16

Click here to load reader

O Impacto Do Neoliberalismo No Direito Do Trabalho

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: O Impacto Do Neoliberalismo No Direito Do Trabalho

Brasília a. 37 n. 147 jul./set. 2000 129

1. IntroduçãoEste trabalho objetiva uma reflexão

crítica sobre a desregulamentação no Direitodo Trabalho e sua relação com a atual crisecapitalista. Nesse sentido, o tema foiabordado numa mescla entre aspectosjurídicos e econômicos nas expressões doEstado liberal, social e neoliberal.

Nesse contexto, torna-se possível enten-der o desenvolvimento da regulamentaçãodos direitos trabalhistas atrelados ao Estadosocial, para finalmente compreender osporquês das atuais “flexibilizações” norma-tivas, constatando que o processo globali-zador de acumulação do capital orienta apolítica de um Estado neoliberal.

Dessa maneira, principalmente, é pos-sível perceber o quanto o processo deregulamentação, e posteriormente de desre-gulamentação desses direitos sociais, estáatrelado ao sistema de produção capitalista,suas crises e suas adaptações, tendo como

O impacto do neoliberalismo no Direito doTrabalho: desregulamentação e retrocessohistórico

Priscila Campana

Priscila Campana é mestranda em RelaçõesSociais/CPGD-UFPR, advogada e professoranas Faculdades Santa Cruz.

Sumário1. Introdução. 2. Panorama histórico do

surgimento do Direito do Trabalho. 2.1. O direitotrabalhista no Brasil de 1891 a 1930. 3. Do Estadode bem-estar social. 3.1. Getúlio Vargas e osurgimento da legislação trabalhista no Brasil.4. Dos anos setenta ao neoliberalismo: panora-ma mundial. 4.1. Globalização como um novoimperialismo. 4.2. Os direitos sociais comoobstáculo à acumulação do capital. 5. Sobre oneoliberalismo no Brasil. 5.1. Desregulamentaçãoe ideologia. 6. Considerações finais.

Page 2: O Impacto Do Neoliberalismo No Direito Do Trabalho

Revista de Informação Legislativa130

pano-de-fundo o movimento histórico daluta de classes.

2. Panorama histórico do surgimentodo Direito do Trabalho

Historicamente, o campo para o desen-volvimento do Direito do Trabalho surgiuno quadro social da Revolução Industrial,no século XVIII, e da razão iluminista, queerigia a garantia da dignidade do homemtrabalhador de indústria1.

As massas operárias foram-se formandojuntamente com crescimento industrial dacidade – na Inglaterra a mão-de-obraprovinha principalmente do campo – esurge a figura do proletário: um trabalha-dor prestador de serviços em jornadas de 14a 16 horas, habitante nas adjacênciassubumanas do próprio local de atividade,com prole numerosa e ganhador de salárioem troca da venda da sua força de trabalho.

Não havendo regulamentação das rela-ções de trabalho, o livre acordo das partesacabava por ocorrer injustamente, haja vistaque era o empregador, pólo mais forte darelação, quem determinava ou modificava ajornada, as condições de trabalho e ossalários, conforme suas necessidades. Ainexistência de contratos escritos pressupu-nha então a falta de garantias mínimas aotrabalhador.

O liberalismo, embora permitisse a livre-troca do trabalho por salários e a transfor-mação da riqueza em capital, pregava que oEstado deveria interferir o mínimo nas rela-ções sociais, assegurando a liberdade civile política, mas respeitando a existência deuma ordem econômica natural.

Nesse contexto, quando a organizaçãosindical surgiu estruturando o movimentotrabalhista, foi clandestinamente. O reco-nhecimento oficial dos sindicatos naInglaterra ocorreu somente em 1871 e naFrança, em 1884.

O direito trabalhista, a partir da ação dostrabalhadores associados para defesa dosseus interesses contra a exploração capita-lista, entretanto, somente foi instituciona-

lizar-se no século XX, no processo inter-vencionista2 do Estado.

As reivindicações das massas urbanastrabalhadoras cresciam associadas àsrepresentações socialistas e anarco-sindica-listas, e ao impacto ideológico da RevoluçãoRussa de 1917.

Desse momento histórico decorre oconstitucionalismo social3, afirmando queo Estado deveria incluir direitos trabalhistase sociais fundamentais na sua Constituição,pondo o trabalho sob sua proteção, garan-tindo a liberdade de associação, fixandosalários e condições laborais. Exemplosmarcantes desse processo foram a Consti-tuição Social Mexicana em 1917, a Declara-ção Russa dos Direitos do Povo Trabalhadore Explorado de 1918 e Constituição deWeimar em 1919. Ao final da PrimeiraGuerra, em 1919, foi criada a OrganizaçãoInternacional do Trabalho, consagrando osdireitos fundamentais dos trabalhadores ecriando uma legislação internacional dotrabalho4.

O Estado deveria defender os traba-lhadores pondo o trabalho sob sua proteção,garantindo a liberdade de associação paradefesa das condições de trabalho e produ-ção, reafirmando as normas de segurossociais e permitindo a participação dotrabalhador na empresa fixando salário econdições laborais.

As positivações significaram um efetivoavanço na esfera social. E entre as váriasconquistas, escreve Karl Marx5 que “a regu-lamentação da jornada de trabalho se apre-senta, na história da produção capitalista,como luta pela limitação da jornada de tra-balho, num embate que se trava entre a clas-se capitalista e a classe trabalhadora”.

O Direito do Trabalho, então, esclareceLuiz W. Vianna6, representa uma conquistada classe trabalhadora

“contra o pacto original do libera-lismo, impondo limites legais aohomem apetitivo. É com leis de exce-ção, sublinha Marx, que as leis deproteção ao trabalho aparecem duran-te a primeira metade do século XIX,

Page 3: O Impacto Do Neoliberalismo No Direito Do Trabalho

Brasília a. 37 n. 147 jul./set. 2000 131

criando um ramo do direito ao largodas relações privadas, puramentemercantis”.

2.1. O direito trabalhista no Brasilde 1891 a 1930

A legislação trabalhista no Brasil foi tercampo para se desenvolver somente com oinício da industrialização7 do país e aexpansão da relação assalariada, após aproclamação da República.

Com a concentração de 30% das indús-trias nacionais no Rio de Janeiro e 16% emSão Paulo, a população nessas capitaisaumentava gradativamente. Havia tambémdiversas oficinas de manufaturas de calça-dos, vestuário, móveis, e tintas, emborageralmente em locais longe de fiscalização.Os trabalhadores eram, na maioria, imigran-tes italianos, portugueses e espanhóis8.

Entretanto, esse período desconheceulimitações legais à exploração do trabalhohumano e as condições de trabalho dosoperários eram péssimas com saláriosbaixos, elevadas jornadas de trabalho eambientes de trabalho insalubres.

O quadro era coerente ao Estado deinspiração liberal, pois a sua intervençãona formação de contratos era vista comolimitação à liberdade dos contratantes.

Contudo, o número de greves, organiza-das pelo movimento dos trabalhadores nabusca por melhores salários e redução dajornada de trabalho, começou a se elevar,passando a ser uma preocupação.

Então, surgem as primeiras normasregulamentadoras da relação de trabalhonesse período. Em 1891, houve institucio-nalização de fiscalização permanente dosestabelecimentos fabris onde trabalhasseum elevado número de menores. Foi vedadoo trabalho noturno dos menores de quinzeanos e limitada a sete horas a jornada detrabalho. A menores de doze anos eraproibido o trabalho. As normas sobresindicatos foram o Decreto n º 979, de 1903 –sindicatos rurais–, e o Decreto Legislativonº 1.637, de 1907, a respeito dos sindicatosurbanos9.

Justamente após a explosão das grandesgreves de 1917-1919, principalmente em SãoPaulo e no Rio de Janeiro, o Congressoaprova em 1919 a Lei de Acidentes doTrabalho, sendo criada também a Comissãode Legislação Social.

Progressivamente, a Lei Elói Chaves, de1923, criou a caixa de aposentadoria epensões para ferroviários, assim comoestabilidade para os mesmos trabalhadoresque completassem dez anos de emprego,sendo a rescisão contratual, nos casospermitidos, precedida de inquérito. Nomesmo ano, é criado o Conselho Nacionaldo Trabalho, órgão de caráter consultivo dospoderes públicos, em assuntos relativos àorganização do trabalho e da previdênciasocial, sendo composto por operários,patrões e funcionários do Ministério daAgricultura, Indústria e Comércio.

