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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
O ENSINO DE BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
RALNY PEREIRA DA SILVA
JOÃO PESSOA
2015
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
O ENSINO DE BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
RALNY PEREIRA DA SILVA
Monografia apresentada ao Curso de Ciências
Biológicas (Trabalho Acadêmico de Conclusão de
Curso), como requisito parcial à obtenção do grau de
Licenciado em Ciências Biológicas.
Orientadora: Prof.ª. Dr.ª Aparecida de Lourdes Paes Barreto.
JOÃO PESSOA
2015
3
S586e Silva, Ralny Pereira da.
O ensino de biologia na educação de jovens e adultos / Ralny
Pereira da Silva. – João Pessoa, 2015.
80p. : il. color.
Monografia (Licenciatura em Ciências Biológicas) – Universidade
Federal da Paraíba.
Orientadora: Profª Drª Aparecida de Lourdes Paes Barreto.
Inclui referências.
1. Biologia - Ensino. 2. Educação de jovens e adultos. 3. Proposta
curricular. I. Título.
UFPB/BS-CCEN CDU: 57:37(043.2)
4
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
RALNY PEREIRA DA SILVA
O ENSINO DE BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Monografia apresentada ao Curso de Ciências Biológicas, como requisito parcial à
obtenção do grau de Licenciado em Ciências Biológicas
Data:_________________________________
Resultado: ____________________________
BANCA EXAMINADORA:
Prof.ª. Dr.ª Aparecida de Lourdes Paes Barreto. (Orientadora)
Depto. de Metodologia da Educação/CE/UFPB
Prof.º. Dr. Jorge Cordeiro Chaves. (Membro avaliador)
Depto. de Metodologia da Educação/CE/UFPB
Prof.ª. Dr.ª Maria de Fátima Camarotti. (Membro avaliador)
Depto. de Metodologia da Educação/CE/UFPB
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente а Deus que permitiu essa conquista, não só nesses
momentos de felicidades mais ao longo de toda minha vida.
Agradeço também а minha mãe Luciene Balbino da Silva, heroína que me deu
apoio, incentivo nas horas difíceis, de desânimo е cansaço.
Obrigada meus irmãos Rannylson Pereira e Rayanny Pereira pela paciência nos
momentos de aperreio.
À minha namorada e companheira Jessica Nery, pelo apoio incondicional nessa
fase da minha vida. Muito obrigado!
A esta universidade, seu corpo docente, a coordenação do curso de Ciências
Biológicas, que sempre se mostraram acessível aos meus desdobramentos.
A Prof.ª. Dr.ª Aparecida de Lourdes Paes Barreto pela orientação, apoio е
confiança no pouco tempo que lhe coube.
Aos meus amigos de forma geral, em especial Roney Torres que esteve presente
durante toda essa formação.
Enfim, a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, о
meu muito obrigado.
6
RESUMO
O presente estudo apresenta uma análise sobre o ensino de biologia na Educação de
jovens e Adultos (EJA), essa análise é pautada pela contextualização teórica do ensino de
biologia empregado no Brasil ao longo do tempo e o processo de construção da disciplina
escolar, denominada biologia, foi o caminho escolhido para essa contextualização. A
modalidade de educação de jovens e adultos é entendida como um instrumento de
apoderamento do direito a uma educação pública de qualidade e o ensino de biologia
obrigatoriamente deverá dialogar para a construção de cidadãos críticos, autônomos e
sabedores de seus direitos e deveres na sociedade, cumprindo dessa forma as funções da
EJA. Logo, conhecer como o ensino de biologia é anunciado na Educação de Jovens e
Adultos, através das práticas pedagógicas dos docentes, dos saberes biológicos
construídos nesse espaço escolar, além de descrever o perfil dos discentes e docentes
dessa modalidade da educação, são os objetivos primeiro desse estudo, propondo no final
da investigação uma proposta curricular para o ensino de biologia na EJA. Para que os
objetivos sejam atendidos a pesquisa foi desenvolvida através de análise qualitativa,
descritiva e exploratória. Três escolas da rede estadual de ensino na cidade de João Pessoa
foram investigadas, as observações diretas, as pesquisas documentais e bibliográficas e a
aplicação de um questionário foram os instrumentos de coleta de dados utilizados. Os
dados foram analisados segundos critérios específicos e assim foram classificados e
tabulados. Os resultados obtidos através dos dados analisados indicam que os saberes
biológicos construídos no espaço escolar da EJA são incipientes e desapontadores, e um
dos motivos encontrado para esse resultado é a ausência de um parâmetro curricular
especifico para essa modalidade. As conclusões encaminhadas pela investigação é que a
ausência de um currículo específico para essa modalidade, aliada a uma prática
pedagógica moldada no ensino regular, condiciona o baixo desenvolvimento na
aprendizagem dos saberes biológicos na EJA, logo a construção de um parâmetro
curricular para EJA é um caminho importante para o enfrentamento desse problema, o
aumento das fiscalizações das políticas públicas existentes na EJA, assim como uma
maior ênfase dessa modalidade na formação inicial e continuada dos professores.
Palavras chaves: Ensino de biologia. Educação de jovens e Adultos. Proposta curricular.
7
ABSTRACT
This study presents an analysis about biology education in youth and adult education
(EJA), this analysis is guided by theoretical context of biology teaching used in Brazil
throughout the time and the building process of a school subject called biology, was the
way chosen for this context. The method of youth and adult education is understood as
an empowerment tool of the right to a quality public education and biology education
ought to dialog to the construction of critical citizens, autonomous and cognizants of their
rights and duties in the society, fulfilling thereby the rules of EJA. Presently to know how
biology education is announced in the Youth and Adult Education, through the
pedagogical practices of teachers, biological knowledge built in this school zone
inaddition to describe the profile of the students and teachers of this type of education,
proposing at the end of the research a proposal curriculum for biology teaching in EJA
are the purposes of this study. In order that the objectives are met, the research was
developed through qualitative, descriptive and exploratory analysis. Three schools of the
state school system in the city of João Pessoa had been investigated, the direct
observations, documentary and bibliographic research and the application of a
questionnaire were the data collection instruments. The datas were analyzed throught
some criteria and thus they were classified and tabulated. The obtained results from the
analyzed data, indicate that biological knowledge built in EJA are incipient and
disappointing, and one of the reasons found for this result is the lack of a specific course
parameter for this mode.The conclusions submitted by the research is that the lack of a
specific curriculum for this modality, combined with a pedagogical practice molded into
regular education, conditions to the low development in the learning of biological
knowledge in EJA, So, the construction of a specific course parameter to EJA is an
important way to deal with this problem, the increasing inspections of existing public
policies in EJA, as well as a greater emphasis of this modality in the initial and continuing
education of the teachers.
Keywords: Biology education. Youth and adult education. Proposal curriculum.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Análise de gênero nos percentuais de matrículas na EJA 43
Figura 02 - Perfil familiar dos discentes da EJA 45
Figura 03 - Nível de instrução dos Pais (Pai e Mãe) 46
Figura 04 - Qual o tipo de escola utilizada no ensino fundamental 47
Figura 05 - Nível de formação dos professores da EJA 48
Figura 06 - Carga horária semanal dos professores 48
Figura 07 - Aspectos que impedem o avanço da qualidade na EJA 50
Figura 08 - Avaliação do ensino de biologia desenvolvido na EJA, quantos aos
conteúdos
50
Figura 9 - Qual nível de relação do ensino de biologia com as outras
disciplinas
51
Figura 10 - Conhecimentos biológicos sobre ética ambiental 53
Figura 11 - Fonte utilizada como instrumento de aprendizagem sobre células
tronco
54
Figura 12 - Conhecimentos biológicos sobre a biotecnologia 55
Figura 13 - Você já estudou sobre alimento transgênico? 55
Figura 14 - Fonte utilizada como instrumento de aprendizagem sobre alimentos
transgênicos
56
Figura 15 - Resposta sobre as relações ecológicas integradas as relações sociais
humanas
57
Figura 16 - Índices de estudantes que estudaram assuntos relacionados a
doenças virais
58
Figura 17 - Índices das respostas sobre conhecimentos em saúde pública no
combate a doenças virais
59
9
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Tabela 01 - Matriculas (2011-2013) Educação de Jovens e Adultos 41
Tabela 02 - Analise das faixas etárias dos dicentes matriculados na EJA 44
Quadro 01 - Critérios preestabelecidos para a análise dos dados 53
Quadro 02 - Critérios preestabelecidos para a análise dos dados 54
Quadro 03 - Critérios preestabelecidos para a análise dos dados 57
Quadro 04 - Critérios preestabelecidos para a análise dos dados 59
10
LISTA DE ABREVIATURAS
BSCS - Biological Sciences Curriculum Study.
CNBB - Confederação Nacional dos Bispos do Brasil.
CNE - Conselho Nacional de Educação.
CPC - Centros Populares de Cultura.
CTNBio - Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
DCNEM - Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio.
EJA - Educação de Jovens e Adultos.
IBECC - Instituto Brasileiro de Educação e Cultura.
ICH - Instituto Ciência Hoje.
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
MEB - Movimento de Educação de Base.
MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetização.
MEC - Ministério da Educação.
OCEM - Orientações Curriculares do Ensino Médio.
OGM - Organismos Geneticamente Modificados.
PAS - Programa de Alfabetização Solidaria.
PCN+ - Parâmetro Curricular Nacional Complementar.
PCNEM - Parâmetro Curricular do Ensino Médio.
PNA - Plano Nacional de Alfabetização.
PNE - Plano Nacional da Educação.
PNLD - Plano Nacional do Livro Didático.
PNLD EJA - Plano Nacional do Livro Didático EJA.
SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
SCIELO - Scientific Electronic Library Online.
UNE - União Nacional dos Estudantes.
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.
11
SUMÁRIO
Pag.
INTRODUÇÃO 12
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 15
1.1 Contextualização histórica do surgimento da disciplina escolar biologia. 16
1.2 Educação de jovens e adultos (EJA) 23
1.2.1 Contexto histórico da construção da EJA 23
1.2.2 A alfabetização de adultos no governo militar 24
1.2.3 A EJA na redemocratização do Brasil 26
1.3 A EJA como um instrumento de apoderamento do direito a educação 28
1.4 A educação biológica na EJA 30
2 OBJETIVOS 35
2.1 OBJETIVO GERAL 35
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 35
3 MATERIAL E MÉTODOS 36
3.1 Local de estudo 36
3.2 Espaço amostral 38
3.3 Coletas de dados 39
3.4 Analise de dados 39
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 41
4.1 Currículos de bióloga e as políticas públicas voltadas para EJA 41
4.2 Contextos sócio histórico dos discentes da EJA 43
4.3 Contextos sócio histórico dos docentes da EJA 48
4.4 Práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores de biologia na EJA 50
4.5 Saberes Biológicos desenvolvidos na EJA 53
4.6 Uma proposta de ensino organizado por eixos articuladores 61
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 67
REFERÊNCIAS 70
APÊNDICES 73
12
INTRODUÇÃO
A educação pública de qualidade é um dos principais caminhos para construção
de uma sociedade mais justa, solidária e democrática. Nesse cenário o processo de ensino
e aprendizagem dentro do contexto educacional é algo extremamente importante na
construção de um ambiente escolar adequado e agradável para os que convivem nesse
local. O ensino e a aprendizagem caminham juntos para a consolidação de uma política
eficaz de qualificação dos serviços educacionais, logo é imprescindível que se tenha um
entendimento reflexivo e crítico para perceber que não existe ensino sem aprendizado e
nem aprendizado sem ensino (FREIRE,1996, p. 12).
O Brasil apesar de possuir uma estrutura teórica e pedagógica muito bem
fundamentada, seja por suas leis, decretos, resoluções e uma gama de livros de vários
educadores nacionais, no entanto o estado brasileiro continua a enfrentar muitas
dificuldades na oferta dessa educação escolar de qualidade.
Contextualizar através da pesquisa, o ensino e a aprendizagem de uma área do
conhecimento em uma modalidade de ensino específica, de natureza complexa e muito
heterogênea, é o desafio a que se propõe nesse estudo. A construção do entendimento de
que a pesquisa é um instrumento indissociável e inerente a carreira docente é necessário,
pois a pesquisa é o único meio eficaz para o professor perceber se seus métodos de ensino
estão surtindo algum efeito na formação dos seus discentes. Na verdade segundo o
saudoso Freire (1996, p. 14) “Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. ...
ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para
constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo”.
O objeto de estudo da pesquisa é o ensino de biologia no ensino básico, mais
especificamente na modalidade de ensino apresentada como Educação de Jovens e
Adultos (EJA). Analisar o ensino de biologia através de seus currículos vigentes, das
práticas pedagógicas desenvolvidas pelos docentes e perceber se essas ações dialogam
com os objetivos e as finalidades da EJA. Outra finalidade e conhecer para depois analisar
quais políticas públicas estão presentes nessa modalidade e perceber os avanços
alcançados por essas políticas públicas.
O ensino de biologia na educação básica, especialmente na EJA é uma linha de
pesquisa bastante nova no seguimento cientifico, e sua inserção na contemporaneidade é
uma prática imprescindível na construção do entendimento sobre o ensino e
aprendizagem nessa modalidade da Educação. Essa pratica investigativa deve ser
13
construído na perspectiva da superação das dificuldades, seja na formação inicial ou na
continuada, que historicamente são inerentes a essa área do conhecimento.
Como forma de superação dessas dificuldades, o ensino de biologia tem que ser
pensado como instrumento de solução para os problemas diários e essa nova forma de
abordagem certamente proporcionará aos discentes um ambiente mais prazeroso, fazendo
com que eles realmente percebam que essa disciplina escolar tem utilidade na sua vida.
As contribuições da biologia, enquanto disciplina escolar, vez que agrega diversos
ramos do conhecimento, deverá sempre estar em consonância com as exigências e as
dinâmicas que rodeiam as relações pessoais e sociais dos que fazem a EJA. Isso
evidentemente sem deixar de lado os aspectos relativos às iniciativas cientificas.
A ausência de parâmetro curricular especifico para a EJA apresenta-se como um
problema escolar bastante citato pela classe docente do ensino básico, pois o MEC e os
sistemas estaduais e municipais de ensino não priorizam a construção desse currículo e
essa postura acaba trazendo uma série de dificuldades, uma vez que a construção de um
currículo próprio para EJA, estabeleceria um melhor cenário de efetivação das políticas
públicas na EJA, pois isso é uma exigência clara da atual situação em que se encontra
essa modalidade. Esse novo currículo proporcionaria uma melhor organização dos
conteúdos a serem ministradas, uma vez que é impraticável ministrar todo o conteúdo do
ensino regular na EJA, que tem duração muito reduzida em relação a esta. Tal realidade
nos levam ao seguinte questionamento: A ausência de um currículo específico para o
ensino médio na EJA contribui para o baixo rendimento dessa modalidade de ensino?
Outro ponto relevante do ensino de biologia na EJA diz respeito às práticas
pedagógicas. É notório que as práticas pedagógicas desenvolvidas pelos docentes são
fundamentais na consolidação do processo de ensino aprendizagem, especialmente no
caso das ciências exatas e da natureza cujos conceitos e princípios exigem uma maior
capacidade de abstração, por parte do aluno, para sua compreensão. No entanto, as
pesquisas acadêmicas no campo das práticas pedagógicas dos professores de biologia na
EJA são bem menores quando comparadas com as demais pesquisas em outras áreas da
educação. Tal constatação nos leva a um segundo questionamento: Seria a reduzida
intervenção acadêmica nesse campo da educação um dos fatores a contribuir com a
problemática da educação científica, nessa modalidade?
A análise da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no estado da Paraíba, mais
especificamente na cidade de João Pessoa, é outra especificidade do estudo, identificando
na contemporaneidade como essa modalidade está sendo efetivada nas escolas da rede
14
estadual dessa cidade. Onde se vem observando a substituição gradativa, do ensino
noturno regular por salas de aula de EJA. Outro aspecto e ressaltar é a juvenização das
turmas de EJA indicada nos estudos da professora Furtado (2009, p. 54) onde relata as
condições do fracasso escolar dos alunos indicando que as trajetórias escolares irregulares
mais a situação social e econômica desfavorável "direcionam cada vez mais os jovens
para a EJA". Nesse sentido, outro encaminhamento de que trata esse estudo e a
evidenciação de quem são os docentes que lecionam biologia na EJA e como eles
desenvolvem suas práticas pedagógicas? O entendimento de que a modalidade de ensino
da EJA e diferenciada do ensino médio regular não só no seu currículo, mais também na
sua metodologia, nos seus objetivos, que muitas vezes não é percebida com muita
facilidade por partes dos docentes que atuam nessa modalidade. Os docentes precisam
entender que a EJA é um campo político estratégico no enfrentamento a exclusão e as
desigualdades educacionais e sociais no nosso País.
Baseado na análise teórica sobre a temática do ensino de biologia na EJA, e
considerando o potencial aproximativo dos conhecimentos biológicos à vida do homem
em sociedade, o presente trabalho orientar-se-á pelas hipóteses apresentadas abaixo.
H1 O ensino de biologia na educação de jovens e adultos analisado através do
currículo e das práticas pedagógicas atuais, ou seja, o currículo e as práticas pedagógicas
aplicadas na EJA, tem proporcionado um ambiente de desenvolvimento cognitivos dos
saberes biológicos e da conscientização cidadã dos discentes da EJA.
H0 A ausência de um currículo específico para essa modalidade aliada a uma
prática pedagógica moldada para o ensino regular, condiciona o baixo desenvolvimento
na aprendizagem dos saberes biológicos dos discentes da EJA.
Portanto, essa compreensão é essencial na nossa contemporaneidade, para uma
implementação efetiva de uma política pedagógica progressista nas nossas salas de aula,
e quando se fala de biologia, que discute uma grande variedade de conhecimento, essa
tomada de conscientização é imprescindível para a construção de um ensino atrativo e
que efetivamente discuta maneiras de intervenção na realidade social dos que esperam da
EJA uma segunda chance na vida escolar.
