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Universidade Federal da Paraíba
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes Pós-graduação em Letras
O Exercício de Autoria na Elaboração
de Resumos Escolares em Língua Estrangeira LE
João Pessoa, Outubro de 2006.
2
Santos, Cleydstone Chaves O Exercício de Autoria na Elaboração de Resumos Escolares em LE/ Cleydstone Chaves dos Santos- João Pessoa, 2006,178p. Orientadorª: Profª Drª Maura Regina Dourado Dissertação (Mestrado) – UFPB-CCHLA
3
Cleydstone Chaves dos Santos
O Exercício de Autoria na Elaboração
de Resumos Escolares em LE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Letras da Universidade Federal da
Paraíba, como parte dos requisitos para obtenção do
grau de Mestre em Letras, área de concentração
Linguagem e Ensino: Linguagem e Interação em
Contexto de Ensino.
Orientadora: Profª Drª Maura Regina da Silva Dourado Co-orientadora: Drª Ana Cristina Souza Aldrigue
4
Cleydstone Chaves dos Santos
O Exercício de Autoria na Elaboração
de Resumos Escolares em LE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade
Federal da Paraíba, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em
Letras, área de concentração Linguagem & Ensino: Linguagem & Interação em
Contexto de Ensino.
Banca Examinadora
Profª Drª Ana Cristina Souza Aldrigue Co-orientadora (UFPB)
Profª Drª Marianne Cavalcante (UFPB)
Prof. Dr. Onireves Monteiro de Castro (UFCG)
5
Agradecimentos
A Deus primeiramente,
A Profª. Drª. Maura Regina Dourado,
A Profª. Drª. Ana Cristina Souza Aldrigue, A Profª Drª Marianne Cavalcante
A Jade, A minha família,
Aos verdadeiros amigos,
A Mateus & a Michele,
A todos que fazem o CEAE,
A Profª Elisalva, a Roseane, a Rosilene e a Socorro (PLPG),
& a banca examinadora desta dissertação.
6
Ich mochte Ihnen eine Ketzerische Frage stellen:
Ist Schreiben als Zielfertigkeit uberhaupt en legitimes Ziel?
Wozu sollen wir denn das schreiben lehren?
Wann schreiben denn unsere Schuller nach Abschluss ihrer
Schulzeit noch in der fremden Sprache?
Bernard Kast.
7
Resumo
A prática de resumo escolar tem se caracterizado como um exercício tradicional,
restringindo, assim, sua elaboração a uma atividade de avaliação de compreensão
de leitura pelo professor. O presente trabalho tem como finalidade explorar o
exercício de autoria na elaboração de resumos, tendo em vista estratégias textuais-
discursivas utilizadas, a partir de uma situação específica em contexto acadêmico.
Para tanto, a pesquisa foi realizada no âmbito de duas disciplinas de língua inglesa
do curso de extensão (Língua Inglesa VII e VIII), oferecida pelo Departamento de
Línguas Estrangeiras da UFCG, campus I, Campina Grande.O corpus desta
pesquisa consiste em 5 resumos dentre os 60 textos produzidos pelos alunos destas
disciplinas como parte da avaliação final do curso. Os resultados nos autorizam
afirmar que as escolhas feitas pelos alunos, a concepção de resumo que eles têm, a
organização das idéias do texto-base no texto-resumo, bem como as estratégias de
resumir (apagamento, cópia, deslocamento e generalização) evidenciam a assunção
da responsabilidade do aluno pelo seu dizer, isto é, o exercício da função autoria.
Palavras-chave: Resumo escolar, estratégias, exercício de autoria.
8
Abstract
School summarizing practice has been carried out as a traditional exercise type,
hence the restriction of its elaboration as a reading comprehension evaluation task by
the teacher only. This paper aims at exploiting the exercise of authorship on the
school summary elaboration, based on discursive-textual strategies utilized, in a
specific situation at an academic context. For such a work, this research took place in
the ambit of two disciplines of English as a Foreign Language offered by Foreign
Language Department Extension Course ( English Language VII & VIII) at UFCG,
Campina Grande. The corpus consists of 5 summaries among 60 ones elaborated by
the students of those groups as part of the course final evaluation. The results
authorize us to state that the choices made by the students, their summary
conception, the ideas organisation from source-text in the summary one as well as
the summarising strategies (deleting, moving, copying and generalising), revealing
the students assumption of responsibility for their saying;
Keywords: School summary, strategies, exercise of authorship.
9
Abreviações utilizadas nesta dissertação:
RP- Resumo Parâmetro
TI- texto 1
T2-texto 2
T3-texto-3
T4-texto 4
T5- texto 5
TB-texto-base
TR-texto resumo
EA- exercício de autoria
RA- Resumos dos alunos
L1- Língua materna
LE-Língua estrangeira
10
Sumário
Agradecimentos v
Resumo vi
Abstract vii
Introdução 11
Capitulo. 1- Contribuições da Lingüística Textual – 16
Parte I – Noções de Texto & Os fatores de Textualidade 16
Parte II - Autor, Autoria & Estilo 24
Capitulo. 2 - O gênero textual resumo 33
Capítulo. 3- Metodologia 47
3.1 A natureza e contexto da pesquisa 47
3.2 Os participantes 47
3.3 Procedimentos para coleta dos dados 48
3.4 O corpus 49
Capítulo. 4 – Investigando o Exercício de Autoria 52
Parte I – Investigando o Exercício de Autoria no Resumo Parâmetro de Ousby 53
4.1 - Investigando o Exercício de Autoria no Resumo Parâmetro de Ousby 53
Parte II – Investigando o Exercício de Autoria nos Resumos dos Alunos 75
4.2 - Investigando o Exercício de Autoria nos Resumos dos Alunos 75
4.2.1 - O exercício de autoria em T1 75
4.3 – O exercício de autoria em T2, T3, T4 e T5 94
4.3.1 - A organização das idéias do texto-base em T2, T3, T4 e T5 108
4.4 As escolhas discursivas e a assunção do dizer em T2, T3, T4 e T5 108
4.5 - As estratégias de resumir em T2, T3,T4 e T5 113
4.6 - As concepções de resumo em T2, T3,T4 e T5 122
Considerações Finais 126
Referência Bibliográfica 129
Apêndice 132
11
INTRODUÇÃO
A prática de elaboração de resumos em contexto escolar tem sido
utilizada, em sua maioria, como recurso para avaliação de compreensão textual.
Além disso, esse texto tem sido produzido para um único leitor, qual seja: o
professor. Desta feita, tal prática passa a deixar de lado a importância que o gênero
resumo pode representar no cotidiano do aluno no papel de sujeito social, aquele
que produz um texto com uma finalidade comunicativa, em determinadas condições
de produção. No caso do resumo, essas condições envolvem a função social do
resumo, quem, para quem, por que, para que, onde e como escreve?
Desta forma, mesmo quando se tem tido no espaço escolar o resumo
de paradidáticos, de artigos de revistas e ou de jornais, de filmes, de textos do livro
didático, de poemas, de letras de músicas e etc., a finalidade primordial ainda reflete,
consideravelmente, uma prática tradicional, a idéia de que a única finalidade do
resumo restringe-se a um exercício escolar de ler, compreender, resumir e submeter
à avaliação do professor.
Essa prática em sala de aula denuncia que o resumo tem sido visto, por
muitos professores de ensino fundamental e médio, como exercício de reprodução
de idéias principais do texto-base, e, assim, aquele que o faz estaria no papel de
reprodutor apenas. Isso resulta no apagamento da função autoria na elaboração do
resumo, todavia defende-se que um resumo envolve a assunção da
responsabilidade pelo dizer, pois o autor do resumo não apenas reproduz a idéia do
12
texto-base, mas também a reconstrói, articulando o já-dito através da combinação
dos fatores de textualidade que dão ao texto o caráter de sua textualidade, revelando
neste texto um estilo ora próprio do escritor, ora próprio do gênero em si, ora próprio
da língua. Portanto, neste processo de articular e reconstruir instaura-se o exercício
de autoria, pois é nele que o aluno retoma o já dito, selecionando-o, reformulando-o,
reorganizando-o, e, assim, reconstruindo-o.
Ao se responsabilizar pelo dizer, o aluno no papel de autor não
apenas reproduz ou resgata o já dito, ele vai muito além, ele o reconstrói e neste
processo de reconstruir ele também passa a articular diversos fatores de
textualidade que garantem um texto coeso, coerente com unidade e progressão.
Daí, a importância de evocar os fatores de textualidade como
sendo co-participantes no processo de assunção do dizer, pois eles revelam como o
autor articula e reconstrói o já dito a sua maneira, servindo, assim, de suporte para
caracterização da função autoria aliada à noção de estilo.
Concernente à questão do estilo atrelada ao exercício de autoria,
podemos elencar três pontos básicos que respaldam a relação estilo-exercício de
autoria. Primeiramente, tem-se o caráter individual como marca de estilo do individuo
que conseqüentemente reflete como o individuo em sua particularidade age sobre o
código lingüístico coletivo, usando-o ao seu modo dentro dos padrões daquele
código e se adequando ao gênero em questão. Esta marca de autoria reflete a
noção de estilo individual que defendemos, o individuo que reorganiza o já-dito,
responsabilizando-se assim pelo seu dizer. Em seguida, tem-se o caráter de
coletividade, que marca o estilo de uma determinada língua, envolvendo seu código
lingüístico, suas normas e usos. Enfim, o caráter de ornamentação ou decoração da
13
mensagem, que reflete as muitas escolhas discursivas que o individuo pode fazer
durante o processo de elaboração do resumo, obedecendo aos padrões daquele
código lingüístico coletivo e usando-o dentro de um fim comunicativo. Em suma,
temos uma marca de estilo que também vem respaldar a noção de autor face ao
arranjo da mensagem desejada.
Dessa prática, surge uma preocupação em relação a que
concepções e práticas sobre o gênero resumo o aluno traz consigo ao adentrar o
universo acadêmico? O que nos leva a pensar de que formas suas práticas e
concepções oriundas do ensino fundamental e médio, a respeito deste gênero
colaborarão ou não para seu êxito ao produzir um resumo no meio acadêmico?
Mediante tal realidade o presente trabalho tem como objetivo geral
caracterizar o exercício de autoria na elaboração do resumo escolar, tendo em vista
as questões de estilo na literatura de Possenti (1993), Bakhtin (1997) e Beaugrande
(2001), a partir de uma situação específica no contexto acadêmico. Para tanto,
estabelecemos os seguintes objetivos específicos:
Caracterizar o gênero resumo no ensino superior de língua estrangeira (LE);
Discutir pesquisas tanto em língua materna (L1 )quanto em LE sobre o gênero
resumo escolar;
Revisar propostas pedagógicas para o ensino do gênero resumo em L1 e LE;
Evidenciar o exercício de autoria na elaboração do resumo em LE.
Para tanto, o presente trabalho de pesquisa está organizado em seis
capítulos. No capítulo 01 trazemos as contribuições da lingüística textual referente
aos fatores de textualidade como foco principal, envolvendo definição e
caracterização dos mesmos, uma vez que é a partir de tais fatores que o autor
14
consegue articular e assim reconstruir as principais informações do texto-base,
elaborando seu resumo como um todo coeso, coerente, com unidade progressão e
fim.
Ainda neste capítulo, discutiremos algumas questões que remetem
diretamente ao exercício de autor e autoria, atrelados às noções básicas de
constituição do sujeito.Em seguida, apresentamos as concepções de estilo segundo
os estudos de Beaugrande (2001), Possenti (1993), Bakhtin (1997) as quais vemos
como marcas caracterizadoras da função autor.
Concernente ao capítulo 02, conceituará o gênero resumo escolar.
Ainda acrescentando pesquisas voltadas para práticas pedagógicas tanto em L1
quanto em LE, ao lado de propostas pedagógicas sobre o ensino do gênero resumo.
O capítulo 03 destina-se a apresentação da metodologia do trabalho de
pesquisa com dados referentes à natureza da pesquisa, participantes, corpus, bem
como procedimentos de coleta e análise de dados.
No que se refere ao capítulo 04, ele consiste na investigação dos
dados, que, por sua vez, está dividida em duas partes: a primeira investigamos o
resumo de Ousby (1994) tomado como resumo parâmetro (RP) para a análise dos
demais, e na segunda parte investigamos os resumos elaborados pelos alunos
participantes.Em ambas as partes exploramos o exercício de autoria na elaboração
de resumos escolares em uma situação específica em contexto acadêmico tendo em
vista a organização das idéias do texto-base levando em conta a textualidade em
cada resumo; as escolhas e a responsabilidade do dizer; as estratégias de resumir
utilizadas (apagamento, cópia ou deslocamento e generalização) bem como as
concepções sobre o gênero resumo, refletidas nas produções textuais.
15
Enfim, nas considerações finais abordamos nossas conclusões e
reflexões acerca desta pesquisa no que concerne aos seus objetivos alcançados
bem como as nossas hipóteses iniciais: a primeira sobre a prática tradicional de
elaboração de resumo em contexto escolar podendo resultar no apagamento da
função autoria e ou apenas comprometer o seu exercício adequado ao gênero em
questão: e a segunda concernente às concepções dos alunos sobre o gênero
resumo oriundo do ensino fundamental e médio mescladas àquelas vistas em
contexto acadêmico podendo colaborar ou não para o exercício de autoria na
elaboração de resumos escolares. Ainda questionamos nossas limitações e
implicações pedagógicas que o mesmo pôde suscitar ao longo da trajetória aqui
traçada face aos resultados a que chegamos, e que profundidade futuros estudos
possam abarcar a partir de nossa investigação.
16
CAPÍTULO 01
CONTRIBUIÇÕES DA LINGÜÍSTICA TEXTUAL
PARTE I – NOÇÕES DE TEXTO & OS FATORES DE TEXTUALIDADE
Rompendo com o paradigma estruturalista, surge na década de 60 a
lingüística textual a fim de abordar o texto, considerando não apenas as frases
isoladas, mas, sobretudo, as relações semânticas e pragmáticas entre elas, e, assim,
a interdependência que elas apresentam entre o plano textual, o lingüístico e o plano
extra-textual, o extra-lingüístico. Nessa perspectiva, quatro autores serão utilizados
como referência teórica neste trabalho, a saber: Beaugrande & Dressler (1981),
Marcuschi (1983), Guimarães (1993) bem como Koch & Travaglia (2003).
Os estudos de Beaugrande & Dressler (1981) apresentam-se como
considerável importância e impacto para a análise do texto. Para os autores, é a
combinação dos fatores de textualidade - coesão, coerência, intencionalidade,
aceitabilidade, informatividade, situacionalidade e intertextualidade - que constituem
17
o texto um todo coeso e com sentido, e não apenas um aglomerado de frases
corretas.
Para Guimarães (1993), a condição essencial para que o texto
desempenhe um caráter de “porta voz” é que ele se caracterize como um conjunto
articulado e harmônico de relações que se integram sintática e semanticamente. De
forma que quando escrevemos um texto, por mais simples que ele seja ou pareça,
estamos construindo o nosso posicionamento acerca do mundo e de nós mesmos.
Portanto, o texto deve ser resultante de um ato significativo e interpretativo, e, assim,
constitutivo, ao mesmo tempo, do próprio sujeito. Nessa perspectiva, o texto passa a
ser “porta voz” quando serve de canal veículador de uma voz, de um enunciado, de
um discurso cujo sentido é construído e reconstruído a partir da interação tríade
autor – texto – leitor, o que, na verdade, ainda vai diferenciar de leitor para leitor
dada à formação social e ou discursiva de cada um.
Em relação ao fator coerência, os autores citados anteriormente
caracterizam sua realização no âmbito da realização e aceitação do significado. Este
fator já é resultante de uma continuidade de sentidos. O significado atribuído a um
determinado texto é apenas aceito quando há comunicação entre autor e audiência -
mediante o texto. Isso é o que faz com que um texto seja coerente ou não.
Marcuschi (1983), diferentemente de Beaugrande & Dressler (op.cit),
vê os fatores de coerência como modelos cognitivos, os quais são denominados de
modelos globais. Nestes modelos se inserem os conceitos de frames, scripts, planos
e macroestruturas que o sujeito carrega como resultado de suas experiências
pessoais como sujeitos sociais.
18
a) Por frames, entende-se enquadres, isto é, o conhecimento prévio sobre o assunto
e conhecimento de mundo;
b) Scripts, por sua vez, são as noções que se formam em nossa mente a partir de
cada experiência que vivemos, como se essas noções formassem roteiros;
c) Os planos se caracterizam como o conjunto destas noções armazenadas em
nossa mente;
d) Já as macroestruturas são os conjuntos maiores que englobam todas estas
noções anteriores em grupos específicos dado o seu tema.
A coerência vista sob esta ótica não é construída unicamente a partir
do texto lido, mas também parte do conhecimento prévio e de mundo que o leitor,
enquanto sujeito social, carrega consigo. Portanto, ele passa a ser parte desse
processo de construção de sentidos.
Tomando como base a idéia de estabilidade do texto como será
colocada posteriormente por Orlandi (1996), Koch & Travaglia (2003) definem a
coerência como resultante da combinação de fatores como: situacionalidade,
informatividade, intertextualidade, intencionalidade e aceitabilidade. Assim, para que
haja coerência também é necessária a participação do leitor como atribuindo sentido
ao texto.
Aqui também são consideradas as relações intratextuais (ex.: o
conhecimento lingüístico, o gênero textual) e extratextuais (ex.: o conhecimento
prévio do assunto ou gênero trabalhado, conhecimento de mundo, os frames, os
esquemas, os scripts ,aqueles definidos por Marcuschi enquanto modelos globais).
19
Em se tratando de resumo, os fatores de textualidade
desempenham um papel crucial na sua elaboração. É, portanto, a articulação destes
fatores que dará ao texto as conexões necessárias que são vistas como
imprescindíveis à textualidade, e, conseqüentemente, ao exercício da função autoria
como defendido nesta dissertação.
A importância do fator coesão se dá devido à extrema necessidade
que há na conexão das idéias do texto-base. O autor do resumo vai recombinar e
articular o que considera como principais pontos deste texto na construção do seu
resumo, ou seja, reorganizar o já dito.
Neste processo de reconstruir o já-dito são necessários vários tipos
de coesão, um determinado autor, por exemplo, poderá utilizar mais a coesão
nominal a verbal. Desta forma, podemos encontrar em um resumo a recorrência
exaustiva à referênciação ora por indicação ora por orientação, à substituição seja
pronominal seja verbal e ou ainda lexical. Sabe-se, no entanto, que tal uso é reflexo
de um estilo individual que está muito voltado para a constituição do autor visto como
sujeito social.
Mediante tal noção, vemos que na elaboração do resumo, a função
básica de reconstruir o texto-base ora se articula pelo excesso de coesão verbal, ora
de coesão nominal (cf. Antunes, 1996). Portanto, o reorganizar de modo a articular
os principais pontos do texto-base pode levar diferentes autores a retomar diferentes
marcar coesivas, o que reforça a postura subjetiva no gênero resumo.
Na construção do resumo, o aluno autor precisa dar-lhe
continuidade com o intuito de manter os vínculos indispensáveis entre o já dito e o
por dizer. Esta postura remete diretamente para o que pensa Antunes (1996):
20
“ (...) A coesão entra, então como recurso desta organização. Orienta-se para estabelecer a continuidade do texto, isto é, a cadeia de vínculos que se criam entre uma parte e outra do texto, ou entre aquilo que é dito e os contextos precedentes e ou seguintes (...) (p.42.).”
Vista dessa forma, observamos que a função do resumo em
condensar e articular os principais pontos do texto base se dá a principio pelo
recurso da coesão. O fator coesão, por sua vez, pode explicar porque o autor
retoma umas marcas coesivas e outras não do texto-base na construção do seu
resumo. Tal fator ainda nos servirá de pista para a caracterização do exercício de
autoria visto pela ótica do estilo do individuo, como resultante de seu conhecimento
prévio.
A partir, portanto, desta noção, vemos a importância de se discutir a
rede de continuidades estabelecida entre os contextos precedentes e seguintes, no
texto-base, com o uso adequado da coesão. Essa rede de continuidades é
responsável pela construção do sentido e no que se refere ao resumo na sua
reconstrução. É, portanto, esse sentido construído e reconstruído no texto que
chamamos de coerência.
A coerência , neste patamar, passa a ser caracterizada como um
fator de textualidade que também resulta da situação na qual se elabora o texto, ou
seja, o contexto de produção textual: o antes de escrever o durante a escrita e o
depois de se escrever. É, de fato, um momento relevante que influencia o produto
final. Neste contexto, ainda vemos as escolhas discursivas1 a serem tomadas pelo
autor como argumenta Beaugrande (2001): “um leque de usos e funções lingüisticas
que o usuário tem em cada língua”.
21
Outro componente deste contexto é o gênero no qual o texto será
produzido, o que escrever, como escrever, de quais objetivos dispomos e etc. Toda
esta preocupação e indagação formam o que entendemos por situacionalidade,
através da qual se dá a resolução de nossas dúvidas acerca do que estamos
produzindo, contribuindo assim, para o texto alcançar sua coerência.
Durante a elaboração do resumo, o autor pode se deparar com o
seguinte questionamento: (1) O que pode vir a ser mais ou menos apropriado? (2)
Que idéia seria mais bem reconstruída? (3) Posso copiar uma determinada parte ou
parafrasear outra? (4) Tenho que fazer referência ou não? (5) O que devo apagar?
Questões como essas remetem diretamente a articulação dos fatores de
textualidade. Estruturar, dar sentido, fazer referência ou não, estabelecer objetivos e
etc., são pontos que revelam uma acentuada preocupação com coesão, coerência e
situacionalidade.
Ao lado destes fatores estão a intencionalidade e a informatividade.
Alcançar o objetivo de condensar devidamente as idéias principais do texto-base é o
primeiro passo necessário a todo aquele que pretende resumir um texto. O que
condensar e como fazê-lo resultará justamente no grau de informatividade do
resumo. Segundo Beaugrande & Dressler (1981), Beaugrande (2001), a seleção das
contribuições de conhecimento prévio do autor para a textualização podem ser
naturalmente controladas pelas demandas de informatividade.
Talvez, por isso, possa haver uns resumos mais informativos que
outros. Alguns autores ao resumir uma narrativa, como, por exemplo, o romance
1 Quanto às escolhas discursivas , Beaugrande as vê como um leque de opções lingüisticas que o usuário de uma língua pode fazer nos atos comunicativos, seja de fala ou escrita. Seja entendido nesta linha de pensamento
22
“Pride and Prejudice”, ou qualquer outro texto literário, podem dar ênfase às intrigas
vividas pelas personagens, outros podem apenas ressaltar o enredo propriamente
dito, levando em consideração o espaço em que transcorre a história e vice-versa.
A tarefa de resumir pode representar uma certa intencionalidade
caracterizada como semelhante para todos aqueles que vão resumir um determinado
texto sob determinadas condições, mas o como resumir, o que resumir e até que
ponto resumir vai diferenciar um resumo do outro bem como um autor do outro.
Quanto à seleção de atribuições do texto-base para a realização do
resumo, como por exemplo, para a elaboração de qualquer outro texto ( Beaugrande,
2001, p. 287.), essa também pode se dá de maneira intertextual, uma vez que o
autor do resumo parte do texto-base, desloca o já-dito e o reconstrói. Ao parafrasear,
condensar uma determinada estrutura, substituir uma forma lexical e ou verbal,
repetir um termo, copiar uma idéia, apagar uma outra, o autor está diretamente
lançando mão do fator de intertextualidade. “A organização do todo do texto ilustra a
intertextualidade em operação”.p.287. Beaugrande (2001).
A combinação adequada destes fatores de textualidade na
elaboração do resumo pode resultar na eficiência (ou não)do mesmo, o que ,por
sua vez, implica diretamente em ele ser (ou não) coerente, ou seja, reconstruir (ou
não) o texto-base, e, portanto, cumprir (ou não) sua função.
Face ao exposto, compreendemos a necessidade de ainda
abordar, ao longo deste capítulo, questões que englobem a noção de autor e autoria,
bem como a importância do estilo como caracterização da função autor.
discurso enquanto língua.
23
PARTE II- NOÇÕES DE AUTOR, AUTORIA E ESTILO
1.2.1 A constituição de Autor e Autoria
Assumir a responsabilidade pelo dizer é antes de tudo relacionar-se
com o social, de forma que tal dizer seja resultado da retomada de outros dizeres.
Assim o aluno, no papel de sujeito, passa a desempenhar, nesta relação, o papel
também de autor (Camargnani, 1999).
Portanto, inseridos nesta perspectiva de responsabilizar-se pelo
dizer, observamos na concepção de autor um prenúncio à noção de autoria, aquela
vista como responsabilidade.
O autor seria visto como sujeito que pensa seu texto e o assume,
consciente de suas limitações históricas. Sujeito, que apesar de cindido e
perpassado pelas ideologias, não se coloca na posição de repetidor e ou reprodutor,
ao contrário ele se realiza no papel de autor, ou seja, de construtor e organizador de
um discurso, cuja originalidade reside no modo de agrupamento das várias vozes
que o constituem, na sua forma de inserção no discurso, enfim, na escolha dos
movimentos mais adequados para participar do jogo da escrita (Orlandi,1988,1996;
Carmagnani, 1999).
Como resultado desta noção de autor, pode-se atribuir à autoria uma
função discursiva do sujeito, através da qual se constitui a unidade do texto ao se
estabelecerem os chamados princípios de originalidade que o regem, a saber:
24
coerência, originalidade e clareza (Orlandi,1996) e os fatores de textualidade, como
definidos por Beaugrande & Dressler (op.cit.) anteriormente.
Compreendemos, assim, que Orlandi trata a originalidade como
resultante da própria coerência, isto é quando houver comunicação entre texto e
leitor, tendo em vista o conhecimento prévio e de mundo deste leitor, somado ao
saber partilhado, há originalidade.
É desta forma que o sujeito exerce a função autor, diante de vários
discursos que ele reconhece, interpreta e organiza, construindo um discurso
“particular” e inteligível (Orlandi op.cit). Na verdade, “o autor consegue formular no
interior do formulável e se construir, com seu enunciado numa história de
formulações” (Orlandi ,1988, p.69.).
