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FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA FGF PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES NA ÁREA DE LICENCIATURA EM QUIMICA O ENSINO DE QUÍMICA NA MODALIDADE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E O COTIDIANO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO/APRENDIZAGEM ROSIMAR LUCA DO NASCIMENTO Peabiru-PR 2012

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FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA – FGF

PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES NA

ÁREA DE LICENCIATURA EM QUIMICA

O ENSINO DE QUÍMICA NA MODALIDADE EDUCAÇÃO DE JOVENS

E ADULTOS E O COTIDIANO COMO ESTRATÉGIA DE

ENSINO/APRENDIZAGEM

ROSIMAR LUCA DO NASCIMENTO

Peabiru-PR

2012

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ROSIMAR LUCA DO NASCIMENTO

O ENSINO DE QUIMICA NA MODALIDADE EDUCAÇÃO DE JOVENS E

ADULTOS E O COTIDIANO COMO ESTRATÉGIA DE

ENSINO/APRENDIZAGEM:

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Química no Programa Especial de Formações de Docentes da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza – FGF, sob a orientação do Profº. M. Sc. Rickardo Léo Ramos Gomes

Peabiru-PR

2012

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Monografia submetida ao Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes em Química, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Licenciado em Química, outorgado pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza – FGF.

_______________________ Rosimar Luca do Nascimento

___________________________________

Prof. M. Sc. Rickardo Léo Ramos Gomes

Orientador

____________________________________ Profª. M. Sc. Célia Maria Diógenes Nogueira

Coordenadora do Curso

Nota obtida: ______

Monografia aprovada em: ___ / ____ / ____

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos meus familiares, pelo estímulo, compreensão e por compartilhar

Comigo todos os momentos. “Sem vocês nada seria possível!”

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela força e coragem que me destes todos os dias.

À meu orientador, Professor Rickardo Léo, pela oportunidade e orientação na

execução deste trabalho. A ele agradeço à compreensão, incentivo e a dedicação

durante estes meses.

Aos meus familiares que sempre me acompanhou e torceu por mim.

Aos colegas de graduação, pela amizade e companheirismo.

A Faculdade Integrada Grande Fortaleza - FGF, por esta oportunidade e pelos

conhecimentos transmitidos.

E por fim, a todos que, de alguma forma, colaboraram para que este trabalho fosse

possível.

Obrigada!

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“Que a educação seja o processo através do

qual o indivíduo toma a história em suas

próprias mãos, a fim de mudar o rumo da

mesma.

Como? Acreditando no educando,

na sua capacidade de aprender, descobrir,

criar soluções, desafiar, enfrentar, propor,

escolher e assumir as conseqüências de sua

escolha.”

Irene Terezinhha Fuck

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RESUMO

A educação de Jovens e adultos, esta pautada, na importância de se considerar o perfil distinto de seus educandos. Na pratica docente, modalidade educação de jovens e adultos é comum o questionamento por parte dos alunos, acerca do motivo pelo qual estudam química, pois nem sempre este conhecimento será necessário na sua profissão. O ensino de química é questionado devido ao distanciamento que as aulas possuem da aplicação no cotidiano, por isso a preocupação com atividades que despertem o interesse do aluno cresce. Logo, cada vez mais, vem crescendo a necessidade de se contextualizar o aprendizado em química, pois busca-se neste momento, que os estudantes atribuam sentido e significado aos conteúdos escolares, sendo assim, é preciso que o educador na modalidade EJA, busque novas posturas e forma de repensar uma aprendizagem significativa para esta clientela. O presente trabalho teve por finalidade investigar, a relevância do cotidiano como estratégia de ensino/aprendizagem na disciplina de química, na modalidade de educação de jovens e adultos , bem como mostrar que a transmissão dos conteúdos de química quando contextualizado, levam a um aprendizado significativo a este público. Palavras-Chaves: Educação de Jovens e Adultos, Ensino de Química, Cotidiano,

professor, aluno.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 09

2 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO

12

3 A QUÍMICA DO COTIDIANO 17

4 ENSINO DE QUÍMICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: UMA

ABORDAGEM CONTEXTUALIZADA 23

CONSIDERAÇÕES FINAIS 28

REFERENCIAS 30

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1 INTRODUÇÃO

A Educação de jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino

destinada àquelas pessoas que não tiveram oportunidades de frequentar e

permanecer em uma escola no devido tempo.

