O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    O GOVERNO INTERNO

    DO MUNDO

    Annie Besant

    Palestras proferidas na North IndianConvention da Sociedade Teosfica,

    ocorrida em Varanasi, ndia, em

    setembro de 1920.

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    PALESTRA 1

    Ishvara

    Os Construtores de um Cosmo

    A Hierarquia de nosso Mundo

    Os GovernantesOs Instrutores

    As Foras

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    AMIGOS:Quero lhes apresentar nestas palestras, se eu puder, uma certa

    viso do mundo e do modo como este mundo guiado e

    dirigido. Como este um encontro pblico, h uma colocao

    que, imagino, deva fazer, a qual no seria necessria se esta

    assemblia fosse composta apenas de membros da Sociedade

    Teosfica. importante recordar que na Sociedade Teosfica

    no temos nenhuma autoridade em matria de opinio. Todo

    membro livre para desenvolver sua prpria teoria sobre avida, para escolher sua prpria linha de pensamento, e

    ningum tem o menor direito de determinar para qualquer

    membro o que ele deve escolher ou pensar. Na Sociedade

    Teosfica s existe uma nica condio obrigatria para um

    membro: o reconhecimento da Fraternidade Universal. Fora

    disso cada membro absolutamente livre. Ele pode pertencer aqualquer religio, ou pode no pertencer a religio nenhuma.

    Se ele pertence a uma religio, jamais se lhe pede que a

    abandone ou mude, mas apenas que ele tente viver de acordo

    com seus preceitos acerca da vida espiritual, reconhecendo a

    unidade de tudo, viver em harmonia com as pessoas de sua

    prpria f e as pessoas de outras crenas. Quando falamos deTeosofia podemos tomar a palavra em dois sentidos. O

    primeiro o que ela significa para o indivduo. Neste sentido

    no h diferena entre Teosofia e a antiga Brahmavidya da

    ndia, a Para Vidya e a Gnose dos gregos - de fato no h

    diferena alguma. Ela o reconhecimento de que o homem

    pode conhecer Deus. Nos Upanishads ela chamada de "o

    conhecimento d'Aquele por Quem todas as coisas so

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    conhecidas". difcil em nosso idioma falarmos de

    "conhecimento" neste sentido, porque conhecimento implica

    uma dualidade, ou antes uma triplicidade - o Conhecedor, o

    Conhecido e a Relao entre eles - pois quando o Esprito dohomem, que procede de Ishvara, compreende sua prpria

    natureza, j no caso de pensar ou conhecer. Trata-se de

    perceber esta identidade. Vocs sabem o que est escrito no

    Upanishad: "Quem diz 'eu sei' no sabe", porque a prpria

    palavra "conhecimento" um equvoco no que tange quela

    percepo. Nela no se diz "eu sei", antes dizemos "eu sou".Isto nos d a acepo primeira da palavra "Teosofia".

    Empregamo-la ainda em outro sentido, o de certo corpo de

    ensinamentos. Nenhum destes ensinamentos em particular

    compulsrio para nenhum membro. O conjunto destes

    ensinamentos so os ensinamentos para os quais a Sociedade

    foi formada a fim de divulg-los para o mundo, mas isso no ostorna obrigatrios para nenhum de seus membros. Esta

    poltica se assenta em uma base muito firme. Esta base a de

    que ningum pode realmente acreditar em uma verdade antes

    de ter crescido ao ponto de ser capaz de v-la por si mesmo

    como verdade. Um ensinamento de fato no parte de nossa

    vida espiritual; ele nos chega atravs de nossa vida mental,

    aquela parte de nossa natureza que costumamos chamar de

    cognitiva, o intelecto, o qual capaz de compreender o que lhe

    de natureza semelhante. A verdade em ns reconhece a

    verdade fora de ns depois que aberta a viso interior. Da

    que a Sociedade tem como um dos seus objetivos o estudo

    das grandes verdades fundamentais de todas as religies. No

    perguntamos a nenhum membro se ele acredita nelas ou no.

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    Deixamos que sejam estudadas, na plena convico de que

    apenas quando os olhos do homem que no cego esto

    abertos que ele enxerga, em virtude da luz do sol - no

    pedimos que ele acredite na luz, e o mesmo vale para o mundomental. To logo so abertos os olhos da natureza interior, do

    intelecto, j no uma questo de argumentao, mas sim de

    viso direta. Reconhecemos a verdade porque a faculdade da

    verdade em nossa prpria natureza demonstra que ela existe.

    Compreendemos em virtude dela, assim como vemos em

    virtude da luz do sol. Enquanto uma pessoa cega, o sol comoluz no lhe significa nada. Quando seus olhos so abertos

    ento j no so necessrios argumentos em prol da existncia

    da mesma luz atravs da qual a pessoa enxerga. Consideramos

    a verdade da mesma forma, e por isso deixamos o estudante

    estudar at que ele por si mesmo conhea a verdade de

    qualquer doutrina. Os ensinamentos divulgados pelaSociedade so os mesmos que encontramos em todas as

    grandes religies. Se, por exemplo, tomarmos um livro

    publicado pelo Hindu Central College como livro-texto para

    meninos indianos, e um livro-texto avanado, para jovens

    homens daquela mesma instituio, encontraremos neles

    certas verdades. Elas so dadas na forma Hindu. Se tomarmos

    um livro-texto Teosfico, usado para ensino em escolas onde

    se ensina todas as religies, onde h alunos que tm pais que

    pertencem a religies particulares, encontraremos

    apresentadas as mesmas verdades que so comuns a todas as

    religies. A nica diferena que no livro-texto Teosfico as

    vrias Escrituras das diferentes religies de todo o mundo so

    citadas para fundament-las, ao passo que no livro-texto Hindu

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    so citadas apenas as Escrituras Hindus. Esta a nica

    diferena no que diz respeito s grandes idias; as idias em si

    so idnticas.Compreendam que tudo o que digo conforme o meu prprio

    entendimento das coisas. Esta viso no imposta sobre

    nenhum membro, pois o dever de cada um pensar por si

    mesmo. Ela no compromete a Sociedade como instituio,

    pois ela s tem como requisito para admisso a aceitao da

    Fraternidade Universal. Sou responsvel por aquilo que digo. O

    que digo resultado de meu prprio estudo. Cabe a todos

    vocs, Teosofistas ou no, membros ou no, usar seu prprio

    intelecto, seu prprio julgamento, sua prpria conscincia na

    ponderao de cada assero que eu fizer. No devem tom-

    las como verdades prontas. Todos devem usar seu prprio

    pensamento e no simplesmente seguir o pensamento alheio.

    Isso vale especialmente porque vou tratar de assuntos muito

    intrincados. Ao falar deles como verdades falo em grande

    medida a partir de minha prpria experincia, e tambm

    tomando certas declaraes como harmnicas com o que eu j

    conheo, mas aplicadas a um campo de fatos mais vasto, alm

    da minha atual capacidade pessoal de verificao. Pois estou

    para dizer algumas coisas sobre o Cosmo mais vasto dos

    sistemas solares que no sou capaz de examinar por mim

    mesma. Trato apenas do assunto como um todo, e me

    demorarei nesta parte s brevemente. Mas ela necessria a

    fim de lhes apresentar uma viso bem mais completa, porque

    existem muitos outros sistemas solares a respeito dos quais

    no sei absolutamente nada. A maioria de ns fala sobre

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    muitos fatos da cincia que no somos capazes de verificar;

    por exemplo, no sou capaz, em astronomia, de verificar as

    declaraes dos grandes astrnomos a respeito da situao e

    relaes de nosso vasto sistema solar. Eu nunca estudeiastronomia. Se o tivesse feito, poderia mesmo assim no ter

    conseguido o conhecimento dos grandes peritos nesta cincia.

    Mas os vejo ensinando os fatos sobre o sistema solar que eles

    mesmos observaram e coletaram, atravs de telescpios e dos

    muitos outros meios de que dispem, como o espectroscpio,

    e como eles examinaram a composio dos outros planetasalm do nosso prprio, devo aceitar suas novas concluses, se

    elas de modo geral forem congruentes com o que j sabemos a

    respeito da constituio do nosso prprio e das suas relaes

    com outros corpos celestes, estudadas matematicamente, e

    assim por diante. Ao tratarmos das chamadas declaraes

    ocultas estamos em uma posio exatamente similar, a saber:declaraes a respeito de fatos relativos a uma ordem

    particular de existncia, com a qual alguns de ns so capazes

    de entrar em contato j em nosso prprio mundo, ordem esta

    cuja existncia em certa medida podemos inferir a partir da

    histria de nosso prprio mundo; h outros mundos que no

    somos capazes de pesquisar ou obter deles conhecimento de

    primeira mo; a seu respeito um grande nmero de

    declaraes tm sido feitas por pessoas muito mais

    desenvolvidas do que ns. Que uma boa parte do

    conhecimento obtido confiando-se nos peritos vale para a

    cincia oculta assim como para a astronomia. Certas partes da

    verdade podem ser obtidas por ns mesmos, por nosso

    prprio estudo, mas outras partes no. As condies so

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    semelhantes quelas da astronomia, ou de qualquer outra

    cincia. Devemos devotar muito tempo ao estudo. Devemos

    estudar ao longo de certas linhas que foram repetidamente

    comprovadas. Devemos perseguir o conhecimento de primeiramo, que o melhor, mas o mais trabalhoso modo de adquirir

    conhecimento. Contudo, isso exige logo de princpio alguma

    facilidade para aquela cincia em especial. Podemos encontrar,

    por exemplo, algum que jamais poderia se tornar um grande

    astrnomo, no importando o quanto estude; um homem que

    tem dificuldade com matemtica jamais poderia se tornarrealmente um grande astrnomo, porque muito do estudo

    astronmico requer domnio da matemtica superior. Se por

    natureza um homem obtuso nesta cincia ele jamais poder

    se tornar um grande astrnomo. O mesmo se d no estudo

    oculto. H muitas pessoas que no possuem a faculdade que

    lhes possibilite iniciar. Isso depende de seu passado, da linhade evoluo que seguem. O seu progresso depende de

    possurem a faculdade, de quanto tempo estaro prontas a

    devotar ao estudo, de em que extenso se adequaro s regras

    estabelecidas pelos peritos no que diz respeito aos iniciantes,

    e assim por diante. Admitindo que h uma grande diferena

    entre a aceitao obtida pela cincia oculta e a aceitao que

    recebem as declaraes astronmicas dos cientistas, todo

    mundo, praticamente todas as pessoas instrudas, so

    inclinadas a aceitar o testemunho dos grandes astrnomos

    como fatos, mesmo que no sejam elas mesmas capazes de

    observ-los ou verific-los. No uma questo de vida ou

    morte se eles estiverem errados. Mas quando passamos a

    tratar das declaraes da cincia oculta, algumas das quais

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    encontramos nas grandes Escrituras do mundo, algumas das

    quais encontramos nas antigas histrias do mundo, existe um

    grande e injusto ceticismo entre os pensadores modernos. As

    histrias so descartadas como se no passassem de lendas emitos. As Escrituras so descartadas como se fossem apenas

    superstio, embora contenham as idias de povos antigos,

    muito mais instrudos do que ns. Da a dificuldade do

    Ocultismo em justificar-se, mas as pessoas deveriam

    consider-lo exatamente do mesmo modo como fazem com a

    cincia astronmica. Mas o homem de hoje rpido em aceitara cincia que se baseia em instrumentos. Onde se constroem

    instrumentos altamente sofisticados como telescpios,

    espectroscpios e todo o tipo de coisas de extraordinria

    acuidade e sensibilidade, logo para ali sente-se atrada a mente

    moderna, especialmente no mundo ocidental; diz-se ento que

    ali est o maior avano nas cincias conhecidas. Este omodo como a mente funciona. Ela olha para os objetos e da

    constri suas teorias atravs da observao, comparao,

    classificao, e assim por diante. Para a mente moderna

    comum tudo o que se desenvolve nestas linhas justifica

    facilmente a si mesmo. No h questionamentos. O Ocultismo

    trabalha de um modo diverso. Trabalha atravs do

    desenvolvimento de novos rgos que existem dentro do

    homem, em vez de produzir instrumentos externos ao homem.

