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O gado asinino em Trás-os-Montes. Contribuição para o conhecimento da sua importância socio-económica. José Carlos Barbosa Escola Superior Agrária de Bragança, Ap. 1172, 5301-855 Bragança [email protected] Resumo Ao longo das últimas décadas, tanto em Trás-os-Montes como no resto do país, o número de burros tem diminuído de forma acentuada. No entanto, o gado asinino teve, e ainda continua a ter, um papel importante no meio rural; e presta grandes serviços às populações rurais. Com este trabalho pretendemos analisar a evolução do número de asininos na região de Trás-os-Montes e apresentar resultados preliminares de trabalhos de estudo da importância socio-económica dos asininos no meio rural. Com a evolução e alterações entretanto verificadas no mundo rural, nas componentes agrícola, social e económica; os burros adquirem, hoje, renovada utilidade e importância. Para muita gente das aldeias de Trás-os-Montes, principalmente os mais idosos, o burro é um auxiliar importante para as tarefas quotidianas e para a realização de muitos trabalhos agrícolas. Por outro lado, é possível renovar o interesse pelo gado asinino na perspectiva da sua utilização para novas funções, principalmente relacionadas com actividades de lazer e turismo. Introdução O gado asinino sempre teve uma presença importante nas actividades do meio rural na região de Trás-os-Montes, pela utilização destes animais em diversos trabalhos agrícolas ou, muitas vezes, predominantemente associados a determinadas tarefas, actividades ou ofícios. Nos últimos anos, tanto em Trás-os-Montes como no resto do país, o número de burros tem vindo a diminuir de tal forma que, frequentemente, se ouve falar no seu desaparecimento ou extinção.

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O gado asinino em Trás-os-Montes. Contribuição para o conhecimento da sua

importância socio-económica.

José Carlos Barbosa

Escola Superior Agrária de Bragança, Ap. 1172, 5301-855 Bragança

[email protected]

Resumo

Ao longo das últimas décadas, tanto em Trás-os-Montes como no resto do país, o número

de burros tem diminuído de forma acentuada. No entanto, o gado asinino teve, e ainda

continua a ter, um papel importante no meio rural; e presta grandes serviços às populações

rurais.

Com este trabalho pretendemos analisar a evolução do número de asininos na região de

Trás-os-Montes e apresentar resultados preliminares de trabalhos de estudo da importância

socio-económica dos asininos no meio rural.

Com a evolução e alterações entretanto verificadas no mundo rural, nas componentes

agrícola, social e económica; os burros adquirem, hoje, renovada utilidade e importância.

Para muita gente das aldeias de Trás-os-Montes, principalmente os mais idosos, o burro é

um auxiliar importante para as tarefas quotidianas e para a realização de muitos trabalhos

agrícolas.

Por outro lado, é possível renovar o interesse pelo gado asinino na perspectiva da sua

utilização para novas funções, principalmente relacionadas com actividades de lazer e

turismo.

Introdução

O gado asinino sempre teve uma presença importante nas actividades do meio rural na

região de Trás-os-Montes, pela utilização destes animais em diversos trabalhos agrícolas

ou, muitas vezes, predominantemente associados a determinadas tarefas, actividades ou

ofícios.

Nos últimos anos, tanto em Trás-os-Montes como no resto do país, o número de burros tem

vindo a diminuir de tal forma que, frequentemente, se ouve falar no seu desaparecimento

ou extinção.

Durante o ano de 1999 participámos, como orientador, na preparação e realização de um

trabalho de estudo do gado asinino na região do Nordeste Transmontano, de que resultou

um relatório (Samões, 2000) abrangendo a área geográfica do PNDI (Parque Natural do

Douro Internacional). Desde o ano de 2000, continuámos, de forma menos intensa, a

acompanhar a evolução dos asininos na região de Trás-os-Montes e a recolher informação

sobre a importância socio-económica que estes animais continuam a manter no meio rural

e sobre as perspectivas da sua utilização.

Interessa-nos saber as razões porque as pessoas das aldeias de Trás-os-Montes continuam a

criar burros e quais os trabalhos e tarefas desempenhadas pelos asininos; as características

e os aspectos que são valorizados no animal; e as perspectivas futuras para a criação de

gado asinino e do interesse na sua manutenção.

