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________________________________________________________________ O ENSINO DO CONTEÚDO ESTRUTURANTE ENERGIA COM O USO DE MAPAS CONCEITUAIS ASSOCIADOS COM ATIVIDADES PRÁTICAS, CONSIDERANDO- SE O QUE PRECEITUA A NOVA DIRETRIZ CURRICULAR DO ESTADO DO PARANÁ. Viviane Bertuol Pietreski Padilha 1 [email protected] Sandro Aparecido dos Santos 2 [email protected] RESUMO Este artigo resulta da implementação de um projeto de pesquisa em ensino de Ciências, do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, Estado do Paraná, explorando a temática da energia, hoje posta na Diretriz Curricular (Paraná 2008), na disciplina de Ciências, como conteúdo estruturante; destacando sua relevância para o ensino de ciências e sua importância para as atividades que envolvem o cotidiano do aluno. O trabalho foi implementado na oitava série do Ensino Fundamental, do Colégio Estadual Floriano Peixoto - EFMP, Laranjeiras do Sul, Pr. Nossa proposta foi abordar uma maneira mais dinâmica de se trabalhar com o conceito de energia, em que o aluno não desenvolvesse apenas uma aprendizagem mecânica de decorar fórmulas e representar definições prontas. Mas, que através da teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel, fosse uma proposta que valorizasse os aspectos cognitivos do aluno e que objetivasse a compreensão de conceitos que lhes fossem realmente significativos; que o aluno pudesse entender o real conceito de energia, relacionando-o com sua importância, fontes, formas e transformações. As atividades propostas ocorreram em um ambiente de aprendizagem envolvendo estratégias, tais como atividades experimentais, o uso de mapas conceituais e do diagrama ADI (Atividades Demonstrativo-Interativas). Através destes instrumentos aproximamos mais os alunos do conhecimento, envolvendo a teoria com a prática; flexibilizamos a abordagem do conteúdo energia de modo a permitir que o aluno refletisse sobre o que ele já sabe do conceito de energia e a partir daí começasse a (re)construir novos conceitos científicos; apresentando condições de elaborar seu próprio conhecimento sobre energia. PALAVRAS-CHAVE: Conceito de energia, instrumentos de aprendizagem, aprendizagem significativa, abordagem integradora. ABSTRACT: This article resulted from an implementation of a searching Science Project, from Educational Development Program - PDE, Paraná State, and exploring the thematic of energy, current at Curricular Guideline (Paraná 2008) at science grade, as structured content, given attention to its relevance for the science tuition and its importance for activities which involves the daily of student. This work was applied at eighth series of Elementary School, in the Floriano Peixoto Stadual School – EFMP, Laranjeiras do Sul, PR. Our focus was to get a more dynamic mode of working with the concept of energy, where the student does not develop only a mechanical learning of decorated formula and promptly definitions, but, through the theory of Significant Apprenticeship of David Ausubel, the proposal could valorize the cognitive aspects more significant for them, and understand the real concept of energy, interrelating its importance, resources, shapes and transformations. The activities proposed occurred at an ambient of learning which implicated in strategies such as experimental exercises, use of conceptual maps and the IDA Diagram (Interactive demonstrative Activities). With those instruments we can approach more the students to knowledge, mixing the theory with the practice, easing the approaching of energy content to permit the students think about what they already know concerning to energy concept and from that point they start constructing a new scientific concept, given conditions to build their own knowledge about the theme. KEY-WORDS: Concept of energy, learning instruments, significative learning, integranting approaching. 1 Professora de ciências do Ensino Fundamental do NRE de Laranjeiras do Sul, participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, promovido pelo Governo de Estado do Paraná. 2 Professor Doutor do Departamento de Física da Unicentro, Guarapuava, PR. Coordenador do Projeto IDEC e desenvolve projetos na área do Ensino de Ciências.

O ENSINO DO CONTEÚDO ESTRUTURANTE ENERGIA ......Tentando valorizar o conceito científico de energia, desmistificando as falsas idéias sobre ele, propusemos o seguinte questionamento:

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Page 1: O ENSINO DO CONTEÚDO ESTRUTURANTE ENERGIA ......Tentando valorizar o conceito científico de energia, desmistificando as falsas idéias sobre ele, propusemos o seguinte questionamento:

________________________________________________________________O ENSINO DO CONTEÚDO ESTRUTURANTE ENERGIA COM O USO DE MAPAS CONCEITUAIS ASSOCIADOS COM ATIVIDADES PRÁTICAS, CONSIDERANDO-

SE O QUE PRECEITUA A NOVA DIRETRIZ CURRICULAR DO ESTADO DO PARANÁ.

Viviane Bertuol Pietreski Padilha1

[email protected]

Sandro Aparecido dos Santos2

[email protected]

RESUMO Este artigo resulta da implementação de um projeto de pesquisa em ensino de Ciências, do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, Estado do Paraná, explorando a temática da energia, hoje posta na Diretriz Curricular (Paraná 2008), na disciplina de Ciências, como conteúdo estruturante; destacando sua relevância para o ensino de ciências e sua importância para as atividades que envolvem o cotidiano do aluno. O trabalho foi implementado na oitava série do Ensino Fundamental, do Colégio Estadual Floriano Peixoto - EFMP, Laranjeiras do Sul, Pr. Nossa proposta foi abordar uma maneira mais dinâmica de se trabalhar com o conceito de energia, em que o aluno não desenvolvesse apenas uma aprendizagem mecânica de decorar fórmulas e representar definições prontas. Mas, que através da teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel, fosse uma proposta que valorizasse os aspectos cognitivos do aluno e que objetivasse a compreensão de conceitos que lhes fossem realmente significativos; que o aluno pudesse entender o real conceito de energia, relacionando-o com sua importância, fontes, formas e transformações. As atividades propostas ocorreram em um ambiente de aprendizagem envolvendo estratégias, tais como atividades experimentais, o uso de mapas conceituais e do diagrama ADI (Atividades Demonstrativo-Interativas). Através destes instrumentos aproximamos mais os alunos do conhecimento, envolvendo a teoria com a prática; flexibilizamos a abordagem do conteúdo energia de modo a permitir que o aluno refletisse sobre o que ele já sabe do conceito de energia e a partir daí começasse a (re)construir novos conceitos científicos; apresentando condições de elaborar seu próprio conhecimento sobre energia. PALAVRAS-CHAVE: Conceito de energia, instrumentos de aprendizagem, aprendizagem significativa, abordagem integradora.

ABSTRACT:This article resulted from an implementation of a searching Science Project, from Educational Development Program - PDE, Paraná State, and exploring the thematic of energy, current at Curricular Guideline (Paraná 2008) at science grade, as structured content, given attention to its relevance for the science tuition and its importance for activities which involves the daily of student. This work was applied at eighth series of Elementary School, in the Floriano Peixoto Stadual School – EFMP, Laranjeiras do Sul, PR. Our focus was to get a more dynamic mode of working with the concept of energy, where the student does not develop only a mechanical learning of decorated formula and promptly definitions, but, through the theory of Significant Apprenticeship of David Ausubel, the proposal could valorize the cognitive aspects more significant for them, and understand the real concept of energy, interrelating its importance, resources, shapes and transformations. The activities proposed occurred at an ambient of learning which implicated in strategies such as experimental exercises, use of conceptual maps and the IDA Diagram (Interactive demonstrative Activities). With those instruments we can approach more the students to knowledge, mixing the theory with the practice, easing the approaching of energy content to permit the students think about what they already know concerning to energy concept and from that point they start constructing a new scientific concept, given conditions to build their own knowledge about the theme.KEY-WORDS: Concept of energy, learning instruments, significative learning, integranting approaching.

1 Professora de ciências do Ensino Fundamental do NRE de Laranjeiras do Sul, participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, promovido pelo Governo de Estado do Paraná.

2 Professor Doutor do Departamento de Física da Unicentro, Guarapuava, PR. Coordenador do Projeto IDEC e desenvolve projetos na área do Ensino de Ciências.

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1 INTRODUÇÃO

O conhecimento científico está em constante transformação, fruto de pesquisas

resultantes da aplicação de um conjunto de modelos explicativos baseados em métodos

científicos que permitem a construção de conhecimentos e valores, que nem sempre descobre

somente verdades. Contrapondo-se a isso, observamos que nossas aulas não acompanham

muito esta transformação e evolução da ciência. Analisando a educação básica, verificamos

que o processo de ensino ainda guarda resquícios oriundos de uma formação mais tradicional,

de memorização, e que, com o passar dos tempos, os alunos resultantes desse processo

acabam por ser reflexo desse sistema. Estamos preocupados com o “vencer os conteúdos” e

muitas vezes, não paramos para pensar na maneira pela qual o estamos ensinando. Se este está

fazendo a diferença para o aluno ou se a aquisição é apenas de forma mecânica, de

memorização. Observamos que nossos alunos, na maioria das vezes, não correspondem ao

resultado que esperamos, por exemplo, em uma apresentação de seminário, num debate ou

outra atividade qualquer. Pela falta de realizá-lo mais vezes, não trazem o conhecimento para

fazê-lo bem feito, pois estas atividades não fazem parte de sua prática diária. Dessa maneira, o

ensino passa a ser fragmentado, um ensino por definições e não por conceitos, onde o aluno

não desenvolve competências para um aprendizado significativo.

A influencia da cultura social e de suas crenças parece ser ainda maior e ou mais

importante do que a da cultura escolar, onde esta confere ao aluno um maior significado,

contrapondo-se com os objetivos da educação.

“(...) o ensino formal é pouco eficaz em favorecer o aprendizado dos conceitos científicos. A resistência à mudança é uma característica forte das concepções alternativas, independente do grau de estudo. Vimos, entretanto, que um ensino pautado em aspectos cognitivistas, que leva em conta as concepções prévias dos alunos, produz resultados mais eficazes” (Köhnlein e Peduzzi, 2002, p.32).

Os estudantes apresentam uma “bagagem” cultural advindo da cultura social que lhe

fornecem concepções diversas, dos diferentes assuntos. Essas concepções, muitas vezes não

são modificadas e ou ampliadas pela cultura escolar, responsável, quase sempre, pelo fracasso

escolar. A educação em ciências sempre visou à educação científica para melhorar esse

quadro buscando desenvolver no aluno o conhecimento escolar através das concepções

científicas mediado pela escola (Barbosa e Borges, 2006).

Tendo em vista as dificuldades encontradas pelos alunos para aprenderem os conceitos

básicos ou científicos no ensino das ciências naturais, e de encontrar nas salas de aula alunos

desinteressados, já acostumados com o saber memorizado e saber somente por saber, sem ter

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noção da forma integradora que pode ter o ensino das ciências, desenvolvemos uma proposta

para o ensino de energia. Nesta proposta abordamos uma maneira mais dinâmica de se

trabalhar com o conceito de energia, em que o aluno não desenvolvesse apenas uma

aprendizagem mecânica de decorar fórmulas e representar definições prontas, mas que através

da Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel fosse uma proposta que

valorizasse os aspectos cognitivos do aluno e que objetivasse a compreensão de conceitos que

lhes sejam realmente significativos; que ele pudesse entender o real conceito de energia,

relacionando-o com sua importância, fontes, formas e transformações.

A Diretriz Curricular do Estado do Paraná da disciplina de ciências (Paraná, 2008)

aborda a questão de se trabalhar os conteúdos de ciências de uma forma integradora, tentando

superar a construção fragmentada de um mesmo conceito. Corroborando com essa idéia,

Santos (2008) e Santos e Moreira (2008) destacam a importância da integração conceitual no

ensino de Ciências, bem como as relações interdisciplinares com conteúdos das outras

disciplinas do Ensino Fundamental, as relações conceituais entre os diferentes conteúdos

estruturantes e as relações contextuais envolvendo o processo da construção do conhecimento

e os conteúdos científicos.

