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1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ JACKSON BACH MATOS O DIREITO FUNDAMENTAL DA PESSOA IDOSA À INTERNAÇÃO EM INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA São José 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

JACKSON BACH MATOS

O DIREITO FUNDAMENTAL DA PESSOA IDOSA À INTERNAÇÃO EM INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA

São José 2009

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JACKSON BACH MATOS

A ATUAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PUBLICA FRENTE A INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA PESSOA

IDOSA

Projeto de Monografia apresentado como requisito final da disciplina de Metodologia da Pesquisa Jurídica do Curso de Direito, da Universidade do Vale do Itajaí.

Orientadora: Prof. MSc. Joseane Aparecida Corrêa

São José 2009

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JACKSON BACH MATOS

A ATUAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PUBLICA FRENTE A INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA PESSOA

IDOSA

Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de bacharel e

aprovada pelo Curso de Direito, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de

Ciências Sociais e Jurídicas.

Área de Concentração: Estatuto do idoso

São José, ___ de novembro de 2009.

Prof. MSc. Joseane Aparecida Correa UNIVALI – Campus de São José

Orientador

Prof. MSc. Nome Instituição Membro

Prof. MSc. Nome Instituição Membro

4

Dedico esta monografia aos meus pais,

Jackson e Elizabete, fonte de inspiração para

ser uma pessoa honesta, por tudo que fizeram

e fazem para a conclusão desta jornada.

A minha madrinha Ruth Isabel pelo carinho e

dedicação.

Aos meus avôs, Daylva e Ponciano, pelo amor

e afeto dedicados.

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade de concluir mais

uma etapa de minha vida.

A minha orientadora, Joseane Aparecida Corrêa, por estender a mão

no momento que mais precisei, pelos ensinamentos acadêmicos durante esta

jornada de conhecimento e por toda orientação concedida para que este

trabalho fosse concluído.

A minha família por entender minha ausência durante a elaboração

deste trabalho acadêmico.

A minha namorada, Tatiane, por toda a compreensão, paciência e

amizade.

Ao meu irmão Julian, que junto comigo, trilhou este caminho do

conhecimento, dedicando nos momento que necessitei sua atenção e ajuda.

Aos Amigos, Alexandre, Diogo, Luciane e Márcia por todos esses anos

que retornamos juntos da faculdade como uma família.

6

“Cada um tem a idade do seu coração, da

sua experiência e da sua fé".

(George Sand)

7

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total

responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho,

isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito,

a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade

acerca do mesmo.

São José, ___, novembro de 2009.

Jackson Bach Matos

8

RESUMO

O presente trabalho tem como finalidade analisar a responsabilidade do Estado em garantir internação do idoso em instituições de longa permanência privada, no caso da pessoa idosa não possua meios para pagar a instituições privadas os serviços prestados. O presente estudo buscará estabelecer a inexistência de instituição pública que ampare a pessoa idosa, bem como, a omissão por parte da administração pública quanto o dever de resguardar os direitos e a proteção ao idoso. Observando a necessidade da atuação do Ministério Publico como parte legitima em requerer judicialmente medidas de proteção ao idoso, com fundamento no artigo 230 da Constituição da República Federativa do Brasil – CRFB/88, com combinado com o artigo 3º da lei 10.741 de 1º de outubro de 2003. O presente trabalho será desenvolvido utilizando-se o método dedutivo, através de pesquisas bibliográficas, documentais e jurisprudenciais. Este, será dividida em três capítulos. O primeiro capítulo dispõe sobre os direitos fundamentais, caracterizando a evolução dos direitos fundamentais e suas gerações, com o objetivo de evidenciar que cada período histórico contribuiu para constituir os direitos do homem. O segundo capítulo aborda o envelhecimento populacional, os direitos relativos à pessoa idosa através dos direitos fundamentais, a Política Nacional do Idoso e o Estatuto do idoso. Por fim, a natureza das Instituições de Longa Permanência para idoso, atuação do Ministério Público e da administração Publica frente a obrigação do Estado em garantir à internação da pessoa idosa hipossuficiente nas instituições privadas devido a falta da pública.

Palavra-chave: Direito fundamental. Idoso. Instituição de longa permanência.

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ABSTRACT

This paper aims to verify the responsibility of the State to ensure the admission of the elderly in long-term private residence, where the elderly have no means to pay for private institutions for services rendered. This study will try to establish that given the lack of a public institution that sustain the elderly and the omission of public administration and the duty to protect the rights relating to health and assistance and protection to the elderly. Noting the need for action by the Prosecutor as a legitimate court to require security measures for the elderly, based on Article 230 of the Constitution of the Federative Republic of Brazil - CRFB/88, combined with the Article 3 of Law 10,741 of October 1, 2003. The first chapter deals with fundamental rights, characterizing the evolution of fundamental rights and their generations, with the objective of showing that each historical period has helped to acquire the rights of man. The second chapter deals with the aging of the population, the rights to the elderly through fundamental rights, the national policy for the elderly and the status of the elderly. Finally, the nature of Long Staying Institutions for the aged, the performance of the Prosecutor and of the public administration front of the State's obligation to ensure the admission of the poor elderly in private institutions due to lack of vacancies in public institutions. Key-words: fundamental rights, elderly, homes for long staying

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LISTA DE ABREVIATURAS

Art. - Artigo

CRFB/88 – Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

ILPI – Instituição de Longa Permanência para idoso

11

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 12

1 DIREITOS FUNDAMENTAIS ........................................................................ 14

1.1 TERMINOLOGIA ................................................................................................... 16

1.2 DISTINÇÃO ENTRE AS EXPRESSÕES “DIREITOS FUNDAMENTAIS” E “DIREITOS HUMANOS” ............................................................................................. 17

1.3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ...................... 18

1.3.1 Magna Carta Libertatum ................................................................................ 19

1.3.2 Declaração de Direitos (Bill of Rigts) na Inglaterra ................................ 21

1.3.3 Constituição dos Estados Unidos da América do Norte ...................... 22

1.3.4 Declaração Francesa ...................................................................................... 23

1.4 GERAÇÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................................ 24

1.4.1 Direitos Fundamentais de Primeira Geração ...................................... 25

1.4.2 Direitos Fundamentais de Segunda Geração ..................................... 26

1.4.3 Direitos Fundamentais de Terceira Geração ...................................... 28

1.4.4 Direitos Fundamentais de Quarta Gerarão ......................................... 29

1.5 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ......................................................... 30

2 POLÍTICA DE PROTEÇÃO AO IDOSO....................................................... 33

2.1 PROTEÇÃO AO IDOSO NA CONSTITUIÇÃO ........................................... 35

2.1.1 Direitos fundamentais na Constituição ............................................... 36

2.1.2 Dever do Estado .................................................................................... 40

2. 2 POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO ............................................................ 42

2.3 ESTATUTO DO IDOSO ............................................................................. 43

2.3.1 Direitos fundamentais do idoso no Estatuto ...................................... 45

2.3.1.1 Direito à Saúde .............................................................................................. 45

2.3.1.2 Assistência ......................................................................................... 51

2.3.2 Medidas de Proteção............................................................................. 54

2.3.3 Política de atendimento ........................................................................ 55

3 INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSO (ILPI) ........... 57

3.1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DA ILPI ............................................. 57

3.1.1 Personalidade jurídica .......................................................................... 58

3.1.2 Princípios das ILPs ............................................................................... 58

3.2 ORIGEM: DO ASILO À ILPI ...................................................................... 59

3.3 ATIVIDADES DA ILPI ................................................................................. 64

3.3.1 Obrigações das ILPI .............................................................................. 65

3.3.2 O serviço de internação ........................................................................ 68

3.4 INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA NO ESTADO DE SANTA CATARINA ....................................................................................................... 69

3.5 A GARANTIA DE INTERNAÇÃO DO IDOSO CARENTE .......................... 72

3.5.1 O papel do Ministério Público .............................................................. 74

3.5.2 Ação civil pública .................................................................................. 75

3.5.3 A manifestação do Tribunal de Justiça de Santa Catarina ................ 77

3.5.4 A responsabilidade estatal pela internação do idoso em instituições de longa permanência ................................................................................... 80

CONCLUSÃO .................................................................................................. 86

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 88

12

INTRODUÇÃO

A sociedade no decorrer do tempo esta sofrendo importantes

mudanças, afetando a forma de organizar-se em decorrência do surgimento de

novas necessidades e de novas políticas que assegure o homem viver em

sociedade com dignidade e respeito.

Estas mudanças têm um destaque em especial para uma parcela

populacional que esta em constante crescimento, em ritmo acelerado,

mundialmente, para alguns doutrinadores, que é o envelhecimento

populacional.

No Brasil quanto à mudança demográfica da população, verifica-se um

acentuado aumento na expectativa de vida, em conseqüência qualidade de

saúde da população consequentemente um aumento na longevidade e a

redução da natalidade. Com esta nova realidade da sociedade brasileira quais

medidas poderão ser tomadas para garantir à pessoa idosa a efetivação de

seus direitos.

Diante destes novos fatos, o envelhecimento, passou a ter maior

relevância nas políticas públicas assegurando aos idosos seus direitos

fundamentais como cidadãos, através de leis específicas de amparo a pessoa

idosa.

O presente trabalho tem como objeto o estudar a garantia da pessoa

idosa de estar em uma instituição de longa permanência privada e de que

forma o Estado atuará para garantir este direito à pessoa idosa hipossuficeinte

quando necessitar da institucionalização.

O presente estudo será desenvolvido utilizando-se o método dedutivo,

através de pesquisas bibliográficas, documentais e jurisprudenciais para

desenvolver o entendimento desta transição demográfica, ou seja, este

processo de envelhecimento populacional.

Dividindo este estudo em três capítulos.

Inicialmente, discorrer-se-á sobre as noções históricas dos direitos

fundamentais, direitos estes que antecedem as presentes normas desta

13

sociedade, delimitando através das gerações a formação dos direitos inerentes

à pessoa humana.

Por seguinte, discorrer-se-á de forma mais específica os direitos

inerentes à pessoa idosa, através da histórica dos direitos, o conceito de idoso

e as políticas e direitos atribuído à pessoa idosa.

Por fim, caracterizar-se-á as instituições de longa permanência para

pessoa idosa através de conceitos, origem e os serviços desenvolvidos com a

pessoa idosa na instituição. Posteriormente demonstrar-se-á as instituições de

longa permanência no Estado de Santa Catarina, e a atuação do Ministério

Público na defesa dos direitos da pessoa idosa, bem como, a necessidade da

intervenção do mesmo para efetivação dos direitos fundamentais e específicos

que são oriundos das novas políticas destinada ao idoso.

14

1 DIREITOS FUNDAMENTAIS

O termo Fundamental tem significado próprio, segundo Aurélio

Buarque de Holanda Ferreira1, designa aquilo que serve de fundamento ou de

alicerce, que serve de base, importante, essencial e necessário. Andre Ramos

Tavares esclarecer que “considera-se fundamental o preceito quando este se

apresenta como imprescindível, basilar ou inafastável”2 para a convivência do

homem em sociedade..

O direito fundamental é importante, porque serve de base para o direito

do homem, assim servindo de alicerce para a construção de normas protetiva a

vida, em outras palavras, organiza a própria existência do homem em

sociedade.

Dentre os conceitos de direito fundamental destaca Uadi Lammêgo

Bulos:

Os Direitos Fundamentais são o conjunto de normas, princípios, prerrogativas, deveres e institutos inerentes à soberania popular, que garantem a convivência pacífica, digna, livre e igualitária, independente de credo, raça, origem, cor, condição econômica ou status social3.

Corrobora a conceituação de direito fundamental, Celso Ribeiro Bastos:

[...] prerrogativas que tem o indivíduo em face do Estado constitucional ou Estado de Direito. Neste, o exercício dos seus poderes soberanos não vai ao ponto de ignorar que há limites para a sua atividade além dos quais se invade a esfera jurídica do cidadão. Há como que uma repartição de tutela que a ordem jurídica oferece: de um lado ela guarnece o Estado com instrumentos necessários a sua ação, e de outro protege uma área de interesses do indivíduo contra qualquer intromissão do aparato oficial4.

Assim, é fundamental porque garante ao homem proteção contra as

ações do Estado, e por outro lado, garante ao Estado a sua ação. No plano

social, garante o convívio em harmonia em sociedade, proporcionando a sua

1 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. p. 952. 2 TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 5 ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 119. 3 BULOS, Uadi Lammego. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 401. 4 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 257.

15

própria identidade como cidadão frente ao Estado. Bem como, serve de

alicerce para assegurar os interesses de um Estado democrático de direito.

Os Direitos Fundamentais, para Gilmar Ferreira Mendes:

Na sua dimensão como elemento fundamental da ordem constitucional objetiva, os direitos fundamentais – tanto aqueles que não asseguram, primariamente, um direito subjetivo quanto aqueloutros, concebidos como garantias individuais – formam a base do ordenamento jurídico de um Estado de Direito democrático5.

O Estado democrático de direito através da positivação dos direitos

fundamentais como um conjunto de normas e garantias com o objetivo jurídico

de assegurar a dignidade do ser humano elevando assim sua importância a tal

maneira que guarnece o homem em face do Estado, ou, exige do mesmo

posição funcional para que os direitos sejam concretizado.

O direito fundamental recebeu da Constituição da República Federativa

do Brasil de 1988 (CRFB/88) e um significado especial, conforme descreve

Gilmar Ferreira Mendes:

A Constituição brasileira de 1988 atribuiu significado ímpar aos direitos individuais. Já a colocação do catálogo dos direitos fundamentais no índice do texto constitucional denota a intenção do constituinte de empresta-lhes significado especial. A amplitude conferida ao texto, que se desdobra em setenta e sete incisos e dois parágrafos (art. 5°), reforça a impressão sobre a posição de destaque que o constituinte quis outorgar a esses direitos. A idéia de que os direitos individuais devem ter eficácia imediata ressalta a vinculação direta dos órgãos estatais a esses direitos e o seu dever de guardar-lhes estrita observância6.

O Direito Fundamental recebeu da CRFB/88 uma importância ímpar

dos demais direitos, atrelando a esses princípios uma imediata eficácia, como

direito inerente ao homem. Ressalta esta importância João dos Passos Martins

Neto “[...] a qualificação de certos direitos como fundamentais supõe que o

ordenamento positivo no qual se inserem os contemple com um status especial

que o faz distintos, e mais importantes, que os demais direitos [...]”7.

5 MENDES, Gilmar Ferreira. Direitos fundamentais e controle de constitucionalidade: estudos de direito constitucional. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 2. 6 MENDES, Gilmar Ferreira. Direitos fundamentais e controle de constitucionalidade: estudos de direito constitucional. p. 2. 7 MARTINS NETO, João dos Passos. Direitos Fundamentais: Conceito, Função e Tipo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. p. 79 .

16

Conceituado o termo direito fundamental, passa à ser analisada para

um melhor entendimento quanto aos direitos fundamentais à terminologia

aplicada no ordenamento jurídico.

1.1 TERMINOLOGIA

O termo direito fundamental é conhecido por diversas expressões no

ordenamento jurídico, através, das expressões, tais como, “direitos humanos

fundamentais, direitos humanos, direitos do homem, direitos individuais,

direitos públicos subjetivos, direitos naturais, liberdades fundamentais e

liberdades públicas”.8

As expressões são variadas no ordenamento jurídico, mas a princípio,

a melhor terminologia a ser aplicada é a seguinte, conforme explica José

Afonso Silva.

Direitos fundamentais do homem constitui a expressão mais adequada a este estudo, porque, alem de referir-se a princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia política de cada ordenamento jurídico, é reservada para designar, no nível de direito positivo, aquelas prerrogativas e instituições que ele concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas. No qualificativo fundamentais acha-se a indicação de que se trata de situações jurídicas sem as quais a pessoa humana não se realiza, não convive e, as vezes, nem mesmo sobrevive; Fundamentais do homem no sentido de que a todos, por igual, devem ser, não apenas formalmente reconhecidos, mas concreta e materialmente efetivados. Do homem, não como macho da espécie, mas no sentido de pessoa humana.9

Ainda, quanto à terminologia a ser aplicada adequadamente para o

estudo, destaca Luiz Alberto David Araújo:

[...] a expressão direitos fundamentais é mais precisa. Primeiro pela sua abrangência. O vocábulo direito serve para indicar tanto a situação em que se pretende a defesa do cidadão perante o Estado como os interesses jurídicos de caráter social, político ou difuso protegido pela Constituição. De outro

8 BULOS, Uadi Lammego. Curso de direito constitucional. p. 401. 9 SILVA, José Afonso. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 1999. p. 182.

17

lado, o termo Fundamental destaca a imprescindibilidade desses direitos à condição humana.10

Do exposto, verifica-se que a terminologia direito fundamental é mais

adequada, em razão da natureza e conteúdo que representa, ou seja, garante

os direitos do homem frente ao Estado, não restringindo somente a este, mas

também garantindo os direitos contra terceiro. Tais princípios são inerente ao

homem e reconhecidos formalmente, conforme intitula a CRFB/88 que na

epígrafe do Titulo II refere-se aos “Direitos e Garantias Fundamentais” pelo fato

desta terminologia abranger todas as espécies de direitos fundamentais e suas

diferentes funções.

1.2 DISTINÇÃO ENTRE AS EXPRESSÕES “DIREITOS FUNDAMENTAIS” E

“DIREITOS HUMANOS”

Em decorrência de um possível conflito entre as expressões “Direitos

Fundamentais” e “Direitos Humanos”, há a necessidade de se destacar a

diferença entre essas expressões, para que não sejam utilizados erroneamente

como sinônimos.

Na explicação de Ingo Wolfgang Sarlet quanto à diferença das

expressões:

[...] o termo “direito fundamentais” se aplica para aqueles direitos do ser humano reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de determinado estado, ao passo que a expressão “direitos humanos” guardaria relação com os documentos de direito internacional, por referir-se àquelas posições jurídicas que se reconhecem ao ser humano como tal, independentemente de sua vinculação com determinada ordem constitucional, e que portanto, aspiram à validade universal [...].11

Assim, com base no exposto, há o entendimento que os direitos

humanos são aqueles reconhecidos a todos os homens pela sua condição de

existência, porém não positivados na constituição. Enquanto os direitos

10 ARAUJO, Luiz Alberto David; NUNES, Vidal Serrano Junior. Curso de direito constitucional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 108. 11 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 2. ed. rev. Atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001. p. 33.

18

fundamentais estão ligados aos direitos descritos nas constituições, ou na

melhor explicação de Ingo Wolfgang Sarlet “nascem e se desenvolvem com as

Constituições nas quais reconhecidos e assegurados”12, ou seja, positivados na

constituição.

