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ÉRICA CORREIA DA SILVA
O ENSINO DE TÓPICOS DE FÍSICA MEDIANTE REPRESENTAÇÕES
TÁTEIS NO MULTIPLANO
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação da Universidade
Federal do Vale do São Francisco no Curso de
Mestrado Nacional Profissional de Ensino de
Física (MNPEF), como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em
Ensino de Física.
Orientadora:
Prof. Dr. Letícia Maria de Oliveira.
JUAZEIRO – BA
2017
Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca SIBI/UNIVASF
Bibliotecário: Renato Marques Alves
Silva, Érica Correia da.
S586e O ensino de tópicos de física mediante representações táteis no multiplano./ Érica Correia da Silva. -- Juazeiro, 2017.
VII, 113f.: il. 29 cm Dissertação (Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física) -
Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Juazeiro-BA, 2017.
Orientador (a): Profª. Dra.Letícia Maria de Oliveira.
1. Física – Estudo e ensino. 2 Representações táteis. I. Título. II. Oliveira, Letícia Maria de. III. Universidade Federal do Vale do São Francisco.
CDD530.07
Agradecimentos:
Agradeço:
À CAPES pelo apoio financeiro por meio da bolsa concedida.
A SBF pela iniciativa de oferecer essa grande oportunidade de aprendizagem.
Aos meus pais, João Nunes da Silva e Eliane Correia da Silva, e irmã Eline Correia da Silva,
pela base educacional.
A meu esposo, João Graça Neto, pelo companheirismo e inspiração.
Aos professores do Departamento de Física da UNIVASF que me ensinaram a aprender, em
especial Aníbal Livramento da Silva Netto.
Aos meus colegas, em especial Carla Patrícia, pela garra e companheirismo.
E principalmente a minha orientadora, por sua singular forma de ver a Física e transmiti-la
com propriedade, além do apoio e dedicação ao longo do curso.
RESUMO
O ENSINO DE TÓPICOS DE FÍSICA MEDIANTE REPRESENTAÇÕES TÁTEIS NO
MULTIPLANO
Orientadora:
Prof. Dr. Letícia Maria de Oliveira
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal
do Vale do São Francisco no Curso de Mestrado Nacional Profissionalizante de Ensino de
Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em
Ensino de Física.
Visto que a Matemática tem seu papel como estruturadora do conhecimento físico, observa-se
que a forma como é apresentada aos alunos não condiz com essa função, configurando uma
barreira pedagógica. No que tange o ensino da Física, há uma estrutura bem particular nos
conceitos geométricos voltados para o ensino de Vetores, Movimento Circular e Óptica
Geométrica. Acredita-se que ao inserir materiais manipuláveis no processo de ensino, o
estudante torna as idéias abstratas concretas, dando significado matemático ao efeito físico. A
partir dessas considerações foi elaborada uma sequência didática escrita e em DVD com o
recurso didático Multiplano, a fim de construir as representações físicas dos conteúdos aqui
citados, sendo aplicada em escola particular de Senhor do Bonfim, com um grupo da 2ª série
do Ensino Médio. Para validá-la utilizamos a Engenharia Didática por ser uma teoria
referencial para o desenvolvimento de produtos educacionais gerados na soma dos
conhecimentos: prático e teórico. No que se refere às conclusões, verificou-se que o ensino de
Física com o uso do Multiplano é eficaz, pois melhora a qualidade de ensino, uma vez que
competências são adquiridas além do caráter interativo e inclusivo.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Física, Multiplano, Representações Táteis e Engenharia
Didática.
Juazeiro – BA
2017
ABSTRACT
THE TEACHING OF TOPICS OF PHYSICS THROUGH TACTICAL
REPRESENTATIONS IN THE MULTIPLAN
Supervisor:
Prof. Dr. Letícia Maria de Oliveira
Master's Dissertation submitted to the Postgraduate Program of the Federal University of the
Valley of São Francisco in the National Master's Course of Physics Teaching (MNPEF), as
part of the requirements necessary to obtain the Master's Degree in Physics Teaching
Since Mathematics has its role as the structurer of physical knowledge, it is observed that the
way it is presented to the students does not fit this function, configuring a pedagogical barrier.
Regarding the teaching of Physics, there is a very particular structure in the geometric
concepts aimed at teaching Vectors, Circular Movement and Geometric Optics. It is believed
that by inserting manipulable materials into the teaching process, the student makes abstract
ideas concrete, giving mathematical meaning to the physical effect. Based on these
considerations, a didactic sequence was written and on DVD with the Multiplano didactic
resource, in order to construct the physical representations of the contents mentioned above,
being applied in a private school of Senhor do Bonfim, with a group of the second grade of
High School . To validate it, we used Didactic Engineering as a reference theory for the
development of educational products generated in the sum of knowledge: practical and
theoretical. Regarding the conclusions, it was verified that the teaching of Physics with the
use of Multiplano is effective, since it improves the quality of teaching, since competences are
acquired beyond the interactive and inclusive character.
KEY WORDS: Teaching Physics, Multiplane, Tactile Representations and Didactic
Engineering.
Juazeiro – BA
2017
Sumário
CAPÍTULO 1
1 Introdução teórica ................................................................................................................. 8
1.1 A Matemática como estruturante no Ensino de Física ...................................................... 8
1.2 Vetores .............................................................................................................................. 9
1.3 Movimento Circular ........................................................................................................ 14
1.4 Óptica Geométrica .......................................................................................................... 19
1.5 Justificativa do projeto .................................................................................................... 23
CAPÍTULO 2
2 Recursos didáticos ............................................................................................................... 24
2.1 Materiais Manipuláveis ................................................................................................... 24
2.2 O Multiplano ................................................................................................................... 25
2.3 Projeto inicial .................................................................................................................. 26
2.4 Projeto piloto ................................................................................................................... 27
CAPÍTULO 3
3 Aplicação em sala de aula ................................................................................................... 28
3.1 Cenário Prático ................................................................................................................ 28
3.2 Aulas ............................................................................................................................... 28
3.3 Metodologia da pesquisa: A Engenharia Didática .......................................................... 28
CAPÍTULO 4
4 Resultados obtidos e análises – Etapas da Engenharia Didática..................................... 30
4.1 Análise Prévia ................................................................................................................. 30
4.2 Concepções e Análise a Priori........................................................................................ 51
4.3 Experimentação ............................................................................................................... 53
4.4 Análise a Posteriori ........................................................................................................ 55
4.5 Validação ........................................................................................................................ 78
CAPÍTULO 5
5 Considerações finais ............................................................................................................ 82
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 84
APÊNDICE – PRODUTO EDUCACIONAL ...................................................................... 87
8
CAPÍTULO 1
1. Introdução teórica
1.1 A Matemática como estruturante no Ensino de Física
Visto que existem dificuldades no ensino das Ciências, em específico em Física, atribui-se
esse fato a diversas questões, como à deficiência de formação matemática dos alunos, uma
vez que a matemática é transmitida como mero instrumento para enunciar leis e princípios
físicos. Porém, há uma relação bem mais complexa entre ambas as áreas, tornando esta última
uma estruturadora do conhecimento físico.
É notória a existência de barreiras no ensino de física, que vão desde conceitos abstratos a
raciocínios além do senso comum, pois como afirma Pietrocola (2002), a ciência vale-se da
Matemática como forma de expressar seu pensamento. Na literatura científica essa ciência
exata a compõe com inúmeros elementos: equações, funções e gráficos, vetores, geometrias,
tensores, dentre outros. Surge então o seguinte questionamento: Como o ensino/aprendizagem
de matemática se dá no contexto da física? Para respondê-la é preciso uma profunda análise
sobre as relações que a física mantém com a matemática.
Tratando-se do Ensino Médio, esta inquietação deve ser bem estudada, devido ao fato de
seu ensino ter um caráter não profissionalizante. Assim, não pode ser visualizada como pré-
estágio para possível formação científica profissional, pois como já afirmado, a matemática é
maior que uma linguagem instrumental da física. Neste contexto, é preciso compreender o
conhecimento matemático que atua por detrás da física, pois da forma como é apresentada aos
alunos, configura-se como uma barreira pedagógica. Surge assim, a busca por apresentar de
maneira eficaz o real e o abstrato.
Assim sendo, ao passar do qualitativo para o quantitativo, é preciso valer-se de técnicas
especiais, presentes na observação, na experimentação e na descrição matemática precisa.
(PIETROCOLA, 2002).
No contexto apresentado até aqui, a Matemática pode ser interpretada como linguagem do
mundo da ciência, mas com um caráter bem maior que mera descrição, pois ela estrutura
ideias sobre o mundo físico mediante a produção de objetos que irão constituir-se das
interpretações deste.
9
Desse modo, por possuir um papel de veículo estruturante da ciência, apresenta-se como
precisa, universal e visionária. Essa linguagem se adéqua aos objetivos da ciência sendo um
conjunto articulado de ideias que por sua vez geram conceitos. É preciso entender que
grandezas físicas como: carga, massa, distância, força, campo, potencial, energia, além de
espaço, tempo, velocidade necessitam de conexão com a matemática para que ocorra um
ganho de significado, criando teorias que por sua vez se subdividem em estruturas que
explicam os conceitos.
Em suma, a Matemática consiste numa linguagem com regras e propriedades que tornam
as teorias científicas capazes de pensar no mundo. Neste sentido é preciso mudanças na
metodologia de educadores físicos quanto ao modo de apresentação da matemática, pois os
atributos essenciais ao educador com relação a esta questão é perceber que não se trata apenas
de saber Matemática para poder operar as teorias Físicas que representam a realidade, mas de
saber apreender teoricamente o real através de uma estruturação matemática. (PETROCOLA,
2002).
1.2. Vetores
O ensino de vetores na Educação Básica, no segmento do Ensino Médio se dá pela
abordagem geométrica, justificando ser uma grandeza vetorial que se caracteriza por seu
módulo, direção e sentido. Sendo assim, há uma estrutura bem particular nos conceitos
geométricos voltados para esse assunto além da “abordagem do conceito de vetor na Física
focar principalmente na representação gráfica de grandezas mecânicas”. (POYNTER e TALL,
2005). Portanto, estando a Matemática fixada nas Ciências, em específico na Física, é de
suma importância discutir como o conceito de vetor deve ser ensinado bem como dispor de
recursos didáticos para sua concretização. Neste sentido, será descrita e mostrada uma visão
intuitiva dos vetores e suas inter-relações bem como uma análise metodológica.
Visto que, dois pontos distintos X e Y no espaço determinam uma reta, esta constitui uma
direção no espaço, sendo desnecessária toda essa reta para determinar esta direção. Logo, o
segmento da reta entre os pontos X e Y, que consiste na parte da reta compreendida entre
estes dois pontos, poderá, sem danos, determinar esta direção. Este segmento por sua vez
poderá ser facilmente orientado, fornecendo um sentido para o segmento, se considerarmos
um dos pontos como ponto inicial e o outro como ponto final, como mostra a Figura 1:
10
Figura 1 - Segmento orientado.
Assim, segmentos orientados possuem uma direção, um sentido e um comprimento, sendo
também caracterizados pelo seu ponto inicial. Neste contexto, segundo Costa:
“um vetor é uma classe de segmentos geométricos orientados que possuem a mesma
direção, tamanho e sentido, cuja notação adotada para identificá-lo é composta
geralmente por uma letra (ou letras identificadoras dos pontos: inicial e final) com
seta sobreposta. Essa é uma maneira de definir o conceito na forma de linguagem
natural, entretanto, uma conversão para a representação gráfica seria o desenho de
uma flecha caracterizado por comprimento, direção e sentido.” (COSTA, 2015)
Segundo Costa, o ente matemático representado por meio da seta carrega significados não
perceptíveis instantaneamente e suas operações são muitas vezes não instintivas, logo, é
notório que a relação entre álgebra e geometria é implícita.
Duas operações entre vetores que podem ser definidas para quaisquer vetores, mesmo em
espaços de maiores dimensões são a soma de vetores e a multiplicação de vetores por
escalares.Deter-nos-emos na soma vetorialpor estar presente em maior escala na cinemática
vetorial. Sejam 𝑎 e 𝑏 dois vetores, onde𝑎 é representado pelo segmento XY e 𝑏 pelo
segmentoYZ , sendo sua soma o vetor abaixo representado XZ (Figura 2):
11
Figura 2 - Regra do triângulo
Nesta representação, o vetor 𝑎 +𝑏 é representado pelo segmento orientadoXZ , cujo ponto
inicial é o ponto inicial X de 𝑎 e cujo ponto final é o ponto final Z de 𝑏 . Esta definição refere-
se à interpretação de vetores como deslocamentouma vez que, para seu ensino na física é
pertinente expor um significado concreto e parte do cotidiano. Nela a soma de dois vetores
corresponde à composição de deslocamentos ou o deslocamento total, sendo denominada
regra do triângulo. Quando se tem um número de vetores maior do que dois, tem-se a
chamada Regra do Polígono e consiste em transladar os vetores um a um para a formação de
um polígono. Assim, considere, por exemplo, a soma dos vetores 𝑥 , 𝑦 e 𝑧 . Mantém-se um
vetor fixo escolhido ao acaso, por exemplo, 𝑥 de origem em O e extremidade A. Deslocamos o
vetor 𝑦 que será colocado sua origem na extremidade do vetor fixado𝑥 , mantendo-se o mesmo
módulo, direção e sentido. Na sequência o terceiro vetor 𝑧 será adicionado de tal forma que
sua origem será colocada na extremidade do vetor 𝑦 transladado, também preservando suas
características. O vetor soma tem a origem em O e extremidade coincidindo com a
extremidade do último vetor transladado, como podemos ver na Figura 3.
Figura 3 - Regra do Polígono
Segundo Menon (2009), a soma geométrica de vetores é geralmente bem
compreendida pelos alunos depois que a regra do polígono é apresentada. Além disso, é
intuitivo que o tamanho dos segmentos representados é proporcional à intensidade do vetor.
Vale ressaltar quecomo a maioria das representações é feita sem rigor de tamanho, os alunos
12
acabam operando com vetores como fazem com escalares sem se darem conta de que suas
respostas, na maioria dos casos, não correspondem aos desenhos feitos (Menon, 2009). Desse
modo, é perceptível que a relação entre a Álgebra e a Geometria é implícita, uma vez que os
alunos mostram essa dificuldade em compreender as operações vetoriais como manipulações
geométricas e não algébricas. Logo, a representação vetorial possui significados
imperceptíveis, além de suas operações serem na maioria dos casos não previsíveis.
Ainda sobre a soma vetorial temos a possibilidade de dois vetores 𝑎 e 𝑏 de análise de
dois vetores de mesma origem:
Figura 4 - Vetores na forma equivalente de um ponto.
