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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA O DISCURSO SOBRE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA REVISTA NOVA ESCOLA (2010-2011) DANIELLY RONCADA PUPULIM MARINGÁ 2012

o discurso sobre educação especial na revista nova escola (2010

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Page 1: o discurso sobre educação especial na revista nova escola (2010

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

O DISCURSO SOBRE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA REVISTA NOVA ESCOLA (2010-2011)

DANIELLY RONCADA PUPULIM

MARINGÁ 2012

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DANIELLY RONCADA PUPULIM

O DISCURSO SOBRE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA REVISTA NOVA ESCOLA (2010-2011)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como

parte dos requisitos para obtenção do grau de licenciado

em Pedagogia, da Universidade Estadual de Maringá.

Orientadora:

Prof(a). Dr(a).:Luzia Marta Bellini

MARINGÁ 2012

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DANIELLY RONCADA PUPULIM

O DISCURSO SOBRE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA REVISTA NOVA ESCOLA (2010-2011)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como

parte dos requisitos para obtenção do grau de licenciado

em Pedagogia, da Universidade Estadual de Maringá.

Orientadora:

Prof(a). Dr(a).:Luzia Marta Bellini

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Profª. Drª. : Luzia Marta Bellini (Orientadora) UEM

______________________________________________

Profª. Drª. : Cristina de Amorim Machado (DFE/UEM)

______________________________________________

Profª. Drª. : Patrícia Lessa dos Santos (DFE/UEM)

Data da Aprovação

Maringá 13 de Novembro 2012

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Ao meu filho João Gabriel,

por ser especial e me ensinar a cada dia a ser uma mãe especial

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AGRADECIMENTOS

À Deus, em primeiro lugar e acima de todas as coisas, por ter me capacitado a

entrar nesta Universidade e, em especial,no curso de Pedagogia e conseguir chegar

onde cheguei.

Ao meu filho João Gabriel. Filho especial que me ensina cada dia a ser uma mãe

especial... por você eu lutarei enquanto puder, pela sua inclusão,pelo seu

desenvolvimento,meu amor por você é sem limites, incondicional.

Ao meu filho Lucas, por me permitir reviver esse momento mágico que é a

maternidade e mesmo sendo pequenino, muitas vezes, estando eu um pouco

distante, sempre que chego em casa me recebe com seu sorriso e seu amor

incondicionais.

Aos meus pais, por me amarem incondicionalmente e me oferecerem sempre uma

educação de qualidade,sem medir esforços.

Ao meu esposo, pelo companheirismo, compreensão e dedicação ao longo destes

anos.

Á minha sogra, pela atenção, dedicação e amor aos meus filhos que foram

imprescindíveis para mim especialmente neste ano.

À Profª Marta Bellini, por sua dedicação e paciência, por me ajudar neste trabalho e

me ensinar algumas coisas sobre análise de discurso.

À minha amiga Carolina, por me ajudar e não me deixar desistir ao longo deste ano.

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Resumo:

O trabalho teve como objetivo analisar textos da Revista Nova Escola sobre inclusão

de alunos que são da Educação Especial. Compuseram o corpus discursivo desta

pesquisa os textos da revista Nova Escola dos anos de 2010 a 2011. Como

resultado da análise obtivemos argumentos prescritivos, ou seja, de como fazer e de

como proceder a inclusão. Porém, esses argumentos não alcançam a cidadania e

consequentemente a inclusão, uma vez que mantêm-se na linha de apenas repetir

os dados legais e não a crítica e a busca de uma inclusão mais efetiva.

Palavras - chave: Educação especial; Discurso; Inclusão.

Abstract

The objective of this study was to analyze magazine texts on Nova Escola including

students of Special Education. This research was made with the magazine text

discourse of Nova Escola year 2010 and 2011. The results of analyze shows a

prescriptive arguments, in the other words, how to make and how to proceed the

inclusion. Nevertheless, this arguments do not reached the citizenship, and therefore

inclusion since remain in line just repeating the data and not legal criticism and

search for a more effective inclusion.

Key words: Special Education; Discourse; Inclusion.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..........................................................................................................7

1OS ESTUDOS SOBRE O TEMA.............................................................................8

2PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..............................................................12

CONCLUSÕES.......................................................................................................27

REFERÊNCIAS......................................................................................................29

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INTRODUÇÃO

Escolhemos essa revista por ser uma fonte de informações aos

professores do Ensino Fundamental e Médio da maioria das escolas públicas,

uma vez que esta chega às escolas mensalmente e, talvez, seja uma das

revistas de divulgação mais lida pelos docentes.

Como acadêmica do quarto ano de Pedagogia decidi–me por este tema

devido à minha afinidade e pela preocupação com a realidade que

encontramos na educação quando se trata de trabalhar com a inclusão de

indivíduos com necessidades especiais.

Em minha opinião a formação para a Educação Especial deveria ser

aprofundada na graduação para que ocorra uma diminuição gradativa da

exclusão escolar, uma vez a formação docente deve se ampliar com os temas

inclusivos, apresentando até mesmo sugestões de como poderemos avançar

nesse processo. Envolvendo pais e educadores e aqueles que lutam pelos

Direitos Humanos.

Para compreender melhor o tema levantamos estudos de alguns dos

especialistas na área como Mendes (2002), Ferreira (2003), Mantoan (2003),

Mittler (2003), Fernandes (2007), Bergamo (2009), Fácion (2009) e Ghiraldelli

(2009) que concordam sobre a necessidade de se investir na capacitação e

sensibilização de profissionais da educação para que ocorra essa diminuição

gradativa da exclusão escolar conforme citado anteriormente, mas

apresentaremos melhor os seus debates sobre o tema na seção 1.

