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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA GRAZIANI GATTI JOAQUIM FELIX SILVA MARQUES [DIGITE UMA CITAÇÃO DO DOCUMENTO OU O RESUMO DE UMA QUESTÃO INTERESSANTE. VOCÊ PODE POSICIONAR A CAIXA DE TEXTO EM QUALQUER LUGAR DO DOCUMENTO. USE A GUIA FERRAMENTAS DE CAIXA DE TEXTO PARA ALTERAR A FORMATAÇÃO DA CAIXA DE TEXTO DA CITAÇÃO.] O ESPAÇO GEOGRÁFICO: SUA REPRESENTAÇÃO DIDÁTICA A PARTIR DOS CONCEITOS ACADÊMICOS. VITÓRIA 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

GRAZIANI GATTI

JOAQUIM FELIX SILVA MARQUES

[DIGITE UMA CITAÇÃO DO DOCUMENTO OU O RESUMO DE UMA QUESTÃO INTERESSANTE.

VOCÊ PODE POSICIONAR A CAIXA DE TEXTO EM QUALQUER LUGAR DO DOCUMENTO. USE A

GUIA FERRAMENTAS DE CAIXA DE TEXTO PARA ALTERAR A FORMATAÇÃO DA CAIXA DE TEXTO

DA CITAÇÃO.]

O ESPAÇO GEOGRÁFICO: SUA REPRESENTAÇÃO DIDÁTICA

A PARTIR DOS CONCEITOS ACADÊMICOS.

VITÓRIA

2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

GRAZIANI GATTI

JOAQUIM FELIX SILVA MARQUES

O ESPAÇO GEOGRÁFICO: SUA REPRESENTAÇÃO DIDÁTICA

A PARTIR DOS CONCEITOS ACADÊMICOS.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito à obtenção do título de Licenciado em Geografia.

VITÓRIA

2010

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GRAZIANI GATTI

JOAQUIM FELIX SILVA MARQUES

O ESPAÇO GEOGRÁFICO: SUA REPRESENTAÇÃO DIDÁTICA

A PARTIR DOS CONCEITOS ACADÊMICOS.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Licenciatura em

Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito à

obtenção do título de Licenciado em Geografia. Apresentado em 24 de Junho

de 2010.

COMISSÃO EXAMINADORA

___________________________________________

Prof.ª Orientadora

Solange Lins Gonçalves

Universidade Federal do Espírito Santo

_______________________________________

Prof.ª M ª Stela Maris de Araújo

Universidade Federal do Espírito Santo

________________________________________

Prof.Dr. Paulo César Scarim

Universidade Federal do Espírito Santo

__________________________________

Prof. Devaldir Teixeira do Nascimento

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4

AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos amigos e profissionais que, direta ou indiretamente,

contribuíram para realização deste trabalho. Especialmente aos alunos da

escola “Denizart Santos”, que sempre se mostraram interessados na proposta

e empenhados nela, mesmo com suas limitações.

A todos os funcionários da escola, que deram total apoio e incentivo durante o

processo, especialmente a pedagoga Lúcia Lorencine, a coordenadora Márcia

da Rocha Prestholdt e a diretora Aurora de Fátima P. Barbosa.

À professora orientadora Solange Lins Gonçalves pela atenção dispensada e

pela paciência e compreensão das nossas dificuldades, e respaldo as nossas

solicitações.

Aos amigos da turma 2006/2 que, com o passar dos anos, tornaram-se mais

amigos e que passamos a admirar suas particularidades.

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5

RESUMO

O presente estudo buscou utilizar os conceitos acadêmicos sobre espaço

geográfico e suas categorias, lugar, paisagem e território, enfatizando sua

importância, para levar seu entendimento conceitual e sua aplicabilidade de

forma didática em sala de aula e em campo, para estudantes de sétima série

do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental “Doutor

Denizart Santos”, no bairro Industrial, no município de Viana, no estado do

Espírito Santo.

PALAVRAS-CHAVE: Espaço Geográfico, Conceitos, Ensino de Geografia.

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LISTA DE FOTOGRAFIAS

Fotografia 1 – Laboratório de informática. “EMEF Denizart Santos”. ...............15

Fotografia 2 – Subida na parte mais alta da aula de campo. Bairro Industrial,

Viana, ES...........................................................................................................36

Fotografia 3 – Área com maior quantidade de residências do bairro

Industrial............................................................................................................37

Fotografia 4 – Alto do morro onde poderiam ser vistas todas as categorias

espaciais conceituadas em sala. ......................................................................37

Fotografia 5 – Exposição dos trabalhos na “EMEF Denizart Santos”...............39

Fotografia 6 – Exposição dos trabalhos na “EMEF Denizart Santos”...............40

Fotografia 7 – Foto utilizada por um aluno em seu trabalho..............................41

Fotografia 8 – Foto utilizada por um aluno em seu trabalho..............................41

Fotografia 9 – Foto utilizada por um aluno em seu trabalho..............................42

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7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Mapa do município de Viana............................................................13

Figura 2 - Foto aérea da região de aplicação do trabalho e descrição do

caminho percorrido na aula de campo. (Imagem Google Earth).......................33

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8

SUMÁRIO

1. JUSTIFICATIVA.....................................................................................10

1.1 Objetivo Geral..........................................................................................12

1.2 Objetivos Específico................................................................................12

2. APRESENTAÇÃO DO PERFIL DA ESCOLA........................................13

3. A IMPORTÂNCIA DOS CONCEITOS.....................................................17

3.1 Breve Introdução Epistemológica aos Conceitos Geográficos..................18

4. OS ASPÉCTOS TEÓRICOS DAS CATEGORIAS ESPACIAIS E SUA

APLICAÇÃO DIDÁTICA EM SALA DE AULA.................................................21

4.1 Paisagem................................................................................................22

4.1.1 Trabalhando o conceito em sala..........................................................23

4.2 Território..................................................................................................25

4.2.1 Trabalhando o conceito em sala.........................................................26

4.3 Lugar.......................................................................................................27

4.3.1 Trabalhando o conceito em sala..........................................................29

5 PRATICANDO OS CONCEITOS – O CAMPO E A FOTOGRAFIA.......31

5.1 A Importância do campo..........................................................................31

5.1.1 Descrição do campo..............................................................................32

5.2 Por que a fotografia?................................................................................38

5.3 A exposição na escola...............................................................................38

6 ANÁLISE DAS FOTOGRAFIAS E DOS TRABALHOS.............................41

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................43

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................45

ANEXO A...........................................................................................................46

ANEXO B...........................................................................................................48

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1 1JUSTIFICATIVA

Ao iniciar a vida acadêmica deparamos com realidades muitas vezes não vistas

na vida estudantil, no nível fundamental e médio. Novos modelos didáticos são

inseridos no cotidiano como método de ensino e aprendizagem. Essa nova

realidade nos apresentou à questão do debate a partir de conceitos de grandes

autores da Geografia, e que através do nosso entendimento e debates em sala

de aula, nos levaram a formulação dos nossos próprios conceitos.

Questões que pareciam fazer parte do nosso conhecimento como forma

simples e definida ao modo que foi passado nos níveis de ensino abaixo ao

superior, retoma novos rumos e nos levam a questionar o conhecimento que

havíamos adquirido até então. Questões como:

O que é Geografia? O que se estuda em Geografia? O que é espaço

Geográfico? Podemos dividi-lo?

