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1 O Impacto da Tecnologia de Informação (TI) nos Bancos Brasileiros, Americanos, Ar- gentinos, Chilenos e Uruguaios Autoria: Guilherme Lerch Lunardi, Antonio Carlos Gastaud Maçada, João Luiz Becker Resumo Conhecer o impacto da TI nas organizações bancárias está na agenda de pesquisadores e ges- tores, pois cada vez mais os produtos e serviços bancários são baseados em TI. Por outro lado, é relevante analisar comparativamente distintos países, sendo interessante conhecer de que forma a TI afeta os bancos de países envolvidos em negociações comerciais com o Brasil. Este artigo avalia o impacto proporcionado pela implementação e utilização de TI nas variá- veis estratégicas organizacionais dos maiores bancos brasileiros, americanos, argentinos, chi- lenos e uruguaios – na percepção de seus executivos. A pesquisa realizada envolveu 334 exe- cutivos, contemplando dez variáveis: tomadores de recursos financeiros (TRF), fornecedo-res de recursos financeiros (FRF), produtos e serviços (PeS), estrutura de custos e capacidade (ECC), eficiência organizacional interna (EOI), eficiência interorganizacional (EIN), preços (PRE), requisitos de governos e países (RGP), coordenação interorganizacional (CIN) e com- petitividade (COM). COM, PeS e TRF são as variáveis mais afetadas pela TI, enquanto PRE e ECC são as menos afetadas. De modo geral, os executivos uruguaios e argentinos, brasileiros e argentinos, e uruguaios e norte-americanos apresentam percepções semelhantes, enquanto os executivos brasileiros se mostram com percepções distintas dos norte-americanos. 1. Introdução Atualmente a área bancária é um dos setores que mais têm investido em Tecnologia de Informação (TI), tendo seus produtos e serviços fundamentalmente apoiados por essa tecno- logia (Albertin, 1998). Para se ter uma idéia, o setor bancário brasileiro investiu, em 1999, cerca de R$ 2,5 bilhões em equipamentos de informática e de comunicação e programas (Fe- braban, 2000). Com relação à América Latina, projeta-se um crescimento de 60% nos inves- timentos de 1999 a 2003, totalizando investimentos em TI superiores a US$ 40 bilhões (Lara, Perdómo & Jimenéz, 1999). O computador tem exercido um forte impacto sobre as operações dos bancos, sendo hoje, talvez, a indústria bancária a mais informatizada de todas (Drucker, 1999). Peters (1993), fazendo um retrospecto sobre o setor bancário, o apontou como o lugar mais evidente para se procurar as manifestações de TI do século XXI. Conhecer os investimentos em TI e o impacto que ela proporciona nos bancos é uma questão essencial para esse tipo de organização, que atua num ambiente extremamente com- petitivo, onde a atenção para o alinhamento dos negócios e das estratégias de informação deve ser o primeiro foco no esforço organizacional. A necessidade de que os executivos desse tipo de organização, tanto da área de tecnologia como dos demais setores que a utilizam no auxílio as suas atividades, saibam gerenciar e justificar os recursos empregados em TI é evidente. A comunicação efetiva entre o pessoal de tecnologia e das demais unidades de negócio da orga- nização é a chave para a implementação de tecnologias (Monahan, 2000). Kempis et al. (1999) salientam que a melhor maneira de assegurar que as estratégias envolvendo TI estejam alinhadas com as estratégias de negócios da organização é através do envolvimento de todos os executivos. Apesar da indústria bancária ter sido a primeira a desenvolver e utilizar a tecnologia orientada para os negócios, os retornos financeiros ainda não apresentaram resultados conclu- sivos e satisfatórios (Strassman, 1997), tornando-se importante analisar se os executivos da área tecnológica percebem os efeitos da TI da mesma forma que os executivos das demais á- reas administrativas do banco. Este artigo visa, primeiramente, avaliar o impacto pro-

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O Impacto da Tecnologia de Informação (TI) nos Bancos Brasileiros, Americanos, Ar-gentinos, Chilenos e Uruguaios

Autoria: Guilherme Lerch Lunardi, Antonio Carlos Gastaud Maçada, João Luiz Becker

Resumo Conhecer o impacto da TI nas organizações bancárias está na agenda de pesquisadores e ges-tores, pois cada vez mais os produtos e serviços bancários são baseados em TI. Por outro lado, é relevante analisar comparativamente distintos países, sendo interessante conhecer de que forma a TI afeta os bancos de países envolvidos em negociações comerciais com o Brasil. Este artigo avalia o impacto proporcionado pela implementação e utilização de TI nas variá-veis estratégicas organizacionais dos maiores bancos brasileiros, americanos, argentinos, chi-lenos e uruguaios – na percepção de seus executivos. A pesquisa realizada envolveu 334 exe-cutivos, contemplando dez variáveis: tomadores de recursos financeiros (TRF), fornecedo-res de recursos financeiros (FRF), produtos e serviços (PeS), estrutura de custos e capacidade (ECC), eficiência organizacional interna (EOI), eficiência interorganizacional (EIN), preços (PRE), requisitos de governos e países (RGP), coordenação interorganizacional (CIN) e com-petitividade (COM). COM, PeS e TRF são as variáveis mais afetadas pela TI, enquanto PRE e ECC são as menos afetadas. De modo geral, os executivos uruguaios e argentinos, brasileiros e argentinos, e uruguaios e norte-americanos apresentam percepções semelhantes, enquanto os executivos brasileiros se mostram com percepções distintas dos norte-americanos.

1. Introdução

Atualmente a área bancária é um dos setores que mais têm investido em Tecnologia de Informação (TI), tendo seus produtos e serviços fundamentalmente apoiados por essa tecno-logia (Albertin, 1998). Para se ter uma idéia, o setor bancário brasileiro investiu, em 1999, cerca de R$ 2,5 bilhões em equipamentos de informática e de comunicação e programas (Fe-braban, 2000). Com relação à América Latina, projeta-se um crescimento de 60% nos inves-timentos de 1999 a 2003, totalizando investimentos em TI superiores a US$ 40 bilhões (Lara, Perdómo & Jimenéz, 1999). O computador tem exercido um forte impacto sobre as operações dos bancos, sendo hoje, talvez, a indústria bancária a mais informatizada de todas (Drucker, 1999). Peters (1993), fazendo um retrospecto sobre o setor bancário, o apontou como o lugar mais evidente para se procurar as manifestações de TI do século XXI.

