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O Guia Film Comissions LATC eBook

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GUIA DE FILM COMMISSIONS NO BRASIL

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  • GUIA PARA //////////////////////////////FILM COMMISSIONS \\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\ NO BRASILORIENTAO BSICA PARA A IMPLANTAO E OPERAO DE UM ESCRITRIO DE APOIO S PRODUES AUDIOVISUAIS EM UM MUNICPIO OU ESTADO DO BRASIL

    Rio de JaneiroLATC2015

  • GUIA PARA //////////////////////////////FILM COMMISSIONS \\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\ NO BRASILORIENTAO BSICA PARA A IMPLANTAO E OPERAO DE UM ESCRITRIO DE APOIO S PRODUES AUDIOVISUAIS EM UM MUNICPIO OU ESTADO DO BRASIL

    Rio de JaneiroLATC2015

  • Editora LATCLatin American Training CenterCentro Latino-Americano de Treinamento e Assessoria AudiovisualRua Alm. Saddock de S, 10/ 302Rio de Janeiro, RJ - BrasilCEP 22411-040Tel.: 55 21 [email protected]

    Todos os direitos reservados. proibida a duplicao ou reproduo deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrnico, mecnico, gravao, fotocpia, distribuio na internet ou outros), sem permisso expressa da Editora.

    Ficha catalogrfica elaborada pelo bibliotecrio Vinicius Miquiles.

    Organizao Steve Solot Coordenao Fernanda Lima

    Reviso Jlio Naves Ribeiro e Paulo Henriques Britto

    Traduo Lilian M. Bosboom Diagramao Neilton Lima

    Capa Reichan Calheiros

    L356 Latin American Training Center

    Guia para Film Commissions no Brasil: Orientao bsica para a implantao e operao de um escritrio de apoio s produes audio-visuais em um municpio ou estado do Brasil / Latin American Training Center; org. Steve Solot Rio de Janeiro: Latin American Training Cen-ter, 2015.100p.; 21cm.

    ISBN 978-85-62268-11-3 (E-book)

    1. Recursos audiovisuais. 2. Assessoria audiovisual. 3. Brasil. I. Ttulo.II. Solot, Steve.

  • Sumrio

    Introduo ............................................................................................. 7Steve SolotRio Film Commission - RFC e Latin American Training Center - LATC

    Fbio Cesnik, Fernando Quintino e Rodrigo SalinasCesnik, Quintino e Salinas Advogados

    CAPTULOS1. Por que criar uma film commission? ........................................... 112. Os benefcios de uma film commission e o Estudo de

    Impacto Econmico .................................................................... 153. A estrutura administrativa e a base jurdica de uma film

    commission no Brasil ................................................................... 194. A constituio jurdica de film commissions no Brasil ............. 235. O turismo cinematogrfico ......................................................... 276. Incentivos fiscais e no fiscais das film commissions para a

    produo de contedo audiovisual ........................................... 317. A gesto da film commission ....................................................... 358. O Conselho Consultivo para apoio poltico e assessoria

    film commission ......................................................................... 419. Atendimento aos produtores ....................................................... 4510. Alianas estratgicas, associaes e entidades relevantes ...... 55

  • Guia para Film Commissions no Brasil6

    ARTIGOSAs regras da atrao: a criao de uma comunidade amistosa para produes.................................................................................... 63

    Jean M. Prewitt Independent Film and Television Alliance - IFTA

    Rob H. AftCompliance Consulting

    Por que a film commission no funciona no Brasil? ....................... 75Steve SolotRio Film Commission - RFC e Latin American Training Center - LATC

    Association of Film Commissioners International AFCI: O Qu? Quem? Por qu? ................................................................... 81

    Kevin ClarkAssociation of Film Commissioners International AFCI

    Produzindo pelo mundo ................................................................... 87Fbio Cesnik e Fernando QuintinoCesnik, Quintino e Salinas Advogados

    Italian Film Commissions ................................................................. 91Stefania IppolitiItalian Film Commissions e Toscana Film Commission

    A melhor amiga do produtor audiovisual ....................................... 97Leonardo Monteiro de BarrosConspirao Filmes

  • Introduo

    Esta nova publicao do Centro Latino-Americano de Treinamento e Assessoria Audiovisual (Latin American Training Center LATC) e do Cesnik, Quintino e Salinas Advogados visa contribuir para o desenvolvimento do setor audiovisual, tendo em vista que, nos l-timos anos, vem crescendo significativamente o nmero de escrit-rios de apoio a produes audiovisuais nacionais e estrangeiras no Brasil, denominados film commissions (FC). Essa tendncia esti-mulante, na medida em que mais cidades e estados reconhecem o impacto positivo da atividade audiovisual na economia local e pas-sam a fomentar o desenvolvimento de novos projetos audiovisuais em suas localidades. Por outro lado, constatamos alguns aspectos da formao de film commissions que merecem ateno:

    Tm sido criadas film commissions que no possuem plane-jamento prvio nem treinamento e metodologia de certifi-cao estruturados, em contraponto expanso crescente e estruturada dos demais segmentos da indstria audiovisual brasileira, o que as torna um elo frgil na cadeia produtiva audiovisual nacional.

    Nos ltimos anos, especialmente agora que o Brasil se tor-nou o foco da ateno mundial com a realizao da Copa do Mundo e das Olimpadas, h uma enorme demanda pelos servios de apoio audiovisual habitualmente prestados por film commissions. Essa demanda visvel no s em grandes centros urbanos como tambm no interior do pas, uma vez que os produtores nacionais e estrangeiros de cinema, TV,

  • Guia para Film Commissions no Brasil8

    documentrios, equipes jornalsticas, dentre outros es-to buscando apoio para as filmagens em locaes bastante diversificadas.

    Uma film commission exerce dois papis fundamentais: (i) o apoio logstico-operacional aos projetos filmados ou gravados em uma determinada regio e (ii) a atrao de produes audiovisuais para esta regio. Uma film commission competente e preparada tambm atua como ponte entre a comunidade, os rgos pblicos e a produo, no sentido de minimizar os transtornos causados regio, ao mesmo tempo em que procura maximizar os ganhos que essa mesma regio possa obter com um nmero crescente de produes audiovisuais.Ao incluir as film commissions no seu ltimo Plano de Diretri-zes e Metas para o Audiovisual, a Agncia Nacional de Cinema ANCINE reconhece o papel estratgico das film commissions para o setor audiovisual do Brasil. O plano inclui como meta ampliar o nmero de escritrios de apoio a produes audiovisuais es-trangeiras no Brasil, e observa tambm que a implantao de film commissions e sua atuao regular e articulada com os ser-vios pblicos so fatores importantes para a atrao de investi-mentos em cinema, televiso e publicidade.O presente Guia oferece, pela primeira vez em portugus e espe-cificamente para o Brasil, informaes bsicas e recomendaes sobre como efetivamente estabelecer e operar uma film commis-sion em nvel municipal ou estadual. O Guia foi desenvolvido para um pblico diverso, incluindo polticos, funcionrios do go-verno, produtores e gerentes cinematogrficos, entre outros, e apropriado tanto para projetar e planejar a estrutura e a criao de uma film commission como para administrar e melhorar as film commissions existentes, onde quer que estejam. A publicao desta obra coincide com a constituio da Rede Brasileira de Film Commissions - REBRAFIC, uma nova associao brasileira de direito privado que tem entre seus objetivos apoiar a capacitao de film commissions no Brasil, garantir um padro mnimo de qualidade no atendimento aos produtores nacio-nais e internacionais e promover o Brasil e todas as suas regies como destinos para filmagens de contedo audiovisual nacional e

  • Introduo 9

    internacional. A REBRAFIC procura trabalhar em parceria com o poder pblico, o setor privado e com o terceiro setor ao promover a troca de informaes e experincias entre produtores de conte-do audiovisual, empresas do segmento de servios audiovisu-ais, entidades governamentais e da sociedade civil, assim como o desenvolvimento do setor audiovisual brasileiro. A REBRAFIC representa film commissions constitudas no Brasil, assim como aquelas em processo de implantao.O Guia est dividido em duas sees, sendo a primeira composta de dez captulos com orientaes detalhadas sobre a criao, estru-tura, administrao e operao de uma film commission no Brasil. A segunda seo consiste em uma coletnea de artigos escritos por algumas das mais importantes e relevantes autoridades internacio-nais e nacionais sobre o tema das film commissions. Destacamos especialmente as contribuies de Jean Prewitt, Presidente da Inde-pendent Film and Television Alliance IFTA, a associao de pro-dutores independentes mais importante dos EUA; de Kevin Clark, Diretor Executivo da Association of Film Commissioners Interna-tional AFCI, a associao mundial de film commissions com sede em Los Angeles; de Stefania Ippoliti, Presidente da Associazione Italian Film Commissions; e tambm de Leonardo Monteiro de Barros, scio da Conspirao Filmes, no Rio de Janeiro.Embora a publicao abranja muitos dos elementos-chave para a criao e o funcionamento de uma film commission, no se trata de um trabalho aprofundado. Aqueles que desejam obter orien-tao jurdica, poltica e comercial detalhada devem contatar profissionais qualificados com experincia nas reas comercial e jurdica de film commission.

    Steve Solot, PresidenteRio Film Commission - RFC

    Centro Latinoamericano de Treinamento e Assessoria Audiovisual/ Latin American Training Center LATC

    Fbio Cesnik, Scio Fernando Quintino, Scio

    Rodrigo Salinas, ScioCesnik, Quintino e Salinas Advogados.

  • Guia para Film Commissions no Brasil10

    Sobre o Centro Latino-Americano de Treinamento e Assessoria Audiovisual

    Com sede na cidade do Rio de Janeiro, o Centro Latino-Americano de Treinamento e Assessoria Audiovisual (Latin American Training Center LATC) uma empresa de treinamento e consultoria regional direcionada nova gerao de cineastas na Amrica Latina. O LATC especialista em programas de formao criativa para produtores de contedos audiovisuais, com foco nos modelos de negcios para novas tecnologias. Alm disso, o LATC oferece servios completos de consultoria para projetos audiovisuais e film commissions. O LATC est afiliado a: CILECT Centre International de Liaison des Eco-les de Cinmaet de Tlvision (Bruxelas), IFTA Independent Film & Television Alliance (Los Angeles), IFP Independent Filmmaker Project (Nova York), NALIP National Association of Latino Inde-pendent Producers (Los Angeles), The Incentives Office (Los Ange-les), EGEDA Entidad de Gestin de Derechos de los Productores Audiovisuales (Madri), o escritrio Cowan, Debaets, Abrahams & Sheppard CDAS (Nova York) e o AFC Americas Film Conservancy. www.latamtrainingcenter.com

    Sobre o Cesnik, Quintino e Salinas Advogados

    O Cesnik, Quintino e Salinas Advogados est entre os mais respeita-dos escritrios de advocacia do Brasil, com reconhecida excelncia em planejamento, estruturao e viabilizao de negcios nas reas da cultura, esporte e terceiro setor. Especializado em Incentivos Fiscais ao Audiovisual, Propriedade Intelectual, Terceiro Setor, Direito Pblico e Direito Empresarial com nfase em Direito Societrio e Tributrio, o escritrio atua em mbito consultivo nos segmentos de entreteni-mento, mdia, tecnologia e contedo. Entre os principais clientes des-tacam-se: grupos de mdia e comunicao; investidores das reas de cultura, entretenimento e esportes; empresas relacionadas produo audiovisual, musical, editorial e distribuio de contedo em multi-plataformas; agncias de publicidade, empresas de telecomunicao e telefonia; entre outras de diferentes setores da economia, incluindo empresas pblicas e organizaes do terceiro setor. Em virtude de seu destacado desempenho e slida reputao, o Cesnik, Quintino e Sa-linas Advogados ocupa o primeiro lugar no ranking dos principais escritrios da Amrica Latina na rea de entretenimento, segundo pesquisa anual publicada pelo Chambers and Partners, um dos mais importantes guias da rea de Direito do mundo. www.cqs.adv.br

  • 1. Por que criar uma film commission?

