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Universidade Federal da Paraíba Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes Pós-graduação em Letras O Exercício de Autoria na Elaboração de Resumos Escolares em Língua Estrangeira LE João Pessoa, Outubro de 2006.

O exercício de autoria na elaboração de resumos escolares ... · A prática de resumo escolar tem se caracterizado como um exercício tradicional, ... de artigos de revistas e

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Universidade Federal da Paraíba

Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes Pós-graduação em Letras

O Exercício de Autoria na Elaboração

de Resumos Escolares em Língua Estrangeira LE

João Pessoa, Outubro de 2006.

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Santos, Cleydstone Chaves O Exercício de Autoria na Elaboração de Resumos Escolares em LE/ Cleydstone Chaves dos Santos- João Pessoa, 2006,178p. Orientadorª: Profª Drª Maura Regina Dourado Dissertação (Mestrado) – UFPB-CCHLA

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Cleydstone Chaves dos Santos

O Exercício de Autoria na Elaboração

de Resumos Escolares em LE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Letras da Universidade Federal da

Paraíba, como parte dos requisitos para obtenção do

grau de Mestre em Letras, área de concentração

Linguagem e Ensino: Linguagem e Interação em

Contexto de Ensino.

Orientadora: Profª Drª Maura Regina da Silva Dourado Co-orientadora: Drª Ana Cristina Souza Aldrigue

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Cleydstone Chaves dos Santos

O Exercício de Autoria na Elaboração

de Resumos Escolares em LE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade

Federal da Paraíba, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em

Letras, área de concentração Linguagem & Ensino: Linguagem & Interação em

Contexto de Ensino.

Banca Examinadora

Profª Drª Ana Cristina Souza Aldrigue Co-orientadora (UFPB)

Profª Drª Marianne Cavalcante (UFPB)

Prof. Dr. Onireves Monteiro de Castro (UFCG)

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Agradecimentos

A Deus primeiramente,

A Profª. Drª. Maura Regina Dourado,

A Profª. Drª. Ana Cristina Souza Aldrigue, A Profª Drª Marianne Cavalcante

A Jade, A minha família,

Aos verdadeiros amigos,

A Mateus & a Michele,

A todos que fazem o CEAE,

A Profª Elisalva, a Roseane, a Rosilene e a Socorro (PLPG),

& a banca examinadora desta dissertação.

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Ich mochte Ihnen eine Ketzerische Frage stellen:

Ist Schreiben als Zielfertigkeit uberhaupt en legitimes Ziel?

Wozu sollen wir denn das schreiben lehren?

Wann schreiben denn unsere Schuller nach Abschluss ihrer

Schulzeit noch in der fremden Sprache?

Bernard Kast.

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Resumo

A prática de resumo escolar tem se caracterizado como um exercício tradicional,

restringindo, assim, sua elaboração a uma atividade de avaliação de compreensão

de leitura pelo professor. O presente trabalho tem como finalidade explorar o

exercício de autoria na elaboração de resumos, tendo em vista estratégias textuais-

discursivas utilizadas, a partir de uma situação específica em contexto acadêmico.

Para tanto, a pesquisa foi realizada no âmbito de duas disciplinas de língua inglesa

do curso de extensão (Língua Inglesa VII e VIII), oferecida pelo Departamento de

Línguas Estrangeiras da UFCG, campus I, Campina Grande.O corpus desta

pesquisa consiste em 5 resumos dentre os 60 textos produzidos pelos alunos destas

disciplinas como parte da avaliação final do curso. Os resultados nos autorizam

afirmar que as escolhas feitas pelos alunos, a concepção de resumo que eles têm, a

organização das idéias do texto-base no texto-resumo, bem como as estratégias de

resumir (apagamento, cópia, deslocamento e generalização) evidenciam a assunção

da responsabilidade do aluno pelo seu dizer, isto é, o exercício da função autoria.

Palavras-chave: Resumo escolar, estratégias, exercício de autoria.

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Abstract

School summarizing practice has been carried out as a traditional exercise type,

hence the restriction of its elaboration as a reading comprehension evaluation task by

the teacher only. This paper aims at exploiting the exercise of authorship on the

school summary elaboration, based on discursive-textual strategies utilized, in a

specific situation at an academic context. For such a work, this research took place in

the ambit of two disciplines of English as a Foreign Language offered by Foreign

Language Department Extension Course ( English Language VII & VIII) at UFCG,

Campina Grande. The corpus consists of 5 summaries among 60 ones elaborated by

the students of those groups as part of the course final evaluation. The results

authorize us to state that the choices made by the students, their summary

conception, the ideas organisation from source-text in the summary one as well as

the summarising strategies (deleting, moving, copying and generalising), revealing

the students assumption of responsibility for their saying;

Keywords: School summary, strategies, exercise of authorship.

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Abreviações utilizadas nesta dissertação:

RP- Resumo Parâmetro

TI- texto 1

T2-texto 2

T3-texto-3

T4-texto 4

T5- texto 5

TB-texto-base

TR-texto resumo

EA- exercício de autoria

RA- Resumos dos alunos

L1- Língua materna

LE-Língua estrangeira

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Sumário

Agradecimentos v

Resumo vi

Abstract vii

Introdução 11

Capitulo. 1- Contribuições da Lingüística Textual – 16

Parte I – Noções de Texto & Os fatores de Textualidade 16

Parte II - Autor, Autoria & Estilo 24

Capitulo. 2 - O gênero textual resumo 33

Capítulo. 3- Metodologia 47

3.1 A natureza e contexto da pesquisa 47

3.2 Os participantes 47

3.3 Procedimentos para coleta dos dados 48

3.4 O corpus 49

Capítulo. 4 – Investigando o Exercício de Autoria 52

Parte I – Investigando o Exercício de Autoria no Resumo Parâmetro de Ousby 53

4.1 - Investigando o Exercício de Autoria no Resumo Parâmetro de Ousby 53

Parte II – Investigando o Exercício de Autoria nos Resumos dos Alunos 75

4.2 - Investigando o Exercício de Autoria nos Resumos dos Alunos 75

4.2.1 - O exercício de autoria em T1 75

4.3 – O exercício de autoria em T2, T3, T4 e T5 94

4.3.1 - A organização das idéias do texto-base em T2, T3, T4 e T5 108

4.4 As escolhas discursivas e a assunção do dizer em T2, T3, T4 e T5 108

4.5 - As estratégias de resumir em T2, T3,T4 e T5 113

4.6 - As concepções de resumo em T2, T3,T4 e T5 122

Considerações Finais 126

Referência Bibliográfica 129

Apêndice 132

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INTRODUÇÃO

A prática de elaboração de resumos em contexto escolar tem sido

utilizada, em sua maioria, como recurso para avaliação de compreensão textual.

Além disso, esse texto tem sido produzido para um único leitor, qual seja: o

professor. Desta feita, tal prática passa a deixar de lado a importância que o gênero

resumo pode representar no cotidiano do aluno no papel de sujeito social, aquele

que produz um texto com uma finalidade comunicativa, em determinadas condições

de produção. No caso do resumo, essas condições envolvem a função social do

resumo, quem, para quem, por que, para que, onde e como escreve?

Desta forma, mesmo quando se tem tido no espaço escolar o resumo

de paradidáticos, de artigos de revistas e ou de jornais, de filmes, de textos do livro

didático, de poemas, de letras de músicas e etc., a finalidade primordial ainda reflete,

consideravelmente, uma prática tradicional, a idéia de que a única finalidade do

resumo restringe-se a um exercício escolar de ler, compreender, resumir e submeter

à avaliação do professor.

Essa prática em sala de aula denuncia que o resumo tem sido visto, por

muitos professores de ensino fundamental e médio, como exercício de reprodução

de idéias principais do texto-base, e, assim, aquele que o faz estaria no papel de

reprodutor apenas. Isso resulta no apagamento da função autoria na elaboração do

resumo, todavia defende-se que um resumo envolve a assunção da

responsabilidade pelo dizer, pois o autor do resumo não apenas reproduz a idéia do

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texto-base, mas também a reconstrói, articulando o já-dito através da combinação

dos fatores de textualidade que dão ao texto o caráter de sua textualidade, revelando

neste texto um estilo ora próprio do escritor, ora próprio do gênero em si, ora próprio

da língua. Portanto, neste processo de articular e reconstruir instaura-se o exercício

de autoria, pois é nele que o aluno retoma o já dito, selecionando-o, reformulando-o,

reorganizando-o, e, assim, reconstruindo-o.

Ao se responsabilizar pelo dizer, o aluno no papel de autor não

apenas reproduz ou resgata o já dito, ele vai muito além, ele o reconstrói e neste

processo de reconstruir ele também passa a articular diversos fatores de

textualidade que garantem um texto coeso, coerente com unidade e progressão.

Daí, a importância de evocar os fatores de textualidade como

sendo co-participantes no processo de assunção do dizer, pois eles revelam como o

autor articula e reconstrói o já dito a sua maneira, servindo, assim, de suporte para

caracterização da função autoria aliada à noção de estilo.

Concernente à questão do estilo atrelada ao exercício de autoria,

podemos elencar três pontos básicos que respaldam a relação estilo-exercício de

autoria. Primeiramente, tem-se o caráter individual como marca de estilo do individuo

que conseqüentemente reflete como o individuo em sua particularidade age sobre o

código lingüístico coletivo, usando-o ao seu modo dentro dos padrões daquele

código e se adequando ao gênero em questão. Esta marca de autoria reflete a

noção de estilo individual que defendemos, o individuo que reorganiza o já-dito,

responsabilizando-se assim pelo seu dizer. Em seguida, tem-se o caráter de

coletividade, que marca o estilo de uma determinada língua, envolvendo seu código

lingüístico, suas normas e usos. Enfim, o caráter de ornamentação ou decoração da

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mensagem, que reflete as muitas escolhas discursivas que o individuo pode fazer

durante o processo de elaboração do resumo, obedecendo aos padrões daquele

código lingüístico coletivo e usando-o dentro de um fim comunicativo. Em suma,

temos uma marca de estilo que também vem respaldar a noção de autor face ao

arranjo da mensagem desejada.

Dessa prática, surge uma preocupação em relação a que

concepções e práticas sobre o gênero resumo o aluno traz consigo ao adentrar o

universo acadêmico? O que nos leva a pensar de que formas suas práticas e

concepções oriundas do ensino fundamental e médio, a respeito deste gênero

colaborarão ou não para seu êxito ao produzir um resumo no meio acadêmico?

Mediante tal realidade o presente trabalho tem como objetivo geral

caracterizar o exercício de autoria na elaboração do resumo escolar, tendo em vista

as questões de estilo na literatura de Possenti (1993), Bakhtin (1997) e Beaugrande

(2001), a partir de uma situação específica no contexto acadêmico. Para tanto,

estabelecemos os seguintes objetivos específicos:

Caracterizar o gênero resumo no ensino superior de língua estrangeira (LE);

Discutir pesquisas tanto em língua materna (L1 )quanto em LE sobre o gênero

resumo escolar;

Revisar propostas pedagógicas para o ensino do gênero resumo em L1 e LE;

Evidenciar o exercício de autoria na elaboração do resumo em LE.

Para tanto, o presente trabalho de pesquisa está organizado em seis

capítulos. No capítulo 01 trazemos as contribuições da lingüística textual referente

aos fatores de textualidade como foco principal, envolvendo definição e

caracterização dos mesmos, uma vez que é a partir de tais fatores que o autor

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consegue articular e assim reconstruir as principais informações do texto-base,

elaborando seu resumo como um todo coeso, coerente, com unidade progressão e

fim.

Ainda neste capítulo, discutiremos algumas questões que remetem

diretamente ao exercício de autor e autoria, atrelados às noções básicas de

constituição do sujeito.Em seguida, apresentamos as concepções de estilo segundo

os estudos de Beaugrande (2001), Possenti (1993), Bakhtin (1997) as quais vemos

como marcas caracterizadoras da função autor.

Concernente ao capítulo 02, conceituará o gênero resumo escolar.

Ainda acrescentando pesquisas voltadas para práticas pedagógicas tanto em L1

quanto em LE, ao lado de propostas pedagógicas sobre o ensino do gênero resumo.

O capítulo 03 destina-se a apresentação da metodologia do trabalho de

pesquisa com dados referentes à natureza da pesquisa, participantes, corpus, bem

como procedimentos de coleta e análise de dados.

No que se refere ao capítulo 04, ele consiste na investigação dos

dados, que, por sua vez, está dividida em duas partes: a primeira investigamos o

resumo de Ousby (1994) tomado como resumo parâmetro (RP) para a análise dos

demais, e na segunda parte investigamos os resumos elaborados pelos alunos

participantes.Em ambas as partes exploramos o exercício de autoria na elaboração

de resumos escolares em uma situação específica em contexto acadêmico tendo em

vista a organização das idéias do texto-base levando em conta a textualidade em

cada resumo; as escolhas e a responsabilidade do dizer; as estratégias de resumir

utilizadas (apagamento, cópia ou deslocamento e generalização) bem como as

concepções sobre o gênero resumo, refletidas nas produções textuais.

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Enfim, nas considerações finais abordamos nossas conclusões e

reflexões acerca desta pesquisa no que concerne aos seus objetivos alcançados

bem como as nossas hipóteses iniciais: a primeira sobre a prática tradicional de

elaboração de resumo em contexto escolar podendo resultar no apagamento da

função autoria e ou apenas comprometer o seu exercício adequado ao gênero em

questão: e a segunda concernente às concepções dos alunos sobre o gênero

resumo oriundo do ensino fundamental e médio mescladas àquelas vistas em

contexto acadêmico podendo colaborar ou não para o exercício de autoria na

elaboração de resumos escolares. Ainda questionamos nossas limitações e

implicações pedagógicas que o mesmo pôde suscitar ao longo da trajetória aqui

traçada face aos resultados a que chegamos, e que profundidade futuros estudos

possam abarcar a partir de nossa investigação.

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CAPÍTULO 01

CONTRIBUIÇÕES DA LINGÜÍSTICA TEXTUAL

PARTE I – NOÇÕES DE TEXTO & OS FATORES DE TEXTUALIDADE

Rompendo com o paradigma estruturalista, surge na década de 60 a

lingüística textual a fim de abordar o texto, considerando não apenas as frases

isoladas, mas, sobretudo, as relações semânticas e pragmáticas entre elas, e, assim,

a interdependência que elas apresentam entre o plano textual, o lingüístico e o plano

extra-textual, o extra-lingüístico. Nessa perspectiva, quatro autores serão utilizados

como referência teórica neste trabalho, a saber: Beaugrande & Dressler (1981),

Marcuschi (1983), Guimarães (1993) bem como Koch & Travaglia (2003).

Os estudos de Beaugrande & Dressler (1981) apresentam-se como

considerável importância e impacto para a análise do texto. Para os autores, é a

combinação dos fatores de textualidade - coesão, coerência, intencionalidade,

aceitabilidade, informatividade, situacionalidade e intertextualidade - que constituem

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o texto um todo coeso e com sentido, e não apenas um aglomerado de frases

corretas.

Para Guimarães (1993), a condição essencial para que o texto

desempenhe um caráter de “porta voz” é que ele se caracterize como um conjunto

articulado e harmônico de relações que se integram sintática e semanticamente. De

forma que quando escrevemos um texto, por mais simples que ele seja ou pareça,

estamos construindo o nosso posicionamento acerca do mundo e de nós mesmos.

Portanto, o texto deve ser resultante de um ato significativo e interpretativo, e, assim,

constitutivo, ao mesmo tempo, do próprio sujeito. Nessa perspectiva, o texto passa a

ser “porta voz” quando serve de canal veículador de uma voz, de um enunciado, de

um discurso cujo sentido é construído e reconstruído a partir da interação tríade

autor – texto – leitor, o que, na verdade, ainda vai diferenciar de leitor para leitor

dada à formação social e ou discursiva de cada um.

Em relação ao fator coerência, os autores citados anteriormente

caracterizam sua realização no âmbito da realização e aceitação do significado. Este

fator já é resultante de uma continuidade de sentidos. O significado atribuído a um

determinado texto é apenas aceito quando há comunicação entre autor e audiência -

mediante o texto. Isso é o que faz com que um texto seja coerente ou não.

Marcuschi (1983), diferentemente de Beaugrande & Dressler (op.cit),

vê os fatores de coerência como modelos cognitivos, os quais são denominados de

modelos globais. Nestes modelos se inserem os conceitos de frames, scripts, planos

e macroestruturas que o sujeito carrega como resultado de suas experiências

pessoais como sujeitos sociais.

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a) Por frames, entende-se enquadres, isto é, o conhecimento prévio sobre o assunto

e conhecimento de mundo;

b) Scripts, por sua vez, são as noções que se formam em nossa mente a partir de

cada experiência que vivemos, como se essas noções formassem roteiros;

c) Os planos se caracterizam como o conjunto destas noções armazenadas em

nossa mente;

d) Já as macroestruturas são os conjuntos maiores que englobam todas estas

noções anteriores em grupos específicos dado o seu tema.

A coerência vista sob esta ótica não é construída unicamente a partir

do texto lido, mas também parte do conhecimento prévio e de mundo que o leitor,

enquanto sujeito social, carrega consigo. Portanto, ele passa a ser parte desse

processo de construção de sentidos.

Tomando como base a idéia de estabilidade do texto como será

colocada posteriormente por Orlandi (1996), Koch & Travaglia (2003) definem a

coerência como resultante da combinação de fatores como: situacionalidade,

informatividade, intertextualidade, intencionalidade e aceitabilidade. Assim, para que

haja coerência também é necessária a participação do leitor como atribuindo sentido

ao texto.

Aqui também são consideradas as relações intratextuais (ex.: o

conhecimento lingüístico, o gênero textual) e extratextuais (ex.: o conhecimento

prévio do assunto ou gênero trabalhado, conhecimento de mundo, os frames, os

esquemas, os scripts ,aqueles definidos por Marcuschi enquanto modelos globais).

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Em se tratando de resumo, os fatores de textualidade

desempenham um papel crucial na sua elaboração. É, portanto, a articulação destes

fatores que dará ao texto as conexões necessárias que são vistas como

imprescindíveis à textualidade, e, conseqüentemente, ao exercício da função autoria

como defendido nesta dissertação.

A importância do fator coesão se dá devido à extrema necessidade

que há na conexão das idéias do texto-base. O autor do resumo vai recombinar e

articular o que considera como principais pontos deste texto na construção do seu

resumo, ou seja, reorganizar o já dito.

Neste processo de reconstruir o já-dito são necessários vários tipos

de coesão, um determinado autor, por exemplo, poderá utilizar mais a coesão

nominal a verbal. Desta forma, podemos encontrar em um resumo a recorrência

exaustiva à referênciação ora por indicação ora por orientação, à substituição seja

pronominal seja verbal e ou ainda lexical. Sabe-se, no entanto, que tal uso é reflexo

de um estilo individual que está muito voltado para a constituição do autor visto como

sujeito social.

Mediante tal noção, vemos que na elaboração do resumo, a função

básica de reconstruir o texto-base ora se articula pelo excesso de coesão verbal, ora

de coesão nominal (cf. Antunes, 1996). Portanto, o reorganizar de modo a articular

os principais pontos do texto-base pode levar diferentes autores a retomar diferentes

marcar coesivas, o que reforça a postura subjetiva no gênero resumo.

Na construção do resumo, o aluno autor precisa dar-lhe

continuidade com o intuito de manter os vínculos indispensáveis entre o já dito e o

por dizer. Esta postura remete diretamente para o que pensa Antunes (1996):

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“ (...) A coesão entra, então como recurso desta organização. Orienta-se para estabelecer a continuidade do texto, isto é, a cadeia de vínculos que se criam entre uma parte e outra do texto, ou entre aquilo que é dito e os contextos precedentes e ou seguintes (...) (p.42.).”

Vista dessa forma, observamos que a função do resumo em

condensar e articular os principais pontos do texto base se dá a principio pelo

recurso da coesão. O fator coesão, por sua vez, pode explicar porque o autor

retoma umas marcas coesivas e outras não do texto-base na construção do seu

resumo. Tal fator ainda nos servirá de pista para a caracterização do exercício de

autoria visto pela ótica do estilo do individuo, como resultante de seu conhecimento

prévio.

A partir, portanto, desta noção, vemos a importância de se discutir a

rede de continuidades estabelecida entre os contextos precedentes e seguintes, no

texto-base, com o uso adequado da coesão. Essa rede de continuidades é

responsável pela construção do sentido e no que se refere ao resumo na sua

reconstrução. É, portanto, esse sentido construído e reconstruído no texto que

chamamos de coerência.

A coerência , neste patamar, passa a ser caracterizada como um

fator de textualidade que também resulta da situação na qual se elabora o texto, ou

seja, o contexto de produção textual: o antes de escrever o durante a escrita e o

depois de se escrever. É, de fato, um momento relevante que influencia o produto

final. Neste contexto, ainda vemos as escolhas discursivas1 a serem tomadas pelo

autor como argumenta Beaugrande (2001): “um leque de usos e funções lingüisticas

que o usuário tem em cada língua”.

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Outro componente deste contexto é o gênero no qual o texto será

produzido, o que escrever, como escrever, de quais objetivos dispomos e etc. Toda

esta preocupação e indagação formam o que entendemos por situacionalidade,

através da qual se dá a resolução de nossas dúvidas acerca do que estamos

produzindo, contribuindo assim, para o texto alcançar sua coerência.

Durante a elaboração do resumo, o autor pode se deparar com o

seguinte questionamento: (1) O que pode vir a ser mais ou menos apropriado? (2)

Que idéia seria mais bem reconstruída? (3) Posso copiar uma determinada parte ou

parafrasear outra? (4) Tenho que fazer referência ou não? (5) O que devo apagar?

Questões como essas remetem diretamente a articulação dos fatores de

textualidade. Estruturar, dar sentido, fazer referência ou não, estabelecer objetivos e

etc., são pontos que revelam uma acentuada preocupação com coesão, coerência e

situacionalidade.

Ao lado destes fatores estão a intencionalidade e a informatividade.

Alcançar o objetivo de condensar devidamente as idéias principais do texto-base é o

primeiro passo necessário a todo aquele que pretende resumir um texto. O que

condensar e como fazê-lo resultará justamente no grau de informatividade do

resumo. Segundo Beaugrande & Dressler (1981), Beaugrande (2001), a seleção das

contribuições de conhecimento prévio do autor para a textualização podem ser

naturalmente controladas pelas demandas de informatividade.

Talvez, por isso, possa haver uns resumos mais informativos que

outros. Alguns autores ao resumir uma narrativa, como, por exemplo, o romance

1 Quanto às escolhas discursivas , Beaugrande as vê como um leque de opções lingüisticas que o usuário de uma língua pode fazer nos atos comunicativos, seja de fala ou escrita. Seja entendido nesta linha de pensamento

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“Pride and Prejudice”, ou qualquer outro texto literário, podem dar ênfase às intrigas

vividas pelas personagens, outros podem apenas ressaltar o enredo propriamente

dito, levando em consideração o espaço em que transcorre a história e vice-versa.

A tarefa de resumir pode representar uma certa intencionalidade

caracterizada como semelhante para todos aqueles que vão resumir um determinado

texto sob determinadas condições, mas o como resumir, o que resumir e até que

ponto resumir vai diferenciar um resumo do outro bem como um autor do outro.

Quanto à seleção de atribuições do texto-base para a realização do

resumo, como por exemplo, para a elaboração de qualquer outro texto ( Beaugrande,

2001, p. 287.), essa também pode se dá de maneira intertextual, uma vez que o

autor do resumo parte do texto-base, desloca o já-dito e o reconstrói. Ao parafrasear,

condensar uma determinada estrutura, substituir uma forma lexical e ou verbal,

repetir um termo, copiar uma idéia, apagar uma outra, o autor está diretamente

lançando mão do fator de intertextualidade. “A organização do todo do texto ilustra a

intertextualidade em operação”.p.287. Beaugrande (2001).

A combinação adequada destes fatores de textualidade na

elaboração do resumo pode resultar na eficiência (ou não)do mesmo, o que ,por

sua vez, implica diretamente em ele ser (ou não) coerente, ou seja, reconstruir (ou

não) o texto-base, e, portanto, cumprir (ou não) sua função.

Face ao exposto, compreendemos a necessidade de ainda

abordar, ao longo deste capítulo, questões que englobem a noção de autor e autoria,

bem como a importância do estilo como caracterização da função autor.

discurso enquanto língua.

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PARTE II- NOÇÕES DE AUTOR, AUTORIA E ESTILO

1.2.1 A constituição de Autor e Autoria

Assumir a responsabilidade pelo dizer é antes de tudo relacionar-se

com o social, de forma que tal dizer seja resultado da retomada de outros dizeres.

Assim o aluno, no papel de sujeito, passa a desempenhar, nesta relação, o papel

também de autor (Camargnani, 1999).

Portanto, inseridos nesta perspectiva de responsabilizar-se pelo

dizer, observamos na concepção de autor um prenúncio à noção de autoria, aquela

vista como responsabilidade.

O autor seria visto como sujeito que pensa seu texto e o assume,

consciente de suas limitações históricas. Sujeito, que apesar de cindido e

perpassado pelas ideologias, não se coloca na posição de repetidor e ou reprodutor,

ao contrário ele se realiza no papel de autor, ou seja, de construtor e organizador de

um discurso, cuja originalidade reside no modo de agrupamento das várias vozes

que o constituem, na sua forma de inserção no discurso, enfim, na escolha dos

movimentos mais adequados para participar do jogo da escrita (Orlandi,1988,1996;

Carmagnani, 1999).

Como resultado desta noção de autor, pode-se atribuir à autoria uma

função discursiva do sujeito, através da qual se constitui a unidade do texto ao se

estabelecerem os chamados princípios de originalidade que o regem, a saber:

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coerência, originalidade e clareza (Orlandi,1996) e os fatores de textualidade, como

definidos por Beaugrande & Dressler (op.cit.) anteriormente.

Compreendemos, assim, que Orlandi trata a originalidade como

resultante da própria coerência, isto é quando houver comunicação entre texto e

leitor, tendo em vista o conhecimento prévio e de mundo deste leitor, somado ao

saber partilhado, há originalidade.

