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DOSSiER Efémero/arquitectura efémera I

o Efémero e a arquitectura Efémera

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breve resumo destes dois conceitos

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DOSSiER Efémero/arquitectura efémera

I

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO

Capítulo I EFEMERIDADE

DO DIA-A-DIA AO ESPAÇO FÍSICO

I. O EFÉMERO.II.UITECTURA ÉMERA

II. ARQUITECTURA EFÉMERA

II.I DEFINIÇÃO

II.II . BREVE HISTÓRIA

II.III . PÚBLICO-ALVO DO PROJETO A DESENVOLVER

II. IV. PAVILHÕES COMO OPORTUNIDADE: A ENCOMENDA E O EXPERIMENTALISMO

II.IV.I. O EFÉMERO COMO ESTRATÉGIA

II.V. PAVILHÕES EFÉMEROS | CASOS PRÁTICOS

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INTRODUÇÃO No âmbito da Unidade Curricular de Projeto Temático I, lecionada sob orientação do

Docente Manuel Gulias, integrante no currículo do primeiro semestre do primeiro ano

do Mestrado em Design Integrado da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do

Instituto Politécnico de Viana do Castelo, foi proposto um projeto de conceção de um

Pavilhão Efémero da Cultura Luso Galaica.

Pretende disponibilizar-se um espaço de exposição do tema acima referido, onde e

sempre que fosse necessário, tentando proporcionar-se ao visitante uma experiência

enriquecedora a nível cultural e emocional. O pavilhão deve ser projetado de forma

que seja adaptável, podendo ser utilizado em espaços interiores e exteriores.

Pretende-se ainda que este projeto vá ao encontro dos comportamentos e rituais dos

indivíduos do século XXI.

Para o desenvolvimento do projeto, optou-se por utilizar como fio condutor o Caminho

Português de Santiago, seguindo aquele que se aproxima mais da zona costeira. Esta

escolha prendeu-se com o facto de que, tendo em conta que se pretende explorar a

região Luso Galaica, o mar assume um grande protagonismo tanto na parte galega

como na portuguesa.

A sociedade atual vive a um ritmo frenético. O indivíduo do século XXI é por natureza

apressado, vivendo a sua vida a correr, não tendo tempo para apreciar devidamente

os momentos efémeros.

O Caminhante que se dirige a Santiago vai numa caminhada introspectiva, olhando

para o seu interior e refletindo sobre a sua vida, ficando muitas vezes alheio ao meio

envolvente. Realiza paragens em alguns meios urbanos, de maior ou menor

dimensão, mas essas paragens duram apenas uma noite, não sobrando muito tempo

para apreciar o que esses espaços têm de melhor.

Depois de uma fase de pesquisa, concluiu-se que, tanto em Portugal como na Galiza,

as artes e os ofícios eram pontos em comum. O comércio tradicional assume ainda

um grande protagonismo em ambos os territórios, havendo algumas profissões que

passavam de pai para filho e que hoje em dia se encontram perdidas.

É precisamente esse o ponto que se pretende abordar. Pretende dar-se a conhecer ao

caminhante os locais por onde este passou, mas, por uma razão ou por outra não

teve hipótese de descobrir. Essa descoberta será feita dando a conhecer as artes do

passado às pessoas do presente, tentando transmitir a calma do trabalho tradicional

a uma sociedade que vive a um ritmo alucinante.

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Capítulo I

EFEMERIDADE

DO DIA-A-DIA AO ESPAÇO FÍSICO

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I. O EFÉMERO.

1. Tem origem na palavra grega ‘ephemerós, ‘ que

Dura um dia.

2. [Figurado] de curta duração. = Breve, passageiro,

temporário, transitório ≠ duradouro, permanente

Atualmente o conceito é mais alargado e aceita diferentes significados ou interpretações. Reportando-se a

factos ou acontecimentos, entende-se por efémero o que é de curta duração, passageiro, transitório.

Em termos arquitetónicos, efémero, surge dominantemente associado a construções de apoio a grandes

festividades ou eventos políticos, a alojamento temporário ou manifestações religiosas.

