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|FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA UNIR CAMPUS PROFESSOR FRANCISCO GONÇALVES QUILES DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS LAÍS DE FÁTIMA PARTELI O EMPREENDEDORISMO E A AGROINDÚSTRIA FAMILIAR NA GESTÃO DA ATIVIDADE AGROPECUÁRIA Trabalho de Conclusão de Curso Artigo Científico Cacoal - RO. 2014

O EMPREENDEDORISMO E A AGROINDÚSTRIA ......O EMPREENDEDORISMO E A AGROINDÚSTRIA FAMILIAR NA GESTÃO DA ATIVIDADE AGROPECUÁRIA LAÍS DE FÁTIMA PARTELI Artigo Científico apresentado

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|FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR

CAMPUS PROFESSOR FRANCISCO GONÇALVES QUILES

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

LAÍS DE FÁTIMA PARTELI

O EMPREENDEDORISMO E A AGROINDÚSTRIA FAMILIAR NA

GESTÃO DA ATIVIDADE AGROPECUÁRIA

Trabalho de Conclusão de Curso

Artigo Científico

Cacoal - RO.

2014

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O EMPREENDEDORISMO E A AGROINDÚSTRIA FAMILIAR NA

GESTÃO DA ATIVIDADE AGROPECUÁRIA

LAÍS DE FÁTIMA PARTELI

Artigo Científico apresentado à Fundação

Universidade Federal de Rondônia – UNIR,

Campus Professor Francisco Gonçalves Quiles,

como requisito parcial para obtenção do grau de

Bacharel em Ciências Contábeis, sob a

orientação do Professor Mestre Charles

Carminati de Lima.

Cacoal - RO

2014

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR

CAMPUS PROFESSOR FRANCISCO GONÇALVES QUILES

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

O artigo intitulado “O empreendedorismo e a agroindústria familiar na gestão da atividade

agropecuária”, elaborado pela acadêmica Laís de Fátima Parteli, foi avaliado e julgado

aprovado pela banca examinadora formada por:

__________________________________________________________

Prof. Mestre Charles Carminati de Lima

Presidente

__________________________________________________________

Prof.ª Doutora Eleonice Dal Magro

Membro

__________________________________________________________

Prof.ª Mestre Andréia Duarte Aleixo

Membro

_____________

Média

Cacoal – RO

2014

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Em primeiro lugar, agradeço ao

Deus Eterno, que me concedeu

vida e a oportunidade de realizar

este sonho.

À minha família, que me deu sua

total compreensão e me animou

por inúmeras vezes durante esta

jornada.

Ao meu orientador, sempre

paciente e atencioso, que com

muita propriedade deu-me um

rumo certo. Assim como todos os

professores, sábios mestres, que

colaboraram com o meu sucesso

hoje.

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O EMPREENDEDORISMO E A AGROINDÚSTRIA FAMILIAR NA

GESTÃO DA ATIVIDADE AGROPECUÁRIA

Laís de Fátima Parteli1

RESUMO: A gestão da atividade agropecuária possui grande importância para o desenvolvimento da

agricultura familiar, considerando os aspectos de planejamento, produção, controle e comercialização, assim

como o empreendedorismo possui características de inovação para a atividade agroindustrial. O presente artigo

tem por objetivo estudar a contribuição das estratégias empreendedoras utilizadas pelos agricultores no

desenvolvimento das agroindústrias familiares. Foram abordados neste estudo fatores sociais, econômicos,

tecnológicos e mercadológicos que influenciam na gestão da agroindústria rural. Para realização deste estudo foi

utilizada a pesquisa de campo para coleta de dados nas 18 agroindústrias familiares que possuem registro de

inspeção federal, estadual ou municipal no município de Cacoal, Rondônia, tendo como abordagem da pesquisa a qualitativa. Desta forma, foi possível identificar as estratégias empreendedoras utilizadas pelos agricultores na

gestão da agroindústria, e identificar a contribuição do marketing, da cooperação, da inovação tecnológica e do

controle na atividade produtiva dos agricultores familiares. O estudo mostrou também, que embora os desafios

da produção e da comercialização são fatores que dificultam a produção agroindustrial familiar, o

empreendedorismo vem se mostrando importante no desenvolvimento da atividade, proporcionando ao

agricultor novas oportunidades de trabalho e renda.

Palavras-Chave: Empreendedorismo. Agroindústria Familiar. Gestão Agropecuária.

1 INTRODUÇÃO

A importância do empreendedorismo para o desenvolvimento de uma atividade é

considerada, segundo Amaral (2011), a maneira pela qual o empreendedor articula ou mesmo

planeja suas estratégias, utilizando estratégias planejadas para o desenvolvimento de seu

negócio. A capacidade de articular, ou mesmo colocar em ação uma estratégia já planejada,

relaciona-se com o nível de maturidade do empreendedor, sua capacidade de conceber

estratégias adequadas, e, sobretudo, ao ciclo de vida do seu empreendimento.

Desta maneira, os agricultores familiares necessitam trabalhar o empreendedorismo

como estratégias para desenvolver suas propriedades, de modo que possam aproveitar todos

os recursos disponíveis para criar novos produtos e serviços ou aperfeiçoar os que já estão

sendo industrializados (SANTOS, 2010).

Assim, o setor agropecuário familiar é considerado, conforme Guilhoto (2007),

imprescindível por sua importância no fluxo de emprego e na produção de alimentos,

especialmente voltada para o autoconsumo. Neste sentido, focaliza-se mais as funções de

1 Acadêmica concluinte do curso de Ciências Contábeis da Fundação Universidade Federal de Rondônia –

Campus Professor Francisco Gonçalves Quiles, com TCC elaborado sob a orientação do Professor Ms. Charles

Carminati de Lima.

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caráter social do que as econômicas, tendo em vista sua menor produtividade e incorporação

de tecnologias. Entretanto, é necessário destacar que a produção familiar, além do fator

redutor do êxodo rural e fonte de recursos para as famílias com menor renda, contribui

também expressivamente para a geração de riqueza, considerando a economia não só do setor

agropecuário, mas do próprio país.

Além disso, Scapini (2011) destaca que a importância da agricultura familiar é cada vez

mais evidenciada nos governos, a exemplo da implementação de políticas públicas voltadas para a

melhoria da qualidade de vida deste público. Essas políticas, além de reconhecer a importância da

agricultura familiar e das dinâmicas de desenvolvimento local, respeitam os valores de uma

agricultura voltada à diversificação dos sistemas produtivos e do meio ambiente, com seu foco no

desenvolvimento do setor agropecuário familiar.

O tema deste artigo vem sendo discutido principalmente pela relevância acerca da

importância dos agricultores familiares em adotarem estratégias de gestão em suas

propriedades agropecuárias, a fim de melhorar a produtividade, pois de acordo com Gaffuri et

al. (2005), o correto gerenciamento do empreendimento rural é um dos fatores indispensáveis

para alcançar a sustentabilidade da propriedade como um todo, sendo necessário aprimorar

novas técnicas de gestão e estratégias para serem utilizadas pelos agricultores familiares.

Desta forma, a agroindústria passa a ser uma síntese contemporânea, pois representa

a união entre as relações de produção, gestão, administração e fiscalização adequada às

exigências do mercado. A organização da agricultura familiar por meio de cadeias produtivas

e sistemas agroindustriais podem reverter-se em eficiência para a modernização técnico-

produtiva, apresentando-se como uma estratégia de sobrevivência das unidades familiares,

baseadas em técnicas de gestão adequadas para cada tipo de atividade desenvolvida na

agropecuária (ZYLBERSZTAJN; SCARE, 2003).

Conforme Passador, Rosa e Passador (2013), as agroindústrias familiares necessitam

aperfeiçoar e expandir suas relações com o mercado, pois ao longo dos anos priorizaram a

capacitação em tecnologias, buscando o aumento da produção, mas a comercialização ainda

permanece restrita a intermediários, cooperativas e indústrias. Neste sentido, este estudo

procurou responder a seguinte problemática: Como as estratégias empreendedoras contribuem

para o desenvolvimento das agroindústrias familiares, no município de Cacoal, Rondônia?

Como objetivo geral da pesquisa, estudou-se a contribuição das estratégias

empreendedoras utilizadas pelos agricultores familiares, objetivando o desenvolvimento das

agroindústrias familiares. E como objetivos específicos, levantou-se o perfil socioeconômico

dos agricultores familiares ligados às agroindústrias pesquisadas; identificou as políticas

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públicas existentes que estimularam o desenvolvimento das agroindústrias familiares; mapeou

as agroindústrias familiares existentes no município de Cacoal, identificando os produtos

comercializados e identificou as estratégias empreendedoras utilizadas pelos agricultores com

o objetivo de desenvolver a atividade familiar.

O estudo realizado justifica-se pela necessidade dos agricultores adotarem estratégias

empreendedoras para fomentar a agroindústria familiar em suas propriedades, utilizando

estratégias e tecnologias produtivas. A relevância da pesquisa está em investigar como as

estratégias empreendedoras contribuem no fomento e no desenvolvimento das agroindústrias

familiares. E, por outro lado, investigar também se o agricultor familiar utiliza-se de políticas

públicas que incentivem essa prática de industrialização, com o objetivo de vencer a forte

competitividade existente no setor agropecuário familiar.

Para realização deste estudo foi utilizada a pesquisa de campo para coleta de dados

nas 18 (dezoito) agroindústrias familiares no município de Cacoal, estado de Rondônia, que

possuem registro de inspeção federal, estadual ou municipal, tendo como abordagem da

pesquisa a qualitativa.

