O ENFERMEIRO - Roteiro Final

7/26/2019 O ENFERMEIRO - Roteiro Final

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O ENFERMEIRO

DeMACHADO DE ASSIS

Adaptado porMAURICIO AMORIM

REGISTRO NMERO395.486

MAURICIO AMORIMTels.: (71 33!6"7995(71 8138 # 9156

(71 887$ # 368$(71 87$3 " 9647

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O ENFERMEIRO

1.EXT. - IGREJA. DIA

%&'NIO, um jovem rapaz de vinte e seis anos, magro, comvestimentas simpes ! camisa mais para o socia e ca"as,

#$sicas - camin%a em dire"&o a igreja.

Ee entra na igreja.

'(. I)T. - IGREJA. DIA

A igreja est$ vazia.

*+nio segue para a sacristia.

'. I)T. - IGREJA. ARITIA. DIA

%ADRE NE&SON, sen%or na /ai0a et$ria de ', 2 anos, de#atina, est$ sentado, /azendo agumas anota"3es em um ivro,so#re a mesa.

Ee evanta as vistas do pape e sorri, ao ver *+nio.

%ADRE NE&SON4evanta-se5 -6ue #om 7ue voc8 veio ogo, *+nio9

%&'NIO!Eu s: /ui a#rir a min%a cai0a de e-mais %oje de man%&.

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%ADRE NE&SON!Eu mandei a7uee e-mai desde ontem. 4aponta a cadeira5

ente-se, meu /i%o.

*+nio se senta.

%ADRE NE&SON!eu irm&o *edro, como vai;

%&'NIO4sem esperan"a5 !Ee n&o segue as recomenda"3es do mcera... 4pausa5 *+nio, euten%o uma #oa not+cia pra voc8.

*adre )eson se evanta e vai at< *+nio, pondo a m&o no om#rodo rapaz.

%ADRE NE&SON!

?eja #em@ voc8 est$ sem emprego /i0o j$ %$ agum tempo, e eusei, me%or do 7ue ningu


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%&'NIO!B 7ue eu teria 7ue /azer e0atamente, *adre )eson;

B padre retorna ao seu ugar, sentando-se, novamente.

%ADRE NE&SON!?oc8 seria o en/ermeiro do ve%o corone Ceis#erto.

'. I)T. - AA DE *F)IB. AA. DIA

%EDRO est$ sentado no so/$, assistindo T?, 7uando *+nioentra.

%EDRO!E a+, o 7ue *adre )eson 7ueria de t&o urgente com voc8;

%&'NIO!*roposta de emprego... uidar de um ve%o doente, numa cidadeperto da7ui... Ter 7ue morar $. B sa$rio < #om, 4T5 mas n&o

sei se devo aceitar.

%EDRO4desiga a teevis&o5 !e o sa$rio < #om, cara... *or 7ue n&o aceitar;9

%&'NIO4senta-se 7uase /rente do irm&o5 !?oc8 < a min%a preocupa"&o, meu irm&o.

%EDRO4evanta-se5 !Ent&o pode aceitar o emprego, n&o vejo raz&o pra voc8 estar

preocupado comigo9

%&'NIO4tam#cera a+, a ponto deestourar;9 4apro0ima-se do irm&o5 *odendo virar um cHncer;4pausa5 E 7ue voc8 nem tem /eito um m+nimo de es/or"o pra

me%orar sua sa>de, *edro;9

%EDRO4pega uma cai0a de eite, na geadeira5 !*+nio, eu estou #em... Aceite esse emprego 7ue o *adre

)eson est$ te o/erecendo. 4T5 6uanto a mim, eu te garanto,mano@ estou reamente #em, /ui ao m


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%&'NIO!=as voc8 n&o cuida, *edro9

)este momento, CSSIO! um rapaz tam#


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CSSIO!*ode ir tran7uio, *+nio. *edro n&o t$ dizendo@ ee sa#e secuidar... 4com o controe, ee iga de novo a T?5 Ee n&o

precisa de #a#$, n&o...

%&'NIO4para $ssio5 !?oc8 < mesmo um aproveitador, $ssio9

*edro a/asta-se dos dois.

%&'NIO!)&o p3e um centavo a7ui dentro... )&o tem um tra#a%o9 ome,#e#e, dorme... 4com 8n/ase5 E n&o p3e um centavo a7ui dentro9

%EDRO!*$ra, *+nio9 4pausa5 Eu nunca pedi ao $ssio pra coocar nada

a7ui dentro de casa9

CSSIO!T$ vendo, *+nio; Ee nunca me pediu pra coocar nada a7ui

dentro de casa.

%&'NIO4para *edro5 !a#e, eu s: n&o cooco esse vaga#undo pra /ora desta casa

por7ue, in/eizmente, voc8 gosta muito dee.

$ssio nada diz. : acende um cigarro.

%&'NIO4ainda para *edro5 !Agora, < #om 7ue tanto ee, como voc8, sai#am 7ue a min%a

paci8ncia est$ se esgotando.

'2. I)T. - RBDB?IKRIA. DIA

*+nio est$ no guinc%e da empresa de ni#us.

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%ADRE NE&SON4o//5 !B sa$rio < #om. Ai$s, < muito #om9 e o pro#ema /or seu

irm&o voc8 pode /icar despreocupado. Eu sempre cuidei de voc8sdois, e n&o vai ser di/erente agora.

*+nio compra a passagem, e segue para a pata/orma deem#ar7ue.

%ADRE NE&SON4o//5 !*edro ter$ toda a assist8ncia 7ue precisar. E 7uanto a7ueeamiguin%o dee... Lem, eu vou /icar de o%o. *ode /icardespreocupado. 4T5 Eu s: te pe"o uma coisa, *+nio@ por

caridade, ten%a paci8ncia com o ve%o Ceis#erto. ?oc8 < um%omem reigioso, um te:ogo, eu n&o imagino /azer este pedido

a outra pessoa 7ue n&o seja voc8.

*+nio passa pea pata/orma de em#ar7ue e entra no ni#us.

%&'NIO4o//5 !Eu serei um #om en/ermeiro para esse seu ve%o con%ecido,

*adre )eson.

'. M)ILN. I)T. DIA

*+nio est$ sentado na potrona do corredor. Do seu ado, DR.C&)*IS, de mais ou menos 7uarenta e cinco anos de idade.

DR.C&)*IS!J$ con%ece Lom ossego;

%&'NIO!)&o, mas j$ ouvi /aar. B sen%or < de $;

DR. C&)*IS!)asci $. =eu pai era m


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DR. C&)*IS!Em Lom ossego. 4sorri5 Resovi seguir os passos do meu pai.

4T5 A%, es7ueci de me apresentar. Eu sou :vis.

%&'NIO4aperta a m&o do m


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DR. C&)*IS!)&o, meu /i%o, voc8 n&o tem nem id


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'Q. I)T. - ARRB. DIA

iro dirige o autom:ve, sorridente.

*+nio est$ do seu ado, o%ando a paisagem da estrada.

CIRO!Eu sou iro... Empregado do corone...

*+nio apenas assente.

CIRO!Tipo um /az tudo, entende; Dirijo, cuido da ro"a... B corone

tem muita con/ian"a em mim, sa#ia;

%&'NIO! ei.

R$pida pausa.

CIRO !*adre )eson t$ #otando /< no sen%or...

%&'NIO!

*ode me c%amar de voc8.

CIRO!Diz 7ue agora o corone vai endireitar... *or7ue o sen%or !

voc! < um reigioso.

*ausa.

%&'NIO!Eu sou te:ogo.

CIRO!B0i9 E n&o < a mesma coisa n&o, %omem;9

*+nio continua a o%ar a paisagem pea janea do carro.

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'. EXT. - CASE)DA. DIA

B carro p$ra na /rente da casa do orone Ceis#erto.

iro desce, mas n&o a#re a porta para *+nio, pois este mesmoo /az.

*+nio, com sua #agagem, desce do carro.

iro, ent&o, pega a maa de *+nio, evando para dentro dacasa, passando por &IA, a #onita so#rin%a do corone, de unsvinte anos, morena, #astante atraente, para 7uem iro /az umgracejo.

ia n&o retri#ui o gracejo do rapaz. Ea est$ atenta em*+nio, o#servando-o se apro0imar.

