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ESTUDO O DIREITO DOS SERVIDORES DO O DIREITO DOS SERVIDORES DO SERPRO NO MINISTÉRIO DA FAZENDA SERPRO NO MINISTÉRIO DA FAZENDA A ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS SERVIDORES DO SERPRO NO MINISTERIO DA FAZENDA (ASSEMIF), CNPJ 60.268.521/0001-56, com sede a cidade DO Rio de Janeiro à Rua Líbia n° 266, Vila da Penha, RJ, CEP 21210-780, por seu presidente Ronaldo de Oliveira Dantas, com mesmo endereço, solicitou- nos a elaboração de estudo a respeito do direito dos servidores do SERPRO contratados para servir, com exclusividade, o Ministério da Fazenda, em especial na Secretaria da Receita Federal. Ei-lo: FATOS: A Associação Nacional dos Servidores do SERPRO na Receita Federal - ASSEMIF, congrega os servidores que, há mais de um quartel de século, trabalham em órgãos da Administração direta da União, notadamente, na Secretaria da Receita Federal, desde o primeiro dia de suas contratações exercendo atividades típicas de Estado, seja como Técnicos, seja, até, como Auditores Fiscais. Historicamente, o processamento das declarações do Imposto de Renda (Pessoa Física e Pessoa Jurídica) do então Departamento do Rua Marechal Deodoro, 79, Ed. Banespa, sala 817 - Petrópolis/RJ – 25620-150 Telefone (24) 2237-7253 - www.solon.adv.br

O DIREITO DOS SERVIDORES DO SERPRO NO … · “Serpauta” n° 1.676 ... Exame de parâmetros fáticos ... nº 10.593, de 2002 [2], bem como da Lei n

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ESTUDO

O DIREITO DOS SERVIDORES DOO DIREITO DOS SERVIDORES DOSERPRO NO MINISTÉRIO DA FAZENDASERPRO NO MINISTÉRIO DA FAZENDA

A ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS SERVIDORES DOSERPRO NO MINISTERIO DA FAZENDA (ASSEMIF), CNPJ60.268.521/0001-56, com sede a cidade DO Rio deJaneiro à Rua Líbia n° 266, Vila da Penha, RJ,CEP 21210-780, por seu presidente Ronaldo deOliveira Dantas, com mesmo endereço, solicitou-nos a elaboração de estudo a respeito do direitodos servidores do SERPRO contratados paraservir, com exclusividade, o Ministério daFazenda, em especial na Secretaria da ReceitaFederal. Ei-lo:

FATOS:

A Associação Nacional dos Servidores doSERPRO na Receita Federal - ASSEMIF, congrega osservidores que, há mais de um quartel de século,trabalham em órgãos da Administração direta daUnião, notadamente, na Secretaria da ReceitaFederal, desde o primeiro dia de suascontratações exercendo atividades típicas deEstado, seja como Técnicos, seja, até, comoAuditores Fiscais.

Historicamente, o processamento dasdeclarações do Imposto de Renda (Pessoa Física ePessoa Jurídica) do então Departamento doRua Marechal Deodoro, 79, Ed. Banespa, sala 817 - Petrópolis/RJ – 25620-150

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Imposto de Renda era executado por empresasprivadas como a “Remington”, a “IBM” e outrasempresas contratadas através de licitações.

Pretendendo a redução dos custos e dos ônus,o Governo Federal criou a empresa públicaSERPRO, pela Lei nº 4.516, de 1964, com a Uniãosubscrevendo a integralidade do seu capital.

Assim, o SERPRO passou a atender órgãos daAdministração Pública Federal em substituição àsempresas privadas, otimizando o desempenho daatividade pública com os avanços dos meioseletrônicos e digitais (palavras do Informativo“Serpauta” n° 1.676 - “Edição Temática” v.Observação na nota abaixo, sob n° 1).

O primeiro e principal cliente público doSERPRO foi o Departamento do Imposto de Renda.Mas, com o advento da Secretaria da ReceitaFederal, o SERPRO passou não só a processarDeclarações do Imposto de Renda, como também oIPI, IRRF, ITR e a desenvolver programas dointeresse direto desse órgão.

E, aqui chegando ao ponto central enevrálgico da questão, tem-se o fato, de umlado, da proibição de concursos públicos impostapelo próprio Governo e, de outro, a enormenecessidade de incremento da mão-de-obraespecializada para acompanhar o significativoaumento da demanda de serviços públicos, em

1 Todos os documentos citados no presente estudo encontram-se anexados à Ação Declaratória em curso perante a 9ª VaraFederal do Rio de Janeiro, feito n° 2005.51.01.000161-6.Em caso de dúvida ou omissão, o subscritor pode prestaresclarecimentos diretamente ou através do endereçoeletrônico “[email protected]”.

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especial na área de arrecadação e fiscalizaçãode tributos federais.

Diante desse impasse, o próprio GovernoFederal optou pela aviltante manobra decontratar maciçamente servidores através doSERPRO, sem concurso público, alocando-os, nomesmo dia da contratação, em órgão daAdministração direta, notadamente na Secretariada Receita Federal. Aliás, ninguém foicontratado para funções diferentes daquelastípicas do serviço público. Ou seja, todos foramconsciente e publicamente contratados para isso,tanto é que, desde o início, receberamtreinamentos específicos para as funções típicasque sempre exerceram.

As contratações se iniciaram ainda nos anos70 (setenta), na plena vigência do período daditadura militar brasileira, estendendo-se pelasdécadas seguintes. Mesmo com a chamada “AberturaPolítica”, posterior promulgação da Carta de 88e a implantação da legislação do Regime JurídicoÚnico dos Servidores da União, com o amplo lequede soluções ensejadas, não foi dado um fim àespúria terceirização, permanecendo a Uniãorepassando verbas ao SERPRO para pagamentodesses servidores, onerando as combalidasfinanças públicas e mantendo-os sob um regime desemi-escravidão, tendo em vista os pífiossalários que lhes sobram de todas essasmanobras.

E, o mais grave de tudo, é que o PoderExecutivo não assume a infamante situação e vem,anos a fio, postergando uma digna solução,apesar de ter dado fim a outras, talvez mais

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complicadas que a presente, como se discorrerá,adiante.

Exame de parâmetros fáticos

A Associação obteve perícia que examinou ocurrículo laboral de um contingente em torno de1.000 servidores do SERPRO, seus associados,vindo a concluir que todos os servidorescontratados pelo SERPRO para trabalhar naSecretaria da Receita Federal exercem tarefastípicas de Estado.

Demonstrou que 96,86% executam tarefaspróprias dos Técnicos da Receita Federal, que1,52% exercem funções próprias de AuditoresFiscais da Receita Federal e que 1,62% desseuniverso de pessoas realiza outros trabalhos,tais como a repressão ao contrabando efiscalização de fronteiras.

Corroborando as evidências, é certo que osignificativo contingente de 64,15% dessesservidores exerceu ou exerce algum tipo de cargode confiança da estrutura da Secretaria da Receita Federal.

Relatório de Atividades.

No exame dos parâmetros contidos no volumosoacervo de documentos a respeito do tema, tem-seo relatório das Atividades exercidas pelosservidores do SERPRO na Receita Federal no Rio

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de Janeiro, exarado pela autoridade doSuperintendente da 7ª Região.

É notável, na extensa lista de atividadeshabituais, imemorialmente desenvolvidas poresses servidores, a constatação de que eleslidam com o sigilo fiscal dos contribuintes,atribuições especiais de servidores públicosestáveis, como se depreende do art. 6º, da Leinº 10.593, de 2002 [2], bem como da Lei nº

2 Brasil, Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002. “Dispõesobre a reestruturação da Carreira Auditoria do TesouroNacional, que passa a denominar-se Carreira Auditoria daReceita Federal - ARF, e sobre a organização da CarreiraAuditoria-Fiscal da Previdência Social e da CarreiraAuditoria-Fiscal do Trabalho, e dá outras providências”.Citamos: “Art. 6º- São atribuições dos ocupantes do cargode Auditor-Fiscal da Receita Federal, no exercício da

competência da Secretaria da Receita Federal do Ministério

da Fazenda, relativamente aos tributos e às contribuições

por ela administrados: I - em caráter privativo: a)constituir, mediante lançamento, o crédito tributário; b)elaborar e proferir decisões em processo administrativo-

fiscal, ou delas participar, bem como em relação a

processos de restituição de tributos e de reconhecimento

de benefícios fiscais; c) executar procedimentos de

fiscalização, inclusive os relativos ao controle

aduaneiro, objetivando verificar o cumprimento das

obrigações tributárias pelo sujeito passivo, praticando

todos os atos definidos na legislação específica,

inclusive os relativos à apreensão de mercadorias, livros,

documentos e assemelhados; d) proceder à orientação dosujeito passivo no tocante à aplicação da legislação

tributária, por intermédio de atos normativos e solução de

consultas; e e) supervisionar as atividades de orientaçãodo sujeito passivo efetuadas por intermédio de mídia

eletrônica, telefone e plantão fiscal; e II - em carátergeral, as demais atividades inerentes à competência da

Secretaria da Receita Federal. § 1º - O Poder Executivopoderá, dentre as atividades de que trata o inciso II,

cometer seu exercício, em caráter privativo, ao Auditor-

Fiscal da Receita Federal. § 2º - Incumbe ao Técnico daReceita Federal auxiliar o Auditor-Fiscal da Receita

Federal no exercício de suas atribuições. § 3º - O PoderRua Marechal Deodoro, 79, Ed. Banespa, sala 817 - Petrópolis/RJ – 25620-150

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8.021, de 1990 [3], que em seu art. 7º concedeuo poder exclusivo da “autoridade fiscal” para“proceder a exame de documentos, livros eregistros”, “bem como solicitar a prestação deesclarecimentos e informações a respeito deoperações”, impondo ao “servidor que revelar,informações” as ”penas previstas no art. 325 doCódigo Penal Brasileiro”, ou seja, as penasrelativas à “Violação de sigilo funcional”.

