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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 57 Nº 672 Fevereiro de 2010 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec Aiglon Fasolo ............................ 15 Aylton Paiva ................................ 7 Celso Martins ............................ 15 Crônicas de Além-Mar .............. 12 De coração para coração ............. 4 Divaldo responde ...................... 15 Editorial ....................................... 2 Emmanuel .................................... 2 Espiritismo para as crianças ..... 14 Estudando a série André Luiz ..... 5 Eugênia Pickina ........................ 13 Grandes vultos do Espiritismo .... 7 Histórias que nos ensinam ........ 13 Jane Martins Vilela ................... 13 Joanna de Ângelis ....................... 2 Palestras, seminários e outros eventos ............................ 11 Passamentos .............................. 12 Waldenir Aparecido Cuin .......... 16 Ainda nesta edição 16ª CONMEL em Londrina O alerta que nos vem das mudanças climáticas Jorge Hessen, em importante e oportuno artigo, examina os proble- mas advindos das mudanças climá- ticas que vêm assustando o mundo inteiro. Chuvas jamais vistas, frio intenso, neves nunca antes registradas, deslizamentos de terras, inundações e cheias que provocam medo, bem como suas consequên- cias, eis o tema do artigo escrito pelo conhecido confrade e colaborador. Segundo ele, as mudanças cli- máticas têm matado cerca de 315 mil pessoas por ano, de fome, de doen- ças ou de desastres naturais, e o nú- mero deve subir para 500 mil até 2030. Estudos estimam que o pro- blema do clima afete 325 milhões de pessoas anualmente, e que, em duas décadas, esse número poderá dobrar, atingindo o equivalente a 10% da população mundial do nosso globo. Nada acontece, porém, por mero acaso e, a título de consolo para todos nós que habitamos o planeta, ele propõe que, em face dos desastres naturais que têm aco- metido a Terra, lembremos que nas mãos de Jesus repousam os desti- nos deste mundo. Pág. 3 O período do carnaval traz à região mais um evento voltado para os jovens espíritas Divaldo e os ganhadores do Nobel de Literatura Washington Luiz N. Fernan- des prossegue sua análise da obra psicográfica do confrade Divaldo Franco, examinando desta vez as mensagens mediúnicas que Dival- do psicografou de Espíritos que foram em vida contemplados com o Prêmio Nobel de Literatura. Argumenta o referido confra- de, em seu estudo, que se psico- grafar vários livros de diferentes autores espirituais, em diversos es- tilos e em diferentes temáticas, de alto nível acadêmico, é algo que merece reflexão, psicografar textos de ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura é fato que não pode pas- sar despercebido e, por mais cética que seja a pessoa, não pode ela fi- car a isso indiferente. No artigo, que deverá ter con- tinuidade em nossas próximas edições, ele faz um registro com- parativo gramatical e literário dos livros mediúnicos ditados por es- ses Espíritos detentores do Nobel com os livros que eles escreveram em vida. Págs. 8 e 9 ADE Campinas elege os destaques de 2009 Promover a imprensa es- pírita, tal foi o propósito da Associação dos Divulgadores do Espiritismo de Campinas (ADE Campinas) ao instituir o Prêmio Observatório Espí- rita, uma iniciativa da Rádio Espírita Campinas, que ele- geu pela primeira vez, no fi- nal do ano, os destaques da imprensa espírita em 2009. Pág. 6 A última entrevista do Gigante Deitado Dois meses antes de sua desencarnação, em setembro de 1989, o saudoso confrade Jerôni- mo Mendonça externou seu pen- samento acerca da pena de mor- te, de fé, da dor, vivência evan- gélica, viciações e felicidade, em interessante entrevista concedida ao nosso colaborador Waldenir Aparecido Cuin, da cidade de Votuporanga (SP). Sua estada na referida cidade deveu-se à realização de palestras que ele proferiu no Centro Espíri- ta Emmanuel e no Centro Espírita Humberto de Campos, ali localiza- dos. Natural de Ituiutaba (MG), onde nasceu em 1º de novembro de 1939, Jerônimo faleceu aos 50 anos de idade no dia 26 de novem- bro de 1989, pouco mais de 20 anos atrás. Tetraplégico e preso por muitos anos a uma cama or- topédica, além de cego, o confra- de ficou conhecido no meio espí- rita como O Gigante Deitado. Pág. 16 O adeus a D. Aparecida Conceição Ferreira O Brasil perdeu no dia 22 de dezembro de 2009 uma batalha- dora, uma mulher valorosa que por mais de cinquenta anos cui- dou dos doentes e também das crianças – nossa estimada irmã Aparecida Conceição Ferreira (foto) , mais conhecida como dona Cida, a fundadora do Lar da Caridade - Hospital do Fogo Selvagem, antigo Hospital do Pênfigo, de Uberaba-MG. D. Aparecida contava, ao desen- carnar, 95 anos de idade. Págs. 8 e 9 Realiza-se em fevereiro mais uma CONMEL – Confra- ternização da Mocidade Espí- rita em Londrina, agora em sua 16ª versão, organizada neste sim como ocorreu no ano pas- sado (foto) e nas edições ante- riores, realiza-se nos dias do carnaval, que neste ano vai de 13 a 16 de fevereiro. O local será a Pousada Conquista, localizada na Rua Elízio Turino, 265, Jardim Sabará, em Londrina. O tema central do encontro será: “Bri- lhe a vossa luz” (Mateus 5,16). Não haverá palestrantes, mas apenas dinâmicas com vistas a trabalhar comportamento e re- lacionamento com base na Lei de Sociedade. Haverá apresen- tações artísticas com a Banda SELF de Curitiba. A coorde- nação geral estará a cargo de Márcio Cruz, de Curitiba. Pág. 11 ano pelas UREs que compõem a Inter-Regional Norte – Uniões Regionais Espíritas 4ª, 5ª e 6ª. O evento, que é voltado para a juventude espírita da região, as-

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O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 57 Nº 672 Fevereiro de 2010 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

Aiglon Fasolo ............................ 15Aylton Paiva ................................ 7Celso Martins ............................ 15Crônicas de Além-Mar .............. 12De coração para coração ............. 4Divaldo responde ...................... 15Editorial ....................................... 2Emmanuel .................................... 2Espiritismo para as crianças ..... 14Estudando a série André Luiz ..... 5Eugênia Pickina ........................ 13Grandes vultos do Espiritismo .... 7Histórias que nos ensinam ........ 13Jane Martins Vilela ................... 13Joanna de Ângelis ....................... 2Palestras, seminários eoutros eventos ............................ 11Passamentos .............................. 12Waldenir Aparecido Cuin .......... 16

Ainda nesta edição

16ª CONMEL em LondrinaO alerta que nos vem dasmudanças climáticas

Jorge Hessen, em importante eoportuno artigo, examina os proble-mas advindos das mudanças climá-ticas que vêm assustando o mundointeiro. Chuvas jamais vistas, friointenso, neves nunca antesregistradas, deslizamentos de terras,inundações e cheias que provocammedo, bem como suas consequên-cias, eis o tema do artigo escrito peloconhecido confrade e colaborador.

Segundo ele, as mudanças cli-máticas têm matado cerca de 315 milpessoas por ano, de fome, de doen-ças ou de desastres naturais, e o nú-

mero deve subir para 500 mil até2030. Estudos estimam que o pro-blema do clima afete 325 milhões depessoas anualmente, e que, em duasdécadas, esse número poderá dobrar,atingindo o equivalente a 10% dapopulação mundial do nosso globo.

Nada acontece, porém, pormero acaso e, a título de consolopara todos nós que habitamos oplaneta, ele propõe que, em facedos desastres naturais que têm aco-metido a Terra, lembremos que nasmãos de Jesus repousam os desti-nos deste mundo. Pág. 3

O período do carnaval traz à região maisum evento voltado para os jovens espíritas

Divaldo e os ganhadores doNobel de Literatura

Washington Luiz N. Fernan-des prossegue sua análise da obrapsicográfica do confrade DivaldoFranco, examinando desta vez asmensagens mediúnicas que Dival-do psicografou de Espíritos queforam em vida contemplados como Prêmio Nobel de Literatura.

Argumenta o referido confra-de, em seu estudo, que se psico-grafar vários livros de diferentesautores espirituais, em diversos es-tilos e em diferentes temáticas, dealto nível acadêmico, é algo que

merece reflexão, psicografar textosde ganhadores do Prêmio Nobel deLiteratura é fato que não pode pas-sar despercebido e, por mais céticaque seja a pessoa, não pode ela fi-car a isso indiferente.

No artigo, que deverá ter con-tinuidade em nossas próximasedições, ele faz um registro com-parativo gramatical e literário doslivros mediúnicos ditados por es-ses Espíritos detentores do Nobelcom os livros que eles escreveramem vida. Págs. 8 e 9

ADE Campinas elege os destaques de 2009Promover a imprensa es-

pírita, tal foi o propósito daAssociação dos Divulgadoresdo Espiritismo de Campinas

(ADE Campinas) ao instituiro Prêmio Observatório Espí-rita, uma iniciativa da RádioEspírita Campinas, que ele-

geu pela primeira vez, no fi-nal do ano, os destaques daimprensa espíri ta em 2009.Pág. 6

A última entrevista doGigante Deitado

Dois meses antes de suadesencarnação, em setembro de1989, o saudoso confrade Jerôni-mo Mendonça externou seu pen-samento acerca da pena de mor-te, de fé, da dor, vivência evan-gélica, viciações e felicidade, eminteressante entrevista concedidaao nosso colaborador WaldenirAparecido Cuin, da cidade deVotuporanga (SP).

Sua estada na referida cidadedeveu-se à realização de palestrasque ele proferiu no Centro Espíri-

ta Emmanuel e no Centro EspíritaHumberto de Campos, ali localiza-dos.

Natural de Ituiutaba (MG),onde nasceu em 1º de novembrode 1939, Jerônimo faleceu aos 50anos de idade no dia 26 de novem-bro de 1989, pouco mais de 20anos atrás. Tetraplégico e presopor muitos anos a uma cama or-topédica, além de cego, o confra-de ficou conhecido no meio espí-rita como O Gigante Deitado.Pág. 16

O adeus a D. AparecidaConceição Ferreira

O Brasil perdeu no dia 22 dedezembro de 2009 uma batalha-dora, uma mulher valorosa quepor mais de cinquenta anos cui-dou dos doentes e também dascrianças – nossa estimada irmãAparecida Conceição Ferreira(foto), mais conhecida comodona Cida, a fundadora do Larda Caridade - Hospital do FogoSelvagem, antigo Hospital doPênfigo, de Uberaba-MG. D.Aparecida contava, ao desen-carnar, 95 anos de idade. Págs.8 e 9

Realiza-se em fevereiromais uma CONMEL – Confra-ternização da Mocidade Espí-rita em Londrina, agora em sua16ª versão, organizada neste

sim como ocorreu no ano pas-sado (foto) e nas edições ante-riores, realiza-se nos dias docarnaval, que neste ano vai de13 a 16 de fevereiro.

O local será a PousadaConquista, localizada na RuaElízio Turino, 265, JardimSabará, em Londrina. O temacentral do encontro será: “Bri-lhe a vossa luz” (Mateus 5,16).Não haverá palestrantes, masapenas dinâmicas com vistas atrabalhar comportamento e re-lacionamento com base na Leide Sociedade. Haverá apresen-tações artísticas com a BandaSELF de Curitiba. A coorde-nação geral estará a cargo deMárcio Cruz, de Curitiba.Pág. 11

ano pelas UREs que compõem aInter-Regional Norte – UniõesRegionais Espíritas 4ª, 5ª e 6ª.

O evento, que é voltado paraa juventude espírita da região, as-

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O IMORTALPÁGINA 2 FEVEREIRO/2010

EditorialEMMANUEL

Vivemos num mundo de pro-vas e expiações – mas tambémnum mundo de reparações. A jus-tiça de Deus, a lei de causa e efei-to, determina que expiemos e re-paremos o mal que fizemos.Kardec é bastante claro a respei-to, dizendo que não basta expiar,é preciso reparar os erros do pas-sado. Um exemplo disso é a vidade nossa estimada irmã AparecidaConceição Ferreira, fundadora doHospital do Fogo Selvagem deUberaba, desencarnada no final de2009. (Leia sobre D. AparecidaFerreira a reportagem publicadanas páginas centrais desta edi-ção.)

Como D. Aparecida dizia delaprópria, todos nós somos tambémEspíritos endividados diante daLei e de nosso Pai. E como ela,todos podemos empreender umatransformação moral tal que per-mita a expiação resignada e a re-paração através do trabalho nobem, porque – é bom que lembre-mos – somente a caridade há denos salvar dos erros que comete-mos.

D. Aparecida encontrou suaporta estreita e o caminho de sal-vação no atendimento aos desva-lidos, aos doentes do corpo e daalma.

Onde quer que te encontres, deuma ou de outra forma, desperta-rás o interesse de alguém.

Algumas pessoas poderão arro-lar-te como antipático e até busca-rão hostilizar-te. Outras se interes-sarão por saber quem és e o quefazes.

Inúmeras, no entanto, te fala-rão, intentando um relacionamen-to fraterno.

Não permitas que o desgostomenor te conduza ao fracasso, paraque o fracasso te não conduza aosdesgostos maiores.

Lembra-te de que a Terra é anossa antiga escola de aprimora-mento espiritual e não lhe menos-cabes as lições.

Recorda o paralítico algemadoao leito de dor e agradece ao Céuas pernas ágeis e firmes que te ga-rantem a verticalidade do corpo.

Considera o mutilado a quemfalta a bênção das mãos e valorizaos recursos que te fazem encontrarno trabalho a fonte da alegria.

Não olvides o cego, às vezes,na bruma das lágrimas, e utiliza osolhos na procura do bem.

Não te esqueças do mudo queatravessa o carreiro terrestre, qua-se sempre solitário e incompreen-dido, e conserva limpa a palavrade que te vales para atingir o pro-gresso mais amplo.

Reflete no idiota, que passaentre os homens, com as dificul-dades do cérebro ensandecido, emobiliza o próprio raciocínio,prestigiando o que se te faça útil.

Medita nos que vagueiam semlar e honra o teu reduto doméstico,cultivando dentro dele a bondade ea tolerância, a compreensão e a gen-

ReparaçãoSozinha, empreendeu uma

obra que começou de modo sim-ples, acolhendo uma dezena dedoentes do fogo selvagem em suaprópria casa. Depois, com a aju-da de muitos, conseguiu ampliara obra, até que, depois de dez anosde trabalho incessante, conseguiuajuda financeira suficiente para aconstrução da primeira ala doHospital do Fogo Selvagem, ba-tizado mais tarde como Lar daCaridade.

Sofreu perseguições e foi acu-sada de enriquecimento ilícito, de-vido às doações que recebia, o quemostra que, na expiação, à medi-da que nos entregamos efetiva-mente à reforma íntima, reapare-ce o ônus dos desmandos do pas-sado. Daí o imperativo de traba-lharmos nossa resignação e lan-çarmos um olhar que paire sobreo passado e o futuro, a fim de com-preendermos que não há provaque seja injusta ou que esteja aci-ma de nossas forças.

A expiação constitui igualmen-te, como ensina o Espiritismo, umaprova em face do futuro, que cum-pre seja empreendida com resigna-ção.

No processo expiatório quita-mos uma dívida a respeito dealgo pontual, de uma ação deter-

minada localizada no tempo e noespaço, mas com a reparação doque fizemos lidamos com as con-sequências desse ato, razão pelaqual não basta expiar, é precisoreparar as consequências do malperpetrado.

A lei de causa e efeito determi-na a expiação e a reparação, mas abondade de Deus estabelece quecada ser efetive tal empreendimen-to no momento certo, em que reú-na força moral suficiente para su-portar as agruras da expiação epossa efetivar, com sucesso, as re-parações necessárias.

A reparação, como bem sabe-mos, não precisa ser levada a efei-to diretamente na relação com nos-sas vítimas, muitas das quais po-dem estar desencarnadas.

No serviço útil em prol da Hu-manidade produzimos o bem eesse bem, como ensinava o após-tolo Pedro, cobre a multidão denossos pecados. E, à medida quevamos nos transformando moral-mente, nossas vítimas reconhe-cem essa transformação e nos per-doam, de tal modo que pela práti-ca da caridade quitamos uma dí-vida com Deus e alcançamos operdão daqueles que sofreramnossas ações equivocadas no pas-sado.

Um minuto com Joanna de ÂngelisCada qual sintonizará contigo

dentro do campo emocional emque estagia.

Como há carência de amigos eabundância de problemas, as criatu-ras andam à cata de quem as ouça,ansiando por encontrar compreensão.

Em razão disso, todos falam, àsvezes simultaneamente.

*Concede, a quem chega, a hon-

Sigamos acordadostileza por dietrizes de cada dia.

Pensa nos corações cristaliza-dos na indiferença, que viajam nomundo à feição de órfãos voluntá-rios e exalça a própria fé, tradu-zindo-a em obras de humildade eamor, generosidade e perdão, paraque a luz divina se te eleve porbússola no caminho.