    Nas ltimas duas dcadas, muitas instituies locais e nacionais no Brasil decidiram investir dinheiro pblico no apoio ao setor audiovisual brasileiro, gerando uma ampla gama de benefcios econmicos e culturais para seus territrios. Em particular, a fim de atingir esses objetivos, muitos governos locais fundaram film commissions, organizaes sem fins lucrativos destinadas a trazer benefcios econmicos sua jurisdio atravs de filmes, sries de TV, documentrios, comerciais etc.Em geral, a film commission oferece servios gratuitos e apoio s equipes que vo filmar em locaes de uma cidade ou regio, de modo que as produes possam ser realizadas sem contratempos. Em troca, a regio anfitri recebe uma ampla gama de benefcios: efeitos diretos, indiretos e induzidos em sua economia; promoo da imagem, do patrimnio pblico e do turismo local; e estmulo criatividade e a novas qualificaes locais relacionadas ao setor audiovisual. Em outras palavras, a film commission o resultado promissor de uma nova poltica econmica e cultural para o setor audiovisual, no destinada apenas a oferecer suporte a alguns eventos ocasio-nais (por exemplo, um festival de cinema local) ou projetos espe-cficos (produes com impacto cultural), mas tambm a conferir valor agregado a todo o setor audiovisual e a todas as indstrias locais a ele relacionadas.

  • Guia para Film Commissions no Brasil12

    As atividades de filmagens em locaes (on-location shooting) de contedo audiovisual em qualquer formato (cinema, TV, docu-mentrio etc.) oferecem benefcios econmicos concretos que vo alm do aumento de empregos e estmulo ao turismo. O impacto econmico total a soma dos gastos diretos, indiretos e induzidos gerados pela filmagem. Assim, o motivo mais importante para se criar uma film commission , sem duvida, a inteno de captar esses benefcios econmicos.No Brasil, como em todo o mundo, a produo audiovisual uma indstria complexa que envolve um nmero muito grande e di-versificado de empresas e profissionais. Em incontveis ocasies, um set de filmagem pode alterar sensivelmente o cotidiano de uma rua, bairro ou at mesmo de uma cidade. Uma film commis-sion competente e preparada pode atuar como uma ponte entre a comunidade, os rgos pblicos e a produo, no sentido de minimizar os transtornos causados regio, e ao mesmo tempo maximizar os ganhos que essa mesma regio possa obter com um nmero crescente de produes audiovisuais. O ambiente de produo audiovisual altamente competitivo. Hoje em dia os produtores de contedo audiovisual buscam in-centivos e locaes atrativas, alm de apoio logstico local eficien-te. Esses fatores tornam necessria a existncia de um escritrio de apoio audiovisual, ou seja, uma film commission competente capaz de suprir as necessidades de todo tipo de produo audiovisual.Um dos principais objetivos da nova Lei 12.485/2011 aumentar a produo e a circulao do contedo audiovisual brasileiro nos canais de TV paga. Dessa forma, o volume de produes tende a aumentar significativamente. Neste cenrio, o papel da film com-mission ser fundamental para que isso ocorra de forma organi-zada, positiva e sustentvel.No contexto mundial, os grandes eventos internacionais recente-mente ocorridos no Brasil e o evento prximo mais importante, os Jogos Olmpicos de 2016, geram por si s um volume enor-me de produes audiovisuais, mas tambm inserem o Brasil no foco das atenes, provocando um aumento significativo de produes. Uma film commission organizada e capacitada ser de

  • 1. Por que criar uma film commission? 13

    grande valia para que o crescimento do setor seja sustentvel e duradouro.Outros motivos para a criao de uma film commission so a pro-moo de expresses e valores culturais e tnicos, ativos histricos locais e talentos artsticos da regio. Algumas film commissions tambm promovem a capacitao de tcnicos do setor audiovi-sual. Motivaes como essas buscam valorizar a imagem local e a percepo nacional e internacional da jurisdio, podendo obe-decer a prioridades polticas de um governo local. Cada film com-mission deve ter competncia para priorizar esses motivos.So muitas as razes que justificam a criao de uma film commis-sion. Cada municpio e regio deve desenvolver sua prpria po-ltica e seus prprios fundamentos de apoio s produes audio-visuais, criando uma film commission que opere em consonncia com as diretrizes do governo local e de sua populao.

  • 2. Os benefcios de uma film commission e o Estudo de Impacto Econmico

    evidente que uma film commission pode proporcionar inmeros benefcios populao local e ao pas, tanto em termos de gerao de empregos e receitas, quanto de visibilidade e imagem positiva. Nos EUA, por exemplo, as filmagens em locao de uma produ-o de longa-metragem geram em mdia US$ 200 mil por dia em atividade econmica e receitas pblicas, de acordo com dados da Motion Picture Association of America.Assim, no admira que exista uma concorrncia feroz entre as film commissions de todos os estados americanos, tal como entre os EUA e outros pases que oferecem locaes idnticas s cidades norte-americanas e ainda um leque de benefcios em forma de crditos tributrios, subsdios ou rebates (reembolsos) com vis-tas a baratear o custo da produo de filmes, programas de TV e comerciais. Para mais informaes sobre os incentivos fiscais que uma cidade ou estado podem oferecer para atrair produes, ver o captulo especfico deste Guia. importante que as film commissions demonstrem o valor da in-dstria atravs de informaes precisas sobre o seu impacto eco-nmico. O impacto total a soma dos gastos diretos, indiretos e induzidos.

  • Guia para Film Commissions no Brasil16

    H trs componentes bsicos para o processo de quantificao do impacto econmico da produo em locaes:

    Coleta das informaes;Gesto das informaes;Apresentao das informaes.

    Todos os componentes esto includos no chamado Estudo de Impacto Econmico.O Estudo de Impacto Econmico constitui a ferramenta mais im-portante para mensurar os benefcios econmicos e a gerao de empregos proporcionados pela atividade de filmagem audiovisual efetuada na jurisdio. Os resultados do estudo serviro como base para validar as atividades (e o oramento) da film commission, po-dendo servir tambm como um instrumento essencial para uma cidade ou estado consolidar uma posio competitiva no cenrio audiovisual global, atraindo produes audiovisuais internacio-nais que contribuam para o desenvolvimento econmico (criao de empregos e crescimento da economia). As concluses do estudo podero ser utilizadas para recomendar a criao de polticas pblicas e a implementao de incentivos eco-nmicos e fiscais atravs de iniciativas legislativas apropriadas. O estudo deve incluir, pelo menos, os dois seguintes componentes:I. Pesquisa de mercado utilizando dois questionrios enviados aos dois principais grupos de agentes no mercado audiovisual de filmagem em locao, a fim de realizar uma amostragem de in-formaes sobre gastos diretos e indiretos realizados pelas duas populaes:

    a. Empresas produtoras e servios de filmagens (production services)

    b. Empresas de servios de apoio (exemplo: catering ou aluguel de equipamentos)

    Podem ser utilizados questionrios especficos para coletar dados bsicos e avaliar o impacto direto e indireto dos gastos efetuados e dos empregos gerados pelas filmagens em locao, em quatro formatos:

  • 2. Os benefcios de uma film commission e o Estudo de Impacto Econmico 17

    longa-metragem de fico; longa-metragem de documentrio; sries de TV; filmes publicitrios.

    Normalmente, o estudo se restringe s atividades de filmagens em locaes, e no tem pretenses de abranger toda a cadeia produ-tiva do audiovisual. Portanto, no considera atividades de labora-trios, distribuidores e exibidores, entre outros.II. Aplicao de coeficientes ou multiplicadores apropriados (ge-rao de renda e empregos) para a avaliao do impacto econ-mico (um para cada tipo de produo audiovisual) O coeficiente de impacto econmico, ou multiplicador, um nmero que identifica o efeito final de todo o fluxo econmico de um setor da economia. Ele calcula o total direto e indireto do impacto econmico gerado por determinado setor. O coeficiente calculado demonstrar o valor agregado da realizao de deter-minada produo.O modelo de impacto econmico mais utilizado o RIMS (Regio-nal Input-Output Modeling System, desenvolvido pelo Instituto de Anlises Econmicas do Departamento de Comrcio dos EUA). Os impactos so geralmente relatados de duas formas:

    a. Impactos diretos (empregos, salrios, contratao de servios, aluguis, impostos, encargos etc.);

    b. Impactos indiretos (gastos com comrcio local, consumo de gua e energia e fornecedores locais de outras atividades econmicas).

    O multiplicador se calcula por meio da razo R$ (produo au-diovisual)/R$ (benefcios econmicos gerados para a cidade ou estado); ou seja, para cada R$1 gasto na produo de um filme, geram-se R$ X, provenientes de empregos, bens, servios, impos-tos etc.O total do impacto econmico acumulado de filmagens em lo-cao composto pela soma dos gastos diretos, indiretos e induzidos.

  • Guia para Film Commissions no Brasil18

    O multiplicador apresenta um quadro do valor real do impacto fi-nanceiro que a indstria tem na localidade. Segue abaixo o exem-plo de um grfico que pode ser utilizado no relatrio de impacto econmico para demonstrar a importncia da indstria audio-visual na economia local. Neste exemplo hipottico, cada $1 de gasto local na filmagem de uma produo em locao gera $2,30. A perda por cada movimento (novo gasto) de 40%.

    O Efeito do Multiplicador Econmico

    O impacto final total a soma de todos os gastos lquidos (des-contadas as perdas).

