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1 . O Especialis ta Aldeias SOS oferecem mães-sociais para crianças em situação de abandono página 10 Cidadãos reassentados em Intaka criticam as indemnizações pagas pelo governo página 9 Cidadania e jornalismo TVM reactiva transmissão em língua de sinais, depois de reportagem publicada em O Especialista páginas 8 Acesso à informação Jornalistas moçambicanos estudam formas de pressionar pela aprovação de leis de mídia página 7 Novembro de 2013 2013 MODELO ELEITORAL DO PAÍS É QUESTIONADO Sociólogo Eugénio Braz e constitucionalista Gilles Cistac comentam a legislação eleitoral e o seu impacto para a escolha do novo Presidente da República no pleito de 2014 páginas 4 e 5 ARNALDO SALVADO “Árbitros podem ser manipulados” página 24 SAÚDE PÚBLICA Aterro em Matola vai custar 60 milhões de dólares, diz vereador página 11 Este é um produto dos estudantes de jornalismo do sexto semestre da Escola de Comunicação e Artes na Universidade Eduardo Mondlane, dentro do Programa Para Fortalecimento da Mídia em Moçambique, financiado pelo governo dos Estados Unidos da América, através da sua Agência Para o Desenvolvimento Internacional (USAID), e implementado pela IREX Moçambique. Visite: www.irex.org.mz OPINIÃO → Mudar em voz alta → A tensão política → Vítima e regate →O mundo virou páginas 2 e 3 MEIO AMBIENTE Governo suspende bolsas para quem quer estudar no Egipto página 17 Moda na passarela A estilista moçambicana Sara Almeida defende uma moda com identidade nacional página 18 Foto: Lucinda Alfândega MEIO AMBIENTE Queimadas destróem 3 mil hectares em Maputo página 12

O Especialista #2

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Produto dos estudantes de jornalismo da Escola de Comunicação e Artes na Universidade Eduardo Mondlane, realizado dentro do Programa Para Fortalecimento da Mídia em Moçambique, financiado pelo governo dos Estados Unidos da América, através da sua Agência Para Desenvolvimento Internacional (USAID), e implementado pela IREX Moçambique.

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O Especialista

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O Especialista Aldeias SOS oferecem mães-sociais para crianças em situação de abandono

página 10

Cidadãos reassentados em Intaka criticam as indemnizações pagas pelo governo página 9

Cidadania e jornalismoTVM reactiva transmissão em língua de sinais, depois

de reportagem publicada em O Especialista páginas 8

Acesso à informaçãoJornalistas moçambicanos

estudam formas de pressionar pela aprovação de

leis de mídia página 7

Novembro de 2013 2013

MODELO ELEITORAL DO PAÍS É QUESTIONADOSociólogo Eugénio Braz e constitucionalista Gilles Cistac comentam a legislação eleitoral e o seu impacto para a escolha do novo Presidente da República no pleito de 2014 páginas 4 e 5

ARNALDO SALVADO

“Árbitros podem ser manipulados”página 24

SAÚDE PÚBLICA

Aterro em Matola vai custar 60 milhões de dólares, diz vereadorpágina 11

Este é um produto dos estudantes de jornalismo do sexto semestre da Escola de Comunicação e Artes na Universidade Eduardo Mondlane, dentro do Programa Para Fortalecimento da Mídia em Moçambique, financiado pelo governo dos Estados Unidos da América, através da sua Agência Para o Desenvolvimento Internacional (USAID), e implementado pela IREX Moçambique. Visite: www.irex.org.mz

OPINIÃO

→ Mudar em voz alta→ A tensão política→ Vítima e regate→O mundo viroupáginas 2 e 3

MEIO AMBIENTE

Governo suspende bolsas para quem quer estudar no Egipto

página 17

Moda na passarelaA estilista moçambicana

Sara Almeida defende uma moda com identidade

nacional página 18

Foto

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MEIO AMBIENTE

Queimadas destróem 3 mil hectares em Maputo

página 12

O Especialista

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F indos dezesseis anos de uma guerra sangrenta movida por descontentes da Renamo contra o go-verno da Frelimo, a 4 de

Outubro de 1992, assinou-se, em Ro-ma, o acordo Geal de Paz, em que as partes se comprometiam a nunca mais recorrerrem à força das armas. Porém, o povo moçambicano, surpreendente-mente, viu o compromisso das duas forças violado quando o som das ar-mas voltou a ecoar, matando e vanda-lizando pessoas indefesas.

Há pouco mais de um ano, o lí-der da Renamo abandonou a sua pom-posa residência na capital do país para, aparentemente, fixar-se em Nampula, onde a sua permanência foi evidencia-da por confrontos do seu elenco com a populacão e também com as forças go-vernamentais.

Era o começo de um grande re-trocesso para o povo moçambicano, pois, algum tempo depois, Afonso Dhlakama regressou a Satungira, local onde vivera durante os dezesseis anos de guerra. É neste lugar que, segundo afirmações do governo, a Renamo vem

sistematicamente atacando pessoas.Depois de algumas incursões,

as Forças Armadas de Defesa de Moç-cambique, exército do Governo, ince-taram uma emboscada, a 17 de Outu-bro, que destruiu a residência do líder da Renamo, pondo todos em fuga in-cluindo o sr. Dhlakama.

Desde essa data que a opinião pública dividiu-se. Uns acham que o governo não devia ter efectuado este ataque e que precisava ter se pautado pelas negociações que vêm decorrendo a mais de vinte semanas entre as duas posições. Outros apoiam o ataque, pois acham que era momento de se repor a ordem, porque um Estado não pode ter dois exércitos.

A verdade é que reina uma gran-de instabilidade no país. Os investido-res receiam o futuro. O povo, em par-ticular o residente na zona onde as ar-mas cantam sem cessar, vive um terror.

As mulheres e homens que ali-mentavam os seus lares, indo comprar para revenda malas, camas, cristaleiras, e muitos outros produtos, vivem deses-perados pelo futuro incerto.

Todos os que directa ou indirec-tamente sofrem esta por causa desta tensão desnecessária apelam aos dois beligerantes que cessem o barulho das armas. Mocambique precisa muito de paz.

A tensão política

Músicos“Precisamos dar mais apoio aos nossos músicos. Num concerto onde actuam estrangeiros e moçambicanos, infelizmente, a bandeira nacional é omissa e o moçambicano torna-se um estranho.” (Cristina Ndlate)

Deixa andar “No país do deixa andar ninguém avança. O povo quer melhorar as condições de vida, mas quando chega a hora de votar renova o contrato com os mesmos que infernizam as suas existências” (Jaime Mulima)

“As instituições públicas fogem dessa responsabilidade de prestar contas ao cidadão e este vai consumindo informação de baixa utilidade ou as previamente selecionadas’’ (Arão Naulane)

O jornal O Especialista é um produto experimental da cadeira de jornalismo impresso II, produzido pelos estudantes do sexto semestre da licenciatura em jornalismo da Escola de Comunicação e Artes da Universidade Eduardo Mondlane. Os valores editoriais que regem o produto, os temas das reportagens e as abordagens nos conteúdos foram definidos pelos futuros jornalistas durante as actividades académicas. A impressão e distribuição foram viabilizadas pelo Programa Para Fortalecimento da Mídia em Moçambique, que é financiado pelo Governo dos Estados Unidos da América, através da sua Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID), e implementado pela IREX Moçambique. As opiniões expressas nas páginas de O Especialista não representam o posicionamento das instituições envolvidas no projecto, mas apenas e somente o pensamento de cada um dos entrevistados e dos autores. Redacção - Conselho editorial - Edson Manjate, Lucinda Alfandega, Edmundo Manhique, Ananias Langa, Cármen Pereira. Chefe de Redação - Laque Francisco Tamo. Editora Executiva - Lucinda Alfandega. Editora de Política - Lucinda Alfandega. Editora de Sociedade - Cármen Pereira. Editora de Cultura - Célia Rosa. Editor de Desporto - Edmundo Manhique. Editora de Internacional - Sumeia Carlos. Repórteres – Aderito Bie, Alberto Tomas, Bertilia Fernando, Ananias Langa, Dércio Mutana, Fátima Langa, Edson Manjate, Carmen Mutisse, Carmen Pereira, Lourino Pelembe, Mirna Chitsungo, Matilde Muimela, Nabote Langa, Orbai Nobre, Tânia Maria, Rute Langa, Sumeia Cassino, Dércio Mutana, Celia Rosa, Jaime Mulima, Hassane Daude. Coordenação Pedagógica do Produto: Ricardo Fontes Mendes. Supervisão Pedagógica do Produto: Rui Machango e Júlio Manjate. Revisão Editoral: Milton Machel. Impresso na Gráfica Lowveld Media, Nelspruit, África do Sul. Tiragem: 12 mil exemplares. Distribuição gratuita.

opinião

O Especialista

A sociedade hoje já não pensa por si. Por mais difícil que seja acre-ditar é a verdade. Desde que começou

a tensão política em Moçambique, as pessoas ja não são as mesmas.

Moçambique voltará à guer-ra, ou será que nós já estamos viven-do em conflito? É culpa da Renamo ou da Frelimo.

Cada qual é livre de expressar seus sentimentos, até porque o artigo 48 da “bíblia moçambicana” conser-va-nos este direito.

Uma coisa para mim é certa: nes-te momento é ruim querer encontrar o culpado pelo caos que estamos viven-do em Moçambique. Como já referen-ciei, uns dizem que é o “pai da demo-cracia”, outros que é Guebuza, o “cria-dor de patos”.

Em parte, concordo com quem diga que todos são culpados, pois pela sua ignorância e altivez o país foi entre-gue à própria sorte.

Quem tem noção do valor da vi-da e é comprometido com a causa so-

cial jamais poria em risco a vida dos próprios protegidos. Fere-me ouvir que para proteger o povo faremos de tudo o que for necessário, se depois fazemos o povo sofrer.

Quando começa a troca de tiros como se fosse uma caçada de passari-nho, ferem e matam gente inocente. No fim, ninguém assume a responsabili-dade. As partes envolvidas alegam le-gítima defesa.

O altruismo e o patriotismo já não são valores. Entre nós reina o ódio e o egoísmo, orgulho exagerado, sin-gularismo e exclusividade.

Já não adianta partilhar mais opi-niões, pois ninguém vai querer ouvir o outro. Neste momento vale a pena im-plorarmos por tolerância e ressalvar-mos os valores.

O que acontece preocupa quem nunca ouviu tamanha barbaridade da nossa parte. Estamos ainda mais lon-ge de nos tornarmos um país melhor em termos de boa governação. A nos-sa preocupação não pode cingir-se em tirar Guebuza do poder nem em matar Dhlakama. Eles são parte do problema, mas não são a questão. Devemos pen-sar na revolução pacífica e os nossos discursos devem continuar a apelar à paz que a todos agrada e faz crescer.

De cabeça para baixo

Moçambique tem es-tado a presenciar a entrada massiva e ilegal de cidadãos de outros países,

motivados pelo arranque dos mega-projectos na área da mineração e com o crescimento sustentado da economia do país.

Dezenas de imigrantes ilegais são interceptados pelas autoridades moçambicanas diariamente. A maioria foge dos seus países de origem que es-tão em guerra, mas muitos buscam em-prego. Os dados não mentem, de acor-

do com as autoridades de migração de Moçambique, em 2011, o número de repatriados foi de 4.993 pessoas, cerca de 6.000 cidadãos estrangeiros foram repatriados em 2012 em Moçambique por quererem ficar em território nacio-nal de forma ilegal.

Esses dados contribuem sobre-maneira para a crescimento da crimi-nalidade no país, sobretudo os crimes sofisticados, como é o caso dos seques-tros, e de outros de natureza diversa, que constumávamos ver apenas em fil-mes de ficção.

O índice de desemprego no país é alto e atinge principalmente os jovens que pretendem ingressar no mercado de trabalho pela primeira vez, indica um relatório da Organização dos Tra-

balhadores de Moçambique (OTM), o maior movimento sindical do país.

Intitulado “Dinâmica Actual do Mercado de Trabalho e Desafios do Movimento Sindical em Moçam-bique”, o relatório indica que o aces-so ao emprego formal é cada vez mais difícil. Vivo num país onde combater a pobreza significa combater os pobres, onde a injustiça social prevalece. Um país que vende a infelicidade.

Vivo num país onde o futuro não se escreve, onde jovens recém-forma-dos não avistam horizontes. Metade desta nação está sequestrada, clama pe-la liberdade. Mas há os que têm fé, acre-ditam que as eleições são a chave da libertação. Sou mais uma vítima des-te sistema, esperando por um resgate.

Vítima procura resgate

Por Fátima LangaRepórter

Por Nabote LangaRepórter

Por Jaime MulimaRepórter

Universidade Eduardo MondlaneEscola de Comunicação e Artes

Desinformados

O Especialista

3

APrecisamos mudar e é urgente que isso se-ja dito em voz alta. É direito do cidadão que vive num país que se

intitula democrático poder ter acesso à informação que deseja. A necessidade de escrever esse artigo surge por causa da história que passo a contar .

Fui ao município da cidade de Maputo, isto é, a casa dos munícipes de Maputo, onde a voz dos cidadãos deve se fazer ouvir e suas reclamações merecem ser atendidas.

Fui apesar de saber que em nosso país quase todo tipo de informação que se pede em instituições públicas não é possível ter acesso (ou, então, tem-se acesso depois de lutar e fazer alguma confusão. Só para os corajosos….!). Cansaço ou intimidação obriga quem busca se informar a desistir, também pela morosidade e implicações da per-sistência.Pois bem, pensei eu que ape-sar de todo esse histórico que se acom-panha todos os dias para ter acesso a in-formação, houvesse um certo tipo de documento que o munícipe pudesse ter

buscar e obter livremente.Então, dirigi-me à secretaria ge-

ral do município, com a credencial do jornal O Especialista, onde fui direcio-nada ao Gabinete dos Recursos Huma-nos. Ao apresentar a credencial e expli-car a preocupação, fui mandada para tirar uma cópia e esperar a reposta que sairia dentro de 15 dias, porque seria importante passar pelas instâncias su-periores.

Questionei o funcionário que se encontrava em serviço, tentando trazer a mente dele que o que o jornal queria era ter acesso ao manifesto de 2008 do presidente, um documento que mais do que qualquer outro deveria ser simples de conseguir.

No meio de tudo isso, a justifi-cativa do servidor foi: “ algumas leis são erradas, eu sei que isso não é o cor-recto, mas são as regras da casa e eu só posso obedecer. Toda a informação que sai daqui deve ser autorizada”, disse.

Insisti mais uma vez, lembrando que aquele era um documento que de-veria ser fornecido com prontidão aos munícipes, mas ele tentou justificar e limitou- se a dizer: “talvez possas ten-tar na biblioteca, mas duvido muito que consigas”.Fui ao Gabinete de Comuni-cação, porque lembrei que já havia pe-

dido o mesmo documento cinco se-manas antes, naquele sector, mas no-vamente não foi possível. Na bibliote-

ca, o funcionário disse que não tiveram acesso ao manifesto.

Ainda na tentativa de conseguir o documento do último presidente do município, entrei em contacto com um dos responsáveis pelo Gabinete de Co-municação, que trabalhou com os dois últimos presidentes do município de Maputo e ainda com um dos assesso-res de imprensa. A resposta que obtive foi: “nesse período é complicado pas-sar esses documentos porque falta pou-co tempo para a campanha...”

E é nesse ponto que eu voltei a insistir. Trata-se do manifesto de um candidato que tornou- se presidente, e nos últimos momentos do seu manda-to esse documento deve ser sim de do-mínio público. Até porque é neste mo-mento que um bom e verdadeiro presi-dente de município exibe suas promes-sas, para provar o que cumpriu e man-ter a confiança de seus eleitores.

Enfim, meu desabafo termina por aqui, na esperança de que dias me-lhores virão em que o ajuste de conta s será prestado aos munícipes não no pa-pel, mas na prática. Os governantes sa-berão que sua prioridade quando che-gam ao pódio é o cumprimento das ne-cessidades do povo que o elegeu e não trabalhar em causa própria.

Mudar em voz alta

ReconhecimentoNão podemos exigir reconhecimento para a música moçambicana quando apenas fazemos “música comercial, em pacotes”, sem mensagem, sem conteúdo. (Cármen Pereira)

FomeOs colonos se foram, mas não levaram a fome. São mais de 500 anos sob o jugo colonial. Miséria e exploração marcoram o povo. Entretanto, a fome continua a fustigar todos nós. (Edmundo Manhique)

RacismoO racismo só deixará de existir quando deixarmos de ver o branco como o perverso colonizador e o negro como a vítima colonizada. (Jaime Mulima)

Nabote Langa, estudante de jornalismo da Universidade Eduardo Mondlane

Nossa preocupação não pode cingir-se em tirar Guebuza ou matar Dhlakama

Armando Sambo, técnico do Ministério da Educação

“Admito que haverá pequenas dificuldades na assimilação da reforma

ortográfica”

Por Lucinda AlfândegaEditora Executiva

FRASES DESTA EDIÇÃO

ARISTIDES ESTEBAN

Quem é o autor do cartoon na página? Aristides Esteban Hernández Guerrero, ou simplesmente Ares, nasceu em 1963 em Havana, Cuba. Além de produzir cartoons, formou-se médico em 1987 e psiquiatra em 1993. A carreira de cartunista começou em 1984. Tem mais de uma dezena de prêmios internacionais em países como Brasil, Bulgária, Japão, Cuba, Itália, Sérvia, Canadá e Irão. É autor de 16 livros e ilustrou mais de 70. Ele é o cartunista homenageado desta edição de O Especialista.

“Neste período é complicado passar estes documentos porque falta pouco para a campanha”

Justificativa de funcionãrio público para não entregar manifesto do presidente do município de Maputo da última gestâo, antes das eleiçôes. O dcoumento foi solicirado pela editora executiva de O Especialista, Lucinda Alfândega.

O Especialista

4

resumo

MercadoMoçambique precisa ter mais

abertura para o mercado e investir na formação de recursos humanos e aquisição dos tecnológicos. Página 9

Infância Cresce o número de crianças em situação vulnerável nas ruas de Maputo e as Aldeias SOS utilizam mães-sociais para socorrê-las. Pägina 10

QueimadasMaputo teve pelo menos 3 mil hectares de área queimados. A destruição do meio ambiente preocupa as autoridades do país. Página 12

O sociólogo Eugénio Brás disse que o processo eleitoral no país pode ser descrito como contur-bado e cheio de tensões de carácter político, social e económico, porque não permite que os actores políticos tenham uma cultura multipartidária adequada para o modelo democrá-tico.