É com essa expectativa que abordamos neste trabalho a integração conceitual da

temática da energia no Ensino fundamental de 8ª série, hoje posta na Diretriz Curricular do

Estado do Paraná, na disciplina de ciências, como conteúdo estruturante; destacando sua

relevância para o ensino de ciências, sua importância para as atividades que envolvem o

cotidiano dos alunos. Bucussi e Ostermann, (2005) afirmam que a energia mostra-se como um

conceito fundamental para explicar à importância do mundo, pois tanto a matéria viva, quanto

os seres brutos são possuidores de energia e necessitam de suas transformações,

manifestações para que se processe o fluxo de matéria e energia nos ecossistemas.

“Se tivéssemos que citar um único conceito físico como o mais importante para a física, e para toda a ciência de um modo geral, esta seria, sem dúvida, o conceito de energia. De uma maneira análoga, se tivéssemos que citar qual o mais útil princípio físico para toda a ciência a escolha, certamente, recairia sobre o princípio da conservação da energia. Aliás, não é difícil de perceber que estas tarefas estão relacionadas” (Moreira, 1998, p. 2).

Barbosa e Borges (2006), destacam que o conceito de energia é muito difícil de ser

ensinado e mais ainda de ser compreendido, por ser considerado na física um conceito muito

abstrato, que foge do real, do concreto. No ensino fundamental ele é visto de uma maneira

muito superficial, resumido normalmente as suas manifestações. É um termo utilizado por

diferentes disciplinas, que o enfocam com diferentes fins não de forma consistente. No nosso

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cotidiano, o termo energia é amplamente empregado, confundido com outras idéias como

força, potência, movimento; na linguagem o termo adquire significado nada científico, como

por exemplo, “repor as energias”, “liberar as energias negativas”.

Quando se aborda o conceito energia, as aulas, os professores e até mesmo os veículos

de comunicação referem-se geralmente na forma e manifestações de energia, não

discriminando o seu conceito. Desta maneira o real significado do termo energia, vai ficando

cada vez mais distante do aprendizado do aluno e, para ele, energia vai lembrar algo que está

relacionado a ela e não ao entendimento do que ela possa ter. Quando se trabalha o conceito e

energia no contexto escolar, os alunos procuram explicações em suas experiências cotidianas

baseadas nas suas concepções alternativas; por isso a importância de valorizar os

conhecimentos prévios dos alunos, a partir da utilização de experimentos, onde através dos

resultados poderemos compreender quais são os modelos que os alunos trazem sobre energia.

Como a energia é um conceito trabalhado em várias disciplinas (Barbosa e Borges,

2006), na ciência ela pode ser trabalhada “tanto no contexto disciplinar, quanto

interdisciplinar, envolvendo aspectos relativos à tecnologia, à sociedade, ao ambiente e ao

cotidiano dos estudantes”. (Bucussi e Ostermann, 2005, p. 19).

Tentando valorizar o conceito científico de energia, desmistificando as falsas idéias

sobre ele, propusemos o seguinte questionamento: Como ensinar o conteúdo estruturante

Energia na 8ª série do Ensino Fundamental, considerando o que preceitua a nova Diretriz

Curricular do Estado do Paraná?

Percebeu-se então que seriam necessárias alternativas diferenciadas para deixar a

proposta mais consistente e tentar superar o ensino tradicional. Buscamos através deste

trabalho, mostrar ao aluno uma visão geral da importância da energia nos aspectos relativos

ao cotidiano, suas formas, transformações, conservações e suas relações interdisciplinares. E

dessa forma corroborar para a compreensão do conceito científico de energia de forma

significativa, não fragmentada, fazendo com que o aluno pudesse aplicar os conhecimentos

adquiridos de forma responsável, de modo que pudesse contribuir para a melhoria das

condições ambientais, da saúde e das condições gerais de vida de toda a sociedade.

Para tanto, utilizamos ferramentas de aprendizagem que vieram a facilitar o ensino,

como o uso de mapas conceituais, de atividade prática confeccionadas com materiais

alternativos e de baixo custo e da aplicação do diagrama ADI (Atividades Demonstrativo-

Interativas) (Santos 2008). Através da utilização destes instrumentos, buscamos desenvolver

um ambiente de aprendizagem desafiador, que permitisse ao aluno interagir com o tema,

analisar resultados e discutir possíveis soluções; buscando aguçar sua curiosidade e que ao

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mesmo tempo incentivasse-o a rebuscar seus “modelos sobre energia”, para que a partir

desses conhecimentos pudesse entender de modo significativo o tema proposto. Um bom

ambiente de aprendizagem, segundo Valadares (2001) apud Matos e Valadares (2001), deve

ser construído com ênfase ativa e significativa do conhecimento, de modo que sejam

valorizados os conteúdos sociais do aluno, seus conceitos pré-existentes, suas reflexões

críticas, as trocas de idéias, os trabalhos em grupos, a motivação por parte dos professores e a

avaliação do processo de ensino. Procuramos também desenvolver o pensamento lógico e o

senso crítico, utilizado para identificar e resolver problemas, formular perguntas e hipóteses,

testando, discutindo e redigindo explicações para os fenômenos relacionados à energia,

comunicando suas conclusões aos colegas para que elas fossem debatidas com todos.

Devemos valorizar sempre o conhecimento prévio dos alunos, acerca do tema

abordado, pois suas experiências e vivências irão sempre interferir na aprendizagem

(Ausubel, 1968, Novak, 1981 e Moreira, 1999), desse modo instrumentos facilitadores da

aprendizagem podem vir a contribuir para que o aluno perceba as relações existentes entre

conceitos que ele já sabe e que pode vir e entender, também despertar o interesse e a vontade

de descobrir coisas novas envolvendo-o ativamente no processo educativo.

A motivação pode servir como mediador entre o que o aluno precisa aprender e o que

a sua capacidade cognitiva pode assimilar. Os fatores contextuais favorecem ou bloqueiam o

engajamento dos estudantes na aprendizagem. As variáveis motivacionais e os conjuntos de

valores que os estudantes possuem podem se julgar adequados para permitir a compreensão

de determinado conteúdo (Aguiar, 1999).

Uma maneira de investigar as concepções alternativas dos alunos (Moreira, 1999) é

através dos mapas conceituais, que são instrumentos que podem ser utilizados para a

apresentação de conceitos e suas relações hierárquicas de determinado conteúdo. Quando são

utilizados pelo professor, tem o objetivo de facilitar a aprendizagem significativa, se for

construído pelo aluno, tem-se como objetivo verificar o que ele compreendeu de determinado

assunto abordado.

As atividades práticas pedagógicas introduzidas nos ritmos das aulas, contribuem para

promover uma aprendizagem mais significativa procurando auxiliar no desenvolvimento

cognitivo do aluno, estimulando-o e ao mesmo tempo contribuindo para um crescimento

sócio-cultural. Elas geralmente trabalham com o coletivo, desenvolvendo o companheirismo,

a ajuda mútua, as trocas de idéias, de experiências e promovendo as amizades. Promove um

contato mais direto com o problema, o que desperta no aluno o interesse pelo conteúdo e

aguça a curiosidade para se chegar ao resultado. Também promovem uma aproximação com o

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conteúdo científico, enriquecendo sua cultura (Matos e Valadares, 2001).

As atividades experimentais na disciplina de ciências normalmente não são realizadas

na escola, fato esse resultante da falta de incentivo, de cursos que contemplem aulas práticas,

culminando com a falta de preparo do professor, falta de tempo no ritmo do calendário

escolar, de laboratórios e ou equipamentos necessários para as atividades. Considerando isso,

realizamos a construção e o funcionamento de um experimento, conhecido como um modelo

de “elevador eólico”, envolvendo o tema energia que veio a contribuir para o sucesso da

aprendizagem no ensino. Para se trabalhar com atividades práticas, é necessário determinar

certos procedimentos, como por exemplo: organizar a coleta de dados, escolher trabalhar com

turma controle e experimental e escolher certos parâmetros para se avaliar (Séré, M.G. et al,

2003).

Outro instrumento que utilizamos em nosso trabalho pedagógico para o entendimento

do conceito de energia foi o diagrama ADI (Atividades Demonstrativo –Interativas), como

instrumento auxiliar e complementar da atividade prática. Consiste num modelo em V,

baseado no modelo original do V de Gowin. Ele vem substituir os antigos relatórios nas aulas

práticas e por ser muito mais completo nas questões didáticas pedagógicas, enriquece o

aprendizado contribuindo para uma compreensão geral do tema, possibilitando um maior

desenvolvimento do educando (Santos, 2008 e Santos e Moreira, 2008).

Através das atividades propostas sobre o conceito de energia, ocorreu o confronto de

idéias que os alunos tinham como “conceitos certos”, com base nos resultados das atividades

desenvolvidas por eles. A partir de indagações, trocas de idéias e comparações foram se

desenvolvendo novas concepções que se ancoram nas concepções pré-existentes,

modificando-as, constituindo-se assim uma nova aprendizagem que pode se dar de modo

significativo.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Aprendizagem significativa e instrumentos facilitadores da Aprendizagem.

“Um bom ensino deve ser construtivista, promover a mudança conceitual e facilitar a

aprendizagem significativa” (Moreira, Caballero, Rodriguez , 1997).

Nas propostas atuais de ensino, considera-se construtivista uma posição filosófica

cognitivista, onde o ato de conhecer realizado pelo ser humano se dá por construção. O aluno

é reconhecido como agente que constrói sua própria estrutura cognitiva, com capacidade

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criativa de interpretar e representar o mundo. No que diz respeito às mudanças conceituais,

estas devem ter um significado para o aluno, os conceitos devem ser claros para que sejam

relevantes na aquisição de novos conhecimentos. A aprendizagem é a aquisição de

informações que tem por objetivo promover o acréscimo de conhecimentos e posteriormente

uma mudança comportamental; pois o novo conhecimento lhe dá oportunidade de novas

interações, novas discussões com outras pessoas, promovendo a aprendizagem. Quando

falamos em aprendizagem significativa, termo muito utilizado nos dias de hoje, nos vêm à

mente as teorias de aprendizagem, que tentam explicar como funciona o processo da

aprendizagem e as construções humanas para interpretar o conhecimento.

Nesta perspectiva baseamo-nos na Teoria de Aprendizagem Significativa de Ausubel e

na sua elaboração, refinamento e divulgação por Novak e Moreira.

2.1.1 Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel, Novak e Moreira

Segundo Moreira, pode-se distinguir três tipos gerais de aprendizagem: cognitiva,

afetiva e psicomotora.

“A aprendizagem cognitiva é aquela que resulta no armazenamento organizado de informações na mente do ser que aprende, e esse complexo organizado é conhecido como estrutura cognitiva. A aprendizagem afetiva resulta de sinais internos ao indivíduo e pode ser identificada com experiências tais como prazer e dor, satisfação ou descontentamento, alegria ou ansiedade. Algumas experiências afetivas sempre acompanham as experiências cognitivas.... A aprendizagem psicomotora envolve respostas musculares adquiridas por meio de treino e prática, mas alguma aprendizagem cognitiva é geralmente importante na aquisição de habilidades psicomotoras” (Moreira, 1999, pp.151-152).

A aprendizagem significativa proposta por Ausubel é uma aprendizagem cognitivista,

na qual o conceito deve ser organizado e assim interagir com o conteúdo total de idéias.

A aprendizagem significativa é o processo através do qual uma pessoa adquire novos

conhecimentos de maneira não-arbitrária e substantiva.

“Não-arbitrariedade quer dizer que o material potencialmente significativo se relaciona de maneira não-arbitrária com o conhecimento já existente na estrutura cognitiva do aprendiz. Substantividade significa que o que é incorporado à estrutura cognitiva é a substância do novo conhecimento, das novas idéias, não as palavras precisas usadas para expressá-la” (Moreira, Caballero, Rodriguez, 1997, p.20).