Valoriza o trabalho que desen-volves, os amigos, os familiares,os recursos, os instantes de quedispões e sentir-te-ás agora rico depossibilidades para ampliar o te-souro de bênçãos com que serásaquinhoado agora, hoje e depois.

Lembremo-nos de que a Terra ésimplesmente um degrau em nossaescalada para os cimos resplenden-tes da vida e, acordados para as opor-tunidades do serviço, avancemos paradiante, aprendendo e amando, auxi-liando aos outros e renunciando a nósmesmos, na certeza de que, assim, ca-minharemos do infortúnio de ontempara a felicidade de amanhã.

JOANNA DE ÂNGELIS,mentora espiritual de Divaldo P.Franco, é autora, entre outros li-vros, de Episódios Diários, doqual foi extraído o texto acima.

ra de o ouvir. Não te apresses emcumulá-lo de informações, talvezdesinteressantes para ele.

Silencia e ouve.Não aparentes saber tudo, es-

tar por dentro de todos os aconte-cimentos. Nada mais desagradávele descortês do que a pessoa quetoma a palavra de outrem e con-clui-lhe a narração, nem semprecorretamente.

Sê gentil, facultando que o an-sioso sintonize com a tua cordiali-dade e descarregue a tensão, o so-frimento... No momento próprio,fala, com naturalidade, sem a fal-sa postura de intocável ou sem pro-blema.

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EMMANUEL, que foi o mentorespiritual de Francisco CândidoXavier e coordenador da obramediúnica do saudoso médium mi-neiro, é autor, entre outros livros,de Mediunidade e Sintonia, doqual foi extraído o texto acima.

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O IMORTALFEVEREIRO/2010 PÁGINA 3

Pesquisas indicam que a “mu-dança climática tem matado cer-ca de 315 mil pessoas por ano,de fome, de doenças ou de de-sastres naturais, e o número devesubir para 500 mil, até 2030”. (1)O estudo estima que o problemado clima afete 325 milhões depessoas, anualmente, e que, emduas décadas, esse número irádobrar, atingindo o equivalente a10% da população mundial daatualidade. Para minimizar o im-pacto, “seria preciso multiplicarpor cem os esforços de adapta-ção à alteração do clima nos paí-ses em desenvolvimento”. (2) OPainel Intergovernamental sobreMudanças Climáticas (IPCC, nasigla em inglês), em sua vastaavaliação sobre a questão, feitaem 2008, concluiu que, desdeque as temperaturas começarama aumentar rapidamente, nosanos 70, os gases de efeito estu-fa, produzidos pelo homem, tive-ram um peso 13 vezes maior noaquecimento global que a varia-ção da atividade solar.

Quase 25% da populaçãomundial estão ameaçados pelasinundações, em consequência dodegelo do Ártico, segundo um es-tudo publicado, em agosto de2009, pelo Fundo Mundial paraa Natureza (WWF). À medidaque a extensão do gelo diminui,e que a superfície dos oceanos au-menta, a quantidade de energiasolar absorvida, também, aumen-ta. Recentemente, uma geleiraderreteu e a Suíça ganhou 150metros de território, originalmen-te, italiano. A linha divisória, quedeterminava a fronteira, desde1942, moveu-se. Houve derreti-mento de campos, permanente-mente cobertos de neve, nos Al-

JORGE [email protected]

De Brasília, DF

As mudanças climáticas e suas consequências

La Niña”, também, sãoaterrorizantes, pois que aceleramo degelo das calotas polares, au-mentando, consequentemente, onível do mar e inundando regiõeslitorâneas. Prova disso são os re-gistros de diminuição das geleirasno Himalaia, nos Andes, no Mon-te Kilimanjaro, e a única estaçãode esqui da Bolívia, Chacaltaya,pôs fim à sua atividade, pela es-cassez de neve naquela região.

Urge que se crie uma mentali-dade crítica, que permita estabele-cer novos comportamentos comfoco na sustentabilidade da vidahumana. A sociedade deve forma-tar novos modelos de convivência,lastreados na fraternidade e noamor. A falta de percepção, dainterdependência e complementa-ridade, entre os indivíduos, gera,cada vez mais intensamente, odesequilíbrio da natureza.

O cientista Stephen Hawking,em seu livro “O Universo numaCasca de Noz”, expõe, de formacuriosa, que: “Uma borboleta ba-tendo as asas em Tóquio pode cau-sar chuva no Central Park de NovaIorque”. (4) Hawking explica que“não é o bater das asas, pura e sim-plesmente, que gerará a chuva, masa influência deste pequeno movi-mento sobre outros eventos emoutros lugares é que pode levar, por

Em face dos desastres naturais que têm acometido nosso planeta, lembremos que nas mãos de Jesus repousam os destinos da Terrafim, a influenciar o cli-ma”. (5)Nos Estados Unidos, 55milhões de americanosacham que falta poucopara o mundo acabar

Devido a essesestertores de aguda dor danatureza, surgem, em vá-rias partes do mundo,grupos de pessoas fanáti-cas, que criam seitas ecultos estranhos; abando-nam emprego, família, àespera do “juízo final”.Só na França, conforme

a Revista ISTOÉ, de 4 de agostode 1999, há cerca de 200 delas,com 300 mil adeptos. No Japão,vários “gurus” preveem o “final domundo”. Nos Estados Unidos, 55milhões de americanos acham quefalta pouco para o mundo acabar.Para esses, os furacões que têmdestruído a região central do paíssão anjos enviados para punir oshomens, anunciando o “grande fi-nal”. (6) Não é confortador, de for-ma alguma, o aparecimento de pes-soas com essas bizarras crenças,que se multiplicam mundo afora,obscurecidas na razão pela expec-tativa de uma “nova era”. Lamen-tavelmente, até nas hostes espíri-tas, têm surgido alguns livros comideias que induzem os incautos aopânico ou à hipnose catastrofista doquanto pior melhor...!

Nos dias de hoje, consoante aLei de Causa e Efeito, não preci-samos possuir o talento da profe-cia para antevermos o futuro pró-ximo do panorama terrestre. Osterremotos, os furações, as inunda-ções, as erupções vulcânicas e ou-tras catástrofes naturais são e se-rão parte inevitável da dinâmica danatureza. Isso não significa dizerque não possamos fazer algumacoisa para nos tornarmos menosvulneráveis. “Aprender com as ca-tástrofes de hoje para fazer frente

pes, como reflexo doaquecimento global que,ainda, pode destruir 85%da Amazônia. O aqueci-mento climático liberagrandes quantidades demetano [gás de efeito es-tufa], na região polar. Atéagora, esses gases esta-vam “aprisionados nogelo”. Esse efeito contri-bui, por sua vez, para aaceleração do degelo nasregiões polares.

Em face dessa mu-dança do clima, uma pon-te de gelo [um bloco do tamanhoda Jamaica], que liga duas ilhas daAntártica, rompeu-se – informaramos pesquisadores. O rompimentopode indicar que o bloco Wilkins,(3) como é conhecido o território,flutuará livremente, o que será umdos efeitos das mudançasprovocadas pelo aquecimento glo-bal.

A sociedade deve formatar novosmodelos de convivência, lastreados

na fraternidade e no amorA rigor, muitas das camadas de

gelo diminuíram nesses últimosanos, na Antártida, e seis delas seromperam por completo, a exem-plo das geleiras de Prince Gustav,Larsen Inlet, Larsen A, Larsen B,Wordie, Muller e Jones. Análisesdemonstram que, quando os blo-cos se rompem, as geleiras e asmassas de gelo começam a se mo-vimentar em direção ao Oceano.Em 1985, os cientistas identifica-ram um buraco na camada de ozô-nio, sobre a Antártida, que conti-nua se expandindo, assustadora-mente. A redução do ozônio con-tribui para o “fenômeno estufa”. Asconsequências dessa síndrome sãocatastróficas, como o aquecimen-to e a alteração do clima, precipi-tando a ocorrência de furacões,tempestades severas e, até, terre-motos. Os efeitos do “El Niño e do

às ameaças futuras”. (7) Somosesclarecidos pelo genial lionês,Allan Kardec, que os grandes fe-nômenos da Natureza, aquelesque são considerados uma pertur-bação dos elementos, não são decausas imprevistas, pois “tudotem uma razão de ser e nadaacontece sem a permissão deDeus”. (8) E os cataclismos “al-gumas vezes têm uma razão deser direta para o homem. Entre-tanto, na maioria dos casos, têmpor objetivo o restabelecimentodo equilíbrio e da harmonia dasforças físicas da natureza”. (9)A preocupação sadia é aquela

que resulta em conquistasedificantes para o bem de todos

Enquanto as doridas transfor-mações desses momentos dedebacle moral se anunciam, aotilintar sinistro das moedas, eco-ando nas bolsas de valores, asforças espirituais se reúnem paraa grande reconstrução do ama-nhã. Aproxima-se o instante emque todos os valores morais hu-manos serão revistos, para que,com novas energias criadoras,um novo modelo de mundo tri-unfe sobre a carga destrutiva dasconsciências insanas que, hoje,habitam o educandário da vida.Nesse fenômeno, o ensinamentode Jesus não passou e não passa-rá jamais. Na luta sofrida das ci-vilizações, Ele é o archote doprincípio, e nas Suas sacrossan-tas mãos repousam os destinos daTerra. (Continua na pág. 10 des-ta edição.)

Furacões como o da foto têm sido frequentes no planeta

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O IMORTALPÁGINA 4 FEVEREIRO/2010

De coração para coração

Existem leis naturais – as cha-madas leis da vida – que são, à pri-meira vista, incompreensíveis. A leide destruição é uma delas, porque édifícil entender por que o Criadorestabeleceu que a vida dos seres queele criou dependa da destruição deoutros seres por ele também criados.

Para a pessoa que enxerga ape-nas a matéria e limita sua visão àvida presente, isso parece, sem dú-vida, uma imperfeição na obra daCriação. É que, em geral, os ho-mens julgam a perfeição de Deuspelo seu ponto de vista, e sua pró-pria opinião constitui a medida desua sabedoria. Imaginam, então,que Deus não poderia fazer melhordo que eles próprios o fariam.Como sua vista limitada não lhespermite julgar o conjunto, é-lhesmuito difícil compreender que deum mal aparente pode resultar umbem real.

O conhecimento do princípioespiritual e da grande lei de unida-

de, que constitui a harmonia da Cri-ação, é a chave que pode dar ao ho-mem a compreensão desse mistérioe mostrar-lhe a sabedoria providen-cial e a harmonia onde não enxerga-va, antes, senão uma anomalia e umacontradição.

A primeira utilidade que decor-re dessa destruição recíproca – uti-lidade de natureza puramente físi-ca – é esta: os corpos orgânicos nãose mantêm senão por meio de ma-térias orgânicas, que são as únicasque contêm os elementos nutriti-vos necessários à sua transforma-ção. Como os corpos, que são osinstrumentos da ação do princípiointeligente, têm necessidade deserem incessantemente renovados,a Providência os faz servir para asua manutenção mútua. É por issoque o corpo se nutre do corpo, masa alma não se nutre da alma, por-que ela não é destruída nem alte-rada, apenas se despoja do seuenvoltório corporal.

Uma segunda utilidade decor-rente da lei de destruição é a neces-sidade que tem o ser espiritual dedesenvolver-se. A luta é necessáriaa esse desenvolvimento, porque é naluta que ele exercita suas faculda-des. O ser animal que ataca o outroem busca do alimento e o ser que sedefende para conservar a vida usamde habilidade e inteligência, aumen-tando, por conseguinte, suas forçasintelectuais. Um dos dois sucumbe,mas, em realidade, que é que o maisforte ou mais destro tirou ao outro?A vestimenta carnal, nada mais. Pos-teriormente, o ser espiritual – quejamais morre – tomará outra.

Nos seres inferiores da criação,naqueles a quem ainda falta o sensomoral, a luta tem por móvel unica-mente a satisfação de uma necessi-dade material. Ora, uma das maisimperiosas dessas necessidades é ade alimentar-se, para assegurar aprópria sobrevivência. Eles lutam,pois, unicamente para viver, ou seja,

Por que destruir faz parte das leis da vida?

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO - [email protected] Londrina

para fazer ou defender uma presa,visto que nenhum móvel mais ele-vado os estimula. É nesse períodoque a alma se elabora e se ensaiapara a vida.

Uma terceira utilidade da lei dedestruição é que, ao se destruíremuns aos outros, pela necessidade de alimentar-se, os seres infra-humanosmantêm o equilíbrio na reprodução,impedindo-a de tornar-se excessiva,e concorrem, além disso, com seusdespojos, para uma infinidade deaplicações úteis à Humanidade.

Examinando a questão apenas doponto de vista do comportamento dohomem, aprendemos com a Doutri-na Espírita que a matança de ani-mais, bárbara sem dúvida, foi, ain-da é e será por algum tempo neces-sária na Terra; contudo, à medidaque os terrícolas se depuram, sobre-pondo o espírito à matéria, a utiliza-ção de alimentação carnívora passaa ser cada vez menor, até desapare-cer definitivamente, como já se ve-

rifica nos mundos mais adiantadosque a Terra.

A necessidade de destruiçãoguarda, pois, proporção com o esta-do mais ou menos material dos mun-dos. E cessa quando o físico e omoral se acham mais depurados.Muito diversas são, pois, as condi-ções de existência nos mundos maisadiantados que a Terra.

De acordo com os ensinamentosespíritas, o homem só é escusado deresponsabilidade nessa destruição namedida em que age para prover aoseu sustento ou garantir a sua segu-rança. Fora disso, quando, por exem-plo, se empenha em caçadas pelosimples prazer de matar, terá de pres-tar contas a Deus pelos abusos co-metidos, os quais revelam inegavel-mente a predominância nele dosmaus instintos. Toda destruição queexcede os limites da necessidadeconstitui uma violação da lei deDeus e será, por esse motivo, seve-ramente punida.

Há construções em que existeum duplo predicado verbal comregências diferentes, fato que obri-ga a um maior cuidado daquele quefala ou escreve.

Veja estes exemplos que deve-mos evitar, por errôneos:• Li e gostei do artigo. (O corretoseria: Li o artigo e gostei dele.)• O vereador atacou e rompeu como prefeito. (O correto: O vereadoratacou o prefeito e rompeu comele.)• Venha ver, ouvir e dançar com ogrupo. (O correto: Venha ver e ou-vir o grupo, e dançar com ele.)

É claro que, em casos assim,existem exceções aceitáveis, de tãoenraizadas na fala do povo. Eis al-gumas delas:• O João vive entrando e saindo dotime.

Pílulas gramaticais• Não sou a favor nem contra o pre-sidente Lula.• Antes, durante e depois da reu-nião o clima esteve bastante quen-te.

*A título de lembrete que espe-

ramos seja oportuno, anote as ob-servações seguintes:• “somatório” é a palavra certa (nãoexiste somatória).• “terraplenagem” (não existeterraplanagem).• “asterisco” (não existeasterístico).• “rapar a barba” (e não raspar abarba).• “Polícia Militar fluminense” (enão polícia carioca, porque o vo-cábulo “carioca” se refere à cida-de do Rio de Janeiro, não ao Esta-do do Rio).

Ricardo nos propõe que espe-cifiquemos aqui alguns dos fatosmediúnicos referidos nos Evange-lhos.

Já tratamos deste assunto an-teriormente, ocasião em que disse-mos que a Bíblia, tanto no AntigoTestamento quanto em o Novo Tes-tamento, é pródiga nas referênciasaos fatos mediúnicos, ou seja, a fe-nômenos em que Entidades desen-carnadas se valem de um interme-diário encarnado para transmitir al-guma mensagem.

Eis alguns desses fatos colhi-dos nos Evangelhos e no livro Atosdos Apóstolos, obra escrita porLucas:

Gabriel avisa Maria sobre onascimento de Jesus.

Os pastores são avisados deque próximo deles, numa

teram-se em médiuns notáveis,ocasião em que, associadas as suasforças, os emissários espirituais deJesus produziram, por meio deles,fenômenos físicos em grande quan-tidade, como sinais luminosos evozes diretas, além de comunica-ção por meio da psicofonia e daxenoglossia, em que os ensinamen-tos do Evangelho foram ditados, aomesmo tempo e em várias línguas,para os israelitas que ali se encon-travam, oriundos de diferentes lu-gares.

As relações entre os cristãos eos Espíritos eram tão frequentes noCristianismo nascente que oevangelista João chegou a reco-mendar expressamente: “Amados,não acrediteis em todos os Espíri-tos, mas vede primeiro se ele vêmda parte de Deus”.

O Espiritismo respondeestrebaria, nascera o menino Jesus.

José é avisado pelos Espíritos deque Herodes decidira a matança dosmeninos recém-nascidos.

Jesus recebe no monte Tabor avisita de Moisés e Elias, ambos de-vidamente materializados.

Após sua crucificação, Jesusaparece a Maria e depois aos após-tolos reunidos na casa de Pedro.

Jesus aparece a Paulo de Tarso àentrada de Damasco.