A utilização de construções de carácter efémero tem origem nas sociedades nómadas e decorre da

necessidade de criar um abrigo para alguns dias ou até mesmo algumas horas.

Com a mesma visão e objetivo, as tendas foram utilizadas por peregrinos ou militares, estendendo-se

atualmente a vários sectores da vida humana privilegiando os acontecimentos ou eventos culturais, lúdicos e

desportivos.

A necessidade de permanecer num local por pouco tempo, construir de forma rápida e eficaz, desmontar,

acondicionar e transportar os materiais, é bem demonstrativo do carácter prático e eficaz destas construções.

Independentemente de serem estas as primeiras referências a manifestações ou edificações efémeras, são

elas que ocupam lugar de destaque no nosso quadro de referências sobre as construções efémeras. O

efémero, quando se reporta a uma arquitetura nómada, é portador de uma operacionalidade adaptada ao fim a

que se destina. Há também fatores temáticos que devem ser considerados na caracterização do espaço,

podendo ter diversas valências como por exemplo as feiras, os concertos, as exposições ou o fator religioso,

onde o fator simbólico é por vezes determinante. A ocorrência destes acontecimentos tem especificidades

próprias pelo que devemos considerar o espaço público, o privado, o coletivo (privado De uso público; Centros

comerciais), diferenciando o espaço profano ou a sacralização do espaço religioso e da necrópole. A estes

projetos, estão associados sistemas construtivos com diverso tipo de representatividade, que denominamos

como arquitetura efémera.

A Efemeridade dos acontecimentos quotidianos com a prevalência do cronos, a velocidade a que decorre o dia-

a-dia, leva a que cada vez mais se aperfeiçoem técnicas, materiais e logísticas que otimizem soluções de rápida

execução e implementação.

Efemeridade é em geral entendida de modo diferente de durabilidade, mas há que identificar no domínio do

efémero o que é a parecidade dos materiais e o que é o tempo de duração de uma intervenção. Outra coisa

são os desenvolvimentos tecnológicos e industriais, que permitem criar materiais mais resistentes, de maior

durabilidade, baixo custo e manutenção a serem utilizados nos projetos efémeros, proporcionando

reversibilidade das intervenções, pelo que a reutilização proporciona uma economia de meios.

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II.

ARQUITECTURA

EFÉMERA

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CONCEITO .

A Arquitetura efêmera existe em um tempo determinado no espaço em que está inserida. Essa

Arquitetura ao longo do tempo se manifestou de várias maneiras. Nos primórdios o homem, que

era nômade, habitava em tendas, que podia ser feita de pele de animais ou de palhas. Hoje

podemos destacar como exemplo dessa arquitetura as ocas dos índios, as tendas dos circos, os

igloos, as tendas árabes e africanas. Com o domínio da tecnologia e os constantes estudos das

estruturas tencionadas, possibilitaram o uso da arquitetura efêmera em grande escala, seja em

eventos dos mais variados tipos, em exposições ou até em feiras. A importância dessa

arquitetura é a possibilidade que ela tem de ser portátil. Como cita Kronenburg (1998), a

diferença entre estruturas permanentes e temporárias é apenas uma questão de tempo. Na

verdade, o lugar existe separadamente da paisagem: em muitos casos os edifícios permanecem

mas seu significado não, deixando para trás cascas vazias e não tem mais a mesma importância

ou relevância que um dia tiveram.

Fonte: KRONENBURG, 1995, p.49.

Ao que tudo indica a arquitetura efêmera está presente em todo o desenvolvimento da humanidade, desde as

tendas dos nômadas, as tocas indígenas e os iglôs até as atuais estruturas tencionadas e pavilhões de grandes

exposições.

Características e propriedades:

É uma arquitetura de montagem rápida, se comparada à arquitetura convencional, mas que com as novas

tecnologias pode ter o mesmo conforto e aplicação;

Existe em um tempo determinado no espaço em que está inserida; logo, a obra morre assim que perde o seu

significado;

Pode ser efêmera portátil, capaz de ser carregada para onde quiser ou, pode ser efêmera e não portátil.

