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O EFEITO DA LUZ INTENSA PULSADA EM MANCHAS SENIS: UM RELATO DE CASO. Janaína Bastos da Silva¹ Jussara Baronio² Felipe Lacerda³ Vandressa Bueno Resumo: A literatura sugere que a luz intensa pulsada tem ação sobre as manchas senis por destruir o excesso de melanina acumulada na epiderme e na derme papilar que causa as lesões pigmentadas. Supõe-se que o efeito foto-térmico da luz intensa pulsada queimaria e coagularia as partículas de melanina da pele. Para tanto o objetivo da pesquisa é relatar casos clínicos da aplicação da luz intensa pulsada em manchas senis. O estudo restringe-se a uma pesquisa descritiva e exploratória e por descrição dos fatos observados a partir do material apresentado por um profissional da área da medicina, ao qual disponibilizou ilustrativamente os objetos que posteriormente serão analisados. Pode-se perceber que a luz intensa pulsada é efetiva no tratamento das manchas senis e atua como despigmentante e clareadora. Palavras-chave: Luz intensa pulsada. Manchas senis. Pele. 1 INTRODUÇÃO Desde os tempos antigos, a luz sempre foi sinônimo de calor, energia e vida. Foi no final do século XIX e no início do século XX, que cientistas como Plank, Kant e Einstein elaboraram leis físicas comprovando a realidade energética da luz. A Luz Intensa Pulsada (LIP) foi desenvolvida por Goldman (1963) a partir da teoria da fototérmolise seletiva desenvolvida por Anderson (1983), sendo criado o primeiro aparelho de LIP. Luz intensa pulsada é uma fonte de emissão de radiação eletromagnética que emite um amplo espectro de comprimento de onda, do ínicio do UV (< 100 nm) até o fim do IV (> 20000 nm) (SOUZA, 2007). ___________________________ Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, Florianópolis, Santa Catarina. E-mail:[email protected] ² Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, Florianópolis, Santa Catarina. E-mail:[email protected] ³ Orientador, Professor do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, Florianópolis, Santa Catarina. E-mail:[email protected] Coorientadora, Professora do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, Florianópolis, Santa Catarina. E-mail:[email protected]

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O EFEITO DA LUZ INTENSA PULSADA EM MANCHAS SENIS: UM

RELATO DE CASO.

Janaína Bastos da Silva¹ Jussara Baronio²

Felipe Lacerda³

Vandressa Bueno

Resumo: A literatura sugere que a luz intensa pulsada tem ação sobre as manchas

senis por destruir o excesso de melanina acumulada na epiderme e na derme papilar que causa as lesões pigmentadas. Supõe-se que o efeito foto-térmico da luz intensa pulsada queimaria e coagularia as partículas de melanina da pele. Para

tanto o objetivo da pesquisa é relatar casos clínicos da aplicação da luz intensa pulsada em manchas senis. O estudo restringe-se a uma pesquisa descritiva e exploratória e por descrição dos fatos observados a partir do material apresentado

por um profissional da área da medicina, ao qual disponibilizou ilustrativamente os objetos que posteriormente serão analisados. Pode-se perceber que a luz intensa pulsada é efetiva no tratamento das manchas senis e atua como despigmentante e

clareadora.

Palavras-chave: Luz intensa pulsada. Manchas senis. Pele.

1 INTRODUÇÃO

Desde os tempos antigos, a luz sempre foi sinônimo de calor, energia e vida.

Foi no final do século XIX e no início do século XX, que cientistas como Plank, Kant

e Einstein elaboraram leis físicas comprovando a realidade energética da luz.

A Luz Intensa Pulsada (LIP) foi desenvolvida por Goldman (1963) a partir da

teoria da fototérmolise seletiva desenvolvida por Anderson (1983), sendo criado o

primeiro aparelho de LIP. Luz intensa pulsada é uma fonte de emissão de radiação

eletromagnética que emite um amplo espectro de comprimento de onda, do ínicio do

UV (< 100 nm) até o fim do IV (> 20000 nm) (SOUZA, 2007).