Então começamos a questionar em nossa graduação se realmente isso nos foi

passado ao longo de nossa vida escolar e se tínhamos clareza do que isso

representava para essa ciência e disciplina escolar, que estaríamos

responsáveis por futuramente instruir. Percebemos que, mesmo já tendo

iniciado um curso superior na disciplina em questão, não tínhamos uma

convicção clara dessas mesmas questões. Então, demos início, ainda como

estudantes do curso de Geografia, à nossa vida docente. Estas inquietações

conduziram-nos a experimentar uma Geografia prática. Como palco dos

experimentos, escolhemos a escola na qual trabalhamos como professores de

Geografia, pois, segundo Almeida e Passini (1989):

“É na escola que deve ocorrer à aprendizagem espacial voltada para a compreensão das formas pelas quais a sociedade organiza seu espaço – o que só será plenamente possível com o uso de

1 Correção ortográfica e normatização feita por Calimério Soave de Almeida. Profº de Lingua Portuguesa

formado pela UFES.

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representações formais (ou convencionais) deste espaço”.( ALMEIDA; PASSINI, 1989, p.5)

No estudo da Geografia, enquanto disciplina escolar e acadêmica, o estudo do

conceito de espaço geográfico é o mais abrangente, e esse espaço sendo

palco de diferentes categorias, como território, paisagem e lugar. Mas,

enquanto na academia ouvimos discussões e debates calorosos sobre o tema,

nas escolas geralmente se encontram dificuldades em trabalhá-lo de forma

interessante e de fácil compreensão para todos.

Alguns livros didáticos abordam conteúdos compartimentados, dificultando o

entendimento e a atuação sobre o espaço geográfico. Portanto, cabe ao

professor trabalhar os conteúdos conceituais despertando nos alunos um olhar

investigativo sobre o espaço geográfico.

Essa compartimentação do estudo do espaço pelos livros comprometem a

percepção e o conhecimento espacial do aluno, gerando, então, cidadãos que

não compreendem, a teoria tão pouco a prática, a importância deste saber.

Professores acostumados ao uso exclusivo do livro didático de geografia,

muitas vezes, encontram dificuldades de tornar aplicáveis os conteúdos

conceituais. Alguns se tornaram repetidores do conteúdo apresentado nesses

manuais, sem gerar uma reflexão sobre os conceitos. Embora não seja o

professor o nosso principal foco de estudo, podemos afirmar que muitos estão

desmotivados em aprimorar o saber geográfico, devido à longa jornada de

trabalho, aos baixos salários, etc. O reflexo dessa situação incide direto no

aluno, comprometendo o seu saber geográfico e a percepção espacial que ele

tem do seu espaço vivido.

Os saberes geográficos adquiridos na escola só poderão tornar-se práticos se

proporcionam momentos de compreensão conceitual, aplicado no cotidiano de

nossos alunos.

Entendemos a importância de tornarmos aplicáveis os conteúdos conceituais

ministrados no ensino da Geografia e proporcionarmos aos alunos

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possibilidades de percepção no seu espaço vivido. Pensando assim,

elaboramos um processo de intervenção, traçando os seguintes objetivos.

1.1 Objetivo geral

Compreender o espaço geográfico como importante foco do estudo da

disciplina de geografia, ampliar o entendimento conceitual das categorias

espaciais, possibilitando a análise a partir das percepções dos alunos, gerando

uma intervenção crítica na sua organização espacial e os auxiliando para a

prática que será aplicada.

1.2 Objetivos específicos

– Compreender o Espaço Geográfico e as principais categorias que dele se

ramificam: Paisagem, Lugar e Território.

– Identificar no espaço cotidiano dos alunos as principais categorias do espaço

geográfico estudadas em sala de aula e aula de campo.

- Observar e analisar em campo os conceitos estudados, e produzirem como

resultado um trabalho de identificação do espaço a partir de fotografia.

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13

2 APRESENTAÇÃO DO PERFIL DA ESCOLA

A Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) “Doutor Denizart Santos”,

na qual este Trabalho de Conclusão de Curso foi executado, está localizada no

Bairro Industrial, à Rua Xavier, S/N, CEP. 29130-000, no Município de Viana,

localizado a 22 Km da capital Vitória, também é um dos municípios que

integram a Região Metropolitana da Grande Vitória no estado do Espírito

Santo.

Geograficamente, o bairro Industrial está localizado às margens da BR 262, KM

7,3 no sentido sul, entre os Bairros Marcílio de Noronha (Viana) e Bairro

Operário (Cariacica), tendo limites com o Rio Formate, que divide ambos os

municípios citados.

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Figura 1 – Mapa do município de Viana.

Esse mapa anexado ao texto foi retirado do site oficial da prefeitura de Viana. A

partir de dados do IDAF (Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal) e IBGE

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há informações e dados

interessantes sobre o município, como área, população, localização no estado

do Espírito Santo, entre outras. Embora seja um mapa que não possua escala,

foi o melhor encontrado para representar o município.

A escola foi fundada em 1979, no governo estadual de Eurico Resende e na

administração municipal do prefeito Carlos Magno Pimentel, tendo sido

reconhecida pelo decreto-lei Nº 932/84 e inscrita no CNPJ de número

01.959.874/0001 – 33.

A origem do nome da escola vem da homenagem a um médico, o senhor

Denizart dos Santos.

Os alunos da unidade de ensino são provenientes principalmente, dos bairros

Industrial (Viana), Marcílio de Noronha (Viana), Operário (Cariacica), e outros

bairros do município de Cariacica.

O bairro Industrial, onde a escola está localizada, é um bairro carente e de uma

infra-estrutura precária (somente a rua principal possui saneamento básico e

algumas ruas asfaltadas, possuem iluminação pública e água encanada). Os

tipos de serviços oferecidos aos moradores são atendimento à saúde na

Unidade de Saúde localizada ao lado da escola, coleta de lixo realizado uma

vez por semana. A EMEF “Dr. Denizart Santos utiliza apenas os serviços

oferecidos pela unidade de saúde, na prevenção de doenças e atendimento

aos alunos.

A turma de alunos escolhidos para aplicação desse trabalho é formada por

adolescentes com idades entre 13 e 15 anos. Os alunos se mostraram

interessados na proposta, demonstrando até um “velho” romantismo em

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adquirir conhecimentos novos que surgem no dia-a-dia de suas vidas, “típicos

dessa faixa etária”.

Esses alunos da 7º série do ensino fundamental da “EMEF Denizart Santos” já

criaram certa independência na sua vida escolar e social, por isso a escolha

dessa turma para a aplicação do trabalho, devido à fácil aceitação deles à

proposta de alcançar as conclusões a partir, também, da sua liberdade

individual de percepção do meio em que vivem o que seria de suma

importância.

Alguns alunos, mesmo não tendo acesso financeiro que possibilite a aquisição

das tecnologias necessárias para realização da atividade prática, não se

demonstraram preocupados ao serem informados do uso desses aparelhos,

como câmeras digitais, computadores e impressoras, o que demonstra total

aceitabilidade as tendências de um mundo globalizado e informatizado no qual

cresceram e do qual têm conhecimento.

Fotografia 1 – Laboratório de informática. “EMEF Denizart Santos”. Fotografia: Graziani Gatti.

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A “EMEF Denizart Santos” possui fazendo parte de suas dependências um

laboratório de informática, com 20 computadores e um monitor que fica a

disposição para auxiliar os professores e alunos. Esse foi de suma importância

para realização dos objetivos alçados pelo trabalho. Alguns alunos utilizaram

do laboratório para redigir à análise dos conceitos e das fotografias, que se

caracterizava como resultado final desse trabalho.

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3 A IMPORTÂNCIA DOS CONCEITOS.

Os conceitos geográficos ou categorias geográficas constituem-se como

importante instrumento de aprendizagem para educadores na ciência

geográfica, para que eles possam compreender a realidade humana e suas

transformações.

As categorias estudadas a partir do espaço geográfico são território, lugar e

paisagem. Elas também representam a base inicial para adquirir o

conhecimento de outras categorias geográficas. É importante ressaltar que os

conceitos geográficos não sejam abordados sem associação com a realidade

do aluno. Os alunos possuem idéias e conhecimentos sobre o espaço em que

vivem, sobre outros lugares e a relação entre eles.

