O Estilo Motivacional do Professor e a Motivação Intrínseca dos Estudantes - Uma Perspectiva da Teoria da Autodeterminaçªo

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    A escola representa para a sociedade ocidental uma fontesocializadora de grande impacto na vida das pessoas. Paraalcanar seus objetivos necessrio, no entanto, que sepromova entre os estudantes interesse genuno e entusiasmopela aprendizagem e desempenho escolar (Pajares & Schunk,2001).

    A motivao no contexto escolar tem sido avaliadacomo um determinante crtico do nvel e da qualidadeda aprendizagem e do desempenho. Um estudante

    motivado mostra-se ativamente envolvido no processode aprendizagem, engajando-se e persistindo em tarefasdesafiadoras, despendendo esforos, usando estratgiasadequadas, buscando desenvolver novas habilidades decompreenso e de domnio. Apresenta entusiasmo naexecuo das tarefas e orgulho acerca dos resultados de

    O Estilo Motivacional do Professor e a Motivao Intrnseca dos Estudantes:Uma Perspectiva da Teoria da Autodeterminao

    Sueli di Rufini Guimares1 2 3

    Universidade Estadual de Londrina

    Evely BoruchovitchUniversidade Estadual de Campinas

    Resumo

    A Teoria da Autodeterminao foi proposta com o objetivo de compreender os componentes da motivao intrnseca eextrnseca e os fatores relacionados com a sua promoo. Nessa perspectiva, so abordadas a personalidade e a motivaohumana, concentrando-se nas tendncias evolutivas, nas necessidades psicolgicas inatas e nas condies contextuais favorveis motivao, ao funcionamento social e ao bem estar pessoal. No contexto da pesquisa educacional, a motivao intrnseca temsido relacionada ao envolvimento dos alunos com as tarefas de aprendizagem, pela preferncia por desafios, persistncia,esforo, uso de estratgias de aprendizagem, entre outros resultados positivos. Partindo da Teoria da Autodeterminao, esteartigo tem como objetivos analisar os conceitos relativos motivao intrnseca, postulados nessa teoria, refletir sobre o papeldo professor, mas especificamente sobre seu estilo na promoo desse padro motivacional no aluno, bem como discutir asimplicaes educacionais deste tema.

    Palavras-chave: Motivao intrnseca; teoria da autodeterminao; estilo motivacional do professor.

    Teachers Motivational Style and Students Intrinsic Motivation: The Self-determination Perspective

    Abstract

    The Self-determination Theory has the purpose of understanding the intrinsic and extrinsic components of motivation, and thefactors that contribute for its promotion. In this perspective personality and human motivation are considered in terms ofdevelopmental tendencies, innate psychological needs and contextual variables which favour motivation, social functioning andpersonal well-being. In the context of educational research, intrinsic motivation has been characterized by students involvementin learning tasks due to their preference for challenges, persistence, effort, as well as by their use of learning strategies. In linewith that, the objectives of this paper are not only present and analyze the concepts related to intrinsic motivation accordingto the Self-determination Theory, but also reflect upon the teachers role and style in the promotion of students intrinsicmotivation. Educational implications are also discussed.Keywords: Intrinsic motivation; self-determination theory; teacher motivational style.

    seus desempenhos, podendo superar previses baseadas emsuas habilidades ou conhecimentos prvios.

    A motivao intrnseca o fenmeno que melhorrepresenta o potencial positivo da natureza humana, sendoconsiderada por Deci e Ryan (2000), Ryan e Deci (2000a),entre outros, a base para o crescimento, integridadepsicolgica e coeso social. Configura-se como umatendncia natural para buscar novidade, desafio, para obtere exercitar as prprias capacidades. Refere-se ao

    envolvimento em determinada atividade por sua prpriacausa, por esta ser interessante, envolvente ou, de algumaforma, geradora de satisfao. Tal envolvimento consideradoao mesmo tempo espontneo, parte do interesse individual,e autotlico (Csikszentmihalyi, 1992), isto , a atividade umfim em si mesma.