Se portanto aplicarmos tais características as possibilidades de atuação da arquitetura, partimos das

construções de caráter habitacional para chegar na cenografia, na arquitetura comercial, na promoção de

eventos e no marketing comercial,

arquitetura efêmera é muito mais dinâmica com o território, com as necessidades atuais e ate mesmo com o

conceito de sustentabilidade. Ela permite-nos criar uma panóplia de projetos adaptando-se melhor ás

condições modernas mutantes e urgentes do entorno ou da sociedade.

“Uma das meias cidades é fixa, a outra é provisória e, quando termina a sua temporada, é

desparafusada, desmontada e levada embora, transferida para os terrenos baldios de outra

meia cidade”. (CALVINO,1990, p. 61).

II.I DEFINIÇÃO

“Variante da arquitetura que pretende dar resposta a um problema de forma temporária, alterando a

envolvente por um período de tempo relativamente curto.”

(DEFINIÇÃO CRIADA PELO GRUPO DE TRABALHO SOB ORIENTAÇÃO DO DOCENTE MANUEL RIVAS)

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II.II . BREVE HISTÓRIA

Foi nos anos 60 com o grupo Archigram que a Arquitetura Efémera ganhou

protagonismo. Este grupo tinha o objetivo de criar uma arquitetura que não

pretendia captar a imagem do capitalismo e do consumismo. Segundo

Peter Cook “The packaged frozen lunch is more important than Palladio.”

http://va312ozgunkilic.wordpress.com/2010/12/07/archigram-plug-in-city/,

acedido em 08.10.2012

Os projetos mais importantes estavam relacionados com conceitos de

merchandising, como a expansão, a obsolescência planeada e a escolha do

consumidor - princípios que abalavam fortemente os alicerces de uma

profissão baseada em noções de permanência e bom gosto. Estas

questões relacionavam-se bastante com a interrogação de Cook: “What

happens if the whole urban invironment can be programmed and structured

for change?” Em vez de aumentar os lucros, a visão Archigram de uma

“arquitetura descartável” foi potenciada pela promessa de liberdade

pessoal. Reconhecendo o estado precário da subjetividade moderna, esta

perspetiva não foi motivo de consternação, mas sim sempre em

movimento de lugar para lugar.

http://va312ozgunkilic.wordpress.com/2010/12/07/archigram-plug-in-city/,

acedido em 08.10.2012

Os projetos anteriores e provavelmente os de maior renome surgiram nos primeiros anos da década de

sessenta, de forma a facilitar o estilo de vida itinerante, propondo cidades grandes, visionárias e alternativas.

Invertendo a hierarquia normal, a Archigram preocupava-se mais com as infraestruturas do que com as divisões

propriamente ditas, sendo dos primeiros a declarar a vertente estrutural da arquitetura (vigas, pilares, etc.), que

os arquitetos até então insistiam em esconder. Projetos como “Plug-in City” propunham vastas mega estruturas

com formas esqueléticas nas quais era possível colocar unidade habitacionais pré-fabricadas removíveis

(modelos similares às cápsulas projetadas pela NASA), içadas e colocadas no local por gruas nos telhados.

Destinado a acolher e a incentivar as alterações exigidas pela obsolescência e de acordo com a necessidade,

os módulos de construção (casas, escritórios, supermercados, universidades), cada um com um tempo de vida

diferente, pensados para durar apenas cerca de quarenta anos. A flexibilidade deste sistema refletia as

necessidades e a vontade coletiva dos habitantes.

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II.III . PÚBLICO-ALVO DO PROJETO A DESENVOLVER

“A Arquitetura Efémera é hoje um segmento emergente, dando resposta

à dinâmica e velocidade da sociedade atual.”

http://www.ikaza.com.pt/presentationlayer/Artigo_01.aspx?id=105&canal_

ordem=0402, acedido em 08.10.2012

Na verdade, também a arquitetura pode ser descartável, pondo assim em causa os conceitos de imutabilidade

e mesmo de materialidade que lhe estão associados, de forma a que se possa dar resposta a uma sociedade

atual em constante mudança.

