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5/24/2018 o Emprego Do Armamento, Munio e Explosivos Na Segurana Pblica
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O EMPREGO DO ARMAMENTO, MUNIO E
EXPLOSIVOS NA SEGURANA
O BPCHOQUE NO CONTROLE DEDISTRBIOS CIVIS
No podeis ensinar coisa alguma a um homem;Podeis apenas ajuda-lo a encontra-la dentro de
si mesmo.
Galileu Galilei
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N D I C E
PGINA
Resumo ......................................................................................................................................... 3
LISTA DE ANEXOS ................................................................................................................... 5
CAPTULOS
I. O PROBLEMA ............................................................................................................ 6
Introduo
Formulao da Situao Problema
Objeto do Estudo
Justificativa
Questes a Investigar
II. EM BUSCA DE UMA FUNDAMENTAO......................................................... 15
A Misso das Polcias Militares na Evoluo da Legislao
O Papel da Polcia na Sociedade
Ordem e Segurana
Ordem Poltica e Segurana Poltica
Nveis de Segurana
Preservao e Restabelecimento Poltico da Ordem Pblica
Preservao e Restabelecimento Policial da Ordem Pblica
Preservao e Restabelecimento Poltico Militar da Ordem Pblica
A Polcia Militar e os Distrbios Civis
O Batalho de Polcia de Choque e o Controle de Distrbios Civis
O Material Blico Empregado Pelo BPChq no Controle de Distrbios Civis
III. METODOLOGIA .................................................................................................... 50Participantes do Estudo
Instrumentao
Coleta e Tratamento de Dados
IV. APRESENTAO E ANLISE DOS RESULTADOS ....................................... 52
V. CONCLUSES E SUGESTES ............................................................................... 63
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .......................................................................... 65
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Resumo
O objetivo principal da presente pesquisa foi, basicamente, buscar a resposta para a seguinte
questo: Quais as reais condies operacionais do BPChq no CDC (Controle de Distrbios Civis),
com o armamento, munio e explosivos que dispes atualmente?
Nessa linha foi investigada a adequabilidade do material blico armamento, munio e
explosivos utilizados pelo BPChq em misses de CDC, a disponibilidade desse material para
pronto emprego e o grau de adestramento da tropa no seu manuseio operacional.
O estudo tambm levou em considerao outros fatores que influenciam o desempenho do
BPChq nas misses CDC, tais como o efetivo existente, os equipamentos de proteo individual, as
viaturas e os diferentes tipos de policiamento executados atualmente por essa UOpE.
Foram ouvidas autoridades policiais militares envolvidas, direta e indiretamente, na questo,
alm da realizao de pesquisa de campo junto tropa do BPChq Oficiais e Praas objetivando
saber se em seus julgamentos o atual material blico empregado no CDC atende aos fins a que se
destina.
Concluiu-se que o material blico e os equipamentos de proteo individual disponveis para
emprego nas aes de CDC, atendem principalmente as necessidades da UOpE, nesse mister.
precria, tambm, a situao da frota de viaturas destinadas a essas aes, levando-se em conta os
fatores: desgaste pelo tempo de uso e inedaquabilidade ao emprego.
Conclui-se, ainda, que o atual grau de adestramento da tropa, para o CDC insatisfatrio,
tendo como principal bice o seu emprego rotineiro em diferentes tipos de policiamento, de natureza
e caractersticas prprias, que conflitam com a misso peculiar do BPChq.
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Desta forma, h que se repensar, com brevidade, a destinao operacional do BPChq como
Unidade Especial, para emprego no CDC, aparelhando-a e modernizando-a, a fim de que possa ter
reais condies de cumprir a contento sua misso.
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LISTA DE ANEXOS
ANEXO PGINA
I. Pauta da Entrevista realizada com o comandante do Comando de Unidades
Operacionais Especiais da Polcia Militar do Estado do Rio de Janeiro .............................. 69
II. Pauta da Entrevista realizada com o Comandante de Policiamento da Capital da
Polcia Militar do Estado do Rio de Janeiro ............................................................................ 70
III. Pauta da Entrevista realizada com o Diretor Geral de Apoio Logstico da Polcia
Militar do Estado do Rio de Janeiro ........................................................................................ 71
IV. Pauta da Entrevista realizada com o Comandante do Batalho de Polcia De Choque
da Polcia Militar do Estado do Rio de Janeiro ....................................................................... 72
V. Questionrio Aplicado aos Oficiais do BPChq ................................................................... 74
VI. Questionrio aplicado aos Praas do BPChq .................................................................... 77
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CAPTULO I
O PROBLEMA
Introduo
V-se, com freqncia, a Polcia Militar do Estado do Rio de Janeiro ocupando grandes
espaos na mdia, objeto de manchetes dramticas de primeira pgina tais como: PM violenta! PM
arbitrria! PM corrupta! Polcia Despreparada! Tambm comum, nessas oportunidades,
determinados segmentos da imprensa envidarem esforos no sentido de consolidar uma opinio ainda
mais desfavorvel a respeito da instituio, resgatando antigos esteretipos sensacionalistas no
sentido de estabelecer uma relao direta de causa e efeito, entre a atuao da PM no contexto
revolucionrio de 1964 e o seu papel no atual cenrio democrtico, como rgo integrante do
Sistema de Segurana Pblica.
O processo de abertura democrtica e o conseqente restabelecimento do Estado de Direito
permitiu, progressivamente, o extravasamento de ressentimentos at ento reprimidos pelos rigorosos
mecanismos de censura a servio do regime autoritrio. Comeam a ecoar expresses do tipo PM
autoritria! PM da Interveno! Braos da Represso! Polcia do Sistema!Rompia-se o silncio
imposto pela ditadura militar libertando veementes crticas atuao dos rgos de represso, vozes
que ainda ressoam nos dias atuais. Dissociar a imagem da Corporao desse passado tem-se
mostrado uma tarefa rdua, pois muitos ainda acreditam que a sua natureza militar, bom como, a sua
condio de Fora Auxiliar, reserva do Exrcito, propicia a incompatibilidade civil X militar
observada especialmente nos ltimos tempos em conseqncia dos reflexos do perodo
revolucionrios de 1964.
Sabe-se, no entanto, conforme noticia a histria, a milcia do Rio de Janeiro tem estrutura
militar desde a sua criao como Diviso Militar da Guarda Real de Polcia, em 1809, informando
ainda, haver nascido com a funo policial e para atender s demandas sociais daquela poca.
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H que ressaltar ainda que, em 1964, a misso atribuda s PM j era a segurana interna e a
manuteno da ordem no Estados, Territrios e Distrito Federal, na condio deforas auxiliares,
reserva do exrcito, conforme consagrava a Carta Magna vigente, a 1946. Note-se que nesse mesmo
diploma legal, a misso das PM estava insculpida no Ttulo VII Das Foras Armadas, que, na
prtica, tinha o sentido de executar tarefas atribudas Fora Terrestre. Somente mais tarde, com a
Emenda Constitucional N 1, de 17 de outubro de 1969, que alterou a Constituio de 1967, a
expresso segurana interna foi retirada, permanecendo a manuteno da ordem, agora adjetivada
como pblica, atingindo de forma mais precisa a sua finalidade bsica de Segurana Individual e
Comunitria.
A legislao especfica advinda da Revoluo de 1964 Dec Lei 667 de 02 de julho de 1969
e suas alteraes estabeleceu na prtica, atravs do controle exercido pela IGPM, inegvel
subordinao das PM expresso militar, impedindo os governadores de praticar quaisquer atos
relativos quelas Corporaes sem o aval do Estado Maior do Exrcito, que, ento, concentrava suas
preocupaes to somente nas questes de segurana interna. Assim, estando as PM inseridas no
quadro de Segurana e Defesa Pblica aptas para atuar preventiva, repressiva e operativamente
logo, seriam utilizadas para desenvolver atividades de interesse da Segurana Interna e Defesa
Internas.
Dentro da atitude preventiva, as chamada medidas repressivas locais, de carter policial, as
PM atuaram na dissoluo de reunies proibidas por ato legal, controle das atividades de elementos
suspeitos de agitao e subverso, destruio de pequenos focos de agitao e controle e eliminaode agitaes populares ou no controle e destruio de focos de guerrilhas, para alcanar, at mesmo,
as aes de ordem operativa, em circunstncias tpicas de guerra no convencional.
Verifica-se, ento, a existncia de uma srie de aes que, por pertencerem ao campo do
interesse da Segurana e da Defesa Pblica, nem por isso, deixam de pertencer, concorrentemente, ao
campo de interesse da Segurana e da Defesa Internas.
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Finalmente, a Carta de 1988, pela primeira vez na histria das Constituies brasileiras,
definiu com nitidez o sistema de segurana pblica nacional, dedicando-lhe, inusitadamente, um
Captulo exclusivo. s PM atribuiu a polcia ostensiva e a preservao da ordem pblica, bem como,
outorgou-lhe a subordinao aos Governadores de Estado. Na definio da sua competncia legal,
inobstante tenha afastado de vez a expresso segurana interna, manteve a condio de fora auxiliar
reserva do Exrcito, o que j suficiente para serem empregadas, se e quando necessrio, nas aes
de Defesa Interna ou Territorial.
bem verdade, tambm, a ativa participao de algumas Polcias Militares na represso
poltica, implantada pelo regime autoritrio. Entre essas, destacou-se a do Rio de Janeiro, cuja
atuao policial naquele momento conturbado, esteve voltada exclusivamente para o controle da
criminalidade sob a tica da chamada doutrina de segurana nacional, direcionando seus servios
policiais para combater os bices, os antagonismos e o inimigo interno, todos de conotao
ideolgica. Nessa direo, as PM foram amoldadas dentro de um padro nacional de segurana
pblica voltada para o enfrentamento do inimigo internoe dosubversivo comunista, privilegiando o
uso da fora e do choque na soluo de assuntos policiais.
No auge da represso militar, o ento Batalho de Choque (BC), Unidade Especial da Extinta
PMEG, constitudo para atuar como fora de dissuaso e represso, teve um destacado papel na
questo da manuteno da ordem pblica, entendida naquela poca, segundo a doutrina de Segurana
Nacional, como relacionada s aes de controle de manifestaes pblicas e s aes de choque. A
efetiva participao do BC atual Batalho de Polcia de Choque (BPChq) nas aes de Controlede Distrbios Civis (CDC) durante a represso militar, contribuiu para estigmatiza-lo perante parte
da populao como smbolo da violncia e do arbtrio do Estado autoritrio, imagem que ainda hoje
sobrevm sempre que a PM compelida ao emprego de fora legal para o restabelecimento da ordem
pblica.
