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Conquistas constituídas com muitas Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas lutas, trabalho e garra Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 9 • nº1922 Fevereiro/2015 Olho d’água do Casado No sítio Lagoa da Vaca, em Olho d'água do casado, vivem em torno de 20 famílias. Lá moram, há 27 anos, seu Cicero Rodrigues da Silva, mais conhecido como Cicero Sabino ou ‘‘o homem do mel’’, e sua esposa dona Lucineide Campos da Silva. Juntos tiveram 4 filhos, Jaelson, estudante, Jailane, estudante, ambos moram com o casal e ajudam nas tarefas de casa e do campo. Os filhos mais velhos Jailson, trabalha fora da cidade e Jaiane, (in memoria). Seu Cicero é um admirador e defensor da natureza. “O sertão para mim representa tudo, eu sou sertanejo, nasci no sertão e estou aqui até hoje. A minha vida toda está nessa região. Eu acredito que para a gente conseguir viver em paz, ter o que comer, não precisa ir em busca de aventura, aqui com cuidado a gente se ajeita. Cicero fala que a sua comunidade é uma terra fértil, terra boa, onde cada um é dono de sua propriedade, trabalham para si e vivem por conta própria. “Não tem ninguém rico na minha comunidade, mas todos se viram como podem e tem o que comer. A relação com os meus vizinhos é boa, quando precisa fazer trabalho em mutirão se ajuda uns aos outros. Quando se reúne discute algum projeto que vem para a comunidade”. Conta ele que ainda não possui a segunda água e está na luta para conseguir o projeto dos quintais produtivos. “Eu acredito que esse quintal produtivo vai trazer para a minha comunidade, que tendo água para plantar, aguar alguma fruteira e para os animais, então para mim o sertão vai virar mar, não vai ter mais seca aqui”. Antes da Apicultura eles plantavam milho e feijão, criavam gado e ovelha. “Então era muito mais sofrido, era mais aperreado, a gente passava por dificuldade e hoje melhor quando veio a apicultura. A gente tem sempre mel para vender, eu levo mel para a cooperativa, vou para as reuniões, vendo, sempre tenho dinheiro no bolso”, diz Cícero. Ele vê a família crescendo e seu objetivo é formar 100 caixas de abelhas e com a chegada do projeto do quintal produtivo espera que cresça a roça para que possa manter a família no campo, consumindo o que se produz, com a certeza de que está comendo produtos orgânicos. A essência dessa família é acreditar que é possível conviver com a seca, buscando meios e participando de algumas capacitações para melhorar mais os conhecimentos e desenvolver as práticas para viver melhor no sertão. Realização Apoio Dicas de um apicultor: Para ser apicultor precisa se capacitar, tem que ter a caixa para ter os enxames, um local adequado para instalação do apiário, próximo a uma fonte de água, de preferência ser em uma área coberta por vegetação, para sombrear a caixa e servir como fonte de alimento para as abelhas não irem tão longe. Essa fonte tem que ser longe de casa uns 200 metros. Interessante seria instalar perto de barragem, quando seca, coloca-se bebedouro. Para atrair o enxame coloca iscas, como cera dentro da caixa, o cheiro dela atrai, ou passar capim santo nas caixas, por que tem o cheiro da rainha.

"O homem do mel": Exemplo de convivência no semiárido

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Seu Cicero é um admirador e defensor da natureza. "O sertão para mim representa tudo, eu sou sertanejo, nasci no sertão e estou aqui até hoje. A minha vida toda está nessa região. Eu acredito que para a gente conseguir viver em paz, ter o que comer, não precisa ir em busca de aventura, aqui com cuidado a gente se ajeita. É sofrido, mais com trabalho a gente consegue as coisas".

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Conquistas constituídas com muitas

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

lutas, trabalho e garra

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 9 • nº1922

Fevereiro/2015

Olho d’água

do Casado

No sítio Lagoa da Vaca, em Olho d'água do casado, vivem em torno de 20 famílias. Lá moram, há 27 anos, seu Cicero Rodrigues da Silva, mais conhecido como Cicero Sabino ou ‘‘o homem do mel’’, e sua esposa dona Lucineide Campos da Silva. Juntos tiveram 4 filhos, Jaelson, estudante, Jailane, estudante, ambos moram com o casal e ajudam nas tarefas de casa e do campo. Os filhos mais velhos Jailson, trabalha fora da cidade e Jaiane, (in memoria).

Seu Cicero é um admirador e defensor da natureza. “O sertão para mim representa tudo, eu sou sertanejo, nasci no sertão e estou aqui até hoje. A minha vida toda está nessa região. Eu acredito que para a gente conseguir viver em paz, ter o que comer, não precisa ir em busca de aventura, aqui com cuidado a gente se ajeita.