Para obtenção do vetor soma são transladados vetores paralelos do seguinte modo: Traça-se
um vetor paralelo ao vetor 𝑎 , a partir da extremidade do vetor 𝑏 de mesmo módulo e sentido
juntamente com o traçado de outro vetor paralelo ao vetor𝑏 , começando na extremidade do
vetor𝑎 , de mesmo módulo e sentido. O vetor soma𝑠 terá origem na origem dos vetores iniciais
e final no encontro dos vetores transladados, onde seu módulo é calculado pela equação:
𝒔 𝟐 = 𝒂 𝟐 + 𝒃 𝟐 + 𝟐. 𝒂 . 𝒃 . 𝐜𝐨𝐬𝜽 (1)
Figura 5 - Vetor soma e a Regra do Paralelogramo
Quanto à subtração vetorial, resulta em um terceiro vetor (denominado diferença), cujas
propriedades são inferidas, por exemplo, a partir da soma de dois vetores 𝑥 e (- 𝑦 ). Isso
13
ocorre, pois (– 𝑦 ) é um vetor com o mesmo módulo e direção de 𝑦 e o sentido oposto,
acarretando em:
𝒚 + (- 𝒚 ) = 0 (2)
Assim, somar (-𝑦 ) é o mesmo que subtrair 𝑦 . Ou seja, calcula-se o vetor diferença 𝑑 somando
o vetor (-𝑦 ) ao vetor 𝑥 . A figura 6 mostra como esse procedimento é feito geometricamente.
Figura 6 - Subtração Vetorial
Segundo Costa, ao observar algumas sequências voltadas à adição de vetores, algumas
dificuldades apresentadas por alunos foram elencadas:
Falta de habilidade para operar com setas análogas, o que inclui a incompreensão
sobre o vetor manter suas propriedades quando transladado no plano;
Não entendimento acerca do significado da operação da soma geométrica como a
representação por meio de uma seta única do efeito gerado por todas as setasa serem
somadas;
Confusão entre a soma dos vetores e de seus módulos. Há incompreensão, por
exemplo, sobre o módulo do vetor resultante da soma de dois vetoresantiparalelos
serem uma subtração de seus módulos;
Não mobilização do efeito físico para encontrar o vetor resultante, o que implica na
incompreensão da soma de vetores em direções diferentes e, portanto, daregra do
paralelogramo;
14
Indistinção entre o vetor e sua representação.
Portanto, é preciso ensinar as operações com vetores dando o significado matemático que
a entidade possui e definir que a soma vetorial representa-se por um vetor fruto da
combinação dos demais envolvidos, possuindo o mesmo efeito físico destes, podendo ser
favorecido pela representação gráfica, uma vez que a utilização do desenho geométrico
permite concretizar conhecimentos geométricos teóricos, facilitando a definição de conceitos
e a demonstração de propriedades, e mobilizar ascapacidades de planejamento e organização,
a partir da conexão entre o raciocínio espacial e a percepção visual, de modo a facilitar o
pensamento lógico-dedutivo. (COSTA apud OLIVEIRA, 2005; ZUIN, 2001).
1.3. Movimento Circular
O Movimento Circular, presente na Mecânica Clássica, consiste naquele cujo ponto
material desloca-se em trajetória circular, variando assim a direção de sua velocidade. Isso
implica na partícula possuir um componente da aceleração perpendicular à trajetória.Um dos
movimentos circulares é aquele em que o móvel gira em torno de um ponto central, a uma
velocidade de magnitude constante, o que o faz perfazer o mesmo número de voltas em
tempos iguais. (MORS e VEIT, 2004). É um movimento cíclico, periódico, chamado
movimento circular e uniforme. Deter-nos-emos a esta modalidade de movimento, como
mostra a Figura 7.
Figura 7 - Representação do Movimento Circular.
Visto que esse movimento é não inercial, poisse mantêm por uma força resultante, a força
centrípeta, implica a necessidade de uma abordagem vetorial, que por sua vez tem seu caráter
abstrato tornando o assunto tortuoso para o professor e complexo para o aluno, resultando na
15
memorização de fórmulas e definiçõessem seus devidos conceitos físicos. Ao trabalhar com
uma partícula que gira em torno de um eixo, analisa-se o seu movimento a partir do ângulo
central varrido por ela ou a partir do seu deslocamento sobre a circunferência, ou seja, nesse
tipo de movimento descreveremos ora grandezas angulares ora grandezas lineares. A esse
respeito, Savaredaet al (2016) infere:
Desta forma, por apresentarem uma resultante não nula, os
movimentos de rotação são intrinsecamente não inerciais e,
dado o processo segundo o qual o movimento é geralmente
ensinado nos cursos de física, envolvem uma “passagem do
movimento linear para o movimento ao longo de um
percurso curvo” (EINSTEIN; INFELD, 1988). Esta
característica está no cerne da dificuldade de aprendizagem
– e também de ensino – sobre este tipo de movimento, tão
importante na descrição da natureza. (SAVAREDA et AL,
2016)
Seja uma circunferência de raio R e um ângulo plano θ, cuja delimitação sobre a
circunferência é um arco de comprimento L, como mostra a Figura 8 abaixo:
Figura 8 - Deslocamento angular de uma partícula.
Mostra-se que a razão entre o arco L e o raio R equivale ao ângulo θ:
2π -------------------- 2πR
θ-------------------- L
Assim,
2πL = 2πRθ
L = Rθ
16
θ = 𝐋
𝐑 (3)
Esta razão expressa, através de um número, quantas vezes o arco é maior que o raio. Quando
o ângulo delimita sobre a circunferência um arco cujo comprimento é igual ao raio temos
então 1rad (um radiano).Visto que “o movimento arbitrário de uma partícula no espaço pode
sempre ser tratado, num dado instante, como um movimento circular no plano”
(GONÇALVES, 2010), temos que num intervalo de tempo infinitesimal, a trajetória de uma
partícula pode ser representada como um elemento de comprimento de arco infinitesimal de
um círculo. Assim, a mudança angular de uma partícula em movimento numa trajetória
circular denomina-se velocidade angular, expressa pela equação:
𝝎 = ∆𝜽
∆𝒕 (4)
Considerando uma partícula em movimento circular cujo raio descrito será R ao redor de um
eixo perpendicular ao plano do movimento (Figura 9) se pode desenvolver a seguinte
conclusão: Sendo 𝑟 o vetor posição da partícula com relação a uma origem O do eixo de
rotação, a taxa de variação temporal deste vetor 𝑟 (t) é a velocidade linear da partícula, ou seja,
𝑟 (t) = v(t). Para o movimento aqui descrito, o módulo do vetor velocidade será:
𝒗 = R.∆𝜽
∆𝒕 = R. ω (5)
Figura 9 - Movimento Circular de uma partícula.
Diante do exposto, é perceptível que a velocidade angular é uma grandeza vetorial
onde sua direção é dada pelo eixo de rotação e o seu sentido pela Regra de Fleming – recurso
auxiliar de memória útil para estabelecimento da orientação do vetor resultante de um ponto
vetorial no espaço - podendo ser horário ou anti-horário. Devido ao estudo superficial desse
17
tipo de movimento pelos alunos, muitas grandezas caracterizam-se de forma incompleta
sendo preciso analisá-las com seu respectivo rigor geométrico.
Em uma trajetória curvilínea, a uma velocidade constante, a direção do vetor
velocidade varia e a este vetor associa-se um perpendicular, dirigido ao centro da trajetória –
o vetor aceleração centrípeta – devido ao movimento não inercial, uma vez que se mantém
por uma força resultante. Para os alunos do Ensino Médio geralmente é passado que seu
módulo se dá pela equação:
𝒂𝒄 = 𝒗²
𝑹 (6)
Onde v = velocidade escalar e R = raio. Porém é preciso escolher um caminho demonstrativo
para explorar esse conceito, a fim de torná-lo significativo. Uma das maneiras é resgatando o
conceito de hodógrafo na análise vetorial da velocidade e da aceleração para movimentos
curvilíneos.
A Figura 10 mostra uma trajetória centrada na origem do sistema de eixos cartesianos
tendo também a representação da velocidade instantânea do objeto em movimento:
Figura 10 - Corpo em movimento circular.
Por ser a taxa de variação do vetor posição, tal velocidade é tangente à trajetória e
perpendicular ao vetor posição cujo módulo equivale ao raio da trajetória circular. A esta
trajetória descrita pela extremidade desses vetores denominamos hodógrafo1. Da mesma
forma que, por ser tangente à trajetória, o vetor velocidade é perpendicular ao raio da
circunferência que representa o movimento, o vetor aceleração, por representar a taxa de
variação da velocidade, é tangente ao hodógrafo em todos os seus pontos. Dessa forma, no
movimento circular uniforme, este vetor forma 90º com o raio do hodógrafo (o vetor
1 Representação da variação do vetor velocidade com o tempo.
18
velocidade). Sendo assim, o vetor aceleração aponta necessariamente para o centro da
trajetória circular, sendo, portanto uma aceleração centrípeta (Figura 11).
Figura 11 - Vetor aceleração centrípeta.
A partícula se move então do primeiro ponto para o segundo em um intervalo de tempo
Δt.Durante este intervalo temporal, a variação do vetor velocidade Δ𝑣 pode ser representada
na Figura 12.
Figura 12 - Variação do vetor velocidade.
Relacionando a Figura 10 com a Figura 12 pode-se observar que os triângulos são
semelhantes, podendo assim deduzir a equação da aceleração centrípeta:
Dedução: 𝜟𝒗
𝒗𝟏 =
𝜟𝒔
𝑹 → 𝜟𝒗 = 𝒗𝟏
𝜟𝒔
𝑹
𝒂𝒎 = 𝜟𝒗
∆𝒕 →𝒂𝒎 =
𝒗𝟏.𝜟𝒔𝑹
𝜟𝒕
Como 𝒗𝟏 = 𝒗𝟐 = v
𝒂𝒎 = 𝐯
𝐑 .𝜟𝒔
𝜟𝒕 → 𝒂𝒎 =
𝐯²
𝐑
(7)
19
1.4. Óptica Geométrica
É sabido que para o entendimento da formação de imagens e suas características recorre-
se à geometria e trigonometria para a descrição da luz por meio de raios e suas leis. Sendo
assim, a Óptica constitui um ramo da Física voltado para o estudo de fenômenos luminosos e
suas propriedades. Segundo GIRCOREANO e PACCA:
Quando se estuda Óptica no curso de ensino médio, o
enfoque tradicionalmente se restringe ao estudo de aspectos
geométricos, baseados no conceito de raio de luz e na
análise das características de alguns elementos específicos,
como por exemplo, espelhos, lâminas de faces paralelas,
prismas e lentes. Todos esses elementos sempre são
indicados por retas e pontos num plano, sem ficar evidente
que a luz se propaga num espaço tridimensional, que há
uma fonte de luz e que existem obstáculos para a
propagação. (GIRCOREANO; PACCA, 2001).
Mesmo sabendo que é de suma importância abordar os aspectos citados acima, além
dos referentes à natureza da luz e sua interação com a matéria e com a percepção visual, a
análise geométrica é um apoio importante na validação do estudo da luz, sendo necessários
meios dinâmicos para abordá-la.
Sendo assim, os fenômenos estudados em Óptica Geométrica descrevem-se a partir da
noção de raio de luz e alguns conhecimentos sobre geometria. Assim, a representação gráfica
da luz em propagação (Figura 13) será uma linha orientada representando direção e sentido de
propagação, que por sua vez possui os seguintes princípios: Propagação retilínea,
Reversibilidade e Independência.
Figura 13 - Representação gráfica da luz.
Uma das aplicações do Princípio da Propagação Retilínea consiste no comportamento
óptico da Câmara Escura (Figura 14) – caixa de paredes opacas, com um pequeno orifício em
20
uma delas, por onde a luz do objeto iluminado passa, formando uma imagem invertida na
parede oposta à do orifício.
Figura 14 - Câmara escura e formação de imagem.
A relação entre a altura do objeto (o), altura da imagem (i), distância do objeto à câmara (p) e
o comprimento da câmara (p‟) é:
𝒊
𝒐 =
𝒑′
𝒑 (8)
Dentre os vários fenômenos ópticos, nos deteremos à Reflexão Regular da Luz que
consiste no retorno da luz para o meio de incidência. Dado um feixe de raios paralelos que
incidem sobre uma superfície plana e lisa é perceptível seu retorno, mantendo o paralelismo
(Figura 15):
Figura 15 - Reflexão Regular da Luz.
A este fenômeno enunciam-se duas leis, após definido uma normal (N) ao plano do espelho,
ou seja, um referencial perpendicular à superfície, o ângulo de incidência𝑖 e o ângulo
refletido𝑟 , sendo elas:
1. O raio incidente, o raio refletido e a reta normal são coplanares;
2. O ângulo de reflexão é igual ao ângulo de incidência.
Quanto aos dispositivos que promovem esse fenômeno, temos os espelhos – superfícies
planas ou curvas, que refletem um raio luminoso em uma direção definida, em vez de
21
absorvê-lo ou espalhá-lo em múltiplas direções. Quanto à sua classificação, podemos inferir
que:
Os Espelhos Planos: Caracterizam-se por possuir uma superfície lisa e plana que
reflete a luz de maneira regular, cujo processo de formação da imagem se dá pela
intersecção dos prolongamentos dos raios refletidos, como mostra a figura a
seguir:
Figura 16 - Formação de imagem em espelho plano.
Onde podemos dizer que objeto e imagem são equidistantes do espelho e possuem naturezas
contrárias, ou seja, quando o objeto for real a imagem será virtual.
Os Espelhos Esféricos: Caracterizam-se por serem calotas curvas onde uma de
suas superfícies (interna ou externa) é refletora.
Figura 17 - Tipos de espelhos esféricos.
Por sua vez, esses espelhos possuem os seguintes elementos geométricos (Figura 18):
Centro de curvatura (C), Foco (F), Vértice (V), Raio (R) e Distância focal (f).
22
Figura 18 - Elementos Geométricos de um espelho esférico.
O processo de formação de imagens (Figura 19 e Figura 20) para esse tipo de espelho
se dá pela intersecção dos raios notáveis 2tendo sua classificação de acordo com sua natureza,
posição e tamanho.
Figura 19-Formação de imagem num espelho côncavo.
Figura 20 - Formação de imagem em um espelho convexo.
2São raios em que seus comportamentos de reflexão são conhecidos.
23
Por fim, o estudo analítico desses espelhos pode ser expresso através da Equação de
Gauss, aquela que relaciona a posição do objeto (p), a posição da imagem (p‟) e a distância
focal do espelho:
𝟏
𝒇 =
𝟏
𝒑 +
𝟏
𝒑′ (9)
Em suma, “é notável a dificuldade que alguns encontram em compreender a Ótica, isso
decorre muitas vezes dos professores utilizarem meios abstratos, como o quadro negro, para
ministrar suas aulas de ótica, fazendo com que os alunos tenham certas dificuldades de
entendimento, típico do ensino tradicional”. (DINIZ, 2015)
1.5. Justificativa do projeto
O desenvolvimento desta sequência didática justifica-se pela notória dificuldade,
observada em minha carreira docente, enfrentada pelos alunos do Ensino Médio em aprender
Física e descrevê-la matematicamente. Dentre os inúmeros assuntos considerados torturantes
pelos estudantes temos com maior ênfase a Cinemática Vetorial, fruto da descrição da
entidade matemática vetor e suas operações geométricas, o Movimento Circular, devido sua
trajetória curvilínea e a consequente utilização de grandezas angulares e a Óptica Geométrica
por suas leis e representações físicas mediante Geometria e Trigonometria.
Desse modo, nota-se que os alunos vêem a descrição da Física através da Matemática sem
significado surgindo assim barreiras na aprendizagem. Assim, o não entendimento dessas
representações pode ser sanado mediante a criação de novas metodologias de ensino a fim de
tornar prazerosa e eficaz as aulas de Física. Neste contexto,a utilização de materiais
manipuláveis é imprescindível, pois além de promover a interatividade torna as
representações físicas concretas, a exemplo, a utilização do Multiplano, que através de sua
geometria proporciona várias manipulações táteis validando assuntos matemáticos e físicos.