Em 1925, foi reconhecido o direito aférias, com a Lei nº 4.982/25. E, posterior-mente, em 1927, editou-se o Código deMenores, introduzindo medidas de assistên-cia e proteção aos menores de dezoito anos,dispondo sobre o seu trabalho também.

3. Do Estado de bem-estar socialO declínio do Estado liberal teve seu

processamento com a primeira guerramundial e posteriormente com a crise capita-lista de 1930, o que propiciou o desenvolvi-mento do Estado social, também chamadode Intervencionista, de Bem-estar ou Provi-dência, cuja característica era o dirigismo10.Com a quebra da Bolsa de Valores em 1929,a recuperação da crise capitalista somenteviu solução na política keynesiana11 deintervenção estatal na economia.

O Estado social vê então campo para seudesenvolvimento, sem atingir totalmente aautonomia da empresa privada, mas comimportante participação na promoção debenefícios sociais como a execução deprogramas de moradia, saúde, educação,previdência social e pleno emprego, pormeio da redução da taxa de juros e doincentivo a investimentos públicos.

Page 4: O Impacto Do Neoliberalismo No Direito Do Trabalho

Revista de Informação Legislativa132

De outro modo, o Estado social corres-pondeu também a um pacto social-demo-crata entre capitalistas e trabalhadoresnuma fase expansionista capitalista de 1940até o final dos anos 60. Esse período decrescimento capitalista, marcado por livresmovimentos de capital, moedas estáveis elivre comércio, representado também pormultinacionais e instituições financeirasamericanas instaladas em todos os conti-nentes, é o que Hobsbawn chama de “era deouro”12. Politicamente, ocorria a atuaçãoforte do Estado como justificativa tambémde contenção do comunismo, haja vista adisputa pela hegemonia mundial travadaentre os EUA e a URSS.

O desenvolvimento maior do direitotrabalhista veio justamente nesse período,nas décadas de 50 e 60, num contexto degrande desenvolvimento econômico, emque o Estado de bem-estar investia crescen-temente nos benefícios sociais.

Entretanto, na crise do Estado social, apartir dos choques econômicos na décadade setenta, é que surge o neoliberalismo13, e,com ele, o discurso sobre a desregulamen-tação dos direitos trabalhistas, como únicasolução possível para a competitividadedas empresas privadas e para os avançostecnológicos.

3.1. Getúlio Vargas e o surgimento dalegislação trabalhista no Brasil

No Brasil, a crise mundial de 1929favoreceu o desenvolvimento interno capi-talista do país. A produção antes exportáveldirecionou-se para o mercado interno e ocrescimento industrial projetou então aintervenção do Estado no mercado, comoplanejador econômico por meio de atuaçõesa favor da burguesia industrial nacional14.Todavia, nesse processo, as greves semultiplicaram.

O governo Vargas, então, procuroutambém criar elos fortes com a classeoperária, pondo em prática mecanismos deconquista ideológica e de disciplinamentode suas organizações sindicais, como seu

atrelamento ao Ministério do Trabalho, porexemplo. O objetivo era a contenção domovimento dos trabalhadores e, ao mesmotempo, a criação de mercado consumistapara algumas indústrias nacionais.

Nessa década de 1930 é que, portanto,uma “legislação social”15 efetiva teve campopara expandir-se, numa política públicaestatal denominada de trabalhismo16.

O trabalhismo getulista vem caracterizartal período, sintetizando o elo do Estadosocial legiferante com a classe operária.

O Estado, desempenhando um novopapel e influenciado pelo modelo corpora-tivista17 italiano, passou a intervir nasrelações de trabalho.

Tais medidas interventivas, entretanto,foram aliadas à repressão policial. Aomesmo tempo em que surgiram váriosinstitutos previdenciários, construção dehospitais e conjuntos residenciais para ostrabalhadores, as greves eram proibidas.

Foi sendo estruturada uma gama norma-tiva: instituiu-se a Carteira Profissional em1932, disciplinou-se a duração da jornadade trabalho do comércio, na indústria, nasfarmácias, nos bancos, nos transportesterrestres e nos hotéis.

O direito coletivo, por outro lado, tevesua instituição legal em 1931. Os sindicatosforam considerados órgãos de defesa dosinteresses profissionais e dos direitos dosseus associados, bem como órgãos de“colaboração” do Estado, num cunhobastante paternalista.

O período do Estado Novo, situado entre1937 e 1945, foi de grande ambiguidade, poisassociava o autoritarismo com o desenvol-vimento econômico e social, principalmentepor meio da implantação de uma amplalegislação trabalhista e de apoio à indus-trialização, mediante projetos na áreasiderúrgica e petrolífera. O movimento sin-dical foi controlado, censurado e reprimido.

O nacionalismo desenvolvimentista foi,segundo Octávio Ianni, o núcleo ideológicodas políticas de massa, em que a crescenteparticipação estatal na economia foi funda-

Page 5: O Impacto Do Neoliberalismo No Direito Do Trabalho

Brasília a. 37 n. 147 jul./set. 2000 133

mental: “é nesse contexto que se situam asconquistas das classes assalariadas, emespecial do proletariado”18.

Em 1940, foi criado o salário mínimo, queobjetivava diminuir a pauperização daclasse operária, ao mesmo tempo em queampliava o mercado consumista para asindústrias de bens de consumo leve. Ou seja,o populismo19 propiciou que fossem conci-liados interesses em benefício da industria-lização e do desenvolvimento nacionalista.

Nesse mesmo ano de 1940, é criado oimposto sindical, e em 1943, posta em vigora Consolidação das Leis do Trabalho, numcontexto de resistência patronal às conces-sões de direitos trabalhistas e subordinaçãodo operariado aos aparelhos corporativos erepressivos do Estado.

As medidas destinavam-se, em síntese,a manter as relações de produção emconformidade com as exigências do desen-volvimento econômico.

Apesar disso, a concretização de umalegislação visando a garantia de direitos dostrabalhadores significou um avanço social,resultado de reivindicações, tensões e lutasoperárias. À medida, inclusive, que aeconomia nacional se desenvolve e sediversifica com a industrialização, as grevessão multiplicadas20.

A partir dos anos 50, a concentração demultidões nos grandes centros urbanosfavoreceu as tensões entre a política demassas e o programa de industrialização,caracterizando o segundo governo deVargas por mobilizações, como a greve dos300 mil, em 1954, e que eclodiu em São Paulodurando 29 dias. A industrialização nessadécada de 50 trouxe a modernização21, mastambém o agravamento dos conflitos sociais.

Desde a década de 30, com um desen-volvimento amplo da indústria brasileira,por meio da substituição de importações, oEstado passara a intervir na economia,regulando a acumulação de capital einvestindo em setores básicos. No períodode 1950, como demostram os projetos daPetrobrás e da Eletrobrás, o Estado incor-

porou a preocupação de um grupo depolíticos, empresários e militares naciona-listas como o planejamento econômico. Autilização do pensamento tecnocrático eravista como uma forma de fortalecer ocontrole estatal sobre as decisões político-econômicas, sem o que seria inviável odesenvolvimento do capitalismo nacional.

De forma genérica, esse período eviden-ciou que o Estado intervencionista, desen-volvido a partir de 1930 no Brasil, atrelou-se aos projetos de industrialização, culmi-nando na ampliação do setor produtivo ena diversidade de produtos na década de50, tendo também criado legislação prote-cionista ao trabalhador.

Entretanto, o Estado social brasileiro nãoimpediu que o capitalismo, em busca dalucratividade, continuasse a exploração aotrabalhador. Os direitos trabalhistas positi-vados não se efetivavam. Ou seja, apenasna versão econômica keynesiana é que oEstado brasileiro seguiu a política de inter-venção, com vistas ao aumento de riquezanacional e na política de emprego22.

