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Rio de Janeiro 2011 ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO MAJ ENG ANDRÉ LUIZ NOBRE CUNHA O Emprego do Sistema de Simulação Construtiva como Ferramenta de Apoio à Decisão: uma proposta ao Exército Brasileiro

O Emprego do Sistema de Simulação Construtiva como Ferramenta de Apoio à Decisão ... · 2017-05-19 · Maj Eng ANDRÉ LUIZ NOBRE CUNHA O Emprego do Sistema de Simulação Construtiva

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Rio de Janeiro

2011

ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITOESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO

MAJ ENG ANDRÉ LUIZ NOBRE CUNHA

O Emprego do Sistema de Simulação Construtiva como Ferramenta de Apoio à Decisão: uma

proposta ao Exército Brasileiro

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Maj Eng ANDRÉ LUIZ NOBRE CUNHA

O Emprego do Sistema de Simulação Construtiva como

Ferramenta de Apoio à Decisão: uma proposta ao Exército

Brasileiro

Tese apresentada à Escola de Comando e

Estado-Maior do Exército, como requisito

parcial para obtenção do título de Doutor

em Ciências Militares.

Orientador: Ten Cel QEM Marco Aurélio Chaves Ferro

Co-orientador: Cel R1 QEM Cícero Vianna de Abreu

Rio de Janeiro2011

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C 972 Cunha, André Luiz Nobre.O Emprego do Sistema de Simulação Construtivo como Ferramenta de Apoio à Decisão: uma proposta ao Exército Brasileiro. / André Luiz Nobre Cunha. - 2011.

302 f. : il ; 30cm.

Tese (Doutorado em Ciências Militares) – Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2011.

Bibliografia: f. 234-242.1. Simulação de Combate. I. Título.

CDD 355.42

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Maj Eng ANDRÉ LUIZ NOBRE CUNHA

O Emprego do Sistema de Simulação Construtivo como

Ferramenta de Apoio à Decisão: uma proposta ao Exército

Brasileiro

Tese apresentada à Escola de

Comando e Estado-Maior do

Exército, como requisito parcial para

obtenção do título de Doutor em

Ciências Militares.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________Profa. Dra. ADRIANA APARECIDA MARQUES – Presidente

Instituto Meira Mattos

_________________________________________Cel R1 CICERO VIANNA DE ABREU – MembroEscola de Comando e Estado Maior do Exército

__________________________________________Prof GERALDO BONORINO XEXÉO – Membro

Universidade Federal do Rio de Janeiro

________________________________________________________________Ten Cel QEM PEDRO AUGUSTO DE SOUZA LOPES CONSENTINO - Membro

Centro de Avaliações do Exército

_______________________________________________Maj QEM PAUO ROBERTO ROCHA AGUIAR – Membro

Centro Tecnológico do Exército

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A minha esposa, Andrea e

ao meu filho, Rafael, uma

homenagem pelo apoio e

compreensão dedicados à

conclusão deste trabalho. Eu amo

vocês.

À meus pais ... pelos

exemplos, e por me ensinarem a

persistir e a acreditar.

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AGRADECIMENTOS

Ao Tenente Coronel Marco Aurélio Chaves Ferro, meu orientador e incentivador que

teve a difícil tarefa de proporcionar calma e tranqüilidade para que eu pudesse concluir

o presente trabalho.

Ao Senhor Coronel Cícero Vianna de Abreu, meu co-orientador e incentivador que me

contagiou com o seu entusiasmo, apostou e confiou na realização deste trabalho.

Ao Professor Paulo Vicente, pelo apoio incondicional prestado na retirada de dúvidas

na área de simulação. Certamente, sem as suas orientações precisas e oportunas, eu

não teria atingido os objetivos propostos para o trabalho.

Ao Major André Luiz Vale Rosa, grande guerreiro e impulsionador da simulação no

âmbito do Exército Brasileiro, e a todos os companheiros e companheiras da Divisão de

Simulação de Combate da 1ª Subchefia do Comando de Operações Terrestres, pela

amizade e disposição em colaborar com o presente trabalho.

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“O Exército só tem razão de existir se estiver pronto para ser empregado. Portanto, a prontidão da Força é seu estado de normalidade.”

Gen ENZO Martins Peri, Comandante do Exército Brasileiro (Diretriz/2011)

“Em tempos de mudança, os que aprendem herdam a terra, enquanto os que já aprenderam encontram-se extraordinariamente equipados para lidar com um mundo que não mais existe”.

Eric Hoffer (1902-1983)

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RESUMO

Os Sistemas de Simulação de Combate Construtivos são utilizados por várias forças

armadas de outros países como ferramenta de apoio ao Processo de Tomada de

Decisão, de forma a otimizar o ciclo de planejamento em operações reais face à

crescente quantidade de fatores impositivos no combate moderno, como a restrição de

tempo para planejamento, a necessidade de precisão no ataque e conquista de

objetivos militares, a intolerância da comunidade mundial aos danos colaterais e grande

quantidade de baixas em combate. Em se tratando de sistemas de simulação de

combate, o Exército Brasileiro (EB) já reúne quase duas décadas de experiência no

desenvolvimento e aplicação das ferramentas na modalidade construtiva para fins de

adestramento de estados-maiores em exercícios de simulação, realizados em

estabelecimentos de ensino, centros de instrução e comandos militares de área. Apesar

dos esforços, o EB experimenta atualmente um expressivo hiato tecnológico na área de

simulação de combate. No que se refere ao emprego de sistemas de simulação como

ferramenta de análise pelo EB em operações, verifica-se a inexistência de uma

ferramenta dedicada à tarefa. O objetivo do presente estudo é analisar o emprego do

Sistema de Simulação Construtiva em computador como ferramenta de apoio à

decisão, e entender suas limitações e atual nível de desenvolvimento, enfatizando suas

técnicas e processos, e apresentar uma proposta de Requisito Operacional Básico

(ROB) de um Sistema de Simulação Construtiva em Apoio à Decisão do comandante

tático do Exército Brasileiro, em apoio às seguintes fases do processo de tomada de

decisão: Análise das Linhas de Ação Opostas e Comparação das Linhas de Ação, de

forma a aprimorar esses processos. Nesse trabalho realizou-se um estudo preliminar

para levantamento de aspectos da evolução e funcionamento dos sistemas de

simulação construtivos, e seu arcabouço conceitual, levantamento de bibliografia e

documentos relacionados com o tema, e visitas em bibliotecas, instituições de pesquisa

e ensino, além da distribuição de questionários e a realização de visitas para coleta de

dados. Posteriormente, foi feita uma comparação com o emprego da ferramenta em

outras instituições e forças armadas, e um estudo de caso para contextualizar o estudo.

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Após a análise do material obtido foram mostradas as conclusões e as sugestões ao

Exército Brasileiro em relação ao tema. Finalmente, foi realizada uma proposta de

Requisito Operacional de um Sistema de Simulação Construtivo em Apoio à Decisão ao

Exército Brasileiro

Palavras-chave: Forças Armadas. Processo Militar de Tomada de Decisão. Sistemas de

Simulação de Combate.

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ABSTRACT

Constructive Combat Simulation Systems are used by various armed forces of other

countries as a tool to support decision-making processes in order to optimize the

planning cycle in actual operations against the growing number of factors in modern

combat impositions as the restriction of time for planning, the need for precision in attack

and conquest of military objectives, intolerance of collateral damage to the world

community and a large amount of casualties in combat. In terms of combat simulation

systems, the Brazilian Army already brings together nearly two decades of experience in

developing and implementing the tools in constructive mode of training for the staffs of

simulation exercises conducted in schools, education centers and military area

commands. Despite efforts EB currently experiencing a significant technological gap in

the area of combat simulation. With regard to the use of simulation systems as an

analysis tool by EB in operations, there is a lack of a tool dedicated to the task. The

purpose of this study is to analyze the use of Constructive Simulation System computer

as a tool for decision support, and understand their limitations and current level of

development, emphasizing its techniques and processes, and propose a Base

Operating Requirement of a constructive Simulation System to Support the decision of

tactical commander of the Brazilian Army using on computer, in support of the following

stages of decision-making: Course of Action Analysis and Comparison of Opposing

Courses of Action in order to improve these processes. In this study the researcher

conducted a preliminary study where raised aspects of the evolution and functioning of

the constructive simulation, and its conceptual framework, survey of literature and

documents related to the theme, and visits to libraries, research institutions and

teaching, in addition to distributing questionnaires, and conducting site visits to collect

data. Subsequently a comparison was made with the use of the tool in other institutions

and armed forces, and a case study to contextualize the study. After reviewing the

material obtained were shown the conclusions and suggestions to the Brazilian Army

over the issue. Finally presented a proposal for an Operational Requirement system in

Constructive Simulation Decision Support to the Brazilian Army.

Keywords: Armed Forces. Case Military Decision Making. Simulation of Combat

Systems.

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LISTA DE FIGURAS

Figura Nr 01 Tipo de modelos........................................................................................ 17

Figura Nr 02 Classificação dos modelos de acordo com a finalidade ......................... 19

Figura Nr 03 Elementos básicos de uma simulação de combate.................................. 20

Figura Nr 04 Tipos de simulação de combate ............................................................... 21

Figura Nr 05 Tipos de simulação de combate ............................................................... 22

Figura Nr 06 Os três níveis de sistemas de uma força terrestre.................................... 41

Figura Nr 07 Representação simplificada de um processo de tomada de decisão ...... 47

Figura Nr 08 Demanda crítica na Era da Informação..................................................... 49

Figura Nr 09 Concepção de componentes de um Sistema de Apoio à Decisão ........... 51

Figura Nr 10 Um exemplo de Sistema de Apoio à Decisão .......................................... 55

Figura Nr 11 A informação tem impactado o comando em combate............................. 58

Figura Nr 12 Alguns exemplos de produtos .................................................................. 59

Figura Nr 13 EUA, um exemplo do grau de importância ............................................... 61

Figura Nr 14 Algumas possibilidades da atividade de análise em operações militares. 62

Figura Nr 15 Comparação realidade e a representação ............................................... 63

Figura Nr 16 Representação do processo de modelagem............................................. 64

Figura Nr 17 Diferenciação entre o processo de simulação ......................................... 67

Figura Nr 18 Comparação das atividades realizadas pelos integrantes ....................... 73

Figura Nr 19 Representação da relação ERRO PLANEJADO X TEMPO NECESSÁRIO PARA CRIAR O MODELO................................................ 79

Figura Nr 20 Diagonal do realismo da simulação de combate de acordo com NOLASCO.................................................................................................

80

Figura Nr 21 Exemplo de sistema de simulação construtiva para fins recreativos........ 81

Figura Nr 22 Simulações construtivas de combate comerciais...................................... 84

Figura Nr 23

e 24

Kaiser Guilherme I e Moltke...................................................................... 88

Figura Nr 25 Kriegspiel original feito por von Reisswitz no início do Século XIX........... 90

Figura Nr 26 Peças do Kriegspiel original...................................................................... 92

Figura Nr 27 Sistema de simulação em tabuleiro Bonaparte at Marengo...................... 93

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Figura Nr 28 O Plano Schieffen...................................................................................... 95

Figura Nr 29 A Blitz Krieg (Guerra Relâmpago) ............................................................ 96

Figura Nr 30 Matemático húngaro John von Neumann.................................................. 104

Figura Nr 31 O Conceito da Divisão Aérea Móvel (Air Mobile Division)......................... 106

Figura Nr 32 Os primeiros sistemas norte-americanos de apoio às atividades de simulação.................................................................................................. 107

Figura Nr 33 A genealogia do SIMNET.......................................................................... 112

Figura Nr 34 Uma síntese dos objetivos do Plano de Campanha da Operação Iraque

Livre........................................................................................................... 120

Figura Nr 35 Modular Semi Automatic Forces………..…………………………………… 121

Figura Nr 36 Representação gráfica da interação entre as modalidades de simulação em um mesmo exercício operacional........................................................ 123

Figura Nr 37 Instalações da equipe de Orlando da PEO STRI...................................... 124

Figura Nr 38 Federação de sistemas conjuntos JLVC................................................... 125

Figura Nr 39 Arquitetura Integrada Ao Vivo, Construtiva e Virtual................................. 126

Figura Nr 40 Warfigther Simulation (WARSIM)…………………………………….……... 128

Figura Nr 41 Representação da interface do Sistema de Simulação One SAF............. 129

Figura Nr 42 Composição do Grupo pertencente ao Comando Sul............................... 130

Figura Nr 43 Representação de emprego da ferramenta de análise para laboratórios de combate (battlelabs) do sistema de simulação SWORD...................... 131

Figura Nr 44 Layout do sistema de simulação SWORD................................................ 132

Figura Nr 45 Funcionalidades do sistema francês MASA SWORD............................... 133

Figura Nr 46 Representação de um centro de treinamento de comando e estado-maior de uma brigada empregando o sistema SWORD........................... 134

Figura Nr 47 A estrutura do plano colaborativo proposta por ALLEN............................ 138

Figura Nr 48 Representação do Processo de Integração do Terreno, Condições Meteorológicas e Inimigo (PITCI)..............................................................

143

Figura Nr 49 Exemplo de extrato de Ordem de Operações do escalão Divisão de Exército...................................................................................................... 144

Figura Nr 50 Portfólio de sistemas de simulação (construtivo, virtual e ao vivo) em uso atualmente no Exército Brasileiro.......................................................

146

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Figura Nr 51 Sistema de simulação construtiva SABRE................................................ 149

Figura Nr 52 Visão do SISTAB, desenvolvido pelo COTER.......................................... 151

Figura Nr 53 O sistema COMBATER é o mais novo programa de Simulação Construtiva do Exército Brasileiro............................................................. 152

Figura Nr 54 Representação da concepção do Plano de Transformação do Exército Brasileiro.................................................................................................... 153

Figura Nr 55 Projetos de simulação em andamento atualmente no EB......................... 154

Figura Nr 56 Vetores de Transformação do Exército na Atividade Fim......................... 155

Figura Nr 57 Esboço Situação Geral.............................................................................. 182

Figura Nr 58 Concepção da manobra............................................................................ 183

Figura Nr 59 Conceito da Operação do V Ex Cmp........................................................ 186

Figura Nr 60 Esboço esquemático da situação do Inimigo na frente da 11ª e 13ª DE.............................................................................................................. 188

Figura Nr 61 Esboço esquemático da situação das forças Azuis e Vermelhas na frente da 13ª DE....................................................................................... 189

Figura Nr 62 Exemplo de alternativa a ser analisada pelo Comandante ..................... 193

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LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS

Gráfico Nr 01 Opinião dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 sobre o atual ESTUDO DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE TÁTICO................ 241

Gráfico Nr 02 Opinião dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 .................................. 241

Gráfico Nr 03Opinião dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 sobre se ESTUDO DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE TÁTICO é adequada ao tempo disponível em operações reais...........................................

242

Gráfico Nr 04 Opinião dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 sobre a complexidade do ESTUDO DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE TÁTICO...........

242

Gráfico Nr 05 Opinião dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 sobre a demanda por tempo de ESTUDO DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE TÁTICO.

243

Gráfico Nr 06Opinião dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 sobre exiquibilidade dos itens do ESTUDO DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE TÁTICO .........................................................................................

243

Gráfico Nr 07 Nivel de conhecimento dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 sobre SOFTWARES DE APOIO A DECISÃO.........................................

244

Gráfico Nr 08Nivel de conhecimento dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 Nivel de conhecimento dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 sobre SISTEMAS DE SIMULAÇÃO DE COMBATE................................

245

Gráfico Nr 09Nivel de conhecimento dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 sobre SISTEMAS DE SIMULAÇÃO DE COMBATE para ANÁLISE (Apoio à Decisão) de OPERAÇÕES MILITARES...........................

246

Gráfico Nr 10 Opinião dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 sobre SISTEMAS DE SIMULAÇÃO..................................................................................

247

Tabela Nr 1 Alguns fatores de comparação entre os diversos escalões operacionais de uma força terrestre..........................................................................................

44

Tabela Nr 2 Domínios da Modelagem e Simulação no Exército Norte-Americano ......................................................................................

65

Tabela Nr 3 Comparação entre erro planejado e quantidade de tempo para modelar (com os meios necessários) .............................................

77

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

A.I. Artificial Inteligency

ABCS Army Battle Command System

AWE Advanced Warfare Experiments

BBS Brigade/Battalion Battle Simulation

BCTP Battle Combat Training Program

Bda C Mec Brigada de Cavalaria Mecanizada

Bda Inf Mtz Brigada de Infantaria Motorizada

C&T Ciência e a Tecnologia

C2 Comando e Controle

C3I Comando, Controle, Comunicações e Inteligência

C4ISR Comando, Controle, Comunicações e computação, Vigilância e

Reconhecimento

CAADEx Centro de Avaliação e Adestramento do Exército

CAC Centro de Armas Combinadas (Combined Arms Center)

CAESC Centro de Aplicação de Exércícios de Simulação de Combate

CASE Computer Aided Software Engineering

CATT Army’s Combined Arms Tactical Trainer

CCEM Curso de Comando e Estado-Maior

CMO Comando Militar do Oeste

CMS Comando Militar do Sul

Cmt Comandante

CORG Combat Operations Research Group

COTER Comando de Operações Terrestres

CTC Combat Training Center

CTISS Combat Terrain Information Sistems

DARPA Defense Advanced Research Project

DECEx Departamento de Educação e Cultura do Exército

DSS Decision Support System

DTA Direção Tática de Atuação

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EB Exército Brasileiro

ECEME Escola de Comando e Estado Maior do Exército

EME Estado-Maior do Exército

EsAO Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais

EUA Estados Unidos da América

Ex Cmp Exércitos de Campanha

FAB Força Aérea Brasileira

FTC Força Tarefa Componente

GU Grande Unidade

IDA Institute for Defense Analisys

JCATS Joint and Conflict Tactical System

JLVC Joint Live Virtual Constructive

JSIMS Joint Simulation System

JWARS Joint Warfare System

L Aç Linhas de Ação

MD Ministério da Defesa

MDMP Military Decision-Making Process

MEM Materiais de Emprego Militar

Nr Número

NTC National Training Center

ORO Operations Research Office

OTAN Organização do Tratado do Atlântico Norte

PITCI Processo de Integração do Terreno, Condições Meteorológicas e

Inimigo

PPC Processo de Planejamento de Comando

R C MeC Regimento de Cavalaria Mecanizada

RIPI Regiões de Interesse para a Inteligência

ROB Requisito Operacional Básico

SAD Sistema de Apoio à Decisão

SGBD Sistema Gerenciador de Banco de Dados

SGDM Sistema Gerenciador de Modelos

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SIG Sistemas de Informações Geográficas

SIMNET Simulation Network

SISCOEx Sistema de Simulação de Combate do Exército

SISTAB Simulação Tático de Brigada

STI Secretaria Tecnologia da Informação

STOW Synthetic Theater of War

TO Teatro de Operações

TRADOC Training and Doctrine Comand

USA United States of America

VERAMA Verde versus Amarelo

WSTM Workshop de Simulação e Treinamento Militar

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 15

2. REFERENCIALCONCEITUAL................................................................... 26

2.1 TEMA ........................................................................................................ 26

2.2 PROBLEMA ............................................................................................... 26

2.2.1 Antecedentes do Problema .................................................................... 26

2.2.2 Formulação do Problema ........................................................................ 27

2.2.3 Alcances e Limites .................................................................................. 28

2.3 JUSTIFICATIVAS ...................................................................................... 28

2.4 CONTRIBUIÇÕES ..................................................................................... 29

3. REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................... 31

3.1 A SIMULAÇÃO CONSTRUTIVA E SUA RELAÇÃO COM O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO: CONCEITOS E FUNDAMENTOS ...............

31

3.1.1 A Teoria da Decisão e o Processo Militar de Tomada de Decisão

(decision-making)....................................................................................31

3.1.2 Sistemas de Apoio à Decisão em Operações Militares (Decision

Support System - DSS) ...........................................................................47

3.1.3 Modelagem e simulação ......................................................................... 62

3.1.4 Conclusão Parcial .................................................................................... 84

3.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA, CARACTERÍSTICAS E POSSIBILIDADES ATUAIS DOS SISTEMAS DE SIMULAÇÃO CONSTRUTIVOS COMO FERRAMENTA DE ANÁLISE .................................................................... 85

3.2.1 Origens da ferramenta ......................................................................... 85

3.2.2 O surgimento do Jogo de Guerra .......................................................... 87

3.2.3 A disseminação do Kriegspiel................................................................. 91

3.2.4 O emprego do Kriegspiel na I Guerra Mundial ..................................... 94

3.2.5 O emprego do Kriegspiel na II Guerra Mundial .................................... 97

3.2.6 A situação da Simulação Construtiva após a II Guerra Mundial ......... 102

3.2.7 Contexto contemporâneo e a situação da Simulação Construtiva

como ferramenta de apoio à decisão .................................................... 102

3.2.8 Situação atual .......................................................................................... 121

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3.2.9 Principais tendências de evolução ........................................................ 136

3.2.10 Conclusão parcial .................................................................................... 139

3.3 PROBLEMÁTICA DOS SISTEMAS DE SIMULAÇÃO CONSTRUTIVOS NO EXÉRCITO BRASILEIRO E SUAS PERSPECTIVAS DE EMPREGO COMO FEERRAMENTA DE ANÁLISE .....................................................

140

3.3.1 O Estudo de Situação do Comandante Tático no Exército Brasileiro 140

3.3.2 A Simulação Construtiva no Exército Brasileiro .................................. 145

3.3.3 Conclusão parcial ................................................................................... 157

4 REFERÊNCIAL METODOLÓGICO ......................................................... 158

4.1 OBJETIVOS................................................................................................ 158

4.1.1 Objetivo geral ........................................................................................... 158

4.1.2 Objetivos específicos .............................................................................. 158

4.2 HIPÓTESES .............................................................................................. 159

4.3 VARIÁVEIS ................................................................................................ 159

4.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................. 159

4.4.1 População ................................................................................................ 161

4.4.2 Método de Pesquisa ................................................................................ 162

4.4.3 Tipo de Pesquisa ..................................................................................... 164

4.4.4 Técnica de Pesquisa ............................................................................... 165

4.4.5 Análise de dados ..................................................................................... 165

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................. 166

5.1 Apresentação e análise da pesquisa ................................................ 166

5.2 Apresentação e análise do estudo de caso ........................................ 181

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................. 195

6.1 Conclusões ............................................................................................. 195

6.2 Recomendações ..................................................................................... 201

REFERÊNCIAS ...................................................................................... 204

Anexo A - PROPOSTA DE ESPECIFICAÇÕES DE UM SISTEMA DE SIMULAÇÃO CONSTRUTIVO EM APOIO À DECISÃO (S Sml Cmb Ap D) ...................................................................................................... 216

Anexo B – ENTREVISTA REALIZADA COM O MAJOR VALE EM

BRASÍLIA (TRANSCRIÇÃO) ................................................................... 234

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Anexo C – SEÇÃO DE BRAINSTORMING REALIZADAS DURANTE O

AZUVER 2010 NO ESCALÃO COMANDO COMBINADO ................... 239

Anexo D – SEÇÃO DE BRAINSTORMING REALIZADAS DURANTE O

AZUVER 2010 NO ESCALÃO FORÇA TERRESTRE COMPONENTE 240

Anexo E – RESULTADO DO QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS DO 1º ANO DO CURSO DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DE 2009 ............................................................................................ 241

Anexo F – RESULTADO DO QUESTIONÁRIO APLICADO AOS INSTRUTORES DA ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DA AERONÁUTICA (ECEMAR) NO ANO DE 2009...................................... 246

Anexo G – RESULTADO DO QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS ADITÂNCIAS MILITARES ................................................................... 249

Anexo H – ENTREVISTA COM ESPECIALISTA DO SISTEMA DE SIMULAÇÃO CONSTRUTIVA SWORD ............................................... 265

Apêndice A – QUESTIONÁRIO PARA OS ADIDOS ............................... 270

Apêndice B - CASO ESQUEMÁTICO: DIVISÃO DE EXÉRCITO NAS

OPERAÇÕES OFENSIVAS ...................................................................... 278

Apêndice C - QUESTIONÁRIO AOS ALUNOS DO CCEM

ECEME/2010 ............................................................................................. 301

Apêndice D - QUESTIONÁRIO AOS INSTRUTORES DA ECEMAR

DCTA ................................................................................................ 305

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15

1. INTRODUÇÃO

“... as decisões dos comandantes dos exércitos, das esquadras e das forças

aéreas na batalha determinarão o destino da nação…”

Mark Mc Neilly

Nas várias atividades profissionais a capacidade do dirigente tomar decisões

certas é considerada crítica. Na atividade de comando militar em operações, a

capacidade decisória é levada ao extremo, pois, somente um conjunto de decisões

oportunas e relevantes conduz uma força à vitória militar. Peculiaridades da guerra

moderna, como por exemplo, a rapidez das ações, a letalidade dos sistemas de armas

e a repercussão internacional das operações1 criam cenários de limitação de tempo e

informação, degradando as condições para a decisão. O tradicional processo militar

para tomada de decisão2 não oferece a esses comandantes a agilidade necessária para

a solução de problemas militares, pois, segundo BANNER (1999):

[...] se revela imperfeito e incompleto [...] (tem problemas) no desenvolvimento, comparação e seleção de uma linha de ação (LAç). [...] o sistema em vigor, com freqüência, não sistematiza a seleção da melhor linha de ação e, [...] não se presta para um processo rápido de tomada de decisão, quando necessário(grifo nosso)[...] (p.35).

Em face de tal contexto, KATSANOS (2009) aponta que “As forças armadas de

muitos países têm buscado uma reestruturação de forma a acelerar o processo

decisório […] frente a situações cada vez mais inéditas e […] ocorrência […] crescente

de ameaças”. (p.12). Para essa restruturação foi fundamental a criação do conceito de

Guerra Centrada em Redes de informações (Netcentric Warfare) 3, em oposição ao

antigo conceito de guerra centrada em plataformas e armas disponíveis. “As redes de

informação são vistas como ferramentas para a multiplicação de força e aceleração do

processo decisório” KATSANOS (2009, p.12), mesmo assim, os pontos de ligação e a 1BRASIL. Exército. Estado-Maior do Exército. Bases para a modernização da doutrina de emprego daforça terrestre (doutrina delta), IP 100-1. 1ª Ed. Brasília, DF, 1996, p.1-2.2 Processo para solução de problemas militares e situações táticas, baseado na análise de fatores como características da área de operações e prováveis linhas de ação amigas e inimigas. Foi desenvolvido e sistematizado por militares prussianos com base nos escritos do barão Henri de Jomini (Séc XIX) e adaptado por vários países a partir do século XX. (Nota do autor). 3Conceito que visa otimizar o emprego dos modernos recursos de telecomunicações e tecnologia da informação com o objetivo de compartilhar informações entre militares em uma estrutura de rede de computadores onde os pontos em plataformas (estação de terra, aeronaves, navios). Foi criado pelo Almirante Artur Cebrowski da Marinha dos Estados Unidos. (Nota do autor)

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conexão entre os diferentes elementos presentes no combate são apenas parte do

processo. A adoção de tais ferramentas tem como efeito colateral a sobrecarga do

comandante e de seu estado-maior no esforço em equipe para encontrar a decisão

ótima para o problema específico, em ciclos de decisão cada vez mais comprimidos.

Isso tem ocasionado em algumas situações o que se convencionou chamar “Paralisia

Decisória” 4. Tendo em vista a saturação de dados advindos das diversas fontes, “a

capacidade plena é obtida com a integração e disseminação inteligente da informação

através de softwares de comando e controle e auxílio à decisão” KATSANOS (2009).

Os meios que dão suporte ao processo de tomada de decisão são utilizados

atualmente para a “análise de situação, planejamento, tomada de decisão e controle

das operações” KONERT (2009). Especificamente, uma das mais importantes

ferramentas de auxílio à decisão agregadas aos sistemas de comando e controle são

os sistemas de simulação construtiva5. O conceitos desses sistemas se insere nos

conceitos mais abrangentes de Modelagem e Simulação, Modelo,

Modelagem e Simulação (Modeling and Simulation - M&S) é a disciplina que

estuda o emprego de modelos (emuladores, protótipos, simuladores e estimuladores),

para a produção de dados a serem utilizados como fundamento de decisões técnicas

ou gerenciais6.

Em termos genéricos, a palavra modelagem tem origem no latim modellus e

descreve a maneira típica do ser humano lidar com a realidade através da

representação abstrata de objetos reais (pinturas rupestres, os números, a astronomia,

a arquitetura)7.

No escopo do presente trabalho será adotada a definição de ALTIOK (2007, p.1).

Ele entende que “modelo (Ver Figura 01 e 02) é o esforço de se conceber uma

representação simplificada de um complexo sistema com o objetivo de se obter

previsões de medidas de performance desse sistema.” Os modelos são construídos a

4 Situação onde o comandante apoiado por seu estado-maior, devido à grande saturação de dados e informações, não consegue processá-los e chegar a uma decisão no prazo devido. Nota do autor.5 Também são chamados de Simulação de Apoio à Decisão (Decision Support Simulation – DSS). Nota do autor.6 BACK e colab. Projeto integrado de produtos: planejamento, concepção e modelagem. Barueri: Editora Manole, 2008.7 Idem.

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partir de equações fundamentais ou de dados experimentais, com o objetivo de melhor

compreender os fenômenos, os equipamentos e os sistemas.

Os modelos possuem diversos tipos de classificação. PRZEMIENIECKI (1994) os

classifica como Modelos Icônicos (imagens, fotografias, pinturas, mock up), Modelos

Analógicos (aspectos analisados representados como analogia de fenômenos físicos),

Modelos Simbólicos (símbolos abstratos ou grandezas usadas para descrever o mundo

real). Entre os modelos simbólicos são encontrados os Modelos Matemáticos

(empregam a lógica e os relacionamentos quantitativos). Por sua vez, os Modelos

Matemáticos são subdivididos entre Analíticos (lidam com grandezas precisas), e

Modelos Simulacionais (dizem respeito a problemas complexos envolvendo incerteza,

tratados por áreas específicas da matemática). Seguindo a presente classificação, os

Modelos Simulacionais são também divididos em Modelos Determinísticos (equações

matemáticas buscam recriar uma realidade) e estocásticos (probabilísticos) 8 9. Esses

últimos merecem destaque, no escopo do presente trabalho, pois são aqueles

empregados em simulações construtivas.

Figura Nr 1 - Tipos de modelosFonte: PRZEMIENIECKI (1994) apud MOSQUEIRA (2001)

Outro tipo de classificação diz respeito à finalidade que terá o modelo. De acordo

com o National Simulation Center apud MOSQUEIRA (2001) os modelos se classificam

8 Idem p. 949 Modelo Estocástico é um modelo matemático cujas variáveis respondem a uma distribuição específica. Tais modelos não oferecem soluções únicas, mas apresentam uma distribuição de soluções associadas a uma probabilidade, segundo uma determinada distribuição de probabilidades. É o modelo matemático que incorpora elementos probabilísticos e cujos resultados representam probabilidades. Nota do autor.

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em Modelos de Pesquisa e Desenvolvimento (utilizados para projeto e desenvolvimento

de equipamentos e sistemas de armas, além da pesquisa pura), Modelos para Teste e

Avaliação (modelos de engenharia, modelos para teste e desenvolvimento e modelos

para testes operacionais), Modelos de Produção e Logística (simulam linhas de

produção, entre outros), Modelos de Educação e Treinamento (para formação e

aperfeiçoamento de pessoal)10. Existem, por fim, os modelos para análise. São

incluídos nessas classificações os Modelos de Suporte às Operações, entre os quais se

destacam os Modelos para Avaliação (relacionados à questão da modelagem do

desempenho) e os Modelos de Suporte à Decisão, empregados no ensaio de

operações militares e planejamento de missões. Seguindo essa classificação, estes

últimos são o escopo do presente trabalho.

A partir dos fundamentos apresentados, temos que simulação, de acordo com

BANKS (1998):

É a imitação de um processo no mundo real […] ao longo de um período de tempo. […] (esta) envolve a geração de uma história artificial e a observação desta […] para extrair inferências relativas às características operacionais do sistema real que é representado. […] é uma indispensável metodologia para a resolução de problemas […] do mundo real. (P.3-4).

JAISWAL (1997) cita a definição do Dictionary of U.S. Army Terms 1965 que

define a simulação militar (Ver Figura 3) como “simulação de operações militares

envolvendo duas ou mais forças opostas, conduzido com o emprego de regras,

informações e procedimentos designados para representar uma situação real ou

presumida da vida real.

OSWALT (1993) apud JAISWAL (1997) apresenta uma definição simulação

militar mais direcionada para os objetivos do presente trabalho:

“Simulação de operações militares empregadas para pesquisa, análise, educação ou recreação que é desenhada para produzir um melhor entendimento do combate. Envolve pessoas no processo de informação ou tarefas de decisão dentro de uma situação real ou hipotética e utiliza regras, dados e procedimentos para guiar a ação”.

BANKS (1998) classifica a simulação militar em três categorias:

[...] ao vivo, virtual e construtiva. A simulação ao vivo utiliza pessoal e material no terreno. […] A simulação virtual envolve pessoas reais em um sistema simulado. Estes incluem simuladores de aeronaves e carros de combate. […] na

10 Ibidem p. 96

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construtiva, humanos podem […] interagir com o modelo, e tudo é simulado. As simulações construtivas militares incluem ferramentas de simulação de combate para treinamento e para análise. (p. 648)

Figura 2 - Classificação dos modelos de acordo com a finalidadeFonte: MOSQUEIRA (2001)

A Simulação Construtiva (Constructive Simulations) pode ser desenvolvida em

tabuleiros, cartas topográficas, ou mais recentemente, de forma intensiva, no

computador. Utiliza de forma integrada diversos modelos. As frações militares amigas e

inimigas são modeladas e representadas como ícones. Da mesma forma, o terreno, o

clima, e até mesmo uma nuvem de ataque químico que representam modelos,

interagem entre si ao longo da simulação. Os eventos, como por exemplo, os

engajamentos entre as forças oponentes, fazem uso de modelos matemáticos

relacionados aos diversos atributos das entidades envolvidas11.

De acordo com BANKS (1998) as simulações construtivas de combate incluem

os sistemas de simulação construtiva (wargames) para treinamento de comandantes

militares, como também aqueles empregados como ferramenta de análise. Os primeiros

são utilizados para desenvolver em público-alvo de alunos militares habilidades de

tomada de decisão, visualização (capacidades do inimigo contra amigo com respeito a

11 MOSQUEIRA, Mauro Guedes Ferreira. Método para a obtenção de padrões de medidas de desempenho de unidades da força terrestre. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) -Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001.

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tempo, espaço e distância), pensamento crítico e comunicação/coordenação12. Já a

Simulação Construtiva empregada como ferramenta de análise, dotada de modelos e

estrutura muito mais elaborados, são empregadas como ferramenta de apoio à decisão

em operações militares reais. Tal ferramenta é o foco do presente trabalho.

Figura Nr 3 – Elementos básicos de uma simulação de combate em sua modalidade construtiva: um cenário e os modelos de tropas de duas forças oponentes. O terreno foi representado com a utilização do programa Google EarthFonte: O autor

A utilização dessa ferramenta como meio de treinamento foi consolidada em

vários países, mas o seu emprego como ferramenta para a análise de planos de

operações militares não era considerado confiável. Tal paradigma baseava-se na

premissa de que fatores como liderança, moral, terreno, condições meteorológicas e

uma grande quantidade de impactos ambientais e humanos não poderiam ser

modelados com suficientes detalhes para oferecer uma análise plausível de uma

situação tática real13. Este conceito foi superado pelo fato de que sistemas de

simulação tornaram-se mais poderosos, confiáveis e precisos graças ao considerável

12 LUNSFORD, Jim. Tips on adapting commercial wargames for military use. Disponível em <strategypage.com>. Acesso em 5 jun. 2009.13 SILVA, Marco Antonio Felício da: Uma Visão Sumária da Simulação no Exército dos Estados Unidos. Military Review, Fort Leavenworth, 2. trim. ,1992, p.4.

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desenvolvimento dos sistemas de informação acontecido no final do século XX.

Atualmente ocorre uma tendência de similaridade técnica entre aqueles sistemas

dedicados ao treinamento e aqueles focados na análise. Esses sistemas de análise

evoluíram de tal forma que são considerados a melhor ferramenta para a avaliação das

complexas interdependências relacionadas a forças, meios, tempo, espaço e

procedimentos14. Segundo COLLARD (2009), “Não há [...] nada novo sobre o uso da

simulação e dos sistemas de simulação no meio militar. O que é novo, entretanto, são

os tipos de tecnologias envolvidas (predominantemente baseadas em computador) e o

tipo das missões de simulação e sistemas de simulação por elas utilizados.“ (p.133).

Figura Nr 4 – Tipos de Simulação de CombateFonte: O autor

A metodologia da simulação construtiva foi criada no início do século XIX a partir

do gênio técnico e militar prussiano15, e inicialmente empregada como ferramenta de

apoio ao adestramento de estados-maiores. Entre a Guerra Franco-Prussiana de 1870

e o início da 1ª. Guerra Mundial a Simulação Construtiva evoluiu de ferramenta de

treinamento para ferramenta de apoio à decisão16, sendo utilizada a partir de 1905 e

posteriormente para avaliação e aprimoramento17 do Plano Schlieffen18.

14 KONERT, Hans-Georg: Birds of a feather.MS&T Magazine issue 1/2009, p.28.15 PERLA, Peter. The art of wargaming: a guide for professionals and hobbyists. Naval Institute Press,1990, p.21.16 CAFFREY, Mattew. Toward a history based doctrine for wargaming.Disponível em<http://www.airpower.maxwell.af.mil/airchronicles/cc/caffrey.html> Acesso em: 29 mar. 2009.17 PERLA , Peter. The art of wargaming: a guide for professionals and hobbyists. Naval Institute Press,1990, p. 42.

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Posteriormente, o instrumento foi bastante utilizado até a 2ª Guerra Mundial, e depois

experimentou uma fase de desprestígio com a derrota alemã no conflito e a

predominância da dissuasão nuclear no período da Guerra Fria19.

Figura 5 – Tipos de Simulação ConstrutivaFonte: o autor

Nas últimas décadas do século XX ocorreu uma revolução na tecnologia da

informação a qual impactou diretamente a conduta das operações militares no contexto

mundial. Tal fase foi marcada pelo amadurecimento e convergência de tecnologias que

deram suporte a conceitos inovadores de emprego operacional. Na fase em questão, o

emprego da Simulação de Combate pôde finalmente ter a sua utilização potencializada,

sendo apoiado por sofisticados sistemas de informática, protocolos de comunicação e

programas de computador. Com isso ganhou poder de processamento que resultou em

um maior realismo na representação das interações do campo de batalha. Apesar

18Plano de ataque usado pelos alemães no início da I Guerra Mundial. Nota do autor.19 CAFFREY, Mattew. Toward a history based doctrine for wargaming. Disponível em <http://www.airpower.maxwell.af.mil/airchronicles/cc/caffrey.html> Acesso em: 29 mar. 2009.

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disso, o uso da ferramenta ainda se restringia ao adestramento de estados-maiores, e

não havia reconquistado o antigo prestígio como ferramenta de análise.

Só com o surgimento de novas metodologias de modelagem e simulação, das

tecnologias de redes de dados, sistemas e processadores interligados (clusters de

processadores) e do surgimento de novas arquiteturas para desenvolvimento de

protocolos de comunicação, como é o caso da Arquitetura de Alto Nível (High Level

Architecture) 20 a simulação dedicada à análise ganhou novo ímpeto. A sua história

recente de desenvolvimento foi baseada no esforço norte-americano de pesquisa na

área de defesa. Este tipo de simulação serviu como plataforma de experimentação para

a realização de treinamentos de combate mais realísticos. Foi explorada naquele

momento a metodologia da criação de modelos e simulações precisas desde um amplo

conjunto de dados coletados no próprio campo de batalha.

A primeira iniciativa neste sentido partiu de um grupo de analistas do Instituto do

Exército Norte-americano para a Análise da Defesa (U.S.Army’s Institute for Defense

Analisys) 21, contendo como objeto de estudo a vitória norte-americana na Batalha do

73 Easting22, ocorrida na Guerra do Golfo em 1992. Na ocasião, de acordo com Clancy

(1994), cada aspecto da batalha foi estudado e recriado em um modelo

computadorizado da batalha. Foi verificado após aquele estudo que uma ferramenta

computadorizada para análise e apoio à decisão era viável. Foi iniciado então um

esforço conjunto entre o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (Department of

Defense) e os centros de pesquisa na área de defesa para aprimorar o conjunto de

suas ferramentas de análise. Tal esforço culminou na criação do Campo de Batalha

Sintético (Synthetic Theater of War - STOW) 23 em 1997, e outros sistemas em

aplicação. Atualmente, ocorre um amadurecimento do uso desse meio nos Estados

Unidos, países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), países asiáticos 20A Arquitetura de Alto Nível (High Level Architecture) para simulações é uma abrangente iniciativa do Departamento de Defesa dos Estados Unidos para prover uma arquitetura de programas de computador para apoiar a interoperabilidade e reutilização de simulações.21CHRISTENSON, W. M.; ZIRKLE, Robert A. 73 easting battle replication. A janus combat simulation.Institute for Defense Analyses, Alexandria, VA, Setembro de 1992, p. 2.22Batalha blindada vital na Guerra do Golfo onde elementos da Cavalaria Blindada norte-americana venceram de forma surpreendente forças mais numerosas da Guarda Republicana do Iraque. Nota do autor.23Programa norte-americano para a construção de ambientes sintéticos para utilização em defesa. Integra simulação construtiva, virtual e ao vivo para prover um ambiente de treinamento realístico. Nota do autor.

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e outros. O seu emprego agregado ao uso de rede por forças militares em combate é

uma das frentes de desenvolvimento tecnológico da pesquisa de defesa, o mesmo é

um dos fatores contribuintes, por exemplo, para a significativa vitória norte-americana

na Operação Iraque Livre24 25, por permitir uma melhor visualização do campo de

batalha, redução do tempo de tomada de decisão e a otimização dos modernos

sistemas de combate nas operações.

Convém ressaltar que apesar dos aprimoramentos da ferramenta, esta ainda não

atingiu a maturidade desejada por seus idealizadores, pois ainda é complexa e

depende de uma grande interação com o usuário e os operadores. Enfim, tanto o

conceito como a ferramenta ainda estão sendo consolidados e existem vários esforços

de desenvolvimento.

Mas como é atualmente empregada a Simulação Construtiva no apoio ao

processo de análise de situação e tomada de decisão do comandante tático? COLLIER

(2000) apresenta alguns detalhes do caso norte-americano:

Todos os atuais sistemas de simulação, (e) todos os sistemas de próxima geração atualmente em desenvolvimento (JSIMS/WARSIM, JWARS, COMBAT XXI, AWARS, OneSAF), necessitam a introdução no sistema de uma ou mais linhas de ações táticas, juntamente com dados do terreno, clima, e outros detalhes da missão. Baseado nesta entrada cada sistema de simulação provê valiosas informações sobre a efetividade da linha de ação (na forma de taxas de baixas, efetividade dos sistemas de combate). Quando múltiplas linhas de ação são processadas no sistema, pode ser conduzida uma análise comparativa. (p.34).

Como se vê, a Simulação para Análise atualmente ainda é uma ferramenta com

capacidade de sugestão de melhores procedimentos baseados em análise científica e

critérios objetivos. Entretanto, busca-se um poder ainda maior para o sistema. Os

países desenvolvedores da tecnologia, em um futuro próximo, pretendem obter uma

capacidade de predição das ações do inimigo através da integração de sistemas de

reconhecimento, vigilância, modelos e sistemas de simulação, todos conectados em

centrais de comando e controle de abrangência global26. Este sistema teria a

24Operação militar norte-americana ocorrida no Iraque em 2003. Teve como objetivos a neutralização de armas de destruição em massa e a remoção do regime iraquiano do poder. Nota do autor.25FONTENOT, e colab. On Point: The United States Army in Operation Iraqi Freedom. Naval Institute Press, 2005, p.55.26M&S-PREDICTING the future in network-centric operations. MS&T Magazine. Farnborough, p.18, 3. bim. 2005.

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capacidade de desenvolver as suas próprias L Aç como um jogo de xadrez

computadorizado COLLIER (2000). A conseqüência disso seria a obtenção da

capacidade de prever e superar a manobra do inimigo no campo de batalha, como

também, quebrar o seu ciclo de decisão27.

Sendo assim, a finalidade do escopo deste trabalho é analisar o emprego da

simulação construtiva como ferramenta dos sistemas de apoio à decisão em

computador, e entender suas limitações e atual nível de desenvolvimento. Além disso,

mais especificamente, apresentar uma proposta de Requisito Operacional Básico

(ROB) de um sistema de simulação construtivo em apoio ao processo de tomada de

decisão do comandante tático do Exército Brasileiro nas seguintes fases do Processo

de Análise de Situação e Tomada de Decisão: Jogo da Guerra e Comparação de

Linhas de Ação.

27 Idem.

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2 REFERENCIAL CONCEITUAL

2.1 TEMA

O tema do presente trabalho é O Uso de Sistemas de Simulação para

Racionalizar o Emprego de Recursos, e foi proposto pelo Comando de Operações

Terrestres (COTER), pelo Comando Militar do Oeste (CMO) e pela Escola de Comando

e Estado-Maior do Exército (ECEME).

Posteriormente o tema foi delimitado com o seguinte título: O Uso da Simulação

Construtiva como Ferramenta de Apoio à Tomada de Decisão: uma proposta de

utilização ao EB.

Não haverá classificação sigilosa para o presente trabalho.

2.2 PROBLEMA

2.2.1 Antecedentes do Problema

No Brasil, o EB visando adequar seus meios aos possíveis cenários de conflito

optou por desenvolver seu próprio sistema de comando e controle (Projeto C2 em

Combate). Em se tratando de sistemas de simulação de combate, a instituição já reúne

mais de duas décadas de experiência no desenvolvimento e aplicação das ferramentas

na modalidade construtiva para fins de adestramento de estados-maiores28 em

exercícios de simulação realizados em estabelecimentos de ensino, centros de

instrução e comandos militares de área. De acordo com SILVA NETO (2002) o

Comando de Operações Terrestres (COTER) é atualmente o órgão da Força com

encargo de desenvolvimento de sistemas, orientação, coordenação e controle do

Sistema de Simulação de Combate do Exército (SISCOEx).

Apesar dos esforços o EB experimenta atualmente um expressivo hiato

tecnológico na área de simulação de combate. No que se refere ao emprego de

sistemas de simulação como ferramenta de análise pelo EB em operações, verifica-se a

inexistência de uma ferramenta dedicada. Geralmente, ocorre o emprego dos sistemas

28MAKRAKIS, Heraldo. Simuladores e Jogos de Guerra. Trabalho de Conclusão de Curso (Altos Estudos Militares) – Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 1997, p.27.

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existentes (estruturados para aprendizagem em estabelecimentos de ensino e centros

de simulação) durante exercícios militares. Esta abordagem tem gerado resultados

limitados.

No que diz respeito ao processo de tomada de decisão, o EB utiliza o já

consagrado processo de Estudo de Situação do Comandante Tático, uma adaptação do

Processo Militar de Tomada de Decisão (Military Decision-Making Process – MDMP)

norte-americano. Apesar de tal processo trazer resultados satisfatórios nas operações

da Força Terrestre brasileira, este carece de um suporte de ferramentas de apoio à

decisão face às novas demandas causadas pelo impacto de novos sistemas de armas

e de sobrecargas de dados e informações na atividade de comando.

O atual processo em vigor é complexo e demanda tempo na sua execução,

particularmente na realização do chamado Jogo da Guerra, ou seja, a verificação

detalhada de como cada L Aç das forças amigas reage às eventuais L Aç do inimigo, e

da realização da comparação das Linhas de Ação (L Aç).

2.2.2 Formulação do Problema

A partir do conjunto de fatos apresentados, e para o desenvolvimento do

trabalho, alguns questionamentos foram suscitados de maneira à melhor conduzirem a

pesquisa, tais como:

- Pode-se afirmar que as ferramentas existentes hoje na doutrina do EB para a

análise de situação e tomada de decisão são suficientes para o equacionamento de

problemas táticos face às restrições de tempo e informação do combate moderno?

- Como uma ferramenta de apoio à decisão estruturada em um sistema de

simulação construtiva de combate pode aprimorar o processo de tomada de decisão do

comandante tático do Exército Brasileiro?

- Quais serão os desdobramentos desse emprego no processo e na forma como

é conduzida a tomada de decisão nas Divisões de Exército (DE), Exércitos de

Campanha (Ex Cmp) e Força Tarefa Componente (FTC) da Força Terrestre do EB?

- Quais são as especificações mais adequadas de um Sistema de Simulação

Construtiva em apoio ao processo militar de tomada de decisão, no contexto do EB?

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Com a finalidade de sintetizar o problema, as questões acima colocadas podem

ser apresentadas da seguinte forma:

- Quais são as especificações de um sistema de simulação construtiva em apoio ao

processo militar de tomada de decisão para aprimorar o processo de tomada de

decisão do comandante tático brasileiro?

2.2.3 Alcances e Limites

O presente trabalho abordará o emprego dos sistemas de simulação construtiva

como ferramenta de análise de cenários durante a execução das atividades de estudo

de situação e tomada de decisão do comandante tático durante exercícios ou em

operações reais, nos escalões exército de campanha a divisão de exército. Mais

especificamente, o trabalho abordará os seguintes itens do Estudo de Situação do

Comandante Tático: Jogo da Guerra, e Comparação das Linhas de Ação.

Tal abordagem focará o emprego do sistema de simulação em um ambiente de

interoperabilidade com os sistemas de comando e controle, com o fim de agilizar o

processo de tomada de decisão.

De forma inicial, será realizado um estudo dos conceitos e teorias sobre o

assunto simulação construtiva em apoio ao processo de análise de situação e tomada

de decisão. Após isso, será apresentada a atual conjuntura do tema em nível mundial.

Em um segundo momento, será conduzido um estudo dos problemas apresentados à

luz do conjunto de conhecimentos técnico-científicos disponíveis.

Convém ressaltar que não será escopo deste trabalho abordar os sistemas de

simulação como ferramenta de análise para o desenvolvimento de doutrina, nem para a

avaliação de novos materiais de emprego militar (MEM).

2.3 Justificativas

O assunto a ser apresentado neste trabalho é de grande importância para o

Exército Brasileiro, Forças Armadas e Ministério da Defesa, tendo em vista ser

atualmente um dos focos de desenvolvimento tecnológico de diversas forças armadas

no plano internacional. Aparentemente, o emprego em combate de tal tecnologia tem

trazido aos seus detentores significativa capacidade de tomar melhores decisões em

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menor tempo, e com isso, superar o ciclo decisório de eventuais inimigos. Atualmente

os sistemas de simulação empregados como ferramenta de apoio à decisão fazem

parte do núcleo de opções de forças armadas modernas, e são utilizados para a

otimização de suas capacidades de combate, colaborando, inclusive para os

significativos resultados em campanhas militares recentes por permitirem uma

otimização do emprego dos meios de combate.

No plano nacional, existe um significativo hiato tecnológico do EB em relação a

outras forças armadas mais modernas. Especificamente, em relação ao assunto

Simulação Construtiva como Ferramenta de Apoio à Decisão existe no Exército

Brasileiro quase uma lacuna na abordagem do tema, sendo incipientes as iniciativas em

abordá-lo. Os esforços de desenvolvimento ficam restritos a projetos de modelos e

sistemas de simulação realizados pelo COTER.

Em relação ao processo de análise de situação e tomada de decisão adotada

pelo Exército Brasileiro, atualmente ocorre uma grande carga de trabalho para os

militares envolvidos nos trabalhos de comando e estado-maior em operações, e grande

consumo de tempo no estudo do terreno e levantamento, comparação e escolha de

Linhas de Ação. As equipes gastam muito tempo em atividades meio (levantamento

subjetivo de condicionantes) e tem pouco tempo para focar no estudo do problema

tático em si. O emprego de ferramentas de simulação poderia abreviar

significativamente o processo e ainda oferecer de forma automática a possibilidade de

testar soluções táticas inicialmente não levadas em conta no estudo de situação.

O interesse pelo assunto surgiu a partir de uma pesquisa exploratória iniciada

pelo pesquisador no ano de 2004 com o tema A Evolução dos Sistemas de Simulação

Construtiva: Lições para o Exército Brasileiro.

2.4 Contribuições

A presente pesquisa pretende enriquecer o debate sobre o emprego da

simulação de combate construtiva como ferramenta de apoio à decisão, conceito ainda

em consolidação no plano internacional. Visa também visualizar funcionalidades de um

sistema ajustado às necessidades brasileiras de defesa terrestre. Em sua conclusão

pretende apresentar sugestões fundamentadas em fatos e conhecimentos técnico-

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científicos de forma a contribuir com o desenvolvimento do acervo de meios de

emprego militares à disposição do Exército Brasileiro, Forças Armadas e Ministério da

Defesa, e com o aprimoramento de suas doutrinas de análise de situação e tomada de

decisão.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 A SIMULAÇÃO CONSTRUTIVA E SUA RELAÇÃO COM O PROCESSO DE

TOMADA DE DECISÃO: CONCEITOS E FUNDAMENTOS

3.1.1 A Teoria da Decisão e o Processo Militar de Tomada de Decisão (decision-

making)

“... Qual é o rei que, pretendendo sair à guerra contra outro rei, primeiro não se

assenta e pensa se com dez mil homens é capaz de enfrentar aquele que vem

contra ele com vinte mil?” Jesus Cristo

“Nada é mais difícil do que decidir-se”. Napoleão Bonaparte.

3.1.1.1 Aspectos da Teoria da Decisão

O estudo dos processos envolvidos na tomada de decisão vem ganhando cada

vez mais destaque em todo o mundo, e desperta interesse pela sua relação direta com

a economia, a política, à administração, a análise de sistemas, a psicologia, entre

outras áreas do conhecimento. As melhores escolas de negócios já apresentam em seu

currículo uma disciplina chamada Discernimento e Tomada de Decisão29. STEWART

(2006), assegura que “as decisões são a essência da gestão” 30.

No bojo dos novos conceitos, que aspectos desse conjunto de conhecimentos

têm relevância para o Processo de Tomada de Decisão Militar? E quais são as

descobertas mais recentes nos estudos da decisão que podem sugerir evoluções na

doutrina militar de tomada de decisão?

Segundo TICHY e BENNIS, (2009), os líderes conduzem suas organizações ao

sucesso “exercitando o bom discernimento, tomando decisões inteligentes e garantindo

que elas sejam bem executadas”. Ou seja, existe uma ligação indissociável entre bom

discernimento (perceber com clareza, distinguir a situação, o problema a ser resolvido)

e a capacidade de decidir de forma inteligente (atuar sobre esse problema da forma

29 TICHY, Noel; BENNIS, Warren. Decisão! Como líderes vencedores fazem escolhas certeiras. PortoAlegre: Bookman Companhia Editora, 2009, p.22. 30 STEWART, Thomas A: Did you ever have to make up your mind? Harvard Business Review. January 2006.

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mais otimizada e eficaz). Esse processo, apesar da aparente simplicidade encobre uma

grande variedade de possibilidades e uma complexidade que dificulta a sua execução

prática.

Uma primeira dificuldade surge na questão do bom discernimento. O

discernimento é diretamente influenciado pelo estilo de cada pessoa, e até mesmo por

fatores tão distintos como história e sorte31. Pode-se afirmar que se o passo inicial (ter

bom discernimento) falhar, ou seja, de se ter uma percepção clara sobre o problema

tratado, então serão traçados caminhos tortuosos, não importa a qualidade do

raciocínio32. Na área acadêmica, a falta de pontos comuns e padrões aceitáveis têm

dificultado o estudo e entendimento do assunto.

Até hoje não existe uma teoria acadêmica viável sobre o discernimento, e há

uma lacuna de obras que tratem sobre o assunto. Esse conceito também se aplica com

justeza no processo militar de tomada de decisão. Se o comandante tiver bom

discernimento da situação que se apresenta, uma essencial etapa no caminho da boa

decisão foi seguida. Caso contrário, as ações posteriores estarão deficientes. Portanto,

para decidir bem deve ter amplo e perfeito discernimento. Para isso, o comandante

deve ser possuidor de características pessoais que assegurem a qualidade do

entendimento (capacidade de extrair o essencial do todo, flexibilidade de raciocínio,

entre outros) é extremamente necessário.

O segundo passo, ou seja, decidir de forma inteligente também é uma ação

complexa, na prática.

De acordo com BRIDGER e LEWIS, (2010, p.9):

Cada decisão traz oportunidades únicas, mas também custos. Para cada uma delas, haverá uma ou várias opções que serão descartadas. [...] Há dois caminhos para se tomar uma decisão: considerar exaustivamente cada possibilidade em busca da resposta perfeita ou buscar a alternativa que seja suficientemente boa. Submeter-se à busca de uma situação ideal é também correr o risco de investir uma quantidade de energia e tempo desproporcional ao problema e, ainda assim, não atingir o objetivo almejado, quando na verdade o que se necessita é simplesmente uma situação viável.

31 TICHY, Noel; BENNIS, Warren. Decisão! Como líderes vencedores fazem escolhas certeiras. PortoAlegre: Bookman Companhia Editora, 2009, p.16.32 BRIDGER, Darren. LEWIS, David. Aumente seu poder de ação e decisão: maneiras de ser maisassertivo e eficiente. Tradução de Livia Chede Almendary. São Paulo: Publifolha, 2010, p.10.

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Cada situação é única e demanda considerações específicas, necessita da

adoção de fatores para análise próprios, e envolve um conjunto único de pessoas. O

mundo real é extremamente complexo e mutável, e o nível de profundidade da análise

das possíveis soluções é uma tarefa crítica para se chegar a uma linha de ação que

solucione o problema.

Em acréscimo a essas dificuldades há também a forte interferência do

componente emocional no processo decisório. Os antigos conceitos do homem como

ser racional, e da divisão da porção racional e porção emocional do cérebro estão

sendo, cada vez mais questionados. Modernas pesquisas sugerem que há uma forte

interligação entre a razão e a emoção33.

O entendimento científico mais moderno, baseado em estudos comportamentais

e de análise do funcionamento do cérebro, é de que se não fossem as emoções, a

razão nem mesmo existiria34 35. Além disso, há o entendimento de que a emoção é

componente essencial do processo decisório. Às vezes as emoções podem ajudar a

tomar decisões corretas, entretanto, às vezes, os sentimentos podem nos desorientar e

ocasionarem vários erros que poderiam ser previsíveis36. É algo temerário confiar

apenas em si mesmo para decidir. Os estudos recentes mostram que quando se

depende exclusivamente da mente, tendo por base a combinação de estruturas

emocionais e lógicas, em algum momento, más decisões são produzidas.37

Isso pode ser explicado devido à forma como ocorre a cognição humana.

MILNITSKY apud MALI e AFFARO (2001), ensina que:

33 Isso contraria o consagrado entendimento de que ou somos totalmente racionais em uma decisão, ou somos totalmente emocionais. Nota do Autor.34 LEHRER, Jonah. Momento decisivo: o funcionamento da mente humana no momento da escolha; tradução Marcelo Schild. Rio de Janeiro: Best Business, 2010, p.35.35 Idem, p.38-39. De acordo com o entendimento científico mais moderno apresenta um novo entendimento do papel do Córtex Frontal (a anatomia do cérebro humano é dividida em Haste, que governa as funções corporais básicas, como batimentos cardíacos, Diencéfalo, que regula a sensação de angústia da fome e os ciclos do sono, Região Límbica, que gera as sensações animais, desejos sexuais e comportamentos impulsivos, e Córtex, tradicionalmente considerado como a área da razão). Esta parte do cérebro também está relacionada com as emoções e o processo de decisão. Atualmente a neurociência descobriu que parte do Córtex Frontal está envolvida em emoções. Existe uma área específica do Córtex Frontal chamada de Córtex Orbito-Frontal que é responsável por integrar emoções viscerais ao processo de tomada de decisão. Nesse entendimento, são os sentimentos que ajudam a fazer as escolhas.36 Ibidem, p. 19.37 MALI, Tiago. AFFARO, Victor: porque erramos? Galileu,São Paulo, n. 237, abr. 2011, p.41.

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‘Os processos que nos levam a aprender e os que nos levam a cometer erros derivam do mesmo recurso mental’ [...] na base do nosso conhecimento está a indução, tipo de aprendizado a partir da repetição de padrões já armazenados no nosso cérebro [...] Conforme esses padrões são aprendidos, não precisamos analisar situações corriqueiras em detalhes. Basta encaixá-las nas generalizações já criadas pelo cérebro. [...] Essa forma de lidar com ainformação faz com que, mesmo com poucos dados, consigamos deduzir muitas coisas (p.41-42).

TEIXEIRA apud MALI e AFFARO (2001, p.42), afirma que quando vemos um

objeto tentamos encaixar seus dados preliminares nos protótipos já formados em nossa

mente. Quando está diante de um novo padrão o cérebro tenta aprendê-lo. O processo

quase sempre funciona. Quando isso não ocorre, surge o erro. Mas mesmo quando se

erra, o cérebro aprende novos padrões.

Voltando ao caso do comandante militar, quando este estiver diante de uma

situação tática real (com suas peculiaridades e especificidades), naturalmente tentará

encaixá-la com alguma experiência profissional vivida (durante exercícios, aprendida

teoricamente ou em situação real). Com isso, poderá deixar de abordar detalhes ou

processos dinâmicos críticos que tenham relevância nas conseqüências da ação.

Poderá também tentar solucionar o novo problema tático, tendo por base paradigmas

antigos que foram base da resolução de problemas anteriores.

Essa não é a única dificuldade da mente humana. Várias deficiências são

atualmente conhecidas e estudadas. Elas se somam aos diversos aspectos

psicológicos envolvidos na decisão humana.

KAHNEMAN apud TICHY (2009, p.22) afirma que as pessoas são míopes em

suas decisões. Isso se deve entre outras coisas à falhas de memória e a uma avaliação

incorreta das experiências passadas.

Já MARCH, em relação a essas deficiências, informa que “indivíduos

responsáveis por decisões enfrentam sérias limitações de atenção, memória,

compreensão e comunicação”. Essas limitações foram verificadas tanto individualmente

quanto em grupo, e podem ser resumidas da seguinte forma:

Problemas de atenção. (grifo nosso) Tempo e capacidade de atenção são limitados. [...] Há sinais demais sendo recebidos. [...] Problemas de memória. (grifo nosso) As capacidades dos indivíduos e das organizações para armazenar informações são limitadas. [...] Mais limitadas ainda são as capacidades individuais e coletivas para a recuperação de informações previamente armazenadas. [...] Problemas de compreensão. (grifo nosso)

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Responsáveis por decisões têm capacidades limitadas de compreensão. Têm dificuldade em organizar, resumir e utilizar informações para formar inferências sobre as conexões causais de eventos e sobre características relevantes do ambiente. Não raro dispõem de informações relevantes, mas não conseguem perceber sua relevância. [...] Problemas de comunicação. Há uma capacidade limitada para comunicar informações, para comunicar informações complexas e especializadas (p.8).

Já ETZIONI apud TICHY (2009) amplia o conjunto de limitações do decisor

humano quando afirma que:

1. A mente humana não pode conter a complexidade [...] o cérebro é demasiado limitado e só consegue se concentrar em oito fatores de cada vez. 2. Nossa capacidade de calcular as probabilidades, especialmente de combinar duas ou mais probabilidades essenciais nas tomadas de decisão é restrita. 3. Aprendemos lentamente e cometemos os mesmos erros repetidamente. 4. Todos nós mostramos ter uma tendência para permitir que as emoções interfiram (p.145).

O processo decisório nos mercados de ações traz alguns ensinamentos sobre a

limitação humana com os grandes fluxos de dados e informações. ELDER (2009)

ensina que:

É humanamente impossível processar todos os sinais que entram nela (na mente) de todas as direções. Os dados que você recebe através de seus olhos e ouvidos são tantos que sua mente tem de fazer um monte de filtragem automática para se poupar de ser inundada por informações em excesso, sobrecarregada e entrar em colapso. [...] sua mente precisa classificar automaticamente o que deve ser visto e o que deve ser descartado. A maioria das pessoas não está ciente desse processo de filtragem. [...] a maioria dos traders (operadores de compra e venda de ações) não responde tanto ao mercado, mas muito mais ao que está (filtrado) em sua cabeça (p. 25-26).

ELDER (2009, p.26-27) apresenta o exemplo de como são processados os

dados e tomadas as decisões nos escalões superiores do governo norte-americano. As

autoridades superiores como não conseguem processar tudo que está disponível

acabam dependendo de assistentes confiáveis, e assistentes nas áreas mais

especializadas para processar essas informações. Entretanto, afirma que esse sistema

falha quando a autoridade no topo diz para o subordinado quais informações ele

acredita serem corretas.

Nesse entendimento, cita o caso da Segunda Guerra do Iraque (Operação Iraque

Livre), surgida a partir da decisão do Presidente dos Estados Unidos. Esta foi baseada

na crença do presidente norte-americano da existência de armas de destruição em

massa, e não, em informações concretas. Tal abordagem induziu às agências de

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inteligência a serem influenciadas a escolherem informações que confirmassem tal

crença. ELDER (2009, p. 27) sugere a solução para tal deficiência: deve ser organizado

um sistema para processar as informações, e o processo de tomada de decisão deve

ser transparente e imparcial.

Em suma, de tudo o que foi apresentado, conclui-se que todo esse conjunto de

limitações38 pode interferir na formação do discernimento e comprometer todo o

processo decisório. Mas como mitigar essas deficiências? Há algum ferramental,

alguma experiência de sucesso nesse crítico processo de discernir e tomar a decisão?

Ou os líderes terão que conviver com as suas limitações e os erros de decisão

continuarão a ocorrer?

Pode-se afirmar que já ocorreram experiências bem-sucedidas na solução dessa

problemática. É possível mitigar as deficiências humanas e os seus efeitos no processo

decisório. A resposta inicial veio de estudos e pesquisas na área da aviação.

Esse fato é descrito por LEHRER (2010, p.281), quando ensina que as

estatísticas de acidentes causadas por erros dos pilotos permaneceram inalteradas

entre 1940 e 1990 (em torno de 65%). A maioria das mortes era causada por más

decisões tomadas na cabine de comando. Entretanto, a partir de 1990, de forma

surpreendente, os acidentes causados por falha de pilotos começaram a diminuir.

Atualmente a estatística é de 30%. Desde 2001, somente um acidente fatal de jato

comercial nos Estados Unidos foi causado por erro de pilotos, apesar de mais de 30 mil

voos e decolagens39.

Um dos fatores que levaram a essa brusca mudança foi a introdução de

simuladores virtuais de voo realistas para o treinamento dos pilotos em sua rotina na

cabine. Com isso, os pilotos passaram a ter a oportunidade de praticar a tomada de

decisão, aprimorando suas ações. Os simuladores permitiram que o piloto

internalizasse os conhecimentos teóricos aprendidos e pudesse treinar o cérebro

38 Conforme TICHY (2009, p.146), existem algumas teorias que ampliam a quantidade dessas limitações. Um dos exemplos é a Teoria do Pensamento Grupal de Irving Janis, na qual ele analisa como pessoas inteligentes, mas com uma dinâmica política problemática, realizam maus juízos decisórios. Em uma de suas análises, trata do fracasso na operação militar na Baía dos Porcos em Cuba e das decisões tomadas na Crise Cubana dos Mísseis. 39 LEHRER, Jonah. Momento decisivo: o funcionamento da mente humana no momento da escolha; tradução Marcelo Schild. Rio de Janeiro: Best Business, 2010, p.282.

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emocional, preparando as suas partes que efetivamente tomariam as decisões durante

o voo40.

Outra vantagem do emprego dos simuladores é permitir que os pilotos aprendam

com os seus erros quando eles ainda não importam. Esta abordagem aproveita-se do

fato de que o cérebro melhora a si mesmo estudando os próprios erros41.

LEHRER (2010, p. 288) acrescenta que a informatização da cabine da aeronave

também contribuiu para a diminuição dos números de acidentes causados por erro de

decisão do piloto:

Quando os computadores de bordo e o piloto interagem apropriadamente, transformam-se em modelos ideais de tomadas de decisões. O cérebro emocional (o piloto) e o racional (os computadores da cabine) existem em equilíbrio perfeito, cada sistema concentrado nas áreas em que possuem vantagem comparativa.

O exemplo da aviação, apesar das especificidades da atividade, ensina algumas

lições valiosas sobre a otimização do processo decisório. A primeira delas é que o ser

humano está biologicamente mal equipado para decidir, especialmente em situações de

restrição de tempo e forte stress. Uma das maiores deficiências é a falta de capacidade

de lidar com massas de dados e extrair dali o que realmente é relevante. Ou seja,

extrair conhecimento consistente que clarifique o seu entendimento da situação (bom

discernimento - primeira fase do processo decisório) e que lhe permita tomar decisões

inteligentes. O grande progresso trazido pela aviação se deu pela verdadeira simbiose

(ação perfeitamente interligada) entre uso da simulação na sua modalidade virtual,

novas metodologias de treinamento, novas metodologias de tomada de decisão e

suporte da tecnologia da informação à atividade de pilotagem. Cada processo desses

colabora com o que tem de melhor para o resultado final, e compensa as deficiências

do outro.

Deve-se ressaltar neste caso as falhas de decisão que são evitadas pois os

pilotos têm a chance de errar, verificar os erros e debater sobre eles, proporcionada

pela tecnologia da simulação, e a capacidade de tratar grandes massas de dados, pela

capacidade da computação embarcada com seu poder de filtrar os resultados e

apresentá-los de forma coerente e relevante para o piloto.

40 Idem, p.282.41 Ibidem, p.282.

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Outra abordagem para minorar a “miopia” da cognição humana é a metodologia

chamada de “pensamento lateral”. PHILLIPS (2009, p. 6) ensina que essa metodologia

foi criada pelo psicólogo britânico Edward de Bono em 1967, e consiste em um conjunto

de estratégias para mudarmos a forma de enxergar o mundo, a fim de encontrarmos

soluções inovadoras, para pensarmos em novas soluções. A metodologia de De Bono

afirma que nem sempre as pessoas enxergam o que está bem a frente, o que é óbvio,

pois na verdade a pessoa custuma ver o que quer ver, ou está predisposta

(condicionada) a ver. Existem algumas perguntas que sintetizam o pesamento lateral.