Para tanto, a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB), Lei

9.394/96, em seu art.37 destaca: “A educação de jovens e adultos será destinada

àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental

e médio na idade própria” (BRASIL, 1996, p.15),

Desta forma, reconhecendo a educação de Jovens e Adultos como

modalidade de ensino. Logo, cabe a ela garantir ao individuo o direito a educação, o

qual deve ser considerado um direito fundamental a todos, e em decorrência disto,

merece grande proteção das medidas políticas de educação, assim como da ação

educacional.

Em consonância com o acatado, é necessário e de fundamental

importância que o educador, esteja preparado para atuar nesta modalidade de

ensino, assumindo relevante função, atuando como mediador entre o conhecimento

e seus educandos. Sendo assim, o professor deve romper com a pratica pedagógica

tradicional de ensino, buscando situações significativas integradas a diferentes

ações.

No que se refere ao ensino de química, faz-se necessário que se

concretize uma relação continuada entre os conteúdos e o saber cotidiano. Assinala-

se ainda que, através da abordagem cotidiana, o professor estará diminuindo o

distanciamento dos conteúdos vistos em sala de aula com o que acontece no dia dos

alunos, fazendo com que os conceitos estudados se aproximem das atividades diárias

levando o aluno a refletir sobre o consumo e a mudança de hábito frente à natureza

desenvolvendo um olhar clinico e mais apurado para a química a nossa volta.

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Tal abordagem inerente a eles, pode ser trabalhada a favor de um ensino

de qualidade, sendo utilizada como um canal de comunicação eficaz, coeso e

confiável.

O tema “O Ensino de Química na Modalidade Educação de Jovens e

Adultos e o Cotidiano como estratégia de ensino/aprendizagem.”, torna-se

importante, pois, poderá contribuir para o desenvolvimento de ações para melhoraria

da qualidade do ensino/aprendizagem em relação aos Jovens e Adultos,

demonstrando os problemas e os desafios a serem enfrentados durante processo de

aprendizado.

Partindo deste pressuposto, este estudo propõe discussões sobre a

educação de jovens e adultos no contexto contemporâneo, a qual vem ganhando

espaço, dando oportunidade aqueles que não concluíram seus estudos no tempo

certo, considerando-se os interesses dos jovens e a adultos.

Neste sentido, procurar-se-á, levantar questões sobre o conhecimento

cotidiano como estratégia de ensino/aprendizagem, no ensino da química,

mostrando que a transmissão de conteúdos sem nenhum vínculo com o resgate do

conhecimento prévios dos alunos, bem como a não contextualização do conteúdo,

poderá tornar as aulas desinteressante.

Como remate, se abordará discussões a respeito do ensino de química na

educação de jovens e adultos: uma abordagem contextualizada, identificando a

melhor forma de compreensão do ensino de química por parte dos alunos da

modalidade EJA. De igual forma, faz-se necessário uma prática de um ensino mais

contextualizada, junto a esta modalidade de ensino, o qual busque aproximar a

química do cotidiano destes alunos, tornando o ensino de química significativo para

este público. Evidencia-se que os temas químicos tornam-se mais interessantes

quando vinculado diretamente ao cotidiano, levando os alunos a refletirem como a

química esta presente em nossas vidas.

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Sendo assim, o educador deve ressignificar sua pratica pedagógica,

buscando posiciona-se diante desta modalidade de ensino, buscando metodologia

adequada a este público.

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2 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO CONTEXTO

CONTEMPORÂNEO

A Educação de Jovens e Adultos, instituída no Brasil a partir da Lei de

Diretrizes e Bases de 1996 (LDB/96), tem como função a garantia a todas as

pessoas de qualquer segmento social que não tiveram acesso à escola, do direito

ontológico a uma escolarização básica e permanente de qualidade.

Apesar desse princípio, é lugar comum, tanto no meio educacional

como na mídia e para a população em geral, se referenciar a essa modalidade

(como previa a LDB de 1971) como Ensino Supletivo.

A necessidade de promover o aumento da escolaridade no Brasil fez

emergir, de forma recorrente, o debate sobre a educação de jovens e adultos, pois já

são milhões as pessoas que não completaram a escolaridade básica na faixa etária

ideal.

Por sua vez, o jovem retorna a EJA em uma busca de certificação o

que teoricamente o colocaria no mercado de trabalho e, com isso teria o seu lugar

na sociedade garantido, tendo com isso o resgate da auto-estima e passando a ser

visto como um cidadão comum. (NASCIMENTO, et al 2011, p.68)

A educação é algo imposto para todas as pessoas, pois nas

sociedades modernas cada vez mais são cobradas qualificações, efetividade de

conhecimento, competências e habilidades, assim a educação é uma exigência,

uma necessidade para o cidadão.

