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1 Eixo: Instituições Escolares O ESTUDO DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MILITAR AERONÁUTICA BRASILEIRA E SUAS FONTES DE PESQUISA Carolina Fuzaro Bercho (FATECE 1 ) Liliana Martins Marinho (FATECE 2 ) Resumo: A pesquisa em questão tem como objetivo analisar como se dava a formação dos Oficiais Militares entre o início da Criação do Ministério da Aeronáutica, em 1941 até 1951 na Escola da Aeronáutica, localizada no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, levando em consideração o contexto político, social, econômico, cultural e educacional do período. Partimos do pressuposto de que durante a década de 1940, a iniciativa desenvolvimentista de Getúlio Vargas ocasionou a união das Forças de Aviação no Brasil a partir da Criação do Ministério da Aeronáutica. A partir daí, houve a necessidade da formação de oficiais militares para a “novata” Força Aérea Brasileira. Desta forma, levantamos a seguinte questão de pesquisa: de que forma se deu a educação militar inicial destes oficiais antes, durante e após a 2ª Guerra Mundial? Houve a formação de “guerreiros do ar” mediante quais perspectivas metodológicas? Através da análise do estado da arte sobre a educação militar, a história da Escola de Aeronáutica e a coleta e análise de fontes primárias de pesquisa a exemplo da Revista Esquadrilha, (elaborada pelos próprios oficiais alunos) entre os anos de 1941 e 1951, observaremos o perfil cultural do oficial-aluno, seus usos e costumes e a rotina em formato de internato necessária para a sua formação. A pesquisa contribui para a História da Educação, em formato militar, pois o objeto da pesquisa envolve o início do Ensino Militar, em uma escola de formação de Oficiais responsáveis pela defesa aérea do país. Falar em Ensino Militar é falar de métodos, normas, tradições e heranças históricas que remetem ao início da educação no Brasil, uma vez que o modelo educacional na escola de formação da Aeronáutica permanece o mesmo até os dias atuais. Por meio dele é formado um tipo de mentalidade e condutas com ideais específicos que os distinguem da sociedade civil. Palavras-chave: Ensino Militar; História da Educação Militar; Escola de Aeronáutica; Força Aérea Brasileira. 1 Professora da Graduação em Pedagogia da FATECE (Faculdade de Tecnologia, Ciências e Educação). 2 Aluna da Graduação em Pedagogia da FATECE (Faculdade de Tecnologia, Ciências e Educação).

O ESTUDO DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MILITAR … · até 1951 na Escola da Aeronáutica, localizada no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, levando em consideração o contexto político,

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Eixo: Instituições Escolares

O ESTUDO DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MILITAR

AERONÁUTICA BRASILEIRA E SUAS FONTES DE PESQUISA

Carolina Fuzaro Bercho (FATECE1)

Liliana Martins Marinho (FATECE2)

Resumo: A pesquisa em questão tem como objetivo analisar como se dava a formação

dos Oficiais Militares entre o início da Criação do Ministério da Aeronáutica, em 1941

até 1951 na Escola da Aeronáutica, localizada no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro,

levando em consideração o contexto político, social, econômico, cultural e educacional

do período. Partimos do pressuposto de que durante a década de 1940, a iniciativa

desenvolvimentista de Getúlio Vargas ocasionou a união das Forças de Aviação no Brasil

a partir da Criação do Ministério da Aeronáutica. A partir daí, houve a necessidade da

formação de oficiais militares para a “novata” Força Aérea Brasileira. Desta forma,

levantamos a seguinte questão de pesquisa: de que forma se deu a educação militar inicial

destes oficiais antes, durante e após a 2ª Guerra Mundial? Houve a formação de

“guerreiros do ar” mediante quais perspectivas metodológicas? Através da análise do

estado da arte sobre a educação militar, a história da Escola de Aeronáutica e a coleta e

análise de fontes primárias de pesquisa a exemplo da Revista Esquadrilha, (elaborada

pelos próprios oficiais alunos) entre os anos de 1941 e 1951, observaremos o perfil

cultural do oficial-aluno, seus usos e costumes e a rotina em formato de internato

necessária para a sua formação. A pesquisa contribui para a História da Educação, em

formato militar, pois o objeto da pesquisa envolve o início do Ensino Militar, em uma

escola de formação de Oficiais responsáveis pela defesa aérea do país. Falar em Ensino

Militar é falar de métodos, normas, tradições e heranças históricas que remetem ao início

da educação no Brasil, uma vez que o modelo educacional na escola de formação da

Aeronáutica permanece o mesmo até os dias atuais. Por meio dele é formado um tipo de

mentalidade e condutas com ideais específicos que os distinguem da sociedade civil.

Palavras-chave: Ensino Militar; História da Educação Militar; Escola de Aeronáutica;

Força Aérea Brasileira.

1 Professora da Graduação em Pedagogia da FATECE (Faculdade de Tecnologia, Ciências e Educação). 2 Aluna da Graduação em Pedagogia da FATECE (Faculdade de Tecnologia, Ciências e Educação).

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Introdução

A formação de oficiais para a Aeronáutica Brasileira é feita atualmente

através da meritocracia, ou seja, àqueles que se mostram aptos ao longo de quatro anos

se formam aspirantes a oficial3, para mais tarde exercerem os graus hierárquicos

sucessivos que competem à tradição militar.

