15
O ESTUDO DA IMPLANTAÇÃO DO PLANEJAMENTO, CONTROLE E PRODUÇÃO (PCP) NUMA EMPRESA DE COMUNICAÇÃO VISUAL Área temática: Gestão da Produção Albertina Sousa Silva [email protected] Danilo Colaço [email protected] Vera Souza [email protected] Daysi Farias [email protected] Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar a implantação do planejamento, controle e produção (PCP) acompanhado da pesquisa de clima organizacional, Ciclo PDCA e avaliação desempenho numa empresa de comunicação visual. O estudo de caso foi o método aplicado para a obtenção dos dados da pesquisa. Através de estratégias como participação em reuniões e tomada de decisão, associados a implantação do PCP, a empresa alcançou novos e melhores índices de produtividade, satisfação do cliente e redução de perdas. Palavras-chaves: Planejamento, Controle, Produção, Produtividade, Gerenciamento.

O ESTUDO DA IMPLANTAÇÃO DO PLANEJAMENTO, … · ... Marcenaria” é convertido e lançado como hora de trabalho sendo ... Resumo de atividades por colaborador: Na análise do colaborador

Embed Size (px)

Citation preview

O ESTUDO DA IMPLANTAÇÃO DO PLANEJAMENTO, CONTROLE E

PRODUÇÃO (PCP) NUMA EMPRESA DE COMUNICAÇÃO VISUAL

Área temática: Gestão da Produção

Albertina Sousa Silva

[email protected]

Danilo Colaço

[email protected]

Vera Souza

[email protected]

Daysi Farias

[email protected]

Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar a implantação do planejamento, controle

e produção (PCP) acompanhado da pesquisa de clima organizacional, Ciclo PDCA e

avaliação desempenho numa empresa de comunicação visual. O estudo de caso foi o método

aplicado para a obtenção dos dados da pesquisa. Através de estratégias como participação

em reuniões e tomada de decisão, associados a implantação do PCP, a empresa alcançou

novos e melhores índices de produtividade, satisfação do cliente e redução de perdas.

Palavras-chaves: Planejamento, Controle, Produção, Produtividade, Gerenciamento.

1 – A MBV DESIGN

A MBV Design é uma empresa que atua na área de comunicação visual corporativa

executando atividades de confecção e instalação de placas, letreiros, quadros, totens e outros

confeccionados atendendo a necessidade do cliente. Iniciou suas atividades no ano de 1988.

Observado o aumento na demanda para o gerenciamento de processos e pessoas, a empresa

passou a sofrer quedas por não suportar o atendimento com o mesmo escopo de atendimento

inicial. Atualmente a MBV Design conta uma demanda média de 22 colaboradores, que se

dividem em equipes estratégicas de vendas, produção e administração. A fim de reduzir as

quedas, a gestão implementa uma mudança na produção e o resultado apresentado deve

objetivar a satisfação do cliente conforme evidenciado em Figura 01.

FIGURA 01 – Modelo de um sistema de gestão da qualidade baseado em processo. Fonte (ABNT)

Existem dois modelos de sistema conhecidos como: produção puxada e produção empurrada.

O sistema de produção considerado no processo de mudança foi puxado. da empresa de

produção puxada foi o observado durante a realização da pesquisa. Segundo TARDIN e

LIMA (2000 p.1) o sistema de puxar não exige a necessidade de programar todos os

processos por onde correrá uma solicitação. As tomadas de decisões são determinadas pelos

próprios colaboradores, usando um simples controle de informação que sinaliza a conexão

entre as operações através do processo.

FIGURA 02: Modelo de produção puxada. Fonte: TARDIN e LIMA (2000 p.2)

Pinho (2007 p.4) sugere o mapeamento da análise de processo como uma ferramenta capaz de

oferecer melhorias e acrescenta que existem quatro enfoques que devem ser considerados. São

eles: (1) eliminar todo trabalho desnecessário; (2) combinar operações ou elementos; (3)

modificar a sequência das operações e (4) simplificar as operações essenciais. De acordo com

PINHO (2007 p.4 apud Slack, 1997) algumas técnicas distintas são apresentadas para o

mapeamento de processo. O fluxograma é uma dessas técnicas. Definido como uma técnica

de mapeamento que permite o registro de ações de algum tipo e pontos de tomada de decisão

que ocorrem no fluxo real. As formas geométricas padronizadas indicam determinada variável

e podem ser evidenciados por cores, setores, processos, atividades e outros (figura 03).