    Porm o desenvolvimento dos sentidos interiores, dos poderes

    internos de observao, s pode ser feito sob certas regras,

    regras que dizem respeito ao corpo e conduta do homem.

    muito mais fcil comprar um telescpio e olhar a lua atravs

    dele do que desenvolver nossa prpria natureza ao longo de

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    linhas em que a evoluo ainda no nos acostumou. Eis a

    dificuldade do estudo oculto. A pessoa prontamente se dispe

    a se submeter a uma disciplina sem questionar se esta for

    desenvolvida num laboratrio cientfico, mas questionafortemente se ela proceder da autoridade dos grandes

    Conhecedores do passado. Agora vou lhes falar da espcie de

    fatos obtidos desta forma. Portanto, vocs devem tom-los a

    partir deste ponto de vista, e entender que no lhes peo para

    crerem em qualquer coisa s porque sou eu quem o digo.

    Apenas lhes apresento uma teoria sobre o Governo do Mundoque encontra na histria e na religio muitos fatos

    corroborantes, mas que podem ser questionados por aqueles

    que no aceitam a histria antiga, que no aceitam as grandes

    Escrituras do mundo religioso - e dentre aqueles fatos que

    acrescento em virtude de meu prprio estudo, comearei com

    aqueles que sou eu mesma incapaz de verificar. Somenteposso lhes apresentar algumas razes para que sejam aceitos.

    Em linhas gerais o seguinte: temos um sistema solar

    consistindo de alguns corpos planetrios girando em torno do

    sol. Estes corpos so estudados pela cincia comum, a qual

    diz que se movem de acordo certas foras definidas, sob o que

    chamamos de certas leis naturais definidas, que foram

    estabelecidas e verificadas muitas e muitas vezes atravs de

    observaes. De acordo com esta concepo cientfica, nosso

    sistema solar em certa extenso um corpo autoconfinado. O

    sol central de certa forma controla os movimentos dos corpos

    planetrios que circulam em seu redor. E fora do sistema solar

    temos o espao, um espao praticamente vazio. Mas a cincia

    nos diz que h muitssimos sistemas solares. Somos apenas

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    um dentre muitos. Ela nos diz que os sistemas solares existem

    em grupos, e que o nosso pertence a um grupo, que em

    conjunto circula em torno de um sol muito, muito distante nas

    profundezas do espao; de modo que no somos totalmenteautoconfinados. Estamos sob outras influncias e nos

    movemos, como um grande sistema grupal, de acordo com

    outras leis. No nos preocupamos muito com isso porque

    temos escassa capacidade de observao. Qualquer parte do

    argumento cientfico praticamente uma induo a partir de

    poucos fatos confirmados. Podemos formar a teoria de que sehouver um grupo exercendo certos poderes de atrao e

    repulso, e se suas partes particulares se moverem de uma

    forma que no pode ser explicada por nada que pudemos

    descobrir, deve haver algo alm ainda desconhecido causando

    estes outros movimentos que no podem ser atribudos a

    nenhuma fora existente dentro de nosso prprio sistemasolar. Sei muito pouco sobre isso, e no quero me estender

    mais neste ponto.Voltemos ao nosso prprio sistema solar, que por si j

    bastante complexo para ns. Temos ento o sol e os planetas.

    J sabemos que este sol e estes planetas so compostos de

    certos tipos de matria. Foi descoberto pela cincia que a

    constituio da matria de cada planeta contm substncias

    que encontramos no nosso. Mas elas esto em condies

    muito diferentes. Um ou dois podero talvez possibilitar a vida

    humana, podero ter uma humanidade se desenvolvendo nele.

    Obviamente outros no podero ter nada que se assemelhe

    humanidade como a conhecemos aqui. Estas declaraes

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    vagas so feitas de acordo com o que todos os peritos podem

    dizer a respeito de nosso prprio sistema solar. Quando

    passamos s grandes Escrituras do mundo, encontramos uma

    declarao muito explcita de que todas estas formas dematria, os globos do sistema planetrio, so emanaes de

    um Grande Ser que entre os Hindus recebe o nome de Ishvara,

    assim como em portugus o de Senhor, ou Soberano. De fato

    este Ser, a existncia deste Ser, no podem ser definitivamente

    provadas a no ser ao longo da linha que mencionei no incio -

    a obteno de conhecimento d'Ele encontrando-O em nsmesmos. A religio nos diz que tudo em nosso redor, todas as

    coisas visveis e invisveis, so formas animadas pela Vida

    nica. At onde diz respeito ao nosso mundo, uma eventual

    prova disto se tornaria ento mais e mais til e valiosa para

    ns. Podemos quase suspeitar, olhando para outros seres

    humanos, que a vida em cada um deles quase a mesma que avida que temos em ns mesmos. Todos ns pensamos, todos

    ns sentimos, todos ns agimos, temos paixes semelhantes,

    emoes semelhantes, tipos de pensamento semelhantes,

    faculdades e capacidades mentais semelhantes, e assim por

    diante, diferindo em grau, mas no em essncia. Agora a

    cincia comea a nos dizer que existe uma nica Vida em

    todas as coisas, coisas que a cincia reconhece como sendo

    vivas. Isso tem sido largamente demonstrado em nossa poca.

    H muito a cincia j reconheceu que a natureza da vida no

    animal a mesma que a natureza da vida no homem. S muito

    mais tarde que ocidente reconheceu que a vida tambm no

    vegetal difere em grau, mas no em tipo. Esta maravilhosa

    descoberta se deve, como se sabe, a um indiano, SirJagadish

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    Chandra Bose, antigamente professor na Universidade de

    Calcut e pesquisador da verdade guiado em suas pesquisas

    pelas Escrituras Hindus. No esqueamos que Jagadish

    Chandra Bose declarou, em sua primeira grande palestra emLondres a respeito da vida nas plantas, que esta era idntica

    vida nos animais e no homem - ele disse isso diante da Royal

    Society, diante de todos os pensadores materialistas da

    Inglaterra e, atravs deles, diante de toda a Europa, e ele

    encerrou aquela famosa palestra com a frase de que ele

    somente estava provando o que seus ancestrais j haviamcantado s margens do Ganges. Isso uma verdade literal. H

    uma Vida nica e as pessoas A chamam de vrios nomes.

    Muitas e muitas vezes esta profunda verdade foi declarada sem

    hesitao, sem dvidas, sem questionamentos, nos

    Upanishads e em toda a grande literatura da ndia. Assim .

    Esta a voz dos livros. Um grande comentador dos Vedas,Sayana, disse, como sabemos, esta mesma coisa sobre a Vida

    nica - ele disse: a Vida nica se manifesta no mineral como

    sat, existncia, e o mineral apresenta esta poro da Vida

    nica. A mesma Vida nica se manifesta no vegetal, e nele se

    manifesta como ichchha, desejo. No animal a mesma Vida

    nica se apresenta muito mais fortemente como ichchha e

    tambm como chit, pensamento; mas o todo se apresenta no

    homem, que percebe o antes e o depois e se torna

    autoconsciente. Isto j foi dito h muitos sculos, h milnios,

    mas nunca numa forma que satisfizesse os cientistas do

    sculo XX. Baseado nisto, seguindo esta direo, aceitando

    esta grande verdade dos antigos Rishis (Santos ou Sbios),

    Jagadish Chandra Bose comeou a trabalhar e provou-a no

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    plano fsico, demonstrou-a com seu instrumental fsico,

    apresentou experincias que a comprovaram alm da

    possibilidade de qualquer dvida. Mas isso no foi aceito de

    incio, no acreditaram nele. O mundo da cincia ocidental noestava preparado para dizer que um cientista indiano, atuando

    segundo as linhas de suas Escrituras, havia provado uma

    coisa que nenhum deles havia descoberto, e muito menos

    provado. Mas chegou enfim o dia de seu triunfo. Seus fatos

    foram aceitos, suas concluses se provaram verdadeiras.

    Como sabemos hoje ele um membro da Royal Society, o maisalto reconhecimento que a Inglaterra pode dar ao gnio

    cientfico. E tudo partiu das Escrituras. Hoje podemos tomar

    estes fatos como cientificamente provados, mas no reino

    mineral ainda no suficientemente explorados. Aqui se indicou

    apenas um comeo de verdade. Por exemplo, encontramos a

    fadiga entre os minerais. Quando o mineral descansa, a fadigadesaparece. Sua mquina cansa. O operrio pode lhe confirmar

    isso. Ela no precisa de conserto, s de descanso. Depois ela

    recupera sua eficincia e volta a funcionar. Mas ainda no est

    completa a prova de que ela tem vida e no apenas possui o

    que chamaramos de reao inanimada. Porm pessoalmente

    estou preparada para aceitar que ela possui vida, a partir dos

    antigos ensinamentos, e tambm de meu prprio

    conhecimento a respeito da evoluo da vida mineral.At aqui estamos lidando com questes muito amplas. Sobre o

    sol h muita discusso em andamento. O sol perde ou ganha

    energia? Ele a perde, dando continuamente calor para outras

    coisas, ou ela recuperada por objetos de se precipitam sobre

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    o sol, e assim o realimentam mais rpido do que ele se esvai?

    Estamos prontos a aceitar, temporariamente, a teoria adotada

    pelos astrnomos a este respeito. Acredito que o sol seja a

    vestimenta de um Grande Ser, seja um centro de Vida, umavastssima Vida Autoconsciente. O mesmo crem os Hindus.