É desta forma que o sujeito exerce a função autor, diante de vários

discursos que ele reconhece, interpreta e organiza, construindo um discurso

“particular” e inteligível (Orlandi op.cit). Na verdade, “o autor consegue formular no

interior do formulável e se construir, com seu enunciado numa história de

formulações” (Orlandi ,1988, p.69.).

Greene (1995) também atribui à autoria o status de papel

desempenhado pelo aluno na condição de sujeito social. O autor faz referência à

noção de autoria a partir do princípio da intertextualidade e dos possíveis

deslocamentos que o aluno pode fazer ao produzir o seu texto a partir de outros

textos:

(...) by authorship, I mean students’ attempts to contribute knowledge to scholarly conversation that is not necessarily found in sources, but that is carefully linked to the texts they read(...)p.186. 2

Para Greene, há um papel social de grande relevância na construção

da função autoria. O aluno passa a ser considerado sujeito pensante e responsável

pelo seu dizer. Tal responsabilidade é fruto de interpretação que ele faz dos vários

2 Por autoria, eu me refiro às tentativas dos alunos de contribuir com conhecimento não necessariamente encontrado em fontes, mas ,de certa forma, relacionado com os textos que eles lêem.

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discursos que o perpassam e da adaptação destes discursos, tendo em vista as

informações que ele julga serem fundamentais.

Em outras palavras, teríamos uma adaptação através da qual se

observa, de fato, uma reconstrução intertextual das idéias de textos-base na

elaboração do texto resumo. Toda esta reconstrução se dá aliada ao conhecimento

prévio que o aluno traz consigo, do ensino fundamental para o universo acadêmico,

sobre aspectos diversos que constituem sua noção de resumo: a) elaboração de

resumos; b) tipos de resumos; c) expectativa e demanda do professor.

A respeito deste ponto, Greene (op.cit) ressalta que a noção de

autoria é essencial para a compreensão das manobras dos alunos na tentativa de

adaptar e selecionar informação na construção de texto:

“(...) The construct of the authorship can provide a critical referent for understanding what is involved as students’ attempts to establish their own intellectual projects by adapting information from sources and prior knowledge and reconstructing meaning (...)” p.138.3

Ao adaptar a informação contida no texto-base, o aluno, no papel de

autor, reconstrói as informações, acionando não apenas os enquadres comentados

anteriormente, mas também toda a sua vivência, experiência, de modo a articular

outros textos. No caso do resumo, é válida a experiência de elaboração do mesmo.

3 O construto da autoria pode fornecer um referente crítico para o entendimento do que está envolvido quando os alunos tentam estabelecer céus próprios projetos intelectuais, adaptando informação de fontes e conhecimento prévio e assim reconstruindo o significado.

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1.2.2 As concepções de Estilo

Buscando uma caracterização de autoria, Possenti (1993) se

depara com uma questão complexa e que conseqüentemente requer bastante

cuidado, a saber o estilo. Se de um lado os críticos literários caracterizam o estilo

como uma espécie de marca pessoal, vista como traço diferencial e característico e

expressivo de um escritor, de um outro lado os lingüistas atribuem à definição de

estilo uma relação com a concepção de língua e de linguagem adotada pelo escritor.

Segundo o autor em questão, a crítica literária concebe ao

estilo o caráter de poder ser visto sob três ângulos:

a) A personalidade do escritor - uma visão psicologizante que

trata da expressão do espírito, emoção e envolvimento do escritor com o que se

escreve;

b) A concepção de mundo de uma determinada época - uma

postura sociologizante que trata da captação do autor da problemática de uma

época, resultante de sua cosmovisão desta época;

c) O formalista – uma abordagem estética da linguagem que

trata da materialidade da obra quanto à forma, às palavras e aos recursos

expressivos adotados pelo escritor.

Em seu estudo, Possenti chama atenção para as

considerações de Granger (apud Possenti, 1996) acerca de três modalidades de

individualização da linguagem que permeiam o estilo deste ou daquele autor.A

primeira corresponde à individualização como forma de escolha do sujeito, escolha

esta que pode ser tratada como marca de trabalho do sujeito. A seguir, temos o

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estilo como constituinte do sujeito autor, o autor se revela através de suas marcas

estilísticas deixadas ao longo de seu texto. E, enfim, aquela que define o estilo como

decorrente da possível relação entre locutor e conjuntura que faz o texto.

Mediante estas considerações, observamos que os estudos

realizados por Possenti (op.cit) sugerem que a escolha desta ou daquela forma de

linguagem possa implicar, diretamente, na individualização do autor e, é neste

caráter de se individualizar, que o individuo deixa traços de suas escolhas e,

portanto, de sua autoria.

No caso do resumo, a função autor pode ser entendida

também como extensão desta individualização, desde que seja compreendida como

tomada de decisão desta última, revelando neste processo de escolha a

responsabilidade pelo o que venha ser escolhido. Entendido desta forma, o estilo

não pode jamais ser dissociado do exercício de autoria.

Ao expressar suas emoções e ou envolvimento com o que é

dito e como é dito, o autor do resumo, consciente ou inconsciente, faz suas escolhas

antes, durante ou depois do ato de escrever, captando ou não uma problemática de

uma época, a partir de sua cosmovisão, utilizando-se de recursos expressivos e

estilísticos de uma determinada língua para, então, se posicionar na origem e assim,

produzir um discurso com unidade, progressão, não contradição e fim e, se

revelando como autor.

Para Bakhtin (1997) o estilo é caracterizado como parte da

manifestação verbal e como marca individual do caráter de expressividade do

sujeito. Diante desta caracterização, o estilo passa a ser um elemento constitutivo na

do gênero a partir das unidades de enunciados.

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É, portanto, a partir do estudo do enunciado, enquanto unidade

concreta da comunicação verbal, que Bakhtin propõe um novo olhar para o estilo

tanto em sua caracterização geral quanto em sua individualização em particular.

O autor não admite o estudo do estilo ser dissociado do estudo

dos gêneros do discurso, uma vez que para ele o estilo está indissoluvelmente ligado

ao enunciado e as formas típicas de enunciados, isto é, aos gêneros do discurso.

Com base nas idéias de Bakhtin, estilo, no gênero resumo, pode ser

compreendido a partir da própria manifestação verbal do autor, atendendo

basicamente a duas questões cruciais: Que enunciados ele usa? E como ele os usa?

Tais enunciados somam as unidades que formam qualquer gênero, e, concernente

ao resumo a partir de como o autor deste se expressa, ou seja de como as idéias do

texto-base passam a ser articuladas de maneira a compor um todo com sentido.

Então, o sujeito autor é revelado e reconhecido dado a sua

expressividade, que já é fruto de sua manifestação verbal, atrelada ao seu

conhecimento prévio, acerca do que ele quer expressar, do conhecimento prévio

seja de caráter lingüístico ou não bem como do de mundo, que o dará margens de

como ele possa se expressar.

Beaugrande (2001) atribui ao estilo o mérito de indispensável aos

estudos da linguagem. Para ele, não se pode investigar as manifestações da

linguagem sem se levar em consideração determinadas categorias estilísticas que as

constituem. Inserido nesta postura, o autor aponta as seguintes categorias:

a) Cada autor ou falante tem um estilo único; b) Cada língua tem seu estilo como um todo; c) Estilo como ornamentação ou decoração da mensagem ou conteúdo(p.367)

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A primeira categoria, apesar de ser considerada pelo autor como

insatisfatória para caracterizar o estilo pessoal, uma vez que por si só, não dá conta

da complexidade de constituição do sujeito enquanto autor. Isto também é

confirmado porque tal categoria remete ao conjunto de escolhas realizadas durante o

processamento da fala ou escrita. Estas escolhas, por sua vez, compreendem desde

o campo lexical a ser utilizado à combinação sintática de estruturas lingüísticas.

Beaugrande defende:

(…) In the fine detail, every person makes a unique set of choices in his or her speech or writing, yet it seems premature or trivial to attribute a personal style on that basis alone4 (…) (p.296)

Assim, observamos em Beaugrande a concepção de existência de

vários estilos, de maneira que cada sujeito tem um conjunto único de escolhas ao

escrever ou falar regido pela noção de gênero. Todavia, a definição deste ou

daquele conjunto de escolhas volta-se para a constituição do sujeito enquanto ser

social, pensante e participante do seu processo de se constituir. No caso específico

de LE, a proficiência lingüística representa um papel definitivo do conjunto de

escolhas discursivas para o autor do resumo.

A segunda categoria, diferentemente da anterior, implica a existência

de apenas alguns poucos estilos, nos quais grupos de pessoas se enquadram,

segundo a sua língua materna. Aqui, é a língua que rege os princípios estilísticos a

serem seguidos pelos seus falantes.

4 Em detalhe, cada pessoa faz um único conjunto de escolhas em sua fala ou escrita, ainda que pareça prematura ou trivial atribuir a apenas esta questão uma marca do estilo pessoal.

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E, é, portanto nesta forma de seguir que surgem as variações dentro de

uma determinada língua e daí o porquê de se afirmar que esta categoria implica a

existência de apenas alguns estilos.As variantes de uma língua sugerem estilos

distintos desta e, portanto influenciam o usuário e são influenciadas por eles.

Quanto à última categoria, temos os recursos expressivos e ou

estilísticos que cada língua apresenta para sua realização e uso. As diversas formas

de afirmar, questionar e / ou negar são um bom exemplo. Como enfatizar, ressaltar,

elucidar e ou eufemizar uma questão que também se adeqüe a esta postura. Esta

categoria compreende o leque de escolhas que o sujeito autor tem a tomar suas

decisões durante o processamento textual, pois está intimamente ligada a primeira e

por esta razão são, muitas vezes, vistas como uma só.

Assim, ao reconstruir, adaptar, selecionar, apagar e reorganizar que

conhecimento prévio ou informação lhe será mais útil, o aluno é então visto enquanto

autor, pois o mesmo toma o ato de dizer o já dito como parte de sua própria

responsabilidade, desenvolvendo, assim, um senso de autoria, que lhe permite

decidir o que possa ser mais relevante para sintetizar e ou apagar, sempre voltada

para seu estilo seja ele em relação as suas próprias escolhas discursivas ou ainda

aos princípios estilísticos de cada língua e ou suas variantes.

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CAPÍTULO 02

O gênero textual resumo

2.1 Gêneros textuais no Espaço Escolar: O resumo

Apesar de, no contexto escolar, os gêneros textuais terem ganhado

mais espaço, ainda se observa uma prática de ensino tradicional que aborda o texto

em sala de aula para o estudo e prática lingüística apenas (cf.Geraldi, 1997)

A recente integração dos gêneros textuais nos manuais didáticos

tem resultado em uma abordagem ainda superficial ou estrutural, que, por sua vez,

tem se limitado a identificá-los e explorar como estão estruturados. A identificação

dos gêneros textuais apenas pelos nomes que lhes são socialmente atribuídos

revela-se como algo de natureza problemática, já que não é transparente, como

mostra Machado (2004):

A identificação dos gêneros textuais pelos nomes que lhes são atribuídos não se caracteriza como transparente, isto é, não está pronta e acabada ou dada de forma indubitável ao analista e ou professor (.p.140).

Portanto, distinguir uma resenha de uma charge, sem saber a função

social deste ou daquele gênero e, ainda, como eles se organizam, não representa

nenhum valor para o aluno.

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Hoje em dia, já observamos no espaço escolar, o aluno em contato

com os gêneros textuais e não apenas com as tipologias textuais tradicionalmente

trabalhadas: narração, descrição, dissertação. Por outro lado, o trabalho de produção

textual, que privilegia a função social de cartas, bilhetes, notas, recados, listas de

compras, instruções e resumos, reflete diretamente no cotidiano do aluno o qual,

conforme os PCNs de língua portuguesa, oportunizando o engajamento do aluno em

práticas de linguagem associadas as suas necessidades básicas de comunicação,

ainda não foi amplamente concebido pelos profissionais de língua materna.

É, portanto, este trabalho com o gênero textual, tendo em vista um

fim comunicativo, que deveria ser privilegiado no espaço escolar, seja qual for o

gênero abordado.

Um outro ponto a ser lembrado é a notável heterogeneidade de

textos pertencentes a determinados gêneros, sobretudo quando pertencentes a

gêneros que permitem uma maior liberdade ao autor, dado a sua função, as

condições de produção e ao público leitor a que se destina.

Se pensarmos a escrita de uma carta pessoal informal, o autor tem

mais liberdade na medida em que o propósito da carta é por ele mesmo

estabelecido, bem como o leitor almejado. Além disso, o grau de intimidade entre os

interlocutores pode resultar em uma escrita menos acurada, ou mais informal.

A elaboração de um resumo, entretanto, não permite ao autor a

mesma liberdade que este teria se estivesse escrevendo uma carta pessoal para um

amigo próximo. Dadas às condições de produção do resumo, o papel do autor

consiste em reconstruir a informação do texto-base, utilizando recursos

microestruturais (algumas formas lexicais específicas da área do texto) até os

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recursos macroestruturais ( a seleção de informações, a organização de idéias.).

Esses recursos, de fato, caracterizam o resumo como sendo um texto reconstruído

de um outro texto, quer pelas escolhas lexicais, quer pelas idéias selecionadas.

A liberdade do autor do resumo, no entanto, reside na i) na seleção

lexical; ii) na reconstrução das idéias do texto-base; iii) nas questões referentes ao

apagamento de exemplos, detalhes, descrições do texto-base ( Kintsch & Van Dijk

,1978); iv) nas questões referentes ao deslocamento e a generalização; v) no

condensamento da idéia proposta pelo autor do texto-base ( Platão & Fiorin, 1990)

2.2- Definindo Resumo

O resumo é uma manifestação do processo de compreensão textual do

seu autor que reconstrói um texto-base através de suas proposições

(microestruturas) até chegar a sua estrutura semântica global ou significação básica

(macroestrutura) (cf.Kintsch & Van Dijk ,1978).

Ancorados a esta definição, atribuímos ao resumo o caráter de

condensação de idéias do texto-base na construção micro e macro estrutural do

mesmo. Essa condensação, como explicam Sprenger-Charolles (1980) depende ou

só é possível a partir da compreensão do texto-base. Em se tratando do processo de

condensação das idéias e ou fatos presentes no texto-base, Sprenger-Charolles

(op.cit) afirmam existir uma certa equivalência quanto ao processo de redução da

informação semântica no que diz respeito ao discurso predominante no texto-base,

como será abordado na seção seguinte.

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A concepção de Kintsch & Van Dijk (op.cit) é corroborada pelos

estudos de Brown & Day (1983) e Serafini (1992), que também definem o resumo

como reconstrução e reelaboração do texto-base, respectivamente.Platão & Fiorin

(1990) também definem a prática do resumo enquanto ato de reelaborar e de

reconstruir, o que revela uma concepção de resumo como condensação das idéias

do texto-base.

Já em Machado (2001), o resumo é definido como um texto sobre outro

texto, i.e., pertencente a outro autor e não àquele que resume. Fato que deve ficar

sempre claro para o autor do resumo, de maneira que, evite tomar as idéias do texto-

base como se fossem suas, sempre fazendo referência as fontes, destacando entre

aspas ou utilizando operadores argumentativos que indiquem conformidade.

A autora acrescenta que um dos papéis mais importantes do resumo é

mostrar a organização global do texto-base, mantendo claramente a reprodução das

relações entre as suas idéias centrais. Para tal, é necessário o uso, por parte do

autor do resumo, dos organizadores textuais e ou conectivos que melhor organizem

as idéias do texto-base no resumo. Aqui, vê-se a importância dos fatores de

textualidade no processo de reconstrução do texto-base como ferramentas utilizadas

para articulação das idéias deste texto.

É nesta visão de reconstrução e reelaboração que embarcamos nossa

perspectiva teórica, já que o processo de reelaborar e reconstruir parte de uma

concepção que considera o texto resumo enquanto produto de um determinado

autor, o qual a partir do já existente reformula, exercendo, assim, a autoria do texto

resumido.

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2.3 - Caracterizando o resumo

Por ser um texto que reconstrói as idéias definidoras do texto-base

(idéia principal, sentença tópico, idéias centrais, etc), através da articulação dos

fatores de textualidade, o resumo merece cuidadosa atenção no espaço de sala

de aula tanto no que tange a sua definição quanto a sua caracterização.

As características definidoras do texto-base são importantes e

variam de texto para texto, dado o tipo e o gênero textual. Se o texto-base, por

exemplo, for predominantemente narrativo, é papel do texto resumo reconstruir

características que o defina como tal, a saber: o tema, síntese do enredo na ordem

em que sucedem os fatos, principais personagens, perfil destes personagens se

necessário etc.

Da mesma forma, se o texto for predominantemente argumentativo,

pontos como: a questão a ser discutida, a posição que o autor rejeita, a posição que

o autor sustenta, os argumentos que sustentam ambas as posições e conclusão final

do autor, são cruciais para elaboração deste resumo ( Machado ,2004, p.25 ). Tais

pontos podem ser atribuídos como apresentando suma relevância e indispensáveis

para reconstrução da informatividade de um texto-base predominantemente

narrativo.

Precisamos retomar o que pensam Kintsch & Van Dijk (1978) acerca do

resumo, mais especificamente ao plano micro e macro estrutural. Para trilhar o

caminho de significação global e ou básica, o autor do resumo precisa compreender

as proposições do texto-base. Em outras palavras, o autor do resumo, precisa ter

noção sobre o assunto do texto para, então, descobrir como tal assunto é tratado.

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Isso possibilita ao autor do resumo partir para o apagamento de

proposições caracterizadas como detalhes dispensáveis, ilustrações e ou

informações redundantes. Em seguida, passar para as regras de generalização:

substituição e seleção. Substituindo listas de elementos resumíveis e importantes

para compreensão, de modo a simplificar a sintaxe, e a condensar as características

definidoras do texto-base. Nesse processo, ele estará definindo sentença tópico e

idéias centrais, como sugere Charroles (op.cit.)

Kintsch & Van Dijk (op.cit) ainda inserem uma outra regra de redução

semântica, a construção. Aqui cabe ao autor do resumo a criação de tópicos-frasais,

cs quais, na maioria das vezes, não estão explícitas no texto-base, e, que, portanto

exigem do autor do resumo uma considerável proficiência e ou competência de

leitura para poder inferí-las, e, a partir de então, recriá-las.

A partir de uma releitura das regras supracitadas, Brown & Day

(1983) propõem os seguintes passos como sendo necessários para resumir:

a) O apagamento é visto como indispensável, e caracterizado semelhantemente a

proposta de Kintsch & Van Dijk (op.cit). As autoras, por sua vez, acrescentam que

esta regra de redução implica uma leitura seqüencial, o que possivelmente

também pode resultar na chamada cópia de segmentos com detalhes ou

informação redundante;

b) As regras de supraordenação. A estas seguem um certo grau de dificuldade

maior para o autor do resumo, devido à necessidade de se acrescentar um termo

em lugar do outro.

b.1) A regra de seleção que consiste em localizar a idéia principal do

texto-base;

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b.2) A regra de invenção caracterizada pelo fato de o autor do resumo ter

que formular uma proposição X que represente uma idéia não explicita

pelo autor do texto-base.

Em estudos mais recentes sobre o resumo escolar, Machado (2004)

apresenta cinco formas de apagamento de informação do texto-base no processo de

articulação das idéias do resumo. Estas formas de apagamento podem também ser

consideradas como características cruciais à compreensão do gênero.

1) o apagamento dos conteúdos facilmente inferíveis; a partir do

conhecimento de mundo do aluno;

2) o apagamento de seqüências de expressões que indicam sinonímia e

ou explicação;

3) o apagamento de exemplos;

4) o apagamento de justificativas de uma informação;

5) o apagamento de argumentos contrário à posição do autor.

Além do apagamento, Machado (op.cit) ainda acrescenta a questão

da reformulação de informações seguida da conservação de toda a informação tida

como não resumível, i.e., a conservação é decorrente da reformulação.

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2.4 O resumo na aula de L1: Revisão de pesquisas e propostas pedagógicas

Pesquisadores como Kintsch & Van Dijk (1978), Brown & Day (1983) ,

Terzi & Kleiman (1985), Serafini (1989), Platão & Fiorin (1990), Terzi(1994) e

Albuquerque (1999) concordam que a leitura funciona como fator crucial à

elaboração do resumo. Durante a leitura, o leitor proficiente traz ao texto o seu

conhecimento de mundo e prévio acerca do assunto, dialogando, assim, com o texto

(cf. Kleiman, 1994; Coracini, 1998). A compreensão resulta dessa interação, bem

como do conhecimento formal (microestrutural) e discursivo (macroestrutural) do

texto pelo leitor enquanto produtor ou autor potencial do resumo..

Em um estudo realizado com duas turmas de alunos de 8ª série do

ensino fundamental de um colégio particular, Terzi & Kleiman (1985) testaram a

influência da consulta ao texto-base durante a elaboração de resumos. Para tanto,

as autoras pediram a elaboração de um resumo para duas turmas distintas. A turma

1 realizou a tarefa consultando o texto-base ao passo que a turma 2 a realizou sem

consulta. A pesquisa revelou que os resumos elaborados a partir da consulta ao

texto-base apresentaram marcas estruturais coesivas, por outro lado àqueles

realizados sem a consulta revelaram o oposto de modo que as ligações coesivas

foram feitas intratextualmente.

Com o intuito de checar a influência da produção escrita de um

roteiro na elaboração de um resumo, Albuquerque (1999) realizou um estudo com

alunos de graduação da disciplina de língua portuguesa. A pesquisa se deu em duas

etapas, a primeira correspondeu à leitura do texto-base para a realização de um

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roteiro e, em seguida de um resumo. A segunda, por sua vez, compreendeu à leitura

do mesmo texto-base seguida da elaboração do resumo.

A autora concluiu que na primeira etapa o texto resumo não

apresentava características próprias do gênero, revelando acentuada dependência

ao roteiro. Em contrapartida, na segunda etapa os resultados revelaram que o texto-

resumo conseguiu reconstruir as informações contidas no texto-base.

Vale salientar que o fato de os alunos terem lido o texto-base pela 2ª

vez, depois de terem feito um roteiro e uma versão do resumo teria lhes ajudado na

produção de um texto mais próximo do resumo.

Dantas da Silva (2004), em um estudo realizado com alunos

universitários, buscou averiguar que conhecimentos os alunos iniciantes trazem para

o universo acadêmico sobre o gênero resumo e descobrir como se realizavam as

atividades em torno da elaboração deste gênero.

Mediante tais objetivos, a pesquisadora realizou um questionário-

entrevista com os alunos iniciantes e professores nos cursos de graduação em

Pedagogia, Geografia, Serviço Social e Letras. Em seguida, ela coletou resumos

elaborados por estes alunos na disciplina de língua portuguesa básica.

O estudo mostrou que mesmo alunos universitários apresentam

sérias dificuldades em realizar atividades para a elaboração de resumos, dentre as

quais a principal delas está associada às condições de leitura, oriundas do texto em

si (estilo do autor, sintaxe complexa) e ao conhecimento prévio do aluno, que não

abarca os temas abordados no texto, resultando, assim, em dificuldades de

compreensão. O estudo ainda revelou que quanto maior o grau de complexidade do

texto-base, maior a dificuldade dos alunos para realizarem a tarefa.

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Em contextos de ensino, Machado (op.cit) defende o trabalho

sistemático com formas de apagamento, reformulações e conservação de

informação na produção do resumo e ressalta que é papel do professor, no contexto

de sala de aula, saber o momento ideal de como trabalhá-las.

Neste aspecto, Machado (op.cit) chama atenção para a importância

do público leitor na elaboração do resumo, pois “conforme o tipo de público leitor,

resumimos de forma diferente, de acordo com o que julgamos que ele deve conceber

sobre o objeto resumido e de acordo com o que julgamos ser o objetivo deste

destinatário (p.17)”.

Para Salomon (1999) o resumo escolar tem apenas o propósito

pedagógico , ou seja, sua elaboração tem em vista apenas atender fins didáticos.

Nele, é esperada a reconstrução do texto-base referente apenas a idéia principal e

aquelas auxiliares, vistas como importantes para que seja mantido o sentido

proposto pelo autor do texto original. Percebe-se nesta visão uma concepção

imanentista de língua.

O autor sugere ao professor que antes de partir para uma prática

de resumir é necessário lidar com uma série de dificuldades que emergem no

contexto de sala de aula. Primeiramente, aquelas relacionadas ao aluno, como, por

exemplo, desprezo ou falta de motivação para a leitura e escrita, falta de

familiarização com o gênero textual, problemas na formação de base. Em seguida,

aquelas relacionadas ao próprio texto-base: conteúdo de difícil assimilação, sintaxe

complexa, estilo rebuscado do autor, gênero e ou tipologia.

Superadas essas dificuldades, o passo seguinte, afirma o autor é ir

ao texto em busca da idéia principal a ser resgatada. Nesta busca, o autor elenca

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alguns passos vistos como cruciais para a elaboração do resumo: como “ encontrar

a idéia principal do todo bem como a de cada parágrafo; encontrar os detalhes

tidos como importantes para o autor , o que sublinhar, o que e como esquematizar

(p.102)”.

2.5 O resumo na aula de LE: Revisão de pesquisas e propostas pedagógicas

Semelhante as pesquisas realizadas em L1 , as pesquisas em LE (

Ling Shi, 2004; Strauch, 1998;Cohen, 1994; kozminsky & Graetz, 1986) também

destacam o papel da leitura no processo de sumarização de um texto.

Ling Shi (2004) compreende que o ato de reconstruir o texto original

de forma condensada se dá através de algumas estratégias classificadas nas

seguintes categorias:

Estratégia de cópia - utilizada em geral por autores com pouca competência

lingüística, o que não implica que outros não a usem;

Estratégia de Referência – Autores com maior competência lingüística;

Estratégia de Reelaboração - Além de substituírem, os autores parafraseiam,

apagam e selecionam o que seja mais relevante, partem para a

generalizações e combinações, resultando na criação de sentenças-tópico.