Entre os principais encontra-se a pergunta “E se...?”. Uma outra é “O que acontece se

eu combinar esses elementos?” Existe ainda a pergunta “Posso abordar isso de um

ângulo completamente diferente?”. Ao fazer perguntas desse tipo são geradas novas

conexões entre os neurôrios, que podem resultar em soluções inovadoras.

3.1.1.2 O Processo Militar de Tomada de Decisão

O processo de análise de situação e tomada de decisão também é parte

essencial e destacada das disciplinas militares e do emprego de forças militares. Quais

são suas peculiaridades? Como os aspectos gerais da teoria da decisão levantados até

o momento e as novas descobertas do processo decisório se aplicam no caso do

comando em operações? E como estas descobertas podem aprimorar o processo de

tomada de decisão? A seguir estas questões serão analisadas.

Inicialmente, vale ser ressaltado que o planejamento militar normalmente resulta

em um plano de operações ou ordem fragmentária aos elementos subordinados, e é

um conjunto de ordens baseadas em um estudo de situação e tomadas de decisão.

Devido à restrição de informações e meios logísticos, a mutabilidade da situação

tática, a degradação física e psicológica sofrida pelos militares (inclusive o comandante)

e outros fatores complicadores, o comando em operações e a tomada de decisão militar

são processos extremamente complexos. Pode-se dizer que mais complexos até que

aqueles relacionados ao processo decisório no ambiente empresarial.

Aqui, além da realidade física e da psicológica, é destacada a realidade analítica.

Essa última cabe aos comandantes apoiado por sistemas, programas e pessoal

habilitado na realização de análises do significativo volume de dados e informações

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obtidos pelas diversas fontes, e que trafegam e chegam aos centros de comando. A

tríade Capacidade Física- Capacidade Psicológica- Capacidade Analítica deve existir

para que uma força militar supere o inimigo e conquiste a vitória. De nada adianta uma

força ter soldados altamente adestrados e com altos padrões afetivos se os

comandantes forem incapazes de analisar a situação efetivamente e tomarem decisões

relevantes (com qualidade).

CLEMONS e SANTAMARIA (2002) descrevem os múltiplos níveis em que a

guerra toma lugar:

…No nível físico, é um teste de poder de fogo, tecnologia de armamentos, poder da tropa e logística. No nível psicológico ela envolve fatores intangíveis, tais como moral, liderança e coragem. No nível analítico, desafia a capacidade dos comandantes de avaliarem complexas situações no campo de batalha, tomar decisões efetivas, e formularem planos táticos superiores para realizar tais decisões (grifo nosso) (p.4).

Certamente, decidir em combate não é uma tarefa fácil, muito menos nos

cenários de combate modernos. Verifica-se que o perfil das operações mudou

sensivelmente, se comparado aos de algumas décadas atrás. VISACRO (2011, p.46)

chama a guerra moderna de Guerra da Era da Informação, e a antiga, de Guerra

Industrial. Entre as diversas peculiaridades da guerra moderna apresentados pelo

pesquisador, devem ser ressaltados: a. Flexibilidade e mobilidade das forças terrestres,

que permitem o pronto desdobramento para atender contingências específicas e

situações de crise localizadas, b. O soldado passa a ser visto como uma plataforma de

combate semi-autônoma, capaz de avaliar a situação tática, decidir e agir por conta

própria. c. Ocorrência da redução do ciclo decisório, com delegação de competência

aos escalões subordinados. d. Ênfase na luta pelo apoio da população, ao invés de

ênfase na aplicação do poder bélico convencional. e. Maior incidência de baixas entre

os não-combatentes. f. Batalhas eminentemente urbanas. g. Sobreposição, no tempo e

espaço dos aspectos políticos, estratégicos e táticos, permeando toda a estrutura de

comando, até os menores escalões. Pequenas ações adquirem repercussão política e

divulgação global. h. Indefinição dos limites temporais do início e término do conflito.

Indefinição do campo de batalha (ausência de limites). i. Simultaneidade de ações

militares de natureza distintas: operações de combate, ações humanitárias, contra-

insurgência, reconstrução de estados falidos, entre outras ações. j. Destacada

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participação de atores não-estatais, antes, durante e após o desdobramento das tropas:

mídia, organismos humanitários e agências do terceiro setor. l. Restrições legais para a

aplicação do poder de combate, e a pressão da opinião pública induzem a aplicação

seletiva e precisa da capacidade destrutiva com maior controle de danos e redução dos

efeitos colaterais. m. Operações de amplo espectro: operações ofensivas e defensivas,

operações de inteligência, operações especiais, guerra eletrônica, operação de

informações (operações psicológicas, comunicação social, assuntos civis), assistência

humanitária e operações de estabilidade e apoio.

Pode-se sintetizar o novo perfil da guerra como complexo (grande abrangência

de atores e ações), ambíguo (indefinição de limites entre tempo, espaço e atores) e

fluido (forte variação entre relevância das ações e a participação dos atores). Esse novo

perfil da guerra ocorre, em boa medida, pelo significativo desenvolvimento da

tecnologia aplicada ao combate, em especial as relacionadas à comunicação e

processamento de informações. As distâncias ficaram muito menores, a agilidade das

forças, muito maior. Em contrapartida, a mesma tecnologia permitiu o acompanhamento

das ações em tempo real pela mídia e pela opinião pública nacional e internacional,

restringindo a liberdade de ação dos governos, e das forças. Todo esse contexto

mostra que, cada vez mais, há uma baixa tolerância ao erro nas operações, e

especificamente, há uma baixa tolerância da opinião pública ao erro nas operações, e

especificamente, há uma baixa tolerância aos erros de decisão.

Todas as deficiências dos decisores (problemas de atenção, problemas de

memória, problemas de compreensão e problemas de comunicação), vistas

anteriormente, em cenários modernos de combate, serão amplificadas, e poderão

comprometer o bom discernimento, e a tomada de decisão. Todas as possíveis

complicações e dificuldades existentes em um cenário empresarial são agravadas nos

cenários de combate. Na maioria dos problemas militares há como componente além

da própria ação inimiga, o risco da perda de vidas humanas (militares e civis), eventuais

danos ambientais, restrições logísticas, além de outros fatores diversos e, muitas vezes

exclusivos para uma determinada operação militar. Há forte componente emocional:

uma derrota militar tática, a menor que seja, pode marcar o início do desastre de uma

campanha inteira, ou no mínimo, atrasar preciosas conquistas estratégicas. Pode

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significar a perda irrevogável de território de um país, de reservas econômicas

estratégicas. Pode significar também, a destruição de recursos logísticos inestimáveis.

Figura Nr 06 - Os três níveis de sistemas de uma Força Terrestre que operam em combate real: os Sensores, os Processadores e os Atuadores. É ressaltado aqui que vence o combate quem VÊ PRIMEIRO (através dos seus sensores diversos, satélites de vigilância, aeronaves de patrulha e reconhecimento e Veículos Aéreos Não Tripulados), quem ENTENDE PRIMEIRO (baseado nos dados coletados pelos sensores, e baseados no trabalho de analistas e em sistemas de análise e apoio à decisão), e AGIR PRIMEIRO (através dos seus sistemas de armas operados por especialistas)Fonte: Disponível em www.forte.jor.br. Acesso em 15 jan 2011

A história militar tem mostrado que nos vários escalões, o efeito cumulativo das

decisões tomadas diante das situações de combate resultou na vitória ou na derrota

militar. Não importa quão disciplinada e adestrada está a tropa (nível psicológico do

combate), ou quão equipada esteja (nível físico do combate). Se não houver um

conjunto de decisões oportunas e relevantes42 (nível analítico do combate), dificilmente

haverá à vitória militar de uma força operacional.

As decisões devem ser oportunas para permitir que os elementos de combate de

uma determinada força tenham tempo suficiente para ocupar a posição ideal em

relação ao terreno, inimigo e entre si, e relevantes para que seja alcançado o efeito

42 BAILLERGEON e colab. BAILLERGEON, Rick. SUTHERLAND, John. Tactis 101: 104. Decision-Making and the Power of CCIR. http://www.armchairgeneral.com/tactics-101-104-decision-making-and-the-power-of-commanders- critical-information-requirements.htm/1.

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desejado no combate. Devem permitir também que os elementos de apoio ao combate

empreguem a necessária alocação de meios nos pontos planejados para complementar

o esforço dos elementos de combate. E, além disso, permitir que os elementos de apoio

logístico possam se posicionar para prover o apoio crítico de meios, no lugar certo e no

tempo certo. Para que isso ocorra na maneira ideal, o comandante deverá ter

capacidade de visualizar antecipadamente as implicações dessa decisão43. Nessa

ocasião o comandante, normalmente tendo que exercer sua ação decisória em

situações de crise, com restrições de tempo e, sob pessoas, terá que escolher não a

melhor Linha de Ação, mas “aquela mais satisfatória” 44, baseada em informações

“incertas, incompletas, inconsistentes, e mutáveis” 45. Isso pode resultar, por parte do

comandante e do seu estado-maior, no atraso do entendimento de quais são ações

necessárias a tomar, ou até mesmo, de se tomar uma postura reativa e sem foco que

forçosamente resultará em uma derrota militar.

Mc NEILLY (2001) cita o resultado dos estudos de dois séculos de batalhas de

Trevor N. Dupuy e suas conclusões sobre as causas das derrotas militares, e que

lançam uma luz sobre a importância do processo decisório no resultado de um ação

militar:

Enquanto há algumas razões para a derrota que simplesmente estão além do

controle do comandante, tais como, chances desiguais (poder relativo de

combate inferior), tecnologia inferior ou simplesmente falta de sorte, há muitas

razões pelas quais o comandante é responsável […] tais como falta de

preparação, ser surpreendido, inteligência inadequada, planejamento pobre

(grifo nosso) e logística insuficiente.

Aqui fica evidente que a falha no planejamento tem um peso significativo para a

derrota militar. E no cerne de um planejamento fraco está um fraco processo de tomada

de decisão.

BAILLERGEON e SUTHERLAND enriquecem essa conclusão acrescentando

que, especificamente, o fraco entendimento do combate e a existência de idéias

43 Idem.44 ULLMAN, David G. Making robust decisions. decision management for techinical, business, & service teams. Trafford Publishing, 2006, p.53.45 Idem, p.26.

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compartimentadas dentro do estado-maior46 colaboram com esse planejamento pobre.

Os dois também estão relacionados a deficiências no processo decisório.

LUNDGREN (1999) sintetiza esse raciocínio:

“…Um dos maiores riscos que um soldado corre é proveniente de uma má decisão. Por isso, todos os exércitos do mundo dedicam estudos ao processo decisório. O oficial precisa saber decidir. Dele dependem muitas vidas...” (p. 6).

O oficial deve saber decidir, deve estar apto a decidir, e deve estar aparelhado

com os meios necessários para decidir, pois dele dependem muitas vidas (excelentes

profissionais, civis inocentes, entre outros).

Todo esse contexto mostra claramente que há uma forte demanda por estruturas

analíticas refinadas e eficientes, que possam aperfeiçoar as ações planejadas e realizar

uma experimentação consistente das Linhas de Ação selecionadas.

Diversos eventos históricos registram os chamados “erros de comando”, onde

estão apresentadas as conseqüências (em vidas, em material e na perda de batalhas

decisivas) de más decisões de líderes militares.

BAILLERGEON e SUTHERLAND afirmam que:

Nós podemos verificar em numerosas ocasiões na história onde a decisão de um comandante reverteu uma derrota certa em uma gloriosa vitória. Por outro lado, há quase a mesma quantidade de ocasiões onde a falta de uma decisão ou uma decisão feita muito tarde reverteram uma vitória certa em uma triste derrota.

Alguns exemplos podem ser citados em diversos escalões (estratégico,

operacional e tático): a Carga da Brigada Ligeira, o Assalto Britânico a Dieppe47, a

Tomada da Ilha de Creta pelos alemães, as decisões japonesas que levaram à Batalha

de Midway, a operação francesa em Dien Bien Phu, a batalha de Mogadíscio48, entre

vários outros casos

46 BAILLERGEON e colab. BAILLERGEON, Rick. SUTHERLAND, John. Tactis 101: 104. Decision-Making and the Power of CCIR. http://www.armchairgeneral.com/tactics-101-104-decision-making-and-the-power-of-commanders- critical-information-requirements.htm/1.47 Desastrosa operação militar ocorrida em 19 de agosto de 1942, durante a 2ª Guerra Mundial, onde quase 6.000 soldados aliados cruzaram o Canal da Mancha e tentaram um ataque anfíbio na costa da França ocupada pela Alemanha, na cidade portuária de Dieppe. Os objetivos não alcançados e dos 4.000 homens que atingiram a localidade, foram mortos ou capturados, conforme CARPENTER (2004, p.2).48 Parte da Operação Gotic Serpent conduzida por forces norte-americanas na Somália em 3 e 4 de outubro de 1993. Nessa Operação as tropas tinham a missão de capturar chefes guerrilheiros do clã do líder Mohamed Farrah Aidid. Foram utilizados na força de assalto em helicópteros e veículos, os quais foram emboscados na área urbana da cidade e tiveram pesadas baixas. Nota do Autor.

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Tabela Nr 01 – Alguns fatores de comparação entre os diversos escalões operacionais de uma Força TerrestreFonte: BRASIL (2008) e o autor

Ao longo da história, paralelamente, houve o despertar da consciência sobre a

necessidade da formulação de métodos que auxiliassem o processo decisório que

resultou na criação de um consistente processo militar de tomada de decisão. A

existência de um processo militar de tomada de decisão pode ser identificado há pelo

menos 2.000 anos49. No passado havia uma simplificação dos escalões de comando

militar e ocorriam poucas deliberações sobre a condução de operações militares.

Monarcas ou nobres podiam conduzir um conflito armado (os reis geralmente também

eram comandantes militares). As operações militares eram bem mais simples50.

Com o crescimento da complexidade da guerra surgiram novas necessidades

para os líderes militares ao planejarem o emprego de suas forças em campanha.

Forças cada vez maiores e dotadas de sistemas de armas que rompiam os limites do 49 MENTER, John M. The sustainment battle staff and military decision making process (MDMP)guide. Authorhouse, 2009, p.49.50 CARPENTER, Ronald H. Rhetoric in martial deliberations and decision making: cases and consequences. Columbia: The University of South Carolina Press, 2004, p.5.

Escalão

Profundidade

típica de uma

operação em

Km

Tempo disponível

para o

desencadeamento

das ações

Efetivo de

tropas

subordinadas

Peculiaridades

Exército de

Campanha

Variável Variável 100.000

homens

Segue uma Direção

Estratégica.

Divisão de Exército

65 km 48 horas 15.000

homens

Escalão a partir do

qual se permite a

combinação de

atitudes. Escolhe faixa

do terreno onde vai

atuar.

Atua a partir de uma

Direção Tática de

Atuação (DTA).

Brigada

8 a 10 km 12 horas 2.000 homens

Escalão normalmente

atua ao lado de outras

GU.

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alcance, precisão e letalidade passaram a demandar também uma estrutura de

comando mais elaborada. Com o tempo o conceito de processo militar de tomada de

decisão e sua metodologia foram sendo cristalizados.

Alguns desenvolvimentos no campo militar, como a evolução do conceito de

Estado-Maior surgiram a partir das Guerras Revolucionárias e Napoleônicas, entre o

final do Séc. XVIII e o início do Séc. XIX51. Tais avanços despertaram o interesse de

toda uma geração de pensadores militares na Europa num período de intenso vigor

criativo nos estudos da arte militar. Dentre eles destacou-se o prussiano Gerhard Von

Scharnhorst52. Scharnhorst percebeu que seria impossível o emprego das divisões e

corpos-de-exército com um líder militar sem o talento de Napoleão Bonaparte. Para

suprir essa deficiência concebeu a idéia de uma liderança coletiva e sistemática,

treinada segundo diretrizes comuns. Surgiu a partir daí a concepção do Estado-Maior

moderno.53 O esforço inicial de Scharnhorst, e outros visionários, resultou mais tarde no

Estado-Maior Prussiano (Generalstab), obra-prima de Helmult Moltke54.

Mas esse novo staff e o seu comandante militar necessitavam de algo mais que

diretrizes comuns para o planejamento, preparo e emprego das novas complexas e

numerosas formações militares. Havia a necessidade da criação de modelos analíticos

para o apoio à resolução de problemas militares. Um dos principais formuladores

teóricos sobre o assunto foi o barão Henri de Jomini55 (século XIX). A partir de

adaptações dos seus escritos (século XIX) foi criado o que se conhece atualmente por

51 HOFSCHRÖER, Peter. Prussian staff & specialist troops. 1792-1815. Oxford: Osprey Publishing, 2003, p.3.52 Schonenhorst foi Ministro da Guerra prussiano no início do século XIX. Nota do autor. 53 Segundo Mosqueira, (2001, p.24), o Estado-Maior surgiu como uma nova tecnologia de gerenciamento da guerra. Foi desenvolvido na Prússia no início do século XIX. Napoleão buscou desenvolver o conceito e criou as primeiras ações práticas, mas que tiveram pouco avanço. O nascimento do Estado-Maior é quase totalmente atribuído a Scharnhorst que criou em 1809 uma divisão especial encarregada da criação de planos de organização e mobilização, treinamento e educação em tempo de paz, preparação de estratégias e táticas, treinamento de oficiais em jogos de guerra e manobras de Estado-Maior. O Estado-Maior se caracteriza por um grupo de oficiais que compõem uma estrutura de assessoramento político e de comando em assuntos relacionados à preparação para a guerra, a administração, o ao planejamento e à coordenação das ações relacionadas ao emprego de uma força militar. 54 Helmut Moltke, estudioso de Clausewitz e Chefe do Estado-Maior do Exército Prussiano, entre 1857 e 1888. Moltke sistematizou o conjunto de atividades de planejamento para serem desenvolvidas por uma estrutura organizacional de assessoramento superior. Esta estrutura (Estado-Maior) deveria ser composta por oficiais especialmente treinados. Nota do autor.55 Antonie- Heri Jomini. Suíço, foi General do Exército Francês e posteriormente, assessor militar dos russos. Foi um dos mais celebrados escritores sobre a Arte da Guerra Napoleonica, além do mais influente autor militar do século XIX, conforme PROENÇA JR, (1999 p.56) apud CINELLI (2008, p.107).

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Processo Militar de Tomada de Decisão (Military Decision-Making Process) utilizado

inicialmente pelo Estado-Maior Prussiano de Moltke56. Atualmente adaptações e

versões desse processo são utilizadas por boa parte dos comandantes e estados-

maiores do mundo.

Seguindo esse entendimento, será a partir daqui aprofundado o estudo sobre um

dos maiores focos do presente trabalho, ou seja, o Processo Militar de Tomada de

Decisão.

Segundo MENTER (2009) o Processo Militar de Tomada de Decisão (Military

Decision-Making Process)

é uma abordagem sistemática para a solução de problemas militares, uma ordenada seqüência de eventos que ajudam aos planejadores (...) a aplicarem profundidade, claridade, julgamento, lógica e perícia profissional ao seu trabalho. Os planejadores militares podem usar esse método para, em tese: reconhecer e definir problemas relevantes; reunir informações para fazer pressupostos necessários para determinar o alcance do problema; desenvolver possíveis soluções para o problema; analisar e comparar possíveis soluções; e selecionar a melhor solução.

Este processo é contínuo e diretamente influenciado pelo tempo disponível para

planejamento, a urgência da situação e o julgamento do comandante.

Face ao que foi apresentado, vale dizer que atualmente ocorre um disseminado

emprego da ferramenta em várias forças militares no mundo. Mesmo assim, alguns

pesquisadores consideram que o Processo Militar de Tomada de Decisão já não

proporciona tempo necessário e informações detalhadas e relevantes para o

comandante seus Estados-Maiores, nos novos cenários de combate. Segundo

BANNER (1999) o método de Análise de Situação e Tomada de Decisão (military

decision making process - MDMP):

[...] se revela imperfeito e incompleto [...] o problema ocorre no desenvolvimento, comparação e seleção de uma linha de ação (LAç). [...] o sistema em vigor, com freqüência, não sistematiza a seleção da melhor linha de ação e, [...] não se presta para um processo rápido de tomada de decisão, quando necessário.... (p. 35).

Nesse ponto deve ser ressaltada a importância dos conceitos científicos e das

tecnologias aplicadas a eles. Verifica-se que em termos mundiais as empresas e as

56 MENTER, John M. The sustainment battle staff and military decision making process (MDMP)guide. Authorhouse, 2009.

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forças armadas buscam cada vez mais a adoção de novas metodologias para aprimorar

o seu planejamento de forma a reduzir as incertezas no processo decisório.57

Figura Nr 07 – Representação simplificada de um processo de tomada de decisãoFonte: o autor

3.1.2 Sistemas de Apoio à Decisão (Decision Support System - DSS)

“Na tomada de decisões os terríveis ‘Ses’ se acumulam. Sir Wiston Churchill”

“A guerra é o reino das incertezas. Faz-se mister aqui, pois, uma mente penetrante e lúcida, para encontrar a verdade através de habilidades nas avaliações.“ Clausewitz

A sociedade está sendo impactada pelo desenvolvimento tecnológico. Muitos

pensadores defendem a idéia de que se vive desde o final do século XX a Era da

Informação. É nítida a proliferação e a facilidade do acesso à informação. As distâncias

foram cabalmente diminuídas, e a o controle e disseminação passaram a ser

características daqueles que detêm o poder.

Dentre as mudanças ocorridas nesse novo cenário merecem destaque o

aumento da velocidade e da complexidade dos processos pessoais e institucionais. Uma

característica essencial desse período é, então, a grande disponibilidade e o fácil acesso

a dados. A conseqüência de tudo isso, segundo BOSSEL (1994), é que “a mente

humana é mal equipada para compreender, avaliar e predizer” (p. XIV) os dinâmicos

57 FALCONI, Vicente. O verdadeiro poder: práticas de gestão que conduzem a resultados revolucionários. Nova Lima: INDG Tecnologia e Serviços Ltda, 2009, p.49.

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processos desse mundo centrado na informação. Esse fato traz em seu bojo uma série

de demandas essenciais. Entre elas merece destaque a necessidade de processamento

de informações e da capacitação em análise. Seguindo esse raciocínio FALCONI (2009)

defende que:

A capacitação em análise já faz e fará cada vez maior diferença para pessoas, empresas e estados. Quanto mais farta e disseminada está a informação mais necessitamos da prática da análise em todas as profissões e em todas as organizações para conhecer a verdade dos fatos e tomar as decisões certas(grifo nosso) (p. 49).

Percebe-se que há nesse processo uma demanda crescente do conhecimento,

que é o produto da análise da informação e do emprego de suas ferramentas. Ocorrem

situações em que essas instituições fazem uso de técnicas de modelagem e simulação

para aumentar aprimorar a sua capacidade de análise, conforme a figura.

FALCONI (2009) ensina que:

Descarte defende o uso da intuição, que decorre do conhecimento inconsciente adquirido ao longo da vida. No entanto, não dá para administrar uma organização com base em opiniões. Para que a intuição, que é uma hipótese, não se torne uma opinião, é necessário que haja a confirmação da hipótese por meio da análise e conseqüente teste (grifo nosso) (p.59).

Face ao contexto apresentado (grande proliferação da informação e significativo

desenvolvimento das tecnologias de comunicação), as forças armadas terrestres em

âmbito mundial têm sido impactadas de maneiras diversas pelo fenômeno da

informação. O comando em combate e o processo militar de tomada de decisão são

áreas onde esse fenômeno tem trazido significativas mudanças. Essa nova concepção

da necessidade da análise e da busca do conhecimento é relevante porque no meio

militar, tradicionalmente, a decisão se baseia na intuição e na experiência dos

comandantes, e cada força realizará o processo de forma isolada. LORCH (2011)

acrescenta a isso que:

se no passado cada uma das [...] forças singulares realizava e sua atuação de forma individual, interagindo com suas co-irmãs num ambiente de apoio, hoje a fluidez da guerra exige uma interação cada vez maior num ambiente de atuação conjunto. O que demanda esse preparo, e acima de tudo, essa predisposição, é a rapidez com que a tecnologia disponível permite que se passe da tomada de decisão para o engajamento. As Forças Armadas começam a procurar meios de reduzir camadas de decisão visando a capacidade de reação cada vez mais imediata contra alvos cada vez mais furtivos e que se escondem em um TO muito confuso, superpovoado e vigiado pela mídia (p.70).

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Figura Nr 08 – Demanda crítica na Era da Informação, segundo FALCONI: Extração do conhecimento e novos resultados a partir da informação, através da utilização da análise da informaçãoFonte: FALCONI (2009)

Essas forças armadas mais desenvolvidas, atuando de forma conjunta, não

contam apenas com a intuição de seus comandantes no planejamento de operações.

Buscam digitalizar o campo de batalha, através de modernos sistemas de C3I58 para

alcançarem o domínio da informação, permitindo aos comandantes monitorarem as

ações de elementos de comando vários escalões abaixo na cadeia de comando59. Tais

atividades são apoiadas por técnicas de Inteligência Artificial, Pesquisa Operacional e

Mineração de Dados (Data Mining)60. Essas estruturas permitem aos comandantes

alcançarem o domínio da informação, permitindo a monitoração das ações de elementos

de vários escalões abaixo na cadeia de comando61. Fazem uso também das ferramentas

de análise para mitigar a saturação de dados provenientes de várias fontes, e para

otimizar o processo decisório. Verifica-se que o nível analítico da guerra está ganhando

58 DUNIVAN, (2004, p.6) explica que C3I (Comando, Controle, Comunicações e Inteligência) são os meios que provêm aos comandantes e líderes em todos os níveis a capacidade de gerenciar o combate ao permitir-lhes coletar, analisar, disseminar e agir em resposta à informação recebida do campo de batalha proveniente de diversas fontes. 59 Idem, p. 2.60 BOUKHTOUTA e colab. A survey of military planning systems. Defense Research and Development Canada – Valcatier.61 Idem, p. 2.

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cada vez maior importância no combate moderno62. Para dar suporte a essa realidade, a

chamada ciência da guerra, ocupa um papel cada vez mais destacado no suporte a esse

processo de decisão militar, com seu ferramental estruturado, analítico, quantitativo63.

Grandes avanços ocorridos na tecnologia da informação, em particular, nas

redes dos sistemas de comando e controle, nas tecnologias de sensoriamento e na

capacidade de processamento e armazenamento dos sistemas de informação têm dado

suporte64 a novos e radicais modelos de planejamento militar.

Mas quais são as peculiaridades desses sistemas Como são estruturados e o

que podem oferecer ao comandante e ao seu estado-maior?

Segundo BINDER (1994, p.10), Sistemas de Apoio à Decisão (SAD) são

quaisquer sistemas capazes de dar algum tipo de contribuição para o processo

decisório. Estes sistemas possuem as seguintes características: São utilizados para a

resolução de problemas mais complexos e menos estruturados que os demais. Estes

problemas são mais comuns no cotidiano dos executivos de alto escalão. Esses

sistemas buscam combinar modelos ou técnicas analíticas (métodos de gerenciamento)

com técnicas tradicionais de processamento de dados. O sistema deve permitir que seu

usuário possa aplicar aos dados, técnicas de análise qualitativa e quantitativa com certa

facilidade. Devem ser interativos, fáceis de usar e ter interface extremamente amigável,

através de ícones, e outras funcionalidades. Como as situações de tomada de decisão

são extremamente mutáveis, os sistemas de apoio à decisão devem acompanhar esta

tendência, sendo mais flexíveis e adaptáveis a mudanças no ambiente. A tomada de

decisão não é a única atividade de um gerente. Após a decisão tomada, ele necessita

de meios de distribuição eficientes, e os sistemas de apoio à decisão devem fornecer

62 Segundo DUNIVAN (2004, p.6), a Guerra da Informação, e uma de suas vertentes, a Guerra do Comando e Controle são novos conceitos que estão sendo experimentados e desenvolvidos. LENHOARD apud DUNIVAN define a Guerra de Comando e Controle como uma dimensão de conflito na qual as forças armadas opostas atacam os sistemas e os processos de informação uns dos outros enquanto protegem os seus. O propósito dessa ação é criar uma condição no campo de batalha na qual as forças amigas podem visualizar o campo de batalha, controlar suas forças eficientemente e agir eficientemente enquanto negam ao inimigo de fazer o mesmo. 63 O’HANLON, Michael E. The science of war: defense budgeting, military technology, logistics, and combat outcomes. Princeton University Press, 2009.

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subsídios para um rápido encaminhamento e implementação dos resultados obtidos a

partir da tomada de decisão.

Um SAD é composto de dois bancos: o de dados e o de modelos, e de três

subsistemas: sistema gerenciador de banco de dados (SGDB), sistema gerenciador de

modelos (SGDM) e uma interface amigável (Figura Nr 09).

Figura Nr 09 – Concepção dos componentes de um Sistema de Apoio à DecisãoFonte: BINDER (1994)

Um exemplo da relevante evolução dos Sistemas de Apoio à Decisão pode ser

verificado no desenvolvimento dos Sistemas Especialistas em Análise de mercado de

ações65 empregados por instituições financeiras em alguns países do mundo e também

no Brasil. É válida a análise desses programas, pois se verifica nas operação das

bolsas de valores algumas particularidades com operações militares reais: ambas

tratam de processos humanos com grande carga de incerteza e submetem os decisores

(investidor ou operador/ comandante militar) a ambientes operacionais extremamente

65 Segundo DEBASTIANI (2008, p.182), são programas de computador especializados em analisar dados do mercado financeiro e sugerir ao usuário posições otimizadas de entrada e saída em negócios, entre outras tarefas. Podem até decidir sozinhos, desde que programados para isso, por meio da interpretação de gráficos e números gerados por fórmulas estatísticas quais as ações de empresas mais promissoras e os momentos mais adequados para operar.

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complexos e estressantes. Os resultados das operações dependem de inúmeros

fatores e as decisões são tomadas sob fortes pressões e incertezas.

Em relação aos esses sistemas especialistas DEBASTIANI (2008) afirma que:

O avanço tecnológico que experimentamos nas últimas décadas nos proporcionou a capacidade de executar tarefas incríveis, antes consideradas impossíveis. [...] Com a facilidade de atualização de software [...] e o barateamento crescente das unidades de armazenamento de dados [...] somos capazes de criar bases de dados altamente complexas, integradas e retroalimentáveis (grifo nosso) [...] Hoje, as principais instituições financeiras do Brasil já se valem de sistemas especialistas, altamente customizáveis, capazes de efetuar, por exemplo, a análise do crédito necessário para a concessão de empréstimos, cartões de crédito e liberação de limites operacionais, além de permitir a prospecção de novos clientes por intermédio da análise massiva de dados coletados no mercado (grifo nosso). Tais sistemas só estão aptos a essas complexas tarefas, a as executam de forma tão acertada porque são alimentados por bases de dados extremamente detalhadas sobre o cliente [...] além de serem orientados por políticas de atuação cadastradas pela inteligência humana em bancos de dados modelados sob a forma de árvores de decisão(grifo nosso) (p.181-182).

Tais idéias deixam evidente o quanto a tecnologia da computação evoluiu nas

últimas décadas. Os SAD (acima chamados de Sistemas Especialistas) foram

beneficiados pela evolução da estrutura física da computação (processadores,

dispositivos de armazenamento de dados, redes, entre outros) e pela evolução das

concepções de sistemas de bancos de dados. Além disso, com o ganho em capacidade

de processamento e armazenamento de informações trouxe maior qualidade e

escalabilidade dos métodos estatísticos66. Isso ressaltou o papel da ferramenta não

apenas como meio de acompanhamento de processos, mas também como meio de

análise da probabilidade da ocorrência de ventos, e a escolha de uma linha de ação

otimizada. Portanto, na prática, o decisor humano já pode ser substituído por esses

sistemas em algumas situações com certo grau de complexidade.

Ainda fazendo uso da experiência do Mercado de Ações, verifica-se atualmente

a criação do conceito de Algotrading, ou Algorithmic Trading. Este é, de acordo com

KOELHER, (2010, p.41), o uso de programas de computador para o envio e execução

de ordens de negociação com base em algoritmos (conjunto limitado de instruções bem

definidas e não contraditórias entre si onde são baseados os programas em

66 DEBASTIANI, Carlos Alberto. Análise técnica de ações: identificando oportunidades de compra e venda. São Paulo: Novatec Editora. 2008, p.79.

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computador) previamente definidos pelo usuário, levando-se em conta uma série de

fatores que ele define, como por exemplo: preço de compra, venda, variação pretendida

pelo papel, volume de negociação, liquidez, entre outros.

Mas, quais são as deficiências desses sistemas? E seus pontos fortes?

DEBASTIANI (2008) ensina que:

Sistemas especialistas em análise de mercado não são infalíveis, e nunca serão, já que os métodos utilizados [para a análise do mercado financeiro], ou seja, a análise técnica [criada pelo ser humano], não é infalível. No entanto, eles têm pontos fortes [...]: a precisão (típica do computador), a escalabilidade (provida pela capacidade de processar grande quantidade de dados em pouquíssimo tempo) e a completa ausência de emoções (o ponto mais importante, já que a emoção é o principal fator que leva ao fracasso muitos investidores) (grifo nosso). [...] Conheço vários analistas de mercado e administradores de carteira que se valem de sistemas computadorizados complexos em suas tomadas de decisão. Alguns deles são altamente especializados e seus usuários, normalmente operadores profissionais, chegam a confiar cegamente nas indicações do software, operando quase mecanicamente (p.183).

Baseados nas observações acima se verifica que os SAD podem cometer falhas.

Isso ocorre não necessariamente devido a deficiências do próprio sistema, mas sim dos

métodos, dos parâmetros e da base de dados que podem ser inseridos nesses

Sistemas. Além disso, muitas vezes, não conseguem indicar variações bruscas do

mercado.

Entretanto, ao serem levantadas as vantagens dos Sistemas Especialistas, e dos

SAD verifica-se que elas se destacam: a primeira é a escalabilidade, ou seja,

capacidade que esses sistemas têm de operar durante vários períodos sem

interrupção, e fazer tarefas complexas de forma simultânea.

KOELHER (2010) afirma que:

O sistema (algotrading) acompanha às sete horas de pregão sem interrupção alguma, podendo fazer até um bilhão de contas por segundo. ‘Não há operador humano que consiga fazer tantas contas assim para avaliar o momento certo para entrar e sair de um papel’ (grifo nosso) (p.41).

A segunda vantagem é a capacidade de operação isenta de emoções. A

interferência das emoções, conforme visto anteriormente pode conduzir a significativos

erros de decisão. No mercado de ações a interferência da emoção é considerada como

uma das maiores causas de decisões erradas e, em conseqüência, prejuízos de

investidores. É muito comum, após a compra da ação, os investidores inexperientes

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prosseguirem com o papel, mesmo que todos os indicadores (técnicos ou

fundamentalistas) estejam sugerindo que é hora de vender. Esses investidores ficam

paralisados diante da queda dos preços, e não conseguem decidir. DOUGLAS apud

TRAMUJAS (2010, p.34), baseado em pesquisa de opinião com operadores norte-

americanos, concluiu que “80% das operações no mercado de ações dependem do

controle emocional”.

DEBASTIANI (2009) sintetiza o poder desse tipo ferramenta quando descreve a

capacidade de um sistema de apoio à decisão empregado na análise de preços de

ações:

Posso citar o sistema automatizado que utilizo, capaz de processar cotações de mais de 600 ações, considerando o período histórico de seis meses, calculando mais de uma dezena de indicadores técnicos para cada uma delas, necessitando apenas de pouco mais de 15 minutos para realizar todo esse trabalho. Não bastasse isso, o software é capaz de fazer uma pré-análise dos indicadores que ele mesmo gerou, avaliar o grau de liquidez dos papéis, as possibilidades de reversão nas tendências e ainda traçar objetivos de lucro ou de prejuízo ao interpretar as linhas gráficas (grifo nosso) (p.79).

Outras vantagens desses SAD também são citadas como grande agilidade

operacional, grande capacidade de identificação de oportunidades, a flexibilidade, entre

outras. Enfim, como vantagens apontadas com a utilização desses Sistemas se têm a

redução dos processos manuais, a redução de erros humanos e o aumento do nível de

segurança das operações. Ou seja, isso se traduz em um significativo aumento de

produtividade.

Um exemplo de sistema de apoio à decisão moderno são os Algotrading

empregados em conjunto com plataformas de análise gráficas para investidores de

bolsas de valores (Figura Nr 10).

Normalmente nessas plataformas encontramos o gráfico da variação do preço da

ação (A) e três tipos de estudos do comportamento dos preços (B), (C) e (D). Os

algoritmos podem realizar o chamado AUTO-ESTUDO, ou seja, o próprio sistema pode

realizar uma pré-análise própria, de forma a otimizar um resultado pretendido. Pode

fundir esses estudos e sugerirem pontos ideais de entrada (compra) (E) e saída (venda)

(F). Também podem possuir regras condicionais de confirmação (Ex: há o volume de

compras maior do que o dos últimos dias? a barra de fechamento de hoje está maior do

que a de ontem? etc) e condições de confirmação embutidas (Ex: comprar se a barra

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for positiva, comprar se o volume for maior do que os últimos dias, comprar se o desvio

padrão estiver se estreitando, se não houver sinais claros manter a última posição, etc).

No caso acima, isso se faz através do código de cores. Verde é COMPRAR, Vermelho

é VENDER.

Figura Nr 10 - Um exemplo de sistema de apoio à decisão moderno são os Algotrading empregados em conjunto com plataformas de análise gráficas para investidores de bolsas de valores. Vemos nele o gráfico da variação do preço da ação (A) e três tipos de estudos do comportamento dos preços (B), (C) e (D). Os Algotrading podem fundir esses estudos e sugerir pontos ideias de entrada (compra) (E) e saída (venda) (F). Podem, inclusive, realizar ordens de compra e venda de ações sem a interferência humana.Fonte: Disponível em www.tradergrafico.com.br. Acesso em 10 fev.2011.

As idéias acima são um pequeno exemplo de como os SAD têm evoluído e

ganho poder, graças à diminuição dos custos e o aumento da capacidade de

processamento e armazenamento. E isso tem impactado positivamente na capacidade

de tomada de decisão de diversos tipos de lideranças, pois mitiga algumas dificuldades

naturais do decisor humano, tais como a interferência das emoções (pois sistema

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através da análise mecânica da situação baseada nos parâmetros previamente

estipulados é imune a situações de pressão emocional e stress) e dificuldades de lidar

com a complexidade e múltiplos fatores (pois um SAD desde que tenha os parâmetros

certos e as funções adequadas utiliza todo o poder computacional para acelerar e dar

precisão ao processo decisório). Trazendo para a realidade dos sistemas de apoio a

decisão militares essas duas vantagens dos SAD são bastante atrativas.

Conforme tratado anteriormente, as novas demandas do combate moderno têm

trazido demandas sem precedentes para a qualidade e rapidez das decisões. E ao

contrário do que se possa imaginar, a grande disponibilidade de informação não trará

melhor capacidade do decisão para os chefes militares. Segundo GARRET (2000):

“Essa nova era de entendimento situacional aumenta o volume de informações, mas o campo de batalha amplificado, o ritmo de combate acelerado e o ciclo compactado poderão exacerbar a incerteza e a ambigüidade – a confusão da guerra (grifo nosso). Claramente, os sistemas de tecnologia da informação produzem informações num volume bem maior e de maneira infinitamente mais rápida do que um comandante ou estado-maior pode analisar. (grifo nosso) [...] O tempo ganho com a tecnologia pode ser perdido com uma disfuncional interface homem-máquina” (p.11).

Desse quadro resulta em um significativo impacto no componente humano

devido a suas limitações, inclusive a capacidade de analisar e discernir, e a capacidade

de decidir dos comandantes será bastante degradada. Essa saturação de dados, e a

restrição de tempo (ciclos de decisão menores) em acréscimo às naturais dificuldades

do ciclo decisório em combate, redundarão em aumento do stress, fadiga e

desorientação.

Desta forma, MOSQUEIRA (2001) afirma que:

Possuir uma adequada ferramenta para estimar as possibilidades de sucesso tático é essencial. Nesse sentido, a decisão política de fazer a guerra deve ser instruída por uma avaliação fundamentada da capacidade combatente das forças no cumprimento de suas missões. Isto implica dizer que as forças devem possuir expectativas realistas de seus próprios desempenhos (p.3).

Em vista disso, modernas forças militares realizam pesquisas e programam

projetos avançados patrocinados por seus governos com o intuito de adaptarem a sua

doutrina de emprego, os seus meios e, a forma como combatem em situações reais, às

novas realidades do combate moderno. No cerne dessas ações está o aprimoramento

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dos processos de Comando e Controle67, merecendo destaque a forma como

comandantes planejam operações e as decisões são tomadas em combate. Para isso

aplicam a Ciência e a Tecnologia (C&T) na gestão dos processos operacionais (durante

um conflito) através da utilização de um conjunto novos conceitos e de ferramentas

tecnológicas com a finalidade de acelerar e dar mais precisão68 ao processo decisório.

O emprego dessas ferramentas para o suporte à decisão é chamada de análise

do combate.69 A figura Nr 13 revela o emprego da análise de operações no nível

estratégico de planejamento de operações, e como esta atividade permeia as várias

instâncias de poder político dos Estados Unidos. Esse ferramental analítico tem um

papel fundamental de se visualizar os efeitos dos intrincados sistemas de sensores,

processadores e atuadores na realidade do combate moderno, em particular (1996).

HILLESTAD informa que a estrutura militar e a defesa estratégica dos Estados Unidos

têm sido bastante afetada pelo emprego de modelos em computador.

Essa capacidade de análise se baseia numa complexa estrutura que integra

Centros de Treinamento de Combate (Combat Training Center), equipes de coleta de

dados, centros de análise de dados e de modelagem e simulação. Além disso, vários

conceitos e soluções tecnológicas têm sido desenvolvidos e executados com o objetivo

de aprimoramento do processo de comando e controle e tomada de decisão. Além do

emprego de ferramentas da Análise Operacional, estão sendo desenvolvidos novos

apoios à decisão com o fim de aperfeiçoar a capacidade decisória. Como exemplo,

temos os conceitos e as metodologias de Operações Baseadas em Efeitos (Effects

Based Operations - EBO), Sistema de Análise de Sistema (System of System Analysis -

SoSA)70 e o mais recente conceito do Design Operacional71.

67 Para essa restruturação foi fundamental a criação do conceito de Guerra Centrada em Redes de informações (Netcentric Warfare) em oposição ao antigo conceito de guerra centrada em plataformas de armas. 68 KATSANOS, Anastácio. O “novo” mercado de defesa mundial. Revista Força Aérea. Rio de Janeiro, 2009, p.12.69 De acordo com o DoD Trainning with Simulations Handbook, a Análise é uma categoria ampla de estudo e investigação a qual inclui apoio para o processo de tomada de decisão tático, operacional e estratégico, é uma das cinco disciplinas funcionais na Modelagem e Simulação em categoria e propósito.70 RUBY, Tomizlav Z: Effects-based operations: more important than ever. Parameters, Carlisle Barracks, Autumn 2008.71 CARDON, Edward C; LEONARD, Steve: Unleashing design: planning and the art of battle command. Military Review, Fort Leavenworth, p. 2-12, march-april. 2010.

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Figura Nr 11 – A informação tem impactado o comando em combate e o processo de tomada de decisão

Fonte: Disponível em www.saabgroup.com. Acesso em 14 fev. 2010

As ferramentas utilizadas como auxílio ao processo de tomada de decisão, nesse

contexto, estão sendo aprimoradas e ganhando novas capacidades. Esse esforço de

atualização tem direcionado o foco para a atualização de modelos empregados no

processo de decisão e no desenvolvimento de programas de computador para apoiar

esse processo. Em relação ao segundo foco, o desenvolvimento de programas

computacionais em apoio à decisão, departamentos de defesa de vários países têm

destinado quantias significativas para a pesquisa e desenvolvimento de sistemas

baseados em modelos de suporte à decisão (um dos tipos de modelos de suporte às

operações). Há hoje um entendimento da importância, da confiabilidade e do impacto

do emprego desses sistemas em suporte à decisão militar em combate, combinados

com modernos sistemas de comando e controle. Especificamente, uma das mais

importantes ferramentas de auxílio à decisão agregadas aos sistemas de comando e

controle são os sistemas de simulação construtiva72.

72Também são chamados de Simulação de Apoio à Decisão(Decision Support Simulation – DSS), de acordo com KONERT (2009).

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Figura Nr 12 - Alguns exemplos de produtos disponibilizados por Sistemas de Informações Geográficas (SIG) utilizados nas atividades de análise. No exemplo o sistema CTISS (Combat Terrain Information Sistems) norte-americanoFonte: Disponível em http://www.agc.army.mil/ctis/software/TDA/index.html. Acesso em 12 ago. 2009

Os sistemas de simulação de combate construtiva empregados como SAD têm

trazido um ganho significativo no processo de tomada de decisão. Tanto no processos

de avaliação de doutrina quanto no processo de planejamento militar em operações

esse sistema tem cada vez mais ocupado papel um papel central. Graças à chamada

revolução na tecnologia da informação ocorrida nas últimas décadas do século XX, o

emprego da Simulação de Combate pôde finalmente ter a sua utilização potencializada.

Nessa revolução ocorreu um amadurecimento e convergência de tecnologias que

deram suporte a conceitos inovadores de emprego operacional. A simulação construtiva

pôde ser apoiada por sofisticados sistemas de informática, protocolos de comunicação

e programas de computador. Com isso ganhou poder de processamento que resultou

em um maior realismo na representação das interações do campo de batalha.

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PAÏTARDE (2005) assegura que:

“As complexidades da Guerra moderna ditam que as abordagens tradicionais não são suficientes e necessitam ser suplementadas pelas ferramentas de modelagem e simulação. A ACT (OTAN) prevê um aumento no uso da simulação nas missões de análises (de operações) (grifo nosso), desenvolvimento de conceitos, experimentação, exercícios, treinamento e educação.”

De fato, nessa nova estrutura, a simulação construtiva está apenas

reconquistando a importância que já teve, desde sua criação no início do século XIX,

quando foi utilizada em auxílio às grandes decisões militares no passado. Atualmente a

simulação de combate está sendo aprimorada e otimizada através de avançados

sistemas computacionais e de redes de informação, metodologias de coleta e

tratamento de dados, e recebe papel cada vez maior na estrutura de suporte à decisão

dos exércitos modernos, como ferramenta para análise do combate.73

Esses sistemas de simulação construtiva, dotados de múltiplas finalidades, não

só os de analisar operações em suporte à decisão, atualmente já estão disponíveis em

forças militares. Desenvolvidas na forma de caros e complexos sistemas de simulação.

Tais programas baseiam-se em detalhados algoritmos amplamente testados e

validados que representam interações entre modelos de tropas e, bancos de dados

com informações coletadas em combate real e detalhes de armamentos. Esses meios

que dão suporte ao processo de tomada de decisão são utilizados atualmente para a

“análise de situação, planejamento, tomada de decisão e controle das operações”

KONERT (2009, p.28).

As ferramentas de apoio à decisão em questão equacionam problemas militares

e apresentam o resultado, entre outras maneiras, na forma da probabilidade do evento

ocorrer. Peck dá um exemplo prático de como isso ocorre:

“... Vamos dizer que um batalhão ataque outro. Nossos algoritmos e experiência do mundo real podem sugerir que o atacante tem 90% de chance de destruir um sistema particular...” (grifo nosso).

73 Metodologia onde são estudadas as potenciais implicações de várias Linhas de Ação (LAç). Pode ser obtida através do emprego de simulação ou de rigorosa análise estatística e matemática.

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Figura Nr 13 – EUA. Um exemplo do grau de importância que é dada à atividade de Análise de Operações, a qual é empregada em apoio à decisão desde o nível de alta estratégia até o nível tático. Entre essas ferramentas estão os sistemas de simulação de combateFonte: PRZEMIENIECKI

Os países desenvolvedores da tecnologia, em um futuro próximo, pretendem até

mesmo obter uma capacidade de predição das ações do inimigo através da integração

de sistemas de reconhecimento e vigilância, modelos e sistemas de simulação, todos

conectados em centrais de comando e controle de abrangência global74. COLLIER

(2000, p.35) informa que este sistema teria a capacidade de desenvolver as suas

próprias L Aç como um jogo de xadrez computadorizado. A conseqüência disso seria a

obtenção da capacidade de prever e superar a manobra do inimigo no campo de

batalha, como também, quebrar o seu ciclo de decisão75.

74M&S-predicting the future in network-centric operations,2005, p. 18.75ibidem.

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Figura Nr 14 - Algumas possibilidades da atividade de análise em operações militares (algumas delas já são realizadas ou estão em estudo pelo EB). Em destaque a análise de operaçõesFonte: O autor

3.1.3 Modelagem e Simulação

“Conheça o seu inimigo, conheça a si mesmo: sua vitória nunca será

ameaçada. Conheça o terreno, conheça o clima, sua vitória será total”.

Sun Tzu

O emprego da metodologia, das técnicas e dos sistemas de simulação

construtiva busca mitigar deficiências comumente verificadas ao longo da análise e

planejamento militares. ACKOFF (1977) apud MOSQUEIRA (2001, p.87) afirma que na

análise científica de problemas militares, por exemplo, a experimentação é impraticável

ou impossível. Para sanar essa dificuldade, em tempo de paz, são utilizadas

representações do sistema analisado através de técnicas de modelagem, como parte

de um método de pesquisa. Com isso se deixa de depender da experimentação no

sentido estrito, que só poderia ser realizada da forma ideal durante o combate real.

Entretanto, deve-se ter em mente que os modelos utilizados nesse tipo de análise

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apresentam uma série de limitações. Estes são representações simplificada da

realidade, e o essencial é que se preste para o uso que se pretende fazer dele76.

Figura Nr 15 – Comparação da realidade e a representação da relação do conceito de modelo (representa apenas uma parcela da realidade) com o conceito da simulação (interação de modelos ao longo de um período de tempo) e o conceito de simulação de combate (simulação de um conflito armado)Fonte: CAFFREY (2008)

De acordo com ROSA (2009):

Teoricamente, nós podemos criar modelos de qualquer coisa, desde o efeito de uma arma nuclear numa cidade, até o efeito psicológico de um grupo criminoso atuando em uma sociedade. Então a questão toda é [...] o grau de fidelidade que esse modelo vai ter, e [...] todos os resultados são resultados, mas alguns resultados são úteis. [...] mas todos os resultados são errados, [...] mas com certeza, na medida em que seu modelo vai se aprimorando, o resultado vai ser menos errado, por exemplo, quando a NASA (National Aeronautics and Space Administration – Administração de Espaço e da Aeronáutica norte-americano) faz um modelo para a missão em Marte, aquele modelo ali (es)tá errado, não é perfeito, há alguns erros no modelo, mas ele é razoável.

Merece ser destacado que todos os resultados apresentados pelos modelos são

incorretos. Somente um modelo perfeito, cujo custo e capacidade de processamentos

envolvidos seriam imensos, poderia produzir dados corretos. Porém, mesmo com essas

limitações os modelos podem ser utilizados para se chegar a conclusões efetivas e que

tenham impacto na conclusão da análise.

Conforme visto anteriomente, entende-se que a simulação é um processo

artificial que tem por objetivo recriar um processo real (histórico ou hipotético), ao longo

de um período de tempo, em um determinado cenário. Para isso, emprega a interação

entre diversos modelos em um cenário, e ao longo de um intervalo de tempo. A

76 MOSQUEIRA, Mauro Guedes Ferreira. Método para a obtenção de padrões de medidas de desempenho de unidades da força terrestre. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) -Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001.

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simulação construtiva é, dessa forma, a recriação em um cenário e através do tempo

das características e ações essenciais de um determinado processo ou sistema,

através da interação de modelos (em um ambiente em escala), podendo haver ou não a

interação humana.

Figura Nr 16- Representação do processo de modelagem. Em (A) as características e atributos essenciais de uma subunidade blindada são transformados em um modelo, representado por um ícone, na interface do sistema de simulação construtivo. Em (B), algumas conclusões podem ser tiradas do comportamento dessa subunidade blindada real a partir da interação desse modelo com outros modelos (engajamento, entre outros) no cenário representado Fonte: O autor

Os modelos, portanto, podem ser empregados sem as simulações, ou podem dar

suporte ao funcionamento dessa ferramenta. Quando empregados nas simulações os

modelos incorporam tempo e as mudanças que ocorrem ao longo do tempo, e são

chamados de modelos de simulação77. Um modelo discreto é aquele que muda apenas

em pontos discretos ao longo do tempo, não continuamente. Quase todos os modelos

baseados em eventos discretos são estocásticos, ou seja, contêm alguns componentes

que são modelados como uma distribuição probabilistica. Isto insere uma variação

77 II, John S. Carson. Introduction to modeling and simulation. In: Proceedings of 2003 Winter Simulation Conference, p.1.

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randômica dentro do modelo, gerando, com isso, uma experimentação estatística 78.

Com isso, os resultados necessitam de algum tipo de análise estatística para

apresentar conclusões válidas.

Domínio Atividades do domínio Tipo de Simulações e

Simuladores empregados

Treinamento, Exercícios e

Operações Militares.

Treinamento individual e coletivo

Exercícios do Exército

Exercícios conjuntos e combinados

Ensaio de missões (Mission

Rehearsal) (grifo nosso)

Planejamento de missões (grifo

nosso)

Sistemas de simulação

Modelagem e Simulação de

Treinamento.

Requisitos e Conceitos

Avançados.

Desenho de força (Force design)

Requisitos operacionais

Experimentos de combate.

Simuladores reconfigurados

Modelagem e simulação

construtiva.

Pesquisa, Desenvolvimento

e Aquisição.

Pesquisa básica aplicada

Desenvolvimento de sistemas de

armas

Teste e avaliação.

Protótipos de sistemas

Modelagem e Simulação de

Engenharia e Física

Avaliação de Danos em tempo

real.

Tabela Nr 2 - Domínios da Modelagem e Simulação no Exército Norte-AmericanoFonte: ESTADOS UNIDOS (1999)

A simulação permite a realização de experimentações com os modelos

representando sistemas reais, ou seja, permite que as dinâmicas de um sistema sejam

estudadas79. Graças ao processo artificialmente criado através da simulação, a

princípio, se pode extrair conclusões sobre prováveis eventos reais do cenário

trabalhado. Nesse prisma, a simulação é utilizada para descrever e analisar o

comportamento de um sistema, responder questões do tipo “o que aconteceria se”

sobre sistemas reais, perguntas típicas da lateralização do pensamento (Teoria do

Pensamento Lateral de Edward de Bono). E na prática, pode ser usada para a

visualização do futuro comportamento desse sistema, e determinar quais serão os 78 Idem.79 Ibidem.

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prováveis desdobramentos a partir do seu comportamento futuro. Isto possibilita a

identificação das mudanças necessárias que ajudarão ao sistema atuar da maneira

como se deseja, além de identificar e quantificar os riscos associados com uma conduta

em particular80. Essa capacidade de representar possíveis cenários futuros a partir de

uma situação operacional distingue e destaca a simulação entre outras ferramentas de

análise, e é a razão que a faz ser uma das ferramentas de análise de maior emprego e

confiabilidade.

De acordo com DUNNINGAN (1992) P.207 ensina que os sistemas de simulação

construtiva mais eficientes são aqueles baseados em dados históricos. Houve algumas

tentativas de se empregar sistemas baseados cenários hipotéticos puramente

estruturados em ferramentas de Pesquisa Operacional. Nos EUA os resultados

apresentados por esses sistemas foram inferiores aos resultados apresentados pelos

sistemas baseados em dados históricos. DUNNINGAN (1992) explica que isso se deve

ao fato dos sistemas hipotéticos não são capazes de modelar com maior precisão todos

os caóticos eventos que ocorrem no combate.

No bojo dessas considerações, e com a finalidade de se padronizar os conceitos

empregados no presente trabalho, deve se diferenciar a atividade de simulação

construtiva (Wargaming), da atividade militar de se realizar o Jogo da Guerra

(wargaming) e dos sistemas de simulação (wargame). Para fins do presente trabalho a

atividade de simulação construtiva (Wargaming) é o processo em si, e é parte de um

ferramental maior de técnicas úteis para o entendimento da guerra81.

DUNNINGAN (1992) define Wargaming como simulação de um conflito militar

usando tanto figuras em miniatura, cartões e tabuleiros de jogo (wargame). Sendo essa

atividade considerada um meio para ensinar estratégia e táticas a oficiais. Já os

sistemas de simulação (wargame) dão vida ao Jogo da Guerra, ou seja, a atividade de

se buscar visualizar o desenvolvimento de uma manobra militar (wargaming), e realizam

a atividade de simulação construtiva (Wargaming). Portanto, o wargame dá suporte,

serve de cenário para a atividade de simulação construtiva (Wargaming), constituindo-

80GOLDSIM TECHNOLOGY GROUP. When to use simulation. Disponível em:<http://www.goldsim.com/Content.asp?PageID=471> Acesso em: 25 mar. 2009.81 PERLA, Peter P. The art of wargaming: a guide for professionals and hobbyists. Naval Institute Press, 1990, p.7.

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se de meio físico ou eletrônico através do qual a simulação vai ser desenvolvida e

apresentada. Possibilita, então, ao planejador militar realizar o Jogo da Guerra

(wargaming).

Figura Nr 17 - Diferenciação entre o processo de simulação e os sistemas de simulação de combateFonte: O autor

Existem diversas tarefas nas quais os sistemas de simulação são empregados

diretamente ou indiretamente. A simulação construtiva tem sido empregada, desde a

criação do primeiro sistema de simulação como uma ferramenta de treinamento.

PERLA (1992) nos ensina que:

“… Os sistemas de simulação construtivos têm sido tradicionalmente utilizados para auxiliar os oficiais mais modernos na aquisição das habilidades necessárias para o exercício de comandos superiores dando proporcionando uma pequena amostra dos problemas e oportunidades do comando de exércitos e frotas...” (p.6).

Mas apenas empregar a simulação para esse fim é prescindir de todo o potencial

da metodologia e dos sistemas que a suportam. Esse não é a única forma de emprego

possível para essa ferramenta. A metodologia da simulação construtiva, expressa

através dos sistemas de computação são ferramentas bastante poderosas para inferir

insigths sobre a dinâmica da guerra.82 Nesse sentido, PERLA (1992) defende que:

“… A simulação construtiva lidando com situações militares futuras e atuais pode ajudar a explorar as implicações potenciais de várias linhas de ação (L

82 Idem, p.9.

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Aç), e pode levantar importantes perguntas cujas respostas só podem ser encontradas em operações militares reais, em exercícios ou através de cuidadosa e rigorosa análise matemática. […] Eles podem ajudar a comandantes e estados-maiores a experimentarem a tomada de decisão sob condições que são difíceis ou impossíveis de reproduzir em tempo de paz. […] Eles podem ajudar aos analistas militares a explorarem a viabilidade e implicações de planos estratégicos alternativos, conceitos de operações ou inovações tecnológicas. Finalmente, os sistemas de simulação provêm um fórum único para comunicar idéias de maneiras vívidas e memoráveis, e para discutir a validade e a aplicabilidade dessas idéias em uma maneira mais empírica e menos abstrata” (p.9).

Além dos sistemas de simulação de combate construtivos servirem de apoio ao

adestramento de oficiais, onde tem o seu emprego mais disseminado83, tem crescido a

sua importância como meio para o desenvolvimento de doutrina militar. O

desenvolvimento doutrinário surge a partir da necessidade de missões ou capacidades

de uma força militar, e os sistemas de simulação são empregados para, inicialmente,

explorar o problema militar, levantar novas questões e excluir opções. Nesse momento

são geradas hipóteses, identificados problemas e avaliadas diferentes abordagens.

Então é testada a viabilidade dessas hipóteses em exercícios na carta topográfica,

onde novas questões são levantadas. Exercícios ao vivo no terreno são então

planejados para desenvolver ou confirmar o que já tinha sido aprendido e funcionado no

exercício na carta e nas fases anteriores. Esse processo é dinâmico, pois os exercícios

na carta e as manobras no terreno podem levar a novas idéias e a mais simulações,

tanto construtivas quanto ao vivo. Pode ocorrer também nesse processo o abandono de

novos conceitos se estes se revelam impraticáveis ou menos efetivos do que o

esperado. Busca-se, assim, validar a doutrina resultante tendo por base seu

desempenho nas simulações de combate.

Atualmente modelos e simulações militares, juntamente com analogias históricas

e avaliações de profissionais militares baseadas na experiências são os principais

meios para a avaliação e solução dos grandes problemas militares enfrentados pelas

potências mundiais. 84 SHIMAMOTO ensina que “as forças armadas de algumas

83 CARTER, Daniel S. Innovation, wargaming, and the development of armored warfare. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) - Massachusetts Institute Of Technology, Massachusetts, 2005, p. 17.84 BIDDLE, Stephen. Military power: explaining victory and defeat in modern battle. New Jersey: Princeton University Press, 2004, p.1.

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nações experimentaram benefícios do emprego da simulação de combate dirigida por

computador para treinar oficiais, ensaiar futuras missões e explorar táticas.

Mais à frente serão apresentados alguns eventos históricos onde esse processo

foi empregado, trazendo várias inovações doutrinárias.85 Além da validação de doutrina

os sistemas de simulação construtivos são empregados no planejamento de operações

militares. 86 Na prática os dois processos são bastante semelhantes.87 Nesse caso

planos de campanha específicos são inseridos no sistema de simulação e novas

possibilidades operacionais podem ser sugeridas, possivelmente algumas que são

extremamente inovadoras. 88

Ultrapassadas as questões iniciais, serão abordadas questões da estrutura dos

sistemas de simulação construtivas. Uma das mais fundamentais diz respeito à forma

como o sistema é apresentado e tornado concreto, ou a partir de que meio interage

com os usuários. O sistema de simulação construtiva (wargame) pode se apresentar de

forma concreta, como por exemplo, tabuleiros representando cartas topográficas ou

modelos imaginários ou idéias de terreno e modelos de unidades militares reais ou

fictícias em madeira. Porém, com o progresso tecnológico surgiram novas formas para

representar uma simulação construtiva. O meio que melhor aperfeiçoou o processo foi o

computador. Segundo Bossel (1994, p.1) este “pode rastrear a multidão de implicações

de complexos relacionamentos e suas conseqüentes dinâmicas com muito maior

confiabilidade do que a mente humana”. Atualmente essa é a forma mais adotada no

desenvolvimento de sistemas de simulação profissionais.89

Mas de fato o que é o atual sistema de simulação construtivo baseado em

programa de computador? Estruturalmente um sistema de simulação construtivo é,

normalmente, formado por um conjunto de programas que funcionam em conjunto

(pacote executável). O conjunto desses aplicativos se insere nos chamados domínios

de programas, usualmente em número de dois: o domínio-simulação, onde estão

contidos todos os modelos e a sua estrutura de funcionamento, e o domínio-plataforma,

85 Idem p.16.86 Ibidem p. 15.87 Ibidem p. 17.88 Ibidem p. 17.89 Sistemas de Simulação Construtiva desenvolvidos e utilizados por profissionais de defesa. São empregadas vultosas quantidades de recursos de pessoal e material em seu desenvolvimento e emprego. Nota do autor.

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que provê a interface entre o usuário e o computador, e ajuda aos analistas e outros a

inserirem dados e a visualizarem os resultados processados de forma gráfica e visual.

Os sistemas de simulação construtivos para análise de operações possuem um terceiro

domínio, o domínio-problema, onde se situa o programa e suas funcionalidades

otimizados para a exploração da simulação como uma ferramenta analítica.

Inserido no domínio-simulação está o coração desse sistema: o engine90 que

dirige a simulação através de um período de tempo, além de disponibilizar um espaço

de batalha tridimensional que emprega elipsóide geográfico e sistema de coordenadas.

Nesse ambiente as entidades (modelos), representando as unidades militares, existirão

e interagirão.

Esses modelos poderão ter, entre outras, a seguinte classificação:

a. Modelo de Clima e Prognóstico Atmosférico: representa as condições

atmosféricas de uma determinada porção do terreno durante um período de tempo.

Esta condição é apresentada por meio de variáveis quantitativas distribuídas sobre um

espaço geográfico. Os dados (variáveis) podem ser coletados a partir de observações

reais de estações meteorológicas. O modelo de clima se baseia em setores

quadrangulares (por exemplo, 20 por 20 km), onde são consideradas variáveis como

quantidade de precipitações, direção e velocidade do vento, visibilidade, umidade,

pressão barométrica, temperatura do ar, crepúsculo, fases da lua, entre outros91.

b. Modelos de Movimento: este modelo controla o movimento de todas as

unidades táticas. Quando se dá uma ordem de movimento, o sistema solicita a seleção

do itinerário e dos parâmetros iniciais da marcha. Ao longo da realização esses

parâmetros vão sendo realizados pelo sistema. As velocidades dos modelos no

ambiente simulado buscam reproduzir a velocidade dos sistemas reais, face as

condições do clima e do terreno dos engajamentos de combate. Algumas variáveis são

consideradas, como velocidade, luminosidade, visibilidade na entrada, tipo de marcha,

estado da estrada, tipo de coluna de marcha, entre outros. São considerados também

90 Engine – Componente de um programa de computador que coordena e dá ritmo as várias funcionalidades de um aplicativo. Nota do autor91 CHILE. Ejército del Chile. Centro de Entrenamiento Operativo Táctico Computacional da Academia de Guerra: Setac2web, un sistema web basado en la simulación del entrenamiento táctico. Cuaderno de Difusión nº 27, noviembre de 2007. disponível em < http://www.acague.cl/html/publi_dif_27.html > acesso em 17 de Julho de 2006.

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os fatores para a diminuição da velocidade de marcha, como a existência de campos de

minas e os obstáculos artificiais e naturais.

c. Modelo de Pessoal e Logística – Representam a dinâmica das baixas em

combate, desaparecidos e prisioneiros de guerra. Trata ainda dos fluxos de

acompanhamento dos feridos e posterior retorno ao campo de batalha. Aborda ainda

os consumos de suprimento e outros aspectos referentes a fluxos logísticos.

d. Modelos de Detecção – São modelos que representam o processo de

varredura e obtenção de alvos. Normalmente essa detecção se baseia em fatores

como: informações disponíveis pelos meios de inteligência, as condições climáticas, de

luminosidade, a distância até o elemento detectado, entre outros. São empregados nas

simulações também algoritmos que calculam a linha de observação (LOS - Line of

Sigth) entre dois pontos e a capacidade de um determinado modelo de visualizar o

campo de tiro à frente.

e. Modelos de Administração de Ordens – São modelos que representam o

intenso fluxo de ordens ao longo das operações.

Como visto até agora, os modelos são, portanto, os blocos ou entidades

fundamentais para representar as forças militares e as condições ambientais dos

cenários representados. São implementados em código, tornando-se algoritmos.

Podem incorporar variáveis ambientais (terreno, clima e vegetação, entre outras),

operacionais (características do Material de Emprego Militar e doutrina, entre outras) e

intangíveis (treinamento, moral da tropa, condições de saúde, entre outras). Podem

possuir capacidade orgânica de comando e controle, e contêm dados que representam

tanto propriedades estáticas (valores que não mudam, como por exemplo, o alcance de

um sistema de mísseis) quanto dinâmicas (valores mutáveis, como o poder de combate

de uma organização militar). Os dados de um modelo também apontam para os

comportamentos que capacitam as interações dessa entidade com outras entidades e o

ambiente. Existem casos especiais de modelos, como por exemplo, campos de pouso

de aeronaves, portos, quartéis-generais e nuvens de contaminação química.

Normalmente existem na simulação modelos centralizados que funcionam no espectro

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completo do jogo de guerra (tempo, terreno, entre outros) e modelos específicos que

funcionam em um nível mais abrangente (combate, detecção, logístico, entre outros)92.

A interação (atrito entre tropas, interceptação entre forças militares) entre os

modelos é cumprida através um diverso grupo de algoritmos. Sua natureza e resolução

dependem da atividade a ser simulada, a funcionalidade do modelo com o qual o

algoritmo é associado, e a disponibilidade de dados para compor o cenário de

desenvolvimento. Normalmente as interações entre os modelos são planejadas como

eventos de simulação. Esses eventos recebem uma classificação de acordo com o seu

grau de importância, desde o menos significante até o muito significante. Inicialmente,

os algoritmos determinísticos focam o atrito de equipamentos em unidades terrestres.

Individualmente, esses eventos tendem a ter um pequeno impacto na campanha.

Cumulativamente, entretanto, a combinação desses eventos pode ter um efeito

significante (por exemplo: um alto programado pelo força amiga não ocorre pelo êxito

adquirido no ataque).

Há também algoritmos determinísticos que não se prestam para resultados

fracionários. Já os eventos que têm um impacto muito significante no processo de

tomada de decisão da campanha, estes são avaliados estocasticamente.

Especificamente, no domínio simulação, o sistema pode ser composto de modelos

estocásticos e determinísticos. Estes modelos podem ser reunidos nos seguintes

sistemas de modelos: campo de batalha tridimensional, efeitos do terreno e clima,

desempenho da força logisticamente restrita, representação explícita de fluxos de

informação e comando e controle baseado em percepção93. Entre as funcionalidades

de um sistema de simulação construtivo, estão incluídos os processos de Comando e

Controle e o impacto da logística tanto no escalão estratégico, quanto no operacional e

tático.

92 Idem, p. 4.

93 III, George F. Stone; McINTYRE, Gregory A. The joint warfare system (jwars): a modeling and analysis tool for the defense department. In: Proceedings of the 2001 Winter Simulation Conference, p. 693.