    Geralmente se fala que Narayana o grande Ser no sol. Neste

    sentido, o sol a manifestao, o corpo, do Ishvara deste

    sistema. Vemos que nos ensinamentos Teosficos, que

    seguem a linha das antigas fs, o termo Logos (Verbo) usado

    para designar a Deidade, o Ishvara do sistema. MuitosTeosofistas, que estudaram o assunto, aceitam esta concepo

    a respeito do sol de nosso sistema como sendo o corpo de

    nosso Logos, Ishvara, mas no se d muita nfase a isto, nem

    se o menciona muito amide. s vezes falamos do Logos

    Solar, fazendo esta distino, porque os Hindus crem que h

    muitos Ishvaras em posies mais e mais altas, culminando noUm. Lembremos como o Bhagavata fala sobre isso, sobre as

    grandes hierarquias de Ishvaras ascendendo umas sobre

    outras. Para todos os propsitos prticos nos limitamos ao

    Ishvara de nosso prprio sistema e, como sabemos, o grande

    mantra Gayatri um apelo a Deus no sol. Esta a razo,

    obviamente, pela qual em tantas religies as pessoas se voltam

    para o leste em suas preces. No se restringe aos Hindus isso

    de voltar-se para o sol nascente durante o culto, no um culto

    ao corpo solar exterior, mas a Deus no sol. Tudo em nosso

    sistema solar depende da Vida, calor e luz do sol. Ele a fonte

    de toda a energia pela qual o sistema solar existe, e tem nele a

    insondvel energia do Divino.

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    Quando perguntamos como se originou o sistema solar, vemos

    que o ensinamento oculto vai um pouco alm do ensinamento

    literal dos livros sagrados. Alguns deles usam a palavra

    ichchha, desejo. s vezes encontramos a palavraprana, alento,que um termo bem preciso. O mais alto Ishvara emana a

    matria primordial. O Ishvara de nosso sistema solar, operando

    no que a cincia chama de pr-nebulosa, o ter, o ter do

    espao, isola uma poro disso atravs da criao de um anel,

    e dentro dos limites deste espao circunscrito pelo anel

    formado nosso sistema solar. Seu Alento, penetrando nesteter, forma as bolhas primordiais - no h palavra melhor para

    expressar esta ao - e a partir delas os tomos do nosso

    sistema solar se formam por agregao. Apenas apresento o

    fato porque isso em certa medida tem sido verificado em

    observaes; estas agregaes bolhosas, que so agregaes

    pr-atmicas, de fato existem. No precisamos nos estendernisto.Quem que, reunindo o material trazido existncia pelo

    Alento Vital do Logos, o Alento Vital de Ishvara, constri as

    agregaes? Novamente a ao do prprio Ishvara, em Seu

    Aspecto como Brahma.Agora passamos diviso da Vida divina em trs grandes

    formas de manifestao, e Brahma, tomando este material

    bruto, Quem o modela atravs de diferentes estgios que

    chamamos de sub planos, at por fim o que chamamos de

    tomos qumicos. Assim descemos at nosso mundo. Depois

    que uma imensa quantidade de material formado trazido

    assim existncia pelo pensamento de Brahma, dizemos que a

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    Atividade Criativa entra em operao. Ento chega outra

    grande onda de Vida que modela os tomos em formas, no

    meramente formas moleculares, mas formas como minerais,

    como vegetais, como animais, como selvagens, homens semmente. Tudo isso se sucede atravs das eras, esta construo

    dos planos e de seus habitantes por aqueles Seres,

    mencionados no sucinto resumo de abertura, a quem

    chamamos de Construtores de um Cosmo. Assim estes

    Construtores do sistema so os poderosos Seres que

    procedem de um Cosmo anterior, e que se uniram a Ishvara,obtiveram um moksha [liberao, o mesmo que Nirvana -

    Dicionrio Teosfico, H. P. Blavatsky] da mais alta classe,

    como que penetraram no corpo do prprio Ishvara, e se

    tornaram unos com Ele. Todos os primeiros Construtores de

    um Cosmo so estes grandes e poderosos Devas, que so

    trazidos por Ishvara para serem Construtores de Seus mundos.Aqui novamente falamos a partir da autoridade das grandes

    Escrituras e de outros ensinamentos ocultos.Por ora estamos tratando de nosso prprio sistema solar.

    Porm, no mais alto sentido do termo, a Hierarquia Oculta do

    Cosmo significa Ishvara e os Construtores de todo o sistema,

    os grandes Seres que governam e guiam e sustentam e dirigem

    todo nosso sistema solar. De modo algum podemos alcan-

    los. Temos de lidar com planos muito inferiores. Temos de

    chegar em nosso prprio mundo. Assim que o fazemos,

    chegamos a uma esfera de conhecimento que pode ser

    trabalhada e que apresentada em linhas gerais nos grandes

    livros, e isto em grande parte verificvel, atravs de estudo,

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

    18/74

    por aqueles de ns que tm inclinao para tal - assim como

    falamos de uma inclinao para matemtica ou geologia - e que

    se dispem a seguir a disciplina que torna possvel obter

    informao de primeira mo. Assim chegamos HierarquiaOculta de nosso prprio mundo, composta de Governantes, de

    Instrutores e de Foras. Note-se esta tripla diviso. Ela est

    relacionada com a trplice natureza de Ishvara, a qual, em todas

    as coisas que procedem d'Ele, se manifesta no aspecto vida

    que anima as formas. Devemos sempre procurar perceber esta

    triplicidade. Ns a temos em ns mesmos, em nossa prpriaconscincia. Sabemos muito bem que ela tem trs modos de

    atuar, nem mais nem menos. Temos Jnanam, Ichchha e Kriya.

    Temos a Conscincia, que reconhece as coisas exteriores a si

    mesma, e que se desenvolve em Jnanam, Conhecimento. E

    depois Ichchha, Desejo em sua forma inferior, e Vontade,

    Poder, em sua forma superior. Depois temos Kriya, Atividade. Es quando estes trs esto desenvolvidos que temos um ser

    autoconsciente. Da ele analisa sua prpria conscincia. Ele

    encontra em si mesmo a triplicidade que demonstra a

    existncia de Ishvara em sua prpria natureza. Esta triplicidade

    reconhecida em toda parte. A cincia ocidental a reconhece

    em sua anlise da mente. Ningum que tenha estudado o

    assunto, seja atravs dos livros antigos seja atravs dos

    modernos livros de psicologia, pode neg-la. O ocidente

    muito mais vago, pois as lnguas ocidentais no so adaptadas

    para as formas sutis de estudo como o o snscrito. Deve-se

    lembrar que uma lngua construda atravs dos pensamentos

    do povo que a usa. No ocidente, ao tratar do lado mais sutil da

    cincia, temos de nos valer de outras lnguas, e criar novos

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    vocbulos para as coisas novas que so descobertas pela

    psicologia. Destarte temos uma longa srie de palavras que

    devem ser conhecidas e entendidas pelo psiclogo que se

    mantm atualizado. E assim o idioma se enriquece. Muitas dassuas palavras foram tomadas do snscrito, e tambm do grego

    e do latim, que so as lnguas clssicas da Europa. Aceitemos

    ento que j foi provado cabalmente que h trs aspectos da

    vida, e que eles existem em Ishvara ou no Logos. Em sua forma

    superior so chamados de Sat-Chit-Ananda. E no Ishvara de

    um Cosmo elas aparecem como Jnanam, Ichchha e Kriya. Omesmo se d no homem, em um nvel muito inferior. Assim

    chegamos ao nosso prprio mundo. S temos de abordar um

    outro ponto antes de prosseguir, porque eu falei de apenas

    duas grandes ondas de vida - a primeira atuando sobre o

    material dado pelo Alento do Logos, e a segunda que modela

    aquele material nas formas que encontramos em nosso prpriomundo. A terceira grande onda de Vida a que no homem, e s

    no homem, unifica o superior e o inferior, o Esprito que

    levado a um contato direto com a matria dos subplanos

    inferiores; este o resultado do terceiro grande impulso que

    procede de Ishvara, em que o Esprito, que um fragmento de

    Si mesmo, toma posse definitiva do corpo que tem para

    trabalhar, no somente no plano fsico, mas em todos os

    planos inferiores, os mundos mais vastos dentro dos quais

    existe nosso mundo. Eles so, como sabemos, o plano fsico, o

    plano astral - que chamamos de emocional - e metade do plano

    mental, que constituem juntos os mundos dos corpos

    inferiores. E depois o mundo do Intelecto, o mundo de Buddhi,

    ou da autopercepo, ou intuio, e depois o de Atma, a

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    reproduo do Esprito divino em ns mesmos, constituem a

    parte superior do universo quntuplo. Isto o homem na

    perfeio de suas partes, os estgios de sua conscincia e os

    corpos em que elas atuam. No preciso me estender nisto, mass relembrar-lhes fatos notrios. Conhecemos as vrias

    categorias de corpos - o Sthula Sharira e o Sukshma Sharira, e

    depois os Koshas, as subdivises dos corpos mencionadas

    nos Vedanta.No nos interessa hoje abordar a constituio do homem,

    embora devamos t-la em mente, mas nos interessa sim a

    existncia de uma Hierarquia Oculta em nosso mundo,

    exemplificando aqueles trs grandes grupos. Esta Hierarquia

    veio a ns de outro lugar.Agora que falo isso, hesito. Eu estava prestes a dizer que falei

    a partir de meu prprio conhecimento. Mas deveria terexplicado melhor. perfeitamente possvel desenvolver uma

    faculdade de "olhar para trs", e ler o que chamamos de

    "Registros Ocultos" do mundo, que abrangem muito mais do

    que a nossa histria comum; procurando por eles, aquilo que a

    cincia est principiando a chamar de "memria do mundo",

    ela est comeando a reconhecer como uma realidade quetodos os eventos permanecem nesta memria do mundo; a

    cincia faz o que parece ser a princpio a espantosa declarao

    de que se viajarmos at um certa distncia de nosso prprio

    mundo, at algum outro globo, poderemos ver os eventos que

    aconteceram em nossos mundo h milhares de anos atrs.

    Isso soa um tanto surpreendente se for a primeira vez que

    vocs ouviram falar disso. A viso depende do deslocamento

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    da luz. Mas a viso, como a conhecemos, no poderia transpor

    os imensos espaos necessrios. Mas se pudesse, uma

    pessoa em um planeta distante veria coisas que ocorreram

    aqui muito depois de elas terem acontecido. Por que ouvimos osom de uma arma de fogo s bem depois de vermos a fasca

    do disparo, uma vez que o disparo e o som so simultneos?

