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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ CAMPUS CURITIBA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO: TEORIA E PRÁTICA LUCIANO DE SAMPAIO SOARES O FACEBOOK COMO FERRAMENTA PARA APRENDIZAGEM HÍBRIDA: UM ESTUDO DE CASO EM CURSOS TÉCNICOS DE FOTOGRAFIA CURITIBA 2011

O Facebook como ferramenta para aprendizagem híbrida: um estudo de caso em cursos técnicos de fotografia

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por SOARES, Luciano de Sampaio.This case study aims to investigate the possibility of exploring the free online social network Facebook as a platform for interaction between students and teachers, and as a complement to classroom activities in the technical and professional teaching of Photography by developing practices and operations that fit the tools provided by the online service and reckognizing strong and weak points in it’s use through the blended learning approach. A questionnaire was presented to the students in order to determine the propriety in using Facebook as an educational aid, and it's responses resulted favorable to the use of the platform, while making reservations about teacher's performance and disagreeing with the studied model.Research Interests:

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ CAMPUS CURITIBA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO: TEORIA E PRÁTICA

LUCIANO DE SAMPAIO SOARES

O FACEBOOK COMO FERRAMENTA PARA APRENDIZAGEM HÍBRIDA: UM ESTUDO DE CASO EM CURSOS TÉCNICOS DE FOTOGRAFIA

CURITIBA

2011

LUCIANO SAMPAIO DE SOARES

O FACEBOOK COMO FERRAMENTA PARA APRENDIZAGEM HÍBRIDA: UM ESTUDO DE CASO EM CURSOS TÉCNICOS DE FOTOGRAFIA

Trabalho de Conclusão de Cursos apresentado ao Curso de Especialização em Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação: Teoria e Prática da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como requisito à obtenção do título de especialista. Orientadora: Profa. Msc. Mércia Freire Rocha Cordeiro Machado

CURITIBA

2011

LUCIANO DE SAMPAIO SOARES

O FACEBOOK COMO FERRAMENTA PARA APRENDIZAGEM HÍBRIDA: UM ESTUDO DE CASO EM CURSOS TÉCNICOS DE FOTOGRAFIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Tecnologias

da Informação e Comunicação na Educação: Teoria e Prática da Pontifícia Universidade

Católica do Paraná, como requisito à obtenção do título de especialista.

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof Msc.Mércia Freire Rocha Cordeiro Machado

Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Prof Drª Patrícia Lupion Torres

Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Curitiba, 28 de novembro de 2011

O FACEBOOK COMO FERRAMENTA PARA APRENDIZAGEM HÍBRIDA: UM ESTUDO DE CASO EM CURSOS TÉCNICOS DE FOTOGRAFIA

SOARES, Luciano de Sampaio1

RESUMO Pretende-se neste estudo de caso investigar a possibilidade de utilização de uma ferramenta online livre e gratuita - a rede social Facebook - como plataforma para interação entre educandos e professores, e a complementação das atividades presenciais do ensino técnico-profissionalizante da Fotografia, desenvolvendo práticas e operações cabíveis nas ferramentas oferecidas pelo serviço online e reconhecendo pontos fortes e fracos na utilização da plataforma, pela ótica da aprendizagem híbrida. Para tanto, aplicou-se um questionário aos estudantes envolvidos no estudo para determinar a percepção da propriedade no uso do Facebook, cujas respostas resultaram em opiniões favoráveis à utilização da plataforma, ressalvas quanto à atuação do professor e discordâncias em relação ao modelo utilizado no estudo.

Palavras-chave: aprendizagem híbrida, facebook, educomunicação, ensino de fotografia, educação técnica.

FACEBOOK AS A BLENDED LEARNING TOOL: A CASE STUDY IN TECHNICAL PHOTOGRAPHY COURSES

ABSTRACT This case study aims to investigate the possibility of exploring the free online social network Facebook as a platform for interaction between students and teachers, and as a complement to classroom activities in the technical and professional teaching of Photography by developing practices and operations that fit the tools provided by the online service and reckognizing strong and weak points in it’s use through the blended learning approach. A questionnaire was presented to the students in order to determine the propriety in using Facebook as an educational aid, and it's responses resulted favorable to the use of the platform, while making reservations about teacher's performance and disagreeing with the studied model.

Keywords: blended learning, facebook, educommunication, photography teaching, technical education. 1Professor dos cursos técnicos em Processos Fotográficos e Produção de Áudio e Vídeo do Instituto Federal do Paraná e aluno do curso de especialização TICS na Educação: Teoria e Prática da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Email: [email protected]

1. INTRODUÇÃO

As redes sociais online – categoria de aplicativos conectados da qual o

Facebook faz parte, ao lado de produtos como o Orkut e o Twitter – segundo Boyd &

Ellison (2007) podem ser definidas como “serviços baseados na web que permitem ao usuário construir um perfil público ou semi-público dentro de parâmetros específicos, articular uma lista de outros usuários com quem compartilham conexões e conteúdos e podem visualizar essa rede de contatos e ultrapassá-la para explorar as conexões feitas por outros usuários, presentes ou não na sua própria lista de contatos”.

Além dessa característica pessoal das redes sociais, essas plataformas também

influenciam a comunicação de larga escala, no que LIMA (In: BRAMBILLA, 2011: p.