Segundo Brás, o período de campanha eleitoral precisa ser ama-durecido, tanto por parte dos acto-res políticos como dos eleitores. “É necessário que os candidatos apre-sentem propostas de construção dea nação e não discursos agressivos e vazios de conteúdo e de lógica como acontece actualmente. É pre-ciso treinar um eleitorado que reage de forma mais crítica a tais discur-sos, pois o público elege porque se identifica com o partido político, sem perceber o que exactamente tal candidato tem como plano para de-senvolver a nação”, disse

No que concerne ao tempo que os eleitores têm para conhecer os candidatos, sendo 15 dias de campa-nha para as eleições municipais e 45 para as presidenciais, o sociólogo reconheceu que o tempo delibera-do é muito curto, e o conhecimento

dos candidatos não deve acontecer apenas no momento da campanha. “Num verdadeiro contexto de de-mocracia, os partidos da oposição, inclusive os extra-parlamentares, devem servir de alternativa para o público e não aparecer apenas no período eleitoral. O povo deve ter outras opções credíveis, para além do partido no poder”, reiterou

Na perspectiva do sociólogo, outro ponto que deve merecer aten-ção é o modelo eleitoral. Para ele o povo apenas tem poder de eleger o presidente da república e o presiden-te do município, no entanto, a esco-lha dos deputados que o representa fica a cargo do partido que vence, a população é informada dessas esco-lhas sem saber até que ponto esses actores estão dispostos a lutar pelas necessidades dos seus eleitores.

Eleições presidenciais

No mesmo ponto de descon-tentamento com o modo como de-corre o processo eleitoral moçam-bicano, o contitucionalista Gilles Cistac revelou que a última refor-ma eleitoral aprovada, patente nos acórdãos 2/CC/2013 e 3/CC/2013 de 3 de Setembro, ajudou a melho-rar bastante a transparência da lei eleitoral. Mas, para ele, as eleições

presidências de 2014 já estãopreju-dicadas.

“Estas eleições de agora fi-caram comprometidas a partir do período de recenseamento, que co-meçou tarde, com muitos erros téc-nicos e, mesmo assim, não houve prolongamento do prazo. Já se viu igualmente a possibilidade de al-guém registrar-se três vezes, como foi veiculado nos meios de comuni-cação. A questão que se coloca: se um moçambicano conseguiu fazer isso, quantos mais não poderão ter feito o mesmo, o que significa que essas pessoas também podem votar três vezes”, declarou

Para Cistac, a idoneidade dos cadernos eleitorais, que são na verdade o primeiro passo para uma fraude, é questionável. Lembrando que o mesmo fenómeno ocorreu no Zimbabwe e resultou em fraudes a ponto de permitir o voto de pessoas que já estão mortas ou o uso de três ou quatro nomes diferentes, sem que ninguém conseguisse justificar como isso ocorreu.

“Outro aspecto que põe em causa essas eleições é a não parti-cipação do maior partido da oposi-ção nas eleições, detalhe que já abre espaço para acreditar que provavel-mente os simpatizantes deste parti-do, a Renamo, não se inscreveram

nos cadernos eleitorais, o que sig-nifica que não votaram nas eleições autárquicas, e muito menos se sabe se vão ou não votar nas eleições pre-sidenciais”, frisou.

Além disto, para a Renamo, o facto de um juiz - João Beirão - ocupar a posição de porta-voz da CNE viola o artigo 219 da Consti-tuição da República, que prevê que ‟(...)os Magistrados Judiciais em exercício não podem desempenhar quaisquer outras funções públicas ou privadas, excepto a actividade de docente ou de investigação jurídica ou outra de divulgação e publicação científica, literária, artística e técni-ca, mediante prévia autorização do Conselho Superior da Magistratura Judicial”.

Segundo Cistac, os motivos que se levantam em volta deste assunto são aceitáveis, e somados à pressão que certos partidos da oposição vêm sofrendo em alguns distritos, como a destruição de seus dísticos, levam-nos a questionar a liberdade de voto tanto nas eleições de Novembro como nas presidên-cias do próximo ano.Tal como Brás, para Cistac o período de campanha é muito breve e só é aplicável quando se tem uma máquina bem equipada a trabalhar, tanto a nível financeiro como de recursos humanos.

Por Lucinda AlfândegaEditora Executiva

O sociólogo Eugénio Brás e o constitucionalista Gilles Cistac dizem que o modelo eleitoral de Moçambique não facilita uma corrida justa

Eleições presidenciais já estão comprometidas, diz Cistac

“Os partidos de oposição, inclusive os extra-parlamentares devem servir de alternativa”

Gilles CistacProfessor Catedrático da UEMFaculdade de Direito Diretor Adjunto

Histórica Marcha Pela Paz reuniu milhares de pessoas nas ruas de Maputo em manifestação contra os raptos, pela pacificação do país e por mudanças políticas: os cidadãos estão debatendo sobre a realidade de Moçambique.

Foto: Banco de Imagens/O

Especialista

Banco de Imagens/O Especialista

O Especialista

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SaúdeCidadãos consomem alimentos nas ruas da cidade sem saber se os ambulantes tem boletim de saúde necessário para a venda de alimentos. Página 13

BolseirosA falta de recursos levou à suspensão da possibilidade de estudantes moçambicanos receberem bolsas do governo para estudarem no Egipto. Página 17

MambasO técnico João Chissano prepara os jogadores e a estratégia para surpreender e vencer no Campeonato Africano da Nações. Página 21

Aprovação lentaLeis de mídia ainda sem serem aprovadas

página 7

USD 60 milhões para novo aterroDinheiro virá da Coréia do Sul

páginas 11

Agricultura depende de articulaçãoNegócios agrários perdem sem tecnologia

page 15

“Desde 1990 que o país assiste ciclicamente ao nascimento de novos partidos. Muitas criti-cam esses grupos emergentes por pouco ou nada acrescentarem ao panorama político nacional’’, disse Francisco Campira presidente da Coligação Oposição de Mãos Dadas, reiterando a necessidade de se reformular o sistema político--partidário.

Que análise faz da partici-pação dos partidos políticos na arena eleitoral do país?

Eu fui um dos poucos, talvez o único que apareceu ao público afirmando que não havia seriedade por meio da oposição política moçambicana, concre-tamente na oposição extrapar-lamentar. Como presidente do partido Pasomo, assumo essas críticas e posso dizer que 90% da nossa oposição não funciona.

Que leitura faz da existên-cia de partidos sem participação activa na vida política do país?

Mudar a maneira da actua-ção, cumprindo a responsabilida-

de social, no sentido de que de-vem criticar, apresentar soluções e fiscalizar as acções do governo, Assembleia da República e órgãos da Justiça. Só assim nos constitu-ímos como partido. Mas também é preciso olhar para uma situação em que um moçambicano que receba 2.000 meticais... Qual é o contributo que este poderá dar para seu partido, porque ele deve pagar a casa, água, luz, transporte, igreja e outras associações nas quais também faz parte.

Que caminho deve seguir a nossa democracia multiparti-dária?

Multipartidarismo com par-tidos inertes que justificam a falta de dinheiro para não participa-rem activamente na vida política seria difícil. Por exemplo, para reagir à situação dos médicos não é necessário muito dinheiro. Es-tou agora a falar para esse órgão de comunicação e não paguei nada para falar nesse órgão. Para promover debates e discutir com estudantes a situação do país quanto é que custa? Para manifes-tar repúdio, desagrado ou agrado em relação a uma manifestação quanto é que custa? Talvez para

dar ajuda às vitimas das cheias ou aos mais desfavorecidos...isto sim pode representar custos. Muitas coisas como as que citei devíamos fazer porque não necessitam de dinheiro. Escondemo-nos atrás das cortinas alegando falta de meios financeiros. Estaríamos a ser falsos e a enganar os moçam-bicanos e a comunidade interna-cional que quer ver a democracia a ser operacionalizada.

Como garantir que os par-

tidos a nascer ou existentes se constituam como intervenientes sérios nos debates democráti-cos que este país precisa para crescer?

Os partidos políticos de-viam ter um contributo, facilida-des para tratar expediente, porque confundimo-nos como cidadão e em algumas vezes os nossos ex-pedientes são secretos, mas pelos procedimentos acabam estando nus. O estado devia atribuir um ‘’orçamentozito’’ aos partidos po-líticos. Podia-se criar mecanismo para que ao invés de todos dias criarem-se mais partidos, que não estão a exercer o seu papel, fortificar os já existentes para dar um melhor contributo ao país.

Em entrevista sobre as fragilidades dos partidos, Presidente da coligação Oposição de Mãos Dadas, critica a falta de ativismo e a inércia

CNE é alvo de polêmica

As eleições presidenciais agen-dadas para 15 de Outubro de 2014 marcam mais uma vez um ambiente de desconfiança, agressão verbal e acusações entre partidos políticos e seus candidatos quanto ao cumpri-mento do papel da Comissão Nacio-nal de Eleições (CNE), um órgão cria-do à luz da Constituição da República com objectivo de supervisionar actos eleitorais.

O porta-voz da Comissão Na-cional de Eleições, João Beirão, disse que a (CNE) teve um papel didáctico e interventivo com os partidos políti-cos desde o inicio do ciclo eleitoral.

Beirão afirma ainda que a (CNE) não se apresentou apenas como órgão gestor de eleições, mas como uma en-tidade que apoiou partidos políticos na interpretação da lei sobre o pro-cesso eleitoral. “Os partidos políticos, por exemplo, que tinham dificuldades na altura da inscrição, a CNE ajudou na explicação e preparou muito cedo o processo de entrega de candidaturas.Isto não acontecia nos outros pleitos eleitorais”, continua. “Há muita falta de conhecimento jurídico em Moçam-bique, os partidos políticos têm as leis em mãos, mas não sabem interpretá--la”, disse.

Para o interlocutor, a presunção de que as eleições não foram justas nos outros pleitos eleitorais deve-se à falta de conhecimento das regras du-rante este processo de eleições e, mui-tas vezes, gera especulação e confu-são por parte das pessoas envolvidas. “O conceito de eleições livres, justas e transparentes não depende apenas da CNE, mas de partidos políticos e de toda sociedade em geral”, afirma João Beirão.

Os órgãos eleitorais têm o pa-pel de garantir o equilíbrio entre os partidos políticos, fazer campanhas de educação cívica, persuadir a popula-ção a votar. Esta actividade, segundo o porta-voz, não seria possível sem a CNE. A fonte admite que as vezes se verifica infracções durante a votação, mas não compete a este órgão resolver estes problemas, cabe à procuradoria--geral da República.

“Questionado sobre a postura da polícia nos locais onde se reúne a assembléia de voto, numa distância de trezentos metros, segundo a lei, Bei-rão disse que o seu órgão distancia-se completamente do comportamento da polícia no momento de votação.

Pode-se ver, até hoje, na cidade de Maputo, panfletos de alguns diri-gentes. Para o porta-voz da CNE, es-tes panfletos continuam na rua porque não existe nenhuma lei que obrigue a retirada de propaganda após reali-zação das eleições; a lei só faz refe-rência do término da campanha. Isso significa que há lacunas na legislação eleitoral no que tange à propaganda.

“Ela não prevê a consequência legal, jurídica dos partidos políticos que têm seus panfletos nas ruas”. Bei-rão afirma que quando há uma norma e não há uma sanção fica difícil punir

esses partidos políticos. “ O Conselho Municipal tem papel de velar pela limpeza da cidade, devia chamar os donos da publicidade eleitoral”, disse.

Críticas

“Moçambique precisa de uma CNE profissional”, disse Lutero Si-mango, Chefe da Bancada do MDM.Para ele, Lutero Simango, a Comissão Nacional Eleições (CNE) deve ser constituída por pessoas com compe-tência aprovada, que possam garantir a independência em relação aos pode-res, e não pertençam a partido.

Ele acredita que este mode-lo que propõe irá permitir que esses órgãos não possam ser manipulados pelo partido que está no poder.Lutero diz ter tido problemas com o Secre-tário-Geral do STAE por ter havido vandalização por parte da Frelimo no dia 23 de Setembro, na província de Gaza.

A pré-campanha campanha deve obedecer os princípios que a lei prevê. A própria legislação não esta clara, os candidatos que estão em car-gos públicos deviam cessar suas fun-ções para garantir um processo trans-parente. É por isso que o presidente aparece a inaugurar pontes, hospitais, na altura das eleições, isto faz condu-zir o seu papel”, disse, referindo à fase da pré-campanha.

“A CNE precisa de um trata-mento cirúrgico”, afirma porta-voz da Renamo. Para Fernando Mazan-ga, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) só ficaria preparada para aco-lher eleições transparentes, livres e justas se tivesse sido criada através de um processo transparente, livres e justo também. CNE está doente”, diz.

O artigo 101 da lei 6/2013, que estabelece as funções, composição e funcionamento da CNE, proíbe a pre-sença da polícia nos locais de assem-bléia de voto a uma distância de 300 metros. E esta polícia só pode apare-cer quando houver tumultos, requisi-tada pelo presidente da mesa. Depois de manter a ordem, deve voltar.

Mazanga afirma ainda que isto não tem sido respeitado e que no mo-mento de eleições parece que o país está em guerra, verifica-se uma mobi-lização de meios de artefactos bélicos e uma presença massiva de homens carregando ferro e roupa pesada. “Te-mos visto carros blindados, AK 47, isso acaba intimidando os eleitores a pensarem que se não forem votar a favor do partido que esta no poder po-dem sofrer represálias”, afirmou.

De acordo com a lei 6/2013, o processo eleitoral pressupõe liberdade de propaganda política e igualdade de candidaturas. Para o interlocutor, os órgãos eleitorais não tem sido severos em fazer ver que os partidos políticos respeitem os materiais de propaganda. Damião José, porta-voz da Frelimo, reconhece haver falhas no processo de votação, dando exemplo da marcação no boletim de voto que as vezes não esta clara, o que acaba criando discus-são entre observadores dos partidos e nacionais.

Reprodução/Facebook

Por Laque FranciscoEditor-chefe

Por Aderito BieRepórter

“90% dos partidosnão funcionam”

Francisco Campira critica o comportamento da opisição e vê necessidade urgente de reformular sistema político-partidário.

O Especialista

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Procurador Geral Adjunto da República interpreta que Lei de Probidade Pública é extensiva aos gestores de empresas

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O Procurador Geral Adjunto e docente a Universidade Eduardo Mondlane, Taibo Caetano Mucobo-ra, diz que a Lei da Probidade é ba-sicamente dirigida ao servidor, mas é extensiva aos funcionários e ges-tores de empresas privadas que em algum momento estão investidos de poderes públicos.

Mucobora referiu que a lei da probidade cuida da moralidade pública, da ética, do respeito do pa-trimónio que é de todos. “Isto signi-fica que todo servidor público tem por obrigação ser ético-moral no desempenho das suas funções an-dando pela licitude”, disse.

Mucobora começou por ex-plicar o enquadramento constitu-cional da lei onde disse que o legis-lador moçambicano transfere para o elemento humano da actividade administrativa do servidor público a obrigação de comportar-se para que os princípios constitucionais (artigo 249o no 2) da igualdade, da imparcialidade, da ética e da justiça tenham plena eficácia.

“Os servidores públicos tor-nam-se, pela interposição legislati-va, os garantidores daqueles prin-cípios maiores que coordenados sintetizam o dever geral da probi-dade administrativa”, frisou o pales-trante em evento na Universidade Eduardo Mondlane.

A lei visa estancar situações de conflitos de interesses que se assis-te com frequência na esfera pública moçambicana e prevê o alargamen-to da obrigatoriedade da declaração de bens dos servidores e dirigentes do aparelho do Estado.

Sobre aqueles conflitos de in-terpretação que surgiram no período logo após a sua aprovação, em que muitos não se sentiam abrangidos pela legislação, o académico asse-gurou que o servidor público é a pessoa que exerce o mandato, car-

go ou emprego em entidade pública em virtude de vínculo contractual, eleição, nomeação, assim como in-vestidura.

“A lei da probidade pública aplica-se a membros do Governo, Deputados da Assembleia da Repú-blica, Juízes, Procuradores; a todos os níveis, membros da Administra-ção do Estado, membros dos gover-

nos provinciais, distritais e locais e ainda dos municípios”, disse citan-do o artigo 4.

No rol das proibições, Taibo Mucobora destacou que a lei limita a promoção de actividades político partidárias e religiosas nos postos de trabalho.

“As células partidárias devem funcionar nas sedes partidárias e não no local de serviço”, disse, para depois lembrar que nos termos da presente lei é proibido ter mais de um salário, ao mesmo tempo, em instituições estatais e ou em empre-sas com participação financeira do

Estado.Nos termos desta lei, durante

o exercício do cargo não se pode usar ou se aproveitar do poder ofi-cial ou influência, que decorre da função, para benefício pessoal ou familiar. O trabalhador deve servir os interesses dos cidadãos e não os próprios. Ou seja, não se deve emitir normas em benefício pessoal.

Sobre o artigo 69 que alegada-mente coloca limitações à liberdade e à actividade de informar por par-te dos jornalistas, Taibo Mucobora disse que no exercício da sua acti-vidade de informar, os profissionais da comunicação social devem res-peitar a esfera privada do indivíduo.

Na perspectiva do académico, o servidor público deve garantir a integridade da lei e saber identifi-car e gerir situações de conflitos de interesse pessoais. “ Cada servidor e gestor é chamado a ver onde está em conflito de interesse e gerir”, aconselhou Mucobora para depois dizer que é tarefa de todo cidadão moçambicano denunciar conflitos recorrendo à Comissão da Ética Pú-blica.

O palestrante falou da ética afirmando que o servidor público deve estar pautado pelos princípios éticos no exercício das suas activi-dades e mais adiante deu a conhecer das proibições indicadas na lei com excepção de alguns benefícios que se podem obter através de pensões, reformas, direitos adquiridos e as remunerações que são admitidas da actividade da docência ou da pro-priedade intelectual.

Num outro momento da sua intervenção, o Procurador Geral Adjunto disse ser obrigatória a criação das comissões de ética nas instituições públicas no sentido de controlarem situações de conflitos de interesse indicados no artigo 33 da lei. O director da Faculdade de Direito, Armando Dimande frisou a importância desta lei para a actu-ação dos servidores públicos e não só, nas diversas instituições.

Mucobora afirma que lei de probidade atinge sector privado

“As células partidárias não devem funcionar no local de serviço”

Taibo MucoboraProcurador Geral Adjunto da RepúblicaAcadêmico da UEM

Moradores reclamam de falta de fiscalização contra poluição sonora

Cresce o número de denúncias de casos de poluição sonora em Maputo mesmo com reforço dos mecanismos de sensibilização nas comunidades para a redução da poluição sonora. Segundo o porta-voz da Polícia Municipal do distrito KaMpfumo, Joshua Lai, para a redução da poluição sonora na cidade capital, a Polícia Muni-cipal tem tomado várias medidas, inclusive a aplicação de multas específicas, que variam de 2.500 a 10.000 meticais. Joshua Lai acres-centa que os maiores infractores são na maioria carros escolares, os transportadores semi-colectivos e singulares. Para o efeito, a Polícia Municipal tem reforçado as acções de sensibilização nas escolas e bairros, bem como a apreensão de aparelhos de som que são devolvi-dos com pagamento da multa.Face a esta situação, os cidadãos afirmam que o município nada faz para controlar a poluição no interior dos bairros. Paulino Sitói, residente no bairro Alto-Maé, afir-ma que a situação não é cómoda e acrescenta que a polícia está a tra-balhar, porém ainda não encontrou uma medida correcta para fazer face a essa situação. Sitói, propõe que a Policia Municipal esteja presente nos bairros no período da noite para que possa fazer um controlo efectivo e aplicação das multas para os infractores. Para

Marta Cuna, residente no mesmo bairro, “a poluição sonora tende a aumentar na cidade de Maputo, principalmente na calada da noite, quando jovens estacionam seus ve-ículos nos passeios e, sem pensar nos outros, aumentam o volume

dos seus aparelhos sonoros.” “É tocando num alto som que cha-mamos os clientes a comprarem os nossos aparelhos”, afirma Filipe Maússe, vendedor do Mercado Estrela, que acrescenta que esta é a única solução que se tem para ganhar o seu pão, fazendo com que as pessoas se sintam atraídos pelos seus aparelhos sonoros.

