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Universidade Federal do Espírito Santo Programa Institucional de Iniciação Científica Jornada de Iniciação Científica 2008/2009 Ciências da Saúde O fato jornalístico no youtube: uma análise do papel e dos impactos do site Youtube na difusão e na construção de notícias de grande repercussão social. Identificação: Grande área do CNPq.: Ciências Sociais Aplicadas Área do CNPq: Comunicação Título do Projeto: Internet, Fato Jornalístico e a Versão dos Muitos: interatividade, participação do leitor na produção de notícias multimídia e as mutações produzidas na conceito de fato jornalístico Professor Orientador: Fabio Luiz Malini de Lima Estudante PIBIC/PIVIC: Flávia Lima Frossard Resumo: O jornalismo na Internet tem se modificado e a maneira de fazer notícia se diferencia do jornalismo impresso. A crescente expansão de redes sociais como Youtube propiciam a possibilidade de divulgação de novas produções audiovisuais e de expressão social. A medida que o jornalismo sofre transformações e o usuário passa a colaborar em redes sociais cresce a mobilização política na web por meio de vídeo mashups. Esse processo cria uma nova geração de produtores de conteúdos audiovisuais como foi percebido na campanha de Barack Obama nas Eleições Presidenciais norte-americanas de 2008. Palavras chave: Jornalismo, Internet, Colaboração, Notícia, Vídeo-Mashup 1 – Introdução A Web 2.0 e sua explosão participativa são, hoje, o vivo convite para a decifração da relevância social da comunicação distribuída e sua nova era. (Henrique Antoun) Como Henrique Antoun (2008) pontua em seu Web 2.0: Participação e Vigilância na Era da Comunicação Distribuída, a web a partir da virada do milênio conheceu um crescimento de público e de manifestações que a colocam entre as mais surpreendentes mídias já criadas pelo homem. A questão nessa criação gira em torno da explosão participativa gerada por ela. Isso porque essa movimentação produz muito conhecimento, entretenimento e experimentação criativa com o uso da inteligência coletiva humana. Esse novo momento abre espaço para as conversações. As pessoas passam a não somente receber informações mas produzi-las, comentá-las e até alterá-las. É então nesse ambiente, que surgem as linguagens peculiares das novas mídias. A maneira de entender a notícia sofre modificações e as novas mídias como o youtube passam a ter mecanismos como mashups que são utilizados como meios de expressão de opinião e manifestação política. Essa pesquisa gerou então em torno de dois pontos principais: Como a web modificou a maneira de entender a notícia uma vez que a sociedade contemporânea se encontra num momento de abundância

O fato jorndsfalístico no youtube

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  • Universidade Federal do Esprito Santo Programa Institucional de Iniciao Cientfica

    Jornada de Iniciao Cientfica 2008/2009 Cincias da Sade

    O fato jornalstico no youtube: uma anlise do papel e dos impactos do site Youtube na difuso e na construo de notcias de grande repercusso social.

    Identificao:

    Grande rea do CNPq.: Cincias Sociais Aplicadas rea do CNPq: Comunicao

    Ttulo do Projeto: Internet, Fato Jornalstico e a Verso dos Muitos: interatividade, participao do leitor na produo de notcias multimdia e as mutaes produzidas na conceito de fato jornalstico Professor Orientador: Fabio Luiz Malini de Lima Estudante PIBIC/PIVIC: Flvia Lima Frossard

    Resumo: O jornalismo na Internet tem se modificado e a maneira de fazer notcia se diferencia do

    jornalismo impresso. A crescente expanso de redes sociais como Youtube propiciam a possibilidade de

    divulgao de novas produes audiovisuais e de expresso social. A medida que o jornalismo sofre

    transformaes e o usurio passa a colaborar em redes sociais cresce a mobilizao poltica na web por

    meio de vdeo mashups. Esse processo cria uma nova gerao de produtores de contedos audiovisuais

    como foi percebido na campanha de Barack Obama nas Eleies Presidenciais norte-americanas de

    2008.

    Palavras chave: Jornalismo, Internet, Colaborao, Notcia, Vdeo-Mashup

    1 Introduo

    A Web 2.0 e sua exploso participativa so, hoje, o vivo convite para a decifrao da relevncia social da comunicao distribuda e sua nova era. (Henrique Antoun)

    Como Henrique Antoun (2008) pontua em seu Web 2.0: Participao e Vigilncia na Era da

    Comunicao Distribuda, a web a partir da virada do milnio conheceu um crescimento de pblico e de

    manifestaes que a colocam entre as mais surpreendentes mdias j criadas pelo homem. A questo

    nessa criao gira em torno da exploso participativa gerada por ela. Isso porque essa movimentao

    produz muito conhecimento, entretenimento e experimentao criativa com o uso da inteligncia coletiva

    humana.

    Esse novo momento abre espao para as conversaes. As pessoas passam a no somente receber

    informaes mas produzi-las, coment-las e at alter-las. ento nesse ambiente, que surgem as

    linguagens peculiares das novas mdias. A maneira de entender a notcia sofre modificaes e as novas

    mdias como o youtube passam a ter mecanismos como mashups que so utilizados como meios de

    expresso de opinio e manifestao poltica.