Conhecer os investimentos em TI e o impacto que ela proporciona nos bancos é uma questão essencial para esse tipo de organização, que atua num ambiente extremamente com-petitivo, onde a atenção para o alinhamento dos negócios e das estratégias de informação deve ser o primeiro foco no esforço organizacional. A necessidade de que os executivos desse tipo de organização, tanto da área de tecnologia como dos demais setores que a utilizam no auxílio as suas atividades, saibam gerenciar e justificar os recursos empregados em TI é evidente. A comunicação efetiva entre o pessoal de tecnologia e das demais unidades de negócio da orga-nização é a chave para a implementação de tecnologias (Monahan, 2000). Kempis et al. (1999) salientam que a melhor maneira de assegurar que as estratégias envolvendo TI estejam alinhadas com as estratégias de negócios da organização é através do envolvimento de todos os executivos.

Apesar da indústria bancária ter sido a primeira a desenvolver e utilizar a tecnologia orientada para os negócios, os retornos financeiros ainda não apresentaram resultados conclu-sivos e satisfatórios (Strassman, 1997), tornando-se importante analisar se os executivos da área tecnológica percebem os efeitos da TI da mesma forma que os executivos das demais á-reas administrativas do banco. Este artigo visa, primeiramente, avaliar o impacto pro-

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porcionado pela implementação e utilização de tecnologias de informação nas variáveis estra-tégicas organizacionais dos bancos brasileiros, americanos, argentinos, chilenos e uruguaios – na percepção dos seus executivos. E, a partir do conhecimento dessas informa-ções, analisar comparativamente esses resultados.

O artigo está estruturado em seis seções. A seção 2 apresenta o contexto da pesquisa. A fundamentação teórica, objeto da seção 3, abrange aspectos relacionados à TI e seu impacto nas organizações, e aos modelos existentes para avaliação de investimentos em TI. A seção 4 descreve a metodologia de pesquisa; na seção 5, os resultados obtidos a partir da comparação entre Argentina, Uruguai, Chile, Estados Unidos e Brasil são destacados. E, por fim, a seção 6 apresenta as considerações finais, incluindo as principais conclusões obtidas, limitações e contribuições deste estudo, bem como sugestões para a sua continuidade.

2. Contexto de Pesquisa

O comportamento global de gastos em TI na América Latina em todos setores, em 1998, apontou a indústria financeira com valores entre 20% e 30% do total de investimentos (Lara, Perdómo & Jimenéz, 1999). Tais organizações são dependentes dos constantes inves-timentos em TI, não só como meio de aumentar a produtividade, mas também como uma fer-ramenta para a competitividade. O mercado bancário latino-americano de TI, em 1999, foi es-timado em US$ 26 bilhões, distribuídos da seguinte forma: software (17,03%); equipamentos de comunicação (14,33%); serviços de TI, como consultoria, treinamento, implementação de soluções e serviços de suporte (13,33%); sistemas uniusuários (10,08%) e multi-usuários (9,73%) (Lara, Perdómo & Jimenéz, 1999).

Além dos enormes investimentos realizados em TI no setor bancário, mais três ques-tões são enfatizadas, de modo a justificar este trabalho: os acordos formais de integração co-mercial, a cultura latino-americana, e o novo ambiente de negócios da indústria bancária. A criação da União Européia e o crescimento de outras alianças regionais como o Mercosul, ASEAN e NAFTA estão cada vez mais unindo as economias nacionais (Rodelli, 2000). O Mercosul, bloco econômico composto por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, tem sido responsável pelo desenvolvimento e incremento da economia de seus quatro países membros. As negociações entre eles passaram de US$ 4 bilhões, em 1990, para US$ 18,5 bilhões, em 2000 (Wheatley, 2001). Empresas estrangeiras têm aumentado os seus investimentos na regi-ão e as oportunidades para novos investimentos no setor de infra-estrutura são crescentes, mesmo após a desvalorização do real – no final de 1998 –, a desistência do Chile em integrar o bloco – em 2001 – e, mais recentemente, a desvalorização do peso argentino em 2002. Tor-na-se interessante conhecer de que forma a TI afeta esses países, uma vez que estão ampla-mente envolvidos em negociações comerciais e buscando expandir seus mercados con-sumidores.

A cultura envolvendo os países latino-americanos, a pesquisa comparada e a validação externa de instrumentos de pesquisa permitem análisar e comparar os resultados entre distin-tos países, apurarando possíveis relações, semelhanças e diferenças entre eles. Estudar os e-feitos proporcionados pela TI nas organizações bancárias desses países enriquece as pesquisas envolvendo cultura nacional, os estudos entre diferentes países (cross-country studies) e a va-lidação externa de instrumentos de pesquisa (Tam, 1998).

A indústria bancária latino-americana está passando por uma série de transformações, constituindo um novo ambiente de negócios. Diversas ações têm sido tomadas pelos regula-dores bancários ao apertarem os regimes contábeis para dificultar a maquiagem das contas e fortalecerem os sistemas de supervisão bancária. Além disso, esse setor começa a mostrar uma nova cara ao mundo: a internacionalização dos bancos, caracterizada por parcerias, fu-sões e aquisições de bancos. Os maiores bancos europeus e norte-americanos vêem na Améri-

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ca Latina um enorme mercado a ser explorado, embora também ocorram casos em que os próprios bancos latino-americanos acabam por adquirir outros (Américaeconomia, 1998). 3. Referencial Teórico 3.1. Impacto da TI nas organizações

A TI tem representado um importante papel na continuação de esforços das empresas para tornarem os seus processos mais ágeis e produtivos (Shaw, Seidmann & Whinston, 1997). Ela deve ser utilizada pelos executivos como um recurso valioso que precisa ser admi-nistrado por todos os níveis de gerência, sendo assegurado o seu uso efetivo para proporcionar benefícios operacionais e estratégicos em toda a organização (O´Brien, 1999). Porém, até poucos anos atrás, a TI era utilizada para automatizar as tarefas organizacionais, sem conside-ração suficiente ao impacto estratégico na organização (Drucker, 1999; O´Brien, 1999). Hoje, o maior desafio da TI é desenvolver sistemas de informação que promovam melhorias estra-tégicas referentes a como uma organização auxilia o trabalho de seus funcionários, a execução de suas tarefas, a utilização de tecnologias apropriadas, de acordo com a sua cultura e estrutu-ra organizacional.