Greene (1995) também atribui à autoria o status de papel
desempenhado pelo aluno na condição de sujeito social. O autor faz referência à
noção de autoria a partir do princípio da intertextualidade e dos possíveis
deslocamentos que o aluno pode fazer ao produzir o seu texto a partir de outros
textos:
(...) by authorship, I mean students’ attempts to contribute knowledge to scholarly conversation that is not necessarily found in sources, but that is carefully linked to the texts they read(...)p.186. 2
Para Greene, há um papel social de grande relevância na construção
da função autoria. O aluno passa a ser considerado sujeito pensante e responsável
pelo seu dizer. Tal responsabilidade é fruto de interpretação que ele faz dos vários
2 Por autoria, eu me refiro às tentativas dos alunos de contribuir com conhecimento não necessariamente encontrado em fontes, mas ,de certa forma, relacionado com os textos que eles lêem.
25
discursos que o perpassam e da adaptação destes discursos, tendo em vista as
informações que ele julga serem fundamentais.
Em outras palavras, teríamos uma adaptação através da qual se
observa, de fato, uma reconstrução intertextual das idéias de textos-base na
elaboração do texto resumo. Toda esta reconstrução se dá aliada ao conhecimento
prévio que o aluno traz consigo, do ensino fundamental para o universo acadêmico,
sobre aspectos diversos que constituem sua noção de resumo: a) elaboração de
resumos; b) tipos de resumos; c) expectativa e demanda do professor.
A respeito deste ponto, Greene (op.cit) ressalta que a noção de
autoria é essencial para a compreensão das manobras dos alunos na tentativa de
adaptar e selecionar informação na construção de texto:
“(...) The construct of the authorship can provide a critical referent for understanding what is involved as students’ attempts to establish their own intellectual projects by adapting information from sources and prior knowledge and reconstructing meaning (...)” p.138.3
Ao adaptar a informação contida no texto-base, o aluno, no papel de
autor, reconstrói as informações, acionando não apenas os enquadres comentados
anteriormente, mas também toda a sua vivência, experiência, de modo a articular
outros textos. No caso do resumo, é válida a experiência de elaboração do mesmo.
3 O construto da autoria pode fornecer um referente crítico para o entendimento do que está envolvido quando os alunos tentam estabelecer céus próprios projetos intelectuais, adaptando informação de fontes e conhecimento prévio e assim reconstruindo o significado.
26
1.2.2 As concepções de Estilo
Buscando uma caracterização de autoria, Possenti (1993) se
depara com uma questão complexa e que conseqüentemente requer bastante
cuidado, a saber o estilo. Se de um lado os críticos literários caracterizam o estilo
como uma espécie de marca pessoal, vista como traço diferencial e característico e
expressivo de um escritor, de um outro lado os lingüistas atribuem à definição de
estilo uma relação com a concepção de língua e de linguagem adotada pelo escritor.
Segundo o autor em questão, a crítica literária concebe ao
estilo o caráter de poder ser visto sob três ângulos:
a) A personalidade do escritor - uma visão psicologizante que
trata da expressão do espírito, emoção e envolvimento do escritor com o que se
escreve;
b) A concepção de mundo de uma determinada época - uma
postura sociologizante que trata da captação do autor da problemática de uma
época, resultante de sua cosmovisão desta época;
c) O formalista – uma abordagem estética da linguagem que
trata da materialidade da obra quanto à forma, às palavras e aos recursos
expressivos adotados pelo escritor.
Em seu estudo, Possenti chama atenção para as
considerações de Granger (apud Possenti, 1996) acerca de três modalidades de
individualização da linguagem que permeiam o estilo deste ou daquele autor.A
primeira corresponde à individualização como forma de escolha do sujeito, escolha
esta que pode ser tratada como marca de trabalho do sujeito. A seguir, temos o
27
estilo como constituinte do sujeito autor, o autor se revela através de suas marcas
estilísticas deixadas ao longo de seu texto. E, enfim, aquela que define o estilo como
decorrente da possível relação entre locutor e conjuntura que faz o texto.
Mediante estas considerações, observamos que os estudos
realizados por Possenti (op.cit) sugerem que a escolha desta ou daquela forma de
linguagem possa implicar, diretamente, na individualização do autor e, é neste
caráter de se individualizar, que o individuo deixa traços de suas escolhas e,
portanto, de sua autoria.
No caso do resumo, a função autor pode ser entendida
também como extensão desta individualização, desde que seja compreendida como
tomada de decisão desta última, revelando neste processo de escolha a
responsabilidade pelo o que venha ser escolhido. Entendido desta forma, o estilo
não pode jamais ser dissociado do exercício de autoria.
Ao expressar suas emoções e ou envolvimento com o que é
dito e como é dito, o autor do resumo, consciente ou inconsciente, faz suas escolhas
antes, durante ou depois do ato de escrever, captando ou não uma problemática de
uma época, a partir de sua cosmovisão, utilizando-se de recursos expressivos e
estilísticos de uma determinada língua para, então, se posicionar na origem e assim,
produzir um discurso com unidade, progressão, não contradição e fim e, se
revelando como autor.
Para Bakhtin (1997) o estilo é caracterizado como parte da
manifestação verbal e como marca individual do caráter de expressividade do
sujeito. Diante desta caracterização, o estilo passa a ser um elemento constitutivo na
do gênero a partir das unidades de enunciados.
28
É, portanto, a partir do estudo do enunciado, enquanto unidade
concreta da comunicação verbal, que Bakhtin propõe um novo olhar para o estilo
tanto em sua caracterização geral quanto em sua individualização em particular.
O autor não admite o estudo do estilo ser dissociado do estudo
dos gêneros do discurso, uma vez que para ele o estilo está indissoluvelmente ligado
ao enunciado e as formas típicas de enunciados, isto é, aos gêneros do discurso.
Com base nas idéias de Bakhtin, estilo, no gênero resumo, pode ser
compreendido a partir da própria manifestação verbal do autor, atendendo
basicamente a duas questões cruciais: Que enunciados ele usa? E como ele os usa?
Tais enunciados somam as unidades que formam qualquer gênero, e, concernente
ao resumo a partir de como o autor deste se expressa, ou seja de como as idéias do
texto-base passam a ser articuladas de maneira a compor um todo com sentido.
Então, o sujeito autor é revelado e reconhecido dado a sua
expressividade, que já é fruto de sua manifestação verbal, atrelada ao seu
conhecimento prévio, acerca do que ele quer expressar, do conhecimento prévio
seja de caráter lingüístico ou não bem como do de mundo, que o dará margens de
como ele possa se expressar.
Beaugrande (2001) atribui ao estilo o mérito de indispensável aos
estudos da linguagem. Para ele, não se pode investigar as manifestações da
linguagem sem se levar em consideração determinadas categorias estilísticas que as
constituem. Inserido nesta postura, o autor aponta as seguintes categorias:
a) Cada autor ou falante tem um estilo único; b) Cada língua tem seu estilo como um todo; c) Estilo como ornamentação ou decoração da mensagem ou conteúdo(p.367)
29
A primeira categoria, apesar de ser considerada pelo autor como
insatisfatória para caracterizar o estilo pessoal, uma vez que por si só, não dá conta
da complexidade de constituição do sujeito enquanto autor. Isto também é
confirmado porque tal categoria remete ao conjunto de escolhas realizadas durante o
processamento da fala ou escrita. Estas escolhas, por sua vez, compreendem desde
o campo lexical a ser utilizado à combinação sintática de estruturas lingüísticas.
Beaugrande defende:
(…) In the fine detail, every person makes a unique set of choices in his or her speech or writing, yet it seems premature or trivial to attribute a personal style on that basis alone4 (…) (p.296)
Assim, observamos em Beaugrande a concepção de existência de
vários estilos, de maneira que cada sujeito tem um conjunto único de escolhas ao
escrever ou falar regido pela noção de gênero. Todavia, a definição deste ou
daquele conjunto de escolhas volta-se para a constituição do sujeito enquanto ser
social, pensante e participante do seu processo de se constituir. No caso específico
de LE, a proficiência lingüística representa um papel definitivo do conjunto de
escolhas discursivas para o autor do resumo.
A segunda categoria, diferentemente da anterior, implica a existência
de apenas alguns poucos estilos, nos quais grupos de pessoas se enquadram,
segundo a sua língua materna. Aqui, é a língua que rege os princípios estilísticos a
serem seguidos pelos seus falantes.
4 Em detalhe, cada pessoa faz um único conjunto de escolhas em sua fala ou escrita, ainda que pareça prematura ou trivial atribuir a apenas esta questão uma marca do estilo pessoal.
30
E, é, portanto nesta forma de seguir que surgem as variações dentro de
uma determinada língua e daí o porquê de se afirmar que esta categoria implica a
existência de apenas alguns estilos.As variantes de uma língua sugerem estilos
distintos desta e, portanto influenciam o usuário e são influenciadas por eles.
Quanto à última categoria, temos os recursos expressivos e ou
estilísticos que cada língua apresenta para sua realização e uso. As diversas formas
de afirmar, questionar e / ou negar são um bom exemplo. Como enfatizar, ressaltar,
elucidar e ou eufemizar uma questão que também se adeqüe a esta postura. Esta
categoria compreende o leque de escolhas que o sujeito autor tem a tomar suas
decisões durante o processamento textual, pois está intimamente ligada a primeira e
por esta razão são, muitas vezes, vistas como uma só.
Assim, ao reconstruir, adaptar, selecionar, apagar e reorganizar que
conhecimento prévio ou informação lhe será mais útil, o aluno é então visto enquanto
autor, pois o mesmo toma o ato de dizer o já dito como parte de sua própria
responsabilidade, desenvolvendo, assim, um senso de autoria, que lhe permite
decidir o que possa ser mais relevante para sintetizar e ou apagar, sempre voltada
para seu estilo seja ele em relação as suas próprias escolhas discursivas ou ainda
aos princípios estilísticos de cada língua e ou suas variantes.
31
CAPÍTULO 02
O gênero textual resumo
2.1 Gêneros textuais no Espaço Escolar: O resumo
Apesar de, no contexto escolar, os gêneros textuais terem ganhado
mais espaço, ainda se observa uma prática de ensino tradicional que aborda o texto
em sala de aula para o estudo e prática lingüística apenas (cf.Geraldi, 1997)
A recente integração dos gêneros textuais nos manuais didáticos
tem resultado em uma abordagem ainda superficial ou estrutural, que, por sua vez,
tem se limitado a identificá-los e explorar como estão estruturados. A identificação
dos gêneros textuais apenas pelos nomes que lhes são socialmente atribuídos
revela-se como algo de natureza problemática, já que não é transparente, como
mostra Machado (2004):
A identificação dos gêneros textuais pelos nomes que lhes são atribuídos não se caracteriza como transparente, isto é, não está pronta e acabada ou dada de forma indubitável ao analista e ou professor (.p.140).
Portanto, distinguir uma resenha de uma charge, sem saber a função
social deste ou daquele gênero e, ainda, como eles se organizam, não representa
nenhum valor para o aluno.
32
Hoje em dia, já observamos no espaço escolar, o aluno em contato
com os gêneros textuais e não apenas com as tipologias textuais tradicionalmente
trabalhadas: narração, descrição, dissertação. Por outro lado, o trabalho de produção
textual, que privilegia a função social de cartas, bilhetes, notas, recados, listas de
compras, instruções e resumos, reflete diretamente no cotidiano do aluno o qual,
conforme os PCNs de língua portuguesa, oportunizando o engajamento do aluno em
práticas de linguagem associadas as suas necessidades básicas de comunicação,
ainda não foi amplamente concebido pelos profissionais de língua materna.
É, portanto, este trabalho com o gênero textual, tendo em vista um
fim comunicativo, que deveria ser privilegiado no espaço escolar, seja qual for o
gênero abordado.
Um outro ponto a ser lembrado é a notável heterogeneidade de
textos pertencentes a determinados gêneros, sobretudo quando pertencentes a
gêneros que permitem uma maior liberdade ao autor, dado a sua função, as
condições de produção e ao público leitor a que se destina.
Se pensarmos a escrita de uma carta pessoal informal, o autor tem
mais liberdade na medida em que o propósito da carta é por ele mesmo
estabelecido, bem como o leitor almejado. Além disso, o grau de intimidade entre os
interlocutores pode resultar em uma escrita menos acurada, ou mais informal.
A elaboração de um resumo, entretanto, não permite ao autor a
mesma liberdade que este teria se estivesse escrevendo uma carta pessoal para um
amigo próximo. Dadas às condições de produção do resumo, o papel do autor
consiste em reconstruir a informação do texto-base, utilizando recursos
microestruturais (algumas formas lexicais específicas da área do texto) até os
33
recursos macroestruturais ( a seleção de informações, a organização de idéias.).
Esses recursos, de fato, caracterizam o resumo como sendo um texto reconstruído
de um outro texto, quer pelas escolhas lexicais, quer pelas idéias selecionadas.
A liberdade do autor do resumo, no entanto, reside na i) na seleção
lexical; ii) na reconstrução das idéias do texto-base; iii) nas questões referentes ao
apagamento de exemplos, detalhes, descrições do texto-base ( Kintsch & Van Dijk
,1978); iv) nas questões referentes ao deslocamento e a generalização; v) no
condensamento da idéia proposta pelo autor do texto-base ( Platão & Fiorin, 1990)
2.2- Definindo Resumo
O resumo é uma manifestação do processo de compreensão textual do
seu autor que reconstrói um texto-base através de suas proposições
(microestruturas) até chegar a sua estrutura semântica global ou significação básica
(macroestrutura) (cf.Kintsch & Van Dijk ,1978).
Ancorados a esta definição, atribuímos ao resumo o caráter de
condensação de idéias do texto-base na construção micro e macro estrutural do
mesmo. Essa condensação, como explicam Sprenger-Charolles (1980) depende ou
só é possível a partir da compreensão do texto-base. Em se tratando do processo de
condensação das idéias e ou fatos presentes no texto-base, Sprenger-Charolles
(op.cit) afirmam existir uma certa equivalência quanto ao processo de redução da
informação semântica no que diz respeito ao discurso predominante no texto-base,
como será abordado na seção seguinte.
34
A concepção de Kintsch & Van Dijk (op.cit) é corroborada pelos
estudos de Brown & Day (1983) e Serafini (1992), que também definem o resumo
como reconstrução e reelaboração do texto-base, respectivamente.Platão & Fiorin
(1990) também definem a prática do resumo enquanto ato de reelaborar e de
reconstruir, o que revela uma concepção de resumo como condensação das idéias
do texto-base.
Já em Machado (2001), o resumo é definido como um texto sobre outro
texto, i.e., pertencente a outro autor e não àquele que resume. Fato que deve ficar
sempre claro para o autor do resumo, de maneira que, evite tomar as idéias do texto-
base como se fossem suas, sempre fazendo referência as fontes, destacando entre
aspas ou utilizando operadores argumentativos que indiquem conformidade.
A autora acrescenta que um dos papéis mais importantes do resumo é
mostrar a organização global do texto-base, mantendo claramente a reprodução das
relações entre as suas idéias centrais. Para tal, é necessário o uso, por parte do
autor do resumo, dos organizadores textuais e ou conectivos que melhor organizem
as idéias do texto-base no resumo. Aqui, vê-se a importância dos fatores de
textualidade no processo de reconstrução do texto-base como ferramentas utilizadas
para articulação das idéias deste texto.
É nesta visão de reconstrução e reelaboração que embarcamos nossa
perspectiva teórica, já que o processo de reelaborar e reconstruir parte de uma
concepção que considera o texto resumo enquanto produto de um determinado
autor, o qual a partir do já existente reformula, exercendo, assim, a autoria do texto
resumido.
35
2.3 - Caracterizando o resumo
Por ser um texto que reconstrói as idéias definidoras do texto-base
(idéia principal, sentença tópico, idéias centrais, etc), através da articulação dos
fatores de textualidade, o resumo merece cuidadosa atenção no espaço de sala
de aula tanto no que tange a sua definição quanto a sua caracterização.
As características definidoras do texto-base são importantes e
variam de texto para texto, dado o tipo e o gênero textual. Se o texto-base, por
exemplo, for predominantemente narrativo, é papel do texto resumo reconstruir
características que o defina como tal, a saber: o tema, síntese do enredo na ordem
em que sucedem os fatos, principais personagens, perfil destes personagens se
necessário etc.
Da mesma forma, se o texto for predominantemente argumentativo,
pontos como: a questão a ser discutida, a posição que o autor rejeita, a posição que
o autor sustenta, os argumentos que sustentam ambas as posições e conclusão final
do autor, são cruciais para elaboração deste resumo ( Machado ,2004, p.25 ). Tais
pontos podem ser atribuídos como apresentando suma relevância e indispensáveis
para reconstrução da informatividade de um texto-base predominantemente
narrativo.
Precisamos retomar o que pensam Kintsch & Van Dijk (1978) acerca do
resumo, mais especificamente ao plano micro e macro estrutural. Para trilhar o
caminho de significação global e ou básica, o autor do resumo precisa compreender
as proposições do texto-base. Em outras palavras, o autor do resumo, precisa ter
noção sobre o assunto do texto para, então, descobrir como tal assunto é tratado.
36
Isso possibilita ao autor do resumo partir para o apagamento de
proposições caracterizadas como detalhes dispensáveis, ilustrações e ou
informações redundantes. Em seguida, passar para as regras de generalização:
substituição e seleção. Substituindo listas de elementos resumíveis e importantes
para compreensão, de modo a simplificar a sintaxe, e a condensar as características
definidoras do texto-base. Nesse processo, ele estará definindo sentença tópico e
idéias centrais, como sugere Charroles (op.cit.)
Kintsch & Van Dijk (op.cit) ainda inserem uma outra regra de redução
semântica, a construção. Aqui cabe ao autor do resumo a criação de tópicos-frasais,
cs quais, na maioria das vezes, não estão explícitas no texto-base, e, que, portanto
exigem do autor do resumo uma considerável proficiência e ou competência de
leitura para poder inferí-las, e, a partir de então, recriá-las.
A partir de uma releitura das regras supracitadas, Brown & Day
(1983) propõem os seguintes passos como sendo necessários para resumir:
a) O apagamento é visto como indispensável, e caracterizado semelhantemente a
proposta de Kintsch & Van Dijk (op.cit). As autoras, por sua vez, acrescentam que
esta regra de redução implica uma leitura seqüencial, o que possivelmente
também pode resultar na chamada cópia de segmentos com detalhes ou
informação redundante;
b) As regras de supraordenação. A estas seguem um certo grau de dificuldade
maior para o autor do resumo, devido à necessidade de se acrescentar um termo
em lugar do outro.
b.1) A regra de seleção que consiste em localizar a idéia principal do
texto-base;
37
b.2) A regra de invenção caracterizada pelo fato de o autor do resumo ter
que formular uma proposição X que represente uma idéia não explicita
pelo autor do texto-base.
Em estudos mais recentes sobre o resumo escolar, Machado (2004)
apresenta cinco formas de apagamento de informação do texto-base no processo de
articulação das idéias do resumo. Estas formas de apagamento podem também ser
consideradas como características cruciais à compreensão do gênero.
1) o apagamento dos conteúdos facilmente inferíveis; a partir do
conhecimento de mundo do aluno;
2) o apagamento de seqüências de expressões que indicam sinonímia e
ou explicação;
3) o apagamento de exemplos;
4) o apagamento de justificativas de uma informação;
5) o apagamento de argumentos contrário à posição do autor.
Além do apagamento, Machado (op.cit) ainda acrescenta a questão
da reformulação de informações seguida da conservação de toda a informação tida
como não resumível, i.e., a conservação é decorrente da reformulação.
38
2.4 O resumo na aula de L1: Revisão de pesquisas e propostas pedagógicas
Pesquisadores como Kintsch & Van Dijk (1978), Brown & Day (1983) ,
Terzi & Kleiman (1985), Serafini (1989), Platão & Fiorin (1990), Terzi(1994) e
Albuquerque (1999) concordam que a leitura funciona como fator crucial à
elaboração do resumo. Durante a leitura, o leitor proficiente traz ao texto o seu
conhecimento de mundo e prévio acerca do assunto, dialogando, assim, com o texto
(cf. Kleiman, 1994; Coracini, 1998). A compreensão resulta dessa interação, bem
como do conhecimento formal (microestrutural) e discursivo (macroestrutural) do
texto pelo leitor enquanto produtor ou autor potencial do resumo..
Em um estudo realizado com duas turmas de alunos de 8ª série do
ensino fundamental de um colégio particular, Terzi & Kleiman (1985) testaram a
influência da consulta ao texto-base durante a elaboração de resumos. Para tanto,
as autoras pediram a elaboração de um resumo para duas turmas distintas. A turma
1 realizou a tarefa consultando o texto-base ao passo que a turma 2 a realizou sem
consulta. A pesquisa revelou que os resumos elaborados a partir da consulta ao
texto-base apresentaram marcas estruturais coesivas, por outro lado àqueles
realizados sem a consulta revelaram o oposto de modo que as ligações coesivas
foram feitas intratextualmente.
Com o intuito de checar a influência da produção escrita de um
roteiro na elaboração de um resumo, Albuquerque (1999) realizou um estudo com
alunos de graduação da disciplina de língua portuguesa. A pesquisa se deu em duas
etapas, a primeira correspondeu à leitura do texto-base para a realização de um
39
roteiro e, em seguida de um resumo. A segunda, por sua vez, compreendeu à leitura
do mesmo texto-base seguida da elaboração do resumo.
A autora concluiu que na primeira etapa o texto resumo não
apresentava características próprias do gênero, revelando acentuada dependência
ao roteiro. Em contrapartida, na segunda etapa os resultados revelaram que o texto-
resumo conseguiu reconstruir as informações contidas no texto-base.
Vale salientar que o fato de os alunos terem lido o texto-base pela 2ª
vez, depois de terem feito um roteiro e uma versão do resumo teria lhes ajudado na
produção de um texto mais próximo do resumo.
Dantas da Silva (2004), em um estudo realizado com alunos
universitários, buscou averiguar que conhecimentos os alunos iniciantes trazem para
o universo acadêmico sobre o gênero resumo e descobrir como se realizavam as
atividades em torno da elaboração deste gênero.
Mediante tais objetivos, a pesquisadora realizou um questionário-
entrevista com os alunos iniciantes e professores nos cursos de graduação em
Pedagogia, Geografia, Serviço Social e Letras. Em seguida, ela coletou resumos
elaborados por estes alunos na disciplina de língua portuguesa básica.
O estudo mostrou que mesmo alunos universitários apresentam
sérias dificuldades em realizar atividades para a elaboração de resumos, dentre as
quais a principal delas está associada às condições de leitura, oriundas do texto em
si (estilo do autor, sintaxe complexa) e ao conhecimento prévio do aluno, que não
abarca os temas abordados no texto, resultando, assim, em dificuldades de
compreensão. O estudo ainda revelou que quanto maior o grau de complexidade do
texto-base, maior a dificuldade dos alunos para realizarem a tarefa.
40
Em contextos de ensino, Machado (op.cit) defende o trabalho
sistemático com formas de apagamento, reformulações e conservação de
informação na produção do resumo e ressalta que é papel do professor, no contexto
de sala de aula, saber o momento ideal de como trabalhá-las.
Neste aspecto, Machado (op.cit) chama atenção para a importância
do público leitor na elaboração do resumo, pois “conforme o tipo de público leitor,
resumimos de forma diferente, de acordo com o que julgamos que ele deve conceber
sobre o objeto resumido e de acordo com o que julgamos ser o objetivo deste
destinatário (p.17)”.
Para Salomon (1999) o resumo escolar tem apenas o propósito
pedagógico , ou seja, sua elaboração tem em vista apenas atender fins didáticos.
Nele, é esperada a reconstrução do texto-base referente apenas a idéia principal e
aquelas auxiliares, vistas como importantes para que seja mantido o sentido
proposto pelo autor do texto original. Percebe-se nesta visão uma concepção
imanentista de língua.
O autor sugere ao professor que antes de partir para uma prática
de resumir é necessário lidar com uma série de dificuldades que emergem no
contexto de sala de aula. Primeiramente, aquelas relacionadas ao aluno, como, por
exemplo, desprezo ou falta de motivação para a leitura e escrita, falta de
familiarização com o gênero textual, problemas na formação de base. Em seguida,
aquelas relacionadas ao próprio texto-base: conteúdo de difícil assimilação, sintaxe
complexa, estilo rebuscado do autor, gênero e ou tipologia.
Superadas essas dificuldades, o passo seguinte, afirma o autor é ir
ao texto em busca da idéia principal a ser resgatada. Nesta busca, o autor elenca
41
alguns passos vistos como cruciais para a elaboração do resumo: como “ encontrar
a idéia principal do todo bem como a de cada parágrafo; encontrar os detalhes
tidos como importantes para o autor , o que sublinhar, o que e como esquematizar
(p.102)”.
2.5 O resumo na aula de LE: Revisão de pesquisas e propostas pedagógicas
Semelhante as pesquisas realizadas em L1 , as pesquisas em LE (
Ling Shi, 2004; Strauch, 1998;Cohen, 1994; kozminsky & Graetz, 1986) também
destacam o papel da leitura no processo de sumarização de um texto.
Ling Shi (2004) compreende que o ato de reconstruir o texto original
de forma condensada se dá através de algumas estratégias classificadas nas
seguintes categorias:
Estratégia de cópia - utilizada em geral por autores com pouca competência
lingüística, o que não implica que outros não a usem;
Estratégia de Referência – Autores com maior competência lingüística;
Estratégia de Reelaboração - Além de substituírem, os autores parafraseiam,
apagam e selecionam o que seja mais relevante, partem para a
generalizações e combinações, resultando na criação de sentenças-tópico.
Ling Shi (op.cit) pesquisou como a L1 e as atividades para a
elaboração de resumos influenciam o uso da informação do texto-base na
construção do texto-resumo em LE. Os alunos participantes na pesquisa pertenciam
a dois grupos: um de nativos escrevendo em sua L1 e outro de falantes não nativos
escrevendo em LE.