Em termos gerais, e considerando a população mundial de gado asinino, os burros são

maioritariamente criados/usados como animais de trabalho, desempenhando tarefas de

carga; tiro; e agricultura (Metz, 1995). Em menor escala (e em alguns países) são

frequentes outras funções, ou formas de valorização: produção de carne como, por

exemplo, na Itália; como reprodutores para produção mulateira; para guarda e

acompanhamento de rebanhos; para actividades de recreio e lazer; e como animal de

estimação. Como animal de trabalho, os burros coexistem / competem com os muares, na

realização de vários tarefas, enquanto que o gado cavalar tem, geralmente, funções

diferentes das atribuídas ao gado asinino ou aos muares.

Como já referimos, em Portugal o número de burros tem diminuído de forma acentuada

mas, por outro lado, a população mundial de asininos tem aumentado. Em meados da

década de noventa, a FAO (Food and Agriculture Organization) estimava a existência de

cerca de 44 milhões de asininos em todo o mundo, sendo que mais de 95% da população

mundial destes animais se encontrava em países em vias de desenvolvimento (FAO, 1995).

A nível mundial regista-se uma tendência para o crescimento do número de asininos mas,

nos países industrializados, pelo contrário, os burros perderam importância e o seu número

tem vindo a diminuir muito rapidamente. Na Europa, passaram de cerca de 3 milhões em

1944, para menos de 1 milhão em 1994. Em África, pelo contrário, o número de burros tem

vindo a crescer todos os anos, com estes animais a ganhar cada vez mais importância na

agricultura e transporte (Starkey, 1997).

Como consequência da redução do número de burros na Europa, várias raças asininas

autóctones, em vários países europeus, correm o risco de extinção devido ao muito

reduzido número de exemplares existentes.

Gado asinino em Portugal: evolução e distribuição geográfica.

No gráfico da Figura 1 podemos ver a evolução do número de asininos em Portugal.

Verificamos que se deu um crescimento significativo desde 1870 até ao recenseamento de

1934, quando se atingiu um valor de 268 mil animais; desde então o números de burros

tem vindo sempre a diminuir. De salientar a queda verificada entre os recenseamentos de

1972 e 1979 pois, nestes sete anos de intervalo, o efectivo nacional de burros passou de

177 mil para 111 mil, o que representa uma diminuição de 37%. No decénio seguinte

(1979-1989) manteve-se a tendência, com diminuição de 33%, baixando o número de

burros para 74 mil. Entre 1989 e 1999 o efectivo asinino reduziu-se para menos de metade

(36 mil animais) sendo a redução média anual, neste período, de cerca de 3 812 cabeças

por ano.

0

50

100

150

200

250

300

Recenseamentos

Figura 1 – Evolução do efectivo asinino em Portugal (Continente).

Uma das razões mais apontadas para o declínio do efectivo asinino é a mecanização da

agricultura, que se verificou a partir da década de sessenta, e que reduziu a importância dos

animais de trabalho.

Os muares, resultantes de cruzamento entre asininos e equinos, são criados com uma

vincada função de animal de trabalho, para execução de tarefas geralmente mais duras e

pesadas do que os trabalhos destinados aos asininos. O efectivo muar apresenta uma

evolução semelhante à do gado asinino, verificando-se decréscimos acentuados a partir do

recenseamento de 1972.

Mas a evolução dos asininos e dos muares não teve a mesma importância relativa e

grandeza em todos os distritos do país. Na Figura 2 podemos ver, para cada recenseamento

indicado, os distritos com efectivo asinino superior ao valor assinalado. Da mesma forma,

na Figura 3 podemos ver a distribuição geográfica dos distritos onde se encontram os

valores mais altos dos efectivos muares.

aa

1940 1979 1989 19991934

> 15 000 > 15 000 > 8 000 > 4 000 > 1 000

Figura 2 – Distribuição geográfica dos distritos com mais burros em cada recenseamento.