15
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A construção de uma educação escolar de qualidade é um processo que percorre
o caminho da emancipação crítica e reflexiva do educando. O diálogo a ser construído
com o educando deverá ser de maneira horizontal e cotidiana, refletindo dessa forma na
sua formação cidadã, pois esta é a orientação central de qualquer processo de
escolarização de qualidade. O fortalecimento da instituição escolar deve ser articulado
por todos os profissionais da educação, família e sociedade de maneira geral, dado que
nos últimos anos esse ambiente escolar tem sido devastado pelo abandono dos seus
responsáveis direto.
Para Marandino e colaboradores a instituição escolar,
é o espaço onde se dão os encontros entre professores e alunos, entre currículo,
matérias de ensino e processos formativos, os quais nós permitem compreender
como as práticas de ensino ... se articulam com os diversos elementos sócio
histórico que os constituem. (MARANDINO; SELES; FERREIRA, 2009, p.
23).
A busca por essa qualidade no sistema de ensino faz com que educadores, gestores
e estudantes percorram ativamente o caminho da pesquisa no ambiente escolar, essa
prática contribui para o entendimento dos processos sócio históricos e também das bases
legais que orientam as políticas pública no espaço escolar no nosso País. As pesquisas
cientificas são fundamentais para que se estabeleça um marco na profissionalização da
carreira docente, visto que através das pesquisas muitas respostas são evidenciadas e
muitas outras perguntas se estabeleceram.
O objeto de estudo dessa pesquisa, ensino de biologia, é um instrumento
duplamente significativo, em virtude da grandiosidade e expressividade dessa área do
conhecimento, apresentando-se como um elemento instigador e ao mesmo tempo
complexo. Marandino, Selles e Ferreira (2009, p. 21), relata que a pesquisa nesse
segmento científico é uma realidade, vez que "Observamos a existência de comunidades
de educadores, em diversas partes do mundo, que vem produzindo e disseminando
atividades de cunho didático, dando sentido a esse campo do conhecimento”. Em vista
disso o entendimento dos aspectos relacionados ao ensino de Biologia é um caminho que
todo professor de biologia, deveria percorrer, pois a caminhada para esse entendimento
demanda uma construção cognitiva efetiva do real sentido do ensinar e do aprender os
temas relacionados a essa área do conhecimento chamada estudo da vida.
16
Outro aspecto de relevância do ensino de biologia e a compreensão de que o
conhecimento nessa área deve ser aplicado de uma forma que os educadores dialoguem
como seus educandos, o contexto pessoal, econômico, histórico e social, saindo do velho
e ainda tão presente entendimento conceitual, estritamente memorizador das estruturas
biológicas, estabelecendo dessa forma um novo entendimento do processo ensino e
aprendizagem de biologia, visando assim interferir no cotidiano dos educandos, fazendo-
os perceber que essa área do conhecimento tem um sentido real na sua vida. Instruindo-
os, dessa forma, a ingressar efetivamente em um ciclo virtuoso, onde o ensino de biologia
estar estritamente ligado na promoção da formação cidadã. Sobre esta temática, Libâneo
(2004, p.5) também considera que a escola continua sendo o lugar de mediação cultural,
cabendo aos educadores “investigar como ajudar os alunos a se constituírem como
sujeitos pensantes e críticos, capazes de pensar e lidar com os conceitos, argumentar em
faces de dilema e problemas da vida prática”.
1.1 Contextualização histórica do surgimento da disciplina escolar biologia
As Ciências Biológicas, hoje ciência de referência para o ensino de biologia,
outrora chamada de História Natural, teve sua emergência depois da chegada de
Domenico Ágostinho Vandelli que participou ativamente da reforma educacional
brasileira após a exclusão dos Jesuítas, fazendo com que a história natural entrasse na
efetivamente na ordem do dia.
Um dos primeiros passos da construção da história natural no nosso País foi a
iniciativa de uma excursão chamada “viagem filosófica”, realizada por Alexandre
Rodrigues Ferreira, pelas capitanias do Grão-Pará, que durou de 1783 a 1791, "Foi ao
coração da Amazônia, chegando a Cuiabá e retornando a Belém". (BIZZO, 2004, p. 148).
No período, foram Coletados e remetidos inúmeros espécimes de animais e plantas a
Portugal, no entanto devido ao ambiente político conturbado na Europa à época, o
material logo cairia em mãos francesas. Efetivamente esse processo impulsionou a
biologia ao atraso e a dependência científica dos franceses no início do século XIX. O
professor Mello Leitão, catedrático do colégio Pedro II relata, "Em matéria de ensino da
Zoologia, pouco alternativa havia para os alunos brasileiros além de utilizar manuais
franceses baseados, sobretudo em elementos da natureza da África, Ásia e Oceania”.
(LEITÃO, 1917, apud BIZZO, 2004, p.149).
17
Além dessa dependência francesa mencionada antes, acrescenta-se mais dois
problemas científicos ao Brasil; a carência de uma tradição científica brasileira que só
começou a ter impulso, sobretudo com a república, com as fundações de institutos de
pesquisa ligados à saúde, a exemplo do instituto Butantã e Manguinhos. Em segundo a
inexistência de infraestrutura editorial tornando impossível publicação genuinamente
nacional.
A mudança no pensamento sobre o ensino biológico, tal como o se conhece hoje,
é bem recente, datando de meados do sec. XX. Antes disso, o ensino biológico era
trabalhado de maneira isolado, inserido no currículo escolar a partir das disciplinas de
História Natural, Zoologia e a Botânica.
Segundo Freitas (1980), os objetivos desse ensino eram baseados em quatro níveis
de valor:
Valor informativo, referindo-se aos conhecimentos proporcionados; valores
educativos ou formativos, relacionados com o desenvolvimento do educando,
valores culturais que consiste na contribuição para os grupos sociais e os
valores práticos onde eram aplicados os conhecimentos e objetivos utilitários.
(FREITAS, 1980, apud KRASILCHIK, 1996.).
Esse pensamento fragmentado das Ciências Biológicas começou a ser
questionado, surgindo dessa forma outras linhas de construção dessa ciência, à vista disso,
as novas ideias se baseava em uma análise unificada. Essa unificação orientava-se por um
eixo articulador para todos os ramos de conhecimento biológico, e esse eixo era a
Evolução Biológica, ou seja, e evolução articulando e dialogando com a zoologia,
botânica, a fisiologia e outros. Segundo Goodson (1995, apud MARANDINO et al, 2005,
p.54), essa unificação foi uma "busca por status, recurso e território". Esse status é
baseado na busca por um reconhecimento científico e/ou um prestígio que, por exemplo,
a Física já detinha. Toda via essa unificação não se deu de modo consensual nos meios
acadêmicos, pois todos os esforços para fortalecer a ideia de unificação, tais como a
criação de periódicos e associações para divulgar a evolução como teoria central
articulada com uma ideia unificada, não impediram o surgimento de outras tantas
associações que defendia a noção fragmentada.
No espaço escolar esse processo de unificação contribuiu para o aumento do
prestígio dessa área do conhecimento, impulsionando assim o surgimento da disciplina
escolar biologia.
18
Se a unificação das Ciências Biológicas não foi produzida de modo
consensual nos meios acadêmicos, a escola parecer ter incorporado em
grande parte essa ideia ao construir uma nova disciplina escolar, em
substituição às disciplinas escolares separadas que estavam presentes pelo
menos até metade do século XX no país. (MARANDINO; SELES;
FERREIRA, 2009, p.64).
A materialização desse pensamento das ciências biológicas unificada no espaço
escolar foi iniciada com os trabalhos da Biological Sciences Curriculum Study (BSCS)
que foi uma iniciativa da comunidade de biólogos que contou com o apoio governamental
e, sobretudo, da Fundação Nacional de Ciências norte-americana e tinha o objetivo de
reforma, em moldes acadêmicos, os conteúdos e métodos da disciplina escolar Biologia
nas escolas da época. Os cientistas buscaram a colaboração de educadores e de
professores para a produção de coleções de livros didáticos para o nível correspondente
ao atual ensino médio.
No Brasil a tradução e adaptação dos referidos livros didáticos desenvolvidos pela
BSCS, foi coordenado pelo Instituto Brasileiro de Educação e Cultura (IBECC), sendo
publicada por meio de um convênio com a universidade de Brasília, outra iniciativa foi
apoio financeiro de diversas agências estrangeiras que custearam a participação de
professores como Myriam Krasilchik e Oswaldo Frota-Pessoa, nesse processo da
construção de um novo ensino de biologia. Segundo Selles e Ferreira (2008, apud
PEREIRA, AMORIM 2008, p. 39) esclarece que "a tradução do livro das moléculas ao
homem, a versão azul do BSCS, foi traduzida e adaptada no ano de 1967, em seus dois
volumes, pelos professores Myriam Krasilchik, Nicia Wendel de Magalhães e Norma
Maria Eleffi.".
Os grandes avanços destacados anteriormente demonstram que a interferência da
comunidade científica conduziu essa disciplina escolar a uma reaproximação do conteúdo
acadêmico. E essa reaproximação foi provocada por uma constatada desatualização e de
um distanciamento da produção científica observada nos livros didáticos dos professores
no início do século XX, além do o caráter elitista do ensino secundário que pressionava
para um ensino mais acadêmico. Sobre isto Marandino, Selles e Ferreira (2009, p. 54),
descreve que o pesquisador Doronthy Rosenthal,
Demonstram que como os livros didáticos da disciplina escolar biologia no
currículo norte-americano, nos anos 1920, passou a ser produzidos por
professores das escolas, visando atender ao crescente número de jovens que
chegavam ás escolas, respondendo assim a uma mudança na composição social
do público escolar, e essa iniciativa provocou um afastamento da esfera
19
acadêmica e maior ênfase aos conteúdos e métodos voltados para as questões
sociais. (MARANDINO; SELES; FERREIRA, 2009, p. 54).
No entanto essa aproximação ao mundo acadêmico mostrou-se insuficiente no
atendimento ao público escolar muito heterogêneo e bastante resistente a essa abordagem
tecnicista.
Ao longo da construção histórica da disciplina escolar biologia foi verificada
vários embates e conflitos sobre que abordagem adotar, uma abordagem mais acadêmica
ligada às técnicas e centrada no pensamento científico e/ou uma abordagem mais ligada
ao pedagógico, ou seja, ligada ao pessoal e ao social. Esses questionamentos nos remetem
a um antigo e permanente debate que vários pesquisadores travaram e travam em torno
desse ensino de biologia, enfatizar o conhecimento técnico científico ou as necessidades
pessoais/sociais dos estudantes e da sociedade. Sobre essa discussão Goodson (1995 apud
MARANDINO; SELES; FERREIRA, 2009, p.30), afirma que “as disciplinas escolares
surgem com objetos de caráter mais utilitários e pedagógicos (conhecimentos pessoais,
sociais e do senso comum) e, em busca de status, recurso e território, assumem finalidades
mais acadêmicas”.
O pensamento contemporâneo do ensino biológico indica que quando tivermos a
capacidade e a competência de pactuar o conhecimento científico no intuito de responder
e intervir na realidade pessoal, social e política da sociedade, utilizando para isso o
contexto escolar, estará assim viabilizado uma grande mobilização de todo o sistema
educativo, proporcionando assim um real sentido, no processo do ensino e aprendizagem
dos aspectos biológicos.
Esse contexto biológico, procura superar, a dita, pedagogia tradicional ou a arte
de ensinar, implementando uma pedagogia nova, que supera a prática do exercício de
imitação e de repetição, caminhando assim para o desenvolvimento do espírito científico,
considerado essencial na cultura do educador.
Nos anos 70 a revolução militar cria uma nova lei de diretrizes e bases da educação
nacional (LDBEN - 1971) e em seu texto, observamos que a ciência era colocada como
fundamental no desenvolvimento do estado brasileiro, entretanto as disciplinas cientificas
foram profundamente prejudicadas pela sobrecarga do currículo, visto que as disciplinas
que pretendiam ligar os alunos ao mundo do trabalho não deixavam espaço para que se
desenvolvesse esse avanço científico.
20
Segundo Krasilchik, A Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 5.692, promulgada em
1971,
norteia claramente as modificações educacionais e, consequentemente, as
propostas de reforma no ensino de Ciências ocorridas neste período. Mais uma
vez as disciplinas científicas foram afetadas, agora de forma adversa, pois
passaram a ter caráter profissionalizante, descaracterizando sua função no
currículo. A nova legislação conturbou o sistema, mas as escolas privadas
continuaram a preparar seus alunos para o curso superior e o sistema público
também se reajustou de modo a abandonar as pretensões irrealistas de
formação profissional no 1º e 2º graus por meio de disciplinas pretensamente
preparatórias para o trabalho. (KRASILCHIK, 2000, p. 2)
A partir de meados de 1980, com o retorno do regime democrático, temos um
grande avanço na estruturação da comunidade cientifica brasileira, no sentido de
popularizar a ciência produzida no país. A Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência (SBPC), com o projeto Ciências Hoje é um grande exemplo desse avanço. Na
atualidade esse projeto se modernizou e se consolidou como o Instituto Ciência Hoje
(ICH) uma sociedade civil sem fins lucrativos que representa a consolidação e o
amadurecimento de um dos objetivos centrais da SBPC.
O projeto Ciência Hoje é um dos grandes expoentes da divulgação científica
no Brasil, que começou a se fortalecer a partir dos anos 1980. Criada em 1982,
a revista Ciência Hoje é o marco inicial desse projeto que teve veio como Fruto
do esforço histórico da SBPC em democratizar a ciência, o projeto foi
idealizado justamente com o objetivo de aproximar produtores do
conhecimento científico e sociedade. Apesar de todas as dificuldades, a
iniciativa vingou e floresceu nas últimas três décadas, contando hoje com
diversas publicações, parcerias e iniciativas. (INTITUTO CIÊNCIA HOJE.
s.d.)
O professor Nellio Bizzo descreve que mesmo diante da dinâmica que a ciência
promove, com suas atualizações e divulgações, fica evidente que essas modificações
tiveram pouco impacto na biologia ensinada nas escolas de Ensino Médio nessa década
analisada, e após a institucionalização do vestibular essa dinamicidade que a ciência
poderia proporcionar, foi substituída aos restritos conteúdos conceituais.
Com a Reforma Universitária, 1968, e a institucionalização do vestibular como
forma de acesso ao Ensino Superior, este passou a ter grande força normativa
em relação aos conteúdos, e mais, interferindo também no ensino das matérias
cientifica nos níveis do Ensino Fundamental. A concorrência classificatória
induz observância estrita aos conteúdos programáticos restritos a conteúdos
conceituais. (BIZZO, 2004, p.153)
21
O ensino de biologia foi estruturado, na década de 90, afim de promover a
manutenção da tendência descritiva dos seus conteúdos, A professora Myriam Krasilchik
em suas analises descreve,
O conceito de Biologia como ciência só aparece em 50% dos programas. A
relação Ciência-Tecnologia-Sociedade menos ainda, indicando a falta de
análise das implicações sociais do desenvolvimento científico e tecnológico,
tão presente pela importância nos currículos das disciplinas cientificas.
(KRASILCHIK, 1996, p. 11)
Na atualidade o ensino de biologia no Brasil é regulamentado por diversos
documentos oficial, entre eles podemos destacar os Parâmetros Curriculares Nacionais
para o Ensino Médio (1999), mais especificamente na parte III no que trata as ciências da
natureza, matemática e suas tecnologias, esses documento foi construído dentro de um
ambiente conturbado politicamente, pois a urgência da construção de uma educação de
qualidade no nosso País, o fez se pensado de maneira longínquas dos preteridos pelos
educadores brasileiros, seu texto é muito ideológico e muito pouco pratico, logo os
resultado esperados não foram alcançados com a velocidade preterida. O aprendizado
disciplinar em biologia foi pensado de maneira articulada com outras ciências, no entanto
essa articulação na pratica nunca ocorreu, pois o vasto conteúdo biológico apontado nesse
parâmetro inviabilizou essa articulação, outro sim, a ausência de uma proposta
metodológica impediu que os professores idealizassem essa articulação. A formação
inicial desses profissionais também não acompanhou no tempo certo as mudanças
sugeridas por essa nova orientação legal.
Essa nova forma de pensar o ensino de biologia veio através da institucionalização
de uma nova diretriz de base, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN),
de 1996. Essa nova diretriz definiu algumas finalidades para o ensino médio, onde
podemos destacar,
I - a consolidação e os conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, II -
a preparação básica para o trabalho e a cidadania, III - o aprimoramento como
pessoa humana, IV - a compreensão dos fundamentos científicos e
tecnológicos dos processos produtivos. (BRASIL, 1996.)
Portanto, essa nova forma de ensino proposta por esses novos documentos
(DCNEM, PCNEM, PCN+), indica que aquele ensino descritivo e memorizador não se
enquadraria nesse novo cenário, a disciplina escolar biologia deverá atuar como
fundamento teórico para resolver situações, como por exemplo, o aumento da produção
22
agrícola, preservação ambiental, o combate a violência, formação de uma política de
serviços públicos de educação e saúde. A análise as implicações sociais, principalmente
aqueles que circunda o espaço escolar, é primordial para que os discentes percebam que
a escolar é um instrumento importante e significativo para a vida social. No campo das
ciências e das tecnologias destaca-se as atividades industriais de produção e construção.
Os PCN+ trazem muitas novidades nos aspectos metodológicos para os
professores, uma vez que o ensino médio passou muitos anos por um verdadeiro
abandono metodológico, esse novo documento divide as áreas do conhecimento em três:
Ciências da Natureza e Matemática; Ciências Humanas; Linguagem e Códigos;
organizando e interligando as disciplinas. Segundo Bizzo (2004, p. 169), os PCN+ atuam
com guia complementar aos PCNEM e a DCNEM, enfatizando que “os PCN+ trazem
elementos importantes para que o professor possa colher subsídios para, efetivamente,
encontrar elementos que contribuam para a melhoria da formação de seus alunos”. Este
mesmo autor declara que no que se refere ao ensino de biologia “Os PCN+ substituem,
com larga vantagem, os PCNEM, por diversas razões, sendo que a acuidade conceitual é
apenas uma delas e, ainda assim, não a mais importante”. (BIZZO, 2004, p.169).