Para que o conhecimento aconteça de maneira não-arbitrária ele deve estar relacionado

com que o aluno já conhece sobre o assunto, de maneira a ampliar os conceitos na estrutura

cognitiva do aprendiz. Esses conhecimentos já existentes, ditos “conhecimentos prévios

relevantes”, são chamados por Ausubel de “subsunçores”. Esses subsunçores servirão de

“ancoragem” para os novos conceitos, ou seja, são neles que os novos conceitos se apoiarão

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para conseguir dar significado ao que o aluno aprende. Portanto, a aquisição de novos

conhecimentos se dá através de quando estes se ancoram em conhecimentos relevantes, pré-

existentes na estrutura cognitiva do aprendiz. O conhecimento prévio é a matriz

organizacional de idéias, conceitos, proposições que permitem a ancoragem de novos

conceitos. O conhecimento que se incorpora, que se aprende, é a substância do novo conceito

e não os seus significados e signos. Na interação de conhecimentos novos com os pré-

existentes (subsunçores), ocorre mudança dos prévios e o conhecimento adquire significado.

Na aprendizagem mecânica ou automática, onde o aluno apenas memoriza sem

compreender o real significado do conceito, não ocorre à formação de conceitos com

significado, pois ocorreu de uma maneira arbitrária e literal; onde o novo conhecimento

provavelmente não encontrou seus subsunçores. Não havendo a interação do novo

conhecimento com os já armazenados na estrutura cognitiva.

Quando no aluno ainda não existem subsunçores para determinado assunto, a

estratégia de Ausubel para promover a aquisição de conhecimento está baseada em

organizadores prévios que

“são materiais introdutórios apresentados antes do material de aprendizagem em si, em um nível maior de abstração, generalidade e inclusividade. Sua principal função é a de servir de ponte entre o que o aprendiz já sabe e o que ele deve saber a fim de que o novo material possa ser aprendido de maneira significativa. Seria uma espécie de ancoradouro provisório” (Moreira, Caballero, Rodriguez, 1997, p. 36).

Para facilitar ao aluno a aprendizagem significativa é importante manipular o

conteúdo, identificando conceitos básicos da matéria de ensino e entendendo-o como eles

estão estruturados, fazendo uma análise de sua importância e relacioná-los com aspectos

relevantes da estrutura cognitiva do aprendiz. Em seguida, esses conteúdos devem estar

programados para ordenar a matéria de ensino, respeitando sua organização e planejando

atividades práticas.

Duas condições são necessárias, segundo Ausubel e Novak, para que o aluno adquira a

aprendizagem:

•que o aprendiz apresente uma pré-disposição para aprender, manifestando a intenção de

aprender e perceber alguma relevância com o novo conhecimento, que depende de suas

experiências afetivas e educativas.

•que o material de aprendizagem seja potencialmente significativo com a estrutura cognitiva

do aprendiz.

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“Gowin vê uma relação triádica entre professor, materiais educativos e o aprendiz. Para ele, o episódio de ensino-aprendizagem se caracteriza pelo compartilhar significados entre aluno e professor, a respeito do conhecimento veiculado por materiais educativos do currículo. Usando materiais educativos do currículo, aluno e professor buscam congruência de significados” (Moreira, Caballero, Rodriguez, 1997, p.34)

É indispensável saber exatamente o que se quer ensinar e ao objetivo que se pretende

chegar. Pois em muitos livros a organização lógica dos conteúdos não é exatamente a mais

adequada para se promover uma aprendizagem que esteja condizente com a estrutura

cognitiva do aprendiz. É importante também, identificar qual é a bagagem que o aluno já

possui com relação a aquele conteúdo, se ele possui disponível determinado subsunçor (a fim

de que o professor trabalhe em cima daquilo que foi identificado) que servirá de âncora para a

aquisição de novos conhecimentos.

2.1.2 Mapas Conceituais como recurso instrucional

O uso de mapas conceituais como recurso instrucional não é mais novidade. Trata-se

de uma estratégica originalmente desenvolvida pelo Professor Joseph Novak e seus estudantes

de pós-graduação, em meados dos anos setenta na Universidade de Cornell, que hoje se utiliza

com alunos de qualquer idade em qualquer disciplina. (Moreira, 2006).

Segundo Novak, Moreira e Gowin, mapas conceituais são

“...diagramas bidimensionais que indicam relações entre conceitos. Mais especificadamente, podem ser interpretados como diagramas hierárquicos que procuram refletir a organização conceitual de um corpo de conhecimento ou de parte dele. Ou seja, sua existência deriva da estrutura conceitual de um conhecimento” (Moreira, 2006, p. 9).

Os mapas conceituais podem ser utilizados para a apresentação de conceitos e suas

relações hierárquicas de determinado conteúdo. São instrumentos utilizados pelo professor

com o objetivo de facilitar a aprendizagem significativa. Ele serve tanto para o ensino do dia-

a-dia na sala de aula, para o processo avaliativo nas diferentes abordagens do ensino, quanto

para explanação, análise e planejamento de um currículo podendo abranger os conteúdos

gerais e os específicos que se pretende abordar em determinado curso ou disciplina. Eles não

são auto-explicativos, necessitam da intervenção do professor para que guiem os alunos para

o entendimento do mapa.

Podem ser utilizados como instrumentos de apoio para o processo de ensino

aprendizagem por qualquer disciplina, subdisciplina, textos, artigos, entre outros; podendo ser

confeccionados pelo professor, pelo aluno ou por uma equipe. São recursos flexíveis,

dinâmicos, cuja vantagem pode estar no fato de dar destaque ao ensino aprendizagem de

conceitos para que estes não fiquem perdidos em meio a tantas informações.

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Avaliar com o uso de mapas conceituais significa verificar através de um mapa

construído pelo aluno o que ele aprendeu, captou de significativo dos conceitos abordados.

Observar de que maneira ele está relacionando os conceitos, se há relação lógica entre os

termos apresentados.

Os mapas conceituais são úteis para a determinação dos conhecimentos prévios dos

alunos, bem como para a mudança conceitual e cognitiva do aluno no processo de ensino.

Devem ser construídos de maneira a permitir que se faça uma leitura dos conceitos mais

gerais até os mais específicos, abordando aí a diferenciação progressiva, mas ao mesmo

tempo consiga fazer uma leitura dos conceitos menos abrangentes até os mais amplos, a qual

se refere à reconciliação integrativa. Possuem certa flexibilidade e nenhum mapa é igual ao

outro, por mais que seja do mesmo assunto, pois são construídos por pessoas diferentes.

Conceitos mais gerais são colocados no topo do mapa, na parte intermediária estão os

conceitos menos abrangentes (subordinados) e finalmente na base do mapa os conceitos mais

específicos, todos interligados por linhas que sugerem relações.

Com o uso de mapas conceituais pretendeu-se desenvolver no aluno uma organização

hierárquica dos conceitos de maneira que ele entenda a colocação dos conteúdos

superordenados e subordinados na hierarquia, sendo uma maneira do aluno exteriorizar o

conhecimento de energia aprendido.

2.1.3 Experimentação.

Outra estratégia que utilizamos nessa proposta de ensino e que chama a atenção dos

alunos, principalmente na disciplina de ciências é o uso de atividades experimentais, com o

intuito de envolver o aluno com o conteúdo proposto, estimular sua curiosidade sobre o tema,

permitir sua interação e ação, desenvolver competências e contribuir de forma favorável para

o enriquecimento do estudo.

O experimento faz com que o aluno não fique apenas no campo da teoria, mas traga a

teoria para o mundo prático, dando a ela mais sentido. Dessa maneira, o aluno passa a ser

membro mais atuante na comunidade, pois carrega uma melhor “bagagem” conceitual que lhe

fornece condições de atuar sem medos e preconceitos. Permite desenvolver no aluno um

“olhar crítico”, possibilitando a investigação e a discussão dos resultados. O diálogo, os

questionamentos e as dúvidas que surgem durante o desenvolvimento de uma atividade

experimental são subsídios para uma abordagem integradora que o professor deve manipular

para que a aprendizagem ocorra de modo mais significativo.

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Segundo a Diretriz Curricular de ciências,

“As atividades experimentais estão presentes no ensino de ciências desde sua origem e são estratégias de ensino fundamentais, pois podem contribuir para a superação de obstáculos na aprendizagem de conceitos científicos, não somente por propiciar interpretações, discussões e confrontos de idéias entre os estudantes, mas também pela natureza investigativa”. (Paraná, 2008, p.37).

Millar (1987) apud Arruda e Laburú (1996), afirma que o experimento numa visão

mais tradicional, tem sua importância como subsídio para a comprovação de uma idéia, sendo

a fonte das teorias inventadas pelos cientistas. Portanto ele pode comprovar uma teoria,

facilitar a aprendizagem e despertar a curiosidade pelo assunto proposto.

Numa visão mais moderna, “o conhecimento científico se origina da observação (ou

experimentação, ou mediação) sistemática da natureza” (Arruda e Laburú, 1996, p.18). O

conhecimento nasce de modificações de conhecimentos já existentes. Portanto, a função do

experimento é permitir que a teoria se aproxime mais da realidade; é fazer com que ela seja

melhor compreendida.

As atividades experimentais foram desenvolvidas com materiais alternativos e de

baixo custo, construídos pelos alunos durante o desenvolvimento do projeto, estimulando

dessa forma a participação integral do aluno na realização do experimento. Segundo Axt e

Bonadiman (1997) apud Bonadiman e Nonenmacher (2007, p. 217), “a tendência de

identificar a complexidade dos materiais com o mérito educativo é controvertida, uma vez que

a aprendizagem com equipamentos simples é perfeitamente possível no estudo de uma ampla

gama de fenômenos físicos”.

2.1.4 Diagrama ADI (Atividades Demonstrativo-Interativas).

O diagrama ADI - Atividades Demonstrativo-Interativas, foi elaboradorado a partir de

um curso de formação para professores da rede estadual do Paraná, ofertado pela Unicentro.

Consiste em um instrumento em forma de V com função didático-pedagógica. Foi

desenvolvido a partir do Vê epistemológico de Gowin, e segundo Santos (2008), o ADI surgiu

a partir de dificuldades encontradas pelos professores em realizar exercícios com o diagrama

de Gowin e de sua aplicação junto aos alunos; por isso foi organizado com uma linguagem

mais apropriada para estudantes do ensino fundamental e médio.

Tem por objetivo principal auxiliar “no planejamento, desenvolvimento e avaliação

das atividades colaborativas” (Santos, 2008, p.161).

De acordo com Moreira (2006, p.87) “o Vê nos ajuda a identificar os componentes do

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conhecimento, clarificar suas relações e apresentá-los em um modo visualmente compacto e

claro”. O conhecimento é fruto de uma construção humana num determinado contexto, o

diagrama permite que o aluno entenda e identifique a estrutura desse conhecimento.

Dessa maneira, Santos (2008), ressalta que o diagrama ADI possui vantagens e

características, que justificam sua importância no processo ensino-aprendizagem a partir da

teoria da aprendizagem significativa, sendo elas:

• Instrumento com estrutura semelhante ao V de Gowin, porém usado para fins

didático-pedagógicos; usado para planejamento, abordagem e avaliação da

aprendizagem.

• Pode ser utilizado pelo professor e alunos em atividades colaborativas; também

necessita de planejamento prévio por parte do professor e deve ser compatível com o

nível cognitivo do aluno.

• Proporciona maior interação em sala de aula.

• Pode ser utilizado como um organizador prévio, por meio do pré-teste e pós-teste;

substitui os relatórios de atividades experimentais, os quais não são recomendados no

ensino fundamental.

• Permite uma visão do todo para quem o utiliza; deve estar associado a um mapa

conceitual.

• Pode ser desenvolvido com o auxílio do professor na forma de estudo dirigido.

Com o uso do diagrama ADI, complementamos o trabalho do experimento “elevador

eólico” possibilitando ao aluno a integração da prática com os conceitos envolvidos.

No Apêndice 1 encontra-se um modelo desse diagrama usado no planejamento da

atividade do experimento elevador eólico.