Este ponto é simultaneamente uma oportunidade e uma ameaça, uma vez que, numa sociedade em que se

passa cada vez menos tempo num ponto só, é necessária a criação de uma componente extraordinária para o

público. Mais do que projetar apenas um espaço é preciso oferecer a este mesmo público uma experiência

emocional e inovadora e sobretudo diferente daquelas Às quais este já está habituado. É necessário dar-lhe

uma razão para fazer um desvio a caminho de casa..

II. IV. PAVILHÕES COMO OPORTUNIDADE: A ENCOMENDA E O EXPERIMENTALISMO

“De uma forma geral – desde os pavilhões de jardim do século XVII, de repouso, de prazer, de caça, os gazebos,

as follies – a função do pavilhão era a de complementar ou pontuar um conjunto espacial existente. A

construção de estruturas temporárias durante o barroco demonstrou a oportunidade de criar cenários

fantásticos de carácter efémero. Em 1851, o Palácio de Cristal, em Londres, inaugura a era das exposições

mundiais com um enorme pavilhão de ferro e vidro. No século XX poderia citar inúmeros exemplos de pavilhões

que contribuíram para a história da arquitetura e foram oportunidade para testar ideias experimentais, entre

outros, os pavilhões construtivistas – com a sua carga ideológica e política –, o emblemático pavilhão de Mies

van der Rohe em Barcelona, em 1929, o Philips Pavilion, em 1958, de Le Corbusier. Este constituiu também a

oportunidade de ser um momento de colaboração interdisciplinar de Le Corbusier com Iannis Xenakis, de

exploração das fronteiras da arquitetura e de um questionamento de uma prática estabelecida.“

http://www.artecapital.net/arq_des.php?ref=58, acedido em 08.10.2012

“Exposições mundiais, festivais, bienais de arquitetura, museus, instituições, e por aí fora, encomendam

estruturas temporárias, entre elas pavilhões. O pavilhão, por se situar nebulosamente entre a instalação e a

arquitetura, acaba por permitir uma experimentação arquitetónica relativamente descomprometida devido ao

seu carácter efémero. O pavilhão acaba por ser um pequeno manifesto construído numa mensagem que se

pretende veicular, sendo esta arquitetónica, cultural, social, ecológica, ideológica ou outra.”

http://www.artecapital.net/arq_des.php?ref=58, acedido em 08.10.2012

II.IV.I. O EFÉMERO COMO ESTRATÉGIA

O efémero como estratégia, decorre da necessidade de dar resposta adequada a um problema específico: um

'abrigo' respondendo a diversos contextos da adversidade - catástrofes, deslocações humanas, acontecimentos

lúdicos, festivos ou tematizados, eventos sociais e feiras. Os desafios colocados implicam aumentar a rapidez

de execução, a facilidade de transporte e a capacidade de adaptação a soluções temporárias de natureza

religiosa ou apoio ao poder político, de âmbito social, cultural ou comercial. Eventos sociais, exposições - as

'expos' - , eventos urbanos, concertos e festivais musicais, feiras de artesanato, desfiles de moda e as feiras, -

como a Feira do Livro -, utilizam estruturas efémeras para uma função específica durante um tempo restrito. O

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seu design potencia a capacidade de tirarem partido do universo da contingência: utilizando diferentes

materiais em função dos objetivos ou pela introdução de elementos inovadores, contribuem para a

conceptualização e exploração dum imaginário específico. Os desenvolvimentos tecnológicos constituem hoje

um domínio experimental com enorme potencial no âmbito das construções efémeras. Os modelos são

melhorados, utilizam-se novos materiais e estruturas, num processo sobre o qual o design atua. Redefinem-se

modelos conceptuais e metodologias de abordagem a um problema, e operacionalizam-se processos criativos

que permitam colocar produtos competitivos no mercado.

a. AS CONSTRUÇÕES EFÉMERAS

O efémero enquanto estratégia Inicialmente associada à necessidade de abrigo temporário, por motivos de

deslocação dos povos nómadas, de comerciantes ou nos acampamentos militares, não tem influência direta na

qualidade construtiva, pois para tal basta lembrarmo-nos das tendas de expedições romanas e das suas

diversas configurações e sistemas estruturais.