A análise desse ensino de Biologia em uma modalidade de ensino específica,
como a Educação de Jovens e Adultos (ensino médio), remeterá a uma abordagem
exploratória, pois essa área do conhecimento está em um estágio infantil, fazendo uma
analogia ao processo de desenvolvimento humano. A educação biológica para essa
modalidade deve ser apresentada de uma forma elucidativa dos aspectos diários dos
educandos, utilizando de ferramentas cientificas, par subsidiar essa elucidação.
A construção do pensamento crítico, o espírito de ações coletivas, a descobertas
de habilidades, a estimulação das iniciativas, são funções do professor de biologia nessa
modalidade. Ensinar-lhes biologia é construir com eles uma cultura de respeito do homem
com a natureza, com o outro e consigo mesmo, é pensar a ecologia para a sustentabilidade,
é ver a biotecnologia como instrumento de desenvolvimento humano, ecológico e
biogeográfico é poder de uma forma muito progressista analisar a saúde pública de uma
forma crítica, em relação a sua implantação como política pública, que visa a qualidade
de vida de uma sociedade. Entender essa dinâmica da aprendizagem não é tarefa fácil,
mais essencial para o desenvolvimento cognitivo, cultural e social dos jovens e adultos
que participam dessa modalidade de ensino que será apresentada em maiores detalhes
logo abaixo.
23
1.2 Educação de jovens e adultos (EJA)
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino independente
e de legislação própria prevista na LDBEN 9394/96 em seu TÍTULO V, CAPÍTULO II,
Seção V no artigo 37º destaca que a educação de jovens e adultos será destinada àqueles
que não tiveram acesso ou continuidade, seja por qualquer motivo, ao ensino fundamental
e médio na idade própria.
1.2.1 Contexto histórico da construção da EJA
Ao pesquisar os fatos educacionais que nortearam o período imperial observou-se
que houve iniciativas na construção de políticas de educação para adultos, que
efetivamente se baseava no ensino noturno.
Com a ascensão das atividades industriais, a educação de adultos no início do
século XX, encontrava-se em um processo lento, mas crescente, de valorização dessa
modalidade de ensino. Porém, essa preocupação trazia pontos de vista diferentes em
relação ao pensamento educativo sobre essa modalidade educativa, quais sejam: a
valorização do domínio da língua falada e escrita, visando o domínio das técnicas de
produção; a aquisição da leitura e da escrita como instrumento da ascensão social; a
alfabetização de adultos vista como meio de progresso do país ou a valorização da
alfabetização de adultos para ampliação da base com a criação da Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), dessa forma a educação de
adultos foi avançando em cima dessa ambiguidade de orientação educacional.
A UNESCO teve papel importante na educação de adultos no nosso País ao
solicitar de seus Países membros a efetivação de uma política de alfabetização de adultos,
forçando o Brasil a criar 1ª Campanha de Educação de Adultos propondo a alfabetização
dos adultos analfabetos do país em três meses e cumulativamente ocorreu o oferecimento
de um curso primário em duas etapas de sete meses, a capacitação profissional e o
desenvolvimento comunitário, no entanto os resultados não foram satisfatórios, que
segundo Soares (1996, apud DI PIERRO, 2010, p. 953. ) as precárias condições de
funcionamento das aulas, a baixa frequência e aproveitamento dos alunos, a má
remuneração e desqualificação dos professores, a inadequação do programa e do material
didático à clientela e a superficialidade do aprendizado, pelo curto período designado para
tal, foram fatores preponderantes para esse insucesso.
24
Nos anos 50 e 60 o pensamento avança no sentido mais estrito do significado da
educação de adultos, pensamento esse encabeçado por Paulo Freire, invertendo a lógica
que dizia que o cidadão era analfabeto porque era pobre e marginal, dizendo agora ele é
pobre porque vive em uma estrutura social discriminatória que gera analfabetismo. Em
1963 Paulo Freire foi designado pelo presidente João Goulart para organizar Programa
Nacional de Alfabetização de Adultos, Essa iniciativa contou com o apoio de uma nova
perspectiva que também estava associada a um contexto de efervescência dos
movimentos sociais, políticos e culturais.
Destacam-se entre as experiências de educação popular daquele período, o
Movimento de Educação de Base (MEB), da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB); os Centros Populares de Cultura (CPC), da União Nacional dos Estudantes
(UNE), e o início da execução do Plano Nacional de Alfabetização (PNA), de janeiro a
abril de 1964, pelo governo federal, para uma política nacional de alfabetização de jovens
e adultos em todo o país, que tinha como objetivo alavancar a consciência de seu povo
através da educação. Segundo essa afirmação Freire (1979, p. 14.) esclarece,
A tomada de consciência não é ainda a conscientização, porque esta consiste
no desenvolvimento crítico da tomada de consciência. A conscientização
implica, pois, que ultrapassemos a esfera espontânea de apreensão da
realidade, para chegarmos a uma esfera crítica na qual a realidade se dá como
objeto cognoscível e na qual o homem assume uma posição epistemológica.
(FREIRE, 1979, p. 15.)
Entretanto o PNA não avançou, pois a revolução militar no Brasil começou a ver
o projeto de conscientização das massas proposta por Paulo Freire, como ameaça à ordem
instalada e ele como tantos outros educadores foram obrigados a se exilar.
1.2.2 A alfabetização de adultos no governo militar.
Uma das primeiras medidas no campo da alfabetização de adultos do governo
Militar foi à criação Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), voltado para a
população de 15 a 30 anos, objetivando a alfabetização funcional – aquisição de técnicas
elementares de leitura, escrita e cálculo. Houve poucos avanços nos 15 anos de vigência
do Mobral, haja vista que, dos quarenta milhões de pessoas que frequentaram aquele
Movimento, apenas 10% foram alfabetizadas. Diante dessa realidade Amaral (2002)
afirma que,
25
Ainda que recebendo pareceres negativos dos consultores da UNESCO, os
quais criticavam as campanhas de massa como uma estratégia ineficiente de
reduzir os altos índices de analfabetismo, o MOBRAL buscou provocar
entusiasmo popular portando concepções e finalidades como a “erradicação da
chaga social que era a existência de analfabetos” ou da consideração do
analfabetismo como causa do desemprego, conteúdos presentes nos Livros-
cadernos de Integração – material didático próprio e massificado para todas as
regiões do país. (Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos do
Paraná, 2006, p. 18.)
Segundo Sérgio Haddad e Maria Clara Di Pierro as características que orientava
o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL),
O MOBRAL foi implantado com três características básicas. A primeira delas
foi o paralelismo em relação aos demais programas de educação. Seus recursos
financeiros também independiam de verbas orçamentárias. A segunda
característica foi a organização operacional descentralizada, através de
Comissões Municipais espalhadas por quase todos os municípios brasileiros, e
que se encarregaram de executar a campanha nas comunidades, promovendo-
as, recrutando analfabetos, providenciando salas de aula, professores e
monitores. Eram formados pelos chamados “representantes” das comunidades,
os setores sociais da municipalidade mais identificados com a estrutura do
governo autoritário: as associações voluntárias de serviços, empresários e parte
dos membros do clero. A terceira característica era a centralização de direção
do processo educativo, através da Gerência Pedagógica do MOBRAL Central,
encarregada da organização, da programação, da execução e da avaliação do
processo educativo, como também do treinamento de pessoal para todas as
fases, de acordo com as diretrizes que eram estabelecidas pela Secretaria
Executiva. O planejamento e a produção de material didático foram entregues
a empresas privadas que reuniram equipes pedagógicas para este fim e
produziu um material de caráter nacional, apesar da conhecida diversidade de
perfis linguísticos, ambientais e socioculturais das regiões brasileiras.
(HADDAD; DI PIERRO, 2000, p. 115)
O Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) teve um importante papel
na alfabetização dos adultos no nosso País, no entanto não conseguiu cumpri com suas
metas, e as avalanches de críticas nacionais e internacionais sobre o programa
contribuíram muito para o seu fracasso, na conquista de seus objetivos iniciais, de superar
o analfabetismo no Brasil.
Em uma entrevista ao jornal Folha de São Paulo no de 1997, o professor Freire
(1997), se referiu assim ao Movimento Brasileiro de Alfabetização, “O MOBRAL
(Movimento Brasileiro de Alfabetização, implantado durante o regime militar) nasceu
para negar meu método, para silenciar meu discurso”. Em suas palavras Paulo Freire
demonstra uma total indignação pela estagnação no campo da educação, vivida no Brasil
nesse período, ideias também compartilhadas por muitos educadores que nesse período
26
tiveram a “experiência” do exílio, pois o governo militar imputava- lhes uma imagem de
anarquista e desordeiro.
A promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDB 5692/71 foi outro
destaque para a educação de jovens e adultos naquele período, pois pela primeira vez se
reconheceu a educação de adultos como um direito de cidadania do povo brasileiro,
reconhecendo também nessa lei o ensino supletivo que tanto se popularizou em nosso
País.
O ensino supletivo era político e pedagogicamente baseado em um subsistema
integrado, independente do Ensino Regular, porém com este intimamente relacionado,
compondo o Sistema Nacional de Educação e Cultura, voltado para o esforço do
desenvolvimento nacional, seja formando através da integração para a alfabetização da
mão-de-obra marginalizada ou formando a força de trabalho formal.
1.2.3 A EJA na redemocratização do Brasil
Nos anos 90 até os dias atuais a EJA tem sido muito debatida, criticada e refletida.
A sua legislação que efetivamente avançou com LDBEN 9394/96 e a lei n. 10.172/2001
que instituiu o Plano Nacional da Educação (PNE), lei essa que estabeleceu 26 metas para
EJA dentre os quais se destacam cinco no campo de estuda da EJA.
Segundo Maria Clara Di Pierro, o PNE pretendia,
Alfabetizar, em cinco anos, dez milhões de pessoas, de modo a erradicar o
analfabetismo em uma década; 2) assegurar, em cinco anos, a oferta do
primeiro ciclo do ensino fundamental a metade da população jovem e adulta
que não tenha atingido esse nível de escolaridade; 3) oferecer, até o final da
década, cursos do segundo ciclo do ensino fundamental para toda a população
de 15 anos ou mais que concluiu as séries iniciais; 4) dobrar, em cinco anos, e
quadruplicar, em dez anos, a capacidade de atendimento nos cursos de EJA de
nível médio; 5) implantar ensino básico e profissionalizante em todas as
unidades prisionais e estabelecimentos que atendem a adolescentes infratores.
(DI PIERRO, 2010, p. 944)
A regulamentação das idades mínimas para o ingresso no EJA, que era outra luta
daqueles que pensam EJA no Brasil, foi efetivado com a regulamentação da resolução nº
3, de 15 de junho de 2010 do Conselho Nacional de Educação (CNE, 2010) determina a
substituição do termo supletivo por EJA, bem como defini os limites de idades e duração
dos cursos. Para os anos iniciais do Ensino Fundamental, a duração deve ficar a critério
dos sistemas de ensino; para os anos finais do Ensino Fundamental, a duração mínima
27
deve ser de 1.600 (mil e seiscentas) horas; para o Ensino Médio, a duração mínima deve
ser de 1.200 (mil e duzentas) horas. A idade prioritária para o ensino fundamental final é
de 15 a 17 anos, no ensino médio da EJA os matriculados têm que ter 18 anos completos.
Conselho Nacional de Educação junto com a Câmara de Educação Básica
debateram as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos
sobre relatoria de Carlos Roberto Jamil Cury, e esses indicaram o que representa a
Educação de Jovens e Adultos (EJA) perante os aspectos legais e sociais para o estado
brasileiro.
A Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos,
estabelece que a EJA,
Representa uma dívida social não reparada para com os que não tiveram acesso
e nem domínio da escrita e leitura como bens sociais, na escola ou fora dela, e
tenham sido a força de trabalho empregada na constituição de riquezas e na
elevação de obras públicas. Ser privado deste acesso é, de fato, a perda de um
instrumento imprescindível para uma presença significativa na convivência
social contemporânea. (BRASIL, 2000, p. 7)
A função reparadora antes descrita e torna-se um novo ponto de partida para a
igualdade de oportunidades. Outra função observada pelo documento é a função
equalizadora.
Segundo o relator Carlos Roberto Jamil Cury,
A função equalizadora da EJA vai dar cobertura a trabalhadores e a tantos
outros segmentos sociais como donas de casa, migrantes, aposentados e
encarcerados. A reentrada no sistema educacional dos que tiveram uma
interrupção forçada seja pela repetência ou pela evasão, seja pelas desiguais
oportunidades de permanência ou outras condições adversas, deve ser saudada
como uma reparação corretiva, ainda que tardia, de estruturas arcaicas,
possibilitando aos indivíduos novas inserções no mundo do trabalho, na vida
social, nos espaços da estética e na abertura dos canais de participação.
(BRASIL, 2000, p. 9)
Essas funções têm como objetivo maior a promoção de uma equidade
proporcionando assim uma melhor distribuição dos bens sociais de modo a garantir uma
redistribuição e uma alocação em vista de mais igualdade, evidentemente consideradas
as situações específicas, para viabilizar essa igualdade a função de nominada
qualificadora te a tarefa de propiciar a todos a atualização de conhecimentos por toda a
vida é na verdade mais do que uma função, ela é o próprio sentido da EJA. (BRASIL,
2000, p. 11)
28
Outro fato importante, foi a não participação dos membros da comissão nacional
da EJA na V CONFINTEA, em resposta a postura do MEC, uma vez que os fóruns
estaduais e regionais foram desrespeitados, pois segundo Silva (2005, p. 35) O MEC
rasgou o documento produzido em Natal pelo fórum nacional de EJA apresentando outro,
sem qualquer discursão coletiva, demostrando claramente que as políticas educacionais
não priorizavam a EJA, pois na verdade o governo pensava em extinguir as demandas
para a EJA. E para isso, priorizou os investimentos no ensino fundamental, entretanto,
pensar em acabar com a demanda da EJA, foi um erro conceitual, logo que sempre vai
haver demanda seja em qualquer nível de ensino.
A percepção de uma educação progressista libertadora e a grande luz filosófica
que nutre a cognição daqueles que pensam EJA como uma "segunda chance", que
segundo Furtado (2009. p. 123) seria uma nova tentativa de superar o fracasso escolar de
outrora. Mais essa nova vida escolar deve ser física e pedagogicamente equivalente aquela
oferecida aos estudantes regulares.
1.3 A EJA como um instrumento de apoderamento do direito a educação.
O entendimento dos motivos que levam um jovem a fracassar na sua linearidade
escolar, e as consequências delimitadoras desse processo que o encaminham ao fracasso
escolar, são questionamentos que demanda uma análise mais reflexiva e não menos crítica
dessa degradada escolarização existente no nosso país, esse processo de trajetórias
escolares irregulares somadas aos problemas sociais nos permite indicar que a EJA
cumpre um papel importantíssimo na promoção de uma cidadania que outrora fracassou
e afastou esses jovens e adultos de uma formação cidadã consciente de seus direitos e
obrigações.
Acredita-se que a necessidade de trabalhar sempre foi a grande causa desse
abandono escolar, e esse abandono é o início de todo processo, pois a volta aos estudos
fica muito comprometida, para solucionar esse problema diversos programas foram
desenvolvidos, o ensino regular noturno, a EJA, a alfabetização Solidaria(PAS), todos
eles tinham objetivos que indicavam a retirada dessas pessoas afastada da cidadania, e
proporcionar-lhes um novo recomeço.
Na atualidade o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira INEP em indicou que mais de 1,7 milhões de jovens (15 e 17anos) abandonaram
a escola, sendo que 40.44% desses revelaram a desmotivação como causa principal desse
29
abandono. Logo estamos diante de um novo cenário, estão abandonando a escola hoje
não só porque precisam trabalhar o para cuidar de suas crianças, mais sim por
desmotivação.
Segundo Gadotti (2014), defensor de uma política nacional de EJA,
Há um grande equívoco metodológico em muitos programas da EJA, e que
afugenta muitos jovens e adultos expulsos da escola que, mesmo assim,
continuam interessados em concluir o ensino médio, infelizmente a EJA
apresenta um currículo que não interessa ao seu discente. (GADOTTI, 2014,
p. 21)
Esse fracasso escolar anteriormente falado, está diretamente ligado a um problema
muito maior, chamado exclusão social, sobre isso Furtado (2005) nos relata que “O que
observamos e que as ações públicas sejam geradas na perspectiva de diminuir os números
(estatística e porcentagem) não importando o como nem o porquê, provocando assim
outro tipo de exclusão, a exclusão includente”. No entanto não podemos jogar só na conta
das desigualdades sociais as causas do fracasso escolar, os problemas sociais são
condicionantes mais não determinantes.
O enfrentamento desses problemas educacionais passa pela iniciativa da
incorporação de um sentimento de pertencimento ao meio educacional, os jovens e
adultos, professores, técnicos administrativos, direção e comunidade local dialogando
quais são necessariamente, os desafios a serem enfrentados no âmbito educacional. Todo
esse caminho integrativo, passa pelo que chamo de apoderamento do real sentido de
promover uma escolarização de qualidade. Pois na medida em que o discente questiona
sua formação, se posiciona a favor ou contra ao que se é colocado, o seu desenvolvimento
crítico e reflexivo se torna mais presente, efetivando dessa forma o mais importante
processo de ensino aprendizagem, a cidadania. Cidadãos críticos e emancipados exigirão
cada vez mais uma educação que atenda seus anseios e suas expectativas.
A educação é um direito de todos, mais para que isso aconteça, a educação escolar
tem que cumprir seu papel, não isentando a família e o estado, na formação dos cidadãos
críticos e emancipados, pois estes seres autônomos saberão agir como multiplicadores
desse ciclo do conhecimento.