Na seção 2 apresentaremos os textos extraídos sobre o tema da Revista

Nova Escola e apresentaremos a análise dos argumentos dos textos da

mesma e na seção 3 apresentaremos as conclusões deste trabalho.

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1. OS ESTUDOS SOBRE O TEMA

O meu interesse pelo tema decorreu do fato de eu ser uma educadora e

mãe de uma criança especial, João Gabriel, de 11 anos de idade. Aos dois

anos que foi quando descobri as suas necessidades especiais, a preocupação

de como seria a inclusão dessa criança em uma sala de ensino regular foi uma

constante.

Neste trabalho de Conclusão de Curso apresentamos o tema

relacionado à Educação Especial. O objetivo foi desenvolver uma análise dos

textos sobre Educação Especial publicados nos anos de 2010 e 2011 na

Revista Nova Escola levando em consideração a relação entre a Educação

Especial, a Educação Regular e a Educação Inclusiva. Nossa finalidade é

saber como se apresenta os discursos sobre Educação Especial e inclusão na

referida revista.

O ensino de crianças com necessidades especiais passou a ser direito

de todas as crianças especiais o qual foi promulgado em Setembro de 2008, no

Decreto nº 6.571, que determina que alunos com deficiência devem estudar em

classes regulares. Depois de vivenciar algumas situações de exclusão, veio o

interesse em pesquisar sobre o tema.

Uma das estudiosas da área é Mantoan (2003, p.47). Para essa

pesquisadora “[...] a Educação Inclusiva tem por objetivo entender e

reconhecer o outro dentro de suas possibilidades".

O direito à educação das pessoas portadoras de deficiência se trata de

uma conquista recente na sociedade atual e é resultado de manifestações de

grupos isolados sendo os seus direitos partes pertencentes de políticas sociais

que são voltadas para a construção de alternativas para a melhoria das

condições de vida desses indivíduos.

Outro estudo é o de Mendes (2002 a), para quem a discussão sobre o

movimento de inclusão vem ocorrendo no Brasil há mais de uma década, mas

mesmo assim a maioria dos alunos com necessidades educacionais especiais

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ainda enfrentam as barreiras da exclusão nas salas de aula no ensino regular.

Diz Mendes( 2002a , p.64).:

O processo de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais tem sido amplamente discutido, principalmente a partir da década de 90, quando iniciou-se o debate sobre a necessidade de não somente intervir diretamente sobre essa população, mas também reestruturar a sociedade para que possibilite a convivência dos diferentes.

Desse modo, nas décadas de 1990 a 2010 o discurso sobre a inclusão

ampliou-se no ideário da educação e da pedagogia tanto que fez Ghiraldelli

(2009,p.1) afirmar que “[...] já não sabemos mais onde e por que queremos

incluir tudo e todos". Ocorreu uma busca pela inclusão sem saber para onde

estávamos indo. Um exemplo disso é a grande parte dos programas de

inclusão social dos governos onde pelos quais as pessoas com necessidades

especiais recebem algum apoio assistencialista, mas continuam na situação de

excluídos da sociedade sem o direito sequer de expressar suas próprias

opiniões acerca da situação em que vivem.

Como vemos, a inclusão de pessoas com necessidades especiais nas

escolas da rede regular de ensino impõe grandes desafios para o sistema

educacional e este está ligado ao que Ghiraldelli (2009) aponta, ou seja, os

direitos humanos.Este assunto têm instigado não só os professores do ensino

especial, mas também do ensino regular, dos pais e da sociedade.

Compreender a diferença e reconhecê-la como própria da condição humana é

um desafio ainda muito complexo e um objetivo a ser alcançado ainda distante

da prática pedagógica diária dos professores.

A principal barreira à inclusão se constitui no despreparo dos

professores em receber esses alunos e é por este motivo que a formação de

educadores para a escola inclusiva merece atenção especial, pois delegar ao

professor a responsabilidade de promover a inclusão dos alunos com

necessidades educacionais especiais deve ser preocupação de toda a

estrutura da escola.

Nesse sentido, temos que caminhar para redimensionar a formação dos

professores enfocando que o objetivo não deve ser apenas o de transmitir

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conhecimentos, mas sim o de estimular a curiosidade e desenvolver a

capacidade de adquirir conhecimentos.

Mais do que nunca se faz necessária uma reflexão sobre os problemas

de aprendizagem das crianças que apresentam problemas ou deficiências.

Mais do que enfocar no ensino está a urgência em saber como as crianças

nessas situações aprendem.

Muitos estudiosos,entre eles os já citados anteriormente como Mendes

(2002), Mantoan (2003), Fácion (2003) e Ghiraldelli (2009) afirmam que o

atendimento educacional especializado deve ser oferecido nas salas de

recurso em horário de contraturno e deve ser individual ou em pequenos

grupos, pelo professor com formação específica, devendo complementar os

serviços educacionais comuns oferecidos em sala de aula regular. É por meio

desse atendimento educacional especializado que professor da sala de aula

regular e professor da sala especial buscam práticas pedagógicas que facilitem

a aprendizagem do aluno que necessita desse atendimento.

Sabemos que qualquer indivíduo, com deficiência ou não, apresenta

limitações, e neste sentido, este seria um outro caminho para a reflexão sobre

como trabalhar as diferenças em sala de aula, até mesmo porque este fato não

significa que o indivíduo não possa também ser participativo e ainda capaz de

aprender.

Os pesquisadores Ferreira (2003) e Mendes (2002) defendem que a

inclusão é um desafio que deve ser conquistado dia após dia mediante a

capacitação, dedicação e profissionalismo e, acima de tudo, com justiça e

amor.