Portanto, esta sequência visa contribuir para que as representações físicas tornem-se táteis,
através da utilização de um recurso didático manipulável, buscando dar mais significado ao
rigor matemático presente nos assuntos listados bem como objetiva tornar as aulas mais
inclusivas, uma vez que alunos com necessidades educacionais especiais também podem
utilizar esse tipo de recurso.
24
CAPÍTULO 2
2. Recursos didáticos
2.1. Materiais Manipuláveis
Entende-se por material manipulável uma das modalidades do material didático (MD),
que por sua vez pode ser definido como “qualquer instrumento útil ao processo ensino
aprendizagem”. (LORENZATO, 2006). Considera-se um material manipulável todo material
educacional, concreto ou usual, tendo como exemplos matemáticos: blocos algébricos,
geoplano, tangram, ábaco e outros, classificando-se como estáticos (quando não há alteração
da sua estrutura física a partir da sua manipulação) ou dinâmicos (quando ocorrem alterações
na estrutura física durante manipulação).
A origem desses materiais é datada desde o homem primitivo, quando este utilizou para o
método de contagem pedras ou marcas de varas, seguido do ábaco – tábua com fios paralelos
e contas deslizantes que de acordo com sua posição representa a quantidade a ser trabalhada.
A partir do século XV devido à criação dos algoritmos, esse material torna-se escasso, tendo
uma nova procura pelos defensores da Escola Ativa – movimento ocorrido no final do século
XIX e início do século XX voltado à renovação do ensino devido à necessidade da educação
caminhar junto com a crescente industrialização e expansão urbana. Também caracterizado
por movimento precursor da utilização de materiais manipuláveis visando apaziguar
dificuldades de ensino através do lema “Aprender fazendo” teve uma execução equivocada
por parte dos docentes, uma vez que ocorria uma simples manipulação empírica além da
resistência por parte do ensino tradicional, pois “uso de materiais ou objeto será considerado
pura perda de tempo, uma atividade que perturbava o silêncio ou a disciplinada classe”.
(FIORENTINI; MIORIN, 1990, p. 2).
Neste contexto, os materiais manipuláveis atuam como suporte na construção de conceitos
matemáticos pelos alunos e professores visto que “através da experimentação com diferentes
materiais, os alunos têm oportunidade de verificar intuitivamente como é que as coisas
funcionam, o que contribui para a fluência e flexibilidade no raciocínio.” (KELLY, 2006).
Sendo assim, esses materiais desempenham importantes ações, podendo destacar: a
promoção de um ensino dinâmico e desafiador; relaciona o mundo concreto e o abstrato da
25
geometria; desenvolve no manipulador sua intuição e percepção espacial, catalisando
experiências individuais de aprendizagem.
Diante do que foi exposto, é perceptível a evolução e importância de materiais didáticos
concretos, pois permite ao aluno progredir do concreto para o abstrato, atuando como um
auxiliar de ensino, para mediar a construção do conhecimento.
2.2. O Multiplano
O Multiplano consiste num material lúdico que através do tato possibilita a compreensão
de conceitos matemáticos. A origem desse recurso é datada desde 2000, pelo criador Rubens
Ferronato – criador e desenvolvedor de materiais pedagógicos voltados ao ensino da
matemática numa perspectiva inclusiva – que ao passar dificuldades com o ensino da
matemática para um aluno cego improvisou formas de aprendizagem de cálculo diferencial e
integrais, resultante após pesquisas na criação de um kit com uma placa perfurada, rebites e
elástico, como mostra a Figura 21.
Figura 21 - Multiplano.
O kit constitui-se de um tabuleiro regular no qual são encaixados pinos, fixados elásticos,
hastes de corpo circular, hastes para cálculo, base de operação, barras para gráficos, disco
circular que apresenta em sua periferia uma sequência de orifícios circulares, onde podem ser
combinadas duas ou mais peças pertinentes a uma determinada operação matemática que se
pretenda aprender e compreender por meio da visão e ou do tato.
Sendo assim, os assuntos que podem ser abordados são operações, equações, proporção,
funções, sistema linear, gráficos de funções, inequações, funções exponenciais e logarítmicas,
trigonometria, geometria plana e espacial e estatística. Esse tutorial visa abordar novos
26
conteúdos no Multiplano, presentes na Física, que necessitam de representações matemáticas
para sua melhor compreensão, sendo eles: Vetores, Movimento Circular e Óptica Geométrica.
2.3. Projeto inicial
A criação desta sequência didática surgiu fruto da experiência em lecionar Física no
Ensino Médio para alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE), em específico,
alunos cegos. Assim, diante da dificuldade em descrever gráficos e demais representações
físicas para este público buscou-se materiais que as tornassem concretas. Eis que surge, fruto
de pesquisas, o conhecimento sobre o Geoplano (Figura) – material concreto desenvolvido
por Dr. Caleb Gattegno para ensino/aprendizagem de Matemática.Diante desse contexto, após
conhecer o potencial desse material, foi aplicado o conteúdo Vetores e suas operações
obtendo com isso um significativo sucesso. Os resultados indicaram contribuições de cunho
pedagógico, profissional e social.
Figura 22 - Geoplano.
No plano pedagógico destaca-se a manipulação vetorial, a identificação das operações, a
construção de conceitos referentes às operações vetoriais e o desenvolvimento da oralidade e
da capacidade de resolução de problemas. Profissionalmente potencializou a percepção do
papel importante que tem o professor nas políticas de inclusão, cabendo a eles cumprir a
missão de disseminar materiais concretos e suas potencialidades nas escolas e por fim, quanto
à contribuição social, sua utilização terá caráter inclusivo uma vez que será usado na sala de
aula comum com toda a classe, além de trazer aos alunos com deficiência visual o gosto pelo
aprendizado, através de um conhecimento matemático efetivo que os tornam autônomos.
27
2.4. Projeto piloto
A fim de expandir as aplicações físicas em recursos didáticos manipuláveis o próximo
passo foi pesquisar um Geoplano mais maleável e com mais recursos físicos, encontrando
então o Multiplano – material lúdico criado por Rubens Ferronato para diversas verificações
matemáticas. Sendo assim, por possuir tábuas: retangular e circular, pinos removíveis e
plásticos, tamanho compacto e hastes, novas representações físicas podem ser aplicadas, em
especial para novo estudo sobre Vetores, Movimento Circular e Óptica Geométrica.
28
CAPÍTULO 3
3. Aplicação em sala de aula
3.1. Cenário prático
A aplicação deste trabalho foi realizada em uma escolar particular da cidade de Senhor do
Bonfim, Bahia, com um grupo de seis alunos da 2ª série do Ensino Médio. Para execução da
sequência, em uma sala de Laboratório, o grupo foi dividido em duplas, intituladas D1, D2 e
D3, para que pudessem compartilhar os desafios propostos e chegar à melhor dedução
possível.
3.2. Aulas
As aulas ocorreram no período de um mês, às terças-feiras, em turno vespertino. Foram
divididas nos seguintes tópicos:
Aula 1: Estudo de Vetores;
Aula 2: Introdução à Óptica Geométrica;
Aula 3: Espelhos Esféricos da Óptica;
Aula 4: Tópicos de Movimento Circular.
3.3. Metodologia da pesquisa: A Engenharia Didática
Criada na área da Didática das Matemáticas, por Artigue (1994, 1996), na década de
80 na França, guia-se no exercício de um engenheiro, uma vez que sua produção necessita
de um conhecimento científico sólido e exige construção de soluções para problemas não
previstos teoricamente. Preocupada com a ideologia da inovação, no que tange a
educação, “esta teoria abre caminho para qualquer tipo de experiência na sala de aula,
descolada de fundamentação científica.” (Carneiro, 2005).
Neste contexto, esta metodologia prima pela realização didática na sala de aula como
prática de investigação, baseada em conhecimentos matemáticos e didáticos. Com seu
caráter dual, a Engenharia Didática refere-se às produções para o ensino, fruto de
pesquisas, e a uma metodologia específica baseada nas experiências de sala de aula, ou
seja, a prática de ensino articula-se com o da investigação. Diz-se que esta teoria é
referencial para o desenvolvimento de produtos educacionais gerados na soma dos
conhecimentos: prático e teórico.
29
O funcionamento metodológico dessa engenharia, segundo Artigue (1996) inclui
quatro etapas: análise prévia; concepção e análise a priori das experiências didático-
pedagógicas, implementação da experiência e análise a posteriori juntamente com a
validação da experiência.O mapa conceitual abaixo sintetiza essa metodologia:
Figura 23 - Mapa conceitual da engenharia didática.
30
CAPÍTULO 4
4. Resultados obtidos e análises – Etapas da Engenharia Didática
4.1. Análise Prévia
Nesta etapa será analisado o funcionamento do ensino habitual do conteúdo, onde
apontaremos os efeitos desse ensino tradicional através das concepções dos alunos para com
os temas abordados. Segundo Carneiro (2005), “a tradição é vista como um estado de
equilíbrio do funcionamento de um sistema dinâmico que tem falhas. A reflexão sobre essas
falhas torna-se o ponto de partida para determinar condições possíveis de um ponto de
funcionamento mais satisfatório”, ou seja, ao analisar o resultado de um ensino tradicional
será possível mapear as dificuldades existentes nos alunos e assim propor outra metodologia
que sane essas lacunas.
Na Engenharia Didática é sugerido por Artigue (1996) que essa análise seja feita
mediante seu caráter epistemológico (dimensão epistemológica), didático (dimensão didática)
e cognitivo (dimensão cognitiva). Vamos nos deter em descrever a dimensão cognitiva, visto
que esta está associada às características do público ao qual se dirige o ensino a fim de nos
situar a respeito de seus conhecimentos prévios. Nesse sentido foi proposto um questionário
subjetivo, intitulado ATIVIDADE, no início de cada encontro, sendo eles voltados aos
conteúdos: Vetores, Óptica Geométrica e Movimento Circular. A seguir serão apresentados os
questionários seguidos das respostas dos alunos e uma análise destas:
Questionário:
ATIVIDADE 1
1. Defina um vetor.
2. O que diferencia uma grandeza vetorial de uma grandeza escalar?
3. Exemplifique grandezas vetoriais.
4. O que você entende pelas seguintes operações vetoriais:
Regra do polígono;
Regra do paralelogramo.
Respostas:
31
D1
1. Uma seta, segmento de reta.
2. Sem resposta.
3. Magnética, elétrica.
4. Sem resposta.
Sem resposta.
D2
1. Segmento de reta que pode designar uma direção.
2. Vetor indica direção e escalar determina tempo.
3. Velocidade, aceleração, direção.
4. Regra do polígono: Organizar na forma de um polígono/ Regra do
paralelogramo: São retas que paralelas formam um plano. Quando vetores são
paralelos soma ou diminui de acordo com sua direção.
D3
1. É uma reta que possui sentido, direção e módulo.
2. O módulo.
3. Luz, eletricidade.
4. Regra do polígono: A “soma” dos vetores que têm o mesmo sentido, a “subtração”
dos vetores que têm sentidos opostos e quando fosse projetado teria que ser início
com início e fim com fim./Regra do paralelogramo: Primeiramente tentar projetar um
vetor de acordo com a questão e geralmente era usado quando se tinha um ângulo de
90º para achar o resultante e quando fosse projetar teria que ser inicio com inicio e
fim com fim, era usado também cosseno e seno.
Análise:
O primeiro encontro com as duplas participantes do projeto norteou-se inicialmente
por um questionário subjetivo, intitulado ATIVIDADE 1. Nele procurou-se formalizar dados
sobre suas concepções acerca do que são vetores, das características das grandezas vetoriais
bem como exemplos e de algumas operações vetoriais.
32
Assim, ao ser solicitada a definição de vetores todos mostraram ter noção sobre a
entidade matemática tratada, porém houve confusão em classificar como reta ou segmento de
reta, mostrando a primeira lacuna no estudo da Geometria, como podemos ver no seguinte
discurso: “Reta que possui sentido, direção e módulo” (D3). Na sequência em que os alunos
deveriam caracterizar uma grandeza vetorial em detrimento de uma grandeza escalar é notória
a incompleta formação conceitual de vetores uma vez que uma dupla não respondeu e as
restantes apontaram apenas uma das características de uma grandeza vetorial: “Direção” (D2)
e “Módulo” (D3). Ainda relacionado ás grandezas vetoriais, as duplas ao exemplificá-las
mostraram lembranças de aplicações, muitas vezes não concisas, mas sem fuga do tema:
“magnética e elétrica” (D1) remetendo possivelmente a campo e força, “velocidade e
aceleração” (D2) evidenciando a cinemática vetorial e “luz, eletricidade” (D3) mostrando
relacionar luz a vetor provavelmente devido sua propagação radial estudada em óptica e
eletricidade remetendo a campo e força também. Por fim, no que tange às operações vetoriais,
uma dupla (D1) mostrou total desconhecimento e as restantes a informar recortes sem um
fechamento de dados, como por exemplo, sobre a regra do polígono: “Organizar na forma de
um polígono” (D2) e “Quando fosse projetado teria que ser início com início e fim com fim”
(D3). Sobre a regra do paralelogramo: “Geralmente era usado quando se tinha um ângulo de
90º para achar o resultante” e “Quando são paralelos soma ou diminui de acordo com sua
direção.” (D3) mostrando a não compreensão de direção e sentido, além de não reconhecerem
a equação para essa regra, como podemos destacar: “era usado também cosseno e seno”. (D3).
Em suma, podemos inferir que as duplas precisam entender geometricamente essa
entidade matemática, uma vez que há incompreensão desde sua caracterização até a
incompreensão na soma de vetores em direções diferentes, além da falta em apontar que ao
transladar vetores suas propriedades seriam mantidas.
Resumo da Análise Prévia mediante os PCN+ Ensino Médio/ Ciências da Natureza,
Matemática e suas Tecnologias:
Perguntas Concepções prévias
Competências e/ou
habilidades não
atingidas
Defina um vetor.
D1: Uma seta,
segmento de reta.
Na utilização de um
conceito ou unidade
33
D2: Segmento de
reta que pode
designar uma
direção
D3: É uma reta que
possui sentido,
direção e módulo.
de grandeza,
reconhecer ao mesmo
tempo sua
generalidade e o seu
significado específico
em cada ciência.
O que diferencia uma
grandeza vetorial de
uma grandeza escalar?
D1: Sem resposta.
D2: Vetor indica
direção e escalar
determina tempo.
D3: O módulo.
Reconhecer a relação
entre diferentes
grandezas, ou relações
de causa-efeito, para
ser capaz de
estabelecer previsões.
Exemplifique grandezas
vetoriais.
D1: Magnética,
elétrica.
D2: Velocidade,
aceleração, direção.
D3: Luz,
eletricidade.
Reconhecer e saber
utilizar corretamente
símbolos, códigos e
nomenclaturas de
grandezas da Física.
O que você entende
pelas seguintes
operações vetoriais:
Regra do
polígono;
Regra do
paralelogramo.
D1: Sem resposta.
D2: Regra do
polígono: Organizar
na forma de um
polígono/ Regra do
paralelogramo: São
retas que paralelas
formam um plano.