    Porque o som viaja muito mais devagar que a luz. A luz se

    desloca to rapidamente que a um quilmetro ou mais de

    distncia no percebemos o intervalo entre o disparo e sua

    fasca. Mesmo assim a luz viaja a uma velocidade definida. Um"ano-luz" a distncia em que a luz viaja no perodo de um

    ano. As distncias astronmicas so to grandes que so

    medidas em anos-luz. Suponhamos que nos desloquemos a

    uma distncia de mil anos-luz, e que sejamos capazes de ver

    atravs desta distncia descomunal para o estado da Terra h

    mil anos atrs quando a luz a deixou, e ento olhando para onosso mundo veramos o que estava acontecendo h mil anos

    atrs. Para entendermos isso s precisamos de um breve

    pensamento, uma pequena imaginao. muitssimo claro e

    simples, basta pensarmos. Os eventos esto todos l o tempo

    todo. Mas para v-los em qualquer ponto preciso haver um

    rgo de viso. Se conseguirmos apenas isso ento

    poderemos ver toda a histria do mundo como se viajssemos

    de volta para o mundo atravs do raio de luz, olhando os

    registros nesta luz. Isso com efeito exatamente o que faz o

    Ocultista, embora no o faa desta forma, mas a partir de um

    ponto de vista em que os registros passam como se fosse um

    filme; uma analogia imperfeita, mas h de servir. O Ocultismo

    os chama de Registros Akshicos. A cincia ao procur-los diz

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    que eles devem estar l, mas no sabe como alcan-los.

    natural. Eles s podem ser acessados atravs do

    desenvolvimento de certas faculdades que existem no homem.

    neste sentido que eu falo do que "vi". neste sentido que eudisse que a Hierarquia veio de outra parte, porque eu vi

    aqueles grandes Senhores da Luz vindo para nosso mundo;

    foi-me dito que Eles vieram de Shukra, Vnus, que deu ao

    nosso mundo o incio de sua Hierarquia Oculta. Isto, porm,

    est alm de meus poderes de pesquisa, eu vi apenas Sua

    chegada. H algumas tradies em alguns de nossos livros,que falam da vinda dos grandes Senhores. Lemos neles, por

    exemplo, a respeito dos Kumaras. De onde Eles vieram? Quem

    so Eles? Eles vieram para nosso mundo de algum lugar. Os

    Registros Ocultos e os livros Hindus dizem que estes grandes

    Seres vieram de Shukra. Eles vieram para nosso mundo porque

    nosso mundo estava pronto, estava em um estgio deevoluo em que os homens estavam capacitados para receber

    aquela grande onda de Vida que tornou possvel o intelecto

    humano. E Eles vieram porque sem a orientao de Seres

    superiores o intelecto teria se desencaminhado, teria

    mergulhado em um mundo cheio de paixo e natureza animal,

    para grande prejuzo da evoluo futura dos seres humanos.Assim, nos livros Teosficos aquele perodo da Chegada

    chamado de metade da Terceira Raa. Agora estamos na

    Quinta Raa, a nossa prpria Raa-Raiz. A Quarta Raa, como

    se sabe, inclui os chineses, os japoneses, os mongis, e

    outros afins. Eles pertencem Quarta Raa, a qual supera em

    nmero a Terceira e a Quinta. Os povos da Terceira Raa esto

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    desaparecendo, salvo onde se mesclaram com povos de Raas

    posteriores. Na etnologia usualmente os chamamos de

    Lemurianos. Tambm empregamos este termo em livros

    Teosficos. Os Lemurianos, a Terceira Raa, se desenvolveuatravs de subdivises, ou sub-raas, e na metade da evoluo

    desta raa chegaram os Filhos da Luz, os Filhos do Fogo,

    como so chamados em alguns livros. Eles fundaram a

    Hierarquia Oculta de nosso mundo. Os maiores de nossos

    Rishis pertencem quele Grupo. Acabei de citar os Quatro

    Kumaras. Eles foram Aqueles que originalmente vieram paraajudar nosso mundo, e ainda esto entre ns. So Eles que

    lemos viverem na Ilha Branca, citada nos Puranas. Esta Ilha

    Branca parte da sia Central, cuidadosamente guardada

    contra intrusos, mas ainda existente. Ela no a terra natal de

    nossa Raa, mas como que seu berrio, onde ela se

    desenvolveu. Lembremos o notvel livro do Sr. Tilak, TheArctic Home of the Aryan Race, onde ele chegou muito, muito

    perto da verdade oculta. A terra onde as sementes da grande

    Quinta Raa foram escolhidas existia mesmo antes disso. Elas

    foram escolhidas pelo Senhor Manu Vaivaswata. Sobre isso

    teremos de falar amanh. S quero lhes apresentar por ora as

    trs grandes divises encontradas na Hierarquia. Primeiro

    temos o Grupo de Governantes, com os quatro Kumaras sua

    testa, os Governantes do mundo. Eles lidam com as naes,

    Eles lidam com as Raas, Eles lidam, atravs dos grandes

    Devas, com a configurao do mundo no que diz respeito a

    terra e gua, e com os tremendos cataclismos e catstrofes,

    terremotos e maremotos, que alteram toda a superfcie de

    nosso mundo na distribuio de terra e gua. Seu

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    desencadeamento obra Sua. Portanto, damos a Eles o nome

    de Governantes. Eles so os verdadeiros Governantes internos

    de nosso mundo.A seguir temos o grande Grupo de Instrutores da humanidade.

    Nele encontramos todos os Fundadores das grandes religies,

    os Buddhas da Religio, assim como temos os Manus no

    primeiro Grupo. Estudemos isso mais a fundo - os Buddhas, os

    Fundadores das crenas mundiais, os Instrutores. Eles

    pertencem todos a este grande Grupo. Ento vem o terceiro

    Grupo, a quem chamei de Foras. O motivo de eu empregar

    esta denominao porque cada um destes Grupos utiliza uma

    espcie de fora para seu trabalho. Os Governantes usam um

    tipo especial de fora, os Instrutores usam uma outra fora

    especfica, e os outros empregam todos os outros tipos

    restantes de foras que levam a cabo as atividades do mundo.

    O primeiro grande Grupo de Governantes atua atravs da

    Vontade-Poder. Isto, diz-se, em sua forma inferior Ichchha, e

    em sua forma superior Vontade. A Vontade ou Poder a

    caracterstica natural dos Governantes. atravs desta fora, a

    fora da Vontade, que atuam os Governantes, os Governantes

    Ocultos do mundo. Ento vem o grande Grupo de Instrutores, e

    aqui vemos que eles atuam atravs de Jnanam, Conhecimento.

    Eles, como Instrutores, possuem um conhecimento detalhado

    sobre nosso mundo, de modo que logo antes de uma nova

    religio ser fundada vemos que apareceu um novo tipo de

    homem. Quando o novo tipo formado pelos Governantes,

    entram em cena os Instrutores para ensinar o novo tipo, e

    ajud-lo a evoluir. O terceiro grande Grupo, o Grupo de Kriya,

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    Atividade, que chamarei aqui simplesmente de Foras - talvez

    por falta de palavra melhor - leva a cabo todas as atividades de

    nosso mundo, e tambm eles so dirigidos por um Grupo de

    grandes Seres, de forma que podemos imaginar este GovernoOculto do Mundo dividido em trs Grupos de acordo com as

    qualidades, ou Aspectos, do prprio Ishvara. Como vimos, ou

    como poderemos constatar nos Shastras, os Grupos so

    idnticos em Sua natureza, de modo que se procurarmos pelos

    seus nomes nos Shastras Hindus, encontraremos Mahadeva,

    em Quem a caracterstica Ichchha (Vontade); Vishnu, cujagrande caracterstica Jnanam (Sabedoria), e ento Brahman,

    cuja principal caracterstica Kriya (Ao). Vemos como a

    coisa toda bem ordenada - Ishvara no centro de tudo com

    Sua tripla manifestao; a cpia de Saguna Brahman, o

    Sachchidananda Brahman, manifesto na totalidade do

    universo. Ento chegamos, aps uma longa descida, aosIshvaras dos sistemas, e ali a grande triplicidade se apresenta

    no que podemos chamar de formas especializadas,

    apresentando os Ishvaras os trs Aspectos nos

    correspondentes Gunas (atributos). Este o Governo de um

    Mundo no sistema. Passando para um nvel muito mais abaixo,

    encontramos os trs novamente, separados pelo trabalho que

    h de ser feito. Assim temos os Governantes, caracterizados

    pela Vontade, os Instrutores, caracterizados pela Sabedoria, e

    as Foras, caracterizadas pela Atividade - tudo em perfeita

    ordem seqencial, de modo que se aprendermos o arranjo

    interno do mundo seremos capazes de subir passo a passo, e

    compreender que o arranjo que encontramos nas grandes

    Escrituras do mundo o mais elevado. E assim como existe no

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    alto, existe embaixo, sendo o inferior modelado semelhana

    do superior, refletindo-Se o Supremo cada vez mais abaixo, at

    chegar ao globo individualizado. A analogia perfeita. Por isso

    est escrito "Assim em cima como embaixo". Chegamos destaforma nossa prpria Hierarquia Oculta, denominada de

    Rishis, os poderosos Seres que de tempos em tempos

    aparecem, nos Puranas e Itihasas, nos velhos tempos andando

    entre os homens, consolando-os, ajudando-os, quando cada

    Raa est sendo fundada. Obviamente a palestra desta noite

    aborda temas que para a maioria de vocs so de impossvelverificao, mas um esboo destas coisas necessrio a fim

    de que possamos elaborar uma grande imagem, e atravs

    desta imagem possamos chegar imagem de nosso pequeno

    pedao de mundo - um lugar absolutamente insignificante em

    meio ao vasto universo. Aqui seremos capazes de estudar mais

    a fundo. Aqui seremos capazes de descobrir o que de fato estacontecendo, as Foras por trs daqueles que aparentemente

    so os governantes, instrutores e atores em nosso mundo, o

    verdadeiro Governo Interno do Mundo atravs do Poder, da

    Sabedoria e da Atividade, manifestos na Hierarquia Oculta de

    nosso mundo, com os quatro Kumaras sua testa.***

    PALESTRA 2

    O Mtodo de Evoluo

    A Construo do Homem

    A Construo das Raas e Sub-Raas

    Os Manus

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    AMIGOS:Vocs lembraro que na noite passada paramos no ponto em

    que estvamos considerando o Governo especial de nossoprprio mundo, a assim chamada Hierarquia Oculta, cujos

    Seres componentes vieram do planeta Shukra (Vnus) no

    ponto mdio da Terceira Raa. Eu lhes assinalei que na

    Hierarquia se encontra a diviso trplice que o reflexo do

    prprio Ishvara nos trs aspectos em que Ele Se revela.