&IA4para *+nio5 !6ue #om 7ue voc8 c%egou... )&o aguentava mais esse ve%o9

*+nio nada diz, tam#


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&IA4para iro5 !iro9 B 7ue voc8 ainda est$ /azendo a7ui; 6uer 7ue ee tepegue dentro de casa,


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um corpo /ranzino. *or


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CORONE&!Nns eram at< adr3es... 4T5 ?oc8 j$ rou#ou;

%&'NIO 4seguro5 -aro 7ue n&o. Eu sou um %omem de car$ter, corone Ceis#erto.

CORONE&!Isso < #om9 Destesto esses vaga#undos, adr3es...

*+nio nada diz.

CORONE&! estran%o voc8 ter uma vasta experincia e s: ter conseguidoservi"o neste /im de mundo. 4um pouco impaciente5 6ua o seu

nome mesmo;

%&'NIO!*+nio Jos< Gomes ?aongo.

CORONE&!?aongo;9 Isso n&o < nome de gente9 4resmuga5 Lasta *+nio.

=ais uma vez, *+nio nada diz.

CORONE&!?oc8 pode ir agora pra cozin%a e preparar meu mingau.

%&'NIO!im, sen%or, corone, s: vou coocar min%as coisas no aposento

e dep...

CORONE&! 4interrompe-o, mais uma vez5Depois voc8 se aoja. Agora, o mingau. J$ passou do %or$rio domeu mingau e essa imprest$ve, 7ue est$ $ /ora, n&o sa#e nem

/azer a porcaria de um mingau.

%&'NIO!

em pro#emas, corone Ceis#erto. *rovidenciarei o seumingau.

1(. I)T. - AA DB BRB)E. BRREDBR. DIA

*+nio sai do 7uarto e se depara com ia.

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&IA!)os >timos dois meses teve sete en/ermeiros.... ?oc8 < o

oitavo.

*+nio segue para a cozin%a.

ia o acompan%a.

1. I)T. - AA DB BRB)E. BSI)A. DIA

*+nio come"a a preparar o mingau do corone Ceis#erto.

&IA4senta-se5 -Eu nem deveria /icar /eiz com a sua c%egada....

%&'NIO!*or 7ue n&o;

&IA!)ingu


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%&'NIO!=as...

&IA 4evanta-se5 !a#e, en/ermeiro, o 7ue o corone precisa < morrer.

%&'NIO! preciso ter muita paci8ncia com os mais ve%os. Eu j$

tra#a%ei com idosos, ees s&o como crian"as, precisam demuito carin%o, de muita aten"&o.

&IA 4evanta-se5 -Eu s: sei 7ue essa morte j$ t$ demorando demais9 E eu n&o vou/icar a7ui esperando ea c%egar.... Da pr:0ima vez 7ue o *adre)eson vier a7ui na /azenda, eu aproveito e me mando com ee

pra cidade.

%&'NIO!?oc8 vai dei0ar seu tio;

&IA!B en/ermeiro agora < voc89 Eu aproveito o padre e me mando,vou ajudar $ na igreja... =e%or do 7ue /icar a7ui com esseve%o in/eiz9 4o%a para o /og&o5 uidado pra n&o 7ueimar o

mingau.

ia sai da cozin%a.

1. I)T. - AA DB BRB)E. 6NARTB DB BRB)E. DIA

Em si8ncio, o corone Ceis#erto toma o mingau.

Nm pouco a/astado, *+nio o o#serva.

%&'NIO!Est$ #om o mingau, corone;

CORONE&!Utimo, meu /i%o... )unca tomei um mingau t&o #om9

*+nio sorri, satis/eito.

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%&'NIO FA, SUAS TAREFAS HA+ITUAIS- COMO O ASSEIO MATINA& DOCORONE& FE&IS+ERTO- O %RE%ARO DO CAF- A/UDA CORONE& A TOMAR OCAF DA MANHA- A/EITAR OS &EN0)IS DA CAMA- ENUANTO O *E&HOFE&IS+ERTO ES%ERA- SENTADO NUMA CADEIRA DE RODAS- O+SER*ANDO%&'NIO ARRUMAR A CAMA.

12. EXT. - AA DB BRB)E.?ARA)DA. DIA

Da varanda, *+nio o#serva iro e ia, 7ue se #eijam, um poucoa/astados da entrada principa da casa.

1. I)T.- AA DB BRB)E. BSI)A. DIA

*+nio prepara o ca/


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om a #andeja na m&o, *+nio /az men"&o de sair da cozin%amas, antes, ee vota-se para ia.

%&'NIO!?oc8 me disse 7ue a so#rin%a do *adre )eson cuidou do

corone...

ia apenas continua o%ando para *+nio.

%&'NIO!B 7ue /oi 7ue aconteceu pra 7ue ea desistisse de cuidar dee;

&IA!

A


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RUTE4sorrindo5 !?oc8 nunca d$ ponto sem n:, )eson.

%ADRE NE&SON!?oc8 e essa mania de me c%amar de )eson...

RUTE4p3e o #ra"o no om#ro do tio e sorri5 !eu nome n&o < )eson;

%ADRE NE&SON!Tio )eson... ou seu tio, es7euceu, /oi;9

RUTE4p$ra de camin%ar e o%a para o *adre )eson5 !omo es7uecer ago t&o #om; 4ea #eija evemente a testa dotio5 ?oc8 praticamente me criou, tio... =esmo distante@ o

sen%or a7ui, e eu $, na7uee co


20/109

%ADRE NE&SON!Eu 7uero 7ue voc8 retorne a Lom ossego.

Rute p$ra de camin%ar.

RUTE4/irme5 !)unca9

%ADRE NE&SON!Eu preciso de voc8 $, min%a /i%a.

RUTE4incr


21/109

RUTE!Eu sa#ia 7ue esse seu pedido tin%a a ver com a7uee cr$pua do

corone.

%ADRE NE&SON!A7uee cr$pua < um %omem doente, /ragiizado...

RUTE !Bra, tio, se ee /osse /ragiizado ee n&o teria /eito o 7ue

ee /ez9

%ADRE NE&SON4um tanto 7uanto a/ito5 !Rute, por /avor, es7ue"a isso9

RUTE 4incr


22/109

%ADRE NE&SON!aro 7ue voc8 n&o vai conseguir impedir, Rute. *+nio so/rer$o 7ue tiver de so/rer e ningu


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&IA!A7uee ve%o n&o me engana... Ee vai aprontar com esse ta de

*+nio...

CIRO!Dei0a de ser agourenta, ia...B0i9 Agora 7ue o ve%o ta a+...

tratando o en/ermeiro #em... voc8 /ica toda negativa...

&IA4na de/ensiva5 !: estou dizendo o 7ue eu ac%o, iro... 47uase 7ue para si5 B7ue eu ac%o, n&o, o 7ue eu ten%o certeza@ corone Ceis#erto

nunca vai mudar.

iro arga o 7ue est$ /azendo e se apro0ima de ia, #eijando-a.

CIRO!Era tudo o 7ue voc8 7ueria, min%a inda.

&IA!B 7ue, iro, 7ue era tudo o 7ue eu 7ueria;

CIRO!Nm en/ermeiro 7ue desse certo... 6ue o corone n&o impicasse,

pra poder tam#


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('. I)T. - A*ARTA=E)TB DE RNTE. AA. )BITE

OT*IO< um jovem de vinte e cinco anos. Ee est$ de p


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OT*IO!6uerer 7ue eu /i7ue a7ui, en7uanto voc8 vai pra n&o sei onde,

/azer um /avor pro seu tio@4com desprezo5 ajudar umen/ermeiro.

em nada /aar, Rute o%a de Bt$vio para a m&o de Bt$vio, 7uecontinua segurando o seu #ra"o.

Ee sota o #ra"o de Rute, e continua a /umar.

Rute a/asta-se dee, indo at< o #ar da saa, onde prepara uma#e#ida, apenas para ea.

OT*IO!Esse padre sempre /oi um acoviteiro... empre 7uis conseguir

%omem c%eio da grana pra voc8...

Ee es#aga"a o cigarro no cinzeiro.

OT*IO !B%a a7ui, Rute, eu n&o vou ser corno, n&o, ouviu;9 Eu sempresou#e 7ue voc8 n&o prestava... Esse seu tio... esse padre...tam#


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Ea termina de #e#er.

RUTE!E se /or mesmo ago #om, Bt$vio, n&o %aver$ ningumero.

R$pida pausa.

RUTE4no ceuar5 !

Bi, tio... Tudo certo com o Bt$vio... 4r$pida pausa5 6uando euten%o 7ue estar em Lom ossego;

(1. I)T. - AA DB BRB)E.6NARTB DB BRB)E. )BITE

*+nio ajeita o en"o do corone, co#rindo-o.B corone Ceis#erto dorme.