O acesso à escola passou a ser uma questão de sobrevivência,

independente das condições sociais das pessoas. Nessa realidade, o trabalhador

que não conseguiu prosseguir em seus estudos, se reporta para uma especificidade

de educação para jovens e adultos.

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De acordo com Ribeiro (2001, p. 70), o ensino de adultos sem tentar

corrigir uma situação de exclusão que ocorreu, sendo uma prática de caráter

político. Para que aconteça uma boa educação de Jovens e Adultos é necessário

que sejam tomadas medidas, de acordo com Alvarenga et al (2009 p. 01), tais como:

- a integração da educação profissional com a EJA aumentando a eficácia de ambas; - a associação das políticas de emprego e proteção contra o desemprego com a formação de EJA; - as políticas dirigidas para as mulheres cuja escolarização tem um grande impacto na nova geração, auxiliando na diminuição do surgimento de novos analfabetos; - o incentivo à cultura, com a criação de oportunidades de convivência num ambiente cultural enriquecedor possibilitando acesso a um universo novo, ampliando a visão de mundo do educando.

Na EJA não deve ser aplicada uma prática pedagógica voltada para

todos os jovens ou para todos os adultos, já que os alunos possuem características

diferentes.

Qualquer ação educativa que se destine aos estudantes da EJA deve

reconhecer as individualidades, pois a realidade do aluno da EJA é peculiar e as

práticas pedagógicas devem estar relacionadas e dirigidas a essas condições.

Dessa forma, as estratégias organizadas pelo educador devem

contemplar as necessidades daqueles que deixaram de frequentar a escola por

alguma questão no decorrer de sua trajetória escolar.

Foi a Constituição de 1988 que consagrou direitos, conquistas sociais

relevantes para a educação de jovens e adultos no artigo 208 que determina “ensino

fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para

todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria” (BRASIL, 1995, p.22).

Para acontecer uma educação de qualidade aos Jovens e Adultos é

necessário que ocorra uma interação entre as escolas, a família e a sociedade, pois

de acordo com Alvarenga et al (2009, p. 02 ),

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Não basta apenas o Governo estabelecer metas e normas se não há uma política de incentivos financeiros para melhorar a estrutura dos locais de aula, a qualificação dos professores, recursos didáticos, acesso às novas tecnologias, políticas de emprego, associação com a educação profissional e a participação da família e da sociedade civil de forma solidária, aliados ao acesso à cultura em ambientes como museus, bibliotecas, cinemas, teatros, exposições, etc. Todos esses fatores podem contribuir para uma Educação de Jovens e Adultos mais eficaz e de qualidade que não visa apenas estatísticas, mas a ampliação do mundo do educando, a sua conscientização como ser político, o acesso ao mundo letrado, as artes, a cultura, ou seja, a um novo mundo a ser descoberto.

É necessário também que seja valorizado o cotidiano do aluno, onde

aconteça a valorização do saber que os alunos do EJA possuem, buscando a

diversidade de diversas bagagens culturais, sendo o professor o mediador da

aprendizagem. (GENTIL, 2005, p. 09)

O professor da EJA para ensinar deve partir da compreensão que o

aluno já tem de leitura e escrita do mundo. Sabendo que o aluno ocupa lugar central

na escola e na sociedade, pois o fato de não saber ler e escrever não significa que

seja destituído de conhecimentos.

Assim as atividades propostas para o trabalho com os alunos da EJA,

devem partir do seu mundo real, com objetivos desafiadores de aprendizagem para

que os ajude avançar no seu processo de aprendizagem. (RODLER et al, 2009, p.

36).

O trabalho com alunos da EJA deve respeitar as diferentes

experiências e os diferentes níveis de conhecimento de cada aluno, o aprender dos

alunos não acontecerá num mesmo tempo nem de um mesmo jeito. Independente

da idade que o aluno irá ingressar na EJA, o professor precisará observá-lo para

identificar seu estilo de aprendizagem e forma de apreender o conhecimento, para

assim desenvolver as atividades diversificadas.

Para Alvarenga et al (2009 p.03) a “Educação de Jovens e Adultos é a

chave para o século XXI, além de ser um exercício da cidadania como condição

plena para atuar na sociedade”.

