa média de crescimento de 7,1% ao ano. O crescimento econômico incentivado pelo Estado nas
décadas de 60 a 80 levou a que a região Nordeste apresenta-se as mais elevadas taxas médias de
crescimento do PIB brasileiro, conforme Tânia Bacelar de Araújo (1995:127): “De 1960 a 1988, a
economia nordestina suplantou a taxa de crescimento média do país em cerca de 10%; e entre 1965 e
1985, o PIB gerado no NE cresceu (média de 6,3% ao ano) mais que o do Japão no mesmo período
(5,5% ao ano)”. Mas, Apesar deste dinamismo na economia regional, os dados sociais revelam que o
Nordeste permanece sendo a região brasileira com os mais altos índices de pobreza. O Mapa da Fome
elaborado pelo IPEA em 1993, indica que os 32 milhões de brasileiros indigentes, 17,3 milhões estão
no Nordeste, sendo que, destes, mais de 10 milhões residiam no meio rural, ou seja, 63% dos indigentes
brasileiros que vivem nas áreas rurais. A renda regional tem sido fortemente concentrada nestas últimas
décadas, quando os 40% mais pobres tiveram reduzida sua participação na renda de 8,8 para 7,8%,
enquanto que os 5% mais ricos aumentaram sua participação de 38,8 para 42% na renda produzida
regionalmente.
Recentemente, houve um avanço da consciência ecológica diante de análises de desastres
ambientais e conseqüente articulação de grupos e movimentos de consciência ecológica que passam a
questionar a destruição dos recursos naturais não renováveis. O crescimento econômico passa a
ameaçar a existência do habitat humano e do próprio homem. Dessa forma, tenta-se incorporar a
questão ambiental, o que resultou na idéia de desenvolvimento sustentável que estabelece a relação
entre aspectos econômicos, sociais e ambientais.
6
Já o desenvolvimento local é uma estratégia de valorização das potencialidades locais que
possam impulsionar um novo padrão de crescimento econômico dotado de sustentabilidade sócio-
ambiental:
“O desenvolvimento local é um processo endógeno de mobilização das energias sociais
na implementação de mudanças que elevam as oportunidades sociais e as condições de
vida no plano local (comunitário, municipal ou sub-regional), com base nas
potencialidades e no envolvimento da sociedade nos processos decisórios” (Buarque,
1997).
Com base nesta definição, pode-se perceber um conjunto de princípios que orientam as ações e
iniciativas que promovam o aproveitamento das potencialidades e superem os pontos de
estrangulamento que impedem o processo de desenvolvimento:
a) Aproveitamento das potencialidades e vantagens competitivas locais: relaciona-se
tanto a adequação das ações às características, condições e possibilidades efetivas do município
(vantagens comparativas), quanto à criação de novas oportunidades através de investimentos e
restruturação da base sócio-econômica e cultural que promovam novas oportunidades de inserção no
mercado (vantagens competitivas).
b) Melhoria da Qualidade de Vida: Significa reorientar as ações e iniciativas nos
objetivos humanos, em especial no combate à pobreza através da oferta de emprego e geração de renda,
com a dinamização da economia e ampliação da atividade produtiva. Combinada com as políticas
sociais, implica também na melhora de acesso aos serviços sociais básicos de qualidade.
c) Conservação ambiental: Implica na adaptação e incorporação de tecnologias
adequadas com os ecossistemas locais de modo que as atividades produtivas não comprometam o
meio-ambiente, através do manejo sustentável dos recursos naturais, garantindo que o patrimônio
natural possa ser desfrutado pelas gerações presente e futura.
d) Democratização do poder e participação social: O espaço público comunitário
adquire peso fundamental em contraposição ao Estado centralizado, relacionada à evolução da
democracia representativa para a participativa. Refere-se a criação de mecanismos de participação
simplificados e mais diretos dos atores chaves do município; a criação de mecanismos de comunicação
mais ágeis com a população, porque é preciso estar bem informado para poder participar
eficientemente; flexibilização de mecanismos financeiros, com maior controle direto das comissões e
7
conselhos gestores, entre outros aspectos. Implica na mobilização da sociedade local para que a gestão
do processo de desenvolvimento se faça de forma solidária, compartilhada.
e)Descentralização: As decisões devem ser tomadas no nível mais próximo possível da
população interessada, como forma de garantir eficiência, eficácia e efetividade das ações planejadas.