Ling Shi (op.cit) pesquisou como a L1 e as atividades para a

elaboração de resumos influenciam o uso da informação do texto-base na

construção do texto-resumo em LE. Os alunos participantes na pesquisa pertenciam

a dois grupos: um de nativos escrevendo em sua L1 e outro de falantes não nativos

escrevendo em LE.

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A autora observou que ambos os grupos utilizam a estratégia de

cópia durante a elaboração de seus resumos, porém o primeiro grupo, composto por

falantes nativos, demonstrou menor recorrência a esta estratégia. O que levou a

pesquisadora a concluir que há uma considerável influência da competência

lingüística do aluno na elaboração do resumo em LE.

Strauch ( 1998 ) atribui ao resumo o status de texto que reconstrói o

texto-base tendo em vista seus pontos principais.Para tanto, o autor do resumo

precisa passar por alguns passos vistos como cruciais para a sua elaboração:

preparação, planejamento e organização, escrita do primeiro rascunho e revisão.

Vemos que em Strauch há de certa forma, uma noção de elaboração

de resumo tendo em vista etapas separadas, contudo atribuímos a estas etapas uma

ocorrência diferente. Elas podem, de fato, ocorrer simultaneamente e principalmente

durante a elaboração do resumo na cabeça do autor, uma vez que se voltam

diretamente para a cognição.

Tais passos estão inseridos dentro de todo o processo maior de

elaboração do resumo e não se dão separadamente. Primeiramente, a técnica de

identificação da idéia principal do texto-base tendo em vista o apagamento. Esta visa

apagar as informações detalhadas em torno da idéia principal e das idéias centrais

de parágrafos e ou capítulos, de forma que seu objetivo de “ The purpose of the

summary is to inform the reader about the main ideas of the work, using your own

words5

5 O objetivo do resumo é o de informar ao leitor sobre as principais idéias do trabalho, usando suas próprias palavras.

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A seguir cabe ao autor do resumo a construção de generalizações.

Para a autora, neste momento o autor do resumo partirá para a busca da idéias

central de cada parágrafo e ou capítulo, sempre se perguntando sobre a tematização

e sua relação com as idéias centrais do texto-base.

É, portanto, a idéia que interessará ao autor do resumo, daí porque o

apagamento está ao lado das generalizações que precisam ser realizadas. Ao

descartar detalhes, que não venham comprometer a compreensão do texto-base

como um todo, como exemplos e caracterizações o autor do resumo vai

necessariamente partir para a construção das generalizações.

A técnica de invenção ou criação de proposições será utilizada para

auxiliar o autor do resumo a unir as idéias centrais do texto-base em um único texto,

a saber, o texto-resumo. Dessa técnica resulta a importância da inserção de

elementos coesivos adequados que reconstruam a seqüênciação, organização e

textualidade do texto-base.

Com base nessas pesquisas, identificamos uma relação entre as

condições de elaboração do texto resumo (tarefa e grau de complexidade do texto-

base) e a competência lingüística do autor do resumo, pois influenciam diretamente

não apenas o plano formal (microestrutural), mas como também o discursivo6

(macroestrutural) a sua elaboração.

Nestas condições em que se inserem o lingüístico e o discursivo, o

aluno de LE pode encontrar dificuldades primeiramente com o lingüístico, como no

caso da escolha verbal, que tempo venha ser mais comum ou não. Neste âmbito, “o

6 Vale salientar que o discursivo aqui não aquele propriamente dito na AD, aqui remetemos às considerações de Beaugrande (2001) sobre as idéias do texto intrelaçadas e interligadas como um feixe de conexões.

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uso de formas verbais mais vívidas e apropriadas que comuniquem a ação ao invés

de vagamente sugeri-la” (cf. Kreuzer ,1976). Isso pode comprometer fatores de

textualidade: coesão, coerência, intencionalidade, aceitabilidade, informatividade,

situacionalidade e intertextualidade, como cita Beaugrande & Dressler (1981). Nesse

caso, o plano discursivo poderá ficar comprometido de maneira que o resumo

pretendido não alcance as intenções do seu autor ou não consiga cumprir seu

propósito comunicativo.

Todavia há pesquisas que mostram o contrário, por exemplo,

analisando brasileiros em um curso de Inglês para fins acadêmicos no Brasil, Cohen

(1994) mostra como uma participante consegue compensar as dificuldades

lingüísticas na língua-alvo, utilizando eficazmente um dicionário, bem como os

princípios e regras de sumarização ensinadas no curso ofertado.

No caso dessa participante, vale salientar que a variável tempo de duração

da atividade, que poderia ter alterado os resultados significativamente não foi levada

em consideração. Mesmo tendo levado mais tempo que os outros quatro

participantes, as habilidades de sumarização da participante em questão auxiliaram-

na a compensar as dificuldades lingüísticas, e obter maior nota.

No entanto, essas propostas pedagógicas não surtirão qualquer efeito

se o resumo não for considerado como prática social e continuar sendo lido apenas

pelo professor como único leitor. Até que ponto a mudança de público leitor e a

atribuição de um propósito comunicativo influenciariam a elaboração do resumo?

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CAPÍTULO 03

METODOLOGIA

3.1- A natureza e o contexto da pesquisa

Com o intuito de explorar o exercício de autoria no gênero textual

resumo acadêmico, realizamos uma pesquisa exploratória, de cunho qualitativo. Os

resumos, objeto de análise da pesquisa, foram produzidos no âmbito das disciplinas

de Língua Inglesa VII e VIII, do curso de extensão, oferecido pela Central de Línguas

da Coordenação de Línguas Estrangeiras Modernas da Universidade Federal de

Campina Grande – Campus I, à época, campus II da Universidade Federal da

Paraíba, em 2003.2, localizada na cidade Campina Grande.

Como professor da turma, sugeri aos alunos a leitura simplificada de

algumas obras literárias. Dentre a lista de livros proposta aos alunos e o acervo que

dispúnhamos, as turmas optaram pela leitura do livro Pride & Prejudice, de Jane

Austen.

3.2 Os participantes

Os alunos participantes das duas disciplinas eram todos oriundos dos

mais diversos cursos daquele campus dispostos na seguinte ordem: 40% da área de

tecnologia; 40% da área de saúde e 20% restante da área de humanas. Estes

alunos já estudavam inglês como língua estrangeira há mais de cinco anos. As duas

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turmas eram formadas por 30 alunos cada, resultando, assim, na elaboração de 60

textos-resumo.

3.3 Procedimentos para a coleta de dados Antes de adentrarmos diretamente na leitura, os alunos foram solicitados a

buscar dados acerca daquele contexto histórico na qual a obra fora produzida. E, só,

a partir de então, planejamos a leitura do livro e discussão dos referidos capítulos. A

leitura seguida de discussão, sobre as temáticas abordadas no enredo e sobre cada

personagem, se deu durante o decorrer de todo o semestre. Os doze capítulos, do

livro, foram divididos para discussão em seis encontros, intercalados por um

encontro destinado à apreciação das anotações sobre os temas discutidos. A cada

discussão dois capítulos eram abordados, o que não significa dizer que não tenha

havido retomada ou adiantamento de um determinado capítulo.

Mediante a leitura e discussão dos capítulos do livro e com base nas

anotações, bem como nas referidas sugestões dos alunos, foi solicitada a

elaboração de um resumo do livro. Como o trabalho foi realizado por duas turmas,

sugeri aos alunos que seu público leitor seria os colegas da outra turma.

Para instrumentalizar a elaboração do resumo, selecionei um capítulo

de Strauch (1998), que embora estruturalista, define e elenca passos básicos para

elaboração de um resumo acadêmico. O referido capítulo foi trabalhado em sala de

aula (vide anexo A). Nele, além de definições e passos para resumir, também

encontramos exercícios modelos, os quais também foram realizados em sala.

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3.4 O corpus e o procedimento de análise dos dados

O corpus da pesquisa consiste em cinco textos-resumo, de um total de

60 textos produzidos. A seleção do corpus se deu com base em uma pré-análise dos

resumos elaborados pelas turmas, o que resultou na seleção de cinco textos

denominados de T1 a T5.

Para caracterização do exercício de autoria na elaboração de resumos,

os seguintes critérios nortearão a análise. Esses critérios têm como base os estudos

teóricos discutidos na seção 2.3 sobre caracterização do gênero resumo:

A organização das idéias do texto-base no resumo;

As escolhas feitas e a assunção de responsabilidade do dizer;

As estratégias utilizadas (apagamento, cópia ou deslocamento, substituição e

generalização);

As concepções dos alunos sobre o gênero resumo, refletidas nas produções

textuais.

Por se tratar da avaliação de um resumo de uma obra literária,

elegemos um resumo da obra “ Pride & Prejudice” escrito por Ousby (1994) como

parte do Compêndio de Literatura Inglesa : Wordsworth.

Esta escolha se deu devido ao resumo de Ousby apresentar uma

combinação aceitável e adequada dos fatores de textualidade, elencados por

Beaugrande & Dressler ( 1981), bem como por reconstruir o texto-base em questão

fazendo referência aos eventos mais relevantes para compreensão do enredo e

assim, exercendo a função autoria através, também, da assunção de seu dizer.

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Portanto, a partir de uma pré-análise aos resumos dos alunos

participantes e ao de Ousby (op.cit.), pudemos eleger alguns critérios através dos

quais vemos a autoria ser exercida durante o processo de reconstrução do texto-

base. E será com base neles que analisaremos como e a partir de que movimentos

discursivos, os autores dos resumos do capítulo a seguir exercem a função autoria,

são eles:

Ao fazer suas escolhas discursivas (registro lingüístico: formas lexicais e

formas verbais adequadas ao gênero textual em questão.);

Ao recombinar a textualidade do texto-base no texto-resumo a partir da

articulação dos fatores de textualidade;

Ao articular as idéias principais ou principais eventos do texto-base de

modo a reagrupá-los adequadamente com inicio, progressão, não-

contradição e fim;

Ao utilizar devidamente as estratégias de resumir de modo a atender aos

objetivos do gênero resumo;

Ao marcar em seu texto traços estilísticos de cunho pessoal, lingüístico e

organizacional;

Ao responsabilizar-se pelo seu dizer;

Ao deixar em seu texto marcas de suas concepções sobre o gênero.

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Assim, levando em conta os critérios acima e ou manobras

discursivas7 partimos para a investigação do exercício de autoria em cada um dos

resumos, a começar pelo resumo modelo de Ousby (1994).

7 Por manobras discursivas entendemos os meios como os alunos conseguem reconstruir as idéias do texto-base no texto-resumo. Elas seriam os mecanismos, utilizados por eles, ora consciente ora inconsciente , para reagrupar as informações do TB adequadamente.

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CAPÍITULO 04

INVESTIGANDO O EXERCÍCIO DE AUTORIA

Como o objetivo deste capítulo é caracterizar o exercício de autoria

na elaboração de resumos, apresentamos a análise do resumo escrito por Ousby

(1994) tomado, aqui, como resumo parâmetro (doravante RP), bem como dos

resumos produzidos pelos alunos, levando em conta os critérios, estabelecidos na

metodologia, necessários para o autor do resumo exercer a função autoria.

A análise será organizada em duas partes, a primeira trará o RP, e a

segunda os resumos escritos pelos alunos participantes. Ambas se pautam pelos

seguintes passos: primeiramente abordaremos a organização das idéias do texto-

base no resumo, em seguida observaremos as escolhas discursivas feitas pelos

autores e a assunção de responsabilidade do dizer. Logo após, partiremos para uma

investigação das estratégias de resumir utilizadas pelos autores (apagamento, cópia

ou deslocamento e generalização) . E, enfim, analisaremos as concepções sobre o

gênero resumo refletidas nas produções textuais.

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Parte I

4.1. A Organização das Idéias do texto-base no texto-resumo elaborado por Ousby8

A investigação do exercício de autoria no resumo de Ousby se deu

devido a dois pontos: primeiramente porque sentimos a necessidade de ter um

parâmetro para a análise do exercício de autoria nos resumos escritos pelos alunos

participantes e em seguida porque este resumo, como veremos adiante, apresenta

em seu todo uma reorganização adequada do texto-base face às noções de

textualidade, estilo e gênero textual.

Para observarmos a organização das idéias do texto-base no texto-

resumo de Ousby, podemos estabelecer a seguinte estruturação já que ela

apresenta em ordem cronológica dos fatos os principais eventos da obra:

1) Condições de produção da obra: autoria, ano de publicação, primeira edição e o

novo título;

2) Apresentação da família Bennet;

3) A chegada do Sr. Bingley junto com seu amigo o Sr. Darcy na pequena

Netherfield;

4) O relacionamento do Sr. Bingley e Jane, a filha mais velha dos Bennets;

5) O desentendimento entre o Sr. Darcy e a senhorita Elizabeth;

6) O preconceito de Darcy e as irmãs de Bingley pela irmã de Elizabeth, Jane:

8 Vimos a necessidade de adotar um resumo de um autor conhecido na área de resumos de obras literárias em língua estrangeiras ( extraído do Compendio de Literaturas Estrangeiras : Wordsworth) para a partir da teoria, aqui discutida, observar os pontos principais por ele resumidos e partir para a investigação dos resumos elaborados pelos alunos participantes à luz de uma comparação deste com aqueles.

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7) O interesse do Sr. Collins por Elizabetrh;

8) O casamento do Sr. Collins com Charlotte Lucas, a melhor amiga de Elizabeth;

9) A recusa de Elizabeth ao pedido de casamento do Sr. Darcy;

10) As histórias do Sr. Wickham sobre o caráter do Sr. Darcy;

11) A carta de Darcy revelando sua inocência, seu amor por Elizabeth e o caráter do

Sr. Wickham, motivo do desentendimento entre os dois:

12) O encontro surpreso entre o Sr. Darcy e Elizabeth;

13) A fuga de Lydia, a filha mais jovem dos Bennets, com o Sr. Wickham;

14) O desfecho de Bingley e Jane

15) A interferência de Lady Catherine no relacionamento de Elizabeth e o Sr. Darcy

16) O desfecho dos conflitos de Elizabeth e Darcy.

De fato, é a partir desta organização de idéias que observamos como

o autor articula o texto-base de modo a reconstruir seus pontos principais tendo em

vista a combinação dos fatores de textualidade.

A seqüênciação dos fatos do texto-base adotada por Ousby retoma

os princípios de textualidade discutidos em Orlandi (1996) “nos quais se inserem a

noção de texto enquanto dotado de inicio, progressão, não contradição e fim”. E ou o

que argumenta Guimarães (1993), o texto é um conjunto articulado e harmônico de

relações que se integram sintática e semanticamente.

Como visto anteriormente, Ousby inicia seu resumo situando o leitor,

conhecedor ou não do texto-base resumido, acerca da contextualização da obra, em

seguida ela apresenta as intrigas que desenrolam o enredo, e culminam o clímax

bem como o seu desfecho.

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Nos trechos abaixo podemos identificar cada um dos eventos listados

anteriormente. Temos, a partir deles, uma noção mais detalhada de como o autor

seqüência os fatos do texto-base em seu resumo.

1) Condições de produção da obra: autoria, ano de publicação, primeira edição e

o novo título:

“A novel by Jane Austen, it was begun in 1796 and completed the

following year under the title “ First Impressions, but rejected by a publisher in this

form. It finally appeared in 1813, after careful revision with a new title.(...)”

“ Um romance de Jane Austen, foi iniciado em 1796 e concluído no ano

seguinte sob o título de “ Primeiras Impressões”, mas rejeitado por um publicador neste

estilo. Ele finalmente apareceu em 1813, após cuidadosa revisão com um novo título. (...)

2) Apresentação da família Bennet:

“(...)Mr. and Mrs. Bennet of Longbour are an ill-matched couple, he

detached and ironic, she vulgar, gossipy and mainly engaged in seeking husbands for

her five daughters. “(...)

“(...) O sr. e a sra. Bennet de Longbour formam um casal que não

combina, ele irônico que não se deixa influenciar, ela vulgar, fofoqueira e principalmente

voltada para a procura de maridos para suas cinco filhas(...)”

3) A chegada do Sr. Bingley junto com seu amigo o Sr. Darcy na pequena

Netherfield;:

“(...)The wealthy Charles Bingley, who stays there with his sisters

and his friend, the still wealthier Fitz William Darcy, leases Netherfield, a house near

Longbourn(...)”

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“(...) O ricasso Charles Bingley, que fica lá com suas irmães e seu amigo,

bem mais rico, o sr. Darcy, aluga Netherfield, uma casa perto de Longbourn(...)”

4) O relacionamento do Sr. Bingley e Jane, a filha mais velha dos Bennets:

“ (…)To Mrs. Bennet’s delight, Bingley falls in love with her eldest

daughter , Jane (…)”

“(...) Para o prazer do sr. Bennet, Bongley se paixona por sua filha mais

velha, Jane(...)”

5) O desentendimento entre o Sr. Darcy e a senhorita Elizabeth:

“ (…) but Elizabeth Bennet next in age of the Bennet children, frankly

dislikes Mr. Darcy for his cold and superior manner, her prejudice against him

increased by the story she hears from George Wickham, an engaging young militia

officer, of the unjust treatment he has received from Darcy.(…)”

“ (...) mas Elizabeth Bennet encostada a filha mais velha dos Bennets,

abertamente não se impatiza com o sr. Darcy por sua frieza e modos superiores, o

preconceito dela contra ele aumenta com a história que ele ouve de George Wickham, um

oficial da jovem melícia, sobre o tratamento injusto do sr. Darcy para com ele(...)”

6) O preconceito de Darcy e as irmãs de Bingley pela irmã de Elizabeth, Jane:

“(...) For their part, the Bingley sisters and Darcy find Mrs. Bennet and

the younger Bennet sisters impossibly vulgar and prevail on Bingley to detach himself

from Jane(...)”

“ (...) Por sua vez, as irmães Bingley e o sr. Darcy acham a senhora Bennet

e suas filhas impossivelmente vulgares e persuadem Bingley a se afastar de Jane(...)”

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7) O interesse do Sr. Collins por Elizabetrh;

“ (…) The Bennet family is visited by William Collins, a rector under

the patronage Lady Catherine de Bourgh , who will inherit Mr. Bennet’s property on

his death. With great pomposity Mr. Collins proposes to Elizabeth but she refuses him,

despite the financial convenience of such a marriage. (…)”

“(...) A família Bennet é visitada por William Collins, um reitor sob o patrono

de Lady Catherine de Bourgh, que herdará a propriedade do Sr. Bennet após sua morte.

Extremamente cheio de si, o Sr. Collins pede Elizabeth em casamento, mas ela o recusa,

apesar da conveniência financeira de tal casamento (...)”

8) O casamento do Sr. Collins com Charlotte Lucas, a melhor amiga de Elizabeth:

“ (…) Mr. Collins transfers his attentions to Elizabeth’s friend, Charllote

Lucas, who accepts him out of expediency.(…)”

“(...) O sr. Collins transfere suas atenções para uma amiga de Elizabeth,

Challotes Licas, que o aceita sem muita cerimônia(...)”

9) A recusa de Elizabeth ao pedido de casamento do Sr. Darcy:

“(…) Elizabeth goes to visit the newly married couple and finds that

Darcy is in the neighbourhood visiting Lady Catherine, his aunt. He falls in love with

Elizabeth but phrases his proposal in so condescending manner that she refuses, (…)”

“(...) Elizabeth vai visitar os recém – casados e encontra o Sr. Darcy na

vizinhança visitando Lady Catherine, sua tia. Ele se apaixona por Elizabeth, mas lhe propõe

casamento de forma tão superior que ela recusa(...)”

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10) As histórias do Sr. Wickham sobre o caráter do Sr. Darcy:

“(…) taking the opportunity to upbraid him for his treatment of

Wickham and for his role in separating Jane and Bingley. (…)”

“(...) aproveitando para se retratar por seu tratamento com Wickham e por

sua participação na separação de Jane e Bingley(...)”

11) A carta de Darcy revelando sua inocência, seu amor por Elizabeth e o caráter do

Sr. Wickham, motivo do desentendimento entre os dois:

“ (…)In a letter , Darcy exposes Wickham as an adventurer who once

cherished designs on Darcy’s fifteen year-old sister Georginian, and protests that he

had never been convinced of Jane’s love for Bingley.(…)

“(...) Em uma carta, Darcy expõe Wickham como um aventureiro que uma

vez se manifestou sentimentos por sua irmã de 15 anos Georginian, e argumenta que nunca

esteve convencido do amor de Jane por Bingley(...)”

12) O encontro surpreso entre o Sr. Darcy e Elizabeth;:

“(…) Elizabeth leaves on a tour of Debyshire with her aunt and uncle,

the Gardiners. They visit Pemberley, Darcy’s seat, in the belief he is absent but

accidentally meet him. He welcomes them, and his charm and grace begin to impress

Elizabeth(…)”

“ (...) Elizabeth parte em viagem para o condado de Debycom seu tio e tia,

os Gardiners. Eles visitam Pemberley, a terra de Darcy, na crença de sua ausência mas

acidentalmente eles o encontram. Ele os dá boas vindas e seu charme e beleza começam a

impressionar Elizabeth(...)”

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13) A fuga de Lydia, a filha mais jovem dos Bennets, com o Sr. Wickham e apoio de

Darcy à família Bennet::

“(…)Then comes the news that her sister Lydia has eloped with

Wickham. Darcy helps the runaways and makes sure that they marry (…)”

“ (...) Depois chega a noticia de que Lídia, irmã de Elizabeth, tinha fugido

para se casar com Wickham, Darcy ajuda aos fugitivos e garante que eles se casam(...)”

14) O desfecho de Binglçey e Jane

“ (…)Bingley renews his courtship of Jane and,

“ (...) Bingley renova seu namoro com Jane,(...)”

15) A interferência de Lady Catherine no relacionamento de Elizabeth e o Sr. Darcy

e o desfecho de seus conflitos:

“(…)despite insolent attempts at interference from Lady Catherine, (...)”

“(...)e apesar das tentativas insolentes de Lday Catherine, (...)”

16) O desfecho dos conflitos de Elizabeth e Darcy:

“(...) Darcy persists in his wooing of Elizabeth. Both couples are finally

united(...)”

“(...)Darcy persiste em sua conquista a Elizabeth. Ambos os casais se unem

finalmente(...)”

Para que se alcance esta progressão, observamos em Ousby uma

acentuada preocupação em listar os fatos a partir de vários recursos coesivos que,

de certa forma, prenunciam as suas escolhas discursivas e a responsabilidade do

seu dizer como trataremos mais adiante no item 4.1.3

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No que se refere às ligações coesivas, como explica Antunes (1996),

elas são utilizadas no resumo em questão para estabelecer a continuidade do texto,

criando uma cadeia de vínculos entre uma parte e outra, entre o dito e os contextos

precedentes e ou seguintes.

Esta continuidade pode ser ilustrada através de recursos coesivos

como citam Beaugrande & Dressler (1981): recorrência: paráfrase e pró-formas.

Quando Ousby lança mão de tais recursos, ele pode está, como veremos a seguir,

revelando sua preocupação de fazer o leitor, conhecedor ou não do texto-base na

íntegra, ter uma visão geral do todo.

4.1.1 A coesão no Resumo de Ousby:

Em virtude da organização do gênero resumo, que visa reconstruir o

texto-base através de suas microestruturas até se chegar a sua macroestrutura (

Kintsch & Van Dijk,1978), o autor em questão utiliza a recorrência, como recurso

coesivo, lançando mão de dois sub-recursos: um a nível microestrutural, o uso de

pró-formas, e um outro macroestrutural, a paráfrase.

Quanto ao uso de pró-formas, a anáfora foi mais utilizada que a

catáfora, o que pode ser explicado pelo que argumenta Beaugrande (2001) “ (...) to

the degree that the sentence is processing unit (…) anaphora should be

commoner between two sentences than cataphora9. Este trecho inicial do resumo

evidência claramente esta noção:

9 Sabendo que a frase é uma unidade de processamento, o emprego da anáfora é mais comum entre duas frases do que a catáfora.

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“(...)Mr. and Mrs. Bennet of Longbour are an ill-matched couple, he

detached and ironic, she vulgar, gossipy and mainly engaged in seeking husbands for her

five daughters. “(...)

“(...) O sr. E a sra. Bennet de Longbour formam um casal que não

combina, ele reservado e irônico, ela vulgar, fofoqueira e principalmente voltada para

aprocura de maridos para suas cinco filhas(...)”

Outros exemplos da recorrência anafórica podem ser vistos no

anexo B1, apêndice II, desta dissertação. O quadro abaixo resume nossa discussão

anterior:

TABELA I - Resumo de Ousby

Recursos coesivos mais recorrentes em Ousby Pró-formas Paráfrase

Anafórica Catafórica Elipses Recorrência

√ x √

Referente à construção de paráfrases, o uso de recursos coesivos

como pró-formas pronominais e elipis (Ø) marcam não apenas a reorganização do

texto-base em questão, mas como também prenunciam marcas discursivas que

podem caracterizar as questões de estilo. No trecho abaixo ,que introduz o resumo,

podemos observar como isso ocorre:

“A novel by Jane Austen, it was begun in 1796 and Ø completed the

following year under the title “First Impressions,” but Ø rejected by a publisher in this form. It

finally appeared in 1813, after careful revision with a new title.(...)”

“ Um romance de Jane Austen, Ø iniciado em 1976 e Ø concluído no ano

seguinte sob o título de “ Primeiras Impressões”, mas Ø rejeitado por um publicador neste

estilo. Ele finalmente apareceu em 1813, após cuidadosa revisão com um novo título. (...)

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Como vemos, a reconstrução da introdução do texto-base se dá

claramente marcada pela elipis (Ø) e pelo uso de pró-forma pronominal via anáfora

(it). A reconstrução da idéia do primeiro parágrafo bem como das demais partes do

resumo apresentam vários exemplos deste tipo de recurso ( Vide anexo: Apêndice

B1 para maior visualização destes exemplos).

4.1.2 A construção da coerência no Resumo de Ousby.

É a partir do uso de recursos coesivos, como vistos anteriormente,

que o autor objetiva à reorganização do já- dito. Tal reorganização se dá face à

experiência de leitura de um texto tendo em vista um determinado objetivo, no nosso

caso o texto-base cujo fim é o de resumi-lo. Desta forma, o autor do resumo passa a

acionar todos os enquadres necessários para sua elaboração tendo em vista os

scripts adequados ao gênero e temas propostos ( Marcuschi,1983).