Cicero fala que a sua comunidade é uma terra fértil, terra boa, onde cada um é dono de sua propriedade, trabalham para si e vivem por conta própria. “Não tem ninguém rico na minha comunidade, mas todos se viram como podem e tem o que comer. A relação com os meus vizinhos é boa, quando precisa fazer trabalho em mutirão se ajuda uns aos outros. Quando se reúne discute algum projeto que vem para a comunidade”. Conta ele que ainda não possui a segunda água e está na luta para conseguir o projeto dos quintais produtivos. “Eu acredito que esse quintal produtivo vai trazer para a minha comunidade, que tendo água para plantar, aguar alguma fruteira e para os animais, então para mim o sertão vai virar mar, não vai ter mais seca aqui”.

Antes da Apicultura eles plantavam milho e feijão, criavam gado e ovelha. “Então era muito mais sofrido, era mais aperreado, a gente passava por dificuldade e hoje melhor quando veio a apicultura. A gente tem sempre mel para vender, eu levo mel para a cooperativa, vou para as reuniões, vendo, sempre tenho dinheiro no bolso”, diz Cícero. Ele vê a família crescendo e seu objetivo é formar 100 caixas de abelhas e com a chegada do projeto do quintal produtivo espera que cresça a roça para que possa manter a família no campo, consumindo o que se produz, com a certeza de que está comendo produtos orgânicos. A essência dessa família é acreditar que é possível conviver com a seca, buscando meios e participando de algumas capacitações para melhorar mais os conhecimentos e desenvolver as práticas para viver melhor no sertão.

Realização Apoio

Dicas de um apicultor:

Para ser apicultor precisa se capacitar, tem que ter a caixa para ter os enxames, um local adequado para instalação do apiário, próximo a uma fonte de água, de preferência ser em uma área coberta por vegetação, para sombrear a caixa e servir como fonte de alimento para as abelhas não irem tão longe. Essa fonte tem que ser longe de casa uns 200 metros. Interessante seria instalar perto de barragem, quando seca, coloca-se bebedouro. Para atrair o enxame coloca iscas, como cera dentro da caixa, o cheiro dela atrai, ou passar capim santo nas caixas, por que tem o cheiro da rainha.

Articulação Semiárido Brasileiro – AlagoasBoletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

É sofrido, mais com trabalho a gente consegue as coisas”. E fala com convicção de que coisas fáceis se vão fáceis. Ele crê em luta, naquilo que se tem com muito trabalho, garantindo que só assim se obtém os objetivos e consegue manter o que se conquistou.

Na sua propriedade ele cuida de gado, ovelha, bode, galinha, horta, fruteira, agricultura e apicultura, mas confessa que gosta mais de cuidar dos animais e da apicultura. Conta que as abelhas é uma terapia, capaz de fazer sentir-se mais tranquilo, além de ser uma atividade que sempre está fazendo descobertas e segue aprendendo com elas por serem muito organizadas.

Sua paixão por apicultura começou, no ano 2000, quando em 1999 sua filha faleceu e ele ficou sem rumo, surgindo um convite para participar de uma reunião do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), e nessa reunião o Sr. Adelmo Mendonça, facilitador, sugeriu a construção do fórum de Delis no município, fórum de desenvolvimento local integrado e sustentável. O fórum foi criado com 32 pessoas de diversas comunidades do munícipio, sendo um dos objetivos diagnosticar quais os potenciais que tinham e o que precisava ser feito. E um dos resultados apontava para criação de abelha, que até então só tinha abelha arranchada na natureza em oco de árvore.

A partir de então participou de capacitações como: lider cidadão e apicultura. Em 2002, iniciou com 2 caixas e hoje está com 98 caixas de abelhas, sendo que 66 povoadas. Através da apicultura, as pessoas que fizeram o curso criaram uma cooperativa, Cooperativa dos Produtores de Mel, Produtos Apícolas e Insumos em Alagoas (COOPEAPIS). Conseguiram os equipamentos e com isso criaram a casa do mel, onde comercializam o mel para CONAB, prefeituras e nas feiras. La se comercializa, além de mel outros produtos como artesanato e todos os produtos da agricultura familiar. A sede fica na AL 220 próximo ao povoado Piau e através de uma emenda parlamentar conseguiram recurso para iniciar um entreposto, que está em fase de construção, porém bem avançada.

Seu Cicero extrai o mel em sua própria residência, pois possui uma centrifuga mesa desoperculadora, decantador, um ambiente fechado para fazer essa extração e já coloca o mel no balde e leva para a cooperativa para eles engarrafarem e rotularem. “Quando eu decidi ser apicultor quis ter mel para o meu consumo, então eu comprei duas caixas para ter mel para minha família e quando começou a sobrar aí eu vi que tinha condições de crescer o número de caixas e vender. O mel que eu produzo, o que eu vendo eu invisto na apicultura, então assim é um complemento na renda”, afirma seu Cicero que além de apicultor é coordenador do fórum delis no município e líder da comunidade.

“Eu gosto de trabalhar com coisas da roça, eu gosto de produzir, de trabalhar com abelhas, com animais. Trabalhar aqui eu vejo que tem futuro e se tem um grande fluxo de pessoas querendo ir para a cidade, então eu fazendo o sentido contrário tá sobrando mais espaço para mim, eu penso dessa forma e acredito que seja