*+nio apaga a uz do a#ajur e se retira do 7uarto.

((. EXT. - AA DB BRB)E. ?ARA)DA. )BITE

*+nio c%ega varanda.

*or aguns instantes, ee apenas o#serva a paisagem a sua/rente@ a ua c%eia careia o oca.

Ee, ent&o, decide descer da varanda, camin%ando em dire"&o doriac%o.

(. EXT. - A=I)B DB RIAB.)BITE

A camin%o do riac%o ee vai, aos poucos, diminuindo seuspassos.

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Antes de c%egar, de /ato, ao rio, ee perce#e 7ue iro e iaest&o juntos, #eijando-se.

*+nio o#serva o casa.

em serem vistos por *+nio, ees correm para o rio,mergu%ando e, depois, ainda dentro d$gua, continuam a se#eijar.

FA,ENDA. MANH.

(. I)T. - AA DB BRB)E. BSI)A. DIA

*+nio prepara a #andeja com o ca/< do corone.

ia /az agumas tare/as no /og&o.

%&'NIO!?oc8 disse, na7uee dia 7ue eu c%eguei, 7ue a7uee jovem...a7uee menino... o iro... n&o podia entrar a7ui na casa...

&IA!B corone proi#iu.

%&'NIO!*or 7u8;

ia nada diz.

%&'NIO!Ee... a7uee jovem... J$ tem dezoito anos;

ia sota uma garga%ada.

&IA !Ac%o 7ue tem... )&o sei, n&o, en/ermeiro... A idade dee < o7ue menos me importa nee...

%&'NIO!Ee < praticamente um menino... E voc8s... empre juntos...

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28/109

ia p$ra o 7ue est$ /azendo e o#serva, atentamente, *+nio.

&IA!?oc8 viu a gente ontem, n&o viu, $ no riac%o;

%&'NIO4ap:s o%ar por aguns segundos para ia5 ! me%or eu evar o ca/< do corone.

*+nio /az men"&o de retirar-se.

&IA!En/ermeiro9

*+nio vota-se.

&IA 4usa uma sensuaidade propositada5 !?oc8 gostou do 7ue viu;

*+nio nada responde, mais uma vez /azendo men"&o de sair dacozin%a.

&IA4r$pida, antes 7ue *+nio saia5 !Ee pegou a gente a7ui, em cima desta mesa.

%&INIO 4vota-se, sem entender5 !B 7u8...;

&IA!Estou respondendo a sua pergunta@ por 7ue iro n&o pode maisentrar na casa. Coi ordem do corone. Ee pegou a gente a7uina cozin%a, em cima da mesa... 4um eve sorriso5 transando...

*+nio nada diz.

&IA4s


29/109

(2. I)T ! AA DB BRB)E. 6NARTB DB BRB)E. DIA

*+nio, sentado na potrona, o#serva o corone, 7ue tem a#andeja so#re a cama, tomando o seu ca/< da man%&.

B corone age como se o rapaz n&o estivesse ai.

*+nio apenas o o#serva.

(. EXT ! AA DB BRB)E. E)TRADAZ?ARA)DA. DIA

iro ajuda *adre )eson a descer do carro.

B padre #ate, amigavemente, no om#ro do rapaz, em

agradecimento.

&IA4sorridente5 !*adre )eson9 )&o sa#ia 7ue o sen%or estava em Lom ossego9

%ADRE NE&SON!*ois


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%ADRE NE&SON4a#ra"a-o5 !om tee/one a7ui na /azenda e voc8 nem iga pra dar not+cias,%ein; Eu at< tentei igar, mas n&o competava a iga"&o... )&osei o 7ue %ouve...

CORONE& -B servi"o da7ui tem sido muito, )eson... B rapaz n&o temtempo de /icar pendurado no tee/one9 A


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%&'NIO4tenta conter o riso5 !E o tee/one tam#


32/109

i8ncio.

*adre )eson tosse.

*+nio continua caado.

CORONE&!=as ee < um #om rapaz.... Isso < o 7ue importa.

%ADRE NE&SON4visivemente aiviado5-=as < caro, isso < o 7ue importa.

(Q. EXT. ! CASE)DA. DIA

ia e iro est&o juntos, ao ado do carro do *adre )eson.

&IA 4e0citada5 !?ai ser %oje, iro. ?ai ser %oje9

CIRO!B 7ue, menina; T$ ouca,


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CIRO!E a gente;

&IA!Bra, iro, por /avor...?oc8 n&o vai 7uerer, agora, dizer 7ueme ama;9 B 7ue n&o /ata a7ui no povoado < mu%er, iro.

CIRO4vota-se para ia5 !*orra, ia, mas eu gosto de voc8. Eu pensei 7ue eu /osse seu

namorado.

ia o #eija, demoradamente.

&IA4ap:s o #eijo5 !):s nunca /omos namorados.

% + Ssse. D;.

(. I)T. - 6NARTB DA *BNADA. DIA

Rute est$ sentada na ponta da cama.

uas #agagens est&o do seu ado, ainda dentro de uma maa.

Ea /aa no ceuar.

RUTE-J$ me %ospedei, sim, tio. 4pausa5 Estou agora sua interia

disposi"&o.

'. I)T. ! AA DB BRB)E. AA. DIA

*adre )eson desiga o ceuar e, ao inv


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%&'NIO!B tee/one p>#ico mais perto /ica a 7uiometros da7ui.

%ADRE NE&SON4para o corone5 !=eu ve%o amigo corone, estou indo... *reciso votar ainda

%oje pra via.

CORONE&4para *+nio5 !=e eve pro 7uarto.

%ADRE NE&SON4vendo *+nio empurrar a cadeira de rodas docorone5-

?$, Ceis#erto... ?$ descansar...

1. EXT. ! AA DB BRB)E.?ARA)DA. DIA

*adre )eson sai da casa e c%ega varanda.

Ee v8 ia, com uma pe7uena maa da7ueas de rodin%as do seuado, discutindo com iro.

&IA4dei0a a maa e camin%a at< o padre5-*adre )eson, eu vou com o sen%or...

%ADRE NE&SON!*ra onde, min%a /i%a;

&IA!ei $9 : sei 7ue a7ui eu n&o /ico mais... *osso ir pra

igreja do sen%or, ajudar $, em aguma coisa...

CIRO!Eu j$ disse a ea, padre@ n&o tem nada a ver ea sair da7ui da

casa do tio dea... Lem ou ma... =as ea < so#rin%a....

&IA4para iro5 !Eu sei 7ua < o seu interesse em eu /icar a7ui... 4para opadre5 Eu n&o agento mais nem o%ar pra cara do corone,

padre...

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35/109

%ADRE NE&SON!)&o /ae assim, min%a /i%a, ee < seu tio.... de consider"&o,mas < tio, e < muito mais ve%o do 7ue voc89 4T5 =as j$ 7uevoc8 7uer me ajudar na igreja, ent&o vamos... e < uma coisa

7ue n&o dispenso < ajuda....

&IA !Eu ajudo o sen%or no 7ue /or necess$rio... : n&o 7uero mesmo

< continuar o%ando pra esse ve%o desgra"ado...

%ADRE NE&SON!=in%a /i%a... *or /avor9

*+nio tam#


36/109

*+nio o#serva os dois se despedindo, mas nada diz.

ia entra no carro.

*adre )eson d$ partida e sai com o carro.

iro, triste, o#serva o carro se a/astando.

*+nio entra na casa.

(. I)T. ! ARRB DB *ADRE )EB). DIA

*adre )eson dirige. ia est$ do seu ado.

&IA!

Ee nunca me suportou, *adre )eson9 Tam#


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CORONE& #6ue so#rin%a, 7ue nada9 A7uea in/eiz < uma agregada, um

dia#o da7uee $ ia ter o meu sangue...;9 =in%a /inada esposa7ue agregou a m&e dea a7ui na /azenda, 7ue depois arranjou um

mac%o e pariu dee... A+ nasceu a7uea in/eiz.

*+nio nada diz.

CORONE&4come"a a tomar o mingau5 -=as < #om 7ue ea ten%a ido mesmo com )eson.... uma #oca a

menos...

*ausa.

CORONE&4voz /raca5 !a#e, a cada dia 7ue passa ten%o me sentido pior, sem /or"as

nem para a#rir os o%os... =in%a %ora est$ c%egando...

%&'NIO!6ue nada, corone Ceis#erto, o sen%or ainda vai enterrar

muita gente.