    Uma das tendncias mais recentes em gesto de film commission a percepo da influncia positiva que uma produo cinemato-grfica pode ter sobre a visitao turstica, ou o turismo cinemato-grfico. Quase todos os presidentes de film commissions podem dar exemplos de filmes que impactaram o turismo, atraindo visitantes que desejam conhecer as locaes reais de um determinado filme, ou o local onde ocorreram os eventos originais nele representados. Em ambos os casos, os filmes trazem benefcios econmicos adi-cionais jurisdio. Para obter mais informaes sobre o turismo cinematogrfico, ver o captulo especfico deste Guia.

  • 3. A estrutura administrativa e a base jurdica de uma film commission no Brasil

    Uma film commission (FC) uma instituio ou escritrio pblico especializado e sem fins lucrativos, normalmente sob a autorida-de de uma entidade governamental ou escritrio administrativo, cuja finalidade oferecer apoio a produtores de contedo audio-visual e promover a sua jurisdio como destino para a produo de cinema, televiso, publicidade e novas mdias. Atualmente h em torno de 307 film commissions em 41 pases. A FC atua como elo entre os governos, as comunidades locais e as empresas de produo audiovisual, supervisionando a atividade de filmagem em locaes, estabelecendo padres de profissionalismo e atuan-do como um centro de intercmbio de informaes de produo. O objetivo geral de uma film commission aumentar o impacto econmico da indstria audiovisual em sua jurisdio.As funes especficas da film commission se resumem a promo-ver, regular e apoiar a filmagem em locaes dos projetos de con-tedos audiovisuais em todos os formatos, e, numa escala mais ampla, fomentar o desenvolvimento da indstria cinematogrfica nacional. A FC tambm pode proporcionar assistncia financeira a projetos de cinema sujeitos a certos requisitos de elegibilidade.O sucesso operacional de uma film commission depende de sua legitimidade em relao s autoridades governamentais, ao setor privado e comunidade de produo de contedo audiovisual,

  • Guia para Film Commissions no Brasil20

    tanto nacional quanto internacional. Assim, a maioria das film commissions tem um vnculo formal com uma entidade governa-mental local, estadual ou nacional, o que valida sua capacidade de representao. Para se associar Association of Film Commissio-ners International AFCI necessrio um respaldo estatal oficial por parte do rgo de governo na jurisdio correspondente.As bases jurdicas e legislativas de uma film commission depen-dem das prioridades polticas e administrativas de governo, bem como dos fatores oramentrios. Se a FC uma entidade pura-mente governamental, ela pode ser organizada sob autoridade governamental ou ento atuar como associao pblico-privada. Nos EUA, muitas film commissions esto subordinadas aos escrit-rios de desenvolvimento econmico de cada estado. Na Amrica Latina, a maioria das film commissions faz parte dos ministrios ou secretarias de cultura. Praticamente todas as film commissions esto ligadas, pelo menos informalmente, aos rgos oficiais ou agncias de turismo, devido s funes, aos servios e aos benef-cios a elas relacionados.H vrias bases jurdicas e legislativas possveis para uma film commission, porm a mais comum consiste em uma agncia do setor pblico com um presidente ou diretor designado, subordi-nado a uma secretaria ou a um conselho. Um modelo comum de film commission nos EUA a chamada Entidade 501(c) 4, sem fins lucrativos, estabelecida para o benefcio pblico.Uma film commission deve contar com a base legislativa e os ins-trumentos jurdicos adequados para funcionar de maneira eficaz na sua jurisdio. Tambm devem ser estabelecidas ligaes oficiais com outras agncias e organismos governamentais pertinentes. Para executar suas funes, a autoridade legal e legislativa de uma film commission deve ser estabelecida de acordo com o processo legislativo local, o que implica uma forma de decreto, regulamen-tao, resoluo ou outro formato que lhe confira a autoridade le-gal para emitir autorizaes, oferecer orientao aos produtores, publicar os regulamentos e possivelmente estabelecer as tarifas e taxas para filmagens em locaes. Recomenda-se que a gesto e a legitimidade efetivas de uma film commission se baseiem nas

  • 3. A estrutura administrativa e a base jurdica de uma film commission no Brasil 21

    seguintes diretrizes e pilares (dependendo de sua constituio e autoridade legal):

    1. Comisso ou Conselho Consultivo composto por represen-tantes autorizados do setor pblico e privado;

    2. Decreto ou Resoluo autorizando a FC a:

    Estabelecer tarifas ou taxas para a filmagem em locaes. Estabelecer critrios profissionais para o pessoal regional e/ou

    municipal da FC ou seus representantes. Conceder autorizaes de filmagens em locaes em jurisdies

    especficas. Estabelecer vnculos formais com os ministrios e agncias go-

    vernamentais relevantes, incluindo os que tm jurisdio sobre a importao temporria de equipamentos audiovisuais para filmagens.

    Estabelecer vnculos formais com associaes, sindicatos e ou-tras entidades pertinentes de produtores de cinema, vdeo, tele-viso e comerciais do setor privado.

    Celebrar acordos, memorandos de entendimento e convnios com entidades relevantes e/ou outras film commissions nacionais e internacionais.

    Executar estudos de impacto econmico da atividade audiovisu-al nas locaes.

    Propor incentivos econmicos e fiscais para estimular a filmagem em locao de projetos de contedos audiovisuais em todos os formatos, e para assegurar que o local se transforme em um des-tino de produo audiovisual competitivo a nvel internacional.

    Desenvolver um plano estratgico a longo prazo para assegurar o efetivo desenvolvimento econmico sustentvel da atividade audiovisual nas locaes, impactando a economia nacional e o emprego no setor.

    Assegurar que as atividades de filmagem em locaes sejam exe-cutadas em conformidade com um guia de Melhores Prticas ou Cdigo de Conduta aprovado.

    Assegurar a participao nos mercados e festivais audiovisuais internacionais para promover com eficincia o local como um destino audiovisual internacional.

  • Guia para Film Commissions no Brasil22

    Promover a formao e qualificao profissional local dos produ-tores e das empresas de produo de servios, bem como da mo de obra qualificada e do pessoal tcnico abaixo da linha (below--the-line) como base necessria para atrair projetos audiovisuais internacionais.

    Servir como um ponto focal de ligao entre a indstria em to-dos os nveis e setores do governo em apoio ao desenvolvimento do setor audiovisual nas locaes.

  • 4. A constituio jurdica de film commissions no Brasil

    A film commission atua em favor do interesse pblico estimulan-do a economia local, gerando empregos, ampliando a arrecadao de tributos e fornecendo aos produtores estrangeiros acesso a in-formaes relevantes sobre nosso pas e cultura para a realizao de produes audiovisuais, entre outros benefcios.Dado o evidente interesse pblico em sua formao, a film com-mission pode ser estruturada como rgo do poder pblico mu-nicipal ou estadual vinculado administrao pblica direta. Esse modelo vem sendo adotado no Brasil, com estados e municpios criando departamentos para o desenvolvimento das film commis-sions em suas respectivas Secretarias de Cultura.H tambm a possibilidade de a FC funcionar como uma fundao criada pelo Estado, dotada de recursos destinados ao seu desenvol-vimento e fazendo parte da administrao pblica indireta.Dentre os mais modernos formatos de estruturao de FC no Brasil, destaca-se a possibilidade de o poder pblico estabelecer parcerias com entidades do terceiro setor, ou seja, com associa-es e fundaes privadas, conhecidas como ONGs, que tenham a finalidade de atuarem aes e programas de interesse pblico.As ONGs que visam ao interesse pblico podem vir a obter qua-lificaes outorgadas pelo Estado, como OSCIP Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico e OS Organizao Social.

  • Guia para Film Commissions no Brasil24

    OSCIP Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico

    O poder pblico poder firmar parcerias com as ONGS qualifica-das como OSCIPs para a gesto do programa da FC.O processo de escolha da OSCIP deve ser precedido de licitao pblica, para que o poder pblico possa oferecer sociedade civil iguais condies de participao no certame.A OSCIP formada por membros ou entidades da sociedade civil. Seus estatutos sociais devem seguir as normas estabelecidas pelo Cdigo Civil (Lei Federal 10.406/2002) e pela Lei das OSCIPs (Lei Federal 9.790/99); alm disso, a entidade deve comprovar ter a expertise necessria para gerir o contrato de parceria, que poder prever o repasse de recursos para o desenvolvimento das ativida-des da FC.

    OS Organizao Social

    O modelo da Organizao Social, previsto no plano de reforma do Estado Brasileiro, confere maior segurana jurdica estrutu-rao das FCs, pois permite que a relao de parceria se estenda pelo prazo de at dez anos, em mdia.A parceria entre o poder pblico e a os se d por intermdio de contrato de gesto que permite o repasse de recursos pblicos os para o desenvolvimento do programa da FC, recursos esses que obrigatoriamente devero estar previstos no oramento pblico.Em geral, a os prev um formato de governana da entidade em que o poder pblico detm o controle de seu Conselho de Ad-ministrao, permitindo no s a participao direta ou indireta dele nas principais decises da os, como tambm a superviso da gesto de seus dirigentes.Os recursos pblicos oramentrios esto vinculados a um plano de trabalho previamente aprovado pela os junto ao poder pblico; assim, a os obrigada a seguir um plano de compras preestabele-cido e a se submeter a regras de direito privado.

    Criao das Film Commissions no Brasil

    As film commissions tm sido criadas por entidades do Estado e dos estados e municpios brasileiros, que promovem a criao de

  • 4. A constituio jurdica de film commissions no Brasil 25

    organismos vinculados s Secretarias de Cultura para atender aos realizadores interessados em filmar no Brasil.Em 2011, foi criado pelo estado do Rio de Janeiro o Escritrio de Apoio Produo Audiovisual Filme Rio Rio Film Commis-sion, rgo em franca atividade, vinculado Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro, que apoia as produes realizadas no estado, incluindo sua capital.No mesmo formato de departamento especfico vinculado s Secretarias de Cultura dos estados, foram criadas a Minas Film Commission e a Bahia Film Commission, ambas organizaes governamentais.No mbito municipal, foram criadas em 2007 a ECINE Film Offi-ce So Paulo City Film Commission, organizao governamen-tal vinculada Secretaria Municipal da Cultura de So Paulo, e a Santos Film Commission, vinculada Secretaria da Cultura de Santos.Como exceo regra de criao de rgos governamentais, po-demos citar a So Paulo Film Commission, organizao no go-vernamental criada na cidade de Ribeiro Preto atravs da asso-ciao de pessoas fsicas para promover a produo audiovisual no interior do estado, que conta com o apoio institucional da Se-cretaria do Estado da Cultura de So Paulo.

  • 5. O turismo cinematogrfico

    Ao contrrio das tendncias gerais da economia brasileira, o se-tor audiovisual (cinema e TV) est em alta. Puxado por vrios sucessos do cinema nacional e pela nova lei da TV paga (Lei n 12.485/11), o mercado brasileiro audiovisual est passando por uma fase de crescimento impressionante, especialmente se com-parado aos de outros pases da Amrica do Sul. cada vez maior a procura dos produtores nacionais e internacionais, em diversas regies do Brasil, por cenrios e locaes atrativas para suas pro-dues de cinema, TV, documentrio e publicidade.Para aproveitar esta tendncia e transform-la em benefcios con-cretos nos locais onde os filmes e programas de TV so rodados, as cidades e estados brasileiros precisam se organizar para rece-ber os turistas motivados a visit-las. Eis o chamado turismo cinematogrfico.

