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O FUTURO DO PASSADO Reabilitação e restauro do Convento de Santa Clara no Funchal MONUMENTO VISITÁVEL

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O FUTURO DO PASSADOReabilitação e restauro do Convento

de Santa Clara no FunchalMONUMENTO VISITÁVEL

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1733-1736 – «asuquar branco [para] dia dalleição (…) asuquar d.º p.ª a atalhada de 4ª. frª. de sinza e do dia de N. Snr. da Encarnação (...) asuquar p.ª o Rois doce (…) asuquar p.ª os alfeniz da semana st.ª (…) asuquar pª. o manjar do entrudo (…) asuquar p.ª as malasadas (…) asuquar p.ª os caldos da cozinha (…) asuquar p.ª a Botica (…) suquar p.ª a Consoada dos R.R.P.P. (…) Batatada, e mais Doçes na quaresma (…) asuquar pª. os R:R:P:P: Confessor, Capelão, pello entrudo, Padres da Paxão, Pregadores (…) diacones de dia de Pascoa, e Padres q. vieram aos enterros (…) asuquar p.ª as bosetas da prosição do Carmo (…) asuquar mascavado p.ª o manjar (…) asuquar p.ª os alguidarinhos de 5.ª maior (…) asuquar p.ª a enfermaria (…) asuquar p.ª o pam de leite do dia de S. João (…) asuquar em 4. dias q. ouve a Rois doce (…) asuquar p.ª as bandejas das obrigasois da d.ª festa ás pessoas q. vam já nomiadas (…) asuquar p.ª qm. trabalhou na letria (…)».

DGARQ/ANTT, Convento de Santa Clara do Funchal, L.º 40, fls. 8-22.

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1499 João Gonçalves da Câmara, no seu testamento, determina ser sepultado na igreja do convento, tendo falecido em 1501.

1513 O papa Leão X autoriza D. Constança de Noronha, filha do fundador, a entrar no convento como secular.

1526 Assume a administração do convento D. Isabel de Noronha, filha do fundador, primeira abadessa.

1555 Saída da Madeira para Lisboa do 5.º capitão do donatário do Funchal, Simão Gonçalves da Câmara, que faleceu em 1580, a partir do qual a propriedade e padroado do convento passam para a família dos condes e marqueses de Castelo Melhor.

1566 Ataque dos corsários franceses ao Funchal, fugindo as clarissas para o Curral das Freiras.

1570 O convento fica representado na Planta do Funchal de Mateus Fernandes, mestre das obras reais.

1576 Título de conde da Calheta para a Casa Câmara.

1807 O bispo do Funchal, D. Luís Rodrigues Vilares, ordena a união

1476 O papa franciscano Sixto IV autoriza a fundação do convento, concedendo direito perpétuo ao fundador, 2.º capitão do donatário do Funchal, João Gonçalves da Câmara.

1480 João Gonçalves da Câmara compra vastas propriedades no Curral, mais tarde designado Curral das Freiras, que doará ao convento pela entrada das suas filhas.

1488 Carta de D. Manuel, duque de Beja, apelando aos fidalgos e homens bons a contribuição com esmolas para a construção do convento.

1492 Início das obras do convento, ficando D. Constança de Noronha, filha do fundador, encarregada da fábrica e supervisão das obras até 1526.

1495 O papa Alexandre VI determina que o convento seja de Regular Observância e perpétua clausura, obedecendo ao guardião do Convento de São Francisco do Funchal. O rei D. Manuel I autoriza as freiras a herdarem propriedades e terem juiz privativo.

1496-1497 Conclusão da fase inicial das obras e entrada das primeiras freiras, donzelas nobres, vindas do Mosteiro da Conceição de Beja, incluindo as filhas do fundador.

Breve cronologia

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do Convento da Encarnação com o Convento de Santa Clara.

1813 O governador e capitão general propõe a união dos conventos da Encarnação e de Santa Clara.

1834 Com a extinção dos conventos em Portugal, os marqueses Castelo Melhor reivindicam a posse do convento como seus verdadeiros proprietários e padroeiros.

1890 Falecimento da última freira, Maria Amélia do Patrocínio. As pupilas e servas pedem para se conservarem no convento.

