O Ensaio Academia Brasileira de Letras

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  • 8/16/2019 O Ensaio Academia Brasileira de Letras

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    O Ensaio

    Conferencista: Acadêmico Eduardo Portella

    10/10/2000

    Presidente CARLOS NEJAR:

    Boa-tarde a todos. Convido, para a mesa, o conferencista: o acadêmico, professor Edardo Porte!!a. "ero convidarainda o acadêmico, decano e escritor Jos# $onte!!o, como tam%#m o &orna!ista Ado!fo $artins, presidente da 'o!(a

    )iri*ida, +e est apoiando esta pro*ramao.

    Eminentes acadêmicos, escritores, p/%!ico presente. )ese&o, neste momento, sadar o nosso conferencista Edardo

    Porte!!a, pois co%e a e!e, rec#m-c(e*ado da Eropa, propor ma nova a!ternativa da compreenso do fen0meno

    !iterrio, ma proposta diria sofisticada, a%erta a ma po!ifonia +e concertava o e1istencia!ismo franco-*erm2nico de

    Sartre e 3eide**er, a esti!4stica espan(o!a de )maso A!onso, de Car!os Boso5o, at# o ensa4smo orte*iano, para

    +em o !ivro de !iteratra tem +e ser de !iteratra, mas tam%#m tem de ser m !ivro.

     No dei1o de srpreender e de espantar - a+i no sentido *re*o do termo - principa!mente aos mestrandos da

    'ac!dade de Letras, a+e!e modo de referir-se ao !iterrio com a sem2ntica da onto!o*ia de 3eide**er, trad6ido parcia!mente entre n7s por Emane! Carneiro Leo, em meados dos anos 89. Sem d/vida, Edardo Porte!!a ina*ro

    ma nova discip!ina, a Ciência da Literatra, e o +e e!e tra6ia de sa estadia na Eropa Latina, o +e o cr4tico &

    consa*rado tro1e para a niversidade foi a insstentve! !eve6a da tradio !iterria das epifanias po#ticas, da

    ref!e1o acerca da metaf4sica, das re!a;es peri*osas e desconfiadas entre o mndo da vida e a ra6o instrmenta!, o

    como e!e (o&e se refere, entre as re!a;es de prodo e a prodo de re!a;es.

    A ra6o (ermenêtica, ta! como e!e a prop;e no se !ivro 'ndamento da investi*ao !iterria, # a ce!e%rao da

    comp!e1idade. Nesse !ivro - +e # o pro*rama da Ciência da Literatra, ta! como foi por e!e conce%ido - ( das

    osadias o das (eresias, em face do +e se pensava na #poca. Primeiro, a va!ori6ao, o res*ate da s%&etividade do

    s&eito, esta entidade to ma! compreendida e desva!ori6ada na %ai1a modernidade.

    Em sa proposta te7rica, o +e se passa no (ori6onte da s%&etividade importa e importa mito, # parte do acervo

    c!ssico da interpretao, pois !er # m ato de comn(o com o otro, e neste caso, cada interpretante # de a!*m

    modo responsve! pe!a constro do sentido, como se ao contrato socia! antecedesse o contrato sem2ntico. A !4n*a

    na*ravam-se entre n7s otras

    fronteiras a%ertas, amp!as, so%retdo fronteiras +e no eram determina;es, como os romanos nos ensinaram: !imites

    entre o espao vita! e onto!7*ico do cidado e o deserto est#ri! e invenc4ve! - o nada. No, a !in*a*em no #

    fronteira, se ( a!*ma coisa +e se di*a, esta coisa # a indeterminatio entre o +e se desve!a e o +e se esconde no

     &o*o sti! da verdade, como inst2ncia da reve!ao.

    O voca%!rio do professor Porte!!a passava a incorporar termos descon(ecidos entre n7s, como dasein, escta,

    acontecer po#tico, atenticidade, prete1to, entrete1to, termos de fi!osofia e da esti!4stica, revita!i6ados e recom%inados

     por ma ra6o (ermenêtica. No # dif4ci! ima*inar as incompreens;es, os impasses e as cr4ticas, ma! o %em

    intencionadas, sr*idas ?como # comm no meio niversitrio@ sempre +e a!*#m osa ma novidade.

    $as !em%remos tam%#m do verso de )ante, +e %em e1pressa a reao de Edardo Porte!!a: Non ra*ione de do!ore,

    ma *arda e passa. Lia-se a o%ra para c!arificar o conf!ito do poder e o especia! atoritarismo de +e #ramos v4timas.

    As interpreta;es eram motivadas ideo!o*icamente. As tradicionais cate*orias !iterrias, os tropos, as re!a;es

    estrtrais do romance, a vo6 !4rica, tdo enfim +e constiti o !iterrio era passivo de a!*m tipo de veto, para +e

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    no se acsasse o !eitor com a pec(a ne*ativa de a!ienado. A !iteratra servia de prete1to para +e se reve!asse a trama

    insidiosa de poder, as armadi!(as secretas de compreender +e a adversidade pode e deve ser reconci!iada na

    !in*a*em, na escta despo&ada e reve!ada do !o*os, por+e somos, como ensina Pentecostes, amantes do !o*os,

    somos fi!7!o*os.