Veio o processo de redemocratizao do Estado, e com ele foram introduzidas inmeras
transformaes nos campos social, poltico, econmico e cultural, impondo o indispensvel
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ajustamento da sociedade brasileira aos novos tempos de direitos e liberdades. Essas transformaes
tambm atingiram as instituies obrigando-as a repensarem seus papis junto sociedade em face
da nova ordem jurdica. Nas PM esse processo vem acontecendo de forma lenta, porm contnua, no
sentido de reorienta-las para o exerccio da funo policial, enquanto que o adjetivo militar vai
ficando cada vez mais restrito a estrutura de hierarquia e disciplina interna, para efeito de controle do
pessoal.
Concomitante, comeou a configurar-se o quadro de criminalidade violenta que, atualmente,
face o seu agravamento, atemoriza todo o conjunto social, mormente nos grandes centros urbanos,
aguando sobremaneira o clamor pblico por mais e mais segurana. Em conseqncia, no Rio de
Janeiro onde, segundo a mdia, a questo vem tem-se revelado com maior gravidade, diante da
necessidade de se oferecer uma pronta resposta ao avano incontrolvel da criminalidade, os quartis
da PM foram sendo progressivamente esvaziados, a fim de atender a crescente demanda social por
segurana. Assim, com o emprego macio do efetivo da atividade-fim, e, tambm, da atividade-meio
atravs das escaladas extraordinrias, decidiu-se privilegiar a soluo quantidade em detrimento da
soluo qualidade.
A PM dos dias atuais, no exerccio de suas atribuies especficas no campo da Segurana
Pblica, no mais atua como aquela fora auxiliar e reserva do Exrcito do perodo revolucionrio.
As transformaes ocorridas na sociedade exigiram da instituio igual flexibilidade para se
remodelar e adequar nova realidade do pas. O volume de demandas sociais cresceu
substancialmente, em especial no que respeita segurana pblica, e para enfrentar o desafio a PMno poupou sequer as Unidades Especializadas, como o caso do Bpchq, cujo efetivo, por Diretriz
do Comando da Corporao, tem sido empregada cada vez mais, de forma rotineira, na execuo do
policiamento ostensivo normal, em apoio s diversas UOP.
A insegurana gerada pela questo da criminalidade e da violncia trouxe baila
questionamentos, tal como a necessidade de se manter grandes efetivos aquartelados, estratgia
considerada antieconmica para o Estado-Membro alm de tender ociosidade. A PM no pode se
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furtar de discutir essas questes, pois os tempos so outros e o seu sistema tem-se tornado cada vez
mais aberto, porm, h que prevalecer em determinadas situaes, o conhecimento profissional e a
responsabilidade para com a preservao da ordem pblica, expressa no texto constitucional. Assim,
a descaracterizao do BPChq como tropa reserva, aquartelada e adestrada trata, com certeza, graves
prejuzos para o condicionamento do homem, bem como, para o seu aprimoramento tcnico e ttico
indispensveis ao cumprimento da misso especial que lhe est afeta.
Essas mudanas podem, at mesmo, contribuir para atenuar o estigma da truculncia e do
arbtrio, nivelando-o com as demais Unidades Operacionais, entretanto, podem igualmente, concorrer
para vulnerabilizar a sua capacidade de resposta quando do emprego nas misses que lhe so
prprias, como o CDC. Pois, alm da pulverizao do seu j reduzido efetivo em misses diversas
lhe foram originalmente destinadas, a crescente evaso verificada na Corporao e as dificuldades de
recompletamento do efetivo, agravam o quadro que, atualmente, se mostra deveras preocupante.
Importa ressaltar, tambm, que apesar de incontestvel a relevncia do esforo implementado
no sentido de se formar uma verdadeira polcia democrtica, existe uma zona com limites imprecisos,
situada entre a segurana pblica e a segurana interna, onde as aes da PM podem suscitar alguma
confuso, muito embora o objetivo aponte sempre para a preservao da ordem pblica e da paz
social. exatamente nessa faixa movedia onde se situam as manifestaes pblicas, com atos de
violncia, desordens, depredaes, saques, invases de terras, rebelies em estabelecimentos
prisionais, ocupaes de prdios pblicos e fbricas, promovidas por aes de grupos organizados ou
no, exigindo uma pronta reao do poder pblico, com aes de fora e de choque, desenvolvidassobretudo pelas PM, seja qual for sua conotao.
Considerando uma situao de fato, h que se levar em conta o como reagir com efetivos
considerados insuficientes para o prprio servio policial e quando todo o seu contingente humano
encontra-se empregado no enfrentamento da criminalidade, e ainda, sem o aparelhamento e
equipamento prprios, sem o domnio das tcnicas e tticas, enfim, sem o necessrio adestramento,
fator preponderante para o cumprimento das misses inerentes as Unidades Especiais.
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Formulao da Situao Problema
Do perodo autoritrio at o presente, o pas vivenciou inmeras transformaes de ordem
poltica, econmica e social, impondo que as PM tambm buscassem um a nova identidade e se
adaptassem para melhor atender as demandas de uma nova ordem legal, ou seja, o Estado
Democrtico.
Atualmente, com a estabilizao monetria proporcionada pelo Plano Real, reduziram-se,
substancialmente, as hipteses de ocorrncias de manifestaes coletivas radicais com ameaa
ordem pblica e o conseqente confronto com a polcia. Alm disso, a questo da criminalidade
violenta nos grandes centros, tem exigido da PM a convergncia de seus esforos para o campo da
segurana pblica.
Diante desse quadro, observa-se a progressiva descaracterizao do BPChq como fora de
reao e represso, pelo afastamento de sua misso primeira, uma vez que seu efetivo tem sido
lanado rotineiramente na execuo do policiamento comum em apoio s diversas UOp. Dentre as
foras legais atuantes no Estado, a PM a mais apta para operar em centros urbanos quando da
ocorrncia de distrbios civis, tendo em vista a natureza de sua formao, instruo e treinamento,
acrescido do sistema de informaes de que dispe, onde cada policial um integrante nato.
Distrbios Civis so inquietaes ou tenses coletivas que tomam a forma de manifestaes
podendo resultar em atos de violncia ou de desordem. O enfrentamento dessas situaes exige
emprego ttico de unidades de choque bem equipadas, adestradas e disciplinadas, sendo o apuro
desses fatores diretamente proporcional s possibilidades de xito da misso de controle e
restabelecimento da ordem com eficincia e eficcia. Assim, importante priorizar-se o emprego de
tcnicas de CDC adequadas e, somente quando necessrio, o emprego de fora, que dever ser
moderada de acordo com cada caso, de modo a evitar-se que a sua atuao da tropa no venha se
sobrepor ao fato gerador, em termos de repercusso.
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Nesse sentido, o adestramento da tropa, os equipamentos e o material blico armamento,
munio e explosivos constituem elementos de fundamental importncia e efeito dissuasrio.
Como ao preliminar numa situao de CDC, a demonstrao de fora e a presteza da tropa
empenhada exercem ao psicolgica sobre os manifestantes, logrando, em muitos casos, dissuadi-
los de possvel perturbao da ordem, caso haja tal predisposio. Contudo, nem sempre essa ttica
preventiva surte os efeitos neutralizadores desejados, fazendo-se necessrio o emprego de fato desse
material blico, da a imperiosa necessidade de se manter o mais alto grau de adestramento possvel,
para que nesse caso, a resposta seja eficiente e eficaz, sem extrapolar dos limites reais.
H que considerar, ainda, que para atingir seus objetivos e dificultar a ao da polcia, as
lideranas desses movimentos coletivos, estrategicamente, escolhem para a realizao das
manifestaes os locais de grande concentrao de pessoas e trfego intenso, sendo este mais um
complicador que exige um elevado grau de adestramento da tropa encarregada do controle e da
represso, em especial com emprego de armamento, munio e explosivos, caso se faa necessrio.
Profissionais no se improvisam.
Sendo o BPChq a Unidade Operacional Especial de que dispe a PMERJ para pronto
emprego no CDC, emerge a seguinte questo:
Considerando o armamento, a munio e os explosivos prprios para emprego em CDC,
quais as atuais possibilidades e limitaes do BPChq nesse mister?
Objeto do Estudo
Este estudo tem por objetivos investigar as possibilidades e limitaes do BPChq quanto ao
armamento, munio e explosivos disponveis nessa UOpE, bem como, avaliar o grau de
adestramento da tropa em relao a esse equipamento blico, considerando o seu emprego no CDC.
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Justificativa
A dinmica da Corporao derivada dos anseios cada vez maiores da populao fluminense
por segurana, traz um acmulo de preocupaes voltadas para a operacionalidade.
Necessrio torna-se, ento, a manuteno das condies ideais de pronta resposta em face de
situaes emergenciais que venham a se configurar, a fim de minimizar a possibilidade de erros e
desgastes fruto da improvisao, mormente quando se referem s questes que nos compete no
mbito da preservao da ordem pblica.
Atualmente, vive-se no Brasil, um clima de tranqilidade no plano econmico, ensejado pela
estabilizao da moeda. Contudo, h grande apreenso na sociedade, envolvida por expectativas
geradas pelas discusses sobre a efetivao de profundas reformas no campo dos direitos sociais, que
por sua vez, pode suscitar a ecloso de movimentos coletivos de oposio.
Outras questes, como, por exemplo, o Movimento dos Sem Terras e o Programa de
Privatizaes, tambm requerem o devido acompanhamento da sua evoluo, tendo em vista os
fatores polticos e sociais que os influenciam, podendo dar conseqncia a manifestaes pblicas
adversas, com riscos para a ordem pblica.
Isto posto, a justificativa do presente estudo prende-se necessidade de se avaliar,
realisticamente, as condies de pronto emprego do Bpchq, considerando o seu aparelhamento blico
face a uma eventual situao de ruptura da ordem pblica provocada por i8nquietaes ou tenses
coletivas, sob forma de manifestaes de atos de violncia ou de desordem (distrbios civis).
