31
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS XIV ANTONIO MASCARENHAS OLIVEIRA O ESTRANGEIRISMO Conceição do Coité 2011

O estrangeirismo

  • Upload
    uneb

  • View
    8.980

  • Download
    4

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: O estrangeirismo

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS XIV

ANTONIO MASCARENHAS OLIVEIRA

O ESTRANGEIRISMO

Conceição do Coité

2011

Page 2: O estrangeirismo

ANTONIO MASCARENHAS OLIVEIRA

O ESTRANGEIRISMO

Monografia apresentada à Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação, Campus XIV, como requisito final à conclusão do Curso de Licenciatura em Letras – Língua Inglesa. Orientador: Prof. Fernando Sodré.

Conceição do Coité

2011

Page 3: O estrangeirismo

ANTONIO MASCARENHAS OLIVEIRA

O ESTRANGEIRISMO

Monografia apresentado à Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação, Campus XIV, como requisito final à conclusão do Curso de Licenciatura em Letras – Língua Inglesa.

Aprovada em: ___/___/___

Banca examinadora

_______________________________ Fernando Sodré – Orientador Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV _________________________________________ Neila Maria Oliveira Santana - Professora Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV _________________________________________ Raulino Batista Figueiredo Neto - Professor Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV

Conceição do Coité

2011

Page 4: O estrangeirismo

AGRADECIMENTOS

A Deus, em primeiro, lugar pelo dom da vida e por ter cuidado de nós ao longo

de todos esses anos nos dando força e coragem para enfrentar todos os

obstáculos.

A minha esposa e filhos, que sempre me deram apoio, contribuindo ativamente

para minha formação acadêmica.

Ao Professor Fernando Sodré, pois mesmo não sendo meu professor em

nenhum semestre aceitou me orientar e acreditou na minha capacidade para

realização deste trabalho.

Ao professor mestrando Luis Claudio Mota Mascarenhas, que mesmo não

sendo funcionário da UNEB, no inicio deste trabalho fez as primeiras

orientações.

Aos colegas, pelos momentos de alegria, convívio e apoio.

Aos amigos, pela amizade, por estender a mão, apoiar e confortar nos

momentos de angústias e dificuldades.

Page 5: O estrangeirismo

RESUMO

No decorrer da história o uso dos estrangeirismos é algo comum na língua

portuguesa trazendo novos vocábulos, ideologias e multiculturalismo para

novas discussões. O português recebe vocábulos como resultados das

relações políticas, culturais e comerciais com outros países. No atual contexto

histórico o inglês fornece vasta nomenclatura, demonstrando que o processo

linguístico está relacionado com a história sócio-político-cultural de um povo. A

entrada de elementos estrangeiros é um fenômeno sociolinguístico ligado ao

prestígio de que uma língua ou povo que a fala goza. O inglês como atual

língua universal permite um mínimo de comunicação entre todos. Constata-se

que essa liderança idiomática é reflexo de vários fatores, entre os mais

relevantes pode-se destacar a globalização e o domínio das tecnologias da

informação e comunicação (TIC’s), assim como, é perceptível e inegável a

predileção de termos estrangeiros por usuários de nosso idioma, resultando em

influência na língua e na cultura brasileira, sem provocar alterações na

estrutura gramatical da língua portuguesa.

Palavras-chave: Língua portuguesa. Estrangeirismo. Língua inglesa.

Page 6: O estrangeirismo

ABSTRACT

Throughout history the use of foreign words is common in Portuguese bringing new words, ideologies and multiculturalism for further discussion. The Portuguese words receives as a result of political, cultural and trade with other countries. In the current historical context provides extensive English nomenclature, demonstrating that the linguistic process is related to the history of socio-political and cultural life of the people. The entry of foreign elements is a sociolinguistic phenomenon linked to the prestige of a language or speech that people enjoy. English as a universal language now allows a minimum of communication between everyone. It appears that this leadership idiomatic reflects several factors, including the most relevant can be highlighted globalization and dominance of information technology and communication (ICT), and it is noticeable and undeniable preference of foreign terms for users our language, resulting in influence in language and Brazilian culture, without changing the grammatical structure of the Portuguese language. Key words: Portuguese language. Foreign words. English language.

Page 7: O estrangeirismo

LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS

Gráfico 1: Nível de escolaridade dos comerciantes ................................................. 21

Gráfico 2: Nível de conhecimento com relação ao inglês .......................................... 22

Gráfico 3: Conhece o significado do nome da loja ................................................... 23

Gráfico 4:O nome da loja em inglês lhe chama mais atenção ................................... 24

Gráfico 5: Nível de escolaridade dos consumidores ................................................. 25

Gráfico 6: Nível de conhecimento com relação ao inglês ......................................... 25

Gráfico 7: Conhece o significado do nome da loja ................................................... 26

Gráfico 8:O nome da loja em inglês lhe chama mais atenção .................................. 27

Page 8: O estrangeirismo

Sumário

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9

CAPITULO I - ESTRANGEIRISMO ......................................................................... 11

1.1 ORIGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA ................................................................ 11

1.2 ESTRANGEIRISMO NO BRASIL ........................................................................ 13

1.3 ESTRAGEIRISMO E TIC’s ................................................................................. 16

CAPITULO II - METODOLOGIA ............................................................................... 19

CAPITULO III - ANÁLISE DOS DADOS................................................................... 21

3.1 DADOS DOS EMPRESÁRIOS ............................................................................ 21

3.2 DADOS DOS CONSUMIDORES ........................................................................ 25

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 28

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 29

APÊNDICES ............................................................................................................. 30