A origem da formação do oficial de se deu a partir da criação do Ministério da

Aeronáutica, em 20 de janeiro de 1941, onde há a necessidade de modernizar as Forças

Armadas com base nas inspirações políticas do presidente Getúlio Vargas de

modernização da indústria brasileira e a fomentação do capitalismo no Brasil.

No entanto, foi no contexto do alinhamento econômico e

político militar do Brasil aos Estados Unidos que o país obteve as

condições necessárias para a criação do Ministério da Aeronáutica, em

1941, e a consequente organização da Força Aérea Brasileira, advinda

da fusão tantos dos componentes e meios aéreos, quanto das escolas de

Aviação do Exército e da Marinha. (OLIVEIRA, 2004, p.41)

Aí se fomenta as novas influências educacionais militares, e se determina a junção

das aviações militares do Exército e da Marinha, bem como toda a estrutura

organizacional e encargos do Departamento de Aeronáutica Civil. (BRASIL, 1941,

P.1022) Neste contexto, o que era a Escola de Aviação Militar do Exército se transforma

em na Escola de Aeronáutica, sediada no Campo dos Afonsos no Rio de Janeiro

(BRASIL, 1941, p. 6249).

A Escola de Aeronáutica foi a principal instituição de formação da oficialidade

Escola de Aeronáutica e o Campo dos Afonsos permaneceu forte por cerca de três

décadas. Em 10 de Julho de 1969 passou esta Escola a denominar-se Academia da Força

Aérea (AFA). Em 1971, por meio do decreto n° 69.416, e da portaria n° 77/GM2

(BRASIL, 1971, P. 85) foi determinada a transferência dos principais órgãos e da sede da

AFA para a cidade de Pirassununga – SP, aonde permanece até os dias atuais. Cria-se

também o escalão recuado da AFA, que ficou no Rio de Janeiro até o ano de 1973, quando

3 Ser aspirante a oficial, na Força Aérea Brasileira é a fase inicial para se atingir ao oficialato, onde durante

seis meses aproximados, o aspirante a oficial se adequa à nova função exercida, deixando de ser oficial-

aluno (cadete). Cadete é o jovem que ingressa nas Forças Armadas por meio de concurso público para

realizar o curso de formação de oficias (na marinha chama-se aspirante). No início de sua criação a Escola

de Aeronáutica era responsável por formar os cadetes da em dois quadros de oficiais: oficial aviador e

oficial de intendência.

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foram cortados todos os laços da Academia com o Campo dos Afonsos (BRASIL, 1972,

p.02)

Os estudos direcionados para a temática que envolve o ensino militar da

aeronáutica são, em sua maioria, produzidos pelos profissionais da própria instituição. A

exemplo do estudo de pedagogas que direciona a ideia de que o modelo pedagógico

tecnicista influencia os bancos escolares, uma vez que padroniza as instruções que são

ministradas no âmbito da instituição:

A educação e a metodologia de ensino praticada no ensino

militar, e de um modo mais amplo na FAB, não conseguiu desvencilhar-

se do ideal de educação preconizado ao final da década de 1960 e na

década de 1970, durante o regime militar. Ainda não conseguiu transpor

a perspectiva mecanicista, de adestramento de corpos e vigilância de

mentes que a caracteriza, haja vista que uma de suas principais

referências utilizadas na área educacional é a Taxionomia dos Objetos

Educacionais de Benjamim Bloom, que padroniza as instruções que são

ministradas no âmbito da instituição. (BAQUIM, 2008, p.80)

Desta forma, pretende-se, enquanto objetivos gerais identificar as obras cujo

cenário histórico e educacional originou-se a formação dos oficiais aviadores, ou seja,

pesquisar de qual modo os aparatos do contexto político, social, e cultural influenciaram

a formação desses militares. Será através da observação de fontes primárias de pesquisa,

das revistas Esquadrilha4, que a pesquisa pretende contribuir para a História da Educação,

especificamente para a formação do ensino militar aeronáutico no país.

Do início da Escola da Aeronáutica

A atividade aeronáutica no Campo dos Afonsos comemorou seu centenário no ano

de 2012. Em 12 de dezembro de 1912, o Ministério da Justica autorizou a Brigada Policial

do Distrito Federal, detentora do terreno da invernada dos Afonsos “a ceder, a título

precário, ao Aero-Clube Brasileiro, uma área de terreno 725.000 m” (BRASIL, 1912, p.

191) daquela propriedade”. O Aero-Clube Brasileiro, primeira instituição nacional

dedicada ao desenvolvimento da aviação, construiu ali seu aeródromo, com a finalidade

de preparar pilotos, civis e militares, num esforço para a “implantação da aviação no

Brasil (AEROCLUBE BRASILEIRO 1912, p. 05).

4 As principais fontes de pesquisa são exemplares de anos específicos da revista Esquadrilha (1941 a

1951), a qual apresenta registros do cotidiano dos cadetes, uma vez que são disponibilizadas em arquivos

da própria instituição, agora chamada Academia da Força Aérea.

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Em 02 de fevereiro de 1914 inaugurava-se a Escola Brasileira de Aviação (EBA),

iniciativa particular da firma Gino, Buccelli & Cia., apoiada pelo Ministério da Guerra.

A EBA teve vida curta, encerrando suas atividades ainda em 1914, poucos meses antes

da eclosão da 1ª Guerra Mundial.