24) considera como o componente conectado de um novo ecossistema midiático que

apresenta, em relação a outros meios de comunicação, características menos

hierarquizadas e maior possibilidade de estabelecimento de relações diferenciadas

entre emissor e consumidor das mensagens. Para Primo (2007) esses novos canais “favorecem a interação ao perverterem o trânsito estabelecido pela Teoria da Informação (emissor à mensagem à meio à receptor) para corresponder à capacidade do consumidor da informação de reagir e demonstrar esta reação, tornando-se então interagente da mensagem (emissor à mensagem à meio à interagente)”.

Essa alteração da direção da comunicação como um todo permitem extrapolar

que, assim como os novos paradigmas educacionais diversas vezes mencionados por

Behrens (2010) sugerem uma nova postura do professor em sala, o ambiente social

oferecido pelas mídias sociais pode influenciar também na escolha do veículo de

transmissão e análise dos conteúdos ofertados em sala de aula.

Partindo do pressuposto levantado por Boyd & Ellison (2007) de que as redes

sociais online permitem que - além de levar relações sociais presenciais para a internet

- indivíduos produzam conteúdo de forma colaborativa, facilitem a criação – mesmo

que exclusivamente conectada – de novas relações e também reduzem o

distanciamento hierárquico, é possível estabelecer um paralelo entre essas

características e alguns pressupostos levantados por Behrens (2010) a respeito do

paradigma emergente da educação, como a horizontalidade das relações educador-

educando, a inserção do estudante em contato com realidades diversas através de

socialização e, principalmente, a colaboração na construção do conhecimento.

Como menciona Carvalho (2011, p. 37), além da estrutura física e tecnológica

característica das redes sociais online, deve-se também mencionar que as plataformas

por si mesmas não passam de espaço disponível em artefatos, discos rígidos e

servidores, que dependem da intervenção e atuação humana para se caracterizarem

como sociais. A conexão à internet e a estrutura de transmissão de dados – móvel ou

estacionária – é apenas um dos pontos necessários para a construção desse ambiente

tão propício para o fazer pedagógico.

Porém, assim que a presença humana é estabelecida, resta entender de que

maneira a utilização da estrutura computacional pode ser utilizada visando a educação.

Em entrevista sobre o lançamento de seu livro "Tales from Facebook"2, o antropólogo

Daniel Miller discorre sobre a real função das redes sociais online, e a define como

sendo "aquilo que as pessoas fazem dela" (MILLER, 2011).

Dentro do universo dos aplicativos de redes sociais online em uso, a escolha

pelo Facebook como plataforma para este estudo se deu principalmente pela variedade

de ferramentas concentrada pelo site americano, que permitem um grau de interação

variado. No entanto, segundo Primo (2003, p. 98), "de forma alguma se pretende aqui negar que as redes informáticas possam mediar interações cujas características são aquelas da comunicação interpessoal. Ou seja, não se pode discordar da mediação tecnológica das chamadas interações “um-um” (através do e-mail e mensageiros instantâneos, por exemplo) e “todos-todos” (como nas listas de discussão)".

Ou seja, uma vez que o Facebook concentra em sua estrutura ferramentas que

permitem a troca de informação e experiência como o mensageiro instantâneo, os

grupos fechados – que fazem as vezes das listas de discussão mencionadas na

citação acima – e também álbuns de fotografia e sistemas para troca de endereços de

internet e arquivos, a plataforma reúne em um sistema apenas todas as facilidades

necessárias para a formação daquilo que Carvalho (2011, p. 28) define, a partir de

diversos autores, como comunidade virtual, um espaço online em que pessoas com

interesses afins (no caso deste estudo, o aprendizado da teoria, arte e técnica 2"Contos do Facebook" [Tradução do Autor. Título em português ainda não disponível.]

fotográfica) se reúnem no intuito de buscar o "que pode vir a ser", que no contexto

deste trabalho pode ser entendido como a procura pelo conhecimento que será

construído a partir da interação entre estudantes e professores com explicitado pelo

paradigma emergente de Behrens (2010, p. 84), "a metodologia do ensino com pesquisa assenta-se na busca pela produção do conhecimento pelos alunos e pelos professores, com autonomia, com criticidade e com criatividade. [...] O desafio é ultrapassar o ensino livresco e conservador que se restringe a aulas expositivas com a finalidade de reprodução do conhecimento e a pesquisa copiada, restritiva e acrítica, que tem acompanhado o processo pedagógico em todos os níveis".

Essa abordagem, caracterizada principalmente pelo compartilhamento de

opiniões e críticas sobre os resultados das atividades desenvolvidas pelos próprios

estudantes, oferece à perspectiva do aprendizado híbrido uma gama de opções para a

exploração dos conteúdos, uma vez que referências, links e outras fontes de

informação disponíveis na internet devem ser utilizadas como base teórica para o

desenvolvimento da criticidade e da prática que complementará a experiência

educacional, atendendo à opinião de Freire (2009, p.78) de que é através do diálogo,

ou seja, da troca de informação e experiências que o educando efetivamente aprende.

A proposta maior deste trabalho é descobrir se é possível realizar a apropriação

educacional da rede social online Facebook, um ambiente online livre e de uso

cotidiano pelos estudantes, normalmente utilizada principalmente para a interação com

relações alheias à academia, analisando a utilização de algumas das ferramentas

disponíveis da plataforma à luz das teorias pedagógicas envolvidas com o blended

learning ou aprendizagem híbrida (LOUREIRO, 2007), por turmas dos cursos técnicos

em Processos Fotográficos do Instituto Federal do Paraná.