Implica não só numa desconcentração cosmética das obrigações (municipalização conservadora
baseada no clientelismo e reforçadora da estrutura atrasada de poder local), mas na capacidade real de
tomar decisão, com descentralização administrativa e financeira dos encargos, recursos e flexibilidade
de aplicação.
f) Administração local deve exercer um papel mobilizador das forças sociais e
econômicas locais em torno de objetivos consensualmente construídos para o município.
g) Integração dos vários setores de desenvolvimento, combinando eficiência produtiva
com equidade social: Trata-se de articular a dimensão econômica com a social, a ambiental, a cultural,
quebrando o economicismo desenvolvimentista.
Com a crise que o Brasil vem enfrentando, acelera-se o processo de descentralização, centrando
no município o papel do Estado como unidade básica federal. Assim, torna-se mais fácil a aproximação
entre governo e cidadãos, a parceria entre atores sociais e instituições e, a democratização das relações
entre Estado e Sociedade Civil a partir de novas regras de convivência. Isto aumenta a expressão
criativa do movimento de atores sociais na identificação e solução de problemas, formulação e
implementação de políticas públicas, abertura e vivência da solidariedade com conseqüente
envolvimento das comunidades na tomada de decisão.
É desta forma que os municípios passam a conformar espaços privilegiados, não só como
instâncias de construção da cidadania, mas também valorização deste conceito como força propulsora
do desenvolvimento numa ótica mais humana.
O Desenvolvimento Local é um processo que tem que crescer gradativamente, envolvendo e
sendo apreendido pelos atores locais numa perspectiva educadora, emancipadora, geradora de auto-
estima e auto-confiança. Não pode ser resumida a um plano bonito, grande e ilustrado com dados
estatísticos, tabelas e gráficas. Se ele não for vivido, entendido, assumido e aperfeiçoado pelos atores
sujeitos desse processo, não será sustentável. É importante que inicie simples mas participativo.
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A GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL
A Gestão do Desenvolvimento Local (GDL) é o espaço concreto, mais próximo de todos, onde
se materializa o novo paradigma da parceria governo / sociedade civil. O exercício da gestão local em
parceria significa: enxugamento da máquina municipal, racionalidade nas ações e transparência na
utilização dos recursos. Significa, ainda, a gestação de uma nova relação entre governo e cidadão. Uma
relação menos dispendiosa, mais produtiva e digna dos termos cidadania e emancipação.
A modernização da instituição municipal diz respeito ao fortalecimento da gestão pública para
condução eficiente (economia de meios), eficaz (realização das metas) e efetiva (obtenção dos
resultados sócio-econômicos) das estratégias, programas e projetos. No entanto a modernização na
máquina municipal, sem mudanças na cultura organizacional, não vai por si só, elevar a qualidade na
gestão dos processos de desenvolvimento. A descentralização tem que ocorrer, mas tem que ser vista
como uma necessidade dos movimentos sociais e grupos organizados da sociedade civil. É desta
forma, resultado da aquisição de uma consciência que leve a auto-estima, auto-confiança, auto-
determinação e autonomia que os atores sociais desempenharão de fato seus papéis.
Um modelo de gestão municipal moderno, sintonizado com os novos paradigmas do
desenvolvimento humano e sustentável, tem pelo menos duas dimensões: a funcional e a pedagógica. A
dimensão funcional da gestão é aquela que dá respostas às necessidades e à melhoria de vida da
população local, a curto, médio e longo prazos (Dimensão dos Produtos). A dimensão pedagógica é
aquela interessada em garantir o aprendizado e o crescimento do ser humano, enquanto sujeito de sua
História, de seu Desenvolvimento (Dimensão dos Processos).
Ambas as dimensões exigem dos gestores locais sensibilidade e capacidade técnica para
conceber, planejar, negociar e gerir adequadas propostas de desenvolvimento. Não há Desenvolvimento
Local sem sujeitos locais (poder público, sociedade civil, movimentos sociais e organizações
populares, empreendedores) devidamente capacitados para conduzirem o grande mutirão na busca da
resolução dos principais entraves para o desenvolvimento do município e na identificação e valorização
dos potenciais e riquezas locais.
“Estudos recentes do Banco Mundial, incluindo 192 países, indicam que somente 16% do
9
crescimento econômico se explicam pelo capital físico (maquinaria e infra-estrutura física); 20% pelos
recursos naturais e 64% são atribuídos ao capital humano e social.” (rev. Proposta, p. 16, n. 73, jun/ago
de 1997).
GERAÇÃO DE OCUPAÇÃO E RENDA
O Rio Grande do Norte é composto por um elevadíssimo número de municípios cujas sedes
urbanas são de pequeno porte (menos de 10.000 habitantes), se configurando como pequenos
aglomerados urbanos de apoio ao rural (ver quadro nº 2).