1896 O convento foi cedido provisoria-mente à Congregação das Franciscanas Missionárias de Maria.

1910 Expulsão das Franciscanas Missionárias de Maria, sendo o imóvel cedido à Câmara Municipal do Funchal, ao Auxílio Maternal e à Santa Casa da Misericórdia, cuja cedência fica revogada em 1924.

1914 Considerada a hipótese de trans-formar a igreja e coros do convento num museu regional.

1928 Regresso das Franciscanas Missionárias de Maria.

1940 Igreja e convento classificados de Monumento Nacional.

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O Convento de Santa Clara, loca-lizado no centro histórico da freguesia de São Pedro, no Funchal, constitui um dos principais monumentos da Região, associado à génese da cidade e do povo-amento do arquipélago.

Construído numa área sobranceira à cidade baixa, destaca-se na paisagem da baía pelo conjunto de volumes diferen-ciados e imponência da sua torre.

Com uma área total de 8.466,70m2, a propriedade inclui diversos edifícios e anexos construídos ao longo de cinco séculos, apresentando atualmente uma área de construção total de 7.633,00m2, distribuída por quatro pisos principais, que acompanham a topografia, desde a cota mais baixa, na calçada de Santa Clara, até à rua das Cruzes e início da calçada do Pico.

Isolado do exterior por um alto muro, a entrada no edifício é feita no cimo da calçada, por uma porta

coroada pelas insígnias da Ordem de São Francisco, que permite o acesso ao interior do convento. Atualmente é constituído por diversos volumes articulados entre si, nomeadamente a igreja de Santa Clara, o corpo dos coros, o espaço do claustro e a torre, na área central da propriedade, a residência da Congregação das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria, na área mais a norte, e ainda os edifícios onde funciona o infantário Semi-Internato de Santa Clara, a sul.

Nas décadas de 40 e 50 do século XX, o imóvel foi objeto de obras profundas por parte da antiga Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), incluindo uma campanha de demolições com o obje-tivo de restituir características da época construtiva original (séculos XV-XVI) e que resultou no desaparecimento de áreas muito significativas e de elevado valor patrimonial, construídas ao longo dos séculos subsequentes.

Hoje é possível visitar algumas das áreas mais antigas e de maior valor his-tórico e artístico do monumento, donde se destacam a igreja, o átrio, onde se julga ter funcionado a roda do convento, o coro baixo, o coro alto, o claustro e algu-mas capelas, num total de 1.052,70m2 de área coberta e de 576,40m2 de área exterior, visitáveis.

imóvel

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PISO 2

01 Pátio de entrada / Portaria02 Sala da roda03 Capela de São Gonçalo de Amarante04 Coro baixo05 Claustro06 Capela de Nossa Senhora da Ressurreição07 Igreja

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01 Alpendre do coro alto02 Coro alto03 Torre

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AlçAdO EStE

COrtE

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O levantamento das necessidades de intervenção no Convento de Santa Clara, após a ação da antiga DGEMN, remonta ao final da década de 90 do século XX, altura em que a Direção Regional dos Assuntos Culturais iniciou um trabalho exaustivo de inventariação do imóvel e do seu património móvel e integrado. Seguiu-se a identificação de patologias e de elementos descaracte-rizadores do monumento, que deram origem ao trabalho de diagnóstico e priorização de ações a realizar no sentido de garantir a preservação e salvaguarda dos elementos patrimoniais de maior relevo e a adaptação do monumento às novas exigências.

Ao longo da primeira década do século XXI, para além do registo foto-gráfico detalhado e do levantamento arquitetónico pormenorizado, incluindo das infraestruturas elétricas existentes, foram sinalizadas as principais áreas e elementos prioritários a intervir, quer no exterior do edifício, quer no interior das áreas visitáveis, nomeadamente: cober-turas, paredes exteriores e interiores, pavimentos exteriores e interiores em cantaria, madeira e calçada, tetos de estuque e em madeira, vãos exteriores e interiores de várias épocas e com tipologias diversas, gradeamentos e guardas, criação e beneficiação de áreas de apoio ao visitante, e ainda necessidade de remodelação total da rede elétrica, de

implementação de sistema de segurança contra incêndios e de reforço da estru-tura dos pavimentos das futuras salas de exposição.