QUESTIONÁRIO PARA EMPRESÁRIOS ................................................................. 30

QUESTIONÁRIO PARA CONSUMIDORES .............................................................. 31

Page 9: O estrangeirismo

9

INTRODUÇÃO

O estrangeirismo está sempre presente nos processos culturais em qualquer

lugar do mundo. Para analisar a aquisição de empréstimos linguísticos é preciso

compreender como o processo de colonização e imigrações até os dias de hoje

contribuem para que palavras de outra língua sejam inseridas no nosso cotidiano,

visto que este processo gera miscigenações culturais e linguísticas, sem que haja

necessidades de mudanças de vida dos emissores e receptores desses

empréstimos.

No mundo globalizado, todos os povos receberam e continuam recebendo

contribuições linguísticas provenientes do intercambio com outras nações, tanto

através da importação de produtos, como da utilização de termos associados a

ações ou expressões externas, não sendo possível determinar o quanto essa prática

durou ou quanto ela ainda vai durar.

O estrangeirismo presente em nossa língua não é um fenômeno

contemporâneo, há uma mudança constante começando na língua tupi que era

utilizado pelos nativos no período do descobrimento, depois com a chegada do

português de Portugal e aos poucos a língua tupiniquim foi-se aportuguesando e

incorporando outros vocábulos de línguas diversas como o espanhol, o francês, o

italiano entre outras, para assim constituir-se o português que hoje é falado no

Brasil.

O estrangeirismo está presente em diversos vocábulos inseridos na língua

portuguesa, a exemplo de boné, paletó (do francês); samba, acarajé (do africano);

arara, tucano, Tatuapé (do Tupi); jeans, modem (do inglês). É comum também

encontrarmos a influência de outras línguas em nomes de lojas comerciais

espalhadas pelo Brasil.

Na Bahia não é diferente. Esse fato pode ser observado na grande

quantidade de palavras estrangeiras utilizadas por empresários para denominar

estabelecimentos comercias em Conceição do Coité, Região Sisaleira. Assim, esse

fato motivou a realização dessa pesquisa, cuja finalidade é verificar se essa

utilização é fundamentada em conhecimento prévio da língua estrangeira ou por

modismo.

Esta pesquisa terá um caráter descritivo, fundamentada em revisão

bibliográfica sobre a história da língua portuguesa e seu processo evolutivo até os

Page 10: O estrangeirismo

10

dias atuais, e como outros idiomas influenciaram e ainda influenciam a língua, já que

esta não é imutável. A revisão bibliográfica será complementada com uma pesquisa

de campo, em que serão entrevistados donos de estabelecimentos comerciais que

utilizam a língua inglesa para nomear suas lojas e alguns frequentadores.

A pesquisa de campo será realizada no período de março a abril de 2011, os

instrumentos de coleta de dados usados serão entrevista mediada por um

questionário e fotografias das fachadas das lojas.

O presente trabalho está dividido em três capítulos. O primeiro capitulo é uma

revisão bibliográfica sobre o tema Estrangeirismo, cujos principais teóricos que

embasaram o trabalho foram Bagno (2002), Garcez e Zilles (2002) e Störig (1990).

Esse capítulo está subdividido em três partes que abordam a questão da origem da

língua portuguesa no Brasil, o estrangeirismo e a relação desse com as tecnologias

de informação e comunicação (TIC’s). No segundo capítulo tem a metodologia e o

terceiro a analise de dados coletados na pesquisa.

Page 11: O estrangeirismo

11

CAPÍTULO I

ESTRANGEIRISMO

Apesar de não ser um fenômeno contemporâneo, o empréstimo ou uso de uma

palavra ou expressão oriunda de outra língua, conhecido como estrangeirismo, tem

se intensificado cada vez mais com a globalização.

Para podermos melhor explanar sobre este fenômeno, começaremos

analisando a origem da língua portuguesa, que como todas as demais línguas

neolatinas ou românicas sugiram a partir da expansão e vulgarização do latim

clássico levada pelo Império Romano, sua chegada ao Brasil e uso contemporâneo

dos estrangeirismos (principalmente os de língua inglesa) nas tecnologias da

informação e comunicação.

1.1 ORIGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA

O português teve sua origem no latim falado que era imposto aos povos

dominados pelos exércitos romanos, já que o Império Romano no século II a.C.,

vivia o seu apogeu e dominava quase todo o mundo até então conhecido, até a

Península Ibérica, onde atualmente se situam a Espanha e Portugal.

Essa língua falada pelos soldados romanos não era o latim clássico das obras

literárias deste período, era o latim tido como vulgar, porque era falado pelo povo

sem preocupações sintáticas ou morfológicas, não tendo nenhuma ligação com

regras gramaticais, era uma língua autônoma.

Com o passar do tempo, o latim vulgar imposto pelo exército romano na

Península Ibérica, foi sofrendo alterações graças aos dialetos e outras línguas

existentes na região. Aos poucos o português foi aperfeiçoado e adquiriu em seu

léxico novas palavras de origem germânicas trazidas pelas invasões bárbaras do

século V, árabes do século VII. Com o declínio do Império Romano e as

consequentes independências de suas províncias, intensificaram-se as diferenças

dos falares, surgindo assim diversas línguas que, por serem originadas do latim

vulgar, trazido pelo povo romano, receberam o nome de românicas ou neolatinas,

destas destacaram-se o português, o francês, o espanhol e o italiano.