A EJA como fomentadora dessa educação escolar emancipadora, cumprir o papel
fundamental na cultura do aponderamento, dessa tomada de consciência que todos têm
direito a uma educação de qualidade e que devemos ir à busca desses nossos direitos de
cidadãos.
30
Como os que frequentam a EJA é em sua maioria os que estão à margem da
cidadania, os que fracassaram na escola, logo estes são os que estão mais desmotivados
para essa tomada de consciência, desse amadurecimento cidadão, no entanto as
experiências de vida deles são um fator positivo nessa construção desse apoderamento de
que educação é a política pública mãe de todas as políticas.
O que se propõem como caminho para essa toma da consciência e a abordagem
pessoal cotidiana de forma a promover uma cultura de alteridade de uns para com os
outros. Furtado relata que “pensar em uma perspectiva de alteridade, significar colocar-
se no lugar do outro” e esse caminho da alteridade é um caminho que os jovens e os
adultos devem conquista para que possamos mudar em conjunto aquele cenário tão
presente no cotidiano das escolas, o de resistência. Ainda sobre a alteridade Frei Betto
(2005 apud FURTADO, 2005, p. 02) diz “Ter alteridade significa ser capaz de apreender
com o outro na plenitude da sua dignidade, dos seus direitos e, sobretudo da sua
diferença”.
2.4 A educação biológica na EJA
A educação biológica na EJA é orientada por um conjunto de normas legais
vigentes na educação básica, LDBEN/96, DCNEM, PCNEM, PCN+ entre outras, no
entanto a disciplina escolar biologia nessa modalidade está imersa a uma concepção
preconceituosa e antipedagógica que tangência a metodologia da mera redução dos
conteúdos da educação básica regular e/ou por produções didáticas infantilizadas. Esse
caminho percorrido por aqueles que fazem a EJA é extremamente prejudicial a formação
pretendida por essa modalidade de ensino, os motivo por essa postura são inúmeros,
podemos destacar a falta de um parâmetro curricular especifico para essa modalidade,
ausência de uma política de formação inicial e continuada voltada para a EJA, a inércia
na implantação do programa nacional do livro didático para o ensino médio na EJA, em
fim para que a EJA contribua para que os dicentes “se situem de modo crítico e mostrem
atitudes construtivas no mundo do qual fazem partes” BRASIL (2014), é necessário uma
reflexão direcionada para ação no campo do currículo, das práticas pedagógicas e da
verdadeira função da EJA que sem dúvida abarcam diversas dimensões que extrapolam a
questões educacionais.
O ensino de biologia na EJA deve ser pensado e executado segundo a LDBEN/96
no atendimento das finalidades do ensino médio,
31
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima
de três anos, terá como finalidades:
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino
fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para
continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a
novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação
ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos
produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.
(LDBEN, 1996).
Para atender essas finalidades foram desenvolvidos ao longo dos últimos anos
alguns documentos de caráter normativos disciplinando estratégias para que tais
finalidades fossem cumpridas, mais é bom que diga, que com o passar do tempo outras
finalidades foram sendo estabelecidas, uma vez que a dinamicidades das interações
educacionais, sociais e econômicas foram se modificando e se estabelecendo no cotidiano
das cidades brasileiras.
As diretrizes curriculares para o Ensino Médio (DCNEM) pensou em articular o
conhecimento em três áreas: “Linguagem e códigos e suas tecnologias, Ciências da
natureza, Matemática e suas tecnologias, Ciências humanas e suas tecnologias” DCNEM
(1998), e teve como princípios condutores a interdisciplinaridade e a contextualização,
no entanto o texto segundo Bizzo (2004, p. 1962) não apresentam uma única palavra de
como trabalhar essa interdisciplinaridade e preterida contextualização, logo o documento
trata de um Ensino Médio idealizado, de contornos pouco visíveis, tornando-o distante da
realidade escolar e contribuiu significativamente para o momento de inércia instaurado
no Ensino Médio e especialmente na EJA.
Os Parâmetros curriculares nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) e um
documento complementar as DCNEM, e tiveram como contribuição efetiva a enfática
referência, as disciplinas escolares vinculadas às áreas do conhecimento. Quando se
analisa os conhecimentos biológicos presentes no PCNEM, observa-se que este
documento comete verdadeiros devaneios ao falar das tecnologias biológicas, a biologia
e apresentada de forma muito reducionista e pouco pratica.
Quando o professor Bizzo (2004, p. 164), escreve que “O texto enveredou por um
caminho de frases feitas no qual os professores de biologia podem encontrar pouco ou
nenhuma contribuição para a aprendizagem de seus alunos”, ele infere também um
32
sentimento de preocupação, pois o que parece e que os professores de biologia
caminhavam às cegas, e sem dúvida essa “desorientação” curricular interferiu no
aprimoramento do ensino de biologia nesse período. Direcionando-o a modalidade da
EJA os professores de biologias tinham um complicador a mais a heterogeneidade das
turmas, ora se os professores tinham dúvidas sobre o currículo a ser desenvolvido,
imagina desenvolver esse currículo para uma turma tão diversa e complexa como as
existentes na EJA.
Na atualidade com o surgimento dos PCN+, o PNLD e o PNLD EJA, observa-se
avanços no ensino de biologia, pois quando os PCN+ iniciam um diálogo direto com o
professor preenchendo as lacunas de outrora, e começa a trabalhar com ênfase na solução
de problemas, tais como o que ensinar? E como ensinar? Pois quando esse documento
estabelece os seis temas estruturadores “Interação entre seres vivos, qualidade de vida das
populações humanas, identidade dos seres vivos, diversidade da vida, transmissão da
vida, ética e a manipulação gênica; origem e evolução da vida.” (BRASIL, 2006, p. 21)
indicando que toda essa estrutura seja articulada pelos princípios evolutivos da síntese
moderna, obedecendo a uma orientação cientifica internacional.
O processo de aprendizagem biológica na EJA deve ser pautado por um amplo
debate para que todas as participantes dessa formação educacional avaliem as vantagem
e desvantagem dos avanços biotecnológicos levando em conta todos os valores éticos,
morais, religiosos, ecológicos e econômicos. Questões sobre à saúde pública e individual,
o bem estar humano, dinâmicas populacional, sexualidade e a relação entre sociedade e
natureza são caminhos que temos que percorrer para a consolidação de um processo
qualitativo na Educação de Jovens e Adultos. “... busca-se que o aluno compreenda a
biologia a suas tecnologias como um conjunto de conhecimentos produzidos
coletivamente pela humanidade.” (BRASIL, 2006, p. 36)
O caráter reducionista empregado na EJA, desqualifica os preceitos legais e
didáticos do ensino biológico, aulas cansativas, estritamente descritiva longe de qualquer
cenário local, nenhuma iniciativa fora do tradicional quadro e giz foi à realidade
observada no ano letivo de 2014 nas escolas analisada. Um fato curioso foi quando uma
professora inovou com aulas expositiva onde ela utilizou o equipamento de mídias e
áudio, os discentes simplesmente não admitiram essa iniciativa, indagando-a quando ela
realmente iria “iniciar a aula”? Essa concepção cultural do ensino tradicional na EJA é
muito forte, e precisar ser trabalhada a utilização de novas iniciativas metodológicas para
que possa desenvolver um caminho mais promissor.
33
A incorporação de uma nova roupagem para as aulas expositiva, fazendo-a de
forma dialogada, outro ponto é trazer a experimentação para a sala de aula, a aplicação
do estudo do meio com a finalidade de deslaçar a ambiente de aprendizagem para fora da
sala de aula, o desenvolvimento de projetos, utilização sempre que possível de jogos
didáticos para a maximização dos conhecimentos.
Para a consolidação do ensino de biologia na educação escolar, incluindo a
modalidade EJA, foi lançado no ano de 2014 o Gia do livro didático no PNLD EJA 2014,
onde foram incluídas as primeiras coleções de livros didáticos para o nível médio. A
diversidade e a heterogeneidade, dos que fazem a EJA, foram o centro das orientações
desses tão esperados recursos didáticos de nível médio para EJA. Essa especificidade
pretendida nessas coleções é proveniente das experiências de convívio social, das
vivencias adquiridas do trabalho e da família dos dicentes que frequentam as salas de
aulas na EJA no nível médio em todo o Brasil.
A preterida aprendizagem nessa modalidade, segundo o texto do PNLD EJA
(2014), é pensada sobre diversos horizontes que extrapolam as questões educacionais,
A PNLD EJA, esclarece que,
a aprendizagem na educação de jovens e adultos abrange um vasto leque de
conteúdo – aspectos gerais, questões vocacionais, alfabetização e educação da
família, cidadania e muitas outras áreas – que preparam as pessoas com
conhecimentos, capacidades, habilidades, competências e valores necessários
para que exerçam e ampliem seus direitos e assumam o controle de seus
destinos. Além disso, a aprendizagem na EJA é considerada imperativa para o
alcance da equidade; da inclusão social; da redução da pobreza; da construção
de sociedades justas, solidárias, sustentáveis e baseadas no conhecimento.
(BRASIL, 2014, p. 16)
Sobre a seleção das coleções, temos que 37(trinta e sete) coleções foram escritas,
onde 5 (cinco) foram para o ensino médio desta 4(quatro) foram reprovadas, sendo apenas
1(uma) aprovada e enviada para a análise das redes de ensino de todo Brasil.
O caráter multisseriado e interdisciplinar da coleção foram produzidos no intuito
da que se alcançasse uma abordagem entre Ciência-Tecnologia-Sociedade segundo a
editora da coleção aprovada.
A avaliação na EJA e outro questionamento importantíssimo que precisamos
levantar, pois nas observações feitas nas escolas analisadas elas são apenas instrumentos
de aferição de notas, e com isso contribui para que a aprendizagem não se estabeleça por
completo, contribuindo assim para a perpetuação da cultura da não reprovação nessa
modalidade.
34
O processo avaliativo de biologia em EJA deve ser pensado como um instrumento
de orientação da aprendizagem. As avaliações sendo utilizadas para que os desafios e as
dificuldades sejam superados. A reflexão, a análise e a solução de problemas devem ser
critérios privilegiados no processo avaliativo. A execução desse processo avaliativo,
poderá ser implementada de diversas formas, desde uma prova com perguntas
dissertativas até a produção de seminários, debates e mesas redonda.
Nesse sentido o ensino de biologia na EJA precisa ser pensado de maneira
reflexiva e crítica para que o ensino altamente descritivo e sem intervenções na realidade,
passe a dialogar com os mais diversos segmentos educacionais, sociais e econômicos,
dotando-o de uma dinamicidade necessária para o que a função da EJA seja comprida,
“Função reparadora, equalizadora e qualificadora no processo de ensino e aprendizagem.”
BRASIL (2014), pois esse entendimento e estritamente necessário para que possa
entender que “Ensinar não é transferir conhecimento” FREIRE (1996, p. 21) e sim um
processo continuo de construções de competências e habilidades que serão utilizadas
posteriormente no cotidiano da vida.
Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a
indagações, às curiosidades, às perguntas dos alunos, as suas inibições; um
ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar e
não a de transferir conhecimento. (FREIRE, 1996, p. 21)
A postura profissional do docente e fundamental para que o ensino de biologia na
EJA se estabeleça se forma completa, o respeito e o comportamento ético para como seus
pares é fundamental para o desenvolvimento da docência e consecutivamente do processo
de ensino e aprendizagem, sobre isso Freire (1996, p. 25), descreve “O respeito à
autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos
ou não conceder uns aos outros.”
O respeito aos conhecimentos adquirido pelas mais diversas vivências dos
discentes presentes na EJA é imprescindível para a construção de um ensino de biologia
de qualidade, aqueles que não levam em conta esse “conhecimento do censo comum” que
eles trazem na sua bagagem, ou pior zombar do saber que ele traz consigo para a escola,
provavelmente não alcançaram êxito no processo de ensino e aprendizagem não só em
biologia mais em qualquer área do conhecimento. Portanto, a busca incessante dos
objetivos expostos nos documentos oficiais que regulamentam a educação no nosso País,
deve ser a meta de todos os que fazem do magistério a sua identidade profissional.
35
3. OBJETIVOS
3.1 Geral
Conhecer os desafios e as perspectivas do ensino de biologia na modalidade da
Educação de Jovens e Adultos em Três escolas da rede estadual de ensino, na
cidade de João Pessoa - PB.
3.2 Específicos
Analisar o currículo de biologia e as políticas públicas voltadas para EJA;
Analisar os contextos sócio histórico dos docentes de biologia, bem como dos
estudantes que fazem parte dessa modalidade de ensino, nas escolas: Escola
Estadual CPDAC - Centro Profissionalizante Deputado Antônio Cabral, EEEFM
Professor José Batista de Melo, EEEFM Cônego Francisco de Lima da rede
estadual de João Pessoa - PB;
Identificar nas práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores de biologia
a adequação aos objetivos da EJA;
Diagnosticar quais são os saberes biológicos construídos no espaço escolar da
EJA, na ótica dos alunos;
Apresentar uma proposta curricular para o ensino de biologia na EJA, onde o
ensino é organizado por eixos articuladores do conhecimento biológico: ético-
ambientais, biotecnológicos, ecológicos e de saúde pública.
36
3 MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa é um instrumento utilizado para que se possa investigar e propor
resoluções de situações de problemas, utilizando para isso o método científico como o
caminho a ser percorrido para lançar nossas prováveis hipóteses. Segundo Gil (2009) "a
pesquisa é desenvolvida mediante concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização
cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos".
A investigação é classificar como uma pesquisa como uma pesquisa qualitativa,
exploratória e descritiva, que segundo Gil (2002, p. 41) “a pesquisa exploratória tem
como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vista a torná-lo
mais explicito". Com relação à pesquisa descritiva Gil (2002, p. 42) "O objetivo
primordial á a descrição de características de determinada população ou fenômeno ou,
então, o estabelecimento de relações entre variáveis".
Segundo Marconi e Lakatos (2004), a pesquisa qualitativa,
tem foco na interpretação que os próprios participantes têm da situação sob
estudo, em vez de na quantificação; ênfase na subjetividade, em vez de na
objetividade; flexibilidade no processo de conduzir a pesquisa; orientação para
o processo e não para o resultado; preocupação com o contexto, no sentido de
que o comportamento das pessoas e a situação ligam-se intimamente na
formação da experiência; reconhecimento do impacto do processo de pesquisa
sobre a situação de pesquisa admite-se que o pesquisador exerce influência
sobre a situação de pesquisa e é por ela também influenciado. (MARCONI;
LAKATOS, 2004, p.158)
3.1 Local de estudo
A origem da pesquisa se configurou pela busca por um documento oficial que
regulamentasse o ensino de biologia na EJA, ou seja, um parâmetro curricular especifico
para EJA. Para tanto, houve um contato com o Ministério da Educação através do e-mail
[email protected], mais especificamente com a diretoria de assuntos sobre
Educação de jovens e Adultos no dia 15/07/2014, nesse e-mail foi solicitado alguma
informação sobre a existência de algum documento oficial que regulamentasse o ensino
de biologia no nível médio na EJA. Em menos de 24 horas, o senhor Antônio Carlos
Ramos Pereira, Coordenador Geral de Educação de Jovens e Adultos, informou que esse
material solicitado “não existe” no MEC. Porém, como os Conselhos Estaduais de
Educação possuem autonomia para adaptar as diretrizes nacionais, em tese, poderia haver
37
algo específico para o estado da Paraíba, na Secretaria de Estado da Educação. De posse
dessa informação foi feita uma visita pessoalmente à Secretaria de Estado da Educação,
sendo recebido pela senhora Socorro Diniz, gerente operacional da Educação de Jovens e
Adultos, responsável pela gerência de políticas públicas para a EJA no estado da Paraíba.
Informando-nos que até o momento esse documento não tinha sido produzido,
argumentando que essa modalidade é muito nova e que o desinteresse das academias e
dos docentes nessa modalidade acaba atrapalhando na implementação de uma política
curricular mais efetiva. No entanto a senhora Socorro Diniz, colocou a Secretaria de
Educação do Estado da Paraíba a disposição dessa pesquisa para um diálogo permanente
acerca da temática ensino de biologia na EJA
Em outra fase da investigação o estudo foi desenvolvido em três escolas públicas
da rede estadual de ensino.
A Escola Estadual CPDAC - Centro Profissionalizante Deputado Antônio Cabral,
localizado na Rua Avelina dos Santos, S/N. Valentina de Figueiredo I, João Pessoa-
Paraíba. A referida escola funciona educacionalmente nas modalidades de ensino médio
e profissionalizante, ensino fundamental e médio profissionalizante e Ensino médio e
EJA, respectivamente nos turnos (Manhã, Tarde e Noite). As estruturas físicas da citada
escola, apresentam-se em bom estado de conservação, todas as 25 salas de aula possuem
ventilador, quadro branco e carteiras e cadeiras em ótimo estado de conservação. Temos
uma sala de vídeo, secretaria, sala de professor, diretoria, laboratório de ciências naturais
(desativado por falta de recursos humanos capacitados para sua utilização e manutenção),
biblioteca, ginásio, laboratório de informática em formação. Todos os seus professores
são licenciados nas suas matérias especificas.
EEEFM Cônego Francisco Gomes de Lima localizada na Rua Petrônio de
Figueiredo, s/n; Bairro: Geisel; João Pessoa - PB. À referida escola dispõe para a
comunidade local, as modalidades de ensino médio, ensino fundamental e médio e EJA,
respectivamente nos turnos (Manhã, Tarde e Noite). A estrutura física da citada escola,
apresenta-se em bom estado de conservação, observamos 10 salas de aula todos com
ventilador, quadro branco e carteiras e cadeiras em ótimo estado de conservação. Temos
uma sala de vídeo, secretaria, sala de professor, diretoria, laboratório de ciências naturais
(desativado por falta de recursos humanos capacitados para sua utilização e manutenção),
biblioteca, quadra poliesportiva coberta para as atividades físicas. Todos os seus
professores são licenciados nas suas matérias especificas.