    O que o Turismo Cinematogrfico?

    O turismo cinematogrfico diz respeito influncia de filmes, programas, sries de TV e comerciais nas decises de turistas ao escolherem seus destinos de viagem. A representao de cidades e regies nas telas tem um impacto econmico significativo no turismo e no fortalecimento da promoo cultural desses lugares.

  • Guia para Film Commissions no Brasil28

    Apesar de no existirem muitas estatsticas sobre o tema no Bra-sil, estima-se que o turismo cinematogrfico global movimente cerca de 40 milhes de turistas a cada ano. O turismo induzido pelo cinema e pela TV j considerado uma fonte significativa de benefcios para regies especficas, e vrios pases tm orientado toda a sua estratgia oficial de promoo turstica precisamente em funo da difuso das locaes onde foram rodados filmes e sries de TV.Um filme atua sobre o espectador como um folheto virtual, tendo trs vantagens em relao publicidade turstica convencional: sua ao mais duradoura; ele alcana um pblico maior; e, por fim, cria vnculos emocionais que atraem o espectador de manei-ra mais intensa, atravs de seus personagens e da integrao das paisagens nas histrias.

    Exemplos mais conhecidos do Turismo Cinematogrfico

    Existem numerosos exemplos internacionais de filmes e sries de TV que aumentaram o turismo e as visitas a locaes especficas para promover o branding de cidades ou pases. Eis alguns exem-plos mais conhecidos, de acordo com Hudson & Ritchie (2006):

    Corao valente, Esccia: aumento de 300% no ano aps o lanamento.

    Campo dos sonhos, Iowa: 35.000 visitas em 1991. Quatro casamentos e um funeral, The Crown Hotel, Amersham,

    Inglaterra: Reservas esgotadas durante 3 anos aps o lanamento. Harry Potter, em vrias locaes na Inglaterra: aumento de mais

    de 50% em todas as locaes de filmagem. Misso impossvel II, Parques Nacionais, Sydney: aumento de

    mais de 200% em 2000. Troia: Canakkale, Turquia: aumento de 73% aps o lanamento.

    Com a ascenso rpida da popularidade das sries na TV por as-sinatura e no vdeo sob demanda (VOD), surgiram tambm vrias locaes procuradas por turistas aps assistirem seus programas prediletos. Entre os casos internacionais mais conhecidos esto:

  • 5. O turismo cinematogrfico 29

    Game of Thrones: Irlanda e Belfast Downton Abbey: Oxfordshire e Highclere Breaking Bad: Albuquerque, Novo Mxico

    No Brasil, muitas cidades esto se movimentando para gerar um brand e uma visibilidade em torno das filmagens de cinema e pro-gramas de TV, como:

    Recife: recebe a TV Globo para gravar cenas de Gerao Brasil, prxima novela das 19h.

    Braslia: o cenrio da nova minissrie global de Fernando Meirelles, Felizes para sempre, gravada no Setor das Oficinas e tambm na Asa Norte.

    Rio de Janeiro: a cidade recriada em Rio, desenho animado de Carlos Saldanha que atraiu um grande nmero de turistas inte-ressados em conhecer ao vivo os cenrios do filme e viver expe-rincias como tours de favelas e voos de asa-delta.

    Embora a estratgia de turismo cinematogrfico possa ser ado-tada por um rgo oficial do governo, como um Ministrio do Turismo ou uma entidade como a Embratur, cabe film commis-sion local implement-la e, efetivamente, receber e orientar as filmagens.O momento apropriado para a reorganizao e capacitao efetiva do setor de film commissions no Brasil. Embora os Jogos Olmpicos de 2016 estejam concentrados no Rio de Janeiro, espe-ra-se uma verdadeira invaso de jornalistas, cineastas e equipes de filmagem estrangeiras em todo o pas, tendo como objetivo criar reportagens sobre cultura, costumes, gastronomia e outros aspectos da vida brasileira para os espectadores de fora, vidos por conhecerem as idiossincrasias do Brasil. So mltiplas as oportunidades para promover o turismo cinematogrfico em grande escala no pas.

  • 6. Incentivos fiscais e no fiscais das film commissions para a produo de contedo audiovisual

    evidente que os benefcios de filmagens de obras cinematogrfi-cas, programas de TV e outros formatos de contedo audiovisual podem proporcionar inmeros benefcios para a populao local e para uma cidade, um estado e um pas em termos de desenvolvi-mento econmico, gerao de empregos e receitas, alm de visibi-lidade, turismo e imagem positiva. Os benefcios econmicos so bem atraentes: nos EUA, por exemplo, uma produo de filme em locao gera, em mdia, US$200.000 por dia em atividade econ-mica e receitas pblicas, de acordo com dados da Motion Picture Association of America (MPAA).Existe uma variedade enorme de tipos de incentivos fiscais e no fiscais que podem ser utilizados para atrair produes de conte-do audiovisual. Segue uma lista dos incentivos mais comuns:

    Crdito tributrio: A empresa produtora recebe uma porcen-tagem do oramento de produo para reduzir seu imposto de-vido. A empresa produtora e s vezes investidores individuais podem fazer uso dos crditos.

    Crdito tributrio reembolsvel: So os crditos mais procura-dos pelos produtores de cinema e TV. Se o valor do crdito, de acordo com os gastos elegveis, excede o valor de imposto devido

  • Guia para Film Commissions no Brasil32

    pela empresa produtora, o valor excedente reembolsado direta-mente empresa produtora.

    Crdito tributrio no reembolsvel: Este tipo de crdito per-mite que uma porcentagem do custo de produo seja deduzida do imposto devido de pessoa fsica ou jurdica. Normalmente vlido e aplicvel durante vrios anos. Em geral, empresas pro-dutoras sem domiclio fiscal na jurisdio no podem aproveitar este tipo de crdito por no serem contribuintes na jurisdio.

    Crdito tributrio transfervel: Este tipo de crdito tributrio o mais novo e sofisticado. Permite que o valor do crdito au-torizado que no for utilizado seja vendido a um contribuinte com imposto devido na mesma jurisdio. O resultado do cr-dito efetivo normalmente menor que o valor original, j que vendido com desgio, e uma comisso deve ser paga ao corretor ou intermedirio.

    Abatimentos (Rebates): Trata-se de valores recebidos direta-mente pela empresa produtora em forma de uma porcentagem da folha de pagamento e/ou bens e servios locais. Os valores so pagos diretamente empresa produtora ao trmino da filma-gem, aps a entrega dos formulrios apropriados. Este benefcio no est relacionado com a declarao de imposto de renda, nem com a venda de crditos tributrios, e o mais rpido e simples.

    Programa de emprstimos: Embora no seja comum nos EUA, algumas film commissions ou governos locais oferecem financia-mento direto para empresas produtoras na forma de um progra-ma de garantia para um emprstimo bancrio, ou at por meio de um emprstimo direto (s vezes sem juros). Normalmente o emprstimo feito com restries e em condies estritas para garantir a sua devoluo.

    Iseno de impostos locais: Em vrios pases, as film commis-sions ou governos locais oferecem iseno de imposto de servios ou vendas (ICMS - Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Prestao de Servios ou Imposto de Valor Agregado - IVA) que incide sobre a compra de bens ou servios.

    Crdito tributrio para investimentos: Este incentivo oferece um beneficio para empresas produtoras e investidores. As pes-soas fsicas ou jurdicas recebem crditos fiscais ao investirem na

  • 6. Incentivos fiscais e no fiscais das film commissions para a produo de contedo audiovisual 33

    produo de filmes, ou em outro contedo audiovisual ou infra-estrutura relacionada com a produo (tal como estdios).

    Bens e servios oferecidos sem custo: Com frequncia as film commissions ou governos locais oferecem, sem custo, o uso de edifcios, o apoio da polcia, hospedagem, transporte ou descon-tos na aquisio de bens e servios de provedores locais. So be-nefcios importantes para todas as empresas produtoras.

    O sistema brasileiro de incentivos fiscais para a produo de fil-mes e sries de TV nacionais considerado um dos mais sofisti-cados do mundo, sendo de longe o mais complexo da Amrica Latina. No entanto, os incentivos em vigor no so dirigidos para filmagens em locaes (aquelas que so objeto das film commis-sions), nem para atrair filmagens de produtores estrangeiros.No Brasil, os incentivos fiscais para a produo do cinema na-cional (por exemplo, aqueles previstos nas Leis Audiovisual e Rouanet) no so iguais queles oferecidos pelos estados ou mu-nicpios para a produo em locaes ou para atrair produtores estrangeiros. A diferena entre os conceitos e o impacto tributrio nas atividades econmicas dos dois tipos de incentivos enorme.No mundo inteiro existe uma concorrncia feroz entre as FCs de todos os pases e especialmente entre os estados americanos para atrair filmagens e captar os benefcios econmicos. At o momento, o Brasil no implantou incentivos reais para filmagens em locaes, nem para promover o pas como cenrio internacio-nal de filmagens.Segue uma relao de incentivos fiscais e no fiscais oferecidos em algumas jurisdies selecionadas:

  • Guia para Film Commissions no Brasil34

    LOCAL INCENTIVO FORMATO RGO

    Canad Crdito fiscal reembolsvel

    16% de abatimento para despesas de mo de obra qualificada.

    Canada Film Capital

    Frana Abatimento fiscal (TRIP- Tax Reba-te for Internatio-nal Production)

    Abatimento de 20% sobre os gastos locais elegveis.

    Film France

    Reino Unido Iseno fiscal Iseno de 20% a 25% sobre os gastos locais.

    British Film Insti-tute (BFI) e Film London

    Mxico Desconto e aba-timento tributrio

    Iseno total de VAT para servios de produo com limite de at 16% dos gastos no Mxico.

    Instituto Mexicano de Cinematografa; Comisin Mexica-na de Filmaciones

    Colmbia Abatimento Reembolso de 40% das despesas de produtores internacionais, alm de 20% dos gastos secundrios.

    Proimagenes Colombia

    Repblica Dominicana

    Crdito tributrio transfervel

    25% de crdito fiscal para despesas na produo.

    Film commission

    Panam Abatimento Abatimento de 15%. Film commission

    Medelln Abatimento Descontos de at 15%. Film commission

    Louisiana Crdito tributrio transfervel

    30% de crdito tri-butvel transfervel + 5% sobre gastos com salrios.

    Film commission

  • 7. A gesto da film commission

    A gesto (e o sucesso) de uma film commission depende, no m-nimo, de quatro elementos bsicos: o plano estratgico; as fontes de recursos econmicos; o oramento; e as alianas e parcerias estratgicas.