    Essa pesquisa gerou ento em torno de dois pontos principais: Como a web modificou a maneira

    de entender a notcia uma vez que a sociedade contempornea se encontra num momento de abundncia

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    de informao e a popularizao das redes sociais na Internet. Isso porque essa fase trouxe uma nova

    maneira de se ver e entender o acontecimento na sociedade uma vez que o usurio tem agora a

    oportunidade de selecionar os contedos que deseja receber e tambm de produzir a sua verso dos

    acontecimentos. At o surgimento da web a agenda de notcias era determinada fundamentalmente pelos

    jornalistas. (...) Com a chegada da rede mundial de computadores, a agenda de notcias de um site

    jornalstico passou a ser determinada por um nmero cada vez maior de pessoas. (RODRIGUES, p.239,

    2005) Ou seja, a mdia que antes tinha contedos produzidos por profissionais da comunicao passa a ter

    contedos produzidos pelos usurios e uma busca intensa por esses contedos. Alm disso, a web que era

    na sua maioria uma mdia de publicao torna-se uma mdia de comunicao (por meio de contedo

    colaborativo, email, comentrios, votaes, links, etc...).

    Nesse sentido, o segundo ponto da pesquisa buscou analisar uma manifestao dos usurios dentro

    da rede social youtube, que por meio de vdeos chamados mashups criam a sua verso da notcia e geram

    uma nova maneira de exposio de opinio e manifestao poltica. O fato escolhido foi a Campanha

    Presidencial Americana de Barack Obama.

    Tendo em vista que dentre as propostas do projeto de pesquisa a qual esse sub-projeto encontra-se

    vinculado est o estudo das influncias do jornalismo participativo nas mudanas no jornalismo

    tradicional, alm de estudar como se estabelece as relaes entre a comunicao de massa e essa esfera

    das mdias colaborativas dos usurios e quais so as subjetividade que so constitudas dentro dessas

    ferramentas participativas. preciso ressaltar tambm que o objetivo inicial do referido sub-projeto

    consistia em analisar os principais fatos jornalsticos que emergiram primeiro e obtiveram alta

    repercusso no Youtube em 2008, no intuito de: compreender como determinados vdeos conseguiram

    pautar o noticirios tradicional; estabelecer um dilogo pblico sobre o tema. Debruamo-nos portanto,

    nas mudanas no conceito de notcia dentro da web e nessa nova maneira de produo de vdeos - o

    mashup- em um fato especfico que foi as eleies americanas de 2008.

    2 Objetivos

    Tendo definido o campo emprico sobre o qual a pesquisa atuaria o uso do mashup nas eleies

    americanas como forma de produo de notcia e emisso de opinio, foram traadas metas para

    alcanar: a) os objetivos almejados pelo subprojeto de forma que contemplasse as (b) propostas do projeto

    do orientador.

    a) Entendemos por objetivos do subprojeto:

    -A categorizao nas mudanas na maneira de compreender a notcia dentro da Internet.

    -A anlise e seleo dos principais mashups produzidos durante as eleies americanas de 2008 e

    mapeamento dos mesmos na busca de compreender como esses mecanismos geram mobilizao poltica e

    expresso social.

    b) Destacamos como objetivos do projeto do orientador:

    - A realizao de uma reviso bibliogrfica sobre a emergncia das novas mdias da Internet, que so

    construdas e atualizadas pelos prprios usurios muitas vezes em um regime de colaborao e a

    linguagem dessas novas mdias.

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    - A anlise da influncia dessas novas mdias na construo da narrativa jornalstica.

    3 Metodologia

    Ao longo do ano dedicado ao desenvolvimento da pesquisa realizamos reunies regulares para

    discusso bibliogrfica, leituras orientadas e busca do material emprico na Internet (atravs de

    acompanhamento da rede social youtube e dos novos vdeos relacionados ao tema).

    Assim o itinerrio metodolgico partiu de trs operaes fundamentais:

    1. Pesquisa Bibliogrfica: nesse momento, foram realizadas leituras sobre cibercultura, redes

    sociais online (Youtube, em particular) e jornalismo, em particular, uma reviso terica sobre

    conceitos como acontecimento, fato e noticia, fundamentais para o entendimento nas mudanas

    geradas na web a partir da colaborao dos usurios.

    2. Pesquisa documental no Youtube: nessa segunda operao, o objetivo foi realizar a pesquisa de

    campo, atravs da coleta de dados, atravs da anlise flmica e dos dispotivos interativos,

    pertecentes ao site Youtube. Nesse momento foi escolhido analisar dentro das possibilidades

    videograficas o uso do Mashup e dentro dos fatos de 2008 a campanha poltica de Barack

    Obama durante o perodo das eleies norte-americanas em 2008.

    3. Analise e Redao dos dados: nesse momento foram selecionados as cinco categorias principais

    de mashups a partir dos conceitos tericos e varaveis empricas surgidas da pesquisa de campo e

    aps esse momento, os dados receberam uma analise mais interpretativa rumo a construo do

    relatrio final de pesquisa.