Cumpre ressaltar, tambm, no haver registros de trabalhos, com idntico objetivo ao do
presente estudo, tenham sido elaborados no decorrer dos diversos cursos realizados em poca
pretrita, sejam de Aperfeioamento ou Superior de Polcia Militar.
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Pode-se concluir, portanto, que o presente trabalho contempla os necessrios princpios da
oportunidade e relevncia para a corporao.
Questes a Investigar
Procura-se respostas para os seguintes questionamentos:
1. O BPChq est dotado adequadamente de armamento, munio e explosivos para
emprego em CDC?
2. O BPChq est devidamente suprido de material blico de emprego em CDC?
3. O efetivo do BPChq est adestrado tcnica e taticamente para o emprego do armamento,
munio e explosivos prprios s misses de CDC?
4. Em que medida o emprego do BPChq, em misses diversas de sua especialidade
influenciam seu desempenho em aes de CDC?
5. O BPChq dispe de equipamentos de proteo individual adequados para emprego em
CDC?
6. O BPChq dispe de viaturas adequadas para emprego em CDC?
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CAPTULO II
EM BUSCA DE UMA FUNDAMENTAO
Este captulo apresenta os aspectos bibliogrficos necessrios sustentao do presente tema
de pesquisa.
A Misso das Polcias Militares na Evoluo da Legislao
A constituio do Imprio, outorgada em 25 de maro de 1824, no trata claramente dasCorporaes que antecederam as Polcias Militares. Porm, o projeto de Constituio para o Imprio,
elaborado pela Assemblia Geral Constituinte previa no Ttulo XII que cuidava das foras armadas
dispositivos sobre segurana pblica nos artigos 228 e 233, ao dizer:
H ainda que mencionar o Ato Adicional Carta de 1824, baixado atravs da Lei n 16, de
12 de agosto de 1834, estabelecendo no inciso 2 do Art. 11 competncia s Assemblias Legislativas
Provinciais para fixar sobre informao do presidente da provncia a fora policial respectiva.
A Carta de lei de 10 de outubro de 1831 dizia em seu artigo 1:
O artigo 2 dessa Lei estendia prerrogativas s Provncias dando faculdade aos Presidentes
rt. 228 A Fora Armada Terrestre dividida em trsclasses, exrcito de linha, milcia e guardas policiais.[...]
rt. 233 As milcias so destinadas a manter a seguranablica no interior das Comarcas
rt. 1 O Governo fica autorizado a criar nesta cidade umCorpo de Guardas Municipais voluntrios a p e a cavalo paramanter a tranqilidade pblica e auxiliar a justia,...
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dos Conselhos de criarem os Corpos nas diversas Comarcas.
Importncia teve tambm a Lei n 243, de 30 de novembro de 1841. Era a Lei de Meios do
Imprio, contendo dispositivos sobre receita e despesa. Porm, em seu Art. 3 facultou ao Imperador
reorganizar o Corpo de Guardas Municipais da Corte do Rio de Janeiro. O Imperador usou essa
faculdade baixando o Regulamento 191, de 1 de julho de 1842, em que estruturava o Corpo de
Guardas Municipais, j ali dominado pelo Corpo Policial.
Esse Regulamento foi extensivo s Provncias, sendo aplicado aos Corpos de todo o Imprio.
No restante do Imprio, todas as Provncias organizaram e regulamentaram os Corpos Policiais,
tendo sempre eles a misso de manter a tranqilidade pblica e auxiliar a justia. Em tempos de
Guerra constituam a linha auxiliar do Exrcito.
A Repblica foi judicialmente institucionalizada atravs do Decreto n1, de 15 de novembro
de 1889. O Governo Provisrio ali colocou os mandamentos gerais com que iria governar at que o
novo regime fosse normalmente consagrado em texto de lei apropriado. Nos Artigos 6 e 8, o
Governo mobilizou a fora pblica de ento, colocando-a sob sua jurisdio para a manuteno da
ordem pblica. Para o policiamento nas Provncias foi autorizada a criao deuma Guarda Cvica.
O projeto de Constituio que o Governo Provisrio submeteu ao Congresso Constituinte,
por meio do Decreto n 914, de 23 de outubro de 1890, previa no Art. 33, inciso 22, os casos de
mobilizao e utilizao da fora policial dos Estados, sendo essa competncia do Congresso
Nacional.
Na primeira repblica, a legislao federal tratou com abundncia das milcias estaduais e
estabelecia as condies para serem foras auxiliares do Exrcito, seno vejamos o que consta nos
Anais do III Congresso Brasileiro de Polcia Militares, Campo Jurdico, volume 1 (1987, p. 65):
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Em 1908, prev-se a hiptese de os corpos estaduais organizadosmilitarmente serem postos disposio do Governo Federal para auxiliarema Guarda Nacional, ficando submetidos s leis e regulamentos militares daUnio.
Em 1915, dispe-se que, quando colocadas disposio do Governo Federal,
as foras estaduais seriam ligadas ao Exrcito ativo e no mais GuardaNacional;Em 1917, a Unio estabelece condies para que, mediante acordos com osgovernos estaduais, pudessem as foras militares estaduais ser consideradasforas permanentemente organizadas, para efeito de incorporao ao
Exrcito em caso de sua mobilizao e por ocasio das grandes manobrasanuais. O servio prestado s foras estaduais, passa a ser consideradoservio militar pela Unio;
Em 1918, dispe-se que, tambm mediante acordo com a Unio e os Estados,as foras policiais poderiam ser consideradas foras auxiliares do
Exrcito. Referindo-se s polcias militarizadas, pela primeira vez numtexto legal aparecia a expresso em que se originou a designao Polcia
Militar; eEm 1931, a Unio veda aos Estados a aplicao de mais de 10 por cento dadespesa ordinria com os servios de polcia militar, probe s polciasestaduais a disponibilidade de artilharia e aviao, limita a dotao dearmamento de infantaria e cavalaria e recomenda o recolhimento ao
Ministrio da Guerra do armamento excedente s dotaes permitidas.
A Constituio de 1934, apesar de inseri-las no Ttulo da Segurana Nacional juntamente
com as Foras Armadas, pela primeira vez, com maior clareza, fez referncia s Polcias Militares, ao
dizer no artigo 167:
Art. 167 As polcias militares so consideradas reservas do Exrcito egozaro das mesmas vantagens a este atribudas, quando mobilizadas ou aservio da Unio.
Essa mesma Constituio faz outra referncia s milcias estaduais, dispondo no Art. 5,
inciso XIX, alnea 1, a competncia privativa da Unio para legislar sobre organizao, instruo,
justia e garantias das foras pblicas dos Estados, e condies gerais de sua utilizao em caso de
mobilizao ou de guerra.
A presena das Polcias Militares na Constituio de 1934 deveu-se importncia que
tiveram os movimentos de 1930 e 1932.
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O Governo Federal regulamentou o texto constitucional e discorreu mais sobre as Polcias
Militares com a edio da Lei n 192, de 17 de Janeiro de 1936, que procurou estabelecer formas de
controle pelo Exrcito sobre as Polcias Militares, dizendo em seu Art. 12 que essas Corporaes no
poderiam possuir artilharia, aviao e carros de combate, no se incluindo nesta ltima categoria os
carros blindados.
A competncia das milcias estaduais estava enunciada no Art. 2:
Art. 2 - Compete s Polcias Militares:a) exercer as funes de vigilncia e garantia da ordem pblica, de acordo
com as leis vigentes;b) garantir o cumprimento da lei, a segurana das instituies e o exercciodos poderes constitudos;c) atender a convocao do Governo Federal em grave comoo interna,
segundo a lei de mobilizao.
A Constituio de 1937 sintetizou os textos relativos s Polcias Militares da Carta de 1934
num nico dispositivo, Artigo 16, inciso XXVI:
Art. 16 Compete privativamente a Unio poder de legislar sobre asseguintes matrias:[...]
XXVI organizao, instruo, justia e garantia das foras policiais dosEstados e sua utilizao como reserva do Exrcito.
A Assemblia Constituinte que promulgou a Carta Magna de 18 de setembro de 1946,
desdobrou os aspectos relativos s Polcias Militares em dois momentos: estabelecendo a
competncia da Unio para legislar sobre as Polcias Militares e fixando a competncia dessa
Organizao:
Art. 5 - Compete a Unio
[]XV legislar sobre:[...]
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f) organizao, instruo, justia e garantias das polcias militares econdies gerais de sua utilizao pelo Governo Federal, nos casos demobilizao ou de guerra;[...]
Art. 183 As Polcias Militares, institudas para a segurana interna e a
manuteno da ordem nos Estados, nos Territrios e no Distrito Federal, soconsideradas como foras auxiliares, reservas do Exrcito.
Como se v, foi a presena constitucional mais generosa, fixando os campos de atuao dos
organismos policiais militares. Foi acometido s Polcias Militares a competncia da manuteno da
ordem pblica e atuar na segurana interna, bem como ampliou a sua relao com o Exrcito ao
introduzir a expresso foras auxiliares, isto , coexistentes, operantes e mobilizveis. Eram
competncias que j exerciam na prtica, vindo o texto maior somente consolida-las de maneira
institucional.
Novamente, as Polcias Militares se fizeram sentir de maneira marcante no movimento
revolucionrio de 1964. Sua atuao destacada fez com que o Governo emergente se preocupasse
com os limites de atuao, armamento, organizao geral e condies de emprego dessas
organizaes policiais.
A Carta promulgada em 1967, com relao s Polcias Militares, inovou ao retirar suas
atribuies do Captulo destinado s Foras Armadas, inserindo-se na parte referente Organizao
dos Estados. Aparecem os Corpos de Bombeiros, at ento ausentes da Lei Maior, e inverte-se a
misso primordial que antes era a segurana interna, e agora a manuteno da ordem, colocando
aquela em segundo plano. O 4, do Art. 13, foi assim enunciado:
4 - As polcias militares institudas para a manuteno da ordem e
segurana interna nos Estados, Territrios e no Distrito Federal, e os
Corpos de Bombeiros militares so considerados foras auxiliares,
reservas do Exrcito.
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Em 13 de maro de 1967, o Governo Revolucionrio baixou o decreto-lei n 317
regulamentando as atividades das Polcias Militares e operacionalizando a forma de controle dessas
Corporaes. O texto criou a Inspetoria Geral das Polcias Militares (IGPM), junto ao Ministrio do
Exrcito, rgo incumbido de exercer o controle de tudo que se referia s Polcias Militares, privativo
do Governo Federal.
