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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós Graduação “Lato Sensu” em MBA em Gestão Empresarial Marco Aurélio Viana Salvador O IMPACTO DA CARGA TRIBUTÁRIA NA EMPRESA DE PEQUENO PORTE Lins SP 2011

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pós Graduação “Lato Sensu” em MBA em Gestão

Empresarial

Marco Aurélio Viana Salvador

O IMPACTO DA CARGA TRIBUTÁRIA NA

EMPRESA DE PEQUENO PORTE

Lins – SP

2011

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MARCO AURELIO VIANA SALVADOR

O IMPACTO DA CARGA TRIBUTÁRIA NA EMPRESA DE PEQUENO PORTE

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requesito parcial para obtenção do título de especialista em MBA em Gestão Empresarial sob a orientação dos Professores Esp. Ana Beatriz Lima e M.a Heloisa Helena Rovery da Silva.

Lins – SP

2011

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MARCO AURELIO VIANA SALVADOR

Salvador, Marco Aurélio Viana

O impacto da carga tributária na empresa de pequeno porte/ Marco Aurélio Viana Salvador. – – Lins, 2011.

p.56 il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins, SP para Pós-Graduação “Lato Sensu” em MBA em Gestão Empresarial, 2011.

Orientadores: Ana Beatriz Lima; Heloisa Helena Rovery da Silva

1. Carga Tributária. 2. Competitividade. 3. Empresa de Pequeno Porte.

CDU 796

S173i

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O IMPACTO DA CARGA TRIBUTÁRIA NA EMPRESA DE PEQUENO PORTE

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para a obtenção do título de especialista em MBA em Gestão Empresarial.

Aprovada em:___/___/___

Banca Examinadora:

Prof.ª Ana Beatriz Lima

Especialista em MBA em Gestão Empresarial – Unisalesiano – Lins/SP.

____________________________________________________

Prof. Ma. Heloisa Helena Rovery da Silva

Mestre em Administração pela CNEC/FACECA – MG

____________________________________________________

Lins – SP

2011

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, primeiramente a Deus, por mais uma vez ter me abençoado com a inteligência e a sabedoria necessária para essa realização.

Dedico a minha família, por me ajudado a crescer, lutar e vencer,

mesmo havendo obstáculos para serem enfrentado.

Dedico aos amigos que contribuíram direta ou indiretamente na construção do meu trabalho.

. Dedico aos funcionários e professores do Unisalesiano.

Com muito amor dedico a minha amada esposa que a ama realmente de

verdade por todo sempre.

MARCO AURÉLIO VIANA SALVADOR

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de estar no mundo.

Aos meus pais Francisco e Marlene e familiares, agradeço todo o amor, carinho, compreensão e respeito.

Aos amigos, que ajudaram na realização deste trabalho. As muitas das pessoas que passaram e passam pelo meu caminho.

Tenho muito a agradecer e a muitas pessoas. Não cito nomes para não ser injusta com pessoas que me auxiliaram até onde já cheguei...

A todos que colaboraram direta ou indiretamente para a concretização deste sonho.

Meus agradecimentos especiais a minha querida e amada esposa e sua

colaboração, pela amizade, companheirismo, dedicação e sinceridade nas palavras; e por me amar muito e por não cansar de dizer todos os dias que eu

sou sua vida.

Os professores e orientadores, pela disponibilidade, amizade e sabedoria, que através de provas mostraram que podemos vencer e conquistar nossos

objetivos.

Para vocês, ofereço esta página...

Que os versos do dia-a-dia formem os mais belos poemas da poesia da vida... Muito obrigado a todos!

MARCO AURÉLIO VIANA SALVADOR

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RESUMO

A tributação é um dos temas mais abordados atualmente pela sociedade. As empresas, principalmente as de pequeno porte por serem responsáveis pela geração da maioria dos empregos, sofrem com os tributos incidentes e estão cada vez mais preocupadas com o seu planejamento tributário. Além disso, encontram dificuldades em concorrer com as grandes empresas, devido aos seus recursos limitados. Muitos micros e pequenos empresários justificam a falta de expansão de suas empresas à tributação excessiva, impedindo a geração de novos empregos formais e conseqüentemente o crescimento do país. A carga tributária, atualmente, atingiu mais de um terço do produto interno bruto brasileiro. A máquina pública, ávida consumidora de recursos, muitas vezes vê na possibilidade do aumento de tributos mais uma oportunidade para manter seu custei. De fato, a competitividade está intimamente ligada com a capacidade dos empreendedores em responder com velocidade às mudanças que ocorrem a todo instante, seja no âmbito nacional ou mundial. Para reduzir estes valores e estimular o crescimento, possibilitando o surgimento de novos empreendedores, o governo federal recentemente aprovou a Lei Complementar 123/2006, denominada Simples Nacional para diminuir os valores da carga tributária na economia brasileira. É uma tentativa de alavancar os empregos formais no País. Assim, as micros e pequenas empresas estão atentas as mudanças que ocorrerão a partir da vigência da Lei do Simples Nacional para obter vantagens no que se refere à competitividade perante os seus concorrentes e fazer os cálculos de maneira detalhada para não formularem opções que gerem uma tributação mais onerosa. Palavras-chave: Competitividade. Carga Tributária. Microempresa. Empresa de Pequeno Porte. Simples Nacional.

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ABSTRACT

Taxation is one of the themes addressed by society today. Businesses, especially small to be responsible for generating the most jobs, suffer from the taxes and are increasingly concerned about their tax planning. Also, find it difficult to compete with larger companies due to their limited resources. Many micro and small businesses justify the lack of expansion of their companies to excessive taxation, preventing the generation of new formal jobs and therefore the country's growth. The tax currently reached more than a third of Brazilian GDP. The public machine, avid consumer of resources, often sees the possibility of increased taxes to keep more of an opportunity cost. In fact, competitiveness is closely linked with the ability of entrepreneurs to quickly respond to changes at any moment, whether at the national or global. To reduce these values and stimulate growth, enabling the emergence of new entrepreneurs, the federal government recently approved the Complementary Law 123/2006, known as the National Simple values to decrease the tax burden on the Brazilian economy. It is an attempt to leverage formal jobs in the country thus the micro and small businesses are given the changes that occur from the force of the Law for the National Simple advantages in terms of competitiveness against its competitors and make the calculations in detail so as not to formulate options that create a more burdensome taxation. Keyword: Competitiveness. Tax Burden. Micro Enterprise. Small Business. Simples Nacional.

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LISTA DE TABELAS Tabela 1: Evolução da Carga Tributária em relação ao PIB.......................... 23

Tabela 2: Faixas Salariais para fins de recolhimento de Imposto de Renda.. 33

Tabela 3: Base de Cálculo do Lucro Presumido............................................ 39

Tabela 4: Enquadramento das ME e EPP...................................................... 45

LISTA DE SIGLAS

CF: Constituição Federal

CGSN: Comitê Gestor do Simples Nacional

CIDE: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico

CLT: Consolidação das Leis do Trabalho

CNPJ: Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas

COFINS: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

CRM: Conselho Regional de Medicina

CSLL: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

CTN: Código Tributário Nacional

EC: Emenda Constitucional

EPP: Empresa de Pequeno Porte

FAT: Fundo de Assistência ao Trabalhador

FGTS: Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

IBPT: Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário

ICMS: Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre

Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de

Comunicação

INSS: Instituto Nacional do Seguro Social

IPI: Imposto sobre Produtos Industrializados

IPTU: Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana

IPVA: Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores

IR: Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza

IRPJ: Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas

ISS: Imposto sobre Serviços

LALUR: Livro de Apuração do Lucro Real

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LC: Lei Complementar

ME: Microempresa

NCC: Novo Código Civil

OAB: Ordem dos Advogados do Brasil

PDD: Provisão para Devedores Duvidosos

PIB: Produto Interno Bruto

PIS: Programa de Integração Social

RIPI: Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados

SEBRAE: Serviço Brasileiro de Apoio às Microempresas e Empresas de

Pequeno Porte

TIPI: Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................. 13

CAPÍTULO I – EMPRESA DE PEQUENO PORTE

1 DEFINIÇÃO................................................................................... 15

1.1 Enquadramento e desenquadramento.......................................... 15

1.2 Tributos.......................................................................................... 16

1.3 Fato gerador ou hipótese de incidência........................................ 17

1.4 Classificação Jurídica dos tributos................................................ 17

1.5 Carga tributária e competitividade................................................. 20

1.6 Carga tributária incidente no PIB brasileiro................................... 22

1.7 Tributos incidentes na EPP........................................................... 23

1.7.1 ICMS – Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços....... 24

1.7.2 Contribuições sociais..................................................................... 26

1.7.2.1 COFINS – Contribuição para o financiamento da seguridade

social.............................................................................................

26

1.7.2.2 CIDE – Contribuição de intervenção do domínio econômico........ 27

1.7.2.3 Contribuição de interesses de categorias profissionais................ 28

1.7.3 FGTS – Fundo de garantia por tempo de serviço......................... 28

1.7.4 ISS – Imposto sobre serviços........................................................ 29

1.7.5 IPI – Imposto sobre produtos industrializados............................... 30

1.7.6 IR – Imposto de renda................................................................... 31

1.7.7 IRPJ – Imposto de renda pessoa jurídica...................................... 33

1.8 Lucro real e lucro presumido......................................................... 34

1.8.1 Lucro real....................................................................................... 34

1.8.1.1 Adições.......................................................................................... 35

1.8.1.2 Exclusões...................................................................................... 36

1.8.1.3 Compensação............................................................................... 37

1.8.2 Tributação pelo lucro presumido................................................... 37

1.8.2.1 Pessoas jurídicas autorizadas a optar pelo lucro presumido........ 38

1.8.2.2 Percentuais de presunção............................................................. 39

1.8.2.3 CSLL – Contribuição social sobre o lucro líquido.......................... 39

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1.8.2.4 Escrituração dos contribuintes optantes pelo lucro presumido..... 40

CAPÍTULO II – O SIMPLES NACIONAL

2 A LEI GERAL DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE

PEQUENO PORTE......................................................................................