38
EEEFM Prof. Jose Baptista De Mello localizada na Rua Manoel Ângelo de
Oliveira, s/n, Mangabeira VII João Pessoa – PB, nessa escola é ofertado ensino nas
modalidades Ensino Fundamental, Ensino Médio e a Educação de Jovens e Adultos. A
estrutura física da encontrada na escola é bem completa, uma vez que encontramos 10
salas de aulas, sala de diretoria, sala de professores, laboratório de informática, acesso à
Internet banda larga, cozinha, biblioteca, banheiro adequado a alunos com deficiência ou
mobilidade reduzida, dependências e vias adequadas a alunos com deficiência ou
mobilidade reduzida.
As escolas investigadas situam-se na zona sul da capital paraibana e estão
inseridas nos bairros mais populosos da capital, portanto a diversidade social a ser
explorada é imensa. As diferenças estruturais (edificação) também é outra questão
importante a ser levantada, e as recorrentes quedas nos índices do IDEB foram fatores
que instruíram as respectivas escolhas.
IDEB da Estadual CPDAC - Centro Profissionalizante Deputado Antônio Cabral
referente ao ano de 2013 foi de 2.6 a meta era 3.9, da EEEFM Prof. Jose Baptista De
Mello o IDEB no ano 2013 foi de 2.4 a meta era 4.2, na E.E.E.F.M. Cônego Francisco
Gomes de Lima o IDEB no ano 2013 foi de 2.2 a meta era 3.4. No estado da Paraíba o
IDEB tanto no ensino médio quanto no ensino fundamental ficou a baixo da meta
estipulada, IDEB EM 3,0 a meta era 3,2 e no EF o valor foi 3,0 onde meta era 3.4.
(BRASIL, Censo 2013.)
3.2 Espaço amostral
A análise foi feita com 70 alunos regulamente matriculados nas escolas
anteriormente citadas, no período letivo de 2014.2, ou seja, no segundo semestre do ano
letivo de 2014.
Também foram analisados 4 (quatro) professores da disciplina escolar biologia
nas respectivas escolas pesquisadas. Como a escola CPDAC é a maior escola noturna da
Paraíba em número de alunos, foram investigados dois professores de biologia nessa
escola e um professor em cada uma das outras escolas anteriormente citadas.
Todos os estudantes selecionados cursavam o 3ª ano do ensino médio na
modalidade EJA. Essa escolha foi pensada no intuito de analisar a sua formação sobre os
saberes biológicos, inerentes as habilidades mínimas exigidas, dos que concluem o ensino
39
médio, e sua formação cidadão enquanto estudantes da EJA, uma vez que todos eles (as)
tinham passado por todos os ciclos que compõem essa modalidade.
3.3 Coleta de dados
Como instrumento utilizado para coleta de dados, ou seja, a obtenção de
informação de uma realidade, as técnicas foram à observação direta em sala de aula,
análise documental da escola e os questionários aplicados entre os docentes e discentes
das escolas anteriormente citadas. Questionários esses que segundo Gil (2002) “consiste
basicamente em traduzir os objetivos específicos da pesquisa em itens bem redigidos”.
3.4 Análise dos dados
A análise dos foi dividida em três partes, seleção, codificação e tabulação. A
seleção segundo Rudio (2011) consiste no “exame minucioso dos dados, pois a seleção
pode apontar tanto o excesso como a falta de informação”. A codificação segundo
Marconi e Lakatos (2010) “e a técnica para categorizar os dados que se relacionam, os
dados são transportados em símbolos, podendo ser tabelado e contado. A tabulação
consiste na “disposição dos dados em tabelas, possibilitando mais facilidade na
verificação das inter-relações entre elas. Portanto os dados foram ajustando em
categorias, onde por codificação e interpretação esses dados subsidiaram nossos
resultados.
Ressalta-se, que para que fosse feita as análises das questões abertas, foram
criados critérios específicos para cada categoria de questão. As questões relacionadas aos
saberes biológicos relativo ao eixo temático ética ambiental tiveram os como critérios
para a analises das respostas os seguintes aspectos teóricos: Apresentação dos problemas
ambientais, cultura antropocêntrica, cultura ecocêntrica, comportamento responsável
(ético) do homem para com a natureza.
No tocante as questões abertas, relacionadas ao eixo temático biotecnologia, os
critérios foram os seguintes: DNA, Clonagem, Células Tronco, e Transgênicos.
Na questão aberta, relacionada ao eixo temático ecologia, a orientação teórica
utilizada como critérios foram as seguintes, Avaliação comparativa dos aspectos
ecológicos em relação ao trabalho, a educação, a qualificação, a reprodução e ao cenário
político humano.
40
Em relação ao eixo temático saúde pública temos os seguintes aspectos teóricos,
Avaliação em termos de política pública de saúde, educação, orientação educacionais
sobre saúde, comportamento inadequado dos seres humanos.
As respostas serão classificadas obedecendo a seguinte orientação; Satisfatória =
Reflexão abordando todos os critérios preestabelecidos; Satisfatória em parte =
Reflexão abordando ao menos dois dos critérios preestabelecidos; Insatisfatória =
Ausência total dos critérios propostos/reflexão descontextualizada dos eventos;
Insatisfatória em parte = Reflexão abordando apenas um dos critérios preestabelecidos.
41
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos em nossa análise, exploratória e descritiva com
direcionamento qualitativo, impõem um serie de discussões acerca dos objetivos
propostos anteriormente. A apresentação dos resultados é feita através de um discurso
crítico e reflexivo, sempre voltado para a elaboração de opiniões e sugestões acerca do
tema discutido. As informações apresentadas mediante a construção de tabela e gráficos
teve com o intuito a facilitação da leitura proposta pelo trabalho.
4.1 Currículo de biologia e as políticas públicas voltadas para EJA
A análise do currículo de biologia e das políticas públicas desenvolvidas na
Educação de Jovens e Adultos foram definidos como objetivos específicos no presente
trabalho de pesquisa, e essas análises se consolidaram como as primeiras intervenções na
contínua construção do nosso objeto de trabalho.
A ausência de uma literatura que discutisse o currículo de biologia na EJA, criou
um cenário de instabilidade no direcionamento da pesquisa, e após a confirmação da
ausência por parte dos governo federais e estaduais desse parâmetro curricular para o
nível médio na EJA, buscou-se fazer uma análise curricular baseada nos documentos
gerais da educação brasileira, PCN, PCNEM, OCEM, OCEJA, PCN+ e em alguns
pareceres oriundos do Conselho Nacional de Educação (CNE), no entanto e perceptível
que alguns destes documentos estão muito distantes da realidade da EJA, pois não
consegue fazer um diálogo efetivo com os professores de como deve ser pautado o ensino
de biologia. Na verdade observa-se nesses documentos um verdadeiro oceano de palavras
bonitas, mais, infelizmente, sem qualquer conexão com a realidade vivenciada nas salas
de aulas na EJA. A construção de uma orientação curricular para essa modalidade é
necessária e urgente, os professores estão perdidos nessa perspectiva, andando às cegas
sobre o quê e como ensinar, nessa modalidade de educação.
Hoje os professores utilizam a mesma orientação curricular do ensino regular e
aplicam na EJA, entretanto o tempo de duração do ensino médio na EJA é a metade em
comparação com o ensino regular. Utilizam os livros e as mesmas propostas didáticas e
metodológicas do ensino regular, logo na pratica temos uma verdadeira postura de total
negligência acerca do processo de aprendizagem dos discentes. Esses mesmo discentes,
devido sua heterogeneidade e objetivos diversos que os levam a procurar o ambiente
42
escolar, não se importam com a qualidade desse processo de aprendizagem. Muitos
querem apenas só o certificado. É claro que a certificação e um dos objetivos da EJA,
mais não se pode permitir que essa certificação se concretize de forma irresponsável e de
qualquer maneira. A qualidade mínima deve ser mantida a qualquer custo, pois não
esqueçamos que o custeio dessa modalidade, que não é baixo, é dinheiro do povo, e o
serviço de educação deve ser pautado pela qualidade e eficiência que todos merecem.
Portanto a construção dessa orientação curricular por parte do estado é essencial para a
busca de uma melhora do ensino na EJA e em particular o ensino de biologia.
A efetivação de políticas públicas nessa modalidade deve ser direcionada ao
aumento gradual do número de vagas para os alunos em distorção idade/série, pois nos
últimos anos, segundo dados do INEP, o setor enfrenta uma queda contínua de matrículas.
(Quadro 01). E interessante adequar esse aumento gradual de matricula ao novo PNE
(2014 – 2024) que indica em uma das suas metas “Oferecer, no mínimo, 25% das
matrículas de educação de jovens e adultos (EJA) na forma integrada à educação
profissional nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio” (PNE, 2014). Na
verdade essa meta visa fortalecer a essa modalidade com um incremento didático voltado
para o mercado de trabalho, como forma de estimular o aumento dos números de
matriculas e tornar a EJA mais atrativa para os que frequenta essa modalidade.
Tabela 01. Educação de Jovens e Adultos Matrículas por etapa de ensino – 2011-2013
Ano
Matrículas na Educação de Jovens e Adultos Por Etapa de Ensino
Total de matriculas na EJA
(Ensino Fundamental e médio)
Ensino Médio
2011
3.432,300 1.076.243
2012 3.229,952 1.032.443
2013 3.139,673 970.698
Fonte: MEC/Inep
No entanto, essa análise deve ser feita com ressalvas, pois o que se observa na
atualidade é que houve uma grande diminuição das turmas regulares do turno da noite,
sem nenhuma justificativa pedagógica. Diante disso, essa iniciativa além de limitar a
oferta do ensino médio, obriga o aluno trabalhador, com menos de 18 anos, a optar entre
o trabalho e o ensino médio regular durante o dia. Na verdade a EJA precisa avançar
quantitativamente, toda via que esse avanço não se dê em detrimento de sua qualidade e
do abandono do ensino regular noturno. Portanto, observa-se que o avanço das matrículas
43
no nível médio na EJA é uma política pública afirmativa para os próximos anos, uma vez
que, há muitos jovens e adultos fora do processo de escolarização.
Outra política pública de assistência a essa modalidade foi a implantação do
Programa Nacional de Inclusão de Jovens – PROJOVEM URBANO, destinado a jovens
de 18 a 29 anos, que saibam ler e escrever e não tenham concluído o ensino fundamental,
essa iniciativa foi pensada com o intuito de elevação da escolaridade, qualificação
profissional, e participação comunitária, com planejamento e execução de ações. No
entanto os resultados dessa política de inclusão de jovens e adultos teve alguns resultados
negativos tais como a evasão, “em João Pessoa constatou-se que houve um índice de 30%
e 40%, são índices bastante altos, levando-se em conta a importância da ação e o
investimento a ela direcionado” (LUCENA; LEITE; ANDRADE, 2009). Outro ponto
levantado foi a questão da proficiência desse discentes no quesito língua portuguesa e
matemática onde resultados se mostraram animadores. Portanto, essa política pública
deve ser ampliada e fiscalizada para que seus objetivos sejam alcançados.
Ressalta-se ainda o lançamento do PNLD EJA que em 2014 foi uma grande
novidade no âmbito das políticas públicas, pois nessa edição observa-se a implantação do
livro didático para o ensino médio voltado para a EJA. Essa iniciativa é sem dúvida um
avanço na institucionalização da EJA como modalidade igualitária em ralação as a outas
modalidades de ensino existente. A falta de recursos didáticos, em especial o livro
didático, era uma realidade da qual os professores reclamavam muito. Entretendo a
editoração desse material ainda não atende aos critérios do PNLD, das 5(cinco) coleções
apresentadas 4 (quatro) foram reprovadas por técnicos do MEC.
Portanto, a partir da análise documental, entende-se que a efetivação de uma
proposta curricular e de uma fiscalização das políticas públicas implementadas na EJA é
de extrema importância na construção de um ensino de qualidade nessa modalidade, em
especial o ensino biológico.
4.2 Contextos sócio histórico dos discentes da EJA
Ao analisar os dados coletados foram identificadas algumas características
importantes no que refere a natureza sócio histórica dos dicentes e docentes presentes
nessa modalidade. A importância de se conhecer qual o perfil dos que fazem a EJA é
compreendida na medida em que avançamos no entendimento das particularidades
44
inerentes a EJA, pois muitos dos problemas relacionados a essa modalidade são de
natureza social, econômica e de gênero.
As amostras indicam que a maioria dos discentes presentes na EJA são do gênero
masculino (55,71%), ficando o gênero feminino com o índice de (44,29%) dos
pesquisados. Esse resultado difere do perfil encontrado na análise do IBEGE no censo
feito no ano de 2010 no ensino médio na modalidade regular, “o percentual de jovens de
15 a 17 anos que cursavam o ensino médio (apropriado à sua idade) era de 42,4% para o
gênero masculino e 52,2% para o gênero feminino” (IBGE, 2010). Esse cenário pode ser
entendido por diversas questões, uma delas é que a faixa etária predominante na EJA
passa por um processo de juvenização. Fato que coaduna com o observado em que
77,14% dos discente pesquisados possuem idades que variam entre 16 e 25 anos (Tabela
02). No tocante a uma menor participação das mulheres nas turmas de EJA, investigadas,
ressalta-se que boa parte das mulheres nessa faixa etária já assumiram a condição de
esposa, mãe, dona de casa e muitas ainda trabalham, fazendo do seu dia uma verdadeira
tripla jornada, sem falar no contexto de gênero, onde o machismo é muito forte em nossa
cultura nordestina. Outro fato observado nos comentários dos discentes durante a
aplicação dos questionários, é que a crescente onda de violência na capital paraibana
contribui para o baixo índice percentual de presença feminina nas turmas de EJA, pois
muitas acabam não indo estudar por medo das inúmeras possibilidades de violência contra
mulher. (Figura 01).
Figura 01: Análise de gênero nos percentuais de matriculas das escolas investigadas na EJA
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
Esses dados sobre faixa etária evidenciam e corroboram com o processo indicado
pela autora Furtado (2009) em seu livro “Jovens na educação de jovens e adultos:
55,71%
44,29%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Masculino Feminino
ES
PA
ÇO
AM
OS
TR
AL
45
produção do fracasso no processo de escolarização”, sobre o processo de juvenização na
Educação de Jovens e Adultos. A autora ressalta que a migração desses jovens do ensino
regular para a EJA é uma realidade cada vez mais presente e que tem uma serie de
consequências educacionais, econômicas e sociais.
Tabela 02: Análise das faixas etárias dos dicentes matriculados na EJA.
Idade Frequência Porcentagem
Menos de 18 anos. 4 5,71%
18 a 25 anos 50 71,43%
26 a 35 anos 10 14,29%
36 a 45 anos 4 5,71%
Acima de 46 anos 2 2,86%
Total 70 100,00%
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
Um outro dado importante que corrobora com a juvenilização da EJA, é que
51,44% (Figura 02) dos pesquisados ainda moram nas casas dos de seus pais e
compartilham espaços com irmãos, companheiros e filhos, amigos e outros parentes. A
análise feita sobre esses dados remete-nos a pensar acerca da dependência desses jovens
e adultos aos seus lares de origem, quais os aspectos que levaram a esse quadro negativo
em relação a “emancipação residencial” (FURTADO, 2009, p.45), à vista disso o que
sabemos é que esse evento não é exclusividade dos discentes da EJA, pois aspectos
relativos à realidade social, política e econômica têm tornado a saída dos filhos da casa
paterna cada vez mais difícil em todos as classes sociais. Na verdade esses números
refletem a uma nova cultura em emergência, nas nossas cidades, os jovens adultos
experimentam um duplo status de dependência e independência, não sendo
completamente autônomo nem totalmente dependente de seus pais. Essa nova conjectura
deve ser lavando em conta, quando da elaboração das diretrizes curriculares para ensino
da EJA.
46
Figura 02: Perfil familiar dos discentes da EJA, das escolas investigadas.
Fonte: Dados da Pesquisa. 2015.
No tocante as questões étnico-raciais, quando perguntados sobre sua cor, 70% da
amostra se declarou negra ou parda, sendo que a população que se denominou parda e de
58,57 % do total. Esses indicadores podem servir para discursões posteriores, pois esse
trabalho não tem a intenção de esgotar esse assunto, se restringindo a orientar os leitores
para a necessidade de se examinar a política de educação de jovens e adultos e sua inter-
relações com a política de promoção da igualdade racial, contemplando a EJA e
orientando as políticas para a superação das desigualdades educacionais, sociais e étnico-
raciais
Ao analisar o nível de instrução formal dos pais (Pai e Mãe) dos dicentes do EJA,
os resultados mostraram que aproximadamente 55% dos entrevistados são filhos de pais
que estão com o nível de escolaridade centrado no ensino fundamental. E que deste
percentual 14,29% nunca frequentaram a escola. Na outra ponta apenas 5,71% dos pais
concluíram o ensino superior. (Figura 03). Não foi encontrado elementos suficientes para
inferir com propriedade uma correlação entre o grau de instrução dos pais e as razões de
seus filhos pertencerem o público da EJA.
30,00%
14,29%
4,29%
1,43%
5,71%
2,86%
11,43%
4,29%
10,00%
1,43%
2,86%
1,43%
1,43%
2,86%
5,71%
0% 50% 100%
Pai e/ou mãe
Esposo(a)/companheiro(a)
Filhos(as)
Irmão(as)
Outros parentes, amigos(as) ou colegas
Outras situações
Pai e/ou mãe e Irmão
Pai e/ou mãe e Outros parentes, amigos(as) ou colegas
Esposo(a)/companheiro(a) e Filhos(as)
Irmão(as) e Outras situações
Pai e/ou mãe, Irmão(as) e Outros parentes, amigos(as)…
Pai e/ou mãe, Esposo(a)/companheiro(a) e Outros…
Pai e/ou mãe, Esposo(a)/companheiro(a), Filhos(as) e…
Pai e/ou mãe, Esposo(a)/companheiro(a), Filhos(as)
Moro sozinho.
47
Figura 03: Nível de instrução dos Pais (Pai e Mãe).