___________________________

Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Florianópolis, Santa Catarina. E-mail:[email protected]

² Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Florianópolis, Santa Catarina. E-mail:[email protected]

³ Orientador, Professor do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Florianópolis, Santa Catarina. E-mail:[email protected]

Coorientadora, Professora do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí –

UNIVALI, Florianópolis, Santa Catarina. E-mail:[email protected]

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A luz intensa pulsada é erroneamente confundida com o laser, mas se

diferencia deste por apresentar características de luz policromática, incoerente e não

colimada, e apresenta efeitos diversos sobre os tecidos como o fototérmico,

fotoquímico e fototermólise seletiva (PIROLA & GIUSTI, 2010).

Atualmente, a LIP vem sendo utilizada de forma crescente e também vem

apresentando aplicações com resultados fundamentados de cunho cientifico, tendo,

entre os tratamentos, a epilação, alterações da pigmentação da pele,

envelhecimento e fotoenvelhecimento tecidual, bem como alterações de crescimento

do pelo e atrofia tecidual, tal como as estrias, acnes e melanoses (PIROLA &

GIUSTINI,2010).

A luz intensa pulsada representa um grande avanço tecnológico no

tratamento coadjuvante de algumas alterações dermatológicas. A LIP age em dois

níveis da pele: superficial e profundo. A aplicação superficial consegue uma redução

significativa das melanoses solares (TAMURA, 2001).

As manchas senis (melanoses solares) constituem-se numa doença pré-

maligna da pele que ocorre por um processo degenerativo causado pelo sol que

incide sobre a pele ao longo da vida.

Geralmente localizam-se sobre o dorso das mãos, partes externas dos

antebraços e rosto. As manchas senis são coleções de pigmentos que aparecem

próximas à superfície da pele, nas áreas mais atingidas pelo sol.

Considerando a ação da luz intensa pulsada na despigmentação de

manchas de pele; e as manchas senis como uma das queixas dos pacientes na

prática clínica da estética, descrever os resultados do tratamento destas lesões

através da LIP se mostra de grande interesse nessa área de atuação.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Segundo Pimentel (2008, p. 28), “O fotoenvelhecimento é o efeito da

exposição ao sol, que leva a degeneração das fibras de colágeno e elásticas,

provocando o aparecimento das hiperpigmentações na pele”.

As ações dos raios ultravioletas são os principais responsáveis pelo

envelhecimento da pele, especialmente por causa da ação dos radicais livres.

(BÉRARD, 2006)

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De acordo com Guirro & Guirro (2004, p. 232), “A pigmentação da pele é a

proteção principal do organismo contra a radiação ultravioleta”.

Souza (2007, p. 38) afirma que “Os melanócitos diminuem sua capacidade de

produção em torno de 8 a 20% por década, o que significa menor capacidade de

proteção contra raios ultravioletas”.

Pouco a pouco a pele se modifica tanto em sua consistência quanto na cor.

Seu aspecto amarelado é acompanhado por distúrbios de pigmentação e manchas

senis de cor marrom (BÉRARD, 2006)

Mancha Senis (Melanoses Solares)

Manchas senis ou melanoses solares são lesões pigmentadas na superfície

cutânea que surgem em regiões expostas ao sol e aumentam em número e

dimensão com o envelhecimento (KEDE, 2004).

Manchas senis não são provocadas pela idade e sim pelos danos causados

pelo sol ao longo dos anos. Só que este dano leva tempo para aparecer e por isso,

as melanoses solares são mais comuns em pessoas idosas, daí o nome senil

(LIMA, 2012).

Manchas acastanhadas também conhecidas como mancha senis, são

manchas que não aparecem só em idosos, mas sim em indivíduos de qualquer

idade (PIMENTEL, 2008).

As melanoses solares são manchas escuras de coloração castanha ou

marrom, geralmente pequenas, mas que podem chegar a alguns centímetros de

tamanho. Elas surgem apenas nas áreas que ficam expostas ao sol, como a face,

dorso das mãos e dos braços, colo e ombros (LIMA, 2012).

A variação da mão senil pode ocorrer em distintas épocas e em variáveis

graus. Algumas pessoas sofrem alterações ao final da terceira década de vida,

outros somente a partir da sexta década (MAIO, 2011).