De forma geral, a pesquisa mostrou a importância de adotar estratégias

empreendedoras para a agroindústria rural, tendo em vista que grande parte dos agricultores

não utilizam ou até mesmo desconhecem algumas das estratégias voltadas para o

desenvolvimento de sua atividade. O estudo revelou que de alguma maneira as políticas

públicas estimularam os agricultores a montar uma agroindústria, principalmente no que

concerne ao auxilio na comercialização dos produtos semi-industrializados, além de

considerar importante para o início da atividade, a agregação de valor à produção e a obtenção

de renda extra.

E desta forma, a pesquisa mostrou que grande parte dos entrevistados utiliza

tecnologias diversificadas na produção, variando de acordo com o tipo de atividade produtiva

desenvolvida na propriedade, o que contribui para o aumento da produtividade e padronização

final do produto. Por outro lado, o estudo mostrou também que muitos agricultores enfrentam

problemas relacionados ao alto custo da matéria-prima e dos insumos, e ainda a insuficiência

da mão-de-obra familiar.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico está dividido em 03 seções. A primeira abordara a definição da

agricultura familiar no Brasil, a importância da gestão dos empreendimentos rurais e das

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agroindústrias, e as políticas públicas de incentivo à agricultura e à produção familiar. A

seguir, foram tratadas considerações e características do empreendedorismo na atividade

rural, e por fim, a terceira seção abordara as estratégias empreendedoras utilizadas na

atividade agropecuária familiar.

2.1 A AGRICULTURA FAMILIAR: CONCEITOS E DIMENSÕES

Os agricultores familiares são aqueles que, anteriormente, eram denominados como

pequenos produtores, trabalhadores rurais, colonos e/ou camponeses. No Brasil, a expressão

“Agricultura Familiar” surgiu nos anos de 1990 e por esta razão a discussão teórica e política

vêm avançando sobre quem é considerado agricultor familiar, qual a sua importância e o seu

papel no desenvolvimento local e para a segurança alimentar da população (TASCHETTO et

al, 2007, p. 23).

Abramovay (2010) destaca que a agricultura familiar é aquela onde a propriedade, a

gestão e a maior parte do trabalho vêm de pessoas que mantêm entre si vínculos de sangue ou

de casamento. Deste modo, entende-se que a agricultura familiar é gerenciada por pessoas da

mesma família e, quando necessário, contrata-se mão de obra de terceiros para que auxiliem

na execução dos serviços.

Neste sentido, Figueira (2009, p. 23) complementa que “a agricultura familiar se

funda sobre essa relação entre família, produção e trabalho, relação a partir da qual ela define

seus objetivos econômicos e sua forma de inserção na sociedade”.

Conforme o artigo 3º da Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, o agricultor familiar é

aquele que pratica atividades no meio rural e que atenda simultaneamente aos seguintes

requisitos (BRASIL, 2006):

I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades

econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; III - tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas

do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder

Executivo;

IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.

Portanto, o empreendedor familiar rural deverá atender basicamente a todas as

condições e exigências estabelecidas na referida Lei, para que possam utilizar dos benefícios

oferecidos aos trabalhadores da atividade agropecuária, de maneira que eles possam produzir

e comercializar sua produção dentro dos parâmetros legais.

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2.1.1 A importância das agroindústrias para o desenvolvimento da agricultura familiar

Os agricultores familiares, desde os tempos mais remotos enfrentavam problemas

como isolamento causado pela falta de estradas vicinais ou carreadores, falta de transporte

para os produtos agrícolas, e a inexistência de um comércio próximo que facilitasse a

escoação de sua produção e a compra dos insumos necessários. Para garantir a reprodução do

núcleo familiar, eles passaram a ter paralelamente com o trabalho na propriedade rural, algum

tipo de indústria caseira para suprir a necessidade doméstica e/ou da comunidade (NAZZARI;

BERTOLINI; BRANDALISE, 2007). Diante das dificuldades encontradas, eles começaram a

industrializar os produtos disponíveis em suas propriedades para o seu autossustento, e

quando necessário, os trocavam por outras mercadorias que eles não produziam.

Neste contexto, os autores trazem como exemplos de indústrias caseiras os moinhos

de milho, trigo, fabricação de queijos, salames, doces, pães, bolachas, açúcar mascavo,

vinhos, pinga, ferramentas para o trabalho agrícola, cestos, peneiras, acolchoados de lã de

carneiro, roupas e calçados em geral, além de outros itens que julgassem necessário para o

trabalho e bem estar da família.

Para Araújo (2007, p. 93) “as agroindústrias são as unidades empresariais onde

ocorrem as etapas de beneficiamento, processamento e transformação de produtos

agropecuários in natura até a embalagem, prontos para a comercialização”. Deste modo, é na

propriedade rural que acontece todo o processo de agroindustrialização, deixando o produto

apto para a revenda.

Mior (2007, p. 8) destaca que:

A constituição de agroindústrias rurais pode ser vista como um processo de

reconfiguração de recursos (produto colonial) promovido pela agricultura familiar

em conjunto com suas organizações associativas e com o apoio do poder público. De

um produto conservado para a subsistência (valor de uso) da família rural, para

consumo na entressafra, o produto colonial processado passa a ser visto pelos

agricultores como um produto comercial com um valor de troca e, portanto, como

fonte de renda da unidade de produção familiar.

Neste contexto, o autor afirma que a agroindústria familiar rural é uma forma de

organização em que a família rural produz, processa e/ou transforma parte de sua produção

agrícola e/ou pecuária, visando, sobretudo à produção de valor de troca que se realiza na

comercialização. Enquanto, o processamento e a transformação de alimentos ocorrem

geralmente na cozinha das agricultoras, a agroindústria familiar rural se constitui num novo

espaço e num novo empreendimento social e econômico.

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Além disso, Morato (2003) destaca a importância da existência de agroindústrias,

principalmente na área rural, pois desta forma diminui a migração rural para os centros

urbanos, principalmente dos jovens, priorizando a utilização de mão de obra do setor rural no

industrial, evitando desta forma, a necessidade de ampliar a estrutura urbana.

2.1.2 A importância da gestão de empreendimentos rurais familiares

A maior parte das atividades rurais desenvolve-se geralmente de forma irregular

durante o exercício da atividade agropecuária, conforme destaca Callado (2006), e com isso o

administrador rural enfrenta o desafio de aliviar ou remediar a irregularidade natural do curso

de seus trabalhos, intensificando outras atividades conexas, como o beneficiamento ou a

industrialização dos produtos agropecuários que são colhidos na propriedade, ou fazendo

reparos nas benfeitorias a fim de melhorá-las.

Sobre as atividades gerenciais na propriedade rural, Crepaldi (1998) apud Callado

(2006, p. 5) afirma que “a tarefa de gerar informações gerenciais que permitam a tomada de

decisão, com base em dados consistentes e reais, é uma dificuldade constante para os

produtores rurais”, necessitando que estes aprimorem seus conhecimentos na busca de

melhores técnicas de gestão para serem aplicadas nas propriedades rurais.

Neste contexto, Crepaldi (1989, p. 5) destaca ainda que:

O produtor rural ainda não assumiu o papel de administrador ou tomador de

decisões no próprio campo de seu domínio. Sentindo-se cada vez mais necessitado

de conhecimentos gerenciais, o produtor rural requer, como prioridade básica para

si, o auxílio na definição do que produzir, como produzir, quanto produzir e para

quem vender.

Deste modo, percebe-se que o produtor rural tem uma grande carência no que diz

respeito aos conhecimentos necessários para tomar decisões importantes em sua propriedade,

sendo que as vezes, sente dificuldade ate mesmo em escolher o ramo da atividade

agropecuária a ser desenvolvida na propriedade.

Para Gaffuri et al. (2005), a empresa rural, tradicionalmente voltada para a atividade

produtiva, necessita optar e adotar novas formas de gerenciamento ao pretender também se

transformar em uma empresa prestadora de serviço. Neste contexto, o autor acrescenta ainda

que a gestão de uma empresa rural é um processo de tomada de decisão que avalia a alocação

de recursos escassos em diversas possibilidades produtivas. Independentemente do seu

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tamanho, o gerenciamento do empreendimento rural é um dos fatores indispensáveis para

alcançar o desenvolvimento sustentável da propriedade como um todo.

Desta forma, “para que o pequeno empreendedor do campo possa exercer a gestão de

seu negócio com mais efetividade é necessário que este busque através do estudo, seu

aprendizado administrativo a fim de que haja o sucesso do empreendimento e como

consequência o provimento do desenvolvimento agrícola” (GAFFURI et al., 2005, p. 7).

Conforme Batalha, Buainain e Souza Filho (2013), os desafios gerenciais da

agricultura familiar situam-se em dois níveis diferentes de atuação: gestão de sistema e da

propriedade. O primeiro nível diz respeito à necessidade de desenvolver capacidade e

ferramentas para abordar as relações sistêmicas dos agricultores familiares com os outros

agentes das cadeias agroindustriais. Já o segundo nível diz respeito à gestão individual das

propriedades.

Nesta percepção, Batalha, Buainain e Souza Filho (2013) destacam ainda que, muitas

vezes, o principal problema dos agricultores familiares não se encontra nas técnicas

agropecuárias disponíveis. Ele reside, sobretudo, na compreensão do funcionamento dos

mercados, que impõe articulação com os segmentos pré e pós-porteira, novas formas de

negociação e práticas de gestão do processo produtivo. Além disso, é necessário encontrar um

ponto de equilíbrio entre a articulação com os agentes da cadeia de produção e a consequente

perda de poder decisório, em troca da maior rentabilidade e estabilidade.

A gestão agroindustrial deve considerar não somente os aspectos financeiros, mas

também as demais questões de grande importância que ajudem a formular, reformular ou

avaliar o processo administrativo desenvolvido pelos agricultores familiares, bem como um

meio para cumprir com os fins produtivos e sociais da empresa, objetivando o crescimento e o

fortalecimento do empreendimento agroindustrial familiar (CALLADO, 2006).