Foi então desenvolvida uma pro-posta global de intervenção centrada nos espaços mais antigos do convento que incluiu, para além dos projetos de arquitetura e de iluminação monumental para as áreas visitáveis e do projeto de reforço de pavimentos em madeira das futuras salas de exposição, os projetos de remodelação geral das instalações elétri-cas e de telecomunicações e de segurança contra incêndios e contra intrusão na totalidade do imóvel.

Entre 2009 e 2010 o projeto global, que incluía ainda outras componentes de intervenção, designadamente a conser-vação e restauro do património móvel e integrado e a implementação de ações de divulgação e dinamização do monu-mento, foi estruturado com o objetivo de constituir uma candidatura a fundos comunitários, através do Programa Intervir +. Essa proposta acabou por não ter seguimento.

Em 2016, o projeto foi retomado pela atual Direção Regional da Cultura tendo em vista a realização da inter-venção global nas áreas visitáveis, tendo sido iniciada a revisão de todas ações de diagnóstico realizadas e de todos os projetos desenvolvidos anteriormente.

Projeto

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O valor histórico e cultural do monumento, associado às inúmeras intervenções de que foi alvo desde a sua construção inicial, conferem ao edifício uma grande complexidade na definição de processos e metodologias de inter-venção, com objetivo de preservação e salvaguarda das suas características e, em simultâneo, de adequação dos espaços e potenciação da visita.

O projeto de recuperação teve por base a recolha de informação e identifi-cação rigorosa das patologias existentes, nomeadamente nos volumes correspon-dentes às áreas visitáveis (igreja, coros e antecâmaras, futuras salas de exposição, capelas, futura área de reserva, claustro e portaria), permitindo uma correta rea-bilitação, e irá incluir as seguintes ações:> Recuperação das coberturas e sistema de drenagem de águas pluviais;> Recuperação de paredes exteriores e interiores;> Recuperação de pavimentos em madeira, limpeza de pavimentos em cantaria, reparação de pavimentos em calçada, substituição de pavimentos em tijoleira e betonilha;> Recuperação de portas, janelas, tapa-sóis, portadas e guardas em madeira; > Recuperação de gradeamentos e guardas metálicas;> Recuperação de tetos em estuque ou madeira;

> Reconstituição de antigas capelas através da adaptação de espaços que teriam originalmente essa função;> Adaptação de duas salas para exposição de peças em acervo, incluindo reforço das estruturas dos respetivos pavimentos em madeira;> Criação de condições de acessibilidade para pessoas com mobilidade condicionada, com a colocação de rampas e duas plataformas elevatórias; > Adaptação de uma área para espaço de reserva destinado ao acondicionamento das peças em acervo e à realização de ações de conservação preventiva do património móvel e móvel integrado; > Criação de ponto de exposição de produtos, incluindo colocação de expositores junto à entrada principal e adaptação de espaço para reserva da loja; > Remodelação das instalações sanitárias dos visitantes e criação de instalação sanitária para pessoas com mobilidade condicionada; > Reformulação do jardim do claustro de acordo com antecedentes históricos; > Implementação de sistema de iluminação do monumento, dos espaços visitáveis e dos elementos artísticos;> Remodelação da rede elétrica e de telecomunicações e implementação de sistema de segurança contra incêndios nas áreas visitáveis.> Acompanhamento arqueológico de todas as intervenções que impliquem escavação ou revolvimento do solo.

intervenção

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restauro

O Convento de Santa Clara preservou, ao longo dos séculos, um riquíssimo património artístico cons-tituído, maioritariamente, por pintura, escultura, talha dourada e policromada, e ainda, azulejaria, compreendido entre os séculos XVI e XIX.

De época, ainda se conservam in situ alguns conjuntos com talha dourada, escultura e pintura, projetados e execu-tados para pequenas capelas e oratórios, integrados no percurso conventual, como são os exemplos da capela da Ressurreição e o oratório dedicado a São Bernardo, mas sobretudo no claustro,

onde no século XVIII existiam dezassete capelas muitas das quais demolidas e despojadas do seu recheio artístico nos anos 40 e 50 do século XX, com as intervenções levadas a cabo pela então DGEMN.