Com a falência da Escola Brasileira de Aviação, suas instalações e aeroplanos

passaram a ser utilizados pelo Aero-Clube Brasileiro. Em 29 de janeiro de 1919, o

Exército viria a ocupar definitivamente o Campo dos Afonsos, com a criação da Escola

de Aviação Militar (EAM), acompanhando a implementação do Serviço de Aviação do

Exército. Era o início de um longo período de desenvolvimento aeronáutico no local,

levado a cabo pelo Exército até o ano de 1941.

De 1919 a 1941 a evolução da aviação no Brasil esteve sob responsabilidade do

Exército Brasileiro cuja modificação e modernização de sua estrutura de ensino sofreram

forte influência da Missão Francesa de instrução.

A missão fora contratada para modernizar o nosso Exército, organizando-o e

instruindo-o. Ora, fazia-se mister que começasse pelas escolas como previsto

e que, nessas, administrasse ensinamentos de forma a criar uma Unidade de

Doutrina assentada nos métodos de trabalho e regulamentos.(MALAN, 1988,

p. 87)

Logo após sua chegada, a Missão Militar de Aviação tratou da fundação de uma

Escola de Aviação, para esse feito foi escolhida as antigas instalações da Escola Brasileira

de Aviação. Os oitos hangares geminados desta escola, havia funcionado por apenas cinco

meses e serviram de berço para o novo estabelecimento de ensino, embora a sede da

Escola Militar de Aviação, e todos os outros departamentos funcionassem,

temporariamente, em prédios existentes na Vila Proletária de Marechal Hermes. Aos

hangares da Escola Brasileira foi aos poucos sendo acrescidas novas instalações, inclusive

hangares franceses de campanha, desenvolvidos durante a guerra de 1914 e,

posteriormente, até mesmo a construção do primeiro hangar de concreto armado no

Brasil.

Em 1941, a Criação do Ministério da Aeronáutica determina a junção das aviações

militares de Exército e Marinha, bem como toda a estrutura organizacional e encargos do

Departamento de Aeronáutica Civil. Neste contexto, a Escola de Aviação Militar

transformava-se na Escola de Aeronáutica. No decreto-lei de criação do ministério da

Aeronáutica comprovamos essas informações:

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O presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o Art. 180 da

Constituição, decreta:

Art. 1° - Fica criada uma secretaria de Estado com a denominação de

Ministério da Aeronáutica. [...]

Art. 8° - Todo pessoal militar da arma de aeronáutica do Exército e do Corpo

de Aviação Naval, inclusive as respectivas reservas, passa a constituir, a contar

da publicação do presente Decreto-lei, uma corporação única subordinada ao

Ministério de Aeronáutica, com a denominação de Forças Aéreas

Nacionais.[...]

§2° A denominação de novos postos da hierarquia militar e a sua

correspondência com os do Exército e da Armada serão fixadas em lei especial,

como os quadros que forem necessários. (BRASIL, 1941)

Parte da história da Escola de Aeronáutica, assim como da Academia da Força

Aérea pode ser conhecida através da leitura das obras “História da Força Aérea

Brasileira”, de Lavanère-Wanderley e “História da Força Aérea Brasileira” do Instituto

Histórico e Cultural da Aeronáutica. São obras de referência para o início do estudo sobre

as origens de ambas as escolas. Logo após a criação deste novo Ministério, Lavenère

Wanderley informa-nos sobre as motivações acerca da escolha de uma nova localização

para a Escola de Aeronáutica:

Logo em 1942 ficou evidente que o campo dos Afonsos e a área do então

Distrito Federal não tinham condições topográficas e meteorológicas para o

desenvolvimento de uma academia do Ar, destinada à formação dos oficiais

aviadores; além disto, a proximidade da cidade do Rio de Janeiro com seu

pesado tráfego aéreo comercial e a ausência de campos de aviação auxiliares

impunham grandes limitações à instrução aérea; a ausência de residências na

proximidade local de trabalho traziam como consequência um horário e um

regime de trabalho de pouco rendimento. (LAVENÈRE-WANDERLEY,

1975, P.227)

Informa-nos ainda que entre as várias áreas do Brasil cogitadas, onde poderia ser

localizada a Escola de Aeronáutica, foi selecionado o interior do Estado de São Paulo. A

escolha por Pirassununga foi devido às características topográficas da área oferecida.

Desta forma, pelo Decreto n° 4.968, de 18 de novembro de 1942, foi fixada a área

escolhida e ainda durante a II Guerra Mundial, a construção dos seis primeiros hangares

das novas instalações da Escola de Aeronáutica. (LAVENÈRE-WANDERLEY, 1975,

P.227)

Sabe-se ainda que de 1941 a 1973 a formação dos oficiais aconteceu na Escola de

Aeronáutica, localizada no campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro e que, logo após a

criação de um Ministério do Ar, em 1942 já iniciaram os trâmites para a possível migração

desta mesma escola para uma localidade distante da capital do país. Aos poucos o aparato

administrativo se adaptou à nova localidade sendo que em 1960 funda-se o Destacamento

Precursor da Aeronáutica em Pirassununga. Em 1969 passa-se a chamar Destacamento

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Precursor da Academia da Força Aérea, para definitivamente, em 1973, abrigar todos os

anos do curso na Academia da Força Aérea.