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O programa de simulação construtiva para emprego em computador, conforme a

Figura Nr 18, tem como componentes críticos o seu conjunto de algoritmos94 e a base

de dados. Todos os eventos gerados no sistema envolvem fluxo de comandos e dados

entre esses dois componentes. Normalmente esses dois componentes críticos sofrem

rigorosíssimos processos de validação, e possuem dados reservados ou secretos. Isso

porque tratam de detalhes classificados de planos de operações, dados cartográficos e

de armamentos de eventuais inimigos coletados por sistemas de inteligência, dados

detalhados de sistemas de armas do país desenvolvedor, entre outras informações

críticas.

Figura Nr 18 – Comparação das atividades realizadas pelos integrantes do Partido Azul e Controladores com as atividades executadas pelo Sistema SABREFonte: O autor baseado nas informações de ROSA (2009)

94 Segundo EVARISTO (2001, p.3), Algoritmo é uma seqüência de instruções, cuja execução resulta na realização de uma determinada tarefa. Esse conceito é empregado na ciência da computação na criação de rotinas de programas.

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No desenvolvimento dos algoritmos e na coleta de dados para emprego no

sistema é empregado pessoal altamente especializado, e realizado trabalho que integra

o esforço de vários centros de pesquisa e empresas. Tudo isso demanda substanciais

investimentos pelo país desenvolvedor. Isso faz com que esses sistemas não estejam

disponíveis para venda a eventuais interessados. Quem desejar empregar esse tipo de

ferramenta terá que desenvolvê-lo. Essa é, portanto, uma tecnologia crítica. Os

conjuntos de algoritmos, segundo ROSA (2009), possuem modelos matemáticos de

combate para equacionar os embates entre as peças de manobra representadas no

sistema. Esses algoritmos possuem variáveis ambientais (relacionados ao terreno,

condições meteorológicas, etc) e variáveis operacionais (relacionadas ao

funcionamento do sistema e equacionamento dos embates). Estão sendo pesquisadas

também a inclusão das chamadas variáveis intangíveis (soft factors), que estão

relacionadas a fatores do comportamento humano, como moral do combatente,

liderança, comportamento sob stress, entre outros. No entanto, os atuais sistemas

profissionais não adotam tais variáveis, pois os resultados através delas gerados não

tem apresentado confiabilidade.

O funcionamento básico desse tipo de sistema, em tese, é bastante simples.

Será analisada, a seguir, o fluxo de eventos no Sistema de Simulação Construtiva

SABRE, desenvolvida pelo Comando de Operações Terrestres (COTER) do EB,

empregado para a criação de cenários em adestramentos de oficiais. Na figura Nr 17,

temos o engajamento de uma fração “A” sobre uma fração inimiga “B” sendo realizado

por um sistema de simulação construtivo (Sistema SABRE). Foi criado o modelo da

fração “A” (atacante) e da fração inimiga “B” (atacado). Esses modelos são compostos

de uma forma visual icônica que será vista na interface gráfica, um conjunto de dados

de desempenho (probabilidades de acerto de seus sistemas de arma com a munição

empregada), sensores, capacidade de deslocamento, entre outros detalhes. Esses

modelos estão inseridos visualmente em uma carta topográfica que possui módulo de

vetores, onde o comportamento dos modelos no terreno será matematicamente

representado. Todos os dados dos modelos, do ambiente, e outros relacionados à

simulação estarão contidos na memória RAM95 do computador durante a simulação.

95 Memória RAM (Random Memory Access). Memória de Acesso Aleatório.

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O combate é recriado da seguinte maneira: a fração “A” após a detecção da

presença inimiga “B” adota postura de ataque. No nível de uso do sistema (Diagrama

Alto Nivel) os partidos emitem ordens para os controladores, os controladores inserem

ordens no sistema, o sistema calcula resultados e exibe para o controlador, os

controladores remetem os resultados para os partidos (este é o chamado ciclo da

simulação). No nível de funcionamento do sistema (Diagrama Baixo Nível)

o sistema do controlador remete as ordens para o servidor. O servidor

possui uma lista de unidades, e cada unidade possui uma lista de ordens.

A ordem do controlador é inserida na lista de ordens da unidade

espcífica. O servidor possui um Loop (algoritmo) que vai vasculhando as unidades e

executando as ordens, algumas ordens tem um valor de retardo para

serem executadas. O Loop vai girando e executando as ordens. Ao

terminar uma ordem ele altera a situação da unidade e remete para os

programas controladores as alterações (posicão, detecção, etc.).

O Loop, no Sistema SABRE, ocorre da seguinte forma96:

While (rodarLoop == TRUE)

{

calcularVisao( );

calcularOrdem( );

atualizarAtritos( );

remeterAlteracoes( );

}

O Loop roda constantemente. Existem dois processos em paralelo (threads), um

para receber e armazenar as ordens dos controladores e outro, para girar o Loop do

jogo. Dentro da função calcularOrdem, no Loop, existem os seguinte comandos:

void calcularOrdem( )

{

switch (tipoOrdem)

96 ROSA (2009).

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{

case 1: //ordem de movimento

ordemMovimento( );

case 2: //tomar posicao

ordemTomarPos( );

........

};

}

Uma simulação de combate construtiva tem como característica essencial a

imprevisibilidade dos resultados. Os resultados dos combates são criados a partir de

algoritmos ou tabelas de probabilidade. As ações, portanto, não deverão estar inseridas

em uma seqüência linear, baseadas em resultados pré-determinados pelo organizador

da atividade. Os resultados não seguem um roteiro (script) na execução dos vários

eventos que compõem o processo, e sim, devem ser resultado de interações entre os

modelos que sempre levam em conta aspectos imponderáveis, juntamente com fatores

objetivos que resultam em um poder relativo de combate.

Dentro deste raciocínio, é possível que em um determinado embate, uma

unidade que tenha um maior poder relativo de combate sofra uma derrota de uma força

mais fraca. Esta característica da simulação de combate construtiva (imponderabilidade

dos resultados) distingue esta atividade da simples recriações de cenários e roteiros, os

quais são chamados por CAFFREY de Scripted Exercises (exércício em roteiro).

A integração e o processamento de todos esses processos são feitos por

algoritmos do modelo matemático de combate. O resultado é disponibilizado na forma

de probabilidade do evento ocorrer. Para que essa simulação possa ficar o mais

próximo de um evento real, são adotados procedimentos que criam uma relativa

imponderabilidade dos resultados. Isso normalmente é feito repetindo-se o ataque por

diversas vezes, com os mesmos dados disponíveis de probabilidade de acerto contidos

no banco de dados. Essa necessidade de repetição do embate entre os modelos é uma

das características do programa que fazem a simulação construtiva demandar uma

grande capacidade de processamento dos processadores e dos sistemas de

computação onde são empregados. Pode-se imaginar a quantidade de modelos

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Tabela Nr 3 – Comparação entre erro planejado e quantidade de tempo para modelar (com os meios necessários)Fonte: O autor tendo por base DUNNINGAN (1992)

interagindo em um sistema desses e a quantidade de repetições do processo que são

necessárias para o sistema apresentar um resultado. Há também, durante a criação da

simulação a necessidade pela precisão de cenários e a busca pela precisão significa

que cada cenário, modelo e dado envolvido na atividade são produzidos fruto de

rigorosos processos de obtenção e validação97, e que todos os componentes buscam

representar grandezas (distâncias, tempo, características de sistemas de armas, entre

outros aspectos) em escala rigorosa daquilo que representam no mundo real O que vai

fazer um sistema de simulação ser mais ou menos eficiente está diretamente

97 Aqui se considera o termo Validação em seu sentido amplo. Segundo MOSQUEIRA (2001, p.99), a literatura contempla três níveis na determinação da credibilidade de um modelo: Verificação – é o nível mais fraco e apenas verifica se o modelo satisfaz à descrição conceitual do sistema contida nas especificações. Validação – é avaliado se pode ser demonstrado a partir de evidências aceitáveis que o modelo é uma abstração razoável do mundo real. Acreditação ou Certificação – usualmente é feita por especialistas que garantem ser o modelo uma réplica aceitável para uma aplicação específica.

Resolver o seguinte problema: Quanto tempo é necessário para uma divisão blindada se

deslocar da posição A para a posição B, e entrar em combate? Que recursos seriam

necessários e que perdas poderiam ocorrer?

Precisão buscada

(em porcentagem)

Quantidade de tempo

em horas

Meios necessários

+ ou – 20% de

erro.

1 hora Uma calculadora e um pedaço de papel.

+ ou – 10% erro. 24 horas (1 dia) Um programa de planilhas em computador pessoal.

Muito mais quantidade de informação e cálculo é

necessário.

+ ou – 5% de erro. 168 horas (1 semana) Um programa de planilhas em computador pessoal.

Dados atuais devem ser coletados de várias fontes,

e elaboradas manipulações de dados e cálculos de

rotinas devem ser executados no programa de

planilha. Boa parte do tempo necessário será gasta

na coleta de informações.

+ ou – 1% de erro. 672 horas

(1 mês)

Emprego de Programação Linear e outras

ferramentas analíticas (também em um computador

pessoal), e muito mais dados. A Programação

Linear também poderá ser usada em conjunto com

um modelo em planilha.

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relacionado à sua precisão e com o rigor foi realizado o processo de obtenção dos

dados críticos para o sistema.

Quais são as limitações dessa ferramenta? Primeiro é relevante destacar que a

metodologia e os processos envolvidos na simulação não geram resultados precisos.

Em se tratando de precisão, este é, inclusive, um dos grandes temas de discussão dos

especialistas e desenvolvedores de sistemas de simulação construtiva.

Os resultados apresentados pelos modelos são, na melhor das hipóteses,

aproximações, estimativas fruto de estudo de cenários. Existem algumas dificuldades

práticas na realização da tarefa de modelar e simular. Muitos estudiosos afirmam que é

impossível saber como será o desfecho de um engajamento, batalha, campanha.

O’HANLON (2009) questiona se é possível fazer significativas estimativas de como uma

guerra vai se desdobrar. Aquele pesquisador citou o trabalho realizado por Joshua

Epstein que compilou em 1980 evidências da Agência Norte-Americana de Análise de

Conceitos sobre o resultados de vários combates: Países com capacidades

aproximadamente semelhantes, com nenhum dos lados tendo mais de 50% de

vantagem contra o outro em termos militares, o atacante ganhou 142 vezes de 230

batalhas, ou 58% do total. Não houve tendência de impasse (somente 7% do total de

casos). Nem houve uma maior vantagem inerente ao defensor (que obteve êxito em

apenas 35% de todos os casos). Quando se beneficia da surpresa tática e de conceitos

inovadores de emprego o país atacante normalmente vencem, mas nenhuma outra

conclusão relevante pode ser extraída dos dados. O lado atacante venceu somente

63% das vezes quando tinha uma vantagem estimada entre 50 a 200% sobre o

oponente e 74% das vezes quando tiveram uma chance maior. Logo, mesmo quando o

balanço das forças militares parece claramente favorecer o resultado para um lado, os

resultados são difíceis de prever.

A idéia da impossibilidade de se representar o combate real de forma simulada, e

criar seus resultados baseia-se na premissa de que fatores como liderança, moral,

terreno, condições meteorológicas e uma grande quantidade de impactos ambientais e

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humanos98 não poderiam ser modelados com suficientes detalhes para oferecer uma

análise plausível de uma situação tática real99.

Nós podemos fazer significativas estimativas de qual pacote de forças seria o mais adequado para triunfar, triunfar decisivamente, em um conflito proposto? [...] Há uma razão para muitas pessoas terem sido tão mal sucedidas em preverem o resultado de conflitos armados. É porque a Guerra envolve aspectos que são muito difíceis, se não impossíveis de se quantificar, tais como a liderança, a efetividade de alguma surpresa, e o desempenho de novos sistemas de armas ou conceitos operacionais militares não previamente testados em batalha (e o efeito, portanto não bem compreendido no desenrolar da batalha). De acordo com dados históricos mesmo se um país ou coalizão é claramente mais forte que outro [...] em termos de efetivo militar ou equipamento de combate [...] é muito difícil se fazer uma previsão de alta confiança sobre qual será o lado vencedor.

Figura Nr 19 – Representação da relação ERRO PLANEJADO (Erro do Sistema) X TEMPO NECESSÁRIO (para implementação do modelo)Fonte: O autor tendo por base DUNNINGAN (1992)

Na medida em que novos modelos vêm sendo desenvolvidos (muitos tendo

como objetivo recriar o comportamento humano no combate) e ocorre um significativo

desenvolvimento das tecnologias de processamento e armazenamento de informação

este paradigma vem sendo lentamente substituído. De qualquer maneira, ainda hoje, é

98Esses fatores são conhecidos como Fatores Suaves (Soft Factors). Nota do autor.

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aceitável a realidade de que os eventos resultantes de uma simulação são, no máximo,

aproximações de futuros eventos reais. Isso ocorre porque as simulações são

compostas de modelos limitados, como foi anteriormente falado.

Figura Nr 20 - Diagonal do realismo da simulação de combate

Fonte: NOLASCO (2000) apud ARGONESE (2008)

De qualquer forma, tanto os sistemas (eventos) reais e os conceituais podem ser

modelados com a simulação100. Entretanto, alguns são tão complexos (envolvem tantas

variáveis) que a sua replicação de modo artificial fica prejudicada, ou pelo menos,

apresenta resultados imprecisos. Este é um dos principais desafios para quem vai

desenvolver um modelo.

MOSQUEIRA (2011), ao responder questionário remetido à Aditância do Brasil

nos Estados Unidos, acrescenta que uma das dificuldades do desenvolvimento de

simulações realistas é:

A obtenção de modelos mais próximos da realidade. Quanto mais a guerra depende do ser humano, mais difícil é a sua modelagem e mais difícil é a obtenção de modelos mais fidedignos da realidade. (...) É difícil modelar o terrorismo e é difícil modelar também as ações anti-terror.

HILLESTAD (1996), também afirma que os modelos em utilização na década de

90, desenvolvidos para a avaliação dos engajamentos entre OTAN e Pacto de Varsóvia

durante a chamada Guerra Fria, não representavam os efeitos dos modernos sistemas

empregados no combate moderno, como sensores e o comando e controle.

100 BANKS, Jerry. Handbook of simulation principles, metodology, adrances, applications and practice. 1998, p.3-4.

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O que limita o emprego pleno dessa ferramenta para a atividade de análise é a

limitação de processamento dos sistemas de computação, a inexistência de base de

dados realistas e algoritmos mais poderosos. Segundo ROSA (2009) um dos gargalos,

uma das barreiras que impede a simulação de apresentar resultados mais próximos à

realidade (e, portanto com maior valor para o apoio à decisão) é a estrutura de

processamento de dados disponível, inerente a esse processo.

Figura Nr 21 - Exemplo de sistema de simulação construtiva para fins recreativos (também conhecido como Jogo de Guerra de Base Histórica – JGBH101), com o tabuleiro e seus modelos inseridos em um programa de computador

Este conceito está sendo superado pelo fato de que sistemas de simulação estão

se tornando mais poderosos, confiáveis e precisos graças ao considerável

desenvolvimento dos sistemas de informação acontecido no final do século XX.

Mas não basta uma força armada possuir modelos realísticos e capacidade de

processamento para ter capacidade de análise102. HILLESTAD (1996), afirma que o

processo de análise é muito mais amplo do que o processo de emprego de modelos em

101JÚNIOR, Gerson Valle Monteiro. O emprego de jogos de guerra de base histórica no adestramento de estados-maiores de batalhões e brigadas, p. 1.102 Segundo o Novo Dicionário Aurélio o termo Análise pode significar 2.Separação ou desagregação das diversas partes constituintes de um todo; decomposição; 3. Exame de cada parte de um todo, tendo em vista conhecer sua natureza, suas proporções, suas funções, suas relações, etc.; 5. Estudo pormenorizado, exame, crítica.

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computador. A análise envolve a formulação do problema, a especificação dos objetivos

a serem atingidos na análise, os óbices e as medidas empregadas, a obtenção e a

manipulação dos dados, a geração, a avaliação e a priorização de alternativas, o

desenvolvimento e o teste de hipóteses. Para gerenciar todo esse processo e fazer

uma interface com os usuários (decisores, seu estado-maior) é necessário a importante

figura do analista. Este elemento, conhecedor técnico do desenvolvimento e

funcionamento dos modelos e simulações, deverá receber as necessidades de análise

do Comandante Tático e, através dos modelos disponíveis e outras ferramentas, deverá

proceder as simulações, avaliar os resultados e apresentá-los ao Comandante Tático.

O papel dos modelos, de acordo com HILLESTAD (1996):

não domina ou suplanta as outras fases (da análise), mas provê os meios para quantificar os efeitos dos sistemas, táticas e estratégias em valores, dado um cenário. Uma análise, particularmente em relação a operações militares, deve envolver muito processamento em computador, teste de hipóteses, [...] identificação de causa e efeito, e em geral uma elucidação das condições nas quais a hipótese é verdadeira e por que [...] uma boa análise pode superar as deficiências dos aspectos representacionais dos modelos.

De fato, na prática, a deficiência dos modelos são compensadas pela qualidade

do processo analítico e dos profissionais que conduzem a análise.

E mesmo com suas limitações, a simulação possui credibilidade? Sim, a

simulação, em sentido amplo, tem grande prestígio nos centros de pesquisa,

universidades e indústria. Ao longo de sua evolução a tecnologia da simulação

demonstrou, apesar de suas limitações, ser uma poderosa forma de representar a

realidade e indicar possíveis conseqüências de interações entre entidades nessa

realidade. LI (2005, p.15) defende que a simulação “aliada à computação de alta-

performance está se transformando em um terceiro meio de reconhecer e reconstruir o

mundo objetivo juntamente com (os tradicionais) teoria da pesquisa e experimentação

científica (2005, p.14). Em sentido estrito a simulação empregada como ferramenta em

aplicações militares também conta com considerável prestígio. A sua história está

diretamente ou indiretamente ligada a significativos avanços ao longo do século XIX e

XX na forma como se conduz a guerra.

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Em síntese, a utilização da simulação construtiva como meio de treinamento já

está consolidada em vários países, mas o seu emprego como ferramenta para a análise

de planos de operações militares, até pouco tempo, não era considerado confiável.

É importante lembrar que a simulação construtiva para ser empregada para

análise (ferramenta de apoio à tomada de decisão, ou seja, a tomada de decisão é

suportada pelos exercícios de seus modelos) deve possuir o mais alto grau de

credibilidade, ou seja, deve ter passado por um rigoroso processo de Acreditação ou

Certificação103

Atualmente ocorre uma tendência de similaridade técnica entre aqueles sistemas

dedicados ao treinamento e aqueles focados na análise. Os sistemas de análise

evoluíram de tal forma que são considerados a melhor ferramenta para a avaliação das

complexas interdependências relacionadas a forças, meios, tempo, espaço e

procedimentos104. De acordo com ROSA105, a simulação construtiva para análise

desenvolvida e empregada nas forças de defesa modernas recebe a prioridade de

desenvolvimento e recursos106 (a simulação construtiva para adestramento de estados-

maiores é considerada uma modalidade secundária), sendo utilizada tanto no

planejamento de operações de combate quanto em operações de não-guerra. Aquele

oficial participou na cidade de Orlando, Flórida, em dezembro de 2009 do Simpósio de

Modelagem e Simulação das Américas, organizado pelo Exército Norte-Americano. Na

ocasião foi criada uma simulação de operação de ajuda humanitária, com um cenário

de um furacão na República Dominicana.

Naquele exercício foi representada a destruição causada por esse fenômeno

natural e quanto seria necessário de recursos (pessoal, material, entre outros) para a

recuperação do danos. Segundo aquele oficial os dados calculados na simulação foram

empregados para auxiliar no planejamento de operações reais. Isso mostra a amplitude

de emprego e o grau de credibilidade que merece esse tipo de simulação e os sistemas

que as suportam.

103MOSQUEIRA (2001, p.99). MOSQUEIRA, Mauro Guedes Ferreira. Método para a obtenção de padrões de medidas de desempenho de unidades daforça terrestre.104KONERT (2009, p. 28).105 ROSA, André Luiz Vale. A simulação de combate construtiva: situação atual. Brasília-DF, Quartel-General do Exército, 17 nov. 2009. Entrevista concedida a André Luiz Nobre Cunha. 106 Ver foto do complexo anexo à Universidade de Miami em Orlando.

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Convém ressaltar, entretanto, que apesar dos aprimoramentos da ferramenta,

esta ainda não atingiu a maturidade desejada por seus idealizadores, pois ainda é

complexa e depende de uma grande interação com o usuário e os operadores. Enfim,

tanto o conceito como a ferramenta ainda estão sendo consolidados e existem vários

esforços de desenvolvimento.

Figura Nr 22 - Existem também simulações construtivas comerciais. Exemplo: BCT Commander da empresa Shrapnel GamesFonte: Disponível em http://www.shrapnelgames.com/ProSIM/BCT/images/screen_3.jpg. Acesso em 17 set. 2009

Alguns tópicos apresentados por ROSA (2009), fruto das palestras que assistiu

durante o Simpósio de Modelagem e Simulação das Américas (America’s Modeling and

Simulation Symposium) em 2009 sintetizam as ideias levantadas até agora: 1. A

modelagem é uma arte. Portanto é carregada de aspectos subjetivos. 2. A simulação é

a escolha certa como ferramenta de apoio à decisão se as demais ferramentas

analíticas não são capazes de prover resultados adequados. 3. Os processos de

validação dos modelos são essenciais. 4. Todos os modelos estão errados, são

representações incorretas da realidade, mas alguns são úteis.

3.1.4 Conclusão Parcial

Concluindo-se parcialmente verifica-se que decidir é a tarefa mais importante dos

líderes militares, em um cenário de guerra moderna e saturação de dados. Limitações

estruturais no processo de percepção humano, e a interferência das emoções

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comprometem a qualidade do processo de decisão dessses comandantes. O novo perfil

do combate moderno, impactado pela fluidez da informação no campo de batalha, tem

saturado os centros de comando e demandado por estruturas analíticas dinâmicas em

suporte aos comandantes e estados-maiores. Como resposta a esse problema busca-

se apoio no aprimoramento de modelos de análise de situação e tomada de decisão e

do emprego da tecnologia da informação através dos sistemas de apoio à decisão.

Entre essas ferramentas estão disponíveis as metodologias de simulação construtiva,

agora com forte suporte da computação. A ferramenta, apesar de suas limitações, tem

sido bastante empregada pela sua capacidade de facilitar insights do planejador militar.

Dentre os seus componentes, destacam-se o conjunto de algoritmos e a base de

dados.

3.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA E PANORAMA ATUAL DOS SISTEMAS DE

SIMULAÇÃO CONSTRUTIVOS COMO FERRAMENTA DE ANÁLISE

3.2.1 Origens da ferramenta

Ao se tentar visualizar um futuro sistema de simulação em apoio à decisão

deveremos, obrigatoriamente, buscar inspiração na visão e nas intenções dos grandes

visionários que em um longo processo deram as suas contribuições na criação da

poderosa ferramenta da simulação analítica. O caminho até se chegar aos modernos

sistemas foi longo e marcado por uma série de pequenas descobertas que

incrementalmente foram dando maior poder à ferramenta.

Inicialmente, convém falar que a humanidade, desde os tempos mais remotos

buscou entender o fenômeno da guerra. Duas entre várias manifestações desse anseio

devem ser destacadas: a criação de um conjunto de princípios racionais e concepções

norteadoras da guerra, e de ferramentas diversas, incluindo cartas rudimentares,

caixões de areia e utensílios na forma de jogos com o objetivo de diversão e até mesmo

aplicação, ainda que de forma precária, de conceitos militares. Nesses últimos,

tentavam-se representar os combates da antiguidade através de pequenos objetos em

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porções do terreno ou tabuleiros107. Na maioria dos casos, foram achados em casas e

tumbas de classes dirigentes revelando o caráter elitista da ferramenta. Eram os

chamados jogos de estratégia, como o Wei Hai os quais representavam elementos do

campo de batalha com grande abstração, entretanto, permitiam a percepção e a

aplicação de conceitos militares. Um dos mais conhecidos jogos dessa natureza é o

Xadrez, um aperfeiçoamento árabe do jogo indiano Shaturanga, que representava o

combate da época através de um tabuleiro de quatro lados e peças representando

soldados a pé, carruagens, elefantes e cavalaria108. Este jogo foi difundido pela Europa

na virada do primeiro milênio através dos mouros. Não demorou para alguns visionários

perceberem uma potencial aplicação militar do xadrez, desde que aperfeiçoado. Essa

materialização do combate era bastante desafiadora. Havia sérias dificuldades em se

achar alguma lógica ou abstrair algum padrão no caos e imponderabilidade das

batalhas. Não obstante, pode-se afirmar que as ferramentas inspiraram gerações de

reis e generais no planejamento e condução de operações, mas o conceito da

simulação de combate ainda esperaria um longo período de evolução da humanidade.

Com a renascença, o campo de batalha tornou-se maior e mais complexo. O

estudo e a prática da arte da guerra (estratégia e tática miitares) ressurgiram com

ímpeto. Conforme GLEISER (2006, p. 157), no século XVII, o cientista inglês Isaac

Newton provou em sua obra que “todos os movimentos observados na Natureza (...)

podem ser compreendidos em termos de simples leis de movimento expressas

matematicamente”. Essa nova forma de pensar inspirou o Iluminismo no século

seguinte e seu racionalismo radical o qual acreditava que todos os fenômenos

poderiam ser entendidos através da ciência (método reducionista), e também, o

aparecimento de inovações tecnológicas relacionadas. Nesse contexto, o conceito de

uma classe de ferramentas capaz de visualização de futuras batalhas109 (com todas as

vantagens consequentes), e de apoio ao aprendizado do correto emprego dos exércitos

em batalha foi sendo cristalizado.

107 PERLA, Peter P. The art of wargaming: a guide for professionals and hobbyists. Naval Institute Press, 1990, p. 15.108 Idem, p.16.109 DUNNINGAN, James F. Wargames handbook: how to play and design commercial and professional wargames. 2nd ed., New York: William Morroe and Company,1992, p. 207.

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Ocorreram várias iniciativas para transformar o xadrez em uma ferramenta de

treinamento profissional militar. Observa-se nitidamente no período a preponderância

do gênio inventivo prussiano. Merecem destaque o Koenigspiel (Jogo do Rei)110, criado

por Christopher Weikhmann em Ulm em 1664, o sistema do Dr. C. L. Helwig, criado em

1780 e o sistema de Georg Venturini criado em 1797 no território alemão de Schleswig.

Todos esses sistemas, apesar de trazerem algumas inovações com emprego no futuro

da simulação, ainda eram versões aperfeiçoadas do xadrez e baseadas em tabuleiro.

Faltava nesses sistemas características que dessem precisão ao processo e

apresentassem resultados confiáveis. A sedimentação dos conceitos e técnicas no

xadrez militar e a busca de soluções inovadoras para o problema fez surgir no início do

século seguinte um tipo inédito e inovador de ferramenta: o sistema de simulação de

combate, também chamado de Jogo de Guerra.

3.2.2 O surgimento do Jogo de Guerra

Durante as campanhas napoleônicas o Exército Prussiano foi vencido nas

batalhas de Jena e Auerstadt em 1806. O império, liderado por Frederico Guiherme III,

neto de Frederico, o grande, foi obrigado a renunciar à Coroa Imperial, a pagar pesadas

reparações de guerra e a fazer seu exército integrar as forças de Napoleão Bonaparte

contra a Rússia e Áustria. A história da criação dos sistemas de simulação de combate

começou nesse desfavorável cenário. Em 1811 numa instrução de fortificações na

Academia de Guerra de Berlim, o capitão von Reiche, instrutor da disciplina, comentou

a alguns cadetes que um civil, de nome Georg Von Reisswitz, conselheiro millitar da

corte prussiana da cidade de Breslau (hoje Wraclaw na Polônia), estudioso de assuntos

militares, havia criado um sistema capaz de representar com grande fidelidade o

combate terrestre. A criação tinha sido batizada por seu inventor de Kriegspiel (Jogo de

Guerra). Entre os alunos daquela instrução estavam os príncipes e irmãos Guilherme

(futuro Kaiser Guilherme I da Alemanha unificada) e Frederico. Os dois ficaram

vivamente interessados em conhecer o jogo de guerra e convidaram Von Reisswitz

110 CAFFREY, Matthew. History of Wargames: Toward a History Based Doctrine for Wargaming as of 6 Jan 2000. Disponível em http://www.strategypage.com/wargames/articles/wargame_articles_2004980.asp. Acesso em 23 mai. 2007.

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para demonstrar a eles seu invento. O equipamento despertou desde logo grande

interesse por parte dos nobres e Reiiswitz foi convidado a mostrá-lo ao próprio Rei da

Prússia, Frederico Guilherme III. Em 1812, foi realizada uma partida em demonstração

ao Rei no Palácio de Sans Souci, Potsdan. O jogo era composto de um tabuleiro de

madeira quadrado com cerca de 1,8 metros de lado, preenchido com peças quadradas

menores de argamassa pintadas representando o terreno (estradas, rios, vilas). Havia

também peças retangulares de porcelana representando as tropas e um conjunto de

acessórios (compassos, réguas, pequenas caixas para a guarda de tropas ocultadas, e

um conjunto de regras escritas). Um aspecto interessante do jogo: todos os

componentes representados no tabuleiro estavam em escala e tinham proporções e

características bastante semelhantes ao real. Essa foi uma das grandes inovações do

sistema do Barão Reisswitz. As peças, representando regimentos em coluna,

ajustavam-se à paisagem e ocupavam no modelo somente a quantidade de espaço que

elas ocupariam no terreno real (Reisswitz adotou a escala de 1:2373 para as tropas na

primeira versão do jogo).

Figura Nr 23 e 24 - Kaiser Guilherme I e Moltke: Dois homens-chave na institucionalização dos sistemas de simulação de combateFonte: Disponível em <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3f/Wilhelm1.jpg>. Acesso em 28 abr. 2009

O tempo também era representado em escala, baseados na observação da

duração do deslocamento das tropas reais para cobrir uma certa distância. O alcance

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da Artilharia era representado em escala tendo-se por base o alcance do armamento da

época. Foi estabelecido também que as partidas seriam presididas por um árbitro com

uma ampla quantidade de tarefas, como por exemplo: receber e por em prática no

tempo determinado as ordens operacionais determinadas pelos dois comandantes

rivais, passar relatórios parciais aos dois partidos envolvidos e receber novas ordens

para as tropas. De acordo com CAFFREY, “para se determinar o resultado do combate

o árbitro era dotado com tabelas com vários resultados baseados em distâncias e

outros fatores.

O lançamento de um dado determinava o exato resultado, de forma a

representar as incertezas do campo de batalha. Portanto, era criado no cenário um

ambiente de informações limitadas e aleatoriedade em que um árbitro operava o

sistema e dirimia qualquer dúvida surgida no processo.

Em 1824, o filho de Reisswitz, tenente de Artilharia da Guarda Prussiana,

aprimorou o trabalho de seu pai e publica com o patrocínio do príncipe Guilherme a

obra: Instructions pour la représentation de manœuvres tactiques sous la forme de

Kriegspiel. As principais inovações foram a utilização de cartas topográficas na escala

de 1:8000, em substituição ao tabuleiro, e a quantificação dos efeitos do combate

possibilitando o cálculo das perdas na partida sem a avaliação do árbitro111. Com o

apoio de Guilherme, este apresentou o sistema ao Chefe do Estado-Maior Prussiano,

von Muffling, que após ficar impressionado com sua possibilidade de emprego,

determinou a difusão da técnica e a distribuição do Kriegspiel para todos os regimentos

prussianos. Apesar da pouca aceitação do sistema por parte dos militares devido a sua

alegada complexidade, logo surgiram adeptos. Em 1828, o tenente Helmuth von Moltke,

discípulo de Clausewitz, fundou um clube de jogos de guerra chamado Kriegspieler

Verein que começou a publicar seu próprio periódico. Essa iniciativa, entre outras,

manteve na Prússia o interesse nos Jogos de Guerra vivo, e quando von Moltke tornou-

se Chefe do Estado-Maior Prussiano em 1857, estabeleceu a meta de difundir os Jogos

de Guerra, e o sistema passou a ser a uma das principais ferramentas de treinamento

dos oficiais de Estado-Maior, líderes militares ao longo dos anos que antecederam a

111 LIARDET, Jean-Philippe. Le Kriegsspiel trouve sa place dans I’organisation militaire allemande. Disponível em http://www.net4war.com/e-revue/dossiers/wargames/allemagne01.htm. Acesso em 19 mai 2010.

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unificação alemã. 112Pode-se afirmar que Moltke aperfeiçoou e implementou a

metodologia de emprego do sistema de simulação de Reisswitz. O rígido sistema de

seleção desses oficiais baseado na meritocracia e o adestramento primoroso sob

suporte de sistemas de simulação de combate fizeram com que estes oficiais

atingissem um patamar de excelência não visto em outro país. Logo seriam testados e

cobrados intensamente, juntamente com a sua ferramenta.

Figura Nr 25 – O Kriegspiel criado por von Reisswitz no início do Século XIX para o Rei da Prússia, em exposição no museu Computerspiele, em BerlimFonte: Disponível emhttp://www.kriegsspiel.org.uk/index.php?option=com_content&task=view&id=46&Itemid=58. Acesso em 2 mar. 2009

Em 1861, o príncipe Guilherme torna-se o rei Guilherme I da Prússia e em 1862,

após dificuldades políticas, nomeia Otto von Bismarck para a presidência do Conselho

com a missão de conseguir recursos para a reforma do Exército. Bismarck passou a ter

o poder de fato na Prússia e instaurou um regime autoritário, permitido pela confiança

112GRAY, Wilbur. A short history of wargame. Disponível em http://www.nhmgs.org/articles/historyofwargaming.html. Acesso em 12 set. 2009.

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do rei. Estabeleceu então como grande objetivo a unificação dos estados alemães e

para atingir esse fim faria guerra com seus inimigos. O marechal von Moltke, chefe do

Estado-Maior foi o grande artífice do preparo e do emprego do exército pra por em

prática tal política.

Em 1864 a Prússia aliada aos estados germânicos derrotou a Dinamarca, em

1866 a Áustria e por fim, a França na Guerra Franco-Prussiana, quando, após

fulminantes vitórias, Guilherme I cercou Paris e foi proclamado imperado da Alemanha

no Palácio de Versalhes. O resultado do conflito chocou os líderes dos demais países

europeus, pois nele um país que vivia em constante estado de ameaça pelos demais

venceu a maior potência militar europeia dotado de um exército profissional equipado e

experiente, com um exército de conscritos, e após isso se tornou um país hegemônico.

Logo muitos passaram a associar a vitória ao modelo de Estado-Maior113 e o

modo de treinamento de seus comandantes militares baseado na utilização da

simulação de combate. Então, outros paises tornaram-se interessados nos sistemas de

simulação de combate baseados no aperfeiçoamento do Kriegspiel feito pelo tenente

Reisswitz e passaram a utilizá-los no treinamento de seus oficiais e no planejamento de

campanhas militares, onde eram empregados como meio de avaliar os resultados de

eventuais batalhas.

3.2.3 A Disseminação do Kriegspiel

Em 1872 o Capitão Baring introduziu o Kriegspiel no Exército Britânico, e treze

anos depois o sistema teve o seu emprego tornado oficial no Reino Unido.

Nos anos de 1875 e 1876, na Rússia se insere a prática dos jogos de guerra na

instrução dos oficiais, posteriormente na Alemanha, o sistema ganhou novas versões

em 1877 com a obra Das régiments Kriegspiel, do Capitão Naumann, onde o cálculo

das perdas inflingidas e a verificação das capacidades destruídas das unidades são

ponderados pela modificação dos números em função das circunstâncias precisas do

engajamento, e as regras atingem o máximo de complexidade.

O sistema também foi chamado de "Kriegspiel rígido". Em contrapartida, surgiu

outra escola prussiana de Jogos de Guerra cujo maior representante era Verdy du 113 WAWRO, Geoffrey. The franco-prussian war: the german conquest of france in 1870-1871. New York: Cambridge University Press, 2003.

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Vernois, chefe de Inteligência do Estado-Maior do general Moltke na campanha de

1870-71114.

Esta escola entendia que as regras do Kriegspiel eram complexas e desnecessárias, e

defendia em uma série de livros publicados entre 1873 e 1876 o Kriegspiel livre, ou

seja, aquele sistema cujas complicadas regras utilizadas para quantificar os resultados

deveriam ser substituídas pelo julgamento de experientes militares. Em 1879, o major

do Corpo de Engenheiros W.R. Livermore, admirador do trabalho do capitão Naumann,

introduziu o Kriegspiel nos Estados Unidos através de seu livro: The American

Kriegspiel 115, e posteriormente, com o apoio de William McCarty Little (reserva da

marinha) conduziu o primeiro exercício de simulação de combate combinado (Marinha-

Exército).

Figura Nr 26 – Peças do Kriegspiel original. (1) Esquadrão de Hussardos, (2) Esquadrão de Uhlans, (3) Esquadrão de Dragões, (4) Esquadrão Couraçado, (5) Meio batalhão de infantaria (450 homens), (6) Metade de uma bateria de artilharia a pé, (7) Carroças para uma bateria de artilharia, (8) Metade de uma bateria de artilharia a cavalo, (9) Patrulha, (10) Pelotão de combate, (11) Carroças com oito pontões, (12) Batalhão de pontoneiros, (13) Peça de pequena troca, (14) Peça de troca maior, (15) Um graduado e dez cavalarianos, (16) Um oficial e vinte e um cavalarianos, (17) Um graduado e dez homens, (18) Um oficial e vinte e cinco homens, (19) Posto de um ou dois cavalarianos, (20) Posto de um ou dois infantes, (21) Coluna de suprimentoFonte:Disponível em <http://www.kriegsspiel.org.uk/index.php?option=com_content&task=view&id=47&Itemid=59>. Acesso em 12 set. 2010

114LEESON, Bill. Origins of the Kriegsspiel. Disponível em 79.170.44.85/kriegsspiel.inuk.com/índex.php?option=com_content&task=view&id=15&Itemid=58. Acesso em 2 abr. 2009.115 LIARDET, Jean-Philippe. Le Kriegsspiel trouve sa place dans I’organisation militaire allemande. Disponível em http://www.net4war.com/e-revue/dossiers/wargames/allemagne01.htm. Acesso em 19 mai 2010.

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Alguns anos depois, em 1889, McCarty conduziu um jogo de guerra no Naval

War College (Escola de Guerra Naval), a qual adotou o sistema. O jogo de guerra

também foi aceito pelo U.S. Army War College (Escola da Guerra do Exército dos

estados Unidos) após sua criação em 1899. Houve uma forte oposição por parte do

então Chefe do Estado-maior, general William Sherman à implantação do sistema de

Livermore no treinamento do Exército. Segundo o experiente Sherman, os jogos de

guerra representavam homens como se fossem blocos de madeira, não eram blocos de

madeira, mas mas na verdade os soldados eram seres humanos, dominados pelo medo

e sustentados pela liderança116.

Figura Nr 27 – Sistema de simulação em tabuleiro Bonaparte at Marengo, da empresa Simmons Games, que utiliza peças e tabuleiro semelhante ao do KriegspielFonte: Disponível em www.simmonsgames.com. Acesso em 1º jan. 2010

Apesar de exagerada, a idéia do general Sherman revelava uma das deficiências

dos Jogos de Guerra, ou seja, nestes sistemas de atrito entre dois partidos as “forças

militares lutavam até o último homem”. Mas a solução para essa deficiência já havia

sido proposta pelo capitão Naumann em regras publicadas no ano de 1877. Nelas

estavam determinadas em que nível de baixas as tropas deixariam de combater.

Atualmente esse nível de “ruptura” da capacidade de combate é chamada de break

point.

No início do Século XX, os sistemas de simulação de combate continuaram a ser

amplamente utilizados. Os japoneses creditaram o apoio dos sistemas de jogo de

116 CAFFREY, Matthew. History of Wargames: Toward a History Based Doctrine for Wargaming as of 6 Jan 2000. Disponível em http://www.strategypage.com/wargames/articles/wargame_articles_2004980.asp. Acesso em 23 Mai. 2007.

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guerra como um importante auxiliar na sua vitória contra os Russos em 1905. A I

Guerra Mundial foi um marco muito importante do emprego dos sistemas de simulação,

e também o primeiro grande revés na sua credibilidade. O resultado final abalou o

enorme prestígio que os jogos de guerra haviam conquistado até aqui.

3.2.4 O Emprego de Kriegspiel na I Guerra Mundial e no pós-guerra

Os anos que antecederam o conflito foram marcados por uma considerável

corrida armamentista e planejamento de operações militares. As operações alemãs

foram baseadas no Plano Schlieffen (apresentado em 1905 pelo marechal Alfred Graf

von Schlieffen117, Chefe do Estado-Maior Alemão) cujo objetivo era prevenir os alemães

de se engajarem em uma guerra em duas frentes, de forma a primeiro derrotar a França

(frente ocidental) em uma rápida campanha de um mês e depois direcionar todo o

esforço bélico para a Rússia (frente oriental). Foram realizadas uma série de

simulações pelos militares alemães para testar as hipóteses de engajamento118. Na

frente francesa o Plano previa um grande desbordamento através da Bélgica e da

Holanda (dois países neutros) em direção ao flanco francês mais fraco. A série de

simulações apresentou uma vitória alemã na França. A realidade foi bem diferente.

Após o início da I Guerra Mundial, o ataque à França foi executado da mesma

forma como fora planejado, mas um contra-ataque dos franceses nos subúrbios de

Paris (batalha do Marne) terminou com a ofensiva alemã, e resultou na desgastante

guerra de trincheiras. Tais eventos levaram a Alemanha à derrota em 1918. Entre as

causas apontadas pelo insucesso estão equívocos do comando alemão antes e durante

as operações do Marne e a descaracterização do Plano Schlieffen original pelo Chefe

do Estado-Maior, general Moltke (sobrinho do grande chefe do Estado-Maior prussiano

Moltke). A posição e missão de algumas forças foram mudadas, e o ataque inicial teve

menos impacto do que o inicialmente planejado. Segundo CAFFREY, houve também

uma condução equivocada das simulações daquele plano. “Para a avaliação todo o

Estado-Maior Geral e os alunos da Escola da Guerra (War College) compuseram o

117 PERLA (1992, p.41) afirma que Alfred Graf von Schilieffen liderou o Estado-Maior Alemão de 1892 a 1906, um período de intenso planejamento de guerra para todas as potências européias. 118 De acordo com PERLA (1992, p. 41), Von Schlieffen usou o Kriegspiel e as técnicas de jogo de wargaming, além de excursões com o Estado-Maior para frentes de batalhas hipotéticas (staff rides) e exercícios padronizados para ajuda-lo a testar seus vários planos para combater a França.

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partido do Kaiser Guilherme II enquanto primeiros-tenentes fizeram o papel dos

comandantes dos exércitos da França, Inglaterra, Bélgica e Holanda. Nenhuma

pergunta sobre a validade da análise foi registrada”. Moltke reduziu o valor do

Kriegspiel como uma ferramenta de planejamento e não deu importância ao debate de

idéias.

Figura Nr 28 - O Plano Schieffen (invasão da França pela Alemanha) foi exaustivamente testado em sistemas de simulação construtivosFonte: Disponível em http://en.wikipedia.org. Acesso em 10 jul. 2009

Os alemães prosseguiram na utilização da simulação construtiva em apoio ao

planejamento das operações durante a I Guerra Mundial119. PERLA (1992) cita um

exemplo desse emprego:

O mais bem-conhecido exemplo é [...] a ofensiva final alemã de 1918. Os alemães testaram e ensaiaram seu plano para o último [...] ataque em diversos jogos estratégicos, os quais indicaram que eles pareciam ter pouca chance para atingir o sucesso decisivo. (grifo nosso) (p.41).

Outra falha observada nestes sistemas: eles não permitiram a visualização dos

efeitos políticos das ações e suas subseqüentes conseqüências militares120. No pós-

119 Idem, p.41.120 CAFFREY, Matthew. History of Wargames: Toward a History Based Doctrine for Wargaming as of 6 Jan 2000. Disponível em

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guerra, como solução para essa deficiência, o governo alemão criou os Jogos de

Guerra Estratégicos, realizados no âmbito do Ministério da Defesa e que tinham a

participação de diplomatas, jornalistas (comentando possíveis repercussões na opinião

pública), industriais (avaliando as ações de mobilização), dentre outros.

Os alemães empregaram a simulação construtiva para uma variedade de fins,

que não se limitavam às atividades táticas na zona de combate. Algumas simulações

eram focadas na exploração e resolução de problemas logísticos e de transporte121.

Entretanto, foi o emprego da simulação em apoio ao desenvolvimento doutrinário e no

planejamento de operações que apresentou maior impacto na evolução do pensamento

da guerra. O emprego dos sistemas de simulação construtiva tiveram profundas

conseqüências no desenvolvimento da doutrina militar moderna, e no desenrolar das

operações na II GM.

Figura Nr 29 - A Blitz Krieg (Guerra Relâmpago) foi criada com apoio da simulação de combate construtivaFonte: Disponível em <http://en.wikipedia.org/wiki/Image:PanzerInfantryAdvance.jpg>. Acesso em 10 jul. 2009

A Alemanha, no período que antecedeu a II Guerra Mundial, realizou um

eficiente emprego da simulação construtiva para o desenvolvimento da nova doutrina

http://www.strategypage.com/wargames/articles/wargame_articles_2004980.asp. Acesso em 23 Mai. 2007.121 PERLA, Peter P. The art of wargaming: a guide for professionals and hobbyists. Naval Institute Press, 1990, p. 42.

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da guerra blindada122. Privada de suas forças militares o país continuou a desenvolver

intensas simulações de combate, testando hipóteses de emprego em futuras guerras.

Entre as idéias surgidas e avaliadas em simulação uma merece destaque. Era chamada

de Operações Móveis, e mais tarde ficou conhecida pelo nome de Blitz Krieg123 (Guerra

Relâmpago). CARTER (p.6) enfatiza que os alemães confiaram pesadamente na

simulação construtiva quando desenvolveram a Blitz Krieg. O emprego dos sistemas de

simulação proveram ao Exército Alemão de um meio para testar idéias doutrinárias em

um ambiente de guerra simulado, e as lições aprendidas durante essas simulações

alimentaram os debates de desenvolvimento doutrinário124.

3.2.5 O emprego do jogo de guerra na II GM

Posteriormente, a Wermach continuou usando variações do Kriegsspiel livre para

testar suas maiores operações. Os alemães, além do emprego da simulação construtiva

para a criação de doutrina, fizeram intenso emprego dessa ferramenta como auxílio ao

planejamento (como ferramenta de apoio à decisão) de suas mais importantes

operações antes e durante a II Guerra Mundial. Vale ressaltar que os resultados

apresentados pelo sistema só eram considerados por Hitler quando coincidiam com

suas próprias idéias em relação à operação planejada125. Entre as várias ocasiões onde

a simulação construtiva foi empregada como ferramenta de apoio à decisão merecem

destaques as seguintes: o ataque à Polônia em 1939, a invasão da França em 1940, o

planejamento da invasão da Grã-Bretanha, a invasão da União Soviética em1941, nas

operações antes e durante a Batalha das Ardenas em 1944 e, nos planejamentos

defensivos antes da invasão da Normandia em 1945.

Em relação ao ataque à Polônia, CAFFREY, p. 18 ensina que:

No início de 1939, antes da Guerra começar, os alemães fizeram o jogo da guerra de seu ataque à Polônia. Apesar de eles terem ganho a campanha sem o apoio da ferramenta, a simulação construtiva parece ter tido algum efeito em acelerar a vitória. Mais importante, diferenças entre as predições da simulação

122 CARTER, Daniel S. Innovation, wargaming, and the development of armored warfare. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) - Massachusetts Institute Of Technology, Massachusetts, 2005, p. 5.123 Tática militar empregada para criar choque psicológico e resultante desorganização das forças inimigas através do emprego da surpresa, velocidade, e superioridade em material ou poder de fogo. Disponível em <http://www.britannica.com/eb/article-9015664/blitzkrieg>. Acesso em 22 abr. 2010.124 CARTER, Daniel S. Innovation, wargaming, and the development of armored warfare. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) - Massachusetts Institute Of Technology, Massachusetts, 2005, p. 5.125 Idem, p.18.

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e a performance real do Exército foi uma das motivações para o rigoroso regime de treinamento implementado entre a vitória sobre a Polônia e a ofensiva para o oeste.

Já na invasão da França, a simulação construtiva teve papel destacado. Na

primavera de 1940 um então desconhecido tenente-coronel, chamado Manstein, propôs

um inovador plano para atacar a França através de uma ação blindada maciça através

da Floresta das Ardenas (ao invés de cruzar a Holanda e a Bélgica como proposto no

Plano Schillieffen)126. Suas idéias não foram bem recebidas pelo Alto Comando.

Manstein fez uso diversas vezes da simulação construtiva para mostrar que o plano

poderia funcionar. Seu esforço chegou ao conhecimento de Hitler, que queria um plano

com resultados decisivos. O líder alemão, convencido pelos resultados da simulação,

ordenou mudanças nos planos iniciais. O resultado que se viu foi a França derrotada

muito mais rápido e de forma mais eficiente do que planejado anteriormente127.

Os planejamentos da invasão da Grã-Bretanha também foram testados em

sistema de simulação construtiva. Simulações realizadas antes da guerra e após a

invasão da França mostraram o quão difícil seriam essas operações para conquistarem

os ingleses. Tais resultados influenciaram o Alto Comando na sua decisão de cancelar

o cruzamento do canal da Mancha e invasão da Grã-Bretanha 128.

Já a simulação de combate que tratava do plano de invasão da União Soviética,

em 1941 foi um dos mais longos e maiores exercícios do gênero. Muitos generais não

viam com bons olhos essa invasão, e em particular o plano analisado pelo Alto

Comando 129.

CAFFREY detalha esse processo de simulação:

A Operação Otto (simulada), foi conduzida em três ocasiões separadas quando os alemães tentaram fazer o jogo da guerra de uma longa campanha até a sua conclusão. No final da terceira sessão, eles conseguiram somente fazer o jogo da Guerra que correspondia ao início de Novembro. Apesar disso nenhuma quarta sessão foi programada. Uma razão foi que a simulação predisse a destruição de 240 divisões de exército soviéticas, com somente 60 restando, e ums linha de front que se extendia dos portões de Leningrado até aos limites de Moscou e fundo dentro da Ucrânia. Certamente os soviéticos não poderiam se recuperar a partir desse ponto (grifo nosso). […] Ironicamente, na campanha real […] os alemães tinham avançado tanto quanto foi predito pelo jogo da Guerra e tinha realmente destruído mais (248) divisões soviéticas (grifo nosso).

126 Idem, p.18-19.127 Ibidem, p.19.128 Ibidem, p.19.129 Ibidem, p.19.

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Entretanto, ao invés dos soviéticos terem 60 divisões restantes eles tinham ainda 220. Como as simulações poderiam estar tão erradas? [...] Foi o que eles não representaram que os induziu ao erro. Os soviéticos tinham no início das hostilidades um plano para mobilizar novos divisões inteiras. O jogo de guerra alemão não considerou a inclusão de novas divisões soviéticas (grifo nosso).

Alguns ensinamentos podem ser extraídos a partir desse relato: Fica claro que a

simulação construtiva, como qualquer ferramenta, se manuseada de forma errada

produz efeitos errados. No caso em questão houve uma alimentação de dados incorreta

no processo (quantidade incorreta de divisões soviéticas). Além disso, como o processo

de simulação era complexo e demorado (processos manuais em tabuleiro e com o

apoio de tabelas de dados), não foi realizado até o final. Se mais uma sessão tivesse

sido realizada, e nelas incluídas as dificuldades resultantes do rigoroso inverso,

provavelmente, algumas das dificuldades da operação real ficariam aparentes na

simulação.

No que diz respeito às operações relacionadas à Batalha das Ardenas,

HOFFMAN (1952) apud PERLA (1990) apresenta um fato histórico ocorrido no dia 2 de

novembro de 1944. Este período foi caracterizado pela aproximação norte-americana

na linha defensiva alemã Siegfried, que precedeu à Batalha das Ardenas em meados

de dezembro daquele ano. O evento ocorreu no comando do V Exército Panzer:

Na ocasião o Estado-Maior, sob direção do Grupo de Exércitos Model, deveria fazer um ensaio das medidas de defesa contra um possível ataque norte-americano contra os limites entre o V e o VII Exércitos (grifo nosso). [...] O exercício [...] tinha apenas começado quando um relatório foi recebido e de acordo com os detalhes um ataque norte-americano bastante forte tinha sido lançado na área de Hurtgen-Gemeter. O marechal-de-campo Model ordenou que com a exceção dos comandantes que estivessem diretamente afetados pelo ataque todos os demais deveria continuar no jogo (game) e usar os relatórios atuais recebidos como informação adicional para o curso do jogo. Durante as próximas horas a situação no front – e similarmente na carta topográfica do exercício- tornou-se tão crítica que a reserva do grupo de exércitos (a 116ª. Divisão Panzer) teria que ser colocada à disposição do Exército ameaçado. [...] o comandante da Divisão, general von Waldenburg, que estava [...] engajado no jogo, recebeu suas ordens [...] do Grupo de Exército. [...] Depois de apenas poucos minutos [...] ao invés de dar ordens puramente teóricas [...] foi capaz de dar ordens operacionais reais para o seu oficial de operações e seus mensageiros. A divisão alertada foi, deste modo, colocada em movimento no mais curto tempo. (grifo nosso)..” (p.44).

No caso histórico acima a simulação de combate construtiva foi empregada

inicialmente como ferramenta para ensaio de medidas táticas. Com a escalada da

situação passou a ser empregada como uma ferramenta de apoio à decisão, na forma

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100

de ferramenta de controle da operação real em curso. Os alemães realizaram a

simulação para cada uma de suas ordens antes de executá-las130. A simulação

apresentou resultados concretos (visualização da necessidade de emprego da divisão

reserva do Grupo de Exército alemão) e influenciou decisivamente no resultado da ação

militar no escalão tático.

Um outro momento em que os sistemas de simulação foram empregados pelos

alemães ocorreu no período que antecedeu e durante a invasão aliada na Normandia.

CAFFREY, (2000) traz alguns detalhes:

… Os Aliados não foram capazes de esconder tudo de seus preparativos para cruzar o Canal (da Mancha) até a Normandia. Os alemães concluíram que essas preparações estavam sendo feitas para uma finta, uma tentativa de engana-los quando o local da real operação. […] eles conduziram um jogo da guerra de um desembarque aliado na Normandia e concluíram que uma entrada militar na região era provável. Isso causou considerável preocupação ao Alto Comando. […] Se a finta obtivesse sucesso os americanos poderiam decider fazer da finta seu esforço principal. […] Os alemães portanto ordenaram reforços na Normandia. O regimento que fez a praias de Omaha tão sagrenta foi um desses reforços. Essa foi a 21ª. Divisão Panzer, aquela que impediu os britânicos de tomarem Caen no Dia D.

Quando a Operação Overlord131 foi desencadeada os alemães, os comandantes-

chave alemães estavam reunidos em um jogo de guerra que testaria quão bem eles

lidariam com uma invasão na região da Normandia, com todos os reforços prontos no

terreno132. Na prática, a existência dessa simulação, que visava auxiliar os alemães,

acabou por prejudica-los devido a ausência dos principais comandantes em suas

unidades, no momento da invasão Aliada.

Nos EUA os sistemas de simulação adaptados por MacCarty Little continuaram

sendo empregados pela Marinha em exercícios simulados na área do Pacífico (os

japoneses também realizaram vários exercícios, inclusive no planejamento do ataque a

Pearl Habour), e caíram em desuso no Exército devido à inevitável associação com a

derrota alemã na I Guerra Mundial. Os exercícios de simulação foram substituídos pelos

chamados one-sided scripted exercises (Exercícios em roteiro com apenas um

130 Ibidem, p.24.131 A Operação Overlord foi a invasão do território francês pelas forças Aliadas em 1944, na fase final da II Guerra Mundial. Nota do autor.132 CAFFREY, Matthew. History of Wargames: Toward a History Based Doctrine for Wargaming as of 6 Jan 2000. Disponível em http://www.strategypage.com/wargames/articles/wargame_articles_2004980.asp. Acesso em 23 Mai. 2007.

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101

partido)133. O emprego dos sistemas de simulação construtivos tiveram destaque no

Corpo de Fuzileiros Navais durante a década de 30. CAFFREY (2000) afirma que os

Marines realizaram “o mais importante trabalho de simulação construtiva durante esse

período”. O grande desafio dos Fuzileiros era superar o fato de que assaltos anfíbios

eram problemáticos contra modernas armas. Além disso, a situação era agravada pela

necessidade de colocar em terra artilharia e outros apoios necessários, além dos

suprimentos necessários.

De acordo com CAFFREY, (2000) os Fuzileiros Navais tinham a missão de

resolver esse problema, entretanto tinham que fazê-lo com um orçamento pequeno. Os

sistemas de simulação construtivos foram a solução:

Através tanto de exercícios de simulação construtiva na carta quanto de exercícios de simulação ao vivo eles desenvolveram sua doutrina de operações anfíbias. Eles permitiram que a ofensiva ao Japão fosse sustentável, além de que realmente desenvolveram a chave para o sucesso Aliado em todos os teatros. O Dia D e a vitória na Europa teriam sido impossíveis sem o trabalho feito pelo USMC durante os anos 30.

No período anterior a II Guerra um dos maiores impulsionadores da simulação de

combate nos EUA foi o general George Marshall. Da mesma forma que Moltke, ele

também era um entusiasta dos sistemas de simulação construtivos. Como Chefe do

Estado-Maior do Exército impulsionou a atividade de simulação através de exercícios

militares. Um dos mais importantes foram as chamadas Manobras de Louisiana, onde

os Jogos de Guerra foram combinados com simulação ao vivo com tropa no terreno134.

Durante a II GM a simulação de combate construtiva terrestre foi pouco usada no

ocidente (EUA e Grã-Bretanha), pois havia uma preocupação com as questões mais

práticas da guerra135. Os estudos teóricos das operações passaram para grupos de

cientistas, os quais procuraram aplicar o método científico em apoio ao processo

decisório de operações militares. Estes grupos passaram a constituir os chamados de

pesquisadores operacionais136. Apesar de seus estudos serem baseados

essencialmente detalhadas análises estatísticas de dados operacionais e em técnicas

133 Idem.134 PERLA, Peter P. The art of wargaming: a guide for professionals and hobbyists. Naval Institute Press, 1990.134 Idem.135 Ibidem, p. 105136 Ibidem, p. 106

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102

de modelagem matemática, esses cientistas empregaram em algumas situações a

simulação construtiva em apoio a suas análises matemáticas137.

3.2.6 Situação da simulação construtiva após a II GM

Apesar da criação dos Jogos de Guerra ser prussiana/alemã, os grandes

impulsionadores do desenvolvimento e aplicação dos sistemas de simulação após a II

GM foram os EUA e a URSS. Será apresentada em seguida os principais eventos

ocorridos nos EUA relacionados à simulação construtiva, pois este país foi, um dos que

mais investiu na área em termos mundiais. Ademais, no bloco comunista as atividades

de simulação receberam classificação sigilosa, e poucos dados foram disponibilizados

no período 2000.

Segundo CAFFREY, após a Segunda Guerra Mundial os EUA esperavam

garantir a paz através das armas nucleares e os soviéticos, continuaram o conflito,

duvidando da efetividade de tais armamentos. Em virtude de tal conjuntura, as

atividades de Simulação de Combate sofreram uma relativa desaceleração dentro dos

EUA e cresceram dentro da URSS. Na visão dos norte-americanos, as armas atômicas

dissuadiriam futuras guerras.

Os militares passaram a enfatizar em seus cursos disciplinas relacionadas à

administração em detrimento daquelas relacionadas ao estudo da Guerra, ocorrendo a

diminuição de tempo para a realização de simulações construtivas e jogos de guerra138.

Os soviéticos prosseguiram com seu programa de simulação, o qual, ao contrário

do programa de mísseis, permaneceu desconhecido no mundo ocidental139. As

atividades de simulação norte-americanas só ganharam novo estímulo com a Guerra da

Coréia. Naquele conflito, as lideranças norte-americanas entenderam que a guerra

convencional não estava obsoleta140. Deste ponto em diante, o desenvolvimento de

sistemas de simulação de combate seguiram os avanços da tecnologia. Desde essa

década de 50, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (US Department of

138 Ibidem, p.76.139 CAFFREY, Matthew. History of Wargames: Toward a History Based Doctrine for Wargaming as of 6 Jan 2000. Disponível em http://www.strategypage.com/wargames/articles/wargame_articles_2004980.asp. Acesso em 23 Mai. 2007.140 Idem.

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Defense – DoD) passou a alocar recursos e propor sistemas de simulações baseadas

em computadores. Tais sistemas eram rudimentares e eram dotados de programas com

fórmulas que processavam grandes quantidades de números e apresentavam

resultados complexos.141

É relevante também enfatizar o papel destacado que a comunidade científica

teve no desenvolvimento e aprimoramento das ferramentas de simulação construtiva.

Essa contribuição foi uma das conseqüências do maior envolvimento de pesquisadores

de diversas áreas no esforço de guerra, no apoio a planejamentos militares, durante a II

Guerra Mundial. 142

Nos EUA foi criada a RAND Corporation143, uma instituição científica civil

independente e sem fins lucrativos. Composta de pesquisadores operacionais, a RAND,

desde seu surgimento, colabora através de suas pesquisas com projetos das forças

armadas Norte-Americanas. Em 1948 essa instituição criou uma simulação voltada para

situações de crise, e em 1954 desenvolveu outras simulações construtivas inovadoras.

CAFFREY, p.29 considera que a RAND reinventou os sistemas de simulação

construtivos alemães 144. Nessa época, o interesse do Exército norte-americano pela

simulação construtiva ressurgiu após a percepção da importância da ferramenta,

quando entrevistou diversos oficiais do exército alemão na II GM. O Corpo de Fuzileiros

Navais também demonstrou sensível interesse pelo wargame com a criação de séries

de simulações terrestres em Qantico145.

A vanguarda da pesquisa e emprego das simulações continuou sendo da

Marinha Norte-Americana e, também, da recém criada Força Aérea. A Marinha realizou

141 DUNNINGAN, James F. Wargames handbook: how to play and design commercial and professional wargames. 2nd ed., New York: William Morroe and Company,1992, p. 15.142 CAFFREY (2000). CAFFREY, Matthew. History of Wargames: Toward a History Based Doctrinefor Wargaming as of 6 Jan 2000. Disponível em http://www.strategypage.com/wargames/articles/wargame_articles_2004980.asp. Acesso em 23 Mai. 2007.143 A RAND Corporation é um órgão de consultoria norte-americano contratado pelas forças armadas daquele país, com larga experiência nas pesquisas estatísticas, matemáticas e em áreas da computação, é internacionalmenteconhecida pela qualidade de suas análises relacionadas aos assuntos de defesa. Nota do autor.144 CAFFREY (2000). CAFFREY, Matthew. History of Wargames: Toward a History Based Doctrinefor Wargaming as of 6 Jan 2000. Disponível em http://www.strategypage.com/wargames/articles/wargame_articles_2004980.asp. Acesso em 23 Mai. 2007.145 Idem.

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em 1956 e 1957 na sua Escola de Guerra jogos com apoio da Universidade George

Washington, com seu computador de alta-velocidade de processamento. Em 1958 a

Marinha norte-americana apresentou o primeiro simulador eletrônico de guerra, o

NEWS (Navy Electronic Warfare Simulator)146 147 . Este sistema ocupava três andares e

teve o custo de 7,25 milhões de dólares148. Na prática, o NEWS foi o sucessor do antigo

sistema de simulação construtiva em tabuleiro e em cartas náuticas da Marinha.

Figura Nr 30 - O matemático húngaro John von Neumann, membro do Projeto Manhattan, foi um dos criadores da teoria matemática dos jogos e do Método de Monte Carlo, conceitos empregados em sistemas de simulação construtivosFonte: Disponível em http://en.wikipedia.org/wiki/Image:JohnvonNeumann-LosAlamos.jpg. Acesso em

17 mai. 2009

Em relação ao Exército Norte-americano, esse após a Segunda Guerra criou um

órgão encarregado do desenvolvimento e aplicação de sistemas de simulação de

combate chamado Operations Research Office (ORO) junto à Universidade John

146 PERLA, Peter P. The art of wargaming: a guide for professionals and hobbyists. Naval Institute Press, 1990, p. 78.147 PERLA (1990, p. 81) informa que o NEWS era composto de um subsistema de manobra com display, um computador de danos e um subsistema de comunicações. O display tinha capacidade de mostrar a localização e o deslocamento de uma simples embarcação ou até mesmo de uma força tarefa naval inteira. O computador de danos tinha em seu banco de dados as características de efetividade de vinte diferentes tipos de armas contra vinte diferentes tipos de alvos. Cada combinação de arma e alvo era caracterizado pelo máximo alcance de engajamento, probabilidades de acerto e o dano incremental no alvo por acerto de tiro.148 Idem, p.81.

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Hopkins. A partir daí essa parceria Exército-Universidade tornou-se regra nos EUA,

sendo enfatizada a criação de modelos para análise e realizando-se uma série de

exercícios no terreno para validação desses sistemas. Vale lembrar que esses

programas enfatizavam muito mais a análise de fenômenos do que a simulação

propriamente dita. A década de sessenta trouxe boas novidades para a simulação de

combate. A atividade ganhou forte impulsão internacional.

No período, CAFFREY afirma que o Exército Norte-Americano fez intenso

emprego e pesquisa de sistemas de simulação de combate, os quais trouxeram

significativos resultados, como por exemplo o desenvolvimento do conceito da Divisão

Aérea Móvel (Air Mobile Division), aprimorado e demonstrado ao Secretário

MacNamara com o apoio de sistemas de Jogos de Guerra em 1962, e empregado com

relativo sucesso no Vietnã. Após o insucesso da invasão de Cuba na Baía dos Porcos,

o presidente Kennedy queixou-se aos seus assessores militares que estes não

entendiam as repercussões políticas de suas recomendações e encorajou o uso de

Sistemas de Simulação Políticas e Econômicas no Pentágono e nas escolas

profissionais de alto nível.

3.2.7 Contexto contemporâneo e a situação da Simulação Construtiva como

Ferramenta de Apoio à Decisão

Mas foi a partir da década de 70 que a simulação, em sentido amplo (ao vivo,

virtual e construtiva), foi potencializada pelo significativo desenvolvimento tecnológico

da microeletrônica, informática (computação gráfica, maior capacidade de

armazenamento de dados, maior velocidade de processamento, entre outros),

ambientes de realidade virtual e redes de comunicação149, tiveram forte impacto no

treinamento, desenvolvimento e planejamento de operações militares. A simulação

também foi uma das ferramentas que impulsionaram as forças norte-americanas a

superarem o trauma pós-Vietnã150 e a iniciarem um rigoroso processo de

transformação.

149 OTA (1995, p.2).150 DUNNINGAN, James F. Wargames handbook: how to play and design commercial and professional wargames. 2nd ed., New York: William Morroe and Company,1992, p. 15.

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Esse processo de forte impacto surgiu com a criação e aperfeiçoamento do

conceito “treinar como combater, combater como treinar”, desenvolvido inicialmente, de

forma impírica, pela Marinha dos Estados Unidos. GORMAN (1990) e DUNNINGAN

(1992) apud MOSQUEIRA, (2001, p.33) ensinam que:

A primeira percepção concreta do valor do treinamento realístico não se deu em ambiente terrestre, mas aéreo. Na guerra do Vietnã, principalmente no período de 1970-1973, o desempenho significativamente superior dos pilotos da Marinha Norte Americana em relação aos pilotos da Força Aérea, operando por vezes o mesmo equipamento, chamou a atenção. A causa não era outra senão um melhor treinamento pré-combate dos pilotos da aviação naval na então recém criada Top Gun Figther Weapons School (fim do ano de 1968). Objetivando inicialmente apenas economizar munição no início do treinamento dos pilotos, foi elaborado um programa de treinamento baseado no engajamento, em que os pilotos travavam o combate simulado contra aeronaves com performance modificada (para parecerem com os MIG`s 17 e 21) pilotadas por habilidosos instrutores. (grifo nosso).

Figura Nr 31 - O Conceito da Divisão Aérea Móvel (Air Mobile Division),foi aprimorado e demonstrado com apoio de sistemas de Simulação ConstrutivaFonte: Disponível em http://es.geocities.com/namspeak/helicopteros.html. Acesso em 22 Jun. 2010

Foi aprendido que se os pilotos realizassem as primeiras missões de combate

em ambiente simulado bastante semelhante ao cenário real e contra inimigos simulados

de qualidade, teriam uma chance muito maior de sobreviverem aos combates reais. As

lições aprendidadas pela Escola Top Gun foram logo aplicadas pelas outras forças,

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com a criação de Centros de Treinamento de Combate (Combat Training Center –CTC),

como o da Base Aérea de Nellis (onde é realizado o exercício Operação Red Flag) da

Força Aérea, e o Centro de Treinamento Nacional no Forte Irwin (National Training

Center - NTC). Além de centros dedicados ao adestramento de forças militares, esses

Centros passaram, gradativamente, a desempenharem a função de laboratórios, onde,

integrados através de redes de comando e controle, e interagindo com outras formas de

simulação, passaram a realizar experimentos doutrinários, e a fornecerem dados

estatísticos de emprego de tropa para o desenvolvimento de modelos para simulação

construtiva.

Figura Nr 32: Os primeiros sistemas norte-americanos de apoio às atividades de simulação, surgidos durante as décadas de 70 e 80Fonte: ESTADOS UNIDOS, Headquarters of Department of Army, p.1-2

Em relação ao desenvolvimento da simulação construtiva, desde meados da

década de 70 os cientistas da computação do Laboratório de Simulação de Conflitos do

Laboratório Nacional Lawrence Livermore (Lawrence Livermore desenvolveram

programas para computador muito realistas para o Departamento de Defesa norte-

americano. Entre eles merece destaque o programa JANUS151, desenvolvido no fim dos

151 JANUS é um sistema de simulação construtiva interativa orientado a eventos empregado pelo Exército norte-americano no adestramento de comandantes de pelotões e companhias na aplicação da doutrina tática e técnicas de combate. No escalão batalhão e brigada, serve como ferramenta de treinamento de todo o estado-maior e comandante. Nota do autor.