E, mais importante, essa condição legal seencontra em concordância direta com asdisposições da Lei [ 4 ] instituidora do r egime

Executivo, observado o disposto neste artigo, disporá

sobre as atribuições dos cargos de Auditor-Fiscal da

Receita Federal e de Técnico da Receita Federal.”(grifamos)

3 Brasil, Lei nº 8.021, de 12 de abril de 1990. “Dispõesobre a identificação dos contribuintes para fins fiscais,e dá outras providências”. Citamos: “Art. 7° - A

autoridade fiscal do Ministério da Economia, Fazenda e

Planejamento poderá proceder a exames de documentos,

livros e registros das Bolsas de Valores, de mercadorias,

de futuros e assemelhadas, bem como solicitar a prestação

de esclarecimentos e informações a respeito de operações

por elas praticadas, inclusive em relação a terceiros. §1° - As informações deverão ser prestadas no prazo máximode dez dias úteis contados da data da solicitação. O não

cumprimento desse prazo sujeitará a instituição à multa de

valor equivalente a mil BTN Fiscais por dia útil de

atraso. § 2° - As informações obtidas com base neste

artigo somente poderão ser utilizadas para efeito de

verificação do cumprimento de obrigações tributárias. § 3°- O servidor que revelar, informações que tiver obtido na

forma deste artigo estará sujeito às penas previstas no

art. 325 do Código Penal Brasileiro.”4 Brasil, Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 – “Dispõesobre o regime jurídico dos servidores públicos civis daUnião, das autarquias e das fundações públicas federais”.Citamos: “art. 116. São deveres do servidor: ...V - atender com presteza: a) ao público em geral,prestando as informações requeridas, ressalvadas asprotegidas por sigilo; ... VIII - guardar sigilo sobre

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jurídico dos servidores públicos civis da União,das autarquias e das fundações públicasfederais, relativas aos “deveres” do servidorpúblico, ínsitas no seu art. 116, em especial naalínea “a”, do inciso “V” e no inciso “VIII”.

Portanto, os fatos comprovam a real facetada manobra governamental levada a efeito, quefoi da contratação de servidores, sem concursopúblico, para o exercício de funções e cargos daAdministração direta, com o peso daresponsabilidade estatutária.

Ações Judiciais individuais. O GT/ PT/MF 369/ 2001.

Ao longo desse período, alguns dessesservidores buscou a tutela jurisdicional,obtendo êxito no reconhecimento de seusdireitos, com a justa repercussão patrimonial,como demonstrado na inicial da Ação Declaratóriaem curso perante a 9ª Vara Federal do Rio deJaneiro, feito n° 2005.51.01.000161-6.

Pelo exame da história dos servidorescongregados na ASSEMIF, escancara-se a realidadeque o Poder Executivo se furta a admitir e a daruma solução.

Os próceres do Serviço Público titubeiam,amedrontados, a dar um fim nisso tudo, apesar dafirme convicção dos Tribunais superiores,inclusive do Supremo Tribunal Federal e, mais,do Tribunal de Contas da União que, no seuâmbito de competência vem no mesmo diapasão.

assunto da repartição; ...”.Rua Marechal Deodoro, 79, Ed. Banespa, sala 817 - Petrópolis/RJ – 25620-150

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Pois, Legislativo e Judiciário seguem namesma trilha de entendimento, enquanto o PoderExecutivo limita-se a providências tênues epaliativas, como a da criação de um “Grupo deTrabalho com o objetivo de analisar e propormedidas relativas a cessão de empregados doServiço Federal de Processamento de Dados –SERPRO – a órgão do Ministério da Fazenda” –PORTARIA Nº 369, DE 28 DE NOVEMBRO DE 2001, massomente publicada no D.O.U. de 19 de dezembro,firmada pelo então Ministro Pedro Malan.

Esse “Grupo de Trabalho” concluiu um“Relatório”, em 22 de abril de 2002, dandoênfase para o “prejuízo” da União com ascondenações judiciais e lançando equívocos, comoo de dizer que o TCU teria ordenado asubstituição (!!) desses quadros, o que não éverdade, como se verá, mais adiante.

Outra flagrante inverdade é a de que estariaocorrendo “desvio de funções” e de que osservidores em questão “executavam atividades nãocompatíveis às atribuições de seus cargos deorigem”. Ora, como dizer tal coisa, se é sabidoe reconhecido que eles foram contratados paraatuar diretamente na Secretaria da ReceitaFederal, tanto é que nunca chegaram a exercerqualquer atividade pertinente à finalidade legaldo SERPRO por, sequer, um dia, uma hora ou um minuto!

O dito “Relatório” alardeia as condenaçõesjudiciais, como se o Poder Judiciário nãopraticasse a Justiça. Contudo, foi honesto emexpressar que “é esta mão-de-obra que sustenta o

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funcionamento do órgão, sendo consideradaimprescindível para o alcance das metasestabelecidas para aquela Secretaria”. E mais:

“Conforme já citado anteriormente, a mão-de-obra dos empregados integrantes dos QuadrosSOAP e STAC, representam, em várias unidadesfazendárias, a força de trabalho existente. Adevolução destes empregados ao SERPRO, namaioria dos casos, significaria umaconsiderável perda para este Ministério,podendo afetar o funcionamento de unidades daReceita Federal.

...

Conforme já relatado, a devolução destesempregados ao SERPRO significaria umaconsiderável perda para esta Pasta, não sendo asolução mais adequada.

...

Por muitos anos, estes empregados vêmdesenvolvendo suas atividades neste Ministério,em várias unidades representando a quasetotalidade da mão-de-obra existente.

Parece-nos injusto descartar pessoas que aolongo do tempo executaram serviços em prol dasmetas institucionais desta Pasta.

Tal alternativa traria um sério problema decunho social, ...”

Em conclusão, esse “Grupo de Trabalho”propôs a absurda providência da elaboração de umProjeto de Lei para regularizar a situação dos

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servidores em tela, pois esse GT não cuidou deaprofundar estudos para encontrar a alternativalegalmente possível.

O que, em poucas páginas, aqui se evidencia,tal “Grupo de Trabalho” sequer esboçou.

Enfim, esse grupo nada de prático ensejou.Só fez repetir a velha cantilena do Executivo,que sempre soou em total dissonância com a firmeconvicção e certeza dos demais poderes da União,o Judiciário e o Legislativo, este pela voz doEgrégio Tribunal de Contas da União.

A visão administrativa da quaestio .

Na década que passou, várias iniciativasadministrativas se sucederam, no sentido decontrapor-se aos crescentes rumores de dispensadesses servidores que, já naquela época,contavam em torno de 15 a 20 anos de exercício.

Inúmeros processos foram desencadeados,neles se vendo manifestações sempre no mesmosentido:

“7. O percentual de servidores do SERPROnesta Delegacia, em relação ao total, é daordem de 35% (trinta e cinco por cento),valendo salientar que, desse percentual, 50%(cinqüenta por cento) possuem diploma de nívelsuperior e os demais diploma de segundo grau,de modo que, além de qualificados, os mesmosvêm participando de inúmeros treinamentosrealizados pela SRF, com contar, claro, a largaexperiência que possuem.

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8. Nesta condições, e considerando que,

segundo consta, o SERPRO, no momento, estápassando por um processo de reestruturação, e,pelo que vem sendo veiculado, não estariapretendendo continuar a manter o contrato delocação dessa mão-de-obra para SRF, solicito oempenho de V. As. junto ao Sr. Secretário daReceita Federal, com o propósito de atenuar talsituação, caso concretizada, ou seja, evitandoque esse fato venha a ocorrer ou que sejamminimizados os seus efeitos, já que,fatalmente, irá comprometer de formasignificativa o próprio funcionamento deinúmeros segmentos desta Delegacia e as suasAgências, sem contar, é claro, a possibilidadede se tratar de um fato que possa estarocorrendo, também, em outras unidades daSecretaria da Receita Federal.” [5]

...

“2. A importância do pessoal SOAP nosdiversos órgãos da Receita Federal afigura-se-nos incontestável, notadamente diante daprecariedade de funcionários dos quadrosefetivos deste Ministério.

3. Desta forma, encaminhe-se ao Sr.

Superintendente da Receita Federal da 6ª RF,para, se assim julgar conveniente, encaminharàs autoridades superiores.” [6]

5 Despacho do Sr. Delegado da Receita Federal em Niterói,para o Superintendente da Receita Federal na 7ª Região-RJ,exarado em 20/12/1995.

6 Despacho do Sra. Delegada da Receita Federal em BeloHorizonte, para o Superintendente da Receita Federal na 6ªRegião-MG, exarado em 7/5/1996.

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...

“Cientificada do conteúdo do presenteprocesso, e no sentido de dar prosseguimento àconsecução do pleito exposto às fls. 01 a 03,solicito seu empenho junto às instânciassuperiores, com o objetivo de que sejaresolvido o problema dos SOAP’s de forma a nãodeixar a Secretaria da Receita Federal sem oapoio desta experiente mão-de-obra.” [7]

...

“Não cremos que a simples substituiçãodesses funcionários seja solução noenfrentamento dos problemas pelos quaispassamos, para atender às exigências daSecretaria da Receita Federal.” [8]

...

“Encaminho um pleito da Associação Nacionaldos Servidores do SERPRO, com a qual concordo,face aos serviços que tais servidores prestam ejá nos prestaram por longos anos, além dostranstornos que nos causaria a sua dispensa”[9].

Esses, pois, são alguns dos exemploscolecionados pela ASSEMIF e juntados à já

7 Despacho do Sra. Delegada da Receita Federal em Curvelo,para o Superintendente da Receita Federal na 6ª Região-MG,exarado em 2/5/1996.

8 Despacho do Sra. Delegada da Receita Federal emDivinópolis, para o Superintendente da Receita Federal na6ª Região-MG, exarado no Processo 10665.000174/96-09.

9 Despacho do Sr. Delegada da Receita Federal em CampoGrande, para o Superintendente da Receita Federal em MatoGrosso do Sul, exarado em 14 /5/1996.