Os alunos trazem consigo diversas informações e idéias sobre o meio em que

estão inseridos e sobre o mundo. Eles têm também acesso ao conhecimento

produzido pela escola e nas relações escolares, familiares e de amizade e,

além disso, há as informações veiculadas por meios de comunicação sobre o

espaço geográfico e suas categorias. Dessa forma, entende-se que a

introdução dos conceitos geográficos, aliados aos conhecimentos dos alunos,

potencializa a possibilidade do conteúdo estudado.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1999) também ressaltam a importância

dos conceitos e explica-os como sendo:

“[...] a representação das características gerais de cada objeto pelo pensamento. Conceituar significa ação de formular uma idéia que permita, por meio de palavras, estabelecerem uma definição, uma caracterização do objeto a ser conceituado. Tal condição implica reconhecer que um objeto não é real em si, e sim uma representação desse real, construída por meio do intelecto humano”. (PCN, 1999, pag. 24)

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Assim, devemos considerar ainda que uma consequência importante do ensino

de conceitos é que o educador pode formular seus próprios conceitos através

de sua realidade e isso possibilita solucionar novos problemas, com a

compreensão de situações novas (pois os conceitos estão em constante

construção), em Geografia ou em sua realidade e suas explicações possíveis,

a partir da aprendizagem de idéias gerais, que possibilitará ao educando um

grau de independência em relação ao professor e em especial usar o

conhecimento como instrumento de ação na sociedade. A conseqüência de

todo o processo é o adquirir do saber geográfico: “Um instrumento de ação

popular poderoso como o saber geográfico não pode mais continuar usurpado.”

(MOREIRA, 1982, p.9).

3.1 Breve introdução epistemológica aos conceitos geográficos

A Geografia foi definida por diferentes correntes do pensamento geográfico e,

durante toda a metade do século XIX e a primeira do século XX, girou em torno

de suas matrizes a escola francesa e a alemã, nas quais o espaço está

implícito.

Segundo Moreira (1982), La Blache definiu a Geografia como o “estudo dos

lugares”; Hitter como “estudo das diferenciações de áreas”; e Cal Sauer como

“estudo das paisagens”. Pierre George, antes do rompimento marxista em

1956, definiu como sendo Geografia o “estudo da organização do espaço pelo

homem” (MOREIRA, 1982, p.40). Cabe, então, ressaltar que as categorias

(espaço, território, paisagem e lugar) de estudo sempre estiveram presentes

para definir o que é Geografia.

Como o nosso objetivo de estudo não é fazer uma análise das definições do

espaço e nem da evolução do pensamento geográfico durante os séculos de

sua existência como ciência, utilizamos dos autores Milton Santos e Claude

Raffestin os conceitos geográficos para desenvolvimento do trabalho proposto.

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Como vimos, a palavra espaço é utilizada em diferentes circunstâncias e

formas. Em função disso, é utilizada por diversas ciências. Astrônomos,

filósofos, matemáticos, psicólogos, antropólogos, economistas, sociólogos

entre outros, utilizam-se das expressões, como “espaço sideral”, “espaço

topológico”, “espaço econômico”, “espaço temporal”, “espaço social”, e

diversas outras.

Nossa intenção é conceituar e mostrar a importância do espaço, no qual o

homem vive e transforma. O ser humano também interage com o espaço

geográfico e integra-o. De acordo com a forma como a sociedade vai se

relacionando com o espaço e modificando-o – e com o aumento da

modificação –, o espaço geográfico torna-se mais extenso, podendo ser

analisado em escala global, continental, regional, de uma cidade, bairro, rua,

casa, ou de uma escola e seu entorno. O espaço geográfico é concebido como

lugar da reprodução das relações sociais de produção, ou seja, reprodução da

sociedade. É onde as trocas de relação entre espaço e sociedade constituem-

se. A sociedade só se torna concreta através de seu espaço, do espaço que

ela produz. Por outro lado, o espaço só é entendido por meio da sociedade.

Assim, não podemos falar em espaço e sociedade de forma separada.

Partindo dessas breves considerações, passemos ao conceito de espaço que

se constitui como “[...] um misto, um híbrido, um composto de formas e

conteúdo” (SANTOS, 2002, p.), assim sendo o mais abrangente e o mais

abstrato. Santos, também expressa o conceito de espaço geográfico, como

sendo “um sistema de objetos e um sistema de ações” que:

“[...] é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e de ações, não considerado isoladamente, mas como um quadro único na qual a história se dá. No começo era natureza selvagem, formada por objetos naturais que ao longo da história vão sendo substituídos por objetos fabricados, objetos técnicos, mecanizados e, depois cibernéticos fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar com uma máquina”. (SANTOS, 2002, p. 63)

Assim, podemos observar que na concepção de espaço geográfico está

contida a expressão das diferentes categorias: território, paisagem e lugar. Os

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conceitos acadêmicos de espaço geográfico e as categorias trabalhadas

remetem a importância desses serem abordados e entendidos de uma maneira

didática, pois esses são algumas vezes aplicados e estudados de forma

complicada, fora do cotidiano dos alunos.

Os conceitos acadêmicos e os respectivos autores Milton Santos (espaço,

paisagem e lugar) e Jean Claude Raffestin (território) foram escolhidos para

serem trabalhados, pois esses propõem uma conceituação proveitosa, tanto

para a proposta do trabalho, quanto para a aprendizagem do aluno. Outros

autores e conceitos poderiam ser abordados, mas para o trabalho acreditamos

que esses, melhor representam e auxiliam na proposta de formação de

conceitos a partir do espaço vivido. A abordagem de vários conceitos de

espaço geográfico, e das diferentes categorias estudadas poderia constituir

também, como um problema no processo de ensino – aprendizagem, pois os

alunos poderiam ter maior dificuldade na formulação dos conceitos e suas

definições, durante o processo de aplicação da proposta do trabalho.

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21

4 OS ASPECTOS TEÓRICOS DAS CATEGORIAS ESPACIAIS E

SUA APLICAÇÃO DIDÁTICA EM SALA DE AULA.

O livro adotado pela escola e utilizado pela turma da 7ª série do ensino

fundamental como recurso didático, é o livro da editora Moderna, Projeto

Araribá, esse não aborda o tema de forma satisfatória para ser utilizado na

aplicação do projeto. Dessa forma, um material complementar mostrando os

conceitos que iríamos trabalhar e descrição das etapas de aplicação do projeto

foi elaborado para que unido ao conhecimento do aluno, nos auxiliaria na

execução do mesmo. (ANEXO A)

Após os alunos lerem o material complementar produzido pelos aplicadores

começamos a questioná-los sobre seu conhecimento a respeito do tema

espaço geográfico, em nossa primeira aula expositiva. Ouviram-se muitas

respostas como:

– “É o nosso planeta!”

– “É onde nos moramos e vivemos!”

– “O meio-ambiente, a natureza!”

Dificilmente ouviríamos respostas como estas abaixo, pois esse seria nosso

objetivo, o de despertar a compreensão mais aprofundada sobre o assunto:

O espaço geográfico é o palco das realizações humanas, no entanto, abriga

todas as partes do planeta passíveis de serem analisadas, catalogadas e

classificadas pelas inúmeras especialidades da ciência geográfica.

(http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/espaco-geografico.htm)

O espaço geográfico é aquele que foi modificado pelo homem ao longo da

história. Que contém um passado histórico e foi transformado pela organização

social, técnica e econômica daqueles que habitaram ou habitam os diferentes

lugares (“o espaço geográfico é o palco das realizações humanas”).