As atribuies das Polcias Militares foram dissecadas no Art. 2 do Decreto-Lei 317/67, que
dizia:
Art. 2 - Institudas para a manuteno da ordem pblica e segurana
interna nos Estados, nos Territrios e no Distrito Federal, compete s
Polcias Militares, no mbito de suas respectivas jurisdies:
a) exercitar o policiamento ostensivo, fardado, planejado pelas
autoridades policiais competentes, a fim de assegurar o cumprimento da
lei, a manuteno da ordem pblica e o exerccio dos poderes
constitudos.
b) atuar de maneira preventiva como fora de dissuaso. Em locais ou
reas especficas, onde se presuma ser possvel a perturbao da ordem;
c) atuar de maneira repressiva, em caso de perturbao da ordem,
precedendo o eventual emprego das Foras Armadas;
d) atender a convocao do Governo Federal, em caso de guerra externa
ou para prevenir ou reprimir grave subverso da ordem ou ameaa a suairrupo, para emprego em suas atribuies especficas de polcia e de
guarda territorial.
Em 02 de julho de 1969, O Governo Federal baixou o Decreto-Lei n667, com o qual
reestruturou as Polcias Militares. Embora tenha revogado o Decreto-Lei n317/67, no inseriu
mudanas na essncia das atribuies das Polcias Militares. Sua competncia constava no Artigo 3,
que tinha redao equivalente do Artigo 2 do texto revogado, e dizia na letra a:
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a) executar, com exclusividade, ressalvadas as misses peculiares das
Foras Armadas e os casos estabelecidos em legislao especfica, o
policiamento ostensivo, fardado, planejado, a fim de assegurar o
cumprimento da lei, a manuteno da ordem pblica e o exerccio dos
poderes constitudos.
A Emenda Constitucional, n 1, outorgada em 17 de outubro de 1969, alterou o 4, do
Artigo 13 da Carta de 67, passando a ter a seguinte redao:
4 - As polcias militares, institudas para a manuteno da ordem
pblica nos Estados, nos Territrios e no Distrito Federal, e os Corpos de
Bombeiros militares so considerados foras auxiliares, reserva do
Exrcito, no podendo seus postos e graduaes ter remunerao
superior fixada para os postos e graduaes correspondentes no
Exrcito.
A competncia de segurana interna prevista na Constituio de 1946, e mantida com a Carta
de 1967, foi a retirada. Houve, ainda, outra restrio com o estabelecimento de limites para os
vencimentos dos componentes das Polcias Militares, preocupao essa ainda no vista na legislao
at ento emanada pelo Governo Federal.
De grande significado foi o Decreto-Lei n 1.702, de 30 de dezembro de 1969, que alterou a
letra a, do Artigo 3, do Decreto-Lei n 667/69, que passou ao seguinte texto:
a) executar com exclusividade, ressalvadas as misses peculiares dasForas Armadas, o policiamento ostensivo, fardado, planejado pelas
autoridades policiais competentes, a fim de assegurar o cumprimento da
lei, a manuteno da ordem pblica e o exerccio dos poderes
constitudos.
Ao eliminar a expresso e os casos estabelecidos em legislao especfica, contida no
Decreto-Lei n 667/69, passou ilegalidade todas as organizaes policiais fardadas. Com isso,
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foram extintas as Guardas Civis, as Inspetorias de Trnsito e as Polcias Rodovirias Estaduais. A
Polcia Rodoviria Federal, apesar de no ressalvada na lei, foi mantida.
Alguma confuso ensejou a expresso contida nos Decretos-Leis n 317, 667 e 1.072, ao
dizerem que o policiamento executado pelas Polcias Militares era planejado pelas autoridades
policiais competentes. Havia a impresso que as Polcias Militares, organizadas militarmente, tinham
suas atividades planejadas por autoridade civil. Contudo, os regulamentos baixados pelo Governo
Federal, atravs dos Decretos-Leis n 66.862, de 08 de julho de 1970, n 82.020, de 30 de setembro
de 1983 (R-200), ficou esclarecido que a autoridade policial competente para o planejamento das
atividades das Polcias Militares o seu Comandante Geral.
O Decreto n 88.777 (R-200), Regulamento para as Polcias Militares e Corpos de Bombeiros
Militares, previa:
Art. 7 - A criao e a localizao de organizaes policiais-militares
devero atender ao cumprimento de suas misses normais, em
consonncia com os planejamentos de Defesa Interna e de Defesa
Territorial, dependendo da aprovao pelo Estado-Maior do Exrcito.
[...]
Art. 35 Nos casos de perturbao da ordem, o planejamento das aes
de manuteno da ordem pblica dever ser considerado como de
interesse da Segurana Interna.
Novas alteraes ocorreram no Decreto-Lei n 667/69, com a outorga do Decreto-Lei n
2.010, de 12 de janeiro de 1983, que modificou a redao de vrios dispositivos, ressaltando-se a do
Artigo 3, que passou a ser a seguinte:
Art. 3 - Institudas para a manuteno da ordem pblica e segurana
interna nos Estados, nos Territrios e no Distrito Federal, compete s
Polcias Militares, no mbito de suas respectivas jurisdies:
a) executar com exclusividade, ressalvadas as misses peculiares das
Foras Armadas, o policiamento ostensivo, fardado, planejado pela
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autoridade competente, a fim de assegurar o cumprimento da lei, a
manuteno da ordem pblica e o exerccio dos poderes constitudos;
b) atuar de maneira preventiva como fora de dissuaso, em locais ou
reas especficas, onde se presuma ser possvel e perturbao da ordem;
c) atuar de maneira repressiva, em caso de perturbao da ordem,
precedendo o eventual emprego das Foras Armadas;
d) atender convocao, inclusive mobilizao, dom Governo Federal,
em caso de guerra externa ou para prevenir ou reprimir grave
perturbao da ordem ou ameaa a sua irrupo, subordinando-se
Fora Terrestre para emprego em suas atribuies especficas de Polcia
Militar e como participante da defesa interna e da defesa territorial;
e) alm dos casos previstos na letra anterior, a Polcia Militar poder serconvocado, em seu conjunto, a fim de assegurar Corporao o nvel
necessrio de adestramento e disciplina ou ainda para garantir o
cumprimento das disposies deste Decreto-Lei, na forma que dispuser o
regulamento especfico.
1 - A Convocao, de conformidade com a letra e deste artigo, ser
efetuada sem prejuzo da competncia normal da Polcia Militar de
manuteno da ordem pblica e de apoio s autoridades federais nas
misses de defesa interna, na forma que dispuser o regulamentoespecfico.
2 - No caso de convocao de acordo com o disposto na letra e deste
artigo, a Polcia Militar ficar sob a superviso direta do Estado-Maior
do Exrcito, por intermdio da Inspetoria-Geral das Polcias Militares, e
seu Comandante ser nomeado pelo Governo Federal.
Do exposto at aqui, pode-se verificar que o entendimento de que as Polcias Militares foram
desvirtuadas aps o movimento revolucionrio de 1964, constitui mera falcia, visto que as misses
fundamentais da Polcia Militar no se alteram desde a Lei de 10 de outubro de 1831, e que, pelo
exame dos textos constitucionais, a grande preocupao tem sido com a segurana do Estado no do
cidado. Tal disposio encontra sua justificativa nos cenrios poca de cada Carta, quando a
defesa territorial constitua prioridade no campo da segurana. H de se notar a preocupao com a
semntica, atribuindo-se os termos segurana, ordem, ordem pblica, garantia, manuteno,
casuisticamente, ora s foras policiais, ora s foras armadas, conforme as tendncias da poca.
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A centralizao das funes de defesa do Estado cabendo ao Governo central manter fora
pblica capaz de garantir a soberania brasileira no plano internacional e opor-se eficazmente a
possveis agresses estrangeiras e a descentralizao das funes de manuteno da ordem interna
cabendo a cada Governo regional manter a fora pblica capaz de assegurar o cumprimento das leis
nacionais, regionais ou locais dentro do respectivo territrio foram, seguramente, as linhas mestras
do processo evolutivo das foras de segurana no Brasil.
Alm dessas tendncias, as peculiaridades do processo poltico brasileiro durante quase todo
o perodo Imperial, bem como a busca de equilbrio federativo aps a proclamao da repblica,
levaram a duas outras: a manuteno das foras policiais com caractersticas de foras combatentes,
desempenhando, ou estando aptas a desempenhar, misses quase militares ou a manuteno das
foras armadas, com preocupaes com a ordem interna, desempenhando, ou estando aptas a
desempenhar, misses quase-policiais.
Ainda assim, pode-se dizer que houve um ntido declnio em suas atribuies militares. At o
sculo XVII, as organizaes ento existentes tinham misses policiais e militares. Com a vinda de
D. Joo VI para o Brasil foram criadas as Foras Armadas Exrcito e Marinha dando incio ao
processo de especializao das tarefas de manuteno da ordem pblica e a organizao das foras
policiais.
Ao longo dos anos, ocorreram pequenas alteraes em suas misses, mas permanecendo
basicamente a incumbncia de manter a tranqilidade pblica, conforme se v nos diversos textos
legais desde a Independncia do Brasil. O processo evolutivo natural foi sempre retomado, e diversas
normas permitiram Unio adquirir o controle sobre as foras estaduais e, oportunamente,
redirecionar a sua evoluo no sentido da sua vocao natural, atendendo aos clamores da prpria
sociedade.
Aps esse longo perodo de elaborao marcado pela ausncia de um tratamento coerente em
relao segurana pblica, o processo desaguou na Carta de 1988, promulgada com o propsito de,
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segundo o seu prembulo, instituir um Estado Democrtico, destinado a assegurar o exerccio dos
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurana, o bem-estar; o desenvolvimento, a igualdade e
a justia como valores supremos de uma sociedade fraterna e pluralista e sem preconceitos, fundada
na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional com a soluo pacifica das
controvrsias.
A nova Carta inovou ao dedicar um Captulo exclusivo a Segurana Pblica. Contudo, esse
mesmo Captulo, Da Segurana Pblica, encontra-se inserido no Ttulo VDa Defesa do Estado e das
Instituies Democrticas onde tambm foram elencados os Captulos Do Estado de Defesa e do
Estado de Stio eDas Foras Armadas.