    Pensando por um momento no Brahman Supremo, o Brahman

    com atributos, o Saguna Brahman, percebemos que ali temos a

    mesma diviso trplice que reaparece em toda a linha

    descendente do lado Vida, do lado Conscincia dos seres no

    Cosmo, at onde sabemos, e provavelmente se encontrar fora

    de nosso Cosmo da mesma forma, como resultado inevitvel

    da Unidade do Supremo com Seus nem mais nem menos trs

    Aspectos. Ento, pensando no Ishvara de um nico sistema,

    um nico sistema solar como o nosso, reconhecemos a mesma

    triplicidade, e ento, falando da prpria Hierarquia Oculta,

    vemos que nesta Hierarquia tambm encontramos a mesma

    triplicidade. Considerando de um ponto de vista exterior por

    um momento aquilo que s vezes chamamos de

    personificaes, a Deidade antropomrfica, temos em todas as

    Trindades das religies, exatamente como na Trimurti Hindu, o

    reconhecimento dos trs Aspectos em Um. Pensamos em

    Brahma, Aquele que cria o universo. Pensamos em Vishnu, que

    o sustenta e preserva. Pensamos em Mahadeva, o poderoso

    Ser que concede ao homem a centelha imortal da Divindade

    que a fonte de toda a evoluo na raa humana, assim como

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    na sub-humana. Assim passamos a ver que uma coisa

    natural que na prpria Hierarquia - os Governantes diretos do

    nosso Mundo, encarnando as qualidades divinas neste

    Governo Interno do Mundo - encontremos a mesma divisotripla que encontramos no Cosmo exterior mais vasto. Desta

    forma lhes digo que a encontramos nos Governantes, a

    encontramos nos Instrutores, e a encontramos nas Atividades

    que eu resumi sob o nome de Foras, lembrando que com a

    palavra "Foras" temos todo o conjunto de atividades do

    Cosmo que no se encaixam nas categorias de governo eensino; e com isso podemos por ora pensar em uma grande

    pintura, em que testa dos Governantes se encontra

    Mahadeva, o Soberano nico por trs de todos que exercem a

    funo de governar. Da mesma maneira podemos pensar nos

    Instrutores distribuindo ao mundo o Aspecto Sabedoria, que

    encontra como que uma encarnao em Vishnu, aquelaSabedoria que as Escrituras Hebraicas falam que "poderosa e

    suavemente organizou todas as coisas". E ento em Brahma,

    Atividade, o Terceiro Aspecto, a atividade desenvolvida por

    todas as foras distribudas segundo os seus prprios lderes,

    temos a expresso do Amor do Supremo revelada em Sua

    prpria manifestao na emanao do mundo. Entre as lendas

    e histrias dos livros sagrados encontramos uma resposta

    pergunta ouvida to amide e to raramente respondida: "Por

    que Deus emanou, ou criou, o mundo?" Encontramos a

    resposta assim: "Porque o Amor Supremo, Deus, desejou ser

    amado", e como as vidas que d'Ele procederam eram

    fragmentos de Sua prpria Vida por causa daquela verdadeira

    unidade de origem, os seres inteligentes que emanaram d'Ele

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    passaram a amar Aquele de Quem vieram. Esta apenas uma

    de vrias respostas, muito bela e potica, contendo uma

    profunda verdade, a de que o grande sinal do Amor da Deidade

    se mostra em Sua Atividade. V-se nas diferentes religies domundo que todas reconhecem esta Atividade e Poder e

    Sabedoria de parte do Supremo Senhor do Universo; mas

    algumas preferem chamar a Atividade de Amor, sendo a

    criao o grande sinal de amor, considerando-a a partir do

    nosso prprio ponto de vista; ento os Aspectos chamam-se

    Poder, Sabedoria e Amor. Encontramos em outras religies,como por exemplo entre os gregos, a idia de que uma das

    grandes qualidades da Deidade antes a Beleza do que o

    Amor. Para os gregos a Beleza impressionava mais como

    caracterstica da manifestao divina. E esta viso da

    Divindade tem sido repetida e reiterada pela cincia moderna.

    Quanto mais a cincia investiga os inumerveis seres que soencarnaes do Amor divino em nosso mundo, mais ela

    considera que a Beleza o seu inevitvel sinal de

    manifestao. Podemos ir alm do poder da viso humana.

    Podemos nos valer do microscpio para nos ajudar no estudo

    daquilo que pequeno demais para o olho humano ver sem

    ajuda. Quanto maior o poder do microscpio mais

    deslumbrante o detalhe na manifestao da Beleza. Assim,

    nestes objetos invisveis que nenhum olho humano pode ver

    sem o poder magnificante do instrumento, encontramos belas

    formas traadas na superfcie do corpo, criaturas vivas com

    maravilhosas formas curvas, ngulos e linhas delicadamente

    dispostas com admirvel perfeio, e por isso os gregos,

    quando nos dizem que "Deus se manifesta como Beleza",

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    descobrimos que Sua manifestao em Seu universo

    comprova bem a antiga idia grega. bom que no

    esqueamos disso, porque na religio mais moderna do

    Cristianismo houve uma grande revolta contra esta idia daformosura do universo e da beleza do corpo humano, que era

    parte do pensamento to inspirador do mundo grego. Nesta

    concepo Crist a beleza uma coisa que desvia o homem de

    Deus, em vez de ser uma manifestao de Sua natureza mais

    ntima. Sabemos que a idia Puritana no lado Protestante do

    Cristianismo desprezava os objetos belos como sendotentaes, em vez de aceit-los como manifestaes da Beleza

    suprema. Por causa desta concepo sobre a beleza os

    homens perderam de vista esta faceta da Divindade que

    caracteriza todas as atividades do Supremo.Passando nossa Hierarquia, dividida desta forma trplice,

    faamos uma pequena pausa a respeito desta organizao a

    fim de analis-la mais de perto; tomemo-la em duas palavras

    que eu empreguei quando falei sobre a palestra de hoje, ao fim

    da apreentao dos assuntos que trataremos - os Manus e os

    Buddhas. Os Manus esto na linha dos Governantes (Os

    Buddhas sero abordados na terceira palestra). Quero me

    demorar por um momento nesta grande manifestao de Poder

    ou Vontade. H muitas coisas nos Puranas que lana grande

    luz sobre este assunto mais obscuro, e porque as frases

    usadas no foram sempre entendidas, muito do que foi dito

    como ajuda e instruo para os homens escapou das mentes

    daqueles a quem foram dadas estas grandes Escrituras para

    auxlio do mundo. Em todas as religies, na verdade em todas

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    as organizaes, sejam chamadas especificamente de

    religiosas ou no que cresceram sob o impulso da Hierarquia,

    h um certo nmero de smbolos, de nomes e de analogias,

    que parecem ter sido utilizados pelos grandes Conhecedoresdo passado, de modo que ao apresent-las para auxlio do

    mundo sob forma de ensinamentos, aquilo poderia subsistir,

    mesmo quando seu significado fosse esquecido devido

    passagem do tempo, de forma que pudessem permanecer

    como testemunhos da profundeza e completude do

    ensinamento original dado grande Raa Ariana, a fim de queem dias posteriores pudesse haver mais um testemunho do

    conhecimento antigo. Assim se poderia perceber que ao longo

    de todos os milnios da histria este conhecimento de fato

    esteve incluso nos livros sagrados, para que tivesse seu

    testemunho sempre pronto para vir luz quando a evoluo

    desta Raa, tendo ultrapassado o tempo em que como crianaso aprendera de seus preceptores, j que em sua juventude e

    recente maturidade muito do conhecimento foi perdido e,

    ento, passando plena maturidade, pudesse recuperar o

    ensinamento do passado e perceber que ali estava toda a

    descrio de sua evoluo, que aquele ensinamento esteve

    sempre disseminado em toda a sua tradio desde os seus

    primeiros dias. Encontramos, assim, nos Puranas, aquele

    nome que eu citei ontem como estando ligado a este primeiro

    grande grupo de Governantes, o nome dos quatro Kumaras.

    No existe muita coisa a Seu respeito. No foram dadas muitas

    explicaes. Mas fala-se n'Eles como sendo "os Quatro", ou "o

    Um e os Trs". Aquele que chamado o mais velho dentre Eles

    - para Quem o tempo pode ser dito tratar-se apenas de uma

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    palavra, pois Eles esto alm de suas iluses - chamado de

    Sanat Kumara, o Eterno, o Antigo; em dias posteriores ele foi

    denominado de o Ancio, mas melhor pensarmos n'Ele como

    Eterno, para Quem o tempo no significa nada.O tempo apenas uma das maneiras em que a conscincia

    limitada tenta medir por si mesma, a fim de obter maior clareza

    de pensamento, os intervalos pelos quais e nos quais capaz

    de pensar, pois a ordem no tempo s um sucedneo da

    verdadeira medida do tempo em estados de conscincia, e no

    o movimento do sol, da luz e das estrelas. Estas somente so

    empregadas pela mente humana para que tenha um parmetro

    fixo, mas que no corresponde verdade. Desta forma temos

    esta idia do Eterno, Aquele que est alm do tempo, e para

    Quem toda a sucesso simultaneidade, a Quem chamamos

    s vezes de "Eterno Agora". Sua concepo unificada. Temos

    de tentar, por mais fracamente que seja, compreender isso com

    nossa conscincia limitada, que fala de um passado, um

    presente e um futuro. No se percebe que existe uma

    possibilidade de o todo ser de fato simultneo, e influenciando-

    se mutuamente, o futuro afetando o passado, como dito que

    o passado afeta o futuro. Mas isso uma coisa mais para que

    pensemos por ns mesmos em contemplao do que tentemos

    explic-la uns para os outros. Nossa lngua, baseada na prpria

    idia da sucesso, no pode expressar em nenhuma forma

    inteligvel aquilo que no conhece sucesso. E "Eterno"

    praticamente a nica palavra de que dispomos para transmitir,

    embora debilmente, embora pobremente, o grande pensamento

    do "Agora". Porm a palavra "Eterno" no deve ser confundida

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    com "perene". Lembremos que a palavra aplicada

    corretamente quele grande Ser alm do nosso conhecimento,

    chamado nos Puranas de O Kumara Mais Velho, o grande Ser

    chamado Sanat Kumara, o Eterno. E com Ele, residentes namstica cidade de Shamballa, a Jovem Ilha Branca, esto os

    Trs, os outros Kumaras, ditos Discpulos d'Aquele que o

    Lder do Governo Interno de nosso Mundo.Helena Blavatsky fala dos Trs, e Seu nome deriva do