CORONE&!J$ vivi muito... T$ c%egando min%a %ora, eu sei... )em mais

/or"as eu ten%o9 Do 7ue vae um %omem sem /or"as;

%&'NIO 4senta-se na potrona5 !B sen%or precisa ter /< em Deus, corone... Ee te dar$

/or"as9

*ausa.

%&'NIO4satis/eito, o#serva o corone tomar o mingau5 -Ciz do jeito 7ue o sen%or gosta, corone...

CORONE&!Esse mingau < de mi%o;

%&'NIO!

=i%o, o sa#or 7ue o sen%or mais gosta.

B corone vota a /icar caado, tomando, devagar, o mingau.*+nio evanta-se e passa a arrumar aguns o#jetos 7ue est&oso#re uma ve%a cmoda.

i8ncio.

37


38/109

CORONE&!Este mingau est$ uma porcaria9

%&'NIO4vota-se para o corone5-=as eu /iz e0atamente como o sen%or gosta, como eu sempre /a"o

e o sen%or gos...

A#ruptamente, o corone joga o prato com o mingau no c%&o.

CORONE&4en/urecido5 -?oc8s todos s&o uns incompetentes9

%&'NIO 4apro0ima-se do corone5 -=as, corone Ceis#erto....

CORONE&!AE A LBA9

%&'NIO4come"a a se retirar5 -Eu vou /azer outro mingau...

CORONE&4en/urecido5 -?ote a7ui, seu in/eiz9

*+nio p$ra.

CORONE&!?oc8 vai < impar toda essa imundice 7ue voc8 provocou. Eu

7uero meu 7uarto impo.

%&'NIO!Eu vou pegar um pano e detergente...

CORONE&4competamente descontroado5 -?oc8 vai impar esse 7uarto todo9 Bnde j$ se viu; Nm 7uarto

imundo desse; B%e pros m:veis, pras paredes... ?oc8 7uer < me

matar com tanta poeira... Trate de impar esse 7uarto todo, emuma %ora.

%&INIO!orone Ceis#erto, eu n&o sou /a0ineiro. Eu sou en/ermeiro.

38


39/109

CORONE&4evanta-se, com e0trema di/icudade, da cama5 -?oc8 < um mentiroso, isso sim... )em en/ermeiro voc8 cera.

CORONE&-Hncer.

)a cadeira de rodas, o corone segue para a sa+da do 7uarto.

CORONE&4vota-se para *+nio5 -?ou tomar um ar na varanda. Em uma %ora, eu voto, e 7uero ver

esse 7uarto #ri%ando.

em nada dizer, *+nio o%a para o prato 7ue#rado no c%&o e omingau todo esparramado.

B corone sai, dei0ando *+nio sozin%o.

FA,ENDA. NOITE.

. I)T. ! AA DB BRB)E. 6NARTB DB BRB)E. )BITE

B corone est$ na cadeira de rodas.

39


40/109

%&'NIO4com a medica"&o na m&o5 -B sen%or tem 7ue tomar o rem


41/109

CORONE&4vota para a cama5 -Imagine, dormir em coc%&o9 Eu a7ui c%eio de dores, vai 7ueesse in/eiz pega no sono, eu morro e ee nem vai ver a %ora,nem vai poder me ajudar... 4para *+nio5 Isso se voc8 n&o

estiver 7uerendo me matar...

*+nio nada diz, apenas massageia a regi&o do om#ro atingidapea #engaa do corone.

entamente, ee camin%a para a potrona, onde se senta e passaa o%ar /i0amente para o corone.

CORONE&!

Ten%a uma #oa noite, en/ermeiro.

FA,ENDA. MANH.

2. I)T. ! AA DB BRB)E. 6NARTB DB BRB)E. DIA

*+nio acorda sentindo /ortes dores no om#ro.

=esmo assim, ee se evanta e v8 7ue o corone ainda dorme.

Ee sai do 7uarto.

. I)T. AA DB BRB)E. BSI)A. DIA

*+nio est$ sentado na cadeira, sem camisa.

iro o ajuda a coocar geo no om#ro.

CIRO!Rapaz, a pancada /oi /eia... 4sorri5 *ontaria massa, a do

corone9

%&'NIO4num murm>rio5 !=e agrediu /isicamente...

41


42/109

CIRO!=as a #engaada 7ue ee te deu /oi /ic%in%a...

%&'NIO4espantado5 !Ee j$ /ez coisa pior em agutimo 7ue cuidou dee saiu da7ui com uma cicatriz no rosto.

%&'NIO!omo < 7ue


43/109

*+nio nada comenta.

%O*OADO DE +OM SOSSEGO. DIA.

P. EXT. ! EBA *RI=KRIA. DIA

Bs aunos ! praticamente todos numa /ai0a et$ria de sete a dezanos ! est&o na %ora do recreio.

Rute est$ no meio dees, participando de agumas #rincadeiras.

*adre )eson ! 7ue vem camin%ando pea rua- apro0ima-se daescoa.

Rute o v8.

Ea /aa ago com UMA %ROFSSORA, a 7ua tam#


44/109

%ADRE NE&SON4sorri5 !De /orma aguma@ aman%& mesmo voc8s dois j$ estar&o se

encontrando...

Q. I)T. ! AA DB BRB)E. 6NARTB DB BRB)E. DIA

*+nio prepara a medica"&o do corone.

B corone assiste T?.

%&'NIO!

Eu ainda n&o /aei nada com o *adre )eson, so#re a agress&o7ue eu so/ri.

CORONE&4para a T?5 !6ue agress&o;

*+nio o%a para o corone, mas nada diz.

CORONE&4ainda para a T?5 !?ai c%oramingar por7ue a min%a #engaa atingiu o seu #ra"o;

%&'NIO!B sen%or me agrediu /isicamente9

CORONE&4tira o som da T? - com desprezo, o%a para *+nio5 !Bra, ora... ?oc8 n&o < %omem, n&o, pra aguentar uma pancadin%a

da7uea;9

%&'NIO!B sen%or, por /avor, nunca mais pense em /azer isso comigo, de

novo9

CORONE&!?oc8, por um acaso, est$ me amea"ando, seu en/ermeirozin%o demerda;

%&'NIO4tam#


45/109

CORONE&4com desprezo ainda maior5 !En/ermeirozin%o de merda, voc8 /oi contratado pra me servir.

%&'NIO4en/renta-o5 !*ra cuidar do sen%or...

CORONE&4aos #erros5 !*ra me servir9

*+nio assusta-se e se caa.

CORONE&4tom de voz norma5 !?oc8 a7ui n&o < nada9 E nem pense em /ingir ser caridoso... Nmteoogozin%o disc+puo do )eson...Eu con%e"o muito #em gente

da sua aia.

%&'NIO!

B sen%or est$ me o/endendo.

CORONE&!)eson me contou so#re a sua vida. 4T5 6ue vidin%a miser$ve a

sua, %ein;

%&'NIO!Eu utei... Tra#a%o desde crin"a9 ou /ormado...

CORONE&4interrompe-o5-?oc8 < um nada9

%&'NIO!Eu n&o sou um nada9

B corone Ceis#erto apenas o o#serva.

%&'NIO!*on%a isso na sua ca#e"a@ eu n&o sou um nada9 4T5 ! E mais@ eu

n&o vou ser tratado com os outros /oram, n&o9

CORONE&4vota a o%ar a T?, e aumenta o som5 !

?oc8 n&o ser$ tratado igua aos outros. 4pausa5 e depender demim, com voc8, ainda vai ser pior.

*+nio engoe em seco.

45


46/109

. I)T. ! AA DB BRB)E. BSI)A. DIA

*+nio 8 a L+#ia.

iro entra e sorri.

CIRO!J$ t$ #uscando a ajuda de Deus, en/ermeiro;

%&'NIO4sorri5 !Eu me tran7uiizo muito endo a L+#ia. =esmo antes de pensarem /azer Teoogia, a L+#ia j$ era o ivro mais importante pramim, um ivro 7ue eu ia desde crian"a. 4T5 =eus pais erammuito cat:icos, iro, e ainda tin%a o *adre )eson, sempre

ai, nos orientando. Eu e *edro, meu irm&o, somos muito gratosa ee.

CIRO!?oc8 vai precisar muito da L+#ia... E de Deus... tra#a%ando

pro corone Ceis#erto.

*+nio nada comenta.

CIRO4p3e $gua e #e#e5 !E o om#ro; =e%or;

%&'NIO!

D:i ainda um pouco. 4o#serva iro5 ?oc8 vai sair;

CIRO!*reciso ir no povoado. omo ia nao t$ mais a7ui, min%a m&e

agora /icou respons$ve peas compras da7ui da casa.