Com a independência política de Portugal no século XI, o português tornou-se

a língua oficial desse país, mas só no século XII surgiram os primeiros textos

Page 12: O estrangeirismo

12

escritos nessa língua. De acordo com Störig (1990, p.114) “o trovador Paio Soares

de Taveiros produziu em 1198 o que é o primeiro ou mais remoto texto literário

conhecido em língua portuguesa”. Com as grandes navegações dos séculos XV e

XVI Portugal viveu seu apogeu e levou a língua portuguesa para diversas áreas,

como partes da Ásia, da África e para o Brasil, cujos territórios foram colonizados

neste período.

No caso da língua portuguesa, podem-se apontar casos de palavras tomadas de línguas estrangeiras em tempos muito antigos. Esses empréstimos provieram de línguas célticas, germânicas e árabes e ao longo do processo de formação do português na Península Ibérica. Posteriormente, o Renascimento e as navegações portuguesas permitiram empréstimos de línguas europeias modernas e de línguas africanas, americanas e asiáticas. (INFANTE, 2001, p. 193).

Antes da chegada dos lusitanos, a língua falada no Brasil era de origem

indígena, e a mais conhecida era o tupi, falada pelos povos tupinambás embora ela

fosse predominante entre os índios, mas não a única. Com a colonização do Brasil

os portugueses impuseram como língua oficial o Português de Portugal. A partir da

convivência cultural entre dominantes e dominados várias palavras de origem tupi

foram sendo utilizadas e acabaram incorporadas ao léxico português, ou por

aportuguesamento ou por uso na forma original, surgindo assim uma língua

portuguesa com diferenciação da língua originária dos colonizadores.

Com as grandes navegações os países colonizadores tinham a necessidade

de adquirir mão de obra para extrair os produtos que iriam ser comercializados. Não

querendo trabalhar duro, os colonizadores passaram a escravizar os povos

dominados. No Brasil essa política não teve muito êxito, pois os índios não

aceitaram a servidão, então trouxeram os africanos para trabalharem aqui no Brasil.

Como vinham de diversas regiões da África traziam seus dialetos e aos poucos

algumas palavras também foram aportuguesadas e acrescentadas ao vocabulário.

Assim como as palavras indígenas, as africanas ainda são utilizadas por nós, na

maioria dos casos não tenhamos a mínima ideia de que elas se configurem como

estrangeirismos. No entanto, tem sido de grande serventia para nossa cultura até os

dias de hoje.

Percebe-se que varias culturas contribuíram com vocábulos para formação

da língua portuguesa falada no Brasil propiciando, na maioria das vezes, bons

resultados. Essa contribuição lexical distanciou cada vez mais nosso idioma daquele

Page 13: O estrangeirismo

13

falado em Portugal. Os estrangeirismos existentes em nossa língua não se

restringiram apenas a povos colonizados, houve também muitas influencias

europeias acentuadas com os processos migratórios ocorridos após a abolição da

escravatura em 1889.

Störig exemplifica como ocorreu esse processo:

incorporou só para exemplificar: dos alemães , “níquel”, ”gás”, “zinco”; dos espanhóis , “bolero”, “castanhola”, sendo que os bascos trouxeram, de sua língua, “cachorro”, “modorra” e outras palavras terminadas em “arra” “orro”; dos franceses, “paletó”, “boné”, “matinê”; dos eslavos, “mazurca”, “estepe”; dos gregos, “telefone”, “telepatia”; dos japoneses, “quimono”, “tatame”; dos italianos, “gazeta”, “soneto”, “carnaval”; dos turcos, “divã”, “sultão”; dos ingleses, “futebol”, “clube”.(STÖRIG, 1990, p.116-117)

1.2 ESTRANGEIRISMO NO BRASIL

Um empréstimo representa geralmente o uso de algo que pertença a outro.

Quando uma palavra ou expressão estrangeira passa a fazer parte da língua

nacional acontece um empréstimo linguístico. A esse emprego de palavra, frase ou

construção sintática estrangeira dá-se o nome estrangeirismo. Com o passar dos

tempos algumas dessas palavras são utilizadas de forma corriqueira pelas pessoas,

contribuindo assim para uma atenuação do sentimento de estranheza. Como

consequência elas passam a fazer parte da língua nacional sendo encontradas até

mesmo nos dicionários.

Para Garcez e Zilles:

Estrangeirismo é o emprego, na língua de uma comunidade, de elementos oriundos de outras línguas. No caso brasileiro, posto simplesmente, seria o uso de palavras e expressões estrangeiras no português. Trata-se de fenômeno constante no contato entre comunidades linguísticas, também chamado de empréstimo. A noção de estrangeirismo, contudo, confere ao empréstimo uma suspeita de identidade alienígena, carregada de valores simbólicos relacionados aos falantes da língua que origina o empréstimo. (GARCEZ; ZILLES, 2002, p.15)

Grande parte das palavras da língua portuguesa tem origem no latim, grego,

árabe, espanhol, italiano, francês ou inglês. A utilização de palavras ou termos de

outros idiomas muitas vezes se dá no momento em que são importados objetos ou

Page 14: O estrangeirismo

14

moldes que não possuem um termo ou uma expressão que os nomeiem na língua

portuguesa. Câmara Júnior (1989, p. 269) diz que esses empréstimos abrangem

“todas as aquisições estrangeiras que uma língua faz em virtude das relações

políticas, comerciais ou culturais, propriamente ditas, com povos de outros países”.