Na festa de Pentecostes, osapóstolos, em transe mediúnico,recebem mensagens em diferentesidiomas.

Com relação a este último e cu-rioso episódio, Emmanuel diz quenaquele dia, como podemos ler nocapítulo 2, versículos 1 a 13, do li-vro de Atos, os apóstolos que semantiveram leais ao Senhor conver-

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O IMORTALFEVEREIRO/2010 PÁGINA 5

nadas. O indivíduo que odeia ficacom o semblante endurecido e imu-ne às sugestões do bem advindasdos protetores espirituais. O ódio,como sabemos muito bem hoje emdia, causa doenças. (Nosso Lar,cap. 30, págs. 163 a 167.)

Texto para leitura53. Bônus-hora – O bônus-hora

não é uma moeda, mas uma ficha deserviço individual, que funcionacomo valor aquisitivo. A produçãode vestuário e alimentação elemen-tares pertence a todos em comum.O celeiro fundamental é proprieda-de coletiva. Os que se esforçam naobtenção de bônus-hora conseguem,no entanto, certas prerrogativas nacomunidade social. Cada habitanteda colônia deve dar, no mínimo, oitohoras de serviço útil em cada 24 ho-ras. Como os trabalhos são numero-sos, permite-se que o trabalhadordedique por dia quatro horas de es-forço extraordinário. Assim, há mui-ta gente que consegue 72 bônus-horapor semana, sem falar dos serviçossacrificiais, cuja remuneração éduplicada e, às vezes, triplicada. Opadrão de pagamento vale para to-dos, estejam na administração ou naobediência, mas modifica-se em va-lor substancial, segundo a naturezados serviços. Há o Bônus-Hora-Re-generação, o Bônus-Hora-Esclareci-mento, e assim por diante. Os Espí-ritos podem gastar os bônus-horaconquistados, assim como utilizá-losem benefício de outros. Quanto mai-or a contagem do tempo de traba-lho, maiores intercessões podem serfeitas. (Cap. 22, pp. 120 e 121)

54. Herança – As economias embônus-hora revertem ao patrimôniocomum quando o Espírito regressa àcrosta em nova encarnação. A famí-lia tem apenas o direito de herançaao lar, mas a ficha de serviço autori-za o Espírito com crédito de bônus-hora a interceder por outras pessoas,além de assegurar-lhe o auxílio da co-lônia durante sua permanência noscírculos carnais. O verdadeiro ganhoda criatura é, assim, de natureza es-piritual, no capítulo da experiência.Laura, por exemplo, voltaria à Terrainvestida de valores mais altos e de-monstrando qualidades mais nobresde preparação para o êxito desejado.(Cap. 22, pp. 123 e 124)

Continuamos a apresentar otexto condensado da obra “NossoLar”, de André Luiz, psicografadapelo médium Francisco CândidoXavier e publicada pela editora daFederação Espírita Brasileira.

Questões preliminaresA. Os bônus-hora não aplica-

dos podem ser transmitidos aosfilhos?

R.: As economias em bônus-hora revertem ao patrimônio comumquando o Espírito regressa à crostaem nova encarnação. A família temapenas o direito de herança ao lar,mas a ficha de serviço autoriza oEspírito com crédito de bônus-horaa interceder por outras pessoas, alémde assegurar-lhe o auxílio da colô-nia durante sua permanência nos cír-culos carnais. (Nosso Lar, cap. 22,págs. 120 a 124.)

B. Qual a função da televisãona colônia?

R.: André Luiz faz referência, nolivro em estudo, à emissora do PostoDois, de “Moradia”, velha colônia deserviços, ligada às zonas inferiores.Era agosto de 1939 e a emissora ape-lava pela paz no planeta, informan-do que negras falanges da ignorân-cia, depois de espalhar os fachos in-cendiários da guerra na Ásia, cerca-vam as nações europeias, impulsio-nando-as à guerra. Além das notíci-as, a TV transmitia músicas suaves,entre um e outro apelo em favor dapaz, cumprindo assim um papel im-portante na manutenção do equilíbriona Colônia. (Nosso Lar, cap. 23 e 24,págs. 127 a 135.)

C. Pode um Espírito ser per-turbado pelos familiares encar-nados?

R.: Sim. A carga de pensamen-tos sombrios, emitidos pelos paren-tes encarnados, é a causa fundamen-tal da perturbação de muitos Espíri-tos situados na erraticidade. (NossoLar, cap. 27, págs. 146 a 148.)

D. Que efeito pode o ódio cau-sar sobre os Espíritos?

R.: O ódio e o desentendimen-to causam ruína e sofrimento nascriaturas encarnadas ou desencar-

55. Compromisso de paz na co-lônia – Grande paz envolvia a colô-nia e Lísias explicou o fato, dizen-do que há compromisso entre todosos habitantes equilibrados da colô-nia, no sentido de não se emitirempensamentos contrários ao bem.Dessa forma, o esforço da maioriase transforma numa prece quase pe-rene. Daí nascerem as vibrações depaz que tanto impressionaram AndréLuiz. (Cap. 23, pág. 127)

56. Televisão em “Nosso Lar” –Lísias sintonizou um aparelho detelevisão que transmitia noticiárioda Emissora do Posto Dois, de“Moradia”, velha colônia de servi-ços, muito ligada às zonas inferio-res. Era agosto de 1939 e a emisso-ra apelava pela paz no planeta, in-formando que negras falanges daignorância, depois de espalhar osfachos incendiários da guerra naÁsia, cercavam as naçõeseuropeias, impulsionando-as àguerra. Lísias explicou que as no-tícias da Terra eram censuradas em“Nosso Lar” em razão dos prejuí-zos que as más notícias já produzi-ram nos habitantes da colônia,quando a comunicação era livre.(Cap. 23 e 24, pp. 127 a 132)

57. Guerra iminente – Músicassuaves eram transmitidas pela TVentre um e outro apelo em favor dapaz. Mas a guerra, que acabouacontecendo e durou vários anos,era iminente. As nações haviam-senutrido de orgulho, vaidade e ego-ísmo feroz. Agora experimentavama necessidade de expelir os vene-nos letais, explicou Lísias a AndréLuiz. (Cap. 24, pág. 135)

58. No Ministério da Regene-ração – Rafael, funcionário da Re-generação, conduziu André, deaeróbus, ao Ministério em que tra-balhava. Numerosos edifícios for-mavam o imponente órgão. Ali es-tavam as grandes fábricas da colô-

nia, dedicadas à preparação de su-cos, de tecidos e de artefatos em ge-ral, onde mais de cem mil criaturastrabalhavam. Em seguida, a pedi-do do Ministro Genésio, Tobias le-vou André às Câmaras de Retifica-ção, localizadas nas vizinhanças doUmbral. (Cap. 26, pág. 145)

59. O caso Ribeiro – Nas Câma-ras de Retificação, o quadro eradesolador. Gemidos, soluços, frasesdolorosas pronunciadas a esmo...Rostos escaveirados, mãosesqueléticas, facies monstruosasdeixavam transparecer terrível mi-séria espiritual. De repente, um an-cião, gesticulando e agarrado ao lei-to, à maneira de louco, gritou por so-corro. Ele queria sair, ele queria ar...Por que Ribeiro teria piorado tanto?A explicação do Assistente Gonçal-ves foi de que a carga de pensamen-tos sombrios, emitidos pelos paren-tes encarnados, era a causa funda-mental dessa perturbação. Fraco esem força mental para desprender-se dos laços mais fortes do mundo,Ribeiro não conseguia resistir. Pas-ses de prostração já tinham sido apli-cados, pouco antes, para acalmar oenfermo. Tobias explicou então queera preciso que a família dele rece-besse maior carga de preocupações,para deixar o Ribeiro em paz. (Cap.27, pp. 146 a 148)

60. Espíritos em sono – Trinta edois homens de semblante patibularpermaneciam inertes em leitos mui-to baixos, evidenciando apenas le-ves movimentos de respiração. Eramchamados crentes negativos: indiví-duos que converteram a vida em pre-paração constante para um grandesono, em egoísmo feroz, sem nadade útil fazerem. Tobias lhes aplicoupasses de fortalecimento. Dois Es-píritos começaram, então, a expelirnegra substância pela boca, espéciede vômito escuro e viscoso, com ter-ríveis emanações cadavéricas. “São

MARCELO BORELA DEOLIVEIRA

[email protected] Londrina

fluidos venenosos que segregam”,explicou Tobias. André Luiz instin-tivamente agarrou os apetrechos dehigiene e lançou-se ao trabalho comardor. Foi seu primeiro serviço eninguém poderia avaliar sua alegriade um ex-médico da Terra que re-começava a educação de si mesmo,no plano espiritual, na enfermagemrudimentar. (Cap. 27, pp. 150 e 151)

61. Comunicação com o Um-bral – Depois da prece coletiva, aocrepúsculo, Tobias ligou o receptorpara ouvir os Samaritanos em ser-viço no Umbral. As turmas de ope-rações dessa natureza se comunica-vam com as retaguardas de tarefa,desse modo, em horáriosconvencionados. Grande multidãode infelizes foi socorrida naqueledia: os Samaritanos estavam trazen-do 29 enfermos, 22 em desequilíbriomental e 7 em completa inaniçãopsíquica. (Cap. 28, pág. 152)

62. O caso Narcisa – Andréofereceu-se como voluntário paraos serviços da noite. Apesar da fa-diga dos braços, experimentava jú-bilo muito grande no coração. Naoficina de trabalho, servir consti-tui alegria suprema. Impressiona-va-o, porém, a bondade espontâneade Narcisa, que atendia a todos,maternalmente. Havia mais de seisanos que ela trabalhava nas Câma-ras de Retificação; entretanto, fal-tavam mais de três anos para reali-zar seu desejo, que era encontraralguns Espíritos amados, na Terra,para serviços de elevação em con-junto. Veneranda prometeu-lheavalizar seu pedido, mas exigiu dezanos consecutivos de trabalho ali,para que ela pudesse corrigir cer-tos desequilíbrios do sentimento.Ela era agora uma pessoa feliz, cer-ta de que viverá com dignidade es-piritual sua futura experiência naTerra. (Cap. 28, pp. 154 a 156)(Conclui na pág. 10 desta edição.)

Estudando a série André Luiz

Nosso LarAndré Luiz

(8ª Parte)

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O IMORTALPÁGINA 6 FEVEREIRO/2010

O IMORTAL na internetAlém de circular com seu formato impresso, o jornal O

Imortal pode ser visto também na internet, bastando para issoacessar o site www.oconsolador.com, em cuja página inicialhá um link que permite o acesso do leitor às últimas ediçõesdo jornal, sem custo algum.

Para contactar a Redação do jornal, o interessado deve uti-lizar este e-mail: [email protected].

Promover a Imprensa Espírita.Esse foi o tema central do I PrêmioObservatório Espírita, uma iniciativada Rádio Espírita Campinas, umaemissora da Associação deDivulgadores do Espiritismo de Cam-pinas. O prêmio é uma decorrência na-tural do “Observatório Espírita”, pro-grama da Rádio que desde agosto de2007 tem-se dedicado a apresentar umpanorama geral da imprensa espírita.

Para esta primeira edição, foramdefinidas cinco categorias: populari-zação do Espiritismo; ciência espíri-ta; resgate histórico; entrevistas e, fi-nalmente, Espiritismo e sociedade.Para a escolha dos finalistas, foramlidos e relidos centenas de textos pu-blicados ao longo de 2009. Nessa faseinicial foram apontados pouco maisde cem textos contidos nas 14 publi-cações que periodicamente são reme-tidas à direção do programa. Na eta-pa seguinte, a direção do programa se-lecionou quinze textos, de acordo comcritérios previamente estabelecidos,sendo três deles em cada categoria:

1 - Resgate histórico. Artigos,matérias ou notícias que apresentemcontribuições para o resgate históri-co de fatos e pessoas, conhecidas ouanônimas, que possam auxiliar na cri-ação e fortalecimento de uma culturaespírita: a) “Trinta anos de saudade!”,Marcelo Henrique Pereira, RevistaEspírita Harmonia (174); b) “Cente-nário de nascimento da poetisa NairWestphalen”, Gliquéria Yarentchuk,Jornal Comunicação Espírita, (Janei-ro); c) “Extraordinário fenômeno es-pírita - Mediunidade, fotografia dematerialização”, Redação, Lampadá-rio Espírita (Outubro).

2 - Entrevistas. Textos que desta-quem o trabalho de indivíduos ou ins-tituições com contribuições relevantesem favor à propagação e desenvolvi-mento do Espiritismo: a) “A reação damoral do poder público”, ElianaHaddad, Correio Fraterno (Fevereiro);b) “Entrevista: Odalis CarmenatyFranco”, Katia Fabiana Fernandes, OConsolador (Abril); c) “Entrevista:José Antônio Castilho” Orson PeterCarrara, O Imortal (Agosto).

Os destaques da imprensaespírita em 2009

3 - Ciência espírita. Textos queabordem a natureza e o objetivo da ci-ência espírita, ou ainda que apresentemexemplos atuais do progresso das ideiasespíritas, tomando-se como referenciala postura simples, séria e responsávelde Allan Kardec: a) “Formações deEctoplasma”, Alberto Fiorini, RevistaInternacional de Espiritismo (Julho); b)“A metodologia kardequiana”, ViníciusLousada, O Consolador (Junho); c)“Fenômenos mediúnicos e os Paradig-mas da ciência”, F. Altamir da Cunha,Revista Internacional de Espiritismo(Fevereiro).

4 - Popularização do Espiritis-mo. Artigos que se ocupem dos prin-cípios básicos do Espiritismo e quecontenham explicações, desenvolvi-mentos ou ainda pontos-de-vista quepermitam uma melhor compreensãopor parte de espíritas ou não-espíritas:a) “Racismo, Kardec, Doutrina Espí-rita e Nós”, Gustavo Leopoldo Daré,Revista Espírita Harmonia (175); b)“Evolução e evolucionismo, biológi-co e metafísico”, Nadja do CoutoValle, Reformador (Julho); c) “Crité-rio da Verdade”, Nina Lemos e LuizLemos, Jornal Abertura (Janeiro/ Fe-vereiro).

5 - Espiritismo e sociedade. Arti-gos que apresentem a contribuição es-pírita para assuntos que estejam em dis-cussão em diferentes setores da socie-dade em geral: a) “A divergência dosgênios”, Milton Medran, Jornal Aber-tura (Agosto); b) “Crianças Excepcio-nais”, Regina Figueiredo, Jornal de Es-piritismo (Setembro/ Outubro); c) “Vi-são Espírita sobre a Violência”, MárciaPacciulio, Jornal Verdade e Luz (Se-tembro).

Na última etapa, os textos foramencaminhados para uma comissão ex-terna assim constituída: Therezinha

Oliveira, professora, expositora e es-critora, Rubens Toledo, jornalista eprodutor do programa de TV “A VidaContinua”, ambos de Campinas, ÉderFávaro, radialista e presidente da ADESão Paulo e Jeferson Betarello, expo-sitor, escritor e membro da ADE SãoPaulo e da USE-Distrital de Pirituba(São Paulo). De maneira independen-te, cada membro escolheu os textosmais representativos em cada catego-ria, de acordo com os critérios esta-belecidos pela organização.

O anúncio dos ganhadores foi fei-to, ao vivo, durante o programa do dia18/12/2009, que se encontra disponí-vel no site da Rádio. Nessa oportuni-dade, cada um dos textos finalistas foicomentado e analisado pela equipe doObservatório. A escolha dos premia-dos em cada categoria ocorreu pormeio da soma simples dos pesos atri-buídos aos textos.

Assim, segundo a comissão decomunicadores, os destaques do anode 2009 foram: Resgate histórico -“Centenário de nascimento da poeti-sa Nair Westphalen”, de GliquériaYarentchuk (Jornal ComunicaçãoEspírita); Entrevistas - “A reação damoral do poder público”, de ElianaHaddad (Correio Fraterno); Ciênciaespírita - “Fenômenos mediúnicos eos Paradigmas da ciência”, de F.Altamir da Cunha (Revista Interna-cional de Espiritismo); Populariza-ção do Espiritismo - “Evolução eevolucionismo, biológico e metafísi-co”, Nadja do Couto Valle, (Reforma-dor); Espiritismo e sociedade - “Cri-anças Excepcionais”, Regina Figuei-redo, (Jornal de Espiritismo).

No caso dos periódicos, a esco-lha foi feita pela direção do progra-ma, que de forma unânime apontoucomo destaque dessa primeira ediçãoa Revista Internacional de Espiritis-mo, em função do amplo conjunto deassuntos tratados ao longo do ano.

A entrega dos prêmios será fei-ta no dia 6 de fevereiro de 2010, apartir das 19h, na sede da USEIC,União das Organizações EspíritasIntermunicipal Campinas, na RuaIndaiatuba, 835, Jd. Novo CamposElíseos, Campinas-SP. O eventoserá aberto ao público e contará coma presença de comunicadores edivulgadores do Espiritismo deCampinas e região.