(http://www.infoescola.com/geografia/espaco-geografico/)

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Na primeira parte da aplicação de nosso projeto, ministramos uma aula

expositiva e dialogada, e uma sondagem com a turma para aceitação ou não

da nossa proposta e aplicabilidade do trabalho. Conceituamos apenas o

espaço geográfico, que seria o foco principal do estudo desse projeto. Pediu-se

para que, ao final da aula, cada aluno escrevesse sobre o que teria entendido

nessa primeira aula e o que sabia do tema.

Os alunos foram informados sobre o cronograma das aulas que seriam

ministradas e sempre, ao final de cada aula, eles deveriam escrever um pouco

sobre o entendimento adquirido a partir das explicações expositivas dialogadas

de cada categoria. No cronograma foi incluída uma aula de campo e a entrega

dos trabalhos finais (sete dias após aula de campo). (ANEXO B).

Esclarecemos as dúvidas em relação ao material necessário para o trabalho

prático. Como já esperávamos, nem todos tinham câmera digital ou celulares

com essa função, computador e impressora colorida, que se faziam

necessários à execução do trabalho prático. Combinados com os alunos que

colocaríamos estes materiais a disposição para ajudar quem solicitasse, assim

como a escola também colaboraria com o que fosse possível.

4.1 Paisagem

O conceito mais simples de paisagem, como sendo um espaço alcançado pela

visão, bastante usual no senso comum, não dá conta da complexidade que o

termo abrange. Mesmo sendo a visão o principal sentido com o qual se

observa o real, outros sentidos também compreendem o processo de

identificação da paisagem, com a audição, o tato, o olfato. Santos define

paisagem, como:

“Tudo aquilo que nós vemos, o que a visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores e sons etc”. (SANTOS, 1988, p. 61)

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A paisagem como realidade pode ser representada visivelmente, para alguns,

por uma fotografia. Como um momento temporal da dinâmica espacial, ela

retrata um determinado espaço em um determinado momento.

A paisagem modifica-se de acordo com a nossa mudança de localização, ou do

nosso ângulo de visão e sua escala pode aumentar ou diminuir. Santos aborda

que, além da localização e do ângulo de visão, outro fator de grande

importância para análise da paisagem é a percepção, como “A dimensão da

paisagem é a dimensão da percepção, o que chega aos sentidos”. E continua:

“A percepção é sempre um processo seletivo de apreensão. Se a realidade é apenas uma, cada pessoa a vê de forma diferenciada: dessa forma, a visão pelo homem das coisas materiais é sempre deformada. Nossa tarefa é de ultrapassar a paisagem com aspecto, para chegar ao seu significado”. (SANTOS, 1988, p .62)

A paisagem também pode ser formada através do acúmulo de eventos ou de

eventos passados, uma vez que a sociedade é fator transformador dela,

através de atividades produtivas. A paisagem resulta da vida e das relações

das pessoas, das forças produtivas, adicionado da transformação da natureza,

podendo ser essa de forma lenta ou rápida.

O homem tem cada vez mais humanizado a paisagem, modificando a natureza,

ou seja, criando a paisagem artificial. Santos (1988), também faz a distinção

entre paisagem natural e artificial,como sendo:

“A paisagem artificial é a paisagem transformada pelo homem, enquanto grosseiramente podemos dizer que a paisagem natural é aquela ainda não mudada pelo esforço humano. Se no passado havia a paisagem natural, hoje essa modalidade de paisagem praticamente não existe mais”. (SANTOS, 1988, p. 62)

4.1.1 Trabalhando o conceito em sala

Após o entendimento preliminar dos alunos sobre a proposta de trabalho na

primeira aula conceitual, e a satisfação ao diagnosticar a possibilidade de

avançar para a próxima etapa, iniciamos a parte conceitual sobre as categorias

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espaciais a serem estudadas, que serão os temas para o trabalho prático.

Paisagem foi à primeira categoria a ser conceituada.

Na aula sobre paisagem, começamos utilizando o conhecimento espacial que

já era familiar para os alunos. Questionando sobre seu trajeto casa – escola e

escola – casa. Nesses caminhos que percorremos diariamente, sempre somos

levados a observar objetos do espaço que nos chamam a atenção, ou por ser

tão familiar a nossa visão nem os notamos mais, então muitos detalhes

passam despercebidos.

Motivamos os alunos, propondo situações como:

i Aquela casa pela qual você passa em frente todo dia está igual à ontem,

ou modificaram sua estrutura, ou pintaram sua fachada, e você nem

percebeu?

ii Aquela árvore de tantos anos, que é tão familiar no seu caminho, se for

cortada, você perceberá e sentirá um vazio na observação visual que

pratica diariamente no seu caminho?

Questões como estas foram expostas aos alunos para chegarem à conclusão

de que paisagem seria tudo que os olhos vêem nesse caminho, já que

estaríamos trabalhando a questão do seu espaço vivido. Todos os objetos ali

contidos faziam parte dessa categoria, sejam eles naturais ou artificiais,

bastava somente a sua percepção.

Paisagem, para muitos alunos, era apenas o que se contemplava de forma

agradável aos olhos e o que apreciamos pela visão e sentidos. Mas, não só de

beleza ou de natureza se faz uma paisagem. Vimos que nela estão inseridos

elementos naturais como a árvore, que foi usada como exemplo, e também

elementos construídos pelo homem, como as casas. Então, fez-se necessário

um entendimento da paisagem como um todo, ou seja, tudo que nós

observamos: morros, vegetações, prédios grandes e pequenos, pontes – tudo

isso se faz presente nesta categoria. Todavia, temos que a dividir em duas: as

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naturais e as artificiais. Dessa forma, pediu-se para que cada estudante fizesse

seu trabalho sobre paisagem, evidenciando qual paisagem ele pretendia

representar em sua foto e em seu texto, bem como a sua importância e como a

reconheceu a partir de seu olhar, ou seja, de sua percepção.

4.2 Território

O conceito de território refere-se a uma área delimitada sob a posse de um

animal, de uma pessoa ou mais, de uma organização ou de uma instituição.

Sendo o termo tão abrangente, ele acaba por ser usado em diversas ciências:

nas ciências políticas e sociais (refere-se ao estado nação, por exemplo), na

biologia (área de vivência de uma espécie animal) e na sociologia, psicologia,

para explicar as ações de animais ou indivíduos para defesa de um espaço

(por exemplo). Há vários outros sentidos para a palavra território, mas todas as

ciências compartilham da idéia da apropriação-dominação de uma parcela

geográfica por um indivíduo ou mais, onde esses exercem seu poder.

Na Geografia, temos na obra Por uma Geografia do Poder, de Raffestin (1980)

uma importante referência para construção do conceito de território, sendo:

“O território é um espaço onde se projetou um trabalho, seja energia ou informação, e que, por conseqüência , revela relações marcadas pelo poder. [...], o território é a prisão que o homem constrói para si”. (RAFFESTIN, 1980, p.144)

Tomando esse conceito como referência, identificamos que toda a relação de

poder exercida por um ou mais indivíduos em determinado espaço, produz o

território. A intensidade e a forma de se exercer poder nas diferentes

dimensões do espaço originam diferentes tipos de território. O espaço constitui-

se como condição para a existência da matéria e, quando ela é modificada pelo

homem, o espaço torna- se território, a partir da ação humana.

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Assim, um termo que não podemos deixar de abordar quando nos referimos a

território, é a totalidade das relações existentes neste, ou seja, a noção de

territorialidade. Segundo Raffestin:

“[...] a territorialidade assume valor bem particular, pois reflete o multidimensionamento do “vivido” territorial pelos membros de uma coletividade, pela sociedade geral. Os homens vivem ao mesmo tempo o processo territorial por intermédio de um sistema de relações existenciais e/ou produtivas.” (RAFFESTIN, 1980, pg.158).