4. Dos anos setenta ao neoliberalismo:panorama mundial

Num panorama mundial, em face dacrise econômica do sistema a partir dadécada de setenta, das altas inflações(sistema superaquecido diz Hobsbawn)23, oEstado social entra igualmente em crise, e apolítica neoliberal vem emergir com oobjetivo de garantir a acumulação decapital. A crise petrolífera surgia comoagravante, com choques de preços, inflaçãoe desemprego.

Assim, a doutrina neoliberal de Hayek,embora formulada no pós-guerra, foi somen-te ter terreno para se desenvolver no finaldos anos 70, inaugurada pelo governoThatcher em 1979 e o de Reagan em 1980.

Os neoliberais pregavam que as origensda crise estavam nos sindicatos e no movi-mento operário, que prejudicava as basesde acumulação capitalista com suas reivin-dicações sobre os salários e direitos sociais24.

Page 6: O Impacto Do Neoliberalismo No Direito Do Trabalho

Revista de Informação Legislativa134

Nesse sentido, o neoliberalismo defendeum Estado minimizado em relação aosdireitos sociais e trabalhistas e, ao mesmotempo, passivo em relação aos lucros doscapitalistas e aos interesses do mercado25.Preconiza liberdade de movimentos paratodos, menos leis, mais espaço para aeconomia desenvolver-se livremente, mesmodesprezando políticas públicas estatais.Está, enfim, atrelado a essa nova fase docapitalismo internacional que orienta aformação de centros econômicos em regiões,a derrubada de fronteiras comerciais, a livrecirculação do capital e o fortalecimento deconglomerados transnacionais.

Assim, o Estado deveria parar de inter-ferir no mercado (opondo limites ao capital)e na defesa dos direitos sociais. Seu papelpassava a ser o de interferir no incentivoaos processos de oligopolização e nos deavanços da tecnologia26.

Na atual década de noventa, principal-mente após as transformações ocorridas naEuropa oriental e na União Soviética,ocorrida de 1989 a 1991, o projeto neoliberaltem avançado 27 , preocupando os seusopositores com as privatizações das empre-sas estatais e desregulamentações dosdireitos trabalhistas.

4.1. Globalização como um novo imperialismoNa esteira do projeto neoliberal, as

últimas décadas têm vivido fenômeno nãotão hodierno quanto pareça: a globali-zação28. O fenômeno não é novo, pois, desdeque o capitalismo se desenvolveu na Euro-pa, sempre apresentou característicastransnacionais, mundiais, desenvolvidaspor meio do mercantilismo, colonialismo eimperialismo.

Esse “novo imperialismo” significa umaprojeção capitalista na tendência de mun-dialização da economia, cujo contexto é oda introdução de novas tecnologias e altaprodutividade. Mostra-se associado aoprojeto neoliberal porque fortifica-se com oenfraquecimento dos Estados nacionaisperiféricos. Ou seja, a expressão globali-

zação é relacionada à atual expansão capi-talista, internacionalizando capitais e sendoimpulsionada por uma revolução tecnoló-gica. Nesse sentido, as empresas transna-cionais alargam suas atividades difundindotécnicas de produção. E as fronteirasnacionais deixam de ser limites às ativi-dades do capitalismo29.

As implicações decorrentes são grandespara o Estado do Terceiro Mundo. Demaneira geral, e para o que aqui interessa, a“mundialização” provoca crise de regula-ção estatal em dois sentidos: primeiro, naincapacidade do Estado em garantir asegurança dos cidadãos e a integridadeterritorial e, segundo, na submissão dessemesmo Estado ao poder de forças econômi-cas supranacionais.

Pode-se assim dizer que o processo deglobalização é aquele que preconiza regrasdo mercado capitalista sobrepostas aqualquer legislação social, sob controle dasempresas transnacionais e em prejuízo dasregulamentações originadas da soberaniaestatal dos países periféricos.

4.2. Os direitos sociais como obstáculos àacumulação do capital

Contudo, essa internacionalização docapital passou a simbolizar modernização,em meio ao neoliberalismo, e difunde-se aconcepção de que, para que se possaacompanhar os movimentos globais epermitir o ingresso do Brasil na “moderni-dade” , é necessário um sistema jurídico ade-quado à nova economia mundial e um Judi-ciário que se subordine ao mesmo ideário30.

Nessa conjuntura, é possível perceber porque tem-se tornado cada vez mais difícilfazer valer os direitos sociais (vários delesjá eliminados da legislação), compreen-dendo também por que a desregulamenta-ção no direito trabalhista faz parte daestratégia neoliberal. O neoliberalismo temcomo objetivo a implementação de enxuga-mento do Estado e, nesse contexto, dedesregulamentação dos direitos. Como outraface da mesma moeda, a globalização

Page 7: O Impacto Do Neoliberalismo No Direito Do Trabalho

Brasília a. 37 n. 147 jul./set. 2000 135

intensifica a exploração de mercados exis-tentes e explora novos, com o objetivo deperpetuar a lógica capitalista do lucro eacumulação31.

O discurso “modernizador” do neolibe-ralismo preconiza que o Estado do bem-estarsocial e todos os seus “produtos” sociais,como os direitos sociais, passaram a ser umobstáculo muito grande para a economiaglobalizada, pois o crescimento econômicodo país e a competitividade no mercadonacional ficam prejudicados por causa dosdireitos sociais e seus “custos” excessivos.Nessa lógica capitalista, a prioridade nãodeixou de ser o lucro.

Assim, o receituário neoliberal é imple-mentado por meio da flexibilidade no direitolaboral, além das privatizações das empre-sas estatais e do corte dos gastos públicossociais.

Tudo em coerência com a exploraçãohumana em nome do capital, em que oneoliberalismo e a globalização, fenômenosentrelaçados, vão também criando o contin-gente de desempregados32.

Dessa maneira, como doutrina, tem oneoliberalismo uma grande implicação nasáreas política, econômica, social e cultural,mais gravemente sentida nos países deterceiro mundo. Afeta o desenvolvimentoindustrial, elabora uma política exteriorsubmissa aos interesses econômicos docapital estrangeiro, sucateia as bases daeducação e saúde pública. Prejudica,igualmente, o mundo do trabalho, provo-cando reflexões a respeito do desemprego, etambém afeta a legislação social e traba-lhista, por meio do que se pode chamar deflexibilizações no Direito do Trabalho.

5. Sobre o neoliberalismo no BrasilNos países subdesenvolvidos, com a

crise a partir de 1970, as dívidas externassofreram aumento, houve baixa dos preçosdas matérias-primas e produtos agrícolasno mercado mundial, elevou-se a taxa deinflação e também do desemprego.

Uma ampla crise latino-americana,principalmente a partir dos anos 80, propi-ciou e vem mantendo o discurso neoliberalforte em suas bases33.

No plano econômico, a problemática écaracterizada pela dificuldade que tem oEstado latino-americano em defenderinteresses econômicos nacionais em face daonda da globalização. A soberania nacionalé enfraquecida pelas imposições das enti-dades financeiras internacionais. E, noplano político, a crise passa pela incapaci-dade do Estado em gerenciar suas funçõessociais básicas em nome da coletividade.

Para Tarso Genro, o Estado brasileirorealiza um “keynesianismo às avessas”34

porque sua capacidade regulatória estávoltada à total submissão do capital finan-ceiro internacional.

Explicitamente, o Brasil e outros paíseslatino-americanos aderiram às políticasneoliberais depois de 1989, no chamadoConsenso de Washington35, sucumbindo àsdiretrizes impostas pelo Banco Mundial, FMIe Banco Interamericano de Desenvolvi-mento. E as diretrizes apontavam para asprivatizações, para a desregulamentaçãodos mercados, redução do Estado e aberturaàs importações36.

No governo Itamar Franco, a hiperinfla-ção mostrou-se conveniente para produziro espaço em que o projeto neoliberal vinga-ria. Além de indicar a solução para a inflaçãoalta, os neoliberais passaram a ‘satanizar’a figura do Estado do bem-estar social comoineficiente e corrupto, diferente do Estadoneoliberal, ágil e eficiente37.

Atualmente, no governo Fernando Hen-rique Cardoso, o neoliberalismo é aplicadointegralmente, com contração da emissão demoeda, aumento das taxas de juros eabertura ao mercado internacional, criandoelevados níveis de desemprego38.

