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O governo não quer que você tenha painéis solares em casaFonte chamada de “fantasia” por Dilma Rousseff ficou barata, mas segue sem os incentivos dados aocarvão; novo ministro prometeu mudar esse quadro

CARLOS RITTL E RICARDO BAITELO*01/04/2015 - 14h31 - Atualizado 02/04/2015 16h48

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Trabalhador instala painel solar na Alemanha (Foto: Sean Gallup/Getty Images)

Pense num país quente, onde o sol brilha o ano inteiro e que, um belo dia,dá-se conta de que tem justamente nessa luminosidade uma fonte deenergia limpa, inesgotável e cada vez mais barata. Mesmo possuindograndes reservas de petróleo, esse país resolve apostar pesado na energiasolar, que ignorou solenemente durante anos. Já adivinhou que país é esse?Isso mesmo: bem-vindo à Arábia Saudita.>> Vende-se energia feita em casa

Sim, a Arábia Saudita, o maior exportador mundial de petróleo, símbolo daresistência atávica a qualquer coisa que tenha relação com energiasrenováveis; sim, a Arábia Saudita, o vilão das conferências do clima daONU; a petroditadura feudal e retrógrada. Pois essa mesma Arábia Sauditaplaneja instalar 6 gigawatts de energia solar fotovoltaica nos próximoscinco anos. É o equivalente à potência instalada das duas usinas do rioMadeira. Em 2032, os sauditas planejam ter em seu deserto e em suas casaso equivalente a mais de uma Itaipu em energia solar.

E o Brasil? Temos um território maior e muito mais horas de sol o anointeiro do que a Arábia Saudita. Nosso potencial de radiação solar equivalea 20 vezes toda a atual capacidade instalada de produção de energiaelétrica. No entanto, os planos do governo até agora para essa fonte são

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elétrica. No entanto, os planos do governo até agora para essa fonte sãomodestíssimos: 2 gigawatts instalados até 2023, ou um terço do que osárabes planejam instalar em cinco anos.

É difícil atribuir esse atraso brasileiro a quaisquer outros fatores que nãosejam miopia dos planejadores energéticos e preconceito. Este últimofator vem de cima para baixo: a própria presidente Dilma Rousseff já sereferiu à energia fotovoltaica como “fantasia”, dizendo em 2012 que não erapossível iluminar um país somente com sol e vento. A China discorda: nospróximos 15 anos, o gigante terá elevado sua capacidade fotovoltaica para100 gigawatts, o equivalente a quase dois terços de todo o parque gerador doBrasil.

Neste aspecto, a ex-guerrilheira Dilma tem um pensamentosurpreendentemente próximo do dos eletrocratas formados na escola dasgrandes obras de energia da ditadura. Para essa turma, investir em umanova tecnologia que custava caro era uma burrice, quando o país tinhatanto potencial hidrelétrico ainda a aproveitar na Amazônia (que grandeparte desse potencial esteja em unidades de conservação, terras indígenas eoutras áreas sensíveis nunca foi um impeditivo, como não era no tempodos militares). O resultado disso está todo mês na nossa conta de energia:quando as chuvas faltaram para as hidrelétricas, o governo botou namatriz térmicas a gás, carvão e óleo combustível – mesmo tendo prometidorecentemente que o carvão seria banido do Brasil.

O governo brasileiro não foi o único a desprezar a energia solar. Nos EUA,durante a administração de George W. Bush, o lobby fóssil impediu queincentivos fossem dados a energias renováveis para competir com as jáestabelecidas e mimadas fontes fósseis. Como resultado, a principal fábricaamericana de painéis solares, a First Solar, precisou se mudar para aAlemanha.

A partir de 2008, com a eleição de Barack Obama e um novo foco em fontesrenováveis, o cenário começou a clarear para a energia fotovoltaica. Aindústria respondeu rapidamente: a capacidade instalada subiu de quasezero em 2006 para 20 gigawatts em 2014 e hoje 36% das novas instalaçõeselétricas nos EUA são dessa fonte; o preço de um painel fotovoltaico caiu63% somente entre 2010 e 2014, e a indústria solar americana, que antesgerava empregos de qualidade na Alemanha, hoje emprega mais gente nosEUA que a mineração de carvão. Outros países, como a Espanha e a Grécia,

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EUA que a mineração de carvão. Outros países, como a Espanha e a Grécia,também investiram nessa indústria como uma saída para a criseeconômica.

No ensolarado Brasil, a primeira medida séria de incentivo à energiafotovoltaica só foi adotada em 2012: uma resolução da Aneel que permite aquem tiver painéis solares em sua casa trocar energia com a rede – e,assim, economizar até 80% da conta de luz por mês, ao produzir a própriaeletricidade durante o dia. A resolução, porém, não veio acompanhada denenhuma outra medida, como uma campanha ou incentivos tributários(dados à indústria automobilística e aos combustíveis fósseis). O resultadoé que, quase três anos depois, apenas 409 residências instalaram painéissolares em todo o país. Nos EUA, são 400 mil. A cada três minutos umanova instalação solar é feita.

Quando enfim a energia solar elétrica foi agraciada com o direito decompetir em leilões de energia, em 2014, o governo viu o tamanho da ofertareprimida: foi o leilão mais competitivo da história, com o megawattvendido a R$ 214. Parece caro? Pois o carvão mineral, que fez seu retornotriunfal à matriz energética brasileira também em 2014, foi leiloado a R$206. E isso à custa de um pacote de bondades que incluiu aumento no preçomínimo e isenção de tributos.

Sem o argumento do preço, sobra aos eletrocratas o tigre de papel daintermitência: a energia solar jamais poderá estar na “base” porque nãoproduz à noite. O chamado fator de capacidade da fonte é de cerca de 25%.Pode até ser verdade. Mas esses mesmos planejadores não hesitam emgastar R$ 28 bilhões numa usina hidrelétrica como Belo Monte, que temfator de capacidade de 42% e que pode chegar ao fim de sua vida útil commetade disso devido ao impacto das mudanças climáticas. Se ganhasse odireito de entrar na matriz em escala americana (ou pelo menos saudita), aenergia solar poderia compor com a eólica para poupar os reservatórios dashidrelétricas do Centro-Sul, que formam a nossa “energia firme”. A opçãodo Palácio do Planalto, porém, parece ser até aqui a de deixar o país semenergia e poluindo mais ao mesmo tempo.

Isso pode estar mudando com a entrada em cena de um ator novo napolítica energética: o ministro Eduardo Braga (PMDB). Engenheiroeletricista, Braga aparentemente aprendeu alguma matemática nauniversidade e concluiu que o Brasil não perde nada se aproveitar seu

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PAINÉIS SOLARES ENERGIA SOLAR ENERGIA

universidade e concluiu que o Brasil não perde nada se aproveitar seupotencial solar. Prometeu tirar PIS e Cofins dos painéis solares, como ogoverno fez com o carvão, e aprovar uma redução de ICMS. Já marcou doisleilões de energia fotovoltaica para este ano e andou falando em instalarpainéis solares nos reservatórios das hidrelétricas. Nos próximos meses,com a estação seca chegando, Braga terá a oportunidade de mostrar se falasério sobre o assunto. Quem sabe ele convence sua chefe a tomar um poucode sol para clarear as ideias.

Carlos Rittl, 45, é secretário-executivo do Observatório do ClimaRicardo Baitelo, 38, é coordenador de Clima e Energia do Greenpeace

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