42
A autora observou que ambos os grupos utilizam a estratégia de
cópia durante a elaboração de seus resumos, porém o primeiro grupo, composto por
falantes nativos, demonstrou menor recorrência a esta estratégia. O que levou a
pesquisadora a concluir que há uma considerável influência da competência
lingüística do aluno na elaboração do resumo em LE.
Strauch ( 1998 ) atribui ao resumo o status de texto que reconstrói o
texto-base tendo em vista seus pontos principais.Para tanto, o autor do resumo
precisa passar por alguns passos vistos como cruciais para a sua elaboração:
preparação, planejamento e organização, escrita do primeiro rascunho e revisão.
Vemos que em Strauch há de certa forma, uma noção de elaboração
de resumo tendo em vista etapas separadas, contudo atribuímos a estas etapas uma
ocorrência diferente. Elas podem, de fato, ocorrer simultaneamente e principalmente
durante a elaboração do resumo na cabeça do autor, uma vez que se voltam
diretamente para a cognição.
Tais passos estão inseridos dentro de todo o processo maior de
elaboração do resumo e não se dão separadamente. Primeiramente, a técnica de
identificação da idéia principal do texto-base tendo em vista o apagamento. Esta visa
apagar as informações detalhadas em torno da idéia principal e das idéias centrais
de parágrafos e ou capítulos, de forma que seu objetivo de “ The purpose of the
summary is to inform the reader about the main ideas of the work, using your own
words5
5 O objetivo do resumo é o de informar ao leitor sobre as principais idéias do trabalho, usando suas próprias palavras.
43
A seguir cabe ao autor do resumo a construção de generalizações.
Para a autora, neste momento o autor do resumo partirá para a busca da idéias
central de cada parágrafo e ou capítulo, sempre se perguntando sobre a tematização
e sua relação com as idéias centrais do texto-base.
É, portanto, a idéia que interessará ao autor do resumo, daí porque o
apagamento está ao lado das generalizações que precisam ser realizadas. Ao
descartar detalhes, que não venham comprometer a compreensão do texto-base
como um todo, como exemplos e caracterizações o autor do resumo vai
necessariamente partir para a construção das generalizações.
A técnica de invenção ou criação de proposições será utilizada para
auxiliar o autor do resumo a unir as idéias centrais do texto-base em um único texto,
a saber, o texto-resumo. Dessa técnica resulta a importância da inserção de
elementos coesivos adequados que reconstruam a seqüênciação, organização e
textualidade do texto-base.
Com base nessas pesquisas, identificamos uma relação entre as
condições de elaboração do texto resumo (tarefa e grau de complexidade do texto-
base) e a competência lingüística do autor do resumo, pois influenciam diretamente
não apenas o plano formal (microestrutural), mas como também o discursivo6
(macroestrutural) a sua elaboração.
Nestas condições em que se inserem o lingüístico e o discursivo, o
aluno de LE pode encontrar dificuldades primeiramente com o lingüístico, como no
caso da escolha verbal, que tempo venha ser mais comum ou não. Neste âmbito, “o
6 Vale salientar que o discursivo aqui não aquele propriamente dito na AD, aqui remetemos às considerações de Beaugrande (2001) sobre as idéias do texto intrelaçadas e interligadas como um feixe de conexões.
44
uso de formas verbais mais vívidas e apropriadas que comuniquem a ação ao invés
de vagamente sugeri-la” (cf. Kreuzer ,1976). Isso pode comprometer fatores de
textualidade: coesão, coerência, intencionalidade, aceitabilidade, informatividade,
situacionalidade e intertextualidade, como cita Beaugrande & Dressler (1981). Nesse
caso, o plano discursivo poderá ficar comprometido de maneira que o resumo
pretendido não alcance as intenções do seu autor ou não consiga cumprir seu
propósito comunicativo.
Todavia há pesquisas que mostram o contrário, por exemplo,
analisando brasileiros em um curso de Inglês para fins acadêmicos no Brasil, Cohen
(1994) mostra como uma participante consegue compensar as dificuldades
lingüísticas na língua-alvo, utilizando eficazmente um dicionário, bem como os
princípios e regras de sumarização ensinadas no curso ofertado.
No caso dessa participante, vale salientar que a variável tempo de duração
da atividade, que poderia ter alterado os resultados significativamente não foi levada
em consideração. Mesmo tendo levado mais tempo que os outros quatro
participantes, as habilidades de sumarização da participante em questão auxiliaram-
na a compensar as dificuldades lingüísticas, e obter maior nota.
No entanto, essas propostas pedagógicas não surtirão qualquer efeito
se o resumo não for considerado como prática social e continuar sendo lido apenas
pelo professor como único leitor. Até que ponto a mudança de público leitor e a
atribuição de um propósito comunicativo influenciariam a elaboração do resumo?
45
CAPÍTULO 03
METODOLOGIA
3.1- A natureza e o contexto da pesquisa
Com o intuito de explorar o exercício de autoria no gênero textual
resumo acadêmico, realizamos uma pesquisa exploratória, de cunho qualitativo. Os
resumos, objeto de análise da pesquisa, foram produzidos no âmbito das disciplinas
de Língua Inglesa VII e VIII, do curso de extensão, oferecido pela Central de Línguas
da Coordenação de Línguas Estrangeiras Modernas da Universidade Federal de
Campina Grande – Campus I, à época, campus II da Universidade Federal da
Paraíba, em 2003.2, localizada na cidade Campina Grande.
Como professor da turma, sugeri aos alunos a leitura simplificada de
algumas obras literárias. Dentre a lista de livros proposta aos alunos e o acervo que
dispúnhamos, as turmas optaram pela leitura do livro Pride & Prejudice, de Jane
Austen.
3.2 Os participantes
Os alunos participantes das duas disciplinas eram todos oriundos dos
mais diversos cursos daquele campus dispostos na seguinte ordem: 40% da área de
tecnologia; 40% da área de saúde e 20% restante da área de humanas. Estes
alunos já estudavam inglês como língua estrangeira há mais de cinco anos. As duas
46
turmas eram formadas por 30 alunos cada, resultando, assim, na elaboração de 60
textos-resumo.
3.3 Procedimentos para a coleta de dados Antes de adentrarmos diretamente na leitura, os alunos foram solicitados a
buscar dados acerca daquele contexto histórico na qual a obra fora produzida. E, só,
a partir de então, planejamos a leitura do livro e discussão dos referidos capítulos. A
leitura seguida de discussão, sobre as temáticas abordadas no enredo e sobre cada
personagem, se deu durante o decorrer de todo o semestre. Os doze capítulos, do
livro, foram divididos para discussão em seis encontros, intercalados por um
encontro destinado à apreciação das anotações sobre os temas discutidos. A cada
discussão dois capítulos eram abordados, o que não significa dizer que não tenha
havido retomada ou adiantamento de um determinado capítulo.
Mediante a leitura e discussão dos capítulos do livro e com base nas
anotações, bem como nas referidas sugestões dos alunos, foi solicitada a
elaboração de um resumo do livro. Como o trabalho foi realizado por duas turmas,
sugeri aos alunos que seu público leitor seria os colegas da outra turma.
Para instrumentalizar a elaboração do resumo, selecionei um capítulo
de Strauch (1998), que embora estruturalista, define e elenca passos básicos para
elaboração de um resumo acadêmico. O referido capítulo foi trabalhado em sala de
aula (vide anexo A). Nele, além de definições e passos para resumir, também
encontramos exercícios modelos, os quais também foram realizados em sala.
47
3.4 O corpus e o procedimento de análise dos dados
O corpus da pesquisa consiste em cinco textos-resumo, de um total de
60 textos produzidos. A seleção do corpus se deu com base em uma pré-análise dos
resumos elaborados pelas turmas, o que resultou na seleção de cinco textos
denominados de T1 a T5.
Para caracterização do exercício de autoria na elaboração de resumos,
os seguintes critérios nortearão a análise. Esses critérios têm como base os estudos
teóricos discutidos na seção 2.3 sobre caracterização do gênero resumo:
A organização das idéias do texto-base no resumo;
As escolhas feitas e a assunção de responsabilidade do dizer;
As estratégias utilizadas (apagamento, cópia ou deslocamento, substituição e
generalização);
As concepções dos alunos sobre o gênero resumo, refletidas nas produções
textuais.
Por se tratar da avaliação de um resumo de uma obra literária,
elegemos um resumo da obra “ Pride & Prejudice” escrito por Ousby (1994) como
parte do Compêndio de Literatura Inglesa : Wordsworth.
Esta escolha se deu devido ao resumo de Ousby apresentar uma
combinação aceitável e adequada dos fatores de textualidade, elencados por
Beaugrande & Dressler ( 1981), bem como por reconstruir o texto-base em questão
fazendo referência aos eventos mais relevantes para compreensão do enredo e
assim, exercendo a função autoria através, também, da assunção de seu dizer.
48
Portanto, a partir de uma pré-análise aos resumos dos alunos
participantes e ao de Ousby (op.cit.), pudemos eleger alguns critérios através dos
quais vemos a autoria ser exercida durante o processo de reconstrução do texto-
base. E será com base neles que analisaremos como e a partir de que movimentos
discursivos, os autores dos resumos do capítulo a seguir exercem a função autoria,
são eles:
Ao fazer suas escolhas discursivas (registro lingüístico: formas lexicais e
formas verbais adequadas ao gênero textual em questão.);
Ao recombinar a textualidade do texto-base no texto-resumo a partir da
articulação dos fatores de textualidade;
Ao articular as idéias principais ou principais eventos do texto-base de
modo a reagrupá-los adequadamente com inicio, progressão, não-
contradição e fim;
Ao utilizar devidamente as estratégias de resumir de modo a atender aos
objetivos do gênero resumo;
Ao marcar em seu texto traços estilísticos de cunho pessoal, lingüístico e
organizacional;
Ao responsabilizar-se pelo seu dizer;
Ao deixar em seu texto marcas de suas concepções sobre o gênero.
49
Assim, levando em conta os critérios acima e ou manobras
discursivas7 partimos para a investigação do exercício de autoria em cada um dos
resumos, a começar pelo resumo modelo de Ousby (1994).
7 Por manobras discursivas entendemos os meios como os alunos conseguem reconstruir as idéias do texto-base no texto-resumo. Elas seriam os mecanismos, utilizados por eles, ora consciente ora inconsciente , para reagrupar as informações do TB adequadamente.
50
CAPÍITULO 04
INVESTIGANDO O EXERCÍCIO DE AUTORIA
Como o objetivo deste capítulo é caracterizar o exercício de autoria
na elaboração de resumos, apresentamos a análise do resumo escrito por Ousby
(1994) tomado, aqui, como resumo parâmetro (doravante RP), bem como dos
resumos produzidos pelos alunos, levando em conta os critérios, estabelecidos na
metodologia, necessários para o autor do resumo exercer a função autoria.
A análise será organizada em duas partes, a primeira trará o RP, e a
segunda os resumos escritos pelos alunos participantes. Ambas se pautam pelos
seguintes passos: primeiramente abordaremos a organização das idéias do texto-
base no resumo, em seguida observaremos as escolhas discursivas feitas pelos
autores e a assunção de responsabilidade do dizer. Logo após, partiremos para uma
investigação das estratégias de resumir utilizadas pelos autores (apagamento, cópia
ou deslocamento e generalização) . E, enfim, analisaremos as concepções sobre o
gênero resumo refletidas nas produções textuais.
51
Parte I
4.1. A Organização das Idéias do texto-base no texto-resumo elaborado por Ousby8
A investigação do exercício de autoria no resumo de Ousby se deu
devido a dois pontos: primeiramente porque sentimos a necessidade de ter um
parâmetro para a análise do exercício de autoria nos resumos escritos pelos alunos
participantes e em seguida porque este resumo, como veremos adiante, apresenta
em seu todo uma reorganização adequada do texto-base face às noções de
textualidade, estilo e gênero textual.
Para observarmos a organização das idéias do texto-base no texto-
resumo de Ousby, podemos estabelecer a seguinte estruturação já que ela
apresenta em ordem cronológica dos fatos os principais eventos da obra:
1) Condições de produção da obra: autoria, ano de publicação, primeira edição e o
novo título;
2) Apresentação da família Bennet;
3) A chegada do Sr. Bingley junto com seu amigo o Sr. Darcy na pequena
Netherfield;
4) O relacionamento do Sr. Bingley e Jane, a filha mais velha dos Bennets;
5) O desentendimento entre o Sr. Darcy e a senhorita Elizabeth;
6) O preconceito de Darcy e as irmãs de Bingley pela irmã de Elizabeth, Jane:
8 Vimos a necessidade de adotar um resumo de um autor conhecido na área de resumos de obras literárias em língua estrangeiras ( extraído do Compendio de Literaturas Estrangeiras : Wordsworth) para a partir da teoria, aqui discutida, observar os pontos principais por ele resumidos e partir para a investigação dos resumos elaborados pelos alunos participantes à luz de uma comparação deste com aqueles.
52
7) O interesse do Sr. Collins por Elizabetrh;
8) O casamento do Sr. Collins com Charlotte Lucas, a melhor amiga de Elizabeth;
9) A recusa de Elizabeth ao pedido de casamento do Sr. Darcy;
10) As histórias do Sr. Wickham sobre o caráter do Sr. Darcy;
11) A carta de Darcy revelando sua inocência, seu amor por Elizabeth e o caráter do
Sr. Wickham, motivo do desentendimento entre os dois:
12) O encontro surpreso entre o Sr. Darcy e Elizabeth;
13) A fuga de Lydia, a filha mais jovem dos Bennets, com o Sr. Wickham;
14) O desfecho de Bingley e Jane
15) A interferência de Lady Catherine no relacionamento de Elizabeth e o Sr. Darcy
16) O desfecho dos conflitos de Elizabeth e Darcy.
De fato, é a partir desta organização de idéias que observamos como
o autor articula o texto-base de modo a reconstruir seus pontos principais tendo em
vista a combinação dos fatores de textualidade.
A seqüênciação dos fatos do texto-base adotada por Ousby retoma
os princípios de textualidade discutidos em Orlandi (1996) “nos quais se inserem a
noção de texto enquanto dotado de inicio, progressão, não contradição e fim”. E ou o
que argumenta Guimarães (1993), o texto é um conjunto articulado e harmônico de
relações que se integram sintática e semanticamente.
Como visto anteriormente, Ousby inicia seu resumo situando o leitor,
conhecedor ou não do texto-base resumido, acerca da contextualização da obra, em
seguida ela apresenta as intrigas que desenrolam o enredo, e culminam o clímax
bem como o seu desfecho.
53
Nos trechos abaixo podemos identificar cada um dos eventos listados
anteriormente. Temos, a partir deles, uma noção mais detalhada de como o autor
seqüência os fatos do texto-base em seu resumo.
1) Condições de produção da obra: autoria, ano de publicação, primeira edição e
o novo título:
“A novel by Jane Austen, it was begun in 1796 and completed the
following year under the title “ First Impressions, but rejected by a publisher in this
form. It finally appeared in 1813, after careful revision with a new title.(...)”
“ Um romance de Jane Austen, foi iniciado em 1796 e concluído no ano
seguinte sob o título de “ Primeiras Impressões”, mas rejeitado por um publicador neste
estilo. Ele finalmente apareceu em 1813, após cuidadosa revisão com um novo título. (...)
2) Apresentação da família Bennet:
“(...)Mr. and Mrs. Bennet of Longbour are an ill-matched couple, he
detached and ironic, she vulgar, gossipy and mainly engaged in seeking husbands for
her five daughters. “(...)
“(...) O sr. e a sra. Bennet de Longbour formam um casal que não
combina, ele irônico que não se deixa influenciar, ela vulgar, fofoqueira e principalmente
voltada para a procura de maridos para suas cinco filhas(...)”
3) A chegada do Sr. Bingley junto com seu amigo o Sr. Darcy na pequena
Netherfield;:
“(...)The wealthy Charles Bingley, who stays there with his sisters
and his friend, the still wealthier Fitz William Darcy, leases Netherfield, a house near
Longbourn(...)”
54
“(...) O ricasso Charles Bingley, que fica lá com suas irmães e seu amigo,
bem mais rico, o sr. Darcy, aluga Netherfield, uma casa perto de Longbourn(...)”
4) O relacionamento do Sr. Bingley e Jane, a filha mais velha dos Bennets:
“ (…)To Mrs. Bennet’s delight, Bingley falls in love with her eldest
daughter , Jane (…)”
“(...) Para o prazer do sr. Bennet, Bongley se paixona por sua filha mais
velha, Jane(...)”
5) O desentendimento entre o Sr. Darcy e a senhorita Elizabeth:
“ (…) but Elizabeth Bennet next in age of the Bennet children, frankly
dislikes Mr. Darcy for his cold and superior manner, her prejudice against him
increased by the story she hears from George Wickham, an engaging young militia
officer, of the unjust treatment he has received from Darcy.(…)”
“ (...) mas Elizabeth Bennet encostada a filha mais velha dos Bennets,
abertamente não se impatiza com o sr. Darcy por sua frieza e modos superiores, o
preconceito dela contra ele aumenta com a história que ele ouve de George Wickham, um
oficial da jovem melícia, sobre o tratamento injusto do sr. Darcy para com ele(...)”
6) O preconceito de Darcy e as irmãs de Bingley pela irmã de Elizabeth, Jane:
“(...) For their part, the Bingley sisters and Darcy find Mrs. Bennet and
the younger Bennet sisters impossibly vulgar and prevail on Bingley to detach himself
from Jane(...)”
“ (...) Por sua vez, as irmães Bingley e o sr. Darcy acham a senhora Bennet
e suas filhas impossivelmente vulgares e persuadem Bingley a se afastar de Jane(...)”
55
7) O interesse do Sr. Collins por Elizabetrh;
“ (…) The Bennet family is visited by William Collins, a rector under
the patronage Lady Catherine de Bourgh , who will inherit Mr. Bennet’s property on
his death. With great pomposity Mr. Collins proposes to Elizabeth but she refuses him,
despite the financial convenience of such a marriage. (…)”
“(...) A família Bennet é visitada por William Collins, um reitor sob o patrono
de Lady Catherine de Bourgh, que herdará a propriedade do Sr. Bennet após sua morte.
Extremamente cheio de si, o Sr. Collins pede Elizabeth em casamento, mas ela o recusa,
apesar da conveniência financeira de tal casamento (...)”
8) O casamento do Sr. Collins com Charlotte Lucas, a melhor amiga de Elizabeth:
“ (…) Mr. Collins transfers his attentions to Elizabeth’s friend, Charllote
Lucas, who accepts him out of expediency.(…)”
“(...) O sr. Collins transfere suas atenções para uma amiga de Elizabeth,
Challotes Licas, que o aceita sem muita cerimônia(...)”
9) A recusa de Elizabeth ao pedido de casamento do Sr. Darcy:
“(…) Elizabeth goes to visit the newly married couple and finds that
Darcy is in the neighbourhood visiting Lady Catherine, his aunt. He falls in love with
Elizabeth but phrases his proposal in so condescending manner that she refuses, (…)”
“(...) Elizabeth vai visitar os recém – casados e encontra o Sr. Darcy na
vizinhança visitando Lady Catherine, sua tia. Ele se apaixona por Elizabeth, mas lhe propõe
casamento de forma tão superior que ela recusa(...)”
56
10) As histórias do Sr. Wickham sobre o caráter do Sr. Darcy:
“(…) taking the opportunity to upbraid him for his treatment of
Wickham and for his role in separating Jane and Bingley. (…)”
“(...) aproveitando para se retratar por seu tratamento com Wickham e por
sua participação na separação de Jane e Bingley(...)”
11) A carta de Darcy revelando sua inocência, seu amor por Elizabeth e o caráter do
Sr. Wickham, motivo do desentendimento entre os dois:
“ (…)In a letter , Darcy exposes Wickham as an adventurer who once
cherished designs on Darcy’s fifteen year-old sister Georginian, and protests that he
had never been convinced of Jane’s love for Bingley.(…)
“(...) Em uma carta, Darcy expõe Wickham como um aventureiro que uma
vez se manifestou sentimentos por sua irmã de 15 anos Georginian, e argumenta que nunca
esteve convencido do amor de Jane por Bingley(...)”
12) O encontro surpreso entre o Sr. Darcy e Elizabeth;:
“(…) Elizabeth leaves on a tour of Debyshire with her aunt and uncle,
the Gardiners. They visit Pemberley, Darcy’s seat, in the belief he is absent but
accidentally meet him. He welcomes them, and his charm and grace begin to impress
Elizabeth(…)”
“ (...) Elizabeth parte em viagem para o condado de Debycom seu tio e tia,
os Gardiners. Eles visitam Pemberley, a terra de Darcy, na crença de sua ausência mas
acidentalmente eles o encontram. Ele os dá boas vindas e seu charme e beleza começam a
impressionar Elizabeth(...)”
57
13) A fuga de Lydia, a filha mais jovem dos Bennets, com o Sr. Wickham e apoio de
Darcy à família Bennet::
“(…)Then comes the news that her sister Lydia has eloped with
Wickham. Darcy helps the runaways and makes sure that they marry (…)”
“ (...) Depois chega a noticia de que Lídia, irmã de Elizabeth, tinha fugido
para se casar com Wickham, Darcy ajuda aos fugitivos e garante que eles se casam(...)”
14) O desfecho de Binglçey e Jane
“ (…)Bingley renews his courtship of Jane and,
“ (...) Bingley renova seu namoro com Jane,(...)”
15) A interferência de Lady Catherine no relacionamento de Elizabeth e o Sr. Darcy
e o desfecho de seus conflitos:
“(…)despite insolent attempts at interference from Lady Catherine, (...)”
“(...)e apesar das tentativas insolentes de Lday Catherine, (...)”
16) O desfecho dos conflitos de Elizabeth e Darcy:
“(...) Darcy persists in his wooing of Elizabeth. Both couples are finally
united(...)”
“(...)Darcy persiste em sua conquista a Elizabeth. Ambos os casais se unem
finalmente(...)”
Para que se alcance esta progressão, observamos em Ousby uma
acentuada preocupação em listar os fatos a partir de vários recursos coesivos que,
de certa forma, prenunciam as suas escolhas discursivas e a responsabilidade do
seu dizer como trataremos mais adiante no item 4.1.3
58
No que se refere às ligações coesivas, como explica Antunes (1996),
elas são utilizadas no resumo em questão para estabelecer a continuidade do texto,
criando uma cadeia de vínculos entre uma parte e outra, entre o dito e os contextos
precedentes e ou seguintes.
Esta continuidade pode ser ilustrada através de recursos coesivos
como citam Beaugrande & Dressler (1981): recorrência: paráfrase e pró-formas.
Quando Ousby lança mão de tais recursos, ele pode está, como veremos a seguir,
revelando sua preocupação de fazer o leitor, conhecedor ou não do texto-base na
íntegra, ter uma visão geral do todo.
4.1.1 A coesão no Resumo de Ousby:
Em virtude da organização do gênero resumo, que visa reconstruir o
texto-base através de suas microestruturas até se chegar a sua macroestrutura (
Kintsch & Van Dijk,1978), o autor em questão utiliza a recorrência, como recurso
coesivo, lançando mão de dois sub-recursos: um a nível microestrutural, o uso de
pró-formas, e um outro macroestrutural, a paráfrase.
Quanto ao uso de pró-formas, a anáfora foi mais utilizada que a
catáfora, o que pode ser explicado pelo que argumenta Beaugrande (2001) “ (...) to
the degree that the sentence is processing unit (…) anaphora should be
commoner between two sentences than cataphora9. Este trecho inicial do resumo
evidência claramente esta noção:
9 Sabendo que a frase é uma unidade de processamento, o emprego da anáfora é mais comum entre duas frases do que a catáfora.
59
“(...)Mr. and Mrs. Bennet of Longbour are an ill-matched couple, he
detached and ironic, she vulgar, gossipy and mainly engaged in seeking husbands for her
five daughters. “(...)
“(...) O sr. E a sra. Bennet de Longbour formam um casal que não
combina, ele reservado e irônico, ela vulgar, fofoqueira e principalmente voltada para
aprocura de maridos para suas cinco filhas(...)”
Outros exemplos da recorrência anafórica podem ser vistos no
anexo B1, apêndice II, desta dissertação. O quadro abaixo resume nossa discussão
anterior:
TABELA I - Resumo de Ousby
Recursos coesivos mais recorrentes em Ousby Pró-formas Paráfrase
Anafórica Catafórica Elipses Recorrência
√ x √
Referente à construção de paráfrases, o uso de recursos coesivos
como pró-formas pronominais e elipis (Ø) marcam não apenas a reorganização do
texto-base em questão, mas como também prenunciam marcas discursivas que
podem caracterizar as questões de estilo. No trecho abaixo ,que introduz o resumo,
podemos observar como isso ocorre:
“A novel by Jane Austen, it was begun in 1796 and Ø completed the
following year under the title “First Impressions,” but Ø rejected by a publisher in this form. It
finally appeared in 1813, after careful revision with a new title.(...)”
“ Um romance de Jane Austen, Ø iniciado em 1976 e Ø concluído no ano
seguinte sob o título de “ Primeiras Impressões”, mas Ø rejeitado por um publicador neste
estilo. Ele finalmente apareceu em 1813, após cuidadosa revisão com um novo título. (...)
60
Como vemos, a reconstrução da introdução do texto-base se dá
claramente marcada pela elipis (Ø) e pelo uso de pró-forma pronominal via anáfora
(it). A reconstrução da idéia do primeiro parágrafo bem como das demais partes do
resumo apresentam vários exemplos deste tipo de recurso ( Vide anexo: Apêndice
B1 para maior visualização destes exemplos).
4.1.2 A construção da coerência no Resumo de Ousby.
É a partir do uso de recursos coesivos, como vistos anteriormente,
que o autor objetiva à reorganização do já- dito. Tal reorganização se dá face à
experiência de leitura de um texto tendo em vista um determinado objetivo, no nosso
caso o texto-base cujo fim é o de resumi-lo. Desta forma, o autor do resumo passa a
acionar todos os enquadres necessários para sua elaboração tendo em vista os
scripts adequados ao gênero e temas propostos ( Marcuschi,1983).
Como enquadres, entendamos, aqui, o conhecimento que o autor
carrega consigo acerca do tema orgulho e preconceito tratado por Jane Austen, a
autora do texto-base, levando em conta à ótica do contexto histórico de
aproximadamente 210 anos em que a obra foi escrita.
Reconstruir essa noção é trazer ao resumo elementos cruciais que
caracterizem o objetivo do texto-base sem infringir a caracterização do gênero
resumo, pois “ele é um texto sobre outro texto pertencente a outro autor não
àquele que resume (Machado, 2001)”, ou seja, é o texto-base que pertence a outro
autor, o resumo por si só é produto da compreensão de leitura, regido por
determinados objetivos, situações e contextos diversos, de sujeitos sociais que
61
transformam e são transformados pela língua, e daí, resulta a subjetividade do
gênero.
Neste pensamento de reconstruir, inserimos um outro fator de
textualidade de suma importância para a elaboração de qualquer texto, a saber, a
coerência, no nosso caso na elaboração do resumo.
Para Koch & Tavaglia (2003) a coerência em qualquer texto a partir
da combinação de alguns subfatores: situacionalidade, informatividade,
intertextualidade, intencionalidade e aceitabilidade. Compreendemos a
situacionalidade como contexto em que se dá a elaboração de um determinado texto
tendo em vista o gênero, linguagem e público leitor.
O resumo em questão consegue dentro dos padrões que o
caracterizam como condensação do texto-base através de sua compreensão
(Sprenger-Charolles, 1980), evitando tomar as palavras do texto-base como se
fossem suas (Machado, op.cit.) e assim no caso de um texto-base
predominantemente narrativo reconstruir e reorganizar o tema, síntese do enredo na
ordem em que sucedem os fatos, principais personagens, perfil destes personagens
se necessário etc.
Quanto à linguagem ela é propicia ao gênero resumo, atendendo às
normas vigentes da língua em virtude do público leitor que se endereça o texto,. Uma
vez que foi publicado em um compêndio com resumos de obras da literatura inglesa.
Mediante essa discussão, podemos ressaltar que este resumo
reconstrói a informatividade do texto-base, pois o seu autor consegue reorganizar
eventos de suma relevância para compreensão do TB face ao tema, síntese do
62
enredo na ordem em que sucedem os fatos, principais personagens bem como perfil
de alguns destes.
Portanto, não podemos perder de vista que a intencionalidade do
autor é alcançada mediante a tal reconstrução do texto-base que claramente ocorre
de maneira intertextual, já que é essa uma marca da elaboração de todo e qualquer
texto (Beaugrande, 2001).
Por conseguinte, só nos resta afirmar que há coerência no texto-
resumo em questão, uma vez que ele atende aos padrões e princípios que a regem
revelando assim sua aceitabilidade como tal.
Enfim, tendo em vista a organização das idéias do texto-base no
texto resumo, o autor consegue exercer a função autoria a partir da recombinação
da textualidade do texto-base no texto-resumo tendo em vista a articulação dos
fatores de textualidade, reorganizando suas idéias principais ou principais eventos
de modo a reagrupá-los adequadamente com inicio, progressão , não- contradição e
fim;
4.1.3 As escolhas feitas e a assunção de responsabilidade do dizer no resumo de Ousby:
Quando falamos em escolhas discursivas e assunção do dizer por
estas escolhas, estamos remetendo às questões de estilo que permeiam a noção de
autor e autoria e que sem elas não podemos caracterizar a função autor tendo em
vista tais escolhas.
No resumo em questão há o reflexo marcas discursivas que apagam
a personalidade do autor no que se refere a sua emotividade, expressividade e
63
envolvimento, já que essa é uma característica do gênero, evitando assim que ele
apareça como detentor da idéias apresentadas( Machado, 2001).
Contudo, se observarmos este resumo sob as considerações de
Possenti (1993) que vê o estilo constituinte do sujeito autor através de marcas
estilísticas deixadas ao longo do texto, veremos que as marcas discursivas dentre as
quais o autor pode escolher são de fato as mesmas marcas estilísticas de que tratam
Possenti.
Ou ainda como postula Bakhtin ( 1997), o estilo do autor surge como
uma marca da manifestação verbal e individualização, tendo em vista a
expressividade do sujeito. Vemos , assim, apropriadamente, tais questões ao longo
do RP. O autor do RP consegue reconstruir os enunciados mais importantes do
texto-base, reagrupando suas idéias a partir dos enunciados que ele usa e de como
os usa.
Mediante as adequações do gênero resumo, o autor vai fazer suas
escolhas estilísticas que melhor se adequem às suas exigências, como por exemplo:
formas nominais e formas verbais mais recorrentes. Quanto à assunção do dizer,
nos voltamos para Orlandi (1996) quando o individuo se posicionar na origem e,
assim, produzir um discurso com unidade, progressão, não-contradição e fim. Assim
o sujeito pode vir a exercer a função autoria.
Observamos em Ousby como escolhas discursivas o predomínio do
tempo presente histórico que se caracteriza como muito comum em relatos
históricos, em relatórios e também na escrita de resumos.
TABELA II-AS ESCOLHAS VERBAIS EM OUSBY
Escolhas verbais Predomínio do tempo presente histórico
Are Accepts Stays Goes Leases Finds Falls Phrases Hears Refuses Find Exposes Refuses Welcomes Transfers Renews
64
No que se refere às escolhas lexicais, nos detivemos apenas aos
connectivos, uma vez que estes trabalham mais diretamente com o macroestrutural
do texto. Em alguns trechos de Ousby, identificamos a presença de alguns
conectivos: seqüênciação e adversidade, e de algumas expressões com a função de
conectivos.
4.1.3.1 Adversidade e seqüênciação:
“A novel by Jane Austen, it was begun in 1796 and completed the following
year under the title “ First Impressions, but rejected by a publisher in this form. It finally
appeared in 1813, after careful revision with a new title.(...)”
“ Um romance de Jane Austen, foi iniciado em 1976 e concluído no ano
seguinte sob o título de “ Primeiras Impressões”, mas rejeitado por um publicador neste
estilo. Ele finalmente apareceu em 1813, após cuidadosa revisão com um novo título. (...)
4.1.3.2 Algumas expressões com a função de conectivos:
“(...) For their part, the Bingley sisters and Darcy find Mrs. Bennet and the
younger Bennet sisters impossibly vulgar and prevail on Bingley to detach himself from
Jane(...)”
“ (...) Por sua vez, as irmães Bingley e o sr. Darcy acham a senhora Bennet
e suas filhas impossivelmente vulgares e persuadem Bingley a se afastar de Jane(...)”
65
Em outros trechos, observamos uma certa ausência de demais
conectivos o que, de certa forma, lhe dá um caráter mais imparcial, o distanciando
das idéias apresentadas no texto resumo como se fossem suas, pois é necessário
que o autor do resumo “evite tomas as idéias do texto-base como se fossem
suas” (Machado, 2001).Nos trechos abaixo, podemos identificar a ausência de
conectivos como reflexo de imparcialidade e ou como explica Possenti (1993) um
reflexo da individualização da linguagem como forma de escolha do sujeito no papel
de autor. “ (…)X Mr. and Mrs. Bennet of Longbour are an ill-matched couple, he
detached and ironic, she vulgar, gossipy and mainly engaged in seeking husbands for her
five daughters. X The wealthy Charles Bingley, who stays there with his sisters and his friend,
the still wealthier Fitz William Darcy, leases Netherfield, a house near Longbourn(…)”
“(...) X O sr. e a sra. Bennet de Longbour formam um casal que não
combina, ele irônico que não se deixa influenciar, ela vulgar, fofoqueira e principalmente
voltada para a procura de maridos para suas cinco filhas.X O ricasso Charles Bingley, que
fica lá com suas irmães e seu amigo, bem mais rico, o sr. Darcy, aluga Netherfield, uma
casa perto de Longbourn(...)”
Mediante a esta imparcialidade, o autor em questão traz em seu
resumo alguns conectivos que marcam apenas a seqüênciação dos fatos do enredo
do texto-base, revelando um resumo com inicio e progressão dos fatos,
apresentando as relações de intrigas entre os personagens de modo a não gerar
contradição e trazendo ao seu resumo o desfecho destas.
66
4.1.3.3 AUSÊNCIA DE CONECTIVOS E CONECTIVOS DE SEQUENCIAÇÃO:
“(…)Then comes the news that her sister Lydia has eloped with Wickham.
Darcy helps the runaways and makes sure that they marry (…)”
“ (...) Depois chega a noticia de que Lídia, irmã de Elizabeth, tinha fugido
para se casar com Wickham, Darcy ajuda aos fugitivos e garante que eles se casam(...)”
Dada a organização acima, cabe a nós recapitularmos o
pensamento de Beaugrande (2001) acerca do estilo como um conjunto de regras e
princípios que regem uma língua. O autor do resumo em questão elabora seu
resumo, como ilustra o parágrafo acima, de modo a atender às adequações do
gênero resumo via língua inglesa. Logo abaixo também temos outro exemplo
cabível:
“(…)X Elizabeth leaves on a tour of Debyshire with her aunt and uncle, the
Gardiners. They visit Pemberley, Darcy’s seat, in the belief he is absent but accidentally meet
him. X He welcomes them, and his charm and grace begin to impress Elizabeth. Then
comes the news that her sister Lydia has eloped with Wickham. X Darcy helps the runaways
and makes sure that they marry. Bingley renews his courtship of Jane and, despite insolent
attempts at interference from Lady Catherine, Darcy persists in his wooing of Elizabeth. Both
couples are finally united(…)”
Aqui, também, é viável observar que discutir as escolhas
discursivas tomadas e como são tomadas remete a um principio que também rege a
noção de estilo. Quanto àquela discutida em Bakhtin, por exemplo, podemos iniciar
ilustrando a sua visão no que se refere à escolha das formas verbais e ou lexicais,
pois se tem, de fato, um assunto que se volta diretamente para uma questão de
decisão sobre que enunciados o sujeito no papel de autor e o autor como sujeito
social deve utilizar em determinados contextos, a saber , aqui, o resumo.
67
Portanto, mediante as escolhas discursivas realizadas e ao
pronunciar-se na origem, marcando em seu texto traços estilísticos de cunho
pessoal, lingüístico e organizacional e, assim, responsabilizando-se pelo seu dizer,
podemos afirmar que o autor em questão, através dessas manobras discursivas-
textuas, passa então a exercer a função autoria em seu resumo.
68
4.1.4 As estratégias utilizadas
Para se alcançar a organização textual previamente discutida, é
necessário, naturalmente, que o autor do resumo utilize algumas estratégias de
resumir, sem as quais não chegaria ao produto final.
De fato, ele dispõe de uma liberdade dentro dos padrões de
organização e caracterização do gênero resumo para reconstruir o texto-base que
reside na seleção lexical, na reconstrução de idéias, no apagamento de detalhes,
exemplos, descrições demasiadas (Kintsch & Van Dijk,1978) bem como no
deslocamento ou cópia de informação e na condensação da idéia defendida pelo
autor (Platão& Fiorin, 1990).
Em Ousby, observamos o uso de algumas estratégias em função de
outras. Inicialmente o apagamento é utilizado em função da construção de
generalizações. Detalhes sobre a vida dos Bennetes são apagados na elaboração
de sua caracterização, dando margem a uma visão geral do comportamento da
família e seus laços de amizades nos arredores de Netherfield:( Vide anexo do
apêndice B4 para maiores detalhes). “(...)Mr. and Mrs. Bennet of Longbour are an ill-matched couple, he
detached and ironic, she vulgar, gossipy and mainly engaged in seeking husbands for
her five daughters. The wealthy Charles Bingley, who stays there with his sisters and his
friend, the still wealthier Fitz William Darcy, leases Netherfield, a house near Longbourn.
To Mrs. Bennet’s delight, Bingley falls in love with her eldest daughter , Jane. But Elizabeth
Bennet next in age of the Bennet children, frankly dislikes Mr. Darcy for his cold and
superior manner, her prejudice against him increased by the story she hears from George
Wickham, an engaging young militia officer, of the unjust treatment he has received from
Darcy (…)”
“(...) O sr. e a sra. Bennet de Longbour formam um casal que não combina,
ele irônico que não se deixa influenciar, ela vulgar, fofoqueira e principalmente voltada para
69
a procura de maridos para suas cinco filhas. O ricasso Charles Bingley, que fica lá com suas
irmães e seu amigo, bem mais rico, o sr. Darcy, aluga Netherfield, uma casa perto de
Longbourn. Para o prazer do sr. Bennet, Bongley se paixona por sua filha mais velha,
Jane.Mas Elizabeth Bennet encostada a filha mais velha dos Bennets, abertamente não se
impatiza com o sr. Darcy por sua frieza e modos superiores, o preconceito dela contra ele
aumenta com a história que ele ouve de George Wickham, um oficial da jovem melícia,
sobre o tratamento injusto do sr. Darcy para com ele(...)”
Aqui é presente o uso do apagamento dos detalhes que caracterizam
o comportamento e personalidade dos Bennets. Os poucos adjetivos usados
representam de fato um deslocamento ou cópia de partes do texto-base no que se
refere à descrição das personagens, o que já sugerem que os pontos referentes a
tais itens foram apagados. Mediante esta realidade podemos retratar que o
apagamento utilizado se enquadra nos cinco tipos conhecidos, aqui, todavia temos
aquele voltado para o apagamento de conteúdos facilmente inferíveis (
Machado,2004).
O apagamento também é visto no desenrolar da trama do enredo e
mais uma vez é realizado em vista das generalizações a serem feitas ou seja das
condensações para que seja reconstruída o tema, a síntese do enredo na ordem em
que sucedem os fatos, os principais personagens, perfil destes personagens se
necessário etc (Machado, 2004).
No trecho anterior pudemos observar o perfil dos principais
personagens. Abaixo podemos ver de forma negritada partes de um trecho que
reconstrói o desenrolar do enredo, nele é possível observar a preocupação de seu
autor trazer ao leitor os pontos mais relevantes que desencadeiam o enredo e o
levam até o clímax:
70
The Bennet family is visited by William Collins, a rector under the
patronage Lay Catherine de Bourgh , who will inherit Mr. Bennet’s property on his
death. With great pomposity Mr. Collins proposes to Elizabeth but she refuses him,
despite the financial convenience of such a marriage. Mr. Collins transfers his attentions
to Elizabeth’s friend, Charllote Lucas, who accepts him out of expediency. Elizabeth
goes to visit the newly married couple and finds that Darcy is in the neighbourhood
visiting Lady Catherine, his aunt. He falls in love with Elizabetjh but phrases his
proposal in so condescending manner that she refuses, taking the opportunity to upbraid
him for his treatment of Wickhamand for his role in separating Jane and Bingley. In a letter,
Darcy exposes Wickham as an adventurer who once cherished designs on Darcy’s
fifteen year-old sister Gerginian, and protests that he had never been convinced of
Jane’s love for Bingley.
“(...) A família Bennet é visitada por William Collins, um reitor sob o
patrono de Lady Catherine de Bourgh, que herdará a propriedade do Sr. Bennet após sua
morte. Extremamente cheio de si, o Sr. Collins pede Elizabeth em casamento, mas ela
o recusa, apesar da conveniência financeira de tal casamento O sr. Collins transfere
suas atenções para uma amiga de Elizabeth, Challotes Lucas, que o aceita sem muita
cerimônia. Elizabeth vai visitar os recém – casados e encontra o Sr. Darcy na
vizinhança visitando Lady Catherine, sua tia. Ele se apaixona por Elizabeth, mas lhe
propõe casamento de forma tão superior que ela recusa, aproveitando para se retratar
por seu tratamento com Wickham e por sua participação na separação de Jane e Bingley
Em uma carta, Darcy expõe Wickham como um aventureiro que uma vez se manifestou
sentimentos por sua irmã de 15 anos Georginian, e argumenta que nunca esteve
convencido do amor de Jane por Bingley (...)
71
No que se refere ao deslocamento das idéias, a partir do uso de
adjetivos do texto-base, podemos caracterizá-lo como um forte traço que já sugere
as concepções que o então autor venha ter a respeito do gênero resumo. A este
ponto o item a seguir traz uma breve discussão.
4.1.5 As concepções sobre o gênero no RP de Ousby
Para que posamos compreender as concepções sobre o gênero
resumo no texto elaborado por Ousby basta voltarmos nossos pensamentos para as
discussões anteriores. Para Ousby, o resumo é aquele texto cuja organização se dá
a partir da recombinação da textualidade do texto-base , considerando a articulação
dos fatores de textualidade, para que sejam reorganizadas suas idéias principais ou
principais eventos, de maneira que venham ser reagrupados adequadamente,
apresentando, assim, inicio, progressão , não- contradição e fim.
Um outro ponto relevante que pode ser tomado como caracterizador
da concepção do autor sobre o resumo diz respeito às escolhas discursivas que ele
realiza ao pronunciar-se na e durante a elaboração de seu resumo, marcando em
seu texto traços de natureza estilística de cunho pessoal, lingüístico e
organizacional. Tais traços revelam adequações e inadequações lingüísticas como
formas verbais mais comuns, formas lexicais mais recorrentes do gênero resumo.
Neste patamar, ainda temos a questão da responsabilidade pelo seu
dizer , podemos afirmar que o autor em questão, através de manobras retóricas,
72
passa a se responsabilizar pelo seu discurso, marcando como uma reconstrução de
um outro já existente e que esta responsabilidade, seja pela referenciação seja pelo
deslocamento de idéias e ou termos do texto-base se realiza enquanto característica
do resumo
Ainda podemos trazer para a nossa discussão as estratégias de
resumir que o autor utiliza. Elas evidenciam uma crença sobre o resumo enquanto
texto que reconstrói o tema, a síntese do enredo na ordem em que sucedem os
fatos, os principais personagens, perfil destes personagens se necessário etc
(op.cit).
Pontos como esses revelam que o autor em questão apresenta uma
noção clara da definição, caracterização, organização e elaboração do gênero
resumo e assim passa também com essa marca exercer as função autoria na
elaboração de seu resumo.
73
Parte II
4.2 Investigando o Exercício de Autoria nos RA
A função autoria nos resumos analisados é também caracterizada
tendo em vista como cada autor organiza as idéias do texto-base no texto-resumo,
ou seja, como contribuem para sua textualidade, fazendo dele um todo com sentido.
E para que possamos melhor compreender como se dá tal organização nos faz
necessário recorrermos às teorias da lingüistica textual postuladas por Beaugrande &
Dressler (1981; 2001).
Ambos autores atribuem à organização de idéias no texto a
combinação de fatores responsáveis pela textualidade, como discutidos no capítulo I.
Na tabela de estrutura organizacional dos resumos a ser apresentada no decorrer
desta discussão poderemos ter uma noção preliminar de como a textualidade se
constitui em cada um dos resumos analisados, ora temos resumos que apresentam
uma reconstrução do texto-base intratextualmente ora extratextualmente.
A seguir teremos uma investigação minuciosa de como cada aluno
exerce a função autoria na elaboração de seus resumos e se esta venha a ser
adequada ou não dados os padrões organizacionais do gênero resumo.
74
4.2.1 O Exercício de Autoria em T110
Para começarmos a entender como ocorre a reconstrução do texto-
base no resumo em questão, começaremos discutindo como se dá a organização
das idéias do texto-base em T1. A principio essa ocorre extratextualmente. O autor
de T1 consegue, como mostra Guimarães (1983), caracterizar seu resumo como
um conjunto articulado e harmônico de relações que se integram: a)Sintaticamente;
b)Semanticamente
Sintática, quanto ao encadeamento dado as idéias resgatadas do
texto-base:
a) Como o comentário próprio é construído;
b) Que sintaxe é utilizada;
a) As estruturas usadas para descrever as personagens;
b) Como o desfecho é feito.
Semanticamente, quanto a reconstrução da idéia proposta no texto-
base:
a) Interesses e mal entendidos;
b) As intrigas entre os personagens protagonistas;
c) Resolução dos problemas entre Darcy e Elizabeth.
10 A análise T1 foi realizada separadamente dos demais resumos devido a este apresentar características peculiares ao seu texto que, de certa, forma, fogem aos padrões textuais de um resumo no que se refere à literatura desta pesquisa.
75
4.2.1.1 A organização de idéias do texto-base em T1
Mediante tal organização de idéias, T1 pode ser caracterizado como
um todo coerente, uma vez que, seu autor, diante do texto-base consegue
reconhecer, interpretar e organizar seu discurso, de maneira a reconstrui-lo,
atribuindo-lhe sentido e assim se responsabilizando pelo seu dizer, isto é, por sua
postura. Postura que só vem a reforçar as crenças de Orlandi sobre o exercício de
autoria:
“(...) O sujeito exerce a função-autor, diante de vários discursos
que ele reconhece, interpreta e organiza, construindo um
discurso “particular e “inteligível” (...)” p.
Assim temos em T1 um todo organizado que segue o padrão
estrutural a seguir:
TABELA III - A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO RESUMO DE T1
Introdução: Questionamento sobre o tema
Contextualização histórica da obra: autoria, espaço, e ano.
Síntese do mal entendido sobre o comportamento do Sr. Darcy na festa para recepcioná-lo.
Chama a atenção do leitor para o caráter positivo de Darcy.
Desfecho dos conflitos entre os protagonistas
Opinião final sobre atemática da obra
De acordo a estrutura organizacional acima, podemos ter a divisão
abaixo das idéias trabalhadas em T1:
76
1) Introdução: Questionamento sobre o tema
“(...)Who has never left behind the chance to know or to live something that could
be pleasant by prejudice? Pride and prejudice are walking together since ever with the
intention of confusing the feelings and divert purposes and dreams(...)
“(...) Quem nunca deixou para trás por preconceito a chance de viver ou conhecer algo que poderia ser agradável? Orgulho e preconceito vêm caminhando juntos há muito
tempo com a intenção de confundir os sentimentos e desviar sonhos e propósitos (...)”
2)Contextualização histórica da obra: autoria, espaço, e ano.
“(…)Pride and Prejudice” by Jane Austen show us this question in an
exquisite way . The novel plot takes place in England, when the nineteenth century was
starting (1796-1813) in the small village of Longbourn, where the Bennets live(…)”
“(…) Orgulho e Preconceito de Jane Austen nos mostra esta questão de
um modo requintado. O enredo romance se passa na Inglaterra, quando o século dezenove
inciava (1796-1813) no pequeno vilarejo de Longbourn, onde residem os Bennets(...) “
3) Síntese do mal entendido sobre o comportamento do Sr. Darcy na festa para
recepcioná-lo. “(…) after hearing Darcy’s opinionn about the girls of the village at
the party, Elizabeth did a hasty judgement about his character, besides “she told the story
very cheerfully and amusingly to her friends” (p.6).
“(…) depois de ouvir a opinião de Darcy sobre as garotas do vilarejo na
festa, Elizabeth fez um rápido julgamento sobre o caráter dele, além do mais “ ela contou a
história como muita alegria e júbilo para suas amigas” (p.6)(...)”
4) As histórias do Sr. Wickham sobre o caráter do Sr. Darcy;
77
“(…)Her erroneous opinion was corroborated when she had met Mr.
Wickham, because he has not liked Darcy since their childhood and convinced her that
Darcy was self-centred and proud(…)”
“(…) A opinião errõnea dela foi corroborada quando ela tinha encontrado o
sr. Wickham, porque ele não gostava de Darcy desde a infância deles e a convenceu de que
Darcy era egoísta e orgulhoso(...)”.
5) Chama a atenção do leitor para o caráter positivo de Darcy.
“(…)As a consequence of this Elizabeth could had lost the opportunity of
knowing the true side of Mr. Darcy character (…)”
“(…) Como conseqüência disto, Elizabeth poderia ter perdido a
oportunidade de conhecer o verdadeiro lado do caráter do Sr. Darcy(...)”
6) Desfecho dos conflitos entre os protagonistas
“(…)Finally when Elizabeth had discovered that Mr. Wickham was
deceitful and two-faced and that Mr. Darcy was a considerate as well as honest
gentleman, they have got married(…)”
“ (….) Finalmente quando Elizabeth tinha descoberto que o sr.
Wickham era enganador e de duas caras e que o Sr. Darcy era confiável e como
também um cavalheiro honesto, eles se casaram(...)”
7) Opinião final sobre atemática da obra
“(…) then once more the love is be able to win everything including
the pride and prejudice, because when someone loves another person, lots of bad
feelings starting to disappear and instead of this , appear into their hearts a magical,
true and only love(…)”
78
“(…) em seguida mais uma vez o amor é capaz de vencer tudo incluindo o
orgulho e o preconceito, porque quando alguém ama uma outra pessoa, muitos sentimentos
ruins começam a desaparecer e ao invés disso aparece em seus corações um amor único,
mágico everdadeiro.
Levando em conta a estrutura organizacional do resumo parâmetro,
observamos a existência de pontos convergentes entre esse e T1, como será
discutido logo mais neste item.
Refletindo sobre a teoria com a qual os alunos trabalharam
anteriormente a elaboração do resumo, observamos que T1 traz uma organização
como mostra a tabela III que , de certa forma, vai de encontro aquela apresentada
por Strauch(1998) e que assim contrária à adequação do gênero resumo.
No que se refere ainda à estrutura organizacional desse resumo,
tendo em vista as escolhas discursivas, é característico do resumo de uma
narrativa à recorrência ao presente histórico . No entanto, T1 traz ao seu resumo a
mescla de tempos e aspectos verbais, revelando, assim, outras inadequações ao
gênero. O trecho abaixo evidencía essa constatação:
“(...)Who has never left behind the chance to know or to live something that could be
pleasant by prejudice? Pride and prejudice are walking together since ever with the intention
of confusing the feelings and divert purposes and dreams(...)
“(...) Quem nunca deixou para trás por preconceito a chance de viver ou conhecer
algo que poderia ser agradável? Orgulho e preconceito vêm caminhando juntos há muito
tempo com a intenção de confundir os sentimentos e desviar sonhos e objetivos(...)”
79
No que se refere à articulação da informação do texto-base, há uma
passagem de T1 que pode vir a acarretar problema de como ela é realizada. Isso
pode ser identificado quando o autor deste resumo emprega o tempo passado na
voz passiva, seguida pelo tempo passado com aspecto perfeito, impedindo a
intenção de simultaneidade ser revelada pelo autor neste contexto.Vejamos:
“(…) her erroneous opinion was corroborated when she had met Mr.
Wickham (…)”
“(…) A opinião errônea dela foi corroborada quando ela tinha encontrado o
sr. Wickham(...)”
Nossa reflexão sobre o que possa ou não vir a ser adequado, no caso
do emprego verbal, pode ser fundamentada na análise do resumo parâmetro
realizada na primeira parte deste capítulo. Como pudemos ver, em Ousby temos
uma estrutura organizacional que privilegia, como se espera dentro dos padrões
organizacionais do gênero resumo narrativo, que se empregue o presente histórico
com aspecto simples em detrimento de outros aspectos e tempos (c.f: Kreuzer,
1976).Ainda podemos argumentar que segundo os resultados alcançados com a
análise do resumo parâmetro tendo em vista as colocações de Strauch (1998) T1
pode ter empregado tais formas verbais de modo inconsciente sem se dar conta de
sua inadequação. Se traçarmos um quadro comparativo teremos os resultados a
seguir:
80
TABELA IV –QUADRO COMPARATIVO DO USO DE FORMAS VERBAIS EM T1 E
O RESUMO PARÂMETRO (RP).
ALGUMAS FORMAS VERBAIS DE T1 ALGUMAS FORMAS VERBAIS NO RP Has left Are Are walking Stays Takes place Leases Was starting Falls Told Hears Hasn’t liked Find Was corroborated Refuses
Com o quadro acima temos uma noção mais ampla de quando
comparamos o emprego do presente histórico, usado com o intuito de reconstruir o
discurso narrativo do texto-base, com a mescla de tempos e aspectos realizadas em
T1. Ao utilizar determinados tempos e aspectos como no caso do tempo presente e
do aspecto perfeito T1 acaba por marcar seu resumo com traços não muito
característicos do mesmo.
E assim com essas características seguem outros trechos neste
mesmo resumo, revelando-se não muito adequados ao gênero. Desta forma,
concluímos que a coesão verbal em T1 é caracterizada pela mescla temporal e de
aspecto o que difere de o resumo parâmetro que o faz através da recorrência do
presente histórico.
Quanto à coerência, esta, por sua vez, é alcançada pela unidade
que o autor dá ao seu texto formando um todo com sentido (Beaugrande, 2001),
mesmo embora o sentido dado, aliado à forma com que o texto foi organizado, a
partir de comentários tecidos na introdução e na sua conclusão, não se revela como
81
apropriado ao gênero, uma vez que é papel do autor do resumo evitar se posicionar,
mas apenas reconstruir o seu discurso.
4.2.1.2 As escolhas discursivas e a responsabilidade do dizer em T1
Mesmo assim, o resumo em estudo consegue, dentro do contexto de
produção e dados os objetivos de seu autor, a manter certa unidade dentro do
gênero, ou seja, a ser mais ou menos coerente. Trata-se, portanto, de um ponto
relevante porque está totalmente relacionado com todos os outros fatores de
textualidade.
Para Koch & Travaglia (2003) os fatores de textualidade
apresentados por Beaugrande & Dressler (op.cit) são, na verdade, subfatores de
coerência, uma vez que eles são responsáveis pela construção e reconstrução, no
caso do resumo, do sentido texto-leitor: a informatividade, a intertextualidade, a
situacionalidade, a intencionalidade, e a aceitabilidade.
No que se refere à informatividade deste resumo, ele se revela como
sendo muito compactado. Ao tomar determinadas decisões durante a elaboração
de um resumo, o autor pode, dadas as suas escolhas, discursivas, trazer ao seu
texto resumo o grau de menor ou maior informatividade. De fato, esse ponto não
pode ser explicado ou discutido tendo em vista apenas as noções de textualidade,
nossa discussão se estende até as considerações de estilística, de certa forma
introdutórias, do texto para assim compreendê-lo:
82
Embarcando nesta idéia, Possenti (1993) aborda a noção de estilo,
caracterizando-o como forte traço característico do exercício de autoria visto sob três
ângulos distintos. Em T1 encontramos dois destes claramente expressos, a questão
da personalidade do escritor e a questão formalista.
Em se tratando da personalidade do escritor, a decisão tomada pelo
autor de T1 de construir um resumo a partir de seus próprios comentários,
mesclando com pontos do texto-base, pode ser atribuído a sua personalidade. Por
ser uma visão psicologizante, esta noção de estilo é vista em T1 a partir de sua
expressão e emoção. Diferentemente dos demais resumos, esse nos revela traços
que marcam forte e claramente a personalidade do seu autor através de sua opinião
explícita e que consequentemente passam a desconsiderar pontos cruciais para
compreensão do enredo do texto-base.
Há de fato toda uma cadeia de expressividade e emotividade em T1,
revelando-o como menos informativo se comparado ao resumo parâmetro no qual o
seu autor evitar se posicionar a todo tempo, se restringindo seu objetivo a apenas
reconstruir o discurso narrativo daquele texto.
A principio, temos o envolvimento do autor de T1 com o tema tratado
no texto-base. Isso é evidente no uso do questionamento com o qual inicia seu texto.
O autor, aqui, busca não apenas revelar essa relação que ele passa a ter com o
texto-base, mas como também transmiti-la ao seu leitor e assim busca envolvê-lo
utilizando a interrogativa inicial bem como conscientizá-lo com seus esclarecimentos
finais:
83
A interrogativa inicial:
“ Who has never left behind the chance to know or to live something that
could be pleasant by prejudice? (...)”
“ Quem nunca deixou para trás a chance de viver algo novo por puro
preconceito? (...)”
Esclarecimentos finais:
“(…) then once more the love is be able to win everything including the
pride and prejudice, because when someone loves another person, lots of bad feelings
starting to disappear and instead of this , appear into their hearts a magical, true and
only love(…)”
“(…) em seguida mais uma vez o amor é capaz de vencer tudo incluindo o
orgulho e o preconceito, porque quando alguém ama uma outra pessoa, muitos sentimentos
ruins começam a desaparecer e ao invés disso aparece em seus corações um amor único,
mágico everdadeiro.
A emotividade e expressividade do autor de T1 é também marcada no
trecho inicial de seu resumo ao expor sua opinião sobre o tema orgulho e
preconceito tratados no texto-base. Essa marca só vem corroborar as questões
difundidas por Possenti:
84
“ Pride and prejudice are walking together since ever with(...)”
“ Orgulho e preconceito estão caminhando juntos desde muito
tempo(...)”
Observamos um tom persuasivo na construção desse discurso que o
diferencia e o distancia do texto-base T1. O autor, aqui, ao invés de neutralizar no
que se refere a posicionar-se no texto, está sempre marcando seus pontos de vista
acerca do enredo e das intrigas que o constitui, como resultado antes de iniciar o
resumo do enredo propriamente dito, ele assume um comentário como sendo seu e
não daquele de autoria do texto-base11.
Ainda sobre o estilo em T1, identificamos como aponta Bakhtin (1997)
que o enunciado, seu estilo e sua composição são determinados pela relação
valorativa que o locutor estabelece com o próprio enunciado em questão. Aqui temos
também o juízo de valor que o locutor faz, através do enunciado, a respeito de um
objeto, o qual, neste caso, trata-se do texto-base resumido.
Assim, em T1 vemos um estilo que privilegia na elaboração do resumo
uma relação valorativa de tecer comentários, retomar as personagens protagonistas
da trama bem como as principais intrigas que as envolvem:
Desentendimento entre Darcy e Elizabeth:
Razões que os unem.
Desta forma, o resumo de T1 deixa de abordar pontos relevantes como
apresentados por Ousby no resumo parâmetro, enfocando apenas os seguintes:
85
TABELA V: QUANDRO COMPARATIVO DO TEOR INFORMATIVO DO RESUMO
PARÂMETRO E DE T1
Como podemos observar no quadro acima, T1 passa a ignorar onze
pontos daqueles elencados no RP discutidos na primeira parte desta investigação.
Desta forma, ele produz um resumo com baixo teor de informatividade, não
reconstruindo trechos relevantes para compreensão do todo e, de certa forma,
desconsiderando na elaboração de seu texto as noções de resumo vistas em
Strauch (1998)
11 De fato, o resumo de T1 poderia ser visto como uma resenha crítica.
Itens dos Eventos Abordados em Ousby RP T1 Sobre a obra: autoria, ano de publicação, primeira edição e o novo título; √ √
Apresentação da família Bennet; √ x A chegada do Sr. Bingley e do seu amigo o Sr. Darcy em Netherfield; √ x O relacionamento do Sr. Bingley e Jane, a filha mais velha dos Bennets √ x O desentendimento entre o Sr. Darcy e a senhorita Elizabeth; √ √
O preconceito de Darcy e as irmãs de Bingley pela irmã de Elizabeth, Jane: √ x O interesse do Sr. Collins por Elizabetrh; √ x O casamento do Sr. Collins com Charlotte Lucas, a melhor amiga de Elizabeth; √ x A recusa de Elizabeth ao pedido de casamento do Sr. Darcy; √ x As histórias do Sr. Wickham sobre o o caráter do Sr. Darcy; √ √
A carta de Darcy revelando sua inocência, seu amor por Elizabeth e o caráte
do Sr. Wickham, motivo do desentendimento entre os dois
√ x
O encontro surpreso entre o Sr. Darcy e Elizabeth; √ x A fuga de Lydia, a filha mais jovem dos Bennets, com o Sr. Wickham; √ x A interferência de Lady Catherine na vida de Elizabeth e o Sr. Darcy. √ x Elizabeth e o Sr. Darcy e o desfecho de seus conflitos: √ √
86
4.2.1.3 As estratégias de resumir utilizadas em T1
No que se refere às estratégias de resumir, em T1, a estratégia de
apagamento é a mais utilizada. Disso decorre que, muitos pontos considerados
relevantes para a compreensão do todo do enredo não são resgatados pelo aluno
autor como pudemos ver no item anterior 4.2.2 na tabela V.
Com a predominância da estratégia de apagamento, o aluno autor
acaba por elaborar um resumo que privilegia apenas a temática explorada no texto-
base e os protagonistas da trama, o Sr. Darcy e a senhorita Elizabeth. O
apagamento em T1 resulta assim na omissão de informações consideradas
relevantes por para Ousby (1994) listados no item 4.1 desta investigação.
Os pontos listados por Ousby(op.cit) estão intimamente ligados à
trama do enredo, a qual está voltada para a relação conflituosa do Sr. Darcy e
Elizabeth. O apagamento desses pontos prejudica o teor informativo do texto resumo
como já discutimos. Vejamos os pontos apagados:
87
TABELA VI- PONTOS APAGADOS EM T1
Como resultado deste apagamento em demasiado, T1 exagera em
generalizações. No nível temático, a generalização é usada, quando, em T1,
observamos uma preocupação em situar o leitor sobre o dilema vivido pelos
personagens do livro:
“(...)Who has never left behind the chance to know or to live something that could be pleasant by prejudice? Pride and prejudice are walking together since ever with the intention of confusing the feelings and divert purposes and dreams(...)
“(...) Quem nunca deixou para trás por preconceito a chance de viver ou conhecer algo que poderia ser agradável? Orgulho e preconceito vêm caminhando juntos há muito tempo com a intenção de confundir os sentimentos e desviar sonhos e objetivos(...)”
Apresentação da família Bennet; A chegada do Sr. Bingley e do seu amigo o Sr. Darcy em Netherfield; O relacionamento do Sr. Bingley e Jane, a filha mais velha dos Bennets
O preconceito de Darcy e as irmãs de Bingley pela irmã de Elizabeth, Jane: O interesse do Sr. Collins por Elizabetrh; O casamento do Sr. Collins com Charlotte Lucas, a melhor amiga de Elizabeth; A recusa de Elizabeth ao pedido de casamento do Sr. Darcy; A carta de Darcy revelando sua inocência, seu amor por Elizabeth e o caráter do SrWickham, motivo do desentendimento entre os dois O encontro surpreso entre o Sr. Darcy e Elizabeth; A fuga de Lydia, a filha mais jovem dos Bennets, com o Sr. Wickham; A interferência de Lady Catherine na vida de Elizabeth e o Sr. Darcy.
88
Após contextualização rápida de autoria, tempo e espaço em
que transcorre o enredo, T1 apresenta os conflitos vividos pelos personagens de
Darcy e Elizabeth. Após esta parte, o aluno autor resume a solução dos conflitos,
em síntese ele reduz a obra, condensando demasiadamente o tema e o conflito que
envolve os personagens principais.
É louvável, de fato, o uso da estratégia cópia ou deslocamento
que T1 aborda no terceiro parágrafo de seu texto. O emprego desta estratégia nos
leva a hipotetizar que ele tenta, a partir do deslocar das palavras do texto-base,
fundamentar seu dizer, reforçando com tal estratégia a credibilidade de seu resumo..
Vejamos a seguir:
“(…) after hearing Darcy’s opinionn about the girls of the village at the
party, Elizabeth did a hasty judgement about his character, besides “she told the story
very cheerfully and amusingly to her friends” (p.6) (…)”.
“(…) depois de ouvir a opinião de Darcy sobre as garotas do vilarejo na
festa, Elizabeth fez um rápido julgamento sobre o caráter dele, além do mais “ ela
contou a história como muita alegria e júbilo para suas amigas” (p.6)(...)”
89
4.2.4 A concepção de resumo em T1
Concernente a todos os pontos até então discutidos em T1, já
podemos ter noção que concepção o seu autor atribui ao gênero resumo.
Observando sua uma introdução, constatamos uma organização que vai de encontro
a uma característica constitutiva do resumo, a saber, a não inclusão de uma
apreciação crítica.
Essa é uma, dentre outras diferenças, entre um resumo e uma
resenha. O aluno-autor do T1 vê o resumo como um texto que, embora reconstrua a
idéia do texto-base, permita seu próprio comentário com apreciação, como neste
trecho final:
“(…) then once more the love is be able to win everything including the
pride and prejudice, because when someone loves another person, lots of bad feelings
starting to disappear and instead of this , appear into their hearts a magical, true and
only love(…)”
“(…) em seguida mais uma vez o amor é capaz de vencer tudo incluindo o
orgulho e o preconceito, porque quando alguém ama uma outra pessoa, muitos sentimentos
ruins começam a desaparecer e ao invés disso aparece em seus corações um amor único,
mágico e verdadeiro.
A pergunta que se coloca é se o fato do T1 conter apreciação crítica
o caracterizaria como sendo uma resenha? Ao comentar, apreciar, o aluno autor do
resumo, explicitamente engaja-se em um discurso implicado, intuitivo, ao invés de se
90
excluir como é esperado e, portanto, marca um estilo próprio, uma concepção de
resumo errônea, assim , enquadrando seu texto como uma resenha crítica.
Desta forma, o autor de T1 distancia-se das considerações de
Strauch(1998) sobre a elaboração do resumo: a seleção do foco central,
apagamento de detalhes e reconstrução de idéias principais. Talvez essa má
interpretação tenha partido da afirmação que a autora faz acerca do informar: “ The
purpose of the summary is to inform the reader about the maisn ideas of the work,
using your own words12”(p.125), talvez esse utilizar suas próprias palavras possa ter
causado tal incompreensão, levando T1 a tecer suas apreciações..
Ao envolver em sua introdução o leitor na trama do texto-base, T1
segue o seu texto construindo um segundo parágrafo que vai situar o leitor em
relação às condições de produção da obra, quais sejam: autoria, ano de publicação,
espaço no qual transcorre o enredo, e que família está envolvida na trama,
culminando em um breve clímax e finalizando seu texto com outra apreciação crítica
como vista acima.
Uma segunda manobra que revela a concepção do resumo dos
alunos é a referência ao texto-base. Em T1, por exemplo, encontramos um segmento
extraído ipsis-litteris do texto-base, o que identifica o aluno autor como conhecedor
das regras de resumir, ou seja, daquela que lhe permite evitar tomar as idéias do
texto-base como se fossem suas (Machado, 2001: )13:
12 O objetivo do resumo é o de informar ao leitor sobre as principais idéias do trabalho, usando suas próprias palavras.
91
“(…) After hearing Darcy’s opinion about the girls of the village at the
party, Elizabeth did a hasty judgement about his character, besides “ she told the story very cheerfully and amusingly to her friends(p.6)(…)”
“(...)Depois de ter ouvido na festa a opinião do Sr. Darcy sobre as garotas
da vila , Elizabeth fez um julgamento precipitado a respeito do seu caráter, além do mais “
ela contou o ocorrido muito animada e satisfeita a suas amigas”(p.6)(...)”.
A referência utilizada por T1 dá ao seu texto credibilidade. Quando
faz uso de uma citação do texto-base, ele procura fundamentar seu posicionamento
sobre o comportamento da personagem Elizabeth depois de ter presenciado
amaneira com que o Sr. Darcy falava das moças da vila, mostrando ao leitor que sua
postura em relação à construção do texto-resumo é claramente marcada pela
recuperação da idéia do autor do texto-base, a partir do processo de retextualização,
como explicado na seção inicial da fundamentação teórica.
Desta forma, podemos afirma que o autor de T1 mediante às
manobras discursivas utilizadas para reorganizar as idéias do texto-base,
ressaltando suas escolhas e sua responsabilidade do dizer, a partir das estratégias
de resumir a que recorre, nos oferece uma concepção de resumo que o caracteriza
como um texto sobre outro texto que, embora reconstrua a suas idéias, também
permita comentários com apreciação do seu autor.
13 o resumo é definido como um texto sobre outro texto, pertencente a outro autor e
não aquele que resume. Fato que deve ficar sempre claro para o autor do resumo, de maneira que,
evite tomar as idéias do texto-base como se fossem suas.
92
Assim, o autor de T1 exerce sua função autoria a qual neste
contexto passa a ser caracterizada como inadequada uma vez que foge
completamente às crenças que temos sobre a definição e caracterização do gênero
resumo vistos na literatura que fundamenta esta dissertação (Kintsch & Van Dijk,
1978; Beaugrande & Dressler, 1981; Beaugrande, 2001; Machado, 2004).
4.3 O exercício de autoria em T2, T3, T4 e T5
A decisão de se realizar a investigação do exercício de autoria em
conjunto com os resumos T2, T3, T4, e T5 e separados de T1 se deu devido ao fato
deste último ter sido caracterizado como exercendo a função autoria inadequada
dado o gênero em questão bem como por ele fugir a maioria dos critérios de
análise estabelecidos na metodologia desta pesquisa, item 3.4.
Portanto, observamos que os demais resumos supracitados podiam
ser analisados juntamente por apresentarem uma organização que se aproxima
mais daquela elaborada por Ousby no resumo parâmetro, tendo em vista as
marcas discursivas-textuais deste. E também por exercerem a função autoria na
maioria dos critérios anteriormente mencionados de forma adequada e aceitável
dados os padrões do gênero textual em questão. Tal decisão, só vem corroborar o
porquê de termos feito a analise de T1 separadamente como já fora anteriormente
discutido em nota no item 4.2.1.
93
4.3.1 A reorganização das idéias do texto-base em T2, T3, T4 e T5
A reorganização de idéias do texto-base ocorre acentuadamente
intratextualmente, ou seja, sem que haja referência a contextos fora daqueles a
serem reconstruídos via texto-base. Observamos, inicialmente, que T2, T3, T4 e T5
procuram reconstruir o texto-base se limitando unicamente a reorganizar e
reformular o seu discurso narrativo, evitando, assim, a realização de comentários e
ou juízos de valor explicitamente.
Contudo, nesse reconstruir, mesmo apresentando semelhanças a
nível conteúdístico-informativo, os resumos em questão apresentam consideráveis
divergências no que se refere a como reorganizam, ou seja, a como rearticulam as
idéias do texto-base.
Observa-se que outros pontos não considerados relevantes por
Ousby são também abordados em alguns destes resumos, eventos , que , de fato,
se enquadram mais na categoria de detalhes.
Vejamos na tabela abaixo um quadro comparativo dos pontos
reconstruídos nesses resumos em comparação aqueles de Ousby.
94
TABELA VII-TEOR INFORMATIVO ENTRE RP E T2, T3, T4 e T5:
Nesta reorganização do discurso narrativo do texto-base os resumos
supracitados refletem claramente a noção do fator de informatividade, essa, por sua
vez, atrelada à intencionalidade e a aceitabilidade.
Dado o texto-base a ser resumido, o papel do resumidor é o de
reconstruir seus principais eventos, os quais, aqui são tomados levando em
consideração aqueles apresentados por Ousby.O que observamos nesses resumos
é de fato um grau distinto de informatividade , permitindo-nos dizer que uns são
mais informativos que outros.
Itens dos Eventos Abordados em Ousby RP T2 T3 T4 T5 1) Sobre a obra: autoria, ano de publicação, primeira edição
e o novo título; √ x x x x
2) Apresentação da família Bennet; √ √ √ √ √ 3) A chegada do Sr. Bingley e do seu amigo o Sr. Darcy em
Netherfield; √ √ √ √ √
4) O relacionamento do Sr. Bingley e Jane, a filha maisvelha dos Bennets
√ √ √ √ √
5) O desentendimento entre o Sr. Darcy e a senhoritaElizabeth;
√ √ √ √ √
6) O preconceito de Darcy e as irmãs de Bingley pela irmãde Elizabeth, Jane:
√ x x x x
7) O interesse do Sr. Collins por Elizabetrh √ x √ x √ 8) O casamento do Sr. Collins com Charlotte Lucas, a
melhor amiga de Elizabeth; √ x √ x √
9) A recusa de Elizabeth ao pedido de casamento do SrDarcy;
√ √ √ √ √
10) As histórias do Sr. Wickham sobre o caráter do Sr. Darcy;√ √ √ √ √ 11) A carta de Darcy revelando sua inocência, seu amor po
Elizabeth e o caráter do Sr. Wickham, motivo dodesentendimento entre os dois.
√ √ √ x √
12) O encontro surpreso entre o Sr. Darcy e Elizabeth; √ x √ x √ 13) A fuga de Lydia, a filha mais jovem dos Bennets, com o
Sr. Wickham; √ x √ x √
14) O desfecho de Bingley e Jane x √ √ √ 15) A interferência de Lady Catherine na vida de Elizabeth e o
Sr. Darcy. √ √ √ x x
16) O desfecho dos conflitos de Elizabeth e . Darcy √ √ √ √ √
95
Em T2 temos uma organização que privilegia muitos dos pontos do
resumo parâmetro aliada à reconstrução de pontos considerados como detalhes e
que não apresentariam importância para compreensão do todo. Deste modo, ao
considerar detalhes na elaboração de seu resumo o autor de T2 deixa de lado a
equivalência quanto ao processo de redução da informação semântica no que diz
respeito ao discurso predominante no texto-base (Sprenger-Charolles, 1980) dando
margem para o apagamento de pontos relevantes como será discutido em 5.3.3.
Contudo, a presença de tais detalhes não pode ser caracterizada
como acarretando problemas no que se refere à adequação do gênero resumo, ela,
sem dúvida, atribui ao resumo em questão um grau menor de informatividade em
relação ao resumo parâmetro.
No caso de T3, o seu autor consegue reorganizar os eventos mais
relevantes para Ousby, contudo alguns deles não seguem a mesma seqüência
cronológica vista no resumo parâmetro. Dos eventos reconstruídos por Ousby, em
T3 não identificamos apenas o sexto como apresentados na tabela VII, desta forma
o grau de informatividade deste é maior se comparado a T2.
Quanto a T4, a reorganização do texto-base, se comparado a Ousby,
desconsidera cinco pontos vistos por ele como relevantes para se reconstruir o teor
informativo do texto resumido.
Enfim, em T5 há uma reconstrução da maior parte dos pontos vistos no
resumo parâmetro, fato que deve ser atribuído, assim como em T3, a forma como o
autor do resumo tenha lido o texto-base, uma vez que o resumo é uma manifestação
do processo de compreensão textual, do seu autor que reconstrói um texto-base
através de suas proposições (microestruturas) até chegar a sua estrutura semântica
96
global ou significação básica (macroestrutura) (cf.Kintsch & Van Dijk ,1978), de modo
que venha varia de resumidor para resumidor.
No que se refere à introdução sobre a obra: autoria, ano de publicação,
primeira edição e o novo título apresentada em Ousby, os resumos em questão não
fazem qualquer referência dado que pode caracterizar a concepção que os seus
autores têm de resumo.
4.3.1.1 A coesão em T2, T3, T4 e T5 comparados a RP
Ainda referente à reorganização estrutural, a reconstrução do
discurso narrativo também evoca, como a de qualquer outro texto, a combinação
daqueles fatores de textualidade discutidos no capítulo II.
4.3.1.2 A coesão nominal em T2, T3, T4 e T5 comparados a RP
No que se refere a T2, por exemplo, a coesão nominal é mais
recorrente do que a verbal, embora essa última seja também identificada, e se dá
em sua maioria através do uso de recorrências: paráfrases, substituição e pró-
formas: anáforas e catáforas, o que de certa forma, remete a reconstrução
realizada em Ousby no resumo parâmetro.
Quanto às recorrências podemos encontrá-las de duas maneiras:
a) Paráfrase Nominal :
97
“(…)The book Pride and Prejudice begins when a young man decide to
hang out in the Netherfield Park at the small village of Longbourn. So, this causes a great stir around the village, specially in the Bennet family(…)”
“(...)O livro Orgulho e Preconceito começa quando um jovem homem
decide viver em Netherfield Park um pequeno vilarejo de Longbourn. Então, isto causa
grande alvoroço neste lugar, especialmente na família Bennet (....)”
b) Paráfrase Verbal:
“(…)The book Pride and Prejudice begins when a young man decide to
hang out in the Netherfield Park at the small village of Longbourn. So, this causes a great
stir around the village, specially in the Bennet family(…)”
“(...)O livro Orgulho e Preconceito começa quando um jovem homem
decide viver em Netherfield Park um pequeno vilarejo de Longbourn. Então, isto causa
grande alvoroço neste lugar, especialmente na família Bennet.(...)”
Observamos neste trecho inicial de T2 que a construção da
paráfrase se dá devido à retomada que o autor do resumo faz do inicio do livro
propriamente dito a partir da reformulação que ele realiza de alguns termos
nominais, os quais revelam uma linguagem menos rebuscada daquela encontrada
na obra original.
Se compararmos a Ousby, observamos que em resumo não
existe esta preocupação uma vez que o público leitor a que se destina seu resumo
não restringe apenas a leitura por alunos de LE.
98
Quanto aos demais resumos também identificamos uma
recorrência acentuada a este tipo de coesão. T3, por exemplo, aborda em toda sua
paragrafação a coesão nominal, assim também o faz os autores de T4 e T5. Esse
tipo de recorrência é marcado pelo uso de pró-formas mais acentuadamente
anaforicamente que cataforicamente, como também o faz Ousby. Na tabela abaixo
podemos ter uma visualização desta noção:
TABELA VIII- USO DE PRÓ-FORMAS NOMINAIS EM T3, T4 e T5 COMPARADOS
A OUSBY
Recursos coesivos mais recorrentes em Ousby Pró-formas Resumos Anafórica Catafórica RP √ X T2 √ X T3 √ X T4 √ X T5 √ X
De fato, a recorrência pela anáfora pronominal em detrimento da
catáfora se dá pela questão de ser aquela um recurso coesivo bem mais comum do
que essa em contextos de escrita por autores ainda não proficientes, e também por
uma questão de estilo dão gênero em si que tende a requerer uma sintaxe menos
complexa e ou rebuscada da língua. Como vemos o próprio Ousby visto como
escritor proficiente não lança mão da catáfora, uma vez que ela exige uma
construção mais acurada da frase.
Um outro recurso coesivo usado para reconstrução das idéias do
texto-base, de modo a parafraseá-las, tanto nos resumos em questão como no
99
resumo parâmetro foi à recorrência a elipse. O quadro abaixo evidencia essa
recorrência:
TABELA IX-A CONSTRUÇÃO DA PARÁFRASE ATRAVÉS DE ELIPSE
A recorrência a este recurso deve ser entendida como marca de
proficiência no uso de uma L2. No que se refere a Ousby, autor do RP, tem-se a
vantagem de ele ter a L2, aqui discutida, como L1, ao contrário de nossos alunos
participantes. Desta forma, concluímos que o uso da elipse como recurso coesivo de
construção textual é também resultado da maturidade e proficiência lingüística do
usuário.
4.3.1.3 A coesão verbal em T2, T3, T4 e T5 comparados a RP.
Quanto à coesão verbal, não se trata apenas de uma simples
escolha do autor relatar trechos do texto-base através da marca temporal do
presente simples da LE. Por outro lado, é característico do resumo narrativo o uso
deste tempo e aspecto.
TR Elipse Pronominal Porcentagem RP √ 80 % T2 √ 20 % T3 √ 10 % T4 √ 10 % T5 √ 30 %
100
Ao utilizar o tempo presente e o aspecto simples, o autor deste
resumo passa a evidenciar, assim, suas escolhas e como resultado facilitando a
leitura do seu público leitor. Como ilustração, podemos identificar no trecho acima
ambas as formas verbais negritadas. Na tabela a seguir temos um quadro
comparativo da coesão verbal nos resumos em questão comparados a Ousby.
TABELA X-QUADRO COMPARATIVO DA COESÃO VERBAL
Coesão Verbal Resumos TEMPO ASPECTO Exemplos do Item 3 comparados a
Ousby PR Simples Simples ...who stays there with his sisters T2 Simples Simples ... so, this causes great stir ...
T3 Simples Simples ...the story begins with... T4 Simples Simples ...causes great stir in the... T5 Simples X ...Mrs (...)sees Mr. Bingley....
Como se pode constatar há, de fato, grande convergência no uso da
coesão verbal dos resumos em questão e aquele elaborado por Ousby. Para que se
visualize outros exemplos aconselhamos a consulta ao apêndice III de A / E desta
dissertação, no qual apresentamos outros exemplos nos quatro resumos.
A coesão, aqui, pode ser vista como desempenhando um papel
imprescindível na articulação das idéias do texto-base, visto que a seleção de
formas verbais e nominais, a seleção lexical, a organização dos parágrafos, todos
estes componentes usados para a elaboração dos resumos só terão sentido se bem
articulados de modo a reconstruir de maneira condensada os principais pontos do
101
texto-base.Quando assim combinados dão ao texto unidade, geram progressão,
resultam na não-contradição, culminam no fim.
O uso anafórico da pronominalização com predomínio de pronomes
pessoais, adjetivos e objetivos pode ser atribuído a maior facilidade de emprego e
compreensão que eles venham representar para escritores imaturos, como também
é essa a pra’tica que se vivencia no ensino fundamental e médio e
conseqüentemente é acessada durante a produção textual, no caso dos alunos
participantes desta pesquisa. Quanto ao emprego pronominal catafórico por se
caracterizar, em si mesmo, de natureza mais complexa, exigindo um trabalho com
uma sintaxe mais rica, característica de escritores mais experientes. Segundo
Beaugrande (2001)”(...) to the degree that the sentence is processing unit (…)
anaphora should be commoner between two sentences than cataphora14.
Esta combinação de elementos coesivos nos remete a postura de
Antunes (1996) que atribui a coesão o papel de recurso de organização textual,
estabelecendo a continuidade do texto, resultando numa cadeia de vínculos que se
criam entre uma parte e outra do texto ou entre aquilo que é dito, no nosso caso o
texto –base, e os contextos precedentes e ou seguintes (...)p.42.”
Nos resumos em questão temos a oportunidade de testemunhar
como os autores tentam alcançar esses objetivos. E devido a questões que se
voltam mais para o estilo pessoal, diferenciam no como organizar e reorganizar o
texto-base, porém atribuída a uma questão situacional e contextual em que a
elaboração do resumo se deu, apresentam semelhanças conteúdísticas que serão
14 Sabendo que a frase é uma unidade de processamento, o emprego da anáfora é mais comum entre duas frases do que a catáfora.
102
mais bem aprofundadas quando tratarmos das concepções que os alunos autores
têm acerca do gênero resumo.
4.3.1.4 A coerência em T2, T3, T4 e T5 comparados a RP.
A coerência, por sua vez, é alcançada pela unidade que o autor dá
ao seu texto formando um todo com sentido (Beaugrande,2001). Os resumos em
estudo conseguem dentro do contexto de produção e dados os objetivos a manter
uma certa unidade dentro do gênero, como também vimos no RP apresentado por
Ousby.
Quanto a ser mais ou menos coerente é um ponto relevante porque
está totalmente relacionado com todos os outros fatores de textualidade.Vale
salientar que no que se refere à teoria de Strauch (1998), os alunos autores não
tiveram um trabalho e ou estudo sistematizado direcionado a estes fatores
propriamente ditos, ao contrário o que se abordou em sala de aula foi a recorrência
aos passos que podem levar a construção de um TR.
Ainda sobre os fatores de textualidade, Koch & Travaglia (2003)
atribuem aos teorizados por Beaugrande & Dressler (op.cit) como sendo, na
verdade, sub-fatores de textualidade, uma vez que eles são responsáveis pela
coerência: a informatividade, a intertextualidade, a situacionalidade, a
intencionalidade, e a aceitabilidade.
103
Quanto à informatividade, observamos que o autor reformula o
conhecimento determinante do texto-base de forma a atender as exigências de seu
leitor, a saber: ficar a par do enredo do texto-base. No caso de reconstruir um
discurso narrativo, observar a linearidade dos fatos mais relevantes se faz
imprescindível. Em Ousby, no seu RP, essa reconstrução é apresentada de
maneira, principalmente, intertextual. Essa intertextualidade se dá em Ousby mais a
nível explicita. Contudo, comparado a T2, T3, T4 e T5, o RP revela maior grau de
informatividade do que aqueles. Como sabemos, segundo Beaugrande & Dressler
o tipo do conhecimento determinante reconstruído do texto-base pode fazer do
texto ser mais ou menos informativo.
Referente à intertextualidade, a reconstrução do conhecimento
determinante do texto-base a partir do discurso narrativo, no texto resumo se faz,
sobretudo intertextualmente.
A retomada do texto-base quanto ao uso de alguns termos, o
espaço do enredo o tempo da narrativa, as intrigas entre as principais personagens
bem como o clímax delas e a solução dos conflitos vividos, compõem pontos que
de fato são marcas forte que caracterizam o fator intertextualidade não apenas
explicitamente , com uso transparente de passagens do texto mas como também
implicitamente, a partir da reconstrução das idéias do texto base via paráfrase e ou
sinonímia. A tabela abaixo ilustra como se dá esta diferença.
104
TABELA XI-A INTERTEXTUALIDADE EM T2,T3,T4,T5, COMPARADOS A RP
Resumos Intertextualidade Explicita Intertextualidade Implícita RP T2 T3 T4 T5
Tendo em vista os resultados contidos na tabela acima, podemos
considerar que ambos autores de T2 e T3 reconstroem as idéias do texto-base
lançando mão da intertextualidade implícita e explicita ao passo que os demais o
fazem apenas implicitamente como encontramos no RP. Tal atitude remete
diretamente a concepção que tais autores possuem acerca do gênero como será
abordado em 4.6.
Com respeito à situacionalidade, observamos a partir de três
momentos distintos que compreendem a elaboração de cada resumo: antes,
durante e depois.
Antes de escrever o resumo propriamente dito o autor tem que
escolher o tipo, o registro lingüistico, o objetivo e etc., trata-se de decisões a serem
tomadas antes do ato de escrever, mas que de forma alguma não podem ser
reformuladas durante ou depois de elaborado o resumo.
Durante a elaboração o autor se vê, portanto, diante das ações
discursivas que deve tomar, o que escrever sobre o tema proposto, como escrever,
o que venha ser mais ou menos apropriado, se deve ou não manter uma forma
105
lingüistica, uma verdadeira revisão constante e etc., que segundo Beaugrande
(2001), ora este processo se dá de maneira consciente ora inconsciente.
Depois de elaborado o resumo, uma cuidadosa releitura com intuito
de revisar até se editar o texto final. Assim, podemos hipotetizar que os seguintes
são os principais momentos que fazem parte da elaboração dos resumos em
análise: a definição do gênero resumo escolar, a escolha de uma realização de LE
mais acadêmica, a preferência por se caracterizar como um texto não muito longo
para facilitar a produção da tarefa, dado o nível dos autores.
Por fim, temos a intencionalidade e a aceitabilidade. Quanto ao
primeiro fator, cada um dos autores apesar de apresentarem nuanças que os
diferenciam , eles caracterizam seus objetivos com muita semelhança já que o
texto produzido é resultado de uma mesma tarefa no contexto de sala de aula,
resumir o livro Pride and Prejudice.
TABELA XII- A INTENCIONALIDADE DOS ALUNOS AUTORES COMPARADOS
AO RP.
TR Objetivos dos Autores RP Situar o leitor sobre o contexto histórico da obra e principais eventos do enredo T2 Situar o leitor sobre os principais eventos do enredo-ênfase nos eventos T3 Situar o leitor sobre os principais eventos do enredo- ênfase nas relações T4 Situar o leitor sobre os principais eventos do enredo- ênfase nos eventos e relações T5 Situar o leitor sobre os principais eventos do enredo-ênfase nos eventos
Em relação ao segundo fator, é plausível afirmar que o leitor, apesar
de se deparar com resumos com níveis variados de reconstrução de
informatividade do texto-base, ele poderá, assim, dar-lhe sentido, podendo revelar
106
a interação comunicativa esperada. Portanto, se há coerência há como resultado
aceitabilidade, pois como mostram Koch& Travalgia(2003) a aceitabilidade é um
fator responsável pela coerência.
Desta forma, no que se refere a organização das idéias do texto-
base no texto resumo, os alunos autores de T2,T3,T4 eT5 conseguem exercer a
função autoria uma vez que recombinam a textualidade daquele texto no texto-
resumo a partir da articulação dos fatores de textualidade, mesmo embora observe-
se variação de emprego destes, e que articulam as idéias principais ou principais
eventos daquele texto de modo a reagrupá-los adequadamente, segundo os
parâmetros de organização e estruturação do gênero resumo, com inicio,
progressão , não- contradição e fim.
4.4 As escolhas e a responsabilidade do dizer em T2,T3,T4 eT5
Esta decisão, que já é explicitamente uma marca da função
autor, já que revela o seu estilo dadas as marcas estilísticas, sua responsabilidade
bem como suas escolhas( Possenti 1993, Bahktin 1997, Beaugrande 2001), pode
ser atribuída ao nível lingüístico da turma bem como do público leitor ao qual o
resumo se destinou.
Nesta seção de nossa investigação observaremos as escolhas
realizadas pelos alunos na elaboração dos resumos T2, T3, T4 e T5 levando em
consideração os estudos de Possenti(1993), Bakhtin(1997) bem como os de
107
Beaugrande (2001) sobre as concepções de estilo ,o que respalda nossa hipótese
de estilo enquanto marca de autoria.
Concernente aos resumos em questão, apesar de se observarem
alguns traços em nível de organização conteudística que os diferenciam, eles
seguem um estilo como ornamentação que se assemelham mais uns com ou
outros como vistos em Beaugrande (2001):
a) Não expressam emotividade a partir de comentários;
b) Não se observa um tom persuasivo explicito;
c) Introduzem a obra: contexto histórico, personagens e trama.
d) Apresentam os principais conflitos que geram as intrigas da trama;
e) Apresentam o desfecho para os conflitos.
Por outro lado, observamos um tom persuasivo no emprego de
algumas formas lexicais o que pode ter sido feito de maneira inconsciente. Contudo,
dado o gênero espera-se do autor do resumo total imparcialidade de modo a não se
impor na reconstrução do discurso do texto-base.
Esta marca lingüística pode ser vista como característica do estilo único
segundo Beaugrande. Nos resumos em questão, este tom persuasivo é visto
claramente no uso de alguns adjetivos e ou advérbios, em RP, ao contrário, esse uso
se dá no que se refere à estratégia de cópia ou deslocamento de pontos do texto-
base. Vejamos alguns trechos a seguir para melhor visualizarmos esta comparação:
108
TABELA XIII- TOM PERSUASIVO OU DESLOCAMENTO DE PONTOS DO TB
Trechos dos Resumos
L1 LE
RP “ …she vulgar, gossipy and mainly engaged in …”
“… ela vulgar, fofoqueria e principalmente voltada para…”
T2 “... Mrs. Bennet is eager to see...” “... O Sr. Bennet está ansioso para ver...
T3 “...a (...) man who’s soon well-liked by everyone...”
“... um (...) homem que é logobenquisto por todos...”
T4 “... Mr. Darcy is less pleasant ...” “... O sr. Darcy é menos agradável ... “
T5 “ (...) he is judged (...) to be perfectlyamiable and agreeable (...)
“ (...) ele é considerado (...) perfeitamente amigo e agradável (...)
Os adjetivos e advérbios utilizados nos resumos indicados são, de
certa forma, valorativos quanto a influenciar a opinião do leitor do resumo sobre o
texto-base. Sabe-se que a linguagem é inerentemente por natureza argumentativa
(cf. Anscombre & Ducrot, 1983 ) e portanto seria quase impossível ao usar adjetivos
e ou advérbios como os supracitados não se soar tendencioso, salvo se essa
recorrência for a partir do uso da estratégia de resumir cópia ou deslocamento como
o faz Ousby no RP. Vale salientar que o tratamento mais acurado deste ponto será
discutido no item 4.5.
Esta característica também pode ser vista nestes resumos a partir do
uso de certos operadores argumentativos. Ao escolher um determinado operador
com o intuito de resgatar o sentido do texto-base no resumo o autor pode estar
reconstruindo a idéia inicialmente proposta ou direcionado a uma nova compreensão
do texto-base.
109
TR L1 LE
RP “ (…) but Elizabeth Bennet next in ageof the Bennet children (...)”
“(…) mas Elizabeth encostada a filha mais velha dos Bennets (…)”
T2 “(...) Due to this fact, all people around think that he is arrogant(...)”
“(...) Devido a isto, todos em volta pensam que ele seja arrogante(...)”
T3 “(...)In addition, it is doubtful thatWickham has any intention of marryingher(...)”
“(...) Além do mais, . não se sabe ao certo se Wickham quer casar com ela (..)”
T4 “... Suddenly , Jane travels to herparents’ house, in London ...”
“(...) De repente, Jane viaja para a casa dos pais em Londres (...) “
T5 “ (...) Although her family is intiallyshocked, they plan to marry (...)”.
“ (...) Embora iniciamente a familia fica chocada, eles planejam se casar(...)”
O uso do operador subordinativo causal em T2 conduz ao leitor a uma
visão da existência de um determinado ponto que é a causa da personagem passar
a ser vista como arrogante. Em T3, O operador coordenado aditivo sugere a idéia de
que a personagem de Wickham apresenta características negativas. O operador
subordinativo temporal em T4 direcionam para uma compreensão de que a viagem
de Jane se dera sem qualquer planejamento. E em T5, a concessão revela que a
família da personagem é contra a idéia de que sua filha vai se casar com um
determinado personagem x e não com o y. Em Ousby, todavia, o uso do operador
argumentativo mais uma vez se dá através do uso da estratégia de resumir cópia ou
deslocamento, revelando, assim, sua imparcialidade na reconstrução do discurso do
TB.
A escolha dos operadores acima não apenas marcam o estilo individual
dos autores em questão, mas como também e principalmente direcionam a leitura
do texto-base, sugerindo uma determinada interpretação, a saber aquela dos autores
do resumos.
110
Como vemos em Beaugrande, cada autor tem um estilo único que se
revela justamente no momento em que se escreve. É neste momento que o autor
ora consciente ora inconsciente faz sua escolhas, toma suas decisões, ou seja,
realiza as manobras discursivas necessárias, as quais dependem tanto do seu grau
de maturidade quanto do estilo de cada língua e do conhecimento e concepção que
eles têm dos gêneros discursivos , no nosso caso o resumo.
No que se refere à adequação no uso de tais manobras discursivas na
elaboração do resumo, não podemos caracterizar as escolhas de T2,T3,T4 e T5
como sendo adequadas, mesmo embora tenham sido realizadas de forma sutil como
vemos acima, uma vez que elas revelam um posicionamento do autor do resumo a
respeito do texto-base, rejeitando a imparcialidade que se espera na construção
deste gênero textual.
Por outro lado, quando Ousby, no seu RP, faz uso de tais manobras
discursivas ele consegue conservar-se imparcial porque diferentemente dos demais
resumos, ele utiliza a estratégia de resumir cópia ou deslocamento, recapitulando o
discurso, mesmo valorativo, mas construído no texto-base e não a partir de sua
própria leitura.
Assim, podemos que concluir que embora ao fazer suas escolhas
discursivas (registro lingüístico: formas lexicais e formas verbais desadequadas ao
gênero textual em questão.), marcando em seu texto traços estilísticos de cunho
pessoal, lingüístico e organizacional e por fim vindo a responsabilizar-se pelo seu
dizer, os autores dos resumos em questão exercem a função autoria mas
desadequada ao gênero textual resumo.
111
4.5 As estratégias de resumir utilizadas na elaboração de T2,T3,T4 e T5.
As estratégias ilustradas abaixo foram estabelecidas para análise
tendo em vista a sua predominância de uma determinada estratégia em detrimento
de outras. Portanto, o fato de discutirmos uma estratégia não quer dizer que outras
não estejam presentes.
4.5.1 Apagamento em função da Generalização
Na tabela abaixo, também utilizada para revelar o teor informativo dos
resumos, revela que pontos listados em Ousby, no RP, foram apagados nos
resumos em questão. De fato, tal estratégia é realizada tendo a vista a construção de
uma generalização como visto na literatura.
Os resumos estudados partem , a partir de um determinado termo,
para construir uma noção, idéia e ou evento mais geral. Há uma tentativa de
reelaboração do enredo do texto-base através de uma verdadeira síntese. Contudo,
como veremos na discussão a seguir, sobre o teor informativo apagado, os resumos
podem acabar por revelar um acentuado comprometimento no grau de
informatividade nesta reconstrução.
112
TABELA -XIV-APAGAMENTO EM T2, T3, T4 e T5 COMNPARADOS AO RP
Itens dos Eventos Abordados em Ousby RP T2 T3 T4 T5 Sobre a obra: autoria, ano de publicação, primeira edição e onovo título;
√ x x x x
Apresentação da família Bennet; √ √ √ √ √ A chegada do Sr. Bingley e do seu amigo o Sr. Darcy emNetherfield;
√ √ √ √ √
O relacionamento do Sr. Bingley e Jane, a filha mais velha dosBennets
√ √ √ √ √
O desentendimento entre o Sr. Darcy e a senhorita Elizabeth; √ √ √ √ √ O preconceito de Darcy e as irmãs de Bingley pela irmã deElizabeth, Jane:
√ x x x x
O interesse do Sr. Collins por Elizabetrh √ x √ x √ O casamento do Sr. Collins com Charlotte Lucas, a melhor amigade Elizabeth;
√ x √ x √
A recusa de Elizabeth ao pedido de casamento do Sr. Darcy; √ √ √ √ √ As histórias do Sr. Wickham sobre o caráter do Sr. Darcy; √ √ √ √ √ A carta de Darcy revelando sua inocência, seu amor poElizabeth e o caráter do Sr. Wickham, motivo dodesentendimento entre os dois.
√ √ √ x √
O encontro surpreso entre o Sr. Darcy e Elizabeth; √ x √ x √ A fuga de Lydia, a filha mais jovem dos Bennets, com o SrWickham;
√ x √ x √
O desfecho de Bingley e Jane x √ √ √ A interferência de Lady Catherine na vida de Elizabeth e o SrDarcy.
√ √ √ x x
O desfecho dos conflitos de Elizabeth e . Darcy √ √ √ √ √
Dada a tabela acima, vimos que quando mais se apaga um evento
relevante mais se generaliza e menos se informa. De fato, a estratégia de resumir
apagamento está diretamente voltada para o teor informativo do resumo. Alguns
itens tidos como relevantes em Ousby tiveram total apagamento nos resumos em
questão como no caso do primeiro e sexto itens.Estas decisões do que apagar e ou
reconstruir refletem a concepção que esses alunos têm de resumo, como será visto
a seguir no item 4.6.
113
4.5.2 A estratégia de seleção:
O uso de cópia ou deslocamento em função da Reconstrução
Observamos em T2 e T3 maior preocupação em trazer ao leitor um
panorama da obra “Pride and Prejudice”. Nesta preocupação, ambos os alunos
autores fazem uso da estratégia de cópia ou deslocamento para selecionar as
principais idéias de cada parágrafo do texto-base, as quais eles julgam serem
necessárias para a reconstrução condensada do todo.
Primeiramente, observaremos como ocorre a seleção em T2. Aqui, o
aluno autor seleciona as informações do texto-base na elaboração do resumo,
contemplando, inclusive, muitos dos pontos os pontos destacados por Ousby (op.cit)
no RP. Podemos alguns exemplos dos principais eventos selecionados:
1) A chegada do Sr. Bingley junto com seu amigo o Sr. Darcy na pequena
Netherfield:
“(…)The book Pride and Prejudice begins when a young man decide to
hang out in the Netherfield park at the small village of Longbourn(…)”
“(...)O livro Pride and Prejudice inicia quando um jovem homem decide ir viver na pequena vila de Netherfield Park em Longbourn(...)”
2) O relacionamento do Sr. Bingley e Jane, a filha mais velha dos Bennets:
“(…) When the Bingley and Bennet families meet each other by attending a party promoted by Mr. Bingley, he soon feel attracted to the Bennet’s oldest daughter, Miss Jane.(…)
“(...)Quando o Sr. Bingley e a família Bennet se encontram em uma festa dada pelo próprio Bingley, ele logo se sente atraído pela filha mais velha dos Bennets, Jane(...)”
114
3) A recusa de Elizabeth ao pedido de casamento do Sr. Darcy:
“(...)Logo em seguida o Sr. Darcy pede Elizabeth em casamento , mas ela recusa(...)”
“(...)Soon, thereafter, Darcy makes a proposal of marriage to Elizabeth, but she refuses it(…)” 4) As histórias do Sr. Wickham sobre o caráter do Sr. Darcy:
“(...)Uma outra coisa que faz Elizabeth acreditar que o Sr. Darcy é cara desagradável é o fato do que um jovem soldado chamado Wickham conta pra ela que o Sr. Darcy é o culpado por ele Ter sido deserdado e que ele também é acusado to persuadir o Sr. Bingley de se afastar de Jane(...)”
“(...)Another thing that makes Elizabeth believes he is an unpleasant guy
is the fact that a young soldier named Wickham told her that Mr. Darcy is guilt for disinheriting
him. Mr. Darcy is also accused to get about Mr. Bingley to stay away from Miss. Jane(…)”
5) A carta de Darcy revelando sua inocência, seu amor por Elizabeth e o caráter do
Sr. Wickham:
“(…)In order to give an explanation to Elizabeth, he writes a letter to her
admitting that he persuaded Bingley to distance himself from Jane because he thought that
their romance was not serious. He also told that Mr. Wickham had tried to make off with his
young sister Georgianna Darcy. So, Mr. Wickham is no trustable(…)”
“(...)A fim de dar uma explicação a Elizabeth, ele escreve uma carta para
ela admitindo Ter persuadido Bingley a se distanciar de sua irmã, Jane, porque ele achava
que o romance deles não sério. Ele também conta na carta que o Sr. Wickham tentou
seduzir sua irmã Georgianna e por isso ele não é confiável(...)”
Além destes pontos tidos como cruciais para a noção do enredo de
Pride and Prejudice, T2 também seleciona o momento em que surge o
desentendimento entre os personagens de Darcy e Elizabeth, bem como o posterior
entendimento e acerto entre eles para reconstruir o clímax do enredo.
115
O aluno autor de T3, por sua vez, ainda consegue a partir da
seleção de idéias do texto-base reconstruir mais informações no seu texto resumo,
apenas com exceção do 1° item, que foi apagado por todos em questão, e o 6°
referente o preconceito das irmãs de Darcy.
Observando T4, identificamos o uso inicial da estratégia de seleção
também a partir da cópia de algumas idéias e ou eventos apresentados por Ousby,
esse, por sua vez, ao copiar um determinado evento do texto-base ainda utiliza a
regra de invenção para reconstruir o item selecionado. O aluno autor retoma um
trecho introdutório no capítulo I do texto-base e a partir de então reconstrói as idéias
posteriores a esse trecho. É desta forma, que o aluno autor seleciona e desloca a
informação do texto-base, retextualizando-a ao seu modo, a partir da regra de
invenção, passando a utilizar a fala do narrador para construir a sua própria:
“(...)The news that a wealthy young gentleman named Charles Bingley
has rented the manor of Netherfield Park causes a great stir in the nearby village of
Longbourn, specially in the Bennet household(…)”
“(...)A noticia que um jovem rico cavalheiro chamado Charles Bingley
alugou uma casa senhorial de Netherfield Park causa grande reboliço na vila de Longbourn
nas proximidades, especialmente na família Bennet.p7(...)”
Para Greene (op.cit), apropriar-se da voz do autor do texto-base
para prover informação compromete a função autoria. No entanto, a partir dessa
apropriação da fala do narrador, o aluno autor de T4 parte para a reconstrução texto-
base, objetivando situar o leitor nos conflitos mais relevantes do enredo.
Além daqueles que remetem ao desentendimento dos personagens
de Darcy e Elizabeth, o aluno autor utiliza em seu texto oito dos desesséis eventos
116
apresentados como relevantes por Ousby no RP. Pode-se, ainda, ver em T4 uma
informação distinta dos outros textos o casamento de Mary com um jovem oficial
pobre, o que na verdade, soa como um detalhe que poderia ter sido apagamento
como fizeram Ousby e os demais:
“(…)Mary, in turn, get married with a poor man who arrives from London to
become an officer in the regiment financially helped by Mr. Darcy(…)”
“(...)Mary , em resposta, casa-se com um jovem oficial pobre que chega de
Londres para se tornar um oficial no regimento financeiramente ajudado pelo Sr. Darcy. (...)”
Neste mesmo parágrafo, T4, mais uma vez utiliza-se da seleção a
partir da cópia para dar continuidade ao seu pensamento:
“(…) The time passes and the Bingley family travels to London. Meanwhile,
Jane receives news from her love through letters(…)”
“(...) O tempo passa e a família Bingley viaja para Londres. Enquanto isso,
Jane recebe noticias de seu amor através de cartas(...)”
O uso desta estratégia não é vista aqui, pura e simplesmente, com o
intuito de preencher lacunas do texto-resumo, nem sequer comprometendo o
exercício da função autoria, ao contrário vemos acentuada relevância em sua
utilização porque parte do principio de como e onde utilizá-la, fundamentando, assim,
seu dizer nas palavras do narrador, o que selecionar para reconstruir um evento e se
adequar àqueles já reconstruídos se faz imprescindível.
117
4.5.3 A estratégia de Substituição ou Reelaboração Segundo Ling Shi
Em T5, deparamo-nos com um resumo mais completo se
compararmos com aquele sugerido por Ousby e o produzido pelo autor de T3, como
mostra a tabela XV a seguir. Observamos a preocupação do aluno autor em trazer
para o seu leitor os principais conflitos que envolvem a trama do enredo do texto-
base, como também das ações que caracterizam cada uma dela, definindo-as como
duas categorias: aquelas que estão do lado dos protagonistas e aquelas que se
associam aos seus rivais.
TABELA XV- COMPARAÇÃO DE EVENTOS REELABORADOS POR T5 E OUSBY
Itens dos Eventos Abordados em Ousby RP T5 Sobre a obra: autoria, ano de publicação, primeira edição e onovo título;
√ x
Apresentação da família Bennet; √ √ A chegada do Sr. Bingley e do seu amigo o Sr. Darcy emNetherfield;
√ √
O relacionamento do Sr. Bingley e Jane, a filha mais velha dosBennets
√ √
O desentendimento entre o Sr. Darcy e a senhorita Elizabeth; √ √ O preconceito de Darcy e as irmãs de Bingley pela irmã deElizabeth, Jane:
√ x
O interesse do Sr. Collins por Elizabetrh √ √ O casamento do Sr. Collins com Charlotte Lucas, a melhor amigade Elizabeth;
√ √
A recusa de Elizabeth ao pedido de casamento do Sr. Darcy; √ √ As histórias do Sr. Wickham sobre o caráter do Sr. Darcy; √ √ A carta de Darcy revelando sua inocência, seu amor poElizabeth e o caráter do Sr. Wickham, motivo dodesentendimento entre os dois.
√ √
O encontro surpreso entre o Sr. Darcy e Elizabeth; √ √ A fuga de Lydia, a filha mais jovem dos Bennets, com o SrWickham;
√ √
O desfecho de Bingley e Jane √ A interferência de Lady Catherine na vida de Elizabeth e o SrDarcy.
√ x
O desfecho dos conflitos de Elizabeth e . Darcy √ √
118
Nesta reconstrução de idéias do texto-base, o aluno autor de T5 faz
uso da substituição como uma ferramenta de apoio a reelaboração das informações
a ele necessárias para retomada do que ele considera essência do texto-base.
Para tanto como afirma Ling Shi (2004) o autor do resumo ao
substituir, passa a parafrasear, apagar e selecionar o que lhe seja mais relevante e
assim partem para generalizações e combinações , resultando numa possível
criação de sentenças-tópico.
4.5.3.1 A substituição em T5 se dá da seguinte forma:
a) Parafraseando idéias:
Esta tem em vista como função principal o deslocamento das idéias
do texto-base, de forma a condensá-las e simplifica-las, apagando, assim, os
detalhes que as cercam. Sobre o item 11) listado em Ousby, por exemplo, o aluno
autor de T5 ao invés de contar toda a história do Sr. Darcy, ele a substitui por termos
que remetem diretamente ao ocorrido:
“(...)The next day, he gives her a letter revealing his innocence in the
Wickham affair, and his reasons for disliking her family (...)”
“(...) No dia seguinte, ele dá a ela uma carta que revela sua inocência no
caso Wickham, e suas razões por não gostar de sua família(...)”
119
Como podemos observar, os termos em destaque substituem
devidamente a confissão de inocência de Darcy sem, necessariamente, ter que
retomar toda sua história como feito pelos alunos autores dos outros resumos.
b) Combinação de termos equivalentes:
Esta é mais recorrente e na própria reconstrução de idéias ela está
presente, o que equivaleria por uso de sinônimos, como em:
“(…) Lizzy is furious with that, and is further maddened when Darcy
admits his love for her, proposing marriage to her(…)”
“(...) Lizzy fica furiosa com isto e ficam mais enlouquecida
quando Darcy admite seu amor por ela, propondo casamento(...)”
Os termos em destaque substituem na seqüência os seguintes
termos do texto-base: agitada, mais enfurecida, afirma, pede.
Assim, mediante a utilização devida das estratégias de resumir, de
modo a atender aos objetivos do gênero resumo, podemos afirmar que os alunos
autores de T2,T3,T4 e T5 exercem a função autoria não apresentando nenhum
problema de adequação ao gênero no referido ponto estratégias de resumir, ao
contrário reforçando sua caracterização como tal a partir do emprego delas.
120
4.6. As concepções dos alunos sobre o gênero resumo escolar
Ao longo das discussões anteriores já pudemos observar alguns
indícios que direcionam para uma determinada concepção sobre o gênero resumo
deixada no decorrer de cada texto analisado. Para caracterizarmos a concepção que
cada aluno autor tem a respeito do gênero em questão, observaremos a introdução
de cada resumo.
4.6.1 A estrutura da introdução
Quando se trata das concepções sobre o gênero resumo,
observamos que nas cinco produções textuais analisadas há convergência de
aspectos macroestruturais. Um deles é a introdução do resumo. Observa-se uma
preocupação do aluno em colocar o leitor a par, já no inicio do seu texto, dos
aspectos que envolvem a família Bennets, protagonista da trama, o que difere do RP
elaborado por Ousby, o qual inicialmente faz uma contextualização sobre dados
referentes a obra propriamente dita e não ao enredo.
Vejamos na tabela abaixo a estrutura da introdução de cada resumo,
para assim traçarmos os pontos convergentes sobre a concepção de resumo,
refletidas nos textos analisados:
121
TABELA XVI-INTRODUÇÕES DOS RESUMOS
Resumos Introduções RP Sobre a obra: autoria, ano de publicação, primeira edição e o novo título T2 Introdução da família Bennet T3 Introdução ao espaço onde transcorre a história e família Bennet T4 Introduz, a obra, contexto, família Bennet, intrigas e envolvimentos. T5 Introdução rápida a partir da descrição dos Bennets e o interesse do (ou pelo)
Sr. e da Sra. Bennets em casar suas cinco filhas.
Com exceção de RP, todos os outros resumos revelam uma
introdução a obra com traços sobre a família Bennet, justamente aquela que
representa grande importância para o desenrolar do enredo, das complicações e das
tramas, visto que todos os pontos centrais do enredo estão intimamente e
indubitavelmente ligados a ela.
Podemos observar que em T2, T3, T4 e T5, converge a concepção
de que o resumo é um texto elaborado a partir da reconstrução, aquele que a partir
da seleção da idéia central do texto-base.(cf. Brown & Day (1983) reconstrói ou
reelabora esse texto, como afirma Serafini (1992)).
É no momento de como reconstruir e o que reconstruir sobre os
Bennets que se insere a concepção de resumo que cada aluno tem.
No texto cujo discurso predominante é o narrativo, as personagens
representam um papel relevante no desenrolar da trama, por isso a preocupação de
trazer ao texto resumo a família Bennets.
Em RP, apesar de convergir a concepção de resumo, há uma
introdução distinta das outras, o que vai caracterizá-lo como mais informativo em
relação aos demais apresentados. Essa característica de introdução de resumo, a
122
partir da contextualização da obra retrata uma característica constitutiva do resumo,
a saber, a inclusão de dados contextuais: autoria, ano de publicação, edição e título
Essa é uma, dentre outras diferenças, entre o RP e os demais resumos em questão,
diferenciando-os, assim, a respeito de que concepção eles têm.
Se tomarmos, por exemplo, T3, observamos em um trecho do
segundo parágrafo que para justificar porque a senhorita Elizabeth passa a não
gostar do Sr. Darcy, o aluno autor usa dois fragmentos do texto-base marcando-os
tipograficamente com aspas. Vejamos:
“(…)Mr. Darcy, who is also handsome and rich but he is proud and
disagreeable and Elizabeth, the second eldest daughter of the Bennets, has particular reason
to dislike him. Since Darcy slights her at the ball and proclaims that she is “tolerable” but “
not handsome enough to tempt him(…)”
“(...)O Sr. Darcy, que é também bonito e rico mas que é orgulhoso e
disagradável e a senhorita Elizabeth, a segunda filha mais velha dos Bennets, tem razão
particular para não gostar dele, já que no baile o Sr. Darcy se revela como grosseiro com
ela , admitindo que ela seja tolerável, mas não bonita o suficiente para tentá-lo(...)”
Ao proceder desta forma, T3 não apenas esclarece ao leitor que o
segmento utilizado representa o julgamento do personagem Darcy a respeito de
Elizabeth, como também revela a concepção que ele tem de resumo, qual seja: ao
utilizar fragmentos do texto não podemos tomá-los como sendo nossos.
Tais atitudes, ora de referenciar explicitamente ora implicitamente o
texto-base pode também ser vista como marca de intertextualidade e o como usá-la
reflete a concepção que o autor tem sobre o gênero oriundo de suas práticas de
leitura e escrita do ensino médio mesclada com o conhecimento acumulado no
ensino superior.
123
Um outro ponto relevante de discutirmos é o reflexo da noção de
resumo vista em Strauch (1998) fortemente marcada ao longo dos resumos
analisados. Em todos eles convergem a seleção de um ponto por eles considerado
como central, seguida do apagamento das informações que eles jugam ser os
detalhes e assim da reconstrução das idéias vistas como principais aliadas ao tópico
central.
Enfim, podemos dizer que ao deixar em seus textos marcas de suas
concepções sobre o gênero e por elas se responsabilizando a partir do
conhecimento prévio oriundo do ensino médio, bem como daquele visto em Strauch
(1998) sobre o gênero resumo, os alunos autores dos resumos em questão exercem
adequadamente a função autoria, traçando claramente em seus textos marcas
discursivas-textuais como pistas evidentes e relevantes para caracterização de suas
concepções sobre as noções de texto, estilo e resumo.
124
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho procurou investigar como o aluno, no papel de
sujeito autor, exercita a função autoria na elaboração de um resumo escolar. A
principio tivemos como problema a prática de resumo escolar, em sua maioria,
caracterizada, como um exercício tradicional, restringindo, assim, sua elaboração a
uma atividade de avaliação de compreensão de leitura pelo professor. E como
conseqüência, negligenciando a importância do gênero face sua finalidade
comunicativa e função social.
A partir de então, hipotetizamos que uma prática tradicional de
elaboração de resumo, em contexto escolar, poderia resultar no possível
apagamento da função autoria e ou apenas no comprometimento do seu exercício
face ao gênero em questão. Em seguida, ainda tivemos uma segunda hipótese
referente às concepções dos alunos sobre o gênero resumo, oriundas do ensino
fundamental e médio mescladas àquelas vistas em contexto acadêmico, podendo
colaborar ou não para o exercício de autoria na elaboração de resumos escolares.
Com o intuito de checar esse conhecimento prévio e ao mesmo
tempo de ampliá-lo, os participantes desta pesquisa tiveram acesso às
considerações de Strauch (1998) sobre como elaborar um resumo escolar antes da
produção do mesmo. Como mostra a autora, há passos essenciais para o aluno
iniciante na elaboração de um resumo em LE: seleção do tópico central; o
apagamento de detalhes , reconstrução das principais idéias.
Dentre os resumos produzidos, chegamos a alguns critérios que
caracterizaram como e quando os alunos autores exerceram o exercício de autoria:
ao fazer suas escolhas discursivas (registro lingüístico: formas lexicais e formas
125
verbais adequadas ao gênero textual em questão.); ao recombinar a textualidade do
texto-base no texto-resumo a partir da articulação dos fatores de textualidade;ao
articular as idéias principais ou principais eventos do texto-base de modo a reagrupá-
los adequadamente com inicio, progressão, não-contradição e fim; ao utilizar
devidamente as estratégias de resumir de modo a atender aos objetivos do gênero
resumo;ao marcar em seu texto traços estilísticos de cunho pessoal, lingüístico e
organizacional; E ao responsabilizar-se pelo seu dizer e ao deixar em seu texto
marcas de suas concepções sobre o gênero.
Com base nos critérios listados acima, pode-se afirmar que esta
pesquisa apresenta algumas contribuições tanto para o estudo quanto para o ensino
do gênero resumo no contexto de sala de aula de LE, levando em conta o exercício
de autoria. Isto pode ser afirmado tendo em vista a noção aqui discutida de que a
elaboração do resumo não se caracteriza única e exclusivamente como reprodução
condensada das idéias do texto-base, caracterizando o aluno não como autor, mas
como reprodutor apenas.
Por outro lado, concebemos a elaboração do resumo,
principalmente, o caráter de reconstrução destas idéias a partir da articulação do já-
dito levando em consideração os fatores de textualidade face à organização textual
e ao estilo seja o individual ou o lingüístico, às escolhas discursivas realizadas pelo
autor mediante o que se diz, como se diz e porque se diz, às estratégias de resumir
utilizadas dadas as concepções de gênero resumo que os autores venham revelar.
Contudo, esta pesquisa ainda revela grandes limitações. Dentre elas
pode-se listar as seguintes: a) não se pode aqui tecer generalizações a partir de
nosso corpus sobre como e quando o exercício de autoria ocorre, mas que os
126
resultados encontrados demonstram contextos nos quais a função autor possa ser
exercida; b) o trabalho realizado com a elaboração do resumo de um gênero apenas
(texto literário) desenvolvido em situação específica pode ser visto como limitado
para realização de generalizações para o exercício de autoria na elaboração de
resumos de outros gêneros; c) quaisquer generalizações acerca dos alunos de LE
quanto à elaboração do resumo também deve ser descartada, uma vez que este
deve ser visto enquanto sujeito social e portanto devemos considerar aspectos como
conhecimento prévio, concepções e práticas sobre o gênero; d) concernente à LE,
deve-se levar em conta que a proficiência lingüística dos alunos participantes não foi
abordada durante a análise; e) as aulas que antecederam a elaboração dos resumos
como o uso de discussões sobre os capítulos do texto-base resumido também não
foram tomadas como critério de análise; f)o tamanho do corpus usado para a
pesquisa bem como o corte a ele dado não nos permite usar nossos resultado como
caráter generalizador de alunos de LE em situações de escrita acadêmica.
De fato, futuras pesquisas considerando tais limitações como
parâmetros de estudos poderão descobrir outros critérios nos quais o aluno de LE
enquanto sujeito social e no papel de autor venha exercitar a função autoria
mediante o gênero textual que esteja resumindo.
Esses estudos poderão, assim, facilitar e direcionar os interessados
no assunto, gerando possivelmente novos horizontes e diretrizes tendo em vista o
trabalho com a elaboração de resumo, enquanto meio de comunicação, inserido no
contexto da sala de aula face às crenças e concepções de ambos aluno e professor.
127
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130
Apêndice I
APÊNDICE O Capítulo VII & VIII DE Strauch (1998)
131
132
133
134
135
136
137
138
139
140
141
142
143
144
Apêndice II
APÊNDICE B 1:
A Recorrência a Pronominalização & Elipse
no Resumo elaborado por Ousby
145
APÊNDICE B1- ELEMENTOS COESIVOS
RESUMO DO LIVRO PRIDE & PREJUDICE POR OUSBY IAN PUCLICADO EM : OUSBY, Ian. The wordsworth companion to literature in English. Summary of Pride & Prejudice. Cambridge, Cambridge university press, p-746-7, 1994.
“A novel by Jane Austen, it was begun in 1796 and Ø completed the
following year under the title “First Impressions,” but Ø rejected by a publisher in this form. It
finally appeared in 1813, after careful revision with a new title.(...)”
Mr. and Mrs. Bennet of Longbour are an ill-matched couple, he detached
and ironic, she Ø vulgar, gossipy and Ø mainly engaged in seeking husbands for her five
daughters. The wealthy Charles Bingley, who stays there with his sisters and his friend,
the still wealthier Fitz William Darcy, leases Netherfield, a house near Longbourn. To Mrs.
Bennet’s delight, Bingley falls in love with her eldest daughter , Jane, but Elizabeth Bennet
next in age of the Bennet children, frankly dislikes Mr. Darcy for his cold and superior
manner, her prejudice against him increased by the story she hears from George Wickham,
an engaging young militia officer, of the unjust treatment he has received from Darcy. For
their part, the Bingley sisters and Darcy find Mrs. Bennet and the younger Bennet sisters
impossibly vulgar and prevail on Bingley to detach himself from Jane.
The Bennet family is visited by William Collins, a rector under the patronage
Lay Catherine de Bourgh , who will inherit Mr. Bennet’s property on his death. With great
pomposity Mr. Collins proposes to Elizabeth but she refuses him, despite the financial
convenience of such a marriage. Mr. Collins transfers his attentions to Elizabeth’s friend,
Charllote Lucas, who accepts him out of expediency. Elizabeth goes to visit the newly
married couple and finds that Darcy is in the neighbourhood visiting Lady Catherine, his
aunt. He falls in love with Elizabetjh but Ø phrases his proposal in so condescending manner
that she refuses, taking the opportunity to upbraid him for his treatment of Wickhamand for
146
his role in separating Jane and Bingley. In a letter , Darcy exposes Wickham as an
adventurer who once cherished designs on Darcy’s fifteen year-old sister Gerginian, and
protests that he had never been convinced of Jane’s love for Bingley.
Elizabeth leaves on a tour of Debyshire with her aunt and uncle, the
Gardiners. They visit Pemberley, Darcy’s seat, in the belief he is absent but accidentally
meet him. He welcomes them, and his charm and grace begin to impress Elizabeth. Then
comes the news that her sister Lydia has eloped with Wickham. Darcy helps the runaways
and makes sure that they marry. Bingley renews his courtship of Jane and, despite insolent
attempts at interference from Lady Catherine, Darcy persists in his wooing of Elizabeth. Both
couples are finally united.
147
APÊNDICE B2-ESCOLHAS VERBAIS
PREDOMÍNIO DO TEMPO PRESENTE HISTÓRICO
RESUMO DO LIVRO PRIDE & PREJUDICE POR OUSBY IAN PUCLICADO EM : OUSBY, Ian. The wordsworth companion to literature in English. Summary of Pride & Prejudice. Cambridge, Cambridge university press, p-746-7, 1994.
“A novel by Jane Austen, it was begun in 1796 and completed the following
year under the title “First Impressions,” but rejected by a publisher in this form. It finally
appeared in 1813, after careful revision with a new title.(...)”
Mr. and Mrs. Bennet of Longbour are an ill-matched couple, he detached
and ironic, she vulgar, gossipy and mainly engaged in seeking husbands for her five
daughters. The wealthy Charles Bingley, who stays there with his sisters and his friend, the
still wealthier Fitz William Darcy, leases Netherfield, a house near Longbourn. To Mrs.
Bennet’s delight, Bingley falls in love with her eldest daughter, Jane, but Elizabeth Bennet
next in age of the Bennet children, frankly dislikes Mr. Darcy for his cold and superior
manner, her prejudice against him increased by the story she hears from George Wickham,
an engaging young militia officer, of the unjust treatment he has received from Darcy. For
their part, the Bingley sisters and Darcy find Mrs. Bennet and the younger Bennet sisters
impossibly vulgar and prevail on Bingley to detach himself from Jane.
The Bennet family is visited by William Collins, a rector under the patronage
Lay Catherine de Bourgh , who will inherit Mr. Bennet’s property on his death. With great
pomposity Mr. Collins proposes to Elizabeth but she refuses him, despite the financial
convenience of such a marriage. Mr. Collins transfers his attentions to Elizabeth’s friend,
Charllote Lucas, who accepts him out of expediency. Elizabeth goes to visit the newly
married couple and finds that Darcy is in the neighbourhood visiting Lady Catherine, his
aunt. He falls in love with Elizabetjh but phrases his proposal in so condescending manner
148
that she refuses, taking the opportunity to upbraid him for his treatment of Wickhamand for
his role in separating Jane and Bingley. In a letter, Darcy exposes Wickham as an
adventurer who once cherished designs on Darcy’s fifteen year-old sister Gerginian, and
protests that he had never been convinced of Jane’s love for Bingley.
Elizabeth leaves on a tour of Debyshire with her aunt and uncle, the
Gardiners. They visit Pemberley, Darcy’s seat, in the belief he is absent but accidentally
meet him. He welcomes them, and his charm and grace begin to impress Elizabeth. Then
comes the news that her sister Lydia has eloped with Wickham. Darcy helps the runaways
and makes sure that they marry. Bingley renews his courtship of Jane and, despite insolent
attempts at interference from Lady Catherine, Darcy persists in his wooing of Elizabeth. Both
couples are finally united.
149
APÊNDICE B3-ESCOLHAS LEXICAIS:
AUSÊNCIA DE CONECTIVOS ( INDICADA POR X)
CONECTIVOS DE SEQUENCIAÇÃO (SUBLINHADOS)
CONECTIVOS ADVERSATIVOS (ITÁLICO)
EXPRESSÕES COM FUNÇÃO DE CONECTIVOS (NEGRITADOS)
RESUMO DO LIVRO PRIDE & PREJUDICE POR OUSBY IAN PUCLICADO EM : OUSBY, Ian. The wordsworth companion to literature in English. Summary of Pride & Prejudice. Cambridge, Cambridge university press, p-746-7, 1994.
“A novel by Jane Austen, it was begun in 1796 and completed the following
year under the title “First Impressions,” but rejected by a publisher in this form. It finally
appeared in 1813, after careful revision with a new title.(...)”
X Mr. and Mrs. Bennet of Longbour are an ill-matched couple, he detached
and ironic, she vulgar, gossipy and mainly engaged in seeking husbands for her five
daughters. X The wealthy Charles Bingley, who stays there with his sisters and his friend, the
still wealthier Fitz William Darcy, leases Netherfield, a house near Longbourn. To Mrs.
Bennet’s delight, Bingley falls in love with her eldest daughter, Jane, but Elizabeth Bennet
next in age of the Bennet children, frankly dislikes Mr. Darcy for his cold and superior
manner, her prejudice against him increased by the story she hears from George Wickham,
an engaging young militia officer, of the unjust treatment he has received from Darcy. For
their part, the Bingley sisters and Darcy find Mrs. Bennet and the younger Bennet sisters
impossibly vulgar and prevail on Bingley to detach himself from Jane.
X The Bennet family is visited by William Collins, a rector under the
patronage Lay Catherine de Bourgh, who will inherit Mr. Bennet’s property on his death. With
great pomposity Mr. Collins proposes to Elizabeth but she refuses him, despite the financial
convenience of such a marriage. Mr. Collins transfers his attentions to Elizabeth’s friend,
150
Charllote Lucas, who accepts him out of expediency. Elizabeth goes to visit the newly
married couple and finds that Darcy is in the neighbourhood visiting Lady Catherine, his aunt.
X He falls in love with Elizabetjh but phrases his proposal in so condescending manner that
she refuses, taking the opportunity to upbraid him for his treatment of Wickhamand for his
role in separating Jane and Bingley. In a letter, Darcy exposes Wickham as an adventurer
who once cherished designs on Darcy’s fifteen year-old sister Georginian, and protests that
he had never been convinced of Jane’s love for Bingley.