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O educador para trabalhar com o EJA deve entender que esta a

alfabetização é uma das fases mais críticas de toda a vida escolar, sendo este o

momento base da vida de todo cidadão. E milhares de jovens e adultos no Brasil

estão relegados à condição desumana de não ter conseguido ser alfabetizado na

idade regular, são deixados a margem da sociedade.

É por meio da alfabetização que o homem se tornará um ser global,

inserido na sociedade moderna, fazendo parte da civilização, dominando os

símbolos da comunicação. (RODLER et al, 2009, p. 38)

De acordo com Freire (1987 p. 77) a alfabetização é um ato político e

um ato de conhecimento, por isso mesmo criador, onde deve acontecer o processo

de construção e não de memorização mecânica, fase em que se faz necessária a

compreensão e análise do ato de ler.

No ensino do aluno na EJA, Lemle (1993 p. 07), afirma que para uma

pessoa aprender são necessárias cinco capacidades que permitem os saberes

básicos o aprendizado, entre elas estão a ideia de símbolo, a discriminação das

formas das letras, dos sons da fala, a consciência da unidade de palavra e a

organização da escrita. Assim o aluno que não compreender o que seja uma

relação simbólica entre dois objetos, não conseguirá aprender.

A EJA no Brasil veio para defender uma educação libertadora e

transformadora, onde o conhecimento, é o principal agente dessa transformação,

sendo de acordo com Lopes; Sousa (2004 p. 11), uma ferramenta essencial para a

intervenção no mundo.

De acordo com Alvarenga et al (2009 p.04) o acesso à educação

permite aos adultos a vivência de novas experiências, mostrando aos Jovens e

Adultos a importância da escola, sendo esta mais de que um mero local para a

aquisição do conhecimento, sendo um local de acesso a cultura e as relações

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sociais que fazem um complemento ao processo de aprendizagem e consciência

crítica do educando.

A aprendizagem na EJA deve ser voltada para um sentido amplo,

valorizando o contexto cultural, assim este tipo de educação pode abandonar a

concepção de que é voltada para o atraso e à pobreza, passando a ser uma

referência de desenvolvimento econômico e social, deixando de visar apenas a

capacitação do aluno para o mercado de trabalho, mas também que seja

desenvolvido no aluno suas capacidades voltadas para a busca de novos saberes,

que vem sendo valorizada no profissional que as empresas buscam nos dias atuais,

sendo esta um tipo de formação imprescindível para o exercício da cidadania.

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3 A QUÍMICA DO COTIDIANO

O processo de ensino aprendizagem depende de muitas varáveis, com

isso, a pratica pedagógica como um todo, deve estar sempre engajada em novas

formas de aperfeiçoar o ensino/aprendizado dos alunos.

Diversos pesquisadores bem como, educadores vêm defendendo a

contextualização no ensino, justificando que contextualizar os conteúdos, possibilita

aos alunos uma aprendizagem significativa, a qual leva a uma educação para

cidadania.

Segundo Wartha; Alário, (2005, p. 49), o termo contextualizar pode ser

conceituado das seguintes formas:

Contextualizar é uma postura frente ao ensino. É assumir que todo conhecimento envolve uma relação entre sujeito e objeto. Contextualizar é construir significados e, significados não são neutros, envolvem valores porque explicitam o cotidiano, constroem compreensão de problemas do entorno social e cultural. Contextualizar é buscar o significado do conhecimento a partir de contextos do mundo ou da sociedade em geral, é levar o aluno a compreender a relevância e aplicar o conhecimento para entender os fatos e fenômenos

que o cercam.

Paulo Freire, em suas obras não define o termo contextualizar, no entanto

faz a seguinte afirmação: “Será a partir da situação presente, existencial, concreta,

refletindo o conjunto de aspirações do povo, que poderemos organizar o conteúdo

programático da educação” (FREIRE, 2005, p. 100).

Neste contexto, a contextualização pode ser tida como um princípio

norteador do processo ensino/aprendizagem, levando a um aprendizado significativo

para os alunos, os quais passarão a encontrar significado no que estão aprendendo.

Segundo Scafi (2010) contextualizar consiste em realizar ações buscando

estabelecer a analogia entre o conteúdo da educação formal ministrado em sala e o

cotidiano do aluno, de maneira a facilitar o processo de ensino-aprendizagem pelo

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contato com o tema e o despertar do interesse pelo conhecimento com

aproximações entre conceitos químicos e a vida do indivíduo.

É também criar um ambiente propício de ensino no qual o aluno possa

vislumbrar a aplicabilidade dos conceitos em sua vida e interligar com experiências

pessoais vivenciadas.