    Budismo, que os denomina Pratyeka Buddhas, os "Buddhas

    Solitrios". Este nome absolutamente no adequado, uma

    denominao qual tem sido associada uma conotao

    completamente inaplicvel excelsa altura da existncia super-

    humana. Mas deram-Lhes este nome porque "Buddha" tem

    sido o nome dado especialmente ao Instrutor Supremo. Mas

    porque Eles no ensinam, sendo a Sua obra de governo e no

    de ensino, os homens, em sua ignorncia, tecendo conjeturas

    a respeito do fato de Sua grande existncia, Os chamaram de

    Buddhas Solitrios - sozinhos, isolados - e chegou-se ao ponto

    de Lhes aplicar o monstruoso adjetivo de "egostas". Como os

    seres humanos so tolos, infantis, tentando julgar Vidas to

    mais exaltadas do que a deles mesmos! A Doutrina Secreta

    emprega a frase "Mais alto do que os Trs s existe Um, na

    Terra e no Cu". Muitos estudantes se admiram com o

    significado da frase. Blavatsky freqentemente fala a partir de

    declaraes feitas por amigos Hindus e Budistas. Ao lermos,

    sobre os Quatro Kumaras, que Eles so os Lderes de todo o

    poder e Governantes do nosso mundo, bastante simples

    perceber que estamos de fato diante dos Quatro Grandes, que

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    esto testa do Grupo de Governantes, e que "o Trs e o Um"

    somente a diviso bvia entre o Lder e os Trs que esto

    imediatamente abaixo d'Ele no Governo Interno do Mundo.Deixando estes Quatro e, digamos, descendo, chegamos ao

    grande subgrupo dos Manus. Eles esto um pouco mais perto

    de nossa possibilidade de compreenso. Seu trabalho

    claramente explicado. Eles esto especialmente relacionados

    com a evoluo das Raas. Onde quer que haja de nascer uma

    grande Raa no mundo - as chamadas Raas-Razes, porque

    diversas sub-raas surgem a partir delas - ento vemos um

    Manu trabalhando. Os dois que esto especialmente ligados ao

    atual estgio de evoluo de nosso globo so o Manu da

    Quarta Raa e o Manu da Quinta Raa. S existe um Manu para

    cada Raa. Temos de lembrar disso desde o comeo. H certos

    grandes Seres indicados na Hierarquia Oculta para serem os

    Pais das Raas. Como eu disse, os dois com quem estamos

    mais interessados agora so os Manus da Quarta e da Quinta

    Raas. O Manu Vaivasvata, como sabemos, o Manu da Quinta

    Raa, ou da Raa-Raiz Ariana, esta Raa de que s vezes se

    fala ser "Filha do Manu". Por exemplo, temos strotas (versos)

    que falam especialmente dos filhos do Manu porque h esta

    peculiaridade a respeito da obra de um Manu, a de que toda a

    Raa-Raiz tem origem n'Ele. Literalmente Ele o Pai de Sua

    Raa. No sabemos tanto sobre os primrdios da Quarta Raa

    como sabemos sobre os da Quinta. Sabemos apenas da

    existncia do grande Ser geralmente chamado de Manu da

    Quarta Raa, e que ainda est a cargo da maior parte da

    populao do globo. Ele vela pelos milhes de pessoas

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    asiticas, dentre as quais se destacam os chineses e

    japoneses, sendo os japoneses menores em nmero, mas

    grandes em desenvolvimento e em poder. Os japoneses

    tomaram as idias ocidentais, extraram delas o mximo, edepois as descartaram, tendo usado tudo o que era til para

    eles destas idias, e cada uma delas que foi aceita por eles

    recebeu a sua marca caracterstica, assim como podemos

    cunhar moedas com ouro de qualquer procedncia. Se

    queremos cunhar moedas, mandamos o ouro para a casa da

    moeda e teremos estampadas nelas as marcas de nossaprpria Nao. O mesmo fizeram os japoneses com as idias e

    organizao ocidentais. Sob a direo de seu Manu, atravs de

    seu governante terreno, emitiu-se um impulso para que fossem

    enviados em misso para ocidente muitos de seus homens

    mais capazes, para aprender como eles geriam seus negcios,

    como eles se organizavam, como eles trabalhavam. Elesviajaram por todo o mundo, observaram as maneiras de cada

    Nao, suas indstrias, suas educao, suas instituies

    polticas e todas as outras coisas que constituem a vida

    exterior de uma Nao, e ento voltaram ao Japo, tendo

    recolhido as novidades exteriores, como as roupas ocidentais

    em vez de seus belos trajes tpicos. Lembro de uma conversa

    com Mr. Swinburne, o grande poeta da Inglaterra. Ele tem uma

    curiosa maneira de falar - lenta e espaada. Ele disse desse

    modo lento e sonhador: "S h uma coisa que Deus no Dia do

    Juzo no vai perdoar aos japoneses". Eu disse: "O que seria,

    Mr. Swinburne?", porque eu sabia que ele no acreditava no

    Dia do Juzo. Antes, me admirei que ele empregasse essa

    expresso. Ele semicerrou seus olhos em sua original maneira

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    sonhadora que mencionei, e falou sobre a adoo pelos

    japoneses da roupa ocidental. Swinburne era um grande

    amante da beleza. A coisa que lhe desagradava na nova

    civilizao japonesa era esta fase. Eles desprezaram suasbelas roupas masculinas e femininas, e se vestiam agora como

    se veste em Paris, o que os tornou feios em vez de belos. Ele

    estava muito descontente com eles. Havia uma verdade nesta

    perspicaz observao, porque a persistncia nisso

    desnacionalizaria os japoneses, e eles j no tocariam sua nota

    especial na msica do mundo. Mas eles logo descartariam estatolice passageira exterior, e usariam o que haviam aprendido

    de til no ocidente. Os chineses, tendo aprendido menos,

    sendo um povo autocontido demais, isolado demais do resto

    do mundo, no estava pronto para o trabalho que era ento

    necessrio, o qual era a salvao dos ideais orientais. Isso

    coube ao Japo, porque a ndia - que era o corao e bero dosideais orientais, de quem os japoneses aprenderam seu

    pensamento e sua beleza orientais - estava sob por seu maior

    perigo, que, graas a Deus, agora passou, pois havia o perigo

    de ela se ocidentalizar assumindo uma aparncia exterior antes

    do que absorvendo o que havia de valioso no pensamento e

    cultura ocidentais. Por esta altura seus jovens graduados eram

    mais orgulhosos de seu conhecimento de Spencer e Huxley do

    que do conhecimento de seus prprios grandes filsofos e

    cientistas, ento havia o perigo de que a religio Hindu, aquela

    f sublime, dada ao povo da Raa Ariana para auxlio de todo o

    mundo, fosse encarada como balbucios de crianas; ento

    este momento passou, e este foi o nico momento que de fato

    ameaou sua vida real. Ela no foi ameaada pelos perigos por

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    que passou. Ela sofreu muitas invases, caiu parcialmente

    vencida, viu muitos estrangeiros ameaarem suas fronteiras;

    mas ela os conquistou e assimilou a todos, no interessando

    de onde viessem, ou acabou por afast-los. Sabemos como osgregos vieram e se foram, mas eles deixaram a ndia mais rica,

    pois os traos de sua arte se imprimiram na dela. Os

    Muulmanos vieram e conquistaram parte da ndia, mas foram

    assimilados, e hoje so indianos por um direito de residncia

    que remonta a mil anos. Nada disso constituiu um perigo para

    a ndia, pois ela era mais forte que eles. S quando elacomeou a realmente se ocidentalizar que chegou seu

    momento perigoso; nos outros casos ela tirou vantagem de

    seus conquistadores, permaneceu ela mesma e acrescentou

    algo deles sua grande riqueza nacional. Mas neste caso ela

    estava inconscientemente tentando mudar sua vida real,

    assumindo ideais ocidentais em vez dos orientais, seguindocostumes ocidentais em vez dos orientais, observando

    ensinamentos ocidentais em vez dos orientais, em uma

    palavra, estava se desnacionalizando, perdendo a posse dos

    tesouros que lhe foram confiados para toda a humanidade, em

    vez de apenas tomar o que lhe fosse de valor e incorporando-o

    ao seu prprio sistema. Nesta hora de perigo seu Manu veio

    salv-la daquilo que a teria feito deixar de ser uma Nao, ela, a

    segunda mais velha Nao do mundo. Bem nesta hora a

    Teosofia lhe foi enviada, para fazer os Hindus perceberem que

    eles tinham um tesouro, e que foi dos Hindus que os outros

    haviam aprendido. Em muitas partes houve uma reao contra

    isso e especialmente um escritor, Sir Valentine Chirol, disse

    que os indianos estavam sendo ensinados por pessoas

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    ocidentais que sua religio era a maior do mundo, e que eles

    eram mestres de religio, e no eram aprendizes de religio do

    ocidente. Nesta hora perigosa seu Manu no podia encontrar

    no povo indiano um povo que pudesse salvaguardar seusprprios ideais de serem submersos sob a mar da civilizao

    ocidental. Ento ele apelou ao seu irmo Manu, aquele que

    tinha a seu cargo os chineses e japoneses, e porque a China

    no estava pronta para a obra, a China estava isolada, a China

    estava destreinada, a China no tinha poder e adaptabilidade,

    Ele se valeu da nao menor, os japoneses, inspirou-os comSua Vida, estimulou-os com seu Poder, e ento lanou-os

    contra o povo russo ocidental e os fez vencedores, a fim de

    que os ideais orientais pudessem ser salvos atravs deles, e

    preservados para futuro auxlio do mundo. Vocs no vem a

    guerra como deveriam, como o fariam se lessem os seus

    prprios Puranas. Vocs vem as guerras como uma Naocobiando as terras de outra, uma Nao desejando dominar a

    outra. Peo-lhes agora para olharem por trs dos governos

    exteriores, olharem para o Governo Interno do Mundo, para os

    Governantes que equilibram os vrios desenvolvimentos no

    mundo um contra o outro, a fim de que nada de precioso seja

    perdido, a fim de que cada ganho seja preservado e,

    gradualmente, leste e oeste, norte e sul, contribuam para a

    humanidade perfeita de dias que ainda esto por vir, e criem

    aquela poderosa Federao Mundial da qual as Naes Unidas

    so um pobre comeo no mundo ideal, e que ainda h de se

    estabelecer no mundo dos homens e se tornar a Grande Paz

    sob a bno do Supremo. Deste modo o Manu da Quarta Raa

    fez este servio para a Quinta Raa.