O quadro cutâneo da mancha senil está associado a fatores ambientais e a

estilo de vida de cada pessoa (MAIO, 2011).

Segundo Maio (2011, p.1397), “Na sexta década da vida, a velocidade na

renovação celular é reduzida a metade. A epiderme se torna mais fina, com

diminuição da camada córnea e alteração dos melanócitos”.

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A mancha senil é causada pela ação do UV, onde ocorre aumento do número

e de atividade dos melanócitos, tratando-se de uma foto dermatose por irritação

primária progressiva. As manchas senis apresentam cor castanho-clara a escura e

surgem nas áreas do corpo expostas ao sol (ACCURSIO, 2009).

O surgimento da mancha senil decorre do aumento do número dos

melanócitos (célula que produz o pigmento da cor da pele) e da sua atividade,

produzindo mais melanina e causando as manchas (PIROLA & GUISTI, 2010).

A melanina é sintetizada nos melanócitos, a partir da tirosina. A melanina

apresenta-se com uma cor clara. Assim que formados os polímeros de melanina, a

função dela é chegar até os queratinócitos, constituindo uma barreira de proteção

contra os raios UV (SORIANO, ET AL, 2002).

Conforme Souza (2007, p. 529):

“O acúmulo de melanina na epiderme e na derme papilar é responsável pela aparição de lesões pigmentadas. A solução do problema é a destruição do excesso de melanina, que pode ser feita por aplicação de LIP no local afetado; o efeito foto térmico vai queimar e coagular as partículas de melanina”.

Nas manchas senis, ocorre ruptura de melanossomas por ação do calor e a

melanina e fragmentada em pequenas partículas que vão clareando aos poucos

durante as sessões (PIROLA & GIUSTI, 2010).

Luz Intensa Pulsada (LIP)

No ano de 1963, Goldman desenvolveu a Luz Intensa Pulsada (LIP), que

junto a teoria de fototérmolise seletiva desenvolvida em 1983, por Anderson, deram

origem ao primeiro aparelho de LIP para uso comercial, já no ano de 1994. Este

método é uma fonte de emissão de radiação eletromagnética que transfere um

abrangente espectro de comprimento de onda, no início do UV (<100nm) até o fim

do IV (>20000nm) (SOUZA, 2007).

A luz intensa pulsada (LIP) emite luz não coerente com comprimento de onda

entre 500 a 1200nm. São utilizados filtros para eliminar comprimentos de onda mais

curtos e aumentar a penetração dérmica (PATRIOTA, 2007).

A luz intensa pulsada emite uma luz de faixa ampla (desde 515 a 1200nm) em

pulsos que podem ser simples, duplos ou triplos, de duração variável (2-20 ms).

(AGNE, 2011).

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A luz é emitida em pulsos únicos, duplos ou triplos com 2 a 25 milisegundos

cada, com intervalos entre os pulsos variando entre 10 a 500 milisegundos

(PATRIOTA, 2007).

Conforme Agne (2011, p. 336), “A luz intensa pulsada (LIP) é aquela que

emite um comprimento de pulso simples, duplos ou triplos e que mediante aplicação

de série de filtros dá lugar a vários espectros de emissão”.

A luz intensa pulsada possui filtros que de acordo com o comprimento das

ondas desejadas podem variar. O espectro de comprimento de onda pode atuar

entre 500nm e 1.100nm e a escolha dos filtros vai demonstrar a afinidade pela

melanina e a intensidade de penetração da energia luminosa (KEDE, 2004).

Os filtros, geralmente, podem variar de acordo com o comprimento de onda

apropriado para absorção em determinados tecidos, da seguinte forma:

390 nm a 510 nm: tratamentos dermatológicos de acne ativa;

520nm a 1200nm: tratamento de lesões vasculares de rosáceas e melanoses

de peles de foto tipos I, II e III.

640nm a 1200nm: epilação duradoura e estimulo de colágeno da derme

reticular (PIROLA &GIUSTI, 2010).