Logo, a ciência cotidiana, pode se constituir uma valiosa aliada no

processo de ensino/aprendizagem, principalmente em se tratando da disciplina de

química, haja visto, que muitos alunos a considera como uma disciplina difícil.

Em consonância com o acatado, a contextualização do ensino de química,

se deu com a reforma do ensino médio, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação (LDB-9.394/96), a qual expõe que a compreensão dos conhecimentos

deve ser voltado para uso cotidiano.

A referida Lei (BRASIL, 1996, art. 35 apud BRASIL, 1999, p. 11),

estabelece que o aluno, ao concluir o ensino médio: “Tenha uma formação ética com

o desenvolvimento de sua autonomia intelectual e seu pensamento crítico”

Para tanto, os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 4) documento

que trata da química, deixa claro a intenção de tornar o aprendizado em química

contextualizado, mais voltado à realidade do aluno, para posteriormente, reconstruir

o conhecimento advindo do cotidiano em conhecimento científico.

Pode-se traçar as linhas gerais que permitiriam aproximar o ensino atual daquele desejado. Tendo em vista essas considerações, o redimensionamento do conteúdo e da metodologia poderá ser feito dentro de duas perspectivas que se complementam: a que considera a vivência individual de cada aluno e a que considera o coletivo em sua interação com o mundo físico. Em um primeiro momento, utilizando-se a vivência dos alunos e os fatos do dia-a-dia, a tradição cultural, a mídia e a vida escolar, busca-se reconstruir os conhecimentos químicos que permitiriam refazer

essas leituras de mundo, agora com fundamentação também na ciência.

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Neste contexto, a educação em química deverá contemplar ao educando

um ensino que esteja voltado ao dia-a-dia dos alunos.

Reforçando a ideia de cotidiano, outro documento oficial, os Parâmetros

Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM, BRASIL, 1999, p. 208)

sugerem:

[...] tratar, como conteúdo do aprendizado matemático, científico e tecnológico, elementos do domínio vivencial dos educandos, da escola e de sua comunidade imediata (...) muitas vezes, a vivência, tomada como ponto de partida, já se abre para questões gerais […]

Nessa linha de análise, entende-se que o PCNEM, propõe um tratamento

contextualizado do conhecimento, onde o cotidiano pode ser utilizado como

norteador, nas atividades escolares.

Lutfi (1992, p.16) menciona que:

Esse é um campo muito rico para a atuação dos professores, pois muitas atividades presentes no cotidiano envolvem processos físicos, químicos e bioquímicos que passam despercebidos. Como são processos vividos por todos e não refletidos, espontâneos, a reflexão sobre eles pode levar-nos a

níveis acima da cotidianidade.

Para tanto, o educador deve estar disposto a romper com a prática

tradicional de ensino, apontando para situações significativas para os alunos.

Verdade seja esta que, o autor Marco (2000, p. 34), manifesta seu entendimento a

respeito da ciência cotidiana:

Fenômenos cotidianos devem servir de base para elaboração do currículo moderno da química e das outras ciências naturais. Claro que não é possível passar todo o ano fazendo atividades relacionadas ao cotidiano, entretanto, especialmente nos níveis iniciais da educação básica recomenda-se dar prioridade a relação que os conteúdos têm com a realidade na qual o aluno esteja inserido, aproveitando informações que ele já tem e que assimilou de fontes variadas.

Sendo assim, o educador deve valorizar o conhecimento prévio dos

alunos, promovendo a interação entre os fatos do cotidiano e o saber sistematizado.

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Segundo Lutfi (1992, p. 13):

Para alguns professores trabalhar com a contextualização significa motivar os alunos, prevalecendo-se do sensacionalismo das notícias, da busca de curiosidades para realizar aproximações do assunto levantado, geralmente por alunos, com os conteúdos da química.

Considerando o que foi colocado, para alguns educadores, ao se trabalhar

com a contextualização, os alunos serão motivados, onde haverá aproximações do

assunto levantado com os conteúdos de química.

O referido autor ainda suscita que:

[...] o cotidiano no como uma relação individual com a sociedade, pois existem mecanismos de acomodação e alienação que permeiam as classes sociais, mas considera a necessidade de fazer emergir o extraordinário daquilo que é ordinário, ou seja, buscar naquilo que nos pareça mais comum, mais próximo, o que existe de extraordinário, que foge ao bom senso, em que tem uma explicação que precisa ser desvelada. (LUTFI, 1992, p. 15).