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mencionada Ação Declaratória. Em tal coleção decópias de peças de processos administrativos,com manifestações de autoridades fazendárias,verifica-se que todas são no sentido de apoiar apermanência dos servidores em face da suaimprescindibilidade ao andamento dos serviços defiscalização e arrecadação da União.

Já em outro documento, constituído por cópiade Comunicação, efetivada por meio eletrônico(“e-mail”), pela Sra. Chefe da DIPOL/7ª SRF,informando que se encontrava analisandorelatórios de auditoria e que teriam sidodetectadas “irregularidades”, destacando apermanência de servidores do SERPRO em serviço:

“Recrutamento, Seleção e Admissão

- Servidores pertencentes ao quadro defuncionários do SERPRO desempenhando atividadespróprias dos cargos de carreira do MF,contrariando o Decreto 3711, de 27/12/2000.”[10]

Nesse caso, percebe-se a expressão da má-vontade oficial, pois aplica de forma deturpadae capciosa do Decreto n° 3.711, de 2000, o qualcontém estranho comando, pois, de um lado,autoriza a permanência dos servidores do SERPROno Ministério da Fazenda, ao mesmo tempo em queveta o desempenho de atividades próprias decargos de carreira, assim:

10 D Brasil, Decreto nº 3.711, de 27 de Dezembro de 2000 .“Dispõe sobre o pessoal contratado pelo Serviço Federal deProcessamento de Dados, que se encontra à disposição doMinistério da Fazenda.”.Rua Marechal Deodoro, 79, Ed. Banespa, sala 817 - Petrópolis/RJ – 25620-150

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“Art. 1º - Fica autorizada a permanência noMinistério da Fazenda, pelo período necessárioao bom andamento do serviço, a critério daAdministração, dos empregados do Serviço Federalde Processamento de Dados – SERPRO, que neledesempenhavam suas atividades desde 31 dedezembro de 1998.

Parágrafo único. Fica vedado o desempenho,pelos empregados de que trata o caput, deatividades próprias de cargos de carreira doMinistério da Fazenda.”

Fica óbvio que esse Decreto n° 3.711, de2000, foi editado com o claro intuito deresponder as reclamações do Tribunal de Contasda União que, como será melhor explicitado aseguir, tem apontado, com veemência a atípicasituação, em todas as ocasiões recomendando asua regularização, certamente nos moldes usuaisem casos símiles.

Essa obviedade patenteia-se na contradiçãodo caput do transcrito art. 1° e o seu parágrafoúnico pois, como poderia alguém treinado anos afio para realizar (e efetivamente desenvolvendo)serviços, tarefas e competências típicas eindispensáveis “ao bom andamento do serviço”,ser desse “serviço” afastado, sem o nítidoprejuízo da União , do Direito e da própria coletividade dos indivíduos?

A evidência é tão flagrante, que a pretensãode dar execução ao dito Decreto, certamenterestaria absolutamente inócua! Pois são ospróprios gestores da SRF que pugnam pelapermanência desses servidores nas funções, sob

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pena de prejuízo direto na principal fonte dearrecadação tributária do país!

Concluindo o exame dos parâmetros fáticos.

De qualquer perspectiva que se examine osfatos, tem-se por certo que:

1. Os servidores do SERPRO foramoriginalmente contratados para exercer,desde o primeiro dia de seus contratos,atividades típicas de Estado, nafiscalização e arrecadação de tributos, emórgãos do Ministério da Fazenda,principalmente na Secretaria da ReceitaFederal;

1. Desses servidores, 96,86% executam tarefaspróprias dos Técnicos da Receita Federal,1,52% exercem funções próprias deAuditores Fiscais da Receita Federal e1,62% realiza outros trabalhos, tais comoa repressão ao contrabando e fiscalizaçãode fronteiras;

1. E, mais, 64,15% deles servidores exerce ouexerceu algum tipo de cargo de confiançada estrutura da SRF;

1. As funções habitualmente exercidas poresses servidores dizem respeito ao sigilofiscal dos contribuintes, que sãoatribuições exclusivas de servidorespúblicos estáveis, segundo as normaslegais pertinentes;

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1. Diversos servidores obtiveram oreconhecimento de seus direitos pela viajudicial, dando azo à instituição de um“Grupo de Trabalho” de acordo com a PT/MFnº 369, de 2001, o qual, emborareconhecendo que em várias unidades osservidores representam “a quase totalidadeda mão-de-obra existente” e, por isso,seriam indispensáveis, mesmo assim,recomendou o desencadeamento de um Projetode Lei para a regularização, deixando deaprofundar estudos, como seria seu dever;

1. Através de processos administrativos, asautoridades fazendárias manifestaram-sepela indispensabilidade desses servidoresdo SERPRO, bem como reafirmando que estesexerciam funções de relevância, típicasdas carreiras públicas, sendo que asupressão desses servidores das unidadesda Receita Federal implicaria em perda dearrecadação e prejuízo das atividadesfazendárias;

1. Mesmo assim, em face do Decreto n° 3.711,de 2000, alguns segmentos tentamdescaracterizar a atividade desenvolvidaspelo pessoal do SERPRO, sem se dar contaque a edição desse Decreto, assim como daPT/MF nº 369, de 2001, teve o óbviosentido de apresentar alguma satisfação aoTCU.

Enfim, mais uma vez fica claro que é oExecutivo o único dos poderes da União que nãose deixa convencer da necessidade de seregularizar a situação desses servidores, embora

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seja o que deles se serve, arrogantemente,retribuindo-os com salários pífios, desconexoscom a atividade exercida, ou seja, longe daobrigatória aplicação do princípio da isonomia,assim sendo tratados como verdadeiros escravos!

O MÉRITO DA QUESTÃO

Pelo tanto que já se demonstrou, édestacável que esse contingente de Servidoressempre exerceu suas atividades sob a condiçãoconstitucional expressa no inciso XVIII doart.37 da Magna Carta:

“XVIII - a administração fazendária e seusservidores fiscais terão, dentro de suas áreasde competência e jurisdição, precedência sobreos demais setores administrativos, na forma dalei;”

Ou seja, os Servidores do SERPRO sempregozaram de “competência e jurisdição”, tal qualtodos os “servidores fiscais” da AdministraçãoFazendária federal, assim perfeitamenteajustados à falada condição constitucional.

Em tal sentido, é acorde o Egrégio SuperiorTribunal de Justiça que, em recente Acórdão [11],definiu a matéria de “competência e jurisdição”em pertinência com o suso mencionado incisoXVIII do art. 37 da Constituição.

11 Brasil, Superior Tribunal de Justiça, REsp 73086/SP,Relator Ministro João Otávio de Noronha, da Segunda Turma,j. em 17/6/2003, Publ. DJ 30/6/2003, p. 160.

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Assim, seguindo a transparente constataçãodo Laudo junto, todos os Servidores do SERPROsempre exerceram atividades pertinentes à“administração fazendária e seus servidoresfiscais”, inclusive portando senhas paramanuseio de programas e bancos de dadosprotegidos pelas disposições constitucionais elegais relativas ao sigilo fiscal, como qualquerservidor efetivo da área fazendária.

Em nada, pois, sua atividade esteve adstritaao especificado na Lei nº 4.516, de 1º dedezembro de 1964, que criou o SERPRO eestabeleceu seus objetivos, estes especificadosno seu art. 2º, como a “execução, comexclusividade, por processos eletromecânicos oueletrônicos, de todos os serviços deprocessamento de dados e tratamento deinformações, necessários aos órgãos doMinistério da Fazenda”.

Ou, sequer é perceptível compatibilidade comos objetivos repetidos na Lei nº 5.615, de 13 deoutubro de 1970, assim:

“Art 1º - O Serviço Federal deProcessamento de Dados (SERPRO), criado pelaLei nº 4.516, de 1 de dezembro de 1964, emprêsapública, vinculada ao Ministério da Fazenda,tem por objeto a execução de serviços detratamento de informações e processamento dedados, através de computação eletrônica oueletromecânica, a prestação de assistência nocampo de sua especialidade.”

Pois, a atividade exercida pelos servidoresdo SERPRO na Receita Federal nunca, jamais,

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adstringiu-se a uma assistência eminentementetécnica, de suporte à “execução de serviços detratamento de informações e processamento dedados, através de computação eletrônica oueletromecânica”. Isso equivale dizer, passadosquatro décadas de sua criação, que a atividadedo SERPRO seria a de manutenção dos meiostécnicos (de informática) à realização da“atividade-fim” do importante segmentofazendário da competência estatal.

Melhor dizendo e utilizando-se um linguajarcorrente, fica certo que o SERPRO, em relação àReceita Federal, estaria legalmente adstrito aosserviços de suporte técnico em “software” e“hardware”.

Importante destacar, nesse aspecto, que oart. 2º, da pré-falada Lei nº 4.516, de 1964,somente excepcionou essa restrita prestação de“serviços congêneres”, para a “prestação doprocessamento técnico”, equivalendo ao que,hoje, chamaríamos de “digitação” e manejo de“bancos de dados”, assim:

“...a execução de serviços congêneres quevenha a contratar com outros órgãos daadministração federal, estadual ou municipal; aprestação do processamento técnico a êssesmesmos órgãos, no campo de sua especialidade...”(sic)

Ora, com essas décadas de lutas judiciais,de constituição de documentos e de multiplicaçãode evidências a favor da regularização dosservidores do SERPRO colocados à disposição doMinistério da Fazenda no mesmo dia em que foram

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contratados, será honroso à nação, que se ufanade galgar tantos eventos democráticos, até aatualidade, ceder à evidência de que eles semprecumpriram tarefas típicas dos servidoresfazendários, hoje titulados “ Auditor-Fiscal da Receita Federal ” e “ Técnico da Receita Federal ” .