É a visão de Ferreira (2003, p.42) quando este afirma:

O professor necessita olhar o aluno com olhos de que este tem capacidade de absorver conhecimentos, de aprender, acreditando, sendo predicador de que a criança é capaz.

Nesse contexto delineado pelos estudos na área, a definição de inclusão

vai além do apenas ensinar a ler e a escrever; é preciso desenvolver

capacidades de convivência para ser independente.

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Sabe-se que os resultados desses trabalhos pedagógicos são em longo

prazo, pois há os dois lados a se construir, o dos educandos e o dos

profissionais.

Mittler (2003, p.161) mostra que cada escola terá um caminho

diferenciado a fazer nessa conquista:

Cada escola encontrará obstáculos diferentes no caminho, porém nem todas elas acharão que as barreiras mais difíceis emergem das dúvidas bastante arraigadas, mas não necessariamente expressas sobre se essa jornada de fato é válida.

O papel da Educação Especial é o de integrar os alunos no contexto

regular, ainda que nem todos vão para a escola regular. A Educação Inclusiva

é o resultado de muitas discussões, estudos teóricos e práticas que tiveram a

participação e o apoio de organizações de pessoas com deficiência e

educadores no Brasil e no mundo. É fruto também de um contexto histórico em

que se resgata a educação como lugar do exercício da cidadania e da garantia

de direitos.

Isto acontece quando se preconiza, por meio da Declaração Universal

dos Direitos Humanos (1948), uma sociedade mais justa em que valores

fundamentais são resgatados como a igualdade de direitos e o combate a

qualquer forma de discriminação. A inclusão promove mudanças necessárias

no sistema educacional, que já não era satisfatório, tanto na escola de ensino

regular quanto na escola de ensino especial. Todos devem estar disponíveis

para enfrentar a situação de inclusão escolar, favorecendo o cultivo de uma

filosofia baseada em princípios democráticos e igualitários, que promovam uma

educação de qualidade para todos os alunos (FÁCION, 2003, p.210).

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2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para a seleção da revista escolhemos o período de 2010 e 2011. A

Revista Nova Escola publica 10 números por ano, sendo dois volumes

condensados, janeiro e fevereiro que é feita nas férias nas escolas.

Encontramos nesse período, 4 revistas (abril/2010,

janeiro/fevereiro/2011, agosto/2011 e novembro/2011), totalizando assim

quatro reportagens que abordam o tema relacionado à Educação Especial e à

Inclusão.

Nesta seção vamos apresentar as matérias discursivas por data e após

a apresentação de cada matéria, faremos alguns comentários sobre o assunto.

A) REVISTA NOVA ESCOLA de ABRIL/2010.

Edição 231 Abril/2010

Título do texto 1: Conheça as salas de recurso que funcionam de

verdade para a inclusão.

Vejamos o texto:

Os números do último Censo Escolar são o retrato claro de uma nova

tendência: a Educação de alunos com deficiência se dá, agora,

majoritariamente em classes regulares. Seis em cada dez alunos nessa

condição estão matriculados em salas comuns - em 2001, esse índice era de

apenas dois em cada dez estudantes. O aumento merece ser comemorado,

mas que não esconde um grande desafio: como garantir que, além de

frequentar as aulas, crianças e jovens aprendam de verdade?

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A tarefa tem naquilo que os especialistas chamam de Atendimento Educacional

Especializado (AEE) um importante aliado. Instituído pelo mesmo documento

que em 2008 concebeu as diretrizes para a inclusão escolar, mas

regulamentado apenas no fim do ano passado, o AEE ocorre no contraturno

nas salas de recursos, ambientes adaptados para auxiliar indivíduos com uma

ou mais deficiências. Segundo o Censo Escolar, atualmente 27% dos alunos

matriculados em classes comuns do ensino regular recebem esse apoio. Se a

implantação das 15 mil novas salas prometidas para este ano de fato ocorrer, o

atendimento alcançará mais de 50% das matrículas - em números absolutos,

cerca de 190 mil estudantes.

Titulo do texto 2: Trabalho não se confunde com atividades de

reforço escolar.

O texto:

Diferentemente do que muitos pensam, o foco do trabalho não é clínico.

É pedagógico. Nas salas de recursos, um professor (auxiliado quando

necessário por cuidadores que amparam os que possuem dificuldade de

locomoção, por exemplo) prepara o aluno para desenvolver habilidades e

utilizar instrumentos de apoio que facilitem o aprendizado nas aulas regulares.

"Se for necessário atendimento médico, o procedimento é o mesmo que o

adotado para qualquer um: encaminha-se para um profissional da saúde. Na

sala, ele é atendido por um professor especializado, que está lá para ensinar",

diz Rossana Ramos, especialista no tema da Universidade Federal.

(grifos nossos)

Os exemplos de aprendizagem são variados. Estudantes cegos aprendem o

braile para a leitura, alunos surdos estudam o alfabeto em Libras para se

beneficiar do intérprete em sala, crianças com deficiência intelectual utilizam

jogos pedagógicos que complementam a aprendizagem, jovens com paralisia

descobrem como usar uma prancheta de figuras com ações como "beber água"

e "ir ao banheiro", apontando-as sempre que necessário. "Desenvolver essas

habilidades é essencial para que as pessoas com deficiência não se sintam

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excluídas e as demais as vejam com normalidade", diz Maria Teresa Mantoan,

docente da faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas

(Unicamp), uma das pioneiras no estudo da inclusão no Brasil.