    As descobertas sobre as orientaes motivacionaisautodeterminadas, ou seja, a motivao intrnseca e as formasauto-reguladas de motivao extrnseca, representamalternativas promissoras para se alcanar o envolvimentodos estudantes com a escola e com sua prpria educao

    1 Apoio financeiro CAPES - Bolsa de capacitao.2 Endereo para correspondncia: Rua Rangel Pestana, 340, 1301, 86062 020, JardimCampo Belo, Londrina, Paran. E-mail:[email protected] Trabalho parte da tese de doutorado da primeira autora, sob orientao dasegunda autora, no Programa de Doutorado em Educao da UNICAMP.

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    (Deci, Vallerand, Pelletier & Ryan, 1991). Procurandocompreender os determinantes motivacionais e descobrircontextos promotores das formas autodeterminadas demotivao, foi desenvolvida a Teoria da Autodeterminao.

    Assim sendo, so objetivos deste artigo introduzir e analisaros conceitos e os determinantes relacionados motivao

    intrnseca, usando como referencial terico a Teoria daAutodeterminao. Tem-se em vista refletir sobre o papeldo professor na promoo da motivao intrnseca, bemcomo discutir as implicaes educacionais deste tema que,embora apontado como relevante pela literatura internacional(Amabile, Hill, Hennessey & Tighe, 1994; Andersen, Chen& Carter, 2000; Cai, Reeve & Robinson, 2002, Guay, Boggiano& Vallerand, 2001; Pelletier, Sguin-Levesque & Legault,2002; Ryan & Deci 2000a, 2000b; entre outros), ainda poucodifundido no Brasil .

    Uma Introduo Teoria da AutodeterminaoSegundo reviso realizada por Deci e Ryan (2000),

    nos anos 1970, principalmente nos Estados Unidos daAmrica, ainda era evidente a influncia das abordagenscomportamentais na psicologia emprica. Influenciados pelasproposies de White (1975) a respeito do envolvimentodas pessoas em atividades apenas pela busca de eficcia oude competncia, como tambm pelas idias de deCharms(1984) sobre a propenso natural humana para ser agentecausal das prprias aes, alguns pesquisadores iniciaram aexplorao do conceito de motivao intrnseca. Em 1975,Deci (citado em Deci & Ryan, 2000) apresenta a organizaodessas concepes tericas no livro intitulado IntrinsicMotivationafirmando que, para serem intrinsecamentemotivadas, as pessoas necessitariam se sentir competentes eautodeterminadas. Em sua argumentao, contraps asafirmaes de Skinner (1998) acerca da ligao funcionalentre comportamento e reforamento, reiterando que oscomportamentos intrinsecamente motivados seriamindependentes de conseqncias operacionalmente separadasporque, nesse caso, a realizao da atividade seria a prpriarecompensa. Alm disso, nesse trabalho, props o conceitode necessidades psicolgicas bsicas, apontadas como

    determinantes do comportamento intrinsecamente motivado,contrariando idias anteriores de que todo comportamentoseria funo da satisfao de necessidades fisiolgicas.

    Segundo Deci e Ryan (2000), centenas de estudos foramdesenvolvidos a partir dessa etapa sendo que, em sua maioria,buscavam comparar a motivao intrnseca com a motivaoextrnseca. Os resultados dessas investigaes indicavamque as recompensas materiais prejudicariam a motivaointrnseca, reduzindo o envolvimento na atividade para nveismenores do que os apresentados antes da introduo dasrecompensas. As explicaes para o problema tomavam como

    base a idia de mudana na percepo do locusde causalidade(deCharms, 1984), isto , as pessoas deixavam de percebersuas aes como internamente guiadas para se sentiremexternamente comandadas.

    Com o incremento de trabalhos empricos, voltados paraa compreenso do fenmeno e o amadurecimento terico

    atingido, Deci e colaboradores (Deci & Ryan, 1985; Ryan,Connell & Deci, 1985) desenvolveram a Teoria da

    Autodeterminao, abordando a personalidade e a motivaohumanas, focalizando as tendncias evolutivas, asnecessidades psicolgicas inatas (consideradas como a basepara a motivao e integrao da personalidade) e ascondies contextuais favorveis motivao, aofuncionamento social e ao bem-estar pessoal. Estes autoresutilizaram, preferencialmente, metodologias experimentaisem suas investigaes, incluindo a manipulao direta de

    variveis contextuais e o subseqente exame dos seus efeitos

    sobre os processamentos internos e manifestaescomportamentais. Como resultados das investigaes, soidentificados, atualmente, diferentes tipos de motivao comoa regulao intencional, a autodeterminao e o controleexterno, tendo cada um deles conseqncias especficas sobreaprendizagem, desempenho, experincia e bem-estar pessoal.Segundo avaliao de Andersen e colaboradores (2000), omodelo proposto pela Teoria da Autodeterminao temrevolucionado os estudos sobre motivao intrnseca eextrnseca nas duas ltimas dcadas.