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anos 70 por aquela equipe. Esse software foi o primeiro sistema de simulação de

conflitos a empregar uma interface gráfica 152.

Durante o final dos anos 70 e nos anos 80 a simulação construtiva passou a ser

usada por todo o Exército norte-americano, e também, pela Força Aérea, e de acordo

com DUNNINGAN (1992) paulatinamente, estabeleceu-se como uma maneira oficial de

pensamento e planejamento, sendo empregado para clarificar e dar foco a planos de

guerra em contingências no Oriente Médio no final dos anos 70, e no início dos anos

80.

De acordo com SHIMAMOTO (2000):

… as simulações do Livermore (desenvolvidas pelo Laboratório Nacional Lawrence Livermore) provaram ter sido altamente valorosas para os militares. Elas foram empregadas na Operação Justa Causa no Panamá e na Operação Tempestade no Deserto no Oriente Médio, como também, para o planejamento do combate na Somália, Bósnia, e outros pontos problemáticos internacionais. (p.4)

A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em conjunto com o

Exército norte-americano também utilizou a simulação construtiva de forma bastante

intensa. Esse emprego não se limitava ao adestramento de comandantes e estados-

maiores, mas também para o planejamento de possíveis operações reais contra tropas

soviéticas.

Outro evento de forte impacto no desenvolvimento da simulação (no caso, a

simulação virtual) foi a criação do Programa SIMNET, ou Rede de Simulação

(Sumulation Network), pela Agência (norte-americana) de Projetos de Pesquisa

Avançada (Defense Advanced Research Project – DARPA), e o Exército norte-

americano a partir de 1983153. O SIMNET foi criado inicialmente para explorar as

tecnologias e os conceitos desenvolvidos no Projeto Treinador de Tiro de Carro de

Combate (Tank Gunnery Trainer - TGT)154. Tratava-se de um sistema de simulação que

combinava a realidade virtual e sistemas que imitavam a cabine de carros de combate,

e tinha a finalidade de executar o treinamento das tripulações. Posteriormente o

sistema foi expandido para adestramento de unidades de valor companhia. Vários 152 SHIMAMOTO, Fay. Simulating warfare is no video game: Science & Technology Magazine. Lawrence Livermore National Laboratory, Livermore, january/febuary 2000, p.4.

153 ESTADOS UNIDOS, Office of Technology Assesment Congress of the United States, p.2.154 Idem, p.15.

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treinadores representando carros de combate, interconectados uns com os outros,

passaram a manobrar em um campo de batalha virtual e a cooperarem para engajar um

inimigo comum.

O Programa SIMNET terminou em 1989, mas seus sistemas de simulação, os

protocolos de comunicação desenvolvidos e redes desenvolvidas pelo Programa foram

pioneiros no desenvolvimento de sistemas modernos empregados nos dias atuais.

Além disso, a experiência desenvolvido com o emprego de redes militares de

comunicação de dados teve, posteriormente, papel relevante no desenvolvimento dos

sistemas de simulação construtiva. A partir do SIMNET surgiu o conceito da Simulação

Interativa e Distribuída, ou seja, programas de simulação que se conectam em tempo

real a outros programas através de protocolos de comunicação e redes de computação 155.

Desde o ano de 1985 o Exército norte-americano tornou-se co-patrocinador do

SIMNET, passando a empregar a tecnologia do SIMNET para treinamento (SIMNET-T)

e a tecnologia para pesquisa e desenvolvimento (SIMNET-D). Estes projetos em 1991

se fundiram no Projeto Treinador Tático de Armas Combinadas do Exército (Army’s

Combined Arms Tactical Trainer - CATT)156. Ao mesmo tempo o DARPA157

(posteriormente chamada de ARPA) criou o seu próprio Programa Avançado de

Simulação Distribuída (Advanced Distributed Simulation program).

No início dos anos 90, após o colapso da União Soviética, discussões políticas

nos Estados Unidos focaram a reorientação de gastos com pesquisa em defesa,

buscando não apenas beneficiar a área militar mas também setores comerciais. Com

isso, as pesquisas na área de simulação receberam importante aporte de recursos e

apoio do Governo Norte-Americano. A história recente do desenvolvimento norte-

americano de simulações foi baseada no esforço norte-americano de pesquisa na área 155 LENOIR, Tim; LOWOOD, Henry. Theaters of war: the military entertainement complex. Stanford University.156 Conforme ESTADOS UNIDOS, Office of Technology Assesment Congress of the United States, oProjeto CATT foi o conjunto de vários projetos relacionados à desenvolvimento da interoperabilidade entre equipamentos de simulação distribuída para diversas armas combinadas. Como exemplo, seu Treinador de Combate Tático Aproximado (Close Combat Tactical Trainer) empregado no treinamento de unidades blindadas era bem semelhante aos primeiros equipamentos do SIMNET (cabine que representava o interior do carro de combate complementado com sistema de simulação virtual para representar o campo de batalha). Outros projetos do CATT foram direcionados para treinamento de apoio de fogo, aviação, defesa aérea e apoio de engenharia de combate. 157 O DARPA posteriormente foi denominado ARPA.

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de defesa. Este tipo de simulação serviu como plataforma de experimentação para a

realização de treinamentos de combate mais realísticos. Foi explorada naquele

momento a metodologia da criação de modelos e simulações precisas desde um amplo

conjunto de dados coletados no próprio campo de batalha.

No início da década de 90 questionamentos sobre territórios e campos de

petróleo levados a termo pelo líder Iraquiano Sadam Hussein no Oriente Médio

resultaram em um conflito real com a invasão militar do Kuwait. Na sua preparação para

a Operação Tempestade no Deserto no Iraque, em 1991, o Exército norte-americano

fez uso das três modalidades de simulação (construtiva, ao vivo e virtual), inclusive de

forma integrada através das tecnologias desenvolvidas no SIMNET, como ferramenta

de adestramento. A simulação virtual para o adestramento de tripulações de carros de

combate e de aeronaves de ataque, a simulação ao vivo para o adestramento de tropas

no terreno, e a simulação construtiva para refinar o treinamento de comandantes e

estados-maiores em vários níveis. Mas a simulação construtiva também foi empregada

como ferramenta para o apoio à decisão, apesar do desenvolvimento tecnológico para

ferramentas de simulação com este fim ainda estarem incipientes naquele momento.

Foram utilizados sistemas de simulação em tabuleiro para esse fim.

DUNNINGAN (1992) cita que nas fases de planejamento operacional inicial

chegou-se até mesmo a empregar um jogo guerra de tabuleiro com o cenário no Kuwait

e Iraque, e vendido no comércio em diversas lojas especializadas:

“...A atividade de simulação de combate construtiva (Wargaming) destacou-se proeminentemente nos esforços dos Estados Unidos durante a Guerra do Golfo entre 1990 e 1991. Na manhã de 2 de agosto de 1990, com a conquista do Iraque ainda não completa (o Iraque havia invadido o Kuwait), o Pentágono buscou fazer alguns rápidos Jogos da Guerra (wargaming) para compreender o que estava acontecendo e o que significava (grifo nosso). O único tipo de sistema de simulação (wargame) que poderia apresentar rápidos resultados era um sistema manual, um jogo manual comercial que poderia ser comprado em uma loja de jogos. O jogo usado foi o Gulf Strike. 158 […] O jogo começou a ser utilizado às 3 horas da tarde (sendo empregado por vários especialistas em Oriente Médio do Pentágono). Antes do término daquele dia o Iraque tinha conquistado o Kuwait, mas aqueles especialistas em Washington sabiam que o Iraque estava fadado ao fracasso. (grifo nosso) Os resultados daquele jogo manual foram a base da maioria das decisões tomadas durante agosto. (grifo nosso)...”

158 Conforme DUNNINGAN (1992), este Jogo comercial (wargame) foi criado por Mark Herman, especialista de firmas de consultoria de defesa e conhecido pelo público do Pentágono. Seu sistema representava guerras potenciais no Golfo Pérsico em meados dos anos 80.

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111

Merece ser destacado que a partir de dados e experiências da Guerra do Golfo foram

testadas novas abordagens para a tecnologia do SIMNET, em particular, para o emprego dos

sistemas de simulação construtiva. Uma importante iniciativa neste sentido partiu de um

grupo de analistas do Instituto do Exército Norte-Americano para a Análise da Defesa

(U.S.Army’s Institute for Defense Analisys)159, tendo como objeto de estudo a vitória

norte-americana na Batalha do 73 Easting160, ocorrida na Guerra do Golfo em 1992.

Aquela Operação foi considerada pelo general Frederick Franks, comandante do VII

Corpo de Exército Norte-Americano na Operação Tempestade no Deserto uma missão

clássica de cavalaria com as missões de encontrar, fixar e combater o inimigo.

Imediatamente após a batalha foi percebido pelos comandantes Norte-Americanos que

aquele evento tinha potencial para ser empregado como tema de simulação na rede de

treinamento SIMNET161. Na ocasião, de acordo com CLANCY (1994), cada aspecto da

batalha foi estudado e recriado em um modelo computadorizado da batalha. Após

poucos dias da ocorrência do fato ter ocorrido pelo Comando do Exército Norte-

Americano foi decidido que seria empregada a tecnologia e a experiência acumulada no

SIMNET para gravar aquele evento de forma a ser utilizado futuramente como cenário

das suas estações de simulação. A maioria da equipe que tinha desenvolvido o

SIMNET (liderada por Jack Thorpe, do IDA) foi reunida para trabalhar a simulação do

73 Easting. Estes componentes foram liderados pelo tenente Neale Cosby, Gary

Bloedorn (chefe da equipe de campo para documentação) e o coronel Michael Krause

(conselheiro de história militar). Expertise adicional foi obtida pela contratação de uma

empresa (BBN) e pelo apoio dos Laboratórios Topográficos do Corpo de Engenheiros

do Exército (U.S Army´s Engineer Topographical Laboratories)162.

Uma dificuldade surgida no desenvolvimento dessa simulação foi esforço para

representar detalhes de comportamento das tropas representadas. As simulações na

159CHRISTENSON, W. M.; ZIRKLE, Robert A. 73 easting battle replication. A janus combat simulation. Institute for Defense Analyses, Alexandria, VA, Setembro de 1992, p.2.160Batalha blindada vital na Guerra do Golfo onde elementos da Cavalaria Blindada norte-americana venceram de forma surpreendente forças mais numerosas da Guarda Republicana do Iraque. Mais de 600 soldados iraquianos da 12ª Divisão Iraquiana e da Divisão Blindada Tawakalna foram mortos ou feridos, e outra quantidade semelhante foi capturada. A Batalha foi batizada com o nome da localizado onde ocorreu: 73 Easting é a linha norte-sul da quadrícula das cartas militares norte-americanas representando o deserto iraquiano. Nota do autor.161 LENOIR, Tim; LOWOOD, Henry. Theaters of war: the military entertainement complex. Stanford University, p. 13.162 Idem, p.13.

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112

época não faziam isso de forma satisfatória. Foi realizado pelo IDA um esforço para

superar essa dificuldade. Foi executado um profundo debriefing, com cerca 150

sobreviventes da batalha. O objetivo foi recriar um registro das experiências individuais

(como cada um sentiu, pensou e agiu à dinâmica dos fatos) baseado na linha do tempo

dos eventos ocorridos, e trazer os eventos para uma realidade tridimensional simulada,

a qual um futuro aluno militar podesse reviver163. Foi realizado um intenso esforço na

coleta de dados, cuja reunião de material começou um mês após a Batalha.

Figura Nr 33 - Ilustração mostrando a genealogia do SIMNET (evolução dos vários produtos surgidos a partir do projeto original) desde o ano de 1979 até o ano de 1994Fonte: Office of Technology Assessment Congresso of the United States. Distributed Interactive Simulation of Combat. 1995

Foram realizadas pesquisas no local da batalha e entrevistas com os

participantes. Foram reunidos relatórios de combate, gravações das redes rádio durante

a ação, e dos próprios militares, além de anotações pessoais. Foram obtidas fotografias

antes e após o combate. No local da batalha os observadores da DARPA marcaram

posições de tropas amigas e inimigas, incluindo carros de combate e outros veículos

envolvidos. Tropas do 2º Regimento de Cavalaria Blindado (2º Armoured Cavalry

163 Ibidem, p.15.

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Regiment) acompanharam os membros da equipe da DARPA para reconstruir a ação

momento a momento, veículo a veículo. Ali estavam os soldados que efetivamente

tomaram parte das ações e tinham a visualização da batalha. Rastros na areia de

veículos e restos de fios de mísseis anti-carro deram aos especialistas informações

sobre movimentos realizados e trajetórias. Além disso, foi instalado em carros de

combate um sistema de rastreamento por satélites para registrar com precisão a rota de

deslocamento. Foram empregadas fotos de satélite do local e um mapa digital do

terreno foi capturado por lasers e radares.

As informações coletadas foram transformadas pelos especialistas do Centro de

Simulação IDA em uma simulação com cenário tridimensional para emprego no

SIMNET. Este, por ser uma modelo virtual em que várias variáveis poderiam ser

programadas, apesar das referências históricas, poderia resultar em diversos

desfechos. A ferramenta foi, depois de nove meses de trabalho apresentada aos altos

escalões militares, oportunidade em que gerou excelentes impressões. Esse modelo foi,

posteriormente acoplado ao engine de um sistema de simulação construtiva chamado

Projeto Odin (desenvolvido durante a preparação da Operação Tempestade no Deserto

por Neale Cosby da equipe da IDA)164. Combinando a tecnologia de rede do SIMNET e

seus meios de simulação virtual (core do sistema), a base de dados digitais de terreno

de qualquer parte do mundo, dados de inteligência atualizados da ordem de batalha

inimiga e amiga chegando do campo (através de um outro programa do DARPA

chamado de FULCRUM), a um gerador de ordem de batalha, a um mapa em tela

(display) com uma tela de duas ou três dimensões, chamado de “carpete voador”, e um

engine de simulação construtiva com forças semi-automatizadas, empregando

componentes de Inteligência Artificial (I.A.) (a ideia de Nealy Cosby era criar um campo

de batalha eletrônico com forças semi-automáticas, cujo comportamento imitasse muito

proximamente ao comportamento inimigo). Este sistema poderia ser transportado em

uma van com um trailer para o gerador, e deveria ser empregado no terreno por um

oficial de inteligência, o oficial de operações e o comandante, para a visualização do

campo de batalha em três dimensões, e capacitá-los a, interativamente, dar um zoom

em qualquer ponto para analisar o arranjo das forças. O sistema não era projetado para

164 Ibidem, p.16.

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destruir alvos, mas para apoiar a visualização do campo de batalha. A finalidade do

emprego do sistema seria, através da possibilidade de visualização detalhada das

diferentes perspectivas do oponente, possibilitar a inferência na intenção de inimigo, e

também, permitir ao comandante que mais facilmente ganhasse domínio do campo de

batalha antes de qualquer ação operacional.

De acordo com LENOIR e LOWOOD, o “Tapete Voador” (sistema de simulação

construtiva em apoio ao sistema maior):

Era o aspecto mais inovador do sistema SIMNET. Ele permitia dar um zoom em qualquer parte do campo de batalha, como também, avançar e retroceder no tempo, de qualquer perspectiva. Os comandantes poderiam cruzar o campo de batalha gerado por computador que mostrava o emprego e as operações de ordens de batalhas tanto aliadas quanto do inimigo em duas e três dimensões. O campo de batalha simulado poderia ser visualizado de qualquer ponto de vista, aéreo ou terrestre, ou a situação geral de cada momento poderia ser mostrada em um mapa digitalizado. Uma outra importante característica […] era que no modo 3D um display pop-up era apresentado para permitir que o comandante pudesse clicar em um determinado batalhão blindado, por exemplo, e obtivesse uma representação seletiva de diferentes classes de armamentos, uma útil característica para inspecionar o layout de uma força no campo de batalha sem toda a concentração de dados (p.17-18).

Com a conclusão do Projeto 73 Easting verificou-se que o Projeto ODIN da IDA

tinha avançado bastante. Tinha sido desenvolvido ali o conceito de uma plataforma

capaz de prover uma simulação interativa e preditiva. Com a base de dados de

simulação acoplada no ODIN era possível agora não só reutilizar a simulação de

eventos históricos, mas mudar o equipamento empregado do inimigo e testar táticas

para outros cenários (usar o método “e se”).

LENOIR e LOWOOD ensinam na prática como isso poderia ser feito:

Por exemplo, foi colocado como hipótese que o fator mais importante que favoreceu ao 2º Regimento de Cavalaria Blindado (na operação 73 Easting) tinha sido o uso de óculos de visão noturna (OVN) para navegar na tempestade de areia enquanto que os iraquianos tinham apenas visores óticos em seus equipamentos. Adicionando essa capacidade ao equipamento iraquiano seria possível ver como o resultado da batalha poderia ter sido afetado. Em acréscimo múltiplos simuladores ODIN poderiam ser ligados na rede rodando a base de dados do 73 Easting. Soldados em simuladores (cabines dotados de simuladores virtuais) e comandantes em Estações de Trabalho (workstations)poderiam entrar em situação e adicionarem novas táticas (p.18).

Além do aperfeiçoamento das ideias e tecnologias da Simulação Interativa

Distribuída, outros importantes conceitos surgiram a partir da análise dos ensinamentos

e dados da Operação Tempestade no Deserto. Entre eles merecem destaque o

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conceito do Comando Digital de Batalha (Digital Battle Command) e o da Força XXI

(Force XXI). Tais conceitos são interdependentes, sendo que o Força XXI descreve

tanto o conceito quanto a intenção para o Comando Digital de Batalha165. A Força XXI

pretendia propor a estrutura doutrinária e tecnológica para que, até a segunda década

do século XXI, boa parte das brigadas mecanizadas do U.S. Army fossem

transformadas em brigadas digitais, ou seja, deveriam estar estruturadas para operar e

estar conectadas a uma grande rede operacional de informações digitais que permitirá,

em tese, uma muito maior agilidade e poder de combate. A hipótese do conceito

baseou-se na seguinte premissa: Se o Exército equipasse suas unidades com meios

para que cada uma pudesse visualizar e interagir umas com a outras, essas unidades

seriam capazes de operar em timings maiores que seus oponentes166. Ou seja, operar

de modo mais ágil do que o inimigo, e com isso surpreendê-lo, e se tornar mais letal e

com capacidade de sobrevivência. Um dos atrativos para esse conceito era o fato de

que não seria necessário aumentar a blindagem das forças nem criar nenhum novo

sistema de armas. O investimento seria baseado na tecnologia da informação, ou seja,

no conjunto de sistemas de comunicação digital, programas de compartilhamento de

consciência situacional e, o escopo do presente trabalho, programas de apoio à

decisão167. Na Força XXI, pôde se visualizar claramente todas as áreas onde a

simulação construtiva impactará a maneira de preparo e emprego de uma força

armada. Desde que o conceito foi criado, este sofreu adaptações e aprimoramentos.

Nessa fase de consolidação inicial a simulação construtiva foi empregada na realização

de experimentos doutrinários em computador, para aprimorar e refinar aspectos

relacionados ao dimensionamento e formas de emprego tático de brigada digital. Em

seguida, a simulação foi utilizada novamente, através de sua outra modalidade, a

simulação ao vivo, onde elementos de combate reais foram empregados em exercícios.

Somente depois experimentar as modificações e aprimoramentos dessa fase simulada

é que a doutrina passou a ser escrita168. O Exército norte-americano também

165 FONTENOT, e colab. On Point: The United States Army in Operation Iraqi Freedom. Naval Institute Press, 2005, p.28.166 Idem.167 Ibidem.168 SCALES JR., Major Robert H. Yellow smoke, the future of land warfare for america’s military.Rowman & Littlefield, 2005,p. 10-14.

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116

desenvolveu requisitos operacionais para sistemas de comunicação, de sistemas de

apoio à decisão e de aumento da consciência situacional. Juntos esses sistemas

passaram a constituir o que foi chamado de Sistema de Comando em Batalha do

Exército (Army Battle Command System-ABCS). No verão de 1997 o Exército executou

uma série de exercícios para certificar a 4ª Divisão de Infantaria (4th ID) como o

primeiro grande comando totalmente digitalizado, e integrante da futura Força Digital169.

Foram testados novos conceitos para o emprego, novas organizações e novas

tecnologias requeridas.

Em 1997 o esforço de desenvolvimento surgido com o SIMNET foi consolidado

com a criação pela ARPA do Campo de Batalha Sintético (Synthetic Theater of War -

STOW)170. Este Programa visava demonstrar a capacidade de emprego até o escalão

teatro de operações de simulações distribuídas, combinando as modalidades virtual,

construtiva, e ao vivo em um campo de batalha eletrônico e interativo. O Programa tinha

como objetivos: 1. Aumentar a qualidade das simulações através de níveis de resolução

das entidades, 2. Aumentar a efetividade do treinamento realizado através da

simulação, e flexibilizar interfaces com o sistema operacional de comando, controle,

comunicações, computadores, inteligência, 3. Integrar os modelos de simulação ao

vivo, virtual e construtivos,4. Reduzir os custos excessivos da simulação baseada em

conhecimento (forces semi-automáticas), 5. Prover bases de dados mais rápidos com a

melhoria da transferência da informação, 6. Melhorar as ferramentas de análise pós-

ação e de análise de operações, e 7. Prover aos planejadores combatentes a

capacidade de ensaiar (rehearse) operações reais de crise em um sistema de

simulação. Para isso foram empregados diversos centros de teste e treinamento com

locais de simulação para testar sistemas de armas propostos e doutrinas de emprego

através de simulação ao vivo, virtual e construtiva171. O primeiro demonstrador do

Sistema foi o Teatro de Guerra – Europa (Synthetic Theater of War – Europe – STOW-

E), conduzido no final do ano de 1994, durante o Exercício ATLANTIC RESOLVE

169 Idem, p.32.170Programa norte-americano para a construção de ambientes sintéticos para utilização em defesa. Integra simulação construtiva, virtual e ao vivo para prover um ambiente de treinamento realístico. MAJOR department of defense wargame projects. Disponível em <http://www.strategypage.com/prowg/default.asp?target=pwpdefenseprojects.htm> Acesso em 25 mar. 2009.171 ESTADOS UNIDOS, Office of Technology Assesment Congress of the United States, p. 28.

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envolvendo as forças do Exército norte-americano na Europa. No sistema foram

representadas cerca de três mil e quinhentas entidades simuladas (embarcações,

aeronaves, veículos blindados, entre outros), sendo que mais de duas mil interagiram

simultaneamente. No STOW-E, sistemas de simulação construtiva (como o

Brigade/Battalion Battle Simulation – BBS) foram conectados à rede de simulação

através de uma unidade de tradução (Advanced Interface Unit), que traduzia os

resultados da simulação construtiva para mensagens compatíveis com o DIS172.

Posteriormente foram desenvolvidos o Sistema STOW-97 e STOW-2000, onde foram

implementados outros desenvolvimentos pelo ARPA.

A parceria entre o Departamento de Defesa e o Laboratório Lawrence Livermore

prosseguiu, e em 1997 culminou com o desenvolvimento do sistema JCATS (Joint and

Conflict Tactical System), um dos mais desenvolvidos programas de combate até

então. O programa JCATS foi uma fusão do Joint Conflict Model, uma versão avançada

do JANUS, e de um modelo de conflito urbano (Joint Tactical Simulation)173. Em 1999 o

JCATS foi empregado para visualizar possíveis opções de combate no conflito da

região de Kosovo. As seguintes instituições norte-americanas empregaram o JCATS: o

Exército (U.S. Army), as Forças de Segurança da Força Aérea (U.S.Air Force Security

Forces), o Comando de Operações Especiais (Special Operations Command), o Corpo

de Fuzileiros Navais (Marine Corps), a Escola de Pós-graduação Naval (Naval Post

Graduate School), o Comando Sul do Exército (U.S. Southern Command), Exército na

Europa (U.S. Army Europe), Departamento de Energia (Department of Energy) e

Serviço Secreto (Secret Service)174.

Posteriormente, na operação Iraque Livre (Iraq Freedom Operation), as

brigadas digitais foram utilizadas pela primeira vez em combate real. Na ocasião, a

simulação construtiva foi utilizada na sua estrutura de comando e controle como

ferramenta de análise e suporte ao processo de tomada de decisão. Em 2003, como

172 A função dos tradutores é desagregar entidades (por exemplo, um pelotão) que é simulado no BBS como uma unidade agregada. Esse tradutor faz com que nos outros simuladores do SIMNET este pelotão seja representado como quatro carros de combate. Os tradutores também tinham a função de reportar a posição dos veículos reais participantes da rede. (Estados Unidos, p.29).173 SHIMAMOTO, Fay. Simulating warfare is no video game: Science & Technology Magazine. Lawrence Livermore National Laboratory, Livermore, january/febuary 2000, p.5.174 FONTENOT, e colab. On Point: The United States Army in Operation Iraqi Freedom. Naval Institute Press, 2005.

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uma das consequências do ataque terrorista à série de ataques terroristas aos Estados

Unidos, o Governo Norte-Americano, liderou a invasão aquele país em 2003, devido ao

não cumprimento de Resoluções do Conselho de Segurança da Organização das

Nações Unidas (ONU) pelo Iraque. O ataque teve como finalidade dar fim ao regime de

Sadam Hussein, eliminar armas iraquianas de destruição em massa e capturar

terroristas em solo iraquiano. O Exército norte-americano que entrou em combate em

março de 2003 era composto de forças ainda organizadas e planejadas durante a

Guerra Fria, mas uma parcela de forças era modernizada ou em vias de

modernização175. Alguns aspectos da Operação, o emprego das munições de precisão,

do GPS (Global Position System), e o amplo emprego da tecnologia da informação

sugeriram a natureza do futuro do combate. As ferramentas de apoio à decisão, em

particular, o Sistema de Simulação de Combate Construtivo (com funcionalidades de

apoio à decisão, e profundamente integrada a redes de informações) foi empregado no

planejamento das operações176. Dentre as vezes que o sistema foi utilizado merece

destaque o emprego da ferramenta nos plajementos operacionais realizados pelo

Comando Central do Exército dos Estados Unidos (CENTCOM). Nele foram

experimentadas os detalhes e ajustes do plano da campanha proposto pelo general

David McKiernan, comandante do III Exército (III Army) e na Operação, comandante da

Força Terrestre Combinadas Componente (Combined Forces Land Component

Command - CFLCC). Aspectos da campanha, como o emprego sequenciado ou

simultâneo da I Força Expedicionária de Fuzileiros Navais (I Marine Expedicionary

Force – I MEF) e do V Corpo de Exército (V Corps) foram trabalhados em simulação.

Os resultados serviram como apoio e fundamento às modificações no planejamento, e

a posterior decisão de emprego das forças tomada pelo General McKiernan177 178.

A partir desse esquema de manobra os elementos subordinados passaram a

realizar o seu treinamento e a sua preparação. No escalão Corpo-de-Exército o V Corpo

175 Idem, p.19.176 Ibidem, p.69.177 Ibidem.178 De acordo com FONTNOTE (2005, p.72), o General McKiernan visualizou um ataque terrestre simultâneo e sincronizado de diversas direções com o objetivo de isolar o regime de Sadam Hussein dentro de Bagdá, e finalmente, atacar locais naquela cidade. Em seu plano ele dirigiria o V Corpo de Exército pela porção ocidental das margens do rio Eufrates como o esforço principal, e o I MEF para apoiar esse esforço ao longo do Vale do Rio Tigre e Eufrates.

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(V Corps) conduziu importantes exercícios, entre janeiro e fevereiro de 2003. Em um

deles, o VICTORY SCRIMMAGE, realizado em Grafenwoehr, Alemanha, todas as

divisões e brigadas subordinadas foram representadas no exercício que empregou

intensivamente a simulação construtiva. O V Corpo foi empregado ali em uma operação

semelhante à que iria realizar no Iraque. O exercício permitiu que seus comandantes e

estados-maiores realizassem todo o planejamento e executassem operações utilizando

a simulação de um Corpo-de-Exército em campanha contra um inimigo de alto nível,

semelhante às Forças Armadas Iraquianas (a criação desse inimigo contou com apoio

de integrantes do Programa de Treinamento de Comando em Batalha - Battle

Command Training Program-BCTP do Forte Leavenworth). Nesse Exercício foram

refinados vários procedimentos operacionais padrão, e ensaiados vários aspectos do

planejamento. Outro importante exercício ocorreu simultaneamente na cidade alemã de

Vilseck, e foi conduzido pelo Comando de Apoio do V Corpo (V Corps Support

Command). Na ocasião, todo o esforço logistico da futura campanha foram visualizados

e ensaiados. Foram identificados diversos desafios logísticos que os especialistas

tiveram de equacionar. Após esses exercícios o Comando da 1ª Divisão conduziu o

Exercício GOTHAM VICTORY, que explorou o tema do Combate Urbano, que testou

novas táticas, técnicas e procedimentos em desenvolvimento em uma simulação

interativa contra um inimigo que pensava. Os ensinamentos obtidos nesse Exercício

foram de fundamental importância nos combates urbanos nas cidades iraquianas de

Najaf, Karbala e Bagdá.

Ao se fazer uma análise desses exercícios pode-se extrair alguns conhecimentos

relevantes sobre o emprego dos sistemas de simulação construtiva : 1. Apesar do

emprego dos sistema de simulação construtiva ser disseminado em vários escalões, e

esses sistemas serem dotados de Forças Semi-Automáticas (OneSAF), os participantes

desses exercícios não abriram mão do inimigo representado ser composto nos seus

maiores escalões por esp0ecialistas do meio acadêmico militar (BCTP), 2. Tanto as

operações de combate quanto as logísticas foram ensaiadas, através de seus sistemas

de simulação especializados, 3. As ferramentas de simulação permitiram o refinamento

de procedimentos operacionais padrão e aspectos do planejamento, inclusive em

operação de combate urbano, 4. A progressividade das simulações, sequenciadas a

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partir dos escalões maiores, até chegarem aos escalões menores, escalão logístico, e

operações especializadas (no caso o combate urbano).

Os Estados Unidos e outros países pioneiros e qualificados na modelagem e

simulação e do seu emprego como ferramenta de análise de operações militares,

contam com os sistemas de simulação construtivos como uma das ferramentas

empregadas em suas Experimentações Doutrinárias e para as chamadas tarefas de

Ensaio de Missão (Mission Rehearse). No caso dos EUA essas experiências

doutrinárias são chamadas de Experimentos Avançados de Combate (AWE –

Advanced Warfare Experiments)179.

Figura Nr 34 – Uma síntese dos principais objetivos a conquistar Plano de Campanha da Operação Iraque Livre (Iraq Freedom Operation). Na ilustrução pode-se visualizar a área de operações do V Corpo de Exército (V Corps), a Oeste, e do I MEF (I Marine Expedicionary Force), à LesteFonte: FONTENOT e colab. (2005)

179 Os Experimentos Avançados de Combate (Advanced Warfigthing Experiments) são experiências científicas realizadas pelo Exército Norte-Americano (U.S. Army) com o intuito de validar novas concepções operacionais. Para isso se vale de diversas tecnologias, conceitos e ferramentas, entre eles a simulação construtiva e seus modernos centros de treinamento (CTC – Combat Training Center, como por exemplo o Centro Nacional de Treinamento – National Training Center, Fort Irwin. Estes Centros são ambientes controlados que realizam simultaneamente experimentos de doutrina, treinamento, liderança, organização, material e pessoal, conforme MOSQUEIRA (2001, p.5).

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SCALES (2005) descreve como foi o desenvolvimento do AWE da chamada

Força Digital do Exército Norte-Americano, e como a simulação construtiva foi

empregada no processo.

Figura Nr 35 - Modular Semi Automatic Forces (Mod SAF)Fonte: ESTADOS UNIDOS, Office of Technology Assesment Congress of the United States (1995)

3.2.8 Situação atual

Atualmente, pode-se afirmar que os Estados Unidos mantêm a liderança no

desenvolvimento de simulação de combate construtiva, e sistemas de análise, além de

ser o país que emprega essas ferramentas de forma mais abrangente e disseminada. A

simulação é considerada uma das vinte áreas tecnológicas selecionadas pelo

Departamento de Defesa (Department of Defense DoD) para ênfase em recursos para

pesquisa e desenvolvimento180.

De acordo com DUNNINGAN (1992, p. 206) os órgãos de defesa e as forças

armadas deste país são dotados de uma extensa infra-estrutura de pesquisa e

desenvolvimento que permeia todos os escalões, e recebem considerável aporte de

recursos. Além disso, centros de pesquisa civis apoiam o esforço de desenvolvimento

de sistemas e tecnologia, e há diversas parcerias com universidades. As atividades de 180 ESTADOS UNIDOS, Department of Defense.

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simulação construtiva são lideradas no Pentágono pelo Assistente de Secretário de

Defesa para Análise de Sistemas (Assistant Secretary of Defense for Systems

Analysis).

A Universidade Nacional de Defesa (National University Defense), e os Colégios

de Guerra (War Colleges) de cada Força, também possuem estrutura e operam

sistemas de simulação construtiva. Cada força armada tem sua estrutura própria de

pesquisa e desenvolvimento distribuída por centros de portes distintos. O Exército dos

Estados Unidos (U.S. Army) possui a Agência de Conceitos e Análises, em Washington,

que provê apoio de análise através de simulação construtiva para o desenvolvimento de

novas concepções doutrinárias, sistemas de armas e táticas, como também para

justificar requerimentos orçamentários. No Forte Monroe, Virgínia, o Exército possui o

Comando de Treinamento e Doutrina (Training and Doctrine Comand - TRADOC). Lá

uma considerável quantidade de atividades relacionadas à simulação e análise são

realizadas. Além disso, o TRADOC possui seus centros de análise (TRADOC Analisys

Center – TRAC) onde a atividade é feita de forma descentralizada. Um dos locais onde

a atividade de simulação construtiva é mais intensa situa-se em Forte Leavenworth, nos

centros de ensino lá localizados.

Uma considerável quantidade de análises também é feita nas escolas de cada

arma (infantaria, blindados, artilharia, entre outras), e na Escola de Logística (Logistic

School), em Forte Lee, Virgínia. Chama a atenção, ao se verificar o rol de instituições

dedicadas à atividade de análise e simulação, a amplitude de disseminação (diversos

escalões), a quantidade e a diversidade de atividades que são apoiadas por

ferramentas de análise e simulação construtiva.

Vale ressaltar também a importância que os norte-americanos dão aos

escritórios de projeto e desenvolvimento. Na área da simulação foi criado o Programa

Executivo de Escritório para Treinamento e Instrumentação (Program Executive Officer

for Simulation, Training and Instrumentation – PEO STRI), agência norte-americana de

desenvolvimento e aquisição de sistemas de simulação (construtiva, ao vivo e virtual),

que possui um orçamento de aquisição de mais de U$ 3 bilhões de dólares por ano.

Uma de suas mais importantes instalações fica localizada no seu campus na cidade de

Orlando. Esse complexo fica anexo à Universidade Central da Flórida (que é um centro

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de excelência em Modelagem e Simulação), e reúne escritórios de projetos das quatro

forças dos Estados Unidos (Exército, Marinha, Fuzileiros Navais e Força Aérea), da

Guarda Costeira, além de outras agências (Federal Bureau of Investigation - FBI,

Central of Intelligency Agency – CIA, entre outros).

Figura Nr 36 - Representação gráfica da interação entre as modalidades de simulação em um mesmo exercício operacionalFonte: ROSA (2009)

Nesse complexo de escritórios e laboratórios são desenvolvidos projetos na área

de simulação e instrumentação (que é parte da medição). No escritório do Exército, do

efetivo de 438 militares e civis, 250 são engenheiros e técnicos com dedicação

exclusiva, e trabalhando na atividade fim (pesquisa e desenvolvimento de sistemas de

simulação)181.

Na figura Nr 38, temos a representação da arquitetura da Federação Conjunta

Ao Vivo, Virtual e Construtiva (Joint Live Virtual Constructive Confederation), do

181 ROSA, André Luiz Vale. A simulação de combate construtiva: situação atual. Brasília-DF, Quartel-General do Exército, 17 nov. 2009. Entrevista concedida a André Luiz Nobre Cunha.

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Departamento de Defesa dos Estados Unidos, na sua versão 3.1 (2009). E na figura Nr

39, um exemplo de federação de simulações no escalão Força Terrestre Componente.

Confederações de Simulações são aglomerados de simulações operando em

prol de uma única atividade, e totalmente integradas entre si e aos sistemas de

comando e controle. Verifica-se nessas figuras a ampla quantidade e tipos de sistemas

de simulação.

Figura Nr 37 - Instalações da equipe de Orlando da PEO STRI – Agência norte-americana de desenvolvimento e aquisição de sistemas de simulação (nas três modalidades), e com orçamento de aquisição de mais de US$ 3,2 bilhões, reúne em seu campus em Orlando (anexo à Universidade Central da Flórida) equipes das quatro armas norte-americanas para o desenvolvimento e implementação de sistemas de simulação (inclusive a construtiva)Fonte: ROSA (2009)

Outra área que merece atenção pelo Exército é a qualificação de pessoal na

área de Modelagem e Simulação. Foi criada na Força a especialização em Modelagem

e Simulação para oficiais de código FA-57182. Nela os militares são habilitados para

planejamento, aquisição e análise empregando sistemas de simulação. Esses oficiais

182 Ibidem.

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trabalham em centros de simulação e em atividades de emprego operacional (em

exercícios ou real) no próprio país e no exterior. Em 2009 o U.S.Army tinha o seguinte

efetivo de especialistas: 19 coronéis, 64 tenente coronéis e 110 majores (total 193

oficiais superiores especialistas)183. O curso de especialização dura seis semanas.

Existe também na Força o Estágio C-7, obrigatório para todos os oficiais que

desempenham a função de Oficial de Operações (S-3) de brigada e batalhão. O Estágio

tem a duração de 10 dias, e trata emprego da simulação em treinamento.

Figura Nr 38 – Federação de sistemas conjuntos JLVC (Joint Live Virtual Constructive): um exemplo do grau de desenvolvimento obtido pelos EUA na integração das diversas modalidades de simulação. Essa Federação chega a agregar mais de 250.000 entidades em uma mesma simulaçãoFonte: MS&T: Virtualizing M&S: Field to Shape the Future. p. 27

Em relação à estrutura tecnológica em apoio à atividade de simulação, há uma

intensa consolidação do esforço iniciado no Projeto SIMNET, na década de 80. A rede

de informações original tornou-se complexa e ampla. É atualmente parte das diversas

redes de dados que compõem a atual estrutura de comando e controle norte-americano

(a qual inclui até mesmo uma rede de informações militares similar, mas totalmente

desvinculada da Internet, chamada de SIPRNET184). A complexidade da rede e seu

183 Ibidem.184 FONTENOT, e colab. On Point: The United States Army in Operation Iraqi Freedom. Naval Institute Press, 2005, p.29.

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126

poder de agregar sistemas de simulação de vários tipos e programas afins chegou ao

ponto que hoje as Forças Armadas Norte-Americanas, quando se referem ao emprego

de simulação o fazem em termos de confederações de simulação.

Figura Nr 39 - Uma mostra da Arquitetura Integrada Ao Vivo, Construtiva e Virtual (Live Virtual Constructive Integrated Architecture – LVC-IA), no escalão Força Terrestre ComponenteFonte: BARBOSA (2005) apud ARGONESE (2008)

3.2.8.1 Sistemas de Simulação em Operação

O Exército dos Estados Unidos desenvolveu e está empregando, no escalão

tático o sistema WARSIM, versão terrestre do Programa Sistema de Simulação

Conjunto (Joint Simulation System - JSIMS), planejado para ser uma confederação de

sistemas de simulação para emprego em exercícios e na visualização de planejamentos

operacionais reais, e coordenado pelo Departamento de Defesa185. O sistema WARSIM

teve a sua primeira versão disponibilizada em 2002, tendo o seu desenvolvimento

durado 10 anos, e tendo custo de 300 milhões de dólares186.

O U.S. Army também desenvolveu a sua própria federação de simulação,

chamada de (Army Constructive Training Federation – ACTF), inicialmente integrando

os sistemas de simulação mais antigos, como o Tactical Simulation (TACSIM), o Corps

185 TIRON, Roxana. Army Charges On With Joint Simulation System. Disponível em http://www.nationaldefensemagazine.org/ARCHIVE/2003/NOVEMBER/Pages/Army_Charges3732.aspx. Acesso em 10 mai 2010.186 Idem.

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127

Battle Simulation (CBS). A partir da segunda versão a Federação agregou o WARSIM,

junto com o sistema OneSAF187, e outros sistemas, como o Modelo Conjunto de

Emprego Logístico (Joint Deployment Logistics Model). Durante a concepção desse

sistema foi enfatizado a sua capacidade de operar de forma conjunta e de integrar

várias modalidades de simulação (construtiva, virtual e ao vivo). Um outro aspecto que

deve ser ressaltado é a possibilidade de conexão entre os sistemas de simulação e o

sistema de Comando e Controle, através de um sistema adaptador chamado C4I

Adapter.

Já o Joint Warfare System (JWARS), um sistema de simulação construtivo norte-

americano desenvolvido pelo Gabinete do Secretário de Defesa (Office of the Secretary

of Defense-OSD), empregado para apoiar o planejamento e a execução de operações,

na análise da efetividade de sistemas de armas, e desenvolvimento de conceitos

operacionais e doutrina188. Tem como usuários o próprio OSD, o Estado-Maior Conjunto

(Joint Staff), os Serviços e os Comandos de Combate (US Warfighting Commands).

Já de acordo com McINTYRE (2001) o JWARS é:

Uma ferramenta complexa que requer bons dados [...]. E o mais importante, ela requer uma habilidosa equipe multidisciplinar de experts em assuntos de análise e (assuntos) militares para formular, conduzir, e interpretar os experimentos e estudos da simulação (p. 691).

O JWARS é um sistema de simulação construtiva no escalão teatro de

operações e operações conjuntas. O sistema pode simular o comportamento de forças

militares desde a sua base até os desdobramentos de seu emprego em combate. No

JWARS o escalão para a resolução dos problemas para as unidades de manobra,

187 O OneSAF é um sistema de simulação que modela forças militares no escalão batalhão e menores. E pode ser empregado integrado a sistemas de simulação de escalões maiores. Surgiu originalmente com o nome de ModSAF (Modular Semi-Automated Forces), e foi desenvolvido sob coordenção do Comando de Simulação (STRICOM), atual (PEO-STRI). A base de funcionamento desse Sistema são seus avançados modelos totalmente automáticos e baseados na tecnologia da Inteligência Artificial. O programa é gratuito para desenvolvedores militares e civis, e tem o código aberto (open source). É capaz de funcionar em vários sistemas (Windows, Linux, estações de trabalho, supercomputadores, entre outros). Esse sistema substituiu diversos sistemas mais antigos, como o JANUS, o JCATS, entre outros. O One SAF foi desenvolvido por uma divisão da Corporação Internacional de Aplicações de Ciência (Science Applications International Corp), em Orlando. O Sistema foi desenvolvido para o Exército norte-americano. Disponível em http://www.strategypage.com/gallery/articles/military_photos_200522323.asp. Acesso em 20 Mai 10.188 III, George F. Stone; McINTYRE, Gregory A. The joint warfare system (jwars): a modeling and analysis tool for the defense department. In: Proceedings of the 2001 Winter Simulation Conference.

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128

elementos de missão aérea, operações aéreas, meios marítimos e plataformas para

sistemas críticos de vigilância (JSTAR, U2, entre outros) é o batalhão189.

Figura Nr 40 - Warfigther Simulation (WARSIM) desenvolvido pela empresa norte-americana Lokheed Martin para o Exército Norte-Americano (U.S. Army) é uma ferramenta de simulação baseada em computador que apóia o treinamento de comandante e estados-maiores de brigadas, forças combinadas e de coalizão. A ferramenta pode ser utilizada em apoio ao planejamento, processo de tomada de decisão e execução de operaçõesFonte: Disponível em http://www.peostri.army.mil/PRODUCTS/WARSIM/. Acesso em 17 Mai. 2009

Uma das novidades apresentadas nesse Sistema é a simulação das atividades

das forças antes do início dos combates. Os atuais cenários do JWARS iniciam muitos

dias antes do emprego das unidades, sendo simulados os movimentos das tropas

desde a estação inicial de concentração dentro do Teatro de Operações, e seu

posterior deslocamento operacional. Essa fase não constuma ser representada em

outras simulações construtivas, e é significativamente importante na visualização da

efetividade da logística no escalão operacional, do comando e controle e fluxos de

forças. Um outro aspecto que dá maior veracidade aos processos simulados é que no

JWARS todos os fluxos de informação são centrados em rede de comando e controle.

Isto significa que a consciência situacional dos comandantes é percebida a partir da 189 Idem.

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129

coleta de conhecimento a partir de sua rede de comando e controle, e não o que está

realmente ocorrendo na verdade dentro do ambiente simulado190.

Figura Nr 41 – Representação da interface do Sistema de Simulação norte-americano One SAFFonte: Disponível em www.strategypage.com. Acesso em 2 abr. 2009

Ao longo da pesquisa, e tendo por base a literatura e bases de dados levantada

ficou evidente que outros países também têm realizado intensivos programas de

desenvolvimento de sistemas de simulação construtiva. Mas não ficou claro se haviam

seguido a tendência norte-americana de integrá-los às demais modalidades de

simulação e à redes de comando e controle. Para sanar este questionamento foi

remetido para algumas aditâncias um questionário para aprofundar a pesquisa sobre

detalhes do desenvolvimento desses programas. Os resultados serão apresentados no

Capítulo 5 – Apresentação dos Resultados.

Apresentados alguns aspectos gerais dos sistemas de simulação construtiva

empregados atualmente, com o intuito de ser investigado mais detalhadamente o

assunto, serão apresentadas algumas peculiaridades referentes a aspectos técnicos de

um atual sistema de simulação construtiva em apoio à decisão no escalão brigada

(Sistema MASA SWORD). Serão também apresentados aspectos da estrutura de

funcionamento do Sistema de Simulação Construtiva JWARS.

190 Idem.

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130

Figura Nr 42 - Cada comando militar do Exército norte-americano possui grupos de apoio à decisão. Está representado na figura acima a composição do Grupo pertencente ao Comando Sul (Southtern Command)Fonte: ROSA (2009)

3.2.8.2 MASA SWORD

Os detalhes do sistema francês MASA191 Sword foram obtidos a partir de

informações de representantes da empresa francesa MASA Latinmedia durante o

Workshop de Simulação e Treinamento Militar (Brasília, no período de 14 a 16 de junho

de 2011). O Sistema de Simulação SWORD é capaz de conduzir treinamento

(autotreinamento, exercícios cooperativos, e treinamento de Posto de Comando) e

visualização de operações terrestres (análise de Linhas de Ação e apoio à decisão) até

o escalão brigada, ou eventualmente até divisão. Possui, segundo informações

passadas pelo Engine de simulação leve e, apesar disso, capaz de rodar milhares de

entidades em um computador tipo PC. A arquitetura do sistema é aberta e adaptável –

usa padrões de terreno, APIs e protocolos de comunicações. A base de dados (dados

físicos e de comportamento) podem ser customizados pelo cliente. O sistema suporta

191Empresa francesa que atua na área de simulação, visualização e controle de informação. A Latinmedia, sua subsidiária na América Latina, tem clientes clientes na Colômbia, Chile, Equador, Panamá, Peru e Brasil. Atua nos segmentos de Segurança e Defesa, Aeroespaço, Inteligência, Gerenciamento de Crise, Naval, Transporte, Simulação Urbana e Educação/ Treinamento.

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131

modelos externos, como modelos de desatres, incêndios, inundações e contaminação

nuclear, química ou biológica. O sistema tem capacidades integradas de Análise Pós-

Ação (pode repetir os exercícios realizados). O Sistema pode ser customizado – A

ordem de batalha, as tabelas de equipamento e os modelos podem ser modificados.

Base de Dados do Sword possui um banco de dados com 100 unidades e 300 missões,

incluindo ameaças assimétricas (milícias, terrorista) e população civil (refugiados ou

população local). Os cenários podem ser baixados a partir da internet.

O sistema permite que os comandantes comandem suas tropas como se eles

estivessem em um campo de batalha. Todas as interações são feitas usando linguagem

e procedimentos operacionais. Termos empregados na missão, limites, linhas de fase e

marcação de objetivos são levados em conta pelas unidades simuladas no

estabelecimento de Linhas de Ação que seguem a doutrina vigente. As OM simuladas

entendem Ordens de Operações e Ordens Fragmentárias.

Figura Nr 43 – Representação de emprego da ferramenta de análise para laboratórios de combate (battlelabs) do sistema de simulação SWORDFonte: MASA LATINMEDIA

Permite simular interações entre o Comandante e Estados-Maiores de vários

escalões. Doutrina militar de unidades – Infantaria, blindados, engenharia, artilharia,

defesa antiaérea, logística (incluindo manutenção, suprimento, saúde e transporte

aéreo, terrestre e anfíbio), inteligência (engloba veículos aéreos não-tripulados, radares,

fontes humanas), aviação (asa fixa e asa rotativa), artilharia naval, entre outros.

A simulação é construída em torno de um engine de inteligência artificial

chamada MASA Life Brain. As unidades militares simuladas atuam a partir de

comportamentos oportunísticos (não pré-roteirizados). O Sistema trabalha com

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132

unidades inimigas autônomas e realistas. Impulsionados pelo sistema MASA Life brain,

as unidades são capazes de entender e interpretar ordens operacionais,

autonomamente cumprir as missões.

Figura 44 – Layout do sistema de simulação SWORD.

Fonte: MASA LATINMEDIA.

As unidades empregam seus próprios sensores e compartilham a consciência

situacional com os aliados. São nos modelos são considerados fatores humanos como

moral, fadiga e experiência de combate. Resolução de combate adaptável, com seleção

de alvos, considerações sobre sistemas de armas e plataformas específicas, regras de

engajamento, e poder relativo de combate. O SWORD é compatível com formatos

padronizados no mercado (HLA/DIS 15.16e, C/J BML, GIS, KML, WISE, RSS, entre

outros). Suporte a diversos formatos de terreno (VMAP, DTED e USRP), mas também

formato de dados raster GeoTIFF e formatos vetorizados como o ESRI Shapefiles e

ESRI ArcSDE Database (formato lido pelas bibliotecas GDAL/OGR).

O sistema permite a interação entre estados-maiores e autoridades de gestão de

crise. O sistema SWORD, normalmente, é empregado em centros de treinamento

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133

especializados, Battlelabs, centros de análise e desenvolvimento de doutrina e escolas

de guerra. Para facilitar futuras atualizações possui uma estrutura de desenvolvimento

do sistema através de programação inserido.

Figura 45 - Uma das funcionalidades do sistema francês MASA SWORD é a análise das Linhas de Ação, a partir de Ordens de Batalha e Planos de Operações, seguindo critérios pré-estabelecidos, e empregando ferramental de análise estatística (em destaque)Fonte: MASA LATINMEDIA

O sistema MASA SWORD também é empregado como engine de simulação pelo

CAE VICTOR (Virtual Incident Command for Training and Operation Research), da

empresa canadense CAE; É empregado pelo Exército do Peru em seu Centro de

Treinamento Tático (CETAC); e em múltiplas experimentações, incluindo NMSG 048,

049 e 093.

3.2.8.3 JWARS

Estruturalmente, o JWARS é um pacote executável, desenvolvido nas

ferramentas Computer Aided Software Engineering (CASE) na linguagem IBM

VisualAge Smalltalk. O pacote executável é composto por três domínios de softwares.

São eles o domínio-problema, o domínio-simulação e o domínio-plataforma. O domínio-

problema provê o software que trata das funcionalidades relacionadas à análise das

operações militares. O domínio-simulação provê o engine que dirige a simulação

através de um período de tempo, além de disponibilizar um espaço de batalha

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134

tridimensional chamado de Ambiente Natural Sintético (Synthetic Natural Environment -

SNE). O SNE utiliza o elipsóide geográfico WGS-84 e emprega o Sistema de

Coordenadas Global (Global Coordinate System -GCS).

Figura 46 - Representação de um centro de treinamento de comando e estado-maior de uma brigada empregando o sistema SWORD. Devem ser destacadas a divisão do centro (SIMCOM - controle de simulação, DISTAFF – supervisão do exercício, HiCON – controladores, LoCON – Posto de Comando da Brigada/Força Azul e, OPFOR – Força Vermelha), e a ligação do centro com o Posto de Comando de uma DivisãoFonte: MASA LATINMEDIA

Nesse ambiente as entidades (modelos), chamados no JWARS de Battle Space

Entity (BSE), representando as unidades militares, existirão e interagirão. Já o domínio-

plataforma provê a interface entre o usuário e o computador, e ajuda aos analistas e

outros a inserirem dados e a visualizarem os resultados processados de forma gráfica e

visual.

As BSE são, portanto, os blocos ou entidades fundamentais para representar as

forças militares. Possuem capacidade orgânica de comando e controle, e contêm dados

que representam tanto propriedades estáticas (valores que não mudam, como por

exemplo, o alcance de um sistema de mísseis) quanto dinâmicas (valores mutáveis,

como o poder de combate de uma organização militar). Os dados de uma BSE também

apontam para os comportamentos que capacitam as interações dessa entidade com

outras BSE e o ambiente. Existem casos especiais de BSE como por exemplo, campos

de pouso de aeronaves, portos, quartéis-generais e nuvens de contaminação química.

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135

A interação (atrito entre tropas, interceptação entre forças militares) entre as BSE

é cumprida através um diverso grupo de algoritmos. Sua natureza e resolução

dependem da atividade a ser simulada, a funcionalidade do modelo com o qual o

algoritmo é associado, e a disponibilidade de dados para compor o cenário de

desenvolvimento. As interações entre BSE no JWARS são planejadas como eventos de

simulação. A significação de eventos individuais abrange desde de a classificação

RELATIVAMENTE PEQUENO até MUITO SIGNIFICANTE. Inicialmente, os algoritmos

determinísticos focam o atrito de equipamentos em unidades terrestres.

Individualmente, esses eventos tendem a ter um pequeno impacto na campanha.

Cumulativamente, entretanto, a combinação desses eventos pode ter um efeito

significante (por exemplo: um alto programado pelo força amiga não ocorre pelo êxito

adquirido no ataque). Há também algoritmos determinísticos que não se prestam para

resultados fracionários. Já os eventos que têm um impacto muito significante no

processo de tomada de decisão da campanha são avaliados estocasticamente.

De acordo com McINTYRE (2001) o JWARS é:

Uma ferramenta complexa que requer bons dados [...]. E o mais importante, ela requer uma habilidosa equipe multidisciplinar de experts em assuntos de análise e (assuntos) militares para formular, conduzir, e interpretar os experimentos e estudos da simulação (p.691).

Especificamente, no domínio simulação, o sistema é composto de modelos

estocásticos e determinísticos. Estes modelos são reunidos nos seguintes sistemas de

modelos: campo de batalha tridimensional, efeitos do terreno e clima, performance da

força logisticamente restrita, representação explícita de fluxos de informação e

comando e controle baseado em percepção192. Entre as funcionalidades do JWARS,

estão incluídos os processos de C4ISR e o impacto da logística tanto no escalão

estratégico, quanto no operacional e tático.

A simulação possui tanto modelos determinísticos quanto estocásticos

(probabilísticos), e inclui explícitas representações de efeitos e perturbações causados

pelas operações de informação sobre o sistema de comando e controle. Sua tecnologia

é considerada no estado-da-arte em relação a conceitos de modelos de incerteza193, e

192 George F. Stone; McINTYRE, Gregory A. The joint warfare system (jwars): a modeling and analysis tool for the defense department. In: Proceedings of the 2001 Winter Simulation Conference, p. 693. 193 Idem.

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136

as limitações do Sistema encontram-se na própria limitação natural de seus modelos

em representar a realidade. Quem opera o JWARS são analistas (militares ou civis), os

quais conduzem análises e pesquisas em apoio ao DoD. Pode ser empregado tanto

para a pesquisa, quanto para treinamento, e também para desenvolvimento doutrinário.

3.2.9 PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DE EVOLUÇÃO

[O] “conhecimento-incluindo ciência, tecnologia [...] é, agora, o recurso básico

de todas as economias avançadas e também da eficiência militar.”

Alvin Toffler

Atualmente o desenvolvimento e emprego de modelagem e simulação para

análise de operações militares vivem um período de transição. Há um esforço por parte

do seleto grupo dos países que possuem ou pesquisam essa ferramenta para o

desenvolvimento de uma nova geração da tecnologia de modelos e simulações. As

Forças Armadas Nortes-Americanas, por exemplo, têm entre os focos principais,

desenvolver suas capacidades analíticas ao invés de avançar na ciência da

computação ou satisfazer a presente demanda de cada vez mais detalhados

modelos194. Visam também aprimorar os modelos de comportamento humano em

combate. Um dos grandes desafios para atingir essas metas é a velocidade com que os

cenários de combatem se modificam. Mesmo países com intenso desenvolvimento em

Modelagem e Simulação sentem dificuldade em acompanhar o ritmo das mudanças e

adequar seus modelos para que representem todo o espectro de operações. Um

exemplo disso pode ser verificado na atual ênfase que ganhou a chamada Guerra

Cibernética. Como se modelar um tipo de guerra tão abrangente, complexo e amplo?

Apesar disso, o avanço tecnológico tem colaborado para amenizar essa crescente

demanda. Capacidades gráficas avançadas, simulações em rede e capacidade de

processamento cada vez mais rápida têm oferecido o ferramental necessário para o

aprimoramento dos sistemas de simulação construtiva.

Em relação ao foco do desenvolvimento dos modelos de comportamento

humano vale destacar os esforços que visam substituir o tradicional modelo de atrito por

194 HILLESTAD, Richard J. BENNET, Bart. MOORE, Louis. Lessons for the next generation of models: executive summary. RAND Corporation, 1996.

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137

modelos que incluam características mais humanas nos modelos. Novos modelos com

característcas relacionados ao estado do moral da tropa (fadiga, stress, sono e

aspectos psicológicos) estão sendo paulatinamento aprimorados e inseridos nos

sistemas de simulação. Um dos modelos sendo analisados pelo Estado-Maior Conjunto

(Joint Chief of Staff) é o Modelo de Combate Baseado em Entropia (Enthropy-Based

Warfare – EBW), criado pela equipe do pesquisador Booz Allen195. Este modelo procura

refletir o caos e a desordem da batalha. No entendimento de HERMAN apud PECK os

resultados de batalhas históricas só podem ser explicados por esses fatores196. Esses

fatores são chamados de soft factors, e são criados através de intensa pesquisa de

conflitos históricos197. Existem alguns pesquisadores que defendem o uso apenas dos

tradicionais modelos de atrito, por acharem que os modelos com soft factors são de

diícil validação198.

O outro foco de desenvolvimento está relacionado com o desenvolvimento da

capacidade analítica dos sistemas de simulação e dos sistemas de comando e controle.

No ano de 2003 o documento chamado de Guia de Planejamento de Transformação

(Transformation Planning Guide), do DoD, já alertava sobre a necessidade de uma

capacidade analítica transformada para que se possa identificar e avaliar riscos para o

planejamento estratégico199. Esta capacidade renovada deverá ser constituída por uma

capacidade de exame entre operações militares de múltiplos teatros de operação e

ameaças. Esse pensamento estratégico norteou o esforço de desenvolvimento dos

sistemas de comando e controle e dos respectivos sistemas de apoio à decisão,

incluindo os sistemas de simulação construtivos. A variedade de missões,

anteriormente baseadas nos engajamentos entre forças militares, tornaram-se mais

complexas (contrainsurgência, combate ao terrorismo, guerra cibernética, operações de

apoio e estabilização, e apoio humanitário. O tempo para estudo de situação e tomada

195 PECK, Michael. Successful War Games Combine Both Civilian and Military Traits. Disponível em <http://www.nationaldefensemagazine.org/ARCHIVE/2003/NOVEMBER/Pages/Successful_War3734.aspx> Acesso em 10 mar. 2010.196 Idem.197 Ibidem.198 Ibidem.199 ESTADOS UNIDOS. Commitee on Modeling, Simulation and Analysis for Defense, National Research Council Transformation: Meeting the Chalenge. 2006.

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138

de decisão também foram diminuídos, entre outros motivos, pelo intensivo emprego da

tecnologia (sensores de grande rendimento, como os Veículos Aéreos Não Tripulados).

Figura 47 - A estrutura do plano colaborativo proposta por ALLEN et al. Nele é mostrada uma configuração que já é padrão no desenvolvimento de redes militares de comando e controle: a integração de sistemas de simulação construtivos totalmente integrados ao sistema, e sendo alimentado por seus fluxos de dados em tempo real.Fonte: ALLEN e colab. (2008)

Nesse sentido, também merece ser destacado a pesquisa sobre Algoritmos

Genéticos em Apoio à Decisão coordenada pelo Exército Norte-Americano (Laboratório

de Pesquisa do Exército dos estados Unidos – US Army Research Laboratory) junto

com o Laboratório de Sistemas de Apoio à Decisão da Universidade do Minnesota e

com o Laboratório de Algoritmos Genéticos da Universidade de Illinois200. Essa

pesquisa tem como objetivo desenvolver um sistema informatizado baseado no

algoritmo (FOX-GA) que tem a capacidade de servir como uma inteligente ferramenta

de apoio à decisão. Busca-se através da pesquisa que o FOX-GA ofereça

conhecimentos processados a partir de dados e modelos para apoio à decisão de

planejadores militares e inteligência militar, tendo a capacidade de gerar com rapidez e

200 BOUKHTOUTA, A; e colab. A survey of military planning systems. Defense Research and Development Canada – Valcatier.

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139

avaliar uma grande quantidade de Linhas de Ação (L Aç). Para isso o FOX-GA é

interligado a um sistema de simulação construtivo para a a criação e a análise de

cenários táticos.

O Sistema então é projetado para automatizar e dar maior rapidez ao processo

de planejamento e correção de planejamento durante operações militares.

Algumas outras tendências podem ser observadas no atual desenvolvimento de

sistemas de simulação construtivos. Merecem ser ressaltados os seguintes:

Flexibilidade cada vez maior (facilidade cada vez maior de customização, grande

facilidade de alteração de algoritmos, inserir dados, modelos, cenários, parâmetros,

entre outras), Serão enfatizados cada vez mais a chamada “névoa da guerra”, também

chamada de incerteza do combate.

3.2.10 CONCLUSÃO PARCIAL

Concluindo-se parcialmente verifica-se que a simulação construtiva surgiu da

necessidade de entender a guerra, e seu conceito foi cristalizado com a evolução da

sociedade. O anseio de recriar a guerra de maneira confiável através de uma

ferramenta culminou com o surgimento do prussiano Kriegspiel, o primeiro sistema de

simulação construtiva. Ao longo da sua história foi um poderoso elemento indutor de

inovações e de eficiência operacional. Recriar a guerra com suas complexidades

através de sistema rudimentar de tabuleiros, peças de manobra, tabelas e outros

apetrechos foi apenas o primeiro passo. Logo se percebeu que o sistema, desde que

operado de forma correta, poderia prever o desenrolar de complexas operações

militares. Foi com essa capacidade que a simulação construtiva influenciou a criação

das mais efetivas doutrinas militares, e as mais importantes operações militares durante

o século seguinte, fornecendo a possibilidade de aprimoramento de manobras e

concepções operacionais, revelando deficiências, debilidades, mostrando

oportunidades não percebidas, a despeito das críticas ao seu respeito. A criação e

evolução do computador, o desenvolvimento das redes de dados, dos centros de

treinamento e dos outros tipos de simulação deram o fôlego para a ferramenta revelar

todo o seu potencial. Tanto sendo usada como ferramenta de apoio às

experimentações, quanto sendo usada como ferramenta de apoio à decisão os

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140

sistemas de simulação deixaram uma marca indelével. Atualmente, é peça fundamental

das análises militares de eventuais engajamentos militares por parte de potências

militares.

3.3 PROBLEMÁTICA DOS SISTEMAS DE SIMULAÇÃO CONSTRUTIVOS NO

EXÉRCITO BRASILEIRO E SUAS PERSPECTIVAS DE EMPREGO COMO

FEERRAMENTA DE ANÁLISE

3.3.1 O Estudo de Situação do Comandante Tático no Exército Brasileiro

O desenvolvimento do processo de tomada de decisão no Exército Brasileiro

sofreu uma lenta evolução. Todo o progresso doutrinário do planejamento e processo

decisório ocorrido ao longo do Século XX, fruto da evolução da dinâmica do campo de

batalha, também impactou a Doutrina Militar da Força Terrestre brasileira. Mesmo antes

da Segunda Guerra Mundial, ARARIPE discursou201, com nítida influência da Missão

Militar Francesa, sobre o ‘Método de Raciocínio para Problemas Táticos’. Defendia a

existência de um método de encadeamento lógico, baseado em deduções sucessivas e

logicamente encadeadas, que levasse em questão os dados ou fatores da missão para

se chegar à solução do problema tático em análise. Após a entrada do Brasil na

Segunda Guerra Mundial, o Brasil e os Estados Unidos assinaram um Acordo de

Cooperação. A partir daí a Doutrina Militar Terrestre Brasileira passou a ser influenciada

pela doutrina americana, e em particular, pela doutrina Norte-Americana de estudo de

situação do comandante tático202. Todo o processo de planejamento militar brasileiro foi

modificado, tendo por base o manual americano FM 101-5 Staff Officer’s Field Manual,

The Staff and Combat Orders, publicado pela primeira vez em 1940203.

Segundo LUNDGREN (1999):

Durante a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, o processo decisório do comandante tático resumia-se à análise dos fatores da decisão: missão, inimigo, terreno e meios. Segundo o General Menezes Paes ‘Em 1946,

201 JÚNIOR, Ângelo Brait. O Exame de situação e o estudo de situação do comandante tático: uma verificação de compatibilidade. Dissertação (Mestrado em Ciências Militares) Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2010.202 Idem.203 Ibidem.

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o então Coronel HUMBERTO DE ALENCAR CASTELO BRANCO, na escola de Comando e Estado-Maior, dando forma atualizada à Doutrina, chamou a análise dos fatores da decisão de Estudo de Situação. (grifo nosso) […]’ […] após a Segunda Grande Guerra, quando o Exército abandonou definitivamente a orientação francesa, o processo decisório passou a seguir a linha norte-americana [...] a análise das linhas de ação opostas e a comparação das linhas de ação proporcionaram um ganho de qualidade na decisão final adotada pelo comandante. (grifo nosso) [...] A quase totalidade dos exércitos ocidentais, com destaque para [...] (OTAN), segue a mesma metodologia... “ (p.7).

O então coronel Castello Branco propôs, como se vê, novas mudanças nos anos

de 1947 e 1955, quando ocupou os cargos de diretor de ensino e de comandante da

Escola de Comando e Estado-Maior do Exército204. [...] buscou adaptar os

procedimentos às características do militar brasileiro. Portanto, com a importante

atuação de Castello Branco, houve o alinhamento da doutrina de estudo de situação do

EB com a doutrina dos Estados Unidos e OTAN. Verifica-se, desde então, o início do

emprego e ênfase na análise das linhas de ação opostas e comparação de linhas de

ação. Outras alterações no método que passou a ser chamado de Estudo de Situação,

ocorreram ao longo do tempo. Uma outra mudança significativa veio a ocorrer a partir

do segundo semestre de 1998 com a implantação na Escola de Comando e Estado

Maior (ECEME) do Exército Brasileiro (EB) de uma versão atualizada do método de

estudo de situação, fruto do trabalho de sua Divisão de Doutrina e de Emprego da

Força Terrestre 205. Foi adotado o Processo de Integração do Terreno, Condições

Meteorológicas e Inimigo (PITCI), baseado em um processo similar do Exército norte-

americano. O PITCI possibilitou a realização de um estudo de situação mais detalhado

e abrangente, apesar de ser complexo.

Verifica-se atualmente na doutrina de emprego do EB uma carência de conceitos

dedicados ao tema processo de tomada de decisão. E em caráter mais amplo, de

ferramentas (tecnológicas ou não) de análise em apoio à decisão. Atualmente toda a

doutrina do EB que trata do tema no escalão tático está contida apenas em alguns

capítulos dos dois volumes do manual C 101-5 Estado-Maior e Ordens.

Especificamente, o Processo Militar de Tomada de Decisão, de maneira ampla, é

tratado no Capítulo 5 – O Processo Decisório, do 1º volume do manual C 101-5 Estado-

204 Ibidem.205 LEITE, Heitor Bezerra. Estudo de situação do comandante e de inteligência. PADECEME 2º Quadrimestre de 2000.

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Maior e Ordens. Já o Processo Militar de Tomada de Decisão, de forma específica, ou

seja, os seus métodos, são tratados no Capítulo 6 – Técnicas de Resolução de

Problemas Militares, do mesmo manual.

A doutrina militar brasileira, no Capítulo 6 do C 101-5, especifica alguns métodos

referentes ao Processo Decisório, entre eles o Estudo de Situação.

Para se assegurar que os vários fatores que influenciam as operações militares recebam consideração lógica e ordenada, são utilizados vários métodos para a resolução de problemas, dentre os quais destacam-se o estudo de situação(grifo nosso) e o estudo de EM. Estes métodos propiciam a tomada de uma decisão desenvolvendo e analisando L Aç lógicas (p.6-1).

No próprio Capítulo 6, p.6-2, consta a definição do Estudo de Situação: “é um

processo de resolução de problemas militares cuja finalidade é determinar a melhor

maneira de cumprir uma missão.” Este processo é composto das seguintes fases: 1.