A misso da Polcia Militar foi fixada no 5, do Artigo 144 - polcia ostensiva e
preservao da ordem pblica -, passando a subordinar-se diretamente aos Governadores dos Estados
Membros, do Distrito federal e dos Territrios, mas, permaneceram como foras auxiliares e reserva
do Exrcito. Importa ressaltar que a participao das Policias Militares na Defesa Interna e na Defesa
Territorial foi retirada do texto constitucional j na Carta de 1967, deixando de serem institudas para
a Segurana Interna. Entretanto, a sua permanncia como foras auxiliares e reserva do Exrcito, j
bastante para serem convocadas ou mobilizadas, se e quando necessrio, nas aes de Defesa Interna
ou Defesa Territorial, ou ainda, conforme o texto atual, Estado de Defesa ou Estado de Stio, uma vez
que aquelas condies constitucionais as remetem para a possibilidade do seu emprego nesses
campos.
Enfim, pode-se dizer que a mesma milcia dos tempos histricos. Aperfeioada nos seus
padres de conduta funcional e na formao profissional de seus integrantes. Instituda, hoje, no
como organismo decorrente de uma poca ou de um certo momento histrico, mas como inerente
prpria histria do Brasil com todas as suas variaes. No pertenceu Monarquia, Repblica nem
ao Estado-Novo. Seus feitos nos movimentos militares e nas operaes de guerra demonstraram sua
bravura e o valor de seus membros. Alinhou-se ao movimento que gerou a Revoluo de 1964,
garantindo a ordem, a tranqilidade e a justia do despeitar da Nova Repblica,
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No uma Corporao que pertena a um Governo, seno sociedade com o fim de servi-la.
O Papel da Polcia na Sociedade
Montesquieu (1973, p.35) considera a tendncia de os homens viverem em sociedade como
uma lei natural. Diz, ainda, que todas as naes tm um Direito a controlar seus atos.
Essa noo de Estado limitando os direitos dos cidados em benefcio da coletividade - e
limitando os prprios poderes do Estado - o que se chama Estado de Direito. Com o Estado de
Direito, fez-se necessrio a regulamentao do arbtrio e, em conseqncia implantou-se o Imprio
das Leis.
Porm, ao se auto-limitar, o Estado evocou para si o Princpio da Autoridade, a fim de fazer
cumprir as leis. O manto da Autoridade cobre todos os atos provenientes do Estado com a finalidade
de preservar o Direito Pblico em meio disputa dos interesses e litgios individuais.
Todavia, esse manto no teria qualquer efeito sem uma fora coercitiva que lhe estivesse
vinculada. A fora coercitiva do Estado exercida pela Polcia latu sensu, e o que garante a
legitimidade dessa ao o Poder de Policia do Estado. O enfoque do presente trabalho se
restringir ao conceito de Polcia como Organizao, empreendimento que constitui a concretizao
do poder coercitivo do Estado.
Todas as sociedades necessitam de meios pelos quais a ordem mantida. Nas pequenas
sociedades que no necessitam de leis escritas, sanes informais inibem desvios nos costumes. Mas, a
partir de um certo grau de complexidade desse agrupamento social, os rgos dirigentes necessitam de
agentes que garantam o acatamento de suas decises. Quanto maior se torna a sociedade, maior se faz a
necessidade de controle dos atos dos indivduos, ou seja, do exerccio da autoridade.
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Nas grandes sociedades, face o descontrolado aumento da populao e a sua desordenada
concentrao urbana, as dificuldades de interao entre os indivduos so cada vez maiores, Sendo as
interaes cada vez mais impessoais, aqueles fatores que mantm as pequenas sociedades coesas, tais
como amizade, respeito e considerao, desaparecem, dando lugar a sentimentos de desconfiana,
competio e agressividade. H que acrescentar, tambm, os efeitos do progresso tecnolgico -
velocidade e complexidade - sobre as relaes sociais modernas, gerando novos procedimentos legais -
divorciados de significado moral para as pessoas - que somente mtodos formais de controle podem
garantir o seu cumprimento.
Sendo assim, fcilentendermos porque JOS CRETELLA JNIOR (1985, p.53), invocando
RAFAEL BIELSA, afirma que A idia de Estado inseparvel da idia de polcia. E o poder de
polcia o fundamento da ao da policia.
Nesse sentido, BISMAEL BATISTA MORAES, citado por LVARO LAZZARINNI
(1985, p.56), advertindo para a importncia da organizao social a partir da premissa de que no h
sociedade sem polcia, alerta que no h forma de Estado no mundo, por mais atrasada ou
desenvolvida que seja, onde no exista a instituio policial, no sentido comum que todos
conhecem.
Ordem e Segurana
Expondo sobre o tema A Segurana Pblica na Constituio, DIOGO DE FIGUEIREDO
MOREIRA NETO (1992, p.6) lixou os seguintes conceitos:
A ordem uma idia esttica. uma situao. A segurana uma
idia dinmica. uma atividade. A segurana existe para evitar o
comprometimento da ordem.
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Mais adiante, ainda versando sobre ordem e segurana, em sintonia com o texto constitucional,
o mestre refere-se s qualificaes poltica e pblica:
Quando a ordem se refere a toda organizao poltica de uma
sociedade, temos a ordem poltica. Em conseqncia, quando a
segurana se refere garantia de ioda ordem poltica de uma
sociedade, temos a segurana poltica. Quando a ordem se refere a
toda a organizao da convivncia pblica de uma sociedade, temos
a ordem pblica. Em conseqncia, quando a segurana se refere
garantia da ordem pblica de uma sociedade, temos a segurana
pblica. Sinteticamente e em concluso: a segurana poltica a
garantia da ordem poltica, enquanto a segurana pblica c agarantia da ordem pblica. Entre ambas h, respectivamente, uma
relao do geral para o particular. A ordem poltica um plus com
relao ordem pblica. (p. 06).
luz dessa inteligncia, o notvel administrativista entende que, tomando por base a relao de
continncia e dependncia entre a especial e a geral a ordem poltica exige a ordem pblica, assim como, a
segurana poltica no prescinde de segurana pblica. Em ambos os casos no h reciprocidade.
Existe, afinal, um sentido sistmico expresso na Carta de 1988. Essa categorizao,
distinguindo a ordem e a segurana, bem assim, o poltico e o pblico, pode ser clarificada da seguinte
maneira, conforme ensina o mestre DIOGO DE FIGUEIREDO (1992. p. 6):
Um grave comprometimento da ordem pblica pode tornar-se um
comprometimento da ordem poltica, determinando que atividade
de segurana pblica que ordinria, se suceda a atividade de
segurana poltica que extraordinria.
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Ordem Poltica e Segurana Poltica
Toda sociedade politicamente organizada tem uma ordem poltica. Contudo, somente no Estado
de Direito esse preceito encontra-se predefinido em lei.
No Brasil, a ordem poltica escolhida pela sociedade - o Estado de Direito - est fundamentada
no Art. 1 da Constituio da Repblica. E como a opo pela ordem poltica vigente traduziu a
vontade consensual da sociedade, referendado por um processo democrtico, h que consider-la no
apenas sob a tica da legalidade mas, tambm, da legitimidade. Por isso, a expresso Estado
Democrtico de Direito.
Considerando que a segurana poltica est contida na ordem poltica, sendo, ainda, a sua
garantia, deve igualmente submeter-se s mesmas condicionantes:ser legal e legtima.
A Constituio de 1988 trata da segurana pblica em dois nveis: o individual e o coletivo. O
individual diz respeito pessoa que infringe a ordem poltica, estando assim assentado no Art. 144, 1,
inciso I, da nova Carta. Quanto ao coletivo, esse se refere s situaes que caracterizam a ruptura da
ordem poltica, estando estampado nos Art. 136, 137, 138 e 139 daquele Diploma Maior.
No primeiro caso, para o problema individual - segurana pblica sem alterao da ordem
jurdica - a Constituio prescreve um tratamento pessoal ordinrio.No segundo caso, para o problema
coletivo - quando a ordem jurdica objeto de alterao - prescreve tratamentos coletivos
extraordinrios como o estado de defesa e o estado de stio.
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Ordem Pblica e Segurana Publica
A atual Constituio Federal trata da ordem pblica nos seguintes momentos
No Art 34, III, quando estabelece as hipteses de interveno daUnio, nos Estados e no Distrito Federal; no Art. 136, quando
se refere ao estado de defesa; no Art. 137, I, quando se refere aoestado de stio, aps a ineficcia do estado de defesa; no Art. 144,caput, ao defini-la como objeto da segurana pblica; e, no Art.144, 5, ao atribuir sua preservao genrica s Policias
Militares.
Para adequar a ordem pblica s hipteses supra elencadas, DIOGO DE FIGUEIREDO
(1992, p.7) traou o seguinte conceito:
Ordem Publica uma situao de convivncia pacfica eharmoniosa da populao, fundada nos princpios ticosvigentes na sociedade.
Surge, ento, um novo referencial alm dos j identificados: legal e legtimo. Ao dizer fundada
nos princpios ticos vigentes na sociedade, observa-se a exigncia da ordem pblica quanto ao
aspecto moral, devendo portanto, alm de legal e legtima ser moral Da mesma forma, segurana
pblica - garantia da ordem pblica - impe-se idnticas condicionantes: deve ser legal legtima e
moral.
Para prover essa garantia a Constituio de 1988 inovou, definindo um sistema de segurana
pblica com seus os rgos integrantes (Art. 144, I V) c as respectivas funes (Art 144, 1o ao 5).
Tal incremento, pela primeira vez, estabeleceu sem margem de dvidas, a responsabilidade do Estado
como detentor do poder-dever da prestao da atividade de segurana pblica, atravs desses rgos.
Importa ainda ressaltar, que a referida disposio constitucional foi taxativa em relao definio
dos rgos integrantes do sistema de segurana pblica, dedicando um pargrafo a cada um deles,
afastando as possibilidades de erros de interpretaes, alis como muitas unidades federadas insistem,
defendendo a expanso daquelas atribuies outras Instituies, como o caso das guardas municipais.
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H de se entender que fosse essa a vontade do legislador constituinte, esses organismos estariam
cunhados num sexto inciso do Art. 144.