    A base inicial para a Teoria da Autodeterminao aconcepo do ser humano como organismo ativo, dirigidopara o crescimento, desenvolvimento integrado do sentidodo selfe para integrao com as estruturas sociais. Nesseempenho evolutivo estaria includa a busca de experinciascom atividades interessantes para alcanar os objetivos de:a) desenvolver habilidades e exercitar capacidades; b) buscare obter vnculos sociais; e c) obter um sentido unificado doselfpor meio da integrao das experincias intrapsquicas einterpessoais. Nessa perspectiva, consideram-se as aesautodeterminadas como essencialmente voluntrias eendossadas pessoalmente e, em contraposio, as aescontroladas como resultado de presses decorrentes de

    foras interpessoais ou intrapsquicas. No primeiro caso, aregulao do comportamento escolhida pela pessoa, j nosegundo caso, o processo de regulao pode ou no serconsentido. Aplicada ao contexto educacional, a Teoria da

    Autodeterminao focaliza a promoo do interesse dosestudantes pela aprendizagem, a valorizao da educao ea confiana nas prprias capacidades e atributos.

    Com o objetivo de compreender a energia e a direo docomportamento motivado, a Teoria da Autodeterminaopostula a existncia de algumas necessidades psicolgicasbsicas e inatas que movem os seres humanos, sendo

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    definidas como os nutrientes necessrios para umrelacionamento efetivo e saudvel destes com seu ambiente.Uma vez satisfeita, a necessidade psicolgica promovesensao de bem-estar e de um efetivo funcionamento doorganismo (Deci & Ryan, 1985, 1996, 2000; Deci & cols.,1991; Ryan & Deci, 2000a, 2000b).

    Segundo Deci e Ryan (2000), o emprego do conceito denecessidades favorece a descoberta de universaismotivacionais para as aes humanas que, por sua vez,representariam um substrato do qual poderiam ser extradose integrados fenmenos que, de um modo mais superficial,pareceriam sem vinculao. Alm disso, o conhecimentodas condies de satisfao das necessidades psicolgicasbsicas indicariam as caractersticas dos contextosfacilitadores da motivao, desenvolvimento e desempenho.

    Nesta perspectiva terica, a ateno para as necessidadesscio-emocionais dos estudantes essencial para a

    construo de um ambiente educacional potencialmentemotivador, principalmente por parte de professores eadministradores escolares. Assim, como um ponto de partidapara essa tarefa, preciso conhecer os conceitos e o que apesquisa emprica tem descoberto sobre o tema.

    A Teoria da Autodeterminao e as Necessidades de

    Autonomia, Competncia e de Vnculo

    Trs necessidades psicolgicas inatas, subjacentes motivao intrnseca, so propostas pela Teoria da

    Autodeterminao: a necessidade de autonomia, anecessidade de competncia e a necessidade de pertencerou de estabelecer vnculos. A satisfao das trs considerada essencial para um timo desenvolvimento esade psicolgica. Em situaes de aprendizagem escolar,as interaes em sala de aula e na escola como um todoprecisam ser fonte de satisfao dessas trs necessidadespsicolgicas bsicas para que a motivao intrnseca e asformas autodeterminadas de motivao extrnseca possamocorrer. Nesse sentido, a figura do professor tem um papelessencial na promoo de um clima de sala de aula favorvelou no ao desenvolvimento dessas orientaes motivacionais.

    Autonomia significa a faculdade de se governar por si

    mesmo; o direito ou faculdade de se reger (uma nao) porleis prprias; liberdade ou independncia moral ou intelectual.O adjetivo autnomo refere-se a agir sem controle externo(Ferreira, 1986). Para a Teoria da Autodeterminao, o conceitode autonomia vinculado ao desejo ou a vontade doorganismo de organizar a experincia e o prpriocomportamento e para integr-los ao sentido do self.

