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O DEVER DO ESTADO BRASILEIRO PARA A
EFETIVAÇÃO DO DIREITO À SAÚDE E AO
SANEAMENTO BÁSICO
FERNANDO AITH
Departamento de Medicina Preventiva
Faculdade de Medicina da USP - FMUSP
Núcleo de Pesquisa em Direito Sanitário da USP – NAP-DISA/USP
POLÍTICA, SAÚDE E SISTEMAS DE SAÚDE
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SAÚDE
Conceito do Preâmbulo da
Constituição da Organização
Mundial de Saúde - OMS:
Saúde é o estado de completo bem estar físico, mental e social, e não
somente ausência de doenças.
POLÍTICA, SAÚDE E SISTEMAS DE SAÚDE
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SAÚDE
De acordo com a Constituição
Federal de 1988:
Art. 196. A saúde é DIREITO DE TODOS E DEVER
DO ESTADO, garantido mediante POLÍTICAS
SOCIAIS E ECONÔMICAS que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos e ao ACESSO
UNIVERSAL E IGUALITÁRIO às ações e serviços
para sua promoção, proteção e recuperação.
POLÍTICA, SAÚDE E SISTEMAS DE SAÚDE
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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
•DEFINEM O SISTEMA DE SAÚDE A SER IMPLEMENTADO EM CADA SOCIEDADE
•Organizam as ações e serviços públicos e privados de interesse à saúde em um determinado território, direcionando-as para a promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva.
POLÍTICA, SAÚDE E SISTEMAS DE SAÚDE
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• DIMENSÕES DAS POLÍTICAS DE SAÚDE
DIMENSÃO
JURÍDICA
DIMENSÃO
ECONÔMICA
DIMENSÃO
SANITÁRIA
DIMENSÃO
POLÍTICA
• Saúde Direito de Todos e Dever do Estado
• Responsabilidades jurídicas/Deontologia
• Judicialização da saúde
• Definição jurídica do Sistema de Saúde
• Financiamento da Saúde
• Despesas em saúde
• Complexo industrial e tecnólogico
• Programas/Estratégias de Saúde
• Modelos Assistências
• Estudos Epidemiológicos
• Atores Políticos
• Controle Social
• Conflitos de Interesses
• Desafios técnicos e econômicos
POLÍTICA, SAÚDE E SISTEMAS DE SAÚDE
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SISTEMAS DE SAÚDE
“Um Sistema de Saúde inclui
todas as atividades cujo o
objetivo primário é promover,
restaurar ou manter a saúde.”World Health Report 2000
POLÍTICA, SAÚDE E SISTEMAS DE SAÚDE
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SISTEMAS DE SAÚDE
FUNÇÕES DOS SISTEMAS DE SAÚDE
Governança
Financiamento
Recursos humanos e físicos
Organização e administração da oferta dos serviços
POLÍTICAS SOCIAIS E POLÍTICAS DE SAÚDE
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POLÍTICAS DE SAÚDE SÃO POLÍTICAS SOCIAIS
• As políticas de saúde são típicas políticas sociais (visam o bem estar
social por meio da garantia de saúde individual e coletiva).
• Em sentido amplo, as políticas sociais são aquelas que visam efetivar
os direitos sociais protegidos na sociedade:
• Saúde
• Saneamento
• Educação
• Moradia
• Lazer
• Alimentação
• Assistência social, proteção à criança, proteção à
maternidade e ao idoso
po
líti
cas
de
saú
de
EVOLUÇÃO DA POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL
1923
CAPS
1974
MPASINAMPS
INPS
1997
PAB
1988
Seguridade SocialSUS
UniversalidadeIgualdadeEqüidade
1993
NOB 01-93
PSF
2008
PACTO PELA
SAUDE
1953
MS
1966
INPS
1933
IAPS
SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO
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• A CF de 1988 organizou o SISTEMA DE SAÚDE
BRASILEIRO como um SISTEMA MISTO, que
admite o público e o privado no campo da
saúde.
• O sistema de saúde brasileiro contempla o
PÚBLICO E O PRIVADO no financiamento e na
prestação de serviços de saúde. Os serviços
públicos de saneamento seguem a mesma
lógica.
O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Conceito Constitucional
O art. 198 da CF conceitua o Sistema Único
de Saúde:
“As ações e serviços públicos de saúde
integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema
único”.
SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO
O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
O Sistema Único de Saúde é o sistema público de
saúde no Brasil.
Está estruturado nos princípios e diretrizes
estabelecidos pela CF para a promoção, proteção
e recuperação da saúde no Brasil.
SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO
O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Princípios Constitucionais do SUS
Universalidade
Promoção de acesso igualitário
Equidade
Serviços públicos destinados à promoção, prevenção
e recuperação da saúde (integralidade)
Regionalização
SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO
O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Diretrizes Constitucionais do SUS
(CF, Art. 198)
Descentralização, com direção única em cada esfera de
governo
Atendimento integral com prioridade para atividades
preventivas
participação da comunidade.
SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO
SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO
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SISTEMA PRIVADO DE SAÚDE (Art. 199 da CF):
“A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma COMPLEMENTAR do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.”