Foto: Alberto Tomás

Polícia Municipal é criticada porque a fiscalização nâo resulta no fim do barulho.

Em palestra na Universidade Eduardo Mondlane, Procurador Geral Adjunto da República fala sobre a Lei de Probidade Pública do País.

Por Dulce Alexandre Repórter

“É com som alto que chamamos nossos clientes”

Felipe MaússeVendedorAmbulante

Por Lourino Ernesto PelembeRepórter

Foto: Amós Fernado

O Especialista

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Jornalistas cobram mais direitos civisProfissionais de comunicação e analistas querem acelar a aprovação das leis de mídia

As propostas dos jornalistas e ana-listas sociais vão desde a mudança do sistema de governação, fortale-cimento de órgãos da Justiça até a não filiação partidária do presiden-te da República, aspectos gerais, passando pela urgente necessidade de mudança do Sistema de Eleição dos Deputados da Assembléia da Republica (AR). Ismael Mussá, docente univer-sitário, acha melhor a adopção de novo sistema de eleição de deputados para que realmente re-presentem o povo e não o partido ao qual ele pertencem’’. É che-gado o momento de se reformar o actual sistema de eleição dos deputados e adoptar-se o sistema de eleição uninominal ou então um modelo misto em que metade dos deputados seria eleita por listas partidárias e a outra metade por meio de círculos eleitorais uninominais e também por meio de listas propostas por grupos de cidadãos eleitores, como acontece nas eleições autárquicas’’, disse o académico.Mussá acha ser também legíti-ma e preocupante a crítica que é dirigida aos deputados que, após serem eleitos, preocupam-se mais em agradar ao partido político pelo qual foram eleitos, almejando a reeleição, e não atender quem de facto e de direito os elegeu, nem o interesse nacional.Para o diretor executivo da Asso-ciação Moçambicana de Jornalis-mo Judiciário, Armando Nenane, a futura lei-mãe do país deverá

consagrar o direito de o cidadão participar do processo de decisão política e reforçar o poder judicial. Gostaria que da revisão da Cons-tituição pudesse nascer um Estado de direito democrático de facto, onde não exista uma justiça de pri-meira para uns e de segunda para outros. Que não existam ilegalida-des dos poderosos e ilegalidades dos pés descalços’’. Os jornalistas entrevistados por O Especialista foram unânimes em tocar na questão da descentrali-zação dos poderes do presidente “para que não seja ele ao mesmo tempo dono de tudo e mais alguma coisa. Sendo ele quem nomeia, demite, exonera, isso não garante uma separação de poderes efecti-va, nem mesmo o próprio poder judicial esta livre, ao ser o Presi-dente da República quem nomeia os titulares das jurisdições supre-mas, Tribunal Supremo, Tribunal Administrativo, Procuradoria Geral da República, seus vices e adjuntos. Isso é mau num país em que não se acha facilmente a linha divisória entre o poder político, o económico e judiciário. Assim está tudo corrompido’’, lamentou.Dentre muitas sugestões regista-das pela equipa de reportagem há aquela do jurista Hélder Pedro. Ele propõe que “o presidente da República não tenha filiação parti-dária (artigo 149, sobre Incompa-tibilidades); que os mandatos dos deputados sejam limitados a dois anos (artigo 171, sobre Mandatos do Deputado); que o Provedor da Justiça seja designado através de concurso público (artigo 257 sobre Eleição). Hélder Shirangano Xavier,

jornalista do Jornal @ Verdade, quer ver ampliado a liberdade de imprensa e de expressão. Para Hel-der o país é extremamente fraco em termos de efectivacao das leis existentes. A revisão da Constituição foi pro-posta pela bancada da Frelimo em 2010, tendo na altura a Assembléia da República criado uma comissão

chefiada por Eduardo Mulémbwè para tratar do assunto. O debate público do anteprojecto da futura lei-mãe teve início no dia 20 de fevereiro deste ano. Os interlocutores ouvidos pela reportagem esperam que todos os moçambicanos dêem a sua contribuição para que o país possa ter uma “Lei Fundamental”, mais adaptada à realidade

“Acabar com ilegalidades de poderosos e de pés-descalços”

Armando NenaneDiretor Executivo da AMJJJornalista

Em qualquer parte do mundo, as leis de mídia são instrumentos que permitem o melhor funciona-mento dos órgãos de comunicação social. Em Moçambique, a sua aprovação é lenta. É exemplo disto o anteprojecto de lei de direito à informação que está arquivado desde 2005 na Assembléia da República.Eduardo Namburete, docente universitário e especialista em comunicação social, acredita que a demora na aprovação de leis de mídia prende-se com a falta de vontade política, cuja solução passa por exercer maior pressão através das rádios, jornais, televisão e criação de uma classe jornalística fortemente constituída, dissociada de partidarismo para defender e exigir seus direitos. ‘’O Sindicato Nacional de Jornalis-tas não tem muita força de criticar publicamente, seja a Comissão da Administração Pública, poder local e Comunicação Social pela morosidade na aprovação das leis, porque ela foi criada pela Frelimo’’, acrescentou Namburete.Dentre outros problemas, o aca-démico cita a compra de órgãos de comunicação social por parte do governo. Mudança de propri-etários em vários jornais. ‘’Estamos a ver diretores editoriais a serem afastados, isto é forma de contor-nar o desenvolvimento da mídia’’. Namburete também acusa a comunicação social de nada fazer para pressionar a Assembléia da República mesmo com a capaci-dade que tem. ‘’A mídia tem o potencial de mover montanhas, mobilizar as pessoas e foi até capaz de dar mais voz às mulheres na aprovação da lei contra a violên-cia doméstica, mas não está a ter a mesma capacidade de mover o mundo para a aprovação da lei de acesso a informação e out-ros instrumentos legais que tem importância para a comunicação social’’, disse. Mesmo aprovadas as leis, o aca-démico acredita que elas serão feitas para acomodar os interesses do poder político. ‘’Certamente que os direitos que vamos ter serão aqueles permitidos pelo poder e não aqueles que os jornalistas devem ter para exercer livremente a sua actividade’’.Para Armando Nenane, diretor executivo da Associação Moçam-bicana de Jornalismo Judiciário (AMJJ), os adiamentos da As-sembléia da República em relação a lei entendem-se melhor quando

analisados dentro da conjuntura política e jurídica nacional que não é favorável em Moçambique. Nesta interpretação, Haveria falta de vontade política particular-mente para com as leis de mídia. Nenane fez notar que o Governo é muito lento na aprovação de leis que permitem maior liberdade dos cidadãos de participarem acti-vamente na vida do país e muito flexível na aprovação de leis restri-tivas à liberdade ou de segurança. O governo está arrependido por ter dado maior liberdade aos mídia e traça estratégias para corrigir”, assume Eduardo Namburete, para quem, mesmo aquilo que hoje te-mos (Lei de Imprensa e Liberdade de Expressão) existe um grande arrependimento de que não deviam dar toda essa liberdade. E se há um arrependido há a percepção de que é necessário corrigir-se este erro do passado’’, sublinhou.Namburete entende que assisti-mos actualmente uma dinâmica de silenciamento de jornalistas, afastamento de editores, compra de órgãos de comunicação social pelo poder político, troca de proprietários de jornais, nomeação de editores com base na confiança política, como sinais claro das tais medidas correctivas. ‘’Aqui o desafio é libertar os jor-nalistas, mas sem criar o problema de comer. Mas a solução que existe não se apresenta possível porque nós proponentes não temos soluções’’, explica Namburete, apontando estas como sendo as razões de muitos jornalistas não estarem firmes nessa profissão. Como resolver os problemas da morosidade na aprovação das leis? Estudantes e jornalistas iniciantes clamam por uma classe séria e reconhecem a falta de activismo e de exigências pelos direitos por parte dos profissionais da comu-nicação social. Arão Naulane, estudante e jornalista, acredita que há falta de insistência, pressão e exigência da classe jornalística para aprovação das leis, como a de direito à informação. Naulane fez notar que hoje as instituições públicas não dão informações solicitadas para reportagens, ale-gando ser segredo de Estado.“As instituições públicas fogem dessa responsabilidade de prestar contas ao cidadão. Ele vai con-sumindo informação de baixa utili-dade ou as previamente selecio-nadas pelas instituições públicas para acomodar seus interesses’’. Arsenia Chau, também estudante jornalismo, diz que a falta dessas leis condiciona o serviço jor-nalístico e limita a cidadania dos indivíduos.

Lentidão na aprovação das leis de mídia trava acesso à informação

Am

ós Zacharias

Foto: AmósFernando

Armando Nenane, diretor executivo da Associação Moçambicana de Jornalismo Judiciário: “queremos democracia de direito e de facto”.

Debates entre os profissionais fortalecem posição e abrem espaço para pluralidade.Por Laque FranciscoEditor-chefe

Por Laque FranciscoEditor-chefe

O Especialista

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TVM reactiva tradução para deficientes após reportagem

Em Moçambique, o direito a informação está plasmado na Cons-tituição da República e deve ser garantido a todos cidadãos, inde-pendente da sua condição física e fi-nanceira. A transmissão simultânea em língua de sinais na televisão é considerada mundialmente um ins-trumento que garante a inclusão dos surdos no acesso à informação, mas o serviço não funcionava na rede TVM até a publicação de denúncia registrada na primeira edição de O Especialista, que circulou em Julho.

Emanuel Langa, subchefe da redação da Televisão de Moçam-bique disse à reportagem que foi possível reactivar a transmissão em língua de sinais no âmbito do acor-do que a TVM tem com Ministério da Mulher e Acção Social, após a reportagem publicada por. “Nesta altura, estamos no Jornal da Tarde e no Ver Moçambique e brevemen-te a transmissão em língua de sinais também será feita no programa Bom Dia Moçambique, disse Langa.

Na primeira reportagem so-bre a exclusão dos surdos do acesso à informação, O Especialista desta-cou a interrupção de transmissão em línguas de sinais na TVM e ofereceu dados sobre o impacto disto na vida das pessoas.

A reactivação da transmissão simultânea em alguns serviços noti-ciosos, segundo Macario Dubarela, chefe do Departamento dos Assun-tos de Deficiência, foi possível atra-vés da importação de uma máquina de redução de tela.

Langa reiterou a necessidade de não haver discriminação e nem exclusão no processo de informa-ção. “Por isso a TVM e o MMAS encontraram formas já universais de passar a informação para pessoas que não conseguem ouvir’’, expli-cou.

Sem acesso à informação, a população surda sentia-se abando-nada. Mesmo reconhecendo que de-ficiência auditiva não é uma barreira que torna a pessoa incapaz.

Alguns surdos ouvidos pela reportagem, veem os programas no-ticiosos com transmissão através da língua de sinais e avaliam positiva-mente esses programas uma vez que permitem a compressão e interpre-tação dos conteúdos.

Gaspar Paulo e Nelson Ma-cuacua, ambos estudantes da 11ᵄ classe, lamentam a existência de uma única televisão e de poucos programas estarem a transmitir si-multaneamente em língua de sinais. Eles pedem a quem é de direito para que seja aumentada a quantidade de programas e de conteúdos.

Necessidades educativas

Especialistas afirmam que

mesmo com a transmissão simultâ-nea em língua de sinais na TV, sem escolas que ensinem a linguagem o esforço pode se perder.

“Introduzimos no ver Mo-çambique, numa primeira fase, para ver o nível de compreensão por te-lespectadores (surdos), mas vimos que temos apenas duas escolas dos surdos a nível nacional e isso afecta negativamente na compreensão das notícias. Esse é um problema con-juntural que precisa de tempo para a resolução”, disse Emanuel Langa.

Dubarela, que também é ex-periente em língua de sinais, disse que para compreensão da lingua-gem é necessário uma capacitação ou formação. “O deficiente auditivo que não tiver formação em sinais di-ficilmente irá compreender os con-teúdos. E esta linguagem não é pa-dronizada, a do Brasil é Libras e é diferente daquela de Moçambique’’, acrescentou Dubarela.

O Plano Nacional de Acção para Área da Deficiência em Mo-çambique (PNAD 2009-2019) pre-vê, entre outros objectivos, promo-ver a plena participação, igualdade e empoderamento das pessoas com deficiência e, por outro, assegurar o princípio de igualdade de direitos e de oportunidades a este grupo so-cial.

Segundo Macário Dubarela, Chefe de Departamento de Defici-ência do Ministério da Mulher e Ac-ção Social, está tudo a postos para a expansão do sistema de educação básica inclusiva e alfabetização de jovens e adultos com deficiência, segundo prevê o plano do governo.

Num estudo realizado no curso de jornalismo da UEM, que envolveu 50 pessoas surdas da cida-de de Maputo, 75% dos inquiridos diziam ter dificuldades na leitura, mas quase todos viam 4 horas de televisão por dia durante a semana e 5h30 no fim-de-semana, mais do que a média nacional, que ronda as 3h30. Os noticiários são os progra-mas mais vistos pelos surdos, segui-dos dos filmes, novelas e programas de desporto.

Os programas com transmis-são em língua de sinais eram mais preferidos e constatava-se através dos questionários que o nível de percepção era bom. Os resultados foram divididos em dois grupos: grupo 01, com as percepções dos sujeitos em relação ao conteúdo exi-bido sem interpretação para a língua de sinais e grupo 02, de conteúdos exibidos com tradução simultânea.

O Censo 2007 não permite apurar com certeza o número de pessoas com deficiência em Mo-çambique, mas indica que 12.7% da população têm dificuldade em ouvir. Estima-se que 15% da po-pulação mundial tenha algum tipo de deficiência e que 10% é surda. Em Moçambique existem cerca de 475.011 pessoas com deficiência, equivalente a 2% do total da po-pulação moçambicana.

Laque FranciscoEditor-Chefe

Denúncia divulgada em conteúdo produzido pelos estudantes de jornalismo da Universidade Eduardo Mondlane ajudou a garantir a implantação de serviço que pode beneficiar milhares de pessoas

Em Moçambique, o número de cidadãos com algum tipo de deficiência é maior do que a média mundial

O Especialista

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Senhora afirma que chegou a receber 180 mil meticais por casa tipo 2 em Intaka; responsável por idenização diz que valor varia

Famílias reclamam de indemnizações

Famílias do Município da Ma-tola abrangidas pela construção da estrada Circular Maputo-Matola não concordam com o valor de in-denização atribuído no processo de reassentamento. A Circular Ma-puto-Matola atravessa seis bairros do município da Matola, nomea-damente Intaka, Muhalaze, Mwa-matibjana, Nkobe, Matola-Gare e Mathemene.

Segundo munícipes e o res-ponsável pelos cálculos da Matola, o valor atribuído varia de acordo com o tipo de casa. Algumas famílias chegam a receber cerca de 100 mil meticais numa casa do tipo “um”.

Os munícipes do bairro do Nkobe dizem que o valor atribuído não compensa o material que foi usado na construção das habitações. Outro problema levantado está rela-cionado com o que os moradores consideram falta de transparência das autoridades locais.

No que concerne ao processo de avaliações dos imóveis, os mora-dores afirmam que a Comissão de Reassentamento fez o cálculo, mas o ponto de discórdia está nos valores que são atribuídos.

Cremilda Muianga, residente do bairro do Nkobe, também disse que o valor que lhe foi atribuído não corresponde ao gasto na construção da sua residência.

“Eu recebi 180 mil meticais por uma casa do tipo 2, o valor não se equipara nem um pouco ao que

eu gastei para construir a minha casa. Não sei o que vou fazer, uma vez que o material de construção ci-vil está caro”, disse.

Segundo o Presidente do Conselho de Administração (PCA) da empresa Maputo Sul, Elias Paulo, o processo de indemnizações obe-deceu a vários critérios de avaliação para chegar ao valor equivalente ao imóvel, quer seja ele habitacional ou comercial.

O PCA disse ainda que é a comissão de reassentamento que identifica as casas ou infra-estrutu-

ras que devem ser realocadas e faz a avaliação dos imóveis. Só depois é que se procede com o processo de reassentamento.

No acto de avaliação a Comis-são de Reassentamento leva em con-ta o tipo de imóvel que os munícipes têm, se a casa é de alvenaria ou ma-

terial precário, o estado de conser-vação, a localização da habitação, e árvores de fruta ou sombra também são consideradas.

O PCA da Maputo Sul afir-mou que as obras de construção da circular Maputo-Matola estão a de-correr apesar de existir zonas onde há famílias que ainda não foram retiradas do espaço onde vai estar a estrada.

Por seu turno, a vereadora do Planeamento Territorial e Urbani-zação no Município da Matola, Inês Chilundo, disse que já foram reas-sentadas 340 famílias abrangidas pela circular de Maputo-Matola, fal-tando neste momento 10 famílias.

“No Município da Matola fo-ram abrangidas 850 famílias, sendo 350 delas na faixa de rodagem e 500 famílias na faixa de protecção onde será feito um redimensionamento parcial do espaço”, disse Inês Chi-lundo. As 350 famílias serão remo-vidas.

Chilundo explicou ainda que 90% dos residentes da Matola que estão a ser retirados de suas casas para dar lugar à construção da es-trada circular Maputo-Matola estão em situação ilegal de ocupação de área do município.

A vereadora acrescentou tam-bém que na Matola as famílias reas-sentadas não são retiradas dos seus bairros, mas sim colocadas na mes-ma região para evitar transtornos de custo social para a população. A construção da estrada circular Ma-puto-Matola, cujas obras começa-ram em Junho, deverá ser concluída até o final de 2014.

Amarilis GuleRepórter

“O processo indemnizatório obedece a vários critérios de avaliação”Elias PauloMaputo SulPresidente do Conselho de Administração

“País precisa abrir mercado”

Moçambique precisa ter mais abertura para o mercado e investir na formação de recursos humanos e aquisição dos tecnológicos. A afir-mação é do economista Eduardo Neves, numa altura em que o cresci-mento na economia nacional é ala-vancado na ordem de mais de 8%, comparado ao ano transacto.

“O país está numa situação em que a alternativa é ir buscar inves-timento directo estrangeiro. Buscar dinheiro com empréstimos no mer-cado internacional não é solução, porque internamente Moçambique não tem capacidade para usá-lo e convertê-lo em crescimento eco-nómico. Apostar no investimento directo estrangeiro significa estar aberto para quem tem tecnologia e capital. Internamente, o nosso papel seria criar condições para que tire-mos o máximo de benefício”, afir-mou o economista.

Para o sociólogo João Mi-guel, a questão da construção e distribuição de riqueza deve ser inclusiva.“Estamos a experimentar período bastante bom para o país, porque a exploração de recursos na-turais esta a significar maior cresci-mento e desenvolvimento nas varias áreas. Aumentam substancialmente a quantidade de pessoas qualifica-das, o estado investe na formação, cresce o numero de postos de em-prego, a economia do país fortifica--se, dispomos de infra-estruturas novas e, a longo prazo, podemos alcançar a nossa autonomia finan-ceira. Sabemos que estamos num país desigual e este processo deve ser transparente, com políticas cla-ras, onde não só um pequeno grupo vê os benefícios, mas todos saímos a ganhar.”