Como enquadres, entendamos, aqui, o conhecimento que o autor

carrega consigo acerca do tema orgulho e preconceito tratado por Jane Austen, a

autora do texto-base, levando em conta à ótica do contexto histórico de

aproximadamente 210 anos em que a obra foi escrita.

Reconstruir essa noção é trazer ao resumo elementos cruciais que

caracterizem o objetivo do texto-base sem infringir a caracterização do gênero

resumo, pois “ele é um texto sobre outro texto pertencente a outro autor não

àquele que resume (Machado, 2001)”, ou seja, é o texto-base que pertence a outro

autor, o resumo por si só é produto da compreensão de leitura, regido por

determinados objetivos, situações e contextos diversos, de sujeitos sociais que

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transformam e são transformados pela língua, e daí, resulta a subjetividade do

gênero.

Neste pensamento de reconstruir, inserimos um outro fator de

textualidade de suma importância para a elaboração de qualquer texto, a saber, a

coerência, no nosso caso na elaboração do resumo.

Para Koch & Tavaglia (2003) a coerência em qualquer texto a partir

da combinação de alguns subfatores: situacionalidade, informatividade,

intertextualidade, intencionalidade e aceitabilidade. Compreendemos a

situacionalidade como contexto em que se dá a elaboração de um determinado texto

tendo em vista o gênero, linguagem e público leitor.

O resumo em questão consegue dentro dos padrões que o

caracterizam como condensação do texto-base através de sua compreensão

(Sprenger-Charolles, 1980), evitando tomar as palavras do texto-base como se

fossem suas (Machado, op.cit.) e assim no caso de um texto-base

predominantemente narrativo reconstruir e reorganizar o tema, síntese do enredo na

ordem em que sucedem os fatos, principais personagens, perfil destes personagens

se necessário etc.

Quanto à linguagem ela é propicia ao gênero resumo, atendendo às

normas vigentes da língua em virtude do público leitor que se endereça o texto,. Uma

vez que foi publicado em um compêndio com resumos de obras da literatura inglesa.

Mediante essa discussão, podemos ressaltar que este resumo

reconstrói a informatividade do texto-base, pois o seu autor consegue reorganizar

eventos de suma relevância para compreensão do TB face ao tema, síntese do

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enredo na ordem em que sucedem os fatos, principais personagens bem como perfil

de alguns destes.

Portanto, não podemos perder de vista que a intencionalidade do

autor é alcançada mediante a tal reconstrução do texto-base que claramente ocorre

de maneira intertextual, já que é essa uma marca da elaboração de todo e qualquer

texto (Beaugrande, 2001).

Por conseguinte, só nos resta afirmar que há coerência no texto-

resumo em questão, uma vez que ele atende aos padrões e princípios que a regem

revelando assim sua aceitabilidade como tal.

Enfim, tendo em vista a organização das idéias do texto-base no

texto resumo, o autor consegue exercer a função autoria a partir da recombinação

da textualidade do texto-base no texto-resumo tendo em vista a articulação dos

fatores de textualidade, reorganizando suas idéias principais ou principais eventos

de modo a reagrupá-los adequadamente com inicio, progressão , não- contradição e

fim;

4.1.3 As escolhas feitas e a assunção de responsabilidade do dizer no resumo de Ousby:

Quando falamos em escolhas discursivas e assunção do dizer por

estas escolhas, estamos remetendo às questões de estilo que permeiam a noção de

autor e autoria e que sem elas não podemos caracterizar a função autor tendo em

vista tais escolhas.

No resumo em questão há o reflexo marcas discursivas que apagam

a personalidade do autor no que se refere a sua emotividade, expressividade e

Page 63: O exercício de autoria na elaboração de resumos escolares ... · A prática de resumo escolar tem se caracterizado como um exercício tradicional, ... de artigos de revistas e

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envolvimento, já que essa é uma característica do gênero, evitando assim que ele

apareça como detentor da idéias apresentadas( Machado, 2001).

Contudo, se observarmos este resumo sob as considerações de

Possenti (1993) que vê o estilo constituinte do sujeito autor através de marcas

estilísticas deixadas ao longo do texto, veremos que as marcas discursivas dentre as

quais o autor pode escolher são de fato as mesmas marcas estilísticas de que tratam

Possenti.

Ou ainda como postula Bakhtin ( 1997), o estilo do autor surge como

uma marca da manifestação verbal e individualização, tendo em vista a

expressividade do sujeito. Vemos , assim, apropriadamente, tais questões ao longo

do RP. O autor do RP consegue reconstruir os enunciados mais importantes do

texto-base, reagrupando suas idéias a partir dos enunciados que ele usa e de como

os usa.

Mediante as adequações do gênero resumo, o autor vai fazer suas

escolhas estilísticas que melhor se adequem às suas exigências, como por exemplo:

formas nominais e formas verbais mais recorrentes. Quanto à assunção do dizer,

nos voltamos para Orlandi (1996) quando o individuo se posicionar na origem e,

assim, produzir um discurso com unidade, progressão, não-contradição e fim. Assim

o sujeito pode vir a exercer a função autoria.

Observamos em Ousby como escolhas discursivas o predomínio do

tempo presente histórico que se caracteriza como muito comum em relatos

históricos, em relatórios e também na escrita de resumos.

TABELA II-AS ESCOLHAS VERBAIS EM OUSBY

Escolhas verbais Predomínio do tempo presente histórico

Are Accepts Stays Goes Leases Finds Falls Phrases Hears Refuses Find Exposes Refuses Welcomes Transfers Renews

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No que se refere às escolhas lexicais, nos detivemos apenas aos

connectivos, uma vez que estes trabalham mais diretamente com o macroestrutural

do texto. Em alguns trechos de Ousby, identificamos a presença de alguns

conectivos: seqüênciação e adversidade, e de algumas expressões com a função de

conectivos.

4.1.3.1 Adversidade e seqüênciação:

“A novel by Jane Austen, it was begun in 1796 and completed the following

year under the title “ First Impressions, but rejected by a publisher in this form. It finally

appeared in 1813, after careful revision with a new title.(...)”

“ Um romance de Jane Austen, foi iniciado em 1976 e concluído no ano

seguinte sob o título de “ Primeiras Impressões”, mas rejeitado por um publicador neste

estilo. Ele finalmente apareceu em 1813, após cuidadosa revisão com um novo título. (...)

4.1.3.2 Algumas expressões com a função de conectivos:

“(...) For their part, the Bingley sisters and Darcy find Mrs. Bennet and the

younger Bennet sisters impossibly vulgar and prevail on Bingley to detach himself from

Jane(...)”

“ (...) Por sua vez, as irmães Bingley e o sr. Darcy acham a senhora Bennet

e suas filhas impossivelmente vulgares e persuadem Bingley a se afastar de Jane(...)”

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Em outros trechos, observamos uma certa ausência de demais

conectivos o que, de certa forma, lhe dá um caráter mais imparcial, o distanciando

das idéias apresentadas no texto resumo como se fossem suas, pois é necessário

que o autor do resumo “evite tomas as idéias do texto-base como se fossem

suas” (Machado, 2001).Nos trechos abaixo, podemos identificar a ausência de

conectivos como reflexo de imparcialidade e ou como explica Possenti (1993) um

reflexo da individualização da linguagem como forma de escolha do sujeito no papel

de autor. “ (…)X Mr. and Mrs. Bennet of Longbour are an ill-matched couple, he

detached and ironic, she vulgar, gossipy and mainly engaged in seeking husbands for her

five daughters. X The wealthy Charles Bingley, who stays there with his sisters and his friend,

the still wealthier Fitz William Darcy, leases Netherfield, a house near Longbourn(…)”

“(...) X O sr. e a sra. Bennet de Longbour formam um casal que não

combina, ele irônico que não se deixa influenciar, ela vulgar, fofoqueira e principalmente

voltada para a procura de maridos para suas cinco filhas.X O ricasso Charles Bingley, que

fica lá com suas irmães e seu amigo, bem mais rico, o sr. Darcy, aluga Netherfield, uma

casa perto de Longbourn(...)”

Mediante a esta imparcialidade, o autor em questão traz em seu

resumo alguns conectivos que marcam apenas a seqüênciação dos fatos do enredo

do texto-base, revelando um resumo com inicio e progressão dos fatos,

apresentando as relações de intrigas entre os personagens de modo a não gerar

contradição e trazendo ao seu resumo o desfecho destas.

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4.1.3.3 AUSÊNCIA DE CONECTIVOS E CONECTIVOS DE SEQUENCIAÇÃO:

“(…)Then comes the news that her sister Lydia has eloped with Wickham.

Darcy helps the runaways and makes sure that they marry (…)”

“ (...) Depois chega a noticia de que Lídia, irmã de Elizabeth, tinha fugido

para se casar com Wickham, Darcy ajuda aos fugitivos e garante que eles se casam(...)”

Dada a organização acima, cabe a nós recapitularmos o

pensamento de Beaugrande (2001) acerca do estilo como um conjunto de regras e

princípios que regem uma língua. O autor do resumo em questão elabora seu

resumo, como ilustra o parágrafo acima, de modo a atender às adequações do

gênero resumo via língua inglesa. Logo abaixo também temos outro exemplo

cabível:

“(…)X Elizabeth leaves on a tour of Debyshire with her aunt and uncle, the

Gardiners. They visit Pemberley, Darcy’s seat, in the belief he is absent but accidentally meet

him. X He welcomes them, and his charm and grace begin to impress Elizabeth. Then

comes the news that her sister Lydia has eloped with Wickham. X Darcy helps the runaways

and makes sure that they marry. Bingley renews his courtship of Jane and, despite insolent

attempts at interference from Lady Catherine, Darcy persists in his wooing of Elizabeth. Both

couples are finally united(…)”

Aqui, também, é viável observar que discutir as escolhas

discursivas tomadas e como são tomadas remete a um principio que também rege a

noção de estilo. Quanto àquela discutida em Bakhtin, por exemplo, podemos iniciar

ilustrando a sua visão no que se refere à escolha das formas verbais e ou lexicais,

pois se tem, de fato, um assunto que se volta diretamente para uma questão de

decisão sobre que enunciados o sujeito no papel de autor e o autor como sujeito

social deve utilizar em determinados contextos, a saber , aqui, o resumo.

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Portanto, mediante as escolhas discursivas realizadas e ao

pronunciar-se na origem, marcando em seu texto traços estilísticos de cunho

pessoal, lingüístico e organizacional e, assim, responsabilizando-se pelo seu dizer,

podemos afirmar que o autor em questão, através dessas manobras discursivas-

textuas, passa então a exercer a função autoria em seu resumo.

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4.1.4 As estratégias utilizadas

Para se alcançar a organização textual previamente discutida, é

necessário, naturalmente, que o autor do resumo utilize algumas estratégias de

resumir, sem as quais não chegaria ao produto final.

De fato, ele dispõe de uma liberdade dentro dos padrões de

organização e caracterização do gênero resumo para reconstruir o texto-base que

reside na seleção lexical, na reconstrução de idéias, no apagamento de detalhes,

exemplos, descrições demasiadas (Kintsch & Van Dijk,1978) bem como no

deslocamento ou cópia de informação e na condensação da idéia defendida pelo

autor (Platão& Fiorin, 1990).

Em Ousby, observamos o uso de algumas estratégias em função de

outras. Inicialmente o apagamento é utilizado em função da construção de

generalizações. Detalhes sobre a vida dos Bennetes são apagados na elaboração

de sua caracterização, dando margem a uma visão geral do comportamento da

família e seus laços de amizades nos arredores de Netherfield:( Vide anexo do

apêndice B4 para maiores detalhes). “(...)Mr. and Mrs. Bennet of Longbour are an ill-matched couple, he

detached and ironic, she vulgar, gossipy and mainly engaged in seeking husbands for

her five daughters. The wealthy Charles Bingley, who stays there with his sisters and his

friend, the still wealthier Fitz William Darcy, leases Netherfield, a house near Longbourn.

To Mrs. Bennet’s delight, Bingley falls in love with her eldest daughter , Jane. But Elizabeth

Bennet next in age of the Bennet children, frankly dislikes Mr. Darcy for his cold and

superior manner, her prejudice against him increased by the story she hears from George

Wickham, an engaging young militia officer, of the unjust treatment he has received from

Darcy (…)”

“(...) O sr. e a sra. Bennet de Longbour formam um casal que não combina,

ele irônico que não se deixa influenciar, ela vulgar, fofoqueira e principalmente voltada para

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a procura de maridos para suas cinco filhas. O ricasso Charles Bingley, que fica lá com suas

irmães e seu amigo, bem mais rico, o sr. Darcy, aluga Netherfield, uma casa perto de

Longbourn. Para o prazer do sr. Bennet, Bongley se paixona por sua filha mais velha,

Jane.Mas Elizabeth Bennet encostada a filha mais velha dos Bennets, abertamente não se

impatiza com o sr. Darcy por sua frieza e modos superiores, o preconceito dela contra ele

aumenta com a história que ele ouve de George Wickham, um oficial da jovem melícia,

sobre o tratamento injusto do sr. Darcy para com ele(...)”

Aqui é presente o uso do apagamento dos detalhes que caracterizam

o comportamento e personalidade dos Bennets. Os poucos adjetivos usados

representam de fato um deslocamento ou cópia de partes do texto-base no que se

refere à descrição das personagens, o que já sugerem que os pontos referentes a

tais itens foram apagados. Mediante esta realidade podemos retratar que o

apagamento utilizado se enquadra nos cinco tipos conhecidos, aqui, todavia temos

aquele voltado para o apagamento de conteúdos facilmente inferíveis (

Machado,2004).

O apagamento também é visto no desenrolar da trama do enredo e

mais uma vez é realizado em vista das generalizações a serem feitas ou seja das

condensações para que seja reconstruída o tema, a síntese do enredo na ordem em

que sucedem os fatos, os principais personagens, perfil destes personagens se

necessário etc (Machado, 2004).

No trecho anterior pudemos observar o perfil dos principais

personagens. Abaixo podemos ver de forma negritada partes de um trecho que

reconstrói o desenrolar do enredo, nele é possível observar a preocupação de seu

autor trazer ao leitor os pontos mais relevantes que desencadeiam o enredo e o

levam até o clímax:

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The Bennet family is visited by William Collins, a rector under the

patronage Lay Catherine de Bourgh , who will inherit Mr. Bennet’s property on his

death. With great pomposity Mr. Collins proposes to Elizabeth but she refuses him,

despite the financial convenience of such a marriage. Mr. Collins transfers his attentions

to Elizabeth’s friend, Charllote Lucas, who accepts him out of expediency. Elizabeth

goes to visit the newly married couple and finds that Darcy is in the neighbourhood

visiting Lady Catherine, his aunt. He falls in love with Elizabetjh but phrases his

proposal in so condescending manner that she refuses, taking the opportunity to upbraid

him for his treatment of Wickhamand for his role in separating Jane and Bingley. In a letter,

Darcy exposes Wickham as an adventurer who once cherished designs on Darcy’s

fifteen year-old sister Gerginian, and protests that he had never been convinced of

Jane’s love for Bingley.

“(...) A família Bennet é visitada por William Collins, um reitor sob o

patrono de Lady Catherine de Bourgh, que herdará a propriedade do Sr. Bennet após sua

morte. Extremamente cheio de si, o Sr. Collins pede Elizabeth em casamento, mas ela

o recusa, apesar da conveniência financeira de tal casamento O sr. Collins transfere

suas atenções para uma amiga de Elizabeth, Challotes Lucas, que o aceita sem muita

cerimônia. Elizabeth vai visitar os recém – casados e encontra o Sr. Darcy na

vizinhança visitando Lady Catherine, sua tia. Ele se apaixona por Elizabeth, mas lhe

propõe casamento de forma tão superior que ela recusa, aproveitando para se retratar

por seu tratamento com Wickham e por sua participação na separação de Jane e Bingley

Em uma carta, Darcy expõe Wickham como um aventureiro que uma vez se manifestou

sentimentos por sua irmã de 15 anos Georginian, e argumenta que nunca esteve

convencido do amor de Jane por Bingley (...)

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No que se refere ao deslocamento das idéias, a partir do uso de

adjetivos do texto-base, podemos caracterizá-lo como um forte traço que já sugere

as concepções que o então autor venha ter a respeito do gênero resumo. A este

ponto o item a seguir traz uma breve discussão.

4.1.5 As concepções sobre o gênero no RP de Ousby

Para que posamos compreender as concepções sobre o gênero

resumo no texto elaborado por Ousby basta voltarmos nossos pensamentos para as

discussões anteriores. Para Ousby, o resumo é aquele texto cuja organização se dá

a partir da recombinação da textualidade do texto-base , considerando a articulação

dos fatores de textualidade, para que sejam reorganizadas suas idéias principais ou

principais eventos, de maneira que venham ser reagrupados adequadamente,

apresentando, assim, inicio, progressão , não- contradição e fim.

Um outro ponto relevante que pode ser tomado como caracterizador

da concepção do autor sobre o resumo diz respeito às escolhas discursivas que ele

realiza ao pronunciar-se na e durante a elaboração de seu resumo, marcando em

seu texto traços de natureza estilística de cunho pessoal, lingüístico e

organizacional. Tais traços revelam adequações e inadequações lingüísticas como

formas verbais mais comuns, formas lexicais mais recorrentes do gênero resumo.

Neste patamar, ainda temos a questão da responsabilidade pelo seu

dizer , podemos afirmar que o autor em questão, através de manobras retóricas,

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passa a se responsabilizar pelo seu discurso, marcando como uma reconstrução de

um outro já existente e que esta responsabilidade, seja pela referenciação seja pelo

deslocamento de idéias e ou termos do texto-base se realiza enquanto característica

do resumo

Ainda podemos trazer para a nossa discussão as estratégias de

resumir que o autor utiliza. Elas evidenciam uma crença sobre o resumo enquanto

texto que reconstrói o tema, a síntese do enredo na ordem em que sucedem os

fatos, os principais personagens, perfil destes personagens se necessário etc

(op.cit).

Pontos como esses revelam que o autor em questão apresenta uma

noção clara da definição, caracterização, organização e elaboração do gênero

resumo e assim passa também com essa marca exercer as função autoria na

elaboração de seu resumo.

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Parte II

4.2 Investigando o Exercício de Autoria nos RA

A função autoria nos resumos analisados é também caracterizada

tendo em vista como cada autor organiza as idéias do texto-base no texto-resumo,

ou seja, como contribuem para sua textualidade, fazendo dele um todo com sentido.

E para que possamos melhor compreender como se dá tal organização nos faz

necessário recorrermos às teorias da lingüistica textual postuladas por Beaugrande &

Dressler (1981; 2001).

Ambos autores atribuem à organização de idéias no texto a

combinação de fatores responsáveis pela textualidade, como discutidos no capítulo I.

Na tabela de estrutura organizacional dos resumos a ser apresentada no decorrer

desta discussão poderemos ter uma noção preliminar de como a textualidade se

constitui em cada um dos resumos analisados, ora temos resumos que apresentam

uma reconstrução do texto-base intratextualmente ora extratextualmente.

A seguir teremos uma investigação minuciosa de como cada aluno

exerce a função autoria na elaboração de seus resumos e se esta venha a ser

adequada ou não dados os padrões organizacionais do gênero resumo.

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4.2.1 O Exercício de Autoria em T110

Para começarmos a entender como ocorre a reconstrução do texto-

base no resumo em questão, começaremos discutindo como se dá a organização

das idéias do texto-base em T1. A principio essa ocorre extratextualmente. O autor

de T1 consegue, como mostra Guimarães (1983), caracterizar seu resumo como

um conjunto articulado e harmônico de relações que se integram: a)Sintaticamente;

b)Semanticamente

Sintática, quanto ao encadeamento dado as idéias resgatadas do

texto-base:

a) Como o comentário próprio é construído;

b) Que sintaxe é utilizada;

a) As estruturas usadas para descrever as personagens;

b) Como o desfecho é feito.

Semanticamente, quanto a reconstrução da idéia proposta no texto-

base:

a) Interesses e mal entendidos;

b) As intrigas entre os personagens protagonistas;

c) Resolução dos problemas entre Darcy e Elizabeth.

10 A análise T1 foi realizada separadamente dos demais resumos devido a este apresentar características peculiares ao seu texto que, de certa, forma, fogem aos padrões textuais de um resumo no que se refere à literatura desta pesquisa.

Page 75: O exercício de autoria na elaboração de resumos escolares ... · A prática de resumo escolar tem se caracterizado como um exercício tradicional, ... de artigos de revistas e

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4.2.1.1 A organização de idéias do texto-base em T1

Mediante tal organização de idéias, T1 pode ser caracterizado como

um todo coerente, uma vez que, seu autor, diante do texto-base consegue

reconhecer, interpretar e organizar seu discurso, de maneira a reconstrui-lo,

atribuindo-lhe sentido e assim se responsabilizando pelo seu dizer, isto é, por sua

postura. Postura que só vem a reforçar as crenças de Orlandi sobre o exercício de

autoria:

“(...) O sujeito exerce a função-autor, diante de vários discursos

que ele reconhece, interpreta e organiza, construindo um

discurso “particular e “inteligível” (...)” p.

Assim temos em T1 um todo organizado que segue o padrão

estrutural a seguir:

TABELA III - A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO RESUMO DE T1

Introdução: Questionamento sobre o tema

Contextualização histórica da obra: autoria, espaço, e ano.

Síntese do mal entendido sobre o comportamento do Sr. Darcy na festa para recepcioná-lo.

Chama a atenção do leitor para o caráter positivo de Darcy.

Desfecho dos conflitos entre os protagonistas

Opinião final sobre atemática da obra

De acordo a estrutura organizacional acima, podemos ter a divisão

abaixo das idéias trabalhadas em T1:

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1) Introdução: Questionamento sobre o tema

“(...)Who has never left behind the chance to know or to live something that could

be pleasant by prejudice? Pride and prejudice are walking together since ever with the

intention of confusing the feelings and divert purposes and dreams(...)

“(...) Quem nunca deixou para trás por preconceito a chance de viver ou conhecer algo que poderia ser agradável? Orgulho e preconceito vêm caminhando juntos há muito

tempo com a intenção de confundir os sentimentos e desviar sonhos e propósitos (...)”

2)Contextualização histórica da obra: autoria, espaço, e ano.

“(…)Pride and Prejudice” by Jane Austen show us this question in an

exquisite way . The novel plot takes place in England, when the nineteenth century was

starting (1796-1813) in the small village of Longbourn, where the Bennets live(…)”

“(…) Orgulho e Preconceito de Jane Austen nos mostra esta questão de

um modo requintado. O enredo romance se passa na Inglaterra, quando o século dezenove

inciava (1796-1813) no pequeno vilarejo de Longbourn, onde residem os Bennets(...) “

3) Síntese do mal entendido sobre o comportamento do Sr. Darcy na festa para

recepcioná-lo. “(…) after hearing Darcy’s opinionn about the girls of the village at

the party, Elizabeth did a hasty judgement about his character, besides “she told the story

very cheerfully and amusingly to her friends” (p.6).

“(…) depois de ouvir a opinião de Darcy sobre as garotas do vilarejo na

festa, Elizabeth fez um rápido julgamento sobre o caráter dele, além do mais “ ela contou a

história como muita alegria e júbilo para suas amigas” (p.6)(...)”

4) As histórias do Sr. Wickham sobre o caráter do Sr. Darcy;

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“(…)Her erroneous opinion was corroborated when she had met Mr.

Wickham, because he has not liked Darcy since their childhood and convinced her that

Darcy was self-centred and proud(…)”

“(…) A opinião errõnea dela foi corroborada quando ela tinha encontrado o

sr. Wickham, porque ele não gostava de Darcy desde a infância deles e a convenceu de que

Darcy era egoísta e orgulhoso(...)”.

5) Chama a atenção do leitor para o caráter positivo de Darcy.

“(…)As a consequence of this Elizabeth could had lost the opportunity of

knowing the true side of Mr. Darcy character (…)”

“(…) Como conseqüência disto, Elizabeth poderia ter perdido a

oportunidade de conhecer o verdadeiro lado do caráter do Sr. Darcy(...)”

6) Desfecho dos conflitos entre os protagonistas

“(…)Finally when Elizabeth had discovered that Mr. Wickham was

deceitful and two-faced and that Mr. Darcy was a considerate as well as honest

gentleman, they have got married(…)”

“ (….) Finalmente quando Elizabeth tinha descoberto que o sr.

Wickham era enganador e de duas caras e que o Sr. Darcy era confiável e como

também um cavalheiro honesto, eles se casaram(...)”

7) Opinião final sobre atemática da obra

“(…) then once more the love is be able to win everything including

the pride and prejudice, because when someone loves another person, lots of bad

feelings starting to disappear and instead of this , appear into their hearts a magical,

true and only love(…)”

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“(…) em seguida mais uma vez o amor é capaz de vencer tudo incluindo o

orgulho e o preconceito, porque quando alguém ama uma outra pessoa, muitos sentimentos

ruins começam a desaparecer e ao invés disso aparece em seus corações um amor único,

mágico everdadeiro.

Levando em conta a estrutura organizacional do resumo parâmetro,

observamos a existência de pontos convergentes entre esse e T1, como será

discutido logo mais neste item.

Refletindo sobre a teoria com a qual os alunos trabalharam

anteriormente a elaboração do resumo, observamos que T1 traz uma organização

como mostra a tabela III que , de certa forma, vai de encontro aquela apresentada

por Strauch(1998) e que assim contrária à adequação do gênero resumo.

No que se refere ainda à estrutura organizacional desse resumo,

tendo em vista as escolhas discursivas, é característico do resumo de uma

narrativa à recorrência ao presente histórico . No entanto, T1 traz ao seu resumo a

mescla de tempos e aspectos verbais, revelando, assim, outras inadequações ao

gênero. O trecho abaixo evidencía essa constatação:

“(...)Who has never left behind the chance to know or to live something that could be

pleasant by prejudice? Pride and prejudice are walking together since ever with the intention

of confusing the feelings and divert purposes and dreams(...)