O envolvimento de todos os executivos é a melhor forma de assegurar que as estraté-gias de TI estarão alinhadas com as estratégias de negócios. Porém, em algumas organizações, a TI tem mostrado problemas de performance, sendo evidente que em muitas organizações a TI não está sendo utilizada de forma efetiva, eficiente ou econômica. Mesmo assim, fica claro que os esforços para melhorar os processos de produção e desenvolvimento de novos produ-tos, freqüentemente são levados por novas formas de TI (Kappel & Rubenstein, 1999).

3.2. Modelos de avaliação de impacto de TI

Os primeiros estudos realizados para avaliar os efeitos proporcionados pela TI nas or-ganizações foram derivados de disciplinas como microeconomia, finanças, contabilidade e ci-ências do comportamento (Maçada, 2001). Entretanto, pesquisadores e administradores têm sugerido que as análises tradicionais, focalizadas somente em aspectos financeiros ou tecno-lógicos da decisão são incompletas. A necessidade de métodos mais eficientes para identificar os benefícios provenientes da TI e para avaliar se os seus investimentos são rentáveis para as organizações é latente. Novas perspectivas de relacionamento entre desempenho, produtivida-de, benefícios reais e investimentos em TI procuram expandir o porta-fólio de métodos utili-zados na investigação destes relacionamentos (Mahmood & Mann, 2000). A dificuldade em quantificar tais ganhos não significa que os investimentos devam ser reduzidos, mas que de-vem ser desenvolvidos instrumentos mais sofisticados para que se possam medir tais benefí-cios (Nolan & Croson, 1996). Algumas instituições financeiras começam a questionar-se so-bre suas enormes demandas de TI, não tendo certeza se os benefícios obtidos compensam os investimentos realizados (Maselli, 2000).

Mahmood & Soon (1991) realizaram um estudo que identificou e operacionalizou um conjunto de variáveis potencialmente afetadas pela TI. Seus principais objetivos foram conhe-cer os maiores efeitos da TI, para se chegar a um modelo conceitual para o entendimento e ge-renciamento de TI; identificar sistematicamente variáveis em nível industrial e organizacio-nal; para, então, formular um modelo compreensivo que pudesse testar as variáveis seleciona-das; e validar empiricamente o modelo elaborado.

Smith & McKeen (1993) examinaram as pesquisas realizadas para avaliação de TI, de forma a entender os resultados duvidosos obtidos anteriormente. Seu estudo propôs um mode-lo de pesquisa procurando responder "qual o relacionamento entre a TI e a performance orga-nizacional”.

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Diferentemente dos estudos até então conduzidos, Hitt & Brynjolfsson (1993) basea-ram seu trabalho na teoria da produção (em que o resultado que a firma produz é uma função dos insumos utilizados), usando a função produção mais comum, de Cobb-Douglas.

Palvia (1997) apresentou o desenvolvimento de um modelo para medir o impacto es-tratégico global da TI. Tal modelo recebeu o nome de GLITS, referente a Global IT Strategic. Seu estudo é uma extensão da pesquisa conduzida por Mahmood & Soon (1991), cujo instru-mento avaliava o impacto estratégico da TI numa organização de negócios, atuando somente no contexto nacional ou doméstico.

O estudo de Torkzadeh & Doll (1999) baseou-se na teoria da atitude-comportamento para avaliar o impacto econômico e social da TI. Para os autores, o impacto que a TI tem e-xercido sobre o trabalho tem sido amplamente discutido. Seguidamente, gerentes da área de TI são requisitados por seus superiores para justificar os investimentos em tecnologia, em termos do impacto no trabalho de seus funcionários. Revisando extensivamente a literatura sobre o trabalho e o impacto que ele sofre, em função da tecnologia, os autores desenvolve-ram um instrumento para avaliar como as aplicações de TI afetam a produtividade, a inova-ção, a satisfação do funcionário e o controle gerencial.

Sircar, Turnbow & Bordoloi (2000) revisaram uma série de pesquisas anteriores de impacto de TI no desempenho das empresas, percebendo que tais estudos apresentavam resul-tados conflitantes. A pesquisa dos autores procurou estender tais modelos, analisando uma grande base de dados através de correlação canônica, encontrando forte validade empírica pa-ra a premissa da existência de relacionamento entre os conjuntos de medidas de investimento de TI e o desempenho da firma.

Já Mahmood & Mann (2000) adotaram uma abordagem mais tradicional para mensu-rar o impacto dos investimentos em TI na performance das organizações. Selecionaram seis medidas diretas de performance econômica e estratégica organizacional, além de cinco medi-das de investimento em TI. Após a identificação de tais medidas, inter-relacionaram os dois conjuntos de variáveis em um mesmo modelo multidimensional.

O modelo elaborado por Maçada & Becker (2001) analisou os efeitos da TI nas variá-veis estratégicas dos bancos. A base teórica da pesquisa apóia-se em dois modelos distintos, desenvolvidos por Mahmood & Soon (1991) e por Palvia (1997). A escolha das variáveis para a composição do modelo reflete o cenário econômico competitivo atual em que os bancos es-tão inseridos: redução de custos, introdução acelerada de novas tecnologias, esforço das insti-tuições financeiras em conquistarem e manterem o cliente, oferta de novos e sofisticados pro-dutos e, conseqüentemente, fusões e alianças entre bancos (utilizadas por algumas instituições como alternativa para redução de custos e aumento da competitividade).

4. Método

Para atingir os objetivos propostos, realizou-se uma pesquisa survey com executivos dos maiores bancos do Brasil, Estados Unidos, Argentina, Chile e Uruguai. A amostra total do estudo compreende 334 casos (141 brasileiros, 84 norte-americanos, 56 argentinos, 14 chi-lenos e 39 uruguaios). Do total de respondentes, 155 (46,4%) são executivos da área de TI (64 brasileiros, 39 americanos, 33 argentinos, 5 chilenos e 14 uruguaios) e 179 (53,6%) de ou-tras áreas administrativas (77 brasileiros, 45 americanos, 23 argentinos, 9 chilenos e 25 uru-guaios). A representatividade da amostra é evidenciada na Tabela 1.