Nveis de Segurana
Considerando a natureza jurdica e os rgos de atuao, o Sistema de Segurana Pblica
pode ser analisado em diferentes nveis. H que se fazer, entretanto, a necessria distino entre o nvel
policial e o nvel judicial, bem como, entre o nvel policial e o nvel poltico, no contexto da segurana
pblica.
Segundo o dizer de DIOGO DE FIGUEIREDO (1992, p. 8):
O nvel policial vale-se do poder de polcia do Estado e se perfaz
por rgos da Administrao Pblica: (1) a policia
administrativa da ordem pblica a que realiza a preveno e a
represso imediata, aluando a nvel individual ou coletivo; (2) a
polcia judiciria a que apura as infraes pessoais e auxilia oPoder Judicirio, realizando a represso mediata, atuando a nvel
individual.
O nvel judicial detm o monoplio do poder punitivo do Estado e se realiza pelos rgos do
Poder Judicirio, aplicando sanes penais contra os infratores, na defesa mediata c individual da
ordem pblica,
No nvel policial - atuao administrativa da segurana pblica - a preservao e o
restabelecimento da ordem pblica o objetivo a ser atingido imediatamente (a cargo das Policias
Militares).
No nvel policial - atuao da polcia judiciria - e nonvel judicial, a represso do infrator da
ordem pblica o objetivo imediato a ser alcanado, porm, mediatamente sua preservao e/ou
restabelecimento (a cargo das Polcias Civis e do Poder Judicirio).
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Relativamente distino entre o nvel policial e o nvel poltico da segurana pblica, o
primeiro tem por objetivo a preservao da ordem pblica acrescido da incolumidade das
pessoas e do patrimnio, conforme prescreve o Art. 144 da Constituio Federal, o que est
perfeitamente adequado ao conceito de ordem pblica quando prev a convivncia pacfica e
harmoniosa da populao.
Quanto ao nvel poltico, a segurana pblica vai alm da ordem pblica, seu objetivo e a
ordem poltica, como se infere do Art. 136, caput, onde a ordem pblica esta condicionada defesa
do estado e das instituies democrticas. Nesse caso, o objetivo deixa de ser a ordem pblica, cuja
preservao diz respeito s funes policiais ordinrias (Art. 144), mas sim ordem poltica, cujo
tratamento a Constituio da Repblica prev funes de carter extraordinrio (Art 136, 4 ao 7,
Art. 137, caput, e Art 138).
de notar que os nveis policial e poltico esto contemplados no texto constitucional da
seguinte forma: o Captulo III est dedicado especificamente ordem publica c os Captulos I e II
ordem poltica.
Na anlise de DIOGO DE FIGUEIREDO (1992, p.9) essa organizao tem a seguinte
importncia:
Esse tratamento da ordem pblica em dois nveis constitucionaistem um sentido prtico-operativo e permite adequar o emprego
do poder coercitivo do Estado conforme a intensidade da ameaade violao ou da violao a que a ordem pblica esteja sujeita,
com ou sem repercusso na competncia federativa ou com ousem alterao na ordem jurdica ordinria.
Preservao e Restabelecimento Poltico da Ordem Pblica
No texto constitucional h duas hipteses de preservao e restabelecimento poltico da
ordem pblica: a do estado de defesa c a do estado de stio.
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Em ambas as situaes, a atuao do Estado se processa atravs da Unio, e tem por
objetivo a preservao e o pronto restabelecimento da ordem pblica e da paz social. As medidas a
serem adotadas dizem respeito aos altos rgos federais e se submetem a aprovao do Congresso
Nacional, uma vez que tais medidas possuem carter excepcional c interferem na ordem jurdica
ordinria, pois restringem direitos e garantias individuais.
Preservao e Restabelecimento Policial da Ordem Pblica
A atuao policial constitui a conduta normal e ordinria de preservao c restabelecimento
da ordem pblica, isto , circunscreve-se atuao dos rgos policiais dos Estados Membros e do
Distrito Federal, desde que, c claro, o quadro situacional no se contenha dentro do conceito de ordem
poltica.
Contudo, cumpre salientar que a atuao policial conforme a ordem jurdica ordinria no se
esgota to somente na competncia das Unidades Federativas c do Distrito Federal, pois, na
ocorrncia da hiptese prevista no Art. 34, III, da Constituio Federal (interveno), a Unio poder
atuar com as suas prprias Foras (Titulo V, Captulo II, Art. I 42, Das Foras Armadas).
Muito embora o aludido dispositivo legal trate de uma hiptese excepcional e especfica de
interveno, as aes a serem desenvolvidas sero de segurana pblica e no poltica, em
continuidade e reforo s que j vinham sendo realizadas pelos Estados ou Distrito Federal, observada
sempre a ordem jurdica ordinria: o que varia o grau fsico de atuao, mas no a sua natureza
jurdica.
Se, ainda assim, perdurar a ameaa, ou seja, as aes policiais no surtirem os efeitos
dissuasrios necessrios, estar configurado, ento, a hiptese de preservao e restabelecimento
poltico da ordem pblica. Neste caso, h de variar a ordem jurdica da atuao estatal.
Preservao e Restabelecimento Policial-Militar da Ordem Pblica
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Trata-se de uma competncia especial prevista no texto constitucional (Art. 144, 5) e
pode ser entendida como remanescente da competncia especfica dos demais rgos policiais do
Estado ou do Distrito Federal.
Para clarificar, em se tratando de atuao policial de preservao c restabelecimento da
ordem pblica frente situao que no se enquadra na competncia constitucional da polcia federal
(Art. 144, I), da polcia rodoviria federal (Art. 144, II), da polcia ferroviria federal (Art. 144, III), da
polcia civil (Art. 144, IV) e do corpo de bombeiros (Art. 144, 5o), a competncia e da Polcia Militar.
Vale ainda esclarecer que em relao a policia civil, a sua atuao no direta e imediata, na
preservao e restabelecimento da ordem pblica, o mesmo acontecendo em relao ao corpo de
bombeiros, salvo se a legislao especfica venha definir uma atuao conexa defesa civil. Portanto,
essas atuaes no se confundem com a competncia constitucional de atuao da polcia militar (Art.
144, 5).
relevante comentar que a expressopolcia ostensiva no est divorciada da idia de
preservao da ordem pblica, como se fossem atividades distintas; muito ao contrrio, a ela se
destina pela ao dissuasria da presena do policial fardado. Tem por objeto estabelecer a
exclusividade constitucional das polcias militares nesse mister, pois a expresso preservao da
ordem pblica est mencionada no prprio caput do Art. 144, e, portanto, a competncia extensiva a
todos os rgos ali elencados, enquanto que apreservao da ordem publica pela polcia ostensiva,
esta cabe to somente polcia militar.
Por derradeiro, a fim de no ensejar dvidas, fundamental explicar que
inobstante osentido preventivo da palavra preservao, a responsabilidade pela represso, enquanto
o problema estiver contido no nvel policial cabe aos rgos encarregados da preservao. Note-se a,
que o legislador constituinte deu preservao entendimento suficientemente elstico para abranger a
ao repressiva, desde que imediata. Da, a ausncia da palavra restabelecimento no dispositivo
constitucional. Com essa tica, muitos autores tm preferido utilizar a palavra manuteno,buscando
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a sntese das duas idias - preservao e represso -o que explica a expresso policia de
manuteno da ordem pblica.
A Polcia Militar e os Distrbios Civis
De acordo com o Novo Dicionrio da Lngua Portuguesa (1986, p.484) o vocbulo
distrbio significa: ato de disturbar, perturbao. A mesma obra, d ao vocbulo civil, entre outros,
os seguintes significados: que no tem carter militar nem eclesistico, indivduo no militar, paisano (p.
333).
Tomando-se apenas essa breve anlise semntica, h de se entender, sem a mnima margem
de erro, a indiscutvel origem militar da expresso distrbio civil, em que o termo civil se contrape
diretamente ao militar.
Essa expresso, adotada pelo Exrcito Brasileiro, foi imposta s polcias militares face a
sua histrica vinculao quela fora terrestre, que ainda perdura nos dias atuais.
A expresso encontrada no Manual de Campanha do Exrcito Brasileiro (EB), C
19-15, Distrbios civis e Calamidades Pblicas, aprovado pela Portaria n 148 - EME, de 29 de
agosto de 1973, que tambm revogou publicao anterior, de mesma designao, aprovada
pela Portaria n 60, de 08 de janeiro de 1964. Datas que remetem ao perodo agudo do
Movimento Revolucionrio ps 64. Contudo, no consta do Manual EB C 20-320. Glossrio
de Termos e Expresses para uso no Exrcito, publicao posterior, aprovada pela Portaria n
087 - EME, de 06 de dezembro de 1977.
O C 19-15 d o seguinte conceito de distrbio civil:
Manifestao de atos de violncia dentro do pas, resultantes
de uma situao de inquietao ou tenso civil, prejudicial
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manuteno da lei e da ordem. Poder provir da ao de
uma turba ou iniciar-se de um tumulto.
O manual C 19-15 contm em seu bojo conceitos bsicos, princpios gerais,
processos e normas de comportamento que sistematizam as atividades do Exrcito como
Fora Armada da Nao, tratando-se, portanto, de um instrumento de difuso de doutrina
militar, mais precisamente, de doutrina militar terrestre.
Por razes histricas e, tambm, por fora da legislao - como j visto anteriormente -
a Polcia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) foi plasmada sob essa mesma orientaodoutrinria - prpria do Exrcito Brasileiro - visando prevalentemente seu emprego como
fora auxiliar, reserva daquela fora militar terrestre. Essa formao foi solidamente
sedimentada ao longo do tempo, da a dificuldade que atualmente ainda se observa nas Polcias Militares,
em relao s condutas preventivas, sendo-lhes muito mais fcil assimilar as condutas repressivas.
Sem dvida, trata-se de um fator cultural de grande influncia no desenvolvimento dessas
Corporaes, herana dessa longa experincia sob a gide do Exrcito e que, ainda nos tempos aluais, se
faz presente obstando a elaborao e implantao de uma doutrina prpria, adequada sua verdadeira
vocao de servir e proteger a sociedade.
importante destacar que o referido manual tem como finalidade servir como guia para a
instruo e o emprego das Foras do Exrcito no controle e na represso de distrbios, isto ,
orientaes para o emprego de Organizaes Militares no que o Exercito chama de Operao tipo
Polcia.