41

2.1 As microempresas e empresas de pequeno porte.......................... 44

2.1.2 Alterações com a instituição do simples nacional........................... 45

2.2 As empresas aptas a aderir ao simples nacional............................ 48

2.3 Empresas desclassificadas à adesão pelo simples nacional.......... 50

2.4 Instâncias de gerência do simples nacional.................................... 52

CONCLUSÃO.............................................................................................. 54

REFERÊNCIAS........................................................................................... 55

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INTRODUÇÃO

A tributação é um dos temas mais abordados atualmente pela

sociedade. As empresas, principalmente as de pequeno porte, sofrem com os

tributos incidentes. Além disso, encontram dificuldades em concorrer com as

maiores, devido aos seus recursos limitados.

Muitos micro e pequenos empresários justificam a falta de expansão de

suas empresas à tributação excessiva, impedindo a geração de novos

empregos formais e conseqüentemente o crescimento do país.

A carga tributária alcançou, em 2010, a incrível marca de 34,7% do PIB

(Produto Interno Bruto). Isto quer dizer que mais de um terço das riquezas

produzidas no país foram destinadas ao pagamento de tributos.

O Brasil é há muito tempo a terra das oportunidades, que perde muitos interessados pela pesadíssima carga de impostos e pelo excesso de tributos. Nesse aspecto vem ficando na rabeira da corrida do desenvolvimento e do crescimento produtivo mundial. Virar esse jogo exige de saída o caminho da desburocratização e do alívio tributário. (MARQUES, 2006, p.23).

Sem dúvida o peso da carga tributária ocasiona um engessamento da

cadeia produtiva, atingindo desde pequenos comerciantes a organizações de

grande porte.

A máquina pública, ávida consumidora de recursos, muitas vezes vê na

possibilidade do aumento de tributos mais uma oportunidade para manter seu

custeio. Já a sociedade em geral, cada vez mais sufocada pela pesada carga

tributária, espera por uma reforma que desonere de fato todo o sistema

produtivo.

Com a recente aprovação da Lei Complementar n° 123, de 14 de

Dezembro de 2006, que criou o Simples Nacional, viu-se uma luz no fundo do

túnel – a tão comentada diminuição da carga tributária – em favor das micro e

pequenas empresas.

Conforme Furuguem (2006), a tão esperada redução da carga tributária

não somente seria possível como indispensável para que a economia brasileira

pudesse crescer a taxas mais elevadas.

O Simples Nacional, usualmente conhecido como Super Simples, é uma

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tentativa do Governo Federal de alavancar os empregos formais no País.

Unificará a cobrança dos tributos federais já incluídos no Simples atual (IRPJ,

IPI, CSLL, PIS, COFINS e Contribuição Patronal para o INSS) e dois impostos

atualmente fora do Simples, (ICMS e ISS), num único documento recolhido

mensalmente.

Frente a essas mudanças, as empresas que optarem pelo novo sistema

poderão obter vantagens no que se refere à competitividade perante os seus

concorrentes.

Neste contexto, as pequenas empresas estão atentas às mudanças que

ocorrerão a partir da vigência da lei do Simples Nacional, ocasionando uma

possível redução da carga tributária e influenciando no preço final do produto.

Com o trabalho, pretende-se analisar a influência que os tributos têm

numa empresa de pequeno porte e suas conseqüências num mercado

altamente competitivo, onde diferenciais são requisitos indispensáveis para o

sucesso das organizações.

Diante dos pressupostos teóricos apresentados levantou-se o

questionamento: Até que ponto a carga tributária afeta a competitividade da

empresa de pequeno porte.

O presente trabalho fica assim organizado:

Capítulo I – A definição da Empresa de Pequeno Porte e suas

características.

Capítulo II – A Lei Geral das Microempresas e das Empresas de

Pequeno Porte denominada Simples Nacional e suas propriedades.

Encerrando apresenta-se a Conclusão e as Referências.

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CAPÍTULO I

EMPRESA DE PEQUENO PORTE

1 DEFINIÇÃO

Segundo a Lei Complementar (LC) n° 123, de 14 de dezembro de 2006,

considera-se empresa de pequeno porte o empresário, a pessoa jurídica, ou a

ela equiparada, que aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a

240 mil reais e igual ou inferior a 2,4 milhões.

Considera-se receita bruta o produto da venda de bens e serviços nas

operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas

operações de conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos

incondicionalmente concedidos.

1.1 Enquadramento e Desenquadramento

De acordo com a receita bruta anual das Empresas de Pequeno Porte

(EPP), elas podem enquadrar-se e desenquadrar-se desse sistema.

Se uma EPP não alcançar a receita bruta de R$ 240.000,00, ela passa,

no ano-calendário seguinte, ao regime de Micro Empresa (ME). Dar-se-á então

o desenquadramento.

Segundo Durães (2007), na hipótese da empresa de pequeno porte

incorrer em alguma das situações de não enquadramento, será excluída do

regime, com efeitos a partir do mês seguinte ao que incorrida a situação

impeditiva.

Mas, se no ano posterior, a mesma empresa ultrapassar a receita bruta

de R$ 240.000,00 até o limite de R$ 2.400.000,00, ela volta ao regime de EPP.

Nesse caso, haverá o enquadramento ao regime.

Existe ainda a hipótese de a EPP ultrapassar a receita bruta estipulada

de R$ 2.400.000,00, ficando a empresa excluída, no ano-calendário seguinte,

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do regime diferenciado.

Assim, cada vez que a empresa ultrapassar os valores limites, ocorrerá

o desenquadramento. Se, no ano seguinte houver redução na receita, se dará

o reenquadramento.

1.2 Tributos

O tributo, definido no art. 3º do Código Tributário Nacional (CTN), “é toda

prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa

exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada

mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.

A prestação pecuniária é o objeto da relação jurídica entre o contribuinte

e o Estado, resultando numa transferência de patrimônio. É de natureza

econômico-financeira. Transfere recursos em sentido econômico, aumenta o

patrimônio do ente público e reduz o do contribuinte.

É compulsória, porque a obrigação jurídica independe da vontade, ou

seja, não há necessidade de qualquer ato de vontade. É diferente da prestação

voluntária, como a doação, onde não há uma obrigação jurídica.

Além disso, o tributo é uma prestação em moeda ou bem em que se

possa exprimir em moeda. Mas isso não significa que o contribuinte tem o

direito subjetivo de entregar bens para quitar a dívida tributária. A dação em

pagamento é excepcional.

O tributo no Brasil é pago em moeda. Não existe aqui tributo em

natureza, como entregar uma quantidade de produto ao Governo de cada

montante produzido. Não existe também o tributo em serviço, no qual um

profissional precisa prestar uma quantidade de dias de serviço ao Governo por

ano.

Tira-se, das lições trazidas acima, que a entrega de bens ao Fisco para

pagamento de tributos não significa que se tenham tributos em natureza. Só há

o tributo pecuniário; a Administração recebe os bens se quiser.

Já a sanção é a conseqüência de um comportamento ilícito. O ilícito é

um ato praticado desobedecendo a uma prescrição jurídica. Deste modo, a não

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entrega da declaração do Imposto de Renda (IR) no prazo, por exemplo, é uma

ilicitude e cuja sanção é uma multa. Mas isso não quer dizer que a multa é um

tributo, pois é uma sanção de um ato ilícito.

É inadmissível um tributo em cuja hipótese de incidência haja a ilicitude.

Por fim, instituída em lei caracteriza todas suas particularidades, como base de

cálculo, sujeitos ativo e passivo, alíquota, hipótese de incidência, dentre outras.

1.3 Fato gerador ou hipótese de incidência

É a descrição do fato ou conjunto de fatos na lei, que, ocorrendo, gera

obrigação de pagar determinado tributo. Para explanar a situação, ser

proprietário de um automóvel configura o fato gerador para recolher o Imposto

sobre propriedade de veículos automotores (IPVA).

1.4 Classificação Jurídica dos Tributos:

Temos, portanto, em nosso País, leis tributárias federais, estaduais, municipais e distritais, todas devendo conviver harmonicamente. Assim, entre nós, o perfeito conhecimento das espécies e subespécies tributárias não é apenas uma exigência acadêmica, mas é fundamental, porque vai permitir que o contribuinte averigúe se está sendo tributado de modo correto, pela pessoa política competente, nos termos da Constituição. (CARRAZA, 2008, p. 458.459).

As leis tributárias federais, estaduais e municipais ocupam o mesmo

patamar jurídico, pois todas buscam a validade e legitimidade diretamente na

Constituição. Deste modo, não há o que se falar em preferência de uma em

detrimento de outra.

Como conseqüência, sua diferença está apenas no campo de incidência.

Se uma lei tributária federal invadir a esfera de competência dos municípios,

ela será inconstitucional.

A classificação jurídica tem por finalidade facilitar a compreensão do

assunto a ser examinado. Tem como ponto de partida o exame detalhado da

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norma jurídica tributária.

A Constituição Federal (CF), no art. 145, confere, às pessoas políticas,

competências para que criem impostos, taxas e contribuição de melhoria.

Portanto, no Brasil, o tributo é o gênero, do qual o imposto, a taxa e a

contribuição de melhoria são espécies.

Essa classificação é conceitual, traçado no próprio Texto Supremo,

assim transcrito:

a) Impostos: É uma modalidade de tributo, prevista no art. 16 do CTN,

desvinculada de qualquer relação de troca ou utilidade, ou seja, seu

fato gerador não depende de uma contraprestação estatal, como a

realização de uma obra pública. É importante ressaltar que sua

arrecadação custeia as despesas gerais do Estado. A quantia

arrecadada é muito mais expressiva que as taxas e contribuições de

melhoria;

b) Taxas: São tributos, previstos no art. 77 do CTN, que têm por

hipótese de incidência uma atuação estatal diretamente ligada ao

contribuinte, seja no serviço publico ou num ato de polícia.

Ressalte-se que tais fatos só podem ser produzidos pelo Estado,

mediante determinação legal.

Os serviços públicos podem ser prestados em caráter geral,

alcançando inúmeras pessoas, como o caso da iluminação pública, e

específicos, que é na utilização efetiva ou potencial, como a rede de

esgoto.

Potencial porque o fato de uma pessoa ter, por exemplo, uma fossa

em casa e não usar a rede de esgoto não a exime de pagar a taxa

pelo serviço, pois, para garantir a saúde pública, a rede de esgoto é

um serviço público compulsório.