O instrumento de coleta de dados compõe-se de 10 variáveis: tomadores de recursos financeiros (TRF), fornecedores de recursos financeiros (FRF), produtos e serviços (PeS), es-trutura de custos e capacidades (ECC), eficiência organizacional interna (EOI), eficiência in-terorganizacional (EIN), preços (PRE), requisitos de governos e países (RGP), coordenação interorganizacional (CIN) e competitividade (COM). O questionário foi operacionalizado em

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uma escala tipo likert de 5 pontos (1 = pouco; 5 = muito), sendo composto por 29 itens (Ma-çada & Becker, 2001).

Tabela 1 – Representatividade dos bancos participantes da pesquisa, segundo o país *Brasil: filiados à Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN); Estados Unidos: maiores, filiados à American Banks Association (ABA); Argentina: filiados à Asociación de Bancos de Argentina (ABA); Chile: filiados à Asociación de Bancos e Instituciones Financieras de Chile (ABIF); Uruguai: todos

De modo a validar externamente o questionário, foram analisadas de forma isolada as amostras (a) brasileira, (b) norte-americana e (c) argentina, uruguaia e chilena (por possuírem o mesmo idioma), além de uma última validação, incluindo (d) todos os respondentes. Em ca-da amostra foram executadas a validade de face (de modo que o questionário tenha a forma e o vocabulário adequados ao propósito da mensuração), conteúdo (de modo que a medida re-presente o conteúdo que se quer medir) e constructo (que é a ligação entre a teoria e as medi-das) (Litwin, 1995).

A tabela abaixo apresenta os valores do alfa de Cronbach para as dez variáveis estuda-das, em todas as amostras. Realizou-se, também, a análise fatorial confirmatória, de modo a agrupar os indicadores em fatores, apontando aqueles atributos redundantes, que estão medin-do a mesma variável. A análise fatorial comprovou, plenamente, nove dos dez fatores, expli-cando 69,88% das variações das medidas originais, indicando um alto nível de representação dos dados.

Tabela 2 – Alfa de Cronbach das variáveis do instrumento

5. Resultados O escore geral médio do instrumento apresentou valor igual a 4,07 e as médias das dez

variáveis ficaram entre 3,85 e 4,31, o que mostra a alta dependência da indústria bancária pela TI (ver tabela 3). Ao analisarem-se as médias do instrumento em cada país pesquisado, pôde-se perceber que as amostras norte-americana e uruguaia consideram a dependência pela TI no

Bancos Participantes da Pesquisa

País Bancos

Constatados*

N %

Participação (%) do Patrimônio dos Bancos

da Amostra

Respondentes

Brasil 125 62 49,60 79,00 141 Estados Unidos 300 52 17,33 64,00 84 Argentina 49 15 30,61 50,86 56 Chile 27 05 52,39 54,42 14 Uruguai 21 11 18,52 69,25 39

Variáveis Total Brasil Estados Unidos

Argentina, Chile e Uruguai

Tomadores de Recursos Financeiros (TRF) 0,77 0,80 0,78 0,68 Competitividade (COM) 0,76 0,85 0,78 0,63 Fornecedores de Recursos Financeiros (FRF) 0,81 0,93 0,84 0,53 Produtos e Serviços (PeS) 0,71 0,86 0,69 0,52 Estrutura de Custos e Capacidade (ECC) 0,66 0,72 0,61 0,63 Eficiência Organizacional Interna (EOI) 0,76 0,78 0,74 0,76 Eficiência Interorganizacional (EIN) 0,71 0,82 0,62 0,58 Preços (PRE) 0,78 0,90 0,68 0,71 Requisitos de Governos e Países (RGP) 0,74 0,72 0,77 0,63 Coordenação Interorganizacional (CIN) 0,71 0,73 0,77 0,61

Instrumento 0,91 0,83 0,94 0,92

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setor bancário em menor escala que as demais amostras investigadas (ressalta-se, ainda, a alta dependência de TI apontada pelos executivos brasileiros, com média igual a 4,25).

Tabela 3 – Média das Variáveis Estratégicas Organizacionais afetadas pela TI no setor bancário

De forma a realizar uma análise mais detalhada, buscando justificativas na literatura, explicações e relações sobre os resultados encontrados, efetuou-se, inicialmente, a classifica-ção das variáveis estratégicas organizacionais mais afetadas pela TI na indústria bancária dos cinco países investigados. Essa classificação foi obtida considerando-se todos os 334 executi-vos bancários que participaram da investigação. Foram realizados testes de diferenças de mé-dias entre variáveis, tomadas duas a duas (teste t de student para amostras emparelhadas), de modo a comparar-se a intensidade dos efeitos da TI nas diferentes variáveis do estudo (Qua-dro 1). Com isso, foi possível classificar as variáveis em três distintos grupos.

Quadro 1 - Efeitos da TI nas variáveis estratégicas do setor bancário, envolvendo Brasil, Estados Unidos, Argentina, Chile e Uruguai

S: Significante; NS: Não significante; Nível de significância: < 0,05

Constata-se que as variáveis Competitividade, Produtos e Serviços, e Tomadores de Recursos Financeiros são as variáveis mais afetadas pela TI no setor bancário destes cinco pa-íses, apresentando média igual a 4,29 (considerando-se as três variáveis reunidas). Em contra-partida, Preços e Estrutura de Custos e Capacidade foram apontadas como as variáveis menos afetadas pela TI (média igual a 3,90), apresentando as menores médias entre as dez variáveis analisadas. O Quadro 2 apresenta as variáveis estratégicas organizacionais, confor-me a inten-sidade dos efeitos da TI no setor bancário dos cinco países investigados.