Portanto, os indivíduos que vivem e produzem o espaço acabam

desenvolvendo uma identidade com esse território. O território é concreto, mas

ao mesmo tempo flexível, dinâmico e contraditório, por isso ele gera tanta

discussão em torno do seu conceito e de suas ramificações: ele é repleto de

possibilidades, que acontecem quando colocadas em prática no próprio

território. O território é a produção do ser humano a partir dos recursos naturais

ou artificiais. O mais importante dos recursos para a formação de território é o

espaço, ao mesmo tempo, em que o território utiliza-se do espaço ele também

o reestrutura.

4.2.1 Trabalhando o conceito em sala.

Tendo em vista a complexidade dos conceitos acadêmicos por nós utilizados e

a certeza de dificuldades no entendimento desses, por parte dos estudantes,

fomos levados a trabalhar tais conceituações e passá-los de forma mais

compreensível, possibilitando aos estudantes uma melhor assimilação de

acordo com sua capacidade cognitiva, utilizando novamente exemplificações e

seguindo a percepção de cada aluno.

Como exemplificação de território, começamos com uma escala menor, que

envolvia primeiramente a sala de aula e as relações de poder exercidas entre o

professor e os alunos. A sala, em pequena escala, compunha um espaço no

qual essa relação de poder (manifestada nessa porção do espaço), está

presente, tendo como autoridade máxima o professor. Assim, iniciamos a aula

Page 27: O espaco

27

mostrando que aquele espaço pequeno tratava-se de território, de acordo com

nossos referenciais.

Passando para uma escala um pouco maior, exemplificamos o território

escolar, ou seja, toda escola e as relações de poder exercidas dentro da

mesma. A escola constitui uma rede de comandos bastante hierarquizados. De

forma simples para compreensão, o caso da direção que constitui o poder

máximo, chegando novamente aos alunos, que constituem o cargo de

comandados nessa hierarquia.

Então, aos poucos fomos dando imaginação e abstração prévia dessa

categoria, até chegarmos aos limites municipais, estaduais e nacionais. No

caso, houve fácil compreensão a partir desses exemplos, bastantes comuns na

disciplina de Geografia. Também destacamos um bom exemplo: os limites

próximos a escola, já que o bairro ao qual ela está inserida (Bairro Industrial,

em Viana) faz divisa com um bairro de outro município (Bairro Operário, em

Cariacica), para que, indiretamente, esse espaço vivido fosse observado por

eles na aula de campo, como exemplo de território.

Alcançamos a conclusão dessa categoria, como local onde as fronteiras

servem para que as relações de poder sejam estabelecidas. As fronteiras do

Brasil e de outros países e as relações de poder exercidas dentro delas foram

usadas como exemplo, não sendo de grande dificuldade para o entendimento

dos alunos. Por isso, consideramos satisfatória – e de ótima compreensão – a

conceituação didática de território, a partir dos conceitos acadêmicos.

4.3 Lugar

O lugar atualmente na geografia é um conceito fundamental para

aprendizagem dos educandos e da própria disciplina, e deve ser analisado de

forma abrangente.

Page 28: O espaco

28

Ao conceituar o lugar, ainda segundo Santos, remete-nos a mais uma análise

geográfica, a de existência, “pois se refere a um tratamento geográfico do

mundo vivido” (SANTOS, 2002). Assim, Santos, tenta nos alertar a

compreender o lugar através de nossas necessidades existenciais quais elas

sejam, localização, posição, mobilidade, escala, interação-integração com o

objeto e/ou com as pessoas. Essa perspectiva leva-nos a pensar nossa

existência material corpórea e, a partir dela, o nosso estar no mundo, no caso,

a partir do lugar, como espaço de existência e coexistência.

Estudando o lugar na perspectiva de mundo vivido, fazem com que nós

sejamos remetidos as outras dimensões do espaço geográfico, conforme se

refere Santos, (2002), quais sejam os objetos, as ações, a técnica e o tempo.

Panoramicamente Santos refere-se ao lugar, citando:

“No lugar, no nosso próximo, se superpõe, dialeticamente, ao eixo das sucessões, que transmite os tempos externo das escalas superiores e o eixo dos tempos internos, que é eixo das coexistências, onde tudo se funde, enlaçando definitivamente, as noções de realidades de espaço e tempo”. (SANTOS, 2002, p.322)

Com a citação de Santos, podemos deduzir que o lugar é representação da

dinâmica entre o espaço e o tempo do mundo atual, onde a vida se constitui, e

as relações produtivas e afetivas humanas acontecem.

Santos, continua citando:

“No lugar – um cotidiano compartilhado entre as mais diversas pessoas, firmas e instituições – cooperação e conflito são base da vida comum. Porque cada um exerce ação própria, a vida social se individualiza [...]. O lugar é o quadro de uma referência pragmática ao mundo, do qual lhe vêm solicitações e ordens precisas de ações condicionadas, mas também o teatro insubstituível das paixões humanas, responsáveis, através da ação comunicativa, pelas mais diversas manifestações da espontaneidade e da criatividade.” (SANTOS, 2002, p.322)

Page 29: O espaco

29

Trata-se de uma citação que nos remete a reflexão da nossa relação com

mundo. Para Santos (2002), esta relação era local-local, mas agora é uma

relação local-global, ou seja, ela está relacionada aos diversos envolvimentos

com o mundo. A partir dessa citação, podemos desenvolver a visão de mundo

vivido local-global e, justificar a importância do conceito de lugar no contexto

atual da geografia escolar.

4.3.1 Trabalhando os conceitos em sala.

Inicialmente, antes de inserirmos o conceito de lugar foi perguntado aos alunos

o que estes entendiam por lugar. Contendo o alvoroço inicial para que estes

respondessem a questão, surgiram as primeiras respostas.

– “Lugar é minha casa.”

– “Lugar é para onde eu saio.”

– “Lugar é minha cama.”

Houve outras respostas que envolviam os lugares preferidos que os alunos

gostam de sair para diversão , passear ou namorar. E foram citados até mesmo

lugares para pensar e descansar ou ficar quando estão tristes (geralmente

seus quartos em suas casas).

Percebemos que o lugar é um espaço relacional, pois nele se desenvolvem as

relações afetivas, familiares e de amizade entre os homens. Após ouvir todas

as observações, as respostas e os debates, percebemos que, mesmo sem

saber, os alunos não estão tão muito distantes do conceito de lugar, proposto

por Milton Santos.

Após análise do conceito, juntamente com exemplos que envolviam as

localidades próximas a escola num processo conjunto (entre educador e

educando), foi perguntado novamente o que os alunos entediam por lugar.

Foram obtidas respostas mais satisfatórias, como:

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30

– “A escola é um lugar dentro do espaço.”

– “No nosso bairro, a lugares parecidos com outros no mundo”.

– “Um lugar muda de forma com o tempo.”

– “O espaço então é formado de vários lugares”.

Assim, a propostas de estudar o lugar numa perspectiva de mundo vivido,

possibilita um melhor entendimento e orientação do aluno sobre o conceito de

lugar. O conceito de lugar que no início parecia ser o mais confuso para alguns

alunos, a partir da aula teórica junto aos exemplos concretos utilizados durante

a aula, mostrou-se mais uma categoria em que eles conseguiram alcançar o

entendimento, também, a partir do conhecimento do seu espaço vivido.

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31

5 PRATICANDO OS CONCEITOS – O CAMPO E A

FOTOGRAFIA.

5.1 A importância do campo.

A aula de campo aparece como um recurso importante para se compreender

de forma mais ampla a relação existente entre o espaço vivido e os conteúdos

estudados em sala de aula, fazendo com que os alunos possam ter um melhor

aproveitamento. A percepção e o contato com a realidade dará ao aluno uma

nova dimensão dos assuntos tratados nas aulas. A visão de mundo do aluno é

unificada ao processo de aprendizagem, que está associado a uma leitura

crítica da realidade e ao estabelecimento da relação entre a teoria e prática.