    4 Resultados e Discusses Antes da Web a notcia era vista como um produto acabado no momento em que era impressa ou transmitida por meios audiovisuais. (Ernesto Rodrigues)

    Para chegarmos a resultados satisfatrios foi necessrio estar constantemente atento

    metodologia empregada para se fazer o recorte do material emprico. Alem disso, foi preciso voltar as

    razes do jornalismo e entender a constituio da noticia e as modificaes da mesma dentro da Web.

    Entendemos que caractersticas gerais da notcia como Atualidade, Novidade, Veracidade, Periodicidade

    e Interesse Pblico, sofreram muitas mudanas com o surgimento da Web 2.0. Isso porque ela deixa de

    ser um produto acabado para se tornar um produto em constante construo, isso pode ser feito por meio

    dos comentrios e tambm com as notcias produzidas pelos usurios.

    Com relao s caractersticas da notcia relacionadas atualidade e a novidade, a notcia digital

    passa a ganhar uma sobrevida. Ou seja, ocorre um fenmeno de acrscimo temporalidade da notcia,

    uma vez que esta poder se estender ao passado em busca de contextualizaes e tambm abrir caminhos

    para anlise e comentrios de novos acontecimentos. Isso foi facilitado pelos mecanismos de busca, como

    o Google, que permitem que as notcias sejam acessadas e complementadas novamente sem prazo de

    validade e de maneira praticamente instantnea. Um exemplo desse fato foi a notcia do desaparecimento

    da Madeleine McCann, uma menina inglesa que desapareceu em Portugal em maio de 2007. A notcia

    teve repercusso em diversos jornais brasileiros. Em 19 de janeiro de 2009, quase dois anos aps o fato, o

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    jornal online O Globo continuava a publicar matrias sobre a menina e os comentrios das matrias de

    2007, remetiam muitas vezes a fatos das primeiras matrias publicadas em 2007.

    Ilustrao 1: Cpia da pgina do jornal online O Globo em 19 de janeiro de 2009 ao publicar uma nova matria sobre o caso da menina Madeleine, ocorrido em maio de 2007.

    Ilustrao 2: Exemplo de comentrio na Matria do dia 19/01/2009 sobre o caso Madeleine em que o Leitor comenta relembrando diversos fatos anteriores a matria ligado ao acontecimento. Uma problemtica nas funes da notcia relativa veracidade. Esta considerada um ponto

    sagrado entre os tericos da comunicao social. Porm, com o acesso mais facilitado as fontes, o

    crescimento do nmero de portais que muitas vezes misturam o interesse publicitrio e as notcias, as

    possibilidades de produo de contedo pelos usurios e o acrscimo de contedo as notcias por meio

    dos comentrios, o grande nmero de blogs entre outros, fazem com que os jornalistas percam a soberania

    em relao a essa questo. Essa abertura as publicaes muitas vezes gera insegurana quanto

    veracidade dos fatos publicados. Na maioria dos casos as notcias digitais so corretas e a publicao dos

    usurios ajuda a ter uma nova viso de certo acontecimento. Entretanto, algumas vezes notcias falsas so

    divulgadas como no caso do acidente da apresentadora Xuxa no dia 05 de maro de 2009, quando a

    seguinte notcia falsa surgiu por e-mail e simulava o design de uma pgina de notcia do portal Terra: A apresentadora rainha dos baixinhos "XUXA" continua internada no HospitalFrancisco Limongi, no Rio de Janeiro, aps sofrer um grave acidente de carro nesta manh de quarta feira, mas no corre risco de morte, informou um amigo e scio da apresentadora. "Ela est descansando. Teve vrias fraturas, mas nada permanente", garantiu Juarez Meyer. "Ela est com o esprito bom, mas sente muita dor", acrescentou Juarez Meyer. "Xuxa" dirigia acompanhada de sua filha Sasha , quando

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    perdeu o controle do carro e capotou por diversas vezes antes de parar. O acidente ocorreu na esquina das ruas Raul Pompia e Rainha Elizabeth, em Copacabana, Zona Sul do Rio. A apresentadora e sua filha foram socorridas pelos paramdicos e encaminhados de helicptero ao hospital. O estado de sade de Sasha no foi divulgado. (POR EMAIL)

    Fatos como esse ocorrem, porm uma exceo a regra. O interessante ver que rapidamente os

    prprios usurios condenam essas atitudes e divulgam a verdade na rede. Isso mostra os usurios tambm

    querem preservar a veracidade dos fatos e no s os jornalistas e para que isso acontea h uma busca

    constante por banir os vndalos da web.

    Um terceiro ponto de destaque nas caractersticas da notcia a periodicidade. Com a incluso

    do jornalismo na rede, foram estilhaados os timings de edio, pois, o fecho da hora constante,

    permanente, ininterrupto, continuo. (NUNES,p.5, 2000) Isso mostra que a rapidez da publicao de

    novas informaes ultrapassam a periodicidade fixa dos veculos de comunicao tradicional. A cada

    segundo, em algum meio de comunicao do mundo surgem novas notcias que no precisam esperar pela

    hora formal da edio. No Brasil, isso comeou com o portal Ultimo Segundo5 do IG. Esse portal

    publicava notcias novas a cada segundo, quebrando as barreiras de tempo de apurao. Isso no

    necessariamente significava contedo de qualidade, mas certamente mostrou que a publicao de notcias

    est seguindo para a era da constante publicao de novas notcias.