Verificamos que tanto em 1934 como em 1940, Santarém é o distrito com maior efectivo

asinino. Nos anos de 1979 e 1989 é Bragança o distrito do país com maior número de

burros. No último recenseamento, Guarda passa para a primeira posição, depois de ter

ocupado a segunda posição nos dois anteriores recenseamentos. Estes dados e a

visualização da Figura 2 permitem-nos verificar que o gado asinino foi perdendo

importância relativa nas regiões do Alentejo, Ribatejo e Estremadura; e foi aumentando o

peso relativo das regiões interiores de Trás-os-Montes e Beira. Da mesma forma se alterou

a importância relativa dos muares por região, como se pode verificar pela Figura 3.

aa

1940 1979 1989 19991934

> 10 000 > 10 000 > 5 000 > 3 000 > 1 000

Figura 3 – Distribuição geográfica dos distritos com mais muares em cada recenseamento.

Estes dados parecem indicar que a utilização destes animais de trabalho perdurou mais nas

regiões do interior norte e centro do país; e que, nestas regiões, o declínio no número de

asininos deu-se de forma mais lenta ou teve início mais tarde.

Os asininos em Trás-os-Montes

De forma distinta do que se passou a nível nacional, nos distritos de Bragança e Vila Real

não se deu uma diminuição significativa no número de burros entre 1979 e 1989; e, nesse

período, no distrito de Vila Real houve um ligeiro aumento.

Na Figura 4 podemos ver a evolução dos efectivos asininos e muares desde 1934 a 1999 no

distrito de Bragança. Da mesma forma, a Figura 5 mostra essa evolução para o distrito de

Vila Real.

Verifica-se que durante os anos da década de oitenta o efectivo asinino e muar manteve-se

estabilizado, sem grandes alterações nos dois distritos, dando-se um decréscimo acentuado

no número de burros, no período de 1989 a 1999, com uma redução de cerca de 48% em

Bragança e de cerca de 37% em Vila Real. Neste período, também os muares registam,

nestes distritos, reduções superiores a 30%.

23 61322 702

16 10115 332

7 924

3 970

5 152

10 3749 748

6 156

0

5 000

10 000

15 000

20 000

25 000

1 934 1 940 1 979 1 989 1 999

Recenseamentos

Asininos

Muares

Figura 4 – Evolução dos efectivos asininos e muares no distrito de Bragança.

11 132

12 024

8 5668 820

5 530

1 0241 275

3 374 3 336

2 075

0

2 000

4 000

6 000

8 000

10 000

12 000

14 000

1 934 1 940 1 979 1 989 1 999

Recenseamentos

Asininos

Muares

Figura 5 – Evolução dos efectivos asininos e muares no distrito de Vila Real.

É no recenseamento de 1999 que se verifica a menor diferença entre o número de asininos

e de muares (inferior a 1 800 animais, em Bragança). Isto pode indicar que se está cada vez

mais próximo do número mínimo de asininos e muares indispensáveis para a realização de

trabalhos que dificilmente serão mecanizados; ou que as populações não prescindirão

destes animais para a realização de certas tarefas ou funções. Esta questão só poderá ser

esclarecida pela evolução futura dos efectivos destes animais e da evolução demográfica

no meio rural.

De acordo com o recenseamento de 1999, os concelhos de Trás-os-Montes que possuem

mil ou mais burros são, por ordem decrescente: Valpaços, Chaves, Miranda do Douro,

Mogadouro, Bragança, Vimioso. A localização geográfica destes concelhos forma duas

“manchas” contínuas, uma no distrito de Vila Real; e outra na parte leste do distrito de

Bragança.

Na Figura 6 podemos ver um gráfico com a relação dos efectivos asininos e muares, em

1999, nos concelhos do distrito de Bragança; e, da mesma forma, na Figura 7 os dados

relativos aos concelhos do distrito de Vila Real. Estes gráficos permitem-nos verificar que

no distrito de Bragança são vários os concelhos onde o número de muares supera o número

de asininos e, noutros concelhos, os valores são muito próximos. Este facto é indicador da

importância do trabalho animal em várias zonas da região. Por outro lado, não parece haver

uma relação evidente entre as existências de asininos e de muares, pois podemos encontrar

concelhos vizinhos onde a relação entre asininos e muares é bastante distinta.