“(...) Quem nunca deixou para trás por preconceito a chance de viver ou conhecer

algo que poderia ser agradável? Orgulho e preconceito vêm caminhando juntos há muito

tempo com a intenção de confundir os sentimentos e desviar sonhos e objetivos(...)”

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No que se refere à articulação da informação do texto-base, há uma

passagem de T1 que pode vir a acarretar problema de como ela é realizada. Isso

pode ser identificado quando o autor deste resumo emprega o tempo passado na

voz passiva, seguida pelo tempo passado com aspecto perfeito, impedindo a

intenção de simultaneidade ser revelada pelo autor neste contexto.Vejamos:

“(…) her erroneous opinion was corroborated when she had met Mr.

Wickham (…)”

“(…) A opinião errônea dela foi corroborada quando ela tinha encontrado o

sr. Wickham(...)”

Nossa reflexão sobre o que possa ou não vir a ser adequado, no caso

do emprego verbal, pode ser fundamentada na análise do resumo parâmetro

realizada na primeira parte deste capítulo. Como pudemos ver, em Ousby temos

uma estrutura organizacional que privilegia, como se espera dentro dos padrões

organizacionais do gênero resumo narrativo, que se empregue o presente histórico

com aspecto simples em detrimento de outros aspectos e tempos (c.f: Kreuzer,

1976).Ainda podemos argumentar que segundo os resultados alcançados com a

análise do resumo parâmetro tendo em vista as colocações de Strauch (1998) T1

pode ter empregado tais formas verbais de modo inconsciente sem se dar conta de

sua inadequação. Se traçarmos um quadro comparativo teremos os resultados a

seguir:

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TABELA IV –QUADRO COMPARATIVO DO USO DE FORMAS VERBAIS EM T1 E

O RESUMO PARÂMETRO (RP).

ALGUMAS FORMAS VERBAIS DE T1 ALGUMAS FORMAS VERBAIS NO RP Has left Are Are walking Stays Takes place Leases Was starting Falls Told Hears Hasn’t liked Find Was corroborated Refuses

Com o quadro acima temos uma noção mais ampla de quando

comparamos o emprego do presente histórico, usado com o intuito de reconstruir o

discurso narrativo do texto-base, com a mescla de tempos e aspectos realizadas em

T1. Ao utilizar determinados tempos e aspectos como no caso do tempo presente e

do aspecto perfeito T1 acaba por marcar seu resumo com traços não muito

característicos do mesmo.

E assim com essas características seguem outros trechos neste

mesmo resumo, revelando-se não muito adequados ao gênero. Desta forma,

concluímos que a coesão verbal em T1 é caracterizada pela mescla temporal e de

aspecto o que difere de o resumo parâmetro que o faz através da recorrência do

presente histórico.

Quanto à coerência, esta, por sua vez, é alcançada pela unidade

que o autor dá ao seu texto formando um todo com sentido (Beaugrande, 2001),

mesmo embora o sentido dado, aliado à forma com que o texto foi organizado, a

partir de comentários tecidos na introdução e na sua conclusão, não se revela como

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apropriado ao gênero, uma vez que é papel do autor do resumo evitar se posicionar,

mas apenas reconstruir o seu discurso.

4.2.1.2 As escolhas discursivas e a responsabilidade do dizer em T1

Mesmo assim, o resumo em estudo consegue, dentro do contexto de

produção e dados os objetivos de seu autor, a manter certa unidade dentro do

gênero, ou seja, a ser mais ou menos coerente. Trata-se, portanto, de um ponto

relevante porque está totalmente relacionado com todos os outros fatores de

textualidade.

Para Koch & Travaglia (2003) os fatores de textualidade

apresentados por Beaugrande & Dressler (op.cit) são, na verdade, subfatores de

coerência, uma vez que eles são responsáveis pela construção e reconstrução, no

caso do resumo, do sentido texto-leitor: a informatividade, a intertextualidade, a

situacionalidade, a intencionalidade, e a aceitabilidade.

No que se refere à informatividade deste resumo, ele se revela como

sendo muito compactado. Ao tomar determinadas decisões durante a elaboração

de um resumo, o autor pode, dadas as suas escolhas, discursivas, trazer ao seu

texto resumo o grau de menor ou maior informatividade. De fato, esse ponto não

pode ser explicado ou discutido tendo em vista apenas as noções de textualidade,

nossa discussão se estende até as considerações de estilística, de certa forma

introdutórias, do texto para assim compreendê-lo:

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Embarcando nesta idéia, Possenti (1993) aborda a noção de estilo,

caracterizando-o como forte traço característico do exercício de autoria visto sob três

ângulos distintos. Em T1 encontramos dois destes claramente expressos, a questão

da personalidade do escritor e a questão formalista.

Em se tratando da personalidade do escritor, a decisão tomada pelo

autor de T1 de construir um resumo a partir de seus próprios comentários,

mesclando com pontos do texto-base, pode ser atribuído a sua personalidade. Por

ser uma visão psicologizante, esta noção de estilo é vista em T1 a partir de sua

expressão e emoção. Diferentemente dos demais resumos, esse nos revela traços

que marcam forte e claramente a personalidade do seu autor através de sua opinião

explícita e que consequentemente passam a desconsiderar pontos cruciais para

compreensão do enredo do texto-base.

Há de fato toda uma cadeia de expressividade e emotividade em T1,

revelando-o como menos informativo se comparado ao resumo parâmetro no qual o

seu autor evitar se posicionar a todo tempo, se restringindo seu objetivo a apenas

reconstruir o discurso narrativo daquele texto.

A principio, temos o envolvimento do autor de T1 com o tema tratado

no texto-base. Isso é evidente no uso do questionamento com o qual inicia seu texto.

O autor, aqui, busca não apenas revelar essa relação que ele passa a ter com o

texto-base, mas como também transmiti-la ao seu leitor e assim busca envolvê-lo

utilizando a interrogativa inicial bem como conscientizá-lo com seus esclarecimentos

finais:

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A interrogativa inicial:

“ Who has never left behind the chance to know or to live something that

could be pleasant by prejudice? (...)”

“ Quem nunca deixou para trás a chance de viver algo novo por puro

preconceito? (...)”

Esclarecimentos finais:

“(…) then once more the love is be able to win everything including the

pride and prejudice, because when someone loves another person, lots of bad feelings

starting to disappear and instead of this , appear into their hearts a magical, true and

only love(…)”

“(…) em seguida mais uma vez o amor é capaz de vencer tudo incluindo o

orgulho e o preconceito, porque quando alguém ama uma outra pessoa, muitos sentimentos

ruins começam a desaparecer e ao invés disso aparece em seus corações um amor único,

mágico everdadeiro.

A emotividade e expressividade do autor de T1 é também marcada no

trecho inicial de seu resumo ao expor sua opinião sobre o tema orgulho e

preconceito tratados no texto-base. Essa marca só vem corroborar as questões

difundidas por Possenti:

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“ Pride and prejudice are walking together since ever with(...)”

“ Orgulho e preconceito estão caminhando juntos desde muito

tempo(...)”

Observamos um tom persuasivo na construção desse discurso que o

diferencia e o distancia do texto-base T1. O autor, aqui, ao invés de neutralizar no

que se refere a posicionar-se no texto, está sempre marcando seus pontos de vista

acerca do enredo e das intrigas que o constitui, como resultado antes de iniciar o

resumo do enredo propriamente dito, ele assume um comentário como sendo seu e

não daquele de autoria do texto-base11.

Ainda sobre o estilo em T1, identificamos como aponta Bakhtin (1997)

que o enunciado, seu estilo e sua composição são determinados pela relação

valorativa que o locutor estabelece com o próprio enunciado em questão. Aqui temos

também o juízo de valor que o locutor faz, através do enunciado, a respeito de um

objeto, o qual, neste caso, trata-se do texto-base resumido.

Assim, em T1 vemos um estilo que privilegia na elaboração do resumo

uma relação valorativa de tecer comentários, retomar as personagens protagonistas

da trama bem como as principais intrigas que as envolvem:

Desentendimento entre Darcy e Elizabeth:

Razões que os unem.

Desta forma, o resumo de T1 deixa de abordar pontos relevantes como

apresentados por Ousby no resumo parâmetro, enfocando apenas os seguintes:

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TABELA V: QUANDRO COMPARATIVO DO TEOR INFORMATIVO DO RESUMO

PARÂMETRO E DE T1

Como podemos observar no quadro acima, T1 passa a ignorar onze

pontos daqueles elencados no RP discutidos na primeira parte desta investigação.

Desta forma, ele produz um resumo com baixo teor de informatividade, não

reconstruindo trechos relevantes para compreensão do todo e, de certa forma,

desconsiderando na elaboração de seu texto as noções de resumo vistas em

Strauch (1998)

11 De fato, o resumo de T1 poderia ser visto como uma resenha crítica.

Itens dos Eventos Abordados em Ousby RP T1 Sobre a obra: autoria, ano de publicação, primeira edição e o novo título; √ √

Apresentação da família Bennet; √ x A chegada do Sr. Bingley e do seu amigo o Sr. Darcy em Netherfield; √ x O relacionamento do Sr. Bingley e Jane, a filha mais velha dos Bennets √ x O desentendimento entre o Sr. Darcy e a senhorita Elizabeth; √ √

O preconceito de Darcy e as irmãs de Bingley pela irmã de Elizabeth, Jane: √ x O interesse do Sr. Collins por Elizabetrh; √ x O casamento do Sr. Collins com Charlotte Lucas, a melhor amiga de Elizabeth; √ x A recusa de Elizabeth ao pedido de casamento do Sr. Darcy; √ x As histórias do Sr. Wickham sobre o o caráter do Sr. Darcy; √ √

A carta de Darcy revelando sua inocência, seu amor por Elizabeth e o caráte

do Sr. Wickham, motivo do desentendimento entre os dois

√ x

O encontro surpreso entre o Sr. Darcy e Elizabeth; √ x A fuga de Lydia, a filha mais jovem dos Bennets, com o Sr. Wickham; √ x A interferência de Lady Catherine na vida de Elizabeth e o Sr. Darcy. √ x Elizabeth e o Sr. Darcy e o desfecho de seus conflitos: √ √

Page 86: O exercício de autoria na elaboração de resumos escolares ... · A prática de resumo escolar tem se caracterizado como um exercício tradicional, ... de artigos de revistas e

86

4.2.1.3 As estratégias de resumir utilizadas em T1

No que se refere às estratégias de resumir, em T1, a estratégia de

apagamento é a mais utilizada. Disso decorre que, muitos pontos considerados

relevantes para a compreensão do todo do enredo não são resgatados pelo aluno

autor como pudemos ver no item anterior 4.2.2 na tabela V.

Com a predominância da estratégia de apagamento, o aluno autor

acaba por elaborar um resumo que privilegia apenas a temática explorada no texto-

base e os protagonistas da trama, o Sr. Darcy e a senhorita Elizabeth. O

apagamento em T1 resulta assim na omissão de informações consideradas

relevantes por para Ousby (1994) listados no item 4.1 desta investigação.

Os pontos listados por Ousby(op.cit) estão intimamente ligados à

trama do enredo, a qual está voltada para a relação conflituosa do Sr. Darcy e

Elizabeth. O apagamento desses pontos prejudica o teor informativo do texto resumo

como já discutimos. Vejamos os pontos apagados:

Page 87: O exercício de autoria na elaboração de resumos escolares ... · A prática de resumo escolar tem se caracterizado como um exercício tradicional, ... de artigos de revistas e

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TABELA VI- PONTOS APAGADOS EM T1

Como resultado deste apagamento em demasiado, T1 exagera em

generalizações. No nível temático, a generalização é usada, quando, em T1,

observamos uma preocupação em situar o leitor sobre o dilema vivido pelos

personagens do livro:

“(...)Who has never left behind the chance to know or to live something that could be pleasant by prejudice? Pride and prejudice are walking together since ever with the intention of confusing the feelings and divert purposes and dreams(...)

“(...) Quem nunca deixou para trás por preconceito a chance de viver ou conhecer algo que poderia ser agradável? Orgulho e preconceito vêm caminhando juntos há muito tempo com a intenção de confundir os sentimentos e desviar sonhos e objetivos(...)”

Apresentação da família Bennet; A chegada do Sr. Bingley e do seu amigo o Sr. Darcy em Netherfield; O relacionamento do Sr. Bingley e Jane, a filha mais velha dos Bennets

O preconceito de Darcy e as irmãs de Bingley pela irmã de Elizabeth, Jane: O interesse do Sr. Collins por Elizabetrh; O casamento do Sr. Collins com Charlotte Lucas, a melhor amiga de Elizabeth; A recusa de Elizabeth ao pedido de casamento do Sr. Darcy; A carta de Darcy revelando sua inocência, seu amor por Elizabeth e o caráter do SrWickham, motivo do desentendimento entre os dois O encontro surpreso entre o Sr. Darcy e Elizabeth; A fuga de Lydia, a filha mais jovem dos Bennets, com o Sr. Wickham; A interferência de Lady Catherine na vida de Elizabeth e o Sr. Darcy.

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Após contextualização rápida de autoria, tempo e espaço em

que transcorre o enredo, T1 apresenta os conflitos vividos pelos personagens de

Darcy e Elizabeth. Após esta parte, o aluno autor resume a solução dos conflitos,

em síntese ele reduz a obra, condensando demasiadamente o tema e o conflito que

envolve os personagens principais.

É louvável, de fato, o uso da estratégia cópia ou deslocamento

que T1 aborda no terceiro parágrafo de seu texto. O emprego desta estratégia nos

leva a hipotetizar que ele tenta, a partir do deslocar das palavras do texto-base,

fundamentar seu dizer, reforçando com tal estratégia a credibilidade de seu resumo..

Vejamos a seguir:

“(…) after hearing Darcy’s opinionn about the girls of the village at the

party, Elizabeth did a hasty judgement about his character, besides “she told the story

very cheerfully and amusingly to her friends” (p.6) (…)”.

“(…) depois de ouvir a opinião de Darcy sobre as garotas do vilarejo na

festa, Elizabeth fez um rápido julgamento sobre o caráter dele, além do mais “ ela

contou a história como muita alegria e júbilo para suas amigas” (p.6)(...)”

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4.2.4 A concepção de resumo em T1

Concernente a todos os pontos até então discutidos em T1, já

podemos ter noção que concepção o seu autor atribui ao gênero resumo.

Observando sua uma introdução, constatamos uma organização que vai de encontro

a uma característica constitutiva do resumo, a saber, a não inclusão de uma

apreciação crítica.

Essa é uma, dentre outras diferenças, entre um resumo e uma

resenha. O aluno-autor do T1 vê o resumo como um texto que, embora reconstrua a

idéia do texto-base, permita seu próprio comentário com apreciação, como neste

trecho final:

“(…) then once more the love is be able to win everything including the

pride and prejudice, because when someone loves another person, lots of bad feelings

starting to disappear and instead of this , appear into their hearts a magical, true and

only love(…)”

“(…) em seguida mais uma vez o amor é capaz de vencer tudo incluindo o

orgulho e o preconceito, porque quando alguém ama uma outra pessoa, muitos sentimentos

ruins começam a desaparecer e ao invés disso aparece em seus corações um amor único,

mágico e verdadeiro.

A pergunta que se coloca é se o fato do T1 conter apreciação crítica

o caracterizaria como sendo uma resenha? Ao comentar, apreciar, o aluno autor do

resumo, explicitamente engaja-se em um discurso implicado, intuitivo, ao invés de se

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excluir como é esperado e, portanto, marca um estilo próprio, uma concepção de

resumo errônea, assim , enquadrando seu texto como uma resenha crítica.

Desta forma, o autor de T1 distancia-se das considerações de

Strauch(1998) sobre a elaboração do resumo: a seleção do foco central,

apagamento de detalhes e reconstrução de idéias principais. Talvez essa má

interpretação tenha partido da afirmação que a autora faz acerca do informar: “ The

purpose of the summary is to inform the reader about the maisn ideas of the work,

using your own words12”(p.125), talvez esse utilizar suas próprias palavras possa ter

causado tal incompreensão, levando T1 a tecer suas apreciações..

Ao envolver em sua introdução o leitor na trama do texto-base, T1

segue o seu texto construindo um segundo parágrafo que vai situar o leitor em

relação às condições de produção da obra, quais sejam: autoria, ano de publicação,

espaço no qual transcorre o enredo, e que família está envolvida na trama,

culminando em um breve clímax e finalizando seu texto com outra apreciação crítica

como vista acima.

Uma segunda manobra que revela a concepção do resumo dos

alunos é a referência ao texto-base. Em T1, por exemplo, encontramos um segmento

extraído ipsis-litteris do texto-base, o que identifica o aluno autor como conhecedor

das regras de resumir, ou seja, daquela que lhe permite evitar tomar as idéias do

texto-base como se fossem suas (Machado, 2001: )13:

12 O objetivo do resumo é o de informar ao leitor sobre as principais idéias do trabalho, usando suas próprias palavras.

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“(…) After hearing Darcy’s opinion about the girls of the village at the

party, Elizabeth did a hasty judgement about his character, besides “ she told the story very cheerfully and amusingly to her friends(p.6)(…)”

“(...)Depois de ter ouvido na festa a opinião do Sr. Darcy sobre as garotas

da vila , Elizabeth fez um julgamento precipitado a respeito do seu caráter, além do mais “

ela contou o ocorrido muito animada e satisfeita a suas amigas”(p.6)(...)”.

A referência utilizada por T1 dá ao seu texto credibilidade. Quando

faz uso de uma citação do texto-base, ele procura fundamentar seu posicionamento

sobre o comportamento da personagem Elizabeth depois de ter presenciado

amaneira com que o Sr. Darcy falava das moças da vila, mostrando ao leitor que sua

postura em relação à construção do texto-resumo é claramente marcada pela

recuperação da idéia do autor do texto-base, a partir do processo de retextualização,

como explicado na seção inicial da fundamentação teórica.

Desta forma, podemos afirma que o autor de T1 mediante às

manobras discursivas utilizadas para reorganizar as idéias do texto-base,

ressaltando suas escolhas e sua responsabilidade do dizer, a partir das estratégias

de resumir a que recorre, nos oferece uma concepção de resumo que o caracteriza

como um texto sobre outro texto que, embora reconstrua a suas idéias, também

permita comentários com apreciação do seu autor.

13 o resumo é definido como um texto sobre outro texto, pertencente a outro autor e

não aquele que resume. Fato que deve ficar sempre claro para o autor do resumo, de maneira que,

evite tomar as idéias do texto-base como se fossem suas.

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Assim, o autor de T1 exerce sua função autoria a qual neste

contexto passa a ser caracterizada como inadequada uma vez que foge

completamente às crenças que temos sobre a definição e caracterização do gênero

resumo vistos na literatura que fundamenta esta dissertação (Kintsch & Van Dijk,

1978; Beaugrande & Dressler, 1981; Beaugrande, 2001; Machado, 2004).

4.3 O exercício de autoria em T2, T3, T4 e T5

A decisão de se realizar a investigação do exercício de autoria em

conjunto com os resumos T2, T3, T4, e T5 e separados de T1 se deu devido ao fato

deste último ter sido caracterizado como exercendo a função autoria inadequada

dado o gênero em questão bem como por ele fugir a maioria dos critérios de

análise estabelecidos na metodologia desta pesquisa, item 3.4.

Portanto, observamos que os demais resumos supracitados podiam

ser analisados juntamente por apresentarem uma organização que se aproxima

mais daquela elaborada por Ousby no resumo parâmetro, tendo em vista as

marcas discursivas-textuais deste. E também por exercerem a função autoria na

maioria dos critérios anteriormente mencionados de forma adequada e aceitável

dados os padrões do gênero textual em questão. Tal decisão, só vem corroborar o

porquê de termos feito a analise de T1 separadamente como já fora anteriormente

discutido em nota no item 4.2.1.

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4.3.1 A reorganização das idéias do texto-base em T2, T3, T4 e T5

A reorganização de idéias do texto-base ocorre acentuadamente

intratextualmente, ou seja, sem que haja referência a contextos fora daqueles a

serem reconstruídos via texto-base. Observamos, inicialmente, que T2, T3, T4 e T5

procuram reconstruir o texto-base se limitando unicamente a reorganizar e

reformular o seu discurso narrativo, evitando, assim, a realização de comentários e

ou juízos de valor explicitamente.

Contudo, nesse reconstruir, mesmo apresentando semelhanças a

nível conteúdístico-informativo, os resumos em questão apresentam consideráveis

divergências no que se refere a como reorganizam, ou seja, a como rearticulam as

idéias do texto-base.

Observa-se que outros pontos não considerados relevantes por

Ousby são também abordados em alguns destes resumos, eventos , que , de fato,

se enquadram mais na categoria de detalhes.

Vejamos na tabela abaixo um quadro comparativo dos pontos

reconstruídos nesses resumos em comparação aqueles de Ousby.

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TABELA VII-TEOR INFORMATIVO ENTRE RP E T2, T3, T4 e T5:

Nesta reorganização do discurso narrativo do texto-base os resumos

supracitados refletem claramente a noção do fator de informatividade, essa, por sua

vez, atrelada à intencionalidade e a aceitabilidade.

Dado o texto-base a ser resumido, o papel do resumidor é o de

reconstruir seus principais eventos, os quais, aqui são tomados levando em

consideração aqueles apresentados por Ousby.O que observamos nesses resumos

é de fato um grau distinto de informatividade , permitindo-nos dizer que uns são

mais informativos que outros.

Itens dos Eventos Abordados em Ousby RP T2 T3 T4 T5 1) Sobre a obra: autoria, ano de publicação, primeira edição

e o novo título; √ x x x x

2) Apresentação da família Bennet; √ √ √ √ √ 3) A chegada do Sr. Bingley e do seu amigo o Sr. Darcy em

Netherfield; √ √ √ √ √

4) O relacionamento do Sr. Bingley e Jane, a filha maisvelha dos Bennets

√ √ √ √ √

5) O desentendimento entre o Sr. Darcy e a senhoritaElizabeth;

√ √ √ √ √

6) O preconceito de Darcy e as irmãs de Bingley pela irmãde Elizabeth, Jane:

√ x x x x

7) O interesse do Sr. Collins por Elizabetrh √ x √ x √ 8) O casamento do Sr. Collins com Charlotte Lucas, a

melhor amiga de Elizabeth; √ x √ x √

9) A recusa de Elizabeth ao pedido de casamento do SrDarcy;

√ √ √ √ √

10) As histórias do Sr. Wickham sobre o caráter do Sr. Darcy;√ √ √ √ √ 11) A carta de Darcy revelando sua inocência, seu amor po

Elizabeth e o caráter do Sr. Wickham, motivo dodesentendimento entre os dois.

√ √ √ x √

12) O encontro surpreso entre o Sr. Darcy e Elizabeth; √ x √ x √ 13) A fuga de Lydia, a filha mais jovem dos Bennets, com o

Sr. Wickham; √ x √ x √

14) O desfecho de Bingley e Jane x √ √ √ 15) A interferência de Lady Catherine na vida de Elizabeth e o

Sr. Darcy. √ √ √ x x

16) O desfecho dos conflitos de Elizabeth e . Darcy √ √ √ √ √

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Em T2 temos uma organização que privilegia muitos dos pontos do

resumo parâmetro aliada à reconstrução de pontos considerados como detalhes e

que não apresentariam importância para compreensão do todo. Deste modo, ao

considerar detalhes na elaboração de seu resumo o autor de T2 deixa de lado a

equivalência quanto ao processo de redução da informação semântica no que diz

respeito ao discurso predominante no texto-base (Sprenger-Charolles, 1980) dando

margem para o apagamento de pontos relevantes como será discutido em 5.3.3.

Contudo, a presença de tais detalhes não pode ser caracterizada

como acarretando problemas no que se refere à adequação do gênero resumo, ela,

sem dúvida, atribui ao resumo em questão um grau menor de informatividade em

relação ao resumo parâmetro.

No caso de T3, o seu autor consegue reorganizar os eventos mais

relevantes para Ousby, contudo alguns deles não seguem a mesma seqüência

cronológica vista no resumo parâmetro. Dos eventos reconstruídos por Ousby, em

T3 não identificamos apenas o sexto como apresentados na tabela VII, desta forma

o grau de informatividade deste é maior se comparado a T2.

Quanto a T4, a reorganização do texto-base, se comparado a Ousby,

desconsidera cinco pontos vistos por ele como relevantes para se reconstruir o teor

informativo do texto resumido.

Enfim, em T5 há uma reconstrução da maior parte dos pontos vistos no

resumo parâmetro, fato que deve ser atribuído, assim como em T3, a forma como o

autor do resumo tenha lido o texto-base, uma vez que o resumo é uma manifestação

do processo de compreensão textual, do seu autor que reconstrói um texto-base

através de suas proposições (microestruturas) até chegar a sua estrutura semântica

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global ou significação básica (macroestrutura) (cf.Kintsch & Van Dijk ,1978), de modo

que venha varia de resumidor para resumidor.

No que se refere à introdução sobre a obra: autoria, ano de publicação,

primeira edição e o novo título apresentada em Ousby, os resumos em questão não

fazem qualquer referência dado que pode caracterizar a concepção que os seus

autores têm de resumo.

4.3.1.1 A coesão em T2, T3, T4 e T5 comparados a RP

Ainda referente à reorganização estrutural, a reconstrução do

discurso narrativo também evoca, como a de qualquer outro texto, a combinação

daqueles fatores de textualidade discutidos no capítulo II.

4.3.1.2 A coesão nominal em T2, T3, T4 e T5 comparados a RP

No que se refere a T2, por exemplo, a coesão nominal é mais

recorrente do que a verbal, embora essa última seja também identificada, e se dá

em sua maioria através do uso de recorrências: paráfrases, substituição e pró-

formas: anáforas e catáforas, o que de certa forma, remete a reconstrução

realizada em Ousby no resumo parâmetro.