Também vale lembrar que o trabalho não é um reforço escolar, como

ocorria em algumas escolas antes de a nova política afinar o público-alvo do

AEE. "Era comum ver nas antigas salas de recursos alunos que apresentavam

apenas dificuldade de aprendizado. Hoje, a lei determina que somente quem

tem deficiência, transtornos globais de desenvolvimento ou altas habilidades

seja atendido nesses ambientes", afirma Maria Teresa. Com o foco definido, o

professor volta a atenção para o essencial: proporcionar a adaptação dos

alunos para a sala comum. Cada um tem um plano pedagógico exclusivo, com

as atividades que deve desenvolver e o tempo estimado que passará na sala.

Para elaborar esse planejamento, o profissional da sala de recursos apura com

o titular da sala regular quais as necessidades de cada um. A partir daí (e por

todo o período em que o aluno frequentar a sala de recursos), a comunicação

entre os educadores deve ser constante. Se o docente da turma regular

perceber que há pouca ou nenhuma evolução, cabe a ele informar o da sala de

recursos, que deve modificar o plano. Outra atitude importante é transmitir o

conteúdo das aulas da sala regular à de recursos com antecedência. "Se a

turma for aprender operações matemáticas, é preciso preparar o aluno com

deficiência visual para entender sinais especiais do braile", exemplifica Anilda

de Fátima Piva, professora de uma sala de recursos na EMEF João XXIII, em

São Paulo.

Título do texto 3: Salas para todas as deficiências ou especializadas

numa única.

O texto:

No fim dos anos 1990, modelos distintos de salas de recursos chegaram

ao Brasil. Algumas cidades começaram a montar suas próprias configurações,

sem que os especialistas tenham eleito até agora um padrão ideal. Para

Daniela Alonso, psicopedagoga especialista em inclusão e selecionadora do

Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10, a diversidade é positiva. "Como a

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proposta desses ambientes é nova, ter mais de um modelo é importante. Após

algum tempo de experiência, aí, sim, pode haver consenso", defende.

Em linhas gerais, é possível agrupar as diversas salas existentes em dois tipos.

No primeiro, há recursos para atender a todas as deficiências. É o modelo

defendido pelo Ministério da Educação (MEC) por meio das chamadas salas

multifuncionais, instaladas a pedido de redes municipais ou estaduais (segundo

dados oficiais, são 5,5 mil em funcionamento). O argumento principal é evitar

deslocamentos e fazer com que todos os alunos com deficiência de um bairro

ou comunidade sejam atendidos no mesmo local - cada sala tem estrutura para

dez estudantes. "Isso tem a vantagem de aproximar a família da vida escolar

dessas crianças. Os pais passam a ter mais informações sobre como auxiliar

seus filhos na busca por autonomia", afirma Maria Teresa.(grifos nossos).

A segunda perspectiva é realizar o AEE por deficiência, como ocorre na

cidade de São Paulo. Não há grandes diferenças em relação à infraestrutura -

as maiores distinções dizem respeito à formação do professor. "No curso,

damos ao educador uma formação específica na área em que ele vai atender.

Oferecemos uma visão geral de todos os tipos de deficiência, mas ele se

especializa em uma única", diz Silvana Drago, assistente técnica de Educação

Especial da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. No caso

paulistano, as salas de recursos também ocupam espaço nas escolas

regulares, e os alunos recebem transporte para o polo mais próximo.

Outras cidades experimentam uma combinação dos dois modelos para

conseguir ampliar o atendimento. É a opção de Fortaleza. Por lá, de acordo

com as previsões oficiais, até o fim de 2010 a rede receberá o reforço de 58

salas do programa do governo federal (hoje, são 105 salas próprias da

prefeitura). O tempo vai dizer qual o melhor modelo e se será necessário optar

por um. "Não sabemos ainda como esse processo vai se encaminhar, mas o

momento é de otimismo", afirma Daniela. "Antes, faltavam iniciativa e oferta de

recursos para AEE. Agora, esses dois fatores já existem."

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Título do texto 4: O desafio da (boa) formação específica

O texto:

Por mais que os equipamentos das salas de recursos sejam

importantes, é a atuação do professor que tem mais impacto na aprendizagem.

Entre as responsabilidades do educador propostas pela nova lei, estão a

criação de um plano pedagógico específico para cada aluno e a elaboração de

material. "Nesse sentido, o caminho para uma inclusão efetiva é a formação",

afirma Rossana.

O tipo de formação varia de acordo com o modelo de AEE adotado pela rede.

Na proposta do MEC, o curso é a distância, dura 400 horas e aborda todas as

deficiências. "A metodologia é a do estudo de caso, em que os participantes

investigam a melhor conduta para cada aluno", explica Claudia Pereira Dutra,

secretária de Educação Especial do MEC. Na cidade de São Paulo, por outro

lado, a ênfase é na deficiência em que o professor vai atuar. No curso,

presencial, o conteúdo é específico por deficiência. Por exemplo, o professor

que precisa trabalhar com cegos aprenderá braile e o uso de aparelhos de

apoio. Para Daniela Alonso, a formação ainda está longe do ideal. "É uma

medida emergencial para atender à demanda das salas. Tem sido útil para

divulgar o tema, mas precisa melhorar." Uma das maiores necessidades é

ampliar o espaço para a prática. "Não há “nenhum programa de estágio, o que

seria essencial”, finaliza.”

Comentários sobre a matéria:

A primeira reportagem abordada sobre o tema relacionado à Educação

Especial durante o ano de 2010 na Revista Nova Escola foi encontrada no mês

de Abril. Isso nos impressionou porque foi o único exemplar encontrado neste

ano na veiculação de dez exemplares que são feitos pela revista anualmente.

A matéria nos mostra que o caminho para que seja feita, neste caso, a

inclusão de crianças com necessidades especiais, são as salas de recursos

multifuncionais ou ainda conhecidas como salas de atendimento educacionais

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especializados, ou seja, os argumentos dos discursos são prescritivos, uma

vez que prescreve-se como ter a sala de aula, como fazer etc.