No entanto, os direitos fundamentais não faziam parte do ordenamento

jurídico, estes princípios, estão relacionados historicamente ao

desenvolvimento da sociedade que por reflexos de alguns movimentos

internacionais foram servindo de exemplos para construção e a elaboração dos

direitos fundamentais consagrados em diversas constituições inclusive a

CRFB/88.

1.3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

A evolução histórica dos direitos fundamentais não é precisa, não há

necessariamente um marco histórico para delimitar o início e sua evolução em

torno dos direitos fundamentais, quanto ao surgimento dos direitos

fundamentais do homem, destaca Alexandre de Moraes “O Código de

Hamurabi (1680 a.C.) talvez seja a primeira codificação a consagrar um rol de

direitos comuns a todos os homens, tais como a vida, a propriedade, a honra, a

dignidade, a família [...]13”, outros doutrinadores informam que os primeiros

direitos fundamentais foram consagrados no século V a.C. juntamente com a

filosofia “onde o individuo ousa exerce a sua faculdade de crítica racional da

realidade”14.

Assim, com essa perspectiva histórica, nota-se que a evolução deu-se

com o avanço da sociedade, que progressivamente gerou as instituições dos

direitos fundamentais.

Quanto aos direitos fundamentais e suas fontes explica Alexandre de

Moraes: 12 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. p. 37. 13 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral, comentários aos arts. 1° a 5° da Constituição da Republica Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. p. 24. 14 COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 9.

19

Os direitos humanos fundamentais, em sua concepção atualmente conhecida, surgiram como produto da fusão de varias fontes, desde tradições arraigadas nas diversas civilizações, até a conjunção dos pensamentos filosófico-jurídicos, das idéias surgidas pelo cristianismo e com o direito natural.15

Dentre vários doutrinadores como Ingo Wolfgang Sarlet e Fábio Konder

Comparato e neste presente trabalho cientifico, o começo dos estudos relativo

direitos fundamentais, partirá do ano de 1215 com a Magna Carta Libertatum,

posteriormente a Declaração de Direitos (Bill of Rights) em 1689 na Inglaterra,

em seguida a Constituição dos Estados Unidos da América do Norte e por fim

as Declarações de Direitos da Revolução Francesa servindo esta evolução

histórica como um panorama quanto ao estudo dos direitos fundamentais e sua

evolução.

1.3.1 Magna Carta Libertatum

Em 15 de junho de 1215 o rei João da Inglaterra ou como era

conhecido, João Sem Terra, assinou a Magna Carta Libertatum, mais

conhecida como Magna Carta, embora ao longo do tempo sofresse algumas

alterações, é reconhecida como a primeira declaração dos direitos do homem,

esclarece também, quanto esta importância, Alexandre de Moraes “Os mais

importantes antecedentes históricos das declarações de direitos humanos

fundamentais encontram-se, primeiramente, na Inglaterra, onde podemos citar

a Magna Carta Libertatum [...]”16.

Conforme ensina Ingo Wolfgang Sarlet, quanto ao valor histórico da

Magna Carta Libertatum:

Este documento, inobstante tenha apenas servido para garantir aos nobres ingleses alguns privilégios feudais, alijando, em princípio, a população do acesso aos direitos consagrados no pacto, serviu como ponto de referência para alguns direitos e

15 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005. p. 01. 16 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral, comentários aos arts. 1° a 5° da Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. p. 25.

20

liberdades civis clássicos, tais como o habeas corpus, o devido processo legal e a garantia da propriedade.17

Na mesma avaliação quanto sua importância da Magna Carta

Libertatum, retira-se, algumas cláusulas importantes para apontar o rumo dos

direitos fundamentais perante a evolução história, ressalta Fábio Konder

Comparato as seguintes cláusulas:

A cláusula 1, ao reconhecer as liberdades eclesiásticas, notadamente a de livre designação de bispos, abades e demais autoridades, sem necessidade de confirmação régia, aponta para a futura separação institucional entre Igreja e Estado. As cláusulas 12 e 14 contêm, em sua essência, o princípio básico de que o exercício do poder tributário deve ser consentido pelos súditos, anunciando portanto, ante litteram, o brocardo no taxation winthout representation (não haverá tributação sem que os contribuintes dêem o seu consentimentos, por meio de representantes) que está na origem do moderno sistema parlamentar de governo. As cláusulas 16 e 23 representam o primeiro passo no sentido da superação do estado servil, preparando a substituição da vontade arbitrária do senhor, ou patrão, pela norma geral e objetiva da lei, nas relações de trabalho. O sentido primigênio da norma fundamental, inscrita em quase todas as Constituições modernas, segundo a qual ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei, encontra-se disposições da Magna Carta. As cláusulas 30 e 31 estabelecem a garantia do respeito à propriedade privada contra os confiscos ou requisições decretados abusivamente pelo soberano ou seus oficiais.18

Retiram-se das cláusulas citadas os primeiros direitos fundamentais

positivados na Magna Carta Libertatum, ressaltando, as cláusulas em que os

tributos deveram ter o consentimento dos representantes da população

substituindo a forma que eram constituídos, a normatização das relações de

trabalho, constituiu que o homem terá obrigações decorrentes de leis. Assim

tornando-se uma das primeiras declarações referente aos direitos do homem,

servindo de parâmetro para os demais direitos fundamentais, embora ao longo

do tempo estas cláusulas foram sendo alteradas, mas permanecendo na sua

essência os direitos positivos.

17 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. p. 48. 18 COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. p. 81-82.

21

1.3.2 Declaração de Direitos (Bill of Rigts) na Inglaterra

Seguindo a evolução histórica, a Declaração Bill of Rights na Inglaterra

que foi promulgada antes da revolução francesa, no qual pôs fim ao

absolutismo monárquico. Quanto à importância histórica da promulgação do Bill

of Rights, descreve Jose Afonso da Silva:

O documento mais importante é a declaração de direitos (Bill of Rights, 1689) que ocorreu da revolução de 1689, pela qual, se firmara a supremacia do Parlamento, impondo a abdicação do rei Jaime II e designando novos monarcas, Guilherme III e Maria II, cujo os poderes reais limitavam com a declaração de direitos a eles submetidas e por eles aceita. Daí surge, para a Inglaterra, a monarquia constitucional, submetida a soberania popular (superada a realeza de direito divino), que teve em Locke seu principal teórico e que serviu de inspiração ideológica para a formação das democracias liberais da Europa e da América nos séculos XVIII e XIX.19

Com a declaração Bill of Rights em 1689 o poder de legislar passa a

ser de competência do parlamento garantindo, de certa forma a sociedade, a

separação de poderes, reformulando assim a organização do Estado e

proporcionando a garantia institucional, conforme explica Alexandre de Moraes:

[...] significou enorme restrição ao poder estatal, prevendo, dentre outras regulamentações: fortalecimento ao principio da legalidade, ao impedir que o rei pudesse suspender leis ou a execução das leis sem o consentimento do Parlamento; criação do direito de petição; liberdade de eleição dos membros do parlamento; imunidades parlamentares; vedação à aplicação de penas cruéis; convocação frequente do Parlamento.20

A declaração de 1689 tem como essência a separação dos poderes no

qual o parlamento fica encarregado de defender a sociedade perante o Rei e

fortalecer o instituto jurídico através do direito de petição e a proibição de

penas inusitadas ou cruéis, reafirmando através destas medidas e garantindo a

sociedade positivando estes direitos como “direitos fundamentais” na

declaração de 1689 na Inglaterra.21

19 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. p. 157. 20 MORAES, Alexandre de. Direitos Humanos fundamentais: teoria geral, comentários aos arts. 1° a 5° da Constituição da Republica Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. p. 26. 21 COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. p. 82.

22

1.3.3 Constituição dos Estados Unidos da América do Norte

Na construção histórica dos direitos fundamentais a independência das

trezes colônias britânicas na América do Norte passou a construir através de

documentos jurídicos a exemplo a “Declaração de Direitos do Bom Povo de

Virgínia” de 1776 os primeiros direitos da Constituição Norte America. José

Afonso da Silva destaca alguns direitos positivados na Constituição Norte

Americana:

1) Todos os homens são livres e independentes; 2) o poder é do povo e deste deriva, sendo que os responsáveis por ele são os magistrados; 3) o governo é para o bem comum, segurança e proteção da população; 4) não há cargos ou serviços hereditários nem privilégios exclusivos; 5) a separação dos poderes Executivo e Legislativo do poder judiciário, e os dois primeiros devem ser temporários e preenchidos através de eleições; 6) os representantes do povo devem ser escolhidos livremente; 7) o poder que suspender a lei ou sua execução, sem o consentimento dos representantes do povo não são legítimos; 8) os julgamentos são rápidos, composto de um júri imparcial, com direito a defesa e não haverá privação da liberdade, salvo por julgamento justo ou lei da terra; 9) são banidos os castigos cruéis e as multas ou fianças excessivas; 10) é proibida a expedição de mandados de detenção ou de busca que não contenham a prova do crime e exata especificações; 11) garante-se a liberdade de imprensa; 12) os exércitos permanentes serão evitados, e milícias compostas de cidadãos defenderá o Estado, sendo que os militares devem estar subordinados ao poder civil; e 13) é garantida a liberdade de religião.22

Os Direitos Fundamentais foram criados através destas positivações

procurando estabelecer aos cidadãos Norte Americano um Estado democrático

com direitos e garantias. A esta independência atribui Fábio Konder

Comparato23 “A característica mais notável da Declaração de Independência

dos Estados Unidos reside no fato de ser ela o primeiro documento a afirmar os

princípios democráticos, na história política moderna”.

Alexandre de Moraes destaca da Constituição dos Estados Unidos da

América:

[...] a Constituição dos Estados Unidos da América e suas dez primeiras emendas, aprovadas em 25-9-1789 e ratificadas em

22 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. p. 158. 23 COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. p. 105-106.

23

15-12-1791, pretenderam limitar o poder estatal estabelecendo a separação dos poderes estatais e diversos direitos humanos fundamentais: Liberdade religiosa; inviolabilidade de domicilio; devido processo legal; julgamento pelo Tribunal do Júri; ampla defesa; impossibilidade de aplicação de penas cruéis ou aberrantes.24

A Declaração de Independência dos Estados Unidos reconhece alguns

direitos fundamentais, como inviolabilidade de domicilio, devido processo legal,

julgamento pelo Tribunal do Júri, ampla defesa; buscando primordialmente a

liberdade e essencialmente os direitos individuais. A de se destacar que tais

evoluções e positivações históricas servem de âmbito afirmativo para os

direitos fundamentais, atribuindo as sociedades liberdades como estas

declaradas.

1.3.4 Declaração Francesa

E por fim, no quadro evolutivo das positivações históricas dos direitos

fundamentais as Declarações de Direito da Revolução Francesa. Em referencia

a este movimento histórico descreve Fábio Konder Comparato25 “A revolução

Francesa desencadeou, em curto espaço de tempo, a supressão das

desigualdades entre indivíduos e grupos sociais, como a humanidade jamais

experimentara até então”.

Posterior a Revolução Francesa nasce a Declaração de Direitos do

Homem e do Cidadão, aprovada na Assembléia Nacional em 1789 com o

objetivo de promover os direitos fundamentais de forma ainda não destacada

por anteriores declarações.

Destaca esta importância Paulo Bonavides:

Constatou-se então, com irrecusável veracidade, que as declarações antecedentes de ingleses e americanos poderiam talvez ganhar em concretude, mas perdiam em especo de abrangência, porquanto se dirigiam a uma camada social privilegiada (os barões feudais), quando muito a um povo ou a

24 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral, comentários aos arts. 1° a 5° da Constituição da Republica Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. p. 28. 25 COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. p. 136.

24

uma sociedade que se libertava politicamente, conforme era a caso das antigas colônias americanas, ao passo que a Declaração francesa de 1789 tem por destinatário o gênero humano. Por isso mesmo, e pelas condições da época, foi a mais abstrata de todas as formulações solenes já feitas acerca da liberdade.26

A França através desta declaração promoveu os direitos fundamentais

de forma universal, não se limitou as circunstâncias históricas como as

declarações britânicas e americanas, sua abordagem serviram de base para as

demais declarações que surgiram em todo mundo porque o destinatário desta

declaração é o homem tornando esses direitos inalienáveis e invioláveis, neste

entendimento sustenta Ingo Wolfgang Sarlet27 “o maior conteúdo democrático e

social das declarações francesas é o que caracteriza a “via” francesa do

processo revolucionário e constitucional”, reafirmando que a declaração

contem uma riqueza democrática e social em prol da sociedade.

1.4 GERAÇÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Os direitos fundamentais com o passar dos anos foram criados e

reconhecidos pela sociedade e no ordenamento jurídico, sendo de forma

gradativa; Assim para melhor entendimento dessa evolução gradativa dos

direitos, foram divididos em gerações, respeitando a ordem cronológica de

seus surgimentos. Entende Uadi Lammego Bulos que a “gerações dos direitos

fundamentais são os períodos que demarcam a evolução das liberdades

públicas”28.

Entende Alexandre de Moraes:

Modernamente, a doutrina apresenta-nos a classificação de direitos fundamentais de primeira, segunda e terceira gerações, baseando-se na ordem histórica cronológica em que passaram a ser constitucionalmente reconhecidos29.

26 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 17. ed. São Paulo: Malheiros, 2005, p. 516. 27 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. p. 47. 28 BULOS, Uadi Lammego. Curso de direito constitucional. p. 402. 29 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. p. 59.

25

Em relação às gerações pode-se destacar ao invés de três, mas

quatros gerações. Nos direitos fundamentais de primeira geração entende-se

aqueles relacionados às garantias individuais e políticas; Os direitos

fundamentais de segunda geração compreende os direitos sociais, econômicos

e culturais; Os direitos fundamentais de Terceira geração intitulados de direitos

de solidariedade ou fraternidade e os direitos difusos; Por entender que as

gerações seguem uma ordem cronológica, surgiu por fim, os direitos

fundamentais de quarta geração que estão ligados à engenharia genética,

conforme orientação de alguns doutrinadores, como Paulo Márcio Cruz e Uadi

Lammego Bulos, estão atrelados a exemplo clonagem, inseminação artificial,

biociência dentre outros meios destas engenharias.

As gerações supracitadas serão explanadas nos próximos tópicos,

sendo explicadas por gerações.

1.4.1 Direitos Fundamentais de Primeira Geração

Os direitos fundamentais de primeira geração estão atrelados aos

direitos e garantias individuais, conforme explica Uadi Lammego Bulos:

A primeira geração, surgida no final do século XVII, inaugura-se com o florescimento dos direitos e garantias individuais clássicas, as quais encontravam na limitação do poder estatal seu embasamento. Nessa fase, prestigiavam-se as cognominadas prestações negativas, as quais geravam um dever de não fazer por parte do Estado, com vistas à preservação do direito à vida, à liberdade de locomoção, à expressão, à religião, à associação etc.30

Segue neste entendimento Araújo e Nunes:

Esses direitos fundamentais de primeira geração, também denominados direitos civis ou individuais políticos. São os direitos de defesa do indivíduo perante o Estado. Sua preocupação é a de definir uma área de domínio do Poder Publico, simultaneamente a outra de domínio individual [...]. Em regra, são integrados pelos direitos civis e políticos, dos quais são exemplos o direito à vida, à intimidade, à inviolabilidade de domicilio etc. Trata-se de direitos que representam uma

30 BULOS, Uadi Lammego. Curso de direito constitucional. p. 403.

26

ideologia de afastamento do Estado das relações individuais e sociais.31

No âmbito dos direitos fundamentais de primeira geração, tem

destaque, os direitos relacionados à vida, à liberdade, à propriedade e a

igualdade. Assim resistente a intervenção do Estado.32

Em referência aos direitos individuais consagra Mariana Filchtiner

Figueiredo “[...] eram direitos contra o Estado, que visavam a criar um âmbito

de proteção do indivíduo frente à ingerência estatal na esfera privada. Tratava-

se de direitos marcadamente individuais que refletiam exatamente o

individualismo”33.

Conforme os ensinamentos de Guilherme de Braga Pena de Moraes:

Os direitos fundamentais próprios desta geração são caracterizados pelo estabelecimento, relativamente ao Estado, de um dever de abstenção, isto é, são direitos assegurados de uma esfera de ação pessoal própria, inibidora da ação estatal, de modo que o Estado os satisfaz por um abster-se ou não atuar.34

Conforme citado, os direitos fundamentais de primeira geração são

compostos de direitos civis ou individuais que buscam uma prestação negativa

do Estado, em não fazer, assim garantindo um domínio individual sobre

algumas relações sociais, assim, entende-se que não será necessária a

intervenção do Estado, e limitando assim a atuação do Estado nas relações

sociais.

1.4.2 Direitos Fundamentais de Segunda Geração

Os direitos fundamentais de segunda geração reivindicam um

comportamento ativo por parte do Estado, proporcionando ao indivíduo a

31 ARAÚJO, Luiz Alberto; NUNES, Vidal Serrano Júnior. Curso de direito constitucional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 115. 32 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. p. 50. 33 FIGUEIREDO, Mariana Filchtiner. Direito fundamental à saúde: parâmetros para sua eficácia e efetividade. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2007. p. 20 34 MORAES, Guilherme de Braga Pena de. Dos direitos fundamentais: contribuição para uma teoria. São Paulo: LTr, 1997. p. 70

27

realização dos direitos sociais.35 Contrario o que se almejava no direitos

fundamentais de primeira geração.

Os direitos fundamentais de segunda geração estão ligados aos

direitos sociais, econômicos e culturais conforme explana Uadi Lammego

Bulos:

A segunda geração, advinda logo após a Primeira Grande Guerra, compreende os direitos sociais, econômicos e culturais, os quais visam assegurar o bem-estar e a igualdade, impondo ao Estado uma prestação positiva, no sentido de fazer algo de natureza social em favor do homem. Aqui encontramos os direitos relacionados ao trabalho, ao seguro social, à subsistência digna do homem, ao amparo à doença e a velhice.36

Nesta mesma denominação, em relação à segunda geração

Theomístocles Brandão Cavalcanti descreve que:

O começo do nosso século viu a inclusão de uma nova categoria de direitos nas declarações e, ainda mais recentemente, nos princípios garantidores da liberdade das nações e das normas da convivência internacional. Entre os direitos chamados sociais, incluem-se aqueles relacionados com o trabalho, o seguro social, a subsistência, o amparo à doença, à velhice etc.37

Nesta geração pode-se entender uma prestação do Estado de fazer, ou

seja, garantir os direitos fundamentais desta nova geração, assim intervindo e

suprindo nas atividades do homem em prol de uma melhor qualidade de vida

em sociedade.