QUADRO Nº 2 Distribuição da população rural e urbana no Rio Grande do Norte,
conforme o tamanho das sedes dos municípios
POPULAÇÃO TOTAL POPULAÇÃO RURAL Nº DE
ORDE
M
HABITANTES Nº DE
MU-
NICÍPIOS
OBS. % OBS. %
01 mais de 200.000 01 606.887 25,1 - -
02 de 100.000 a 200.000 01 192.267 7,9 149.,6 2,0
03 de 20.000 a 99.999 08 322.035 13,3 90.532 12,1
04 de 10.000 a 19.999 11 258.476 10,7 92.401 12,4
05 de 5.000 a 9.999 41 561.846 23,2 273.685 36,7
06 menos de 4.999 91 474.056 19,8 274.746 36,8
TOTAL 153 2.415.567 100,0 746.300 100,0
Obs.: Os Municípios com menos de 10.000 habitantes tem 1.035.902 habitantes (42,88% do total), sendo que 548.431 vivem no meio rural (73,5% da população rural do Estado).
Esses municípios começam a sentir uma grande pressão em ter que conceber e executar
políticas para o trabalho, uma vez que a crise de emprego nos centros urbanos de maior porte está
10
eliminando a tradicional válvula de escape representada pela migração.
Os governos e as sociedades locais se vêm compelidos a ser mais eficientes na concepção e
implementação de mecanismos para ampliar as oportunidades de geração de emprego e renda e para
qualificar a população local para usufruir das mesmas.
De um modo geral, o que se observa hoje nesses municípios é um real despreparo para enfrentar
essa questão, tanto na esfera do Estado quanto da Sociedade Civil. Essa afirmação se baseia nas
seguintes constatações:
a) As lideranças políticas locais, com poucas exceções, não estão devidamente informadas e
sensibilizadas para criar e operar políticas públicas para o setor trabalho que sejam de fato
eficientes.
b) As comunidades locais estão desinformadas e desorganizadas e carecem de lideranças na sociedade
civil que possam conferir melhor qualidade aos fóruns e conselhos que tratam de interesses ligados
ao desenvolvimento local.
c) Há pouco conhecimento sistematizado sobre as potencialidades locais, o que restringe a eficiência
de políticas de geração de renda e de qualificação profissional.
d) Inexistem nesses municípios instituições ou mecanismos devidamente capacitados para orientar a
população no adequado uso das políticas públicas para o setor trabalho, bem como para elaborar
projetos e prestar assessoramento técnico a empreendimentos agropecuários e de outros setores da
economia local.
Diante dessas constatações, verifica-se a necessidade urgente de qualificar esses pequenos
municípios, tanto na esfera do Setor Público quanto na da Sociedade Civil, para assumir o desafio do
emprego e da geração de renda, criando e implementando políticas municipais para o setor trabalho que
sejam eficientes, eficazes e efetivas.
As experiências que vem sendo realizadas nos municípios de Baraúnas (mais adiantada) e São
Miguel do Gostoso (em início) demonstram a importância e oportunidade dessa iniciativa. O
agravamento da questão do emprego, previsto como conseqüência das medidas de ajuste fiscal em
gestação, sugere a intensificação dessas experiências, conferindo-lhes caráter de urgência.
11
ASSESSORIA AO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO LOCAL
Diferentes programas orientados para o desenvolvimento comunitário e combate à pobreza, no
meio rural do nordeste, estão apresentando problemas decorrentes da insuficiência quantitativa e
qualitativa de assistência técnica e gerencial, o que está afetando negativamente o seu desempenho e a
sua sustentabilidade.
As tentativas de operar a Extensão Rural Oficial não vem apresentando bons resultados devido a
uma série de fatores. Também não está apresentando resultados satisfatórios o uso de Empresas
Privadas, uma vez que não apresentam compromissos efetivos com a boa qualidade e com a
continuidade das ações.
Algumas ONG`s que atuam no meio rural da Região vem realizando experiências bem
sucedidas, porém todas elas de natureza pontual e sem possibilidades de ampliação em curto prazo.
A experiência de implementação do PAPP - Reformulado, do PROCERA, PRONAF E
PROGER, estão evidenciando que a melhor qualidade e a sustentabilidade das ações apoiadas
dependem de uma satisfatória assistência técnica e gerencial.