DERMEVAL CARINHANAJÚNIOR

[email protected] Campinas, SP

Equipe do Programa ObservatórioEspírita (sentido horário) - Leda Vialta,

Gustavo Montagner, Carlos Garcia eDermeval Carinhana Jr

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O IMORTALFEVEREIRO/2010 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE - [email protected]

De Londrina

Cenyra PintoCenyra de Oliveira Pinto

(foto), grande escritora, nasceuem São Fidélis, estado do Rio deJaneiro, no dia 25 de novembrode 1903 e faleceu em outubro de1996, no Rio de Janeiro,totalizando 93 anos de vida bemvividos e direcionados para a vidaespiritual. Tendo como seu guiao espírito de Jacy, sob a inspira-ção dele escreveu extensa obra,incluindo passagens de apoio mo-ral, peças teatrais e diversas mú-sicas.

Cenyra Pinto, como era maisconhecida, foi fundadora do

(MARA) Movimento AssistencialRoda do Amor. Durante mais detrinta anos, Cenyra foi dos autoresespirituais mais populares do país.Nascida em berço católico, come-çou a trabalhar muito cedo, auxili-ando o pai na sua loja. O gosto deescrever surgiu ainda quando resi-dia no interior do Estado. Na déca-da de 1920 publicou várias cola-borações em revistas campistas ecariocas.

Em 1929, mudou-se para o Riode Janeiro, onde passou o resto desua vida e onde se iniciou no Espi-ritismo. Com uma violenta crise de

depressão, foi levada a um centropor amigos. O diagnóstico foi ime-diato: “mediunidade descontrola-da”. Educando sua mediunidade,revelou dons de psicografia. Sua

produção literária, sob inspiraçãodo guia espiritual Jacy, começou nadécada de sessenta. Em 1963 pu-blicou Levanta-te e Anda, Uma Vozno Silêncio (poesias); Eu Sou o Ca-minho, A Verdade e a Vida; Con-versa com a Vida; Momentos deReflexões (pensamentos e poesi-as); Estou Aqui (Memórias) eVem!..., além do trabalho musicalMensagem e Vozes no Templo e aspeças teatrais Nos Domínios daMente (Peça Filosófica) e A Últi-ma Lágrima.

Cenyra apresentou, como sevê, uma folha enorme de serviços

prestados à doutrina espírita edeveria ser mais reconhecida pe-las obras que deixou, pelas pe-ças de teatro e músicas, um as-sunto que tem sido muito poucoexplorado. Com seu estilo sim-ples e despretensioso, Cenyrasabia como ninguém chegar aocoração dos leitores, sendo ca-paz de descobrir riquezas emtudo e de extrair lições de sabe-doria e bondade nas situaçõesmais comuns.

(Fonte: http://www.pingosdel u z . c o m . b r / b i o g r a f i a s /cenyra_de_oliveira.asp.)

“Cenyra foi capaz de descobrir riquezas em tudo e de extrair lições de sabedoria e bondade.”

Cenyra Pinto

Como ser bom

Muitas as histórias e parábo-las que são apresentadas em li-vros sobre temas ou livros deauto-ajuda, e até pela rede dainternet, sobre o assunto: comoser bom.

Nelas são apresentados vári-os tipos de bondade.

Transcreverei uma delas.“Uma senhora ia fazer uma

viagem de avião e, no caminhoda sala de embarque, resolveucomprar uma revista e um paco-te de biscoito.

Já na sala, sentou-se numapoltrona para descansar e ler umpouco enquanto o vôo não erachamado.

Ao lado dela, sentou-se umhomem e, quando ela pegou oprimeiro biscoito, ele tambémpegou um. A senhora sentiu-se ul-

alertá-la do equivoco que ela es-tava cometendo e ela não teriaficado tão indignada e depoistão constrangida por sua condu-ta equivocada. Dessa forma, osenhor e a mulher estariam simfazendo análises e julgando a si-tuação que era anômala, objeti-vando para ela a melhor solu-ção.

Jesus é o exemplo maior quetemos de bondade e ele faziaanálises e julgamentos, haja vis-ta as histórias relatadas: as ad-moestações constantes aosfariseus, pelo fanatismo dos ri-tuais exteriores; a mulher pegaem adultério; Zaqueu pela suausura; o moço rico preso aosbens materiais; os vendilhões dotemplo; a negação de Pedro; atraição de Judas.

Para ser bom, pois, é precisodiscernimento que contemple orespeito aos direitos do outro e adefesa dos próprios direitos.

AYLTON [email protected]

De Lins, SP

trajada, mas não disse nada e ape-nas pensou: “Que sujeito abusadoe atrevido”.

A cada biscoito que ela pega-va o homem também pegava ume a senhora ia ficando tão iradaque não conseguia reagir, e seurosto crispado deixava à mostratoda a sua revolta com aquelehomem.

Restava apenas um biscoito eela pensou: “O que esse cara vaifazer agora?”

E então o homem pegou o bis-coito e partiu-o no meio deixandoa outra metade para ela. Ela nãosuportando mais aquela situação,fechou a revista com fúria, pegousua bolsa e dirigiu-se ao embar-que.

Já dentro do avião, ela sentou-se na sua poltrona e, para sua sur-presa, seu pacote de biscoito esta-va intacto em sua bolsa. A vergo-nha e sentimento de culpa vieramà tona no vermelho da sua face e

não havia mais como se descul-par.

O homem havia dividido osbiscoitos dele sem se sentir revol-tado ou indignado enquanto elabufava de ódio por julgar errada asituação. “(Parábolas Eternas –Legrand – E.Soler)

A conclusão final é assim apre-sentada:

“Jamais devemos fazer julga-mentos de coisas ou pessoas, poiscorremos o risco de julgá-las con-forme nossas tendências, semprepróprias e parciais.”

A história é interessante e levaa reflexões.

Será que a conclusão derradei-ra é a mais adequada como exem-plo de comportamento?

É “bonitinha e simpática” a ati-tude do senhor partilhando seusbiscoitos com a irada senhora, semnada dizer-lhe, como diz o texto,para não julgá-la.

É assim que deveremos agir

ante o erro, o equivoco, o desres-peito aos nossos direitos e aos di-reitos da comunidade?

É muito grave a afirmação deque “jamais devemos fazer julga-mento de coisas ou pessoas”. Vi-ver assim, só se for com os “anjosno paraíso”.

Como poderemos viver nestemundo sem observarmos, analisar-mos e julgarmos pessoas, coisas esituações? Obviamente, o que nãose deve fazer é a “condenação” dealguém “a priori”, sem base e semas provas de um alegado erro deconduta.

No caso da história relatada,seria o procedimento normal e ade-quado: quando o homem percebes-se que a mulher estava confundin-do os pacotes de biscoito que eleeducadamente dissesse a ela o queestava acontecendo, até mesmo sepropondo a dividir com ela o refe-rido pacote.

Não haveria mal algum em

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Espíritos que em vida ganharam o Nobel de Literatura

Até agora comentamos men-sagens mediúnicas que Divaldopsicografou de Espíritos que fo-ram em vida pessoas comuns, es-critores (Amélia Rodrigues) e atémesmo acadêmicos de Letras(Humberto de Campos, no Bra-sil, e Victor Hugo, na França).Agora vamos nos ocupar de es-critores que ganharam o PrêmioNobel de Literatura e, por isso, asituação muda muito de posição.

Se já não bastasse psicogra-far vários livros desses diferen-tes autores espirituais, em diver-sos estilos e em muito diferentestemáticas, de alto nível acadêmi-co, agora psicografar ganhadoresdo Prêmio Nobel de Literatura éalgo que não pode passar desper-cebido e, por mais cética que sejaa pessoa, não pode ela ficar indi-ferente a isso.

Faremos um despretensiosoregistro comparativo gramaticale literário dos livros mediúnicosque foram ditados por esses Es-píritos que foram detentores doNobel com os livros que eles es-creveram em vida.

Explicação necessária

A primeira coisa que precisa-mos saber é que não é certo es-perar que livros mediúnicos re-pitam exatamente, 100%, o queo Espírito manifestou em vidacomo escritor. Não esqueçamosque todos os Espíritos estamossujeitos à Lei de Evolução e na-turalmente adquirimos novas

ideias e nos adequamos ao tempoe espaço em que vivemos. Alémdo que há uma adequação do apa-relho mediúnico aos Espíritos quese manifestam, atendendo a umasintonia vibratória e psíquica. Se-ria um contrassenso esperar queum Espírito continue exatamenteigual, passadas décadas e até sé-culos.

Somos testemunha de que to-dos sofremos mudanças, por ve-zes até de um dia ou de um anopara outro. Desvestidos da maté-ria pelo fenômeno da morte, os Es-píritos continuam evoluindo, aper-feiçoando-se e aprendendo. O quese deve esperar é que se mante-nha, sim, uma pálida nuança ca-racterística do Espírito, mais pre-dominantemente quando tratamosde Espíritos que foram escritorese ganhadores do Prêmio Nobel deLiteratura, porque nesses casosestas peculiaridades gramaticais eliterárias e suas nuanças são mui-to mais marcantes neles,correspondendo muito às própri-as condições evolutivas como Es-pírito.

Espírito de Selma Lagerlöf,Prêmio Nobel de Literatura

A contista, poetisa e moralistasueca Selma Lagerlöf (1858-1940) foi possuidora de uma ad-mirável intuição da psicologia in-fantil e muito enraizada às lendase tradições de sua terra. Primeiramulher a ganhar o Prêmio Nobelde Literatura em 1909, além de al-gumas novelas escreveu muitoscontos, tudo em geral sobre assun-tos nórdicos e cristãos. Especifi-camente na área de contos, quemais a tornaram famosa, escreveu

muitas lendas, como A Lenda deuma Quinta Senhorial, A Lenda deGösta Berling, A Lenda de umaDívida, Uma Lenda em Jerusalémetc.

Por meio do médium DivaldoFranco, Selma Lagerlöf ditou tam-bém lendas, que foram contosintitulados A Lenda dos Milagresdo Amor e A Lenda do Esconderi-jo Seguro. Interessa destacar pe-culiaridades importantes para esteestudo literário:a. O Espírito Selma Lagerlöf man-teve como Espírito uma caracte-rística que teve em vida, que foiescrever contos sob a forma delendas.b. Os contos de Selma Lagerlöfque Divaldo psicografou tiveramdez ou mais páginas, tal como severificou com o número de pági-nas que tiveram os contos de Sel-ma Lagerlöf em vida.c. Os contos ditados pelo EspíritoSelma Lagerlöf a Divaldo foramvoltados à psicologia infantil,igualmente como ocorreu em suasobras como escritora.d. Os contos mediúnicos desse Es-pírito versaram assuntos cristãos,como ocorreu várias vezes nas

suas obras como escritora.e. Na obra mediúnica A Lenda dosMilagres do Amor, um detalhe im-portantíssimo é que um dos per-sonagens é um Troll, ou duende,que é uma criatura antropomórficado folclore escandinavo. Troll é fi-gura totalmente desconhecida dofolclore brasileiro. A Sra. SolveigNordström, que por alguns anosfoi a tradutora das palestras de Di-valdo na Escandinávia, traduziuesse conto para o sueco e afirmouque a lenda psicografada por Di-valdo está completamente dentrodo estilo de Selma Lagerlöf. Empoucas linhas, o Espíritoexteriorizou sua fé no poder dabondade do amor e a ação se pas-sa em uma autêntica paisagem su-eca, com vegetação típica: tílias,rönn e bétulas. Estes são detalhesimportantes que não se pode ig-norar.

Recorremos à amiga CidinhaBergmann, esposa do Sr. Oloff,que reside em Estocolmo, na Su-écia, para que procurasse o jorna-lista Alf Folmer, que conheceupessoalmente Selma Lagerlöff e,de igual modo, teve oportunidadede ouvir uma palestra do médiumDivaldo na Suécia, há alguns anos,e conheceu o opúsculo – ou seja,a lenda – psicografado por Dival-do do Espírito Selma.

Um depoimento importanteacerca do conto psicografado

Gentilmente o Sr. Alf prestouum importante testemunho, queprecisa ficar registrado nos anaisda história da literatura mediúnica.

Ei-lo, na íntegra:Divaldo e Selma LagerlöfEu mesmo conheci Selma

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WASHINGTON L. N.FERNANDES

[email protected] São Paulo, SP

Lagerlöf quando menino. Elacostumava reunir as crianças emtorno de si para contar-lhes es-tórias. Estórias de duendes e depessoas humanas. A estória doduende de Åsberg, que moravana montanha mais próxima equeria estar junto das pessoas,mas quedou-se na montanha. Eumesmo fiz uma grande esculturaabstrata deste duende.

Quando Divaldo esteve emEstocolmo a 12 de junho de1994, Selma Lagerlöf (Espírito)apareceu para contar uma novaestória de ‘troll’ (duende). Dival-do a psicografou. Foi Selmaquem conduziu o lápis e a mãode Divaldo, e resultou na estó-ria do duende que queria estarentre as pessoas humanas, masera constantemente enxotado.Mas o duende voltava para brin-car com o menino que sempreestava tristonho. O menino e oduende se tornaram bons ami-gos. O menino passou a ficarcontente, dançava e era feliz. Osemblante do duende agora veioa transformar-se no de um belojovem.

A mensagem de SelmaLagerlöf resultou na Lenda dosMilagres do Amor. Este conto éinteiramente no estilo de SelmaLagerlöf. – Alf Folmer [email protected]

*Nos próximos artigos prosse-

guiremos nesta análise temática,gramatical e literária de outro Es-pírito que foi Prêmio Nobel deLiteratura e que ditou quatro li-vros (três exclusivos e outro emparceria com o Espírito MarcoPrisco) por intermédio do mé-dium Divaldo Franco.

A psicografia de Divaldo Franco (6)

Nosso país perdeu no dia 22 dedezembro de 2009 uma batalhado-ra, uma mulher valorosa que pormais de cinquenta anos cuidou dosdoentes e também das crianças –D. Aparecida Conceição Ferreira(foto), mais conhecida como donaCida, do Lar da Caridade - Hospi-tal do Fogo Selvagem, antigo Hos-pital do Pênfigo, de Uberaba-MG.

D. Cida deu mostras reais deser um Espírito abnegado. ChicoXavier disse-lhe, certa vez, que elaestava tentando resgatar seus dé-bitos havia muito tempo, mas semsucesso, até que, desta vez, conse-guiu seu objetivo ao reencarnarnegra, pobre e cheia de filhos do-entes para cuidar.

Os insultos, o preconceito e osdescasos que ela recebeu foraminúmeros. Mas ela sabia o porquê,visto que em suas conversas diziaque Chico Xavier havia lhe conta-do que ela vivera no tempo das fo-gueiras acesas pela Inquisição, eaquelas pessoas também. Um diaela lhe perguntou: “Chico, o queeu era?” Ele respondeu: “Você,minha irmã, era a mandante”.

Quem já visitou o Hospital doFogo Selvagem e pôde ouvir suashistórias, sabe como foi difícil er-guer essa importante obra, que eladevia sobretudo ao povo de SãoPaulo, como gostava de enfatizar:“Não fosse o povo de São Paulo eoutras cidades também, mas prin-cipalmente o povo de São Paulo,não teria chegado onde cheguei”.

Como o trabalho comos enfermos começou

Especializada no tratamento dedoença contagiosa, D. Aparecida

abandonou, em 8 de outubro de1958, seu trabalho num dos hospi-tais da cidade para acompanhar dozevítimas de pênfigo foliáceo, o fogoselvagem. Com os corpos cobertosde bolhas, muitas delas transforma-das em crostas, elas receberam altado hospital sem qualquer perspec-tiva de cura. A direção considerouo tratamento longo e caro demais.

A enfermeira, inconformada,pediu demissão e saiu pelas ruas dacidade em busca de abrigo para asvítimas da doença inexplicável. Fe-bris, algumas com os pés descalços,elas deixaram um rastro de sanguepelas calçadas e terminaram a via-crúcis sem ter onde ficar. As pesso-as apenas olhavam para o grupo eaceleravam os passos, sem conse-guir disfarçar o nojo.

D. Aparecida levou, então, asdoze pessoas para a própria casa. Naépoca, a doença era consideradacontagiosa. Os vizinhos ficaramapavorados. A família também. Seumarido e os filhos deram o ultima-to: “Ou nós ou eles”. Ela lhes res-pondeu: “Vocês já estão todos gran-des e criados, eles não têm ninguém;eu fico com eles”. Eles saíram en-tão da casa, mas depois voltaram,compreenderam a importância desua tarefa e passaram a ajudá-la.

Os doentes ficaram na casa delaquatro dias, até que alguém, como-vido, alugou um barracão a duasquadras de distância. A temporadano novo endereço durou o mesmoperíodo. Quatro dias depois, a pre-feitura cedeu um pavilhão no Asi-lo São Vicente de Paulo para os en-fermos. Eles poderiam ficar ali du-rante dez dias até conseguiremnovo abrigo. Os dez dias se pro-longaram por dez anos e, desde aprimeira noite, Aparecida passou amorar com as vítimas do fogo sel-vagem.