Variáveis Geral Brasil Estados Unidos

Argen -tina Chile Uru-

guai Competitividade (COM) 4,31 4,52 4,09 4,33 4,11 4,09 Produtos e Serviços (PeS) 4,30 4,35 4,08 4,39 4,83 4,32 Tomadores de Recursos Financeiros (TRF) 4,26 4,38 3,94 4,27 4,36 4,44 Fornecedores de Recursos Financeiros (FRF) 4,06 4,15 3,85 4,19 3,95 4,00 Eficiência Interorganizacional (EIN) 4,02 4,33 3,72 3,88 4,11 3,67 Eficiência Organizacional Interna (EOI) 4,01 4,06 3,93 3,99 4,02 4,03 Requisitos de Governos e Países (RGP) 4,01 4,49 3,79 3,59 3,79 3,42 Coordenação Interorganizacional (CIN) 3,97 4,06 3,76 4,16 4,29 3,70 Preços (PRE) 3,94 4,28 3,84 3,51 4,04 3,53 Estrutura de Custos e Capacidade (ECC) 3,85 3,90 3,79 3,90 3,67 3,80

Instrumento Geral 4,07 4,25 3,88 4,02 4,12 3,91

Variáveis COM PeS TRF FRF EIN EOI RGP CIN PRE ECC COM 4,31 NS NS PeS NS 4,30 NS TRF NS NS 4,26 FRF S S S 4,06 NS NS NS NS EIN S S S NS 4,02 NS NS NS NS EOI S S S NS NS 4,01 NS NS NS RGP S S S NS NS NS 4,01 NS NS CIN S S S NS NS NS NS 3,97 NS PRE S S S S NS NS NS NS 3,94 NS ECC S S S S S S S S NS 3,85

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Logo após a classificação das variáveis quanto aos efeitos da TI, realizou-se uma aná-lise de variância (ANOVA) para cada uma das dez variáveis, de modo a testar a hipótese de que os diferentes grupos de executivos possuem a mesma percepção sobre o impacto da TI nas variáveis estratégicas da indústria bancária, ou seja, apresentam médias semelhantes, ao nível de 5% (Martínez, 2000). A Tabela 4 apresenta os resultados da análise de variância.

Quadro 2 – Agrupamento das variáveis estratégicas organizacionais dos bancos brasileiros, americanos, argentinos, chilenos e uruguaios

A análise de variância indicou que em apenas duas variáveis (estrutura de custos e ca-pacidade e eficiência organizacional interna) a percepção dos executivos dos cinco países pesquisados é semelhante; nas demais, foi comprovada a existência de diferença de médias entre os grupos. A partir dos resultados obtidos na ANOVA, realizou-se uma análise mais profunda, de modo a determinar quais grupos da amostra estudada são os responsáveis por tais diferenças. Foi utilizado o teste t de student para apurar a existência de diferença signifi-cativa entre os distintos grupos de executivos. Como critério para o agrupamento, utilizou-se a menor diferença de médias entre dois grupos distintos (quando não era detectada a existência de diferença significativa entre dois grupos de executivos de países diferentes, estes eram a-grupados em um mesmo grupo e, assim, sucessivamente). Este procedimento post hoc segue a mesma lógica da análise de conglomerados, embora utilize como único critério de segmenta-ção o país de origem dos executivos (Lunardi, 2001). Procura-se com esta análise, identificar grupos homogêneos, cujas médias não apresentam diferença estatística significativa entre seus componentes, ao nível de 5 %. O Quadro 3 apresenta as médias das variáveis investigadas re-unindo os países em grupos, conforme a existência ou não de diferença significativa entre su-as médias.

Tabela 4 – Análise de variância das variáveis estratégicas organizacionais entre grupos de executivos bra-sileiros, americanos, argentinos, chilenos e uruguaios

Ranking Variáveis Média do Grupo 1

Competitividade – COM Produtos e Serviços – PeS Tomadores de Recursos Financeiros (clientes) – TRF

4,29

2

Fornecedores de Recursos Financeiros (clientes) – FRF Eficiência Interorganizacional – EIN Eficiência Organizacional Interna – EOI Requisitos de Governos e Países – RGP Coordenação Interorganizacional – CIN

4,01

3 Preços – PRE Estrutura de Custos e Capacidade – ECC 3,90

Variável N F p 1. Tomadores de Recursos Financeiros (TRF) 332 7,878 0,000 2. Competitividade (COM) 332 7,099 0,000 3. Fornecedores de Recursos Financeiros (FRF) 332 2,654 0,033 4. Produtos e Serviços (PeS) 333 5,566 0,000 5. Estrutura de Custos e Capacidade (ECC) 332 0,769 0,546 6. Eficiência Organizacional Interna (EOI) 333 0,635 0,638 7. Eficiência Interorganizacional (EIN) 332 11,398 0,000 8. Preços (PRE) 331 12,220 0,000 9. Requisitos de Governos e Países (RGP) 332 30,542 0,000 10. Coordenação Interorganizacional (CIN) 332 4,715 0,001

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Quadro 3: Médias das variáveis estratégicas organizacionais nos diferentes grupos segundo os países investigados

Variáveis ECC EOI FRF COM TRF CIN PeS EIN PRE RGP

Grupos Grupos Grupos Grupos Grupos Grupos Grupos Grupos Grupos Grupos País

1 1 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 3 1 2 1 2 3 1 2 Brasil 3,90 4,06 4,15 4,52 4,38 4,06 4,35 4,33 4,28 4,49 Estados Unidos 3,79 3,93 3,85 4,09 3,94 3,76 4,08 3,72 3,84 3,79 Argentina 3,90 3,99 4,19 4,33 4,27 4,16 4,39 3,88 3,51 3,59 Chile 3,67 4,02 3,95 4,11 4,36 4,29 4,83 4,11 4,04 3,79 Uruguai 3,80 4,03 4,00 4,09 4,44 3,70 4,32 3,67 3,53 3,42 Média dos Grupos 3,90 4,17 4,09 4,47 3,94 4,36 3,74 4,10 4,08 4,35 4,83 3,76 4,31 3,52 3,87 4,28 3,66 4,49

Média da Amostra 3,85 4,01 4,06 4,31 4,26 3,97 4,30 4,02 3,94 4,01

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Como constatado anteriormente na Tabela 4, as percepções de impacto da TI nas vari-áveis Estrutura de Custos e Capacidade, e Eficiência Organizacional Interna não apresentam diferença estatística significativa (p<0,05) entre os executivos dos cinco países. É preciso res-saltar que Estrutura de Custos e Capacidade é a variável menos afetada pela TI na opinião dos executivos, enquanto a variável Eficiência Organizacional Interna é classificada como in-termediária (ver Quadro 1). Com relação às variáveis Tomadores de Recursos Financeiros, Competitividade, Coordenação Interorganizacional, Eficiência Interorganizacional, Fornece-dores de Recursos Financeiros e Requisitos de Governos e Países, dois grupos distintos foram formados para cada uma delas.