A experiência concreta de intervenção nas realidades locais vem evidenciando também a fácil
submissão das comunidades rurais à “intermediação indesejável” ditada por interesses comerciais ou
ligadas ao clientelismo eleitoral. Tal fato afeta negativamente a auto-confiança, auto-determinação e
autonomia dos atores sociais, comprometendo também a sustentabilidade dos projetos.
Desta forma ficam as comunidades rurais muito sujeitas a práticas autoritárias, egoístas,
individualistas, clientelistas, assistencialistas e paternalistas que quase sempre as excluíram de
processos participativos, das tomadas de decisão, do exercício da cidadania. Esta cultura as deixaram
desorganizadas, desinformadas e despoderadas. A capacidade de identificar os seus problemas
prioritários é notória mas necessitam serem capacitadas para: identificar e analisar alternativas de
solução para os mesmos bem como planejarem, implementarem e gerirem seus projetos e políticas.
Por fim, há que se ressaltar as exigências de natureza burocrática decorrentes dos convênios e
contratos entre os governos e as associações comunitárias, obrigações estas que exigem assistência e
capacitação nos aspectos ligados à administração financeira e contábil e às prestações de contas.
12
Esse conjunto de fatos leva à conclusão sobre a necessidade e importância de bons serviços de
assistência técnica/gerencial e de capacitação permanente das populações rurais, os quais têm se
mostrado, com base em fatos concretos, de real significado na busca da sustentabilidade dos vários
tipos de projetos comunitários, bem como na concepção e gestão de políticas públicas.
Nesta linha de raciocínio, o planejamento participativo é essencialmente uma preparação para o
exercício da cidadania dos grupos sociais excluídos ou marginalizados. É preciso formular métodos de
planejamento comunitário que sejam: simples, dialéticos, transformadores, participativos,
descentralizados, possíveis de serem manejados por unidades técnicas mínimas, pedagógico, que
aproveite as potencialidades e tenham flexibilidade para serem adaptados às especificidades das
diversas realidades locais, práticos e ligados a ação direta, envolvendo as comunidades nas decisões e
execuções, que ofereça resultados a curto prazo, traduzindo uma gestão pública mais comprometida e
eficiente e, sobretudo, eminentemente político educativo, no sentido de organizar um processo de
aprendizagem social por intermédio do qual os homens e mulheres aprendem a identificar seu
potenciais e criar formas alternativas de desenvolvimento local sustentado.
Um requisito básico para viabilizar processos de desenvolvimento sustentável, é a realização
das atividades de planejamento a nível comunitário, integrando-as no âmbito do município de forma
descentralizada. Para que isto ocorra, é necessário que sejam criadas condições locais de apoio a estas
atividades.
A experiência desenvolvida em Baraúna, sugere a criação de equipes que possam atuar junto
aos assentamentos, comunidades rurais e conselhos municipais realizando tarefas de planejamento,
capacitação, assistência técnica e acompanhamento. Até agora, tem-se insistido no princípio de que as
comunidades devem selecionar instituições ou pessoas que possam prestar assistência à elaboração e
execução de projetos. Trata-se de um princípio válido, porém de alcance limitado especialmente nos
municípios menos urbanizados (sedes com menos de 10.000 habitantes), onde a oferta desses serviços é
muito restrita. Dessa forma, as comunidades ficam sem opção e se vêm compelidas a escolher
entidades ou pessoas que não têm demonstrado a eficiência, dedicação e o comprometimento
necessários.
Os poucos casos de ONG's ou de alguns técnicos mais comprometidos, que têm prestado
assistência técnica de melhor qualidade, são suficientes para demonstrar que um assessoramento
técnico e gerencial mais eficiente é viável e tem trazido resultados altamente satisfatórios para a
13
qualidade e sustentabilidade dos projetos. Esses casos, entretanto, se limitam a ações pontuais que não
abrangem mais que 15% do público-meta total. Por isso, não têm como serem generalizadas através de
replicação mais ampla.
Em vista disso, e analisando experiências diversas que vêm sendo conduzidas no nordeste,
chega-se à conclusão que o caminho mais rápido e eficiente para dotar as comunidades de melhores
opções na seleção da assistência é criar capacidade local no plano dos próprios municípios, com base
em recursos humanos que vivem nessas áreas e que são muito mais interessados e comprometidos com
a realidade local. Essa capacidade pode se dar em dois níveis: no municipal, através da criação de
equipes técnicas de assessoria e a nível comunitário através da formação e capacitação de comissões
setoriais nas comunidades que vem sendo denominadas de Grupos de Responsabilidades –GR’s.