. As palavras estrangeiras geralmente passam por um processo de

aportuguesamento fonológico e gráfico. A Academia Brasileira de Letras, órgão

responsável pelo Vocabulário Ortográfico de Língua Portuguesa, tem função

importante no aportuguesamento dessas palavras.

Diariamente a população brasileira é tentada a viver o ideal de vida norte-

americana, principalmente através das produções cinematográficas, das músicas e

dos bens de consumo não duráveis (perfumes, cosméticos, brinquedos, roupas,

entre outros). Saber ler ou falar inglês num país em desenvolvimento como o Brasil,

hoje torna-se algo de suma importância, visto que existe uma relação comercial e

cultural muito intensa entre os países.

No campo das mudanças linguísticas, os empréstimos de palavras ou expressões são em geral associados a atitudes valorativas positivas do povo que os toma em relação à língua e à cultura do povo que lhes deu origem. Os empréstimos são reflexos de processos culturais, políticos e econômicos bem mais amplos e complexos. Muitas vezes são utilíssimos à elite, que assim se demarca como diferente e superior [...]. Outras vezes, são felizes incidências na constituição identitária e cultural de um povo [...] (GARCES; ZILLES, 2002, p. 156).

Nota-se que no transcorrer da história algumas línguas e culturas influenciam

outras, tais fatos se dão por acreditar que elementos culturais de um lugar possam

ser melhores que outros. A língua portuguesa adotada no Brasil desde a sua

colonização adquiriu palavras das línguas africanas e da língua tupi. Tais

empréstimos enriqueceram a língua portuguesa tornando-a mais distante da língua

portuguesa de Portugal. Como adverte Bagno (2002, p. 74) “os estrangeirismos não

alteram as estruturas da língua, a sua gramática. Por isso não são capazes de

destruí-las como juram os conservadores”.

Hoje tem-se o inglês como língua universal mas, no passado tínhamos outras

línguas. De acordo com Störig (1990) a expressão “língua universal”, foi dada ao

latim no ápice do Império Romano, ao grego na era dos diádocos e ao francês como

língua das cortes europeias, da nobreza e da diplomacia do século XVII ao XIX.

Page 15: O estrangeirismo

15

Bagno (2002) reforça a afirmação de Störig quando diz que durante quase

duzentos anos, até o inicio do século XX, o grande inimigo do português foi o

francês. Frei Francisco de São Luís criticava e condenava os empréstimos de

palavras francesas na língua portuguesa, uso este que ele intitulou de vício de

“pensar francês”.

A partir do século XX o inglês ganha o status de língua universal causando

preocupação semelhante aos defensores de uma língua pura. Assim como no

passado Frei Francisco de São Luís lutou contra o estrangeirismo proveniente do

francês, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB/SP) hoje luta contra o estrangeirismo

proveniente do inglês. Acreditando ele que o uso do estrangeirismo no Brasil estava

em estágio muito avançado, no ano de 1999 mandou para Comissão de

Constituição e Justiça da Câmara o projeto de lei que proibisse o uso do

estrangeirismo no país. Tal projeto foi aprovado em 2007.

Diz o projeto que as palavras ou expressões em língua estrangeira devem vir

acompanhadas em letras de igual destaque, de seu correspondente em língua

portuguesa. (Projeto de Lei nº 1676-D de 1999)

A língua portuguesa é um dos elementos de integração nacional brasileira, concorrendo, juntamente com outros fatores, para a definição da soberania do Brasil como nação. [...] Os meios de comunicação de massa e as instituições de ensino deverão, na forma desta lei, participar ativamente da realização prática [desse objetivo] (BRASIL, 1999, p. 1-2).

O Estrangeirismo enriquece a língua, cobre lacunas que surgem em nossa

língua devido à globalização, seu uso correto deixa textos mais claros e objetivos.

Atualmente o Anglicismo é o que possui maior influência, estando presente em

quase todas as áreas como na informática em palavras como download, e-mail, em

equipamentos que são chamados hardware ou nos programas denominados

software, na publicidade encontramos os conhecidos outdoor, na moda as garotas

fazem seus books sonhando em ser uma top model. O projeto de lei do deputado

Aldo Rebelo não tem apenas uma preocupação gramatical, ele pensa numa

valorização maior da língua portuguesa no cenário sócio-cultural, tentando preservar

a língua como elemento de identidade cultural. Mas se ele quer deixar a língua como

um elemento de nossa identidade é preciso lembrar que o nosso povo é oriundo de

Page 16: O estrangeirismo

16

uma miscigenação muito grande, alem de ter sofrido e sofrer influências de diversos

povos com línguas e culturas diferentes.

1.3 ESTRAGEIRISMO e TIC’s

É de conhecimento público que a língua inglesa é mundialmente aceita. Esse

fato se dá devido à influência, por exemplo, dos Estados Unidos, e em menor

proporção, de outros países desenvolvidos que tem o inglês como língua materna.

Como resultado dessa dinâmica linguística, tem-se um acelerado aumento lexical

nos campos das tecnologias, informática e economia. Exemplos como leasing,

know-how, déficits e superávit estão em varias áreas do conhecimento.