O interesse principal na pesquisa é proveniente da relativa facilidade de acesso

à esta rede social por parte dos estudantes e também da capacidade de apropriação

de conteúdo proveniente de diversas ferramentas online que podem, a partir da

integração com o grupo fechado da turma no Facebook, suscitar discussões mais

aprofundadas a respeito dos tópicos abordados nas disciplinas componentes do

currículo do curso técnico que, espera-se, possa servir de modelo para a utilização das

mesmas técnicas – após adequação – em outras matérias e cursos existentes na rede

federal de ensino técnico profissionalizante brasileira.

2. A EXPERIÊNCIA HÍBRIDA

O blended learning, segundo Köse (2010) pode ser atualmente definido como o

aprendizado que se utiliza de etapas presenciais complementadas por diferentes

atividades online, permitindo ao professor combinar, em um mesmo curso, as

vantagens particulares a cada uma das modalidades utilizadas. Porém, como ressaltam

Stacey & Gerbic (2008), desafios e dificuldades são parte integrante de qualquer

iniciativa envolvendo a aliança entre aprendizado presencial e online.

Ainda de acordo com Stacey & Gerbic (2008), alguns fatores são determinantes

para o sucesso de iniciativas de blended learning, como o comprometimento

institucional, a formação continuada do professor envolvido no processo e a maturidade

dos alunos que participarão do curso sendo alguns dos principais.

Tradicionalmente, cursos utilizando metodologias de blended learning fazem uso

de aplicações especificamente projetadas para o ensino à distância: Ambientes Virtuais

de Aprendizagem (AVAs), Learning Management Systems (LMSs) ou outros softwares

educacionais (KÖSE, 2010). Por outro lado, a chamada web 2.0 – ou a web social –

conta com grande número de ferramentas que podem substituir ou complementar

essas ferramentas específicas.

1.2. Facebook versus AVAs

A escolha pelo Facebook, em detrimento dos AVAs e LMSs normalmente

utilizados, como acessório pedagógico é suportada por Kulmala & Stanton (2009, p. 34-

41), onde os autores narram a utilização de uma rede social online na plataforma Ning

– que compartilha algumas ferramentas com o Facebook, como fóruns e espaço para

publicação de imagens e outros tipos de arquivos – complementada pela opinião do

autor deste projeto de que uma rede social com as características do Facebook é um

ambiente favorável para a manutenção e desenvolvimento da interação criada

artificialmente pela organização dos estudantes em turmas heterogêneas nos cursos

técnicos da rede pública federal brasileira.

1.2.1. As ferramentas do Facebook

Apesar de mencionadas rapidamente no texto introdutório, as ferramentas

disponíveis na plataforma do Facebook que foram exploradas durante este estudo

serão expandidas nesta seção, utilizando principalmente as definições disponíveis na

própria plataforma, através de sua Central de Ajuda disponível em

http://www.facebook.com/help/, de onde foram extraídas todas as citações não

especificadas desta seção. Além da explanação sobre as ferramentas, as sub-seções a

seguir também exploram como cada ferramenta foi utilizada no decorrer deste estudo

de caso.

2.2.1.1 Grupos

Os grupos "são círculos fechados de pessoas que compartilham e mantém

contato no Facebook", e contam com várias configurações que permitem a manutenção

e gerenciamento desse contato e do compartilhamento possível na sua interface.

É dentro dos grupos que a maior parte da interação estudante-estudante e

professor-estudante aconteceu no decorrer do estudo, em um sistema similar a um

fórum de discussões online como os disponíveis em outras plataformas como o Ning e

a maioria dos AVAs existentes.

A natureza das publicações originadas pelo professor variou entre a informação

sobre trabalhos, comentários e críticas a respeito do desempenho geral da turma na

disciplina, recados e alertas sobre materiais e conhecimentos, sugestões de leitura e

convites à discussão de temas relacionados às disciplinas envolvidas no estudo.

Por parte do corpo discente os tópicos gerados abordavam trabalhos, dúvidas

sobre conteúdos, sugestões de leituras e links interessantes relacionados ao curso,

além de respostas e discussões espontâneas entre os estudantes.

Uma das preocupações frequentes em relação às redes sociais online diz

respeito à privacidade dos usuários, e o grupo utilizado para este trabalho contou com

as ferramentas do próprio Facebook para garantir que as atividades desempenhadas

no ambiente ficassem restritas aos estudantes e professores envolvidos. Entre as

opções de privacidade disponíveis estão os grupos Abertos – onde "todos no Facebook

podem ver e participar do grupo" – Fechados – em que "todos no Facebook podem ver

o nome e os membros do grupo, mas apenas os membros podem ver o conteúdo no

grupo." – e Secretos – que "não podem ser encontrados em buscas e as pessoas que

não são membros não podem ver nada sobre o grupo, incluindo o nome e a lista de

membros".

Para permitir que os estudantes acessassem o grupo sem depender de convite

– mas sujeitos à aprovação – do professor, optou-se por utilizar o padrão Fechado de

privacidade. Essa escolha pode ser considerada análoga à feita por Köse (2010),

Arnold & Paulus (2010) e outro autores que optaram em seus trabalhos por utilizar

outras plataformas – como o Ning – que também permitem o acesso à comunidade

online somente após autorização de um responsável.