Essa capacidade é construída através de “qualificação em ação” de modo que as equipes locais
adquirem os conhecimentos e informações a medida em que vão realizando as atividades junto as
comunidades e GR’s. Com o apoio de uma assessoria experiente. Esse aprendizado se dá através de
cursos, troca de informações, acesso a tecnologias, assessoria na elaboração de planejamentos
participativos, elaboração de projetos e assistência técnico/gerencial.
Essas equipes locais vem sendo denominadas de: Equipes Locais de Apoio Técnico – ELO’s,
e são compostas por técnicos, profissionais de entidades públicas e privadas, membros de ONG’s
atuantes no município e jovens das comunidades com boa formação escolar que se destacam durante as
atividades.
Dentre os diversos objetivos que devem orientar o plano de ação das ELO’s pode-se destacar:
a) Buscar a autonomia local de modo que as comunidades se habilitem a dar continuidade ao
processo iniciado;
b) Buscar fortalecer a participação das mulheres e jovens em todas as fases do processo de
desenvolvimento local;
c) Incluir aspectos relevantes ligados ao adequado manejo e preservação dos recursos naturais e do
meio ambiente;
d) Operar com alternativas tecnológicas adequadas às diferentes realidades, buscando articular as
demandas de mercado com as características sócio-culturais da população e disponibilidade dos
recursos naturais;
e) Apoiar às atividades não-agrícolas e os serviços sociais, desde que sejam importantes ao
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desenvolvimento local;
f) Buscar fortalecer os Conselhos Municipais de Políticas Públicas, como: CMDR (Conselho
Municipal de Desenvolvimento Rural), FUMAC e FUMAC–Piloto (PAPP), PROGER e
COMUT (Conselhos Municipais de Trabalho);
g) Assessorar as comunidades para conceberem, influenciarem e para ter em acesso às políticas
públicas que possam apoiar o desenvolvimento local.
Na elaboração e execução de planos, projetos, assistência técnico/gerencial e capacitação, algumas
preocupações devem ser levadas em consideração:
1. Preocupação prioritária com os problemas básicos da comunidade visando melhorar as
condições de vida e produção;
2. Valorização da cultura e tradições locais, estimulando a participação social e procurando a auto-
sustentação das comunidades;
3. Pleno aproveitamento das potencialidades locais, das vantagens competitivas, recursos naturais,
conhecimentos e experiências populares acumuladas, enfatizando a preservação do meio
ambiente;
4. Preparação dos segmentos menos organizados para o exercício da cidadania e, em especial, para
aumento da consciência democrática e incentivo ao movimento associativista;
5. Opção por tecnologias simples, desenhando alternativas que requerem ocupação da mão-de-
obra disponível.
A assistência técnica e gerencial deve ser associada a um processo de capacitação permanente, de
modo que, somados às várias formas de financiamento, consigam os seguintes efeitos:
• Fortalecimento permanente do processo de organização e participação dos beneficiários,
incluindo a mudança de atitudes e valores frente ao desenvolvimento local, com maior noção de
direitos, deveres e compromissos assumidos;
• Concepção e elaboração de propostas de desenvolvimento ou ação local, as quais,
temporariamente, servem de “pano de fundo” para a seleção, elaboração e execução de projetos.
A construção dessas propostas deve ser gradual, de modo a permitir maior compreensão,
internalização, legitimação e cumprimento pela população local;
• Seleção, elaboração e adequada execução dos projetos, incluindo o apoio à negociação dos
financiamentos que se fizerem necessários. Da mesma forma, os projetos de investimentos,
15
principalmente os produtivos, devem também ser graduais, iniciando com projetos de menor
porte, financiados com recursos menos custosos até chegar a projetos maiores apoiados por
créditos regulares.
A ação de apoio técnico a essas comunidades deverá envolver os seguintes instrumentos:
3 Capacitação permanente e integral, realizada com a própria prática de desenvolvimento
local e englobando os seguintes aspectos:
A. Habilitação Básica: formação ética, fortalecimento da cidadania e capacitação para a
organização e participação popular;
B. Habilitação Específica, que se refere à capacitação em processos e técnicas para a
produção de bens e serviços, utilizando tecnologias adequadas às características
específicas de cada projeto;
C. Habilitação Gerencial, que se refere à aplicação dos tradicionais elementos de gestão:
planejamento, organização, direção e controle dos seguintes casos: (1) –
Desenvolvimento local; (2) – Organizações comunitárias; (3) – Projetos Comunitários;
(4) – Operação e manutenção de equipamentos e serviços comunitários. A maior
diferença está no planejamento (que deve ser participativo) e no controle, que se refere
não somente aos controles gerenciais tradicionais mas principalmente ao controle social
exercido pelos beneficiários.