As taxas decorrem também do “poder de polícia”.

Poder de polícia, no entender de Carraza (2003), é a capacidade

que o Estado tem, dentro dos limites previstos na CF, de ditar

regras, para disciplinar o exercício dos direitos à liberdade e à

propriedade das pessoas, com objetivo de harmonizar o direito de

todos.

A taxa de polícia pressupõe o efetivo exercício de atividades ou

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diligências, por parte da Administração Pública, em favor do

contribuinte. O alvará de funcionamento de um estabelecimento

comercial é um exemplo de poder de polícia, disciplinando o modo

pelo qual vai operar, seus horários, os requisitos mínimos

necessários, como segurança, harmonizando com os interesses da

coletividade;

c) Contribuição de Melhoria: Destacado no art. 81 do CTN, é cobrado

em decorrência de obras públicas que causaram valorização

imobiliária, isto é, que aumentaram o valor de mercado dos imóveis

localizados em suas imediações.

Podem ser citados dentre as obras públicas a construção de pontes,

ferrovias, estradas ou um hospital.

A contribuição de melhoria só poderá ser exigida depois de realizada

a obra pública, pois ela é necessária para que se exija o tributo.

Além disso, deve haver não apenas a realização da obra, mas

também a efetiva valorização imobiliária;

d) Empréstimos Compulsórios: Somente a União poderá instituí-los,

conforme prevê a CF, no art 148, I e II e também no CTN, no art.15.

Duas são as modalidades, a saber: para atender despesas

extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, guerra externa

ou sua iminência e no caso de investimentos públicos de caráter

urgente e de relevante interesse nacional.

A CF exige que os empréstimos compulsórios no caso de

investimento público de caráter urgente e de relevante interesse

nacional obedeçam ao princípio da anterioridade; e

Como conceito de urgente, só poderá ser urgente aquilo que acontecer como fato novo, excepcional, impossível de ser atendido pelos recursos orçamentários previstos e cuja reparação ou realização seja indispensável e inadiável. (ICHIHARA, 2006, p. 91).

e) Contribuições Sociais: Previstos na Carta Magna, nos termos do

art.149, as contribuições sociais são divididas em três subespécies,

a saber: contribuição de seguridade social, de intervenção no

domínio econômico e de interesse de categorias profissionais ou

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econômicas.

Como se trata de tributos que incidem nas EPPs, suas explanações

estarão logo abaixo inseridas, por motivos didáticos.

1.5 Carga Tributária e Competitividade

O debate sobre a definição de um novo modelo tributário, que possa trazer mais desenvolvimento, justiça e bem-estar à população em geral, através da reforma tributária eficaz, precisa ser ampliado, não pode ficar só na esfera dos “técnicos”. (TORRES et al., 2003, p.15).

A carga tributária brasileira, conseqüência de sucessivos sistemas

tributários regressivos, remonta aos tempos de colonização do país pelos

portugueses.

A máquina pública, conhecida por sua ganância em arrecadar cada vez

mais, sem em contrapartida oferecer benefícios à população, vê na

possibilidade do aumento dos tributos uma condição natural para aumentar

suas receitas. Já a sociedade em geral aguarda a tão esperada reforma

tributária, que, desonere de fato, todo o sistema produtivo.

De acordo com o entendimento de Hitt et al.(2002), a globalização

também aumenta o nível dos padrões de desempenho que a empresa terá de

alcançar ou superar para que possa ser estrategicamente competitiva no

século XXI.

A globalização expôs as economias nacionais à competitividade

mundial. Produtos e serviços passaram a ser negociados independentemente

das fronteiras geográficas, acirrando a disputa por mercados até antes

impensáveis.

Internamente, processos visando à melhoria contínua, com ênfase à

qualidade e produtividade, foram se tornando essenciais para a sobrevivência

das organizações. Grandes fusões foi uma das estratégias tomadas por

grandes corporações, objetivando fôlego para disputar mercados nacionais e

internacionais.

Contemplando essa afirmação, Hitt et al. (2002) descreve que para que

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a empresa consiga obter retornos superiores à media, é necessário o

entendimento de como explorar a própria vantagem competitiva.

Já as pequenas e médias empresas, com poucos recursos estratégicos,

encontraram na tão esperada diminuição da carga tributária a alavanca para

impulsionar seus negócios, gerando uma reação em cadeia, com

conseqüências positivas para toda a economia nacional.

Mesmo com a CF de 1988, os avanços não foram muito significativos no

tocante ao modelo de tributação adotado – impostos indiretos – reinando

absolutos, favorecendo a concentração de renda de poucos grupos

econômicos.

Esse desconhecimento só nos faz atrasar a formulação de um modelo de tributação mais adequado, o que ajuda a perpetuar distorções como a sonegação fiscal, a tributação em cascata, ou a aplicação de uma carga de impostos maior sobre quem menos pode pagar. (TORRES et al., 2003, p.15).

Os impostos indiretos têm seu ônus transferido para os custos de

produção de bens e serviços, impactando no consumidor final e taxando

igualmente o rico e o miserável.

Contemplando essa assertiva, Torres et al. (2003), esclarece que os

tributos indiretos não devem predominar em nenhum sistema tributário que

queira fazer justiça fiscal.

Em contrapartida, os impostos diretos têm seu peso recaído sobre o

patrimônio do próprio contribuinte, constituindo requisito indispensável à

constituição de um moderno sistema tributário.

A lei do Simples Nacional oferece poucas perspectivas para pequenos e

médios empreendedores, visto que a engrenagem econômica depende de um

conjunto de fatores, alicerçada, sobretudo, na efetiva redução dos tributos.

De fato, a competitividade está intimamente ligada com a capacidade

dos empreendedores em responder com velocidade às mudanças que ocorrem

a todo instante, seja no âmbito nacional ou mundial.

Infelizmente, há várias distorções no Sistema Tributário, com graves

conseqüências à sociedade. Impõe desvantagem competitiva ao setor

produtivo nacional, distorcem fortemente as decisões envolvendo

investimentos, oneram bens de capital e desestimulam novos

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empreendimentos.

Conseqüência evidente do caos tributário, a economia cresce aquém do

esperado, impactando negativamente em todos os setores. Guerras fiscais

tornam-se mais freqüentes, criando conflitos e desarmonia entre os entes da

Federação.

A maior dificuldade em implantar uma reforma tributária no Brasil é

conciliar os mais diferentes interesses envolvidos: governo, querendo cada vez

mais recursos e contribuintes em geral, pedindo a redução da carga tributária.

Como conseqüência, os serviços que retornam à população não

condizem com o montante arrecadado.

Muitos países ricos possuem também uma série de tributos, mas a

contraprestação em favor da população é elevada.

Um outro fator importante está na complexidade do Sistema Tributário

Brasileiro. Para disciplinar todos os tributos, mais de 3.200 normas estão em

vigor - leis complementares, ordinárias, decretos, portarias, instruções - ou

55.767 artigos, 33.374 parágrafos, 23.497 incisos e 9.956 alíneas.

Por dia útil são editadas 56 normas tributárias ou 2,3 normas tributárias

por hora.

As obrigações acessórias, cerca de 97, compõem-se de declarações,

formulários, guias, livros, consumindo 1,5 % do faturamento das empresas.

Mas o ponto crucial está focado na redução da carga tributária brasileira,

que atingiu quase 40 % do PIB em 2010. Medidas paliativas sugerem apenas

adiamentos, postergações de estratégias governamentais que realmente

precisariam ser tomadas, indispensáveis para um país que almeja um lugar nas

nações mais ricas do mundo.

1.6 Carga Tributária incidente no PIB Brasileiro

Tradicionalmente, é no primeiro trimestre de cada ano que este índice

atinge o seu maior nível, principalmente devido à concentração de tributos

vincendos, como IRPJ, IR, IPVA, IPTU, e tributos que venceram em dezembro

do ano anterior (ICMS, PIS e COFINS).

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Conforme estudos do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário

(IBPT), a carga tributária cresceu 05% em 10 anos, tendo um total arrecado de

R$ 1.290,97 trilhão atingindo o índice de 35,04% do PIB.

A tabela abaixo mostra a evolução da carga tributária no decorrer de

cinco anos.

Confirma-se, portanto, a afirmação dos críticos referente à ascensão

vertiginosa no percentual do montante de tributos arrecadados em relação ao

Produto Interno Bruto (PIB).

Tabela 1: Evolução da Carga Tributária em relação ao PIB

Carga tributária /PIB % referente

2005 34,13

2006 34,52

2007 34,69

2008 34,85

2009 34,41

2010 35,04

Fonte: (IBPT, 2010)

Segundo a pesquisa Sebrae (2006), 56% das empresas fecham antes

de completar o quinto ano de atividade.

As principais causas do fechamento de empresas são: comportamento

empreendedor pouco desenvolvido; falta de planejamento prévio; gestão

deficiente do negócio; insuficiência de políticas de apoio; conjuntura econômica

deprimida; problemas pessoais dos proprietários.

1.7 Tributos Incidentes na EPP

Embora a EPP tenha alguns diferenciais no tratamento perante as

empresas de maior porte, pouco existe de diferente no que diz respeito à

quantidade de tributos que as empresas são obrigadas a pagar, sejam elas

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ME, EPP ou de outros portes.

Uma ME ou EPP se vê tolhida frente a tantos tributos, que faz com que

investimentos ou contratação de outros funcionários se percam no pagamento

de tais impostos.

Apesar do descontentamento dos microempresários, pouco tem sido

feito para aliviar a carga de tributos que alveja as empresas. Nas grandes

corporações, para efeito comparativo, o impacto é ainda maior, com destaque

para a área tributária das companhias, com inúmeros funcionários destacados

para realizar cálculos e cuidar da burocracia necessária ao atendimento ao

Fisco, caracterizado por sua voracidade em arrecadar cada vez mais.

Complexidade à parte, tem-se hoje, os seguintes tributos incidentes nas

EPP: ICMS, ISS, COFINS, IRPJ, PIS, IPI, INSS, FGTS, CSLL, que serão

explanados a seguir:

1.7.1 ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

Com a Constituição de 1988, ampliou-se a incidência do ICM para ICMS,

que passou a abranger prestação de serviços, alem das operações sobre

mercadorias.