Inclusive, quanto à equivalência de funçõescom os Técnicos da Receita Federal, é certo queem todas as suas sofridas carreiras exerceram odesiderato da seguinte disposição, da Lei nº10.593, de 6 de dezembro de 2002:

“Art 6º - ... ...§ 2º - Incumbe ao Técnico da Receita Federal

auxiliar o Auditor-Fiscal da Receita Federal noexercício de suas atribuições.”

Os fatos demonstram, de forma cabal, que osservidores do SERPRO sempre desenvolveramatividades típicas dos servidores efetivos, oracomo auxiliares de “Auditor-Fiscal da ReceitaFederal”, ora exercendo as funções dos próprios.E, aqui, é importante destacar que essa práticaé comum no Poder Executivo, desavindo que é decondizentes Recursos Humanos, forçando a quetodos servidores façam de tudo.

Forçoso lembrar que, desde muito, oJudiciário conheceu casos semelhantes, como éexemplo a efetivação de muitos empregados deempresas terceirizadas em mão-de-obra delimpeza, por exercerem funções públicasrelevantes.

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Por qual motivo, então, permaneceriam essesabnegados técnicos ao relento do abrigo oficiale à margem das incontáveis soluções dadas peloPoder Executivo àqueles que o serviam e servem?

Ademais, passados mais de 25 (vinte e cinco)anos de sua contratação.

Desde seu ingresso no serviço público,estiveram excluídos da tutela governamental, aexemplo das providências adotadas nos tempos doantigo Departamento Administrativo do PessoalCivil - DASP, quando o Governo editou aINSTRUÇÃO NORMATIVA nº 38, de 17/4/1975, atravésda qual procedeu à “inclusão dos cargos eempregos regidos pela legislação trabalhista ...no novo Plano de Classificação, na área de cadaMinistério, Órgão integrante da Presidência daRepública, Órgão Autônomo ou Autarquia federal”.

Nesse mesmo diapasão, regularizaram-se eforam incluídos nos quadros permanentes da Uniãoempregados advindos de convênios, como o falado“Convênio BIRD”, no âmbito da Agricultura eReforma Agrária, onde outros tantos grupos foramefetivados, muitos com pouco tempo de trabalho efora do pálio do art. 19 do ADCT.

Por igual, repartições de imagem públicaimpecável, como o Itamarati (Ministério deRelações Exteriores), também regularizou enormecontingente de celetistas.

Na atualidade, não é necessário ir muitolonge. Dê-se uma vista d’olhos na situação daAdvocacia Pública, hoje unificada em uma

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carreira [12] com servidores advindos de órgãospara cujo ingresso era dispensado o concursopúblico, os quais se encontram em plenaatividade, a defender os interesses da União!

Muitos desses advogados públicos foramcontratados após a promulgação da Constituiçãode 1988, para órgãos como o serviço deassistência jurídica da antiga Legião Brasileirade Assistência – LBA, e depois incorporados pelaAdvocacia-Geral da União.

Qual o parâmetro a seguir?

Como ficam as disposições constitucionaisrelativas à isonomia de direitos?

Visão da CR vigente à época da contratação.

A Constituição do Brasil, de 24 de janeirode 1967, teve suas disposições flexibilizadas naredação dada pela Emenda Constitucional nº 1, de17 de outubro de 1969, como se pode verificar,

já no seguinte excerto:

“TÍTULO I – Da Organização NacionalCAPÍTULO VII – Do Poder Executivo

SEÇÃO VII - Dos Funcionários Públicos

Art. 97 - Os cargos públicos são acessíveisa todos os brasileiros que preencham osrequisitos que a lei estabelecer.

12 A recente Lei nº 10.871, de 20 de maio de 2004, definecarreira como “o conjunto de classes de cargos da mesmaprofissão, natureza do trabalho ou atividade, escalonadassegundo a responsabilidade e complexidade inerentes a suasatribuições”.

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§ 1º - A primeira investidura em cargopúblico dependerá de aprovação prévia, emconcurso público de provas ou de provas etítulos, salvo os casos indicados em lei.” [13]

Nesse, a EC nº 1/19 abandonou a anteriorexpressão “nomeação para cargo público exigeaprovação prévia em concurso público”, adotandoa forma acima, assim desatrelando a condiçãoespecífica de “nomeação”, que tem significadodiferente de “primeira investidura”. Também orígido texto anterior sucumbiu à flexibilizaçãoda ressalva a “casos indicados em lei”.

“§ 2º - Prescindirá de concurso a nomeaçãopara cargos em comissão, declarados em lei, delivre nomeação e exoneração.” [14]

Aqui, tem-se que a substituição do comandoinicial do parágrafo, através da mudança dotempo do verbo “prescinde” no presente doindicativo para o futuro do presente“prescindirá”, expressou a nítida abertura parasua regulamentação, pois, em princípio, umadeterminação expressa no presente do indicativona Magna Carta é um imperativo que tem aplicaçãoimediata. Ao contrário, no futuro fica napendência de regulamentação.

13 Redação anterior à Emenda Constitucional nº 1/69: “§ 1º -A nomeação para cargo público exige aprovação prévia emconcurso público de provas ou de provas e títulos.”

14 Redação anterior à Emenda Constitucional nº 1/69: “§ 2º -Prescinde de concurso a nomeação para cargos em comissão,declarados em lei, de livre nomeação e exoneração.”

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“§ 3º - Nenhum concurso terá validade porprazo maior de quatro anos contado dahomologação.” [15]

...

“Art. 100 - Serão estáveis, após dois anosde exercício, os funcionários nomeados porconcurso.” [16]

Aqui, a Emenda Constitucional nº 1/69 operoutrês significativas modificações.

A primeira, tal qual no acima comentado §2ºdo art. 97, com a substituição do comandoinicial do parágrafo, através da mudança dotempo do verbo “são” no presente do indicativopara o futuro do presente “serão”, por igualexpressando a nítida abertura pararegulamentação legal da matéria.

A segunda deu-se pelo acréscimo da expressão“de exercício” após a menção de “após dois anos”para a aquisição da estabilidade, com issofirmando o comando num determinado tempo, comdies a quo e dies ad quem.

E, por último, ao substituir “osfuncionários, quando nomeados por concurso” por“os funcionários nomeados por concurso”, ouseja, eliminando a separação da vírgula eretirando a palavra “quando”, representou aafirmação da possibilidade da existência de umcontingente de funcionários que tenham sido

15 O § 3º do art. 97 foi acrescentado pela EmendaConstitucional nº 8, de 1977.

16 Redação anterior à Emenda Constitucional nº 1/69: “Art.99 - São estáveis, após dois anos, os funcionários, quandonomeados por concurso.”

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nomeados sem concurso. Confirmando isso, énotável que a EC nº 1/69 suprimiu o §1º do art.99 da versão constitucional anterior, de 1967,no sentido de que, então, “Ninguém pode serefetivado ou adquirir estabilidade, comofuncionário, se não prestar concurso público”.Com essa supressão, a EC nº 1/69 abriu para quefuncionários pudessem ser efetivados ou adquirirestabilidade sem prestar concurso público.

“Parágrafo único. Extinto o cargo oudeclarada pelo Poder Executivo a suadesnecessidade, o funcionário estável ficará emdisponibilidade remunerada, com vencimentosproporcionais.”

Um perfunctório exame da disposição acimaconfirma o tanto que se disse antes, no sentidoda existência de um universo de “funcionários”,dos quais se destaca um segmento de “estáveis”,bem como a possibilidade constitucional dapersistência de um outro contingente de“funcionários”, os “não estáveis”, concursadosou não, pois, como está no caput do antestranscrito art. 97, “todos os brasileiros quepreencham os requisitos estabelecidos em lei”têm acesso a “cargos públicos”.

Importante, nesse aspecto, ter-se presenteas denominações constantes da EC nº 1/69, comono caso:

“Art. 99. ......§ 2º - a proibição de acumular estende-se a

cargos, funções ou empregos em autarquias,

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empresas públicas e sociedades de economiamista.”

Portanto, se de um lado a EC nº 1/69possibilitou a inclusão dos empregadosceletistas nos planos de cargos estáveis, poroutro, não descuidou de, isonômicamente, impor-lhes os ônus de todos os funcionários públicosda época.

E, anote-se que aos servidores do SERPROtambém foram impostos esses mesmos ônus, aosquais eles se sujeitam até o presente, apesar derelegados, por mais de duas décadas, ao limbo doesquecimento governamental, embora desde sempredesempenhando funções típicas de Estado e, acimade tudo, relevantes ao funcionamento daarrecadação da União.

Visão da Constituição atual – o RJU.

Os comentários acima expendidos lastreiam-sena pura realidade dos fatos correntes nos temposde vigência da EC nº 1/69, tanto é que, a par dacontratação dos “funcionários” para exercício emórgãos da Administração Direta através doSERPRO, repetiram-se incontáveis procedimentossemelhantes para a contratação de servidorespúblicos sem concurso em praticamente todos ossegmentos governamentais, até a promulgação daatual Constituição, em 5 de outubro de 1988.

Esta, em tempos de abertura política, nocalor da consagração da vontade popular,reconheceu e proporcionou a regularização dassituações que estivessem fora do parâmetro

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ensejado em seu importante artigo introdutório ànova fixação dos princípios relativos àAdministração Pública, em sua redação original:

“Art. 37. ......I - os cargos, empregos e funções públicas

são acessíveis aos brasileiros que preencham osrequisitos estabelecidos em lei;

II - a investidura em cargo ou empregopúblico depende de aprovação prévia em concursopúblico de provas ou de provas e títulos,ressalvadas as nomeações para cargo em comissãodeclarado em lei de livre nomeação eexoneração;”

O mesmo, na posterior redação dada pelaEmenda Constitucional nº 19, de 1998:

“Art. 37. ......I - os cargos, empregos e funções públicas

são acessíveis aos brasileiros que preencham osrequisitos estabelecidos em lei, assim como aosestrangeiros, na forma da lei;

II - a investidura em cargo ou empregopúblico depende de aprovação prévia em concursopúblico de provas ou de provas e títulos, deacordo com a natureza e a complexidade do cargoou emprego, na forma prevista em lei,ressalvadas as nomeações para cargo em comissãodeclarado em lei de livre nomeação eexoneração;”

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E, corroborando, tem-se a consagração dadisposição do Ato das DisposiçõesConstitucionais Transitórias - ADCT, verbis:

“Art. 19. Os servidores públicos civis daUnião, dos Estados, do Distrito Federal e dosMunicípios, da administração direta, autárquicae das fundações públicas, em exercício na datada promulgação da Constituição, há pelo menoscinco anos continuados, e que não tenham sidoadmitidos na forma regulada no art. 37, daConstituição, são considerados estáveis noserviço público.