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
Outro dado importante é acerca da renda familiar per capita, tem-se que 83% dos
dicentes da EJA possuem renda familiar entre zero a dois salários mínimos per capita.
Essa faixa de renda está relacionada diretamente ao fato de 51,42% dos participantes
dessa pesquisa estarem desempregados, além de que dos aproximadamente 48%
empregados apenas 24,29% estão com sua carteira assinada, logo estão inseridos no
mercado de empregos formais. Mais a análise que fazemos e que a grande maioria ou está
desempregado ou no mercado informal, dessa forma contribuindo para o baixo patamar
de renda familiar anteriormente apresentado.
Os setores de serviços e comercio absorvem todos os trabalhadores, cerca de 48%,
participantes no projeto. Deste 74,42% estão trabalhando a no Máximo 2 (dois) anos. A
carga horaria desses trabalhadores se dividem entre 20 e 40 horas semanais para quase
30% dos trabalhadores e os outros 30% trabalham mais de 40 horas semanais.
Ao analisar os dados educacionais percebe-se que cerca de 72% dos entrevistados
concluíram o ensino fundamental em no máximo 9 anos e que apenas 7% ultrapassou a
marca dos 11 anos de estudo no ensino fundamental.
Outro dado é que 41,5% informaram que interromperam seus estudos no ensino
fundamental e os motivos pessoais e familiares foram elencados por 70% dos
entrevistados como motivo dessa interrupção. Um fato importante e que apenas 20%
indicaram o trabalho com motivo de abandonarem a escola no ensino fundamental.
14,29%
30,00%
10,71%
10,00%
25,71%
3,57%
5,71%
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%
Não frenquentou a escola
Ensino fundamental incompleto
Ensino fundamental completo
Ensino Médio incompleto
Ensino Médio completo
Ensino Superior incompeto
Ensino Superior competo
48
A escola pública foi a estrutura de ensino utilizada por 82% dos discente da EJA
no ensino fundamental. (Figura. 04)
Figura 04: Qual o tipo de escola utilizada no ensino fundamental.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
4.3 Contextos sócio histórico dos docentes da EJA
A análise sócio histórica dos professores de biologia da Educação de Jovens e
adultos (EJA) é necessária para que se possa traçar uma identidade real, daqueles que
estão inseridos diariamente no processo de ensino e aprendizagem nessa modalidade.
Os dados demonstram que nessa modalidade encontraremos professores de ambos
os sexos (masculino e feminino), e que estes em sua maioria são casados e com idade
entre 24 e 35 anos.
Um dado muito positivo desse estudo foi que 75% dos professores pesquisados
são formados em Ciências Biológicas, e outra informação mais animadora é que todos os
professores analisados estão em uma pós-graduação seja ela em nível de especialização
ou de mestrado. (Figura.05)
81,43%
14,29%
4,29%0,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Somente Pública Parte escola
pública e parte
escola particular
Somente escola
particular
Não frenquentei
escola.
49
Figura 05: Nível de formação dos professores das escolas analisadas.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
A respeito de renda salarial os professores indicaram que suas remunerações
giram entre dois a cinco salários mínimos. Esse dado indica claramente que não houve
avanços no campo salarial desses profissionais. A busca por uma maior valorização
salarial dos professores além de ser justo é necessária na busca de uma educação de
qualidade.
Um grande problema que se observou nessa pesquisa foi sobre a recorrente
reclamação sobre a carga horaria que os professores estão submetidos. Em dados
absolutos 75% dos pesquisados alegaram trabalhar mais de 40 horas semanais.
Naturalmente como os professores ganham muito mal, estes têm que trabalhar em mais
de uma escola. Portanto a excessiva carga horária é uma dificuldade a mais para o
aprimoramento profissional dessa classe. (figura.06)
Figura 06: Carga horária semanal dos professores investigados.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015
0,00%
0,00%
0,00%
0,00%
50,00%
50,00%
0,00%
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%
Ensino Médio
Magistério
Superior Incompleto
Superior completo
Pós-graduação/especialização
Pós-graduação/mestrado
Pós-graduação/doutorado
0,00% 0,00%
25,00%
0,00%
75,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Sem jornada fixa, até 10 horas semanais. De 11 a 20 horas semanais .
De 21 a 30 horas semanais. De 31 a 40 horas semanais.
Mais de 40 horas semanais.
50
Outro dado importante é que 75% dos pesquisados são servidores de careira, ou
seja, concursados. Este vinculo é essencial para o melhor desempenho das suas atividades
docentes. Todos os professores pesquisados estão a mais de dois anos em atividades
docentes.
4.4 Práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores de biologia na EJA
A respeito a das Atividades docentes desenvolvidas pelos professores. Todos os
professores indicaram que as condições didáticas das escolas analisadas estão boas, isso
significa que houve avanço no quesito infraestrutura escolar, no entanto 75% desses
mesmos professores, indicaram que essas condições poderiam estar melhores, pois
segundo os professores a ausência de um direcionamento curricular está comprometendo
o avanço da qualidade escolar nessa modalidade, esse ponto foi levantado inúmeras vezes
por todos os docentes pesquisado. Portanto pode-se refletir que os professores dessa
modalidade de ensino, mais especificamente os de biologia, estão caminhando as “cegas”
no que se refere aos conteúdos e serem ensinados, isso, segundo os próprios professores,
impede que o trabalho seja melhor desempenhado em sala de aula. A orientação
pedagógica incipiente, ou mesmo quando não existente, foi outro tema levantado entre os
itens limitantes de um melhor desenvolvimento no processo de ensino e aprendizagem.
Já a ausência de uma orientação metodológica especifica e a falta de recursos didáticos,
como livro, recursos de áudio e vídeo foram levantados como pontos que precisam ser
melhorados, para que possamos avançar na qualidade dessa modalidade de ensino.
(Figura. 07)
É interessante observar que, a respeito das limitações acima colocadas, pensando
em um melhor desempenho nas salas de aula da EJA, esses mesmo professores indicaram
que utilizam como método de aula, as aulas dialogadas e dinâmicas, estudos do meio e os
debates como instrumento do processo de ensino e aprendizagem.
Quando indagados se estavam satisfeitos com suas aulas atuais, todos
acenaram positivamente a essa questão, no entanto disseram que estão abertos a
mudanças. Como sugestão de mudanças apontadas pelos professores podemos destacar,
a diminuição da carga horaria para que estes possam planejar e preparar melhor suas
aulas, uma orientação melhor para o atendimento aos alunos especiais, utilização de livros
e os recursos tecnológicos tais como Datashow, para favorecer a aprendizagem.
51
Ampliação dos espaços físicos como laboratório de informática quando disponível e a
construção de um currículo que atenda às necessidades reais e atuais.
Figura 07: Aspectos que impedem o avanço da qualidade na EJA.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
Quando indagados sobre o ensino de biologia na EJA, no que se refere aos
conteúdos, todos são unanimes em apontar que os conteúdos aplicados na EJA, estão fora
da realidade diária dos educandos e dos objetivos proposto para essa modalidade. E
reafirmam que a falta de um direcionamento curricular favorece a confusão sobre quais
conteúdos devem ser ensinados nessa modalidade. (Figura. 08)
Figura 08: Avaliação do ensino de biologia desenvolvido na EJA, quantos aos conteúdos.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
42,86%
14,29%
14,29%
14,29%
0,00%
0,00%
0,00%
0,00%
14,29%
0,00%
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%
Ausência de Currículo.
Ausência de orientação pedagógica escolar.
Ausência de orientação metodológica…
A pouca ou a total falta de recursos didático…
Alta carga horária.
Baixo aprendizado.
Falta de apoio didático e pedagógico para a…
Ausência da interdisciplinaridade
Espaços físicos inadequados e/ou insuficiente.
Gestão escolar que não atende as expectativas.
0,00%
100,00%
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%
Atende aos objetivos da EJA
Não atende aos objetivos da EJA
52
No tocante a relação teoria e prática, percebe-se que os professores não
compreendem o real sentido dessa expressão, confundindo-a conceitualmente com uma
aula prática, infelizmente o processo formativo desses profissionais os restringe a esse
pensamento, toda via a compreensão dessa relação teoria e pratica extrapola a de uma
simples aula prática. Quando se avalia a relação teoria e prática é a própria práxis docente
que é avaliada, quando o docente percebendo reflexivamente seu espaço escolar, promove
ações visando interferi no espaço escolar bem como na vida social das pessoas que
convivem nesse ambiente e finaliza com uma nova reflexão sobre os efeitos das ações
desenvolvidas.
Ressalta-se ainda que nas falas dos professores pesquisados, lamentavelmente,
afirmam que a relação teoria e prática, ou seja, aula prática na visão deles, é pouco
enfatizada em suas aulas e os motivos indicados pelos docentes foram o turno noturno, a
falta de espaços físicos, a desmotivação do dicentes que quando submetidos a alguma
aula prática seus resultados não atende as expectativas, logo esse cenário apontado
dificulta e em alguns casos impossibilita a saída das aulas tradicionais e abstratas, além
disso a não utilização (por ausência ou por falta de equipamento) dos laboratórios de
ciências e de informática dificulta a execução da aula prática.
A pesquisa como metodologia de ensino de biologia na EJA é ausente, segundos
os professores analisados, todos indicam que a pesquisa e essencial para a maximização
da aprendizagem, no entanto essa linha pedagógica está ausente nessa modalidade.
Quando indagados quanto ao nível de relação entre professores de biologia e das
demais disciplinas, 75% afirmaram que essa relação é insatisfatória, indicando dessa
forma que o quesito interdisciplinaridade nas escolas analisadas, precisa ser debatido de
maneira mais efetiva, para que sua implementação avance no espaço escolar. Na verdade
essa iniciativa deve está em pauta desde a formação inicial dos professores, sendo
maximizada pala formação continuada. (Figura. 9)
Figura 9: Qual nível de relação entre o ensino de biologia com as outras disciplinas.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
25,00%
75,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Satisfatório Insatisfatório
53
A gestão escolar, desenvolvida pelos diretores, também entrou no rol das críticas
e foi muito questionada. Segundo os professores os gestores não têm qualificação
adequada para ocupar os cargos de diretores e por isso suas administrações são marcadas
por serem centralizadoras e distantes dos professores.
Com base na análise das práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores de
biologia na EJA, destaca-se que estas não atendem aos objetivos propostos por essa
modalidade, pois tais práticas pedagógicas seguem uma orientação reducionista e distante
da realidade dos discentes. Além do mais, a redução dos conteúdos ensinados no ensino
regular, sem a devida clareza quanto a sua relevância para esse público especifico, em
nada contribui para a construção de uma cidadania e de uma emancipação crítica, como
o que está proposto pela EJA. A ausência de um diálogo apropriado, sobre como resolver
os problemas do dia a dia dos educandos é outra carência pedagógicas dos professores.
Portanto na realidade investigada não fica evidenciado uma adequação aos objetivos da
EJA, pois a EJA tem como objetivos “reparar, equalizar e qualificar os jovens e adultos"
(BRASIL, 2000, p. 09), através de um processo de ensino e aprendizagem que pactue
ensino e qualificação profissional com o intuito de orientar os envolvidos sobre a
construção de uma cultura de resposta aos problemas diários enfrentados por todos os
dicentes.
8.5 Saberes Biológicos desenvolvidos na EJA
Nessa análise se buscou saber qual o nível do aprendizado referente aos saberes
biológicos dos dicentes que estão concluindo o ensino médio na EJA, foram colocadas
algumas perguntas abertas que envolviam a exposição de opiniões ou até um
posicionamento mais prático sobre os termos levantados e algumas questões fechados
sobre conhecimento de conteúdo biológico.
Os conhecimentos biológicos foram divididos em áreas de conhecimento, para
facilitar a análise da pesquisa. Assim a Ética ambiental, a Biotecnologia, a Ecologia e a
Saúde Pública foram as áreas biológicas escolhidas para verificar o nível da aprendizagem
dos discentes concluintes do ensino médio na EJA.
Quando indagados quanto ao entendimento sobre o comportamento ético
ambiental frente aos problemas ambientais atuais e como as aulas de biologia na EJA
abordavam essas questões, nenhum dos dicentes pesquisados conseguiu argumentar de
54
uma forma que englobasse todas as linhas teóricas preestabelecidas nas categorias de
análise de dados (Quadro 01).
Quadro 01. Critérios preestabelecidos para a análise dos dados.
Critérios.
Conhecimentos sobre: Apresentação dos problemas ambientais, cultura antropocêntrica, cultura
ecocêntrica, comportamento responsável (ético) do homem para com a natureza.
Satisfatória = Reflexão abordando todos os critérios.
Satisfatória em parte = Reflexão abordando dois dos critérios preestabelecidos.
Insatisfatória = Ausência total dos critérios propostos/reflexão descontextualizada dos eventos.
Insatisfatória em parte = Reflexão abordando apenas um dos critérios preestabelecidos.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
Os resultados demostraram que mais de 45% dos entrevistados não compreendem
a temática, ou seja, desconhecem o significado de uma abordagem ético ambiental, uma
vez que, verificou-se em suas respostas uma ausência total de argumentos sobre a
temática ou uma reflexão totalmente descontextualizada sobre o comportamento ético
ambiental. Nessa mesma análise temos que 37,14% dos entrevistados argumentaram
usando apenas uma linha de teórica sore ética ambiental, como por exemplo a utilização
irresponsável da natureza pelo homem. Na outra ponta 17,14% dos participantes
conseguiram fazer um argumento mais sólido utilizando ao menos duas linhas de
conhecimento sobre o tema. (Figura.10)
Figura 10. Conhecimentos biológicos sobre ética ambiental dos discentes investigados.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
Quanto a área do conhecimento denominada biotecnologia os resultados apontam
para um total desconhecimento sobre o tema. Uma vez que, quando indagados, os
discentes, se já tinham estudados sobre células tronco 65,63% dos estudantes informaram
0,00%
17,14%
45,71%
37,14%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Satisfatória Satisfatória em parte Insastifatória Insastifatória em parte
55
que já tinham estudados sobre o tema proposto e que desse mais de 50% disseram que as
aulas de biologia na EJA foram o meio utilizado como fonte de aprendizagem sobre o
assunto. (Figura. 11)
Figura 11. Fonte utilizada como instrumento de aprendizagem sobre células tronco.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
No entanto quando indagados sobre uma situação real em que eles teriam que dar
suas opiniões a respeito da utilização de células tronco, 55,71% foram classificadas como
insatisfatório, ou seja, seus argumentos estavam totalmente descontextualizados ou
simplesmente apresentava-se sem argumentação (Quadro. 02). Outros 41,43% foram
classificados como insatisfatório em parte, pois seus argumentos abordavam apenas um
dos critérios predeterminado, sendo apenas 2,86% dos entrevistados classificados como
satisfatório em parte segundo os critérios pré-estabelecidos (Figura 12).
Quadro 02: Critérios preestabelecidos para a análise dos dados.
Critérios
DNA, Clonagem, Células Tronco, e Transgênicos.
Satisfatória = Reflexão abordando todos os critérios.
Satisfatória em parte = Reflexão abordando dois dos critérios preestabelecidos.
Insatisfatória = Ausência total dos critérios propostos/reflexão descontextualizada dos critérios.
Insatisfatória em parte = Reflexão abordando apenas um dos critérios estabelecidos.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
52,38%
2,38%
9,52%
23,81%
0,00%
0,00%
7,14%
0,00%
2,38%
2,38%
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%
Aulas de biologia na EJA
Revistas
Televisão
Internet
Aulas de biologia na EJA/Revistas
Aulas de biologia na EJA/Televisão
Aulas de biologia na EJA/Internet
Revistas/Televisão
Revista/Internet
Televisão/Internet
56
Figura 12. Conhecimentos biológicos sobre a biotecnologia.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
Outro tema questionado nessa mesma área do conhecimento e altamente midiático
foi relativo aos transgênicos. Quando indagados sobre ter estudado sobre alimento e foi
feito a seguinte pergunta, você já estudou sobre alimento transgênico, 55,56% acenaram
negativamente, indicando claramente o quanto o ensino de biologia está distante das vidas
das pessoas (Figura. 13). Como diz Krasilchik (1996, p.01) “... a biologia pode ser uma
das disciplinas mais relevante e merecedoras da atenção dos alunos, ou uma das
disciplinas mais insignificante e pouco atraente, dependendo do que é ensinado e de como
isso seja feito”.
Figura 13. Você já estudou sobre alimento transgênico?
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
0,00%
2,86%
55,71%
41,43%
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%
Satisfatória
Satisfatória em parte
Insastifatória
Insastifatória em parte
44,44%
55,56%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Sim Não
57
Outro ponto é que dos 44,44% que disseram já ter estudados sobre alimentos
transgênico, 50% indicaram as aulas de biologia na EJA como fonte utilizada para a
aprendizagem (Figura 14). Apontando claramente a importância do espaço escolar como
local de ensino e aprendizagem, assim sendo, a sala de aula é o espaço de encontro entre
alunos, professores e não menos importante do conhecimento, esses encontros sempre
visando amadurecimento dos vínculos de amizade, cooperação e confiança para que se
funda uma real consolidação do processo de ensinar e aprender.
Figura 14. Fonte utilizada como instrumento de aprendizagem sobre alimentos transgênicos.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
Semelhante ao que foi apresentado até agora, os discentes quando indagados sobre
se já tinha feito uso de alimento transgênico, 78,43% foram enfáticos ao afirmar que
nunca fizeram uso desse tipo de alimento. Como se sabe existem, até o momento, no
mundo, 118 tipos de plantas transgênica aprovada, entre elas, pode-se destacar o algodão,
milho, beterraba, arroz, batata e flores. No Brasil, foram autorizados 18 cultivares (milho,
algodão e soja) pela comissão técnica nacional de biossegurança (CTNBio). Além do
mais na Embrapa está sendo desenvolvida uma espécie de mamão e outra de feijão
resistente a vírus. Logo esse resultado demonstra claramente um desconhecimento sobre
o tema proposto e o mais grave é observar que a disciplina biologia não consegue fazer
um diálogo propositivo nem com os alimentos que seus estudantes consomem.