Assim sendo, o ensino de química torna-se muito mais atrativo aos

educando quando os conteúdos estão vinculados a sua realidade. Todavia, o

educador deve estar atento, pois os fenômenos cotidianos bem como seus usos

gerais na vida do aluno, devem ser precedidos por objetivos didáticos planejados

anteriormente pelo professor.

No tocante aos estudos de Cardoso; Colinvaux (2000) estes colocam os

questionamentos dos alunos em relação ao motivo pelo qual estudam química, visto

que, estes conhecimentos não serão necessários na sua futura profissão.

As autoras chamam atenção para o fato de que muitas vezes nem mesmo

os docentes conseguem responder a esta questão, pois não pararam para refletir a

respeito.

Segundo as autoras, o estudo da química deve-se ao fato de possibilitar

ao aluno o desenvolvimento de uma visão crítica do mundo que o cerca, podendo

analisar, compreender e utilizar este conhecimento no cotidiano.

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No tocante ao estudo de Santiago e Untar, evidencia-se vários aspectos

pertinentes ao ensino de química, analisando qual tem sido a relação dos alunos

com a Química como Ciência.

Os autores chamam atenção para o fato, de que, apesar da química fazer

parte da vida cotidiana dos alunos, a importância da mesma e seus conceitos não

são evidentes para a maioria dos mesmos, os quais ainda associam a Química com

ideias negativas, tais como poluição, destruição, bombas e com produtos

industrializados. Isto levou os autores ao indicativo de que, o ensino de química tem

sido ineficiente, sendo seus conteúdos apresentados aos alunos de forma

desvinculada de sua realidade.

Segundo os autores, os estudos realizados por Zanon e Palharini (1995),

associam às dificuldades na aprendizagem em química, quando os alunos não

percebem a validade ou o significado do que estudam.

Os autores sustentam sua hipótese de que as dificuldades dos alunos em

relação à disciplina de química podem ser minimizadas com metodologias que

envolvam experimentação, contextualização, interdisciplinaridade e assuntos do

cotidiano dos alunos.

As perspectivas apresentadas enfatizam a existência de uma bagagem de

conhecimentos prévios que influenciam no ensino, assim como, a importância do

cotidiano no processo de ensino/aprendizagem, em química.

Sendo assim, a Química a qual conhecemos vai, além dos livros, está a

nossa volta. Buscar formas de facilitar o aprendizado do aluno, explorar seus

conhecimentos e experiências do dia-a-dia, pode fazer com que seu aprendizado

seja mais prazeroso e significativo, norteia as pesquisadoras.

Nessa linha de análise, faz-se necessário que se concretize uma

relação entre o saber cotidiano e os conhecimentos químicos, para que,

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pedagogicamente, haja significativas no processo de ensino aprendizagem, pois

através da interação com o mundo cotidiano, os alunos terão a oportunidade de

desenvolver os conhecimentos químicos.

Logo, através desta abordagem pedagógica, no ensino de química, o

cotidiano do aluno deve ser prezado, o que possibilitará, criar um laço mais estreito

entre estes dois entes que caminham um com temor do outro: o aluno e a química.

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4 ENSINO DE QUÍMICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: UMA ABORDAGEM CONTEXTUALIZADA

A Química faz parte da grade curricular da EJA, sendo de grande

importância na formação do caráter sócio-educacional do educando, mas de acordo

com Budel e Guimarães (2007 p. 04) é um desafio ensinar Química para os alunos

do Ensino Médio na EJA.

Na maioria das vezes os alunos possuem grande dificuldade, e devido

a esta dificuldade eles possuem frustrações e não se acham capazes de aprender

química, muitas vezes por não entenderem a importância da disciplina no dia a dia.

Os alunos ficam receosos antes de iniciarem a disciplina, pois a acham

complicada e em geral, os alunos têm pouco tempo de estudo e muitas

responsabilidades financeiras e familiares, sendo a grande maioria trabalhadora e

responsável pelo sustento de sua família.

Sua rotina é cansativa e a falta de motivação desses estudantes

também está relacionada com o grande sentimento de culpa, vergonha por não ter

concluído seus estudos na época oportuna.

Dentro da modalidade de ensino EJA, o professor deve mostrar ao

aluno que a química assim como as demais disciplinas é uma ferramenta

construtora do conhecimento e não uma disciplina cheia de regras e teorias

decorativas que reprova.

Assim é necessário que seja aproveitado durante as aulas o máximo a

experiência de vida do aluno, estimulando ideias novas, deixando que o aluno

busque em seu cotidiano solução para as situações-problema.