3 Assistência Técnica e Gerencial, dirigida fundamentalmente ao funcionamento das
organizações comunitárias (associações, cooperativas, conselhos, etc.), dos projetos
comunitários e investimentos na produção das unidades familiares. Essa ação implica
também no apoio à disseminação de tecnologias apropriadas aplicáveis aos processos
produtivos locais e no apoio à adequada inserção de produtos no mercado.
A equipe local (ELO) é responsável pela elaboração de planos de desenvolvimento comunitário,
materializados em projetos a partir das situações problemas e potencialidades. Para isto deve-se fazer
uso de todos os meios disponíveis a nível municipal, criando formas práticas de sensibilizar, motivar e
capacitar os atores locais. Assim sendo, faz-se necessário desenvolver ou recuperar, num curto prazo,
instrumentos e métodos pedagógicos que auxiliem o trabalho das equipes responsáveis pelas atividades
de planejamento, tais como: vídeos, cartilhas, mapas, etc. Temos que imaginar procedimentos simples
de trabalho direto, que permitam conciliar o tempo cultural das comunidades com o tempo institucional
16
requerido para conduzir o planejamento. Trata-se de impulsionar e conduzir movimento participativo
de mudança e aprendizagem, que se inicia motivando a comunidade a definir seus problemas
produtivos e sociais, e só termina quando a auto-avaliação indica mudanças qualitativas.
O projeto comunitário, como um dos produtos do processo de planejamento, é instrumento
educativo e operativo de mudança social para dar resposta sustentável aos problemas prioritários
identificados pelas comunidades. Representa uma intenção manifesta da comunidade ou associação de
produtores, de desenvolver atividades articuladas, ou seja, de promover um determinado
empreendimento considerado crucial para o melhoramento das suas condições de vida, renda e
produção, valendo-se principalmente das próprias potencialidades locais.
17
PROPOSTA DE CAPACITAÇÃO : GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL
1 – Objetivo
Sensibilizar e capacitar empreendedores familiares, conselheiros municipais de políticas
públicas, integrantes do poder público e Equipes Locais (ELO’s) de apoio técnico para a condução de
processos de desenvolvimento sustentável em municípios de pequeno porte.
1.1. Objetivos Específicos
a) Capacitar Agentes Multiplicadores de entidades afins;
b) Elaborar / Aperfeiçoar planos municipais e comunitários de desenvolvimento e seus
desdobramentos;
c) Elaborar / Aperfeiçoar planos municipais de qualificação profissional;
d) Montar serviços municipais de apoio e assessoramento a pequenos empreendimentos
geradores de ocupação e renda
2 - Produtos esperados
a) Agricultores Familiares mais qualificados, melhorando continuamente:
• a gestão de seus empreendimentos familiares e comunitários;
• os planos e processos de desenvolvimento de suas comunidades e de seu município;
• sua contribuição social e fiscal para a economia e a sustentabilidade do município.
b) Equipes Locais (ELO’s) estruturadas e capacitadas, melhorando continuamente:
• o assessoramento técnico, gerencial e pedagógico aos projetos e processos
comunitários de desenvolvimento;
• o acompanhamento à elaboração e/ou aperfeiçoamento dos planos e processos de
desenvolvimento comunitários e municipal;
c) Plano Municipal de Qualificação profissional, nas bases do PLANFOR / SINE e do
PRONAF, elaborados com requisitos técnicos e participativos devidamente observados;
18
d) Planos de desenvolvimento dos assentamentos e comunidades devidamente elaborados;
e) Plano de desenvolvimento do município aperfeiçoado a partir dos planos das
comunidades;
f) Conselhos municipais implantados e atuando com a participação dos diversos setores da
sociedade local;
g) Núcleos de Articulação Interinstitucional criados e/ou fortalecidos.
3 – Metodologia
O referencial teórico-metodológico adotado concebe a capacitação como um processo educativo
solidário de construção do saber, no qual a aprendizagem se dá através da expressão reflexiva, crítica e
criativa dos atores participantes. O que se quer é gerar espaços e condições de aprendizagem a partir de
uma ação funcional desafiadora, ética e pedagogicamente orientada e reflexionada, que proporcione
simultaneamente a produtores e técnicos de apoio a interação, o aprofundamento e a sistematização de
conhecimentos para entender melhor a realidade numa perspectiva de transformação.