Podemos observar ainda que o foco do trabalho está no professor, na

formação deste, que deve estar preparado para receber estes alunos e saber

trabalhar em equipe com um professor especializado em educação especial

para juntos buscarem alternativas para atingirem o objetivo principal que é o da

aprendizagem. Mais uma vez há a prescrição.

Embora todo o discurso relacionado às salas especiais seja feito,

conforme a fala de Daniela Alonso e por meio das observações feitas durante

os estágios obrigatórios exigidos pela Universidade nas séries iniciais e finais

no Ensino Fundamental durante os anos 2011 e 2012, podemos relatar que

tudo o que se tem feito são medidas emergenciais, os cursos que investem na

capacitação dos professores ainda tem muito que ser melhorado: faltam

estágios para complementar essa formação nessa área. Então, o que poderia

ser feito? Será que, de fato, todos os professores querem e entendem essa

necessidade de saber trabalhar com crianças com necessidades especiais?

Por que já na graduação do curso de Pedagogia, ao longo dos quatro anos de

formação, não existem disciplinas que abordam única e exclusivamente o tema

da educação especial uma vez que o mesmo é um assunto extremamente

importante e vasto? Ou seria mais fácil "fingir" que incluímos nossos alunos

quando na verdade acabamos por excluí-los e assim fica "tudo bem", as

crianças "fingindo" que aprendem e os educadores "fingindo" que ensinam?

Todas essas são questões que nos intrigam como educadores em busca de

uma educação de qualidade.

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B) REVISTA NOVA ESCOLA de JANEIRO e FEVEREIRO /2011

Edição 239 jan/fev/2011

Título do texto 5: É hora de garantir a aprendizagem de todos

Texto:

Receber os estudantes com deficiência é um avanço. Mas falta fazer da

inclusão uma realidade e assegurar o direito à Educação

Poucas áreas da Educação mudaram tanto nos últimos 25 anos quanto

a inclusão de crianças e jovens com deficiência. Até meados dos anos 1980, o

normal era mantê-los privados da convivência com os demais. Os poucos que

frequentavam uma sala de aula estavam em instituições exclusivas. Foi há

duas décadas que esses alunos começaram a chegar às redes regulares.

Primeiro, apenas ganharam o direito à matrícula. A inclusão, de fato, só veio

mais tarde, quando entrou em cena a preocupação com a aprendizagem.

O preconceito foi o maior empecilho. Durante muito tempo, acreditava-se que

uma criança cega não fosse capaz de aprender tanto quanto outra que enxerga

normalmente. Quando o caso era de deficiência intelectual, então, nem se

falava na necessidade de estudar. Hoje parece inacreditável, mas nos anos

1980 um jovem com deficiência intelectual ou com altas habilidades era

chamado de "retardado". Na década seguinte, consagrou-se a expressão

"crianças excepcionais" para se referir a esses estudantes (em oposição aos

ditos "normais").

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À medida que a sociedade descobria que o leque de possibilidades para

esses alunos poderia ser ampliado, mudava também a forma de se referir a

eles. No início dos anos 2000, era comum a expressão "portador de

deficiência". Mas ela logo foi abandonada porque a deficiência não é algo que

se carrega num momento e em outro, não. Hoje, o mais correto é dizer "pessoa

com deficiência".

Como boa parte das mudanças na Educação, também no campo da inclusão

tudo começou com a Constituição de 1988, que garantiu o direito de todos à

escolarização e estabeleceu que o atendimento deveria ser feito

preferencialmente na rede regular de ensino. Nem por isso a situação se

transformou rapidamente. Professores, diretores e representantes das

Secretarias de Educação acreditavam que cabia à própria criança adaptar-se

às atividades. O professor não precisava alterar em nada sua aula ou oferecer

materiais diversificados. O resultado é que as chamadas instituições especiais

de ensino continuaram com grande número de matriculados.

Felizmente, iniciativas individuais de professores provaram que é possível para

um jovem com deficiência acompanhar o grupo e aprender como os colegas

(processo semelhante ao que ocorreu em todo o mundo). Assim, quando a Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) foi aprovada, em 1996, já

havia consenso entre os especialistas de que era preciso mais do que garantir

só a matrícula desses alunos. Por vários anos, porém, a LDB provocou uma

espécie de mal-entendido.

No capítulo V, que trata especificamente da Educação Especial, está escrito

que essa modalidade de ensino deve ser oferecida preferencialmente na rede

regular de ensino e, quando necessário, com serviços de apoio especializado.

A palavra "preferencialmente" fez com que poucos Estados e municípios

abrissem as portas das redes - e o atendimento obrigatório na escola regular

só foi formalizado 12 anos depois, com a criação da Política Nacional de

Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que define

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20

claramente que é obrigatória a matrícula nas redes regulares, com atendimento

educacional especializado no contraturno.

Título do texto 6: Não basta matricular

O texto:

"Direito à Educação compreende acesso, permanência e apropriação

dos conteúdos para participação social, o que exige investimentos em

formação e em infraestrutura", diz a professora da Universidade Federal de

São Carlos (UFSCar) Kátia Regina Caiado. Hoje, o conceito de inclusão prevê

que as escolas devem se adaptar para atender às necessidades de todos. Para

muitos professores, o impacto dessa mudança ainda é grande. Para ajudá-los,

as redes investiram em formação específica, desenvolveram materiais de apoio

e procuraram parcerias com as escolas especiais. "Quando se tem clareza de

que cada estudante é único e que é preciso oferecer diferentes estratégias

para atender às necessidades de cada um, ensinar alguém com deficiência

passa a ser somente mais uma tarefa docente", diz Marília Costa Dias,

coordenadora da especialização em Educação Inclusiva do Instituto Superior

de Educação Vera Cruz, em São Paulo.