O trabalho e o número dedoentes logo se ampliaramEm 1959, o número de doentes já

tinha quadruplicado. Em 1960, 187doentes se amontoavam na enferma-ria de Aparecida. Em 1961, o núme-ro subiu para 363. O pavilhão do SãoVicente de Paulo ficou pequeno de-mais. A enfermeira pôs na cabeça umaideia fixa: iria construir um hospital.Um conhecido lhe ofereceu um ter-reno por 300 mil. Aparecida nem pen-sou duas vezes. Saiu às ruas, com seusdoentes, para pedir ajuda. Muita gen-te se apressava em lavar e desinfetaro chão por onde eles passavam e,mesmo diante deles, esfregavam comálcool as grades tocadas pelas vítimasdo fogo selvagem.

Apesar da resistência geral, elaconseguiu juntar o dinheiro. Com-prou o terreno, abriu uma cisterna,cortou árvores e lançou a pedra fun-damental. Estava pronta para come-çar a obra. Contudo, ela tinha caídonuma armadilha e comprara os lo-tes da pessoa errada. Os proprietá-rios eram outros e estavam dispos-tos a processá-la por invasão de pro-priedade alheia. E, ainda pior: elanão tinha um documento para pro-var o pagamento do terreno. Voltouà estaca zero. Decidiu, então, pedirsocorro a Chico Xavier. Bem rela-cionado, ele a encaminhou a um cor-retor de imóveis, que negociou a

compra com os proprietários de ver-dade. Tudo sairia por 260 mil cru-zeiros.

Em 1964, Aparecida foi à capi-tal de São Paulo para pedir donativos.Com doentes ao redor, ela começoua abordar os transeuntes embaixo doviaduto do Chá. Resultado: foi pre-sa por mendigar em nome de entida-de fictícia. Ficou atrás das grades oitodias até provar sua honestidade, comatestados e cartas da Prefeitura, Câ-mara de Vereadores, juiz e delegadode Uberaba.

Ela levantou, por fim, o prédio,mas seria vítima de acusações cons-tantes, como a de que se enriqueciacom o dinheiro arrecadado. A cadanova sala, os boatos se multiplica-vam. Um dia, Aparecida pensou emparar. Ouviu de Chico, já acostuma-do com a desconfiança geral, umacontra-ordem firme: – Se desistir,vão dizer que roubou o suficiente.

A conversão de D. Aparecidaao Espiritismo

Aparecida, que não era espírita,acabou se aproximando do Espiritis-mo. Numa noite, foi a um centro es-pírita em São Paulo e sentiu vontadede sair de fininho. Ninguém a conhe-cia, mas o presidente da sessão cha-mou até a mesa a dirigente do hospi-tal do fogo selvagem. Queria que elaaplicasse um passe na presidente docentro, vítima de uma paralisia re-pentina, que a impedia de andar.Aparecida nem se moveu. Nunca ti-nha dado passe em ninguém. O su-jeito devia estar mal-informado.

No fim da sessão, ele repetiu oconvite. Era o próprio mentor espi-ritual do centro quem pedia a ajudade Aparecida. Ela tomou corageme se apresentou. Em seguida, subiutrês lances de escada para se encon-trar com a doente. Todos se concen-traram em torno da cama. Aparecida

ANGÉLICA REIS [email protected]

De Londrina

sentiu algo estranho nas mãos, nocorpo, na cabeça. Sentiu medo.Mesmo assim, com suas rezas, re-alizou um milagre. A doente se le-vantou no dia seguinte e se tornounão só amiga de Aparecida comosua companheira em várias cam-panhas de assistência aos doentesdo fogo selvagem. A ex-enfermei-ra mudou. Começou a aplicar pas-ses curadores em seus doentes,com resultados surpreendentes.

O Hospital do Pênfigo tornou-se mais tarde o Lar da Caridade e,além de vítimas do fogo selvagem,passou a atender os desamparadosem geral, e D. Aparecida se trans-formou em mais uma companhei-ra dileta de Chico Xavier, basean-do seu tratamento em valores fun-damentais para o saudoso médium:os doentes deveriam trabalhar e es-tudar, com disciplina, para teremmelhoras.

A internação ocorreu poucosdias antes da desencarnação

Segundo a supervisora do Larda Caridade, Sayonara ReginaAbreu, D. Aparecida havia sido in-ternada no Hospital São José faziapouco mais de quatro dias, com for-tes indícios de pneumonia. “Ela jásofria de problemas no coração que,de um tempo para cá, se tornarammais frequentes que o normal.”

Logo que recebeu a notícia deseu falecimento, Divaldo Francodisse: “Recebida com júbilos porverdadeira multidão capitaneadapelo apóstolo Chico Xavier, maisuma estrela retorna ao zimbórioespiritual para iluminar a noitedas almas errantes e sofredoras naTerra”. O velório foi realizado noLar da Caridade - Hospital do FogoSelvagem e o sepultamento ocor-reu por volta das 11 horas da ma-nhã do dia 23/12/2009.

A despedida da fundadora do Hospital do Fogo SelvagemD. Aparecida Conceição Ferreira desencarnou no dia 22 de dezembro, pela manhã, aos 95 anos de idade

Selma Lagerlöff

D. Aparecida Ferreira, fundadorado Hospital do Fogo Selvagem

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O IMORTALPÁGINA 10 FEVEREIRO/2010

63. O caso Francisco – O rapazdesencarnara após um desastre oriun-do de pura imprudência. Muito apega-do ao corpo físico, foi difícil libertar-se do sepulcro. No plano espiritual ti-nha agora visões que o assustavammuito. Era o seu próprio cadáver queele via. Passes e água magnetizada fa-ziam-lhe bem e ele se acalmava; massua perturbação era tão grande, que nãoreconheceu o próprio pai, generoso ededicado, que o veio visitar. Da últimavez que ali esteve, o pai ajoelhou-sediante do enfermo e tomou-lhe asmãos, ansioso, como se estivesse atransmitir vigorosos fluidos vitais; de-pois beijou-lhe a face, chorando copi-osamente. Desde esse dia, Franciscomelhorou bastante e sua demência to-tal reduziu-se a crises cada vez maisespaçadas. (Cap. 29, pp. 158 a 160)

64. O caso Paulina – O pai dePaulina encontrava-se enfermo, no Pa-vilhão 5. Esbelta e linda, Paulina traja-va uma túnica muito leve, tecida em sedaluminosa. O pai acusava desequilíbriosfortes. De fisionomia desagradável,olhar duro, cabeleira desgrenhada, ru-gas profundas, lábios retraídos, inspira-va mais piedade que simpatia. QuandoPaulina se aproximou, o velho enfermonão teve uma palavra de ternura para ela.Com um olhar que evidenciava aspere-za e revolta, semelhava-se a uma fera

humana enjaulada. Ele não podia esque-cer o filho Edelberto, que lhe ministrouo veneno mortal... Seu ódio era gran-de... Paulina lhe falou sobre o papel dapaternidade e a necessidade do perdão.Disse-lhe que a permuta de ódio e de-sentendimento causa ruína e sofrimen-to nas almas. A mãe estava internadanum hospício. Amália e Cacilda entra-ram em luta judicial com Edelberto eAgenor, por causa dos bens deixadospelo pai. Paulina disse-lhe então: “Aqui,vemo-lo em estado grave; na Terra,mamãe louca e os filhos perturbados,odiando-se entre si. Em meio de tantasmentes desequilibradas, uma fortuna deum milhão e quinhentos mil cruzeiros.E que vale isso, se não há um átomo defelicidade para ninguém?” Depois dedescrever os malefícios que as vanta-gens financeiras trouxeram para sua fa-mília, a filha pediu ao pai que perdoas-se; mas ele se mostrava ainda incapazde esquecer o gesto do filho que o ma-tou para entrar antecipadamente na pos-se da herança. (Cap. 30, pp. 163 a 167)Frases e apontamentos importantes

CIV. Agora que observava em“Nosso Lar” vibrações novas de traba-lho intenso e construtivo, admirava-mede haver perdido tanto tempo no mun-do em frioleiras de toda sorte. (...) Re-conhecia que nada criara de sólido eútil no espírito dos meus familiares.

Tarde verificava esse descuido. (AndréLuiz, cap. 33, pág. 181)

CV. Quem atravessa um campo semorganizar sementeira necessária ao pãoe sem proteger a fonte que sacia a sede,não pode voltar com a intenção de abas-tecer-se. (André Luiz, cap. 33, pág. 181)

CVI. Os cães são auxiliares precio-sos nas regiões obscuras do Umbral,onde não estacionam somente os ho-mens desencarnados, mas também ver-dadeiros monstros, que não cabe agoradescrever. (Narcisa, cap. 33, pág. 183)

CVII. Os cães facilitam o trabalho,os muares suportam cargas paciente-mente e fornecem calor nas zonas ondese faça necessário; e aquelas aves, quedenominamos íbis viajores, são exce-lentes auxiliares dos Samaritanos, pordevorarem as formas mentais odiosase perversas, entrando em luta francacom as trevas umbralinas. (Narcisa,cap. 33, pág. 184)

CVIII. Os dementes falam de ma-neira incessante, e quem os ouve, gas-tando interesse espiritual, pode não es-tar menos louco. (...) Não comente omal. (Narcisa, cap. 34, pp. 188 e 189)

CIX. Já tive a felicidade de encon-trar por aqui o maior número das pes-soas que ofendi no mundo. Sei, hoje,que isso é uma bênção do Senhor, quenos renova a oportunidade de restabe-lecer a simpatia interrompida, recom-

pondo os elos quebrados da correnteespiritual. (Narcisa, cap. 35, pág. 193)

CX. Não tema insucessos. Toda vezque oferecemos raciocínio e sentimentoao bem, Jesus nos concede quanto se façanecessário ao êxito. Tome a iniciativa.Empreender ações dignas, quaisquer quesejam, representa honra legítima para aalma. (Narcisa, cap. 35, pág. 193)

CXI. Quando o dinheiro se alia àvaidade, dificilmente pode o homemafastar-se do mau caminho. (AndréLuiz, cap. 35, pág. 194)

CXII. Renovamos, aqui, todos osvelhos conceitos da vida humana. Nos-sos adversários não são propriamenteinimigos e, sim, benfeitores. (Silveira,cap. 35, pág. 194)

CXIII. Muito roguei a Jesus mepermitisse a sublime satisfação de ter-te a meu lado, no teu primeiro dia deserviço útil. Como vês, o trabalho étônico divino para o coração. (Mãe deAndré Luiz, cap. 36, pág. 197)

CXIV. É indispensável convertertoda a oportunidade da vida em motivode atenção a Deus. Nos círculos inferi-ores, o prato de sopa ao faminto, o bál-samo ao leproso, o gesto de amor aodesiludido são serviços dignos que nun-ca ficarão deslembrados na Casa deNosso Pai; aqui, igualmente, o olhar decompreensão ao culpado, a promessaevangélica aos que vivem no desespe-ro, a esperança ao aflito constituem bên-çãos de trabalho espiritual, que o Senhor

Os pessimistas insistem, sempre,em considerar que a maneira, nega-tiva e sombria, de perceber as coi-sas do mundo seja uma maneira rea-lista de viver. Na verdade, se olhar-mos a vida com muita emoção (dis-tantes do raciocínio) vamos encon-trar motivos de sobra que nos aba-tem os ânimos, em qualquer lugar eem qualquer situação, como, porexemplo: defrontamo-nos, diaria-mente, com crianças carentes; fomeuniversal; guerras; violência urbana;sequestros; carestia; insegurançasocial; corrupção; acidentes catastró-ficos etc. Entretanto, é um dever,para com o nosso bem-estar, estar-mos adaptados à vida, com tudo queela tem de bom e de ruim, sem, ne-cessariamente, acomodarmo-noscom as situações.

Estar preocupado, apenas, e per-manecer passivo diante dos sinais dealerta que a natureza nos dá, é mo-delar um futuro caótico para as pró-

(2) Disponível no site http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia,acessado em 27 de agosto de 2009.(3) Detalhe: O bloco Wilkins, naPenínsula Antártica, está diminuin-do de tamanho desde a década de1990.(4) Hawking, Stephen. O Universonuma Casca de Noz, São Paulo: Ed.Mandarim, 2a Edição, (2002).(5) idem.(6) Publicado na Revista ISTOÉ,edição de 4 de agosto de 1999.(7) Mensagem do ex-Secretário-Ge-ral da ONU, Kofi Annan, por oca-sião do Dia Internacional Para a Re-dução das Catástrofes Naturais, de11 de Outubro de 2006, conformeveiculada pelo Centro Regional deInformação da ONU em Bruxelas –RUNIC.(8) Kardec, Allan. O Livro dos Es-píritos, RJ: Ed. FEB, 2001, pergun-ta 536.(9) idem.

“Ninguém pode serfeliz no egoísmo”

(Conclusão da entrevistapublicada na pág. 16.)

O QUE É TER FÉ?– Jesus afirmou que quem ti-

vesse fé do tamanho de um grãode uma mostarda poderia trans-portar montanhas. Perguntamos:O que é ter fé?

Jerônimo Mendonça – Fé, se-gundo o Espírito Emmanuel, é visãoda vida, a lógica da vida em si. O la-vrador sabe que na semente estáembrionariamente a árvore do ama-nhã, mas se ele não tiver fé na suaprópria certeza de que plantando dá,aquela semente vai permanecer ape-nas como embrião. Então fé não nosvem por osmose, é uma conquista decada um no tempo e no espaço, e den-tro da Doutrina Espírita essa fé per-de aquele caráter apenas místico para

ser uma fé eminentemente racional.É conhecer, é saber de onde viemos,o que estamos fazendo, o que é a vidae para onde vamos. É ter noção derumo e de caminho: esta é a fé.

FELICIDADE– Jerônimo, como podemos en-

contrar a felicidade que tanto al-mejamos?

Jerônimo Mendonça – A feli-cidade é uma troca, o amor é fusão.Ninguém pode ser feliz no egoísmo,no exclusivismo, entregue àmarginalidade de uma situação,qualquer que ela seja. Felicidade éparticipação, é a improvisação dafelicidade dos outros, pois é dandoque se recebe. (Waldenir Apareci-do Cuin, de Votuporanga, SP.)

ximas gerações. A preocupação sadiaé aquela que resulta em conquistasedificantes para o próprio bem e parao bem de todos, fundamentalmente,para os próximos irmãos que virão areencarnar. Esse é o legítimo cristão.Por mais difíceis que sejam os desafi-os a enfrentar, por conta da própriaincúria humana, dinamizemos a von-tade de nos harmonizarmos com a mãenatureza. Não podemos esquecer queJesus é o Caminho que nos induz aosiluminados conceitos da Verdade,onde recebemos as gloriosas semen-tes da sabedoria, que dominarão osséculos vindouros, preparando nossavida terrena para as culminâncias doamor universal no mais profundo res-peito à natureza. (Jorge Hessen, deBrasília, DF.)

Referências:(1) Conforme Relatório Fórum Huma-nitário Global (FHG), instituição comsede em Genebra.

observa e registra a nosso favor. (Mãede André Luiz, cap. 36, pág. 197)

CXV. O Evangelho de Jesus lem-bra-nos que há maior alegria em dar queem receber. Aprendamos a concretizarsemelhante princípio, no esforço diárioa que formos conduzidos pela nossa pró-pria felicidade. Dá sempre, filho meu.Sobretudo, jamais esqueças de dar de timesmo, em tolerância construtiva, emamor fraternal e divina compreensão.(Mãe de André Luiz, cap. 36, pág. 198)

CXVI. A prática do bem exterior éum ensinamento e um apelo, para quecheguemos à prática do bem interior.Jesus deu mais de si para o engrande-cimento dos homens que todos os mi-lionários da Terra congregados no ser-viço, sublime embora, da caridade ma-terial. (Mãe de André, cap. 36, p. 198)

CXVII. Trabalha, meu filho, fazen-do o bem. Em todas as nossas colôniasespirituais, como nas esferas do glo-bo, vivem almas inquietas, ansiosas denovidades e distração. Sempre que pos-sas, porém, olvida o entretenimento ebusca o serviço útil. (Mãe de AndréLuiz, cap. 36, pág. 198)

CXVIII. O bônus-hora representa apossibilidade de receber alguma coisade nossos irmãos em luta, ou de remu-nerar alguém que se encontre em nos-sas realizações; mas o critério quantoao valor da hora pertence exclusivamen-te a Deus. (Mãe de André, cap. 36, p.199) (Continua no próximo número.)

As mudanças climáticase suas consequências

(Conclusão do artigo publicado na pág. 3.)