Nesses termos, nos parece interessante e bem próximo ao nosso entendimento sobre o tema o
conceito do Modelo Referencial do Banco do Nordeste, que define a capacitação como um “processo
educativo e formativo, baseado na troca de saberes, voltado para o trabalho e para prática social
cidadã, promotor da autonomia dos agentes produtivos e institucionais na gestão empresarial,
contribuindo para sua inserção no mercado competitivo e para o desenvolvimento sustentável da
região.”(Seminário: Fundamentos e Processos de Capacitação, Fortaleza, abr/97).
Alguns princípios norteiam o trabalho:
a) Ação Local para Emancipação e a Autosustentação – A capacitação não se dá a partir das
técnicas, teorias e informações que se tem para “despejar”, “transmitir”. Ela tem que se dá a partir
de uma interação efetiva dos atores de uma realidade local concreta, tópica ao refletir esta
realidade na perspectiva de mudança. Isso exige um conjunto de ações e resoluções, algumas
imediatas, por parte dos capacitandos, que estão vivendo essa realidade. Ações locais globalmente
sintonizadas e integradas por uma visão sistêmica e holística. Uma visão que enxerga a realidade
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numa ótica multidimensional e leva a reflexões sobre as ações, que por sua vez, levam a novas
ações;
b) Formação de Multiplicadores para a Autonomia – É imprescindível a ampliação do impacto das
experiências locais. Para tanto, é preciso gerar competências locais, que possam desenvolver,
estabelecer e disseminar o processo de capacitação com autonomia, sem dependências quanto a
uma metodologia inflexível. Não se trata de auto-suficiência, mas, pelo contrário, de aprofundar as
relações de interdependência. Para chegar a isso há procedimentos:
• ninguém se capacita ou age sobre sua realidade se não acredita em si mesmo, se não sabe
seu valor (auto-estima);
• quem conhece os limites e potencialidades, sabe o que tem para dar e a receber
(autodescobertas / autodiagnóstico );
• é impossível ajudar quem não quer se ajudar, quem não sabe o que quer, onde quer chegar,
quem não está incomodado com sua situação de vida (autodeterminação).
O trabalho de assessoria, antes de mais nada, precisa saber estimular, animar, provocar, nas
pessoas essas energias que levam à autonomia e à capacidade de serem criadoras e difusoras de novas
idéias e práticas;
c) Subsidiariedade - O que pode ser feito a nível local não deve ser transferido para instâncias de
nível superior. É mais apropriado que a resolução e aproveitamento dos problemas e potenciais
diagnosticados na capacitação, sejam analisados, trabalhados, realizados e geridos pelas pessoas
que vivem diretamente essa realidade em seus grupos de base.. Quando não existirem condições,
recorre-se a instância mais próxima;
d) Visão sistêmica – O local não pode ser dissociado do global. A comunidade e o município
fazem parte de um amplo sistema de relações não sendo possível isolar-se do contexto social,
político, econômico, ecológico e cultural com o qual estabelece interação e intercâmbio.
e) Parceria – O que pode ser realizado em parceria não deve ser feito de forma isolada e muito
menos centralizada. O trabalho conjunto é norteado por três princípios básicos:
• racionalidade - otimização dos recursos humanos, financeiros e materiais;
• sequencialidade – em toda a ação deve-se ter clareza do seu início, meio e fim, podendo cada
etapa ser desenvolvida por um ou mais parceiros, organizada de forma tal a garantir a obtenção
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do fim desejado.
• Complementariedade de ações – as ações institucionais devem integrarem-se de forma
coordenada, respeitando-se as especificidades e potencializando-se os papéis e experiências de
cada parceiro.
f) Estabelecimento de Instrumentos de Análise e Ações – É preciso desenvolver instrumentos e
ferramentas de trabalho passíveis de apreensão pelos atores locais para que estes possam analisar
e intervir na realidade concebendo e refletindo práticas de autonomia e subsidiariedade. É o uso de
métodos apropriados de trabalho que facilitem o alcance dos objetivos/resultados (dimensão dos
produtos), mas que principalmente, provoquem e promovam a criatividade e a emancipação
(dimensão dos processos).
4 – Operacionalização
Na prática, o trabalho consiste num processo sistemático que integra eventos de capacitação
com assessoramento contínuo às ações coletivas de cada realidade dos sujeitos locais, que
espontaneamente se disponham ao exercício da Ação-Reflexão-Ação, da melhoria contínua, da Práxis.