Por conseguinte, o ICMS incide sobre serviços de transporte

interestadual, intermunicipal e de comunicações, alem de incidir sobre energia

elétrica, combustíveis líquidos e gasosos, lubrificantes e minerais. Trata-se do

tributo fiscal de maior arrecadação no Brasil.

De acordo com Fabretti (2003), é um dos tributos mais importantes em

termos de arrecadação, ultrapassando até o IR neste aspecto. Uma de suas

características, que consta na CF, é a da não-cumulatividade, ou seja, ao

tributar o preço da mercadoria de uma venda, deve ser abatido o valor do

imposto pago na operação anterior, evitando-se assim a tributação em cascata.

O ICMS não incidirá sobre:

a) operações que destinem ao exterior, produtos industrializados,

excluídos os semi-elaborados;

b) operações relativas a mercadorias que tenham sido ou que se

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destinem a ser utilizadas na prestação, pelo próprio autor da saída,

de serviço de qualquer natureza definido em lei complementar como

sujeito ao imposto sobre serviços;

c) operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de

propriedade de estabelecimento industrial, comercial ou de outra

espécie;

d) operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de

bens moveis de sinistro para companhias seguradoras.

De acordo com a lei 87/96, artigo 2º, o imposto incide sobre:

operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o

fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e

estabelecimentos similares;

a) prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal,

por qualquer via, de bens, pessoas, mercadorias e valores;

b) prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer

meio;

c) fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não

compreendidos na competência tributária dos municípios;

d) sobre a entrada de mercadoria importada no exterior, por pessoa

física ou jurídica, ainda quando se tratar de bem destinado a

consumo ou ativo permanente do estabelecimento;

e) sobre serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha

iniciado no exterior;

f) sobre a entrada, no território do estado destinatário, de petróleo,

inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele

derivados, e de energia elétrica, quando não destinados a

comercialização ou à industrialização, decorrentes de operações

interestaduais, cabendo o imposto ao estado onde estiver localizado

o adquirente.

Dentre os vários fatos geradores enunciados na LC 87/96, art 12, os

aplicáveis às EPPs são:

a) da saída de mercadoria de estabelecimento, ainda que para outro

estabelecimento do mesmo titular;

b) do fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias por

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qualquer estabelecimento;

c) do início da prestação de serviços de transporte interestadual e

intermunicipal, de qualquer natureza;

d) do ato final de transporte iniciado no exterior;

e) do fornecimento de mercadoria com prestação de serviços, não

compreendidos na competência tributária dos municípios.

1.7.2 Contribuições Sociais

Conforme mencionado anteriormente, as contribuições sociais possuem

embasamento na CF, no art 149, dividindo-se em três tipos: contribuição de

seguridade social, de intervenção no domínio econômico e de interesse de

categorias profissionais e econômicas.

1.7.2.1 COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

A contribuição para a seguridade social está estabelecida no art.195 da

CF, ao se afirmar que a seguridade social será financiada por todos os setores

da sociedade.

Esse tipo de contribuição, pago pelos empregadores (faturamento, lucro

e folha de salários), empregados e receita de loterias (quina, mega-sena), não

podem constituir receita do Tesouro Nacional, visto que devem financiar

diretamente a Seguridade Social.

Embora seja exclusividade da União criar esse tributo, o mesmo art.149

permite que Estados, Distrito Federal e os Municípios instituam a contribuição,

cobrada de seus servidores, para custeio, em benefício destes, de sistemas de

previdência e assistência social.

Esta contribuição federal, de natureza tributária, incide sobre a receita

bruta das empresas em geral, destinada a financiar a seguridade social.

Sua alíquota é de 7,6% para as empresas tributadas pelo lucro real

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(sistemática da não-cumulatividade) e de 3,0% para as demais. Tem por base

de cálculo o faturamento mensal (receita bruta da venda de bens e serviços),

ou o total das receitas da pessoa jurídica.

O termo seguridade social deve ser entendido dentro do capítulo próprio

da Constituição Federal de 1988, e abrange a previdência social, a saúde e a

assistência social.

São contribuintes da COFINS as pessoas jurídicas de direito privado em

geral, inclusive as pessoas a elas equiparadas pela legislação do Imposto de

Renda inclusive as microempresas e as empresas de pequeno porte

submetidas ao regime do Simples (Lei 9.317/96), que recolhem a contribuição,

além de outros tributos federais (IRPJ, CSLL, PIS e IPI) num único código de

arrecadação que abarca todos esses tributos.

A incidência do COFINS é direta e não cumulativa, com apuração

mensal. As empresas que apuram o lucro pela sistemática do Lucro

Presumido, no entanto, sofrem a incidência da COFINS pela sistemática

cumulativa. Algumas atividades e produtos específicos também permaneceram

na sistemática cumulativa. Existem até mesmo empresas que se sujeitam à

cumulatividade sobre apenas parte de suas receitas. A outra parte sujeita-se a

sistemática não-cumulativa.

Estas particularidades tornam este tributo, juntamente com a

Contribuição para o PIS, extremamente complexo para o contribuinte e também

para o Fisco, além do que ele constitui-se no segundo maior tributo em termos

arrecadatórios no Brasil pela Secretaria de Receita Federal, logo após o

Imposto de Renda.

1.7.2.2 CIDE – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico

A contribuição de intervenção no domínio econômico tem como objetivo

ser um instrumento de intervenção no domínio econômico, jamais como

instrumento de arrecadação de recursos financeiros.

A intervenção no domínio econômico poderá dar-se para assegurar a

livre concorrência, para defender o consumidor, para preservar o meio

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ambiente, para garantir a participação dos Estados, municípios e DF no

resultado da exploração de seus recursos minerais.

Um exemplo dessa contribuição é a CIDE, aprovada pela EC (Emenda

Constitucional) 33, de dezembro de 2001, incidente sobre o petróleo, gás

natural e seus derivados e álcool combustível.

Embora a EC assegure o destino da arrecadação ao financiamento de

infra-estrutura de transporte e projetos ambientais, pouco se tem de concreto

no tocante à efetividade de tais medidas, visto que no Brasil usualmente os

recursos são desviados principalmente para o custeio de atividades não

correlatas, como a dívida pública.

1.7.2.3 Contribuição de Interesse de Categorias Profissionais

A contribuição de interesse de categorias profissionais e econômicas

tem como princípio propiciar à organização de uma categoria de trabalhadores

recursos financeiros para a manutenção de sua entidade associativa

Enquadram-se nessa categoria as contribuições arrecadadas, de seus

filiados, pelos sindicatos, as contribuições que os advogados e médicos pagam

às suas respectivas classes (OAB – Ordem dos Advogados do Brasil e CRM –

Conselho Regional de Medicina).

1.7.3 FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

Com vigência desde 1967 o FGTS, criado pelo Governo Federal pela Lei

nº5107/1966 regido pela Lei nº8036/1990, tem por objetivo proteger o

empregado demitido por justa causa, mediante a criação de uma conta

vinculada ao contrato de trabalho.

A cada inicio de mês, é feito um deposito de 8% do valor do salário,

horas extras, adicionais, 13º salário, férias e aviso prévio trabalhado ou

indenizado em contas abertas nas Caixas Econômicas em nome dos

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empregados. Constitui pelo total desses depósitos mensais, e os valores

pertencem exclusivamente a eles que, em algumas situações, podem dispor do

total depositado.

É regido por normas e diretrizes estabelecidas pelo Conselho Curador,

composto por representantes do Governo, e dos empregados.

O FGTS é destinado a todos os trabalhadores regidos pela CLT

(Consolidação das Leis do Trabalho), proporcionando os seguintes benefícios:

formar um Fundo de Indenizações Trabalhistas; oferecer ao empregado a

possibilidade de formar um patrimônio em troca de estabilidade no emprego;

proporcionar ao trabalhador aumento de sua renda real, pela possibilidade de

acesso à casa própria; formar Fundo de Recursos para o financiamento de

programas de habitação popular, saneamento básico e infra-estrutura urbana.

Dentre as possibilidades que autorizam os empregados a sacar o FGTS

estão os seguintes casos: demitidos sem justa causa; termino do contrato por

prazo determinado; aposentadoria; necessidade pessoal ou grave, falecimento

do trabalhador; quando o trabalhador (ou seu dependente) for portador do vírus

HIV; quando o trabalhador (ou seu dependente) for acometido de neoplasia

maligna (câncer); quando o trabalhador (ou seu dependente) estiver em estágio

terminal, em razão de doença grave.

1.7.4 ISS – Imposto sobre Serviços

É um tributo relativamente moderno, pois surgiu em 1966, com o CTN. A

competência aos municípios de instituir o ISS veio com a CF de 1988, no seu

art.156.

É cobrado de empresas ou profissionais liberais prestadores de serviços

e tem como base de cálculo o preço do serviço. A única exceção é o Distrito

Federal, unidade da federação que tem as mesmas atribuições dos Estados e

dos Municípios.

Segundo a Lei Complementar 116/2003, há uma ampla quantidade de

serviços sujeitos à apuração do ISS. Devido a limitações estabelecidas junto ao

tema proposto na monografia, serão citados apenas alguns serviços como:

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espetáculos teatrais e circenses, feiras, exposições, lubrificação, limpeza,

lustração, revisão, carga e recarga, conserto em geral de máquinas, veículos,

aparelhos, equipamentos.

O ISS é recolhido ao município em que se encontra o estabelecimento

do prestador. De acordo com o art.3º da LC supracitada, o recolhimento

somente é feito ao município no qual o serviço foi prestado no caso de serviços

caracterizados por sua realização no estabelecimento do cliente (tomador),

como por exemplo: limpeza de imóveis, segurança, construção civil e

fornecimento de mão-de-obra.

Como regra geral, considera-se serviço prestado e o imposto devido no

local do estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do

domicílio do prestador.

Tem como fato gerador a prestação de serviços constantes na Lei

Complementar 116/2003, ainda que esses não se constituam como atividade

principal do prestador.

A União, através da lei complementar citada, fixou alíquota máxima de

5% (cinco por cento) para todos os serviços. A alíquota mínima é de 2% (dois

por cento), conforme o artigo 88, do Ato das Disposições Constitucionais

Transitórias, da Constituição Federal.