Jerônimo Mendonça:

Estudando a série André Luiz

Nosso Lar(Conclusão do estudo da pág. 5)

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O IMORTALFEVEREIRO/2010 PÁGINA 11

Cambé – Todas as quartas-feiras,às 20h30, o Centro Espírita AllanKardec promove em sua sede, si-tuada na Rua Pará, 292, um ciclode palestras, com palestrantes es-pecialmente convidados. Em janei-ro, os palestrantes foram CileneDias Soares da Silva, dia 6; JoséMiguel Silveira, dia 13; David Joséde Oliveira, dia 20; e DorotéiaCristina Ziel Silveira, dia 27. Emfevereiro, os palestrantes serão:José Gonçalves de Oliveira, dia 3;Ivone Csucsuly, dia 10; EugêniaPickina, dia 17; e Paulo HenriqueMarques Moraes, dia 24.– Realizou-se no dia 30 de janei-ro, às 20h, no salão de festas doLar Infantil Marília Barbosa, maisum jantar confraternativo, quecontou com a presença de HugoGonçalves e convidados da cida-de e localidades vizinhas.

Curitiba – A 5ª URE (União Re-gional Espírita), cuja sede locali-za-se na cidade de Londrina, foidividida em duas regiões, surgin-do dessa divisão a 16ª URE, con-forme mostra o mapa ao lado.Desmembraram-se da antiga regi-onal, para formar a 16ª URE, osmunicípios de Cambé, Rolândia,Bela Vista do Paraíso, Sertanópo-lis, Primeiro de Maio, Jaguapitã,Alvorada do Sul, Porecatu, Cen-tenário do Sul, Prado Ferreira,Miraselva e Florestópolis. Os de-mais municípios continuam sob ajurisdição da 5ª URE.

– No mês de janeiro, no Teatro daFEP, localizado na sede da Federa-ção Espírita do Paraná, na Alameda

Palestras, seminários e outros eventosCabral, 300, foram realizadas aosdomingos de manhã as seguintes pa-lestras: dia 3, “A consciência, potên-cia da alma”; dia 10, “Livre arbítrio econsciência”; dia 17, “Um homemchamado Jesus”; dia 24, “A missãode cada um”; e dia 31, “As fomes psi-cológicas do ser humano – Psicolo-gia do Afeto”. Nos dias 7 e 14 de fe-vereiro, os temas das palestras a se-rem realizadas no Teatro da FEP são“A preciosidade do tempo” e “O beme o mal”, respectivamente.

Londrina – A 5ª URE (União Re-gional Espírita), cuja sede localiza-se na cidade de Londrina, foi divi-dida em duas regiões, conforme di-vulgado acima no noticiário relati-vo a Curitiba.– Realiza-se no dia 21 de fevereiro,das 9h às 12h30, mais uma reuniãoda Inter-Regional Norte, que reúneespíritas de três regiões do Estadocorrespondentes à 4ª, à 5ª e à 6ª Uni-ões Regionais Espíritas (UREs). Oevento ocorrerá Universidade Estadu-al de Londrina – Rodovia CelsoGarcia Cid (PR 445) – km 380 – Lon-drina. Eis a programação do evento:Das 9h às 9h30 – Abertura: Apre-sentação da equipe. Alocução daPresidência. Comunicados e suges-tões: Francisco Ferraz Batista. Das 9h45 às 12h30 – Desenvolvi-mento das tarefas por áreas: Estudoda Doutrina Espírita: Marcelo GarciaKölling / Ângelo Gonçalves dePaula ; Estudo da Mediunidade:Daniel Dallagnol / Cezar Luis Kloss;Atendimento Espiritual: Maria daGraça Rozetti / Amélia Cristina Go-mes; Departamento de Orientaçãoao Serviço Social Espírita: Ilírio RuiKessler; Departamento de Orienta-ção à Infância eà Juventude: Tatyanna Braga deMoraes/ Nelso Henrique da Silva /Maria Cristina Campelo; Departa-mento de Unificação: José VirgílioGóes; Departamento de Expansãodo Movimento Espírita: Paulo Cesarde Melo; Área Administrativa eInstitucional: Francisco Ferraz Ba-tista / Luiz Henrique da Silva; Co-municação Social Espírita: Maria

Helena Marcon / Mary Yshiyama. – À semelhança do ocorrido emanos anteriores, haverá na noite de20 de fevereiro, sábado, às 20h, umEncontro do Presidente da Federa-ção e demais companheiros da di-retoria da FEP com os confrades daregião. A reunião ocorrerá noBristol Londrina Hotel (Rua Goiás,877), quando serão tratados assun-tos de interesse do movimento es-pírita. Os presidentes das três UREstambém estarão presentes.– O Curso de Iniciação ao Espiri-tismo promovido pelo Centro Es-pírita Nosso Lar (Rua SantaCatarina, 429), recomeça após ocarnaval. Os estudos são realizadosem duas turmas, às quintas-feiras eaos sábados. As aulas de quinta co-meçam no dia 18 de fevereiro, às20h, e as da turma de sábado, nodia 20, às 14h. O curso é gratuito eaberto à comunidade em geral.– Os estudos do Grupo de EstudosEspíritas Abel Gomes (GEEAG),coordenados por Astolfo Olegáriode Oliveira Filho, recomeçaram noCentro Espírita Nosso Lar no dia 26de janeiro. O estudo acontece todaterça-feira, às 18h30, e tem comoobjeto o livro Obsessão/Desobses-são, de Suely Caldas Schubert. Omesmo estudo realiza-se às quintas-feiras, a partir de 14h30.

– Realiza-se em fevereiro mais umaCONMEL, organizada desta vezpela Inter-Regional Norte, formadapelas Uniões Regionais Espíritas 4ª,

5ª e 6ª. O evento, que é voltado paraa juventude espírita da região, reali-za-se nos dias do carnaval, que nes-te ano vai de 13 a 16 de fevereiro. Olocal será a Pousada Conquista, quefica na Rua Elízio Turino, 265, Jar-dim Sabará. O site da Pousada éwww.pousadaconquista.com.br. Otema central do encontro é: “Brilhea vossa luz” (Mateus 5,16). Não ha-verá palestrantes, mas apenas dinâ-micas com vistas a trabalhar com-portamento e relacionamento combase na Lei de Sociedades. Haverá aapresentação artística com a BandaSELF de Curitiba. A coordenaçãogeral estará a cargo de Márcio Cruz,de Curitiba.

Assaí – A Sociedade Espírita Luze Vida promove a partir do dia 4de fevereiro mais um Mês Espíri-ta de Assaí com palestras às quin-tas-feiras, a partir das 20h. Ospalestrantes convidados são: dia 4,Lílian Madi (Cornélio Procópio);dia 11, Júpiter Villoz Silveira(Londrina); dia 18, Davi José deOliveira (Ibiporã); dia 25, MiltonBrito (Uraí). O local das palestrasé Rua Washington Luiz, ao ladoda antena da TIM.

Foz do Iguaçu – No dia 6 de feve-reiro realiza-se na cidade o seminá-rio “Evangelizador: Servidor de Je-sus”. O evento acontece no CentroEspírita Paz, Amor e Caridade (RuaQuintino Bocaiuva, 1156), das 15hàs19h. Mais informações comSóstenes Carvalho Cornélio, presi-dente da URE 13ª Região.

Guarapuava – No dia 6 de feve-reiro realiza-se na cidade o seminá-rio “Evangelizador: Servidor de Je-sus”. O evento acontece no CentroEspírita Jesus e Verdade (RuaTiradentes, 981 - Parque do Lago),das 14h às 18h. Outras Informaçõescom Luiz Carlos Sauer, presidenteda URE 12ª Região.

Jacarezinho – Eis a programação depalestras a serem promovidas peloCentro Espírita “João Batista” em

fevereiro, com início sempre às20h:1º/2/2010 – José AparecidoSanchesTema: Não te enganes5/2/2010 – José Lázaro BobergTema: Entendimento8/2/2010 – Maria Luíza BobergTema: A cura do ódio12/2/2010 – José AparecidoSanchesTema: Solidão15/2/2010 – José Lázaro BobergTema: O corpo19/2/2010 – Maria Luíza BobergTema: Agir de acordo22/2/2010 – José AparecidoSanchesTema: Quando há luz26/2/2010 – José Lázaro BobergTema: Enfermidade.– O Centro Espírita “Nosso Lar”realiza em fevereiro as seguintespalestras, todas com início às 20h:3/2/2010 – José Lázaro BobergTema: Entendimento10/2/2010 - José AparecidoSanchesTema: Solidão17/2/2010 – Maria Luiza BobergTema: A cura do ódio24/2/2010 – José AparecidoSanchesTema: Não te enganes.

São Paulo – O Centro EspíritaGabriel Ferreira (Rua Kaneda,474 – Vila Maria Alta - São Pau-lo/SP – Zona Norte) promove nodia 21 de fevereiro, das 13h30 às18h30, mais um curso para For-mação de Educadores Espíritasda Infância. As Inscrições vão até14/fevereiro/2010 ou enquantohouver vagas. Informações:[email protected] –Tel.: (11) 9765.1881 – (11)2981.9414. O conteúdo do cursoserá:- A atividade de Educação Espíri-ta da Infância (objetivos, compo-nentes do processo, etc)- Estruturando o Departamento- Planejamento- Recursos Didáticos- Elaboração de Aula.

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O IMORTALPÁGINA 12 FEVEREIRO/2010

ELSA [email protected]

De Londres (Reino Unido)

A expectativa da chegada, o re-encontro, as almas fraternas afins,tudo somado, uma bênção de vidaseriam aqueles quatro dias naEspanha, na cidade de Calpe, próxi-mo a Alicante.

Saímos de um frio e chuva emLondres, para chegarmos a um sol ecalor de 21 graus, na Terra do Sol,onde o inverno é ameno e onde mui-tos britânicos, alemães, suecos e ou-tros fogem do inverno em seus paísesdo hemisfério norte rumo à Espanha,onde sempre brilha o Sol.

Era o dia 6 de dezembro. O 7ºCongresso Nacional Espírita naEspanha, organizado pela FederaçãoEspírita Espanhola, estava com o sa-lão lotado. A palestra de abertura pro-ferida por Divaldo Franco, como sem-pre, trazia-nos ricas informações comdetalhes de datas e fatos, abrindo-nosas portas da alma pesquisadora, que

com certeza vai em busca de mais in-formações despertadas pelas citaçõesdo tio Di, assim chamado por todosnós da Europa e, com certeza, de ou-tros horizontes continentais.

Despertou-me imensa vontade desaber mais sobre a médium Ana Pra-do, sobre Frederico Figner, sobre fa-tos acontecidos numa época em queo Espiritismo se arrojava a espaçosmais amplos e altos em muitas cons-ciências do Brasil e do mundo.

Ali estávamos nós, na primeirafila de cadeiras, os trabalhadores daComissão Executiva do Conselho Es-pírita Internacional, como alunos deuma grande classe de aula, cujo pro-fessor no momento era Divaldo Fran-co, tratando de uma matéria muitocuriosa – a vida depois da vida.

Eram mais de 400 pessoas senta-das os participantes inscritos. Nogrande corredor, a Livraria muito bemmontada trazendo títulos diversos delivros espíritas, DVDs e CDs para to-dos os anseios.

Nessa mesma terra de luz acon-

tecerá o 6º Congresso Espírita Mun-dial. A cidade de Valência, com cons-truções futurísticas do arquiteto espa-nhol Calatrava, que desenhou prédi-os famosos para grandes cidades domundo. Vale a pena fazer o planeja-mento para realizar uma viagem des-sas, para poder participar do Congres-so Mundial, uma experiência únicaque permanece em nossas mentes ecorações por toda a vida terrena e es-piritual.

Querer é poder!Aqueles que pensam que isso é

quase utopia, que tenham um minuti-nho para sentar-se ao computador, co-loquem o endereço eletrônico doC o n g r e s s o h t t p : / / w w w. 2 0 1 0.kardec.es/ , e verão que estarão a umpasso de concretizar o sonho da via-gem e da participação nesse Congres-so. Jamais seus horizontes serão osmesmos. No Brasil algumas agênciasde viagens estão ainda com cotas emhotéis que oferecem bons preços, e aAgência de Viagem Hispania http://www.viajeshispania.com/app/mod/

Crônicas de Além-Mar

Espanha, Tierra del Sol Espiritual y del Congresso del Amor

ELSA ROSSI, escritora epalestrante espírita brasileira radicadaem Londres, é 2ª Secretária do Con-selho Espírita Internacional, diretorado Departamento de Unificação paraos Países da Europa, organismo doConselho Espírita Internacionale secretária da British Union ofSpiritist Societies (BUSS).

paso_10.asp?id_congreso=57&lg=pt tem reservadas acomodações com pre-ços especiais para os congressistas.

Vale a pena conferir e não deixaro tempo passar, pois até o dia 30 dejaneiro podia-se reservar um quartoduplo ou triplo com café da manhãpor 112,50 euros, o que seria no diade hoje em torno de 38 euros por pes-soa por dia, com café da manha, oque é super razoável para os padrõeseuropeus, para um hotel 2 estrelas,que significa um bom hotel naEspanha.

Se você desejar contactar direta-mente a agência de viagens naEspanha, pode fazê-lo pelo e-mail: [email protected] oupor telefone: +34 96 586 60 80 ouainda tudo pode ser feito diretamentepelo website http://2010.kardec.es/pt/

E vamos todos ter lições com nos-so Divaldo Franco, com Raul Teixeirae tantos outros cuja presença já estáconfirmada.

Meus irmãos e amigos. Quandoreencontramos os entes caros de nos-

sa família carnal é uma alegria imen-sa, mas, também, quando nos reen-contramos todos em terras diferentesque não as de nosso Brasil, sentimo-nos mais unidos do que nunca e sóentão podemos avaliar a bênção dafamília universal.

Deixo, assim, aqui o meu abraçoe meu convite para os irmãos de to-das as terras de além-mar, para quevenham a esse Congresso. Com cer-teza, não voltarão aos seus países osmesmos de antes. Vamos nos reencon-trar com irmãos de todas as terras, so-mando na alegria de ver horizontes deluz por toda a parte, na linguagemúnica a ser falada: a do coração.

PassamentosGeraldo Guimarães – Desen-

carnou no início de janeiro nossoestimado confrade Geraldo Guima-rães (foto), cujo corpo foi sepultadono dia 12 de janeiro no Cemitério doCaju, no Rio de Janeiro. Geraldo foium grande colaborador do Lar Fabi-ano de Cristo e divulgador incansá-vel da doutrina espírita por meio deseminários e palestras que proferiapor todo o território nacional e tam-bém no exterior. Seu verbo seguro eclaro trouxe sempre paz e luz aos co-rações dos que o ouviam. Divulgadorda Doutrina Espírita pela imprensaescrita, pelo rádio e também pela te-levisão, era ultimamente vinculadoao Grupo Espírita “Caminho da Es-perança”. Casado com a conhecidaconfreira Ana Jaicy Guimarães, Ge-raldo era um dos coordenadores doprograma espírita de televisão “Des-pertar de Um Mundo Melhor”, queé exibido na TV CEI e na Rádio Riode Janeiro. A Ana e demais familia-res, enviamos daqui o nosso preitode consideração e os votos de que

Geraldo esteja em breve de volta aotrabalho na seara do Cristo.

Cid Toledo – Faleceu na madru-gada do dia 15 de janeiro nosso esti-mado confrade Cid Toledo (foto), ir-mão de nossa amiga e colaboradoraMaria José Bergamo. Ativo trabalha-dor do Hospital do Câncer de Londri-na, a que serviu como voluntário por34 anos, Cid José Moura de Toledonasceu em Vitória de Santo Antão(PE) em 7/12/1939. No Hospital doCâncer, além do trabalho constante de

6/2/1917, faleceu em Londrina nodia 16 de janeiro último, aos 92anos de idade, D. Olinda Carneiro(foto), ex-dirigente do AlbergueNoturno Raul Faria Carneiro, atu-al Lar dos Vovôs, situado na VilaNova. D. Olinda mudou-se comseu marido, Raul Faria Carneiro,em 18 de abril de 1953 para o Al-bergue Noturno de Londrina, a queserviu por vários anos até se apo-sentar. Que ela receba as nossas vi-brações e votos de que em breveesteja de retorno aos seus afazeresjunto dos entes queridos que a pre-cederam.

visitação aos enfermos ali internados,dirigia o Grupo Esperança, voltadopara atividades mediúnicas. Cid, queera divorciado, deixa duas filhas,Juliana Roncarati Toledo e DanielaRoncarati Toledo, a quem enviamosnosso preito de solidariedade, comvotos de que o estimado amigo possaestar em paz e em breve voltar ao tra-balho a que sempre se dedicou em proldos semelhantes.

Noemia Facci – Desencarnou nodia 7 de janeiro, aos 88 anos de idade,nossa estimada irmã Noemia JardineteFacci (foto). Noemia foi casada como confrade Pedro Facci, que faleceu

em 1998, com quem teve oito filhasque lhes deram 10 netos e 8 bisnetos.Foi trabalhadora do Centro EspíritaNosso Lar de 1947 a 1971. Em 1972mudou-se para o Estado de São Pau-lo, onde deu continuidade ao seu tra-balho nas áreas mediúnica eassistencial. Em 2002 retornou aoParaná, indo residir em Rolândia, ondefrequentava ultimamente o Centro Es-pírita Maria de Nazaré. À queridairmã, nossas vibrações de paz e har-monia em suas novas atividades, ago-ra no plano espiritual.