Quando vetores são
paralelos soma ou
diminui de acordo
com sua direção.
D3: Regra do
Expressar-se com
clareza, utilizando a
linguagem
matemática,
elaborando textos,
desenhos, gráficos,
tabelas, equações,
expressões e escritas
numéricas;
Frente a uma situação
ou problema,
reconhecer a sua
34
polígono: A “soma”
dos vetores que têm
o mesmo sentido, a
“subtração” dos
vetores que têm
sentidos opostos e
quando fosse
projetado teria que
ser início com início
e fim com fim./Regra
do paralelogramo:
Primeiramente
tentar projetar um
vetor de acordo com
a questão e
geralmente era
usado quando se
tinha um ângulo de
90º para achar o
resultante e quando
fosse projetar teria
que ser inicio com
inicio e fim com fim,
era usado também
cosseno e seno.
natureza e situar o
objeto de estudo
dentro dos diferentes
campos da
Matemática, ou seja,
decidir-se pela
utilização das formas
algébrica, numérica,
geométrica,
combinatória ou
estatística.
Traduzir uma situação
dada em determinada
linguagem para outra.
Interpretar, fazer uso e
elaborar modelos e
representações
matemáticas para
analisar situações.
Questionário:
ATIVIDADE 2
1. Cite características da luz.
2. O que é a câmara escura?
3. Quais as características da imagem formada na câmara escura?
35
4. Qual a relação entre alturas e distâncias do objeto e da imagem em uma câmara
escura?
5. Defina reflexão.
6. Quais os elementos da reflexão?
7. O que diferencia um espelho plano de um esférico?
8. Defina campo visual.
Respostas:
D1:
1. A luz branca é composta de sete faixas.
2. Câmara escura.
3. A imagem é invertida e virtual.
4. 𝑜′
𝑜 =
𝑝′
𝑝
5. Um raio de luz incide em um objeto que reflete o mesmo em uma direção oposta.
6. Sem resposta.
7. Plano: Imagem é igual / Esférico: Distorcida.
8. Toda luz que é absorvida pelo espelho é refletida.
D2:
1. Feixes de luz, calor, forma visão.
2. Câmera que forma imagens.
3. Imagens: real, plana, horizontal e invertida.
4. 𝐻
ℎ =
𝑜
𝑑
5. Reflexão é quando o raio incide no objeto e forma uma imagem.
6. Reta, raio incidente, refletor e normal.
7. Plano: Imagem real e invertida/ Esférico: Imagem distorcida.
8. Campo visual é onde forma a imagem.
D3:
1. Reflexo da luz/ Temos a percepção de enxergar as coisas por meio da luz, pois ela
tem uma propagação.
2. Uma câmera que criaram para nos mostrar como podemos enxergar e ela mostra a
imagem de forma invertida.
36
3. Podemos ver de forma invertida em relação ao objeto / real.
4. 𝑝′
𝑝′′ =
𝑜
𝑖
5. Reflexão é quando o raio incide na superfície e reflete.
6. Î = ângulo de reflexão, 𝑟 = ângulo de incidência, superfície refletora, RI = raio
incidente, RR = raio refletor.
7. Plano: Podemos ver apenas o que está na frente e atrás. / Esférico: Podemos
enxergar de várias maneiras, lados, frente, trás.
8. Campo visual é até onde podemos enxergar o objeto.
Análise:
Na sequência, temos a segunda atividade voltada para a introdução da Óptica
Geométrica, sendo evidenciado o objeto de estudo da área, a luz, desde suas características e
princípios até os fenômenos luminosos e suas aplicações. A fim de verificar as concepções
prévias das duplas acerca dessa área a primeira indagação proposta referiu-se às
características da luz. Assim, apenas uma dupla apontou característica: “é composta de sete
faixas” (D1), mostrando conhecer a chamada luz visível e sua composição de sete
freqüências. As demais duplas apontaram efeitos: “forma visão, calor” (D2) e “percepção de
enxergar as coisas” (D3).
Outro aspecto importante consiste em lembrarem-se da sua relação com o fenômeno
óptico reflexão: “reflexo da luz” (D3) e “feixes de luz” (D2). Contudo, é evidente que as
respostas são soltas, desprovidas de uma ideia concisa e de conceitos mais relevantes. Uma
das aplicações envolvendo a propagação retilínea da luz é a câmara escura de orifício. Nesse
sentido foi lançado para as duplas apontarem sua definição, as características da imagem
formada e a dedução matemática que está nesse dispositivo no que tange as alturas e posições
do objeto e da imagem. Duas duplas mostraram conhecer o dispositivo e seu principal
objetivo, ou seja, formar imagem: “uma câmera que criaram para mostrar como podemos
enxergar e ela mostra a imagem de forma invertida” (D3).
Quanto à imagem formada, muitas características erradas ou desnecessárias foram
apontadas: “Virtual” (D1), evidenciando não saber que sendo a imagem projetada, não pode
ser virtual, “Plana e horizontal” (D2). Mesmo assim, a maioria afirmou ser invertida a
imagem. Quanto à dedução, foi unânime mostrar que envolve uma razão entre grandezas,
porém as letras não vieram acompanhadas de significado, sendo a relação da dupla D3 a mais
37
segura visto que as letras o e i podem representar as alturas do objeto e imagem e pep‟as
posições deles respectivamente. Em seguida, os alunos deveriam definir reflexão e os
elementos que a representam fisicamente. A definição não foi precisa, mas as duplas
evidenciaram que o fenômeno representa retorno, mesmo que de forma indireta e com termos
incorretos, e que forma imagem: “um raio de luz incide em um objeto que reflete o mesmo em
uma direção oposta” (D1), “o raio incide no objeto e forma imagem” (D2) e “o raio incide na
superfície e reflete” (D3). Quanto aos seus elementos uma dupla mostrou desconhecer e as
outras apontaram bastantes elementos. Ao serem analisadas suas concepções sobre espelhos
(planos e esféricos) foi perceptível que registraram apenas os “efeitos” por eles vivenciados,
sem pontuar estrutura e/ou características da superfície e da imagem respectivamente: “plano:
imagem igual e esférica: imagem distorcida” (D1) revelando saber que no plano as
características são preservadas da imagem e no esférico, que isso não ocorre, “plano: podemos
ver apenas o que está na frente e atrás, esférico: podemos enxergar de várias maneiras, lados,
frente, trás” (D3). Também se pode destacar o não entendimento quanto a natureza, posição e
tamanho de imagens para cada tipo de espelho, havendo por exemplo a confusão entre
imagem real ou virtual e invertida ou enantiomorfa: “plano: imagem real e invertida” (D2).
Ainda sobre os espelhos, tem-se o campo visual, que consiste na região pela qual o
observador pode ver por reflexão. As duplas mostraram insegurança mesmo descrevendo
aspectos próximos da real definição: “é onde forma a imagem” (D2) e “é até onde podemos
enxergar o objeto” (D3)
Resumo da Análise Prévia mediante os PCN+ Ensino Médio/ Ciências da Natureza,
Matemática e suas Tecnologias:
Perguntas Concepções prévias
Competências e/ou
habilidades não atingidas
Cite características da luz.
D1: A luz branca é
composta de sete faixas.
D2: Feixes de luz, calor,
forma visão.
D3: Reflexo da luz/ Temos
a percepção de enxergar
Identificar regularidades,
associando fenômenos que
ocorrem em situações
semelhantes para utilizar as
leis que expressam essas
regularidades na análise e
previsões de situações do
38
as coisas por meio da luz,
pois ela tem uma
propagação.
dia-a-dia.
O que é a câmara escura?
D1: Câmara escura.
D2: Câmera que forma
imagens.
D3: Uma câmera que
criaram para nos mostrar
como podemos enxergar e
ela mostra a imagem de
forma invertida.
Conhecer modelos físicos
microscópicos para
adquirir uma compreensão
mais profunda dos
fenômenos e utilizá-los na
análise de situações-
problema
Quais as características da
imagem formada na
câmara escura?
D1: A imagem é invertida e
virtual.
D2: Imagens: real, plana,
horizontal e invertida.
D3: Podemos ver de forma
invertida em relação ao
objeto / real.
Qual a relação entre
alturas e distâncias do
objeto e da imagem em
uma câmara escura?
D1: 𝑜′
𝑜 =
𝑝′
𝑝
D2: 𝐻
ℎ =
𝑜
𝑑
D3: 𝑝′
𝑝′′ =
𝑜
𝑖
Reconhecer a relação entre
diferentes grandezas;
Elaborar modelos
simplificados de
determinadas situações, a
partir dos quais seja
possível levantar hipóteses
e fazer previsões;
Identificar e compreender
os diversos níveis de
explicação física,
39
microscópicos ou
macroscópicos, utilizando-
os apropriadamente na
compreensão de
fenômenos;
Reconhecer e saber utilizar
corretamente símbolos,
códigos e nomenclaturas de
grandezas da Física.
Defina reflexão.
D1: Um raio de luz incide
em um objeto que reflete o
mesmo em uma direção
oposta.
D2: Reflexão é quando o
raio incide no objeto e
forma uma imagem.
D3: Reflexão é quando o
raio incide na superfície e
reflete.
Identificar regularidades,
associando fenômenos que
ocorrem em situações
semelhantes para utilizar as
leis que expressam essas
regularidades na análise e
previsões de situações do
dia-a-dia.
Reconhecer a natureza dos
fenômenos envolvidos,
situando-os dentro do
conjunto de fenômenos da
Física e identificar as
grandezas relevantes, em
cada caso;
Na utilização de um
conceito ou unidade de
grandeza, reconhecer ao
mesmo tempo sua
generalidade e o seu
significado específico em
cada ciência.
40
Quais os elementos da
reflexão?
D1: Sem resposta.
D2: Reta, raio incidente,
refletor e normal.
D3: Î = ângulo de reflexão,
𝑟 = ângulo de incidência,
superfície refletora, RI =
raio incidente, RR = raio
refletor.
Conhecer modelos físicos
microscópicos para
adquirir uma compreensão
mais profunda dos
fenômenos e utilizá-los na
análise de situações-
problema;
Interpretar e fazer uso de
modelos explicativos,
reconhecendo suas
condições de aplicação;
Identificar regularidades,
associando fenômenos que
ocorrem em situações
semelhantes para utilizar as
leis que expressam essas
regularidades na análise e
previsões de situações do
dia-a-dia.
O que diferencia um
espelho plano de um
esférico?
D1: Plano: Imagem é igual
/ Esférico: Distorcida.
D2: Plano: Imagem real e
invertida/ Esférico:
Imagem distorcida.
D3: Plano: Podemos ver
apenas o que está na frente
e atrás. / Esférico:
Podemos enxergar de
várias maneiras, lados,
frente, trás.
Identificar regularidades;
Conhecer modelos físicos
microscópicos para
adquirir uma compreensão
mais profunda dos
fenômenos e utilizá-los na
análise de situações-
problema;
Interpretar e fazer uso de
modelos explicativos,
reconhecendo suas
41
condições de aplicação.
Defina campo visual. D1: Toda luz que é
absorvida pelo espelho é
refletida.
D2: Campo visual é onde
forma a imagem.
D3: Campo visual é até
onde podemos enxergar o
objeto.
Conhecer modelos físicos
microscópicos para
adquirir uma compreensão
mais profunda dos
fenômenos e utilizá-los na
análise de situações-
problema;
Identificar e compreender
os diversos níveis de
explicação física,
microscópicos ou
macroscópicos, utilizando-
os apropriadamente na
compreensão de
fenômenos;
Interpretar e fazer uso de
modelos explicativos,
reconhecendo suas
condições de aplicação.
Questionário
ATIVIDADE 3
1. O que é um espelho esférico?
2. Quais os tipos?
3. O que diferencia um espelho côncavo de um convexo?
4. Quantos raios devem existir no mínimo para observarmos a formação de imagem?
5. Quais os chamados raios notáveis?
6. Represente graficamente os elementos de um espelho esférico.
7. Quais características classificam uma imagem?
42
8. No espelho côncavo, temos cinco tipos de imagem. Como classificamos a imagem
formada num espelho quando o objeto situa-se por exemplo antes do centro de
curvatura?
Respostas
D1:
1. É um espelho em que possui um ponto de foco podendo aumentar ou diminuir a
imagem.
2. Côncavo e convexo.
3. Côncavo: Real e Invertida / Convexo: Virtual e Não invertida.
4. No mínimo dois.
5. Sem resposta. Imagem produzida
6. V, C, F, T,S
7. Virtual, real, invertida e não invertida.
8. Sem resposta. Imagem produzida.
D2:
1. Centro de curvatura.
2. Côncavo e convexo.
3. Côncavo: Imagem real / Convexo: Imagem virtual
4. Dois.
5. Sem resposta. Imagem produzida.
6. I = imagem, f = foco, c = centro de curvatura, o = objeto, v = vértice.
7. Real ou virtual, posição e tamanho.
8. Sem resposta. Imagem produzida.
D3:
1. Possui o maior campo de visão em que podemos ver todos os lados, possui foco,
vértice e centro.
2. Côncavo e convexo.
3. Formação de imagem: Em um deles é formada na parte de dentro e no outro na
parte de fora.
4. Dois: raio de incidência e raio de reflexão.
43
5. Todo raio que incide perpendicular passa pelo foco; Todo raio que incide no
centro, retorna pelo mesmo; Todo raio que incide no vértice retorna com a mesma
angulação.
6. V: vértice, C: centro, F: foco, R: raio e EP: eixo principal.
7. Real/Virtual; Maior/menor (que o objeto)/mesmo tamanho;Invertida/Mesmo
sentido que o objeto.
8. Real, invertida, mesmo tamanho que o objeto. Imagem produzida.
Análise
Ainda sobre o tema “Óptica Geométrica”, com delimitação nos espelhos esféricos, foi
investigado a primórdio sobre sua definição e classificação. Assim, as duplas não apontaram a
definição geral – calota esférica onde uma de suas superfícies é refletora – nem remeteram a
algo próximo, citando apenas alguns elementos geométricos que o compõem: “é um espelho
que possui um ponto de foco” (D1) e “possui foco, vértice e centro” (D3). Evidenciaram
também que esses espelhos podem possuir diferente campo visual e diferentes imagens:
“possui maior campo de visão” (D3) e “podendo aumentar ou diminuir a imagem” (D1).
Quanto aos tipos, todas as duplas mostraram conhecer a nomenclatura, porém, ao ser
solicitada a diferenciação entre esses tipos apenas uma dupla evidenciou a principal diferença
– côncavo: superfície refletora interna e convexo: superfície externa refletora –: “em um deles
a imagem é formada na parte de dentro e no outro na parte de fora” (D3). As outras duplas
apontaram apenas sobre as características da imagem formada, generalizando de forma
errônea ter no côncavo imagem real: “côncavo: imagem real/convexo: imagem virtual” (D2) e
“côncavo: real e invertida/convexo: virtual e não invertida” (D1). Quando à formação de
imagens todas as duplas apontam a necessidade de no mínimo dois raios notáveis para sua
construção, porém ao ser solicitada a descrição desses raios, a maioria só conseguiu
representar graficamente de forma errônea ou incompleta, no entanto uma dupla descreveu
com precisão: “Todo raio que incide perpendicular passa pelo foco; Todo raio que incide no
centro, retorna pelo mesmo; Todo raio que incide no vértice retorna com a mesma
angulação.”(D3)
Visto que os espelhos esféricos são analisados através de determinados elementos
geométricos, os alunos deveriam discorrer sobre eles. A primeira dupla apenas citou letras
sem seu significado enquanto as outras descreveram vários elementos. A imagem formada
44
pode ser classificada quanto à sua natureza, em real ou virtual, quanto à sua posição, em
direita ou invertida e quanto ao seu tamanho, em menor, igual ou maior ao objeto. Assim, as
duplas mostraram conhecer essas características: “Virtual, real, invertida e não invertida.”