Em virtude das várias campanhas de obras, uma parte substancial deste espólio encontra-se deslocada e arreca-dada em diferentes espaços do convento, que albergam grandes quantidades de fragmentos e elementos destacados e descontextualizados, como retábulos, pinturas, esculturas e azulejaria de capelas que outrora existiram.

Em maio de 2017, técnicos espe-cialistas em conservação e restauro da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) – Laboratório José de Figueiredo, das áreas de talha/escultura e pintura, respetivamente, elaboraram o caderno de encargos (diagnóstico e proposta de intervenção), tendo em vista a preparação do respetivo concurso.

A intervenção de conservação e restauro incidirá sobre todo o espólio móvel e móvel integrado dos espaços visitáveis, e ainda, sobre os vários frag-mentos soltos, que incluem tábuas de oficinas de produção nacional e regional pertencentes a altares e a capelas des-mantelados, de forma a salvaguardar e restituir a integridade do valor cultural do objeto, pautada pelos princípios éticos e sem desvirtuar a sua historicidade.

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O azulejo está integrado em diferen-tes espaços do convento e igreja.

Os extraordinários azulejos hispano-mouriscos ou mudéjares, que cobrem o pavimento de ambos os coros, de finais do século XV e inícios do século XVI, constituem o núcleo azulejar mais antigo do convento e o exemplar mais completo do género na ilha, produzido pela técnica de aresta, de laçaria de raiz geométrica e fitomórfica, maioritariamente vidrados a verde e de origem sevilhana.

Outro conjunto notável, os azulejos polícromos do pavimento da capela de São Gonçalo de Amarante, de influên-cia flamenga, testemunham a transição da azulejaria mudéjar para a pisana, utilizando a técnica de majólica, na Península Ibérica.

Na azulejaria de padrão, entenda-se, azulejaria do século XVII, formam-se diversos tapetes parietais, que reves-tem superfícies em vários espaços do convento com diferentes padrões e tonalidades (azul, branco e amarelo), como são: os pseudo-enxaquetados, camé-lia, massaroca, marvila, único na ilha, enquadrados por barras e cercaduras coevas, de produção nacional.

Em maio de 2017, técnicos espe-cialistas em conservação e restauro da DGPC – Museu Nacional do Azulejo, elaboraram o caderno de encargos (diagnóstico e proposta de intervenção), tendo em vista a preparação do respetivo concurso.

A intervenção de conservação e restauro terá como objetivo principal lograr a estabilidade físico-química dos revestimentos azulejares, distribuídos por diferentes espaços do convento e armazenados de modo a garantir a sua conservação e conferir uma leitura estética clara e unificada do conjunto.

A conservação e o restauro dos espó-lios (pintura, talha, escultura e azulejaria) permitirão dar a conhecer aos visitantes inúmeros bens móveis de elevado valor histórico e patrimonial, bem como, levará à sua reorganização espacial, inte-grados no circuito visitável do convento.

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Área visitÁvel

01 Pátio de entrada / Portaria02 Igreja03 Claustro04 Capela de Nossa Senhora da Ressurreição05 Capela do Santíssimo Sacramento06 Capela de Nossa Senhora do Monte07 Capela de São Gonçalo de Amarante08 Confessionário09 Coro baixo10 Capela11 Capela12 Cafetaria13 Sala da roda

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ÁrEA dE vISItA ExtErIOr

ÁrEA dE vISItA IntErIOr

ÁrEA téCnICA

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01 Sala de exposição 102 Sala de exposição 203 “Cela” de freira04 Torre05 Coro alto

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O projeto tem como ponto de par-tida a reorganização das áreas abertas ao público, a sua localização no edifício e a relação histórica e funcional, assim como o conjunto dos bens móveis e móveis integrados existentes. Esta intervenção resultará num acréscimo significativo de áreas acessíveis ao visitante, num total de 1.675,20m2 de área coberta e 1.006,80m2 de espaços exteriores. Relativamente às acessibilidades, cerca de 80% da área visitável será acessível a pessoas com mobilidade condicionada, existindo ainda outras áreas que é possível con-templar a partir dos espaços envolventes.

A visita terá início na entrada prin-cipal do convento, onde estará instalada a portaria e respetivas áreas de apoio.