O estudo do espaço geográfico e suas categorias (paisagem, território e lugar)

implicam não só estudo teórico, mas também a necessidade de observar,

identificar, reconhecer, localizar, perceber, compreender e analisar este espaço

e categorias, por meio do trabalho de campo. Como recurso didático, a aula de

campo é de suma importância, porque oferece recursos que devem ser levados

em conta no processo ensino-aprendizagem como uma das técnicas

pedagógicas mais acessíveis e eficazes ao professor.

Os conceitos acadêmicos conjugados com a prática de campo constituem-se

como instrumento importante em todas as disciplinas, podendo despertar o

interesse dos alunos e propiciar resultados significativos, se o recurso for

utilizado de forma correta. Esse recurso mostrou-se proveitoso a aplicação da

idéia de aproveitar o conhecimento que o aluno possuía do seu espaço vivido.

Assim, não há motivos para não utilizarmos da aula de campo para a

aprendizagem dos conceitos teóricos de espaço geográfico e suas categorias.

O aluno só terá maior entendimento e formulará melhor seus conceitos, através

do espaço vivido, se este observar na prática de campo o que foi estudado em

sala de aula. Tomita (1999) também escreve sobre o trabalho de campo como

instrumento de ensino em Geografia, e como método de leitura do espaço:

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32

“Dentre várias técnicas utilizadas no ensino de Geografia, considera-se

trabalho de campo, uma atividade de grande importância para a

compreensão e leitura do espaço, possibilitando o estreitamento da

relação entre a teoria e a prática”. (Tomita,1999,p.13)

Para eficácia da aula de campo devemos sistematizá-la, criando um método

que orientará o objetivo do estudo. O professor deve primeiramente, orientar os

alunos da prática e abordar os assuntos em sala de aula que serão

correlacionados ao campo para possibilitar melhor entendimento, ou seja, um

planejamento do campo, com roteiro, com horário de saída e chegada,

cuidados e outras orientações cabíveis. O segundo momento é a própria aula

de campo, onde os alunos farão os registros fotográficos e escritos sobre os

objetos de estudo (espaço geográfico e demais categorias estudadas). De

forma direta no campo, deve-se observar, localizar, registrar, delimitar,

correlacionar e explicar os conteúdos estudados. A última tarefa do

procedimento é o trabalho pós-campo, os registros serão organizados para a

produção do trabalho final que os alunos farão, e que serão expostos na escola

com as conclusões obtidas, para socialização, proporcionando, assim o

alcance do objetivo pretendido pelo trabalho.

5.1.1 Descrição do campo.

Terminada a apresentação conceitual ministrada nas aulas expositivas,

iniciamos a última etapa do trabalho, a aula de campo. Como observamos na

figura abaixo, ficamos nos limites do próprio bairro onde se situa a escola:

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33

Figura 2 – Foto aérea da região de aplicação do trabalho e descrição do caminho percorrido na

aula de campo. (Imagem Google Earth – Acesso EM 23/05/2010)

Nesse método de ensino existem algumas orientações que devem ser dadas

previamente aos alunos e a direção da escola, bem como esta será

responsável por qualquer acontecimento “desastroso” que possa ocorrer aos

alunos fora dos limites da escola.

Embora a turma escolhida para a realização do trabalho seja formada por

alunos que demonstram comprometimento e responsabilidade para situações

como essa, pedimos previamente a permissão da direção da escola para a

aplicação da aula. A direção deu suporte e confiança para a realização do

trabalho, pois a diretoria tomaria as atitudes cabíveis aos alunos que tivessem

comportamentos errados ao propósito da aula, o que não ocorreu.

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34

Saímos da escola após o recreio, que se encerra no horário de 15:50 e

ficaríamos o período das duas últimas aulas nessa prática, esse período se

encerra as 17:30, mas chegamos a escola às 17:15 para recomposição dos

alunos que queriam lavar os pés, beber água e pegar seus materiais que

ficaram na escola.

Instruímos os alunos, há levarem água ou beberem uma quantidade satisfatória

durante o recreio, e que se alimentassem o suficiente para não termos

problemas em relação á isso, já que o percurso estava nas proximidades e não

era uma distância exagerada a ser percorrida. E todos não deveriam tomar a

dianteira em relação aos aplicadores, durante o percurso de campo, pois nós

que éramos os guias do percurso. Mas nas paradas e em locais de inexistência

de tráfego de automóveis, e outros fatores que poderiam trazer insegurança

aos alunos, eles tiveram mais liberdade para ficarem livres nas observações.

Muitos se mostraram bastante entusiasmados com o percurso e comportavam-

se como guias ao nosso lado, outros sequer conheciam o caminho e não se

mostraram tão empolgados como os outros. De certa forma, no entanto, todos

estavam gostando da mudança de local de aprendizagem.

Todos estavam em constante ajuda aos colegas que não possuíam os

aparelhos para registro das imagens (câmera fotográfica), embora fosse

minoria e já tínhamos combinados sobre esse auxílio.

Tivemos a presença de um aluno especial que faz parte da turma e nos

acompanhou sem criar nenhum tipo de preocupação. Não houve dispersão da

turma que eram sempre guiados pelos aplicadores e instruídos a estarem

sempre próximos uns aos outros.

Fizemos o percurso, estabelecendo breves paradas para observação. Os

alunos tiveram liberdade para registrarem o que haviam aprendido

conceitualmente nas aulas expositivas dialogadas. Nos momentos de

Page 35: O espaco

35

observação e registros, foram realizadas retomadas sobre os assuntos

estudados em sala, reforçando os conceitos trabalhados.

O ponto mais importante para observação de paisagens, tanto naturais, quanto

artificiais, foi o alto de um morro, onde existe uma espécie de pasto na própria

rua da escola, mas já afastado da área residencial. Para acesso a esse morro,

passamos por uma trilha, bem próxima a uma lagoa com muita vegetação em

seu entorno. Essa parte foi de bastante emoção para muitos alunos, que

tiveram que auxiliar uns aos outros nessa travessia. Sempre com muita alegria,

fotografavam uns aos outros e o que estavam observando neste momento,

sendo orientado a fotografar tudo o que lhe chamasse a atenção.

Fizemos uma breve parada no alto desse morro, em que várias formas de

relevo poderiam ser vistas, assim como as vegetações naturais, e também

vários bairros de Viana e Cariacica. Portanto, nessa parada, os alunos tiveram

maior liberdade e mais tempo, pois todas as categorias estudadas poderiam

ser observadas a partir daquele ponto.

Os alunos puderam compreender na prática, os conceitos aplicados em sala de

aula. Ocorreu a observação da paisagem, ponto fixo no qual a vida não

participa; lugar, porque dali observa-se seus bairros, suas residências e lugares

que estes freqüentavam. O território, também, pode ser notado, pois estamos

diante de dois municípios (Viana-Cariacica), bem como os limites entre eles.

Então, este ponto alto localizado no bairro de Viana foi de suma importância

para aula e para o alcance dos objetivos das propostas do trabalho.

Saindo dessa parte mais isolada do bairro e atravessando uma cerca de arame

não prevista na rota, entramos na parte residencial e alta do bairro. Ali os

alunos já se sentiam mais familiarizados com o percurso, apontavam lugares

frequentados por eles e residências conhecidas, o que seria uma ótima

oportunidade para relembrarmos o conceito de lugar, sobre o qual, até o

momento, não se tinham ouvidos muitos comentários.

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36

Foram realizadas algumas sondagens pelos lugares que passávamos, por

exemplo, o campinho de futebol pelo qual passamos perto. Fomos levados a

perguntar quem frequentava aquela parte do bairro, para saber se alguém

possuía relações afetivas com aquela parte do bairro (poderia ser utilizado por

algum aluno como exemplo de lugar).