Quanto às recorrências podemos encontrá-las de duas maneiras:

a) Paráfrase Nominal :

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“(…)The book Pride and Prejudice begins when a young man decide to

hang out in the Netherfield Park at the small village of Longbourn. So, this causes a great stir around the village, specially in the Bennet family(…)”

“(...)O livro Orgulho e Preconceito começa quando um jovem homem

decide viver em Netherfield Park um pequeno vilarejo de Longbourn. Então, isto causa

grande alvoroço neste lugar, especialmente na família Bennet (....)”

b) Paráfrase Verbal:

“(…)The book Pride and Prejudice begins when a young man decide to

hang out in the Netherfield Park at the small village of Longbourn. So, this causes a great

stir around the village, specially in the Bennet family(…)”

“(...)O livro Orgulho e Preconceito começa quando um jovem homem

decide viver em Netherfield Park um pequeno vilarejo de Longbourn. Então, isto causa

grande alvoroço neste lugar, especialmente na família Bennet.(...)”

Observamos neste trecho inicial de T2 que a construção da

paráfrase se dá devido à retomada que o autor do resumo faz do inicio do livro

propriamente dito a partir da reformulação que ele realiza de alguns termos

nominais, os quais revelam uma linguagem menos rebuscada daquela encontrada

na obra original.

Se compararmos a Ousby, observamos que em resumo não

existe esta preocupação uma vez que o público leitor a que se destina seu resumo

não restringe apenas a leitura por alunos de LE.

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Quanto aos demais resumos também identificamos uma

recorrência acentuada a este tipo de coesão. T3, por exemplo, aborda em toda sua

paragrafação a coesão nominal, assim também o faz os autores de T4 e T5. Esse

tipo de recorrência é marcado pelo uso de pró-formas mais acentuadamente

anaforicamente que cataforicamente, como também o faz Ousby. Na tabela abaixo

podemos ter uma visualização desta noção:

TABELA VIII- USO DE PRÓ-FORMAS NOMINAIS EM T3, T4 e T5 COMPARADOS

A OUSBY

Recursos coesivos mais recorrentes em Ousby Pró-formas Resumos Anafórica Catafórica RP √ X T2 √ X T3 √ X T4 √ X T5 √ X

De fato, a recorrência pela anáfora pronominal em detrimento da

catáfora se dá pela questão de ser aquela um recurso coesivo bem mais comum do

que essa em contextos de escrita por autores ainda não proficientes, e também por

uma questão de estilo dão gênero em si que tende a requerer uma sintaxe menos

complexa e ou rebuscada da língua. Como vemos o próprio Ousby visto como

escritor proficiente não lança mão da catáfora, uma vez que ela exige uma

construção mais acurada da frase.

Um outro recurso coesivo usado para reconstrução das idéias do

texto-base, de modo a parafraseá-las, tanto nos resumos em questão como no

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resumo parâmetro foi à recorrência a elipse. O quadro abaixo evidencia essa

recorrência:

TABELA IX-A CONSTRUÇÃO DA PARÁFRASE ATRAVÉS DE ELIPSE

A recorrência a este recurso deve ser entendida como marca de

proficiência no uso de uma L2. No que se refere a Ousby, autor do RP, tem-se a

vantagem de ele ter a L2, aqui discutida, como L1, ao contrário de nossos alunos

participantes. Desta forma, concluímos que o uso da elipse como recurso coesivo de

construção textual é também resultado da maturidade e proficiência lingüística do

usuário.

4.3.1.3 A coesão verbal em T2, T3, T4 e T5 comparados a RP.

Quanto à coesão verbal, não se trata apenas de uma simples

escolha do autor relatar trechos do texto-base através da marca temporal do

presente simples da LE. Por outro lado, é característico do resumo narrativo o uso

deste tempo e aspecto.

TR Elipse Pronominal Porcentagem RP √ 80 % T2 √ 20 % T3 √ 10 % T4 √ 10 % T5 √ 30 %

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Ao utilizar o tempo presente e o aspecto simples, o autor deste

resumo passa a evidenciar, assim, suas escolhas e como resultado facilitando a

leitura do seu público leitor. Como ilustração, podemos identificar no trecho acima

ambas as formas verbais negritadas. Na tabela a seguir temos um quadro

comparativo da coesão verbal nos resumos em questão comparados a Ousby.

TABELA X-QUADRO COMPARATIVO DA COESÃO VERBAL

Coesão Verbal Resumos TEMPO ASPECTO Exemplos do Item 3 comparados a

Ousby PR Simples Simples ...who stays there with his sisters T2 Simples Simples ... so, this causes great stir ...

T3 Simples Simples ...the story begins with... T4 Simples Simples ...causes great stir in the... T5 Simples X ...Mrs (...)sees Mr. Bingley....

Como se pode constatar há, de fato, grande convergência no uso da

coesão verbal dos resumos em questão e aquele elaborado por Ousby. Para que se

visualize outros exemplos aconselhamos a consulta ao apêndice III de A / E desta

dissertação, no qual apresentamos outros exemplos nos quatro resumos.

A coesão, aqui, pode ser vista como desempenhando um papel

imprescindível na articulação das idéias do texto-base, visto que a seleção de

formas verbais e nominais, a seleção lexical, a organização dos parágrafos, todos

estes componentes usados para a elaboração dos resumos só terão sentido se bem

articulados de modo a reconstruir de maneira condensada os principais pontos do

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texto-base.Quando assim combinados dão ao texto unidade, geram progressão,

resultam na não-contradição, culminam no fim.

O uso anafórico da pronominalização com predomínio de pronomes

pessoais, adjetivos e objetivos pode ser atribuído a maior facilidade de emprego e

compreensão que eles venham representar para escritores imaturos, como também

é essa a pra’tica que se vivencia no ensino fundamental e médio e

conseqüentemente é acessada durante a produção textual, no caso dos alunos

participantes desta pesquisa. Quanto ao emprego pronominal catafórico por se

caracterizar, em si mesmo, de natureza mais complexa, exigindo um trabalho com

uma sintaxe mais rica, característica de escritores mais experientes. Segundo

Beaugrande (2001)”(...) to the degree that the sentence is processing unit (…)

anaphora should be commoner between two sentences than cataphora14.

Esta combinação de elementos coesivos nos remete a postura de

Antunes (1996) que atribui a coesão o papel de recurso de organização textual,

estabelecendo a continuidade do texto, resultando numa cadeia de vínculos que se

criam entre uma parte e outra do texto ou entre aquilo que é dito, no nosso caso o

texto –base, e os contextos precedentes e ou seguintes (...)p.42.”

Nos resumos em questão temos a oportunidade de testemunhar

como os autores tentam alcançar esses objetivos. E devido a questões que se

voltam mais para o estilo pessoal, diferenciam no como organizar e reorganizar o

texto-base, porém atribuída a uma questão situacional e contextual em que a

elaboração do resumo se deu, apresentam semelhanças conteúdísticas que serão

14 Sabendo que a frase é uma unidade de processamento, o emprego da anáfora é mais comum entre duas frases do que a catáfora.

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102

mais bem aprofundadas quando tratarmos das concepções que os alunos autores

têm acerca do gênero resumo.

4.3.1.4 A coerência em T2, T3, T4 e T5 comparados a RP.

A coerência, por sua vez, é alcançada pela unidade que o autor dá

ao seu texto formando um todo com sentido (Beaugrande,2001). Os resumos em

estudo conseguem dentro do contexto de produção e dados os objetivos a manter

uma certa unidade dentro do gênero, como também vimos no RP apresentado por

Ousby.

Quanto a ser mais ou menos coerente é um ponto relevante porque

está totalmente relacionado com todos os outros fatores de textualidade.Vale

salientar que no que se refere à teoria de Strauch (1998), os alunos autores não

tiveram um trabalho e ou estudo sistematizado direcionado a estes fatores

propriamente ditos, ao contrário o que se abordou em sala de aula foi a recorrência

aos passos que podem levar a construção de um TR.

Ainda sobre os fatores de textualidade, Koch & Travaglia (2003)

atribuem aos teorizados por Beaugrande & Dressler (op.cit) como sendo, na

verdade, sub-fatores de textualidade, uma vez que eles são responsáveis pela

coerência: a informatividade, a intertextualidade, a situacionalidade, a

intencionalidade, e a aceitabilidade.

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Quanto à informatividade, observamos que o autor reformula o

conhecimento determinante do texto-base de forma a atender as exigências de seu

leitor, a saber: ficar a par do enredo do texto-base. No caso de reconstruir um

discurso narrativo, observar a linearidade dos fatos mais relevantes se faz

imprescindível. Em Ousby, no seu RP, essa reconstrução é apresentada de

maneira, principalmente, intertextual. Essa intertextualidade se dá em Ousby mais a

nível explicita. Contudo, comparado a T2, T3, T4 e T5, o RP revela maior grau de

informatividade do que aqueles. Como sabemos, segundo Beaugrande & Dressler

o tipo do conhecimento determinante reconstruído do texto-base pode fazer do

texto ser mais ou menos informativo.

Referente à intertextualidade, a reconstrução do conhecimento

determinante do texto-base a partir do discurso narrativo, no texto resumo se faz,

sobretudo intertextualmente.

A retomada do texto-base quanto ao uso de alguns termos, o

espaço do enredo o tempo da narrativa, as intrigas entre as principais personagens

bem como o clímax delas e a solução dos conflitos vividos, compõem pontos que

de fato são marcas forte que caracterizam o fator intertextualidade não apenas

explicitamente , com uso transparente de passagens do texto mas como também

implicitamente, a partir da reconstrução das idéias do texto base via paráfrase e ou

sinonímia. A tabela abaixo ilustra como se dá esta diferença.

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TABELA XI-A INTERTEXTUALIDADE EM T2,T3,T4,T5, COMPARADOS A RP

Resumos Intertextualidade Explicita Intertextualidade Implícita RP T2 T3 T4 T5

Tendo em vista os resultados contidos na tabela acima, podemos

considerar que ambos autores de T2 e T3 reconstroem as idéias do texto-base

lançando mão da intertextualidade implícita e explicita ao passo que os demais o

fazem apenas implicitamente como encontramos no RP. Tal atitude remete

diretamente a concepção que tais autores possuem acerca do gênero como será

abordado em 4.6.

Com respeito à situacionalidade, observamos a partir de três

momentos distintos que compreendem a elaboração de cada resumo: antes,

durante e depois.

Antes de escrever o resumo propriamente dito o autor tem que

escolher o tipo, o registro lingüistico, o objetivo e etc., trata-se de decisões a serem

tomadas antes do ato de escrever, mas que de forma alguma não podem ser

reformuladas durante ou depois de elaborado o resumo.

Durante a elaboração o autor se vê, portanto, diante das ações

discursivas que deve tomar, o que escrever sobre o tema proposto, como escrever,

o que venha ser mais ou menos apropriado, se deve ou não manter uma forma

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lingüistica, uma verdadeira revisão constante e etc., que segundo Beaugrande

(2001), ora este processo se dá de maneira consciente ora inconsciente.

Depois de elaborado o resumo, uma cuidadosa releitura com intuito

de revisar até se editar o texto final. Assim, podemos hipotetizar que os seguintes

são os principais momentos que fazem parte da elaboração dos resumos em

análise: a definição do gênero resumo escolar, a escolha de uma realização de LE

mais acadêmica, a preferência por se caracterizar como um texto não muito longo

para facilitar a produção da tarefa, dado o nível dos autores.

Por fim, temos a intencionalidade e a aceitabilidade. Quanto ao

primeiro fator, cada um dos autores apesar de apresentarem nuanças que os

diferenciam , eles caracterizam seus objetivos com muita semelhança já que o

texto produzido é resultado de uma mesma tarefa no contexto de sala de aula,

resumir o livro Pride and Prejudice.

TABELA XII- A INTENCIONALIDADE DOS ALUNOS AUTORES COMPARADOS

AO RP.

TR Objetivos dos Autores RP Situar o leitor sobre o contexto histórico da obra e principais eventos do enredo T2 Situar o leitor sobre os principais eventos do enredo-ênfase nos eventos T3 Situar o leitor sobre os principais eventos do enredo- ênfase nas relações T4 Situar o leitor sobre os principais eventos do enredo- ênfase nos eventos e relações T5 Situar o leitor sobre os principais eventos do enredo-ênfase nos eventos

Em relação ao segundo fator, é plausível afirmar que o leitor, apesar

de se deparar com resumos com níveis variados de reconstrução de

informatividade do texto-base, ele poderá, assim, dar-lhe sentido, podendo revelar

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a interação comunicativa esperada. Portanto, se há coerência há como resultado

aceitabilidade, pois como mostram Koch& Travalgia(2003) a aceitabilidade é um

fator responsável pela coerência.

Desta forma, no que se refere a organização das idéias do texto-

base no texto resumo, os alunos autores de T2,T3,T4 eT5 conseguem exercer a

função autoria uma vez que recombinam a textualidade daquele texto no texto-

resumo a partir da articulação dos fatores de textualidade, mesmo embora observe-

se variação de emprego destes, e que articulam as idéias principais ou principais

eventos daquele texto de modo a reagrupá-los adequadamente, segundo os

parâmetros de organização e estruturação do gênero resumo, com inicio,

progressão , não- contradição e fim.

4.4 As escolhas e a responsabilidade do dizer em T2,T3,T4 eT5

Esta decisão, que já é explicitamente uma marca da função

autor, já que revela o seu estilo dadas as marcas estilísticas, sua responsabilidade

bem como suas escolhas( Possenti 1993, Bahktin 1997, Beaugrande 2001), pode

ser atribuída ao nível lingüístico da turma bem como do público leitor ao qual o

resumo se destinou.

Nesta seção de nossa investigação observaremos as escolhas

realizadas pelos alunos na elaboração dos resumos T2, T3, T4 e T5 levando em

consideração os estudos de Possenti(1993), Bakhtin(1997) bem como os de

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Beaugrande (2001) sobre as concepções de estilo ,o que respalda nossa hipótese

de estilo enquanto marca de autoria.

Concernente aos resumos em questão, apesar de se observarem

alguns traços em nível de organização conteudística que os diferenciam, eles

seguem um estilo como ornamentação que se assemelham mais uns com ou

outros como vistos em Beaugrande (2001):

a) Não expressam emotividade a partir de comentários;

b) Não se observa um tom persuasivo explicito;

c) Introduzem a obra: contexto histórico, personagens e trama.

d) Apresentam os principais conflitos que geram as intrigas da trama;

e) Apresentam o desfecho para os conflitos.

Por outro lado, observamos um tom persuasivo no emprego de

algumas formas lexicais o que pode ter sido feito de maneira inconsciente. Contudo,

dado o gênero espera-se do autor do resumo total imparcialidade de modo a não se

impor na reconstrução do discurso do texto-base.

Esta marca lingüística pode ser vista como característica do estilo único

segundo Beaugrande. Nos resumos em questão, este tom persuasivo é visto

claramente no uso de alguns adjetivos e ou advérbios, em RP, ao contrário, esse uso

se dá no que se refere à estratégia de cópia ou deslocamento de pontos do texto-

base. Vejamos alguns trechos a seguir para melhor visualizarmos esta comparação:

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TABELA XIII- TOM PERSUASIVO OU DESLOCAMENTO DE PONTOS DO TB

Trechos dos Resumos

L1 LE

RP “ …she vulgar, gossipy and mainly engaged in …”

“… ela vulgar, fofoqueria e principalmente voltada para…”

T2 “... Mrs. Bennet is eager to see...” “... O Sr. Bennet está ansioso para ver...

T3 “...a (...) man who’s soon well-liked by everyone...”

“... um (...) homem que é logobenquisto por todos...”

T4 “... Mr. Darcy is less pleasant ...” “... O sr. Darcy é menos agradável ... “

T5 “ (...) he is judged (...) to be perfectlyamiable and agreeable (...)

“ (...) ele é considerado (...) perfeitamente amigo e agradável (...)

Os adjetivos e advérbios utilizados nos resumos indicados são, de

certa forma, valorativos quanto a influenciar a opinião do leitor do resumo sobre o

texto-base. Sabe-se que a linguagem é inerentemente por natureza argumentativa

(cf. Anscombre & Ducrot, 1983 ) e portanto seria quase impossível ao usar adjetivos

e ou advérbios como os supracitados não se soar tendencioso, salvo se essa

recorrência for a partir do uso da estratégia de resumir cópia ou deslocamento como

o faz Ousby no RP. Vale salientar que o tratamento mais acurado deste ponto será

discutido no item 4.5.

Esta característica também pode ser vista nestes resumos a partir do

uso de certos operadores argumentativos. Ao escolher um determinado operador

com o intuito de resgatar o sentido do texto-base no resumo o autor pode estar

reconstruindo a idéia inicialmente proposta ou direcionado a uma nova compreensão

do texto-base.

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TR L1 LE

RP “ (…) but Elizabeth Bennet next in ageof the Bennet children (...)”

“(…) mas Elizabeth encostada a filha mais velha dos Bennets (…)”

T2 “(...) Due to this fact, all people around think that he is arrogant(...)”

“(...) Devido a isto, todos em volta pensam que ele seja arrogante(...)”

T3 “(...)In addition, it is doubtful thatWickham has any intention of marryingher(...)”

“(...) Além do mais, . não se sabe ao certo se Wickham quer casar com ela (..)”

T4 “... Suddenly , Jane travels to herparents’ house, in London ...”

“(...) De repente, Jane viaja para a casa dos pais em Londres (...) “

T5 “ (...) Although her family is intiallyshocked, they plan to marry (...)”.

“ (...) Embora iniciamente a familia fica chocada, eles planejam se casar(...)”

O uso do operador subordinativo causal em T2 conduz ao leitor a uma

visão da existência de um determinado ponto que é a causa da personagem passar

a ser vista como arrogante. Em T3, O operador coordenado aditivo sugere a idéia de

que a personagem de Wickham apresenta características negativas. O operador

subordinativo temporal em T4 direcionam para uma compreensão de que a viagem

de Jane se dera sem qualquer planejamento. E em T5, a concessão revela que a

família da personagem é contra a idéia de que sua filha vai se casar com um

determinado personagem x e não com o y. Em Ousby, todavia, o uso do operador

argumentativo mais uma vez se dá através do uso da estratégia de resumir cópia ou

deslocamento, revelando, assim, sua imparcialidade na reconstrução do discurso do

TB.

A escolha dos operadores acima não apenas marcam o estilo individual

dos autores em questão, mas como também e principalmente direcionam a leitura

do texto-base, sugerindo uma determinada interpretação, a saber aquela dos autores

do resumos.

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Como vemos em Beaugrande, cada autor tem um estilo único que se

revela justamente no momento em que se escreve. É neste momento que o autor

ora consciente ora inconsciente faz sua escolhas, toma suas decisões, ou seja,

realiza as manobras discursivas necessárias, as quais dependem tanto do seu grau

de maturidade quanto do estilo de cada língua e do conhecimento e concepção que

eles têm dos gêneros discursivos , no nosso caso o resumo.

No que se refere à adequação no uso de tais manobras discursivas na

elaboração do resumo, não podemos caracterizar as escolhas de T2,T3,T4 e T5

como sendo adequadas, mesmo embora tenham sido realizadas de forma sutil como

vemos acima, uma vez que elas revelam um posicionamento do autor do resumo a

respeito do texto-base, rejeitando a imparcialidade que se espera na construção

deste gênero textual.

Por outro lado, quando Ousby, no seu RP, faz uso de tais manobras

discursivas ele consegue conservar-se imparcial porque diferentemente dos demais

resumos, ele utiliza a estratégia de resumir cópia ou deslocamento, recapitulando o

discurso, mesmo valorativo, mas construído no texto-base e não a partir de sua

própria leitura.

Assim, podemos que concluir que embora ao fazer suas escolhas

discursivas (registro lingüístico: formas lexicais e formas verbais desadequadas ao

gênero textual em questão.), marcando em seu texto traços estilísticos de cunho

pessoal, lingüístico e organizacional e por fim vindo a responsabilizar-se pelo seu

dizer, os autores dos resumos em questão exercem a função autoria mas

desadequada ao gênero textual resumo.

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4.5 As estratégias de resumir utilizadas na elaboração de T2,T3,T4 e T5.

As estratégias ilustradas abaixo foram estabelecidas para análise

tendo em vista a sua predominância de uma determinada estratégia em detrimento

de outras. Portanto, o fato de discutirmos uma estratégia não quer dizer que outras

não estejam presentes.

4.5.1 Apagamento em função da Generalização

Na tabela abaixo, também utilizada para revelar o teor informativo dos

resumos, revela que pontos listados em Ousby, no RP, foram apagados nos

resumos em questão. De fato, tal estratégia é realizada tendo a vista a construção de

uma generalização como visto na literatura.

Os resumos estudados partem , a partir de um determinado termo,

para construir uma noção, idéia e ou evento mais geral. Há uma tentativa de

reelaboração do enredo do texto-base através de uma verdadeira síntese. Contudo,

como veremos na discussão a seguir, sobre o teor informativo apagado, os resumos

podem acabar por revelar um acentuado comprometimento no grau de

informatividade nesta reconstrução.

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TABELA -XIV-APAGAMENTO EM T2, T3, T4 e T5 COMNPARADOS AO RP

Itens dos Eventos Abordados em Ousby RP T2 T3 T4 T5 Sobre a obra: autoria, ano de publicação, primeira edição e onovo título;

√ x x x x

Apresentação da família Bennet; √ √ √ √ √ A chegada do Sr. Bingley e do seu amigo o Sr. Darcy emNetherfield;

√ √ √ √ √

O relacionamento do Sr. Bingley e Jane, a filha mais velha dosBennets

√ √ √ √ √

O desentendimento entre o Sr. Darcy e a senhorita Elizabeth; √ √ √ √ √ O preconceito de Darcy e as irmãs de Bingley pela irmã deElizabeth, Jane:

√ x x x x

O interesse do Sr. Collins por Elizabetrh √ x √ x √ O casamento do Sr. Collins com Charlotte Lucas, a melhor amigade Elizabeth;

√ x √ x √

A recusa de Elizabeth ao pedido de casamento do Sr. Darcy; √ √ √ √ √ As histórias do Sr. Wickham sobre o caráter do Sr. Darcy; √ √ √ √ √ A carta de Darcy revelando sua inocência, seu amor poElizabeth e o caráter do Sr. Wickham, motivo dodesentendimento entre os dois.

√ √ √ x √

O encontro surpreso entre o Sr. Darcy e Elizabeth; √ x √ x √ A fuga de Lydia, a filha mais jovem dos Bennets, com o SrWickham;

√ x √ x √

O desfecho de Bingley e Jane x √ √ √ A interferência de Lady Catherine na vida de Elizabeth e o SrDarcy.

√ √ √ x x

O desfecho dos conflitos de Elizabeth e . Darcy √ √ √ √ √

Dada a tabela acima, vimos que quando mais se apaga um evento

relevante mais se generaliza e menos se informa. De fato, a estratégia de resumir

apagamento está diretamente voltada para o teor informativo do resumo. Alguns

itens tidos como relevantes em Ousby tiveram total apagamento nos resumos em

questão como no caso do primeiro e sexto itens.Estas decisões do que apagar e ou

reconstruir refletem a concepção que esses alunos têm de resumo, como será visto

a seguir no item 4.6.

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4.5.2 A estratégia de seleção:

O uso de cópia ou deslocamento em função da Reconstrução

Observamos em T2 e T3 maior preocupação em trazer ao leitor um

panorama da obra “Pride and Prejudice”. Nesta preocupação, ambos os alunos

autores fazem uso da estratégia de cópia ou deslocamento para selecionar as

principais idéias de cada parágrafo do texto-base, as quais eles julgam serem

necessárias para a reconstrução condensada do todo.

Primeiramente, observaremos como ocorre a seleção em T2. Aqui, o

aluno autor seleciona as informações do texto-base na elaboração do resumo,

contemplando, inclusive, muitos dos pontos os pontos destacados por Ousby (op.cit)

no RP. Podemos alguns exemplos dos principais eventos selecionados:

1) A chegada do Sr. Bingley junto com seu amigo o Sr. Darcy na pequena

Netherfield:

“(…)The book Pride and Prejudice begins when a young man decide to

hang out in the Netherfield park at the small village of Longbourn(…)”

“(...)O livro Pride and Prejudice inicia quando um jovem homem decide ir viver na pequena vila de Netherfield Park em Longbourn(...)”

2) O relacionamento do Sr. Bingley e Jane, a filha mais velha dos Bennets:

“(…) When the Bingley and Bennet families meet each other by attending a party promoted by Mr. Bingley, he soon feel attracted to the Bennet’s oldest daughter, Miss Jane.(…)

“(...)Quando o Sr. Bingley e a família Bennet se encontram em uma festa dada pelo próprio Bingley, ele logo se sente atraído pela filha mais velha dos Bennets, Jane(...)”

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3) A recusa de Elizabeth ao pedido de casamento do Sr. Darcy:

“(...)Logo em seguida o Sr. Darcy pede Elizabeth em casamento , mas ela recusa(...)”

“(...)Soon, thereafter, Darcy makes a proposal of marriage to Elizabeth, but she refuses it(…)” 4) As histórias do Sr. Wickham sobre o caráter do Sr. Darcy:

“(...)Uma outra coisa que faz Elizabeth acreditar que o Sr. Darcy é cara desagradável é o fato do que um jovem soldado chamado Wickham conta pra ela que o Sr. Darcy é o culpado por ele Ter sido deserdado e que ele também é acusado to persuadir o Sr. Bingley de se afastar de Jane(...)”

“(...)Another thing that makes Elizabeth believes he is an unpleasant guy

is the fact that a young soldier named Wickham told her that Mr. Darcy is guilt for disinheriting

him. Mr. Darcy is also accused to get about Mr. Bingley to stay away from Miss. Jane(…)”

5) A carta de Darcy revelando sua inocência, seu amor por Elizabeth e o caráter do

Sr. Wickham:

“(…)In order to give an explanation to Elizabeth, he writes a letter to her

admitting that he persuaded Bingley to distance himself from Jane because he thought that

their romance was not serious. He also told that Mr. Wickham had tried to make off with his

young sister Georgianna Darcy. So, Mr. Wickham is no trustable(…)”

“(...)A fim de dar uma explicação a Elizabeth, ele escreve uma carta para

ela admitindo Ter persuadido Bingley a se distanciar de sua irmã, Jane, porque ele achava

que o romance deles não sério. Ele também conta na carta que o Sr. Wickham tentou

seduzir sua irmã Georgianna e por isso ele não é confiável(...)”