Atualmente, tal documento tornou-se inadequado e no tem aplicao direta nas atividades
da polcia democrtica, uma vez que suas orientaes so essencialmente de natureza repressiva.
No que a Polcia Militar esteja impedida da represso. Como j foi exposto, compete Polcia militar
a polcia ostensiva e a preservao da ordem pblica, estatuiu a embutida a atividade de represso ou
restabelecimento, apesar da conotao preventiva a que o texto constitucional induz.
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Depois, o referido manual voltado quase que especificamente para as aes de tumultos
inseridas no contexto da Defesa interna. Embora as tcnicas repressivas ali defendidas se apliquem a
qualquer tipo de tumulto, aquele documento se destina ao emprego essencialmente militar, e como no
podia ser diferente, omisso em relao possibilidade de emprego de tropa face tumulto envolvendo
a multido de umshow artstico ou de umgrande evento esportivo,por exemplo.
O profissional de segurana pblica sabe que os tumultos podem ocorrer em vrias outras
circunstncias, descritas pela psicologia-social como comportamento coletivo: pnico, motins,
rebelies, histerias coletivas etc. possvel que se verifique, em qualquer hora e local, uma ao de
tumulto, basta que exista um conjunto de pessoas e certas condies sejam proporcionadas.
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O Regulamento para as Policias Militares e Corpos de Bombeiros - R-200, em seu Art. 2o, n
27, conceitua Policiamento Ostensivo:
Ao policial, exclusiva das Policias Militares, em cujo em-
prego o homem ou a frao de tropa engajados sejam
identificados de relance, quer pela farda, quer pelo
equipamento, ou viatura, objetivando a manuteno da ordem
pblica.
Continuando, o mesmo n 27 acrescenta:
So tipos de policiamento, a cargo das Polcias Militares,reservadas as misses peculiares das Foras Armadas, os
seguintes:Ostensivo Geral, urbano ou rural;
De Trnsito;Florestal e de mananciais;Rodovirio e ferrovirio, nas estradas estaduais;
Porturio;Pluvial e lacustreDe Radiopatrulha, terrestre e areo;De segurana externa dos estabelecimentos penais do
Estado; eOutros, fixados em legislao da Unidade Federativa,
ouvindo o Estado-Maior do Exrcito atravs da InspetoriaGeral das Polcias Militares - (IGPM).
O Manual Bsico do Policiamento Ostensivo, distribudo pela IGPM, trazem seu bojo os
conceitos do R-200 dando uma conotao mais tcnica aos termos e enuncia o seguinte sobre
Policiamento Ostensivo:
a atividade de manuteno da ordem pblica executada
com exclusividade pela Policia Militar; observando
caractersticas, princpios e variveis prprias, visando a
tranqilidade pblica.
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Ambos os conceitos, ou se complementando ou se superpondo, no deixam dvidas sobre
o que compete Policia Militar fazer face manuteno da ordem pblica, ou sua preservao,
pela atuao ostensiva.
O aludido Manual Bsico, no seu Art. VI, define o Policiamento Ostensivo Geral com o
seguinte enunciado:
Tipo de policiamento Ostensivo que visa a satisfazer as
necessidades basilares de segurana, inerentes a qualquer
comunidade ou a qualquer pessoa(p. 9).
Isso quer dizer proporcionar ao cidado e comunidade de forma objetiva e concreta,
preventiva ou repressivamente, a sensao de que sua vida, seu patrimnio e seus hbitos esto
protegidos e garantidos.
Entretanto, analisando os conceitos atribudos a cada um dos tipos de policiamento
ostensivo elencados pelo R-200, nenhum deles se coaduna com essa proteo e garantia era se
tratando dos efeitos decorrentes de aes de tumultos. Acrescente-se a isso, a dificuldade que as
Polcias Militares tm, atualmente, de manterem pelo menos um elemento de valor peloto
aquartelado e adestrado, para pronto emprego em aes de controle e represso de aes de
tumultos.
A Inspetoria Geral das Polcias Militares atravs da Portaria IGPM n 027/77 deu a
seguinte orientao a respeito da organizao de Unidades de Choque:
As Unidades de Choque, especialmente instrudas e treinadas
para misses de contraguerrilha urbana e rural e outras misses
repressivas, so unidades aquarteladas. Em face da natural
eventualidade de seu emprego, tornam-se anti-econmicas e
tendem ociosidade. Somente se justifica sua organizao,portanto, em reas sujeitas a agitaes, como de regra, nas
grandes cidades ou reas crticas do interior.
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Ainda citando o Manual Bsico da IGPM, encontramos a seguinte conceituao para
Segurana Pblica:
a garantia que o Estado proporciona nao, afim deassegurar a Ordem Pblica, contra violaes de toda a
espcie, que no contenham conotao ideolgica.
Isso leva ao entendimento que atuar face distrbios com origem, conduta ou conseqncias
no inseridas no campo da Defesa Interna, estaria perfeitamente adequado quele enunciado.
Por outro lado, e ainda apoiado na legislao bsica das polcias militares, o Decreto-Lei
n 2010, de 12 de janeiro de 1983, que alterou o Decreto-Lei n 667/69, nas alneas "b" e "c", do
Art. 3, diz textualmente:
b) atuar de maneira preventiva, como fora de dissuaso,em locais ou reas especficas, onde se presuma ser possvela perturbao da ordem;c) atuar de maneira repressiva, em casos de perturbao da
ordem, precedendo o eventual emprego das Foras Arma-das:
H de se entender, tambm, que no primeiro caso o dispositivo no exclui Polcia
Militar atuar face distrbios inseridos no contexto da Defesa Interna. Muito ao contrrio, atribu-
lhe essa obrigao, como explicitado no caso seguinte. Convm acrescentar, para afastar dvida,
que tais aes apesar de se situarem no campo da segurana pblica, so desenvolvidas com vistas
segurana interna.
Ao empregar o termo dissuaso, o legislador evidencia a atuao da polcia militar como
elemento de preveno, capaz de evitar a ocorrncia de tumulto ou turba, inclusive as decorrentes de
calamidade pblica, qualquer que seja a sua natureza, origem, amplitude, potencial e vulto (R-
200, p.2), quando presuma-se o comprometimento da Ordem Pblica.
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Partindo dessa premissa, de que compete Polcia Militar prevalentemente prevenir,
indispensvel saber reconhecer o que prevenir, ter a conscincia de quando prevenir e, com preciso,
como prevenir; sem perder, claro, o condicionamento necessrio capacidade de reprimir.
Para tal, h que se firmar doutrina nesse sentido, buscando-se atravs do conhecimento
novas formas de atuao nesse mister - preventiva ou repressiva - mas, sempre com observncia s
condicionantes; legal, legtima e moral.
Aos profissionais de segurana pblica cabe a reviso e a adequao das normas
operacionais sempre considerando o cenrio e o contexto em que se vai atuar. s noes bsicas
sobre controle de tumultos esto inegavelmente defasadas para fazer frente nova realidade
scio-poltica que ora vivenciamos. As notcias do mundo, e do prprio Brasil mostram com grande
freqncia os confrontos de rua entre policiais e manifestantes.
Na verdade, a multido coloca-se, agora, no primeiro plano da vida social, mormente nos
grandes centros urbanos, instalando-se nas praas, nas avenidas, nas reas de lazer, a favor ou
contra as autoridades, ora dcil, ora arrogante, ora violenta e brutal, expressando suas frustraes
mediante a ao de massa, que vai desde uma manifestao pacfica at os distrbios. No raro, l-se
ou escuta-se notcias sobre pequenas desordens que pela ao de uma centelha transformam-se em
tumultos e, at mesmo, distrbios. Muitas das vezes, uma infeliz interveno da polcia, pode gerar
essa centelha.
As multides explodem por efeito de uma palavra, de um gesto, de uma emoo,
de um disparo de arma, de um grito, que se propaga e aumenta de intensidade na razo direta do
nmero de pessoas que ocasionalmente as compem. Os partcipes so influenciados mais pelo
contgio, pela sugesto pela imitao ou pelo medo. Impelidos pela ao, na maioria das vezes
nefasta, e ocultos no anonimato, indivduos at ento honestos e ordeiros, praticam vandalismos, e
at mesmo, crimes, unidos por uma solidariedade de ocasio.
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Esse o campo de conhecimento da Psicologia-Social, que no se pretende adentrar e
sim tangenciar, face o propsito do presente estudo. Ramo de uma cincia de grande complexidade,
investiga a questo de acordo com as leis da imitao, a origem da multanimidade das grandes massas
humanas, quando excitadas.
Violncia gera violncia e violncia se combate com energia, so frases de uso popular
que, entretanto, no caso vertente, podem ser tomadas como premissas bsicas para a escolha
do rumo a seguir. Optando-se pela primeira, no h muito o que mudar, ou inventar, j existe o
C 19-15 e todo um caldo de cultura repressiva. A segunda, esta a exigir uma diretriz de emprego,
com novas tcnicas e tticas, equipamentos em geral, treinamento e adestramento, e o mais
importante, uma nova mentalidade.
A Polcia Militar vive uma nova realidade. Houve um tempo em que a Corporao era
um Exrcito Estadual, aquartelada, voltada para o seu adestramento, porm, como fora de
combate e tendo como referencial o seu passado histrico de glrias em diversas campanhas.
A realidade social, entretanto dinmica. O fenmeno da urbanizao acelerada alterou
significativamente os padres da sociedade brasileira, em especial nas grandes cidades. Os
problemas urbanos, em particular, o crescimento dos ndices de criminalidade e de violncia,
convocaram a Polcia Militar para o reencontro com a sua vocao primeira de mantenedora da
Ordem Pblica.
Todavia, o quadro social encontrado difere muito daquele de uma sociedade pacata. Alm
dos fenmenos da criminalidade e da violncia exacerbada, a PM foi chamada defesa social contra
novos tipos de ameaas, prprios do momento contemporneo. Dessa forma suas atribuies e
responsabilidades foram ampliadas e, atualmente, constatamos sua estrutura esgarada para fazer
face aos crescentes anseios de segurana da sociedade.
A Policia Militar, alm da preveno e represso da criminalidade comum, envolveu-se com
questes sociais at ento estranhas sua rotina, e assim, cada vez mais, viu sua atuao crescer no
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campo da assistncia pblica complementando ou mesmo substituindo a outros rgos da
administrao pblica.