Descendo para a parte baixa do bairro e indo ao último ponto de parada que

seria a ponte que separa o bairro Industrial, em Viana (onde a aula estava

sendo realizada), do bairro Operário, município de Cariacica. Essa ponte fica

sobre o Rio Formate divisor desses municípios (poderia ser utilizado por algum

aluno como exemplo de território).

Estaríamos ali terminando nosso percurso e passando por todas as categorias

estudadas em sala, no próprio bairro da escola e no espaço vivido pelos

alunos.

Fotografia 2 – Subida da parte mais alta na aula de campo. Parada onde todas as

categorias espaciais poderiam ser vistas. Bairro Industrial, Viana, ES.

Foto: Graziani Gatti.

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37

Fotografia 4 – Alto do morro onde poderiam ser vistas todas as categorias espaciais

conceituadas em sala. Fotografia: Graziani Gatti.

Fotografia: 3 – Área com maior quantidade de residências do bairro Industrial. Boas

opções para fotografar a categoria Lugar. Foto: Graziani Gatti.

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38

5.2 Por que a fotografia?

Representar o espaço geográfico como algo concreto após o conhecimento

teórico do assunto, poderia se expressar em diversas linguagens, mas

escolhemos a fotografia. São inúmeras as possibilidades de representação

desse espaço pelos estudantes, de forma bastante didática e lúdica. No

entanto, a representação a partir da fotografia favorece ao entendimento

espacial de cada aluno articulado com sua realidade. Embora também haja

uma carga subjetiva, por expressar o ponto de vista de cada um, a fotografia

mostra-se o método que mais se aproxima do real. Eustáquio e Moreira (2002)

apóiam o uso da fotografia como forma de demonstrar o espaço, partindo do

olhar do observador, e de bem representá-lo:

“A fotografia, [...] é uma reprodução mais fiel da realidade. Já um desenho, uma caricatura, uma pintura, por ser uma recriação livre, geralmente se distanciam mais do objetivo concreto, palpável, e mostram a realidade como seu criador a sente, vê ou imagina”. (Eustáquio e Moreira, 2002, p.20)

Esse método foi utilizado como forma livre de interpretação espacial, pelos

alunos, em que todos teriam a liberdade de utilizar o recurso para a obtenção

daquilo que sua percepção julgava estar certo, a partir do seu entendimento

conceitual, e que veríamos o resultado após a conclusão do seu trabalho.

5.3 A Exposição na Escola.

Para que enriquecesse a didática do nosso projeto, fizemos uma exposição dos

trabalhos dentro da escola, para que todos tivessem acesso aos resultados.

Essa etapa foi de grande satisfação para nós aplicadores, pois foi recebida

com grande entusiasmo por parte de todos.

A direção pediu para levarmos os demais alunos da escola para que fosse

explicado a todos o sentido daquela exposição. Alguns alunos que fizeram

parte do projeto, auxiliando nesse processo como monitores, cumprindo mais

Page 39: O espaco

39

uma etapa, que nem estava nos planos, mas foi de enorme prazer para nós

aplicadores.

Como podemos observar nas fotografias da exposição abaixo, demos o titulo

de “Percepções do Espaço Geográfico”, para que todos tivessem uma leitura

mais didática da exposição dos trabalhos. Os trabalhos foram expostos no

corredor da escola, com materiais simples como o titulo feito em um cartaz, e

as fotografias afixadas em um varal de barbante, com pregadores de roupa.

Essa foi à forma mais acessível e didática para visualização dos resultados do

projeto, de todos da escola, devido às características físicas do prédio escolar

e os materiais disponíveis no momento.

Fotografia 5 – Exposição dos trabalhos na EMEF Denizart Santos. Fotografia: Graziani Gatti.

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40

5.4 Análise das Fotografias e dos Trabalhos. .

Fotografia 6 – Exposição dos trabalhos na EMEF Denizart Santos. Fotografia: Graziani Gatti.

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41

6 ANÁLISE DAS FOTOGRAFIAS E DOS TRABALHOS.

Após entrega dos trabalhos feitos pelos alunos depois da aula de campo,

conforme partes integrantes da nossa proposta foram analisados três

trabalhos, com fotografias e categorias espaciais diferentes:

LUGAR

FOTOGRAFIA 7 – ALUNO.

TERRITÓRIO

FOTOGRAFIA 8 – ALUNO.

“O lugar faz parte do espaço

geográfico, na aula que nós tivemos no

bairro, reconheci este campinho como

lugar, onde eu jogo bola e brinco com

meus amigos quase todos os dias.

Então é muito importante para mim.”

(Aluno A)

“A foto dessa ponte representa a divisão

entre dois municípios, todos os dias

atravesso essa ponte para ir à escola,

por que moro em Cariacica e estudo em

Viana. E nesses dois territórios, também

tem poderes de comando diferente, pois

são prefeitos diferentes para cada

município.” (Aluno B)

Page 42: O espaco

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PAISAGEM

FOTOGRAFIA 9 – ALUNO

Com a utilização de fotos, produzidas pelos alunos em seu espaço vivido e

aplicação dos conceitos científicos (material cientifico pedagógico), levando em

consideração o conhecimento prévio dos alunos como método de ensino-

aprendizagem, obtivemos resultados positivos. Os alunos, em seus textos do

trabalho final, expuseram os conceitos que foram elaborados por eles.

Os alunos sentiram-se integrantes do processo de formação do espaço e de

suas categorias e compreenderam que podem intervir em sua organização.

O método acadêmico proposto busca construir os conceitos científicos de

espaço e de suas categorias (lugar, território e paisagem), no pensamento

estudantil, partindo da realidade em que os alunos estão inseridos,

aprimorando e transformando esse conhecimento autoconstruído.

Percebeu-se que os alunos tornaram-se capazes de construir textos e finalizar

o trabalho a partir das imagens, associando-as e relacionando-as com os

conceitos geográficos acadêmicos e aqueles presentes em seu cotidiano.

Avaliando as amostras selecionadas foi possível apurar que os alunos

reconheceram, por meio da análise do espaço onde eles vivem e frequentam,

um conjunto de habilidades. Entre elas o desenvolvimento da percepção

geográfica, que notamos ao avaliar as amostras selecionadas.

“Nessa foto de paisagem consigo ver

vários elementos diferentes, paisagem

natural como morros e artificiais como

construção que nos vemos também. A

importância dessa paisagem pra mim é

que da pra ver todo meu bairro, as casas,

vegetação e montanhas.” (Aluno C)

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43

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a realização desse trabalho, podemos observar que a adesão do

conhecimento científico e do cotidiano, somado à análise de fotos, é uma fonte

muito rica para construção de conhecimentos que devem ser levados em conta

no processo de ensino-aprendizagem de conceitos geográficos.

Esse modelo de ensino (conceituado para uma prática livre) propicia a

formação de conhecimentos pelo aluno e prova que a Geografia integra no

cotidiano, pois, a partir de tudo que fazemos, transformamos, lembramos,

identificamos e relacionamos socialmente e espacialmente, construímos nossa

visão de mundo, contribuindo para o desenvolvimento da nossa percepção do

espaço.

A escolha por realizar esse trabalho com os alunos de 7 ª série da EMEF

Denizart Santos baseou-se na nossa própria dificuldade em conceituar o

espaço e suas categorias em pleno estudo acadêmico e do desejo que os

alunos em questão não viessem a passar pelas mesmas dificuldades.

Consideramos que este trabalho colaborou para a construção do conhecimento

dos alunos, conjuntamente com sua realidade de mundo que lhe é apresentada

e vivenciada, que é de suma importância para o processo de ensino-

aprendizagem, interligando os conhecimentos adquiridos ao longo de sua vida

com os conhecimentos científicos apresentados. Essa crença advém pela

metodologia aplicada, que consiste em aula expositiva dialogada, aula de

campo e pela análise dos textos construídos pelos alunos, pautada em

conceitos científicos geográficos, espaço vivido e fotografia, favoreceu a

interligação entre a percepção geográfica do espaço, conceitos e

aprendizagem da disciplina Geografia.