    O Plano Estratgico

    Todo empreendimento, especialmente os vinculados ao governo, deve funcionar com uma misso clara e um plano estratgico de-finido para suas operaes. Uma vez que a film commission (FC) funciona com recursos provenientes de contribuintes e entidades pblicas, fundamental que os fundos sejam utilizados da manei-ra mais responsvel e transparente possvel.Ao desenvolver-se um plano estratgico para a sua organizao, preciso comear com um levantamento completo de sua juris-dio. Esse levantamento deve incluir no s uma avaliao de sua posio atual no mercado, como tambm a identificao dos pontos fortes e fracos do destino de filmagens. Os pontos fortes podem abranger tanto a presena de mo de obra especializada para equipes de filmagem quanto uma grande variedade de loca-es perto de um centro de produo. Os pontos fracos podem ser a falta de um programa de incentivo forte, ou a ausncia de empresas para apoiar as filmagens.Em seguida, preciso determinar as metas e objetivos da orga-nizao, para que seu plano se torne vivel ao longo do tempo.

  • Guia para Film Commissions no Brasil36

    As metas e objetivos podem servir de referncia para se determi-nar se o plano est funcionando, se est alcanando os resultados desejados.

    Fontes de Recursos Econmicos para a Film Commission

    A maioria das FCs dependem de recursos pblicos nos nveis mu-nicipal, regional, estadual e nacional. Em alguns casos, a FC faz parte de outra organizao, que por sua vez depende de financia-mento pblico, tal como uma agncia de desenvolvimento econ-mico, uma secretaria de cultura, uma cmara de comrcio ou um bureau de convenes e turismo. Outras so entidades de parce-rias pblico-privadas. Normalmente as FCs no exercem controle direto sobre os recursos financeiros que recebem, dependendo de fatores polticos como o incio e o trmino de mandatos, eleies locais, ciclos e a aprovao de oramentos de outras entidades. Por isso importante sempre cultivar relaes com as pessoas e entidades que tm um interesse natural na indstria audiovisual, especialmente se so bem relacionadas politicamente. As fontes principais para garantir recursos econmicos para a FC so:

    O Conselho Consultivo da FC: A maioria das FC mantm um conselho consultivo para oferecer apoio poltico e s vezes admi-nistrativo. Os membros do conselho normalmente so indicados por motivos polticos, e por esse motivo devem poder influir nas decises polticas e oramentrias da FC. Os membros do conse-lho que tm ligaes diretas com a indstria audiovisual so sem-pre os mais teis. sempre importante cultivar bons e frequentes contatos com esses indivduos, mantendo-os informados sobre o plano estratgico e as necessidades econmicas da FC para que defendam seu oramento e funcionamento.

    Os profissionais e personagens da indstria audiovisual: So as pessoas da cidade ou estado que dependem, em parte, da atuao da FC para suas atividades econmicas ou negcios. Incluem-se no grupo produtores, atores, provedores de equipamentos de produo, laboratrios, diretores de cinema, sindicatos, traduto-res, empresas de contabilidade, advogados etc. No so necessa-riamente bem relacionados politicamente, mas em conjunto tm uma fora importante. J os legisladores e autoridades polticas so importantes por sua influncia nas eleies.

  • 7. A gesto da film commission 37

    Tarifas cobradas para autorizaes: Algumas FCs que traba-lham com um volume muito alto de produes se mantm atra-vs de cobranas de tarifas pelas autorizaes de filmagens. Este tipo de financiamento possvel apenas para aquelas FCs que podem outorgar diretamente as autorizaes, e no apenas in-termedi-las. No entanto, esta opo de financiamento deve ser usada com cautela, j que a cobrana de tarifas pela FC pode re-sultar no afastamento de produtores que buscam jurisdies sem tais cobranas, consideradas mais film-friendly (amigveis).

    Publicidade: A maioria das FCs publica um guia de produo, que pode ser em formato virtual no website da FC e/ou impresso. Uma fonte de renda para a FC pode ser a cobrana por publicida-de de produtores e provedores no guia ou no website. A cobrana pode ser na forma de um preo fixo ou de uma porcentagem do faturamento que resulte diretamente da publicidade.

    A organizao de eventos com fins lucrativos: Algumas FCs adotam a prtica de organizar eventos sociais, como pr-estreias de filmes, para gerar renda. Esta opo especialmente relevante para filmes produzidos na regio da FC, podendo gerar benef-cios econmicos e polticos significativos. s vezes os produtores concordam em doar a renda da pr-estreia para a FC.

    Oramento da Film Commission

    No existe um modelo nico de oramento de film commission. Um escritrio pequeno com uma s pessoa pode ter um oramen-to mnimo apenas para a operao bsica. J as film commissions que precisam atender a mltiplas produes simultaneamen-te podem precisar de um quadro de dez ou mais funcionrios, com um oramento complexo de gastos de operaes e marke-ting. Na maioria dos casos, a FC tem pouco ou nenhum controle sobre o oramento que recebe da instncia do governo a que subordinada.O oramento da FC pode ser muito detalhado, mas a maioria dos oramentos tem apenas trs categorias gerais: salrios, gastos ope-racionais e gastos de marketing. No existem percentagens fixas para cada uma das trs categorias, e os oramentos variam muito de uma FC para outra. Por exemplo, as FCs menores normalmente

  • Guia para Film Commissions no Brasil38

    tm menos recursos disponveis para marketing, enquanto os or-amentos maiores podem ter muitos itens e recursos para gastos de atividades diferentes de marketing nacional e internacional.

    Salrios Os salrios variam muito de acordo com a regio. O primeiro pas-so sempre estimar o nmero de cargos que a FC precisa e pode suportar. O ideal um oramento suficiente para um diretor, um operador de marketing, um gerente de atendimento e um assisten-te administrativo. Dependendo da relao da FC com o governo local, pode ser necessrio um advogado com experincia no poder pblico. Alm da folha de pagamento direto, necessrio conside-rar os encargos sociais e outros benefcios, dependendo da situa-o trabalhista do funcionrio.

    Gastos operacionais O oramento operacional da FC inclui os seguintes itens neces-srios para prover os servios bsicos de FC e oferecer o apoio s produes audiovisuais na cidade ou regio:

    Despesas de escritrio: Aluguel do escritrio Comunicao e internet Telefone celular Computadores Software Manuteno do website Manuteno de computadores Material de escritrio Gastos de correio Mveis e equipamento de escritrio Anuidades Assinaturas de publicaes Desenvolvimento e manuteno de website Gastos diversos

  • 7. A gesto da film commission 39

    Servios locais na regio: Location scouting (procura de locaes de filmagens) Gastos de transporte local Refeies Hospedagem Gastos de aluguel de carro e transporte Contratos de servios terceirizados Fotografia e gastos relacionados Reunies com produtores Reunies com autoridades locais e outras pessoas da indstria Gastos diversosGastos de marketing

    O oramento tpico de marketing de uma FC pode crescer ou ser reduzido de acordo com as demandas, ao contrrio do oramento operacional, que costuma ser fixo. Normalmente as viagens den-tro da regio so consideradas despesas operacionais, enquanto as viagens fora da regio so consideradas despesas de marketing. O oramento tpico de marketing pode estar dividido nos seguintes itens:

    Viagem (fora da cidade ou regio): Transporte e traslados Refeies Hospedagem Aluguel de carros Passagem de avio e gastos de transporte e traslados relacionados

    Promoo e eventos: Gastos de reunies, apresentaes e capacitao Recepes e catering Aluguel de sales de reunio e espaos de exibio Gastos de representao, brindes e outros itens de promoo

    Publicidade e publicaes: Contratao de servios terceirizados, como designer grfico,

    agncia de publicidade etc.

  • Guia para Film Commissions no Brasil40

    Compra de publicidades, anncios em revistas especializadas etc.

    Gastos de distribuio de material Patrocnios (festivais de cinema etc.) Gastos de grficas Gastos adicionais

    A Divulgao da Regio e a Captao de Projetos em Mercados Internacionais de Cinema e TV

    A maioria das film commissions adota uma poltica agressiva de captao de projetos no mercado internacional, j que o websi-te no considerado suficiente para gerar visibilidade para atrair produtores internacionais. A participao em mercados e festivais de cinema e TV oferece mltiplas oportunidades para marketing, networking com produtores e captao de projetos para serem filmados na jurisdio. Segue uma relao de alguns merca-dos e festivais internacionais frequentados por gestores de film commissions:

    European Film Market (Berlinale) March du Film (Cannes) Toronto International Film Festival (TIFF) American Film Market (AFM) MIPTV (Cannes) MIPCOM (Cannes) Ventana Sur (Buenos Aires) Festival Internacional de Guadalajara (Mxico) Rio Content Market (Rio de Janeiro) Festival do Rio (Rio de Janeiro)

  • 8. O Conselho Consultivo para apoio poltico e assessoria film commission

    O Conselho Consultivo para apoio poltico e assessoria film com-mission considerado um componente essencial para orientar sua operao, financiamento e relao com entidades pertinentes.O objetivo geral do Conselho servir como rgo consultivo da film commission, proporcionando viso poltica e apoio aos obje-tivos especficos da FC em relao ao desenvolvimento, comercia-lizao, promoo e prestao de servios indstria de produo audiovisual do pas.A Association of Film Commissioners International AFCI re-comenda a criao de um Conselho Consultivo a fim de propor-cionar liderana e superviso efetiva sobre as atividades da film commission, com os propsitos de assessor-la sobre assuntos que favoream o crescimento da indstria de cinema, televiso e multimdia dentro da regio, e de servir de frum para iniciativas relacionadas indstria da produo audiovisual.Mesmo que o Conselho Consultivo seja de natureza basicamente poltica, suas funes podem ser resumidas s seguintes reas de apoio film commission:

    Promover alianas estratgicas com diversos ministrios, en-tidades regulamentadoras e associaes;

  • Guia para Film Commissions no Brasil42

    Supervisionar o desenvolvimento do financiamento de pro-jetos audiovisuais;

    Apoiar o estabelecimento de um processo ou regime de con-tratao de servios em relao aos sindicatos envolvidos com a produo audiovisual;

    Apoiar o desenvolvimento de uma rede de contatos regional para todo o pas;

    Apoiar o financiamento e aprovar o oramento da film commission;

    Ajudar na arrecadao de fundos e na busca de outras opor-tunidades de financiamento para a film commission;

    Coordenar, na medida do possvel, as relaes com empresas em diferentes regies, organizaes cvicas, associaes de atividades audiovisuais, universidades, agncias e fornece-dores de servios de apoio;

    Facilitar relaes positivas com o governo em todas as instncias;

    Promover a relao da atividade de filmagem com entidades e campanhas de turismo regional e nacional;

    Facilitar o contato com empresas relevantes do setor privado que possam oferecer apoio direto ou indireto para as aes da film commission. O nmero de membros do Conselho pode variar de 5 a 15. No entanto, o aspecto mais importante da estrutura do organismo sua governana e a representa-o do setor privado, o que determinar sua capacidade de apoiar as aes da film commission.