Além destes pontos tidos como cruciais para a noção do enredo de

Pride and Prejudice, T2 também seleciona o momento em que surge o

desentendimento entre os personagens de Darcy e Elizabeth, bem como o posterior

entendimento e acerto entre eles para reconstruir o clímax do enredo.

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O aluno autor de T3, por sua vez, ainda consegue a partir da

seleção de idéias do texto-base reconstruir mais informações no seu texto resumo,

apenas com exceção do 1° item, que foi apagado por todos em questão, e o 6°

referente o preconceito das irmãs de Darcy.

Observando T4, identificamos o uso inicial da estratégia de seleção

também a partir da cópia de algumas idéias e ou eventos apresentados por Ousby,

esse, por sua vez, ao copiar um determinado evento do texto-base ainda utiliza a

regra de invenção para reconstruir o item selecionado. O aluno autor retoma um

trecho introdutório no capítulo I do texto-base e a partir de então reconstrói as idéias

posteriores a esse trecho. É desta forma, que o aluno autor seleciona e desloca a

informação do texto-base, retextualizando-a ao seu modo, a partir da regra de

invenção, passando a utilizar a fala do narrador para construir a sua própria:

“(...)The news that a wealthy young gentleman named Charles Bingley

has rented the manor of Netherfield Park causes a great stir in the nearby village of

Longbourn, specially in the Bennet household(…)”

“(...)A noticia que um jovem rico cavalheiro chamado Charles Bingley

alugou uma casa senhorial de Netherfield Park causa grande reboliço na vila de Longbourn

nas proximidades, especialmente na família Bennet.p7(...)”

Para Greene (op.cit), apropriar-se da voz do autor do texto-base

para prover informação compromete a função autoria. No entanto, a partir dessa

apropriação da fala do narrador, o aluno autor de T4 parte para a reconstrução texto-

base, objetivando situar o leitor nos conflitos mais relevantes do enredo.

Além daqueles que remetem ao desentendimento dos personagens

de Darcy e Elizabeth, o aluno autor utiliza em seu texto oito dos desesséis eventos

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apresentados como relevantes por Ousby no RP. Pode-se, ainda, ver em T4 uma

informação distinta dos outros textos o casamento de Mary com um jovem oficial

pobre, o que na verdade, soa como um detalhe que poderia ter sido apagamento

como fizeram Ousby e os demais:

“(…)Mary, in turn, get married with a poor man who arrives from London to

become an officer in the regiment financially helped by Mr. Darcy(…)”

“(...)Mary , em resposta, casa-se com um jovem oficial pobre que chega de

Londres para se tornar um oficial no regimento financeiramente ajudado pelo Sr. Darcy. (...)”

Neste mesmo parágrafo, T4, mais uma vez utiliza-se da seleção a

partir da cópia para dar continuidade ao seu pensamento:

“(…) The time passes and the Bingley family travels to London. Meanwhile,

Jane receives news from her love through letters(…)”

“(...) O tempo passa e a família Bingley viaja para Londres. Enquanto isso,

Jane recebe noticias de seu amor através de cartas(...)”

O uso desta estratégia não é vista aqui, pura e simplesmente, com o

intuito de preencher lacunas do texto-resumo, nem sequer comprometendo o

exercício da função autoria, ao contrário vemos acentuada relevância em sua

utilização porque parte do principio de como e onde utilizá-la, fundamentando, assim,

seu dizer nas palavras do narrador, o que selecionar para reconstruir um evento e se

adequar àqueles já reconstruídos se faz imprescindível.

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4.5.3 A estratégia de Substituição ou Reelaboração Segundo Ling Shi

Em T5, deparamo-nos com um resumo mais completo se

compararmos com aquele sugerido por Ousby e o produzido pelo autor de T3, como

mostra a tabela XV a seguir. Observamos a preocupação do aluno autor em trazer

para o seu leitor os principais conflitos que envolvem a trama do enredo do texto-

base, como também das ações que caracterizam cada uma dela, definindo-as como

duas categorias: aquelas que estão do lado dos protagonistas e aquelas que se

associam aos seus rivais.

TABELA XV- COMPARAÇÃO DE EVENTOS REELABORADOS POR T5 E OUSBY

Itens dos Eventos Abordados em Ousby RP T5 Sobre a obra: autoria, ano de publicação, primeira edição e onovo título;

√ x

Apresentação da família Bennet; √ √ A chegada do Sr. Bingley e do seu amigo o Sr. Darcy emNetherfield;

√ √

O relacionamento do Sr. Bingley e Jane, a filha mais velha dosBennets

√ √

O desentendimento entre o Sr. Darcy e a senhorita Elizabeth; √ √ O preconceito de Darcy e as irmãs de Bingley pela irmã deElizabeth, Jane:

√ x

O interesse do Sr. Collins por Elizabetrh √ √ O casamento do Sr. Collins com Charlotte Lucas, a melhor amigade Elizabeth;

√ √

A recusa de Elizabeth ao pedido de casamento do Sr. Darcy; √ √ As histórias do Sr. Wickham sobre o caráter do Sr. Darcy; √ √ A carta de Darcy revelando sua inocência, seu amor poElizabeth e o caráter do Sr. Wickham, motivo dodesentendimento entre os dois.

√ √

O encontro surpreso entre o Sr. Darcy e Elizabeth; √ √ A fuga de Lydia, a filha mais jovem dos Bennets, com o SrWickham;

√ √

O desfecho de Bingley e Jane √ A interferência de Lady Catherine na vida de Elizabeth e o SrDarcy.

√ x

O desfecho dos conflitos de Elizabeth e . Darcy √ √

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Nesta reconstrução de idéias do texto-base, o aluno autor de T5 faz

uso da substituição como uma ferramenta de apoio a reelaboração das informações

a ele necessárias para retomada do que ele considera essência do texto-base.

Para tanto como afirma Ling Shi (2004) o autor do resumo ao

substituir, passa a parafrasear, apagar e selecionar o que lhe seja mais relevante e

assim partem para generalizações e combinações , resultando numa possível

criação de sentenças-tópico.

4.5.3.1 A substituição em T5 se dá da seguinte forma:

a) Parafraseando idéias:

Esta tem em vista como função principal o deslocamento das idéias

do texto-base, de forma a condensá-las e simplifica-las, apagando, assim, os

detalhes que as cercam. Sobre o item 11) listado em Ousby, por exemplo, o aluno

autor de T5 ao invés de contar toda a história do Sr. Darcy, ele a substitui por termos

que remetem diretamente ao ocorrido:

“(...)The next day, he gives her a letter revealing his innocence in the

Wickham affair, and his reasons for disliking her family (...)”

“(...) No dia seguinte, ele dá a ela uma carta que revela sua inocência no

caso Wickham, e suas razões por não gostar de sua família(...)”

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Como podemos observar, os termos em destaque substituem

devidamente a confissão de inocência de Darcy sem, necessariamente, ter que

retomar toda sua história como feito pelos alunos autores dos outros resumos.

b) Combinação de termos equivalentes:

Esta é mais recorrente e na própria reconstrução de idéias ela está

presente, o que equivaleria por uso de sinônimos, como em:

“(…) Lizzy is furious with that, and is further maddened when Darcy

admits his love for her, proposing marriage to her(…)”

“(...) Lizzy fica furiosa com isto e ficam mais enlouquecida

quando Darcy admite seu amor por ela, propondo casamento(...)”

Os termos em destaque substituem na seqüência os seguintes

termos do texto-base: agitada, mais enfurecida, afirma, pede.

Assim, mediante a utilização devida das estratégias de resumir, de

modo a atender aos objetivos do gênero resumo, podemos afirmar que os alunos

autores de T2,T3,T4 e T5 exercem a função autoria não apresentando nenhum

problema de adequação ao gênero no referido ponto estratégias de resumir, ao

contrário reforçando sua caracterização como tal a partir do emprego delas.

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4.6. As concepções dos alunos sobre o gênero resumo escolar

Ao longo das discussões anteriores já pudemos observar alguns

indícios que direcionam para uma determinada concepção sobre o gênero resumo

deixada no decorrer de cada texto analisado. Para caracterizarmos a concepção que

cada aluno autor tem a respeito do gênero em questão, observaremos a introdução

de cada resumo.

4.6.1 A estrutura da introdução

Quando se trata das concepções sobre o gênero resumo,

observamos que nas cinco produções textuais analisadas há convergência de

aspectos macroestruturais. Um deles é a introdução do resumo. Observa-se uma

preocupação do aluno em colocar o leitor a par, já no inicio do seu texto, dos

aspectos que envolvem a família Bennets, protagonista da trama, o que difere do RP

elaborado por Ousby, o qual inicialmente faz uma contextualização sobre dados

referentes a obra propriamente dita e não ao enredo.

Vejamos na tabela abaixo a estrutura da introdução de cada resumo,

para assim traçarmos os pontos convergentes sobre a concepção de resumo,

refletidas nos textos analisados:

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TABELA XVI-INTRODUÇÕES DOS RESUMOS

Resumos Introduções RP Sobre a obra: autoria, ano de publicação, primeira edição e o novo título T2 Introdução da família Bennet T3 Introdução ao espaço onde transcorre a história e família Bennet T4 Introduz, a obra, contexto, família Bennet, intrigas e envolvimentos. T5 Introdução rápida a partir da descrição dos Bennets e o interesse do (ou pelo)

Sr. e da Sra. Bennets em casar suas cinco filhas.

Com exceção de RP, todos os outros resumos revelam uma

introdução a obra com traços sobre a família Bennet, justamente aquela que

representa grande importância para o desenrolar do enredo, das complicações e das

tramas, visto que todos os pontos centrais do enredo estão intimamente e

indubitavelmente ligados a ela.

Podemos observar que em T2, T3, T4 e T5, converge a concepção

de que o resumo é um texto elaborado a partir da reconstrução, aquele que a partir

da seleção da idéia central do texto-base.(cf. Brown & Day (1983) reconstrói ou

reelabora esse texto, como afirma Serafini (1992)).

É no momento de como reconstruir e o que reconstruir sobre os

Bennets que se insere a concepção de resumo que cada aluno tem.

No texto cujo discurso predominante é o narrativo, as personagens

representam um papel relevante no desenrolar da trama, por isso a preocupação de

trazer ao texto resumo a família Bennets.

Em RP, apesar de convergir a concepção de resumo, há uma

introdução distinta das outras, o que vai caracterizá-lo como mais informativo em

relação aos demais apresentados. Essa característica de introdução de resumo, a

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partir da contextualização da obra retrata uma característica constitutiva do resumo,

a saber, a inclusão de dados contextuais: autoria, ano de publicação, edição e título

Essa é uma, dentre outras diferenças, entre o RP e os demais resumos em questão,

diferenciando-os, assim, a respeito de que concepção eles têm.

Se tomarmos, por exemplo, T3, observamos em um trecho do

segundo parágrafo que para justificar porque a senhorita Elizabeth passa a não

gostar do Sr. Darcy, o aluno autor usa dois fragmentos do texto-base marcando-os

tipograficamente com aspas. Vejamos:

“(…)Mr. Darcy, who is also handsome and rich but he is proud and

disagreeable and Elizabeth, the second eldest daughter of the Bennets, has particular reason

to dislike him. Since Darcy slights her at the ball and proclaims that she is “tolerable” but “

not handsome enough to tempt him(…)”

“(...)O Sr. Darcy, que é também bonito e rico mas que é orgulhoso e

disagradável e a senhorita Elizabeth, a segunda filha mais velha dos Bennets, tem razão

particular para não gostar dele, já que no baile o Sr. Darcy se revela como grosseiro com

ela , admitindo que ela seja tolerável, mas não bonita o suficiente para tentá-lo(...)”

Ao proceder desta forma, T3 não apenas esclarece ao leitor que o

segmento utilizado representa o julgamento do personagem Darcy a respeito de

Elizabeth, como também revela a concepção que ele tem de resumo, qual seja: ao

utilizar fragmentos do texto não podemos tomá-los como sendo nossos.

Tais atitudes, ora de referenciar explicitamente ora implicitamente o

texto-base pode também ser vista como marca de intertextualidade e o como usá-la

reflete a concepção que o autor tem sobre o gênero oriundo de suas práticas de

leitura e escrita do ensino médio mesclada com o conhecimento acumulado no

ensino superior.

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Um outro ponto relevante de discutirmos é o reflexo da noção de

resumo vista em Strauch (1998) fortemente marcada ao longo dos resumos

analisados. Em todos eles convergem a seleção de um ponto por eles considerado

como central, seguida do apagamento das informações que eles jugam ser os

detalhes e assim da reconstrução das idéias vistas como principais aliadas ao tópico

central.

Enfim, podemos dizer que ao deixar em seus textos marcas de suas

concepções sobre o gênero e por elas se responsabilizando a partir do

conhecimento prévio oriundo do ensino médio, bem como daquele visto em Strauch

(1998) sobre o gênero resumo, os alunos autores dos resumos em questão exercem

adequadamente a função autoria, traçando claramente em seus textos marcas

discursivas-textuais como pistas evidentes e relevantes para caracterização de suas

concepções sobre as noções de texto, estilo e resumo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho procurou investigar como o aluno, no papel de

sujeito autor, exercita a função autoria na elaboração de um resumo escolar. A

principio tivemos como problema a prática de resumo escolar, em sua maioria,

caracterizada, como um exercício tradicional, restringindo, assim, sua elaboração a

uma atividade de avaliação de compreensão de leitura pelo professor. E como

conseqüência, negligenciando a importância do gênero face sua finalidade

comunicativa e função social.

A partir de então, hipotetizamos que uma prática tradicional de

elaboração de resumo, em contexto escolar, poderia resultar no possível

apagamento da função autoria e ou apenas no comprometimento do seu exercício

face ao gênero em questão. Em seguida, ainda tivemos uma segunda hipótese

referente às concepções dos alunos sobre o gênero resumo, oriundas do ensino

fundamental e médio mescladas àquelas vistas em contexto acadêmico, podendo

colaborar ou não para o exercício de autoria na elaboração de resumos escolares.

Com o intuito de checar esse conhecimento prévio e ao mesmo

tempo de ampliá-lo, os participantes desta pesquisa tiveram acesso às

considerações de Strauch (1998) sobre como elaborar um resumo escolar antes da

produção do mesmo. Como mostra a autora, há passos essenciais para o aluno

iniciante na elaboração de um resumo em LE: seleção do tópico central; o

apagamento de detalhes , reconstrução das principais idéias.

Dentre os resumos produzidos, chegamos a alguns critérios que

caracterizaram como e quando os alunos autores exerceram o exercício de autoria:

ao fazer suas escolhas discursivas (registro lingüístico: formas lexicais e formas

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verbais adequadas ao gênero textual em questão.); ao recombinar a textualidade do

texto-base no texto-resumo a partir da articulação dos fatores de textualidade;ao

articular as idéias principais ou principais eventos do texto-base de modo a reagrupá-

los adequadamente com inicio, progressão, não-contradição e fim; ao utilizar

devidamente as estratégias de resumir de modo a atender aos objetivos do gênero

resumo;ao marcar em seu texto traços estilísticos de cunho pessoal, lingüístico e

organizacional; E ao responsabilizar-se pelo seu dizer e ao deixar em seu texto

marcas de suas concepções sobre o gênero.

Com base nos critérios listados acima, pode-se afirmar que esta

pesquisa apresenta algumas contribuições tanto para o estudo quanto para o ensino

do gênero resumo no contexto de sala de aula de LE, levando em conta o exercício

de autoria. Isto pode ser afirmado tendo em vista a noção aqui discutida de que a

elaboração do resumo não se caracteriza única e exclusivamente como reprodução

condensada das idéias do texto-base, caracterizando o aluno não como autor, mas

como reprodutor apenas.

Por outro lado, concebemos a elaboração do resumo,

principalmente, o caráter de reconstrução destas idéias a partir da articulação do já-

dito levando em consideração os fatores de textualidade face à organização textual

e ao estilo seja o individual ou o lingüístico, às escolhas discursivas realizadas pelo

autor mediante o que se diz, como se diz e porque se diz, às estratégias de resumir

utilizadas dadas as concepções de gênero resumo que os autores venham revelar.

Contudo, esta pesquisa ainda revela grandes limitações. Dentre elas

pode-se listar as seguintes: a) não se pode aqui tecer generalizações a partir de

nosso corpus sobre como e quando o exercício de autoria ocorre, mas que os

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resultados encontrados demonstram contextos nos quais a função autor possa ser

exercida; b) o trabalho realizado com a elaboração do resumo de um gênero apenas

(texto literário) desenvolvido em situação específica pode ser visto como limitado

para realização de generalizações para o exercício de autoria na elaboração de

resumos de outros gêneros; c) quaisquer generalizações acerca dos alunos de LE

quanto à elaboração do resumo também deve ser descartada, uma vez que este

deve ser visto enquanto sujeito social e portanto devemos considerar aspectos como

conhecimento prévio, concepções e práticas sobre o gênero; d) concernente à LE,

deve-se levar em conta que a proficiência lingüística dos alunos participantes não foi

abordada durante a análise; e) as aulas que antecederam a elaboração dos resumos

como o uso de discussões sobre os capítulos do texto-base resumido também não

foram tomadas como critério de análise; f)o tamanho do corpus usado para a

pesquisa bem como o corte a ele dado não nos permite usar nossos resultado como

caráter generalizador de alunos de LE em situações de escrita acadêmica.

De fato, futuras pesquisas considerando tais limitações como

parâmetros de estudos poderão descobrir outros critérios nos quais o aluno de LE

enquanto sujeito social e no papel de autor venha exercitar a função autoria

mediante o gênero textual que esteja resumindo.

Esses estudos poderão, assim, facilitar e direcionar os interessados

no assunto, gerando possivelmente novos horizontes e diretrizes tendo em vista o

trabalho com a elaboração de resumo, enquanto meio de comunicação, inserido no

contexto da sala de aula face às crenças e concepções de ambos aluno e professor.

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127

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Apêndice I

APÊNDICE O Capítulo VII & VIII DE Strauch (1998)

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Apêndice II

APÊNDICE B 1:

A Recorrência a Pronominalização & Elipse

no Resumo elaborado por Ousby

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APÊNDICE B1- ELEMENTOS COESIVOS

RESUMO DO LIVRO PRIDE & PREJUDICE POR OUSBY IAN PUCLICADO EM : OUSBY, Ian. The wordsworth companion to literature in English. Summary of Pride & Prejudice. Cambridge, Cambridge university press, p-746-7, 1994.

“A novel by Jane Austen, it was begun in 1796 and Ø completed the

following year under the title “First Impressions,” but Ø rejected by a publisher in this form. It

finally appeared in 1813, after careful revision with a new title.(...)”

Mr. and Mrs. Bennet of Longbour are an ill-matched couple, he detached

and ironic, she Ø vulgar, gossipy and Ø mainly engaged in seeking husbands for her five

daughters. The wealthy Charles Bingley, who stays there with his sisters and his friend,

the still wealthier Fitz William Darcy, leases Netherfield, a house near Longbourn. To Mrs.

Bennet’s delight, Bingley falls in love with her eldest daughter , Jane, but Elizabeth Bennet

next in age of the Bennet children, frankly dislikes Mr. Darcy for his cold and superior

manner, her prejudice against him increased by the story she hears from George Wickham,

an engaging young militia officer, of the unjust treatment he has received from Darcy. For

their part, the Bingley sisters and Darcy find Mrs. Bennet and the younger Bennet sisters

impossibly vulgar and prevail on Bingley to detach himself from Jane.

The Bennet family is visited by William Collins, a rector under the patronage

Lay Catherine de Bourgh , who will inherit Mr. Bennet’s property on his death. With great

pomposity Mr. Collins proposes to Elizabeth but she refuses him, despite the financial

convenience of such a marriage. Mr. Collins transfers his attentions to Elizabeth’s friend,

Charllote Lucas, who accepts him out of expediency. Elizabeth goes to visit the newly

married couple and finds that Darcy is in the neighbourhood visiting Lady Catherine, his

aunt. He falls in love with Elizabetjh but Ø phrases his proposal in so condescending manner

that she refuses, taking the opportunity to upbraid him for his treatment of Wickhamand for

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his role in separating Jane and Bingley. In a letter , Darcy exposes Wickham as an

adventurer who once cherished designs on Darcy’s fifteen year-old sister Gerginian, and

protests that he had never been convinced of Jane’s love for Bingley.

Elizabeth leaves on a tour of Debyshire with her aunt and uncle, the

Gardiners. They visit Pemberley, Darcy’s seat, in the belief he is absent but accidentally

meet him. He welcomes them, and his charm and grace begin to impress Elizabeth. Then

comes the news that her sister Lydia has eloped with Wickham. Darcy helps the runaways

and makes sure that they marry. Bingley renews his courtship of Jane and, despite insolent

attempts at interference from Lady Catherine, Darcy persists in his wooing of Elizabeth. Both

couples are finally united.

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APÊNDICE B2-ESCOLHAS VERBAIS

PREDOMÍNIO DO TEMPO PRESENTE HISTÓRICO

RESUMO DO LIVRO PRIDE & PREJUDICE POR OUSBY IAN PUCLICADO EM : OUSBY, Ian. The wordsworth companion to literature in English. Summary of Pride & Prejudice. Cambridge, Cambridge university press, p-746-7, 1994.

“A novel by Jane Austen, it was begun in 1796 and completed the following

year under the title “First Impressions,” but rejected by a publisher in this form. It finally

appeared in 1813, after careful revision with a new title.(...)”

Mr. and Mrs. Bennet of Longbour are an ill-matched couple, he detached

and ironic, she vulgar, gossipy and mainly engaged in seeking husbands for her five

daughters. The wealthy Charles Bingley, who stays there with his sisters and his friend, the

still wealthier Fitz William Darcy, leases Netherfield, a house near Longbourn. To Mrs.

Bennet’s delight, Bingley falls in love with her eldest daughter, Jane, but Elizabeth Bennet

next in age of the Bennet children, frankly dislikes Mr. Darcy for his cold and superior

manner, her prejudice against him increased by the story she hears from George Wickham,

an engaging young militia officer, of the unjust treatment he has received from Darcy. For

their part, the Bingley sisters and Darcy find Mrs. Bennet and the younger Bennet sisters

impossibly vulgar and prevail on Bingley to detach himself from Jane.

The Bennet family is visited by William Collins, a rector under the patronage

Lay Catherine de Bourgh , who will inherit Mr. Bennet’s property on his death. With great

pomposity Mr. Collins proposes to Elizabeth but she refuses him, despite the financial

convenience of such a marriage. Mr. Collins transfers his attentions to Elizabeth’s friend,

Charllote Lucas, who accepts him out of expediency. Elizabeth goes to visit the newly

married couple and finds that Darcy is in the neighbourhood visiting Lady Catherine, his

aunt. He falls in love with Elizabetjh but phrases his proposal in so condescending manner

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that she refuses, taking the opportunity to upbraid him for his treatment of Wickhamand for

his role in separating Jane and Bingley. In a letter, Darcy exposes Wickham as an

adventurer who once cherished designs on Darcy’s fifteen year-old sister Gerginian, and

protests that he had never been convinced of Jane’s love for Bingley.

Elizabeth leaves on a tour of Debyshire with her aunt and uncle, the

Gardiners. They visit Pemberley, Darcy’s seat, in the belief he is absent but accidentally

meet him. He welcomes them, and his charm and grace begin to impress Elizabeth. Then

comes the news that her sister Lydia has eloped with Wickham. Darcy helps the runaways

and makes sure that they marry. Bingley renews his courtship of Jane and, despite insolent

attempts at interference from Lady Catherine, Darcy persists in his wooing of Elizabeth. Both

couples are finally united.

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APÊNDICE B3-ESCOLHAS LEXICAIS:

AUSÊNCIA DE CONECTIVOS ( INDICADA POR X)

CONECTIVOS DE SEQUENCIAÇÃO (SUBLINHADOS)

CONECTIVOS ADVERSATIVOS (ITÁLICO)

EXPRESSÕES COM FUNÇÃO DE CONECTIVOS (NEGRITADOS)

RESUMO DO LIVRO PRIDE & PREJUDICE POR OUSBY IAN PUCLICADO EM : OUSBY, Ian. The wordsworth companion to literature in English. Summary of Pride & Prejudice. Cambridge, Cambridge university press, p-746-7, 1994.

“A novel by Jane Austen, it was begun in 1796 and completed the following

year under the title “First Impressions,” but rejected by a publisher in this form. It finally

appeared in 1813, after careful revision with a new title.(...)”

X Mr. and Mrs. Bennet of Longbour are an ill-matched couple, he detached

and ironic, she vulgar, gossipy and mainly engaged in seeking husbands for her five

daughters. X The wealthy Charles Bingley, who stays there with his sisters and his friend, the

still wealthier Fitz William Darcy, leases Netherfield, a house near Longbourn. To Mrs.

Bennet’s delight, Bingley falls in love with her eldest daughter, Jane, but Elizabeth Bennet

next in age of the Bennet children, frankly dislikes Mr. Darcy for his cold and superior

manner, her prejudice against him increased by the story she hears from George Wickham,

an engaging young militia officer, of the unjust treatment he has received from Darcy. For

their part, the Bingley sisters and Darcy find Mrs. Bennet and the younger Bennet sisters

impossibly vulgar and prevail on Bingley to detach himself from Jane.

X The Bennet family is visited by William Collins, a rector under the

patronage Lay Catherine de Bourgh, who will inherit Mr. Bennet’s property on his death. With

great pomposity Mr. Collins proposes to Elizabeth but she refuses him, despite the financial

convenience of such a marriage. Mr. Collins transfers his attentions to Elizabeth’s friend,

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Charllote Lucas, who accepts him out of expediency. Elizabeth goes to visit the newly

married couple and finds that Darcy is in the neighbourhood visiting Lady Catherine, his aunt.