Olinda Marçal Carneiro – Na-tural de Itararé, SP, onde nasceu em

Geraldo Guimarães

Cid Toledo Noemia Facci Olinda Marçal Carneiro

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O IMORTALFEVEREIRO/2010 PÁGINA 13

“Para que o homens sejamfelizes na Terra é preciso queseja habitada exclusivamente

por bons Espíritos, encarnadose desencarnados, que não

cogitem senão do bem.” (ObrasPóstumas – “Regeneração da

humanidade”.)

Quando vemos cataclismoscomo o que se abateu sobre o Haiti,nosso coração chora ao ver a dorcausada pelos sofrimentos. No en-tanto, todo sofrimento é degrau desubida e a dor torna-se excelenteinstrutora de paciência e de amor.

Mais do que a dor, chama-nosa atenção e emociona-nos sobre-maneira ver a humanidade se jun-tar em solidariedade para os queestão passando por essa dor. Paí-ses do mundo todo se unindo e tra-balhando juntos, povos de todas asnações se levantando para auxili-ar. Dinheiro aqui, alimento ali, re-médios acolá, voluntários de todasas partes. É o bem e o amor sobres-saindo e, quem sabe, trabalhando

juntos na confraternização. Elimi-na-se aos poucos a intolerância, osentimento separado de pátrias, etoma vulto o sentimento de huma-nidade, de filhos da Terra, de filhosde Deus.

Quando vemos tantos desastresda natureza e até o nosso Brasilpassando por problemas grandes,com inundações e desabamentos deterra aqui, ou seca ao longe em ou-tro lugar, e o mundo com terremo-tos, frio demais, neve no hemisfé-rio norte demais, rememoramos“Obras Póstumas” e nosso pensa-mento nos lembra de que há umcondutor divino, Jesus, que velapela Terra, que governa em nomede Deus, o Criador, que infinita-mente nos ama.

Relembrando “Obras Póstu-mas”, alguns trechos para medita-ção:

“...Convulsões parciais do glo-bo têm-se dado em todas as épocase ainda hoje se dão, porque são ine-rentes à sua constituição; mas nãosão sinais...

“Não procureis no céu sinaisprecursores, porque não os vereis eaqueles que vo-los anunciam, abu-sam da vossa boa fé.

“...Olhai, porém, em torno devós, no meio dos homens, e aíencontrareis...

“...Não percebeis que sopraum vento pela superfície da Ter-ra, o qual agita os Espíritos? Omundo espera alguma coisa esente-se dominado por um vagopressentimento de próxima tem-pestade.

“...Não acrediteis, entretanto,que o mundo acabe materialmen-te. Ele progrediu desde o primei-ro dia e deve progredir indefini-damente.

“...Desaparecerá gradualmentea atual geração e a nova lhe há desuceder...

“Em cada menino que nasce emlugar de um Espírito atrasado e pro-penso ao mal, surgirá um adianta-do e propenso ao bem.

“...A época atual é de transição...“A nova geração, devendo fir-

mar a era do progresso moral, dis-tingue-se pela inteligência e umarazão geralmente precoces, de parcom um sentimento inato do bem.

“...Não pensem, porém, que to-dos os retardatários sejam expulsosda Terra e atirados para mundos in-feriores...

“Haverá exclusão apenas paraos tenazmente rebeldes, dominadospelo egoísmo e orgulho, surdos aobem e à razão...

“Abrirão estes, um dia, os olhospara a luz.

“...Através da nuvem sombriaque vos envolve e no seio da qualbrame a tempestade, já podeis divi-sar os primeiros raios da nova era!A fraternidade já lança os funda-mentos por todos os pontos do glo-bo e os povos estendem-se asmãos.”

Essa mensagem, datada de 25 deabril de 1866, está atualíssima.Vemo-la presente nos dias de hoje.Convidamos o leitor a lê-la na ínte-gra, mensagem não assinadaintitulada “Regeneração da huma-nidade”, inserta na seção “Livro dasprevisões” do livro “Obras Póstu-mas”, de Allan Kardec. Porque amensagem é extensa, pusemos aquiapenas algumas partes.

É bom lembrarmos que o amorvela por nós. A humanidade real-mente se dá as mãos em fraternida-de, e isso nos emociona.

Bendita Doutrina Espírita, quenos ajuda a ver além das aparênci-

Esperança na dorJANE MARTINS VILELA

[email protected] Cambé

Histórias que nos ensinam

Neste ano, se Chico Xavierestivesse entre nós, completaria100 anos de idade.

Então, vamos recordar nestacoluna, durante este ano, algunsmomentos de sua vida.

Certa feita, estando na cidadede São Paulo, um comerciantetivera o prazer de receber a visitado evangelizado médium deUberaba. Desconhecendo a vidareal de Chico, afirmou ser ele umprivilegiado.

O humilde seareiro da DoutrinaEspírita, sem trair sua condição deequilíbrio, respondeu de pronto:

- Meu amigo, eu não sei quaissão os meus privilégios peranteos céus, porque fiquei órfão demãe com cinco anos de idade, fuientregue à proteção de uma se-nhora que durante quase doisanos, graças a Deus, me favore-

JOSÉ ANTÔNIOV. DE PAULA

[email protected] Cambé

ceu com três surras de vara de mar-melo por dia, empreguei-me numafábrica de tecidos aos oito anos deidade e nela trabalhei quatro anosseguidos, à noite, estudando naescola primária durante o dia. Nãopodendo continuar na fábrica, em-preguei-me como auxiliar de co-zinha, balcão e porta num peque-no empório, durante mais quatroanos. Em seguida, empreguei-menuma repartição do Ministério daAgricultura, na qual trabalhei trintae dois anos, começando da limpe-za da repartição, até chegar a es-criturário, quando me aposentei.Em criança, sofri moléstia de pele,fui operado no calcanhar, onde mecresceu um grande tumor, sofri dosdoze aos quinze anos de Corea ou“Mal de São Guido”, fui operadoem 1951 de uma hérnia estrangu-lada, acompanhei a desencarnaçãode irmãos que me eram particular-mente queridos e família. Sofri umprocesso público, em 1944, demuitos lances difíceis e amargos,por causa das mensagens do gran-

de escritor Humberto de Campos.Em 1958, passei por escandalosaperseguição, com muitos notici-ários infelizes da imprensa, per-seguição de tal modo intensa, queme obrigou a sair do campo re-confortante da vida familiar emPedro Leopoldo, onde nasci,transferindo-me para Uberaba,em 1959, para que houvessetranquilidade para meus familia-res, que não tinham culpa de euhaver nascido médium. Em 1968,fui internado no Hospital SantaHelena, aqui em São Paulo, paraser operado numa cirurgia demuita gravidade e, agora, no prin-cípio deste ano, ano docinquentenário de minhas pobresfaculdades mediúnicas, agravou-se em mim um processo de angi-na, que começou em novembrodo ano passado. Angina essa coma qual estou lutando muito!...

E terminou:- Se tenho privilégios como o

senhor imagina, devo os ter semsaber!

as e nos faz compreender que quempassou por essa expiação coletiva,inclusive aqueles amados seres bra-sileiros, não estavam lá por acaso.Foram reunidos no mesmo local e,quem sabe, nesse momento único,libertaram-se de dores insculpidasna alma há milênios?

Confiemos em Deus e nada te-mamos; afinal, continuaremos vi-vos não importa o que aconteça; amorte é apenas o desvencilhar daroupagem da carne para que as ves-tes brilhantes do Espírito apareçam.

Não nos inquietemos com osmomentos difíceis, aprendamoscom eles para nos tornarmos me-lhores, mais amorosos, mais frater-nos.

Que tenhamos tranquilidade,pois na fraternidade que se espalhavemos nos homens que o reino deDeus vagarosamente se instala naTerra.

A esperança jamais deve se apa-gar. Tenhamos, repetimos, confian-ça no melhor e esperemos por isso,não infrutiferamente, mas como co-laboradores operosos, para que oamor finalmente faça morada nocoração dos homens.

O mundo é passagem

Manter a autoestima saudávelnos testa em muitos níveis, pois pre-cisamos valorizar nossos dons, ex-plorando-os com discernimento eresponsabilidade. Além disso, parao nosso próprio bem, é importanteque sejamos nem mais nem menosdo que humanos, o que requer hu-mildade. E por que isso é difícil?

Muita gente é facilmente influ-enciada pela vida aparentemente“perfeita” dos “famosos” e rejeitao fato de desempenhar um papel ba-nal na sociedade, pois, seduzidapela ameaça de insignificância, su-cumbe às ilusões do culto à imageme ao desejo infantilizado de suces-so ou fama...

Na vida real, é fundamental quetenhamos disponibilidade para darespaço em nossas tarefas cotidianasà presença de nossa expressão cria-tiva, pois a busca de metas que es-tão além do alcance das própriashabilidades claramente pode condu-zir a pessoa a situações perigosas,como é o caso de desastres psíqui-co-emocionais tecidos em sonhosgrandiloquentes ou estranhos às ap-tidões pessoais.

William James explicou certavez que aqueles que se preocupamem tornar o mundo melhor poderi-am começar por si mesmos. Nãoseria ousado dizer que a valoriza-ção da nossa forma pessoal de cola-boração, cindida do vício da imita-ção ou da comparação, seria real-mente a nossa justa e digna cota jun-to aos nossos semelhantes.

Nossa sociedade necessita nãosomente de gênios e famosos, masde pessoas comuns e dispostas a tra-balhar em silêncio em prol de simesmas e da comunidade planetá-ria.

Ao exercitar nossa inclinaçãonatural ao bem e ao belo, podemosauxiliar a metanoia de alguns sécu-los de individualismo competitivo,cuja motivação principal reside nopoder sobre os outros, para a cons-trução do novo paradigmacivilizatório, no qual, com base nacooperação e no respeito mútuo,possamos dar crédito à nossa ma-neira de ser sem temer nossos limi-tes humanos. E, despidos dos con-dicionamentos cristalizados pelafalta de confiança, causadores defrustrações e angústias, poderemoscom discreta alegria honrar nossasesperanças e sonhos mais profundospara avançar na jornada.

EUGÊNIA PICKINA [email protected]

De Londrina

(Texto extraído do livro “Chico Xavier – Mandato de Amor”, editado pela União Espírita Mineira.)

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O IMORTALPÁGINA 14 FEVEREIRO/2010

Enquanto a chuva caiA chuva batia forte na vidraça

da janela.Olhando a chuva cair,

Pedrinho, de cinco anos, estavainconformado.

— Que droga! Não vou poderbrincar no quintal hoje! — recla-mava o garoto.

A mãe, que observava o filho,colocou-o no colo, e disse comcarinho:

— A chuva é necessária, meufilho. Você sabe de onde vemnossa comida? Por exemplo, oarroz e o feijão, de que vocêgosta tanto?

— Do supermercado!A mãe sorriu, achando gra-

ça.— Nós compramos no su-

permercado. Porém, antes deser embalado e ir para o super-mercado, o arroz e o feijão sãosementinhas que alguém plan-tou, cuidou e depois colheu. Comoas flores do nosso jardim.

— Ah! Eu sei, vem da terra.— Isso mesmo. Mas para que

a sementinha cresça, se desenvol-va e produza grãos, ela precisa deágua, da luz e do calor do sol. E deonde vem a água?

O menino pensou um pouco erespondeu:

— Já sei! Vem do rio!— Certo. Vem dos rios e das

Acabaram-se as férias e todosretornaram à escola, cansados denão fazer nada.

É tempo de rever os antigoscolegas e de fazer amizades comos novos.

Material novinho em folha:cadernos, livros, lápis, borracha,tintas, régua, canetas, estojo.Tudo isso mui-to bem guarda-do em uma mo-chila para nãoestragar.

Cabecinhad e s c a n s a d a ,muita disposi-ção para o estu-do.

Estudar nãoé um bicho desete cabeças. Osprofessores ali estão para trans-mitir o que sabem. Aprender éobrigação do aluno.

Por isso, aqui estão algumasregrinhas básicas:

— Procure prestar bastanteatenção nas aulas, evitando dis-trair-se com outras coisas.

— Não puxe conversa com ocolega do lado. Falando, você nãoaprende e atrapalha os que que-rem aprender.

Na escolanascentes. Mas, e antes disso?O garotinho olhou para a jane-

la e sorriu:— Vem da chuva!— Acertou. Vem da chuva.

Então, se não chover, Pedrinho, osrios ficam sem água.

— Por quê? — perguntou omenino, na idade dos porquês.

— Deus, nosso Pai, quandocriou o mundo, fez tudo tão direi-tinho que a água cai em forma de

chuva, depois o calor do sol eva-pora a água e ela volta para o céu evai formar as nuvens. As nuvensincham, incham, incham, até nãoaguentar mais. Ficam grandes epesadas, e acabam despencando naterra, em forma de chuva!

O garoto olhava para a mãecom admiração. Ela sabia tudo!Ficou pensativo por alguns mo-mentos, e voltou a perguntar:

— Mamãe, mas eu vi na televi-

— Respeite todas as pessoas,seja professor, aluno ou zelador.Sendo gentil e educado, todos re-tribuirão da mesma maneira.

— Obedeça a ordens. A disci-plina é necessária para que pos-samos viver em harmonia comoutras pessoas.

— Seja uma pessoa simpática.Cumprimente atodos sorrindo eo seu dia serámais alegre.

— Sejaprestativo. Sealguém preci-sar de algumacoisa, ajude.Vai chegar omomento emque você preci-sará dos outros.

— Conserve o bom-humor.Ninguém gosta de gente que vivecom a cara emburrada.

— Cultive a paz. Se você es-tiver sempre tranqüilo, os que es-tiverem ao seu lado também oestarão.

— Enfim, procure ter umcomportamento bom e não terádificuldades na escola.

FELIZ VOLTA ÀS AULAS!

rios, fogões, geladeiras; água mine-ral, leite, arroz, feijão, farinha, en-latados, bolachas; enfim, tudo queas pessoas precisam para viver.

Um vizinho, dono de um gran-de caminhão, se prontificou atransportar todo o material.

Então, uma semana depois, o ca-minhão saiu carregado com todas asdoações rumo à região da enchente.

Pedrinho, vendo o caminhãopartir, enquanto as pessoas batiampalmas, ficou tão emocionado queseus olhos umedeceram. A mãe oabraçou com ternura:

— Está feliz, meu filho? Tudoisso é obra sua!

— Mamãe, como as pessoas são

boas! Todas ajudaram. Meu coraçãoparece que vai explodir de tantoamor e alegria. Ajudar as pessoas fazmuito bem para a gente, não é?

E a mãe, comovida, concordoucom o filho. Sem perceber,Pedrinho havia aplicado a lição deJesus: fazer aos outros o que dese-jamos que eles nos façam.

Abraçou novamente o filho,enquanto as pessoas ali presentesacenavam para o caminhão quepartia carregado de esperanças, e,ao chegar ao destino, iria renovarem muita gente a fé na bondade,na misericórdia e no amor de Deus.

Tia Célia

são que as pessoas estão reclamandoda chuva que virou rio e derrubou ascasas delas. A chuva não é boa?

— A chuva é boa sim, meu fi-lho. Precisamos de água para tudo.O problema é que há pessoas queconstroem casas em terrenos quenão são seguros porque estão nosmorros ou na beira dos rios.

— Mas ontem estavam falan-do de um lugar que não tem rio eque inundou assim mesmo!

— Isso pode acontecer por vá-rias razões. Geralmente, porém, éque as pessoas jogam lixo nas ruase entopem os bueiros. Precisamaprender a não jogar lixo no chão,mas no lixo.

— Fiquei com muita pena de-las, mamãe. Vi crianças que nãotêm para onde ir; elas perderam acasa, perderam as roupas, perde-ram tudo. E pensei: Se eu estives-se no lugar delas, gostaria que al-guém me ajudasse! Mamãe, euquero ajudar essa gente. Posso?

— Claro que pode, querido.Vamos ver o que podemos fazer.Como eles precisam de muita coi-sa, temos que buscar a ajuda deparentes, vizinhos, amigos, qual-

quer pessoa que se disponha acolaborar.

Pedrinho, entusiasmado, ti-nha os olhos brilhando de ani-mação.

A chuva havia parado, e elenão perdeu tempo. Saiu pelavizinhança falando com as pes-soas. Telefonou para o pai pe-dir ajuda aos colegas de servi-ço; ligou para os seus tios, avóse amiguinhos. Depois, postou-

se no portão, falando com cada umque passava pela calçada, fosse ho-mem, mulher ou criança.

Os adultos achavam graça dever um menino pequeno tão preo-cupado com um problema tãogrande, e não se negavam a cola-borar.