    mito %om +e ten(amos entre n7s m professor em#rito em re*ime de dedicao e1c!siva, m confrade mestre

    da convivência, +e vive nos ensinando o si!êncio, como radica!mente m di6er +e se pode resmir, ta!ve6, em ma

    de sas mais espantosas frases +e !i, desve!ada do inesperado. ma frase, portanto, po#tica, va!endo como si*no da

    esperana, esperana de +e no necessitamos mais de teo!o*ias para +e o porvir possa ser sempre frto de nossa

    constro indeterminada e afetiva do otro, no cont4no refa6er-se de n7s e do mndo:

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    Por isso, no seria de todo despropositado, e seria certamente prdente, comear per*ntando: - "a! o ensaioD O

    ensaio # m *ênero m/!tip!o, disp;e de m/!tip!as facetas, mas est predominantemente !oca!i6ado entre a !iteratra e

    a fi!osofia. Por +e !oca!i6ado entre a !iteratra e a fi!osofiaD Por+e ( com e!e m compromisso de pensar= m

    dissidente de Niet6sc(e provave!mente diria: ma vontade de pensar. E ( m compromisso com o te1to, com a

    +a!idade do te1to, sem o +e no # ensaio. Pode ser ma mono*rafia, pode ser m compêndio, pode ser ma

    e1posio !ovve!, mas fa!ta este to+e ima*inoso +e s7 o ensaio tem. Lo*o, o ensaio # ma forma, ma forma no

    forma!, +e se identifica pe!o vi*or cr4tico e pe!a +a!idade te1ta!.

    Se n7s osssemos m poco no sentido de fa6er ma pe+ena tipo!o*ia do ensaio, no m novo cat!o*o de

    referências intranspon4veis, por#m ma se!eo em%!emtica, retirando, desse percrso de cento e cin+enta anos,

    so%retdo na parte propriamente dita do s#c!o GG, a!*mas fi*ras +e so prota*onistas, esta %io*rafia recente

    comearia provave!mente pe!o Romantismo, a partir de HIF8. m ensaio ainda erope. ona!ves de $a*a!(es,

    Ara/&o Porto A!e*re, orres 3omem, so (omens +e pensavam o Brasi!, sem a%andonar as matri6es c!trais, +e

    terminavam sendo matri6es ideo!7*icas.

    O ensaio rom2ntico imediatamente se dei1a ver, pode ser recon(ecido como m ensaio comprometido com o

     pro*rama independentista. No Brasi!, Romantismo e >ndependência so +ase sin0nimos. J a4 e desde a4, o ensaio #

    m !*ar ref!e1ivo. Se a cr0nica # m *ênero pe!o +a! ten(o m apreo mito especia!, +ando e!a ref!ete m poco

    mais, se compromete m poco mais com ma perspectiva ref!e1iva, e!a corre o risco de ficar pesada. O ensaio, no.

    O ensaio vive dessa diferena, mas se distin*e, se distin*e e1atamente do compêndio, da mono*rafia, por+e e!e

    tem ma !eve6a - a sstentve! !eve6a do ensaio.

    )e maneira +e, em se*ida, vamos ver, em todo esse processo independentista, m con&nto de compara;es

    constantes, so%retdo com a 'rana, com as *randes fi*ras francesas. dif4ci! se fa!ar de m ator %rasi!eiro, sem

    remeter imediatamente a m ator francês. S7 ta!ve6 )ante e BKron fravam m poco esse %!o+eio da (e*emonia

    francesa. $as mesmo assim, fomos avanando em meio a essas compara;es de todos os tipos.

    a!ve6 o ensaio ten(a feito m primeiro aparecimento com Joo 'rancisco Lis%oa, o do Jorna! do imon, p%!icado

    entre M e 8M, nos anos I99. Esta !in(a do p%!icista vem de Lis%oa e c(e*a a Bar%osa Lima, # a+e!e +e aposta na

    cena p/%!ica, aposta diariamente a toda a (ora, toma posio, no # de modo a!*m m escritor contemp!ativo, # o

     primeiro dos escritores en*a&ados, comprometidos. Esta coerência do p%!icismo %rasi!eiro se mant#m +ase

    impertr%ve!, de Lis%oa a Bar%osa Lima.

    $as A!ce Amoroso Lima # +em nos !em%ra e nos c(ama a ateno para isso, a cr4tica at0noma s7 se instara no

    Brasi! a partir da Esco!a do Recife, HI9. S4!vio Romero, ta!ve6 o mais e1a!tado de todos e!es, a+e!e +e escrevia

    com ma e1traordinria pai1o, e +e, por isso mesmo, como todo o apai1onado, ama perdidamente e se e+ivoca

    criticamente. 'oi o +e acontece a Si!vio Romero, so%retdo na ava!iao de $ac(ado de Assis. Em otros

    momentos, e!e foi %astante fe!i6, e1erce m natra!ismo de cn(o socio!7*ico e preparo a passa*em. E!es, na

    verdade, co-(a%itavam= os (omens da Esco!a do Recife eram o%ias, Bevi!+a, Roc(a Lima, Artr Or!ando. Era a

     p!êiade do Recife e esses (omens comearam a matric!ar o Brasi! na esco!a do pensamento moderno.

    O Brasi! vivia m per4odo pr#-esco!ar antes da Esco!a do Recife, em termos de prod6ir m pensamento

    ra6oave!mente at0nomo, mesmo +e com as matri6es metropo!itanas, mas & com vontades e decis;es at0nomas.

    Esses (omens da Esco!a do Recife so verdadeiramente fndadores, e *raas a S4!vio Romero e com S4!vio Romero,

    se forma a primeira *rande tr4ade de ensa4stas %rasi!eiros, o%servando a !iteratra sem es+ecer o socia!, o est#tico, o

     psico!7*ico e o mora!.