Uma das principais características do grupo – independente de seu nível de

privacidade, mas podendo ser configurada pelos usuários individuais – é o serviço de

notificações, que alerta aos membros do grupo sobre publicações de qualquer natureza

feitas no grupo. Devido às notificações como mostra a figura 1, é possível acompanhar

o ritmo de publicação de novas mensagens ou de respostas à mensagens existentes

no grupo, facilitando assim a interação ágil – síncrona e assíncrona – característica das

redes sociais online (RECUERO in BRAMBILLA, 2011 p.15).

Figura 1 – Notificações de atualização nos grupos permite respostas rápidas a diversas necessidades

dos estudantes. Fonte: o autor, 2011.

Ainda dentro dos grupos, a opção Documentos (figura 2) (ou Docs) foi utilizada

como forma de manutenção de conteúdos de acesso frequente. Como o mural do

Grupo apresenta alta rotatividade – devido à interação frequente entre os estudantes –

algumas publicações importantes e de consulta contínua foram transformadas em

documentos de texto, com acesso fácil e constante a partir da lateral direita da página

inicial do grupo, diminuindo a necessidade de buscas por postagens antigas.

Figura 2 - Visão parcial de um documento com listas de grupos de trabalho

Fonte: o autor, 2011.

2.2.1.2. Álbuns de fotografia

Os álbuns de imagens existem em duas situações diferentes no Facebook. O

primeiro tipo, praticamente não utilizado neste estudo, é composto por álbuns pessoais,

disponíveis nos perfis dos usuários da rede social. Os álbuns mais utilizados são

aqueles criados dentro do grupo, e nesta pesquisa (figura 3) essas ferramentas foram

exploradas como forma de entrega de trabalhos semanais – partes da avaliação

continuada das disciplinas envolvidas no trabalho – chamados "desafios".

Figura 3 - Álbum com fotografias dos alunos, atendendo a um dos desafios.

Fonte: o autor, 2011.

Cada desafio foi passado para os alunos durante o horário de aula presencial,

com dúvidas e maiores explicações a respeito dos critérios envolvidos sendo

publicados no fórum do grupo. As imagens resultantes de cada desafio foram

publicadas pelos estudantes em um álbum específico para cada trabalho (figura 4) e

permitem a inserção de comentários e críticas em uma visualização específica das

imagens. A parte conceitual da avaliação – em termos de criatividade, resultados

esperados e outras menções – foi feita pelo professor nas próprias imagens publicadas

pelos discentes, dentro de cada álbum, para que possam ser acessadas pelos

estudantes a qualquer momento.

Figura 4 - Foto publicada em um desafio, com comentários de colegas

Fonte: o autor, 2011.

Os estudantes também participaram comentando e criticando a produção

fotográfica dos seus colegas, uma vez que todas as publicações são visíveis aos

membros do grupo. Essa possibilidade gerou – em alguns casos – discussões mais

aprofundadas a respeito do processo criativo e da produção das imagens, indício da

possibilidade de interação e construção de conhecimento pelos acadêmicos dentro da

plataforma do Facebook.

A utilização dos álbuns como meio de entrega de trabalhos avaliativos encontrou

alguma resistência por parte dos estudantes, devido principalmente ao receio do

julgamento dos pares, como será discutido em detalhes posteriormente.

2.2.1.2. Mensageiro instantâneo (chat) e mensagens privadas A utilização do mensageiro instantâneo dentro do Facebook – diretamente pelo

site, ou utilizando as ferramentas de terceiros disponíveis online – dentro do propósito

deste estudo se resumiu ao atendimento individual aos estudantes, sanando dúvidas

sobre as disciplinas e atividades a serem desenvolvidas. Nos momentos em que o

professor se encontrou online, havia a permissão implícita para que os alunos

utilizassem a ferramenta para o contato conforme representado na figura 5.

Figura 5 - Dúvidas respondidas por mensagens privadas e chat

Fonte: o autor, 2011.

Da mesma maneira, as mensagens privadas – uma extensão assíncrona do

mensageiro instantâneo, em termos de funcionamento, já que utilizam as mesmas

janelas e métodos no Facebook – também se converteram em uma alternativa viável

ao email para comunicação mais extensa e detalhada entre professor e estudantes.

Vale ressaltar que, ainda assim, alguns educandos preferem enviar mensagens mais

complexas, principalmente relacionadas à dúvidas sobre processos longos de criação

ou utilização de softwares gráficos, por exemplo, por correio eletrônico.

2.2.1.3. Perfil público O perfil público criado por cada usuário no início da utilização do Facebook foi

utilizado de forma exploratória e permitiu a todos os participantes um panorama mais

amplo a respeito da personalidade, gostos e repertório de cada um. Na discussão de

resultados, ficará evidenciada a maior integração social entre os estudantes, tanto

entre si quanto com o professor, graças à essa possibilidade.

1.2.1.4. Mural de recados

Esta ferramenta permite que usuários conectados ("amigos", na linguagem do

Facebook) possam trocar mensagens publicamente. Não foi uma ferramenta explorada

a fundo durante este estudo justamente pela necessidade de privacidade nas

comunicações entre professor e estudantes. Ainda assim, a comunicação pelo Mural

(figura 6) acontece de forma rotineira entre os acadêmicos, porém mais voltada às

atividades extracurriculares, uma vez que comunicações pertinentes às disciplinas

envolvidas nesta pesquisa – e frequentemente outras disciplinas alheias ao escopo do

estudo – foram conduzidas no mural do Grupo.

Figura 6 - Mural do Grupo no Facebook, com publicações de estudantes. Fonte: o autor, 2011.