FIGURA 03: Modelo de fluxograma de processo. Fonte: PINHO (2007 p.5)

2 - PLANEJAMENTO, CONTROLE DE PRODUÇÃO (PCP)

O Planejamento e Controle da Produção (PCP) é a área que executa as estimativas para

garantir a continuidade dos processos produtivos. Com um histórico iniciado no terceiro

trimestre do ano de 2012, surgiram os principais sintomas que comprometiam o

desenvolvimento da organização: Atrasos; falhas; ociosidade ou sobrecarga de trabalho e

retrabalho; má distribuição de tarefas, gerando alta concentração de especialização entre

poucos colaboradores; controle de informações defasado, onde prioridades das necessidades

do cliente não eram informadas a produção.

A implementação do ciclo Plain, Do, Control e Action (PDCA) auxiliou no controle e

melhoria dos processos e produtos através de parâmetros iniciais. Foram eles: levantamento

dos fluxos de processo; descrição de documentos; treinamentos e medição de resultados. Um

formulário constando questões com opções de respostas de 01 (Ruim) a 04 (Estou satisfeito)

foi disponibilizado para os trabalhadores, afim de reunir as informações sobre a organização e

processos e políticas Os requisitos foram elaborados considerando os seguintes pontos

críticos: política salarial; oportunidade de carreira; comunicação interna; programa da

qualidade; relacionamento no trabalho; ambiente de trabalho; identidade e compromisso com

a empresa; qualidade e produtividade e estilo gerencial. Pode manter ou não o seu anonimato

de respostas. Esta medida provê à gestão de uma maior possibilidade de confiança sobre a

resposta.

FIGURA 04:

Pesquisa de clima

MBV Design

referente à Jan/13

Fonte: MBV Design

FIGURA 05: Resultado de Pesquisa de clima MBV Design comparativo jan/13 e jun/14 Fonte: MBV Design

Baseando-se nos resultados da pesquisa de clima foi possível executar um diagnóstico que

promoveu melhorias dentro da gestão. Como ação corretiva, foi necessário criar uma

ferramenta para promover a comunicação interna. Chiavenato (2003 p.128) ressalta que: “é

preciso assegurar a participação das pessoas dos escalões inferiores na solução dos problemas

da empresa. Incentivar franqueza e confiança entre indivíduos e grupos nas empresas”.

Implementou-se a Instrução Técnica (IT) de número IT-6.2-01/02 – ilustrada na figura 06.

FIGURA 06: IT6.2-01/02 Norma interna. Fonte: MBV Design

O analista da qualidade e a direção mapearam o processo produtivo da MBV (figura 7) para

entender como o resultado afetaria a produtividade da empresa, compreender o processo como

um todo e a interação dos colaboradores em cada etapa somavam-se as novas atribuições do

gestor.

FIGURA 07 – Macro fluxograma de processo. Fonte: MBV Design

O PCP era executado em uma planilha controlada pelo supervisor. A ferramenta acabava não

sendo funcional, visto que demandava tempo e não permitia aos colaboradores uma visão da

demanda de trabalho planejada. Considerando o diagnóstico do fluxograma aperfeiçoou-se o

uso da ferramenta PCP e passou a ser diretamente ligada ao sistema de dados da empresa.

Cada atribuição dada para a construção da rota de trabalho é nomeada de mão de obra

(MDO), inserida no sistema com lançamentos contabilizados de horas planejadas. Onde a

unidade de medida é em hora. Assim, se o supervisor do setor estima um tempo de 50

minutos de “MDO – Marcenaria” é convertido e lançado como hora de trabalho sendo 50/60

(cinquenta dividido por sessenta) gerando um lançamento de 0,83 horas de “MDO –

Marcenaria”. A ferramenta era falha por não divulgar aos colaboradores a demanda de

trabalho planejada para a produção aos colaboradores. Os lançamentos de cada MDO

passariam a ser

vinculados ao

trabalhador previsto

(figura 08) no ato da

emissão da Ordem de Produção (OP) no sistema.

FIGURA 08 – Entrada de dados em Ordem de Produção (OP) Fonte: MBV Design.

A análise é feita no intervalo de datas vigentes, descrita no título figura 09 a seguir:

Resumo de atividades por colaborador: Na análise do colaborador é inserida uma

função condicional com cores. Esta condicional restringe o limite de horas trabalhadas

do colaborador. Sendo assim:

Cor Intervalo Indica que o colaborador ...