§ 1º - O tempo de serviço dos servidoresreferidos neste artigo será contado como títuloquando se submeterem a concurso para fins deefetivação, na forma da lei.

§ 2º - O disposto neste artigo não se aplicaaos ocupantes de cargos, funções e empregos deconfiança ou em comissão, nem aos que a leideclare de livre exoneração, cujo tempo deserviço não será computado para os fins do"caput" deste artigo, exceto se tratar deservidor.

§ 3º - O disposto neste artigo não se aplicaaos professores de nível superior, nos termosda lei.”

Esse dispositivo, em princípio, só teriaconcedido estabilidade aos então contratados semconcurso, cinco anos antes da promulgação daCarta de 1988, aparentemente não os efetivando.Contudo, a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de1990 estabeleceu:

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Título IXCapítulo Único

Das Disposições Transitórias e Finais

Art. 243. Ficam submetidos ao regimejurídico instituído por esta Lei, na qualidadede servidores públicos, os servidores dosPoderes da União, dos ex-Territórios, dasautarquias, inclusive as em regime especial, edas fundações públicas, regidos pela Lei nº1.711, de 28 de outubro de 1952 - Estatuto dosFuncionários Públicos Civis da União, ou pelaConsolidação das Leis do Trabalho, aprovadapelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de1943, exceto os contratados por prazodeterminado, cujos contratos não poderão serprorrogados após o vencimento do prazo deprorrogação.

§1º - Os empregos ocupados pelos servidoresincluídos no regime instituído por esta Leificam transformados em cargos, na data de suapublicação.

Assim, essa regulamentação da matériaconstitucional, pela aludida Lei do R egime Jurídico Único dos servidores públicos civis daUnião, de forma incontestada, esclareceu adesnecessidade de concurso público paratransformação dos empregos em cargos públicos,automatizando o que seria uma burocrática eonerosa providência, proporcionando enormeeconomia para o país.

E, mais, permitiu a Lei nº 8.112, de 1990que fossem “também integrados em cargo público,

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sem concurso público, os que não eram estáveis,ou seja, que não contavam os cinco anos a quealudia o art. 19 das Disposições Transitórias daConstituição”, como destaca Celso AntônioBandeira de Mello [17].

Portanto, a notável transformação somenteexcepcionou os contratados por prazodeterminado.

O reflexo das transformações para osservidores do SERPO:

“adequação da lei ao fato”.

Imagina-se que alguma filigrana sustou aesperada providência oficial, apesar dospermanentes apelos da categoria, reunida emassociação (ASSEMIF). Não se fez presente adecantada expressão “vontade política”. Mesmoouvindo-se dos Tribunais ditos como o doEminente Juiz do TRT da 9ª Região, Dr. TobiasMacedo Filho (in RO-6511/90):

“O Judiciário, ‘in casu’, apenas reconhece edeclara a situação pré-existente”

Ou, como mencionou o Eminente Ministro FernandoGonçalves, do Superior Tribunal de Justiça, emcomentário alusivo ao Mandado de Segurança n°6.202-DF [18]: “a matéria refere-se somente àadequação da lei ao fato”.17 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. “Regime Constitucionaldos Servidores da Administração Direta e Indireta”, 2ª ed.Revista, atualizada e ampliada, SP: RT, 1990, p. 18(embora rebelando-se contra, por entenderinconstitucional).

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As então novas disposições constitucionais eas saneadoras providências governamentaistraduzidas na Lei nº 8.112, de 1990, emboraauto-aplicáveis, não tiveram o condão desensibilizar as mentes do poder, restando osservidores do SERPRO sem ver o desencadeamentoda solução legal e constitucionalmente expressanas instituições, há tanto tempo.

Existe um vetusto e superado argumento,ainda hoje sustentado pelo Governo em suasdefesas judiciais, no sentido de que acontratação dos servidores do SERPRO para servira outros entes da Administração direta da União,deu-se por “CONVÊNIO” firmado segundo osparâmetros do parágrafo terceiro, do artigotreze da Emenda Constitucional Número Um, de1969:

“Art. 13. ......

18A notícia e o julgado referem-se ao MS 6202/DF, do SuperiorTribunal de Justiça, do qual foi Relator Ministro FERNANDOGONÇALVES, Órgão Julgador: TERCEIRA SEÇÃO, Data doJulgamento: 25/08/1999, Data da Publicação/Fonte: DJ13.09.1999 p. 40 e JSTJ vol. 9 p. 309. Ementa:ADMINISTRATIVO. ENQUADRAMENTO. SERVIDOR PÚBLICO. CONVÊNIOS.CONAB. FAEPE. IICA. PORTARIA nº 24/94 DO MAARA. HOMOLOGAÇÃO.ART. 243 – LEI 8.112/90. ART. 19 - ADCT. 1 - Os servidorespúblicos contratados por tempo indeterminado, por meio deconvênios, para prestar serviço junto ao Ministério daAgricultura, percebendo vencimentos através de verba daUnião, admitidos antes de 1988, com mais de cinco anos deexercício quando da promulgação da Constituição Federal, têmdireito líquido e certo à homologação da Portaria nº 24/94,através da qual foram enquadrados, com vistas a emprestar-lhe eficácia plena, porquanto cumpridos os requisitos dosarts. 243 da Lei nº 8.213/91 e 19 do ADCT. 2 - Segurançaconcedida.Rua Marechal Deodoro, 79, Ed. Banespa, sala 817 - Petrópolis/RJ – 25620-150

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§ 3º - A União, os Estados e os Municípiospoderão celebrar convênios para execução de suasleis, serviços ou decisões, por intermédio defuncionários federais, estaduais ou municipais.”

Mas, esse injusto argumento sempre redundouna firme e inabalável reação de todos osTribunais, finalmente consagrada no entendimentoda Suprema Corte, como o exarado no RecursoExtraordinário nº 154.469-DF [19], com a seguinteementa:

“Processo trabalhista. Alegação de ofensa aosartigos 13, par. 3º, da Emenda Constitucionalnº 1/69; 37, "caput" e II, 5º, XXXVI, e 84,XXV, da atual Constituição; e 19 do ADCT desta.- Inexistência, no caso, de violação direta aesses dispositivos constitucionais.Recurso extraordinário não conhecido.”

Confirmou-se, pela voz do Eminente Relator,o notável Ministro Moreira Alves, que consignouem seu voto, textualmente:

“o convênio nada mais era do que instrumentode mera intermediação de mão-de-obra paraadmitir servidores sem o concurso públicoexigido pela Constituição vigente na época” [20]

O “CONVÊNIO” para a contratação deservidores celetistas pelo SERPRO, para servirna Administração direta da União, foi entendido

19 Brasil, Supremo Tribunal Federal, RE 154.469/DF, RelatorMin. Moreira Alves, j. em 30/11/1993, 1ª T., publ. DJ22/4/1994, p. 894, Rcte. União, Rcdos. Célia Maria de Limae outros.

20 Brasil, Supremo Tribunal Federal, idem, p. 851 do inteiroteor.

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pela unanimidade dos Juízes, de todas asinstâncias, como “fraude à exigênciaconstitucional”.

Esses servidores foram, indiscutivelmente,albergados pela condição constitucional e legalacima demonstrada mas, não se sabe por quaisrecônditas razões políticas ou administrativas,só se viram justiçados aqueles que buscaram atutela jurisdicional, arcando com todos os ônusdecorrentes.

Ora, repita-se, “a matéria refere-se somenteà adequação da lei ao fato” ! ! !

Ou seja, trata-se de uma solução que nãodepende de subjetivas interpretações ou deconcessões ou, mesmo, de qualquer clientelismopolítico!

A posição do TCU diante da hipocrisiaoficial.

O Tribunal de Contas da União, nos repetidosrelatórios, análises e decisões enfoca a questãocomo uma ilegalidade a ser sanada, persistindona recomendação de que sejam adotadasprovidências pelos gestores, no sentido de que“regularizem a situação dos servidores do SERPROque se encontram desviados da função deprocessamento de dados” [21].

Os ditos gestores, continuamente, repetem oprocedimento de seus antecessores, numa

21 Expressão extraída da Decisão nº 134/93, que é repetidaem outros relatórios, decisões e acórdãos do mesmo TCU.

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cantilena ouvida ao longo desse quartel deséculo de indecisão, no sentido de que há “totalausência de servidores para executar tarefasrelacionadas com atividade de nível médio”,contudo, como destaca o próprio TCU, “sem acenarcom medidas para normalizar a situação” [22].

Inclusive, o mesmo TCU desvenda essarepetida hipocrisia oficial, consignando [23], emrelação às estereotipadas explicações dosgestores: “limitando-se a reafirmaresclarecimentos anteriormente oferecidos einsistindo em fazer crer a esta Corte de Contasque referido pessoal encontra-se executandotarefas características de processamento dedados, quando em inspeção realizada por estaInspetoria Técnica comprovou-se que inúmerosempregados do SERPRO exerciam naquele órgãotarefas típicas do Plano de Classificação deCargos” (destacamos).

Esse descaso do Poder Executivo consolidou-se ao longo dos anos, seja pela persistenteimpunidade das Autoridades responsáveis, sejapela impossibilidade institucional do TCU paraimpor coercitivamente suas decisões, aocontrário do Poder Judiciário, seja, também,pelo seu caráter político-institucional.