2.2.2 Outras Ferramentas Utilizadas Apesar do grande número de ferramentas disponíveis no Facebook, algumas

atividades exigiram a utilização de outras ferramentas mais específicas, devido a

algumas limitações. Entre elas, duas tiveram maior destaque: o Dropbox e o Google

Docs.

O serviço de armazenagem e compartilhamento de arquivos Dropbox

(encontrado no endereço <http://www.dropbox.com>) oferece – gratuitamente – espaço

para a guarda de qualquer tipo de arquivo em um servidor remoto que pode ser

acessado de qualquer computador conectado à internet (através de um navegador

comum), além de ter opções de aplicativos para dispositivos móveis como smartphones

e tablets Android e iOS. No contexto deste trabalho, o serviço foi utilizado para o

recebimento de trabalhos que, devido à fatores como formato de arquivo ou tamanho

em megabytes (Mb), não poderiam ser disponibilizados usando os álbuns do

Facebook.

Já o Google Docs <http://docs.google.com/> serviu principalmente como suporte

para a obtenção de respostas ao questionário que pauta esta pesquisa, além de servir

como recurso de organização da disciplina através de planilhas de controle de notas e

presença da turma participante.

Este projeto pretende, então, abordar as formas com que uma rede social online,

o Facebook – nascido em uma universidade, porém não voltado diretamente para a

utilização pedagógica – pode se tornar uma plataforma apropriada para o

desenvolvimento da etapa virtual de um curso com características de blended learning.

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

Como mencionado anteriormente, este estudo de caso conta com a participação

de estudantes do curso técnico em Processos Fotográficos do Instituto Federal do

Paraná. Estes aprendentes estão divididos em dois grupos bastante distintos, uma vez

que a instituição oferece o curso em duas modalidades: Integrado – consistindo no

curso técnico aliado ao ensino médio regular – e Subsequente, de nível pós-médio.

Para fins deste estudo, apenas a turma do curso Integrado foi considerada, devido à

menor disponibilidade da turma do curso Subsequente para desempenhar as

atividades no Facebook.

Em termos de números, os estudantes contam 38 participantes neste trabalho.

Para fins desta pesquisa, todos os estudantes foram convidados a responder – próximo

ao fim do semestre – uma pesquisa de opinião a respeito do desenvolvimento das

atividades através do Facebook. Esse questionário pode ser encontrado nos anexos do

estudo de caso, e pretendeu descobrir a opinião e percepção dos aprendentes sobre o

uso da plataforma online, um dos objetivos secundários deste projeto.

Dos 38 participantes, apenas 31 completaram o questionário aplicado utilizando

a ferramenta online Google Docs, e a discussão de resultados que segue pelas

próximas seções deste trabalho são baseadas principalmente nas respostas obtidas

dessa forma, ainda que contem também com um componente resultante da percepção

do autor através da experiência e pautado na bibliografia disponível sobre o tema.

Da parte docente, foram utilizadas nesta pesquisa as disciplinas de Teoria das

Cores, Equipamentos Fotográficos e Laboratório de Criatividade, todas de

responsabilidade do autor no semestre considerado.

Para determinar o sucesso da utilização do Facebook como plataforma de

aprendizagem híbrida utilizou-se como metodologia um questionário aplicado aos

estudantes durante os últimos meses de aula do ano letivo correspondente. Tal

questionário – que pode ser encontrado no ANEXO I – abordou principalmente

questões referentes à visão dos alunos sobre o desenvolvimento das atividades por

meio da plataforma online, os desempenhos da turma e do professor no decorrer do

período pesquisado e também a percepção objetiva sobre a propriedade do Facebook

como acessório ao aprendizado presencial. O questionário foi dividido em duas seções principais, com a primeira abordando

a identificação dos estudantes e a utilização pessoal das ferramentas do Facebook fora

do contexto educacional e a segunda seção tratando especificamente do interesse

deste estudo. Ao todo foram obtidas 31 respostas de um total de 38 alunos, com idades

variando entre 14 e 16 anos de idade.

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para entender melhor como os estudantes exploram o Facebook fora do escopo

deste estudo, foram apresentadas 4 questões referentes ao modo e à finalidade de

acesso à plataforma. A primeira questão – sobre o local de onde se acessa o Facebook – apresentou

100% de respostas "Casa", resultado este esperado dada a rotina comum à idade, que

circula principalmente entre casa e escola, sendo que neste segundo ambiente o

acesso à rede social online é limitado principalmente pelos professores durante as

aulas, conforme gráfico 1.

Gráfico 1 – Local de acesso

Fonte: o autor, 2011.

As questões seguintes buscaram, entender o nível de envolvimento dos

estudantes com a plataforma Facebook através do tempo de utilização (semanal) da

rede, as ferramentas mais utilizadas e também as razões que fazem os estudantes

manterem-se conectados através da plataforma estudada.

Gráfico 2 – Tempo semanal de acesso

Fonte: o autor, 2011.

De acordo com o gráfico 2, onze estudantes (35% do total de respondentes)

revelaram passar entre 1 e 5 horas conectados à rede a cada semana, enquanto 23%

dos respondentes (sete indivíduos) admitiram passar de 5 a 10 horas semanais

utilizando a ferramenta. A mesma porcentagem de estudantes afirmou passar mais de

10 horas semanais no Facebook. O menor percentual de respostas foi o daqueles que

passam menos de 1 hora semanal na plataforma, somando 19% dos participantes.