2.1.5 O Conceito de Energia

A etiologia da palavra energia deriva o grego energeia, que significa “em

funcionamento”(Projeto Araribá 8ª série, 2006, p.50). No entanto para se chegar à definição

do termo energia é necessário que o aluno interaja com diferentes situações em que é

abordado o tema energia, com exemplos e analogias e também com outros conceitos

relacionados. Nesse caso o aluno cria condições de entender que energia

“é alguma coisa que permanece constante em qualquer processo físico, isto é, como uma regularidade nos processos físicos. Ou seja, quando for capaz de fazer uma abstração no sentido de que “aconteça o que acontecer” em um determinado processo físico sabe-se de antemão que existe algo que permanecerá constante e que poderá ser chamado de energia. Trata-se, sem dúvida, de uma idéia extremamente

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abstrata, pois, a rigor, o princípio da conservação da energia (...) é o princípio mais útil em toda a ciência (...) uma lei que governa todos os fenômenos da natureza até agora conhecidos. (...) é alguma coisa que pode assumir várias formas, que pode ser calculada através de fórmulas apropriadas, mas que, feito os cálculos e somando-se os resultados, obter-se-à para um sistema isolado sempre o mesmo número independentemente dos processos físicos nele ocorridos (Moreira, 1998, p.6).

Para Montanari (2003, p.6), a “energia, do ponto de vista científico literário, (...) é algo

muito importante e está presente em tudo o que fazemos”. É um conceito abstrato (Moreira,

1998) e por isso é difícil de ser definido. Alguns cientistas propuseram algumas definições,

mas nenhum deles conseguiu chegar a uma definição exata para o conceito de energia, que

não abrisse precedentes para discussão. Para o físico-químico letoniano Wilhelm Ostwald,

“energia é aquilo de que se necessita para realizar qualquer tarefa ou trabalho” (Montanari,

2003, p12); Thomas Young, em 1807, propôs um conceito semelhante ao de Ostwald e muito

utilizado nos livros didáticos de ciências: “energia é a capacidade de realizar trabalho”

(Montanari, 2003, p. 13). Energia e trabalho são conceitos muito interligados, pois trabalho é

a medida do esforço que uma pessoa, por exemplo, pode fazer ao deslocar um objeto a uma

determinada distância, com isso gastando energia.

A energia está em tudo, tanto no corpo dos seres vivos, permitindo as reações

metabólicas que compreendem todo o ciclo vital, como no ambiente físico, permitindo o

funcionamento de diversos sistemas, nas quais os seres vivos de muito se utilizam. Fica mais

fácil para a compreensão de todos, principalmente dos alunos, quando, ao se referir à energia,

abordarmos as suas manifestações e transformações; sendo mais fáceis de serem

compreendidas por estarem diretamente relacionadas com o cotidiano das pessoas.

Para Moreira (1998), a energia pode ser representada sob três formas: a cinética, que

representa o estado de movimento de um corpo “e pode ser calculada pela operação

matemática Ec = m.v²/ 2” (Montanari, 2003); a potencial, que representa o efeito da força

acumulada em um corpo e “pode ser calculada pela seguinte expressão: Ep =m.g.h”

(Montanari, 2003) e a energia de massa, onde a equação E = m.c² estabelece uma relação

entre massa e energia.

É conveniente ainda falar sobre “formas de energia” como: energia eólica, energia

elétrica, energia química, energia nuclear, por exemplo, mas todas são diferenciações das três

formas básicas de energia.

A energia elétrica é uma das formas de energia mais utilizada pelo homem, nos

aparelhos domésticos, nas lâmpadas, em aparelhos elétrico-eletrônicos, dentre outros úteis no

dia-a-dia. Ela pode ser transformada em uma usina hidrelétrica que utiliza a energia potencial

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da água; em uma usina termelétrica, que utiliza o calor para esquentar a água, vaporizá-la para

acionar as turbinas e gerar energia elétrica; em uma usina eólica, que utiliza o movimento do

ar; em um sistema de energia solar fotovoltaica, que aproveita a luz do sol para gerar

eletricidade; em usina nuclear que utiliza a energia liberada nas reações nucleares.

A energia química é a energia acumulada nos corpos e que pode ser liberada pelo

processo de combustão. Alguns objetos liberam mais facilmente a energia química

acumulada, são então chamados de combustíveis, como por exemplo: carvão, derivados do

petróleo (gasolina, querosene, óleo diesel e gás liquefeito) e álcool, outros não a conseguem

liberar facilmente (Montanari, 2003). A energia dos alimentos é liberada com o processo de

digestão, onde vai ser utilizada pelo corpo dos seres vivos para o metabolismo geral,

promovendo o funcionamento de todos os sistemas de uma maneira harmônica.

A energia solar é a principal fonte de energia para os seres vivos, dela provem todas as

outras formas de energia. Diretamente ela é importante para a realização da fotossíntese pelos

seres clorofilados, para clarear e permitir a identificação de objetos e formas através da visão;

indiretamente é importante para o ciclo da matéria e energia nos ecossistemas e para a

manutenção e equilíbrio das cadeias e teias alimentares.

Algumas das fontes alternativas de energia da qual disponibilizamos hoje em dia, são a

utilização da energia solar, através de placas fotorreceptoras, instaladas geralmente nos

telhados das casas, que absorvem a energia solar e a transformam, através dos geradores, em

energia elétrica e a utilização da velocidade do vento – energia eólica- para mover as pás

(gerando energia cinética) e sua transformação em energia elétrica. Como disse o Xeque

saudita Zaki Yamani, “A idade da Pedra acabou e não por falta de pedras, e a idade do

Petróleo vai terminar em breve e não por falta de petróleo” (Cenários Energéticos Globais

2020, 2007, p.12). Esse comentário nos faz pensar nas descobertas e utilização de novas

fontes de energia, que substituirão as atuais, por terem, dentre outros fatores positivo, menor

custo e serem fontes de menor liberação de gás carbônico, contribuindo para a diminuição do

efeito estufa, promovendo o equilíbrio ambiental.

A energia pode ser transformada de uma forma para outra, assumindo suas “várias

formas”, como no exemplo de uma usina hidrelétrica, onde a energia potencial da água

represada é transformada em energia do movimento da queda da água e essa, é novamente

transformada em energia elétrica, acumulada nos geradores. A importância do conceito de

energia destaca que ela se conserva de maneira constante em suas transformações, num dado

sistema isolado, sem acréscimo ou perda de energia.

James Prescott Joule, baseado em Lavoisier, criou uma frase que explica o princípio

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da conservação de energia: “a energia não pode ser criada nem destruída: quando uma forma

de energia se transforma em outra, a quantidade total de energia continua a

mesma”(Gewandsznajder, 2002, p. 157); ou seja a energia é apenas transformada de uma

forma em outra. O princípio da conservação da energia é descrito na 1ª Lei da

Termodinâmica, definida como: “a variação da energia interna de um sistema é igual a

energia a ele transferido devido a uma diferença de temperatura menos o trabalho que ele

realiza (Moreira 1998, p.23).

O conceito de temperatura tem a ver com a quantidade de energia interna que um

corpo possui e ou energia cinética entre átomos e moléculas. Quando a energia interna

aumenta, conseqüentemente a temperatura de um corpo também aumenta; quando a energia

interna diminui a temperatura do corpo, também diminui. “Portanto, uma variação da energia

interna de um sistema pode se manifestar, macroscopicamente, através de uma variação de

sua temperatura ou de uma mudança de estado físico”(Moreira 1998, p. 5). Quando dois

corpos com diferentes quantidades de energia interna estiverem intimamente ligados, o que

possui mais energia tende a doar energia para o corpo que possui menos energia interna, de

modo que os dois corpos fiquem com a mesma temperatura. Neste caso dizemos que esse

fluxo de energia de um sistema para outro denomina-se calor. “Calor é energia em trânsito

entre um sistema e sua vizinhança” (Moreira 1998, p. 5).

As concepções que os alunos apresentam sobre o conceito de energia, estão baseadas

na sua cultura social, que muito influencia o seu cotidiano nas suas tomadas de decisões e

resoluções de problemas. Quando se trata do conhecimento sobre energia, o aluno sempre

sabe se manifestar de uma maneira ou outra, utilizando o seu conhecimento social. Eles

apresentam uma diversidade grande de interpretações e de termos utilizados em relação a esse

conceito, que se referem à fonte (solar, eólica, nuclear, combustível), formas (elétrica,

movimento, bateria) e transformações de energia (elétrica em sonora, térmica, visual),

também associada aos seres humanos e quase nunca se referem à energia aprendida na escola

como a energia potencial elástica ou gravitacional e a energia química. Mas os seus “modelos

de energia” em nada têm a ver com o seu real conceito. Eles se sentem mais à vontade para

utilizar essas concepções, de uma maneira mais espontânea, do que utilizar as concepções

adquiridas na cultura escolar.

Barbosa e Borges (2006), afirmam que a grande quantidade de concepções alternativas

sobre o conceito de energia sugere que os alunos tenham pouco contato com o conceito

abstrato de energia aplicado na física, que lhe seja significativo. Dessa forma desenvolve-se

uma estrutura cognitiva com conhecimentos escolares prévios fragmentados. O que pressupõe

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ao aluno criar uma concepção de que a energia existe de fato, é transferível entre sistemas,

pode ser armazenada ou liberada em certas condições.

Analisando duas coleções de livros didáticos da disciplina de ciências, uma

anteriormente adotada, do autor Fernando Gewandsznajder, publicada pela Editora Ática e

trabalhada nos últimos três anos e outra atual, onde foi adotado pelas escolas públicas de

Laranjeiras do Sul, Paraná, o Projeto Araribá de 5ª a 8ª séries, coleção desenvolvida e

produzida pela Editora Moderna, observa-se que o tema energia é visto durante todo o ensino

fundamental, de 5ª a 8ª série, na disciplina de ciências. Portanto, para que o aluno compreenda

de forma coerente o conceito de energia, é importante que se desenvolva as competências

iniciais para a observação de fenômenos simples, a partir das séries iniciais e com isso ele

desenvolva capacidades de testar, questionar, interagir, interpretar experimentos, para que o

fenômeno estudado sobre energia lhe atribua significado. O conceito de energia é algo que

reúne uma grande aplicabilidade de concepções, oriundas da vivência social e que desse modo

precisa ser trabalhado através do ensino escolar, apoiando-se no que o aluno já sabe, para dar

significado real ao tema abordado.

3 METODOLOGIA

Este trabalho é resultado de um conjunto de atividades realizadas durante o período de

dois anos do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, promovido pela Secretaria

de Estado da Educação do Estado do Paraná, com o objetivo de capacitação continuada do

professor estatutário da rede pública. Neste período participamos de curso de aperfeiçoamento

e aprofundamento gerais e específicos, simpósios, seminários, grupos de estudos e encontros

de orientações, entre outros. Realizamos algumas atividades essenciais para a permanência no

programa: a realização de um projeto de pesquisa que foi entregue no primeiro semestre do

programa em 2008, a produção de um material didático, entregue no segundo semestre e no

terceiro semestre, em 2009, a implementação pedagógica, que consistia na aplicação do

projeto de pesquisa com base no material didático produzido em turmas pré-estabelecidas,

visando à melhoria na qualidade do ensino; e, como trabalho final, a elaboração de um artigo

científico baseando-se nos resultados de todo o processo.

A aplicação desta proposta foi realizado no Colégio Estadual Floriano Peixoto –

EFMP, em Laranjeiras do Sul, Pr, com alunos da 8ª série A, turno manhã, do Ensino

Fundamental, chamada turma experimental e comparada com a turma da 8ª série C, turno

manhã, turma controle, onde foi desenvolvido o método tradicional. O fato de se trabalhar

com uma turma experimental e uma turma controle facilita a observação dos resultados e

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permite avaliar a eficiência dos instrumentos utilizados.

As turmas envolvidas não ficaram inicialmente sabendo que estariam participando de

um processo de pesquisa. Pretendia com isso avaliar como seria a participação e o rendimento

dos alunos e que eles fossem aos poucos descobrindo que algo diferente estava acontecendo e

se motivassem com isso.

3.1 Pré-teste e pós-teste:

Como atividade inicial da proposta de ensino aplicamos dois pré-testes (Apêndices 2 e

3), nas duas turmas, um de questões e outro de figuras, que consiste em um conjunto de

atividades a serem respondidas pelos alunos com o objetivo de verificar seus conhecimentos

prévios e também suas concepções alternativas sobre o tema energia. Eles foram aplicados

antes de iniciar o conteúdo e novamente (re)aplicados (pós-teste) após a abordagem teórica e

desenvolvimento de todas as atividades propostas, objetivando a verificação da aprendizagem

e crescimento pedagógico dos alunos. Aplicamos valores a esta atividade para posteriormente

comparar o rendimento do aluno na verificação da aprendizagem (pós-teste).