    Por ltimo e talvez a mais difcil das questes envolvendo a produo de notcias na web est o

    Interesse Pblico. Isso porque essa passa a ser uma tarefa infinitamente relativizada. Na Web, a

    possibilidade de satisfazer o leitor est relacionada a possibilidade de customizao da informao e da

    pgina de um determinado site ou portal. Ou seja, o interesse pblico cede lugar ao interesse individual e

    cada um l as suas notcias de acordo com a sua rea de interesse e da maneira como preferir. Um

    exemplo disto pode ser encontrado no Google. Hoje ele disponibiliza uma pgina chamada de I Google

    (Eu Google), que uma pgina em que voc pode selecionar todo o contedo de notcias, fotos, vdeos e

    emails que voc deseja ter acesso, alm de poder customizar o layout da maneira que mais te agradar.

    Essa mais uma estratgia da mdia social em que h uma busca constante pela criao do seu prprio

    espao.

    Ilustrao 3: Formato do IGoogle, pagina da web que permite a personalizao de contedos. notvel, portanto, que a web tem mudado a maneira de produo de notcias e que cada vez

    mais A notcia deixa de ser um produto acabado para se transformar num processo contnuo de

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    recombinao informativa (RODRIGUES, p.234, 2005) e que com isto, a notcia passou a ser cada vez

    mais influenciada pelos usurios e pelos consumidores de informaes.

    A Rede Social Youtube e a Linguagem das Novas Mdias

    Na rede social Youtube a realidade apresentada anteriormente no diferente, cada vez mais a

    noticia aparece como um intenso dilogo pblico. O Youtube, da Google, um dispositivo de

    compartilhamento de contedos, um site que permite que seus usurios carreguem e compartilhem

    vdeos em formato digital e recebe cerca de 40 mil vdeos dirios. A possibilidade gerada por este

    dispositivo mpar e permite publicao de vdeos, sem qualquer mediao ou edio, ou seja, um salto

    de liberdade e autonomia para a publicao amadora, at ento nunca experimentada, trazendo novos

    conflitos e avanos no seio da produo de informao contempornea.

    Esse canal j uma realidade permeada de inmeros casos em que os usurios, atravs de seus

    vdeos inditos, conseguem pautar acontecimentos miditicos de grande repercusso. Num rpido

    panorama cronolgico, foi no Youtube onde os primeiros vdeos muitos feitos a partir do telefone

    celular - sobre a morte de Sadam Hussein, a Ocupao da Reitoria da USP, as grande guerras atuais

    (como a do Iraque), o acidente da Tam em Congonhas, o massacre na Universidade da Virgnia, as

    confuses provocadas pela divulgao na rede de vdeos que comprometiam o jogador Ronaldo, acusado

    por travestis de no-pagamento de um programa; ou mesmos os vdeos sobre os desastres provocados

    pelo Terromoto Chins, foram publicados com exclusividade no Youtube, para depois entrarem na

    agenda noticiosa da grande imprensa.

    Como afirma Lev Manovich (2008): Nos anos 2000, assistimos a uma mudana gradual, com a maioria dos usurios da Internet acessando bem menos o contedo produzido por produtores profissionais e um aumento do acesso a contedos produzidos por outros usurios no profissionais. Em segundo lugar, se a web dos anos 90 foi em sua maioria uma mdia de publicao, nos anos 2000 ela se tornou grandemente uma mdia de comunicao (Comunicao entre os usurios, incluindo as conversas em torno de contedo gerado pelo usurio), que se realiza por meio de uma variedade de formas para alm do email: posts, comentrios, resenhas, rankeamento, gestos e smbolos, votaes, fotografia e video. (MANOVICH, p.1, 2008)

    Todas essas mudanas geraram um nova linguagem prpria das novas mdias. Algumas das

    caractersticas dessa linguagem como Variabilidade, Modularidade e Colaborao so representadas pelo

    Youtube e sero apresentadas a seguir nesse relatrio.

    A Variabilidade uma caracterstica da linguagem das novas mdias que caracteriza a mudana,

    a variao. Ao se criar algo, pode-se trocar o recurso inicial utilizado, desistir dele e interpor outro ou at

    mesmo unir coisas distintas. A Partir do sculo XX os critrios de criao na cibercultura emergem

    consolidando a cultura remix, que um exemplo claro da utilizao da variabilidade. Por remix possvel

    compreender as possibilidades de apropriao, desvios e criao livre. O termo vem da unio do verbo

    to mix que do ingls, significa combinar partes que, a princpio, tm diferentes formas e tamanhos

    com o prefixo re, surge a idia de repetio.