Dessa maneira, para os neoliberais,algumas medidas são fundamentais para amanutenção dos seus interesses no âmbitocapitalista: desregulamentação completa naeconomia e no direito, aceleração da com-

Page 8: O Impacto Do Neoliberalismo No Direito Do Trabalho

Revista de Informação Legislativa136

petição em nível mundial e a supressão domáximo de entraves, para inserir o Estadono processo de globalização.

5.1. Desregulamentação e ideologiaMuitos autores fazem a distinção entre o

conceito de flexibilização e o conceito dedesregulamentação, traçando critériospara a sua comparação e elaborandoclassificações39.

Contudo, como a finalidade a ser alcan-çada aqui é a de trazer o cunho ideológico epolítico das flexibilizações, as diferençasterminológicas são de menor importância,já que tanto o que seria a flexibilidade quantoo que seria a desregulamentação servem aomesmo plano neoliberal, fazendo parte,como um todo, do processo de supressãodas conquistas obtidas no Estado social.

Flexibilização, devendo ser percebida,poderia ser definida como a possibilidade,inserida na própria lei existente, de excetuaralguns direitos trabalhistas, tornando-osmaleáveis, o que já ocorre40 . E, nessaorientação flexibilizadora, pode-se tentarconceituar o que seja a “desregulamen-tação”, como uma segunda etapa do projetoneoliberal, pois a legislação trabalhista nãosofre mais maleabilidade e sim é descartada,em nome de formas autocompositivas desolução de conflitos.

Dessa maneira, até existe a possibilidadede tentar diferenciações entre os vocábulos“flexibilização” e “desregulamentação”. Domesmo modo, é possível uma esquemati-zação dos tipos de flexibilização em setoresna relação de trabalho, como, por exemplo,o da mobilidade do trabalhador, o daduração do contrato individual de trabalhoe o setor salarial41.

Entretanto, o importante aqui é a análisepolítica e ideológica do que significa atendência de “retirada” de direitos sociaisdos trabalhadores no contexto neoliberal. Eo uso do termo “flexibilização” ou de“desregulamentação” são aqui utilizadoscomo sinônimos. Ou seja, de forma ampla,ambos os institutos, representam um retro-

cesso na história do direito trabalhistabrasileiro, indo de encontro ao princípio deproteção ao trabalhador, contido na Consti-tuição Federal de 198842.

Contudo, para entender essa tendência,é relevante, enfaticamente, observar odiscurso neoliberal dessa tendência flexibi-lizadora das normas fundamentais do tra-balhador, haja vista a nova ordem interna-cional de globalização e os projetos econô-micos “criados” para os países periféricos.

Infelizmente, o que muitos autoresacabam fazendo quando elaboram asdiferenciações entre desregulamentação eflexibilização é apenas mascarar o fatorideológico desse processo de “retirada dosdireitos sociais”, sem questionamentospolíticos e filosóficos.

O discurso neoliberal de globalizaçãodefende a desregulamentação na justifica-tiva de que deva ocorrer para atender a umacrise provisória do capital e que geraráempregos. Contudo, explica J. C. A. Pereira:“o que se constata é uma forma de obrigaros trabalhadores a cederem seus direitoslaborais como meio de enfrentar a criseeconômica, admitindo a incorporação decertas formas contratuais atípicas”43.

Ou, como explica Salete Maccalóz44, aflexibilização é simples reformatio in pejus,criação de novas leis, modificando asexistentes para diminuir ou extinguir direi-tos, sendo uma estratégia da globalizaçãona livre circulação de capitais e riquezas.

Em outras palavras, a flexibilizaçãosignifica a renúncia, pelos trabalhadores, demuitos de seus direitos conquistados epositivados.

Quer dizer, a associação de desregula-mentação ou flexibilização no Direito doTrabalho à modernidade faz parte de umdiscurso ideológico, instrumento de domi-nação que oculta os objetivos do sistemacapitalista. Explica Marilena Chauí45 que aideologia cristaliza em “verdades” a visãoinvertida do real, fazendo também com queos homens creiam que essas idéias sãoautônomas (não dependem de ninguém) e

Page 9: O Impacto Do Neoliberalismo No Direito Do Trabalho

Brasília a. 37 n. 147 jul./set. 2000 137

que representam realidades autônomas(não foram feitas por ninguém)46.

Efetivamente, a afirmação de que asdesregulamentações no direito trabalhistasimbolizam progresso humano esconde,porque ideológica, os verdadeiros interesses(que sempre foram atrelados a auferiçãoincessante de lucro) dos grandes banqueiros,dos industriais, dos conglomerados multi-nacionais, do patronato, na atual fase doneoliberalismo. Oculta o processo de acu-mulação capitalista e a exploração bárbarado trabalho humano47. A flexibilização é,portanto, um discurso aparentemente lógicoe coerente que não traz o questionamentoda existência da divisão do trabalho e dasociedade em classes. Ao contrário, porqueinteressa à manutenção do status quo deexploração e dominação da classe trabalha-dora, esse discurso não mostra verdadei-ramente a quais interesses atende.

Como a crise do Estado social é acompa-nhada pela tendência à flexibilização noDireito do Trabalho, não é de hoje queexistem as flexibilizações legalmente insti-tuídas, pelo que se pode depreender dosseguintes exemplos: a Lei nº 5.107/66 doFGTS, as Leis nº 6.708 e 7.238, o adicionalde insalubridade, os incisos VI, XIII e XIVdo art. 7º da Constituição Federal de 1988 e,recentemente, a lei que institui o contrato detrabalho por tempo determinado.

Exemplo inicial é o do Fundo de Garantiado Tempo de Serviço (FGTS), criado pela Leinº 5.107, de 13-9-1966, em paralelo aosCapítulos V e VII do Título IV da Consolida-ção das Leis do Trabalho, uma opção a serdecidida pelo trabalhador, o qual se benefi-ciaria com a patrimonização da antigaestabilidade48.

A Constituição Federal de 1988 já nãoalude à estabilidade do empregado, tão-somente inseriu, entre os direitos sociais, noart. 7º, item III, “fundo de garantia do tempode serviço”. Ou seja, a lei do FGTS flexi-bilizou a garantia de estabilidade dotrabalhador49.

Ainda no plano infraconstitucional, háa antiga lei que prevê a redução de jornada

e de salários sob as condições ali previstas(Lei nº 4.923/65).

No mesmo sentido, o ordenamentojurídico constitucional traz alguns dispos-tivos com clara inspiração flexibilizadora:o art. 7º , VI (quanto à irredutibilidadesalarial, salvo o disposto em convenção ouacordo coletivo), XII (quanto à compensaçãoe redução de jornada, mediante acordo ouconvenção coletiva), XIV (jornada de seishoras para o trabalho realizado em turnosininterruptos de revezamento, salvo nego-ciação coletiva).

Uma terceira forma que compõe o arca-bouço de possibilidades flexibilizadorasreflete-se nas terceirizações, que deixam devincular diretamente o trabalhador com ocapitalista. Conseqüência disso acaba sendotambém a desmobilização da classe traba-lhadora na luta por seus direitos.

O argumento principal dos ideólogosdas desregulamentações, e mais precisa-mente deste projeto, é a geração de empregos,já que, segundo eles, as empresas pagammuitos encargos sociais.

Contudo, é de se perceber como osaparelhos ideológicos do Estado50 conse-guem convencer a opinião pública de que otrabalhador é o culpado pela situação deatraso social em que vive o país. Nãoobstante receber o menor salário mínimo domundo, o trabalhador brasileiro é o respon-sável pela crise em que vivemos. Essaargumentação é utilizada para justificar aprecarização das relações de trabalho,retirando os direitos colocados. LauroCampos lembra que “em países que desregu-lamentaram o mercado de trabalho, comoArgentina e Espanha, as taxas de desem-prego estão atualmente entre as maiselevadas - respectivamente, 29% e 24%51.

6. Considerações finaisHistoricamente o direito do trabalho

surgiu rompendo o mito da igualdade entreas partes numa relação contratual. Trata-se,portanto, de um direito especial porqueparte da idéia de que a liberdade contratual

Page 10: O Impacto Do Neoliberalismo No Direito Do Trabalho

Revista de Informação Legislativa138

entre as pessoas, com poder econômicodesigual, conduz a diferentes formas deexploração. Tanto mais, porque o sistemaeconômico capitalista propicia a tensãoentre os interesses por lucro dos donos domeio de produção e os direitos de sobrevi-vência dos empregados vendedores de suamão-de-obra.