Em relação a esta intervenção estatal, quanto a uma prestação positiva

aos direitos de segunda geração, explana Guilherme de Braga Pena de

Moraes:

Os direitos fundamentais típicos dessa geração são qualificados pela Constituição, com referencia ao Estado, de um dever de prestação, ou seja, são direitos satisfeitos por uma prestação ou fornecimento de um bem por parte do corpo estatal. Descarte, consoante a classificação dos direitos fundamentais quanto a prestação estatal, são direitos fundamentais positivos (aqueles que determinam um facere ou uma prestação positiva por parte do Estado)38.

35 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. p. 51. 36 BULOS, Uadi Lammego. Curso de direito constitucional. p. 403. 37 CAVALCANTI, Theomistocles Brandão. Princípios gerais de direito público. 3. ed. Rio de Janeiro: Borsoi, 1966. p. 202. 38 MORAES, Guilherme de Braga Pena de. Dos direitos fundamentais: contribuição para uma teoria. São Paulo:LTr, 1997. p. 70.

28

Em contra ponto aos direitos de primeira geração que buscava uma

prestação negativa por parte do Estado, já o de segunda geração tem como

premissa as prestações positivas por parte do Estado. Os direitos fundamentais

de segunda geração visam à intervenção do Estado para garantir os direitos

sociais, ou seja, garantir uma melhor qualidade de vida. Esta busca pela

intervenção estatal se dá pelo quadro socioeconômico da época, com o

impacto da industrialização a sociedade passou por diversos problemas sociais

atribuindo assim ao Estado uma conduta positiva no que diz a respeito aos

direitos sociais.

São reconhecidos como direitos fundamentais de segunda geração o

direito ao trabalho, salário mínimo, repouso remunerado, direito à greve, a

sindicalização e os direitos culturais como ao ensino.

1.4.3 Direitos Fundamentais de Terceira Geração

Os direitos fundamentais de terça geração, nomeados também como

direitos a fraternidade ou solidariedade, distinguem da figura do homem -

individuo como único detentor do direito, esta geração passa ter como figura

detentora de direito a coletividade, ou seja, a proteção do grupos humanos

(família, povo, nação) como detentoras dos direitos.39

Os direitos fundamentais de Terceira Geração os chamados direitos de

solidariedade ou fraternidade, conforme conceitua a esta terceira geração, Uadi

Lammego Bulos:

A terceira geração engloba os chamados direitos de solidariedade ou fraternidade (Karel Vasak). Tais direitos têm sido incorporados nos ordenamentos constitucionais positivos e vigentes de todo o mundo, como nas Constituições do Chile (art. 19, § 8°), da Coréia (art. 35,1) e do Brasil (art.225). Os direitos difusos em geral, como o meio ambiente equilibrado, a vida saudável e pacífica, o progresso, a autodeterminação dos povos, o avanço da tecnologia, são alguns dos itens componentes do vasto catálogo dos direitos de solidariedade, prescritos nos textos constitucionais hodiernos, e que

39 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. p. 52.

29

constituem a terceira geração dos direitos humanos fundamentais.40

Ratifica quanto aos direitos fundamentais de terceira geração, Ingo

Wolfgang Sarlet:

A nota distintiva destes direitos da terceira dimensão reside basicamente na sua titularidade coletiva, muitas vezes indefinida e indeterminável, o que se revela, a titulo de exemplo, especialmente no direito ao meio ambiente e qualidade de vida, o qual, em que pese ficar preservada sua dimensão individual, reclama novas técnicas de garantia e proteção.41

O direito de terceira geração tem como fundamento a proteção de

todos os integrantes dos agrupamentos sociais, atribuindo a titularidade

coletiva. Segue neste mesmo conceito André Ramos Tavares “caracterizam

pela sua titularidade coletiva ou difusa, como o direito do consumidor e o direito

ambiental. Também costumam ser denominados como direitos da

solidariedade ou fraternidade”42. De acordo com a lição mencionada,

caracterizam-se os direitos de terceira geração a busca de uma qualidade de

vida para sociedade como um todo.

1.4.4 Direitos Fundamentais de Quarta Gerarão

Os direitos de quarta geração estão ligados aos contextos sociais

referidos nas outras gerações supracitadas. Destaca quanto a esta geração

Paulo Márcio Cruz:

O constitucionalismo recente passou a levar em conta os avanços alcançados pela ciência nas áreas da informática – espaços virtuais, comunicação via internet etc – e da manipulação genética – clonagem, reprodução assistida, transgênicos etc. – que devem estar regulados nas constituições como forma de proteção a criação à essência do ser humano e como proteção a criação dos ditos “seres genéticos”, que podem ser utilizados para fins ignóbeis. Estas

40 BULOS, Uadi Lammego. Curso de direito constitucional. p. 403. 41 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. p. 53. 42 TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 429.

30

previsões são denominadas (ainda que de forma incipiente) de “direitos de quarta geração”.43

Não discorda desta denominação Uadi Lammego Bulos, no qual,

descreve:

O tempo em que estamos vivendo revela alterações na vida e no comportamento dos homens. Nesse contexto, os direitos sociais das minorias, os direitos econômicos, os coletivos, os difusos, os individuais homogêneos passaram a conviver com outros de notória importância e envergadura. Referimo-nos aos direitos fundamentais de quarta geração, relativos à informática, softwares, biociência, eutanásia, alimentos transgênicos, sucessão dos filhos gerados por inseminação artificial, clonagens, dentre outros acontecimentos ligados à engenharia genética. Paulatinamente, o judiciário brasileiro tem-se deparado com esses direitos, os quais são filhos do processo de globalização do Estado neoliberal.44

Deste modo, os direitos de quarta geração estão ligados aos fatos que

estão acontecendo na sociedade, através dos avanços acontecidos nas mais

diversas engenharias.

Diante do exposto, fica evidenciado que os direitos fundamentais são

inerentes à pessoa humana, que sem os quais, a pessoa não terá condições

de desenvolver uma vida digna. Tais direitos são inalienável, intransmissível e

irrenunciável, por serem a base de um Estado democrático de direito.

Os direitos fundamentais não fazem nenhuma distinção entre as

pessoas, todas têm a mesma importância e a mesma dignidade,

independentemente de condição ou até mesmo de idade, pois todos possuem

os mesmos direitos.45

1.5 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

A dignidade da pessoa humana é a qualidade essencial a cada ser

humano, que o torna digno da mesma importância e consideração por parte do

Estado e da comunidade, assim, efetivando os direitos fundamentais que o

43 CRUZ, Paulo Márcio. Fundamentos do direito constitucional. Curitiba: Juruá, 2002, p. 138 44 BULOS, Uadi Lammego. Curso de direito constitucional. p. 404. 45 PINHEIRO, Naide Maria. Estatuto do idoso comentado. Campinas, SP: Servanda Editora, 2008. p.31.

31

assegura contra qualquer ato humilhante e desumano, garantindo uma

qualidade mínima de vida.46

A dignidade condiciona ao ser humano merecedor de direito e deveres,

não admitindo assim descriminalização devido a sua condição, esclarece Luiz

Antônio Rizzatto Nunes.

[...] toda a pessoa humana, pelo simples fato de existir, independentemente de sua situação social, traz na sua superioridade racional, a dignidade de todo o ser. Não admite discriminação, quer em razão do nascimento, da raça, inteligência, saúde mental, ou crença religiosa.47

Desta forma, o simples fato de existir, o ser humano é merecedor de

dignidade, qualidade esta imensurável, não podendo ser objeto de valor para

se por a venda, salienta Ingo Wolfgang Sarlet.

[...] cumpre salientar, inicialmente e retomando a idéia nuclear que já se fazia presente até mesmo no pensamento clássico – que a dignidade, como qualidade intrínseca da pessoa humana, é irrenunciável e inalienável, constituindo elemento que qualifica o ser humano como tal e dele não pode ser destacado [...].48

Compreende que a dignidade é irrenunciável e inalienável, assim,

inerente à pessoa humana, bastando obter sua condição humana para ser

detentor de tais direitos e respeitados, conforme esclarece Ingo Wolfgang

Sarlet.

[...] parte do pressuposto de que o homem, em virtude tão somente de sua condição humana e independente de virtude tão somente de sua condição humana e independentemente de qualquer outra circunstância, é titular de direitos que devem ser reconhecidos e respeitados por seus semelhantes e pelo Estado.49

Por fim, a dignidade é inerente a toda pessoa humana detentora de

direitos, irrenunciável e inalienável, independente de sua situação social,

inteligência, cor, crença religiosa ou idade; Direitos estes que devem ser

respeitados na sociedade e no Estado. 46 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. 5. ed. ver. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado. Ed., 2007. p. 62. 47 NUNES, Luiz Antônio Rizzatto. O Princípio constitucional DA Dignidade da Pessoa Humana: doutrina e jurisprudência. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 50. 48 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. p. 42. 49 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. p. 39.

32

A propositura principal deste capítulo é abordar e esclarecer de forma

geral os direitos fundamentais, partindo da evolução histórica dos direitos

fundamentais na sociedade, permitindo assim, compreender que cada período

histórico contribuiu para constituir um direito ao homem e tornando fundamental

para sua existência digna em sociedade.

Desta forma, a abordagem dos capítulos seguintes tratará de forma

específica os direitos fundamentais em relação à proteção da pessoa idosa.

33

2 POLÍTICA DE PROTEÇÃO AO IDOSO

O envelhecimento da população é acentuadamente um fenômeno

mundial. As apurações da ONU demonstram que, no ano de 1970, existiam no

mundo 300 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Em 2000, o número já

alcançava a cifra de 610 milhões de pessoas. As projeções para a população

com mais de 60 anos de idade será de 1,1 bilhão em 2050.50

No Brasil é verificado por um aumento da participação da população

com a idade superior aos 60 anos, no período relativo às últimas seis décadas,

o número de pessoas idosas, aumentou em nove vezes. Em 1940 era de 1,7

milhão e em 2000, de 14,5 milhões. Estima-se para 2020 um contingente de

pessoa idosa de aproximadamente 30,9 milhões de pessoas que terão mais de

60 anos.51

Desta forma, altera o perfil demográfico brasileiro, como pode ser

comparado entre os gráficos, sobre a projeção da população brasileira, para os

anos 2000, 2020 e 2050, consequentemente, o perfil das políticas públicas

mudará, acentuando-se para essa parcela da sociedade que esta em constante

crescimento.

Gráfico 1 – Projeção da população para o ano 2000 Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

50 ESPOSITO, 1999 apud, Pinheiro, 2008, p. 38. 51 BELTRÃO; CAMARANO; KANSO. Como vive o idoso brasileiro. In: CAMARANO, Ana Amélia (Org.) Os novos idosos brasileiros: muito além dos 60. Rio de Janeiro: IPEA, 2004. p. 25.

34

Gráfico 2 – Projeção da população para o ano 2020 Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000

Gráfico 3 – Projeção da população para o ano 2050 Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000

Destaca Humberto Costa “Rapidamente, deixamos de ser um “país de

jovens” e o envelhecimento tornou-se questão fundamental para as políticas

públicas”52 , também destaca, Paulo Roberto Barbosa Ramos “O Brasil não é

mais um país de jovem, mas um país em acelerado processo de

envelhecimento”.53

O critério para definir o que venha ser uma pessoa idosa, baseia-se

pelo significado adotado na Política Nacional do Idoso, Lei nº 8.842 de 4 de

janeiro de 1994; e por definição do Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741 de 1º de

outubro de 2003, no qual, idoso é a pessoa com idade igual ou superior a 60

(sessenta) anos, observa-se que o critério estabelecido foi o cronológico para

uma pessoa ser considerada idosa.

52 BRASIL. Ministério da Saúde. Estatuto do Idoso / Ministério da Saúde. 2. Reimpr. Brasília: Ministério da Saúde, 2003. p. 5. 53 BARBOSA, Paulo Roberto Ramos. Estatuto do Idoso: Comentado pelos Promotores de Justiça. Florianópolis.

35

O critério cronológico foi estabelecido através da Organização Mundial

da Saúde, nos países em desenvolvimento a pessoa com igual ou superior a

60 (sessenta) anos é considerado idoso. Critério também estabelecido para

considerar idoso maior de sessenta anos nos seguintes países: México – Ley

de Los Derechos de Las Personas Adultas Mayores (artigo 3º, inciso I);

Guatemala – Ley de Proteccion para lãs personas de La tercera edad (artigo

3º); El Savaldor – Ley de Atención Integral para la Persona Adulta Mayor

(artigo 2º).54

Portanto, o envelhecimento populacional é de proporção mundial e

cada país organiza políticas públicas voltada para as pessoas idosas.

Obtendo como função o direito ao envelhecimento, pois o objetivo é a

eliminação da desigualdade oriunda dos problemas ocasionados pela velhice e

por fim auxilia as pessoas idosas em circunstância de hipossuficiência.55

2.1 PROTEÇÃO AO IDOSO NA CONSTITUIÇÃO

Segundo José Farias de Tavares “Na História do Direito Constitucional

brasileiro, a proteção a velhice começou com a Constituição de 1934, art. 121,

§ 1°, h, seguida da carta de 1937, art. 137, m, Constituição de 1946, art. 157,

XVI, Carta de 1967, art. 158, XVI.”56

Márcia Batista Gil Nunes, exclarece quanto às medidas tomadas para

inclusão da pessoa idosa na CRFB/88.

A percepção destas questões colocou em foco discussões no âmbito de toda a sociedade que, por fim, a reboque das decisões tomadas durante a realização por parte da Organização das Nações Unidas da I Assembléia Mundial sobre o Envelhecimento, em 1982, levou a que fossem inseridas na Constituição Federais de 1988 as preocupações formais com a proteção à terceira idade.57

54 PINHEIRO, Naide Maria. Estatuto do idoso comentado. Campinas, São Paulo: Servanda Editora, 2008. p. 34. 55 PINHEIRO, Naide Maria. Estatuto do idoso comentado. p. 74. 56 TAVARES, José de Farias. Estatuto do Idoso. Rio de Janeiro: Forense, 2006. p. 5. 57 NUNES, Márcia Batista. Estudo das políticas de proteção as pessoas da terceira idade no Brasil. Adicionado ao site em 07.07.2003, Disponível em: <http://direitodoidoso.braslink.com/01/artigo011.html> Acesso em: 07 jul.2009

36

Assim, a CRFB/88 incorporou as políticas públicas destinadas à

pessoa pertencente à terceira idade. Passando desta forma a prever os

direitos destinados pessoa idosa.

2.1.1 Direitos fundamentais na Constituição

O artigo 3° da CRFB/88 protege a pessoa idosa, mesmo que esta

proteção não esteja explícita, conforme segue:

Art. 3° Constituem objetivos fundamentais da Republica Federativa do Brasil: I – construir uma sociedade livre, justa e solidaria; II – garantir o desenvolvimento nacional; III – erradicar a pobreza e a marginalidade e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer formas de discriminação.58

O artigo 3º garante tratamento isonômico aos seres humanos, sem

distinção de raça, sexo, cor e idade, garantindo o bem estar a todos como

medidas de proteção. No que concerne aos direitos e garantias fundamentais,

a proteção à pessoa idosa também se refere como direitos sociais, conforme

art. 6°

São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança,a previdência social, a proteção a maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta constituição.59

O artigo assegura os direitos sociais a pessoa idosa.

Os artigos da CRFB/88 que seguem, tratam de forma direta dos

direitos da pessoa idosa.

O artigo 201 versa.

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,

58 Vade Mecum/ obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antônio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes – 7 ed. atual. E ampl. São Paulo: Saraiva, 2009, p.7. 59 Vade Mecum/ obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antônio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Lívia Céspedes. p.11.

37

observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: [...] II – sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.60

Conforme a Constituição, o artigo 201 prevê um benefício de

previdência social que assegura a pessoa idosa o beneficio da aposentadoria

por idade.

A aposentadoria por idade é concedida ao segurado que atingir os a

idade considerada risco social, urbanos do sexo masculino 65 anos e do sexo

feminino 60 anos de idade. Os trabalhadores rurais a partir dos 60 anos

homens, e a partir dos 55 anos, mulheres, para ser concedido o beneficio o

segurado precisam comprovar contribuições mensais.61

Conforme Naide Maria Pinheiro “previdência difere da assistência

social essencialmente pelo fato de esta ultima ter por principal característica a

de ser prestada gratuitamente aos necessitados.” 62 Enquanto a previdência

social tem como característica a contribuição compulsória, ou seja, durante o

período laborativo o homem contribui para a previdência para fazer jus ao

benefício.

O artigo 203 normatiza a assistência social e cita diretamente o auxílio

prestado à pessoa idosa, nos seguintes termos.

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; [...]

60 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 61

BRASIL. Ministério da Previdência Social: benefícios da previdência social. Disponível em: < http://www.previdenciasocial.gov.br/conteudoDinamico.php?id=15>. Acesso em: 25. out. 2009 62 PINHEIRO, Naide Maria. Estatuto do idoso comentado. Campinas, São Paulo: Servanda Editora, 2008. p. 238.

38

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.63

Desta forma, o artigo 203 da CRFB/88, inciso I, trata da proteção a

velhice e o inciso V prevê a garantia de um salário mínimo de beneficio ao

idoso que não tem condição de se manter.64

O artigo 204 da CRFB/88 regula as ações, políticas governamentais e

a inclusão de organização não governamental frente à área de assistência

social.

Art. 204 - As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no Art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social; II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis. Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: I - despesas com pessoal e encargos sociais; II - serviço da dívida; III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados.65

Assim, o artigo 204 da CRFB/88, refere-se as medidas políticas,

administrativas e de coordenação de programas destinados a atendimentos de

inclusão social, medida esta que abrange também a política de atenção a

pessoa idosa.66

O artigo 229 CRFB/88, aborda o dever da família em amparar o idoso,

“Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos

63 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 64 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 65 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 66 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 24 out. 2009.

39

maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou

enfermidade”. Atribuindo a família como primeira responsável quanto ao dever

de dar à assistência necessária a pessoa idosa.67

E por fim, o artigo 230 no qual estabelece o dever da família, da

sociedade e do Estado frente à pessoa idosa:

Art. 230 - A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida. § 1º - Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares. § 2º - Aos maiores de e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.68

O artigo 230 obriga não só família a responsabilidade, mas a sociedade

e ao Estado o dever de adotarem medidas protetivas para manter a sua

dignidade, bem estar e a vida do idoso

Para Dayse Coelho a própria Constituição é a fonte de proteção ao

idoso, conforme segue:

A Constituição Federal no art. 230 em si já era o suficiente para garantir a proteção ao idoso, porque assegura "a sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida". O dever de assegurar a participação comunitária, a defesa da dignidade, o bem-estar e o direito à vida, pertence à família, a sociedade e ao Estado, sendo portanto dever de todos. Toda vez que precisamos de leis para efetivar direitos constitucionais é sinal que não os respeitamos e, por conseguinte estamos um passo atrás do espírito constitucional.69

Conforme Dayse Coelho, a CRFB/88 através de seu artigo determina

normas e políticas de atenção à pessoa idosa, bem como, assegurando que

não só cabe a família, mas ao Estado também garantir medidas de proteção,

cabe ressaltar, que estas medidas tratam-se dos direitos fundamentais.