Dentro de pouco tempo, come-çaram a chegar doações: eram co-bertores, roupas, calçados, brinque-dos; camas, colchões, mesas, armá-

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O IMORTALFEVEREIRO/2010 PÁGINA 15

A questão da consciência e a Física quântica

A Física quântica, aliada a ummodelo mecânico-quântico da cons-ciência, nos proporciona uma pers-pectiva inteiramente diversa. Umaperspectiva que nos permite ver a nósmesmos e a nossos propósitos comoparte integrante do Universo e pos-sibilita que compreendamos o signi-ficado da existência humana – com-preender por que nós, seres humanosconscientes, estamos no universomaterial. Se esta perspectiva totalpudesse ser plenamente alcançada,ela não substituiria toda a vasta gamade imagens poéticas e mitológicas,as dimensões espirituais e morais dareligião, mas forneceria a base físicapara um quadro coerente do mundoe onde nos incluímos.

A Física quântica levanta a ques-tão da consciência, e o faz de tal modoque a consciência torna-se um assun-to da própria Física. Algo em nossaparticipação consciente ao projetar ex-perimentos laboratoriais evoca deter-minado aspecto da realidade quânticade muitas possibilidades e faz com queaquele aspecto se realize, assim comoa participação consciente da criançana feitura de um pote de argila evocaum certo pote em especial (e uma cri-ança em especial).

Mas até que ponto, até que ní-veis profundos da formação da rea-lidade se estende esse diálogo cria-tivo entre a consciência e a matéria,e como podemos relacioná-lo à físi-ca da consciência? Em que medida,a partir de que nível, podemos en-xergar a consciência como dotada deum papel na feitura de uma realida-de material, objetiva – coisas comas quais podemos nos chocar, quepodemos ver e medir? Em que me-

AIGLON [email protected]

De Londrina

Lembranças do Geraldo Guimarães

Corria o ano de 1975, quando,lecionando no então Colégio Esta-dual Ernâni Cardoso (em Guilher-me da Silveira, perto de Bangu,Zona Oeste da cidade do Rio deJaneiro), a professora ErmelindaBarbosa pediu-me fosse convidara confreira Ana Guimarães paraproferir uma palestra no CentroEspírita Discípulos de Jesus, na ruaAmaral Costa, 52, em CampoGrande, então sob a presidência doSr. Juscelino.

Estive na rua Carlos Sedeil, noCaju, próximo ao Cemitério SãoFrancisco de Paulo, ocasião em queconheci os filhinhos da Ana aindapequenos como, por exemplo, aAnete, fazendo-me lembrar osmeus filhos, também menores,Celsinho e Silvana.

O tempo corre, voa, e estamosagora em 1992, quando, aos 50anos de idade, trabalhei muito,embora às voltas com os intestinosencrencados. A querida Ana pedefaça um comentário com tema li-vre no prédio cedido pelo casalJúlio e Estela Trindade. Discorridurante 40 minutos sobre a vida deZamenhof, despertando vivo inte-resse acerca do iniciador da Lín-gua Universal no ânimo da jovem

Maria Alice Trindade, filha do refe-rido par de portugueses.

A querida Ana, percebendo-meadoentado, sugere frequente as reu-niões de tratamento espiritual nastardes de quarta-feira. Tive sensívelmelhora, inclusive quando eu e aNeli participamos de uma reuniãomuito concorrida com a presença domédium baiano Medrado.

Numa etapa adiante, fui convi-dado a tomar parte das sessões dedesobsessão a partir das 8 e meia danoite. Numa destas reuniões, aLourdes, esposa do Sr. Ewbank, in-corporou um Espírito em prantos,que fora meu amigo na Rússia dotempo dos Czares, dizendo que es-crevíamos muito para a maldade, adominação, o que eu não fazia maisnos tempos de hoje.

Tanto o casal Lourdes e Ewbankcomo o César Rabelo davam-meuma carona de carro até a Praça daBandeira, onde o ônibus 260 levavao meu esqueleto até o Campinho,quase à meia-noite. Causou-me ad-miração nas reuniões noturnas amaneira afetuosa com que Ana eGeraldo tratavam amorosamente osEspíritos sofredores.

Geraldo Guimarães e César Reisconvidaram-me para gravar 3 progra-mas a serem levados ao ar pela RedeBandeirantes de Televisão. Na pri-meira apresentação fui entrevistadopelo Edgard Monteiro Machado

quando do lançamento do meu li-vrinho As preposições emesperanto, numa edição daZamenhof Editores. Na segundavez, fui entrevistado pelo Geraldosobre o tema desobsessão, e na úl-tima oportunidade analisei o assun-to “trabalho voluntário”, entrevis-tado pelo Joel Vaz, que ardia emfebre debaixo de uma pneumonia.Estas gravações foram feitas numcastelinho na rua Cândido Menezes,na Glória, perto de onde nasci.

Pela última vez que vi Geraldofoi quando ele deu uma gargalhadana Casa de Iracema, em EngenhoLeal, quando me ouviu dizer que euestava espantado diante dos absur-dos doutrinários contidos no livromediúnico da Fundação Emmanuelatribuído gratuitamente ao Espíritodo Dr. Inácio Ferreira.

Surpreendeu-me sabê-lo doenteem São Gonçalo, RJ, com os rins pa-ralisados. E me vejo ao lado de ou-tros confrades levando para o Cemi-tério do Caju, na senegalesca tarde de12 de janeiro de 2010, os despojosmateriais, partindo para o Além aque-le confrade que, meses antes, no seujeitão alegre, fez a Neli morrer de rirconversando com ele ao telefone so-bre um tema doutrinário.

Caro Geraldo, até breve...(Cartas: Caixa Postal 61003,

Vila Militar, Rio de Janeiro, RJ,CEP 21615-970.)

CELSO [email protected]

Do Rio de Janeiro

Divaldo responde– Quando gostamos muito de

uma coisa, é natural que queiramoscompartilhá-la. Por que evitarmoso proselitismo, se estamos plena-mente convencidos de que o Espi-ritismo seria tão benéfico econsolador para todos?

Divaldo Franco: O proseli-tismo, conforme vem sendo pra-ticado por diversas seitas e dou-trinas de variada denominação,tem sido mais prejudicial doque útil, porque faz adeptos in-conscientes, fanáticos, presun-çosos...

O Espiritismo não deverá rea-lizar esse tipo de divulgação, ar-rastando multidões para as suas fi-leiras, considerando os diversosníveis psicológicos de consciênciaem que se situam os indivíduos, oque não permite uma aglutinaçãona horizontal dos interesses.

É válida a tentativa de elucidare conquistar novos adeptos, isto po-rém se dará no momento quandohouver maior amadurecimento es-piritual e moral dos indivíduos, apóssaturar-se das paixões dissolventesa que se aferram.

(Extraído de entrevista concedida ao jornal O Imortal, publicadaem maio de 2008.)

dida podemos ver a realidade comodotada de um papel criativo no de-senvolvimento da consciência?

Ao procurar responder a taisquestões, é preciso esclarecer o quequeremos dizer por consciência.

Em termos humanos, a palavraconsciência é usada para abarcar todauma miríade de significados e asso-ciações – mente, inteligência, razão,propósitos, intenção, percepção, oexercício do livre-arbítrio etc. Algunsdesses significados podem, eviden-temente, ser aplicados à descrição docomportamento consciente dos ani-mais superiores, e uns poucos talvezse apliquem até ao de criaturas sim-ples como as amebas. Mas, quando apalavra consciência é empregada emseu sentido amplo e abrangente paradescrever a atividade de um agentetranscendente ou imanente que tra-balha para criar ou moldar o mundomaterial desde o início dos tempos,ela beira o misticismo ou a teologiatradicionais. Este não é o sentido queestamos empregando aqui.

A consciência humana em seusentido mais pleno e abrangente, semdúvida, desenvolveu-se através de umlongo processo evolutivo a partir deformas muito mais simples e elemen-tares de consciência. Se queremoscompreender a natureza e a dinâmicade nossa mente complexa, seu lugarno plano mais amplo das coisas, pre-cisamos ver suas raízes nessas formasmais simples e em seu diálogo com omundo material. Reconstituindo essaherança, talvez ganhemos algumaperspectiva de toda a história da qualfazemos parte.

Em qualquer nível que possamosreconhecer como existente em nósmesmos, diremos que a base físicada consciência repousa num tipomuito especial de holismo relacionaldinâmico – um condensado de Bose-

Einstein do tipo Fröhlich no cérebro,uma ordenação coerente de bósons(fótons ou fótons virtuais) presentesno tecido nervoso ou nas membra-nas das células nervosas. Essa coe-rência quântica possibilita o disparocoerente de alguns dos 100 bilhõesde neurônios do cérebro humano e aintegração da informação que essedisparo origina – dando-nos assim aunidade da consciência e, em últimaanálise, um sentido de ser e um sen-tido de mundo.

Sem a coerência Bose-Einsteinordenada de fótons (ou outrosbósons), não haveria um sentido deser e um sentido de mundo, mas,igualmente, sem os componentesmateriais do tecido nervoso não ha-veria um condensado de Bose-Einstein. Ambos, coerência quântica(o estado básico de consciência) etecido nervoso (matéria), inter-rela-cionando-se, dão ao cérebro sua ca-pacidade de funcionamento consci-ente. Esta capacidade está, então, li-gada a todas as redes nervosas queprocessam informação do ambiente.

Portanto, no nível de consciên-cia encontrado em nós e nos animaissuperiores, o diálogo entre matériae consciência é evidente e de vitalimportância – nenhum dos dois éredutível ao outro, e, no entanto, umnão poderia funcionar sem o outro.

Da mesma forma, e num nívelmais básico, presume-se que essamesma coerência quântica ordena-da esteja presente em todos os teci-dos vivos, inclusive no nível do pró-prio DNA. Como vimos, ela estáinseparavelmente ligada àcriatividade essencial da vida. Essacriatividade brota da capacidadeauto-organizadora de todos os siste-mas vivos que pegam a matériadesestruturada, inerte ou caóticaexistente no meio circundante e alevam a um diálogo dinâmico, mu-tuamente criativo que tanto resultanuma estrutura mais complexa quan-to em maior coerência ordenada. Acoerência dos sistemas vivos evoca,assim, um potencial até então não re-alizado na matéria e que se tornaorganizado através dela (da coerên-

cia), bem como se autorrealiza maisplenamente. A coerência quânticaordenada que é a vida não tem a ca-pacidade de autoconsciência queassociamos à coerência quântica li-gada às funções cerebrais superio-res. Ela não reflete sobre si mesma,e seria uma projeção antropomórficadizer que ela tem um sentido de“propósito”. Mas ela tem um senti-do de direção – o que se chama deparadigma evolutivo”.

A vida parece sempre criar maisvida, mais e maior coerênciaquântica ordenada. E este é um an-tecedente claro de intencionalidadeque encontramos nos sistemas cons-cientes como nós mesmos. Eles têma mesma física, e através dessa físi-ca podemos traçar as origens de nos-sa consciência até algo que tenha-mos em comum, em algum sentidomuito primitivo, com qual- quer coi-sa viva. E, em cada nível em que hácoerência quântica ordenada, háuma troca criativa entre essa coerên-cia e seu ambiente material. (Conti-nua no próximo número.)

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O IMORTALPÁGINA 16

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

Natural de Ituiutaba (MG),onde nasceu em 1º de novem-bro de 1939, Jerônimo Mendon-ça Ribeiro (foto) faleceu aos 50anos de idade em 26 de novem-bro de 1989, pouco mais de 20anos atrás. Foi ele, como sabe-mos, um grande trabalhador,palestrante e escritor espírita,que muito trabalhou pela divul-gação da Doutrina Espírita.Tetraplégico e preso por muitosanos a uma cama ortopédica,além de cego, ficou conhecidono meio espírita como O Gigan-te Deitado.

Dois meses antes de seu fa-lecimento, em setembro de1989, Jerônimo esteve emVotuporanga, interior do Esta-do de São Paulo, para palestrasno Centro Espírita Emmanuel eno Centro Espírita Humberto deCampos, oportunidade em quenos concedeu a entrevista quese segue:

BRASIL CORAÇÃODO MUNDO

– Jerônimo, nota-se na so-ciedade brasileira, de ummodo geral, um grande des-crédito para com a adminis-tração pública, desesperançano quadro social e indiferen-ça no trato com os valores no-bres da vida. Por que isso vemocorrendo?

Jerônimo Mendonça –Indubitavelmente que isso éfruto de uma transição, que opróprio planeta em si atraves-

WALDENIR APARECIDOCUIN

[email protected] Votuporanga, SP

Jerônimo Mendonça:

FEVEREIRO/2010

sa. E o Brasil nãopoderia ser diferen-te, dentro das con-junturas, das prova-ções que todos nósainda temos quepassar. Mas temosque acreditar noamanhã melhor,confiar nos verda-deiros homens debem, que sabem quetudo isso passa dei-xando conosco o re-sultado benéfico deuma experiência.Afinal, a vida é umaescola permanentede exemplos cons-tantes, e nós espíri-tas temos que veressa transição com os olhos dootimismo colocados no futuro.Hoje a dificuldade, os contra-tempos, a inversão de valores,a violência, o desamor, masamanhã será o reinado de paz ede esperanças. Queiramos ounão, o Brasil será o Coração doMundo e a Pátria do Evangelho.

PENA DE MORTE

– Nunca se falou tanto empena de morte no Brasil comona atualidade. Movimentos depressão se levantam pedindo apena capital para os causado-res de delitos mais graves.Como o senhor vê isso?

Jerônimo Mendonça –Nós sabemos perfeitamenteque a violência não se extinguecom a violência. É como se nóstentássemos apagar um incên-dio atirando-lhe combustível.A pena de morte para nós seriaum retrocesso, principalmente

nós brasileiros, que somos umpovo pacífico por índole. E umdos mandamentos da Lei deDeus é muito claro e vem deforma imperativa: “Não mata-rás”. Então a violência não re-solverá o problema da violên-cia. Vamos orar para que esseprocesso de ideias obsessivasnão alcance o emocional e arazão dos homens de bem, por-que, apesar de todos os pesa-res, o amor é o grande cami-nho da felicidade humana.

– Como deve posicionar-seo cristão que verdadeiramentedeseja contribuir para a im-plantação de uma nova ordemsocial na Terra?

Jerônimo Mendonça –Cumprindo cada qual de nós,com dignidade, os nossos deve-res. Sendo fiéis aos nossos pos-tulados, com mais espírito de des-prendimento e abnegação pelacausa humana e social. Sabendo

que o discípulo dehoje deve espelhar-seno retrato vivo doMestre de sempre,que soube que o ca-minho mais perfeitodessa integração comDeus e com a felici-dade perfeita é o de-ver cumprido. Cadaqual de nós saibamoscumprir os nossosdeveres dentro denossos postos de tra-balho, eis aí o resul-tado da vitória.

VIVÊNCIAEVANGÉLICA

– Jerônimo, se játemos notícias dos imprescindí-veis ensinamentos de Jesus, porque encontramos tantas difi-culdades em vivenciá-los?

Jerônimo Mendonça – É por-que nós temos o evangelho maisna inteligência do que no senti-mento. Ele ainda vive mais na es-fera mental, no raciocínio, do quedentro do coração como renova-ção. Mas um momento chegaráem que todos nós, olhando o pa-norama do pretérito, para aquelasverdadeiras almas que tudo fize-ram na implantação do Cristianis-mo nascente, suportando foguei-ras, feras e tantas calamidades quea história registra, possamos mi-rar nesse espelho do passado paratermos a dignidade espiritual dopresente e sabermos testemunharJesus em quaisquer lances da vida.

A DOR E O SOFRIMENTO

– A dor e o sofrimento sãocriações de Deus?

“Ninguém pode ser feliz no egoísmo”Dois meses antes de sua desencarnação, o saudoso confrade mineiro externou seu

pensamento acerca de pena de morte, fé, dor, vivência evangélica, viciações e felicidade

Jerônimo Mendonça – Ja-mais. Deus, na sua infinita per-feição e bondade, jamais cria-ria o sofrimento para os seusfilhos. O sofrimento e a dor sãodesvios do livre-arbítrio do ho-mem através dos milênios.Toda atitude nossa contra asleis de amor do nosso Pai sig-nifica sofrimento em nós. Deusjamais puniria a humanidadecom fome, miséria, dor físicae dor moral. Nós é que criamosessa conjuntura cármica. Todoplantio errado dá colheita tor-ta.

VICIAÇÕES TÓXICAS

– Jerônimo, o que você po-deria dizer aos pais que, de-sesperados, notam os filhos atrilhar pelos caminhos som-brios da vida, perdendo-sepelas veredas das fantasias edas viciações?

Jerônimo Mendonça –Mais amor a esses filhos, maisespírito de entendimento das di-ficuldades psicológicas e dosprocessos obsessivos que àsvezes comandam as cabeçasjovens. O Espírito volta à reen-carnação trazendo consigo astendências não superadas dopretérito e às vezes não encon-tra um lar tão bem estruturadoevangelicamente; então, ao in-vés de essas tendências seremcombatidas, elas são alimenta-das pelos exemplos ainda fa-lhos dos seus próprios tutoresespirituais. Então, paciência, fé,muita abnegação, muita capa-cidade de perdoar e entregá-losa Deus, sem deixar o barco àmatroca. (Continua na pág. 10desta edição.)

Jerônimo Mendonça, o Gigante Deitado