A variável Tomadores de Recursos Financeiros apresentou diferença de percepção a-penas na amostra norte-americana, quando comparada com as demais. Seus executivos perce-bem que a TI afeta o relacionamento com os clientes em menor intensidade que os executivos dos países latino-americanos investigados. Na avaliação geral (ver Quadro 1), esta variável foi classificada no grupo das variáveis mais afetadas pela TI na indústria bancária. A TI tem sido utilizada de forma a manter e buscar novos clientes. Os elevados investimentos em equipa-mentos eletrônicos procuram aumentar o volume de serviços prestados, facilitar o atendimen-to e, ainda, oferecer maior comodidade aos consumidores (Febraban, 2000). Embora esta va-riável tenha apresentado uma elevada importância no setor bancário norte-americano, sua per-cepção (inferior à dos demais) pode ser explicada por algumas tentativas frustradas de utiliza-ção de TI para conquistar os clientes. Uma pesquisa realizada pelo jornal US TODAY, no ano de 2000, apontou que apenas 4% das famílias norte-americanas utilizavam o banco on-line; 27% das famílias que tentaram utilizar o sistema desistiram, devido a dificuldades na sua utilização e pelo grande tempo consumido; e 19% desistiram devido à baixa qualidade do ser-viço de atendimento (Carey & Visgaitis, 2000).

Quanto à variável Competitividade, os executivos brasileiros e argentinos percebem mais intensamente o impacto proporcionado pela TI do que os executivos dos demais países investigados. Esta variável foi apontada, na avaliação geral (ver Quadro 1), como sendo a mais afetada pela TI no setor bancário dos cinco países. Embora tenha apresentado valor ele-vado em todas as amostras, a importância dada a esta variável no Brasil e na Argentina influ-enciou bastante para que ocupasse este posto. O setor bancário, extremamente competitivo, é dependente da TI para diferenciar os seus produtos e serviços, estabelecer nichos de mercado e, ainda, lançar produtos antes de seus concorrentes. O Brasil, por exemplo, tem desenvolvido uma série de serviços orientados a buscar novos canais de distribuição em auto-serviço, como centrais telefônicas, multimídia, home banking e um forte impulso aos caixas automáticos com maior quantidade de funções, em vez de somente consultas e investimentos (Febraban, 2000; Lara, Perdómo & Jimenéz, 1999).

Na variável Coordenação Interorganizacional, os dois grupos significativamente dis-tintos tiveram, de um lado, as amostras uruguaia e norte-americana e, de outro, as amostras brasileira, argentina e chilena; esta percebendo mais intensamente o impacto produzido pela TI nesta variável. Na avaliação geral (ver Quadro 1), a variável foi classificada como inter-mediária entre as principais variáveis mais afetadas pela TI (embora na amostra norte-americana ela tenha sido indicada como uma das variáveis menos afetadas pela TI). Constata-se que o apoio da TI à coordenação junto a clientes e fornecedores das organizações bancárias não é de extrema relevância, existindo provavelmente outros mecanismos mais importantes e eficientes sendo adotados (como departamento de relações públicas, pesquisas de marketing, serviços de atendimento ao consumidor, etc.).

A análise da variável Eficiência Inteorganizacional indicou os seguintes grupos: Uru-guai, Estados Unidos e Argentina, com uma percepção menor quanto à influência da TI, e Brasil e Chile com uma percepção mais elevada. Sua avaliação geral (ver Quadro 1) a enqua-drou no grupo das variáveis intermediárias, quanto aos efeitos da TI no setor bancário destes

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cinco países. Os resultados indicam que no Brasil e no Chile, a agilidade e a confiabilidade da comunicação proporcionada pela TI é percebida como sendo mais importante do que nos de-mais países. Já os executivos norte-americanos (principalmente, uma vez que a apontaram como a variável estratégica menos afetada pela TI), argentinos e uruguaios percebem que a TI não afeta tanto a coordenação das atividades, comprovada pela baixa percepção dos seus executivos. É relevante considerar os altos investimentos em centrais telefônicas (call cen-ters): nos Estados Unidos, os investimentos nesse tipo de tecnologia são inferiores apenas às ATMs e aos cartões de crédito (Redman, 1998); no Brasil, Argentina e Chile, este tipo de tec-nologia consome cerca de 9% do total de investimentos em TI no setor bancário (Lara, Per-dómo & Jimenéz, 1999). Contudo, esta tecnologia tem sido utilizada para melhor atender os clientes (e, em menor proporção, melhorar a comunicação interna entre os funcionários do banco), além de diminuir os custos da organização.

Na variável Fornecedores de Recursos Financeiros, as amostras brasileira e argentina percebem com maior intensidade o impacto proporcionado pela TI que as demais amostras pesquisadas. Na avaliação geral (ver Quadro 1), foi enquadrada no grupo intermediário das variáveis mais afetadas pela TI. Pode-se destacar o auxílio que a TI proporciona no monito-ramento e identificação dos seus principais fornecedores. O número de clientes tem aumenta-do a cada ano (Febraban, 2000; Lara, Perdómo & Jimenéz, 1999). Na Argentina, em especial, o impacto percebido da TI sobre essa variável é um pouco mais elevado (indicada pelos exe-cutivos argentinos como uma das variáveis mais afetadas pela TI na indústria bancária argen-tina), podendo ser explicado pelo maior crescimento do número de depósitos do sistema fi-nanceiro argentino (passando de 21 milhões de pesos em 1990 para mais de 81 milhões em 1999), sendo o seu monitoramento facilitado pela TI (Banco Central de la República Argenti-na, 2000). Chama a atenção, entretanto, que a variável Tomadores de Recursos Financeiros tenha sido apontada como mais afetada pela TI do que a variável Fornecedores de Recursos Financeiros, embora ambos, tomadores e fornecedores de recursos, constituam a clientela dos bancos.