0

200

400

600

800

1 000

1 200

MirDou Moga Brag Vim MaCav Miran Vinh TMonc CarrAns AlFe FEC VilFl

Asininos

Muares

Figura 6 – Efectivos asinino e muar nos concelhos do distrito de Bragança, em 1999.

0

200

400

600

800

1 000

1 200

1 400

1 600

Valp Chav VPAg Monta ViRea Murç Alij Botic Sabro RibPe SMPe Mbast Preg Mfri

Asininos

Muares

Figura 7 – Efectivos asinino e muar nos concelhos do distrito de Vila Real, em 1999.

Para estudar a importância social e económica dos asininos no meio rural, temos de

conhecer as aldeias onde os burros existem em maior número. No Quadro 1 estão

indicadas as doze freguesias de Trás-os-Montes que tinham, em 1999, mais de 100 cabeças

de asininos.

Quadro 1 – Freguesias com mais de 100 asininos no recenseamento de 1999.

Nº de asininos Freguesia Concelho

171 Jou Murça 133 Santulhão Vimioso 131 Friões Valpaços 123 Duas Igrejas Miranda do Douro 118 Carção Vimioso 115 Carviçais Torre de Moncorvo 114 Telões Vila Pouca de Aguiar 113 Bouçoães Valpaços 112 Águas Frias Chaves 112 S. Martinho do Peso Mogadouro 110 Ervões Valpaços 108 Vilar de Perdizes Montalegre

O mapa da Figura 8 mostra a localização geográfica das freguesias que registaram mais de

80 asininos no recenseamento de 1999. Podemos verificar que estas freguesias formam

algumas “manchas” contínuas e, à medida que passamos a incluir as freguesias que se

seguem por ordem decrescente, manifesta-se uma tendência para o “alastramento” destas

“manchas”. Este facto indicia a existência de zonas constituídas por aldeias contíguas onde

a criação de asininos revela certa importância relativa.

aa

> 100 asininos

90 a 99 asininos

80 a 89 asininos

BRAGANÇA

MOGADOURO

MACEDO DE CAVALEIROS

MIRANDELA

VALPAÇOS

CHAVES

MONTALEGRE

BOTICAS

VILA REAL

MURÇA

MIRANDA DO DOURO

VIMIOSO

VILA POUCA DE AGUIAR

TORRE DE MONCORVO

Figura 8 – Freguesias de Trás-os-Montes com mais de 80 asininos no ano de 1999.

Em resultado da importância dos efectivos asininos em Trás-os-Montes e do decréscimo

do número de cabeças verificado nas últimas décadas, foram executadas algumas acções

direccionadas para o estudo e preservação do gado asinino da região. De seguida, vamos

referir, de forma breve, algumas das acções concretizadas:

- Em 1999 foi realizado um estudo, no âmbito do Programa Estágios do Instituto da

Conservação da Natureza, intitulado “Estudo do gado asinino no Parque Natural do Douro

Internacional”. Este estudo tinha como objectivo fazer a caracterização dos asininos

presentes na região, em particular quanto aos fenótipos existentes; e estudar a importância

social, económica e ecológica. Com este trabalho foi identificado um tipo local de asinino,

conhecido regionalmente como “burro de Miranda” (Samões, 2000). Os animais deste tipo

apresentam muitas semelhanças com os burros da raça Zamorano-Leonesa, de Espanha,

cuja área geográfica se situa junto à fronteira (Yanes Garcia, 1999).

- Em Maio de 2001 foi criada a AEPGA (Associação para o Estudo e Protecção do Gado

Asinino) que, desde então, desenvolveu várias acções no sentido de sensibilizar as

populações locais para a preservação do “burro de Miranda”; para a valorização dos burros

em actividades de lazer e turismo; e pugnar pela identificação / definição de uma raça

local.

- Em Junho de 2002 é homologado o Regulamento de Registo Zootécnico da raça de

asininos de Miranda (burro de raça Mirandesa). Estima-se a existência de cerca de mil

fêmeas e quarenta machos desta raça.