Para ilustrar mais ainda esse fenômeno linguística, basta que se leia uma

revista ou um jornal (que também é um estrangeirismo, sua origem é francesa) para

poder observar a grande quantidade de palavras como business, pet shop, fast food,

outdoor, self service, free. É possível também perceber esse fenômeno em um

simples passeio pelas ruas de varias cidades brasileiras, ainda que remotas, para

verificar o uso de estrangeirismos, nas fachadas de lojas de diversas áreas,

principalmente nas de informática (Yes Conect, Baby Lan house), tecnologia (Master

Computer), esporte (Sport Life) e beleza (Ponto Hair). Portanto, fica evidente a

grande manifestação do anglicismo no Brasil devido à importação de grande

quantidade de produtos e serviços.

Embora a língua inglesa seja aceita com naturalidade por um número grande

de brasileiros, há aqueles que a consideram uma presença ameaçadora para a

nossa identidade cultural. Tal crença tem como base a popularidade da língua

inglesa, que depois da portuguesa – língua oficial – é a mais falada no país, mesmo

o Brasil estando na América Latina cercado de países que falam espanhol.

Diariamente a língua portuguesa recebe uma quantidade exagerada de

palavras e expressões idiomáticas oriundas da língua inglesa. Será que essa

“invasão” em grande escala do inglês na língua portuguesa significa um processo de

evolução linguística ou de desvalorização da nossa língua, que é um patrimônio

cultural?

As influências linguísticas de um país sobre outro não devem ser analisados

separadamente, é necessário analisar o conjunto cultural por completo para ver em

que nível está a propagação de uma cultura sobre a outra.

Page 17: O estrangeirismo

17

Segundo Alves (1992) o fato de os norte-americanos dominarem uma boa

parte do mercado ligado à tecnologia faz com que sejam introduzidas em nossa

língua muitas palavras dessa área, especialmente àquelas usadas no campo da

informática. Com a popularização das tecnologias da informação e comunicação, o

léxico da língua portuguesa sentiu necessidade de mais uma vez, fazer renovação

linguística nesse campo, recebendo um número muito grande de termos técnicos

para preencher as lacunas existentes. Este preenchimento ocorreu de forma muito

rápida graças a globalização e a internet, chamada de comunidade global

interligada. Essa comunicação rápida e global contribuiu para o surgimento de um

intercambio cultural e linguístico.

É importante, entretanto, ressaltar que o estrangeirismo, enquanto fenômeno

linguístico, chama bastante atenção dos gramáticos, defensores da língua pura e

dos linguistas, que defendem e aprovam a ideia de que a língua não é usada de

modo uniforme por todos os seus falantes. Ela varia de acordo com as épocas, as

regiões, as classes sociais, sendo assim não há uma fronteira nítida, a língua é

sempre dinâmica. Faraco nos mostra que:

A realidade empírica central da linguística histórica é o fato de que as línguas humanas mudam com o passar do tempo. Em outras palavras, as línguas humanas não constituem realidades estáticas; ao contrario, sua configuração estrutural se altera continuamente no tempo. (FARACO, 1998, p.9)

O anglicismo atualmente é forma de estrangeirismo mais comum em nosso

país em função da grande utilização da língua inglesa pelo nosso povo. Ele é mais

presente nos meios de comunicação que diariamente propõem em sua programação

uma quantidade muito grande de palavras de origem estrangeiras em praticamente

todos os setores da sociedade. Na área da tecnologia o inglês vem contribuindo bem

mais do que em outras áreas de conhecimento. Quando tratamos de ciências e

tecnologias a língua inglesa claramente se mostra superior ao português, seja para

denominar objetos ou programas.

É necessário, portanto, ressaltar que o uso do estrangeirismo é um fenômeno

muito relevante para o desenvolvimento de uma língua. Ele ocorre quando existe um

grande intercambio cultural entre povos de línguas diferentes, devendo existir um

cuidado para que não haja uso exagerado de empréstimos estrangeiros como

alguns que são citados pelo deputado Aldo Rebelo na justificação do seu projeto de

Page 18: O estrangeirismo

18

lei, “que obrigação tem um cidadão brasileiro de entender que uma mercadoria ‘on

sale’ significa que esteja em liquidação?”. Esses às vezes não tem sentido algum

para um brasileiro. Mas quando falamos em TIC’s, o uso do estrangeirismo é

inevitável porque a maioria das tecnologias são importadas e não existem traduções

para alguns programas ou para as partes físicas (hardware) como por exemplo o

famoso e muito utilizado “pen drive”. O cuidado, entretanto, que se deve ter nestes

caso é com o aportuguesamento que as vezes não faz sentido nenhum para um

falante de língua inglesa como por exemplo startar, bidar, entre outros.

Page 19: O estrangeirismo

19

2 METODOLOGIA

Uma pesquisa bem sucedida requer uma organização pautada em princípios

metodológicos que direcionem o andamento do trabalho de modo objetivo e eficaz.

Para melhor discorrer sobre um tema, faz-se necessário um trabalho de

pesquisa bibliográfica, atividade de localização e consulta a fontes diversas de

informações escritas, para coletar dados gerais ou específicos a respeito de um

determinado tema. Trata-se de um estudo de textos impressos, assim, pesquisar é

procurar no âmbito dos livros e documentos escritos, as informações necessárias

para progredir no estudo de um tema de interesse.