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    Essa tr4ade fndadora tem como prota*onistas: S4!vio Romero, & fa!ado - Araripe J/nior, a4 ( ma predomin2ncia da

    inf!e1o est#tica e Jos# er4ssimo, +e era m mora!ista s7%rio. m mora!ista s7%rio # a+e!e +e, diante das

    trans*ress;es s%&etivas do cotidiano, tem dific!dade de a%sorver a trama romanesca da #poca.

    Continamos, portanto, como ma fi*ra de ponte, com este (omem +e # Joo Ri%eiro. E!e *arda o (manismo

    t4pico da #poca, mas se compromete com as ciências da !in*a*em. m fi!7!o*o, m fi!7!o*o no sentido a%erto do

    termo= # como se referia Ernest Ro%ert Crtis, o *rande fi!7!o*o a!emo, +e di6ia +e a 'i!o!o*ia est para as

    ciências do esp4rito assim como a $atemtica est para as ciências f4sicas. Joo Ri%eiro fe6 esta passa*em, esta

     ponte, e c(e*amos a m otro tipo de ensaio. a+e!e ensaio fndado por Ec!ides da Cn(a.

    Ec!ides da Cn(a # e1atamente o ensaio como narrativa, nma !in(a +e parece (o&e de moda, so%retdo com o

    ita!iano Pietro Cittate. E!e narra, a fronteira entre a 3ist7ria e a narrativa # têne, mas no ( e1atamente a an!ao

    da 3ist7ria pe!a narrativa, nem da narrativa pe!a 3ist7ria. No ( na narrativa ma *ratidade +e demitisse a

    3ist7ria, nem na 3ist7ria m ri*or reconstittivo +e %!o+easse a f!ência da narrativa. 3 m pacto mito %em

    cmprido entre os dois. Poder4amos fa6er ma pe+ena par7dia, com termos do pr7prio Ec!ides. Esse ensaio como

    narrativa # a (ist7ria mar*em da 3ist7ria, mas nnca na contramo da 3ist7ria. Ec!ides # rea!mente ma referência

    fndamenta! da constro do ensaio no Brasi!.

    )epois de!e, vêm a!*mas fi*ras da+e!e per4odo pr#, e em se*ida p7s, entre e!as, raa Aran(a, +e p%!ico m

    famoso !ivro, A est#tica da vida. E receio +e, em ve6 de se encontrar a!i a est#tica da vida, encontremos a vida da

    Est#tica. Provave!mente, (avia m peri*oso esteticismo na form!ao te7rica de raa Aran(a.

    emos depois temos a!*ns cr4ticos +e, !amentave!mente, no poderemos desdo%r-!os, entre e!es, A*ripino rieco.

    A*ripino rieco # o /!timo representante de m ta!ento ora! das sociedades pr#-r%anas. )esaparece esse tipo de

     po!emista, o (omem +e fa6ia anedotas, +e mdava o nome das pessoas, +e tin(a o%serva;es sempre inte!i*entes

    e criativas so%re a vida. Se fa!tava ma a maior consistência cr4tica, so%rava a+e!e ta!ento das caracteri6a;es

     pr7prias, sempre mais o menos fe!i6es.

    Ap7s de A*ripino, temos S#r*io $i!!iet. S#r*io $i!!iet # m dos cr4ticos do $odernismo, predominantemente vo!tado

    ?mas no s7@ para a cr4tica de artes p!sticas. )epois, Andrade $ricK # ma so%revivência dos tempos p7s, mas #

    tam%#m a+e!e a +em o Sim%o!ismo %rasi!eiro deve a sa codificao. No (averia ma 3ist7ria rea!, e ma

     possi%i!idade rea! de ava!iao do acervo sim%o!ista no Brasi!, se no tivesse (avido a pes+isa precisa de Andrade

    $ricK.

    Em se*ida, vem m %aiano, E*ênio omes, m %aiano com as antenas !i*adas na >n*!aterra, na r-Bretan(a,

    especia!mente em S(aespeare. E!e escreve m !ivro mito %onito: S(aespeare e o Brasi!. Era m %aiano s7%rio,

    m %aiano mais introvertido do +e e1trovertido. No (avia *randes *estos ne!e= ma ve6, e!e me (onro mito,

    di6endo: - N7s somos os in*!eses da Ba(ia. A compan(ia era %oa, no sei se a frase era fe!i6.

    )epois, vem A*sto $eKer, esse era m erdito dos pampas, esse era m poeta e m *rande ensa4sta, ensa4sta das

    coisas !ocais e das coisas niversais. em m ensaio mode!ar so%re Cam;es, mitos so%re Rim%ad, e ao mesmo

    tempo, e!e ia pes+isar o fo!c!ore do Rio rande do S!, as fa!as, as (ist7rias, os contos dos pampas *a/c(os. Era,

    sim!taneamente, niversa! e e1tremamente enrai6ado.