A emissão de luz intensa pulsada por determinados aparelhos produz um

feixe de luz não coerente, cujo espectro de radiação abrange vários comprimentos

de onda simultaneamente (SALLES, et al).

A LIP emite luz não coerente com comprimento de onda entre 500 a 1200nm.

Trata satisfatoriamente telangiectasias, manchas vinho-do-porto e hemangiomas

(PATRIOTA, 2007).

Segundo Agne, (2011, p 332):

“A tecnologia da luz intensa pulsada (LIP) consiste na utilização de lâmpadas que emite dentro de um amplo espectro de luz não coerente no espectro visível e infravermelho, utilizado de maneira eficaz para variedade de disfunções pigmentadas”.

Luz intensa pulsada é um aparelho de luz que age sobre o pigmento. Uma

emissão de pulsos de luz, disparados contra a pele, faz evaporar o pigmento, que

provoca a cor acastanhada na pele (BORELLI, 2004).

Parâmetros da Lip são: comprimento de ondas, duração do pulso, tamanho

da ponteira, a fluência, densidade de potência e frequência (SOUZA, 2007).

Potência é a taxa de liberação da energia ou a quantidade de energia

liberada por segundo (PIROLA & GIUSTI, 2010).

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Energia é a quantidade de potência entregue ao tecido em um dado intervalo

de tempo e é medida em joules. É este parâmetro que governa a resposta térmica

do tecido (PIROLA & GIUSTI, 2010).

Fluência é a quantidade de energia liberada sobre uma área, sendo

expressa em J/cm². Quanto maior a fluência, mais rápido será o aumento de

temperatura no tecido e, consequentemente, a intensidade do efeito desejado

(PIROLA & GIUSTI, 2010).

A luz intensa pulsada usa uma fonte de luz filtrada, a qual é utilizada para

alcançar seletivamente os elementos pigmentados da pele (AGNE, 2011).

A LIP tem como característica ser uma luz policromática tendo vários

comprimentos de onda, essa luz policromática é caracterizada por várias cores do

azul até o infravermelho (SOUZA, 2007).

Para AGNE (2011, p. 333), “As principais cores emitidas são o amarelo,

verde e vermelho, além do infravermelho, sendo que cada lâmpada, a LIP terá um

predomínio de uma dessas cores e assim caracterizando suas propriedades de

estimulação celular seletiva.”

Todas as luzes agem juntas, porém as luzes azuis e verdes vão agir na

superfície, as laranjas e vermelhas nas zonas intermediárias e as infravermelhas nas

zonas profundas (SOUZA, 2007).

A luz intensa pulsada utiliza os comprimentos de ondas juntos, mas cada

comprimento vai ter um efeito específico para tratar de uma determinada patologia

ou alteração (SOUZA, 2007, p. 527).

A terminologia LIP se refere a luz intensa pulsada, que corresponde a

aplicações diretas de energia, sob forma de flashlamps, que são circuitos elétricos

que geram uma luz brilhante por incorporar o efeito do calor produzido por flashs,

que atuam diretamente numa estrutura-alvo (PIROLA & GIUSTI, 2010).

Luz intensa pulsada pode ser utilizada no tratamento de remoção de pêlos,

envelhecimento cutâneo, rosácea, telangectasia, manchas pigmentadas e cicatriz de

acne (SOUZA, 2007).

Todas as LIPs trabalham na zona de maior absorção dos dois cromóforos

mais importantes no tratamento das patologias da pele essa zona vai de 400nm até

1200nm (SOUZA, 2007).

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Os cromóforos importantes (melanina e oxihemoglobina) agem até

1100/1200nm, então os construtores da LIP colocaram um filtro para eliminar todos

os comprimentos de onda acima do valor do filtro (SOUZA, 2007).

Luz intensa pulsada apresenta comprimentos de onda variados para

diversas aplicações sobre o tecido, onde a absorção da energia resulta na

conversão de luz em calor, sendo que a luz atinge as células fotossensíveis.

(PIROLA & GIUSTI, 2010).