A variável Requisitos de Governos e Países segregou a amostra brasileira em um úni-co grupo, com elevada percepção sobre o impacto produzido pela TI sobre esta variável, comparativamente com os demais países. Na avaliação geral (ver Quadro 1), a variável foi classificada como uma variável intermediária quanto aos efeitos da TI no setor bancário dos cinco países. A importância dada a esta variável na amostra brasileira influenciou bastante pa-ra que permanecesse neste grupo intermediário, uma vez que nos demais países investigados apresentou baixo valor. No Brasil, o governo tem facilitado a entrada de competidores estran-geiros que, hoje, controlam mais de 50% dos bancos que não estão nas mãos do estado (Lara, Perdómo & Jimenéz, 1999). Além disso, as boas perspectivas de crescimento da economia e do mercado brasileiro constituem uma situação bem diferente da vivida, atualmente, pelo U-ruguai e pela Argentina (Febraban, 2000; Becker, 2001; The Banker, 2001).

A análise das variáveis Produtos e Serviços, e Preços permitiu segregar a amostra em três grupos significativamente distintos. Com relação à variável Produtos e Serviços, a amos-tra chilena apresenta a maior média. Já a amostra norte-americana formou um grupo isolado, percebendo o impacto da TI nesta variável como menos intenso comparativamente aos demais países investigados. Argentina, Brasil e Uruguai formaram um grupo intermediário. Na avali-ação geral (ver Quadro 1), a variável foi enquadrada no grupo das variáveis mais afetadas pela TI no setor bancário dos cinco países. É claro que a TI tem modificado a natureza dos produ-tos e serviços bancários. Hoje, é inadmissível pensar na solicitação de um extrato bancário, por exemplo, em que se tenha de esperar 24 horas para recebê-lo, como há pouco mais de 10 anos esta operação exigia, em função do nível tecnológico. No Chile, a dependência que os produtos e serviços bancários têm pela TI mostrou-se mais elevada do que nos demais países pesquisados. O mercado de capitais e, principalmente, os fundos de pensão privados chilenos,

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que servem de modelo a diversos países, mantêm uma linha de tecnologia ajustada às suas es-tratégias, incorporando a TI em seus principais produtos e serviços (Lara, Perdómo & Jime-néz, 1999).

A variável Preços apresentou na amostra brasileira a sua maior média, aparecendo co-mo um grupo isolado. Um grupo intermediário foi formado pelas amostras norte-americana e chilena, enquanto o Uruguai e a Argentina compuseram o grupo de percepção menos intensa dos efeitos da TI nesta variável, dentre todos os países investigados. Na avaliação geral (ver Quadro 1), a variável foi apontada como uma das variáveis que menos são afetadas pela TI na indústria bancária. É certo que a TI auxilia, e até mesmo interfere, na formação de preços e no fornecimento de informações sobre os produtos e serviços que a organização bancária comer-cializa. Um estudo realizado pela American Banks Association (ABA) comparou os custos das transações bancárias, salientando que uma transação efetuada por uma ATM custava US$ 0,27, enquanto a mesma transação efetuada por um caixa de banco tinha um custo de US$ 1,27 (Morisi, 1996). Esse tipo de informação pode ser útil a um banco que deseja saber se é, ou não, rentável adquirir novas máquinas para atender a sua demanda de clientes, ou, até mesmo, que atitudes pode tomar para diminuir seus custos. Entretanto, muitas vezes, o preço a ser fixado para determinado produto ou serviço é influenciado por outras variáveis, como o mercado e o governo (ao determinar tarifas e taxas prefixadas).

A partir da comparação dos escores de todas as dez variáveis entre os países investiga-dos, elaborou-se um quadro, de modo a visualizar os países cujas percepções, quanto aos efei-tos produzidos pela TI no setor bancário, são mais ou menos assemelhadas. Para tal, utiliza-ram-se os resultados obtidos na comparação das dez variáveis estratégicas organizacionais en-tre os executivos dos cinco países investigados. Assim, considerou-se a existência ou não de diferença significativa (ao nível de 5%) entre os países, tomados dois a dois. O Quadro 4 a-presenta a existência ou não de diferença encontrada entre os executivos. A última coluna do quadro mostra o total de variáveis que não apresentaram diferença estatística significativa en-tre os grupos analisados.

Quadro 4 – Demonstrativo da semelhança das amostras, considerando todas as dez variáveis

S: Significante; NS: Não significante; Nível de significância: < 0,05

O que se pode constatar, a partir desta análise, é que as amostras uruguaia e argentina, uruguaia e norte-americana, e brasileira e argentina apresentam muitas semelhanças quanto à percepção dos efeitos proporcionados pela TI nas variáveis estratégicas do setor bancário (se-te das dez variáveis analisadas não apresentam diferença estatística significativa entre estes grupos). Não é estranha a semelhança existente entre a percepção dos executivos argentinos e uruguaios, considerando a proximidade entre as suas capitais, a base de suas economias (sen-do a agropecuária, talvez, o setor mais forte destes países), os antecedentes históricos e, ainda,

Países ECC EOI FRF COM TRF CIN PeS EIN PRE RGP TotalUru × Arg NS NS S S NS S NS NS NS NS 7 Uru × EUA NS NS NS NS S NS S NS S NS 7 Bra × Arg NS NS NS NS NS NS NS S S S 7 Uru × Chi NS NS NS NS NS S S S S NS 6 EUA × Chi NS NS NS NS S S S S NS NS 6 Bra × Chi NS NS S S NS NS S NS S S 5 Arg × Chi NS NS S S NS NS S S S NS 5 Arg × EUA NS NS S S S S S NS S NS 4 Bra × Uru NS NS S S NS S NS S S S 4 Bra × EUA NS NS S S S S S S S S 2

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a sua colonização. Com relação aos Estados Unidos e Uruguai, deve ser ressaltada a impor-tância que a presença de grandes bancos norte-americanos representa para o setor bancário u-ruguaio. Montevidéu é considerada um importante centro financeiro, com grande entrada de capital estrangeiro (Dawn, 1998), estando os bancos norte-americanos classificados entre os maiores do país (Asociación de Bancos del Uruguay, 1999). Já com relação ao Brasil e à Ar-gentina, pode-se especular tal semelhança em função de situações políticas, econômicas e so-ciais muito similares pelos quais os dois países têm passado: governos democráticos, inflação estabilizada, período de recessão, altas taxas de desemprego e, principalmente, por serem os principais países do Mercosul, responsáveis por grande parte das transações comerciais do bloco (Lara, Perdómo & Jimenéz, 1999; Asociación de Bancos del Uruguay, 1999; Becker, 2001).