Do Ensino militar

Jehovah Motta inaugura em 1976 os estudos sobre as características da

constituição da formação de oficiais no Brasil, anos depois, em 1989, Celso Castro traz à

tona o perfil antropológico e sociológico do cotidiano da formação de oficiais na

Academia Militar das Agulhas Negras em Resende, no Rio de Janeiro. Ambos os estudos

caracterizam a formação de oficiais do Exército Brasileiro. Esta instituição, como

antecessora da Força Aérea Brasileira, principalmente com o envolvimento da herança da

Escola de Aviação Militar, influenciou substancialmente a novata instituição, delegando

a esta suas doutrinas e tradições militares.

Na história da educação do Exército Brasileiro averiguamos também uma

transição de suas instalações, estruturas, e, assim como também, a “invenção” (CASTRO,

2002) de suas tradições e costumes. Trata-se do deslocamento da Escola do Realengo, na

capital, para a Escola Militar das Agulhas Negras, em Resende, interior do Rio de Janeiro.

O ensino militar no Brasil é inaugurado com o Exército, desde o período colonial.

É o que TREVISAN salienta ao mencionar o ensino da engenharia e sua base matemática,

na intenção de formar militares oficiais:

O estado português visualizava uma perspectiva de defesa cuja

principal meta consistia na obrigação de construir fortes, como

garantia essencial de posse; nada mais. Sem dúvida, confundir

ensino militar exclusivamente com formação em engenharia tem

essa origem. O oficial exercia sua função intelectual organizando

a defesa, na exata medida que era um bom engenheiro

(TREVISAN, 2011, p. 17).

Posteriormente MARCUSSO aponta duas instituições de origens militares que

permearam pelo século XX sem perder mérito social e político:

Pode-se destacar duas instituições que atravessaram a virada do

século XX mantendo sua importância social e política no Brasil:

O Colégio Dom Pedro II, fundado em 1837, e a Escola Militar da

Praia Vermelha fundada no centro da cidade do Rio de Janeiro

em 1874. Ambos tinham uma função comum: formar dirigentes.

A vocação do Colégio D. Pedro II era mais evidente, mas vale

ressaltar que desde sua fundação a Escola Militar da Praia

Vermelha formou grupos de militares/engenheiros/positivistas

que atuaram sistematicamente na vida política do Império,

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inclusive na articulação da derrubada do mesmo. Não é por acaso

que muitos egressos do Colégio D. Pedro II seguiam para a

Escola Militar da Praia Vermelha (MARCUSSO, 2013, p. 112).

A Instituição Militar da Praia Vermelha foi criada em 1857, no Rio de Janeiro,

como parte da única instalação de ensino superior do Exército: a Escola Central,

localizada no Largo de São Francisco5, até aquele momento foi o único estabelecimento

de ensino superior do Exército e a única escola do Império a formar engenheiros civis e

militares. “O objetivo do governo era proporcionar, na Praia Vermelha, um ensino prático

que complementasse o ensino teórico ministrado na Escola Central. A instituição

funcionou até 1904, quando da Revolta da Vacina”.6

A Escola Central após ser dominada como Instituição Militar da Praia Vermelha

possuiu outros nomes, como por exemplo: “Escola Militar do Brasil” e “Escola Militar

do Realengo”. Em 1931 pensava-se em transferir a Instituição do Realengo para Resende

no Rio de Janeiro, em busca de mais espaço físico e melhor localização. Em 1944 foi

criada a Escola Militar de Resende, e, mais tarde, em 1952, foi assinado um decreto que

a transformou em Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), no entanto, segundo

LUDWIG (1998) sua origem se deu no ano de 1810 com o nome de Real Academia

Militar.

A AMAN foi instituição de pesquisa do antropólogo Celso Castro, um dos

pioneiros do estudo da antropologia militar, filho de um oficial superior do Exército

(transferido para a reserva), que, através da sociologia abriu caminhos para mais

pesquisadores estudarem sobre o ambiente militar. Na sua obra “O Espírito Militar”

(1990), revela como é a formação dos cadetes7 do Exército Brasileiro, no município de

Resende-RJ.

Por vários anos no Brasil a instituição do “cadetismo”8 contribuiu para o acesso

ao oficialato militar através da classe social do candidato ou por descendência militar

porém, na atualidade, é por meio de seleção intelectual, física, e por aptidão que é avaliado

por intermédio de concurso público, recebendo a designação de cadete. É necessário

5 Situa-se em uma área central e antiga do Rio de Janeiro, em que há importantes construções dos tempos

coloniais como, por exemplo, o prédio da antiga Academia Militar e Escola Nacional de Engenharia. 6 Disponível em:

http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeirarepublica/ESCOLA%20MILITAR%20A%20PRAI

A%20VERMELHA.pdf 7 É o nome atribuído aos militares em formação para oficiais das forças armadas. 8 Conceito utilizado para referir-se à herança tradicional das famílias abastadas da sociedade para seus

descendentes mais jovens. Desta forma, selando a união entre aristocracia e Estado.

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lembrar que, o oficial- aluno depois que concluiu seus estudos, torna-se Aspirante-a-

oficial.