(D1); “Real ou virtual, posição e tamanho.” (D2) e “Real/Virtual; Maior/menor (que o
objeto) /mesmo tamanho; Invertida/Mesmo sentido que o objeto.” (D3)
Por fim, cada espelho forma sua imagem com diferentes características. O côncavo,
por exemplo, a depender da posição do objeto em relação a determinado elemento geométrico
formará um tipo. Na investigação os alunos mostraram não dominar a representação
geométrica solicitada nem se lembraram das características.
Resumo da Análise Prévia mediante os PCN+ Ensino Médio/ Ciências da Natureza,
Matemática e suas Tecnologias:
Perguntas Concepções Prévias Competências e/ou
habilidades não atingidas
O que é um espelho
esférico?
D1: É um espelho em que
possui um ponto de foco
podendo aumentar ou
diminuir a imagem.
D2: Centro de curvatura.
D3: Possui o maior campo
de visão em que podemos
ver todos os lados, possui
foco, vértice e centro.
Identificar e compreender
os diversos níveis de
explicação física,
microscópicos ou
macroscópicos, utilizando-
os apropriadamente na
compreensão de
fenômenos.
Quais os tipos?
D1: Côncavo e convexo.
D2: Côncavo e convexo.
D3: Côncavo e convexo.
45
O que diferencia um
espelho côncavo de um
convexo?
D1: Côncavo: Real e
Invertida / Convexo:
Virtual e Não invertida.
D2: Côncavo: Imagem real
/ Convexo: Imagem virtual
D3: Formação de imagem:
Em um deles é formada na
parte de dentro e no outro
na parte de fora.
Identificar e compreender
os diversos níveis de
explicação física,
microscópicos ou
macroscópicos, utilizando-
os apropriadamente na
compreensão de
fenômenos.
Quantos raios devem
existir no mínimo para
observarmos a formação
de imagem?
D1: No mínimo dois.
D2: Dois.
D3: Dois: raio de
incidência e raio de
reflexão.
Quais os chamados raios
notáveis?
D1: Sem resposta. Imagem
produzida
D2: Sem resposta. Imagem
produzida.
D3: Todo raio que incide
perpendicular passa pelo
foco; Todo raio que incide
no centro, retorna pelo
mesmo; Todo raio que
incide no vértice retorna
com a mesma angulação.
Conhecer modelos físicos
microscópicos para
adquirir uma compreensão
mais profunda dos
fenômenos e utilizá-los na
análise de situações-
problema;
Interpretar e fazer uso de
modelos explicativos,
reconhecendo suas
condições de aplicação;
Elaborar modelos
simplificados de
determinadas situações, a
partir dos quais seja
46
possível levantar hipóteses
e fazer previsões.
Represente graficamente
os elementos de um
espelho esférico.
D1: V, C, F, T,S
D2: I = imagem, f = foco, c
= centro de curvatura, o =
objeto, v = vértice.
D3: V: vértice, C: centro,
F: foco, R: raio e EP: eixo
principal.
Elaborar modelos
simplificados de
determinadas situações, a
partir dos quais seja
possível levantar hipóteses
e fazer previsões.
Quais características
classificam uma imagem?
D1: Virtual, real, invertida
e não invertida.
D2: Real ou virtual,
posição e tamanho.
D3: Real/Virtual;
Maior/menor (que o
objeto)/mesmo
tamanho;Invertida/Mesmo
sentido que o objeto.
Identificar e compreender
os diversos níveis de
explicação física,
microscópicos ou
macroscópicos, utilizando-
os apropriadamente na
compreensão de
fenômenos.
No espelho côncavo, temos
cinco tipos de imagem.
Como classificamos a
imagem formada num
espelho quando o objeto
situa-se por exemplo antes
do centro de curvatura?
D1: Sem resposta. Imagem
produzida.
D2: Sem resposta. Imagem
produzida.
D3: Real, invertida, mesmo
tamanho que o objeto.
Imagem produzida.
Elaborar modelos
simplificados de
determinadas situações, a
partir dos quais seja
possível levantar hipóteses
e fazer previsões;
Construir uma visão
sistematizada dos diversos
tipos de interação e das
diferentes naturezas de
fenômenos da física para
47
poder fazer uso desse
conhecimento de forma
integrada e articulada;
Questionário
ATIVIDADE 4
1. O que é o movimento circular?
2. Existem grandezas escalares, vetoriais e angulares. O que caracteriza uma
grandeza angular?
3. Defina espaço angular.
4. Defina velocidade angular.
5. Defina aceleração centrípeta.
6. Em que situações cotidianas presenciamos um movimento circular?
Respostas
D1: Não compareceu à aula.
D2:
1. Movimento angular.
2. MUR e MCU se diferenciam pela trajetória.
3. É onde ocorre o movimento angular.
4. É a aceleração dentro do ângulo.
5. “Vezes 3” dentro do ângulo.
6. Ventilador, roda do carro, máquina de lavar.
D3:
1. O movimento circular é representado por uma roda que envolve correntes que
pode existir vários planos.
2. Grandezas angulares representadas por ângulos.
3. Espaço angular, distância entre ângulos. Quando percorre um espaço a distância é
dada em km.
4. Quando vamos ter uma aceleração entre ângulos.
48
5. Aceleração centrípeta é a aceleração que acontece do centro indo para as
extremidades em que vai circular por todas as partes dos ângulos.
6. Bicicleta: Nas correias. Polias.
Análise
Esta consiste na última etapa da investigação geral das concepções prévias dos alunos
e envolve o assunto Movimento Circular, no âmbito da cinemática vetorial, sendo ele um caso
específico do movimento curvilíneo. Ao ser perguntado sobre a definição desse movimento as
duplas de forma direta e indireta explicitaram ser um movimento de rotação, respectivamente:
“movimento angular” (D2) e “representado por uma roda que envolve correntes” (D3).
Didaticamente, esse movimento é analisado através de um corpo que gira em torno de um
eixo varrendo assim um ângulo central e descrevendo um deslocamento sobre a
circunferência. Desse modo, os alunos deveriam caracterizar uma grandeza angular e
posteriormente definir algumas delas – espaço, velocidade e aceleração angular -. Desse
modo, as duplas não conseguiram caracterizar tais grandezas, expressando apenas pontos
soltos: “se diferenciam pela trajetória” (D2) e “representadas por ângulos” (D3).
Quanto ao espaço angular, demonstram insegurança e poucas considerações: “onde
ocorre o movimento angular” (D2) e “distância entre ângulos” (D3). Sobre a velocidade
angular, as duplas demonstram entendê-la como uma taxa de variação relacionada à rapidez, à
qual elas chamam de aceleração, não descrevendo de forma precisa seu conceito: “é a
aceleração dentro do ângulo” (D2) e “quando vamos ter uma aceleração entre ângulos” (D3).
A respeito da aceleração centrípeta houve a tentativa de descrição de uma expressão
matemática por uma dupla, comprovando sua não compreensão conceitual e dedutiva: “vezes
3 dentro do ângulo” (D2). A outra dupla apresentou sucintamente o caráter vetorial dessa
aceleração: “é a aceleração que acontece do centro indo para as extremidades”. (D3).
Por fim, os alunos deveriam expor situações cotidianas relacionadas ao movimento
circular. Neste quesito não mostraram dificuldade em identificá-las, apontando vários
exemplos: “Ventilador, roda do carro, máquina de lavar.” (D2) e “Bicicleta: Nas correias.
Polias.” (D3), porém devido às respostas anteriores, é notório que demonstrariam dificuldade
em abstrair nessas ocorrências cotidianas a situação teórica desenvolvida.
49
Resumo da Análise Prévia mediante os PCN+ Ensino Médio/ Ciências da Natureza,
Matemática e suas Tecnologias:
Perguntas Concepções Prévias Competências e/ ou
habilidades não atingidas
O que é o movimento
circular?
D2: Movimento angular.
D3: O movimento circular
é representado por uma
roda que envolve correntes
que pode existir vários
planos.
Na utilização de um
conceito ou unidade de
grandeza, reconhecer ao
mesmo tempo sua
generalidade e o seu
significado específico em
cada ciência.
Existem grandezas
escalares, vetoriais e
angulares. O que
caracteriza uma grandeza
angular?
D2: MUR e MCU se
diferenciam pela trajetória.
D3: Grandezas angulares
representadas por ângulos.
Ser capaz de escolher e
fazer uso da linguagem
mais apropriada em cada
situação
Reconhecer a relação entre
diferentes grandezas;
Na utilização de um
conceito ou unidade de
grandeza, reconhecer ao
mesmo tempo sua
generalidade e o seu
significado específico em
cada ciência.
Defina espaço angular.
D2: É onde ocorre o
movimento angular.
D3: Espaço angular,
distância entre ângulos.
Quando percorre um
espaço a distância é dada
Identificar e compreender
os diversos níveis de
explicação física,
microscópicos ou
macroscópicos, utilizando-
os apropriadamente na
50
em km.
compreensão de
fenômenos;
Na utilização de um
conceito ou unidade de
grandeza, reconhecer ao
mesmo tempo sua
generalidade e o seu
significado específico em
cada ciência.
Defina velocidade angular.
D2: É a aceleração dentro
do ângulo.
D3: Quando vamos ter
uma aceleração entre
ângulos.
Identificar e compreender
os diversos níveis de
explicação física,
microscópicos ou
macroscópicos, utilizando-
os apropriadamente na
compreensão de
fenômenos;
Na utilização de um
conceito ou unidade de
grandeza, reconhecer ao
mesmo tempo sua
generalidade e o seu
significado específico em
cada ciência.
Defina aceleração
centrípeta.
D2: “Vezes 3” dentro do
ângulo.
D3: Aceleração centrípeta
é a aceleração que
acontece do centro indo
para as extremidades em
que vai circular por todas
Na utilização de um
conceito ou unidade de
grandeza, reconhecer ao
mesmo tempo sua
generalidade e o seu
significado específico em
cada ciência;
51
as partes dos ângulos.
Identificar e compreender
os diversos níveis de
explicação física,
microscópicos ou
macroscópicos, utilizando-
os apropriadamente na
compreensão de
fenômenos;
Compreender que tabelas,
gráficos e expressões
matemáticas podem ser
diferentes formas de
representação de uma
mesma relação, com
potencialidades e
limitações próprias, para
ser capaz de escolher e
fazer uso da linguagem
mais apropriada em cada
situação, além de poder
traduzir entre si os
significados dessas várias
linguagens.
Em que situações
cotidianas presenciamos
um movimento circular?
D2: Ventilador, roda do
carro, máquina de lavar.
D3: Bicicleta: Nas
correias. Polias.
52
4.2. Concepções e Análise a Priori
Nesta etapa da Engenharia Didática serão descritas variáveis que nortearão a
sequência proposta, as chamadas variáveis de comando, que por sua vez serão elencadas no
âmbito global (variáveis globais) – aquelas referentes à organização geral da engenharia – e
no âmbito local (variáveis locais) – aquelas articuladas com previsões a respeito do
comportamento dos alunos. Segundo Artigue (1996), essa fase comporta uma parte descritiva
e uma parte preditiva.
Desse modo, as variáveis globais são:
Representar graficamente abstrações matemáticas presentes nos conteúdos físicos
selecionados;
Utilizar recursos manipuláveis, fazendo opção pelo Multiplano, devido seu preciso
caráter geométrico e seu fácil e eficaz manuseio;
Expor vetores como uma entidade matemática cujas operações são geométricas;
Traçar técnicas para cálculos físicos;
Trabalhar em sala de aula sempre conectando diferentes recursos didáticos: papel,
material manipulável e discurso, para usufruir ao máximo do desempenho dos alunos.
Quanto às escolhas locais, serão expostas nas situações didáticas propostas.Contudo
serão traçadas hipóteses que contribuirão para a validação da engenharia, uma vez que
serão comparadas com os resultados finais. Carneiro salienta que:
Para efeitos da validação, as hipóteses não podem
ser muito amplas, a ponto de por em jogo
processos de aprendizagem em longo prazo. Ao
expressá-las, é preciso ter consciência de que
vamos voltar a elas, durante a experimentação,
checando-as, inquirindo-as.(CARNEIRO, 2005).
Dessa forma, foram formuladas as seguintes hipóteses:
1. Em nível cognitivo acredita-se que com esta sequência os alunos irão adquirir
conhecimentos físicos mediante análise geométrica. Em se tratando das habilidades
presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências da Natureza, Matemática
e suas Tecnologias pretende-se mostrar que algumas serão adquiridas por eles;
53
2. As representações físicas produzidas no Multiplano tornarão as idéias abstratas
manipuláveis, servindo para os alunos simularem e testarem técnicas antes feitas com
um único recurso didático;
3. Acredita-se no caráter inclusivo dessa sequência, uma vez que o recurso utilizado é
tátil, possibilitando a inserção dos alunos com necessidades educacionais especiais
(NEE) na sala de aula comum.
4.3. Experimentação
Durante o período de quatro encontros, desenvolvidos em um mês, foi aplicada a
sequência didática intitulada “Um toque na abstração” e coletados registros em forma de
imagem para análise do ensino e aprendizagem dos alunos envolvidos. A análise desse
material é essencial para a etapa da validação.
A primeira aula teve início com a apresentação do Multiplano – material manipulável
que através do tato possibilita representações geométricas – para a turma e suas regras de uso.
Após essa interação foi apresentado o primeiro assunto a ser trabalhado: Vetores. Na primeira
etapa da aula 1, os alunos em dupla deveriam representar um vetor no plano retangular a partir
de ligas de borracha que simbolizam linhas, pinos que simbolizam pontos e marcadores para
os pinos que representarão a orientação das linhas. Essa ação possibilita entenderem a
definição de vetor e suas características Em seguida, foram apresentados exemplos de
grandezas vetoriais: deslocamento, velocidade, força, dentre outras e explicitado serem
grandezas que são completamente caracterizadas até que uma magnitude, direção e sentido
sejam especificados. Após esse momento foi abordado que em muitas situações físicas é
preciso representar mais de um vetor atuando em um mesmo ponto, sendo necessário um
vetor que os represente, o vetor resultante, que por sua vez é determinado por regras, as
operações vetoriais. Assim, as duplas foram solicitadas a fazerem três regras no Multiplano: A
regra do polígono, do paralelogramo e a diferença de vetores. Em resumo, cada regra possui
técnicas específicas que puderam ser feitas e validadas. Essa atividade se desenvolveu a fim
dos alunos conhecerem as regras, traçarem suas técnicas e compreenderem que se tratam de
operações geométricas.