2.1.3 As políticas públicas de incentivo à agricultura e às agroindústrias familiares

Dentro do cenário político agrícola, faz-se necessário a execução de projetos

voltados para a agricultura familiar, objetivando desenvolver e fomentar a atividade

agropecuária, por meio da geração de renda e de postos de trabalho, moradia, a cultura, o

lazer, a educação, e principalmente, a preservação dos recursos naturais. Pois quando o

homem do campo passa a residir nos grandes centros urbanos, ele torna-se improdutivo,

devido a falta de qualificação, de preparo e de vocação para desenvolver atividades urbanas,

devido o mercado de trabalho ser tão competitivo e exigente (SILVA, 2010).

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De acordo com Neves, Zylbersztajn e Neves (2006), é papel do governo fornecer o

ambiente para investimento, com leis e regulamentos, instituições respeitadas, para viabilizar

investimentos em parcerias para a adequada infraestrutura, além de fornecer defesa sanitária e

serviços, promover a organização de pequenos agentes, dar assistência para a aplicação de

tecnologia e também o treinamento quando necessário, oferecendo suporte, experiência e

confiança para a formação de cadeias produtivas coordenadas.

Neste sentido, Araújo (2007) destaca que o Governo Federal tem grande

interferência na formação de preços dos produtos em todos os níveis da comercialização,

através de seus instrumentos de política agrícola voltadas para o setor agropecuário.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) possui alguns programas voltados

para o homem do campo, sendo eles: Alimentação Escolar; Agroindústrias; Assistência

Técnica; Biodiesel; Garantia-Safra; Mais Alimentos; Programa de Aquisição de Alimentos

(PAA); Programa de Garantia de Preços para a Agricultura Familiar (PGPAF); Programa

Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF); Redes Temáticas de ATER;

Seguro da Agricultura Familiar (SEAF); Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária

(SUASA); Política Setorial do Leite (PSL); Selo da Identificação da Participação da

Agricultura Familiar (SIPAF); Plano Nacional da Sociobiodiversidade; Projetos Especiais; e

por fim, o programa Talentos do Brasil (MDA, 2013).

Em geral, os agricultores familiares que são orientados por algum tipo de programa

de agroindustrialização e assistência técnica encontram menos dificuldades em seguir em

frente com a sua atividade agroindustrial, pois parte das liberações, bem como toda a

implantação do projeto são adaptados pelos órgãos responsáveis à produção em escala

reduzida (CARUSO, ANJOS, 2007).

Para Callado et al. (2006), os governos podem intervir de diversas maneiras nos

mercados agricolas e efetivamente o fazem, como exemplo, por meio de subsídios diretos,

indiretos ou disfarçados, programas de estímulo à demanda e à comercialização, programas de

capacitação e desenvolvimento de novas tecnologias, sistema de quotas, politicas de preços

mininos, alem de diversos outros tipos de programas criados para incentivar o

desenvolvimento da atividade agropecuária.

Diante da necessidade de auxiliar o homem do campo a melhor administrar sua

agroindústria familiar, a Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de

Rondônia (EMATER/RO) desenvolveu um projeto específico para auxiliar as agroindústrias

no Estado de Rondônia, intitulado como “Projeto de Produção Sustentável”, possuindo o

objetivo de criar mecanismos que estimulem as comunidades agrícolas a processarem

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industrialmente os seus produtos, agregando-lhes valor, aumentando a renda e gerando

emprego no campo. Destacando também que é cada vez maior a demanda por parte de

agricultores familiares e pequenos produtores rurais por capacitação, projetos e legalização de

agroindústrias de pequeno porte localizadas na zona rural do dos municípios do Estado de

Rondônia (EMATER/RO, 2013).

2.2 EMPREENDEDORISMO: DEFINIÇÃO E OBJETIVOS

O conceito de empreendedorismo começou a ser utilizado por Richard Cantillon, em

1755, para explicar o reconhecimento ao risco de comprar algo por um determinado preço e

vendê-lo em um regime de incerteza. Jean Baptiste Say, em 1803 ampliou essa definição

dizendo que o empreendedorismo está relacionado àquele que transfere recursos econômicos

de um setor de produtividade mais elevada e de maior rendimento, ficando, portanto,

convencionado que quem abre seu negócio é um empreendedor (SANTOS, 2010).

Na visão de Flores (2006, p. 29), o “empreendedor é uma pessoa que, no local onde

vive, busca a inovação, o aproveitamento de oportunidades de negócios, gerando emprego e

renda para a sua região”. Ou seja, ele é o principal responsável pelo desenvolvimento não só

da sua atividade produtiva, mas contribui direta e indiretamente para o crescimento da sua

região.

Alguns municípios brasileiros estão desenvolvendo diversos empreendimentos, a

partir das práticas estabelecidas nas propriedades de agricultura familiar. Potencialidades que

o meio rural sempre pôde oferecer, mas constantemente foram subaproveitadas por falta, tanto

de políticas públicas locais como pela carência de uma mentalidade empreendedora baseada

no associativismo e cooperativismo, e que agora estão sendo exploradas de maneira

sustentável e criativa, gerando renda para o agricultor familiar (SILVA, 1997 apud

GAFFURI, 2005).

Uma pessoa denominada empreendedora tem a virtude de fazer as coisas

acontecerem da maneira correta, pois é dotado de sensibilidades para os negócios e uma

imensa capacidade para identificar oportunidades e riscos. Com esse arsenal, ele tem o poder

de transformar ideias em realidade, beneficiando não somente a si próprio como também toda

a comunidade. Por ter criatividade e um alto nível de energia, o empreendedor demonstra

imaginação e perseverança, aspectos que, combinados adequadamente, o habilitam a

transformar uma idéia simples e mal-estruturada em algo concreto e bem sucedido no

mercado (SANTOS, 2010).

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De acordo com Chiavenato (2007, p. 4):

Os empreendedores são heróis populares do mundo dos negócios. Fornecem

empregos, introduzem inovações e incentivam o crescimento econômico. Não são

simplesmente provedores de mercadorias ou de serviços, mas fontes de energia que

assumem riscos em uma economia em mudança, transformação e crescimento.

Continuamente, milhares de pessoas com esse perfil – desde jovens a pessoas

adultas e de todas as classes sociais – inauguram novos negócios por conta própria e

agregam a liderança dinâmica que conduz ao desenvolvimento econômico e ao

progresso das nações. É essa força vital que faz pulsar o coração da economia.

Neste sentido, é notável que os empreendedores tem contribuído para o

desenvolvimento da economia, e estão sempre abertos e dispostos a inovar na busca por

resultados mais satisfatórios, e assumindo os riscos que possam aparecer. Deste modo, “o

mercado recompensa o empreendedor que tem visão estratégica, criador de soluções e

inovações, zeloso no atendimento ao cliente e que sabe como gerir o negócio com

profissionalismo e seriedade” (CHIAVENATO, 2007, p. 14). O autor acrescenta ainda que o

avanço da economia depende dos pequenos negócios, pois eles respondem por grande parte

da geração de empregos, das inovações, do pagamento de impostos e da riqueza das nações.

2.2.1 O Empreendedorismo na atividade rural

A agricultura familiar tem sua origem com o processo de colonização do Brasil, a

partir do final do século XIX, através da imigração de povos oriundos de outros países, como

Alemanha e Itália, que se instalaram inicialmente no estado de São Paulo e trabalhavam nas

lavouras de café. Até a década de 1930, o Brasil tinha a sua economia baseada na exportação

de café, mas com a crise que houve em 1929, os imigrantes começaram a sair do estado de

São Paulo e se direcionar para outras regiões do país, buscando novas alternativas de

produção para o sustento de suas famílias (MORAES, 2011).

Conforme destaca Moraes (2011), desde aquela época o empreendedorismo rural já

era evidente, pois os imigrantes trouxeram consigo de seus países de origem, ferramentas e

sementes para serem utilizadas aqui no Brasil, surgindo a partir daí os ferreiros, marceneiros e

outros tipos de empreendedores, que de forma artesanal fabricavam suas ferramentas e/ou

transformavam alimentos, primeiro para o uso/consumo familiar e logo após passaram a

comercializar sua produção.

No entanto, o espírito empreendedor está presente e aflorando com toda a força no

meio rural, apesar do pensamento equívoco a respeito da economia rural como se ela pudesse

se restringir apenas à agropecuária e, na melhor das hipóteses, ao agronegócio, pois

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14

ferramentas para a profissionalização já estão ao alcance de todos, basta a utilização correta e

a vontade de mudar por parte dos empreendedores familiares rurais (GAFFURI et al., 2005).

Neste sentido, Moraes (2011) destaca que o empreendedor rural precisa saber

visualizar as oportunidades que surgem, necessitando ter uma diversificação em sua produção,

com produtos de qualidade e com inspeção para poder ingressar nos mercados dos centros

urbanos, trazendo confiança e segurança ao consumir final de que o seu produto é um

alimento diferenciado e de qualidade. Por isso o empreendedor rural deve investir em seu

conhecimento, fazendo cursos de formação profissional e de capacitação, a fim de aprimorar

as estratégias que estão sendo utilizadas em busca de novos resultados.

2.3 ESTRATÉGIAS EMPREENDEDORAS NA ATIVIDADE AGROPECUÁRIA

FAMILIAR

A estratégia tem como importante característica o fato de basear-se em resultados da

análise do ambiente e em criar vantagem competitiva, de modo que elas sejam viáveis e

compatíveis com os recursos. Além disso, é preciso ter coerência entre si e necessita do

envolvimento de pessoas compromissadas, devendo possuir um grau de risco limitado pela

empresa, fundamentadas em seus princípios e de serem criativas e inovadoras

(PAGNONCELLI, 1992 apud AMARAL, 2011).