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    H outra coisa que podemos ainda lembrar, que uma viso

    paralela muito interessante que diz que todos os planetas de

    nosso sistema solar so ligados entre si em evolues

    sucessivas. Eles no tm absolutamente a mesma idade, elesesto evoluindo, mas um aps o outro, uns so mais jovens,

    outros, mais velhos. O mesmo se d na grande Hierarquia

    Csmica que envia os Guias para todo o sistema, e como havia

    crescido a primeira humanidade no planeta a ponto de

    necessitar de um Governo Interno mundial, este deveria ser

    suprido pelo reservatrio, que o prprio Ishvara. De planetapara planeta se transfere um Herdeiro da Coroa de Governante,

    e medida que um planeta se desenvolve mais e mais, e sua

    humanidade ascende mais e mais, alguns desta humanidade

    entram para a Hierarquia Oculta, e l se desenvolvem e

    disciplinam; e assim h sempre alguns prontos, em cada

    degrau da Hierarquia, para passar a um outro planeta quandoeste est desenvolvendo sua humanidade, exatamente do

    modo como os Filhos do Fogo vieram para c no meio da

    Terceira Raa. E tambm assim nosso planeta enviou os

    Lderes de outra Hierarquia para o planeta seguinte a fim de

    fazer evoluir aquela humanidade. E Aqueles que chegaram

    naquela maravilhosa onda, Eles mesmos para serem os

    Governantes de nosso planeta, no devem ser considerados

    como deuses, mesmo que sejam to poderosos. Hoje mesmo

    nosso Secretrio Geral me citou uma passagem em um

    comentrio escrito por Goswami, um discpulo de Chaitanya de

    Bengala, um dos avataras menores. Ele fala destes Kumaras

    no como sendo Ishvaras, mas sim Aishvarik, no Deuses, mas

    divinos em Sua natureza, ainda no Reis, mas, digamos, de

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    sangue real. Mas na evoluo da humanidade, os Mais Velhos,

    coisa que ns mesmos havemos de ser um dia quando

    tivermos escalado a longussima escadaria evolutiva, se

    tornaram uma humanidade glorificada, uma HumanidadeDivina, em cujas mos pode ser confiado com segurana o

    governo de um mundo.Assim como temos o grupo de Manus velando pelas Raas

    atravs das quais a humanidade evolui, da mesma forma

    vemos que todas as grandes catstrofes, as catstrofes

    ssmicas de nosso globo, esto sob o comando daqueles

    Quatro Grandes, que indicam o tempo e as estaes em que

    estas tremendas mudanas devem acontecer. Assim,

    acompanhando cada nova Raa-Raiz ocorre uma mudana na

    configurao do globo, na distribuio de terra e gua. Nossa

    terceira Raa comeou onde os cientistas chamam de Lemria.

    Este era um grande continente se estendendo atravs do que

    hoje o Ceilo em direo sul para o Pacfico, quando o

    Himalaia ainda era lambido pelas grandes ondas do oceano

    Pacfico e a pennsula Indiana ainda no havia emergido. Ento

    a Lemria se estendia onde hoje o Pacfico, e a Austrlia o

    fim daquela terra antes de chegarmos ao plo sul. A Austrlia e

    a Nova Zelndia pertencem a este antigo continente, destrudo

    por terremotos, pelo fogo e pela gua. E ento a Terceira Raa

    minguou e minguou, embora alguns remanescentes ainda

    existam. Enquanto a Lemria submergia, se elevava um outro

    grande continente muito a Leste, onde est o oceano Atlntico.

    Foi o continente chamado de Atlantis, onde hoje se estende o

    oceano Atlntico. Neste continente havia uma grande cidade, a

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    capital de um poderoso imprio, a Cidade da Porta de Ouro,

    mencionada no Clssico da Pureza chins. Esta cidade era o

    centro do poderio Atlante, e ali cresceu o imprio Atlante

    Tolteca. Ele se estendeu at o norte da frica, ao antigo Egito.Em direo oeste tnhamos um imprio onde hoje o Mxico, e

    os ndios americanos do Norte e do Sul pertencem a esta

    antiga raa. Ainda podemos ler em Plato como submergiram

    os restos daquele continente, e a grande civilizao que ele

    menciona estava na ltima poro da Atlantis propriamente

    dita. Hoje quando se perscruta o fundo do Atlntico encontram-se picos e vales; algumas ilhas restaram, alguns dos picos

    mais altos so hoje ilhas, como as Ilhas Canrias, exatamente

    como onde o grande continente da Lemria existiu hoje esto

    dispersas pelo Pacfico a ilha de Java, as ndias Orientais, as

    Ilhas Spice e outras. Atlantis foi a terra da Quarta Raa. Milhes

    e milhes de pessoas pereceram no vasto cataclismo esubmergiram na inundao. Mas uma parte sobreviveu na sia.

    Ao norte do Himalaia uma larga faixa de terra fazia parte da

    antiga Atlantis. A Cidade Sagrada de Shamballa, a imperecvel,

    est ali.Agora novas perturbaes esto ocorrendo no Pacfico

    novamente, onde h de se erguer o novo continente. Ali se

    encontra o "Crculo de Fogo" de que fala a cincia como sendo

    fonte de perigo para o mundo atual. H vulces submarinos em

    atividade abaixo da massa de gua que os cobre, com grandes

    erupes de terra e minerais de todo tipo, erguendo grandes

    picos medida que foram seu caminho para cima. E ento

    surge uma ilha. Onde no havia ilha alguma surge uma, e os

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    mapas que os capites possuem no mostram aquela ilha. s

    vezes navios naufragam por falta deste conhecimento. H no

    muito tempo atrs a British Association, em sua seo

    Geogrfica, discutiu o surgimento de uma nova terra, falou dosperigos decorrentes, da possibilidade de tremendas erupes

    que poderiam agitar o oceano em grandes ondas de maremoto,

    inundando os Estados Unidos e afogando toda gente. Eles

    falaram de uma catstrofe mundial em que poderia perecer

    toda a humanidade. Quando eles falaram neste tom de pnico,

    Hindus e Tesofos instrudos sorriram para si mesmos, poisdisseram: "Continentes j foram destrudos antes, e a

    humanidade no pereceu. Este novo continente de que ora

    ouvimos falar j mencionado nos Puranas. Tem seu nome

    indicado e a raa que h de ali viver ainda no nasceu. Por que

    deveramos ter medo? A humanidade j sobreviveu a tais

    catstrofes antes e vai sobreviver a elas novamente". E h desurgir um stimo continente, o ltimo continente desta fase de

    evoluo de nosso globo. Ainda faltam centenas de milhares

    de anos para que isso acontea, provavelmente centenas de

    milhares de anos antes o sexto continente estar pronto para

    seus filhos, e estas tremendas catstrofes que mudam o

    desenho da superfcie de todo o mundo so obra dos Grandes

    Kumaras, os Governantes Supremos do Governo Interno do

    Mundo. Os Manus atuam sob Sua direo. Amanh tentarei

    lhes apresentar como o plano de todas estas mudanas

    conhecido pelo Lder da Hierarquia Oculta, e como partes dele

    so distribudos entre aqueles que as levam a cabo em detalhe.

    No entrarei neste assunto hoje.

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    Os Manus, pois, so aqueles que constrem as Raas, e o

    plano da evoluo construir Raas e Sub-Raas sucessivas,

    caracterizadas por qualidades peculiares que so necessrias

    para a humanidade. Se olharmos para o nosso prprio corpoteremos uma imagem da evoluo das raas. Temos um corpo

    fsico. Isso foi o que primeiro evoluiu atravs dos reinos

    mineral, vegetal e animal, at os homens selvagens sem mente.

    Ento, sabemos, este corpo fsico tem duas subdivises,

    shtula, denso, e sukhsma, etrico. As duas primeiras Raas

    evoluram estes dois, e a Terceira construiu a forma humana,com um astral inferior e um germe de mental em seu ponto

    evolutivo mdio. Este conjunto foi ligado ao ternrio superior, e

    estava embrionicamente completo o homem. Encontramos

    tudo isso nos ensinamentos Hindus. Vocs devem saber isso

    melhor do que eu. Isso, contudo, s sabido pelo erudito e

    perdeu-se para as mentes do povo. H uma razo bem simplespara isso, pois naqueles dias antigos o ensino era bem

    diferente do dos dias atuais. Quando comeamos a ensinar um

    assunto, tentamos captar uma idia do conjunto, e tentamos

    apresentar essa idia de uma forma clara para aqueles a quem

    ensinamos. Este o modo moderno de ensinar. Ele torna as

    pessoas mais preguiosas, porque se faz muito por elas, e o

    resultado que a memria muito mais exercitada, e o

    raciocnio o muito menos do que deveria ser. Os professores

    fazem todo o trabalho, e apresentam um ensinamento j todo

    cozido e digerido para poupar aos alunos o trabalho de

    exercitarem suas faculdades mentais. Desta forma eles obtm

    uma grande quantidade de conhecimento de segunda mo e

    muito pouco de primeira mo.

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    Antigamente isso no era assim. O professor vinha, lanava

    uma grande verdade para os alunos e dizia: "Vo e pensem a

    respeito". O resultado que nos livros orientais no temos

    uma clara apresentao de uma doutrina como um todo. Ela espalhada ao longo dos livros. Um estudante cuidadoso

    consegue reunir o ensinamento integral. Mas ele tem de ter a

    pacincia e a diligncia necessrias para essa tarefa.

    Antigamente os homens deviam desenvolver os resultados, e

    assim se tornaram grandes pensadores, porque exercitavam

    suas mentes. Por isso muito difcil para o Hindu encontrar osdetalhes do ensino de sua religio em sua enorme biblioteca,

    sua imensa enciclopdia de Shastras. Da a convenincia da

    Teosofia, que faz concesses moderna fraqueza humana e

    apresenta todos aqueles ensinamentos sob uma forma que

    muito fcil de compreender. A Teosofia se molda aos costumes

    de hoje. Ela d aqueles grandes ensinamentos dados Raa deuma forma cientfica. Quando lemos os Puranas depois de

    estudarmos os livros Teosficos passamos a consider-los

    cheios de informaes, repletos de informaes, e a opinio

    que vocs sustentam de que eles no passam de devaneios

    infantis desaparece. Passamos a ver que eles do os mais

    valiosos ensinamentos. Esta praticamente a nica utilidade

    exterior da Teosofia para os Hindus instrudos. sob estas condies ento que vemos como trabalha o

    Manu. Nos Puranas encontramos nomeados os sete diferentes

    continentes e as Raas que os habitam. Agora estamos no

    quinto continente. No imaginemos continentes da maneira em

    que a geografia usa o termo, porque aqui queremos significar o

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    todo da superfcie da terra seca do globo. Assim temos o

    continente de nossa Quinta Raa, e o sexto continente est

    comeando a aparecer no Pacfico. Agora passemos a um

    ponto interessante. O Manu no s se ocupa dodesenvolvimento de uma grande Raa, mas ele selecionou as

    famlias de Sua Raa eras atrs a partir da quinta sub-raa do

    povo Atlante. Cada Raa-Raiz produz sub-raas como ramos

    de uma rvore. Ele escolheu seu povo dentre a quinta sub-raa

    da Quarta Raa-Raiz. Ele os conduziu pelo Saara, ento um

    mar, para o Egito, e da para a Arbia. Depois de uma longapermanncia, Ele os levou atravs da Mesopotmia para o

    norte da sia, e depois novamente desceu com eles e os

    assentou perto da Ilha Branca. Mais tarde, depois de muitos

    problemas e massacres, Ele os estabeleceu na Ilha Branca, na

    Cidade da Ponte. Foi uma longa jornada, porque em todo o

    tempo Ele esteve trabalhando para melhorar o tipo que haviaescolhido. Pois analisando as Raas Quarta e Quinta, as vemos

    como predominantemente emocionais e passionais. Se

    tomarmos as sub-raas quarta e quinta seremos capazes de

    ver exatamente o que quero dizer. A Raa-Raiz emitiu para o

    oeste quatro grandes grupos de emigrantes, cada qual de um

    tipo diferente. A sua prpria Raa-Raiz desceu da sia Central

    em tempos mais recentes em direo ndia, e a chamamos de

    primeira sub-raa. Antes disso a segunda sub-raa, a primeira

    emigrao, partiu pelas margens da Mesopotmia em direo

    ao antigo Egito, ao norte da frica e s ilhas do Mediterrneo.