Em função disso, realiza-se um trabalho de pesquisa bibliográfica buscando

um referencial teórico de diversos autores na área de estrangeirismo. Apesar de ser

um tema ainda não muito explorado e discutido foi possível encontrar importantes

subsídios que ajudaram muito na realização dessa pesquisa. Para adquirir

conhecimentos sobre os conceitos expostos pelos teóricos fui a campo realizar uma

pesquisa. Segundo Barros:

a pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. (BARROS, 2000, p.188)

Para melhor elucidar o tema em questão, foi utilizado como instrumento de

coleta de dados, formulários direcionados para empresários e consumidores do

comércio de Conceição do Coité - Bahia.

Os formulários foram aplicados com 10 (dez) empresários e 10 (dez)

consumidores nos dias 26 de julho e 02 de agosto de 2011 nos comércios que

utilizavam o estrangeirismo como razão social1 ou nome de fantasia2 entre estes,

estavam uma loja de venda de aparelhos celulares, duas lan house, uma academia

de ginástica, casa de estética, uma loja de confecção, uma de material esportivo, um

salão de beleza, um estúdio de tatuagem e uma loja de vendas de computadores e

acessórios de informática.

1 Razão social é o nome devidamente registrado sob o qual uma pessoa juridica se individualiza e exerce suas atividades 2 Nome fantasia (nome comercial, nome de fachada) é a designação popular de Título de Estabelecimento utilizada por uma instituição (empresa, associação, etc)

Page 20: O estrangeirismo

20

Nestes locais foram encontrados os sujeitos da pesquisa, os critérios

utilizados para selecionar foram: o primeiro teria que ser empresário e o segundo o

consumidor teria que estar frequentando o estabelecimento.

Foram encontradas algumas dificuldades, o período escolhido para realização

da pesquisa era difícil encontrar o empresário, pois os mesmos estavam fazendo

serviços nos setores financeiros das lojas ou cobrindo o horário de almoço dos

funcionários, logo tivemos que voltar outras vezes para conseguir que os

comerciantes respondessem o formulário.

Page 21: O estrangeirismo

21

3 ANÁLISE DE DADOS

Os pressupostos teóricos abordados no desenvolvimento do trabalho

apontam que o estrangeirismo é fenômeno constante no processo de

desenvolvimento cultural das sociedades no transcorrer da história, e a cada

movimento histórico se adota o estrangeirismo oriundo das noções que tem maior

poder aquisitivo ou influencia relacionada a movimentos culturais de grande

destaque no mundo. Hoje no Brasil o inglês é mais influente.

Para comprovar essas afirmações foi realizada uma pesquisa no comércio de

Conceição do Coité – Bahia, entre os comerciantes que adotavam nomes oriundos

do inglês em seus comércios e observou-se que eles em muitos casos nem

conheciam o significado, ou quando conheciam sabiam apenas uma tradução literal

bem grotesca ou que viram em algum lugar ou alguém lhes indicou.

Após a pesquisa de campo, foi necessário tabular os dados contidos nos

formulários, separar as respostas e depois confeccionar os gráficos. Logo abaixo,

segue a análise das questões utilizadas na pesquisa.

3.1 DADOS DOS EMPRESÁRIOS

Para a primeira pergunta destinada aos comerciantes: Qual o seu nível de

escolaridade? Obtiveram-se as seguintes respostas:

Gráfico 1: Nível de escolaridade dos comerciantes.

Page 22: O estrangeirismo

22

Neste gráfico pode-se notar que 80% (oitenta por cento) dos entrevistados

possuem o ensino médio completo, 10% (dez por cento) o ensino médio incompleto

e 10% (dez por cento) o ensino superior incompleto.

Ao perguntar a esses comerciantes qual o seu nível de conhecimento com

relação ao inglês, obteve-se as seguintes respostas:

Gráfico 2: Nível de conhecimento com relação ao inglês.

No gráfico acima se pode notar certo equilíbrio com relação ao conhecimento

da língua inglesa. Das pessoas questionadas 50% (cinquenta por cento) dizem

possuir conhecimento básico, 40% (quarenta por cento) afirmam não ter

conhecimento nenhum da língua inglesa, mas mesmo assim usam um nome nessa

língua como razão social2 ou nome de fantasia de seus estabelecimentos, e apenas

10% (dez por cento) tem conhecimento pré-intermediário.

Com as exposições gráficas mostradas anteriormente, fica evidente que

apesar dos comerciantes terem afirmado que possuíam o ensino médio completo,

eles, também, admitiram que o conhecimento em relação à língua inglesa era de

básico ou nenhum.

Quando questionados sobre o porquê dos nomes ou quais fatores lhes

incentivaram a adotar os nomes em inglês, terceira e quarta perguntas do formulário,

as respostas eram as mais diversas possíveis. O proprietário do salão de beleza foi

claro ao dizer que – “meu amigo indicou o nome e disse que hair tinha a ver com

cabelo”, em seu relato falou que depois de um tempo descobriu que hair era a

Page 23: O estrangeirismo

23

tradução para cabelo e “Ponto Hair era mais atrativo que Ponto do Cabelo”. No

relato da proprietária da academia, ela nos contou que o nome foi resultado de uma

pesquisa que sua irmã fez em revistas e na internet. Por esse motivo, ela escolheu o

nome Sport Life e como agora também fazia massagens e cuidava da estética

corporal, ela criou a Stetic Life. Um dos relatos mais interessantes foi a do

proprietário de um estúdio de tatuagem denominado StudioTattoo - o jovem

empresário foi claro a contar o motivo da escolha do nome – nem sabia que a

palavra Studio daquela forma, estava escrita em inglês. Só tirei a letra “e” para dar

uma personalizada e ficar uma logomarca e com relação a palavra Tattoo essa eu

sabia, mas só usei porque todas as revistas desta área usam desta forma. A

proprietária da loja de confecções Sport Hilles disse que a escolha do nome foi de

seu marido que o viu em uma loja em São Paulo. Ele quis imitá-lo usando como

nome de fantasia. O proprietário de uma loja de vendas de aparelhos celulares disse

que escolheu o nome Cell Phone simplesmente porque esse nome já sugere qual o

produto vendido, e o termo phone é de conhecimento de praticamente todos.