*+nio continua endo.

CIRO!

6uer aguma coisa do povoado;

%&'NIO!e voc8 encontrar $ um pouco de paz e uz pra este sen%or 7ue

est$ $ no 7uarto, peo amor de Deus, traga.

46


47/109

iro sorri.

'. EXT. ! LB= BEGB. Rua. Dia

om a ajuda do COMERCIANTE, iro p3e as compras na maa doautom:ve.

entamente, Rute apro0ima-se dee.

RUTE4j$ pr:0ima5 !6uer ajuda, iro;

CIRO4visivemente surpreso5 !Dona Rute9 A sen%ora de vota a Lom ossego;9

1. I)T. ! AA DB BRB)E. BSI)A. DIA

Envoto nos seus pensamentos, *+nio est$ de p


48/109

RUTE4passa a m&o no rosto de *+nio5 !Eu imagino...

%&'NIO!$ 7uanto tempo 7ue eu n&o te vejo...

RUTE!=ais de dez anos...

%&'NIO!B 7ue voc8 /az a7ui na /azenda;

RUTE!Te ver. *or acaso, encontrei iro na venda $ do povoado. Eeme disse 7ue voc8 era o novo en/ermeiro do cr$pua... Entao,

n&o resisti@ tin%a 7ue te ver novamente9

*+nio vota-se para o /og&o.

%&'NIO4um tanto 7uanto con/uso5-Eu... Este c%$...

Rute apenas sorri.

%&'NIO!Eu preciso evar este c%$ de #odo pro corone...

RUTE!aro.

%&'NIO!=as n&o v$ em#ora@ eu 7uero muito conversar com voc8.

RUTE!: n&o 7uero ser vista por ee. Te espero $ /ora.

Bs dois continuam se o%ando.

%&'NIO!

6ue #om te rever, Rute, depois de tanto tempo...

(. EXT. ! CASE)DA DB BRB)E. KREA EXTER)A 4CN)DB5. DIA

*+nio e Rute est&o a/astados da casa.

48


49/109

Est&o sentandos na grama.

%&'NIO!Eu nunca imaginei 7ue voc8 tivesse voca"&o pra ser

pro/essora...RUTE!

E n&o ten%o. Gosto de ensinar, mas n&o < o 7ue 7uero pra mim.Ciz o concurso $ na capita. =as s: /iz mesmo por uma 7uest&ode tentar ad7uirir esta#iidade. =as min%a pai0&o, voc8 sa#e

7ua


50/109

%&'NIO!*eo menos voc8 /ica por a7ui at< o estado te c%amar.

RUTE! verdade@ passar neste concurso /oi tudo pra mim.

Ees se caam.

Apenas se o%am.

%&'NIO4ap:s pausa5 !Eu n&o vou poder demorar muito a7ui. Disse ao corone 7ue iria

na casa de iro, conversar com Dona otides so#re aaimenta"&o, a dieta dee, en/im...

RUTE4sorri5 !Ee engoiu essa %ist:ria;

%&'NIO 4tam#


51/109

FA,ENDA. NOITE.


Lastante /eiz, sem /azer nen%um es/or"o para esconder a sua/eicidade, *+nio ajeita a #andeja da janta do corone.

Ceis#erto o o#serva, cauteosamente.

%&'NIO!*ronto, corone9 ua sopa, seu p&o, 7uentin%o, do jeito 7ue o

sen%or sempre come, e sempre diz 7ue est$ #om... om umamanteguin%a derretida... 4sorri ainda mais5 ! Nma de+cia9

CORONE&4/rio5 !?oc8 < a#esta%ado;

*+nio, sem se a#ater, n&o responde.

CORONE&!

A


52/109

CORONE&!Eu vou desco#rir.

%&'NIO!Desco#rir o 7u8;

CORONE&!B 7ue voc8 est$ aprontando.

%&'NIO!=ania de persegui"&o agora, corone; 4T5 Eu n&o estou

escondendo nada. : estou muito /eiz.

CORONE&!uidado com tanta /eicidade, enfermeiro.

. EXT. ! AA DE IRB. )BITE

Rute d$ um a#ra"o em DONA C&OTI&DES,uma sen%ora de unscin7uenta anos, 7ue retri#ui o a#ra"o, amigavemente.

RUTE!B#rigado, Dona otides. Coi #om ver a sen%ora de novo.

CIRO4para Rute e *+nio5 !*odem ir sossegados@ eu /ico de o%o na casa.

%&'NIO!)&o vou demorar, iro. s: o tempo de dei0ar Rute $ na

pousada.

*+nio e Rute entram no carro.

2. I)T. ! ARRB. )BITE

RUTE!Eu n&o 7uero te causar pro#emas com ee, *+nio.

52


53/109

%&'NIO!Ee n&o vai acordar. A7uee ai dorme /eito uma pedra...

RUTE!Eu em#ro... =as tam#


54/109

CORONE&!Traga a min%a $gua... T com sede... 4r$pida pausa5 ! ad8

voc8, seu traste;9 ?oc8 n&o dei0ou $gua pra mim9

Q. I)T. ! LARSI)B DE LB= BEGB. )BITE

RUTE!B corone < um %omem mau, *+nio. Apenas isso. Ee gosta de

sa#er 7ue est$ /azendo o outro so/rer.

%&'NIO !Ee j$ est$ no /im da vida... Eu espero 7ue a7uee cora"&o

amoe"a9

RUTE!?oc8 continua muito otimista. Ceis#erto < um cr$pua, *+nio9

47uase transtornada5 Eu odeio a7uee %omem.

Rute #e#e a cerveja.

*+nio a o#serva.

%&'NIO!B 7ue aconteceu com voc8 $ na /azenda, Rute;

Rute nada responde, apenas suspira.

%&'NIO4ap:s pausa5 !Eu preciso votar pra /azenda...

Rute termina de #e#er a cerveja.

%&'NIO!E tam#


55/109

. I)T. ! AA DB BRB)E. BSI)A. )BITE

om di/icudade, na cadeira de rodas, o corone Ceis#ertoconsegue coocar $gua num copo, e #e#e.

CORONE&!Bnde esse desgra"ado se meteu;9

2'. EXT. ! AA DB BRB)E. ?ARA)DA. )BITE

iro est$ sentado na varanda, /umando.

A#ruptamente, o corone Ceis#erto sai de dentro da casa.

B rapaz assusta-se ao ver o corone na cadeira de rodas.

CIRO!orone999 B sen%or devia t$ dormindo...9

Ceis#erto apro0ima-se de iro.

CORONE&!=e /ae, seu moe7ue desgra"ado9 Bnde a7uee en/ermeiro de

merda se meteu;9

CIRO4tenta manter o controe5 !Eu... Eu n&o sei, corone...

CORONE&!a#e sim, moe7ue9 =e diga pra onde ee /oi9 4ainda mais

pr:0imo de iro5 ! Bu voc8 7uer 7ue eu desgrace ainda mais coma sua /am+ia;9

CIRO47uase c%orando5 !orone, por /avor...

CORONE&!J$ nao tem pai, s: a7uea m&e 7ue ma se aguenta em p


56/109

21. I)T. ! AA DB BRB)E. 6NARTB DB BRB)E. )BITE

*+nio entra no 7uarto.

B corone Ceis#erto est$ deitado na cama.

*+nio p3e a c%ave do carro so#re a penteadeira.

CORONE&!Bnde voc8 estava at< agora;

%&'NIO4assusta-se5 !*ensei 7ue o sen%or estivesse dormindo.

CORONE&!

Estava. enti sede. omecei a te c%amar, a te gritar, e nada9Tive 7ue me evantar e providenciar um copo d$gua. 4r$pida

pausa5 ?oc8 < t&o incompetente 7ue nem a $gua em#ra de dei0ara7ui.

*+nio acende a uz.

CORONE&!?oc8 n&o vai me responder;

%&'NIO!

omo o sen%or estava dormindo, eu resovi espairecer umpouco... Descupe pea $gua.

CORONE&!=entiroso.

%&'NIO!B 7u8;

CORONE&!=entiroso. E c+nico.

%&'NIO!B sen%or vai come"ar a me o/ender, corone;

CORONE&!+nico e mentiroso.

56


57/109

%&'NIO!*or 7ue eu sou c+nico e mentiroso, corone Ceis#erto;

CORONE&!*or7ue voc8 estava com a rameira da so#rin%a do )eson.

%&'NIO4tenta dis/ar"ar a surpresa, o espanto5 !Respeite Rute.