    A composio do setor do poder pblico no Conselho pode in-cluir representantes das reas de finanas, turismo, fomento, al-fndega, transporte, sade, interior, relaes exteriores, educao, trabalho, meio ambiente e promoo de exportaes, bem como autoridades dos governos regionais. Tambm recomendvel in-cluir um representante de cada regio do pas, que deve ser desig-nado atravs de um convite formal.A composio do setor privado do Conselho pode incluir repre-sentantes de entidades tais como associaes de produtores de cinema, de diretores de cinema, de roteiristas e de cineclubes,

  • 8. O Conselho Consultivo para apoio poltico e assessoria film commission 43

    organizaes de televiso aberta e a cabo, sindicatos de produto-res, de trabalhadores da indstria de cinema e de trabalhadores tcnicos, diretores de festivais de cinema, associaes de publici-dade, de documentrios e curtas-metragens, e escolas de cinema.O Conselho Consultivo da film commission do estado da Flrida (resumido a seguir) pode ser considerado um modelo para outras film commissions, sempre sujeito a adaptaes necessrias para as condies de cada jurisdio.O Conselho Consultivo de Cinema e Entretenimento da Flrida (Florida Film & Entertainment Advisory Council) foi constitudo a partir de legislao especifica assinada pelo governador Jeb Bush em 1 de julho de 1999. Criado de acordo com o Captulo 288.1252 da Lei da Flrida, o Conselho Consultivo de Cinema e Entreteni-mento da Flrida consiste em 17 conselheiros, sendo sete indicados pelo Governador, cinco indicados pelo Presidente do Senado, e cinco indicados pelo Presidente da Cmara de Deputados.O presidente da Film Commission, um representante da Enterpri-se Florida, Inc., um representante da Career Source Florida e um representante da Corporao de Turismo e Marketing da Florida (VISIT FLORIDA) so membros ex officio, sem direito a voto, do Conselho alm dos 17 conselheiros indicados.A misso do Conselho servir como uma entidade consultiva ao Departamento de Oportunidades Econmicas e ao Escritrio de Cinema e Entretenimento da Flrida (Florida Office of Film and Entertainment), oferecendo orientao e recomendaes relacio-nadas ao desenvolvimento, marketing, promoo e servios para a indstria de entretenimento do estado da Flrida.Os objetivos do Conselho Consultivo da Film Commission do esta-do da Flrida so:

    1. Apoiar o desenvolvimento do planejamento para a indstria de cinema e entretenimento da Flrida.

    2. Melhorar a qualidade de vida de todos os residentes do estado da Flrida atravs do apoio e melhoria do ambiente de neg-cio, de modo condizente com a indstria de cinema e entrete-nimento do estado.

  • Guia para Film Commissions no Brasil44

    3. Oferecer uma base ampla e consistente de apoio demogrfico, econmico e informativo ao Escritrio de Cinema e Entreteni-mento da Flrida (Florida Office of Film and Entertainment).

    4. Oferecer orientao para o desenvolvimento de um sistema educacional desde o nvel primrio at o curso superior nos campos de educao digital e cinema, alm de capacita-o tcnica para a indstria de cinema e entretenimento da Flrida.

    5. Fortalecer o processo de planejamento e cooperao entre os setores pblico e privado para a indstria de cinema e entrete-nimento da Flrida.

    6. Apoiar as instituies governamentais e legisladoras na busca de recursos necessrios para o planejamento proativo no cam-po do entretenimento digital.

    7. Promover a incluso social e coordenar esforos com comuni-dades de necessidades especiais, minorias tnicas e organiza-es diversas a fim de desenvolver mecanismos inovadores que atendam a suas demandas.

  • 9. Atendimento aos produtores

    Os objetivos bsicos de uma film commission so apoiar os produ-tores de filmes e TV com seus projetos, contribuir para a dinami-zao do setor audiovisual da jurisdio e para a revitalizao da economia local, e promover o turismo em geral. Isso se d atravs das atividades e dos gastos das produes vindas de fora, assim como do turismo gerado pelo pblico dessas produes. Para exe-cutar as atividades e funes da FC, importante conhecer as ope-raes bsicas de produo de contedo audiovisual, que podem ser resumidas, do ponto de vista da FC, como se segue:

    As Fases da Produo Audiovisual

    1. Pr-pr-produo- Apresentao do projeto- Informaes sobre apoios, locaes, prazos- Carta de apoio- Vistos para profissionais estrangeiros

    2. Pr-produo- Definio de locaes- Definio de apoio (PM / Guarda Municipal/rgo de transporte)- Entrega de formulrios de apoio e de locao- Reunies com autoridades de governos e de locaes

  • Guia para Film Commissions no Brasil46

    3. Produo- Alteraes de ltima hora (chuva, agenda, obras)- Ateno s necessidades da produo

    4. Ps-produo- Contrapartidas para a FC.

    Evidentemente, a funo primordial da FC, do ponto de vista do produtor de contedo audiovisual, prover as ferramentas apro-priadas e o apoio necessrio para a filmagem dos seus projetos. Os itens a seguir representam as ferramentas mais importantes neste processo.

    O Guia de Produo

    A maioria das FCs mantm um guia de produo no website com dois objetivos: expor as regras e restries aplicveis que devem ser seguidas pelos produtores e servir como ferramenta de marke-ting. O guia deve fornecer as seguintes informaes:

    Servios oferecidos na fase de pr-produo

    Requisitos para autorizaes

    Informaes sobre as produtoras locais (ou referncia ao ca-dastro de provedores de servios)

    Informaes sobre requisitos trabalhistas e sindicatos

    Informaes sobre casting e talentos locais

    Informaes sobre provedores de equipamento disponveis

    Servios de ps-produo disponveis

    Servios de multimdia disponveis

    Principais contatos no governo local

    Informaes sobre o clima local

    Dados sobre locaes e imagens disponveis

  • 9. Atendimento aos produtores 47

    Banco de Imagens: Identificar Locaes Estratgicas para Cada Tipo de Contedo

    Uma das ferramentas essenciais de uma FC o banco ou biblio-teca de imagens de locaes potenciais para o produtor. Esta bi-blioteca digital facilita o trabalho da FC e do produtor na hora de verificar se a cidade ou regio oferece o que ele precisa para sua produo. As imagens podem constar no website ou ser arma-zenadas em um computador da FC, e podem ser enviadas a pro-dutores fora do Brasil, fazendo parte da campanha de marketing da FC.

    Intermediao das Autorizaes com os rgos da Administrao Pblica

    A base do atendimento da FC ao produtor efetivamente garantir que as autorizaes de filmagens nas locaes selecionadas sejam emitidas em tempo hbil. Este servio implica uma relao positi-va e contnua entre o pessoal da FC e toda uma gama de autorida-des, incluindo rgos pblicos como PM, DETRAN, subprefeituras e entidades privadas (como cones tursticos).As boas relaes so construdas atravs de reunies regulares e contatos frequen-tes entre o gerente de atendimento da FC e as autoridades. Um aspecto importante do processo de cultivar boas relaes com as autoridades inform-las sobre o que uma FC, quais so suas funes e os benefcios que traz para a jurisdio. A meta per-manente da FC deve ser a ampliao do dilogo entre todos os agentes envolvidos nas produes, tanto na administrao pbli-ca como no setor privado. Uma segunda meta a padronizao das autorizaes para filmagem no municpio, a fim de minimizar os entraves e acelerar os processos administrativos;

    Segurana e Sinalizao para Filmagens

    A FC deve estabelecer uma relao de cooperao com a Guarda Municipal e a Polcia Militar para as filmagens. Pela natureza das atribuies das duas entidades, estas devem zelar pela segurana, ordem e bem-estar da populao, no sendo possvel, no entanto, um apoio especfico e pontual s filmagens. Sempre que solicitados,

  • Guia para Film Commissions no Brasil48

    estes parceiros devem providenciar o patrulhamento na rea onde ocorrerem as gravaes, de forma a remediar qualquer situao ne-gativa. O mesmo vale para as sinalizaes de trnsito. Sempre que houver alguma alterao autorizada do fluxo do trnsito para a via-bilizao da filmagem, o rgo correspondente de transporte mu-nicipal deve orientar os produtores a procurar empresas credencia-das e especializadas em operao de trfego, de modo a reduzir os transtornos tanto para a gravao quanto para a populao. A FC pode manter uma relao de empresas credenciadas ou orientar os produtores a consultar o site do Centro de Operaes da Prefeitura da cidade. A FC deve oferecer suporte para intermediar a comuni-cao com todos os rgos relacionados a este assunto.

    Formulrio de Atendimento

    O primeiro passo para o atendimento ao produtor deve ser do-cumentado atravs de um formulrio especfico. A FC pode optar por um formulrio de apoio e outro de locao, podendo incluir todas as locaes desejadas em um mesmo formulrio. Cada FC deve desenvolver um formato de formulrio que considere apro-priado. Os formulrios podem ser fornecidos no website da FC para facilitar o processo de maneira que os dados sejam automa-ticamente transferidos para uma planilha interna de controle da FC para ser registrados, servindo de base para a preparao de uma carta oficial de apoio. O formulrio deve ser uma ferramenta simples e objetiva que busque convergir e refinar as informaes para a emisso de permisses junto aos rgos e departamentos governamentais. Assim, a FC visa implementar canais de comuni-cao diretos e transparentes, otimizando o tempo de tramitao das solicitaes e garantindo a eficincia do planejamento das fil-magens. Segue um modelo de formulrio de atendimento:

  • 9. Atendimento aos produtores 49

    Carta de Apoio

    um documento emitido pela FC para cada projeto de cada pro-dutor que filma em sua jurisdio, podendo ser muito til para o produtor, na hora de oficializar a etapa de filmagem para investi-dores e patrocinadores, e para a FC no processo de solicitao das autorizaes dos rgos pblicos. A carta deve incluir informa-es bsicas do projeto, uma sinopse, uma referncia ao produtor local e uma frase destacando o modo como a filmagem do projeto contribuir para o desenvolvimento da indstria audiovisual lo-cal atravs da gerao de empregos e da promoo da imagem e da cultura da cidade ou regio. Segue um modelo de carta de apoio de film commission.

  • Guia para Film Commissions no Brasil50

    LOGO DA FILM COMMISSION

    __________, de ______ de 201_

    CARTA DE APOIO ________ FILM COMMISSION

    A _________ Film Commission, escritrio de apoio s produes au-diovisuais da cidade _________ou estado _____________confirma seu apoio ao projeto ___________________.

    O projeto ___________ um longa-metragem de fico, cujo enredo gira em torno do ____________________________________. O longa--metragem uma produo da empresa _________________________, responsvel pela produo de filmes como ____________________, _________________ e ____________________l.