3.2 Situação problema:

Em seguida lançamos aos alunos duas situações problemas como introdução geral ao

tema energia, que consistia na situação-problema 1: Por que está tão evidente nos meios de

comunicação a preservação do ambiente e reportagens que enfatizem a utilização da energia

alternativa?; e na situação-problema 2: O ar que aspiramos é saudável?

Ao apresentar a situação problema para os alunos procuramos despertar a curiosidade

que os motivasse a procurar uma solução que lhe atribuísse significado como uma possível

resposta para o problema. O professor esteve atento aos alunos, procurando instigá-los,

desafiá-los nas suas análises e reflexões; de modo que o aluno atingisse o objetivo proposto

na atividade ou o mais próximo possível. Os alunos foram divididos em 8 grupos, ficando a

metade dos grupos com cada tema; que se organizaram para responder as questões e

posteriormente fazer uma breve explanação para toda a turma, dos conceitos envolvidos que

foram pertinentes para responder as situações problemas.

3.3 Pesquisa bibliográfica:

Para que os alunos confirmassem suas hipóteses foi necessário recorrer à literatura.

Para isso os alunos novamente organizados em grupos realizaram uma pesquisa bibliográfica,

utilizando a biblioteca escolar, e a internet do laboratório digital do Paraná Educação. Após a

pesquisa realizada, os alunos fizeram uma síntese do material encontrado, prepararam-se para

uma apresentação oral, em tempo pré-determinado, para fazer a socialização de suas

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conclusões para a classe. Nesse momento surgiram muitos apontamentos relacionando a

situação problema com diferentes enfoques. Coube a professora aproveitar as colocações dos

alunos direcionando para o foco da questão.

3.4 Construção do experimento “elevador eólico” e preenchimento do ADI (Atividades

Demonstrativo –Interativas):

A construção do modelo de elevador eólico (Apêndice 4) foi realizada com materiais

alternativos e de baixo custo organizados previamente, onde cada grupo de alunos

confeccionou o seu modelo. Porém antes de fazer o experimento funcionar, os grupos

responderam no diagrama ADI (Apêndice 1), no item “resultados conhecidos”, um pré-teste

com questões específicas sobre o conteúdo do experimento. A realização dessa atividade antes

da prática experimental, objetivou a busca dos conhecimentos prévios dos alunos e

concepções alternativas que sejam relevantes serem relembrados nesse momento;

contribuindo com o desenvolvimento e com o estímulo do aluno na prática experimental. A

seguir os alunos sopraram o cata-vento do modelo do elevador eólico até que o peso dentro do

tubo subisse uns 20 cm e responderam: Por que o objeto subiu? Através dessa atividade

buscou-se envolver novos conceitos relacionados à energia, sua fontes, formas e

transformações; bem como fazer o aluno entender que a energia está presente no fenômeno

observado.

Na seqüência, os grupos preencheram o diagrama ADI baseado no experimento do

elevador eólico, refizeram as questões do campo predição do aluno, para verificar os

conhecimentos adquiridos e confrontá-los com as concepções anteriormente respondidas.

Após a conclusão desta atividade, foi socializado oralmente cada item do diagrama com os

grupos, sempre valorizando o raciocínio que tiveram, fazendo correções e sugestões se

necessário.

3.5 Abordagem teórica e produção textual:

Após as atividades já propostas, foi necessário fazer uma abordagem teórica

esclarecendo alguns conceitos envolvidos no experimento como: energia e suas

transformações, tipos e fontes de energia, energia alternativa, preservação ambiental e

princípio da conservação da energia, possibilitando a substituição da linguagem usual do

conhecimento cotidiano pela linguagem científica, envolvendo o aluno com o conhecimento

escolar e promovendo a socialização do tema. Individualmente os alunos fizeram uma

produção de texto acerca do tema explorado e dos resultados atingidos, que foi revisado pela

professora de língua portuguesa e com a orientação da professora de artes, confeccionaram

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desenhos que representasse o seu texto e o seu entendimento sobre o conceito de energia;

explorando desta forma o trabalho interdisciplinar. Atividades diferenciadas que valorizem o

uso do raciocínio e a aplicabilidade do conceito estudado em diferentes situações, bem como

o relacionamento com temas já estudados, garantem a unidade da ciência.

3.6 Seminário com abordagem integradora:

Com o objetivo de fazer o aluno entender que os conteúdos que se estudam nas

diferentes séries são sempre um aprofundamento e complemento da série anterior, foi

necessário fazer o resgate de alguns conceitos importantes que também enfatizam o conceito

de energia. Organizamos um seminário que contribuísse para a abordagem integradora dos

conceitos de 5ª a 8ª séries que envolvem o conceito de energia. Cada grupo de alunos ficou

responsável por pesquisar e preparar uma explanação sobre um dos conceitos, nada muito

demorado, algo bem prático que fizesse associação ao conceito de energia, tais como: Sol

fonte de energia, planeta Terra, ciclo da água, correntes de ar, alimentos, digestão, combustão,

relações alimentares, cadeias e teias alimentares, seres vivos, fotossíntese, calor, temperatura,

fontes e formas de energia, energia renovável e não-renovável.

Fizemos uso de mapas conceituais (Apêndice 5), como instrumentos facilitadores da

aprendizagem, preparados no material didático, fazendo as relações entre os conceitos já

trabalhados e introduzindo conceitos novos, como: conceito de trabalho, energia, energia

mecânica, potencial, cinética, de massa, ondas, luz, som, que são pertinentes ao estudo de

ciências na 8ª série. Após o contato dos alunos com os mapas conceituais e uma breve

explicação sobre sua finalidade e construção, os alunos, em grupos, construíram seus mapas

conceituais conforme os textos sobre energia estudados; valendo-se dele como uma estratégia

de avaliação.

Os dados coletados através das atividades propostas foram organizados em tabelas e

gráficos para que pudéssemos fazer as análises e conclusões nos resultados e nas

considerações finais.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Análises Qualitativas

Observamos após anos de magistério, que o ensino escolar mudou muito. De tempos

atrás, para hoje, os alunos perderam muito o compromisso e a responsabilidade com o estudo.

É claro que se analisarmos, hoje toda e qualquer criança de até 14 anos, segundo o Estatuto da

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Criança e do Adolescente (Brasil, 1990), tem a obrigação de estar freqüentando uma escola,

sob pena dos pais serem punidos caso isto não esteja ocorrendo.

Temos portanto, na escola pública, crianças com todos os tipos de estruturação

familiar: pai, mãe e filhos; mães e filhos, pais e filhos, avós e netos, de classe pobre, média e/

ou miseráveis, oriundos da zona urbana, do centro, de vilas, de periferias e da zona rural. Isto

faz com que na escola se reúna uma grande diversidade de alunos, considerando os aspectos

sociais, econômicos, religiosos e também políticos. Temos alunos que recebem um maior

acompanhamento dos pais referente às tarefas e obrigações escolares, e alunos em que os pais

se preocupam em matriculá-los apenas, não os acompanhando no ritmo normal de suas

atividades e nem os cobrando um rendimento. Famílias que se preocupam mais com os

benefícios sociais que recebem do governo, que com os benefícios culturais que a escola tem

a oferecer.

Esta situação que enfrentamos em nossa realidade torna cada vez mais difícil o

trabalho pedagógico do professor. Somos cobrados por um melhor rendimento, sem fracassos,

desistências ou repetências. Muitas vezes, enquanto escola, não recebemos o apoio da família

para conscientizar o aluno que o estudo é o único e verdadeiro tesouro que ninguém pode lhe

tirar e que dele dependerá seu futuro como profissional e social.

A escola passou a ter muitas responsabilidades sociais, o que distancia um pouco a sua

verdadeira função de transmitir o conhecimento científico valorizando a cultura social do

educando. O professor é cobrado pela “obrigação de ensinar” como mediador do trabalho

pedagógico (Paraná, 2008), mas o aluno não se conscientiza que a “obrigação de aprender é

dele”.

Tentando superar a distância entre escola e aluno, ou entre professor e aluno, ou ainda

entre ensino e aluno, com todas as dificuldades já apresentadas e considerando ensinar o

conteúdo estruturante Energia na 8ª série do Ensino Fundamental, conforme o que preceitua a

nova Diretriz Curricular do Estado do Paraná (Paraná 2008), fizemos uso de diferentes

recursos e estratégias pedagógicas de modo a minimizar os problemas no processo ensino-

aprendizagem em ciências do conceito energia. Procuramos fazer uma rede de interações

entre os envolvidos no processo educativo, buscando o conhecimento científico escolar e

desta forma tornando o processo de ensino mais prazeroso e com significado para o aluno.

Durante a realização das atividades surgiram muitas dificuldades com relação ao

envolvimento dos alunos no que se refere ao fazer “bem feito”, ao compromisso com a

interpretação dos textos, das questões propostas, onde muitas vezes faltou coerência entre o

que foi questionado e o que foi pesquisado como resposta. Não que os alunos não tivessem

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participado e entregue as atividades quando solicitados, mas consideramos que a falta de

leitura, interpretação e compromisso com o estudo o impedem de ser um aluno mais ativo,

atuante e participativo do processo de aprendizagem. Eles se acomodam com o mínimo, não

se preocupando em se aprofundar na explicação de um determinado conceito.

Por mais que os alunos fossem motivados, a falta de uma rotina diária de estudos, de

uma cobrança maior com os trabalhos realizados tanto por parte dos professores, como dos

pais e a falta de atividades diferenciadas a rotina normal das aulas, promove uma certa

passividade no aluno, não só nas aulas de ciências, mas em todas as disciplinas.

Como professores, temos que trabalhar os conceitos científicos de uma forma mais

dinâmica, envolvendo atividades que integrem os conceitos e que aproximem-no da realidade

dos alunos para que estes se tornem significativos em sua estrutura cognitiva (Ausubel, 1968,

Novak, 1981 e Moreira, 1999) e possam ser aprendidos com interesse, quebrando o

comodismo e a falta de perspectiva de nossos alunos.

Durante as atividades, aos poucos, os alunos foram se envolvendo mais com seus

grupos, de modo que ao final do trabalho observamos um avanço significativo na participação

dos alunos, o que contribuiu para um resultado mais positivo, comparado à situação inicial.

As atividades desenvolvidas vieram aproximar os alunos do processo educativo, onde

através do uso de mapas conceituais, experimento e do diagrama ADI, buscamos possibilitar

ao aluno uma aprendizagem significativa permitindo a ele compreender as idéias científicas

básicas sobre o conceito energia, entender melhor e prever os fenômenos que a envolve e que

sobretudo está relacionada ao seu cotidiano. No funcionamento do experimento elevador

eólico, ficou claro para os alunos que não era o vento do “sopro” no catavento que

diretamente fazia o objeto se elevar, pois este não penetrava na garrafa pet; mas, havia um

processo de transformação de energia ocorrendo: energia cinética do sopro que fazia o palito

girar e enrolar o barbante e aos poucos elevar o objeto. O aluno pode observar a presença de

energia no experimento e comprovar sua transformação, desmistificando que a “energia

encontra-se apenas nas tomadas”, conforme relato de vários alunos.