    Eles deixaram uma belssima civilizao atrs deles, que

    depois decaiu, mas no Egito e na ilha de Creta encontramos

    traos dela. Os remanescentes em Creta, cuja histria foi

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    considerada mtica, mostram traos de uma grandeza que foi

    causa de maravilha entre os povos brancos do sculo XIX. A

    terceira sub-raa, ou segunda emigrao, partiu para a Prsia e

    fundou o grande imprio Persa. A quarta sub-raa, ou terceiraemigrao, dirigiu-se para o oeste sobre o Cucaso em direo

    Europa, e ali formaram os gregos, romanos, espanhis,

    franceses e irlandeses. Seu nome genrico Celta. A quinta

    sub-raa, ou quarta emigrao, foi mais para o norte, e originou

    os eslavos e alemes, com muitas subdivises. Graas a estas

    duas ltimas temos as diferenas entre as sub-raas. Todos osque mencionei como pertencentes quarta sub-raa so povos

    emocionais. A razo pela qual a Inglaterra e a Irlanda no

    conseguem se harmonizar porque a Inglaterra pertence

    sub-raa Teutnica, em que a mente concreta mais

    desenvolvida, enquanto que os Celtas (os irlandeses so

    Celtas) pertencem quarta sub-raa e neles a emoo forte.Nenhum deles pode ser culpado por no conseguirem

    concordar, pois os irlandeses so um povo Celta, exceto os do

    norte, que so emigrantes, e eles so movidos pelas suas

    emoes. Se queremos mobilizar os irlandeses temos de

    apelar para suas emoes superiores, e deste modo podemos

    fazer tudo com a raa irlandesa. Se apelamos a eles com a

    lgica fria, isso os deixa frios e insensveis, e muitas vezes se

    tornam muito zangados. Porque os ingleses no so

    imaginativos o bastante para entend-los, porque a mente

    cientfica o fator dominante, eles jamais podem entender um

    povo emotivo e impulsivo. E assim eles tentam dobr-los pela

    fora. Esta a explicao para as disputas interminveis. Eles

    no tm o bom senso de governar o povo de acordo com seu

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    prprio perfil, e no de acordo com uma linha diferente. O povo

    da quinta sub-raa tem fora mental e um alto intelecto. Temos

    na Raa-Raiz os germes de todas as vrias qualidades da

    humanidade da Quinta Raa-Raiz, encarnados e equilibradosna sua Raa-Raiz, e estas qualidades e capacidades tm de ser

    desenvolvidas uma aps a outra; e assim as sub-raas so

    dominadas principalmente por uma destas caractersticas, e

    tm de desenvolv-la desta maneira enftica para o

    enriquecimento final da humanidade como um todo. Assim

    vocs tm a capacidade de se desenvolverem ao longo destaslinhas e assimil-las juntas. Esta uma parte da grande misso

    da ndia para com a humanidade como um todo. Os germes de

    todas as sub-raas esto nela, como bebs no seio da me, e

    as sub-raas surgem, se desenvolvem como uma nova sub-

    raa e ento reagem sobre a Me. E assim seus filhos,

    espalhados por todo o mundo ocidental, esto desenvolvendosuas qualidades, especialmente a qualidade que lhes

    dominante. E a quarta est aqui com sua misso de beleza, e

    aqui est a quinta com sua misso mental, e ambas podem

    encontrar sua chave em vocs, de quem nasceram, e para

    quem muitos voltam a fim de ajudar a construir o prottipo

    para toda a Quinta Raa. No posso ir mais alm nisto. Todo o

    assunto do maior interesse. Se percebermos que esta

    evoluo nas sub-raas pretende enriquecer o Homem

    prototpico da Quinta Raa, ento entenderemos um pouco

    mais o modo como se deram as emigraes e como alguns de

    cada voltaram para a terra-Me, e como a ndia a terra-Me de

    toda a Raa Ariana, ou Quinta Raa. A sexta sub-raa est

    recm nascendo. E a stima ainda est no longnquo horizonte

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    do futuro. A sexta sub-raa dar luz no futuro Sexta Raa-

    Raiz. Ela h de desenvolver algumas qualidades de Buddhi,

    aquela intuio espiritual que ilumina o intelecto. Esta ser a

    caracterstica da sub-raa e, em maior desenvolvimento, daSexta Raa-Raiz, para a qual se est preparando o continente

    ao longo dos milnios ainda por vir. A evoluo segue seu

    caminho regular: uma Raa encarnando os germes de diversas

    qualidades especiais; cada sub-raa desenvolvendo um deles,

    que domina as outras qualidades, que tambm so necessrias

    ao homem, como eu disse, e separadas para este propsito. Eassim gradualmente comeamos a compreender como a

    humanidade evolui, como so necessrias todas estas Raas e

    sub-raas, e como cada uma delas tem seu lugar na

    humanidade derradeira e perfeita que deve evoluir em nosso

    globo; como todos estes antagonismos terminaro, todos

    estes preconceitos sero eliminados, e quando as sub-raasso lanadas em antagonismo ou em amizade, elas o so pelo

    Governo Interno do Mundo, a fim de que elas possam comear

    a assimilar umas s outras. Toda antipatia nasce da ignorncia,

    e quanto menos se conhece um povo mais temos preconceitos

    contra ele quando entramos em contato. Ele estar

    desenvolvendo um lado de uma qualidade, enquanto voc

    estar desenvolvendo um outro lado. Vocs so postos juntos

    para se livrar do preconceito e da estreiteza, e a terra-Me tem

    sido o caldeiro para a fuso de todas estas sub-raas. Elas

    ainda tm vindo para c, alguns vo embora e alguns

    permanecem. Temos aqui o povo da quarta sub-raa, os

    portugueses, os franceses. Antigamente tivemos os gregos.

    Tivemos os povos da quinta sub-raa, os holandeses e

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    ingleses. Eles vieram e ho de partir, cada um dando um pouco

    e tendo criado um pequeno lao entre as Naes, que

    gradualmente se tornar mais e mais forte se seguirmos o

    impulso dos Governantes Internos e no lanarmos contraningum o dio racial que destri.Este um assunto bem prtico. Quanto mais o conhecemos,

    mais percebemos o quanto prtico.

    Toda a inquietao e dificuldade do mundo atual so sinais do

    perodo de transio que estamos passando, onde umacivilizao est comeando a decair, e outra est prestes a

    nascer, e onde vocs, o Corao do Mundo, a Me da grande

    Raa Ariana, cujos filhos esto espalhados por toda a parte,

    tm seu destino imediato em suas mos; vocs decidiro se a

    evoluo h de ir para frente e para cima, ou se h de ser

    atrasada em sculos. A Grande Obra no pode parar. Aevoluo da humanidade deve inevitavelmente continuar; mas

    pode continuar ou pela destruio do que j existe e comear

    do mais raso incio de civilizao, ou, pela primeira vez na

    histria de nossas Raas, pode comear pela transio gradual

    para uma condio superior e mais nobre, se os Filhos do

    Fogo obtiverem uma vitria completa sobre os Irmos daSombra.

    ***PALESTRA 3

    O Plano DivinoSuas Divises

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    Religies e Civilizaes

    A Parte Atual do Plano

    As Escolhas das NaesAMIGOS:Ao falar ontem, tive de lhes deixar sem a palavra final de meu

    programa original para a segunda palestra. No disse nada

    sobre os Buddhas. Devo agora fazer uma pausa por um

    momento a este respeito, pois o futuro Buddha, ou

    Boddhisattva, o Lder do Grupo de Ensino. Lembremos comona primeira palestra falamos de Governantes, Instrutores e

    Foras, a Atividade. Porm o futuro Buddha tem no grande

    Grupo de Instrutores a mesma posio que o Manu possui no

    grande Grupo de Governantes. Assim como todo o Governo do

    Mundo trata da evoluo das Raas, da configurao dos

    continentes, etc, de que falei ontem, assim como tudo isso administrado pelo grande grupo de Governantes, do qual o

    Manu o representante em cada Raa-Raiz, da mesma forma,

    no Grupo de Instrutores, se destaca aquela grande figura

    isolada do futuro Buddha. Mas ele no o Instrutor de uma

    Raa, como o Manu o Governante de uma Raa. O ltimo

    futuro Buddha, por exemplo, o Senhor Gautama, que se tornouBuddha naquela encarnao, veio ao mundo, como sabemos,

    no sculo V antes de Cristo, e isso no coincidiu como

    nenhuma Raa ou sub-raa. Ele veio como que na metade de

    um grande perodo Racial, para a completude de seu

    magistrio sobre a Terra, e Sua posio como Mestre - na

    condio de Boddhisattva, como O chamam os Budistas,

    assim como os Hindus O chamam de Jagatguru - se estende

  • 7/30/2019 O GOVERNO INTERNO DO MUNDO e Outras Palestras de Annie Besant

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    para trs at a civilizao da Quarta Raa-Raiz. Deste modo

    ento os Manus e os futuros Buddhas no coincidem

    completamente no tempo. Um trata especialmente com a

    evoluo do tipo fsico do homem da Sua prpria Raa, e ooutro com sua evoluo interna, o desdobramento do Esprito

    no homem atravs da fundao de alguma grande f. Agora,

    olhando para a carreira prvia d'Aquele que viria a ser um

    Buddha em Sua ltima encarnao terrena, ns O vemos

    aparecendo como um grande Instrutor mesmo antes; como eu

    disse, desde a Quarta Raa. No tenho tempo para tratar dasencarnaes individualizadas. Por ora me basta lembrar-lhes

    que Ele apareceu aqui, onde reinava a religio Hindu, como

    Mestre da Raa-Raiz, sob a forma daquele grande Rishi Vyasa.

    Foi obra Sua a diviso dos Vedas, a compilao dos Puranas, e

    assim por diante. E foi Ele quem delineou o lado religioso do

    Hindusmo, assim como o Senhor Manu delineou o lado sociale poltico, e o trabalho, como vemos, corresponde ao grupo a

    que cada um d'Eles pertence. Porm o Boddhisattva no vem

    em intervalos regulares, se medirmos por anos, mas sim em

    certos perodos da evoluo da Raa; sempre que uma nova

    sub-raa aparece na Raa, o Jagatguru, o Boddhisattva,

    aparece nos primeiros dias desta sub-raa. Ento Vyasa veio

    aos Hindus para o delineamento de sua grande poltica

    religiosa, e depois Se retirou para os Himalaias, para a grande

    Fraternidade dos Rishis. Ele apareceu pub