Assim, o “moderno” discurso sobre aflexibilidade do Direito do Trabalho deve serinserido num contexto mais amplo, históri-co, político e econômico, de crises do sistemae do Estado.

Pode-se dizer que o fundamento datendência de desregulamentação da legis-lação social está na crise do Estado social,marcada pela globalização da economia eseus avanços tecnológicos, e pelo neolibe-ralismo, fase atual de acumulação capita-lista. Efetivamente, foi a partir dos refluxoseconômicos mundiais capitalistas, a partirda década de setenta, que as propostas neo-liberais, em oposição ao intervencionismoestatal, mostraram-se como única possibili-dade de perpetuação do sistema. Entretanto,essa mesma década, marcada pela criseeconômica, trouxe também desorganizaçãodos mercados e o agravamento do processoinflacionário nos países periféricos.

Com a crise do Estado de bem-estar, entraem crise também o direito trabalhista, e asconquistas sociais passaram a ser vistascomo ônus para muitas empresas. A issoacresceu-se o acelerado desenvolvimentotecnológico, num quadro de globalizaçãoem que há unificação de mercados mun-diais por meio da articulação das empresasmultinacionais e organismos financeiros.

No âmbito das relações de trabalho,elevou-se o número de desempregados, odesenvolvimento do trabalho informal e osubemprego, com incremento de inúmerasformas precárias de contratação e, logica-mente, o arrocho salarial.

Foi assim que, na década de oitenta,começou a ser desenvolvido, na Europa enos EUA, o movimento pela flexibilizaçãodas normas trabalhistas, justamente com a

implementação do neoliberalismo, cujaorientação é a defesa de um Estado mínimo,contraponto ao Estado de bem-estar social.

O termo flexibilização começou a serutilizado no Brasil antes mesmo do Consen-so de Washington, em 1989. Um grupo deadvogados patronais nos Congressos deDireito do Trabalho discutiam a “necessi-dade” de flexibilizar as leis sociais porqueeram “desatualizadas”: impediam a concor-rência dos produtos brasileiros no mercadomundial, oneravam o empresariado nacio-nal, geravam desemprego, bloqueavam odesenvolvimento econômico, violavam aliberdade das partes no contrato de traba-lho, afastavam a livre negociação, enfim, alegislação social passou a ser o problemacausador de todos os males. Procurandomodificá-la, retirá-la, flexibilizá-la, a moder-nidade chegaria ao país e tudo seria possível.

O problema todo é que a maioria dessesjuristas atrelados à lógica do capital – o lucro–, quando definem ou defendem a flexibili-zação, igualam esse termo à modernização,num cunho essencialmente ideológico demascarar os verdadeiros objetivos do pro-cesso de acumulação do sistema capitalistae suas crises cíclicas.

É sabido que a legislação trabalhista, noBrasil, teve sua formação atrelada a governoautoritário e populista, para o qual convi-nha a cooptação da classe operária, espe-cialmente no referente ao direito coletivo,para a manutenção da “ordem” social.Entretanto, não se pode negar que houveavanços históricos no processo de regula-mentação da legislação social brasileira,marcada sobretudo com a mobilização dostrabalhadores, desde o final do séculopassado, em busca de melhores condiçõesde vida e de trabalho. Mesmo que serestrinjam ao aspecto do direito individual,a legislação trabalhista representou tambémuma conquista dos trabalhadores.

Nessas circustâncias, o que os teóricosda flexibilização objetivam é a volta a umEstado de dois séculos atrás: descomprome-tido com os conflitos sociais provenientes

Page 11: O Impacto Do Neoliberalismo No Direito Do Trabalho

Brasília a. 37 n. 147 jul./set. 2000 139

das relações de trabalho, e que são solucio-nados em base puramente autocompositiva.

Esse processo desregulamentador, partedo projeto neoliberal, não traz benefíciospara os trabalhadores, ao contrário, significaa volta à exploração de mão-de-obra queocorria no século passado, um retrocessodiante de tantas conquistas e lutas pelosdireitos fundamentais do homem e suapositivação.

A flexibilização dos direitos sociais,assim, é mais um mecanismo capitalista demanutenção do sistema de exploração eauferição de lucros às empresas e conglo-merados econômicos. Flexibiliza-se para amanutenção da mais-valia, para o controleda taxa de lucro. Quanto menos “encargossociais” tiver o capitalista, quanto menosgastar com o trabalhador, melhor gerenciaseus interesses na busca por acumulaçãode capital.

Notas1 No contexto desse capitalismo nascente, a

máquina a vapor e a indústria têxtil-algodoeiramarcaram a Revolução que ocorria, modificandofortemente as condições trabalhistas por meio dadivisão do trabalho e da especialização.

2 Também chamado de dirigismo estatal,significa a tendência do Estado em manter umaintervenção reguladora na economia capitalista, emcontraposição ao absenteísmo do Estado liberal.

3 In: WOLKMER, Antônio Carlos. p. 18.4 A valorização do trabalho humano, criando

medidas protecionistas, decorreu, entre outrosfatos, das doutrinas socialistas, com o ManifestoComunista de 1848, bem assim como pelo impactodas duas grandes guerras mundiais, marcos dereivindicações dos operários.

5 In: MARX, apud VIANNA, Luiz Werneck.p. 23.

6 VIANNA, Luiz Werneck. p. 23.7 Industrialização significa processo de criação

de uma quantidade cada vez maior de indústriasorientadas para a modernização da economia dopaís, numa transformação da sociedade, de rural eagrícola, em urbana e industrial. “Portanto, não seconsidera como industrialização uma simplescriação de indústrias isoladas, subordinadas àsatividades primárias, mas sim um processoirreversível de criação de indústrias, com urbani-

zação e domínio da cidade sobre o campo”. In:VESENTINI, Willian. p. 89.

8 No Estado paulista, em 1901, dos 50.000operários existentes, os brasileiros eram menos de10%. Na capital, entre 7.962 operários, 4.999 eramimigrantes. Em 1912, nas 31 fábricas de tecidosdessa capital trabalhavam 10.204 operários, dosquais 1.843 brasileiros (18%), 6.044 italianos (59%),824 portugueses (8%) e 3% espanhóis. ConformeNASCIMENTO, Amauri M. p. 39.

9 O artigo 8º desse Decreto dispunha que: “ossindicatos que se constituírem com o espírito deharmonia entre patrões e operários, como os ligadospor conselhos permanentes de conciliação earbitragem, destinados a dirimir as divergências econtestações entre o capital e o trabalho, serãoconsiderados como representantes legais da classeintegral dos homens do trabalho (...)”.

10 Dirigismo é a tendência do Estado intervirregulando a economia capitalista, em contraposiçãoao Estado liberal. “Sem conduzir necessariamenteà estatização de empresas privadas, a açãogovernamental pode existir sob as formas deregulamento, participação, controle e planejamentoda produção. Inclui medidas como tabelamento demercadorias, serviços e salários, controle docomércio exterior, incentivos fiscais e creditícios,concessão de contratos de fornecimento ao Estadoe execução de obras públicas”. In: SANDRONI,Paulo (org.). p.100.

11 Keynes foi economista inglês responsável pelateoria que leva seu nome. Na sua principal obra, “Ateoria geral do emprego, do juro e da moeda”,mostrava a inexistência do princípio do equilíbrioautomático na economia capitalista, o princípio da“mão invisível” que regularia o mercado. Para quea economia encontrasse um nível de equilíbrio semalta taxa de desemprego, o governo deveria intervircom uma política própria de investimentos eincentivos que sustentassem a demanda efetiva,mantendo altos níveis de renda e emprego, de modoque, a cada elevação da renda, o consumo e oinvestimento também crescessem. SANDRONI,Paulo (org). p. 184.

12 Um período em que “isso se deveu basica-mente à esmagadora dominação econômica dosEUA e do dólar, que funcionou como estabilizadorpor estar ligado a uma quantidade específica deouro, até a quebra do sistema em fins da década de60 e princípios de 1970”. HOBSBAWN, Eric.p.267 e 270.