Missão206 – onde são interpretadas a intenção e a missão do Escalão Superior, até que

o planejador obtenha o pleno conhecimento do problema e possa emitir sua diretriz de

planejamento; 2. Situação e Linhas de Ação207 – onde se passa às considerações que

possam afetar as possíveis linhas de ação e a formulação de tantas Linhas de Ação

quantas sejam as soluções; 3. Análise das Linhas de Ação Opostas - depois de

elaboradas as Linhas de Ação, cada uma é analisada separadamente, com vista a

levantar seus possíveis efeitos, vantagens e desvantagens e a introduzir

aperfeiçoamentos que lhes reduzam o grau de risco. Seleciona, também, as Linhas de

Ação do inimigo, analisando cada uma, procurando visualizar os prováveis resultados;

4. Comparação das Linhas de Ação – onde as Linhas de Ação aperfeiçoadas são

206 De acordo com JÚNIOR (2010, p.51), o processo preconizado pelo EB para a análise da missão possui nove passos: a interpretação da intenção e da missão do escalão dois níveis acima; enunciado; finalidade; ações a realizar; sequência das ações; condições de execução; considerações sobre a área de operações (A Op); conclusão; e a diretriz de planejamento (2010, p.70 e 72). 207 De acordo com JÚNIOR (2010), a fase Situação e Linhas de Ação engloba a determinação e características da Área de Operações (visão clara da área onde se desenrolarão as ações táticas e do efeito do terreno e das condições meteorológicas sobre as operações militares ali executadas), estudo da situação inimiga e amiga, o levantamento do poder de combate, a formulação das possibilidades do inimigo e a formulação das linhas de ação. Conforme FIGUEIREDO (1999, p.27), nessa etapa é operacionalizado o chamado Processo de Integração do Terreno, Condições Meteorológicas e Inimigo (PITCI). Este Processo é um método de estudo que permite, por meio da análise integrada de seus fatores, determinarem-se as possibilidades do inimigo e o poder relativo de combate, fornecendo subsídios para a montagem de nossas linhas de ação, decisão e conduta nas operações. Ao final se terá uma visão da configuração do inimigo e de quanto terreno se tem para manobrar as forças amigas, onde dosar o poder de combate e onde marcar objetivos táticos.

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comparadas, visando destacar, na conclusão, aquela que apresenta a maior

probabilidade de êxito; e 5. Decisão.

Entre as partes componentes do processo enfatiza-se, no presente trabalho, a

Análise das Linhas de Ação Opostas, também chamada de Jogo da Guerra, e a

Comparação das Linhas de Ação.

Figura 48 – Representação do Processo de Integração do Terreno, Condições Meteorológicas e Inimigo (PITCI).Fonte: Apostila do Teste de Sondagem Inicial (TSI) – ECEME.

Na Análise das Linhas de Ação Opostas serão juntadas as linhas de ação

propostas para o cumprimento da missão com as mais prováveis linhas de ação a

serem adotadas pelo inimigo, para que se visualizem os possíveis desdobramentos

desse confronto, ou seja, dificuldades, resultados, oportunidades, necessidades de

apoio, entre outros208. Esta análise tem a finalidade de aperfeiçoar as Linhas de Ação,

explorando as vantagens sobre o inimigo e atenuando as desvantagens da força. Nela

são elaborados pelo Estado-Maior a “Matriz de Sincronização” e o “Calco de Apoio à

208 JÚNIOR, Ângelo Brait. O Exame de situação e o estudo de situação do comandante tático: uma verificação de compatibilidade. Dissertação (Mestrado em Ciências Militares) - Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2010, p. 93.

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Decisão” (tem a finalidade de ligar o movimento e a localização do inimigo à adoção de

alguma medida tática que tenha de ser tomada)209.

Em relação à Análise das Linhas de Ação Opostas, LUNDGREN (1999) ensina

que:

O comandante, havendo definido algumas formas de cumprir a missão, conduzirá o jogo da guerra entre aquelas formas e as possibilidades do inimigo. O jogo da guerra permitirá que o comandante e o seu estado-maior visualizem o combate que será travado, chegando a algumas conclusões importantes, tais como: -vantagens, desvantagens e aperfeiçoamentos da linha de ação; -previsão de baixas; - tarefas exigidas para os meios de apoio ao combate e apoio logístico; - dispositivo inicial, valor da reserva e sua localização; -definição dos ataques principal e secundário (s); - necessidade de apoio de fogo; - reações prováveis do inimigo; - marcação de objetivos; - sincronização das ações no campo de batalha. (grifo nosso) (p. 37).

Figura 49 - Exemplo de extrato de Ordem de Operações do escalão Divisão de Exército

Fonte: Apostila Emprego das Brigadas em Operações Ofensivas-Fundamentos. ECEME 2009

O jogo da guerra normalmente é conduzido pelo chefe do estado-maior, com a

participação de todos os oficiais do estado-maior geral e especial. Caberá ao

209 FIGUEIREDO, Luiz Quintino Martins de. A nova concepção do estudo de situação do comandante. Programa de Atualização dos Diplomados pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (PADECEME). Informativo (2/99 p.23-29).

(…)2. MISSÃOa. A fim de cooperar com o V Ex Cmp no cerco da maioria dos meios do Ini, atacar na Dire ARARAQUARA (790-590)- PEDRO AEXANDRINO (760-550), em D+4/0600, para Conq e Mnt a R de BAURU (fora da Crt). Ficar ECD participar da Dest do Ini cercado. (grifo nosso)

3. EXECUÇÃOa. Conceito da operação1) Manobraa) A 12ª. DE atacará empregando: (grifo nosso)(1) a 41ª. Bda Inf Bld, Mtd O, a NW, realizando o Atq Pcp, para Conq e Mnt a R Psg da Rdv 255 sobre o Rio BOA ESPERANÇA (O3), e realizar a junção com a FT Amv 312º BIL, na R Psg da Rdv 255 sobre o Rio JACARÁ-PEPIRA (O4), mantendo-a:(2) a 51ª. Bda Inf Mec, ao C-NW, para fixar o Ini em sua Z Aç;

Decisões tomadas no escalão Exército de Campanha (atacar ... e participar da destruição do inimigo e transformadas em um plano de ação.

Em consequência, decisões tomadas no escalão Divisão de Exército (atacar...para conquistar).

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comandante assumir a função de árbitro, posicionando-se nos momentos de impasse.

O oficial de informações (inteligência) deverá desempenhar o papel do inimigo,

esforçando-se ao máximo, dentro das informações e conhecimentos disponíveis, para

que o inimigo vença a guerra. O oficial de operações representará as forças amigas,

contando com o assessoramento dos demais membros do estado-maior. Após o jogo,

as linhas de ação poderão ser comparadas, permitindo ao comandante decidir como a

sua GU/U irá cumprir a missão recebida 210.

Face às peculiaridades do Estudo de Situação do Comandante Tático, vale

ressaltar que ainda não existe atualmente no EB um programa de computador validado

e certificado, com a tarefa específica de receber os dados de um estudo de situação,

processá-los e apresentar resultados na forma de conhecimentos úteis ao apoio à

decisão do comandante tático. A situação não é diferente no Ministério da Defesa, no

escalão operacional, todo o processo de estudo de previsto no C 101-5 é realizado de

forma manual pelos comandantes, integrantes dos estados-maiores e integrantes. Em

cenários táticos modernos, que podem ser caracterizados por saturação de informações

de forma intencional pelo inimigo, ou até mesmo causadas pela dinâmica do combate,

tal estrutura poderia comprometer a operacionalidade da Força.

3.3.2 A Simulação Construtiva no Exército Brasileiro.

O EB reúne mais de duas décadas de experiência no desenvolvimento e

aplicação das ferramentas na modalidade construtiva para fins de adestramento de

estados-maiores211 em exercícios de simulação realizados em estabelecimentos de

ensino, centros de instrução e comandos militares de área. A seguir serão

apresentados alguns aspectos sobre a Simulação Construtiva no EB.

3.3.2.1 As origens e a evolução.

A simulação construtiva teve sua chegada no Brasil nas primeiras décadas do

Século XX. Isso ocorreu graças ao empenho de alguns aficionados que fizeram, por

210 LUNDGREN, Pierre Cavalcanti. O estudo de situação do comandante tático: uma nova proposta: Programa de Atualização dos Diplomados pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (PADECEME). Informativo 1/99. P. 13-17.211MAKRAKIS, Heraldo. Simuladores e Jogos de Guerra. 1997. 33f. Trabalho de Conclusão de Curso (Altos Estudos Militares) – Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, (1997, p.27).

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iniciativa própria, estudos e a divulgação das técnicas e das regras da simulação

construtiva desenvolvidas pelos prussianos/alemães. Um dos primeiros registros da

ferramenta em solo brasileiro é de 1916, com artigos do tenente Daltro Filho traduzidos

do alemão, na Revista Defesa Nacional212. Estes artigos tratavam de exercícios de

dupla ação realizados na carta e no terreno, baseados em traduções de artigos do

capitão Niessel do Exército Alemão. Durante todo o século vinte a ferramenta continuou

praticamente desconhecida pela oficialidade, e o Comando do EB não despertou o

interesse sobre a sua importância. Somente nos anos 70 foram realizados estudos mais

aprofundados sobre a simulação construtiva.

Figura 50 - Portfólio de sistemas de simulação (construtivo, virtual e ao vivo) em uso atualmente no Exército Brasileiro. Em destaque o SISCOEx, e o recém-criado SIMENS (Sistema de Simulação para o Ensino do DECEx).Fonte: Palestra do Chefe do DECEx (Departamento de Educação e Cultura do Exército) sobre o SIMENS realizado no Workshop de Simulação e Treinamento Militar (WSTM) realizado em Brasília-DF em junho de 2011.

Estas análises foram feitas na Escola de Comando e Estado Maior do Exército -

ECEME. Finalmente, em 1990, foram colocadas em prática algumas atividades de

simulação com fins educativos, para apoio ao adestramento de alunos da ECEME com

a criação de uma manobra na carta apoiada por simulação, juntamente com a Força

212 Idem, p. 27.

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Aérea Brasileira. Surgiu assim o exercício AZUVER (Azul versus Verde) em 1991, mais

tarde difundido pelo Exército. Em 1991 foi criado na ECEME um sistema de simulação

construtivo totalmente informatizado, o JG ECEME, o qual possuía uma série de

limitações (não representava resultados próximos do que a doutrina preconizava,

representava o jogo de usuários contra o computador, só representava os sistemas de

manobra, entre outras deficiências). De qualquer forma, esse sistema merece ser

destacado porque foi o primeiro sistema de simulação construtiva brasileiro totalmente

baseado em computador.

Em 1993 foi criado no escalão Divisão de Exército o VERAMA (Verde versus

Amarelo). No mesmo ano, foi criado um sistema e simulação construtiva (jogo de

guerra) em computador. Este abordava a manobra de Brigadas de Infantaria Motorizada

(Bda Inf Mtz) e Brigadas de Cavalaria Mecanizada (Bda Cav Mec), e foi empregado no

adestramento dos estados-maiores das brigadas subordinadas e suas OM. A

experiência obtida pela 6ª Divisão de Exército foi, posteriormente empregada na

aplicação de um jogo de guerra na 4ª Bda Inf Mtz. Este programa foi o embrião de outro

sistema: o JG 2000213. No ano de 2000, o Comando de Operações Terrestres (COTER)

fez uma série de estudos, e comprovou que era fundamental para o EB ter um sistema

de simulação para o adestramento dos Comandantes e Estados-Maiores em cenários

de emprego tático. Naquele momento foi ressaltada a importância para o Força do

desenvolvimento ser totalmente no Brasil. Além disso o COTER propôs ao Estado-

Maior do Exército (EME) a criação de uma legislação que tratasse da atividade de

simulação no âmbito EB. Foi então aprovada a portaria que determinou as diretrizes

para a atualização e aperfeiçoamento dos jogos de guerra. Todo desenvolvimento de

sistemas construtivos e a sua aplicação em exercícios nos Comandos Operacionais

está a cargo do Centro de Simulação de Combate (Seção de Desenvolvimento de

Sistemas de Simulação de Combate da Divisão de Simulação)214, subordinado à 1ª

Subchefia do COTER, elemento responsável pelo Preparo da Força Terrestre. Em

2001, o COTER propôs ao EME a atualização da portaria editada no ano anterior,

213 RIBEIRO, Antônio José. O emprego de jogos comerciais nas atividades de simulação de combate: uma proposta. Dissertação apresentada à Escola de Comando do Estado-Maior do Exército, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Ciências Militares. Rio de Janeiro, (2005, p.29).214 Idem.

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sendo criado finalmente o Sistema Integrado de Simulação de Combate do Exército

Brasileiro215.

O SISCOEX é o Sistema que abrange o conjunto de recursos humanos,

instalações e meios de informática destinada ao desenvolvimento de sistemas de

simulação de combate (Sis Sml Cmb) e sua aplicação em exercícios de simulação de

combate (Exc Sml Cmb)216. Possui entre outros objetivos, os de racionalizar o emprego

da simulação de combate como instrumento do preparo operacional da Força Terrestre,

adestrar comandantes e estados-maiores no planejamento e condução de operações

militares, inclusive combinadas, e estimular o funcionamento do Sistema de Comando e

Controle, por meio da operação dos postos de comando dos diversos escalões da

Força Terrestre.

Foi criado também nesse ano o Centro de Aplicação de Exercícios de Simulação

de Combate (CAESC) na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), dotado dos

meios necessários para otimizar o processo de adestramento dos oficiais intermediários

do EB. O EB empregou até o ano de 2003 o Sistema de Simulação Construtiva

GUARINI. De acordo com ROLLA (2004) apud RIBEIRO, em 2004, a 1ª Subchefia do

COTER em parceria com a então Secretaria Tecnologia da Informação (STI)

(desenvolvedora de sistemas de informática para o EB) passou a desenvolver os

próprios sistemas de simulação para emprego em todo o Exército, e também a

supervisionar e orientar o emprego desses meios. Com isso surgiu o Centro de

Simulação de Combate, subordinado diretamente à 1ª Subchefia do COTER.

A 1ª Subchefia do COTER, através do seu Centro de Simulação de Combate, já

desenvolveu importantes sistemas de simuação de combate. O primeiro sistema a se

destacar foi o SABRE. Esse programa foi desenvolvido totalmente pela equipe do

Centro de Simulação, no período de 2002 a 2004, sob coordenação do Major do

215 O SISCOEx de acordo com RIBEIRO (2005) é composto pelos recursos humanos, instalações e meios de informática empregados para o desenvolvimento de sistemas de simulação de combate e sua aplicação em exercícios de simulação de combate. O SISCOEx tem, entre seus objetivos, racionalizar o emprego da simulação de combate como instrumento do preparo operacional da Força Terrestre, adestrar comandantes e estados-maiores no planejamento e condução de operações militares, inclusive combinadas e fornecer subsídios para a validação da Doutrina Militar Terrestre.216 RIBEIRO, Antônio José. O emprego de jogos comerciais nas atividades de simulação de combate: uma proposta. Dissertação apresentada à Escola de Comando do Estado-Maior do Exército, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Ciências Militares. Rio de Janeiro, (2006, p.44).

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Quadro de Engenheiros Militares André Luiz Vale Rosa217. O SABRE é empregado até

hoje.

Figura 51 - Sistema de simulação construtiva SABRE, desenvolvido totalmente na Divisão de Simulação de Combate do COTER.Fonte: Divisão de Simulação de Combate do COTER.

Este pesquisador realizou uma visita na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais

(EsAO) no primeiro semestre de 2009. Nessa visita ficou evidente como essa

ferramenta é valorizada pelos instrutores e instruendos daquela Escola. Na ocasião

este pesquisador foi informado que anteriormente só era realizado um exercício de

simulação de combate por ano. No ano de 2009 seriam realizados cinco exercícios

semelhantes. Entre os motivos alegados está a versatilidade e facilidade de emprego

do SABRE. Algumas características do SABRE podem dificultar o seu emprego. Como

ele se baseia em uma arquitetura em desuso (cliente-servidor) e é incompatível com

217 O SABRE foi projetado para apoiar o adestramento de unidades valor batalhão/regimento e grupo de artilharia. Emprega a tecnologia 3D e possui modelos realistas de engajamento. Emprega cartas vetorizadas, bando de dados baseados em Quadros de Distribuição de Material (QDM) e de pessoal. Foi desenvolvido na linguagem Visual Basic e emprega bancos de dados do Programa Access. Entre as características da ferramenta merecem destaque a facilidade de operação e de instalação. Nota do autor.

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protocolos de comunicação entre máquinas, se no exercício de simulação forem

representados muitos modelos o sistema se torna lento.

O Sistema de Simulação Tático de Brigada (SISTAB) foi o sucessor do GUARINI,

sendo utilizado experimentalmente desde o ano de 2004. Consiste num sistema de

adestramento por simulação para operações de combate convencional. Seus requisitos

permitem o adestramento de militares nas funções de comandante e de estado-maior

combinado no nível brigada e batalhão, durante as operações que serão planejadas e

aplicadas por uma direção de exercício. O programa prevê a aplicação da simulação de

forma simultânea a todos os Sistemas Operacionais de Combate, e possibilita, de

acordo com seus efeitos, a representação dos diversos níveis de degradação dos meios

empregados, por intermédio de informações fornecidas em tempo real ou simulados. O

sistema permite a inclusão de dados intangíveis, como fadiga, fome, sono, moral e

experiência de combate, e utiliza uma base cartográfica do tipo multicamadas, com

cartas vetorizadas que acrescentam uma terceira dimensão à simulação. Em relação ao

SISTAB também merece destaque a considerável qualidade de sua base geográfica.

Ela se baseia na base de dados dos sistemas de informações geográficas da empresa

ESRI (suíte de aplicativos ARC GIS).

O Sistema COMBATER é o mais novo programa de simulação construtivo do

COTER. Projetado para apoiar o adestramento dos escalões Força Terrestre

Componente (FTC), Divisão de Exército (DE), Brigada e Regimento, merecem destaque

as seguintes características do sistema: capacidade de ser operado remotamente pela

Internet, a possibilidade de integração com o sistema C2 em Combate, e a capacidade

de integração com outros simuladores através do Protocolo Arquitetura de Alto Nível

(High Level Architecture)218. O emprego desse tipo de protocolo aumenta

significativamente o poder da ferramenta. O COMBATER poderá com esse protocolo,

por exemplo, compartilhar o processamento de uma determinada simulação entre

várias máquinas com seus processadores, afastando a possibilidade de travamento ou

de funcionamento lento da simulação.

218A Arquitetura de Alto Nível (High Level Architecture) para simulações é uma abrangente iniciativa do Departamento de Defesa dos Estados Unidos para prover uma arquitetura de programas de computador para apoiar a interoperabilidade e reutilização de simulações.

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3.3.2.2 A Situação Atual

O EB vive atualmente uma fase de profundas mudanças. Esse esforço teve início

com a edição da Estratégia Nacional de Defesa (END) em dezembro de 2008. A partir

da Estratégia foram criados pelo EB planos que dessem respaldo às suas

determinações. Esse conjunto de Planos (Articulação e Reequipamento), expedidos em

junho de 2009, foi chamado de Estratégia BRAÇO FORTE. Foi verificado pelo

Comando do Exército que tais ações apenas trariam uma modernização da Força. Após

o aprofundamento dos estudos verificou-se a necessidade de otimização e

desenvolvimento dos conceitos iniciais. Daí nasceu o processo de Transformação do

Exército.

Figura 52 - Visão do SISTAB, desenvolvido pelo Comando de Operações Terrestres (COTER).

Fonte: COTER.

VISACRO (2011) informa que:

Em maio de 2010, o Exército Brasileiro deu início ao seu processo de transformação, acreditando que o momento atual 'exige o desenvolvimento de novas capacidades para cumprir novas missões (grifo nosso), pois a adaptação

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e a modernização, por si só, não proporcionam todas as respostas para as demandas operacionais que se apresentam'. p.46.

O Exército Brasileiro, com o intuito de adequar a doutrina de emprego e seus

meios às sensíveis mudanças pels quais o mundo é impactado, estabeleceu diretrizes

para a condução de transformações profundas. Foi institucionalizado a partir de maio

de 2010 o Processo de Transformação.

Figura 53 – O sistema COMBATER é o mais novo programa de Simulação Construtiva do Exército Brasileiro.Fonte: COTER.

Uma das principais premissas dessa Transformação é o foco no

desenvolvimento de novas capacidades para cumprir novas missões. O EB ao planejar

essa transformação visualizou a necessidade de uma ruptura do enfoque anterior,

baseado na modernização. A nova visão baseia-se, ao contrário, numa transformação

que tem o objetivo de capacitar a Força para cumprir as novas missões que estão

delineadas na complexidade dos cenários bélicos modernos. Nessa ótica, transformar

pode ser entendido como fazer coisas diferente, com soluções inovadoras.

Foram visualizados e estabelecidos alguns vetores de transformação (Doutrina,

Preparo, Logística, Engenharia, Processos e Projetos, Orçamento e Finanças, Material

de Emprego Militar e Ciência e Tecnologia, Educação e Gestão de Recursos Humanos.

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Posteriormente, a concepção do processo de Transformação foi revisto com a

implementação em outubro de 2011 pelo Comando do EB do Projeto de Força –

PROFORÇA, foco para onde os vetores de transformação passaram a buscar219. O

PROFORÇA visa efetivar Ações Transformadoras para que estas operacionalizem

Novas Capacidades. Dentre as novas capacidades visualizadas merecem destaque a

Gestão da Informação Operacional, a Prontidão Logística, Interoperabilidade e

Complementaridade e a Efetividade da Doutrina.

Figura 54 - Representação da concepção do Plano de Transformação do Exército Brasileiro, sendo destacado o papel da simulação na ruptura da trajetória atual de desenvolvimento, e inserindo a força em uma nova direção rumo à transformação.Fonte: Palestra do COTER sobre “ A Simulação como Impulsora da Evolução do Exército”, realizado no Workshop de Simulação e Treinamento Militar (WSTM) realizado em Brasília-DF em junho de 2011.

Nesse contexto, a simulação em sentido amplo, e a simulação construtiva

ocuparão um papel de destaque. Pode-se verificar, como exemplo, a experiência do

Exército norte-americano em sua transformação ocorrida nas décadas de 70 e 80. Nela

os sistemas de simulação (incluindo também os sistemas comando e controle,de

informação e redes de dados) tiveram foram importantes vetores que deram impulsão

ao processo. De acordo com a palestra do COTER durante o Workshop de Simulação e

Treinamento Militar (WSTM), realizado em Brasília-DF em junho de 2011, a simulação

aparece como um dos meios capazes de proporcionar essa ruptura.

219 Palestra do general Menandro, SubChefe do EME, em 4 de outubro de 2011, durante a Reunião Anual dos Encarregados de Gestão.

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Mas para buscar atingir o pleno emprego das potencialidades dos sistemas de

simulação construtivos o EB deverá investir na qualificação de pessoal e no

desenvolvimento de uma massa crítica de pesquisadores e meios para o

desenvolvimento dos sistemas. Uma das iniciativas já colocadas em prática foi a

criação do SIMENS (Sistema de Simulação para o Ensino no DECEx).

Figura 55- Projetos de simulação em andamento atualmente no Exército Brasileiro. Em destaque o C2 em Combate (Comando e Controle) e o Combater (COTER), dois sistemas com consideráveis afinidades.Fonte: Workshop de Simulação e Treinamento Militar (WSTM) realizado em Brasília-DF em junho de 2011.

Esse Sistema, criado pela Portaria nº 08/DECEx de 10 fevereiro de 2011 tem

entre os seus objetivos: Proporcionar a realização de um amplo espectro de exercícios

e situações que exponham virtualmente o instruendo, na segurança da sala de aula, a

situações cuja diversidade, risco e dificuldades dificilmente seriam possíveis na

realidade; Submeter os instruendos a situações críticas, forçando-os a decidir com

oportunidade e acerto, ainda que submetido às pressões típicas de combate; Permitir

diversas formas de análise pós ação (APA), baseadas em indicadores quantitativos,

qualitativos, táticos e técnicos, registrados com precisão220.

Verifica-se que com o Programa de Transformação do Exército novas iniciativas

na área da simulação já começam a ganhar impulso. E a tendência será esse

movimento se desenvolver cada vez mais. O COTER possui as chamadas Metas de

220 Palestra do Chefe do DECEx realizada durante o Workshop de Simulação e Treinamento Militar realizado no Quartel-general do Exército em junho de 2011.

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155

Transformação da Simulação que englobam as modalidades Construtiva, Virtual e ao

Vivo. As metas que dizem respeito à simulação construtiva são as seguintes:

Até 2015 - Desenvolvimento de um novo sistema de simulação construtiva; Dotar

o Centro de Avaliação do Exército com os meios para avaliar um batalhão; Integrar o

simulador de aeronaves e blindados e realizar um exercício num mesmo cenário; e

Introdução do uso do simulador de comportamento. Essas metas são relacionadas ao

desenvolvimento de um novo sistema, à integração entre simuladores, e ao

aprimoramento dos modelos. Em relação ao Centro de Avaliação do Exército, e apesar

de este dizer mais respeito à simulação ao vivo, a ampliação da sua capacidade de

avaliação é importante para a simulação construtiva devido a importância dos dados

coletados nessa atividade.

Figura 56- Entre os Vetores de Transformação do Exército na Atividade Fim estão a Doutrina e o Preparo e Emprego.Fonte: Palestra da 1ª Subchefe do COTER sobre “ A Simulação como Impulsora da Evolução do Exército”, realizado no Workshop de Simulação e Treinamento Militar (WSTM) realizado em Brasília-DF em junho de 2011.

Até 2020 – Integração das simulações construtiva, virtual e ao vivo; Universalizar

o acesso remoto das unidades aos recursos do Centro de Treinamento e Simulação do

Exército. Já essas metas apontam para a integração entre as simulações e a ampliação

do acesso às mesmas.

Ao se analisar essas metas verifica-se que já há um forte interesse da Força em

reverter o hiato tecnológico na área da simulação construtiva. Além da meta de

desenvolver um novo sistema até 2015, incorporando modernas funcionalidades,

verifica-se um esforço para transformar essa simulação em uma simulação distribuída.

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156

Será buscado também o aprimoramento dos modelos, mostrando claramente que há

um amadurecimento nessa área, e o desenvolvimento da capacidade do CAADEx, na

quantidade de pessoal a ser avaliado.

Apesar dos esforços o EB experimenta atualmente um expressivo hiato

tecnológico na área de simulação de combate. No que se refere ao emprego de

sistemas de simulação como ferramenta de análise pelo EB em operações, verifica-se a

inexistência de uma ferramenta dedicada à tarefa. Portanto, o atual processo de

tomada de decisão do comandante tático não é suportado por ferramentas tecnológicas

baseadas em análises científicas. Ocasionalmente, durante exercícios de

adestramento, ocorre o emprego dos sistemas existentes (vocacionados para

aprendizagem em estabelecimentos de ensino e centros de simulação) durante

exercícios militares. Esta abordagem tem gerado resultados limitados. Como exemplo,

BASTO (2006) apresenta um dos ensinamentos colhidos no emprego de sistema de

simulação no Exercício Pampa I, realizado no Estado do Rio Grande do Sul pelo

Comando Militar do Sul (CMS) do EB em 2006:

Mais uma vez, o terreno mostrou que entre o planejamento e a prática surgem dificuldades. Entre ser ultrapassado em quatro eixos distintos, reunir seus meios dispersos em uma ampla frente e deslocar-se, por “rocadas”, buscando o PC da 3ª Bda C Mec, o 12º R C MEC gastou aproximadamente uma jornada. Desta forma, a 3ª Bda C Mec permaneceu muito mais tempo sem o seu reforço do que se visualizou durante o planejamento - o que não ocorreria em uma simulação de combate por computador. (p.97).

Abordagens como esta dos sistemas atuais de simulação têm contribuído para a

existência de uma cultura no EB de que os sistemas de simulação não são adequados

para utilização em operações reais.

Ao se verificarem as metas do PROFORÇA, de maneira específica, e do

Processo de Transformação do Exército, de forma geral, verificação uma ausência de

foco quanto à necessidade da capacidade de análise de operações militares, como uma

nova capacidade a ser obtida. Nesse sentido, também não há um delineamento das

metodologias de simulação e das plataformas de Tecnologia da Informação que

possam dar suporte a essa análise. Tal situação priva a Forma de uma ferramenta de

forte impacto em processos de transformação, como já anteriormente verificado no caso

histórico norte-americano. Especificamente, áreas passíveis de serem apoiadas com

ferramental analítico, como o desenvolvimento doutrinário (inclusive conjunto), o

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157

dimensionamento de forças militares, o teste da efetividade de novos sistemas de

armas, a efetividade da logística, e, o foco do presente trabalho, a efetividade de

planejamentos militares, ficam prejudicados pela inexistência de uma família de

modelos e sistemas de simulação suportados por sistemas de computação.

3.3.3 Conclusão parcial

Concluindo-se parcialmente verifica-se que o Processo de Tomada de Decisão

do EB experimenta desde II Guerra Mundial um constante processo de evolução,

buscando acompanhar os padrões de excelência em termos mundiais. O Comando da

Força tem feito um significativo esforço para adequar a estrutura de comando e controle

face às evoluções da doutrina militar. O desenvolvimento de sistemas de simulação

construtiva totalmente nacionais para o adestramento de comandantes e estados-

maiores pela Divisão de Simulação de Combate da 1ª Subchefia do COTER é marca da

competência técnica brasileira. Face às novas demandas de defesa surgidas com as

transformações do mundo, o Exército Brasileiro está experimentando um vigoroso

processo de transformação. Nesse cenário desafiador a simulação aparece como um

dos principais agentes impulsionadores de mudança.

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158

4 REFERENCIAL METODOLÓGICO

Segundo Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi221, “método é o

conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia

permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros”. Nesse enfoque,

serão explicitadas abaixo as atividades que foram serem desenvolvidas com o intuito de

atingir os objetivos propostos para a pesquisa em tela. especificamente, os meios pelos

quais foram coletadas as opiniões, obtidas e analisadas as informações relevantes.

Assim, para facilitar o entendimento, esta seção foi dividida nos seguintes tópicos:

objetivos, hipótese, variáveis e procedimentos metodológicos.

4.1 OBJETIVOS

A seguir são apresentados os objetivos gerais e específicos, que têm como

finalidade identificar as ações que foram efetuadas para se chegar a solução do

problema que originou este trabalho.

4.1.1 Objetivo Geral

Analisar o emprego da simulação construtiva como ferramenta dos sistemas de

apoio à decisão em computador, e entender suas limitações e atual nível de

desenvolvimento, enfatizando suas técnicas e processos.

4.1.2 Objetivos Específicos

A fim de viabilizar a consecução do objetivo geral de estudo, foram formulados

os objetivos específicos, abaixo relacionados, que permitiram o encadeamento lógico

do raciocínio descritivo apresentado neste estudo:

Apresentar uma proposta de Requisito Operacional Básico (ROB) de um sistema

de simulação construtivo em apoio ao processo de tomada de decisão do comandante

tático do Exército Brasileiro nas seguintes fases do Processo de Análise de Situação e

Tomada de Decisão: Jogo da Guerra e Comparação de Linhas de Ação.

221 LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos da metodologia científica .6ª ed.Rio de Janeiro: Atlas, (2006, p.83).

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159

4.2 HIPÓTESES

Diante do exposto, pretende-se nesta pesquisa comprovar a seguinte hipótese:

O emprego de um sistema de simulação construtiva em apoio ao processo

decisório aprimora a capacidade do comandante tático do Exército Brasileiro em um

ambiente de restrições de tempo e informações.

4.3 VARIÁVEIS

Analisando a hipótese elaborada para este trabalho, foram identificadas as

seguintes variáveis:

Considerando o título: “A simulação construtiva aprimora a capacidade de

tomada de decisão do comandante tático do Exército Brasileiro (escalões Força

Terrestre Componente a Divisão de Exército) em um ambiente de restrições de tempo e

informações.”

- Variável independente I - o emprego ou não de simulação de combate

construtiva como ferramenta em apoio ao processo de análise de situação e tomada de

decisão;

- Variável dependente II - a capacidade de tomada de decisão do comandante

tático do Exército Brasileiro; e

- Variável moderadora III - o ambiente de restrições de tempo e informações.

4.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Segundo Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi222, “método é o

conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia

permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros”. Nesse enfoque,

serão explicitadas abaixo as atividades que foram desenvolvidas com o intuito de atingir

os objetivos propostos para a pesquisa em tela.

O presente trabalho foi uma pesquisa exploratória223 e aplicada224. Para isso

foram adotados os seguintes métodos de abordagem: método indutivo, tendo em vista

222 LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos da metodologia científica.6ª ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2006, p.83.223 Têm por objetivo definir melhor o problema, descrever comportamentos de fenômenos, definir e classificar fatos e variáveis. (SALOMON. p.158).

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160

a necessidade de se buscar dados particulares e suficientemente constatados para a

realização de inferências sobre o assunto; método comparativo, pois foram buscados

em programas científicos de forças armadas de outros países aspectos do emprego da

simulação construtiva como ferramenta de apoio à decisão, de forma a melhor

compreender possíveis soluções para o Exército Brasileiro; e método histórico, de

forma a entender as razões que levaram ao desenvolvimento do sistema de simulação

construtivo e a sua aplicação inicial. Foi desenvolvido com base em pesquisa

bibliográfica, documental e de campo, onde foram utilizadas as técnicas abaixo:

Os seguintes passos foram seguidos:

- levantamento histórico com a finalidade de traçar um quadro da evolução dos

sistemas de simulação;

- realização de um estudo preliminar onde foi buscado a identificação do

problema dentro de quadros teóricos de referência, sendo levantados aspectos da

evolução dos sistemas de simulação construtivos e o seu arcabouço conceitual, além

de dados estatísticos que fundamentassem as possíveis conclusões sobre tema;

- levantamento de bibliografia e documentos relacionados com o tema por meio

de buscas em publicações nacionais e internacionais, em revistas técnicas e na rede

mundial de computadores. Em seguida, seleção dos dados com relevância para o

presente trabalho, e o fichamento da bibliografia;

- a coleta de material foi procedida nas bibliotecas da Escola de Comando e

Estado-Maior do Exército, da Escola Superior de Guerra, do Instituto Militar de

Engenharia, da Biblioteca do Exército, da Universidade da Força Aérea, da Fundação

Getúlio Vargas, da Biblioteca Nacional e do Centro de Simulação de Combate do

Comando de Operações Terrestres (COTER). Foram ainda consultados noticiários de

jornais e revistas, dados e relatórios do Ministério da Defesa, manuais do EB e a rede

mundial de computadores;

- Foram realizadas pesquisas de campo com visitas ao (COTER), e entrevistas e

preenchimento de questionários com questões abertas e fechadas, voltados para a

problemática da simulação construtiva, visando a adequação dos preceitos teóricos à

especificidade do tema; 224 São as que se destinam a aplicar leis, teorias e modelos na solução de problemas que exigem ação e/ou diagnóstico de uma realidade. (SALOMON. p.158).

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161

-Foram realizadas sessões de “tempestade de idéias” (brainstorming) com

grupos de alunos do CCEM 2º ano;

- após ser procedida a coleta dos dados relacionados à pesquisa, foi procedida

uma análise qualitativa e quantitativa do material, de forma a melhor fundamentar as

conclusões do trabalho;

- a análise dos dados foi baseada em métodos estatísticos e gráficos; e

- foram, por fim, apresentadas sugestões com o objetivo de contribuir com a

evolução da doutrina militar e da arte operacional da Força Terrestre do Exército

Brasileiro.

A pesquisa de campo, destinada aos docentes e discentes da Escola de

Aperfeiçoamento de Oficiais e da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército,

possibilitou ter uma visão bastante significativa dos elementos apoiadores e dos

elementos apoiados, pois tratou da percepção de cerca de 700 (setecentos) oficiais que

possuem conhecimento sobre a problemática em questão.

4.4.1 População

As pesquisas e entrevistas foram realizadas no âmbito do Exército Brasileiro com

os alunos do 2º anos do Curso de Comando e Estado-Maior (CCEM 2) em 2010,

localizado na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), do Instituto Militar de

Engenharia (IME) e com integrantes do Centro de Instrução de Guerra Eletrônica

(CIGE).

No âmbito da Marinha do Brasil (MB) as pesquisas e entrevistas foram realizadas

com militares do Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo, Centro de Análise

de Sistemas Navais (CASNAV), do Sistema Simulador de Guerra Naval (SSGN), e da

Escola de Guerra Naval (EGN).

No âmbito da Força Aérea serão realizadas pesquisas e entrevistas com

componentes do Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA).

Em se tratando de instituições civis, foram enviados questionários e realizadas

entrevistas com integrantes da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-

RJ). Foram ainda enviados questionários para a Army Command and General Staff

College (CGSC) em Fort Leavenworth, Estados Unidos da América, Advanced

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162

Technology Center da empresa Elbit Ltda., Israel. e, mensagens eletrônicas para as

aditâncias brasileiras nos Estados Unidos, na França, em Israel, na Espanha, na Itália,

na Rússia e na Alemanha, em busca de informações sobre o tema em tela.

Foram consultados oficiais do Exército Brasileiro que tenham notório

conhecimento sobre o tema em estudo e foram enviados questionários para os adidos

militares do Brasil na Alemanha, nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Rússia, e em

Israel.

4.4.2 Método de pesquisa

De acordo com GIL (1999) apud (ESAO, 2005, p.28), o método é como um

conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o

conhecimento, existindo dois grandes grupos: os métodos de abordagem e os métodos

de procedimentos. Os métodos de abordagem proporcionam “as bases lógicas da

investigação científica” e os métodos de procedimentos “esclarecem acerca dos

procedimentos técnicos a serem empregados”.

Os métodos de abordagem apresentam, ainda, um elevado grau de abstração

que possibilitam ao pesquisador decidir acerca do alcance de sua investigação, das

regras de explicação dos fatos e da validade de suas generalizações, tendo o objetivo

de explicar o conteúdo das premissas, por intermédio de uma cadeia de raciocínio em

ordem descendente (ESAO, 2005, p.28).

Desta forma a presente pesquisa se classificou exploratória225 e aplicada226. Os

métodos de procedimentos esclarecem acerca dos procedimentos técnicos a serem

utilizados a fim de proporcionar os meios adequados para a garantia da objetividade e

da precisão do estudo (GIL, 1999). Para isso foram adotados os seguintes métodos de

abordagem: método indutivo, tendo em vista a necessidade de se buscar dados

particulares e suficientemente constatados para a realização de inferências sobre o

assunto; método comparativo, pois buscou-se em programas científicos de forças

armadas de outros países aspectos do emprego da simulação construtiva como

225 Têm por objetivo definir melhor o problema, descrever comportamentos de fenômenos, definir e classificar fatos e variáveis. (SALOMON. p.158). 226 São as que se destinam a aplicar leis, teorias e modelos na solução de problemas que exigem ação e/ou diagnóstico de uma realidade. (SALOMON. p.158).

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163

ferramenta de apoio à decisão, de forma a melhor compreender possíveis soluções

para o Exército Brasileiro; e método histórico, onde se buscou o entendimento das

razões que levaram ao desenvolvimento do sistema de simulação construtivo e a sua

aplicação inicial. O presente trabalho foi desenvolvido com base em pesquisa

bibliográfica, documental e de campo, onde foram utilizadas as técnicas abaixo:

Os seguintes passos foram seguidos:

- levantamento histórico com a finalidade de traçar um quadro da evolução dos

sistemas de simulação;

- realização de um estudo preliminar onde buscar-se-á a identificação do

problema dentro de quadros teóricos de referência, sendo levantados aspectos da

evolução dos sistemas de simulação construtivos e o seu arcabouço conceitual, além

de dados estatísticos que fundamentem as possíveis conclusões sobre tema;

- levantamento de bibliografia e documentos relacionados com o tema por meio

de buscas em publicações nacionais e internacionais, em revistas técnicas e na rede

mundial de computadores. Em seguida, seleção dos dados com relevância para o

presente trabalho, e o fichamento da bibliografia;

- a coleta de material será procedida nas bibliotecas da Escola de Comando e

Estado-Maior do Exército, da Escola Superior de Guerra, do Instituto Militar de

Engenharia, da Biblioteca do Exército, da Universidade da Força Aérea, da Fundação

Getúlio Vargas, da Biblioteca Nacional e do Centro de Simulação de Combate do

Comando de Operações Terrestres (COTER). Serão ainda consultados noticiários de

jornais e revistas, dados e relatórios do Ministério da Defesa, manuais do EB e a rede

mundial de computadores;

- serão realizadas pesquisas de campo com visitas ao (COTER), e entrevistas e

preenchimento de questionários com questões abertas e fechadas, voltados para a

problemática da simulação construtiva, visando a adequação dos preceitos teóricos à

especificidade do tema;

-serão realizadas sessões de “tempestade de idéias” (brainstorming) com grupos

de alunos do CCEM 2º ano;

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164

- após ser procedida a coleta dos dados relacionados à pesquisa, será procedida

uma análise qualitativa e quantitativa do material, de forma a melhor fundamentar as

conclusões do trabalho;

- a análise dos dados será baseada em métodos estatísticos e gráficos; e

- serão, por fim, apresentadas sugestões com o objetivo de contribuir com a

evolução da doutrina militar e da arte operacional da Força Terrestre do Exército

Brasileiro.

4.4.3 Tipo de pesquisa

O tipo de pesquisa foi, quanto à natureza, aplicada, por permitir a produção de

conhecimentos que tenham aplicação prática e dirigidos à solução de problemas, como

o levantado no presente trabalho.

Quanto à forma de abordagem, foi quantitativa, por permitir num primeiro

momento a tradução das opiniões e informações em números, para depois ser feita sua

classificação e análise, e também qualitativa, pois em outros momentos permitiu a

tradução das opiniões e informações na forma de resultados que expressam opiniões

de informantes especialistas e com conhecimento sobre o assunto.

Quanto ao objetivo geral, a pesquisa foi descritiva por possibilitar aumentar os

conhecimentos sobre o assunto simulação construtiva.

Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa foi bibliográfica, documental e

de levantamento, ou de campo. A pesquisa bibliográfica realizada através da consulta

em livros, manuais, artigos e páginas da rede mundial de informações. A pesquisa foi

documental por estar baseada conteúdo que experimentou análise, como proposta de

especificações, palestras e gravações. Por fim, a pesquisa foi de levantamento, por

meio da pesquisa de campo direcionada a pessoas e autoridades que tinham

conhecimento e relação com o tema em estudo, que subsidiaram a coleta de dados e a

consequente análise.

4.4.4 Técnica de pesquisa

As técnicas utilizadas para a obtenção de dados foram: a coleta documental, o

questionário, a entrevista e a observação.

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165

A coleta documental foi utilizada durante a revisão de literatura, na construção do

referencial teórico e na coleta de dados. Os documentos foram organizados, facilitando

a sua utilização durante a fase de análise dos dados, em função dos problemas e dos

objetivos.

Conjugada à coleta documental utilizou-se a técnica da observação por meio da

realização de um exame minucioso e atento sobre a pesquisa no seu todo.

Foi redigido um questionário a respeito das variáveis e situações que se

desejava avaliar, estando fundamentado em perguntas fechadas. Contudo, procurou-

se, também, obter uma justificativa, contribuição ou parecer do informante, além da

resposta fechada padrão, facilitando a tabulação dos dados e a manifestação e

complemento por parte do autor.

O estudo de caso possibilitou uma comparação baseada em modelagem

matemática, que traduziu um resultado frio e que carece de análise por parte do

decisor. A ferramenta é de bastante utilidade e deve ser empregada sempre que

possível no auxílio à tomada de decisões.

4.4.5 Análise de dados

Para a análise de dados, foram observados os passos de tabulação, codificação

e tabulação dos dados, resultantes da apresentação de tabelas e gráficos, o que

subsidiaram a análise estatística e a interpretação dos dados.

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166

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

A seção em tela tem como objetivo fazer a apresentação e analisar os resultados

provenientes da pesquisa bibliográfica, da pesquisa de campo destinada a discentes da

Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, a integrante do Comando de

Operações Terrestres (COTER), a integrantes da Força Aérea Brasileira, aos Adidos

Militares de cinco países, e também, o resultado de estudo de caso com base nos

fundamentos da pesquisa operacional.

5.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DA PESQUISA

5.1.1 Resultados da Pesquisa Bibliográfica

O objetivo desse primeiro tópico é sintetizar alguns conhecimentos relevantes

obtidos a partir da consulta a documentos sobre os diversos temas afins relacionados

aos Sistemas de Simulação em Apoio à Decisão, incluindo aspectos da Teoria da

Decisão, os Sistemas de Apoio à Decisão, e a evolução história e tecnológica desses

Sistemas.

Na fase de pesquisa bibliográfica, este pesquisador, portanto, durante a

realização da pesquisa histórica e documental, verificou que as diversas fontes de

pesquisa transmitiam algumas informações bastante relevantes: a primeira era que as

técnicas e os Sistemas de Simulações Construtivas eram bastante antigos, sendo a sua

primeira versão criada por volta do início do Século XIX, ou seja, há 200 anos, muito

tempo antes da invenção dos sistemas de computação227. Chamou a atenção também

que essas técnicas estavam bastante disseminadas entre alguns países com forças

armadas mais desenvolvidas e com experiência de emprego real. Ainda em relação a

esse tema, foi verificado o significativo desenvolvimento da aplicação dessas técnicas a

partir da evolução da computação e áreas relacionadas, como as redes de informação e

os processadores de dados. A segunda informação relevante foi o poder de influência, o

papel e o grau de protagonismo que a ferramenta teve nas grandes questões militares a

partir do momento em que foi institucionalizada na Prússia, a partir de 1824228, apesar

227 PERLA, Peter. The art of wargaming: a guide for professionals and hobbyists. Annapolis, Mariland: Naval Institute Press,1990, p.23.228 Idem, p.26.

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167

da constante falta de confiança na precisão de seus resultados, das opiniões que

consideravam o sistema complexo e na dificuldade de entender a sua efetividade

prática. A primeira vez em que o sistema foi usado como ferramenta de apoio à decisão

foi durante os planejamentos de invasão da França realizados pelo Chefe do Estado-

Maior Alemão, Alfred Graf von Schlieffen, no período de 1892 e 1906. Vale citar alguns,

entre diversos eventos militares onde os Sistemas de Simulação Construtiva tiveram

participação destacada: Guerra Russo-Japonesa em 1904, planejamento alemão

durante a 1ª. Guerra Mundial, simulações no escalão político-militares realizados na

Alemanha no período entre guerras, planejamentos da invasão alemã à

Tchecoslováquia, em 1938, testes do conceito operacional alemão das Operações

Móveis, ou Guerra Relâmpago (Blitz Krieg)229, testes do conceito da Divisão Aérea

Móvel (Air Mobile Division)230, planejamento norte-americano da Operação Tempestade

no Deserto (Desert Storm)231 e na Operação Iraque Livre (Iraqi Freedom)232.

Vale ser também destacada o substancial desenvolvimento da Simulação

Construtiva (em combinação com as outras modalidades de simulação) nas Forças

Armadas norte-americanas, surgido a partir das intensas experimentações realizadas

por órgãos daquelas forças em conjunto com universidades e centros de pesquisa,

sendo o ponto de origem de todo esse processo a criação do conceito dos Centros de

Treinamento de Combate pela Aviação da Marinha norte-americana. Nesse contexto,

também vale ser ressaltada o desenvolvimento do conceito da Simulação Construtiva

em Apoio à Decisão surgida a partir da combinação do Projeto SIMNET e o Projeto

ODIN, ambos do Exército Norte-Americano.

Foi notado também, o grande grau de prestígio que a ferramenta dispõe

atualmente nos Estados Unidos. Ela compõe, junto com outras metodologias, o rol de

229 Tática militar empregada para criar choque psicológico e resultante desorganização das forças inimigas através do emprego da surpresa, velocidade, e superioridade em material ou poder de fogo. http://www.britannica.com/eb/article-9015664/blitzkrieg.230 CAFFREY, Matthew. History of Wargames: toward a history based doctrine for wargaming as of 6 jan 2000. Disponível em <http://www.strategypage.com/wargames/articles/wargame_articles_2004980.asp> Acesso em 10 abr. 2009.231 DUNNINGAN, James F. Wargames handbook: how to play and design commercial and professional wargames. 2nd ed., New York: William Morroe and Company, (1992, p.204).232 FONTNOTE, Gregory. DEGEN, E. G. THON, David. On point: the united states army in operation Iraqi freedom. Annapolis, Mariland: Naval Institute Press, 2005, p.55.

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168

ferramentas disponíveis para o auxílio à decisão dos escalões estratégico (incluindo o

Presidente dos EUA), operacional e tático233.

Das questões relacionadas aos Sistemas de Simulação Construtivo em Apoio à

Decisão também merecem ser destacadas: a significativa valorização do estudo sobre o

processo de decisão no meio acadêmico e empresarial, as novas conclusões sobre o

processo cognitivo, os limites estruturais e o funcionamento do cérebro humano,

surgidas a partir de experimentos na área da Psicologia, o impacto no índice de

acidentes da aviação surgido em consequência da combinação entre métodos de

tomada de decisão e tecnologias relacionadas aos Sistemas de Apoio à Decisão na

gestão dos trabalhos na cabine das aeronaves modernas, os expressivos resultados

alancados pelos Sistemas Especialistas de Negociação no Mercado Financeiro

(incluindo os Algotradings), e a apreciável evolução dos sistemas de Comando e

Controle em alguns países, com a interação cada vez maior com computadores e redes

de comunicação de dados, e também, com ferramental de apoio à decisão.

5.1.2 Análise do questionário aplicado nos alunos do 2º ano do Curso de CCEM/

ECEME 2010

Este pesquisador após reunir os conhecimentos bibliográficos sobre o assunto, e

com o intuito de realizar uma pesquisa para sondar aspectos do tema, distribuiu um

Questionário com o título - Uso de Sistemas de Simulação como Ferramenta para o

Processo de Tomada de Decisão (Anexo D e Apêndice C ), enviado aos alunos do 2°

ano do Curso de Comando e Estado-Maior do Exército em 2010. Ele aborda os

aspectos sobre como o Método de Estudo de Situação é percebido e entendido pela

oficialidade do EB. Algumas fontes levantadas sugerem que mesmo depois do

considerável tempo de emprego desse método no EB ele não é completamente

executado e compreendido pelos oficiais. Na parte referente ao jogo da guerra, ocorre

uma resistência espontânea, desconsiderando-se a sua importância para todo o

233 PRZEMIENIECKI, J.S. Mathematical methods in defense analyses. 3ª. Ed. American Institute of Aeronautics and Astronautics Education Series.

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169

processo 234 235. Nesse Questionário buscou-se verificar qual era a percepção desse

público-alvo em questão sobre o Estudo de Situação do Comandante Tático, objeto de

estudo do questionário, e quais eram os conhecimentos desse mesmo público em

relação a Sistemas de Simulação de Combate e Sistemas de Apoio à Decisão (SAD).

Foram ouvidos 84 oficiais-alunos, do universo de 142 alunos do 1º Ano da Escola de

Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). Estes representam 5,15% do total de

1632 oficiais que compõem o Quadro de Estado-Maior (QEMA)236. Deve-se ressaltar

que que no ano de 2009 esses oficiais realizaram diversos exercícios empregando o

memento em temas de operações defensivas e ofensivas e, portanto, tiveram a

oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre o tema. A síntese do resultado

pode ser verificada abaixo:

Nas questões Q1 a Q3, Q7 a Q9 foi considerada a variável dependente II (a

capacidade de tomada de decisão do comandante tático do Exército Brasileiro), e a

variável moderadora III (o ambiente de restrições de tempo e informações), e este

pesquisador buscou compreender no grupo estatisticamente representativo qual é a

percepção desses oficiais em relação à efetividade do atual ESTUDO DE SITUAÇÃO

DO COMANDANTE TÁTICO (Memento) em um ambiente que apresenta restrição de

tempo. Deve-se evidenciar que:

Considerando as respostas apresentadas em Q1 a Q3 verifica-se que a maioria

dos oficiais ouvidos considera o atual estudo de situação em vigor uma ferramenta

simples (68,75%), que permite bem que se chegue à melhor Linha de Ação (L Aç)

(43,75%), e que é razoavelmente adequada (34,38%) ao tempo disponível ao Cmt/EM

para planejamento de operações militares reais.

Tendo por base as respostas apresentadas acima verifica-se que na percepção

dos oficiais inquiridos o atual ESTUDO DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE TÁTICO

(Memento) possui deficiências no que se propõe, que é servir como suporte para a 234 LUNDGREN, Pierre Cavalcanti. O estudo de situação do comandante tático: uma nova proposta: Programa de Atualização dos Diplomados pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (PADECEME). Informativo 1/99.235 RAUL STURARI (1991) apud LUNDGREN (1999, p.8) referindo-se à análise das linhas de ação opostas, afirmou que este “é um processo dialético, em que a tese é a nossa linha de ação, a antítese é a linha de ação do inimigo e a síntese será, [...], a nossa linha de ação aperfeiçoada.’ , o autor observa que essa fase do estudo de situação é pouco compreendida pela maioria dos oficiais do Exército. Tal fato [...] se deve a nossa formação cartesiana. “.236 Sistema Integrado de Informações-SIG (Estado-Maior do Exército-EME) em 6 de outubro de 2011.

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obtenção da melhor Linha de Ação (L Aç), especificamente, essa deficiência se localiza

no tempo disponível para a sua aplicação. Há nitidamente uma percepção de que a

ferramenta tem deficiências para cumprir tarefa com restrição de tempo. Convém dizer

ainda que na Q3 o segundo quesito com mais respostas foi o quarto (É insuficiente

adequada) com 28,13%. Considerando-se que atualmente a ferramenta em questão é

pela doutrina brasileira um dos principais meios de apoio à decisão, é possível inferir

que a ação de tomada de decisão do comandante tático do Exército Brasileiro é

dificultada pela adoção exclusiva dessa ferramenta, pois o ESTUDO DE SITUAÇÃO DO

COMANDANTE TÁTICO (Memento) apresenta restrições de emprego em um ambiente

de restrição de tempo.

Considerando as respostas apresentadas em Q7 a Q9 verifica-se que a maioria

dos oficiais ouvidos considera a fase da ANÁLISE DE LINHAS DE AÇÃO OPOSTAS a

mais complexa e a que demanda maior tempo para execução. Apesar disso, a grande

maioria não considera alguma das fases do ESTUDO DE SITUAÇÃO inexeqüível numa

situação real.

Portanto, as respostas sugerem que o atual Método de Estudo do Comandante

Tático ainda é válido para a realização das atividades de planejamento em operações

reais, na opinião dos oficiais que preencheram os quesitos.

De acordo com as respostas apresentadas verifica-se que, em boa medida, as

deficiências do atual método de estudo de situação residem na fase da ANÁLISE DAS

LINHAS DE AÇÃO OPOSTAS237. Esta fase é considerada pela grande maioria aquela

mais complexa (65,63%) e a que consome mais tempo na execução (53,13%). Daí

pode se inferir que a execução dessa fase carece do apoio de outras ferramentas para

tornar mais ágil e a facilitar a sua execução, em uma situação de planejamento real.

Nas questões Q4 a Q6, e Q10, foi considerada a variável dependente I (o

emprego ou não de simulação de combate construtiva como ferramenta de apoio à

decisão). Nesses quesitos este pesquisador buscou compreender o grau de

conhecimento que o público alvo oficiais do 2° ano do CCEM tinha em relação aos

SOFTWARES DE APOIO À DECISÃO, SISTEMAS DE SIMULAÇÃO DE COMBATE e

237 Prevista no parágrafo 3° do ESTUDO DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE TÁTICO, nesta fase se faz reagir as L Aç amigas contra as L Aç do inimigo e, particularmente, contra a sua linha de ação mais provável, de acordo com ECEME (2009).

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171

SISTEMAS DE SIMULAÇÃO PARA ANÁLISE (Apoio à Decisão) DE OPERAÇÕES

MILITARES.

As respostas apresentadas nos quesitos abaixo mostram que a maioria dos

oficiais ouvidos tem um razoável conhecimento sobre SOFTWARES DE APOIO À

DECISÃO, um bom conhecimento sobre SISTEMAS DE SIMULAÇÃO DE COMBATE,

um razoável/muito pouco conhecimento sobre os SISTEMAS DE SIMULAÇÃO DE

COMBATE PARA ANÁLISE (Apoio à Decisão) DE OPERAÇÕES MILITARES e

consideram os SISTEMAS DE SIMULAÇÃO ferramentas adequadas para apoiar o

processo de tomada de decisão em operações reais.

A análise dos quesitos Q4 a Q6, e Q10 traz nitidamente a informação de que o

público alvo em questão ainda não tem conhecimentos adequados sobre os SISTEMAS

DE SIMULAÇÃO EM APOIO AO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO, mas apesar

disso, têm a percepção de que são ferramentas úteis a esse processo.

Portanto, uma síntese do questionário apresentado traz idéias relevantes sobre a

atual situação do planejamento operacional do EB. Há uma nítida deficiência da atual

metodologia de planejamento na fase de ANÁLISE DAS LINHAS DE SITUAÇÃO

OPOSTAS, e em conseqüência, a limitação do ferramental para tomada de decisão do

comandante tático do EB. É percebida, também, a compreensão da oficialidade

analisada que existem sistemas tecnológicos, como os sistemas de simulação

construtivos que podem otimizar e agilizar esse processo.

5.1.2 Questionário aplicado em integrantes da ECEMAR em 2009

Com a intuição de se verificar a situação das pesquisas e infra-estrutura

referentes ao Sistemas de Simulação Construtiva nas outras Forças Armadas, foram

remetidos questionários a Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica.

Dos questionários remetidos à Escola de Comando e Estado-Maior da

Aeronáutica, o preenchido pelo coronel aviador FERNANDO SAKURA238, instrutor na

ECEMAR de Processo de Planejamento de Comando da Aeronáutica (PPC), Controle

238 Especializado em Análise de Sistemas no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), possuidor de diversos cursos na área de Tecnologia da Informação, Gerência de Projetos, Gerência de Requisitos (Rational-IBM), manuseio de diversas ferramentas de gerenciamento e Modelagem.

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da Operação Planejada e Uso de Indicadores Durante a Campanha merece ser

destacado.

Das respostas apresentadas pelo oficial em análise merecem ser destacadas as

idéias de que alguns países, como os norte-americanos, já atingiram o patamar da

realização da simulação de operações reais (nesse caso específico, operações de

combate aéreo). Além disso, o maior impacto na utilização desse tipo de simulação é o

aumento da consciência situacional (situational awereness)239, ou seja, o comandante

tático tem um aumento significativo na percepção dos fatos que mais provavelmente

ocorrerão e os elementos subordinados e inimigos envolvidos. A existência de uma

estrutura institucional para mapear processos operacionais e realizar a sua

documentação também foram ressaltados, devido à rapidez da evolução dos processos

no combate moderno. Também é significativa a alusão da necessidade do emprego da

tecnologia da Inteligência Artificial (A.I.)240 para a otimização e modernização dos

sistemas de simulação construtivos. O coronel SAKURA, com sua experiência na área

de tecnologia da informação, também defendeu o valor dos sistemas de simulação

construtivos na análise e seleção de duas Linhas de Ação (L Aç) e apresentou algumas

perculiaridades da lógica que fundamenta os algoritmos do sistema (parâmetros de

avaliação). Em comparação com os projetos desenvolvidos a percepção e os

conhecimentos demonstrados pelos oficiais de estado-maior da Força Aérea, o Exército

Brasileiro, aparentemente ainda não colocou o foco no assunto. Tanto nos seus centros

de pesquisa e escolas o tema ainda é tratado de forma incipiente.

Já o coronel aviador Carlos Eduardo Valle241 Rosa, instrutor na ECEMAR das

disciplinas Estratégia de Emprego do Poder Aéreo, Estrutura Militar de Defesa, Ciclo de

Comando e Controle, Processo de Planejamento de Comando (PPC) e Exercícios de

Campanha Simulados também respondeu aos mesmos quesitos acima que estão

apresentadas abaixo:

239 De acordo com ENDSLEY, Consciência Situacional é a capacidade de saber plenamente o que acontece ao redor.240 De acordo com NILSSON (1998) Inteligência Artificial é o ramo da ciência que se preocupa com o comportamento inteligente em artefatos. Comportamento inteligente envolve percepção, razão, aprendizado, comunicação, e ação em ambiente complexo.241 Usuário e cliente na especificação de requisitos de sistemas de simulação de combate da Força Aérea.

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173

Das respostas apresentadas pelo oficial em análise merecem ser destacadas as

idéias de que alguns países, como os norte-americanos, já atingiram o patamar da

realização da simulação de operações reais (nesse caso específico, operações de

combate aéreo). Além disso, o maior impacto na utilização desse tipo de simulação é o

aumento da consciência situacional (situational awereness)242, ou seja, o comandante

tático tem um aumento significativo na percepção dos fatos que mais provavelmente

ocorrerão e os elementos subordinados e inimigos envolvidos. A existência de uma

estrutura institucional para mapear processos operacionais e realizar a sua

documentação também foram ressaltados, devido à rapidez da evolução dos processos

no combate moderno. Também é significativa a alusão da necessidade do emprego da

tecnologia da Inteligência Artificial (A.I.)243 para a otimização e modernização dos

sistemas de simulação construtivos. O coronel SAKURA, com sua experiência na área

de tecnologia da informação, também defendeu o valor dos sistemas de simulação

construtivos na análise e seleção de duas Linhas de Ação (L Aç) e apresentou algumas

perculiaridades da lógica que fundamenta os algoritmos do sistema (parâmetros de

avaliação). Em comparação com os projetos desenvolvidos a percepção e os

conhecimentos demonstrados pelos oficiais de estado-maior da Força Aérea, o Exército

Brasileiro, aparentemente ainda não colocou o foco no assunto. Tanto nos seus centros

de pesquisa e escolas o tema ainda é tratado de forma incipiente.

Já o coronel aviador Carlos Eduardo Valle244 Rosa, instrutor na ECEMAR das

disciplinas Estratégia de Emprego do Poder Aéreo, Estrutura Militar de Defesa, Ciclo de

Comando e Controle, Processo de Planejamento de Comando (PPC) e Exercícios de

Campanha Simulados também respondeu aos mesmos quesitos acima que estão

apresentadas abaixo:

Realizando-se a análise das respostas acima se percebe que a utilização e

modernização de sistemas de simulação construtivos estão causando uma sensível

evolução no processo ensino-aprendizagem dos futuros decisores da Força Aérea, e

está em fase de levantamento das especificações de um projeto de ferramenta de apoio

244 Usuário e cliente na especificação de requisitos de sistemas de simulação de combate da Força Aérea.

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à decisão. A FAB, portanto já possui um projeto de ferramenta de apoio à decisão que

provavelmente estará ligado a um sistema de simulação construtivo. Está claro que aos

poucos as Forças Armadas despertam o interesse pelo assunto.

5.1.3 Entrevista com Oficial da Divisão de Simulação do COTER em 2009.

Foi realizada também, uma entrevista com o Major do Quadro de Engenheiros

Militares ANDRÉ LUIZ VALLE ROSA, engenheiro de computação e desenvolvedor de

programas da Seção de Desenvolvimento de Sistemas de Simulação de Combate da

Divisão de Simulação de Combate do Comando de Operações Terrestres (COTER). O

Maj VALLE foi um dos principais desenvolvedores do sistema de simulação construtiva

SABRE e atualmente participa do Projeto COMBATER, novo sistema de simulação

construtiva do EB. Em novembro de 2009 esse oficial participou do Simpósio de

Modelagem e Simulação do Exército dos Estados Unidos, em Orlando, e já tem uma

experiência de mais de uma década no desenvolvimento de sistemas e aplicações de

simulações de combate por todo o Brasil e no exterior.

No Anexo B são apresentadas algumas idéias apresentadas pelo Maj VALLE

durante sua entrevista. Esta trouxe dados muito valiosos para a pesquisa em análise.

Inicialmente chamou à atenção o destaque que é dado à atividade de simulação

construtiva como ferramenta de apoio à decisão. No Exército Norte-Americano é uma

atividade que tem relevante emprego antes, durante e após as operações militares reais.

Ressaltou as peculiaridades dos modelos, entre elas o seu erro inerente, e como esse

erro é considerado no emprego do modelo. Apresentou as várias formas de utilização da

modelagem e simulação nos EUA, incluindo o emprego no planejamento de operações

de apoio humanitário. Deve ser ressaltado que o exercício em simulador presenciado

pelo Maj VALLE, cujo cenário era a República Dominicana, ocorreu um pouco mais de

um mês antes do terremoto no Haiti. Infere-se que a eficiência logística norte-americana

naquela operação real se deve em boa parte aos sistemas de simulação de catástrofes

visualizado pelo Maj VALLE, e os planejamentos decorrentes. O EB poderia ter um

grande número de ferramentas que poderiam ser desenvolvidas com essa finalidade de

ajuda humanitária também.

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175

5.1.4 Situação do emprego do Sistema de Simulação Construtiva

A seguir serão apresentados os dados afetos à pesquisa de campo, colocado em

prática através de um questionário com 33 perguntas, e conduzido junto às Aditâncias

dos seguintes países: Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra, Israel e Rússia. Buscou-

se com essa consulta a obtenção de subsídios para orientarem a composição de

especificações de um Sistema de Simulação Construtiva em Apoio à Decisão. Também

se procurou traçar um panorama mais preciso da situação do desenvolvimento e

disseminação desses sistemas, e sobre a percepção dos usuários sobre a sua

eficiência, aceitabilidade, confiabilidade, entre outros. As perguntas foram dirigidas ao

Adidos Militares, os quais, em algumas situações, repassaram o material para um

militar tecnicamente mais indicado para fazê-lo. Nessa série de perguntas foram

priorizados os aspectos qualitativos em detrimento dos quantitativos.

Os questionamentos permitiram compor uma amostra de militares detentores de

simplificativos conhecimentos, nos países onde representam o EB, sobre o emprego da

simulação construtiva de combate e seu emprego como ferramenta de apoio à decisão.

Aqui, para fins de amostra, foi valorizado o aspecto qualidade, experiência e

conhecimento dos entrevistados e das informações, e não a quantidade de

entrevistados.

Em relação à Alemanha, o presente questionário foi apresentado ao Adido Militar

naquele país que, de forma a colaborar com a qualidade das respostas, remeteu as

perguntas para um oficial superior do Exército da Alemanha especialista em Pesquisa

Operacional. Com a mesma finalidade, nos Estados Unidos, o questionário foi remetido

pelo Adido a oficial superior brasileiro Oficial de Ligação no TRADOC (Training and

Doctrine Command), também ao Oficial de Ligação no Centro de Armas Combinadas

(Combined Arms Center), e ao Oficial de Ligação no Comando Sul do Exército norte-

americano (ARSOUTH). Na Inglaterra o Adido enviou o presente questionário para um

oficial superior brasileiro aluno da Escola de Comando e Estado-Maior na Inglaterra. Em

Israel e na Rússia os próprios adidos militares responderam ao questionário.

Especificamente, responderam ao questionário os seguintes do assunto: Alemanha –

tenente coronel H. J. Neumuller, German Army Office, Operations Research. Estados

Unidos – coronel MOSQUEIRA, oficial de ligação do EB junto ao TRADOC, Forte

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Monroe. major TRIANI, oficial de ligação do EB junto ao ARSOUTH. Coronel BASSOLI,

oficial de ligação do EB junto ao Centro de Armas Combinadas e Fort Leavenworth.

Inglaterra – major Fábio, aluno da Escola de Comando e Estado-Maior na Inglaterra.

Israel – coronel Helmo André da S. G. de Luna – Adido Militar. Rússia - tenente-coronel

aviador Augusto Cesar Abreu dos Santos – Adjunto do Adido Militar.

Ao ser feita uma análise das respostas verifica-se que há uma significativa

restruturação de estruturas de Comando e Controle de forma a acelerar o ciclo

decisório em operações. Nesse contexto os Estados Unidos se sobressaem, inclusive

em abrangência de escalões, mas os outros países também pesquisados também

possuem ou desenvolvem esse tipo de abordagem em seus sistemas de comando e

controle. Para isso pesquisa e emprega todas as tecnologias associadas ao

sensoriamento reconhecimento, passando pela inteligência humana, pelo

processamento conjunto das informações, análise, processo de tomada de decisão.

Mais especificamente, emprega Inteligência Artificial para análise de informações,

Tratamento de múlti-dados, Digitalização do Campo de Batalha com Mapeamento

Digital Modelagem, simulação e jogos de guerra para apoiar o processo decisório,

Tecnologias de Comunicação e Redes Militares.

No que tange à simulação construtiva otimizada para apoio à decisão, o

processo decisório apoiado por modelagem e simulação é parte do sistema maior que

processa C2. Possui um sistema em desenvolvimento (no Comando de Material do

Exército dos Estados Unidos) e outro em operação (utilizado pela Força Terrestre dos

EUA). O sistema em operação possui um módulo de suporte à decisão que faz uso da

modelagem e da simulação científica verificada, validada e acreditada pelo Exército dos

Estados Unidos. Faz uso de ferramentas tecnológicas de apoio à decisão, de alcance

amplo, até o nível subunidade (e, em alguns casos, até o nível pelotão, quando estiver

atuando isoladamente – algo típico no combate contra insurgência atual). O oficial de

ligação ao TRADOC ressaltou o fato do sistema em operação naquele país possuir um

módulo específico de apoio à decisão, tornando claro o grau de refinamento daquele

sistema. Ressaltou também a existência da validação desse sistema norte-americano,

confirmando o que havia sido levantado na pesquisa bibliográfica sobre a qualidade do

processo de desenvolvimento de modelos e simulações naquele país. Foi verificado

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também, baseando-se nas respostas, que a Inglaterra e Israel possuem um sistema de

simulação construtiva em apoio à decisão. Alemanha e a Rússia estão desenvolvendo

um sistema semelhante. Não foi possível, entretanto, verificar o seu grau de

desenvolvimento e precisão, e o nível de certificação pelo qual tenham experimentado.

Em relação ao escalão empregado verifica-se a predominância norte-americana e

inglesa ao empregarem a ferramenta em múltiplos escalões. A resposta do O Lig ao

TRADOC também apresenta a importância das ferramentas serem interligadas através

do conceito de Simulação Interativa Distribuída, sendo para isso necessária uma rede

de dados de simulação compatível. Esses sistemas são empregados não apenas nas

fases Análise das Linhas de Ação Opostas, e Comparação de Linhas de Ação, mas

também nas atividades anteriores e posteriores à tomada de decisão (Análise de

Situação, Planejamento, Tomada de Decisão e Controle de Operações). Verifica-se,

portanto, uma grande amplitude de emprego da ferramenta. Nota-se também que o

escalão mais comum de emprego da ferramenta pelos países é o de brigada.