67 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 68 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 69 ALMEIDA, Dayse Coelho de. Estatuto do Idoso: real proteção aos direitos da melhor idade?. Jus Navigandi, Teresina, ano 8, n. 120, 1 nov. 2003. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4402>. Acesso em: 05 ago. de 2009.

40

2.1.2 Dever do Estado

O estatuto do idoso, fixou uma obrigação especial por parte do Estado,

o dever de proteger os direitos a o envelhecimento saudável e dignino70,

conforme expresso no artigo 9º da lei nº 10.741/03.

Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade.71

O artigo estabelece que é dever do Estado assegurar a dignidade,

bem-estar e a vida da pessoa idosa.72

O referido artigo ao mencionar o Estado, quanto ao direito de

assegurar os direitos à saúde, inclusive da pessoa idosa, o faz de forma

genérica, atribuindo assim, este dever a União, Estados, Distrito Federal e

Municípios.

Assim se manifestou o Tribunal de Justiça de Santa Catarina sobre o

pedido de medicamentos formulado por pessoa idosa.

é obrigação do Estado, no sentido genérico (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), assegurar às pessoas desprovidas de recursos financeiros o acesso à medicação necessária para a cura de suas mazelas, em especial, as mais graves. Sendo o SUS composto pela União, Estados e Municípios, impõe-se a solidariedade dos três entes federativos no pólo passivo da demanda. Desse modo, estabelecida a responsabilidade solidária entre os entes da Federação, é facultado ao Autor a escolha do pólo passivo da demanda que pretende ajuizar, pois cada um destes possui o dever de garantir ao cidadão o direito à saúde e à vida e, consequentemente, a legitimidade para atuar em juízo.73

70 PINHEIRO, Naide Maria. Estatuto do idoso comentado. Campinas, São Paulo: Servanda Editora, 2008. p. 47. 71 BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 72 RAMOS, Paulo Roberto Barbosa. Estatuto do Idoso: Comentado pelos promotores de justiça. Florianópolis, Santa Catarina: Letras contemporâneas, oficina editora, 2005. p 17. 73

SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Processo nº 2007.028143-6. Disponível em:<

http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acnaintegra!html.action?qTodas=858899%2F&qFrase=&qUma=&qNao=&qDataIni=&qDataFim=&qProcesso=&qEmenta=&qClasse=&qRelator=&qForo=&qOrgaoJulgador=&qCor=FF0000&qTipoOrdem=relevancia&pageCount=10&qID=AAAGxaAALAAAsZJAAA> Acessado em: 25 out. 2009

41

A decisão trata do direito à saúde de forma geral, estabelece

competência comum entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios para cuidarem da saúde, dar assistência, proteção e garantia às

pessoas portadoras de deficiência.

A Lei Orgânica da Assistência Social, Lei nº 8.742/93 estabelece a

descentralização política administrativa. Nos seguintes termos:

Art. 11 As ações das três esferas de governo na área de assistência social realizam-se de forma articulada, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e execução dos programas, em suas respectivas esferas, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Art. 12 Compete à União: [...] III - atender, em conjunto com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, às ações assistenciais de caráter de emergência. Art. 13 Compete aos Estados: [...] III - atender, em conjunto com os Municípios, às ações assistenciais de caráter de emergência [...] Art. 15 Compete aos Municípios: [...] IV - atender às ações assistenciais de caráter de emergência;74

Conforme, a Lei Orgânica da Assistência Social competência

comum entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, em

caráter de emergência para assegurar os direitos da pessoa idosa.75

Conforme exposto, a assistência social não é responsabilidade de um

ente, mas de todos União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A obrigação

é solidária entre os entes e realizam-se de forma articulada.76

74 BRASIL. Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8742.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 75

PINHEIRO, Naide Maria. Estatuto do idoso comentado. Campinas, São Paulo: Servanda Editora, 2008, p. 246 76 PINHEIRO, Naide Maria. Estatuto do idoso comentado. Campinas, São Paulo: Servanda Editora, 2008, p. 246

42

2. 2 POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO

A política nacional do idoso foi instituída pela Lei nº 8.842/94 e

regulamentada pelo Decreto n.° 1.948/1996, com o objetivo assegurar os

direitos sociais do idoso, criando condições para promover a participação

efetiva na sociedade, conforme estabelece o artigo primeiro da referida lei.

Art. 1º A política nacional do idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.77

A lei tem como princípios a cidadania e a dignidade, responsabilizando a

família, sociedade e Estado pelo dever de garantir esses direitos, bem como,

repudia qualquer discriminação a pessoa idosa.

- Alternativas integrativas – São recomendadas opções alternativas para ocupação, participação e convívio, com vistas à integração junto às diferentes gerações. - Participação pessoal – Convoca o idoso aglutinar-se nas entidades representativas para fixação, desenvolvimento e avaliação das “políticas, planos, programas e projetos a serem desenvolvidos. - Prioridade para a família – [...] a família como o lugar ideal para a integração do idoso, recomendando incentivos ao grupo de parentes, em detrimento do direito asilar, este ultimo aconselhável quando não for possível a convivência junto aos seus. - Descentralização Política – É focada a descentralização da gestão das ações governamentais, alias, manifestação costumeira em quase todas as medidas assistenciais. - Geriatria e gerontologia – Estas especializações médicas [...] são estimuladas com capacitação e reciclagem dos recursos humanos. - Informações ao interessado – Subsiste necessidade de ampla divulgação da política, em especial dos serviços oferecidos em cada nível de governo. - Divulgação das medidas - Prevalece a informação ligada à educação e conhecimentos pertinentes ao processo de envelhecimento e seus aspectos biopsicossociais. - Prioridade de atendimento – o idoso carece de atendimento imediato nos órgão públicos ou privados, prestadores de serviços . Fala a lei em “quando desabrigados e sem famílias”,

77

BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 24 out. 2009

43

tendo este, pois, preferência sobre os demais necessitados e beneficiários. - Estudos e pesquisas – Trabalhos, ensaios, levantamentos e perquirições sobre questões relativas ao envelhecimento devem ser subsidiados pelo Estado e particular.78

Para Wladimir Novaes Martinez o artigo 4° da Política Nacional do Idoso

destaca-se por tratar dos direitos fundamentais inerentes à pessoa idosa.

A política nacional do idoso tem como objetivo assegurar os direitos

sociais do idoso, sendo normatizada através da Lei nº 8.842 no dia 4 de

Janeiro de 1994 e regulamentada pelo Decreto n.° 1.948/1996, criando

condições para promover a participação efetiva na sociedade, conforme

estabelece o artigo primeiro da referida lei.79

O artigo 4º, da política nacional do idoso, “considera-se idoso, para os

efeitos desta lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade”, atribuindo assim

os direitos às pessoas que possuem esta idade ou superior. Política esta que

busca através da lei a integração socioeconômica e cultural do idoso em

sociedade, a mesma política aplica os direitos fundamentais como base para

assegurar a cidadania do idoso. A política nacional do idoso, busca através de

instrumentos que assegure ao idoso um atendimento imediato nos órgão

público ou privado, bem como, o Estado deve garantir não só o atendimento,

mas em caso de abandono familiar deverá garantir uma instituição de longa

permanência para idosos para que tenha todos os atendimentos necessários

que essas instituições oferecem em beneficio ao bem estar da pessoa idosa.80

2.3 ESTATUTO DO IDOSO

A Lei n.° 10.741/2003, denominada Estatuto do Idoso, normatiza a

proteção à pessoa idosa, que é aquela com idade igual ou superior a 60 anos,

78 Martinez, Wladimir Novaes. Direitos do Idosos. São Paulo: Ltr, 1997, p. 86-87 79 BRASIL. Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8842.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 80 BRASIL. Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8842.htm>. Acesso em: 24 out. 2009.

44

atribuindo ao idoso diversos direitos fundamentais, que serão analisados em

momento oportuno neste trabalho.81

Sergio Francisco Furquim esclarece:

O Estatuto do idoso está regulamentando os direitos da pessoa com mais de 60 anos, consolidando-se como importante instrumento jurídico, pois asseguram direitos, regulamenta políticas públicas e estabelece normas de comportamento social que devem ser observadas em relação ao idoso.82

O Estatuto do idoso foi elaborado com o objetivo de proteger os direitos

da pessoa idosa, atendendo os interesses da sociedade e respaldando com

maior efetividade a resposta do Estado frente às necessidades da pessoa

idosa.83

Sobre o Estatuto descreve Damásio de Jesus

Essa repetição dos direitos fundamentais e sociais a todos garantidos na Constituição Federal, sem discriminações, mostra que o legislador do Estatuto do idoso tinha a imposição da realidade do mundo moderno, cruel com os idosos, de que a lei não apenas repetisse a Constituição, mas também criasse instrumentos mais eficientes para dar efetividade àquelas garantias.84

Ainda quanto à discriminação da sociedade frente à pessoa idosa

destaca Sergio Francisco Furquim.

Constata que o idoso vem sendo discriminado principalmente nos setores público e privado, hoje a discriminação já atinge a faixa etária de 45 anos com esta idade o setor privado se recusa em admitir, já o setor público além de dificultar a admissão trata com indiferença os idosos.85

A Lei nº 10.741/2003 é destinada a regular os direitos assegurados às

pessoas idosas através de seus sete títulos, que são, Titulo I – Disposições

Preliminares; Titulo II – Dos Direitos Fundamentais; Titulo III – Das medidas de

Proteção; Titulo IV – Da Política de Atendimento ao Idoso; Titulo V – Do

81 BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 82 FURQUIM, Sergio Francisco. Os idosos exigem que seus direitos sejam respeitados. Revista Jus Vigilantibus, Sábado, 12 de abril de 2008. Disponível em: <http://jusvi.com/artigos/32813>. Acesso em: 23 out. 2009. 83 BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 84 Jesus, Damásio de. Estatuto do Idoso Anotado: Aspectos civis e administrativos. São Paulo: Damásio de Jesus, 2005. p.24. 85 FURQUIM, Sergio Francisco. Os idosos exigem que seus direitos sejam respeitados. Revista Jus Vigilantibus, Sábado, 12 de abril de 2008. Disponível em: <http://jusvi.com/artigos/32813>. Acesso em: 23 out. 2009.

45

Acesso a Justiça; Titulo VI – Dos Crimes; Titulo VII – Disposições Finais e

Transitórias. As normas constitucionais visam garantir os direitos fundamentais

da pessoa idosa, responsabilizando a família, o Estado e a Sociedade pela

adoção de medidas concretas de proteção a pessoa idosa.86

2.3.1 Direitos fundamentais do idoso no Estatuto

Os direitos Fundamentais no estatuto do idoso são o direito à vida, o

direito à liberdade, o respeito e à dignidade, os alimentos, à saúde, à

educação, à cultura, ao esporte e lazer, à profissão e o trabalho, à previdência

social, à assistência social, à habitação, e o transporte.

Porém, só abordarei os direitos referente à saúde e assistência social a

pessoa idosa.

2.3.1.1 Direito à Saúde

A compreensão do que seja saúde evoluiu nos últimos anos. Em

meados do século passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu

saúde como o estado completo de bem - estar físico, mental e social e não

apenas como a ausência de doença.87

Este conceito recebeu críticas de vários autores. Todos apresentam o

mesmo questionamento: como se chegar ao “completo” bem-estar, definido

como perfeito estado de satisfação física, mental e social. Sabe-se que o

perfeito é intangível, pois somos humanos e imperfeitos. Como seria possível

garantir saúde à população mundial que atualmente sofre, de forma

86 BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 87 ALMEIDA FILHO, N. O conceito de saúde: ponto-cego da epidemiologia? Rev. Bras. Epidem. São Paulo, v. 3, n. 1, p. 3-20, 2000.

46

esmagadora, de doenças crônicas e como garantir bem-estar social em

sociedades onde as desigualdades sociais são gritantes.88

Segre e Ferraz sugerem uma definição para saúde como: “um estado

de razoável harmonia entre o sujeito e a sua própria realidade”89.

Rosa sugere: “é a habilidade que o indivíduo tem de superar

incapacidades, utilizando o meio onde vive a seu favor, tendo a aptidão de

responder satisfatoriamente a certas variações do mesmo”90.

Segundo Dallari e Fortes, o indivíduo deve ter a liberdade de escolher

como quer viver, isto é, como será sua relação com o trabalho, com o meio

ambiente, em que cidade quer viver e, quando necessitar, qual o tipo de

tratamento e recursos médicos a que se submeterá.91

Desta feita, o Estado procura garantir aos indivíduos o direito à

cidadania, expresso claramente na “Carta dos direitos dos usuários de saúde”,

onde consta, em seu preâmbulo:

A carta que você tem nas mãos baseia-se em seis princípios básicos de cidadania. (...) Princípios desta carta: I – todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de saúde; II – todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema; III – todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de qualquer discriminação; IV – todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores e seus direitos; V – todo cidadão também tem responsabilidades para que seu tratamento aconteça de forma adequada; e VI – todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores de saúde para que os princípios anteriores sejam cumpridos.92

Para que estes direitos sejam assegurados, a participação popular na

gestão do sistema de saúde foi garantida, através da criação dos Conselhos de

Saúde, sendo estes formados por representantes do governo, prestadores de

serviços, profissionais de saúde e usuários. Tem caráter permanente e

88 ROSA, A.S. et al. O processo saúde-doença-cuidado e a população em situação de rua. Rev. Latino- Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 13, n. 4, p. 576-82, jul/ago. 2005. 89 SEGRE, M; FERRAZ, F.C. O conceito de saúde. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 31 n. 5, p. 538-42, out. 1997. p. 539 90 ROSA, A.S. et al. O processo saúde-doença-cuidado e a população em situação de rua. Rev. Latino- Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 13, n. 4, p. 576-82, jul/ago. 2005. p. 579 91 DALLARI, S. G., FORTES, P. A. de C. Direito sanitário: inovações teóricas e novo campo de trabalho. In: FLEURY, S. M.T. (Org.). Saúde e democracia: a luta do CEBES. São Paulo: Lemos Editora, 1997, p. 187-99. 92 BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Gabinete do Ministro. Portaria nº 675, de 30 de março de 2006. Aprova a Carta dos direitos dos usuários de saúde, que consolida os direitos e deveres do exercício da cidadania na saúde em todo o país. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 mar. 2006. p. 131-32.

47

deliberativo, atuando na formulação de estratégias e no controle da execução

da política de saúde, incluindo questões econômicas e financeiras.93

Dallari e Fortes concluem que apenas quando um Estado for

desenvolvido economicamente, socialmente e culturalmente poderá oferecer

saúde, de forma eqüitativa para todo o povo.94

Tendo como base o conceito amplificado de saúde, o cuidado à saúde

não pode mais ser definido como um conjunto de ações técnicas, embasadas

cientificamente, direcionadas às pessoas com o intuito de curá-las ou mantê-

las sem doenças.95

Quando se fala em cuidado à saúde do idoso, um conceito muito

importante a ser considerado é o de capacidade funcional.

Pavarini e Caldas relacionam as atividades de vida diária em três

grupos: atividades básicas de vida diária – tarefas próprias do auto cuidado,

como se alimentar, por exemplo; atividades instrumentais da vida diária –

necessária para uma vida independente na comunidade; e atividades

avançadas de vida diária – atos complexos, automotivacionais, como o

trabalho, por exemplo.96

Semelhante ao descrito pelas autoras é encontrado no conteúdo da

Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, publicada em 2006, aprovada

pela Portaria MS nº 2.528, que classifica o idoso em três categorias distintas,

de acordo com sua capacidade funcional: idoso independente, idoso com

potencial para desenvolver fragilidade, idoso frágil ou em situação de

fragilidade97. A seguir, descreve-se cada categoria conforme determinação da

portaria acima citada.

93 BRASIL. Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 31 dez. 1990, p. 025694. 94 DALLARI, S. G., FORTES, P. A. de C. Direito sanitário: inovações teóricas e novo campo de trabalho. In: FLEURY, S. M.T. (Org.). Saúde e democracia: a luta do CEBES. São Paulo: Lemos Editora, 1997, p. 187-99. 95 BRUM, A.K. et al. O enfermeiro como instrumento de ação no cuidar do idoso. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 13, n. 6, p. 1019-26, nov./dez. 2005. 96 PAVARINI, S.C.I. Dependência comportamental na velhice: uma análise do cuidado prestado ao idoso institucionalizado. 1996. 230p. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação - Universidade Federal de Campinas, Campinas. CALDAS, C.P. Envelhecimento com dependência: responsabilidades e demandas da família. Cad. Saúde Pública. São Paulo, v. 19, n. 3, p. 733-81, maio 2003. 97 BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Gabinete do Ministro. Portaria nº 675, de 30 de março de 2006. Aprova a Carta dos direitos dos usuários de saúde, que consolida os direitos e deveres

48

A primeira categoria, de idoso independente, engloba os idosos que

são capazes de realizar, sem dificuldades, todas as atividades básicas de vida

diária (AVD), sendo estas: tomar banho vestir-se, usar o banheiro transferir-se

da cama para cadeira, ser continente e alimentar-se com a própria mão. É

considerado idoso com potencial para desenvolver fragilidade aquele que

apresentar alguma dificuldade em realizar atividades instrumentais de vida

diária (AIVD) – preparar refeições, controlar a própria medicação, fazer

compras, controlar o próprio dinheiro, usar o telefone, fazer pequenas tarefas e

reparos domésticos, e sair de casa sozinho utilizando uma condução coletiva.98

Idoso frágil ou em situação de fragilidade é aquele que se encontra

acamado, com doenças sabidamente causadoras de incapacidade funcional

(acidente vascular encefálico, síndromes demenciais e outras doenças

neurodegenerativas, etilismo, neoplasia terminal, amputações de membros),

que esteve hospitalizado recentemente por qualquer razão, que se encontra

com pelo menos uma incapacidade funcional básica, que viva situação de

violência doméstica ou aquele com mais de 75 anos. É importante considerar

que a condição do idoso residente em uma instituição de longa permanência já

o classifica como idoso fragilizado.99

Cabe colocar que, o conceito de fragilidade expresso acima é o

adotado pelo Ministério da Saúde para definir uma política pública de atenção à

pessoa idosa. De acordo com Teixeira, fragilidade é um conceito que engloba

fatores multidimensionais (fatores biológicos, psicológicos e sociais no curso da

vida), ultrapassando o domínio físico, não devendo ser confundida com

vulnerabilidade ou o próprio conceito de envelhecimento.100

do exercício da cidadania na saúde em todo o país. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 mar. 2006. p. 131-32. 98 BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Gabinete do Ministro. Portaria nº 675, de 30 de março de 2006. Aprova a Carta dos direitos dos usuários de saúde, que consolida os direitos e deveres do exercício da cidadania na saúde em todo o país. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 mar. 2006. p. 131-32. 99 BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Gabinete do Ministro. Portaria nº 675, de 30 de março de 2006. Aprova a Carta dos direitos dos usuários de saúde, que consolida os direitos e deveres do exercício da cidadania na saúde em todo o país. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 mar. 2006. p. 131-32. 100 TEIXEIRA, I.N.A.O. Percepções de profissionais de saúde sobre duas definições de fragilidade no idoso. Ciênc. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.13, n. 4, p. 1181 - 6, jul./agost. 2008.