13 No plano teórico, o neoliberalismo nasceu,pode-se dizer, na década de 40, quando FriedrichHayek defendia em suas obras a tese de quequalquer forma de dirigismo econômico e centralistae o coletivismo levariam à falência econômica. Em1947, Hayek, Karl Popper, Milton Friedman e outrosreuniram-se na Suíça e instituíram a Sociedade de

Page 12: O Impacto Do Neoliberalismo No Direito Do Trabalho

Revista de Informação Legislativa140

Mont Pèlerin, passando a traçar estratégias parareduzir a atuação do Estado social e formulandoas bases para um novo tipo de capitalismo. A crisedo petróleo, mais tarde, deu vazão ao livredesenvolvimento do projeto neoliberal.

14 Segundo Jacob Gorender, “com a quedavertical do valor das exportações, caiu também acapacidade para importar e as forças produtivasindustriais avançaram com celeridade, apoiadasna acumulação precedente. De 1933 a 1939, a taxamédia anual de crescimento da indústria detransformação foi de 11%, a mesma do ramo têxtil,que se recuperou da estagnação da década de 20”.GORENDER, Jacob. p. 65.

15 Por legislação social pode ser entendido oconjunto de leis orientadas à regulamentação domercado de trabalho, incluindo, no caso do Brasil,normas sobre a legislação trabalhista (reguladoradas condições de trabalho no processo produtivo);à legislação previdenciária (reguladora da distri-buição de serviços e benefícios devidos àqueles queparticipam ou participaram do esforço deprodução); à legislação sindical (reguladora dascondições de organização e participação da classetrabalhadora e também das condições de associaçãode interesses dos setores patronais); e à legislaçãocriadora de uma Justiça do Trabalho, responsávelpor dirimir conflitos sociais na esfera jurídico-trabalhista, obstruindo sua deflagração aberta.Conforme GOMES, Angela de Castro, D’ARAÚJO,Maria Celina. p. 76.

16 Trabalhismo é termo que se originou datrajetória dos trabalhadores em busca de seusdireitos. Foi movimento iniciado no século XIX eque incluía a luta pelo reconhecimento dossindicatos enquanto interlocutores legítimos, adefesa do direito de representação política dostrabalhadores e a criação de partidos de traba-lhadores. O caso mais célebre é o do trabalhismoinglês. No Brasil, entretanto, a expressão estevesempre mais relacionada a uma política públicaestatal do que a uma intervenção autônoma domovimento dos trabalhadores. Idem, ibidem, p. 81.

17 A organização sindical esteve atrelada a essecorporativismo. Segundo ele, os sindicatos deviamficar sob o controle estatal, não tinham autonomiapois eram tidos como parcela do próprio Estado,exercendo funções transferidas por este. Princípiosnorteadores desse modelo são a unicidade sindical,a verticalidade e o enquadramento oficial tuteladopelo Estado.

18 IANNI, Octávio. p. 56.19 De acordo com Angela de Castro Gomes,

populismo é termo impreciso teoricamente, sendoutilizado em diversas manifestações distintas: “noBrasil (....) o termo tem sido usado para definir umtipo especial de arranjo político no qual os partidosnão são devidamente institucionalizados, e a

própria sociedade não amadureceu formasorganizadas e estáveis de participação. Estascaracterísticas, associadas ao fato de que o Estadobrasileiro tem tido um amplo papel de intervençãoe direção, possibilitaram mecanismos diferenciadosde participação em relação aos modelos clássicosda Europa. O país viveu, em períodos muito curtos,intensos processos de transformação econômica etécnica que não se fizeram acompanhar na mesmavelocidade por transformações sociais e políticas.Estes fatores (...) contribuíram sobremodo para quese estabelecesse uma íntima relação entre o líderpessoal e a massa desorganizada e carente, que viano líder e no Estado um meio eficaz de fazer chegarmais rápido suas demandas aos centros dedecisão”. GOMES, Angela. p. 79.

20 IANNI, Octávio. p. 88.21 Segundo Marly Rodrigues, “modernização

dos homens, tornando-os cada vez mais urbanos.Modernização de seus pensamentos e hábitos,tornando-os consumistas. Modernização do modode vida, das cidades, da arquitetura, das artes, datécnica, da ciência”. RODRIGUES, Marly. p. 31.

22 Celso Furtado elucida a questão em que háindicações da política econômica intervencionistado Estado brasileiro. Para os economistas, o Estadode bem-estar, ou Intervencionista, ocorreu no Brasil:“o caso reflete a experiência brasileira dos anos dadepressão, quando os preços pagos ao produtor decafé foram reduzidos à metade, permitindo-se,entretanto, que crescesse a quantidade produzida.A redução da renda monetária, no Brasil, entre 1929e o ponto mais baixo da crise, se situa entre 25 e 30por cento, sendo, portanto, relativamente pequenase comparada com a de outros países (...). Adiferença está é que nos EUA a baixa de preçosacarretava enorme desemprego, ao contrário do queestava ocorrendo no Brasil, onde se mantinha o nívelde emprego se bem que se tivesse de destruir ofruto da produção. O que importa ter em conta éque o valor do produto que se destruía era muitoinferior ao montante da renda que se criava.Estávamos, em verdade, construindo as famosaspirâmides que anos depois preconizaria Keynes.(...) Explica-se, assim, que já em 1933, não se devea nenhum fator externo e sim à política de fomentosseguida inconscientemente no país e que era umsubproduto da defesa dos interesses cafeeiros”.FURTADO, Celso. p. 230.

23 Elucida o autor que: “a expansão da economiano início da década de 1970, acelerada por umainflação em rápida ascensão, maciços aumentosnos meios circulantes do mundo, e pelo vasto déficitamericano, tornou-se febril e o sistema ficousuperaquecido”. HOBSBAWN, Eric. p. 281.

24 Explica Perry Anderson que os neoliberaisviam que as origens da crise “estavam localizadasno poder excessivo e nefasto dos sindicatos e, de

Page 13: O Impacto Do Neoliberalismo No Direito Do Trabalho

Brasília a. 37 n. 147 jul./set. 2000 141

maneira mais geral, do movimento operário, quehavia corroído as bases de acumulação capitalistacom suas pressões reivindicativas sobre os saláriose com sua pressão parasitária para que o Estadoaumentasse cada vez mais os gastos sociais”.ANDERSON, Perry. p. 10.

25 In: MACCALÓZ, Salete et al. p. 80.26 Idem , ibidem, p. 103.27 Perry Anderson, quando faz um balanço do

neoliberalismo, conclui que “economicamente, oneoliberalismo fracassou, não conseguindonenhuma revitalização básica do capitalismoavançado. Socialmente, ao contrário, o neolibera-lismo conseguiu muitos dos seus objetivos, criandosociedades marcadamente mais desiguais, emboranão tão desestatizadas como queria. Política eideologicamente, todavia, o neoliberalismo alcançouêxito num grau com o qual seus fundadoresprovavelmente jamais sonharam, disseminando asimples idéia de que não há alternativas para osseus princípios, que todos, seja confessando ounegando, têm de adaptar-se a suas normas”.ANDERSON, Perry. p. 23.

28 Marx e Engels são elucidativos a esse respeito:“impelida pela necessidade de mercados semprenovos, a burguesia invade todo o globo. Necessitaestabelecer-se em toda parte, explorar em todaparte, criar vínculos em toda parte. Pela exploraçãodo mercado mundial, a burguesia imprime umcaráter cosmopolita à produção e ao consumo detodos os países (...). Em lugar do antigo isolamentode regiões e nações que se bastavam a si próprias,desenvolvem-se um intercâmbio universal, umauniversal interdependência das nações”. MARX,Karl, ENGELS, Friedrich. Manifesto do partidocomunista. São Paulo : Escriba, 1968.

29 O historiador Eric Hobsbawn escreve a respeitode uma economia cada vez mais “transnacional”,a partir de 1960, nas suas palavras: passa a existiruma “economia mundial” crescente durante asdécadas após 1973, movida por três aspectos: aexistência de empresas transnacionais, a novadivisão internacional do trabalho e o aumento definanciamento offshore. HOBSBAWN, Eric. p. 272.Ou seja, a globalização representa a articulação deempresas e mercados com o objetivo da reproduçãoampliada de capital, em nível mundial.