    Entre os meses de ________________ e ____________ de 201_, o projeto ser realizado na capital ________________. Sendo assim, solicitamos a colaborao de todos os rgos responsveis da cida-de_______________ e/ou estado_________________ no sentido de viabilizar as gravaes mencionadas, e, assim, apoiar a projeo posi-tiva da imagem da cidade e/ou para receber produes audiovisuais nacionais e internacionais.

    A __________________ Film Commission oficializa, atravs deste do-cumento, o apoio ao projeto, confiante de que ele contribuir para o desenvolvimento da indstria audiovisual, alm de promover a imagem e a cultura da cidade _____________ e/ou estado ________________.

    Certos de sua valiosa colaborao, colocamo-nos disposio para quaisquer esclarecimentos atravs do e-mail de atendimento _______________________ e do telefone (__) _______________.

    Atenciosamente,Presidente - ______________ Film Commission

  • 9. Atendimento aos produtores 51

    Cadastro de Produtores e Servios

    A film commission deve manter um cadastro de empresas de pro-duo, tcnicos, prestadores de servios audiovisuais, provedores de equipamentos etc. da cidade ou regio para ajudar os produ-tores a se preparar para a filmagem e a identificar uma empresa local que possa ser contratada de acordo com o perfil de um de-terminado projeto audiovisual. O cadastro de empresas e presta-dores de servio deve estar disponvel no website da FC em ingls e portugus, e o registro deles podendo ser feito online direta-mente no site. As categorias de empresas e prestadores de servio para produtores podem variar, mas normalmente incluem:

    Produtoras Production service Aluguel de equipamentos Aluguel de veculos Estdios Sindicatos e associaes Despachantes de cartrio e importao Escritrios de advocacia Servios de finalizao Distribuidoras Consultoria audiovisual Assessoria de imprensa e marketing Servios de traduo Efeitos visuais Servios contbeis

  • Guia para Film Commissions no Brasil52

    Segue um modelo de formulrio de cadastro:

    Location scouting (pesquisa de locaes)

    A pesquisa de locaes um servio importante para o produtor audiovisual na fase de pr-produo. O servio pode ser ofereci-do diretamente pela FC ou ento terceirizado. Existem tambm profissionais free-lance que oferecem os servios de procura de locaes apropriadas para cada filmagem. O location scout deve contar com o banco de imagens de locaes, que pode ser prprio ou da FC. Normalmente, atravs do formulrio de atendimento da FC, os produtores podem obter apoio para a pesquisa de locaes em vez de contratar um location scout.

  • 9. Atendimento aos produtores 53

    Tarifas Cobradas para Filmagens

    Uma das tarefas da FC sensibilizar os agentes do setor para a re-duo de custos e tarifas referentes a produtos e servios audiovi-suais, a fim de manter a cidade ou regio competitiva internacio-nalmente. A FC deve procurar estabelecer parmetros de custos e tarifas cobradas tanto pelos rgos pblicos quanto pelas reas privadas, que podem ser comparadas com as cobradas em outras jurisdies. Os parmetros normalmente variam de acordo com a natureza e a finalidade da filmagem. A FC deve sempre procurar incentivar os administradores das principais locaes a praticar preos razoveis, considerando o formato das obras a serem re-alizadas (curta-metragem, longa-metragem, srie e programa de TV, documentrio, obra estrangeira, pea publicitria, obra ins-titucional, contedo universitrio/acadmico/educacional etc). sempre relevante lembrar que a cobrana de tarifas abusivas acaba afugentando as filmagens, que necessariamente procuram locaes mais baratas.

  • 10. Alianas estratgicas, associaes e entidades relevantes

    A estrutura, o tamanho, o mandato, a autoridade e o oramen-to das film commissions variam enormemente no mundo inteiro, mas todas convivem com a realidade universal das relaes pes-soais e institucionais que constituem o fator decisivo do seu su-cesso ou fracasso. As FCs operam dentro de uma rede de alianas e parcerias que incluem inmeras entidades. Para qualquer film commission, fundamental saber trabalhar em seu ambiente institucional e poltico, gerenciando as relaes com a indstria audiovisual, a comunidade local, a mdia e o governo, e ao mesmo tempo interagindo com as entidades de produo e a mo de obra, de modo a gerar um ambiente propcio para as filmagens em locaes. Para desenvolver e manter a rede de alianas e parcerias, a primeira prioridade sempre promover a credibilidade profissional da FC e de seus dirigentes. necessrio compreender a importncia e o papel de cada parceiro potencial, assim como sua relao com a FC. Cada relao deve oferecer be-nefcios para as duas partes.Eis algumas das alianas e parcerias estratgicas mais importantes para as FCs no Brasil:

    Produtoras nacionais e internacionais Festivais e feiras de audiovisual Programas de capacitao de mo de obra rgos de governo

  • Guia para Film Commissions no Brasil56

    Sindicatos Provedores de equipamento Concessionrias pblicas Entidades de convenes e turismo Associaes de hotis Cmaras de comrcio

    A seguir esto relacionadas as principais entidades que so im-portantes e teis para a construo de alianas e parcerias, sendo que os associados das organizaes de produtores de contedo audiovisual tm um interesse particular no bom funcionamento e qualificao das film commissions, j que dependem do apoio das FCs para a filmagem de suas obras.

    AFCI Association of Film Commissioners International

    A Association of Film Commissioners International (Associao Internacional de Film Commissions) a referncia mundial das film commissions. A AFCI uma organizao educacional sem fins lu-crativos que representa uma rede de mais de 300 FCs no mundo in-teiro. Tem sede nos EUA, organiza congressos internacionais duas vezes ao ano e mantm um programa de capacitao para gestores de FCs e um cadastro on-line disponvel a produtores. A AFCI co-bra uma anuidade de aproximadamente U$1.500. www.afci.org

    LAFCN Latin American Film Commission Network

    A Latin American Film Commission Network (Rede Latino-a-mericana de Film Commissions) uma organizao sem fins lu-crativos que promove e apoia a atividade audiovisual e representa as FCs de todos os pases da regio. Foi criada informalmente em 2010, durante o Florianpolis Audiovisual Mercosul. Atualmente, a coordenao da LAFCN est localizada em Buenos Aires e conta com o apoio do Instituto Nacional de Cine e Artes Audiovisuais - INCAA. No final de 2014, a LAFCN recebeu o apoio institucional da Conferencia de Autoridades Audiovisuales y Cinematogrfi-cas de Iberoamrica CAACI. https://www.facebook.com/pages/Latin-American-Film-C ommission-Network/400920793264894?sk=info&tab=page_info

  • 10. Alianas estratgicas, associaes e entidades relevantes 57

    ANCINE Agncia Nacional do Cinema

    Criada em 2001 pela Medida Provisria 2228-1, a ANCINE Agncia Nacional do Cinema uma agncia reguladora que tem como atribuies o fomento, a regulao e a fiscalizao do mer-cado de cinema e audiovisual no Brasil. uma autarquia espe-cial vinculada desde 2003 ao Ministrio da Cultura, com sede e foro no Distrito Federal e escritrio central no Rio de Janeiro. As film commissions (escritrios de apoio a produes audiovisuais estrangeiras no Brasil) esto includas no Plano de Diretrizes e Metas para o Audiovisual da Ancine publicado em 2013. Os es-critrios de apoio s produes audiovisuais estrangeiras no Brasil aparecem em dois momentos do Plano, quais sejam: Item 8.12, pgina 128; e Item 234, pgina 164. Consta como meta geral Am-pliar o nmero de escritrios de apoio a produes audiovisuais estrangeiras no Brasil, embora no haja referncia sua qualifica-o e certificao. www.ancine.gov.br

    Rede Brasileira de Film Commissions - REBRAFIC

    A Rede Brasileira de Film Commissions uma nova associao brasileira de direito privado que tem entre seus objetivos apoiar a capacitao de film commissions no Brasil, garantir um padro mnimo de qualidade no atendimento aos produtores nacionais e internacionais e promover o Brasil e todas as suas regies como destinos para filmagens de contedo audiovisual nacional e inter-nacional. A REBRAFIC procura trabalhar em parceria com o poder pblico, o setor privado e com o terceiro setor ao promover a troca de informaes e experincias entre produtores de contedo audio-visual, empresas do segmento de servios audiovisuais, entidades governamentais e da sociedade civil, assim como o desenvolvimen-to do setor audiovisual brasileiro. REBRAFIC representa film com-missions constitudas no Brasil, assim como aquelas em processo de implantao. Contato: Steve Solot, [email protected]

    ABPITV Associao Brasileira de Produtores Independentes de Televiso

    A Associao Brasileira de Produtores Independentes de Televiso uma entidade sem fins lucrativos fundada em 1999 com o intuito

  • Guia para Film Commissions no Brasil58

    de reunir e fortalecer as empresas produtoras de contedo para te-leviso e novas mdias (exceto publicidade) no mercado nacional e internacional. A ABPITV agrupa hoje mais de 500 produtoras de todo o Brasil, apoiando-as atravs de iniciativas como o Projeto Se-torial de Exportao, Capacitao, Polticas Pblicas para o setor e desenvolvimento do mercado interno. Desde 2011, a ABPITV realiza o Rio Content Market RCM, o maior evento do mercado audiovi-sual para a Amrica Latina sobre produo de contedo multiplata-forma aberto indstria de televiso e s mdias digitais. A ABPITV ajuda seus associados na realizao de projetos, na busca por fundos e parceiros e na distribuio de seus produtos. http://abpitv.com.br

    SIAESP Sindicato da Indstria do Audiovisual do Estado de So Paulo

    O SIAESP Sindicato da Indstria do Audiovisual do Estado de So Paulo filiado FIESP e representa o segmento de produo nas reas de publicidade, contedo para TV, cinema, games e in-fraestrutura. O Sindicato atua em defesa do setor em diferentes instncias, mantendo interlocuo com os poderes executivo e legislativo. Para potencializar o setor no mercado internacional, criou h oito anos, em parceria com a APEX, o programa Cinema do Brasil, promovendo a participao de filmes brasileiros em fes-tivais e apoiando aes comerciais em diversos pases. O sindicato tambm responsvel pelas negociaes com representaes de tcnicos do setor, garantindo anualmente o equilbrio das relaes trabalhistas. H nove anos promove o Prmio FIESP de Cinema, prestigiando a qualidade da produo paulista e nacional. Para fortalecer a produo paulista, tambm promove estudos, encon-tros e seminrios abertos ao pblico. www.siaesp.org.br

    SICAV Sindicato Interestadual da Indstria Audiovisual

    A misso do Sindicato Interestadual da Indstria Audiovisual representar os interesses do setor nos mbitos federal, estadual e municipal. Conforme o Estatuto, cabe ao sindicato o estudo, coordenao, proteo e representao legal da categoria econ-mica da indstria cinematogrfica, da indstria audiovisual, cate-gorias similares e conexas, compreendendo assim, dentre outras,