Os desafios, porém, ainda são enormes. Há apenas 520 impressoras em braile

em todo o país. As escolas com banheiros adaptados para cadeiras de rodas

são apenas 13% do total e as que contam com sala de recursos multifuncionais

para o atendimento educacional especializado não passam de 16%. Os dados

do Censo Escolar 2007 mostram ainda que 70,8% das crianças com deficiência

cursam o Ensino Fundamental, mas só 2,5% dos jovens estão no Ensino

Médio. A boa notícia é que desde 2008, quando a inclusão nas redes públicas

virou lei, o número de matrículas em escolas regulares ultrapassou o das

escolas especiais. O caminho ainda é longo, mas professores e redes estão

ajudando a fazer da inclusão escolar uma realidade."

Page 22: o discurso sobre educação especial na revista nova escola (2010

21

Comentários sobre a matéria:

A segunda reportagem encontrada na Revista Nova Escola foi

encontrada no ano de 2011 especificamente em um único exemplar, mas que

aborda os meses de Janeiro e Fevereiro.

O anúncio da matéria diz que é hora de garantir a aprendizagem de

todos. Ao ler este anúncio, logo pensamos que talvez tenhamos novas

propostas a serem apresentadas para a inclusão. Porém, ao longo do discurso

percebemos que o foco do caminho da inclusão está novamente nas salas de

atendimento especializado, ou seja, o fato de receber os estudantes com

deficiência é considerado um avanço, mas o que falta ser feito é fazer da

inclusão uma realidade assegurando sempre o direito à Educação, onde a

aprendizagem dessas crianças deve ser o principal objetivo do trabalho.

Assim como foi dito na matéria, o desafio ainda é grande, o caminho

para a inclusão ainda é longo, pois, na realidade o que vemos é que nas

escolas ainda faltam muitos recursos e não basta apenas matricular a criança

na escola regular, é necessário que se tenha um atendimento especializado.

C) REVISTA NOVA ESCOLA de AGOSTO /2011

Edição 244 agosto/2011

Título do texto 7: Inclusão: 7 professoras mostram como enfrentam

esse desafio

O texto:

Educadoras compartilham a experiência de ensinar alunos com

necessidades educacionais especiais. As soluções sempre envolvem o

trabalho em equipe

Page 23: o discurso sobre educação especial na revista nova escola (2010

22

"Não me sinto sozinha nesse trabalho de inclusão. Conto com uma

auxiliar em sala para dar conta de toda a turma e tenho a parceria da

responsável pelo AEE. Juntas, pensamos nas melhores soluções para que

Isabelly avance." Roberta Martins Braz Villaça, professora da EMEB Helena

Zanfelici da Silva, em São Bernardo do Campo, SP.

Ensinar crianças e jovens com necessidades educacionais especiais

(NEE) ainda é um desafio. Nos últimos dez anos, período em que a inclusão se

tornou realidade, o que se viu foi a escola atendendo esse novo aluno ao

mesmo tempo que aprendia a fazer isso. Hoje ainda são comuns casos de

professores que recebem um ou mais alunos com deficiência ou transtorno

global do desenvolvimento (TGD) e se sentem sozinhos e sem apoio, recursos

ou formação para executar um bom trabalho. Dezenas de perguntas recebidas

por NOVA ESCOLA tratam disso. Mas a tendência, felizmente, é de mudança -

embora lenta e ainda desigual. A boa-nova é que em muitos lugares a inclusão

já é um trabalho de equipe. E isso faz toda a diferença.

A experiência de Roberta Martins Braz Villaça, da EMEB Helena Zanfelici da

Silva, em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo,

comprova isso. Entre seus 24 alunos da pré-escola está Isabelly Victoria

Borges dos Santos, 5 anos, que tem paralisia cerebral. Apesar do

comprometimento motor, a menina tem a capacidade cognitiva preservada. Na

escola desde o ano passado, ela participa de todas as atividades. "Os

conteúdos trabalhados em sala são os mesmos para ela. O que eu mudo são

as estratégias e os recursos", explica a professora.

Isabelly se comunica por meio da expressão facial. Com um sorriso ela escolhe

as cores durante uma atividade de pintura. No parque, com a ajuda das placas

de comunicação, decide se quer brincar de blocos de montar ou no

escorregador. Nas atividades de escrita, indica quais letras móveis quer usar

para formar as palavras e já reconhece o próprio nome. "Ela tem avançado

muito e conseguido acompanhar a rotina escolar", comemora a professora.

Page 24: o discurso sobre educação especial na revista nova escola (2010

23

Roberta não está sozinha nesse trabalho. Ela conta com o apoio diário de uma

auxiliar, que a ajuda na execução das atividades, na alimentação e na higiene

pessoal de Isabelly. Outra parceira é a professora do atendimento educacional

especializado (AEE). Num encontro semanal de uma hora, elas avaliam as

necessidades da menina, pensam nas estratégias a utilizar e fazem a

adaptação dos materiais.

Inaugurada em 2001, a escola em que Roberta leciona já foi construída

levando em conta a inclusão: o projeto previa um elevador e um espaço para

uma futura sala de recursos. Mas daí a funcionar com qualidade, com materiais

diversos e uma equipe afinada, foi um longo caminho. "Somente em 2005

passamos a contar com estagiários e auxiliares em sala", lembra a diretora,

Maria do Carmo Tessaroto.