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    Esse conjunto de prticas sociais e comunicacionais de recombinao, variaes, cut-up de

    informao a partir das tecnologias digitais trazem uma nova configurao cultural que conhecida como

    a cultura do remix. Nesse momento ento, o processo de emisso - recepo comunicacional ganha uma

    nova parte a reconfigurao. As pessoas passam a no somente receber e emitir informao elas recriam,

    recombinam, ou seja reconfiguram as informaes seja para gerar humor, deboche, crtica ou pelo prazer

    de unir interesses que podem parecer contraditrios.

    O uso da variabilidade na cultura do remix gera ento uma unio de unidades formais

    aparentemente no dotadas de um princpio de juno e a repetio desta estrutura como uma

    possibilidade de elaborao de sentido a partir do contedo repetido. Ou seja, vrias novas msicas

    remixadas so derivadas de uma inicial. Com esses recursos possvel recriar e gerar novas obras. Alm

    disso, ampliam-se grandemente as possibilidades de inovao uma vez que qualquer obra pode se

    multiplicar em milhares de outras com novas idias, conceitos, militncias e mtodos de utilizao.

    Uma segunda caracterstica marcante da linguagem das novas mdias a modularidade. Esse

    termo representa o projeto de um sistema que composto de vrias partes que podem ser trocadas. Desta

    forma o sistema pode ser dividido em vrios subsistemas(incluindo neste as diversas opes resultantes

    de trocas). Esses sistemas podem ser processos ou produtos. Cada parte que pode ser trocada

    um mdulo.

    Com a era digital o computador se transformou em um laboratrio experimental no qual

    diferentes mdias podem se encontrar e suas tcnicas e estticas podem se combinar na gerao de novas

    espcies sgnicas. (SANTAELLA, P. 5, 2007) Ou seja, quando uma mdia combinada no computador

    ela une propriedades e mtodos de trabalho que uma vez liberados comeam a interagir, recombinar e

    gerar hbridos.

    Trs processos ocorrem dentro do principio da modularizao: Imerso, Simulao e

    Telepresena que sero analisadas a seguir. A imerso caracterizada pelo seu poder de prender a ateno

    do usurio. Nesse processo, o principal objetivo fazer com que o participante desfrute de uma sensao

    de presena no mundo virtual. O usurio precisa realmente estar imerso num mundo de possibilidades

    virtuais.

    J o processo seguinte a simulao. Este caracterizado pela criao de ambientes nos quais as

    novas mdias em maior ou menos intensidade cedem terreno a dimenso interativa do participante em

    novos ambientes imitando um processo ou uma operao do mundo real. Os usurios passam ento a ser

    fidelizados em um certo ambiente por receberem a possibilidade de interagir com certas ferramentas

    presentes nas novas mdias.

    A terceira etapa a telepresena que caracterizada por um ambiente comum que ser

    compartilhado por vrios usurios em vrios lugares diferentes se encontrando em um mesmo ambiente

    virtual. chamada de telepresena, essa mistura realizada por meio da presena em mais de um espao

    simultaneamente. (SANTAELLA, PG. 6, 2007) Ou seja, a possibilidade de projeo da ao humana

    em espaos fsicos distantes.

    O usurio das novas mdias ento, deixa de ser passivo nas modificaes e criaes desse meio.

    Lev Manovich (2001) em seu a linguagem das novas mdias traz um exemplo interessante: J h algumas

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    dcadas, os artistas lidam com todo o espao da galeria; em vez de criarem um objeto que o observador

    deveria olhar, os artistas colocaram o observador dentro desse objeto. Hoje, junto com os museus, os

    artistas possuem um novo desafio: colocar o usurio dentro de um espao preenchido com dados

    dinmicos e contextuais, com os quais o usurio pode interagir. Ou seja, o uso das linguagens das novas

    mdias como variabilidade e modularidade desafiam as empresas e corporaes a oferecerem cada dia

    mais plataformas e produtos possveis de serem modificados ou ao menos de gerarem alguma interao

    com o usurio.

    Uma outra linguagem que tem sido presente nas novas mdias a colaborao. Essa

    caracterizada pela juno de competncias para a gerao de obras e principalmente contedos mais

    apurados e criativos. Tem sido destaque a produo de vdeos, fotos, imagens e sons publicados em

    mdias colaborativas como j foi falado anteriormente. Essa e a linguagem que possibilitou os usurios

    ganharem o direito de publicar informaes, opinies, comentrios e editar textos, vdeos e fotos. Essa

    participao pode ser realizada em diferentes linguagens e em diferentes veculos de comunicao, como

    lista de emails, redes sociais como Youtube, blogues e instrumentos portteis como celular, laptops.

    A cultura do Mashup: Consideraes Iniciais

    A Web 2.0 uma plataforma de socializao e interao, um ambiente colaborativo de troca

    constante de informao e que a todo o momento surgem novas aplicaes e ferramentas na web. Essa

    nova prtica diretamente influenciada pelo aparelhamento tecnolgico da sociedade que,

    principalmente, atravs da internet, possibilitam s pessoas a produzirem informaes e contedos

    multimdia e os distriburem, em diversos formatos, em redes sociais online, em sites independentes de

    publicao peer-to-peer (p2p) ou mesmo em veculos de comunicao.