De acordo com Brandendurg e Ferreira (2007, p. 197), “a agricultura familiar no

Brasil vem, historicamente, desenvolvendo uma diversidade de estratégias de produção e

reprodução social, isto é, ela reflete em situações produtivas e organizacionais das mais

heterogêneas possíveis”. De certa forma, os produtores rurais já utilizam estratégias

empreendedoras há muito tempo, porém, nem sempre as utilizam da melhor maneira por falta

de capacitação e conhecimentos técnicos.

Conforme Oliveira (1991) apud Amaral (2011), a incerteza faz parte da decisão,

mesmo que se trabalhe com as melhores das possibilidades e se faça um estudo aprofundado,

podem-se aumentar as chances de um resultado positivo, porém não existe maneira de se

garantir o mesmo. O risco é decorrente da incerteza, não existe estratégia sem risco, mas

podem ser calculados e minimizados.

De acordo com Brandendurg e Ferreira (2007), as atividades agropecuárias que

adotam estratégias empreendedoras diversificadas permitem à família dispor de rendas

alternativas quando uma cultura tem quedas drásticas de preços ou quando há perdas por

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15

doenças, pragas e fatores climáticos adversos, possibilitando ainda distribuir de maneira mais

uniforme a entrada de recursos ao longo do ano.

Além disso, a agroindústria artesanal é uma estratégia do cotidiano dos agricultores

familiares que souberam, ainda, criar outra estratégia para conseguir colocação para os

produtos da sua agroindústria caseira em um mercado quase sempre monopolizado pela

produção das grandes agroindústrias (BRANDENDURG; FERREIRA, 2007).

Neste sentido, Brandendurg e Ferreira (2007) acrescentam que uma das alternativas

encontradas pelos agricultores agroindustriais familiares são a venda de seus produtos de

porta em porta, oferecendo ao consumidor a vantagem de receber o produto em casa e, ainda,

poder pagar no início do mês seguinte. Mas, o elemento mais importante a ser destacado nessa

iniciativa é por ele ser um produto alternativo àquele transformado pela agroindústria

capitalista e que, com isso, não precisa concorrer com os produtos industrializados pelas

grandes companhias.

Observa-se que esta é uma estratégia sábia adotada pelos agricultores, fato que

demonstra que eles sabem como driblar os obstáculos que lhes são impostos pelo sistema

dominado pelos interesses dos grandes grupos econômicos, num mundo tão competitivo

(BRANDENDURG; FERREIRA, 2007).

2.3.1 Estratégias de cooperação e parcerias

O cooperativismo é um sistema fundamentado na reunião de pessoas e não no capital

que elas possuem, visando atender as necessidades do grupo em geral e não individualmente,

e além de tudo, as cooperativas não visam o lucro. Estas diferenças fazem do cooperativismo

a alternativa socioeconômica que leva ao sucesso com equilíbrio e justiça entre os

participantes (ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS - OCB, 2013).

Ainda de acordo com a OCB (2013), “no Brasil, a cultura da cooperação é observada

desde a época da colonização portuguesa. Esse processo emergiu no Movimento

Cooperativista Brasileiro surgido no final do século 19, estimulado por funcionários públicos,

militares, profissionais liberais e operários, para atender às suas necessidades”. E a partir de

1906, nasceram e se desenvolveram as primeiras cooperativas no meio rural, idealizadas por

produtores agropecuários.

Conforme Araújo (2007, p. 128), “as cooperativas agropecuárias, em algumas

regiões do Brasil, tem forte interferência na coordenação de cadeias produtivas, atuando ora

como simples organizadoras dos produtores, ora como agroindústrias absorvedoras da

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16

produção, ora como comercializadoras de insumos e produtos agropecuários”. Nesse sentido,

as cooperativas apoiam o produtor rural no que for necessário dentro da cadeia produtiva, para

melhor produzir e escoar sua produção.

Oliveira (2013, p. 20) destaca que:

Os agricultores familiares como estratégia para enfrentar as dificuldades, vêm

constituindo empreendimentos coletivos como cooperativas, para que possam

comercializar seus produtos, ter acesso a crédito, financiamentos e aquisição de

insumos, para garantir a sobrevivência, melhor qualidade de vida e financiamento

dos meios de produção.

Desta maneira, o agricultor tem o cooperativismo como um aliado no processo de

desenvolvimento e operacionalização de suas atividades, sempre buscando resultados comuns

e compartilhados entre os agricultores cooperados. Em sua essência, o cooperativismo

caracteriza-se por uma forma de produção e distribuição de riquezas baseada em princípios

como a ajuda mútua, a igualdade, a democracia e a equidade. Desta forma, para que o

cooperativismo seja eficiente no sistema econômico, é fundamental o crescimento da atitude

pró-ativa dos agentes locais que se tornam sujeitos protagonistas do seu empreendimento,

melhorando, assim, as condições de renda dos cooperados, bem como as condições de

trabalho e a independência do trabalhador (SEBRAE, 2013).

2.3.2 Estratégias de tecnologia e inovação

No âmbito dos sistemas agroindustriais, o sentido mais imediato atribuído ao termo

tecnologia é aquele vinculado às tecnologias de produto e processo. A maioria das atividades

de pesquisa e desenvolvimento realizadas no Brasil, para a agropecuária em geral e para a

agricultura familiar em específico, preocupa-se primeiramente com aspectos ligados a

processos de produção e, posteriormente, ao desenvolvimento de novos produtos. A

tecnologia de gestão, que deveria formar ao lado das tecnologias de produto e processo um

tripé fundamental para a competitividade sustentada das cadeias agroindustriais nacionais, é

muitas vezes mal compreendida e negligenciada quanto a sua importância (BATALHA;

BUAINAIN; SOUZA FILHO, 2013).

Para Guanziroli e Cardim (2000, p. 56) “as características tecnológicas e associativas

são muito distintas entre os agricultores familiares, com uma acentuada diferença entre os

tipos e as regiões do país. As regiões Norte e Nordeste são as mais desfavorecidas em todos

os aspectos de tecnologia e associativismo”. E acrescenta ainda que quanto mais elevado é o

nível de renda e instrução dos agricultores familiares, maior é o percentual de

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17

estabelecimentos que utilizam força mecânica ou mecânica e animal nos trabalhos agrários, e

consequentemente, no processo de agroindustrialização também.

Para Rosário e Cruz (2006), uma vez que a concorrência foi transferida para o

interior da indústria, a adoção de inovações e o aumento da capacitação tecnológica se

configuram como estratégias dominantes para o setor, entretanto, a adoção dessas estratégias

permitem vantagens diferenciais para algumas empresas, mais capitalizadas e desenvolvidas

operacionalmente. Essas vantagens são basicamente reduções de custo decorrentes de

otimização de processos, mas inovações em produtos também estão ocorrendo em algumas

empresas.

Além disso, de acordo com Porter (1991) apud Gomes (2005, p. 10), “a inovação

pode nascer de uma busca de oportunidade, da criação de oportunidades ou da transformação

de situações e pode gerar, num primeiro momento, sucesso”. Basta o agricultor confiar no seu

potencial de empreendedor, trabalhando sempre em busca de ideias que possibilitem a criação

de novos produtos.

2.3.3 Estratégias de comercialização

O sistema de comercialização envolve o produto, desde a produção até sua colocação

no mercado para ser adquirido pelos consumidores, no local, na hora e na forma desejada.

Conhecer o funcionamento da comercialização e a demanda por determinado produto, é

fundamental para os agricultores que necessitam tomar decisões eficientes para posicionarem

seus produtos no mercado (PASSADOR; ROSA; PASSADOR, 2013).

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA, 2007, p.

14), “o mercado convencional é altamente competitivo e excludente, pois está monopolizado

pelas grandes redes de atacadistas e supermercadistas. Geralmente, as feiras de agricultores

familiares são espaços alternativos, mas não se constituem em um canal suficiente para

escoamento da produção”.

Conforme destaca Nychai (2004) apud Nazzari, Bertolini e Brandalise (2007), um

dos grandes entraves ao desenvolvimento da agroindústria de pequeno porte é o fator

comercialização ou o acesso aos consumidores finais para vender os seus produtos. A análise

do mercado, neste caso, é importante para identificação do comportamento do consumidor e

da demanda com relação aos produtos finais da agroindustrialização.

O controle da qualidade dos alimentos durante a comercialização é imprescindível,

sobretudo quanto ao aspecto da saúde, necessitando ter um cuidado especial com o produto

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18

desde a sua saída na agroindústria familiar ate o consumidor final, sendo esta uma maneira de

manter a qualidade do produto agroindustrial e de prevenir-se contra possíveis acidentes

(ARAÚJO, 2007).

2.3.4 Estratégias de marketing

Conforme define Kotler (1996), o conceito de marketing parte de uma perspectiva de

fora para dentro. Começa com um mercado bem definido, foca as necessidades dos

consumidores, coordena todas as atividades que afetarão estes consumidores e produz lucros

através da obtenção de satisfação dos mesmos. Além disso, o marketing é um processo social

e gerencial pelo qual os indivíduos obtêm o que necessitam e desejam através da criação,

oferta e troca de produtos de valor com outros.

O marketing constitui o principal elo entre o empreendedor e o cliente. Nem sempre

fabricar um bom produto ou prestar um serviço de qualidade é suficiente. É preciso também

saber colocá-lo no mercado e conseguir convencer as pessoas a comprá-lo. É por meio do

marketing que o cliente recebe o produto ou serviço no momento certo, com características e

preço adequados e acessíveis. Além disso, a competitividade se tornou uma característica do

moderno mundo dos negócios, onde existe uma infinidade de empreendedores competindo

entre si na busca de obter sucesso com a venda de seus produtos (CHIAVENATO, 2007).