Gestores preocupados com a questão e que buscam recursos e pessoal

de apoio fazem da inclusão um projeto da escola. Dessa forma, melhoram as

condições de trabalho dos professores, que passam a atuar em conjunto com

um profissional responsável pelo AEE, a contar com diferentes recursos

tecnológicos e a ter ciência de que o aluno com deficiência ou TGD não é

responsabilidade exclusivamente sua. Com a parceria da família, as

possibilidades de sucesso são ainda maiores.

Comentários sobre a matéria:

A terceira reportagem abordada sobre o tema traz como capa de sua

principal matéria o slogan da inclusão. Essa foi encontrada no mês de Agosto

no mesmo ano de 2011. São relatos de educadoras que convivem com

crianças especiais em sua prática diária mostrando que o trabalho com a

inclusão é um trabalho de parceria com professores especializados em

educação especial, com a sala de atendimento especial e que a inclusão deve

ser um projeto da escola juntamente com a parceria da família que deve estar

envolvida em todo o projeto para que a inclusão de fato, aconteça. Novamente

existe o discurso de que toda a mudança é lenta e também desigual.

Page 25: o discurso sobre educação especial na revista nova escola (2010

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D) REVISTA NOVA ESCOLA NOVEMBRO /2011

Edição 247 novembro/2011

Título do texto 8: Professora de Educação Física vence com exemplo

de inclusão

O texto:

A diversidade marcou a noite e emocionou as mais de 1,2 mil pessoas

presentes na Sala São Paulo, na capital paulista, para prestigiar os vencedores

da 14ª edição do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10, no dia 17 de

outubro. Os ganhadores - uma coordenadora pedagógica e dez professores -

representam as cinco regiões brasileiras, as zonas urbana e rural e várias

disciplinas. Após muita expectativa, os jurados decidiram o destaque de 2011 e

a mineira Fernanda Pedrosa de Paula foi eleita a Educadora do Ano com o

projeto Respeitável Público: O Circo na Escola.

"Eu apenas represento uma gama de professores que às vezes não aparece,

mas está na sala de aula, realizando inúmeras acrobacias e malabarismos para

garantir que seus alunos aprendam", comentou Fernanda, com muita emoção,

após receber o prêmio entregue pelo presidente da Fundação Victor Civita.

No projeto vencedor, ela focou o trabalho de consciência corporal e inclusão de

alunos com necessidades educacionais especiais (NEEs) na Educação Física.

A iniciativa foi desenvolvida com os alunos de 4º e 5º anos da EM José de

Calasanz, em Belo Horizonte. "Saímos daqui com o desejo de que o Brasil

possa ter milhares de professores nota dez, alunos nota dez, escolas nota dez,

livros nota dez e políticas educacionais nota dez", discursou, representando

todos os demais laureados da noite.

Page 26: o discurso sobre educação especial na revista nova escola (2010

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A festa coroou o trabalho iniciado vários meses antes na FVC com o

recebimento das inscrições de 2.828 projetos de professores e gestores

enviados de todo o país. O material foi averiguado por 15 selecionadores das

várias áreas do conhecimento. E os que passaram por esse crivo inicial

enfrentaram mais um rigoroso processo de avaliação, feito pelos jurados Ruy

Aguiar, especialista de projetos do Fundo das Nações Unidas para a Infância

(Unicef), Maria Malta Campos, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas

(FCC), Nilson José Machado, professor da Faculdade de Educação da

Universidade de São Paulo (USP), Sofia Lerche Vieira, docente da

Universidade Federal do Ceará (UFC), Sonia Madi, coordenadora da Olimpíada

de Língua Portuguesa, Vera Placco, professora titular da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e Regina Scarpa, presidente do

júri e coordenadora pedagógica da FVC.

Ao lado de Fernanda, completam os Educadores Nota 10: Adriana Rodrigues

de Almeida Oliveira, de Ibitiara, BA, e Catia Eliane Nicolachik, de Itapoá, SC,

com projetos de Língua Portuguesa, Célia Maria Ribeiro Batista, de Joinville,

SC, Edson Thó Rodrigues, de João Pessoa, e Lucimar Borba de Lima, de

Ariquemes, RO, em Matemática, Elaine Adriana Rodrigues de Paula, de Catas

Altas, MG, em História, Flávia Pereira Lima, de Goiânia, em Ciências, Luís

Carlos Batista Rodrigues, de Teresina, em Geografia, Roberto Schkolnick, de

São Paulo, em Música, e a gestora Maria Inês Miqueleto Casado, de Ibitinga,

SP.

O rigor na seleção e a preocupação com a aprendizagem são vistos pelos

especialistas como grandes diferenciais do Prêmio Victor Civita. "Sem dúvida,

esse é a maior premiação de Educação da América Latina. Não existe forma

melhor para valorizar esse profissional tão essencial à sociedade", constatou

Denise Vaillant, professora da Universidade Ort Uruguai e presidente do

Observatório Internacional da Profissão Docente, uma das convidadas.

Page 27: o discurso sobre educação especial na revista nova escola (2010

26

"Se pudéssemos juntar todos os premiados em uma única instituição, teríamos

a escola dos sonhos", comentou o jurado Ruy Aguiar, do Unicef. Regina

Scarpa, da FVC, completou que a qualidade do conjunto de vencedores esteve

particularmente forte na edição de 2011. "É motivo de alegria para todos os

envolvidos no processo."

Comentários sobre a matéria:

E, por fim, a quarta e última reportagem encontrada na revista se trata

de uma premiação a uma profissional da Educação Física no mês de

Novembro do ano de 2011 que desenvolveu um trabalho com o projeto do circo

na escola onde se trabalhou a consciência corporal nas crianças com

necessidades educacionais especiais juntamente com mais dez educadores

recebendo a premiação de educadora nota dez.