O crescimento urbano desordenado e muitos outros fatores sociais de influncia, fez
recrudescer a criminalidade e a violncia, e na mesma proporo as demandas por segurana. As
presses polticas, no h negar, exercem sua fora sobre as diretrizes de emprego da polcia e
geralmente, a velocidade das respostas privilegiam a soluo quantidade, a curto prazo, em detrimento
da soluo qualidade, a mdio e longo prazo. Haja efetivos!
H que recordar o tempo em que as UOp/PM mantinham reservas tticas aquarteladas para
pronto emprego: Fora de Prontido ou Fora de Choque.
Retroagindo no tempo, em 03 de junho de 1987 o Estado-Maior da PMERJ, atravs da
sua 3a Seo, editou a Nota de Instruo (NI) n 008/87 que orientava quanto ao Emprego de
Foras de Choque das Unidades. Tinha por finalidade estabelecer condies de emprego das
Foras de Choque, objetivando dinamizar o Policiamento Ostensivo Complementar (POC) e o
Policiamento Ostensivo Extraordinrio (POE) e, em conseqncia aliviar a sobrecarga do
Policiamento Ostensivo Ordinrio (POO).
V-se nitidamente um processo de descaracterizao das Foras de Choque - anti-
econmicas e ociosas - que seriam empregadas em outros tipos de policiamento, com
outras tcnicas, outras tticas, outras condutas e outras instrues, alm, claro, das misses
de controle de distrbios que lhes eram peculiares. As UOp, a partir de ento, contariam
com efetivos enquadrados cm Foras de Choque, especializados em generalidades.
Em 05 de novembro de 1990, O Estado-Maior editou uma outra Nota de Instruo, a
de n 006/90, que revogou a supracitada de n 008/87. nova NI praticamente cm nada
alterava a anterior revogada, a exceo da denominao Fora de Choque que passava a
chamar-se Fora de Apoio Ttico (FAT). s FAT, igualmente foi atribuda a execuo de
diversos tipos de policiamento, tambm seria uma frao bastante ecltica.
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A NI n 006/90 teve vida curta sendo revogada poucos meses depois pelo Boletim
da PM n 24, de 19 de abril de 1991, que tambm determinou a utilizao dos efetivos das
FAT na atividade-fim e, curiosamente, nada criou para ocupar o espao daquela foras. Na
PM, ento, nem Fora de Choque, nem Fora de Apoio Ttico.
Essa situao perdurou at 01 de fevereiro de 1995, quando o Estado-Maior
ressuscitou a FAT atravs da NI n 002/95, que as organizava por Regio de Policiamento, mas
direcionadas para o emprego em diversos tipos de policiamento e operaes PM e, muito
timidamente, para emprego em CDC,
Logo a seguir, em 30 de maio de 1995, o Estado-Maior tambm editou a Diretriz
de Planejamento Reservada n 002/95 criando os Grupamentos de Polcia de Choque (GPC),
com mltiplas misses de policiamento, inclusive o CDC, sem, contudo, revogar ou alterar
a NI n 002/95 que trata das FAT.
Essa abordagem, aparentemente, pode no ter relao direta com o estudo ora
realizado e delimitado ao BPChq. Entretanto, h o que deduzir no que se refere ao tratamento
dado pelo Estado-Maior da Corporao a questo das reservas tticas das UOp,
descaracterizando-as pelo seu emprego diversificado na atividade-fim. Essa diretriz de
emprego tambm atingiu o BPChq que passou a executar, de forma rotineira, diversas
misses de policiamento estranhas sua destinao precpua.
O GPC eo PATAMO, por exemplo, constituem tipos de policiamento de choque,
mas suas misses no se confundem com a misso do BPChq no CDC. Seus integrantes
atuam em apoio ao policiamento ostensivo geral segundo uma diretriz operacional, instruo,
armamento e equipamento prprios, mas diverso daquele que seria necessrio tropa do
BPChq quando empregada em misses de CDC. Os integrantes do PATAMO possuem
procedimentos de atuao isolada, incompatveis com a ao comandada e conjunta que se
espera da tropa do BPChq, que atua com procedimentos e conduta diversa. No h que se
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enganar: essas fraes tticas no se prestam s aes de CDC e a recproca tambm
verdadeira.
Os rgos responsveis, no mundo inteiro, pela funo de polcia administrativa da
ordem pblica, que realiza a preveno e a represso imediata, tm se preocupado com a
forte incidncia das aes tumulturias, tendo alguns, como os principais pases da Europa e do
Oriente, alm de manter Unidades Especializadas de Polcia de Choque altamente adestradas,
desenvolvendo equipamentos e tcnicas sofisticados para tais fins.
O Batalho de Policia de Choque
e o
Controle de Distrbios Civis
O Batalho de Polcia de Choque teve como origem o Peloto Motorizado, criado
em 13 de fevereiro de 1941. Pelo Decreto-Lei n 5.908, de 13 de setembro de 1941, foi criada
a Companhia de Metralhadoras Motorizada (CMM), sendo instalada em 02 de outubro de1943, com o aproveitamento do Peloto de Metralhadoras. Baseado na Lei n 263 de
dezembro de 1962, o Governador do antigo Estado da Guanabara, atravs do Decreto n
30, de 16 de julho de 1963, transformou a CMM em Batalho Motorizado e em 24 de
julho de 1968, passou a denominar-se Batalho de Choque (BC). Pelo Decreto "E" n 5.078,
de 30 de setembro de 1971, foi criado o Regimento de Choque, resultante da fuso do 1
Regimento de Cavalaria com o Batalho de Choque. Face necessidade de execuo do
Decreto-Lei n 92, de 06 de maio de 1975, que disps sobre a competncia e a Organizao
Bsica da Polcia Militar do Estado do Rio de Janeiro, aps a fuso das Polcias Militares dos
antigos Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, o Regimento de Choque foi transformado
no atual Batalho de Polcia de Choque.
O 2, do Art. 36 do Decreto-Lei n 092, Lei da Organizao Bsica da
PMERJ (LOB), tem o seguinte enunciado:
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O Comandante-Geral da Polcia Militar ter como
fora de reao, no mnimo, um Batalho de Polcia de
Choque (BPChq) especialmente instrudo e treinado
para as misses de contraguerrilha urbana e rural o qual
ser usado, tambm, em outras misses de
policiamento.
Com a criao do Batalho de Operaes Especiais (BOPE), atravs do
Decreto n 16.374, de 1o de maro de 1991, as misses de contraguerrilha urbana e rural
foram atribudas quela UOpE.
Alm do que consta na LOB e no seu Plano de Atuao, nada mais existe
regulando o emprego operacional do BPChq. De acordo com o seu Plano de Atuao, a
misso esta assim definida:
O BPChq, unidade Especial e reserva ttica do
Comandante Geral, uma Unidade Operacional
Especial (UOpE) subordinada ao Comando UOpE, comatuao em toda rea do Estado do Rio de Janeiro, de
acordo com as situaes previstas na legislao em vigor
visando a Segurana Pblica e a Defesa Interna e
Territorial, tendo em vista a misso constitucional da
Corporao. Sua tropa equipada e adestrada
permanentemente para ser empregada como fora de
reao em substituio s foras de Choques das UOp,
no controle de Distrbios Civis, em complementao a
operaes policiais militares das UOp e UOpE, bem como
no Policiamento Ostensivo Extraordinrio (POE), em
grandes eventos, aps se tornarem incapazes ou forem
insuficientes para o controle da situao tem como
atividade principal a constante realizao de instrues
especficas visando o aperfeioamento tcnico da tropa
para o seu emprego imediato. O BPChq ser empregado
prioritariamente no controle de tumulto de toda ordem,
devendo as misses rotineiras, se preciso for, serem
suspensas, visando assim, a recuperao dos es foros
para uso na ao de restabelecimento da ordem.
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Para cumprir todas as misses que lhe esto afetas o BPChq conta, atualmente, com
um efetivo de 476 policiais militares, de um total previsto de 1.034.
Alm dos diversos tipos de apoio s Unidades Operacionais, o BPChq
executa escolta de valores do Banco Central, escolta de dignitrios com batedores, escolta
de elementos combustveis, policiamento da Flumitrens, segurana do Gabinete do Comando
Geral, guardas do Museu da PM e do Hospital Central da PM, Custdias de presos no
HCPM, policiamento no DETRAN, escolta de presos militares da PM, audincias e
julgamentos de grande repercusso e segurana da carceragem do aquartelamento.
Atualmente, para pronto emprego em CDC, dispe de uma Fora de Choque
com um efetivo mdio de 30 PM/dia, com servio de 24 horas. A sua reserva constituda do
pessoal da atividade-meio que cumpre regime de expediente. Esta mesma Fora de Choque
de prontido, e empregada, durante o servio, em diversas misses de policiamento em apoio
s UOp, cerco e ocupao de favelas e morros, operao praia, e grandes eventos artsticos c
esportivos
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O Material Blico Empregado Pelo BPChq
no Controle de Distrbios de Civis
Atualmente o BPChq conta com os seguintes armamentos, munies e explosivo para
emprego especfico em misses de CDC:
Armamento Convencional
Basto Policial tipo TC
Cassetete Eltrico
Revlver cal 38
Pistola cal 9 mm
Espingarda cal 12
Fuzil cal 7.62 mm
Submetralhadora cal 9 mm
Armamento para Lanamento de Agentes Qumicos
Espingarda True Flyt cal 38.1 mm
Espingarda Riot Gun cal 12
Cassetete lana-gs cal 12
Gerador de fumaa Pepper-Fog
Munies, Agentes qumicos e Explosivos
Granada de Mo LAC CS GL 302
Granada de Mo LAC CN M3Granada de Mo LAC CN M5
Granada de Mo Fumgena 601
Cartucho de Longo Alcance cal 38.1 mm
Cartucho de Plstico cal 12
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Explosivo
Granada de Mo EF Moral 304
O armamento supradescrito, pelas suas peculiaridades em misses de CDC, pode
ser dividido conforme as seguintes destinaes: As armas individuais so as que visam dar
proteo a cada componente da tropa (basto policial TC e eltrico, revlver cal 38 e
pistola cal 9 mm); as de emprego coletivo visam dar proteo adequada a toda tropa, em seus
deslocamentos ou nas operaes propriamente ditas (submetralhadora 9 mm, fuzil 7.62 mm, e
espingarda cal 12); as armas de apoio contra