A luz intensa pulsada é absorvida por componentes do tecido alvo, ou seja

cromóforos que convertem energia luminosa em calor através da absorção:

- Melanina capta radiação ultravioleta (340nm a 1000nm), luz verde (532nm)

e radiação infravermelha (800nm a 1200nm);

- Hemoglobina capta radiação ultravioleta-A (300nm), luz azul (450nm), luz

verde de (520nm a 540nm) e luz amarela (570 a 580nm);

- Colágeno capta luz visível (380nm a 780nm) e radiação infravermelha

(800nm a 1200nm);

- Água capta radiação infravermelha (acima de 1200nm) (PIROLA & GUISTI,

2010).

Os cromóforos naturais da pele tem seus espectros de absorção próprios

para cada comprimento de onda. Ao escolher a energia ideal, deve-se optar pelo

comprimento de onda na qual o cromóforo-alvo tenha absorção máxima, enquanto

os demais cromóforos tenham menor absorção (AGNE, 2011).

A seletividade dos cromóforos se torna imprescindível a aplicação dos filtros

ópticos, para que se atinja a estrutura-alvo com eficácia (PIROLA & GIUSTI, 2010).

A luz intensa pulsada (LIP) representa um grande avanço tecnológico no

tratamento coadjuvante de algumas alterações dermatológicas. A LIP age em dois

níveis de pele: superficial e profundo. A aplicação superficial consegue uma redução

significativa das melanoses solares (manchas senis) (TAMURA, 2001).

A LIP age fazendo fototermólise seletiva e que atua sobre os pigmentos, além

de induzir a restauração do colágeno (MAIO, 2011).

A fototermólise seletiva é a combinação do comprimento de onda com a

duração do pulso luminoso emitido, que proverá a energia necessária para lesar

somente o tecido alvo (PIROLA & GIUSTI, 2010).

No tratamento de melanoses, a utilização do filtro de 520nm a 1200nm com

fluência de 24 J/cm2 a 40J/cm2 com repasses duplos (PIROLA & GIUSTI, 2010).

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O uso da LIP também apresenta algumas limitações, particularmente no

tratamento de lesões pigmentadas e vasculares em fototipos de pele mais escura,

especialmente nos fototipos da escala Fitzpatrick IV ou maiores, cabendo ao

profissional determinar sempre a fluência de energia conforme o biotipo da pele.

(AGNE, 2011).

Diferenciamos a LIP do laser por três propriedades físicas, o laser é

monocromático (frequência definida), coerente (relações de fase bem definida) e

colimado (propaga-se como um feixe), já a luz intensa pulsada é policromática (raios

de luz com várias cores), não coerente (as ondas não são irradiadas todas na

mesma fase) e não colimado (os raios de luz se dispersam rapidamente para todas

as direções) (AGNE, 2011).

As contra-indicações da luz intensa pulsada são:

- Pessoas que fazem uso de medicamentos fotossensíveis;

- Pacientes bronzeados e exposição continua aos raios UV;

- Diabetes descontroladas;

- Gestantes e lactantes;

- Pacientes com histórico de queloides;

- Sinais de infecção e inflamação de pele (PIROLA & GIUSTI, 2010).

3 METODOLOGIA

Num breve conceito sobre o método, que norteou a pesquisa, Marconi e

Lakatos (2010, p. 65) apregoam que, “o método é o conjunto das atividades

sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o

objetivo”.

No intuito de responder a pergunta da pesquisa, qual é o efeito que a luz

intensa pulsada faz na mancha senil. O estudo restringe-se a descrição dos fatos

observados através de fotografias com antes e depois da aplicação, que foram

disponibilizadas por um profissional da área da medicina, que realiza tal

procedimento.

Markoni e Lakatos (2010) ponderam que a observação, como o próprio nome

traduz, permite ao pesquisador se projetar sobre o dado observado, fazendo

algumas inferências ou distorções, pela limitada possibilidade de controle, que neste

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caso, é explícita pela complexidade das imagens e análise e interpretação das

mesmas.