Neste sentido, Cobra (1992) destaca que o marketing tem o papel de identificar

necessidades não satisfeitas, de forma a colocar no mercado produtos ou serviços que, ao

mesmo tempo, proporcionem satisfação dos consumidores, gerem resultados positivos aos

acionistas e ajudem a melhorar a qualidade de vida das pessoas e da comunidade em geral.

Deste modo, Chiavenato (2007) acrescenta ainda que o marketing corresponde a

todas as atividades que a entidade desenvolve visando a colocação de seus produtos ou

serviços no mercado consumidor. Assim, o marketing está voltado completamente para o

mercado e para o cliente, tendo como função primordial fazer com que os produtos ou

serviços cheguem da melhor forma possível ao consumidor final, além de ser uma forma de

divulgar os produtos que estão sendo comercializados.

Como estratégia, o marketing busca elaborar respostas eficazes aos ambientes de

mercado em mudança ao definir segmentos, desenvolver e posicionar ofertas de produtos para

os mercados alvo (HOOLEY, 2005). Além disso, o marketing como tática lida com as

atividades do dia-a-dia da gestão do produto, determinação de preço, distribuição e

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19

comunicação de marketing como a propaganda, a venda pessoal, a publicidade e a promoção

de vendas.

2.3.5 Estratégias de planejamento, controle e finanças

Para Zuin e Queiroz (2010), o planejamento compreende a definição das metas de

uma organização, o estabelecimento de uma estratégia global para alcançar essas metas e o

desenvolvimento de uma hierarquia de planos abrangente para integrar e coordenar

atividades, baseando-se no conhecimento dos fins desejados, dos recursos disponíveis e do

potencial das diferentes combinações de recursos. O planejamento, segundo Braga (1998),

constitui um processo sistemático e contínuo de tomada de decisões no presente, com vistas à

consecução de objetivos específicos no futuro.

Os princípios básicos do planejamento financeiro e do controle, que são

normalmente aplicados à indústria e ao comércio, segundo Lourenzani e Lourenzani (2006),

são válidos também para o setor agropecuário. Entretanto, deve-se ressaltar que esta atividade

apresenta determinadas características que a diferenciam dos demais segmentos, as quais

precisam ser consideradas. Destaca-se como exemplo prático, a terra, representando para a

indústria, somente a base para a instalação do imóvel, enquanto que, para a agricultura, é

considerada como o principal meio de produção e precisa ser estudado na sua

microcomposição, visando à exploração do seu potencial máximo, elucida o autor.

No que concerne ao planejamento financeiro e ao controle na gestão do negócio rural,

Batalha (2011) destaca a importância destes no gerenciamento da propriedade, e salienta que em

algumas propriedades modernas é possível observar um grande desenvolvimento da capacidade

de gestão dos empresários rurais, especialmente no que se refere ao planejamento e ao controle

das atividades.

A elaboração e implantação de um planejamento no setor rural representam um

grande desafio, segundo Zuin e Queiroz (2010), tendo em vista que os empreendimentos

desse setor estão sujeitos a um grande número de variáveis, como a dependência dos recursos

naturais, a sazonalidade de mercado, a perecibilidade dos produtos, o ciclo biológico de

vegetais e de animais e o tempo de maturação dos produtos.

Contudo, Zuin e Queiroz (2010) destacam que no meio rural, em especial nas

pequenas propriedades, o agricultor é responsável pela maioria das funções, porém,

desenvolve mais habilidades técnicas, relacionadas à aplicação prática dos conhecimentos

adquiridos no processo produtivo, dedicando pouca atenção ao desenvolvimento de

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20

habilidades humanas e instrumentos financeiros, como o registro e a separação dos custos e

das despesas e um melhor controle da produção e da mão de obra.

Neste sentido, a mão de obra tem reflexos na postura desses agricultores, que se

mostram mais envolvidos e comprometidos com a atividade. Outro fator positivo da

qualificação da mão de obra reside na eliminação de repetição de tarefas e de retrabalho,

ocasionados por um trabalho mal executado (ZUIN; QUEIROZ, 2010).

3 METODOLOGIA

A metodologia empregada na proposta para a resolução do problema da pesquisa

contempla o ambiente da pesquisa, o método, a abordagem da pesquisa, os procedimentos da

pesquisa, o universo da pesquisa, a técnica e os instrumentos da coleta de dados, e por fim, a

forma de tratamento dos dados.

A pesquisa teve como ambiente de estudo as agroindústrias familiares do município

de Cacoal.

Do ponto de vista de sua abordagem, trata-se de pesquisa exploratória e descritiva,

pois conforme argumenta Beuren (2003), as pesquisas exploratórias são utilizadas para

realizar um estudo preliminar do principal objetivo da pesquisa que será realizada,

familiarizando-se com o fenômeno que está sendo investigado. E a descritiva se preocupa em

observar os fatos, registrá-los, interpretá-los e os resultados obtidos podem contribuir no

sentido de identificar as relações existentes entre as variáveis estudadas.

No caso desta pesquisa, ela foi exploratória na investigação da efetiva contribuição

das estratégias empreendedoras utilizadas pelos agricultores familiares, objetivando o

desenvolvimento das agroindústrias familiares, e descritiva por apresentar o perfil

socioeconômico dos agricultores familiares ligados às agroindústrias pesquisadas,

identificando as políticas públicas existentes que estimularam o desenvolvimento das

agroindústrias familiares, os produtos que são industrializados e comercializados, e as

estratégias empreendedoras utilizadas pelos agricultores no desenvolvimento das

agroindústrias familiares.

Foi utilizado o método de pesquisa de campo, pois conforme Marconi e Lakatos

(1996), “a pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações

e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma

hipótese que se queira comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre

eles”.

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Quanto à abordagem, a pesquisa foi de natureza qualitativa, pois de acordo com

Beuren (2003), as pesquisas que empregam metodologia qualitativa podem descrever a

complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis e podem

contribuir no processo de mudança de determinado grupo.

Pertinente ao universo da pesquisa, a unidade de análise foram os agricultores

familiares do município de Cacoal/RO. No caso deste artigo, delimitaram-se os sujeitos da

pesquisa aos agricultores vinculados às 18 (dezoito) agroindústrias familiares que possuem

registro no Serviço de Inspeção Federal (SIF), no Serviço de Inspeção Estadual (SIE) ou no

Serviço de Inspeção Municipal (SIM), conforme quadro:

Endereço Serviço de inspeção

1 Linha 05, lote 82, gleba 04 SIE

2 Linha 06, lote 21, gleba 06 SIM

3 Linha 09, lote 07, gleba 08 SIM

4 Linha 09, lote 11, gleba 09 SIM

5 Linha 09, lote 22, gleba 09 SIM

6 Linha 10, lote 22, gleba 10 SIF

7 Linha 10, lote 95, gleba 09 SIM

8 Linha 12, lote 74, gleba 11 SIM

9 Linha 14, lote 08, gleba 14 SIM

10 Linha 19, lote 69, gleba 13 SIM

11 Linha 208, lote B13, km 12 SIE

12 Linha 208, lote 18, gleba 05 SIF

13 Linha E, lote 23, gleba 01 SIM

14 Linha E, lote 65, gleba 05, km 14 SIE

15 Linha Promessa, lote 19, gleba 07 SIM

16 Av. Castelo Branco, nº 23.727 SIM

17 Av. Castelo Branco, nº 24.153 SIM

18 BR 364, lote 4B, gleba 11 SIM Figura 1 – Agroindústrias familiares pesquisadas.

Fonte: Dados da pesquisa

Quanto aos instrumentos de coleta de dados, realizou-se entrevista com a utilização

de questionário semiestruturado e pesquisa documental, sendo realizada em duas etapas. Na

primeira, realizou-se o mapeamento e contato junto aos agricultores e suas agroindústrias,

através do fornecimento pela EMATER/RO do Cadastro da Agroindústria Familiar

(PROVE/RO), com o objetivo de levantar dados cadastrais, de produção e estabelecer datas e

locais para a realização da entrevista. Na segunda etapa, realizou-se a entrevista por meio de

aplicação de questionário de acordo com a metodologia de estudo de caso.

Por fim, o tratamento dos dados foi pela técnica de análise de conteúdo,

evidenciando a percepção dos agricultores sobre as estratégias empreendedoras utilizadas na

gestão das agroindústrias familiares, trabalhando conceitos de inovação voltados para o

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desenvolvimento de suas atividades. Flick (2009) destaca que a análise de conteúdo, além de

realizar a interpretação após a coleta de dados, desenvolve-se por meio de técnicas mais ou

menos refinadas, e desta forma, esta metodologia vem se mostrando como uma das técnicas

de análise de dados mais utilizada no Brasil, especialmente em pesquisas qualitativas.

4 RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS

Os resultados e a análise dos dados da pesquisa foram elaboradas com base nas

respostas do questionário e na pesquisa documental, e agrupada da seguinte forma:

Dimensões urbanas e rurais do município de Cacoal; Caracterização dos agricultores

pesquisados: aspectos socioeconômicos; Políticas governamentais de incentivo às

agroindústrias familiares; e a percepção dos agricultores familiares quanto às estratégias

empreendedoras utilizadas na atividade agroindustrial.

4.1 DIMENSÕES URBANAS E RURAIS DO MUNICÍPIO DE CACOAL

O município de Cacoal surgiu com a implantação do Projeto Integrado de

Colonização PIC Gi-Paraná, em 1972, e é a quarta maior cidade do Estado de Rondônia.