    Ao !ado de A*sto $eKer, podemos nos !em%rar tam%#m de m mineiro +e moro no Rio rande do S!,

    i!(ermino C#sar. Era do *rpo modernista de Cata*ases, mi*ro para o Rio rande do S!, ! desenvo!ve ma

    carreira niversitria %ri!(ante. Era poeta e escrevia ensaio com o sentido preciso da inveno.

    amos andando, +e e1istem a!*ns desta+es de dif4ci! c!assificao. Nos diferentes $odernismos, a fi*ra de

    $rio de Andrade, o poeta, o poeta da %rasi!idade e o poeta desperto, irre+ieto, insatisfeito diante do novo

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    espetc!o r%ano, a Pa!ic#ia desvairada. E!e escreve ensaios, desde A escrava +e no era >sara, at# ao !on*o da

    vida, Aspectos da !iteratra %rasi!eira, o%ra +e identificava tam%#m ma viso cr4tica, a!tamente criativa, +e no

    sendo propriamente ma viso acadêmica, fec(adamente acadêmica, dispn(a de instrmentos cr4ticos, +e

    asse*ravam ma ref!e1o s#ria e s7%ria. Esse era $rio.

    )epois, vem A!ce Amoroso Lima. Se consideramos o percrso contempor2neo do ensaio %rasi!eiro, da cr4tica

     %rasi!eira, a *rande fi*ra # A!ce Amoroso Lima, por+e e!e co%re as mais diferentes #pocas. indo do $odernismo,

    e!e c(e*a a dar ma !e*itimidade te7rica aos primeiros movimentos de m $odernismo in+ieto e e!e avana so%re a

    se*nda *erao modernista, a *erao de F9. Em F9, e!e # ainda o codificador do $odernismo, e na terceira *erao

    modernista, seria modernista, no me entender. No foi, ( m crto circito em HQ.

    "em representa a idade moderna em HQ so a+e!es +e fraram o %!o+eio: # imares Rosa, # C!arice

    Lispector, so a+e!es +e no foram inicia!mente cata!o*ados como mem%ros da *erao de . A!ce # a4 o cr4tico,

    e a 3ist7ria contempor2nea posterior a esses dias tem ne!e m testemn(o permanente. E!e # a+e!e cr4tico +e

    aposta diariamente, +e se !oca!i6a nos m4nimos movimentos, nas m4nimas ocorrências do movimento editoria!= o

    !ivro sai, e!e se pronncia so%re e!e.

    )epois, a vida o foi aperfeioando. No in4cio de carreira, e!e ainda tin(a m vi#s meio esco!stico, +e pertr%o

    certas compreens;es, como o caso da compreenso de An4sio ei1eira, por#m, em se*ida, A!ce foi se a%rindo

    admirave!mente. 'oi m dos %rasi!eiros mais !ivres +e con(eci. ma ve6, +ando prestamos ma (omena*em aos

    I9 anos de!e, a (omena*em no $se de Arte $oderna com m a!moo, e!e fe6 m discrso %ri!(ante e1tremamente

     %em (morado. L e!e disse: - ocês me tratam assim por+e no me con(eceram antes. E era mito pior. - mito

    raro a!*#m ter a cora*em mora! de fa6er ma afirmativa dessa natre6a.

    )epois de A!ce, tivemos (omens to fndadores, +e re+eriam tratamento mais espec4fico, mas o tempo # pe+eno

    e o ensaio # *rande. )e maneira +e, em se*ida, vem !varo Lins, m inte!ecta! vi%rante, nervoso, trepidante -

    antenado, como se diria (o&e. E!e perce%ia tdo e termino e1ercendo m sacerd7cio= drante m certo per4odo,

    comando o *osto cr4tico no Brasi!. Era m cr4tico a*do, tin(a m fndo cat7!ico ne!e, mas mito %em

    administrado, e ao mesmo tempo, pro*ressivamente, e!e +e era m !i%era! moda anti*a, foi crescendo e ata!i6ando

    e socia!i6ando o se !i%era!ismo. O !varo do fina! # m !varo %astante mais comp!eto, depois de ter passado por

    a!*mas e1periências de vida p/%!ica, +e no o empo%receram= pe!o contrrio, o enri+eceram.

     Nesta mesma !in(a, e ta!ve6 em datas mais o menos parecidas, est o nosso compan(eiro Afr2nio Cotin(o. Afr2nio

    Cotin(o vai para os Estados nidos, !evado pe!o padrin(o Otvio $an*a%eira, e1i!ado do Estado Novo, ! passa

    cinco anos, fre+enta Ta!e e fre+enta Co!m%ia. Convive com os *randes cr4ticos do movimento de renovao da

    cr4tica, +e era a Nova Cr4tica - NeU Criticism. o!to ao Brasi!, mais de cinco anos depois, com m arsena! de novas

    teorias, novas perspectivas de compreenso, e co!a%oro e1tremamente para enri+ecer o ensaio !iterrio e as

    'ac!dades de Letras.

    A e!e devemos a fndao da 'ac!dade de Letras da niversidade 'edera! do Rio de Janeiro, e devemos-!(e

    so%retdo m esforo no sentido de transformao da forma de ver o fen0meno !iterrio no Brasi!. odas as *era;es

     posteriores a essa *erra +e Afr2nio travo +ase so6in(o - ma *erra com mita casa e mita so!ido - toda essa

    *erao posterior # e1tremamente cadatria de perspectivas a%ertas por Afr2nio Cotin(o.

    A4 n7s temos +e destacar das fi*ras ac!tradas. ma partic!armente da min(a predi!eo # Ro%erto A!vim

    Correia. Ro%erto A!vim Correia # m cr4tico sens4ve!, # m cr4tico com m n4ve! de percepo e1tremamente

    aprada, ao mesmo tempo, com ma informao c!tra! e1cepciona!. $as e!e era to poeta, e!e era to criativo, +e

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    fi!trava a+e!a erdio, sem dei1ar +e a erdio en*arrafasse o tr2nsito do ensaio. Ento, o ensaio f!4a

    tran+i!amente nas mos de Ro%erto A!im Correia.