54
A segunda aula teve como tema a óptica geométrica. Tendo como objeto de estudo a
luz, os alunos conheceram e analisaram fenômenos e propriedades. Inicialmente, as duplas
representaram os raios de luz no Multiplano e conheceram seus princípios. Nesta etapa a
turma aprendeu sobre as regras úteis para o desenrolar do conteúdo. Após estudo dos
princípios, a sequência segue para uma aplicação deles, a câmara escura. No Multiplano as
duplas estabeleceram a relação entre altura e distância do objeto e imagem formada. Na
execução desta ação foi possível compreender semelhança de triângulos e sua aplicação, além
da observação das características da imagem formada.
Em seguida, as duplas se depararam com o estudo de fenômenos ópticos, em
específico, a reflexão. Para sua representação foi utilizada a tábua circular do Multiplano a
fim de validar as leis da reflexão. Por fim, ocorreu o estudo dos espelhos, uma vez que sua
superfície é refletora. No material manipulável os alunos representarão um espelho plano, o
processo de formação de imagem e suas características, bem como o campo visual. O objetivo
desta etapa está em explorar a reflexão da luz de forma geométrica.
A terceira aula dá continuidade ao assunto Óptica Geométrica, mas com ênfase nos
espelhos esféricos. Inicialmente os alunos deveriam simular o comportamento da luz ao
incidir numa calota esférica, representada pela tábua circular, em sua parte interna e depois
em sua parte externa. Nesta ação é possível caracterizar um espelho esférico e classificá-lo em
côncavo ou convexo. Este tipo de espelho possui alguns elementos geométricos que serão
referenciais para a propagação de “diferentes tipos de raios” – os raios notáveis -. Sendo
assim, as duplas marcaram na tábua circular, com pinos, os elementos: centro de curvatura
(C), foco (F), vértice (V) e raio (R), além de por uma liga entre eles para simbolizar o eixo
principal. Com estes elementos fixados já é possível estudar sobre o processo de formação de
imagens mediante intersecção de raios notáveis. Assim, as duplas representaram o
comportamento de três raios notáveis que tocam no vértice, foco e centro de curvatura
respectivamente. O objetivo desta ação é identificar a posição dos elementos geométricos que
compõem um espelho esférico e conhecer o comportamento dos raios notáveis. Por fim,
trabalharam o processo de formação das imagens nos dois tipos de espelhos esféricos. Com
esse processo os alunos podem inferir sobre a localização da imagem formada, suas
características referentes a natureza, posição e tamanho e as consequências dessa formação
para caracterização dos tipos de espelhos.
55
Na quarta e última aula, o assunto físico abordado foi o Movimento Circular e
Uniforme. Trabalhando com um corpo que gira em torno de um eixo analisa-se seu
movimento a partir do ângulo central varrido por ele ou a partir do seu deslocamento sobre a
circunferência. Desse modo, os alunos desenvolveram técnicas na tábua circular para simular
esse movimento e converter uma grandeza escalar em angular. Em seguida foi simulada a
velocidade angular do corpo através da variação média do ângulo descrito pelo corpo em
relação ao tempo. Com esta ação foi conhecida a equação que a descreve e o seu caráter
vetorial bem como a relação entre velocidade angular e linear. A última ação se dá com a
análise geométrica da aceleração centrípeta e a dedução de sua fórmula.
4.4. Análise a posteriori
Nessa etapa ocorreu a análise sobre os dados obtidos na experimentação para
posteriormente validar ou não a pesquisa sobre a aprendizagem física no Multiplano. Para
cada ação das duplas, foi descrito o procedimento, as habilidades desempenhadas e o
confronto com a análise a priori. No texto não serão apresentadas todas as imagens das ações
para não torná-lo extenso, porém garantem uma precisa sintetização para análise.
Aula 1: Estudo de Vetores
Atividade1: Representação de um vetor
Imagens:
Figura 24 - Vetor - D1
56
Figura 25 - Registro escrito - D1
Figura 26 - Vetor - D2
Figura 27 - Registro escrito - D2
Figura 28 - Vetor - D3
Figura 29 - Registro escrito - D3
57
Procedimentos:
Criação de reta através de dois pontos;
Delimitação do segmento de reta;
Determinação do módulo, direção e sentido do vetor.
Habilidades desempenhadas:
Definição de um vetor;
Caracterização de um vetor.
Confronto com a análise a priori:
Competência adquirida:
Geral: Na utilização de um conceito ou unidade de grandeza, reconhecer ao mesmo tempo sua
generalidade e o seu significado específico em cada ciência.
Específica: Definir e caracterizar um vetor.
*Vale ressaltar que D2 não obteve sucesso nesta atividade.
Atividade 2: Regra do Polígono
Imagens:
Figura 30 - Regra do Polígono - D1
58
Figura 31 - Regra do Polígono - D2
Figura 32 - Regra do Polígono - D3
Procedimentos:
Criação de vetores diferentes;
Soma dos vetores;
Criação do vetor resultante.
Habilidades desempenhadas:
Criação de vetores através de segmentos de reta com módulo, direção e sentido;
Soma vetorial a partir da Regra do Polígono;
Determinação do vetor resultante.
Confronto com a análise a priori:
Competências adquiridas:
Geral:
1. Expressar-se com clareza, utilizando a linguagem matemática, elaborando textos,
desenhos, gráficos, tabelas, equações, expressões e escritas numéricas;
59
2. Frente a uma situação ou problema, reconhecer a sua natureza e situar o objeto de
estudo dentro dos diferentes campos da Matemática, ou seja, decidir-se pela utilização
das formas algébrica, numérica, geométrica, combinatória ou estatística;
3. Interpretar, fazer uso e elaborar modelos e representações matemáticas para analisar
situações.
Específicas:
Caracterizar um vetor;
Transmutar um vetor;
Somar geometricamente utilizando a Regra do Polígono.
Atividade 3: Regra do Paralelogramo
Imagens:
Figura 33 - Regra do Paralelogramo - D1
60
Figura 34 - Registro escrito - D1
Figura 35 - Regra do Paralelogramo - D2
61
Figura 36 - Registro escrito - D2
Figura 37 - Regra do Paralelogramo - D3
Figura 38 - Registro escrito - D3
62
Procedimentos:
Criação de vetores em um mesmo ponto;
Prolongamento dos vetores;
Junção da origem dos vetores com as extremidades de seus prolongamentos;
Determinação do vetor resultante;
Aferimento do módulo do vetor resultante.
Habilidades:
Criar vetores diferentes e com angulação entre si;
Execução da soma vetorial através da Regra do Paralelogramo;
Determinação do vetor resultante.
Confronto com a análise a priori:
Competências adquiridas:
1. Expressar-se com clareza, utilizando a linguagem matemática, elaborando textos,
desenhos, gráficos, tabelas, equações, expressões e escritas numéricas;
2. Fazer uso de formas e instrumentos de medida apropriados para estabelecer
comparações quantitativas;
3. Frente a uma situação ou problema, reconhecer a sua natureza e situar o objeto de
estudo dentro dos diferentes campos da Matemática, ou seja, decidir-se pela utilização
das formas algébrica, numérica, geométrica, combinatória ou estatística;
4. Interpretar, fazer uso e elaborar modelos e representações matemáticas para analisar
situações.
Aula 2: Introdução à Óptica Geométrica
Atividade 1: Câmara escura e sua equação.
Imagens:
63
Figura 39 - Representação - Formação de imagem na câmara escura – D1
Figura 40 - Registro escrito - D1
Figura 41 - Representação - Formação de imagem na câmara escura – D2
64
Figura 42 - Registro escrito - D2
Figura 43 - Representação - Formação de imagem na câmara escura – D3
Figura 44 - Registro escrito - D3
Procedimentos:
Criação de um objeto (o) a uma distância (p) do ponto O;
Inserção de um triângulo que contemple os itens citados acima simulando a
propagação da luz;
Criação de triângulo semelhante com altura (p‟) e sua respectiva base (i).
65
Habilidades:
Aplicação da semelhança de triângulos;
Observação do comportamento dos raios de luz e formação de imagem numa câmara
escura;
Dedução da relação entre alturas e distâncias do objeto e da imagem.
Confronto com a análise a priori:
Competências adquiridas:
1. Reconhecer a relação entre diferentes grandezas;
2. Elaborar modelos simplificados de determinadas situações, a partir dos quais seja
possível levantar hipóteses e fazer previsões;
3. Identificar e compreender os diversos níveis de explicação física, microscópicos ou
macroscópicos, utilizando-os apropriadamente na compreensão de fenômenos;
4. Conhecer modelos físicos microscópicos para adquirir uma compreensão mais
profunda dos fenômenos e utilizá-los na análise de situações-problema;
5. Reconhecer e saber utilizar corretamente símbolos, códigos e nomenclaturas de
grandezas da Física.
Atividade 2: Leis da Reflexão
Imagens:
Figura 45 - Reflexão da luz - D1
66
Figura 46 - Reflexão da luz - D2
Figura 47 - Reflexão da luz - D3
Procedimentos:
Traçado da superfície (S) de incidência da luz;
Traçado da reta normal (N);
Representação da luz refletida através dos raios incidente e refletido com seus
respectivos ângulos (i e r).
Habilidades:
Utilizar as leis da reflexão.
Confronto com a análise a priori:
Competências adquiridas:
67
1. Conhecer modelos físicos microscópicos para adquirir uma compreensão mais
profunda dos fenômenos e utilizá-los na análise de situações-problema;
2. Interpretar e fazer uso de modelos explicativos, reconhecendo suas condições de
aplicação;
3. Identificar regularidades, associando fenômenos que ocorrem em situações
semelhantes para utilizar as leis que expressam essas regularidades na análise e
previsões de situações do dia-a-dia.
Atividade 3: Campo Visual
Imagens:
Figura 48 - Campo Visual - D1
Figura 49 - Campo Visual - D2
68
Figura 50 - Campo Visual - D3
Procedimentos:
Simulação da face de um espelho plano;
Posicionamento de um observador;
Delimitação da região observável através de dois raios incidentes e sua devida
reflexão.
Habilidades:
Utilizar as leis da reflexão.
Confronto com a análise a priori:
Competências adquiridas:
1. Conhecer modelos físicos microscópicos para adquirir uma compreensão mais
profunda dos fenômenos e utilizá-los na análise de situações-problema;
2. Identificar e compreender os diversos níveis de explicação física, microscópicos ou
macroscópicos, utilizando-os apropriadamente na compreensão de fenômenos;
3. Interpretar e fazer uso de modelos explicativos, reconhecendo suas condições de
aplicação.
Aula 3: Espelhos Esféricos da Óptica Geométrica
Atividade 1: Raios Notáveis
Imagens:
69
Figura 51 - Raios Notáveis - D1
Figura 52 - Raios Notáveis - D2
Figura 53 - Raios Notáveis - D3
Procedimentos:
Representação do comportamento de alguns raios luminosos ao incidir numa
superfície côncava, onde:
R1 (Raio 1): Incide paralelo e toca no foco;
R2 (Raio 2): Incide no vértice e reflete simetricamente em relação ao eixo principal;
R3 (Raio 3): Incide sobre o centro de curvatura e reflete sobre si mesmo.
Habilidades:
70
Caracterização de um espelho esférico;
Determinação dos elementos geométricos de um espelho esférico;
Aplicação das leis da reflexão;
Distinção do comportamento de alguns raios luminosos.
Confronto com a análise a priori:
Competências adquiridas:
1. Conhecer modelos físicos microscópicos para adquirir uma compreensão mais
profunda dos fenômenos e utilizá-los na análise de situações-problema;
2. Interpretar e fazer uso de modelos explicativos, reconhecendo suas condições de
aplicação;
3. Elaborar modelos simplificados de determinadas situações, a partir dos quais seja
possível levantar hipóteses e fazer previsões.
Atividade 2: Formação de imagem
Imagens:
Figura 54 - Formação de imagem - D1
71
Figura 55 - Formação de imagem - D2
Figura 56 - Formação de imagem - D3
Procedimentos:
Representação de um espelho esférico (E);
Traçado do eixo principal com os elementos: vértice (V), foco (F) e centro de
curvatura (C);
Representação de um objeto (o) posicionado além do centro de curvatura;
Aplicação de dois raios notáveis (R1 e R2);
Representação da imagem (i).
Habilidades:
Aplicação dos raios notáveis;
Formação de imagem em um espelho côncavo;
Caracterização da imagem quanto a sua natureza, posição e tamanho.
72
Confronto com a análise a priori:
Competências adquiridas:
1. Elaborar modelos simplificados de determinadas situações, a partir dos quais seja
possível levantar hipóteses e fazer previsões;
2. Construir uma visão sistematizada dos diversos tipos de interação e das diferentes
naturezas de fenômenos da física para poder fazer uso desse conhecimento de forma
integrada e articulada;
Aula 4: Tópicos de Movimento Circular
Atividade 1:Relação entre espaço angular e linear
Imagens:
Figura 57 - Deslocamento angular e linear – D2
73
Figura 58 - Deslocamento angular e escalar - D3
Procedimentos:
Representação de determinado ângulo varrido;
Medição do raio e do espaço escalar;
Transporte do raio e do espaço escalar para a tábua retangular;
Determinação do módulo do espaço escalar.
Habilidades:
Caracterização do movimento circular;
Definição do espaço escalar e angular;
Verificação da relação entre uma grandeza escalar e uma angular.
Confronto com a análise a priori:
Competências adquiridas:
1. Identificar e compreender os diversos níveis de explicação física, microscópicos ou
macroscópicos, utilizando-os apropriadamente na compreensão de fenômenos;
2. Na utilização de um conceito ou unidade de grandeza, reconhecer ao mesmo tempo
sua generalidade e o seu significado específico em cada ciência.
74
Atividade 2: Velocidade angular
Imagens:
Figura 59 - Velocidade angular (W) - D2
Figura 60 - Determinação das velocidades: angular e escalar – D2
75
Figura 61 - Velocidade angular (W) - D3
Figura 62 - Determinação das velocidades: angular e escalar – D3
Procedimentos:
Representação de um deslocamento angular;
Medição do tempo em que o deslocamento ocorre;
Simulação vetorial da velocidade angular;
Determinação do módulo da velocidade angular.
Habilidades:
Definição da velocidade angular e seu caráter vetorial;
76
Verificação da relação entre velocidades: angular e escalar
Confronto com a análise a priori:
Competências adquiridas:
1. Identificar e compreender os diversos níveis de explicação física, microscópicos ou
macroscópicos, utilizando-os apropriadamente na compreensão de fenômenos;
2. Na utilização de um conceito ou unidade de grandeza, reconhecer ao mesmo tempo
sua generalidade e o seu significado específico em cada ciência.
Atividade 3: Definição da aceleração centrípeta
Imagens:
Figura 63 - Representação do vetor velocidade – D2 e D3
Figura 64 - Resultante das velocidades - D2 e D3
77
Figura 65 - Dedução matemática da aceleração centrípeta - D2 e D3
Procedimentos:
Deslocamento angular;
Representação do vetor velocidade tangencial à curva em duas posições;
Representação vetorial da variação da velocidade;
Representação do vetor aceleração apontando para o centro da curva;
Dedução matemática da aceleração centrípeta através da semelhança entre triângulos.
Habilidades:
Análise vetorial das grandezas velocidade e aceleração no movimento circular;
Dedução do módulo da aceleração centrípeta através da semelhança de triângulos.