Os sistemas de simulação são empregados em experimentos doutrinários,

treinamento de comandantes e estados-maiores e visualização do desenrolar de

operações planejadas. Sendo o uso prioritário para adestramento e visualização das

operações. A tendência atual é, conforme levantado na pesquisa bibliográfica, essas

atividades empregarem normalmente o mesmo tipo de sistema. São apontados como

maiores ganhos com o seu emprego aspectos relacionados ao ganho de produtividade

(maior precisão no processo, melhoria da consciência situacional, entre outros). O

desenvolvimento desses sistemas tem como elemento diretor no levantamento de

especificações e na coordenação das atividades de desenvolvimento o Ministério da

Defesa, além da participação de empresas e centros de pesquisa. Observa-se, na

prática, que o desenvolvimento de um sistema de simulação construtiva como SAD é

uma atividade que essencialmente engloba diversas instituições, e é coordenado pelo

escalão máximo de defesa. Um dos principais questionamentos da presente pesquisa

foi como é a utilização desses sistemas, na prática. Chamou a atenção a observação

do oficial brasileiro aluno da ECEME da Inglaterra quando esse informou que a

ferramenta é empregada em operações combinada com o planejamento convencional,

e que a ferramenta é muito útil na visualização de operações futuras.

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Merece destaque também que nos Estados Unidos importantes atividades de

simulação construtiva são desenvolvidas no CAC (Centro de Armas Combinadas),

National Training Simulation Center (no Kansas), sendo o seu acesso restrito. Naquele

país o sistema é empregado no treinamento e avaliação das OM, GU e G Cmdo, nas

Escolas Militares. Em Israel, anualmente, a Força Aérea, a Força Terrestre e a Marinha

Israelense realizam exercícios de simulação com seus estados-maiores. Os sistemas

de simulação construtiva quando em uso ajudam, segundo o que foi levantado nos

questionários, a sanar ou minorar dificuldades de visualização, atenção, compreensão,

memória, comunicação. Verifica-se aqui o reconhecimento da utilidade dos sistema de

simulação para mitigar algumas deficiências estruturais do ser humano. O sistema de

simulação são empregados inclusive na o sistema do Exército análise comparativa de

linhas de ação (L Aç). Posteriormente essa suposição foi confirmada com a entrevista

realizada com o representante da empresa francesa MASA Group, desenvolvedora do

sistema de simulação construtiva SWORD. Deve-se destacar que a resposta do O Lig

TRADOC trouxe uma informação relevante. Segundo ele os sistemas existentes no

Exército norte-americano pode gerar Linhas de Ação de acordo com parâmetros

estabelecidos previamente. Essa capacidade de geração de L Aç é, certamente, um

avanço importante nesse tipo de ferramenta pois mostra o significativo grau de precisão

atingido pelos modelos e simulações norte-americanos. A resposta do representante

brasileiro na ECEME da Inglaterra também detalhou que esse tipo de emprego pode ser

usado, mas nem sempre é. Depende da situação e, principalmente, do comandante.

Um dos mais relevantes questionamentos levantados foi se o emprego dos sistema de

simulação efetivamente acelerava o ciclo decisório. O representante brasileiro na

Inglaterra informou que a percepção geral entre os oficiais entrevistados na ECEME

Inglaterra é de que o sistema acelera bastante o processo de tomada de decisão.

Especificamente, foi relatada a importância do emprego da simulação na Análise das

Linhas de Ação Opostas, diminuindo as dificuldades em realizá-la devido à sua

complexidade e demanda por tempo.

Foi ressaltada a importância de uma intensa participação das forças armadas

dos países em questão na fase de desenvolvimento de especificações. Os modelos e

simulações empregadas nos sistemas de apoio à decisão são desenvolvidos a partir da

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coleta de dados e desenvolvimento de modelos e simulações por meio de equipes

especializadas (incluindo civis). As respostas confirmaram o que havia sido levantado

ao longo da pesquisa bibliográfica no que diz respeito à existência de equipes

especializadas na execução dessa atividade. As empresas fazem isso sob supervisão

do pessoal qualificado (técnicos em modelagem e simulação – uma subárea da

pesquisa operacional militar). O tratamento de dados é realizado em empresas privadas

ligadas à indústria de defesa. Para essas atividades são empregados analistas também

para conduzir “mineração de dados” (data mining) e análise estatística dos resultados

antes de prover os resultados para o tomador de decisão. Verifica-se aqui a

importância da existência de analista qualificados em apoio à atividade. Há também a

necessidade de uma rede de dados estruturada e focada para o suporte à atividade de

simulação. Essa estrutura é essencial para o emprego dos Sistemas de Simulação

como ferramenta da SAD, inclusive no nível conjunto de atuação das forças.Os dados e

informações do sistema são, no todo ou em parte, baseado em dados reais de

combate. Segundo informado existe um setor do TRADOC/CAC que se responsabiliza

por introduzir estas experiências de combate nos modelos. Verifica-se aqui,

nitidamente, a importância da coleta e da velocidade do processamento dos dados de

combate. Verifica-se ainda a importância dos dados reais de combate. No enfoque

dados pelos sistemas de simulação eles se transformam em um ativo de alto valor.

Entre as deficuldades encontradas na implementação da ferramenta de

simulação, são apresentadas as dificuldades em se obter modelos mais fidedignos da

realidade, e resultados confiáveis. Quanto mais a guerra depende do ser humano, mais

difícil é a sua modelagem e mais difícil a obtenção de modelos mais fidedignos da

realidade. O desafio enfrentado também é fazer o sistema ser relevante nos diferentes

ambientes operacionais/cenários em que as forças militares possam ser

empregado.Verifica-se aqui a resposta de que quase todos os países pesquisados

remete as dificuldades encontradas à precisão dos modelos e, sua utilidade ao fim que

se destina. Esse foi um dos temas abordados no item do presente trabalho relacionado

à modelagem e a simulação. As resposta confirmaram a importância desse tema. A

resposta do O Lig do TRADOC especifica a dificuldade de modelar o comportamento

humano. Essa dificuldade também está relacionada com a precisão do modelo, e trata

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de uma das maiores dificuldades ao desenvolvimento de modelos e simulações mais

realistas. Verifica-se que a resposta do O Lig TRADOC trouxe um conhecimento novo à

presente pesquisa. Aquele oficial acrescentou que a efetividade não está relacionada

com o escalão de emprego, e sim, ao grau de precisão dos modelos. Uma outra

dificuldade levantada é que a realidade do combate muda a cada dia e o ciclo de

aprendizado tem de ser reduzido/rápido, para influenciar quem sabe o próximo

engajamento em combate. Por conseguinte os modelos de combate estão sendo

constantemente aperfeiçoados para influenciar o treinamento. É um desafio atual.

Reduzir o tempo de aprendizado e o tempo de modelagem do combate para inserir

novas modificações nos jogos/sistemas de apoio à decisão.

No que diz respeito à percepção dos usuários, o questionário buscou abordar os

aspectos subjetivos dos usuários do sistema de simulação em relação à percepção em

relação à utilidade desse sistema de simulação (É fundamental e insubstituível; É

fundamental, ainda que possa ser substituído por outras ferramentas de apoio à

decisão; É importante para o processo; É importante, mas prescindível; Serve apenas

de meio auxiliar; Serve apenas de meio auxiliar, sendo totalmente dispensável). Esta

pergunta se fundamentou na intenção de entender como a ferramenta é vista pelos

integrantes do país analisado. Verifica-se que as respostas apresentam (com algumas

variações) a ideia do sistema visto como “fundamental”. Esse entendimento seria um

argumento para países que no futuro debatessem se seria o caso empregar recursos

significativos no desenvolvimento desse tipo de sistema. Quanto à credibilidade

alcançada pela ferramenta, verifica-se nas respostas que, em relação aos planejadores

militares e autoridades civis, na guerra convencional é bem visto. Para o combate ao

terror e contra-terrorismo é controverso. Os modelos de combate ao terror ainda estão

muito longe da realidade.

De forma geral, o emprego dos Sistemas de Simulação Construtiva como

ferramenta de apoio à decisão é visto como importante, mas, com a atual estrutura

disponível, apenas complementa a análise dos membros do estado-maior e

comandante. Foi relatado pelo representante brasileiro no Centro de Armas

Combinadas (CAC) do Exército dos Estados Unidos que o seu emprego, no conjunto de

ferramentas de comando e controle, teve efeitos colaterais. O seu alcance até o nível

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tático trouxe a perda da iniciativa entre os comandantes subalternos e em alguns

estados-maiores de unidade e Bda. Comandantes e estados-maiores ficam

excessivamente dependentes de dados e autorizações do escalão superior para

tomarem decisões. A “intenção do comandante” foi algo praticamente descartado,

durante os últimos anos. Mas de qualquer forma, fica claro que o emprego desses

sistemas em apoio ao processo decisório é considerado importante. Essa informação é

relevante pois confirmou o que já havia sido levantado na pesquisa bibliográfica.

No que se refere aos motivos da confiabilidade do sistema, há uma visão

recorrente que ela se dá devido ao grau de precisão de seus bancos de dados,

baseados em experiências reais de combate, gerando avançados modelos de tropas

em combate. Essa base é obtida a partir de dados históricos, experimentações no

terreno com tropa, dados estimados e muitas outras coisas. E a atualização desse

conjunto de dados geralmente é realizada com apoio de empresas, com supervisão de

técnicos militares.

Finalmente, merece ser destacado que não foi possível a obtenção de dados

mais abrangentes desse sistema tendo em vista o caráter sigiloso de suas informações.

Verifica-se aqui que esses sistemas, por serem tecnologias críticas, de complexo

desenvolvimento e serem dotados de dados e algoritmos sigilosos, têm suas

informações para a pesquisa limitadas e restritas. Esse entendimento foi compartilhado

por todos os entrevistados.

5.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE ESTUDO DE CASO

Será realizado um estudo de caso como forma de contextualizar a presente

análise, de forma a entender como é realizada a ANÁLISE DAS LINHAS DE AÇÃO

OPOSTAS e a COMPARAÇÃO DAS LINHAS DE AÇÃO atualmente no EB, inferindo-se

sobre onde o atual método é mais deficiente. Baseado nas deficiências existentes será

buscado visualizar em que pontos desses processos um sistema de simulação

construtivo, otimizado para apoiar a decisão, poderia atuar de forma a aprimorar o

processo de tomada de decisão do comandante do EB. Para isso o presente Estudo de

Caso abordará uma situação ocorrida na ECEME em 2009, durante o Curso de

Comando e Estado-Maior CCEM, envolvendo alunos do 1º Ano do Curso. Vale ressaltar

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que esse universo de alunos é o mesmo que respondeu à pesquisa preliminar já

estudada anteriormente. A situação diz respeito a um exercício na carta realizado por

esses alunos na Sala 201 da ECEME. O exercício foi realizado no período entre 22 e 25

de setembro de 2009 como parte do estudo da Divisão de Exército no Ataque

Coordenado, dentro do tema 02 III 02 Divisão de Exército em Operações Ofensivas –

Fundamentos (Apêndice A). Na ocasião foram realizados pelos Grupos de Trabalhos

(GT) compostos pelos alunos (representando o comandante e o estado-maior de uma

Divisão de Exército) as fase do Estudo de Situação da 13ª Divisão de Exército (fictícia)

e aplicados os aspectos da análise da missão e tomada de decisão, conforme

prescreve o manual C 101-5 Estado-Maior e Ordens, 1º volume e 2º volume. Essa

situação estudada, apesar de ter ocorrido em um ambiente acadêmico, e não em

campo (o que seria mais próximo da realidade), sujeitou os alunos a uma situação de

restrição de tempo e, ao stress pela saturação de dados e pelas pressões naturais do

estudo de situação.

Figura Nr 57: Esboço Situação GeralFonte: o autor

Este pesquisador, na ocasião, era integrante do Grupo de Trabalho CHARLIE, e

face às apresentações dos pedidos e os levantamentos de questionamentos, realizou

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uma série de apontamentos. Posteriormente foi realizada a análise do material e

retiradas algumas conclusões.

A situação tática representada mostrou a 13ª DE (fictícia) subordinada ao V

Exército de Campanha (V Ex Cmp), juntamente com a 11ª DE e a 12ª DE após a

realização de uma Marcha para o Combate no interior do País VERDE, e em direção ao

País VERMELHO. Esses Grandes Comandos tinham recebido a missão de “ A fim de

cooperar com o V Ex Cmp no restabelecimento da integridade do território verde e na

criação de condições de prosseguimento das operações em território vermelho, realizar

uma marcha para o combate descoberta, a partir de D/0500, na direção SÃO BORJA

(fora da carta) – CARAZINHO, para Conq e manter as Regiões de Psg sobre o Rio

JACUÍ-MIRIM. [...] Mtd O (mediante ordem), participar do cerco do Ini245. “

Figura 58: Concepção da manobraFonte: Anotações do autor

No dia D o V Ex Cmp iniciou a Marcha para o Combate. Após sofrer retardo em

seu avanço para Leste devido a ação da Força Aérea Vermelha, estabeleceu o contato

245 Documento Nr 7 da Apostila 02 III 02 Divisão de Exército em Operações Ofensivas – Fundamentos, 2009. Seção de Operações Ofensivas da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.

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com as forças terrestres vermelhas, passando a ser retardado pela 11ª Brigada de

Infantaria Mecanizada Vermelha, ao Norte, e uma Força Tarefa Regimento de Carros

de Combate (FT RCC), ao Sul246. No dia D+3, o V Ex Cmp, tendo sofrido pequeno

desgaste de suas forças, atinge a linha balizada pelo Rio IJUIZINHO, Arroio GUAÇUÍ,

Arroio SANTA TECLA e Rio Butiá. O comandante do V Ex Cmp, então, atualizou os

seus planejamentos ao restabelecimento da fronteira do País VERDE e a destruição da

maioria dos meios do País VERMELHO.

No tema os GT receberam a Ordem de Operações PAMPA I do V Ex Cmp, que

trazia a seguinte missão para os elementos subordinados ao V Ex:

“A fim de cooperar com a FTTOT Ald (aliada) no restabelecimento da integridade do País VERDE e na redução do poder militar e do poder econômico do País VERMELHO, conduzir em D+5/0600, Op Ofs (Operações Ofensivas) em território verde e vermelho, para restabelecer a integridade do País VERDE e destruir a maioria de meios do inimigo vermelho. Em fase posterior, Conq (conquistar) regiões de valor econômico”. Para isso foi concebida a seguinte manobra: “ a) Em uma 1ª fase: (1) cercará a maioria dos meios Ini (inimigos), empregando: (a) a 11ª DE ao N (norte), Mtd O (mediante ordem), Rlz Aç Pcp (realizando a ação principal), para Conq e Mnt (conquistar e manter) IJUÍ (O1). [...]; (b) a 12ª DE, ao S (sul), para Conq a Região de CERRO GRANDE (O3). [...] (c) a 13ª DE, ao centro, para Conq e Mnt CRUZ ALTA (O2)(grifo nosso); (d) a 31ª Bda Inf L (Amv) para, Mtd O (mediante ordem), Conq as regiões de Psg (passagem) sobre o Rio JACUÍ-MIRIM à W de IBIRIBÁ (O5), devendo mantê-la até a junção; e b) Em uma 2ª fase, destruirá o Ini cercado. c) Em fase posterior, prosseguirá para Conq regiões de valor econômico em território vermelho.

No tema o inimigo se apresenta nesse momento da seguinte forma: O inimigo

defende na frente da 13ª DE com duas brigadas, a 11ª Brigada ao norte e a 13ª Brigada

ao sul. O 1º Corpo de Exército vermelho, ao qual essas brigadas estão subordinadas

tem a 15ª Brigada em reserva, e ainda tem a 14ª Brigada ao norte da zona de ação da

13ª DE. A 11ª Brigada recebeu uma peça de manobra da 15ª Brigada (a Força Tarefa

151º Regimento de Infantaria Mecanizado), e defende com o 114º Regimento de

Cavalaria de Reconhecimento (114º RC Rec) ao norte, com o 111º Regimento de

Infantaria Mecanizado ao Centro e com o 151º RI Mec ao sul. A reserva da 11ª Brigada

é o 113º Regimento de Carros de Combate (113º RCC) localiza em Região de

Rondinha (790-6812). Ao sul a 13ª Brigada defende com três peças de manobra, no

246 Documento Nr 10 da Apostila 02 III 02 Divisão de Exército em Operações Ofensivas – Fundamentos, 2009. Seção de Operações Ofensivas da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.

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contato, à frente, com a FT 131º RI Mec ao norte e a FT 132º RI Mec. Na reserva temos

a FT 133º RCC.

Face ao tema tático apresentado, nos dias 23 e 24 de setembro foi apresentada

pelas Equipes a solução do Pedido Nr 4 –

a. Do estudo das possibilidades do inimigo, apresentar as Possibilidades do Ini com maior probabilidade de adoção; b. [...] realizar todo o item Linhas de Ação Inimiga até a priorização das linhas de ação do inimigo; c. Apresentar a LA (Linha de Ação) mais provável do inimigo.

Na solução do Pedido 4, após os GT terem apresentado suas soluções foi

apresentada pelo instrutor uma solução da Equipe de Instrução em relação à Linha de

Ação (L Aç) do inimigo com maior probabilidade de adoção:

Reforçar as ações de defesa com as seguintes tropas nos locais especificados: a Bda Inf Mec vermelha (-), que é a reserva do Corpo de Exército Vermelho, situado à W de Augusto Pestana. A Bda Cav Bld vermelha situada em Santa Maria (grifo nosso). A reserva do 2º Corpo de Exército que também está próximo a nossa área. Retardar de suas atuais posições. Retrair antes do nosso ataque.

Nos dias 24 e 25 de setembro foram apresentadas as soluções dos Pedido Nr 5

Com base no Clc Nr9 (Calco Nr 9), recebido após a solução do pedido anterior, elaborar 02 (duas) LA por GT, devendo: a. Apresentá-las ressaltando: - a frente selecionada; - a forma de manobra; - o poder de combate em cada frente; o emprego ou não da FT Amv 311º BIL (Força Tarefa Aeromóvel 311º BIL).

O GT A, através de um dos seus integrantes, inicialmente apresentou a Linha de

Ação elaborada pelo Grupo:

Nós pegamos a frente atribuída à Divisão e dividimos as áreas de responsabilidade entre as peças de manobra e fizemos um ataque defasado e adicionalmente fizemos o emprego da Força Tarefa Aeromóvel. Ao Norte de nossa Zona de Ação empregamos o 13º Regimento de Cavalaria Mecanizada, realizando um ataque limitado para fixar o inimigo em sua Zona de Ação.[...] Na faixa de centro norte empregamos a 53º Brigada de Infantaria Mecanizada com a missão de conquistar o Objetivo Nº 2 (O2) na linha de ruptura da brigada inimiga (11º Brigada de Infantaria Mecanizada Vermelha). Realizando um ataque secundário ´para conquistar e manter O2, podendo prosseguir se o ataque principal não tiver sucesso (para combater a reserva dessa Brigada Vermelha). [...] A sul a 54º Brigada de Infantaria Mecanizada realizando também um ataque secundário para combater a reserva da 13ª Brigada de Infantaria Mecanizada Vermelha. Conquistar e manter, ficando em condições de prosseguir, e também, fixar a reserva do 2º Corpo de Exército. Ao centro sul a 25º Brigada de Cavalaria Blindada realizando um ataque ataque principal defasado, combatendo o 151º Regimento de Infantaria Mecanizado Vermelho no Contato, e como a reserva da 11º Brigada Vermelha, nesse momento já estaria engajada com a 53º Brigada, a 25º prosseguiria para conquistar o Objetivo Nº 3 (O3) e O4) e o Nº 4 (O4), que é a cidade de Cruz Alta.

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Figura 59: Conceito da Operação do V Ex Cmp

Fonte: O autor

Após a apresentação dessa L Aç pelo GT ALFA foram realizados debates na

sala com o instrutor e os integrantes dos demais GT. Foram aborados assuntos como o

detalhamento do emprego da FT Aeromóvel, atuação nas reservas inimigas, ações

durante o aproveitamento do êxito até a conquista de Cruz Alta, entre outros temas.

Um representante do Grupo CHARLIE apresentou a Linha de Ação do GT:

Ao Norte empregaremos a 53ª Brigada de Infantaria Mecanizada para conquistar o Objetivo Nº 1, Ponto Cotado (P Cot) 366 (O1). O 13º Regimento de Cavalaria Mecanizado ao Centro Norte para fixar o inimigo em sua Zona de Ação. A 25º Brigada de Cavalaria Blindada ao Centro Sul, realizando o Ataque Principal, para conquistar a região de Cruz Alta (O4), e a 54ª Brigada de Infantaria Mecanizada ao Sul, para conquistar e manter a região de Alturas P Cot 490, 492 e 505 (O2). A Força Tarefa 311º Batalhão de Infantaria Leve Aeromóvel, realizando assalto aeromóvel para conquistar a Região de Granja Maria Inês. Após a conquista de Cruz Alta a 25º realizará uma junção com a 311º.

Durante os debates foram tratados aspectos como detalhamento da missão de

conquista de Cruz Alta, as operações de combate no interior na cidade, a não

existência de indícios de tropas regulares vermelhos, e possibilidade da existência de

guerrilheiros e simpatizantes. Vários outros assuntos foram tratados.

Face ao que foi apresentado verifica-se que as Linhas de Ação foram montadas

a partir das informações constantes do tema e das conclusões surgidas com o emprego

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do método Estudo de Situação do Comandante Tático. Ao se fazer a análise desse

procedimento verifica-se que este estudo foi realizado de forma totalmente manual, nas

cartas topográficas distribuídas aos grupos. Todas as conclusões referentes ao PITICI

(condições meteorológicas, trafegabilidade, transitabilidade, relevo, estradas, situação

dos rios, corredores de mobilidade, marcação de alvos, situação do inimigo, entre

outros) foram realizados a partir do estudo documental dos GT, e empregando cartas e

acetatos. Levando-se em conta esse processo manual, certamente algumas análises

realizadas apresentaram imprecisão em seus resultados. Não foi empregado o apoio de

um programa de computador que, dotado de base de dados geográficos preciso,

apresentasse esse estudo com maior detalhamento.

Caso houvesse um sistema de apoio a decisão dando suporte a esse exercício o

E2 ao realizar a primeira estapa do estudo de situação, o faria de forma mais detalhada

e mais rápida. Caso esse sistema fosse um Sistema de Simulação Construtiva o E2

poderia ter anteriormente alimentado o sistema (e por consequência, a Inteligência

Artificial do sistema) com detalhamentos das possíveis condutas inimigas, além de

dados mais atualizados do sistema de inteligência. O programa, por possuir como

característica o que anteriormente foi chamado de escalabilidade, (capacidade de

processar de forma contínua grandes volumes de dados) aceleraria e daria mais

precisão ao processo do PITICI. Esse Sistema de Simulação, desde que programado

para isso, poderia processar vasta quantidade de dados sobre condições do terreno,

condições atmosféricas, entre outros, e sugerir os Corredores de Mobilidade (CM)

ótimos e os eixos ideias para deslocamento das forças (evitando locais possíveis áreas

de congestionamento e bloqueios devido às más condições do terreno, ou áreas de

gargalos) para a situação tática apresentada.

No dia 25 de setembro foi apresentada pelos Grupos de Trabalho a solução do

Pedido Nr 6 –

Realizar a análise das linhas de ação opostas devendo ficar ECD (em condições de) apresentar a interação entre as nossas LA (a serem entregues pelo instrutor) e a LA Ini mais provável” (grifo nosso).

Após isso o Instrutor distribuiu duas Linhas de Ação soluções para padronizar a

realização da análise das linhas de ação opostas (“jogo da guerra”):

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Linha de Ação Nº 1 (L Aç 1): a 13ª Divisão empregará ao Sul a 53ª Brigada de Infantaria Mecanizada para conquistar e manter a região de fazenda Timbaúva (O1). A 54ª Brigada de Infantaria Mecanizada (reforçada com o 51º Regimento de Carros de Combate) na porção Centro, para atrair a reserva do 1º Corpo de Exército, e ficar em condições de prosseguir para a conquista de Cruz Alta. A FT 311º Batalhão de Infantaria Leve, para, mediante ordem, conquistar a região de entroncamento da Rodovia 158 (O4). Ao norte a 25º Brigada de Cavalaria Blindada, realizando ataque principal e defasado, mediante ordem, para conquistar O3, e realizar a junção com a FT 311º. Manter em reserva a 23ª Brigada de Cavalaria Mecanizada e o 13º Regimento de Cavalaria Mecanizada. A Linha de Ação Nº 2 (L Aç 2): A Sul a 53ª Brigada de Infantaria Mecanizada para conquistar e manter O2. A 54ª Brigada de Infantaria Mecanizada para conquistar e manter O1, o 13º Regimento de Cavalaria Mecanizada para fixar e o inimigo em sua Zona de Ação, e a 25ª Brigada de Cavalaria Blindada realizando o ataque principal para conquistar e manter O5. Manter 23ª Brigada de Cavalaria Mecanizada e 51º Regimento de Carros de Combate. Antes da conquista de O5 realizar a junção com a FT 311º BIL.

Figura 60: Esboço esquemático da situação do Inimigo na frente da 11ª e 13ª DE. Em destaque as OM inimigas em condições de atuar na Zona de Ação das Divisões de Exército do V Exército de CampanhaFonte: Anotações do autor

A análise das linhas de ação opostas foi realizada por faixas. Os integrantes do

GT ECHO, representando um Estado-Maior representaram o Comandante, e seu staff.

O Chefe da Seção de Inteligência (E2) apresentou a situação, e as prováveis ações do

Inimigo, e o Chefe da Seção de Operações (E3) apresentou o detalhamento da Linha

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de Ação Azul. Cada Linha de Ação em confronto com a Linha de Ação do Inimigo (mais

provável, mais perigosa) foi analisada separadamente, com vista a levantar seus

possíveis efeitos, vantagens e desvantagens e a introduzir aperfeiçoamentos que lhes

reduzisse o grau de risco. Buscando também verificar os efeitos desse confronto de L

Aç. Foi buscado verificar como as Linhas de Ação adotadas reagiriam às Linhas de

Ação do Inimigo.

Posteriormente foi realizada a comparação das Linhas de Ação, onde estas,

após aperfeiçoadas, foram confrontadas, visando destacar, na conclusão, aquela que

apresentaria a maior probabilidade de êxito. Foi empregado para isso os seguintes

fatores de comparação: Terreno, Meios empregados, entre outros.

Figura 61: Esboço esquemático da situação das forças Azuis e Vermelhas na frente da 13ª DE, e a Linha de Ação a ser adotada para conquistar a cidade de Cruz Alta (O4). Em destaque os objetivos a serem conquistadosFonte: O autor

Tendo por bases as atividades realizadas durante a Análise das Ações Opostas

e a Comparação das Linhas de Ação este pesquisador realizou as seguintes

observações: O atual processo de Jogo da Guerra, na forma com é realizado, com a

participação dos integrantes do estado-maior (sendo o inimigo representado pelo E2),

se constiui em uma abordagem limitada em relação à análise do problema. Nele, cada

integrante apresenta uma provável ação do inimigo baseado em verificações que têm

base subjetiva. Os efeitos do combate (consumo de suprimentos, ocorrência de baixas,

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ação dos fogos, falhas nos equipamentos, danos à material, entre outros) quando são

apresentados, são baseados em dados (médios) porém com escassez de informações

(amostragem antiga, com poucas informações) que não representam o combate

especificamente analisado. Os efeitos quando são apresentados, o são como efeitos

gerais. Há a carência da apresentação dos efeitos específicos, e de sua probabilidade

de ocorrer. Esse dado é fundamental para instrumentar a decisão do comandante.

Também não são apresentadas as consequências prováveis à população civil,

agências civis, imprensa, meio ambiente, entre outros. Esse tipo de efeito é

fundamental tendo em vista o perfil do combate moderno, com combates normalmente

realizados em áreas urbanas e com significativa presença de público civil.

No caso em questão as análises realizadas pelos GT tiveram um caráter

eminentemente estático. Por ter sido feito essa análise em carta com apoio de acetato,

limitou bastante a exploração das variações da composição das forças. Ficou dificultado

o emprego de métodos de análise, que podem ser estatísticos, ou que empreguem

técnicas de pensamento lateral (e se acontecesse isso, em consequência ocorreria

aquilo). Com isso, no processo analisado houve dificuldade de se visualizar aspectos

como:

a. Otimização da localização das peças de manobra, no dispositivo inicial e na

progressão pela zona de ação inimiga - a peça de manobra A é a ideal para estar na

posição H (A 25º Brigada de Cavalaria Blindada é a tropa ideal para ocupara a posição

ao norte de Jóia)? Ela necessitará ser reforçada ? Ela terá poder de combate suficiente

para romper a posição defensiva inicial e conquistar o objetivo marcado à retaguarda

(superar a Linha de Contato, a 1ª e 2ª Linha de Organização do Terreno – OT)? Essa

peça terá poder de combate para conquistar os objetivos da Brigada Inimiga e da

Divisão de Exército Inimiga? Essa peça na função de realizar o assalto principal vai

cumprir a missão? (A 25º Brigada de Cavalaria Blindada vai cumprir a missão de

conquistar a cidade de Cruz Alta?). A peça de manobra realizando o ataque secundário

necessita ser reforçada? (A 54ª Brigada de Infantaria Mecanizada necessita ser

reforçada?). O Batalhão E (hipotético) realizando um ataque defasado noturno terá

condições de conquistar seus objetivos? (O posicionamento das peças de apoio de

fogo como planejado possibilitará um suporte ótimo à operação? A posição do elemento

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de Guerra Eletrônica W (hipotético) vai otimizar a realização de interferência no sistema

de comando e controle inimigo? A posição da Seção de Artilharia Anti Aérea no local R

(hipotético) vai oferecer melhores condições de segurança à tropa?

b. Desempenho das peças de manobra de apoio ao combate e apoio logístico:

O GAC A (hipotético) está posicionado de forma a oferecer o apoio de fogo ideal? A

Companhia de Engenharia B (hipotética) conseguirá realizar com material orgânico e o

material complementar recebido a transposição do campo de minas situado em Y

(hipotético)? A Companhia de Engenharia B conseguirá realizar a transposição do rio Z

(hipotético)?;

c. Melhor sincronização das ações de combate: A peça de manobra A

(hipotética) realizando um ataque defasado em H+2 vai cumprir a sua missão? A

sequência de ataque das peças de manobra A, B e C (hipotéticas) irá interferir no

ataque principal? A realização de fogos de artilharia em H+3 interfirirá na manobra de A

(hipotético), causando inclusive baixas amigas? A sincronização do desdobramento do

apoio logístico possibilitará o prosseguimento da operação sem interrupções? As

mudanças das peças de apoio de fogo em H+4, como planejado, possibilitará um

suporte ótimo à operação? A reserva conseguirá atingir o ponto X (hipotético) a tempo

para destruir o inimigo? O Exército de Campanha T (hipotético) modificando a manobra

de suas peças de manobra A e B (hipotético), em uma marcha para o combate,

alcançará as posições inimiga em que horário?;

d. Posicionamento e composição da reserva: A peça de manobra C (hipotética)

em reserva terá condições de cumprir a sua missão? A composição da peça de

manobra C é adequada ou há a necessidade de receber reforço? A reserva deve ser

fracionada ou articulada?

e. Rearticulação das peças de manobra a partir de novas informações obtidas

do inimigo: Tendo por base a localização inesperada de uma peça de manobra S

(hipotética) do Inimigo na zona de ação da Brigada A (hipotética), que efeitos isso terá

na manobra planejada da Brigada, e como deverá ser rearticularda a manobra? O

inimigo lançou um campo de minas de dispersão para barrar a progressão da Brigada D

(hipotética), como deverá ser a articulação das peças de manobra com isso?

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f. Adequação da marcação de pontos relevantes: O objetivo marcado em

profundidade atende às necessidades táticas levantadas? O Limite Avançado de

Trabalhos (LAT) da Engenharia Divisionária atende às necessidades da manobra? Os

limites propostos para a realização dos fogos de artilharia atende às necessidades.

g. Visualização do desenrolar de toda a Linha de Ação Amiga e Inimiga: A

manobra possui algum “gargalo” (pontos de estrangulamento de tropas, pontos de

bloqueio onde as tropas poderão se concentrar e colocar em risco a operação)?

Existem locais onde pode ocorrer sobreposição de tropas ou tropas e fogo? Posso

visualizar a Linha de Ação mais provável do inimigo para que possa ajustar a minha

Linha de Ação? Como se pode neutralizar à tropa inimiga em condições de reforçar?

h. Cálculo preciso do poder de combate: A tropa em contato poderá ser vencida

total ou parcialmente?

i. Emprego do apoio aéreo – Que apoio aéreo amigo é necessário para neutralizar o

inimigo em profundidade? Que alvos em profundidade poderiam ser detruídos para

aumentar a eficiência do ataque terrestre? Caso inimigo realize um ataque aéreo na

posição J, como deve ser rearticulada a operação, e como realizar a dosagem da

defesa antiaérea?

Esses são apenas alguns dos possíveis questionamentos (método do

pensamento lateral) que podem ser trabalhados, se tivermos o ferramental analítico

adequado. Durante o caso estudado alguns desses assuntos foram tratados. O que

deve ser questionado aqui é o grau de profundidade e a profundidade da análise

realizada. Essa profundidade, dentro da demanda de tempo necessária em um estudo

típico de estado-maior, só será alcançada com o apoio de sistemas de apoio à decisão.

E neste caso, um sistema de simulação com base de dados e modelos validados e

certificados poderá otimiza, dar mais produtividade e segurança ao processo de tomada

de decisão. Na fase da Análise das Linhas de Ação Opostas um sistema de simulação

poderia confrontar não só a Linha de Ação Azul com a Linha de Ação mais provável do

Inimigo. Poderia confrontar com a mais perigosa do Inimigo, e também, com outras

Linhas de Ação menos prováveis mas, possíveis. Isso seria exequível pois um sistema

de simulação com essas características pode processar o confronto de diversas linhas

de ação.

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Figura 62: Exemplo de alternativa a ser analisada pelo Comandante e seu Estado-Maior com o apoio de um Sistema de Simulação Construtivo: E se a Brigada de Cavalaria Blindada estacionada em Santa Maria conseguisse se antecipar e chegar em Cruz Alta? Quais seriam as conseqüências para a manobra e para as tropas Azuis?Fonte: O autor

Ficou evidente, também, que durante a fase de planejamento dos GT, várias

dúvidas eram levantadas pelo Cmt e pelo seu EM que ficaram sem resposta. A situação

ficava no “mundo das ideias”. Havia relativa objetividade nos assuntos tratados. Se

estes questionamentos surgidos no bojo das discussões fossem respondidos,

utilizando-se as ferramentas de apoio à decisão, aquele comandante teria decidido de

forma mais efetiva. Foi observado ainda que as L Aç levantadas foram muito óbvias.

Não havia meios adequados para se ousar nas L Aç, nem para verificar as suas

consequências; Também naquele exercício foi verificado que os vários sistemas têm

pouca oportunidade de trocar idéias e de conversar sobre a complementaridade de

suas ações. O jogo da guerra é o momento para que os choques de ações e erros de

decisão sejam levantados. Foi verificado que sem a utilização de ferramentas de apoio

à decisão para agilizar e dar mais profundidade ao processo o jogo da guerra é muito

superficial e serve mais para briefing de ações. Além disso, foi notada a falta de um

oficial do estado-maior fazendo o papel exclusivo do inimigo. O emprego do Chefe da

Seção de Inteligência para esse fim certamente não é a melhor abordagem. Caso

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existisse um oficial com a função exclusiva de atuar como o inimigo, pensar como o

inimigo e ter o foco do inimigo, o processo seria muito mais eficiente. Essa falta de

flexibilidade também limita a capacidade de ampliação do foco do comandante e do

estado-maior durante os planejamentos de forma a experimentarem outras soluções

para o problema tático, e implementarem soluções complementares, como por exemplo

planos diversionários em apoio às operações.

Uma solução de sistema de simulação que poderia dar maior precisão e

dinamismo ao processo decisório apresentado está descrito no Anexo A - PROPOSTA

DE ESPECIFICAÇÕES DE UM SISTEMA DE SIMULAÇÃO CONSTRUTIVO EM

APOIO À DECISÃO (S Sml Cmb Ap D). Nele estão sintetizadas as idéias levantadas na

presente pesquisa sobre algumas necessidade do comandante em combate e seu

estado-maior durante o estudo de situação.

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6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A seguir serão apresentadas as conclusões e recomendações acerca do estudo

conduzido. Deve-se ressaltar que as ideias consideradas nesse ponto não esgotam o

assunto, pela sua complexidade e nível de constante atualização. A intenção é que

essas ideias sirvam para alimentar os futuros debates que possam surgir.

6.1 CONCLUSÕES

Ao término do presente trabalho devem ser ressaltadas as seguintes idéias:

- Apesar de ter sido apresentada a possibilidade da tomada de decisão sem a

interferência do decisor em algumas situações, deve ser ressaltado que no emprego

operacional esse tipo de conduta é temerária. Nesse caso a decisão do Comandante

dificilmente vai ser substituída pela decisão de uma máquina. O comandante é o

elemento vital do processo decisório em combate.

- Apesar disso, a decisão em combate não deixará de contar com riscos. Os

sistemas, métodos e técnicas apresentadas no presente trabalho podem contribuir com

a qualidade das decisões, e diminuir esse “cone de possibilidades” capazes de serem

visualizadas pelos comandantes e seu staff. A simulação de combate, dotada de

modelos confiáveis, obtidos por rigorosos processos de coleta e certificação, poderá ser

um eficaz instrumento de visualização dinâmica de cenários táticos. Este tipo de

visualização é essencial na atual dinâmica da guerra moderna, em seus diferentes tipos

de intensidade.

- O comando de uma força não pode prescindir, quando na elaboração de sua

decisão, dos diversos meios de apoio. Não deve abrir mão da visão técnica

proporcionada pelos diversos ferramentais analíticos (conjunto de indicadores, modelos

diversos, emprego de princípios da Pesquisa Operacional, entre outros). Não deve

confiar totalmente na intuição e na experiência, tanto pela complexidade e

especificidade de cada situação tática, quanto pelas limitações estruturais do ser

humano, as quais são fortemente dependentes e impactadas pelas emoções.

- No contexto atual do EB, a simulação construtiva, enfeixada com as demais

simulações, pode servir de forte elemento indutor de transformações. Ao longo da

história da simulação construtiva, verifica-se o surpreendente impacto da ferramenta

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nas grandes transformações da doutrina e do planejamento militar. O processo de

transformação do Exército norte-americano, fortemente influenciado pelas

experimentações e evoluções da simulação construtiva, iniciada na década de setenta

ilustra muito bem como isso pode ocorrer no caso brasileiro.

- Verifica-se, especificamente, na área de emprego operacional, que o conceito

de simulação encontra-se aberto. Melhorias técnicas têm sido implementadas ao longo

da história, mas o campo de desenvolvimento é vasto e aberto a experimentações.

Tanto os módulos dedicados ao funcionamento da simulação, quanto os módulos do

sistema dedicados à pré-análise da situação tática, podem ser aprimorados pela

combinação de novos algoritmos, novas estruturas do sistema e pela natural evolução

da tecnologia de processamento, armazenamento e comunicação de dados.

- As técnicas de simulação e os sistemas informatizados certamente não são

uma “solução mágica” para os problemas táticos que eventualmente possam confrontar

os comandantes em combate do Exército Brasileiro. Mas, certamente, a capacidade de

desenvolvimento e a posse de um sistema de simulação construtiva baseado em

modelos rigorosamente certificados e que realmente representem o tipo de combate e

as características operacionais do cenário a ser analisado, impactará a qualidade das

decisões tomadas e os efeitos das operações realizadas. Da mesma forma, a existência

de um grupo de analistas qualificados e motivados, e o entendimento de todos os

escalões que essa ferramenta é confiável e já foi várias vezes empregada em

operações reais.

- Observa-se o surgimento e disponibilização de opções de simulação construtiva

em apoio à decisão comerciais. Como exemplo pode ser citado o sistema SWORD da

empresa francesa MASA, adquirido inclusive pelo Exército do Peru. Apesar da

versatilidade e facilidade de uso, a aquisição de um sistema desses não é a melhor

abordagem, pois as etapas de valor do processo (a inteligência do produto, a aplicação

de conceitos, a concepção e o levantamento de especificações baseadas em

necessidades reais de emprego da força terrestre) não estarão sendo desenvolvidas

aqui no Brasil, mas simplesmente sendo importadas junto com o produto, e na maioria

das vezes não estará disponível para pesquisa e aprimoramento.

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- O atual Método de Estudo de Situação do Comandante Tático, apesar de

apresentar deficiências, em especial, quando empregado em um ambiente de restrição

de tempo, e na Análise das Linhas de Ação Opostas e Comparação das Linhas de

Ação, ainda é uma ferramenta válida como guia ao comandante tático. Entretanto

necessita ter o seu emprego complemantado pelo uso de ferramentas tecnológicas, de

forma a acelerar e dar mais precisão ao processo.

- O planejamento de operações no Exército Brasileiro carece de ferramentas

mais modernas (como é o caso de sistemas de simulação construtivos especializados

em visualizar os desdobramentos de operações) para avaliar de forma científica e

objetiva as Linhas de Ação levantadas. A utilização de ferramenta no EB está limitada

ao adestramento de comandantes e estados-maiores. Portanto, o EB está deixando de

utilizar uma grande parte do potencial uso da ferramenta. A história militar mostra o

emprego desse tipo de simulação em avaliações de planos de operações reais,

problemas logísticos e de transporte, explorar problemas relativos ao emprego de

forças combinadas, em processos de renovação da doutrinária face a avanços

tecnológicos e táticos, para desenvolver aprimorar táticas empregadas em combate.

- Pode-se citar algumas possíveis aplicações de um sistema dedicado ao apoio à

decisão: apoio à sincronização das ações, avaliação da efetividade de dispositivos

táticos, avaliação da efetividade de emprego da reserva, avaliação de efeitos colaterais

(alvos civis, entre outros), avaliação do planejamento da ação defasada entre ataque

principal e secundários, visualização da ação dos elementos de apoio de fogo,

visualização de possíveis interferências inimigas na manobra, avaliação da

necessidade de reforço de tropa, apoio à confecção da matriz de sincronização,

visualização de resultados mais prováveis da manobra, auxílio na identificação de

“gargalos” na manobra, e possíveis necessidades de coordenação, apoio nas

considerações sobre a aplicação dos princípios da guerra, srvir como plataforma de

indicadores operacionais de combate, visualização e teste de condutas durante a ação

(atingimento de Regiões de Interesse para a Inteligência – RIPIS, Pontos de Decisão -

PD, Área com Objetivo de Interesse - AOI, e Pontos Lógicos pelo inimigo), emprego

nos refinamentos da manobra a partir de eventuais modificações (exemplos: novos

obstáculos lançados pelo inimigo, presença de novas tropas inimigas, entre outros),

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visualização da efetividade de ações de infiltrações e outras ações preliminares

noturnas, e integração da visualização de várias ações táticas que ocorram em

paralelo. Em resumo, auxílio na melhoria da qualidade das decisões, maior

produtividade no planejamento, maior segurança, decisões mais abrangentes e

efetivas, decisor sabendo o que esperar de suas tropas, preparando a manobra de

maneira adequada, economizando material e preciosas vidas.

- O EB também carece de uma estrutura organizacional e de pessoal qualificado

para criar e dar suporte a uma ferramenta de simulação dedicada ao apoio à decisão.

Empresas nacionais e internacionais, mesmo que habilitadas, não são as mais

indicadas para a realização dessas tarefas, pois dados e algoritmos classificados teriam

que ser compartilhados com essas entidades. Mais especificamente, deve existir uma

massa crítica de oficiais e praças combatentes especializados na atividade e

pesquisadores militares e civis especializados em Modelagem e Simulação (M&S) e

Pesquisa Operacional (Operational Research) dedicados ao desenvolvimento e

aperfeiçoamento de algoritmos que representem combates em consonância com as

hipóteses de emprego consideradas pelo EB e MD. Há também a necessidade de uma

estrutura de coleta de dados de combate (durante o adestramento ou emprego real de

tropa e avaliação e testes de material) e também uma estrutura para a transformação

desses dados em modelos para emprego nos sistemas de simulação, e também

pesquisa estatística e estimativa de dados quando não for possível a sua obtenção.

Essa estrutura deverá possuir pessoal com as seguintes especializações: modelagem e

simulação, história militar, psicologia, cartografia, matemática, estatística, logística,

entre outros conhecimentos úteis para a coleta, análise e criação de modelos e

informações padronizadas para comporem um banco de dados de combate do EB.

Atualmente os dados empregados nos sistemas do EB são baseados em dados médios

ou estimados em diferentes critérios. Foi verificado que há também a necessidade da

criação de uma cultura de medição de dados operacionais, além da respectiva

legislação e suporte doutrinário.

- Há a necessidade do desenvolvimento de uma metodologia de

desenvolvimento de modelos e simulações, e de uma estrutura institucional para

Validação de seus dados e algoritmos. Este aspecto é crítico para a efetividade de toda

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a estrutura de modelagem, simulação e emprego dessas ferramentas como apoio à

decisão. A simples existência de modelos (tropas, terrenos, entre outros) não garante a

sua utilidade como ferramenta de apoio à decisão, pois os seus resultados podem ser

muito divergentes dos apresentados pelas tropas e terrenos reais.

- Há a necessidade de aprimoramento da base cartográfica do Exército

Brasileiro, inclusive das cartas vetoriais. O desenvolvimento de modelos e simulações

pelo EB necessitará também do desenvolvimento de seus Sistemas de Informação

Cartográfica (SIG) e a integração de suas ferramentas de análise com a estrutura do

Sistema de Simulação em Apoio à Decisão.

- Já há no Brasil massa crítica de pesquisadores militares e civis com

conhecimento técnico necessário. Merecem destaque a pesquisa realizada pela

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (TECHGRAPH), pela Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e pelos centros de pesquisa das Forças Armadas

brasileiras. Falta apenas a priorização do Exército Brasileiro para o desenvolvimento de

um sistema com as características tratadas, e, os recursos materiais e em pessoal

respectivos.

- Foi constatado a necessidade do Exército Brasileiro desenvolver pesquisa e

especializar pessoal na área de Inteligência Artificial (A.I.). A Força não pode prescidir

da capacitação de programar sistemas para se comportarem Isso se deve ao fato de

que sistemas de simulação para análise modernos usam essa tecnologia para a

representação do comportamento de escalões operacionais mais baixos (subunidade,

pelotão, seção, etc) e forças inimigas em alternativa ao uso de oficiais controladores de

exercício, como é o caso do programa norte-americano OneSAF.

- Há a necessidade da criação de um Centro de Simulação de Combate (ou um

Centro de Análise do Combate) para agregar todo o esforço institucional para

Modelagem e Simulação. Este Centro seria o elemento diretor, integrador e

impulsionador dos esforços na área de simulação, no EB (incluindo a simulação

construtiva). Seria conveniente a sua subordinação ao Estado-Maior do Exército, devido

à amplitude de temas que poderia tratar. Devido à complexidade técnica dos processos

envolvidos na atividade de simulação de combate construtivo como ferramenta do

processo de tomada de decisão, há a necessidade de total dedicação da equipe à

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atividade, ou seja, que os militares sejam especialistas na atividade, e tenham uma

política de pessoal específica, para que as atividades não tenham solução de

continuidade.

- Há a necessidade da qualificação de analistas. Apesar da atual tecnologia

proporcionar sistemas de simulação com bom grau de precisão, é imprescindível a

participação do analista na aplicação da simulação construtiva. A simulação de

combate apresenta sempre espaço para interpretação de seus resultados. Os

resultados insatisfatórios dos sistemas de simulação construtiva ocorridos ao longo de

sua história surgiram a partir de insuficiência de dados e de falhas de interpretação dos

resultados.

- Como operações militares não se improvisam não se deve economizar recursos

no desenvolvimento e aplicação de sistemas de simulação construtiva. O retorno desse

investimento ocorre de maneira rápida devido o impacto que um sistema desses

apresenta em áreas tão distintas como instrução, desenvolvimento de doutrina,

planejamento operacional e emprego operacional.

- As forças armadas brasileiras necessitam de urgente coordenação de esforços

via Ministério da Defesa, para não haver pulverização ou duplicação de esforços no

emprego desse tipo de material.

- O aspecto mais importante ao se tratar do presente assunto é considerar que a

gama de números estatísticos e modelos de simulações representam, na prática, vidas

humanas importantíssimas para a Força Terrestre. Isso mostra o grau de seriedade

com que os processos relacionados a simulação como ferramenta de apoio à decisão

devem ser tratados.

- Além da implementação dos itens anteriores, as seguintes tarefas críticas

devem ser implementadas durante a criação dos modelos e das respetivas simulações:

a. Mapeamento dos processos operacionais das diversas tropas (pode-se inicialmente

escolher, como sugestão, os da 12ª Brigada de Infantaria Leve (Aeromóvel), pela sua

relevância como tropa da Força de Ação Rápida e suas peculiaridades de pronto-

emprego, além de algumas brigadas blindadas e mecanizadas). Esse mapeamento

poderia ser feito por especialistas de um Centro de Análise do Combate do Exército

Brasileiro; b. Identificação e correção de gargalos e deficiências na atual estrutura de

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emprego (funções onde há excesso de pessoal, táticas técnicas e procedimentos

ineficazes, ente outros); c. Levantamentos de dados sobre os processos críticos dessas

tropas no emprego em situação (podem ser empregados dados coletados pelo

CAADEx durante as avaliações, dados obtidos durante exercícios, entre outros. Seria

ideal a intensificação de esforços para a participação de tropas brasileiras em

exercícios operacionais no exterior, como os da OTAN, para que tenham a

oportunidade de atualizarem seus procedimentos. Para isso deveria ser estabelecida a

preparação de algumas tropas para estarem aptas para participarem desse tipo de

exercícios, como por exemplo, a preparação do emprego do idioma inglês para todos

os militares); d. Tratamento estatístico e probabilístico dos dados coletados; e.

Implementação dos modelos a partir situações táticas enquadradas em reais Hipóteses

de Emprego.

Por fim, deve ser ressaltado que as especificações sugeridas no Anexo A são

apenas um roteiro de tópicos que poderão ser aprofundados em pesquisas posteriores,

e certamente carecem de um melhor tratamento e abordagem.

O atual Método de Estudo de Situação do Comandante Tático ainda é eficaz,

mas demandada “escalabilidade”, pontos de acionamento automático que mitiguem as

interferências do emocional humano.

6.2 RECOMENDAÇÕES

Com base no que foi discutido, o autor do presente trabalho apresenta as

seguintes sugestões:

- Deveria haver a capacitação dos recursos humanos do EB (níveis superior e

técnico) nas seguintes áreas: Modelagem e Simulação, Inteligência Artificial, Processos

de Verificação, Validação, Acreditação/Certificação, Algoritmos de Apoio à Decisão,

Bancos de Dados em Árvore de Decisões, Teoria da Decisão Aplicada à Defesa,

Pesquisa Operacional Militar, Estatística Aplicada à Defesa, Indicadores Operacionais,

e outros assuntos afins.

- Deveria haver o apoio no desenvolvimento de linhas de pesquisa nas áreas de

Modelagem e Simulação, Inteligência Artificial, Processos de Verificação, Validação,

Acreditação/Certificação, Algoritmos de Apoio à Decisão, Bancos de Dados em Árvore

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de Decisões, Teoria da Decisão Aplicada à Defesa, Pesquisa Operacional Militar,

Estatística Aplicada à Defesa, Indicadores Operacionais, e outros assuntos afins.

- Deveria ser criado, no âmbito do EB (em consonância com o Ministério da

Defesa), uma estrutura (centro) para estudo do comportamento humano para aplicação

em modelos de combate.

- Deveria ser desenvolvida base doutrinária de Verificação, Validação,

Acreditação/Certificação de modelos e simulações de combate.

- Deveria ser desenvolvida uma estrutura do Centro de Avaliação do

Adestramento do Exército (CAADEx) que dê suporte à coleta de dados de experimentos

operacionais com o fim de serem empregados na criação de modelos (matemáticos, de

simulação, entre outros).

- Deveria ser criada uma estrutura (centro) de desenvolvimento de modelos e

simulações (em trabalho conjunto com empresas e universidades) a partir de dados, ou

a partir de estimativas. Além disso, esse Centro deveria possuir pessoal capacitado de

criar modelos dotados de Inteligência Artificial. Este Centro deveria também possuir

equipes especializadas na coleta de dados operacionais.

- Deveria ser passada a subordinação da Divisão de Simulação da 1ª Subchefia

(Preparo) diretamente para o Comandante de Operações Terrestres, ou para o Estado-

Maior do Exército, tendo em vista que cada vez mais a simulação construtiva abordará

temas referentes tanto ao preparo quanto ao emprego, além de outras áreas, como

operações de paz.

- Deveria ser criada uma rede de dados dedicada a troca de informações entre

simulações.

- Deveria ser apoiado o desenvolvimento, além de um sistema de simulação

construtivo com capacidade e infra-estrutura de apoio à decisão, também de um

sistema informatizado de simulação com Forças Semi-Automáticas empregando

conceitos de Inteligência Artificial que representem com fidelidade as interações dos

escalões pelotão até batalhão (visualização de até 4 km2), e que possam ser

interligados com sistemas de simulações nos escalões maiores.

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- Por fim, recomenda-se que a pesquisa de todos os assuntos relacionados à

simulação e aos processos de tomada de decisão seja incentivada, e os conhecimentos

sejam disseminados nas escolas militares.

__________________________ANDRÉ LUIZ NOBRE CUNHA

Major de Engenharia

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ANEXO A

PROPOSTA DE ESPECIFICAÇÕES DE UM SISTEMA DE SIMULAÇÃO

CONSTRUTIVO EM APOIO À DECISÃO (S Sml Cmb Ap D)

1. FINALIDADE

Propor requisitos especificações de um Sistema de Simulação Construtiva em Apoio

à Decisão do comandante tático do Exército Brasileiro (escalões brigada a exército-de-

campanha.

2. OBJETIVOS

a. Estabelecer especificações a serem eventualmente implementadas no

desenvolvimento de Sistema de Simulação de Combate em apoio ao processo de

tomada de decisão para o Exército Brasileiro, tendo como base o Documento de

Requerimentos Operacionais Operational Requirements Document (ORD) do Sistema

de Simulação Construtivo norte-americano Warfigthers’ Simulation 2000 (Warsim 2000).

b. Apresentar as ideias, dar início e enriquecer o debate sobre a necessidade de

desenvolvimento de um Sistema de Simulação otimizado como ferramenta de Suporte à

Decisão (SAD).

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

a. A fase inicial do processo de desenvolvimento de um programa de computador é

crítica. Segundo o Artigo nº 7 das Instruções Gerais do Modelo Administrativo do Ciclo

de Vida dos Materiais de Emprego Militar (IG 20 – 12), esta fase é chamada de

Levantamento de Necessidades e Formulação Conceitual. Nela se procura identificar,

da forma mais ampla possível, as necessidades do Exército em MEM (Lista de

Necessidades), quantitativa e conceitualmente e se procura definir, para cada material

da Lista, o seu emprego doutrinário através das Condicionantes Doutrinárias e

Operacionais (CONDOP). Procura-se também levantar as necessidades decorrentes de

MEM e as necessidades operacionais futuras, tendo por base o Planejamento

Estratégico de Emprego da Força Terrestre, os Quadros de dotação de Material e a

Previsão Tecnológica. Essas necessidades são fixadas em termos operacionais e

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quantitativos, sendo cada MEM definido conceitualmente por Requisitos Operacionais

Básicos (ROB), entre outros, que juntos, formam os chamados Elementos de Definição

do Material. Durante esse processo a participação dos futuros usuários é essencial e

fundamental. Devem participar ativamente dessa etapa inicial com observações

baseadas na experiência profissional. O presente trabalho visa apresentar uma

visualização de especificações de um futuro Sistema de Simulação Construtiva

otimizado para emprego como Sistema de Apoio à Decisão para o Exército Brasileiro.

Com isso busca-se enriquecer futuros trabalhos de levantamento de Elementos de

Definição de Material, entre eles Requisitos Operacionais Básicos.

b. Mais especificamente, os presentes especificações dizem respeito a um Sistema

de Simulação Construtiva com precisão suficiente de seus modelos e algoritmos para

servir como ferramenta de adestramento de comandantes e estados-maiores, como

ferramenta de apoio ao desenvolvimento de novas doutrinas de emprego terrestre, e

também, o escopo da presente tese, servir como ferramenta capaz de apoiar a

visualização de operações reais e seleção das melhores Linhas de Ação durante a

realização do Estudo de Situação do Comandante Tático (este é o escopo da presente

Tese). Atualmente nos países com maior desenvolvimento na área de simulação, um

mesmo tipo de sistema pode realizar todas essas tarefas.

c. Os escalões considerados para o Sistema abrangem desde o nível brigada até o

nível exército-de-campanha. Os escalões subordinados (batalhão e inferiores)

usualmente são representados em outras simulações construtivas, totalmente

integráveis ao presente Sistema, empregando o conceito de Forças Semi-Automáticas

(como o One SAF norte-americano), onde é utilizado o conceito de Inteligência

Artificial. Os escalões superiores referentes ao nível operacional e estratégico deverão

estar inseridos em um outro sistema de simulação que abranja o escalão forças

combinadas, também capaz de se integrar totalmente ao Sistema proposto no presente

trabalho.

d. Para isso alguns parâmetros foram traçados de forma a disciplinar a elaboração

dessas especificações:

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1) Os fundamentos técnicos a serem explorados nas presentes especificações

foram extraídos dos conceitos pesquisados ao longo da presente Tese, além dos

ensinamentos extraídos da pesquisa de campo realizada;

2) As especificações foram baseados em parte de um dos Documentos de

Requerimentos Operacionais Operational Requirements Document (ORD) do Sistema

de Simulação Construtivo norte-americano Warfigthers’ Simulation 2000 (Warsim 2000).

No caso em questão, a versão 3.7 de 26 de setembro de 1997 que sofreu estudo do

TRADOC para aprovação;

3) Algumas especificações constantes da ORD foram simplificadas para adaptá-

las às peculiaridades da realidade brasileira.

4) Para o presente trabalho procurou-se considerar o escalão de emprego

semelhante ao tratado no estudo de caso, o qual empregou a doutrina de emprego da

Força Terrestre atualmente em vigência. Esta encontra-se em acordo com as

informações contidas nas Hipóteses de Emprego (HE) em vigor.

3. ESPECIFICAÇÕES DE UM SISTEMA DE SIMULAÇÃO CONSTRUTIVA EM APOIO

AO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO DO COMANDANTE TÁTICO

a. Descrição geral da capacidade operacional

O Sistema deverá ser destinado para realizar o suporte ao Estudo de Situação

do comandante tático, desde o escalão brigada até o escalão exército de campanha.

Em especial, apoio ao processo de análise das linhas de ação opostas e a comparação

das linhas de ação, de forma a proporcionara um ganho de qualidade na decisão final

adotada pelo comandante. Possibilitará o aumento da efetividade e do escopo dos

treinamentos, dos exercícios e dos ensaios e reconhecimentos de operações reais em

simulação realizadas por comandantes e seus estados-maiores, através do aumento

significativo do realismo e do alcance do ambiente de simulação. Em conjunção com

outras simulações, o Sistema proverá um completo ambientes operacional (nos

escalões exército de campanha até brigada) com cenários abrangendo o conjunto de

operações militares as quais o EB se prepara, no contexto das operações conjuntas e,

deverá ser estruturado com funcionalidades de análise (ferramentas de pesquisa

operacional, estatísticas e ferramentas de otimização em geral) de forma que possibilite

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o seu emprego como meio de apoio à decisão durante a fase de planejamento anterior

ao início da operação, ou depois do início, dando suporte à criação de Ordens

Fragmentárias (O Frag).

1) O Sistema será empregado como uma simulação baseada em computador

e os hardwares associados para apoiar as atividades o treinamento e visualização de

operações do comandante e seu estado-maior, para a visualização de operações

militares no processo de desenvolvimento doutrinário, e também apoiar instruções em

escolas militares. Os usuários do sistema deverão executar o seu emprego sob

supervisão de um treinador sênior, normalmente o comandante do maior escalão. O

Sistema deverá ser operado por militar qualificado como analista de simulação

construtiva, tendo em visto os resultados das simulações comportarem interpretações.

O Sistema deverá ser desenhado e construído para funcionar em computadores com

moderna tecnologia, e desenvolvido a partir de modernas técnicas de desenvolvimento

de programas, e ter base de dados e algoritmos verificados, validados e certificados a

partir de metodologia internacional, adaptada às necessidades brasileiras. Esse

sistemas computacionais deverão permitir às Organizações Militares um treinamento ou

emprego operacional do Sistema que represente a simulação de seus materiais de

dotaçã previstos em Quadro de Distribuição de Material (QDM). As tecnologias

empregadas deverão minimizar os custos do Exército Brasileiro associados a

treinamento e manutenção. O Sistema deverá ser projetado para ser compatível com

diversos protocolos de dados para comunicação distribuída, como o HLA. Deverá ser

compatível com diversas bases de dados geográficos, deve ter interoperabilidade com

outras modalidades de simulação (inclusive as do Ministério da Defesa e das Forças

irmãs).

2) O Sistema deverá utilizará utilizar os seguintes componentes:

a) Modelos de simulação baseados em computador que representem com

fidelidade os ambientes operacionais necessários para o apoio ao treinamento e à

decisão dos comandantes do Exército Brasileiro.

b) Módulos de programa para apoiar a geração de exercícios e cenários.

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c) Módulos de programa para apoio à decisão (sugestão de melhor Linha

de Ação a empregar, sugestão de melhoramentos em Linhas de Ação levantadas, entre

outros).

d) Módulos de programa que deem suporte à Análise Pós-Ação (APA).

e) Módulos de programa para conectar o Sistema a outras simulações, de

forma a expandir o ambiente simulado para atividades inclusive conjuntas.

f) Base de Dados.

g) Sistemas de computador para fazer funcionar os aplicativos de simulação

e a base de dados de apoio.

h) Portas de entrada de comunicações por satélite e terrestre para

transmissão de dados, voz, facsímile e vídeo entre os diferentes elementos envolvidos

nas atividades de treinamento ou ensaio/visualização de missões.

i) O Sistema atenderá às Condições Operacionais e Doutrinárias pois

deverá prover, além da capacidade de treinamento aos comandantes e estados-

maiores, a capacidade preditiva de visualização das operações planejadas, em

ambiente conjunto ou não, tendo por base as Hipóteses de Emprego (HE)

consideradas. Isso deverá ocorrer com significativa precisão. O papel primário e

secundário do Sistema é o de prover suporte para o adestramento individual e coletivo

em unidades militares e centros de instrução, e também, o de ser usado para ensaio de

missão e análise de Linhas de Ação. O Sistema deverá prover no ambiente simulado

problemas que gerem stress, e estimulem os comandantes e seus staffs avaliarem a

situação empregando aspectos de pensamento lateral (e se eu fizer isso, vai acontecer

aquilo), estabeleçam Linhas de Ação, planejarem e estabelecerem ordens dentro do

tempo compatível para isso, empregando para isso os procedimentos e os

equipamentos em uso.

j) O Sistema deverá ser compatível com os sistemas já desenvolvidos pelo

EB, como o SABRE, o SISTAB e o COMBATER.

b. Ameaças ao Sistema

O significativo desenvolvimento tecnológico, inclusive na área da Guerra

Cibernética, que tem como alvo a rede de Comando e Controle são fatores a serem

levados em conta, em especial quando o Sistema estiver operando em rede. Portanto o

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Sistema deverá ser dotado de sistemas de proteção contra ataques cibernéticos. Além

disso, devem ser criadas precauções de segurança para os operadores e analistas do

Sistema (equipamentos de criptografia, programas de segurança contra viroses e outros

programas maliciosos e procedimentos de operação segura).

c. Capacidades requeridas

1) Esta seção especifica os parâmetros de desempenho operacional

(capacidades e características) requeridas para o Sistema.

a) O desempenho do Sistema

O Sistema deverá prover as seguintes capacidades operacionais, de

exercício, sintéticas e ambientais.

(1) Operações terrestres

(a) Escopo de operações terrestres envolvidas

Apoiar atividades de treinamento e planejamento operacional nos

seguintes tipos de ambiente operacional: guerra, conflito e tempo de paz. O Sistema

deve prover apoio à capacidade de realizar treinamentos em ambiente de guerra, e

também o de não-guerra, como também em outras situações enumeradas no manual C

100-5 Operações.

O Sistema deverá abordar todas as atividades ocorridas durante o

emprego operacional, antes e durante o combate, abrangendo os deslocamentos

administrativos de OM a partir da sua sede, até a chegada em zona de reunião próximo

à Linha de Partida (LP). Representar também o fluxo de elementos da reserva

mobilizada, incluindo o fluxo de treinamento para determinados níveis de proficiência.

Representar movimentações inclusive entre campos de pouso, aeroportos e portos. Os

cronogramas deverão ser manuseados durante a simulação. O usuário deverá ser

capaz de realizar o planejamento tático e realizar movimento dentro do Teatro de

Operações. Esse processo deverá ser representado em diversas velocidades de

simulação, permitindo que o comandante e o seu estado-maior possam visualizar vários

dias à frente no planejamento (três a quatro dias). O Sistema deverá permitir a inserção

de novas forças durante a realização da simulação. Deverá representar também

operações de emprego da força após operações, como operações de reconstrução de

infra-estrutura, assistência humanitária, desmobilização e apoio à governo civil.

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(b) O Sistema deverá simular os sistemas táticos abaixo nominados:

(1) Manobra - O Sistema deverá retratar as várias capacidades e

limitações das forças de manobra (leve, blindada, forças especiais e aviação) no campo

de batalha. A simulação deverá representar as formas de manobra de infiltração,

penetração, ataque frontal, envolvimento e desbordamento. Os resultados do combate

deverão considerar as vantagens obtidas pela posição e a exploração do terreno. A

simulação deverá levar em conta os fatores associados ao tempo e espaço associados

aos deslocamentos de grandes deslocamentos de OM valor Brigada, Divisão de

Exército e Exército de Campanha e as diferenças entre unidades leves e pesadas (o

Sistema deverá calcular a quantidade de tempo necessário para o deslocamento de

uma determinada tropa, indicando possíveis locais de bloqueio e gargalo causados por

limitações do terreno e afunilamento dos eixos de progressão). A simulação deverá

permitir a todas as OM incluir elementos de apoio ao combate e apoio logístico, e OM

para realizar a Segurança em Área de Retaguarda (SEGAR). O Sistema deverá indicar,

em relação a uma determinada manobra, dos locais e do momento de possível

fratricídio entre as forças que realizam a ação. Todas as ações poderão ser aceleradas

até 50 (cinqüenta) vezes a velocidade normal para facilitar a visualização dos

planejadores militares.

(2) Apoio de Fogo. O Sistema deverá retratar as capacidades e

limitações dos sistemas de apoio de fogo. Todos os sistemas de tiro e categorias de

munição deverão ser representados, inclusive aquelas em fase de desenvolvimento

(com suas capacidades, limitações, vulnerabilidades, efeitos e técnicas de emprego).

Devem ser incluídas munições iluminativas e de efeito psicológico. Os sistemas de

busca e aquisição de alvos deverão também ser representados (inclusive os Veículos

Aéreos Não-Tripulados – VANT dentro dos vários tipos), com suas limitações,

vulnerabilidades e técnicas de emprego. As comando e controle do apoio de fogo,

incluindo as comunicações de coordenação de fogos, devem ser realisticamente

representados.

(3) Defesa Antiaérea - O Sistema deverá simular a detecção,

identificação, engajamento e o atrito entre míssil e munição com a aeronave inimiga

(tripulada e não-tripulada) pelos sistemas de defesa antiaérea. O Sistema deverá

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simular as técnicas e táticas de aquisição, e as capacidades e vulnerabilidades sob

quaisquer condições táticas e ambientais, incluindo um ambiente saturado por guerra

eletrônica. Todas as capacidades e limitações de mobilidade dos sistemas devem

obedecer aos parâmetros operacionais. Regras de engajamento, situação do controle

do armamento e alertas de defesa aérea devem ser possíveis de serem modificadas

interativamente, e para cada unidade militar. A simulação, quando no modo exercício,

deverá prover dados para estimular os sensores dos Postos de Comando das unidades

de defesa aérea para que estes transmitam a informação para as demais OM.

(4) Comando e Controle. O Sistema deverá simular os processos

doutrinários de Comando e Controle e Tomada de Decisão para unidades simuladas.

Deve também representar o suporte de comunicações, representando eventuais

degradações no sistema, panes nos meios de comunicação, arranjos para aumentar o

alcance, condições ambientais e sua interferência nas comunicações, sobrecarga das

redes devido às atividades de combate, destruição dos meios devido a ação do inimigo.

(5) Guerra Eletrônica. A simulação deve retratar os efeitos da

Guerra Eletrônica nas comunicações, radares e operações. Os efeitos da Guerra

Eletrônica em pessoal e equipamentos, como os sistemas óticos e lasers também

deverão ser representado.

(6) Operações diversionárias. A simulação deverá permitir às OM

implementarem planos de dissimulação.

(7) Operações de informação. A simulação deverá ser capaz de

representar os efeitos de operações de informação. Isto inclui a capacidade de explorar

ou negar informações.

(8) Comunicação Social. A simulação deverá considerar o impacto

da Comunicação Social nas operações. Isto deve incluir o impacto das decisões na

opinião pública, a necessidade de manter o público informado, o combate à

desinformação, a ação da propaganda inimiga, as ações da mídia e as Operações

Psicológicas.

(9) Controle do Espaço Aéreo. A simulação deverá representar

com precisão os eventos ocorridos no espaço aéreo, a infra-estrutura e os meios para

controlá-lo. Deverá representar técnicas de controle como Espaço Aéreo Restrito,

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Corredores Aéreos e Zonas de Engajamento de Armamentos. Essas medidas deverão

estar integradas aos demais participantes da simulação.