    E!e pertence ao *rpo da es+erda cat7!ica erop#ia, ao *rpo da revista Esprit, +e est comemorando a*ora o

    aniversrio do Pierre Emmane! - no, Emmane! $onnier, desc!pem - e tam%#m foi ami*o partic!ar do C(ar!es

    )%os. eve ma editora na 'rana, Editions Correia, e!e edito )%os em primeira mo, e foi ami*o tam%#m de

    otra *rande fi*ra da cr4tica contempor2nea, +e foi m s4o radicado em Paris, A!%ert B#*in.

    Em se*ida a esses dois (omens, dois (omens +e so dois ac!trados, vem Otto $aria Carpea1. E!e # ma fi*ra

     %astante contradit7ria, mas nem por isso o se !e*ado # menos importante. Renovo o ensaio em a!*mas

     perspectivas, so%retdo tornando acess4veis a!*mas fi*ras referenciais da fico erop#ia, como Svevo, como

    (omas $ann, como Vafa. Carpea1 foi reve!ando essas fi*ras novas.

    Escreve dois %e!os !ivros de ensaio, +e so As cin6as do pr*at7rio e m otro, +e a Casa do Estdante do Brasi!

     p%!ico. E escreve m otro !ivro, +e me parece continar sendo a referência fndamenta!: a Bi%!io*rafia cr4tica

    da !iteratra %rasi!eira. No foi sperado ainda esse !ivro= e!e dei1o nos diferentes !*ares, nos diferentes

    compartimentos, os sinais de entrada para determinados mndos da !iteratra %rasi!eira. Ainda contina sendo m

    !ivro /ti! para +em +eira se assen(orear dos se*redos da !iteratra %rasi!eira.

    a!ve6 ten(a tido m pecado, +e foi escrever ma 3ist7ria da !iteratra ocidenta! so6in(o. ma 3ist7ria de oito

    vo!mes era ma tarefa encic!op#dica, fora dos tempos da Encic!op#dia. ma tarefa dessa natre6a s7 poderia ser

    rea!i6ada co!etivamente, como Afr2nio Cotin(o fe6 na Literatra do Brasi!. 'ora disso, como a aventra do ta!ento

    individa! # ma tarefa s&eita a pecados *raves, e foi o +e acontece, e # o +e no acontece na otra o%ra de!e,

    onde as am%i;es eram menores e os acertos maiores, esses so, portanto, os dois ac!trados.

    3 ma otra dimenso do ensaio +e, # o ensaio dos int#rpretes do Brasi!, a+e!es +e se dedicaram a decifrar o

    eni*ma naciona!. Entre e!es, Pa!o Prado, ator de m !ivro poco !/cido so%re o Brasi!= primeiro, por+e # m !ivro

    +e aposta, +e a%sorve a id#ia de raa, di6 +e somos fi!(os de três raas tristes. O simp!es compromisso imediato,

    como ponto de partida, com a id#ia de raa, & provoca ma certa pertr%ao te7rica. Em se*ida, e!e ac(a +e o

     %rasi!eiro # rea!mente m %rasi!eiro triste e, evidentemente, a triste6a no # e1atamente o com%st4ve! da 3ist7ria.

    Com isso, Pa!o Prado deve ser re!ativi6ado, recon(ecido como referência, mas re!ativi6ado criticamente.

    O!iveira Lima, +e ando por a!i, tem ma cr4tica importante. A re!eitra de ). Joo >, O Japo, A !iteratra !atino-

    americana, A Am#rica espan(o!a, de ma maneira *era!. Enfim, e!e era m (omem-di!o*o, at# pe!o pro&eto de vida

    de!e. Era m (omem-di!o*o com as otras c!tras, e tro1e essa dimenso niversa!i6ante, importante para o

    di!o*o cr4tico e para o desdo%ramento do ensaio do Brasi!. Era m passiona!, mas m passiona! com os p#s na terra.

    i!%erto 'reKre, escreve m %e!o !ivro so%re e!e, c(amado O!iveira Lima, )om "i1oto *ordo.

    Em se*ida, temos i!%erto 'reKre. Essa ordem no # e1atamente ma ordem crono!7*ica precisa, as fi*ras esto se

    !evantando, pedindo a pa!avra, tomando espao na cena, mas essa ordem de aparecimento no # ri*orosa.

    'reKre, o +e # 'reKreD 'reKre #, provave!mente, o *rande prot7tipo do ensaio !iterrio no Brasi!, # o *rande prodtor

    de ensaio, se por ensaio se entende o +e entendo, +e # m *ênero +e nasce modernamente com $ontai*ne, e +e,

    se passarmos para as !4n*as (isp2nicas o i%#ricas, teve m Orte*a K assett, +e teve i!%erto 'reKre em

     port*ês, +e teve m Octavio Pa6 no espan(o! da Am#rica. Esse ensaio foi feito com ma *rande desenvo!tra no

    Brasi! por 'reKre. A!#m do mais, 'reKre !evo essa f!e1i%i!idade ensa4sta para a compreenso da 3ist7ria e das

    Ciências Sociais.