Nesse quadro, somente situações individuaislograram soluções, decorrentes sempre daescorreita prestação jurisdicional. Mesmo assim,houve casos de insucessos casuais, ensejandoinjustas frustrações, a engrossar o desalentocoletivo da categoria, diante das promessas de

22 Idem.23 Idem.Rua Marechal Deodoro, 79, Ed. Banespa, sala 817 - Petrópolis/RJ – 25620-150

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realização da pretendida cidadania da Carta de1988, que não lhes alcançou.

Daí, é importante trazer à colação o adventoda Decisão 134/93, do Tribunal de Contas daUnião, exarada na Sessão Plenária de 20 de marçode 1993, mas relativa a Auditoria realizada emórgãos do Ministério da Fazenda, nos meses deoutubro e novembro de 1988, ou seja, ao tempo dapromulgação da vigente Constituição.

Sob a relatoria do Ministro Luciano Brandão,o Tribunal examinou, votou e editou decisão, arespeito de um Relatório consolidado dasInspeções (Ordinárias e Extraordinária) e doLevantamento de Auditoria realizados [24], com aseguinte ementa:

“Relatório Consolidado de Inspeções realizadasnos órgãos do MF. Pessoal. Desvio de função.Admissão indireta de pessoal, através do SERPROpara serviços previstos no PCC. Permanência dasituação na PGFN. Determinação para realizaçãode Inspeção Especial”. (grifamos)

O Ministro Relator destacou, em suaexplanação sobre os fatos:

“1. ... ao apreciar os resultados dasauditorias realizadas nas Unidades epigrafadas,todas elas vinculadas ao Ministério da Fazenda,o Tribunal determinou a audiência dosresponsáveis, para que, no prazo de 30 dias,

24 Brasil, Tribunal de Contas da União, Decisão nº 134/93,Ata nº 14/93, Relator Min. Luciano Brandão Alves de Souza.Sessão de 20/3/1993, DO 4/5/1993, Seção I, p. 6.037. Fonteem 9/12/2004:

“https://contas.tcu.gov.br/portaltextual/PesquisaFormulario”

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justificassem ou esclarecessem a continuidadeda contratação de pessoal, via SERPRO, paraexercer funções previstas no Plano deClassificação de Cargos - PCC, contrariando avedação constante de sucessivas normas legaisem vigor (à época) e reiteradas recomendaçõesda Corte.

2. Após examinar as manifestações dos gestores,a instrução, na 7ª IGCE, entendeu persistiremos fatos inquinados, pelo que propôs aplicaçãode multa (art. 53 do DL 199/67) aosAdministradores....

4. Ao analisar os novos elementos acostados aoprocesso (fls. 140/157) a 7ª IGCE consignou,"verbis": "Vê-se pelos esclarecimentosprestados que a DTN e o DRF (atuais STN e SRF)adotaram providências com vistas aregularização da situação do pessoal do SERPROque se encontravam desviados de suas funções,embora perdure alguns casos, e que aProcuradoria Geral da Fazenda Nacional - PGFNnão se pronunciou efetivamente sobre osaneamento da questão, limitando-se a reafirmaresclarecimentos anteriormente oferecidos einsistindo em fazer crer a esta Corte de Contasque referido pessoal encontra-se executandotarefas características de processamento dedados, quando em inspeção realizada por estaInspetoria Técnica comprovou-se que inúmerosempregados do SERPRO exerciam naquele órgãotarefas típicas do Plano de Classificação deCargos (fls. 141/156)."

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5. Não obstante as providências implementadaspelos órgãos envolvidos, com exceção da PGFN, a7ª IGCE propõe, "in fine": (...) b) seja fixadoo prazo de 90 (noventa) dias para que os órgãosenvolvidos - Procuradoria Geral da FazendaNacional/PGFN, Secretaria da ReceitaFederal/SRF, Secretaria do Tesouro Nacional/STNe Secretaria de Administração Geral/SAG -regularizem a situação dos servidores do SERPROque se encontram desviados da função deprocessamento de dados; c) sejam os órgãosacima identificados incluídos no próximo planode inspeção a ser elaborado, com vistas aconfirmar o cumprimento da determinação acimaproposta, se aceita; ...”

Após esses esclarecimentos, o EminenteMinistro do TCU emitiu seu voto, de ondedestacamos:

“...2. Como consignado no Relatório que antecedeeste Voto, os pareceres técnicos (fls. 176/177)são unânimes em afirmar que, "embora aindapersistam alguns casos de pessoal do SERPROdesviado das funções de processamento de dados,os órgãos envolvidos (à exceção da PGFN),mediante a adoção de providências, reduziramsubstancialmente o número de pessoal que seencontrava nessa condição".

3. Com relação às admissões indiretas realizadaspela STN, foram elas baseadas em Exposição deMotivos (nº 045, de 11.03.86) aprovada pelo Sr.Presidente da República, com o fim de viabilizaro funcionamento daquela Secretaria....

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5. De nossa parte, os novos documentos reunidose examinados pela instrução demonstram umesforço das Unidades Gestoras em atender àdeterminação deste Colegiado, sem inviabilizarou interromper suas rotinas de trabalho, o queseria de todo indesejável....

7. No que se refere especificamente àProcuradoria Geral da Fazenda Nacional - PGFN,que repete nesta oportunidade argumentosanteriormente apresentados - total ausência deservidores para executar tarefas relacionadascom atividade de nível médio - sem acenar commedidas para normalizar a situação, entendemosque deva o Tribunal determinar a realização deInspeção Especial para apurar as razões pelasquais, até agora, não há indícios de iniciativavisando propiciar o exato cumprimento da lei, noque se refere a desvio de função de servidores ea contratação indireta de pessoal. Por essasrazões, acolho parcialmente os pareceres e Votopor que o Tribunal adote a decisão que orasubmeto ao Plenário.”

Diante das circunstanciadas razões expostaspelo Relator o Tribunal adotou a Decisão que deuorigem à ementa antes transcrita, na qualdestacamos os seguintes excertos:

“...

1. ordenar à 7ª IGCE a realização de InspeçãoEspecial na Procuradoria Geral da FazendaNacional - PGFN, para apurar as razões pelasquais, até agora, não há indícios de iniciativa

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visando propiciar o exato cumprimento da lei, noque se refere a desvio de função de servidores ea contratação indireta de pessoal;

2. determinar aos órgãos envolvidos queprossigam a implementação das providênciasnormalizadoras da situação irregular constatadanestes autos (contratação indireta de servidoresvia SERPRO para exercer funções previstas no PCCsem respaldo legal);

3. recomendar à 7ª IGCE e à CISET/MF quecontinuem o acompanhamento, inclusive medianteinspeções e/ou levantamentos "in loco"considerados oportunos, das medidas tendentes aregularizar a situação dos servidores do SERPROque se encontram desviados da função deprocessamento de dados, devendo aquelaSecretaria de Controle Interno prestar asinformações pertinentes nas contas dos órgãosenvolvidos a serem apresentadas. Se constatadaomissão por parte dos responsáveis, a 7ª IGCEdeverá representar ao Tribunal a respeito;

...”

Portanto, hoje, passada mais de uma décadada insistente recomendação do TCU para quefossem adotadas “medidas tendentes a regularizara situação dos servidores do SERPRO”, continuavalendo o que foi dito: “até agora, não háindícios de iniciativa visando propiciar o exatocumprimento da lei”.

Repetindo o refrão de Tribunais como oTribunal de Contas da União, o Tribunal Superiordo Trabalho e o Supremo Tribunal Federal, o que

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se quer é o que de mais simples se pode fazer:cumprir a Constituição e a lei.

A busca de uma saída legislativa, após apromulgação do RJU:

Sucumbentes à vontade governamental, essesincansáveis servidores buscaram a penosa rota doPoder Legislativo para obter uma EmendaConstitucional que espancasse qualquer dúvida emtorno do seu direito, mesmo que transparentedesde a promulgação da Constituição, de 1988, eposterior edição da Lei nº 8.112, de 1990.

Hoje, percebe-se o quão infrutíferos foramos esforços expendidos e o precioso tempo demais de uma década perdida nos meandroscongressuais.

O pessoal da ASSEMIF sentiu-se compelido aodesnecessário desencadeamento de Propostas deEmenda Constitucional, as chamadas “PEC”, que osdesviaram pelos pantanosos meandros do Poder,para, no final apresentar resultadosfrustrantes, semeadores da desesperança.

Porém, como tudo na vida, creditaramexperiências, atenção para o problema e, maisespecialmente, declarações oficiais públicasevidenciadoras da realidade vivida por essesservidores, bem como da enorme distorçãoinstitucional implantada no seio da máquinaarrecadadora da nação.

Eis alguns momentos significativos dessatrilha.

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Ainda quando da tramitação da Proposta deReforma Administrativa, de iniciativa doDeputado Moreira Franco, o Deputado LaprovitaVieira, mencionando que se estaria vivendo “umreal interesse em se aprimorar os serviçospúblicos”, apresentou importante Proposta deEmenda Aglutinativa, que pretendeu incluir oseguinte:

“Art. O empregado de empresa pública ou desociedade de economia mista sob controleacionário da União que esteja prestando serviçoa órgãos públicos federais das três esferas depoder, legalmente cedido, há pelo menos 10 (dez)anos continuados a contar da promulgação destaEmenda, poderá optar pelo enquadramento noquadro de pessoal do respectivo órgão em cargocompatível com as atribuições que efetivamenteexerça”.

Denunciou na Proposta a “existência de umcontingente de empregados de empresas públicas esociedades de economia mista sob o controleacionário da União que, há longos anos, prestamserviços a órgãos das três esferas de poderfederal”. E assim discorreu na “Justificativa”:

“Tais empregados exercem de fato funções deservidores públicos, cumprindo horário e atuandofisicamente alocados em órgãos da administraçãopública dos três poderes, subordinados adirigentes e chefes desses mesmos órgãos ecolaborando, efetivamente, para que estescumpram a sua missão, objetivos, competências enormas, configurando-se assim, na prática, a

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situação concreta, real e indiscutível de serem,sem dúvida, servidores públicos.