(10) Inteligência. O Sistema deverá possuir um módulo dedicado à

inteligência no qual proverá a representação das ameaças e simulará e estimulará as

funções de inteligência. Deverão ser representadas as seções de inteligência de forma

totalmente ou parcialmente automatizadas. Também deverão estar representados os

sensores e sistemas de inteligência. O Sistema deverá ser capaz de extrair dados da

infraestrutura real de comando e controle (C2 em Combate e outras plataformas das

demais forças e do Ministério da Defesa). A extração de dados deve incluir material real

de áudio e vídeo (inclusive os obtidos por Veículos Aéreos Não-Tripulados e aeronaves

de sensoriamento). Alguns exemplos de dados: localização de alvos, relatórios de

inteligência sobre o inimigo (valor, atividades recentes, localização, equipamentos),

imagens processadas após intercepção de comunicações, emissão simulada de dados,

interrogatórios, entre outros. O Sistema deverá representar as dificuldades operacionais

do mundo real e o desafio em ganhar o domínio da informação, obter o dado negado,

proteger os dados sensíveis da Força, entre outras. Deverá também ser dotado de um

pré-processador das informações que forem extraídas.

(11) Mobilidade, contramobilidade e proteção. O Sistema deverá

representar a capacidade das OM de modificarem o campo de batalha (e de apoiarem a

infra-estrutura) no que diz respeito à mobilidade, a contramobilidade e a proteção. As

OM devem ser capazes de superarem barreiras, obstáculos e campos de minas ou

áreas minadas, e manterem a capacidade de movimento através da capacidade de

reparo, manutenção e construção de estradas, caminhos, trilhas e pontes, campos de

pouso avançados, entre outras atividades. As OM devem ser capazes de construir

barreiras, obstáculos, campos de minas e explosivos. Além de enganar o inimigo sobre

a localização de obstáculos. Devem ser representadas também as ações para

aumentarem a proteção da força como a construção de instalações de campanha,

espaldões, Postos de Comando, entre outros.

(12) Defesa Química Biológica e Nuclear. A simulação deve

representar os efeitos residuais do emprego de agentes nucleares, biológicos e

químicos. Além disso, também devem ser representados os efeitos da aplicação de

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fumaça e outros meios que possam dificultar as ações de inteligência. Deve ser capaz

também de permitir a execução das medidas defensivas e as ações de

descontaminação.

(13) Logística. A simulação deve ser capaz de representar nos

vários escalões (Bda até Ex Cmp) todos os componentes e fluxos logísticos

necessários às operações, desde , incluindo as funções logísticas: Recursos Humanos,

Saúde, Suprimento, Manutenção, Transporte, Engenharia e Salvamento. Essa

representação incluirá, inclusive a interação desses escalões logísticos com os

escalões superiores e as forças adjacentes. Devem ser representados inclusive os

efeitos da falta de planejamento e da coordenação do apoio logístico no moral do

combatente individual e no âmbito coletivo. A simulação deve coordenar o reparo de

sistemas de armas, substituições, transportes de material. Todas as atividades

logísticas deverão ser integradas para o Sistema poder representar como a degradação

ou atrito em um escalão logístico afetará um outro escalão.

((a)) Função Logística Manutenção. A simulação deverá

modelar panes aleatórias, tendo como foco a confiabilidade, disponibilidade e

manutenção dos sistemas. Deverá apresentar as atividades de recuperação. O Sistema

também deverá simular os processos de manutenção da aviação (asa fixa e móvel).

((b)) Função Logística Transporte. O Sistema deverá

representar o impacto das missões de transporte nas redes de rodovias, ferrovias,

aerovias e aquavias. Além também das dutovias. Deverá também representar o

comportamento dos comboios de transporte nos pontos críticos e gargalos (túneis,

passagens de nível, terminais intermodais, portos, entre outros). Deve também

representar os fluxos de transporte aéreo (civil e militar). Deverá ainda simular as ações

do policiamento militar e controle de estradas e o controle dos pontos críticos, e

também os efeitos do desgaste da estrada e destruições causadas por ataques.

((c)) Função Logística Suprimento. A simulação deve

modelar o recebimento, a estocagem e a distribuição de suprimento dentro dos padrões

estabelecidos.

((d)) Função Logística Saúde. A simulação deve modelar

tanto as evacuações de baixas em combate, quanto a situação dos pacientes, fluxo de

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suprimentos de saúde, gerenciamento de sangue para transfusão e a regulação de

leitos. O Sistema deverá representar baixas em massa, e baixas causadas por agentes

QBN. Também deve representar os circuitos de ambulância, e de evacuação em geral,

e a disponibilidade de instalações de saúde.

((e)) Assuntos relacionados a transporte e destinação de

mortos. O Sistema deverá representar as atividades de controle, processamento e

sepultamento dos mortos. Deve inclusive representar a conduta com restos mortais

contaminados por agentes QBN.

((f)) Função Logística Pessoal. A simulação deve

acompanhar a situação de todo o pessoal no interior do Teatro de Operações. Deve

também permitir controle dos processos de recompletamento e substituição de pessoal,

rastrear as eventuais evacuações médicas e internações. O sistema também deve ser

capaz de informar em tempo real a situação do poder relativo de combate.

((g)) Trabalho com Agências Civis. A simulação deve

abranger a representação e a interação com a agências civis (como por exemplo Cruz

Vermelha, Médicos Sem Fronteira e outras Organizações Não-Governamentais).

((h)) Serviço religioso. O Sistema deve representar os efeitos

da assistência religiosa (no moral, na coesão e nas percepções da tropa).

((i)) Prisioneiros de Guerra. O Sistema de verá representar

realisticamente eventos relacionados à condução e processamento dos Prisioneiros de

Guerra.

(14)Posicionamento, Navegação e Rastreamento. O Sistema

deverá simular detalhadamente os efeitos do Sistema de Posicionamento Global

(Global Position System –GPS) e outros sistemas semelhantes como o russo

GLONASS, e o europeu GALILEU na navegação e localização. Deverá também

representar os efeitos da degradação do sinal GPS por sistemas de interferência.

(15) Alerta de Mísseis. A Simulação deverá modelar os sistemas

de alerta contra ataques de mísseis.

(16) Informações sobre o Terreno. O Sistema fundamentado em

bases cartográficas certificadas deverá modelar aspectos relativos ao terreno como

transitabilidade, trafegabilidade, visualização bidimensional e tridimensional,

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identificação de zonas de lançamento para tropas paraquedistas, zonas de pouso de

helicópteros entre outras funcionalidades.

(17) Reconhecimento, Inteligência, Vigilância e Aquisição de

Alvos. O Sistema deverá representar a operação de Veículos Aéreos Não-Tripulados,

Aeronaves de Sensoreamento, entre outros, com seus processos de obtenção e

divulgação de informações.

(18) A simulação deverá representar a operação de tropas

paraquedistas e aeromóveis. Além de toda a infra-estrutura de apoio para as suas

operações.

(19) O Sistema deverá simular o diversificado leque de operações

das forças especiais. Inclusive, deve modelar as capacidades de pequenas forças

infiltradas e conduzindo missões no interior do território inimigo realizando operações

de reconhecimento e destruição de alvos militares e civis, e de recrutamento e

treinamento de pessoal civil. As tropas de Comandos devem ser representadas, com

capacidade de operar com mais eficiência do que as forças convencionais.

(20) Assuntos Civis. O Sistema deverá representar os efeitos das

decisões tomadas para as populações civis nas áreas de combate. Deverá também

representar os efeitos de atos terroristas e de ações de forças insurgentes. Fluxos de

refugiados, efeitos da violação de costumes locais, entre outros eventos, devem ser

representados.

(21) Operações Psicológicas. A Simulação deverá considerar o

impacto das operações psicológicas na efetividade do combate. Efeitos causados pela

distribuição de panfletos e a realização de veiculação de mensagens por via de alto-

falantes, ou outros meios, também devem ser simulados. Aspectos como moral da

tropa, deserções, rendições, terrorismo, sabotagem interferência civil e

contrapropaganda devem ser considerados.

(22) Busca e Salvamento. O Sistema deverá simular o

planejamento, coordenação e execução das atividades de Busca e Salvamento, e

Busca e Salvamento em Combate. As tripulações abatidas também deverão poder

realizar, de forma simulada, ações de Fuga e Evasão.

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(23) Aviação do Exército. Operações de Assalto Aeromóvel,

Ataque Aéreo com helicópteros, reconhecimentos, transporte logístico, e serviços de

controle do tráfego aéreo deverão ser representados. Os modelos deverão representar

os perfis de voos típicos em operações com helicópteros no interior do território inimigo.

(24) Apoio da Força Aérea. O Sistema deverá simular as ações de

apoio aerotático (apoio de fogo, transporte de tropas, transporte logístico, entre outros)

realizados pela Força Aérea. Deverá também apresentar as conseqüências para a

situação tática das operações estratégicas realizadas pela Aeronáutica no cenário

proposto.

2) Ambiente Sintético

(a) Terreno. A Simulação deve prover um nível de resolução do terreno

que permita as considerações táticas da análise do terreno e os efeitos dinâmicos das

operações militares no escalão tático (nos escalões brigada até exército de campanha).

As seguintes ações deverão ser representadas pelo Sistema: O impacto da linha de

visada nos campos de tiro face ao terreno (devem ser representados também impactos

de emissões nos espectros acústicos e eletromagnéticos, como o emprego do radar e

emissão de ondas rádio, térmicos, óticos entre oponentes terrestres, aéreos, fluviais,

entre outros) visando apoiar ações de dissimulação; A capacidade do terreno de apoiar

o movimento de pessoal, veículos e unidades ao longo do tempo; a representação

acurada dos obstáculos naturais e dos lançados pelas forças contendoras. Os

resultados dos eventos simulados deverão ser sensíveis a mudanças nas condições

climáticas na forma como afetam o terreno (exemplo: uma chuva forte vai dificultar o

deslocamento pelas estradas). Os controladores deverão poder facilmente inserir

mudanças no terreno (tanto osbstáculos naturais quanto obstáculos artificiais).

(b) Condições Climáticas. O Sistema deverá representar detalhadamente

o impacto dos elementos do clima nas operações (aéreas, terrestres, fluviais e navais).

Devem ser incluídos os seguintes elementos climáticos: quantidade e densidade das

nuvens, visibilidade, restrições à visibilidade (precipitação, nevoeiros, fumaça e poeira),

acumulação de precipitação (tanto de líquidos quanto geadas), velocidade e direção

dos ventos de superfície (médias, rajadas e espalhamento de rajadas), temperatura,

umidade absoluta, densidade, altitude, pressão barométrica, informações da luz solar e

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lunar, efeitos nas comunicações das tempestades solares. O sistema deverá ser capaz

de capturar essas informações em tempo real, quando disponibilizadas, ou ter uma

base de dados interna capaz de realizar estimativas. Os controladores deverão poder

alterar esses parâmetros durante a realização dos exercícios ou visualização de

operações. A Simulação deverá ser capaz de usar condições climáticas históricas para

a área da operação a partir de bases de dados. Esses elementos do clima devem

abranger as condições climáticas previstas na América do Sul. A Simulação deverá

representar os efeitos extremos da temperatura, umidade, ventos, e precipitações na

performance dos combatentes individuais e nos equipamentos quando operarem na

selva, na Caatinga, no Cerrado, nas florestas temperadas, nos Pampas, no Pantanal,

ou em outros ambientes.

(c) Precisão – O sistema deverá ser capaz de representar o nível de

detalhamento dos efeitos das entidades individuais na batalha. As entidades que

operam enquadradas em entidades coesivas (como por exemplo as tropas

transportadas por carros blindados para ação no objetivo) devem ser representadas em

unidades agregadas, de grupo de combate até batalhão. Entidades que operam

dispersasno território (por exemplo, pequenos grupos de guerriheiros) deverão ser

representadas durante a sua operação. No início da operação o Sistema irá rastrear a

posição de todas as entidades representadas e, ao longo da simulação deverá manter

uma consistente representação da evolução dos posicionamentos. Os movimentos

deverão ser semelhantes aos deslocamento das tropas e equipamentos reais.

((1)) Relatórios – A simulação deverá prover uma atualização da

situação das unidades simuladas, enviando relatórios dos eventos simulados. Todas as

mensagens deverão ser feitas com os centros de comunicação. Não deverá haver

ligação entre tropa adestrada, ou realizando a visualização da operação, direto com os

operadores ou com o sistema. Isso deverá ser enfatizado para que haja dois tipos de

“verdade”. A “verdade” do terreno, em tese a “real”, e a verdade “percebida” pelos

comandantes e seus estados-maiores em adestramento, ou em atividade de

visualização de operações reais. O acesso às informações geradas pelo Sistema de

Simulação deverão ser acessadas com os meios padrão operacionais (equipamentos

rádio, redes de computadores militares, entre outros).

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((2)) Congestão e caos da batalha – O Sistema deverá representar

acuradamente os efeitos do caos, dos congestionamentos e da confusão surgidos a

partir do combate. Áreas congestionadas de tropas, áreas com unidades destruídas e

outras estruturas físicas deverão impactar nos deslocamentos das tropas. Os

procedimentos de coordenação para a ultrapassagem desses pontos críticos deverão

também ser representados.

((3)) Fatores humanos – A simulação deverá retratar os efeitos nas

operações no comportamento humano, e a sua relação com a efetividade para o

combate. O Sistema deverá considerar fatores como o moral e a coesão, taxa de atrito

ao qual o indivíduo ou a tropa foi sujeitado, condições climáticas, disponibilidade de

serviço religioso, e timing operacional. O nível de treinamento e de efetividade no

combate deverão evoluir na medida em que a tropa ou indivíduo ganham experiência

de combate.

(d) Erros e acidentes simulados

((1)) Erros simulados. O Sistema deverá possibilitar ao controlador

inserir erros simulados na atuação dos modelos durante a simulação. Esse controlador

deverá poder ajustar facilmente o grau de severidade e a frequência desses erros em

qualquer parte do ambiente simulado.

((2)) Tipos de erros simulados – erros que resultarão na mudança da

“verdade” do terreno, e erros que não interfirirão nessa “verdade”. Os erros em ação

deverão abranger a desorientação e extravio de tropas, a entrega não apropriada de

suprimentos, ou a entrega errada, entre outros. Os erros de informação deverão

abranger relatórios que são detalhados mas incompletos, ou completos mas sem o

detalhamento.

((3)) Acidentes simulados. O sistema deverá representar a ocorrência

de acidentes, tendo por base dados históricos. Esses acidentes deverão ocorrer a partir

da interação dos modelos com os elementos de risco, como as condições do tempo, do

clima, condições da estrada e falhas humanas, inclusive erros psicológicos. O

controlador deverá ter total facilidade de inserir esses eventos ao longo da simulação.

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((4)) Efeitos das condições noturnas e de baixa visibilidade - O

Sistema deverá representar os efeitos nas operações das condições noturnas e de

baixa visibilidade.

((5)) Forças Automáticas - As unidades que estarão realizando a

visualização da operação ou o treinamento deverão poder interagir com tropas

totalmente virtuais, baseadas em Inteligência Artificial. Por exemplo, o Sistema deverá

representar de maneira virtual as unidades vizinhas e de retaguarda, as unidades de

apoio ao combate e apoios logísticos, e também os escalões superiores e

subordinados. Deverá também representar o fluxo de informações de inteligência

referentes a essas unidades virtuais, como também os Pedidos de Busca da unidade

real às unidades virtuais.

((6)) O Sistema deverá permitir que as unidades sejam controladas

por um número mínimo de pessoal (por exemplo, um único indivíduo poderá controlar

uma divisão. O Sistema deverá permitir a sua atualização, mesmo durante o desenrolar

da simulação, representando dessa forma mudanças doutrinárias, nas organizações e

nos procedimentos.

((7)) Modelagem Cognitiva – O Sistema deverá modelar os

processos cognitivos nos quarteis-generais automatizados. Os processos cognitivos

modelados deverão incluir a habilidade de fazer a análise de fatores como o inimigo, a

missão, o terreno, o clima, as tropas, os recursos disponíveis e o tempo. A capacidade

de análise e tomada de decisão inclui a habilidade de transmitir ordens no formato

apropriado para as tropas automáticas, e efetuar relatórios para tropas adjacentes ou

escalão superior automático ou unidades vivas. Análise de situação no terreno significa

considerar fatores como a observação, as cobertas e abrigos, os obstáculos, as

porções-chave do terreno, e as Vias de Acesso (VA). O Sistema deverá modelar o

desenvolvimento de Linhas de Ação pelas forças automáticas. E a seleção da melhor

Linha de Ação para implementação. O sistema deverá também permitir que tropas

amigas realizem a análise de Linhas de Ação contra prováveis Linhas de Ação do

Inimigo. O sistema deverá modelar as coordenações sobre planos, ordens, e ações.

entre unidades ou dentro das unidades. Deverão ser previstas também o estudo de

situação e a emissão de ordens fragmentárias.

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d) Suporte à atividade de simulação – O Sistema deverá proporcionar as

seguintes funções de apoio:

O Sistema deverá disponibilizar os cenários que compõem os possíveis

Teatros de Operação no interior do território brasileiro (também cenários hipotéticos

incluindo o terreno de centros de instrução), além de outros julgados relevantes pelo

Comando da Força. Deverão ser incluídos também cenários de operações de paz,

tragédias ambientais, e necessidade de apoio humanitário. Os Centros de Treinamento

também deverão ter seus cenários criados de forma construtiva. O Sistema deverá

inclusive permitir que seja realizada a simulação com a participação de integrantes de

outros órgãos governamentais. Deverá criar, recriar, mostrar e distribuir em tempo real

a simulação de cenários de combate, sem interrupção da sequência das ações. Deverá

poder se ligar a diversos sistemas que apliquem modalidades diferentes de simulação

(vivo, virtual e construtiva) operando em espaços geográficos distintos. Deverá ser

capaz de fundir as informações advindas desses sistemas às suas próprias atividades

de simulação.

(1) O Sistema deverá permitir que os usuários rapidamente construam e

mudem cenários. O Sistema deverá ter uma ligação com as bases de dados

operacionais do EB, das outras Forças e do Ministério da Defesa.

(2) Deverá permitir também que o usuário crie um Teatro de Operações

com ambiente cultural, clima e informações do terreno.

(3) O Sistema deverá estabelecer a situação inicial dos meios de

inteligência, e das forças no ambiente simulado. Além disso, deverá disponibilizar, a

qualquer momento, estatísticas sobre os seguintes dados críticos: danos e perdas de

sistemas, baixas de pessoal, correlação entre forças (poder relativo de combate),

avaliação de danos em combate, forças de manobra disponíveis, em emprego ou

engajadas em combate, degradação das forças, consumo de munição por missão,

efeitos das operações nos alvos, estoques e consumo de suprimento por classe,

situação dos fluxos logísticos, prioridades de defesa aérea versus a alocação de meios,

situação dos obstáculos, situação dos sistemas de proteção, evacuações médicas,

rastreamento de pacientes, distribuição de ambulâncias, informações detalhadas sobre

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baixas, situação da manutenção nos vários escalões, controle dos civis deslocados,

entre outras estatísticas julgadas úteis pelo usuário.

(4) O Sistema deverá possibilitar a criação de camadas de informação

(função desenpenhada no processo tradicional por figuras desenhadas em acetato)

para serem postas acima da base cartográfica, de forma a enriquecer os estudos táticos

a serem realizados. Tais camadas deverão ser criadas e modificadas com rapidez e

não oferecerem interferência uma com as outras.

(5) Configuração da Simulação - O Sistema deverá permitir ferramentas

automatizadas para a configuração de software, hardware e redes de informação. A

configuração da simulação deverá incluir: desenho de redes, seleção de parâmetros

para o sistema, controle de distribuição, localização e configuração de computadores e

redes, entre outros.

(6) Testes da Configuração da Simulação – O Sistema deve prover os

meios para a realização do teste da simulação para verificar se a realização desta será

realizada de forma efetiva (se redes de comunicação, hardware, e outros componentes

estão adequados para realizarem a simulação.

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ANEXO B

ENTREVISTA REALIZADA COM O MAJOR VALE EM BRASÍLIA (TRANSCRIÇÃO)

Que atividades foram desenvolvidas no SIMPÓSIO DE SIMULAÇÃO DAS

AMÉRICAS do EXÉRCITO DOS ESTADOS UNIDOS, em ORLANDO? [...] Os

aamericanos [...] fizeram algumas apresentações bem didáticas [...] sobre os ramos da

simulação virtual, construtiva, viva. Fizeram ... algumas explanações sobre o que que é

uma simulação, o que ... é um modelo e depois passaram a apresentar alguns

trabalhos que eles realizam lá. O interessante é que a parte de simulação para

adestramento é um negócio meio de segunda linha, [...] O [...] top, é a simulação para

planejamento. [...] Então, eles (os norte-americanos) estão utilizando simuladores tanto

para planejamento de operações militares quanto para planejamento de operações de

ajuda humanitária. [...] eles mostraram lá uma simulação de um furacão na República

Dominicana, por exemplo. No emprego de militares? É, eles simularam o furacão, a

destruição que o furacão causaria, o desgaste que aquilo causaria e quanto seria

necessário de recursos pra recuperar aquilo ali. Não é uma atividade militar, é uma

atividade civil. O Pentágono trabalha com atividades civis, também.Tipo reconstrução

[...] Isso que eu to falando agora é algo macroeconômico. Macro, né? É, algo macro. O

emprego do governo no macro ali. Eles tem modelos matemáticos que são baseados

em muitos dados estatísticos de censos, de pesquisas sócio-econômicas, e por aí vai, e

aí, em cima desses dados eles modelam uma sociedade, [...], e aí eles vão trabalhando

em cima daquele... causando efeitos em cima daquela sociedade simulada. E aí a

sociedade vai reagindo. Inclusive testando hipóteses, há se eu fizer isso...vai

acontecer isso É, testando hipóteses. Eles usam [...]e aí o que acontece, em cima

daqueles modelos matemáticos da sociedade, eles vão trabalhando em cima da

atividade governamental para melhorar aquilo ali. Eles têm simuladores de ações

táticas de invasão de casas. O próprio JCATS é capaz de fazer isso. [...] o emprego de

um batalhão numa área, por exemplo, num morro no Rio de Janeiro, um cenário,

você acha que teria como modelar isso aí? Sim, a questão é o seguinte,

teoricamente, nós podemos criar modelos de qualquer coisa, desde o efeito de uma

arma nuclear numa cidade, até o efeito psicológico de um grupo criminoso atuando em

uma sociedade. Então a questão toda é aquilo, o grau de fidelidade que esse modelo

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vai ter, e é como eu falei para você, todos os resultados são resultados, mas alguns

resultados são úteis. Sugerem, né, indicam alguns resultados indicam coisas que

podem ser feitas. [...] É um exemplo bem grosseiro, mas é mais ou menos isso, ...mas

todos os resultados são errados, [...] mas com certeza, na medida que seu modelo vai

se aprimorando, o resultado vai ser menos errado, por exemplo, quando a NASA faz um

modelo para a missão em Marte, aquele modelo ali tá errado, não é perfeito, há alguns

erros no modelo, mas ele é razoável ele tá apontando para o lugar certo[...] para

indicar que aquela missão vai ser bem-sucedida, e se seguir aquilo ali vai dar certo.

Então foi um seminário... foi o Seminário de Modelagem e Simulação das

Américas, foi o primeiro que aconteceu, a idéia é que os americanos ano que vem

façam outro. [...] Os EUA, eles historicamente, eles fazem exercícios na América Latina

de simulação. Esses exercícios são chamados PKO, Peace Keeping Operations, que é

um exercício simulado que envolve todos os países da América Latina no contexto de

força de paz, então, eu acompanho os PKO, eu sei que eles estão acontecendo desde

2002, então, aqui já teve um aqui no Brasil em 2006, se eu não me engano, teve um

PKO aqui no Brasil que foi em Brasília, e em 2011 vai ter outro PKO aqui no Brasil.

Estas palestras são direcionadas? Para PKO? [...] não. O que acontece é que os

EUA (já) têm contato com os países latino-americanos por meio da simulação. Mas eu

falo assim, simulação para análise ... JSIM... foi falado nesse seminário? Falaram

de simulação para análise, essa utilização da simulação para... Teve palestra

específica? Não [...] eles citaram simulação para análise, [...]... Só citaram? É, só

citaram (Simulação para Análise), não demonstraram nada... Não demonstraram e

muito menos falaram indicadores e modelos que são utilizados? Não, inclusive no

meu, inclusive lá na minha pesquisa de opinião eu coloquei que as palestras deveriam

ser mais técnicas e voltadas mais para isso, utilização da simulação para análise,

metodologia de análise, metodologia de avaliação de trabalho de estado-maior...toda

essa parte de buscar resultados... [...] No simpósio de simulação os americanos

disseram claramente que eles empregam a simulação para planejar as coisas. Para

planejar o antes, o durante e o depois. Foi mostrado programa que simula transporte de

material. [...] hoje [...] o COTER faz um exercício de simulação, apóia um exercício de

simulação, a gente sabe que o exercício são realizados, mas [...] os exercícios são bons

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ou são ruins? Não há uma avaliação... o comandante se comportou bem ou se

comportou mal? O Estado-maior se comportou bem ou se comportou mal? [...] Então

seria um padrão, né? Para comparar... [...] A questão é metodologia de avaliação e

simulação...metodologia de análise de resultados... e metodologia para empregar

simulação no planejamento e a gente chegar a alguma coisa validada no final. Quer ver

uma pergunta primária... eu vou simular um ataque de um batalhão... quantas

repetições eu vou ter que fazer para estatisticamente dizer que aquele resultado ali é

aceitável? [...] Teria que ter um especialista ... colocar isso em campo... o próprio

CAADEx não consegue fazer isso. Se você pegar os testes que o CAADEx faz com as

Unidades você vai ver que tem ali que tem as baixas, tem os consumos de munição...

Mas quem estaria mais vocacionado seria o CAADEx, né?Seria aparelhado... para

o escalão, para o escalão que ele trabalha... É, ele trabalha no escalão subunidade?

Ele trabalha com subunidade, [...] o CAADEx [...] faz os resultados, [...], historicamente,

aquela unidade, eles fazem algum trabalho em cima do resultado histórico? ... um

modelo baseado em dados históricos, né? Um modelo baseado em dados

históricos? Ou comparar unidades? [...] o que falta é uma metodologia... [...] Para

chegar (descobrir) a um padrão[...]... os americanos têm isso? Devem ter [...]. Devem

ter e estão aperfeiçoando? Estão aperfeiçoando em combate real! [...]Assim, num

patamar mais elevado, em cima dessas hipóteses vc vai analisar eventuais

operações e aí, depois que você já tiver com o inimigo definido hipóteses, né? (com)

A doutrina montada, aí você vai começar a simular pra ver se aquela [...] doutrina tá

funcionando, se aqueles equipamentos que você pretende comprar vão ser os mais

adequados, por exemplo, se você vai comprar um míssil anti-carro com alcance de

2.000m e o carro de combate do inimigo tem o alcance de 3.000m, será que esse míssil

... se você vai usar Cascavel, por exemplo, com canhão 90mm, canhão 90 não perfura

blindagem frontal do M60. Se você vai enfrentar o inimigo que tem o M-60, o canhão 90

já não presta. Então são coisas que você vai avaliar em cima do inimigo que você quer

[...] o nome lá do Simpósio então? [...] Simpósio de Modelagem e Simulação das

Américas. [...] E no IITSEC, o que tinha lá? No IITSEC [...] são vários estandes (...)

tem (lá) todas as modalidades (de simulação)? PEO STRI ... é um Escritório de

Projetos Executivos para simulação, treinamento e instrumentação ... tudo quanto é

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projeto ... na verdade o Exército americano tem vários escritórios de projetos. Mas ele

unificou? Não, tem vários. Tem escritório para viatura, ... para helicópteros, tem

escritórios para parte de simulação e treinamento. Então eles trabalham com todos os

projetos relacionados a equipamentos de treinamento, desde alvos até M.I.L.E.S,

treinador de míssil, treinador de OAA, ... toda a parte de simulação e instrumentação,

que é a parte de medição. Para você medir o que você (es)tá treinando. ... Esse aqui é

o catálogo dos projetos em andamento ... Simulação para Sistemas de Aquisição de

Alvos….. M.I.L.E.S para veículos, M.I.L.E.S para wireless, ... análise, tem algum para

análise aí? Soldier System Integration Tactical Engagement Simulation, Strike Guided

Tank Missile, … tem simulação de equipamento, […] Mobile Military Operation in

Moviment Terrain training Sistem, simulador de treinamento em operações urbanas... O

core dele é treinamento? Treinamento e simulação. [...] Warfigther Simulation, esse

daqui é o jogo de guerra construtivo do Exército Norte-Americano, Warsim. Logistic

Federate, federado para HLA, para só simular logística. ... Tactical Simulation... Live

Virtual Constructive Integrating Architecture, olha aqui, arquitetura de integração para

simulação virtual e construtiva. Já é uma arquitetura nova? Não, eles devem estar

trabalhando ... aqui eles não estão citando uma arquitetura específica, tão dizendo que

é um projeto pra definir ... essa arquitetura prevê protolos comuns, especificações

padrões de interfaces, para padronizar componentes de simulação viva, virtual e

construtiva, permitindo a interoperabilidade dos componentes na simulação. Em

sistemas de simulação de combate e análise pós-ação. ... Battle Comand Training.

Treinamento de Estado-Maior. ... Esse aqui é o trabalho do PEO-STRI. ...” […]

localizado em um campus em conjunto com outras forças e agências do governo (Força

Aérea, Marinha, Corpo de Fuzilleiros Navais, Guarda Costeira, F.B.I, C.I.A) ao lado da

Universidade Central da Flórida (centro de excelência em modelagem e simulação) o

chamado Team Orlando tem o orçamento de mais de 3 bilhões de dólares por ano,

efetivo existente de 438 militares e civis, sendo que desse total mais de 250 são

engenheiros e técnicos com dedicação exclusiva e trabalhando na atividade fim. Além

dessa estrutura o Exército Norte-Americano tem uma especialização para oficiais em

Modelagem e Simulação chamada FA-57, para planejamento, aquisição e análise

empregando sistemas de simulação. Esses oficiais trabalham em centros de simulação

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238

no próprio país e exterior. O U.S. Army tem o seguinte efetivo de especialistas: coronéis

19, tenente-coronéis 64 e majores 110. Então hoje o Exército Norte-Americano tem 193

oficiais superiores que possuem essa especialização. Duração do curso 6 semanas.

Além disso eles têm o Estágio C-7, obrigatório para todos os oficiais S-3 de brigada e

batalhão com duração de 10 dias. Só trata da utilização da simulação em treinamento.

Como é utilizada a Inteligência Artificial? Eles usam no que chamam de One SAF

(One Semi Automated Force). A Inteligência Artificial é utilizada para simular os

escalões mais baixos. Por exemplo, você está fazendo um exercício de brigada e você

manobra com elementos de valor batalhão, as companhias daquele batalhão são

controladas por Inteligência Artificial, e muitas vezes o inimigo é controlado por

Inteligência Artificial também. [...] como é que nós (EB) fazemos nos exercícios hoje, a

gente usa controladores de batalhão. [...] Você tem Inteligência Artificial para utilizar

com os escalões inferiores. [...] Como poderíamos operacionalizar o emprego de um

sistema de simulação construtivo para apoio ao processo de decisão no Exército

Brasileiro, em termos de estrutura, pessoal, e material (sistemas de computador)?

A idéia é criar um centro de simulação. Esse centro seria responsável por desenvolver e

aplicar esse tipo de simulação. Se o sistema for desenvolvido por empresa civil este

Centro deverá ter pessoal habilitado para acompanhar o projeto e depois modificar o

sistema, incluindo base de dados e algoritmos classificados. [...] uma parte do centro

trabalharia com desenvolvimento, tendo especialistas em Modelagem, Simulação e

Pesquisa Operacional. Esse pessoal pegaria os dados e os transformaria em modelos

para aplicação no sistema de simulação. Deveriam existir em um centro desses várias

máquinas comerciais formando um cluster e que compartilhariam o processamento

através de protocolos. O emprego do sistema para a realização de planejamentos

operacionais deveria ser feito em local fechado no próprio centro. Haveria a

necessidade também de outro tipo de equipe especializada na coleta de dados. Esta

teria que ter historiadores, geógrafos, cartógrafos, estatísticos […] realizar a coleta de

tudo, equipe de campo.

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239

ANEXO C

SEÇÃO DE BRAINSTORMING REALIZADAS DURANTE O AZUVER 2010 NO

ESCALÃO COMANDO COMBINADO

Major MINORU, Chefe da 5ª Seção (Operações Futuras) do Comando Combinado.

“O D5 tem que visualizar três, quatro dias (de operação à frente). [...] O que um

sistema (de simulação construtiva) poderia representar, nesse nível de decisão

que você trabalha, de forma a facilitar o processo decisório?

A primeira observação é que nesse escalão não se pode descer muito o nível. Nessa

fase (análise de PI e LA) teremos que ver em grandes escalas, grandes movimentos.

Porque não será possível realizar a manobra. Eu vou dizer o que o teu sistema tem de

ter. Vamos pegar o exemplo do nosso exercício. Essa é a área de Topázio e essa é a

linha de fronteira. A PI que se trabalha nesse nível é muito abrangente. Não se pode

descer ao detalhe pois você “estoura” a sua capacidade de processar as informações.

O que eu acho que você poderia fazer seria planejar no nosso escalão imaginando o

escalão de baixo. No caso do Comando Combinado poderíamos visualizar até o

escalão Exército. Ele deveria ter uma base de dados à respeito do poder de combate

do inimigo, o nosso poder de combate, ter uma idéia de terreno, modelos do terreno e

algoritmos validados, clima. O sistema diria, se a FTC (Força Terrestre Componente)

vier para cá vai demorar três dias. Se ela vier por aqui vai demorar quatro. Aqui a

probabilidade de perda seria 51%, e aqui é de 70%. [...] é aqui que eu vou validar minha

manobra. Aqui terei a noção de onde ir. [...] No meio do combate o sistema poderia

indicar quanto o poder de combate do inimigo poderia ter decaído, e quanto a manobra

(da FTC) poderia acelerar. Ou, se há restrições no norte, por exemplo, quanto isso iria

representar em tempo para uma ação em outro local. E isso poderia ser visualizado de

forma acelerada. Esses são dados críticos para você, então? Tempo de

deslocamento e previsão de perdas. Tudo isso dentro dos sistemas operacionais.”

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240

ANEXO D

SEÇÃO DE BRAINSTORMING REALIZADAS DURANTE O AZUVER 2010 NO

ESCALÃO FORÇA TERRESTRE COMPONENTE

Major LISTER, Chefe da 3ª Seção (Operações) de uma Divisão de Exército Azul

(Escalão FTC)

As considerações abaixo foram feitas pelo oficial em um estudo na carta, após

ser perguntado como um sistema de simulação construtiva poderia auxiliá-lo em seu

planejamento do emprego de sua Divisão de Exército.

“... chegar numa 1ª. linha, eu acho que em uma jornada a gente chega na 1ª. linha. [...]

na 2ª. linha é mais uma jornada [...] para chegar em O2 (Objetivo 2) serão 3 dias de

jogo de guerra. Inviabiliza, não é? Nós não temos esse tempo parado. Aí, se tivesse

uma ferramenta[...] para lançar [...] o computador já diria é isso. [...] aí agilizaria. [...] se

fosse fazer mesmo a 1ª. linha todo mundo, imagina um jogo da guerra do Exército de

Campanha [...] quanto tempo (levaria)? O Exército de Campanha, [...] (várias) DE. [...] o

que acontece com essa DE aqui? [...] O que acontece com essa DE? [...] isso aí

escalonado? Tal linha. Isso aí escalonado, não é? Primeiro tal linha. Primeiro o

general da DE faria com suas Bda, não é? Isso. Depois consolidaria sua manobra

faria junto com as outras DE na FTC [...] todos os níveis você teria que fazer. Mas só

que é o seguinte. A manobra [...] se diferencia. Quer dizer que a manobra da minha [...]

brigada, por exemplo, essa brigada aqui, ela pode marcar [...] esse O2 e outro objetivo

aqui. [...] a manobra dela diferencia um pouco aqui. Isso tem que ser em todos os

escalões. A FT, por exemplo, o batalhão vai marcar dois objetivos mais curtos ainda,

[...] nível batalhão. Então, cada escalão tem um jogo da guerra. [...] A gente tem que

fazer isso aí. [...] Aí iria aparecer as velocidades bem direitinho. Quanto tempo, muito

importante, quanto tempo a gente vai fazer daqui para cá? Da ZReu a P Atq. [...] No

deslocamento entre a ZReu e PAtq o inimigo plotou você, já poderia ter (problema). [...]

Por isso o jogo da guerra tem que ser feito. [...] Da ZReu a P Atq, P Atq para a

transposição da LP. Na realidade não é nem 1ª linha. Você tem que começar antes da

Z Reu. [...] Isso a gente não faz. Tem ali no ‘sabidinho’, mas a gente não faz. O que

pode acontecer? [...] na Z Reu (a) P Atq, vivência de infantaria, tropa se perde, à noite,

[...] ataca errado. [...].

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ANEXO E

RESULTADO DO QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS 1º ANO DO CURSO

DE COMANDO E ESTADO-MAIOR NO ANO DE 2009

Q1. O Sr acha que o atual ESTUDO DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE

TÁTICO (Memento) empregado pelo EB é uma ferramenta:

Gráfico Nr 01 – Opinião dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 sobre o atual ESTUDO DE SITUAÇÃO DO

COMANDANTE TÁTICO.

Fonte: O autor.

Q2. Na sua opinião o atual ESTUDO DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE

TÁTICO (Memento) empregado pelo EB é uma ferramenta que permite

(____________) que se chegue à(s) melhor(es) Linha(s) de Ação (LAç).

Gráfico Nr 02 – Opinião dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 sobre se com o atual ESTUDO DE

SITUAÇÃO DO COMANDANTE TÁTICO consegue-se chegar à(s) melhor(es) Linha de Ação (L Aç).

Fonte: O autor.

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242

Q3. Na sua opinião o atual ESTUDO DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE

TÁTICO (Memento) empregado pelo EB é uma ferramenta que

(___________________) ao tempo disponível ao Cmt/EM para

planejamento de operações militares reais.

Gráfico Nr 03 – Opinião dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 sobre se o atual ESTUDO DE SITUAÇÃO DO

COMANDANTE TÁTICO é adequada ao tempo disponível em operações reais.

Fonte: O autor.

Q7. Qual das partes do ESTUDO DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE

TÁTICO o Sr. acha mais complexa?

Gráfico Nr 04 – Opinião dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 sobre a complexidade do ESTUDO DE

SITUAÇÃO DO COMANDANTE TÁTICO.

Fonte: O autor.

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243

Q8. Qual das partes do ESTUDO DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE

TÁTICO o Sr. acha que demanda MAIS TEMPO em sua execução?

Gráfico Nr 05 – Opinião dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 sobre a demanda por tempo de ESTUDO DE

SITUAÇÃO DO COMANDANTE TÁTICO.

Fonte: O autor.

Q9. O Sr. acha, na prática, alguma parte do ESTUDO DE SITUAÇÃO DO

COMANDANTE TÁTICO inexeqüível (impossível de numa situação real se

colocar em prática totalmente)?

Gráfico Nr 06 – Opinião dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 sobre exiquibilidade dos itens do ESTUDO

DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE TÁTICO.

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244

Q4. Qual é o nível de conhecimento do Sr sobre SOFTWARES DE APOIO À

DECISÃO?

Gráfico Nr 07 – Nivel de conhecimento dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 sobre SOFTWARES DE

APOIO A DECISÃO.

Q5. Qual é o nível de conhecimento do Sr sobre SISTEMAS DE

SIMULAÇÃO DE COMBATE?

Gráfico Nr 08 – Nivel de conhecimento dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 sobre SISTEMAS DE

SIMULAÇÃO DE COMBATE.

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245

Q6. Qual é o nível de conhecimento do Sr sobre SISTEMAS DE

SIMULAÇÃO DE COMBATE para ANÁLISE (Apoio à Decisão) de

OPERAÇÕES MILITARES?

Gráfico Nr 09 – Nivel de conhecimento dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 sobre SISTEMAS DE

SIMULAÇÃO DE COMBATE para ANÁLISE (Apoio à Decisão) de OPERAÇÕES MILITARES.

Q10. Na sua opinião os SISTEMAS DE SIMULAÇÃO:

(_______) ferramentas adequadas para apoiar processos de tomada de

decisão em operações reais;

Gráfico Nr 10 – Opinião dos alunos do CCEM 2º Ano/2010 sobre SISTEMAS DE SIMULAÇÃO.

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ANEXO F

RESULTADO DO QUESTIONÁRIO APLICADO AOS INSTRUTORES DA ESCOLA

DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DA AERONÁUTICA (ECEMAR) NO ANO DE 2009

CEL SAKURA

Q4. Há alguns anos a Força Aérea Brasileira (FAB) vem buscando

participar de vários exercícios táticos no exterior e vem atualizando sua

doutrina de emprego tático operacional baseando-se nos procedimentos

da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Na ocasião, tem

travado contato com novos conceitos operacionais já consolidados por

aquela Organização, como as Operações Baseadas em Efeitos e o uso de

sistemas de apoio à decisão. Pergunta: A OTAN utiliza módulos de

simulação de combate construtiva em apoio ao processo decisório em

operações reais? Caso positivo, que sistema a OTAN emprega?

Sim, os americanos chegam ao nível de simularem todas as Operações ou

exercícios operacionais antes de as colocarem em prática, porém desconheço o

sistema que eles utilizam. Tenho conhecimento de que o francês utiliza o

sistema STRADVARIOUS, o argentino o ACC e o chileno o TACMAPS.

Q5. Na opinião do Sr. quais são os impactos (mudanças no processo de

planejamento, ganho de maior precisão, diminuição de tempo nos

processos, etc.) do emprego de sistemas de simulação como ferramenta

de apoio à decisão através da criação de cenários táticos em computador?

A utilização das ferramentas citada possibilita uma maior consciência

situacional, porém, requer que os processos estejam bem consolidados e

documentados, muitas vezes isso não ocorre, ou porque o cliente desconhece o

negócio ou porque os processos estão em constante mudança ou atualização e

não houve tempo para documentar as mudanças.

Com certeza, o que foi implementado consistentemente na ECEMAR em

termos de simulação de combate até o momento, proporcionou um enorme

amadurecimento dos processos e gerou diversas mudanças em alguns deles,

como por exemplo o processo de arbitragem dos resultados, o processo de

crítica dos planejamentos e acompanhamento da evolução da campanha,

portanto na maioria das vezes, no nosso caso, a tecnologia faz um “push” no

amadurecimento da doutrina de planejamento.

Q6. Na opinião do Sr. e baseado em sua experiência profissional, como

um sistema de simulação construtivo pode apoiar o decisor na escolha

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247

entre Linhas de Ação (L Aç) a serem seguidas perante uma situação

tática? Quais seriam as limitações de um sistema desse tipo?

O sistema de simulação construtiva é de grande valia para a escolha da

melhor LA, pois permite simular diversos cenários e avaliar os parâmetros para

a tomada de decisão. Estes parâmetros ou critérios são difíceis de se definir,

pois estão relacionados diretamente com os critérios/indicadores utilizados na

tomada de decisão, no caso da FAB não estão formalmente declarados em um

documento, mas podem ser considerados, por exemplo, tempo de duração da

campanha, nível de atrito (perdas de aeronaves, recursos humanos e demais

recursos importantes), nível de desgaste ou utilização logística, nível de

atingimento dos objetivos definidos pelo comando superior, etc. As limitações

que eu vislumbro neste tipo de ambiente se refere ao tipo de modelagem do

sistema, ou seja, o modelo de simulação será tão mais fiel, quanto maior for a

quantidade de variáveis que reflitam esta realidade, mas é sabido que isto

aumentará em muito a complexidade do sistema, tanto em termos de

mapeamento, como de processamento. Além disso, o fator ARTE e a

capacidade de análise e síntese de diversas variáveis para formalizar

conclusões práticas DEMANDARÃO O USO TAMBÉM DE SISTEMAS QUE

CONTEMPLEM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (A.I.), pois existe a necessidade

de que o sistema “aprenda” por si só e ajuste os modelos de comportamento

das variáveis, ou pelo menos indique quais delas necessitam de atualização de

ajustes.

CEL VALLE

Q5. Na opinião do Sr. quais são os impactos (mudanças no processo de

planejamento, ganho de maior precisão, diminuição de tempo nos

processos, etc.) do emprego de sistemas de simulação como ferramenta

de apoio à decisão através da criação de cenários táticos em computador?

Atualmente a ECEMAR está incorporando módulos em seu sistema

informatizado de jogos de guerra – denominado Projeto MARTE. As mudanças

para melhor são perceptíveis. [...] Efetivamente, aperfeiçoamos nossa

capacidade de arbitragem (por meio de uma máquina de simulação); a

consciência situacional dos partidos (por meio do módulo de cenário); a

avaliação do emprego doutrinário; o planejamento de missões aéreas (com a

incorporação da ferramenta POMA-COAT, utilizada pelo COMGAR); e no

processo de exame de situação continuado, na etapa do controle da operação

planejada (com a introdução da ferramenta POMA-EMO, igualmente utilizada

nas operações e exercícios conjuntos que a FAB participa no Brasil.

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Q6. Na opinião do Sr. e baseado em sua experiência profissional, como

um sistema de simulação construtivo pode apoiar o decisor na escolha

entre Linhas de Ação (L Aç) a serem seguidas perante uma situação

tática? Quais seriam as limitações de um sistema desse tipo? Tanto as

máquinas quanto o cenário serão implantados este ano, mas já antevemos um

ganho excepcional no processo ensino-aprendizagem. Em fase de

desenvolvimento, estamos iniciando as especificações para uma ferramenta

que viabilize o Exame de Situação.

ANEXO G

RESULTADO DO QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS ADITÂNCIAS MILITARES

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Pergunta Nr 1: Qual o posto/nome do Sr? Em que país o Sr está acreditado?

Alemanha – tenente coronel H. J. Neumuller, German Army Office, Operations

Research.

Estados Unidos – coronel MOSQUEIRA, oficial de ligação do EB junto ao TRADOC,

Forte Monroe. major TRIANI, oficial de ligação do EB junto ao ARSOUTH. Coronel

BASSOLI, oficial de ligação do EB junto ao Centro de Armas Combinadas e Fort

Leavenworth.

Inglaterra – major Fábio, aluno da Escola de Comando e Estado-Maior na Inglaterra.

Israel – coronel Helmo André da S. G. de Luna – Adido Militar.

Rússia - tenente-coronel aviador Augusto Cesar Abreu dos Santos – Adjunto do Adido

Militar.

Pergunta Nr 2: A força terrestre do país onde o Sr. Está acreditado tem realizado

reestruturação de seu sistema de Comando e Controle de forma a acelerar o ciclo

decisório em operações?

Alemanha – Ela tem um sistema em desenvolvimento.

Estados Unidos TRADOC – Possui um sistema em desenvolvimento (no Comando de

Material do Exército dos Estados Unidos) e outro em operação (utilizado pela Força

Terrestre dos EUA). Estados Unidos ARSOUTH – Possui um sistema já em operação.

Estados Unidos CAC – Possui um sistema já em operação, com amplo emprego de

ferramentas tecnológicas de apoio à decisão, de alcance amplo, até o nível subunidade

(e, em alguns casos, até o nível pelotão, quando estiver atuando isoladamente – algo

típico no combate contra insurgência atual).

Inglaterra – Possui um sistema já em operação.

Israel – Possui um sistema já em operação.

Rússia - Possui um sistema já em desenvolvimento.

A pergunta Nr 3 foi: Caso afirmativo, que tipo de tecnologia da informação essa força

passou a empregar?

Alemanha – - .

Estados Unidos TRADOC – Todas as tecnologias associadas ao sensoriamento

reconhecimento, passando pela inteligência humana, pelo processamento conjunto das

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informações, [...] análise, [...] processo de tomada de decisão [...]. Algumas tecnologias:

[...] Inteligência Artificial para análise de informações – Tratamento de múlti-dados...

Digitalização do Campo de Batalha com Mapeamento Digital [...] Modelagem, simulação

e jogos de guerra para apoiar o processo decisório, Tecnologias de Comunicação –

Rede Militar. Estados Unidos ARSOUTH – Softwares de comando e controle e auxílio

à decisão. Estados Unidos CAC – Software de C2 (comando e controle) e auxílio à

decisão.

Inglaterra – softwares de comando e controle e auxílio à decisão.

Israel – softwares de comando e controle e auxílio à decisão.

Rússia - softwares de comando e controle.

A pergunta Nr 4 foi: Caso a Força empregue sistemas de apoio à decisão, esse

sistema emprega módulos ou programas de simulação construtiva de combate como

ferramenta de apoio à decisão? Ou seja, o Sr. tem conhecimento se o Exército do país

onde o Sr. está acreditado utiliza a simulação construtiva como ferramenta de apoio à

decisão?

Alemanha – Sim. Constructive Simsys SIRA da empresa canadense CAE (Canadian

Aviation Electronics); SYS até o escalão brigada.

Estados Unidos TRADOC – Possui um sistema em operação e outro em

desenvolvimento. O processo decisório apoiado por modelagem e simulação é parte do

sistema maior que processa C2 [...] o sistema em operação possui um módulo de

suporte à decisão que faz uso da modelagem e da simulação científica [...] verificada,

validada e acreditada pelo Exército dos Estados Unidos. Estados Unidos ARSOUTH –

Possui um sistema já em operação. Estados Unidos CAC – Não tenho conhecimento.

Inglaterra – Possui um sistema já em operação.

Israel – Possui um sistema já em operação.

Rússia - Não tenho conhecimento.

A pergunta Nr 5 foi: Caso esteja em desenvolvimento, quais são as dificuldades que

esta Força está encontrando na implementação da ferramenta de simulação?

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251

Alemanha – Sim. Constructive Simsys SIRA da empresa canadense CAE (Canadian

Aviation Electronics); SYS até o escalão brigada. Dificuldades: confiabilidade. Fontes de

dados não suficientemente válidos.

Estados Unidos TRADOC – As dificuldades [...] são [...] a obtenção de modelos mais

fidedignos da realidade. Quanto mais a guerra depende do ser humano, mais difícil é a

sua modelagem e mais difícil a obtenção de modelos mais fidedignos da realidade.

Estados Unidos ARSOUTH – O sistema empregado pelo Exército dos EUA está em

constante aperfeiçoamento e conta com o suporte de órgãos e departamentos do

governo federal.

Inglaterra – O sistema é antigo mas está em constante aperfeiçoamento. O desafio

enfrentado é fazer o sistema ser relevante nos diferentes ambientes

operacionais/cenários em que o Exército Britânico está ou pode ser empregado.

Israel – --- .

Rússia – Não tenho conhecimento.

A pergunta Nr 6 foi: Em que escalão esse sistema é empregado (ou se pretende

empregar)?

Alemanha – Divisão e Brigada.

Estados Unidos TRADOC – Todos os níveis perguntados (Estratégico, Operacional e

Tático) [...]. Os EUA aplicam modelagem e simulação para os processos decisórios em

todos os níveis perguntados. É obvio que os modelos são diferentes, mas cabe

ressaltar que os níveis são interligados por uma ferramenta chamada Simulação

Interativa Distribuída (DIS). Estados Unidos ARSOUTH – Todos os níveis citados.

Inglaterra – Todos os níveis perguntados.

Israel – Tático (Brigada e Divisão).

Rússia - Estratégico, Operacional (Força Conjunta), Tático (Brigada).

Esta pergunta buscou mapear quais eram, na prática, os escalões abordados

pela ferramenta.

A pergunta Nr 7 foi: Caso o Exército do País onde o Sr. está acreditado possua tal

sistema, com que finalidade este é empregado?

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Alemanha – Experimentos doutrinários, treinamento de comandantes e estados-

maiores e visualização.

Estados Unidos TRADOC – - . Estados Unidos ARSOUTH - Visualização do

desenrolar de operações planejadas e adestramento de comandantes e estados-

maiores. Estados Unidos CAC - Visualização do desenrolar de operações planejadas,

experimentação doutrinária, e adestramento de comandantes e estados-maiores.

Inglaterra – Visualização do desenrolar de operações planejadas. Experimentações

doutrinárias. Adestramento de comandantes e estados-maiores. Uso prioritário para

adestramento e visualização das operações.

Israel – Adestramento de Comandantes e Estados-Maiores.

Rússia - Visualização do desenrolar de operações planejadas.

A pergunta Nr 8 foi: Em qual escalão esse sistema é empregado com maior efetividade

(com resultados mais relevantes para o planejamento militar) como ferramenta de apoio

à decisão (Estratégico, Operacional, Tático/Exército de Campanha, Tático/Divisão de

Exército, Tático/Brigada-Regimento)?

Alemanha – Não há ainda medições. O sistema está em desenvolvimento.

Estados Unidos TRADOC – A efetividade vai depender do grau de realismo da

modelagem. Estados Unidos ARSOUTH – O sistema é empregado em praticamente

todos os escalões, haja vista a interatividade que possibilita a simulação nos níveis que

se deseja trabalhar. Assim é possível simular as consequências estratégicas de uma

ação tática (destruição de uma barragem – verificação da área inundada, impactando

localidades), Estados Unidos CAC – Desconheço.

Inglaterra – O sistema é diferente para cada nível/escalão, mas largamente utilizado

em todos os níveis.

Israel – Tático/Brigada.

Rússia - Segundo à imprensa local, o sistema começa a ser implantado nas unidades

do Cáucaso, responsáveis pelas operações antiterrorismo e combate a movimentos

separatistas (tático/brigada – regimento).

A pergunta Nr 9 foi: Qual é a percepção que a Força Terrestre desse País tem do

sistema de simulação como apoio ao processo decisório?

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253

Alemanha –.É fundamental e essencial devido as demandas de cenários e novos

sistemas de armas.

Estados Unidos TRADOC – É fundamental. Estados Unidos ARSOUTH - É

fundamental, ainda que possa ser substituído por outras ferramentas de apoio à

decisão. Estados Unidos CAC - É fundamental, ainda que possa ser substituído por

outras ferramentas de apoio à decisão.

Inglaterra – É importante para o processo.

Israel – É fundamental e insubstituível, face às demandas dos cenários e dos sistemas

de armas modernos.

Rússia - Não sei.

A pergunta Nr 10 foi: Na avaliação do Sr. qual foi o maior ganho proporcionado pela

adoção desse sistema?

Alemanha – Nenhum pois o sistema ainda não está operacional. Estamos aina

aprendendo como usar essas ferramentas.

Estados Unidos TRADOC – Obtenção de maior precisão no processo de análise de

situação e tomada de decisão, e diminuição do tempo para a tomada de decisão.

Estados Unidos ARSOUTH – Obtenção de maior precisão no processo de análise de

situação e tomada de decisão. Estados Unidos CAC – Consciência situacional dos

comandantes em todos os escalões.

Inglaterra – Obtenção de maior precisão no processo de análise de situação e tomada

de decisão. Diminuição do tempo necessário até a tomada de decisão. Melhor

consciência situacional, decisões melhores e mais rápidas.

Israel – Obtenção de maior precisão no processo de análise de situação e tomada de

decisão, e diminuição do tempo para a tomada de decisão.

Rússia - Obtenção de maior precisão no processo de análise de situação e tomada de

decisão.

A pergunta Nr 11 foi: Como esse sistema foi desenvolvido?

Alemanha – - .

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254

Estados Unidos TRADOC – - .

Inglaterra – Os sistemas são desenvolvidos por um trabalho conjunto, envolvendo

todos os órgãos citados. O Ministério da Defesa é responsável por fornecer os

requisitos e coordenar o processo. Na fase do levantamento dos requisitos, há uma

intensa participação das forças interessadas.

Israel – Empresas governamentais e privadas na área de defesa. Há que se considerar

que muitos dos integrantes da alta administração das indústrias de defesa israelenses

são militares, em sua maioria tenentes-coronéis, coronéis e generais.

Rússia – Através de centros de pesquisa vinculados ao Ministério da Defesa.

A pergunta Nr 12 foi: Existem estruturas militares ou civis de apoio para coleta de

dados reais de combate ou realização de estimativas, de maneira a serem utilizados em

sistemas de simulação construtiva de combate? Quais?

Alemanha – Existem staffs que coletam lições identificadas, relatórios de operações.

Adicionalmente, o German Army Office tem uma divisão que coleta dados validados

para provê-los para SIM SYS.

Estados Unidos TRADOC – O Exército dos EUA costuma contratar pesquisadores

para acompanharem o combate, o que facilita a modelagem realística e o registro de

lições aprendidas. Estados Unidos ARSOUTH – A estrutura que o Exército dos EUA

utiliza é bastante complexa. Baseia-se nos dados colhidos em campo, no sistema de

lições aprendidas, na necessidade de atualização doutrinária, nas ameaças e

interesses do país e na participação intergovernamental. Estados Unidos CAC – Sim,

em todos os níveis de decisão, nos escalões operacional e estratégico.

Inglaterra – civis que trabalham.

Israel – Considerando que o Estado de Israel está em constante estado de alerta em

relação a ataques provenientes de Gaza (Hamas) ou do norte do Líbano (Hezbollah),

em especial, a coleta de dados periodicamente por meio de equipes vocacionadas para

elaboração de lições aprendidas em cada operação

Rússia – Essa atividade fica à cargo de órgãos militares subordinados ao MD

(Ministério da Defesa Russo).

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255

A pergunta Nr 13 foi: Existem órgãos militares ou civis que transformam esses dados

em modelos estatísticos ou matemáticos para posterior emprego em sistemas de

simulação construtiva de combate?

Alemanha – Há empresas civis.

Estados Unidos TRADOC – As empresas fazem isso, obviamente sob supervisão do

pessoal qualificado do Exército dos EUA (técnicos em modelagem e simulação – uma

subárea da pesquisa operacional militar). Estados Unidos ARSOUTH – Sim, mas não

sei precisar quais órgãos. Estados Unidos CAC - Desconheço.

Inglaterra – O tratamento de dados é realizado em empresas privadas ligadas à

indústria de defesa.

Israel – Sim, conforme considerado nos itens anteriores.

Rússia - Não tenho conhecimento.

A pergunta Nr 14 foi: Em que etapas do processo de tomada de decisão esse sistema

de simulação construtivo é utilizado?

Alemanha – Análise de Situação e Planejamento.

Estados Unidos TRADOC – Análise de Situação, Planejamento, Tomada de Decisão e

Controle de Operações. Estados Unidos ARSOUTH – Análise de Situação,

Planejamento, Tomada de Decisão e Controle de Operações. Estados Unidos CAC -

Análise de Situação, Planejamento, Tomada de Decisão e Controle de Operações..

Inglaterra – Análise de Situação, Planejamento, Tomada de Decisão e Controle de

Operações.

Israel – Análise de situação, Planejamento, Tomada de decisão e Controle de

Operações.

Rússia - Controle de Operações. É possível, embora não tenha conhecimento, que o

sistema contemple as demais etapas.

A pergunta Nr 15 foi: Em qual deles apresenta maior ganho quando empregado?

Alemanha – Planejamento de operações, Tomada de Decisão.

Estados Unidos TRADOC – Análise de Situação, Planejamento, Tomada de Decisão e

Controle de Operações. Estados Unidos ARSOUTH – Análise de Situação,

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Planejamento, Tomada de Decisão e Controle de Operações. Estados Unidos CAC –

Não sei.

Inglaterra – Controle das operações.

Israel – Análise de Situação, Planejamento, Tomada de Decisão e Controle de

Operações.

Rússia – Controle de operações.

A pergunta Nr 16 foi: O Sr poderia detalhar como é feito esse emprego do sistema de

simulação construtiva?

Alemanha – Não existem um sistema em operação ainda, mas só para treinamento.

Estados Unidos TRADOC – Não. Tenho curiosidade de visitar o CAC (Centro de

Armas Combinadas), National Training Simulation Center (no Kansas), para ver isto em

funcionamento lá. [...] Já me falaram que o acesso é restrito. Estados Unidos

ARSOUTH – O sistema é empregado no treinamento e avaliação das OM, GU e G

Cmdo, nas Escolas Militares. Estados Unidos CAC - Não.

Inglaterra – O sistema é utilizado, em operações, simultaneamente com o

planejamento convencional. É muito útil principalmente na visualização de operações

futuras.

Israel – Anualmente a Força Aérea, a Força Terrestre e a Marinha Israelense realizam

exercícios de simulação com seus estados-maiores.

Rússia - Não tenho conhecimento.

A pergunta Nr 17 foi: No caso da fase Tomada de Decisão, o sistema do Exército

desse país é empregado na análise comparativa de linhas de ação (L Aç) ?

Alemanha – Nenhum sistema em operação ainda.

Estados Unidos TRADOC – Com certeza sim... com a evolução de IA (Inteligência

Artificial). Imagino que os sistemas já estejam gerando linhas de ação de acordo com

critérios de tomada de decisão (prioridades) previamente estabelecidos... cumprir a

missão no menor tempo, com menos números de baixas, empregando a reserva ou

não???!!! (grifo nosso) Estados Unidos ARSOUTH – Sim. Estados Unidos CAC -

Desconheço.

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Inglaterra – Pode ser usado, mas nem sempre é. Depende da situação e,

principalmente, do comandante.

Israel – Possivelmente sim.

Rússia - Não tenho conhecimento.

A pergunta Nr 18 foi: O emprego de tal ferramenta efetivamente acelera o ciclo

decisório?

Alemanha – Nenhum sistema em operação ainda.

Estados Unidos TRADOC – a pressão do combate pode exigir que o comandante

tenha que decidir rápido com base em sua experiência. De fato pode não ser possível

usar o sistema na plenitude ... . Entretanto os Estados-Maiores estão sendo treinados

para disponibilizar ao tomador de decisão os dados e L Aç no mais curto prazo possível

(grifo nosso) ... A tecnologia vem ajudando nisso ... Existe tecnologia mais rápida e

confiável do que mostrar a posição instantânea de cada força inimiga numa tela para o

comandante, usando o sistema assistido por computador??? Tenho a impressão que

não. Uma coisa é ter que decidir rápido sem informação (faz parte do combate!). Outra

é decidir sempre sem informação (sem dados e sem análise) – fruto de um processo

decisório pouco ou não baseado em modelos realísticos e úteis (o nome disso é

amadorismo!) (grifo nosso). Estados Unidos ARSOUTH – Sim. Estados Unidos CAC

- Desconheço.

Inglaterra – A percepção geral entre os oficiais entrevistados é de que o sistema

acelera bastante o processo de tomada de decisão(grifo nosso).

Israel – Anualmente a Força Aérea, a Força Terrestre e a Marinha Israelense realizam

exercícios de simulação com seus estados-maiores.

Rússia - Seguramente sim, razão pela qual tenha se priorizado a implantação nas

unidades do Cáucaso, envolvidas no combate ao terrorismo, onde o conceito de TST

(Time-sensitive Target) costuma ser aplicado.

A pergunta Nr 19 foi: Quais dificuldades dos decisores foram sanadas ou minoradas?

Alemanha – Visualização.

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Estados Unidos TRADOC – Problemas de atenção, Problemas de compreensão,

Problemas de Memória, Problemas de Comunicação, e provavelmente outras. A nova

geração tem que ser formada usando estas ferramentas... que já são realidade

Estados Unidos ARSOUTH – Problemas de atenção, Problemas de compreensão e

Problemas de Comunicação. Estados Unidos CAC – Problemas de comunicação,

segundo pude apurar.

Inglaterra – Problemas de atenção, Problemas de compreensão, Problemas de

Memória, Problemas de Comunicação.

Israel – Problemas de Comunicação.

Rússia - Problemas de Comunicação.

A pergunta Nr 20 foi: Quais deficiências do método militar de estudo de situação do

comandante tático foram sanadas?

Alemanha – - .

Estados Unidos TRADOC – O mesmo modelo realístico que simula suas ações, pode

simular as ações do inimigo com os dados que forem inseridos no sistema. Obviamente

existem modelos de engajamento (modelos de combate – um campo da pesquisa

operacional militar) que se encarregam de confrontar previamente L Aç amigas com

inimigas. [...] As regras de engajamento de combate irão gerar o resultado do combate,

são fruto de uma modelagem realística.... e não da doutrina adotada. Estados Unidos

ARSOUTH – Dificuldades em realizar a ANÁLISE DAS LINHAS DE AÇÃO OPOSTAS

devido à sua complexidade. Estados Unidos CAC – O método difere ligeiramente do

usado no EB e é, até onde sei, um pouco mais completo. Desconheço as etapas

deficientes.

Inglaterra – Necessidade de tempo para realizar a ANÁLISE DAS LINHAS DE AÇÃO

OPOSTAS. Outras, o uso de informações inadequadas (lembrar que o volume de

informações recebidas é enorme, mas nem todas são relevantes para aquelas tropas

naquele momento).

Israel – Não há informação a respeito.

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Rússia – Dificuldade em acompanhar operações correntes, falta de realimentação do

processo decisório, falta de interoperabilidade entre os sistemas de C3I das diversas

forças e tropas especiais.

A pergunta Nr 21 foi: Para isso são empregados analistas em apoio?

Alemanha – Quando o sistema for empregado analistas serão necessários para

conduzir data mining e análise estatística dos resultados antes de prover os resultados

para o tomador de decisão.

Estados Unidos TRADOC – ----- . Estados Unidos ARSOUTH – Sim. Estados

Unidos CAC – Sempre, em vários níveis (inclusive civis).

Inglaterra – Nem sempre, porém, se necessário podem ser empregados.

Israel – Não há informação a respeito.

Rússia - Não tenho conhecimento.

A pergunta Nr 22 foi: É programa é um sistema de emprego conjunto, ou pelo menos

tem interoperabilidade com os sistemas de simulação das outras forças armadas ?

Alemanha – O sistema necessita ter capacidades de emprego conjunto.

Estados Unidos TRADOC – ... a Simulação Interativa Distribuída dá conta da

integração necessária. Estados Unidos ARSOUTH – Não sei informar. Estados

Unidos CAC – Há interação com as demais forças, com destaque para as operações

terrestres do Corpo de Fuzileiros Navais.

Inglaterra – O programa é desenvolvido para emprego conjunto.

Israel – É um sistema que caso o cliente tenha a necessidade de interoperabilidade, a

empresa poderá vir a atender a demanda.

Rússia – Por ter sido introduzido pelo MD (Ministério da Defesa Russo), contempla [...]

interoperabilidade entre as forças e tropas especiais.

A pergunta Nr 23 foi: Os dados e informações do sistema são, no todo ou em parte,

baseado em dados reais de combate?

Alemanha – Se em uso o sistema necessitará de dados reais.

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Estados Unidos TRADOC – Existe um setor do TRADOC/CAC que se

responsabiliza por introduzir estas experiências de combate nos modelos...

Quanto mais próximo da realidade do combate, melhor!!!. Qual é o problema do

TRADOC hoje? A realidade do combate muda a cada dia e o ciclo de aprendizado tem

de ser reduzido/rápido, para influenciar quem sabe o próximo engajamento em

combate. Por conseguinte os modelos de combate estão sendo constantemente

aperfeiçoados para influenciar o treinamento. É difícil fazer isso rápido. É um desafio

atual!!! Reduzir o tempo de aprendizado e o tempo de modelagem do combate para

inserir novas modificações nos jogos/sistemas de apoio à decisão. Estados Unidos

ARSOUTH – Sim. Estados Unidos CAC - É um sistema utilizado em combate, não é

um simulador.

Inglaterra – O programa é completamente baseado em dados reais.

Israel – Sim.

Rússia – Sim.

A pergunta Nr 24 foi: Qual é o grau de credibilidade perante os planejadores militares

desse sistema quando utilizado como ferramenta de apoio à decisão?

Alemanha – É bem visto, mas com ressalva.

Estados Unidos TRADOC – Na guerra convencional é bem visto. Para o combate ao

terror é controverso. Conclusão: os modelos de combate ao terror ainda estão muito

longe da realidade, provavelmente. Estados Unidos ARSOUTH – Tem bastante

prestígio. Estados Unidos CAC - Não sei.

Inglaterra – É bem visto, mas com ressalva.

Israel – Tem bastante prestígio, é bem visto.

Rússia - É bem visto, mas com ressalva.

A pergunta Nr 25 foi: Qual é o grau de credibilidade perante as autoridades militares

desse sistema quando utilizado como ferramenta de apoio à decisão?

Alemanha – É bem visto, mas com ressalva.

Estados Unidos TRADOC – Na guerra convencional é bem visto. Para o combate ao

terror é controverso. Conclusão: os modelos de combate ao terror ainda estão muito

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longe da realidade, provavelmente. Estados Unidos ARSOUTH – Tem bastante

prestígio. Estados Unidos CAC – Não sei.

Inglaterra – É bem visto.

Israel – É bem visto.

Rússia - É bem visto, mas com ressalva.

A pergunta Nr 26 foi: Qual é o grau de credibilidade desse sistema como uma

ferramenta de apoio à decisão perante as autoridades civis ?

Alemanha – Eu não sei.

Estados Unidos TRADOC – Na guerra convencional é bem visto. Para o combate ao

terror é controverso. Conclusão: os modelos de combate ao terror ainda estão muito

longe da realidade, provavelmente. Estados Unidos ARSOUTH – Tem bastante

prestígio. Estados Unidos CAC – Não sei.

Inglaterra – É bem visto.

Israel – É bem visto.

Rússia - Seu emprego é essencial.

A pergunta Nr 27 foi: Na opinião do Sr. qual o grau de importância que esse sistema

tem no processo de tomada de decisão militar do país onde o Sr. é acreditado?

Alemanha – Seu uso é importante, mas apenas complementa a análise dos membros

do estado-maior e comandante.

Estados Unidos TRADOC – É muito importante. Estados Unidos ARSOUTH – Seu

emprego é importante, mas apenas complementa a análise dos integrantes do Estado-

Maior e Comandante. Estados Unidos CAC – Seu emprego é muito importante, mas o

efeito colateral do seu alcance até o nível tático foi a perda da iniciativa entre os

comandantes subalternos e em alguns estados-maiores de unidade e Bda, pelas

críticas a que tive acesso. Comandantes e estados-maiores ficam excessivamente

dependentes de dados e autorizações do escalão superior para tomarem decisões. A

“intenção do comandante” foi algo praticamente descartado, durante os últimos anos. O

US Army, agora, procur retomar essa iniciativa perdida, que faz falta nas operações

descentralizadas no Iraque e no Afeganistão.