    Esses novos dispositivos passam por processos diversos e sucessivos de apropriao por seus

    usurios, os quais encontram alternativas a partir dos usos criativos que do a esses sistemas. Uma forma

    desse uso por meio da produo de mashups. Mashup uma gria derivada das palavras mash e up

    que por sua vez significam mistura e para cima respectivamente. Geralmente o termo usado em

    referncia a um trabalho constitudo por duas ou mais fontes de contedo (geralmente digital) que so

    mixados em uma experincia integrada. Esse trabalho em geral feito na busca por produzir algo novo e

    criativo. Para OBRIEN (2006), os mashups fornecem aos usurios uma forma inovadora e criativa de

    utilizar e visualizar material na internet. (OBRIEN, p.2,2006)

    Essa cultura comeou com a msica, especialmente com a cultura dos samplers1. Nesse caso,

    duas ou mais faixas so combinadas, muitas vezes utiliza-se uma faixa a capella de um artista unida a

    uma segunda faixa de apoio. A partir desse princpio surgem diversas espcies de mashups sendo: (1)

    mashups de vdeo e foto, criados a partir de tags, ou metadados de imagens; (2) mashups de notcias, com

    a recombinao de informaes de diversas fontes que so agregadas a partir de RSS feeds; (3) mashups

    1 Cultura dos Samplers a prtica da remixagem e da reciclagem que invadiu os territrios de ao artstica.

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    de mapas, produzidos a partir de APIs de mapas como o Google Maps; (4) mashups de busca e compra,

    que so como agregadores de produtos, para a comparao de preos entre outras possibilidades.

    Os mashups geralmente so criados de forma colaborativa, ou seja, cada usurio pode contribuir

    ao fornecer uma parcela da informao para ser cruzada. Cada vez mais, os usurios podem destruir e

    recriar trabalhos previamente gerados. A maioria dos mashups mantm pouca ou nenhuma semelhana

    com as suas formas originais. Essa cultura dominada pelos amadores, que j no esto dispostos a serem

    apenas receptores passivos dos contedos. A anlise dessa pesquisa, foi voltada para os mashups de

    vdeos publicados na rede social referentes as eleies americanas de 2008.

    Os Vdeos Mashups nas Eleies Americanas de 2008

    No atual momento em que o mundo inteiro est voltado para a colaborao de informaes muitas questes interessantes so levantadas. Um dos principais obstculos ao progresso cientfico e acadmico dos mashups a relutncia de muitas organizaes e instituies com o compartilhamento de dados on-line por causa dos direitos autorais ou restries de privacidade. Esta relutncia, no entanto, parece estar mudando com organizaes como o Google, GenBank, UniProt, que desenvolvem interfaces que permitam aos usurios colaborarem online de uma maneira legal. " (OBRIEN, p.3, 2006)

    A campanha eleitoral de Barack Obama em 2008 apresentou um diferencial, uma forte

    explorao dos recursos da web 2.0 na busca por novos eleitores, arrecadao financeira, organizao de

    voluntrios, monitorao e moldagem de opinio pblica alm de lidar com ataques polticos. A

    campanha ento foi moldada na construo de um email-marketing eficiente, templates para criao de

    uma rede social do candidato, que mais tarde ficou conhecida como My Obama

    (http://www.barackobama.com/), criao de um perfil no twitter que hoje tem mais de 1 milho de

    seguidores e o perfil mais seguido do mundo, alm criar um aplicativo no IPhone que ajudava a

    encontrar via GPS os organizadores de campanha de Obama e tambm as diversas sedes de campanha

    espalhadas por todo os Estados Unidos. Eles tambm ajudaram a produzir vdeos e divulga-los no

    YouTude. Foi principalmente, a partir desses vdeos que surgiram os primeiros vdeo mashups referentes

    a Obama.

    Os vdeos mashups seguem os mesmos critrios que os outros mashups. O diferencial est na

    questo esttica, enquanto os videoclipes, os filmes e outras produes audiovisuais prezam pela

    qualidade da imagem e pelo bom ngulo, os vdeos mashups esto mais preocupados com o contedo a se

    divulgar. Os filmes de Internet, ou de celular, ou todos estes microfilmes, lidam com outra temporalidade,

    com outro tipo de espectador que, hoje, interage diretamente com a obra e se impe tambm como autor,

    ao interferir radicalmente na sua construo. O primordial produzir a notcia no formato vdeo, podendo

    ser de maneira crtica, reflexiva, cmica, ou at educacional. O interessante desse processo ver a

    formao de nichos e a ascenso de novas estticas no mediadas por grandes corporaes, e sim pelos

    usurios interessados em expressar e expor publicamente a sua viso pessoal.