A alíquota utilizada é variável de um município para outro,dependendo

da política do ente tributante.

A base de cálculo é o preço do serviço prestado.

1.7.5 IPI – Imposto Sobre Produtos Industralizados

O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) é um imposto de alçada

federal, ou seja, somente a União tem competência para instituí-lo (Art.153, I,

da Constituição Federal).

É um dos tributos não sujeito ao principio da anualidade ou

anterioridade, podendo ser aumentado ou diminuído, e cobrado no mesmo

exercício financeiro, conforme preceitua o art.150 da CF no parágrafo I.

O fato gerador do IPI ocorre em um dos seguintes momentos: com o

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desembaraço aduaneiro do produto importado; com a saída do produto

industrializado do estabelecimento do importador, do industrial, do comerciante

ou do arrematador; com a arrematação do produto apreendido ou abandonado,

quando este é levado a leilão.

Os contribuintes do imposto podem ser o importador, o industrial, o

comerciante ou o arrematador, ou a quem a lei os equiparar, a depender do

caso.

Suas disposições estão descritas através do Decreto 4544 de 2002

(RIPI/2002), incidindo sobre produtos industrializados, estrangeiros e nacionais.

Considera-se produto industrializado o resultante de qualquer operação

definida no Regulamento do IPI (RIPI) como industrialização, mesmo

incompleta, parcial ou intermediária.

A industrialização compreende qualquer operação que modifique a

natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do

produto, ou o aperfeiçoe para consumo.

A alíquota utilizada varia conforme o produto. No caso de produtos em

que o governo queira frear o consumo (caso do cigarro, bebidas e produtos de

luxo, por exemplo), o ente tributante pode colocar alíquotas proibitivas.

As alíquotas estão dispostas na Tabela de Incidência do Imposto sobre

Produtos Industrializados (TIPI).

A base de cálculo depende da transação.

No caso de venda em território nacional, a base de cálculo é o preço de

venda. No caso de importação, a base de cálculo é o preço de venda da

mercadoria, acrescido do Imposto de Importação e demais taxas exigidas

(frete, seguro).

1.7.6 IR - Imposto de Renda

O imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, IR, é o

tributo federal com maior arrecadação, só perdendo para o ICMS (estadual).

Com o CTN, em 1966, e mais recentemente com a CF de 1988, esse

tributo adquiriu os moldes atuais.

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É a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda, assim

entendido o produto do capital (como os rendimentos obtidos numa aplicação

financeira), trabalho (como o salário recebido pelo empregado) ou a

combinação de ambos, ou proventos de qualquer natureza, assim entendidos

como os acréscimos patrimoniais de qualquer tipo.

O legislador explicitou no CTN também que sua incidência não depende

da denominação da receita ou do rendimento, localização, condição jurídica ou

nacionalidade da fonte, da origem do rendimento e da forma de percepção.

Muita confusão se faz em torno da modalidade de lançamento a que

está sujeito o IR.

O motivo da celeuma é que a mais famosa declaração tributária

existente no direito tributário brasileiro é, exatamente, a declaração de IR

(principalmente a das pessoas físicas). O fato fez com que muitos autores,

apressadamente, afirmassem que o tributo seria lançado por declaração.

Entretanto, a formulação de declaração pelo sujeito passivo é mera

obrigação acessória que auxilia no cálculo, pelo próprio sujeito passivo, do

tributo porventura devido, ou seja, o próprio declarante deve antecipar o

pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, tudo em perfeita

subsunção com a regra contida no art. 150 do CTN, sede da definição do

lançamento por homologação.

Muito importante na busca por maior justiça social, já que o IR é um

tributo direto, a CF, em seu art.153, procurou dar características ao imposto

que corroboram para essa tese:

a) generalidade: o tributo alcança qualquer tipo de pessoa, física ou

jurídica;

b) universalidade: o imposto incide sobre o acréscimo patrimonial,

independentemente da forma como isso aconteça;

c) progressividade: as alíquotas são mais elevadas para maiores

rendas ou proventos.

Embora o IR seja de competência federal, a CF, em seus arts. 157 a

159, especificou a repartição da arrecadação entre Estados, DF e municípios.

A Aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica:

a) de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da

combinação de ambos;

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b) de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos

patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.

Rendimentos do Trabalho: 7,5%, 22,5 e 27,5% conforme tabela

progressiva mensal abaixo reproduzida, para fatos geradores ocorridos no ano-

calendário de 2011:

Tabela 2: Faixas salariais para fins de recolhimento de Imposto de Renda –

Ano 2010

Base de cálculo mensal em R$ Alíquota % Parcela a deduzir do imposto em R$

Até 1.499,15 - -

De 1.499,15 até 2246,75 7,5 112,43

De 2.246,76 até 2.995,70 15 280,94

De 2.995,71 até 3.743,19 22,5 505,62

Acima de 3.743,19 27,5 692,78

Fonte: Receita Federal, 2010

Rendimentos de Capital: Fundos de longo prazo e aplicações de renda

fixa, em geral:

a) 22,5% para aplicações com prazo de até 180 dias;

b) 20,0% para aplicações com prazo de 181 até 360 dias;

c) 17,5% para aplicações com prazo de 361 até 720 dias;

d) 15,0% para aplicações com prazo acima de 720 dias.

Fundos de curto prazo:

a) 22,5% para aplicações com prazo de até 180 dias;

b) 20,0% para aplicações com prazo acima de 180 dias.

Fundos de ações: 15%;

1.7.7 IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica

Para efeitos da Legislação Tributaria consideram-se pessoas jurídicas as

de direito privado domiciliadas no país, sejam quais forem seus fins,

nacionalidade ou participantes no capital.

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São exemplos de pessoas jurídicas de direito privado: fábricas,

indústrias, lojas de varejos, diferentemente daquelas de direito publico, como o

caso da União, Estados e Municípios.

O Imposto de Renda da Pessoa Jurídica é uma obrigação tributária

principal devida pelas empresas em geral, nos termos estabelecidos pelo

Regulamento do Imposto de Renda.

Será determinado pelo lucro contábil ajustado pelo LALUR (Livro de

Apuração do Lucro Real), se a empresa for optante perante o imposto de renda

do Lucro Real, ou apurado com base em percentual da receita bruta mensal,

caso a empresa seja tributada pelo Lucro Presumido.

1.8 Lucro real e presumido

1.8.1 Lucro Real

É a base de cálculo do imposto sobre a renda apurada segundo

registros contábeis e fiscais efetuados sistematicamente de acordo com as leis

comerciais e fiscais.

Segundo o Regulamento do Imposto de Renda, em seu art. 247, o lucro

real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões

ou compensações prescritas ou autorizadas pela Legislação Fiscal.

A determinação do Lucro real será precedida da apuração do lucro

liquido de cada período de apuração com observância das leis vigentes.

A expressão lucro real significa o próprio lucro tributável, para fins da

legislação do imposto de renda, distinto do lucro liquido apurado contabilmente.

O lucro líquido do exercício referido no conceito acima é a soma

algébrica do lucro operacional, dos resultados não operacionais e das

participações.

A sistemática de tributação sob o Lucro Real é disciplinada pelos artigos

246 a 515 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto 3.000/99).

De acordo com a lei (Lei 9.718/1998, art. 14), estão obrigadas à

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apuração do Lucro Real as pessoas jurídicas, cuja receita bruta total, no ano-

calendário anterior, seja superior a R$ 48.000.000,00, ou a R$ 4.000.000,00

multiplicado pelo número de meses de atividade do ano-calendário anterior,

quando inferior a doze meses. Esse limite foi fixado pela Lei 10.637/2002.

As pessoas jurídicas deverão apurar o imposto de renda com base no

lucro real, trimestralmente.

O lucro real é apurado a partir do lucro efetivo da pessoa jurídica, ou

seja, do resultado das receitas, ganhos e rendimentos auferidos, deduzidos dos

custos, das despesas e das perdas, demonstrados através da escrita contábil.

Para efeito da incidência do imposto sobre a renda, o lucro real das

pessoas jurídicas deve ser apurado na data de encerramento do período de

apuração que se encerra nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e

31 de dezembro, no caso de apuração trimestral do imposto de renda e no dia

31 de dezembro de cada ano-calendário, no caso de apuração anual.

Opcionalmente, as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real,

podem efetuar, mensalmente, o pagamento do imposto de renda devido no

ano-calendário.

A base de cálculo do imposto é o lucro real, correspondente ao período

de apuração.

Como regra geral, integram a base de cálculo todos os ganhos e

rendimentos de capital, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada,

independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou

contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio que, pela sua

finalidade, tenha os mesmos efeitos do previsto na norma específica de

incidência do imposto.

A base de cálculo do lucro real pode ser resumida da seguinte maneira:

Lucro Líquido antes IRPJ e CSSL

( +) Adições

( - ) Exclusões

( - ) Compensações

( = ) Lucro Real

(-%) CSSL

(-%) IRPJ

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1.8.1.1 Adições

Existem certas regras na legislação tributaria que limitam ou impedem

que certos custos ou despesas sejam tidos como dedutíveis na apuração do

lucro real. Tais custos ou despesas ao serem registrados contabilidade

reduzem o lucro líquido. Para que essa redução não afete o lucro real, as

despesas ou custos não dedutíveis devem ser adicionados ao lucro liquido.

Para que uma despesa seja dedutível da base de calculo do IRPJ e da

CSSL deve atender as seguintes condições: não serem computadas como

custos; necessárias à fonte produtora; comprovadas e escrituradas e debitadas

no período base competente.

Embora algumas despesas atendam aos requisitos acima, a Legislação

Fiscal não as aceita como dedução do lucro. Então, se essa despesa fosse

excluída do resultado do período, este aumentaria; por isso, são denominadas

de adição ao lucro liquido.

Essas adições podem ser definitivas ou temporárias. As adições

definitivas não são aceitas porque não guardam relação direta com a fonte

produtora; enquanto as adições temporárias não são aceitas no exercício em

que foram contabilizadas, mas serão no futuro.

São exemplos de adições definitivas: multas por infrações fiscais,

brindes, despesas com viagens (desnecessárias ou sem comprovação).