    A idia de necessidade psicolgica bsica deautodeterminao ou autonomia foi inspirada no trabalhode deCharms (1984) que, estendendo um conceito introduzidopor Heider (1958, citado em Deci & cols., 1985) sobre a

    causao pessoal, destacou a autodeterminao como sendouma necessidade humana inata, relacionada motivaointrnseca. Segundo essa perspectiva, as pessoas seriamnaturalmente propensas a realizar uma atividade poracreditarem que o fazem por vontade prpria, porque assimo desejam e no por serem obrigados devido a demandas

    externas sendo, nesse caso, denominadas origem ou comotendo locusde causalidade interno.

    O indivduo origem tem fortes sentimentos de causaopessoal e atribui as mudanas produzidas em seu contextos suas prprias aes. Em decorrncia dessa percepo,apresenta comportamento intrinsecamente motivado, fixametas pessoais, demonstra seus acertos e dificuldades, planejaas aes necessrias para viabilizar seus objetivos e avaliaadequadamente seu progresso.

    Em contrapartida, o locusde causalidade externo implicaem outro agente ou objeto, interferindo com a causao

    pessoal, levando a pessoa a se perceber como ummarionete, resultando em sentimentos negativos de serexternamente guiado. O indivduo com essa percepoacredita que as causas de seus comportamentos estorelacionadas a fatores externos, como o comportamento oua presso de outras pessoas. Perceber-se como externamenteguiado promove sentimentos de fraqueza e ineficcia,implicando no afastamento de situaes de desempenho,acarretando o desenvolvimento precrio daquelas habilidadesque possibilitariam uma melhor interao com eventos doambiente. Isto ocorre porque, ao sentir-se obrigado porfatores externos a realizar algo, o indivduo tem sua atenodesviada da tarefa, prejudicando assim a motivao intrnseca.Desse modo, o conceito de autonomia, segundo a Teoria da

    Autodeterminao, vinculado ao desejo ou a vontadepessoal de organizar a experincia e o prprio comportamentoe integr-los ao sentido do self.

    Ryan e Deci (2000a, 2000b) reconhecem que o conceitode autonomia no tem recebido ampla aceitao pelostericos da rea, mesmo estando apoiado em resultados dediversos estudos empricos. Enquanto a necessidade decompetncia e de pertencer ou estabelecer vnculos soobjetos de investigao de diversos autores, em vrias linhas

    tericas da psicologia, a Teoria da Autodeterminao estpraticamente sozinha na explorao do constructo denecessidade bsica de autonomia.

    Alguns autores tm questionado, por exemplo, se aautonomia realmente uma necessidade ou apenas umproduto da ideologia ocidental (Carver & Scheier, 2000).Para rebater tais crticas, Ryan e Deci (2000a, 2000b) afirmamque elas so embasadas em definies de autonomia queno coincidem com aquelas teorizadas e operacionalizadaspela Teoria da Autodeterminao. Em sua maioria, os crticosfalam de autonomia ligada a idias de independncia,

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    individualismo ou desapego e, bem diferente dessasdefinies, a necessidade de autonomia proposta pela Teoriada Autodeterminao tem como elementos centrais a vontadee a auto-regulao integradora. Em suma, autonomia aquisignifica auto-governo, auto-direo, autodeterminao.

    Seria inconcebvel imaginar, argumentam Deci e Ryan

    (2000), que houvesse alguma situao em nossa vida cotidianana qual pudssemos agir de modo totalmente independentedas influncias externas. O cerne da questo est no fato dapessoa contribuir com as foras que influenciam suas aes,ou seja, se ela permanece de modo passivo diante das dedemandas externas, um marionete na concepo dedeCharms (1984) ou, ao contrrio, as aceita, compreende-aspor seu valor e utilidade, percebendo-as como fonte deinformaes que servem de apoio para as suas iniciativas.