Ao avaliar o aluno da EJA o professor deve fazê-la de forma gradual,

pois a modalidade precisa de uma avaliação contínua e diferenciada dos modelos

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normais, por isso o professor deve propor que os alunos realizem trabalhos e

pesquisas em sala, pois grande parte dos alunos trabalha durante o dia, o que

impossibilita confeccionar tarefas extraclasse, o professor deve estimular o trabalho

em equipe, a coletividade auxilia na busca por melhores resultados.

O professor deve mostrar a importância da química para a sociedade,

mostrando dados informativos e situações cotidianas que contribuam para o

aprendizado do aluno.

De acordo com Dias e Silva (1996) apud Mortimer (2006 p. 16) os

questionamentos e as reflexões na aula de química permitem o movimento da

elaboração de conceitos, assim os alunos entendem os conteúdos.

A forma como os conceitos são trabalhados na sala de aula poderá

abrir caminho para a melhor compreensão dos conceitos espontâneos que cada

aluno traz de suas vivências anteriores.

O professor precisa ensinar a compreensão dos diferentes significados

que os conceitos da disciplina apresentam, durante as aulas os alunos devem

buscar ampliar as ideias e conceitos.

De acordo com Silva (2007 p. 66) a contextualização no ensino e

química precisa ser defendida pelos educadores, pesquisadores e grupos ligados à

educação como um “meio” de possibilitar ao aluno uma educação para a cidadania

concomitante à aprendizagem significativa de conteúdos.

Assim a contextualização se apresenta como um modo de ensinar

conceitos das ciências ligados à vivência dos alunos seja ela pensada como recurso

pedagógico ou como princípio norteador do processo de ensino.

Para Piconez (2002, p. 108) na EJA é preciso capacitar os alunos para

que estes adquiram novas competências e sejam preparados para trabalhar com

diferentes tecnologias e linguagens, para enfrentar desafios.

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Para ter motivação o aluno da EJA deve relacionar o que esta

aprendendo com o seu cotidiano, segundo Ortiz (2002 p. 80)

O aluno da EJA quer ver a aplicação imediata do que está aprendendo. Ao mesmo tempo, precisa ser estimulado a desenvolver uma auto-estima positiva, pois a ignorância traz angústia e complexo de inferioridade [...]. Muitas vezes tem vergonha de falar de si, de sua moradia, de sua experiência frustrada da infância em relação à escola.

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Rede Pública de

Educação Básica do Estado do Paraná (PARANÁ, 2006 p. 20) o objetivo do ensino

da Química é formar um aluno que se aproprie dos conhecimentos químicos e seja

capaz de refletir criticamente sobre o período histórico atual.

Assim continua Santos e Schnetzler (2003) apud Paraná (2006 p. 26)

considerando que o objetivo central do ensino de Química para formar o cidadão é

preparar o indivíduo para que ele compreenda e faça uso das informações químicas

básicas necessárias para sua participação efetiva na sociedade tecnológica em que

vive. Ainda de acordo com os autores:

O ensino de Química precisa ser centrado na inter-relação de dois componentes básicos: a informação química e o contexto social, pois, para o cidadão participar da sociedade, ele precisa não só compreender a química, mas a sociedade em que está inserido (SANTOS e SCHNETZLER, 2003, p. 93).

Para que aconteça uma melhora na qualidade de ensino de química, é

necessário a adoção de uma metodologia nova voltada para os princípios básicos,

segundo Chassot (1993) apud Budel e Guimarães (2007 p. 04), que ressalta ainda

A necessidade de que o ensino esteja adequado à realidade econômica, política e social do meio onde se insere a escola, bem como a necessidade de execução de experimentos que tenham como resultados dados observados na realidade, utilizando o ensino de química como meio de educação para a vida, correlacionando o conteúdo de química com os de outras disciplinas, para que o aluno possa entender melhor o sentido do desenvolvimento científico.

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O que Chassot (1993) afirma vai de encontro com a função social da

química descrita por Santos e Schnetzler (1996 p.15). Assim a EJA tenta priorizar,

de acordo com Paraná (2006 p.06) a busca por uma visão de mundo mais articulada

e menos fragmentada, proporcionando ao aluno a construção de um pensamento

crítico.

O professor de EJA, precisa ter sua ação pedagógica marcada pelas

especificidades da modalidade, cujo público é constituído de grupo homogêneo do

ponto de vista socioeconômico, mas bastante heterogêneo quanto ao aspecto

sociocultural.