Dentre as adições temporárias podem ser citados: PDD (Provisão para

Devedores Duvidosos) e provisão para perdas em processo trabalhista.

1.8.1.2 Exclusões

Assim como as despesas devem atender certas condições e limites para

que sejam consideradas dedutíveis, existem certas regras que atribuem

tratamento especial para determinados tipos de receitas.

São valores que foram reconhecidos como ganho pela contabilidade.

Essa receita, embora reconhecida contabilmente, não compõe a base de

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calculo da tributação sobre o lucro. Fazendo sua exclusão, estaremos anulando

seu efeito no resultado do exercício.

Assim como das adições, as exclusões também podem ser definitivas ou

temporárias. As definitivas não terão nenhum efeito em resultados futuros,

notadamente porque já foram objeto de tributação anteriormente, ou não

representam ingresso de novas receitas. As temporárias terão efeito tributário

no futuro, pois embora tenham sido reconhecidas contabilmente pelo regime de

competência de exercício, o Fisco só a exige pelo regime de caixa, ou seja,

quando houver a disponibilidade econômica.

São exemplos de exclusões definitivas do lucro liquido: reversão de

provisões; dividendos recebidos; rendimentos e ganhos de capital (imóvel

desapropriado).

De acordo com Receita Federal (2010), podem ser citados como

exclusões temporárias do lucro liquido: contratos de longo prazo e contratos

com entidades governamentais.

1.8.1.3 Compensação

O imposto somente é devido se o resultado for positivo. Ocorrendo

prejuízos fiscais, a pessoa jurídica fica dispensada do pagamento do imposto.

Além disso, é permitida a compensação total dos prejuízos contábeis

nos períodos de apuração subseqüentes de forma a não prejudicar a situação

patrimonial da pessoa jurídica.

Entretanto, os prejuízos fiscais possuem limite de compensação

equivalente a 30% do lucro do período.

1.8.2 Tributação pelo Lucro Presumido

O lucro presumido é uma modalidade de apuração de tributos que tem a

finalidade de simplificar a determinação da base de calculo do IRPJ e da CSSL

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das pessoas jurídicas que não estiverem obrigadas à apuração pelo Lucro

Real, sendo capaz de apurar o resultado trimestral antes do ultimo dia do mês

seguinte.

1.8.2.1 Pessoas jurídicas autorizadas a optar pelo Lucro Presumido

Poderão optar pelo regime de tributação do Lucro presumido as pessoas

jurídicas não obrigadas ao regime de tributação pelo lucro real (art. 14 da Lei nº

9.718/98), cuja receita total (operacional e não operacional) encontrada no ano-

calendario anterior, tenha sido igual ou inferior a R$ 48.000.000,00. Este limite

é regido e ampliado pelo artigo 46 da lei 10.637, de 30 de dezembro de 2002.

A empresa que começa suas atividades no meio do ano-calendario, ela

tem sua tributação proporcional aos meses de atividade, sendo assim terá seu

limite mensal de R$ 4.000.000,00.

Portanto, ao invés dessas empresas apurarem pelo Lucro real, ou seja,

por meio de escrituração contábil, pode presumir esse lucro, mediante

aplicação de determinado percentual sobre a receita de vendas ou serviços.

O IRPJ com base no Lucro Presumido será determinado por períodos de

apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de

setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendario.

A base de calculo do lucro presumido corresponde à soma do lucro

decorrente da base de cálculo proveniente da receita bruta, somada aos

resultados das demais receitas, rendimentos ganhos de capital. Podendo ser

resumida da seguinte forma:

Receita Bruta * % = Lucro sobre a Receita Bruta

( + ) Valores diferidos constantes do LALUR

( + ) Ganhos de Capital

( + ) Outras Receitas e Rendimentos Tributáveis

( = ) Lucro Presumido

A Receita Bruta multiplicado pela porcentagem referente ao Lucro da PJ

é igual ao Lucro real sobre a Receita Bruta, assim adicionando os valores

diferenciados constantes do LALUR, os ganhos de capital e outras receitas e

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rendimentos tributáveis, se encontra o valor referente ao Lucro Presumido.

1.8.2.2 Percentuais de Presunção

A base de calculo do lucro presumido, decorrente da receita bruta, será

determinada, mediante a aplicação dos seguintes percentuais sobre a receita

bruta, conforme tabela abaixo:

Tabela 3: Base de Cálculo do Lucro Presumido

Atividade % de Presunção

Comercial, industrial, transporte de carga e serviços hospitalares. 8%

Revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool

etílico carburante e gás natural.

1,6%

Prestação de serviços:

a) em geral

Faturamento anual até R$ 120.000 16%

Superior à R$ 120.000,00 anual 32%

b) Transporte (exceto carga) 16%

Fonte: Receita Federal, 2010

1.8.2.3 CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

Quando as empresas são tributadas pelo imposto de renda com base na

apuração do lucro presumido, o calculo da Contribuição Social Sobre o Lucro

Líquido também é apurada de forma presumida, ou seja, pela aplicação do

percentual de 12 % sobre a receita de venda e serviços, com isso sua

apuração deve ser feita da seguinte maneira:

Lucro sobre a Receita Bruta = Receita Bruta X 12%

Lucro Receita Bruta

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( + ) Outras Receitas

( + ) Resultados Positivos das demais Receitas

( + ) Ganhos de Capital

( + ) Receitas Financeiras de Aplicação Financeiras

( = ) Base Tributável X 9% alíquota

( = ) CSLL devida

1.8.2.4 Escrituração dos Contribuintes Optantes pelo Lucro Presumido

A pessoa jurídica optante pela sistemática de tributação pelo Lucro

presumido deverá manter:

a) escrituração contábil nos termos da legislação comercial ou,

opcionalmente Livro Caixa no qual deverá estar escriturado toda

movimentação financeira, inclusive bancaria;

b) livro Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados os

estoques existentes no término do ano-calendário;

c) em boa guarda e ordem, enquanto não decorrido o prazo

decandecial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam

pertinentes, todos os livros de escrituração obrigatórios por

legislação fiscal especifica, bem assim os documentos e demais que

serviram de base para escrituração comercial e fiscal.

É recomendável para todas as empresas que mantenha suas

escriturações completas, com base na Lei Comercial, para que o Lucro

passível de distribuição possa ser maior que o determinado pela forma

presumida.

A contabilidade é uma prática muito importante para todas as empresas,

de caráter ético que ficarão expressos num futuro próximo duas extremidades

de empresas no mercado, uma onde conterá as empresas que desempenham

todos seus procedimentos contábeis legais seguindo a legislação tributaria

existente no país, e outra minoria de empresas, que, por serem contabilizadas

ou geridas por profissionais mal conduzidos ou por falta de informação, ainda

acham que a contabilidade não é tão importante para o sucesso da empresa.

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CAPÍTULO II

O SIMPLES NACIONAL

2 A LEI GERAL DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE

PEQUENO PORTE

No que concerne às empresas, a diferença de capacidade contributiva

entre, de um lado, as microempresas e empresas de pequeno porte e, de

outro, as médias e grandes empresas já justificaria o tratamento diferenciado.

Quando se analisa o fato de o primeiro grupo ser responsável pela

geração da maioria dos empregos do País e necessitar da proteção do Estado

para que consiga concorrer numa economia de mercado, reforça-se a

conclusão de que foi acertada a decisão do legislador constituinte, ao incluir no

art. 179 da Constituição Federal (CF) a regra abaixo transcrita:

Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei. (ALEXANDRE, 2010, p. 662).

A Lei Geral (LG) institui e atualiza o Estatuto Nacional da Microempresa

e da Empresa de Pequeno Porte, instituída pela LC nº123, de 14 de dezembro

de 2006.

Tem como finalidade estabelecer normas gerais relativas ao tratamento

diferenciado e beneficiário para estas empresas no domínio dos Poderes da

União, dos Estados, do Distrito Federal e Municípios, especialmente no que se

refere: à apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; regime único de arrecadação; no

cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias, inclusive obrigações

acessórias; a ascensão ao crédito e ao mercado, até mesmo quanto à

preferência nas aquisições de bens e serviços pelos Poderes Públicos, à

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tecnologia, ao associativismo e às regras de inclusão.

O objetivo, em tese, é estimular o crescimento das micro e pequenas

empresas já existentes e possibilitar o surgimento de novos empreendedores,

através, ainda, da desburocratização, da preferência em licitações públicas,

bem como de facilidades de acesso ao crédito para tais empresas.

Os limites da receita bruta não sofreram alterações em relação ao

Simples Federal; o ICMS e o ISS estarão incluídos no Simples Nacional

independente de Convênio, e as maiorias dos estados e respectivos municípios

poderão adotar limites de receita bruta inferiores aos máximos previstos na LC.

As empresas optantes pelo Simples estarão automaticamente inscritas

no Simples Nacional, se atenderem aos requisitos exigidos por este novo

sistema. Será recolhido através de um único documento de arrecadação

instituído pelo Comitê Gestor de Tributação, segundo códigos específicos para

cada espécie de receita discriminada.

De acordo com Santiago (2007), as mudanças tributárias implantadas

pelo Super Simples, embora tragam queda de R$ 5,2 bilhões ao ano aos cofres

públicos, incentivam a melhoria e a formalização do ambiente de negócios no

País.

O Simples Nacional apelidado de Supersimples, a partir de sua

instituição substituirá o Simples Federal (Lei 9.317/1996). É um regime de

arrecadação, de caráter facultativo para o contribuinte, que abrange os

seguintes impostos e contribuições:

a) Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ;

b) Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI;

c) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL;

d) Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS;

e) Contribuição para o PIS;

f) Contribuição para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica;

g) Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e

Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e

Intermunicipal e de Comunicação – ICMS;

h) Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS.