49

As pessoas que despendem cuidados a idosos devem se valer, além

de todos os conceitos que foram expostos anteriormente, de informações

transmitidas pelos próprios idosos através de sua história de vida.

O cuidar da saúde se baseia, entre outras coisas, na preservação da

dignidade do ser humano enquanto ser biológico e biográfico.101

Portanto, a saúde da pessoa idosa não pode ser reduzida a aspectos

físicos, mas, sim, entendida como uma expressão do seu modo de vida, isto é,

suas condições materiais devem ser analisadas sob a luz de suas experiências

de vida.102

A saúde é um fator importante quando envolve a pessoa idosa e as

instituições de longa permanência, haja vista, que as mesmas ficam

responsável belo bem estar do usuário. A de se destacar a saúde como um

direito fundamental concernente a pessoa, conforme descreve Mariana

Filchtiner Figueiredo.

[...] no ordenamento constitucional brasileiro, os direitos são definidos como fundamentais em presença dos critérios formal e material, interpretados de maneira complementar e portanto não excludente. Nesse sentido, os direitos fundamentais são “posições jurídicas concernentes às pessoas, que, do ponto de vista do direito constitucional positivo, foram, por seu conteúdo e importância (fundamentalidade material), integradas ao texto da Constituição e, portanto, retiradas da esfera de disponibilidade dos poderes constituídos.103

Partindo da premissa que resguarda a saúde como principio

fundamental e por conta é essencial às pessoas, em decorrência de ser um

fundamento merece a tutela do Estado. Esclarece Mariana Filchtiner

Figueiredo104 “A noção de que a saúde constitui um direito humano e

fundamental, passível de proteção e tutela pelo Estado, é resultado de uma

longa evolução na concepção na apenas do direito, mas da própria idéia do

que seja a saúde, em si mesma considerada”. Complementa a autora Mariana

Filchtiner Figueiredo “No direito constitucional brasileiro, o direito social à saúde

101 PAPALEO NETTO, M; PONTE, J.R. Envelhecimento: desafio na transição do século. In: PAPALEO NETTO, M. (Org.). Gerontologia. São Paulo: Atheneu, 1997. 102 MORAES, I.A.L. A saúde do idoso no contexto asilar: implicações da institucionalização e as ações interventivas de enfermagem. 2002,115p. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Faculdade de Enfermagem – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 103 FIGUEIREDO, Mariana Filchtiner. Direito fundamental à saúde: parâmetros para sua eficiência e efetividade. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2007, p. 67. 104 FIGUEIREDO, Mariana Filchtiner. Direito fundamental à saúde: parâmetros para sua eficiência e efetividade. p. 77.

50

é previsto no artigo 6°, caput e, em mais detalhes, nos artigos 196 e seguintes

da Constituição Federal e 1988, como direito fundamental, material e

formalmente”105.

Nesta linha assegura o Estatuto do Idoso quanto à saúde em seu Titulo

II, Capitulo I, Do direito à Vida.

Art. 9.º É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade.106

Segue no Estatuto do Idoso um Capítulo destinado somente a saúde

em seu Titulo II, Capitulo IV, Do direito à Saúde.

Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde - SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos. [...]

Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios mínimos para o atendimento às necessidades do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como orientação a cuidadores familiares e grupos de auto-ajuda107.

A temática quanto à saúde também se estende ao Estatuto do Idoso,

no qual, procura estabelecer como principio fundamental a garantir a pessoa

idosa uma qualidade de vida melhor. Praticando através destes instrumentos

legais a promoção a cidadania.

Desta forma, o cuidado ao idoso deve ser fundamentado, entre outros

princípios, mas, prioritariamente, em promover e proteger a saúde, prevenir

complicações do estado patológico, prevenir a desinserção social e a

deterioração da personalidade, facilitar a manutenção da identidade e da

autonomia, reduzir a inatividade intelectual, física e social, auxiliar a

manutenção e o desenvolvimento de novas capacidades, permitir a

105 FIGUEIREDO, Mariana Filchtiner. Direito fundamental à saúde: parâmetros para sua eficiência e efetividade. p. 85-86. 106 BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 107 Estatuto do Idoso (2008), 2008. 44p.

51

manutenção do poder de decisão sobre si próprio, na medida do possível e

propiciar meios que facilitem o engajamento social.108

2.3.1.2 Assistência

O amparo, a assistência e a proteção ao indivíduo em seu processo de

envelhecimento e quando já velho, são assegurados pela CF, que reza no

artigo 229 que os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na

velhice, carência ou enfermidade. 109

Sobre essa questão, o Estatuto do Idoso esclarece sobre os deveres

das famílias, das instituições, do governo e do cidadão comum em relação aos

cuidados do idoso. O artigo 37 rege: “O idoso tem o direito a moradia digna, no

seio da família natural ou substituta; ou desacompanhado de seus familiares,

quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou privada”.110

Esse quadro de amparo familiar, segundo Goldim, não é consenso na

literatura ou o que a família mais aprecia. Em uma pesquisa realizada nos

EUA, citada em uma palestra de Ronald Green, durante o III Congresso

Brasileiro de Bioética, que aconteceu em Porto Alegre, em 2000, foi indagada a

uma determinada amostra de adultos norte-americanos sobre a opção entre

manter os familiares idosos em casa e receber uma complementação de renda

por essa tarefa, ou mantê-los em instituições com acréscimo de impostos. A

maioria das pessoas entrevistadas escolheu a segunda opção: institucionalizar

o idoso, mesmo com o aumento dos impostos.111

Goldim discorre, ainda, sobre a opinião de diversos estudiosos que

defendem posições diferentes: alguns concordam que amparar os pais idosos

108 BERGER, L; MAILLOUX-POIRIER, D. Pessoas idosas: uma abordagem global. Lisboa: Lusodidacta, 1995. 109 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Brasília: Senado; 1988. 110 BRASIL. Lei 10.741 de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 03 out. 2003. 111 GOLDIM, J.R. Bioética e envelhecimento. In: FREITAS, E.V; PY, L; NÉRI, A.L; CANÇADO, F.A.X; GORZONI, M.L; ROCHA, S.M. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. GOLDIM, J.R. Bioética e envelhecimento. In: FREITAS, E.V; PY, L; NÉRI, A.L; CANÇADO, F.A.X; GORZONI, M.L; ROCHA, S.M. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002.

52

é dever dos filhos, outros acham que não, e há, ainda, os que dizem que o

amparo deve acontecer em virtude do amor e não por obrigação.

As mudanças sociais associadas à modernização refletiram na família.

Essa sofreu mudanças importantes decorrentes da maior participação da

mulher no mercado de trabalho, da redução do tamanho da família, do

surgimento de novos papéis de gênero e da maior longevidade. Assim, a

família é também uma instituição em processo de mudança e adaptação a

novas realidades112, modificando a forma tradicional de assistir o idoso.

Canoas, afirma que a maioria dos idosos viveu dedicando-se ao

trabalho e à família. Agora, no cansaço e desgaste do dia-a-dia, a vida passou

e eles encontram-se exauridos e sem recursos, pois gastaram tudo para

sustentar a família, ficando sem reservas materiais e físicas. Acresce a essa

situação que os filhos cuidam de seus próprios problemas e o idoso ficou só,

sem saúde, sem planos, precisando inclusive de um lugar para comer, limpar-

se e dormir. Cria-se um dilema: algumas famílias desejam cuidar do seu

familiar idoso, porém não possuem condições de moradia, de pessoas

disponíveis 24 horas por dia para acompanhá-los ou mesmo de condições

financeiras. Outras que possuem essas condições, às vezes, sentem esse

cuidado como um fardo e acabam por buscar outra forma de amparar o

ancião.113

Para Silvestre e Costa Neto, o cuidado do idoso deve basear-se,

fundamentalmente, na família com o apoio das Unidades Básicas de Saúde

(UBS), sob a Estratégia dos Programas de Saúde da Família (PSF). Aos

profissionais que trabalham na atenção básica, cabe visualizar e defender

como fundamental a presença da pessoa idosa na família, oferecendo

assistência resolutiva, integral e humanizada, para que a convivência do idoso

na sociedade aconteça de forma alegre, participativa e construtiva, garantindo

uma vida com qualidade, felicidade e ativa participação em seu meio.114

112 AQUINO, F.T.M; CABRAL, B.E.S. O idoso e a família. In: FREITAS, E.V; PY, L; NÉRI, A.L; CANÇADO, F.A.X; GORZONI, M.L; ROCHA, S.M. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. 113 CANOAS, C.S. A condição humana do velho. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1985. 114 SILVESTRE, J.A; COSTA NETO, M.M. Abordagem do idoso em programas de saúde da família. Cad. Saúde Pública 2003; 19(3):839-847.

53

Para as famílias que precisam do auxílio de outras pessoas e

instituições especializadas no cuidado de idosos, atualmente existem diversas

alternativas para que o idoso seja atendido. Podem ser citados os Centros de

Convivência, Centros de Cuidados Diurnos, Hospitais-Dia, Casas-Lar,

Instituições Asilares e algumas outras formas inovadoras de moradias. Porém,

o importante é não perder o vínculo com os familiares.

Para os que prezam por serviços exclusivos e conseguem pagar por

eles, existem opções bastante personalizadas, que oferecem infra-estrutura

totalmente adaptada a pessoas da terceira idade, com atividades lúdico-

educativas apropriadas; contam ainda, com assistência médica completa 24

horas por dia. Porém, essas alternativas, que ainda preservam um pouco da

independência do indivíduo, infelizmente são as exceções e não as formas

mais comuns de abrigar os idosos que não permanecem com a família. A mais

freqüente continua sendo a internação em uma Instituição de Longa

Permanência para Idosos (ILPI), casa-lar, asilo, hospital especializado e outros,

onde o idoso divide o quarto, o banheiro e as outras dependências com outros

internos, são cuidados pelos funcionários da instituição e, normalmente, não

podem sequer escolher sua própria comida ou a roupa que vão vestir.

Quanto à institucionalização, afirma Maristela Santini Martins e Maria

Cristina Komatsu Braga MassarolloI:

A institucionalização pode ocorrer por escolha do próprio idoso (acreditando realmente ser um peso, não querendo incomodar ou pela necessidade que sente de socializar-se com outras pessoas da sua idade), por escolha da família (tentando ‘livrar-se do peso’ ou acreditando que será realmente o melhor para seu familiar idoso, caso haja déficit do cuidador), ou por doença (nos casos em que o idoso precisa de acompanhamento clínico contínuo).115

Se a institucionalização ocorrer por escolha da família ou por doença,

pode tornar a situação mais difícil para o idoso, pois além de trabalhar com

suas limitações, terá ainda, que suportar o afastamento de seus entes queridos

contra sua vontade. No entanto, estão abrigados, sendo cuidados, alimentados,

115 MARTINS, Maristela Santini; MASSAROLLO, Maria Cristina Komatsu Braga. Mudanças na assistência ao idoso após promulgação do Estatuto do Idoso segundo profissionais de hospital geriátrico. Rev. esc. enferm. USP vol.42 no.1 São Paulo Mar. 2008. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342008000100004>. Acesso em: 05 out. 2009.

54

assistidos por médicos, enfermeiros e outros profissionais, que devem fazer o

possível para que sua independência e autonomia sejam preservadas.

2.3.2 Medidas de Proteção

As medidas de proteção ao idoso estão descritas no título III da lei

10.741/03, referido Estatuto do Idoso.116

Na busca para assegure os direitos fundamentais, o estatuto do idoso

constituiu medidas de proteção, sempre que os direitos inerentes à pessoa

idosa for violado por ação ou omissão conforme artigo 43 do estatuto.

Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento; III – em razão de sua condição pessoal.117

Desta forma o estatuto do idoso, assegura medida de proteção a

pessoa idosa sempre que os direitos forem violados. Conforme destaca Naide

Maria Pinheiro “[...] proteger, também, com prioridade absoluta, pessoa que em

razão da idade avançada e já fragilizada precisam de proteção especial da

família, da sociedade e do Poder Público”.118

As medidas de proteção deveram ser aplicadas de forma isolada ou

cumuladas com outras medidas de proteção a pessoa idosa levando em

consideração os fins sociais.119

Conforme artigo 44 do estatuto do idoso.

Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas nesta Lei poderão ser aplicadas, isolada ou cumulativamente, e levarão

116 BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 117 BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 118 PINHEIRO, Naide Maria. Estatuto do idoso comentado. Campinas, São Paulo: Servanda Editora, 2008. p. 308. 119 PINHEIRO, Naide Maria. Estatuto do idoso comentado. p. 312.

55

em conta os fins sociais a que se destinam e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.120

O legislador adotou medidas de proteção a pessoa idosa observando o

fortalecimento dos vínculos existentes . E em seu artigo 45 intitulou as medidas

a serem tomadas quando os direitos dos idosos forem violados.

Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 43, o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a requerimento daquele, poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de responsabilidade; II – orientação, apoio e acompanhamento temporários; III – requisição para tratamento de sua saúde, em regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar; IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a usuários dependentes de drogas lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe cause perturbação; V – abrigo em entidade; VI – abrigo temporário.121

Diante do artigo, as autoridades competentes poderão aplicar as

medidas protetivas necessárias às pessoas idosa. Observando a medida mais

adequada a ser empregada. Destaca-se como medida o abrigo em entidade,

reporta-se desta forma as instituições de longa permanência para idoso.

2.3.3 Política de atendimento

A política de atendimento ao idoso deverá ser implementada de forma

articulada entre os orggão governamentais e não-governamentais. Conforme

artigo 46 da lei nº 10.741/03.

Art. 46. A política de atendimento ao idoso far-se-á por meio do conjunto articulado de ações governamentais e não governamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

120 BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 121 BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 24 out. 2009.

56

Desta forma o legislador concretiza uma cooperação entre entes estatais

e pessoas jurídicas de direito privado.122

Destaca quanto as políticas públicas Paulo Roberto Barbosa Ramos

[...]as políticas públicas são imprescindíveis para a realização do bem comum na sociedade moderna, em que o Estado assume paulatinamente o compromisso com o objetivos e metas voltadas à realização da cidadania, à efetivação dos direitos fundamentais. 123

Assim impõe aos órgãos públicos o compromisso relacionado à proteção

do idoso. Bem como, políticas de assistências sociais para aqueles que

necessitam. Busca garantir serviços especiais de prevenção e atendimento às

vitimas de negligencia, maus tratos, exploração, abuso e crueldade.

Proporciona proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos dos

idosos e inserir diversos segmentos da sociedade no atendimento ao idoso

122

PINHEIRO, Naide Maria. Estatuto do idoso comentado. Campinas, São Paulo: Servanda Editora, 2008, p. 321 123

BARBOSA, Paulo Roberto Ramos. Estatuto do Idoso: Comentado pelos Promotores de Justiça. Florianópolis

57

3 INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSO

(ILPI)

A assistência social é de caráter fundamental a pessoa idosa,

assegurando-lhe a dignidade, a saúde e o direito a vida, ser não for possível no

seio da família, por não existir ou por encontrar-se em situação de risco, o

idoso poderá obter o atendimento adequado nas instituições de longa

permanência.

3.1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DA ILPI

As Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), são locais

destinados ao atendimento às pessoas de sessenta anos ou mais, atribuindo a

função de prestar cuidados à pessoa idosa. Agregando medidas cabíveis

conforme a necessidades das pessoas que estão internadas nestes locais.

Conforme conceitua e caracteriza a Portaria N. 810, de 22 de Setembro

de 1989 o Ministro de Estado da Saúde, Seigo Tsuzuki:

1. Definição: Consideram-se como instituições específicas para idosos os estabelecimentos, com denominações diversas, correspondentes aos locais físicos equipados para atender pessoas com 60 () ou mais anos de idade, sob regime de internato ou não, mediante pagamento ou não, durante um período indeterminado e que dispõem de um quadro de funcionários para atender às necessidades de cuidados com a saúde, alimentação, higiene, repouso e lazer dos usuários e desenvolver outras atividades características da vida institucional.124

Os locais em que se destinam aos atendimentos com o objetivo

específico de internado, têm que seguir a orientação referente à portaria

promulgada pelo Ministério da saúde para ser chamada de Instituições de

124 BRASIL. Portaria nº 810, de 22 de setembro de 1989. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/conleg/idoso/DOCS/Federal/Portaria810.doc>. Acesso em: 24 out. 2009.

58

Longa Permanência, a portaria além de classificar as instituições normatiza as

condições sociais e sanitárias.

Neste sentido as instituições de longa permanência também podem ser

chamadas de abrigo, asilo, casa lar de repouso dentre outras empregadas na

sociedade que tem como objetivo acolher pessoas idosas garantindo e

ofertando serviços assistenciais tais como moradia, alimentação, higiene, apoio

psicológico, tratamento fisioterápico, atividade culturais dentre outros métodos

de inclusão do idoso em sociedade.

3.1.1 Personalidade jurídica

As ILPI podem adotar natureza pública ou privada.

As ILPI de natureza pública na explicação de Maria Helena Diniz

“entidade constituída através de lei para atuar em uma atividade que o governo

seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência

administrativa”.125

A ILPI de natureza privada é na explanação de Fabio Ulhoa Coelho, é

aquela que exerce a “atividade econômica organizada para a produção ou a

circulação de bens ou serviços”.126 Desta forma a privada tem como objetivo

fins econômicos.

3.1.2 Princípios das ILPs

As ILPI, além dos serviços prestados, devem seguir alguns princípios

imprescindíveis no atendimento ao idoso, como a manutenção dos vínculos

familiares, desenvolvimento de programas, incentivar a participação do idoso,

conforme descrito no artigo 49 do estatuto.

Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de institucionalização de longa permanência adotarão os

125

DINIZ, Maria Helena. Dicionário jurídico. São Paulo: Saraiva, 1998. p.314 126

COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial. 15. ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2004. p.