    Outro ponto interessante nessa questo referente a reduo dos custos de produo. Isso

    constitui uma realidade e, cada vez mais, estimulada por uma demanda do prprio consumidor. Porm, as

    novas mdias no trouxeram apenas novos meios para se produzir. Mais do que unidades mveis

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    produtoras, somos unidades mveis distribuidoras de nossos prprios produtos culturais. Um vdeo

    difundido pelo Youtube, por exemplo, pode alcanar um pblico inimaginvel gratuitamente - basta subi-

    lo o produto para a Rede Mundial e divulg-lo. A seguir sero apresentados ento, os quatro estilos de

    mashups mais produzidos durante o perodo eleitoral norte-americano que so considerados uma

    tendncia para a produo de mashups com teor poltico.

    1. Yes, We Can : O Estilo Videoclipe-Mashup

    Ilustrao 4: Imagem do Mashup Yes, We Can no site Youtube.

    um mashup vindo do videoclipe. A diferena entre esses dois gneros videogrficos est no

    fato de que o videoclipe um vdeo curto produzido para uma designao prpria e o mashup vem da

    unio de diversos vdeos e aspectos grficos, nem sempre possvel encontrar uma designao e esse tipo

    de vdeo produzido para ser replicado e espalhado. Ou seja, no h controle da dimenso da produo e

    dos acrscimos e cortes que os prximos usurios faro. Nesse caso o Rapper Will.i.am integrante da

    banda Black Eyed Peas comps uma musica em apoio a campanha de Barack Obama, o videoclipe foi

    produzido em estdio e divulgado na rede como um viral da campanha Obama. O Mashup, veio ento a

    partir desse videoclipe, os usurios utilizavam imagens do videoclipe produzido pela banda e mixavam

    com outras imagens como discursos do Obama e imagens delas prprias repetindo o discurso do candido

    a presidncia norte-americana.

    Esse mashup foi produzido com o claro objetivo de suporte a campanha de Obama, expresso de

    opinio e divulgao do interesse poltico dos usurios. Ele possui mais de 12 verses no Youtube, todas

    vindas do videoclipe mas cada uma com um enfoque diferente. um exemplo claro de como as redes

    sociais podem ser utilizadas como mobilizao poltica tanto por parte dos candidatos a eleio como por

    parte dos usurios eleitores que por meio desse dispositivo e de maneira criativa podem expor o seu modo

    de ver a realidade e a poltica de maneira antes inimaginvel.

    2. Barack OBollywood: O Estilo Pardia

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    Ilustrao 5: Imagem do Mashup Barack OBollywood no site Youtube.

    Esse um tpico exemplo de mashup feito com objetivo de pardia. Os usurios aproveitaram o

    momento de destaque a produo de filmes indiana e produziram mais de sete vdeos com Barack Obama

    encenando um filme de Bollywood. na verdade uma nova interpretao, do fato de Obama ter um nome

    inteiro baseado em mitologia islmica (Barack Hussein Obama quer dizer [Al est abenoando] [o neto

    de Maom] [Um dos melhores guerreiros de Maom]) e todos os conflitos entre os Estados Unidos e o

    Oriente Mdio. Os usurios ento recriaram o cenrio de varias produes de Bollywood para gerar um

    vdeo cmico de toda essa situao que envolvia as eleies norte-americanas.

    O objetivo desses tipos de mashup primordialmente o uso do humor envolvendo questes

    contemporneas, buscando produzir algo que no somente divirta os outros usurios, mas tambm passe

    uma crtica ou uma posio poltica.

    3. Obama and McCain : O Estilo Reflexivo

    Ilustrao 6: Imagem do Mashup Obama and McCain- Dance Off no site Youtube.

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    O Mashup Obama and McCain - Dance off! foi um representante escolhido de toda uma srie

    com mais de 20 videos publicados no Youtube chamada Dance off. Esses mashups so chamados

    reflexivos uma vez que o objetivo dos vdeos gerar uma reflexo sobre os debates eleitorais que

    aconteceram em 2008. Para cada ponto relevante no debate eleitoral televisivo os usurios criavam vdeos

    de debates entre grupos de dana. Os rostos dos lderes das danas eram modificados para os de Obama e

    McCain e entre os passos de dana eles apresentam as posies partidrias de cada candidato.

    O interessante desses vdeos que geralmente eles no apresentam uma posio poltica clara, os

    usurios produtores desses mashups reflexivos se colocam no papel de ajudar a populao a compreender

    melhor os discursos dos candidatos. um trabalho interessante, uma vez que os usurios se preocupam em

    mostrar de maneira divertida e engraada o que estava permeando a campanha eleitoral dos EUA.

    4. Obama Cusses: O Estilo Animao

    Muitas pessoas poderiam entender essa srie de vdeos como um trabalho simples de animao

    grfica. Durante a pesquisa, foi analisado que os mashups estilo animao so mais complicados de serem

    percebidos. Isso porque os usurios montam muito bem as cenas dificultando a pessoa que assiste de

    perceber os cortes e a combinao de imagens. Porm, aps a anlise de diversos vdeos mashups como

    esse possvel notar as cenas que se repetem e ver que como o exemplo citado, Obama Cusses, um

    mashup que foi produzido inicialmente para apoiar o candidato Barack Obama, foi recombinado com

    outras animaes e udios e se tornou um dos mashups mais populares pr McCain.