  • 10. Alianas estratgicas, associaes e entidades relevantes 59

    estdios, produtoras de televiso, cinema e vdeo, laboratrios cinematogrficos, empresas de dublagem, de finalizao e de lo-cao de equipamentos cinematogrficos. O Sindicato representa as empresas do setor audiovisual dos estados do Rio de Janeiro, Acre, Amap, Amazonas, Bahia, Cear, Distrito Federal, Esprito Santo, Gois, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranho, Minas Gerais, Par, Paraba, Paran, Pernambuco, Piau, Rio Grande do Norte, Roraima, Rondnia, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins. www.sicavrj.org.br

    Cinema do Brasil

    O Cinema do Brasil um programa de exportao implemen-tado pelo Sindicato da Indstria Audiovisual do Estado de So Paulo (SIAESP) em parceria com a Agncia de Promoo de Ex-portaes e Investimentos (Apex Brasil). A iniciativa conta com o apoio institucional da Agncia Nacional de Cinema do Brasil (Ancine). O objetivo do programa Cinema do Brasil aumentar a participao da indstria cinematogrfica nacional no mercado externo, fornecendo incentivo para coprodues, distribuio e intercmbio de filmes com vrios pases. O programa promove a imagem do Brasil no exterior e incentiva a criao de novas opor-tunidades na indstria cinematogrfica. Entre os associados esto produtoras, distribuidores, agentes de vendas e infraestrutura e, claro, tambm as film commissions. www.cinemadobrasil.org.br

    APRO Associao Brasileira da Produo de Obras Audiovisuais

    A Associao Brasileira da Produo de Obras Audiovisuais uma entidade sem fins lucrativos que h 35 anos representa os interesses de produtores cujo negcio orientado produo de obras audiovisuais publicitrias. composta por mais de 90 pro-dutoras de mdio e grande porte que, juntas, so responsveis por 90% do mercado de produo publicitria brasileira. Os esforos da entidade esto centrados na capacitao e qualificao do se-tor por meio do estabelecimento de padres de tica e melhores prticas de mercado. Dentre as atividades promovidas pela asso-ciao, destacam-se: atendimentos personalizados, workshops de sensibilizao e capacitao, assessoria jurdica e participao em

  • Guia para Film Commissions no Brasil60

    eventos internacionais. A APRO desenvolve um intenso trabalho junto a rgos governamentais com o intuito de minimizar as di-ficuldades enfrentadas pelo setor. www.apro.org.br

    FilmBrazil

    Criado em 2003, o FilmBrazil nasceu da iniciativa de produtores associados APRO tendo em vista organizar o setor de produo audiovisual ligado produo internacional, assim como forta-lecer a imagem do Brasil no exterior. Executado pela APRO em parceria com a APEX-BRASIL e a Diviso de Promoo do Audio-visual DAV, o FilmBrazil um projeto institucional de interna-cionalizao de empresas e promoo do pas como polo de pro-duo audiovisual. Pioneiro no setor, o FilmBrazil proporciona a seus associados o entendimento dos padres internacionais de produo audiovisual. Em busca das melhores prticas, mantm uma estreita relao com entidades como a Advertising Produc-tion Association APA (Inglaterra), Association of Independent Commercial Producers AICP (Estados Unidos) e Commercial Film Producers of Europe CFP. O projeto composto por mais de 50 empresas que se destacam nos segmentos da msica, produ-o, direo, ps-produo, animao e infraestrutura estdios e aluguel de equipamentos. www.filmbrazil.com

    Secretaria do Audiovisual (SAV) do Ministrio da Cultura

    Os objetivos da Secretaria do Audiovisual so, entre outros: pro-por polticas, diretrizes gerais e metas para o desenvolvimento da indstria audiovisual e cinematogrfica brasileira a serem subme-tidas ao Conselho Superior do Cinema; formular polticas, dire-trizes e metas para formao e capacitao audiovisual, produo, distribuio, exibio, preservao e difuso de contedos audio-visuais e cinematogrficos brasileiros, respeitadas as diretrizes da poltica nacional do cinema, do audiovisual e do Plano Nacional de Cultura; aprovar planos gerais de metas para polticas audiovi-suais e cinematogrficas, acompanhando sua execuo; e instituir programas de fomento, capacitao, difuso e preservao de ati-vidades cinematogrficas e audiovisuais brasileiras. www.cultura.gov.br/secretaria-do-audiovisual-sav

  • ARTIGOS

  • As regras da atrao: a criao de uma comunidade amistosa para produes1

    Jean M. PrewittPresidente e Chief Executive Officer do Independent Film & Television Alliance - IFTA,2 Los Angeles, California

    e

    Rob H. AftCompliance Consulting, Los Angeles, California

    Introduo

    A primeira edio do artigo As regras da atrao: a criao de uma comunidade amistosa para produes foi publicada por ns em 2006, quando atrair produes era uma atividade em fran-ca expanso no mercado. Agora cidades, estados e pases esto gastando recursos significativos para atrair produes de fora, in-centivando os produtores locais. As film commissions e os gover-nos locais atingiram um alto nvel de sofisticao em pouco tem-po, o que nos levou a reavaliar a publicao original e preparar

    1 Trecho atualizado de artigo publicado pelos autores com mesmo ttulo em 2006.

    2 Independent Film & Television Alliance - IFTA a associao de produ-tores independentes mais importante dos Estados Unidos da Amrica.

  • Guia para Film Commissions no Brasil64

    o presente guia, que esperamos venha a ser ainda mais til para as film commissions e os responsveis pela superviso e avaliao desse empenho.Todos podem se beneficiar da produo de cinema e TV atravs de empregos, economia, cultura e turismo local. Quantas comu-nidades esto realmente prontas para sediar um fluxo contnuo de produo de filmes ou televiso para a satisfao tanto dos produ-tores quanto dos moradores locais? Este guia foi concebido para ajudar os tomadores de decises de uma comunidade de qualquer tamanho, em qualquer lugar do mundo, a compreender e aceitar esse desafio.Uma vez tomada a deciso de se gastar recursos para atrair pro-dues, um dos primeiros passos do processo no nvel dos gover-nos locais , geralmente, estabelecer uma film commission como principal ponto de contato do produtor. Estas entidades lidam tambm com a produo de programas de televiso e comerciais, que podem perfeitamente ser os principais motores do setor da produo local de muitas comunidades.Atrair produes tornou-se um empreendimento altamente com-petitivo e muitas vezes dispendioso para as comunidades, e espe-ramos que estas sugestes ajudem a sua comunidade a competir de forma inteligente e eficaz. Queremos tambm enfatizar que o desenvolvimento local de produes de filmes e equipes de cria-o deve ser o objetivo de qualquer programa, tanto do ponto de vista econmico como do cultural.

    Atividade Espordica ou Compromisso em Tempo Integral?

    Obviamente, as expectativas de um produtor em relao a uma film commission nacional em um grande pas produtor de filme ser diferente das de uma film commission de uma cidade pequena. Uma film commission de uma comunidade local no ser capaz de proporcionar os benefcios e recursos de uma film commission na-cional, mas acreditamos que todas as comunidades devem com-preender suas limitaes, esforando-se ao mesmo tempo para oferecer o melhor ambiente possvel para a produo de filmes.

  • As regras da atrao: a criao de uma comunidade amistosa para produes 65

    Escolhas e Recursos A Deciso de Criar uma Film Commission

    A primeira coisa que cada comunidade precisa se perguntar : por que queremos atrair produes para c? H muitas respos-tas, mas as mais comuns so:

    Benefcio econmico direto para a comunidade: As produes podem gerar atividades econmicas significativas em uma co-munidade. Elas criam empregos; ocupam quartos de hotel; co-mem em restaurantes ou compram alimentos; alugam imveis, equipamentos, transporte e outros recursos de infraestrutura; usam recursos de profissionais, incluindo bancos, contadores e advogados; e s vezes at mesmo contratam tcnicos, atores, di-retores e produtores locais. Uma produo paga impostos e, em alguns casos, constri estdios e outras infraestruturas no local. Esses gastos diretos esto sujeitos a um efeito multiplicador tipo cascata. Estudos de programas existentes confirmaram o cresci-mento desse efeito multiplicador no recolhimento fiscal em pro-gramas incentivados.

    Incentivo ao turismo: Desde os campos de beisebol de Iowa, pas-sando pelas praias da Tailndia, at os cassinos de Las Vegas, a produo pode mostrar a beleza natural ou a emoo de uma comunidade, atraindo gastos com o turismo. importante que a comunidade avalie o impacto turstico em potencial de um pro-jeto, especialmente se o incentivo na produo est ligado a um determinado benefcio.

    Criar empregos: Algumas comunidades percebem que as produ-es de fora fornecem treinamento para tcnicos, incentivando o emprego da mo de obra local e tornando essas equipes mais qualificadas e disponveis. Naturalmente, muitas das produes j trazem consigo a maior parte dos profissionais qualificados de que necessitam. Se a criao de emprego um fator importante, a comunidade tem que dispor de treinamento, incentivando os produtores a treinar e contratar a mo de obra local.

    Promover a cultura local: O principal meio de incentivo pro-duo local o cultivo do talento artstico e narrativo pela pro-moo da cultura e das histrias da comunidade, apresentando-a para o mundo. Claro que, se este um fator importante, devem ser criadas polticas pblicas no sentido de garantir que os recur-sos e os benefcios da produo cheguem queles que refletem,

  • Guia para Film Commissions no Brasil66

    examinam e promovem as culturas locais e que se baseiam nos trabalhos criativos daquela cultura.

    As respostas para a pergunta acima devem fundamentar qualquer programa que incentive os produtores a filmar em sua comunida-de. Quais as melhores formas de atender a indstria de produo e ao mesmo tempo vender a ideia para a comunidade? De que os produtores precisam? O que eles querem saber? Este Guia centra--se nessas questes.

    Guia Como Criar uma Comunidade que Apoie a Produo de Filmes

    Propomos um conjunto de sugestes para iniciar ou melhorar as iniciativas de uma comunidade no sentido de atrair produtores.

    Subsdios e outros incentivos financeiros:

    Uma das consideraes mais relevantes do produtor na hora de decidir onde filmar o apoio financeiro que pode conseguir de uma comunidade. A maioria dos subsdios requer, alm de gastos significativos no local, a gerao de empregos para os trabalha-dores. Outros incentivos necessitam do apoio da indstria cine-matogrfica e da cultura locais, em programas de formao para tcnicos e equipes de criao. Empresas, profissionais e a prpria cultura local podem se beneficiar destes programas, mas a dis-tribuio de recursos deve ser documentada por uma auditoria que comprove que os benefcios chegaram aos beneficirios locais pretendidos.

    Subsdios imediatos: Algumas comunidades at pagam os produ-tores para que eles realizem suas produes no local. Isso pode vir na forma de subvenes do g