Quando inquiridos pessoalmente a respeito desta afirmação, os estudantes que

compõem este grupo minoritário afirmaram que o principal uso que fazem do Facebook

é exatamente o descrito neste trabalho, incluindo um caso especial, em que o

estudante criou seu perfil na rede social online exclusivamente para participar da

pesquisa.

Em termos de ferramentas e serviços disponíveis na plataforma, de acordo com

o gráfico 3, o Mural foi o mais utilizado, uma vez que 26 participantes (84%) admitem

utilizar a funcionalidade com frequência. De forma semelhante, os Grupos – incluído aí

o Grupo utilizado neste estudo – contaram com 22 respostas positivas em utilização,

somando 71% dos participantes como usuários frequentes do recurso. As Listas foram

a única funcionalidade com utilização 0 entre os participantes, fato provavelmente

derivado de seu lançamento relativamente recente e do seu caráter muito semelhante

ao Mural de recados e ainda assim restritivo em termos de publicações concomitantes

disponíveis.

Gráfico 3 – Uso de ferramentas

Fonte: o autor, 2011.

A última questão relacionada ao uso pessoal do Facebook se refere às

atividades desempenhadas no ambiente online, além daquelas propostas pelo

professor. Fotos, vídeos e outros produtos multimídia – aquilo que LIMA (In:

BRAMBILLA, 2011, p.24) considera como a parcela digital do "novo ecossistema

midiático" – compõem o conteúdo mais consumido pelos estudantes (90% das

respostas positivas), seguidos pela navegação pelos diversos links publicados por

amigos, colegas e parentes (77%) e pela manutenção da rede de contatos presenciais

(74%). Estes dados permitem um entendimento melhor da utilização do Facebook

pelos estudantes quando aliados aos números apresentados no parágrafo anterior,

uma vez que boa parte desses conteúdos – imagens, vídeos e links para outros sites –

são rotineiramente publicados nos murais de recados dos diversos perfis.

Gráfico 4 – Motivos para o acesso

Fonte: o autor, 2011.

A segunda parte do questionário apresentado aos participantes da pesquisa

refere-se à percepção dos estudantes sobre a utilização do Facebook como

complemento às aulas presenciais, sobre o desempenho da turma e do professor no

decorrer do estudo e também a respeito do modelo definido para esse uso, conforme

representado. Como ponte entre as duas seções do questionário, iniciou-se a

investigação sobre o uso pedagógico da plataforma tentando descobrir até que ponto

os estudantes estavam dispostos a utilizar a rede social online como ferramenta

educacional. E acordo com o gráfico 5 mais da metade dos participantes (64%)

discordou (parcial ou totalmente) da afirmação "Preferia manter meu perfil no Facebook

apenas para uso pessoal, sem colocar coisas de escola" apresentada nesta questão,

evidenciando assim uma receptividade favorável à utilização da plataforma, enquanto

apenas 6% das respostas concordaram com o distanciamento entre atividades

educacionais e rede social online. Para 29% dos participantes, a utilização do

Facebook como apoio às aulas é indiferente em termos de preferência pessoal.

Gráfico 5 – Preferência pelo uso pessoal do Facebook

Fonte: o autor, 2011.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, e buscando confirmar os resultados da

afirmação anterior, questionou-se o interesse individual pela utilização do Facebook

como ferramenta didático-pedagógica no curso estudado. A essa afirmação (gráfico 6)

apenas 3% dos participantes exibiu algum tipo de discordância, enquanto 6%

mantiveram-se indiferentes. A grande maioria – 27 respostas, ou 88% do total –

mostrou-se interessada na possibilidade, porém destes apenas 7 indivíduos não

evidenciaram qualquer restrição à prática.

Gráfico 6 – Interesse na possibilidade de uso educacional do Facebook

Fonte: o autor, 2011.

Compreendida a vontade e o interesse dos estudantes em utilizar a plataforma

também no intuito educacional, o questionário passa então a abordar questões

referentes ao modelo escolhido para este estudo. Essa análise começa com a questão

da liberdade individual dentro do Grupo, tentando descobrir o envolvimento que a

ausência de moderação sobre as publicações por parte do professor permite aos

estudantes. De acordo com o gráfico 7 apenas 2 (6%) participantes se mostraram

desconfortáveis com essa ausência, enquanto 74% das respostas mostrou um grau de

satisfação pleno ou próximo a isso em relação à essa liberdade. Menos de 20% dos

estudantes consideram esse um fator indiferente à prática desempenhada.

Gráfico 7 – Publicação independente de aprovação prévia pelo professor

Fonte: o autor, 2011.

A sequência da exploração do modelo contou com uma questão referente à

própria escolha do Facebook como plataforma (gráfico 8), para a qual 52% dos

participantes declarou ser indiferente se outras ferramentas disponíveis na rede seriam

mais apropriadas para este estudo. Ao mesmo tempo, 45% dos estudantes declararam

concordância com a escolha e apenas 1 respondente afirmou existirem plataformas

mais indicadas para a utilização no aprendizado híbrido, mencionando a possibilidade

de exploração de um blog específico e de acesso restrito à turma como alternativa

viável.

Gráfico 8 – Alternativas à utilização do Facebook

Fonte: o autor, 2011.