11

59

seguintes princípios: I – preservação dos vínculos familiares; II – atendimento personalizado e em pequenos grupos; III – manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em caso de força maior; IV – participação do idoso nas atividades comunitárias, de caráter interno e externo; V – observância dos direitos e garantias dos idosos; VI – preservação da identidade do idoso e oferecimento de ambiente de respeito e dignidade. Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora de atendimento ao idoso responderá civil e criminalmente pelos atos que praticar em detrimento do idoso, sem prejuízo das sanções administrativas.

O artigo 49 salienta o objetivo das instituições de longa permanência

que é o atendimento personalizado, incluir o idoso nas atividades comunitárias,

oferecerem um ambiente digno dentre outros programas elaborado pela

instituição. Reforça a idéia que a instituição não pode ser confundida com

prisão ou hospital, ou seja, não deve enclausurar ou servir de último lugar para

o idoso ficar.

O parágrafo único deste artigo destaca a responsabilidade do dirigente

da ILPI, na forma penal e civil, pelos atos praticados em detrimento do idoso. O

ato ilícito cometido por dirigente ou instituição poderá também sofrer sanções

previstas nos artigos 55 a 58 do Estatuto do idoso.

3.2 ORIGEM: DO ASILO À ILPI

A palavra instituição deriva do latim insittutione, que significa regra,

norma, instituição ou estabelecimento de coisas.127

As instituições e longa permanência para idoso não é atual. “Tens

registro que o primeiro asilo foi fundado pelo Papa Pelágio II (520 -590), no

qual transformou sua própria casa em hospital para idosos”128

No contexto histórico entende-se que “quando não existiam instituições

específicas para idosos, estes eram abrigados em asilos de mendicidade, junto

127 LOUZÃ NETO, M.R. et al. O idoso, as instituições totais e a institucionalização. Rev. Paul. Hosp., São Paulo, v. 34, n.7, p. 135-43, jul/ago/set. 1986. 128 ASSIS, Mônica; POLLO, Sandra Helena Lima. Instituições de longa permanência para idosos - ILPIS: desafios e alternativas no município do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia. v.11 n.1 Rio de Janeiro 2008. Disponível em: <http://www.unati.uerj.br/>. Acesso em: 24 out. 2009.

60

com outros pobres, doentes mentais, crianças abandonadas,

desempregados.”129

O idoso hipossuficiente, no contexto histórico, não possui local

especifico para recorre quando se trata de atendimento referente a

abrigamento por longa permanência a não ser locais destinados a outros tipos

de atendimento, conforme supracitado, como os atendimentos hospitalares que

no caso em quentão não são de longa permanência e não envolve o aspecto

asilar.

O surgimento de instituições para idosos fundamentou-se na caridade

e num atendimento básico às necessidades de vida, como ter onde se

alimentar, se banhar e dormir, sendo esta forma de assistência predominante

por algumas décadas.

Este tipo de instituição consagrou-se com o título de asilo, um reflexo

da pobreza do indivíduo idoso e de sua família.130

A palavra asilo deriva do grego asylon, que significa o local onde as

pessoas sentem-se abrigadas e protegidas contra diversos danos de qualquer

natureza.131

Para Goffman, os asilos são classificados entre os cinco tipos de

instituições totais, sendo eles, juntamente com os abrigos para cegos, órfãos e

indigentes, criados para cuidar de pessoas consideradas incapazes e

inofensivas.132

Segundo Bahury, as instituições totais têm esta denominação, pois

encerram em si todas as esferas de vida: o trabalho, o repouso e o lazer. São

organizações sociais dicotomizadas em comunidade residencial e organização

formal.133

129 ASSIS, Mônica; POLLO, Sandra Helena Lima. Instituições de longa permanência para idosos - ILPIS: desafios e alternativas no município do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia. v.11 n.1 Rio de Janeiro 2008. Disponível em: <http://www.unati.uerj.br/>. Acesso em: 24 out. 2009. 130 PAVARINI, S.C.I. Dependência comportamental na velhice: uma análise do cuidado prestado ao idoso institucionalizado. 1996. 230p. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação - Universidade Federal de Campinas, Campinas. 131 REZENDE, J.M. Institucionalização do idoso. Linguagem Médica. 2002. Disponível em: <http://usuarios.cultura.com.br/jmrezende/idoso.htm>. Acesso em: 28 set. 2009. 132 GOFFMAN. E. Manicômios, prisões e conventos. 7 ed. São Paulo: Perspectiva, 2005. 133 BAHURY, A.M.N. Idosos em asilos: o processo de transição da vida privada para a vida institucional. 1996, 162p. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Instituto Universitário do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

61

Desta forma, toda a vida se processa num mesmo lugar e sob as

mesmas regras. Qualquer que seja a atividade desenvolvida por um indivíduo,

ele é acompanhado por outras pessoas, que são tratadas da mesma maneira e

incentivadas a realizar, juntas, as mesmas coisas. Assim, as pessoas são

forçadas a viver constantemente no coletivo, são obrigadas a submeter suas

vidas a um conjunto de normas e rotinas que lhes são impostas pela

instituição.134

Com isso, torna-se mais fácil o controle sobre os indivíduos, pois todos

devem respeito aos horários e calendário estipulados, estabelecidos de acordo

com as necessidades e interesses da instituição, o que facilita, em muito, o

trabalho da equipe de cuidados, pois esta organiza e planeja o que deve ser

realizado.135

Este pensamento é compartilhado por Louzã Neto, que afirmam que,

nestas instituições, a essência fundamental do ser humano, é usurpada dos

indivíduos, pois todas as atividades de vida diária são executadas em um

mesmo local, sempre com a presença de outros indivíduos e subordinada à

autoridade das normas e rotinas da instituição.136

Com estas atitudes, segundo Pavarini, o ambiente institucional estimula

o conformismo e a dependência comportamental, pois as atividades devem ser

realizadas em um ritmo imposto pela instituição, sendo que o profissional não

dispõe de tempo para interagir com o idoso, predominando a prática de “fazer

por eles”, mesmo quando eles podem responder por si.137

O Censo Demográfico Brasileiro de 2000 indica a existência de 113 mil

idosos vivendo em residências coletivas. Porém, considera como residência

coletiva conventos, presídios, hotéis, não especificando o número preciso de

idosos que residem em instituições de longa permanência.138

134 GOFFMAN. E. Manicômios, prisões e conventos. 2005. 135 BAHURY, A.M.N. Idosos em asilos: o processo de transição da vida privada para a vida institucional. 1996, 162p. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Instituto Universitário do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 136 LOUZÃ NETO, M.R. et al. O idoso, as instituições totais e a institucionalização. Rev. Paul. Hosp., São Paulo, v. 34, n.7, p. 135-43, jul/ago/set. 1986. 137 PAVARINI, S.C.I. Dependência comportamental na velhice: uma análise do cuidado prestado ao idoso institucionalizado. 1996. 230p. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação - Universidade Federal de Campinas, Campinas. 138 CAMARANO. A.A. et.al. Presidência da República, Subsecretaria de Direitos Humanos. Idosos brasileiros: indicadores de condições de vida e de acompanhamento de políticas. Brasília, 2005.

62

O número de idosos institucionalizados aumenta nas idades mais

avançadas e é maior entre as mulheres. Também, o número de idosos que

apresentam algum tipo de deficiência física ou mental é mais elevado entre os

institucionalizados do que nos demais idosos.139

Assim, este tipo de instituição não pode ser considerado como apenas

de assistência social como vem sendo definida pelo Estado, através da Política

Nacional do Idoso, que estabelece em seu artigo 4º, parágrafo único: “É

vedada a permanência de portadores de doenças que necessitem de

assistência médica e de enfermagem permanente em instituições asilares de

caráter social”.140

As ILPI’s, assim como os demais serviços de cuidados de longo prazo,

prestam assistência não só social, mas também de saúde, sendo um serviço

híbrido.141

Vários estudos descrevem os motivos que levam à institucionalização

do idoso, sendo estes: ausência de familiares ou familiares sem tempo para

cuidar, incompatibilidade de gerações, precária situação socioeconômica, grau

de dependência para execução das AVD’s elevado, necessidade de

reabilitação após período de internação hospitalar e opção pessoal.142

Brito e Ramos, pontuam que as instituições de longa permanência para

idosos são uma opção de cuidados para pessoas mais frágeis, muito

dependentes ou que, por razões médico-sociais, não podem ficar em suas

residências.143

Segundo Moraes, a institucionalização no Brasil é conseqüência do

acúmulo de sucessivas deficiências que ocorrem ao longo do ciclo vital de

139 CAMARANO. A.A. et.al. Presidência da República, Subsecretaria de Direitos Humanos. Idosos brasileiros: indicadores de condições de vida e de acompanhamento de políticas. Brasília, 2005. 140 BRASIL. Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Dispões sobre a política nacional do idoso, cria o Conselho Nacional do idoso e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 jan. 1994. p. 77. 141 BORN, T; BOECHAT, N.S. A qualidade dos cuidados ao idoso institucionalizado. In: FREITAS, E.V. et al. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p. 768-77. 142 CALDAS, C.P. Envelhecimento com dependência: responsabilidades e demandas da família. Cad. Saúde Pública. São Paulo, v. 19, n. 3, p. 733-81, maio 2003. 143 BRITO, F.C; RAMOS, L.R. Serviços de atenção à saúde do idoso. In: PAPALEO NETTO, M. (Org.). Gerontologia: a velhice e o envelhecimento em visão globalizada. São Paulo: Atheneu, 2002. p. 394-402

63

diversas pessoas, deficiências estas que se agravam com o passar do

tempo.144

Além disso, conforme Saldanha, não se tem, em quantidade suficiente,

outros equipamentos de prestação de serviços aos idosos em modalidades

diversas como centro-dia, hospital-dia, centro de convivência, casa-lar e

atendimento domiciliar.145

Historicamente, como dito anteriormente, as instituições de longa

permanência para idosos, chamadas de asilos, foram criadas para prestar

atendimento assistencial de forma caritativa, isto é criada para os pobres.146

Com o passar dos anos, foi socialmente incorporada à idéia de abandono e

rejeição.147

Contudo, nas últimas décadas, várias mudanças, mesmo que mínimas,

ocorreram na forma de se administrar e rotular as instituições de longa

permanência para idoso. Baltes, já diziam que as instituições para idosos

podem se estruturar para promover um envelhecimento positivo, e não

necessitam apresentar características de instituições totais.148

Bahury, conclui, em seu estudo, que a instituição de longa

permanência para idosos não deve ser entendida, tão somente, como uma

instituição total. Segundo a autora, contrariando este conceito estão os relatos

de idosos que vislumbram um espaço para resgatar uma sociabilidade perdida,

experimentando novas formas de interação; um espaço para desenvolver

novas habilidades, através das atividades oferecidas e, conseqüentemente,

propiciar novas formas de expressar o seu eu.149

144 MORAES, I.A.L. A saúde do idoso no contexto asilar: implicações da institucionalização e as ações interventivas de enfermagem. 2002,115p. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Faculdade de Enfermagem – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 145 SALDANHA, A.L. Quando é preciso escolher uma instituição geriátrica: instrumentos para avaliação da qualidade dos serviços. In: SALDANHA, A. L., CALDAS, C. P. Saúde do idoso: a arte de cuidar. São Paulo: Interciência, 2004, p. 27-43. 146 PAVARINI, S.C.I. Dependência comportamental na velhice: uma análise do cuidado prestado ao idoso institucionalizado. 1996. 230p. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação - Universidade Federal de Campinas, Campinas. 147 NOVAES, M.R.V. A busca do consenso sobre as condições de autonomia e dependência de idosos residentes em instituições de longa permanência: uma metodologia de trabalho para a equipe de cuidados. 2005, 239p. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo. 148 BALTES, M.M. et al. Maintenance and rehabilitation of independence in old age: an intervention program for staff. Psycology and Aging, Arlington, v. 9, n. 2, p. 179-88, jun. 1994. 149 BAHURY, A.M.N. Idosos em asilos: o processo de transição da vida privada para a vida institucional. 1996, 162p. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Instituto Universitário do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

64

Independentemente do motivo que levou o idoso a ingressar em uma

ILPI, esta instituição deve-lhe assegurar condições dignas de vida e cidadania,

respeitando sua autonomia.150

3.3 ATIVIDADES DA ILPI

O Estatuto do Idoso esclarece sobre os deveres das famílias, das

instituições, do governo e do cidadão comum em relação aos cuidados do

idoso. O artigo 37 rege: “O idoso tem o direito à moradia digna, no seio da

família natural ou substituta; ou desacompanhado de seus familiares, quando

assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou privada”.151

O artigo ao citar instituição pública ou privada, menciona que o idoso

poderá residir em uma ILPI.

A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), em seu

Manual de Funcionamento, denomina asilo como instituição de longa

permanência de idosos (ILPI). Define como “estabelecimentos para

atendimento integral institucional, cujo público alvo são pessoas de 60 anos e

mais, dependentes ou independentes, que não dispõem de condições para

permanecer com a família ou em seu domicílio”.152

Na definição de Ana Cristina Tosta quanto ao objetivo social da

Instituições de Longa Permanência, aborda:

Por definição, segundo o manual de funcionamento da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) Seção São Paulo, Biênio 2002/2003. Atualmente as ILPIs (Instituições de Longa Permanência para Idosos), são estabelecidas para atendimento integral institucionalizado em cuidados prestados a pessoas de 60 anos e mais, dependentes ou independentes, que não dispõem de condições para permanecer com familiares ou em seu domicilio. Essas instituições, são conhecidas por denominações diversas: abrigo, asilo, lar, casa de repouso, clínica geriátrica e

150 NOVAES, M.R.V. A busca do consenso sobre as condições de autonomia e dependência de idosos residentes em instituições de longa permanência: uma metodologia de trabalho para a equipe de cuidados. 2005, 239p. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo. 151 BRASIL. Lei 10.741 de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 03 out. 2003. 152

152 Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Manual de Funcionamento par

Instituição de Longa Permanêcia para idoso. São Paulo, 2003. p. 3

65

ancianato. Elas devem proporcionar serviços na área social, médica, psicológica, enfermagem, terapeuta ocupacional, odontologia, entre outras, conforme necessidades desse segmento etário.153

Assim, a instituição de longa permanência para pessoa idosa tem como

objetivo social proporcionar serviços na área social, médica, psicológica,

enfermagem, terapeuta ocupacional, odontologia, a moradia digna entre outras,

conforme necessidades desse segmento etário.

3.3.1 Obrigações das ILPI

A administração das ILPs deve observar ao disposto nos artigos 48, 49

e 50 do Estatuto do Idoso pois, caso contrário, o dirigente irá responder civil e

penalmente pelos atos que forem praticados em detrimento do idoso:

Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias unidades, observadas as normas de planejamento e execução emanadas do órgão competente da Política Nacional do Idoso, conforme a Lei 8.842, de 1994. Parágrafo único. As entidades governamentais e não-governamentais de assistência ao idoso ficam sujeitas à inscrição de seus programas, junto ao órgão competente da Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa Idosa, e em sua falta, junto ao Conselho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os regimes de atendimento, observados os seguintes requisitos: I – oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; II – apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho compatíveis com os princípios desta Lei; III – estar regularmente constituída; IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes. Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendimento: I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço com o idoso, especificando o tipo de atendimento, as obrigações da entidade e prestações decorrentes do contrato, com os respectivos preços, se for o caso; II – observar os direitos e as garantias de que são titulares os idosos; III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e alimentação suficiente; IV – oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade; V – oferecer atendimento personalizado; VI –

153 TOSTA, Ana Cristina. INSTITUIÇOES DE LONGA PERMANENCIA PARA IDOSOS: o que é, e como funciona. 06 de maio de 2008. Disponível em: <http://www.medicinageriatrica.com.br/2008/05/06/saude-geriatria/instituicoes-de-longa-permanencia-para-idosos-ilpi/>. Acesso em: 24 out. 2009.

66

diligenciar no sentido da preservação dos vínculos familiares; VII – oferecer acomodações apropriadas para recebimento de visitas; VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade do idoso; IX – promover atividades educacionais, esportivas, culturais e de lazer; X – propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas crenças; XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso; XII – comunicar à autoridade competente de saúde toda ocorrência de idoso portador de doenças infecto-contagiosas; XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério Público requisite os documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles que não os tiverem, na forma da lei; XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens móveis que receberem dos idosos; XV – manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do atendimento, nome do idoso, responsável, parentes, endereços, cidade, relação de seus pertences, bem como o valor de contribuições, e suas alterações, se houver, e demais dados que possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento; XVI – comunicar ao Ministério Público, para as providências cabíveis, a situação de abandono moral ou material por parte dos familiares; XVII – manter no quadro de pessoal profissionais com formação específica.154

Os artigo 48 do Estatuto do Idoso, informa que as instituições são

responsáveis por sua própria manutenção e que seu funcionamento tem que

atender as exigências imposta nos termos da Política Nacional do Idoso (Lei nº

8.842/94, regulamentada pelo Decreto nº 1.948/96), da Portaria nº 810/89 do

Ministério da Saúde e do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003).

Nesse sentido, cada entidade fica responsável por suas ações.

Destaca Sandra Helena Lima Pollo e Mônica de Assis quanto a

instituições de longa permanência no Estado do Rio de Janeiro, através de

pesquisas traz as seguintes informações quanto ao aspecto administrativo das

intuições.

Nos últimos dois anos, têm sido feito contatos com algumas instituições para se ampliar a oferta de vagas, através de convênios e parcerias. No entanto, a maioria das instituições consultadas não demonstrou interesse, alegando que a remuneração per capita oferecida não era satisfatória ou compatível com os gastos, embora o valor oferecido seja um dos maiores do país (R$ 682,00 para idosos dependentes e R$ 340,00 para os independentes). Outros motivos foram porque não queriam e/ou não tinham condições de atender ao público-alvo ou porque apresentavam pendências na documentação.

154 BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 24 out. 2009.

67

Complementa.

O déficit de vagas é agravado por pedidos ocasionais de transferência total de idosos abrigados em ILPIs interditadas pela Vigilância Sanitária. Antes da transferência, é caracterizado o perfil dos idosos e verificada a possibilidade de reinserção familiar. Para os idosos e/ou familiares que possuam renda, a transferência é indicada para a rede privada. Os demais são encaminhados à rede municipal.155

Verifica-se que as instituições não estão conseguindo atingir por total o

publico alvo, deixando a margem os demais que procuram este tipo de

atendimento.

Agravando através do capital que é investido pelas famílias ou pelo

Estado através das parcerias Públicas e Privada que não se igualam com os

gastos, ou seja, os valores cobrados para esses atendimentos são menores

que os valores gastos, gerando déficit nas instituições, deixando de investir em

outras áreas que necessitam ou até mesmo abrindo novas vagas. Pesquisa

esta que reflete nos demais Estado do país, a falta de atendimento bem como

investimentos para instituições de longa Permanência.