Quanto a área de conhecimento denominada ecologia, foi feita uma análise sobre
o conhecimento dos discentes sobre as relações ecológicas existentes entre os animais e
se no entendimento deles existe alguma semelhança entre as relações ecológicas
50,00%
0,00%
21,43%
7,14%0,00% 0,00%
10,71%
0,00% 0,00%7,14% 3,57%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Aulas de biologia na EJA RevistasTelevisão InternetAulas de biologia na EJA/Revistas Aulas de biologia na EJA/TelevisãoAulas de biologia na EJA/Internet Revistas/TelevisãoRevista/Internet Televisão/InternetAulas de biologia na EJA/Televisão/Internet
58
observado na natureza e as relações sociais entre seres humanos no nosso dia a dia
(Quadro. 03).
Quadro 03: Critérios preestabelecidos para a análise dos dados.
Critérios
Avaliação em termos de trabalho, educação, qualificação, reprodução e cenário politico
Satisfatória = Reflexão abordando todos os critérios
Satisfatória em parte = Reflexão abordando partes dos critérios
Insatisfatória = Ausência total dos critérios propostos/reflexão descontextualizada dos critérios.
Insatisfatória em parte = Reflexão abordando apenas um dos critérios estabelecidos.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
Primeiro foi indagado se os discentes já tinham ouvido falar ou estudado algo
sobre relações ecológicas. Dos investigados, 57,14% dos concluintes do ensino médio
mencionaram nunca ter estudado sobre esse assunto. E quando foi proposto uma
interpretação análoga sobre relações ecológica e relações sociais humanas, 71,43% das
respostas dos discentes foram classificadas com insatisfatória, pois não conseguiram ao
menos fazer uma comparação entre competição por alimento entre os animais e a alta
competitividade existente no mercado de trabalho na sociedade humana. (Figura. 15)
Figura 15. Resposta sobre as relações ecológicas integradas as relações sociais humanas.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015
Sobre os conhecimentos em saúde pública, o presente estudo propôs analisar como
a disciplina biologia dialoga com os problemas de saúde da comunidade escolar, uma vez
2,86%
2,86%
71,43%
22,86%
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%
Satisfatória
Satisfatória em parte
Insastifatória
Insastifatória em parte
59
que em muitos casos os professores são as únicas referências sobre saúde para as pessoas
mais carentes e que sofre na pele a ausência se um sistema público de saúde de qualidade.
A esse respeito Marcondes (1972, p. 02) afirma,
À escola cabe transmitir aos alunos conhecimentos atualizados e úteis,
estimular atitudes positivas e dinâmicas em relação à saúde e desenvolver neles
as habilidades necessárias para que promovam educação sanitária nas próprias
famílias, assim como nas profissões que escolherem.
Foi selecionado algumas doenças virais como dengue, malária e leishmaniose,
pois são muito exploradas na mídia, tais como a propaganda do governo, telejornais,
comerciais de televisão, facilitando assim uma análise da existência entre a integração da
disciplina biologia com essas doenças tão presentes na vida dos discentes da EJA.
Entretanto, quando foi perguntado aos discentes se lhes haviam apresentado em algum
momento assuntos relativos a essas doenças, mais 40% responderam que nunca tinham
estudados assuntos relacionados à essas doenças. (Figura. 16)
Figura 16. Índices de estudantes que estudaram assuntos relacionados a doenças virais.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
Ressalta-se ainda que quando indagados sobre o porquê da não erradicação de
algumas doenças virais como no caso dengue, quase 60% tiveram suas respostas
avaliadas como insatisfatória em parte, uma vez que suas reflexões se restringiram em
abordar apenas um critério, pois na opinião dos discentes o maior problema é o
59,26%
40,74%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Sim Não
60
descompromisso das pessoas, a falta de cuidados necessários para decretar o fim do ciclo
do dengue (Quadro. 04).
Quadro 04: Critérios preestabelecidos para a análise dos dados.
Critérios
Avaliação em termos de política pública de saúde, educação, orientação educacionais sobre saúde,
comportamento inadequado dos seres humanos.
Satisfatória = Reflexão abordando todos os critérios
Satisfatória em parte = Reflexão abordando partes dos critérios
Insatisfatória = Ausência total dos critérios propostos/reflexão descontextualizada dos critérios.
Insatisfatória em parte = Reflexão abordando apenas um dos critérios estabelecidos.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
A respeito do resultado analisado, cerca de 15% dos discentes fizeram uma
reflexão abordando mais de dois critérios, como por exemplo, faltas de campanhas
educativas e preventivas e uma melhor fiscalização do dinheiro público da saúde. (Figura.
17)
Figura 17. Índices das respostas sobre conhecimentos em saúde pública no combate a doenças virais.
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
De modo geral o nível de conhecimento biológico é insatisfatório, indicando dessa
forma, que estes jovens e adultos concluíram o ensino médio nessa modalidade sem
apresentar avanços significativos no conhecimento adquiridos no ensino fundamental,
descumprindo assim umas das finalidades previstas na LDBEN/96. No campo
2,86%
14,29%
25,71%
57,14%
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%
Satisfatória
Satisfatória em parte
Insastifatória
Insastifatória em parte
61
profissional não existe uma interligação entre o ensino e a capacitação profissional, na
verdade, com tinha falado antes os jovens e adultos investigados estão muito mais
preocupado no certificado que no processo de ensino e aprendizagem.
Diante do ineficiente processo de ensino e aprendizagem de biologia na EJA, e
sabendo que está ineficiência estar ligada diretamente à ausência de um currículo
especifico para essa modalidade, será apresentada uma proposta de orientação curricular
para o ensino de biologia, com o intuito de modificar essa realidade educacional.
Essa orientação curricular tem como finalidade instruir os professores de biologia
a organizar o ensino dessa disciplina educacional, durante todo o ciclo de ensino médio,
estabelecendo para isso eixos temáticos do conhecimento biológico.
8.6 Uma proposta de ensino organizado por eixos articuladores
A construção de uma orientação curricular para o ensino de biologia na EJA é de
fundamental importância para o desenvolvimento de uma autonomia para essa
modalidade de ensino, pois a utilização do currículo do ensino regular na EJA é um
grande equívoco legal, didático e pedagógico. Durante a pesquisa observou-se vários
relatos de professores e alunos questionando os conteúdos ministrados nas escolas, A
professora RSQ questiona “... como vou cumprir todos os conteúdos de biologia em um
tempo bem menor que no ensino regular”. A fala dessa professora relata o curto período
de tempo, haja vista que a duração do ensino médio na EJA e a metade do oferecido no
ensino regular.
A discussão sobre um novo currículo para essa modalidade precisa entra na ordem
do dia dos sistemas educacionais, dos grupos de pesquisas e projetos de iniciação à
docência nas universidades.
A posposta lançada por essa pesquisa e dividir o ensino de biologia em eixos
articulados do conhecimento biológico. Ética ambiental, Biotecnologia, Ecologia e a
Saúde pública. Esses eixos temáticos serão ministrados ao longo dos três ciclos que
compreende o ensino médio nessa modalidade. Esse pensamento é organizado através de
um entendimento didático pedagógico e em consonância com aspectos legais. Portanto,
os critérios para a escolha desses eixos foram à urgência social, a abrangência nacional,
a iniciativa de favorecer a compreensão da realidade e a participação social.
O eixo temático Ética ambiental advêm dos grandes problemas ambientais
contemporâneos, são eventos que acontece há muito tempo, tais como, a extinção
62
criminosa de espécies biológicas, o desmatamento desenfreado, a erosão dos solos, a
poluição do ar e da água, a contaminação dos alimentos, as habitações inadequadas e o
aquecimento global, são temas que estão indiretamente relacionados à economia de
mercado, que é o modelo econômico vigente no mundo, o consumismo é a cultura
humana construída pelas bases do capital. Portanto, a relação homem-natureza é
caracterizada ao longo do tempo como uma relação antropocêntrica, onde a razão humana
o condiciona a dominar incondicionalmente a natureza e essa passa a ser fonte para a
satisfação humana.
Esse pensamento antropocêntrico em relação à natureza foi construído ao longo
do tempo, a racionalidade humana, a capacidade de interferir propositadamente o faz
centro do meio natural. O ser humano pensar a natureza como um mero instrumento, um
meio para atingir uma finalidade, e esse modo de pensar e agir se maximizou ao longo do
processo evolutivo humano.
Essa cultura antropocêntrica é combatida por segmentos da sociedade organizada
como as camadas do Ecocentrismo onde considera que a natureza tem valor intrínseco,
pois a proteção à natureza acontece em função dela mesma e não somente em razão do
homem.
O que pretende dialogar são os conceitos dessas correntes ambientais e humanas
e fazer uma reflexão crítica do ponto de vista ético, das questões ambientais que norteiam
nossa contemporaneidade. O entendimento das relações advindas do sistema econômico
vigente e sua interface com o desenvolvimento sustentável é de fundamental importância
para que possamos construir um entendimento ético ambiental que proporcione uma
conscientização de responsabilidade para com o meio natural e que esse caminho não
aconteça em detrimento ao progresso dos índices humanos.
O ambiente escolar assume significativo papel na formação dessa ética, pois a
educação não tem mais como único objetivo, transmitir conhecimentos e disciplinar os
alunos, nem tampouco, fornece uma formação técnica e profissionalizante, como ocorreu
nos períodos das grandes industrializações. Há tempos, o ensino escolar também adquiriu
a importante função de formar cidadãos. Segundo Carneiro (2007, p. 99), “A ética
ambiental, pois, passa a fazer parte necessária do exercício da cidadania, a ser alcançada
particularmente pela prática educativa, tanto formal (instituições) quanto não-formal (no
âmbito das vivências e realizações culturais de uma sociedade em seu todo) ”.
O entendimento de que as ações e as atitudes eticamente responsáveis para com o
meio ambiente impõem um referencial teórico sobre o meio ambiente e as relações
63
humanas desenvolvidas nesse meio, pois o princípio da interdependência é central para
essa compreensão, dado que não só o homem depende do meio ambiente para viver, mais
este também passou a depender do homem para ser mantida adequado a vida.
A ética da responsabilidade é construída como produto do processo da conexão
da ética com a questão ambiental, discutida inicialmente no final do século XIX, com
George Perkins Marsh (1801 – 1882) com a obra Man end Nature (O homem e a
natureza). No final do século XX, o filósofo alemão Hans Jonas (1903-1993) propõe uma
reflexão sobre uma ética das responsabilidades, levantando uma discussão sobre a
problemática da relação necessidade - liberdade.
Portanto, a proposta alinha-se com esses pensadores, acima citados, pois a
estruturação do eixo temático, ética ambiental, e pensado a partir de uma ética da
responsabilidade para as relações humanas no meio ambiente, contribuindo assim para
trazer para a realidade escolar discussões acerca de unidades problematizado-rás,
relacionando-as a situações e condições locais, regionais, nacionais e mundiais.
O eixo temático denominado biotecnologia é uma das principais tecnologias do
Século XXI, sua larga escala multidisciplinar inclui atividades como DNA recombinante,
técnicas de clonagem e aplicação de micro-organismos, entre outros campos de pesquisa
de extrema importância para a sociedade, refletindo no descobrimento de novas
variedades de plantas e animais, no desenvolvimento de novos fármacos, e no combate
de doenças infecciosas, sistêmicas, câncer e demais enfermidades, tanto de aplicação
humana, animal quanto agroindustrial.
Biotecnologia é o conjunto de conhecimentos que permite a utilização de
agentes biológicos seja organismos, células, organelas ou moléculas, para
obter bens ou assegurar serviços. Caracteriza-se por seu caráter sistêmico,
interdisciplinar que sofre influência de várias ciências como química,
bioquímica, ... engenharia genética, engenharia microbiológica, matemática,
informática, engenharia clássica, embriologia, robótica, bioética, biodireito,
ciências humanas, entre outras. (GALANJAUSKAS, 2009, p. 147.)
A essência da biotecnologia é referenciada nos documentos oficias que orientam
o currículo básico nacional,
A descrição do material genético em sua estrutura e composição, a explicação
do processo da síntese proteica, a relação entre o conjunto proteico sintetizado
e as características do ser vivo e a identificação e descrição dos processos de
reprodução celular são conceitos e habilidades fundamentais à compreensão
do modo como a hereditariedade acontece. Cabe também, nesse contexto,
trabalhar com o aluno no sentido de ele perceber que a estrutura de dupla hélice
64
do DNA é um modelo construído a partir dos conhecimentos sobre sua
composição. (BRASIL, 2000, p. 19).
No Brasil, a legislação de biossegurança engloba basicamente a tecnologia de
Engenharia Genética que é a tecnologia do DNA ou RNA recombinante, estabelecendo
os requisitos para o manejo de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), para
permitir o desenvolvimento sustentado da biotecnologia moderna
O órgão brasileiro responsável pelo controle das tecnologias de OGMs é a
CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança). A CTNBio é responsável pelas
emissões de pareceres técnicos sobre qualquer liberação de OGMs no meio ambiente e
acompanhar o desenvolvimento e o progresso técnico e científico na biossegurança e
áreas afins. O órgão tem o objetivo de promover uma segurança aos consumidores e à
população em geral, com permanente cuidado à proteção ambiental.
Incorporar essa área do conhecimento no currículo do ensino médio na
modalidade da EJA é de fundamental importância para construirmos uma nova dinâmica
no ensino biológico nessa modalidade,
Cabe estimular os alunos a avaliar as vantagens e desvantagens dos avanços
das técnicas de clonagem e da manipulação do DNA, considerando os valores
éticos, morais, religiosos, ecológicos e econômicos. Trata-se da evolução sob
a intervenção humana. Sobre esse tema, podem-se gerar discussões, por
exemplo, em relação à seleção artificial, ao surgimento e perda de espécies e
ao aumento da expectativa de vida da população humana. (BRASIL, 2006, p.
24)
O entendimento dessas técnicas e a reflexão no campo ético, econômico e social
do avanço da biotecnologia na nossa contemporaneidade proporcionará um maior
desenvolvimento cognitivo e consecutivamente o amadurecimento de como os aspectos
biológicos estão presentes no nosso dia a dia.
O eixo temático relacionado a ecologia apresenta-se com a função de engloba
alguns conhecimentos biológicos, entre os quais podemos mencionar as interações entre
seres vivos em ecossistemas diversos, dado que esse entendimento permitirá construir um
entendimento reflexivo e crítico sobre o nível de interdependência entres os seres vivos e
o meio em que habitam e assim permitir reconhecer a interface dessa interdependência
no estabelecimento natural do equilíbrio ecológico. Outro aspecto importante é conhecer
a dinâmica do fluxo energético entre os nichos ecológicos e entender como esse processo
65
estar relacionado ao desenvolvimento das populações e comunidades presentes no nosso
cotidiano.
Ecologia é o principal referencial teórico para os estudos ambientais. Em uma
definição ampla, a Ecologia estuda as relações de interdependência entre os
organismos vivos e destes com os componentes sem vida do espaço que
habitam, resultando em um sistema aberto denominado ecossistema. Tais
relações são enfocadas nos estudos das cadeias e teias alimentares, dos níveis
tróficos (produção, consumo e decomposição), do ciclo dos materiais e fluxo
de energia, da dinâmica das populações, do desenvolvimento e evolução dos
ecossistemas. (BRASIL, 1997, p. 36)
O desafio nesse eixo temático é estabelecer um diálogo entre as interações
intraespecífica e interespecífica, como nossa dinâmica econômica e social que
estabelecemos no nosso dia a dia. Portanto essa orientação ecológica é fundamental para
o desenvolvimento do ensino de biologia nessa modalidade de ensino, uma vez que, não
podemos recorrer aos mesmos erros de outrora, onde a ecologia era pensada e ensinada
como se desenvolvesse a parte das relações humanas. Correlacionar os padrões de
competições, interação predador – presa, sucessão ecológica e fazer pontes como a
competição que ocorre no meio social e econômico humano é o desafio e ser enfrentado.
Para tanto esse eixo temático pactua uma serie de conhecimento, e o professor
dentro de sua autonomia desenvolverá com seus alunos um ambiente onde o
conhecimento estará voltado para a emancipação do sujeito.
Portanto, essa abordagem corrobora com a ideia de construção de uma consciência
cidadã que consiga fazer uma leitura dos aspectos que ocorrem no ambiente em que o
homem está ausente e construir analogias para entender seu próprio ambiente.
O eixo temático intitulado saúde pública exercerá papel fundamental na
construção dessa nova orientação curricular para o ensino de biologia na EJA, pois a
abordagem que se propõem nesse eixo articulador vai além do entendimento de saúde
como um processo saúde/doença, a proposta é entender o sistema de saúde como uma
política pública essencial para o bem-estar da população.
Além das áreas do conhecimento biológico ligadas intimamente com a área da
saúde, como por exemplo, a parasitologia, a imunologia, a embriologia entre outras, esse
eixo temático trabalhará com um direcionamento político, a fim de entender a estrutura
do sistema público de saúde, seus condicionantes mais amplos tais como saneamento
básico, abastecimento hídrico, destinação correto do lixo urbano entre outros. Esse
66
objetivo visa desenvolver uma sociedade consciente do dever do estado para com a saúde
de toda população.
Os parâmetros curriculares nacionais, mais especificamente no caderno sobre os
temas transversais, a saúde e tema indispensável para a construção de uma sociedade
datada de cidadania plena,
Falar de saúde, portanto, envolve componentes aparentemente tão díspares
como a qualidade da água que se consome e do ar que se respira, as condições
de fabricação e uso de equipamentos nucleares ou bélicos, o consumismo
desenfreado e a miséria, a degradação social e a desnutrição, os estilos de vida
pessoais e as formas de inserção das diferentes parcelas da população no
mundo do trabalho. Implica, ainda, na consideração dos aspectos éticos
relacionados ao direito à vida e à saúde, aos direitos e deveres, às ações e
omissões de indivíduos e grupos sociais, dos serviços privados e do poder
público. (BRASIL, 1997, p. 251)
Assim sendo, estruturar o ensino de biologia na EJA em eixos temáticos é uma
estratégia inovadora, arrojada e necessária para que se consiga estabelecer um diálogo
teórico e prático com os jovens e adultos que outrora abandonaram a escola na sua
modalidade regular, que entre outros motivos, por perceber que o processo educativo
desenvolvido na escola não tem sentido real para o seu cotidiano.