No que tange ao ensino de Química, os conhecimentos devem ser

construídos e reconstruídos considerando seu caráter dinâmico, multidimensional e

histórico. (GOES, et. al. 2010, p. 01)

É possível que utilizando uma metodologia que valorize o

conhecimento do aluno, este compreenda a importância do aprender, onde sua

formação pode estabelecer uma ligação com conteúdo ministrado na escola e o

cotidiano, sendo o professor o instrumento que favorece as estratégias de ensino,

ligando a contextualização e a interdisciplinaridade indo além do papel de mediador

em sala de aula, levando o aluno a criar estratégias, ao lembrar e repassar o

conhecimento adquirido.

Estudos voltados para a EJA mostram a necessidade na educação de

estimular os alunos, para que o professor compreenda as percepções dos alunos,

bem como, os alunos possam formar uma própria interpretação das informações,

cooperando para a formação de sua identidade.

Assim os conteúdos de química devem ser repensados para os cursos

de educação de jovens e adultos, valorizando a integração curricular. Privilegiar as

questões cotidianas, práticas pedagógicas diferenciadas e introduzir aulas práticas

são muito importantes para melhorar a qualidade do ensino de química aos alunos.

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O desenvolvimento de novas práticas de ensino aplicáveis para a EJA

o educador necessita conhecer um pouco da realidade dos alunos, estudarem os

conteúdos propostos, pensar nas especificidades dos educandos em relação à sua

faixa etária e propor conteúdos que estimulem e sejam motivadores.

Essa estratégia busca romper com aquela usual fragmentação dos

conteúdos da Química, contribuindo para que o aluno construa seus conhecimentos

em Química e perceba que a mesma faz parte do seu dia a dia estando está ligada a

outras áreas do conhecimento. (PARANÁ, 2006 p. 28)

Acredita-se que seja necessário a integração curricular, a ser

desenvolvida por meio de atividades interdisciplinares, numa perspectiva de

aprendizado dos conceitos que possibilitem o aprendizado significativo,

contextualizado e relacionado aos saberes que os alunos jovens e adultos trazem

para o interior da escola, fruto das experiências de vida e da inserção no mundo do

trabalho.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através do estudo realizado, percebeu-se que a modalidade Educação de

Jovens e Adultos (EJA), esta pautada, na importância de se considerar o perfil

distinto de seus educandos. Em geral os alunos desta modalidade de ensino são

trabalhadores, tendo uma rotina cansativa, sendo assim, possuem pouco tempo

para os estudos.

Como resultado, é um desafio lecionar a disciplina de química junto a este

público. Logo, os professores que atuam junto a esta modalidade, devem repensar

sua pratica pedagógica, buscando facilitar o processo de ensino/aprendizagem,

levando os alunos a aprimorarem sua consciência crítica, tornando seus alunos

letrados.

Em se tratando da disciplina de química, muitas vezes esta é tida com

difícil, muitos alunos a resumem apenas a cálculos e fórmulas.

Assim sendo, os conteúdos curriculares da disciplina de química, ofertado

nesta modalidade de ensino devem promover a contextualização, canalizando a

conexão entre os conteúdos e o cotidiano dos alunos, isto valorizará a vivência dos

mesmos, despertando seu interesse em relação ao assunto, bem como oportunizará

a sua participação nas aulas.

Em geral, os alunos da EJA, querem ver a aplicação imediata daquilo que

estão aprendendo. Vale salientar, no entanto, que as aplicações da química no

cotidiano, não deve se resumir apenas em meros exemplos, para introduzir

conteúdos, é preciso instigar os alunos a reflexão, levando-os a solucionarem

situações-problemas, tirando o máximo proveito da presença da química no

cotidiano.

Sendo assim, há a necessidade do educador elaborar aulas diferenciadas

de química, para que os alunos da Educação de Jovens e Adultos, perca a

impressão que a disciplina de química faça parte de um processo condicionante e

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árduo, levando-os a terem a química como uma disciplina proveitosa e eficaz, a qual

possui aplicabilidade em suas vidas.

Em virtude destas considerações, o cotidiano como estratégia de

ensino/aprendizagem contribui para que o aluno da EJA aprenda a vislumbrar o

mundo com os olhos da Química e a perceber que esses conhecimentos contribuem

para a melhoria de sua qualidade de vida.

Sendo assim, a ciência cotidiana pode se constituir em um importante

instrumento, para fomentar o ensino científico. Nesta perspectiva, a contextualização

dos conteúdos de química é de extrema importância como fator motivacional e para

construção do conhecimento como um todo.

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