CORONE&!Rameira, sim. *rostituta.

%&'NIO4tenta, agora, controar o in+cio de raiva5 !B sen%or n&o vae nada...

CORONE&!Coi amor primeira vista, /oi;

%&'NIO!):s j$ nos con%ec+amos... Tin%a uns dez, onze anos, 7ue n&o

nos v+amos.

CORONE&!Ea j$ era a rameira 7ue < %oje;

%&'NIO4/irme5 !J$ te disse@ n&o o/enda a Rute9 por isso 7ue todo

mundo,incusive ea, odeia o sen%or9

CORONE&4diverte-se5 !A%9 Ea me odeia; Entao ea me odeia; 4sorri ainda mais5

%&'NIO4con/uso5 !B 7ue o sen%or est$ 7uerendo dizer;

CORONE&!)ada, meu /i%o... )ada... 4T5 B%a, j$ 7ue voc8 /oi orespons$ve pea min%a insnia, voc8 ter$ 7ue pagar por

isso...

Deitado, o corone pega, ao ado da cama, um ivro.

B corone passa o grosso ivro para *+nio.

*+nio rece#e o ivro, sem entender do 7ue se trata.

57


58/109

CORONE&!?oc8 sa#e er, n&o


59/109

%&'NIO!im, corone, tudo #em... =as por 7ue o sen%or 7uer 7ue eueia este ivro 7ue o sen%or j$ eu mais de tr8s vezes;

B corone Ceis#erto o%a, por aguns instantes, para *+nio.

CORONE&!6uero ouvir de novo essa %ist:ria, antes da min%a morte. omoeu n&o ten%o mais uma vis&o per/eita para a eitura, ca#e avoc8, 7ue < meu en/ermeiro, me proporcionar este prazer.

%&'NIO!Todas as noites, at< o sen%or pegar no sono...

CORONE&!Todas as noites, at< eu pegar no sono. En7uanto eu estiver

acordado, voc8 estar$ endo.

*+nio nada diz.

B corone deitado na cama. Ao seu ado, *+nio come"a aeitura.

%&'NIO48 as passagens do ivro, /azendo uma eitura #oa,

pausada, #astante escarecedora, sempre preocupado com o /atode o corone estar ou n&o entendendo a eitura5.

Tempo em que Plnio continua a ler.

CORONE&4num r$pido gesto5 -Nm instante, meu /i%o... ?oc8 pode repetir todo esse

par$gra/o;

%&'NIO4evanta as vistas5 -B sen%or n&o entendeu o 7ue aca#ei de er;

CORONE&4in+cio de impaci8ncia5 -Entendi, entendi... 4T5 =as 7uero 7ue voc8 eia novamente.

*+nio repete a eitura. =ais precisamente, todo o trec%o 7ueaca#ara de er.

59


60/109

B corone mostra-se satis/eito.

CORONE&4visivemente admirado5 !6ue par$gra/o e0empar... Esta < uma das passagens 7ue eu mais

gosto...

*+nio re8, com os o%os, o 7ue aca#ara de er. Cica caro7ue ee n&o comparti%a da mesma opini&o do corone. *ior@ n&oentende a satis/a"&o do corone diante de um trec%oaparentemente comum, corri7ueiro, como tantos outros.

CORONE&!ontinue... ontinue...

*+nio continua a eitura.

Em gestos, o corone Ceis#erto pede 7ue o en/ermeiro pare deer.

%&'NIO!Agum pro#ema, corone;

CORONE&!Ac%o 7ue sim, meu /i%o... Est$ acontecendo aguma coisa com

voc8;

Tota con/us&o na e0press&o de *+nio.

CORONE&4sem dar tempo a *+nio responder5 -=eu /i%o... 4com d:5 a sua eitura....

%&'NIO!omo assim...; A min%a eitura...;

CORONE&4tenta ensaiar um sorriso5 -, a sua eitura... Eu n&o estou conseguindo entender nada do

7ue voc8 est$ /aando.

%&'NIO-omo n&o;9 4T5 6uer 7ue eu repita essa parte;

60


61/109

B corone d$ um sorriso irnico.

CORONE&!eria preciso repetir 7uase tudo 7ue voc8 j$ eu.

*+nio suspira.

%&'NIO!6ua < o pro#ema com a min%a eitura;

CORONE&4sem sorrir5 !A sua entona"&o < p


62/109

CIRO 4um tanto 7uanto sem gra"a5 !6ue nada, en/ermeiro... Eu 7ue ten%o 7ue pedir descupas por

nao ter conseguido en/rentar o corone.

*+nio vota ao ceuar.

%&'NIO!Estou ansioso por aman%&... 4r$pida pausa5 ! )&o vejo a %ora

de ter rever.

2. EXT. ! AA DB BRB)E. ?ARA)DA. DIA

Da varanda, o corone Ceis#erto, na cadeira de rodas, o#serva

*+nio /aar no ceuar.


B corone toma o ca/< da man%&.

*+nio est$ sentado, espera do t


63/109

CORONE&!E seu irm&o;

%&'NIO!B 7ue tem o *edro;

CORONE&4comendo o aimpim5 !e ee j$ tivesse morrido, n&o seria me%or pra voc8;

%&'NIO !aro 7ue n&o9

CORONE&!om o estmago todo estragado e, ainda por cima, um VmaricasW9

%&'NIO!omo o sen%or sa#e 7ue *edro...

CORONE&4interrompe-o5 ! um viado; 47uase sorri5 Nma mu%erzin%a;

*+nio controa-se, caado.

CORONE&!?oc8 ac%a 7ue eu iria permitir 7ue agu


64/109

%OUSADA +OM SOSSEGO. DIA

22. I)T. ! *BNADA LB= BEGB. 6NARTB DE RNTE. DIA

Rute est$ 7uase 7ue deitada na cama, o%ando a T?, mas semprestar aten"&o no 7ue v8.

*adre )eson est$ mais perto da janea do 7uarto, o%ando paraea.

%ADRE NE&SON!Cina de semana todo $... Isso < muito #om9 4T5 : ten%a

cuidado pra Ceis#erto n&o te ver e atrapa%ar tudo.

RUTE!

Tomarei cuidados.

%ADRE NE&SON!6uando voc8 votar pra c$, no domingo noite, *+nio dever$

estar competamente apai0onado por voc8.

RUTE4ap:s pausa5 !)eson, eu n&o 7uero magoar *+nio.

%ADRE NE&SON!E 7uem %e disse 7ue eu 7uero 7ue voc8 ! ou 7ua7uer outrapessoa ! magoe *+nio; Nm rapaz 7ue eu amo como se /osse meu

/i%o;9

*ausa.

%ADRE NE&SON!on/ie no seu tio, Rute. Eu j$ te pedi isso, min%a /i%a@

con/ie em mim.

FA,ENDA. NOITE.

2. I)T.- AA DB BRB)E. 6NARTB DB BRB)E. )BITE

*inio prepara o coc%onete.

64


65/109

CORONE&4o#serva-o5 !?oc8 ac%a 7ue j$ vai dormir;

%&'NIO4vota-se para o corone5 !B sen%or est$ precisando de ago;

CORONE&!im.

%&INIO4p$ra de arrumar o seu ugar de dormir5 !*ois n&o, corone;

CORONE&!Estou esperando a eitura do ivro.

%&'NIO4/irme5 !=in%a eitura < p


66/109

moringa na ca#e"a dee. B pretin%o era /raco@ desmaiou. omoeu era #em mais /orte do 7ue sou %oje, pude n&o s: empurr$-o! at< o ado de /ora da casa ! como tam#


67/109

CORONE&!Eu sempre estive em paz com a min%a consci8ncia. Eu n&o tivea#soutamente nada a ver com a morte da7uee rapaz.4T5 Agora,se ee era um /raco, ee n&o deveria ter vindo tra#a%ar pro

orone Ceis#erto.

%&'NIO!B sen%or < um monstro, corone9

*+nio camin%a para a sa+da do 7uarto e a#re a porta.

CORONE&!En/ermeiro9

*+nio vota-se.

CORONE&!

?oc8 < /raco;

*+nio n&o responde.

CORONE&!Cec%e a porta.

*+nio o#edece.

CORONE&!E agora voc8 vai er pra mim at< a %ora em 7ue eu diga@ c%ega.

2P. I)T. ! A*EA DE LB= BEGB. DIA

*adre )eson /aa no ceuar.

%ADRE NE&SON!

Eu devo estar votando %oje mesmo pra capita, Rute. Eu at


68/109

2Q. EXT. ! CASE)DA. RIAB. DIA

*+nio e Rute tomam #an%o juntos.