67
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente, vivemos em um mundo em que os conhecimentos e as habilidades
construídas principalmente no espaço escolar, são fundamentais para o desenvolvimento
pessoal, social e profissional.
E a modalidade de ensino denominada Educação de Jovens e Adultos é um dos
caminhos para a construção desses conhecimentos e habilidades. A efetivação de seus
objetivos tais como, a reparação do tempo perdido longe da escola, a equalização dos
espaços sociais e trabalhista e a qualificação cidadã e profissional, são condicionantes
fortes na consolidação dessa modalidade de ensino como um instrumento promotor da
autonomia e da emancipação crítica dos indivíduos.
Considerando as especificidades da EJA, o presente estudo buscou conhecer os
desafios e as perspectivas do ensino de biologia, nessa mesma modalidade, em escolas da
rede estadual de ensino, na cidade de João Pessoa.
As análises que versaram sobre educação, mais especificamente na Educação de
Jovens e Adultos, indicam o quanto essa modalidade é importante no cenário brasileiro
de educação, pois na medida em que as pesquisas, nessa área do conhecimento aumentam,
proporcionalmente aumentam os recursos teórico e práticos disponíveis para a elevação
da qualidade no serviço prestado pelos docentes.
Por outro lado, observa-se que não há, do ponto de vista oficial, um currículo
específico para o ensino médio nessa modalidade da Educação. A carência desse currículo
tem lavado Estados e Municípios estabelecerem suas próprias regras e prioridades para a
condução da EJA, no âmbito escolar. Uma limitação que tem reflexo direto na prática
pedagógica dos professores dos anos finais da educação básica.
Como reflexo dessa carência, os dados revelaram, confirmando o que está posto
na literatura, que o ensino de biologia na EJA é predominantemente descaracterizado do
ponto de vista conceitual, abstrato e memorizador, sendo desenvolvido de forma
aligeirada, não passando de uma reprodução resumida do ensino regular. Essa baixa
qualidade, na verdade, é consequência de um processo histórico de marginalização da
EJA no Brasil.
Buscando conhecer os contextos sócio históricos dos docentes e discentes,
constatou-se que os professores são todos graduados, com considerável número de pós-
graduados, revelando que do ponto de vista da formação específica, todos estão aptos a
função docente. Contudo, os docentes apontaram as limitações na formação inicial e
68
continuada voltada para a EJA e a ausência de uma orientação curricular específica, como
fatores que dificultam o bom desempenho de suas práticas em sala de aula.
Já o perfil do aluno da EJA, no universo investigado, não foge ao indicado na
literatura, como sendo negros ou pardos, de baixa renda, pertencentes as camadas
populares e terem um histórico de escolarização em escolas públicas. Outro aspecto a
ressaltar, refere-se ao fenômeno da juvenização observada nas salas de aula investigadas,
corroborando com outros estudos nessa área, outro dado importante apresentado por esse
trabalho é que não é o mundo do trabalho a principal causa da migração desses jovens,
do ensino regular para a EJA.
Quanto aos saberes biológicos apreendidos em sala de aula, constatou-se que os
alunos investigados não dominam, nem minimamente tais conhecimentos, mesmo os que
são frequentemente veiculados pela mídia. Tal constatação, confirma a hipótese de que
“a ausência de um currículo específico para essa modalidade, aliada a uma prática
pedagógica moldada no ensino regular, condiciona o baixo desenvolvimento na
aprendizagem dos saberes biológicos na EJA”.
Toda via um processo de ensino que conscientize os docentes da importância de
uma prática educativa interdisciplinar, favoreceria um diálogo mais vibrante entre
diferentes conhecimentos e saberes, desde o popular ao científico, na discussão dos
problemas atuais relativos ao contexto escolar, especialmente, no âmbito da EJA, dada a
complexidade de seu público, pois estes estão relacionados a múltiplos fatores que sem
dúvida influenciam no baixo desempenho dos conhecimentos em geral e, no caso, dos
biológicos, a exemplo do observado entre os discentes analisados na pesquisa.
A propositura de apresentar uma proposta de orientação curricular, separando os
conhecimentos biológicos em eixos de articulação, e estes eixos articuladores obedecendo
a uma orientação mundial para o ensino de biologia chamada evolução biológica. É muito
interessante na medida em que os docentes terão um conjunto de orientações para cada
ciclo de estudos na EJA, com critérios para uma avaliação mais criteriosa, isso tudo
visando a melhoria da qualidade do ensino de biologia.
No entanto a construção de uma orientação curricular não esgota todos os desafios
no ensino de biologia na EJA, avançar no quesito infraestrutura das unidades escolares,
nas condições de trabalhos dos docentes, no campo salarial e das jornadas de trabalho que
os docentes estão se submetendo, na formação inicial e continuada dos docentes, é urgente
e necessário, pois uma formação docente de qualidade é o cominho para a melhora dos
índices de desenvolvimento educacional brasileiro. E essa formação deve ser pensada e
69
executada de forma que a postura do educando se adequei a uma prática docente crítica e
construtiva.
Enfim, as análises e discussões feitas ao longo desse estudo, visam abrir um leque
de oportunidades nesse campo de estudo para que, posteriormente pesquisadores possam
amplia-lo e melhorá-lo em termos teóricos e práticos como o sugerido na proposta
pedagógica indicada por essa pesquisa.
70
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configuração em movimentos sociais. João Pessoa: UFPB – 2005.
74
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Questionários
Caríssimos (as), este questionário tem como objetivo conhecer os desafios e as
perspectivas do ensino de biologia na modalidade da Educação de Jovens e Adultos em
escolas da rede estadual de ensino, na cidade de João Pessoa - PB. Por motivos éticos,
salientamos que o questionário é anônimo. Desde já agradecemos sua colaboração.
Perfil do Professor de Biologia que atua na modalidade de EJA nas escolas
pesquisadas.
A - IDENTIFICAÇÃO
1. GÊNERO;
( ) Feminino ( ) Masculino
2. IDADE;
( ) 18 a 25 anos ( ) de 26 a 35 anos ( ) de 36 a 45 anos ( ) acima de 46 anos.
3. Como você se considera:
( ) Branco(a).
( ) Pardo(a).
( ) Preto(a).
( ) Amarelo(a).
( ) Indígena.
4. QUAL SEU ESTADO CIVIL;
( ) Solteiro(a).
( ) Casado(a) / mora com um(a) companheiro(a).
( ) Separado(a) / divorciado(a) / desquitado(a).
( ) Viúvo(a)
5. NIVEL DE FORMAÇÃO (pode assinar mais de uma alternativa);
( ) ensino médio ( ) magistério ( ) superior incompleto
75
( ) superior completo ( ) Pós graduação/ especialização ( ) Pós graduação/ mestrado
( ) Pós graduação/ doutorado
6. NO CASO DE FORMAÇÃO SUPERIOR. QUAL O CURSO?
7. EM MÉDIA, DE QUANTO É A SUA RENDA NA SUA PROFISSÃO DOCENTE;
( ) de 1 a 2 salários mínimos
( ) de 3 a 4 salários mínimos
( ) acima de 5 salários mínimos.
6. Qual a sua carga horária de trabalho semanal.
( ) Sem jornada fixa, até 10 horas semanais.
( ) De 11 a 20 horas semanais.
( ) De 21 a 30 horas semanais.
( ) De 31 a 40 horas semanais.
( ) Mais de 40 horas semanais.
8. QUAL O SEU VÍNCULO TRABALHISTA COM SUA UNIDADE DE TRABALHO.
( ) Concursado.
( ) prestador de serviço.
( ) servidor codificado.
( ) estagiário.
9. EXPERIÊNCIA COMO PROFISSIONAL DOCENTE EM SALA DE AULA.
( ) menos de 1 ano escola publica ( ) de 1 a 5 anos escola publica ( ) de 6 a 10 anos
em escola publica ( ) a mais de 10 em escola publica ( ) menos de 1 ano escola
particular ( ) de 1 a 5 anos escola particular ( ) de 6 a 10 anos em escola particular (
) a mais de 10 em escola particular.
DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DOCENTES DESENVOLVIDAS PELOS
PROFESSORES.
1. AS CONDIÇÕES DIDÁTICAS DA SUA ESCOLA;
( ) excelentes ( ) Boa ( ) poderiam ser melhores ( ) ruins
Por quê?
76
2. QUE MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM VOCÊ UTILIZA
EM SALA DE AULA? PODE ESCOLHER MAIS DE UMA ALTERNATIVA.
( ) Aula Tradicional
( ) Aula dialogada e dinâmica
( ) Experimentação
( ) Estudos do meio (local, regional)
( ) desenvolvimento de projetos
( ) Jogos didáticos
( ) Seminários
( ) debates
3. VOCÊ ESTÁ SATISFEITO (A) COM SUAS AULAS ATUAIS? GOSTARIA DE
MUDAR ALGUMA COISA NELAS? POR QUÊ?
4. VOCÊ CONHECE OS PCN?
( ) sim ( ) não, Se sim! Como este instrumento esta inserido no seu cotidiano como
docente, no planejamento, na execução das atividades ou ate como referencial teórico da
sua vida profissional.
5. ENQUANTO PROFESSOR COMO VOCÊ AVALIA O ENSINO DE BIOLOGIA
DESENVOLVIDO NO EJA;
Quanto aos conteúdos:
Quanto à relação teoria-prática:
77
Quanto ao material didático:
Quanto à pesquisa:
6. QUAL A RELAÇÃO DO ENSINO DE BIOLOGIA COM AS OUTRAS
DISCIPLINAS;
( ) satisfatório
( ) insatisfatório
( ) ausente.
7. DO PONTO DE VISTA PEDAGÓGICO QUAIS AS DIFICULDADES
ENCONTRADAS NO TRABALHO DOCENTE NO EJA.
Obrigado!
78
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Questionários
Caríssimos (as), este questionário tem como objetivo conhecer os desafios e as
perspectivas do ensino de biologia na modalidade da Educação de Jovens e Adultos em
escolas da rede estadual de ensino, na cidade de João Pessoa - PB. Por motivos éticos,
salientamos que o questionário é anônimo. Desde já agradecemos sua colaboração.
Perfil do discente do ensino médio da educação de jovens e adultos (EJA).
A - IDENTIFICAÇÃO
1. GÊNERO;
( ) Feminino ( ) Masculino
2. IDADE;
( ) 18 a 25 anos ( ) de 26 a 35 anos ( ) de 36 a 45 anos ( ) acima de 46 anos.
3. Como você se considera:
( ) Branco(a) ( ) Pardo(a) ( ) Preto(a) ( ) Amarelo(a) ( ) Indígena.
4. QUAL SEU ESTADO CIVIL;
( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Separado(a) / divorciado(a) ( ) Outros.
5. Quem mora com você? Pode marca mais de uma alternativa.
( ) Moro sozinho(a)
( )Pai e/ou mãe ( ) Esposo(a) / companheiro(a) ( ) Filhos(as) ( ) Irmãos(ãs)
( ) Outros parentes, amigos(as) ou colegas ( ) Outra situação
6. Qual o nível de instrução dos seus pais?
Pai Mãe
( ) Não frequentou ( ) Não frequentou
( ) Ensino fundamental incompleto ( ) Ensino fundamental incompleto
( ) Ensino fundamental completo ( ) Ensino fundamental completo
( ) Ensino Médio incompleto ( ) Ensino Médio incompleto
( ) Ensino Médio completo ( ) Ensino Médio completo
( ) ensino superior incompleto ( ) ensino superior incompleto
( ) ensino superior completo ( ) ensino superior completo
79
7. Somando a sua renda com a renda das pessoas que moram com você, quanto é,
aproximadamente, a renda familiar? (Considere a renda de todos que moram na sua casa.)
( ) Até 1 salário mínimo (até R$ 724,00).
( ) De 1 a 2 salários mínimos (de R$ 724,00 até R$ 1448,00).
( ) De 2 a 5 salários mínimos (de R$ 1448,00 até R$ 3620,00).
( ) Acima de 5 salários mínimos.
8. Você trabalha, ou já trabalhou, ganhando algum salário ou rendimento? Qual e sua
profissão?
( ) Trabalho, estou empregado com carteira de trabalho assinada.
( ) Trabalho, mas não tenho carteira de trabalho assinada.
( ) Trabalho por conta própria, não tenho carteira de trabalho assinada.
( ) Já trabalhei, mas não estou trabalhando.
( ) Nunca trabalhei. Mas estou procurando trabalho.
Qual e sua profissão? ..........................................................................................................
9. Se você trabalha, há quanto tempo você trabalha?
( ) Menos de 1 ano. ( ) Entre 1 e 2 anos. ( ) Entre 2 e 4 anos. ( ) Mais de 4 anos.
10. Qual a sua carga horária de trabalho semanal.
( ) Sem jornada fixa, até 10 horas semanais.
( ) De 11 a 20 horas semanais.
( ) De 21 a 30 horas semanais.
( ) De 31 a 40 horas semanais.
( ) Mais de 40 horas semanais.
11. Quantos anos você levou para concluir o ensino fundamental?
( ) Menos de 8 anos. ( ) 8 anos. ( ) 9 anos. ( ) 10 anos. ( ) 11 anos. ( ) Mais de 11 anos.
( ) Não cursei.
Houve alguma interrupção dos estudos no ensino fundamental? ( ) sim ( ) não.
Se sim! Qual o motivo?
12. Em que tipo de escola você cursou o ensino fundamental?
( ) Somente em escola pública.
( ) Parte em escola pública e parte em escola particular.
( ) Somente em escola particular.
( ) Não frequentei a escola.
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SABERES BIOLÓGICOS
1- Diante das responsabilidades do ser humano no campo ético ambiental, como você
avalia o comportamento do ser humano diante da afirmação abaixo:
"O homem se apropria de absolutamente todo o espaço natural, que pode ser chamado de
ambiente natural, e o transforma em um ambiente modificado, segundo suas necessidades
e interesses."
Diante das responsabilidades da ética ambiental, como você analisa essa utilização do
meio ambiente pelo ser humano?
2- Analise o seguinte pensamento,
A ética ambiental que vivenciamos no presente trata-se, na verdade, de uma ética
gerencial, oriunda de uma incapacidade da sociedade humana em “reconhecer o valor
intrínseco das entidades não humanas (plantas, animais) e da natureza como um todo”
(GRÜN, 1994, p. 184).
A formação do cidadão consciente dos seus direitos e deveres éticos ambientais é
fundamental para a construção de um mundo mais sustentável, como você analisa sua
formação, enquanto aluno da EJA, sobre a sustentabilidade baseada na ética ambiental.
3- Os avanços biotecnológicos são inúmeros nos últimos anos, e segundo a professora
Mayana Zatz "As células tronco embrionárias, que formam todos os tecidos do corpo
humano, poderiam ajudar a tratar inúmeras doenças de degeneração progressiva da
musculatura, que atinge 3% dos nascimentos".
Você já estudou sobre células troncos ( ) sim ( ) não
Se sim. Qual foi a fonte utilizada? ( ) aulas de biologia na EJA, ( )Revistas,
( ) televisão( ) internet.
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A terapia clínica criada para combater determinadas doenças degenerativas, desenvolvida
a parti de técnicas de manipulação de células troncos, geram muitas discussões na
atualidade na ciência, na ética, na sociedade e na religião.
Em sua opinião, enquanto estudante da EJA, as pesquisas em torno das células troncos
devem continuar? Por quê?
4- Os alimentos transgênicos é outro exemplo do avanço biotecnológico, mais vive dois
dilemas, os defensores que indicam o aumento da produção, uma maior resistência à
praga, uma grande resistência aos agrotóxicos como pontos positivos, no entanto na
comunidade científica não ocorre um consenso sobre os malefícios que podem causar ao
meio ambiente e na saúde humana.
Você já estudou sobre alimentos transgênicos ( ) sim ( ) não
Se sim. Qual foi a fonte utilizada? ( )Aulas de biologia no EJA, ( )Revistas,
( ) televisão( ) internet.
Você já fez uso de alimento transgênico? ( ) sim ( ) não
Se sim. Qual foi o alimento?
Você já ouviu ou observou algum caso real de efeitos colaterais de pessoas que se
alimentam de transgênico? ( ) sim ( ) não
5- Os ecossistemas são dinâmicos e esse dinamismo é representado por inúmeras relações
ecológicas estabelecidas entre todos os componentes dos ecossistemas. Dentre as relações
ecológicas observamos as que são harmônicas, onde todos são beneficiados, e as
desarmônicas, onde pelo menos um é prejudicado.
Você já estudou sobre relações ecológicas ( ) sim ( ) não
Analise a seguinte situação relativa à relação ecológica.
Dois ou mais indivíduos de uma mesma espécie disputam o mesmo recurso, como
território e/ou alimento, recursos esses que não existe para todos.
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Com base na citação acima descrita, e considerando o conceito de competição entre
espécie, que semelhanças você observa entre o que acontece no ambiente natural e a
realidade em seu ambiente social.
6 - Doenças endêmicas como malária, dengue e leishmaniose (calazar) ainda representam
enormes problemas de saúde pública no Brasil. Vencer esses desafios é um passo
fundamental para começar a construir uma política publica de saúde mais efetiva.
Enquanto aluno da EJA, na disciplina biologia, você estudou assuntos relacionados com
doenças como malaria, dengue, leishmaniose (calazar)? ( ) sim ( ) não
Analise a seguinte situação:
Todos os anos no período de inverno, observamos o aumento da contaminação pelo vírus
que causa a Dengue, em sua opinião o que falta no nosso país para que doenças como
essas sejam de uma vez por toda erradicada do meio?
Obrigado!