Segundo MARCUSSO (2013), pode-se afirmar que a divisão de classe está

relacionada com a divisão da educação, pois vivemos em uma sociedade em que há uma

educação para as classes dominantes, para manter a dominação sobre os demais, e há uma

educação para os dominados. Sendo assim, as instituições de ensino têm como intuito

formar cidadãos conforme a necessidade humana, ou seja, para cada grupo de pessoas

haverá uma instituição com modelo de cultura escolar para ensiná-los a atuarem na

sociedade. Segundo JULIA (2001) apud VIDAL (2005):

Para ser breve, pode-se-ia descrever a cultura escolar como um

conjunto de normas que definem conhecimentos a ensinar e

condutas a inculcar, e um conjunto de práticas que permitem a

transmissão desses conhecimentos e a incorporação desses

comportamentos; normas e práticas coordenadas a finalidades

que podem variar segundo as épocas (finalidades religiosas,

sociopolíticas ou simplesmente de socialização).[...] (JULIA,

2001, p. 10-11, apud VIDAL, 2005, p. 24)

LUDWIG (1998) em sua obra “Democracia e Ensino Militar”, contribui

informando-nos que o ensino Militar possui atividades que incluem planejamento,

administração, ensino de matérias estipuladas, sistema de avaliação, uso de tecnologia e

entre outras, que são capazes de transmitir a ideologia dominante:

[...] Por meio dessas atividades o aluno assimila os valores

de obediência, submissão, dependência, paternalismo,

assiduidade, pontualidade, racionalidade e meritocracia.

Adquire também a concepção de mundo e de vida em

sociedade eminentemente estável e harmoniosa, isto é, uma

cosmovisão determinista-funcionalista. (LUDWIG, A. C.

W, 1998. p. 22-23).

Em contrapartida, para Leal (2013), quando um jovem ingressa na Aeronáutica

como cadete, ele passa por uma formação a qual o prepara para ser um oficial, sendo a

missão de sua escola:

[...] formar Oficiais de Carreira da Aeronáutica dos Quadros de

Oficiais Aviadores (CFOAV), Intendentes (CFOINT) e de

Infantaria da Aeronáutica (CFOINF), desenvolvendo em cada

cadete os atributos militares, intelectuais e profissionais, além

dos padrões éticos, morais, cívicos e sociais, obtendo-se, ao final

deste processo, Oficiais em condições de se tornarem líderes de

uma moderna Força Aérea.9

9 Em: <htt p://afa.intraer.br>. Acesso em: 2 fev. 2012, apud LEAL, G. F., 2013, p. 391.

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A autora prossegue dizendo que a finalidade maior, observado nos objetivos da

formação, segundo o Manual do Cadete10 é a socialização:

Desenvolver no cadete a disciplina física e intelectual, a plena

compreensão de hierarquia e os ideais de coragem, lealdade,

honra, dever e amor à Pátria [...]. Proporcionar ao cadete um

contato e uma vivência dos princípios de conduta éticos e morais

elevados e próprios da profissão militar, transmitidos pelo

exemplo de seus superiores [...]. Espera-se que o cadete adquira

qualidades de excelência moral que conduzem a pessoa a fazer a

coisa certa, a despeito das pressões em contrário; [...]. Desperta

no cadete os mais nobres sentimentos de amor e serviço à Pátria,

além de estimular o desenvolvimento da cidadania e da correção

na conduta social. (AFA-CCAER, 2009a, p. 13-14, apud LEAL,

G. F., 2013, p. 391- 392).

O Ensino Militar aponta características dos métodos tradicionais e tecnicistas.

Através das metodologias em que há a exposição e demonstração verbal da matéria e por

meio da relação entre professor ou instrutor11 e aluno, na qual prevalece a autoridade do

professor sobre o aluno. Esse deve absorver os conhecimentos e ser disciplinado,

referindo-se às características do tradicionalismo. O tecnicismo obtém seu lugar à medida

que se entrelaça à objetivação e operacionalização das atividades até no ensino, para o

ensino. (KIRSCH, 2013, p. 37).

A pedagoga ainda da relata que no ambiente militar ocorrer punições e elogios nas

salas de aulas, e eles podem ocorrer individualmente ou coletivamente, pois o

comportamento nas instituições é constantemente reforçado, seja ele positivo ou negativo,

para que, assim, a disciplina e o comprometimento com os estudos sejam características

marcantes dos alunos.

Os oficiais alunos em formação vivem nas instituições de ensino militar em

formato de internato, ou seja, nelas eles estudam as disciplinas teóricas, as disciplinas

práticas, realizam as refeições, pesquisas e dormem em alojamentos. Somente nos finais

de semana, quando não há previsões de aulas eles são dispensados, momento em que

podem visitar seus familiares.

Pode-se considerar, segundo a visão de formação integral do homem baseados nos

conceitos defendidos por FERREIRA JR e BITTAR (2008), que a rotina vivenciada por

10 Segundo o Manual do Cadete do ano de 2010. 11 Os militares referem-se aos tempos de aula como instrução, e denominam os militares responsáveis

como instrutores.

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esse tipo específico de educação almeja os resultados vinculados à práxis educativa da

relação dialética entre teoria e prática:

[...] parte da premissa de que a educação tem, como um dos seus

corolários, o processo de produção e reprodução de

conhecimentos inerentes às mediações necessárias à práxis que

resulta na humanização dos homens; e, por conseqüência, o

conhecimento clássico acumulado historicamente pela

humanidade é tomado como meio essencial e predominante da

ação educativa. Assim, o conhecimento humano – científico,

tecnológico e cultural – constitui-se em elemento superestrutural

engendrado nas múltiplas e contraditórias relações sociais que os

homens estabelecem entre si e com a natureza durante o processo

de realização das suas condições materiais e espirituais de

existência. Nesta perspectiva, o conhecimento, como

representação abstrata da realidade concreta do mundo, expressa

as duas dimensões da práxis social dos homens, isto é, a relação

dialética entre teoria e prática [...](FERREIRA JR, BITTAR,

2008, p. 636)

Desta forma, até agora observamos as características principais da criação da

Instituição escolar escolhida por essa pesquisa: a Escola de Aeronáutica e caracterizamos

de forma sintática as características principais, baseadas nos referenciais escolhidos, que

priorizam a educação em formato militar.