    Costmo sempre ver, +ando fa!o em 'reKre - e tin(a reservado Ce!so 'rtado para otro momento - mas Ce!so

    tam%#m # m +e so%e evitar a ri*ide6 esti!4stica da Economia. Os economistas so prodtores de sopa de pedra, so

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    co6in(eiros +e escrevem com m esti!o verdadeiramente insportve!. Atravessam m trec(o de m economista #

    ma faan(a (er7ica, # preciso ser m at!eta.

    $as no # o caso de Ce!so 'rtado. Ce!so 'rtado # e1atamente o contrrio, e!e # o (omem +e tem o sentido do

    te1to, +e escreve p*inas %onitas de rememora;es de sa vida no Nordeste, das sas passa*ens por campos

    eropes, da sa o%servao cotidiana so%re o mndo. Ce!so fa6 com +e a *ente ve&a +e o economista no # apenas

    m contador de !1o, mas so%retdo a!*#m +e sa%e +e a economicidade # a!*ma coisa +e nasce do encontro da

    3ist7ria com a Po!4tica. Esse # Ce!so 'rtado, e Ce!so 'rtado # m mestre do ensaio %rasi!eiro.

    Em se*ida, temos S#r*io Bar+e de 3o!anda. Essa # otra fi*ra tte!ar, este (omem fe6 cr4tica, como Afonso

    Arinos de $e!o 'ranco tam%#m passo pe!a cr4tica, mas dei1o referências %sicas, como Afonso Arinos tam%#m, se

    nos !em%ramos de Ra46es do Brasi!, dos otros, de $on;es, +e # m !ivro menos con(ecido, i*a!mente mito

     %om, mito rico. )e Afonso Arinos, no poder4amos dei1ar de mencionar O 4ndio %rasi!eiro e a Revo!o francesa,

     por+e # m !ivro inscrito nessa tentativa de reinterpretar o Brasi!.

    Provave!mente, as referências te7ricas de ma compreenso do Brasi!, de m esforo de criar ma teoria do Brasi! o

    de m esforo de e!cidar o pro%!ema %rasi!eiro, passem por certas cate*orias como a topia, como o e17tico, como o

     %om se!va*em, e Afonso Arinos so%e re!er essas cate*orias,no com a!*m sadosismo metropo!itano, em%ora fosse

    m (omem cosmopo!ita, !i*ado s *randes metr7po!es c!trais do Ocidente moderno - Paris, Roma. $as e!e so%e

    se preservar, inte!i*entemente, dessa presso metropo!itana e no a%sorve mode!os prontos. )ia!o*o o tempo todo,

    mas no consmi pacotes fec(ados, como esses +e as compan(ias de trismo nos oferecem periodicamente.

    )e maneira +e no # %em nessa ordem, mas temos Jos# 3on7rio Rodri*es. Jos# 3on7rio Rodri*es foi m mem%ro

    desta Casa, escreve arti*os fndamentais so%re as re!a;es do Brasi! com a frica, nma perspectiva de po!4tica

    internaciona! e de compreenso da diversidade c!tra! %rasi!eira. Em se*ida escreve !ivros so%re as aspira;es

    nacionais e so%re os processos penosos e dif4ceis de conci!iao e reforma no Brasi!. E!e # o (istoriador de ma

    *erao +e & comea a transformar a 3ist7ria nma p!ridiscip!ina. No # a+e!a 3ist7ria fec(ada no se %ner, no

    se *eto, no se compartimento discip!inar. ma (ist7ria +e foi capa6 de !trapassar o mro da discip!ina. Esse #

    Jos# 3on7rio Rodri*es.

     Nesse n4ve!, no poderemos nos es+ecer de '!orestan 'ernandes em certas estrtras sociais e sociedades diversas,

    certas compreens;es das $danas sociais no Brasi!. '!orestan 'ernandes antecipo, do mesmo modo +e Otvio

    Jrma, at# c(e*armos a m Raimndo 'aoro - Os donos do poder # m c!ssico da compreenso do Brasi!, # m

    ensaio c!ssico. otro +e sendo (istoriador o cientista socia!, como +iserem, no caso de!e, ac(o +e coe1istem

    as das cate*orias, escreve com m esti!o vi*orosamente !iterrio. Pocas ve6es, m ensa4sta disp;e da +a!idade

    esti!4stica de Raimndo 'aoro.

    Citaria ainda dois ami*os pr71imos, +e so Car!os i!(erme $otta e $ni6 Sodr#, estes mais &ovens. $otta, m

    re%e!de, m petista d#fro+#, (o&e tota!mente convertido s %oas casas, mas com a mesma *arra e a mesma f!ama de

    sempre. $ni6 Sodr#, m %aiano sem comp!e1o, m moreno %aiano sem comp!e1o, o!(os a%ertos, nen(m

     preconceito, nada, ma !i%erdade tota! diante das formas de composio da c!tra do Brasi! mestio - +e # o /nico

    verdadeiro Brasi!, os otros so Brasis minoritrios. )e maneira +e esses dois so da min(a partic!ar estima

     pessoa!.

    $as e no poderia fec(ar esta !ista dos int#rpretes, sem fa6er ma referência a três co!e*as desta Casa. So e!es:

    $i*e! Rea!e, Evaristo de $oraes 'i!(o, Jos# $onte!!o.