Buscando estabelecer uma relação dinâmica entre o mundo real e a

subjetividade do sujeito que não pode ser traduzida em números, optou-se pela

abordagem qualitativa, que segundo Roesch (1999, p.155), é ideal para se fazer

uma:

“avaliação formativa, quando se trata de melhorar a efetividade de um

programa, ou plano, ou mesmo quando é o caso da proposição de planos,

ou seja, quando se trata de selecionar as metas de um programa e construir

uma intervenção, mas não é adequada para avaliar resultados de

programas ou planos”.

O material disponibilizado, foco deste estudo, caracteriza-se como um estudo

de caso, que conforme Gil (2010) preconiza,

“é uma modalidade de pesquisa amplamente utilizada nas ciências biomédicas e sociais. Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados.” (GIL, 2010, p. 37)

A patologia apresentada pelo profissional, permite um esclarecimento em

seus múltiplos aspectos, frente a necessidade de explorar e descrever a partir do

estudo de caso, os possíveis resultados e interferências advindas das aplicações.

Considerando relevante destacar os diferentes resultados.

Portanto, na sequência, descortinamos as observações realizadas, bem como

as análises e ponderações, que neste contexto, pela caracterização do estudo,

serão apresentados na condição de hipóteses, e não de uma conclusão fechada e

esgotada de pesquisa.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Considerando a pesquisa qualitativa, destaca-se que a análise se dá por

intermédio da avaliação clínica e relatos de casos fornecidos pelo médico

responsável pelas aplicações da luz intensa pulsada. A apresentação destas

informações se dará em forma de texto discursivo, mediado por registros fotográficos

fornecidos pelo médico responsável.

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Relatório de acompanhamento das aplicações PACIENTE “A”

Antes das aplicações Depois das aplicações

Dados da

paciente

O.B, idade 75 anos, residente em Santa Catarina.

Laudo A paciente apresenta manchas senis superficiais no

dorso das mãos, adquiridas devido a exposição excessiva à raios UV (ultra violeta) sem

proteção.

Aplicações realizadas

Duas (02) sessões

Tipo de pele Foto tipo de pele III Resultados A paciente não cumpriu

com a indicação do tratamento, participando apenas de duas sessões

de aplicação. Por este motivo, nota-se a ineficiência do

procedimento e resultados nada significativos.

Indicação de

tratamento

Indica-se oito (08) sessões de aplicação de luz intensa

pulsada com a utilização de filtro de 520nm com fluência de 25J/cm³, com intervalo

mínimo de quinze (15) dias

Médico responsável

Jailson Lima da Silva CRM: 4437

A paciente A foi diagnosticada com manchas senis superficiais no dorso das

mãos. Embora tenham sido prescritas oito sessões da tratamento, a paciente

compareceu a apenas duas sessões justificando os resultados não significativos do

tratamento.

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Relatório de acompanhamento das aplicações PACIENTE “B”

Antes das aplicações Depois das aplicações

Dados da

paciente

Dados da paciente: C.B, idade 58 anos, residente em Santa Catarina.

Laudo A paciente apresenta

manchas senis superficiais no dorso das mãos, adquiridas devido a exposição excessiva

à raios UV (ultra violeta) sem proteção.

Aplicações

realizadas

Cinco (05) sessões

Tipo de pele Foto tipo de pele III Resultados Embora a paciente não tenha cumprido o tratamento proposto,

realizando apenas cinco (05) das oito (08) sessões prescritas, foram

observados, ao final do tratamento, resultados consideráveis no

clareamento das manchas senis.

Indicação

de tratamento

Indica-se oito (08) sessões de

aplicação de luz intensa pulsada com a utilização de filtro de 520nm com fluência

de 30J/cm³, com intervalo mínimo de quinze (15) dias

Médico responsável

Jailson Lima da Silva CRM: 4437

A paciente B também foi diagnosticada com manchas senis superficiais no

dorso das mãos, sendo também indicadas oito sessões de tratamento por LIP.

Embora a paciente também não tenha cumprido o tratamento proposto, realizando

apenas cinco sessões, foram observados ao final do tratamento, resultados

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consideráveis no clareamento das manchas senis. Dessa forma, é possível perceber

o efeito progressivo do tratamento. Considerando que a paciente B realizou 37,5% a

mais de aplicação da técnica em relação a paciente A, de fato esperava-se

resultados clinicamente mais evidentes.