30 BIAVASCHI, Magda. As reformas do Estadoem tramitação: breves considerações . Textoapresentado no 3º Encontro Internacional de DireitoAlternativo do Trabalho, realizado de 1º a 4 de maiode 1997.

31 RAMOS, Alexandre Luiz. Acumulação flexívele desregulamentação do Direito do Trabalho. Textoapresentado no 3º Encontro Internacional de DireitoAlternativo do Trabalho, realizado de 1º a 4 de maiode 1997.

32 O desenvolvimento tecnológico e seus avançosna área da informática, abraçados à globalização,levam à desnecessidade de trabalhadores, e àconseqüente rarefação dos empregos. O que ocorreé que as novas tecnologias levam à tendência daqueda da taxa de lucro (muita produção e poucoconsumo). Para manter a lucratividade alta, oscapitalistas precisam ampliar a mais-valiaauferida, o que é feito ou por meio da expansão dajornada, ou por meio da intensificação do ritmo detrabalho, expulsando os trabalhadores da produ-ção. Da mesma forma, há manutenção dos níveisde lucro reduzindo os “encargos” sociais com otrabalhador.

33 Na década de oitenta, os países periféricospassaram a pagar os altos juros do dinheiroemprestado na década de setenta, dando vazão àcrise da dívida externa, fase em que os organismosfinanceiros internacionais viram-se à vontade paratraçarem as suas diretrizes de limitação àintervenção do Estado na área social. DALLEGRAVENETO, José Afonso. p. 82.

34 Expressão do jornalista Raimundo RodriguesPereira, utilizada por Tarso Genro. Idem, ibidem .

35 Magda Biavaschi explica que “em novembrode 1989, em Washington, EEUU, reuniram-sefuncionários do governo norte-americano e dosorganismos financeiros internacionais ali sediados:FMI, Banco Mundial e BID, especializados emassuntos latino-americanos. Estiveram presentes,também, economistas de vários países latino-americanos que relataram as experiências alirealizadas. Com o objetivo de avaliar as reformaseconômicas que vinham sendo empreendidas (nãoforam avaliados Brasil e Peru porquanto ainda nãohaviam aderido ao receituário), produziram umconjunto de conclusões afirmando a excelência e aimportância da adoção da proposta neoliberal queo governo norte-americano vinha “recomendando”como condição indispensável para conceder coopera-ção financeira externa, bilateral ou multilateral.BIAVASCHI, Magda. op. cit .

36 Idem, ibidem.37 DALLEGRAVE NETO, José Afonso. p. 81.38 Idem, ibidem, p. 82. A propósito, explica o

mesmo autor que, a partir do Consenso deWashington, “houve significativos cortes orçamen-tários com saúde e educação, caindo pela metadeos gastos de 1989 até a presente data”.

39 Por exemplo, A. M. Nascimento entende queo vocábulo flexibilização refere-se ao direito individualdo trabalho, enquanto desregulamentação diz respeitoao direito coletivo. Para José Francisco Siqueira Neto,“a desregulamentação, na verdade, é um tipo deflexibilização promovida pela legislação”. Entretanto,há também o entendimento no qual a flexibilizaçãoé espécie do gênero desregulamentação.

Page 14: O Impacto Do Neoliberalismo No Direito Do Trabalho

Revista de Informação Legislativa142

40 Como exemplo, pode-se citar a jornada detrabalho, em que a flexibilidade da lei permite quequalquer quantidade de horas, inferior a oito, possaser objeto de contrato, com a possibilidade de ajustede salário. Ou seja, as leis trabalhistas estabelecemnormas com limites máximos e mínimos, em que,fora desses, há possibilidade de negociação, havendoflexibilização, como enuncia o artigo 444 daConsolidação das Leis do Trabalho: “as relaçõescontratuais de trabalho podem ser objeto de livreestipulação das partes interessadas em tudo quantonão contravenha às disposições de proteção aotrabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam apli-cáveis e às decisões das autoridades competentes”.

41 Quanto à mobilidade, ocorre flexibilizaçãoreferente à movimentação do empregado paradentro ou fora da empresa, significando a liberdadedo empregador em admitir e despedir conformesua vontade. Quanto à duração do contratoindividual de trabalho, significa que, em funçãodas necessidades das empresas, passam a existircontratações de trabalhadores temporários,contratos por prazo determinado, facilitando arotatividade da mão-de-obra. E quanto ao salário,não somente teria seu valor reduzido como tambémestaria generalizada a remuneração maleável dotrabalho prestado.

42 Assim, as flexibilizações representam umretrocesso histórico, pois ferem as finalidades dodireito trabalhista em vários de seus princípios.Tratados pela nova Constituição como direitosfundamentais, são direitos humanos e, portanto,irrenunciáveis, impedidos de serem objeto de“barganha”.

43 PEREIRA, Josecleto Costa de Almeida. p. 66.44 MACCALOZ, Salete. p. 17 e 20.45 CHAUÍ, Marilena. p. 87.46 Da mesma forma, a ideologia transforma as

idéias das classes dominantes, dos donos dos meiosde produção do capitalismo, em idéias dominantespara a sociedade como um todo, “de modo que aclasse que domina no plano material (econômico,social e político) também domina no plano espiritual(das idéias)”, explica CHAUÍ, p. 93.

47 Sintetiza Marilena Chauí que a ideologia éuma ilusão, necessária à dominação de classe, eque traz o conhecimento de uma realidade “comoalgo dado, feito e acabado que apenas classificamos,ordenamos e sistematizamos, sem nunca indagarcomo tal realidade foi concretamente produzida”.Op. cit., p.104.

48 A verdade é que, para as empresas multina-cionais, esse sistema de estabilidade no empregosignificava grande sacrifício na auferição de seuslucros pois não tinham como obrigar trabalhadores“estáveis” a aceitar salários mais baixos, nãopodendo despedi-los exclusivamente por essa razãosem despesas. Com o novo instituto, não havia

reconhecimento de qualquer estabilidade, reduzindoos custos imediatos da demissão de trabalhadores.Os empregadores podiam agora demitir emprega-dos com dez anos de casa sem justa causa. Damesma forma, foi alterado o modo de pagamentodas indenizações eliminando-se a necessidade de oempregador gastar grandes somas de uma vez emcaso de demissões ou fechamento das empresas.Quer dizer, os capitalistas tinham agora liberdadepara aumentar a rotatividade da mão-de-obra,mantendo mais baixos os salários. Assim, o FGTSsubstitui a antiga estabilidade do empregado,desonerando o empregador de pagamento deindenização ao demitido imotivadamente.

49 O sistema é o de abertura de contas pelaempresa, obrigada a depositar importânciacorrespondente a 8% da remuneração. Os depósitosgozam de correção monetária e de capitalização dejuros, à taxa de 3%. Há provisões para utilizaçãoda conta (art. 8º) ou de movimentação paraaquisição de moradia própria (art. 10). O FGTS éadministrado por um Conselho Curado (art. 12).As aplicações do FGTS são feitas por meio da CaixaEconômica Federal. Tais depósitos constituem umfundo que substitui as obrigações de indenizaçãodo empregador. Ao ser demitido, o trabalhadorrecebe indenização de sua própria conta de FGTS.

50 Além da escola e da igreja, atualmente aimprensa atua como forte e mais potente aparelhoideológico estatal. A respeito dos aparelhosideológicos, ALTHUSSER, Louis.

51 In: CAMPOS, Lauro. Folha de São Paulo, SãoPaulo : 15/1/97.

BibliografiaALENCAR, Francisco et al. História da sociedade

brasileira. Rio de Janeiro : Ao Livro Técnico, 1985.ALTHUSSER, Louis. Ideologia e aparelhos ideológicos

do Estado. Lisboa : Editorial Presença, s./d.ALVES, Maria Helena Moreira. Estado e oposição no

Brasil (1964-1984). Petrópolis : Vozes, 1984.ANDERSON, Perry. Balanço do neoliberalismo. In:

SADER, Emir (org). Pós-neoliberalismo: a spolíticas sociais e o Estado democrático. SãoPaulo : Paz e Terra, 1996.