A evolução dos aprendizes pôde ser verificada através dos dados obtidos pela

aplicação dos pós-testes na turma experimental que foi submetida à aplicação da proposta

através de um ensino integrador e após a turma controle ter sido submetida ao um ensino

tradicional. Desta maneira revelaram-nos que de fato os instrumentos facilitadores da

aprendizagem se mostraram eficientes e contribuíram de modo significativo para um melhor

rendimento da aprendizagem (Moreira, 2006) do conceito energia, de suas formas, fontes e

transformações. Um exemplo que podemos destacar na mudança de pré-conceitos ou

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aprimoramento da aprendizagem do conceito energia estudado é da aluna 20, da turma

experimental, que relata em seu pré-teste, ao ser questionada: Qual é a principal fonte de

energia para o planeta Terra? Justifique: “O sol. Ele que faz o planeta Terra ter luz, e ele

fornece uma energia muito grande aqui para a Terra.”, e no pós-teste: “É o sol, a energia

solar, e é só ele que produz energia. Aqui os humanos apenas transformam essa energia, tudo

e qualquer forma de energia vem do sol.” Na questão: Cite algumas maneiras que o ser

humano criou para fazer objetos se moverem e máquinas funcionarem, ela relata no pré-teste:

“Uma delas é através da energia. Ex. o computador só funciona de estiver na tomada.”, e no

pós-teste: “Pela transformação de energia, como o ser humano não pode criar certo tipo de

energia, ele transforma-a de um tipo em outro, fazendo com que objetos se movam e

máquinas funcionem”.

Em contrapartida, percebe-se que o progresso nas explicações e interpretações dos

testes, dadas pelos alunos da turma controle, podem ser consideradas menos significativas;

como mostra o aluno 9 na resposta da questão: Somos movidos à energia solar. Você

concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta. Em seu pré-teste ele relata: “Não. Por

que as pessoas são movidas com sua própria energia.”, e no pós-teste: “Não, somos movidos à

energia do nosso corpo, com os alimentos que comemos. O aluno 12, na mesma questão,

relata no pré-teste:“Sim, mas não é só de energia que vivemos, mas sim de outras

substâncias.”, e no pós-teste:“Não, nos somos movidos a energia dos alimentos”. Eles

demonstram não ter se apropriado de nenhum conceito trabalhado, mesmo que de modo

tradicional, ou ter desaprendido no caso do aluno 12; não relacionam alimentos como fonte de

energia e nem o Sol como fonte principal de energia para toda e qualquer forma de vida na

terra. Na questão: Um atleta está participando de uma maratona de 35 km. a ) De onde vem a

“força” necessária para ele conseguir fazer esse percurso? b) Que “força” é essa?, a aluna 1

responde em seu pré-teste: a) “Do organismo, do ar, do corpo emoção”. b) “Força de vontade,

disposição”. E no pós-teste: a) “Da energia solar.” b) “Elétrica”. Já o aluno 12, responde na

mesma questão de seu pré-teste: a) “Treinamento”. b) “Muscular”. ; e no pós-teste: a) A

energia vem dos alimentos que ele come.” b) “O nutrientes dos alimentos”. Nestas questões

os alunos também não relacionam alimentos e energia e nem o termos “força” como sinônimo

de energia; o que teve maior valor foi os conceitos alternativos advindo da cultura cotidiana

que relaciona a força do movimento com treinamento, músculos e alimentos e não com

energia que faz tudo funcionar.

Através das discussões e questionamentos levantados pela professora durante a

realização das atividades, bem como da participação e do surgimento de dúvidas sobre os

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fenômenos relacionados à energia, desenvolveu-se um ambiente (Valadares, 2001 apud

Matos e Valadares, 2001) de comunicações entre os colegas, com debates, promovendo o

pensamento lógico e o espírito crítico, utilizados para identificar e resolver os problemas à

cerca do conceito de energia.

Quando organizamos o seminário de integração dos conteúdos básicos que

envolvessem energia 5ª a 8ª séries para os alunos se apresentarem, observamos que alguns

conceitos aprendidos sobre energia foram mencionados de forma responsável, de modo que

pudemos observar a apropriação de conceitos relevantes, contribuindo para a conscientização

dos alunos em aplicar esses conceitos melhorando desta forma as condições ambientais, de

saúde e as condições gerais de vida de toda a sociedade. Quando um aluno relata que “O

estresse causado pelo homem causa impactos ambientais”, podemos observar modificações

em suas concepções alternativas vindas da cultura social com aprendizagem de conceitos

científicos.

Outro caso em que observamos a modificação das concepções alternativas, mostrando

um avanço significativo é do aluno 4 da turma experimental, que relata ao analisar as figuras,

em seus pré e pós-testes respectivamente: Figura 1- Torre de rede elétrica: “Energia elétrica

que está nos fios de alta- tensão que está no poste”, após “Na torre elétrica tem a energia

elétrica produzida por usinas que é conduzida para as casas”. Figura 2- Barragem de água: “A

formação de energia elétrica”., após “Na barragem da usina tem a água parada e água parada

tem energia potencial”. Figura 3- Alimentos: “A energia que está presente nos alimentos que

ingerimos”., após “Os alimentos tem a energia que fornece para nosso corpo em forma de

calorias”. Figura 4- Lenha: “Quando a lenha queima forma a energia do fogo”., após “ A

lenha parada tem a energia potencial que se transforma em calor”. Figura 5- Cataventos:

“Alguns cataventos podem carregar baterias com isso ele usa a energia do vento”., após “Os

cataventos com a energia do vento produzem a energia do movimento que faz o gerador girar

produzindo energia elétrica, com a energia eólica”. Figura 6-Pilha: “A pilha tem a energia que

pode funcionar aparelhos”., após “A pilha tem a energia química”. Figura 7- Por do sol:

“Energia solar que está presente em nosso dia-a-dia”., após “O sol tem a energia solar que é

muito importante para o planeta”. Figura 8-Usina nuclear: “A usina nuclear tem a energia

nuclear”., após “A energia nuclear usa a energia dos átomos para produzir energia elétrica”.

Figura 9-Vegetais: “Ele transmite energia para nosso corpo”., após “Os vegetais usam a

energia do sol para fazer a fotossíntese e depois transmitem para nós”. Figura 10-Vela acesa:

“Tem a energia da luz do fogo”., após “A vela usa a energia do fogo para produzir a luz, o

claro”. Analisando a resposta de seus testes, como um exemplo entre muitos, observamos que

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houve mudança de uma linguagem mais usual, para a linguagem científica dos conceitos

estudados, reiterando que o estudo de uma forma integradora pode mostrar aspectos do

cotidiano dos alunos e dar sentido ao conhecimento adquirido.

4.2 Análises Quantitativas

Para termos uma visão quantitativa dos resultados obtidos na implementação,

construímos tabelas e gráficos baseados nas notas obtidas na aplicação dos pré e pós-testes

realizados pela turma experimental – 8 Série A e pela turma controle – 8ª Série C.

Apresentamos uma análise comparativa das turmas experimental e controle conforme

seus rendimentos, buscando enfatizar a importância de um trabalho diferenciado no ensino de

ciências associado a instrumentos facilitadores da aprendizagem.

Adotamos aplicar aos alunos dois modelos de pré-teste: um de figuras e outro de

questões, visando melhor avaliar os conhecimentos prévios dos alunos. Os alunos que fazem

parte das tabelas foram os mesmos, em cada turma, que responderam todos os testes.

No Quadro 1 são apresentados os resultados do pré e pós-teste das figuras aplicado na

turma experimental – 8ª série A.

Quadro 1: Notas obtidas no pré e pós-teste de figuras da turma experimental – 8ª série

A.

Alunos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22Pré –teste

4,0 6,0 3,0 6,5 4,2 4,0 6,5 4,0 4,2 5,0 3,9 5,0 5,2 3,6 3,5 1,0 6,0 4,5 4,5 4,0 7,5 4,0

Pós -teste

7,0 8,5 8,5 10,0 9,5 8,0 9,0 9,5 9,0 3,0 9,0 9,4 9,5 9,5 9,0 5,0 10,0 7,8 8,5 9,5 9,5 8,5

Constata-se que no resultado do pré-teste as notas variaram entre 1,0 (um vírgula zero)

e 7,5 (sete vírgula cinco) com maiores números entre 4,0 (quatro vírgula zero) e 5,0 (cinco

vírgula zero). No pós-teste verificamos um rendimento maior e superior ao pré-teste, variando

de 3,0 (três vírgula zero) a 10,0 (dez vírgula zero), com maiores números entre 8,5 (oito

vírgula cinco) e 9,5 (nove vírgula cinco). Dos vinte e dois alunos da turma experimental

avaliados, apenas dois alunos apresentaram nota inferior à média 6,0 (seis virgula zero) no

pós-teste, isso nos mostra um rendimento positivo de 91% e uma melhora considerável,

comparando que no pós-teste da turma controle, apenas 36% dos alunos obtiveram nota igual

ou superior a 6,0 (seis vírgula zero).

Observamos que no pós-teste da turma experimental, os alunos não tiveram

dificuldades de identificar nas figuras a presença de energia, apenas alguns poucos alunos não

justificaram a forma de energia empregada em cada situação, como: energia potencial,

cinética e suas variações. Isso demonstra que os alunos conseguiram compreender que a

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energia está em tudo e permanece constante nos sistemas, apenas variando suas formas.

No Quadro 2 observamos o resultado do pré e pós-teste das figuras aplicado na turma

controle – 8ª série C.

Quadro 2: Notas obtidas no pré e pós-teste de figuras da turma controle – 8ª série C .

Alunos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25Pré-teste

5,5 5,0 3,0 5,0 5,3 3,5 5,5 3,5 3,5 1,5 2,5 2,5 5,0 4,5 5,0 2,5 2,5 6,5 8,0 5,0 4,0 4,0 5,0 1,3 5,5

Pró-teste

5,5 6,5 4,2 6,5 3,6 7,0 5,0 6,0 6,3 5,8 3,2 3,8 3,5 7,5 8,0 3,0 3,8 8,0 7,5 4,7 4,0 3,0 4,6 4,0 5,3

Ao analisarmos o Quadro 2, observamos que não houve um grande avanço nesta

turma, apesar de encontrarmos notas 7,0 (sete vírgula zero) do aluno 6; 7,5 (sete vírgula

cinco) dos alunos 14 e 19 e 8,0 (oito vírgula zero) dos alunos 15 e 18; o restante da turma

apresentou nota abaixo da média, igual a que tinha no pré- teste ou até mesmo menor.

Apesar das duas turmas apresentarem uma média semelhante de 4,5 (quatro vírgula

cinco) pontos da turma experimental e de 4,2 (quatro vírgula dois) pontos da turma controle

no pré-teste das figuras e considerando assim estar partindo de um mesmo estágio de

conhecimento, a turma experimental teve um maior crescimento na aprendizagem que

envolve o conceito de energia, obtendo no pós-teste uma média de 8,5 (oito vírgula cinco),

um aumento de 4,0 (quatro virgula zero) pontos na média da turma. Enquanto que a turma

controle obteve uma média de 5,2 (cinco vírgula dois) no pós-teste, apresentando apenas um

crescimento de 1,0 (um vírgula zero) ponto na média da turma. Isso demonstra a importância

de se trabalhar com instrumentos que diferenciem o trabalho diário na classe e que estimulem

a participação dos alunos e a aprendizagem de conceitos (Moreira 2006).

No Quadro 3, representamos os resultados do pré e pós-teste das questões aplicado na

turma experimental – 8ª série A.

Quadro 3: Notas obtidas no pré e pós-teste de questões da turma experimental – 8ª série

A .

Alunos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22Pré-teste

1,8 3,9 4,7 4,6 4,6 1,8 3,9 3,2 2,9 3,1 4,3 5,4 4,2 2,9 4,3 1,8 4,5 4,2 4,6 5,0 5,4 4,6

Pós- teste

5,0 9,3 9,3 10,0 8,6 7,1 7,9 7,1 7,9 3,9 6,6 7,1 8,2 8,6 8,2 8,2 8,9 7,9 7,1 10,0 8,2 8,2

Ao analisarmos os resultados dos testes das questões sobre energia, apresentados nos

Quadros 3 e 4, concluímos também que a turma experimental conseguiu um rendimento

maior e superior à média 6,0 (seis vírgula zero); partindo da média 3,9 (três vírgula nove)

pontos no pré-teste para 7,9 (sete vírgula nove) pontos no pós-teste, com um aumento de 4,0

(quatro virgula zero) pontos na média geral da turma. Enquanto que na turma controle, o

rendimento na média dos alunos foi apenas 1,8 (um vírgula oito) ponto, partindo de 3,2 (três

vírgula dois) pontos no pré-teste para 5,0 (cinco vírgula zero) pontos no pós-teste.