X He falls in love with Elizabetjh but phrases his proposal in so condescending manner that

she refuses, taking the opportunity to upbraid him for his treatment of Wickhamand for his

role in separating Jane and Bingley. In a letter, Darcy exposes Wickham as an adventurer

who once cherished designs on Darcy’s fifteen year-old sister Georginian, and protests that

he had never been convinced of Jane’s love for Bingley.

Elizabeth leaves on a tour of Debyshire with her aunt and uncle, the

Gardiners. They visit Pemberley, Darcy’s seat, in the belief he is absent but accidentally meet

him. X He welcomes them, and his charm and grace begin to impress Elizabeth. Then

comes the news that her sister Lydia has eloped with Wickham. X Darcy helps the runaways

and makes sure that they marry. Bingley renews his courtship of Jane and, despite insolent

attempts at interference from Lady Catherine, Darcy persists in his wooing of Elizabeth. Both

couples are finally united.

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APÊNDICE B4

RESUMO DO LIVRO PRIDE & PREJUDICE POR OUSBY IAN PUCLICADO EM : OUSBY, Ian. The wordsworth companion to literature in English. Summary of Pride & Prejudice. Cambridge, Cambridge university press, p-746-7, 1994.

Estratégias de Resumir Utilizadas em Ousby.

“A novel by Jane Austen, it was begun in 1796 and completed the following

year under the title “First Impressions,” but rejected by a publisher in this form. It finally

appeared in 1813, after careful revision with a new title.(...)”

Mr. and Mrs. Bennet of Longbour are an ill-matched couple, he detached

and ironic, she vulgar, gossipy and mainly engaged in seeking husbands for her five

daughters. The wealthy Charles Bingley, who stays there with his sisters and his friend, the

still wealthier Fitz William Darcy, leases Netherfield, a house near Longbourn. (AQUI É

PRESENTE O USO DO APAGAMENTO DOS DETALHES QUE CARACTERIZAM O

COMPORTAMENTO E PERSONALIDADE DOS BENNETS)To Mrs. Bennet’s delight,

Bingley falls in love with her eldest daughter, Jane, but Elizabeth Bennet next in age of the

Bennet children, frankly dislikes Mr. Darcy for his cold and superior manner, her prejudice

against him increased by the story she hears from George Wickham, an engaging young

militia officer, of the unjust treatment he has received from Darcy. For their part, the Bingley

sisters and Darcy find Mrs. Bennet and the younger Bennet sisters impossibly vulgar and

prevail on Bingley to detach himself from Jane.

The Bennet family is visited by William Collins, a rector under the patronage

Lay Catherine de Bourgh , who will inherit Mr. Bennet’s property on his death. With great

pomposity Mr. Collins proposes to Elizabeth but she refuses him, despite the financial

convenience of such a marriage. Mr. Collins transfers his attentions to Elizabeth’s friend,

Charllote Lucas, who accepts him out of expediency. Elizabeth goes to visit the newly

married couple and finds that Darcy is in the neighbourhood visiting Lady Catherine, his

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aunt. He falls in love with Elizabetjh but phrases his proposal in so condescending manner

that she refuses, taking the opportunity to upbraid him for his treatment of Wickhamand for

his role in separating Jane and Bingley. In a letter, Darcy exposes Wickham as an

adventurer who once cherished designs on Darcy’s fifteen year-old sister Gerginian, and

protests that he had never been convinced of Jane’s love for Bingley.

Elizabeth leaves on a tour of Debyshire with her aunt and uncle, the

Gardiners. They visit Pemberley, Darcy’s seat, in the belief he is absent but accidentally

meet him. He welcomes them, and his charm and grace begin to impress Elizabeth. Then

comes the news that her sister Lydia has eloped with Wickham. Darcy helps the runaways

and makes sure that they marry. Bingley renews his courtship of Jane and, despite insolent

attempts at interference from Lady Catherine, Darcy persists in his wooing of Elizabeth. Both

couples are finally united.

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Apêndice III –

Resumos Textos originais

de T1, T2,T3,T4 E T5.

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Apêndice III –A

T1

Who has never left behind the chance to know or to live something that

could be pleasant by prejudice? Pride and prejudice are walking together since ever with the

intention of confusing the feelings and divert purposes and dreams.

“Pride and Prejudice” by Jane Austen show us this question in an

exquisite way . The novel plot takes place in England, when the nineteenth century was

starting (1796-1813) in the small village of Longbourn, where the Bennets live.

After hearing Darcy’s opinion about the girls of the village at the party,

Elizabeth did a hasty judgement about his character, besides “ she told the story very

cheerfully and amusingly to her friends” (p.6). Her erroneous opinion was corroborated when

she had met Mr. Wickham, because he has not liked Darcy since their childhood and

convinced her that Darcy was self-centred and proud. As a consequence of this Elizabeth

could had lost the opportunity of knowing the true side of Mr. Darcy character.

Finally when Elizabeth had discovered that Mr. Wickham was

deceitful and two-faced and that Mr. Darcy was a considerate as well as honest gentleman,

they have got married, then once more the love is be able win everything including the pride

and prejudice, because when someone loves another person, lots of bad feelings starting to

disappear and instead of this , appear into their hearts a magical, true and only love.

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Apêndice III –B

A coesão verbal- os verbos negritados são exemplos de como

se dá a coesão verbal neste resumo:

T2

The book Pride and Prejudice begins when a young man decide to hang out

in the Netherfield park at the small village of Longbourn. So, this causes a great stir around

the village, specially in the Bennet family. Mrs. Bennet is eager to see her five daughters

married. Therefore, she does not miss the opportunity to call on Mr. Bingley.

When the Bingley and Bennet families meet each other by attending a party

promoted by Mr. Bingley, he soon feel attracted to the Bennet’s oldest daughter, Miss Jane.

At the party, Mr. Darcy is present but does not feel pleased enough in the evening and

refuses to dance with Miss. Elizabeth, one of the Bennet’s daughter. Due to this fact, all

people around think that he is arrogant.

The Bingleys and Darcy set off to London and come back to Netherfield.

Soon, thereafter, Darcy makes a proposal of marriage to Elizabeth, but she refuses it.

Nevertheless, he realises that he is getting more and more attracted to Elizabeth.

Another thing that makes Elizabeth believes he is an unpleasant guy is the

fact that a young soldier named Wickham told her that Mr. Darcy is guilt for disinheriting him.

Mr. Darcy is also accused to get about Mr. Bingley to stay away from Miss. Jane. In order to

give an explanation to Elizabeth, he writes a letter to her admitting that he persuaded

Bingley to distance himself from Jane because he thought that their romance was not

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serious. He also told that Mr. Wickham had tried to make off with his young sister Georgianna

Darcy. So, Mr. Wickham is no trustable.

After this misunderstanding, Elizabeth’s feelings about Darcy had changed.

After that, , they get married and Mr. Bingley assumes his dating of Jane, making a

proposal of marriage to her to the delight of everyone except to Bingley’s sister.

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Apêndice III –C -A coesão verbal-

Os verbos negritados são exemplos de como se dá a coesão

verbal neste resumo:

T3

The story begins with the arrival of Mr. Bingley , a rich young man from the

north of England, and a new neighbour for the Bennet family, that they would like Mr. Bingley

become the husband of one of their daughters. He is a pleasant and agreeable man who is

soon well-liked by everyone in the community. He takes a fancy at Jane, the eldest Bennet

daughter. However he brought his friend , Mr. Darcy, who is also handsome and rich but he

is proud and disagreeable and Elizabeth, the second eldest daughter of the Bennets, has

particular reason to dislike him. Since Darcy slights her at the ball and proclaims that she is

“tolerable” but “ not handsome enough to tempt him”

Another day, Mr. Collins, a cousin of Mr. Bennet, arrives for a visit. He

turns out to be a pompous and tiresome man. The object of Mr. Collins’ visit is to find

himself a wife. After finding out that Jane may soon be engaged to Bingley, he shifts his

attentions to Elizabeth. Mr. Collins accompanies the Bennet sisters on a walk into Meryton, a

nearby town. There, they are introduced to George Wickham, a handsome and charming

officer but a mercenary man. Elizabeth refuses Mr. Collins proposal of marriage and he

turns the proposal to Charlotte Lucas, her best friend and she accepts him.

Another day, Lydia, Elizabeth’s young sister elopes with MR. Wickham. In

addition, it is doubtful that Wickham has any intention of marrying her. They have

disappeared without any trace and the only clue is that they may be hiding in London, but Mr.

Darcy was responsible, firstly, for finding Wickham, and then, for bullying and bribing him to

marry Lydia.

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Time passes; life continues as usual for the Bennet family after Lydia’s

marriage until, one day, they discover that Mr. Bingley is returning to Netherfield for a

shooting party. Bingley’s aquaintance with Jane is quickly renewed and he proposes

marriage to her. As soon Bingley and Jane get engaged, the Bennet family is surprised by a

visit of Lady Catherine ( Mr. Darcy’s aunt.). It seems that she heard that Elizabeth will soon

marry her nephew. She has come, therefore, to check if the rumour was true and to be sure

that Elizabeth will never get engaged with her nephew. Elizabeth, of course, refuses to be

obliged by her.

Lady Catherine’s objections to the marriage do not have their intended

effect and in few days, Mr. Darcy returns from London to Longbourn. In a walk together,

Darcy and Elizabeth are reconciled and their engagement is formed.

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Apêndice III –D -A coesão verbal-

Os verbos negritados são exemplos de como se dá a coesão

verbal neste resumo:

T4

The news that a wealthy young gentleman named Charles Bingley has

rented the manor of Netherfield Park causes a great stir in the nearby village of Longbourn,

specially in the Bennet household. The Bennet have five unmarried daughters – from oldest

to the youngest, Jane, Elizabeth, Marry, Kitty and Lydia - and Mrs. Bennet is desperate to

see them all married. After Mr. Bennet pays a social visit to Mr. Bingley , the Bennets attend

a ball at which Mr. Bingley is present. He is taken with Jane and spends much of the evening

dancing with her. His close friend, Mr. Darcy is less pleased with the evening and haughtily

refuses to dance with Elizabeth, what makes everyone sees him as an arrogant and

obnoxious person.

At social functions over subsequent weeks, however, Mr. Darcy finds

himself increasingly attracted to Elizabeth’s charm and intelligence. Jane’s friendship with Mr.

Bingley also continues top burgeon, and Jane pays a visit to Bingley’s mansion. On her

journey to house, she is caught by a downpour and gets ill, forcing her to stay at Netherfield

for several days. In order to tend Jane, Elizaberth hikes through muddy fields and arrives

with spattered dress, much to the disdain of the snobbish Miss Bingley, Mr. Bingley’s sister.

Miss Bingley’s spite only increases when she notices that Darcy, whom she is pursuing,

pays quite a bit of attention to Elizabeth.

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The time passes and the Bingley family travels to London. Meanwhile,

Jane receives news from her love through letters sent to her by Caroline Bingley, the sister

of Mr. Bingley. The letters report the existence of a romance between Mr. Bingley and and

Georgianna, Mr. Darcy’s sister. All that to make Jane forget Mr. Bingley.

Suddenly, Jane travels to her parents’ house, in London. During the time

Jane is there, many things happens. Elizabeth receives a proposal from marriage of Mr.

Darcy and refuses, for having judged him proud and prejudiced;

Later, Elizabeth finds out through a letter that many of Darcy’s faults had

already been surpassed and that he really loves her. She feels doubtful in accepting or to

refuse another marriage proposal. The Bingleys come back toward Longbourn and Mr.

Bingley proposes marriage to Jane, who accepts. Mary, in turn, get married with a poor

man who arrives from London to become an officer in the regiment financially helped by Mr.

Darcy.

Through these acts, Mr. Darcy turns out to be seen differently by the

Bennet family. And Elizabeth confirms her thoughts about him and decides to accept his

proposal. This way, Mrs. Bennet has three of her five daughters married, reason of great joy

for her.

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Apêndice III –E- A coesão verbal

Os verbos negritados são exemplos de como se dá a coesão

verbal neste resumo:

T5

The novel begins with the arrival of Mr. Bingley to Netherfield Park. Mrs.

Bennet, whose obsession is to find husbands for her five daughters, sees Mr. Bingley as a

potential suitor. Mr. And Mrs. Bennet ‘s five children are: Jane, Elizabeth, Mary, Kitty and

Lydia.

The Bennet’s first acquaintance with Mr. Bingley and his companions are

at the Meryton ball. Mr. Bingley takes a linking to Jane and is judged by the townspeople to

be perfectly amiable and agreeable . Mr. Bingley’s friend, Mr. Darcy, however, snubs

Elizabeth and is considered to be proud and disagreeable. A few days later, Jane is invited to

dine at Netherfield with Bingleys two sisters. Caught in a rainstorm on her way over, she

becomes very sick and must remain in Nethefield for several days. Elizabeth also goes to

Netherfield to care for her sister. While she is there, Bingley’s affection for Jane is more

evident, while Darcy finds himself strangely attracted to Lizzy, Elizabeth’s nickname.

Meanwhile, a group of militiamen has come to Meryton, and Lizzy meets a

handsome officer named Wickham. She discovers that Darcy has argued with him in the

past. Soon after, the Bennet’s rude cousin, Mr. Collins, arrives at Longbourn and sets his

eyes on Lizzy. At a dance in Netherfield, Lizzy hints to Darcy that she knows what he has

done to Wickham, while Jane and Bingley spend the entire evening together. The next day,

Darcy, Bingley and his sisters leave to London, Mr. Collins, instead, weds Charlotte Lucas.

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Jane agrees in going to London expecting to meet Bingley, but his sisters

explain that their brother is too busy to see her- that he is becoming more intimate to Darcy’s

sister. Jane is then heartbroken. Lizzy, meanwhile, travels to Hunsford to visit Mr. Collins

and Charlotte. She is introduced to the ill-mannered Lady Catherine de Bourgh, and is slightly

pleased to hear that her nephews Darcy and Fitzwilliam are also coming to visit her. After

they arrive, Fitzwilliam reveals an attraction to Lizzy, but he says that he cannot marry her

as she is not wealthy enough. He also reveals that Darcy convinced Bingley not to marry

Jane. Lizzy is furious with that, and is further maddened when Darcy admits his love for her,

proposing marriage to her. He says that she is inferior and her family embarrassing but he

loves her anyway. Lizzy is highly insulted and rudely refuses him.

The next day, he gives her a letter revealing his innocence in the Wickham

affair, and his reasons for disliking her family. Her feelings are slightly changed, but she

remains unconvinced. That summer, Lizzy travels with the Gardeners to Derbyshire. They

come across Pemberly, Darcy’s city, and upon hearing that no one is there, take a tour of

the grounds and listen to the housekeeper’s praise for her master.

Darcy returns early, and catches them in the yard. He is completely

changed however, and very friendly. Lizzy got stunned. He introduces his sister to Lizzy and

makes every attempt to regain her pardon. Their visit is cut short, however, by news from

Jane that Lydia, the youngest Bennet daughter has run away with Wickham, thoroughly

disgracing the family. Her uncle and father travel to London to look for the couple, while Lizzy

gets home as quickly as possible. Her mother is in hysterics and refuses to leave her room.

Mr. Bennet returns to Longbourn before they leave to the north, where Wickham’s new place

in the military is settled. Lizzy accidentally finds out that it was Darcy who found the couple,

forced them to marry and paid off all of Wickham’s extensive debts. So, she gets

embarrassed and dumbfounded. Her affection for Darcy, however, only grows.

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Bingley and Darcy eventually return to Netherfield. After a few days, Darcy

is called away to London, and Bingley asks Jane for her hand in marriage. Soon after, Darcy

returns, Lizzy thanks him for his role in helping Lydia and he declares that he is still in love

with her. Although her family is initially shocked, they plan to marry. Both couples marry on

the same day, Lizzy moves with her husband to Pemberly, and the Bingleys buy an estate

nearby.

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APÊNDICE IV

MODELO DE DEFESA

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Problematização

A prática de resumo escolar tem sido caracterizada, quase que exclusivamente, como um exercício tradicional, restringindo, assim, sua elaboração a uma atividade de avaliação de compreensão de leitura pelo professor. E como conseqüência negligenciando a importância do gênero face sua finalidade comunicativa e função social.

Hipóteses

1. Uma prática tradicional de elaboração de resumo em contexto escolar pode resultar no apagamento da função autoria e ou apenas comprometer o seu exercício adequado ao gênero em questão. 2. As concepções dos alunos sobre o gênero resumo oriundo do ensino fundamental e médio mescladas àquelas vistas em contexto acadêmico poderão colaborar ou não para o exercício de autoria na elaboração de resumos escolares.

Objetivos da Pesquisa

Objetivo Geral – caracterizar o exercício de autoria na elaboração do resumo escolar, tendo em vista as questões de estilo e a recombinação da textualidade do texto-base.

Objetivos Específicos- Caracterizar o gênero resumo no ensino superior de LE; Discutir pesquisas tanto em L1 quanto em LE sobre o

gênero resumo escolar; Revisar propostas pedagógicas para o ensino do gênero

resumo em L1 e LE; Evidenciar o exercício de autoria na elaboração do resumo

em LE.

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Pressupostos Teóricos

Noções de Texto e Fatores de Textualidade (Beaugrande & Dressler, 1981; Beaugrande, 2001; Marcuschi, 1983; Guimarães, 1993; Koch & Travaglia 2003).

Capítulo I- Contribuições da Lingüística Textual

Capítulo II-Autor, Autoria & Estilo

I- A constituição do Autor & Autoria

Orlandi (1988;1996) - pensa o seu texto e o assume mediante suas limitações históricas;

Greene (1995)- status ou condição social a partir do principio de intertextualidade e ou possíveis deslocamentos de outros discursos ( o já-dito).

a) Sujeito pensante e responsável pelo dizer.

b) A responsabilidade como interpretação do já-dito.

c) Autoria como essencial à compreensão das manobras discursivas.

Carmagnani (1999) – sujeito que assume a responsabilidade do seu dizer.

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Pressupostos Teóricos

II-As Concepções de Estilo

Possenti (1993)

Visão psicologizante-expressão do estado de espírito do autor.

Visão sosiologizante-a cosmovisão de uma época.

Visão formalista-a estética da linguagem.

Bakhtin (1997)

Parte da manifestação verbal

Marca individual de caráter de expressividade do sujeito.

Elemento constitutivo da unidade de enunciado de um gênero.

Beaugrande (2001)

Marca única do usuário.

Marca coletiva de vários usuários.

Marcas de ornamentação ou arranjo da mensagem.

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Pressupostos Teóricos

Capítulo Definindo o Resumo

Kintsch & Van Dijk ( 1978)- manifestação do processo de compreensão textual das microestruturas até as macroestruturas

Sprenger & Charolles (1980) – condensação de idéias.

Brown & Day (1983)- Reconstrução e reelaboração do texto-base.

Platão & Fiorin (1990)- condensação de idéias do texo-base a partir da reconstrução.

Serafini (1992) – reconstrução e reelaboração.

Machado (2001; 2004)- texto sobre outro texto, pertencente a outro autor e não àquele que o resume dentro de um processo de reconstrução, reagrupação, e reorganização do já-dito.

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Pressupostos Teóricos

Contribuições da Lingüística Textual

Noções de Texto e Fatores de Textualidade discutidas em Beaugrande & Dressler (1981)

A textualidade em Marcuschi (1983)

O texto em Guimarães (1993)

Os fatores de Textualidade em Koch & Travaglia (2003)

Capítulo I

Capítulo II

Autor, Autoria &

A constituição do Autor & Autoria

Orlandi (1988) - pensa o seu texto e o assume mediante suas limitações históricas;

Greene (1995)- status ou condição social a partir do principio de intertextualidade e ou possíveis deslocamentos de outros discursos ( o já-dito).

Pressupostos Teóricos

Capítulo III- As estratégias de Resumir

Kitsch & Van Dijk (1978)

Apagamento de proposições

Substituição & seleção

Construção & Criação

Sprenger & Charolles (1980)

Apagamento de detalhes

Seleção de informação importante

Substituição em função da generalização

Brown & Day (1983) Apagamento

Cópia de segmentos

Seleção & Invenção Machado (2001 ;2004)

Formas de Apagamentos

Exemplos, sinonímia , inferíveis

Reformulação & Conservação

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Pressupostos Teóricos

O resumo na aula de L1

Estudos em L1 checando o uso do resumo em sala de aula.

O resumo na aula de LE

Cohen ( 1994)- as dificuldades lingüísticas da LE.

Strauch (1998)- passos para resumir.

Ling Shi (2004)- a influência da L1.

Terzi & Kleiman (1985) - A influência da consulta ao texto-base.

Albuquerque (1999)- A influência da escrita de um roteiro na elaboração do resumo.

Dantas da Silva (2004)- A influência do grau de complexidade do texto-base.

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A natureza e o contexto da pesquisa

Trata-se de uma pesquisa exploratória, de cunho qualitativo. Os

resumos, objeto de análise da pesquisa, foram produzidos no âmbito das

disciplinas de Língua Inglesa VII e VIII, do curso de extensão, oferecido pela

Universidade Federal de Campina Grande, à época, campus II da Universidade

Federal da Paraíba, em 2003.2 .

Como professor da turma, sugeri aos alunos a

leitura simplificada de algumas obras literárias. Dentre a lista

de livros proposta pelos alunos e o acervo que dispúnhamos,

as turmas optaram pela leitura do livro Pride & Prejudice, de

Jane Austen.

Os participantes

Os alunos participantes das duas disciplinas, todos

com cinco anos de estudo de língua inglesa, e oriundos de

cursos diversos daquele campus.Cada turma com cerca de 30

alunos, o que resultou na elaboração de 60 textos-resumo.

Metodologia

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Procedimentos para a coleta de dados

Pesquisar o contexto histórico da obra; Leitura do livro; Discussão dos capítulos em seis aulas; Leitura da teoria de Strauch (1998) sobre resumo; Resolução de exercícios modelos para elaboração de

resumos; Estabelecendo o público leitor; Elaboração dos resumos;

O corpus e o procedimento de análise dos dados

O corpus da pesquisa consiste em cinco textos-resumo

dentre um total de 60 textos produzidos. A seleção do corpus se deu com base

em uma pré-análise dos resumos elaborados pelas turmas, o que resultou na

seleção de cinco textos denominados de T1 a T5.

A análise foi realizada tendo em vista quatro

categorias para investigação dos resumos e sete critérios para

o exercício de autoria.

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Investigando o exercício de autoria – Parte I

INVESTIGANDO O RP

Converge o exercício de autoria nas quatro categorias mediante os sete critérios necessários para tal exercício.

Organização de idéias: Recombina a textualidade do texto-base

tendo em vista os fatores de textualidade; Reconstrução intertextual (coerência); Progressão, não-contradição e fim.

As escolhas e a responsabilidade do dizer: Apagamento da personalidade do autor do

resumo; Uso de sintaxe adequada:

Cópia de conectivos do texto-base; Ausência de conectivos de sequenciação.

Emprego do presente histórico; Recorrência: anafórica. Elipses.

As estratégias de resumir: Apagamento em função de:

Generalizações; Reformulação.

Cópia de segmentos.

A concepção de resumo: Reconstrução a partir da recombinação da

textualidade do texto-base; Construção de uma sintaxe adequada ao

gênero; Estilo coletivo; Foco nos pontos relevantes do enredo bem

como nos personagens enquadrados;

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Analisando T1

Exerce a função autoria inadequada mediante as categorias e os critérios de análise utilizados.

Organização de idéias: Extratextual; Opinião inicial; Contextualização da obra; Síntese do enredo; Desfecho; Opinião final.

As escolhas e a responsabilidade do dizer: Uso de sintaxe inadequada; Emprego de coesão verbal inadequada ao

gênero. Tom persuasivo explicito.

As estratégias de resumir: Uso excessivo de apagamento; Ausência de generalizações e ou

reformulação; Ausência da cópia de segmentos.

A concepção de resumo: Reconstrução a partir da apreciação ao

texto-base; Foco nos protagonistas. Não reflete influência da teoria de Strauch.

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Analisando T2, T3, T4, T5

Exercem a função autoria adequada mediante as categorias e os critérios de análise utilizados com exceção de um deles.

Organização de idéias: Predominante Intertextual; Contextualização da obra; Síntese do enredo; Desfecho; Uso de detalhes (Só em T2) Maior grau de informatividade em T3 em

relação aos demais resumos.

As escolhas e a responsabilidade do dizer:

INVESTIGANDO OS RESUMOS T2,T3,T4,T5

Emprego de coesão verbal adequada ao gênero: Presente histórico;

Emprego de coesão nominal adequada ao gênero: Anáfora & Elipse;

Uso de sintaxe adequada ao gênero;

Tom persuasivo implícito acarretando o exercício de autoria inadequado ao gênero (Machado ,2001;2004)

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Continuação

As estratégias de resumir:

Concepção de resumo: Nos resumos em questão converge a concepção de resumo enquanto:

INVESTIGANDO OS RESUMOS T2,T3,T4,T5

Apagamento: T2- sete pontos relevantes do enredo; T3- dois pontos relevantes do enredo; T4-oito pontos relevantes do enredo; T5—três pontos relevantes do enredo.

Cópia: deslocamento p/ reconstrução. T2-condensação; T3-condensação; T4-seleção.

A substituição de Ling Shi: T5- reelaboração:

Parafraseando idéias Combinando Termos Equivalentes

Reconstrução a partir da recombinação da textualidade do texto-base;

Construção de uma sintaxe adequada ao gênero;

Estilo coletivo; Foco nos pontos relevantes do enredo bem

como nos personagens enquadrados;

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Considerações Finais

Como o aluno de LE no papel de sujeito exerce a função autoria na elaboração de um resumo em LE.

Confirmada a primeira hipótese

Confirmada a segunda hipótese

Objetivo

A influência de Strauch (1998)

Maior influência em T2, T3, T4 e T5.

As categorias e critérios de análise

Quanto às escolhas e responsabilidade do dizer, observou-se o exercício de autoria inadequado nos resumos de T2, T3, T4 e T5.

Hipóteses

Pouca influência em T1

O RP-uns resumos reconstruíram mais pontos que outros, a exemplo de T3 e T1.

Contribuições: Ao ensino do gênero resumo na aula de L1

& LE; Ao estudo do exercício de autoria em sala

de aula.

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