Porém, as instituições deveram respeitar os requisitos descritos no

Estatuto do Idoso em seu artigo 48, parágrafo único, ficando sujeitas à

inscrição na Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa Idosa, na

falta desta, a inscrição deverá ser feita ao Conselho Estadual ou Nacional da

pessoa idosa. Destaca Naide Maria Pinheiro quanto ao cadastramento e

inscrição:

É preciso, aqui, se fazer uma consideração importante: a diferença entre cadastramento da entidade e inscrição de seus programas. Entendemos que as entidades não-governamentais que prestam serviço de atendimento aos idosos devem ser cadastradas junto ao Conselho Municipal do Idoso. Porem outro lado, a inscrição dos programas atinge a ambos os tipos de entidades: governamentais e não governamentais.156

Assim, o cadastro das entidades não-governamentais deve ser junto ao

conselho, quanto às governamentais por já estarem automaticamente

155 ASSIS, Mônica; POLLO, Sandra Helena Lima. Instituições de longa permanência para idosos - ILPIS: desafios e alternativas no município do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia. v.11 n.1 Rio de Janeiro 2008. Disponível em: <http://www.unati.uerj.br/>. Acesso em: 24 out. 2009. 156 PINHEIRO, Naide Maria. Estatuto do idoso comentado. p. 328.

68

subordinado ao ente público não necessitam deste cadastro, porém, ambas

devem inscrever seus programas no conselho.

O artigo 50 explica as obrigações das entidades de atendimento. O

dispositivo normatiza as obrigações, devido as funções desempenhadas pelas

entidades, como função de proteção, cuidados, alimentação e saúde,

respeitando a pessoa idosa e promover a integração e participação na

sociedade.157

3.3.2 O serviço de internação

Normatiza estes atendimentos sociais em instituições de longa

permanência o Estatuto do Idoso em seu art. 48 da Lei 10.741 de 1° de

Outubro de 2003:

Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias unidades, observadas as normas de planejamento e execução emanadas do órgão competente da Política Nacional do Idoso, conforme a Lei n.° 8.842, de 1994. Parágrafo único. As entidades governamentais e não-governamentais de assistência ao idoso ficam sujeitas à inscrição de seus programas, junto ao órgão competente da Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa Idosa, e em sua falta, junto ao Conselho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os regimes de atendimento, observados os seguintes requisitos: I - oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; II - apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho compatíveis com os princípios desta Lei; III - estar regularmente constituída; IV - demonstrar a idoneidade de seus dirigentes.158

A Portaria N. 810, de 22 de Setembro de 1989 do Ministério da Saúde

estabelece normas e padrões para o serviço de internação nas instituições de

longa permanência para idoso. Conforme estipula.

Direção Técnica: As Instituições para idosos devem contar com um responsável técnico detentor de título de uma das

157 PINHEIRO, Naide Maria. Estatuto do idoso comentado. p. 341. 158 BRASIL. Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 24 out. 2009.

69

profissões da área de saúde, que responderá pela instituição junto à autoridade sanitária. As instituições que têm entre as suas finalidades prestar atenção médico-sanitária aos idosos devem contar em seu quadro funcional com um coordenador médico. A designação de especialização em geriatria e gerontologia deve obedecer às normas da Associação Médica Brasileira - ABM.159

Estas normas têm como objetivo assegurar ao idoso uma qualidade de

vida melhor, sabendo que terá a sua disposição uma equipe multiprofissional

das mais diversas áreas com o designo de prestar atenção em sua saúde.

Verificado o conceito, as características e os princípios das ILPI, passo

a analisar a ILIP no Estado de Santa Catarina.

3.4 INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA NO ESTADO DE SANTA

CATARINA

A Política Nacional do Idoso (PNI), de acordo com a Lei nº 8.842 de 4

de janeiro de 1994, artigo 3º, regulamentada pelo Decreto nº 1.948, de 3 de

julho de 1996, entende asilo como o atendimento em regime de internato ao

idoso sem vínculo familiar ou sem condições de prover a própria subsistência,

de modo a satisfazer as suas necessidades de moradia, alimentação, saúde e

convivência social. Declara que a assistência ocorre no caso da inexistência do

grupo familiar, abandono, carência de recursos financeiros próprios ou da

própria família.

Segundo Herédia, essas ILPIs, asilos, casas de repouso, lares ou

casas de saúde, surgiram por iniciativa de instituições religiosas, beneficentes

ou particulares.160

Corlletti, as ILPIs surgiram na presença de tensões e contradições

entre o dar e o receber. Várias instituições perseguem, desde a sua gênese, a

idéia de oferecer ao idoso ajuda, auxílio, abrigo, como idéia principal de seu

159 BRASIL. Portaria nº 810, de 22 de setembro de 1989. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/conleg/idoso/DOCS/Federal/Portaria810.doc>. Acesso em: 24 out. 2009. 160 HERÉDIA, V.B.M; CASARA, M.B; CORTELLETTI, I.A; RAMALHO, M.H; SASSI, A; BORGES, M.N. A realidade do idoso institucionalizado. Textos sobre envelhecimento 2004, 7(2): Unati, Rio de Janeiro.

70

agir. Outras procuram obter, fundamentalmente, um rendimento lucrativo a

partir da prestação de serviços a idosos.161

No Estado durante a pesquisa foi identificado em um total de 96 ILPIs.

Sendo distribuída conforme o gráfico162, em 38 municípios, correspondendo

como cobertura municipal de apenas 13%, em contra partida, 87% dos

municípios não tem instituições voltadas para o atendimento ao idoso.

Observa-se a maior parte das instituições localiza-se na capital.163

Conforme pesquisa em 96 instituições efetuadas pelo Instituto de

Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, as instituições do estado declararam-se

filantrópica (59,4%), de caráter religioso (28,1%) ou leiga (31,3%) e por fim uma

parcela declarou-se privada com fins lucrativos (38,5) e nenhuma instituição

afirmou ser pública, conforme gráfico.164

161 CORTELLETTI, I; CASARA, M; HERÉDIA, V. (orgs). Idoso asilado: um estudo gerontológico. Caxias do Sul, Educs/Edipucrs, 2004. 162 _ Gráficos com projeção das Instituições de Longa Permanência para Idoso em Santa Catarina. 163 Características das instituições de longa permanência para idoso – região Sul/ coordenação geral Ana Amélia Camarano – Brasília: IPEA; Presidência da República, 2008. p. 46. 164 Características das instituições de longa permanência para idoso – região Sul/ coordenação geral Ana Amélia Camarano – Brasília: IPEA; Presidência da República, 2008. p. 50.

71

Destaca nesta pesquisa que o Estado de Santa Catarina não possui

nenhuma instituição de longa permanência para pessoa idosa pública.

Conforme demonstra o gráfico, as instituições de longa permanência

para idoso no estado de Santa Catarina é recente, segundo dados do IPEA,

das 93 instituições pesquisadas, 64 foram fundadas entre 1990 e 2007

perfazendo 68,8%. Destaca que algumas instituições posteriormente a

pesquisa tenham sido fechadas e abertas.165

Quanto às instituições que foram fechadas, o ministério público

representado pelo promotor de Justiça Márcio Conti Júnior, referente ao

município de Chapecó:

Segundo Conti, na primeira casa, que servia de abrigo para 3 idosos, as condições eram muito precárias. "A casa não tinha

165 Características das instituições de longa permanência para idoso – região Sul/ coordenação geral Ana Amélia Camarano – Brasília: IPEA; Presidência da República, 2008. p. 51.

72

estrutura de segurança, as condições de higiene estavam péssimas, principalmente na cozinha e nos quartos dos idosos". A casa foi interditada e os idosos transferidos para o Centro de Convivência do Idoso, que é administrado pelo Lions Clube e serve de modelo de atendimento na região.166

Conforme relatório elaborado pelo Ministério Público, a ILPI devido à

falta de estrutura para o atendimento a pessoa idosa foi interditada. As

instituições que atendem um padrão mínimo de atendimento não foram

fechadas, porém, sofreu sanções administrativas e assinaram um termo de

ajuste de conduta para poder continuar atendo. Conforme relatório da situação

das entidades asilares no Estado elaborado pelo Ministério Público

desenvolvido a partir de 2001 até setembro de 2003, no qual, foram vistoriadas

47 das 63 entidades asilares cadastradas no Estado, perfazendo 74,6% dos

estabelecimentos.

Como resultado concreto das vistorias foram firmados 11 termos de ajustamento de conduta para adequação das instalações, contratação de recursos humanos e melhoria do atendimento. Verificou-se que a maioria das entidades asilares não possui instalações físicas devidamente projetadas ou adaptadas para a missão a que se propõem, sendo flagrante até o desconhecimento da Portaria 810, de 22 de setembro de 1989, que regulamentou o funcionamento de casas de repouso, clínicas geriátricas e outras instituições destinadas ao atendimento de pessoas com mais de 60 anos [...].167

Conforme relatório do Ministério Público, das 63 instituições vistoriadas

11 delas firmaram termo de ajuste de conduta, devido à falta de instalações

físicas adequadas.

3.5 A GARANTIA DE INTERNAÇÃO DO IDOSO CARENTE

Segundo Carnoy, o Estado na Idade Moderna possuía um papel de

protetor do direito à vida e à propriedade, passando pela teoria de Adam Smith,

com seu conceito de homem econômico. Nesse conceito, o bem-estar social

166 SANTA CATARINA. Ministério Público do Estado de Santa Catarina. Asilos e centros de idosos são vistoriados em Chapecó. Disponível em: <http://www.mp.sc.gov.br/portal/site/portal/portal_detalhe.asp?Campo=3548&secao_id=139>. Acesso em: 24 out. 2009. 167 SANTA CATARINA. Ministério Público do Estado de Santa Catarina. Asilos e centros de idosos são vistoriados em Chapecó. Disponível em: <http://www.mp.sc.gov.br/portal/site/portal/portal_detalhe.asp?Campo=3548&secao_id=139>. Acesso em: 24 out. 2009.

73

seria atingido somente por meio da liberdade irrestrita do mercado, o que se

sobreporia a qualquer poder intervencionista. O Estado teria um papel de

garantidor dessa liberdade e mantenedor de uma “situação segura, respeitável

e feliz dos cidadãos” .168

As organizações sociais que atende a pessoa idosa se deparam com

fontes de financiamento de suas atividades restritas, ou seja, são limitadas por

doações ou através de pequenas contribuições financeiras de origem pública,

desta forma não atingindo uma integração do poder público com a iniciativa

privada, deixando a margem tanto no ponto de vista qualitativo como

quantitativo no atendimento as pessoas institucionalizada, reforçando o caráter

quantitativo se restringe a um número de vagas pequeno, obtendo assim a falta

de vagas, haja vista, pelo crescimento populacional de idoso na sociedade.

Devido a essa falta de vagas em instituições filantrópicas o idoso

sem recursos financeiros para custear os serviços oferecidos pelas instituições

particulares poderá ficar a margem de seus direitos no que concerne a saúde,

alimentação e assistência, bem como, o atendimento preferencial em órgãos

públicos e privados, conforme preceitua o artigo 3º do Estatuto do Idoso.

Art. 3.º É obrigação da família, da comunidade,da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

O Estado estará obrigado em custear a institucionalização da pessoa

idosa em ILPI de natureza privada para garantir os seus direitos normatizados

no Estatuto do Idoso, e quais princípios o Estado através da administração

estará infringido em não custear

168

CARNOY, M. Estado e teoria política. Campinas: Papirus, 1988. p. 45.

74

3.5.1 O papel do Ministério Público

O Ministério Público tem como objetivo assegurar interesse social.

Hugo Nigro Mazzilli crítica à expressão “interesse público”, pelo fato de

ser imprecisa.169

O ministério Público, proporciona a defesa dos interesses individuais

e coletivos. Conforme Hugo Nigro Mazzilli

Num sentido lato, até o interesse individual, se indisponível, é interesse público, cujo zelo é cometido ao Ministério Público. E também a defesa do interesse coletivo (que reúne uma categoria determinada ou pelo menos determinável de indivíduos) pode convir à coletividade como um todo.170

Desta forma, o interesse tutelado pelo Ministério Público em defesa dos

direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos.

Conforme predispõe o artigo 127 da Lei Maior.

Art. 127 - O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

Desta forma o artigo 127 determina ao Ministério Público como uma

instituição permanente e essencial ao interesses sociais.171 Neste mesmo

entendimento assegura Antônio Augusto de Mello de Camargo Ferraz e João

Lopes Guimarães Junior que:

[...] a missão institucional do Ministério Público esta, hoje, ontologicamente relacionada com a defesa da sociedade na luta pela manutenção do Estado de Direito e pelo respeito à cidadania, de cuja existência è corolário a prevalência da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.172

169 MAZZILLI, Hugo Nigro. O Ministério Público na Constituição de 1988. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 49 170 MAZZILLI, Hugo Nigro. O Ministério Público na Constituição de 1988. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 49 171 PINHEIRO, Naide Maria. Estatuto do idoso comentado. Campinas, São Paulo: Servanda Editora, 2008, p. 380 172 FERRAZ, Antônio Augusto Mello de Camargo; GUIMARÃES JUNIOR, João Lopes. A necessária elaboração de uma nova doutrina de Ministério Público, compatível com seu atual perfil constitucional, artigo publicado em FERRAZ, Antônio Augusto Mello de Camargo (Coord.) Ministério Público: instituição e processo. São Paulo: Atlas, 1997, p. 21

75

Por fim, a CRFB/88 legitimou o dever do Ministério Público em atuar

como órgão de defesa dos direitos sociais, através da ação civil pública.

3.5.2 Ação civil pública

A Ação civil Pública foi promulgada através da Lei 7.347 de 24 de julho

de 1985 estendendo as instituições públicas a legitimação ad causam que

anteriormente era prevista somente a pessoa física. Conforme relata Luiz

Roberto Proença.

Entretanto, a matéria ganhou disciplina processual de maior abrangência com a promulgação da Lei 7.347, de 24.07,1985 (conhecida como Lei da Ação Civil Pública), da constituição da República, e da Lei 8.078, de 11.09.1990 (Código de Defesa do Consumidor) ao ser prevista a legitimação ad causam não mais para pessoa física (instituída na noção de “cidadão”, legitimado para a propositura da ação popular), mas sim para instituições públicas e associações privadas, o que veio a dar muito maior impulso à efetiva tutela dos direitos e interesses difusos.173

Legitimado a mover ações civis públicas, o Ministério Público através

do Inquérito Civil obteve prerrogativas investigatórias, que de imediato tutelou

os danos causados ao meio ambiente e posteriormente a proteção aos

consumidores. Conforme o ordenamento da Lei 7.347/85 em seu artigo 8º, § 1º

onde institui o inquérito civil.

Art. 8º, §1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.174

Posteriormente a lei, é previsto o inquérito civil no ordenamento jurídico

na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, ao prever em seu

artigo 129, III a prerrogativa de instaura o inquérito civil.

173 PROENÇA, Luis Roberto. Inquérito civil: atuação investigativa do Ministério Público a serviço da ampliação do acesso à justiça. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001. p. 26. 174 BRASIL. Lei nº 7.347 de 24 de julho de 1985. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L7347orig.htm>. Acesso em: 24 out. 2009.

76

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: [...] III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;175

Através dos diplomas legais supracitados o Ministério Público obteve a

prerrogativa para apurar ocorrências que afetam os bens jurídicos, com a

instauração de inquérito civil com o objetivo de apurar informações e em

seguida o ajuizamento de Ações Civis Públicas. Antonio Augusto Mello de

Camargo Ferraz afirma que “o inquérito civil é um procedimento administrativo

de natureza inquisitiva tendente a recolher elementos de prova que ensejam o

ajuizamento da ação civil pública”.176

Conforme menciona Luiz Roberto Proença quanto à natureza jurídica

do inquérito civil.

O inquérito civil, de instauração facultativa, desempenha relevante função instrumental. Constitui meio destinado a coligir provas e quaisquer outros elementos de convicção, que possam fundamentar a atuação processual do Ministério Público.177

Desta forma, o inquérito civil tem como objetivo reunir provas para a

propositura da Ação Civil Pública.

A competência do Ministério Público em instaurar inquérito civil e a

propositura da ação civil publica também está prevista na Lei n.º 10.741, de 1º

de outubro de 2003, Estatuto do Idoso, no artigo 74, I.

Art. 74. Compete ao Ministério Público: I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais indisponíveis e individuais homogêneos do idoso;178

Através do estatuto do idoso o Ministério Público torna-se legitimo para

instaurar inquérito civil e ação civil publica para a defesa dos direitos difusos,

coletivos e individuais homogêneos dos idosos, desta forma, o Ministério

Público, tem o dever de garantir os direitos fundamentais inerentes a pessoa 175 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 176 MELLO DE CAMARGO FERRAZ, Antonio Augusto. Mandado de segurança, ação popular e ação civil pública. 11. ed. São Paulo: RT, 1987. p. 118 177 PROENÇA, Luis Roberto. Inquérito civil: atuação investigativa do Ministério Público a serviço da ampliação do acesso à justiça. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001. p. 26 178 BRASIL. Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 24 out. 2009.

77

humana, bem como, os direitos tutelados no Estatuto do Idoso; Conforme os

artigos 23 e 230 da Constituição Federal, assim como o artigo 3º da Lei n.

10.741/03, verbis:

É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito á vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.179

O artigo 3º da lei nº 10.741/03 constitui uma norma de ordem pública,

atribuindo ao Poder Público a proteção a pessoa idosa. Conferindo ao

Ministério Público a condição de órgão agente a tutelar e zelar os direitos da

pessoa idosa, desta forma, sendo parte legitima para requerer através de uma

Ação Civil Pública a internação da pessoa idosa em Instituições de Longa

Premência, garantindo assim os direitos descritos no artigo 3º do Estatuto do

Idoso.

3.5.3 A manifestação do Tribunal de Justiça de Santa Catarina

O Ministério Público moveu uma ação contra o Município de Santa

Cecília buscando a proteção da pessoa idosa, colocando como medida de

proteção a internação do idoso em ILPI, sendo os valores arcados pelo

município.