Verde < = 6h tem folga para novas atribuições

Amarela > 6h e <= 8h está próximo do limite de disponibilidade

Vermelha > 8h Precisará executar horas extras

QUADRO 01: Tolerância para análise de atividades do PCP Fonte: MBV Design

O total é o somatório de horas alocadas na data vigente na figura 09, percebe-se que a

primeira linha apresenta uma sobrecarga de horas pendentes voltadas a nenhum trabalhador.

Estas são atividades que estão com alguma pendência externa. Com isso o coordenador do

setor deixa de atribuir a atividade para não afetar a produtividade do colaborador.

Resumo de atividades por área: O resumo por área relata ao gestor uma totalidade de

como os trabalhadores estão alocados na empresa. Esta ferramenta complementa a

anterior por conta dos recursos da empresa. A análise das atividades por trabalhador é

um resumo dos lançamentos de MDO estimados a cada um. Esse resumo é entregue

no início do dia e cabe a cada um definir seus prazos e prioridades. O resumo descreve

as atividades atribuídas por data limite de entrega e indica a rastreabilidade da

solicitação através do número de ordem de serviço (OS) e ordem de produção (OP) e

as atividades MDO atribuídas ao item.

FIGURA 9: Atividades por colaborador Fonte: MBV Design

O tempo planejado garantiu folga aos trabalhadores planejando para o dia seguinte. Reduziu

os ruídos e ajudou na negociação de prazos com o cliente. Com a implantação do PCP a

gestão criou ferramentas de medição do processo produtivo. Apontará não só um histórico de

horas produtivas, mas também o de retrabalho e atraso médio A figura 11 mostra um esboço

desta ferramenta que estima uma visão comparativa entre todos os colaboradores os

resultados:

Apesar do comprometimento da gestão em definir objetivos sobre a rotina de trabalho

observou-se também a necessidade de incentivo ao desempenho do trabalhador. Observaram-

se os cargos e suas descrições. Estas atribuições em geral se resumiam as descrições de MDO.

Definiu-se estipular a polivalência em cima destas atribuições. Isso possibilitaria a gestão

reduzir de sete cargos diferentes para apenas um cargo específico e em cima deste trabalhar o

plano de carreira. A cada aumento de produtividade do trabalhador se propõe um benefício. A

gestão criou uma ferramenta de avaliação que passou a medir a meritocracia do trabalhador.

Para o desenvolvimento desta ferramenta atribuiu-se um peso, baseado na complexidade, a

cada um dos conhecimentos estipulados para o desenvolvimento do trabalhador (figura 12).

Essa apuração de valores foi baseada em um estudo feito pela direção e validada na planilha

com o propósito de refletir a realidade da gestão. Com o desenvolvimento dos trabalhadores,

o coordenador da produção junto com a direção, passaram a identificar também a necessidade

de inclusão de variáveis comportamentais. Foi gerado um estudo para implantação da análise

das competências do trabalhador, implementando-se também a avaliação do desempenho

(Figuras 10 e 11).

FIGURA 10–Avaliação de desempenho. Fonte: MBV Design

FIGURA 11– Resultados de entrada de dados para avaliação de desempenho. Fonte: MBV Design

As notas são multiplicadas conforme os pesos definidos de cada atributo e o somatório

compõe a pontuação total do trabalhador. Essa pontuação é então multiplicada pelo fator,

convertendo a pontuação na totalização da remuneração do trabalhador.

Também é calculado o desenvolvimento do trabalhador. Quanto maior a eficiência, maior o

nível e maior o título do cargo do trabalhador contribuindo para o plano de carreira. A

aceitação da avaliação de desempenho só passou a ser reconhecida entre os trabalhadores,

após a primeira avaliação, executada em março de 2013, devido ao ajuste salarial dos

trabalhadores. Durante as duas primeiras avaliações a mesma foi feita de maneira intuitiva

onde o questionário se baseava apenas nas opiniões do coordenador confrontadas a do

colaborador. Na terceira avaliação de desempenho, executada em maio de 2014, foi utilizado

como critério de consulta para o coordenador o documento de Análise das atividades da

produção e a base de nota de 0 a 4 se apresentava muito vaga para avaliação. Por este motivo

a avaliação teve alteração para a avaliação de 0 a 10 nos quesitos. Este método facilitou ao

gestor definir com maior precisão o desempenho dos trabalhadores. Observados os critérios,

os colaboradores passaram a questionar sobre as informações utilizadas. Na reunião mensal de

produção passou a ser entregue uma cópia impressa dos resultados de cada um dos

colaboradores (figura 20), onde este relatório nada mais é que uma compilação individual da

Análise das atividades da produção. Atualmente a empresa estuda o índice de crescimento de

desempenho da produção (figura 20) e identificou-se que após um ano e meio de implantação,

a eficiência média é de 50% o qual comprova a eficiência nos investimentos do capital

humano.