Situado na região centro-sul do estado, a 485 km da capital, Porto Velho, é uma das maiores

cidade do interior com população de 78.574 habitantes (IBGE, 2006) e possui duas zonas

eleitorais, totalizando aproximadamente 50.000 eleitores, com uma economia em plena

expansão, e destacando-se como grande centro produtor agropecuário. Sua historia vincula-se

à expansão da fronteira agrícola nacional decorrente da convergência de fluxos migratórios

para o Estado (CACOAL, 2013). Segue ilustração do mapa do estado de Rondônia e do

município de Cacoal, na figura nº 02:

Figura 2 – Localização do município de Cacoal no mapa de Rondônia.

Fonte: (CACOAL, 2013)

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A economia cacoalense caracteriza-se por seu comércio forte e diversificado,

baseado em sua vocação para as atividades agropecuárias, principalmente as atividades

agrícolas, podendo ser constatada pela posição que o município ocupa na produção agrícola

estadual, sendo o primeiro lugar na produção de café. A diversidade de produtos cultivados e

o volume produzido estão intimamente ligados à qualidade de suas terras (CACOAL, 2013).

Além disso, o município de Cacoal se destaca como o quarto maior produtor de leite

do Estado e concentra o terceiro maior plantel de gado de corte e leite, com aproximadamente

400 mil cabeças, possuindo cerca de 4.000 (quatro mil) propriedades rurais que abastecem a

região com café, leite, mandioca, hortaliças, frutas e milho (CACOAL, 2013).

4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS AGRICULTORES PESQUISADOS: PERFIL

SOCIOECONÔMICO

O levantamento socioeconômico realizado com os agricultores familiares

pertencentes às agroindústrias pesquisadas identificou o perfil das famílias estudadas,

destacando aspectos como migração, escolaridade, faixa etária, renda média das famílias e

controle financeiro da atividade, conforme poderá ser aferido na figura abaixo:

Responsável pelo preenchimento do

questionário

Estado Civil dos Entrevistados

Figura 3 - Caracterização socioeconômica dos agricultores pesquisados

Fonte: Dados da pesquisa

Observa-se a predominância dos agricultores (72%) nas respostas da pesquisa em

estudo, seguido pelas esposas (17%). Com relação ao estado civil dos agricultores, 83% dos

entrevistados responderam serem casados e 17% solteiros.

Com relação à faixa etária dos entrevistados, 39% estão entre 39 e 46 anos, ficando o

restante (61%), distribuídos nas diferentes faixas etárias entre 25 e 60 anos.

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Idade do responsável pelo preenchimento

O produtor e sua família têm origem

em que localidade do país?

Figura 4 - Caracterização socioeconômica dos agricultores familiares pesquisados

Fonte: Dados da pesquisa

Com relação à origem da família dos agricultores, o estado do Espírito Santo se

destaca com 56%, seguido dos Paranaenses (22%) e dos estados de Minas Gerais, Santa

Catarina, Sergipe e São Paulo totalizando os 22% restantes.

Grau de instrução dos agricultores familiares responsáveis pela Agroindústria:

Figura 5 - Caracterização socioeconômica dos agricultores pesquisados

Fonte: Dados da pesquisa

Considerando a escolaridade dos entrevistados, pode-se observar que 28% possuem

ou cursam o ensino superior. Contudo, a predominância está nos agricultores que não

possuem o ensino fundamental completo (39%).

No que concerne à condição financeira dos agricultores, destaca-se os 89% em que a

renda média é proveniente totalmente da propriedade rural, e os 11% que possuem renda com

outras atividades, a exemplo de alugueis de pequenos imóveis na área urbana do município,

conforme demonstra a figura 6:

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Fonte de renda dos produtores

Renda familiar mensal dos

produtores

Figura 6 - Caracterização socioeconômica dos agricultores pesquisados

Fonte: Dados da pesquisa

Neste sentido, Ferreira (2008) destaca que a agricultura familiar desempenha papel

fundamental para o crescimento da economia e da melhoria das condições de vida do povo

brasileiro. Sendo possível observar que um aspecto importante no quesito renda média

familiar, é que 50% dos agricultores entrevistados possuem renda mensal acima de 4 salários

mínimos e que outros 50% possuem renda de 1 a 3 salários.

Para finalizar a caracterização dos agricultores entrevistados neste estudo, foi

realizado no ano de 2013, de acordo com a pesquisa documental do Cadastro da Agroindústria

Familiar em Cacoal (PROVE/RO), um levantamento das atividades produtivas, comerciais,

legais e de infraestrutura das 18 agroindústrias pesquisadas, cujo resultado está apresentado na

figura 7:

Agroindústria Atividade da

Agroindústria Legalização

Local para

comercialização Infraestrutura

“Frango Boa

Vista” Frango SIM PNAE Pronta

“Cooper Leite” Leite

Pasteurizado SIM PNAE, PAA Pronta

“Polpas de Frutas

Cacoal” Polpa de Frutas SIM PNAE Pronta

“Bijupã” Biscoitos SIF Mercado Local Pronta

“Queijos Ouro

Branco” Queijo SIM

PNAE, PAA,

mercado local Pronta

“Jastiu Polpas” Polpa de Frutas SIF PNAE, PAA Em acabamento

“Polpa de Frutas

Wilson” Polpa de Frutas SIF

PNAE, PAA,

mercado local Pronta

“Iogurte de

Leite” Iogurte SIE PNAE Pronta

“Splendore

Polpas” Polpas de Frutas SIM PNAE

Em

acabamento

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Agroindústria Atividade da

Agroindústria Legalização

Local para

comercialização Infraestrutura

“Casa do Mel” Mel SIM PNAE, PAA Pronta

“IR Biscoitos

Amazonas” Biscoitos SIM PNAE, PAA

Em

acabamento

“JK Agroind. de

Leite e

derivados”

Iogurte SIE PNAE, mercado

local Pronta

“MS Aves” Frango SIM PNAE, PAA Pronta

“G Aves” Frango SIM PNAE, PAA Pronta

“Só Granja” Frango SIM PNAE, PAA Pronta

“Qui Frango” Frango SIM Mercado local Pronta

“Cachaça

Lorenzon” Cachaça SIM Mercado local Pronta

“Asprusinha” Panificação SIM Mercado local Pronta Figura 7 - Agroindústrias familiares registradas no município de Cacoal.

Fonte: Dados da pesquisa

Com relação aos produtos industrializados nas agroindústrias pesquisadas, destacam-

se os seguintes:

a) Frango (28%);

b) Polpa de fruta (22%);

c) Biscoito (17%);

d) Cachaça (6%);

e) Leite pasteurizado (6%);

f) Iogurte (6%);

g) Iogurte e leite pasteurizado (5%);

h) Queijo (5%);

i) Mel, cera de abelha e própolis (5%);

Deste modo, Gaffuri (2005) destaca que o agricultor passou a ter características de

empreendedor, trabalhando diretamente na fabricação e comercialização de seus produtos, o

que torna seu trabalho relevante, na medida em que ele reverta todo o seu esforço em novas

oportunidades de trabalho e renda, pois, nesses casos, a economia local é intensificada através

da diversificação de novas formas de trabalho no campo.

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4.3 POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS DE INCENTIVO ÀS AGROINDÚSTRIAS

FAMILIARES

As políticas governamentais existentes que estimulem as agroindústrias familiares no

que concerne a capacitação dos produtores, a produção, a comercialização e a captação de

recursos para a construção e o fomento das agroindústrias familiares, conforme apresentadas

no quadro, são:

NACIONAL FINALIDADE PRINCIPAL

Alimentação Escolar

Compra de produtos da agricultura familiar e do empreendedor

familiar rural ou de suas organizações, para fornecer à merenda escolar.

Agroindústrias Apoia a inclusão dos agricultores familiares no processo de

agroindustrialização e comercialização da sua produção.

Assistência Técnica

Tem por objetivo melhorar a renda e a qualidade de vida das famílias rurais, por meio do aperfeiçoamento dos sistemas de

produção, de mecanismo de acesso a recursos, serviços e renda,

de forma sustentável.

Garantia-Safra

É uma ação do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) voltada para os agricultores

familiares localizados na região Nordeste do país, que sofrem perda de safra por motivo de seca ou excesso de chuvas.

Mais Alimentos

O Pronaf Mais Alimentos destina recursos para investimentos

em infraestrutura da propriedade rural e, assim, cria as condições necessárias para o aumento da produção e da

produtividade da agricultura familiar.

Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)

É uma ação do Governo Federal para colaborar com o

enfrentamento da fome e da pobreza no Brasil e, ao mesmo tempo, fortalecer a agricultura familiar. Para isso, o programa

utiliza mecanismos de comercialização que favorecem a

aquisição direta de produtos de agricultores familiares ou de suas organizações, estimulando os processos de agregação de

valor à produção.

Programa de Garantia de Preços para a Agricultura Familiar

(PGPAF)

O Programa garante às famílias agricultoras que acessam

o Pronaf Custeio ou o Pronaf Investimento, em caso de baixa de preços no mercado, um desconto no pagamento do

financiamento, correspondente à diferença entre o preço de

mercado e o preço de garantia do produto.

Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF)

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar financia projetos individuais ou coletivos, que gerem renda aos

agricultores familiares e assentados da reforma agrária, seja para o investimento em máquinas, equipamentos ou infraestrutura de

produção e serviços agropecuários ou não agropecuários.

Redes Temáticas de ATER

As Redes Temáticas promovem a articulação entre os agentes, as organizações de assistência técnica e extensão rural e a

pesquisa agropecuária. Criam, ainda, oportunidades de

intercâmbio e troca de experiências, facilitam o conhecimento

das políticas públicas e a formação dos agentes de Ater, organizam e disponibilizam conteúdos e propostas tecnológicas

para os agentes e agricultores familiares.