Não poderão ser incluídas no Simples Nacional, a Contribuição para a

Seguridade Social, (encargo da empresa), das empresas abaixo relacionadas:

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a) que se dedique à construção de imóveis e obras de engenharia em

geral, inclusive sob a forma de subempreitada;

b) operadores autônomos de transporte de passageiros;

c) empresas montadoras de stands para feiras;

d) escolas livres, de línguas estrangeiras, artes, cursos técnicos e

gerenciais;

e) produção cultural e artística;

f) produção cinematográfica e de artes cênicas;

g) cumulativamente administração e locação de imóveis de terceiros;

h) academias de dança, de capoeira, de ioga, e de artes marciais;

i) academias de atividades físicas, desportivas, de natação e escolas

de esportes;

j) elaboração de programas de computadores, inclusive jogos

eletrônicos, desde que desenvolvidos em estabelecimento do

optante;

k) licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de

computação;

l) planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas

eletrônicas, desde que realizados em estabelecimento do optante;

m) escritórios de serviços contábeis;

n) serviço de vigilância, limpeza ou conservação;

o) sociedade que se dediquem exclusivamente à prestação de outros

serviços que não estejam expressamente proibidas pela lei.

Os tributos e contribuições serão calculados mediante as alíquotas das

tabelas integrantes da Lei Complementar 123/2006 e recolhidos em guia única.

Além de unificar e simplificar o recolhimento dos tributos, o Simples Nacional

prevê isenção para as exportações, permite o desconto dos tributos pagos

antecipadamente por substituição tributária e do ISS retido na fonte e reduz as

obrigações fiscais acessórias exigidas de microempresas e empresas de

pequeno porte.

Como o tratamento é favorecido e diferenciado, o que se espera é que o

valor recolhido de maneira centralizada seja menor que a soma dos valores

que seriam pagos no caso de não adoção da sistemática.

É necessário ressaltar, contudo, que os sujeitos passivos que possuam

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uma folha de pagamento baixa, quando comparada com a respectiva receita

bruta, poderão sofrer prejuízos caso optem pelo Simples Nacional.

Portanto, o ideal para as ME e EPP é fazer os cálculos de maneira

detalhada para não formularem opções que gerem uma tributação mais

onerosa que a convencional.

Com a Lei Geral os benefícios vão além dos tributários. Serão facilitadas

as obtenções de crédito, tecnologia, exportação, vendas para a Administração

Pública e abertura de empresas.

Em seu contexto os principais benefícios encontrados são:

a) regime de unificação de apuração e recolhimento dos impostos e

contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, inclusive com simplificação das obrigações fiscais

acessórias;

b) desoneração tributária das receitas de exportação e substituição

tributária;

c) dispensa no cumprimento de certas obrigações trabalhistas e

previdenciárias;

d) simplificação no processo de abertura, alteração e encerramento das

MPEs;

e) facilitação no acesso a crédito e ao mercado;

f) preferência nas compras públicas;

g) estimulo à inovação tecnológica;

h) incentivo ao associativismo na formação de consórcios para

fomentação de negócios;

i) incentivo à formação de consórcios para acesso a serviços de

segurança e medicina do trabalho;

j) regulamentação da figura de pequeno empresário criando condições

para sua formalização;

k) parcelamento de dívidas tributárias para adesão ao Simples

Nacional.

Posteriormente foi editado a LC 127/2007, trazendo algumas alterações

na sistemática e a LC 128/2008, veiculando modificações bem mais profundas.

2.1 As Microempresas e Empresas de Pequeno Porte

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Será considerada como sociedade empresária a sociedade simples e o

empresário que estiveram devidamente registrados no registro de Empresas

Mercantis ou Registro Civil de Pessoas Jurídicas, desde que aufiram em cada

ano de exercício as seguintes receitas brutas, como demonstrado a seguir:

Tabela 4: Enquadramento das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte

Tipo Receita Bruta

Microempresas Igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais);

EPP Superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou

inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais).

Fonte: Receita Federal, 2010

Percebe-se que a nova sistemática permite a opção de diversas

empresas que estavam fora do Simples Federal estatuído pela Lei 9.317/1996,

bem como possibilita que várias que estavam enquadradas na condição de

EPP sejam consideradas ME, uma vez que os valores limites de cada faixa

foram dobrados pela LC 123/2006.

Quando a empresa inicia suas atividades no próprio ano-calendário, os

limites serão proporcionais ao número de meses em que a ME ou EPP houver

exercido atividade, inclusive as frações de meses.

2.1.2 Alterações com a instituição do Simples Nacional

O direcionamento da Lei do Simples (Lei 9.317/1996) está voltado para

os tributos federais. Os sistemas de tributação da União, Estados e Municípios

funcionam de forma dispersa e diferenciada, criando dificuldades para as ME e

EPP, mediante centralização de poderes.

Com a LG, a descentralização ocorrida abrangerá as três esferas do

poder público, trazendo mais eficácia e facilidades aos seus dispositivos,

ficando a disposição um sistema legal uniforme, facilitando o entendimento e

cumprimento das obrigações.

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Os limites de Receita Bruta Anual do Simples são: ME R$ 240.000,00, e

EPP: R$ 2.400.000,00, para Estados e seus respectivos municípios com

participação acima de 5% do PIB (5 estados: MG, RJ, SP, PR e RS) .

Para abrir uma empresa atualmente, o empreendedor é obrigado a se

inscrever, isoladamente, em mais de dez órgãos e apresentar mais de 90

documentos. São necessários 152 dias, com uma média de R$ 2.000,00 de

custos, uma quantidade exagerada de declarações.

No cadastro das MPEs a unificação e a desburocratização de abertura

de empresas é um ponto positivo da instituição da LG, definindo diretrizes

objetivas para a implantação do cadastro unificado, entrada única de

documentos e inexigência de vistorias prévias para atividades sem risco.

A abertura da empresa será efetuada mediante registro simplificado dos

seus atos constitutivos e terá apenas um único nº de identificação, baseado no

Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas (CNPJ).

Sua baixa de inscrição no CNPJ será também mais rápida, por meio de

requerimento acompanhado de ato de dissolução da empresa. As micro e

pequenas empresas sem movimento há mais de três anos poderão encerrar

suas atividades independentemente do pagamento de taxas ou multas.

Elas poderão ser baixadas imediatamente, independente de haver débito

tributário. Nesse caso os sócios responderão por esses débitos.

As empresas incluídas no sistema tributário Simples Federal têm como

teto de sua receita bruta o valor de R$2.400.000,00 e estão vedadas as

atividades de prestação de serviço; em sua grande maioria essas atividades

representam quase um milhão de empresas.

Com a adesão do Simples Nacional fica a proibição de opção por parte

das atividades de serviços regulamentadas por lei, salvo algumas atividades

importantes como, contabilidade, informática, consertos em geral, academias

de dança e ginástica, escolas técnicas e de línguas, construção civil, dentre

outros (cerca de duzentas mil novas empresas poderão optar). Foram mantidas

as exceções já existentes, como lotéricas, escolas, creches, correios, etc. Os

limites são os mesmos da tabela existente na LG. Esses novos serviços terão

tabelas de recolhimento diferenciadas e continuarão recolhendo o INSS

patronal sobre a folha.

No pagamento de seus tributos devidos as empresas que não podem

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optar pelo Simples têm que calcular os valores de, aproximadamente, dez

tributos diferentes, informar dados em diversas declarações e fazer os

pagamentos em datas diferentes.

Quem pode optar tem declarações e escrituração mais simplificadas,

porém mesmo assim ficam sujeitas a exigências estaduais e municipais. O

Simples Nacional engloba contribuições, taxas e impostos federais (IRPJ, PIS,

COFINS, IPI, CSL, INSS sobre folha de salários), estaduais (ICMS) e

municipais (ISS), que serão recolhidos mensalmente a partir da mesma base

de cálculo e de uma escrituração contábil e fiscal única, reduzindo e

simplificando o pagamento dos devidos tributos federais, estaduais e

municipais.

A redução na carga tributária, aliada à simplificação de procedimentos,

servirá de estímulo para o crescimento das ME e EPP, além de reduzir a

informalidade e incentivar o desenvolvimento da economia global.

As novas alíquotas passam a variar da seguinte forma:

a) Comércio – 4% a 11,61% (já incluído o ICMS);

b) Indústria – 4,5% a 12,11% (já incluído o ICMS);

c) Serviços I e Locação de Bens Móveis – 6% a 17,42% (já incluído o

ISS);

d) Serviços II – 4,5% a 16,85% (já incluído o ISS) + 20% de INSS sobre

a folha.

A base de cálculo será a soma das receitas auferidas nos últimos doze

meses. Há vinte faixas, com vinte diferentes alíquotas. As três primeiras faixas

foram condensadas (0 a 120 mil), com base na menor alíquota. As empresas

enquadradas poderão optar pela tributação com base na receita recebida,

assim só será tributado naquele mês o que efetivamente entrou no caixa da

empresa.

Na realização das compras governamentais as ME e EPP concorrem

nas mesmas condições impostas às grandes empresas. As exigências

burocráticas e os grandes lotes são impeditivos da participação das pequenas

empresas nas compras públicas.

As empresas terão um limite preferencial de R$ 80.000,00 para

compras de ME e EPP incluídas no Super Simples, sempre que houver

empresas desse porte em condições de fornecer a preços competitivos. Prevê,

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ainda, a simplificação na participação em licitações e o fornecimento parcial de

grandes lotes, ressalvada a exigência de lei local para que se utilizem tais

mecanismos.

As Microempresas e as Empresas de Pequeno Porte, para competir com

igualdade de condições com as grandes empresas, necessitam de um fator

crucial para seu desenvolvimento, um estímulo ao Crédito e à Capitalização,

pois a maior dificuldade para os pequenos negócios acessarem crédito são as

garantias, que lhes faltam.

O cooperativismo de crédito tem demonstrado ser uma saída bastante

interessante para o acesso a serviços financeiros, devendo ser incentivado.

Cooperativas de crédito das quais participem ME e EPP terão acesso direto a

recursos do Fundo de Assistência ao Trabalhador (FAT), o que barateará os

financiamentos e fortalecerá o setor.

Em qualquer atividade necessária perante a justiça, não existe nenhum

instrumento que facilite o acesso das ME e EPP aos processos de conciliação

prévia, mediação e arbitragem, sendo apenas permitido o acesso das ME aos

Juizados Especiais.

Para a sociedade empresarial optante pelo novo sistema, será

facultativo o uso dos Juizados Especiais Cíveis e Federais às ME e EPP, caso

seja necessário a utilização dos institutos de conciliação prévia, mediação e

arbitragem para solução de conflitos das ME e EPP.