Igreja de Santa ClaraNo pátio, uma escada com alpendre faz a ligação à igreja, cuja capela-mor coincide com a área onde foi erguida a primitiva capela de Nossa Senhora da Conceição de Cima. Sob o estrado, existem ainda as pedras tumulares de descendentes dos fundadores. Ampliada em finais do século XV e sujeita a obras de beneficiação a partir de meados do século XVII, a igreja conserva traços arquitetónicos e artísticos dessas épocas.

ClaustroNo claustro sobressai a arcaria gótica. Dois oratórios e duas capelas na gale-ria constituem as únicas estruturas que sobreviveram às transformações profundas realizadas no século XX, do conjunto de dezassete capelas que

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ali terão existido. A capela de Nossa Senhora da Ressurreição é a única que preserva o seu espólio original. O projeto incluirá a abertura ao público da capela do Santíssimo Sacramento, com inte-gração de peças do espólio, assim como a recriação da capela de Nossa Senhora do Monte e a reconstituição da capela de São Gonçalo de Amarante no seu espaço original. Será ainda identificada a localização de outras capelas entretanto desaparecidas. O jardim do claustro será também acessível ao visitante.

Salas de exposiçãoNa parede norte do claustro, uma escada interior permitirá a articulação com o piso superior e com duas novas áreas de exposição com um total de cerca de 257m2, adaptadas para dar a conhecer o espólio do convento, incluindo ainda o altar de Nossa Senhora da Anunciação que será deslocado do átrio.

A partir das áreas expositivas, a antecâmara do coro alto garante a dis-tribuição pelos restantes espaços deste piso, designadamente um pequeno quarto onde será recriada a “cela” de uma antiga freira clarissa, o interior da torre e o alpendre superior dos coros.

Coro alto Corresponde a um dos espaços mais importantes e antigos do convento, mantendo intactos o teto de alfarge, o pavimento de azulejos hispano-mouris-cos e o cadeiral, do século XVI, assim como as paredes com azulejos de padrão

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pseudo-enxaquetado ou o altar de Nossa Senhora da Assunção, do século XVII, entre outros elementos artísticos.

Coro baixoNo piso inferior, o coro baixo apresenta também um pavimento de azulejos hispano-mouriscos, do século XVI, e ainda um extenso cadeiral e o altar do Senhor do Calvário, do século XVII. Uma janela com gradeamento duplo e portadas pintadas permitia assistir às celebrações realizadas na igreja.

No alpendre exterior ao coro baixo, em dois espaços correspondentes a antigas capelas, serão expostas peças incluídas no acervo do convento. No pavimento em lajeado de cantaria, salienta-se a pedra tumular das filhas do fundador, com inscrição Aqui jaz Dona Constança de Noronha, que fundou este mosteiro e sua irmã, Dona Isabel, primeira abadessa, filhas do segundo capitão desta ilha.

Átrio (antiga sala da roda)Um conjunto de circulações exteriores, onde será criada uma pequena cafetaria e área de descanso, permite a entrada no último espaço visitável, o átrio onde se julga ter existido a roda do convento. Será aqui criada uma zona de exposição de produtos e informações relacionados com o monumento.

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Divulgação

O projeto global de intervenção no Convento de Santa Clara assenta na necessidade fundamental do seu conhecimento. A interpretação do monumento deverá incluir, para além das formas de comunicação tradicionais, suportes digitais com recurso às novas tecnologias.

Em paralelo com as intervenções será desenvolvido um plano de comuni-cação, que incluirá um projeto de design e publicidade.

Pretende-se também assumir a divulgação deste convento como aposta na sua valorização e consequente salva-guarda. Conhecer ajuda a proteger.

A promoção do projeto incluirá também a produção de material gráfico que será disponibilizado, incluindo cartazes, flyers, brochuras, entre outros.

A recuperação e o restauro do monumento potenciarão, assim, a sua integração futura em roteiros turístico-culturais, atendendo à sua enorme abrangência, enquanto testemunho civilizacional e artístico, e à sua rela-ção com outros edifícios nacionais e internacionais.

Por outro lado, o projeto será ponto de partida para futuros trabalhos de investigação, com equipas multidiscipli-nares, sendo certo que novas descobertas obrigarão à revisitação da historiografia madeirense, pondo em evidência esta dimensão atlântica da portugalidade.