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No Quadro 4, observamos os resultados do pré e pós-teste das questões aplicado na

turma controle – 8ª série C.

Quadro 4: Notas obtidas no pré e pós-teste de questões da turma controle – 8ª série C .

Alunos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25Pré -teste

1,4

2,1

2,1

5,2

2,9

2,5

1,4

2,3

1,4

3,9

3,2

3,6

2,5

2,5

5,0

1,8

4,3

5,5

5,0

3,2

2,9

3,1

4,6

5,4

2,5

Pós-teste

3,2

3,9

2,1

6,4

5,0

4,3

6,6

3,2

3,9

3,6

3,0

4,2

3,6

6,6

6,8

6,0

2,9

8,2

7,8

5,4

5,0

6,9

5,4

5,7

6,1

Observamos que independente do teste aplicado, de figuras para identificar a presença

de energia ou de questões para responder objetivamente, a turma controle, no geral, não

apresentou um bom desempenho por não estar envolvida com o processo educativo. Já a

turma experimental obteve um avanço considerável, levando em conta ser uma turma

desmotivada inicialmente, mas que no decorrer do processo de ensino se revelou capaz de

superar suas dificuldades e apresentar resultados positivos.

Os gráficos que apresentamos neste trabalho nos permitem fazer a comparação do

desempenho individual dos alunos. Sabemos que cada aluno possui uma certa afinidade com

cada conceito estudado, conforme as vivências no seu cotidiano, apresentando assim um ritmo

diferenciado de aprendizagem; por isso encontramos desempenhos variados, como no caso da

Figura 1, com resultados positivos.

Na Figura 1 encontramos o Gráfico que ilustra melhor os resultados individuais dos

testes das figuras e das questões da turma experimental - 8ª série A, a partir dos dados do

Quadro 1 e 3.

F

i g

u r

a

1: Gráfico referente aos dados do Quadro 1 e 3.

Observamos na Figura 1, que apenas os alunos 10 e 16 apresentaram notas inferiores a

média 6,0 (seis vírgula zero) no pós-teste das figuras. Sendo que o aluno 16 apresentou um

Notas obtidas no pré-teste e pós-teste de figuras e de questões da turma experimental - 8ª Série A

0

2

4

6

8

10

12

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

Alunos

No

tas

Pré-teste de f igurasPós-teste de f igurasPré-teste de questõesPós-teste de questões

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crescimento considerável comparado à nota do seu pré-teste, e no teste das questões teve um

grande avanço com média superior a 8,0 (oito vírgula zero), o aluno 10 permaneceu inerte,

não evoluiu em seus rendimentos e o aluno 1 abaixou sua nota comparado com o teste das

figuras. Isso demonstra que com todo o empenho nas atividades não conseguimos atingir

todos os alunos. Os demais alunos, a grande maioria, despontam no gráfico, com rendimentos

bem positivos comparado a situação inicial. Em ambos os testes, a maioria dos alunos,

tiveram no pós-teste, um aproveitamento superior a 100% (cem por cento) comparado com as

suas notas iniciais e também com o da turma controle. A média geral da turma, teve uma

variação positiva de 4,0 (quatro virgula zero) pontos; já na turma controle a variação ficou de

apenas 1,0 (um virgula zero) ponto no teste das figuras e 1,8 (um vírgula oito) ponto no teste

das questões.

Na Figura 2 encontra-se o Gráfico que ilustra melhor os resultados individuais dos

testes das figuras e das questões da turma controle - 8ª série C, a partir dos dados do Quadro

2 e 4.

Figura 2: Gráfico referente aos dados do Quadro 2 e 4.

Analisando a Figura 2, constatamos que o rendimento individual da maioria dos

alunos da turma controle, como já destacado anteriormente, não foi considerável; os alunos

não fizeram questão de demonstrar seus conhecimentos ou o não se apropriaram do mesmo.

Se observarmos no gráfico, as barras do pós-teste das figuras dos alunos 5, 7, 13, 19, 20, 22,

23, 25 foram menor do que as barras do pré-teste; a dos alunos 1 e 21 nada alteraram e dos

demais alunos o avanço foi muito pequeno. A turma controle apresentou no teste das

questões, alunos que tiveram um avanço que se destacou com relação aos demais, como dos

Notas obtidas nos pré-testes e pós-testes de figuras e de questões da turma controle - 8ª série C

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Alunos

No

tas

Pré-teste f igurasPós-teste f igurasPré-teste questõesPós-teste questões

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alunos 7, 14, 16, 18, 19, 22, 25, atingindo a média 6,0 (seis vírgula zero) ou um pouco maior;

sendo que os mesmos alunos 7, 22 e 25 apresentaram notas mais baixas no pós-teste do que

no pré-teste de figuras e os demais alunos não avançaram muito no gráfico, ficando com suas

escalas reduzidas. Isto pode demonstrar um desinteresse dos alunos com relação ao ensino

tradicional em ciências. Quando o aluno é motivado através de instrumentos didáticos como

mapas conceituais, experimento e o diagrama ADI (Atividades Demonstrativa- Interativas)

utilizados neste trabalho, o ensino se torna mais atraente, o aluno participa com maior

interesse em demonstrar suas habilidades e conhecimentos; se torna membro mais atuante,

pois está mais envolvido com o processo de ensino (Moreira 2006).

Através destes resultados concluímos que é animador o fato dos alunos da turma

experimental terem revelado um enriquecimento conceitual nitidamente maior em relação à

turma controle em todos os conhecimentos sobre energia que foram trabalhados.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este projeto desenvolvido e implementado permitiu o despertar de um processo de

comodismo com relação ao ensino tradicional, a pesquisa, a leituras e a inovações. Nós

professores, achamos que estamos fazendo sempre o melhor. Mas quando nos propomos a

trabalhar de uma maneira diferenciada e ao final do processo, constatamos resultados

positivos, mesmo que durante a caminhada, tropeçamos com as dificuldades encontradas, com

o tempo previsto e principalmente com a falta de “vontade” e preparo dos alunos; percebemos

que sempre temos o que aprender e muito ainda o que ensinar. Que o crescimento não é só do

aluno, mas também do professor, quando este não se preocupa apenas com o tempo e com a

lista de conteúdos que precisa trabalhar num determinado período; mas se preocupa com a

forma que os alunos estão aprendendo, se o conceito está interagindo com que o aluno já

conhece (Moreira, 1999). Pena que não consigamos trabalhar todos os conceitos desta forma,

ou por falta de tempo ou por não conseguirmos interagir certos conteúdos, mas o pouco que

fizermos, interagindo com diferentes instrumentos pedagógicos faz a diferença na

aprendizagem dos educandos, conforme apontado nos resultados e discussões.

Normalmente o que observamos nas aulas de qualquer disciplina é que o ensino dos

conceitos científicos é trabalhado de uma forma fragmentada, não apresentando uma certa

seqüência nas séries que se seguem. O aluno passa a entender, por exemplo, que o conceito de

energia em ciências é um, em física, matemática, biologia é outro (Santos, 2008). Isso faz

com que o aluno não construa conhecimento prévio relevante sobre este conceito; e desse

modo o professor não entende porque o aluno não compreende determinado conteúdo. Como

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professor, precisamos estar atendo às dificuldades dos alunos, buscando relacionar seus

valores do cotidiano aos ritmos das aulas, para que o aluno entenda que a escola traz o

conhecimento para ele compreender melhor o mundo em que vive. Parece, portanto, oportuno

reproduzir aqui uma frase de Piaget & Garcia (1971) apud Anna Maria Pessoa de Carvalho, et

al, (1998, p.189): “o sujeito se constrói na medida em que constrói os modelos de mundo”.

Para que o sucesso no ensino aconteça é importante que as metodologias aplicadas

venham “acompanhada pela competência do professor e pela consciência e vontade do aluno

em querer aprender”(Bonadiman e Nonenmacher, 2007, p. 219). A sociedade, as tecnologias

e mídias trazem para os alunos informações; nós enquanto escola, precisamos repassar o

conhecimento. O aluno informado e com interesse terá maior chance de atingir o

conhecimento científico.

Pensa-se que para não encontrarmos dificuldades de se trabalhar de modo diferenciado

nas séries finais do ensino fundamental e ou no ensino médio, os conteúdos devem ser

trabalhados de uma forma integradora a partir das séries iniciais e instrumentos facilitadores

da aprendizagem devem fazer parte da rotina diária dos alunos. Deste modo possibilitaremos

ao aluno, que durante a sua vida escolar, ele amplie suas competências para compreender

futuramente situações mais complexas, aproveitando assim o conhecimento que a escola tem

a oferecer. A análise dos resultados apresentados pelos alunos da turma experimental

contribui para demonstrar que os professores devem buscar inserir em suas práticas

pedagógicas atividades que levem o aluno a analisar, discutir e interpretar os conceitos,

construindo desta forma o conhecimento, buscando uma aprendizagem de conceitos e não de

memorização.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Secretaria de Estado de Educação (SEED) do Estado do Paraná pela

oportunidade de participação no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) visando à

formação continuada dos professores da rede pública; pela disposição, empenho e orientação

do professor Doutor Sandro Aparecido dos Santos nestes momentos de aprendizagem e,

principalmente ao meu marido e filhos pelo estímulo e compreensão nas ausências.

REFERENCIAS

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Page 32: O ENSINO DO CONTEÚDO ESTRUTURANTE ENERGIA ......Tentando valorizar o conceito científico de energia, desmistificando as falsas idéias sobre ele, propusemos o seguinte questionamento:

APÊNDICE 1

Diagrama ADI do experimento elevador eólico.

APÊNDICE 2Pré-teste e pós-teste aplicado antes da explanação inicial do conteúdo e (re)aplicado após todas as atividades

propostas sobre energia.

COLÉGIO ESTADUAL FLORIANO PEIXOTO – EFMP

Estudante: ____________ Nº:___8ª Série:___ Data: __/__/__ Profª Viviane BertuolQuestões para o pré-teste - Tema Energia

1- Somos movidos à energia solar. Você concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta. (Verificar se o aluno compreende que a energia solar é que estimula o processo de fotossíntese realizada pelos seres clorofilados. E que estes ao produzirem seu próprio alimento armazenam em parte as substâncias produzidas. Na cadeia alimentar, os consumidores herbívoros absorvem parte dessa energia que estava armazenada na forma de alimento nos produtores. Ao serem consumidos pelos carnívoros nos diferentes níveis tróficos, transmitem parte do alimento ingerido. O alimento que circula na cadeia alimentar foi produzido a partir da energia solar pelos produtores).2- Qual é a principal fonte de energia para o planeta Terra? Justifique. (Verificar se o aluno compreende a importância da luz solar para a vida no planeta Terra: aquecimento, fonte de energia para os produtores, temperatura ideal para a vida, ...)3- Um atleta está participando de uma maratona de 35 km.a) De onde vem a “força” necessária para ele conseguir fazer esse percurso? (Verificar se o aluno compreende: que os alimentos juntamente com o oxigênio inspirado no processo respiratório participam da respiração celular, sendo fonte de energia para o funcionamento de todos os nossos sistemas; a importância dos alimentos para não apenas “matar a fome” e sim como fonte de energia.)b) Que “força” é essa? (Verificar se o aluno compreende que o que permite o funcionamento de todos os sistemas é a energia aproveitada e transformada a partir dos alimentos.)4- Em sua casa, onde podemos encontrar energia? (Verificar se o aluno compreende que eletrodomésticos, eletroeletrônicos, que a lâmpada, computador, telefone

POSSÍVEIS EXPANSÕES DO FENÔMENO DE INTERESSE: estudo das transformações da energia, energia alternativa, do sistema respiratório e fisiologia dos pulmões e preservação ambiental

DOMÍNIO CONCEITUAL/TEÓRICO

TEMAS/CONTEÚDOS: mecânica clássica,

CONCEITOS: fonte de energia, energia cinética, energia potencial, transformações de energia; energia alternativa; conversão de energia em trabalho; medidas.