Todos esses fatores levam-nos a acreditar que é possível a valorização do

conhecimento construído em conjunto como possibilidade de uma

aprendizagem significativa. E, dessa forma, dar direcionamento ao processo

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ensino-aprendizagem que realmente contribua e seja válido para o professor e

principalmente para o aluno.

Consideramos que a aplicabilidade desse trabalho, apesar das dificuldades

encontradas durante a jornada, ser acessível a todos os professores que

buscam a aplicação de uma Geografia relacionada ao debate e a liberdade de

formulação individual e coletiva de idéias que nossa disciplina proporciona.

Também para aqueles que buscam aproveitar o conhecimento espacial do

cotidiano, que todos nós possuímos e desenvolvemos ao longo de nossas

vidas, através dos contatos sociais, culturais e profissionais como família, casa,

amigos, parentes, trabalho e suas interatividades.

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8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Rosângela Dion; PASSINI, Elza Yasuko. O espaço geográfico: ensino e representação. São Paulo: Contexto, 1989. (Repensando o ensino). MOREIRA, Ruy. (Org.) Geografia: teoria e crítica. O saber posto em questão. Petrópolis: Vozes,1982. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Introdução aos parâmetros curriculares nacionais/Secretaria de educação Fundamental – Brasília. MEC / SEF, 1999. RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder.Tradução de Maria Cecília França. São Paulo: Ática,1993. SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica, tempo, razão e emoção. 4. ed. Ed. São Paulo: Edusp,2006. __________. Metamorfose do espaço habitado: Fundamentos,Teorias e metodologias. São Paulo: Hucitec,1988. SENE, Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. A geografia no dia-a-dia: 5ª série. São Paulo: Scipione, 2002. (Coleção Trilhas da geografia). TOMITA, L.M.S. Trabalho de campo como instrumento de ensino em geografia in: Geografia: Revista do Departamento de Geociências. Universidade Estadual de Londrina. Vol. 08 nº. 01 p. 13-15, jan./jun. 1999. <http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/espaco-geografico.htm> acesso em 23 abril 2009. <http://www.infoescola.com/geografia/espaco-geografico/> acesso em 23 abril 2009. <http://www.viana.es.gov.br/site/index. php?target=geografia> acesso em 05 junho 2010.

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ANEXO A

MATERIAL DIDÁTICO CONCEITUAL:

Espaço geográfico: O autor Milton Santos (2002), geógrafo, expressa o

conceito de espaço geográfico, como sendo “um sistema de objetos e um

sistema de ações” que:

“[...] é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e de ações, não considerado isoladamente, mas como um quadro único na qual a história se dá. No começo era natureza selvagem, formada por objetos naturais que ao longo da história vão sendo substituídos por objetos fabricados, objetos técnicos, mecanizados e, depois cibernéticos fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar com uma máquina”. (SANTOS, 2002, p 63)

Paisagem: A primeira categoria que iremos estudar é a de paisagem,

continuamos utilizando o mesmo autor, Milton Santos em obra e ano diferente,

fez uma definição sobre paisagem e a distinção entre a paisagem natural e

artificial:

“Tudo aquilo que nós vemos, o que a visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores e sons etc.’’ (SANTOS, 1988, p. 61) “A paisagem artificial é a paisagem transformada pelo homem, enquanto grosseiramente podemos dizer que a paisagem natural é aquela ainda não mudada pelo esforço humano. Se no passado havia a paisagem natural, hoje essa modalidade de paisagem praticamente não existe mais”. (SANTOS, 1988, p. 62)

Território: Já o conceito de território que utilizaremos para compreensão dessa

categoria foi feito pelo autor francês Claude Raffestin na sua obra “Por uma

Geografia do Poder ( 1980 ), e traduzida pela autora Maria Cecília França, no

ano de 1983.

“O território é um espaço onde se projetou um trabalho, seja energia ou informação, e que, por conseqüência , revela relações marcadas pelo poder. [...], o território é a prisão que o homem constrói para si”. (RAFFESTIN, 1980, p.144).

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Assim, um termo que não podemos deixar de abordar quando nos referimos a

território, é a totalidade das relações existentes neste, ou seja, a noção de

territorialidade. Raffestin aborda essa relação, também em sua obra:

“De acordo com nossa perspectiva, a territorialidade assume valor bem particular, pois reflete o multidimensionamento do “vivido” territorial pelos membros de uma coletividade, pela sociedade geral. Os homens vivem ao mesmo tempo o processo territorial por intermédio de um sistema de relações existenciais e/ou produtivas.” (RAFFESTIN, 1980, p.158)

Lugar: Voltando ao geógrafo brasileiro, Milton Santos, que também nos

referenciou em outra categoria, a de lugar, a partir da sua obra “A Natureza do

Espaço” (2002).

“No lugar - um cotidiano compartilhado entre as mais diversas pessoas,

firmas e instituições - cooperação e conflito são base da vida comum. Porque cada um exerce ação própria, a vida social se individualiza [...]. O lugar é o quadro de uma referência pragmática ao mundo, do qual lhe vêm solicitações e ordens precisas de ações condicionadas, mas também o teatro insubstituível das paixões humanas, responsáveis, através da ação comunicativa, pelas mais diversas manifestações da espontaneidade e da criatividade.” (SANTOS, 2002, p.322).

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ANEXO B

INSTRUINDO OS ALUNOS

Aulas teóricas sobre o tema:

1º A proposta.

2º O que é espaço geográfico?

3º Paisagem, lugar, território. Categorias espaciais e seus conceitos.

4º Aula de Campo.

Como fazer:

– Após as aulas expositivas dialogadas sobre os conceitos e a aula de campo.

Os alunos deverão escolher uma das categorias espaciais, ou objetos de

estudo da geografia e, após a identificação visual, obter imagem digital do

mesmo, o que deverá ser realizada no campo. Nesse momento, ele deve

aproveitar ao máximo seu conhecimento a partir do seu espaço vivido e das

aulas teóricas realizadas anteriormente.

– Os alunos deverão transferir a foto para um computador comum que possua

impressora colorida para impressão da imagem e do texto na mesma folha

(A4).

– Os alunos redigirão um texto, dizendo o porquê da escolha daquela categoria

espacial, qual a sua importância (pessoal ou mesmo para a disciplina) e como

a reconheceu de acordo com as suas percepções.

– Os alunos formatarão o trabalho de forma esteticamente correta (título, texto

e foto na mesma folha), conforme explicação recebida pelo professor.

– Os alunos produzirão seu trabalho em sete dias.

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– Os alunos apresentarão os trabalhos concluídos ao professor e vão os deixar

expostos na escola.

Recursos:

– Professor: material explicativo, formulado pelo por ele, entregue aos alunos.

– Alunos: material dado pelo professor, câmera digital ou aparelho similar,

computador, que contenha impressora colorida como componente em seu

hardware, que possa ser usado para impressão em folha A4.

Page 50: O espaco

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Bibliografia

1 SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica, tempo, razão e emoção. 4.

ed. Ed. São Paulo: Edusp.2006.p.63.

2 SANTOS, Milton. Metamorfose do espaço habitado: Fundamentos, Teorias

e metodologias. São Paulo: Hucitec. 1988.p.61.

3 RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução de Maria

Cecília França. São Paulo: Ática. 1993.p.144.

4 RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução de Maria

Cecília França, São Paulo: Ática. 1993.p.158.

5 SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica, tempo, razão e emoção. 4.

ed. Ed. São Paulo: Edusp.2006.p322.