Das principais fontes de pesquisa

Sobre a Escola de Aeronáutica encontram-se diversas citações, no bojo de uma

história geral da Força Aérea Brasileira. Acerca da referida escola, os autores apresentam

e descrevem um conjunto factual considerado prioritário, cujos principais temas são:

solenidades e formaturas; homenagem aos primeiros comandantes da escola; instrução

aérea; equipagens utilizadas; ativação e desativação de organizações militares e a

transferência da Escola para fora do Rio de Janeiro.

Parte substancial deste esforço inicial de investigação consistiu em localizar as

fontes primárias que subsidiam as pesquisas. O levantamento realizado priorizou as

instituições de pesquisa localizadas na cidade do Rio de Janeiro. Assim foi feito pelo fato

de boa parte das fontes sobre o Ministério da Aeronáutica e a Escola de Aeronáutica

encontrar-se nesta cidade. São exemplos de instituições que guardam importantes fundos

documentais referentes ao tema: Arquivo Nacional, Centro de Documentação da

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Aeronáutica, Universidade da Força Aérea e Centro de Pesquisa e Documentação de

História Contemporânea do Brasil.

Registra-se que tal levantamento não se pretende definitivo, e que tampouco se

descarta incursões às outras fontes localizadas, se assim se fizer necessário. Segue agora

breve descrição dos principais fundos e tipos documentais localizados.

O Centro de Memória do Ensino, órgão subordinado à Universidade da Força

Aérea, abriga um riquíssimo acervo de livros e documentos raros, voltados, sobretudo, ao

ensino nas escolas e academias militares. Muitos destes exemplares foram resgatados em

crítico estado de conservação, pois estavam prestes a ser descartados por seus antigos

mantenedores. Entre outros documentos, registramos o Livro Histórico da Escola de

Aviação Militar e os três volumes do Livro Histórico da Escola de Aeronáutica.

Os livros históricos são um excelente ponto de partida, e permitem,

frequentemente, a checagem de suas informações junto às publicações oficiais, como o

Diário Oficial da União. Além disso, o caráter oficial do livro é um importante filtro a ser

considerado - por certo reteve informações consideradas inadequadas, inconvenientes ou

mesmo irrelevantes ao ponto de vista institucional.

O CENDOC (Centro de Documentação da Aeronáutica) tem por missão a guarda

permanente da documentação relativa à Organização Militar desativadas do Comando da

Aeronáutica (COMAER), e trabalha com a perspectiva de se tornar o arquivo geral da

Força Aérea. Há também, neste centro de documentação, importantes fundos sobre a

história da aeronáutica brasileira, como parte da documentação pessoal de Alberto

Santos-Dumont e do Brigadeiro Nelson Freire Lavenère-Wanderley, incluindo-se aí a

compilação – de grande interesse para a pesquisa em pauta - de fontes utilizadas por este

oficial-general para a confecção de sua supracitada obra12.

Registra-se também a documentação proveniente da Pagadoria de Inativos e

Pensionistas da Aeronáutica13, que contém processos de reserva de boa parte do efetivo

do Ministério da Aeronáutica, aí podendo ser encontrada informações pertinentes sobre

militares ou civis que desempenharam funções relacionadas ao ensino da Escola da

12 Contém recortes de jornais, correspondências, fotografias e outros tipos documentais. Fundo Brigadeiro

Lavenère-Wanderley. Disponível no arquivo do Projeto Acervo Santos-Dumont (PASD) do CENDOC. 13 Disponível na Divisão de Arquivo Geral (DAG) do CENDOC.

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Aeronáutica e Academia da Força Aérea. Estes personagens servirão de fontes de

pesquisa para a história oral através de entrevistas.

Na Biblioteca Central da UNIFA (Universidade da Força Aérea), assim como

também no Acervo Histórico da Academia da Força Aérea encontram-se compilados

diversos exemplares da revista Esquadrilha, publicação editada pela Sociedade dos

Cadetes do Ar, agremiação de cadetes da Escola de Aeronáutica reconhecida oficialmente

pelo comando da Escola. Tal revista foi lançada inicialmente em meados de 1941, com

uma tiragem entre 2.000 a 2.500 exemplares, chegando a seus primeiros anos a lançar

oito edições anuais. Sua periodicidade diminuiu ao longo do tempo, porém ao que tudo

indica, manteve edições constantes por muitos anos. A Esquadrilha era vendida ao preço

de Cr$ 4,00, sendo Cr$ 5,00 o valor dos números atrasados, e Cr$ 36,00 a assinatura

anual. Pelo que consta em informações da publicação, este periódico poderia até ser

encontrado em bancas de jornal14.

Encontram-se 19 edições, dispostas intermitentemente entre os anos de 1941 a

1958. No sumário da edição nº 11, datada de 1943, por exemplo, encontram-se as

seguintes seções: Colaborações literárias e assuntos diversos; Colaborações Técnicas;

Medicina; Colaborações Humorísticas; Assuntos Internos; Colaborações Femininas;

Aviação Civil. O conteúdo dos artigos varia entre informações sobre a Segunda Guerra,

então em curso, a “Promoção de oficiais da FAB”, passando por considerações sobre a

“fotografia aérea e a guerra”, “torpedeiros americanos”, até “fisiologia e voo em grandes

altitudes”.