FIGURA 12 – Resultados de entrada de dados para avaliação de desempenho. Fonte: MBV Design

A eficiência de crescimento da produção calcula a média de eficiência dos colaboradores

entrevistados.

FIGURA 13 – Relatório de desempenho Mensal – individual. Fonte: MBV Design

Com a inclusão de recursos e investimentos percebeu-se a redução de um turn over (figura

17) com picos de 12% no ano de 2013 a média anual de 6% de rotatividade diminuída em

2014 em uma média anual parcial de 3%.

O índice de rotatividade da empresa considera a média sobre contratações e demissões pelo

total de funcionários do período. Outro indicador para melhoria na produção foi o de

produtividade logística que considera o somatório do valor de produtos entregues sobre o

somatório de Ordens de Serviço enviado para a produção durante o período mensal.

FI

GURA 14: Indicador de rotatividade e produtividade logística na MBV Design. Fonte: MBV Design

Considerações finais

Observa-se que a MBV Design encontrou dificuldades para gerir a mudança, principalmente

no que tange o recurso humano. Verificou-se que antes da implementação de algumas

ferramentas a gestão desconhecia como os trabalhadores realizavam as suas tarefas, o índice

de produtividade, a rotatividade, o relacionamento e o entendimento dos processos. Para

tentar minimizar os impactos da mudança, a gestão escolhe e implementa algumas estratégias

que possibilitaram um resultado mais promissor. Ferramentas como o PDCA, o clima

organizacional, a avaliação de desempenho baseados e apoiados no planejamento, controle e

produção (PCP) conseguiram realizar as ações e criar outras. A produtividade, o

comprometimento, a satisfação dos clientes e a integração entre os níveis demonstraram que a

participação dos trabalhadores contribuiu não só para o desenvolvimento dos próprios, mas da

organização. Reflexo disso foi a redução da rotatividade na empresa no ano de 2014 em

relação a 2013. Houve um custo, o qual a empresa não liberou o valor dos investimentos.

Bibliografia

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Sistemas de gestão da

qualidade –– requisitos: NBR ISO 9001. Rio de Janeiro, 2008.

BISPO, Carlos Alberto Ferreira. Um novo modelo de pesquisa de clima

organizacional. Revista Produção, v. 16, n. 2, p. 258-273, 2006.

CUNHA, Carlos AC da; WANDERLEY, CMJ; SEVERIANO FILHO, Cosmo. Estudo

comparativo da produtividade entre os sistemas de produção puxada e empurrada da

indústria de calçados: o caso Cambuci. ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE

PRODUÇÃO-ENEGEP, v. 23, 2003.

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. Elsevier Brasil,

2003.

MARTINS, Gilberto Andrade. Estudo de caso: uma reflexão sobre a aplicabilidade em

pesquisas no Brasil. Revista de Contabilidade e Organizações, v. 2, n. 2, p. 4-18, 2008.

NOGUEIRA, José Marcelo Maia; OLIVEIRA, Leonel Gois Lima; PINTO, Francisco

Roberto. A meritocracia no setor público: uma análise do plano de cargos e carreiras do

poder judiciário cearense. THEMIS, p. 27, 2007.

PINHO, Alexandre Ferreira de; LEAL, F.; ALMEIDA, Dagoberto Alves de. Combinação

entre as técnicas de fluxograma e mapa de processo no mapeamento de um processo

produtivo. XXVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Foz do Iguaçu. Anais do

XXVII Enegep, 2007.

SALOMON, VALÉRIO ANTONIO PAMPLONA. Desempenho da modelagem do auxílio

à decisão por múltiplos critérios na análise do planejamento e controle da produção.

2004. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

SPHAIER, Andrea Alcoforado. Adaptação de um Modelo para a Avaliação da Qualidade

de Serviços Prestados por uma Empresa de Tecnologia da Informação. 2009. Tese de

Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro.

TARDIN, Gustavo Guimarães; LIMA, Paulo Corrêa Lima. O papel de um quadro de

nivelamento de produção na produção puxada: um estudo de caso. São Paulo: XX

ENEGEP-Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 2000.

VASCONCELOS, D. S. D., & Souto, M. D. S. M. L. (2009). A utilização das ferramentas

da qualidade como suporte a melhoria do processo de produção: estudo de caso da

indústria têxtil VENTURA, Magda Maria. O estudo de caso como modalidade de pesquisa. Revista

SoCERJ, v. 20, n. 5, p. 383-386, 2007.