O que nos interessa aqui referir como objetivo de conceptualização, é que as construções efémeras não estão

unicamente relacionadas com questões de mobilidade, mas também de operacionalidade, de resposta a

acontecimentos que criam dinâmicas urbanas atuais, para além das tradicionais celebrações de carácter

religioso ou profano, militar ou político.

O Efémero é utilizado também enquanto fator estratégico, potenciando uma linguagem criativa, cujo cariz

arquitetónico tem o intuito de diferenciar e enquadrar os acontecimentos temáticos no contexto urbano.

O universo das construções efémeras, segundo o Arquiteto Rui Duarte *pode ser definido em oito categorias:

Arquiteturas de Emergência, Habitats Alternativos, Arquiteturas de Representação, de Espetáculo, para Festas e

Acontecimentos Sociais, Comunicação Social e Guerrilha Arquitetónica, numa relação assente em dois vetores,

o espaço e a comunicação.

Embora possa ocorrer em espaços interiores, como são exemplos as exposições, os desfiles de moda ou

alguns concertos, o espaço urbano que é o domínio de intervenção a que se refere esta dissertação, é o local

privilegiado para a celebração do efémero, sobretudo pela sua capacidade de integração dos acontecimentos

com as leituras do espaço público. Graças ás potencialidades formais e construtivas, a arquitetura do efémero

cumpre a sua principal função: dada a sua reversibilidade – responder a um problema de forma rápida e eficaz,

sem comprometer a arquitetura permanente ou o espaço envolvente.

A coexistência de arquiteturas efémeras com a arquitetura permanente é

geralmente feita como resposta à necessidade de ampliar o enquadramento

arquitetónico a manifestações culturais da mais diversa índole, sendo a

reversibilidade da arquitetura do efémero uma característica determinante da

sua grande vocação para existir num breve espaço de tempo, não deixando

marcas, viabilizando estratégias de adaptação momentâneas, com uma

capacidade de resposta rápida, adequada e eficaz.

(DUARTE, R. -- A Arquitetura do Efémero, p.20)

b. EXPERIMENTALISMOS As Potencialidades construtivas da arquitetura efémera transforma-a num vasto campo experimental, onde as

pesquisas e inovações tecnológicas a par dos novos materiais, permitem a materialização e enquadramento do

conceito que lhes deu origem. A Consciencialização sobre a necessidade de preservar o Mundo, e a

responsabilidade de cada sector da sociedade na tarefa de o tornar sustentável, encontrou no design um

parceiro para o desenvolvimento de soluções técnicas e construtivas que são o corolário do ecodesign, mas

fundamentalmente uma forma global de pensar através do design, incorporando princípios técnicos, funcionais,

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estéticos, materiais, ambientais, culturais, sociais e económicos. Ecodesign É contudo uma expressão redutora

para a dimensão das variáveis com que trabalha, evidenciando por vezes que o seu campo de ação está

limitado à escolha de materiais recicláveis. Daí Advém o conceito de Design Sustentável, Que dissipa quaisquer

dúvidas ou interpretações dúbias acerca do âmbito de intervenção do design em questões de sustentabilidade.

... A extensão conceptual como estratégia da arquitetura do efémero, torna-se um

domínio que supera eventuais antinomias, abrangendo um espaço mais alargado de

intervenção, e recuperando o espaço fluído dos acontecimentos, dando-lhes um sentido

de território e enquadramento.

(DUARTE, R. _ A Arquitetura do Efémero, p.45)

II.V. PAVILHÕES EFÉMEROS | CASOS PRÁTICOS

Palácio de Cristal

“O Palácio de Cristal representou um grande marco na arquitetura, não apenas por ter sido uma construção

totalmente pré-fabricada em ferro e vidro, desenhado para produção em escala industrial de suas partes, mas

também por ter demonstrado o primeiro afastamento maior dos estilos históricos na arquitetura da época. ”

(PEVSNER, 2001).