Para animar e assessorar o processo é formada uma Equipe de Apoio Técnico (ELO) a partir
do potencial humano local que se capacitará na ação:
Todo o processo é conduzido através das oficinas , onde o desafio de todos, educadores-
educandos e educandos-educadores, é reconstruir o conhecimento coletivo apropriado à realidade local,
levando em consideração a realidade de um mundo globalizado. As oficinas geram uma seqüência de
conteúdos teórico-práticos, que vão sendo assimilados e gradativamente protagonizados pelos
participantes, através dos Grupos de Responsabilidade (GR’s). Os GR’s são orientados e devidamente
acompanhados quanto ao uso de métodos de trabalho e ferramental, para ajudar em suas análises e
intervenções sobre a realidade estudada.
A medida que os produtos vão surgindo com as oficinas e as diversas áreas se articulando com
o apoio da equipe local, tem-se um conjunto de demandas e propostas que alimentam o processo de
aperfeiçoamento e\ou construção dos Planos Municipais. Isto se dá com momentos fortes de expressão
pública onde se juntam os diversos atores sociais em espaços de participação e concertação (a Mesa da
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Solidariedade).
Com a sucessiva realização e ampliação de eventos de capacitação, planejamento e negociação,
vai sendo criada uma nova institucionalidade com consequente obtenção dos produtos objetivados.
4.1. Oficinas – São eventos de 40 horas em média com temas que giram em torno do desafio de como
se entender e promover o Desenvolvimento Local Sustentável: Associativismo, Gestão Estratégica
Participativa, Políticas Públicas, Sistemas Produtivos Sustentáveis, Ética e Cidadania, Gerenciamento
de Empreendimentos (produtivos e sociais, comunitários, associativos e individuais), etc.. As oficinas
são divididas em 03 fases: 1º) o diagnóstico, onde os participantes levantam, contextualizam e
problematizam suas necessidades e potencialidades em torno do tema da oficina em questão; 2º) as
práticas associativas, onde são desenvolvidas ações resolutivas, referentes à problemática
diagnosticada, assumidas de forma associativa como desafios de ordem imediata e/ou estratégica; 3º)
apresentação sistematizada das práticas desenvolvidas , análise avaliação e ajustes das fases anteriores.
4.2. As Equipes Locais de Apoio Técnico – (ELO’s) – São capacitadas nas temáticas que irão
trabalhar sendo aprofundada a discussão sobre a pedagogia a ser usada com técnicas e dinâmicas de
grupo. A medida que estão se capacitando em temáticas especificas já vão a campo, aperfeiçoando
seus conhecimentos a medida que trabalham seus produtos. Nas primeiras oficinas com as
comunidades, acompanha um assessor mais experiente. A medida que o Equipe adquire confiança,
passa a trabalhar sozinha.
Sistematicamente são realizadas avaliações e redefinições de conteúdos de modo à garantir o
aperfeiçoamento de metodologia bem como sua adequação a realidade trabalhada.
4.3. Os Grupos de Responsabilidade (GR’s) – São comissões setoriais formadas espontaneamente
pelos participantes das oficinas em torno de propostas concretas vivenciadas no cotidiano. Estes
grupos são formados, imprescindivelmente a partir da autodeterminação dos participantes,
considerando as identidades interpessoais e/ou interinstitucionais, e em função da problemática
diagnosticada.
São os GR`s os responsáveis diretos pela condução do processo de planejamento na comunidade bem
como pela apreensão e disseminação dos métodos e técnicas utilizadas:
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Geralmente são compostos por jovens, os quais possuem, maior grau de escolaridade e estão mais
abertos a novos conhecimentos , condutas e relações.
Ao longo da ação existem momentos comuns aos diversos GR`s das várias áreas temáticas e diferentes
comunidades. Eles encontram-se para eventos de capacitação, avaliação e proposições conjuntas. Estes
encontros, são sementes de futuras redes horizontais de interesses formados a partir da ânsia de
construção de um novo paradígma de desenvolvimento pautado em bases solidárias, emancipacipatória,
auto-gestionárias, sustentável.
4.4 O Ciclo de Análise e Resolução de Problemas – Trata-se de um método de trabalho a ser
apropriado e recriado pelos GR’s à medida em que exercitem as práticas oriundas das oficinas. Um
ferramental para reunião, análise, planejamento e ação dos atores locais em busca do
desenvolvimento. Um instrumento de Gestão Participativa adaptado criticamente a partir de algumas
idéias e ferramentas de planejamento, monitoramento e avaliação; É um método composto pelas mais
variadas técnicas de diversas metodologias de planejamento, monitoramento e avaliação. Estas são
usadas em função da situação dada pela realidade vivida. É uma caixa de ferramentas disponível para o
processo de assessoramento ao desenvolvimento local.
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