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NACIONAL FINALIDADE PRINCIPAL

Seguro da Agricultura Familiar

(SEAF)

Ação dirigida exclusivamente aos agricultores familiares que

contratam financiamentos de custeio agrícola no Pronaf, o

SEAF foi instituído no âmbito do Proagro e atende a uma reivindicação histórica do agricultor: produzir com segurança e

com relativa garantia de renda. Assim, o SEAF não se limita a

cobrir todo o valor financiado, o seguro garante 65% da receita líquida esperada pelo empreendimento financiado.

Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA)

Permite a legalização e implementação de novas agroindústrias,

o que facilita a comercialização dos produtos industrializados

localmente no mercado formal e em todo o território brasileiro.

Política Setorial do Leite (PSL)

A Política Setorial do Leite (PSL) está dividida em quatro eixos:

o produtivo, o industrial, o comercial e o associativo/

cooperativo. Para sua implementação, conta com ações

específicas para cada região nas áreas de crédito, seguro de renda, assistência técnica e extensão rural, capacitação e ações

no mercado internacional.

Selo da Identificação da

Participação da Agricultura Familiar (SIPAF)

O SIPAF tem por objetivo fortalecer a identidade social da agricultura familiar perante os consumidores, informar e

divulgar a presença significativa da agricultura familiar nos produtos.

Plano Nacional da Sociobiodiversidade

Criado para promover a conservação e o uso sustentável da

biodiversidade e garantir alternativas de geração de renda para as comunidades rurais, por meio do acesso às políticas de

crédito, assistência técnica e extensão rural, a mercados e aos

instrumentos de comercialização e à política de garantia de preços mínimos.

Programa Nacional de Sementes

para a Agricultura Familiar

Tem a finalidade de assegurar condições de identificação,

produtividade, adaptação, resistência e qualidade das sementes

utilizadas pelas famílias agricultoras, reduzindo os riscos envolvidos nas atividades agrícolas.

Programa Talentos do Brasil

Promove e estimula a troca de conhecimentos, valorizando a

identidade cultural, promovendo a geração de emprego e renda e

agregando valor à produção de grupos de artesãos rurais.

Programa Luz para Todos

O Programa Luz para Todos é um programa do Governo

Federal que visa levar energia elétrica para a população do meio

rural, seja ela com ou sem recursos financeiros, de forma gratuita, cuja finalidade é de acabar com a exclusão elétrica no

país. Figura 8 - Políticas públicas federais destinadas à agricultura familiar

Fonte: (MDA, 2013)

A diversificação das políticas públicas destinadas à agricultura familiar, a exemplo

das fornecidas pelo Governo Federal, contribuem principalmente no estímulo à produção

(MDA, 2013), o que particularmente se destacou neste estudo, foi a concessão de maquinários

e cursos de capacitação voltados para o aprimoramento dos produtos industrializados nas

agroindústrias familiares pesquisadas, onde 72% dos entrevistados afirmaram conhecer e

utilizar grande parte dessas políticas, conforme pode ser visto na figura a seguir:

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Quais Políticas Públicas vocês conhecem?

De que maneira as políticas públicas vem

auxiliando sua agroindústria

Figura 9 - Políticas governamentais destinadas à agricultura familiar

Fonte: Dados da pesquisa

As políticas públicas além de reconhecer a importância da agricultura familiar e das

dinâmicas de desenvolvimento local, respeitam os valores de uma agricultura voltada à

diversificação dos sistemas produtivos e do meio ambiente (FRITSCH, 2011).

Neste sentido, Neves, Zylbersztajn e Neves (2006) destacam que é papel do governo

promover a organização de pequenos agentes, dar assistência para a aplicação de tecnologia e

também o treinamento quando necessário, oferecendo suporte, experiência e confiança para a

formação de cadeias produtivas coordenadas. Destacando dentre as políticas públicas mais

conhecidas e utilizadas pelos entrevistados, o Programa Nacional de Alimentação Escolar

(PNAE) com 63%, e na sequencia vem o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) com

37%.

4.4 PERCEPÇÃO DOS AGRICULTORES FAMILIARES QUANTO ÀS ESTRATÉGIAS

EMPREENDEDORAS UTILIZADAS NA ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL

Como a finalidade principal deste estudo foi estudar a contribuição das estratégias

empreendedoras utilizadas pelos agricultores, objetivando o desenvolvimento das

agroindústrias familiares, esta seção evidenciará a atividade principal de cada entidade

pesquisada, bem como a percepção dos entrevistados acerca das estratégias utilizadas na

gestão empreendedora da atividade agropecuária.

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Os agricultores familiares necessitam, segundo Santos (2010), trabalhar o

empreendedorismo como estratégias de desenvolvimento de suas propriedades, de modo que

possam aproveitar todos os recursos disponíveis para criar novos produtos ou aperfeiçoar os

que já estão sendo industrializados.

Conforme Flores (2006), o empreendedor é uma pessoa que busca a inovação no

local onde vive, aproveitando as oportunidades de negócios que surgem, além de gerar

emprego e renda para a sua região, ele é o principal responsável pelo desenvolvimento não só

da sua atividade produtiva, mas contribui direta e indiretamente para o crescimento da sua

região.

Neste sentido, quando questionados sobre a importância do empreendedorismo em

sua atividade agropecuária, 56% dos entrevistados não souberam conceituar

empreendedorismo. Contudo, 17% definiram empreendedorismo como a busca por parcerias

e recursos para o êxito da atividade, procurando sempre aproveitar os recursos disponíveis

para expandir os negócios e obter renda, conforme demonstra a figura 10:

O que significa empreendedorismo?

Figura 10 - Empreendedorismo e agroindústria. Fonte: Dados da pesquisa

Quando perguntado sobre os principais motivos que estimularam os agricultores a

empreender uma agroindústria em sua propriedade, pode-se destacar, de acordo com o grau de

relevância das respostas que:

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a) 33% dos agricultores optaram pela agroindústria familiar motivado pelos

incentivos advindos das políticas públicas, principalmente no que concerne ao

auxílio na comercialização dos produtos;

b) 17% decidiram trabalhar com a agroindústria para agregar valor à produção e para

aproveitar melhor o espaço da propriedade;

c) 17% investiram na atividade como forma de obtenção de renda extra;

d) 11% dos entrevistados optaram em trabalhar com a agroindústria como estratégia

de utilização da mão de obra familiar na propriedade;

e) 22% justificaram a opção pela agroindústria por considerarem a atividade uma

alternativa viável de produção sustentável, considerando o aproveitamento dos

produtos existentes na propriedade.

E desta forma, considerando a percepção dos agricultores acerca da motivação do

trabalho com a agroindústria familiar, a figura abaixo evidencia os aspectos mais importantes

da contribuição da agroindústria na atividade produtiva familiar, onde 50% dos entrevistados

afirmam que é de grande importância para a sua atividade por ser a principal ou única fonte de

renda para o sustento da família.

Por que a agroindústria familiar é importante para a sua atividade?

Figura 11 - Importância da agroindústria familiar para a atividade agropecuária

Fonte: Dados da pesquisa

Dentre os vários fatores citados acima, pode-se destacar também, os 22% que

consideram importante a permanência da família na zona rural utilizando a mão-de-obra

familiar e agregando valor aos produtos industrializados. Pois conforme destaca Fabris

(2013), o êxodo rural é uma preocupação constante no Território, onde grande parte da

emigração se deve aos jovens, filhos de agricultores, graduados na região, que buscam em

centros urbanos oportunidades de trabalho e renda frente às dificuldades encontradas no setor,

caracterizado de baixa atratividade profissional.

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Considerando a importância do empreendedorismo na atividade rural, a seguir serão

demonstrados os resultados do estudo referente às estratégias empreendedoras utilizadas pelos

agricultores em suas agroindústrias familiares no ano de 2013.

4.4.1 Estratégias de cooperação e parceria

O cooperativismo auxilia no empreendedorismo rural?

Figura 12 - Cooperativismo e empreendedorismo rural

Fonte: Dados da pesquisa

No contexto de transformação organizacional encontram-se inseridas as cooperativas

do setor agroindutrial, com base na agricultura familiar, as quais são consideradas parte

integrante de uma extensa rede de agentes econômicos, que inclui desde a produção de

insumos, transformação industrial até a estocagem e distribuição dos produtos agrícolas e seus

derivados (FABRIS, 2013).

Considerando os objetivos propostos pelo cooperativismo na atividade agropecuária

familiar, grande parte dos agricultores (72%) afirmaram que o cooperativismo auxilia o

empreendedorismo rural através de incentivos, comercialização das mercadorias e compra de

matéria-prima, sendo que outros 6% disseram que o cooperativismo não auxilia devido a

desunião dos produtores rurais.

4.4.2 Estratégias de Tecnologia de produção

Conforme destacam Batalha, Buainain e Souza Filho (2013), no âmbito dos sistemas

agroindustriais, o sentido mais imediato atribuído ao termo tecnologia é aquele vinculado às

tecnologias de produto e processo, considerando ainda, que as tecnologias de gestão são

fundamentais para a competitividade da agricultura familiar brasileira e que, portanto, não

devem ser negligenciadas.

Desta maneira, observa-se que diversas são as tecnologias utilizadas pelos

agricultores no processamento dos produtos da agroindústria familiar, conforme demonstra a

figura a seguir. Convém salientar que as tecnologias empregadas à produção familiar variam

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de acordo com a atividade produtiva desenvolvida na propriedade, levando em conta também

a condição financeira do agricultor no emprego destas tecnologias.

Quais tecnologias são utilizadas no processamento dos produtos?