Na verdade, a existência da relaçãofuncional desses servidores públicos com asempresas públicas e sociedades de economia mistasó se explica pela necessidade do serviçopúblico, em anos passados, engessado pelaproibição de realização de concursos públicos,ter buscado uma alternativa para prover suasnecessidades de pessoal, tendo em vista ocumprimento de suas finalidades.

A solução encontrada para a época resultouhoje, em situações, como as do Ministério daFazenda, no qual atuam em funções absolutamentenecessárias e imprescindíveis para aviabilização da administração tributária e daarrecadação de impostos federais, cerca de 4.000(quatro mil) empregados, originalmentecontratados pelo SERPRO – Serviço Federal deProcessamento de Dados, que, na prática, comoantes se demonstrou, são na verdade, servidoresdos órgãos daquele Ministério, atuando comdedicação e competência na Secretaria da ReceitaFederal, na Secretaria do Tesouro, no Serviço doPatrimônio da União, na Procuradoria da FazendaNacional e outros órgãos daquela pasta.

...

Acreditamos que, com a inclusão desse novoartigo, no substitutivo do Relatório do DeputadoMoreira Franco, regularizaríamos a situação depraticamente a totalidade desses servidores,alguns com mais de 15 anos de prestação deserviços, imprescindíveis para a administração

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pública e que, na prática, considerando-se oexercício de funções efetivas e continuadas noMinistério da Fazenda, fazem jus à condição deservidores estáveis daquele Ministério pelainterpretação das determinações do Art. 19 dasDisposições Transitórias da ConstituiçãoFederal. Tais funcionários, são por todas asrazões, servidores públicos federais, assim comoo são os empregados de outras empresas públicase sociedades de economia mista alocados emsituação semelhante, em órgãos públicos das trêsesferas de poder da União.

Essa regularização não acarretaria nenhumônus adicional aos cofres públicos, muito pelocontrário, o Governo diminuiria o pagamento deencargos sociais como o INSS, o FGTS,gratificações etc., pois os mesmos passariam acompor a gama de servidores públicos, como defato, já o são”.

Já a PEC nº 6, de 1998, que tramitou noSenado Federal, visava a inclusão de artigo noAto das Disposições ConstitucionaisTransitórias, de 1988, assim redigido:

“Art. Os servidores de empresas públicasfederais que, na data de promulgação destaEmenda Constitucional, estejam prestando, hámais de dez anos continuados, serviços àadministração direta poderão ter a sua situaçãofuncional regularizada nos cargos e funções queefetivamente desempenham, não se aplicando aeles a exigência estabelecida no inciso II doartigo 37 da CF”.

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Na “Justificativa”, entre outros, mencionaque o “Tribunal de Contas da União,periodicamente, tem cobrado do Governo Federal aregularização da situação funcional dosservidores”, destacando a utilização “peloMinistério da Fazenda, de mão-de-obra de pelomenos 4 mil servidores do Serviço deProcessamento de Dados – SERPRO, os quaisprestam serviços relativos a cargos e funçõesdas carreiras de Auditoria do Tesouro Nacional eoutras do Plano de Classificação de Cargos doPessoal Civil da União”. Em conclusão, aindaacrescenta:

“Essa regularização não acarretaria nenhum ônusadicional aos cofres públicos nem configurariaquebra do princípio constitucional da exigênciado concurso público, prevista no art. 37, II,da Carta Magna, visto que se destina apenas etão somente à regularização de distorção que seestenda há anos. Pelo contrário, o Governodiminuiria o pagamento de encargos sociais,como o INSS, o FGTS, gratificações etc., poisesses trabalhadores passariam ”.

Tem ainda a considerar a PEC nº 54, de 1999,que visou “criar, na Administração Pública detodos os entes da Federação, um ‘quadrotemporário em extinção’ em que se enquadrariamtodos os servidores públicos que foramconsiderados estáveis pelo artigo 19 do ADCT daConstituição de 1988”.

Portanto, diz-se que foi uma década, oumais, perdida no universo do Legislativo, no afãdesesperado de encontrar uma solução política,vez que negada a correta e verdadeira solução

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jurídica, antes comentada, como aquelaproporcionada com a edição do art. 19 do ADCT epelo art. 243 e seu parágrafo primeiro, da Leido RJU.

Será significativo, ainda, saber que, antesda busca pela modificação constitucional, adécada de 80 também foi perdida na luta pelasolução legislativa.

Entre outros, em 1984, tramitou na Câmarados Deputados o Projeto de Lei n° 4.869-A,propondo fossem “aproveitados, nos termos desteartigo, os servidores do Serviço Federal deProcessamento de Dados – SERPRO, que até 31 dedezembro de 1981, exerçam o cargo de Auxiliar deCodificação e Preparo de Documentos e que seacham a serviço nos órgãos da Secretaria daReceita Federal”.

Mais tarde, em 1988, o Senado Federal viu oProjeto de Lei n° 111, para “aproveitamento doMinistério da Fazenda, mediante concurso deservidores do SERPRO que, na data de vigência daConstituição Federal, prestavam serviço emórgãos da Receita Federal”.

Também no Senado Federal, em 1989, tramitouo Projeto de Lei n° 3.897, que “Estabelece oaproveitamento pelo Ministério da Fazenda, dosServidores do Serviço Federal de Processamentode Dados que especifica”.

E, ainda, demonstrando-se o périplo dessesincansáveis servidores, tem-se a providência doDeputado Edésio Passos, consubstanciado em seuRequerimento n° 1304, de 1992, pelo qual

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“Solicita informação ao Sr. Ministro daEconomia, Fazenda e Planejamento sobre asituação dos servidores do SERPRO lotados emoutros órgãos”.

Embora esses tantos anos pareçam um enorme efrustrante tempo perdido, foi acumulada abagagem da certeza dos direitos dos servidoresdo SERPRO contratados para o serviço direto daSRF, tácita e expressamente reconhecido pelostrês poderes da União.

Em conclusão do exame do mérito da questão.

De todo expendido, tem-se por certo oseguinte:

• Os servidores do SERPRO, contratados paraexercer cargos e funções na Secretaria daReceita Federal, sempre gozaram de“competência e jurisdição”, tal qual todosos “servidores fiscais” da AdministraçãoFazendária federal como expresso no incisoXVIII do art.37 da Constituição.

• A Administração pública fazendária sempre osfez exercer atividades diferentes daquelasespecíficas da finalidade e do objetivo decriação do SERPRO.

• As funções exercidas pelos ditos servidoressão as mesmas dos Técnicos da ReceitaFederal, hoje indicadas no §2°, do art. 6°,da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002.

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• A União foi omissa em não aplicar, à época,as permissivas regras do DASP, no sentido deregularizar a situação desses servidores,como poderia ter se dado, a exemplo daIN/DASP nº 38, de 1975.

• O texto constitucional então vigente – a ECn° 1/69 dava abertura para a regularização.

• A nova Constituição, de 1988, também indicouo caminho do art. 19 do ADCT, posteriormenteregulamentado no art. 243 da Lei do RJU, quelhe deu a interpretação dilatada de quefossem “também integrados em cargo público,sem concurso público, os que não eramestáveis, ou seja, que não contavam os cincoanos a que aludia o art. 19 das DisposiçõesTransitórias da Constituição”.

• Apesar dos protestos de notáveis juristaspátrios, contrários à fórmula adotada, osTribunais foram unânimes em sua aceitação,indicando o caminho plausível da “adequaçãoda lei ao fato”, indicando que “o convênionada mais era do que instrumento de meraintermediação de mão-de-obra para admitirservidores sem o concurso público exigidopela Constituição vigente na época”,simplesmente entendido como “fraude àexigência constitucional”.

• Em inúmeras ocasiões, o TCU consignou que asexplicações dos gestores limitavam-se “areafirmar esclarecimentos anteriormenteoferecidos”, pois, em verdade, só pretendiam“fazer crer a esta Corte de Contas quereferido pessoal encontra-se executando

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tarefas características de processamento dedados”. Entretanto, ficou comprovado pelopróprio TCU “que inúmeros empregados doSERPRO exerciam naquele órgão tarefastípicas do Plano de Classificação deCargos”.

• O TCU sempre recomendou e exigiu doExecutivo e seus gestores “medidas tendentesa regularizar a situação dos servidores doSERPRO que se encontram desviados da funçãode processamento de dados”.

Assim, examinando o mérito da questão,evidencia-se amplamente o direito dessesrelegados, mas persistentes, servidores, a quema nação brasileira muito deve, não só pelaconhecida dedicação ao trabalho, mas,principalmente, pela dignidade com que aceitam oônus e os sacrifícios que lhes são impostos pelaomissão oficial.

DIREITO

I.

O direito dos servidores do SERPROcontratados para servir, com exclusividade, oMinistério da Fazenda, em especial na Secretariada Receita Federal, nasceu do próprio atoadministrativo de sua contratação, vez que sedeu sob a égide do texto constitucional da EC n°

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1/69, forjado para servir os interessesgovernamentais então vigentes.

Aliás, esses interesses ficaram patentes emnormas administrativas como a IN/DASP nº 38, de1975, através da qual procedeu à “inclusão doscargos e empregos regidos pela legislaçãotrabalhista ... no novo Plano de Classificação,na área de cada Ministério, Órgão integrante daPresidência da República, Órgão Autônomo ouAutarquia federal”.

Vencida a vigência dessas normas, com oadvento democrático da nova Constituição, estatrouxe no Ato das Disposições ConstitucionaisTransitórias, com seu art. 19, o permissivo daregularização das situações anômalaspersistentes.

Muitas dúvidas foram levantadas, engrossandodiscussões alimentadas pelo déficit do caixagovernamental, amplamente combalido com oexpressivo volume de obrigações sociais impostaspela nova ordem. Mas, in casu, venceu a razãodemocrática no texto do art. 243 da Lei n°8.112, de 1990, que instituiu o Regime JurídicoÚnico dos servidores da União.