Para melhor demonstrar as respostas da quinta e sexta questão, fez-se

necessário a confecção de mais dois gráficos.

Gráfico 3: Conhecimento do significado do nome da empresa.

O gráfico acima representa a resposta para a pergunta: Você acredita que as

pessoas que frequentam este local conhecem o significado do nome dele? Foi

Page 24: O estrangeirismo

24

bastante equilibrada a resposta obtida, sendo 50% (cinquenta por cento) para sim e

de 50% (cinquenta por cento) para não. Quanto maior era o nível de escolaridade e

de conhecimento da língua inglesa dos empresários, menos acreditavam que as

pessoas frequentadoras do estabelecimento conhecessem o significado.

Gráfico 4: Nome da empresa atrai mais consumidores?

Apesar de existir um equilíbrio entre as respostas dos empresários, quando

questionados se eles acreditavam que os consumidores conheciam o significado do

nome da loja, houve uma pequena divergência com relação às respostas dadas para

o sexto questionamento. Eles acreditavam que o nome em inglês atraía mais

consumidores, porém o esperado era que a resposta fosse a mesma da quinta

questão. De acordo com o depoimento da proprietária da academia, por ser o local

frequentado apenas por mulheres e estas darem mais importância a “modismos”, os

nomes em inglês são mais atrativos. Para os proprietários das lan houses, fato

semelhante se observa. Os jovens também são muito influenciados por atualidades,

e estes constituem a maioria dos frequentadores deste tipo de estabelecimento.

Embora o gráfico tenha mostrado que a maioria dos empresários acreditavam

que o nome em inglês atrairía mais consumidores, existiam aqueles que

discordavam disso, como é o caso do proprietário da loja de celulares. Este afirma

que as pessoas procuram os locais pelo produto vendido, a qualidade do

atendimento, indicação e outros, e não por seu nome.

Page 25: O estrangeirismo

25

3.2 DADOS DOS CONSUMIDORES

Gráfico 5: Nível de escolaridade dos consumidores.

Neste gráfico pode-se notar que 10% (dez por cento) dos entrevistados

possuem o ensino fundamental incompleto, 30% (trinta por cento) médio incompleto,

10% (dez por cento) o ensino médio completo e 40% (quarenta por cento) o ensino

superior incompleto e 10% (dez por cento) pós-graduado.

Gráfico 6: Nível de conhecimento com relação ao inglês.

Page 26: O estrangeirismo

26

Ao perguntar a esses consumidores qual o seu nível de conhecimento com

relação ao inglês, obtiveram-se as seguintes respostas: 40% (quarenta por cento)

dos entrevistados disseram que não tinham nenhum conhecimento, 40% (quarenta

por cento) básico, 10% (dez por cento) para intermediário e 10% (dez por cento)

para avançado. Analisando esse gráfico, pode-se notar que o conhecimento dos

consumidores entrevistados nessa pesquisa é bem equilibrado ocorrendo dois

empates sendo um de maior proporção para conhecimento básico e nenhum, e

outra igualdade em proporção menor para intermediário e avançado.

Gráfico 7: Conhece o significado do nome da loja.

Tomando como base o gráfico 6, Nível de conhecimento com relação ao

inglês onde a somatoria de basico, intermédiario e avaçado foi maior que nenhum

,era esperado que os consumidores conhecessem os significados dos nomes das

lojas fato esse provado na representação gráfica apresentada acima, onde 70%

(setenta por cento) disseram sim para eu conheço o significado restando apenas

30% (trinta por cento) para os que não conhecem o significado. O que chamou mais

atenção para esse quetionamento é que entre as pessoas que disseram não ter

nenhum conhecimento da lingúa inglesa, em 10% (dez por cento) dos casos

conheciam o significado ou a traduão literal do nome das lojas.

Page 27: O estrangeirismo

27

Para a ultima pergunta direcionada aos consumidores, merecem destaque as

respostas obtidas dos entrevistados mais jovens, pois esses disseram que os nomes

em inglês lhes chamavam mais atenção que em português. Vejam a representação

gráfica abaixo.

Gráfico 8:O nome da loja em inglês lhe chama mais atenção.

Dos entrevistados 40% (quarenta por cento) disseram sim o nome em inglês

chama mais e atenção e 60% (sessenta por cento) disseram não. Para essa

pergunta foi solicitado uma justificativa e muitos dos entrevistados disseram que eles

procuravam as lojas pelo produto vendido, preço, atendimento ou amizade e não por

seu nome. Apenas as pessoas que disseram sim falavam que os nomes em inglês

eram atrativos. Vejam relato de um consumidor que procurava um celular da

operadora Vivo. - Entrei nessa loja porque me disseram que aqui era uma autorizada

da Vivo e na minha região só funciona essa operadora, nem olhei o nome dela. Uma

senhora que dissera possuir um conhecimento avançado em inglês e era pós-

graduada que estava em um salão de beleza relatou – venho aqui porque os

profissionais são ótimos, se fosse para vir aqui pelo nome, não viria porque essa

combinação de língua materna e língua estrangeira não soa bem para mim.