Confronto com a análise a priori:
Competências adquiridas:
1. Na utilização de um conceito ou unidade de grandeza, reconhecer ao mesmo tempo
sua generalidade e o seu significado específico em cada ciência;
2. Identificar e compreender os diversos níveis de explicação física, microscópicos ou
macroscópicos, utilizando-os apropriadamente na compreensão de fenômenos;
3. Compreender que tabelas, gráficos e expressões matemáticas podem ser diferentes
formas de representação de uma mesma relação, com potencialidades e limitações
próprias, para ser capaz de escolher e fazer uso da linguagem mais apropriada em cada
situação, além de poder traduzir entre si os significados dessas várias linguagens.
78
4.5. Validação
Nesta fase final da Engenharia Didática procurou-se analisar os acertos e erros na
proposta de ensino desenvolvida, baseada no confronto da análise a priori e posteriori. Desse
modo, serão avaliadas as escolhas para realização da sequência a fim de analisar as variáveis
globais e as hipóteses para identificar a contribuição para a aprendizagem dos alunos
envolvidos.
De forma ampla, temos que a sequência foi bem executada devido ao maior interesse e
participação do grupo, uma vez que um novo recurso didático, de caráter manipulável, foi
inserido, tornando-a mais atrativa e empolgante. Antes da experimentação foi observada a
dificuldade dos alunos expressarem corretamente os pensamentos físicos em registro escrito.
Podemos inferir que essa carência foi superada nesta sequência, pois os alunos puderam se
expressar de outra forma, através de representações geométricas concretas. No que tange a
utilização do Multiplano observa-se êxito em seu uso, uma vez que os alunos não
apresentaram dificuldades em sua manipulação, além de poderem validar os assuntos
aplicados.
Quanto aos objetivos específicos alcançados em cada atividade proposta é válido
pontuar que:
1. Na aula 1, referente ao estudo de vetores, os alunos teriam que definir e caracterizar
um vetor, bem como verificar técnicas da soma vetorial. O objetivo proposto foi
alcançado, pois os alunos puderam representar segmentos de reta e caracterizá-los de
forma tátil além de executarem a operação geométrica de forma concreta e validarem
mediante medições;
2. Na aula 2, voltada para a introdução do estudo da óptica geométrica, os alunos, ao
conhecerem o comportamento da luz, deveriam desenvolver suas aplicações que vão
desde a formação de imagem em uma câmara escura até espelhos. O objetivo foi
atingido, pois as duplas, ao representarem a propagação retilínea da luz, puderam
averiguar como se dá o processo de formação da imagem na câmara escura bem como
deduzir a equação que relaciona tamanho e distância do objeto e da imagem. Em
seguida também verificaram as leis da reflexão e as aplicaram para a formação de
imagem em um espelho plano, bem como a caracterização do seu campo visual
mediante representações geométricas concretas;
79
3. Na aula 3, referente à continuação do estudo da óptica geométrica, em específico, no
estudo dos espelhos esféricos, os alunos deveriam caracterizar esse tipo de espelho,
classificá-lo e conhecer o processo de formação dos variados tipos de imagens
produzidas. O objetivo também foi alcançado, uma vez que puderam simular no
Multiplano a face curva refletora do espelho e representar seus elementos geométricos
e o comportamento dos diferentes raios que neles incidem para posteriormente através
da intersecção deles caracterizar a imagem formada e apontar sua natureza, posição e
tamanho, além de comprovar a equação de Gauss para espelhos esféricos através da
distância focal, da distância do objeto ao espelho e da respectiva imagem formada;
4. Na aula 4, designada ao estudo do movimento circular, os alunos deveriam
caracterizar um movimento curvilíneo mediante sua trajetória e velocidade angular
além da aceleração centrípeta a fim de entender as grandezas angulares e sua
importância no movimento. O objetivo foi alcançado, pois através do Multiplano os
alunos puderam simular deslocamentos angulares precisos, devido às medições da
tábua circular e convertê-los em deslocamentos escalares na tábua retangular, podendo
verificar a relação entre grandezas escalares e angulares. A partir disso, puderam
também analisar a taxa de variação desse deslocamento em função do tempo,
descobrindo assim a velocidade angular além do seu caráter vetorial. Por fim,
representaram a análise vetorial da velocidade a aceleração, porém não desenvolveram
a dedução do módulo da aceleração centrípeta e sim analisaram que este se dá por
semelhança de triângulos.
Diante do que foi exposto podemos confirmar as hipóteses:
Hipótese 1: Em nível cognitivo acredita-se que com esta sequência os alunos irão adquirir
conhecimentos físicos mediante análise geométrica. Em se tratando das habilidades presentes
nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências da Natureza, Matemática e suas
Tecnologias pretende-se mostrar que algumas serão adquiridas por eles.Pois, os alunos
adquiriram conhecimentos sobre vetores, óptica geométrica e movimento circular bem as
seguintes habilidades dos PCN‟s:
1. Na utilização de um conceito ou unidade de grandeza, reconhecer ao mesmo tempo
sua generalidade e o seu significado específico em cada ciência;
2. Reconhecer a relação entre diferentes grandezas, ou relações de causa-efeito, para ser
capaz de estabelecer previsões;
80
3. Expressar-se com clareza, utilizando a linguagem matemática, elaborando textos,
desenhos, gráficos, tabelas, equações, expressões e escritas numéricas;
4. Frente a uma situação ou problema, reconhecer a sua natureza e situar o objeto de
estudo dentro dos diferentes campos da Matemática, ou seja, decidir-se pela utilização
das formas algébrica, numérica, geométrica, combinatória ou estatística;
5. Traduzir uma situação dada em determinada linguagem para outra; Interpretar, fazer
uso e elaborar modelos e representações matemáticas para analisar situações;
6. Identificar regularidades, associando fenômenos que ocorrem em situações
semelhantes para utilizar as leis que expressam essas regularidades na análise e
previsões de situações do dia-a-dia;
7. Elaborar modelos simplificados de determinadas situações, a partir dos quais seja
possível levantar hipóteses e fazer previsões;
8. Identificar e compreender os diversos níveis de explicação física, microscópicos ou
macroscópicos, utilizando-os apropriadamente na compreensão de fenômenos;
9. Conhecer modelos físicos microscópicos para adquirir uma compreensão mais
profunda dos fenômenos e utilizá-los na análise de situações-problema;
10. Reconhecer a natureza dos fenômenos envolvidos, situando-os dentro do conjunto de
fenômenos da Física e identificar as grandezas relevantes, em cada caso;
11. Construir uma visão sistematizada dos diversos tipos de interação e das diferentes
naturezas de fenômenos da física para poder fazer uso desse conhecimento de forma
integrada e articulada;
12. Ser capaz de escolher e fazer uso da linguagem mais apropriada em cada situação e
compreender que tabelas, gráficos e expressões matemáticas podem ser diferentes
formas de representação de uma mesma relação, com potencialidades e limitações
próprias, para ser capaz de escolher e fazer uso da linguagem mais apropriada em
cada situação, além de poder traduzir entre si os significados dessas várias linguagens.
Hipótese 2: As representações físicas produzidas no Multiplano tornarão as ideias abstratas
manipuláveis, servindo para os alunos simularem e testarem técnicas antes feitas com um
único recurso didático.Pois os alunos testaram técnicas, como soma vetorial mediante a regra
81
do polígono e do paralelogramo e semelhança de triângulos, através da manipulação de
materiais concretos (ligas de plástico, pinos, barbante, transferidor e tábua).
Hipótese 3: Acredita-se no caráter inclusivo dessa sequência, uma vez que o recurso utilizado
é tátil, possibilitando a inserção dos alunos com necessidades educacionais especiais (NEE)
na sala de aula comum.Pois todas as representações foram concretas, podendo ser
desenvolvida por alunos cegos, surdos e mudos, pelo seu caráter tátil e com representações
próprias, hiperativos e autistas pelo seu caráter interativo e sistemático, porém remodelando
algumas características de acordo com a necessidade específica.
Desta forma, afirma-se que a proposta de ensino de representações matemáticas de
tópicos da Física foi válida, contribuindo para uma melhora qualitativa na aprendizagem dos
alunos através do recurso manipulável Multiplano.
82
CAPÍTULO 5
5. Considerações finais
Durante esta pesquisa buscou-se desenvolver uma sequência de atividades de Física, em
específico, através do estudo de Vetores, Movimento Circular e Óptica Geométrica,
priorizando a aprendizagem teórica em consonância com a Matemática a fim de que o
estudante conhecesse e verificasse, de forma concreta e tátil, as representações físicas,
adquirindo assim o maior número de competências propostas pelo PCN+ Ensino Médio/
Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias.
Utilizou-se como metodologia de pesquisa a Engenharia Didática, a qual permitiu
reflexões acerca da organização de conteúdos e possíveis sugestões para mudança do ensino
tradicional no que tange a utilização de recursos táteis, procurando atingir uma melhora
qualitativa no ensino e na consequente aprendizagem. Assim, após o confronto com as
análises: a priori e a posteriori notou-se o valor da sequência, uma vez que, como posto na
validação, os alunos puderam alcançar os objetivos específicos de cada aula em consonância
com a confirmação das hipóteses previstas para a sequência. Em síntese houve a confirmação
do conhecimento físico adquirido mediante análise geométrica e do desenvolvimento de
diversas competências, com maior ênfase em interpretar, fazer uso e elaborar modelos e
representações matemáticas para analisar situações e elaborar modelos simplificados de
determinadas situações a partir das quais seja possível levantar hipóteses e fazer previsões.
Ao considerar as análises efetivadas, conclui-se que o uso do Multiplano foi crucial, pois
influenciou diretamente no interesse dos alunos, fazendo com que os mesmos manipulassem
de forma concreta representações antes abstratas, tornando-as mais significativas, além de ser
um material de caráter inclusivo, pois será usado na sala de aula comum com toda a classe,
trazendo aos alunos com necessidades educacionais especiais o gosto pelo aprendizado,
através de um conhecimento físico e matemático efetivo e concreto, pois proporciona
experiências táteis, responsáveis pela formação de imagens que embasam suas convicções e
teorias, tornando-os autônomos.
Diante desse contexto, é válido ressaltar a importância em se buscar novos recursos
didáticos, de preferência materiais manipuláveis, e novos métodos de ensino, visando
melhorar a qualidade de ensino e assim tornar as aulas mais interessantes, interativas e
inclusivas. Portanto, espera-se com este trabalho divulgar a utilização de um recurso
83
manipulável para o ensino de Física a fim de tornar a abstração tátil e mostrar que a
Matemática se dá no contexto da Física como uma estruturante que representa a realidade
científica.
84
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85
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86
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Educação – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. Disponível
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85DGQB/zuin_elenice_disserta_nopw.pdf?sequence=1
87
Apêndice - Produto Educacional
TUTORIAL: UM TOQUE NA ABSTRAÇÃO
1. Conhecendo o Multiplano
O Multiplano consiste num material lúdico que através do tato possibilita a compreensão
de conceitos matemáticos. A origem desse recurso é datada desde 2000, pelo criador Rubens
Ferronato – criador e desenvolvedor de materiais pedagógicos voltados ao ensino da
matemática numa perspectiva inclusiva – que ao passar dificuldades com o ensino da
matemática para um aluno cego improvisou formas de aprendizagem de cálculo diferencial e
integrais, resultante após pesquisas na criação de um kit com uma placa perfurada, rebites e
elástico, como mostra a Figura 1.
Figura 66 - Kit Multiplano
O kit constitui-se de um tabuleiro regular no qual são encaixados pinos, fixados
elásticos, hastes de corpo circular, hastes para cálculo, base de operação, barras para gráficos,
disco circular que apresenta em sua periferia uma seqüência de orifícios circulares, onde
podem ser combinadas duas ou mais peças pertinentes a uma determinada operação
matemática que se pretenda aprender e compreender por meio da visão e ou do tato.
Sendo assim, os assuntos que podem ser abordados são operações, equações,
proporção, funções, sistema linear, gráficos de funções, inequações, funções exponenciais e
logarítmicas, trigonometria, geometria plana e espacial e estatística. Esse tutorial visa abordar
novos conteúdos no Multiplano, presentes na Física, que necessitam de representações
matemáticas para sua melhor compreensão, sendo eles: Vetores e um tópico especial sobre
Eletrostática, Movimento Circular e Óptica Geométrica.
2. Normas para o uso do Multiplano
88
Utilizaremos os seguintes acessórios do Multiplano:
Tabuleiro regular:
Pinos:
Elástico:
Disco:
3. Conteúdo e sua abordagem no Multiplano
VETORES
“Grandezas que não são completamente caracterizadas até que uma magnitude, direção e um
sentido sejam especificados.”
Os respectivos exemplos – deslocamento, velocidade e força – são grandezas vetoriais e
modelam-se pela entidade matemática denominada vetor.
Análise geométrica
REPRESENTAÇÃO 1:
Figura 67 - Caracterização de vetor
Dois pontos distintos A e B no espaço determinam uma reta. Esta é uma direção no espaço. O
segmento AB determina essa direção, podendo ser orientado, tendo assim o sentido e dotado
de um comprimento, ou seja, módulo. Conclui-se que os vetores são representados por
segmentos de reta orientados caracterizados por direção, sentido e magnitude. No exemplo
exposto, o vetor possui direção horizontal, sentido da esquerda para direita e magnitude 10
unidades (uma vez que cada espaçamento entre pinos no multiplano representa uma unidade).
89
Operações vetoriais
Em muitas situações físicas, é preciso representar mais de um vetor atuando em um mesmo
ponto. Neste sentido, estudaremos as operações vetoriais, a fim de encontrar o vetor
resultante. Desse modo, temos:
1. Regra do Polígono
REPRESENTAÇÃO 2:
Figura 68 - Conjunto de vetores
Figura 69 - Regra do polígono
90
Figura 70 - Regra do polígono
Figura 71 - Regra do polígono
Esta regra consiste em uma adição vetorial de um conjunto de vetores, como exposto na
Figura 2. Para executá-la temos o seguinte procedimento:
Transporte dos vetores, de modo que a origem de um coincida com a extremidade do
outro, preservando suas características (módulo, direção e sentido), como mostra as
figuras 3 e 4;
Criação do vetor soma o resultante, ligando sua origem com a origem do primeiro
vetor e sua extremidade com a extremidade do último vetor, criando assim um
polígono, como mostra a Figura 5.
2. Regra do Paralelogramo
Consiste na obtenção do vetor soma para dois vetores que estão na forma equivalente de
um ponto. Para esta obtenção são transladados vetores paralelos do seguinte modo:
91
REPRESENTAÇÃO 3:
Figura 72 - Vetor
Figura 73 – Criação de vetor inclinado.
Figura 74 – Translação de vetores.
92
Figura 75 – Vetor soma (s).
Figura 76 – Módulo do vetor soma.
Desse modo, os procedimentos foram:
Criação dos vetores que estão na forma equivalente de um ponto, onde para
determinar a angulação entre eles utiliza-se um transferidor;
Projeção dos vetores e sua intersecção, a fim de formar um paralelogramo;
Criação do vetor soma, unindo a origem dos vetores com a extremidade da intersecção
das projeções;
Medição do vetor soma através da contagem dos espaçamentos entre pontos.
3. Casos Particulares:
Vetores Perpendiculares:
93
Figura 77 - Soma de vetores perpendiculares.
Subtração vetorial:
Figura 78 - Criação de vetor.
Figura 79 - Criação de vetor inclinado.
94
Figura 80 - Oposição do vetor inclinado.
Figura 81 - Criação do vetor diferença.
Figura 82 - Medição do vetor diferença.