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Financiamento

Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) - Programa Operacional da Região Autónoma da Madeira 2014-2020 (Madeira 14-20)Entidade promotora – Governo Regional da Madeira / Secretaria Regional do Turismo e CulturaDesignação do projeto – Reabilitação e restauro do Convento de Santa ClaraObjetivo principal – Proteger o ambiente e promover a eficiência dos recursosCusto total elegível – 2.299.797,20€Apoio financeiro da União Europeia (FEDER) – 1.954.827,62€Início da operação – 2015 Final da operação – 2020

comPonentes De intervenção

1 | Beneficiação global da igreja e convento de santa clara - 1.265.038,60€Aquisição dos projetos de especialidades e empreitada de recuperação e beneficiação dos volumes correspondentes às áreas visitáveis (igreja, coros e antecâmaras, futuras salas de exposição, capelas, futura área de reserva, claustro e portaria).

2 | conservação e restauro do Património artístico, móvel e integrado – 1.024.800,00€Conservação e restauro do património móvel e móvel integrado, tendo por base o caderno de encargos desenvolvido pelos técnicos do Laboratório José de Figueiredo e do Museu Nacional do Azulejo, da Direção-Geral do Património Cultural (Ministério da Cultura), que inclui pintura, escultura, talha e azulejaria.

3 | Divulgação – 9.958,60€Produção de um guia bilingue, incluindo design gráfico, tradução e produção de exemplares, mediante conteúdos produzidos pela DRC.

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CAPA vista do Funchal com o Convento de Santa Clara e a Fortaleza do Pico1ª metade do século XXPostalArquivo DRC

PAgS. 2-3 gravura do Convento de Santa Clara Frank Dillon, Desenhador (1822-1909)T. Picken, Litógrafo (Act. 1838-1857)Impressor Day & Son., Editor Paul & Dominic Colnaghi & CºLondres 1850Litografia impressa sobre papelAlt. 37cm x larg. 50,3 cmCasa-Museu Frederico de Freitas

PAg. 5 vista lateral oeste do convento com torre em destaqueCorpos posteriormente demolidosFoto cedida pela Província Portuguesa do Instituto das Franciscanas Missionárias de Maria

vista de corpo do convento posteriormente demolido, no atual pátio oesteFoto cedida pela Província Portuguesa do Instituto das Franciscanas Missionárias de Maria

Retrato das últimas pupilas de Santa Clara, Senhora Dona Clara e Senhora Dona Maria Pia(finais séc. XIX / inícios séc. XX)Foto cedida pela Província Portuguesa do Instituto das Franciscanas Missionárias de Maria

Arcaria na zona do pátio oeste, atualmente em ruínaFoto cedida pela Província Portuguesa do Instituto das Franciscanas Missionárias de Maria

PAg. 6vista aérea do Convento de Santa ClaraArquivo DRC/DSMPC

PAg. 7Claustro do convento (meados do século XX)Arquivo DRC/DSMPC

PAg. 13teto mudéjar no coro altoArquivo DRC/DSMPC

PAg. 15Pavimento azulejar (pormenor)Sevilha, século XVIBarro vidrado, técnica de ArestaCoro altoArquivo DRC/DSMPC

PAg. 16retábulo de Santo AntónioOficina Portuguesa,Século XVIIITalha dourada e policromada altar colateral, lado do evangelho, igrejaArquivo DRC/DSMPC

PAg. 17nossa Senhora da AssunçãoOficina PortuguesaInício do Século XVIIMadeira estofada, policromada e douradaCoro altoArquivo DRC/DSMPC

PAg. 18retábulo do CalvárioOficina Portuguesa,Século XVIITalha dourada e policromada Coro baixoArquivo DRC/DSMPC

vista geral da nave para o altar-mor da igrejaArquivo DRC/DSMPC

PAg. 22Pátio de entrada no convento Arquivo DRC/DSMPC

Parede fundeira da igreja Arquivo DRC/DSMPC

Arcaria do claustro com vista para o jardim Arquivo DRC/DSMPC

LEGENDAS

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PAg. 23Futura sala de exposição Arquivo DRC/DSMPC