Sis
tem
a d
e S
aú
de
do
Bra
sil
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SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO
Subsistema
público
Subsistema
privado
Privado
contratado
(complementar)
Sistema
suplementar
SUS
Matriz
mutualista
Matriz
securitária
Autogestão
Medicina de
grupo
Cooperativa
Seguradora
• Lucrativo
• Não lucrativo / filantrópico
• Planos
• Seguros
• Rede própria
• Rede contratada
• Federal
• Estadual
• Municipal
Acesso universal
Sistema privado – serviços privados de saúde
Necessidade de capacidade de pagamento
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Estrutura institucional e decisória do SUSS
iste
ma
Ún
ico
de
Sa
úd
e
Ministério da Saúde
Secretarias Estaduais
Secretarias Municipais
Comissão Tripartite
Comissão Bipartite
Conselho Nacional
Conselho Estadual
Conselho Municipal
Nacional
Estadual
Municipal
Comissão
IntergestoresGestor
Colégio
Participativo
SANEAMENTO BÁSICO
O saneamento básico é essencial para a garantia da
saúde das pessoas.
A Lei 11.445 de 2007 estabeleceu os marcos
regulatórios do setor, deixando bem definidas as
atribuições do Estado e os mecanismos de controle
social.
DEVER DO ESTADO NO SANEAMENTO BÁSICO
SANEAMENTO BÁSICO
Art. 3o. Saneamento básico: conjunto de serviços, infra-estruturas e instalações
operacionais de:
a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infra-estruturas e
instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação
até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;
b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infra-estruturas e
instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final
adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento
final no meio ambiente;
DEVER DO ESTADO NO SANEMANTO BÁSICO
Art. 3o. Saneamento básico: conjunto de serviços, infra-estruturas e
instalações operacionais de:
c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades,
infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo,
tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição
e limpeza de logradouros e vias públicas;
d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades,
infra-estruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas
pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de
vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas
nas áreas urbanas;
DEVER DO ESTADO NO SANEAMENTO BÁSICO
Art. 9o O titular dos serviços formulará a respectiva política pública de saneamento básico, devendo, para tanto:
I - elaborar os planos de saneamento básico, nos termos desta Lei;
II - prestar diretamente ou autorizar a delegação dos serviços e definir o ente responsável pela sua regulação e fiscalização, bem como os procedimentos de sua atuação;
III - adotar parâmetros para a garantia do atendimento essencial à saúde pública, inclusive quanto ao volume mínimo per capita de água para abastecimento público, observadas as normas nacionais relativas à potabilidade da água;
IV - fixar os direitos e os deveres dos usuários;
V - estabelecer mecanismos de controle social, nos termos do inciso IV do caput do art. 3o
desta Lei;
VI - estabelecer sistema de informações sobre os serviços, articulado com o Sistema Nacional de Informações em Saneamento;
VII - intervir e retomar a operação dos serviços delegados, por indicação da entidade reguladora, nos casos e condições previstos em lei e nos documentos contratuais.
DEVER DO ESTADO NO SANEAMENTO BÁSICO
DADOS SOBRE SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL
Atendimento em água potável: quando consideradas as áreas urbanas
e rurais do País, a distribuição de água atinge 81,1% da população.
O atendimento em coleta de esgotos: chega a 46,2% da população
brasileira.
Do esgoto gerado, apenas 37,9% recebe algum tipo de
tratamento. A região com maior índice de esgoto tratado é a Centro-
Oeste, com 43,1%.
Fonte: Tratabrasil.org/Ministério das Cidades/IBGE
DEVER DO ESTADO NO SANEAMENTO BÁSICO
Consumo de água por habitante no Brasil: o consumo diário por habitante alcançou os 159 litros.
Receitas totais geradas pelos serviços de água e esgotos: alcançaram os R$ 70,5 bilhões em 2010.
Investimentos: em 2010 os investimentos do Governo em água e esgotos atingiram R$ 8,9 bilhões.
Postos de trabalho: em 2010 o setor de saneamento criou 64 mil novos postos de trabalho, atingindo um total de 671 mil empregos diretos e indiretos criados pelo setor.
Fonte: Tratabrasil.org/Ministério das Cidades/IBGE
DEVER DO ESTADO NO SANEAMENTO BÁSICO
Política Municipal de Saneamento Básico: em 2011, 72% (3995) dos Municípios brasileiros não tinham política ou plano municipal de saneamento básico, violando o disposto na Lei 11.445/2007.
Surpreendentes 48% dos Municípios não têm órgão de fiscalização de qualidade de água.
Apenas 32% (1796) dos Municípios têm algum programa de coleta seletiva de lixo
Fonte: IBGE
DEVER DO ESTADO NO SANEAMENTO BÁSICO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Estado Brasileiro ainda está muito aquém do cumprimento de seu dever constitucional de garantir os direitos à saúde e ao saneamento básico.
Baixo investimento e problemas na eficiência e cobertura dos serviços públicos prestados são os desafios mais relevantes em ambos os setores.
Deve-se estabalecer o planejamento vinculante de políticas públicas, com base em metas e indicadores exequíveis e aferíveis, com previsão e garantia de financiamento.
Não basta o Plano. A execução eficaz dos planos é essencial para a efetivação dos direitos.
Em todas as etapas da política pública deve haver participação social substantiva, aproximando-se o Estado do cidadão.
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O DEVER DO ESTADO BRASILEIRO PARA A
EFETIVAÇÃO DO DIREITO À SAÚDE E AO
SANEAMENTO BÁSICO
FERNANDO AITH
Departamento de Medicina Preventiva
Faculdade de Medicina da USP - FMUSP
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