A revista Esquadrilha apresentava uma cobertura sobre atividades de instrução,

formaturas, eventos e aspectos gerais do Campo dos Afonsos, tudo permeado por valiosa

produção fotográfica. Há também de se mencionar artigos assinados por oficiais da FAB

e profissionais civis, em que se percebem as preocupações da época a respeito das

atividades bélicas em geral, bem como charges mostrando aspectos pitorescos, expressões

e costumes dos cadetes, poesias e outras composições artístico-literárias.

14 Órgão oficial da Escola de Aeronáutica e da Sociedade do Corpo de Cadetes do Ar. Edita oito números

por ano que são publicados durante o período escolar. “As assinaturas ou compras avulsas poderão ser feitas

diretamente na redação desta revista ou nas bancas de jornal.” In: ESQUADRILHA: Revista editada pela

Sociedade dos Cadetes do Ar da Escola de Aeronáutica, Campo dos Afonsos. Rio de Janeiro: [s.n], ano 2,

nº 11, [1943?]. p. 2.

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Em 1943, fora produzida “uma película”, ou seja, uma propaganda política

financiada pelo governo de Getúlio Vargas com o intuito de divulgar a escola de formação

de oficiais aviadores recém-criada: A Escola da Aeronáutica. “O segredo das asas”

mostra-nos que no Pavilhão de Aerotécnica Militar (PAM) o futuro oficial aviador tem

como estudos o avião, o seu motor e seus instrumentos, através dele, são absorvidos os

maiores rendimentos nas múltiplas funções militares e, assim, tornam-se aptos a qualquer

oficina de materiais aeronáuticos.

No PAM as aulas são ministradas todos os dias, em que os cadetes são divididos

em grupos. As aulas acontecem em várias seções, as quais são: seção de Educação Física

(A atividade física é parte fundamental para o melhor desempenho dos alunos nas tarefas);

seção das hélices (local de estudo dos vários tipos usados na aviação e o seu

funcionamento, também é estudado os mais diversos tipos de trem de pouso); Seção da

carpintaria (o cadete conhece as várias partes de madeiras utilizadas na composição do

avião); Seção de bordo ( é aprendido todos os funcionamentos, utilização e manutenção

dos aparelhos do avião); Seção de rádio ( é aprendido a utilização e a manutenção de todo

o material de rádio da escola, também aprende-se a controlar a torre de rádio, pois através

dela são transmitidas todas as instruções, como por exemplo as ordens de pouso e

decolagem); seção de informações (é apresentado ao aluno os navios, engenhos blindados

e os aviões dos amigos e inimigos, pois a boa identificação deles possibilita aos oficiais

fontes de informações seguras); Seção de bombardeio e tiro (os alunos são instruídos no

voo e no solo, mas antes fazem treinamento de pontaria, tiro ao pombo e tiro ao alvo,

além disso, manejam metralhadoras, aparelhos de pontaria e alça de bombardeio); seção

de aeródromo (é ensinado todos os cuidados de manutenção e dobragem do paraquedas

para a sua utilização).

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Figura 1: Início das Aulas no Campo dos Afonsos

Fonte: Revista Esquadrilha, p.60, mar. 1944.

Estas instruções básicas habilitam o cadete a receber o brevê15 e torna-se capaz

de executar as missões de guerra. Diariamente, ao meio dia, as aulas param para o almoço

e um pequeno momento de repouso, ao final dele as atividades continuam normalmente.

Assim como as seções existem os estágios, o primeiro é marcado por ser o mais

emocionante na vida do piloto, pois ocorre o primeiro voo solo, que é a sua primeira

vitória, a qual é comemorada por meio do batismo16.

No segundo estágio, os cadetes entram em contato com aviões avançados, que irão

permitir as instruções de navegação, pilotagem sem visibilidade e entre outras. E no

último estágio (o mais avançado de todos), o cadete passa a aprender a pilotar aviões mais

delicados, tais como os de guerra.

Ao final do ano ocorre a formatura ou juramento dos cadetes, a cerimônia é

comparável com as dos estudantes civis. O juramento é expressivo, mas antes dele há

uma cerimônia comovedora em homenagem aos companheiros que morreram durante o

curso.

15 Do francês brevet, é um documento que dá ao seu titular a permissão para pilotar aviões. 16 O aluno comemora juntamente com seus colegas e é jogado no chafariz da escola.

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Figura 2: Formatura em homenagem aos militares mortos durante o curso

Fonte: Revista Esquadrilha, p. 36, out. 1943.

O Primeiro Grupo de Caça Brasileiro foram os primeiros oficiais a serem

formados pela Escola de Aeronáutica para atuarem na guerra de forma que conseguiam

elaborar estratégias e operá-las, consequentemente diferenciaram-se por seus atos

heróicos em operações militares no Teatro de operações do Mediterrâneo contra o

oponente dos Estados Unidos em 1945. Em resultado ao excelente trabalho realizado por

esses guerreiros ressaltaram as tradições do serviço militar e conquistaram para si e para

as Forças Armadas do Brasil uma extraordinária reputação (PEREIRA, 2007, p. 93-94).