Relatório de acompanhamento das aplicações PACIENTE “C”

Antes das aplicações Depois das aplicações

Dados da paciente

S.P, idade 70 anos, residente em Santa Catarina.

Laudo A paciente apresenta

manchas senis superficiais no dorso das mãos, adquiridas devido a exposição excessiva

à raios UV (ultra violeta) sem proteção.

Aplicações

realizadas

Oito (08) sessões

Tipo de pele Foto tipo de pele II Resultados A paciente cumpriu o tratamento proposto, apresentando ao final

resultado positivo no clareamento das manchas senis.

Indicação

de tratamento

Indica-se oito (08) sessões de

aplicação de luz intensa pulsada com a utilização de filtro de 520nm com fluência

de 30J/cm³, com intervalo mínimo de quinze (15) dias

Médico responsável

Jailson Lima da Silva CRM: 4437

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A paciente C, assim como as anteriores, também foi diagnostica com

manchas senis superficiais no dorso das mãos, sendo também indicadas oito

sessões de tratamento por LIP, como as demais. Neste caso, a paciente cumpriu o

tratamento proposto, realizando todas as sessões prescritas. Ao final do tratamento

foram alcançados os resultados esperados no clareamento das manchas. É possível

concluir que, respeitando-se a prescrição, a chance de sucesso do tratamento é

considerável.

Relatório de acompanhamento das aplicações PACIENTE “D”

Antes das aplicações Depois das aplicações

Dados da

paciente

Dados da paciente: L.O, idade 60 anos, residente em Santa Catarina.

Laudo A paciente apresenta

manchas senis superficiais no dorso das mãos, adquiridas devido a exposição excessiva

à raios UV (ultra violeta) sem proteção.

Aplicações

realizadas

Oito (08) sessões

Tipo de pele Foto tipo de pele II Resultados A paciente cumpriu o tratamento proposto, apresentando ao final

resultado positivo no clareamento das manchas senis.

Indicação

de tratamento

Indica-se oito (08) sessões de

aplicação de luz intensa pulsada com a utilização de filtro de 520nm com fluência

de 30J/cm³, com intervalo mínimo de quinze (15) dias

Médico responsável

Jailson Lima da Silva CRM: 4437

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A paciente D teve o mesmo diagnóstico e, portanto, a mesma prescrição

terapêutica das demais pacientes. Pode-se concluir que, de certa forma, existe um

protocolo terapêutico de acordo com o diagnóstico obtido.

Neste caso, a paciente também cumpriu o tratamento proposto, realizando

todas as sessões prescritas. Ao final deste tratamento também foram alcançados os

resultados esperados no clareamento das manchas. Mais uma vez pode-se concluir

que, respeitando-se a precrição, os resultados são totalmente alcançados.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando os pressupostos teóricos que embasam os efeitos físicos e

fisiológicos da utilização da luz intensa pulsada no tratamento de manchas senis,

bem como os resultados obtidos em um estudo clínico no qual quatro pacientes de

mesmo diagnóstico foram tratadas com a técnica, pode-se perceber que, para

fraseando a literatura, de fato o recurso atua na despigmentação das machas de

pele, em especial, de manchas senis. Contudo, a prescrição deve ser respeitada.

Segundo Fábio Borges, luz Intensa pulsada, além de também não ser

invasiva, é minimamente ablativa (mínimo risco de lesão), com isso, ela também

consegue tratar manchas e estimular a produção de colágeno para o tratamento

rejuvenescedor.

O risco de queimadura existente no uso destas formas de radiação luminosa,

comentado por muitos, se assemelha ao risco que encontramos em outros recursos

eletrotermoterapêuticos, portanto, se manusearmos de forma inapropriada quaisquer

destes recursos poderá lesionar também o paciente/cliente. Se a esteticista não

puder fazer a epilação com laser/Luz Intensa Pulsada pelo risco de queimadura,

também não poderá usar ondas curtas, microondas, infravermelho, forno de Bier,

corrente galvânica, ultra-som, e até o turbilhão, pois todos eles podem queimar o

paciente desde que sejam mal empregados.

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