    Os mashups com animao grfica, foram tambm muito utilizados para satirizar os candidatos e

    apresentar com humor gafes cometidas durante o perodo eleitoral.

    O principal ponto dessa produo de vdeo mashup perceber que as imagens passam a sofrer

    uma continua e radical desterritorializao dos seus suportes tradicionais. Como afirma Ivana Bentes

    (2002): ... a circulao de imagens cria um circuito integrado entre os espaos pblicos e domsticos, a partir do momento em que se podem jogar no circuito de informao pblica imagens da intimidade e tornar os espaos

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    domsticos (nas redes, listas, chats, canais a cabo, etc.) espaos pblicos de consumo, cooperao e coletividade. (PACHECO, p.72, 2002)

    Ou seja, os espaos de convvio social esto cada vez mais pblicos, funciona como se as tecnologias

    transformassem cada um de ns em unidades continuas de produo de imagens e informao que

    alimentam o sistema de comunicao. 5 Concluses

    As singularidades interagem e se comunicam socialmente com base no comum, e sua comunicao social por sua vez produz o comum. A multido a subjetividade que surge dessa dinmica de singularidade e partilha. (NEGRI;HARDT,2005, p. 258)

    As concluses apontam que a produo de notcias na web trabalha de maneira distinta da

    produo impressa. A notcia na Internet, aparece com uma sobrevida e em busca da constante

    atualizao. A comunicao na web caminha para a troca e complementao de contedo, com a

    participao dos consumidores tambm na produo de contedo. Alm disso, surge a busca pela

    personalizao das plataformas e pelo aproveitamento da inteligncia coletiva do acontecimento.

    Tambm importante ressaltar que as mdias online seguem em direo da constante comunicao, entre

    leitores e produtores de contedo. E que isso gera uma mudana no entendimento do leitor, que agora

    comenta e complementa as notcias.

    Alm disso, possvel ver a fora da produo de contedo em redes sociais como o Youtube e

    tambm que os mashups so uma nova tendncia na linguagem videogrfica e podem ser usados como

    fortes instrumentos de conscientizao social, expresso social bem como geradores de contedos

    humorsticos.

    Outro ponto interessante notar que como fala Maurizio Lazarato (2006), A internet, no se

    trata mais, portanto, de dispositivos de formao da opinio pblica, de compartilhar julgamentos, mas da

    constituio de formas e de percepo comum e de formas de organizao e de expresso da inteligncia

    comum Ou seja, a internet um espao de produo, os usurios no esto mais submetidos ao

    autoritarismo dos grandes meios que os impe contedo. Agora por meio da unio de crebros eles

    passam a ser tambm produtores de contedo e tm em seu poder a chance de modificar a forma de

    produo de notcias dos meios tradicionais.

    Essa pesquisa ir portanto, continuar com um aprofundamento relacionado as potencialidades do

    uso do mashup como dispositivo de mobilizao poltica e ser apresentada no meu projeto de concluso

    de curso. As dificuldades encontradas no decorrer do trabalho so relativas a pouca bibliografia

    encontrada sobre o tema, uma vez que este contemporneo e ainda carente de estudos.

    6 Referncias Bibliogrficas

    ANTOUN, Henrique . Web 2.0: participao e vigilncia na era da comunicao distribuda. 1. ed. Rio de Janeiro: Mauad X, 2008. v. 1. 286 p.

    HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Multido: Guerra e democracia na Era do Imprio, Rio de Janeiro: Editora Record, 2005. LAZARATO, Maurizio. As revolues do Capitalismo. So Paulo: Editora Record, 2006.

  • Universidade Federal do Esprito Santo Programa Institucional de Iniciao Cientfica

    Jornada de Iniciao Cientfica 2008/2009 Cincias da Sade

    PACHECO, Anelise; COCCO, Giuseppe; VAZ, Paulo. O trabalho da multido: Imprio e Resistncias. Rio de Janeiro: Gryphus: Museu da Repblica, 2002) RODRIGUES, Ernesto (org.). No prximo bloco... O jornalismo brasileiro na TV e na internet. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio/Edies Loyola, 2005. Documentos Retirados da Internet Manovich, Lev The language of new media, 2001. Cambridge, Mass.: Mit Press.------------------ (2006). After effects, or velvet revolution in modern culture. Part I.. Acesso em 25 de janeiro de 2009. MANOVICH,Lev. A Prtica da Vida (Miditica) Cotidiana, 2008. < http://flaviafrossard.com/wp-content/uploads/2009/03/lev-manovich-pratica-da-vida-midiatica_revisado-final.pdf> Acesso em 19 de julho de 2009. NUNES, Ricardo. Notcia Digital Em busca da identidade, 2000. Acesso em 16 de maro de 2009. O'Brien, Damien and Fitzgerald, Brian.Mashups, remixes and copyright law, 2006 Internet Law Bulletin 9(2):pp. 17-19. SANTAELA, Lucia. A Imagem no contexto das estticas tecnlogicas, 2007. < http://www.arte.unb.br/6art/textos/lucia.pdf pg 5> Acesso em 25 de janeiro de 2009.