A homologação de uma raça autóctone e a existência de uma associação que trabalha para

a sua preservação e protecção, permitiu o desenvolvimento de diversas actividades, a cargo

da associação tais como: inscrição de animais no Registo Zootécnico; a captação de ajudas

financeiras para as actividades de preservação e protecção desta raça autóctone;

dinamização de feiras (Naso, Mogadouro, Sendim) com grande tradição regional, que

tinham perdido muita da sua atracção; e realização de actividades de divulgação como

passeios turísticos, desfiles, corridas, concursos e outras.

Contudo, as actividades desenvolvidas pela associação estão direccionadas para os burros

de raça Mirandesa, deixando de fora todos os outros asininos, que constituem a maioria

dos burros presentes na região. De qualquer forma, é previsível que estes animais também

venham a beneficiar, de forma indirecta, pelo aumento do interesse na utilização dos

burros em diversas actividades.

Importância social e económica dos asininos em Trás-os-Montes

Na sequência dos contactos realizados com criadores de burros da região, e da informação

já recolhida, verificamos que os burros apresentam uma relevância actual que vai para

além dos trabalhos/funções tradicionais.

O envelhecimento da população rural explica muito do interesse pelos asininos. Neste

caso, “os burros são as pernas dos velhos” e são utilizados para as deslocações na aldeia

(fazer as compras, visitas, deslocações às propriedades, etc) e para ajudar na realização de

trabalhos que, normalmente, seriam executados por pessoas mais novas, como por

exemplo, transporte de lenha.

Uma nova funcionalidade é a utilização do burro em actividades de lazer e turismo,

principalmente para a realização de passeios por locais de interesse paisagístico ou

ecológico, onde não há acesso para veículos.

Existem, também, algumas pessoas que criam os burros como animal de estimação, ou

para a participação em corridas e desfiles.

Estas novas funcionalidades não dependem, nem estão associadas, a uma raça asinina em

particular, pelo que não se restringem aos burros de raça Mirandesa.

A escolha do animal está muito relacionada com as funções previstas para a sua utilização,

sendo de destacar as razões apontadas pelas pessoas idosas. Estas pretendem que o burro

seja dócil (que seja fácil de conduzir, capturar, deslocar, etc) e calmo (que não se espante

facilmente e possa provocar quedas).

Desta forma, dão preferência às fêmeas porque são mais dóceis, mais calmas e menos

agressivas. São também admissíveis os machos castrados, mas manifestam grande

relutância por machos inteiros, pois estes são mais agressivos; têm mais força e maior

porte.

A maioria dos criadores, principalmente os idosos preferem burros de baixa estatura, que

são mais fáceis de montar e de aparelhar.

Há, ainda, outras razões de gosto pessoal por certas características físicas do animal como:

a cor; o comprimento do pelo; a existência de cruz dorsal, etc. Estas razões resultam do

gosto pessoal, de caracter subjectivo ou resultam do imaginário popular.

Conclusão e Perspectivas

O gado asinino tem, ainda, um papel importante no mundo rural, principalmente para a

população idosa. Estes são, actualmente, os principais utilizadores dos asininos.

Perspectiva-se que o número de animais tenderá, ainda, a diminuir, em função da idade

avançada das populações rurais e do despovoamento das aldeias.

Surgem novas funcionalidades para estes animais, como: lazer, turismo, companhia, etc. É

possível que, no futuro, aumente o número de proprietários de burros com estas funções.

Estabelecida uma raça autóctone em Portugal (a única) convirá que as medidas de apoio

para a preservação dos asininos não marginalizem os burros que não pertencem a esta raça.

Bibliografia

FAO (1995) FAO Production Yearbook, Volume 48, Food and Agriculture Organization,

Roma

METZ, René (1995) Conocer los asnos y las mulas. Editorial De Vecchi, Barcelona.

SAMÕES, Luísa (2000) Estudo do gado asinino no Parque Natural do Douro

Internacional. Instituto da Conservação da Natureza - Parque Natural do

Douro Internacional, Mogadouro.

STARKEY, Paul (1997) “Donkey work”. The Professional Handbook of the Donkey. The

Donkey Sanctuary, Devon. 183-206.

YANES GARCÍA, José Emilio (1999) El asno Zamorano-Leonés, una grand raza

autóctona. Diputación de Zamora, Zamora.