Elizabeth leaves on a tour of Debyshire with her aunt and uncle, the
Gardiners. They visit Pemberley, Darcy’s seat, in the belief he is absent but accidentally meet
him. X He welcomes them, and his charm and grace begin to impress Elizabeth. Then
comes the news that her sister Lydia has eloped with Wickham. X Darcy helps the runaways
and makes sure that they marry. Bingley renews his courtship of Jane and, despite insolent
attempts at interference from Lady Catherine, Darcy persists in his wooing of Elizabeth. Both
couples are finally united.
151
APÊNDICE B4
RESUMO DO LIVRO PRIDE & PREJUDICE POR OUSBY IAN PUCLICADO EM : OUSBY, Ian. The wordsworth companion to literature in English. Summary of Pride & Prejudice. Cambridge, Cambridge university press, p-746-7, 1994.
Estratégias de Resumir Utilizadas em Ousby.
“A novel by Jane Austen, it was begun in 1796 and completed the following
year under the title “First Impressions,” but rejected by a publisher in this form. It finally
appeared in 1813, after careful revision with a new title.(...)”
Mr. and Mrs. Bennet of Longbour are an ill-matched couple, he detached
and ironic, she vulgar, gossipy and mainly engaged in seeking husbands for her five
daughters. The wealthy Charles Bingley, who stays there with his sisters and his friend, the
still wealthier Fitz William Darcy, leases Netherfield, a house near Longbourn. (AQUI É
PRESENTE O USO DO APAGAMENTO DOS DETALHES QUE CARACTERIZAM O
COMPORTAMENTO E PERSONALIDADE DOS BENNETS)To Mrs. Bennet’s delight,
Bingley falls in love with her eldest daughter, Jane, but Elizabeth Bennet next in age of the
Bennet children, frankly dislikes Mr. Darcy for his cold and superior manner, her prejudice
against him increased by the story she hears from George Wickham, an engaging young
militia officer, of the unjust treatment he has received from Darcy. For their part, the Bingley
sisters and Darcy find Mrs. Bennet and the younger Bennet sisters impossibly vulgar and
prevail on Bingley to detach himself from Jane.
The Bennet family is visited by William Collins, a rector under the patronage
Lay Catherine de Bourgh , who will inherit Mr. Bennet’s property on his death. With great
pomposity Mr. Collins proposes to Elizabeth but she refuses him, despite the financial
convenience of such a marriage. Mr. Collins transfers his attentions to Elizabeth’s friend,
Charllote Lucas, who accepts him out of expediency. Elizabeth goes to visit the newly
married couple and finds that Darcy is in the neighbourhood visiting Lady Catherine, his
152
aunt. He falls in love with Elizabetjh but phrases his proposal in so condescending manner
that she refuses, taking the opportunity to upbraid him for his treatment of Wickhamand for
his role in separating Jane and Bingley. In a letter, Darcy exposes Wickham as an
adventurer who once cherished designs on Darcy’s fifteen year-old sister Gerginian, and
protests that he had never been convinced of Jane’s love for Bingley.
Elizabeth leaves on a tour of Debyshire with her aunt and uncle, the
Gardiners. They visit Pemberley, Darcy’s seat, in the belief he is absent but accidentally
meet him. He welcomes them, and his charm and grace begin to impress Elizabeth. Then
comes the news that her sister Lydia has eloped with Wickham. Darcy helps the runaways
and makes sure that they marry. Bingley renews his courtship of Jane and, despite insolent
attempts at interference from Lady Catherine, Darcy persists in his wooing of Elizabeth. Both
couples are finally united.
153
Apêndice III –
Resumos Textos originais
de T1, T2,T3,T4 E T5.
154
Apêndice III –A
T1
Who has never left behind the chance to know or to live something that
could be pleasant by prejudice? Pride and prejudice are walking together since ever with the
intention of confusing the feelings and divert purposes and dreams.
“Pride and Prejudice” by Jane Austen show us this question in an
exquisite way . The novel plot takes place in England, when the nineteenth century was
starting (1796-1813) in the small village of Longbourn, where the Bennets live.
After hearing Darcy’s opinion about the girls of the village at the party,
Elizabeth did a hasty judgement about his character, besides “ she told the story very
cheerfully and amusingly to her friends” (p.6). Her erroneous opinion was corroborated when
she had met Mr. Wickham, because he has not liked Darcy since their childhood and
convinced her that Darcy was self-centred and proud. As a consequence of this Elizabeth
could had lost the opportunity of knowing the true side of Mr. Darcy character.
Finally when Elizabeth had discovered that Mr. Wickham was
deceitful and two-faced and that Mr. Darcy was a considerate as well as honest gentleman,
they have got married, then once more the love is be able win everything including the pride
and prejudice, because when someone loves another person, lots of bad feelings starting to
disappear and instead of this , appear into their hearts a magical, true and only love.
155
Apêndice III –B
A coesão verbal- os verbos negritados são exemplos de como
se dá a coesão verbal neste resumo:
T2
The book Pride and Prejudice begins when a young man decide to hang out
in the Netherfield park at the small village of Longbourn. So, this causes a great stir around
the village, specially in the Bennet family. Mrs. Bennet is eager to see her five daughters
married. Therefore, she does not miss the opportunity to call on Mr. Bingley.
When the Bingley and Bennet families meet each other by attending a party
promoted by Mr. Bingley, he soon feel attracted to the Bennet’s oldest daughter, Miss Jane.
At the party, Mr. Darcy is present but does not feel pleased enough in the evening and
refuses to dance with Miss. Elizabeth, one of the Bennet’s daughter. Due to this fact, all
people around think that he is arrogant.
The Bingleys and Darcy set off to London and come back to Netherfield.
Soon, thereafter, Darcy makes a proposal of marriage to Elizabeth, but she refuses it.
Nevertheless, he realises that he is getting more and more attracted to Elizabeth.
Another thing that makes Elizabeth believes he is an unpleasant guy is the
fact that a young soldier named Wickham told her that Mr. Darcy is guilt for disinheriting him.
Mr. Darcy is also accused to get about Mr. Bingley to stay away from Miss. Jane. In order to
give an explanation to Elizabeth, he writes a letter to her admitting that he persuaded
Bingley to distance himself from Jane because he thought that their romance was not
156
serious. He also told that Mr. Wickham had tried to make off with his young sister Georgianna
Darcy. So, Mr. Wickham is no trustable.
After this misunderstanding, Elizabeth’s feelings about Darcy had changed.
After that, , they get married and Mr. Bingley assumes his dating of Jane, making a
proposal of marriage to her to the delight of everyone except to Bingley’s sister.
157
Apêndice III –C -A coesão verbal-
Os verbos negritados são exemplos de como se dá a coesão
verbal neste resumo:
T3
The story begins with the arrival of Mr. Bingley , a rich young man from the
north of England, and a new neighbour for the Bennet family, that they would like Mr. Bingley
become the husband of one of their daughters. He is a pleasant and agreeable man who is
soon well-liked by everyone in the community. He takes a fancy at Jane, the eldest Bennet
daughter. However he brought his friend , Mr. Darcy, who is also handsome and rich but he
is proud and disagreeable and Elizabeth, the second eldest daughter of the Bennets, has
particular reason to dislike him. Since Darcy slights her at the ball and proclaims that she is
“tolerable” but “ not handsome enough to tempt him”
Another day, Mr. Collins, a cousin of Mr. Bennet, arrives for a visit. He
turns out to be a pompous and tiresome man. The object of Mr. Collins’ visit is to find
himself a wife. After finding out that Jane may soon be engaged to Bingley, he shifts his
attentions to Elizabeth. Mr. Collins accompanies the Bennet sisters on a walk into Meryton, a
nearby town. There, they are introduced to George Wickham, a handsome and charming
officer but a mercenary man. Elizabeth refuses Mr. Collins proposal of marriage and he
turns the proposal to Charlotte Lucas, her best friend and she accepts him.
Another day, Lydia, Elizabeth’s young sister elopes with MR. Wickham. In
addition, it is doubtful that Wickham has any intention of marrying her. They have
disappeared without any trace and the only clue is that they may be hiding in London, but Mr.
Darcy was responsible, firstly, for finding Wickham, and then, for bullying and bribing him to
marry Lydia.
158
Time passes; life continues as usual for the Bennet family after Lydia’s
marriage until, one day, they discover that Mr. Bingley is returning to Netherfield for a
shooting party. Bingley’s aquaintance with Jane is quickly renewed and he proposes
marriage to her. As soon Bingley and Jane get engaged, the Bennet family is surprised by a
visit of Lady Catherine ( Mr. Darcy’s aunt.). It seems that she heard that Elizabeth will soon
marry her nephew. She has come, therefore, to check if the rumour was true and to be sure
that Elizabeth will never get engaged with her nephew. Elizabeth, of course, refuses to be
obliged by her.
Lady Catherine’s objections to the marriage do not have their intended
effect and in few days, Mr. Darcy returns from London to Longbourn. In a walk together,
Darcy and Elizabeth are reconciled and their engagement is formed.
159
Apêndice III –D -A coesão verbal-
Os verbos negritados são exemplos de como se dá a coesão
verbal neste resumo:
T4
The news that a wealthy young gentleman named Charles Bingley has
rented the manor of Netherfield Park causes a great stir in the nearby village of Longbourn,
specially in the Bennet household. The Bennet have five unmarried daughters – from oldest
to the youngest, Jane, Elizabeth, Marry, Kitty and Lydia - and Mrs. Bennet is desperate to
see them all married. After Mr. Bennet pays a social visit to Mr. Bingley , the Bennets attend
a ball at which Mr. Bingley is present. He is taken with Jane and spends much of the evening
dancing with her. His close friend, Mr. Darcy is less pleased with the evening and haughtily
refuses to dance with Elizabeth, what makes everyone sees him as an arrogant and
obnoxious person.
At social functions over subsequent weeks, however, Mr. Darcy finds
himself increasingly attracted to Elizabeth’s charm and intelligence. Jane’s friendship with Mr.
Bingley also continues top burgeon, and Jane pays a visit to Bingley’s mansion. On her
journey to house, she is caught by a downpour and gets ill, forcing her to stay at Netherfield
for several days. In order to tend Jane, Elizaberth hikes through muddy fields and arrives
with spattered dress, much to the disdain of the snobbish Miss Bingley, Mr. Bingley’s sister.
Miss Bingley’s spite only increases when she notices that Darcy, whom she is pursuing,
pays quite a bit of attention to Elizabeth.
160
The time passes and the Bingley family travels to London. Meanwhile,
Jane receives news from her love through letters sent to her by Caroline Bingley, the sister
of Mr. Bingley. The letters report the existence of a romance between Mr. Bingley and and
Georgianna, Mr. Darcy’s sister. All that to make Jane forget Mr. Bingley.
Suddenly, Jane travels to her parents’ house, in London. During the time
Jane is there, many things happens. Elizabeth receives a proposal from marriage of Mr.
Darcy and refuses, for having judged him proud and prejudiced;
Later, Elizabeth finds out through a letter that many of Darcy’s faults had
already been surpassed and that he really loves her. She feels doubtful in accepting or to
refuse another marriage proposal. The Bingleys come back toward Longbourn and Mr.
Bingley proposes marriage to Jane, who accepts. Mary, in turn, get married with a poor
man who arrives from London to become an officer in the regiment financially helped by Mr.
Darcy.
Through these acts, Mr. Darcy turns out to be seen differently by the
Bennet family. And Elizabeth confirms her thoughts about him and decides to accept his
proposal. This way, Mrs. Bennet has three of her five daughters married, reason of great joy
for her.
161
Apêndice III –E- A coesão verbal
Os verbos negritados são exemplos de como se dá a coesão
verbal neste resumo:
T5
The novel begins with the arrival of Mr. Bingley to Netherfield Park. Mrs.
Bennet, whose obsession is to find husbands for her five daughters, sees Mr. Bingley as a
potential suitor. Mr. And Mrs. Bennet ‘s five children are: Jane, Elizabeth, Mary, Kitty and
Lydia.
The Bennet’s first acquaintance with Mr. Bingley and his companions are
at the Meryton ball. Mr. Bingley takes a linking to Jane and is judged by the townspeople to
be perfectly amiable and agreeable . Mr. Bingley’s friend, Mr. Darcy, however, snubs
Elizabeth and is considered to be proud and disagreeable. A few days later, Jane is invited to
dine at Netherfield with Bingleys two sisters. Caught in a rainstorm on her way over, she
becomes very sick and must remain in Nethefield for several days. Elizabeth also goes to
Netherfield to care for her sister. While she is there, Bingley’s affection for Jane is more
evident, while Darcy finds himself strangely attracted to Lizzy, Elizabeth’s nickname.
Meanwhile, a group of militiamen has come to Meryton, and Lizzy meets a
handsome officer named Wickham. She discovers that Darcy has argued with him in the
past. Soon after, the Bennet’s rude cousin, Mr. Collins, arrives at Longbourn and sets his
eyes on Lizzy. At a dance in Netherfield, Lizzy hints to Darcy that she knows what he has
done to Wickham, while Jane and Bingley spend the entire evening together. The next day,
Darcy, Bingley and his sisters leave to London, Mr. Collins, instead, weds Charlotte Lucas.
162
Jane agrees in going to London expecting to meet Bingley, but his sisters
explain that their brother is too busy to see her- that he is becoming more intimate to Darcy’s
sister. Jane is then heartbroken. Lizzy, meanwhile, travels to Hunsford to visit Mr. Collins
and Charlotte. She is introduced to the ill-mannered Lady Catherine de Bourgh, and is slightly
pleased to hear that her nephews Darcy and Fitzwilliam are also coming to visit her. After
they arrive, Fitzwilliam reveals an attraction to Lizzy, but he says that he cannot marry her
as she is not wealthy enough. He also reveals that Darcy convinced Bingley not to marry
Jane. Lizzy is furious with that, and is further maddened when Darcy admits his love for her,
proposing marriage to her. He says that she is inferior and her family embarrassing but he
loves her anyway. Lizzy is highly insulted and rudely refuses him.
The next day, he gives her a letter revealing his innocence in the Wickham
affair, and his reasons for disliking her family. Her feelings are slightly changed, but she
remains unconvinced. That summer, Lizzy travels with the Gardeners to Derbyshire. They
come across Pemberly, Darcy’s city, and upon hearing that no one is there, take a tour of
the grounds and listen to the housekeeper’s praise for her master.
Darcy returns early, and catches them in the yard. He is completely
changed however, and very friendly. Lizzy got stunned. He introduces his sister to Lizzy and
makes every attempt to regain her pardon. Their visit is cut short, however, by news from
Jane that Lydia, the youngest Bennet daughter has run away with Wickham, thoroughly
disgracing the family. Her uncle and father travel to London to look for the couple, while Lizzy
gets home as quickly as possible. Her mother is in hysterics and refuses to leave her room.
Mr. Bennet returns to Longbourn before they leave to the north, where Wickham’s new place
in the military is settled. Lizzy accidentally finds out that it was Darcy who found the couple,
forced them to marry and paid off all of Wickham’s extensive debts. So, she gets
embarrassed and dumbfounded. Her affection for Darcy, however, only grows.
163
Bingley and Darcy eventually return to Netherfield. After a few days, Darcy
is called away to London, and Bingley asks Jane for her hand in marriage. Soon after, Darcy
returns, Lizzy thanks him for his role in helping Lydia and he declares that he is still in love
with her. Although her family is initially shocked, they plan to marry. Both couples marry on
the same day, Lizzy moves with her husband to Pemberly, and the Bingleys buy an estate
nearby.
164
APÊNDICE IV
MODELO DE DEFESA
165
Problematização
A prática de resumo escolar tem sido caracterizada, quase que exclusivamente, como um exercício tradicional, restringindo, assim, sua elaboração a uma atividade de avaliação de compreensão de leitura pelo professor. E como conseqüência negligenciando a importância do gênero face sua finalidade comunicativa e função social.
Hipóteses
1. Uma prática tradicional de elaboração de resumo em contexto escolar pode resultar no apagamento da função autoria e ou apenas comprometer o seu exercício adequado ao gênero em questão. 2. As concepções dos alunos sobre o gênero resumo oriundo do ensino fundamental e médio mescladas àquelas vistas em contexto acadêmico poderão colaborar ou não para o exercício de autoria na elaboração de resumos escolares.
Objetivos da Pesquisa
Objetivo Geral – caracterizar o exercício de autoria na elaboração do resumo escolar, tendo em vista as questões de estilo e a recombinação da textualidade do texto-base.
Objetivos Específicos- Caracterizar o gênero resumo no ensino superior de LE; Discutir pesquisas tanto em L1 quanto em LE sobre o
gênero resumo escolar; Revisar propostas pedagógicas para o ensino do gênero
resumo em L1 e LE; Evidenciar o exercício de autoria na elaboração do resumo
em LE.
166
Pressupostos Teóricos
Noções de Texto e Fatores de Textualidade (Beaugrande & Dressler, 1981; Beaugrande, 2001; Marcuschi, 1983; Guimarães, 1993; Koch & Travaglia 2003).
Capítulo I- Contribuições da Lingüística Textual
Capítulo II-Autor, Autoria & Estilo
I- A constituição do Autor & Autoria
Orlandi (1988;1996) - pensa o seu texto e o assume mediante suas limitações históricas;
Greene (1995)- status ou condição social a partir do principio de intertextualidade e ou possíveis deslocamentos de outros discursos ( o já-dito).
a) Sujeito pensante e responsável pelo dizer.
b) A responsabilidade como interpretação do já-dito.
c) Autoria como essencial à compreensão das manobras discursivas.
Carmagnani (1999) – sujeito que assume a responsabilidade do seu dizer.
167
Pressupostos Teóricos
II-As Concepções de Estilo
Possenti (1993)
Visão psicologizante-expressão do estado de espírito do autor.
Visão sosiologizante-a cosmovisão de uma época.
Visão formalista-a estética da linguagem.
Bakhtin (1997)
Parte da manifestação verbal
Marca individual de caráter de expressividade do sujeito.
Elemento constitutivo da unidade de enunciado de um gênero.
Beaugrande (2001)
Marca única do usuário.
Marca coletiva de vários usuários.
Marcas de ornamentação ou arranjo da mensagem.
168
Pressupostos Teóricos
Capítulo Definindo o Resumo
Kintsch & Van Dijk ( 1978)- manifestação do processo de compreensão textual das microestruturas até as macroestruturas
Sprenger & Charolles (1980) – condensação de idéias.
Brown & Day (1983)- Reconstrução e reelaboração do texto-base.
Platão & Fiorin (1990)- condensação de idéias do texo-base a partir da reconstrução.
Serafini (1992) – reconstrução e reelaboração.
Machado (2001; 2004)- texto sobre outro texto, pertencente a outro autor e não àquele que o resume dentro de um processo de reconstrução, reagrupação, e reorganização do já-dito.
169
Pressupostos Teóricos
Contribuições da Lingüística Textual
Noções de Texto e Fatores de Textualidade discutidas em Beaugrande & Dressler (1981)
A textualidade em Marcuschi (1983)
O texto em Guimarães (1993)
Os fatores de Textualidade em Koch & Travaglia (2003)
Capítulo I
Capítulo II
Autor, Autoria &
A constituição do Autor & Autoria
Orlandi (1988) - pensa o seu texto e o assume mediante suas limitações históricas;
Greene (1995)- status ou condição social a partir do principio de intertextualidade e ou possíveis deslocamentos de outros discursos ( o já-dito).
Pressupostos Teóricos
Capítulo III- As estratégias de Resumir
Kitsch & Van Dijk (1978)
Apagamento de proposições
Substituição & seleção
Construção & Criação
Sprenger & Charolles (1980)
Apagamento de detalhes
Seleção de informação importante
Substituição em função da generalização
Brown & Day (1983) Apagamento
Cópia de segmentos
Seleção & Invenção Machado (2001 ;2004)
Formas de Apagamentos
Exemplos, sinonímia , inferíveis
Reformulação & Conservação
170
Pressupostos Teóricos
O resumo na aula de L1
Estudos em L1 checando o uso do resumo em sala de aula.
O resumo na aula de LE
Cohen ( 1994)- as dificuldades lingüísticas da LE.
Strauch (1998)- passos para resumir.
Ling Shi (2004)- a influência da L1.
Terzi & Kleiman (1985) - A influência da consulta ao texto-base.
Albuquerque (1999)- A influência da escrita de um roteiro na elaboração do resumo.
Dantas da Silva (2004)- A influência do grau de complexidade do texto-base.
171
A natureza e o contexto da pesquisa
Trata-se de uma pesquisa exploratória, de cunho qualitativo. Os
resumos, objeto de análise da pesquisa, foram produzidos no âmbito das
disciplinas de Língua Inglesa VII e VIII, do curso de extensão, oferecido pela
Universidade Federal de Campina Grande, à época, campus II da Universidade
Federal da Paraíba, em 2003.2 .
Como professor da turma, sugeri aos alunos a
leitura simplificada de algumas obras literárias. Dentre a lista
de livros proposta pelos alunos e o acervo que dispúnhamos,
as turmas optaram pela leitura do livro Pride & Prejudice, de
Jane Austen.
Os participantes
Os alunos participantes das duas disciplinas, todos
com cinco anos de estudo de língua inglesa, e oriundos de
cursos diversos daquele campus.Cada turma com cerca de 30
alunos, o que resultou na elaboração de 60 textos-resumo.
Metodologia
172
Procedimentos para a coleta de dados
Pesquisar o contexto histórico da obra; Leitura do livro; Discussão dos capítulos em seis aulas; Leitura da teoria de Strauch (1998) sobre resumo; Resolução de exercícios modelos para elaboração de
resumos; Estabelecendo o público leitor; Elaboração dos resumos;
O corpus e o procedimento de análise dos dados
O corpus da pesquisa consiste em cinco textos-resumo
dentre um total de 60 textos produzidos. A seleção do corpus se deu com base
em uma pré-análise dos resumos elaborados pelas turmas, o que resultou na
seleção de cinco textos denominados de T1 a T5.
A análise foi realizada tendo em vista quatro
categorias para investigação dos resumos e sete critérios para
o exercício de autoria.
173
Investigando o exercício de autoria – Parte I
INVESTIGANDO O RP
Converge o exercício de autoria nas quatro categorias mediante os sete critérios necessários para tal exercício.
Organização de idéias: Recombina a textualidade do texto-base
tendo em vista os fatores de textualidade; Reconstrução intertextual (coerência); Progressão, não-contradição e fim.
As escolhas e a responsabilidade do dizer: Apagamento da personalidade do autor do
resumo; Uso de sintaxe adequada:
Cópia de conectivos do texto-base; Ausência de conectivos de sequenciação.
Emprego do presente histórico; Recorrência: anafórica. Elipses.
As estratégias de resumir: Apagamento em função de:
Generalizações; Reformulação.
Cópia de segmentos.
A concepção de resumo: Reconstrução a partir da recombinação da
textualidade do texto-base; Construção de uma sintaxe adequada ao
gênero; Estilo coletivo; Foco nos pontos relevantes do enredo bem
como nos personagens enquadrados;
174
Analisando T1
Exerce a função autoria inadequada mediante as categorias e os critérios de análise utilizados.
Organização de idéias: Extratextual; Opinião inicial; Contextualização da obra; Síntese do enredo; Desfecho; Opinião final.
As escolhas e a responsabilidade do dizer: Uso de sintaxe inadequada; Emprego de coesão verbal inadequada ao
gênero. Tom persuasivo explicito.
As estratégias de resumir: Uso excessivo de apagamento; Ausência de generalizações e ou
reformulação; Ausência da cópia de segmentos.
A concepção de resumo: Reconstrução a partir da apreciação ao
texto-base; Foco nos protagonistas. Não reflete influência da teoria de Strauch.
175
Analisando T2, T3, T4, T5
Exercem a função autoria adequada mediante as categorias e os critérios de análise utilizados com exceção de um deles.
Organização de idéias: Predominante Intertextual; Contextualização da obra; Síntese do enredo; Desfecho; Uso de detalhes (Só em T2) Maior grau de informatividade em T3 em
relação aos demais resumos.
As escolhas e a responsabilidade do dizer:
INVESTIGANDO OS RESUMOS T2,T3,T4,T5
Emprego de coesão verbal adequada ao gênero: Presente histórico;
Emprego de coesão nominal adequada ao gênero: Anáfora & Elipse;
Uso de sintaxe adequada ao gênero;
Tom persuasivo implícito acarretando o exercício de autoria inadequado ao gênero (Machado ,2001;2004)
176
Continuação
As estratégias de resumir:
Concepção de resumo: Nos resumos em questão converge a concepção de resumo enquanto:
INVESTIGANDO OS RESUMOS T2,T3,T4,T5
Apagamento: T2- sete pontos relevantes do enredo; T3- dois pontos relevantes do enredo; T4-oito pontos relevantes do enredo; T5—três pontos relevantes do enredo.
Cópia: deslocamento p/ reconstrução. T2-condensação; T3-condensação; T4-seleção.
A substituição de Ling Shi: T5- reelaboração:
Parafraseando idéias Combinando Termos Equivalentes
Reconstrução a partir da recombinação da textualidade do texto-base;
Construção de uma sintaxe adequada ao gênero;
Estilo coletivo; Foco nos pontos relevantes do enredo bem
como nos personagens enquadrados;
177
Considerações Finais
Como o aluno de LE no papel de sujeito exerce a função autoria na elaboração de um resumo em LE.
Confirmada a primeira hipótese
Confirmada a segunda hipótese
Objetivo
A influência de Strauch (1998)
Maior influência em T2, T3, T4 e T5.
As categorias e critérios de análise
Quanto às escolhas e responsabilidade do dizer, observou-se o exercício de autoria inadequado nos resumos de T2, T3, T4 e T5.
Hipóteses
Pouca influência em T1
O RP-uns resumos reconstruíram mais pontos que outros, a exemplo de T3 e T1.
Contribuições: Ao ensino do gênero resumo na aula de L1
& LE; Ao estudo do exercício de autoria em sala
de aula.
178