Ees est&o /eizes.

Ees decidem sair da $gua, e pegam as toa%as, a /im de sesecarem.

RUTE!E o cr$pua;

%&'NIO!Dormindo.

RUTE4sorri5 !

?oc8 n&o est$ dopando o ve%o, n&o, n


69/109

2. EXT. ! AA DE DB)A BTIDE. DIA

*+nio e Rute se despedem.

RUTE!Agora ten%o 7ue ajudar dona otides.

%&'NIO4#eija-a5 !A gente se v8 depois...

E)A '. I)T. ! AA DB BRB)E. BSI)A. DIA

*+nio ava agumas ou"as.

iro o o#serva.

CIRO!Eu vi mais cedo o #eijo... ?oc8 e Dona Rute...

%&'NIO4p$ra de avar os pratos5 !omo se n&o #astasse o corone, agora voc8 tam#


70/109

CIRO!Eu e a ia, $ no riac%o.

%&'NIO4sorri5 !Ent&o, estamos 7uites.

CIRO!?oc8 gosta muito dea;

%&'NIO!Ac%o 7ue sempre gostei, desde moe7ue...

CIRO!Dona Rute < uma mo"a muito #onita...

%&'NIO!Rute < inda, iro9 Eu estou competamente apai0onado por

ea...

CIRO!*ai0&o < muito #om... Eu n&o t conseguindo es7uecer ia...

%&'NIO!Ea n&o gostava tanto assim de voc8...

CIRO!

Eu sei disso. e ea gostasse um tantin%o 7ue /osse de mim,n&o teria se mandado.

%&'NIO!?oc8 < um rapaz ega, tra#a%ador... ogo vai ac%ar agu


71/109

*+nio nega.

CIRO !Eu ac%o 7ue devo te contar o in/erno 7ue Dona Rute passou

a7ui.

1. I)T. ! AA DB BRB)E. 6NARTB DB BRB)E. )BITE

*+nio est$ possesso.

CORONE&4tran7uio5 -Ea me provocava o tempo todo... Eu sou %omem9

%&'NIO47uase aos #erros5 !E ea < uma mu%er9

CORONE&!Nma rameira9

%&'NIO!Desgra"ado9 ?oc8 n&o deveria nem coocar o nome de Rute nessa

sua #oca miser$ve9

CORONE&!B%e a7ui, seu imprest$ve, voc8 7uer sa#er do 7ue eu

reamente me arrependo;

%&'NIO!Desgra"ado9

CORONE&!=e arrependo de ter tido pena da7uea vadia9 4com :dio5 Eudevia ter comido a7uea rameira, sem pena9 =as ta#


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(. I)T. ! A*EA DE LB= BEGB. DIA

Dr. :vis est$ sentado /rente do *adre )eson.

Ee est$ #astante preocupado.

%ADRE NE&SON!?oc8 precisa parar, :vis. Todo din%eiro 7ue voc8 gan%a voc8

gasta em jogo, %omem; ?oc8 ainda vai terminar preso...

DR. C&)*IS!Eu tento parar, )eson. =as parece imposs+ve9

%ADRE NE&SON!?oc8 t$ devendo a Deus e ao mundo, :vis9 Desde 7ue te

con%e"o, desde jovem, 7ue voc8 s: vive devendo a todo mundo...

DR. C&)*IS4supicante5 !?oc8 tem o din%eiro pra me emprestar, )eson;

%ADRE NE&SON4irnico5 !Emprestar, :vis;9 ?oc8 nunca vai ter como me pagar9 4T5 Eu

vou te dar.

C&)*IS 4mais aiviado5 !B#rigado. Eu sa#ia 7ue eu podia contar com voc8.

%ADRE NE&SON!Este < o pro#ema@ voc8 sempre sa#e 7ue pode contar comigo.4T5 Agora, :vis, voc8 tem 7ue parar... Eu n&o vou estar

sempre a7ui pra te ajudar, n&o9

B ceuar do padre toca.

Ee atende e apenas escuta.

. I)T. ! AA DE DB)A BTIDE. AA. DIA

Dona otides /az um curativo na m&o de *+nio.

Rute e iro est&o tam#


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%&'NIO4no ceuar5 !Eu n&o vou mais /icar a7ui9 )&o tem mais jeito, padre9

Lengaadas, %umi%a"3es, toda sorte de agress3es ver#ais, eagora, pra competar, ee /ura min%a m&o com um gar/o9

Irritado, *+nio escuta.

%&'NIO!B sen%or me disse 7ue ee era um ve%o doente, prestes amorrer9 E n&o um ve%o crue, perverso, estuprador...

Rute engoe em seco.

%&'NIO!6uase um assassino9

. I)T. ! A*EA DE LB= BEGB. DIA

%ADRE NE&SON4ainda no ceuar5-)&o tome nen%uma atitude precipitada. Eu estou indo... ama9

Ci7ue a+ em otides. J$ j$ estou a+9

*adre )eson desiga o tee/one.

%ADRE NE&SON4para :vis5 !6ue in/erno9

DR. C&)*IS!Agum pro#ema, )eson;

%ADRE NE&SON!Ceis#erto, :vis9 B ve%o corone Ceis#erto9

DR. C&)*IS!Ee est$ passando ma;

%ADRE NE&SON!Ee n&o morre, :vis9 Este < o grande pro#ema com o coroneCeis#erto@ ele ?@el >;e e =B ??e?9

73


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4T5 E o%a 7ue voc8 me disse 7ue a7uee desgra"ado j$ estavanas >timas...

DR. C&)*IS!)eson, a medicina n&o < e0ata9 B corone Ceis#erto reamente

est$ nas >timas...

%ADRE NE&SON![timas, :vis...[timas... Ee sempre est$ nas >timas... E

a ltima, meu 7uerido, nunca c%ega9


*adre )eson camin%a, nervosamente, peo 7uarto.%ADRE NE&SON!

Bito en/ermeiros, Ceis#erto9 Bito en/ermeiros em menos dedois meses9 4T5 B 7ue voc8 pretende; =orrer sozin%o;

Deitado na cama, o corone nada diz.

%ADRE NE&SON4apro0ima-se5 -?oc8 sa#e 7ue tem 7ue tratar esse rapaz muito #em. 4apro0ima-se ainda mais do corone5 Ceis#erto, voc8 sa#e 7ue tem aobrigaode tratar *+nio muito #em. ?oc8 7uer 7ue eu teem#re o por7u8 de voc8 ter 7ue tratar *+nio muito #em;

i8ncio.

%ADRE NE&SON!6uer;

*ausa.

CORONE&!=ande esse en/ermeirozin%o de merda entrar.

%ADRE NE&SON!?eja $, Ceis#erto, veja $ como voc8 vai tratar *+nio

agora. Ee < o >timo, entendeu #em, o >timo en/ermeiro 7uearranjo pra cuidar de voc8.

CORONE&4resmunga5 -Ee nem en/ermeiro


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*adre )eson camin%a at< a porta do 7uarto e c%ama *+nio.

auteoso, *+nio entra e nada diz.

%ADRE NE&SON4para o corone5 -Ceis#erto tem ago a dizer, *+nio.

B corone o%a para *+nio.

CORONE&4voz /raca5 -Apro0ime-se...

*+nio d$ apenas uns dois passos na dire"&o do corone.

CORONE&!

Apro0ime-se mais....

%&'NIO!A7ui est$ :timo.

CORONE&!Eu ten%o poucos dias de vida, meu /i%o... ?oc8 sa#e disso...Os vezes, eu perco a paci8ncia... 4T5 ?oc8 n&o tem id


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%ADRE NE&SON!Ceis#erto est$ te pedindo descupas, *+nio.

*+nio apenas continua o%ando para o corone.

CORONE&!A


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*+nio ainda a a#ra"a com mais /or"a.

%&'NIO!Estou sentindo um pouco de medo, Rute.

RUTE!Tudo vai dar certo.

%&'NIO!Agora v$@ *adre )eson n&o gosta de esperar. A


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nada 7ue preste, nem er a porcaria de um ivro pra um ve%odoente, voc8 consegue9

%&'NIO!=in%a eitura < p


79/109

amamente, o corone Ceis#erto pu0a a carta de#ai0o dotravesseiro e, sem *+nio esperar, a#ruptamente, ee a rasga.

%&'NIO4incr


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CIRO!Nm camarada vai passar de carro. Ee vem de uma /azenda um

pouco mais a/astada da7ui. ?amos juntos...