A história se inicia em fevereiro de 1943, Getúlio Vargas e Franklin Roosevelt

na cidade de Natal- RN encontraram-se com os presidentes dos Estados Unidos, ocasião

em que nasce a ideia de criar uma força militar para serem enviadas à guerra, porém,

Vargas argumentou que, para enviar a tropa das Forças Armadas Brasileira era necessário

o reaparelhamento bélico. Sendo assim, em março aprovou a proposta feita pelo General

Eurico Dutra, que sugeriu a formação de uma Força Expedicionária Brasileira (FEB), mas

que recebessem o material bélico, não somente as que seriam enviadas ao conflito e,

também as que garantiam a segurança do território brasileiro. Nesse momento a FAB17

desempenhava a sua primeira grande missão, a de garantir a segurança da costa brasileira

por meio do patrulhamento.

17 Força Aérea Brasileira.

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O primeiro grupo de caça brasileiro adotou o lema “Senta a pua!”, com o intuito

de incentivar os companheiros a enfrentarem os adversários com vontade de exterminá-

los. O grupo era composto por 49 pilotos e 417 homens de apoio, juntos realizaram

inúmeros bombardeios e apoiaram a FEB na conquista de Monte Castelo.

Durante o percurso de Virgínia para a Itália, levantou-se a necessidade da criação

de um símbolo para o grupo, seguindo a tradição da aviação militar. A missão da criação

foi dada ao talentoso desenhista Capitão Fortunato que ilustrava as revistas militares. A

ideia do símbolo parte das características e vivencias do grupo naquele momento de

guerra. O primeiro ícone derivou da degustação da comida americana pelos guerreiros,

em que tiveram que comer até feijão branco com açúcar, com isso o desenhista lembrou-

se do avestruz, ave que come de tudo, e nisso se compararam a ela e passaram a se

chamarem de avestruzes. Ao ilustrar o avestruz que representaria o piloto de caça

brasileiro, tomou como modelo o Tenente Lima Mendes vulgo “Limatão”, que esbanjava

alegria por onde passava. 18

No símbolo também há uma moldura auriverde que simboliza o Brasil; um campo

rubro ao qual situa o avestruz, o vermelho simboliza o céu de guerra; uma nuvem branca

simboliza o chão do aviador; um escudo com Constelação do Cruzeiro do Sul, que é o

símbolo usual que simboliza as Forças Armadas Brasileiras; um risco, à direita que é

elevado por uma explosão de obus, simboliza a ação da artilharia antiaérea inimiga que

flagelava os brasileiros; um quepe branco que simboliza a nacionalidade, uma arma que

a avestruz segura, simboliza o poder de fogo do avião P- 47, que possuía oito

metralhadoras. (LIMA, 2012, p. 50)

18 Relato do depoimento retirado do Documentário “Senta a Pua”, direção de Erik de Castro, 1999.

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Figura 3: Símbolo Senta Pua.

Fonte: combatente.weebly.com/

Conclusão

Com bases no estado da arte atribuído até aqui, em relação à rotina dos oficiais

alunos, destaca-se a divisão das atribuições em através de atividades práticas (afazeres

militares), técnicas e tradicionais (disciplinas), em certa medida aproximando-se da

formação integral ou omnilateral19, ou seja, o homem com formação completa, integrado

às artes do fazer20 e do falar21, com o conhecimento intelectual à favor de seus domínios

dos conteúdos na prática.

Dentre as fontes, ressalta-se que as revistas Esquadrilha foram produzidas pelos

próprios oficiais alunos e ao folheá-las somos remetidos aos dia a dia da Escola de

Aeronáutica com certa riqueza de detalhes presentes nas descrições de suas matérias.

Além disso, registraram o dia a dia na escola militar na tentativa de informar a sociedade

como era a vida no interior da Instituição, ou seja, como conviviam com os demais

cadetes, com a distância da família, amigos e pessoas amadas; a rotina dos estudos (como

as aulas de Educação Física e voos) e, também, podemos observar que expunham sobre

os regimentos, condutas, formaturas e missões, porém não deixavam de lado a

descontração, levando o humor aos leitores através de charges, histórias e brincadeiras.

19 Formação humana oposta à unilateral provocada pelo trabalho alienado. 20 Relacionado à teoria de Max, refere-se ao trabalho não alienado. 21 Relacionado à teoria de Marx, refere-se à política de emancipação.

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Por meio de textos e fotografias relatavam as visitas que receberam das comissões de

professoras de épocas, de moças (donzelas e moçoilas), respondiam cartas, escreviam

contos com ilustrações e contava-nos sobre as novidades da Escola de Aeronáutica e da

FAB.

Por todos esses aspectos apresentados, podemos concluir que foi em meio ao

cenário conturbado de guerra que nasceu a formação de Oficiais Aviadores, uma

formação rápida e técnica para defender a nossa pátria. Ao analisarmos as Revistas

Esquadrilha encontramos um material nutrido de informações culturais.

A revista permite conhecer, assim, detalhes do cotidiano do Campo dos Afonsos

que escapam ao caráter mais burocrático do Livro Histórico. As charges, poesias e artigos

de autoria dos Cadetes são uma interessante janela para o melhor conhecimento acerca da

mentalidade dos mesmos. É também a melhor fonte para se explorar os aspectos

humanísticos dos cadetes da Escola de Aeronáutica, uma vez que em suas publicações as

charges, poesias e demais produções artístico-literárias delimitam, desta forma, o perfil

da formação acadêmica da época.

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