Alpendre exterior ao coro alto Arquivo DRC/DSMPC

Pormenor do cadeiral do coro alto Arquivo DRC/DSMPC

PAg. 24Janela com gradeamento duplo no coro baixoArquivo DRC/DSMPC

Pormenor do pavimento em lajeado de cantaria regionalCorredores exteriores de acesso ao coro baixoArquivo DRC/DSMPC

Pormenor do painel azulejar representando Santa ClaraAzulejaria figurativaPortugal, século XVIIISala da rodaArquivo DRC/DSMPC

PAg. 25Pormenor dos caréis da arquivolta em cantaria, no túmulo de Martim Mendes de vasconcelos, genro de João gonçalves Zarco Arquivo DRC/DSMPC

PAg. 26Concerto na igreja de Santa Clara, integrado no Festival de Órgãos da MadeiraArquivo DRC

visita de estudo ao conventoArquivo DRC/DSMPC

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Direção regional Da CulturaRua dos Ferreiros, nº165. 9004 - 520 Funchal

Telefone: +351 291 211 830Fax: +351 291 230 341E-mail: [email protected]

CoorDenação

Direção de Serviços de Museus e Património CulturalFrancisco Clode de Sousa, Diretor de Serviços

Amara VieiraNatércia XavierRoberto SousaCasa-Museu Frederico de FreitasMuseu Quinta das Cruzes

técnicos envolvidos em fases anteriores do projeto

Alda PereiraCarolina FerreiraDaniel SousaDília FreitasDiva FreitasEunice LagosLilibeth RodriguesManuela MarquesRoberto PereiraRui Camacho

FiCha téCniCa

Ana Filipa AbrantesCora TeixeiraFilipe Bettencourt Flávia GouveiaGraça VieiraIlda SpínolaJosé Carlos PereiraLaura Joana AbreuLuísa SilvaMaria José MendesMartim VelosaPaula BarretoPedro Macedo CamachoReginaldo FernandesRita RodriguesTeresa de Deus FerreiraTeresa Klut

Agostinho AndradeEduardo FreitasEmanuel CorreiaManuel FreitasMárcio Ribeiro

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Projetos externos

reforço de estruturas A2P Consult Estudos e Projetos, Lda. (João Appleton e Rui Pombo)

luminotecnia Vítor Vajão – Atelier de Iluminação e Luminotecnia, Lda

Instalações elétricas e infraestruturas de telecomunicações em edifícios Hexafásica – Sociedade de Engenharia Eletrotécnica, Lda. (Manuel Pereira de Carvalho)

Segurança contra incêndios em edifícios Domodelta – Instalações Eletrotécnicas Unipessoal, Lda. (Gonçalo Cafofo)

Abastecimento de água e drenagem de águas residuaisSecretaria Regional dos Equipamentos e Infraestruturas (António Correia Baptista)

revisão de projeto Consulgal – Consultores de Engenharia e Gestão, S.A. (Manuel Cordeiro, Sérgio Freitas, Paulo Sousa)

Conservação e restauro

DGPC - Laboratório José de Figueiredo (Elsa Murta e Mercês Lorena)

DGPC - Museu Nacional do Azulejo (Lurdes Esteves)

ParCerias

Província Portuguesa do Instituto das Franciscanas Missionárias de Maria

Direção-Geral do Património Cultural (Ministério da Cultura) - Laboratório José de Figueiredo e Museu Nacional do Azulejo

Associação de Promoção da Madeira

Consulta a entiDaDes externas

Direção-Geral do Património Cultural (Ministério da Cultura)

Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais - Direção Regional do Ordenamento do Território e Ambiente

Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais – Subdireção Regional para os Assuntos do Mar

Serviço Regional de Proteção Civil, IP-RAM

Agência Regional da Energia e Ambiente da RAM

Câmara Municipal do Funchal

Page 17: O FUTURO DO PASSADO - DNOTICIAS.PT · O FUTURO DO PASSADO Reabilitação e restauro do Convento de Santa Clara no Funchal ... escavação ou revolvimento do solo. intervenção 10

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O FUTURO DO PASSADOReabilitação e restauro do Convento

de Santa Clara no FunchalMONUMENTO VISITÁVEL