    A proposta de uma necessidade de competncia comofator determinante da motivao intrnseca foi baseada nos

    trabalhos de White (1975) que utilizou o termo competnciapara definir a capacidade do organismo de interagirsatisfatoriamente com o seu meio. No final da dcada de1950, White publicou um artigo que se tornou clssico,destacando como fora motivacional inata a necessidade doser humano agir de modo eficaz em seu ambiente. Os estudosde White (1975) foram influenciados pelo descontentamentocom as explicaes provenientes da teoria do driveque,segundo reviso de Weiner (1990) e Graham e Weiner (1996),teria sido a abordagem terica que mais influenciou ostrabalhos experimentais durante as dcadas de 1950 a 1970.

    De acordo com a concepo de White (1975), em virtudedas poucas aptides inatas dos seres humanos para um nveleficiente de interaes com o meio, faz-se necessrio queaprendam e desenvolvam as capacidades exigidas. Vista dessemodo, a competncia teria um aspecto motivacional queorientaria o organismo a tentativas de domnio, no podendoser atribuda a impulsos frente a necessidades especficasou a instintos. Esta necessidade de relacionamento eficazfoi considerada intrnseca, isto , a gratificao proporcionadaseria inerente prpria interao. A experincia de dominaruma tarefa desafiadora e o aumento da competncia delaresultante trazem emoes positivas, as quais White (1975)

    denominou sentimento de eficcia.A Teoria da Autodeterminao afirma que os eventos

    scio-contextuais que fortalecem a percepo decompetncia no decorrer de uma ao, por exemplo, ofeedbackpositivo em situaes de desafio de nvel timo, aumentama ocorrncia da motivao intrnseca. No entanto, somenteo sentimento de competncia no suficiente para promoverum aumento da motivao intrnseca. necessrio que sejaacompanhado por uma percepo de autonomia, ou seja, asituao no deve sufocar o senso de liberdade individual,como tambm a pessoa precisa se sentir responsvel pelo

    desempenho competente. Desse modo, parece que ascircunstncias que promovem a percepo de autonomia ede competncia, denominadas informativas, so promotorasda motivao intrnseca.

    As necessidades psicolgicas bsicas de competncia ede autonomia tm sido consideradas essenciais para a

    motivao intrnseca. No entanto, resultados de pesquisasapontam para uma terceira necessidade: a de pertencer oude estabelecer vnculos. No atual estgio de desenvolvimentoda rea, essa necessidade considerada menos central nadeterminao da motivao intrnseca, comparada snecessidades de competncia e de autonomia. Isto se deveao fato de que grande parte das atividades intrinsecamentemotivadas so realizadas isoladamente, por isso ela vistacomo um pano de fundo, uma sensao de segurana quepossibilita o desenvolvimento dessa tendncia inata para ocrescimento saudvel.

    Segundo Reeve e Sickenius (1994), Harlow, nos anos1950, j apontava que, para um desenvolvimento adequado,as pessoas necessitariam se sentir amadas e de manter contatointerpessoal, compondo uma base segura que sustentaria o

    mpeto de explorao para os indivduos em qualquer faseda vida. Embora os estudos sobre este tema tenham sedesenvolvido principalmente focalizando a interao entrepais e filhos pequenos, trabalhos envolvendo interaoprofessor/aluno confirmam a relevncia de se promoverem sala de aula um contexto de relao segura, no qual oprofessor demonstraria interesse e disponibilidade paraatender as necessidades e perspectivas dos alunos.

    Conceitualmente, a necessidade de pertencer seria umatendncia para estabelecer vnculo emocional ou para estaremocionalmente ligado e envolvido com pessoassignificativas. Baumeister e Leary (1995) a definem comouma necessidade universal, aplicvel a uma ampla diversidadede situaes, sendo fonte de influncia para padresemocionais e cognitivos. Nessa perspectiva, todas as pessoasseriam compelidas a estabelecer e manter, pelo menos emquantidade mnima, relacionamentos interpessoais positivos,duradouros e significativos. Quando essa necessidade frustrada, ao menos em parte, suas conseqncias afetam o

    equilbrio emocional e o bem-estar geral do indivduo.Para Osterman (2000), a percepo de segurana nos

    relacionamentos dos estudantes com pais, professores ecolegas associada autonomia, ao controle interno, aobom relacionamento com figuras de autoridade e a nveisadequados de ansiedade. Ao contrrio, sentimentos deinsegurana nos mesmos relacionamentos so vinculadosao baixo auto-conceito, incapacidade de agir de modoindependente e dificuldade ou incapacidade de seconformar com as normas. Os resultados das investigaesindicam que alunos seguros em relao a seus pais e

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    professores aceitam de forma mais positiva os fracassosacadmicos, so mais autnomos, mais envolvidos com aaprendizagem e se sentem melhor a respeito de si mesmos.