%&'NIO!Divirtam-se...


*+nio entra no 7uarto.

B corone est$ deitado, acordado.

*+nio o%a para a canja, praticamente intacta so#re o criado-mudo.

CORONE&4camo5 -*or /avor, en/ermeiro, ven%a c$.

*+nio evanta-se e vai at< a cama onde est$ deitado ocorone.

CORONE&4o%a a canja5 !*rove.

%&'NIO!omo;9

CORONE&!*rove a canja. E0perimente.

*+nio apro0ima-se mais e, com a co%er, pega um pouco da

canja do prato do corone.

B corone Ceis#erto apenas o o#serva tomando a canja.

CORONE&!Gostou;

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%&'NIO4p3e a co%er de vota so#re a #andeja5 !B 7ue %$ de errado com a canja, corone Ceis#erto;

CORONE&4impaciente5Tudo9 A#soutamente tudo94T5 Eu nunca tomei uma canja de

gain%a t&o sagada como essa9

%&'NIO!Eu devo ter e0agerado no sa...

CORONE&4com desd


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CORONE&4demonstra um certo receio5 -B 7ue voc8 vai /azer, seu imprest$ve;

%&'NIO4com muito :dio5 -Eu vou aca#ar com o sen%or, corone9

orror no o%ar do corone.

E, vioentamente, *+nio parte pra cima do corone Ceis#erto,segurando-o peo pesco"o, apertando-o.

FADE IN

FADE OUT EM:

FA,ENDA. NOITE.

P'. I)T. ! AA DB BRB)E. AA. )BITE

A/ito, *+nio anda de um ado para o outro da saa.

%&'NIO!

=eu Deus, o 7ue /oi 7ue eu /iz;9 Eu tin%a 7ue ter mecontroado...

Ee se joga no so/$.

%&'NIO!en%or Jesus, o 7ue vai ser de mim, agora;9

auteoso, *+nio entra no 7uarto.

P1. I)T. ! AA DB BRB)E. 6NARTB DB BRB)E. )BITE

*+nio entra no 7uarto e v8 o corone jogado so#re a cama,morto, com os o%os a#ertos.

82


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A cama est$ toda des/orrada.

*+nio o%a para o c%&o e v8 o prato da canja 7ue#rado e todaa canja derramada.

Devagar, ee a#ai0a-se e come"a a catar os cacos do prato

7ue#rado.

P(. EXT. ! CASE)DA. DIA

B dia aman%ece.

B carro do *adre )eson apro0ima-se e p$ra na /rente da casa.

Desce do carro, a


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RUTE!?oc8 n&o estava com ee, na %ora;

%&'NIO!)&o, eu /ui #uscar a canja, 7ue ee sempre tomava, antes dedormir. Demorei um pouco na cozin%a, es7uentando a canja...4pausa56uando votei, encontrei o corone j$ sem vida.

%ADRE NE&SON4para iro5 !A 7ue %oras voc8 c%egou do #aie;

CIRO!6uase 7uatro da man%&... 4justi/ica-se5 Eu n&o passei a7uipor7ue j$ era ata madrugada... Eu pensei 7ue o corone e o

en/ermeiro j$ estivessem dormindo... 4pausa5 Eu nunca iaimaginar 7ue o corone...

iro n&o termina a /aa pois Dr.:vis retorna do 7uarto.

*adre )eson se evanta.

DR. C&)*IS!?oc8s j$ podem ver o corone.

RUTE!Eu pre/iro n&o ir@ espero voc8s a7ui.

CIRO!Eu posso /icar com a sen%ora@ nao gosto de ver de/unto n&o9

P. I)T. ! AA DB BRB)E. 6NARTB DB BRB)E. DIA

*adre )eson, *+nio e o Dr. :vis entram no 7uarto.

Dona otides est$ arrumando o corpo do corone.

*adre )eson vai at< o corone e /az uma r$pida ora"&o.

B corpo do corone Ceis#erto est$ ainda so#re a cama, por


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%ADRE NE&SON!6ue voc8 encontre a paz 7ue nunca conseguiu ter a7ui, ve%o

corone Ceis#erto.

*+nio o%a para uma pe7uena #an7uin%a.

CAM mostra, so#re a #an7uin%a, um prato c%eio de canja degain%a, intoc$ve, so#re uma #andeja.

DR. C&)*IS!B aneurisma estourou. : isso. 4T5 =ais cedo ou mais tarde

isso iria acontecer mesmo...

Dr. :vis d$ mais uma o%ada para o corpo do corone.

DR. C&)*IS-Demorou at< muito pra acontecer.

*+nio e o *adre )eson nada dizem.

P2. EXT. ! AA DB BRB)E. ?ARA)DA. DIA

Todos est&o na varanda, com a e0ce"&o de Dona otides.

%ADRE NE&SON-Agora, cuidar do seputamento.

CIRO!=in%a m&e j$ t$ $ dentro, arrumando o de/unto.

%ADRE NE&SON!

*ois #em@ otides j$ est$ cuidando do Ceis#erto... Eu voupro povoado tomar outras provid8ncias.

%&'NIO-Eu n&o vou /icar pro enterro, padre.

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%ADRE NE&SON4surpreso5 -omo n&o, *+nio;9 ?oc8 tem 7ue /icar. B corone gostava de

voc8, voc8 /oi o >nico en/ermeiro 7ue ee tratou #em.

A increduidade !muda! < vis+ve na e0press&o de *+nio.

RUTE4perce#e 7ue *+nio est$ a ponto de e0podir, e tentacontroar a sua pr:pria e0pos&o5 !

Todos n:s sa#emos, tio, 7ue isso n&o < verdade@ este in/eiz,7ue /inamente morreu, tentou me vioentar, j$ deve ter

praticados outros crimes...

%ADRE NE&SON!Ceis#erto n&o era um assassino9

RUTE4/irme5 !Era, sim9 e a7uee rapaz morreu devido s compica"3es de

/icar dois dias e duas noites sem comer, sem #e#er se7uer umcopo d$gua... A7uee in/ame /oi o respons$ve, sim9 E, de uma

certa /orma, o sen%or c>mpice9

DR. C&)*IS!=in%a 7uerida, ac%o 7ue voc8 est$ um pouco nervosa...

%ADRE NE&SON4cuidadoso5Rute, por 7ue voc8 est$ me acusando de c>mpice do corone;

RUTE!

*or 7ue o sen%or sempre o acor#etou.

Rute d$ as costas a todos, a/astando-se.

%&'NIO!ua so#rin%a s: est$ /aando, padre, so#re o 7uanto o corone

Ceis#erto era um %omem mau, crue, vingativo.

%ADRE NE&SON!a#e, *+nio, a respeito de Ceis#erto ser um %omem

vingativo... 4sorri, com uma certa amargura5 Eu, me%or do 7ue

voc8s, sei disso... ei o 7uanto o ve%o corone era um %omemvingativo...

)este momento, Dona otides sai do interior da casa.

iro vai ao encontro da m&e.

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%ADRE NE&SON!Lem... ?amos pra via.

DR. C&)*IS4para o padre5 !)eson, antes de irmos, podemos trocar uma paavrin%a;

4o#serva o padre, atentamente5 coisa r$pida.

%ADRE NE&SON 4para os outros5 !Esperem no carro. 4para dr. :vis5):s n&o vamos demorar.

OR&A DA CA%ITA&. DIA

P. EXT. ! *RAIA. DIA

*+nio camin%a pea areia da praia, ao ado de Rute.

RUTE!)&o tin%a mais por7ue eu /icar $ em Lom ossego. Agora nico pro#ema nisso tudo, *+nio, < 7ue aguns demoram

muito pra morrer, e a+ /icam mais tempo entre n:s do 7ue, svezes, temos a capacidade... 4sorri5 ou a caridade, desuportar... a+ 7ue perce#emos 7ue ago deve ser /eito.

%&'NIO!B sen%or est$ 7uerendo dizer...

%ADRE NE&SON!)&o, meu /i%o, eu n&o estou 7uerendo dizer a#soutamente

nada. Eu estou a/irmando 7ue voc8 /ez um grande #em ao coroneCeis#erto... A gente sa#e, *+nio, 7ue Ceis#erto s: espa%ouraiva, :dio, rancor por todos os ugares por onde ee passou.)ingu


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%&'NIO4sorri5 -=eu... E de Rute9

%ADRE NE&SON!Isso, meu /i%o9 eu e da min%a >nica so#rin%a.

*+nio vira-se e v8 toda a vasta $rea de terras, a


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O ENFERMEIRO - Roteiro Final