    Jos# $onte!!o tem dois !ivros, e como e!e # romancista famoso, s ve6es passa desaperce%ido. Os &es4tas e os

     padres, nma po!êmica dos &es4tas com os padres no $aran(o, m !ivro fndamenta! para a compreenso do

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    comportamento e das estrtras de poder das ordens re!i*iosas no Brasi!. Ao mesmo tempo, a e!e devemos as

    investi*a;es so%re os te1tos %sicos de raa Aran(a para a compreenso do $odernismo %rasi!eiro. Sem o +e

    Jos# nos reve!o so%re raa Aran(a, n7s no sa%er4amos entender o di!o*o spero, dif4ci! e a!*mas ve6es at#

    confraterni6ador, +e se verifico entre raa Aran(a e o $odernismo.

    Otra referência +e dei1ei neste fina! de !ista # A!fredo Bosi, por+e Bosi # m *rande cr4tico !iterrio, # m *rande

    ensa4sta e # m *rande int#rprete do Brasi!. O se !ivro )ia!#tica da co!oni6ao, dedicado em %oa (ora a Ce!so

    'rtado, # ma interpretao ima*inosa, a%erta, renovada, do processo c!tra! do Brasi!.

    A4 entre os int#rpretes do Brasi! e a+e!as imposta;es fi!os7ficas mais o menos at0nomas, destacaria o ensa4sta da

    min(a preferência, +e # S#r*io Pa!o Roanet. Entre a 'i!osofia, a Cr4tica da C!tra, a Literatra, a Psico!o*ia, e!e

    foi constrindo m ensaio mati6ado. m neo-i!minista, acredita no tdo +e pode a Edcao, como m %om

    i!minista. emos ma pe+ena diferena te7rica. A vida me ensino +e a Edcao pode mito, mas no pode tdo,

    +e m pa4s como o Brasi! precisa investir em vrias otras fai1as do dom4nio socia!, e no esperar +e, m dia, a

    Edcao c(e*e a m estado 7timo, para promover a redeno do pa4s.

    Essa viso # de m Neo->!minismo +e e teria mitas d/vidas em c!assificar como ainda ata!. Roanet no

    comete, de modo a!*m, esses pecados do Neo->!minismo fantico= provave!mente, o poder comete, mas Roanet,

    no. Roanet # m i!minista na proporo e1ata, a!*#m +e acredita, neste mndo desvairado, no renascimento da

    ra6o. E!e ac(a +e temos +e vo!tar ra6o para reconstrir a c!tra e para reconstrir os percrsos da 3ist7ria.

    $as escreve nma prosa f!ente, com m vo!me de informao e1cepciona! e com a capacidade de pensar por conta

     pr7pria, +e no # fre+ente.

    'aria ma referência %reve aos fi!7sofos, a Emane! Carneiro Leo, a ert Born(eim, a arc4sio Padi!(a, a Jos# Artr

    iannotti e Ro%erto Renato iannini, so%retdo na fi!osofia po!4tica.

    o!tamos, portanto, cr4tica !iterria. O ensa4sta est de%rado so%re a ocorrência editoria!, para e!e o +e va!e # o

    instante. $ontai*ne, +e foi o fndador do ensaio moderno, conferi ao instante ma import2ncia e1cepciona!. O

    instante # ma sitao de risco inevitve!. oda a sitao de instante, toda ve6 +e somos convocados a opinar

    so%re ma ocorrência editoria!, se corre m risco, por+e # ma reao instantaneista diante do aparecimento

    editoria!.

    )e maneira +e o vo!me de risco # tam%#m *rande, mas tivemos e temos *randes cr4ticos, *randes mi!itantes da

    cr4tica. A+i estariam o rec#m-desaparecido 'ran!in de O!iveira, Antonio 3oaiss tam%#m, Wi!son $artins, 'asto

    Cn(a, $rio 'astino, Ro%erto Sc(Uart6, Joo A!e1andre Bar%osa Costa Lima, at# c(e*ar ao mais novo de todos,

    +e # $arco Lc(esi.

    Para fec(ar, dei1ei de !ado os sc(o!ars. Os sc(o!ars teriam !*ar, mas o de%ate so%re os sc(o!ars e a +a!idade

     prodtora de esti!o # m de%ate comp!e1o. 'ica para ma otra oportnidade o +e n7s c(amamos de sc(o!ars.

    E fec(ei de!i%eradamente com Jos# i!(erme $er+ior, +e foi para mim o *rande cr4tico contempor2neo, o cr4tico

    a%erto, o cr4tico com vrias &ane!as escancaradas, o cr4tico +e via mais e +e via para a!#m dos !imites da pr7pria

    viso. Esse # Jos# i!(erme $er+ior. Com e!e aprendemos mito, e aprenderemos mais ainda se continarmos a

    !er este *rande %rasi!eiro, +e foi Jos# i!(erme $er+ior.

    Presidente CARLOS NEJAR:

    Pon(o a pa!avra disposio do p/%!ico, a +em +iser fa6er a!*ma per*nta ao pa!estrante.

    PLA>A:

    "eria apenas per*ntar o se*inte: - )e tdo +e o sen(or fa!o, +er di6er +e o sen(or considera +e ensaio e

    cr4tica so sin0nimosD

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    Acadêmico E)AR)O PORELLA:

    Xs ve6es, sim. $as, por e1emp!o, o ensaio +e # de interpretao do Brasi!, o o ensaio e1atamente fi!os7fico, no

    so e1atamente a cr4tica !iterria. A forma ta!ve6 se&a a mesma, a forma ensa4stica, ma ênfase na maneira de

    cond6ir o esti!o, mas as a%orda*ens so diversas. O compromisso do ensa4sta !iterrio com a prodo do te1to #

    mito maior do +e o compromisso de m (istoriador. $as, s ve6es, o (istoriador srpreende e # capa6 de fa6er m

    te1to com a a!ta +a!idade !iterria.