    De acordo com a reviso de Baumeister e Leary (1995),os estudantes que se sentem aceitos em seus diferentesrelacionamentos desenvolvem uma orientao positiva em

    relao escola, aos trabalhos e atividades escolares e aosprofessores. Crianas consideradas rejeitadas pelos colegaspercebem a escola de modo significativamente desfavorvel,faltam muito s aulas e apresentam nveis de desempenhomais baixos, comparadas s outras crianas mais integradas.Enfatizam os autores que a rejeio relacionada a vriasmodalidades de estresse emocional, incluindo a solido, a

    violncia e o suicdio. Alm disso, os comportamentosagressivos dos alunos que se sentem rejeitados na escolaso os recursos que eles tm para tentar estabelecer oumanter relaes com os demais membros daquele grupo.Lamentavelmente, alm de frustradas suas tentativas, os seusrelacionamentos tornam-se ainda mais prejudicados.

    Um aspecto particularmente importante, destacado porOsterman (2000), refere-se ao apoio oferecido pelosprofessores. Comparado ao apoio por parte da famlia e doscolegas, o oferecido pelo professor tem uma influncia diretasobre o envolvimento dos alunos com a escola e com asatividades escolares. Segundo o autor, o papel do professordeveria ser cuidadosamente analisado, possibilitando umacompreenso mais adequada dos motivos comumenteatribudos falta de motivao ou de atitudes imprpriasdos estudantes em relao escola. Geralmente, os

    problemas neste mbito so associados a causas internas,particulares do aluno, ao seu ambiente familiar ou ao prpriogrupo de colegas a que pertence.

    A ligao entre as necessidades psicolgicas bsicas depertencer ou estabelecer vnculos e de autonomia, comodeterminantes da motivao intrnseca pode, primeira vista,parecer inconsistente. No entanto, Ryan e Stiller (1991)argumentam que ser autnomo no implica em serdesvinculado das outras pessoas, mas depende da percepode ser agente e autodeterminado. Alm disso, a autonomiatem seu pleno desenvolvimento naquelas situaes em quecrianas e adolescentes podem se sentir vinculados a adultos

    significativos.As trs necessidades psicolgicas bsicas, de competncia,

    autonomia e vnculo, so integradas e interdependentes.Desse modo, a satisfao de cada uma delas refora efortalece as demais (Deci & Ryan, 2000). Conseqentemente,os contextos sociais facilitadores da motivao intrnsecatm em comum interaes que consideram as necessidadesde seus membros e so zelosos em supr-las.

    Na escola, a qualidade do relacionamento entreprofessores e alunos, influenciada em grande medida peloestilo motivacional dos primeiros, revela-se a fonte principal

    de satisfao ou frustrao das necessidades psicolgicasdos estudantes. Tendo em vista a relevncia do estilomotivacional do professor na promoo da motivaointrnseca dos alunos, a seguir este constructo ser definidoe sero apresentados estudos que fornecem subsdios parauma melhor compreenso dessa relao.

    O Estilo Motivacional do Professor e a Motivao

    Intrnseca do Aluno

    A motivao intrnseca do aluno no resulta de treinoou de instruo, mas pode ser influenciada principalmentepelas aes do professor. Embora no se desconsiderem ascrenas, conhecimentos, expectativas e hbitos que osestudantes trazem para a escola, a respeito da aprendizageme da motivao, o contexto instrucional imediato, ou seja, asala de aula, torna-se fonte de influncia para o seu nvel deenvolvimento (Ames, 1992; Givvin, Stipek, Salmon &