Ao iniciar os questionamentos a respeito dos conteúdos disponíveis e/ou

publicados pelo grupo envolvido na pesquisa – professor e estudantes – no Facebook,

buscou-se identificar se a variedade de possibilidades oferecida pela plataforma

poderia se tornar um empecilho ao aprendizado. Novamente segundo gráfico 9, apenas

1 participante concordou com a afirmação de que a rede social acabou se tornando

uma distração durante o período da pesquisa, enquanto 78% das respostas indicam

que, mesmo com o grande número de publicações alheias ao Grupo e à intenção

educacional, a rede não atrapalhou o desempenho das atividades sugeridas pelo

modelo utilizado. Apenas 19% dos participantes declararam indiferença em relação ao

assunto.

Gráfico 9 – Distração durante o acesso ao conteúdo educacional

Fonte: o autor, 2011.

Quando inquiridos a respeito da utilização dos conteúdos que poderiam ser

publicados no Facebook – fotos, vídeos, links e textos, principalmente – e a

possibilidade de utilizá-los como apoio ao aprendizado (gráfico 10), 78% dos

estudantes concordam que esses materiais auxiliam no entendimento das disciplinas.

Ainda assim, 19% dos estudantes sentiram-se indiferentes à essa facilitação e 1

indivíduo discordou parcialmente dessa possibilidade.

Gráfico 10 – Importância e validade de conteúdos publicados

Fonte: o autor, 2011.

Sendo uma rede social online, é natural esperar que interações ocorridas pelo

Facebook estimulem e melhorem o desempenho social dos seus usuários. Para

averiguar se isso se aplica também em contexto educacional, questionou-se se a

utilização da plataforma poderia aprimorar o relacionamento entre os estudantes, tanto

online quanto presencialmente. Conforme gráfico 11, 64% dos participantes

concordaram com tal afirmação, enquanto quase 30% das respostas foram

indiferentes. Apenas 1 indivíduo (3%) se mostrou discordante dessa possibilidade, já

que acredita que a interação online não necessariamente se refletirá em alterações no

relacionamento presencial com alguns colegas.

Gráfico 11 – Favorecimento à interação social entre os estudantes

Fonte: o autor, 2011.

Questionados sobre a possibilidade de conhecer melhor o docente, e a

importância disso para a interação entre a turma e o professor (gráfico 12), 74% dos

participantes concordou que o Facebook permite um melhor entrosamento entre as

duas partes da dinâmica de sala de aula. 13% dos estudantes, entretanto, discordaram

da afirmação, principalmente quanto à sugestão de interação facilitada entre a turma e

o docente mencionada no enunciado. Outros 13% dos estudantes mostrou-se

indiferente à essa situação, não notando diferença no relacionamento estudante-

professor a partir da utilização da rede social online.

Gráfico 12 – Identificação e proximidade social com o professor

Fonte: o autor, 2011.

A motivação dos alunos para a utilização do Facebook em contexto educacional

foi uma das principais preocupações deste projeto. Além de desenvolver atividades e

discussões no Grupo, menções constantes ao Mural coletivo e a links e textos

publicados fizeram parte das iniciativas relativas a essa situação. A percepção dos

estudantes sobre a vontade em utilizar a ferramenta por parte dos colegas foi medida

no questionário, e 41% dos participantes acreditam que – independente da própria

intenção – a turma participaria ativamente das discussões e atividades na plataforma,

enquanto 32% se mostram indiferentes à postura dos colegas. De acordo com o gráfico

13, o fator preocupante desta questão são os 26% de respostas que acreditam que a

maioria dos seus pares não pretende fazer uso do Facebook de acordo com o modelo,

o que poderia desmotivar os estudantes a participar efetivamente do processo.

Gráfico 13 – Percepção da participação dos colegas

Fonte: o autor, 2011.

A avaliação é parte integral do processo educacional, e 55% dos estudantes

mostraram-se favoráveis à inclusão das atividades realizadas no Facebook como parte

da composição dos conceitos das disciplinas, enquanto 16% rejeitaram a sugestão.

Para 29% dos participantes, a utilização ou não das atividades online como parte da

avaliação foi indiferente de acordo com o gráfico 14.

Gráfico 14 – Utilização das atividades como parte da avaliação das disciplinas

Fonte: o autor, 2011.

O papel do professor no modelo utilizado foi principalmente de mediador e

gestor das atividades desempenhadas dentro do Grupo (gráfico 15), e 78% dos

estudantes acreditam que ele deveria ter se mostrado mais ativo, principalmente na

publicação de mais material relacionado às disciplinas. Apenas 3% dos estudantes

mostraram-se satisfeitos com a atuação do docente, enquanto que para 19% deles o

professor agiu de forma suficiente, porém sem grandes destaques.

Gráfico 15 – Papel do professor no grupo

Fonte: o autor, 2011.

No gráfico 16, 42% de respostas indiferentes, e a divisão precisa em 29% de

concordâncias e discordâncias (sendo que apenas 3% discordam ou concordam

totalmente), não se pode afirmar que a possibilidade de se utilizar o Grupo no

Facebook apenas como mural interno – mais voltado para a comunicação e para

avisos a respeito de disciplinas, provas e trabalhos – do que como artefato

complementar às disciplinas é mais indicada do que a utilização específica para o

desempenho de trabalhos e outras atividades relacionadas ao processo educacional

realizada durante esta pesquisa.

Gráfico 16 – Uso genérico do grupo em relação ao curso

Fonte: o autor, 2011

A possibilidade de entregar trabalhos no Grupo (gráfico 17), especificamente nos

álbuns de fotografias, é uma das principais vantagens encontradas pelos alunos na

utilização do Facebook no âmbito educacional. 90% dos estudantes corroboram essa

característica, que diminui custos e amplia os prazos disponíveis para a entrega,

fazendo com que as avaliações sejam mais completas.