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Inglaterra – Seu emprego é muito importante.

Israel – Seu emprego é essencial.

Rússia – Seu emprego é essencial.

A pergunta Nr 28 foi: Essa confiabilidade se dá pelo (a):

Alemanha – Grau de precisão de seus bancos de dados, baseados em experiências

reais de combate. Avançados modelos de tropas em combate.

Estados Unidos TRADOC – Estados Unidos ARSOUTH – Grau de precisão de seus

bancos de dados, baseados em experiências reais de combate. Avançados modelos de

tropas em combate. Estados Unidos CAC – Creio que ambos se aplicam ao sistema

do US Army, mas não posso afirmar nada sobre o grau de confiabilidade.

Inglaterra – Pelo resultado quando usado em operações reais.

Israel – Grau de precisão de seus bancos de dados, baseados em experiências reais

de combate.

Rússia - Grau de precisão de seus bancos de dados, baseados em experiências reais

de combate. Avançados modelos de tropas em combate.

A pergunta Nr 29 foi: Que tipo de questionamentos, normalmente, são apresentados

ao sistema? (Ex: se a tropa X conquistar o objetivo localizado no P Cot de coordenadas

[WWWW-ZZZZZ] quantas baixas, provavelmente, ocorrerão?)

Alemanha – Determinação de perdas e questões relacionados ao tempo.

Estados Unidos TRADOC – Tudo que se relaciona aos conceitos de desempenho da

Força (os conceitos de eficácia e a proficiência). Estados Unidos ARSOUTH – Não sei

precisar. Estados Unidos CAC – Nunca vi o sistema em operação, nem mesmo

simulada.

Inglaterra – Cálculo de distância e tempos, número de baixas, logística, suporte aéreo

e ambiente conjunto.

Israel – Não há informação.

Rússia – Não tenho conhecimento.

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A pergunta Nr 30 foi: Como é feita a atualização desse sistema? (empresa contratada,

instituição militar)

Alemanha – Pela companhia desenvolvedora do sistema.

Estados Unidos TRADOC – Empresa contratada com a supervisão de técnicos do

Exército dos EUA. Apesar de possuir muitos especialistas, é comum o Exército

contratar empresas para desenvolver estes sistemas. Estados Unidos ARSOUTH –

Empresa contratada. Estados Unidos CAC - Desconheço.

Inglaterra – A atualização é feita por empresas contratadas que trabalhem com

especificações estabelecidas pelos militares.

Israel – Empresa estatal (prioritariamente) ou privada, na área de defesa.

Rússia – Todo o desenvolvimento e atualizações ficam a cargo de instituições militares.

A pergunta Nr 31 foi: Que tipo de saídas o sistema apresenta? (percentual de baixas,

consumo de suprimentos, etc)

Alemanha – Diferentes saídas podem ser definidas, as quase podem incluir

informações de sensores, equipamentos e effectors.

Estados Unidos TRADOC – Resultado do combate é mais relacionado ao conceito de

eficácia. [...] Se a Força for proficiente ou não, também é um resultado importantíssimo,

principalmente para o aperfeiçoamento contínuo da mesma. Estados Unidos

ARSOUTH – Situação da OM (efetivo, nível de suprimento, poder de combate).

Possibilidade de deslocamento por estradas e terreno. Condições meteorológicas, e

outros. Estados Unidos CAC - Desconheço.

Inglaterra – Todas as informações necessárias ao apoio para o processo decisório

podem ser obtidas no programa.

Israel – Percentuais de baixas, consumo de suprimento, entre outros.

Rússia - Não tenho conhecimento.

A pergunta Nr 32 foi: A base de dados que alimenta o sistema de simulação é obtida

de que forma? é baseada em dados históricos, experimentações no terreno com tropa,

dados estimados?

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Alemanha – baseado em dados validados providos por militares e empresas

construtoras.

Estados Unidos TRADOC – dados históricos, experimentações no terreno com tropa,

dados estimados e muitas outras coisas. Estados Unidos ARSOUTH – Dados

históricos e lições aprendidas. Estados Unidos CAC - Desconheço.

Inglaterra – É toda obtida do emprego real das Forças Armadas.

Israel – É baseada em dados históricos, experimentações no terreno com tropa e

dados estimados.

Rússia - Certamente baseia-se em dados históricos, não se descartando alimentação

complemantar com dados experimentais e estimados.

A pergunta Nr 33 foi: É possível obter com o Exército do país onde o Sr está

acreditado algum documento ou fonte de pesquisa que aborde o emprego de sistema

de simulação construtiva como ferramenta de apoio à decisão?

Alemanha – Não, o assunto é classificado.

Estados Unidos TRADOC – Infelizmente, acho que isso será praticamente impossível.

Desde o 11 de setembro as coisas mudaram muito por aqui e creio que só alguns

países que estão juntos com os EUA nesta Guerra ao Terror teriam um acesso

privilegiado ao sistema. Estados Unidos ARSOUTH – Não, o assunto tem tratamento

classificado. Contudo, vale buscar na internet dados adicionais sobre o sistema CPOF

(Command Posto of the Future). Este é o sistema que o Exército dos EUA trabalha.

Estados Unidos CAC – Não, o assunto tem tratamento classificado.

Inglaterra – Aqui na Academia de Defesa do Reino Unido ainda não tive acesso a

essas informações. Não sei se no final do Curso, quando está prevista a realização de

um exercício de simulação, isto será possível.

Israel – Tudo dependerá do contato com a empresa que produz o sistema. A RAFAEL

produz o sistema ABS (Army Battle Simulation) para adestramento de comandante e

estado-maior no nível batalhão até o nível divisão.

Rússia – Não, o assunto é classificado.

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ANEXO H

ENTREVISTA COM ESPECIALISTA DO SISTEMA DE SIMULAÇÃO CONSTRUTIVA

SWORD

A seguir serão apresentados os dados afetos à pesquisa de campo conduzida

através de entrevista ao Sr. Vincente Gallois, representante da empresa francesa

MASA Group, realizada em 14 de junho de 2011, durante o Workshop de Simulação e

Treinamento Militar, Quartel-general do Exército, Brasília-DF.

A pergunta Nr 1 foi: Como é o nome do Sr. e qual é a função que desempenha?

Vincente Gallois, representante do MASA Group, França.

A pergunta Nr 2 foi: O SWORD é empregado como ferramenta de treinamento e

ferramenta de apoio à decisão? Ambas as tarefas. Esse sistema é utilizado para dar

suporte a centros de treinamentos, para apoiar análises, como por exemplo, battlelabs.

A pergunta Nr 3 foi: Em qual escalão?

Brigada e divisão, principalmente.

A pergunta Nr 4 foi: Que perguntas são apresentadas ao sistema SWORD durante a

realização do estudo de Linhas de Ação, em uma operação? Eu posso pesquisar sobre

baixas, sobre logística, por exemplo? A principal ideia do SWORD é que um

comandante, a partir de sua ordem de operações (no sistema SWORD as ordens são

dadas através de documentação operacional e mensagens, como em uma situação

real), poderá colocar em prática uma Linha de Ação escolhida. Através desses meios as

organizações militares subordinadas simuladas irão buscar cumprir essas ordens. A

partir daí o Sistema apresentará número de baixas, consumo de recursos, quanta

munição empregada, quanto combustível empregado.

A pergunta Nr 5 foi: A base de dados do Sistema SWORD é obtida de que forma?

A base de dados do Sistema SWORD é customizável, de acordo com as necessidades

do cliente, com seus próprios sensores, sistemas de armamentos.

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A pergunta Nr 6 foi: Base de dados de combate reais, também?

O sistema é baseado em precisos módulos estatísticos e físicos criados a partir das

informações do cliente.

A pergunta Nr 7 foi: O Sistema SWORD já foi empregado em operações reais? Sim. O

sistema [...] está sendo experimentado para a análise de Linhas de Ação em apoio a

operações reais.

A pergunta Nr 8 foi: Como o Exército Francês vê o sistema? É um sistema importante?

É um bom sistema?

O Exército Francês já emprega o SWORD há vários anos, em suas várias versões. A

Força emprega bastante o sistema e realiza um intenso trabalho de customização.

A pergunta Nr 9 foi: É fácil inserir dados, ou modelos, e modificá-los no sistema?

O sistema é muito “amigável” para a realização de atualizações. Os dados podem ser

rapidamente modificados.

A pergunta Nr 10 foi: É empregado na operação do sistema SWORD profissionais na

função de analistas para operar o sistema e informar os resultados das simulações para

os comandantes e seus estados-maiores? São militares ou civis?

Sim. Ambos.

A pergunta Nr 11 foi: O sistema funciona de forma conjunta, com outras forças e

agências?

O sistema representa outras forças como unidades da Marinha e Força Aérea. É

também e capaz de se integrar a sistemas de comando e controle e a outros sistemas

de simulação (através do protocolo HLA, entre outros).

A pergunta Nr 12 foi: o sistema SWORD tem uma estrutura de proteção de dados

sigilosos e sensíveis que são neles inseridos?

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Quando o cliente customiza e insere seus dados eles são gravados de forma segura.

A pergunta Nr 13 foi: Como o sistema SWORD facilita o trabalho do comandante e do

seu estado-maior? Como o sistema facilita o estudo de Linhas de Ação (L Aç)?

Quando se realiza a simulação de um determinado combate se consegue visualizar

uma grande variedade de tropas buscando se movimentar, sem ser necessária a

existência de vários controladores e outros militares para operar cada força. O istema

emprega Inteligência Artificial para criar o comportamento das forças simuladas. Em um

clique se pode controlar várias unidades.

A pergunta Nr 14 foi: A Inteligência Artificial empregada nesse Sistema é baseada em

estudos do comportamento?

É baseada no consenso de comportamento geral de uma determinada força levando

em conta nossos armamentos, fruto de estudos e expertise da OTAN sobre o assunto.

Mas esses aspectos de comportamento de uma força podem ser customizados.

A pergunta Nr 15 foi: que plataforma de hardware é empregada para fazer funcionar o

sistema?

O sistema pode funcionar em um computador tipo PC (Personal Computer) baseado em

Windows, inclusive em um notebook.

Para um exercício, que irão envolver diversas máquinas, deverá existir um servidor

dedicado.

A pergunta Nr 16 foi: Qual precisão é a precisão que os resultados apresentados pelo

sistema apresentam (em porcentagem)? O que sei é que a base de dados é bastante

precisa, e os resultados são confiáveis.

A pergunta Nr 17 foi: Então, o sistema é confiável para servir como ferramenta de

apoio à decisão em uma operação real?Sim.

A pergunta Nr 18 foi: E os usuários, o que falam sobre o Sistema SWORD?

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268

O sistema é moderno, reduz a quantidade de trabalho necessário para a operação. São

observações bastante positivas.

A pergunta Nr 19 foi: o Sistema é empregado ligado a sistemas de comando e

controle, recebendo dados em tempo real?

Sim, para isso há a necessidade do emprego de programa de interface. Neste casos

várias informações podem ser atualizadas, como por exemplo, dados posições das

tropas. Os dados podem ser modificados automaticamente ou pelo usuário.

A pergunta Nr 20 foi: este Sistema tem alguma aplicação dedicada especificamente à

análise? Há ferramentas de Pesquisa Operacional inseridas nesse Sistema?

O sistema apresenta resultados estatísticos que podem ser levados em conta na

comparação entre as Linhas de Ação, como consumo de munições, entre outros.

O Exército Francês utiliza dados analisados providos por seus analistas. Alguns desses

dados são empregados no Sistema SWORD.

A pergunta Nr 21 foi: No Exército Francês que o Órgão é responsável pelo emprego

do Sistema SWORD? O Centro de Treinamento do Exército Francês (para emprego no

escalão brigada), e em institutos de pesquisa para o emprego do Sistema como

BattleLab. O Exército Suíço, o Exército do Perú, entre outras Forças, também

empregam o SWORD para essas atividades.

A pergunta Nr 22 foi: o Sistema pode ser empregado, com algumas modificações para

a simulação de outras atividades? Sim, pode ser empregado, por exemplo para simular

catástrofes humanitárias e naturais.

Verifica-se aqui a versatilidade do programa SWORD, pois esse sistema pode

ser empregado em diversas atividades de instrução, desenvolvimento de doutrina e

emprego operacional. Foi verificado também que o sistema funciona sem travamentos

ou dificuldades. Entretanto este pesquisador não pôde confirmar se isso compromete a

precisão da representação do combate realizada pelos modelos. O representante

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também não informou detalhes de como é feita a customização do sistema para a

realidade de emprego dos clientes.

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APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO DISTRIBUÍDO PARA OS ADIDOS MILITARES

ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITOESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO

PESQUISA DE CAMPO PARA TRABALHO DE DOUTORADO(requisito para a obtenção do título de Doutorado em Ciências Militares)

Tema: O Uso da Simulação Construtiva como Ferramenta de Apoio à Tomada de Decisão: Uma proposta de utilização no Exército Brasileiro

Objetivo: Levantar conceitos, dados e obter documentação necessária à consecução do referido trabalho.

Autor: Maj Eng André Luiz Nobre Cunha.

Email: [email protected]

O Exército Brasileiro (EB) reúne mais de duas décadas de experiência no desenvolvimento e aplicação de sistemas de simulação construtiva (como os sistemas GUARINI, SABRE e o COMBATER) para fins de adestramento de estados-maiores. Entretanto, desde o final do século passado houve um considerável avanço no emprego dessa ferramenta, graças aos avanços da tecnologia da informação (processamento, armazenamento, novos algoritmos, novos protocolos de comunicação entre sistemas), tornando-a mais confiável para a visualização antecipada das consequências de uma determinada Linha de Ação (LA) no emprego de tropas em cenários táticos, e apta como meio de apoio à decisão em operações reais.

De acordo com SHIMAMOTO (2000):

...as forças armadas de algumas nações experimentaram benefícios do emprego da simulação de combate dirigida por computador para treinar oficiais, ensaiar futuras missões e explorar táticas. [...] Desde meados da década de 70, os cientistas da computação do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, trabalhando no Laboratório de Simulação de Conflito, foram pioneiro no desenvolvimento de programas extremamente realistas para o Departamento de Defesa.[…] Estes programas foram empregados na Operação Justa Causa no Panamá e na Operação Tempestade no Deserto no Oriente Médio, como

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também para o planejamento de combate na Somália, Bósnia, e outros pontos problemáticos internacionais. (grifo nosso) P. 4

SHIMAMOTO, Faith. Simulating warfare is no video game.Science & Technology Magazine. Lawrence Livermore National Laboratory, Livermore, p. 4-11 , january/febuary 2000.

O presente trabalho científico buscará oferecer subsídios para a concepção de um sistema de simulação construtivo em apoio à decisão para o EB. Em face do exposto, solicito-vos possibilidade de responder os itens abaixo e, se possível, remetê-los para este postulante até 5 de abril de 2011.

QUESTIONÁRIO:

1. Qual o posto/nome do Sr? Em qual país o Sr está acreditado?______________________________________________________________________

2. A força terrestre do país onde o Sr. está acreditado tem realizado reestruturação de seu sistema de Comando e Controle de forma a acelerar o ciclo decisório em operações? ( ) Não tenho conhecimento;( ) Possui um sistema em desenvolvimento;( ) Possui um sistema já em operação;( ) Possui um sistema adaptado de outro; ( ) Não possui esse tipo de sistema, mas planeja ter. ( ) Não possui esse tipo de sistema. ( ) Outro ________________________________________________________.

3. Caso afirmativo, que tipo de tecnologia da informação essa força passou a empregar?( ) softwares de comando e controle;( ) auxílio à decisão;( ) outros________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Caso a força empregue sistemas de apoio à decisão, esse sistema emprega módulos ou programas de simulação construtiva de combate como ferramenta de apoio à decisão? Ou seja, o Sr. tem conhecimento se o Exército do país onde o Sr está acreditado utiliza a simulação construtiva como ferramenta de apoio à decisão?( ) Não tenho conhecimento;( ) Possui um sistema em desenvolvimento;( ) Possui um sistema já em operação;

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( ) Possui um sistema adaptado de outro já existente e voltado para Adestramento;( ) Não possui esse tipo de sistema, mas planeja ter. ( ) Não possui esse tipo de sistema. ( ) Tal emprego é desconhecido por essa Força.( ) Outro ________________________________________________________.

5. Caso esteja em desenvolvimento, quais são as dificuldades que essa Força está encontrando na implementação da ferramenta de simulação?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. Em que escalão esse sistema é empregado (ou se pretende empregar)? Mais de uma opção pode ser marcada.( ) Estratégico( ) Operacional (Força Combinada/Conjunta)( ) Tática (Força Terrestre Componente)( ) Tático (Exército de Campanha)( ) Tático (Divisão de Exército)( ) Tático (Brigada)

7. Caso o Exército do país onde o Sr está acreditado possua tal sistema, com que finalidade este é empregado? ( ) Visualização do desenrolar de operações planejadas;( ) Experimentações doutrinárias;( ) Adestramento de comandantes e estados-maiores;( ) Outros____________________________________________________________________________________________________________________________________________

8. Em qual escalão esse sistema é empregado com maior efetividade (como resultados mais relevantes para o planejamento militar) como ferramenta de apoio à decisão (Estratégico, Operacional, Tático/Exército de Campanha, Tático/Divisão de Exército, Tático/Brigada-Regimento)? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

9. Qual é a percepção que a Força Terrestre desse país tem do sistema de simulaçãocomo apoio ao processo decisório? ( ) É fundamental e insubstituível, face às demandas dos cenários e sistemas de armas modernos;

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( ) É fundamental, ainda que possa ser substituído por outras ferramentas de apoio à decisão;( ) É importante para o processo ( ) É importante, mas prescindível;( ) Serve apenas de meio auxiliar;( ) Serve apenas de meio auxiliar, sendo totalmente dispensável( ) Não sei;( ) Outra__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10. Na avaliação do Sr. qual foi o maior ganho proporcionado pela adoção desse sistema?( ) Mudanças estruturais no processo de planejamento de operações militares;( ) Obtenção de maior precisão no processo de análise de situação e tomada de decisão;( ) Diminuição do tempo necessário até a tomada de decisão;( ) Outros____________________________________________________________________________________________________________________________________________

11. Como esse Sistema foi desenvolvido (pelo Ministério da Defesa, pelas forças singulares, por universidades em apoio ao ministério da defesa, por centros de pesquisa em apoio ao ministério da defesa, empresa privada)?____________________________________________________________________________________________________________________________________________

12. Existem estruturas (órgãos) militares ou civis de apoio para coletas de dados reais de combate ou realização de estimativas , de maneira a serem utilizados em sistemas de simulação construtiva de combate? Quais?____________________________________________________________________________________________________________________________________________

13. Existem órgãos militares ou civis que transformam esses dados em modelos estatísticos ou matemáticos para posterior emprego em sistemas de simulação construtiva de combate?____________________________________________________________________________________________________________________________________________

14. Em que etapas do processo de tomada de decisão esse sistema de simulação construtivo é utilizado?( ) Análise de situação;( ) Planejamento;( ) Tomada de decisão;( ) Controle das operações;

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( ) Todas as etapas acima;( ) Nenhuma delas;( ) Outras ____________________________________________________________________________________________________________________________________________( ) Não sei.

15. Em qual deles apresenta maior ganho quando empregado? (mais de uma opção pode ser marcada)( ) Análise de situação;( ) Planejamento;( ) Tomada de decisão;( ) Controle das operações;( ) Todas as etapas acima;( ) Nenhuma delas;( ) Outras ____________________________________________________________________________________________________________________________________________( ) Não sei.

16. O Sr poderia detalhar como é feito esse emprego do sistema de simulação construtiva?____________________________________________________________________________________________________________________________________________

17. No caso da fase Tomada de Decisão, o sistema do Exército desse país é empregado na análise comparativa de linhas de ação (LAç) ?____________________________________________________________________________________________________________________________________________18. O emprego de tal ferramenta efetivamente acelera o ciclo decisório?____________________________________________________________________________________________________________________________________________

19. Quais dificuldades dos decisores foram sanadas ou minoradas?( ) Problemas de atenção (dificuldade de focar a atenção em várias informações sendo recebidos recebidas ao mesmo tempo);( ) Problemas de compreensão (dificuldade em organizar, resumir e utilizar informações para formar inferências sobre conexões causais de eventos e sobre características relevantes do ambiente);( ) Problemas de memória (dificuldades em manter e recuperar informações no momento apropriado); ( ) Problemas de comunicação (dificuldades em comunicar informações, compartilhar informações complexas e especializadas)( ) Outros ____________________________________________________________________________________________________________________________________________

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20. Quais deficiências do método militar de estudo de situação do comandante tático foram sanadas? ( ) Necessidade de tempo para realizar a ANÁLISE DE LINHAS DE AÇÃO OPOSTAS (*);( ) Dificuldades em realizar a ANÁLISE DE LINHAS DE AÇÃO OPOSTAS devido a sua complexidade;( ) Outras.____________________________________________________________________________________________________________________________________________( ) Nenhuma.

(*) Prevista no parágrafo 3º do ESTUDO DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE TÁTICO DO Exército Brasileiro, nesta fase se faz reagir as Linhas de Ação (L Aç) do inimigo e, particularmente, contra a sua L Aç mais provável. ECEME/CAEM. Apostila 01/01. Estudo de Situação do Comandante Tático em Operações Defensivas. Doc Nr 41.

21. Para isso são empregados analistas em apoio?____________________________________________________________________________________________________________________________________________

22. É programa é um sistema de emprego conjunto, ou pelo menos tem interoperabilidade com os sistemas de simulação das outras forças armadas ?____________________________________________________________________________________________________________________________________________

23. Os dados e informações do sistema são, no todo ou em parte, baseado em dados reais de combate? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________

24. Qual é o grau de credibilidade perante os planejadores militares desse sistema quando utilizado como ferramenta de apoio à decisão?( ) Tem bastante prestígio;( ) É bem visto;( ) É bem visto, mas com ressalva;( ) É controverso;( ) É vista com ceticismo;( ) Não sei.( ) Outro ________________________________________________________.

25. Qual é o grau de credibilidade perante as autoridades militares desse sistema quando utilizado como ferramenta de apoio à decisão?( ) Tem bastante prestígio;( ) É bem visto;( ) É bem visto, mas com ressalva;( ) É controverso;

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( ) É vista com ceticismo;( ) Não sei.( ) Outro ________________________________________________________.

26. Qual é o grau de credibilidade desse sistema como uma ferramenta de apoio à decisão perante as autoridades civis ?( ) Tem bastante prestígio;( ) É bem visto;( ) É bem visto, mas com ressalva;( ) É controverso;( ) É vista com ceticismo;( ) Não sei.( ) Outro ________________________________________________________.

27. Na opinião do Sr. qual o grau de importância que esse sistema tem no processo de tomada de decisão militar do país onde o Sr. é acreditado?( ) Seu emprego é essencial;( ) Seu emprego é muito importante;( ) Seu emprego é importante;( ) Seu emprego é importante, mas apenas complementa a análise dos integrantes do Estado-Maior e Comandante;( ) É apenas um acessório ao processo de tomada de decisão. Suas informações não impactam o resultado final (decisão).

28. Essa confiabilidade se dá pelo (a):( ) Grau de precisão de seus bancos de dados, baseados em experiências reais de combate;( ) Pelos seus avançados modelos de tropas em combate;( ) Ambas as respostas acima;( ) Outros motivos ____________________________________________________________________________________________________________________________________________

29. Que tipo de questionamentos, normalmente, são apresentados ao sistema? (Ex: se a tropa X conquistar o objetivo localizado no P Cot de coordenadas [WWWW-ZZZZZ] quantas baixas, provavelmente, ocorrerão?)__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

30. Como é feita a atualização desse sistema? (empresa contratada, instituição militar)____________________________________________________________________________________________________________________________________________

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31. Que tipo de saídas o sistema apresenta? (percentual de baixas, consumo de suprimentos, etc)____________________________________________________________________________________________________________________________________________

32. A base de dados que alimenta o sistema de simulação é obtida de que forma? é baseada em dados históricos, experimentações no terreno com tropa, dados estimados? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________

33. É possível obter com o Exército do país onde o Sr está acreditado algum documento ou fonte de pesquisa que aborde o emprego de sistema de simulação construtiva como ferramenta de apoio à decisão? ( ) Sim( ) Não, o assunto tem tratamento classificado.

Agradeço ao Sr pelos valiosas informações.

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APÊNDICE B

SITUAÇÃO TÁTICA EMPREGADA NO ESTUDO DE CASO

CASO ESQUEMÁTICOFUNDAMENTOS DA DIVISÃO DE EXÉRCITO NAS OPERAÇÕES OFENSIVAS –

(EXTRATO)

SITUAÇÃO GERAL(Hipotética)

1. No início do século XIX, o Continente AUSTRAL passou por lutas internas entre

os países recém-independentes para a definição das fronteiras, que resultaram em

algumas áreas de fricção.

2. Nos meados do século XX, o País VERDE e o País VERMELHO mobilizaram

forças pela disputa da região a Este do Rio PIRATINI (Calco Nr 1), O País VERMELHO

alegou que a fronteira entre os dois países deveria ser balizada por aquele rio,

conforme a antiga divisão do Vice-Reinado. Os países da região, visando à manutenção

da paz continental e atendendo a resolução do Organismo de Segurança Regional

(OSR), reuniram uma força de paz sob a liderança do País AZUL e obtiveram sucesso

em impedir a guerra entre os dois países, não conseguindo, entretanto, chegar a um

acordo em relação à conformação da linha de fronteira.

3. No decorrer dos anos, o País AZUL incrementou a aproximação com o País

VERDE, pautada, basicamente, na ampliação das relações econômicas (comércio e

investimentos) e fruto de uma política externa pragmática e interessada na manutenção

da paz regional. Esta postura política foi facilitada pela franca simpatia da população do

País VERDE e pelos fortes vínculos psicossociais com o País AZUL.

4. O País AZUL possui a economia mais desenvolvida do continente. Os acordos

bilaterais favoreceram o bom relacionamento entre os dois países. Diversas empresas

azuis estabeleceram-se no País VERDE.

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5. A exploração de gás natural e petróleo na região Norte do País VERDE,

particularmente no Vale do Rio IJUIZINHO (760 – 6840) fomentou a instalação da

PETROAZUL (empresa responsável pela exploração de petróleo e gás natural do País

AZUL) e de indústrias petroquímicas.

6. Apesar dos investimentos azuis, a economia do País VERDE não é bem

desenvolvida, sendo exportador de produtos agropecuários de baixo valor de mercado.

7. Um acordo celebrado entre os dois países possibilitou que, no início do século

XXI, fosse concluída a construção do gasoduto VERDE- AZUL o que permitiu a

alteração da matriz energética azul e a utilização de gás natural em diversas indústrias.

Um ramal do gasoduto liga-se ao Sul do País BRANCO.

8. O País VERMELHO teve um desenvolvimento econômico conturbado e

marcado por diversas crises econômicas, sendo dependente da exportação de produtos

agropecuários. A energia elétrica utilizada no Oeste do país é, basicamente, fornecida

por usinas termelétricas a carvão mineral explorada na região de PASSO FUNDO (fora

da carta) e CARAZINHO (310 – 6860).

9. Em A-6, uma facção política radical e antagônica aos interesses do País AZUL,

assumiu o Governo do País VERMELHO e retomou na sua pauta de governo a revisão

de suas fronteiras com o País VERDE.

10. Em A-5, o OSR julgou improcedente o pedido de revisão das fronteiras movido

pelo Governo do País VERMELHO. O País AZUL e o País VERDE assinaram um

acordo de cooperação militar visando a defesa de interesses nacionais azuis em

território Verde em caso de agressão por parte dos vermelhos. Tal ato foi homologado

pelo OSR e contestado pelo País VERMELHO na Assembléia do Organismo de

Segurança Mundial (OSM).

11. A partir daí, o Governo Vermelho passou a realizar intensa propaganda,

buscando incutir em outros países do continente a idéia de que seus direitos sobre a

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área foram violados no passado e da legitimidade de uma possível ação militar para a

retomada da região à força, se necessário.

12. O Ministério da Defesa do País AZUL, criado em 1999, tem encontrado

dificuldade em atualizar o material de defesa devido aos baixos investimentos nos

últimos anos.

13. O País VERDE não possui forças armadas de expressão, tendo emprego

prioritário na defesa de sua capital e para a manutenção da integridade de parte de seu

território. A constituição, equipamento e material das FA Verdes são idênticos aos

usados pelos azuis, estando, no entanto, necessitando de renovação.

14. A Região das Missões abrange a região SE do País AZUL, S do País

BRANCO e N do País VERDE, sendo os seus sítios históricos considerados como

patrimônio histórico do continente.

[...]

* * *

1ª SITUAÇÃO PARTICULAR

1. Em A-4, o País VERMELHO intensifica a campanha interna e ostensiva, através dos

meios de comunicação, procurando incutir em seu próprio povo a possibilidade de uma

guerra, necessária à consecução de seus objetivos de expansão territorial.

2. As FA Vermelhas preparam um plano de investimentos visando à modernização do

armamento e equipamento e ao aumento de efetivos de suas FA. Além disso, tem

realizado Exe de Ades com os quadros, a fim de testar seus planejamentos.

3. Em virtude da ameaça exercida pelo País VERMELHO, o Ministério da Defesa do

País AZUL vem atualizando seus Plj visando a atender às suas HE.

Para atender ao planejamento da HE, o Presidente da República ativa o CTOT

SUDESTE, determinando ao Comando Militar do Sudeste (CMSE) a realização dos

seus planejamentos operacionais.

A diretriz emitida pelo Ministério da Defesa prevê o seguinte:

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O TOT SE compreende a parte ao SE do Ter Azul, a porção ao N do Rio VACACAÍ e

a região N e NE do Ter Verde e a porção W e SW do Ter Vermelho até o Rio JACUÍ.

7. O CTOT SUDESTE ficou assim estruturado:

8. O Parlamento do País VERDE autorizou o uso do território verde pelas FA Azuis e a

subordinação de suas FA à FTTOT Ald.

9. Em seu P Cmp o CTOT SE prevê o emprego da FTTOT Ald em território verde e

vermelho e determina à FAC que, após Rlz a Cmp aeroestratégica, priorize as ações do

V Ex Cmp.

10. A FTTOT Ald elaborou 02 (duas) hipóteses:

Guerra limitada, convencional e preventiva contra o País VERMELHO, para a

legítima defesa da Intg dos territórios azul e verde e dos interesses nacionais

azuis em território estrangeiro e a obtenção de uma paz duradoura no continente

AUSTRAL.

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11. Considerada a Hip ALFA como Prio, o Cmt FTTOT Ald expediu a sua decisão:

A fim de colaborar com o CTOT em assegurar a integridade do País VERDE e

na criação das melhores condições para as futuras negociações de paz, a partir de D/H,

antecipando-se ao Ini e conduzindo Op Mil em território verde e vermelho, manter a

integridade do território verde, reduzir o poder militar terrestre e o poder econômico do

País VERMELHO. Para isso, empregará:

- Em uma 1ª Fase:

HIPÓTESE ALFA

1. As F Ter do País AZUL concluem sua concentração ao W da linha de fronteira AZUL –

VERDE.

2. As F Ter do País VERMELHO estão atrasadas em sua concentração.

3. As forças do País AZUL transpõem a linha de fronteira AZUL – VERDE na Dire E em D/H.

4. As forças do País VERMELHO têm condições de:

a. cobrir a concentração dos seus meios em ações no território verde a partir de D/H+1,

empregando as tropas de sua F Cob de Pronta Resposta; e

b. Estb uma P Def na linha da fronteira Verde – Vermelha, balizada pelos rios JACUÍ (290 -

6810) e JACUÍ-MIRIM (280 - 6830) ou na linha balizada pelo Rio BOTUCARAÍ (fora da carta), Rio

COLORADO (310 - 6840), Ar COTOVELO (300 - 6850) e Rio DA VÁRZEA (310 - 6870).

[...]

HIPÓTESE BRAVO

1. A concentração das forças terrestres do País AZUL encontra-se atrasada em relação à das

forças vermelhas.

2. O País AZUL, ainda com sua concentração incompleta, antecipa-se ao Ini e inicia o Mvt a

partir da fronteira com o País VERDE em D/H, empregando 01 Cmdo DE, 02 Bda Inf Bld, 02 Bda

C Mec e 01 Bda Inf Mec (F Cob Pronta Resposta).

3. As forças do País VERMELHO têm condições de:

a. a partir de D/H+1, invadir o território do País VERDE, para opor-

se ao avanço das forças Azuis; e

b. a partir de D+7, empregar a totalidade de seus meios em

operações ofensivas, realizando o esforço principal na Dire CARAZINHO (310 -

6960) – IJUÍ (210 - 6850) – SÃO LUIZ GONZAGA (690 - 6850).

4. Não há possibilidade de Emp de armas QBN por parte dos contendores.

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- o V Ex Cmp, na Dire estratégica, de W para E, País AZUL – País VERDE -

País VERMELHO, Rlz Op Ofs para restabelecer a integridade do País VERDE e criar

condições de prosseguir em Op Ofs no Ter Vm; e

- a 1ª DE Vrd, na Dire Estrt, de S para N, País VERDE - País VERMELHO, ao

NE do País VERDE, Rlz Op Def para manter a integridade do País VERDE.

- Em fases posteriores, Emp o V Ex Cmp, para reduzirá o poder militar terrestre

e o poder econômico do País VERMELHO. Continuará Emp a 1ª DE Vrd para Mnt a

integridade do Ter Verde.

* * *

2ª SITUAÇÃO PARTICULAR

(DE na marcha para o combate)

1. Após concluir o Plj para a realização da 1a fase de sua manobra (realizar Op Ofs

a fim de manter a integridade do Ter Verde e criar condições de prosseguir em

Op Ofs no Ter Vm ), o Cmt V Ex Cmp emitiu o Plano de Op MISSÕES, cujo

extrato é o seguinte:

(CLASSIFICAÇÃO SIGILOSA)

Composição dos meios

11ª DE

- Cmdo e B Div

- 41ª Bda Inf Bld

- 51ª Bda Inf Mec

- 24ª Bda C Bld

- 20ª Bda C Mec

- 21ª Bda C Mec

- 5º Esqd Av Ex

12ª DE

- Cmdo e B Div

- 42ª Bda Inf Bld (mobilizada)

- 52ª Bda Inf Mec

- 22ª Bda C Mec

....

1. SITUAÇÃO

a. Forças inimigas

- Anexo A – INTELIGÊNCIA.

b. Forças amigas

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- A 1ª DE Vrd manterá a Intg Ter do País VERDE na região NE.

- A FAC, após a Cmp aeroestratégica, Prio nossas ações do V Ex Cmp.

- É intenção do Cmt FTTOT Ald a realização de uma campanha rápida e que

cause o mínimo desgaste ao patrimônio e à população do País VERDE.

c. Meios recebidos e retirados

Conforme composição dos meios.

d. Hipótese considerada

As F Ter do País AZUL concluem sua concentração ao W da linha de fronteira

AZUL – VERDE e iniciam o Mvt para Este em D/H. As F Ter do País VERMELHO estão

atrasadas em sua concentração e mobilização. As forças do País VERMELHO têm

condições de cobrir a concentração dos seus meios em ações no território verde a partir

de D/H+1, empregando tropas de sua F Cob de Pronta Resposta; e Estb uma P Def, ao

N, na linha dos rios JACUÍ e JACUÍ-MIRIM ou na linha balizada pelo Rio COLORADO,

Ar COTOVELO e Rio DA VÁRZEA (310 - 6870) e, ao Sul, no corte do Rio JACUÍ (fora

da carta) ou no corte do Rio BOTUCARAÍ (fora da carta).

2. MISSÃO

a. A fim de colaborar com a FTTOT Ald na manutenção da integridade do País

VERDE e na redução do poder militar terrestre e do poder econômico do País

VERMELHO, a partir de D/0500, na Dire estratégica, de W para E, País AZUL – País

VERDE - País VERMELHO, Rlz Op Ofs para restabelecer a integridade do País VERDE

e para criar condições de prosseguir em Op Ofs no Ter vermelho.

b. É minha intenção assegurar, ao longo de cada DTA, pelo menos uma região de

passagem sobre os rios JACUÍ e JACUÍ-MIRIM.

3. EXECUÇÃO

a. Conceito da operação

1) Manobra

O V Ex Cmp conduzirá Op Ofs para restabelecer a integridade do País

VERDE e criar condições de prosseguir em Op Ofs no Ter vermelho, para isso:

a) Em uma 1ª fase, realizará uma M Cmb na Dire G E empregando:

(1) em 1o Escalão:

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- a 11a DE, ao N, como reguladora do movimento do V Ex Cmp, na

direção SÃO BORJA (fora da carta) – CARAZINHO (310 - 6860), para Conq e manter

as regiões de Psg sobre o Rio JACUÍ-MIRIM; e

- a 12a DE, ao S, na direção SÃO PEDRO DO SUL (fora da carta) –

SANTA CRUZ DO SUL (fora da carta), para Conq e manter as regiões de Psg sobre o

Rio JACUÍ.

(2) em 2o Escalão:

- o restante dos meios do V Ex Cmp.

b) Em uma 2ª fase, cercará o Ini.

c) Em uma 3ª fase, destruirá o Ini cercado.

d) Em fases posteriores, conquistará regiões de valor econômico do País

VERMELHO.

....

b. 11ª DE

- só ultrapassar a L Ct MATE Mdt O;

- não ultrapassar a L Ct FRONTEIRA;

- priorizar a Conq das regiões Psg da Rdv 223 (260 – 6850);

- empregar pelo menos 1 Bda como F Cob, realizando missões de segurança e

ações de reconhecimento de eixo;

- ligar-se com a 12a DE nos P Lig 1, 2 e 3; e

- Mdt O, participar do cerco do inimigo.

c. 12ª DE

- só ultrapassar a LCt MATE e a L Ct CHARRUA Mdt O;

- empregar pelo menos 1 Bda como F Cob, realizando missões de segurança e

ações de reconhecimento de eixo;

- ligar-se com a 11a DE nos P Lig 1, 2 e 3; e

- Mdt O, participar do cerco do inimigo.

.....

(CLASSIFICAÇÃO SIGILOSA)

* * *

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3a SITUAÇÃO PARTICULAR

(DE NO ATAQUE COORDENADO)

1. EVOLUÇÃO DOS ACONTECIMENTOS

No início do ano A, o Governo Vermelho, com o objetivo de mascarar as dificuldades

econômicas pelas quais vêm passando o país, intensifica a campanha para justificar a

solução da crise das fronteiras com o País VERDE pelo uso das armas e inicia a

preparação e mobilização de suas forças armadas.

Em Mar/A, o País AZUL adverte o País VERMELHO, no OSM, da necessidade de

busca de uma solução diplomática para o impasse, determina a ativação do CTOT SE

para atualização de seus planejamentos de guerra e inicia a mobilização de seus

meios.

No início de Set/A, não tendo chegado a uma solução pacífica para a disputa da

região Norte do País VERDE, o Governo do País AZUL, autorizado pelo Congresso

Nacional, determina a ativação do TOT SE e inicia a concentração de suas forças na

região Sudeste, como uma última tentativa de dissuadir os vermelhos.

O País VERDE inicia uma evacuação emergencial nas cidades da região Norte.

Entretanto, sem obter resultados expressivos. Apenas pequena parcela da população

abandonou voluntariamente a região.

As forças do País VERMELHO iniciam também a sua concentração estratégica.

Em D-7, a F Ae Azul inicia a campanha aeroestratégica, obtendo sucesso na

destruição de parte dos meios aéreos vermelhos e dando condições para iniciar a

campanha terrestre.

Em D, o V Ex Cmp inicia a M Cmb. Após sofrer um retardo em seu avanço para o

Este devido a ação da F Ae vermelha, estabelece contato com as forças terrestres

vermelhas a W da L Ct URUBU, passando a ser retardado pela 11ª Bda Inf Mec, ao N, e

pela 12ª Bda Inf Mec e 01 (uma) FT RCC, ao S.

Em D+3, o V Ex Cmp, tendo sofrido pequeno desgaste de suas forças, atinge a linha

balizada pelo Rio IJUIZINHO, Ar GUAÇUÍ, Ar SANTA TECLA e Rio BUTIÁ (fora das

cartas) e encontra forte resistência do Ini.

Prosseguindo em seu planejamento, o Cmt V Ex Cmp atualiza os planejamentos

visando ao restabelecimento da fronteira do País VERDE e destruição da maioria de

meios do País VERMELHO.

Em sua diretriz para essa fase, o Cmt V Ex Cmp destacou como prioritária a variante

I da Hipótese PAMPA e que visa ao rompimento da P Def Ini.

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287

Em D+4/1000, O Cmt V Ex Cmp emitiu a O Op PAMPA I, cujo extrato é o que se

segue:

(Classificação Sigilosa)

Exemplar Nr

V Ex CmpSÃO LUIZ GONZAGAD+4/1000SOO-08

ORDEM DE OPERAÇÕES PAMPA I

(Crt REGIÃO SUL do BRASIL; Esc 1:250.000 Crt REGIÃO SUL DO BRASIL, Esc 1:250.000, Fl CRUZ ALTA – SANTO ÂNGELO)

COMPOSIÇÃO DOS MEIOS

11ª DE- Cmdo e B Div- 41ª Bda Inf Bld- 31ª Bda Inf L (Amv) (Ct Op, Mdt O)- 51ª Bda Inf Mec- 20ª Bda C Mec- 21ª Bda C Mec- 541º GAC 155 AP- 543º GAC 155 AP- 551º GAC LMF (Mdt O)- 511o GAAAe (-1ª Bia)- 1ª/51º GBA (Mdt O)- Elm CLEx/V- Dst Intlg Mil

12ª DE- Cmdo e B Div- 42ª Bda Inf Bld (mobilizada)- 52ª Bda Inf Mec- 57ª Bda Inf Mtz- 22ª Bda C Mec- 532º GAC 155 AR- 533º GAC 155 AR- 1ª/511º GAAAe- 1º/Cia Com Cnst/53º B Com Intg- Elm CLEx/V- Dst Intlg Mil

13ª DE- Cmdo e B Div- 53ª Bda Inf Mec- 54ª Bda Inf Mec- 25ª Bda C Bld (mobilizada)- 23ª Bda C Mec- FT Amv 311º BIL (Ct Op, Mdt O)

- 311º BIL- 1º Esqd Av Ex (Ct Op, Mdt O)

31ª Bda Inf L (Amv)- 31ª Bda Inf L (Amv) (- 311º BIL)

HIPÓTESE PAMPA – Variante I

O Ini concentra a maioria dos seus meios na região N do País VERDE, na DTA balizada pelas Rdv que, de oeste, demandam a IJUÍ e CRUZ ALTA.

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288

- 1º Esqd Av Ex- 1ª/4º Esqd Av Ex

- 1ª/31º GAC 105 AR L

- 1a/31a Bia AAAe L

- 1º/31ª Cia E Cmb L

- Seç Op GE Trnp/Pel Op GE/13ª

Cia GE

- 51º RCC- 531º GAC 155 AR- 542º GAC 155 AP

- 1ª/512º GAAAe

- 1ª/511º BE Cmb (até a Conq O2)

- 1º/581ª Cia E Pnt Pa

- 1º/1ª/54º BGE- 1ª/Cia Com Rcs Loc/53º B Com Intg- Elm CLEx/V- Dst Intlg

Bda Av Ex (Ct Op, Mdt O)- Bda Av Ex [- 1º Esqd Av Ex (+ 1ª/4º Esqd Av Ex)]

A Ex/V- 24 GAC 155 AP (Ct Op)- 53º GAC 155 AP (Ct Op, Mdt O)- 551º GAC LMF (Mdt O, Ref à 12ª DE)- 552º GAC LMF- 553º GAC LMF- 51º GBA (-1ª Bia Mdt O)

Bda AAAe/V- 512º GAAAe (-1ª Bia AAAe)- 513º GAAAe

E Ex/V- 51º Gpt E (-1ª/511ºBE Cmb, até

a Conq O2)

- 52º Gpt E- 53º Gpt E (- 1º/581ª Cia E Pnt Pa)

GCE CLEx/V

Tr V Ex Cmp Reserva- 24a Bda C Bld

1. SITUAÇÃO

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289

a. Forças inimigas

1) Conforme Clc Nr 6.

2) O Ini tem Cndc de desenvolver ações de MEA e CME na parte N da Z Aç.

3) O inimigo iniciou os Trab OT em D+1/0800.

4) O moral de suas tropas é considerado normal. O Exército Vermelho não possui

experiência em combate.

5) Suas Bda C Bld e pelo menos uma Unidade das 11ª e 12ª Bda Inf Mec têm

meios optrônicos que o capacitam ao combate noturno.

6) Há dificuldade de reposição de meios blindados e de Art.

7) Seu efetivo profissional corresponde a 50% do total da tropa.

8) 01 (um) RI Mec da 11ª Bda Inf Mec Vm perdeu 60% de seu efetivo e foi retirado

da A Op.

9) As forças Vm empregam na Região S do país, face à 1ª DE Vrd, 01 (uma) Bda

Inf L e a 16ª Bda Inf Mec. Na Z Aç da 12ª DE foram identificadas a 12ª Bda Inf Mec e a

Bda Inf Mth, enquadradas pelo 2º C Ex.

10) Foi identificada 01 (uma) Bda C Bld na região à E de SANTA MARIA (fora

da carta), a cerca de 220 km de CRUZ ALTA. Esta Bda só tem Cndc de ser Emp na

Região de CRUZ ALTA utilizando a Rdv 158, estimado seu emprego em cerca de 10h,

após iniciado seu Dslc.

11) A Art do 2º C Ex e de suas Bda (fora da carta) não possuem condições

técnicas de atirar na Z Aç da 13ª DE.

12) Foram localizados 2 (dois) GAC 155mm AR do 5º Agpt Art Cmp na Z Aç

do 2º C Ex, sem condições técnicas de atirar na Z Aç da 13ª DE.

b. Forças amigas

1) É intenção da FTTOT Ald a realização de uma campanha rápida e que cause o

mínimo desgaste ao patrimônio e à população do País VERDE.

2) As Tr Emp pelo CTOT SE possuem efetivo com 60% de profissionais.

3) A 1ª DE Verde será empregada a SE da nossa Z Aç para manter a integridade

territorial face ao País VERMELHO.

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290

4) A FAC tem condições de conquistar e manter a superioridade aérea em

proveito da manobra tática do V Ex Cmp, em locais e prazos determinados.

5) As DE azuis encontram-se com meios de visão noturna para 75% de seu

efetivo.

6) Em D+3/ 1700, a FAC realizou uma missão de ataque da tarefa de interdição,

destruindo o trecho da Rdv do BATU, ao sul da Estância do BATU (228-6794) até a

região de passagem sobre o Lajeado dos MORTOS (230-6790).

c. Meios recebidos e retirados

- Composição dos meios

2. MISSÃO

a. A fim de cooperar com a FTTOT Ald no restabelecimento da integridade do País

VERDE e na redução do poder militar e do poder econômico do País VERMELHO,

conduzir, a partir de D+5/0600, Op Ofs em território verde e vermelho, para restabelecer

a integridade do País VERDE e destruir a maioria de meios do inimigo vermelho. Em

fase posterior, Conq regiões de valor econômico.

b. Intenção do Comandante

- Infligir o máximo de Dest nas forças inimigas, particularmente de meios

blindados, ainda nesta fase da operação, sem contudo, perder a rapidez na conquista

dos objetivos de cerco.

3. EXECUÇÃO

a. Conceito da operação

1) Manobra

O V Ex Cmp conduzirá Op Ofs em território verde e vermelho para restabelecer

a integridade do País VERDE e destruir a maioria de meios do inimigo vermelho. Para

isso:

a) Em um 1ª fase:

(1) cercará a maioria de meios do Ini, empregando:

(a) a 11ª DE ao N, Mdt O, Rlz Aç Pcp, para Conq e Mnt IJUÍ (O1). Após a

Conq de O1, ou mesmo antes, Pross em Apvt Exi pelo E Prog GIBÃO para Conq e Mnt

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291

as regiões de Psg sobre o Rio JACUÍ-MIRIM à E de SANTA BÁRBARA DO SUL (O4).

Rlz Jç com a 31ª Bda Inf L (Amv) na Região de Psg sobre o Rio JACUÍ-MIRIM à W de

IBIRUBÁ (O5), devendo mantê-la;

(b) a 12ª DE, ao S, para Conq Região de CERRO GRANDE (O3). Após a

Conq de O3, ou mesmo antes, Pross em Apvt Exi pelo E Prog JUÁ para Conq e Mnt a

Região de Psg sobre o Rio JACUÍ (O6), devendo mantê-lo;

(c) a 13ª DE, ao centro, para Conq e Mnt CRUZ ALTA (O2);

(d) a 31ª Bda Inf L (Amv) para, Mdt O, Conq as regiõe de Psg sobre o Rio

JACUÍ-MIRIM à W de IBIRUBÁ (O5), devendo mantê-la até a junção; e

b) Em uma 2ª fase, destruirá o Ini cercado.

c) Em fase posterior, prosseguirá para Conq regiões de valor econômico em

território vermelho.

2) Fogos

a) Alvos de alta prioridade:

FASE PRIO CATEGORIA DESCRIÇÃO

1

1 Ap F Art LMF e Art 155mm (Prio AP)

2 Manobra Tr Bld em Z Reu assinaladas

3 Obs Rdr de BA Ini

4 Ap Log Áreas de Ap Log e/ou instalações Log de grande porte que causem grande degradação ao Ap Log Ini.

5 C C² Centros de C² do Ex e dos C Ex Ini levantados pelos nossos meios de GE.

b) Diretrizes de Fogos

(1) Prio F: inicialmente para a 12ª DE; Mdt O, para a 11ª DE.

(2) Haverá uma preparação com duração de 25 min, com início em

D+5/0540, para as 12ª e 13ª DE. A intensificação de fogos da 11ª DE terá seu início

regulado por seu Cmt.

(3) Direttrizes de Fogos

TEAF Nr 1

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292

- Tarefa: reduzir o poder de fogo da Art Ini, em particular do material LM e

155mm AP;

- Propósito: a fim de garantir a liberdade de ação para para as DE,

aprofundando os fogos com a finalidade de degradar a Art Ini de maior alcance e

calibre.

- Método: Prio F, inicialmente para a 12ª DE, e, depois, para a 11ª DE. O

552º GAC LMF e o 553º GAC LMF deverão ficar ECD desencadear concentrações

sobre a Art do Ini. Linha de Coordenação de Observação e Busca de Alvos priorizará a

Z Aç da 12ª DE, num primeiro momentoe, Mdt O, para a Z Aç da 11ª DE. Os GAC

LMF/A Ex deverão ficar ECD desencadear concentrações sobre as Bia LM 127mm e os

GAC 155mm AP do Ini

- Efeitos: Meios de Art Cmp inimigos, em particular LM e 155mm AP,

degradados.

TEAF Nr 2

- Tarefa: impedir que tropas Bld Ini em reserva sejam empregados em C

Atq

- Propósito: a fim de reduzir a capacidade de C Atq Ini com meios Bld

contra nossas forças.

- Método: Prio F, inicialmente para a 12ª DE, e, depois, para a 11ª DE. A

observação das RIPI, com os respectivos PD e AOI, deverá permitir que os GAC LMF

desencadeiem fogos de destruição, neutralização, ou de interdição (barragem) nas VA

de Bld levantadas. Os GAC LMF deverão Rec Pos tiro que os possibilitem bater R de

concentração/estrangulamento ou de passagem obrigatória que concentrem Bld.

Liberdade de emprego das Mun especiais disponíveis em todos os Esc que as

dispuserem contra alvos Bld Ini.

- Efeitos: Meios Bld Ini sem capacidade de contra-atacar.

TEAF Nr 3

- Tarefa: reduzir a capacidade de comando e controle Ini

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293

- Propósito: a fim de garantir a liberdade de ação para as DE em primeiro

escalão, degradando a capacidade de C² Ini.

- Método: Prio F, inicialmente para a 12ª DE, e, depois, para a 11ª DE. Os

centros de C C² Ini levantados pelos nossos meios de GE deverão ser batidos com

fogos 155mm ou, se os efeitos forem compensadores em função do desdobramento,

por rajadas LMF. Para tanto, deverão ser priorizadas as ligações com os nossos meios

de GE que localizarem PC Ini.

- Efeitos: PC e centro de operações táticas do 2º C Ex Am destruídos.

TEAF Nr 4

- Tarefa: reduzir a capacidade de Ap Log Ini

- Propósito: a fim de facilitar as Aç das DE em primeiro Esc,

prioritariamente, com a degradação do Ap Log do Ini.

- Método: Prio F, inicialmente para a 12ª DE, e, depois, para a 11ª DE. As

instalações Log de vulto do Ini deverão ser batidas a fim de comprometer a Man Ini e

maximizar as nossas Aç. Como, normalmente, as instalações Log deste nível valem-se

de cidades e/ou periferia de localidades para o desdobramento de alguns de seus

órgãos, a Art/V Ex Cmp deverá priorizar a preservação dessas cidades e da população

civil em detrimento de órgãos Ini. Para tanto, o tiro de precisão com material 155mm

deverá ser empregado.

- Efeitos: Ap Log do Ini degradado.

TEAF Nr 5

- Tarefa: reduzir a capacidade de detecção dos radares de BA Ini.

- Propósito: a fim de garantir a liberdade de ação para a Art/V Ex Cmp e

Art dos Esc Sbrd, permitindo maior liberdade para a Art AZUL.

- Método: Prio F, inicialmente para a 12ª DE, e, depois, para a 11ª DE. As

informações levantadas pelos nossos meios de GE em relação aos Rdr BA Ini deverão

orientar a localização de concentrações a fim de atacar esses alvos. Estão autorizadas

as concentrações com munições especiais contra os Rdr Ini.

- Efeitos: Rdr BA inimigos neutralizados.

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294

3) Guerra Eletrônica

a) Generalidades

- Anexo__ - Guerra Eletrônica (omitido)

b) Contramedidas Eletrônicas (CME)

(1) Interferência / bloqueio

- Prioridade para a 13ª DE.

(2) Dissimulação eletrônica / despistamento

- Anexo __ (Plano de Dissimulação Tática) (omitido)

b. 11ª DE

- Mdt O, assume o Ct Op da 31ª Bda Inf L (Amv) para as ações de junção.

- Após a junção, Mdt O, reverte a 31ª Bda Inf L (Amv).

- Ficar ECD participar da destruição do Ini cercado.

- Ficar ECD Conq e Mnt as regiões de Psg sobre o Rio JACUÍ-MIRIM à W de

IBIRUBÁ (O5) na impossibilidade de Emp da 31ª Bda Inf L (Amv).

- Não Ultr a L Ct FRONTEIRA.

c. 12ª DE

- Ficar ECD participar da destruição do Ini cercado.

d. 13ª DE

- Ficar ECD participar da destruição do Ini cercado.

e. 31ª Bda Inf L (Amv)

- Mdt O, passar ao Ct Op da 11ª DE para as ações de junção.

- Após a junção, Mdt O, reverter ao V Ex Cmp.

- Prever seu emprego Altn na Conq de O4.

f. Bda Av Ex

- Apoiar a 31ª Bda Inf L (Amv) na Conq de O4.

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295

g. Apoio de fogo

1) Apoio de artilharia

a) Generalidades

- Prio DAAe da Bda AAAe:

- até a Conq de O1: Gpt Log A, Gpt Log R, 551º GAC LMF, 552º GAC

LMF, 553º GAC LMF, PC/V Ex Cmp e 24ª Bda C Bld;

- após a Conq O1: Gpt Log A, Gpt Log R, 552º GAC LMF, 553º GAC LMF,

24ª Bda C Bld e PC/ V Ex Cmp.

b) Organização para o combate

(1) Art Cmp

- 24º GAC 155 AP (Ct Op, Mdt O): Ref F à AD/11. Mdt O reverte à 24ª Bda

C Bld.

- 551º GAC LMF: Ref F à AD/11. Mdt O, Ref à 11ª DE.

- 552º GAC LMF: Aç Cj.

- 553º GAC LMF: Aç Cj.

- 51º GBA: Aç Cj.

(2) AAAe

- 512o GAAAe (- 1ª Bia) – Aç Cj.

- 513o GAAAe – Aç Cj.

c) Outras prescrições

(1) A artilharia deverá assinalar alvos para ataques aéreos.

(2) A Bda AAAe deverá coordenar suas ações com a FAC.

(3) Fogos

(a) Norma de fogos

- Silêncio.

- Semi-ativa: para a AD/12, sendo permitido bater Art e Mrt Ini

confirmados.

- Ativa: a partir do desencadeamento da preparação/intensificação.

(b) Critério

- Confirmados: localização oriunda de:

- radar, VANT, som ou clarão;

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296

- outras fontes que forneçam coordenadas, desde que associadas a

uma observação simples, resultante de uma análise de cratera, som ou clarão.

- Suspeitos: localização oriunda de:

- qualquer fonte que forneça coordenadas (exceto radar, VANT, som

ou clarão);

- interseção de três direções resultantes de observação simples pelo

som, clarão e análise de cratera;

- depoimento de prisioneiros de guerra.

(4) Prioridade para a ocupação de áreas de posição.

(a) Unidades orgânicas das Bda.

(b) Unidades das AD.

(c) Unidades da A Ex/V.

(5) Regulações

(a) Nr de peças

- Uma por GAC, em D+4.

(b) Horário

- GAC em Ap G: de 1530 h às 1600 h.

- GAC em Aç Cj - Ref F e Ref F: de 1600 h às 1645 h.

- Demais Gp: de 1645 h às 1730 h.

(6) Mensagens meteorológicas

(a) Horário: de 4 em 4 horas a partir de D+5/0600.

(b) Realização e difusão: a cargo da Bia Cmdo (Cmdo Art).

(7) Observação

(a) Terrestre

- As DE deverão informar a Loc dos PO ao COT/V Ex Cmp até

D+4/1200.

(b) Aérea

- A cargo de cada DE.

(8) Topografia

- CIT aberto em SÃO LUIZ GONZAGA a partir de D+4/0600.

(9) Dispositivo pronto - D+4/0600 .

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297

2) Apoio de fogo aéreo

a) Generalidades

(1) O apoio aéreo da FAC será empregado de maneira que:

- no dia D+5, sejam realizadas, em primeira prioridade, as ações das

tarefas de superioridade aérea em proveito da Defesa Aérea do TO e sejam, também,

realizadas as tarefas de interdição e de sustentação ao combate.

- as missões da tarefa de interdição sejam prioritariamente

desencadeadas contra nós rodo-ferroviários, no eixo da Rdv 158 e a leste da linha dos

Rios JACUÍ-MIRIM e JACUÍ, e concentrações de tropa fora do alcance da Art Cmp, com

ênfase para as reuniões de CC.

(2) As Mis de cobertura deverão ser realizadas, “a priori”, sob controle de um

CAA aéreo ou GAA, nesta prioridade.

(3) O prazo para atendimento das missões imediatas será de 01 (uma) hora,

após o recebimento do pedido pelo Centro de Coordenação de Operações Aéreas

(CCOA).

b) Distribuição de surtidas

(1) São estimadas, para o dia D+4, 75 Sur/dia destinadas a atender às

solicitações da V Ex Cmp.

(2) Estão previstas 136 Sur/dia, no período de D+5 a D+7, sendo que, deste

total, 36 serão destinadas a missões imediatas, acionadas por meio do CCOA.

c) Outras prescrições

(1) As propostas de Ap Ae para missões pré-planejadas deverão dar entrada

no COT/V Ex Cmp, até às 1615 h do dia anterior.

(2) A reunião do pôr-do-sol, no COAT/FAC, será realizada às 1815 h,

diariamente.

(3) Controlador Aéreo Avançado (CAA)

....

3) Medidas de Coordenação

a) Norma para assinalar alvos para ataque aéreo:

- 1o tiro: fumígeno amarelo;

- 2o tiro: fumígeno verde.

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298

b) LCAF: As DE deverão remeter as propostas de traçado ao PC/ V Ex Cmp até

D+4/1200.

c) Os planos de fogos das DE deverão dar entrada no COT/ V Ex Cmp até D+4/1200.

d) LSAA: remeter, até D+4/1800, ao COT/V Ex Cmp e A Ex/V.

e) Sinal para suspensão do fogo: foguetes de 3 estrelas vermelhas.

h. MCP

1) 51o Gpt E

a) Cmdo e Cia C Ap

b) 511º BE Cmb (- 1ª Cia E Cmb, até a Conq O2)

c) 512º BE Cmb (até Conq de O2)

d) 521º BE Cnst

e) 1º/551ª Cia E Eqp

f) 1º/561ª Cia E Cam Basc

g) 1º/571ª Cia E Pnt Flu

h) 1º Pel E Merg Aut/596ª Cia E Mer

i) Estabelecer um LAT, na Z Aç da 13ª DE, nas seguintes condições:

(1) LAT 1 – desde já, conforme Clc Nr 8, inclusive; e

(2) LAT 2 - após os Elm 1º Esc da 13ª DE atingirem o corte do Rio

CONCEIÇÃO (236 – 6834), Mdt O, conforme Clc Nr 8, inclusive.

j) Construir 03 (três) pontes nos trechos em que as Estr cruzam o corte do Ar

GUAÇUÍ, nas quadrículas (780 - 6816), (778 - 6824) e (778 - 6830), com o valor de 01

Cia E Cmb Ref Eqp Pnt Pa.

l) Ap Cj, devendo:

(1) ficar ECD aumentar o Ap à 13ª DE;

(2) realizar a Mnt da R Mini Estr Nec às Op; e

(3) melhorar as instalações do Centro de Recuperação.

2) 52o Gpt E

a) Cmdo e Cia C Ap

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299

b) 512o BE Cmb (Após a Conq de O2)

c) 513o BE Cmb

d) 522o BE Cnst

e) 523o BE Cnst

f) 551o Cia E Eqp (- 1º Pel E Eqp)

g) 571a Cia E Pnt Flu (- 1º Pel Pnt Flu)

h) 572a Cia E Pnt Flu

i) 596ª Cia E Merg (- 1º Pel E Merg Aut)

j) Apoiar a 11a DE, devendo:

2. Ap Spl A – estabelecer um LAT, na Z Aç da ...

Ap Spl Epcf ...

(3) Ap Cj, devendo em sua área de responsabilidade:

.................................

3) 53o Gpt E

a) Cmdo e Cia Ap;

b) 524º BE Cnst;

c) 552ª Cia E Eqp;

d) 561ª Cia E Cam Basc (- 1º Pel);

e) 562ª Cia E Cam Basc;

f) 573ª Cia E Pnt Flu;

g) 581ª Cia E Pnt Pa (- 1º Pel);

h) Ficar ECD apoiar a 12a DE.

...............................................................................................................

i. GCE

1) Comunicações

a) 51º B Com Cmdo

- Fornecer Tu MC para Ap a A Ex/V, a Bda AAAe/V, a E Ex/V, o CLEx/V, os

Gpt Log e a FAC.

2) Guerra Eletrônica

a) Organização para o combate

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300

- 54o BGE: Ap Cj GE ao V Ex Cmp;

- 2º/1ª/54º BGE: Ap Cj - Ref GE à 13ª Cia GE;

- 1º/2ª/54º BGE: Ref GE à 11ª Cia GE.

j. Reserva

- 24ª Bda C Bld

- Planejar seu emprego com Prio na Z Aç da 11ª DE.

- Ficar ECD Partc da Dest Ini cercado.

l. Prescrições diversas

.................................

4. LOGÍSTICA

....................................................

5. COMANDO E COMUNICAÇÕES

...............................

6. PESSOAL, COMUNICAÇÃO SOCIAL E ASSUNTOS CIVIS

.......................................................................

_________________________

(Classificação Sigilosa)

* * *

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APÊNDICE C

QUESTIONÁRIO DISTRIBUÍDO ALUNOS DO 2° ANO DO CURSO DE COMANDO E

ESTADO-MAIOR EM 2010

ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITOESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO

PESQUISA DE CAMPO PARA TRABALHO DE DOUTORADO(requisito para a obtenção do título de Doutorado em Ciências Militares)

Tema: O Uso da Simulação Construtiva como Ferramenta de Apoio à Tomada de Decisão: Uma proposta de utilização no Exército Brasileiro

Objetivo: Levantar conceitos, dados e obter documentação necessária à consecução do referido trabalho.

Autor: Maj Eng André Luiz Nobre Cunha.

Email: [email protected]

O Exército Brasileiro (EB) reúne mais de duas décadas de experiência no desenvolvimento e aplicação de sistemas de simulação construtiva (como os sistemas GUARINI, SABRE e o COMBATER) para fins de adestramento de estados-maiores. Entretanto, desde o final do século passado houve um considerável avanço no emprego dessa ferramenta, graças aos avanços da tecnologia da informação (processamento, armazenamento, novos algoritmos, novos protocolos de comunicação entre sistemas), tornando-a mais confiável para a visualização antecipada das consequências de uma determinada Linha de Ação (LA) no emprego de tropas em cenários táticos, e apta como meio de apoio à decisão em operações reais.

O presente trabalho científico buscará oferecer subsídios para a concepção de um sistema de simulação construtivo em apoio à decisão para o EB. Em face do exposto, solicito-vos possibilidade de responder os itens abaixo e, se possível, remetê-los para este postulante até 5 de abril de 2011.

QUESTIONÁRIO:

Q1. O Sr acha que o atual ESTUDO DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE TÁTICO (Memento) empregado pelo EB é uma ferramenta:

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Q2. Na sua opinião o atual ESTUDO DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE TÁTICO (Memento) empregado pelo EB é uma ferramenta que permite (____________) que se chegue à(s) melhor(es) Linha(s) de Ação (LAç).

Q3. Na sua opinião o atual ESTUDO DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE TÁTICO (Memento) empregado pelo EB é uma ferramenta que (___________________) ao tempo disponível ao Cmt/EM para planejamento de operações militares reais.

Q4. Qual é o nível de conhecimento do Sr sobre SOFTWARES DE APOIO À DECISÃO?

Q5. Qual é o nível de conhecimento do Sr sobre SISTEMAS DE SIMULAÇÃO DE COMBATE?

Muito simples ( )

Simples ( )

Complexa ( )

muito bem ( )bem ( )razoavelmente ( )Insuficientemente ( )

É totalmente adequada ( )É bem adequada ( )É razoavelmente adequada ( )É insuficientemente adequada I ( )Não é adequada ( )

Ótimo ( )Bom ( )Razoável ( )Pouco ( )Muito pouco ( )Nenhum ( )

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Q6. Qual é o nível de conhecimento do Sr sobre SISTEMAS DE SIMULAÇÃO DE COMBATE para ANÁLISE de OPERAÇÕES MILITARES?

Q7. Qual das partes do ESTUDO DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE TÁTICO o Sr. acha mais complexa?

Q8. Qual das partes do ESTUDO DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE TÁTICO o Sr. acha que demanda MAIS TEMPO em sua execução?

Q9. O Sr. acha, na prática, alguma parte do ESTUDO DE SITUAÇÃO DO COMANDANTE TÁTICO inexeqüível (impossível de numa situação real se colocar em prática totalmente)?

Ótimo ( )

Bom ( )

Razoável ( )

Pouco ( )

Muito pouco ( )

Nenhum ( )

Ótimo ( )Bom ( )Razoável ( )Pouco ( )Muito pouco ( )Nenhum

SITUAÇÃO E LINHAS DE AÇÃO ( )ANÁLISE DE LINHAS DE AÇÃO OPOSTAS

( )

COMPARAÇÃO DAS LINHAS DE AÇÃO

( )

Nenhuma ( )

SITUAÇÃO E LINHAS DE AÇÃO ( )ANÁLISE DE LINHAS DE AÇÃO OPOSTAS

( )

COMPARAÇÃO DAS LINHAS DE AÇÃO

( )

Nenhuma ( )

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Q10. Na sua opinião os SISTEMAS DE SIMULAÇÃO:

(_______) ferramentas adequadas para apoiar processos de tomada de decisão em operações reais;

SITUAÇÃO E LINHAS DE AÇÃO ( )ANÁLISE DE LINHAS DE AÇÃO OPOSTAS

( )

COMPARAÇÃO DAS LINHAS DE AÇÃO

( )

Nenhuma ( )

São ( )Não são ( )

Não tenho opinião formada ( )

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APÊNDICE D

QUESTIONÁRIO DISTRIBUÍDO PARA OS INSTRUTORES DA ECEMAR E DCTA

ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITOESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO

PESQUISA DE CAMPO PARA TRABALHO DE DOUTORADO(requisito para a obtenção do título de Doutorado em Ciências Militares)

Tema: O Uso da Simulação Construtiva como Ferramenta de Apoio à Tomada de Decisão: Uma proposta de utilização no Exército Brasileiro

Objetivo: Levantar conceitos, dados e obter documentação necessária à consecução do referido trabalho.

QUESTIONÁRIO

Q4. Há alguns anos a Força Aérea Brasileira (FAB) vem buscando participar de vários exercícios táticos no exterior e vem atualizando sua doutrina de emprego tático operacional baseando-se nos procedimentos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Na ocasião, tem travado contato com novos conceitos operacionais já consolidados por aquela Organização, como as Operações Baseadas em Efeitos e o uso de sistemas de apoio à decisão. Pergunta: A OTAN utiliza módulos de simulação de combate construtiva em apoio ao processo decisório em operações reais? Caso positivo, que sistema a OTAN emprega?

Q5. Na opinião do Sr. quais são os impactos (mudanças no processo de planejamento, ganho de maior precisão, diminuição de tempo nos processos, etc.) do emprego de sistemas de simulação como ferramenta de apoio à decisão através da criação de cenários táticos em computador?

Q6. Na opinião do Sr. e baseado em sua experiência profissional, como um sistema de simulação construtivo pode apoiar o decisor na escolha entre Linhas de Ação (L Aç) a serem seguidas perante uma situação tática? Quais seriam as limitações de um sistema desse tipo?