Como antes comentado, esse dispositivo

regulamentador, expressou interpretação dilatadado art. 19 do ADCT, incluindo no RJU todos osque estivessem servindo a União, somenteexcepcionando “os contratados por prazodeterminado”. E, mais, transformou em “cargos”os “empregos ocupados pelos servidores incluídosno regime instituído” pela citada Lei.

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Assim, o RJU albergou também “os que nãoeram estáveis, ou seja, que não contavam oscinco anos a que aludia o art. 19 dasDisposições Transitórias da Constituição” [25]. Eo fez de forma incontestada por toda nação,incluindo os três Poderes, os quais restaramsilentes, mesmo diante de protestos de algunsilustres doutrinadores do Direito, insensíveisao desejo geral, bem como aos interesses dopróprio Governo.

E, aqui, é de se evocar os sãos princípiosda isonomia de direitos, insculpidos na MagnaCarta, notadamente em seu art. 5°, bem como osdireitos consignados no art. 7°, tais como osdos incisos V e VI – da garantia de “pisosalarial proporcional à extensão e àcomplexidade do trabalho” e da “irredutibilidadedo salário”.

Pois, o descaso e a omissão oficial relegouesse contingente de servidores ao regime deservidão banido com a Lei Áurea. E, pior,confiando-lhes tarefas típicas de Estado com oteor da responsabilidade inerente aos cargosefetivos, mas sem a segurança institucional doRJU, ofendeu o interesse público, mormente douniverso dos contribuintes.

II.

A notável transformação ensejada pelo RegimeJurídico Único, embora não alcançada de pronto,encontra-se próxima desses servidores, em

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decorrência de ações e atos inequívocos do PoderExecutivo.

Além de tudo o que já se demonstrou, atéaqui, é notável a seqüência de atosadministrativos, juridicamente relevantes,promulgados nos últimos anos, que, em tudo, dãosuporte a uma rápida e simples solução àquaestio.

Nesse aspecto, tem-se o suporte básico dos§§ 7° e 9°, do decantado art. 243, da Lei doRJU, verbis:

Art. 243. ......§7° - Os servidores públicos de que trata o

caput deste artigo, não amparados pelo art. 19do Ato das Disposições ConstitucionaisTransitórias, poderão, no interesse daAdministração e conforme critérios estabelecidosem regulamento, ser exonerados medianteindenização de um mês de remuneração por ano deefetivo exercício no serviço público federal.

...§9° - Os cargos vagos em decorrência da

aplicação do disposto no § 7° poderão serextintos pelo Poder Executivo quandoconsiderados desnecessários.” [26]

Aqui, o interesse da União prevalece, para amanutenção de quadros não amparados pelo art. 19do ADCT, como argumenta o Executivo em suascontestações. Mas, mesmo assim, a Lei n° 8.112,de 1990, os alberga no Regime Jurídico Único,

26 Parágrafos incluídos pela Lei nº 9.527, de 10.12.97.

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pois os qualifica como “cargos” no §9° susotranscrito.

Portanto, esta seria a outra forma deregularização, se eventualmente descartada afórmula antes indicada, que foi utilizada emincontáveis casos.

A inclusão desses parágrafos, desde 10 dedezembro de 1997, pela Lei n° 9.527, abriu-lhesnova chance, também amplamente referendada peloPoder Executivo, através de atos inequívocos,confirmatórios da condição de permanência nos“cargos” (§9°), qual seja o “interesse daAdministração” (§7°).

Daí, exemplificativamente, tem-se:

a. A Portaria nº 273, de 13 de outubro de1998, publicada no D.O.U. de 14 de outubrode 1998, assinada pelo então Ministro daFazenda, Pedro Sampaio Malan, consignando o“interesse da Administração”, assim:

“O Ministro de Estado da Fazenda, nouso de suas atribuições, e considerando asua competência de supervisor das entidadespúblicas vinculadas à Pasta, resolve:

Art. 1° - Homologar a decisão, de 6 deoutubro de 1998, do Conselho Diretor doServiço Federal de Processamento de Dados(SERPRO), por meio do qual foramestabelecidas diretrizes e fixadas metaspara a Empresa, nos exercícios de 1998 e1999, a saber:

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I – Diretrizes para 1998 e 1999:

...

f) a redução de gastos com pessoal nãodeverá, em princípio, atingir osempregados na condição SOAP e STAC, salvose houver adesão ao PDV ou PDI ou retornodos funcionários à Empresa;

...”

b. O Ofício SRF/GAB nº 035, de 11 de janeirode 1999, firmado pelo então Secretário daReceita Federal, Sr. Everardo Maciel,dirigido ao Exmo. Sr. Senador Geraldo Melo,Primeiro Vice-Presidente do Senado Federal,afirmando:

“A propósito, informo a VossaExcelência que a regularização da situaçãofuncional dos servidores do SERPRO, que hávários anos prestam serviços de formacontinuada à SRF, é necessária, uma vezque esta Secretaria não pode prescindirdos serviços dos citados servidores semcomprometer o seu normal funcionamento,principalmente nas atividades dearrecadação, considerando-se osconhecimentos por eles adquiridos duranteesse longo período trabalhando em áreasespecializadas e de difícil reposição depessoal”.

c. O Decreto Presidencial nº 3.711, de 27 dedezembro de 2000, que corrobora e enfeixa adeclaração de imprescindibilidade acima

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mencionada, da Autoridade maior daSecretaria da Receita Federal, assim:

Decreto nº 3.711, de 27-12-2000.

Dispõe sobre o pessoal contratadopelo Serviço Federal de Processamentode Dados, que se encontra àdisposição do Ministério da Fazenda.

Art. 1º - Fica autorizada apermanência no Ministério da Fazenda, peloperíodo necessário ao bom andamento doserviço, a critério da Administração, dosempregados do Serviço Federal deProcessamento de Dados - SERPRO, que neledesempenhavam suas atividades desde 31 dedezembro de 1998.

d. O Memo SRF/Gabin/ nº 94, de 21 de janeirode 2003, firmado pelo Secretário da ReceitaFederal, Sr. Jorge Antonio Deher Rachid,dirigido ao Sr. Secretário-Executivo doMinistério da Fazenda, reafirma aimprescindibilidade que, a essa altura,perdura por mais de três décadas, namaioria dos casos, verbis:

“Assunto: cessão de empregados de empresapública para a SRF.

Solicito a Vossa Excelênciaprovidências para que seja regularizada asituação funcional dos empregados doServiço Federal de Processamento de Dados(SERPRO), cedidos a esta Secretaria daReceita Federal, conforme relação anexa,

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considerando o disposto no § 6° do art. 5°da Lei n° 10.470, de 25 de junho de 2002,e os termos do Ofício-Circular n°60/SRH/MP, de 21 de agosto de 2002”.(grifamos 27)

e. Por derradeiro, tem-se o Ofício nº 1201/SE/MF, de 6 de novembro de 2003, firmado peloSecretário-Executivo Adjunto do Ministérioda Fazenda, dirigido à Presidência doSERPRO, no qual se destaca a menção a“cargos”, assim:

“Assunto: Requisição de Empregado

Senhor Diretor-Presidente,Tendo em vista o disposto no § 6° do

art. 5° da Lei n° 10.470, de 25 de junhode 2002 e o Ofício-Circular n° 60/SRH/MP,de 21 de agosto de 2002, solicito a VossaSenhoria examinar a possibilidade decolocar à disposição deste Ministério, osempregados constantes da relação anexa,integrantes do quadro STAC, parapermanecerem em exercício nesta Pasta,assegurando-lhes, integralmente, osvencimentos, adicionais, direitos evantagens dos cargos que ocupam”.

27 O mencionado dispositivo alterou o art. 93 da Lei nº8.112, de 11 de dezembro de 1990, tendo o referido aseguinte redação: “§ 6º As cessões de empregados deempresa pública ou de sociedade de economia mista, quereceba recursos de Tesouro Nacional para o custeio totalou parcial da sua folha de pagamento de pessoal,independem das disposições contidas nos incisos I e II e§§ 1º e 2º deste artigo, ficando o exercício do empregadocedido condicionado a autorização específica do Ministériodo Planejamento, Orçamento e Gestão, exceto nos casos deocupação de cargo em comissão ou função gratificada.”

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Portanto, por mais este aspecto enfocado, osservidores do SERPRO implementam as condiçõespara sua efetivação na forma do art. 19 do ADCTe do art. 243 da Lei n° 8.112/90, vez queexpressamente manifesto o interesse do PoderExecutivo em sua permanência, para o exercíciofático de função típica de Estado,reconhecidamente ocupando “cargos”, mas sem odevida consignação de sua estabilidade eefetivação.

III.

Ainda no enfoque do Direito, deve ser bemdestacado o fato de que o mais significativosegmento desses servidores foi contratado emdata anterior a 5 de outubro de 1983, ou seja,antes dos cinco anos mencionados no art. 19 doADCT.

Nesse aspecto, a defesa da União tem se dadosob a canhestra ótica de que o dispositivotransitório não contemplou expressamente as“empresas públicas”, argumento este, desde muitosuperado nos Tribunais.

Mesmo assim, as Autoridades do Executivotitubeiam em prestar o devido reconhecimento dasituação funcional desses servidores, obrigando-os a buscar a tutela jurisdicional. Mas, nessecaso, os desatentos senhores do poder ignoram oestado de pauperização e desesperança dessaspessoas, que olham o Judiciário como algoinatingível, principalmente, em termosfinanceiros.

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CONCLUSÃO

É cediço que os servidores do SERPROcontratados para servir, com exclusividade, oMinistério da Fazenda, em especial na Secretariada Receita Federal, carecem de uma soluçãosemelhante àquela que foi proporcionada a tantasoutras carreiras.

Pelos fundamentos legais expendidos, éfactível o reconhecimento da estabilidade dessesservidores no Serviço Público Federal com oequivalente reequilíbrio salarial através daequiparação salarial a Técnico da ReceitaFederal.

É o entendimento que firmamos, em face doestudo feito.

Petrópolis, 10 de Janeiro de 2007.

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