95
Figura 83 - Módulo do vetor diferença.
Assim, os procedimentos são:
Criação de vetores que estão na forma equivalente de um ponto, onde para determinar
sua inclinação utiliza-se um transferidor;
Oposição do segundo vetor;
Projeção dos vetores e sua intersecção;
Criação do vetor soma;
Medição do vetor soma.
MOVIMENTO CIRCULAR
Estudo de trajetórias circulares.
Grandezas envolvidas:
Espaço angular: ᵩ
Velocidade angular: ω
Aceleração angular: α
Representação 1:
96
Figura 84 - Representação dE trajetória circular.
Onde,
1 – Espaço inicial (So); 2 – Espaço final (S); 3 – Espaço angular (ᵩ); 4 – Raio (R) e 5 –
Variação do espaço (ΔS).
Relação entre espaço angular e linear: ΔS = Δᵩ . R (Escalar = Angular. Raio)
Aplicação 1:
Figura 85 – Deslocamento angular e raio da circunferência.
Figura 86 - Medição do raio da circunferência.
97
Figura 87 - Espaço escalar.
Figura 88 - Medição do espaço escalar.
Nesta aplicação, representou-se um deslocamento angular de 30 ͦ(𝜋
6 rad) e será medido o
deslocamento escalar. Assim, a primeira e segunda etapa consistem em mensurar o raio de
curvatura com o barbante e transportá-lo para a tábua quadrada par medida em unidades do
Multiplano (R = 8u). Na sequência, o mesmo procedimento é feito para medição do
deslocamento escalar. Por fim, temos ΔS = 4u.
Verificação 1:
Seja: R = 8 u
Δᵩ = 𝜋
6
Π =3
Velocidade angular
Taxa de variação média do ângulo em relação ao tempo.
Consiste em uma grandeza vetorial, onde o vetor velocidade possui:
Módulo: Igual à velocidade angular;
ΔS = Δᵩ . R
ΔS = 𝜋
6 . 8 =
3
6 . 8 = 4 u
98
Direção: Perpendicular ao plano que contém a trajetória;
Sentido: Dado pela regra da mão direita.
Representação 2:
Figura 89 - Velocidade angular.
Figura 90 - Vetor velocidade angular
Onde 1= velocidade angular e 2 = raio
Para descrever o movimento, o “centro” pode ser qualquer partícula ou ponto imaginário do
corpo que esteja rigidamente conectado ao mesmo.
Representação 3:
Figura 91 - Orientação do vetor velocidade angular.
99
Figura 92 - Regra de Fleming.
Figura 93 - Orientação do vetor velocidade angular.
Figura 94 - Regra de Fleming.
Nesta representação verifica-se que quando um corpo se desloca num determinado sentido,
horário ou anti-horário, paralelo ao solo, a velocidade angular apontará para baixo ou para
cima. Estamos aplicando a Regra de Fleming, que consiste numa lei e recurso mnemônico
(auxiliar de memória) útil para estabelecimento da orientação do vetor resultante de um
produto vetorial no espaço.
Relação entre velocidade angular e escalar
100
Ao observar que, no deslocamento angular, há uma relação com o deslocamento linear e
ocorre no mesmo intervalo de tempo, é conclusivo que a velocidade linear seja determinada
em função da velocidade angular.
Representação 4:
Figura 95 – Espaços, angular e escalar, iniciais.
Figura 96 - Espaços, angular e escalar, finais.
Para descrever o movimento, “o centro” pode ser qualquer ponto imaginário do corpo que
esteja rigidamente conectado ao mesmo. Observando que a trajetória descrita pelo corpo foi
de 60° e que isto ocorreu em 10 s, tem-se que a velocidade angular foi de 0,1 radianos por
segundo, uma vez que ω = 𝛥𝜃
𝛥𝑡, e ω =
𝜋
3
10 =
3
3
10= 0,1
𝑟𝑎𝑑
𝑠.
Em relação à velocidade linear, que consiste na taxa de variação do espaço pelo tempo, temos
que: v = 𝛥𝑆
𝛥𝑡. Pelos dados, v =
8
10 ou 0,8 u/s.
101
Pode-se inferir que a velocidade linear é a angular vezes o raio, ou seja, v = ω. R.
Aceleração centrípeta
Em uma trajetória curvilínea, a uma velocidade constante, a direção do vetor velocidade varia
e a este vetor associa-se um perpendicular, dirigido ao centro da trajetória – o vetor aceleração
centrípeta – devido ao movimento não inercial, uma vez que se mantém por uma força
resultante.Uma das maneiras de determinar sua equação é resgatando o conceito de hodógrafo
na análise vetorial da velocidade e da aceleração para movimentos curvilíneos.
Representação 5:
As Figuras 32 e 33 mostram uma trajetória centrada na origem do sistema de eixos cartesianos
tendo também a representação da velocidade instantânea do objeto em movimento:
Figura 97 - Corpo em movimento circular e seu vetor velocidade instantânea inicial.
Figura 98 - Vetores velocidade instantânea inicial e final.
102
Por ser a taxa de variação do vetor posição, tal velocidade é tangente à trajetória e
perpendicular ao vetor posição cujo módulo equivale ao raio da trajetória circular. A esta
trajetória descrita pela extremidade desses vetores denominamos hodógrafo. Da mesma forma
que, por ser tangente à trajetória, o vetor velocidade é perpendicular ao raio da circunferência
que representa o movimento, o vetor aceleração, por representar a taxa de variação da
velocidade, é tangente ao hodógrafo em todos os seus pontos. Dessa forma, no movimento
circular uniforme, este vetor forma 90º com o raio do hodógrafo (o vetor velocidade). Sendo
assim, o vetor aceleração aponta necessariamente para o centro da trajetória circular, sendo,
portanto uma aceleração centrípeta (Figura 34).
Figura 99 - Vetor aceleração centrípeta.
103
Figura 100 - Semelhança de triângulos e dedução da equação da aceleração centrípeta.
Por semelhança de triângulos, deduz-se a equação da aceleração centrípeta:
Dedução: Seja𝛥𝑣
𝑣1 =
𝛥𝑠
𝑅e 𝑎𝑚 =
𝛥𝑣
𝛥𝑡, temos: 𝑎𝑚 =
𝑣1
𝛥𝑡. 𝛥𝑠
𝛥𝑡 .
Portanto, 𝑎𝑚 = 𝑣²
𝑅
ÓTICA GEOMÉTRICA
Ramo da física cujo objeto de estudo é o raio luminoso onde serão analisados fenômenos e
propriedades.
Objeto de estudo: Raios luminosos
Representação 1:
Figura 101 - Representação de raios luminosos
104
Desse modo, serão apresentados os raios de luz como linhas orientadas que representam a
direção e o sentido de propagação da luz. Será abordado o Princípio da Propagação Retilínea
da Luz que ocorre em meios homogêneos e transparentes.
Aplicação do Princípio da Propagação Retilínea: A Câmara Escura
Consiste numa caixa de paredes opacas, possuindo um pequeno orifício por onde a luz do
objeto iluminado passa formando uma imagem invertida na parede oposta ao orifício.
Podemos estabelecer a relação entre alturas, de objeto e imagem, como suas distâncias em
relação ao orifício.
Problema para análise: Se um objeto luminoso AB de 5 cm de altura, está a 15 cm de
distância da câmara escura de orifício de profundidade 10 cm, qual a altura da imagem
formada?
Representação 2 :
Figura 102 – Objeto e propagação da luz
Nesta aplicação temos representado por 1 o orifício de uma câmara escura onde os raios
provenientes do objeto ,representado pelo número 2 cuja altura é de 5 unidades, passam. Em 3
apresenta-se a distância do objeto ao orifício cuja medida vale 15 unidades.
105
Figura 103 - Aplicação da semelhança de triângulos
Na sequência será aplicada a semelhança de triângulos para aquisição da altura da imagem.
Desse modo, será posto sobre o pino que representa o orifício um triângulo de 10 unidades de
altura, número 5, representando assim a distância da imagem. As extremidades do triângulo
representam a altura da imagem, número 4, cuja medida aproximada consiste em 3 unidades.
*Observação: Ao verificar exatamente o tamanho da imagem 4, possui um pequeno espaço
entre as ligas,o que representa a altura original sem aproximações.
Figura 104 - Princípio da câmara escura
Na sequência, desloca-se o triângulo formado anteriormente para melhor representação da
formação da imagem no interior da câmara. As letras o, i, p ep‟ referem-se respectivamente a
altura do objeto, altura da imagem, distância do objeto e distância da imagem.
106
Figura 105 - Representação da câmara escura de orifício.
Verificação 1:
Seja o = 6 u
P = 15 u
P‟ = 10 u
i = ?
Reflexão
Fenômeno ótico cuja ocorrência se dá quando a luz incide sobre uma superfície e retorna a
seu meio de origem.
Representação 3:
𝑖
𝑜 =
𝑝′
𝑝 →
𝑖
6 =
10
15 → 15 i = 60
i = 4 u
107
Figura 106 - Reflexão regular
Descrição: Para representação desse fenômeno no multiplano retangular, adiciona-se o
multiplano circular para validar as leis da reflexão. Nesta figura, a superfície é representada
na horizontal intitulada S, o raio incidente por RI e o raio refletido RR. Nota-se que condiz
com a definição do fenômeno, uma vez que a liga que representa o raio de luz retornou para
seu meio de origem.
Representação 4:
Figura 107 - Leis da reflexão.
Na sequência serão exploradas as leis da reflexão. Como temos na figura, a traçado
perpendicular à superfície (N) representa a reta normal que consiste num referencial para
medida do desvio dos feixes de luz, ou seja, para medida dos ângulos de incidência (i) e
reflexão (r). Com o multiplano circular é possível observar que RI, RR e N são coplanares e
que î = r e medem 60º. A medida da angulação apresentada dá-se contando os espaçamentos
dos furos que equivalem 5º cada. Pode-se observar também o desvio em relação à superfície e
notar que são complementares a î e ^r.
*Observação: Apontar que existem dois tipos de reflexão: regular e difusa.
108
ESPELHOS
Superfícies polidas que refletem a luz de forma regular, ou seja, região que reflete o raio
luminoso em uma direção definida. Classificam-se em:
PLANOS: Superfície lisa e plana que reflete com direção definida a luz. Quanto à
formação de imagem podemos representá-la no multiplano circular.
Representação 5:
OU
Figura 108 - Formação de imagem no espelho plano.
Nesta etapa, a liga na vertical representa um espelho plano intitulado E. A sua frente temos
um objeto real (O) onde representamos os raios de luz (apenas das extremidades) provenientes
dele que incidem no espelho e retornam com a mesma angulação. Simetricamente temos os
prolongamentos dos raios refletidos formando assim a imagem virtual I. É válido mostrar que
para confeccionar os raios refletidos usou-se um transferidor para o ângulo refletido ser igual
ao ângulo incidente. Com essa análise, podemos explorar as leis da reflexão a formação de
imagens enantiomorfas, o conceito da natureza da imagem e do objeto (real e virtual) e que os
mesmos possuem natureza oposta, a igualdade na distância do objeto em relação ao espelho e
da imagem em relação ao espelho, ou seja, objeto e imagem são eqüidistantes.
Campo Visual
Região pela qual um observador, frente a um espelho, pode observar.
Representação 6:
109
Figura 109 - Campo Visual
Nesta representação, utilizou-se o multiplano circular para melhor análise da angulação
referente à reflexão. Assim, os pontos pretos representam as extremidades do espelho plano e
o pino (O) um observador. Para identificar a delimitação da região observável, ou seja, o
campo visual são postos dois raios, um em cada extremidade do espelho e sua consequente
reflexão (ligas amarelas do multiplano), observando assim a delimitação. Na sequência
traçam-se os prolongamentos dos raios refletidos e cria-se a imagem do observador (O‟)
preservando suas características (virtual e equidistância do objeto ao espelho).
ESFÉRICOS: Calota esférica na qual uma das superfícies é refletora. Classificam-se
quanto a sua superfície refletora em dois tipos.
1. Côncavos: Superfície refletora interna.
Representação 7:
Figura 110 - Ilustração de espelho côncavo
110
Temos a representação no multiplano circular de uma calota esférica côncava (o tracejo
vermelho indica que a parte interna é a refletora). Os pontos 2 e 3 delimitam a semi
circunferência onde iremos trabalhar a incidência de raios e a formação de imagens. O ponto
1 consiste na incidência e reflexão de um raio de luz na parte interna. Com essa ilustração
podemos trabalhar os raios notáveis e as leis da reflexão, uma vez que está sendo respeitada a
angulação (î e r).
2. Convexo: Superfície refletora externa.
Representação 8:
Figura 111 - Ilustração de espelho convexo
Temos a representação no multiplano circular de uma calota esférica convexa (o tracejo
vermelho indica que a parte externa é a refletora). Os pontos 2 e 3 delimitam a semi
circunferência onde iremos trabalhar a incidência de raios e a formação de imagens. O ponto
1 consiste na incidência e reflexão de um raio de luz na parte externa. Com essa ilustração
podemos trabalhar os raios notáveis e as leis da reflexão, uma vez que está sendo respeitada a
angulação (î e r).
Elementos de um espelho esférico
Na ilustração abaixo, temos a representação de um espelho esférico e de seus elementos
geométricos no multiplano circular. A liga verde representa o eixo principal por onde se
situam:
1. Centro de curvatura (C): o centro da superfície esférica à qual a calota pertence;
2. Foco (F): ponto onde incidem raios paralelos.
111
3. Vértice (V):o pólo (ponto mais externo) da calota esférica;
4. Raio (R): o raio da superfície esférica à qual a calota pertence;
Representação 9:
Figura 112 - Elementos de um espelho esférico
Construção geométrica das imagens
Para essa construção, onde determinaremos posição e características da imagem, utilizaremos
alguns raios denominados notáveis, uma vez que são conhecidos seus comportamentos de
reflexão.
Representação 10:
Figura 113 - Raio Notável.
112
Figura 114 - Raio Notável.
Figura 115 - Raio Notável.
Nas figuras acima temos os seguintes comportamentos:
Raio Notável 1 (Figura 48): Todo raio que incide paralelamente sobre o espelho
passará pelo seu foco (F);
Raio Notável 2 (Figura 49): Todo raio que incide sobre o vértice (V) será refletido
simetricamente em relação ao eixo principal;
Raio Notável 3 (Figura 50): Todo raio que incide sobre o centro de curvatura (C)
refletirá sobre si mesmo.
Formação de imagem e suas características:
Exemplo: No espelho côncavo:
113
Figura 116 - Representação de espelho côncavo e seus elementos geométricos.
Figura 117 - Posicionamento de objeto O sobre o eixo principal do espelho.
Figura 118 - Processo de formação da imagem através do raio notável 1.
114
Figura 119 - Processo de formação da imagem através do raio notável 2.
Figura 120 - Imagem (i) formada através da intercepção dos raios.
Por fim, temos a representação da formação da imagem de um objeto posicionado antes
do centro de curvatura de um espelho côncavo. Desse modo, inicialmente representou-se
um espelho côncavo e seus elementos, a fim de após inserido o objeto traçar os raios
notáveis e devido à sua intercepção determinar a imagem e perceber que a mesma será
invertida, devido sua posição abaixo do eixo principal, menor, pois ocupa menos
unidades que o objeto e real pois é formado pela intercepção dos raios.