Figura 13 - Utilização de tecnologias no processamento dos produtos

Fonte: Dados da pesquisa

Quando questionados sobre a maneira que as tecnologias aplicadas a produção

auxiliam na atividade produtiva agroindustrial, 67% dos entrevistados afirmaram que as

tecnologias contribuem no aumento da produção e na melhoria da qualidade do produto

(padronização), contribuindo para uma melhor aceitação dos produtos no mercado

consumidor, e 33% descrevem que as tecnologias facilitam o trabalho, diminuindo o esforço

físico da mão-de-obra familiar, sendo este um dos principais problemas enfrentados na

produção, além do alto custo dos insumos, conforme pode ser visto a seguir:

Principais problemas enfrentados na produção:

Figura 14 - Principais problemas enfrentados na produção.

Fonte: Dados da pesquisa

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Considerando os problemas enfrentados pelos agricultores na produção

agroindustrial familiar, destaca-se o alto custo da matéria-prima adquirida e a insuficiente

mão-de-obra como fatores relevantes na diminuição do lucro. Embora muitas vezes o

principal problema dos agricultores familiares não se encontra nas técnicas agropecuárias que,

dentro da realidade de cada produtor, estão plenamente disponíveis. Ele reside, sobretudo, na

compreensão do funcionamento dos mercados, que impõe articulação com os segmentos pré e

pós-porteira, novas formas de negociação e práticas de gestão do processo produtivo

(BATALHA; BUAINAIN; SOUZA FILHO 2013).

4.4.3 Estratégias de comercialização

O crescimento da produção rural segundo Abramovay (2010), obriga o agricultor a

buscar novos mercados, analisando suas variações, adquirindo conhecimento, se organizando

em cooperativas de produtores, e participando ativamente desde a lavoura até o consumidor

final.

Com relação aos principais problemas enfrentados na comercialização dos produtos,

a pesquisa mostrou que 50% dos entrevistados julgaram a concorrência desleal como

problema, contribuindo para a diminuição do valor agregado, e em consequência da qualidade

do produto.

Problemas enfrentados na comercialização

Existe alguma ação de "cooperação mútua" com

outros produtores rurais, objetivando uma maior

comercialização dos produtos? Qual?

Figura 15 - Principais problemas enfrentados na comercialização e ações de cooperação.

Fonte: Dados da pesquisa

Além dos problemas existentes na comercialização dos produtos, o estudo mostrou a

existência de estratégias coletivas de cooperação utilizadas pelos agricultores no processo

comercial, com destaque aos 33% dos agricultores que são auxiliados pelo cooperativismo, a

exemplo da COOPERCACOAL e associações rurais do município, na venda e no transporte

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da produção diretamente da propriedade rural até às feiras livres, mercados, lanchonetes e

restaurantes do município. Outros 67% dos entrevistados afirmaram não terem parcerias com

outros produtores na venda de seus produtos, realizando todo o processo de forma individual.

Com relação aos principais consumidores das mercadorias advindas das

agroindústrias familiares, destacam-se os programas do Governo Federal (PNAE – PAA),

onde 78% dos entrevistados afirmaram fornecer parte de sua produção na merenda escolar,

além de comercializarem outra parte nos estabelecimentos comerciais da região.

4.4.4 Estratégias de marketing

O marketing é uma forma de sentir o mercado e buscar o desenvolvimento de

produtos ou serviços que satisfaçam necessidades especificas. Além disso, ele permeia a vida

de todas as pessoas, de maneira direta ou indireta, todos nós somos compelidos a fazer

marketing, de alguma forma, em algum momento, quer como agentes ativos do processo de

marketing, quer como agentes passivos (COBRA, 1993). Desta maneira, a figura 16 evidencia

as estratégias de marketing utilizadas pelos entrevistados:

Estratégias de marketing utilizadas para divulgar os produtos:

Figura 16 - Estratégias de marketing utilizadas.

Fonte: Dados da pesquisa

Com relação às estratégias de marketing utilizadas na divulgação dos produtos, a

pesquisa mostrou certa diversificação nas ações utilizadas pelos agricultores, podendo citar o

marketing produzido nas embalagens (38%), na exposição dos produtos em eventos (24%), a

utilização de cartazes e banners (23%), e a degustação (9%).

4.4.5 Estratégias de planejamento, controle e finanças

Para Lourenzani e Lourenzani (2006), o planejamento financeiro no controle e na

gestão da atividade pode ser válido para o setor agropecuário. Batalha (2011) destaca a

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importância destes no gerenciamento da atividade produtiva, e salienta que em algumas

propriedades rurais é possível observar um grande desenvolvimento da capacidade gerencial dos

agricultores, especialmente no que se refere ao planejamento e ao controle das atividades.

O planejamento compreende a definição das metas de uma organização e o

estabelecimento de estratégias para alcançar as metas estabelecidas. O gestor rural que utiliza

em sua propriedade a elaboração de um planejamento adequado a sua realidade tem facilidade

para traçar planos de ação e executa-los com precisão (QUEIROZ, 2009).

Na percepção de 61% dos entrevistados, planejamento é saber o que produzir, quanto

produzir e como produzir. Já os 39% afirmaram entender o planejamento como a maneira que

vão honrar suas dívidas de curto prazo e o período necessário para o seu pagamento.

Considerando a importância de utilizar o planejamento financeiro na atividade, 11%

dos entrevistados afirmaram não fazer nenhum tipo de registro dos gastos decorrentes da

atividade produtiva. Contudo, 89% dos agricultores realizam algum tipo de planejamento,

sendo ele realizado mentalmente pela família (33%) ou por escrito de forma coletiva (56%),

podendo desta forma, possuir maior controle sobre os gastos inerentes na agroindústria.

Custos de produção:

Despesas da atividade:

Figura 17 - Custo de produção e despesa da atividade.

Fonte: Dados da pesquisa

Neste sentido, Martins (2009) ressalta a dificuldade que os agricultores tem em

reconhecer na prática das atividades agrícolas os custos e as despesas, sendo que teoricamente

classificam-se custos como todos os gastos relacionados à produção agrícola que irá compor o

produto final, já as despesas são aquelas vinculas ao processo de administração e

comercialização.

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Com relação à mensuração dos gastos relacionados às agroindústrias familiares,

grande parte dos entrevistados afirmou que os principais custos de produção estão

relacionados à aquisição de matéria-prima (33%) e insumos (28%). E dentre as despesas mais

relevantes da atividade, estão os gastos com transporte/combustível (39%), embalagens

(33%), e o “Fundo Rural” (6%).

O que mais influencia na diminuição do lucro?

Figura 18 - Fator de relevância na diminuição do lucro.

Fonte: Dados da pesquisa

Dentre os fatores que mais se destacaram na diminuição do lucro da atividade estão o

alto custo com os insumos (46%), os custos de aquisição e manutenção da atividade (18%), o

custo com a mão-de-obra na produção (9%) e o baixo valor de venda (9%).

Neste sentido, o estudo evidenciou, portanto, a percepção dos agricultores com

relação à utilização de estratégias em seus empreendimentos rurais, em que suas ações já são

percebidas como forma de melhoria dos aspectos produtivos e gerenciais da agroindústria.

Observa-se também, que muitos agricultores fazem um planejamento financeiro prévio de sua

atividade, embora muitas vezes estes registros sejam feitos de maneira rudimentar e com

baixo grau de detalhamento técnico, influenciando assim a mensuração do resultado final da

atividade produtiva: o lucro ou o prejuízo.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa pautou-se em identificar o perfil social e econômico dos 18

agricultores que empreenderam uma agroindústria familiar no município de Cacoal,

evidenciando a contribuição das estratégias empreendedoras utilizadas na gestão da entidade

de maneira a auxiliar a atividade produtiva local. De acordo com os objetivos propostos neste

artigo, conclui-se com os seguintes resultados:

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a) Considerando as políticas públicas destinadas ao incentivo da agricultura e da

agroindústria familiar, a pesquisa mostrou que é do conhecimento dos agricultores as políticas

destinadas a este fim, destacando o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o

Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Outro destaque do estudo foi que grande parte

dos agricultores recebeu cursos de capacitação e o fornecimento de maquinários para

desenvolver sua atividade agroindustrial;

b) Com relação às tecnologias empregadas na produção, observou-se que 94%

dos entrevistados utilizam algum tipo de tecnologia no processamento de seus produtos,

diversificando sua utilização de acordo com a atividade produtiva desenvolvida na

propriedade e na agroindústria. Por outro lado, os desafios enfrentados na produção

perpassam pelo alto custo de aquisição da matéria-prima e a insuficiência de mão-de-obra

familiar, tendo em vista que na maioria dos agricultores entrevistados a produção é custeada

totalmente com capital próprio;

c) Na comercialização, o principal desafio está na concorrência desleal com

fornecedores industriais de maior porte, que na percepção de grande parte dos entrevistados

contribui para a diminuição do valor agregado, prejudicando a venda dos produtos semi-

industrializados, embora a utilização de estratégias de marketing em embalagens, feiras e

eventos regionais vem auxiliando na divulgação dos produtos; e

d) Quanto às estratégias de registro e controle, o planejamento financeiro se

destacou como prática em grande parte das agroindústrias rurais, embora seja utilizado de

forma rudimentar e em baixo grau de detalhamento técnico, dificultando desta forma a

separação dos custos e despesas e a mensuração das receitas e do lucro da atividade. Contudo,

89% dos entrevistados afirmaram utilizar algum tipo de planejamento, construídos de forma

coletiva entre os integrantes da família.

Desta forma, como conclusão final deste estudo, os empreendimentos familiares de

produção vem contribuindo com o desenvolvimento das propriedades rurais, e as estratégias

empreendidas proporcionam de alguma forma ao agricultor novas oportunidades de trabalho,

de modo que ele possa aproveitar todos os recursos disponíveis na propriedade para melhorar

ou até mesmo criar novos produtos para o mercado consumidor, além de colaborar com a

sustentabilidade dos recursos naturais e com a diminuição do êxodo rural, por meio da

utilização de mão-de-obra familiar, melhorando assim, a situação econômica e social de suas

famílias.

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