Gráfico 17 – Entrega de trabalhos através dos álbuns de fotografias do grupo Fonte: o autor, 2011

Ainda assim, um estudante (3%) declarou seu desconforto a respeito dessa

prática da seguinte forma: "Para mim a resposta é: depende. Todos da turma tem Facebook e todos tem a oportunidade de postar lá etc e tal, mas minha opinião particular é de que, às vezes, por achar que um trabalho meu ficou meio ruim demais, eu me sinto com um pouco de vergonha de postar aqui e saber que todos tem acesso à isso. Em certos casos, eu preferiria te mandar minha foto por e-mail ou de algum outro modo, de maneira com quem você e só você veja e possa opinar. Essa "exposição" demasiada entre meus colegas de turma me deixa um pouco... constrangida, em alguns casos"( G.,14 anos, em entrevista para este estudo).

Além de permitir que docente e alunos se conheçam melhor – graças ao acesso

às publicações e informações compartilhadas em Murais e nos Perfis públicos –, o

Facebook conta com diversas ferramentas que permitem interação síncrona e

assíncrona entre os dois grupos.

Gráfico 18 – Acesso ao professor pelas ferramentas do Facebook

Fonte: o autor, 2011

Para 77% dos participantes deste estudo (gráfico 18), essa possibilidade de

contato direto é uma das grandes vantagens da utilização da rede social online como

acessório à sala de aula, uma vez que o esclarecimento de dúvidas ou o

compartilhamento de informações acerca das disciplinas e conteúdos podem ser

obtidos de forma rápida e – muitas vezes – mais prática do que em momentos

reservados para atendimento ao estudante no ambiente escolar. Ainda assim, para

13% dos participantes são indiferentes à possibilidade e 10% dos estudantes

discordam de certos aspectos dessa possibilidade, como a espera significativa durante

os fins de semana, quando o docente não está necessariamente online, e também com

respostas nunca enviadas graças à grande quantidade de mensagens enviadas por

estudantes em datas próximas à entrega de trabalhos, por exemplo.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como um primeiro esforço, este trabalho evidenciou que existe potencial para a

exploração do Facebook não apenas como facilitador da interação social entre

estudantes e professores, mas também como plataforma para expandir o processo

educacional também para o ambiente online.

Apesar de a amostra estatística ser relativamente pequena – fato complicado

pela não participação de alguns dos estudantes inicialmente envolvidos no projeto –

acredita-se que este estudo de caso demonstra possibilidades de utilização das

ferramentas inclusas na rede social online como acessórios pedagógicos, e tal situação

pode ser extrapolada para outras realidades a partir da experiência relatada neste

material, da mesma forma que Arnold & Paulus (2010, p.195) recomendam com seus

achados a respeito do uso de outra plataforma de redes sociais para aprendizado

híbrido.

Entre os vários fatores considerados no questionário que norteou o estudo, a

aceitação da utilização do Facebook por parte dos estudantes é digno de nota, já que

evidencia assim a disposição em utilizar uma ferramenta tradicionalmente voltada à

recreação também com propósito educativo. Porém a participação efetiva dos

estudantes no grupo precisa ser explorada mais a fundo, em especial aquilo que

Dennes (2008, In: Arnold & Paulus, 2010, p.194) chama de lurking# pedagógico, já que

as várias atividades sugeridas pelo docente nem sempre contaram com participação

maciça da turma.

Entre as hipóteses levantadas neste trabalho para esta discrepância entre

aceitação e participação discente estão a falta de costume para a utilização didática da

rede social online e a falta de controle do estudante sobre o próprio uso da tecnologia

(em alguns casos, participantes foram privados da participação em atividades online

como punição familiar devido à alguma conduta inapropriada fora da escola, por

exemplo), e tal achado combina marginalmente com o estudo dos riscos do

aprendizado híbrido conduzida por Holley (2010, p. 699).

Outro motivo que também pode influenciar na participação, e que foi

mencionado no questionário da pesquisa é a atuação do professor no grupo. O modelo

determinado para este estudo pressupunha uma maior participação do estudante sem

a necessidade de intervenção frequente do professor, a partir dos conteúdos

trabalhados em sala e dos trabalhos e projetos desenvolvidos exclusivamente no

Facebook, entretanto a prática docente deve ser reavaliada e um novo escopo de

mediação instalado para incrementar a interação efetiva dos participantes.

Intervenções e publicações mais frequentes e detalhadas, com conteúdos

complementares ou relacionados às aulas fazem parte das iniciativas a serem tomadas

em um próximo passo deste estudo, são sugestões baseadas nos estudos de Köse

(2010, p.2801) e alinhadas com os dados encontrados por Yilmaz & Orhan (2010,

p.2145-2148) aplicáveis ao modelo, ainda que a diferenciação de estilos de

aprendizado utilizada por estes autores não faça parte do presente estudo.

Acredita-se também que ao utilizar ferramentas cotidianas como o Facebook

também como acessório ao processo educacional os alunos – através da prática –

tornem-se mais críticos e perceptivos a respeito da mídia social e das possibilidades

que a Web 2.0 disponibiliza. Esse desenvolvimento é fundamental, uma vez que estas

plataformas são cenário essencial das atividades profissional e social atuais, pois como

afirma Recuero (2010, In: Brambilla, 2010, p.16) "as redes são os meios e as

mensagens da Era da Hiperconexão" (grifo do autor).

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