No Novo Código Civil (NCC), não existe nenhuma definição de ME e

EPP, portanto o Empresário (individual) responde com seus bens pessoais

pelas dívidas da empresa, tendo assim por dever as ME e EPP cumprir todas

as burocracias impostas pelo Novo Código Civil

Com a opção e possível enquadramento na LG 123/06 define-se o que

é o empresário de ME e EPP no Novo Código Civil, isentando-as da realização

de reuniões, assembléias e da publicação de atos da empresa, facilitando seu

dia-a-dia.

As empresas optantes pelo Simples Federal com débitos pendentes

junto à União podem parcelá-los em até 120 meses.

2.2 As empresas aptas a aderir ao Simples Nacional

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Na sociedade empresarial todas as atividades de comércio e indústria

podem aderir ao Simples Nacional desde que aufiram receita bruta de R$

2.400.000,00. Com relação às empresas de serviços, as restrições são

consideráveis, estando aptas as seguintes empresas:

a) de serviços elétricos, pintura e carpintaria em residências ou

estabelecimentos civis ou empresariais, bem como manutenção e

reparação de aparelhos eletrodomésticos;

b) construção de imóveis e obras de engenharia em geral, inclusive sob

a forma de subempreitada;

c) creche, pré-escola e estabelecimento de ensino fundamental;

d) agência terceirizada de correios;

e) agência de viagem e turismo;

f) centro de formação de condutores de veículos automotores de

transporte terrestre de passageiros e de carga;

g) agência lotérica;

h) serviços de manutenção e reparação de automóveis, caminhões,

ônibus, outros veículos pesados, tratores, máquinas e equipamentos

agrícolas;

i) serviços de instalação, manutenção e reparação de acessórios para

veículos automotores;

j) serviços de manutenção e reparação de motocicletas, motonetas e

bicicletas;

k) serviços de instalação, manutenção e reparação de máquinas de

escritório e de informática;

l) serviços de instalação e manutenção de aparelhos e sistemas de ar

condicionado, refrigeração, ventilação, aquecimento e tratamento de

ar em ambientes controlados;

m) veículos de comunicação, de radiodifusão sonora e de sons e

imagens, e mídia externa;

n) transporte municipal de passageiros.

O Simples Nacional permite que vários segmentos importantes da

economia, que não podiam optar pelo Simples Federal, agora possam optar

pelo regime simplificado. Portanto esses segmentos juntam-se as empresas

que poderão aderir ao novo sistema tributário, são eles:

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a) empresas montadoras de estandes para feiras;

b) escolas livres, de línguas estrangeiras, artes, cursos técnicos e

gerenciais;

c) produção cultural e artística;

d) produção cinematográfica e de artes cênicas;

e) cumulativamente administração e locação de imóveis de terceiros;

f) academias de dança, de capoeira, de ioga e de artes marciais;

g) academias de atividades físicas, desportivas, de natação e escolas

de esportes;

h) elaboração de programas de computadores, inclusive jogos

eletrônicos, desde que desenvolvidos em estabelecimento do

optante;

i) licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de

computação;

j) planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas

eletrônicas, desde que realizados em estabelecimento do optante;

k) escritórios de serviços contábeis;

l) serviços de vigilância, limpeza ou conservação.

2.3 Empresas desclassificadas à adesão pelo Simples Nacional

A empresa não será enquadrada no tratamento diferenciado e

favorecido previsto na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, para nenhum

efeito legal, se possuir qualquer uma das seguintes características:

a) tiver como sócio outra pessoa jurídica;

b) for filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa

jurídica com sede no exterior;

c) tiver sócio ou titular inscrito como empresário ou sócio de outra

empresa que receba o tratamento jurídico diferenciado previsto no

Estatuto Nacional;

d) se a receita bruta global ultrapassar o limite de R$ 2.400.000,00;

e) tiver titular ou sócio com participação maior do que 10% do capital

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de outra empresa não beneficiada pelo Estatuto Nacional, se a

receita bruta global ultrapassar o limite de R$ 2.400.000,00;

f) tiver sócio ou titular como administrador ou equiparado de outra

pessoa jurídica com fins lucrativos, se a receita bruta global

ultrapassar o limite de R$ 2.400.000,00;

g) estiver constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de

consumo;

h) participar do capital de outra pessoa jurídica;

i) exercer atividade de banco comercial, de investimentos e de

desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito,

financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora

ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de

empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de

capitalização ou de previdência complementar;

j) for resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de

desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos

5 anos-calendário anteriores;

k) estiver constituída sob a forma de sociedade por ações.

Além dessas vedações, que são gerais e impedem a utilização de

qualquer benefício da Lei Geral, há vedações específicas para o Simples

Nacional:

a) explorar atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de

assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos,

administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento de

ativos (asset management), compras de direitos creditórios

resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de

serviços (factoring);

b) prestar serviço de comunicação;

c) prestar serviço de transporte intermunicipal e interestadual de

passageiros;

d) ser geradora, transmissora, distribuidora ou comercializadora de

energia elétrica;

e) exercer atividade de importação ou fabricação de automóveis e

motocicletas;

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f) exercer atividade de importação de combustíveis;

g) exercer atividade de produção ou venda no atacado de bebidas

alcoólicas, cigarros, armas, bem como de outros produtos tributados

pelo IPI com alíquota ad valorem superior a 20% ou com alíquota

específica;

h) realizar cessão ou locação de mão-de-obra;

i) realizar atividade de consultoria;

j) dedicar-se ao loteamento e à incorporação de imóveis;

k) ter por finalidade a prestação de serviços decorrentes do exercício

de atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva,

artística ou cultural, que constitua profissão regulamentada ou não,

bem como a que preste serviços de instrutor, de corretor, de

despachante ou de qualquer tipo de intermediação de negócios.

2.4 Instâncias de Gerência do Simples Nacional

Para a gestão do tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado

às ser dispensado às ME e EPP, a LC 123/2006, com as alterações

decorrentes da LC 128/2008, previu a criação das seguintes instâncias:

a) Comitê Gestor do Simples Nacional – CGSN;

b) Fórum Permanente das ME e EPP;

c) Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do

Registro e da Legislação de Empresas e Negócios.

De acordo com a LC 123/2008, compete ao CGSN regulamentar a

opção, exclusão, tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança, dívida ativa,

recolhimento e demais itens relativos ao regime tributário do Simples Nacional,

observadas as regras constantes da própria Lei.

A composição do CGSN é bastante desequilibrada em favor da União,

uma vez que ela possui quatro representantes, sendo-lhe também garantidas a

presidência e a coordenação do Comitê; os vinte e seis Estados e o DF

possuem apenas dois representantes; os mais de cinco mil municípios também

possuem apenas dois membros no órgão.

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O Fórum Permanente das ME e EPP possui atribuição de gerir o

tratamento diferenciado decorrente da nova sistemática, ressalvados os

aspectos tributários (a cargo do CGSN) e os aspectos a cargo do Comitê

previsto na letra “c” acima.

Tal Fórum já existia, tendo sido criado por meio do Decreto 3.474, de 19

de maio de 2000, que regulamenta a Lei 9.841, de 05 de outubro de 1999. O

órgão foi fortalecido com o advento da LC 123/2006, que lhe atribui a

competência de orientar e assessorar a formulação e coordenação da política

nacional de desenvolvimento das ME e EPP, bem como acompanhar e avaliar

a sua implantação.

Segundo expressa previsão legal, a presidência e a coordenação do

Fórum cabem ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

Ao Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do

Registro e da Legislação de Empresas e Negócios compete, na forma da lei,

regulamentar a inscrição, cadastro, abertura, alvará, arquivamento, licenças,

permissão, autorização, registros e demais itens relativos à abertura,

legalização e funcionamento de empresários e de pessoas jurídicas de

qualquer porte, atividade econômica ou composição societária.

Assim como ocorre no CGSN, Comitê para Gestão da Rede Nacional

para a Simplificação do Registro e da Legislação de Empresas e Negócios é

presidido e coordenado por representantes da União, mas tem seus membros

designados pelo Ministério de Estado do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior, enquanto que o CGSN tem seus membros indicados pelo

Ministro de Estado da Fazenda. Em ambos os casos a designação ocorrerá

mediante indicação dos órgãos e entidades vinculados.

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CONCLUSÃO

As empresas estão cada vez mais preocupadas com o seu planejamento

tributário tratando-o como requisito primordial não apenas para sua

sobrevivência, mas para o tão almejado sucesso num mercado muito

competitivo.

Por meio dele, inúmeras decisões devem ser tomadas, de maneira que

todos os passos a serem dados durante o ano devem ser planejados e

combinados com a legislação.

Assim, empresas eficientes costumam contar com investimentos nesse

setor, pois a redução de custos resultante de um planejamento tributário bem

elaborado costuma ser considerável, sem contar a redução de riscos

relacionados a possíveis autuações fiscais.

É importante esclarecer que o planejamento tributário passa longe da

sonegação fiscal, pois propõe atitudes que reduzirão o valor dos tributos

devidos, sem, contudo, sonegar ou fraudar o Fisco. Na verdade, tudo é feito em

conformidade com a legislação; e aqui se encontra mais um motivo para

investir nesse assunto: a legislação tributária é demasiadamente complexa, o

que ocasiona a necessidade de auxilio de consultores especializados, para que

seja possível cumprir com todas as obrigações tributárias exigidas pelo Fisco

de maneira correta, sem comprometer o controle de custos.

Neste contexto, por meio de estudos da realidade das empresas, aliado

a um profundo conhecimento da legislação, é possível, em muitos casos,

diminuir o valor devido de tributos, sem infringir a legislação tributária.

Escolhendo o regime de tributação que tenha menos encargos para o

contribuinte, ou, pelo menos, orientando para o correto preenchimento de cada

declaração, em última instância diminui o risco de autuações fiscais, e suas

conseqüentes penalidades.

Portanto, através de estudos e orientações, as Microempresa e

Empresas de Pequeno Porte devem escolher o melhor regime de tributação, e

é importante rever os procedimentos internos envolvidos no cumprimento das

obrigações tributárias, evitando onerar a empresa com a escolha da forma de

tributação incorreta.

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