    Macgyvers, 2001; Guthrie & Alao, 1997; Stipek, 1998).De acordo com Reeve (1998) e Reeve, Bolt e Cai (1999),o estilo motivacional refere-se crena e confiana doprofessor em determinadas estratgias de ensino e demotivao. Algumas pessoas teriam personalidades mais

    voltadas para o controle, ou seja, personalidades autoritrias,enquanto outras tenderiam mais a respeitar o outro em suasinteraes. A possibilidade de apoiar a autonomia alheia seriafruto de um estilo interpessoal composto, em parte, porcaractersticas de personalidade e por habilidades adquiridas.Estas habilidades, passveis de aprendizagem, incluiriamtomar a perspectiva da outra pessoa, reconhecer seussentimentos, usar linguagem no-controladora, oferecerinformaes importantes para tomadas de deciso, entreoutras. O estilo motivacional do professor considerado,portanto, uma caracterstica vinculada personalidade, mas vulnervel a fatores scio-contextuais como, por exemplo,o nmero de alunos em sala de aula, o tempo de experinciano magistrio, o gnero, a idade, as interaes com a direoda escola, as concepes ideolgicas, entre outros. Almdisso, a interao dos professores com seus alunos extrapolaas disposies pessoais por englobar a sua percepo acercado envolvimento dos estudantes, das presses sofridas no

    decorrer do ano letivo, provenientes das relaes com acomunidade, como pais e diretores e o tipo de avaliao dotrabalho utilizado pela escola.

    Os estudos desenvolvidos sobre o tema tm consideradodois estilos motivacionais do professor, propostosinicialmente por Deci, Schwartz, Sheinman e Ryan (1981),que variam em um continuum de altamente controlador aaltamente promotor de autonomia. Os professoresfacilitadores da autonomia de seus alunos nutrem suasnecessidades psicolgicas bsicas de autodeterminao, decompetncia e de segurana. Para que isso ocorra, eles

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    oferecem oportunidade de escolhas e defeedback significativos,reconhecem e apiam os interesses dos alunos, fortalecemsua auto-regulao autnoma e buscam alternativas para lev-los a valorizar a educao, em suma, tornam o ambiente desala de aula principalmente informativo. Apoiar a autonomiados alunos significa, nessa perspectiva, incentiv-los a fazerescolhas, a participar das tomadas de deciso sobre suaeducao e lev-los a se identificar com as metas deaprendizagem estabelecidas em sala de aula. importantedestacar que, para fortalecer a percepo de autonomia, asopes de escolha oferecidas aos alunos devem serreferentes a aspectos importantes do contexto deaprendizagem, que uma vez escolhidas tornem-se reais, quetodas as informaes sobre as opes sejam explicitadas,objetivando uma escolha segura (Guthrie & Alao, 1997).

    Em contrapartida, os professores que confiam em umestilo relativamente controlador estabelecem para seus alunosformas especficas de comportamentos, sentimentos ou depensamentos, oferecendo incentivos extrnsecos econseqncias para aqueles que se aproximam do padroesperado. No ambiente de sala de aula o controle a principalcaracterstica.

    No h dvida de que o estilo motivacional do professorconfigura-se em uma importante fonte de influncia para odesempenho, emoes e motivao dos alunos em relao escola. Pesquisas tm demonstrado ser este um fatorrelativamente estvel durante o ano letivo. Patrick,

    Anderman, Ryan, Edelin e Midgley (2001), em um estudoempregando metodologias qualitativas e quantitativas,descobriram que as normas, as interaes e as prticas deensino, apresentadas no incio do ano letivo, no tiveramgrandes modificaes no decorrer do perodo, mas foramfonte de influncia para as percepes dos alunos sobre asestruturas de meta presentes em sala de aula.

    As estruturas de meta referem-se aos objetivosassinalados e aos padres comportamentais valorizados emsala de aula, transmitidas aos alunos de modo implcito ouexplcito por meio das diversas aes do professor como,por exemplo, as caractersticas das atividades solicitadas, asformas de avaliao, de reconhecimento dos interesses enecessidades dos estudantes, os critrios para formao degrupos, o uso do tempo e o modo como o professorcompartilha a autoridade. Tais estruturas influenciam as metasadotadas pelos alunos em relao escola, aos trabalhosescolares e, de modo geral, em relao a sua educao. Paraum maior aprofundamento no assunto, as metas de realizaoso apresentadas no trabalho de Bzuneck (2001) e aorganizao da escola e da sala de aula visando a motivaodos estudantes descrita em Guimares (2001).

