O gerenciamento de risco segundo a Parte 2 da ABNT NBR 5419.docx

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O gerenciamento de risco segundo a Parte 2 da ABNT NBR 54190 COMENTRIOS

Edio 109 - Fevereiro de 2015Espao 5419Por Hlio Eiji Sueta*A Parte 2 da ABNT NBR 5419/2015 traz, com certeza, as maiores mudanas na proteo de estruturas contra as descargas atmosfricas. Nesta parte, o estudo de diversos parmetros da estrutura, seus arredores e das linhas eltricas ligadas a ela indicar as medidas de proteo da estrutura, das pessoas e dos equipamentos contra os efeitos nocivos das descargas atmosfricas para que os riscos fiquem dentro de valores tolerveis.O usurio da verso anterior, a ABNT NBR 5419:2005, para saber se a estrutura necessitava ou no de um Sistema de Proteo contra Descargas Atmosfricas (SPDA), fazia um estudo simples em que calculava a rea de exposio equivalente - Ae(que por sinal mudou nesta nova verso), verificava o ndice cerunico da regio para calcular a densidade de descargas atmosfricas para terra - Nge avaliava cinco ndices de ponderao (tipo de ocupao, de construo, o contedo e os efeitos indiretos das descargas, a localizao da estrutura e a topografia da regio).Com estes parmetros, o usurio conseguia fazer uma avaliao final, obtendo a frequncia mdia anual ponderada prevista para edificao, e assim comparar com os valores de 10-3(resultado igual ou acima deste, a implantao de um SPDA seria obrigatria) e 10-5(resultado igual ou inferior a este, o SPDA no seria obrigatrio) e estando dentro da faixa intermediria, deveria haver uma justificativa tcnica para a no implantao de um SPDA.Para a definio do nvel de proteo, utilizava uma tabela fornecida pela norma em funo da classificao das estruturas ou a curva de eficincia do SPDA, tambm fornecida pela norma.Na parte 2 da ABNT NBR 5419:2015, o estudo bem mais abrangente, iniciando pelas fontes de danos em que so consideradas as descargas atmosfricas que atingem diretamente a estrutura e as linhas eltricas interligadas com elas e tambm as descargas que atingem reas prximas s estruturas e s linhas. So considerados trs tipos de danos: os ferimentos aos seres vivos, os danos fsicos s estruturas e as falhas nos sistemas eltricos e eletrnicos. Com isso, so considerados os seguintes tipos de perdas: perda de vidas humanas; perda de instalao de servio ao pblico; perda de memria cultural; e perda de valor econmico (estrutura e seu contedo, instalao de servio e perda de atividade).Dessa forma, os riscos a serem avaliados em uma estrutura so: R1 - risco de perda de vida humana; R2 - risco de perda de instalao de servio ao pblico; R3 - risco de perda de memria cultural e R4 - risco de perda de valor econmico.Entende-se como risco o valor de uma provvel perda mdia anual (vida e bens) devido s descargas atmosfricas, em relao ao valor total (vida e bens) do objeto a ser protegido. Estes riscos dependem do nmero anual de descargas atmosfricas que influenciam a estrutura, da probabilidade de dano por uma das descargas atmosfricas que influenciam esta estrutura e da quantidade mdia das perdas causadas.Uma vez calculados estes riscos, os valores so comparados aos valores tpicos tolerveis indicados na norma: perda de vida humana ou ferimentos permanentes = 105; perda de servio ao pblico = 103e perda de patrimnio cultural = 104. Caso algum valor de risco ultrapasse o valor tolervel, as medidas de proteo devem ser alteradas de forma que o risco fique dentro do valor tolervel.Para o clculo de um determinado risco, vrios componentes de risco devem ser avaliados: RA- componente relativo a ferimentos aos seres vivos causados por choque eltrico devido a tenses de passo e de toque em distncias de at 3 m do lado de fora da estrutura; RB- componente relativo a danos fsicos causados por centelhamentos perigosos dentro da estrutura iniciando incndio ou exploso, os quais podem tambm colocar em perigo o meio ambiente; RC- componente devido falha de sistemas internos causados por LEMPs (pulsos eletromagnticos devido aos raios) por conta de descargas que atingem a estrutura; RM- Falha de sistemas internos causada por LEMP devido s descargas que atingem reas perto da estrutura; RU- componente relativo a ferimentos aos seres vivos causados por choque eltrico por causa das tenses de toque e passo dentro da estrutura ocasionadas por descargas que atingiram a linha eltrica conectada a estrutura; RV- Componente relativo a danos fsicos (incndio ou exploso iniciados por centelhamentos perigosos entre instalaes externas e partes metlicas geralmente no ponto de entrada da linha na estrutura) devido corrente da descarga atmosfrica transmitida ao longo das linhas; RW Componente relativo a falhas de sistemas internos causados por sobretenses induzidas nas linhas que entram na estrutura e transmitidas a esta; RZ Componente relativo a falhas de sistemas internos causados por sobretenses induzidas nas linhas que entram na estrutura e transmitidas a esta, geralmente em estrutura com risco de exploso, hospitais e outras com riscos de vida por falha de sistemas internos.Cada uma destas componentes de risco pode ser calculada por meio de uma expresso geral:

A parte 2 da ABNT NBR 5419:2015 apresenta diversos anexos, nos quais podem ser obtidos ou calculados estes parmetros para cada componente.O clculo dos riscos feito pela somatria de algumas componentes, como a seguir:

a)Somente para estruturas com risco de exploso e para hospitais com equipamentos eltricos para salvar vidas ou outras estruturas quando a falha dos sistemas internos imediatamente possa colocar em perigo a vida humana.

b)Somente para propriedades nas quais animais possam ser perdidos.Estes clculos so bastante trabalhosos se forem feitos mo. Em vista disso, alguns softwares e planilhas foram desenvolvidas no exterior (com base na IEC 62305-2:2010) e tambm no Brasil, que facilitam a obteno das medidas de proteo necessrias para que os riscos estejam com valores tolerveis.No Brasil, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) disponibilizou um mapa do Brasil e mais cinco mapas das regies brasileiras nos quais se pode obter diretamente o Ng(nmero de descargas atmosfricas para terra por km2por ano). Este nmero poder (assim que a norma for publicada) ser obtido tambm no seguinte link: . Este parmetro fundamental para o clculo de N que utilizado na obteno de todos os riscos.Dessa forma, as medidas de proteo, tais como o nvel de proteo (I, II, III ou IV), as classes dos DPSs (Dispositivos de Proteo contra Surtos, classe 1, 2 ou 3), as formas para reduo de incndio, as medidas para reduo de tenses de toque e passo e as formas de cabeamento e blindagens sero definidas pela anlise de risco da estrutura sob estudo.