Ainda sobre a análise de semelhanças entre os diferentes grupos de executivos, consta-ta-se que as amostras brasileira e norte-americana apresentam percepções muito distintas entre si (apenas duas das dez variáveis analisadas não apresentam diferenças significativas), deixan-do transparecer que seus executivos utilizam a TI de forma diferenciada. Em geral, os executi-vos norte-americanos percebem o impacto da TI nas variáveis estratégicas com menor intensi-dade (médias variando de 3,72 a 4,09) comparando-se com os demais grupos pesquisados, en-quanto os brasileiros apresentaram percepções mais elevadas (médias variando de 3,90 a 4,52).

6. Considerações Finais

Este artigo procurou apontar e avaliar os efeitos proporcionados pela TI nas organiza-ções bancárias. Realizou-se um estudo comparativo, envolvendo os executivos bancários bra-sileiros, norte-americanos, argentinos, chilenos e uruguaios. Para tal, investigaram-se as suas percepções quanto ao impacto proporcionado pela TI nas variáveis estratégicas organizacio-nais, propostas por Maçada & Becker (2001).

O estudo baseou-se em duas questões iniciais de investigação, procurando identificar qual a percepção dos executivos bancários dos países estudados, quanto aos possíveis impac-tos da TI nas variáveis estratégicas organizacionais dos bancos, e quais as principais seme-lhanças e diferenças entre as percepções de seus executivos.

A resposta referente à primeira questão indicou que Competitividade, Produtos e Ser-viços, e Tomadores de Recursos Financeiros são as variáveis estratégicas mais afetadas pela TI, na percepção de seus executivos, enquanto Preços e Estrutura de Custos e Capacidade são as menos afetadas. Nota-se que os executivos bancários consideram que a variável Tomadores de Recursos Financeiros é mais afetada pela TI do que Fornecedores de Recursos Financeiros, embora ambos, tomadores e fornecedores, constituam a clientela dos bancos. É bem verdade que os tomadores de recursos são mais determinantes do risco das operações de um banco do que os fornecedores de recursos.

A resposta à segunda questão de pesquisa foi obtida através da comparação da percep-ção dos executivos dos cinco países, com relação às dez variáveis estratégicas organizacio-nais. Assim, o que se pôde constatar, quanto aos efeitos proporcionados pela TI nestas variá-veis, é que os fatores ligados aos aspectos administrativos organizacionais (Estrutura de Cus-tos e Capacidade) e, também, ao processo decisório (Eficiência Organizacional Interna) pos-suem percepção semelhante entre os executivos bancários de todos os cinco países investiga-dos. Nas demais variáveis, diferentes percepções entre esses executivos foram encontradas. Com relação a Tomadores de Recursos Financeiros, a amostra norte-americana apresentou menor percepção do que a dos demais países. Em Produtos e Serviços, os executivos chilenos a apontaram como uma variável muito afetada pela TI, sendo sua percepção maior que a dos outros. Já Competitividade e Fornecedores de Recursos Financeiros tiveram nas amostras bra-

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sileira e argentina as maiores médias. Na variável Requisitos de Governos e Países, o Brasil apresentou a maior média, formando um grupo isolado (enquanto nos demais países, essa va-riável foi apontada como uma das variáveis menos afetadas pela TI). Com relação a Preços, o Brasil também formou um grupo isolado por apresentar a percepção mais elevada entre todos os executivos. A variável Eficiência Interoganizacional apresentou um grupo formado por Brasil e Chile, cuja percepção foi mais elevada que os demais países. Já a variável Coordena-ção Interorganizacional obteve nas amostras uruguaia e norte-americana as menores médias.

Após a análise de todas as dez variáveis, foi possível comparar-se, pelas diferenças e semelhanças obtidas entre as percepções dos executivos, quais países possuem percepções mais ou menos parecidas quanto à TI. O que se pôde perceber é que os executivos uruguaios e argentinos, uruguaios e norte-americanos, e brasileiros e argentinos apresentam percepções muito semelhantes, enquanto os executivos brasileiros se mostram com percepções muito di-ferente dos executivos norte-americanos.

Algumas limitações desta pesquisa podem ser apontadas. Considera-se que a represen-tatividade da amostra em relação à população não pôde ser rigorosamente observada, princi-palmente na amostra chilena. Pedhazur & Schmelkin (1991) defendem que estudos em fase inicial podem utilizar pequenas amostras, ainda que somente pequenas generalizações possam ser feitas. As principais explicações para o reduzido tamanho da amostra, como um todo, fo-ram o baixo envolvimento das associações bancárias, responsáveis pelo contato inicial com os bancos, além da cultura latino-americana, caracterizada pelo receio na publicação de es-tratégias ou fornecimento de informações confidenciais, desinteresse em participar de tais pesquisas e, até mesmo, descrença nos resultados encontrados. Outra limitação diz respeito ao não sincronismo entre os processos de coleta de dados, inevitável, considerando-se a abran-gência do estudo, envolvendo cinco países e três idiomas, e as limitações materiais enfren-tadas pelos pesquisadores.

Considerando-se os resultados encontrados, bem como as limitações existentes, pode-se indicar, para pesquisas futuras, a replicação da pesquisa, visando uma análise longitudinal da percepção dos efeitos da TI sobre as variáveis estratégicas dos bancos. Também a utiliza-ção do instrumental em outros países seria interessante, permitindo uma análise comparativa mais ampla. Os autores já planejam uma versão do instrumento em francês, a ser validado em breve. Por último, sugere-se a aplicação do modelo utilizado nesta pesquisa em outros setores da economia, refinando ainda mais o instrumento utilizado.

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