Ao lermos todas as reportagens encontradas podemos dizer que

concordamos que o foco da inclusão está voltado para a escola e

consequentemente na formação do professor que deve estar preparado para

trabalhar com seu aluno e assegurar a sua aprendizagem. Mas é apenas este

o caminho?

Ao olharmos para a Revista Nova Escola, que, conforme foi dito

anteriormente, é uma fonte de informações aos professores porque

apresentam algumas práticas e reflexões para trabalhar com as diferenças com

o objetivo de superá-las, uma vez que esta chega às escolas mensalmente e

talvez, seja uma das revistas de divulgação mais lida por docentes de Ensino

Fundamental e Ensino Médio, vemos que os discursos contêm apenas

argumentos prescritivos, que mostram o que temos que ter para fazer a

inclusão ou são os mesmos argumentos por exemplo que trazem depoimentos

de professores que já estão fazendo.

São discursos redundantes, matérias com títulos diferentes, mas com o

mesmo argumento, sem apresentar aos seus leitores, os professores, qualquer

novidade sobre o tema.

Os textos não trazem reflexão, crítica nem evidenciam novidades.

Afirmam o que sabemos na área de Educação Especial.

Page 28: o discurso sobre educação especial na revista nova escola (2010

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CONCLUSÃO

Se a proposta da Revista Nova Escola é educar pela divulgação de

novos caminhos para a inclusão, essa meta não foi alcançada nos textos que

analisamos. Os textos tratam do óbvio, das prescrições gerais e não debatem o

papel da Educação Especial. A educação é um direito de todos os indivíduos e

de acordo como Mantoan (2003, p.5): "educar é empenhar-se por fazer o outro

crescer, desenvolver-se, evoluir".

A presença de um portador de necessidades educacionais especiais

nas salas regulares de ensino é de fato um grande desafio para a escola em

relação a atender às necessidades educacionais destes alunos com relação à

qualidade do ensino e ao seu acesso à própria instituição.

A sala de recursos multifuncionais ou de atendimento educacional

especializado são dimensões importantes, porém é também importante e

fundamental a interação professor – aluno porque se nessa sala o aluno não

presta atenção ao professor, é o professor quem deve olhar seus alunos. Ali, o

aluno não é apenas ouvinte e sim realizador de atividades, onde resolve

problemas e desenvolve projetos. Mas, novamente a pergunta nos instiga, é

esse o caminho?

Onde fica a cidadania? A inclusão. As revistas não abordam essas

questões. Trazem apenas o discurso das velhas prescrições e exemplos, sem

tomar a direção mais fundamental que é a interação, a ação e as novidades de

escolas que receberam alunos normais e especiais que juntos convivem e,

talvez, transformam as desigualdades em igualdade cidadã.

Ao analisarmos histórias de pessoas com necessidades especiais,

vemos que durante anos estas perderam a sua própria identidade, passando a

ser nomeadas pela deficiência das quais são portadoras como o cego, o surdo,

o down, o autista, o hiperativo ,etc. Para fazerem uma tentativa de inclusão,

esses alunos passaram a frequentar as classes regulares em escolas

regulares, mas para que isso acontecesse, era necessário uma prévia seleção

onde só seriam incluídos se estivessem aptos e moldados ao formato da

Page 29: o discurso sobre educação especial na revista nova escola (2010

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escola, ou seja, não era a escola quem tinha que mudar e sim os alunos é que

teriam que se adequar às exigências da escola.

Atualmente, um grande número de crianças com necessidades especiais

estão frequentando as escolas regulares e este fato deve nos levar a uma

compreensão no sentido de compreender que as diferenças na sala de aula

antes de serem um complicador para a ação do professor, podem se tornar um

fator de qualificação e de enriquecimento do ensino, uma vez que pais,

professores, enfim, a sociedade em geral deveriam levar em conta que a

convivência entre crianças com e sem necessidades especiais é mutuamente

benéfica.

Ganham os alunos com necessidades especiais na medida em que

convivem em um ambiente rico em desafios e experiências que os estimulem e

incentivem e também ganham os alunos considerados normais por terem a

oportunidade de aprender a conviver com a diversidade, de construir novos

conhecimentos, além de que em espaços onde se dá lugar à diferença e não

se estigmatiza a deficiência, tem-se um lugar propício para as experiências de

ajuda mútua, solidariedade, cidadania e novos conhecimentos, esses padrões

de convivência tão importantes e necessários, são o que faltam em nosso dia a

dia.

Page 30: o discurso sobre educação especial na revista nova escola (2010

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REFERÊNCIAS

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especial. Curitiba: Ibpex,2009.

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agosto de 2012.

FACION, José Raimundo. Inclusão Escolar e suas implicações.2.ed.

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FERNANDES, Sueli. Fundamentos para a educação especial. Curitiba:

Ibpex,2007.

FERREIRA, J.R. A nova LDB e as necessidades educativas especiais. IN

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GHIRALDELLI,P.O que é inclusão? Disponível

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MANTOAN, Maria Tereza Ègler. Inclusão escolar- o que é? Por quê? Como

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MITTLER, Peter. Educação Inclusiva: Contextos sociais. São Paulo. Editora

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educadores. Porto Alegre: Artmed,1999. Tradução Magda França.

FONTES

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REVISTA NOVA ESCOLA. É hora de garantir a aprendizagem de todos. São

Paulo. edição 239.Janeiro e Fevereiro de 2011.

REVISTA NOVA ESCOLA. Inclusão: 7 professoras mostram como enfrentam

esse desafio.edição 244. São Paulo. Agosto de 2011.

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exemplo de inclusão.edição 247. São Paulo. Novembro de 2011.

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