Page 28: O estrangeirismo

28

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisar as mutações pelas quais a língua passa, viver cada mudança sócio

cultural é um privilegio que apenas alguns tem. Na construção deste trabalho foi

notado que a preocupação que algumas pessoas tem com relação aos

estrangeirismos é algo infundado, visto que a língua portuguesa teve sua origem em

outra e foi aprimorada com o passar dos tempos graças ao contato com outras

culturas. Logo, a preocupação do Frei Francisco de São Luís no inicio do século XX

com relação ao Frances e atualmente do deputado Aldo Rebelo com inglês são

preocupações infundadas, pois nossa língua é basicamente formada de

estrangeirismos.

Com o objetivo de encontrar motivos para mostrar que o deputado está

equivocado e seu projeto de lei é desnecessário, a pesquisa realizada comprovou

que os empresários que fazem uso do estrangeirismo para nomear seus

estabelecimentos não tem como objetivo desvalorizar nossa língua materna e nem

atrair mais consumidores. Eles a utilizam apenas por acharem mais bonito ou por

realização própria visto que muitos deles não acreditam que os clientes possam

conhecer o significado do nome de seu estabelecimento.

Em função da amplitude do tema, muito ainda pode ser dito. Entretanto,

espera-se que as concepções de vários pesquisadores acerca do estrangeirismo

aqui expostas, possam contribuir para desconstruir a ideia de que a presença de

estrangeirismos em nossa língua materna seja maléfica. Como disse Bagno (2002,

p. 74) “os estrangeirismos não alteram as estruturas da língua, a sua gramática. Por

isso não são capazes de destruí-las como juram os conservadores”.

Page 29: O estrangeirismo

29

Referências

ALVES, Júlia Falivene. A invasão cultural Norte-Americana. São Paulo: Moderna, 1992. BAGNO, Marcos. Cassandra, Fênix e outros Mitos. In: FARACO, Carlos Alberto (Org.). Estrangeirismos: guerras em torno da língua. 2. ed. São Paulo: Parábola, 2002. BARROS, Aidil Jesus Paes de. LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de metodologia: um guia para a inicialização científica. 2.ed. amp. São Paulo: Makron Books, 2000. BRASIL, Diário da Câmara dos Deputados. Projeto de Lei nº. 1676, de 1999, p. 52060-52063, 4 de novembro de 1999. CAMARA Jr., Joaquim Mattoso. Princípios de lingüística geral. Rio de Janeiro: Padrão, 1989. FARACO, Carlos Alberto. Linguistica histórica: uma introdução ao estudo das linguas. 2. ed. São Paulo: Ática, 1998. GARCEZ, Pedro M.; ZILLES, Ana Maria S. Estrangeirismos desejos e ameaças. In: FARACO, Carlos Alberto (Org.). Estrangeirismos: guerras em torno da língua. 2. ed. São Paulo: Parábola, 2002. INFANTE, Ulisses. Curso prático de gramática aplicada aos textos. São Paulo: Scipione, 2001. STÖRIG, Hans Joachim. A aventura das línguas: Uma viagem através da história dos idiomas do mundo. 3 ed.Tadução Gloria Paschoal de Camargo, São Paulo: Melhoramento, 1990.

Page 30: O estrangeirismo

30

QUESTIONÁRIO PARA EMPRESÁRIOS

1 Qual seu nível de escolaridade?

Fundamental 1 ( ) Médio incompleto ( ) Superior incompleto ( )

Fundamental 2 ( ) Médio completo ( ) Superior completo ( )

Pós-graduado ( )

2 Qual seu nível de conhecimento com relação ao inglês?

Fundamental 1 ( ) Médio incompleto ( ) Superior incompleto ( )

Fundamental 2 ( ) Médio completo ( ) Superior completo ( )

Pós-graduado ( )

3 Quais fatores lhes incentivaram a adotar um nome em inglês para seu

estabelecimento?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

4 Por que este nome?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

5 Você acredita que as pessoas que frequentam este local conhecem o significado

do nome dele?

SIM ( ) NÃO ( )

6 Você acredita que o nome em inglês atrai mais consumidores?

SIM ( ) NÃO ( )

Page 31: O estrangeirismo

31

QUESTIONÁRIO PARA CONSUMIDORES

1 Qual seu nível de escolaridade?

Fundamental 1 ( ) Médio incompleto ( ) Superior incompleto ( )

Fundamental 2 ( ) Médio completo ( ) Superior completo ( )

Pós-graduado ( )

2 Qual seu nível de conhecimento com relação ao inglês?

Fundamental 1 ( ) Médio incompleto ( ) Superior incompleto ( )

Fundamental 2 ( ) Médio completo ( ) Superior completo ( )

Pós-graduado ( )

3 Você conhece o significado do nome desta loja?

SIM ( ) NÃO ( )

4 O fato do nome dessa loja ser em inglês lhe chamou mais a atenção?

SIM ( ) NÃO ( )

Justifique:

_________________________________________________________