Conforme jurisprudência do Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

CONSTITUCIONAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM MEDIDA DE PROTEÇÃO AO IDOSO. SUBSTITUÍDAS DE AVANÇADA IDADE, ENFERMAS TANTO SOB O ASPECTO FÍSICO COMO PSÍQUICO E HIPOSSUFICIENTES. OBRIGAÇÃO INARREDÁVEL DE O MUNICÍPIO DE PROVER AS SUAS NECESSIDADES. DEVER IMPOSTO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PROCEDÊNCIA. RECURSO E REEXAME NECESSÁRIO IMPROVIDOS. RELATÓRIO A ação civil pública foi ajuizada pelo Ministério Público com o intento de impor ao município de Santa Cecília obrigação de fazer, consubstanciada na colocação de Meraldina Valente da

179 BRASIL. Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 24 out. 2009.

78

Silva e Geraldina da Silva Valente em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento, em virtude da deficiência física e psíquica que apresentam, bem como mantê-las em entidade que preste atendimento ao idoso. Em suma, pretende garantir às substituídas as medidas protetivas previstas na Lei n. 10.741/03. Encontravam-se instaladas, à época da propositura da actio, em um imóvel situado nas dependências da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – Apae, de Santa Cecília, que, na medida do possível, proporcionava-lhes o necessário; mas, não obstante isso, encontravam-se em risco eminente de serem vítimas de alguma violência física ou mesmo psicológica, uma vez que, durante à noite, feriados e fins de semana, eram deixadas sozinhas (fl. 19). A omissão do Município era patente, urgia que tomasse as providências necessárias, justamente aquelas vindicadas pelo Parquet. Era o que lhe impunham os artigos 23 e 230 da Constituição Federal, assim como o artigo 3º da Lei n. 10.741/03, verbis: É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito á vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. Subsiste, então, a discussão a respeito da obrigatoriedade, ou não, de o Município arcar inteiramente com o valor, conforme decidido na instância a quo. Ora, o artigo 37, § 1º, do Estatuto do Idoso estabelece que "a assistência integral na modalidade de entidade de longa permanência será prestada quando verifica inexistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou carência de recursos financeiros próprios ou da família". Fazem jus, dessarte, ao benefício instituído pela legislação, como também aos tratamentos médicos que se fizerem necessários para a manutenção de sua saúde. Destaque-se o artigo 2º do Estatuto do Idoso, que assegura “todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade”. Ainda: O Estado/Município, ao se negar a proteger o idoso pobre nas circunstâncias dos autos, humilha a cidadania e desatende o seu dever constitucional, revelando insensibilidade e desamor à vida humana.180

A jurisprudência demonstra a atuação do Ministério Público com pedido

de medida de proteção ao idoso, contra o município de Santa Cecília;

fundamentando através dos artigos 23 e 230 da Constituição Federal e no 180 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Apelação Civil nº 2008.016482-7 de Santa Cecília. Relator Des. Vanderlei Romer. Florianópolis. 10 de março de 2009. Disponível em: <http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acnaintegra!html.action?qID=AAAGxaAAHAAA5AvAAB&qTodas=2007.009828-8%2C+&qFrase=&qUma=&qCor=FF0000>. Acesso em: 27 out. 2009.

79

artigo 3º da Lei n. 10.741/03 que normatiza a obrigação da família, da

comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso; Em

destaque ao ente público, o Município, quanto a sua obrigação de prestar

assistência necessária.181

O idoso encontrado em situação de risco, mesmo que exista a família

cabe medida de proteção quanto a institucionalização.

Conforme jurisprudência do Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

ESTATUTO DO IDOSO - VERIFICAÇÃO DE SITUAÇÃO DE RISCO - EXTINÇÃO DO PROCESSO EM 1º GRAU POR FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL - INSURGÊNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO - POSSIBILIDADE DE INSTAURAÇÃO DE PROCEDIMENTO JUDICIAL - OBSERVÂNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL - ALEGAÇÕES ACOLHIDAS - NECESSIDADE, UTILIDADE E ADEQUAÇÃO DO PROCEDIMENTO VISANDO A PROTEÇÃO AO IDOSO - INTERESSE PROCESSUAL PRESENTE - SENTENÇA ANULADA - RECURSO PROVIDO. A representante do órgão ministerial da Comarca de Itapema recebeu denúncia de maus tratos contra os idosos F. da S. e J. R. da S, em razão da negligência de seus familiares que não prestam a assistência necessária para lhes propiciar condições dignas de sobrevivência (fls. 07/28). Em decorrência, requereu a instauração de procedimento para verificação de situação de risco, postulando o abrigamento dos idosos em entidade competente. O magistrado de primeiro grau, entendendo não haver interesse processual do Ministério Público, indeferiu a petição inicial e extinguiu o feito sem resolução do mérito, com fundamento no art. 267, I do CPC. Merece reparo o decisum de primeiro grau. Incialmente, observa-se que a razão pela qual o magistrado a quo entendeu inexistir interesse processual do Ministério Público em requerer judicialmente a colocação dos idosos em abrigo deve-se ao disposto no art. 45 do Estatuto do Idoso, in verbis: "Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 43, o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a requerimento daquele, poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: [...] V - abrigo em entidade; VI - abrigo temporário". Cumpre esclarecer, todavia, que não obstante o mencionado dispositvo faculte ao Ministério Público a determinação de medidas protetivas, dentre elas a colocação do idoso em abrigo, tal não inviabiliza a instauração de procedimento judicial

181 BRASIL. Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 24 out. 2009.

80

com este intuito, cabendo ao Judiciário apreciar a pretensão quando instado a fazê-lo. A utilidade do procedimento judicial, por sua vez, justifica-se pela situação de risco vivenciada pelos idosos, devendo ser analisada a medida protetiva postulada. Por derradeiro, ressalte-se que se fazem presentes as demais condições da ação. A possibilidade jurídica da pretensão ministerial encontra amparo no art. 230 da Constituição Federal e arts. 2º, 3º e 43 do Estatuto do Idoso; enquanto que a legitimidade ativa do Ministério Público para requerer a aplicação de medida protetiva ampara-se do art. 74, inciso III do Estatuto do Idoso que estabelece a sua competência para "atuar como substituto processual do idoso em situação de risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei" Pelas razões expostas, voto pelo provimento do recurso, determinando-se o prosseguimento do feito.182

A obrigação de fazer, consistente ao acesso do idoso em uma entidade

que ofereça instalações físicas com condições adequadas de habitabilidade,

higiene, salubridade e segurança nos termos dos artigos 45 do Estatuto do

Idoso. A obrigação do município é em arca com as despesas oriundas da

instituição privada onde se encontra as idosas, devido à condição de

hipossuficiente das idosas e por não existir ILPI públicas no estado.

3.5.4 A responsabilidade estatal pela internação do idoso em instituições

de longa permanência

Conforme mencionado o Estado de Santa Catarina não possui ILPis

públicas, as instituições são de natureza privadas ou filantrópicas. A

necessidade de institucionalizar um idoso hipossuficiente devido à falta de

família ou por violência doméstica fica a cargo do ente público, seja em

instituição filantrópica ou na falta desta em instituição privada, sem gerar algum

ônus para pessoa idosa.

182 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Apelação Civil nº 2008.059130-9, de Itapema. Relator: Des. Monteiro Rocha. Florianópolis, 5 de março de 2009. Disponível em: <http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acnaintegra!html.action?qTodas=2008.059130-9&qFrase=&qUma=&qNao=&qDataIni=&qDataFim=&qProcesso=&qEmenta=&qClasse=&qRelator=&qForo=&qOrgaoJulgador=&qCor=FF0000&qTipoOrdem=relevancia&pageCount=10&qID=AAAGxaAAJAAA0x8AAE> Acessado em: 21 out. 2009.

81

O artigo 37, § 1º, do Estatuto do Idoso estabelece que "a assistência

integral na modalidade de entidade de longa permanência será prestada

quando verifica inexistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou carência

de recursos financeiros próprios ou da família".183

Garantindo assim através da assistência integral o direito a vida, à

liberdade, o respeito, a dignidade, saúde, assistência social, a habitação,

dentre outros outorgados na legislação.

Esses direitos são fundamentais da pessoa humana e sendo um dever

do Estado em garantir sua efetivação, como destaca Uadi Lammêgo Bulos:

Os Direitos Fundamentais são o conjunto de normas, princípios, prerrogativas, deveres e institutos inerentes à soberania popular, que garantem a convivência pacífica, digna, livre e igualitária, independente de credo, raça, origem, cor, condição econômica ou status social184.

Assim, entende-se que resguarda o direito de uma vida digna da

pessoa idosa é responsabilidade do Estado. A obrigação em fazer por parte do

Estado esta identificada nos direitos fundamentais de segunda geração

conforme menciona Naide Maria Pinheiro “[...] possuem um alcance positivo

que se constitui em uma obrigação de fazer para o Estado. Aqui se inclui o

ampara à velhice. [...]”185.

Caracterizado em obrigação de fazer por parte do Estado a

institucionalização do idoso hipossuficiente em instituições privadas, sendo um

dever do Estado, ao se negar a proteger esses direitos, humilha a dignidade da

pessoa idosa e infringe os direitos declarados na CRFB/88.

O direito ao acesso a uma instituição privada também esta declarada

na CRFB/88, quanto à proteção e garantia a pessoa idosa, ressalta-se o artigo

230 CRFB/88.

Art. 230 - A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.186

183 BRASIL. Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 184 BULOS, Uadi Lammego. Curso de Direito Constitucional. p. 401. 185 PINHEIRO, Naide Maria. Estatuto do idoso comentado. p. 42. 186 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 24 out. 2009.

82

O artigo citado tratou do dever em proteger o idoso e o seu direito de

viver a vida com dignidade, merecedor de um amparo especial. Assim a

proteção à vida e o bem-estar da pessoa idosa é um direito constitucional,

sendo o dever de garantir e proteger esse bem estar por parte do Estado.187

Em conformidade com a CRFB/88 o artigo 3º do estatuto do idoso

constitui como obrigação e prioridade.

Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população;188

O estatuto do idoso, lei nº 10.741/03, declara a obrigação à família em

assegurar os direitos dos idosos e sua proteção, incube subsidiariamente ao

Poder Público em amparar o idoso na falta da família, seja por abandono ou

por inexistência. Desta forma o Estado também é responsável pela defesa da

dignidade e do bem-estar dos idosos, obrigando a garantir o pleno direito a

vida.189

A referida lei nº 10.741/03, normatiza a política de atendimento ao

idoso, conforme artigo 46 e artigo 3°, II.

Art. 46º A política de atendimento ao idoso far-se-á por meio do conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. [...]

187 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 188 BRASIL. Senado Federal. Parecer nº 1.301 de 2003. Disponível em: <www.senado.gov.br/web/relatorios/destaques/2003057RF.pdf>. Acesso em: 24 out. 2009. 189 PINHEIRO, Naide Maria. Estatuto do idoso comentado. p. 48.

83

II – preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas específicas;190

Os referidos artigos determinam as entidades públicas à competência

para motivar as políticas públicas de assistência social ao idoso. Com o

objetivo de promover ações que assegurem uma vida digna aos idosos

carentes de recursos financeiros.191

O artigo 43 do estatuto do idoso, elenca como medida a proteção ao

idoso quando os direitos do idoso for ameaçado, seja por ação ou omissão da

sociedade ou do estado; por falta, omissão ou abuso da família, curador, ou

entidade de atendimento.

Destaca o inciso II do artigo 3°, menciona que as políticas sociais

públicas deveram ter preferência.

Naide Maria Pinheiro aborda sobre as preferências quanto as políticas

públicas.

Para garantia dessa prioridade, deve ser elaborados planos de ação em favor da pessoa idosa, estabelecendo diretrizes, a fim de que sejam assegurados os seus direitos fundamentais. Formulando as políticas públicas, orientadas pela Políticas Nacional do Idoso, cabe ao administrador executá-las dando precedência aos cuidados com a velhice. Não cabe àquele decidir se será ou não prioridade de seu governo a proteção e o apoio à pessoa idosa, uma vez que se encontra vinculado ao comando legal.192

Portanto, as políticas destinadas às pessoas idosas devem ser

formuladas e executadas, não cabendo ao administrador público a alegação do

poder discricionário em decidir o que é prioridade.193

No que tange a discricionariedade do administrador público, aborda,

Celso Antônio Bandeira de Melo:

Discricionariedade é a margem de liberdade que remanesça ao administrador para eleger, segundo critério consistente de razoabilidade, um, dentre pelo menos dois comportamentos, cabíveis perante cada caso concreto, a fim de cumprir o dever de adotar a solução mais adequada à satisfação da finalidade legal [...].194

190 BRASIL. Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/2003/L10.741.htm>. Acesso em: 24 out. 2009. 191 PINHEIRO, Naide Maria. Estatuto do idoso comentado. p. 324. 192 PINHEIRO, Naide Maria. Estatuto do idoso comentado. p. 56. 193 PINHEIRO, Naide Maria. Estatuto do idoso comentado. p. 56. 194 MELO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, 10. ed. São Paulo: Malheiros. 1999. p. 595.

84

Conforme conceito de Melo, entende-se que o administrador público

não tem um livre arbítrio quando ao eleger as prioridades.

Desta forma o Estado deverá garantir o atendimento ao idoso, bem

como o custeio da institucionalização do idoso em ILPIs privadas, atendendo

assim as normas previstas na CRFB/88, a lei 8.842/1994 e a lei 10.741/03 que

garante os direitos à saúde e moradia do idoso em uma instituição de longa

permanência, assegurando o dever de atender os princípios citados.

Porém, se o Estado deixar de prover tais políticas cabe ao Judiciário

garantir que sejam efetivados os direitos à pessoa idosa, conforme afirma

Celso Antônio Bandeira de Melo:

Ao Judiciário assiste não só o direito, mas o indeclinável dever de se debruçar sobre o ato administrativo, praticado sob o título de exercício discricionário, a fim de verificar se se manteve ou não fiel aos desideratos da lei; se guardou afinamento com a significação possível dos conceitos expressados à guisa de pressuposto ou de finalidade da norma se lhe atribui inteligência abusiva.

Assim, o Ministério Público torna-se legitimo em garantir os direitos

difusos, coletivos e individuais homogêneos dos idosos, podendo através da

Ação Civil Pública a defesa da pessoa idosa; Que através deste instrumento o

Ministério Público poderá exigir do Estado o cumprimento das políticas e

proteção à pessoa idosa.

Conforme jurisprudência do Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

O Poder Público tem obrigação de zelar pela melhoria das condições de vida dos hipossuficientes, pela concretização da igualdade social e pela proteção, de forma ampla e irrestrita, do bem jurídico máximo inserido na Lex Mater (vida). Consoante dispõe o art. 196 da CF, reproduzido no art. 153 da CE, 'A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário e às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (TJSC - AC n. 2008.039361-7, de Tubarão, Rel. Des. Rui Fortes, julgado em 11.09.2008).195

Estas proteções estão classificadas no estatuto, dentre elas, o direito a

saúde, dignidade, alimentos, assistência social e moradia; Por moradia

entende-se as instituições específicas destinadas aos cuidados com idosos.

195 SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Apelação Civil nº 2008.039361-7, de Tubarão. Relator Des. Rui Fortes. Florianópolis. 11 de março de 2008.

85

Por fim, o idoso hipossuficiente, tem direito aos cuidados prestados em

instituições de longa permanência, sendo responsabilidade do estado em

garantir essa institucionalização em ILPIs privadas, arcando com as despesas

geradas pelo tratamento destinado ao idoso hipossuficiente nas instituições

privadas. A institucionalização em ILPIs privadas torna-se obrigatório quando

for configurado a ameaça dos direitos da pessoa idosa, conforme artigo 43 da

lei 10.741/03.

Conforme apurado o Estado de Santa Catarina não possui ILIPs

públicas, somente privadas e filantrópicas, na falta de vagas nas ILPIs

filantrópica fica a cargo do Estado de Santa Catarina em dar suporte financeiro

na assistência ao idoso, zelando pela melhoria das condições de vida e

garantindo saúde.

86

CONCLUSÃO

O envelhecimento populacional está presente em diversos paises,

chegando ao Brasil de forma acentuada devido ao número crescente de

pessoas idosas, o aumento da longevidade se dá através das melhorias

pessoais de vida e assegurada pelo Estado através de articulações

governamentais.

Devido este aumento da população idosa, a sociedade necessita

organizar-se para sanar os desafios referentes ao processo de envelhecimento.

A pessoa idosa compõe a parcela da sociedade que necessita de

atenção e investimentos por parte do Estado, por possuir grande parte deste

segmento, idosos que necessitam de assistência gratuita.

As instituições de longa permanência para idoso sofreram grandes

modificações durante a história, deixando no tempo a característica de local

destinado a receber mendigos, doentes mentais, crianças órfãs dentre outras

pessoas carentes. Passando a surgir novas instituições, como clínicas

geriátricas de caráter privado, com objetivos econômicos, destinadas a

pessoas idosas com possibilidades de pagar pelos serviços prestados.

Diante desta nova realidade institucional encontra-se uma parcela

significativa de idosos sem condições de obter os serviços prestados por

instituições de longa permanência privada, já que o Estado de Santa Catarina

não possui uma instituição pública.

Quais medidas poderão ser adota pela pessoa idosa carente para obter

o direito dos serviços de saúde, alimentação, higiene, repouso, lazer dentre

outros serviços prestados pelas instituições de longa permanência. A

divergência surge deste ponto, é obrigação do Estado em garantir a

institucionalização ou uma obrigação do idoso ou da família.

Os direitos fundamentais, da pessoa humana garantem uma obrigação

de fazer por parte do Estado, por serem direitos reconhecidos e positivados na

constituição.

Estes diretos são resultados da evolução histórica da sociedade,

obtendo a condição de ser inalienável, intransmissível e irrenunciável.

87

Constituem a base de um Estado democrático de direito que tem como medida

através da assistência integral a pessoa humana, independente de idade,

oportunizando o direito a vida, à liberdade, o respeito, a dignidade, saúde,

assistência social, a habitação, dentre outros direitos outorgados na legislação.

A legislação brasileira quanto à proteção da pessoa idosa também evolui

juntamente com os anseios da sociedade. A CRFB/88 incorporou no seu texto

constitucional medidas que assegure sem discriminação a pessoa idosa na

sociedade, através do seu artigo 230.

Posteriormente com o advento a lei 10.741/03, conhecido como Estatuto

do Idoso, especificando as medidas protetivas a pessoa idosa. Através do

artigo 37, § 1º, estabelece a assistência integral ao idoso nas instituições de

longa permanência, garantindo assim a assistência, a saúde e a dignidade.

Entende-se que a responsabilidade de assegurar uma vida digna é

obrigação que também se atribui ao Estado, conforme artigo 230 da CRFB/88 o

dever de amparar a pessoa idosa é atribuído a família, sociedade e por fim o

Estado. O artigo atribui ao Estado a responsabilidade solidária em assegurar os

direitos dos idosos, em concordância com o artigo 3º do Estatuto do idoso, que

atribui o Poder Público em assegurar com prioridade.

Em conformidade com exposto, é obrigação do Estado em assegurar os

direitos do idoso, bem como, garantir a institucionalização do em instituições

privadas de longa permanência para idoso.

88

REFERÊNCIAS

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