A era da indústria abriu possibilidades para as grandes feiras de negócios.No ano de 1851, em Londres, foi

projetado, um dos ícones da arquitetura, o Palácio de Cristal pelo arquiteto inglês Sir Joseph Paxton e pelos

engenheiros Fox e Henderson.

Inaugurando o sistema de construções pré-fabricadas ,a edificação consumiu 1/3 do ferro produzido na

Inglaterra na época, e utilizou 1/3 da produção de vidro anual da Inglaterra, mostrando assim um dos seus

objetivos que seria mostrar a exuberância do império britânico, colocando em evidencia o ferro, vidro e aço

produzidos no país.

O seu método de construção tornou-se um marco importante. Foi desenhado de tal forma que pudesse ser

desmontado e reutilizado após a exposição. (todas as peças foram pré-fabricadas e apenas montadas no local,

que na época era utilizado apenas em ferrovias. )

Depois da exposição, o Palácio de Cristal foi desmontado e transportado para um terreno em Sydenham (sul de

Londres). Sendo posteriormente destruído por um incêndio em 1936.

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Pavilhão Alemão

Em 1929, Mies van der Rohe projetou o Pavilhão da Alemanha, para a exposição Internacional de Barcelona.

Considerado um ícone da arquitetura moderna influenciou assim várias gerações de arquitetos.

Ficou conhecido pela sua geometria depurada, e pelo uso inovador e extravagante de materiais tradicionais

como o mármore ou novos materiais industrializados como o aço e o vidro.

Foi considerado um templo a uma nova estética, um monumento ao pensamento absolutamente racional e

abstrato. Era uma estrutura de um só piso, em que a estrutura é assentada sobre um grande pódio ao longo de

um espelho d'água e conta com oito pilares de aço - cujo desenho em cruz grega tornou-se célebre na

arquitetura moderna, que sustentam a cobertura plana do edifício.

Possuía uma extrema simplicidade geométrica, limitadas apenas por algumas cadeiras e esculturas, com

superfícies polidas de mármore e vidro. No Pavilhão de Barcelona estava a expressão máxima do design

"funcional", modernista, racional, da era da máquina. O Pavilhão de Barcelona foi demolido pouco depois do

encerramento da exposição.

Serpentine Gallery

Uma das mais conhecidas, galerias públicas de arte moderna e contemporânea de Londres, a Serpentine

Gallery, instalada numa antiga residência usada como casa de chá de 1934, atraem todos os anos inúmeros

visitantes.

A cada ano um arquiteto internacionalmente conhecido é selecionada pela galeria para edificar um pavilhão

temporário nos jardins em frente á galeria.

Inaugurado com um pavilhão da arquiteta Zaha Hadid em 2000 , sucederam-lhe Daniel Libeskind em 2001, o

arquiteto Japonês Toyo Ito em 2002 e Niemeyer em 2003.

Em 2004 , surge o fracasso do grupo holandês MVRDV, que não levou a Londres a mostra das suas obras.

Contudo este “fracasso” trouxe o apelo á simplicidade ao processo dos futuros pavilhões.

Diante deste desafio, Álvaro Siza Vieira, desenha a solução mais leve e simples que o Parque Kensington ate

então recebera.

Em 2006, Rem Kolhaas, seguindo-se um caminho de extrema simplificação, pousa um balão de ar no jardim.

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Observatory, Air-Port-City

Observatory, Air-Port-City é uma estrutura de paredes tencionadas, criada pelo artista argentino Tomas

Saraceno.

O pavilhão (como podemos observar nas imagens em baixo) propõe a fuga para o espaço, a expansão da extensão da

terra, a experiência individual do corpo, num requinte das fugas visionárias, das experiências alucinogénias ou

do neo-futurismo expansionista dos programas lunares.

Outros exemplos:

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