Abordando a questão da in-clusão, Eduardo Neves também su-blinha a necessidade de o processo ser aberto a todos os moçambica-nos. “Moçambique tem que apos-tar em investimentos estruturantes como estradas, pontes, portos. Para além disso, o governo tem que criar leis que protejam a economia na-cional. Incentivar os investidores a participar na formação de pessoas capacitadas e trazer tecnologia para o país. Permitir também que todas as classes sociais participem neste

processo, tornando-se, por exemplo, investidores. Isso já começa a gerar riqueza que é realmente nacional. O investimento feito deve garantir não só retorno como também abrir novas áreas. Temos que estar a atrair constantemente investimento, mas também se efectivar a ligação entre pequenas e médias empresas com as multinacionais”, acrescentou.

O Estado moçambicano é o maior empregador ao nível nacio-nal, absorvendo anualmente mais de trezentos mil jovens para o Mer-cado de trabalho. Entretanto, Cle-ofas António Viagem, membro da Associação Jovens Unidos Pela Boa Governação, JUBOG, reconhece que há trabalho por parte do esta-

do, mas deve-se permitir uma maior paricipação da camada jovem que quer trabalhar.

“O empreendedorismo é um excelente mecanismo nesta fase. São pequenas empresas que criam rendas próprias, empregam outros jovens mas também fazemos parte desse todo com a prestação de ser-viço que muitas vezes importamos. Em relação as admissões publicas, o Governo deveria fiscalizar mais o processo de selecção de quadros porque muitas vezes as pessoas ad-mitem para os concursos de forma ilícita, principalmente na função publica. Recruta-se mão de obra desqualificada em detrimento da que possui competências e isso afec-ta directamente o desempenho eco-nómico do país.”

Cármen PereiraRepórter

Divulgação/CCM “São pequenas empresas que criam rendas próprias, que empregam jovens...”

Cléfas António ViagemJUBOG

Obras para abertura de novas vias fazem com que moradores tenham que desocupar as áreas em troca de indemnizações públicas.

Abertura de mercado combinada com crescimento económico pode impulsionar o país.

O Especialista

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Aldeias SOS Criança investe no modelo de mães-sociais

A urbanização acelerada, problemas familiares, entre outros, têm sido alguns dos grandes fac-tores que fazem com que menores abandonem o lar.

Como forma de se livrarem dos maus-tratos, as crianças veem facilidades nas ruas, o que faz com que muitos não queiram retornar ao convívio familiar.

Eduardo tem 11 anos de idade e diz ter abandonado a sua casa em 2011 por causa dos maus tratos per-petrados pelo seu padrasto, uma vez que é órfão de mãe há 4 anos.

“Perdi a minha mãe quando tinha 7 anos, dai o meu padrasto começou a me maltratar. Proibia--me de ir a escola, de brincar com os meus amigos, dizendo que era para eu não sair de casa, e quando eu saía batia-me muito”, disse Magul.

Quando chegou à rua, o pe-queno tornou-se lavador de carros e nunca mais se interessou em voltar para casa, uma vez que consegue se alimentar e sobreviver, mas também por temer a reacção do seu padrasto.

O mesmo acontece com o Adolfo, que esta na rua há 6 anos e que passou a viver com a sua avó após a morte dos seus progenitores pelo vírus do HIV/SIDA.

“Fugi de casa em 2007. De-

Violência doméstica, falta de estrutura familiar e sensação de liberdade nas ruas empurram crianças para situação de abandono e vulnerabilidade

Ministério faz campanha contra a violência doméstica

Segundo Anastácia Mula, chefe do Departamento dos As-suntos da Criança no Ministério da Mulher e Acção Social, o governo tem feito campanhas de sensibili-zação para as crianças, de forma a reintegrá-las nas famílias ou em uma instituição de acolhimento se-guro.

A chefe do Departamento dos Assuntos da Criança no Ministério da Mulher e Acção Social disse que muitos menores recorrem à rua para pedir apoio material, financeiro e amparo, o que constitui uma situ-ação muito preocupante.

Segundo ela, por detrás do fenómeno de crianças da e na rua, estão muitos factores, dentre os quais, as difíceis condições de vida

no seio das suas famílias, violência doméstica praticada contra as crian-ças, falta do controlo por parte dos pais ou encarregados de educação.

“Há um trabalho que está sendo feito nas comunidades, so-bre a responsabilidade e o papel das famílias em relação as crian-ças, para isso são feitas divulgações das leis e de todos os instrumentos de protecção à criança, para que os pais se responsabilizem cada vez mais pelos seus filhos, porque não é o Estado ou governo que irá con-seguir resolver todos os problemas da criança, mas a família em primei-ro lugar. A família deve se encar-regar de prestar todos os cuidados necessários e garantir a manutenção da criança”, afirmou.

pois a minha avó veio me buscar para voltar para casa. Voltei, mas sai de novo porque não me entendia com ela”, frisou.

Cresce exponencialmente o número de raparigas nas ruas, o que redobra os riscos de vulnerabilida-de. Maria viu na rua uma forma de escapar dos episódios de violência em que era vítima em sua casa.

Muitas das crianças em situa-ção de risco nas ruas de Maputo são recebidas em centros de acolhimen-to onde desenvolvem diversas ac-tividades, como é o caso da Aldeia SOS.

Visitada pela nossa reporta-gem, a aldeia SOS funciona com um modelo de adopção à distância e que actualmente conta com 219 crian-

ças, das quais 80 são jovens, com 15 “mães-sociais”, termo usado para designar as mães acompanhantes e responsáveis por um grupo de dez crianças cada uma.

Inês Cumbe, educadora so-cial da SOS, disse que o projecto visa ajudar os vulneráveis, crianças necessitadas e, por sua vez, formar quadros para o país. Para reduzir a

pobreza na infância a equipe tem incutido nas crianças que a educa-ção é a única solução, porque só com a escola a pobreza pode ser superada.

“Nós temos conversado e sensibilizado as crianças de modo a acatarem os aconselhamentos que o centro costuma dar, de modo que não venham a surgir desampa-rados. O que nós queremos é ver essas crianças a alcançarem seus objectivos. Também, pedimos ao governo que acolha e que abra mais centros para receber aque-las que ainda estão na rua”, disse Cumbe.

Emília da Conceição, que actualmente desempenha o papel de mãe-social na Aldeias SOS, diz que a convivência com as crianças tem sido gratificante.

“Sinto-me muito triste quan-do ando pelas avenidas da cidade e encontro crianças vulneráveis, porque, como mãe, encaro o sofri-mento como se aquele fosse meu filho. Por vezes até costumo re-zar por aquelas crianças, para que Deus lhes dê um amparo”, disse.

Rafael, de 15 anos de idade, está na Aldeias SOS desde 2004 e, actualmente frequenta a oitava classe: “Aqui eu encontrei minha verdadeira família”.Os nomes verdadeiros das crianças foram omitidos para garantir a proteção à infância prevista em lei.

Foto: José Luís ChiChongue

José Chinchongue JuniorRepórter

Prédio do Ministério da Mulher e da Acção Social de Moçambique: governo busca sensibilizar a população para o problema.

Crescimento no número de vítimas é exponencial: meninas mais vulneráveis.

Banco de Imagens/O Especialista

Organização internacional actua buscando resgatar a cidadania de crianças em situação de risco lançando mão de mães-sociais.

Banco de Imagens/O Especialista

O Especialista

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Coréia do Sul pagará 60 milhões de dólares por aterro em MatlemeleObra só deve estar concluída em 2016, mas segundo vereador da Matola financiamento está garantido

Os Conselhos Municipais de Maputo e Matola vão conjunta-mente construir um aterro sanitário para a gestão de resíduos sólidos das duas cidades. O aterro está avalia-do em 60 milhões de dólares norte americanos e é financiado pelo Go-verno da Correia do Norte. Ele será construído no bairro de Matlemele, Município da Matola.

A construção do aterro sanitá-rio vai dar resposta à gestão de resí-duos sólidos nas duas cidades uma vez que, até ao momento, o arma-zenamento é feito a céu aberto nas lixeiras de Hulene e Malhapwsene.

O vereador da área de salu-bridade no Município da Matola, Vitorino Carrapeto, disse que neste momento decorre a fase de reassen-tamento das populações que vivem no bairro de Matlemele, para da lu-gar a construção do aterro.

Vitorino Carrapeto disse ain-da que o governo da Coréia do Nor-te já garantiu o financiamento da construção. O desembolso será em fases e o Governo de Moçambique vai comparticipar ao erguer a infra--estrutura.

Com a construção do aterro sanitário, o Município da Matola vai passar a fazer reciclagem do lixo e sua venda, com vantagens ambien-tais e para a saúde da população. Por outro lado o aterro de Matlemele vai criar postos de trabalhos. O verea-dor disse igualmente que com a en-trada em funcionamento do aterro sanitário muitas empresas vão se profissionalizar na reciclagem do lixo

Por seu turno, o director da área de salubridade do Município de Maputo, João Mucavele, disse que, com a entrada em funciona-

mento do aterro de Matlemele o armazenamento de resíduos sólidos vai melhorar.

João Mucavele disse igual-mente que o aterro vai permitir a co-mercialização dos resíduos sólidos para várias empresas, uma vez que esta é fonte de matéria-prima

O director da área de salubri-dade acrescentou que a construção do aterro vem dar resposta à gestão no Município de Maputo de resí-duos sólidos que neste momento é feito em condições não apropriadas, uma vez que a lixeira de Hulene já

não tem condições para armazenar detritos.

Arminda Banze técnica do MISAU na área de Ambiente e Saú-de disse que a construção do aterro sanitário no Município da Matola vai permitir que haja um ambiente são para os munícipes e vai reduzir consequentemente os índice de con-taminação de doenças diarreicas e malaria.

A técnica do MISAU disse que os resíduos sólidos são princi-pais vectores de doenças diarreicas,

respiratórias e malaria no país para as populações que vivem no redor onde é armazenado.

Arminda Banze disse ainda que a gestão de resíduos sólidos em aterros sanitários é a melhor solução uma vez que não contamina o solo freático nem o meio ambiente o que trás consequência para a saúde das populações circunvizinhas.

A outra vantagem da constru-ção do aterro sanitário apontada por Arminda Banze é a segregação do lixo. “ O lixo hospitalar no aterro sa-nitário será segregado e incinerado o que trás uma maior segurança de trabalho”, disse Arminda Mucavele.

A Cidade da Matola produz diariamente cerca de 500 toneladas de lixo que são armazenadas na li-xeira de Malhapswene, enquanto o Município de Maputo produz cerca de 1100 toneladas de lixo diários depositado na lixeira de Hulene que armazena cerca dos 80 por cento das 1100 toneladas de lixo diários que a Cidade de Maputo produz.

Segundo o Director da área de salubridade do Município de Ma-puto, João Agostinho Mucavele, o encerramento da lixeira de Hulene também é preocupação do Muni-cípio, mas neste momento não tem outro local para armazenar os resí-duos sólidos.

João Mucavele disse que o Município já lançou o concurso para a selecção da empresa que vai fazer o enceramento da lixeira de Hulene e a reciclagem dos resíduos sólidos uma vez que contêm alto teor de gás. “Em 2016, estamos a prever encerrar a lixeira de Hulene e fazer a reciclagem do lixo. Para tal preci-samos de empresas especializadas, disse João Mucavele, acrescentando que neste momento o Conselho Mu-nicipal de Maputo tem contrato com duas empresas para fazer a recolha dos resíduos sólidos.

Flavio ChitsondzoRepórter

“Com a construção do aterro será feita a reciclagem de lixo”Vitorino CarrapetoVeredor no Município de Matola

Residentes do bairro de Hu-lene no Município de Maputo estão expostos a doenças respiratórias e diarreicas devido a má gestão dos resíduos sólidos depositados na li-xeira de Hulene. O pronunciamento é de Arminda Banze técnica do MI-SAU na área de Ambiente e Saúde.

Arminda Banze disse que a lixeira de Hulene é um atentado à saúde da população circunvizinha e das pessoas que por lá passam, uma vez que inspiram o fumo que provo-ca um desconforto e perda momen-tânea da visão, provocando proble-mas respiratórios e pulmonares.

“A população está passível de ser afectada por causa da má gestão do lixo, o que tem consequências na redução da qualidade de vida devi-do os alimentos que consome, uma vez que a zona é propensa a existên-cia de muitas moscas que posam na comida” disse Banze.

A Técnica do MISAU disse que estão a ser feitos esforços con-junto entre os Ministérios da Saúde, do Ambiente e o Conselho Munici-pal de Maputo para reverter o actual cenário em que se encontra a lixei-ra de Hulene, mas até ao momento ainda não foi alcançado objectivo, que é o encerramento da lixeira.

Ana Patrícia, do Departamen-to de Alimentos Seguros, no Minis-tério da Saúde, diz que as popula-ções que residem nas proximidades da lixeira de Hulene devem tomar medidas preventivas no consumo de alimentos, como lavar frutas, fer-ver água e lavar as mãos com sabão ou cinzas antes de comer. A venda de comidas nos espaços públicos e água em recipiente não recicladas são outras fontes de contaminação.

Má gestão do lixo deixa a população exposta a todo tipo de doenças e coloca em risco a segurança alimentar por causa das moscas

O lixo hospitalar no aterro será segregado e incinerado. O manejo de resíduos sólidos é a melhor solução

“Em 2015, nós estamos a prever fechar a lixeira de Hulene

João Agostinho MucaveleDiretor de SalubridadeMunicipio de Matola

Risco de ficar doente é grande

80%

Foto: Alberto Tomás/O Especialista

do lixo de Maputovão para Hulene

1.100 toneladas

diárias

Aterro de Hulene: lixo hospitalar misturado com outros tipos de resíduos aumenta o riscco para a saúde da população no local por causa do do risco de contaminação do solo na área.

O Especialista

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Ao menos três mil hectares de área são destruídos por queimadas em Maputo

Os Distritos de Magude, Moam-ba, Manhiça, Matutuine e Namaacha, mesmo sem dados precisos, regista-ram acentuados níveis de queimadas na Província Maputo. Dos cinco dis-tritos, Matutuine e Namaacha são os que apresentam índices preocupantes de queimadas não controladas.

De acordo com o director pro-vincial de Meio Ambiente de Maputo, Lote Maueia, os dados acima referen-ciados não espelham completamen-te a realidade, uma vez que houve déficit na capacidade de registo das ocorrências. Na sua óptica pode ter se queimado menos ou mais pois a consciência ambiental é uma questão de tempo. “Penso que duma forma ge-ral, comparativamente a outros anos, reduzimos as queimadas. Olhando o foco das queimadas, a zona sul é a que menos queima, o que significa rela-tivamente que nós estamos a reduzir porque as acções de educação e sen-sibilização dos cidadãos transformam a consciência dos mesmos”, explicou o director.

Outros dados fornecidos pelo director provincial indicam que devi-do à urbanização que se está a registar na Província de Maputo, Marracuene reduziu o preocupante índice de quei-madas descontroladas.

Segundo Maueia, na origem dos incêndios está a caça às ratazanas, caça furtiva, produção de carvão de cozinha e a preparação de terra para a prática da actividade agrícola.

“A população queima as matas para a abertura das machambas no início da actividade agrícola com vista a facilitar a lavoura. Outra causa para a ocorrência dos incêndios é a produ-ção do carvão, no processo da prepa-ração de “estofo”, as pessoas acendem fogo e, quando começa a se alastrar pela área vegetativa é difícil controlar devido a situação geral da atmosfera

que facilita a rápida propagação do fogo,” disse.

Com o intuito de minimizar este problema que não só destrói a biodi-versidade, como também cria desgra-ça em muitas famílias, retardando o

desenvolvimento sócio-económico, a Direcção Provincial de Meio Ambien-te de Maputo aposta em parceria com o Ministério da Agricultura e com o (INGC) Instituto Nacional de Gestão de Calamidades na massificação de educação ambiental. Através de cam-panhas e debates de sensibilização ao nível das comunidades já foram cria-dos comités de gestão ambiental em todos os oito distritos da Província de Maputo.

“Para inverter este cenário, massificamos os programas de edu-cação ambiental onde falamos com as comunidades no sentido de persuadí--las a tomar consciência para evitar a destruição da biodiversidade, salien-tou o Director Provincial.

Além destas actividades con-

juntas, a Direcção do Ambiente de Maputo promove outras accções que possam desencorajar a prática das queimadas descontroladas, como sus-tenta o Director.

“Distribuímos colméias para a promoção de produção de mel e ca-pim para a cobertura de instâncias turísticas, isso também pode reduzir as queimadas, no sentido em que há valorização dos recursos naturais.”

Entretanto, a actividade indus-trial, que pressupõe ocupação de um espaço físico, a procura da terra para o uso e aprovetamento para vários fins com especial ênfase para a habitação, cresce em Moçambique e particular-mente na província de Maputo.

Lote Maueia disse ainda que os índices de queimadas descontroladas tendem a diminuir na capital devido à subida da taxa de demografia e a ocu-pação espacial da terra para habitação e industrialização.

Estes factores contribuem na redução da área da prática de activi-dades agrícolas e por conseqência di-minui também a ocorrência de quei-madas descontroladas.

As comunidades também têm dado uma resposta positiva para a re-dução das queimadas, não obstante o trabalho que há por fazer.

“Verificamos que temos muitas pessoas com educação ambiental que reclamam igualmente os seus direitos ambientais, isto significa que sabem o que é viver em ambiente limpo e são. Existe o assumir do ambiente pe-las comunidades, o que se traduz no plantio das árvores para a manuten-ção doa localidades.”

Qualquer tipo de queimada tem efeitos negativos sobre o ambien-te, o que origina a destruição da bio-diversidade.

“Ao queimar colocamos em risco a biodiversiade, em que os ecos-sistemas albergam a vida vegetal. Esta que por sua vez é importante para o equilíbrio ecológico. As florestas são

um grande mozaico, uma vez que contribuem para o equilibrio hidro-lógico através da respiração, que dá origem à humidade atmosférica im-portante para a ocorrência de chuvas”, explicou Maueia.

A caça às ratazanas é protago-nizana muitas vezes por pessoas sem nehuma educação ambiental, daí que desconhecem também as implicações que esta prática pode trazer se não se tomarem medidas, disse Maueia.

“A mensagem é de que as comu-nidades lutem no sentido de preservar o meio ambiente. A questão de rataza-nas é preocupante pois queima-se área extensiva para caçar um animal tão pequeno. Precisamos contornar a si-tuação, como por exemplo incentivar a criação de ratazanas em cativeiro.”

O Director explica que a redu-ção da precipitação por conta da des-truição da biodiversidade pode custar grandes valores na economia das po-pulações, pois elas ficam sem comida para o seu sustento, devido a falta de produção.

“É preciso atingir o grupo alvo para ser sensibilizado a assumir o ambiente que possa concorrer para a redução das queimadas descontro-ladas. O grupo directo é a população daí que privilegiamos o contacto di-recto com as comunidades.”