    Resultados de pesquisas, realizadas com alunos desde oensino fundamental at o nvel universitrio, indicam quealunos de professores com estilo motivacional promotor deautonomia demonstram maior percepo de competnciaacadmica, maior compreenso conceitual, melhordesempenho, perseveram na escola, aumentam suacriatividade para as atividades escolares, buscam desafios,so emocionalmente mais positivos, menos ansiosos, buscamo domnio e so mais intrinsecamente motivados, quandocomparados a alunos de professores com estilo motivacionalcontrolador (Cai & cols., 2002; Deci & cols., 1981; Deci,Spiegel, Ryan, Koestner & Kauffman, 1982; Flink, Boggiano& Barret, 1990; Guay & cols., 2001; Patrick & cols., 2000;Patrick, Hisley & Kempler, 2001; Pelletier & cols. 2002;Skinner & Belmont, 1993; Vallerand, Fortier & Guay, 1997;

    Williams & Deci, 1996).Em suma, o estilo motivacional do professor importante

    fonte de influncia para a orientao motivacional dosestudantes, refletindo no seu desempenho escolar e, porisso, merece interesse e ateno por parte dos pesquisadores.

    Consideraes Finais

    A literatura sobre a motivao no contexto escolar temdestacado os resultados positivos para aprendizagem edesempenho dos alunos decorrentes da orientaomotivacional intrnseca. Para sua promoo, de acordo coma Teoria da Autodeterminao, essencial a satisfao dasnecessidades psicolgicas bsicas de autonomia, competnciae vnculo. Nesse aspecto, o estilo motivacional do professorrevela-se um importante constructo educacional pelo impactoque exerce no desenvolvimento motivacional dos estudantes.

    Como proposta recente, apesar de apoiada em resultadosde inmeros trabalhos empricos, muito ainda est para serdescoberto e aprofundado com base na Teoria da

    Autodeterminao. Especificamente para a realidadeeducacional brasileira, um grande percurso precisa sertrilhado, pois o interesse dos pesquisadores pelo temamotivao ainda incipiente em nossa literatura. Mesmoassim, com base nos relatos de investigaes realizadas emoutras culturas, pode-se pressupor que as implicaeseducacionais dos trabalhos nessa rea so relevantes, j queoferecem alternativas para as interaes em sala de aula,

    visando a melhoria do envolvimento dos estudantes paracom a aprendizagem escolar.

    De acordo com o atual desenvolvimento da rea, asexpectativas dos professores sobre como envolver os alunoscom as atividades escolares podem ser concretizadas, emparte, na medida em que o ambiente escolar supra as

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    necessidades psicolgicas bsicas dos estudantes. Esta no uma tarefa de fcil realizao, mas depende do esforo emse criar interaes promotoras de autonomia e menoscontroladoras, por exemplo, dando oportunidades de escolhae tornando os alunos responsveis pelas conseqncias desuas opes, compartilhando as tomadas de deciso, ouvindoe questionando os argumentos dos estudantes, entre outrasestratgias. A necessidade de competncia pode ser nutridapor meio da apresentao de desafios adequados para onvel de desenvolvimento dos alunos e com o retorno deinformaes sobre o seu desempenho. Finalmente, a criaoda cultura de uma comunidade escolar na qual todos osalunos e professores sintam-se aceitos e emocionalmente

    vinculados representaria o chamado pano de fundo, ouseja, a segurana necessria para a ao de aprender.

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    Sobre as autorasSueli Edi Rufini Guimares Psicloga, Mestre em Educao pela Universidade Estadual deLondrina e Doutora em Educao pela Universidade Estadual de Campinas. Professora daUniversidade Estadual de Londrina.Evely Boruchovitch Psicloga, Ph.D. em Educao pela University of Southern California/LA. Professora da Universidade Estadual de Campinas.

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    Recebido: 25/02/2003ltima Reviso: 21/05/2003

    Aceite Final: 05/06/2003

    Psicologia: Reflexo e Crtica, 2004, 17(2), pp.143-150

    Sueli di Rufini Guimares & Evely Boruchovitch