BELTRAN, Ari Possidonio. Flexibilização, globali-zação, terceirização e seus impactos nasrelações do trabalho. Revista LTr. [s.l. : s.n.],v. 61, n. 4, abril de 1997.

BEZERRA, Jaerson. Neoliberalismo: a doutrina deum reino chamado mercado. Revista Democra-cia. [s.l.:s.n.], n. 114, novembro/dezembro 1995.

BIAVASCHI, Magda Barros. As reformas do Estadoem tramitação: breves considerações. Textoapresentado no 3º Encontro Internacional de

Page 15: O Impacto Do Neoliberalismo No Direito Do Trabalho

Brasília a. 37 n. 147 jul./set. 2000 143

Direito Alternativo do Trabalho, realizado de1º a 4 de maio de 1997.

BOTTOMORE, Tom. Dicionário do pensamentomarxista. Rio de Janeiro : Jorge Zahar, 1993.

CAMPOS, Lauro. Neoliberalismo e contratotemporário de trabalho. Folha de São Paulo. SãoPaulo : 15/1/97.

CARVALHO, Amílton Bueno de. Flexibilização edireito alternativo. In: SOUZA JR, José Geraldode. Introdução crítica ao Direito do Trabalho.Brasília : Universidade de Brasília, 1993.

CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. São Paulo :Brasiliense, 1989. (Coleção Primeiros Passos).

DALLEGRAVE NETO, José Afonso. O Estadoneoliberal e seu impacto sócio-jurídico. In:Globalização, neoliberalismo e direitos sociais.MACCALÓZ, Salete et al. Rio de Janeiro :Destaque, 1997.

FARIA, José Eduardo (org.). Direito e globalizaçãoeconômica: implicações e perspectivas. SãoPaulo : Malheiros, 1996.

FARIA, José Eduardo. Os novos desafios da justiça dotrabalho. São Paulo : LTR, 1995.

FORRESTER, Viviane. O horror econômico . São Paulo: Editora da UNESP, 1997.

FRAGA, Ricardo, VARGAS, Luiz. In: ARRUDA JR.,Edmundo Lima de (org.). Lições de direitoalternativo do trabalho. São Paulo : Acadêmica,1993.

FREITAS JR., Antônio Rodrigues de. Globalizaçãoe integração regional: horizontes para oreencantamento do Direito do Trabalho numquadro de crise do Estado-nação. In: RevistaLTr. n. 2, fevereiro de 1997.

FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. SãoPaulo : Nacional, 1991.

GENRO, Tarso. O neoliberalismo e o cidadão-mercadoria. Direito em Revista. [s.l. : s.n.], n. 5,abr./ago. 1995.

_____________. Vinte teses em defesa de uma teoriademocrática do Estado. Folha de São Paulo. SãoPaulo : 20/4/1997.

GOMES, Angela de Castro, D’ARAÚJO, MariaCelina. Getulismo e trabalhismo. São Paulo :Ática, 1989. (Série Princípios).

GORENDER, Jacob. A burguesia brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1990. (Coleção Tudo é História).

HAYEK, Friedrich. Liberalismo: palestras e trabalhos.nº 5, São Paulo : Editora Centro de EstudosPolíticos e Sociais, 1994. (Série CadernosLiberais).

HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos: o breve séculoXX. São Paulo : Companhia das Letras, 1996.

IANNI, Octavio. Metáforas da globalização. RevistaIdéias. [s.l.:s.n.], ano 1 n. 1, janeiro/junho de1994.

__________. O colapso do populismo no Brasil. SãoPaulo : Civilização Brasileira, 1988.

LEITE, Julio Cesar do Prado. Flexibilização dascondições de trabalho. Revista Trabalho eProcesso.[s.l. : s.n.], n. 6, São Paulo : setembro/1995.

MACCALÓZ, Salete. Globalização e flexibilização.In: Globalização, neoliberalismo e direitos sociais.Rio de Janeiro : Destaque, 1997.

MACIEL, José Alberto Couto Maciel. A globalizaçãoda economia e a redução de direitos trabalhis-tas. In: Revista LTr. [s.l.:s.n.], n. 4, abril de 1997.

MAGNOLI, Demétrio. O mundo contemporâneo. SãoPaulo : Ática, 1990.

MARQUES NETO, Agostinho Ramalho et al. Direitoe neoliberalismo: elementos para uma leiturainterdisciplinar. Curitiba : EDIBEJ, 1996.

MARTINS, Sérgio Pinto. A terceirização e o Direitodo Trabalho. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 1996.

MARX, Karl, ENGELS, Friedriech. Manifesto doPartido Comunista. São Paulo : Escriba, 1968.

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direitodo Trabalho. São Paulo : Saraiva, 1995.

NASSAR, Rosita de Nazaré Sidrim. Flexibilizaçãodo Direito do Trabalho. São Paulo : Ltr,1991.

PASSOS, Edésio. O princípio da proteção e adesregulamentação das relações de trabalho.Revista Genesis. Curitiba : [s.n.], jul. 1996.

PASTORE, José. Limites e virtudes da flexibilização.O Estado de São Paulo. São Paulo : 26/2/96.

PEREIRA, Josecleto Costa de Almeida. A dialéticado sindicalismo brasileiro. Revista Álter Ágora.Florianópolis : [s.n.], n. 3, outubro de 1995.

PETRAS, James F. Os fundamentos do neolibera-lismo. RAMPINELLI, Waldir José, OURI-QUES, Nildo Domingos (org.). O fio da navalha.São Paulo : Xamã, 1997.

RAMOS, Alexandre Luiz. Acumulação flexível edesregulamentação do Direito do Trabalho. Textoapresentado no 3º Encontro de DireitoAlternativo do Trabalho em Florianópolis: de1/5 a 4/5/97.

REALE, Miguel. A globalização da economia e oDireito do Trabalho. In: Revista LTr. n. 1, janeirode 1997.

RIEGEL, Estevão. Globalização, neoliberalismo eflexibilização : direitos e garantias. Textoapresentado no 3º Encontro Internacional deDireito Alternativo do Trabalho, de 1 a 4 demaio de 1997.

ROBORTELLA, Luiz Carlos Amorim. Jornada detrabalho: flexibilização. Informativo Semanal.COAD, ADT, 37/95. p. 413/407.

RODRIGUES, Marly. A década de 50: populismo emetas desenvolvimentistas no Brasil. São Paulo: Ática, 1994. (Série Princípios).

ROTH, André-Noel. O Direito em crise: fim doEstado moderno? In: Direito e globalizaçãoeconômica. São Paulo : Malheiros, 1996.

Page 16: O Impacto Do Neoliberalismo No Direito Do Trabalho

Revista de Informação Legislativa144

SANDRONI, Paulo (org.). Novo dicionário de econo-mia. São Paulo : Best Seller, 1994.

SILVA, Reinaldo Pereira e. Sobre a flexibilidade e arigidez dos direitos sociais relativos ao trabalho noordenamento constitucional de 5.10.88. Florianó-polis : [s.n], 1996. (Trabalho apresentado comodissertação no curso de Direito).

SIQUEIRA NETO, José Francisco. Desregulamen-tação ou regulamentação?. Trabalho & Processo.[s.l. : s.n.], n. 7, dezembro de 1995.

SOUSA JR., José Geraldo, AGUIAR, Roberto (org.).Introdução crítica ao Direito do Trabalho. Brasília: Universidade de Brasília, 1993.

SÜSSEKIND, Arnaldo. A globalização da economiae o Direito do Trabalho. In: Revista LTr. [s.n. :s.l.], n. 1, janeiro de 1997.

SZMUKLER, Beinusz (coord.). Perspectivas doDireito do Trabalho. Porto Alegre : Livraria doAdvogado, 1993.

TEIXEIRA, Manfredo Araújo de Oliveira (org.).Neoliberalismo e reestruturação produtiva: asnovas determinações do mundo do trabalho.São Paulo : Cortez; Fortaleza : UniversidadeEstadual do Ceará, 1996.

VESENTINI, William. Brasil, sociedade e espaço . SãoPaulo : Ática, 1989.

VIANNA, Luis Werneck. Liberalismo e sindicato noBrasil. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1978.

WOLKMER, Antônio Carlos. Constitucionalismo edireitos sociais no Brasil. São Paulo : Acadêmica,1989.