Em 2010, a Direcção do Meio Ambiente de Maputo fez o lança-mento do programa de educação e formação ambiental e, segundo o di-rector, as expectativas foram atingi-das, trazendo vários intervenientes para o mesmo propósito.

Avaliando o estágio actual no que concerne ao meio ambiente, Lote Maueia disse: “Nós estamos num bom caminho, pois, em poucos anos criamos o MICOA e educamos a população. Temos florestas, para além de não possuirmos grandes indústrias que concorreriam para a alteração do ambiente.”

Distribuímos colméias para a promoção de produção de mel (...) Isso também pode reduzir as queimadas

“Comparando, duma forma geral, reduzimos as queimadas”

Lote MaueiaDirector ProvincialMeio Ambiente em Maputo

Foto: Nasa

Diretor provincial de Meio Ambiente da capital diz que área pode ter sido maior ainda, porque os dados são imprecisos ainda

Mapa da Nasa, a agência espacial norte-americana, mostra áreas do planeta com maior ocorrência de incêndios. As queimadas estão entre as causas de maior emissão de gás carbônico, o que acelera o aquecimento global.

Alberto Tomás e Nabote LangaRepórter

O Especialista

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Alguns consumidores, que conversaram com O Especialista não sabem que, para a confecção de alimentos de consumo público, é necessário possuir um boletim de sanidade, para garantir a segurança na alimentação, pela qual chegam a pagar até 1.500 meticais, por mês.

Além da falta de conhecimento da obrigação de porte daquele documento sanitário, os compradores de comida de rua trocam a exigência de higiene pela confiança.

Inâncio Cumba é consumidor da comida de rua, que diz acreditar na pessoa que vende: “há muito tempo que compro comida na rua. Nunca tive problemas de saúde, por causa disso, pelo que confio na vendedeira. Em relação ao boletim de sanidade, nunca ouvi falar”, disse. Ao contrário de Inâcio Cumba, em relação ao boletim de sanidade, Jorge Cossa, também, consumidor de comida de rua, tem conhecimento sobre o documento, mas não o exige dos vendedores, por entender que trata-se duma tarefa do município.

O vendedores sabem da necessidade do boletim de sanidade, mas nem todos o têm, como é o caso de Ana Maria, que faz este negócio há três meses e, desde que começou, nunca recebeu visita dos técnicos da saúde.

“Acho importante ter o boletim de sanidade, mas ainda não o possuo, porque nunca fui abordado pelos técnicos da saúde. Quando eles aparecerem, estarei preparada”, referiu Ana Maria.

Os fazedores deste negócio, interpelados pelo Especialista, são unânimes em relação ao sucesso nesta actividade. Dizem que é rentável, como é o exemplo da Ana Maria: “inicei este trabalho com 7 mil meticais. Agora sustento a minha família e o meu pai, garanto combustível e um plano de poupança grupal (xitique)”, referiu.

Os preços variam de 50 a 75 meticais por prato. Os praticantes da venda de alimentos confeccionados consideram que o maior problema é a limpeza, pois pagam taxas ao município, mas este não cumpre o dever que lhes compete.

População desconhece a legislação

Falta de cuidado médico pode contaminar alimentos e levar compradores a ter diarréias e cólera

Ambulantes têm que fazer exame de saúde para vender produtos nas ruas

O confeccionamento e venda de alimentos nas ruas da cidade de Maputo é uma prática que disputa espaço com atitudes anti-higiénicas dos munícipes. No mesmo lugar em que uns cozinham a comida que, imediatamente, é vendida para as pessoas, outros urinam.No rol dos problemas referidos, a técnica de saúde ambiental no sec-tor de Saneamento e Ambiente no MISAU, Arminda Banze, conside-ra que a salubridade no país é uma área em que pouco se trabalha e que necessita do envolvimento de quase todos os sectores para alcançar re-sultados.“O saneamento do meio é um con-junto de acções que devem ser rea-lizadas, de modo a que a população tenha boa saúde. No país, as obras sanitárias estão em número muito reduzido, há problemas de abaste-cimento de água, há falta de dre-nagens, tratamento de esgotos, e a limpeza urbana não é levada a cabo com precisão. Realmente, o sanea-mento não é saudável”, afirmou.Face à insalubridade, o MISAU aprovou um programa de educação sanitária levada a cabo pelos técni-cos de medicina preventiva e do sa-neamento do meio, através de visitas domiciliárias, palestras em escolas e outros locais públicos, sobretudo em postos de confeccionamento e

venda de comida, e atribuição de boletins de sanidade aos preparado-res de alimentos.“O consumo de alimentos da rua na cidade de Maputo preocupa-nos, devido à falta de condições que fa-voreçam uma boa saúde, por parte dos consumidores; até porque onde os vendedores afixam-se não há sa-nitários públicos”, disse Ana Patrí-cia, chefe de Repartição de Comidas Seguras naquele ministério.A fonte acrescenta: “os próprios vendedores urinam, à volta das “cozinhas”, não lavam as mãos e manipulam os alimentos, chegan-do a contaminá-los. Perante esta situação, o MISAU elaborou um programa de educação sanitária.”--acrescentou.Ana Patrícia reconhece que as me-didas são imperfeitas, dado que os técnicos que realizam as campanhas são poucos, para além de que a va-lidade estabelecida para o boletim é de um ano, que, em sua análise, é um espaço muito largo.“O boletim de sanidade é um do-cumento atribuido pelo Centro de Exames Médicos, que comprova a sanidade da pessoa, conferindo-lhe a liberdade de manipular alimentos, pois, se alguém tiver doenças conta-giosas como a tuberculose e tosse, não pode preparar comida para o consumo público”-esclareceu.“Estas são medidas pouco seguras, pois há quem prepare os alimentos em casa e entrega a alguém que não tenha o boletim para vender; este

documento tem uma validade mui-to extensa, podendo expirar e a pes-soa não renovar a tempo, para além de que nossos técnicos são muito poucos, pelo que, não conseguem abranger todos os pontos”-acres-centou.A falta de tapagem de géneros ali-mentícios fritos tais como bagias, biscoitos caseiros, entre outros, é um fenómeno que propicia a sua contaminação através de moscas e poeira. O uso do plástico para a cobertura de comestíveis constitui um atentado à súde do consumidor.Quem afirma é a nutricionista Shei-nila Santos.“O uso do plástico na cobertura dos fritos é prejudicial à saúde, pois este é feito de material reciclado e, com a passagem do tempo, transpira e liberta substâncias químicas, prin-cipalmente na época de verão, com a intensidade do calor. Ora, quando o organismo humano expõem-se a essas substâncias, ele ressente-se de-las”, explicou.A nutricionista acrescenta, ainda, que “as crianças constituem uma camada muito vulnerável, por apre-sentarem um fraco sistema de defe-sa do organismo e devido ao facto de não estarem doptadas de cons-ciencialização suficiente, que lhes permita observar, por si próprios, medidas de higiene pessoal, durante as suas brincadeiras e em relação ao consumo de comida nas ruas.

Ananias Langa e Orbai NobreRepórteres

“No mesmo lugar em que uns cozinham a comida para consumo imediato outros urinam”

365 dias é o

prazo de validadedo boletim

Foto: Banco de Imagens/O Especialista

Vendedor de badia: produto dentro de caixa colocada diretamente no chão e pão dentro de saco plástico, sem ventilação necessária.

O Especialista

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Estudantes universitários e tam-bém aqueles do ensino secundário estão experimentando a diferença de contar com a tecnologia em sala de aula. As ferramentas da internet como o correio eletrônico, os sites de busca, os fóruns de discussão, os ge-renciadores de conteúdo e bibliotecas virtuais são usadas de diversas for-mas, tanto em contextos de educação presencial como na educação à dis-tância, sendo que, no ensino presen-cial essas ferramentas são utilizadas como instrumentos de apoio.

O director da Escola de Comuni-cação e Artes da Universidade Edu-ardo Mondlane, Nataniel Ngomane, e o docente João Miguel, comungam da mesma opinião, que a internet mudou a forma de ensino e a relação docente/estudante. Afirmam que as aulas já não precisam ser presenciais, com a internet é muito mais fácil um docente atribuir um trabalho aos seus estudantes e através da mesma os alunos entregare. Além de facilitar o acesso às bibliografias.

Apenas advertem sobre os riscos que a internet pode trazer, como é o caso do plágio, dizendo que o estu-dante deve saber filtrar o que lhe é disponibilizado na web.

“A disponibilização de bibliogra-fia ganhou um maior espaço sobre-tudo para aquelas bibliotecas que não têm a bibliografia completa para determinadas disciplinas. A internet permite que o estudante possa entrar em qualquer biblioteca online. Há um contacto mais presente entre os estudantes e professores independen-te de se estar em sala de aulas o es-tudante pode ter acesso ao professor através da internet a qualquer hora

do dia e vice-versa. Pode criar grupos de debates, tendo como ponto de en-contro a internet”, afirmou o director Nataniel.

Segundo Mariolina Ulisses, estu-dante da Escola Superior de Jornalis-mo, o uso da internet na educação em princípio devia ser algo benéfico mas os próprios estudantes tornam isto algo prejudicial, usam de uma forma incorrecta.

“A internet tornou-nos pregui-çosos, já não temos a cultura de in-vestigar porque sabemos que é só ir a rede que podemos encontrar tudo que precisamos e o pior: não lemos, simplesmente copiamos e estam-pamos os conteúdos encontrados”, acrescentou.

O mesmo disse a estudante Fátima Carimo, estudante do 3º ano de an-tropologia: “ a internet pode e é uma descoberta incrível, mas o uso que dão a torna um inimigo da educação”.

O director de capacitação da IREX, Ricardo Fontes Mendes, afir-ma que de um modo geral o uso da internet nas universidades é benéfico, várias são as universidades pelo mun-do utilizando para cursos à distância, núcleos de actividade práctica.

“Se for para avaliar algum tipo de malefício que a internet traz no pro-cesso pedagógico em universidades uma delas seria o que a gente vê em varias partes do mundo se repetindo, que é o efeito, copy & paste”, salientou o docente. É necessário ter consci-ência, que uma utilização educativa que tire partido das potencialidades da informática, modifica substan-cialmente a maneira de aprender e de ensinar, os métodos de trabalho e o próprio funcionamento das unive-sidades.

Internet muda relação entre estudantes e docentes

Tânia PereiraRepórter

Académicos enaltecem novas metodologias de ensino, mas advertem para os riscos de plágio de conteúdo da web

Iogurte de casca e sementes pode beneficiar africanos

Uma invenção brasileira pode ajudar a população africana, nome-adamente aquela que passa fome em Moçambique. No Centro de En-ergia Nuclear na Agricultura (Cena) da Universidade de São Paulo uma pesquisa da cientista de alimentos Nataly Maria Viva de Toledo desen-volveu um iogurte com adição de polpa e farinha de maracujá elabora-da a partir das cascas e sementes da fruta. O objetivo é aumentar o valor nutricional do produto lácteo e agre-gar valor a subprodutos do maracujá que apresentam quantidades signifi-cativas de nutrientes benéficos para a saúde humana, como fibras, mas atualmente são destinados ao consu-mo animal ou à indústria cosmética.

“Para cada quilo (1kg) de fruta processada gera-se cerca de 500 gramas (g) de cascas e 150 g de sementes, ou seja, mais da metade da fruta torna-se resíduo industri-al”, afirma Nataly. Na pesquisa foi elaborada uma farinha a partir dos subprodutos resultantes da extração da polpa de maracujá (cascas e se-mentes da fruta), por intermédio da secagem do material (60ºC por 24 horas) com posterior moagem e pe-neiração.

“O processo é considerado

simples e não foi necessária nen-huma modificação na preparação do iogurte”, relata a pesquisadora. “A farinha foi adicionada no final do processo de elaboração a fim de não interferir na fermentação do produ-to”. Durante o estudo foram utili-zados seis tratamentos de iogurte (iogurte natural, iogurte somente com polpa de maracujá, e iogurte com polpa de maracujá acrescido de farinha nas concentrações de 2%, 4%, 6% e 8%).

“O iogurte natural e iogurte somente com polpa de maracujá não apresentaram quantidades de fibras consideráveis”, conta a cientista de alimentos. “Já os tratamentos que englobam a adição de farinha, seg-undo à legislação vigente (RDC nº 54, de 12 de novembro de 2012), podem ser considerados alimentos fontes de fibras”.

As fibras são os componentes de maior relevância (64%) na com-posição da farinha de maracujá, sendo que sua maioria foi composta pelas fibras insolúveis, as quais são responsáveis por acelerar o trânsito intestinal, aumentar o volume fecal, desacelerar a hidrólise da glicose e contribuir para a redução de alguns males do colón. (Agência USP)

Novo modelo teórico ajuda a desvendar terremotos

Uma equipe de pesquisadores, com participação de um cientista da Escola Politécnica (Poli) da Uuni-versidade de São Paulo, criou um modelo teórico que abre caminho para prever terremotos com maior precisão. A pesquisa foi publicada na revista Physical Review Letters e repercutiu na área de comentários do editor da Science, um dos mais respeitados periódicos científicos do mundo.

A pesquisa figurou na Sci-ence por resolver um velho dilema das pesquisas experimentais sobre o manto inferior da Terra, camada que fica entre 600 e 2900 quilômet-ros (km) de profundidade. Alguns resultados experimentais sobre a elasticidade do manto contradiziam os outros, não havendo consenso absoluto. Agora, o modelo teórico co-criado por João Justo, professor no Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica (Poli) da USP, que fez parte da equipe da pesquisadora brasileira Renata Wentzcovitch, da Universidade de Minnesota, nos Es-tados Unidos, uniu as duas pontas.

Corroborado por respeitados veículos científicos, o modelo for-nece uma base sensata para os ex-

perimentos que estudam o interior do planeta. De quebra, ele aumenta o conhecimento científico sobre o manto terrestre, o que, por conse-quência, abre caminho para mel-horar a precisão sobre quando e onde ocorrerá o próximo terremoto e o quão poderoso ele será.

O ineditismo da pesquisa se debruça no detalhamento de cara-cterísticas como pressão, tempera-tura e densidade do ferropericlase, material encontrado em alguns diamantes naturais e uma das prin-cipais substâncias que formam o manto terrestre. “Entender o fun-cionamento do manto, suas ener-gias, dinâmicas e interações com as demais camadas da Terra, é funda-mental para desvendar os terremo-tos”, diz Justo.

Apesar de ser absolutamente sólido, o manto também pode ser considerado um fluido, se o tempo de movimentação for calculado em escalas geológicas. “O material que forma o manto flui como um líqui-do, porém de forma muitíssimo len-ta, imperceptível a não ser quando consideramos o passar de milhões de anos”, diz. Esse movimento em câmera mais do que lenta, altera a pressão (Agência USP)

Maven segue para Marte

A Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) lançou em Cabo Canaveral, no estado da Flórida, o foguete Atlas 5. Ele partiu para Marte, levando a cápsula Maven.

A Maven permanecerá dez meses em Marte para estudar as mu-danças climáticas do planeta. Seu nome é a sigla da denominação em inglês para Evolução Atmosférica e Volátil de Marte.

O objetivo é coletar dados que permitam dizer como Marte trans-formou-se no deserto frio que é hoje e a explicar como o clima mudou devido à perda de gases atmosfé-ricos. A missão começa de fato em setembro do ano que vem, quando a Maven alcançará a órbita do Planeta Vermelho. (Agência Lusa)

Sonda espacial vai investigar Marte.

Alunos africanos beneficiados pela Samsung, estudantes de jornalismo da Escola de Comunicação e Artes e o diretor Nataniel Ngome.

Banco de Imagens/O Especialista

O Especialista

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“Falta de coordenação ministerial dificulta inovação agrária no país”

“Se queremos a agricultura eficiente temos que criar reformas e o papel do Estado é facilitar isto, diz Eduardo Neves João”

O uso e a implementação das tecnologias no país falha por causa da falta de coordenação interministerial. Este dado é avançado pelo Engenhei-ro Carlos Filimone ligado a área de formação, no Instituto de Investiga-ção Agraria de Moçambique (IIAM).

Filimone avança que, “tal si-tuação deve-se ao facto de por vezes as tecnologias aparecerem de forma isolada e, na maior parte, não haver coordenação entre os diferentes acto-res que deveriam trabalhar de forma combinada para o sucesso dos projec-tos”.

Num outro ângulo, Filimone destaca que, por vezes, os agricul-tores não têm acesso as tecnologias por não terem capacidade financeira, conhecimento ou educação, aliado a insuficiência de extensionistas para cobrirem o grosso de agricultores que pelo país estão distribuídos.

“Mais do que importar tecno-logias o governo deveria privilegiar a formação, pois esta area permitiria que os formados fizessem pesquisas com as condições agro-ecológicas que o país tem e com certeza adaptariam a nossa realidade. O que de certa for-ma daria um salto qualitativo e maior produtividade”, Acrescenta.

Aquele responsável da área de Formação do IIAM, aconselha para uma acção coordenada entre o Mi-nistério da Agricultura, da Industria e Comércio e das Obras Públicas e Ha-bitação, visto que estes três sectores estão interligados e interdependentes. Por outro lado, “o investimento dado a área de investigação é pouco, tendo em conta que quem procura as solu-ções são os investigadores, esta área deveria ser prioritária em termos de financiamento”, lamentou.

Questionado sobre os progra-mas implementados a alguns anos no país, como o PROAGRI I e PROAGRI II, a fonte refere que “os ganhos des-

tes programas podem não ser visíveis, mas eles contribuíram bastante na formação e recrutamento de quadros para os distritos, infraestruturas e equipamentos”.

Avaliação

Para Eduardo Neves João, do-cente universitário, todos esses pro-gramas foram um fracasso total por causa das metodologias usadas na sua elaboração, isto é, esses são ela-borados a nível central e depois pas-sados ao agricultor e acrescenta que, “se queremos uma agricultura eficaz e autossuficiente temos que criar re-formas estudadas minuciosamente sendo que o papel do estado é de criar facilidades”.

A fonte fala, ainda das políticas e estratégias chegando mesmo a afir-mar também que há falta de coorde-nação entre os ministérios mostrando desta forma que cada um trabalha de forma isolada.

Para finalizar Eduardo Neves

João, diz que “é uma falácia dizer-se que, a base do crescimento económi-co provém da agricultura familiar e, eu acredito que não isso que as pes-soas querem dizer porque massificar a agricultura familiar é perpetuar a pobreza, ou seja, a produtividade da agricultura no país é extremamente baixa e isso não é solução”.

Para ultrapassar esse dilema, o nosso interlocutor aconselha que se crie um incentivo “para que essas pes-soas apostem em sectores mais pro-dutivos, pois, serão esses que tirarão as pessoas da pobreza”, conclui.

De acordo com Constituição da República Moçambicana, a agricultu-ra é a base do desenvolvimento nacio-nal sendo que, o Estado garante e pro-move o desenvolvimento rural para a satisfação crescente e multiforme das necessidades do povo e o progresso económico e social do país. Entre-tanto, de acordo com o orçamento do estado para 2013, este é o sector com menor investimento se, comparado com o da educação.

Carlos Filome acredita que articulação ministerial ajudaria a produção agrícola.

Foto: Banco de Imagens/O

Especialista

Apresentação organizada por fabricantes de equipamentos agrícolas: máquina colheitadeira aumenta a productividade e também pode influenciar os preços dos alimentos por causa do crescimento de oferta no mercado. africano.

Evito Andrade DaússeRepórter

Agronegócio na África tem mercado de USD 1 trilhão

A introdução de novas tecno-logias na agricultura pode gerar uma maior oportunidade de distri-buição de renda. Uma reportagem produzida e publicada no websi-te do Banco Mundial aponta que os agricultores e agronegócios de África poderão criar um mercado de alimentos de um trilião de dó-lares em 2030 se conseguirem au-mentar o acesso a mais capital, ele-tricidade, e terras irrigadas para o cultivo de alimentos nutritivos e se os governos africanos conseguirem cooperar mais estreitamente com os agronegócios com vista a alimentar a população urbana da região em

rápido crescimento, segundo um relatório do Banco Mundial divul-gado hoje”. Ainda segundo o texto do Banco Mundial, que cita o re-latório Growing Africa: Unlocking the Potential of Agribusiness, “os sistemas alimentares de África, que atualmente representam USD 313 mil milhões ao ano provenientes da agricultura, podiam triplicar se os governos e líderes empresariais repensassem radicalmente as suas políticas e o apoio à agricultura, agricultores e agronegócios que, são responsáveis por 50 por cento da atividade económica de África. (Da Redação)

O Especialista

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Trata-se de um sistema de po-sicionamento global (GPS) através do qual pode-se localizar com rapi-dez os locais de acidentes e socorrer as vítimas com o devido encargo. Este sistema possibilita à família e ao corpo de bombeiros, a Trans African Concessions (TRAC) concessionária da Estrada Nacional 4 e serviços de emergência médica receberem in-formações sobre o acidente ocorrido

e o local. Para tal, o veículo deve ter este sistema devidamente instalado no celular e nos respectivos serviços a serem conectados.

Sistema de posicionamen-to global ou simplesmente GPS foi desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos para aplicações militares, no entanto a partir da década da 80 passou a se usado por civis.

Em Moçambique, cerca de no-venta pessoas morrem por mês, víti-mas de acidentes de viação. Metade

Migração digital de televisão vai demorar pelo menos mais um ano

Estão criadas condições para a implementação do processo da mi-gração digital da Radiodifusão no país, segundo garantiu, o Director do Serviço de Radiocomunicações e Tecnologias (SRT), no Instituto Nacional das Comunicações de Mo-çambique, INCM.

Hilário Isaías Tamele diz que “já estão produzidas estratégias e criada a comissão que vai acompa-nhar a implementação do processo, estando agora em curso a fase de divulgação”. Por outro lado, Tamele, adverte que não se deve olhar para o processo de migração digital como um produto acabado e longe da re-alidade moçambicana, ou ainda, sob ponto de vista de custos e implica-ção.

“É preciso olhar para este pro-cesso como um ganho. A vida é dinâ-mica, é preciso que acompanhemos as mudanças que ocorrem, sob risco de nos tornar-mos uma ilha”, frisou.

Por seu turno, Martins Langa, técnico da área de gestão de Fre-quências e Membro da Comissão inter-sectorial para Migração da Radiodifusão, refere que as pessoas

Rute Langa

Equipamento disponível pata tecnologia que ainda demora a chegar: só em 2015 moçambicanos terão a qualidade digital.

SRT diz que processo está definido, mas mudanças mesmo só em 2005

Estudante da UEM criou o aparelho, mas está tendo dificuldade de implementatr idéia.

destas deve-se a chegada tardia aos locais de acidentes das equipas de resposta.

Portanto, com uso de GPS pelos automobilistas e bombeiros, e Policias de Transito, este é cenário poderá mudar com adaptação do GPS pelo estudante Edson Lopes do curso de Electrónica, da Faculda-de de Engenharia da Universidade Eduardo Mondlane.

O GPS com pelo menos sinais de três satélites pode calcular a po-sição do automobilista ou usuário – latitude e longitude – e, ainda, acom-panhar o seu percurso podendo ainda determinar a região, distância e altura com sinais de 4 ou mais si-nais de satélites.

Para além, do receptor GPS o automobilista deve conter no seu au-tomóvel, um acelerómetro cuja fina-lidade é medir a aceleração aplicada através dos movimentos.

Por outro lado, deve ter um GSM - Sistema Global para Comu-nicações Móveis que é uma tecnolo-gia móvel e o padrão mais popular para telefones celulares do mundo. Este sistema faz com que o roaming internacional seja muito comum através de “acordos de roaming” en-tre operadoras de telefonia móvel e outras instituições, sendo que o sinal e os canais de voz são digitais.

Com as informações de latitu-de, longitude e altitude, ao acontecer um embate o receptor GPS envia a informação de acidente através do sistema GSM e dando as coorde-nadas necessárias para a sua loca-lização. Esta informação pode ser transmitida a um familiar ou a uma instituição de socorro cujo número esteja também programada. No en-tanto, Edson diz que a polícia de res-tringiu o acesso a alguns dados para a implementação deste projecto.

Ilauda ManalaRepórter

Estudante da UEM inventa GPS para mapear acidentes em viasRute LangaRepórter

não devem temer este processo pois só trás beneficios, a começar pela melhoria do sinal, trazendo mais e melhores programas. Nessa época, a audiência terá maior poder de esco-lha da sua programação. Para além de termos uma mudança técnica te-

remos também uma modificação na-quilo que são os conteúdos. Parale-lamente a esta mudança, outro ponto chave é a questão da regulamenta-ção, que em simultâneo também esta a sofrer alterações para adequar-se a esta realidade que se avizinha”. Para

Martins Langa, neste momento o grande desafio é prover sinal digital, onde actualmente existe um sinal analógico. “Não se vai privar a po-pulação do seu direito constitucional à informação. No sistema digital, to-dos os sinais poderão chegar a todos

os cantos do mundo, o que significa que onde não havia sinal de certa rá-dio ou televisão passará a ter”, disse.

A mascote e o logotipo que já foram adoptados para facilitar a divulgação de informações sobre o que é o processo em Moçambique e, os moldes a seguir. E o lançamento desta mascote deverá coincidir com uma emissão ou teste piloto do sinal digital, a ser transmitido brevemente.

Sem indemninizações O Estado não vai subsidiar a

compra dos conversores necessários para que os aparelhos analógicos possam receber o sinal digital, con-forme reassalva Hilário Isaias Tame-le, director do SRT, no INCM.

Segundo a fonte, o conversor custa, em média, 25 dólares e, Mo-çambique não está em condições de adquirir estes conversores para cerca de 23 milhões de habitantes. O que se pensa é a possibilidade de subsi-diar o mercado, atraves de incentivos fiscais e outros beneficios para que os preços não sufoquem a população, e que se possa garantir a transmissão do sinal digital. O mesmo acontece-rá com os órgãos privados, que não terão apoio directo, restando-lhes a possibilidade de isenções fiscais.

A nossa reportagem saiu à rua para aferir a percepção dos cidadãos sobre as implicações da migração do sistema de Radiodifusão, do analógi-co para o digital e, grande parte dos entrevistados, desconhece o proces-so, estando alheios a esta transfor-mação.

Alda, 31, é um dos exemplos. ´´Já ouvimos falar sim. Não entendo perfeitamente o que é, por que nas televisões dizem que isso vai custar muito caro, mas eu estou calma por que acredito que não será por aqui, isso é para os países ricos. Estamos bem do jeito que estamos, não preci-samos mudar e andar por ai a gastar dinheiro sem sentido´´, disse a fonte quando questionada sobre o impacto da migração digital.

Outros, ainda, acreditam que o processo só será implementado para as pessoas com poder de compra, ``por que este processo não passa de um capricho!´´, como diz Jorge, de 25 anos.

É complicado e até duro falar disso. Essa mudança não vai fazer diferença alguma para nós. O rico que quer aparecer é que terá oportu-nidade e dinheiro para usar essa mi-gração. Já nós pobres, so podemos nos contentar com o que temos, e agradecer as bençãos que temos sem reclamar´´, disse.

Para massificar as informações integrais sobre o que é a migração, e que implicações reais este processo poderia trazer para a sociedade mo-çambicana, o Instituto Nacional de Comunicação de Moçambique, na voz do Director do Serviço de Ra-diocomunicações e Tecnologias, diz que estão em curso diversas acções a nível das capitais provinciais do país, com vista a difundir informações e decipar dúvidas recorrentes do pro-cesso da migração digital.

``Já foram realizados em todo

país, seminários de divulgação do processo de migração e a respecti-va estratégia de Radiocomunicação. São seminários explicativos, onde a comissão está a receber muitos subsídios dos cidadãos, responde a questionamentos sobre a matéria, e nesta primeira ronda abrangeu todas as capitais provinciais do país´´, re-feriu.

Apesar de não avançar datas, Hilário Isaias Tamele, director do SRT, no INCM, diz que numa segun-da fase, o objectivo é possibilitar que essas capitais provinciais possam se encarregar de repassar a informação para os restantes pontos das provín-cias.

Aquele director no INCM, refere ainda todas as rádios assim como televisões, tem sua parte e responsabilidades no processo de migração, já que ´´muda a cadeia de valores, visto que inverte-se a cadeia de valores de transmissão. Actualmente o operador de Rádio e de Televisão tem a função de produ-ção e transmissão de conteúdo. Na fase digital, os órgãos ou operadores passam a ser simplesmente produ-tores de conteúdo ou da informação a transmitir. Esta parte técnica e de transmissão ficará a cargo de apenas um operador, que deverá se respon-sabilizar pela recepção, transporte e distribuição do sinal. ´´

Recorde-se que em 2006 a Conferência Regional de Radioco-municação determinou que a televi-são em Moçambique, deve migrar do sistema analógico ao digital, no má-ximo, até 2015. Em finais de 2010, o Governo moçambicano decidiu adoptar o modelo europeu, designa-do DVB-T2 (Transmissão Digital de Vídeo - Terrestre), um modelo adop-tado pelos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Cidadãos desconhecem processo de digitalização

Banco de Imagens/O Especialista

O Especialista

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Adesão ao acordo ortográfico depende de dinheiro, diz técnico

Segundo o técnico de coope-ração do Ministério de Educação, Armando Sambo o processo ainda não entrou em vigor em Moçambi-que devido a questões financeiras que se verificam dentro da realidade do país.

No ano passado tentou-se dar alguns passos em volta deste pro-cesso, tanto que já fazia parte dos assuntos discutidos pelo conselho de ministros, mas em algum momen-to teve que parar porque achou- se melhor criar condições financeiras para responder as necessidades que vão surgindo ao longo do período de transição, como a introdução de no-vos livros de aprendizagem que vão substituir os antigos.

Falando sobre impacto deste acordo para Moçambique, Sambo diz ser de grande relevância, uma vez que este acordo é um instrumen-to de convergência dos países que falam a língua portuguesa com base a acabar com as diferenças que exis-tem na ortografia entre o Português do Brasil e o escrito em Portugal e os restantes países de língua oficial portuguesa.

Moçambique por fazer parte desta sociedade deve adoptar esta nova ortografia para não se sentir ex-cluído da ortografia usada por resto dos países da língua portuguesa.

“No que tange ao período de transição deste processo por parte da sociedade, principalmente por estu-dantes, admito que haverá pequenas dificuldades na assimilação do novo estilo de ortografia, porque nem to-dos tem a mesma capacidade de assi-milar a matéria, numa primeira fase

pode até ser difícil, mas acredito que vamos chegar a fase de superação onde todos estarão envolvidos sobre a nova realidade”. Disse.

A escritora Moçambicana Pau-lina Chiziane, olha para este acordo

como sendo um processo bastante complicado, principalmente para os que já vem trabalhando com a escrita há bastante tempo. “ Para mim que sempre usei a antiga ortografia será difícil familiarizar me com a nova, visto que já produzi várias obras usando a ortografia antiga, não só mas também ainda estou a produzir alguns textos apoiando me na gra-mática da antiga grafia”. Disse.

Realçou ainda que há que se aproveitar deste novo acordo, uma vez que em Moçambique ainda pre-valece o índice elevado de pessoas não escolarizadas, e estes serão os beneficiados.

Governo suspende apoio para bolseiros que iriam ao Egipto

O Instituto de Bolsas de Estu-do (IBE) não tem enviado estudantes moçambicanos para o Egipto devido a falta de um acordo bilateral entre os dois países. “Em 2007, a quando da criação do Instituto de Bolsa, re-cebemos uma proposta de envio de estudantes por parte do Egipto, mas ao avaliarmos os dados lá contidos percebemos que não se tratava de bolsa de Estudo, mas sim de vagas”, afirma Baiane Langa do IBE.

Segundo Elsa Serra, da Em-baixada do Egipto, desde 2007/2008 nao se verifica entrada de estudantes mocambiçanos no Egipto. Isto acon-tece numa altura em que o fundo egípcio passou a suportar apenas os custos directos com a Unuversidade e deixou de cobrir as despesas de alojamento e alimentação, disponibi-lizando apenas 200 pounds egípcios como “pocket money”, equivalente a 9.572meticais.

“Face a esta situação, foram feitas reuniões com os representantes do Instituto de Bolsas do Ministerio

da Educação com o fim de se criarem mecanismos para uma assinatura de um protocolo entre os Ministérios da Educação dos dois países para defe-nir a principios de cooperação nesta area, e até esta data nenhuma propos-ta foi apresentada.”Reiteirou a fonte.

Quanto a questão da não existência de estudantes bolseiros enviados pelo governo no Egipto, Baiane Langa diz que há estudantes no Egípto, mas sem bolsas do go-verno moçambicano. Os estudantes moçambicanos que se encontram no Egipto são enviados pelas organiza-ções Islâmicas que comprometem-se em responsabilizar-se por eles sem interferência directa do instituto de bolsas.

“O Conselho Islâmico faz uma carta responsabilizando-se pelo estu-dante que por sua vez faz uma decla-ração aceitando as condições que lhe foram apresentadas. Feito isto o do-cumentos são enviados ao Ministério da Justiça que por sua vez passa para o Ministério da Educação (Instituto de Bolsas) para dar um parecer, ex-plicou a fonte.

“Não me foi revelado o valor do subsídio”, diz Joaquim Atumane, estudante de 25 anos que ganhou bolsa para estudar no Egipto. Atuma-ne almeja entrar naquele país árabe para concretizar o seu sonho de se formar em Relações Internacionais e Diplomacia. Encontrando-se actu-almente numa situação de espera da passagem para o voo, o entrevistado afirma que não sabe de concreto qual será o valor do subsídio de sua bolsa.

“A bolsa surgiu na Embaixada do Egipto em Abril do ano corrente quando concorri a um teste. Ainda me encontro em Maputo porque es-tou a espera da resposta do Egipto e do bilhete para o voo. Acho que o processo está a levar tempo devido a instabilidade que se vive actualmen-te no Egipto”.Atumane afirma que todos os documentos exigidos foram reconhecidos no Ministério da Jus-tiça e dos Negócios Estrangeiros. O governo do Egipto responsabilizou--se pelos bilhetes, alojamento e ali-mentação.

Por um lado, este acordo pode se considerar de grande relevancia, a dado momento em que haverá uma única gramática que vai remover os recursos linguísticos específicos, permitindo que haja mas consonân-cia, e que se remova as diferenças existentes entre os falantes da língua

portuguesa. Disse o jornalista do or-gão de comunicação domingo Couti-nho Macanandze.

Falando das implicações deste processo no seio da sociedade, Ma-canandze diz que os moçambicanos já cultivaram um padrão interno de acordo com a sua realidade. “ A es-

País fica de fora do processo de integração das nações de língua portuguesa eatrasa a oportunidade de uma interação cultural mais enriquecedora

crita vai perder os traços estilísticos que caracterizavam estudantes, alu-nos e sociedade. Estes serão obriga-dos a serem flexíveis na assimilação do paradigma do novo acordo orto-gráfico, o que em parte pode influen-ciar negativamente o aproveitamento pedagógico “.

Universidade no Egipto

Estudantes moçambicanos: fora da reforma ortográfica que já foi adoptada por outros países de língua portuguesa pelo mundo.

Foto: Banco de Imagens/O Especialista

Dércia MelitoRepórter

“Admito que haverá pequenas dificuldades no uso ortográfico”

Armando SamboTécnicoMinistério da Educação

Bertília BanzeRepórter

Criminalidade aumenta

Maputo é a quarta cidade de Moçambique com altos índices de vitimização pondo o país na 27.ª posição com a maior taxa de homicí-dios a nível mundial, de acordo com um estudo publicado o ano passado pela organização Open Society Ini-ciative for Southern Africa (OSISA),

Os residentes dos bairros de Maputo vivem num ambiente de medo devido à onda de criminalida-de. Indivíduos desconhecidos e mu-nidos de instrumentos contundentes introduzem-se nas residências, vio-lentam e roubam diversos bens.

Também registam-se assaltos na via pública, invasão de estabele-cimentos comerciais e sequestros à cidadãos. De acordo com dados do Ministério da Justiça, em 2012 o país tinha 16 mil pessoas em reclu-são. Actualmente estão presos 17 mil indivíduos, o que representa um crescimento na ordem de 16 por cen-to. O vice-ministro da justiça Alberto Nkutumula diz que estes tipos de cri-mes não constituem uma novidade.

Mirna ChitsungoRepórter

Moçambicano espera viagemDércia MelitoRepórter

O Especialista

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Moda é a arte de criar e comer-cializar peças de vestuário e acessó-rios, seguindo estilos e tendências. Os estilistas de moda desenham roupas e produtos, como jóias, cintos e calça-dos, definem estilos e modelagens.

Comparando ao cenário inter-nacional, a moda em Moçambique está a desenvolver. Apesar de ser ainda nova , o nosso pais tem potencial para produzir sua própria moda concluem a modelo Melina Muhai e a estilista Sara de Almeida.

Para Melina, a moda em Mo-çambique tem registado avanços sig-nificativos “comparado ao passado, verifica-se um cenário diferente, a divulgação da moda regista – se em quase todo o pais. Há aceitabilidade

por parte das pessoas, embora não se considere ainda a área da moda como profissão. Temos hoje agências de moda no mercado, instituições que contribuem para a divulgação dentro e fora dos pais, existem estilistas cria-tivos que hoje vivem da moda.

Por seu turno, Sara de Almeida garante que os avanços são significati-vos em termos de número de criado-res e eventos ligados a moda. Cresce a cada dia o número de estilistas, ar-tesãos, costureiros e outros profis-sionais ligados a moda, isso é muito bom, mas agora o grande desafio é in-dustrializar o sector e fazer com que a moda gere capitais, visto que Moçam-bique é um pais com potencial para produzir sua própria moda.

Muhai afirma que a globaliza-ção é importante para o crescimen-to da moda, apesar de defender que

deve-se criar o que nos identifica., po-rem a sua influência é positiva, a me-dida que serve para internacionalizar a nossa moda.

Para Sara de Almeida a globali-zação pode ser vista de forma negativa quando se perde a identidade cultural, porém, ela é importante para o melho-rar a qualidade dos acabamentos.

Mesmo com as influências in-ternacionais, a moda feita por mo-çambicanos conquistou o seu espaço e os produtos feitos na base de capulana são valorizados. Acrescenta a estilista

A camada mais adulta começa a aderir de uma forma positiva, interes-sa-se em estar com uma boa aparên-cia e nada melhor que se ligar à moda para saber das novas tendências, de-fendem as profissionais da moda. A moda está direccionada a todas as fai-xas etárias e todo o público pode ser

alvo dela, por essa razão como mode-lo e como proprietária da agência de moda afirma “tenho contribuído para o desenvolvimento da moda, educan-do os modelos a cuidarem de si e de suas carreiras, acrescenta

Contribuir para a divulgação da cultura dentro e fora do país é o nosso maior objectivo. Procuro criar e dar oportunidade não apenas aos modelos, bem como aos estilistas moçambicanos, criando intercâmbio entre os fazedores da moda nacional e internacional. Criei o meu atelier e a escola de artes, onde leccionamos os cursos de corte e costura, desenho de moda, culinária e decoração de bolos, que tem vindo a contribuir na for-mação de muitos fazedores de moda no pais, esse é o primeiro passo para caminharmos para o crescimento da industria de confecções.

Moçambique é capaz de ter a sua moda com identidade

Capulana reinventada

Estilista e a modelo Melina Muhat consideram a globalização importante para o desenvolvimento do setor no mercado

A capulana é uma peça tida como indispensável no dia-a-dia das mulheres. É símbolo de res-ponsabilidade e dignidade. Há para todos os gostos, números e, usa-se de diversas formas: enrolando ou amarrando na cintura é este tecido que distingue a mulher africana.a

Maria Fernando de 48 anos é uma das muitas mulheres que aprendeu desde pequena a utili-dade da capulana e forma de usar. Segundo esta mamana, quanto mais o tempo passa renova-se a utilidade da mesma.

“Antes somente as mulheres amarravam, hoje os homens usam a capulana, ela deixou de ser um ar-tigo feminino. Observa-se também que muitas jovens usam para fazer diversos artigos, destacando o ves-tido, colares, bolsas e isso dignifica--nos como africanos, porque é um tecido que assim foi concebido”, informa a senhora.

Cacilda Cossa, de 74 anos, tem uma opinião diferente da Maria. Para esta idosa, a capulana não é valorizada como antigamente. “Nos meus tempos, uma menina não andava sem capulana. Poderia vestir saia, mas na pasta tinha que ter capulana. Hoje muitas jovens compram capulanas para cozer ves-tidos curtos, penso que a capulana não é valorizada ”.

Indispensável em cerimónias fúnebres, culturais e religiosas, o significado da capulana transcende uma simples veste. Nela encontra-mos os ensinamentos transmitidos de geração a geração, em particular no casamento tradicional, o lobolo.

“Nesta cerimónia oferece-se capulana como forma de transmi-tir ensinamento à futura esposa, na casa do marido deve amarrar a capulana, fazer os deveres de casa, para mostrar que ela é uma moça de família”. Disse Lídia Marula, de 54 anos, acrescentando ainda que não se pode , m hipótese nenhuma, pegar-se no dinheiro do lobolo com as mãos. Dobra-se a capulana junto com o valor”.

A capulana tem diversos nomes e é usada em várias ocasi-ões, de acordo com o quotidiano de cada povo. Lídia Marrula de, 54 anos, menciona alguns nomes típicos da zona sul do País. “Ntehe é uma capulana usada para proteger o bebé nas costas. Esta não pode ser usada por outra pessoa, apenas a criança. O Mocume é outro tipo composto de três capulanas unidas por uma renda no meio vestida. Qualquer pessoa pode usar em qualquer circunstância”, disse Lídia Marrula .

Arquivo Pessoal

Nabote Langa

Tradição que permanece e é valorizada.

Natércia Luísa LázaroRepórter

Célia SitoeRepórter

A estilista Sara Almeida: abrindo caminho para o fortalecimento da moda moçambicana. No destaque, a modelo Melina Muhat. Dupla que aposta na identidade da moda local.

O Especialista

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Músicos locais avaliam a importância dos prêmios

Matilde Conjo, vencedora da categoria melhor pandza do MMA 2012, afirma que a iniciativa de se ter criado o MMA é boa e tem ajudado muitos artistas e o facto de ter parti-cipado e ter vencido trouxe inúmeras vantagens, como o facto de ela passar acreditar mas no seu talento, a sua popularidade aumentadar e com isso acréscimo do número de espectácu-los.

Matilde Conjo acrescenta que, o concurso deveria dar mas que um troféu, um incentivo em dinheiro para o vencedor, e isso ajudaria bastante na sua carreira musical.

Para João Mota, um dos respon-sáveis pelo MMA, a partir do momen-to que os músicos entram para con-correr neste programa, estão a colocar a sua imagem e o seu talento não só para Moçambique, mas também para outros países, já que pode ser visto na Rádio Televisão Portuguesa - RTP . Como símbolo de reconhecimento do seu talento, os músicos recebem um troféu com um valor sentimental

maior que o dinheiro. Questionado sobre valores mo-

netários na atribuição de prémios, Mota afirma que o que vale não é o di-nheiro mas sim o reconhecimento que a estatueta representa para o músicos vencedores, pois este é o símbolo da vitória, que vai incentiva-los a traba-lhar e produzir mais.

Sobre o Ngoma

Em relação ao Ngoma Mo-çambique, este é visto pelos músicos como sendo um programa que divul-ga e promove a cultura, mas que ne-cessita de melhoramentos, para torná--lo mais transparente e justo.

Baba Harrs, músico e membro da Associação dos Músicos Moçam-bicanos acredita que o programa Ngo-ma Moçambique eleva e promove os músicos moçambicanos, com inúme-ras vantagens. Pelo simples facto de se ter participado no programa, as mú-sicas dos concorrentes são divulgadas juntamente com a sua imagem.

Porém, Baba Harrs, acrescenta que há uma necessidade de se melho-rar este concurso, desde a atribuição de prémios aliciantes, melhoramento da mesa de júri, que deve ser credível

e séria, até o processo de selecção dos participantes.

E como forma de solucionar os problemas que decorrem durante o concurso, Harrs propõe a criação de um fórum próprio, onde no fim da premiação possa se fazer um balanço para a autocritica, olhar para a questão da votação, pois “o que assistimos é que em alguns casos são os músicos vencedores apresentando canções sem qualidade e sem mensagens edu-cativas, consequentemente vencendo as categorias onde participam mas não pelo talento, e sim pelo seu di-nheiro pessoal que aplica na sua vo-tação”.

Para o músico moçambicano Rafael Bata, concorrente assíduo do Ngoma Moçambique e vencedor do prémio Melhor Voz 2005, este con-curso tem elevado muito a carreira dos músicos que participam nele, por mais que não vençam nenhuma cate-goria.Eu, desde que venci o prémio Melhor Voz em 2005, o número de es-pectáculos aumentou e por mais que eu não vença o Ngoma agora, eu criei um background com este prémio, e a minha imagem e músicas entram para a história musical de Moçambique, acrescenta Rafael Bata.

Não é o dinheiro que vale, mas sim a estatueta que o músico recebe, é o símbolo da vitória que incetiva a trabalhar e produzir mais ainda”

“As meninas saem de casa de capulana e tiram na rua”

Celeste SimangoVendedeira de CapulanasMaputo

Celeste Simango, vendedeira de 54 anos, fala ao jornal O Espe-cialista da importância da capu-lana e do motivo que a levou a vender o produto.

Dona Celeste, o que significa para si, vender capulana?Vender capulana para mim tem muito significado, não é simplesmente um negócio, me sinto feliz, quando aparece uma mulher e compra capulanas na minha barraca, vender capulana significa salvaguardar a tradição.

Porque decidiu vender a capu-lanas?Vendo capulana porque gosto, é uma maneira de manter contacto e fazer amizade com as mulheres que entendem o verdadeiro sen-tido da capulana .

E os homens, compram capu-lanas?Os homens compram, mas em dias especiais, como no dia da mulher, no aniversário de casamento para dar de presente as suas esposas, sogras e filhas.

Qual é a faixa etária que se di-rige com frequência na sua bar-raca, para adquirir capulana?CS- As senhoras são que mais aparecem, costumam a comprar para fazer farda no Xitique, com-pram o mocumi para oferecer em casamentos, Lobolo e em outras cerimónias, vendo capulana chissambe que é um conjunto de duas capulanas, para as meninas, mas poucas compram, por isso não tem muita saída.

Dona Celeste, porque as meni-nas não compram capulanas?

As meninas não tem cultura de usar a capulana. Quando era jovem, lembro me que tirava capulanas escondida na mala da minha mãe para amarrar quando saísse à rua, mas hoje as meni-nas fazem o contrario, saem de casa de capulana e tiram quando chegam a rua, elas não querem ser vistas de capulana, muitas meninas só amarram a capulana nas cerimonias fúnebres, não tem o habito de amarrar a capulana no dia-a-dia.

Qual é a importância da mulher ter capulana na sua carteira?A capulana não pode faltar na bolsa da mulher por exemplo, pode dar o caso de sujar a roupa, se tiver capulana na sua carteira, amarra e não passa vergonha na rua, no caso de um acidente, pode precisar da capulana para limpar o sangue ou mesmo co-brir e levar a pessoa ao hospital, a capulana tem muita utilidade.

“Só em cerimônias”

Possibilidade de dinheiro e fama atrai artistas para competições que rendem agenda lotada mesmo sem vencer

Brasil faz mais de 50 shows pela Consciência Negra

Moçambique não participa, mas no Brasil o mês da Consciência Negra será marcado por uma intensa programação artística no Pelourinho, em Salvador, Bahia. A programação promovida pelo Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI) con-ta com várias atrações que vão trazer a black music em seus diversos esti-los, passando pela música percussiva ao reggae e o afro pop, além de di-versificar com ritmos como o samba, o eletrônico e o rock. Artistas como Dão, Aloísio Menezes, Márcia Short e Will Carvalho realizam apresenta-

ções nas praças do lugar que ganha destaque na vida social e cultural do baiano. Os espetáculos fazem parte da programação do II Encontro das Culturas Negras, ação promovida pela Secretaria de Cultura do Esta-do da Bahia (SecultBA) por meio de suas vinculadas para comemorar o mês Novembro Negro, projeto do Go-verno do Estado da Bahia, através da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi).Mais de 50 shows, eventos e apresentações acontecem no Pelourinho, sendo 35 destes total-mente gratuitos. (CorreioNagô)

Cármen JuvenalRepórter

Novembro Negro tem grupo Olodum

O Especialista

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O COLECIONADORA alcunha de papa-títulos encai-

xa-se perfeitamente a José Arnaldo Sal-vado, por ser simplesmente o homem com mais troféus ganhos no futebol moçambicano, na condição de treina-dor. Já vai em dez campeonatos nacio-nais de futebol ganhos ao serviço de Costa do Sol, Ferroviário de Maputo e Maxaquene, seu actual clube. Salvado junta ao seu vasto palmarés inúmeros troféus da Taça de Moçambique.

Como seleccionador nacional, Arnaldo Salvado conduziu os Mam-bas ao CAN de 1998, no Burkina Fa-so, depois de ter sido adjunto de Viktor Bondarenko na memorável qualifica-ção de Moçambique ao CAN de 1994, na África do Sul.

Arnaldo Salvado nasceu a 27 de Janeiro de 1959 e muito cedo se interes-sou pelo futebol. Começou no bairro, passando depois para o futebol federa-do onde jogou pelo Clube Desportivo de Maputo até aos juniores, onde parou por dificuldades de visão.

Cedo assumiu o dirigismo, ao envolver-se na primeira organizacão do futebol de salão para juvenis e jú-niores a nível federado.

Por onde passa, Salvado deixa rastos: na escola foi sempre um dos melhores alunos. Na Universidade te-ve a oportunidade de fazer um proje-to de topografia para o Campo de Fu-tebol da UEM.

Sobre a Federação Moçambica-na de Futebol, revela-se crítico: “Não há planos de desenvolvimento do fu-tebol na federação. As acções são oca-

sionais”. De seguida extratos mais sig-nficiativos de uma longa conversa com o técnico.

Quando surge o interesse pe-lo futebol?

Desde pequeno tive uma ligação com o desporto em geral, naquele tem-po, a disciplina de Educaҫão Física era levada muito a sério. No currículo esco-lar, tínhamos muitas modalidades des-portivas, havia muita competição en-tre escolas e isso era bom para nós, pois criava a paixão pelas variadas modali-dades desportivas.

Meu pai era jogador e treinador de futebol de salão e basquetebol. Mi-nha mãe jogava básquete e sempre ia para o campo com eles. Muito cedo en-trei na primeira escola do Benfica de Nampula. Sempre acompanhava o meu pai aos jogos quando passou a árbitro.

Durante a sua carreira passou pelo futebol sul-africano, treinando, por pouco tempo, os Black Leopar-ds. O que o levou a mudar de idéias e cedo regressar a casa?

Custou-me a integração nos Bla-ck Leopards devido a organização e mentalidade dos dirigentes sul-africa-nos. Os donos dos clubes são os ver-

dadeiros mandões. Os treinadores não exercem a sua principal função que é treinar e orientar as equipas.

Por que deixou de ser Selecio-nador Nacional?

São situações lamentáveis. Du-rante cerca de cinco anos, exerci esta função inocentemente e com o espíri-to do patriotismo. Nunca ganhei uma

quinhenta. Mas a partir do momento que houve dinheiro na seleҫão para pa-gar a técnicos fui preterido. Funcionou mais o amiguismo. Acabei por me afas-tar, pois se deu mais condição aos es-trangeiros, devido ao passaporte. Infe-lizmente isso acontece em várias pro-fissões no nosso país.

Em 2001, foi despedido do Fer-roviário de Maputo, mas ao fim de 20 dias, regressou ao comando técnico. O que o levou a recuar?

Conflito interno, desorganiza-ção, falta de honestidade, corrupção, foram alguns dos factores que me cria-ram e continuam a criar-me algum des-conforto. Quando confronto-me com o poder e esse poder não gosta de ser cri-ticado, ou por outra, não gosta de ser posto em causa, fica frustrado.

O mesmo aconteceu no Costa

do Sol, fui afastado, mas depois tive-ram de indeminizar-me. O Ferroviá-rio teria de fazer o mesmo, mas o Con-selho Consultivo e antigos dirigentes convenceram ao antigo presidente do clube a pedir-me desculpa e a readmi-tir-me em assembléia. Voltei a treinar e ele foi demitido.

O que é necessário para o su-cesso de uma equipa?

Competência, qualidade nos atletas, grupo de técnicos que sabe quando faz, porque faz e como faz, ter um staff de dirigentes que dêem supor-te, tanto a nível financeiro como ma-terial ao grupo de trabalho. É preciso ter sorte e trabalharmos por ela, saber conviver com a vitória e a derrota, pois aprendermos dos erros. Reconhecer o desportivismo, que os outros adversá-rios estão lá com os mesmos objectivos e por vezes podem ser melhor que nós.

Isso para quem queira atingir o sucesso que provenha da competência e o trabalho. Há muitas situações em Moçambique que demonstram que po-demos atingir o sucessso através de ou-tras formas, como por exemplo a cor-rupção.

O que acha da Federação Mo-çambicana de Futebol?

A Federação pouco faz para o de-senvolvimento do futebol em Mocam-bique. Não há planos. São simples ac-ções ocasionais. Não há trabalho de ba-se, quer em nível de formação de trei-nadores e dirigentes, bem como no me-lhoramento de infraestruturas desporti-vas. Prometeram fazer um campo rel-vado em cada província do país no pri-meiro mandato, mas não fizeram ne-nhum.

No nosso futebol, tem havido

equipas protegidas pela arbitragem?Tem havido sim, mas não em

grande quantidade. As grandes equi-pas, com o poder de ter o dinheiro de uma forma descontrolada, podem ma-nipular jogadores, árbitros, técnicos, di-rigentes e jornalistas. Há uma manipu-lação completa que transforma os cam-peões nos organizadores e planificado-res dos campeonatos.

Que equipa moçambicana não treinaria e porquê?

Não me sentiria bem, não me sentiria limpo no meu trabalho, trei-nando a Liga Muçulmana. Não consi-go rever-me na forma de estar de alguns dos seus dirigentes, gosto de assistir a Liga Muçulmana jogar. Sei que neste futebol existe muita manipulação, cor-rupção, com base numa situação de po-der que está instituído porque se sen-te que se tem uma protecção e se sen-te intocável.

O que significam para si os mais dos dez títulos conquistados?

Somos campeões porque os jo-gadores é que nos fazem ser, lógico que temos metas e objectivos de vencer.

“As grandes equipes podem manipularjogadores e árbitros”

“Os donos dos clubes são mandões na África do Sul”

“Não há planos de desenvolver o futebol na Federação”

Arnaldo Salvado não poupa dirigentes desportivos nem a Federação Moçambicana de Futebol; contudente, fala em corrupção, manipulação de jogadores e de árbitrosPor Cristina NdlateRepórter

O Especialista

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A fórmula de Chissano para o Campeonato Africano das Nações

Inserida no grupo “A”, a selecção nacional de futebol “os mambas” juntamente com a África do Sul, Nigeria e Mali participa do CHAN (CAN interno) de onze de Janeiro a 1 de Fevereiro 2014. O CHAN é o Campeonato Africano de Nações de futebol reservado aos jogadores que actuam nos seus respectivos paises e que exclui, por via disso, aqueles que militam no estrangeiro. Esta competição é conhecida também como CAN interno e vai na sua 3ª edição, sendo que “os mambas” participam pela primeira vez. Este grupo estará sediado na cidade do Cabo e é considerado o mais forte da competição. Teoricamente Moçambique é o menos favorito a passar à próxima fase. João Chissano, seleccionador nacional, encara este facto como sendo motivador para a equipa. “Aquele grupo em que calhamos, considerado o da morte, tem que fazer de nós um factor de motivação. Moçambique é considerado um outsider, ou o país que menos hipótese tem de se qualificar para outra fase, este aspecto pode jogar a nosso favor de forma a que vamos entrar desinibidos e vamos preparar-nos ao máximo”, disse. Sem delinear metas concretas, o timoneiro dos “mambas” realça ainda que a selecção estará na África do Sul para mostrar que pode lutar de ombro a ombro e peito aberto com as outras selecções tidas como grandes. E que os jogos serão encarados um a um de forma concentrada de

modo a obter o melhor resultado possível. “Queremos mostrar que Moçambique pode ombrear com as grandes selecções africanas sem intimidações e que temos qualidade. Vamos pensar jogo a jogo e obter o melhor resultado possivel”. Entretanto, a trajectória rumo ao CHAN de 2014 começa a ser preparada já no proximo mês de Novembro, imediatamente depois do jogo da final da taça de Moçambique que terá lugar entre 23 ou 24 do mesmo mês.Trinta dias de preparação divididos em três fases

O plano de preparação da selecção nacional para o CAN interno vai ser efectuado em três fases distintas, segundo João Chissano. Cada uma delas terá dez dias, sendo que a primeira envolverá observação e experiências de jogadores e vai decorrer logo depois do dia 24 de Novembro. A segunda arranca depois de um curto periodo de interregno e envolve a preparação geral fora do país (em princípio na África do Sul) entre os dias 15 e 16 de Dezembro até ao dia 28. Prevê-se dois dias de folga para os jogadores por ocasião da quadra festiva. A

terceira e última fase, vai iniciar no dia 2 de Janeiro e só vai terminar com o fim do CHAN. Por sua vez, o secretário-geral da Federação Moçambicana de Futebol (FMF) Filipe Johane, deu a conhecer que bem antes do início deste processo preparatório Moçambique, através da Federação Moçambicana de Futebol (FMF), estará representado no workshop organizado pela Confederação Africana de Futebol (CAF) para as selecções nacionais participantes no CHAN em Johanesburg. O objectivo é identificar os locais e ambientes onde “os mambas”, juntamente com as outras equipas. vão estar. “Vamos participar no workshop organizado pela CAF para as equipas que estarão no CHAN para identificar os locais onde as selecções vão estar”, frisou. Em relação às expectativa daquilo que pode vir a ser esta participação do combinado nacional os adeptos mostram-se confiantes numa boa campanha da equipa nacional. “as expectativas são boas mas há que recordar das nossas dificuldades. Não podemos pressionar. É uma equipa nova liderada por uma equipa técnica jovem e precisam do seu tempo”. disse Inácio Macamo um dos adeptos dos mambas. “Olhando para as que estão qualificados ao CHAN podemos ver que não são de outro mundo. A nossa parece estar muito mais motivada pois são jogadores que precisam de estar neste CHAN para serem vistos com os outros paises e treinadores”. “Quanto ao CAN interno na África do Sul, se os mambas continuarem como tem vindo nestes últimos jogos podemos chegar longe.

Os Mambas vão jogar no Green Point, no Grupo da Morte, aumentando o desafio do treinador e da equipe de um resultado positivo capaz de destacar o trabalho técnico

Gestores desportivos defendem que a formação de jogadores nos últimos tempos tem sido uma necessidade dada a crise que se vive no nosso desporto em geral e no futebol em particular. Segundo eles, essa já constitui uma exigên-cia para melhores resultados no futuro. As escolas de formação de jogadores de futebol, são, em regra geral, destinadas às crianças dos 7 aos 16 anos de idade. Benjamim Uamusse, patrono de uma das primeiras escolas de formação de jogadores de futebol Liga Big Ben Desporto, alinha no mesmo diapasão dos vários intervenientes desportivos que as escolas de formação sejam o futuro do nosso futebol. Para Benjamim Uamusse, as escolas de formação de joga-dores são criadas com o objectivo de ocupar as crianças nos seus tempos livres jogando futebol num ambiente saudável: “…a princípio a ideia era ocupar as crianças órfãs e as que não estudavam, mas porque o futebol é para todos, acabamos abrindo espaço para todos os miú-dos”. Uamusse defende que outro objectivo da criação da escola de

formação de jogadores é a procura da descoberta de potenciais talen-tos a partir de torneios realizados para esse fim. Na escola Liga Big Ben Desporto, o que se pretende é apenas a descoberta de talentos isto é um jogador familiarizado com a bola, incutindo neles o gosto pelo futebol. Sobre a questão dos treinadores de formação Ua-musse (Big-Ben), admite que existe um grande défice pois estes não possuem uma formação específica para lidar com jogadores daquela faixa etária, então recorre-se aos ex-praticantes da modalidade ou

a alguns jovens que os chamou de curiosos. As crianças que fazem parte da escola Liga Big Ben, são provenientes do mesmo bairro onde esta localizada a escola (bairro da Polana Caniço “A”) e dos bairros circunvizinhos, o que diminui alguns custos relativos ao transporte.

Gestores querem mais investimento

Estruturas reabilitadas

Moçambique organizou há dois anos o maior evento desportivo em África. Trata-se de jogos africanos Maputo 2011, realizado em Setembro, na capital do país. Segundo Inácio Bernardo, Moçambique investiu cerca de 240 milhões de dólares norte-americano, para a construção da Vila Olimpica e a reabilitação de infra-estruturas. Bernardo disse ao O Especialista que os benefícios dos jogos africanos trouxeram um legado desportivo ao país.” Actualmente Moçambique tem instâncias desportivas com o nível de acolher os campeonatos africanos, o que não acontecia antes dos jogos africanos” concluiu a fonte a firmando que o anexo de pavilhão de Maxaquene, a pista da vila olímpica e as duas piscinas erguidas em Maputo constituem ganhos desportivos e são mais-valia para o desporto nacional.Segundo Penalva Cezar, Director Geral adjunto para área de desporto do Comité Organizador dos Jogos Africanos (COJA), Moçambique ganhaou igualmente o Complexo de Remo e Canoagem em Chidenguele na provincia de Gaza.

Edson ManjateRepórter

Chissano terá que “vencer a morte”.

Expectativa para jogadores, treinador e torcedores: os Mambas vão jogar no estádio Green Point, no Grupo A, considerado difícil.

Edmundo ManiqueRepórter

Diamantino Jaime LauchandeRepórter

Pavilhão do Maxaquene: estrutura conservada

O Especialista

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O presidente da Federação Mo-çambicana de Futebol (FMF), Faizal Sidat, afirma que o factor responsá-vel pelo fraco desenvolvimento do desporto nacional é a falta de atletas com um bom nível de escolaridade.

Faizal defende que o país precisa de atletas intelectuais para desenvolver o deporto. “Hoje o desporto é ciência, é investigativo. Portanto, precisamos de atletas in-telectuais. Enquanto os nossos não estudarem, vamos ter um desporto muito debilitado em Moçambique”.

Para sustentar o seu argumen-to, a fonte trouxe a título de exem-plo a seleção sénior femenina de basquetebol que recentemente par-ticipou no Afrobasket, tendo con-quistado o segundo lugar que lhe garantiu o apuramento para o próxi-mo mundial da modalidade, que vai ser disputado na Turquia em 2014.

“O sucesso da seleção femeni-na de basketebol tem relação com o nível de escolaridade das atletas: a maior parte delas é formada por es-tudantes universitárias”.

Questionado sobre os de atle-tas com nível superior na seleção nacional de futebol, Sidat teceu os seguintes comentários: “os atletas com formação superior na seleção nacional são muito poucos, contam--se à dedos. É por isso que depois dos jogos vão aos copos”.

Por seu turno, o ministro da Juventude e Desporto, Fernando Sumbana Júnior, defende que os atletas universitários podem in-crementar maior qualidade e desta forma contribuir para o seu cresci-mento.

“Acredito que os atletas uni-versitários podem desenvolver o nosso desporto, sendo que estes além de talento têm ciência. O que naturalmente lhes permite ter uma outra visão em relação aos demais no que concerne a prática do des-porto”.

A Escola Superior de Ciências do Desporto (ESCIDE) da UEM, através do Centro de Desenvol-vimento de Desporto e Educação Física (CDDEF), contribui para a promoção e desenvolvimento do desporto universitário em Moçam-bique, realizando provas regulares, a Liga UEM (o maior campeonato universitário à nível local), a su-pertaça universitária e os Jogos da UEM, respectivamente. As provas comportam quatro modalidades principais, o futebol 11, basketebol, futsal e handebol.

Segundo Paulo Gumende, or-ganizador das provas, o objectivo principal dos jogos é oferecer aos estudantes um espaço de socializa-ção e convívio.

“O objectivo primário da re-alização das provas que a ESCIDE promove é de permitir a socializa-ção, confraternização e convívio entre os estudantes e a comunidade académica no geral”.

A organização das provas é feita por estudantes que cursam a gestão de desportos naquela insti-tuição superior. De acordo com a fonte, as provas são suportada pelo orçamento geral do estado no valor de 1.900.000MZN.

Associação do Desporto Universitário (ADU) da Cidade de Maputo, órgão responsável pela or-ganização das provas à nível local, e a Federação do Ensino Médio Su-perior (FEDEMS), responsável à ní-vel nacional, seriam “inoperantes”,

factor que contribuiria para a fraca expressão do desporto universitário no país.

Hélio de Sousa, coordenador do desporto na universidade Poli-técnica, defende que a inoperância destes organismos abre espaço para que haja uma desorganização inter-na das universidades, sendo que es-tas não são supervisionadas.

“As provas universitárias nes-te momento estão numa fase mui-to conturbada porque as entidades competentes para promoverem e su-pervisionar o desporto universitário à nível local e nacional são inope-rantes. Não temos provas regulares, não sabemos se as universidades todas estão organizadas para partici-par nas provas”, frisou a fonte.

Sousa defende que a criação de órgãos internos a nível das uni-versidades é a única forma de de-senvolver o desporto universitário no país.

“Há necessidade de se traba-lhar na reorganização, passando por envolver as universidades no órgão que promove e supervisiona as ati-vidades, as competições.

A melhor forma de pormos o desporto a funcionar a nível das universidades, é com a criação de órgãos internos com vista a supervi-sionar”, frisou.

Por outro lado, Gumende e Frantz Munyangaju, coordenador geral do desporto na Universidade São Tomás (USTM), defendem que a inércia destes organismos obriga as instituições a tomarem a iniciati-va de uma maneira que não é a ideal.

“A falta de intervenção destes órgãos obriga as instituições a orga-nizarem as competições internas de forma isolada. Uma das maneiras de resolver essa situação é a reali-zação da Taça Univesitária”, disse

Gumende.“Organizamos as provas uni-

versitárias de forma isolada porque a ADU e FEDEMS não se fazem sentir. Por exemplo, há dois anos que organizamos a Copa Universi-tária USTM Futsal, onde convida-mos outras instituições de ensino superior, como a UEM, Instituto Superior de Ciência e Tecnologia de Moçambique (ISTEC), Universi-dade Pedagógica (UP), etc.”, disse Munyangaju.

Tentativas da reportagem de O Especialista de ouvir a ADU e FEDEMS redundaram em fracasso.Os principais intervenientes da Liga UEM, jogadores e equipa técnica, consideram que as competições uni-versitárias constituem um espaço de oportunidade para progressão na carreira.

Entretanto, Jorge Manuel, jo-gador da Faculdade de Engenharia, defende que os campeonatos uni-versitários deveriam trabalhar com os clubes no sentido de serem fon-tes de alimentação, no que concerne aos recursos humanos, os jogadores.

“Eu penso que a organização da liga universitária deveria traba-lhar em coordenação com os clubes, para que os olheiros venham obser-var e identificar talentos que possam resultar em sucesso”.

Para o treinador da USTM, Nino Manjane, os campeonatos uni-versitários representam um espaço de oportunidade para progredir e alcançar outras competições impor-tantes também..

“A Liga Universitária é um es-paço de projeção de atletas e não só. Como treinador, tenho ambições de chegar aos campeonatos profissio-nais. Acredito que posso conseguir atingir os meus objectivos a partir desta liga”, acrescentou.

Por Jaime MulimaRepórter

Para Faizal Sidat, faltam atletas letrados no desportoMinistro Fernando Sumbana Junior afirma que universitários têm contribuição importante a dar para as competições nacionais

“A Liga Universitária é um espaço de projeção de atletas. Como treinador, tenho ambições de chegar aos campeonatos profissionais, afirma Nino Manjate

Ministro do Desporto de Moçambique

Poucos atletas com nível universitários no desporto do país: “É por isto que depois das competições eles vão aos copos”, disse o presidente da Federação Moçambicana de Futebol. Munyangaju: “eles são inoperantes”

Gumende, da Universidade E. Mondlane

O Especialista

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Relva tem que melhorar para que jogos no 25 de Junho, Desportivo de Tete e no Campo da Manga

Três campos não têm qualidade para o Moçambola

Treinador expulso do país é caso inédito

O presidente da Liga Moçam-bicana de Futebol, Alberto Simango Júnio, tem na mira três campos de futebol que no próximo ano pode-rão deixar de acolher os jogos do Moçambola, se os pisos não forem revistos e melhorados por parte dos clubes em causa. 25 de Julho, Des-portivo de Tete e Campo da Manga estão prejudicados.

Estas declarações surgem numa altura em que alguns campos que acolhem a maior prova futebo-listica do país, o Moçambola, terem sido alvo de duras criticas por parte de alguns treinadores de futebol.

A titulo de exemplo, o treina-dor do Clube de Chibuto, Vitor Pon-tes, considerou que estes e mais al-guns campos do Moçambola devem ser banidos para não por em causa o brilho do espectáculo do jogo e a integridade física dos atletas.

O técnico português que se mostrou agastado com os recintos que acolhem os jogos, frisou a ne-cessidade de se mudar o conceito que se tem do profissional do Mo-çambola, porque esta prova é a mostra do futebol moçambicano.

Na sua opiniao só se pratica bom futebol em Moçambique nos campos/estádios como o da Liga Muçulmana, Vilankulos, HCB do Songo, Matchedje, Nacional do Zimpeto e os sintéticos da Machava e Costa do Sol, que segundo Vitor Pontes, são campos em condições que permitem a prática de futebol, no entanto, o resto deve ser banido.

“Muita coisa deve ser altera-da começando da própria organiza-ção da prova, evitando ao máximo as excessivas paragens que não abonam em nada a competição. O melhor futebol é praticado em me-lhores campos/estádios”, finalizou Vitor Pontes.

O técnico português Vítor Pontes, que chegou ao Clube do Chibuto no fim da época passada para substituir Abdul Omar no co-mando, disse que apesar das adver-sidades desta temporada, mostra-se feliz por ter conseguido ficar em sétimo lugar na época passada do Moçambola e pela boa campanha que vem tendo na competição 2013

e na taça de Moçambique Mcel, respectivamente, ressalvando que o objectivo é fazer o melhor que o ano transacto.

A 23 de Novembro proximo, o Clube de Chibuto defronta o Fer-roviário da Beira, em desafio da final para a Taça de Moçambique – Mcel, facto que a direcção do Clube de Chibuto caracteriza como algo histórico para o clube e a provincia de Gaza no geral.

Arnaldo Salvado insurgiu-se contra o campo da Manga. Estavam disputadas 17ª jornadas do moçam-bola - 2013, quando o técnico do Maxaquene Arnaldo Salvado, ficou suspenso por criticar o campo da Manga na cidade da beira.

No fim do jogo com Estrela Vermelha da Beira, na Manga (1 x 1), o treinador de Maxaquene disse que “ infelizmente os dirigentes da Liga Moçambicana de Futebol con-tinuam a marcar jogos para este re-cinto, como não percebem nada de futebol, penso que se aqui houves-

se corridas de cavalos, os mesmos dariam entrevistas a dizer que nem eles aguentariam correr “, referiu.

Arnaldo Salvado lançava assim duras critícas ao campo da Manga, na Cidade da Beira. Rea-gindo a sua suspensão de um mês, o técnico do Maxaquene foi mais lon-ge e afirmou: “Acho que esta pro-va não passa de uma prepotência e autentica ditadura, é uma prova que está totalmente desorganizada, com

jornadas a serem adiadas e trocadas, quer dizer, isto não é prova não é nada, esta é uma época completa-mente ridícula “, finalizou Salvado.

O treinador da Liga Muçulma-na de Maputo alinha no mesmo dia-

pasão e teceu os seguintes comenta-rios “ é lamentável que se continue a aprovar este tipo de campos que para além de não ter condições para a prática do futebol, põe em causa a integridade fisíca dos jogadores e retira o brilho do espectaculo do próprio jogo “, considerou.

Para além dos tres campos que configuarm na lista do Presidente da LMF, os treinadores acrescentaram o campo do Chibuto, e do Caldeirão de Chiveve na cidade da Beira, que devem ser banidos ou melhorados.

Por parte da Liga Moçambi-cana de futebol, houve espaço para reagir as inquietações dos treinado-res sobre os recintos desportivos, na pessoa do presidente do organismo, Alberto Simango Jr, que disse : “ esta é a realidade de campos que o nosso país tem, o que acontece é que quando iniciamos uma época fute-bolistícia estes recintos apresentam--se com minímas condições, que ao decorrer do campeonato os mesmos vão se desgastando com o número de jogos que acolhem. Para o ano as coisas poderão mudar.

“É da responsabilidade dos clubes que estão ou entram ao Mo-çambola, maior prova futebolisti-ca do país, garantir ao menos um campo condigno e com a respectiva segurança nos recintos desportivos, esclareceu Alberto Simango Junior. “Para o ano seremos implacáveis”, finalizou.

“Cavalos correndo aquiaqui dariam entrevista reclamando”

Arnaldo SalvadorTreinadorClube Maxaquene

No rol dos aspectos que marcaram o moçambola - 2013, foi recentemente expulso do país, o técnico português Diamantino Miranda, que estava vínculado ao Costa do Sol, por ter proferido palavras consideradas ofensivas ao país que o acolheu chaman-do os moçambicanos de ladrões, dizendo que num país à sério, todos estariam presos. Diamantino disse aos jornalistas que estes se vendem a um prato de sopa.

Com estas palavras, Dia-mantino Miranda reagia assim aos jornalistas em Vilankulo, após a derrota da sua equipa frente ao Vilankulo FC por duas bolas a uma, em jogo da 18ª jornada do moçambola.

Segundo o porta-voz do Mi-nisterio da Juventude e Desportos, Jose Dimitri, este caso passou a ser um assunto de Estado, daí que logo foi entregue a uma comissão mista composta pelo Ministério da Juven-tude e Desportos, do Trabalho, e do Interior.

Para Dimitri, os pronuncia-mentos de Diamantino Miranda feriram a honra e a dignidade do país e dos moçambicanos, fac-to que a Ministra do Trabalho, Helena Taipo veio a sublinhar no seu comunicado de imprensa que dava a conhecer a expulsão de Diamantino Miranda do país, com um prazo de 48 horas para deixar o solo pátrio.

Diamatino Miranda che-gou ao Costa do Sol no inicio da época passada para substituir João Chissano no comando da equipa tecnica, onde foi lhe incumbida a missão de devolver glória à turma canarinha que há muito não ga-nhava o titulo de Moçambola.

No seu primeiro ano no Costa do Sol, o melhor que conseguiu foi o 3º lugar na classifição geral e final do Moçambola 2012. As responsabilidades acresceram –se ao técnico português que logo no principio de 2013 se posicionou como sério candidato ao título.

Disputadas 19ª jornadas, Costa Sol se encontrava na 8ª po-sição com 27 pontos, três lugares abaixo da época passada, ou seja, a estas alturas em 2012, a turma canarinha estava na quinta posição com 29 pontos.

Diamantino Miranda deixa o Costa do Sol numa posição incómoda, na qual ja não permite alcançar o primeiro lugar, ou seja, fica esfumada a possibilidade de ganhar o título de moçambola, restando para já a possibilidade de pelo menos garantir o 3º lugar da época passada.

Para o que resta do campe-onato, foi confiada a missão de treinar o Costa do Sol o técnico Rafael Maposse, mais conhecido nos meandros desportivos por ‘‘ Mister Garrinha’’.

“Acho que esta prova é prepotência,autêntica diatura”Arnado SalvadorTreinadorClube Maxaquene

“Muita coisa deve mudar, começando pela organização”

Vitor PontesTreinadorClube de Chibuto

Amós Zazharias

Arnaldo Salvado, do Maxaquene

Diamantino Miranda: 48 horas de prazo.

Victor Pontes, durante entrevista: ex-treinador do clube de Chibuto.

Hassane DaudeRepórter

30 diasde suspensão

O Especialista

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