CONDIÇÕES NECESSÁRIAS: soprar de modo adequado e com pressão o cata-vento do modelo de elevador eólico construído com garrafas pet.

RESULTADOS CONHECIDOS:a- Teórico (literatura): princípio da transformação da energia.

b- Sobre a atividade: a corrente de ar faz o cata-vento girar e enrolar o fio de linha no palito fazendo o peso subir.

SITUAÇÃO-PROBLEMA/EVENTO: com material alternativo e de baixo custo construir um aparato para demonstrar a transformação de energia

DOMÍNIO METODOLÓGICO

ASSERÇÕES

a- de valor: aprender que o conceito de energia tem fundamental importância no cotidiano

b- de conhecimento: compreender que a energia se transforma de uma forma em outra, conceituar energia

VALIDAÇÃO DO MODELO: modelo de transformação de energia

CATEGORIZAÇÃO

a- Quanto ao Modo: interativo

b- Quanto ao Tipo: qualitativo

VARIÁVEIS: energia potencial, energia cinética

REGISTROS E REPRESENTAÇÕES: observar o comportamento do modelo de elevador eólico a partir do sopro e comentar o observado

ROTEIRO DE PROCEDIMENTOS (Apêndice 3 do caderno pedagógico)

ELEMENTOS INTERATIVOS: elevador eólico

MATERIAIS: palito de churrasco, linha de costura, porca 30mm, arame liso, garrafa pet, canudo tipo para suco, papel cartão

FENÔMENO DE INTERSSE:

Estudo da transformação da energia

QUESTÃO-FOCO:

O que a velocidade de deslocamento de uma massa de ar pode provocar num modelo

de elevador eólico?

Mapa Conceitual

interações

PREDIÇÕES DO ALUNO(pré-teste e pós-teste):

1- O que você acha que é o experimento?

2- Ele pode ser importante para a compreensão do dia-a-dia?

3- Como você acha que ele funciona?

4- Você já ouviu falar no conceito de energia? Sabe explicar o que é e dar exemplo?

PREDIÇÕES DO PROFESSOR:

a- Sobre as repostas dos alunos:1:é um tubo pet que lembra um cata-vento. 2: podem estar relacionados com os cata-ventos que produzem energia elétrica. 3: pela força do ar. 4: sim, o que faz funcionar as coisas

b- Sobre o procedimento: os alunos terão dificuldade de soprar e fazer o peso subir, e também fazer o alinhamento do experimento.

POSSÍVEIS EXPANSÕES DO FENÔMENO DE INTERESSE: estudo das transformações da energia, energia alternativa, do sistema respiratório e fisiologia dos pulmões e preservação ambiental

DOMÍNIO CONCEITUAL/TEÓRICO

TEMAS/CONTEÚDOS: mecânica clássica,

CONCEITOS: fonte de energia, energia cinética, energia potencial, transformações de energia; energia alternativa; conversão de energia em trabalho; medidas.

CONDIÇÕES NECESSÁRIAS: soprar de modo adequado e com pressão o cata-vento do modelo de elevador eólico construído com garrafas pet.

RESULTADOS CONHECIDOS:a- Teórico (literatura): princípio da transformação da energia.

b- Sobre a atividade: a corrente de ar faz o cata-vento girar e enrolar o fio de linha no palito fazendo o peso subir.

SITUAÇÃO-PROBLEMA/EVENTO: com material alternativo e de baixo custo construir um aparato para demonstrar a transformação de energia

DOMÍNIO METODOLÓGICO

ASSERÇÕES

a- de valor: aprender que o conceito de energia tem fundamental importância no cotidiano

b- de conhecimento: compreender que a energia se transforma de uma forma em outra, conceituar energia

VALIDAÇÃO DO MODELO: modelo de transformação de energia

CATEGORIZAÇÃO

a- Quanto ao Modo: interativo

b- Quanto ao Tipo: qualitativo

VARIÁVEIS: energia potencial, energia cinética

REGISTROS E REPRESENTAÇÕES: observar o comportamento do modelo de elevador eólico a partir do sopro e comentar o observado

ROTEIRO DE PROCEDIMENTOS (Apêndice 3 do caderno pedagógico)

ELEMENTOS INTERATIVOS: elevador eólico

MATERIAIS: palito de churrasco, linha de costura, porca 30mm, arame liso, garrafa pet, canudo tipo para suco, papel cartão

FENÔMENO DE INTERSSE:

Estudo da transformação da energia

QUESTÃO-FOCO:

O que a velocidade de deslocamento de uma massa de ar pode provocar num modelo

de elevador eólico?

Mapa Conceitual

interações

PREDIÇÕES DO ALUNO(pré-teste e pós-teste):

1- O que você acha que é o experimento?

2- Ele pode ser importante para a compreensão do dia-a-dia?

3- Como você acha que ele funciona?

4- Você já ouviu falar no conceito de energia? Sabe explicar o que é e dar exemplo?

PREDIÇÕES DO PROFESSOR:

a- Sobre as repostas dos alunos:1:é um tubo pet que lembra um cata-vento. 2: podem estar relacionados com os cata-ventos que produzem energia elétrica. 3: pela força do ar. 4: sim, o que faz funcionar as coisas

b- Sobre o procedimento: os alunos terão dificuldade de soprar e fazer o peso subir, e também fazer o alinhamento do experimento.

Page 33: O ENSINO DO CONTEÚDO ESTRUTURANTE ENERGIA ......Tentando valorizar o conceito científico de energia, desmistificando as falsas idéias sobre ele, propusemos o seguinte questionamento:

sem fio, entre outros são movidos por uma forma de energia.)5- Cite algumas maneiras que o ser humano criou para fazer objetos se moverem e máquinas funcionarem. (Verificar se o aluno compreende que muitos aparelhos utilizados no dia-a-dia utilizam alguma forma de energia para funcionar; a importância da utilização das diferentes formas de energia – elétrica, sonora, química, luminosa, solar, eólica, nuclear,...)6- Que tipo de energia podemos identificar em cada situação abaixo:a) carrinho descendo da montanha russa: b) ventania e tempestade: c) água em uma represa: d) cidade iluminada observada a noite e) roda de música com violeiros f) pessoas em volta de uma fogueirag) explosão de uma bomba nuclear h) pessoa jogando futebol:(Verificar se o aluno compreende que a energia pode se apresentar em diferentes formas: cinética, potencial, de massa e suas variações, permitindo a realização de uma grande variedade de ações.)

APÊNDICE 3Pré-teste e pós-teste que utiliza figuras para a identificação da presença de energia, de suas formas, fontes e

transformações.

COLÉGIO ESTADUAL FLORIANO PEIXOTO – EFMP

Estudante: ____________ Nº:___8ª Série:___ Data: __/__/__ Profª PDE Viviane BertuolQuestões para o pré-teste - Tema Energia

1- Certamente, você já ouviu falar de energia no seu dia-a-dia. Baseados nos seus conhecimentos observe as figuras e assinale quais situações descritas abaixo você pode identificar a presença de algum tipo de energia. Para cada situação assinalada anteriormente, procure dar uma justificativa.

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

APÊNDICE 4Materiais utilizados na confecção do experimento elevador eólico e métodos experimentais.

Materiais: 1 palito de churrasco; linha de costura grossa; 1 porca de 30mm; 10 cm de arame liso; 20 cm de papel cartão, régua, lápis; 4 garrafas pet de 2L transparentes e com formato irregular; canudinho do tipo para sucos; pistola de cola quente e bastão de cola; prego, vela, caixa de fósforos.

Montagem do experimento:

1º- Verificar se as garrafas estão limpas retirando seus adesivos.2º- Medir em duas das garrafas 8cm a partir do fundo e cortar transversalmente, fazer o mesmo com a parte superior, obtendo dois cilindros.3º- Com a terceira garrafa cortar apenas 8cm a partir da parte superior, que formará a base do experimento. Com

Torre de rede elétrica

Barragem usina Alimentos Lenha

Cataventos

Pilha Pôr do sol Usina nuclearvegetais

vela

Page 34: O ENSINO DO CONTEÚDO ESTRUTURANTE ENERGIA ......Tentando valorizar o conceito científico de energia, desmistificando as falsas idéias sobre ele, propusemos o seguinte questionamento:

a quarta garrafa, cortar 8cm a partir do fundo, que irá formar a parte superior do experimento.4º- Com a quarta garrafa, medir 10cm a partir da tampa e assinalar com uma caneta, fazer outro ponto na mesma altura do outro lado da garrafa. Com um prego quente fazer os dois furos no ponto assinalado, da largura de um canudo.5º- Cortar 60 cm de barbante, fazer um laço na ponta e encaixar a porca amarrada em um pedaço de arame (tipo um triângulo). Amarrar a parte de cima do barbante no meio do palito de churrasco.6º- Cortar dois pedaços de 5 cm de canudo, encaixar nos furos feitos na quarta garrafa de modo que fiquem bem no meio e colar com cola quente, fixando-os.7º- Encaixar as três primeiras garrafas umas nas outras. Colocar o palito nos furos da quanta garrafa, puxando o fio para dentro da garrafa para adicionar a porca. Encaixar a quarta garrafa nas outras.8º- Com um pedaço de papel cartão de 20 cm fazer um cata-vento, furando-o no meio para encaixa-lo no palito de churrasco. Fixar com cola quente. 9º- O palito de churrasco deve ficar solto entre os canudos nos furos da garrafa.

APÊNDICE 5Mapa conceitual de energia na perspectiva integradora

BIOMASSA

HIDRELÉTRICA

NUCLEAR

ALTERNATIVA

SOLRENOVÁVEL

CONVENCIONALÁGUA REPRESADA ENERGIA

CICLO DAÁGUA

EÓLICA

SOLAR

CINÉTICA

POTENCIAL

DE MASSA

CORRENTES DE AR

ALIMENTOS SERES VIVOS

PLANETA TERRA

CALOR

RELEVO

BRISAMARÍTIMA

BRISATERRESTRE

CORPO

RELAÇÕES ALIMENTARES

SISTEMAS

CADEIASALIMENTARES

COMBUSTÃO

DIGESTÃO

LIPÍDIOS

CARBOIDRATOS

FOTOSSÍNTESE

AUTÓTROFOS

HETERÓTROFOS

DECOMPOSITORES

TEMPERATURA

fontes

geralmente

como

é aquecidapelo

exemplo

principal

formascontém

na

faz parte

promove

promove

formação

aquecimento

estácontida

funcionamento docorpo

originam

tem condiçõespara avida

forma de

medida do

podempossuir

sofremcomo

CALORIAS

tipo deno

fornecem

útil para

permitindo ofuncionamento dos

forma de

ocorrem entre

através

permite

matériaprima

produzindorealizam

napresença

da

podemser

BIOMASSA

HIDRELÉTRICA

NUCLEAR

ALTERNATIVA

SOLRENOVÁVEL

CONVENCIONALÁGUA REPRESADA ENERGIA

CICLO DAÁGUA

EÓLICA

SOLAR

CINÉTICA

POTENCIAL

DE MASSA

CORRENTES DE AR

ALIMENTOS SERES VIVOS

PLANETA TERRA

CALOR

RELEVO

BRISAMARÍTIMA

BRISATERRESTRE

CORPO

RELAÇÕES ALIMENTARES

SISTEMAS

CADEIASALIMENTARES

COMBUSTÃO

DIGESTÃO

LIPÍDIOS

CARBOIDRATOS

LIPÍDIOS

CARBOIDRATOS

FOTOSSÍNTESE

AUTÓTROFOS

HETERÓTROFOS

DECOMPOSITORES

TEMPERATURA

fontes

geralmente

como

é aquecidapelo

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estácontida

funcionamento docorpo

originam

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CALORIAS

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útil para

permitindo ofuncionamento dos

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ocorrem entre

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matériaprima

produzindorealizam

napresença

da

podemser

Page 35: O ENSINO DO CONTEÚDO ESTRUTURANTE ENERGIA ......Tentando valorizar o conceito científico de energia, desmistificando as falsas idéias sobre ele, propusemos o seguinte questionamento:

Figura 1: Mapa conceitual de energia na perspectiva da abordagem integradora de 5ª a 8ª série.