    PLA>A:

    Professor Porte!!a, +eria cmpriment-!o, em primeiro !*ar, pe!a %ri!(ante e1posio, mas me c(amo a ateno,

    nesse se tra%a!(o rea!mente e1traordinrio, a asência de m nome feminino. E fi+ei a pensar: no (aver no Brasi!

    ma 3anna( Arendt, ma Simone Wei!, ma Simone de BeavoirD O +e acontece com as %rasi!eirasD A m!(er no

    tem a capacidade de cr4tica, a capacidade do ensaioD

    Acadêmico E)AR)O PORELLA:

    O!(e, Oneide Arc(an&o, você fe6 mito %em em ter promovido essa !em%rana. O Jos# est me !em%rando a+i +e

    e fa!ei mito em C!arice. A!is, sempre fa!o mito em C!arice, no sei viver sem fa!ar mito em C!arice. A*ora, você

    tem ra6o, temos fi*ras femininas no ensaio, como Ne!!K Novaes Coe!(o - como, +em foi, Ne&ar, +e você me

    soproD - Como Cec4!ia $eire!es, +e o Jos# est me !em%rando, +e tam%#m fe6 m %om ensaio. em ra6o, no

    so de!i%eradamente ensa4stas, mas c(e*aram ao ensaio em condi;es %astante respeitveis. ocê tem ra6o e

    o%ri*ado pe!a !em%rana. Na pr71ima ve6, vo convid-!a para você me soprar.

    Acadêmico JOS $ONELLO:

    ostaria de fa6er ma referência especia! +e!e +e e c(amaria de o asente mais presente na e1posio de!e, +e #

    o pr7prio Edardo Porte!!a. O +e e!e aca%a de nos di6er # por si mesmo a apresentao de!e, com o se %ri!(o, com a

    sa pai1o, por+e, em%tida ao !on*o da vida do Porte!!a, ( ma pai1o +e no o dei1a nnca. )e maneira +e e!e

    #, ao mesmo tempo, o e1positor e o cr4tico. O e1positor, no %ri!(o e na !ar*esa das informa;es +e nos transmite,

    mas, ao mesmo tempo, tam%#m com a+e!a capacidade de criticar +e fa6 parte do se esp4rito.

    ostaria de acentar o se*inte: como e fi, ao !on*o da vida, testemn(a presencia! das !tas de Porte!!a, posso

    recordar instantaneamente, neste momento o +e ( ne!e. A primeira fase de Edardo Porte!!a # a+e!a da mi!it2ncia

    cr4tica, em +e e!e # rea!mente o cr4tico acompan(ando o aparecimento das novas o%ras, e com a capacidade de di6er

    o%&etivamente o +e pensa so%re e!as. $as depois, se sperp;e a esse cr4tico mi!itante o professor, a+e!e (omem +e

    fa6 da Edcao, em certa fase da sa vida, a misso para a +a! se sente c(amado.

    E o +e e!e di6, o +e e!e fa6, o +e e!e rea!i6a rea!mente ao !on*o de sa vida de professor, de professor

    niversitrio, tem ma con&*ao natra! com a+e!es mestres, nos dos +ais e!e reco!(e a !io fndamenta! da

    sa vida, +e foram os mestres espan(7is. A+e!es +e ensinaram Edardo Porte!!a a pensar, mas a pensar no como

    ma pessoa +e reco!(e o con(ecimento a!(eio, mas como ma pessoa capa6 de encontrar o se pr7prio pensamento

    e de fa6er a+i!o +e e!e aca%a de fa6er nesta a!a, e +e # mostrar ao mesmo tempo +e - com a viso pessoa! +e

    tem das *randes fi*ras da cr4tica %rasi!eira, do ensaio %rasi!eiro - e!e incorpora tam%#m, fe!i6mente, para todos n7s

    +e o ap!adimos, a sa pr7pria presena.

    PLA>A:

    ostaria de per*ntar ao professor Porte!!a, como e!e visa!i6a o ensaio enfrentando essas passa*ens da modernidade.

    Como e!e se artic!a com essa derradeira virada de modernidade, se # +e a *ente pode fa!ar em derradeira, mas essa

    transio da modernidadeD

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    Acadêmico E)AR)O PORELLA:

    O!(e, ac(o +e a resposta seria positiva, no sentido de +e o ensaio nasce com a primeira modernidade, e c(e*a com

    ma sa/de impressionante ao +e seria c(amada a derradeira modernidade - +e a!*ns c(amam de p7s-modernidade

    e +e prefiro c(amar de %ai1a modernidade. )e maneira +e ( no ensaio m vi*or satisfat7rio e m vi*or +e o

    atori6a atravessar esse percrso sinoso e dif4ci!, essa +ase tempestade da modernidade.

    $as o fato # +e o ensaio no se de%i!ito, e e!e disp;e de ma !i%erdade de esp4rito, +e otros *êneros

    (iperformais, o otros desempen(os acadêmicos no permitem, e +e !(e d, portanto, a possi%i!idade rea! de pensar 

    a crise do nosso tempo no in4cio deste terceiro mi!ênio.

    Presidente CARLOS NEJAR:

    Pe!o adiantado da (ora, +eremos, neste momento, a*radecer o %ri!(ante tra%a!(o do professor Edardo Porte!!a, e

    so%retdo por+e e!e #, mais do +e nnca, o int#rprete do si!êncio: